Comentário: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva Questionário NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm Veja - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/donsdoespiritosanto.htm
TEXTO ÁUREO
“Assim, também vós,
como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a
edificação da igreja” (1 Co 14.12).
VERDADE PRÁTICA
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Co 12.12
A igreja — um só corpo
Terça - 1 Co 12.4,11
Diversidade de dons no mesmo ESPÍRITO
Quarta - 1 Co 14.26
Tudo deve ser feito para a edificação
Quinta - 1 Co
12.12-27 A verdadeira unidade
Sexta - 1 Co 1 3-1,2
Exercendo os dons amorosamente
Sábado - 1 Co 12.7 A
manifestação do ESPÍRITO e sua utilidade
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
1 Coríntios 12.8-11;
13.1,2
I Coríntios 12
8 - Porque a um,
pelo ESPÍRITO, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo
ESPÍRITO, a palavra da ciência;
9 - e a outro, pelo
mesmo ESPÍRITO, a fé; e a outro, pelo mesmo ESPÍRITO, os dons de
curar;
10 - e a outro, a
operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de
discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a
outro, a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o
mesmo ESPÍRITO opera todas essas coisas, repartindo particularmente
a cada um como quer.
1 Coríntios 13
1 - Ainda que eu
falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor seria
como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 - E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor; nada seria.
OBJETIVOS -
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se
de que os dons espirituais não são para elitizar o crente.
Compreender
que os dons devem ser utilizados para edificar a si mesmo e aos
outros.
Saber
que o propósito dos dons é a edificação do Corpo de CRISTO.
Resumo da Lição 2 - O Propósito dos
Dons Espirituais
I - OS DONS NÃO
SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A igreja
Coríntia.
2. Uma igreja de
muitos dons, mas carnal.
3. Dom não é
sinal de superioridade espiritual.
Il - EDIFICANDO A
SI MESMO E AOS OUTROS
1. Edificando a
si mesmo.
2. Edificando os
outros.
3. Edificando até
o não crente.
IIl - EDIFICAR
TODO O CORPO DE CRISTO
1. Os dons na
igreja.
N
2. Os sábios
arquitetos do Corpo de CRISTO.
3. Despenseiros
dos dons.
Meus comentários - Ev. Luiz Henrique - Dons
Veja -
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/donsdoespiritosanto.htm
Os dons espirituais são concedidos pela graça de
DEUS ao crente para que o mesmo compartilhe com outros essas maravilhosas
bênçãos, tudo movido pelo amor.
Os dons são ferramentas de grande eficiência para
evangelização. Conversões em massa e pessoais têm ocorrido desde a fundação da
Igreja, no pentecostes.
Os dons, na igreja, visam principalmente o
compartilhamento entre os irmãos que suprem a necessidade de cada um. Assim, se
um está doente, aquele que tem o dom de curar orará para que este seja curado, e
assim por diante. Todos serão abençoados, edificados, exortados e consolados nas
diversas manifestações do ESPÍRITO SANTO.
Na Igreja de Corinto, como havia abundância, havia a
totalidade dos dons em operação, houve a necessidade de Paulo regulamentar essas
manifestações que estão à disposição do crente, mas estão também sob o controle
de cada um. Assim Numa mesma reunião Paulo aconselha que haja no máximo três
crentes que vão profetizar, sempre um depois do outro, tudo isso visando a
edificação dos outros. Paulo também ensina que o crente deve falar em línguas
baixinho para que aquele que for usado para trazer a mensagem que vai ser
interpretada seja ouvido. Paulo chama a atenção para o fato de que não se pode
proibir falar em línguas, mas regulamentar sua prática quando numa reunião onde
haja descrentes. A solução é aquele crente que fala em línguas orar para que ele
mesmo interprete a mensagem que trouxe em línguas ou que outro a interprete.
Pela imaturidade da maioria dos crentes e pela falta
de experiência dos líderes com os dons é que na maioria das vezes os que são
usados em dons são considerados mais espirituais e superiores aos demais. Paulo
não disse que todos os crentes em Corinto eram carnais, mas disse que havia
muitos carnais entre eles. Paulo não disse que aqueles que estavam sendo usados
em dons eram carnais. O que ocorre na maioria dos avivamentos é que enquanto uns
estão se consagrando e buscando serem cada dia mais usados por DEUS, outros, que
não estão interessados neste avivamento ou estão cometendo pecados encobertos
acabam por se beneficiarem da alegria e do amor que invadiu as almas de todos e
isso os levou a desconsiderarem a correção dos que teimam em continuar no
pecado.
Devemos tomar o
cuidado de ensinar aos crentes a buscarem diligentemente os dons e a
valorizarem esses dons tanto na evangelização como na edificação da
igreja. estamos vivendo época em que se busca mais as dádivas de
Mamom (como sinal de espiritualidade???) do que as dádivas
espirituais de DEUS. Professores de Escola Bíblica Dominical
deveriam ser os que mais dons tivessem em evidência, pois ensinam a
Bíblia, onde se ensina que o verdadeiro evangelho é comprovado por
sinais, prodígios e maravilhas.
O templo de
Afrodite no Acro-Corinto era único na Grécia. Suas sacerdotisas eram mais de
mil hierodouloi, “escravas sagradas”, que se ocupavam na prostituição. Sua
riqueza vinha de seu movimento comercial por mar e por terra, sua cerâmica e
indústrias de metal, e sua importância política como a capital da Acaia. Em seu
apogeu, provavelmente atingiu uma população de 200.000 homens livres e 500.000
escravos.
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO - Os propósitos dos dons podem ser compreendidos a
partir de sua natureza. Myer Pearlman diz que os dons do ESPÍRITO “...descrevem
as capacidades sobrenaturais concedidas pelo ESPÍRITO para ministérios
especiais...”. Para esse teólogo, o propósito principal dos dons do ESPÍRITO
SANTO é “edificar a Igreja de DEUS, por meio da instrução aos crentes e para
ganhar novos convertidos”.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais e
Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora
CPAD. pag. 26.
I - OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A igreja Coríntia. CORINTO Capital da província romana da Acaia.
1. Topografia. A cidade era uma das mais
estrategicamente localizadas do mundo antigo. Estava situada em um planalto que
contemplava o istmo de Corinto, cerca de 3 km do Golfo. Assentada aos pés do
Acro corinto, uma acrópole que se ergue precipitadamente a quase 600 m de
altitude, tão fácil de defender que era chamada de um dos '‘grilhões da
Grécia”. Era uma fortaleza tão impenetrável que só foi tomada à força depois da
invenção da pólvora. Corinto comandava todas as rotas terrestres da Grécia
central para o Peloponeso ao longo do istmo.
Havia bons portos em ambos os lados do istmo:
Cencréia no Golfo Sarônico ao leste e o Lichaeum no Golfo de Corinto ao Oeste.
Uma moeda do imperador Adriano representava os portos mediante duas ninfas,
olhando em direções opostas com um leme entre eles. Nos tempos antigos os
navios eram arrastados através do istmo sobre cilindros, para evitar a longa e
perigosa passagem em tomo do Cabo Malea na extremidade sul do Peloponeso.
2. História. A próspera
cidade-estado de Corinto surgiu no 82 séc. a.C. Ganhou controle sobre o istmo e
o sul de Megara.
No período helenístico Corinto era um centro
industrial, comercial e de prazer. Tomou-se membro e, por um tempo, a principal
cidade da Liga Aqueana, no período entre a morte de Alexandre e o surgimento da
influência romana na Grécia. Depois de uma breve campanha que resultou na
conquista da Grécia em 196 a.C., Corinto foi declarada pelos romanos uma cidade
livre. Entretanto, logo os romanos foram forçados a restringir a influência de
Corinto e da liga, e a cidade foi completamente destruída por Múmio em 146 a.C.
Corinto ficou em ruínas por cem anos, até o decreto
de Júlio César em 46 a.C. que dizia que deveria ser reconstruída. Uma colônia
romana foi fundada no local, a qual mais tarde se tomou a capital da província
da Acaia. Sua população era formada de gregos locais, orientais incluindo um
grande número de judeus, homens livres da Itália, oficiais do governo de Roma e
comerciantes. A cidade se tomou um lugar favorito dos imperadores romanos. Nero
exibiu sua extraordinária habilidade artística nos jogos istmianos e, em um
momento de exuberância, declarou a cidade livre. Ele próprio, Vespasiano e
Adriano foram patronos da cidade e fizeram de Corinto a cidade mais bela da
Grécia. Pausanias, o viajante e geógrafo grego, visitou Corinto no 2- séc. d.C.
e fez uma descrição concisa dos monumentos da cidade imperial.
Ao sul do teatro há uma área grande e pavimentada,
datada da metade do lséc. 1 d.C. Em uma das pedras do calçamento está a
inscrição Eratus,pro aedilitate sua pecunia stravit, “Erasto, em troca pelo
título de édilo, colocou [o pavimento] responsabilizando-se por seus custos.”
Paulo, escrevendo de Corinto, mencionou em sua epístola aos Romanos (16.23) um
Erasto, a quem ele descreveu como “tesoureiro” ou “administrador da cidade”.
Embora exista alguma dúvida se esse nome é um equivalente próprio de edil,
comumente em grego, em geral se afirma que este é o mesmo Erasto, um convertido
ou amigo do apóstolo.
O apóstolo Paulo visitou Corinto, pela primeira
vez, em sua segunda viagem missionária (Atos 18). Ele havia acabado de chegar
de Atenas, onde fora miseravelmente recebido. Posteriormente ele disse que
começou seu trabalho em Corinto em fraqueza, medo e temor. Pretendia permanecer
apenas por um curto período de tempo, antes de retomar a Tessalônica, mas o
Senhor falou com ele numa visão durante a noite (At 18.9,10; l Ts 2.17,18).
Paulo pregou na cidade por um ano e meio. Por um tempo ele residiu na casa de Aquila
e Priscila, judeus que haviam recentemente sido expulsos de Roma pelo imperador
Cláudio. Assim como Paulo, os dois eram fabricantes de tendas e Paulo trabalhou
com eles durante sua estada na cidade, para que seus motivos como pregador não
fossem contestados. Logo depois de sua chegada, Silas e Timóteo se juntaram a
ele, vindos da Macedônia.
Paulo pregou na sinagoga todos os sábados, até que
uma forte oposição surgiu entre os judeus.
Ele então se voltou para os gentios e ficou na casa
de Tício Justo, um gentio adepto do Judaísmo, que morava ao lado da sinagoga.
Paulo fez vários convertidos durante sua estada, dentre eles Crispo, o
administrador da sinagoga.
Em certo momento, uma multidão de judeus arrastou
Paulo diante do procônsul romano da Acaia, L. Junius Gálio. O vencimento de seu
mandato era para o ano 51-52 ou 52-53, de acordo com uma inscrição encontrada
em Delfi, em 1908 (SIG II3.801). Gálio ouviu as acusações no tribunal, mas se
recusou a julgar assuntos concernentes à lei judaica. Mesmo quando a multidão
libertou Paulo e começou a espancar Sóstenes, o administrador da sinagoga, ele
não se envolveu (At 18.12-17). Esta opinião, dada por um oficial romano
altamente respeitado, de que a pregação de Paulo não era contrária à lei
romana, sem dúvida deu a ele uma compreensão da proteção que Roma lhe daria ao
pregar o evangelho. O relato da primeira visita de Paulo a Corinto é encerrado
com a observação de que ele partiu, algum tempo depois deste incidente, para
Jerusalém e Antioquia via Éfeso.
Paulo escreveu as epístolas aos Tessalonicenses
durante sua estada em Corinto. Tão logo chegou na cidade, Silas e Timóteo se
uniram a ele.
O livro de Atos conta muito pouco sobre a história
do começo da Igreja em Corinto, mas alguns poucos detalhes adicionais podem ser
derivados das epístolas aos Coríntios. Apoio, um convertido de Áquila e
Priscila enquanto eles estavam em Éfeso, foi enviado com uma carta de
recomendação e exerceu um grande papel na igreja, embora às vezes
involuntariamente, tenha sido causa de divisões (At 18.27—19.11; I Co 1.12). As
evidências indicam que Paulo pretendia visitar a igreja novamente, em sua
terceira viagem missionária (2Co 12.14; 13.1).
Enquanto estava em Éfeso, Paulo enviou uma carta
para Corinto, que não foi preservada (I Co 5.9). A resposta da igreja, que
pedia conselho acerca de problemas que estava enfrentando, e um relatório oral
que indicava que a igreja estava muito mal, levou o apóstolo a escrever a
primeira epístola aos Coríntios. Esta foi provavelmente levada para Corinto por
Tito (2Co 7.13) ou por Timóteo (I Co 4.17), porque ambos haviam visitado a
igreja nesta época. Depois da partida apressada de Paulo de Éfeso, ele foi para
Trôade com a esperança de encontrar Tito com novidades acerca de Corinto. Sua
expectativa foi frustrada, mas ele o encontrou mais tarde na Macedônia. Quando
ele recebeu o relato sobre o reavivamento na igreja, Paulo escreveu sua segunda
epístola da Macedônia. Depois disso, ele passou três meses na Acaia, grande
parte, sem dúvida, em Corinto (At 20.2,3). Enquanto estava lá, arrecadou uma
oferta para os santos pobres de Jerusalém, para a qual a Igreja de Corinto
também deve ter contribuído, e de onde ele provavelmente escreveu a epístola
aos Romanos (Rm 16.23).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1173-1179.
Dons Espirituais Abundantes (1.7)
Expectativa Espiritual (1.7)
Paulo, com os coríntios, esperava a manifestação de
nosso Senhor JESUS CRISTO. O apóstolo combinou a vitalidade espiritual presente
com a antecipação espiritual futura. Ele observou a vida de uma forma realista,
sabendo dos pecados do homem e proclamando a graça redentora de DEUS. Ele
também buscou com expectativa, sabendo que a segunda vinda de CRISTO era a
resposta definitiva da graça a um mundo irremediavelmente enredado no pecado. O
verbo traduzido como esperando transmite a ideia de uma expectativa forte e
ardente, e uma vigilância bastante alerta. A palavra manifestação (revelação,
apocalypsis) significa literalmente descobrir, desvelar. “Aqui ela se refere ao
retomo do Senhor para receber os seus santos para si mesmo em sua Parousia...
Ela é usada em relação à sua vinda com seus santos e anjos para distribuir os
juízos de DEUS...” Paulo tornou o evangelho relevante para as atuais
necessidades do homem. Mas ele, juntamente com outros escritores do NT, sempre
fez da expectativa da volta do Senhor JESUS CRISTO um estímulo para a busca
espiritual e um meio de enriquecimento espiritual e de poder espiritual (cf. 2
Pe 3.11-12; 1 Jo 3.2-3).
Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 247-248.
2. Uma igreja de muitos dons, mas carnal.
O vocábulo «...irmãos...» é um termo que subentende
afeição, usado para suavizar as severas reprimendas que Paulo precisava dirigir
contra os crentes de Corinto. (Ver outros usos desse termo em I Cor. 1:10,26;
2:1; 4:6; 10:1; 12:1 e 14:20).
«...espirituais...» Paulo postulou aqui três
classes de homens, a saber, «espirituais», «carnais» e «naturais». Os homens
espirituais e os carnais são ambos crentes, mas de inclinações opostas. Os
homens naturais são os indivíduos ainda sem regeneração. ( I Cor. 2:14).
«...carnais...» Em outras palavras, «homens da
carne», ou seja, crentes controlados pela carne. É possível interpretar que
esse adjetivo significa que as pessoas assim qualificadas são inteiramente
destituídas do ESPÍRITO de DEUS (se considerarmos tão somente o sentido
verbal), mas o contexto geral não nos permite tirar essa conclusão. Mui
facilmente, entretanto, Paulo poderia estar querendo dar a entender que toda a
sua suposta e apregoada espiritualidade, no exercício dos dons espirituais, era
falsa, fraudulenta; porque não dispor das qualidades morais de CRISTO, e, ao
mesmo tempo, ser supostamente habitado pelo ESPÍRITO de DEUS, a ponto de
realizar feitos miraculosos, é uma aberrante contradição, uma impossibilidade
moral.
Os crentes «...espirituais...», de conformidade com
o uso que Paulo fez desse vocábulo, eram os crentes «experientes»,
espiritualmente maduros, segundo se lê em I Cor. 2:6. Já os «carnais», em
contraste com isso, eram os, que davam excessivo valor à sabedoria «humana»,
conforme a menção e os comentários existentes em I Cor. 1:18,19;21 e 2:1,4,5.
A sabedoria humana, em sua exaltação por parte dos
retóricos e sofistas cristãos, que abundavam na igreja de Corinto, é que havia
causado as lamentáveis divisões que Paulo repreende com tanta severidade nesta
epístola. Príncipes se encontravam entre os sábios deste mundo; mas esses são
inteiramente despidos da sabedoria divina, tendo cometido o pior de todos os
crimes da humanidade, a saber, a crucificação do Senhor JESUS. (Ver I Cor.
2:6-8). E poderiam crentes verdadeiros imitar tal sabedoria, provocando assim
tão desgraçadas divisões no seio do cristianismo? Tal possibilidade pareceria
inconcebível, mas era exatamente o que aquela gente tinha feito. Dessa maneira,
se tinham desqualificado a si mesmos como crentes «espirituais». Antes, eram
imaturos, crianças na fé. Eram crentes «carnais», o que significa que não eram
necessariamente destituídos da presença do ESPÍRITO SANTO, e, sim, que não eram
controlados por ele, conforme supunham, e, sim, pela carne. Não tinham ainda
atingido a plenitude da experiência espiritual, apesar de se julgarem
supremamente espirituais. Todas as suas supostas elevadas experiências
espirituais, portanto, eram fraudulentas.
A palavra «carnal», em sua definição básica,
significa simplesmente «da carne e do sangue», não indicando, necessariamente,
qualquer qualidade ética inferior. Mas o homem que é dominado por seus desejos
inferiores, que se originam da mera mortalidade, como as concupiscências, as
paixões, a busca pela fama, pela exaltação pessoal, etc. (tudo o que
caracterizava certo grupo de crentes da igreja de Corinto, conforme se lê na
primeira e na segunda epístolas aos Coríntios), se torna «eticamente carnal, e
não apenas metafisicamente carnal. Isso significa que pouco se conhece sobre o
predomínio do «princípio espiritual», também chamado «princípio celestial», que
faz com que um homem se torne um crente espiritual. Essa palavra, pois,
significa:
1. Pertencente à ordem das coisas terrenas,
«materiais», sem ou com algum conteúdo ético. (Ver o trecho de I Cor. 9:11
quanto ao uso dessa palavra, sem qualquer conteúdo moral).
2. Pode também significar «composto de carne», que
é uma referência ao corpo humano. (Ver I Pol. 2:2).
3. Finalmente, pode significar pertencente ao reino
da carne, isto é, algo débil, pecaminoso e transitório, em contraste com o
reino espiritual. (Ver I Cor. 3:4 e I Ped. 2:11). Nesse caso entra o elemento
ético, o que mostra que o adjetivo «carnal» significa pecaminoso, controlado
por princípios errôneos.
Portanto, por si mesma, essa palavra pode
aplicar-se à totalidade dos homens não regenerados, a todos os homens, como
seres humanos mortais, ou aos crentes carnais. Essa é a aplicação que esse
vocábulo tem no presente texto. As pessoas a quem Paulo se referiu não estavam
subordinadas à «lei superior» dos céus, mas permaneciam verdadeiros filhos
deste mundo terreno. Com isso se pode comparar a afirmativa de Paulo, em Rom.
7:14, em que ele se declara que fora «carnal, vendido ao pecado». Isso é menção
à carnalidade que controla o crente infantil, o que abafa as influências
espirituais superiores em sua pessoa.
No N.T. grego existem duas palavras extremamente
similares, «sarkinos» e «sarkikos». Nem mesmo no grego clássico esses dois
termos são distinguidos claramente, e muito menos ainda no grego «koiné».
«Sarkinos» é a palavra que aparece neste texto. «Sarkikos» figura em Rom. 7:14;
15:27 e outros trechos. Os manuscritos confundem os dois vocábulos, usando-os
como sinônimos. (Ver a iiota textual que as segue).
«Eram pessoas convertidas, mas tinham um
entendimento infantil, no conhecimento e na experiência; tinham bem pouco
discernimento quanto às coisas espirituais, e não possuíam ainda habilidade na
palavra da justiça». (John Gill, in loc.).
«É extremamente comum que pessoas de conhecimento e
compreensão muito moderados se mostrarem excessivamente convencidas. O apóstolo
atribuiu sua ínfima eficiência, no conhecimento do cristianismo, como uma das
razões pelas quais ele não lhes podia transmitir mais profundas verdades».
(Matthew Henry, in loc.).
«....ciúmes...» Essa palavra, no original grego,
«zelos», pode significar «zelo», «ardor», não sendo má por si mesma. (Ver II
Cor. 9:2; Fil. 3:6; Luciano, Adv. Ind. 17: I Macabeus 2:58). Esse é o vocábulo
grego do qual se derivou a nossa «inveja», «ciúme», tal como em Plur. Thess.
6:9; Atos 5:17; 13:45; Rom. 13:13; II Cor. 12:20 e Gal. 5:20. Nesta última
referência, o «ciúme» é alistado como uma das «obras da carne», isto é, um dos
resultados da pervertida carnalidade do homem, em contraste com o «fruto do
ESPÍRITO», o qual produz a transformação moral do crente segundo a imagem de
CRISTO. Por conseguinte, a inveja é aqui pintada através do mau sentido de
«zelo» ou «ardor», provocado pela criação de facções, alicerçadas na adoração a
«heróis» humanos. Porém, CRISTO é o único verdadeiro «herói» da igreja cristã;
e, assim sendo, adorar ou venerar a quem quer que seja equivale à idolatria,
furtando algo da glória de CRISTO.
«...contendas...» Essa palavra tem por sinônimos
«discórdia», «querelas», «dissensão». (Ver Fil. 1:15; Tito 3:9; I Cl. 35:5;
46:5 e Tito 3:9). Essa palavra aparece na lista dos muitos vícios que
caracterizavam os pagãos, que haviam abandonado o conhecimento de DEUS, segundo
se aprende em Rom. 1:29. Portanto, os crentes de Corinto agiam como homens
ainda sujeitos às obras da carne (ver Gál. 5:20), como pagãos que ainda não
conheciam a CRISTO. A estimativa que deles fazia o apóstolo Paulo, contudo, era
inteiramente diferente disso. Aquele que é verdadeiramente espiritual deve
demonstrar o fruto do ESPÍRITO, exercendo predomínio sobre as obras da carne.
Devemos observar que essa palavra, aqui traduzida por «contidas», também
aparece na lista de Gal. 5:20, como obra da carne, aparecendo ali imediatamente
antes de «ciúmes». É possível que esses dois defeitos de caráter tenham alguma
conexão vital. As contendas começam quando surge a inveja no coração.
«As contendas são o resultado exterior do
sentimento invejoso. (Ver Gal. 5:20; Clemente Rom. Cor. 3)». (Robertson e
Plummér, in loc.).
«..e andais segundo o homem? ...» Isto é, de
conformidade como o homem de inclinações «carnais», o homem controlado pelos
apetites da natureza carnal. Paulo estabelecia aqui o contraste com o homem
«espiritual», referido no primeiro versículo deste capítulo, que ele definiu
como «experimentado» ou maduro (ver I Cor. 2:6). Aqueles crentes de Corinto,
embora inchados com pensamentos de uma espiritualidade superior, na realidade
eram homens controlados pelas paixões carnais, tal como qualquer outra pessoa
deste mundo.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 38-40.
Paulo censura os coríntios pela fraqueza e
incompetência deles. Aqueles que são santificados somente o são em parte: ainda
há lugar para crescimento e aumento na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18).
Aqueles que são renovados pela graça divina para uma vida espiritual, ainda
podem ser defeituosos em muitas coisas. O apóstolo lhes diz que “não lhes pôde
falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em CRISTO” (v. 1).
Note que é tarefa do fiel ministro de CRISTO
estudar a capacidade de entendimento de seus ouvintes e ensinar-lhes o quanto
eles puderem suportar. E também é natural que os bebês cresçam até se tornarem
homens; e bebês em CRISTO devem se empenhar em crescer em estatura e tornar-se
homens em CRISTO. Espera-se que seu desenvolvimento no conhecimento seja
proporcional aos seus recursos e oportunidades, e ao tempo da profissão da sua
religião, que eles possam ser capazes de suportar discursos sobre os mistérios
de nossa religião, e não descansar sempre em coisas simples e claras. Era uma
vergonha para os coríntios que eles tivessem se sentado tanto tempo sob o
ministério de Paulo e não tivessem feito progresso significativo no
conhecimento cristão. Observe que os cristãos são totalmente culpados se não se
empenham em crescer na graça e no conhecimento.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 436-437.
3. Dom não é sinal de superioridade espiritual.
Falsa Profissão de Fé (7.21-23). Enquanto a
advertência anterior estava particularmente voltada aos líderes religiosos,
esta trata do grupo de membros dentro da Igreja. O verdadeiro teste do
discipulado é a obediência. Nem mesmo a pregação e a operação de milagres em
Nome de JESUS CRISTO prova que uma pessoa é aceita diante de DEUS.
1. Alei de CRISTO foi estabelecida (v, 21), “Nem
todos aqueles que dizem Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus” , no reino
da graça e da glória. Esta é uma resposta ao Salmo 15.1. "Quem habitará no
teu tabernáculo?” A igreja militante. E quem morará no teu santo monte? A
igreja triunfante. CRISTO está mostrando aqui:
(1) Que não basta dizer as palavras “Senhor,
Senhor” para ter CRISTO como nosso Mestre, ou para se dirigir a Ele professando
nossa religião. Nas orações a DEUS e nas conversas com os homens, devemos
invocar o Senhor JESUS CRISTO. Quando dizemos "Senhor, Senhor”, estamos
dizendo bem, pois é isso que Ele é (Jo 13.13). Mas será que imaginamos que isso
é suficiente para nos levar ao céu, que essa expressão de formalidade deveria
ser recompensada ou que Ele sabe e exige que o coração esteja presente nas
demonstrações essenciais? Os cumprimentos entre os homens são uma demonstração
de civilidade, retribuída com outros cumprimentos, e nunca são expressos como
se fossem serviços reais. E o que dizer destes em relação a CRISTO? Pode haver
uma aparente impertinência na oração “Senhor, Senhor” , mas se as impressões
interiores não forem acompanhadas pelas correspondentes expressões exteriores,
nossas palavras serão como o metal que soa ou como o sino que tine. Isso não
nos deve impedir de dizer “Senhor, Senhor”, de orar, e de sermos sinceros nas
nossas orações, de professar o nome de CRISTO, com toda clareza; porém jamais
devemos expressar alguma forma de piedade sem o poder de DEUS.
(2) Que será necessário - para nossa felicidade –
fazer a vontade de CRISTO, que na verdade, é a vontade do Pai celestial. A
vontade de DEUS, como Pai de CRISTO, é a verdade que está no Evangelho, onde
Ele é conhecido como Pai do nosso Senhor JESUS CRISTO e, através dele, O nosso
Pai. Esta é a vontade de DEUS; que creiamos em CRISTO, nos arrependamos dos
nossos pecados, vivamos uma vida santa e amemos uns aos outros. Essa é a sua
vontade; a nossa santificação. Se não obedecermos à vontade de DEUS, estaremos
zombando de CRISTO ao chamá-lo de Senhor, da mesma forma como fizeram aqueles
que o vestiram com um manto suntuoso e disseram: “Salve, Rei dos Judeus” .
Dizer e fazer são duas coisas que muitas vezes estão separadas nas palavras dos
homens: existe aquele que diz: “Eu vou, senhor” , porém jamais dá sequer um
passo na direção prometida (cap. 21.30). Mas DEUS reuniu essas duas coisas no
seu mandamento, e nenhum homem poderá separá-las se quiser entrar no Reino dos
céus.
2. O argumento dos hipócritas contra o rigor dessa
lei oferece outras coisas no lugar da obediência (v. 22).
“ Senhor, Senhor”, a esse respeito, irão apelar a
CRISTO com grande confiança. Senhor, não sabes: (1) “Não profetizamos nós em
teu nome?”
Pode ser que sim. Balaão e Caifás foram usados pela
profecia e, contra a sua vontade, Saul se encontrou entre os profetas. No
entanto, isso não bastou para salvá-los. Eles profetizaram no nome do Senhor,
mas não foram obedientes. Fizeram uso do seu nome apenas para servir a uma
circunstância. Veja bem, o homem pode ser um pregador, pode ter os dons do
ministério e até um chamado externo para exercê-lo; pode até ser bem-sucedido
nisso e, ao mesmo tempo, ser um homem vil; pode ajudar os outros a ir para o céu
e, no entanto, estar desqualificado e ficar fora dele. (2) “Em teu nome, não
expulsamos demônios?” Isso também pode acontecer. Judas expulsou os demônios,
no entanto, era filho da perdição. Orígenes diz que em seu tempo o nome de
CRISTO era tão prevalecente para expulsar os demônios que, às vezes, esse nome
também ajudava, mesmo quando era pronunciado por cristãos indignos.
Atualmente, os milagres continuam a acontecer.
Mas será que o coração humano ainda encontra o encorajamento em esperanças
infundadas, com seus vãos esteios? Aqueles que são descritos nesse versículo
pensam que vão para o céu porque têm tido uma boa reputação entre os mestres da
religião, observam o jejum, dão esmolas e têm sido promovidos na igreja, como
se isso fosse suficiente para reparar seu permanente orgulho, mundanismo,
sensualidade e a falta de amor a DEUS e ao próximo. Betel é a sua confiança (Jr
48.13), eles se ensoberbecem no monte santo de DEUS (Sf 3.11), e se vangloriam
de ser o templo do Senhor (Jr 7.4). Devemos prestar atenção nos seus
privilégios e performances externos para não nos enganarmos e não perecermos
eternamente, como ocorre com as multidões, que seguram uma mentira em sua mão
direita.
3. A rejeição desse argumento por ser frívolo.
Aquele que é o Legislador (v. 21) está aqui como Juiz e, de acordo com essa lei
(v. 23), irá publicamente anular esse argumento. Irá comunicar a eles, com toda
solenidade possível, a sentença emitida pelo Juiz: “Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. Observe:
(1) A razão e os fundamentos que Ele usa para
rejeitá-los, e aos seus argumentos, se resume no fato de praticarem a
iniquidade. Observe que é possível a um homem adquirir um nome notável como
pessoa piedosa, e ainda assim ser um praticante de iniquidades. Aqueles que
agem assim irão receber uma condenação maior. Quaisquer esconderijos secretos
do pecado, guardados sob o manto de uma evidente profissão de fé, são a ruína
dos homens. Anulam as pretensões dos hipócritas. Viver deliberadamente em
pecado anula as pretensões dos homens, por mais capciosas que sejam.
(2) A maneira como esse argumento é expresso: “Nunca
vos conheci”. “Nunca me pertencestes como servos, nem mesmo quando
profetizáveis em meu nome, quando estáveis no auge da vossa profissão de fé, e
éreis elogiados” . Isso indica que, se alguma vez o Senhor os tivesse
conhecido, como Ele conhece aqueles que são seus, se os tivesse possuído e
amado como se fossem seus, Ele os teria conhecido e possuído e amado até o fim.
Mas Ele nunca os reconheceu, pois sempre soube que eram hipócritas e tinham o
coração corrompido, como aconteceu com Judas. Portanto, Ele diz:
“Apartai-vós de mim”.
Será que CRISTO precisava de tais convidados?
Quando CRISTO veio em carne e osso, Ele chamou a si os pecadores ao
arrependimento (cap. 9.13), e quando voltar novamente, coroado de glória, irá
afastar de si os pecadores.
Aqueles que não forem até Ele para serem salvos
deverão partir para serem condenados. Afastar-se de CRISTO será a razão
fundamental da miséria de ser condenado, de ter sido desprovido de toda
esperança dos benefícios da mediação de CRISTO. Ele não irá aceitar nem trazer
a si no grande dia aqueles que, a seu serviço, não vão além de uma simples
profissão de fé. Veja a que ponto um homem pode cair das alturas da esperança
ao abismo da desgraça. Como pode ir para o inferno através das portas do céu!
Essas deveriam ser palavras de alerta a todos os cristãos. Se um pregador que
expulsa os demônios e realiza milagres for rejeitado por CRISTO porque praticou
iniquidades, o que será dele, e o que seria de nós, caso isso acontecesse
conosco? Se agirmos assim, isto certamente acontecerá conosco. No tribunal de
DEUS, uma profissão de fé nunca Irá defender homem algum da prática e do vício
do pecado, portanto todo aquele que pronuncia o nome de CRISTO deve abandonar
toda Iniquidade.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 87-88.
Mt 7.22. Não profetizamos nós em teu nome? O uso de
ou na pergunta pede a resposta afirmativa.
Eles afirmam ter profetizado ou pregado em nome de
CRISTO e feito muitos milagres. Mas JESUS lhes arrancará a pele de ovelha e
exporá o lobo voraz.
Mt 7.23. Nunca vos conheci. “Nunca me fui
pessoalmente conhecido de vós” (conhecimento experimental).
O sucesso, segundo estimação do mundo, não é um
critério de conhecer CRISTO e ter uma relação com ele. “Eu lhes direi
abertamente”, o mesmo vocábulo usado para confessar CRISTO diante dos homens
(Mt 10.32). Esta expressão JESUS usará para o anúncio público e franco do
destino dessas pessoas.
A. T. ROBERTSON. COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS A
luz do novo testamento Grego. pag. 93-94.
Il - EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
1. Edificando a si mesmo.
Diz Paulo que “O que fala língua estranha
edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja” (1 Co 14.4). É um
aspecto muito interessante do propósito dos dons. O membro da igreja, em
particular, precisa ser edificado, para que a coletividade, a igreja, também o
seja. Não pode haver igreja edificada, se os membros não tiverem edificação
espiritual. Quando o crente fala línguas, sem que haja intérprete, não edifica
a igreja, porque o que fala fica sem entendimento para os demais. Mas não se
deve proibir que o crente fale língua para si próprio ou baixinho (1 Co 14.39).
Tão somente, deve ser ensinado que ele se controle e não eleve a voz, numa mensagem
ininteligível. Há irmãos que, ao falar línguas, querem chamar a atenção para
si, para mostrar que são espirituais. Isso é falta de maturidade.
O apóstolo ensina: “E, agora, irmãos, se eu for ter
convosco falando línguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos não falasse ou
por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?” (1 Co
14.6). Ele quer dizer que, se falar língua sem interpretação, é ótimo para si
próprio, pois “edifica a si mesmo”. Mas, se não houver interpretação, não haverá
revelação, ciência, profecia ou doutrina. E a igreja fica sem edificação, sem
aproveitamento. Daí, porque, no mesmo capítulo, ele exorta: “Pelo que, o que
fala língua estranha, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em
língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto”
(1 Co 14.13,14).
Quem fala línguas, sem interpretação, “edifica-se a
si mesmo”, mas “... não fala aos homens, senão a DEUS; porque ninguém o
entende, e em espírito fala de mistérios” (1 Co 14.2). Naturalmente, quando o
crente ora em línguas, mesmo que ele não saiba o sentido das palavras, DEUS o
entende. O crente, batizado com o ESPÍRITO SANTO, deve procurar desenvolver uma
adoração individual, plena da unção do ESPÍRITO SANTO. Há ocasiões em que as
palavras do seu idioma nativo não conseguem expressar o que sua alma deseja
dizer a DEUS, seja glorificando, intercedendo ou suplicando ao Senhor.
E nessas horas, quando o crente não sabe orar, que
o ESPÍRITO SANTO intercede por ele de maneira especial. “E da mesma maneira
também o ESPÍRITO ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos
de pedir como convém, mas o mesmo ESPÍRITO intercede por nós com gemidos
inexprimíveis” (Rm 8.26). Esses “gemidos” do ESPÍRITO, pronunciados em línguas
estranhas, são incompreensíveis ao que ora, mas perfeitamente entendidos por
DEUS, pois há línguas estranhas que são linguagem do céu” (1 Co 13.1).
Elinaldo Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora
CPAD. pag. 28-29.
O apóstolo dos gentios jamais proibiu que se
falassem em línguas (ver o trigésimo nono versículo deste capítulo), ainda que
tivesse recomendado que as línguas, sem interpretação, não fossem usadas na
adoração pública (ver os versículos vigésimo sétimo e vigésimo oitavo deste
capítulo). As línguas particulares seriam altamente benéficas para cada crente,
porquanto nada há de errado com a alma que se comunica com DEUS, ainda que o
intelecto não tire proveito. No entanto, os crentes de Corinto apreciavam o
caráter teatral das línguas, e lhe davam preferência acima da profecia,
conforme este capítulo inteiro deixa subentendido. Esse foi o «abuso» que Paulo
procurou corrigir.
O dom profético, em contraste com as línguas, é uma
manifestação de natureza altruísta; portanto, está mais conforme ao grande
princípio do amor cristão (altruísmo puro), segundo Paulo havia demonstrado no
décimo terceiro capítulo desta epístola. Esse exaltado princípio do amor
cristão é que deve governar todas as atividades da igreja cristã; portanto, em
uma comunidade cristã bem orientada pelo Senhor, o dom profético terá
proeminência sobre as línguas. A profecia é tão mais importante que o dom de
línguas como a edificação da congregação inteira é mais importante que a edificação
de uma única pessoa.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag.
216-217.
1. A interpretação da Escritura será para a sua
edificação; eles podem ser exortados e confortados por ela (v. 3). E de fato,
esses dois devem caminhar juntos. A obediência é o modo correto de confortar; e
aqueles que são confortados devem tolerar ser exortados.
2. O que fala em línguas pode edificar-se a si
mesmo (v. 4). Ele pode entender e ser afetado por aquilo que fala. A finalidade
do falar na igreja é a edificação da igreja (v. 4), à qual se adapta o
profetizar, ou o interpretar as Escrituras por inspiração ou de outra maneira.
Note que é o dom mais desejável e vantajoso, que melhor responde aos propósitos
da caridade e realiza o melhor bem; não que ele possa somente nos edificar, mas
que também edificará a igreja. Tal é a profecia, ou a pregação, e a
interpretação da Escritura, comparada com o falar em uma língua desconhecida.
3. De fato, nenhum dom deve ser desprezado, mas
deve-se preferir os melhores. “E eu quero, diz o apóstolo, que todos vós faleis
línguas estranhas, mas muito mais que profetizeis” (v. 5). “...porque o que
profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete,
para que a igreja receba edificação” (v. 5). Mais bem-aventurada coisa é dar
que receber. O que interpreta a Escritura para edificar a igreja é maior do que
aquele que fala línguas para recomendar-se a si mesmo.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 488- 489.
A profecia edifica a igreja (14.4-6). Como a
profecia é entendida pelos homens, ela edifica a igreja (4). Falar em línguas
desconhecidas serve apenas para fortalecer o indivíduo. Entretanto, Paulo não
proíbe completamente esta prática: Quero que todos vós faleis línguas estranhas
(5). O verbo quero, ou desejo (thelo), “não expressa uma ordem, mas uma
concessão sob a forma de um desejo improvável de ser realizado (cf. 7.7)”.80
Quanto a essa declaração, Bruce escreve: Ele deixa claro que não está proibindo
as línguas, mas insistindo na superioridade da profecia”. Paulo preferiu não
proibir o falar em línguas. Entretanto ele indica, de forma rápida e distinta,
que o dom de profecia é superior: ...mas muito mais que profetizeis.
O critério de avaliação de qualquer dom é o seu
valor para a igreja. Mesmo quando Paulo faz a concessão do falar em línguas,
ele imediatamente insiste que seu valor é menor que a profecia, a não ser que
elas sejam interpretadas para que a igreja receba edificação (5). As palavras a
não ser que também interprete “não se referem à particular interpretação de uma
mensagem transmitida em línguas, mas ao dom permanente da interpretação...
Paulo tem em vista uma pessoa que recebeu dois dons, o de falar em línguas e o
de ter a sua interpretação”. Dessa forma, o apóstolo indica que qualquer
glossolalia deveria ser interpretada para fortalecer a congregação.
Quando Paulo faz alusão à sua futura visita a
Corinto, ele novamente faz da edificação da igreja o critério pelo qual se
estabelece o valor dos dons do ESPÍRITO: Que vos aproveitaria, se vos não
falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da
doutrina? (6)
Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 349-350.
O dom da profecia está acima dos demais, pois seu
objetivo principal foi ensinar e instruir outros nas coisas de sua salvação.
Deviam cobiçar este dom mais do que todos os outros, até mais do que o de línguas,
que naturalmente fazia uma profunda impressão sobre os coríntios e era
considerado especialmente desejável.