Lição 3- Pragas Divinas e Propostas Ardilosas pte2

O CORAÇÃO ENDURECIDO DE FARAÓ - Colaboração: Gospel Books; Escriba Digital.

Quão inútil é que o homem se endureça e se exalte contra DEUS; porque certamente Ele pode reduzir a pó o coração mais endurecido e abater o espírito mais altivo. DEUS "pode humilhar aos que andam na soberba" (Dn 4:37). O homem pode presumir ser alguma coisa: pode levantar ao alto a sua cabeça em pompa e vã glória como se fosse senhor de si próprio.
Homem vão! Quão pouco conhece o seu verdadeiro estado e o seu caráter! Não é mais que um instrumento de Satanás, usado por ele nos seus esforços perversos para impedir os propósitos de DEUS. A inteligência mais brilhante, o génio mais elevado, a energia mais indomável, não são mais que outros tantos instrumentos nas mãos de Satanás para executar os seus planos tenebrosos, a menos que estejam postos sob o controle imediato do ESPÍRITO de DEUS.
Ninguém é senhor de si próprio: ou há de ser governado por CRISTO ou por Satanás. O rei do Egito podia considerar-se um ente livre; e contudo não era mais que um instrumento nas mãos de outrem. Satanás estava atrás do trono; e, como resultado de Faraó se ter disposto a resistir aos propósitos de DEUS, foi entregue judicialmente à influência endurecedora e cega do senhor da sua escolha.
Isto explica uma expressão que lemos frequentemente nos primeiros capítulos deste livro: "Porém, o SENHOR endureceu o coração de Faraó." Não seria proveitoso para ninguém procurar esquivar-se ao sentido claro desta soleníssima declaração. Se o homem rejeita a luz do testemunho divino, é entregue à cegueira judicial e ao endurecimento de coração. DEUS abandona-o a si próprio; e então Satanás, apoderando-se dele, precipita-o na perdição. Houve bastante luz para mostrar a Faraó a sua loucura extravagante em procurar reter aqueles que DEUS lhe havia ordenado que deixasse ir. Porém a verdadeira disposição do seu coração era de opor-se a DEUS, e, portanto, DEUS abandonou-o a si mesmo, e fez dele um monumento para manifestação da sua glória "em toda a terra". Isto não encerra nenhuma dificuldade, salvo para aqueles que desejam arguir com DEUS — que se "embravecem contra o Todo-Poderoso" (Jó 15:25), para ruína das suas almas imortais.
DEUS dá às vezes aos homens aquilo que está de acordo com a verdadeira inclinação dos seus corações:".. .por isso, DEUS lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes tiveram prazer na iniquidade" (2 Ts 2:11-12). Se os homens rejeitam a verdade quando lhes é apresentada, terão, certamente, a mentira; se não querem CRISTO, terão Satanás; se menosprezam o céu, terão o inferno. O ESPÍRITO incrédulo terá alguma coisa que responder a isto! Antes de o fazer deve certificar-se de que aqueles que são assim tratados judicialmente obram inteiramente debaixo da sua responsabilidade.
Por exemplo, no caso de Faraó, ele agiu, até certo ponto, segundo a luz que possuía. Acontece o mesmo em todos os demais casos. O dever de prova recai, incontestavelmente, sobre aqueles que estão dispostos a argumentar com DEUS acerca dos Seus juízos contra os que desprezam a verdade. O mais simples filho de DEUS justificará a DEUS em face das mais inescrutáveis dispensações; e, ainda que não possa responder satisfatoriamente a todas as perguntas difíceis da incredulidade, acha descanso perfeito nestas palavras: "Não faria justiça o Juiz de toda a terral" (Gn 18:25). Existe muito mais sabedoria nesta forma de resolver uma dificuldade aparente do que nos argumentos mais complicados; porque, certamente, um coração que está disposto a "replicar" a DEUS (Rm 9:20) não será convencido pelos argumentos do homem.
Contudo, é uma das prerrogativas de DEUS responder a todos os argumentos orgulhosos do homem e abater as ideias altivas do espírito humano. O Senhor pode imprimir a sentença de morte sobre toda a natureza, até nas suas formas mais belas. "Aos homens está ordenado morrerem uma vez" (Hb 9:27). Ninguém pode escapar a esta sentença.
O homem pode procurar encobrir a sua humilhação por vários meios e ocultar a sua retirada através do vale da sombra da morte da maneira mais heroica; dando os títulos mais honrosos que possa imaginar-se aos seus últimos dias; dourando com falsos esplendores o seu leito de morte; decorando o préstito fúnebre e a sepultura com aparência de pompa, de aparato e de glória; levantando sobre os restos corrompidos um monumento esplêndido, sobre o qual são escritos os anais da vergonha humana; tudo isto o homem pode fazer; mas a morte é morte, afinal, e ele não pode retardá-la nem um só momento, nem tampouco transformá-la noutra coisa além do que ela realmente é, a saber: "o salário do pecado" (Rm 6:23).
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração: Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 7.13 O coração de Faraó se endureceu. De outra sorte, o Faraó teria anuído prontamente à ordem divina. O trecho de Êxo. 7.5 nos dá uma razão conspícua para isso. DEUS estava demonstrando o Seu poder, exaltando o Seu nome, derrotando deuses falsos, instalando nos corações a verdadeira fé e a espiritualidade, exibindo a Sua soberania, provocando uma revolução espiritual. Nada disso poderia ocorrer se 0 Faraó tivesse recuado pronta e facilmente. Muitas lições ainda seriam dadas. Estava em desdobramento um plano divino, e não apenas a libertação da servidão no Egito.
Em Êxodo 4.21 apresento notas completas sobre os problemas teológicos e morais envolvidos na história do coração endurecido do Faraó. Também aludo ali a artigos que examinam esse problema por vários ângulos. O livro de Êxodo atribui o endurecimento do coração do Faraó tanto ao próprio homem como a DEUS; e essa questão também é comentada, com referências bíblicas apropria- das, em Êxo. 4.21. DEUS se utiliza da vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos dizer como isso ocorre.
Como o Senhor havia dito. Essa dureza de coração por parte do Faraó havia sido antecipada e predita (Êxo. 7.3). Isso deu margem a que o Senhor multiplicasse os Seus sinais, os quais são descritos em Êxo. 7.14 — 18.27, as dez pragas e os prodígios subsequentes, como aqueles às margens do mar Vermelho.
As Dez Pragas (7.14 — 11.10) DEUS Revela Seu Poder Multifacetado (7.14 -18.27) Yahweh e o Faraó engalfinharam- se em luta: o sagrado e o profano; o veraz e o mentiroso. Dessa luta resultariam efeitos benéficos e prejudiciais. Levado pelo temor, o Faraó (Êxo. 5.15-21) descartou seus poderes racionais e se tomou um desvairado, espalhando destruição no Egito, por causa de sua dureza de coração. Moisés e Arão eram instrumentos divinamente escolhidos. DEUS sempre tem Seu homem para cada missão específica. A providência de DEUS (ver sobre ela no Dicionário) é um dos temas principais por todo o Pentateuco. A soberania de DEUS (ver a esse respeito no Dicionário) também precisava ser não apenas demonstrada (Exo. 7.5), mas também firmada. O DEUS desconhecido, Yahweh, precisava tomar-se universalmente conhecido, começando primeiramente por Israel, e, então, pelo Egito (o reino mais poderoso da época), e, finalmente, pelo resto do mundo. JESUS, o CRISTO, tomaria universalmente conhecido a esse DEUS desconhecido, de forma toda especial, mediante sua missão salvatícia universal.
Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes informativas J, E e P(Sj.
As dez pragas, ao que parece, tiveram lugar durante um período de nove meses. Foram agrupadas em três unidades de três pragas. E a décima praga — a morte dos primogênitos—foi a praga culminante. Foram dez milagres didáticos. “As dez pragas podem ter ocorrido por um período de cerca de nove meses. A primeira delas ocorreu quando o rio Nilo estava na enchente (julho-agosto). A sétima praga (Êxo. 9.13), em janeiro, quando florescia a cevada e o linho. Os ventos prevalentes do oriente, em março e abril, teriam trazido os gafanhotos, que foi a oitava praga (Êxo. 10.13). E a décima praga (Êxo. 11 e 12) teria ocorrido em abril, o mês da instituição da páscoa. DEUS estava julgando os deuses do Egito (havia muitos deles). Ver Êxo. 12.2; 18.11; Núm. 33.4” (John D. Hannah, in loc).
Primeira Praga: As Águas Tornam-se Sangue (7.14-25)
Êx 7.14 O coração de Faraó está obstinado. Mas agora ele começaria a colher o que tinha semeado. A vontade de DEUS usa e manipula a vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos dizer como isso sucede. O Faraó endureceu seu próprio coração, e DEUS endureceu o coração do Faraó, conforme se vê em Êxo. 4.21. Este versículo repete a mensagem de Êxo. 6.1. Os atos divinos tornavam-se agora milagres didáticos, mediante os quais a vontade de DEUS seria efetuada, sem importar o que o homem desejasse.
Êx 7.22 Os magos... fizeram também o mesmo. O autor sacro não nos revela como eles acharam água para a experiência, nem o ponto se reveste de importância, exceto para os céticos. Talvez o vs. 24 nos dê a resposta: as cisternas. Os mágicos encontraram pequena quantidade de água e transformaram-na em sangue, mediante o poder satânico, ou, então, mediante algum truque, fizeram-na parecer sangue. O trecho de II Tessalonicenses 2.11 mostra que alguns homens preferem acreditar na mentira. E Apocalipse 22.15 mostra que alguns homens amam a mentira. O coração endurecido do Faraó inclinava-o a crer na mentira e amá-la. Por igual modo, existem milagres da mentira (II Tes. 2.9), ou seja, sinais que comunicam uma mensagem falsa para aqueles que anelam por acreditar nela.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 330-331; 333.
Êx 7:14-25. A primeira catástrofe. As pragas são descritas por palavras hebraicas cognatas, todas elas com o sentido de “ golpe” ou “ pancada” , bem como pelas três palavras já usadas para “ sinais” . Este fato destaca sua dupla natureza, sendo ao mesmo tempo provas da atividade divina e mostras da natureza dessa atividade, em castigo e salvação. Alguns encontram aqui um problema de ordem moral, não na ocorrência real de tais catástrofes * nem na saída dos israelitas do país devastado, mas na interpretação bíblica de tais catástrofes como a ira de DEUS. Todavia, se DEUS controla todas as coisas, não será obra Sua tudo que acontece? A não ser que as pragas fossem a manifestação da ira de DEUS contra o Egito, como poderiam ser elas a salvação divina em favor de Israel? Ou as duas interpretações estão corretas ou ambas estão erradas. Um exemplo típico da diferença entre fé e incredulidade é que a mesma série de acontecimentos pode ser interpretada de qualquer das duas maneiras. Assim sendo, o crente interpreta cada evento em termos do bondoso propósito de DEUS para sua vida (Rm 8:28). Já que nenhum acontecimento pode abalar sua fé, ela acaba por ser a vitória que vence o mundo (1 Jo 5:4). (Uma discussão interessante e completa das pragas se encontra em Hyatt, Apêndice, p. 336.)
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
Êx 4.21 Todos os milagres. Três poderes específicos tinham sido dados a Moisés: transformar a vara em uma serpente, e de novo em uma vara; fazer sua mão ficar leprosa, para então curá-la; transformar água em sangue. Esses prodígios são comentados nas notas sobre os vss. 3,4,6,7,9. Eram milagres autenticadores e convincentes, a serem exibidos diante dos anciãos de Israel e diante do Faraó (ver Êxo. 4.1, onde estão em foco tanto os anciãos quanto Faraó).
Eu lhe endurecerei o coração. O relato sobre o duro coração do Faraó, que resistiu a tantos dos desafios de Moisés, tem-se tornado um campo de batalha teológica na controvérsia entre o determinismo divino e o livre-arbítrio humano. DEUS usa o livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos dizer como. Precisamos interpretar essas controvérsias do ponto de vista da polaridade. Tanto a predestinação quanto o livre-arbítrio são verdades ensinadas nas Escrituras, como polos de uma doutrina mais ampla, da mesma forma que o globo terrestre tem dois polos. Ensinar somente uma dessas verdades é ensinar uma teologia unilateral. É fácil ensinar somente a predestinação; também é fácil ensinar somente o livre-arbítrio, mas ambos esses lados devem ser ensinados por nós. A salvação requer uma intervenção divina; o livre-arbítrio é necessário para que o homem possa ser moral- mente responsabilizado. Essas duas verdades são legítimas, fazendo parte de uma doutrina mais ampla, embora seja muito difícil ensinar ao menos como isso pode ser verdade. É difícil ensinar aquela doutrina mais ampla, que engloba ambos os lados da questão. A Bíblia ensina tanto a divindade quanto a humanidade do Logos. Em doutrinas assim, parece haver alguma contradição. Mas são polos de alguma verdade maior. As Escrituras ensinam o juízo como retribuição; e também ensinam o juízo como um remédio (I Ped. 4.6). Devemos esforçar-nos por ensinar aquela doutrina maior que contém ambas essas ideias.
O fato de que DEUS endureceu o coração do Faraó, pelo lado da doutrina da predestinação, paradoxalmente, foi também o exercício da própria vontade livre do Faraó. Mas não sabemos dizer como isso pode ter acontecido. Judas estava destinado a trair a JESUS CRISTO; mas isso Judas fez de sua livre e espontânea vontade, por causa de sua perversidade interior e de seu coração corrompido (Mat. 26.24). Mas como esses dois fatores interagiram, não sabemos determinar.
A dureza do coração do Faraó é atribuída a DEUS em Êxo. 4.21 ; 7.3; 9.12; 10.1,20,27; 14.4,8. E também é atribuída ao próprio Faraó, em Êxo. 8.15,32; 9.34. E também é atribuída ao próprio coração do rei em Êxo. 7.13,22; 9.7,35. Em consequência, a polaridade e o paradoxo fazem parte das expressões das próprias Escrituras. Três modos diversos da mesma operação são salientados; mas não sabemos dizer como essas coisas possam ser. É uma desgraça histórica ridícula que crentes individuais, igrejas e denominações se tenham dividido em torno dessa doutrina. Também é ridículo que os estudiosos defendam um ou outro polo de uma doutrina que, na verdade, tem dois polos. Ver Rom. 9.17 ss e suas notas expositivas quanto ao uso que Paulo fez desta passagem.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 319.
Êx 4.21. Endurecerei o seu coração. Esta expressão às vezes nos parece um problema moral, mas tal estimativa não é justa, pois a Bíblia usa, lado a lado, três maneiras diferentes de descrever a mesma situação, sem qualquer sentido de contradição interna. Três verbos hebraicos diferentes são usados, mas estes não apresentam diferença básica em seu significado. A narrativa apresenta, às vezes, DEUS endurecendo o coração de Faraó, como aqui. Às vezes é Faraó quem endurece seu próprio coração, como em 8:15. Outras vezes a descrição é neutra, quando se diz que o coração de Faraó foi endurecido, como em 7:13. Até mesmo para o estudioso ocidental, trata-se de um problema de interpretação teológica, não um problema de história ou de fato. Ninguém duvida que Faraó fosse obstinado, que possuía vontade e propósito férreos, que lhe foi impossível mudar seu padrão de pensamento e ajustar-se a novas ideias. Todas essas ideias e algumas outras estão implícitas na expressão bíblica “ duro de coração” , que não se refere a emoções, como em português, mas à mente, à vontade, inteligência e reações. Talvez “ de mente fechada” seja melhor tradução. Escolas teológicas diversas batalharam quanto a esta passagem em séculos passados. Paulo (em Rm 9:14-18) a usa como um exemplo não apenas do poder absoluto e da inescrutável vontade de DEUS, mas também de Sua misericórdia em Seu envolvimento com o homem. Paulo, por fim, tem de buscar refúgio no conhecimento da absoluta justiça de DEUS, como nós todos devemos fazer. O escritor hebreu, no entanto, não viu qualquer problema aqui. Para ele, DEUS era a causa primeira de todas as coisas; todavia, o autor não nega a realidade e a responsabilidade moral dos agentes humanos envolvidos. Ver nesta ambivalência a existência de fontes em conflitos é se aproximar perigosamente da ignorância quanto à psicologia hebraica. O mesmo raciocínio permite ao israelita ver a travessia do Mar Vermelho como resultado da soberana ação divina e, no entanto, como produto da ação conjunta do vento e das marés (cap. 14). Não se trata aqui de explicações mutuamente exclusivas, nem sequer de explicações alternativas igualmente válidas. Para o israelita são uma e a mesma explicação, apenas descritas de maneira diferente.
Driver afirma: “ DEUS não endurece o coração de um indivíduo necessariamente com uma intervenção sobrenatural; o endurecimento pode ser produzido pelas experiências normais da vida, operando através dos princípios e do caráter da natureza humana, que são determinados por Ele.” Esta verdade é profundamente hebraica. Um exemplo semelhante desta forma hebraica de pensamento se encontra em Marcos 4:12, onde JESUS apresenta Sua razão para ensinar a verdade sob a forma de parábolas.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 74-75.
Êx 8.15 Faraó... continuou de coração endurecido. Foi um triunfo da estupidez. Ao ver que o Egito estava livre, imaginou que tudo terminaria naquele ponto. Ele não se dispunha a perder o trabalho escravo prestado pelos filhos de Israel. Por isso, recuou quanto à promessa que fizera. Lemos aqui que o próprio Faraó endureceu seu coração. Em outros trechos do livro de Êxodo lemos que DEUS endureceu o coração dele. Alguma impressão fora feita sobre sua mente (vs. 8), mas não o bastante para mudar o seu coração. Sua contínua obstinação aumentava sua culpa, cada vez mais. O pecador à vontade diante de seu pecado é um pecador obstinado. O trecho de Êxo. 7.14 mostra-nos que Yahweh tinha predito a resistência do Faraó.
Êx 8.19 Isto é o dedo de DEUS. Alguns estudiosos pensam que essa expressão deveria ser traduzida por “0 dedo de deus”, por suporem que os mágicos não tinham em mente especificamente a Yahweh. O termo hebraico envolvido é Elohim (ver a respeito no Dicionário) que pode ser entendido como alusivo ao verdadeiro DEUS ou a deuses, e o próprio vocábulo hebraico não nos indica como devemos compreendê-lo. Seja como for, os mágicos reconheceram que estava atuando algum poder divino, superior a tudo quanto já tinham visto que não se submetia ao controle deles. Talvez Yahweh, a quem o Faraó não quisera reconhecer (Êxo. 5.2), estava começando a ser reconhecido.
Dedo de DEUS. Ver também Êxo. 31.18; Deu. 9.10; Sal. 8.3; Luc. 11.20. É indica- do um poder divino que atua sobre circunstâncias específicas. DEUS põe Seu dedo sobre certas circunstâncias que as modificam. Fazemos nossos atos e nossas realizações por meio de nossos dedos.
O coração do Faraó estava endurecido, e isso pela sua vontade perversa e teimosa, ou, então, por parte de DEUS. Ambas as coisas aparecem como verdades, no livro de Êxodo. Ver as notas sobre Êxo. 4.21 sobre essa questão, que inclui comentários sobre os problemas teológicos envolvidos. As rãs fizeram o Faraó hesitar (Êxo. 8.8 ss.). Mas os insetos não exerceram nenhum efeito sobre ele. Ele estava disposto a sofrer a dor a fim de reter seu trabalho escravo, prestado pelos israelitas, tão vital para seus projetos de construção.
Êx 8.32 Ainda esta vez endureceu Faraó o coração. Algumas vezes lemos que ele mesmo endureceu seu coração, como aqui; mas de outras vezes, lemos que DEUS endureceu o coração do Faraó. Assim, a vontade divina e a vontade humana cooperam uma com a outra. DEUS usa o livre-arbítrio humano, sem destrui-lo, embora não saibamos explicar como. Ver Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre essa questão e sobre os problemas suscitados acerca da teologia que circunda 0 determinismo versus o livre-arbítrio.
Paradoxalmente, 0 endurecimento do coração do Faraó, por parte de DEUS, era o exercício do livre-arbítrio do Faraó. Todavia, não sabemos explicar como isso sucede.
Uma vez mais, o Faraó quebrou sua promessa. Prevaleceu de novo a estupidez. Seu embotamento espiritual era refletido em sua falha moral, mediante “o orgulho e a ambição” (John Gill, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 336; 338.
Êx 9.7 O fato de que os israelitas foram poupados tornou-se um fato conspícuo, que o Faraó não pôde ignorar. Isso deve ter-se tornado motivo da conversação entre todos os egípcios, motivo de alegria para Israel, mas da mais profunda consternação para os egípcios. Porém, apesar dos vários sinais, o Faraó não se deixou abalar em sua obstinação.
Os Três Sinais. 1. Foi determinado um tempo específico para início da praga. Nenhuma coincidência estaria envolvida. 2. O gado dos israelitas seria poupado.
3. A praga foi generalizada, muito pior do que qualquer outra que podia ser relembrada. Como era óbvio, tratava-se de um juízo divino. O Faraó viu os sinais, mas conseguiu ignorá-los.
O coração de Faraó se endureceu. Ou por ele mesmo, ou por atuação de Yahweh, ou por ambos. Ver notas completas sobre essa questão, incluindo referência aos artigos que abordam os problemas teológicos envolvidos, nas notas sobre Êxo. 4.21. Os textos diferem, algumas vezes dizendo que 0 Faraó endure- cia seu próprio coração, e algumas vezes dizendo que Yahweh o endurecera. Ver Rom. 9.17, onde Paulo reporta-se ao problema referente ao endurecimento do coração de Faraó.
Êx 9.34 Tornou a pecar. Visto que o seu arrependimento (vs. 27) era egoísta e superficial, o Faraó reconheceu a Yahweh, mas não por motivo de espiritualidade. Ele só queria escapar aos juízos divinos. Sua mente embotada pensou que, uma vez cessada a terrível tempestade, Yahweh não mais perturbaria o Egito. Não fazia ideia de que 0 pior ainda estava por vir. Moisés, porém, havia antecipado essa reversão (vs. 30), porque o registro das ações passadas do Faraó não era favorável. O Faraó foi julgado por seus atos. Até uma criança torna-se conhecida por suas ações (Pro. 20.11).
Semeie um pensamento - colha um ato.
Semeie um ato - colha um hábito.
Semeie um hábito - colha um caráter.
Semeie um caráter - colha um destino.
(Prof. Huston Smith)
Ao clarear o novo dia, o Faraó voltou às suas trevas mentais e espirituais. Contudo, a misericórdia de DEUS permitiu-lhe mais oportunidades.
Êx 9.35 Faraó... não deixou ir os filhos de Israel. Um coração endurecido prevaleceu. A Bíblia mostra-nos que algumas vezes o Faraó endurecia seu próprio coração. De outras vezes, judicialmente, DEUS endurecia o coração do Faraó. Ou, então, a expressão pode ser indireta como neste versículo, “seu coração estava endurecido”. DEUS usa o livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos dizer como isso pode ser. Ver as notas em Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre a questão do endurecimento do coração de Faraó, com todos os problemas teológicos envolvidos.
Desobediência. A obstinação e a estupidez mental do Faraó, apesar de tantas evidências iluminadoras, tornaram-se proverbiais. O Faraó foi assim levado a desobedecer ao Poder Supremo. Isso só pode resultar na autodestruição. Neste mundo há muitos que se autodestroem.
Uma Espiritualidade Fingida. O Faraó havia exibido uma fagulha de espiritualidade. O arrependimento deveria levar à reparação (vs. 27). Mas assim que aquela fagulha se apagou, o velho coração empedernido do Faraó de novo se manifestou. Quão fácil é para nós criticarmos a outros, mas quão grande é a corrupção interior que nos torna um bando de pequenos faraós, dotados de uma espiritualidade fingida. Até nossa fé e nosso culto religioso podem tornar-se meios de auto glorificação. Um missionário usa a blasfema música “rock” a fim de atrair uma multidão. Ele é glorificado porque é um grande pregador, capaz de falar a muitas pessoas! Um pastor é glorificado devido ao número de seus convertidos, por ter-se mostrado tão eficiente. O sucesso espiritual tem sido usado para glorificar homens, e depois nos pomos a indagar qual terá sido a verdadeira medida de sucesso autêntico. Os dons espirituais são usados para efeito de ostentação. E depois indagamos quão espirituais teriam sido, realmente, esses dons.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 338; 342.
2. A primeira proposta (Êx 8.25).
DEUS enviou mais duas pragas ao Egito: a dos piolhos e das moscas. A vida dos egípcios se tornou um inferno. Piolhos são parasitas que se alimentam de sangue, restos de pele ou secreções expelidas pelo corpo. Multiplicam-se com facilidade, e dificilmente saem de seus hospedeiros. As moscas são tão inconvenientes que costuma nos dar nojo quando se aproximam de nós ou pousam em algum objeto que nos está próximo. O Egito estava realmente em maus lençóis.
Com essas pragas, Faraó chama Moisés e Arão e lhes diz: “Ide e sacrificai ao vosso DEUS nesta terra” (Êx 8.25).
Ao que parece, Faraó foi convencido pelos piolhos e moscas enviados por DEUS, e fez uma concessão aos israelitas. O sacrifício poderia ser feito, sem problemas, desde que fosse feito no Egito. Quem quisesse sacrificar poderia fazê-lo, mas a escolha do local do sacrifício pertencia a Faraó, não a DEUS. De certa forma, isso era cômodo para o rei. A força de trabalho escravo não iria muito longe. Mas esse não era o plano de DEUS.
A adoração pretendida por DEUS não foi planejada para ser feita em terras egípcias. Naquelas terras muitos israelitas morreram em sofrimento. Muitos bebês meninos foram lançados ao Nilo para morrerem afogados ou comidos por crocodilos. Naquelas terras os filhos de DEUS haviam perdido sua liberdade. DEUS pretendia receber culto e dar de presente aos filhos de Abraão uma nova terra para viverem.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 27.
A PRIMEIRA PROPOSTA.
A primeira destas objeções encontra-se no capítulo 8:25. "Então, chamou Faraó a Moisés e a Arão e disse: Ide e sacrificai ao vosso DEUS nesta terra". E desnecessário acentuar aqui que, quer sejam os magos com a resistência que opõem ou Faraó com as suas objeções, é realmente Satanás que está atrás de toda esta cena: e o seu objetivo, nesta proposta de Faraó, consistia em impedir o testemunho do nome do Senhor—um testemunho ligado com a separação completa entre o Seu povo e o Egito. É evidente que um tal testemunho não podia ser dado se eles tivessem continuado no Egito, ainda mesmo que tivessem oferecido sacrifícios ao Senhor. Os israelitas ter-se-iam então colocado no mesmo terreno que os egípcios, e teriam posto o Senhor ao mesmo nível dos deuses do Egito. Então os egípcios poderiam ter dito aos israelitas: "Não vemos nenhuma diferença entre nós; vós tendes o vosso culto, e nós temos o nosso; é tudo a mesma coisa".
Os homens consideram perfeitamente natural que cada qual tenha uma religião, seja qual for. Contanto que sejamos sinceros e não haja interferência na crença do próximo, pouco importa a forma da nossa religião. Tais são os pensamentos dos homens a respeito daquilo que eles chamam religião; porém é bem claro que a glória do nome de JESUS não é tida em conta em tudo isto. O inimigo opor-se-á sempre à ideia de separação, e o coração do homem nunca poderá compreendê-la. O coração humano pode aspirar à piedade, porque a consciência testifica que não está tudo em regra; mas ao mesmo tempo anela seguir o mundo: gosta de sacrificar a DEUS na terra; assim quando se aceita uma religião mundana e se recusa sair ou fazer separação dela (2 Co 6), o fim de Satanás é conseguido. O seu plano invariável, desde o princípio, consiste em impedir o testemunho dado ao nome de DEUS na terra. Tal era o fim escuro da proposta, "Ide e sacrificai ao vosso DEUS nesta terra". Que fim o do testemunho, se esta proposta tivesse sido aceite! O povo de DEUS no Egito e o Próprio DEUS associado com os ídolos do Egito! Que terrível blasfêmia!
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração: Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 8.25,26 O Faraó Propõe Transigências. Ver Êxo. 10.11. Essas propostas eram quatro: 1. Podem adorar, mas permaneçam no Egito (Êxo. 8.25). 2. Vão, mas não se distanciem do Egito (8.28). 3. Vão, mas deixem seus filhos e suas possessões no Egito. 4. Vão, deixem seu gado no Egito, mas podem levar seus filhos (10.24).
Quando este versículo é posto em confronto com o vs. 26, parece que o Faraó daria algum dia permissão a Israel sair do Egito. Parece que ele baixa- ria o equivalente a um edito de tolerância. Poderiam efetuar seus ritos religiosos dentro das fronteiras do Egito. Yahweh seria então reconhecido como um dos deuses oficiais do Egito, entre tantos. Naturalmente, isso não era aceitável para Moisés. Os papiros elefantinos mostram que os egípcios, posteriormente, reagiram com violência à adoração efetuada por Israel (A. E. Cowley, Aramaic Papyri of the Fifth Century B. C.). Quase todos os sacrifícios de animais, feitos por Israel, lhes parecia repelente. Assim, 0 proposto edito de tolerância do Faraó foi um grande passo aos seus olhos, embora não fosse suficiente, na opinião de Moisés.
Provavelmente, o Faraó teria permitido que Israel exercesse autonomia religiosa em Gósen, mas não fora daquele território. Somente ali Israel não ofenderia aos egípcios; mas devemos supor que mesmo ali havia uma população mista, e tentativas de execução (por apedrejamento) poderiam ter lugar. Os egípcios consideravam que o boi era um animal sagrado para o deus Ré (Ápis), ao passo que a vaca representava a deusa egípcia, Hator. Portanto, sacrifícios desses animais seriam considerados blasfêmias.
Diodoro Sículo (Bibliothec. 1.1 par. 75) deu notícias da violência de uma turba de egípcios ao verem uma mulher matar um gato, um animal que para eles era sagrado. “0 Egito tinha fortíssimos tabus contra as práticas religiosas dos estrangeiros (Gên. 43.32)" (Oxford Annotated Bible, in loc).
Apedrejamento. Essa era uma antiga forma de execução capital. Ver no Dicionário o verbete com esse nome. Era a forma de execução em certos casos de incesto (ver a introdução ao capítulo dezoito de Levítico, onde apresento um gráfico).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 337.
Como Faraó, depois deste ataque, pareceu negociar, e iniciou um acordo com Moisés e Arão sobre a entrega dos seus cativos. Mas observe com que relutância ele cede.
1. O Faraó se mostraria satisfeito pelo fato de oferecerem sacrifícios ao Senhor seu DEUS, desde que o fizessem na terra do Egito, v. 25. Observe que DEUS pode fazer com que a sua adoração seja tolerada até mesmo por aqueles que são verdadeiros inimigos dela. Faraó, sob as fortes dores infligidas pela vara, permite que eles ofereçam sacrifícios e se mostra disposto a permitir que haja uma liberdade de consciência em relação ao precioso DEUS de Israel, até mesmo na sua própria terra. Mas, Moisés não aceita a sua concessão. Ele não pode aceitá-la, v. 26. Seria uma abominação a DEUS que eles oferecessem os sacrifícios egípcios, e uma abominação para os egípcios que eles oferecessem a DEUS os seus sacrifícios. De modo que os hebreus não poderiam oferecer sacrifícios naquela terra sem incorrer no desagrado, fosse do seu DEUS, fosse dos seus capatazes. Por isto ele insiste: “Deixa-nos ir caminho de três dias ao deserto”, v. 27. Observe que aqueles que desejam oferecer sacrifícios aceitáveis a DEUS devem: (1) Separar-se dos ímpios e profanos. Pois nós não podemos ter comunhão com o Pai das luzes e também com o mundo das trevas, com CRISTO e também com Belial, 2 Coríntios 6.14ss.; Salmos 26.4,6. (2) Eles devem afastar-se das distrações do mundo, e isolar-se o mais que puderem do seu ruído. Israel não pode celebrar a festa do Senhor entre os fornos de tijolos do Egito, ou entre os seus antros de prazer. Não, nós devemos ir ao deserto, Oséias 2.14; Cantares
7.11. (3) Eles devem obedecer às instruções divinas: Nós sacrificaremos ao Senhor, nosso DEUS, como Ele nos dirá - e não de qualquer outra maneira. Embora eles estivessem no último grau de escravidão a Faraó, na adoração a DEUS eles deveriam obedecer aos Seus mandamentos, e não os de Faraó.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 251.
Êx 8.25. Nesta terra. Esta é a primeira oferta de Faraó. Moisés a recusa partindo do princípio que oferecer sacrifícios no Egito seria o mesmo que matar um porco numa mesquita muçulmana ou sacrificar uma vaca num templo hindu. Haveria imediatamente um conflito racial. Por causa desta passagem, cristãos de consciência muito sensível frequentemente acusam Moisés de ter dito uma meia-mentira, pelo menos, afirmando que o argumento de Moisés era mero pretexto. No entanto, a desculpa era perfeitamente válida. A pequena colônia judaica de Yeb/Elefantina, no Alto Nilo, sofreu ataques sistemáticos por parte dos egípcios no século V A.C. por esta mesma razão; sacrifícios animais.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 91-92.
II - FARAÓ NÃO DESISTE
1. A segunda proposta de Faraó (Êx 8.28).
Pensemos agora no diálogo entre Moisés e Faraó: O libertador não concorda com o rei quando ele propõe que o culto seja em um lugar inadequado à presença de DEUS. Além disso, por que oferecer sacrifícios em um lugar onde eles eram motivo de deboche? Os egípcios detestavam pastores de ovelhas e qualquer pessoa que cuidasse de gado. Eles certamente apedrejariam os israelitas quando estes fossem oferecer seu culto. Não bastava serem escravos: eles teriam de passar pela humilhação de ver pedras voando por suas cabeças no momento do culto ao Senhor?
DEUS não tinha esse plano para seus filhos. Tão importante quanto o culto que eles prestariam era a liberdade que receberiam. Eles sairiam da escravidão. Trabalhariam para se manter e prosperar em uma nova terra. Seriam protegidos por DEUS e seriam uma nação. Criariam seus filhos longe da sombra do trabalho escravo e dos acoites com que estavam sendo submetidos. Esse era o plano divino.
Moisés indica que o local adequado à adoração seria a três dias de distância do Egito. Mas Faraó não está certo de que essa distância é segura para manter o povo escravo, e diz a Moisés que não vá muito longe. Por que essa preocupação do rei com um grupo de escravos? Para mantê-los no Egito e impedir-lhes a liberdade. Faraó chega a pedir que Moisés ore por ele também, mas não parece um daqueles pedidos sinceros de oração, e sim a finalização de um discurso que não tem por objetivo ser realizado.
“A questão não se refere ao fato de DEUS precisar ou não de nossos bens para ser adorado. Creio que o honramos com as nossas fazendas e as primícias de nossa renda (Pv 3.9). Porém, nossa inteireza de coração, e um coração não lixado nas riquezas deste mundo. Eis aqui mais que bens, Ele deseja a diferença.”
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 28-29.
Então, disse Faraó: Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao SENHOR vosso DEUS no deserto; somente que, indo, não vades longe" (capítulo 8:28). Não podendo retê-los no Egito, procurava ao menos retê-los perto das fronteiras, para poder agir contra eles por meio das diversas influências do país. Desta forma o povo podia ser reconduzido e o testemunho mais facilmente aniquilado que se eles nunca tivessem saído do Egito. Aqueles que tornam para o mundo, depois de aparentemente o terem deixado, causam muito mais dano à causa de CRISTO do que se nunca se houvessem afastado dele; porque virtualmente confessam que, tendo provado as coisas divinas, descobriram que as coisas terrenas são melhores e satisfazem mais. E isto ainda não é tudo. O efeito moral da verdade sobre as consciências dos incrédulos e tristemente embaraçado pelo exemplo dos professos que regressam às coisas que aparentemente haviam deixado. Não é que tais casos concedam autorização a ninguém para rejeitar a verdade de DEUS, tanto mais que cada um é responsável por si mesmo e terá de prestar contas dos seus atos a DEUS. Contudo, o efeito produzido é, como em tudo mais, mau.
"Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador JESUS CRISTO, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado" (2 Pe 2:20-21).
Por esse motivo, se as pessoas não estão dispostas a ir longe, é melhor não partirem. O inimigo sabia isto bem; daí a sua segunda objeção. Uma posição de proximidade satisfaz admiravelmente os seus propósitos. Aqueles que ocupam esta posição não são nem uma coisa nem outra; com efeito, qualquer que seja a sua influência, conduz, infalivelmente, para o lado mau.
É muito importante ver claramente que o fim de Satanás em todas estas objeções era pôr obstáculos ao testemunho que só podia ser rendido ao nome do DEUS de Israel por meio de uma peregrinação de três dias através do deserto. Isto era, em boa verdade, ir muito longe ir muito mais longe do que Faraó podia imaginar, ou até onde lhe era possível seguir Israel.
Que grande bênção serias e todos os que fazem profissão de sair do Egito se separassem dele pelo espírito do seu entendimento e pela elevação do seu caráter; se conhecessem a cruz e a sepultura de CRISTO como os limites estabelecidos entre eles e o mundo! Ninguém pode colocar-se nesse terreno na energia da sua natureza. O Salmista pôde dizer: "E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente" (Sl 143:2). O mesmo acontece a respeito da separação verdadeira e efetiva do mundo.
"Nenhum vivente" pode realizá-la. E somente como "morto com CRISTO", e ressuscitado também nele, pela fé, no poder de DEUS(Cl 2:12),que o homem pode ser justificado diante de DEUS e separado do mundo. Eis o que podemos chamar "ir muito longe". Permita DEUS que todos os que fazem profissão de cristãos e se chamam por este nome possam assim afastar-se!
Então a sua lâmpada dará uma luz constante, a sua trombeta dará um sonido inteligível e a sua conduta será elevada; a sua experiência será rica e profunda; a sua paz correrá como um rio; os seus afetos serão celestiais e as suas vestes imaculadas. E, acima de tudo, o nome do SENHOR JESUS será glorificado neles pelo poder do ESPÍRITO SANTO, segundo a vontade de DEUS Pai.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração: Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 8.28 As Quatro Transigências Propostas pelo Faraó. Ver as notas em Êxo. 8.25 e 10.11. A segunda delas é a que aparece neste versículo: “Vão, mas não se afastem muito do Egito na adoração de vocês”. Essa transigência tinha um óbvio sentido metafórico. A igreja permanece no Egito e adota as aspirações, as maneiras e até a música do mundo, ficando assim anulada a sua espiritualidade. Na quarta das transigências propostas, a ideia era que a Igreja não se radicalizasse demais, mas ficasse sempre nas proximidades do Egito (ver Êxo. 10.24).
O pedido foi tentativamente conferido, mas com o reparo de que Israel não se afastasse do Egito, algo menos do que os três dias de jornada soli- citados. Naturalmente, o Faraó suspeitava de um ardil, e queria ter certeza de que poderia atirar suas tropas contra o povo de Israel em fuga, se seus espiões o informassem que eles estavam procurando escapar. Somente o desespero poderia ter impelido o Faraó, de coração empedernido, a fazer tal proposta. O Faraó sem dúvida tinha conhecimento das antigas associações de Israel com a terra de Canaã, e daí suspeitava que 0 objetivo real dos israelitas era o retorno àquela terra. Originalmente, ele tinha suspeitado das intenções de Moisés (Êxo. 5.8), e essas suspeitas não se apagavam em sua mente.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 337.
Faraó consente que eles vão ao deserto, desde que não se afastem muito, para que ele possa aprisioná-los novamente, v. 28. É provável que ele tivesse ouvido do seu desígnio quanto a Canaã, e suspeitasse que uma vez tivessem deixado o Egito nunca mais voltariam. E por isto, quando é forçado a consentir com a ida deles (os enxames de moscas zumbindo a necessidade nos seus ouvidos), ainda assim ele não está disposto a permitir que eles saiam do seu alcance. Assim alguns pecadores que, em um esforço de convicção, se separam de seus pecados, ainda não estão dispostos a se afastarem muito deles. Pois, quando o temor passa, retornam para eles outra vez. Observamos aqui uma luta entre as convicções e as corrupções de Faraó. Suas convicções diziam: “Deixa-os ir”. Suas corrupções diziam: “Mas não muito longe”. Mas ele favoreceu as suas corrupções contra as suas convicções, e isto foi a sua ruína. Moisés aceitou esta proposta e prometeu a remoção desta praga, v. 29. Veja aqui: (1) Que prontidão DEUS tem para aceitar as submissões dos pecadores. Basta que Faraó diga: “Orai também por mim” (embora ele lamente humilhar-se tanto), e Moisés promete imediatamente, Orarei, para que Faraó pudesse ver qual era o desígnio da praga, que não era de levá-lo à ruína, mas levá-lo ao arrependimento. Com que prazer DEUS disse (1 Rs 21.29): “Não viste que Acabe se humilha perante mim?” (2) Que necessidade temos de ser alertados para que sejamos sinceros em nossa submissão: “Somente que Faraó não mais me engane”. Aqueles que agem de maneira enganosa são, com razão, alvos de suspeitas, e devem ser prevenidos para que não retornem à tolice, depois que DEUS mais de uma vez lhes falou de paz. Não se enganem, DEUS não será ridicularizado. Se pensarmos em enganar a DEUS com falso arrependimento, e uma submissão fraudulenta a Ele, nós provaremos, no final, ter feito uma trapaça fatal sobre nossas almas.
Por fim, o resultado de tudo isto é que DEUS graciosamente removeu a praga (w. 30,31), mas Faraó perfidamente endureceu “ainda esta vez seu coração e não deixou ir o povo”, v. 32. O seu orgulho não o deixaria separar-se de uma flor da sua coroa como era o seu domínio sobre Israel, nem a sua cobiça o deixaria separar- se de uma parte da sua renda, representada pelos seus trabalhos. Observe que as luxúrias reinantes rompem as amarras mais fortes, e tornam os homens atrevidamente presunçosos e escandalosamente pérfidos. Por isto, que o pecado não reine. Pois, se isto acontecer, ele nos trairá e nos precipitará nos absurdos mais grotescos.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 251.
2. A terceira proposta de Faraó (Êx 10.7).
DEUS enviou outra praga ao Egito: os gafanhotos. Faraó aparentemente não aprendeu a lição dos sinais de DEUS. Charles Swindoll disse que os sinais que DEUS mandou ao Egito eram “pragas que pregam”. DEUS transformou o Nilo em sangue e depois mandou uma infestação de rãs àquela nação. Depois mandou piolhos e moscas. Depois os animais foram atacados e tumores cobriram os egípcios. A última praga enviada por DEUS neste momento foi uma chuva de pedras em toda a nação. Faraó não pareceu entender que estava lidando com um poder pessoal sobrenatural, sem precedentes na história do Egito. Ele estava lidando com o próprio DEUS, que estava dando ao rei oportunidades para que voltasse atrás em seus pensamentos e libertasse Israel. Os prejuízos materiais no Egito estavam se avolumando, tornando insuportável a permanência dos israelitas em solo egípcio.
“E os servos de Faraó disseram-lhe: Até quando este nos dá de ser por laço? Deixa ir os homens, para que sirvam ao Senhor, seu DEUS; ainda não sabes que o Egito está destruído?” (Êx 10.7) Os servos de Faraó decidiram envolver-se na questão. Eles perceberam que enquanto o DEUS de Moisés não recebesse seu culto, os egípcios sofreriam terrivelmente as consequências. Mesmo assim, a proposta dos egípcios era uma proposta cruel, pois obrigaria os israelitas a separarem-se de seus filhos para que DEUS fosse adorado. Se fosse pela opinião dos egípcios, a herança do Senhor não participaria do culto com seus pais. DEUS não nos chama para que o sirvamos sem que nossas famílias estejam incluídas tanto na adoração quando na recepção de bênçãos. Ele deseja ser adorado por toda a família, da mesma forma que pretende abençoar toda a família. Sabemos que em nossas igrejas nem todas as famílias estão completas, pois há pais cujos filhos estão longe do Senhor. Sabemos que há filhos que aceitaram a JESUS e estão orando por seus pais. Sabemos que há cônjuges que intercedem por seus consortes, e DEUS ouve essas orações. O plano divino para a salvação inclui toda a família, e não apenas parte dela.
O coração de Faraó ainda não estava amadurecido para entender que não se poderia brincar com o poder de DEUS. Depois de concordar com a ida das crianças, ele volta atrás em sua decisão: “[...] olhai que há mal diante da vossa face. Não será assim; andai agora vós, varões, e servi ao Senhor; pois isso é o que pedistes. E os lançaram da face de Faraó” (Êx 10.10,11).
O rei manda lançar fora de sua presença Moisés e Arão, e deixa claro que as crianças não iriam, somente os homens. Isso garantiria a próxima geração de escravos no Egito.
DEUS se importa com nossos filhos? Sim. Mas pensemos nessa passagem: O interesse de Faraó pelas crianças corresponde ao mesmo interesse de Satanás por nossos filhos. Por que levá-los à igreja? Por que ler a Bíblia em casa com eles? Por que passar um tempo investindo no culto doméstico? Por que passar tempo com nossos filhos mostrando-lhes o exemplo de adoração que DEUS espera que tenhamos?
Cada geração precisa ter sua própria experiência com DEUS, e essa experiência pode ser apresentada aos nossos filhos e crianças com o nosso exemplo. O culto a DEUS foi a base da resposta de Faraó: Para que levar as crianças ao deserto e lá oferecerem um culto a DEUS? O lugar é péssimo, sem lugar para se acomodarem, beberem água, descansarem de uma longa jornada e não tem nada para se fazer lá. Mas foi isso que DEUS disse? Não.
Muitas vezes achamos que nossos filhos não conseguirão a maturidade necessária para viverem uma vida com DEUS. O deserto pode não ser o melhor lugar do mundo para onde viajar e passar férias com crianças, mas se DEUS está lá, tudo muda.
Confiemos a DEUS nossos filhos. Não façamos como os israelitas fizeram antes de entrar na Terra Prometida; ficaram com medo das batalhas que travariam e alegaram que seus filhos seriam presa de guerra: Depois, falou o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo: Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim. Dize-lhes: Assim como eu vivo, diz o SENHOR, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros. Neste deserto cairá o vosso cadáver, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes; não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas os vossos filhos, de que dizeis: Por presa serão, meterei nela; e eles saberão da terra que vós desprezastes. Porém, quanto a vós, o vosso cadáver cairá neste deserto. E vossos filhos pastorearão neste deserto quarenta anos e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que o vosso cadáver se consuma neste deserto. Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos e conhecereis o meu afastamento. Eu, o Senhor, falei. E assim farei a toda esta má congregação, que se levantou contra mim; neste deserto, se consumirão e aí falecerão. (Nm 14.26-35)
Há um preço alto a ser pago quando desobedecemos a DEUS. Na dúvida, veja o que aconteceu à geração que saiu do Egito e que ficou enterrada no deserto. Não dê como desculpas seus filhos para que você não sirva a DEUS. Aqueles israelitas alegaram que seus filhos seriam presas de guerra. Na prática, eles não queriam confiar no Senhor. Tinham visto as pragas no Egito, o Mar Vermelho se abrindo, e, ainda assim, foram incrédulos. E DEUS resolveu atender à sua reivindicação: já que as crianças são o “temor” dos pais e a desculpa para não cumprirem o que DEUS mandou, elas entrarão na Terra Prometida, mas não os seus pais, que tiveram medo de obedecer ao Senhor.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 29-32.
A TERCEIRA OBJEÇÃO
A terceira objeção de Faraó requer atenção especial de nossa parte. "Então, Moisés e Arão foram levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide, servi ao SENHOR, vosso DEUS. Quais são os que hão de ir? E Moisés disse: Havemos de ir com os nossos meninos e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, e com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque festa ao SENHOR temos. Então ele lhes disse: Seja o SENHOR assim convosco, como eu vos deixarei ir a vós e a vossos filhos; olhai que há mal diante da vossa face.
Não será assim; andai agora vós, varões, e servi ao SENHOR; pois isso é o que pedistes. E os lançaram da face de Faraó" (capítulo 10:8 a 11). De novo vemos como o inimigo procura dar um golpe de morte no testemunho dado ao DEUS de Israel. Os pais no deserto e os filhos no Egito! Que terrível anomalia! Isto teria sido apenas libertação parcial, ao mesmo tempo inútil para Israel e desonrosa para o DEUS de Israel. Isto não era possível. Se os filhos fossem deixados no Egito, não se podia dizer que os pais os tivessem deixado. Tudo quanto podia dizer-se, em tal caso, era que em parte eles serviam ao Senhor e em parte a Faraó. Porém, o Senhor não podia ter parte com Faraó. Era necessário que possuísse tudo ou nada. Eis aqui um princípio importante para os pais cristãos.
Possamos nós tê-lo no íntimo dos nossos corações! É nosso privilégio contar com DEUS quanto aos nossos filhos, e criá-los "na doutrina e admoestação do Senhor" (Ef 6:4). Nenhuma outra parte deve satisfazer-nos quanto aos nossos "pequeninos" senão aquela mesma que nós próprios desfrutamos.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração: Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 10.7 Alguma Luz Raia na Mente dos Servos do Faraó. Eles o exortaram a ceder diante das exigências de Moisés. O Egito estava destruído, mas o imbecilizado Faraó continuou agindo como se nada tivesse acontecido. A sugestão de que fosse feita a vontade do povo de Israel acabou degenerando em um debate feroz (vs. 10,11). Haveria ainda duas outras pragas. Todas as maçãs do diabo têm vermes. O trabalho escravo que o Faraó queria usar a qualquer custo saiu-lhe mais caro do que valia.
Saraivada que se aproximava (Êxo. 9.20). Agora, alguns poucos dentre os próprios conselheiros do Faraó admitiam a sua derrota, aconselhando-o a livrar-se do problema (Êxo. 10.7).
Yahweh-Eiohim foi reconhecido, sendo esse um dos motivos principais das pragas (Êxo. 6.7). Ver esses nomes divinos anotados no Dicionário. Ver também ali, o verbete DEUS, Nomes Bíblicos de. Os egípcios não tinham rejeitado o seu panteão, e estavam muito longe do monoteísmo (ver a esse respeito no Dicionário), mas tinham conseguido obter alguma iluminação.
Progressão. Os mágicos foram os primeiros a reconhecer “o dedo do Senhor naquilo que estava acontecendo (8.19). Então, algumas poucas pessoas abrigaram seu gado, por serem sábias 0 bastante para atender os avisos sobre a saraivada que se aproximava (Êxo. 9.20). Agora, alguns poucos dentre os próprios conselheiros do Faraó admitiam a sua derrota, aconselhando-o a livrar-se do problema (Êxo. 10.7).
Yahweh-Eiohim foi reconhecido, sendo esse um dos motivos principais das pragas (Êxo. 6.7). Os egípcios não tinham rejeitado o seu panteão, e estavam muito longe do monoteísmo, mas tinham conseguido obter alguma iluminação.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 343.
Os acompanhantes de Faraó, seus ministros de estado, ou conselheiros privados, intercedem, para persuadi-lo a fazer um acordo com Moisés, v. 7. Movidos pelo seu dever, eles lhe descrevem a condição deplorável do reino (“O Egito está destruído”) e o aconselham, de qualquer maneira, a libertar os seus prisioneiros (“Deixa ir os homens”). Pois Moisés, na opinião deles, seria uma ameaça para eles, até que isto fosse feito, e seria melhor consentir, no início, do que ser obrigado a fazê-lo, no final. Os israelitas tinham se tornado uma pedra pesada para os egípcios, e agora, por fim, os príncipes do Egito estavam desejosos de verem-se livres deles, Zacarias 12.3. Observe que se deve lamentar (e evitar, se possível) que toda uma nação seja destruída pelo orgulho e pela obstinação de seus príncipes: Salus popili suprema lex - Preocupar-se com o bem estar do povo é a primeira das leis.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 255.
III- A PROPOSTA FINAL DE FARAÓ
1. A situação caótica do Egito.
Nona Praga: As Trevas (10.21-29)
O Faraó continuava colhendo o que havia semeado. Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes informativas E e J. quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.
Essa nona praga ocorreu mediante 0 uso da vara de poder (ver as notas em Êxo. 4.2), como sucedeu no caso das pragas de números um, dois, três, sete e oito. Não houve aviso prévio, como na terceira e na sexta praga, e somente três pragas ocorreram sem informação anterior, exigindo arrependimento. Ver as notas em Êxo. 7.14 quanto a um gráfico que dá informações gerais sobre as pragas como um todo, incluindo elementos repetidos. Conforme anoto no vs. 23, as pragas desfaziam do panteão egípcio.
O pecado e a obstinação dos homens são dignos de ser observados. Somente o poder de DEUS pode reverter o ciclo do permitido e do proibido, do sim e do não, que embala o coração instável dos homens. Os críticos veem aqui apenas um acontecimento natural, posto que exagerado, como todas as demais pragas do Egito. Todas elas, porém, envolveram algo insondável, que ultrapassava a imaginação dos homens.
Êx 10.21 Esta praga não foi avisada com antecedência, e a vara de poder foi usada, conforme mencionamos e comentamos na introdução a este parágrafo. Vários eruditos veem aqui algum acontecimento natural. Consideremos os cinco pontos abaixo:
1. A praga pode ter sido um acontecimento local, devido a uma tremenda tempestade de poeira, tão intensa que obscureceu o sol por muito tempo. O vento quente, chamado khamsin, que sopra da banda do deserto, especialmente durante a primavera (março a maio), algumas vezes traz tanta areia e pó que 0 ar se escurece e a respiração toma-se difícil.
2. Outros veem aqui uma ocorrência cósmica. Algumas vezes, a terra passa por uma espécie de poeira proveniente do espaço sideral, de tal modo que acontecem períodos imprevisíveis de trevas. Visto que a órbita da terra leva 0 nosso planeta pelo espaço, as coisas acabam voltando ao normal. Dou um artigo na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia intitulado Escuridão Sobrenatural, a qual oferece algumas explicações possíveis.
3. Alguns estudiosos pensam que é inútil tentar encontrar explicações naturais, locais ou cósmicas, deixando tudo no terreno do que é miraculoso, misterioso.
4. Podemos eliminar com segurança algum mero eclipse do sol, visto que isso não demora muito, e que os egípcios, habilidosos na astrologia, não somente saberiam de sua ocorrência com grande antecedência, como também disporiam de meios matemáticos para explicar o fenômeno.
5. As interpretações metafóricas também falham. Não houve apenas trevas espirituais (Sabedoria de Salomão 17.1 — 18.4), mas também alguma espécie de trevas físicas, as quais, naturalmente, tiveram lições espirituais a ensinar.
O paralelo neotestamentário é Lucas 23.44. No Novo Testamento Interpreta- do ofereço comentários detalhados nessa referência bíblica.
Trevas que se possam apalpar. Metaforicamente, trevas tão absolutas que podiam ser sentidas. Ou então, literalmente, as trevas eram produzidas por poeira e areia, algo tangível.
Êx 10.22 Por três dias. Curiosamente, as trevas que envolveram a crucificação de JESUS duraram três horas. Ver no vs. 21 quanto a cinco possíveis interpretações sobre essas trevas. Cf. 0 quinto juízo das taças, em Apocalipse 16.10.
Êx 10.23 Os egípcios não podiam ver, mas podiam tatear (vs. 21), talvez indicando algum agente físico que causava as trevas, como a areia ou a poeira. Contra isso, porém, temos 0 fato de que não há nenhuma descrição acerca de tais agentes físicos. Se essas trevas fossem resultantes de outra grande tempestade (como a saraivada), é provável que 0 autor sagrado teria explicado isso.
Na terra de Gósen, onde habitava Israel, 0 sol brilhava. Portanto, uma vez mais, de nada adiantam explicações naturais de nenhum tipo. Uma grande tempestade de poeira teria poupado a terra de Gósen? Nenhum eclipse solar poderia afetar 0 Egito inteiro, menos a terra de Gósen. Cf. Êxo. 8.22,23; 9.4,26; 12.12,13.
O trecho do Salmo 78.49 sugere 0 poder de anjos destrutivos envolvidos nesta nona praga, a menos que essa referência diga respeito à morte dos primogênitos do Egito, a décima praga.
O panteão egípcio foi novamente atacado. O deus-sol, Rá, mostrou-se impotente contra as trevas; Horus, o deus associado ao sol, não conseguiu resistir. Nut, a deusa do céu, não podia fazer o sol iluminar 0 Egito.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 345.
A praga das trevas trazida sobre o Egito. Era uma praga terrível, e, portanto, é a primeira das dez pragas mencionadas em Salmos 105.28, embora tenha sido uma das últimas. E na destruição do Egito espiritual ela é produzida pela quinta taça, que é derramada sobre o trono da besta, Apocalipse 16.10. O seu reino se fez tenebroso. Observe, particularmente a respeito desta praga:
1. Que era uma escuridão completa. Temos razões para pensar não somente que as luzes do céu foram cobertas por nuvens, mas que todos os seus fogos e suas velas foram apagados pelos vapores úmidos que eram a causa desta escuridão. Pois está escrito, v. 23: “Não viu um ao outro”. Aos ímpios é feita a ameaça (Jó 18.5,6) de que a faísca do seu lar não resplandecerá (nem mesmo as faíscas do seu próprio fogo, como são chamadas, Isaías 50.11), e que a luz se escurecerá nas suas tendas. O inferno é a escuridão completa. “Luz de candeia não mais luzirá em ti”, Apocalipse 18.23. 2. Que eram trevas que podiam ser sentidas (v. 21), sentidas, nas suas causas, pelas pontas dos dedos (tão espessos eram os nevoeiros). Sentidas, nos seus resultados, pensam alguns, pelos seus olhos perfurados pela dor, que piorava quando os esfregavam. Grande dor é mencionada como o resultado de tais trevas, Apocalipse 16.10 faz alusão a isto. 3. Sem dúvida isto os impressionou e aterrorizou. A nuvem de gafanhotos, que tinha escurecido a terra (v. 15), não era nada, comparada a esta escuridão. Dizem os judeus que nesta escuridão eles foram aterrorizados pelas aparições de maus espíritos, ou por sons e murmúrios terríveis que eles faziam, ou (o que não é menos assustador) pelos horrores das suas próprias consciências. E esta é a praga que alguns pensam que é tencionada (pois, se não fosse isto, não seria mencionada aqui), Salmos 78.49: “Atirou para o meio deles, quais mensageiros de males, o ardor da sua ira”. Pois àqueles a quem o diabo tinha sido um enganador, ele será, no final, um terror. 4. As trevas continuaram por três dias. Era como seis noites contínuas (segundo o bispo Hall). Eram trevas completas. Todo este tempo eles estiveram aprisionados por estas correntes de escuridão, e os palácios mais iluminados eram masmorras perfeitas. “Ninguém se levantou do seu lugar”, v. 23. Todos ficaram confinados a suas casas. E tal terror os dominou que poucos deles tinham coragem de ir da cadeira à cama, ou da cama à cadeira. Assim eles ficaram mudos nas trevas, 1 Samuel 2.9. Agora Faraó tinha tempo para considerar, se o aproveitasse. A escuridão espiritual é escravidão espiritual. Enquanto Satanás cega os olhos dos homens, de forma que não vejam, ele lhes amarra mãos e pés, de modo que não trabalhem para DEUS, nem se movam em direção ao céu. Eles permanecem nas trevas. 5. Era justo que DEUS os punisse assim. Faraó e o seu povo tinham se rebelado contra a luz da palavra de DEUS, que Moisés lhes transmitia. Com razão, portanto, eles são punidos com as trevas, pois as amavam e as preferiram à luz. A cegueira de suas mentes traz sobre eles esta escuridão do ar. Nunca houve mente tão cega como a de Faraó, nunca o ar foi tão escurecido como o do Egito. Os egípcios, pela sua crueldade, teriam apagado a lâmpada de Israel, e também as suas brasas. Portanto, com razão, DEUS apaga suas luzes. Compare com a punição dos sodomitas, Gênesis 19.11. Devemos temer as consequências do pecado. Se três dias de trevas foram tão aterrorizantes, como deverá ser a escuridão eterna? 6. Os filhos de Israel, naquele mesmo tempo, tinham luz em suas casas (v. 23), não somente na terra de Gósen, onde a maioria deles morava, mas nas casas daqueles que estavam dispersos entre os egípcios. O fato de que alguns deles estavam assim dispersos fica evidente na distinção que posteriormente deveria ser posta nas ombreiras das portas, cap. 12.7. Este é um exemplo: (1) Do poder de DEUS acima do poder normal da natureza. Não devemos pensar que compartilhamos de graças comuns, como algo rotineiro e usual, e por isto não darmos graças a DEUS por elas. Ele poderia fazer uma distinção, e afastar de nós aquilo que concede a outros. Ele realmente faz o seu sol brilhar sobre os justos e os injustos, normalmente. Mas Ele poderia fazer uma distinção, e nós devemos nos considerar em dívida com a sua misericórdia pelo fato de que não o faz. (2) Do favor particular que o precioso e bendito Senhor tem pelo seu povo: eles andam na luz ao passo que outros vagam incessantemente em densas trevas. Onde houver um verdadeiro israelita, ainda que neste mundo escuro, haverá luz. Sim, porque ali existirá um filho da luz, um filho pelo qual a luz é semeada, e que recebe a visita do oriente do alto. Quando DEUS fez esta distinção entre israelitas e egípcios, quem não teria preferido o mais pobre casebre de um israelita ao mais fino palácio de um egípcio? Existe, porém, uma diferença real, embora não tão perceptível, entre a casa do ímpio, que está sob uma maldição, e a habitação dos justos, que é abençoada, Provérbios 3.33. Nós devemos crer nesta diferença, e nos conduzirmos de maneira correspondente. Com base em Salmos 105.28: “Mandou às trevas que a escurecessem. E elas não foram rebeldes à sua palavra”, alguns apresentam uma conjetura de que, durante estes três dias de trevas, os israelitas foram circuncidados, para a sua celebração da Páscoa, que agora se aproximava, e que o comando que autorizou isto foi a palavra contra a qual eles não se rebelaram. Pois a sua circuncisão, quando entraram em Canaã, é mencionada como uma segunda circuncisão geral, Josué 5.2. Durante estes três dias de trevas para os egípcios, se DEUS assim o tivesse desejado, os israelitas, pela luz que tinham, poderiam ter escapado, sem pedir permissão a Faraó. Mas DEUS desejava tirá-los com mão forte, e não apressadamente, nem fugindo, Isaías 52.12.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 257.