Lição 9 - O Ministério de Pastor

Lição 9 - O Ministério de Pastor
LIÇÕES BÍBLICAS - 2º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário
Comentário: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
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Veja - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/donsdoespiritosanto.htm
 
 
TEXTO ÁUREO

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor da a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11).
 
 

VERDADE PRATICA

Por meio do ministério pastoral, conduzimos as ovelhas ao Supremo Pastor, Jesus Cristo.
 
 

LEITURA DIÁRIA

Segunda                   - Ec 12.11                Há um só Pastor

Terça                         - Is 40-11                  O pastor apascenta as ovelhas

Quarta                       - Ez 34,12                O pastor em busca das ovelhas

Quinta                       - Am 3-12                 O pastor protege as ovelhas

Sexta                         - Zc 11.17                 O pastor negligente com o rebanho

Sábado                     - Hb 13.20                Cristo, o Pastor das ovelhas
 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

João 10.11,14; Tito 1.7-11; 1 Pedro 5.2-4

João 10. 11 - Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. 14 - Eu sou o bom Pastor; e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.

Tito 1. 7 - Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; 8 - mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, 9 - retendo firme a fiei palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contra-dizentes. 10 - Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, 11 - aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância.

1 Pedro 5.2 - apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; 3 - nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 4 - E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.
 

INTERAÇÃO

Atualmente, muitos são os modelos de liderança pastoral sugeridos sob os aspectos empresarial e meramente psicológico. Entretanto, o modelo de liderança para um pastor cristão deve estar centralizado sob o de Jesus de Nazaré. A vida do nosso Mestre é o melhor exemplo para um ministério integral: acolhedor, admoestador e servidor. Um modelo pastoral centrado na concepção empresarial pode até trazer resultados visíveis, mas para Deus será um verdadeiro fracasso. Seguir a liderança de Jesus de Nazaré pode parecer um grande fracasso, mas em relação a Deus é grande vitória. Qual você escolhe?
 

OBJETIVOS

Após a aula, o aluno deverá estar apto a:

Reconhecer o papel fundamental de Jesus como o sumo pastor.

Classificar as características de um i verdadeiro pastor.

Conscientizar-se da missão do ministério pastoral.
 

PALAVRA-CHAVE - Pastor: Guia espiritual
 
Resumo da Lição 9 - O Ministério de Pastor

I - JESUS, O SUMO PASTOR

1. Jesus é o pastor supremo.

2. O pastor conhece as suas ovelhas.

3. O pastor dá a vida pelas ovelhas.

II - AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR

1. Um caráter íntegro.

2. Exemplo para os fiéis e os infiéis.

3. Exemplo para a família.

III - O MINISTÉRIO PASTORAL

1. A missão do pastor.

2. Uma missão polivalente.

3. O cuidado contra os falsos pastores.

 

SINOPSE DO TÓPICO (1) - Jesus, o Pastor Supremo, conhece as suas ovelhas e deu a sua vida por elas.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - Do pastor espera-se um caráter íntegro; um exemplo para j os fiéis, aos infiéis e a toda a sua família.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - A missão do pastor é múltipla, pois ele cuida desde os assuntos espirituais até os mais terrenos.
 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsídio Teologia Devocional “[...] Prioridades na Vida do Pastor - Manter as prioridades em sua devida ordem é um dos maiores desafios que o pastor enfrenta. As muitas ocupações do pastorado constantemente pressionam os ministros a comprometer a oração, a vida devocional, a família e, às vezes, até o padrão moral exigido pela Palavra de Deus.

As prioridades do ministro do Evangelho devem estar nesta ordem: (1) seu relacionamento com o Senhor, (2) sua esposa e filhos e (3) seu ministério e trabalho. Acompanhe-me em alguns pontos de especial interesse no campo dessas três prioridades.

Seu relacionamento com o Senhor. Sua vida devocional é absolutamente decisiva. Anos atrás, pedi ao Senhor que pusesse em ordem meu horário, e Ele o fez. Todos os dias, das cinco às sete da manhã, estudo a Bíblia e oro. Tenho sido cuidadoso em observar esse tempo — o tempo mais precioso do meu dia. Meus pais deram-me o exemplo; seu devocional coincidia com as primeiras horas da manhã. Jesus dedicava as primeiras horas do dia à oração. O Salmista Davi disse: ‘Pela manhã, ouvirás a minha voz, ó Senhor; peia manhã me apresentarei a ti, e vigiarei’ (SI 5.3). Esta disciplina será fundamental em tudo o que você fizer e intentar realizar.

Seu relacionamento com a esposa e filhos. Alguns ministros ficam tão ocupados, que negligenciam as necessidades emocionais, alimentares e outras carências da família. Esposa e filhos podem ficar ressentidos contra o ministério, e mesmo contra Deus, tudo porque o chefe da família falhou em suprir-lhes as necessidades básicas. Isso é trágico. Já faz tempo que determinei que não vou ganhar para o Senhor os filhos dos outros e perder os meus. O Senhor nos tem ajudado — a mim e a Shirley— nessa prioridade. [...] Paulo instruiu a Timóteo: ‘Se alguém não sabe governar sua própria casa terá cuidado da igreja de Deus?”’ (CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas (et ali.). Manual Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 17).
 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

FERNANDO, Ajith. Ministério dirigido por Jesus. 1. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2013. CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas (et alL).
Manual Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 3. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. MACARTHUR JR, John.
Ministério Pastoral: Alcançando a excelência no ministério cristão. 4. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2004.
 
Meus Comentários - Ev. Luiz Henrique
 
Jo 10.1- Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.
JESUS aqui cita a porta de entrada para o homem na terra, ou seja, o nascimento físico (nascer de mulher), o curral é o mundo (a terra), subiu por outra parte é quem foi lançado do céu, caiu aqui na terra, no inferno e subiu para a superfície (Pv 15.24, inferno é em baixo) para tentar o homem para conseguir-lhe a condição de imagem e semelhança de DEUS (Is 14.14), que sempre foi o seu maior desejo.
JESUS diz-nos aqui que quem entra pela porta correta (nascimento virginal de CRISTO) é o pastor das ovelhas, a esse o porteiro (ESPÍRITO SANTO), abre a porta de entrada (concebido do ESPÍRITO SANTO, Mt 1.20) e JESUS (o pastor das ovelhas) nos chama através da pregação do evangelho, para fora desse mundo de condenação e nos dá o pão da vida levando-nos depois para ele (Jo 14.3; 17.16).
Estamos mundo, mas não somos do mundo – Jo 17.14.
No restante do capítulo, JESUS faz como de outras vezes, já que não entendiam quando lhes falava de coisas terrenas, passou a falar-lhes de coisas espirituais, celestes, que entendiam menos ainda e nem se interessavam em entender. Daí para frente JESUS declara-se a própria porta de entrada para a salvação e o próprio pastor das ovelhas.
 
Um problema bem atual com os pastores pentecostais, que dirigem igrejas, é a administração financeira da mesma. Se envolvem tanto com isso que não lhes sobra tempo para se dedicarem ao mais importante, a visita, o estudo da bíblia e a oração (At 2.42; 6.4; Rm 12.2; Ef 6.18; Cl 4.2).
Os pastores pentecostais da atualidade têm-se ocupado tanto com tarefas que não lhe cabem que seu desempenho ministerial tem se tornado um caos. A maioria, e isso deve atingir 90%, não ora duas horas por dia. A maioria (por volta de 60%) não dedica mais de 2 horas de leitura e estudo da bíblia por dia. A maioria esmagadora (talvez 95%) não dirigem mais do que 4 cultos por semana, enquanto os neopentecostais dirigem normalmente 3 cultos por dia, ou seja, 21 cultos por semana.
 
Fim dos comentários do Ev. Luiz Henrique
 

Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.40.

Na obra "Ministério Pastoral: Alcançando a excelência no ministério cristão", do pastor norte-americano John Macarthur, Jr., editada pela CPAD; o autor relata este comentário: "Reconhecemos essas tendências alarmantes, crendo que as decisões tomadas nesta década reprogramarão a igreja evangélica até boa parte do século 21. Assim, a futura direção da igreja é uma preocupação preeminente e legítima. Sem dúvida, a igreja enfrenta um momento decisivo. O verdadeiro contraste entre os modelos ministeriais concorrentes não é o tradicional versus o contemporâneo, mas o bíblico e o não-bíblico" (p.22).

A que tendências alarmantes, Macarthur se refere? A oito respostas que emergiram de uma pesquisa realizada por John Seel, em 1995, nos Estados Unidos. Elas foram dadas por 25 líderes evangélicos de renome que foram entrevistados pelo pesquisador.

Dentre oito principais respostas surgidas na pesquisa (identidade incerta; desilusão institucional; falta de liderança; pessimismo em relação ao futuro; crescimento positivo, impacto negativo; isolamento cultural; solução política e metodológica como resposta), a que chama mais atenção é a "troca de orientação bíblica pela pesquisa de mercado no ministério". Não por acaso, se vê muitos seminários teológicos trocando disciplinas fundamentais para uma sólida formação de um obreiro, como o hebraico, o grego, a hermenêutica, a exegese etc., por aquelas que enfatizam a gestão, a forma de crescimento de uma igreja local nos parâmetros do marketing e das estratégias meramente empresariais. Aqui, é à hora de a igreja fazer uma profunda reflexão sobre "Que modelo de ministério pastoral se quer exercer nos próximos anos?"

Com intuito de deixarmos em aberto esta reflexão, porque o espaço não permite irmos além, solicitamos ao prezado professor meditar nesta semana em todos os textos bíblicos possíveis - use as concordâncias bíblicas, dicionários bíblicos e bons comentários para lhe auxiliarem - em que Jesus aparece como o "Bom Pastor" de ovelhas. Em seguida, procure responder, à luz dos quatro Evangelhos, as seguintes perguntas: Qual o modelo ministerial de pastorado que o Senhor Jesus espera encontrar nos seus discípulos? Que molde de liderança se acha no agir de Jesus de Nazaré? É possível implantar esse ideal hoje? Qual seria o impacto para a igreja e a sociedade? Boa aula!
 

COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO

De todos os dons ministeriais, certamente o dom de pastor é o mais difícil de ser exercitado. Ao mesmo tempo, é o mais desejado por aqueles que almejam exercer o ministério, na Igreja do Senhor Jesus. Em todos os tempos, a função pastoral foi complexa e alvo das forças contrárias ao rebanho espiritual, constituído dos salvos por Cristo. Sem dúvida alguma, nos dias presentes, em pleno século XXI, ser pastor não é missão fácil, não obstante os recursos existentes, em termos humanos, técnicos e financeiros.

Os primeiros pastores, no Novo Testamento, em geral, pagaram com a vida pelo fato de representarem a Igreja de Jesus. As forças infernais, usando os sistemas religiosos, políticos, econômicos e sociais, investiram pesadamente contra os que foram levantados como líderes, nos primórdios da Igreja. Tiago,  Pedro foi preso com o mesmo destino, para ser morto, num espetáculo macabro, que agradaria aos inimigos do evangelho de Cristo. Mas foi poderosamente liberto do cárcere, por intervenção direta de Deus, que enviou seu anjo para salvá-lo da morte programada e continuar sua missão (At 12.11).

Eles eram apóstolos, profetas, evangelistas pastores, e mestres da Igreja, em seus primeiros dias, após a Ascensão de Jesus. Pedro e João foram presos por terem sido instrumentos de Deus para a cura de um coxo de nascença, posto à porta do templo. E foram libertos para proclamarem o evangelho de Jesus (At 3.1-6; 4.1-21). De modo geral, segundo a tradição e a história da Igreja, somente João Evangelista teve morte natural, alcançando extrema velhice, após passar por sofrimentos atrozes. Os demais apóstolos de Jesus tiveram morte trágica, nas mãos dos sanguinários inimigos da fé.

Nos primeiros séculos, a perseguição aos servos de Deus foi cruel. “As perseguições só cessaram, quando Constantino (272-337 d.C.), imperador de Roma, tornou-se cristão. Seguiu-se uma era de crescimento numérico do Cristianismo, embora, nem sempre, acompanhado de autenticidade e genuíno testemunho cristão. A mistura entre a Igreja e o Estado trouxe enormes prejuízos à ortodoxia neotestamentária”.

Os regimes ditatoriais do nazismo, do fascismo e do comunismo, sempre procuraram destruir o cristianismo nas igrejas cristãs, cientes de que, mortos os líderes, os fiéis sempre se dispersariam e abandonariam sua fé. Mas cometeram grave engano. Quanto mais os cristãos foram mortos, mais seu sangue serviu para regar a sementeira do evangelho. Jesus disse que “as portas do inferno” não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt 16.18). Líderes cristãos foram presos, torturados e mortos. Mas a Igreja de Jesus segue sua marcha triunfal, em direção ao seu destino, que é chegar aos céus, na vinda de Jesus, e reinar com Ele sobre as tribos de Israel (Mt 19.28) e sobre as nações (Ap 20.6).

Nos dias atuais, ser pastor não é absolutamente tarefa fácil, para quem deseja exercer o ministério com fidelidade e sacrifício. As oposições externas e internas, muitas vezes, perturbam as atividades do pastor. Dessa forma, o dom ministerial de pastor precisa muito da graça e da unção de Deus para que seus detentores não fracassem espiritual, emocional ou fisicamente. Necessitam muito das orações, da compreensão, do apoio e do amor dos crentes em Jesus.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 105-106.

 

At 20.28 “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”

Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do Espírito, buscando a direção de Deus em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas pelo Espírito Santo em 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9. Na realidade é o Espírito que constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma igreja local.

PROPAGANDO A FÉ.

(1) Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de Deus. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de Deus, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9).

(2) Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de Deus, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (20.26). Os pastores de nossos dias também devem instruir suas igrejas em todo o desígnio de Deus. Que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os ouvintes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2Tm 4.3).

GUARDANDO A FÉ.

Além de alimentar o rebanho de Deus, o verdadeiro pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também, falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de Deus. Paulo os chama de “lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos desviarão as pessoas dos ensinos de Cristo e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene obrigação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opôr-se aos que distorcem a revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.

(1) A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de Deus e pela comunhão do Espírito Santo, são fiéis ao Senhor Jesus Cristo e à Palavra de Deus. Por isso, é de grande importância na preservação da pureza da igreja de Deus que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias à Palavra de Deus e ao testemunho apostólico (20.30).

(2) Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor Jesus os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de Deus para a igreja (20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará “limpo do sangue de todos” (20.26; cf. Ez 34.1-10). Deus o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap 2.2).

(3) É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais segmentos administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).

(4) A questão principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras divinamente inspiradas, que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32). Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da Palavra de Deus, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela ensina (20.28-31; ver Gl 1.6; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A bem da igreja de Deus, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11; ver Gl 1.9).

(5) A igreja que perde o zelo ardente do Espírito Santo pela sua pureza (20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de Deus, logo deixará de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5).

STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

 

I - JESUS, O SUMO PASTOR

1. Jesus é o pastor supremo.

JESUS É O PASTOR SUPREMO

O Pastor dos pastores. O escritor aos Hebreus denomina Jesus Cristo de “o grande Pastor das ovelhas” (Hb 13.20). Só ele merece a qualificação de “grande”. No seu nascimento, marcado pela humildade e despojamento de sua glória, Jesus foi chamado de “grande”, na mensagem do anjo a Maria (Lc 1.32). Nenhum pastor, nas igrejas locais, deve aceitar o título de “grande”, pois só Jesus o merece. Ele é grande em todos os aspectos que se possam considerar em relação à sua pessoa. Podemos refletir sobre o porquê Ele é chamado “grande”.

Primeiramente, porque Ele é Deus! Todos os fundadores de religiões pereceram e seus restos mortais jazem sob a tumba fria. Em seus túmulos consta a inscrição “aqui jaz” fulano ou sicrano. No túmulo de Jesus, há uma inscrição diferente e gloriosa: “Ele não está aqui porque ressuscitou” (Mt 28.6; Mc 16.6). Se Jesus houvesse sido um homem comum, mortal, jazeria no túmulo como Buda, Maomé, Alan Kardec e outros fundadores de religiões ou de seitas. Mas Jesus é Deus. Como tal, venceu todos os poderes cósmicos, espirituais, humanos e físicos. E, por fim, vitorioso, venceu a morte!

ELE É A PORTA DAS OVELHAS

Em segundo lugar, Jesus é o grande pastor das ovelhas, porque ele é “a porta das ovelhas” (Jo 10.7). Em termos espirituais, as ovelhas ou os salvos em Cristo só podem chegar ao céu, na presença de Deus, através de Cristo, de seus ensinos, de seu exemplo marcante, que deixou para todos os pastores e crentes de todas as idades. Ele disse que era “o Bom Pastor”, que dá a vida por suas ovelhas e as conhece pelo nome (Jo 10.11,14).

Para entrar no seu redil, o pecador tem que arrepender-se, crer em sua Palavra, e segui-lo (Jo 10.9). Não pode entrar, saltando os muros. O Adversário é “ladrão e salteador”, porque não entra pela porta das ovelhas. Ele, e somente Ele, dá acesso ao homem à presença de Deus. Jesus é ao mesmo tempo, “a porta”, “o caminho e a verdade e a vida”. E declarou: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 107.

 

Foi na qualidade de grande Pastor que Jesus deu sua vida pelas ovelhas; e por esse ato estabeleceu, para sempre, sua reivindicação como o Pastor de seu povo. Ê igualmente essa reivindicação que garante que ele não perderá a qualquer dos seus, mas antes, os ressuscitará no último dia (João Cap 15).

«Deus de paz, significa que Deus salva e dá bem-aventurança (ver Heb. 12:11). A ‘paz’ deve ser entendida no sentido pleno do A.T., isto é, de prosperidade segura, obtida pelo triunfo messiânico sobre poderes hostis da maldade. (Comparar com Heb. 2:14 e 7:2)». (Moffatt, in loc.). (Ver as palavras do próprio Cristo sobre essa questão do pacto, em Marc. 14:24; Mat. 26:28 e Luc. 22:20).

«O Senhor Jesus se tornou, devido ao seu trabalho medianeiro, o grande Pastor das ovelhas, em virtude daquele pacto que foi inaugurado por seu sangue, e em virtude do seu sangue é que ele foi levantado dentre os mortos como o grande Pastor, tendo subido até à mão direita do Pai».

«...ovelhas...» Porquanto são conduzidas pelo Pastor, precisam de seus cuidados e em si mesmas são impotentes, tomando-se inofensivas; tal como as ovelhas, as almas remidas são expostas a grandes perigos, que somente um hábil pastor pode desviar. Elas dependem dele para sua alimentação segurança; suas vidas dependem totalmente de Cristo.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 667.

 

Ele ressuscitou para nossa justificação; e esse poder divino pelo qual Ele foi ressuscitado é capaz de fazer tudo de que temos necessidade.

Os títulos dados a Cristo – nosso Senhor Jesus, nosso Soberano, nosso Salvador, e o grande pastor das ovelhas, prometido em Isaías 40.11, declarado por Ele mesmo que o era (Jo 10.14,15). Os ministros são co-pastores, Cristo é o grande pastor. Isso denota o seu grande interesse pelo seu povo. Eles são o rebanho do seu pastoreio, e o seu cuidado e preocupação são por eles.

A forma e o método em que Deus se reconcilia, e Cristo ressuscita dos mortos: “...pelo sangue do concerto eterno”. O sangue de Cristo satisfez a justiça divina, e assim gerou a libertação de Cristo da prisão da morte, como tendo pago a nossa dívida, de acordo com um concerto ou acordo eterno entre o Pai e o Filho; e esse sangue é a sanção ou o selo de um concerto eterno entre Deus e o seu povo.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 821.

 

No Antigo Testamento, o título de pastor era conferido tanto aos guardiães de ovelhas como aos dirigentes do povo de Israel. No Novo Testamento, porém, este título é transferido para nosso Senhor Jesus Cristo, de uma maneira nova e sem igual.

• O bom Pastor: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11);

• O grande Pastor: “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas” (Hb 13.20);

• Pastor e Bispo: “Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas, agora, tendes voltado ao Pastor e Bispo da vossa alma” (I Pe 2.25);

• O Sumo Pastor: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (I Pe 5.4).

Estes títulos conferidos ao Senhor Jesus o distinguiam totalmente daqueles que apenas arrogavam-nos para si, mas que na verdade não o eram. Jesus pronunciou este discurso sobre ovelhas e pastor logo após ter visto uma “pobre ovelha” (o cego que tinha sido curado por Jesus próximo ao tanque de Siloé) sendo expulsa do redil judaico por aqueles que, aos olhos do povo, eram de fato os pastores (Jo 9.34). Cristo, então, mostra-nos aqui sua ternura e benevolência. A missão de nosso Senhor, quando esteve aqui entre nós, foi servir à vontade divina e à necessidade humana; por isso se apresentou como sendo o bom Pastor, dizendo ainda: “Eu... conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (Jo 10.14).

Severino Pedro Da Silva. Epistola aos Hebreus coisas novas e grandes que Deus preparou para você. Editora CPAD. pag. 283-284.

 

2. O pastor conhece as suas ovelhas.

Ele disse: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (Jo 10.14). Jesus cuida de seus servos, como um bom pastor cuida de suas ovelhas. Ele não vê apenas o “rebanho”, ou a Igreja, que é predestinada, coletivamente, para a salvação (Jo 1.5,11). Ele vê cada um dos seus servos, sabe o nome de cada um, ainda que sejam milhões e milhões, em todo o mundo, ao longo da História. Ele sabe o que cada um pensa ou diz (SI 139.1-4).

As ovelhas de Jesus o conhecem. No relacionamento espiritual entre os crentes e o Senhor Jesus, através da comunhão constante, o servo de Deus não se engana com a voz do seu Pastor.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 109.

 

Jo 10.14,15 Da mesma forma que o pastor chama as suas ovelhas, e elas seguem somente a ele, assim Jesus conhece o seu povo. Os seus seguidores, por sua vez, o conhecem como seu Messias, e eles o amam e confiam nele. Tal conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao relacionamento entre Jesus e o Pai: “Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”. E Jesus repetiu este ponto - que Ele é o Bom Pastor, e que Ele dá a sua vida pelas ovelhas.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 550.

 

Primeiramente, só existe uma entrada verdadeira para o curral. Aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador

(1). O motivo e o método de abordagem do rebanho marcam as diferenças entre o ladrão e o pastor. O pecado e os seus agentes querem enganar e destruir, ao passo que o Bom Pastor (14) dá a sua vida pelas ovelhas (15).

Em segundo lugar, existe o Bom Pastor (11), que entra no aprisco pela porta — Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas

(2). A palavra pastor é anarthrous em grego, e consequentemente “fixa a atenção no caráter, como algo distinto da pessoa”. “O pastor não é um exemplo na parábola, ele é o exemplo; e é sobre a descrição do seu comportamento que se apoia a narrativa, para que a atenção dos leitores possa se concentrar ali. Não somente as ovelhas são as suas próprias ovelhas; não apenas ele tem toda a autoridade para aproximar-se delas; não apenas ele chama as suas ovelhas pelo nome; não apenas elas ouvem a sua voz, mas ele as traz para fora e, quando faz sair todas as suas ovelhas, vai diante delas, e elas o seguem”.

(3) Ele é o Criador da nova sociedade de crentes, i.e., daqueles que creem nele. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz (3-4). A menção do porteiro ou guarda do portão é incidental na história. Mas uma coisa é importante. Existe um relacionamento entre o Pastor e as ovelhas que se baseia na natureza do Pastor — a sua voz, o seu conhecimento das ovelhas, a sua liderança, a sua orientação. Estas palavras devem ter significado muito para o homem que tinha sido curado da sua cegueira, e que fora excomungado da sua sinagoga (9.34) e expulso da sua família. Agora, ele era um membro da nova sociedade, um seguidor do Bom Pastor. A palavra usada para tirar para fora é a mesma traduzida como “expulsar” em 9.34. Assim, realmente, ser expulso, sob o ponto de vista de Deus, é ser chamado para fora. Assim é a ekklesia (lit., “os chamados para fora”), a Igreja, a nova sociedade.

(4) Aqueles que pertencem a esta nova sociedade, a Igreja, são submissos a uma única voz, ...porque conhecem a sua voz. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos (4-5). Existe uma gloriosa exclusividade em ser um membro do rebanho de Cristo — existe somente uma voz, um caminho, uma vontade que realmente importa. Em uma época de uma vida excessivamente complexa, o caminho garantido para a paz de espírito, para o enfoque nos propósitos corretos, e o comprometimento significativo é encontrado quando reconhecemos somente a sua voz. Esta “audição seletiva” é uma proteção não somente contra a heterodoxia, mas também contra a desintegração da personalidade (cf. 14-15). Thomas R. Kelly chama isto de “orientação habitual de todo o ser para aquele que é o Foco”.

Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 96.

 

“Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10.1-16). O “bom pastor” é uma designação singular, pois enfatiza que a disposição do pastor de morrer pelas suas ovelhas.

Um “mercenário” — e aqui Jesus se refere aos líderes religiosos de Israel — cuida das ovelhas apenas enquanto é lucrativo ou seguro. O bom pastor, que valoriza cada uma das suas ovelhas, dará a vida por elas. Na verdade, é nisto, no dar a vida, que a bondade do pastor é estabelecida.

Parece tolo pensar em um homem disposto a morrer por meros animais, por maior que seja sua afeição por eles. Há uma distância muito maior entre Deus e seres humanos do que entre seres humanos e ovelhas! A maravilhosa bondade de Deus é plenamente demonstrada nesta maravilha: Jesus nos amou o suficiente para dar sua vida por nós.

Se alguma vez você se sentir como uma ovelha perdida, só e amedrontado em um mundo sóbrio e hostil, lembre-se do Bom Pastor. Você pode saber que Ele o ama porque Ele deu sua vida por você. Aquele que o amou tanto nunca irá abandoná-lo. Em Jesus você nunca, nunca está só.

Lawrence O. Richards. Comentário Devocional da Bíblia. Editora CPAD. pag. 686.-687.

 

O primeiro aspecto que o distingue como o verdadeiro pastor de almas é este, que ele dá sua vida, sua própria alma, como remissão, como aquele único sacrifício completo, pela culpa de todos os pecadores, que mereceram a eterna condenação. Ele se tornou o seu substituto; ele tomou sobre si as transgressões deles e morreu em lugar deles. Foi assim que os culpados, os pecadores, foram redimidos de pecado e destruição. Jesus, neste sentido, incidentalmente é um exemplo para todos quantos carregam o nome pastor como seus assistentes na grande obra. Ele também, tendo em vista este objetivo, se coloca em proposital contraste aos mercenários, os mestres falsos, os fariseus. Tais mercenários, cuja preocupação é o dinheiro e o desejo de gozar seu sossego em Sião, mas não têm interesse nas almas das pessoas confiadas ao seu cuidado. São tão só mercenários e só trabalham enquanto está assegurado seu viver e bem-estar. Ao primeiro sinal do lobo, diante da primeira indicação de real perigo, de provável perseguição, sofrimento, e, até, de martírio, fogem em precipitada corrida. O resultado é a dispersão e o assassinato das ovelhas pelos inimigos. Mas o mercenário não se preocupa; ele não tem qualquer preocupação, qualquer angústia, nenhum interesse, nas ovelhas.

Mercenários são aqueles que pregam em favor de seu próprio benefício, que são cobiçosos, e não se querem satisfazer com o que Deus diariamente lhes concede como esmola. Aqueles que querem mais são mercenários que não se preocupam com o rebanho; enquanto isto um pastor piedoso por esta causa desistirá de tudo, até mesmo de seu corpo e sua vida.”11) O segundo aspecto que distingue Jesus como o bom pastor, em contraste aos demais, é o fato do relacionamento e conhecimento íntimo entre ele e suas ovelhas. Assim como Jesus conhece aqueles que são seus, tanto de corpo, como de alma e espírito, assim os cristãos conhecem a Jesus; seu coração, sua mente e sua vontade estão centrados em Jesus, repousam em Jesus. A expressão representa corretamente a íntima e cordial relação e comunhão de amor que há entre Cristo e seus verdadeiros discípulos. Esta intimidade e comunhão é tão estreita e envolvente como o é a que existe entre o Pai e o Filho. Seus corações e mentes estão abertas um ao outro; há uma mútua troca de pensamentos e ideias, que sempre são orientadas por maravilhoso amor.

Assim sucede também entre Cristo e seus fiéis. É devido ao conhecimento que Cristo tem do Pai e de sua vontade, que Jesus declara que entregará sua vida pelas ovelhas. O resgate é pago pelos pecados do mundo inteiro, mas só os fiéis têm o proveito da graça do Salvador, só eles obtém a graça do Pai. Cristo ainda tem outras ovelhas, que não são deste aprisco; ele conseguirá também dentre os membros de outras nações fora da judaica quem nele crê. Pois o Pai lhe deu da cada nação no mundo um grande número; eles são seus por desígnio e dom do Pai. Aqui Cristo declara que sua voz, por meio da palavra do evangelho, sairia aos povos de outra descendência e língua do que os judeus. É a obrigação da vontade divina que repousa sobre ele que o impulsiona para ganhar também a estes para o evangelho. E eles iriam ouvir, iriam obedecer sua voz no evangelho, e o resultado final seria um rebanho, composto de todos aqueles que aceitaram a salvação pelo sangue de Cristo, o único Pastor, o Filho do próprio Deus. “Mas nada é dito sobre uma união de organização. Pode haver vários apriscos, mas um rebanho.”12). A “santa Igreja Cristã, a comunhão dos santos,” tem sido congregada no mundo desde a primeira proclamação do evangelho, e todos os verdadeiros cristãos em Cristo formam a grande igreja invisível. Aqui, porém, não uma só palavra para unir organizações eclesiásticas visíveis em um só corpo imenso e poderoso.

KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento Editora Concordia Publishing House.

 

Jo 10.3-5 Quando o pastor chegava, ele chamava as suas próprias ovelhas pelo nome. Pelo fato das ovelhas reconhecerem a voz de seu pastor, elas vêm e o seguem, e saem para pastar.

O aprisco das ovelhas do judaísmo continha algumas pessoas do povo de Deus que tinham esperado pela vinda de seu Pastor-Messias (veja Isaías 40.1-11). Quando o Pastor veio, judeus crentes reconheceram a sua voz e o seguiram. Dizem que os pastores no oriente podiam dar nome a cada ovelha e que cada ovelha respondia ao pastor que chamava pelo seu nome. Os crentes verdadeiros, como ovelhas pertencentes ao verdadeiro Pastor, jamais seguiriam um estranho que fingisse ser o seu pastor (5.43).

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 549.

 

A noite, geralmente quatro ou cinco rebanhos de ovelhas eram reunidos em uma área ou curral protegido. De manhã, quando um pastor chamava, suas ovelhas respondiam à sua voz e se separavam do rebanho! Era a resposta à voz do pastor que identificava suas ovelhas das centenas de outras, que poderiam parecer iguais a elas para o observador descuidado.

Hoje também aqueles que ouvem o evangelho e reconhecem nele a voz de Deus chamando-os respondem. E a nossa resposta a Jesus que nos identifica como suas ovelhas.

Lawrence O. Richards. Comentário Devocional da Bíblia. Editora CPAD. pag. 686.

 

3. O pastor dá a vida pelas ovelhas.

Na vida pastoril, nos campos, os pastores cuidam das ovelhas para obterem delas o sustento para suas vidas. Eles não morrem pelas ovelhas. Mas Jesus, o Sumo Pastor, deu a sua vida pelos que nEle creem (Jo 10.1, 15). Na sua morte, aparentemente, o seu rebanho estaria destinado a ficar sem pastor. Mas, contrariando a lógica humana, Ele ressuscitou ao terceiro dia, vitorioso sobre a morte, sobre o inferno, sobre o Diabo e sobre todos os poderes do universo. Ele proclamou aos discípulos a sua onipotência: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).

O PASTOR QUE CUIDA DAS OVELHAS

O salmista Davi escreveu certamente o mais belo texto sobre a figura de Deus como nosso Pastor, o “Jeová Raá”, que, ao mesmo tempo, é o “Jeová-Jirê, o Senhor que provê todas as coisas necessárias a seu povo. Ele se referia ao Deus Pai. E falava da ovelha que confia no seu Pastor. Porém todas as características do pastor do Salmo 23 aplicam-se a Jesus Cristo, “o bom Pastor” (Jo 10.11,14).

1) Não nos deixa faltar nada. No seu cuidado, Jesus não nos deixa faltar nada que seja essencial ou indispensável à nossa vida. O crente fiel sabe contentar-se com o que Deus lhe concede por sua infinita bondade (Fp 4.11-13). O que lhe falta, o Senhor lhe dá graciosamente, por sua bondade e por seu amor.

2) Os “verdes pastos” (SI 23. 2), São a figura do alimento espiritual que Jesus propicia à sua Igreja, através da ministração sadia da sua palavra. Os pastores verdadeiros alimentam a Igreja com a sã doutrina. As “águas tranquilas” falam da paz interior, que o Senhor concede aos que nele confiam. E a paz que Ele deixou para seus servos (Sl 23.2b; Jo 14.27); é a paz “que excede todo o entendimento” (l;p 4.7).

3) O refrigério da alma. Lembra o conforto que a presença de Deus nos concede, através do Espírito Santo, nosso “Consolador” (Sl 23.3; Jo 14.16, 17). Nas horas mais difíceis, quando não há solução humana, o Bom Pastor nos conforta com sua graça e seu poder.

4) As “veredas da justiça”. São o caminhar reto e lei do crente salvo em Jesus (Sl 23.3b; Rm 5.19; 1 Pe 3.12), Quando o crente anda, seguindo o pastor Fiel, não comete injustiças.

5) A segurança da ovelha. Mesmo passando pelo “vale da sombra da morte” (Sl 23.4), a presença do pastor dá segurança: “porque tu estás comigo” (Sl 23.4b). Jesus assegurou que estaria com seus servos, ainda que sejam “dois ou três” (Mt 18.20).

6) A mesa perante os inimigos. A mesa preparada para a ovelha, perante os inimigos e a unção com óleo (Sl 23.5), nos remetem à unção do Espírito Santo na vida do crente fiel (1 Jo 2.20, 27; Ef 5.18), concedendo-nos vitória sobre os inimigos que se levantam contra a nossa fé.

7) Bondade e misericórdia todos os dias. O Pastor do Salmo 23 concede “bondade e misericórdia” para que o crente fiel habite na casa do Senhor “todos os dias” da sua vida (Sl 23.6). Cristo nos faz ser “templo do Espírito Santo” (1 Co 6.19,20). Por todos esses paralelos de Cristo em relação a nós e o descrito no Salmo 23, podemos concluir que Jesus é o nosso Pastor por excelência.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 108-109.

 

Jo 10.11 Jesus é o Pastor zeloso e dedicado - o bom pastor. Como descrito nos versículos que se seguem, há quatro características que separam este Bom Pastor dos pastores falsos ou maus:

1. Ele se aproxima diretamente - Ele entra pela porta.

2. Ele tem a autoridade de Deus - o porteiro permite que Ele entre.

3. Ele atende as necessidades reais – as ovelhas reconhecem a sua voz e o seguem.

4. Ele tem amor sacrificial - Ele está disposto a dar a sua vida pelas suas ovelhas.

Repetindo isto quatro vezes, Jesus assinalou que o traço mais importante do bom pastor é que Ele dá a sua vida pelas ovelhas (10.11; veja também 15,17,18).

De acordo com a ilustração neste capítulo, a vida de um pastor poderia às vezes ser perigosa. Animais selvagens eram comuns nos campos da Judéia. Um bom pastor podia certamente arriscar a sua vida para salvar as suas ovelhas.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 550.

 

Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; e também a elas preciso conduzir. Elas ouvirão a minha voz. Então será um rebanho, um pastor. As outras ovelhas não estão no pátio cercado, neste aprisco, protegidas como Israel atrás da cerca da lei. Estão sem Cristo, excluídas da cidadania em Israel e estranhas aos testamentos da promessa, e por isso sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2.12). Contudo Jesus sabe o que ele fará de acordo com o maravilhoso plano e desejo do Pai. A promessa de Deus a Abraão em Gn 12.3 tinha de ser cumprida. Por essa razão Jesus precisa conduzir também essas muitas outras ovelhas de todas as gerações e línguas e povos, que ele comprará com seu sangue para Deus (Ap 5.9). E acontecerá o milagre que nenhuma pessoa podia esperar: Elas ouvirão a minha voz. Pessoas que por sua natureza, história e cultura não têm absolutamente nada a ver com esse homem da Palestina, são atingidas pela palavra de Jesus e encontram em Jesus sua vida, seu maior tesouro. Se isso não estivesse diante de nós na história do evangelho como uma realidade, ninguém o consideraria possível. Mas a palavra de Jesus é verdade: Ouvirão a minha voz. Então não haverá vários rebanhos diferentes, mas haverá um rebanho, um pastor. Jesus antevê aquela igreja de judeus e gentios que foi concedida pela primeira vez na casa de Cornélio, que existia nas comunidades de Paulo e das quais tratou o decisivo concílio dos apóstolos (At 15). Um rebanho, um pastor, isso se confirmou naquelas palavras de Paulo que testemunham a unidade em Cristo acima de todas as diferenças (1Co 12.12s; Gl 3.28; Cl 3.11). A palavra de Jesus a respeito de um rebanho não é mero ideal. Foi gloriosamente cumprida. Em todos os continentes, países, raças e vozes foi ouvida a voz de Jesus e pessoas se agregaram à igreja de Jesus. Segundo sua essência, essa igreja somente pode ser sempre a única igreja, assim como existe apenas um pastor que a conquista com a sua vida.

Werner de Boor.. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança.

 

I Ped 5. 2-4. A responsabilidade pastoral desses presbíteros é descrita assim: apascentai o rebanho de Deus (2). A palavra “pastorear” explica melhor o significado do original do que apascentai.

O dever do pastor é triplo: providenciar pasto, caminhos para o pasto e proteção nos caminhos para o pasto.

Portanto, o dever do pastor vai além da pregação. O rebanho é a Igreja. Ela pertence a Deus como sua possessão comprada. Em certa época seus membros eram como ovelhas desgarradas, mas elas voltaram ao “Pastor e Bispo” da sua alma (cf. 2.25). O pastor deve instruir e guiar o rebanho em obediência e sujeição à completa vontade de Deus. O cuidado a ser exercido envolve três particularidades expressas de forma negativa e positiva.

1) Quanto ao espírito desse serviço, ele não é por força, mas voluntariamente. A liderança da igreja era tão perigosa naqueles dias que poderia custar a vida do líder. Mesmo assim, ele não deveria fazer essa obra relutantemente como se fosse um fardo ou considerá-lo como um dever profissional obrigatório. Em vez disso, esse era um ministério para o qual Deus o havia apontado e chamado e, por isso, deveria ser feito com obediência e alegria.

2) A motivação dessa supervisão não deveria ser por torpe ganância, mas de ânimo pronto — não como um mercenário que espera ganhar dinheiro. Os presbíteros tinham o direito de esperar sustento material daqueles a quem ministravam; mas sua motivação não deveria provir de um “amor ao ganho constitucional”, que “é uma desqualificação para o ministério cristão”. Considere seu efeito em Judas Iscariotes!

3) Quanto à forma de supervisão, ela não deve ser como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho (3). Os líderes nunca devem ser tirânicos ou se esquecer dos direitos das pessoas que lhes foram confiadas. Eles não devem dominar como o arrogante Diótrefes (3 Jo 9-11), mas liderar pelo poder de uma vida santa. O pastor nunca deve esquecer que ele não é o Sumo Pastor (4).

A compensação terrena do líder pode ser insignificante, mas quando aparecer o Sumo Pastor (cf. 4.13), ele terá a sua recompensa incorruptível (cf. 1.4,5), a coroa de glória, “a felicidade do céu, o elemento principal de a vida de Deus ser derramada na alma por meio de Cristo”; “uma participação perpétua na sua glória e honra” (Bíblia Viva).

Roy S. Nicholson. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 242-243.

 

I Ped 5.2-4.

I As pessoas a quem são dadas essas orientações – aos presbíteros, pastores e líderes espirituais da igreja, presbíteros e anciãos por ofício, e não por idade, ministros daquelas igrejas às quais escreve esta epístola.

II A pessoa que faz essa exortação - o apóstolo Pedro: “...admoesto eu”. E, para reforçar essa exortação, ele lhes diz que é presbítero com eles, e assim não impõe nada a eles que ele não esteja disposto a fazer também. Ele é também “...testemunha das aflições de Cristo”, tendo estado com Ele no jardim, acompanhado ao palácio do sumo sacerdote, e muito provavelmente tendo sido testemunha do seu sofrimento na cruz, à distância, entre a multidão (At 3.15). Ele acrescenta que é também “...participante da glória” que em certa medida foi revelada na transfiguração (Mt 17.1-3), e vai ser completamente desfrutada na segunda vinda de Jesus Cristo. Aprenda:

1. Aqueles cujo ofício é ensinar a outros devem cumprir atentamente seu próprio dever, assim como ensinam ao povo o dever deste.

2. Como eram diferentes o espírito e o comportamento de Pedro do espírito e do comportamento dos seus pretensos sucessores! Ele não ordena e manda, mas exorta. Ele não reivindica soberania sobre todos os pastores e igrejas, nem se intitula príncipe dos apóstolos, vigário de Cristo ou cabeça da igreja, mas se apresenta como presbítero. Todos os apóstolos eram presbíteros, ou anciãos, embora nem todo presbítero fosse apóstolo.

3. Foi uma honra peculiar de Pedro e de alguns mais serem testemunhas dos sofrimentos de Cristo; mas é privilégio de todos os verdadeiros cristãos serem participantes da glória que há de ser revelada.

 

III A descrição do dever do pastor, e a maneira em que esse dever precisa ser cumprido. O dever do pastor é tríplice:

1. “...apascentai o rebanho...”, por meio da pregação honesta da palavra de Deus ao rebanho, e ao conduzi-lo de acordo com as orientações e a disciplina que são prescritas pela palavra de Deus, que estão ambas incluídas nessa expressão: Apascentai o rebanho.

2. Os pastores do rebanho precisam ter a supervisão dele, o seu cuidado. Os presbíteros são exortados a fazer o seu trabalho de bispos (que é o significado da palavra), por meio do cuidado pessoal e da vigilância sobre todos que no rebanho estão comprometidos ao seu cuidado.

3. Eles precisam ser “...exemplo do rebanho”, e praticar a santidade, a autonegação, a mortificação e todos os deveres cristãos, que eles pregam e recomendam ao seu povo. Esses deveres precisam ser realizados “...não por força”, não porque você tem de fazê-los, não por compulsão de um poder civil, ou pela coação do medo ou da vergonha, mas de uma mente voluntária que tem prazer na obra. Não “...por torpe ganância”, ou por algum lucro ou proveito relacionados ao lugar em que você reside, ou de uma prerrogativa relativa ao ofício, “...mas de ânimo pronto”, considerando o rebanho mais do que a lã, sincera e alegremente se empenhando para servir à igreja de Deus. “...nem como tendo domínio sobre a herança de Deus”, agindo como tirano sobre o rebanho por compulsão ou força coerciva, ou impondo invenções humanas ou não-bíblicas a ele em vez dos deveres necessários (Mt 20.25,26; 2 Co 1.24).

IV Em contraste com os lucros imundos que muitos se propõem como o seu principal motivo em assumir e cumprir o ofício pastoral, o apóstolo coloca diante deles a coroa da glória preparada pelo grande pastor, Jesus Cristo, para todos os seus ministros fiéis. Aprenda:

1. Jesus Cristo é o “...Sumo Pastor” de todo o rebanho e herança de Deus. Ele os comprou, e os governa; e os defende e salva para sempre. Ele é também o pastor principal sobre todos os pastores subalternos; eles derivam a sua autoridade dele, agem em nome dele e prestam contas a Ele.

2. Esse Sumo Pastor vai aparecer para julgar todos os ministros e coo-pastores, para chamá-los à prestação de contas, para ver se cumpriram fielmente seus deveres tanto publicamente quanto em particular, de acordo com as orientações acima.

3. Aqueles que comprovarem ter cumprido o seu dever terão o que é infinitamente melhor do que o ganho temporal; receberão do Sumo Pastor um elevado grau de glória eterna, “...a incorruptível coroa de glória”.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 882-883.

 

I Ped 5.2 A incumbência aos anciãos é: Apascentai o rebanho de Deus entre vós! O fato de ela ser rebanho de Deus é que torna o serviço nela tão cheio de responsabilidade. Importa também aqui o que Paulo diz em 1Co 3.17 com uma figura diferente: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá.” Assim como no AT, também no NT Deus confiou o serviço de pastor a pessoas, “supervisores” (At 20.28), pastores (Ef 4.11) e anciãos (ou “os mais velhos”). Pelo fato de Pedro não diferenciar claramente entre “anciãos” e “mais velhos”, nenhum dos mais velhos pode transferir a responsabilidade pelo rebanho aos “anciãos”. Cada um deles possui perante Deus uma responsabilidade pela igreja. A tarefa dos pastores consiste em apascentar. O foco está nas necessidades do rebanho. Apascentar é regido pela pergunta: de que a igreja precisa para um bom desenvolvimento e para ser protegida de perigos? Um verdadeiro pastor pode se esquecer de seus próprios interesses por causa das carências do rebanho e de cada uma das ovelhas que lhe foram confiadas, e o mesmo vale para um ancião no tocante à igreja que lhe foi confiada.

O serviço do pastor é ameaçado particularmente por três perigos:

(1) pela falta de disposição, (2) por ganância e (3) pela avidez de poder.

(1) pela falta de disposição - Com as palavras não coagidos, mas voluntariamente. Pedro refere-se à falta de disposição para cooperar. Há uma forma de cumprimento do dever que não traz alegria para ninguém. Indisposição e contrariedade transferem-se para aqueles que cumprem o “dever”, marcando a obra. Obviamente a rigor ninguém pode ser coagido a prestar um serviço na igreja. Contudo, quando alguém pertence ao grupo dos presbíteros ou quando até mesmo chega a ser ancião, ele tem a tarefa, e espera-se que preste o serviço. É dessa “coação” que se fala. “Não coagido” significa, então, realizar o serviço não porque isto é esperado, mas de livre e espontânea vontade. Voluntariamente, ou “disposto”, “por livre iniciativa” refere-se à iniciativa pessoal, ser cativado e impelido pela seriedade e magnitude do serviço. Quando a vontade de Deus determina a vontade dos “mais velhos”, eles agem de forma espontânea, mais precisamente conforme Deus. Isso pode significar: “segundo a maneira de Deus” ou “segundo a vontade de Deus”. Visa-se expressar que qualquer serviço de pastor depende de Deus.

(2) não em sórdida ganância, mas de boa vontade. É verdade que Jesus dissera: “porque digno é o trabalhador do seu salário.” (Lc 10.7). Será que os anciãos recebiam pagamento já nos tempos do NT? Seja como for, é grande o perigo de buscar nesse serviço primeiramente a vantagem pessoal. Isso contamina o coração e o serviço. Os anciãos, como bons pastores, devem estar realmente empenhados pelo rebanho, tendo em vista o bem das ovelhas, e não mirando a lã delas. O significado básico do termo grego prothymos (= disposto), expressa: inclinado, com simpatia, com dedicação, com zelo, com gosto. O bem e as angústias dos outros ocupam, portanto, o foco, e o motivo é a determinação de servi-los.

(3) I Ped 5.3 Segue uma última exortação aos anciãos. Tampouco como aqueles que se fazem senhores sobre o que lhes foi distribuído, mas como aqueles que se tornam (ou: são) exemplos do rebanho. O termo grego para o que lhes foi distribuído na realidade significa “sorteio”. Em seguida passa a significar: o que foi sorteado, a herança, o quinhão sorteado. No presente contexto refere-se com certeza à igreja, respectivamente à área de tarefas confiada a cada um dos anciãos. Duas coisas repercutem nessa palavra: que se trata de algo grandioso e que eles não o buscaram por si, mas que lhes foi atribuído. Não como aqueles que se fazem senhores sobre o que lhes foi distribuído significa textualmente: “olhar de cima para baixo”, depois “oprimir”, “subjugar”. Os anciãos devem conduzir a igreja, e nessa função também exercer a disciplina eclesial. Nessa posição de liderança reside o perigo do abuso, devido à pulsão humana pelo poder. Existe um abuso da liderança, um senso equivocado quanto ao cargo. Ao senhorear sobre os demais, os servidores da igreja se portam como senhores, privam Deus da honra e posição de domínio que lhe cabem e impõem inferioridade aos membros da igreja. Nisso sua liberdade e cooperação responsável se perdem, bem como a alegria em servir e o senso comunitário. É assim que anciãos, por “olhar de cima para baixo”, praticamente conseguem “gerir os negócios para baixo”. A isso Pedro contrapõe a maneira correta de apascentar: como aqueles que se tornam exemplo para o rebanho. Também Paulo emprega o termo exemplo ou “molde” (em grego typos) e exorta no mesmo sentido os responsáveis pelas igrejas (1Tm 4.12; Tt 2.7; cf. também 1Ts 1.4; 2Ts 3.9). Em Fp 3.17 ele conclama: “Imitai-me todos juntos, irmãos, e fixai o vosso olhar naqueles que se conduzem segundo o exemplo que tendes em nós” [TEB]. A igreja não precisa de índoles dominadoras, mas de exemplos. Quem se transforma em senhor gosta de exigir da igreja serviços que ele mesmo não está disposto a executar. Quem, no entanto, é exemplo, antecipa-se no servir. Todos os “mais velhos” estão submetidos à tarefa de se tornar exemplos do rebanho. Para o serviço de ancião não são necessários em primeiro lugar o dom da pregação nem capacidades humanas de destaque, mas, pelo contrário, uma atitude de vida que é marcada por Jesus e pelos apóstolos, ou seja, pela Sagrada Escritura.

 

I Ped 5.4 E quando o Supremo Pastor tiver sido manifesto recebereis a imarcescível coroa da glória. Os anciãos precisam saber que acima das igrejas está um Supremo Pastor, e que receberam a propriedade dele somente para cuidar. Ele avaliará e recompensará o serviço deles (1Co 3.8,14; Ap 11.18). No serviço que prestam, portanto, os anciãos são responsáveis perante ele, e independentes do julgamento das pessoas. A sentença sobre seu ministério pastoral será proferida naquele dia em que tiver sido manifesto o Supremo Pastor, que agora ainda está oculto, mas já presente com todo o poder. Ele, pois, observa o serviço dos presbíteros. Considerando, porém, que todos os acontecimentos na igreja e no mundo originados em Deus têm por alvo a manifestação do Messias, é necessário que também os presbíteros direcionem seu serviço para esse evento. Isso reforça seu senso de responsabilidade e sua confiança, porque vale para eles a promessa: recebereis a imarcescível coroa da glória. Naquele tempo, após as competições cada vencedor recebia uma grinalda. Logo a grinalda é sinal do triunfo. É assim que um dia o Supremo Pastor recompensará todos que apascentaram bem seu rebanho com a grinalda da glória, que, ao contrário de todas as coroas terrenas, é incorruptível, não consistindo de material terreno, mas de glória (cf. também 2Tm 4.8; Ap 2.10; 3.11). A glória, porém, é a essência da proximidade de Deus e consequentemente de todo bem, toda luz e toda beleza. Paulo escreve em Cl 3.4: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.” Essa promessa vale de forma singular para aqueles que apascentaram fielmente o rebanho de Deus.

Uwe Holmer. Comentário Esperança Cartas aos I Pedro. Editora Evangélica Esperança.

 

II - AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR

1. Um caráter íntegro.

Neste tópico, enfatizamos as características do verdadeiro pastor, no sentido humano, daquele que tem o chamado de Deus para ser um guia de parte do rebanho do Sumo Pastor. E o que tem o dom ministerial de pastor. Não é qualquer pessoa que tem condições de receber esse dom, ainda que seja o mais procurado pelos aspirantes ao ministério eclesiástico. Paulo ensina que é JESUS quem dá pastores às igrejas (1 Co 12; Ef 4.1): “Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou supervisores (l Tm 3.1; Tt 1.7)”.2

O pastor de uma igreja deve espelhar-se nas características do “Sumo Pastor” (1 Pe 5.4). E deve possuir qualificações que o credenciem para tão importante missão. O pastor verdadeiro é dado por Deus à igreja. Ele não dá a igreja ao pastor (Ef 4.11); a igreja, mesmo no sentido local, não pertence ao pastor. O pastor deve ser um servo da igreja local, e não seu mandatário ou proprietário. A seguir, algumas dessas qualificações, conforme 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.7, relativas ao bispo, que é sinônimo de pastor:

1) Irrepreensibilidade moral. Refere-se a uma vida de integridade, de que não tenha de que se envergonhar ou causar escândalo.

2) Vida conjugal ajustada (“marido de uma mulher”). Note-se que é prioridade o cuidado com a vida conjugal; no Novo Testamento, não é prevista a tolerância com a bigamia ou a poligamia; a regra é a monogamia, como plano original de Deus para o matrimônio; e o pastor como esposo deve ser exemplo para os demais esposos, na igreja, amando sua esposa e cuidando dela (Ef 5.25).

3) Vigilante. O pastor é o guarda do rebanho. Deve estar atento ao que se passa ao seu redor; vigiando, primeiro, a sua vida pessoal e ministerial (1 Tm 4.16). Depois, vigiando o rebanho para alertar e livrar dos “lobos devoradores”; Ser vigilante significa ser “atento, cauteloso, cuidadoso, precavido” quanto aos perigos que o rodeiam. Para assumir a função de liderança, na igreja local, o obreiro deve ser muito cuidadoso quanto à sua vida espiritual, moral, social, familiar e em todos os aspectos. Isso porque o Diabo “anda rugindo como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.7). O presbítero, bispo ou pastor deve obedecer o que Jesus disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Ele precisa ser “exemplo dos fiéis” (1 Tm 4.12; 1 Pe 5.3).

4) Sóbrio (simples, moderado). O pastor ou bispo deve zelar pela simplicidade, no ministério; o luxo, a ostentação material, a exibição de riqueza não convém a um homem de Deus; Jesus disse: “sede símplices como as pombas” (Mt 10.16).

5) Honesto. Tem o significado de ser “honrado, digno, correto, íntegro; decoroso, decente, puro, virtuoso”. Todas essas qualificações podem resumir-se numa expressão: ser “santo em toda a maneira de viver” (1 Pe 1.15). O homem de Deus não é perfeito em si mesmo, por mais que se esforce para ser santo. Mas, cuidando de sua vida pessoal, ministerial e como cidadão, pode ser muito bem visto pelos crentes como uma pessoa honesta. O seu falar deve ser “sim, sim; não, não” (Mt 5.37). Honestidade é sinônimo de integridade. O pastor ou bispo deve ser uma pessoa assim, fiel, sincera, verdadeira. Deve ser alguém que vive o que prega ou ensina (Tg 2.12).

6) Hospitaleiro. Esta palavra vem de hospital, na sua origem. Não havia casas de saúde como hoje. Uma hospedaria era um hospital, um lugar onde os viandantes podiam pousar, e também os enfermos, uma hospedaria ou estalagem (Lc 10. 34,45). Mas o pastor não tem obrigação de transformar sua casa em hospedaria. No sentido do texto, hospitaleiro é sinônimo de acolhedor, que sabe tratar bem as pessoas, sem fazer acepção de ninguém; (acepção é pecado - Dt 16.19; Ml 2.9; 1 Tm 2.11;Tg 2.9).

7) Apto a ensinar. Como o pastor é o que alimenta ou apascenta o rebanho, o pastor deve saber fazer uso da Palavra de Deus, ministrando mensagens, estudos e reflexões que edifiquem o rebanho sob seus cuidados. Se não tiver essa aptidão, pode estar no lugar errado (2 Tm 2.15).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 110-112.

 

2. Exemplo para os fiéis e os infiéis.

8) Não dado ao vinho”. Nos tempos de Paulo, o vinho era já uma bebida alcoólica que podia causar dependência química ou psicológica. Seria uma tristeza um pastor ficar embriagado pelo uso constante do vinho. Se tosse escrito hoje, o texto talvez dissesse: “não dado à cerveja, à champanhe, ao licor ou a outra bebida alcoólica”. O pastor ou bispo deve dar exemplo de abstinência desse tipo de bebida para o seu bem, de sua família e do rebanho sob seus cuidados.

9) Ordeiro (“não espancador”). Por que Paulo fez referência a esse tipo de comportamento? Sem dúvida, porque observou que algum obreiro tinha o costume de “espancar” as pessoas a seu redor. Sempre houve pastores grosseiros, prepotentes, alguns que cometeram “assédio moral” contra pessoas a seu redor. Isso é reprovável sob todos os aspectos. O pastor deve ser ordeiro, humilde, de bom trato para com todos, não cobiçoso nem ganancioso. Ordeiro quer dizer que mantém a ordem, na casa de Deus.

10) Moderado, É sinônimo de suave, brando, comedido, prudente, contido. É qualidade sem a qual o pastor pode sofrer sérios revezes em sua vida, no relacionamento com outras pessoas, em seus hábitos, costumes, etc. Ele não pode ser um desequilibrado mental, sem controle de suas emoções. Para ser moderado, precisa ter o fruto da temperança e da longanimidade (cf. G1 5.22).

11) Não contencioso. O pastor ou bispo não deve viver em contenda, nem com a família, nem com os crentes, nem com os de fora. Contenda é o mesmo que porfia, dissensão, peleja, que são “obras da carne” (G1 5.2,1). Diz um ditado: a melhor maneira de ganhar uma contenda é evitá-la. Com oração e vigilância é possível viver em paz.

12) Não avarento. Quer dizer que o pastor ou bispo não deve ser sovino, mesquinho, e não deve ter amor ao dinheiro (avareza), que é “a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6,10). O pastor não deve viver em função de dinheiro ou de bens materiais. Sua missão é elevadíssima, e deve focar-se no amor às almas ganhas para Cristo, que ficarão aos seus cuidados ministeriais.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 112-113.

 
QUALIFICAÇÕES DO PASTOR

No primeiro ponto, acima, demos os dons que um pastor deveria possuir; e isso, como é óbvio, faz parte de suas qualificações. Passagens das chamadas epistolas pastorais (I e II Timóteo e Tito) dão listas de qualificações desses ministros, além de outros. Ver I Tim. 3:1 ss e Tito 2.

Um pastor deve ser homem controlado, livre de vícios, não belicoso e sem excessos. Deve governar bem a sua casa; não pode ser um noviço; deve ter boa reputação, devidamente conquistada; deve ser avesso a maledicências e ao uso incorreto da língua; não deve ser ganancioso; não deve andar atrás do dinheiro; deve ser homem que se santifica; deve ter uma boa esposa, que não lhe traga perturbações; deve ser forte na fé e mestre da mesma; deve ter ousadia no seu ensino; deve ser cheio de amor e paciência; deve ser perseverante; deve caracterizar-se por boas obras; na doutrina, deve ser incorrupto; deve ser homem sério; sua linguagem deve ser sadia; deve saber exortar; deve ser honesto; deve saber repelir toda forma de impiedade; deve ser alguém ansioso para ensinar e capaz de fazê-lo; e, finalmente, deve ser homem de reconhecida piedade.

Unger, no artigo intitulado Pastor, divide as muitas qualificações de um pastor em três categorias:

a. O serviço de ministração ao culto divino, pondo em ordem a adoração da congregação, administrando as ordenanças, pregando a Palavra de Deus. Nesse sentido, o pastor é um ministro.

b. Ele deve ser habilidoso nos cuidados pastorais, cuidando de alimentar espiritualmente o rebanho, mostrando-se vigilante, deixando-se envolver em boas obras e ações de misericórdia e compaixão.

c. Ele deve brandir a autoridade espiritual da Igreja, sendo um dirigente que merece respeito e que impõe ordem e disciplina. Um pastor deve ter como um de seus alvos o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4:12). mostrando-se espiritualmente alerta (Heb, 13:17; 11 Tim. 4:5) sendo capaz de exortar, advertir, consolar e orientar com autoridade (I Tes. 2:22; I Cor. 4: 14,15).

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 105-106.

 

Algumas qualificações do Bispo (3.2)

É apropriado que o ministro seja julgado por um padrão mais rígido que os membros leigos da igreja. Os leigos podem ser perdoados por defeitos e falhas que seriam totalmente fatais a um ministro. Há certas coisas que um Deus misericordioso perdoa em um homem, mas que a igreja não perdoa no ministério deste. A irrepreensibilidade do candidato é requisito no qual devemos ser insistentes hoje em dia, como o foi Paulo no século I.

O líder da igreja deve ser exemplar especialmente em assuntos relativos a sexo. Este é o destaque da segunda estipulação do apóstolo: Marido de uma mulher (2). Trata-se de precaução contra a poligamia, que gerava um problema sério para a igreja cujos membros eram ganhos para Cristo vindos de um paganismo que tolerava abertamente casamentos plurais. Em todo quesito que a igreja com seus altos padrões éticos relativos a casamento confrontar o paganismo de nossos dias, em regiões incivilizadas ou não, a insistência cristã na pureza deve ser enunciada de forma clara e seguida com todo o rigor.

Mas temos de perguntar: A intenção de Paulo era desaprovar o segundo casamento? Alguns dos manuscritos antigos requerem a tradução “casado apenas uma vez” (conforme nota de rodapé na NEB). “Sobre este assunto, como em muitos outros”, comenta Kelly, “a atitude que vigorava na antiguidade difere notadamente da que prevalece em grande parte dos círculos de hoje. Existem evidências abundantes provenientes da literatura e inscrições funerárias, tanto gentias quanto judaicas, que permanecer solteiro depois da morte do cônjuge ou depois do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se outra vez era visto como sinal de satisfação excessiva dos próprios desejos”. É óbvio que em alguns segmentos da igreja primitiva esta era a opinião prevalente, chegando ao extremo último da ordem de um ministério celibatário.

Igualmente essencial e até mais importante é a sétima qualidade que Paulo menciona: Apto para ensinar (2). Pelo visto, nem todos os pastores eram empregados no ministério de ensino. E o que mostra 5.17: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”. Mas a aptidão para ensinar era rendimento certo para o ministro cristão. Sempre haverá indivíduos que possuem maior capacidade nesta ou naquela área que outros, mas certa habilidade para ensinar é de extrema necessidade ao ministério completo e frutífero.

Não cobiçoso de torpe ganância (3). Esta é advertência contra o amor do dinheiro que o apóstolo, mais adiante nesta mesma epístola (6.10), declara ser “a raiz de toda espécie de males”. Tal proibição tinha relevância imediata, pois fazia parte da responsabilidade do pastor cuidar dos bens e capitais da igreja. Esta seria fonte constante de tentação para o avarento. Somente aquele que desse toda prova de não ter espírito de cobiça pode ser separado com segurança para a obra do ministério.

Claro que é perfeitamente possível que ministros e leigos sejam enganados pelo que nosso Senhor chamou de “a sedução das riquezas” (Mt 13.22). A sutileza desta sedução é que a pessoa não precisa possuir riquezas para ser enganada por elas. Desejá-las ardentemente, permitir-se adotar atitudes calculistas na esperança de obter riquezas, ficar indevidamente interessado por salários e lucros deste mundo não podem deixar de empobrecer e, no final das contas, destruir o valor do próprio ministério. Tudo isso está implícito no aviso paulino do desejo controlador por dinheiro.

J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 469-471.

 

I Tm 3.2 O presidente, pois, deve ser irrepreensível.

Irrepreensível não significa simplesmente gozar de boa fama, mas ter um testemunho justificadamente bom. A crítica e as acusações não devem encontrar pontos vulneráveis para seu ataque. Aparentemente a palavra designa o comportamento abrangente, fundamental para tudo o que segue. Jesus frisa a importância do bom testemunho, como também ocorre em geral no NT. Nessa questão é decisivo que o bom testemunho seja reconhecido e fornecido pelos que não fazem parte da igreja. “Vossa conduta seja decorosa aos olhos dos estranhos.” Essa exortação da carta mais antiga de Paulo coincide integralmente com a exigência de ser irrepreensível, o que não pode ser questionado nem mesmo por observadores críticos e hostis. Um modo de vida desses só é viável a partir do “mistério da fé, preservado em uma consciência pura”. Essa é a origem e a renovação de toda a autêntica irrepreensibilidade. Representa o oposto tanto do comportamento antissocial como da exagerada adaptação pacata a todos e a tudo.

Marido de uma só mulher. Presidentes e diáconos devem ser casados uma única vez; isso aponta em 3 direções:

1) Acerca da profetiza Ana lemos que era virgem até se casar. Quando o marido morreu após 7 anos de casamento, ela passou a viver sozinha até idade avançada (84 anos), servindo a Deus. De acordo com a palavra profética permaneceu fiel ao “noivo de sua mocidade”.

2) Conforme as palavras do Senhor a monogamia é o alvo original, estabelecido por Deus, do relacionamento entre homem e mulher. Se os próprios gentios chamam atenção para isso e os cristãos aspiram ao amor e à fidelidade no matrimônio, quanto mais isso deveria valer, então, para aqueles que se “apresentam em todas as coisas” (logo também no casamento) como “exemplo de boas obras”.

3) A interpretação aqui fornecida possui relevância justamente com vistas à prática do divórcio, que naquela época se alastrava com força, e do correlato recasamento de pessoas divorciadas, seja entre gregos, seja entre judeus.

A expressão única pode ser mantida em forma tão genérica pelo fato de que deve caracterizar de forma abrangente a atitude básica fundamental da castidade em todas as situações. O casto não reprimiu sua sexualidade, mas a tornou íntegra, porque castidade é alegrar-se com a sexualidade respeitando os limites do respeito.

Quem está embriagado e alimenta sonhos devotos a respeito de si mesmo e do mundo não consegue orar de fato, porque orar é justamente o contrário de fugir da chamada “realidade” para um mundo onírico. Vale o contrário: quem ora acorda para a verdadeira situação, e quem está alerta ora de olhos abertos. É disso que resultam as boas obras.

Apto para ensinar (didaktikos): em todo o NT o termo ocorre somente aqui e em 1Tm 3.2. O seu sentido é descrito exaustivamente em Tt 1.9: o presidente deve “apegar-se à palavra confiável e conforme a doutrina, para que seja capaz de, pelo reto ensino, exortar bem como convencer os que o contradizem”. Deve estar aberto para questões doutrinárias, capaz de formar sua própria opinião e instruir a outros. Precisa discernir entre o que é importante e o que leva a descaminhos, entre doutrina verdadeira e falsa, saudável e doentia e ser capaz de ensinar e transmitir corretamente o que é apropriado em cada caso.

Conforme 2Tm 2.2 Timóteo deve transmitir o evangelho a “pessoas fiéis”, não especificamente apenas presidentes, que serão capazes de novamente ensinar a outras. O ensino ministrado por mestres específicos somente tem sentido sob a premissa de que todos são capazes de se instruir e exortar mutuamente. No entanto, só se pode esperar isso deles quando e porque eles próprios são “ensinados por Deus”. Ademais, 1Tm 5.17 deixa explícito que a presidência não era exercida por uma pessoa sozinha, e que nem todos que presidiam ou eram presbíteros também ensinavam.

Os presidentes tinham de ser exemplos no ensinar, não para aliviar outros desta tarefa, mas capacitando-os para isso. Na escola o professor de matemática deve instruir os alunos para que saibam solucionar pessoalmente tarefas de matemática. Não deve resolver a tarefa por eles, e nem todos os alunos devem tornar-se matemáticos ou professores de matemática.

I Tm 3.3. Não dado ao vinho, não espancador, porém amável, não briguento, não avarento.

Em Corinto as ágapes e as santas ceias da igreja haviam degenerado em comilanças. Em seu meio havia pessoas que se intitulavam irmãos, mas cujo Deus na verdade era seu próprio estômago. O estômago era o poder máximo que os determinava. Comer e beber, bem como digressões sexuais, significavam tudo para eles. Quem ainda era escravo de tais vícios mesmo como cristão dificilmente podia conduzir aqueles que haviam se convertido do mundo gentílico para novos hábitos de vida. O simples fato de que era preciso dar essas instruções a presidentes e diáconos permite reconhecer que à época da redação da carta a igreja não passava pela vida inerte, em um “aburguesamento” distante e impassível: “impuros, idólatras, adúlteros, garotos de programa, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes, assaltantes” era o contexto de onde vinha uma parcela da igreja, não apenas em Corinto, e com tais concidadãos seus membros conviviam no cotidiano. Como aprenderiam que uma vida assim era indefensável na igreja, por ser antissocial e inconciliável com o reino de Deus? Verdadeira transformação não podia ser trazida por ordens e condenações genéricas, mas somente por modelos de vida nova vivenciados. Por essa razão o presidente não deve ser beberrão nem galo de briga com discurso autoritário, mas instrutor amável de uma vida verdadeira.

Também nessa palavra não se deve ignorar a conotação escatológica. Como o Senhor está próximo, os cristãos devem expressar sua amabilidade a todas as pessoas, também diante dos que os difamam e perseguem.

Não briguento: trata-se aqui de briga por palavras, ter palavra de comando, ser irredutível no debate., diferente de “não espancador”, que briga chegado às vias de fato, muitas vezes embriagado.

Não avarento: Quando Jesus disse que não se pode servir a Deus e ao dinheiro, os fariseus zombaram dele porque eram gananciosos. Jesus espera do bom administrador que lide fielmente com o dinheiro injusto. De acordo com Tt 1.7 o presidente, que é um administrador (ecônomo) de Deus, não deve ambicionar a torpe ganância.

Lutero traduz: “não ávido de querelas, mas brando, não briguento, não ávido por dinheiro.”

Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.. Editora Evangélica Esperança.

 

Se porventura o homem é quem se divorciou da mulher, contra a vontade dela, é extremamente duvidoso que, na igreja primitiva, fosse permitido a tal homem ocupar posição de liderança na igreja, mesmo que viesse a contrair novas núpcias.

Fica igualmente proibida a digamia, isto é, segundo matrimônio, após o falecimento da primeira esposa. Parece que isso está incluso nessa proibição, que envolve aqueles que devem ou não ocupar ofícios eclesiásticos. I Tim. 5:9,11 quase torna necessário que interpretemos, nestas palavras, que o autor sagrado era contra qualquer forma de segundo matrimônio para um oficial eclesiástico. E é provável que assim pensasse o autor sagrado porque tal oficial deveria defender o ideal simbólico do casamento, um homem e uma mulher, conforme é exemplificado no tipo de Cristo e sua igreja. (Ver Efé. 5:32). Além disso, a julgar pelas expressões do quinto capítulo desta epístola, aludidas acima, parece que o autor sagrado julgava que a viuvez perpétua é mais nobre e mais favorável à inquirição espiritual, bem como ao trabalho eclesiástico, do que o estado de um homem casado pela segunda vez.

Essa interpretação sobre esta expressão, como declaração contrária a um segundo matrimônio, já era forte nos escritos dos pais da igreja que viveram nos séculos II, III e IV d.C. (Ver Tertuliano, ad Uxor, 1.7; Clemente de Alexandria, Strom. iii. 12; Orígenes, Hom. xvii sobre Lucas). Tal ideia foi incorporada em dogmas eclesiásticos posteriores. (Ver Apost. Ch. ordem 1; Apost. Canons, xvii e Constituições Apostólicas ii.2). Os montanistas transformaram em artigo de fé essa regra contra um segundo casamento, após a morte da primeira esposa.

Atenágoras, apologista cristão que viveu em Atenas, no segundo século de nossa era, chamava de «adultério agravado» ao segundo casamento.

Em qualquer decisão, a tradição eclesiástica não pode ser ignorada, pois a história eclesiástica poderá oferecer um roteiro seguro.

Um homem solteiro, de grande piedade, não deveria ser barrado de ocupar qualquer ofício eclesiástico. Paulo não era casado. Cumpre-nos observar, por semelhante modo, que às viúvas é ordenado que não se casem novamente (ver I Tim. 5:14), sendo provável que aos «viúvos» também se aconselhasse tal medida. Não seria razoável, segundo parece, permitir viúvos recasados ocuparem ofícios eclesiásticos. (Efé. 5:32).

 

A Didache (escrito em cerca de 100 D.C.) atribui a responsabilidade maior do ensino aos profetas e mestres (XIII e XV), ficando essa responsabilidade ao encargo dos pastores somente na ausência daqueles. O importante é que haja indivíduos espiritualmente chamados para esse ministério, os quais não devem poupar seu tempo e seus talentos no cumprimento de sua vocação.

Um mestre cristão deve ser guardião e depositário do conhecimento bíblico, aprimorando-se cada vez mais em sua compreensão sobre as realidades espirituais, aprofundando sempre mais o seu conhecimento nas Escrituras. A igreja evangélica de hoje em dia necessita de «mestres», havendo um número extremamente reduzido deles. O trecho de I Tim 5.17 mostra-nos que nem todos os pastores governantes tinham a função de ensinar, e que aqueles que governavam e ensinavam deveriam ser alvo de especial consideração, dignos de duplo salário. O ministério carismático, composto de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (ver Efé. 4:11), não tinha por intuito cessar e ser substituído pelo ministério de ensino. Antes, o ministério de «mestre» é recebido por unção divina, não resultando apenas do cultivo intelectual. Todavia, o mestre usa «revelações» como base de seu ensino, podendo essas revelações ser aquelas contidas nos documentos bíblicos ou através de discernimento intuitivo ou transmissão mística de conhecimentos, embora sempre de acordo com a revelação bíblica, que é básica, fundamental. Já o profeta fala por inspiração espiritual direta, dada no momento da elocução da profecia. Mas é o Espírito Santo quem impulsiona a ambos. Não ensinar equivale a perecer; e é por isso que, em muitos lugares de hoje em dia, a igreja cristã sucumbe, por falta de alimento espiritual. O ensino é parte integral da Grande Comissão (ver Mat. 28:19,20), devendo ser tratado com muito mais dedicação e urgência do que vem ocorrendo entre nós, equiparando-se em intensidade e importância ao evangelismo.

 

As Constituições Apostólicas (oito volumes de instruções, dos fins do século IV d.C.), um manual de disciplina eclesiástica, que supostamente seriam instruções dos apóstolos a Clemente de Roma, contêm um interessante paralelo: «A um supervisor, ancião ou diácono que bata nos crentes, quando pecam, ou nos incrédulos, quando fazem algum erro, desejando aterrorizá-los desse modo, ordenamos que seja deposto; pois em parte alguma o Senhor nos ensinou a fazer tais coisas. Pelo contrário, quando foi ferido, não revidou; quando foi vilipendiado, não vilipendiou; quando sofreu, não ameaçou» (νώ'.47,28).

 

«...não avarento...» No grego é «aphilarguros», usado somente aqui e em Heb. 13:5. Significa «amante de dinheiro». «Philarguros», sem o privativo, mas com sentido praticamente idêntico, se encontra em Luc. 16:14 e II Tim. 3:2. O termo normal para «avarento» é «pleonektes», em outras passagens do N.T. (Ver Rom). Um bom «supervisor» não se encontra em seu ofício por causa do dinheiro. Pode esperar receber uma recompensa financeira razoável, por trabalhar no evangelho, mas não deve esperar enriquecer nesse mister, não devendo mesmo trabalhar visando esse alvo. A sua dedicação a Cristo deveria ser tão grande que ficasse excluída qualquer possibilidade dessas. Entretanto, em nossos dias, muitos evangelistas, pastores e «grandes pregadores» se têm, literalmente, enriquecido. Muitos deles têm aconselhado a viúvas que lhes deixem suas ricas possessões em herança, além de usarem de outros meios duvidosos para se enriquecerem. Um ancião ou pastor deveria ser generoso com as suas possessões, dando sempre de si mesmo e de seus bens, procurando fazer avançar o seu trabalho. Seu dinheiro deveria ser investido em seu trabalho.

«Livre da cobiça egoísta, que tão frequentemente gera ira e contenda (comparar com I Tim. 6:10 e Heb. 13:5). Sabemos quão frequentemente nosso Senhor advertiu a seus discípulos a que se precavessem da cobiça (ver Luc. 16:14, etc.)». (Oosterzee, in loc.).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 307-310.

 

Homem de Maturidade (3.6,7)

O versículo 6 oferece perspicácia muito interessante sobre a situação em Éfeso: Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo

(6). Esta é advertência contra a promoção muito rápida à liderança de “recém-convertidos” ou pessoas “recentemente batizadas”. Embora a igreja Efésia já tivesse muitos anos de existência e, provavelmente, não devesse ter carência de líderes maduros, havia indícios de que candidatos imaturos ao ministério estavam sendo postos em serviço. Paulo acreditava em maturidade e preparação de candidatos para este cargo santo, e por uma boa e suficiente razão. Existia o perigo de que, para alguém inadequada mente preparado, a tentação ao orgulho espiritual se tornasse grande demais para ser resistida. Isso é tragédia na certa, tragédia descrita pelo apóstolo nos seguintes termos: Cair na condenação do diabo. C. K. Barrett destaca que “o julgamento não é tramado pelo diabo, mas feito por Deus em rígido acordo com a verdade”. A tradução de Phillips expressa o que o apóstolo quis dizer: “Para que não se torne orgulhoso e participe da queda do diabo” (CH).

 

Resta ainda uma especificação final para aquele que deseja servir na posição de bispo ou líder: Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço (“armadilha”, NTLH) do diabo (7). O ministro cristão tem de inspirar o respeito e a confiança da comunidade fora da igreja, caso deseje ganhar as pessoas dessa comunidade para a igreja. E fácil dizer: “Não me importo com o que as pessoas pensem de mim”; e contanto que essa atitude seja devidamente planejada e corretamente compreendida, justifica-se. Mas ninguém deve ser indiferente à sua reputação na comunidade em que vive. Ele deve desejar veementemente que as pessoas o considerem inteiramente acima de repreensão. Ver a questão de outro modo, diz Paulo, é expor-se à mesma armadilha que aguarda o indivíduo cujo espírito está arruinado pelo orgulho espiritual.

J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 471-472.

 

Não Neófito - Alguns eruditos supõem que o sentido destas palavras é que se o candidato ao pastorado tinha defeitos e vícios, em sua vida anterior, quando a igreja fez dele um pastor tão repentinamente, sem provas suficientes de sua conversão e experiência cristã, então que tal homem tornar-se-á objeto imediato de críticas, por parte dos «de fora», que o conhecem e que agora começam a denegri-lo. Essa interpretação é possível, mas parece melhor pensarmos aqui em um «fracasso futuro», como possibilidade seriamente antecipada, se porventura alguém for levantado como líder na igreja precipitadamente, quando ainda é noviço na fé, pois o orgulho daí decorrente gradualmente irá destruindo a ele mesmo e ao seu ministério.

 

«Os desviados, de maneira geral, caem perante aqueles pecados que estavam acostumados a praticar, antes de sua conversão. Hábitos inveterados são reavivados naquele que não continua a negar-se a si próprio e a vigiar em oração». (Adam Clarke, in loc.). Quanto ao ensinamento geral que devemos evitar que novos convertidos venham a ocupar posições de autoridade, comparar a seguinte declaração encontrada no Talmude, Maimonides Kilchot Tephilla, cap. 8 e secção 11: «Eles não nomeiam como mensageiro ou ministro de uma congregação, senão aquele que é o maior na congregação, em sua sabedoria e em suas obras; e, se for homem idoso, melhor ainda; e cuidam para que o mensageiro ou ministro da congregação seja homem cuja voz é agradável, que esteja acostumado a ler. Mas aquele cuja barba ainda não se desenvolveu de todo, embora seja homem de dotes consideráveis, não pode ser ministro da congregação, por causa da honra da própria congregação».

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 311.

 

3. Exemplo para a família.

Que governe bem a sua casa. Esta é uma qualificação de grande importância, pois as pessoas ouvem as mensagens dos pastores, mas olham para ele e como se relaciona com a família, notadamente com os filhos. Ele é o cabeça (líder) da esposa e do lar (Ef 5.22). Ao lado da esposa, que também governa a casa (1 Tm 5.14), deve criar seus filhos “com sujeição” (1 Tm 3.4). Porque, diz Paulo: “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? (1 Tm 3.5).

 

De bom testemunho perante os descrentes (“bom testemunho

dos que estão de fora”). O pastor deve ser um proclamador do evangelho transformador de Cristo. Seu testemunho deve ser uma pregação viva de que JESUS converte e transforma o pecador. Esse testemunho deve ser demonstrado, primeiramente, em sua vida pessoal; depois, em sua casa, na igreja e, por fim, perante todas as pessoas que o conhecerem.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 113.

 

«...governe bem...» No grego é «proistemi», que significa «ser o cabeça», «conduzir», «gerir», sendo palavra usada para indicar qualquer forma de governo, ainda que, secundariamente, tenha o significado de «ter interesse por», «cuidar de», «ajudar a». Um «supervisor» ou pastor é o governante da igreja local; mas, antes de tudo, deve ser o chefe de sua casa. Seu lar é a sua primeira responsabilidade, e somente se ele se mostra apto ali é que deve ser considerado capaz de governar a casa de Deus.

«...criando os filhos sob disciplina...» Literalmente, «...mantendo em sujeição...», uma frase única em todo o N.T. A tradução inglesa RSV diz aqui (agora vertido para o português): «...mantendo submissos os seus filhos...» Mas um pastor deve obter esse resultado com razão, com paciência e com gentileza, embora também com demonstração de autoridade e força, que seus filhos aprendam a respeitar. Ora, isso nem sempre é fácil de conseguir, porquanto as crianças também são indivíduos, podendo ser dotados de fortíssima vontade própria. Todavia, um pai obterá bons resultados se suas ordens forem justas e úteis; e assim seus filhos aprenderão que o pai de família age assim para benefício deles, e não meramente a fim de demonstrar a sua autoridade. «A obediência e o respeito pela autoridade são coisas importantes.

Algumas vezes, entretanto, a criança submissa é a criança reprimida, cuja quietude evidencia não um forte caráter, e, sim, um estado mental doentio, que pressagia males futuros. As energias dinâmicas das crianças, ao invés de serem abafadas, precisam ser dirigidas para fins dignos.

A difícil arte da educação cristã consiste de rodearmos os jovens com influências que os capacitem a combinar os seguintes pontos:

a. A obediência a Deus com a gloriosa liberdade dos filhos de Deus;

b. a conformidade à mente de Cristo com a liberdade de exprimir os dons distintivos que Deus conferiu a cada um de seus filhos;

c. o conhecimento dos fatos cristãos e da história da igreja com a receptividade a maior luz, que Deus faça irromper de sua santa Palavra, para cada nova geração;

d. a reverência à revelação divina no passo com a coragem que Deus fala a cada pessoa que tem ouvidos para ouvir e lhe queira ser obediente;

e. a gratidão pelo que Deus tem feito no passado com a fé que Deus tem em reserva maiores coisas ainda para o seu povo, que serão realizadas no futuro;

f. o respeito pelas experiências dadas às gerações anteriores com o propósito de buscar, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça.

A educação cristã deve transmitir o conhecimento obtido pela experiência, ao mesmo tempo que deve liberar os poderes criativos daqueles que são chamados a avançar para um novo conhecimento e para maiores realizações». (Noyes, in loc.). Este versículo não ensina que um homem «sem filhos» não pode ser um «supervisor» cristão , conforme alguns eruditos têm sugerido. Essa interpretação perverte o que aqui é dito, sendo algo inteiramente fora de consideração.

«...com todo respeito ...» No grego é «semnotetos», que quer dizer «reverência», «respeito», «dignidade», «seriedade». Alguns estudiosos pensam que essas palavras aludem aos filhos, os quais, estando debaixo da autoridade de seus progenitores, deveriam mostrar «reverência e respeito»; o mais provável, entretanto, é que o pai da família continue aqui em foco. O pastor que também é pai deve governar seus filhos com «dignidade» e «seriedade». Precisa reconhecer a seriedade de sua missão. Aos seus filhos, todo o pai deve três coisas: exemplo, exemplo, exemplo. Se um pai der a seus filhos o exemplo certo, será fácil para aqueles se tornarem homens de Deus. O pai é quem deve mostrar aos filhos o caminho. Notemos que o termo grego «...todo...» é empregado aqui. As ações de um pai pastor, para com os seus filhos, devem ser caracterizadas por uma seriedade «completa» e «perfeita». Não deve ser uma atitude lassa e desinteressada. Pois, se mostrar tal atitude, poderá afastar de si os seus próprios filhos, tornando-os presa fácil de más influências. Em «tudo» um pastor deve manter dignidade espiritual diante de seus filhos.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 310.

 

Assim como o relacionamento conjugal reflete a relação entre Cristo e a igreja, assim a associação familiar em uma grande casa é réplica e a célula originária da família de Deus, do qual toda a paternidade no céu e na terra recebe o nome. Pela fé em Cristo os gentios tornaram-se “membros da família de Deus”.

Como um pai governa os filhos e a todos na própria casa, assim o presidente deve conduzir a igreja de Deus, executando seu ministério com entusiasmo, i. é, bem. Ao contrário do mundo grego, os cristãos não mandavam educar os filhos por meio de escravos pedagogos, mas assumiam pessoalmente essa tarefa. Na obediência autêntica (que é o contrário de coação, porque obediência autêntica é voluntária) e na decorrente autonomia disciplinada dos filhos adolescentes seria possível reconhecer a dignidade do pai amável. Isso também pode ser dito de outro modo: somente quem possui autoridade real pode favorecer dignamente a obediência. Quem está amarrado e inseguro, lançará mão de meios violentos, conduzindo assim os filhos à rebeldia, não à subordinação espontânea. “Com toda a dignidade” salienta a autoridade interior, que se situa acima da contraposição de educação autoritária – antiautoritária.

Cuidar da igreja de Deus. O presidente da igreja domiciliar não deve governar sobre ela de forma arbitrária ou ditatorial, mas pensar em seu bem-estar físico, comunitário e espiritual. A igreja não pertence a ele, mas a Deus. “Nisso sê diligente”, enfatiza Paulo mais tarde.

Família e igreja poderão crescer de forma saudável quando se encontram na mais estreita interação. Igrejas perdem seu caráter familiar quando famílias cristãs já não formam as verdadeiras células da igreja. Quando as famílias, mesmo as famílias nucleares de nosso tempo, não forem mais centros espirituais e locais de treinamento do amor experimentado de Deus, as igrejas se tornarão desertas, apesar de todo o ativismo. Por isso cuidar das igrejas significa providenciar em primeiro e principal lugar famílias saudáveis na fé. O cuidado pastoral matrimonial certamente ainda é a área mais negligenciada do aconselhamento. Quando o foco cair sobre a igreja como família de Deus, seu caráter de exemplo no matrimônio e na família se reveste de fundamental importância. Novamente não se deve entender isso como uma fachada de devoção hipócrita. Exemplo não é encenar o que não existe. Nem mesmo a pergunta temerosa sobre o que os outros dirão deve determinar ou tolher a vida familiar dos servidores da igreja.

Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.. Editora Evangélica Esperança.

 

I Tm 3.4. Um teste adicional, e crucial, é acrescentado: o superintendente deve ser um homem que governe bem a sua casa, criando os filhos sob disciplina, com todo respeito. É tomado por certo que normalmente será um homem casado, e como tal deve vigiar para que a vida do seu lar seja ideal. A ideia é ecoada na liturgia de ordenação no Livro Comum de Orações (anglicano), onde se pergunta aos candidatos para o ministério: “Sereis diligentes para formular e formar a vós mesmos, e às vossas famílias, de acordo com a doutrina de Cristo, e fazer de vós mesmos e delas, até ao máximo das vossas possibilidades, exemplos e padrões sadios para o rebanho de Cristo?” Alguns têm entendido as últimas três palavras do versículo como aplicando-se aos filhos (cf. Moffatt: .. conserve seus filhos submissos e perfeitamente respeitosos”), mas o substantivo respeito, ou “dignidade” (Gr. semnotès) parece mais apropriado à atitude do pai. A lição é que deve manter disciplina rigorosa, mas sem lutas nem apelos à violência.

John N. D. Kelly. I Timóteo. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 79-80.

 

III - O MINISTÉRIO PASTORAL

1. A missão do pastor.

O SIGNIFICADO DE PASTOR

A palavra pastor vem do latim, pastor, com o significado de “aquele que guarda as ovelhas”, “o que cuida das ovelhas”. Na língua original do Novo Testamento, pastor (gr. poimen), de acordo com Vine, é “... aquele que cuida de rebanhos (não meramente aquele que os alimenta), é usado metaforicamente acerca dos ‘pastores’ cristãos (Ef 4.11)”.

Em termos ministeriais, o pastor é aquele que tem esse dom ministerial, e é encarregado de cuidar da vida espiritual dos que aceitam a Cristo e ficam sob seus cuidados, numa igreja ou congregação local. Pastor é um termo de cuidado, de zelo, de ternura, para com as ovelhas de Jesus.

 

A MISSÃO DO PASTOR

A principal missão do pastor é cuidar das ovelhas de Cristo, que lhe são confiadas. A ele cabe apascentar (gr. poimanô) as ovelhas, dando-lhes o alimento espiritual, através do ensino fundamentado (doutrina) da Palavra de Deus. No Salmo 23, Davi mostra o cuidado do pastor. Ele leva as ovelhas a deitar-se “em verdes pastos”. O pastor fiel leva as ovelhas de Jesus a alimentar-se do “pasto verde”, que nutre a alma e o espírito, fortalecendo-as, para que cresçam na graça e conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18).

Sua missão é múltipla ou polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador, conselheiro, pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer as vezes de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local, além de outras tarefas como pai, esposo, e dono de casa, como pastor de sua família.

A atividade pastoral genuína é tão importante, que o profeta Isaías, falando ao povo de Israel, acerca do livramento que lhe seria dado, usa a figura do pastor, aplicando-a ao próprio Deus (Is 40.11). O verdadeiro pastor cuida bem das ovelhas: recolhe os cordeirinhos (os mais fracos, mais novos) entre os braços; leva-os no regaço; aos novos convertidos, os “amamenta”, como a “bebês espirituais” e os guia mansamente.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 113-114.

 

PASTOR

Várias versões traduzem a palavra hebraica ro'eh ("protetor") como "pastor", por exemplo em Jeremias 2.8; 3.15; 10.21; 12.10; 17.16; 22.22; 23.1,2. Essa palavra hebraica também foi traduzida em outras passagens de Jeremias como pastor (23.4; 25.34,35,36; 31.10; 33.12; 43.12; 49.19; 50.6, 44; 51.23), e em outras passagens do AT de Genesis até Zacarias. Na versão KJV em inglês, as palavras traduzidas como "pastores" foram geralmente traduzidas como "regentes" nas versões modernas. As versões ASV e RSV em inglês não utilizam o termo "pastor" em todo o AT. O termo na versão KJV designa os líderes do governo e os governadores do povo de Deus.

A palavra grega poimen foi uniformemente traduzida como "pastor" em Efésios 4.11 para designar o ministro na Igreja. Em outras passagens do NT, essa palavra também foi traduzida como "pastor de ovelhas" (q.v.; Mt 9.36; 25.32; 26.31; Mc 6.34; 24.27; Lc 2.8,15, 18,20; Jo 10.2,11,12,14,16; Hb 13.20; 1 Pe 2.25).

 

PASTOR, CRISTÃO

O termo original significa literalmente "pastor". Esta palavra foi, várias vezes, usada pelo Senhor Jesus Cristo no NT (Hb 13.20; 1 Pe 2.25) e, apenas uma vez, como pastor dos cristãos (Ef 4.11). Nessa passagem, ela aparece como um dom espiritual a ser praticado, e não como uma função a ser ocupada. Na verdade, qualquer cristão que orienta, protege e geralmente trabalha como protetor em relação aos outros crentes está desempenhando o dom espiritual de um pastor. Entretanto, essa palavra veio a designar alguém que formalmente alimenta o rebanho, administra as ordenanças, lidera a adoração e guarda a verdade (Hb 13.17; 1 Pe 5.2). As Epístolas Pastorais fornecem as diretrizes dos deveres daqueles que ocupam, oficialmente, as posições de liderança como pastores entre o rebanho de Deus (2 Tm 4.1,-5). Ao dirigir-se aos anciãos da Igreja em Éfeso (At 20.17), Paulo os chamou de supervisores ou bispos (v. 28) e ordenou que apascentassem (ou "alimentassem") o rebanho (v. 28).

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1469.

 

A mensagem principal de João 10:2 é ensinar que o verdadeiro pastor, que é Cristo Jesus, tem a autoridade própria e a comissão divina para ministrar às ovelhas, que são os verdadeiros filhos de Deus de cujo direito não participam os falsos pastores.

 

a. O Dom Pastoral

O oficio do pastor é um dom de Deus à Igreja. Sem dúvida terá o dom de governos, sendo esse um dom especifico dos pastores. Mas também deve ter o dom da fé, e talvez outros dons, como o de profecia, etc. Além disso, deve ser capaz de ensinar (ver I Tim. 3:2b). Um pastor deve ser possuidor de apreciável dose de compaixão e simpatia, sendo capaz de misturar-se bem com as pessoas, gostando da companhia dos seus semelhantes. Um monge, em seu mosteiro, que gosta da solidão, meditando, rezando e lendo seus livros sagrados, sem importar quantas outras virtudes possa ter, jamais seria um bom pastor.

Um mestre, mergulhado até o pescoço nos seus livros que manuseia ideias e gosta de estudar e aprender: pode ser um professor espetacular de Escola Dominical, mas provavelmente não está bem adaptado às tarefas próprias de um pastor.

 

b. Definição

Um pastor, sendo ocupante de um oficio eclesiástico respeitável, ainda assim, de acordo com certos grupos cristãos, ocupa posição inferior à de um bispo em muitas denominações evangélicas. Uma igreja pode ter mais de um pastor, dependendo das muitas necessidades da mesma. Assim um deles ocupar-se-á do trabalho pastoral interno, um outro cuidará dos jovens, e ainda um outro ficará encarregado do evangelismo, por exemplo. Isso ocorre devido à complexidade do oficio pastoral, sem falarmos no fato de que, às vezes, o rebanho toma-se por demais numeroso para que um único homem faça a contento o seu trabalho.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 105.

Is 40. 11.

 

O quadro final de Deus é de um Pastor Divino.

Como pastor, apascentará o seu rebanho (11) é conhecido por todos os cristãos através do famoso Messias de Handel.

Isaías viu Deus nos dois aspectos da sua infinita soberania exercendo seu poder para subjugar seus inimigos e mostrando sua bondade compassiva para todos os membros do seu rebanho. O versículo 10 mostra-o forte; o versículo 11 mostra-o meigo e gentil. Brandura é simplesmente a força que se tornou meiga. Os cordeirinhos recém-nascidos e as ovelhas que estão amamentando precisam de um cuidado especial. Uma ovelha-mãe com um úbere pesado, cheio de leite, não deveria ser sobrecarregada, e alguns cordeirinhos recém-nascidos ainda estão fracos demais para longas caminhadas. Neste caso, eles devem ser carregados pelo pastor. Essa profecia nos lembra de uma outra que descreve a compaixão de Cristo: “A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega” (42.3; cf. Mt 12.20). Assim, esse prólogo conclui a segunda parte das profecias como começou, com uma nota de conforto. Isaías vê que Deus não abandonou esse mundo ao caos; Ele governa e continua pastoreando a todos.

Ross E. Price. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 126.

 

Is 40.11. Com a piedade e a ternura de um pastor (v. 11). Deus é o “Pastor de Israel” (SI 80.1); Cristo é o “bom Pastor” (Jo 10.11). O mesmo que governa com a mão forte de um príncipe guiará e apascentará com a gentil mão de um pastor.

(1) Ele cuida de todo o seu rebanho, o pequeno rebanho: “Como pastor, apascentará o seu rebanho”. A sua palavra é alimento para o seu rebanho. Suas ordenanças são pastos onde eles devem se alimentar; os seus ministros são seus pastores auxiliares, nomeados para cuidar do rebanho.

(2) Ele tem um cuidado particular com aqueles que mais necessitam dos seus cuidados, as ovelhas que são fracas, e não podem cuidar de si mesmas, e estão desacostumadas às dificuldades, e aquelas que estão prenhas, e por isso estão pesadas, e, se algum mal for feito a elas, correm risco de dar cria prematuramente. Ele cuida particularmente para que a descendência não se perca. O bom Pastor tem um cuidado terno com as crianças que são entusiasmadas e esperançosas, com os jovens convertidos, que estão iniciando o caminho para o céu, com os crentes fracos, e com aqueles que têm um espírito pesaroso. Essas são as ovelhas do seu rebanho que terão certeza de que não lhes faltará nada que a sua situação exija. [1] “... entre os braços” do seu poder, “... recolherá os cordeirinhos”; o seu poder se aperfeiçoa na fraqueza deles (2 Co 12.9). Ele os recolherá, quando vagarem, os recolherá quando caírem, os recolherá quando estiverem dispersos, e os recolherá junto a si, por fim. E tudo isso com seus braços, dos quais ninguém será capaz de arrebatá-los (Jo 10.28). [2] Ele “... os levará no seu regaço”, no regaço do seu amor, e ali os guardará. Quando estiverem cansados, ou fracos, quando estiverem doentes e enfraquecidos, quando se encontrarem em caminhos errados, Ele os levará, Ele os carregará, e Ele tomará as devidas precauções para que não sejam deixados para trás. [3] Ele “... as guiará mansamente”. Com a sua palavra, Ele não exige mais serviços, e pela sua providência Ele não inflige mais problemas do que aqueles para os quais Ele os capacitará; pois Ele considera a estrutura deles.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 177.

 

2. Uma missão polivalente.

O PASTOR — UM CONTRADITADO

Muitos obreiros, principalmente os mais jovens, aspiram ao pastorado. Não é errado ter essa aspiração. Paulo escreveu ao jovem obreiro Timóteo: “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” (1 Tm 3.1). Mas os candidatos ao episcopado (pastorado) devem ter consciência de que um pastor é alvo de grandes contradições e oposições, a despeito de sua honrosa missão. A lista de contradições sobre o que as pessoas pensam do pastor, é ampla e variada. Alguém já escreveu diversas listas sobre isso. A seguir, resumimos uma delas:

Se o pastor é ativo, é ambicioso; se é calmo, é preguiçoso; se o pastor é exigente, é intolerante; se não exige, é displicente; se fica com os jovens, é imaturo; se fica com os adultos, é antiquado; se procura atualizar-se, é mundano; se não se atualiza, é de mente fechada, retrógrado, ultrapassado; se prega muito, é prolixo, cansativo; se prega pouco, é que não tem mensagem; se veste-se bem, é vaidoso; se veste-se mal, é relaxado; se o pastor sorri, é irreverente; se não sorri, é cara dura. O que o pastor fizer, alguém pensa que faria melhor. Pode parecer algo hilário ou grotesco, mas reflete um pouco a visão que muitas pessoas têm do pastor de uma igreja local . Aliás, alguém já escreveu, dizendo que “pastor é uma espécie em extinção”.

Mas tais contradições não devem ser motivo para desânimo ou desinteresse pelo ministério pastoral. O Sumo Pastor, Jesus Cristo, foi alvo de piores referências a seu respeito, mesmo demonstrando que era um ser especial, humano e divino, que só fazia o bem. Seus opositores o acusaram de ser “comilão e bebedor” (Mt 11.19); de ter demônio (Jo 8. 52); de ser endemoninhado e expulsar demônio pelo príncipe dos demônios (Mc 3-22); e de tramar contra o governo da época, justificando sua condenação (Lc 23.2; Jo 19.12). Mas Jesus não desistiu. Foi até ao fim, entregando sua vida em lugar dos pecadores. E cumpriu a sua missão (Jo 19.30).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 114-115.

 

Disse o Senhor aos discípulos: “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos” (Mt 10.16). Na realidade os pastores de ovelhas são previnidos que serão cercados por animais perigosos. As ovelhas são atacadas por lobos. Essa é uma advertência acerca das dificuldades que se deve esperar em um mundo tão hostil. O próprio Senhor Jesus foi enviado “para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vida aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18,19). E ainda: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21).

Quão maravilhosa é esta tarefa. Que alta e santa chamada é a do pastor. Ele os estabeleceu como luzes no mundo, e os chamou para serem o sal da terra. O Senhor ensinou ainda: “aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14.12).

Esta promessa está muito além da experiência da maioria dos obreiros do Evangelho. Cristo disse justamente o que tinha a intenção de assegurar. Que Deus conceda fé aos pastores, para assumir a posição de autoridade e poder que Ele deixou como herança nesta áurea promessa.

A grande comissão inicia com uma pequena palavra - “Ide” (Mc 16.15; Mt 28.19). É o oposto de assentai-vos e fixá-los, mas significa a renúncia das coisas que para trás ficam numa ação definida para entrar em contato com os que se acham nas estradas, nas cidades, no interior, na nação e fora dela.

A ordem de Jesus atinge até aos confins da terra, partindo de Jerusalém. Trata-se de um Evangelho de ação, e todo crente espiritual deve esforçar-se. E neste espírito compete também ao pastor testificar das verdades que temos visto e ouvido.

A melhor tradução de “ensinai”, em Mateus 28.19 é “fazei discípulos”. Não basta meramente anunciarmos o Evangelho, desincumbindo-nos desta responsabilidade, e ficando limpos do sangue de todos os homens. Não nos compete ir apenas passando e proclamando-o às pessoas.

Mas, somos instruídos a ter como objetivo específico à conquista de almas preciosas para Cristo. Não teremos cumprido o dever enquanto não orarmos e lutarmos pacientemente, até que os homens vejam o caminho e andem nele.

Quando Barnabé e Paulo chegaram e, entraram na sinagoga dos judeus e “falaram de tal modo” que um grande número de pessoas veio a crer no Evangelho (At 14.1). Isso é falar com poder. Não apenas testificaram do Evangelho, mas o fizeram de tal modo a ganhar novos discípulos. E assim sucedeu por onde passaram, embora enfrentando dificuldade.

IBADEP - Instituto Bíblico da Assembleia de Deus. Ética Cristã / Teologia do Obreiro. pag.119-120.

 

3. O cuidado contra os falsos pastores.

Lamentavelmente, existem falsos pastores. Deus mandou o profeta Ezequiel repreender os pastores infiéis de Israel. Em suas qualificações negativas, podemos entender o que faz um falso pastor, nos dias atuais.

1) Eles não cuidam do rebanho. Mas aproveitam-se do pastorado para “apascentarem a si mesmos” (Ez 34.2 c). São oportunistas. Aproveitam-se das ovelhas para angariarem glórias para si.

2) Eles enriquecem às custas das ovelhas. Diz o texto: “Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas” (Êx 34.3). Há casos de pastores que se tornam milionários, com fazendas, aviões, e muito dinheiro, aproveitando-se das necessidades e carências dos crentes.

3) Eles não têm amor às ovelhas. Pouco lhes importa a situação espiritual dos crentes. Só pensam em se aproveitar do pastorado (Ex 34.4). Nas igrejas dos falsos pastores, não há ensino, doutrina e cuidado com os novos convertidos; nem com os desviados e os crentes fracos.

4) Eles dispersam as ovelhas. Por não terem cuidado das fracas, das doentes, das quebradas e das desgarradas, elas se dispersam e são vítimas das “feras do campo”, que são inimigos do rebanho. “Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque” (Ez 34.5,6).

5) Deus é contra tais pastores. Em Ezequiel 34.8-10, diante de tão grande calamidade espiritual, perpetrada por falsos pastores, O Senhor mandou dizer pelo profeta que Ele próprio cuidaria de suas ovelhas (Ez 43.11, 12). Que Deus nos guarde desses pastores, reprovados pelo Sumo Pastor.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 115-116.

 

“Profetiza contra os pastores de Israel” (Ez 34.1-10). No Antigo Testamento, o termo “pastor” é frequentemente usado para designar os reis de Israel e os seus líderes espirituais. Agora Ezequiel olhou para trás e identificou as falhas de liderança que contribuíram para o recente desastre de Judá. O verdadeiro propósito que Ezequiel tinha em mente, porém, era mostrar um contexto no qual um esperado Pastor, que ele estava prestes a descrever, iria se destacar.

Que falhas nos líderes de Israel e de Judá levaram a nação ao desastre? Os príncipes dos reinos hebreus tinham pensado apenas em si mesmos em vez de pensar no rebanho (v. 2). Eles gananciosamente exploravam o rebanho para ganho pessoal (v. 3). Eles se recusaram a intervir em favor dos fracos e doentes (v. 4). E eles permitiram que o rebanho de Deus fosse espalhado por todas as nações (w. 5,6). Devido a estes pecados, Deus disse: “Demandarei as minhas ovelhas da sua mão; e eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a si mesmos” (v. 10).

O Novo Testamento adverte contra colocar-se no papel de liderança presunçosamente; Tiago 3.1 diz: “Muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo”. Qualquer um que veja a liderança como uma posição “superior” à dos outros, em vez de vê-la como uma posição que tem como finalidade servi-los, ainda não está pronto para ser um líder espiritual.

Lawrence O. Richards. Comentário Devocional da Bíblia. Editora CPAD. pag.446.

 

Restauração sob um bom pastor (34.1-31). Enquanto o profeta é chamado de atalaia, os governantes de Israel são aqui chamados de pastores (2). Estão incluídos os reis, os príncipes e os magistrados. Clarke inclui também os sacerdotes e levitas.5 Esses têm sido pastores infiéis para com o povo de Deus. Eles não têm sustentado o rebanho do Senhor (2), Israel. Em vez disso, eles estão mais preocupados em alimentar-se a si mesmos e a estar bem vestidos (3). Eles não tiveram misericórdia para com a ovelha doente nem com a que estava ferida. Eles não buscaram a perdida (4), como Cristo, o Bom Pastor, fez anos mais tarde (Jo 10.11,14).

J. Kenneth Grider. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 476;

 

Os Pastores São Reprovados. Ez 34.1-6

A profecia deste capítulo não é datada, como acontece com todas aquelas que a seguem, até o cap. 40. E muito provável que ela tenha sido entregue depois do término da destruição de Jerusalém, quando seria muito oportuno averiguar as suas causas.

I- O profeta recebe a ordem para profetizar contra os pastores de Israel - os príncipes e os magistrados, os sacerdotes e os levitas, o grande Sinédrio ou conselho de estado, ou a qualquer homem que tivesse a direção dos assuntos públicos em uma esfera mais alta ou mais baixa, especialmente os reis, pois havia dois deles agora cativos na Babilônia, que assim como o povo, deveriam enxergar as suas próprias transgressões para que pudessem se arrepender, como Manassés em seu cativeiro. Deus tem algo a dizer aos pastores, pois eles são sub-pastores, que devem obediência àquele que é o grande Pastor de Israel, Salmos 80.1. Observe o que o Senhor diz: Ai dos pastores de Israel! Embora eles sejam pastores, e pastores de Israel, ele não deve poupá-los nem lisonjeá-los. Note que se a posição e o poder dos homens não os afastarem do pecado, como deveriam, eles não servirão para isentá-los da reprovação, nem para desculpar a sua falta de arrependimento, nem para guardá-los dos juízos de Deus se não se arrependerem. Tivemos um “ai” proferido contra os pastores, Jeremias 23.1. Deus acertará as contas com eles de um modo especial, se não forem fiéis à confiança que neles foi depositada.

II- Ele é aqui instruído sobre a acusação que deverá fazer contra os pastores, em nome de Deus, como o fundamento da disputa de Deus com eles. Pois esta não é uma discussão sem motivos. Eles são acusados de duas coisas:

1. De que todo o cuidado deles visava o favorecimento pessoal, para enriquecerem a si mesmos e se tornarem grandes. A função deles era cuidar daqueles que foram entregues aos seus cuidados: Não apascentarão os pastores as ovelhas? Sem dúvida deveriam apascentá-las. Eles estarão traindo a confiança do Senhor se não fizerem assim. Não que eles devam colocar a comida na boca das ovelhas, mas devem prover a comida para elas, e levá-las até ela. Mas estes pastores não prestaram, a esta atividade, o mínimo de sua atenção. Eles alimentavam a si mesmos, planejavam tudo para gratificar e saciar os seus próprios apetites, e para se tornarem ricos e grandes, gordos e tranquilos. Eles garantiam os lucros das suas funções. Eles comiam a gordura, porque aquele que apascenta um rebanho se alimenta do seu leite (1 Co 9.7), e garantiam para si o melhor do leite e (comiam de sua carne também, quando as matava para essa finalidade, o que não era normal). Eles garantiam a lã, e se vestiam com ela, colocando as suas mãos na maior quantidade possível de bens daqueles que estavam sujeitos a eles. Eles matavam aquelas ovelhas que estavam bem alimentadas, para que pudessem se alimentar com aquilo que tivessem, assim como no caso de Nabote, que foi morto por causa da sua vinha. Observe que há um “ai” para aqueles que estão em posições públicas de confiança, mas que só levam em consideração os seus interesses particulares. Sim, para aqueles que estão mais curiosos a respeito do benefício do que a respeito do oficio. Estes estão mais preocupados com o dinheiro que deve ser conseguido, do que com o bem que deve ser feito. Esta é uma queixa antiga: Todos buscam o que é seu, e muitos buscam mais do que aquilo que é seu.

2. De que não cuidavam do benefício e do bem-estar daqueles que foram entregues aos seus cuidados: Não apascentais o rebanho. Eles nem sabiam como fazê-lo, de tão ignorantes que eram, nem se esforçavam para fazê-lo, de tão preguiçosos que eram. Não, eles nunca desejaram nem planejaram fazer isso, por serem tão traiçoeiros e infiéis.

(1) Eles não cumpriram a sua obrigação para com as ovelhas do rebanho que estavam doentes. Não as fortaleceu, nem as curou, nem as ligou, v. 4. Quando qualquer uma do rebanho estivesse doente ou com dores, aflita ou ferida, eles não se importavam se ela fosse viver ou morrer. Eles nunca cuidavam delas. Os príncipes e juízes não se importavam em fazer justiça àqueles que foram injustiçados, ou com a defesa da inocência ofendida. Eles não se importavam com os pobres para vê-los abastecidos com o necessário. Por eles, os pobres poderiam morrer de fome. Os sacerdotes não se importavam em instruir os ignorantes, em corrigir os erros dos que erravam, em advertir os desobedientes, ou confortar os indecisos e fracos. Os ministros de estado não se importavam em impedir os males crescentes do reino, que ameaçavam os seus pontos vitais. As coisas estavam erradas e fora de rumo em todos os lugares, e nada era feito para corrigi-las.

(2) Eles não faziam a sua obrigação para com as ovelhas do rebanho que estavam dispersas, que foram levadas pelos inimigos que invadiram o país, e que foram obrigadas a buscar abrigo onde pudessem achar um lugar, ou que andavam desgarradas pelos montes e outeiros (v. 6), onde estavam expostas às feras do campo e se tornaram como pasto para elas, v. 5. Todos estão prontos a agarrar um animal sem dono. Alguns foram para outra terra e mendigaram, outros foram para outra terra e negociaram, e desse modo o país se tornou escasso de moradores, e foi enfraquecido e empobrecido, e carecia de mãos tanto nos campos de grãos como nos campos de batalha. Tanto na colheita como na guerra: As minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, v. 6. E ninguém jamais perguntou por elas, e jamais foram encorajadas a voltar para o seu próprio país: não há quem as procure, nem quem as busque. Com força e crueldade eles as regiam, o que fez com que mais fossem embora, e desanimavam aquelas que pensavam em retornar. A situação é muito ruim quando alguém tem motivos para esperar ser mais bem tratado entre os estranhos do que em seu próprio país. Isto pode significar aqueles do rebanho que se desviaram de Deus e da sua obrigação. E os sacerdotes, que deveriam ter ensinado o bom conhecimento do Senhor, não utilizaram meios para convencê-los e reclamá-los, de forma que eles se tornaram uma presa fácil para os corruptores. Assim, se espalharam por não haver pastor, v. 5. Havia aqueles que se denominavam pastores, mas que na verdade não o eram. Note que aqueles que não fazem o trabalho de pastores são indignos deste nome. E se aqueles que se propõem a ser pastores forem pastores insensatos (Zc 11.15), se eles forem soberbos e se sentirem envaidecidos por sua função, se forem ociosos e não amarem o seu trabalho, ou se forem infiéis e indiferentes a ele, a situação do rebanho será tão ruim quanto se não houvesse pastor. E melhor não ter nenhum pastor do que ter pastores assim. Cristo se queixa de que o seu rebanho era como ovelhas que não tinham pastor, quando, no entanto, os escribas e fariseus se sentavam na cadeira de Moisés, Mateus 9.36. E muito ruim para o paciente quando o seu médico é a sua pior doença; é muito ruim para as ovelhas do rebanho quando os pastores as mandam embora e as dispersam, governando-as com violência.

 

Os Pastores Reprovados Ez 34. 7-16

Ao lermos os artigos de impedimento anteriormente redigidos, em nome de Deus, contra os pastores de Israel, só podemos olhar para os pastores com uma justa indignação, e para o rebanho com uma terna compaixão. Deus, através do profeta, expressa aqui estes dois sentimentos de uma forma enfática. E os pastores são chamados (w. 7,9) para ouvir a palavra do Senhor, para ouvir esta palavra. Ouçam eles como o Senhor os considera pouco, eles que se consideravam muito, e como o Senhor considera muito o rebanho, o qual eles desprezavam tanto. As duas palavras serão humilhantes para eles. Aqueles que não querem ouvir a palavra do Senhor lhes dando instruções tão importantes, serão obrigados a ouvir a palavra do Senhor proferindo a sua condenação. Agora veja aqui:

I- Quão desgostoso Deus está com os pastores. Os seus crimes são repetidos, v. 8. O rebanho de Deus se tornou uma presa para os enganadores que primeiro, o atraíram para a idolatria, e então para os destruidores que os levaram para o cativeiro. E estes pastores não tinham o cuidado de evitar um ou o outro, mas agiam como se não houvesse pastores. Portanto, Deus diz isto (v. 10), e confirma isto com um juramento (v. 8): Eu estou contra os pastores. Eles receberam de Deus a responsabilidade de apascentar o rebanho e utilizaram este precioso nome no que faziam, esperando que tivessem o apoio dele. “Não,” diz Deus, “longe disso. Eu sou contra eles.” Note que o fato de termos o nome e a autoridade de pastores não garante a presença de Deus conosco, se não fizermos o trabalho que nos foi ordenado, e não formos fiéis à confiança que foi depositada em nós. Deus é contra eles, e eles saberão disso. Porquê:

1. Eles terão que prestar contas pela maneira como se desincumbiram da confiança que neles foi depositada: “Demandarei as minhas ovelhas da sua mão, e imputarei sobre eles o fato de tantas estarem faltando.” Note que terão muito pelo que responder no dia do juízo aqueles que têm sobre si o cuidado das almas, e que, no entanto, não cuidam delas. Os ministros devem ficar alerta e trabalhar como aqueles que devem prestar contas, Hebreus 13.17. 2. Eles perderão o oficio e beneficio - tanto o trabalho como os salários. Eles cessarão de apascentar o rebanho, isto é, de fingir que o apascentam. Observe que é justo que Deus tire das mãos dos homens o poder de que eles abusaram, e a confiança que traíram. Mas se este fosse todo o castigo deles, poderiam suportá-lo muito bem. Portanto, é acrescentado: “Eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a si mesmos. Livrarei as minhas ovelhas da sua boca, pois não as têm protegido, e não lhes servirão mais de pasto.” Note que aqueles que estão enriquecendo a si mesmos com os despojos do público, não podem esperar que sempre tenham a permissão para fazer isso. Deus também não permitirá que o seu povo seja sempre menosprezado por aqueles que deveriam apoiá-lo, mas preparará um dia em que os livrará dos pastores, que são os seus falsos amigos, bem como dos leões, que são os seus inimigos confessos.

II- Quão preocupado Deus está com o rebanho. Ele fala mostrando que Ele mesmo é Aquele que está mais preocupado com eles, pelo fato de tê-los visto assim negligenciados. Porque é em Deus que o órfão encontra misericórdia. Promessas preciosas são feitas aqui nesta ocasião, e deveriam ter o seu cumprimento no retorno dos judeus do seu cativeiro e o seu restabelecimento na sua própria terra. Ouçam os pastores esta palavra do Senhor, e saibam que eles não têm nenhuma parte nem porção neste assunto. Mas ouçam as pobres ovelhas e sejam consoladas com isso. Note que embora os magistrados e ministros falhem em fazer a sua parte, pelo bem da igreja, Deus não falhará em fazer a sua parte. Ele tomará o rebanho na sua própria mão, antes que a igreja perca a bondade que Ele planejou para ela. Os sub-pastores podem mostrar que são negligentes. Mas o Sumo Pastor não cochila nem dorme. Eles podem ser falsos. Mas Deus permanece fiel.

1. Deus juntará as ovelhas que estavam espalhadas, e as trará de volta para o aprisco junto com aquela que andava errante: “Eis que eu, eu mesmo, o único que pode fazer isto, o farei, e terei toda a glória disso. Procurarei as minhas ovelhas e as buscarei (v. 11) como faz um pastor (v. 12), e as farei voltar como ele faz com a desgarrada, sobre os seus ombros, de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão.” Há dias de nuvens e de escuridão, com ventos e tempestades que espalham as ovelhas de Deus, que as mandam para lá e para cá, para lugares diversos e distantes, em busca de tranquilidade e segurança. Mas:

(1) Onde quer que elas estejam, os olhos de Deus as acharão, porque os seus olhos percorrem a terra, em favor delas. Eu buscarei as minhas ovelhas, e nenhuma que pertença ao aprisco será perdida, embora tenha se desgarrado. O Senhor conhece aqueles que são Seus. Ele conhece o seu trabalho, onde moram (Ap 2.13), e onde estão escondidas.

(2) Quando chegar a hora que Ele mesmo determinou, os seus braços irão trazê-las para casa (v. 13): E as tirarei dos povos. Deus tocará em seus corações para que venham pela sua graça, e pela sua providência abrirá uma porta para elas e removerá toda dificuldade que se achar no caminho. Elas não voltarão uma a uma, fugindo clandestinamente, mas voltarão em um só grupo: “E as farei vir dos diversos países em que foram dispersas, não só as famílias mais consideráveis deles, mas cada pessoa em particular. A perdida buscarei, e a desgarrada tomarei a trazer,” v. 16. Isto foi feito quando milhares de judeus voltaram triunfantemente deixando a Babilônia, sob a direção de Zorobabel, Esdras, e outros. Quando aqueles que haviam se desgarrado de Deus indo para caminhos de pecado forem trazidos de volta pelo arrependimento, quando aqueles que erraram chegarem ao conhecimento da verdade, quando os banidos de Deus forem reunidos e restaurados, e as congregações religiosas, que estavam dispersas se reunirem novamente, quando cessarem as perseguições, e quando as igrejas tiverem descanso e liberdade, então esta promessa se cumprirá uma vez mais.

2. Deus apascentará o seu povo como as ovelhas do seu pasto, que haviam estado famintas. Deus trará os cativos de volta com segurança para a sua própria terra (v. 13), e os apascentará nos montes de Israel, que são um bom pasto, e um pasto farto (v. 14). Ali será o seu pasto, e o seu aprisco. E este é um bom aprisco. Ali Deus não só as apascentará, mas as fará repousar (v. 15), o que indica um descanso confortável depois de terem se cansado com as suas peregrinações, e uma morada constante e contínua. Eles não serão mais tirados destes pastos verdejantes, como foram, nem serão perturbados, mas se deitarão em um repouso suave e não haverá mais ninguém que os atemorize, Salmos 23.2, Deitar-me faz em verdes pastos. Compare esta com uma promessa semelhante (Jr 23.3,4), quando Deus os restaurou não só ao leite e mel da sua própria terra, ao gozo dos seus frutos, mas aos privilégios do seu santuário no Monte Sião, o principal dos montes de Israel. Quando eles tivessem um altar e um templo outra vez, e o benefício de um sacerdócio estabelecido, então seriam alimentados em um bom pasto.

3. Ele socorrerá as ovelhas que estão aflitas, ligará as que estão quebradas e fortalecerá as que estão enfermas, consolará as que choram em Sião e com Sião. Se os ministros, que deveriam falar de paz para aqueles que têm um espírito triste negligenciarem ao seu dever, o Espírito Santo, o Consolador, será fiel ao seu ofício. Mas como se segue, a gorda e a forte serão destruídas. Aquele que tem o repouso para os santos atribulados tem o terror para os pecadores presunçosos. Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro, Lucas 3.5.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 772-774.
 
ELABORADO: Pb Alessandro Silva, com algumas alterações do Ev. Luiz Henrique