Lição 13 - O Legado de Moisés - 3parte

Moisés cuida dos interesses que tem na presença de DEUS, e busca, da parte do Senhor, expressões de bondade e misericórdia: Tu disseste: Conheço-te por teu nome, como um amigo e confidente particular, também achaste graça aos meus olhos, acima de qualquer outro. Agora, pois, diz Moisés, se é isso mesmo, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que agora me faças saber o teu caminho, v. 13. O povo havia perdido os benefícios do favor que DEUS lhes havia expressado. E o pior é que não procuraram reavê-los. Portanto, Moisés enfatiza e pede aquilo que DEUS lhe havia prometido. Embora se considere indigno das bênçãos do Senhor, ele espera não ter se excluído dos seus benefícios. Através disso ele se firma ainda mais com o DEUS precioso: “Senhor, se fores fazer qualquer coisa por mim, faça pelo povo.” Assim o nosso Senhor JESUS, em sua intercessão, se apresenta ao Pai como alguém em quem Ele sempre tem prazer, e obtém misericórdia por nós. Pois somos aqueles em quem Ele, por misericórdia, se desagrada. É assim que somos aceitos no Amado. Desse modo também os homens de espírito público se comprazem em buscar os seus interesses tanto com DEUS como com os homens, visando o bem público. Observe o que Moisés anseia fervorosamente: Faça com que eu venha a saber o teu caminho, para que isto seja uma evidência de que achei graça aos teus olhos. Observe que a direção divina é uma das melhores evidências do favor divino. Há uma maneira de sabermos se achamos graça aos olhos de DEUS: se achamos em nossos corações a graça que nos dirige e anima no caminho do nosso dever, podemos saber que fomos beneficiados pelo bondoso Senhor. A boa obra de DEUS em nós é a evidência mais palpável da sua boa vontade para conosco. Ele sugere que o povo também, embora muito indigno, estava em um relacionamento com DEUS: “Considere que esta nação é o teu povo, um povo por quem tu fizeste grandes coisas, remiste para Ti mesmo, e levaste em aliança contigo mesmo; Senhor, eles pertencem a Ti, não os abandone.” O pai ofendido considera isto: “Meu filho é tolo e obstinado, mas ele é meu filho, e eu não posso abandoná-lo.”

1. O humilde pedido que Moisés faz: Rogo-te que me mostres a tua glória, v. 18. Moisés havia estado recentemente no monte com DEUS, havia permanecido ali por bastante tempo, e desfrutado de uma comunhão tão íntima com DEUS como nenhum outro jamais tivera neste lado do céu. E ainda assim ele está desejando conhecer mais a este DEUS maravilhoso. Todos aqueles que são efetivamente chamados ao conhecimento de DEUS e à comunhão com Ele, embora não desejem nada mais do que a sua gloriosa presença, passam a desejar mais e mais dele, até chegarem a ver como são vistos. Moisés havia prevalecido maravilhosamente junto ao DEUS bondoso, recebendo um favor após outro, e o sucesso de suas orações o encorajaram a ir ainda mais adiante e buscar a DEUS. Quanto mais Moisés tinha, mais ele pedia. Quando estamos em uma boa situação diante do trono da graça, devemos tentar preservá-la e melhorá-la, e bater enquanto o ferro está quente: “Rogo-te que me mostres a tua glória. Faça-me vê-la” (assim é a palavra); “torne-a de um modo ou de outro visível, e permita que eu possa suportar a sua visão.” Isto não significa que Moisés fosse tão ignorante a ponto de pensar que a essência de DEUS pudesse ser vista com olhos físicos. Mas, tendo até aqui apenas ouvido uma voz saindo da coluna de nuvem ou de fogo, ele desejava ver alguma representação da glória divina, como DEUS entendesse que fosse adequado lhe mostrar. Não convinha que o povo visse qualquer imagem semelhante quando o Senhor lhes falasse, para que não se corrompessem. Mas Moisés esperava que não houvesse perigo em ver alguma manifestação semelhante. Moisés desejava algo além daquilo que já tinha visto. Alguns pensam que Moisés desejava uma visão da glória de DEUS como um sinal de sua reconciliação, e um anseio desta presença que o Senhor lhes havia prometido.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 339-341.

Êx 18. Rogo-te que me mostres a "tua glória. DEUS acabara de atender seu pedido quanto à continuação de Sua presença com Israel. Agora, a oração de Moisés é ver a kãbôd, a glória manifesta (literalmente “peso” ) de YHWH. Equivale a pedir a DEUS para vê-lo como Ele é: nestes termos, porém, é um pedido impossível. O homem mortal não pode suportar a visão de DEUS (v. 20). Em linguagem pictórica bem vivida, a passagem afirma que o homem pode apenas contemplar o lugar por onde DEUS passou (vv. 22,23) e assim conhecê-lo pelos Seus atos no passado e no presente. DEUS como Ele é, em todo o Seu mistério, não podemos conhecer ou apreender. O homem precisaria esperar a vinda de JESUS CRISTO (Jo 14:9) para ter uma revelação plena de DEUS. Não há contradição entre esta passagem e 24:10, onde os anciãos viram “ o DEUS de Israel” (cf.Gn 32:30). Tudo que viram foi a “ pavimentação de safira” que ficava sob Seus pés: tudo que Isaías viu foram as abas das vestes reais que enchiam o vasto átrio do Templo (Is 6:1).

R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 218.

Dt 3.23 De repente vemos Moisés, entusiasmado diante de todas as promessas de Yahweh acerca da conquista do ocidente, anelante para reverter o juízo que caiu sobre ele por causa da questão da água que saiu da rocha. Ver Núm. 20.12. O livro de Deuteronômio adiciona um discernimento mais profundo. Moisés, por estar identificado com o rebelde povo de Israel, teve de levar vicariamente a culpa deles; e, por essa razão, não pôde entrar na Terra Prometida. Esse é um discernimento que fala sobre Moisés como tipo da lei, que pode conduzir até CRISTO, mas que não pode realizar a obra de CRISTO, ou seja, a salvação, simbolizada pela entrada na Terra Prometida. Deut. 1.37.

A intercessão de Moisés quase obtivera êxito, poderosa como tinha sido. Mas quando orou em proveito próprio, nada aconteceu. Não porque sua oração tivesse sido fraca, mas porque não poderia reverter a decisão de Yahweh, já que não fazia parte da vontade de DEUS que ele entrasse na Terra Prometida.

Moisés tinha iniciado a obra. Mas não pôde vê-la terminada enquanto vivo no corpo. Josué terminou a obra da conquista pelo que Moisés teve essa consolação. Ademais, em espírito, não tenho dúvida, ele viu o sucesso final daquilo que havia iniciado, fazia tanto tempo, no Egito.

Êx 3.24 Que DEUS há nos céus ou na terra...? Moisés atribuiu a DEUS todos os feitos que tinham ocorrido. O DEUS Todo-poderoso estivera presente em tudo. Ninguém poderia ter livrado Israel da escravidão no Egito. Ninguém poderia ter fornecido o necessário para cerca de três milhões de pessoas em um deserto, pelo espaço de quarenta anos. O poder divino estivera sempre presente. A grandeza e o poder tinham sido amplamente demonstrados. A realização era grandiosa demais para ter sido um empreendimento meramente humano. Tinha sido um feito divino. Yahweh destacava-se acima de quaisquer deuses imaginários. Nenhum homem poderia ter feito o que foi feito, e nem alguma outra divindade; Yahweh (o Eterno), El (o todo poderoso) é que tinha feito tudo aquilo.

Dt 3.25 Rogo-te que me deixes passar. Isso DEUS faria se aplicasse o mesmo grande poder que trouxera Israel aonde o povo se achava no momento (vs. 24). O DEUS que tinha feito o maior, sem dúvida poderia fazer o menor. Moisés queria entrar, e não apenas ver ou ouvir sobre a boa terra que DEUS havia prometido a Abraão.

Esta boa terra. Era uma terra que manava leite e mel, uma terra excelente (ver Deu. 8.7,8; Êxo 3.8,17; 13.5; 33.3; Lev. 20.24; Núm. 13.27; 14.8; 16.13; Deu. 6.3; 11.9; Jos. 5.6).

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 768.

O pedido de Moisés (3.23-29). Moisés não disfarça seu desejo intenso de entrar na Terra Prometida. Os textos onde ele menciona este desejo não realizado estão entre os trechos mais tristes de Deuteronômio. A tragédia é que a pessoa que mais desejava entrar na terra achou-se impedida por uma atitude de incredulidade, que não lhe era típica, e ato de loucura de sua parte. Talvez não entendamos bem este impedimento, mas é ilustração clara do princípio de que mais luz implica em maior responsabilidade.

Rogo-te que me deixes passar, para que eu veja esta boa terra (25). Porém o SENHOR indignou-se muito contra mim, por causa de vós (26). Certos estudiosos entendem que estas palavras significam sofrimento puramente vicário de Moisés a favor do povo. De comum acordo, no hebraico, a expressão por causa de vós é diferente da expressão “por causa de vós” que aparece em 1.37. Pelo visto, um pensamento semelhante está presente em ambos os lugares.

O SENHOR... não me ouviu; antes, o SENHOR me disse: Basta; não me fales mais neste negócio. Há quem considere que basta é uma ordem para parar de pedir; outros reputam que Moisés já desfrutava de muitos privilégios e não precisava pedir mais. Contudo, a metade da oração foi respondida. Foi-lhe permitido ver a terra desde o cume do Pisga, perto, ainda que não pudesse entrar. E foi-lhe garantido que o empreendimento que ele começara teria uma conclusão bem-sucedida por Josué (28).

Esta não foi a última vez que Moisés viu a terra. “Em um ‘monte santo’ (Hermom ou Líbano) Moisés e Elias estavam com o Salvador do mundo, e conversaram acerca de uma conquista muito mais gloriosa que Josué: ‘a partida de JESUS, que estava para se cumprir em Jerusalém’ (Lc 9.31, NVI).”

Este parágrafo nos dá insights sobre “Os Princípios da Oração”: 1) A oração deve começar com louvor, 24; 2) A oração deve ser feita com desejo veemente, 25; 3) A oração exige fé e conduta obediente, 26; 4) A oração é respondida do jeito de DEUS, 27,28.

Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 425.

A oração que Moisés fez por si mesmo e a resposta de DEUS à sua oração.

1. Sua oração foi para que, se fosse a vontade de DEUS, ele pudesse ir adiante de Israel, cruzando o Jordão, para entrar em Canaã. Nesta ocasião, quando estava encorajando Josué para lutar as batalhas de Israel, dando por certo que ele deveria ser o líder do povo, Moisés sentiu um ardente desejo de ir, ele mesmo. Este desejo não se expressa em nenhuma queixa apaixonada e impaciente, nem em reflexões sobre a sentença sob a qual se encontrava, mas em humildes orações a DEUS, para que Ele graciosamente revertesse tal sentença. “Eu pedi graça ao Senhor”. Observe que jamais devemos abrigar nos nossos corações qualquer desejo que não possamos, pela fé, oferecer a DEUS em oração. E devemos permitir que aqueles desejos que são inocentes, sejam apresentados a DEUS. Nós não temos, porque não pedimos. Observe:

(1)0 que Moisés alega aqui. Duas coisas: [1] A grande experiência que tinha tido da bondade de DEUS para consigo, no que tinha feito a Israel: “Já começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza”. Senhor, completa o que iniciaste. Tu me permitiste ver a tua glória na conquista destes dois reis e a visão me provocou assombro e gratidão. Rogo-te que me deixes ver as realizações do meu DEUS, meu Rei! Esta grande obra, sem dúvida, será continuada e completada. Deixe-me ter a satisfação de vê-la. Observe que quanto mais vemos da glória de DEUS, nas suas obras, mais desejamos ver. As obras do Senhor são grandiosas, e, portanto, são cada vez mais buscadas por todos aqueles que têm prazer nelas. [2] As boas impressões que tinham sido provocadas no seu coração por aquilo que ele tinha visto: “Porque, que deus há nos céus e na terra, que possa fazer segundo as tuas obras?” Quanto mais formos influenciados pelo que virmos de DEUS, da sua sabedoria, do seu poder e da sua bondade, melhor estaremos preparados para novas revelações. Verão as obras de DEUS aqueles que o reverenciam e admiram nelas. Assim Moisés tinha se expressado, a respeito de DEUS e das suas obras há muito tempo (Êx 15.11), e ainda tem a mesma opinião de que não existem obras dignas de comparação com as obras de DEUS, Salmos 86.8.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 569.
 
Observação minha - Ev. Henrique - A oração de Moisés é ousada, é o tipo de oração que agrada a DEUS (veja que Abraão também discutiu com DEUS em oração). É como se Moisés dissesse a DEUS: Meu povo, não, Teu povo - o povo é teu e não meu. Moisés recusa-se a ter apenas um anjo com ele e o povo - ele quer é a presença de DEUS. Primeiro queria conhecer o caminho de DEUS e depois ser guiado por esse caminho. Moisés queria que DEUS fosse no meio deles pela graça - já que pelo merecimento eles seriam destruidos.
Moisés entra na fenda de uma rocha para que DEUS passe e ele veja Sua Glória - Nós nos escondemos na Rocha Eterna que é CRISTO (a fenda é sua carne rasgada na cruz - a bondade de DEUS está revelada em CRISTO) para que vejamos a glória de DEUS em nosso meio revelada pelo ESPÍRITO SANTO. Quanto mais experimentamos de DEUS, mais de DEUS desejamos - isso é bom. Ali Moisés viu parcialmente, mas no monte da transfiguração, muito tempo depois de sua morte,  teve seu total desejo satisfeito - viu a glória de DEUS e entrou na Terra Prometida.
Moisés como representante da lei não poderia entrar na promessa de DEUS, no descanso, na salvação, por assim dizer. A lei revela o pecado e a necessidadae de um salvador. Se Moisés entrasse, DEUS estaria dizendo que a guarda da lei leva à salvação - Não, oisés não poderia entrar - A salvação só é concedida pela fé em JESUS CRISTO como único salvador e Senhor. A salvação é pela graça e não pela lei.
Ef 2.8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9 não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Mt 17.2 e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.

3. Homem de fé.

A Coragem da Fé (11.23)

Foi a fé que capacitou Anrão e Joquebede a esconder Moisés, já nascido [...] três meses [...] porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei (Ex 2.2ss). A ordem era que cada infante masculino fosse lançado no rio (Ex 1.22). Mas os pais perceberam que este menino era formoso, i.e., bonito. O adjetivo principesco ou magnífico transmite melhor a ideia do original. Todos os pais têm orgulho de seus filhos e acham que são especiais; há uma dica aqui, no entanto, de uma percepção profética de que esta criança tinha um destino especial. Esta visão e fé deram aos pais a coragem de crer que DEUS os ajudaria a frustrar a ordem do rei. Eles não temeram (lit., não estavam apavorados ou intimidados). Quando o bebê se tornou tão barulhento aos três meses que se tornou impossível manter a sua presença em segredo, prepararam um berço flutuante e designaram sua irmã maior a cuidar do menino. Em vez de lançá-lo no rio, eles o colocaram sobre o rio, crendo que se DEUS tinha um plano especial para Moisés, Ele poderia de alguma forma preservá-lo. E Ele o fez, de tal forma que se tornou uma história mais interessante do que as melhores histórias de ficção. Eles tinham um plano de DEUS para seguir - Miriã foi usada na hora certa e com a mensagem certa.

A Escolha da Fé (11.24-26)

Os primeiros anos, normalmente, são mais importantes do que os anos posteriores na vida da criança. Felizmente, a mãe de Moisés esteve com ele quando ele era mais moldável e deve tê-lo educado bem no conhecimento do único e verdadeiro DEUS. Como jovem, ele ponderou cuidadosamente a vida do povo simples e temente a DEUS da sua mãe e a vida resplandecente, mas corrupta da corte. Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó (24). Foi um repúdio claro e definitivo, como o tempo aoristo sugere. Ele rompeu com a realeza egípcia de uma vez por todas, escolhendo (lit., tendo escolhido), antes, ser maltratado com o povo de DEUS (25). A rejeição exterior foi o resultado de uma decisão interior prévia. A habilidade de tomar decisões e de escolher sempre o lado certo é a marca do caráter forte.

Moisés conhecia bem a opressão cruel e a privação sofridas por este povo; ele não era ignorante ou ingênuo. Mas ele pesou o sofrimento deles com o gozo do pecado, porque percebeu que aqueles que sofriam eram o povo de DEUS, portanto, interiormente superiores, e se sairiam melhor no final, porque o gozo do pecado era apenas por um pouco de tempo. Assim, as vantagens da corte egípcia eram vistas como sendo superficiais e temporárias. Sua escolha, portanto, era inspirada pelo seu modelo de valores: tendo, por maiores riquezas, o vitupério de CRISTO (“o estigma que está sobre o Ungido de DEUS”, NEB) do que os tesouros do Egito. O estigma continua presente! Muitos estudiosos modernos tentam de todas as maneiras possíveis desfazer e desacreditar o caminho cristão, mas podemos estar certos de que na medida em que tiverem êxito em tornar CRISTO palatável ao homem natural, nessa mesma medida moldaram um CRISTO falso e imaginário. Que conceito Moisés tinha de CRISTO (lit., o CRISTO)? Provavelmente o seu conceito não era claro, mas seu conhecimento de que os hebreus eram o povo de DEUS indubitavelmente incluía um conhecimento vago de um Ungido prometido (1 Co 10.1-4). Embora sua mente possa ter estado nebulosa quanto a detalhes, sua fé estava segura, tão segura que por causa dela ele estava disposto a arriscar seu presente e seu futuro.

Hebreus 11.26-28 A Nossa Confissão de Fé é Definitiva

O autor continua mostrando que o sistema de valores de Moisés estava baseado em grande parte na sua habilidade de olhar para o futuro: porque tinha em vista a recompensa (26). Literalmente, a palavra apeblepen, “ele estava olhando”, significa “desviar o seu olhar de todos os outros objetos e olhar para um único”. O tempo imperfeito indica que este não era um interesse romântico ou caprichoso, mas um olhar fixo. Ele continuou olhando com uma atenção fixa e séria; inevitavelmente o resplendor egípcio dissipou-se completamente de sua mente. O segredo de escapar do encanto sedutor do mundo é olhar tão longe para o futuro para perceber duração e consequência.

Pela fé, portanto, Moisés foi capaz de perceber os verdadeiros problemas da vida. Na superfície parecia que ele estava escolhendo entre dor e prazer, mas, na realidade, era entre piedade e pecado. Superficialmente, parecia ser uma escolha entre sua mãe e a filha de Faraó, mas, na realidade, era uma escolha entre CRISTO e o mundo. Parecia que ele estava escolhendo entre pobreza e os tesouros do Egito; mas, na verdade, era uma escolha entre céu e terra. Parecia uma escolha entre o deserto e o trono; mas, na realidade, era entre a imortalidade e o esquecimento.

Além disso, pela fé, ele foi capaz de distinguir o passageiro do permanente.
O passageiro incluía 1) o sofrimento do povo de DEUS, 2) o gozo do pecado, 3) os tesouros do Egito, 4) o vitupério de CRISTO.
O permanente incluía 1) o povo de DEUS, 2) a pessoa de CRISTO, 3) o pagamento da recompensa.

Nos versículos 24-26, vemos “As Qualidades da Fé Duradoura”.
1) Ela percebe a superioridade dos valores morais e espirituais sobre os prazeres temporais e carnais, vv. 25,26.
2) Ela está certa de que os valores duradouros estão do lado de CRISTO e do povo de DEUS, vv. 24,26.
3) Ela escolhe renunciar a uma vantagem passageira para obter um ganho permanente, w. 25,26.

A Persistência da Fé (11.27)

Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei (27). De acordo com Êxodo 2.11-15, o êxodo juvenil de Moisés foi, na verdade, uma fuga, instigada pelo medo. Portanto, é mais provável que Hebreus esteja se referindo aqui à saída dignificada e deliberada 40 anos mais tarde. A palavra katelipen, deixou, simplesmente significa deixar para trás e não necessariamente sugere fuga. Em sua mocidade, a fé que Moisés tinha era forte o suficiente para fazer a escolha básica e final, mas ela precisava da maturação do deserto e da sarça ardente para tornar-se à prova de pânico. O segredo do seu equilíbrio foi que ele ficou firme, como vendo o invisível. Ele suportou resolutamente as ameaças e a duplicidade de um Faraó colocado contra a parede e foi fortalecido porque a fé vê o invisível; não somente a ordem invisível como tal, mas o “Invisível” (masculino singular). A fé tem um radar espiritual que a descrença não tem (2 Rs 6.16-17; Dn 3.23- 25). Mas a grande marca distinta da fé bíblica é que ela está firmada num DEUS pessoal, não numa lei ou poder impessoal.

O Êxodo da Fé (11.28-31)

A verdadeira fé sempre sai do Egito. Ela nunca fica. Na verdade, o versículo 27 é tanto um prefácio como uma apresentação prévia desta seção, que consiste em esboçar os pontos altos da migração do Egito para Canaã. A história aqui não é de todo brilhante; uma descrença vergonhosa tornou a história acidentada, com consequências trágicas.

Os cristãos hebreus têm sido lembrados deste fato com muita intensidade. Mas a atenção agora está no fato de que a nação nunca teria sido liberta da escravidão, e nunca teria entrado em Canaã, se não fosse por aqueles que tiveram fé. Cada passo importante era uma vitória da fé. Mas a dúvida nunca registrou avanços.

a) A Páscoa (11.28). O primeiro passo preparatório essencial no Êxodo foi a Páscoa. Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue. O objetivo era escapar da espada do destruidor dos primogênitos. Este ato de julgamento divino não era somente necessário e justificado pela teimosia egípcia, mas foi simbólico da morte eterna que é endêmica do Egito espiritual. Semelhantemente, o cordeiro morto era simbólico do futuro Cordeiro de DEUS, que tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). Não há escape, quer da escravidão egípcia ou da escuridão ou morte egípcia, sem o aspergir do sangue. Mas note bem, a vida não depende apenas do sangue derramado, mas do sangue aplicado. Somente o derramar do sangue não teria protegido ninguém. Havia salvação somente à medida que o sangue era aspergido individualmente na verga da porta e em ambas as ombreiras das casas (Ex 12.23). A verdade aplica-se igualmente ao sangue do Cordeiro de DEUS. Somente quando a fé toma posse e o ESPÍRITO opera, que o Sangue salva.

b) O mar Vermelho (11.29). Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca. Para maiores detalhes, leia Êxodo 14.22-27. A fé agora é atribuída ao povo, bem como a Moisés. Neste acontecimento, vemos a diferença entre fé e presunção. A fé não depende do que é feito, mas com que autoridade. Israel agiu de acordo com a ordem divina, mas o intentar (lit., tentar) dos egípcios em fazer a mesma coisa causou o seu afogamento. A mesma ação pode ser apropriada e bem-sucedida ou presunçosa, fanática e desastrosa, dependendo da presença ou ausência de DEUS. “Com DEUS, ando sobre o mar; sem Ele, nem saio pela porta”.

Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 109-111.

Moisés e o Êxodo

23 Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei.

Esconder uma criança saudável e robusta com poder absoluto de chorar, espernear e gritar em alta voz foi realmente um ato de fé. Contudo, chegou um momento quando seus pais “não podendo, porém, mais escondê-lo”, usaram novamente o poder da fé.

24 Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,

Recusar tamanho privilégio era um verdadeiro ato de fé. Alguns historiadores afirmam que seu nome seria Hatchepsute, filha de Faraó, que passeava pela margem do rio Nilo, “... viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, e a tomou. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele...” (Êx 2.5,6). Ela, não tendo filhos, “... o adotou; e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado” (Êx 2.10).

25 escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de DEUS do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado;

Somente a eternidade poderá nos revelar o que a fé pode fazer para honrar a DEUS, como a decisão de Moisés em escolher ser maltratado ao lado de um grupo de escravos, sofrendo debaixo do julgo egípcio. Tal decisão levou Moisés a ser odiado por Faraó e pelos seus súditos. O Diabo usou de todos os meios sombrios de destruição e de todas as suas artimanhas para que Moisés não se tornasse o grande libertador do povo de DEUS, buscando assim frustrar o plano divino para com este povo. Mas DEUS operou milagrosamente em tudo, e mais uma vez, como sempre, o Diabo foi derrotado.

26 tendo, por maiores riquezas, o vitupério de CRISTO do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.

Quem conhece o Egito sabe que ali existem alguns dos maiores tesouros da humanidade encontrados pela arqueologia. Muitos destes “tesouros do Egito” foram descobertos, inclusive em escavações mais recentes. Contudo, Moisés teve por “... maiores riquezas o vitupério de CRISTO... porque tinha em vista a recompensa” do porvir.

27 Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.

Ver o invisível parece contraditório quando visualizado na esfera humana. Pois se é invisível, como pode alguém ver? Talvez por esta razão alguns tradutores traduziram esta parte final do versículo, “... como quem vê aquele que é invisível”. Nesse caso seria uma referência direta a DEUS ou a CRISTO. Ele sabia que “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para os que o amam” (I Co 2.9); por esta razão ficou firme na esperança de recebê-las.

25 Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse.

Tudo relacionado com a Páscoa tinha um significado profundo e um infinito alcance. Ela apontava para CRISTO, que é a “... nossa Páscoa” (I Co 5.7). A promessa de DEUS era esta: “... vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade” (Ex 12.13).

29 Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca; o que intentando os egípcios, se afogaram.

A Bíblia afirma que DEUS ordenou a Moisés, dizendo: “levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco... Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram como muro à sua direita e à sua esquerda” (Êx 14.16,21,22).

Severino Pedro da Silva. Epistola aos Hebreus. Editora CPAD. pag. 227-232.

O REI E SEU PODER (MT 17:14-21)

Quando comparamos os relatos dos Evangelhos dessa cena dramática, descobrimos que esse filho único estava de fato em grande perigo. De acordo com Mateus, o menino enfermo era epilético e suicida, atirando-se repetidamente no fogo ou na água.

Marcos o descreve como um mudo, que caía no chão com frequência, espumando e rangendo os dentes, depois ficando com o corpo todo rígido. Lucas diz que o menino era filho único e que gritava ao entrar em convulsões. Apesar de alguns desses sintomas poderem ter causas naturais, o menino estava à mercê de um demônio. Uma vez que os discípulos não conseguiram fazer coisa alguma, não é de se admirar que o pai tenha se ajoelhado aos pés de JESUS.

JESUS libertou o menino e ordenou que o demônio nunca mais retornasse àquele corpo (Mc 9:25).

Os nove discípulos deveriam ter sido capazes de expulsar o demônio. JESUS lhes dera poder e autoridade (Mt 1O: 1, 8), mas, de alguma forma, haviam perdido esse poder!

A expresse "fé como um grão de mostarda" sugere não apenas o tamanho (DEUS honrará até mesmo uma pequena fé), mas também vida e crescimento. Ter fé como uma semente de mostarda é ter uma fé viva alimentada para crescer. A fé deve ser cultivada a fim de que cresça e realize feitos ainda mais poderosos para DEUS (1 Ts 3:10; 2 Ts 1:3). Se os nove tivessem se mantido firmes na oração, na disciplina pessoal e na meditação na Palavra, teriam sido capazes de expulsar o demônio e de salvar o menino.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 80-81.

Deve ter sido com a maior severidade em sua voz que JESUS repreendeu... o demônio que, imediatamente, saiu dele (18). O menino (pais) foi curado (therapeuo) naquele mesmo instante. E óbvio que CRISTO era mais do que capaz de cuidar desse caso tão difícil.

Não é de admirar que os discípulos quisessem saber porque haviam fracassado (19). JESUS informou que era por causa da sua pequena fé (20).48 Se tivessem fé como um grão de mostarda, teriam ordenado ao monte que passasse daqui para acolá e ele teria passado. “A fé já removeu montanhas - poderosos impérios, seitas pagãs e a impiedade entrincheirada”.

O versículo 20 atinge o seu clímax com essa admirável afirmação: nada vos será impossível.

Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag.124-125.

As palavras de CRISTO aos seus discípulos, como conseqüência desse episódio.

1. Os discípulos perguntam a razão pela qual eles não puderam expulsar o demônio nessa ocasião (v. 19):

“Os discípulos, aproximando-se de JESUS em particular, disseram...”.

2.CRISTO lhes dá duas razões para o fracasso que tiveram. (1) “Por causa da vossa pequena fé” (v. 20).

“Este é um caso de incredulidade”. Muitos podem ser acusados de ter pouca fé, embora não devam ser chamados de incrédulos.

O nosso Senhor JESUS aproveita essa ocasião para mostrar aos discípulos o poder da fé, para que eles não fracassem, em outra ocasião, como fracassaram agora: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, nada vos será impossível” (v. 20).

Se tiverdes ainda que um pouco dessa fé com sinceridade, se verdadeiramente confiardes nos poderes que vos foram concedidos, “direis a este monte: Passa”. Esta é uma expressão conhecida, que denota aquilo que vem a seguir, e nada mais: “Nada vos será impossível”.

‘“Esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum’. Esta e possessão, que opera através de uma doença, ou este tipo de demônios que são furiosos dessa maneira, não é expulsa pela maneira normal, mas por meio de grandes atos de devoção, e nisso vocês são deficientes”.

Observe que: [1] Embora os adversários que combatemos sejam todos principados e potestades, ainda assim alguns são mais fortes do que outros, e há poderes mais difíceis de serem subjugados. [2] O extraordinário poder de Satanás não deve desencorajar a nossa fé, mas sim nos estimular a agir nela com maior intensidade, tendo mais fervor em nossas orações a DEUS, pedindo que o Senhor aumente a nossa fé. Por isso alguns têm a seguinte interpretação: “Este tipo de fé (que remove montanhas) não pode proceder, não pode ser obtido de DEUS, não pode ser trazido ao seu crescimento completo, nem pode se transformar em ações e exercícios, exceto por meio de fervorosas orações”. [3] O jejum e a oração são meios adequados para destruir o poder de Satanás contra nós, e para trazer o poder divino em nosso auxílio. O jejum é útil para aprimorar a oração; é uma evidência e um exemplo de humilhação que é necessário na oração, e é um meio de eliminar alguns hábitos corruptos, e de dispor o corpo para servir à alma em oração. Quando o interesse do demônio pela alma é confirmado pela disposição e pela constituição do corpo, o jejum deve ser acompanhado pela oração, para que o indivíduo possa manter o seu corpo em sujeição ao Senhor.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 222-223.

 
III - APRENDENDO COM MOISÉS

1. A cultivar comunhão com DEUS. "

Seu exemplo de comunhão com DEUS

A Bíblia nos mostra que Moisés cultivava uma vida de oração, mantendo um relacionamento muito íntimo com DEUS: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Ex 33.11). Como frisa Matthew Henry, “isto sugere que DEUS se revelou a Moisés, não só com clareza e evidências maiores da luz divina do que a qualquer outro dos profetas, mas também com expressões particulares e ainda maiores de bondade e graça. Ele fala não como um príncipe a um súdito, mas como qualquer fala com o seu amigo, a quem ama”.

DEUS também quer ter hoje um relacionamento íntimo conosco! Como destaca a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Moisés desfrutou tal favor de DEUS não porque era perfeito, genial ou poderoso, mas porque DEUS o escolheu. Por sua vez, Moisés confiou inteiramente na sabedoria e direção de DEUS. A amizade com DEUS era um verdadeiro privilégio para Moisés, e estava [nesse nível] fora do alcance dos hebreus. Mas, hoje, ela não é inalcançável para nós. JESUS chamou seus discípulos — e, por extensão, todos os seus seguidores — de amigos (Jo 15.15). Ele o chamou para ser seu amigo. Você confiaria nEle como fez Moisés?”.

COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 152.

A comunhão espiritual. Há uma comunhão com DEUS, por meio do ESPÍRITO, O espírito humano é capaz de ter comunhão com o ESPÍRITO SANTO. Paulo, por mais de cento e sessenta vezes, falou em estarmos «em CRISTO.., retratando, com essas duas palavras, a nossa comunhão mística. Ver I Cor. 1:4. A comunhão não tem apenas a dimensão humana, do homem com homem; também tem a dimensão divina, do homem com DEUS. O trecho de Efésios 4:1-6, e vários trechos paralelos, dão-nos esse ensino. Diz 1 João 1:3: «... a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, JESUS CRISTO... O ESPÍRITO SANTO reside em nós e nos confere comunhão divina (João 14:16 ss). CRISTO é a vinha, e nós somos os ramos, pelo que devemos pensar em uma comunhão orgânica (João 15). Há a comunhão do ESPÍRITO (Fil. 2:1 ss). «A graça do Senhor JESUS CRISTO, e o amor de DEUS, e a comunhão do ESPÍRITO SANTO sejam com todos vós.. (11 Cor. 13:13).

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 822.

Comunhão espiritual. O cerne da comunhão cristã é espiritual. Pelo ESPÍRITO o homem tem comunhão com DEUS, com CRISTO e com os santos.

A união mística do ESPÍRITO permeia e unifica a igreja. JESUS disse a seus discípulos: “Um só é vosso mestre, e vós todos sois irmãos” (Mt 23.8). Assim como os discípulos são companheiros de estudo, também aqueles que participam da “comunhão” são companheiros de adoração. “Considerai o Israel segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são participantes do altar?” (I Co 10.18). Paulo adverte para o mérito da comunhão: “Com toda humildade e mansidão e longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do ESPÍRITO no vínculo da paz”, ao que ele adiciona: “Um corpo e um ESPÍRITO... numa só esperança... um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só DEUS e Pai de todos” (Ef 4.1-6). Os líderes da nova igreja encorajavam continuamente a comunhão, ensinando os meios práticos de exercê-la: “Instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria” e cantem juntos com ações de graça (Cl 3.16). “Consolai-vos, pois, uns aos outros...” (1 Ts 4.18); “Consolai-vos uns aos outros e edificai-vos reciprocamente... vivei em paz uns com os outros... admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimes para com todos” (5.11-14). “Exortai-vos mutuamente cada dia... consideremo-nos também uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns, antes façamos admoestações” (Hb 3.13; 10.24s.). “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros” (Tg 5.16).

A comunhão espiritual se origina em DEUS e em CRISTO. “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, JESUS CRISTO” (1 Jo 1.3). Na alegoria da videira, JESUS retratou a união mística entre ele, DEUS e seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor... vós sois os ramos” (Jo 15.1,5). Por meio desta união o crente dá muito fruto.

Finalmente, o ESPÍRITO SANTO é o mediador da comunhão na presente dispensação. Por intermédio dele o homem tem comunhão com DEUS e mantém comunhão universal com os santos. A promessa consoladora de JESUS a seus discípulos foi: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o ESPÍRITO da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita conosco e estará em vós” (14.16s.). Paulo disse: “Porque vós sois filhos, enviou DEUS aos nossos corações o ESPÍRITO de seu Filho” (G1 4.6). A seguir ele escreve aos filipenses acerca de CRISTO, do amor, da alegria, e da “participação (comunhão) no ESPÍRITO” (Fp 2.1s.). Paulo resume a relação tripla do homem em sua bênção: “A graça do Senhor JESUS CRISTO e o amor de DEUS e a comunhão do ESPÍRITO SANTO sejam com todos vós” (2Co 13.14).

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1114-1115.

2. A ter comunhão com outros crentes.

At 2.46 É verdade, porém, que ao mesmo tempo tinham necessidade de seus próprios encontros: “Partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com regozijo e singeleza de coração”. Essas reuniões nas refeições comunitárias caracterizavam-se pela “regozijo e singeleza de coração”. Com certeza deram pouca atenção ao cardápio! Essa alegria jubilosa não era um contraste para o “temor”, nem sequer era limitada apenas pelo temor, mas, exatamente como o “temor”, constituía o efeito da presença plena de DEUS. Sempre deixamos de ver a verdade quando separamos em DEUS a justiça e o amor, a seriedade e a bondade. Por isso sempre perdemos a alegria profunda quando perdemos o temor diante de DEUS. Pelo DEUS vivo revelado em JESUS, em Sua cruz e ressurreição foram-nos dados gratidão efusiva e santo respeito. O ESPÍRITO SANTO em nossos corações faz-nos regozijar e tremer, temer e amar a DEUS. É preciso levar em conta que a palavra “regozijar” sempre possui conotação “escatológica”. “Os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”, profetizou Isaías (Is 35.10). Ao serem celebradas agora na igreja as refeições cheias de júbilo e louvor a DEUS, apesar de toda a pobreza material, essas refeições já eram prefiguração e primeira garantia do banquete nupcial do fim dos tempos, quando DEUS estará no meio de seu povo com toda a Sua glória e presença visíveis e o encherá com “alegria indizível e gloriosa” (1Pe 1.8, NVI). A circunstância de que eles, inimigos de DEUS e assassinos de JESUS, podiam pertencer a esses “redimidos do Senhor” representava uma razão sempre renovada desse “regozijo” que agora já perpassava os dias da novel igreja com seu brilho. As orações de santa ceia transmitidas no assim chamado “Didaquê” nos permitem perceber algo de como precisamos imaginar esse “tomar as refeições com regozijo e singeleza de coração e com louvor a DEUS”.

Consequentemente, esses primeiros cristãos estavam em paz com DEUS e as pessoas, “louvavam a DEUS e contavam com a simpatia de todo o povo”. Foi um grande presente que essa igreja – diferente da de Tessalônica (1Ts 1.6) – pôde organizar-se inicialmente em paz. No momento não havia dificuldades exteriores para chegar à fé em JESUS e lhe render a vida. É óbvio que a superação interior dos corações não é produzida pela simpatia exterior, e nem mesmo pela palavra desafiadora de uma igreja viva como tal. Somente o próprio Senhor pode nos resgatar da incredulidade e perdição e nos conceder a conversão. Foi assim que JESUS fez naquele tempo. Não se limitou ao avivamento daquele primeiro dia de Pentecostes. Diariamente acontecia a grande alegria por pessoas que se deixavam salvar. “O Senhor, porém, acrescentava os que iam sendo salvos, dia a dia, ao mesmo”.

Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.

At 2.46. A devoção religiosa dos cristãos primitivos era assunto de todos os dias. Reuniam-se em espírito de unanimidade no templo. Esta expressão talvez signifique que empregavam o átrio do templo como lugar de reunião (cf. 5:12), mas também subentende-se que participavam do culto diário do templo (3:1). Este culto diário consistia da  oferta de um holocausto e incenso, de manhã e de tarde; e era realizado pelos sacerdotes, mas sempre havia uma congregação de pessoas que ficavam onde podiam ver os sacerdotes que cumpriam os seus deveres e que entravam no santuário; participavam das orações, e recebiam uma bênção do sacerdote.

Visto que os cristãos primitivos acreditavam que tinham um relacionamento verdadeiro com DEUS através do Messias, era natural que participassem do culto a DEUS conforme o modo comumente aceito. É provável que ainda não lhes tivessem ocorrido as questões teológicas acerca da substituição dos sacrifícios do templo pelo sacrifício espiritual de JESUS. Além disto, as autoridades religiosas não excluíram os cristãos do templo. Ao mesmo tempo, porém, os cristãos se reuniam para seus próprios ajuntamentos religiosos. Reuniam-se de casa em casa, nos lares uns dos outros, e juntamente partiam o pão num espírito de gozo intenso e sincero.

A ideia é que faziam refeições em comum, as quais também incluíam o partir do pão; podemos comparar a descrição que Paulo deu da refeição em conjunto na igreja em Corinto, que incluía a celebração da Ceia do Senhor (1 Co 11:17-34). A grande alegria que caracteriza estes encontros era, sem dúvida, inspirada pelo ESPÍRITO (13:52) e talvez se associasse com a convicção de que o Senhor JESUS estava presente com eles (cf. 24:35).

At 2.47. A estrutura da frase talvez indique que os discípulos comessem juntos no templo bem como nos seus lares. Ao fazerem assim, louvavam a DEUS; esta é uma das poucas referências em Atos à adoração que os cristãos prestavam a DEUS no sentido de renderem graças a Ele. A raridade de tais frases nos faz lembrar que, conforme o testemunho do Novo Testamento, os encontros dos cristãos eram para a instrução, a comunhão e a oração; noutras palavras, para o benefício dos participantes; menciona-se menos a adoração a DEUS, embora este elemento naturalmente não faltasse.

Um comentário final nota que a atividade evangelizadora da igreja continuava diariamente. Na medida em que os cristãos eram vistos e ouvidos pelo restante do povo em Jerusalém, suas atividades formavam uma oportunidade para o testemunho. Mais uma vez, Lucas se refere ao processo de tomar-se cristão como o ser salvo, i. é, salvo de pertencer ao povo pecaminoso em derredor que está sob o julgamento divino por ter rejeitado ao Messias (2:40, cf. 2:21).

I. Howard Marshall. Atos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 84-85.

A IGREJA CAMINHANDO NO ESPÍRITO (AT 2:42-47)

Os cristãos continuaram a usar o templo como lugar de reunião e de ministério, mas também passaram a encontrar-se nos lares de várias pessoas. Os três mil novos convertidos precisavam ser instruídos na Palavra e ter comunhão com o povo de DEUS, a fim de crescer e de se tornar testemunhas eficazes. A Igreja primitiva não se ateve a converter pessoas, também as discipulou (Mt 28:19, 20).

Convém explicar duas frases de Atos 2:42. "Partir do pão", provavelmente, é uma referência às refeições regulares, mas, no final de cada refeição, é bem possível que fizessem uma pausa para se lembrar do Senhor celebrando o que chamamos de "Ceia do Senhor" ou "Santa Ceia". O pão e o vinho eram elementos comuns sempre presentes na mesa dos judeus. O termo comunhão não significa apenas "estar juntos". Quer dizer "ter em comum", podendo ser uma referência ao compartilhamento de bens materiais praticado na Igreja primitiva.

Por certo, não se tratava de uma forma de comunismo, pois foi um programa inteiramente voluntário, temporário (At 11:27-30) e motivado pelo amor. A igreja foi unificada (At 2:44), exaltada (At 2:47a) e multiplicada (At 2:47b). Seu testemunho entre os judeus era poderoso, não apenas em função dos milagres realizados pelos apóstolos (At 2:43), mas também pelo amor que os membros da comunidade tinham uns pelos outros e por seu serviço ao Senhor. O Senhor ressurreto continuou a operar por meio deles (Mc 16:20), e o povo continuou a ser salvo. Uma igreja e tanto!

Os cristãos que vemos no Livro de Atos não se contentavam em se encontrar uma vez por semana para "o culto habitual". Encontravam-se diariamente (At 2:46), cuidavam uns dos outros diariamente (At 6:1), ganhavam almas diariamente (At 2:47), examinavam as Escrituras diariamente (At 1 7:11 ) e cresciam em número diariamente (At 16:5).

A fé cristã era uma realidade diária, não uma rotina semanal. Isso porque o CRISTO ressurreto era uma verdade viva para eles, e seu poder de ressurreição operava na vida deles por meio do ESPÍRITO.

A promessa ainda vale para nós hoje: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (At 2:21; Rm 10:13). Você já invocou o nome do Senhor? Já creu em JESUS CRISTO como seu Salvador?

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 531.

A palavra de DEUS que fora pregada com tanto poder e que tinha sido acompanhada com exortações tão sérias, não ficou sem fruto. Pela ação do mesmo ESPÍRITO, cujo poder milagroso estava evidente aos seus olhos, algumas das pessoas presentes, que chegou a um considerável número dos ouvintes, receberam pela fé a palavra, e aceitaram JESUS de Nazaré como o Messias prometido e foram batizadas. O batismo em o nome de JESUS CRISTO serviu para o fortalecimento de sua fé na palavra do evangelho, e para a confirmação e selo de sua salvação em CRISTO, do que Pedro havia testificado. Não faz sentido se este grande número de pessoas, que assim foram somadas ou juntadas às fileiras dos discípulos, foram batizadas por imersão. O fato é que estas pessoas foram somadas à, ou recebidas na, igreja cristã pelo sacramento do batismo, sendo seu número perto de três mil almas, adicionadas à igreja.

Agora Lucas traça um quadro da primeira congregação cristã de Jerusalém, tendo como núcleo os apóstolos e os cento e vinte discípulos, e como corpo os três mil convertidos de pentecostes. O crescimento da igreja não foi só em número, mas também na fé e na caridade.

Os membros da congregação continuaram, perseveraram, com grande fidelidade e devoção, nos ensinos, na doutrina dos apóstolos. Estes homens, por CRISTO estabelecidos e ordenados como os mestres de toda a cristandade, foram naquela ocasião os mestres da congregação de Jerusalém. E a doutrina deles foi a doutrina de CRISTO; eles ensinaram o que havia ouvido de CRISTO; a palavra deles foi a palavra de DEUS. Os discípulos, permanecendo firmemente nesta palavra, também conservaram a comunhão. Estiveram unidos na mesma fé e no mesmo amor ao seu Senhor e Mestre; estiveram em comunhão um com o outro, e em união com CRISTO e o Pai, que foi uma intimidade maravilhosa e abençoada, pela qual estiveram mais unidos entre si do que irmãos e irmãs de sangue. Cada um sentia o interesse mais solícito pelas alegrias e tristezas do outro. Sua comunhão estreita era expressa no partir do pão. Caso esta expressão não se referir só à celebração da Santa Comunhão, ela certamente não exclui o sacramento. Cf. 1 Co. 10.16. Ela, claramente, não se refere a uma refeição regular, e provavelmente foi usada por Lucas para descrever resumidamente a refeição em comum que os cristãos, nos primeiros tempos da igreja, ligaram à celebração da Ceia do Senhor. E da mesma maneira como os cristãos ouviram a palavra, da mesma forma como observaram a Eucaristia, assim também foram diligentes, assíduos, na oração pública. Os discípulos de Jerusalém manifestaram, por meio de oração, louvor e agradecimento comum, sua comunhão fraterna e sua unidade de espírito. Todos estes fatos, com certeza, não podiam ficar sem o conhecimento do povo da cidade, nem mesmo se os membros da congregação assim o tivessem desejado. O modo cristão no viver foi uma confissão constante e uma admoestação a todos os habitantes da cidade. O resultado foi, que muitos dos judeus, tantos quantos entraram em contato com os cristãos, foram tomados de grande temor; o espanto solene que os milagres e sinais operados pelos apóstolos inspiraram, aumentou pela veneração requerida pelo seu viver sem dolo. A presença de DEUS e do Cristo exaltado, por meio da manifesta operação do ESPÍRITO, em meio à congregação, precisou ser admitida por todos os que entraram em contato com eles. E este temor também serviu para a difusão do evangelho; serviu como freio sobre o ódio dos judeus, impedindo-os de qualquer manifestação pública de sua inimizade. Foi intenção de DEUS, que a plantinha jovem de sua igreja devia gozar por algum tempo dum crescimento em paz.

Enquanto isto o amor fraterno dos discípulos mostrou seu poder na vida e nos atos deles. Estiveram juntos; seus corações e suas mentes estiveram direcionados a sua causa comum, o fato que naturalmente os levou a se reunirem tantas vezes quantas possíveis, fosse no tempo ou em casas particulares, e isto não só para os cultos públicos, mas também para o trato social no verdadeiro espírito cristão. E eles tiveram tudo em comum; não praticaram o comunismo e não ab-rogaram o direito da propriedade particular. Não a posse, mas o uso e o benefício dos bens foi comum. Cf. cap. 4. 32. Cada membro da congregação considerava sua propriedade como um talento do Senhor, com o qual devia servir seu próximo. Este amor fraterno em muitos casos realizou ainda mais. Venderam suas posses e bens, toda sua propriedade, e dividiram o produto entre os irmãos, tal como as necessidades o exigiam. Esta não foi uma lei proposta ou reforçada pelos apóstolos, mas foi uma livre manifestação de verdadeira caridade. Os cristãos abastados estiveram dispostos e desejosos para realizar estes sacrifícios, sempre que era evidente que esta era a única maneira pela qual as necessidades dos irmãos podiam ser supridas. Não qualquer sinal da arrogante indiferença que agora caracteriza o intercurso dos ricos com os pobres. Expressões de amor como esse poucas vezes, ou jamais, haviam sido vistas anteriormente na terra. E tudo isto foi feito sem qualquer  tentativa de ostentação. Como era de se esperar, os cristãos, de comum acordo e em plena unidade de espírito, tinham suas reuniões públicas no templo, onde tinham oportunidade para testificar aos outros de sua nação a respeito da esperança que os animava. E não somente no templo eram feitas reuniões diárias, mas também se encontravam de casa em casa, principalmente para a celebração da Santa Comunhão e da ceia comum conhecida como ágape, onde juntos tomavam a refeição com grande alegria e exultação e também com toda a simplicidade de coração. Os membros mais ricos não se indignavam sobre o fato que os irmãos mais pobres compartilhavam do alimento que de sua abastança haviam provido, nem julgavam ser-lhes algo indigno sentar-se à mesma mesa. E os membros pobres nada possuíam da ridícula vaidade da pobreza de serem obrigados a aceitar a generosidade de outros. Todos estavam unidos nesta uma obra sublime, de dar louvor a DEUS por todos os dons que ele derramara sobre eles. Não é de admirar que acharam as boas graças de todo povo. Cada judeu honesto e sincero naturalmente estimava os cristãos pela simplicidade, pureza e caridade de suas vidas. E, sendo a confissão da boca apoiada e confirmada pela evidência das obras, o resultado foi que diariamente se registravam adesões ao número dos cristãos. Mas Lucas afirma expressamente que o Senhor juntava à congregação aqueles que deviam ser salvos. A conversão de cada pessoa é somente um ato do Senhor, e é o resultado de sua vontade graciosa e boa pela salvação dos pecadores. Notemos: A congregação de Jerusalém é em tudo um exemplo luzente para as congregações cristãs e para os cristãos de todos os tempos. Se o mesmo amor à palavra de DEUS, ao uso do sacramento, se esta mesma caridade desinteressada aos irmãos fosse evidente em nossos dias, então cada congregação também se sobressairia da mesma forma. E esta é a vontade de CRISTO, o Cabeça da igreja.

KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento Volume 2. Editora Concordia Publishing House.

3. A aceitar o ministério de líderes piedosos.

Ef 4.11. Paulo passa a falar agora dos dons específicos que Ele deu aos homens. A luz dos versículos 7, 8 não devemos entender concedeu como um mero equivalente para “designou”. Todos, em seus ministérios particulares, são dom de DEUS à Igreja. “Devemos a CRISTO o fato de termos ministros do evangelho”, diz Calvino. A Igreja pode indicar homens para diferentes trabalhos e funções, mas, a menos que tenham os dons do ESPÍRITO e sejam, portanto, eles mesmos os dons de CRISTO à Sua Igreja, sua indicação será sem valor. A expressão também “serve para lembrar aos ministros que os dons do ESPÍRITO não são para enriquecimento pessoal, e sim para enriquecimento da Igreja” (Allan).

Se esta epístola tivesse sido escrita numa data posterior, conforme o pensamento de alguns, seria quase impossível não existir referência ao ministério local dos bispos, presbíteros e diáconos, os quais se tornaram da maior importância para a Igreja. Assim, o apóstolo não está pensando nos ministros de CRISTO em seus ofícios, mas sim em seus dons espirituais específicos e suas tarefas, e havia muitos que não estavam limitados a uma determinada localidade no exercício de suas funções para a edificação da Igreja. Este fato explica a seleção que encontramos aqui e na lista semelhante em 1 Coríntios 12:28.

Em primeiro lugar estavam os apóstolos. A palavra apóstolos é usada no Novo Testamento com três sentidos diferentes. Podia significar simplesmente um mensageiro, como é aparentemente o caso em Filipenses 2:25 sentido esse que podemos deixar de lado aqui. Era usada acima de tudo para os doze, que por todo o Novo Testamento ocuparam uma posição especial e preeminente (1 Co 15:5; Ap 21:14). Mas lemos a respeito de outros como apóstolos, não apenas o próprio Paulo e Barnabé (At 14:14), mas também Tiago, o irmão do Senhor (G1 1:19), Silas (1 Ts 2:7), e Júnias e Andrônico que são mencionados apenas em Romanos 16:7. De fato, parece terem existido alguns que podem ser verdadeiramente chamados de apóstolos (1 Co 15:7), mas que não conhecemos nem de nome. De acordo com as palavras de Paulo em 1 Coríntios 9:1 parece que uma das qualidades para o apostolado era a de ter visto o Senhor JESUS ressurreto, e de ter sido enviado por Ele, e, dessa forma, ter assumido pessoalmente o compromisso como membro considerado fundador (Ef 2:20), consagrado ao trabalho de edificação da Igreja.
Se a qualificação para ser apóstolo era a de ter visto o Senhor ressurreto e de ter sido enviado por Ele, a prova de ser apóstolo eram seus labores no poder de CRISTO, inclusive “por sinais, prodígios e poderes miraculosos” (2 Co 12:12).

Os profetas (veja comentário sobre 2:20 e 3:5) estavam intimamente associados a eles na obra da edificação da Igreja a partir de seus fundamentos e eram, portanto, essenciais como dons de CRISTO à Igreja. É difícil, para nós, ver de uma forma isolada o ministério dos profetas, mas eles se destacam claramente no Novo Testamento como homens de fala inspirada, cujo ministério da palavra foi da máxima importância para a jovem Igreja. As vezes podiam prever o futuro, como em Atos 11:28 e 21:9,11, mas tal como os profetas do Antigo Testamento, sua grande obra era proclamar a palavra de DEUS. Isto podia acontecer quando mostravam os pecados dos homens com poder convencedor (1 Co 14:24), ou quando fortaleciam a Igreja pela palavra de exortação. Esta segunda ideia está claramente ilustrada em Atos 15:32, onde se diz que “Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram”.

Em escritos do segundo século lemos acerca de profetas. Os escritos apostólicos começavam a ser lidos largamente e aceitos como autorizados. Ao mesmo tempo, o ministério local assumiu cada vez mais importância, maior que a dos ministros itinerantes, e a isto, acrescentou-se o problema de que surgiram muitos falsos mestres e “profetas” por conta própria que iam de lugar em lugar, como vendedores ambulantes, cada um a oferecer sua mercadoria.

A seguir, vêm os evangelistas. Apenas duas outras referências no Novo Testamento aos evangelistas podem nos guiar às suas funções e trabalho. Em Atos 21:8 Filipe, cujas quatro filhas eram profetisas, é chamado de evangelista, e em 2 Tm 4:5 Paulo chama Timóteo para fazer “o trabalho de um evangelista”. Podemos presumir que o trabalho deles era uma obra itinerante de pregação orientada pelos apóstolos, e parece ser justo chamá-los de “a milícia missionária da Igreja” (Barclay).

Juntos então, aparecem os pastores e mestres (palavras ligadas pelo mesmo artigo em grego). É possível que esta frase descreva os ministros da igreja local, enquanto as três primeiras categorias são consideradas como pertencentes à Igreja universal. Mais provavelmente, o pensamento dominante é ainda de funções e dons espirituais. Apóstolos e evangelistas têm a tarefa específica de plantar a Igreja em cada lugar, profetas a de trazer uma palavra específica de DEUS para uma dada situação. Os pastores e mestres são dotados para assumirem a responsabilidade pela edificação da Igreja dia a dia. Não há uma nítida linha divisória entre os dois. Os deveres do pastor são: prover o rebanho de alimento espiritual e procurar protegê-lo de perigos espirituais. Nosso Senhor utilizou esta palavra em João 10:11,14 para descrever Sua própria obra, sendo sempre Ele mesmo, o sumo Pastor (Hb 13:20; 1 Pe 2:25; 5:4), sob Quem os homens são chamados a pastorear “o rebanho de DEUS” (1 Pe 5:2; Jo 21:15; At 20:28). Cada pastor deve ser “apto para ensinar” (1 Tm 3,2; Tt 1:9), embora seja evidente que alguns possuem preeminentemente o dom de ensino, e pode-se dizer que formam uma divisão particular do ministério dentro da Igreja e que são um dom especial de CRISTO a Seu povo (At 13:1; Rm 12:7, 1 Co 12:28).

Ef 4.12. Agora são usadas neste versículo três frases para descrever o propósito dos dons espirituais que acabam de ser mencionados. A diferença de preposições em grego indica que elas não podem estar separadas, pois a segunda frase é dependente da primeira, e a terceira é dependente das duas que a precedem. Em primeiro lugar portanto, o ministério da Igreja lhe é entregue com vistas ao aperfeiçoamento dos santos. A palavra usada (katartismos) não se encontra em qualquer outro lugar do Novo Testamento, embora o verbo correspondente seja usado no sentido de consertar alguma coisa (Mt 4:21); de DEUS ter formado no princípio o universo de acordo com o modelo e ordem pretendidos (Hb 11:3); e de restaurar a saúde espiritual de alguém que sofreu queda (G1 6:1). Todavia, a palavra pode ter o sentido de “aperfeiçoar” o que está deficiente, na fé dos cristãos (1 Ts 3:10; Hb 13:21; 1 Pe 5:10) e podemos dizer com Robinson que a palavra dá a ideia de “levar os santos a tornarem-se aptos para o desempenho de suas funções no Corpo, sem deixar implícita uma restauração de um estado desordenado”. Alcançar tal condição não é um fim em si mesmo, mas tem um propósito que é de habilitá-los para o desempenho do seu serviço. Tão claramente quanto no versículo 7, isto deixa implícito que cada cristão tem um serviço a desempenhar, uma tarefa e função espirituais no corpo. A palavra empregada aqui (diakonia; ou o verbo correspondente) diz respeito ao serviço feito pelos servos da casa (Lc 10:40; 17:8; 22:26s; At 6:2), refere-se, portanto, não só ao trabalho específico daqueles que vieram a ser conhecidos como “diáconos”, mas é usada também num sentido mais geral da palavra que se refere a todo “serviço” da igreja (3:7).

O que é feito para os santos, e pelos santos, é para a edificação do corpo de CRISTO. A palavra oikodome foi utilizada em 2:21, mas tem aqui um sentido mais amplo. A Igreja vai sendo construída e aumentada e seus membros são edificados, à medida que cada membro usa seus dons individuais segundo o que o Senhor da Igreja ordena, e, desta forma, cada crente desempenha um serviço espiritual para com seus companheiros no Corpo e para com a Cabeça. Não há necessariamente confusão de metáforas quanto ao sentido dado a oikodomê com o corpo, mas o apóstolo acha que a metáfora do corpo é mais adequada do que qualquer outra por causa do que deseja falar logo adiante a respeito do crescimento e unidade da Igreja.

Ef 4.13. Todas as três frases no versículo 12 descrevem o processo que ocorre na vida da Igreja. Mas o apóstolo jamais poderia pensar em um processo sem fixar os olhos no alvo. O verbo empregado no princípio do versículo (katantaõ) é usado nove vezes em Atos com referência aos viajantes que chegam a seu destino. (At 26:7 e Fp 3:11 para uso semelhante ao daqui). E o ponto de chegada da jornada da Igreja é descrito de três modos. O primeiro é a unidade da fé. Quando a fé é corretamente participada, pessoas com diferentes origens de erro e ignorância chegam a uma compreensão crescente da única “esperança”, a uma dependência também crescente do único “Senhor”, e, assim sendo, a uma apreciação progressiva do único “corpo”. O alvo, portanto, deve ser a unidade na fé.

Segundo, embora já se tenha dito o suficiente para tornar isto evidente, enfatiza-se que fé não é apenas aceitar-se uma coleção de dogmas, e obter-se assim a unidade. É algo mais profundo e mais pessoal. É a unidade no pleno conhecimento do Filho de DEUS (1:17). Jamais conheceremos uma pessoa apenas com a mente; e o conhecimento de uma tal Pessoa deve envolver a mais profunda comunhão. Pois esta Pessoa é o Filho de DEUS, e esta é uma das raras vezes, em todas as epístolas paulinas, que este título aparece (Rm 1:4; G1 2:20; 1 Ts 1:10). Quando Paulo fala da relação do Senhor com Sua Igreja e com o propósito do Pai, em geral usa o título “CRISTO”, mas “quando O descreve como o objeto daquela fé e conhecimento em que nossa unidade será finalmente compreendida” (Robinson), fala dEle em Sua posição única como o Filho de DEUS.

Mas esse conhecimento, que é comunhão com o Filho de DEUS, envolve a experiência plena de vida “em CRISTO”, e, portanto, de desenvolvimento até a perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de CRISTO. Todas as diferentes expressões aqui falam de maturidade. A palavra traduzida por perfeita (teleios) possui a conotação de desenvolvimento pleno em 1 Coríntios 2:6; 14:20 e Hebreus 5:14. Varonilidade significa aqui o estado de ser adulto, como em 1 Coríntios 13:11, onde a palavra também é contrastada com nêpios, que é usada no próximo versículo aqui para designar crianças. O singular, além do mais, expressa novamente o pensamento de que maturidade envolve unidade; os “muitos” devem se tornar um “novo homem” (2:15). Então a palavra usada para estatura, que pode ter o sentido de idade (Jo 9:21, 23) ou de estatura física (Lc 19:3), fala figuradamente de maturidade, cujo padrão é nada menos que a plenitude de CRISTO. Tal como em 1:23, alguns interpretam esta expressão como “a medida do CRISTO perfeito”, perfeição esta que Ele atinge ao preencher-se de Sua Igreja. Outros entendem a expressão como aquilo que CRISTO preenche. Parece-nos que a melhor interpretação é a mesma que de 1:23, isto é, como posse completa dos dons e graça de CRISTO, os quais Ele procura dar aos homens. Ele mesmo possui a própria plenitude de DEUS (Cl 1:19; 2:9); Ele quer que o cristão seja preenchido de tudo o que Ele possa comunicar. É irrelevante que este alvo possa ou não ser alcançado nesta vida. O importante é que o cristão deve marchar firme para frente levado por esta alta ambição.

Ef 4.16. É somente de CRISTO, como Cabeça, que o corpo recebe toda sua capacidade para crescer e para desenvolver sua atividade, recebendo assim uma direção única para funcionar como entidade coordenada. O corpo depende para seu crescimento e atividade: da direção do Senhor, de Sua provisão para tudo o que necessita (compare versículos 11, 12), e também do bom relacionamento entre os membros.

A “energização” de DEUS no corpo todo torna possível este funcionamento de cada parte, em sua medida e de acordo com sua necessidade. Então menciona-se mais uma vez o propósito do crescimento, e está claro que cada membro não procura o seu próprio crescimento, mas o do corpo como um todo: não sua própria edificação, mas a edificação do todo. Basicamente, a edificação não é o aumento numérico da Igreja, mas o crescimento espiritual. E este crescimento é acima de tudo em amor. Esta pequena frase aparece novamente (1:4; 3:17; 4:2; 5:2), pois o amor determina que cada membro procurará a edificação de todos. Então, sem dúvida, se houver a comunhão da convivência em amor e a demonstração da verdade em amor, o aumento numérico virá como consequência natural.

Francis Foulkes. Efésios. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 98-104.

A Classificação dos Dons (4.11)

Os cinco ministérios são concedidos pelo ESPÍRITO e dados por CRISTO à sua igreja.

O Propósito dos Dons (4.12-16)

Falando principalmente da vida interior da comunidade cristã, Paulo descreve o propósito para o qual CRISTO deu à igreja estes ministérios. Pelo menos quatro dimensões do propósito divino são distinguíveis.

a) Estes ministérios são dados para edificar ou construir o corpo de CRISTO (12).

b) Estes dons ministeriais são dados para promover maturidade. 1) à unidade da fé; 2) a varão perfeito; 3) à medida da estatura completa de CRISTO.

Precisamos também destacar que não há crescimento na igreja separadamente de nosso crescimento individual como crente. É cada um de nós individualmente que tem de se dirigir com empenho à estatura completa de CRISTO.

sugere o tema “O Alvo Ultimo do Cristão”.
1) O meio para esse fim. Ensinar e pregar a Palavra de DEUS, 11,12;
2) O compêndio do ideal, 4-7,15. A fé incorporada e o corpo incorporado, 16;
3) A proximidade da meta num caráter estável,
4) CRISTO no trono do coração.
5) A igreja unida (G. B. Williamson).

Willard H. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 160-163.

Ef 4.11 O mesmo que levou cativos os poderes também concedeu dons à sua igreja: “os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e mestres”. Diferentemente do v. 7, onde se falava da distribuição de dons individuais para todos os membros da igreja, Paulo aqui designa determinadas pessoas como dom de CRISTO. Em vista da proximidade do presente trecho com Ef 1.20-23 é preciso chamar atenção para o fato de que em Ef 1.22 o CRISTO exaltado foi “concedido” como cabeça sobre a igreja toda. Logo CRISTO é a “dádiva principal” para sua igreja, no seio da qual ele próprio “concede” determinadas pessoas.

Não se deve esquecer que também na primeira carta aos Coríntios os dons ministeriais são mencionados - 1Co 12.28 “primeiramente a apóstolos, em segundo lugar a profetas, e em terceiro lugar, a mestres”. A combinação de “profetas e mestres” ocorre em At 13.1. Em 1Tm 2.7 (também em 2Tm 1.11) Paulo relaciona consigo mesmo o serviço de “pregador” (cf. “evangelista”), apóstolo e mestre (dos gentios). É digno de nota que também esse trecho está visivelmente próximo de Ef 4.4ss: a confissão do único DEUS e do único Mediador entre DEUS e os humanos, que se “deu” como pagamento de resgate, é seguida pela transição para a investidura de Paulo como “arauto” desse evento de salvação.

Segundo esse pensamento CRISTO presenteou sua igreja com dons, i. é, com pessoas incumbidas e capacitadas que possuem uma relevância fundamental para a construção e o crescimento da igreja.

Ef 4.12 A finalidade para a qual CRISTO concedeu os “dons” é indicada por meio de três segmentos da frase. As diversas pessoas incumbidas foram dadas “para o preparo (grego: pros) dos santos para (grego: eis) a obra do serviço, para (grego: eis) a edificação do corpo de CRISTO”. Portanto, o sentido seria este: os “detentores de cargos” têm a tarefa de preparar os crentes a fim de que eles por seu turno possam assumir serviços. O corpo de CRISTO é edificado por meio de ambas as atividades.

Ef 4.13 A edificação, o crescimento do corpo de CRISTO, estão direcionados para um alvo que é indicado neste versículo. A expressão “chegar” pode significar literalmente alcançar um lugar (diversas vezes em At: p. ex., At 16.1; 18.19; etc.), mas também pode ser usada em sentido figurado (o fim dos tempos chegou: 1Co 10.11). Assim como aqui, em Fp 3.11 ela implica a atenta orientação rumo ao alvo visado, quando Paulo afirma de si: “para alcançar a ressurreição dentre os mortos”.

A unidade da fé está estreitamente ligada à “unidade do conhecimento”, que por sua vez se concentra no “Filho de DEUS”. Em Ef 1.17-19 Paulo já suplicara pelo ESPÍRITO da sabedoria, para que os leitores reconheçam a esperança e a força resultante da ressurreição de CRISTO. De maneira semelhante Cl 2.2 interliga o esforço para que “os corações sejam unidos em amor” e o “conhecimento do mistério de DEUS: CRISTO”. Por isso uma fé aumentada e um conhecimento aprofundado do Filho de DEUS caracterizam o crescimento da unidade eclesial.

Partindo da unidade de DEUS e de seu agir no corpo de CRISTO, o olhar se estende para a multiplicidade dos dons distribuídos aos crentes. Na sequência, Paulo destaca as tarefas específicas dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres no preparo dos santos, para que a igreja de CRISTO possa alcançar a idade adulta e resistir a doutrinas ardilosas e enganosas. Por fim o apóstolo enfoca novamente a cooperação de todos na edificação do corpo. A característica marcante de toda a incumbência é que a edificação acontece “no amor” (v. 13). Isso sucede quando o conhecimento do amor de CRISTO (Ef 3.19) cresce mais e mais e por isso também se fala a verdade em amor (Ef 4.15).

Eberhard Hahn. Comentário Esperança Cartas aos Efésios. Editora Evangélica Esperança.

4. A ter cuidado com os inimigos.

Sl 106.34 Não exterminaram os povos. Tendo entrado na Terra Prometida, os hebreus não foram capazes de exterminar os cananeus nativos, conforme as referências dadas anteriormente o demonstram. Apareceram muitos bolsões de resistência, e em cada um houve uma má influência qualquer que fez com que Israel pecasse, especialmente imiscuindo-se na idolatria. Somente nos tempos de Davi a maioria dos inimigos de Israel foram finalmente aniquilados ou confinados. (Ver em II Sam. 10.19 como Davi derrotou oito nações inimigas.) Tendo derrotado esses povos, Davi possibilitou a Salomão uma boa era de paz, a época áurea de Israel. Mas isso levou vários séculos para ser realizado. (Observação minha - Ev. Henrique - o ataque de Satanás passou a ser mais sutil, derrubando Davi no adultério e Salomão na idolatria). O poeta sentiu que a falta de fé de Israel impediu o processo da conquista. Os israelitas contentaram-se com o que já tinham conseguido, pelo que estavam sendo constantemente atacados pelos povos não dominados, além de se deixarem corromper moral e espiritualmente. Eles deveriam ter feito guerra santa contra aqueles povos, levando-os ao aniquilamento total, incluindo homens e animais, e nem ao menos ficando com os despojos. Quanto a isso, ver Deu. 7.1-5 e 20.10-18.

Sl 106.35 Antes se mesclaram com as nações. Israel continuou a mesclar-se com os povos em derredor, aprendendo más ideias e maus hábitos, especialmente a idolatria e a variedade de pecados que sempre a acompanha. Essas práticas eram imorais, incluindo prostituição sagrada e até sacrifícios infantis (vss. 37-40), a mais terrível de todas as práticas associadas à idolatria. Os pagãos os engaiolaram como pássaros e os fizeram transformar- se em um povo pagão. Ver Juí. 2.3; Êxo. 23.33; Deu. 7.16. Josué e outros homens de DEUS avisaram acerca do que estava acontecendo (Jos. 23.12,13), mas os filhos de Israel não atentaram para essas advertências. Os casamentos mistos promoviam a corrupção geral (Deu. 7.3.4).

Sl 106.36 Deram culto a seus ídolos. A idolatria era o pior dos pecados de Israel, multifacetado e mortífero para o espírito. A síndrome do pecado-julgamento-restauração nunca deixou de rolar até que os cativeiros assírio e babilônico puseram fim a esse ciclo. Ver Êxo. 23.33 e Juí. 8.27. A armadilha causou destruição, tal como uma ave é apanhada pela rede e depois é morta, de maneira que o seu corpo pode ser usado como alimento ou em algum outro propósito. Ver Exo. 10.7. Quanto à adoção dos pactos canaanitas, ver Juí. 2.11,12; II Reis 16.3,4."... tal como uma ave ou fera em uma armadilha, eles foram levados à tribulação e à angústia, das quais foram incapazes de livrar-se” (John Gill, in loc.).

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2397-2398.

Desobediência em Canaã (106.34-39)

Nem mesmo a posse da Terra Prometida encerrou a triste narrativa de desobediência e incredulidade. Os israelitas não destruíram as tribos pagãs de Canaã como haviam sido ordenados, mas, em vez disso, se misturaram com as nações e aprenderam as suas obras (práticas, 35). A idolatria foi a maldição e o laço (36) dos israelitas desde o Êxodo até o exílio. Eles foram curados somente pelo rigoroso fogo do cativeiro babilônico. Esse culto pagão chegou ao extremo do sacrifício humano (37-38; cf. Dt 12.31; 18.9-10; 2 Cr 33.5-6; Ez 16.20-21; 20.31). A expressão: Sacrificaram [...] aos demônios (38) e aos ídolos de Canaã (38) mostra que os “deuses” dos cananeus eram, na verdade, demônios na ótica do salmista. “Tornaram-se impuros pelos seus atos; prostituíram-se por suas ações” (39, NVI).

W. T. Purkiser, M. A.. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 276.

A narrativa termina com um relato da conduta de Israel em Canaã, que foi do mesmo tipo da conduta deles no deserto, e da conduta de DEUS com eles em que, o tempo todo, estavam presentes justiça e misericórdia.

1. Eles provocavam muito a DEUS. Os milagres e as misericórdias que os estabeleceram em Canaã não causaram impressão mais profunda nem mais durável neles que aqueles que os tiraram do Egito; pois no momento em que foram estabelecidos em Canaã, eles corromperam-se e abandonaram a DEUS. Observe:

(1) Os passos da apostasia deles. [1] Eles pouparam as nações que DEUS determinara que fossem destruídas (v. 34):
DEUS dissera-lhes para que, quando conseguissem a terra boa, não sentissem zelo pelo habitantes ímpios que o Senhor ordenara que eliminassem, fingindo sentir pena; mas DEUS é tão misericordioso que o homem não precisa de forma alguma ser mais compassivo que ele. [2] Quando eles os pouparam, prometeram a si mesmos que, não obstante isso, não teriam nenhuma afinidade perigosa com eles. Contudo, o caminho do pecado é um declive; as omissões abrem caminho para as concessões; quando eles não destruíram os povos, a notícia seguinte que temos é que eles se misturaram com as nações, aliaram-se a elas e tiveram intimidade com elas de tal maneira que aprenderam as suas obras (v. 35). O que é decaído corrompe mais depressa o que é são do que é curado ou feito são por ele. [3] Quando eles se misturaram com as nações e aprenderam algumas de suas obras que pareciam diversões e passatempos inocentes, eles pensavam que, todavia, não se juntariam a eles em sua adoração; mas, aos poucos, eles aprenderam a fazer isso também: serviram os seus ídolos da mesma maneira e com os mesmos rituais que as nações os serviam; e elas vieram a ser-lhes um laço. Esse pecado inspirou muitos outros mais e trouxe julgamento de DEUS sobre eles, em relação ao qual eles não podiam fazer nada além de ser sensíveis ao julgamento e, ainda assim, não sabiam como se recuperar. [4] Quando eles se juntaram às nações em alguns de seus cultos idólatras, que eles achavam que tinham pouquíssimo dano em si, pensaram pouco no fato de que sempre seriam culpados da idolatria bárbara e desumana de sacrificar crianças vivas a deuses mortos; mas, por fim, eles chegaram a isso (w. 37,38), no que Satanás triunfou sobre seus adoradores e regalou-se no sangue e no homicídio: sacrificaram seus filhos e suas filhas, partes deles mesmos, aos demônios e acrescentaram homicídio, a morte menos natural, a sua idolatria; não se pode pensar nisso sem sentir horror. Eles derramaram sangue inocente, o mais inocente, pois era sangue de crianças, não, era o sangue de seus filhos e de suas filhas. Veja o poder do espírito que opera nos filhos da desobediência e perceba a malícia dele. O início da idolatria e da superstição, como o do conflito, é como deixar a água correr, e não há vilania que os que se aventuram nisso possam ter certeza de que pararam antes de a cometer, pois justamente DEUS os entregou a um sentimento perverso (Em 1.28).

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 586-587.

Sl 106.31-33 — Águas da contenda refere-se a Meribá (SI 95.8; Nm 20.1-13). Aqui, o pecado atribuído a Moisés é o de haver falado imprudentemente.

Em Números 20.12, DEUS identifica o pecado de Moisés exatamente como o de O haver desonrado perante o povo por não confiar nele. Ao não seguir a ordem do Senhor para falar à rocha, Moisés serviu de exemplo, ante toda a comunidade ali presente, de desobediência e desrespeito às Suas ordens, desmoralizando-o.

Sl 106.34-39 — O juízo de DEUS sobre Israel em Canaã foi resultado da má vontade dos israelitas em destruir os povos pervertidos, pagãos. Se os cananeus tivessem sido expulsos da terra, o povo de Israel jamais teria sucumbido à idolatria que marcou sua existência por centenas de anos. Os israelitas, pelo contrário, aprenderam a reverenciar os ídolos cananeus; participaram dos piores ritos da religião deles e se corromperam perante DEUS, o Redentor.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 107.


ELABORADO: Pb Alessandro Silva.


 

AJUDA

CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.

VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm

BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.

Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD

Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
GARNER, Paulo. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA

CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. (CPAD)

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas

Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, João Rea - CPAD.

Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD.

Teologia do Antigo Testamento - Walter C. Kaiser Jr. - Vida Nova

James, por Hendrickson Publishers - Edição Contemporânea, da Editora Vida, Traduzido pelo Rev. Oswaldo Ramos.

ÊXDO Introdução e Comentário - Por R. Alan Cole, Ph. D. Menzies College, da Universidade Macquarie - Sociedade Religiosa Vida Nova - Associação Religiosa Editora Mundo Cristão

C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 236-237.

Flávio Josefo. HISTÓRIA dos HEBREUS De Abraão à queda de Jerusalém. Editora CPAD.

COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 7-8.

DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Êxodo. pag. 2.

Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 141.

MERRILL. Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 50-52, 54-56.

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