Escrita Lição 2, Saulo de Tarso, o Perseguidor, 4tr21, Pr Henrique, EBD NA TV

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Lição 2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao8-ada-1tr11-quandoaigrejaeperseguida.htm  - Subsídio
 
TEXTO ÁUREO
“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote.” (At 9.1)
 
 
VERDADE PRÁTICA
A Igreja é uma instituição divina que perdurará na Terra até o arrebatamento, pois do contrário, já teria acabado ao longo da história.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Tm 1.13 Saulo: blasfemo, perseguidor e opressor
Terça - At 9.1,2 Saulo "respirava ameaças e morte"
Quarta - Dt 21.23 Para ele, quem fosse para o madeiro "não podia ser o Messias"
Quinta - Gl 3.13 Saulo descobriu que JESUS se fez maldição por nós
Sexta - At 6.8-10; 7.51-53 Estevão: Um discurso que se deparou com o de Saulo
Sábado - At 26.10,11 O método de perseguição

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 8.1-3; 22.4,5; 26.9-11
Atos 8
1 - E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 - E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. 3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
Atos 22
4 - Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados.
Atos 26
9 - Bem tinha eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia eu praticar muitos atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
 
BEP - CPAD - 8.1 UMA GRANDE PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1), perseguição essa intensa e severa. Homens e mulheres eram encerrados na prisão (v. 3) e açoitados (At 22.19), e muitos foram mortos (At 22.20; 26.10,11). DEUS, porém, transformou essa perseguição em início da grande obra missionária da igreja (v. 4).


OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Elencar as características persecutórias de Saulo;
Expor a respeito da perseguição contra a igreja em Atos;
Esclarecer a respeito de um sistema contra a Igreja.
 

PONTO CENTRAL - No mundo de hoje há perseguição contra os cristãos.
 
 
Resumo da Lição 2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
I – SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL
1. Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13).
2. As ameaças de Saulo de Tarso.
3. Por que Saulo perseguia os cristãos?
II – A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO
1. Contra os seguidores de JESUS.
2. Saulo de Tarso e Estevão.
3. Uma intolerância religiosa e política contra a igreja atual.
III – QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
1. Como era a perseguição contra os primeiros discípulos?
2. Perseguição, tortura e método.
3. Perseguição aos pentecostais.
 
 
INTRODUÇÃO
VEREMOS NESTA LIÇÃO SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL, que se descreve a si mesmo como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13), faz ameaças aos cristãos e os persegue por zelo religioso.
A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO é contra os seguidores de JESUS e o próprio JESUS. Saulo de Tarso assiste e apoia o julgamento e o apedrejamento de Estevão (Atos 7) que se defende e pede a JESUS que não os julgue e condene e ainda tem uma visão celestial quando morre. Hoje, ainda vemos uma intolerância religiosa e política contra a igreja.
Paulo via a si mesmo como perseguidor  (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos 22.4; Atos 26.9-11). CRISTO o viu como perseguidor (Atos 26.14). O povo de Damasco o viu como perseguidor (Atos 9.13,14; 21). Os discípulos de Jerusalém o viram como perseguidor (Atos 9.26).
QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
A perseguição contra os primeiros discípulos foi ferrenha e orquestrada por Saulo. A perseguição, tortura e método eram meticulosamente estudadas e colocadas em prática como nos dias atuais.
A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei (Atos 26.10). Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos (Atos 9.1,2; 26.11).
Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica (Atos 26.10, 11; 1Tm 1.13. Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos 9.2,4,21; 22.5; 26.9; 1Tm 1.13). Em quinto lugar Ele manietava os crentes (Atos 9.21; 22.5). Em sexto lugar Ele encerrava os crentes em prisões (Atos 9.2; 22.4; 19). Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes (Atos 22.5; 19; 26.11). Em oitavo Ele matava os crentes (Atos 22.20; 26.10).
A perseguição aos pentecostais continua por parte não só de "igrejas" como dos sistemas religiosos e políticos, principalmente, islamismo e comunismo (incluindo aqui o socialismo, que é a iniciação ao comunismo).
 
Paulo era judeu por Nascimento, era grego porque Tarso era cidade que antes pertencia ao império grego e cidadão romano, pois o império Romano assim decretou todos que ali nasceram, pois muitos tribunos, generais romanos e políticos romanos ali fizeram morada.
O nome Saulo é proveniente da transliteração grega do nome hebraico Shaul, que é Saulos.
Em Latim é Paullus e em português Paulo.
Seu nome não foi mudado por DEUS.
 
 
Paulo era Fariseu - Dicionário Bíblico Wycliffe
Acredita-se que o termo fariseu deriva do verbo hebraico parask, isto é, “dividir ou separar”. Portanto, os fariseus eram “o povo separado”. Porém, tanto a origem desse grupo judeu como do nome que recebeu ainda são incertos. A “separação” da qual o nome está falando poderia referir-se a uma separação geral das impurezas ou do mundo, ou poderia estar ligada a alguma situação histórica em particular. Por exemplo, os fariseus poderiam ter surgido como a expressão de uma rígida abstenção dos costumes pagãos na época de Esdras e de Neemias (ç.u.), ou da recusa de adotar costumes gregos mesmo sob a ameaça de morte na época ae Antíoco Epifânio (q.v.), ou da ruptura que aconteceu em 165 a.C,, após a reconquista do Templo, entre os macabeus (q.v) e os “piedosos” ou Chasidim, que estavam dispostos a lutar pela liberdade religiosa, mas não pela independência política. Todas essas possibilidades foram levantadas como teorias, e todas podem ser consideradas como a personificação de alguns aspectos do espírito farisaico; mas as evidências não são conclusivas para nenhuma delas.
A primeira referência aos fariseus, como um grupo existente em Israel, foi feita durante o reinado de João Hircano (135-104 a.C.). De acordo com Josefo, nessa época eles exerciam grande influência junto às massas. Hircano foi um de seus discípulos, mas por causa de desentendimentos ele separou-se e juntou-se aos saduceus (Ant. xiii.10. 5. f.). Em uma observação repleta de presságios, Josefo acrescenta: “Por causa disso, naturalmente, cresceu o ódio das massas por ele e seus filhos” (ibid). Consta, também, que Hircano deixou de observar certos “regulamentos” que os fariseus haviam estabelecido para o povo. Josefo explica que “os fariseus haviam transmitido ao povo certos regulamentos (nomima) herdados das gerações anteriores, mas que não haviam sido registrados na lei de Moisés (ttonwi) ׳, por essa razão eles foram rejeitados pelo grupo saduceu” (10. xiii.6).
Esse relato serve para realçar o principal fator que existe em qualquer definição do farisaísmo - o conceito da tradição, de uma contínua expansão da lei oral. Ele também indica que, na época de Hircano, o farisaísmo já era um florescente movimento com grande influência sobre a população. Além disso, a referência à transmissão de regulamentos que haviam sido herdados das gerações anteriores sugere alguma continuidade com o passado. Portanto, aqueles que têm procurado acompanhai os fariseus desde os Chasidim, que lutaram ao lado de Judas Macabeu, até a nova dedicação do Templo (1 Mac 2.42ss.; 7.13ss.; 2 Mac 14.6) podem ter chegado muito próximo da verdade. Embora algumas de suas características tenham raízes que se estendem até tempos remotos, o farÍ8aísmo que conhecemos a partir de fontes disponíveis parece ter se originado como uma resposta judaica ao desafio da cultura grega no início do segundo século a.C.
Em uma época bastante posterior, quando o farisaísmo já havia se tornado a expressão normativa do judaísmo, os hiatos históricos foram preenchidos de forma a fazer crer que a lei oral havia sido estabelecida pelo próprio Moisés, via Josué, os anciãos, os profetas, os homens da Grande Sinagoga fundada por Esdras, e também por homens como Simeão, o Justo, e Antígono de Socho (séculos IV e III a.C.) até os “pares” (zugoth) de mestres investidos de autoridade (por exemplo, Semaías e Abtalion, Hilel e Shammai) e o rabinos que vieram depois deles (veja o tratado de Mishna, conhecido como PirkeAboth, capítulo 1), Vale a pena notar que a origem dos “pares” coincide aproximadamente com o momento em que os fariseus começaram a constar em nossas fontes. É muito provável que a era dos macabeus tenha marcado o seu verdadeiro aparecimento, embora eles afirmassem que seus ancestrais espirituais haviam sido homens como Esdras, que haviam confirmado e explicado a Torá. Eles podem até ter possuído algumas tradições orais que remontavam até o início da época posterior ao Exílio.
Depois da ruptura com a casa real hasmo- neana, representada por João Hircano, o destino político dos fariseus sofreu algumas flutuações. Eles tornaram-se os líderes de uma contínua oposição popular ao seu sucessor, Alexandre Janeu (10376־ a.C.), de forma que em seu leito de morte, impressionado pela influência que exerciam sobre as massas, Alexandre insistiu com sua esposa Salomé Alexandra (76-67 a.C.) que trabalhasse mais próxima deles (Josefo, Ant. xiii. 15.5.). Os tradicionais regulamentos herdados “dos pais” foram restabelecidos, e os fariseus tornaram-se o poder por detrás do trono, livres para vingar as injustiças que acreditavam ter sido feitas contra eles por Alexandre (ibid., xiii. 16.1; cf. Wars i.5. 2. f.). Na luta pelo poder que se seguiu à morte de Alexandra, parece que os fariseus tornaram-se um terceiro partido que não apoiava nenhum de seus dois filhos; eles requisitaram aos romanos que abolissem o reinado judaico (que os sacerdotes haviam usurpado depois da revolta dos macabeus) e o retomo ao antigo tipo de regulamento sacerdotal (Ant. xiv. 3.2). Essa expectativa não se realizou, mas os romanos realmente puseram um ponto final a essa disputa entre facções quando Pompeu capturou o Templo, invadiu o santuário, exilou um dos filhos de Alexandra e indicou o outro (Hircano II) como sumo sacerdote e representante do rei. A independência política, conquistada de maneira tão nobre no século anterior, foi novamente perdida quando o povo judeu passou a sofrer o domínio romano em 63 a.C.
Os Salmos de Salomão representam a expressão mais refinada da piedade farisaica pré-cristã. A data da sua autoria corresponde ao período tumultuado que se seguiu à conquista de Pompeu, pois articulavam a ira piedosa dos fariseus contra os “pecadores^ de Israel, cujos atos haviam provocado o terrível castigo de DEUS (isto é, os últimos governantes da casta sacerdotal dos hasmoneus e os saduceus que os apoiaram), e contra os gentios que haviam invadido os limites impostos por DEUS sobre eles ao castigar o seu próprio povo (Salmos de Salomão 2.16-29). O desconhecido autor desses Salmos delineou claramente a situação (“Nações estrangeiras ascenderam ao teu altar, eles orgulhosamente pisotearam sobre ele com suas sandálias”, 2.2), e se mostrou jubiloso com a subseqüente morte violenta de Pompeu em 48 a.C. (“DEUS me mostrou o insolente assassinado nas montanhas do Egito”, 2.30). Os fariseus encontravam nestes versos a ilustração de um de seus temas clássicos, o conceito da retribuição; DEUS vingando os *justos” (isto é, os próprios fariseus) e punindo os “pecadores”. A doutrina de uma futura ressurreição, tão uniformemente atribuída aos fariseus (cf. Act 23.6ss.; Josefo, Ant. xviii. 1.3ss.. Wars ii.8.
14), é simplesmente o produto da consistente aplicação de seu princípio da retribuição (cf. Salmos de Salomão 3.16).
A esperança messiânica dos fariseus foi estabelecida de uma forma bela na última parte do Salmo de Salomão 17. O Senhor “levantará entre eles o seu rei, o filho de Davi” (17.23) que “destruirá as nações Ímpias com a palavra de sua boca” (v. 27).
Sobre Davi diziam: “Será um rei justo sobre eles, ensinado por DEUS, e não haverá injustiças nesses dias em seu meio, pois todos serão santos e seu rei será o ungido do Senhor” (w. 35ss.). Embora o rei e o reino que os fariseus estavam buscando fossem terrenos, eles também eram espirituais e não seriam alcançados “pela confiança no cavalo, no cavaleiro e no arco” (v. 37).
Depois da conquista de Pompeu, os fariseus, em sua maior parte, tomaram-se politicamente conformados. Embora houvesse alguns zelotes destacando-se entre eles, os fariseus formavam um grupo que procurava evitar conflitos com Roma, e somente depois de muita relutância foram finalmente arrastados para a malograda revolta do ano 70 d.C. Depois da destruição de Jerusalém, foram os fariseus que se incumbiram de recolher os fragmentos da fé e da vida judaica e reconstruir o judaísmo que conhecemos por meio dos escritos dos rabinos. A situação era análoga àquela que havia prevalecido após o exílio na Babilônia; não havia uma nação judaica e a unidade do povo expressava-se através da lei, da sinagoga e das boas obras. A esperança escatológica não estava ligada à atividade revolucionária, mas à intervenção divina, e isso em seu momento oportuno. Dessa forma, desde o ano 70 d.C. o judaísmo tomou-se o rebento daquilo que previamente havia sido apenas um grupo entre vários outros — os fariseus.
Se os Salmos de Salomão mostram o farisaísmo sob o seu melhor aspecto, o NT mostra o que de pior havia nele. Na época de JESUS, parece que os fariseus formavam um grupo de laicos (isto é, homens que nào eram sacerdotes), em que alguns de seus membros haviam sido especialmente treinados no estudo das Escrituras. Havia os escribas, e foi contra estes e contra os fariseus que o Senhor JESUS dirigiu algumas de suas mais severas denúncias. O Senhor não contestava categoricamente aquilo que aqueles homens ensinavam na sinagoga: “Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus” (Mt 23.2ss.); seus ensinos deveriam ser seguidos. Mas eles eram hipócritas porque não viviam de acordo com seus elevados padrões de justiça. Colocavam sobre o povo um jugo que eles próprios não estavam dispostos a suportar (Mt 23.4) e faziam uso da casuística para fugir ao espírito da lei, enquanto exigiam que ela fosse cumprida à risca (Mt 23.16-22; cf. Mc 7.9-13). Osíariseus gloriavam-se em sua justiça própria e só faziam boas obras para serem vistos pelos homens (cf. Mt 23.5-12; 6.1-6,16-18; Lc 18.9-14). João Batista havia chamado os fariseus de “raça de víboras” que se apoiavam de forma complacente sobre a filiação deles à Abraão (Mt 3.7ss.). O Senhor JESUS confirmou esse veredicto (Mt 23.33) acrescentando que eram como “sepulcros caiados” (23.27) e filhos, não dos “profetas e dos justos”, para quem haviam construído túmulos bem elaborados, mas daqueles que haviam assassinado esses mesmos profetas e homens justos, desde Abel até Zacarias (23.29-36). Eram “condutores cegos” de outros cegos, que procuravam encontrar muitos prosélitos, mas na realidade deixavam os homens fora do Reino dos céus (Mt 15.14; 23.13-15).
Esse pensamento do NT é bem conhecido, mas não devemos nos esquecer de que naquela ocasião os fariseus eram vistos sob uma luz um pouco mais favorável (por exemplo, Lc 7.36ss.; 13.3 lss.). Foram atribuídas a Gamaliel (.q.v.) algumas das boas qualidades que Josefo encontrou nos fariseus - moderação, renúncia a castigos severos, consciência da soberania divina e também da responsabilidade humana (Act 5.33-39; cf. Josefo, Ant. xiii. 5.9; 10.6; Wars ii.8.14). Paulo tinha sido um fariseu antes de sua conversão e aparentemente considerava esse grupo como a mais elevada expressão da “justiça que há na lei” (Fp 3.4-6; cf. Gl 1.14). Também nào devemos nos esquecer de que mesmo sendo denunciados por JESUS, os fariseus eram capazes de pesquisar e de fazer uma rigorosa autocrítica. O Talmude descreve, de forma jocosa, sete classes de fariseus. Entre eles existiam os “fariseus de ombro” que levavam as suas boas obras em seus ombros, para que pudessem ser vistos pelos homens; os “fariseus pilão”, cuja cabeça era curvada como o pilão em um almofariz como um sinal de falsa humildade. Porém, existiam aqueles que verdadeiramente amavam a DEUS, e que eram como Abraão (veja, por exemplo, Ber. 9,14b; Sot. 5,20c; Sot. 22b, explicados de forma muito conveniente na obra de C. G. Montefiore e H. Loewe A Rabbinic Anthology, p. 1385).
Uma definição do farisaísmo poderia começar insistindo que ele era legal, mas não literal. Era uma religião que “construiu uma cerca em volta da lei” (Pirke Aboth 1.1), selecionando os regulamentos legais do AT, muitos dos quais eram dirigidos aos sacerdotes levitas e tornando-os relevantes e aplicáveis a cada judeu. Isso foi feito através de seu sistema de interpretação oral da tradição. Eles levaram a lei ao alcance de cada homem, de forma que em um sentido diferente de Martinho Lutero, o farisaísmo representou o *sacerdócio do crente”. Para o fariseu sincero, a lei não representava uma “letra morta”, como havia sido explicada e interpretada pelos escribas, mas a sua própria vida.
Então, por que o Senhor JESUS denunciou o farisaísmo? Em parte pOT causa da hipocrisia de alguns de seus representantes, que “diziam, mas não praticavam” (Mt 23.3), e em parte porque o farisaísmo, em sua honesta tentativa de adaptar a eterna lei de DEUS às mutáveis condições humanas, havia comprometido a justa e absoluta exigência divina (Mt 15.3). Ao aplicarem a si mesmos e a seus seguidores certos deveres exteriores, eles haviam realmente dado uma forma mais fácil à justiça, um objetivo que seria alcançável através de uma certa obediência, para que quando esses atos fossem realizados os fariseus pudessem pensar que haviam feito tudo o que deles era exigido. Contra essa atitude, JESUS disse que mesmo quando tais exigências tivessem sido cumpridas, o servo de DEUS ainda não poderia permanecer seguro. A exigência ética ainda estava presente; ele ainda seria um “servo inútil” (Lc 17.10). Portanto, JESUS disse aos seus discípulos: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20). J. R. M. - Dicionário Bíblico Wycliffe
 
 
PAULO - Visão Geral - Dicionário Bíblico Wycliffe
Os estudos modernos sobre Paulo mais uma vez enfatizam a presença da sua “judaicidade”. Esta impressão fica clara em várias nuances do seu ambiente cultural. Alguns escritores - como W. D. Davies, Paul and Rabbinic Judaism (1948); J, Munck, Paul and the Salvatíon of Mankind (1959); H. J. Schoeps, Paul. The Theology of the Apostle in the Light of Jewish Religious History (1961); e R. N. Longeneeker, Paul. Apostle of Liberty (1964) - contribuíram para os trabalhos eruditos, e acabaram por estabelecer esta tese para o presente. (A situação até 1960 foi brevemente pesquisada em E. E. Ellis, Paul and His Recent Interpreters).
O próprio testemunho de Paulo, certamente, aponta para esta direção. Um israelita circuncidado da tribo de Benjamin, qne falava a língua aramaica em sua casa, herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá, e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos, era o primeiro e o mais proeminente entre OS judeus (Fp 3.5,6; Gl 1.14). Estas qualidades estavam tão enraizadas na sua alma, que até mesmo quase no final de sua vida, ele falaria com um honesto apreço daquela herança. Mais de 20 anos depois de sua conversão cristã, ele dizia: “Eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!” (Act 23.6). Mesmo depois desta afirmação, ele declarou: “Sirvo ao DEUS de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos Profetas” (Act 24.14).
Contudo, ele era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso da Cilícia, um lugar que não era insignificante (Act 21.39), Quando criança viveu no meio da cultura grega, um lugar de educação e comércio. “Era a cidade cujas instituições reuniam melhor e mais completamente, o caráter oriental e ocidental” (Ramsay, Cities, p. 88).
Tal ambiente provavelmente acarretou alguns problemas para um judeu. Primeiro, ele seria membro de uma minoria, e até certo ponto, um grupo desprezado. Sua lealdade obstinada às idéias da sua religião incitaria o povo de Tarso aos insultps (cf. Schonfield, The Jew of Tarsus, p. 33). E fácil admitir que a defesa altamente desenvolvida de Paulo, tão evidente nas epistolas, teve suas raizes nestes dias. Segundo, um judeu seria confrontado com o problema do relacionamento social com os gentios. Entre os judeus, principalmente os fariseus eram sensíveis, embora n&o necessariamente hostis a tais contatos. Toda esta área de sua vida tão enfatizada nas cartas, deve ter sido, eventual mente, pensada por Paulo com muito cuidado. E é mérito seu ter desenvolvido um espírito de parentesco com estes ״estranhos'’. Ele aprendeu a entendê- los a ponto de poder dizer: “Fiz-me tudo para todos” (1 Co 9.22).
A idéia que se tem, é que Paulo teve uma vida bastante comum neste ambiente, até pelo menos sua adolescência antes de ir para Jerusalém e ser educado por Gamaliel (Act 22.3). Mas nos últimos anos, esta conjectura levou um sério golpe segundo o estudo cuidadoso de Unnik, Tarsus or Jerusalém. The City of PauTs Youth (1962). De acordo com este trabalho, a tríade das palavras: (1) “nascido”, (2) “criado” e (3) "instruído” (Act 22.3) era uma ordem literária única (veja também Atos 7.20- 22i, indicando que enquanto o lugar de nascimento de Paulo foi Tarso, sua criação, tanto em casa como na escola, foi em Jerusalém. Sustentando esta conclusão com muitas evidências vindas da literatura antiga, van Unnik arrisca a hipótese de que a mudança de Tarso “ocorreu bem cedo na vida de Paulo, aparentemente antes que ele começasse a espiar pela fechadura e, certamente, antes de perambular pelas ruas” (p. 54).
Será que tudo isso significa que Paulo teve poucas oportunidades de Tealmente aprender do mundo grego em que nasceu? De modo algum; isto significa que algumas atitudes básicas em relação à vida ficaram, bem cedo, impregnadas em sua mente. Depois de sua conversão, Paulo passou um período de 8 a 10 anos na Síria e Cilícia (veja Gl 1.21—2.1; cf. Act 9.30) enquanto adulto, e assim tornou-se profundamente consciente da cultura do mundo em que vivia. Estes foram anos de preparação paTa aquele ministério em qne ficou conhecido como o “apóstolo dos gentios”.
Além destes aspectos da sua vida, um outro está enfatizado diretamente em Atos, e está implícito nas epístolas. Ele era um cidadão romano (Act 16.37-39; 22.25-28), e esta foi uma posse premiada, porque se estimava que um a dois terços da população do império romano era da classe dos escravos e, portanto, sem cidadania romana. Paulo reconheceu o valor de ambas as cidadanias, a de Tarso (Act 21.39) e a romana (Act 22.2528־). É interessante notar a diferença na estimativa destas respectivas cidadanias aos olhos do capitão romano Cláudio Lísias. A primeira apenas estabeleceu o fato de que Paulo não era um egípcio (Act 21.38); a segunda lhe deu uma imunidade aos açoites.
Paulo aparentemente herdou sua cidadania romana de sen pai: “Eu na verdade nascí (um cidadão)”. O pai do apóstolo deve ter recebido sua cidadania por ter prestado algum serviço relevante ao governo romano. Alguns dos privilégios contidos nesta cidadania eram: (1) a garantia do julgamento (perante César, se exigido, cf. Atos 25.11) nos casos de acusação; (2) imunidade legal dos açoites antes da condenação (ao contrário do caso do Senhor JESUS, Mt 27.24-26); e (3) imunidade em relação à crucificação, a pior forma de pena de morte, no caso ae condenação.
Nestas epístolas, Paulo não só defendeu fortemente a manutenção da lei e da ordem (o fundamento do governo romano), mas também se referiu freqüentemente à cidadania. Os crentes em CRISTO já não são “estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos” (Ef 2,19). Sua cidadania era do céu (Fp 3.20). A palavra aparece novamente em Filipenses 1,27, e podería ser literalmente traduzida da seguinte forma: “Cumpram suas obrigações como cidadãos” (Lightfoot). Tal ênfase era particularmente significativa aos destinatários da carta aos filipenses, porque a cidade era uma colônia romana (Act 16.12); e eles, sem dúvida, lembravam-se de que Paulo havia ali apelado para sua cidadania romana.
Conversão
Em sua carta aos Gálatas, Paulo referiu-se a seu modo de vida anterior no judaísmo, e como “sobremaneira perseguia a Igreja de DEUS e a assolava” (Gl 1.13). Naquela hora ele acreditava que ao seguir aquele caminho, estava servindo a DEUS e mantendo a pureza da lei. A passagem em Gaiatas 1.15 não mostra nenhuma indicação de ter havido um intervalo neste esforço de agradar a DEUS durante a época da sua conversão. E em Filipenses 3.6 ele mostrava sua “perfeição quanto à justiça que há na lei”.
Enquanto as narrativas em Atos, assim como as notas nas cartas, parecem indicar sua “súbita” conversão, alguns argumentam que certas experiências devem tê-lo preparado previamente. Seu consentimento na morte de Estêvão (Act 7.58-8.1), e o fervor da sua campanha de casa em casa contra aqueles do Caminho (Act 8.3; 9.1,2; 22.4; 26.10,11) dificilmente não o afetariam; sua furiosa jornada em direção a Damasco representou o clímax dos seus esforços.
De qualquer modo, há dois elementos na história que são claros: (1) Paulo estava convencido de que tinha visto o Senhor ressurrecto; e, (2) Sua vida foi radicalmente mudada daquele dia em diante. A base da sua afirmação para o apostolado reside naquela experiência. Mais uma vez ele insiste nisso (veja 1 Co 9.1; 15.8-15; Gal 1.15-17; cf Act 9.3-8; 22.6-11; 26.12-18). Visto que ele não era um dos doze discípulos, e não tinha nem um chamado do Senhor JESUS, e tinha perseguido seus seguidores, a necessidade da revelação pessoal de CRISTO para Paulo parece visível.

 
LUTANDO CONTRA DEUS - A VIDA E OS TEMPOS DO APÓSTOLO PAULO - A Vida E Os Tempos Do Apostolo Paulo Charles Ferguson Ball

Crescimento Contínuo da Igreja Perseguida
Quanto mais os líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais atiçavam-lhe a chama. A ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a segurança que antes não existiam. Todos os anseios de Israel, profecias, sacrifícios e esperanças foram cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a sua maior oportunidade, rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para milhões de cristãos, estava apenas brotando no coração dos judeus.
Com a pregação do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira vez, o cumprimento de suas esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos foram reconduzidos ao Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem de não pregar. Pedro colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa, proclamou de novo a ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do Conselho pela sua morte.
Ofendidos com tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos. Finalmente poderiam acabar com aquela seita, silenciando-lhe os principais pregadores e líderes. Com calma e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que instruíra a Saulo de Tarso, advertiu o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora DEUS levantara profetas que, embora rejeitados pelo povo, haviam cumprido fielmente a sua missão. Aconselhou-os, pois, a soltarem os discípulos. Se a mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o Sinédrio poderia destruí-la; e se não o fosse, a seita desapareceria como tantas outras no passado. Sua conclusão foi tão amorosa quanto sábia. Após açoitar os discípulos, o Conselho os deixou ir com uma advertência.
A medida que a Igreja crescia e a perseguição aumentava, também elevava-se o número de necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não lhes sobrava tempo para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim de terem mais tempo para a oração, pregação e o ensino (doutrina), indicaram sete diáconos para atender aos pobres. Esse foi o início da organização do ministério eclesiástico. DEUS abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a para fortalecer o seu povo.

O Ódio do mundo
Como nunca foi popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de JESUS passaram a ser odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de seus empregos e tinham dificuldade em garantir o seu sustento. Como sempre houvesse necessitados, agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem mutuamente. Naqueles primeiros dias, o amor e o desprendimento eram tão reais, que muitos vendiam seus bens e traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de socorrer os menos afortunados. Barnabé se destacou como lado positivo e Ananias e Safira como lado negativo, neste tão importante negócio.
Ondas de ódio e perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns membros eram tão fracos em suas convicções que, pensando apenas na segurança e conforto pessoais, voltaram para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu sólida como as rochas em dias de tempestade.
Cada vez que o braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava outros heróis para levar adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a Igreja, mandou que se degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinto para sempre o trabalho do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em Atos, encerra-se com esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" (At 12.24).
Quanto maior a perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas vezes, os cristãos tiveram de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam. Quando algum pregador era preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor sempre lhes ouvia as orações, abençoava o seu povo, e usava as dificuldades para fortalecer a Igreja (como  o caso da prisão de Pedro e sua soltura milagrosa).
O Cristianismo contudo não ficou restrito a Jerusalém. Os que ouviram a pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império Romano. E levaram as boas novas do Evangelho aonde quer que fossem.
 
LUTANDO CONTRA DEUS
Quando ainda estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre JESUS. Algumas eram fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se quando transmitidas oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido as festas em Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua volta, Saulo e os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de Nazaré, e ficaram enfurecidos com a idéia de que alguém havia tido a coragem de profanar os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal homem não tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos. Todavia, todos que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de tanta sabedoria - nem mesmo os grandes rabinos.
Ficou evidente para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter acusado os doutores da Lei, opondo-se às as suas regras. Ouvira dizer também que JESUS ensinava o povo a desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumultos nas sinagogas que todo o verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de Israel.
Quando chegaram as notícias de que JESUS fora preso, julgado e crucificado, todos agradeceram a DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado. Ficava provado, pois, que Ele não passava de mais um falso messias, que tudo fizera para conturbar a religião judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram a crucificação de JESUS. Não podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia chamado de víboras e hipócritas.
Saulo não se considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu melhor e obedecer a todas as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa era a única maneira de se agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga ordem merecia morrer. Foi com um grande alívio que os principais da sinagoga de Tarso ouviram que JESUS fora finalmente tirado do caminho, e os seus ensinamentos interrompidos de vez. Segundo diziam, a justiça divina havia sido feita. Imagina quantos bullying's Arimateia e Nicodemus surportaram!
Sua indignação, porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que os seguidores do Nazareno não haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos grupos para adorar a JESUS, declarando ter Ele ressurgido dos mortos. Resolveram então fazer o possível para lutar contra a perigosa seita. Notícias chegadas de Jerusalém davam conta de que alguns fariseus haviam deixado a verdade e se juntado aos nazarenos. Membros da seita podiam ser encontrados também pregando abertamente nos pátios do Templo e nas sinagogas, convencendo a todos de que JESUS era o Messias. E milhares criam neles. Isso tornara-se uma grande ameaça, pois até alguns sacerdotes estavam abandonando a velha ordem para seguir a JESUS. De igual modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade, conversando com o povo em suas casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
Saulo sentia raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus líderes haviam sido apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado abertamente no Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se complacente e até recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se irritado com Gamaliel. Como poderiam manter pura a religião de Israel se permitissem que qualquer um alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os seguidores de JESUS mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para sempre tal ameaça. Se o Messias havia chegado, por que Roma contuava a escravizá-los?

A Perseguição dos Nazarenos
Com tais pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar a Jerusalém. Estava tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a seita dos nazarenos. Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola, ofereceu seus préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se opusessem ao Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome tornou-se o terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e cruel. Com a sua eloqüência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no Templo. Rápido em suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais. Lançou homens e mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira e tão pronto para esmagar os seguidores de JESUS, que se achava disposto a extirpar de dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao Senhor. Com essas idéias fervilhando-lhe na mente e com o olhar brilhante de um fanático, decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos.

Estêvão Confunde Saulo
Um dos sete escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se dos pobres era Estevão, o mais capaz e ativo dos diáconos. randes sinais e prodígos se relaizavam através de Estêvão. Ele não nascera em Jerusalém e até recebera um nome grego. Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles. As suas palavras eram irresistíveis e cativantes como as de JESUS. Em suas prédicas, afirmava que a salvação era obtida por meio de JESUS, o Messias, e não pela obediência à Lei de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas onde os judeus de diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma para outra, pregando o Evangelho e discutindo com os líderes.
A sinagoga alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações de Cirene e da Cilícia conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra ele, pois Estêvão persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em JESUS.
É provável que tenha sido na sinagoga da Cilícia que Saulo tenha encontrado Estêvão pela primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo assim, pôde sentir quão atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão achava-se possuído de um zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino. Quando Estêvão falou da ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que essa esperança era a doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os saduceus quem mais se opunham a esta crença.
Saulo desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a questão da ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse homem. Mas ele falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes estabelecidos pelos rabinos. Era portanto necessário silenciar-lhe a voz.
O jovem fariseu confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado ao descobrir que, apesar de todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os argumentos de Estêvão. Seu orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era um ódio cada vez maior. Achava-se, pois, decidido a se lhe opor com todas as forças. Foi então de sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de JESUS encontravam-se em toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os nazarenos deviam ser silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus ensinos eram contrários à Lei. E quando diziam que JESUS era o CRISTO, blasfemavam contra DEUS. Mas percebeu que até os analfabetos da seita sabiam citar as Escrituras, e conheciam a história judia tanto quanto ele.
Como Estêvão parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos, decidiu persegui-lo e expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de Moisés, ou dissesse que o Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado como blasfemo! Onde quer que fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal advertência. Estava cansado dos enganadores que desviavam o povo da Lei. E sendo Estêvão um dos piores agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande serviço a DEUS livrando-se dele.
Quanto mais pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia, tanto mais agitado ficava. Sua raiva transformou-se finalmente em claro preconceito - não podia mais discutir com aquelas pessoas baseado nas Escrituras. Seu único desejo era exterminá-las. Por acaso não foi exatamente isto que DEUS ordenara a Saul? (1 Sm 15).

Estêvão Diante do Sinédrio
Quando chegaram as notícias de que Estêvão fora preso e devia agora comparecer perante o Sinédrio, Saulo sentiu que o líder fora para sempre silenciado, e que seria apenas uma questão de tempo até que todos os cristãos fossem apanhados.
Naquele dia, Saulo compareceu a reunião do Sinédrio. Queria estar lá quando seu oponente chegasse ao tribunal. Ele não era o único; centenas tinham ido assistir ao interrogatório. Os saduceus achavam-se ali sorrindo zombeteiramente. Aquele era o dia tão esperado. Os fariseus também compareceram, juntamente com os sacerdotes, escribas e uma grande multidão que ouvira Estêvão e admirara-se da sua coragem. Saulo tomou seu lugar, e sorriu enquanto esperava.
Aquele era o mesmo Conselho que condenara JESUS. Anás e Caifás, ambos jubilados do sumo sacerdócio, achavam-se presentes. Jônatas, o atual pontífice, era o presidente do Conselho. Também entre eles encontrava-se Gamaliel. o sábio e bondoso fariseu. Todos estavam cansados dessas interferências.
Desde a reunião em que JESUS fora condenado, os membros do Sinédrio haviam tido problemas com Pedro e João. Não bastasse, a cada dia apareciam outros; a nova seita mostrava- se incansável em sua blasfema propagação. Embora houvessem recebido repetidas ordens para que se mantivessem silenciosos em relação a JESUS, sempre desobedeciam. Aliás, os nazarenos haviam se tornado de tal forma atrevidos, que chegaram ao cúmulo de acusar o Conselho de haver matado o Messias.
Agora chegara a vez de Estêvão, o mais ousado de todos.
Quando Estêvão entrou no tribunal, todos os olhares voltaram-se à sua direção. Algumas cabeças curvaram-se de medo, pois o seu rosto era calmo e sereno como a face de um anjo. Chamadas as testemunhas, confirmaram terem-no ouvido falar contra o Templo e os anciãos. Além disso, ensinava a todos que JESUS era o Messias. Quando deram-lhe a oportunidade de responder às acusações, voltou-se à multidão silenciosa, procurando um rosto amigo. Não encontrando ninguém, entregou-se à misericórdia do Senhor. E, mostrando uma radiância celeste em sua fisionomia, pôs-se a falar.
Começando com Abraão, Estêvão referiu-se à história judaica para mostrar que os homens podiam adorar a DEUS em outros lugares além do Templo. Ele traçou os caminhos de DEUS com o seu povo desde Abraão até Moisés, e provou que este profetizara sobre o CRISTO: "O Senhor, vosso DEUS, vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu"(At 7.37).
Contou como Moisés recebera a planta do Tabernáculo e como Salomão construíra o SANTO Templo. Em seguida, citou o profeta Isaías a fim de provar que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas: "O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura, não foi, a minha mão que fez todas estas coisas?" (Is 7.49,50).
Enquanto prosseguia, os ouvintes encaravam-no com ódio sombrio. No final, chegando ao ponto alto de seu discurso, declarou corajosamente ao Sinédrio o que vinha dizendo ao povo em cada sinagoga:
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes (7.51-53).
Houve um espoucar de vozes no salão, pois as palavras de Estevão queimavam como fogo e cortavam como afiadas lâminas. Acusações insultuosas! Desafiadoras! De repente, ele se cala. No terrível silêncio que se segue, sua fronte ergue-se para o céu e um sorriso emoldura-lhe a face como se houvera tido uma visão do alto. E Estêvão declara: "Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS" (7.56).
Não lhe foi permitido dizer mais nada. Alguns fariseus taparam os ouvidos para não ouvir outras blasfêmias. Outros tentaram agarrar o prisioneiro. Estêvão, então, foi rapidamente levado para fora do tribunal antes que a multidão o linchasse. Nunca tinham ouvido palavras tão atrevidas e cortantes!

O Apedrejamento de Estêvão
Depois de o prisioneiro ter sido arrastado para fora, o veredicto foi rapidamente concluído. Na opinião de todos, ele era culpado de morte. A Lei de Moisés deixava isso bem claro: Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto (Lv 24.16).
Saulo ficou mui comovido com o julgamento, pois acompanhara cada palavra de Estêvão. Gloriou-se na história de seu povo e impressionou-se pela forma como Estêvão a contara. Jamais conhecera alguém com tamanho conhecimento da Escritura. Pensou ainda nos rabinos e nas suas disputas. Como pareciam mesquinhos! Considerou sua própria opinião sobre o Messias e o que Gamaliel lhe ensinara. Enfim, compreendeu que os fariseus, embora cressem na ressurreição, nunca haviam podido demonstrá-la. Mas ali estava uma demonstração plausível - se ao menos fosse verdade! E como o rosto de Estêvão irradiava êxtase! Era como se estivera vivendo num outro mundo. E as suas palavras finais? E se ele tivesse realmente visto JESUS à mão direita de DEUS?
Não, isso era coisa de fanático. Estevão era um impostor. Aquelas últimas palavras sobre a hipocrisia dos rabinos eram imperdoáveis. O homem era um inimigo da Lei Divina. Morte aos inimigos de DEUS! Que seja apedrejado! Saulo ficou tão convencido de que o julgamento fora justo que estava pronto a ajudar na execução da sentença. As palavras insultuosas de Estêvão ainda soavam-lhe aos ouvidos.
Cercado pelos guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar perto dos muros. De repente, o grito: "Morte ao blasfemo! Morte ao nazareno!" A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada pelas testemunhas que, despindo-se de seus mantos, empilharam-nos aos pés de Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas.
Estêvão ajoelhou-se e, ignorando a multidão, orou: "Senhor JESUS, recebe o meu espírito!" (At 7.59). As pedras foram atiradas, fazendo-o sangrar mortalmente. Mas antes que sua alma deixasse a morada terrena, partindo para as mansões celestes, clamou em alta voz: "Senhor, não lhes imputes este pecado" (At 7.60). Estava tudo acabado. Sua alma já se encontrava com JESUS.

A Difusão do Cristianismo
Saulo deixa a cena em silêncio. Testemunhara algo que jamais houvera visto. Não podia negar que ficara grandemente abalado. Ouvira a oração de Estêvão. Quem jamais orara por seus algozes? O ódio de Saulo era amenizado por um estranho sentimento de piedade. Mas isso durou apenas alguns segundos. Ele não permitiria que suas emoções o empolgassem. Estêvão merecia morrer! Sua execução desanimaria outros, e quem sabe, acabasse de vez com a seita dos nazarenos. Todavia, os eventos daquele dia ficariam para sempre em sua memória.
Depois da morte de Estêvão, Saulo passou a comandar a perseguição à Igreja. Ele percebeu que a sua morte não tinha afetado os cristãos. Pelo contrário: tornara-os mais audaciosos e fortes. Depois de consultar o Sinédrio e os principais sacerdotes, concluiu que a melhor maneira de acabar com a ameaça ao Judaísmo seria visitar cada sinagoga, descobrir quem se inclinava a crer em JESUS e levar os infratores a julgamento.
Tendo em vista seus precedentes, Saulo cumpriu zelosamente a nova missão. Em breve, tornou-se conhecido em toda a Judéia como o mais feroz inimigo de CRISTO. Ele caçava os cristãos, atirando-os nas celas e ordenando-lhes a execução. Sua indignação ardia como fogo, e seu grito soava amedrontador: "Repudie a fé em JESUS ou morra!"
A perseguição tornou-se tão severa que os cristãos viram-se forçados a deixar seus domicílios. Os de Jerusalém espalharam-se por toda a Judéia e Samaria. Isso contudo não teve o efeito que Saulo e o Sinédrio desejavam, pois onde quer que os discípulos fossem, contavam a história de CRISTO. Em vez de uma grande Igreja em Jerusalém, muitos pequenos grupos de crentes passaram a reunir-se secretamente nas casas. Os esforços de Saulo só fizeram com que o fogo se espalhasse e se tornasse inextinguível.
Infelizmente, alguns preferiam abandonar a Igreja a enfrentar a perseguição e as privações decorrentes desta. Outros foram compelidos a blasfemar o nome de JESUS.
Muitos seguiram para o norte, em direção a Samaria, onde Paulo não tinha qualquer jurisdição. Entre estes encontrava-se Filipe, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém. Colaborador de Estêvão, teve de fugir para salvar a vida. O povo de Samaria recebeu-o alegremente, pois lembrava-se de JESUS e de seu ministério entre eles.
Samaria ficava ao norte de Jerusalém. Era habitada por um povo mestiço, parte dele oriental e a outra parte de origem hebréia. As dez tribos de Israel habitaram ali, mas os assírios levaram-nas para o cativeiro, deixando apenas um remanescente na terra. Milhares de estrangeiros contraíram casamentos mistos com aqueles judeus, resultando numa raça mestiça. Por isso, todo judeu de sangue puro olhava para os samaritanos com desprezo. Filipe, contudo, pregou a CRISTO livremente em Samaria, e DEUS abençoou o seu testemunho. Muitos foram os que se fizeram seguidores do Senhor, porqiue viam e ouviam os sinais que Filipe fazia.
Quando os apóstolos ouviram falar que uma grande obra estava sendo realizada em Samaria, enviaram para lá Pedro e João para ver se era ou não autêntica. Pois ainda não estavam convencidos de que alguém pudesse ser um verdadeiro cristão sem primeiro ser judeu. Mas foi justamente ali, naquela terra odiada, que os apóstolos descobriram que o ESPÍRITO SANTO também estava sendo derramado sobre os samaritanos, quando lhes impuseram a mãos. Antes de partirem, Pedro e João pregaram nas aldeias. E assim a igreja em Samaria cresceu sem que fosse incomodada pela perseguição.

Início da Convicção de Saulo
Saulo enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército iria detê-la?
Seria realmente uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabinicos, não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza de que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que o grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS agarravam-se à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
 
O PONTO CRÍTICO
Embora estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta. Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde, segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240 quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a Igreja de CRISTO.
A região achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Elieser, o damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo. Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força. Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga, todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a idéia de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Haviam porém decidido manter-se fiéis a CRISTO não importando as conseqüências.
O meio-dia encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de esmeralda".
 
 
Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
 
Capítulo 02 - Um perseguidor implacável
O zelo sem entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos crimes hediondos têm sido praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi diferente. Ele foi um perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência e força para esmagar os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a religião de CRISTO (Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o mais severo perseguidor da igreja em seus albores. Olhando pelo retrovisor, fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a Timóteo: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13). Ele feria os cristãos com a língua e com os punhos. Fazia isso com arrogância e soberba. Usava os instrumentos legais e também a truculência física.

Paulo é visto como perseguidor
Ressaltamos, aqui, alguns pontos importantes:
Paulo via a si mesmo como perseguidor. Ao escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a igreja de DEUS (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Diante do povo de Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Diante do rei Agripa, ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas devia eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
CRISTO o viu como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia para Damasco com o propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de CRISTO para Jerusalém a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe, de maneira gloriosa, na estrada de Damasco, perguntando-lhe: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir os membros do Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo. Paulo não estava apenas se levantando contra homens, mas contra o próprio DEUS. Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina dos olhos de DEUS.
O povo de Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento pode levar um homem a fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14). O mesmo aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo foi imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos 9.21).
Os discípulos de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo fugiu de Damasco e foi para Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos discípulos, eles não acreditaram nele. Pensaram que se tratava de mais um estratagema para perseguir os cristãos. Lucas relata esse fato assim: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).

Paulo é um perseguidor cruel e resistente
Duas descrições metafóricas ilustram a crueldade das perseguições de Paulo aos cristãos.
Primeiro, ele é visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém foi duramente perseguida, e muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos 8.1-4). Alguns deles foram para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que professavam o nome de CRISTO (Atos 9.1,2). Ele queria destruir os crentes em Jerusalém, por isso os caçava por toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém e ali os exterminar.
Essa expressão “respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma para descrever uma fera selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9.21). Paulo era um monstro celerado, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos primitivos.
A expressão “respirando ainda ameaças e morte” era também uma alusão ao arfar e ao bufar dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal selvagem do que um homem. Em suas próprias palavras, ele estava “demasiadamente enfurecido” (Atos 26.11). Nada é mais perigoso do que o radicalismo religioso sem entendimento. Muitas “guerras santas” já foram declaradas por causa dessa atitude ensandecida. Milhares de pessoas já morreram em nome de DEUS para sustentar essa causa inglória. Muito sangue já foi derramado para satisfazer os caprichos desses religiosos dominados pelo zelo sem entendimento.
A expressão “respirando ameaças e morte” descreve também uma fera selvagem saltando sobre a presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para todos aqueles que  confessavam o nome de JESUS. Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a morte (Atos 22.4). Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome de JESUS, o Nazareno (Atos 26.9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. Não podia aceitar que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser o Messias prometido de DEUS. Não podia aceitar que os cristãos anunciassem a ressurreição daquele que havia sido dependurado numa cruz. Não podia crer que uma pessoa pregada na cruz e, consequentemente, considerada pecadora e maldita pudesse ser o Salvador do mundo.
Segundo, ele é visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo sendo perseguido por Paulo, não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo nome de JESUS, o Nazareno, não anulou o propósito eletivo de DEUS, que escolheu Paulo antes mesmo de ele nascer e o separou para o ministério. Paulo mesmo testemunhou esse fato: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim...” (Gl 1.15,16). Um touro bravo é amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a ferroar sua consciência, ao mostrar como aqueles discípulos presos, torturados e mortos morriam com serenidade. O algoz estava furioso, mas as vítimas morriam cantando e orando.
Quando Estêvão foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em sua morte e guardava as vestes daqueles que o apedrejavam (Atos 22.20). Paulo, porém, recusava-se a ceder mesmo diante desses aguilhões. Como uma fera selvagem, dirigiu-se a Damasco. Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu prazer era matar em nome de DEUS aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS então aparece-lhe em refulgente glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão e lhe pergunta: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim, estava no chão, subjugado, manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do que seu ódio entrou em seu peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele a quem ele perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei.

Paulo é um perseguidor violento
A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos (Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da lei religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos de CRISTO as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos.
Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos.
Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9.1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar CRISTO e cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a DEUS.
Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica.
A perseguição impetrada por essa fera selvagem e por esse boi bravo não consistia apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26.11). Ele era blasfemo (1Tm 1.13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26.10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artifício maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física.
Em sua carta aos Coríntios, Paulo diz que perseguiu a igreja de DEUS (1Co 15.9). Aos crentes da Galácia, seu relato é ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários métodos:
Ele caçava os crentes por todas as partes. Paulo era um caçador implacável (Atos 9.2; 22.5; 26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os cristãos em Jerusalém; caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora, escoltado por uma soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da Síria, para prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos 9.2). Seu propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para Jerusalém e puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS havia ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas contra CRISTO. Ele testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9). Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO. Por isso, quando JESUS aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu, Senhor?”. E a resposta foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos 9.5).
Diante do sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). O povo de Damasco, ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua conversão, reafirma como Paulo perseguiu de forma implacável os crentes: “... Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos 9.21).
Em quinto lugar Ele manietava os crentes.
Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos crentes, mas os amarrava e os levava assim aos principais sacerdotes (Atos 9.21). Ele corrobora: “... e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos” (Atos 22.5).
Em sexto lugar Ele encerrava os crentes em prisões.
O propósito de Paulo em ir a Damasco era descobrir lá alguns crentes a fim de levá-los presos para Jerusalém (Atos 9.2). Ele diz ao povo de Jerusalém: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Depois de sua conversão, quando DEUS o mandou sair de Jerusalém, Paulo tentou argumentar com DEUS, dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão [...] os que criam em ti” (Atos 22.19).
Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes.
Paulo não somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os castigava fisicamente (Atos 22.5). Ele disse: “... Senhor, eles bem sabem que eu [...] açoitava os que criam em ti” (Atos 22.19). Diante de Agripa, Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.11). Paulo era um carrasco, um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo ensandecido.
Em oitavo Ele matava os crentes.
Paulo não apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a sua presa, como também os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e açoitava, mas também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o sinédrio deliberava sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo dava seu voto para que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam” (Atos 26.10). Diante da multidão amotinada de Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam” (Atos 22.20).
 
 
Atos 8
1 - E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 - E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. 3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao8-ada-1tr11-quandoaigrejaeperseguida.htm  - Subsídio
  
 
A Perseguição Sofrida pela Igreja - Atos 8:1-3 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT

Nestes versículos, temos:
I
Mais informações sobre Estêvão e sua morte. Como as pessoas reagiram a estes acontecimentos: de diferentes formas, como geralmente se dá em tais casos, de acordo com os diferentes sentimentos que as pessoas têm das coisas. Quando JESUS estava prestes a deixar os discípulos, ele lhes disse: Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará (Jo 16.20, versão RA). Em conformidade com isto, aqui está: 1. A morte de Estêvão alegrou muitas pessoas, mas uma em particular: Saulo (v. 1), que mais tarde foi chamado Paulo. Ele consentiu na morte de Estevão, syneudokon – ele consentiu nisso com prazer (este é o significado da palavra). Ele ficou contente com isso. Ele alimentou os olhos com este espetáculo sangrento na esperança de que acabaria com o crescimento do cristianismo. Temos razões para deduzir que Paulo ordenou que Lucas inserisse esta informação para sua vergonha e glória da graça livre. Portanto, ele se confessa culpado do sangue de Estêvão e o agrava com o dado de que ele não o fez com pesar e relutância, mas com prazer e muita satisfação, como os que não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem (Rm 1.32, versão RA). 2. A morte de Estêvão é pranteada por uns varões piedosos (v. 2). Alguns eruditos entendem que essa nomenclatura (varões piedosos) se refere aos prosélitos, entre os quais o próprio Estêvão provavelmente se encontrava. Ou, pode ser considerada em sentido mais amplo. Os varões piedosos eram certos membros da igreja que eram mais devotos e zelosos que os demais. Eles foram recolher o cadáver contundido e abatido de Estevão e lhe deram um sepultamento decente, provavelmente no Campo de Sangue que há pouco tempo fora comprado para a sepultura dos estrangeiros (Mt 27.7,8). Eles o enterraram solenemente e fizeram sobre ele grande pranto. Embora sua morte lhe fosse muito benéfica e de grande serventia para a igreja, eles o lamentaram como perda geral. Ele era muito bem qualificado para o serviço e utilíssimo tanto como diácono quanto como defensor da fé. Quando pessoas desse nível morrem, é mau sintoma não lhe serem prestados os respeitos devidos. Esses varões piedosos fizeram as últimas homenagens a Estêvão: (1) Para mostrar que eles não tinham vergonha da causa pela qual Estêvão sofreu e que também não estavam com medo dos que se opunham a essa causa. Embora os inimigos tivessem triunfado, a causa é causa justa e, no fim, será vitoriosa. (2) Para mostrar o grande valor e estima que acolhiam por Estêvão, fiel servo de JESUS CRISTO, o primeiro mártir do evangelho, cuja memória para sempre lhes será preciosa, apesar da infâmia da sua morte. Eles visam a honrar aquele a quem DEUS honrou. (3) Para testemunhar a crença e esperança que eles tinham da ressurreição dos mortos e da vida no mundo vindouro. 
II
Um relato da perseguição que a igreja sofreu a partir do martírio de Estêvão. Quando a fúria dos judeus se desencadeou com tamanha violência e intensidade contra Estêvão, ela não pôde ser rapidamente contida ou exaurida. As Escrituras dizem que os sanguinários têm sede de sangue, porque quando provam sangue têm ainda mais sede de sangue. O leitor pensaria que as orações e consolações de Estêvão na hora da morte teriam comovido os perseguidores, levando-os a ter uma opinião melhor dos cristãos e do cristianismo; mas isso não ocorreu. A perseguição continuou, porque ficaram mais exasperados quando viram que não poderiam sair vitoriosos. E, como se esperassem ser muito veementes em favor do próprio DEUS, resolveram prosseguir com a perseguição. Talvez porque ninguém caiu morto por apedrejar Estêvão, o coração tenha ficado mais firme para fazer o mal. Pode ser também que os discípulos se animaram a debater com eles ao observarem o testemunho de Estevão, no final da vida. São possibilidades que os incentivariam a ser fiéis a DEUS nesta grande perseguição. Observe:
1. Contra quem foi feita esta grande perseguição: contra a igreja que estava em Jerusalém (v. 1) que, no mesmo instante da sua implantação, foi perseguida, como JESUS afirmou que surgiriam tribulação e perseguição por causa da palavra (Mt 13.21). JESUS predissera especificamente que logo Jerusalém ficaria muito perigosa para os seus seguidores, pois esta cidade era famosa por matar os profetas e apedrejar os que lhe eram enviados (Mt 23.37). Pelo visto, nesta grande perseguição, muitos foram mortos, pois Paulo reconhece que nessa época ele perseguiu este Caminho até à morte (Atos 22.4) e, quando matavam os cristãos, ele punha seu voto contra eles (Atos 26.10).
2. Quem foi enérgico nesta grande perseguição. Ninguém foi tão zeloso, tão vigoroso, quanto Saulo (v. 3), o jovem fariseu. Quanto a Saulo (já mencionado neste texto, e agora, outra vez, como perseguidor notório), ele assolava a igreja. Ele fez de tudo para prejudicá-la e arruiná-la. Ele não se importava com o dano que causava aos discípulos de JESUS, e nem mesmo sabia quando parar. Seu objetivo era não menos que extirpar de Israel o evangelho, para que não houvesse mais memória do seu nome (Sl 83.4). Ele era a ferramenta mais adequada que os principais dos sacerdotes poderiam ter para servir aos seus propósitos. Ele era o informante-geral contra os discípulos, o mensageiro do grande conselho a ser empregado para vasculhar as reuniões e prender todos que fossem suspeitos de serem a favor do Caminho. Tendo estudado desde pequeno, Saulo era um erudito, um cavalheiro, mas mesmo assim não pensou que fosse indigno ser empregado no trabalho mais vil daquele tipo. (1) Saulo entrava pelas casas (v. 3), não tendo dificuldade em arrombar portas, de noite ou de dia, pois com esta finalidade era assistido por uma força policial. Ele entrava em toda casa onde os discípulos de JESUS faziam reuniões, ou em toda casa onde houvesse algum cristão, ou que ele pensasse haver. Ninguém estava seguro em sua própria casa, ainda que fosse um castelo. (2) Saulo puxava à força, com o maior desprezo e crueldade, homens e mulheres (v. 3), arrastando-os pelas ruas, sem a mínima consideração pelo sexo mais fraco. Ele se rebaixou ao ponto de tomar conhecimento do mais insignificante que se corrompera com o evangelho; e isso de tão extremamente fanático que era. (3) Saulo [...] os encerrava na prisão (v. 3) para serem julgados e mortos a menos que renunciassem a JESUS. Alguns talvez foram forçados por ele a blasfemar (Atos 26.11).
3. Qual foi o efeito desta grande perseguição: Todos foram dispersos (v. 1), não todos os crentes, mas todos os pregadores, que foram mais visados e contra quem foram emitidos mandados de prisão para prendê-los. Eles, lembrando-se da regra de nosso Mestre (quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra, Mt 10.23), se dispersaram por comum acordo pelas terras da Judéia e da Samaria. Não tanto por medo dos sofrimentos (pois Judéia e Samaria não ficavam muito longe de Jerusalém, mas se eles aparecessem publicamente nesta cidade, como estavam determinados a fazer, as tropas policiais dos perseguidores logo os localizariam), mas porque entenderam que essa grande perseguição era indicação da Providência para que eles se espalhassem. Eles fizeram um trabalho muito bom em Jerusalém, e agora estava na hora de pensar nas necessidades de outros lugares. O Mestre lhes dissera que seriam suas testemunhas primeiramente em Jerusalém, e depois em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.8). Eles observaram este método. A perseguição não nos afasta de nosso trabalho, mas pode ser sugestão da Providência para trabalharmos em outro lugar. Todos os pregadores foram espalhados, exceto os apóstolos, que, provavelmente, foram dirigidos pelo ESPÍRITO a permanecer em Jerusalém por mais algum tempo. Os apóstolos foram, pela providência especial de DEUS, escondidos da tempestade, e, pela graça especial de DEUS, foram capacitados a enfrentar a tempestade. Eles permaneceram em Jerusalém para que estivessem preparados para ir aonde sua ajuda fosse necessária, pois os outros pregadores foram enviados para abrir caminho. JESUS ordenou que os discípulos fossem para os lugares onde Ele planejava ir (Lc 10.1). Os apóstolos continuaram muito mais tempo juntos em Jerusalém do que se imagina, tendo em vista a ordem e a comissão que receberam de ir por todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações (Mc 16.15; Mt 18.19, versão RA; veja Atos 15.6; Gl 1.17). Mas o que foi feito pelos evangelistas que eles enviaram foi considerado como se tivesse sido feito por eles. 
 
 
Comentário - NVI (FFBruce)
PERSEGUIÇÃO E EXPANSÃO (8.1— 3)
1) O segundo estágio do testemunho cristão (8.1b-25)
Os evangelistas anônimos (8.1b-4).
Jerusalém havia sido intensamente evangelizada sob a proteção do Nome, mas a Palestina estava para ouvir a palavra pelos lábios daqueles que foram espalhados por toda essa região em virtude da cruel perseguição que assolava Jerusalém. Assim, “DEUS é fiel e se cumpre” de muitas maneiras e realiza seus propósitos por meio da ira dos homens. Atingimos o segundo estágio do programa de 1.8: “toda a Judéia e Samaria”.
E impossível destacar demais a importância do testemunho individual na difusão do evangelho. Filipe é mencionado posteriormente como mensageiro de DEUS a Samaria, mas os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem (v. 4). Centenas de evangelistas anônimos estavam pregando o evangelho a milhares de almas, e a mensagem se tornou conhecida em toda a região. Quando a pregação da palavra é “profissionalizada”, perde-se uma grande parte da vitalidade do testemunho cristão.
Uma perseguição severa (8.1b-4). A perseguição, provavelmente, afetou os cristãos helenistas muito mais do que os discípulos de fala aramaica, fiéis a todos os “costumes”. Os apóstolos eram respeitados, provavelmente porque parte da sua aura de popularidade como realizadores de milagres ainda persistia. A forte declaração Todos [...] foram dispersos (v. lb) seria, provavelmente, modificada se pudéssemos ver a imagem na mente do autor. Os Doze, dificilmente, teriam permanecido se não tivesse havido rebanho para ser cuidado, e encontramos muitos cristãos hebreus em Jerusalém mais tarde.
Saulo [...] devastava a igreja (v. 3) com a energia cruel de um exército destruidor. Os detalhes de 8.1,3 deveriam ser suplementados pelas afirmações futuras de Paulo que revelaram um incômodo na consciência que o seu serviço posterior nunca silenciou completamente: 22.4; 26.9-11; ICo 15.9; G1 1.13; Ef 3.8; lTm 1.13.
Os homens piedosos (v. 2) que sepultaram o corpo de Estêvão eram, provavelmente, judeus piedosos que sabiam apreciar o poder da vida e do testemunho do mártir.
 

Atos 22
4 - Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados.
 
A Primeira Defesa de Paulo - Atos 22:3-5 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT

Paulo aqui faz um discurso tão bom que não só poderia servir para convencer o tribuno de que ele não era aquele egípcio que o tribuno pensou que ele fosse, mas também os judeus de que ele não era aquele inimigo de sua igreja e nação, de sua lei e templo, que eles pensavam que ele fosse, e que o que ele fez ao pregar CRISTO, e particularmente ao pregar aos gentios, ele o fez por uma comissão divina. Ele aqui os faz entender:
I
Quais eram sua ascendência e formação.
1. Ele era da própria nação deles, da linhagem de Israel, da semente de Abraão, um hebreu de hebreus, não de alguma família obscura, ou um renegado de alguma outra nação: “Não, quanto a mim, sou varão judeu, aner Ioudaios – um homem judeu; eu sou um homem, e, portanto, não devo ser tratado como um animal; um homem que é judeu, não um bárbaro; eu sou um amigo sincero de vossa nação, porque eu pertenço a ela, e macularia meu próprio ninho se eu o defraudasse, se eu depreciasse injustamente a honra de vossa lei e de vosso templo.”
2. Ele nasceu em um lugar respeitável, em Tarso, da Cilícia, e era por seu nascimento um homem livre daquela cidade. Ele não nasceu em servidão, como alguns dos judeus da dispersão provavelmente tinham nascido; mas ele tinha nascido como um cavalheiro, e talvez pudesse mostrar o certificado de sua liberdade naquela antiga e honrosa cidade. Isso, na verdade, era apenas uma questão pequena para fazer alarde, e, no entanto, foi necessário que se mencionasse nessa ocasião para aqueles que o trataram com insolência, como se ele devesse ser classificado com os filhos de loucos, sim, com os filhos de gente sem nome (Jó 30.8).
3. Ele teve uma educação culta e liberal. Ele não era somente um judeu, e um cavalheiro, mas um erudito. Ele foi criado em Jerusalém, a sede principal da instrução judaica, e aos pés de Gamaliel, que todos sabiam ser um eminente doutor da lei judaica, da qual o próprio Paulo era destinado a ser um mestre; e, portanto, ele não poderia ser ignorante da lei, nem se poderia imaginar que a depreciasse por não a conhecer. Seus pais haviam-no levado muito jovem para essa cidade, querendo que ele se tornasse fariseu; e alguns pensam que o fato de ter sido criado aos pés de Gamaliel mostra não somente que ele era um de seus discípulos, mas que ele era, mais que qualquer outro, diligente e freqüentador de suas palestras, observador e obsequioso para com ele, em tudo que ele dizia, como Maria, a qual, assentando-se também aos pés de JESUS, ouvia a sua palavra.
4. Ele foi no início de sua carreira um zeloso e eminente professor da religião dos judeus; seus estudos e ensino eram todos direcionados nesse sentido. Ele estava tão longe de ser iniciado em sua juventude em qualquer desafeto com relação aos costumes religiosos dos judeus que não havia nenhum jovem entre eles que tivesse uma veneração maior e mais completa por esses costumes do que ele, que fosse mais rigoroso em observá-los por si mesmo, ou mais impetuoso em forçá-los aos outros.
(1) Ele era um professor inteligente de sua religião, e possuía uma mente esclarecida. Ele estava atento às suas ocupações aos pés de Gamaliel e era ali instruído conforme a verdade da lei de nossos pais. Os desvios que ele teve de fazer da lei não foram devidos a quaisquer noções confusas ou equivocadas dela, pois ele a entendia a fundo, kata akribeian – de acordo com o método mais preciso e exato. Ele não foi treinado nos princípios dos latitudinários, não tinha nada de saduceu, mas era daquela seita que era mais aplicada à lei, mantinha-se mais perto dela, e, para torná-la mais estrita do que era, acrescentava-lhe as tradições dos anciãos, a lei dos pais, a lei que lhes foi dada, e que eles deram a seus filhos, e assim foi passada a nós. Paulo tinha tanta consideração pela Antigüidade, a tradição e a autoridade da igreja judaica quanto qualquer um deles; e jamais houve um judeu dentre eles que entendesse sua religião melhor do que Paulo, ou que pudesse melhor explicá-la ou fundamentá-la.
(2) Ele era um professor ativo de sua religião, e tinha um coração fervoroso: Eu fui zeloso para com DEUS, como todos vós hoje sois. Muitos que são bastante informados na teoria da religião preferem deixar a sua prática para outros, mas Paulo era tanto um entusiasta quanto um rabi. Ele era zeloso contra tudo que a lei proibia, e a favor de tudo que a lei ordenava; e isso era zelo para com DEUS, porque ele pensava que era para a honra de DEUS e a serviço de seus interesses; e aqui ele elogia seus ouvintes com uma opinião franca e caridosa sobre eles, de que todos eles foram nesse dia zelosos para com DEUS; ele dá testemunho deles (Rm 10.2) de que eles têm zelo por DEUS, mas não com entendimento. Ao odiá-lo e expulsá-lo, eles disseram: Que o Senhor seja glorificado (Is 66.5), e, embora isso não justifique de modo algum a fúria deles, ainda assim, capacitou aqueles que oraram: Pai perdoa-lhes, a alegar, como fez CRISTO: Porque eles não sabem o que fazem. E quando Paulo confessa que tinha sido zeloso por DEUS na lei de Moisés, como vós hoje sois, ele declara sua esperança de que eles possam ser zelosos por DEUS, em CRISTO, como ele era agora. 
II
Que perseguidor impetuoso e furioso ele tinha sido da religião cristã no início de sua carreira (vv. 4,5).
Ele menciona isso para fazer com que pareça tanto mais claro e evidente que a mudança operada nele, quando ele foi convertido à fé cristã, era puramente o efeito do poder divino; pois ele estava tão longe de ter quaisquer inclinações prévias a ela, ou opiniões favoráveis a ela, que imediatamente antes que essa mudança repentina ocorresse, ele tinha a mais extrema antipatia imaginável ao cristianismo, e estava cheio de raiva contra ele ao último grau. E talvez ele mencione isso para justificar DEUS em sua presente dificuldade; por mais injustos que fossem aqueles que o perseguiam, DEUS era justo, que os permitia fazer isso, pois houve um tempo em que ele tinha sido um perseguidor; e ele pode ter uma visão mais profunda disso para convidar e encorajar aquelas pessoas a se arrependerem, porque ele mesmo tinha sido um blasfemador e um perseguidor, e ainda assim obteve misericórdia. Vejamos o quadro que Paulo pinta de si mesmo quando ele era um perseguidor. 1. Ele odiava o cristianismo com inimizade mortal: eu persegui esse Caminho até a morte, isto é: “Eu tinha por objetivo, se possível, levar à morte aqueles que andavam nesse caminho.” Ele respirava ameaças contra eles (Atos 9.1). Quando eles eram entregues à morte, ele dava seu voto contra eles (Atos 26.10). Mais ainda, ele perseguia não somente aqueles que andavam nesse caminho, mas o próprio caminho, o cristianismo, que era estigmatizado como um desvio, uma seita; ele queria persegui-lo até à morte, ser a ruína dessa religião. Ele o perseguiu até à morte, isto é, ele poderia entregar-se a si mesmo para morrer em sua oposição ao cristianismo, como alguns o entendem. Ele teria perdido sua vida com prazer, e ainda teria pensado estar fazendo a coisa certa, em defesa das leis e tradições dos pais. 2. Ele fez tudo que podia para espantar o povo desse movimento, e para fora dele, prendendo e metendo em prisão tanto homens como mulheres; ele encheu as cadeias de cristãos. Agora que ele mesmo se encontrava preso, ele salienta de maneira particular essa parte de sua acusação contra si, de que ele tinha atado os cristãos e os levado à prisão; ele igualmente reflete sobre isso com tristeza especial por ter aprisionado não somente os homens mas as mulheres, o sexo mais frágil, que deveriam ser tratadas com especial ternura e compaixão. 3. Ele foi empregado pelo grande sinédrio, o sumo sacerdote, e todo o conselho dos anciãos, como um agente para suprimir essa nova seita; tudo isso ele já tinha registrado como sinal de seu zelo contra a seita (v. 5). O sumo sacerdote pode testemunhar que ele estava pronto para ser empregado em qualquer serviço contra os cristãos. Quando eles ouviram que muitos dos judeus em Damasco tinham abraçado a fé cristã, para impedir outros de fazer o mesmo eles resolveram proceder contra eles com a mais extrema severidade, e não podiam pensar em uma pessoa mais adequada para ser empregada nessa tarefa, nem alguém com mais probabilidade de executá-la do que Paulo. Por isso, eles o enviaram, e as cartas levadas por ele, aos judeus em Damasco, aqui chamados os irmãos, porque todos eles descendiam de um mesmo tronco comum, e eram de uma família também na religião, ordenando a eles que auxiliassem a Paulo na captura dos que entre eles tinham se tornado cristãos e em levá-los como prisioneiros a Jerusalém, para serem punidos como desertores da fé e do culto do DEUS de Israel; e dessa maneira pudessem ser compelidos a se retratar, ou ser entregues à morte para terror dos demais. Desse modo, Saulo assolava a igreja, e, se ele tivesse continuado mais um pouco, estava na direção de arruiná-la e extirpá-la. “É assim”, diz Paulo, “que eu fui no início, exatamente como vocês são agora, eu conheço o coração de um perseguidor, e por isso tenho pena de vocês, e oro para que vocês possam conhecer o coração de um convertido, como DEUS logo me fez conhecer. E quem era, então, eu para que pudesse resistir a DEUS?” 
III
De que maneira ele foi convertido, e se tornou o que ele era agora. Não foi por quaisquer causas naturais ou externas; ele não mudou sua religião por gostar de novidade, pois ele era então tão bem afeito à Antigüidade como sempre tinha sido; nem foi isso resultado de descontentamento porque estava desapontado com seu cargo, pois ele estava na ocasião, mais do que nunca, no caminho da promoção na igreja judaica; muito menos poderia ser resultado da cobiça ou ambição, ou qualquer esperança de melhorar de vida no mundo ao tornar-se cristão, pois ia se expor a todo tipo de desgraça e dificuldade; nem teve ele qualquer conversa com os apóstolos ou quaisquer outros cristãos, por cuja sutileza ou sofisma ele pudesse ter sido convencido para essa mudança. Não, isso foi obra do Senhor, e as circunstâncias de sua obra foram suficientes para justificá-lo na mudança, a todos aqueles que crêem que há um poder sobrenatural; e ninguém pode condená-lo por isso, sem refletir sobre aquela força divina pela qual ele foi dominado nisso. E ele relata aqui a história de sua conversão em detalhes, como nós já lemos (Atos 9), tentando mostrar que ela foi puramente uma obra de DEUS.
 
 
Comentário - NVI (FFBruce)
A história de Paulo como líder judaico (v. 3-5). A geração mais nova de judeus da
Palestina sabia pouco ou nada de Saulo de Tarso, embora Paulo pudesse apelar à memória do sumo sacerdote ou do Sinédrio (v. 5). Há uma óbvia conveniência no fato de ele destacar a sua antiga identificação completa com o judaísmo zeloso e fanático, sua educação aos pés de Gamaliel e sua liderança na perseguição aos do Caminho cristão. Ninguém poderia entender melhor do que ele as paixões religiosas agora suscitadas em oposição a ele e sua mensagem.
 

Atos 26
9 - Bem tinha eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia eu praticar muitos atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
 
Atos 26:9-11 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
(1) Quão tolo ele era em sua opinião (v. 9): Ele pensava consigo mesmo que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia praticar muitos atos, tudo que estava em seu poder, contrário à sua doutrina, sua honra e seu interesse. Esse nome não fez nenhum mal, contudo, porque ele não concordava com a noção que ele tinha do reino do Messias, ele estava pronto para fazer tudo que pudesse contra esse nome. Ele pensava prestar um bom serviço a DEUS ao perseguir aqueles que invocavam o nome de JESUS CRISTO. Note: É possível que os que estão evidentemente no caminho errado estejam confiantes de que estão no caminho certo; e que os que estão voluntariosamente persistindo no maior dos pecados pensem que estão fazendo o seu dever. Aqueles que odiavam seus irmãos e os expulsavam, diziam: O Senhor seja glorificado (Is 66.5). Sob o disfarce e pretexto de religião, as vilanias mais bárbaras e desumanas têm sido não apenas justificadas, mas santificadas e exaltadas (Jo 16.2).
(2) Com que fúria ele agia (vv. 10,11). Não há um princípio mais violento no mundo do que a consciência mal informada. Quando Paulo considerava ser seu dever fazer tudo que pudesse contra o nome de CRISTO, ele não poupava esforços nem custo nessa tarefa. Ele dá um relato do que fez nesse sentido, e o agrava como algo pelo qual estava verdadeiramente arrependido: fui blasfemo, e perseguidor (1 Tm 1.13).
[1] Ele encheu as celas com cristãos, como se eles fossem os piores criminosos, cogitando por esse meio não somente aterrorizá-los, mas torná-los odiosos ao povo. Ele era o diabo que lançava alguns deles na prisão (Ap 2.10), os levava sob custódia, para que fossem processados. Encerrei muitos dos santos nas prisões (v. 10), tanto homens como mulheres (Atos 8.3).
[2] Ele tornou-se o agente dos principais sacerdotes. Deles recebeu poder, como um oficial inferior, para pôr suas leis em execução, e orgulhava-se muito de que era um homem com autoridade para esse propósito.
[3] Ele era muito solícito para se manifestar, mesmo que não solicitado, a favor da entrega dos cristãos à morte, particularmente Estêvão, em cuja morte Saulo consentiu (Atos 8.1), e assim tornou-se particeps criminis – cúmplice no crime. Talvez ele tenha, por seu grande zelo, embora jovem, se tornado um membro do sinédrio, e ali votado pela condenação dos cristãos à morte; ou, depois que eles eram condenados, ele justificava o fato, e o celebrava, tornando-se assim culpado ex post facto – depois de cometido o ato, como se ele tivesse sido um juiz ou jurado.
[4] Ele os punia com castigos de uma natureza inferior, nas sinagogas, onde eles eram castigados como transgressores das regras da sinagoga. Ele teve participação no castigo de muitos; mais ainda, parece que as mesmas pessoas eram por seus meios castigadas muitas vezes, como ele mesmo foi cinco vezes (2 Co 11.24).
[5] Ele não somente os punia pela religião deles, mas, orgulhando-se de triunfar sobre a consciência das pessoas, ele as forçava a abjurar de sua religião, entregando-as à tortura: “Os obriguei a blasfemar contra CRISTO, e a dizer que Ele era um enganador e que eles haviam sido enganados por Ele – compelia-os a negar seu Mestre, e a renunciar a suas obrigações para com Ele”. Nada será mais pesado sobre os acusadores do que forçar a consciência dos homens, por mais que eles possam agora triunfar pelos prosélitos que eles fizeram pela violência.
[6] Sua fúria cresceu tanto contra os cristãos e o cristianismo que a própria Jerusalém tornou-se um palco muito estreito para ele agir, e assim, ele declara: E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui. Ele estava furioso contra eles, para ver o quanto eles tinham a dizer a favor de si mesmos, não obstante tudo que ele fazia contra eles, enfurecido por vê-los se multiplicar ainda mais por serem afligidos. Ele estava enfurecido demasiadamente; e o rio de sua fúria não admitiria nenhuma margem, nenhum limite, contudo ele era um terror tão grande para si mesmo como era para eles, tamanho era seu tormento dentro de si mesmo pelo fato de não poder vencer, como era grande também sua indignação contra eles. Perseguidores são homens enfurecidos, e alguns deles demasiadamente enfurecidos. Paulo estava irritado por ver que aqueles em outras cidades não eram tão violentos contra os cristãos, e por isso se ocupou onde ele não tinha obrigações, e perseguiu os cristãos até mesmo em cidades estrangeiras. Não há um princípio mais incansável do que fazer o mal, especialmente aquele que aparenta consciência.
Esse era o caráter de Paulo, e essa a sua maneira de viver no início de sua carreira; e por isso não se poderia presumir que ele fosse cristão por educação ou costume, ou que tivesse sido atraído pela esperança de promoção, porque todas as objeções exteriores imagináveis estavam contra ele ser cristão.
 
 
Comentário - NVI (FFBruce)
Saulo, o perseguidor (v. 9-11). Paulo volta à sua história e mostra que não somente era fariseu, mas o grande líder da primeira perseguição geral da igreja em Jerusalém.
Podemos observar os detalhes vívidos daquele período trágico e da sua fúria contra eles, os cristãos. E difícil entender a relutância de alguns estudiosos em admitir que a afirmação e quando eles eram condenados à morte eu dava o meu voto contra eles signifique que Saulo, apesar de muito jovem, era membro do Sinédrio, pois cortes inferiores não podiam sentenciar a pena de morte.
 
 
BEP - CPAD
8.1 UMA GRANDE PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1), perseguição essa intensa e severa. Homens e mulheres eram encerrados na prisão (v. 3) e açoitados (22.19), e muitos foram mortos (22.20; 26.10,11). DEUS, porém, transformou essa perseguição em início da grande obra missionária da igreja (v. 4).
8.5-24 DESCENDO FILIPE À ... SAMARIA. Note a seqüência de eventos nesse registro do derramamento do ESPÍRITO SANTO nos crentes samaritanos.
(1) Filipe pregou o evangelho do reino, e DEUS confirmou a Palavra com sinais e prodígios (vv. 5-7).
(2) Muitos samaritanos receberam a Palavra de DEUS (v. 14), creram em JESUS (v. 12), foram curados e libertos de espíritos imundos (v. 7), e batizados nas águas (vv. 12,13). Assim, experimentaram a salvação, a obra regeneradora do ESPÍRITO SANTO e o poder do reino de DEUS (ver v. 12).
(3) O ESPÍRITO SANTO, porém, não tinha descido sobre nenhum deles depois da sua conversão a CRISTO e batismo em água (v. 16).
(4) Alguns dias depois da conversão dos samaritanos, Pedro e João chegaram a Samaria e oraram para os novos crentes receberem o ESPÍRITO SANTO (vv. 14,15). Houve um definido intervalo entre a conversão deles e o recebimento do batismo no ESPÍRITO SANTO (vv. 16,17; cf. 2.4). Este caso dos samaritanos segue o padrão da experiência idêntica dos discípulos no dia de Pentecoste.
(5) Sem dúvida houve manifestação externa neste caso de recebimento do ESPÍRITO SANTO, a saber: línguas e profecia (ver v. 18)
8.6 OS SINAIS QUE ELE FAZIA. A promessa de CRISTO no sentido de operar sinais e milagres para confirmar a pregação da Palavra não se limitava aos apóstolos (Mc 16.15-18). Ele prometeu que os convertidos por seus discípulos (os que crerem na palavra deles) operarão milagres em nome de JESUS, tais como expulsar demônios (Mc 16.17) e curar os enfermos (Mc 16.18). Foi exatamente o que Filipe fez (vv. 6,7)
 
Atos - Introdução e Comentário - I. Howard Marshall - Série Cultura Bíblica - edições 1985,1988, 1991, 1999 e 2001 - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - SP
Estêvão se entregou ao JESUS a quem vira na visão. É um exemplo marcante de uma fórmula de palavras aplicáveis originalmente ao Pai, sendo endereçadas ao Filho, e demonstra como os cristãos primitivos colocavam JESUS no mesm9 nível que o Pai. Depois, Estêvão orou, pedindo perdão por seus algozes, ecoando, mais uma vez, as palavras de JESUS (Lc 23:34), suas palavras se contrastam, de modo marcante, com a sua atitude de denúncia no discurso, e ilustram como o cristão, embora denunciasse o pecado e a desobediência a DEUS a fim de levar ao arrependimento os seus ouvintes, deve ter por eles preocupação pastoral, e orar no senti40 de serem eles perdoados. Dizendo assim, adormeceu (cf. 1 Ts 4:14-15), o primeiro cristão a morrer por amor a JESUS.
Ainda assim, pelo menos um homem ficou sem comover-se, e não ficou triste ao vê-lo morrer. Não fica claro neste ponto se Saulo era membro do Sinédrio, mas 26:10 é melhor interpretado neste sentido. Não seria tarefa fácil converter semelhante homem; Lucas está dando uma indicação prévia do caráter extraordinário da transformação subseqüente de Saulo.
 
e. A seqüela à morte de Estêvão (8:1b-3).
 
Este breve parágrafo termina. a história de Estêvão ao mencionar o seu enterro, mas, sobretudo, prepara o caminho para o desenvolvimento da narrativa ao indicar como a morte de Estêvão levou à dispersão dos cristãos e à conseqüente divulgação do evangelho "(8:4-40; 11 :19-30); e, também, ao sublinhar o nome de Saulo, o perseguidor da igreja, prepara os leitores para a maravilha de sua reviravolta (9 :1-31). As várias lições vinculam-se de modo não muito estreito: os eventos no v. 2 provavelmente antecederam os do v. 1', e o v. 3 é realmente uma expansão do v. 1, talvez deliberadamente retido para fazer forte contraste com o v. 2.
lb. O ataque bem-sucedido contra Estêvão ficou sendo o sinal para um ataque em escala maior como da igreja em Jerusalém, sem dúvida instigado pelo mesmo grupo que atacara àquele. Esta é a primeira ocorrência da palavra perseguição em Atos (excetuando-se o emprego do verbo em 7 :52). Conforme seu emprego aqui, significa oprimir alguém a fim de persuadi-lo ou forçá-lo a rejeitar a sua religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos. Os cristãos mantiveram a sua fé e preservaram a sua vida ao fugirem para lugares onde os perseguidores não se dariam o trabalho de alcançar. Bastou-lhes fugir para a zona campestre da Judéia e da Samaria a fim de escaparem às opressões. É de significância que alguns cristãos se dispuseram a permanecer na Samaria e que ali não passaram por perseguições. Pode-se supor que a oposição em Jerusalém adviesse principalmente dos opositores de Estêvão e que se dirigisse principalmente contra os associados dele dentro da igreja. Supõe-se que os apóstolos fossem deixados em paz; o fato de poderem continuar em Jerusalém (sem dúvida em companhia dalguns outros cristã"os) confirma a idéia que fora mormente o grupo de Estêvão que estava sendo perseguido.
2. A despeito do perigo que havia nisto (e é esta a razão de colocar o v. 2 depois do v. 1), havia homens piedosos na igreja que estavam dispostos a dar a Estêvão um sepultamento apropriado. Era normal sepultar criminosos executados,82 mas a codificação posterior da lei feita pelos judeus proibiu o pranto público por eles; se esta proibição estava em vigor durante o século I, os pranteadores estavam, na realidade, fazendo um protesto público contra a execução de Estêvão, e assim se exporiam a riscos consideráveis. A palavra piedoso se emprega noutros lugares para judeus piedosos (2:5; Lc 2:25), mas mais tarde se emprega para descrever Ananias, reconhecidamente como "piedoso conforme a lei" (22:12), embora fosse um cristão. Pode-se supor que aqui há alusão a cristãos.
3. Tipo diferente de zelo religioso foi aquele demonstrado por Sau10 que assumiu um papel de liderança na perseguição da igreja. Ia de casa em casa entre os cristãos e os arrastou para o cárcere, nem sequer poupando as mulheres. A atividade de Saulo é plenamente confirmada em termos gerais pelo seu próprio testemunho insuspeito (1" Co 159; Gl 1 :13, 22-23, Fp 3:6; 1 Tm 1:13).83 Sem dúvida, as autoridades romanas eram coniventes com o que acontecia; de qualquer forma, não é necessário que o ataque tenha durado muito tempo (períodos longos de perseguição tendem a ser raros), e é possível que muitos cristãos tivessem voltado quietamente a Jerusalém uma vez arrefecido o primeiro calor dos ataques.
 
f. O evangelho avança até Samaria (8:4-25).
 
A dispersão dos cristãos levou ao mais significativo avanço na missão.
8.2 As descobertas arqueológicas em Giv'at ha-Mivtar demonstraram este fato; ver NIDNTI, I, pág. 393; (em port., vol. I, art. Cruz, CL).
8.3 À luz destas claras referências nos seus próprios escritos a atividade que somente podem ter sido realizadas em Jerusalém e nos seus arrabaldes, a declaração de Paulo em GI 1 :22 de que "não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em CRISTO" cerca de três anos após a sua conversão, não pode significar que estas últimas nunca o viram da igreja. Pode-se dizer que ficou sendo necessária a perseguição para levá10s a cumprir o mandamento implícito em 1 :8. Na medida em que os cristãos avançavam para novas áreas, descobriram que havia uma resposta imediata ao evangelho, conforme exemplifica a resposta dada pelo povo da Samaria. A pregação de Filipe foi acompanhada pelos mesmos tipos de sinais que já tinham sido vistos no ministério de JESUS e dos apóstolos, e havia uma reposta poderosa à chamada ao batismo. Esta resposta era tanto mais notável porque as pessoas às quais Filipe pregava já tinham estado sob o fascínio de um charlatão religioso de nome Simão. A missão bem sucedida levou a uma visita por Pedro e João que descobriram que os convertidos não tinham recebido o ESPÍRITO e que impuseram sobre eles as mãos a fim de que O recebessem. Até mesmo Simão quis obter alguma coisa - não meramente o dom do ESPÍRITO, mas, sim, o dom de outorgar aos outros o dom do ESPÍRITO; foi, porém, necessário adverti-Io fortemente contra a atitude pecaminosa e sem arrependimento que revelou no modo de fazer este pedido.
A história é significativa de dois modos. Em primeiro lugar, registra o recebimento do evangelho pelos samaritanos, um povo ao qual os judeus odiavam intensamente e consideravam como sendo herético; o sentimento de hostilidade, porém, era mútuo. Embora possamos ser tentados a ver na missão à Samaria a primeira tentativa da igreja rio sentido de evangelizar aos gentios, esta seria uma interpretação errônea. Para os judeus, os samaritanos não eram gentios, mas, sim, cismáticos; parte das "ovelhas perdidas da casa de Israel" (Jervell, págs. 113-132). Para Lucas, eram pessoas que observavam a lei e que demonstravam mais piedade do que muitos judeus (Lc 10:33-,37; 17:11-19), embora também pudessem mostrar hostilidade aos discípulos de JESUS (Le 9:52-56). Por detrás da narrativa, portanto, podemos muito bem perceber que a hostilidade entre os judeus e os samaritanos foi vencida pela fé que os dois grupos tinham em JESUS CRISTO, e é neste sentido que se pode encarar esta história como um passo na direção da solução do problema maior de reunir os judeus e os gentios. Se for correta esta idéia, talvez ofereça a chave ao problema inegável apresentado pelo fato de que os crentes samaritanos n[o receberam o ESPÍRITO até que os apóstolos impusessem sobre eles as mãos. Destarte, foram levados à comunhão com a igreja inteira, e n[o meramente com a seção helenística dela. Esta explicação é preferível ao ponto de vista de que os samaritanos n[o corresponderam plenamente à pregação do evangelho. Outros pontos de vista, como, por exemplo, aquele que declara que o ESPÍRITO n[o poderia ser recebido sendo pela imposição das mãos apostólicas, são contrários à tendência geral do quadro que Lucas nos dá em Atos (cf. 9 :17).
Em segundo lugar, a história dá destaque a Simão, o mago, que mais tarde ficou sendo de má fama corno herege gnóstico. Há grande incerteza quanto a Simão realmente ter sido um gnóstico que sustentava pelo menos alguns dos conceitos heréticos atribuídos a ele por escritores posteriores, ou se foi meramente um mágico e charlatão a cujo nome crenças gnósticas vieram a ser posteriormente atribuídas.84 Certamente, é curioso que alguns dos estudiosos mais radicais do Novo Testamento (tais quais Haenchen, págs. 303, 307), que teriam muita cautela em atribuir ao próprio JESUS qualquer parte da cristologia da igreja, estejam tão dispostos a acreditar que crenças gnósticas do século 11 já eram sustentadas por Simão na primeira metade do século I. Parece mais provável que certas reivindicações do Simão histórico tenham capacitado seus seguidores posteriores a considerá10 um gnóstico, embora ele mesmo não tenha chegado àquela etapa.
4. A história começa a mostrar corno a perseguição da igreja em Jerusalém acabou surtindo um efeito favorável. Aqueles que foram expulsos dos seus lares ou que acharam melhor deixá-los regavam a Palavra corno boas novas enquanto iam de lugar em lugar. interessante que este movimento específico não é atribuído a qualquer orientação precisa da parte do ESPÍRITO, tal qual ocorria noutras etapas cruciais na expansão da igreja. Pelo contrário, parece que era considerado coisa natural para os cristãos viajantes espalharem o evangelho; talvez surgissem naturalmente oportunidades para assim fazer, à medida em que as pessoas entre as quais vieram viver perguntavam a eles por que tinham deixado seus lares.
5. Uma das pessoas que foram para a Samaria (8:1-5) foi Filipe que é claramente aquele membro dos Sete mencionado em 6:5. A sua pregação acerca do Messias certamente teria despertado o interesse, no mínimo, dos ouvintes, visto que a expectativa da vinda de um libertador futuro (conhecido como o "restaurador") fazia parte firme das promessas proféticas da Bíblia.
Samaria - Os MSS têm "à cidade de Samaria" (ARA), que GNB parafraseia como sendo "a cidade principal da Samaria". Se o último texto é o certo, a fraseologia é um pouco estranha, e a tradução de GNB não é totalmente satisfatória como tentativa para tratar do problema. As cidades possivelmente em mira são Sebaste (o novo nome que Herodes Magno deu à Samaria do Antigo Testamento), Siquém, ou possivelmente Gita, onde Simão nasceu. Seja qual for a identificação, não influencia a história propriamente dita. Na
teologia samaritana (Jo 4:25); esta expectativa se baseava em Deuteronômio 18:15 e segs., e a pessoa esperada tinha mais o caráter de um Ensinador e legislador do que de um soberano.
6-8. Havia um movimento em massa entre o povo na medida em que escutava atentamente à mensagem de Filipe. Sua atenção foi despertada por aquilo que ouviram e viram. Filipe tinha a mesma capacidade dos apóstolos para operar sinais que serviam como confirmação da sua mensagem. Como Pedro (5 :16), podia expulsar espíritos maus, e o povo podia escutar os gritos que saíam das vítimas possessas quando os poderes demoníacos as deixavam (cf. Lc 4:33; Mc 1 :26).86 Além disto, o povo podia ver por si mesmo como as pessoas que tinham sido paralíticas e coxas agora conseguiam andar; mais uma vez, a atividade de Filipe tem correspondência com a de Pedro (3:1-10) e de JESUS. Estes milagres de cura trouxeram júbilo ao povo. Por enquanto, porém, nada se diz acerca de o povo passar a realmente crer no evangelho.. e, embora houvesse alusão a uma situação em que JESUS não podia curar onde não havia fé (Mc 6:5-6), sabemos que podia existir a cura sem a resposta apropriada da fé e da gratidão a DEUS (Lc 17:17-19).
9-11. Antes, porém, de registrar a conversão do povo, Lucas volta a atenção dos leitores àquilo que estava acontecendo antes da chegada de Filipe. Havia na cidade um homem chamado Simão, que alegava ser pessoa de grande importância, e obteve crédito mediante os seus poderes milagrosos. O povo foi enganado por ele ao ponto de dizer que era o poder de DEUS, chamado o Grande Poder. Os fatos acerca de Simão dificilmente se desentranham das lendas posteriores. Temos informações fidedignas da parte de Justino Mártir, ele mesmo nativo da Samaria, de que Simão ali vivia e de que mais tarde mudou para Roma, onde continuou seus atos enganosos. Mais tarde, Irineu registra que viajou juntamente com uma certa Helena, escrava, a qual dizia ser uma encarnação do "Pensamento" (um poder gnóstico). Hipólito, outro escritor que tratava das heresias, conta uma história acerca de como Simão foi derrotado numa disputa com Pedro. Finalmente Simão disse "que se fosse enterrado vivo, ressuscitaria no terceiro dia. Mandando cavar uma sepultura, ordenou que seus discípulos empilhassem terra sobre ele. Fizeram como mandara, mas ele permanece ali até hoje. Isto porque não era o CRISTO". É difícil aquilatar a quantidade de veracidade nestas histórias, e noutras tantas. Certamente, Lucas
 
 
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Com o martírio de Estêvão findou a primeira etapa da Igreja Primitiva, a de pregar o Evangelho em Jerusalém, cap. 1.8. Foi somente com a "grande perseguição contra a Igreja (8.1) que obedeceram à ordem divina de proclamar a Mensagem "em toda a Judéia e Samaria..."Ainda havia grande número dos habitantes de Jerusalém não evangelizados, a obra crescia cada vez mais e havia grande gozo do ESPÍRITO em todos os membros da Igreja. Qual a razão de alguém sair de Jerusalém em demanda de outro campo? Contudo foi a Vontade divina que assim fizessem, e os que não fizeram primeiramente de livre vontade, depois foram obrigados a fazer.
 
I. OS DISCÍPULOS EM JERUSALÉM DISPERSOS, 8.1-3.
8.1 "E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava
em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 "E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto. 3"E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
E também Saulo consentia (v.l): Saulo não presenciou o martírio de Estêvão, penalizado pelo horror de ver um homem justo assim sofrer. Ao contrário, a palavra traduzida "consentia" dá a entender que não apenas apoiava o ato mas se regozijava em ver um membro da desprezada "seita" morrer.
Fez-se naquele dia uma grande perseguição (v.l): Seria natural supor que, com o derramamento do sangue de Estêvão, as autoridades sentissem remorso e resolvessem adotar outros planos. Mas sentiram sede se sangue - sede que podiam estancar só derramando o sangue de outros discípulos. (v.3; cap. 26.10). Ficaram determinados a matar até acabar com a "seita".
Contra a igreja em Jerusalém (v. 1 ): Compare com as palavras que CRISTO predisse acerca desta cidade, Mt 23.37-39.
Todos foram dispersas (v.l): Muito grande foi a multidão que, abandonando seus lares e o lugar onde se converteram, fugiu de Jerusalém para toda a parte. Depois de mencionar "três mil" membros (2.41), e "cinco mil" (4.4), diz que o número "crescia cada vez mais" (5.14); e, por fim, que "se multiplicava muito o número" (6.7).
Com essa perseguição a Igreja perdeu, mais ou menos, a visão de Jerusalém terrestre e começou a olhar mais para a Jerusalém celestial, Hb 12.22. Quando a Igreja está governada de Jerusalém, de Roma, ou de qualquer outro ponto da terra, ela sempre fica embaraçada e limitada na sua visão celestial.
Uns varões Piedosas foram enterrar a Estêvão (v.2): Estes homens foram membros da Igreja que, mais fervorosos do que os demais, levantaram, com ternura, o corpo esmagado do amado Estêvão, para enterrá-lo? Ou, lembrados de José de Arimatéia e de Nicodemos,julgamos que fossem judeus piedosos, que desejavam honrar um homem tão nobre como Estêvão? Não sabemos quem foram, mas é certo que não se envergonharam da causa pela qual Estêvão sofrera e nem temiam a ira dos inimigos dela.
Fizeram sobre ele grande pranto (v.2): Estêvão era um homem bom, uma bênção para a Igreja e membro poderoso na obra. Quando foi arrebatado, pelos inimigos. do meio dos irmãos, sentiram grande falta dele e o prantearam.
Saulo assolava a igreja, arrastando homens e mulheres (v.3): Saulo julgava que nisto fazia serviço a DEUS, Atos 26.9-11; Fp 3.4-6. Mas o que lhe dava grande prazer (v. 1), depois se tornou motivo de grande remorso, 1 Co 15.9; 1 Tm 1.12,13.
 
II- O EVANGELHO É LEVADO A SAMARIA, 8.4-25.
 
O grande vento de perseguição em Jerusalém dispersou, por toda a parte, a boa semente do Reino de DEUS, a qual nasceu produzindo uma nova e gloriosa colheita de almas. "O sangue dos mártires é a semente da Igreja."
Com o martírio de Estêvão, as autoridades determinaram acabar de uma vez com o cristianismo, caçando e matando a todos, tanto mulheres como homens, que criam em CRISTO. Mas se enganavam, pensando que matar os que crêem no Evangelho é acabar com o Evangelho. O cristianismo é CRISTO e ninguém pode destruir a CRISTO. Os discípulos foram mortos, mas CRISTO continuava a viver, e continuava a suscitar outros discípulos.
Iam por toda a parte, anunciando a palavra (v.4): Obedeciam à ordem do seu Mestre: "Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra", Mt 10.23.
Muitos crentes pensam foram os apóstolos que foram dispersos e que iam por toda parte proclamando a Palavra. Mas os apóstolos não foram dispersos, v.1. Foram, portanto, todos os discípulos, os leigos, que anunciaram a Mensagem em toda parte. Qualquer crente, por mais humilde que seja, pode pregar, isso é, anunciar a Mensagem de JESUS. O ministério da Palavra não é privativo ao púlpito. Naturalmente os membros da Igreja Primitiva, tinham de sofrer muito desprezo em todo lugar onde chegassem, pela razão de terem sido expulsos de Jerusalém. Mas, os fiéis, com o coração ardendo, testificam em qualquer situação. O maravilhoso crescimento da Igreja Primitiva não foi fruto da obra de grandes pregadores, mas de fidelidade de todos os membros em testificarem, cheios do ESPÍRITO SANTO, para todas as pessoas a seu alcance.
Descendo Filipe à cidade de Samaria (v.5): Este não era Filipe, o apóstolo (cap. 1.13), mas Filipe, diácono, escolhido ao lado de Estêvão, cap. 6.5. Filipe, naturalmente, tinha de fugir para escapar com a vida, quando Estêvão foi morto. Filipe foi conhecido depois como "Filipe, o evangelista" (cap. 21.8), servindo como boa ilustração das palavras de Paulo: "Os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita confiança na fé que há em cristo JESUS", 1 Tm 3.13.
À cidade de Samaria (v.5): A antiga capital das doze tribos, mas reformada e adornada por Herodes, o Grande.
Filipe... lhes pregava a CRISTO (v.5): Qual é o assunto principal do púlpito moderno? É ciência, filosofia, história, boas obras? Exaltamos cristo, como Filipe, ou a nós mesmos, como Simão? Salientamos aquilo que CRISTO faz ou o que nós fazemos? Proclamar a Sua morte e ressurreição, ou pregamos um legalismo - o que devemos e não devemos fazer? (Lede 1 Co 2.1-5). A pregação que é de lei é só negativa (contra), e mata. Mas a pregação positiva, no poder do ESPÍRITO, produz vida. (Vede verso 5 a 8). Se colocarmos CRISTO no Seu próprio lugar, toda a doutrina e toda a obra sempre se endireita mesmo como os planetas, todos continuam na sua própria posição, pela influência do sol. E enquanto existe o sol, os planetas não se podem desviar de suas próprias órbitas. Um sistema de doutrinas mortas não evita o desvio dos membros da igreja. Filipe não discutia com Simão, mas pregava a CRISTO.
Os judeus não se comunicavam com os samaritanos (João 4.9), mas os membros da Igreja Primitiva amavam, em vez de desprezar, as pessoas de outras raças ou de outras nações.
E as multid5es unanimemente... (vv.6-8): A narrativa faz lembrar tanto o ministério de JESUS como o que Ele predissera: "Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai - João 14.12.
Lembremo-nos, também, que o maravilhoso êxito de Filipe foi em um campo dificílimo. Simão, o mago, ganhara os ouvidos de todo o povo; "ao qual todos atendiam, desde o mais pequeno até o maior dizendo: Este é a grande virtude de DEUS", v.10. Havia grande alegria naquela cidade (v.8): Se pudéssemos entrar em todas as casas de nossa cidade onde há um pai subjugado pela embriaguez, um filho tomado pelo vício, uma filha mundana, uma mãe chorando e inconsolável e levar a todos a conhecerem e amarem a JESUS como Salvador, quão grande seria o gozo da cidade! A Mensagem de CRISTO é a mais alegre e produz mais felicidade que todas as religiões do mundo. (Compare cap. 8.39). Quanto mais estamos cheios de CRISTO, tanto mais alegres estamos.

EXEMPLOS DE PERSEGUIÇÃO HOJE EM DIA:
1- NO MÊS DE JANEIRO DE 2011, Líderes do catolicismo tradicionalista, uma mistura de catolicismo romano e rituais nativos, expulsaram 32 cristãos em uma vila no estado de Hidalgo e outros 25 de uma cidade em Oaxaca, NO MÉXICO. Nos dois casos, os evangélicos foram retirados de suas propriedades por se recusarem a participar de festivais de embriaguez e adoração a ícones católicos.
 
2- Radicais muçulmanos ameaçam cristão de morte
O homem é Andreas Sanau, 29 anos, acusado juntamente com Henry Sutanto pela Frente de Defesa Islâmica (FPI) e organizar batismos em massa. A FPI é um grupo radical muçulmano conhecido por sua violência contra as minorias religiosas, principalmente cristãos.
Por anos, os extremistas muçulmanos perseguiram os cristãos, acusando a "classe" de tentar "cristianizar" a cidade. Nos primeiros meses de 2010, os grupos muçulmanos radicais interromperam cultos e impediram os cristãos de entrar em suas igrejas.
 
3- Ore pelos pastores indianos, vítimas de ataques frequentes
A organização Release International (RI) relatou em uma matéria recente que dois pastores, Shidu Kurialose e Nithya Vachanam, da Igreja Assembleia de DEUS Betel, foram gravemente feridos e carros foram queimados por causa de acusações de conversão forçada.
Os pastores foram feridos quando homens os atacaram com barras de ferro em Chandapura, Karnataka, os acusando de converter pessoas ao cristianismo à força. Depois do ataque, eles foram levados para um hospital.
 
4- Extremismo por trás de ataques a igrejas indonesianas.
Mais de 300 membros do fórum de extremistas islâmicos (FUI) e a frontaria dos defensores islâmicos (FPI) romperam a barricada formada por policiais e feriram pelo menos uma dúzia de pessoas durante o culto aberto de domingo. A igreja tem enfrentado ataques desde novembro de 2000, quando construíam o prédio.
5- Chines é condenado a 15 anos de prisão por professar sua fé.
Em 20 de abril de 2010, a esposa e dois filhos de Alim o viram pela primeira vez em mais de dois anos. Mal reconhecendo o pai, o menino de quatro anos só pode olhar para ele por uma parede de vidro.
 
Quatro “máquinas globais de perseguição” no mundo atual (http://igrejaperseguida.forumpratodos.com/):
1- o nacionalismo religioso;
2- o extremismo muçulmano;
3- a insegurança totálitária;
4- intolerância secular.
 
OS DEZ PAÍSES QUE MAIS PERSEGUEM A IGREJA (http://www.portasabertas.org.br/artigos/artigo.asp?ID=5918)
1. Coreia do Norte (Diz-se que os cristãos têm sido usados como testes para armas biológicas e químicas).
2. Irã (A maior parte dos presos foi maltratada na prisão - O islã é a religião oficial no Irã).
3. Arábia Saudita (A apostasia - converter-se a outra religião - é punível com morte se o acusado não se retratar.
4. Somalia (O grupo extremista al-Shabaab está caçando os cristãos, e recebemos relatórios de ao menos 11 assassinatos).
5. Maldivas (A legislação proíbe a prática de qualquer religião exceto o islamismo).
6. Afeganistão (O Talebã ameaçou imigrantes, agentes sociais cristãos e a igreja local).
7. Iêmen (Cidadãos iemenitas não podem se converter a qualquer religião. Ex-muçulmanos podem sofrer pena de morte se forem descobertos).
8. Mauritânia (Prisão de 35 cristãos mauritanos no mesmo mês; e a detenção de um grupo de 150 cristãos subsaarianos em agosto, por realizar seu próprio culto).
9. Laos (Cristãos são detidos - sofrem abuso físico e emocional para renunciar a nova fé. Em 2009, dois cristãos foram mortos; outros 21 foram detidos sem julgamento.
10. Uzbequistão (Iinvasões a cultos cristãos e confisco de livros. Muitos cristãos presos e multados, líderes foram interrogados e sofreram abuso físico e mental).
 
 
Quem deve utilizar a Apologia:
Embora muitos cristãos pensem que a apologética seja de uso estrito aos intelectuais, ela deve ser utilizada por todo cristão verdadeiro. Neste sentido escreveu Charles Colson:
“ A responsabilidade pela apologética não é limitada aos pastores cristãos ou aos intelectuais. Quando desafio pessoas a aprenderem a defesa da fé e”pensar como cristãos” , freqüentemente respondem: “Oh, eu não estou pronto para isso”, ou: “É muito profundo para mim”. Mas DEUS criou cada um de nós com uma mente, com a capacidade de estudar, pensar e fazer perguntas. Ninguém é expert em toda as áreas, mas cada um de nós pode dominar os assuntos nos quais tem alguma experiência.”
E Hank Hanegraaf:
“Um número demasiadamente grande de pessoas acredita que a apologética é do domínio exclusivo dos eruditos e teólogos. Não é verdade ! A defesa da fé não é algo opcional; é um treinamento básico par todo crente. ”
Isto posto, vislumbramos a necessidade do uso da apologia para a defesa do evangelho, como pressuposto básico de ganhar almas, pois quem o faz sábio é!
O próximo passo será analisar os argumentos lógicos que dão base ao pensamento cristão.
Valmir Nascimento Milomem Santos.
 
NÃO NOS ESQUEÇAMOS DA PIOR PERSEGUIÇÃO QUE EXISTE: AS HERESIAS. FOI ATRAVÉS DE HERESIAS QUE TODA A IGREJA DA TURQUIA SE TORNOU ISLÃMICA E INIMIGA DO EVENGELHO. IGREJAS FUNDADS POR PAULO, E DIRIGIDAS PELO APÓSTOLO JOÃO, TIMÓTEO E BARNABÉ.
 
LEIS ESTÃO SENDO ELABORADAS AOS MONTES PARA TENTAREM ABAFAR A PALAVRA DE DEUS SOBRE O PECADO.
 
Nós vivemos num país onde temos total liberdade de culto mas devemos ficar atentos pois essa nova lei a pl-122/2006, que coloca o homossexual acima de qualquer critica, com a aprovação dessa lei alguns trechos da biblia que abordam o assunto podem ser proibidos de serem lidos durante os cultos e pastores que lerem ou expressarem publicamente sua opinião sobre este tema podem ser presos pegando de 5 a 8 anos de cadeia.
A partir dai vêm outras absurdas leis que tentam impedir a pregação da Bíblia.
 
 
EM QUE CREMOS? (DOUTRINAS BÁSICAS DE NOSSA FÉ QUE DEVEM SER PREGADAS SEMPRE).
1 - Em um só DEUS, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o filho e o ESPÍRITO SANTO, Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29.
2 - Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão, 2 Tm 3.14-17.
3 - No nascimento virginal de JESUS, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus, Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9.
4 - Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de DEUS, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de JESUS CRISTO é que o pode restaurar a DEUS, Rm 3.23; At 3.19.
5 - Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em CRISTO e pelo poder atuante do ESPÍRITO SANTO e da palavra de DEUS, para tornar o homem digno do reino dos céus, Jo 3.3-8.
6 - No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de DEUS pela fé no sacrifício efetuado por JESUS CRISTO em nosso favor, At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9.
7 - No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do ESPÍRITO SANTO, conforme determinou o Senhor CRISTO, Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12.
8 - Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de JESUS no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do ESPÍRITO SANTO, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de CRISTO, Hb 9.14; 1 Pe 1.15.
9 - No batismo bíblico com o ESPÍRITO SANTO que nos é dado por DEUS mediante a intercessão de CRISTO, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade, At 1.5;2.4; 10.44-46; 19.1-7.
10 - Na sua atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo ESPÍRITO SANTO à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade, 1 Co 12. 1-12.
11 - Na segunda vinda premilenial de CRISTO, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos, 1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14.
12 - Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de CRISTO, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de CRISTO na terra, 2 Co 5.10.
13 - No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, Ap 20.11-15. E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis, Mt 25.46.
 
 
 
EPICUREUS E ESTOICOS (Filosofias prevalescentes na época de Paulo)
Ao lermos At 17:16-34 que fala de DEUS DESCONHECIDO dos gregos, deparamos com filósofos epicureus e estoicos que contendiam com o apóstolo Paulo.

QUEM ERAM OS EPICUREUS E ESTOICOS? (https://gloria-aleluia.org.br/epicureus-e-estoicos/)
Epicureus eram seguidores de Epicuro, um filósofo grego, que foi mestre em Atenas desde o ano 307 a.C. Segundo o seu sistema, o grande fim da vida é uma vida de prazer. Admitia a existência de seres divinos, mas não acreditava que eles tivessem qualquer comunicação com os homens. Estes entes existiam num estado de perfeita pureza, tranquilidade e felicidade. Com respeito à vida do homem, ensinava Epicuro que uma vida tranquila, livre de males e rica de prazeres, é o principal bem da vida humana. Sustentava os seus sectários que o mundo não tinha sido formado por DEUS, nem com qualquer desígnio, mas por um concurso fortuito de átomos. Negavam imortalidade da alma. A felicidade que eles procuravam era a obtida pelo gozo da vida. Segundo Epicuro, a vida do homem constava de prazer e dor, portanto era um verdadeiro filósofo aquele que podia encontrar a alegria da vida e diminuir as situações contrárias.

Os estoicos formavam uma seita de filósofos gregos, discípulos de Zenon (229 a.C). As principais doutrinas dos estoicos eram: que DEUS não procede de nenhuma causa; é incorruptível e eterno; é possuidor de infinita sabedoria e bondade; é causa e preservador de todas as coisas e qualidades; que a matéria nos seus primitivos elementos é, também, sem precedência e eterna. Acreditavam na existência da alma depois da morte, supunham que ela ia para as regiões celestes dos deuses, onde permaneceria até que todas as almas, tanto dos homens como as dos deuses, fossem absorvidas na divindade. Admitiam uma espécie de purgatório. Ensinavam que um homem sábio e virtuoso podia ser feliz no meio da tortura, e que todas as coisas externas eram para ele indiferentes. Se um homem estava satisfeito consigo mesmo, isso era suficiente.

Possivelmente, Paulo e outros apóstolos confrontaram com tais filósofos em muitas cidades por onde pregaram. Cuidado, irmãos, porque no mundo de hoje também, existem filosofias parecidíssimas com essas dos gregos. Portanto, a Bíblia diz:

“Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas […]” (Hb 13:9)
“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo CRISTO” (Cl 2:8)
“Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não tem valor algum contra a sensualidade.” (Cl 2:23)
“[…] Filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” (Ef 2:2-3).
E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos e, todos os dias, na praça, com os que se apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele. Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos. Porque lhes anunciava a JESUS e a ressurreição. Atos 17:16-18

A seguir, alguns pensamentos incompatíveis com as Palavras de DEUS que devem ser abandonados:
DEUS é amor, por isso não condena ninguém (cf. 2 Ts 1:8-9);
Todos são bons (cf. Hb 11:6);
Fui educado na religião (cf. Mt 3:7-9);
Todos serão salvos (cf. Mc 16:16);
Cada um se salvará segundo seu próprio caminho (cf. Is 55:7-8);
Tenho coração bom (cf. Jr 17:9)
 
 
Paulo, fariseu da diáspora - APOSTOLO PAULO, VIDA, OBRA E TEOLOGIA - Editora Academia Cristã Ltda - J. Becker
 
Para determinar o ponto de vista teológico de Paulo como judeu, faz sentido utilizar, como fio condutor, a única indicação do Apóstolo a respeito de si mesmo acerca desse tema. Não há nenhum motivo que possa levar a suspeitar de sua autodesignação como ex-fariseu, nem mesmo de vê-la como alternativa a um Paulo apocalíptico, por mais certeza que se tenha de que a cosmovisão de Paulo também tenha traços apocalípticos, como ainda será demonstrado. Analisando as fontes judaicas a respeito do farisaísmo contemporâneo a Paulo, portanto, do farisaísmo que se estende do tempo de Herodes até a época da conquista de Jerusalém por Tito em 70/71 d.C., a curiosidade histórica ficará mais decepcionada do que satisfeita. O rabinismo, mais tarde, não só limitou drasticamente a tradição, como também a elaborou a partir da ótica dos vencedores. Assim, o rabinismo, mais tarde, compreendeu a si mesmo como sendo a única ortodoxia judaica e, por isso mesmo, desqualificou, conseqüentemente, todas as outras correntes judaicas, sufocando grande parte dessas tradições. Ele também apresentou a sua pré-história farisaica de tal modo que ela, posteriormente, desembocasse diretamente na ortodoxia até dissipar em boa medida o pluralismo, visível ainda esporadicamente no farisaísmo anterior. Por fim, o rabinismo nem mesmo reconheceu essa história como continuidade e desenvolvimento, conservando apenas antigas controvérsias e antigos episódios que lhe pareciam importantes para a interpretação da Lei. Mas qual era a importância e quanto eram típicas para aquela época tais tradições, supondo que se lhes atribua confiabilidade histórica? Quem refletir sobre isso não se surpreenderá acerca da diversidade e contradição presentes nas apresentações mais recentes do farisaísmo. Mesmo assim, algumas linhas mestras podem ser reconhecidas: tal qual os essênios, também os fariseus têm sua origem no movimento assídico do séc. II a.C. Na época de Paulo, eles já há muito tempo estavam reunidos em corporações, com a finalidade de colocar o povo todo sob a ação santificadora da Torá, mediante a observação da Lei. Embora a eles também pertencessem sacerdotes e escribas, com certeza a maioria dos membros, contudo, era composta por leigos, que eram mais ou menos dependentes da interpretação da Torá feita pelos escribas. Indícios mostram que a uniformização da mentalidade farisaica é um produto tardio da história. Há para isso diversas indicações: na época herodiana, Hillel e Shammai, ambos com suas escolas, estavam em controvérsia com uma interpretação da Lei que, por um lado, era nomística e, por outro, orientada para a historicidade da vida. Parece ainda que uma parte dos fariseus de orientação radical políticonacional agiu, ao modo dos zelotas, entre Herodes e Tito, contra tudo o que fosse estrangeiro, embora a maioria, provavelmente, tenha se restringido somente à observância religiosa da Lei. Na diáspora, por sua vez, alguns fariseus, entre outros grupos, devem ter multiplicado o número de simpatizantes das sinagogas, i.e., os assim chamados "tementes a DEUS", que eram adeptos do monoteísmo judaico, mas que praticavam a circuncisão, bem como os prosélitos (Mt 23.25). Todas essas variações, mesmo assim, reconciliam-se na linha básica de orientação na Lei como única norma de vida para todo o Israel. A compreensão da Lei, porém, também passou por uma ovolução histórica, dentro da história geral do farisaísmo. Isso tem a ver com a compreensão fundamental da Lei, com a interpretação da promessa de vida da Torá e, enfim, com as ponderações legais. Quanto ao primeiro ponto, a Lei, através da marcha vitoriosa do pensamento sapiencial no judaísmo antigo, também para os fariseus havia sido identificada com a sabedoria preexistente (Eclesiástico): A Torá era, pois, "o instrumento, por meio do qual o mundo foi criado" (Aboth 3,14). Como tal, tornou-se a lei interior de toda a criação e da história, bem como norma de vida de cada existência humana: a Lei, entendida sapiencialmente, conduz ao temor de DEUS (1.3) que devia ser realizado mediante o cumprimento da Lei (1.17), sendo a Lei uma grandeza unitária, na qual todos os mandamentos eram, no mesmo grau, expressão da vontade da única majestade divina (2.1). De forma velada, essa concepção pode ser reconhecida em Paulo, por exemplo, em Rm 1.18-3.20. A Lei, por sua vez, prometia vida a quem a cumprisse. Os saduceus e os essênios concebiam ainda essa vida prometida, na época do cristianismo primitivo, como vida terrena do homem; enquanto o farisaísmo, ao contrário, ensinava, provavelmente desde o séc. I anterior à era cristã, que esta vida teria uma continuação no mundo vindouro, no início da qual haveria recompensa e castigo para o comportamento humano em relação à Torá no mundo atual (Mc 12.18-27 par.; At 23.6-8; Aboth 2.1,7,16; 3.14-16). Com isso, uma concepção fundamental da apocalíptica judaica antiga havia se tornado também parte da visão farisaica. Desde então, não só ocorreu a união entre farisaísmo e teologia sapiencial, como também entre farisaísmo e apocalíptica. Também Paulo mostra viver numa compreensão da realidade segundo a qual essa mesma realidade será substituída por outra, vindoura e eterna, sendo o juízo divino a porta de entrada para a salvação final (cf. infra). Percebe-se, nessas duas opções decisivas do farisaísmo, a sua capacidade de abrir-se, na sua orientação fundamentalmente legal, para a mudança histórica da época. Assim, certamente terá também assumido uma abertura intelectual para o helenismo e, em conseqüência disso, terá assimilado a situação de diáspora do judaísmo. Um bom exemplo para isso é o historiador judeu Josefo (ca. de 37/38 até final do séc. I d.C.): oriundo da nobreza sacerdotal saducéia, na juventude adere aos fariseus e toma parte da guerra judaica na Galiléia, tornando-se prisioneiro romano, para, a partir de então, ao lado de Tito, acompanhar o final da guerra, habitando depois em Roma, com direito à cidadania romana e a uma renda anual. Sua obra literária dedica-se à tentativa de conciliar judaísmo e cultura helenístico-romana, a partir de uma base judaica. A Lei, porém, continha mandamentos diversificados, que deviam ser levados em conta na prática. Aqui, novas pesquisas têm demonstrado que os fariseus se empenhavam de modo especialmente intenso nisso, no sentido de que as leis de pureza deviam ser observadas na vida diária de todo o povo, não se reduzindo simplesmente ao papel de Torá sacerdotal. Com isso, estava estabelecida a santificação ritual do quotidiano, como programa para todo o povo de Israel. Na medida em que esse objetivo também foi assumido na diáspora helenista, estava claramente demarcada a separação em relação a todos os não-judeus. Uma vez que a santificação, como preservação - igualmente ritual - da própria identidade como povo da aliança, constituía o motor da prática farisaica, torna-se compreensível porque Paulo agiu de modo tão agressivo contra judeu-cristãos em Damasco, enquanto estes viam essa fronteira com mais tolerância (cf. eap. 4.2). Com essas observações gerais a respeito do farisaísmo, limitamo-nos a caracterizar o marco que condicionaria a consciência do judeu Paulo. Deve-se especificar mais? Para isso, deve-se utilizar as outras cartas paulinas de um modo mais conseqüente do que se costuma fazer. Isso quer dizer que quem procura por materiais tradicionais e conceitos judaicos em Paulo, não deve ver nisso apenas conhecimentos gerais cristãos a respeito do judaísmo, mas deveria interrogar, até que ponto tais afirmações descrevem o próprio Paulo, relativamente à sua antiga mentalidade judaica. É improvável que Paulo tenha desenvolvido sua visão a respeito do judaísmo apenas após sua conversão. E bem mais provável que seu juízo cristão do judaísmo, que sua descrição cristã do mesmo, bem como a utilização de materiais judaicos, lenham suas raízes no período judaico do Apóstolo. É praticamente impossível imaginar que ele tenha adquirido uma visão do judaísmo somente após sua conversão. Antes, quando Paulo caracteriza o judaísmo, basicamente está em jogo o seu próprio passado judaico. Aqui, aparece uma diferença fundamental entre a análise das cartas de Paulo e a tradição sinótica: nessa última, a história da tradição ocorreu em meio a um crescimento anônimo; nas cartas paulinas, pode-se identificar um portador individual da tradição. Nessa colocação do problema, é possível identificar, no próprio Paulo, alguns aspectos claros de sua doutrina farisaica. Esses aspectos se poderão atribuir ao judeu Paulo, com maior ou menor fundamento, segundo seu grau de verificabilidade em fontes judaicas. Antes de qualquer discussão específica, convém lembrar que as indicações contidas nos escritos paulinos estão a nosso dispor em grego. Em nenhuma passagem, podemos comprovar claramente, mediante a simples tradução para o aramaico, que Paulo houvesse efetuado só posteriormente - sendo já cristão - uma transformação grega. Isso leva à suposição de que Paulo tenha formulado essas afirmações em grego, ainda quando era judeu. O que é mais um indício de que Paulo era fariseu da diáspora. Isso também é confirmado pelo tema carregado de polêmica, a respeito do qual a sinagoga da diáspora altercava o monoteísmo estrito, que aparecia como um elemento único no mundo da religião romano-helenista, com a atitude sincera e tolerante do helenismo. O único DEUS verdadeiro, como criador e juiz, está em confronto com os deuses (Rm 1.18s; lTs 1.9). Os deuses carecem de realidade e não possuem nenhuma significação positiva. Eles são enquadrados como potências que perderam seu poder, portanto, como demônios que, por exemplo, são venerados como deuses, mas que nenhum culto merecem (lCo 8.4s; 10.18-22). Este culto é justamente o pecado dos gentios, expressão de sua desobediência ao DEUS único. Isso leva, decididamente, à pecaminosa perversão humana, que demonstra que o mundo dos deuses pagãos não traz nenhuma salvação aos homens, mas segundo o parecer judaico, está sob o juízo de DEUS (Rm 1.18ss). Daí que, quanto a esse tema, seja impossível qualquer acordo entre judaísmo e helenismo. Pelo contrário, deve ser evitada toda atitude pagã na religião e na conduta moral. "Não tenhas nada em comum com um pecador" diz um imperativo fundamental em Aboth 1.7. O fariseu comum - o acima mencionado Josefo constitui uma exceção - vive conforme um modelo de desqualificação polêmica, segundo o qual Israel representa a verdadeira religião, enquanto todo o paganismo deve ser evitado, porquanto considerado desvio pecaminoso. Se avaliarmos bem o casus belli de Damasco entre Paulo e os cristãos (cf. cap. 4.2 e 4.3), ele terá representado coerentemente o ideal farisaico de pureza, condenando todo e qualquer culto gentio. "Tu é santo e teu nome é terrível, e não há nenhum DEUS além de ti", deve ter orado também Paulo, conforme a terceira petição da oração das dezoito petições. Essa oração inicia com "Louvado sejas tu... DEUS de Abraão, DEUS de Isaque e DEUS de Jacó, ... DEUS altíssimo, criador dos céus e da terra, nosso escudo e escudo de nossos pais...". Com isso, duas coisas são ditas: a faceta cósmica do DEUS criador, criador do mundo e da humanidade, e a faceta particular, na linha da história sagrada, através da fé que começa com os patriarcas de Israel. Não sendo mero acaso o fato da oração iniciar com a proclamação histórico-salvífica de DEUS. Conforme G1 2.15, Paulo apresenta uma situação inicial diferente para os judeus e gentios na passagem para o cristianismo, e o faz tão obviamente, a ponto de distinguir entre judeus de nascimento e os povos pecadores. A tematização do futuro destino de Israel em Rm 9-11 somente é compreensível à luz dessa diferenciação entre o povo eleito e outros povos. Por causa desse princípio fundamental da fé judaica (cf. Aboth 1.7; 3.14; 4 Esd 6.55s), Paulo vê-se obrigado a demonstrar com o exemplo do primeiro representante da eleição de Israel, Abraão, até que ponto este, agora na perspectiva cristã, é pai de todos os crentes (G1 3; Rm 4). 1 Tessalonicenses é prova de como Paulo transforma e reformula, do ponto de vista cristão, esse artigo de fé tão fundamental para a autocompreensão de Israel e de sua eleição (cf. cap. 6.2). A conclusão inevitável é a desqualificação dos povos gentios como idólatras, culpáveis e não-eleitos. (cf. Rm 1.18ss; G1 4.8): também Paulo é capaz de designar os povos, para caracterizar a diferença em relação ao cristianismo, em continuidade com o juízo judaico, como "geração má e pervertida" (Fl 2.15), aplicando Dt 32.5 - seguindo, nisso, claramente o antigo costume farisaico. Transparece também, claramente, a posição pré-cristã de Paulo, quando ele proíbe os cristãos de conduzirem processos diante de "injustos", i.e., diante de gentios (ICo 6.1ss). Já a sinagoga havia instaurado uma jurisdição própria, para que não se dependesse (somente) da jurisdição dos gentios. Paulo faz a transposição para a relação entre cristãos e gentios. Por outro lado, podem-se salientar os privilégios de Israel, isso é: a eleição de Israel, mediante o pacto da aliança com os pais, que deu a Israel a filiação divina; a legislação, como dom, para a identificação da vontade do DEUS da aliança, para, por meio de suas ordens, alcançar a vida; o culto que, unicamente, agrada a DEUS, como meio de expiação dos pecados de Israel; enfim, as promessas, antes de qualquer coisa, de que Israel terá parte na salvação final e que DEUS não voltará atrás quanto ao que prometeu (Rm 3.1s; 11.2,28s). Em Rm 9.4, Paulo formulou, de maneira habilidosa, numa estrutura articulada em duas linhas de três membros, os predicados que pertencem a Israel: a filiação a glória de DEUS as alianças a Lei o culto as promessas Ambas as linhas interpretam-se reciprocamente: filiação e Torá também em Aboth, 3.14 estão juntas. A glória (terrena de DEUS) habita no templo, onde Israel realiza o culto. As alianças (patriarcas, Moisés) direcionam-se, preferencialmente, às promessas a respeito do futuro de Israel. Consciente de estar caracterizando acertadamente o judeu, o ex-fariseu Paulo assim o interpela em Rm 2.17ss: í. a) ele se denomina judeu, b) apóia-se na Lei, c) gloria-se em DEUS, d) conhece a vontade (de DEUS), e) prova o que pode ser distinguido, instrui a partir da Lei. Em paralelismo com este juízo sobre suas relações com DEUS, segue a comparação com os gentios: 2. a) O judeu está convencido de ser guia de cegos, b) luz para os que vivem nas trevas, c) instrutor de ignorantes d) mestre de crianças (menores, que não sabem ), e) possuidor do saber e da verdade elaborados na Lei. Ambos os textos falam, não por acaso, da posição destacada da Torá, de sua observância e de sua universal imposição. E de conhecimento geral que isso é exatamente o judaísmo de interpretação farisaica. Conseqüência significativa é que Paulo se tenha compreendido como judeu fariseu. Garantia dessa conclusão é mais uma vez Fl 2.15s, que é muito esclarecedor. Nesse texto, Paulo transfere as pretensões e a consciência judaica para a comunidade cristã. Assim, ele espera que os cristãos sejam "irrepreensíveis e puros". Não deve ser assim também o verdadeiro judeu (Rm 2.10,13; Fl 3.6)? Eles devem também ser "filhos de DEUS imaculados" (cf. a filiação judaica, Rm 9.4), em meio a uma "geração má e perversa" (cf. Rm 2.19s), "como luzes brilhando no mundo" (cf. Rm 2.19) e "mantendo a palavra da vida" (cf. Rm 9.4). Acerca dessa transposição de uma comunidade a outra, advém a observação adicional de que Paulo mesmo se classifica dentro do quadro dessas prerrogativas judaicas, quando ele se descreve como ex-fariseu (Fl 3.4-6). Corresponder a essa situação de eleição, i.e., observar a Torá como revelação da vontade divina e garantir-lhe o devido valor na vida de cada israelita, era o interesse fundamental do farisaísmo (cf. apenas Aboth 1.12; 2.7,12). Uma vida consagrada à Lei, para a honra de DEUS. Paulo julga a sua própria prática de vida nessa Lei como princípio supremo e se considera irrepreensível e justo (Fl 3.6; G1 1.14). Não podemos, sem mais nem menos, condenar essa atitude como autojustificação, como mostra a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.11ss). Deve-se ver, em primeiro lugar, que Paulo relaciona a vida e o destino humano não à consciência de seu próprio valor, mas ao julgamento do divino juiz (ICo 4.3-5), o que também era a posição típica dos fariseus (Aboth 2.1,14s; 3.1). "Justo" significa fiel à Torá segundo o juízo de DEUS. Que, a partir dessa base, também, entre outras coisas, houvesse a possibilidade de, mediante paciente realização de boas obras, procurar alcançar por si só a vida eterna (cf. Rm 2.7), ou mesmo apresentar' ao juiz as próprias boas obras (Lc 18.11s), deveria estar fora de discussão. A fidelidade a Torá supõe-o cumprimento da Lei como dever para toda a vida e a disposição para a penitência pelos pecados cometidos, como a própria impõe a obediência e a expiação: A confiança (verdade) dos justos está no Senhor seu salvador. Na casa do justo não se acumula pecado sobre pecado. O justo vigia continuamente a sua casa, para poder eliminar a injustiça cometida, causa de sua transgressão. Ele expia pecados involuntários por meio de jejum, humilhando sua alma. O Senhor purifica todo homem piedoso bem como sua casa. Assim descreve SISal 3.6-8 o justo, colocando-o em contraste com o pecador que, em sua vida, acumula pecado sobre pecado (3.9s). Aquele que é fiel à Lei sabe que vive da misericórdia divina, que cabe a ele, o justo, sabendo que até a morte deverá estar preparado para a penitência e conversão (Aboth 2.2,8,12; 3.1,15; 4.11). Nesse sentido, também se deverá entender as afirmações paulinas em Fl 3.6; G1 1.14. Paulo certamente não negará a nenhum judeu que, nesse sentido, ele possa ser justificado. Por causa do conhecimento de JESUS CRISTO, contudo, ele julgaria isso como não tendo valor (Fl 3.7ss e cap. 12.4). Uma vida consagrada à Lei significa para o fariseu Paulo: obediência ao Criador e Juiz. Todas as pessoas devem essa obediência por causa de sua condição de criaturas. Israel, por sua vez, tem o privilégio de conhecer a vontade de DEUS por meio da Lei. Essa situação humana de dívida encontra sua expressão mais clara na idéia de juízo final. Paulo não só se ateve como cristão à idéia de juízo (p.ex. ICo 3.5-17; 2Co 5.10; Rm 14.10-12), como antes, em Rm 2.2ss, tratou, de forma discursiva, uma visão judeu-helenista da idéia de juízo, que hoje, com razão, classificamos entre os conteúdos "pré-paulinos". O cristão Paulo, nessa passagem, dirige as afirmações contra a concepção judaica de uma forma insuportável para o judeu. Isso acontece, porém, porque ele parte de uma base comum a ele e ao lado judaico (v. 2: "sabemos que..."), considerando o judeu justamente a partir de tal consenso, como sendo inescusável no julgamento divino. Disso conclui-se que, abstraindo desse recrudescimento polêmico, deverá aparecer, em linhas gerais, a visão tradicional de juízo. Pois Paulo não só usou, esporadicamente, um vocábulo helenístico-judaico sem raiz, (p.ex., "justo julgamento" no v. 5), antes, tais observações lingüísticas assinalam uma visão de conjunto, a partir da qual Paulo pensa e na qual ele entende estar em conformidade com o judeu. Isso significa que a visão de conjunto a respeito do juízo, acerca da qual Paulo e o judaísmo estão em acordo, é típica para Paulo, caso não tenha, contrariamente, criado para si uma visão do judaísmo após ter-se tornado cristão. Como é essa concepção geral? A resposta a essa pergunta deve ocorrer de tal modo que, ao longo do texto paulino, apresentem-se as respectivas analogias judaicas. Todas as criaturas vivem na perspectiva do juízo vindouro. Ninguém lhe pode escapar (Rm 2.2s; 9.18-24; cf. Aboth 2.1; 3.1). Um tempo ou data para o juízo ou mesmo um tempo aproximado para o juízo, está fora de cogitação. A questão não é quando será o dia do juízo, mas decisivo é que a observância ou rejeição da Torá terá conseqüências no juízo (cf. Aboth 2.1,15; 3.1). O juízo está posto a serviço da torálogia. Inculca-se não ser possível ignorar impunemente a vontade de DEUS: DEUS não deixa zombar de si (G1 6.7), portanto, sê observante da Torá (cf. Aboth 1.16; 2.8). O tempo da "riqueza de sua bondade, paciência e longanimidade" pretende levar as pessoas "à penitência", dura até o juízo. Quem não aproveita esse tempo é de dura cerviz e atrai para si a ira divina (Rm 2.4s; cf. Aboth 2.1, 8, 10, 12). A história é entendida, portanto, como a possibilidade concedida por DEUS de conduzir uma vida conforme a Torá, sendo, simultaneamente, compreendida conseqüentemente em função do juízo final. Também os povos, aos quais a Torá escrita é desconhecida, não estão dispensados de realizar a vontade de DEUS, pois - um pensamento estóico agora é transposto - as exigências da Lei são conhecidas por eles "a partir da natureza", pois, como a sua consciência atesta, a Lei lhes "foi gravada em seus corações" (Rm 2.14s). O juízo final tem caráter forense e escatológico. Ele se realiza "conforme a verdade" (Rm 2.2; Aboth 3.16), i.e., "sem acepção de pessoas" (Rm 2.11; cf. Aboth 4.22: SISal 2.18 etc.) como manifestação do "justo juízo de DEUS" (Rm 2.5; TestLevi 3.2:15.2), com o que foi utilizada uma nova formulação helenística, que Paulo não utiliza. As três afirmações expressam a incorruptibilidade do juiz, que não dá preferência a ninguém, que julga severa e inexoravelmente conforme as ações de cada pessoa (Rm 2.6) e que também julga "os segredos dos homens" (Rm 2.16). O julgamento de DEUS é justo enquanto atribui a cada um a sua sorte definitiva (iustitia retributiva), correspondendo "à verdade", i.e., à realidade da criatura humana. Assim, em Rm 2.6, Paulo pode citar o SI 62.13 (cf. Pv 24.12): DEUS "retribuirá a cada um segundo suas obras". Originalmente, essa afirmação tinha em mente a estreita relação entre o agir e a sua conseqüência, recaindo, conforme isso, a conseqüência de uma ação imediatamente sobre o seu autor, sendo DEUS aquele que garante esta relação. Agora, porém, essa afirmação deve ser lida no contexto dos três princípios sobre o juízo, adquirindo assim o significado de "retribuição" escatológica: DEUS faz justiça mediante um ato de julgamento, enquanto ele recompensa os que realizam boas obras, i.e., creditando-lhes recompensa "conforme o devido" (Rm 4.2, 4), ao passo que, aos que praticam o mal, proporcionará "ira e indignação" (2.8ss). Da mesma forma, fala Aboth acerca da "retribuição" divina (1.7), querendo com isso indicar a escatológica "distribuição de salário" (2.1; 4.2) na qual DEUS, igual a um patrão, distribui o salário pelo trabalho realizado (2.16). Isso ocorre com base no fato de que todas as ações das pessoas estão registradas num "livro" (2.1), devendo elas "prestar contas" (3.1) e, inversamente, DEUS tudo lhes "credita" (2.2; 3.8). Semelhante linguagem de direito trabalhista e comercial pode encontrar sua descrição diretamente na imagem do comerciante e do banqueiro (3.16). O "acúmulo" de ira (Rm 2.5) deve ser compreendido a partir desse pano de fundo. Trata-se da idéia de que DEUS, no juízo final, ratifica a concluída história humana mediante seu ajuste de contas. Ele reage às ações humanas mediante seu juízo. Nesse sentido, desde a perspectiva do juízo, tais ações possuem um significado de salvação e perdição. Para Rm 2, é fundamental que recompensa e castigo não são quantificados. Uma vez que só há justos e pecadores, também só haverá vida ou sofrimento final: "glória, honra e eternidade" (novamente, um conceito helenístico). "Glória, honra e paz" (2.7,10) equivale ao que é "vida eterna" (Paulo define, em sentido cristão e novo, essas expressões em lTs 4.17; 5.10). Inversamente, "ira e indignação" (Rm 2.8) são qualificações do estado de condenação definitiva. É necessário, para isso, recordar-se das exposições de Paulo sobre o ser justo sob a Lei: justo significa ser fiel à Torá. Essas afirmações descrevem, com clareza, os desenlaces paralelos da vida. Em lTs 4.13-5.11, o cristão Paulo não mostrará mais nenhum interesse na sorte dos incrédulos: ele ainda está interessado somente na salvação da comunidade escatológica. O interesse judaico na justiça compensatória no fim do mundo, contudo, exige esse duplo aspecto (p.ex., SISal 3.6-12 etc.). Paulo, como cristão, nesse ponto, estará em conformidade com a visão farisaica, enquanto também ele conhece somente uma qualificação fundamental no juízo final e, naquele momento, haverá um único estado de salvação. Essa idéia de juízo contém, nas entrelinhas, também a sua afirmação acerca da antropologia: o farisaísmo pressupõe que o imperativo "tu deves" atinge a pessoa a qual é apropriado o "tu podes". O pecado é ação falha por falta de possível engajamento da pessoa e não reflexo de uma qualificação negativa da pessoa que age. Em outras palavras, o livre arbítrio é doutrina farisaica (cf., p.ex., Aboth 3.15). Pelo fato de a pessoa, em princípio, ser livre quanto ao bem e ao mal, não sendo, portanto, dominada pelo pecado (Rm 7.14s), basta olhar para as suas obras, não necessitando ela de nenhuma renovação fundamental antes de poder ser alguém que realiza o bem. Aqui, Paulo, após sua vocação, pensará de outro modo, quando ele muda sua avaliação da pessoa como criatura nova (cf. cap. 14.3). Olhando, após essas elaborações de Paulo acerca do juízo final, para o judaísmo helenista, percebe-se que este, não sempre, mas certamente em alguns casos, apropriou-se de afirmações análogas sobre o juízo final, extraídas da apocalíptica. Isso é testemunhado, por exemplo, pelos Test XII, pelos OrSib e HenEsl. Sobretudo, porém, LibAnt, redigido por um autor que, ao menos, estava próximo ao pensamento farisaico, mostra o uso que fez o farisaísmo do pensamento apocalíptico para a interpretação da Lei. Aqui encontramos uma nova versão da história de Israel que amplia o relato do dilúvio universal, tomando-o como sinal da ira de DEUS (cf. Rm 1.18ss antes de 2.1ss), mas também acrescenta que, no final dos tempos, DEUS ressuscitará todos os mortos e "retribuirá a cada um segundo suas obras" (Rm 2.5s). Os que se salvam serão os "justificados" e viverão em uma "morada eterna" (LibAnt 3.9-10). O fato de o farisaísmo ter conseguido aproximar-se da concepção apocalíptica de juízo final, enquanto considerava esse como elemento integrante de sua compreensão da Lei, interpretando, portanto, o anúncio da Torá a respeito da vida como vida escatológica, ainda não fazia com que os fariseus fossem apocalípticos. O fariseu Paulo não era um apocalíptico, assim como o autor de LibAnt, os oradores de SISal, e os mestres de Israel, que ocorrem em Aboth, não o eram. A apocalíptica, por sua vez, quer justamente ser enquadrada nas grandes figuras da história, mediante eventos extraordinários de revelação, e não granjear o simples reconhecimento nas verdades contidas na lei judaica. A apocalíptica quer, justamente ao lado de Moisés e para além dele, estabelecer-se como autoridade (cf., p.ex., 4Esd 14.37-48), para verdades complementares. Um fariseu conhece somente a autoridade de Moisés: unicamente a Lei basta para obter a vida. Desse modo, a resposta dada ao homem rico, em Lc 16.27ss, ao seu pedido de que se concedesse a seus irmãos uma revelação especial, é tipicamente farisaica: "Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam... Se não escutam nem a Moisés nem aos profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão". Por essa razão, o fariseu também não fala anônima ou pseudonimamente, antes, ele ensina com a autoridade de Moisés. Para ele, nenhum antepassado como Enoque ou Esdras, reivindica revelações especiais que, em si, estão escondidas e apenas ao visionário são reveladas, ele somente conhece a revelação da Lei de DEUS no Sinai e sua interpretação por meio da tradição oral (Aboth 1,1). A revelação especial a que se refere a apocalíptica é, geralmente, expressão da atmosfera de crise, que compreende a história do mundo como história de perdição, na qual a visão a respeito da ação divina, criadora de sentido, está em geral escondida ou foi perdida. A perplexidade e a situação sem saída da apocalíptica, no sentido global da história e em seu sentido cósmico, devem ser superadas mediante tal revelação especial, a qual ensina não só que o mundo e a história estão submetidos a uma ordem e periodização secreta, como também a conexão do tempo presente e da história cósmica com o tempo final. O fariseu, ao contrário, descreve a história como tempo da paciência de DEUS, em que cada indivíduo tem a chance e a tarefa de cumprir a Torá, para um dia, quanto a isso, poder prestar contas a DEUS. Ele não necessita de nenhuma periodização secreta da história, nem de visões cósmicas especiais acerca do mundo e do final dos tempos. O juízo final, para ele, concentra-se no sentido antropológico da recompensa e do castigo de cada pessoa no que diz respeito aos mandamentos da Torá. O que Paulo, também como cristão, manterá formalmente (Rm 14.10; 2Co 5.10 etc.). Da época em que Paulo era fariseu, procede esta tradição (Aboth 3.1): "Observa com atenção três coisas e não cairás em poder do pecado. Sabe de onde vieste e para onde vais e diante de quem terás que prestar contas. Donde vieste? De uma gota mal-cheirosa. Para onde vais? Para larvas e vermes. Diante de quem haverás de prestar contas? Diante do rei de todos os reis...". Para o fariseu, o indivíduo sempre pode apoiar-se na confiabilidade da vida, pois a esperança da retribuição divina é constante e inabalável. Tudo se decide em cada indivíduo e em sua obediência a Torá. Ele, e somente ele, precisa superar o juízo vindouro. Mais do que isso, ele não necessita saber na vida. Esse conhecimento fundamental, contudo, é seguramente garantido por Moisés.
 
 
SUBSÍDIOS CPAD LIÇÃO 2 - 4º TRIMESTRE DE 2021
 
OBJETIVO GERAL - Conscientizar a respeito do problema da perseguição aos cristãos no mundo.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Com o objetivo de preparar os alunos para a aplicação do conteúdo desta lição, inicie falando a respeito da perseguição dos cristãos no mundo. Se possível, informe-se a respeito desse tema em sites especializados de notícias que abordam o terrível quadro de perseguição cristã no mundo. Proponha um momento de oração, mostrando a relevância de rogar a DEUS por livramento de irmãos que hoje estão debaixo de perseguição mundial.
Não podemos fechar os olhos para esse quadro. Às vezes, porque vivemos em um ambiente de aparente tolerância religiosa, corremos o risco de pensar que é assim em outros lugares da Terra. Portanto, aproveite essa oportunidade para conscientizar a sua classe acerca dessa terrível realidade.
 
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Saulo ameaçava a igreja, não por acaso, ele se descreve como blasfemo, perseguidor e opressor.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A perseguição de Saulo contra JESUS era uma perseguição contra a Igreja de CRISTO.
SÍNTESE DO TÓPICO III - A perseguição contra os primeiros cristãos envolvia açoites, prisões e constrangimentos.
 
 
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO TOP1
Antes de iniciar a aula desta semana, faça uma pequena recapitulação da aula passada. É muito importante que os alunos tenham uma percepção da concatenação dos assuntos. Jamais deixe que o conteúdo fique solto na imaginação dos alunos. O trabalho do professor e da professora é trazer unidade ao tema e aplicá-la à realidade dos alunos. Outrossim, procure aplicar esse método de recapitulação ao longo de todo o trimestre. Portanto, cuide da concatenar as ideias e, ao mesmo tempo, expressar a unidade da revista.
 
 
SUBSÍDIO APOLOGÉTICO TOP2
Além da perseguição tradicional aos cristãos, há a perseguição mais sofisticada, que se dá no campo cultural. Por exemplo, quando tentam reduzir a vivência da fé à vida privada dos cristãos, trata-se de uma perseguição cultural e ideológica. Ora, do ponto de vista filosófico, o ser humano é um ser religioso.
Do ponto de vista antropológico-teológico, o ser humano é imagem de DEUS e, por isso, tem uma centelha divina dentro dele que o impulsiona à busca por DEUS, embora, como afirma a nossa Declaração de Fé, essa imagem divina esteja distorcida e corrompida.
A necessidade de buscar a DEUS é própria do ser humano. Impedir essa iniciativa livre e pública é impedir a livre manifestação da condição de ser humano. Por isso que, ao longo da história, a perseguição aos cristãos viola os direitos humanos. Ou seja, a partir do momento que autoridades, intelectuais, jornalistas, artistas exigem que os cristãos não tenham o direito de expressar os seus valores, princípios e doutrinas que perpassam a dinâmica da vida e fazê-lo em qualquer espaço da sociedade, há sim uma violação aos direitos mais nobres do ser humano. Não é possível exigir dos cristãos que escondam a sua fé, isto é, que deixem de falar o que eles têm visto e ouvido. Tentaram fazer isso com os apóstolos Pedro e João: “E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de JESUS” (At 4.18); mas suas respostas foram taxativas: “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de DEUS, ouvir-vos antes a vós do que a DEUS; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.19,20).
 
 
SUBSÍDIO MISSIOLÓGICO TOP3
Há obras e sites especializados que se dedicam em retratar o fenômeno contemporâneo da perseguição aos cristãos. Muitos são os relatos das grandes dificuldades que nossos irmãos passam em países por causa de sua fé.
Ao olhar para o passado, devemos exergar o presente e conscientizar-se de que a obra pentecostal custou alto preço.
Além do tema da perseguição aos cristãos nos países mulçumanos, há análises abundantes a respeito da igreja nos países sob “os poderes comunistas remanescentes”, esses países são a China, o Vietnã, Laos, Cuba e Coreia do Norte. Em épocas passadas, esses países cometeram crimes bárbaros contra todas as religiões, incluindo os cristãos. Isso se dava porque esses regimes, sob óculos ideológicos, viam nas religiões, como o Cristianismo, um obstáculo para o progresso do regime de poder. Por esse motivo, cristãos foram martirizados, igrejas foram devastadas, missionários forçados aos trabalhos forçados. Os países desse regime, bem como os de regimes religiosos, de religião islâmica e outras, injustiçaram muitos de nossos irmãos. Hoje, alguns desses países usam uma tática diferente.
Há países que, devido seu maiores envolvimentos com a economia global, não executam a matança em massas de cristãos, mas coloca a vida deles sob rígida vigilância. Entretanto, o que o regime considera ilegal, trata os cristãos supostamente fora da lei com prisão e brutalidade. Há outros regimes que nem aparência de civilidade há. Por isso, oremos pela igreja perseguida!

PARA REFLETIR- A respeito de “Saulo de Tarso, o Perseguidor”, responda:
Como Saulo se descreve? Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor”.
O que a expressão “respirando ameaças e morte” descreve? A expressão “respirando ameaças e morte” (At 9.1) descreve, de maneira figurada, Saulo como uma fera selvagem que ameaça sua presa.
Segundo a lição, quem era um homem arguto, defensor do nome de JESUS e cheio do ESPÍRITO SANTO? Estevão.
Como se dava a perseguição contra a Igreja? Paulo prendia os primeiros cristãos, mandava acoitá-los e não havia escrúpulos mesmo com mulheres e crianças.
Você acha que a igreja de hoje passa por algum tipo de perseguição? Justifique a sua resposta. Resposta livre.

CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 87, p. 37