Escrita Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV

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Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2024/07/slides-licao-2-cpad-o-livro-de-rute.html

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ESBOÇO DA LIÇÃO

I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1. Na Bíblia Hebraica

2. Na Bíblia Cristã

3. Autoria e data

II – O CONTEXTO HISTÓRICO

1. No tempo dos juízes

2. Secularismo, hedonismo e idolatria

3. Opressão, clamor e livramento

III – PROPÓSITO E MENSAGEM

1. O cetro de Judá

2. Amor e redenção

3. Fidelidade e altruísmo

 

TEXTO ÁUREO

“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.”  (Rt 1.1)

 

VERDADE PRÁTICA

Servir a DEUS não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Rt 1.1; 4.21,22 O contexto do Livro de Rute remete aos Juízes

Terça - Jz 1.7-19 Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu

Quarta - Jz 2.7-13; 3.5-7 Israel atraído à idolatria dos cananeus

Quinta - Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4 Longanimidade e misericórdia de DEUS

Sexta - Gn 49.10 O cetro não se afastará da tribo de Judá

Sábado - cf. Ef 2.11-16 Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Rute 1.1-5

1 - E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. 

2 - E  era  o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali. 

3 - E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, 

4 - os quais tomaram para si mulheres moabitas;  e era  o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. 

5 - E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher  desamparada  dos seus dois filhos e de seu marido.

 

HINOS SUGERIDOS: 33, 459, 511 da Harpa Cristã

 

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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO

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DEUS USA CIRCUNSTÂNCIAS ADVERSAS E ATÉ MESMO PECADOS COMETIDOS PELOS HOMENS PARA FAZER CUMPRIR SEUS PLANOS.

Salomão era filho de um terrível pecado de Davi com Bate-seba, mas construiu o templo em Jerusalém.

 

Noemi e Boaz também transgrediram a lei (no caso de Boaz, ele mesmo era filho de uma transgressão - filho de Salmom com Raabe, a ex-prostituta cananita de Jericó).

 

***A lei foi dada por DEUS e escrita por Moisés cerca de 250 anos antes de Noemi permitir que seus dois filhos a transgredissem se casando com mulheres moabitas.

* ***Dt 7.3 *Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos*; 4 Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria. ---------------***-Êx 34.11 Guarda o que eu te ordeno hoje; eis que eu lançarei fora diante de ti os amorreus, e os cananeus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus e os jebuseus. 12 Guarda-te de fazeres aliança com os moradores da terra aonde hás de entrar; para que não seja por laço no meio de ti. 13 Mas os seus altares derrubareis, e as suas estátuas quebrareis, e os seus bosques cortareis. 14 Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso. 15 Para que não faças aliança com os moradores da terra, e quando eles se prostituírem após os seus deuses, ou sacrificarem aos seus deuses, tu, como convidado deles, comas também dos seus sacrifícios, 16 *E tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas,* prostituindo-se com os seus deuses, façam que também teus filhos se prostituam com os seus deuses. --------------- Ed 9.2 *porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras*, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nesta transgressão. -----***-Neemias 13.23    — *Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas.* 24    — E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo. 25    — E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. 26    — Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar. Ne 10. 30    — *e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos* ------ *** “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2Co 6.14).

Isaías 25.10 Porque a mão do Senhor descansará neste monte; mas Moabe será trilhado debaixo dele, como se trilha a palha no monturo. 11 E estenderá as suas mãos por entre eles, como as estende o nadador para nadar; e abaterá a sua altivez com as ciladas das suas mãos. 12 E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, abatê-las-á e derrubá-las-á por terra até ao pó.

 

 

Foi Um Tremendo Erro De Elimeleque Buscar Refúgio Em Moabe, Assim Como Abrão Foi Para O Egito E Depois Para Gerar E Seu Filho Isaque Seguiu Seus Passos Indo Para Gerar Também - O Enganador E Mentiroso Jacó Se Tornou O Patriarca De Israel.

 

DEUS não fez com que Elimeleque pecasse para que se cumprisse seu plano, mas ele usou o pecado de Elimeleque para que seus planos se cumprissem.

 

DEUS não é culpado do pecado das pessoas.

Não se tem notícia na Bíblia de que outros israelitas tenham deixado Belém por causa dessa fome, por exemplo, Boaz ficou e acabou enriquecendo, a ponto de ter vários empregados e poder comprar as terras de Noemi.

 

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LIVRO DE RUTE – BEP - CPAD

Autor: Anônimo

Provavelmente escrito pelo Profeta, Juiz e Sacerdote Samuel.

Tema: Amor Que Redime

Data: Século X a.C.

 

Considerações Preliminares

Historicamente, o livro de Rute descreve eventos na vida de uma família israelita durante o tempo dos Juízes (1.1; c. 1375—1050 a.C.). Geograficamente, o contexto é a terra de Moabe, a leste do mar Morto. (1) O restante do livro transcorre em Belém de Judá e sua vizinhança. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (lit. “Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na estação da colheita, era costume ler este livro na Festa da Colheita (Pentecoste).

Considerando que a lista dos descendentes de Rute não vai além do rei Davi (4.21,22), o livro foi provavelmente escrito durante o reinado de Davi. Desconhece-se o autor humano do livro, mas a tradição judaica (e.g., o Talmude) atribui essa autoria a Samuel.

 

Propósito

O livro de Rute foi escrito a fim de mostrar como, através do amor altruísta e do devido cumprimento da lei de DEUS, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada, veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para perpetuar uma história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma família piedosa cuja fidelidade na adversidade contrasta fortemente com o generalizado declínio espiritual e moral em Israel, naqueles tempos.

Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos. Juízes 17:6

Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos. Juízes 21:25

 

Visão Panorâmica

Esta história do amor que redime inicia quando Elimeleque parte de Judá e passa a residir com sua família em Moabe por causa de uma fome (1.1,2). O sofrimento continuou a flagelar Elimeleque, pois ele e seus dois filhos morreram em Moabe (1.3-5), o que resultou em três viúvas. Quatro episódios principais vêm a seguir.

(1) Noemi (viúva de Elimeleque) e sua devotada nora moabita, Rute, voltaram a Belém de Judá (1.6-22).

(2) Na providência divina, Rute veio a conhecer Boaz, um parente rico de Elimeleque (cap. 2).

(3) Seguindo as instruções de Noemi, Rute deu a entender a Boaz o seu interesse na possibilidade de um casamento segundo a lei do parente-remidor (cap. 3).

(4) Boaz, como parente-remidor, comprou as propriedades de Noemi e casou-se com Rute, e tiveram um filho chamado Obede — avô de Davi (cap. 4).

Embora o livro comece com tremendos reveses, termina com um final sobremodo feliz — para Noemi, para Rute, para Boaz e para Israel.

 

Características Especiais

Seis características principais assinalam o livro de Rute.

(1) É um dos dois livros da Bíblia que leva o nome de uma mulher (sendo o outro o de Ester).

(2) Este livro, escrito, tendo ao fundo o horizonte ominoso da infidelidade e apostasia de Israel durante o período dos juízes, descreve as alegrias e pesares de uma família piedosa de Belém durante aqueles tempos caóticos.

(3) Ilustra o fato de que o plano divino da redenção incluía os gentios que, durante os tempos do AT, foram enxertados no povo de Israel mediante o arrependimento e a fé no Senhor.

(4) A redenção é um tema central, do começo ao fim do livro, sendo o papel de Boaz, como parente-remidor, uma das ilustrações ou tipos mais claros do ministério mediador de JESUS CRISTO.

(5) O versículo mais conhecido deste livro consiste nas palavras que Rute dirigiu a Noemi, quando ainda estava em Moabe: “Aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS” (1.16).

(6) Traça um retrato realista da vida, com seus contratempos, mas também mostra como a fé e fidelidade de pessoas piedosas ensejam a DEUS a oportunidade de converter a tragédia em triunfo e a derrota em bênção.

(Obs.: Boaz era filho de Raabe, a ex-prostituta).

 

Paralelismo do Livro de Rute com o NT

Este livro declara quatro verdades do NT.

(1) Transtornos humanos dão oportunidade a DEUS para realizar seus grandes propósitos redentores (Fp 1.12).

(2) A inclusão de Rute no plano da redenção demonstra que a participação no reino de DEUS independe de descendência física, mas pela conformação da nossa vida à vontade de DEUS, mediante a “obediência da fé” (Rm 16.26; cf. Rm 1.5,16).

(3) Rute como partícipe da linhagem de Davi e de JESUS (ver Mt 1.5) significa que pessoas de todas as nações farão parte do reino do grande “Filho de Davi” (Ap 5.9; 7.9).

(4) Boaz, como o parente-remidor, é uma prefiguração do grande Redentor, JESUS CRISTO (Mt 20.28; ver Rt 4.10).

 

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Comentários de Vários Livros com algumas modificações do Pr. Henrique

 

(Strong Português) Belém - בית לחם  Beyth Lechem
Belém = “casa do pão (alimento)”
1) uma cidade em Judá, cidade natal de Davi

 

(Strong Português) Elimeleque - אלימלך ’Eliymelek
Elimeleque = “meu DEUS é rei”
1) marido de Noemi

 

(Strong Português) נעמי No Ìomiy
Noemi = “minha delícia”
1) esposa de Elimeleque, mãe de Malom e Quiliom, e sogra de Rute e Orfa

 

(Strong Português) מחלון Machlown
Malom = “doente”
1) filho de Elimeleque com Naomi e primeiro marido de Rute

 

(Strong Português) כליון Kilyown
Quiliom = “desfalecimento”
1) um efraimita e filho de Elimeleque com Noemi, o marido falecido de Rute (ou talvez o marido falecido de Orfa)

 

(Strong Português) ערפה ÌOrpah
Orfa = “gazela”
1) uma mulher moabita, esposa de Quiliom, o filho de Noemi e concunhada de Rute

 

(Strong Português) רות Ruwth
Rute = “amizade”
1) nora de Naomi, esposa de Boaz, e avó de Davi

Rute em hebraico: vistosa, beleza, amiga, Companheira - Dicionário de Nomes

 

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Rute 1

Neste capítulo, lemos acerca das aflições de Noemi. I. Como responsável pela casa, foi forçada a mudar-se para a terra de Moabe, por causa da fome, vv. 1,2. II. Como viúva e mãe pesarosa, lamentou a morte do marido e dos filhos, dois ao todo, vv. 3-5. III. Como sogra atenciosa, dispôs-se a mostrar bondade às suas duas filhas, mas não sabia como mostrar essa bondade ao voltar para o seu próprio país, vv. 6-13. Ela se despediu de Orfa com dor no coração, v. 14. Ela leva Rute consigo com muito temor, vv. 15-18. IV. Como pobre mulher enviada de volta ao lugar de origem, para ser sustentada pelos amigos, vv. 19-22. Essas coisas geram melancolia e parecem trabalhar contra Noemi, contudo, contribuíram para o bem.

 

Rute 2

Raramente encontramos um capítulo em toda a história sagrada que se dobra tanto para conhecer uma pessoa tão desprezível quanto Rute, uma pobre viúva moabita, que exercia uma função tão desprezível quanto rebuscar as espigas em um campo vizinho, e as minuciosas circunstâncias que se seguem. Mas, tudo isso aconteceu e serviu nos planos de DEUS para que ela pudesse ser enxertada na linhagem de Cristo e ser incluída no meio dos seus antepassados, e se tornasse uma figura das bodas da igreja gentia com Cristo (Is 54.1). Isso torna essa história notável; e muitas passagens são instrutivas e fantásticas. Observamos o seguinte neste capítulo: I. A humildade de Rute e sua diligência em apanhar espigas. A Providência a guiou para o campo de Boaz, vv. 1-3. II. O grande favor que Boaz mostrou a ela em diversas situações, vv. 4-16. III. O retorno de Rute à sua sogra, vv. 18-23.

 

Rute 3

No capítulo anterior, achamos muito fácil aprovar e elogiar a decência e modéstia do comportamento de Rute e mostrar o bom proveito que podemos tirar desse relato. Mas neste capítulo, teremos muita dificuldade em justificar a imputação da indecência e cuidar para não fazermos mal uso desse relato; mas, a benevolência daquela época foi registrada aqui para mostrar que não havia nada de errado naqueles acontecimentos. Porém, a maldade dos nossos tempos não nos permite agir da mesma forma. Podemos observar o seguinte neste capítulo: I. As instruções que Noemi deu à sua nora em como requerer o direito em ter Boaz como marido, vv. 1-5. II. O cumprimento total dessas instruções por Rute (vv. 6,7). III. O tratamento afável e honroso que Boaz deu a Rute, vv.8-15. IV. O retorno de Rute para sua sogra, vv. 16-18.

 

Rute 4

Neste capítulo lemos acerca do casamento de Boaz e Rute, que ocorreu em circunstâncias bastante incomuns. Este casamento ficou registrado para servir de ilustração, não somente em relação à lei que obriga o parente próximo a casar com a viúva do irmão (Dt 25.5,ss.), porque casos práticos ajudam a explanar leis, mas também por causa do evangelho, uma vez que Davi descendeu desse casamento, e o Filho de Davi, cujo casamento com a igreja gentílica foi aqui tipificado. Lemos o seguinte: I. Como Boaz livrou-se do seu rival de forma imparcial, vv. 1-8. II. Como o seu casamento com Rute foi publicamente celebrado e agradou aos seus vizinhos, vv. 9-12. III. O feliz herdeiro que descendeu desse casamento, Obede, o avô de Davi, vv. 13-17. O livro então termina com a genealogia de Davi, vv. 18-22. Talvez o Espírito abençoado tenha dirigido o autor deste livro a inserir essa história no Cânon sagrado, colocando nele o desejo de transmitir à posteridade as virtudes da bisavó de Davi, junto com a sua origem gentílica e as providências singulares que a envolveram.

Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT - CPAD

 

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Noemi e Rute (Mulheres da Bíblia) Elizabete George

12-05-2024 – Sumaré - SP

Leitura Bíblica: Rute 1-4

E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; por isso um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e sua mulher, e seus dois filhos; E era o nome deste homem Elimeleque, e o de sua mulher Noemi, e os de seus dois filhos Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e chegaram aos campos de Moabe, e ficaram ali.

E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, Os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o da outra Rute; e ficaram ali quase dez anos.

E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido. Então se levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão. Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas noras com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá, Disse Noemi às suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo. O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma em casa de seu marido. E, beijando-as ela, levantaram a sua voz e choraram. 10 E disseram-lhe: Certamente voltaremos contigo ao teu povo. 11 Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos? 12 Voltai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda tivesse filhos, 13 Esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim. 14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela. 15 Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada.

16 Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; 17 Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. 18 Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar. 19 Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi? 20 Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. 21 Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal. 22 Assim Noemi voltou, e com ela Rute a moabita, sua nora, que veio dos campos de Moabe; e chegaram a Belém no princípio da colheita das cevadas

 

Noemi era uma mulher judia que seguiu o marido para Moabe, quando houve uma fome em Israel. Eles levaram seus dois filhos com eles, que se casaram com mulheres moabitas. Os três homens morreram e Noemi decidiu voltar ao seu país e uma de suas noras, Rute, foi com ela. Noemi sua sogra aconselhou ela a voltar e se casar com um moabita qualquer, mas Rute preferiu ir para cuidar de sua sogra. Elas voltaram juntas para Israel. Rute seguiu os conselhos de Noemi e se casou com Boaz, elas

receberam a herança do remidor. Deus recompensou elas com uma vida boa, tranquila e feliz e Rute faz parte da linhagem de Jesus Cristo. O livro de Rute relata uma história de amor, mas não apenas o amor conjugal, também conta uma história de amor filial. Rute amava tanto sua sogra que decidiu ir com ela para um país estrangeiro, onde ela sabia que seria vista como uma estrangeira. Ela decidiu acreditar e servir ao Deus de Noemi, deixando para trás os seus deuses. Acredito que foi Deus quem forjou essa relação forte entre essas duas mulheres, para se apoiarem e se unirem em tempos difíceis. Entre elas deixou de existir uma ligação, quando o marido de Rute morreu, então o relacionamento e o amor foi uma decisão que elas fizeram, elas escolheram. Assim é Deus conosco, sem Cristo não temos nada que nos une a Ele, no entanto, Ele decidiu nos amar e nos salvar. Siga o exemplo dessas duas mulheres, nos amemos em Cristo, não porque temos uma relação de sangue, mas porque decidimos ter um relacionamento eterno, como um reflexo do amor de Cristo.

 

 

MULHERES DA BÍBLIA (ABRAHAM KUYPER)

 

“Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso” (Rute 1.20).

 

Leia: Rute 1.

Noemi significa “agradável”. Comparada com várias das mulheres anteriores, Noemi parece ser amigável e gentil. Relaciona-se à genealogia de Cristo, indiretamente, sendo uma das mulheres nobres. A nobreza de sua caracterização suscita imediatamente nossa sincera simpatia, principalmente se considerarmos seus sofrimentos. Casada com Elimeleque, ela fugiu com o marido de uma fome em sua terra, Belém, e eles acabaram em Moabe. Ao longo da história, vemos que seu coração permaneceu apegado ao seu marido e a Belém. Seu marido morreu em Moabe, no exílio, e ela ficou com seus dois filhos, Malom e Quiliom. Os dois casaram-se com mulheres moabitas, porém o Senhor levou seus dois filhos, quando estes já eram casados. Apenas de suas duas noras permaneceram, elas não eram de seu povo, nem serviam a seu Deus.

Reduzida à extrema pobreza, Noemi decidiu voltar para Belém, pois ouvira que em Belém o pão agora era abundante.

 

Ela deixou Moabe acompanhada de suas duas noras, quando já era praticamente uma mulher idosa. A estrada foi muito difícil para Noemi, mas finalmente ela viu sua amada Belém novamente, a cidade de sua felicidade na infância. Podemos imaginar o interesse com que os habitantes da cidade observavam Noemi e a companhia que ela carregava consigo, uma das noras. É nos dito que “entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?” (Rute 1.19). Com lágrimas nos olhos, a velha respondeu: “Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso” (Rute 1.20).

Noemi não voltou sozinha. Uma das noras decidiu acompanhá-la, embora Noemi tivesse tentado dissuadi-la. Somos informados de que ela dispensou as duas noras: “Voltai, minhas filhas” (Rute 1.11). Noemi presumiu que as duas continuariam a orar aos deuses de Moabe. Duas vezes seguidas, ela implorou que a deixassem. Por fim, Orfa beijou a sogra e voltou para a família. Rute, no entanto, se recusou a deixá-la. “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1.16) foi a resposta decidida de Rute. Moabe descendia de Ló e, portanto, de Abraão. É possível que um remanescente fiel de Deus tenha permanecido em Moabe e que, sem o conhecimento de Noemi, Rute tivesse entrado em contato com tal remanescente. O Senhor, em qualquer caso, aproximou-se de sua alma com Sua Graça Onipotente. O que sabemos com certeza, então, é que Rute decidiu abandonar os deuses de Moabe e ser fiel ao Deus de Israel. Portanto, não fazia muito sentido para ela ficar em Moabe, e ela preferia ir com a sogra.

 

Noemi era pobre e se sustentava com as espigas que Rute juntava nos campos enquanto seguia os ceifeiros. Os planos que Noemi fez para Rute diferiam dos planos a que estamos acostumados, mas seguiam os costumes daqueles dias em Belém. As palavras de Noemi mostram ternura e consideração pela nora. Noemi superou sua amargura e voltou a ser gentil e amorosa como antes. Deus honrou essa mulher abandonada de uma forma excepcional. Além de incluí-la no relato das Sagradas Escrituras e proporcionar-lhe a simpatia da Igreja de todos os tempos, Deus permitiu que seu sangue se misturasse com o do Filho de Deus no decorrer das gerações.

 

“Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada” (Rute 1.15).

Orfa representa a mulher a quem a Graça é oferecida, mas a rejeita e mergulha de volta na condenação. Ela teve um contato íntimo com a Graça. Deus dirigiu os negócios de tal maneira que, como resultado da fome, uma família de Israel fugiu para o Seu povo. Então, Orfa conseguiu encontrar as pessoas que adoravam o único Deus verdadeiro. Foi o mesmo Deus que seu predecessor Ló adorou e o mesmo Deus que puniu Sodoma e Gomorra. Orfa pertencia às gerações da esposa de Ló também. E a história de como Deus a petrificou provavelmente ainda era conhecida em Moabe. Agora ela teve a oportunidade de ouvir novamente esses atos milagrosos do Deus de Israel. Ela se casou com um dos filhos de Noemi, é por isso que ela deve ter estado em contato direto com o conhecimento do Deus verdadeiro. Ela estivera em contato com os quatro missionários que foram para Belém há anos, tendo se casado com um deles.

Além disso, outra garota Moabe, Rute, havia se casado com o outro irmão. Isso ilustra como essa outra mulher, estranha à fé, se deixou dominar por uma crente ao entrar em contato com ela. Apesar dessas vantagens, no entanto, Orfa fechou seu coração à Graça: ela preferiu retornar aos deuses de sua terra natal. Não é provável que, como mulher casada, ela se opusesse abertamente ao Senhor. Tendo dito que Noemi “se voltou para seus deuses”, pode-se inferir que ela, durante aqueles anos, ao entrar na nova família, havia pelo menos formalmente aceitado a adoração a Jeová, mas foi uma conversão formal. O casamento era mais importante para ela do que a religião. Temos que acreditar, porém, que, se seu marido tivesse sobrevivido, se o marido tivesse voltado para Belém, é provável que ela tivesse continuado com a nova religião que havia adotado, aumentando o número de crentes nominais. Quanto a Orfa, porém, ao morrer o seu marido, ela foi posta à prova quanto à sinceridade de sua conversão. Noemi é a agente desse teste: ela não a pressiona para o fazer, pelo contrário. Orfa podería tê-la seguido até Belém se tivesse se convertido sinceramente, mas ela falhou no teste.

Orfa considerou a perspectiva de seguir uma viúva pobre e sem filhos, ao passo que, se voltasse a Moabe, teria seus próprios deuses. Ela deu um beijo de despedida em Noemi e, ao mesmo tempo, disse adeus ao amor de Deus para sempre. Rute e Orfa se separaram, as duas mulheres de Moabe. Rute seguiu Noemi e entrou na linha ancestral de Cristo. Orfa disse adeus a Noemi e voltou às trevas espirituais de Moabe, consequentemente, à sua condenação.

 

RUTE

“Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rute 3.11).

 

Leia: Rute 3.

 

Rute não era mais uma mulher jovem quando se casou com Boaz e deu Obede à luz. Ela foi casada com Malom em Moabe por quase dez anos e permaneceu viúva por algum tempo. Naquela época e no oriente, ela já podia ser considerada uma mulher de idade madura. Quando a comparamos a Noemi, tendemos a pensar que ela era jovem, mas não tão jovem quanto supomos. Rute veio da mesma origem pagã de Orfa. Pertencia à tribo de Moabe, que se degenerou espiritualmente. Ela também havia entrado em contato com a sagrada influência de Elimeleque e sua família, mas, ao contrário de Orfa, ela abriu seu coração para a Graça.

Não temos a menor indicação de que Noemi tratou Rute de maneira diferente de Orfa. A disposição do coração de uma é totalmente diferente da disposição da outra. Orfa rejeitou a Graça em seu coração, enquanto Noemi abriu seu coração para ela. Observe que as três começaram a jornada juntas. É possível que, se a questão de decidir por um povo e por outro, por alguns deuses ou outros, não tivesse surgido, as três tivessem chegado a Belém, mas Noemi de repente se levantou e os exortou a voltar para os deuses de seus pais. Diante desse convite, Orfa se foi. Rute, por outro lado, foi movida pela fé que já ardia nela e se recusou a voltar. Ela tomou sua decisão e confessou que doravante sua vida e morte seriam na companhia do Povo de Deus: “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (Rute 1.16-17). Assim, vemos que Deus usou seu afeto pela pobre e desolada Noemi como um meio de Graça. Noemi é o elo com o qual Deus uniu Rute para sempre com Seu povo e Seu Messias. Não vemos Rute desenhando especulações espirituais abstratas. Com gratidão, ela olha para o rosto enrugado e triste da mãe do marido e quer ficar com ela. A fé no Deus de Israel está inseparavelmente misturada ao seu amor por Noemi. Ela quer se identificar com sua sogra, mas no fundo vemos a confissão de que o Deus de Noemi será o dela. Ela admite, de fato, que o mesmo Deus que a tirou de Moabe a transplantou para o povo de Israel. A fé de Rute é simples e transparente. Um serviço humilde e tranquilo, sem nenhum vestígio de orgulho e altivez espiritual. Rute não diz: “Alguém tem que cuidar desta velha, e sou eu quem deve cuidar dela”. Ela respeitou a posição de Noemi como mãe e decidiu ser sua filha.

Rute seguiu os ceifeiros até um campo em Belém, para sustentar sua sogra e ela mesma. Por fazer isso em humilde obediência, Deus a abençoou. Ela entrou nos campos de Boaz. Todos eram favoráveis a ela; todos a ajudaram. Mais tarde, quando Noemi ouviu da simpatia demonstrada por Boaz, ela se perguntou se era seu parente e se ele não estaria disposto a se casar com Rute. Nisso, Rute voltou a se conformar aos desejos de sua sogra. Em tudo, mesmo nos momentos mais difíceis, Rute exerceu obediência total. Dessa forma, Deus teceu o fio da sua vida no tecido da história do Seu povo. Boaz se casou com Rute, que deu Obede à luz. De Obede nasceu Jessé. Portanto, Rute, a moabita, foi incluída na linhagem dos escolhidos de Deus para formar a linhagem da qual o Salvador nasceu. Rute era a bisavó de Davi.

 

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A HISTÓRIA DE NOEMI E RUTE (Ann Spangler)

Como duas mulheres desesperadas encontram uma casa e um futuro cheios de esperança.

Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo. Lucas 6.38

 

Pelo menos seiscentos anos se passaram desde que Tamar se disfarçou de prostituta e induziu seu sogro a dormir com ela. Sua única noite produziu meninos gêmeos, o mais velho deles era Perez. Foi através dele que DEUS preservou a tribo de Judá. Agora, no tempo dos juízes, quando não há rei e as leis são caóticas, vive um homem chamado Elimeleque, que é descendente de Perez. Ele mora em uma aldeia chamada Belém, que significa “casa de pão”, embora dificilmente haja pão em toda a terra de Judá. Não havia trigo na padaria.

Para preservar sua família, Elimeleque pega sua esposa, Noemi, e seus dois filhos, Malom e Quiliom, e segue para o leste, rumo às terras altas e ricas de Moabe, do outro lado do Mar Morto. Em Moabe existem rios, chuvas abundantes e comida suficiente para todos. Ele sai relutantemente, esperando que essa permanência seja a mais breve possível. Mas nem ele nem seus filhos verão Belém novamente.

Embora Noemi tenha pouco para comer, ela é grata por DEUS ter enchido sua casa com a barulhenta brincadeira de um marido e dois filhos. Ela sabe que ficará contente enquanto sua família permanecer unida. Mas enquanto eles estão em Moabe, a tragédia ataca. Elimeleque adoece e depois morre. Sua morte é tão rápida e a dor de sua perda é tão aguda que Noemi

se pergunta como ela irá sobreviver a isso.

Quanto a seus filhos, Malom e Quiliom, eles agora são homens crescidos e se casam com mulheres moabitas, chamadas Orfa e Rute, as quais Noemi ama. No meio de sua dor, Noemi faz questão de agradecer a DEUS, pois, embora seja uma viúva, ela não está abandonada. Ela tem dois filhos amorosos e suas esposas para cuidar dela. Ela não sabe que a tragédia logo vai atacar novamente. Em rápida sucessão, os dois filhos de Noemi morrem. Agora não há apenas uma viúva que precisa de cuidados, mas três, e todas elas estão à beira da ruína. Não ter marido é uma tragédia. Mas ficar sem filhos é uma maldição. Com a perda de seu marido e filhos, Noemi está louca de tristeza e medo. Uma estrangeira em Moabe, ela não tem ninguém para cuidar dela. Certamente DEUS deve estar descontente com ela para ter levado o marido e os dois filhos.

Em pouco tempo, chega-lhe a notícia de que a terra de Judá foi abençoada com chuva e colheitas abundantes. A seca finalmente acabou. Apesar do fato de que a estrada de Moabe para Belém é cheia de ladrões, Noemi decide arriscar a viagem. Suas noras, Orfa e Rute, insistem em ir com ela. Se DEUS quiser, as três mulheres chegarão a tempo para a colheita de abril.

Por mais que ela as ame, Noemi tem dúvidas. Antes de as três já terem percorrido um grande caminho, ela se vira para as noras e diz: “Vão agora e voltem cada uma para a casa de sua mãe. E que o Senhor seja bondoso com vocês, assim como vocês foram bondosas com os que morreram e comigo. O Senhor faça com que vocês sejam felizes, cada uma na casa de seu novo marido”. Enquanto ela as beija na despedida final, as duas jovens choram e se agarram a ela. Elas não conseguem deixar que ela enfrente os perigos da estrada sozinha.

Mas Noemi não desistirá. “Voltem, minhas filhas! Por que vocês iriam comigo? Vocês acham que eu ainda tenho filhos em meu ventre, para que casem com vocês? Voltem, minhas filhas! Vão embora, porque sou velha demais para ter marido. E ainda que eu dissesse: ‘Tenho esperança’, ou ainda que casasse esta noite e tivesse filhos, será que vocês iriam esperar até que eles viessem a crescer? Ficariam tanto tempo sem casar? Não, minhas filhas! A minha amargura é maior do que a de vocês, porque o Senhor descarregou a sua mão contra mim.” Noemi acredita nisso. Que DEUS a odeia. Mas Orfa a ama. Mesmo assim, ela concorda com a sabedoria do argumento de Noemi. Por que alguém na terra de Judá quer casar com uma viúva moabita empobrecida? Chorando, desejando que o mundo fosse diferente do que é, ela se despede da sogra e volta para Moabe. Mas Rute se recusa a partir. Mais uma vez Noemi a pressiona. “Rute”, ela diz, “sua cunhada está voltando para seu povo e seus deuses. Volte com ela”. Mas a jovem não vai ouvir. “Não insista para que eu a deixe nem me obrigue a não segui-la! Porque aonde quer que você for, irei eu; e onde quer que pousar, ali pousarei eu. O seu povo é o meu povo, e o seu DEUS é o meu DEUS. Onde quer que você morrer, morrerei eu e aí serei sepultada. Que o Senhor me castigue, se outra coisa que não seja a morte me separar de você.” Maravilhosa, incrível Rute! Noemi está aliviada que sua nora finalmente venceu o seu argumento. Depois de vários dias, as duas chegam em segurança a Belém, um evento que desperta considerável agitação. “Essa pode ser Noemi?”, seus vizinhos exclamam, espantados com o fato de que mais de dez anos se passaram desde que ela e sua família se mudaram para Moabe. “Não me chamem de Noemi, mas de Mara”, ela responde, “porque o Todo-Poderoso me deu muita amargura. Quando saí daqui, eu era plena, mas o Senhor me fez voltar vazia. Por que, então, querem me chamar de Noemi, se o Senhor deu testemunho contra mim e o Todo-Poderoso me afligiu?” Então ela fala de sua grande angústia, do vazio que ela sente ao perder seu marido e filhos. Noemi tornou-se o que cada uma das mulheres mais teme, uma viúva sem meios aparentes de apoio. Embora Rute ainda sofra a perda de seu marido, a sua dor é aliviada quando pensa em cuidar de Noemi. Para todas as suas queixas, sua sogra não é difícil de amar. Com a bênção de Noemi, ela se vai aos campos para colher o que quer que os colhedores tenham deixado para trás. Mais do que mero costume, a prática é consagrada na lei — todo proprietário de terra deve abster-se de colher as bordas de seu campo, permitindo assim que os pobres colham o que for deixado para trás. Se tiver sorte, Rute colherá grãos suficientes para manter a si própria e Noemi vivas. Mas o trabalho é duro e perigoso, especialmente para uma jovem estrangeira sem familiares para vingar um insulto. Rute começa a trabalhar em um campo que pertence a um homem chamado Boaz. No meio da manhã, ela percebe que ele está falando com seu capataz e então segue seu caminho. Um homem com um sorriso largo e acolhedor, ele a cumprimenta. “Escute, minha filha”, ele diz, “você não precisa ir colher em outro campo, nem se afastar daqui. Fique aqui com as minhas servas. Fique atenta ao campo onde forem colher e vá atrás delas. Eu dei ordem aos servos para que não toquem em você. Quando você ficar com sede, vá até as vasilhas e beba da água que os servos tiraram”. Surpreendida por sua bondade, Rute se curva e exclama: “Por que o senhor está me favorecendo e se importa comigo, se eu sou uma estrangeira?” “Já me contaram tudo o que você fez pela sua sogra, depois que você perdeu o marido. Sei que você deixou pai, mãe e a terra onde nasceu e veio para um povo que antes disso você não conhecia. O Senhor lhe pague pelo bem que você fez. Que você receba uma grande recompensa do Senhor, DEUS de Israel, sob cujas asas você veio buscar refúgio.” As palavras dele parecem uma bênção. Mais tarde naquele dia, Boaz oferece a Rute uma porção generosa de pão e grãos torrados para comer. Então ele instrui seus homens: “Deixem que ela apanhe espigas até no meio dos feixes e não sejam rudes com ela. Tirem também algumas espigas dos feixes e deixem cair, para que ela as apanhe, e não a repreendam”. Rute trabalha duro até a noite. Depois de debulhar a cevada, ela avalia o trabalho do dia — dois terços de um alqueire, o suficiente para alimentar Noemi e ela

mesma por várias semanas! Ela agradece a DEUS por ter encontrado seu próprio lugar sob as suas asas que a acolhiam. Quando Rute chega em casa, Noemi fica surpresa. Ela não acredita na quantidade de grãos que Rute colheu em um único dia. “De quem é o campo que você colheu hoje? Bendito seja o homem que tomou conhecimento de você!” Quando Noemi descobre que o campo é de Boaz, ela exclama: “Aquele homem é nosso parente próximo; ele é um dentre os nossos remidores”. Quando o mês de abril se acaba e chega maio, Rute continua a trabalhar no campo de Boaz. Um dia, sua sogra concebe um plano. “Minha filha”, Noemi diz, “não é verdade que eu devo procurar um lar para você, para que você seja feliz? E esse Boaz, na companhia de cujas servas você esteve, não é um dos nossos parentes? Eis que esta noite ele estará limpando cevada na eira. Lave-se, vista a sua melhor roupa e vá até a eira. Mas não deixe que ele perceba que você está ali, até que ele tenha acabado de comer e beber. Quando ele for dormir, repare bem o lugar onde ele vai se deitar. Então vá, descubra os pés dele e deite-se ali. Ele lhe dirá o que você deve fazer”.

Então Rute faz exatamente como Noemi lhe diz. Ela observa onde Boaz se deita na extremidade da pilha de grãos. Ele e seus homens passarão a noite na eira para proteger a colheita. Quando tudo está quieto, Rute se deita ao lado de Boaz, descobrindo os pés dele. Ela treme ao fazê-lo, imaginando como Boaz reagirá quando acordar. Então ela adormece. À meia-noite, Boaz acorda e fica surpreso ao descobrir uma mulher deitada a seus pés. “Quem está aí?”, pergunta ele. “Eu sou sua serva Rute,” diz ela. “Estenda a aba de sua capa sobre esta sua serva, porque o senhor é o remidor da nossa família.” Percebendo que ela está propondo casamento, Boaz responde: “Que você seja bendita do Senhor, minha filha! Você se mostrou mais bondosa agora do que no passado, pois não foi procurar um homem mais jovem, fosse rico ou fosse pobre. E agora, minha filha, não tenha medo. Tudo o que você falou eu vou fazer, porque todo o povo da cidade sabe que você é uma mulher virtuosa. Sim, é verdade que eu sou resgatador, mas há ainda outro resgatador que é parente mais chegado do que eu. Fique aqui esta noite. Pela manhã, se ele quiser resgatar você, muito bem; ele que o faça. Mas, se ele não quiser, eu o farei, tão certo como vive o Senhor”. Rute está a seus pés até a manhã, mas parte antes do amanhecer para que ninguém perceba sua presença. Antes que ela vá, Boaz coloca seis medidas de cevada em seu xale. Depois ele segue direto para a cidade e espera no portão até que o homem que é parente próximo de Noemi passe. Quando ele o encontra, diz: “Noemi, que voltou da terra dos moabitas, pôs à venda aquele pedaço de terra que foi de nosso parente Elimeleque. Então resolvi informá-lo disso e dizer a você: compre essas terras na presença dos que estão sentados aqui e na presença dos anciãos do povo. Se você quer resgatá-las, faça isto; se não, diga, para que eu o saiba. Porque não há outro que possa resgatá-las a não ser você; e, depois de você, eu”.

“Eu vou resgatá-la”, o homem responde, feliz pela chance de acrescentar terras às suas propriedades. Mas há uma outra questão, que Boaz agora revela. “No dia em que você comprar essas terra de Noemi e de Rute, a moabita, você adquire a viúva do falecido, a fim de manter o nome do morto com sua propriedade.” Isso é demais para o homem, que rapidamente retrata sua oferta. Ele não está em posição de adquirir uma nova esposa, cujos futuros descendentes tomarão o nome do primeiro marido de Rute e depois herdarão a terra. Depois que Boaz habilmente limpou o caminho para si mesmo, proclama seu amor por Rute na presença de todo o povo. Então Rute se torna sua esposa e dá à luz um filho. Seu nome é Obede, e ele se tornará o pai de Jessé, que se tornará o pai de Davi, que se tornará o maior rei de Israel. Como todos sabem, é da linhagem de Davi que o Salvador nascerá. Por causa de duas mulheres desesperadas e do DEUS que cuidou delas, o mundo um dia viria a conhecer outro Remidor. Ele seria o único capaz de livrar seu povo, acabando com suas dívidas e dando-lhe um futuro cheio de esperança – JESUS.

 

O CONTEXTO DE RUTE

A história delas ocorre em algum momento

entre 1.400 e 1.050 a.C. A história de Noemi e Rute é contada no livro de Rute. Uma viúva sem filhos para sustentá-la depois da morte do marido poderia se tornar tão pobre que teria que se vender como escrava ou prostituta para sobreviver. Por exemplo, embora DEUS tenha ordenado que seu povo cuidasse das viúvas, muitas das leis mosaicas foram ignoradas durante a era dos juízes. Apesar de a lei (Lv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19-21) instruir os proprietários de terras a deixarem alguns produtos em seus campos para os pobres colherem, muitos proprietários simplesmente ignoravam essa provisão. Além da colheita das sobras e do casamento levirato, uma viúva poderia apelar para um parente remidor, ou go’el, para agir em seu nome. Nesses casos, esperava-se que o parente masculino mais próximo a resgatasse ou a entregasse (ou a outros membros da família empobrecidos) pagando pelas dívidas ou recomprando propriedades que haviam sido vendidas, porque sem a terra as

pessoas mal podiam sobreviver. O Novo Testamento retrata JESUS como nosso grande Remidor, aquEle que, por meio de seu auto sacrifício, paga todas as dívidas que nossos pecados incorreram, livrando-nos do mal e nos libertando.

 

OS DESTAQUES DE RUTE
1. Por toda a Escritura, DEUS às vezes escolhe renomear as pessoas para indicar um propósito maior para suas vidas, por exemplo, “Abrão” se torna “Abraão”, “Sarai”se torna “Sara” e “Simão” se torna “Cefas”. Nesse caso, não é DEUS, mas Noemi que se renomeia. “Não me chamem de Noemi, mas de Mara”, ela lhes disse, “porque o Todo-Poderoso me deu muita amargura. Quando saí daqui, eu era plena, mas o Senhor me fez voltar vazia. Por que, então, querem me chamar de Noemi?” O que isso revela sobre seu estado mental? Como você renomeia a si mesmo com base em suas próprias circunstâncias?
2. Noemi pensa erroneamente que seu sofrimento é um castigo de DEUS. Você já sentiu que suas dificuldades eram evidência de que DEUS estava descontente com você? Olhando para trás, você vê de forma diferente agora? Por quê? Como isso afetou a maneira como você experimentou períodos de dificuldade?
3. Quando Boaz encontra Rute pela primeira vez, ele expressa o desejo de que DEUS lhe pague por sua fé e bondade, nunca suspeitando que ele se tornará a resposta para sua oração. Você já se tornou a resposta para uma oração que você ou outras pessoas fizeram? Quais foram as circunstâncias?
4. A história de Noemi e Rute é marcada por uma série de bênçãos. Primeiro Rute abençoa Noemi ficando com ela. Então Noemi abençoa Rute, ajudando-a a encontrar um marido. Boaz subsequentemente abençoa Rute com um lar, e DEUS os abençoa com um filho. Depois, as mulheres de Belém dizem a Noemi que ela é abençoada com uma nora que vale mais do que sete filhos. Pense nos últimos dois ou três dias. De que maneiras você diria que DEUS tanto a abençoou como fez de você uma bênção para os outros?
Gênesis 19.37 indica que os moabitas eram descendentes de Moabe, que era o produto de uma relação incestuosa entre o sobrinho de Abraão, Ló, e a filha mais velha de Ló.
A maioria das pessoas no antigo Oriente Médio adorava deuses a quem eles acreditavam que operavam apenas entre seu próprio povo em uma determinada região geográfica. Deixando Moabe, Rute também deve deixar para trás os deuses de Moabe.
Ou Naomi, que significa “agradável”. Mara significa “amargosa”.
Depois que o trabalho foi feito, os debulhadores festejariam juntos e então se deitariam durante a noite para proteger o grão. Embora a eira à noite fosse um reduto masculino, às vezes era visitada por prostitutas.
kānāp é traduzido como “aba das suas vestes”. Também pode ser traduzido como “asas”. Cobrir alguém com a aba de sua roupa simboliza o casamento e é um costume ainda praticado em partes do Oriente Médio.
 
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Providência
“As obras da providência de DEUS representam sua mais santa, sábia e poderosa preservação e governo de todas as suas criaturas, e de todos os seus atos” (Shorter Catechism). Momento a momento, o mundo continua porque CRISTO sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3) e porque “todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17; cf. Ne 9.6). Ao mesmo tempo, DEUS não apenas sustenta, mas governa todo o mundo e a humanidade; as nações (Sl 47.7; Dn 2.21; 4.25; Is 10.5-7), os indivíduos (1 Sm 2.6-9; Is 45.5; Pv 16,9; Sl 75,6,7; At 27.24), e o livre arbítrio dos homens (Pv 16.1; 21.1). A providência não é uma continuação da criação, mas a preservação e o proposital direcionamento de tudo o que DEUS fez inicialmente. Será muito importante entender que somente depois do término da criação o pecado entrou no universo criado por DEUS, pois isso impede que sejamos levados a uma conclusão posterior errônea. Qualquer teoria que ensine que DEUS está constantemente recriando o mundo torna-o o renovador do bem e do mal e, dessa forma, o autor não só da retidão, mas também da iniquidade.
Além de estabelecer a diferença entre a providência e a criação, precisamos ter cuidado para que a doutrina da providência elimine os seguintes aspectos:
Panteísmo. Este aceita a absorção do mundo e do homem em DEUS (Spinoza) ou considera ambos como participando, de alguma maneira, diretamente do Ser do próprio DEUS (Tillich).
Deístno. Este considera DEUS sob a analogia de um relógio e seu fabricante (Ele deu a corda e deixou que o relógio funcionasse), e isso o afasta inteiramente do mundo que criou. As Escrituras respondem com passagens como Salmo 33.13,15; Isaías 45.7; Atos 17.24-28.
Dualismo. DEUS é apenas um de dois princípios ou poderes, um bom e outro mau. Este pensamento leva à conclusão de que DEUS é finito. As Escrituras ensinam que somente DEUS existia no começo, que só Ele é o Criador, e que tudo que Ele criou era bom (Gn 1.4,10,12,18,21,25,31); que o pecado e a iniquidade moral foram originados pelas criaturas (Ez 28.15; Gn 3.1-7).
Interdeterminismo. Esta corrente de pensamento afirma que não existe qualquer controle planejado de coisa alguma.
Determinismo. Considera o controle absoluto de tudo o que acontece, e que o homem foi roubado em seu livre arbítrio e responsabilidade.
Casualidade. Considera qualquer força controladora como irracional.
Destino. Vê os acontecimentos como incontroláveis e inteiramente desprovidos de qualquer elemento de propósito benevolente.
 
A Demonstração da Soberania de DEUS
A doutrina da providência reside na divina soberania de DEUS, e na revelação de que Ele reina sobre tudo e a tudo governa de acordo com sua vontade. Entretanto, sua vontade está inteiramente sujeita ao seu caráter; portanto, ela deve ser descrita não como arbitrária, mas como perfeita e sagrada.
1. A providência e a ordem natural.
A providência inclui todas as coisas, quer grandes (Sl 145.9-17; Is 41.2-4) quer pequenas, como por exemplo o curso de uma flecha (1 Rs 22.34), os pássaros no ar (Mt 6.26), um sonho (Mt 27.19), pequenos pássaros que são vendidos (Mt 10.29; cf. Lc 12.6,7), um boato (At 23.16), e o resultado de se lançar sortes (Pv 16.33).
Os atos da providência, com a finalidade de uma análise posterior, podem ser divididos em gerais, isto é, aqueles que se aplicam ao mundo e à humanidade indistintamente; e os particulares, isto é, aqueles que acontecem tanto a indivíduos ainda não salvos e à nação escolhida por DEUS, como àqueles que Ele escolheu para redimir. Então, sob essa especial providência encontra-se a nação de Israel (Am 3.1; Ml 1.2; At 15.14-16; Rm 11. 26-29), a Igreja (Ef 5.25-27) e os crentes individualmente (Salmos 91.11; 147.9,20; Mt 6.26; At 14.16,17; Rm 8.28,39).
2. A providência e a história.
DEUS controla e comanda todo o curso da história desde o início até o final. Ele escolheu uma nação, Israel (Am 3.2) e fez dela o meio de sua revelação, deu-lhe sua Palavra que está registrada nas Escrituras do AT, prometeu-lhe o Messias através delas (Dt 18.15-19; cf. At 3.22,23; 2 Sm 7.8-16; Is 7.14; Mq 5.2) e estabeleceu com ela uma aliança para preservá-la e conduzi-la em meio a todas as tribulações até seu reino milenial (Dt 30.1-10; 2 Sm 7.16; Is 65.66; Os 1.10,11; 2.16-23; Jl 3.17- 21; Am 9.11-15; Zc 14.1-21).
Ao mesmo tempo, Ele derrubou a barreira que existia entre judeus e gentios (Ef 2.14) quando revelou o mistério da expansão da sua Igreja (Ef 3.1-11) que, através da morte de CRISTO, iria incluir a ambos. O tema de toda a Bíblia é o plano de DEUS para salvar seus eleitos e estabelecer seu reino, na primeira fase do reinado milenial de CRISTO (Ap 5.10; 20.4-6), e em sua segunda fase, a fase final, na Nova Jerusalém (Ap 21-22). Nada poderá impedir a consumação final do plano de DEUS (Is 40.15; Sl 2.4; At 4.25-28).
3. A providência e a experiência pessoal.
DEUS promete prosperar o justo (Lv 26.3-13; Dt 28.1-14). Por que, então, exclama o crente, os iníquos também prosperam? Por que tantas vezes eles não são castigados? O salmista apresenta duas respostas inspiradas; a riqueza dos ímpios é apenas temporária, e ao final DEUS irá julgar a iniquidade deles e defender sua própria santidade como Senhor (Salmos 37.16-22; 73; 91.8; Ml 3.13-4.3). Ao mesmo tempo, DEUS adia seu castigo para que o iníquo possa ter a oportunidade de se arrepender (Rm 2.4; 2 Pe 3.9; Ap 2.21).
Mas por que o crente precisa sofrer tantas adversidades e tribulações? (o) Pode ser para seu próprio desenvolvimento (Salmos 94.12; Pv 3.11; Hb 12.56) ;(1-3) elas podem servir como um teste antes da abertura de grandes campos de serviço (1 Co 16.9; Tg 1.2-12); (c) trazem glória a DEUS se forem suportadas com dignidade (Jó 1; 2; 42); e, (d) fazem parte da vocação da Igreja cristã (Mt 10.24ss.; Jo 15.18; 16.33; At 9.16; 14.22; Rm 5.3-5; Fp 3.10; 1 Pe 4.12-19).
4. A providência e a liberdade pessoal.
DEUS governa sobre os corações e as ações de todos (Pv 21.1), embora estes não tenham, necessariamente, conhecimento ou consciência disto (Gn 45.5-8; 50.20; Is 10.5-12; 44.28—45.4; Jo 11.49-52; At 2.23; 13.27-29). No entanto, ele o faz de tal maneira que suas ações são as de agentes livres; portanto, eles permanecem responsáveis por tudo que fazem (Is 10.12; Rm 1.24-32). Dessa forma, o Senhor permite que os iníquos ajam de acordo com sua própria natureza (Salmos 81.12ss.; Rm 1.24ss.; At 14.16), mas no final Ele os punirá (Lc 22.22; At 3.13-19). Ao mesmo tempo, Ele leva os seus a colocar em prática os mandamentos que lhes deu (Fp 3.12,13), embora isso só seja possível através da presença e do poder do ESPÍRITO SANTO que habita em cada um de nós (Rm 8.3,4; Gl 5.22,23).
Bibliografia. L. Berkhof, Systematic Tkeology, Grand Rapids. Eerdmans, 1949, pp. 165-178. G. C. Berkouwer, The Providence of God, Grand Rapids. Eerdmans, 1952. Charles Hodge, Systematic Theology, Grand Rapids. Eerdmans, 1952,1, 575-616. R. A. K. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD
 
 
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O LIVRO DE RUTE
A Bíblia Hebraica coloca o livro de Rute na última divisão principal (Escritos) como um dos cinco Megilloth. As Bíblias em Português colocam esse livro depois do livro de Juizes, acompanhando a LXX, a Vulgata e os escritos de Josefo. Não se tem certeza de que esse livro tenha, alguma vez, feito parte do livro de Juizes. Trata- se de uma história breve que contém quatro cenas, e uma concludente genealogia.
Esboço
I.        A Peregrinação em Moabe e o Retorno à Pátria, 1.1-22
II.       Rute, a Respigadora, 2.1-23
III.      O Pedido de Rute a Boaz na Eira, 3.1-18
IV.      Boaz Assume as Funções de um Parente Remidor, 4.1-17
V.       Genealogia desde Perez até Davi, 4.18-22
Propósito
Será que o propósito desse livro desejava preencher uma lacuna que existia nessa época (a árvore genealógica em 4.18-22 também é encontrada em uma forma ampliada em 1 Crônicas 2.5-15) entre Perez e Davi? Ou será que pretendia estabelecer um relacionamento entre a casa de Davi e a de Moabe, talvez para fornecer uma base para a união das duas nações contra um inimigo comum, ou para que Moabe se submetesse a Israel? Esse tipo de relacionamento poderia explicar porque Davi confiou os seus pais aos cuidados do rei de Moabe (1 Sm 22.3,4), embora esse evento também tenha outras explicações plausíveis. Ou será que ele estava tentando negar que Davi deveria ser considerado um moabita, pois ele era um descendente de Boaz (um judeu), a fim de evitar um estigma que poderia ser lançado contra ele por causa do estatuto preservado em Deuteronômio 23.3,4, proibindo que um moabita entrasse na assembleia do Senhor até a décima geração? Parece provável que o autor desse livro estivesse interessado em fornecer informações sobre os antepassados de Davi, mas subordinou essa intenção a um propósito mais grandioso.
O principal propósito do autor era enfatizar o cuidado providencial demonstrado pelo Senhor em relação às duas viúvas em condições desesperadoras (Hertzberg) e, dessa forma, mostrar que o aparecimento e a ascensão de Davi, em um período crucial da história de Israel, não foi acidental (esta também é a opinião de Ringgren). Esse tema está maravilhosamente contido nas declarações de Boaz a Rute sobre esse assunto (2.11,12), e está explícito ao longo de todo o livro (cf. 1.8,16,17; 2.3,4,20-23; 3.1-4,7-13; 4.13-15).
Data
O Talmude (Baba Bathra 145) considera Samuel como autor desse livro.
Sua data depende de entendermos do seu propósito. Se fosse uma obra polêmica contra as medidas de Esdras e Neemias, ele deveria pertencer ao período pós-exílico, provavelmente ao século IV a.C. Se, entretanto, o autor pretende enfatizar a providência de DEUS, esse livro certamente seria do período pré-Exílico. Sob um cuidadoso escrutínio, as supostas palavras e expressões finais deixam de refutar uma data anterior (veja Driver) e suas expressões aramaicas podem ser tentativas posteriores de esclarecer certas obscuridades do primeiro texto. As semelhanças entre Rute 4.7ss. e Deuteronômio 25.5ss. não exigem uma data posterior à reforma do rei Josias, ocorrida em 621 a.C. (provocada pela descoberta do livro da lei que, presumivelmente, incluía Deuteronômio) porque a tradição em Rute se apoia em códigos legais anteriores, e as circunstâncias subjacentes a essas duas passagens não são verdadeiramente as mesmas. A sintaxe e o vocabulário hebraicos, as expressões idiomáticas e a pureza do estilo (veja Driver) dão suporte a uma data anterior para o livro. Entendemos que sua forma atual não pode ser anterior à época de Davi (4.18-22). Portanto é plausível a ideia de ser Samuel o autor.
Bibliografia. Stephen Bertman, “Sym- metrical Design in the Book of Ruth”, JBL, LXXXTV (1965), pp. 165-168. John J. Davies, Conquest and Crisis. Studies in Joshua, Judges and Ruth, Grand Rapids. Baker, 1969, pp. 155- 170. S. R. Driver, An Introduction to the Litemture of the Old Testament, Nova York. Scribneris, 1893, pp. 453-456. J. Vernon McGee, In a Barley Field, Glendale. G/L Publications, 1968. Leon Morris, Ruth, Londres. IVCF, 1968. Charles F. Pfeiffer, “Ruth”, WBC, pp. 267-272. W. E. Staples, “The Book of Ruth״, AJSL, LIII (1937), 145-157. Veja também Juizes, Livro de. J. T. W. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD
 
 
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Rute
Uma moabita que teve a distinção única de se casar com dois fazendeiros judeus. Malom (Rt 4.10), um dos filhos de Elimeleque (4.3) e Noemi (1.2); e Boaz, um parente de Elimeleque (4.3).
Ao endossar entusiasticamente esses casamentos, a família de Elimeleque ignorou o estatuto preservado em Deuteronômio 23.3,4 que proibia que os judeus aceitassem moabitas em sua comunidade, ou então não estava ciente dessa proibição.
Rute foi notável em sua disposição de renunciar ao seu próprio meio em troca de outro que lhe era estranho, e se parece um pouco com Abraão ao se aventurar em uma terra que nunca tinha visto (Gn 12. lss. cf. Rt 2.11). Ela resistiu à tentação - sem dúvida muito forte - de sua cunhada (Orfa) de retornar ao seu povo. Por causa de seu amor por Noemi, Rute desejava permanecer com sua sogra, tornar-se uma judia, trocar o seu deus (provavelmente Quemos, Nm 21.29; 1 Rs 11.7,33) pelo DEUS de Noemi (O Senhor, cf. Rt 2.12,13) e ser sepultada no mesmo local de Noemi (Rt 1.14-17). A devoção de Rute transcendia o pessimismo de Noemi, que atribuía seu completo “vazio” ao DEUS Todo-Poderoso, e insistia que as mulheres de Belém a chamassem de Mara (“amarga”, 1.19-21).
Embora não estivesse sob nenhuma obrigação, Rute imediatamente tirou proveito da época do ano em Belém (era a colheita da cevada - desde a metade até o final de maio, precedendo a colheita do trigo) para vislumbrar um meio de sustentar a si e sua sogra. Os trabalhadores israelitas ficaram impressionados com sua dedicação e contaram a Boaz (2.11) que lhe concedeu privilégios especiais (2.14ss.).
O auge da devoção de Rute reflete-se na obediência à sugestão de Noemi de que deveria ir ao debulhador à noite, quando Boaz estava dormindo, para tentar persuadi-lo a aceitar a responsabilidade de se tomar um parente remidor. Ele consentiu, e quando o parente mais próximo desistiu de sua oportunidade, Boaz, voluntariamente, assumiu o seu lugar. Comprou a propriedade de Elimeleque, Quiliom e Malom e se casou com Rute (4.712־). Ele obedeceu ao costume do levirato (q.v.), a lei contida em Deuteronômio 25.5-10, embora não fosse irmão de Malom, mas apenas um parente próximo. No devido tempo, nasceu Obede (“servo”), filho de Boaz e Rute. A “amargura” de Noemi foi amenizada por sua alegria pela criança, que se tornou um ancestral de Davi (4.18-22)      e do Messias. Rute foi uma das quatro mulheres especificamente mencionadas por Mateus na genealogia do Senhor JESUS (1.5). Todas essas mulheres eram gentias, e a intenção de Mateus era, aparentemente, enfatizar a dimensão universal dos ancestrais de JESUS. J. T. W. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD
 
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Moabitas
Os moabitas procedem do incesto de Ló com sua filha mais velha (Gn 19.37). Praticamente Moabe começou em Zoar (Gn 19.20-22), onde Ló e suas filhas, por permissão de DEUS, se refugiaram após a destruição de Sodoma. Segundo a versão grega Septuaginta (ou LXX), Moabe significa: “É de meu pai”. O estudioso francês Édouard Paul Dhorme acha que significa: “água de meu pai” ou “semente do pai”
 
 
Moabe
Moabe se limitava a leste com o deserto siro-arábico, região conhecida como “deserto de Moabe”; ao sul com o ribeiro Zerede, hoje chamado uádi el-Hesa; ao ocidente com o mar Morto e o curso inferior do Jordão, e ao norte com os filhos de Amom.
No seu maior esplendor, Moabe contou com um grande território de 96,5 km de comprimento (norte-sul) por 57 km de largura (leste-oeste). O território dividia-se em três partes:
 1. Terra de Moabe — entre o Arno e Jaboque (Dt 1.5).
 2. Campos de Moabe — ao sul do Arno (Rt 1.2).
 3. Planície de Moabe — região do Jordão inferior, defronte a Jericó (Nm 22.1).
Suas terras são férteis, bem irrigadas e de grande produção, como declara o livro de Rute.
Quando Ló chegou a estas paragens para habitar, encontrou um povo de gigantes chamados emins, conhecidos também como refains ou enaquins (Dt 2.10,11).
Escavações arqueológicas nas terras de Moabe e Amom revelaram a presença de um grande povo nessa região, civilização que floresceu do século XXIII ao XX, sendo interrompida por alguns séculos, voltando depois ao progresso.
Os moabitas construíram grandes cidades. As principais foram: Mispa de Moabe (1Sm 22.3), Kir Moabe, Dibom (que se tornou célebre pela famosa Pedra Moabita ou Estela de Mesa, encontrada em seu território), Bete-Peor (Dt 34.6), em cujas proximidades Moisés foi sepultado. E outras como Hesbom, Medeba, Quiriataim, Aroer, Jazer, Ramote-Baal.
O idioma era bem parecido com o falado pelos filhos de Israel.
A religião era de grosseira idolatria. Camos era o deus principal. Seu nome aparece na estela de Balvan, de parceria com Astarote. Praticavam a prostituição sagrada. Junto ao monte Nebo foram encontradas imagens dos deuses da fertilidade e outros objetos de culto. Nos montes Abarim existiu um templo dedicado a Baal-Peor. A Estela de Mesa é um canto a esse deus. O rei de Moabe havia sido derrotado por Israel; por isso, ele ofereceu seu filho primogênito sobre os muros em holocausto ao deus Camos (2Rs 3.26,27). Em inscrições cuneiformes do segundo milênio aparece a palavra Camos como nome de Nergal, o senhor do mundo subterrâneo. Camos, portanto, pertence aos arquivos gerais semitas.
Moabe está muito relacionada com a Bíblia. Além de Gênesis, que narra sua origem, aparece em outros livros da Palavra de DEUS, como podemos comprovar:
 1. Num cântico de Moisés, junto com Seom, rei de Hesbom, condenada pelo Senhor DEUS (Nm 21.21-30).
 2. Nas célebres predições de Balaão (Nm 22, 23 e 24). Estando Israel em Sitim, as filhas das moabitas convidaram os filhos de Jacó para seus deuses; portanto, para a prostituição (Nm 25). Por causa da infidelidade ao Senhor, 24 mil israelitas morreram (Nm 25.8).
 3. Eglom, rei de Moabe feriu Israel (Jz 3.12-31).
 4. Rute era moabita e casou-se com Malom (1.4), filho de Noemi, e depois com Boaz, de cujo matrimônio veio Obede, que gerou a Jessé, que gerou a Davi, de onde veio o Senhor JESUS, quanto à carne (Rm 1.3).
 5. Saul derrotou os moabitas (1Sm 14.47).
 6. Davi também os feriu (2Sm 8.2).
 7. Isaías e Sofonias cantam as ruínas de Moabe, pelo mal que causou a Israel (Is 25.10-12; Sf 2.8-11).
 8. Por fim, o profeta Jeremias vaticina terror e destruição para Moabe (Jr 48).
 
Geografia das Terras Santas e Bíblicas - Enéas Tognini – Hagnos
 
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Rute
CHARLES A. OXLEY
Rute é uma história de simplicidade e pureza encantadoras, que conta, principalmente em estilo de conversa, a jornada de uma mãe, desolada pela perda do marido e dos filhos, que, mesmo assim, manteve a sua fé em Deus; fala também de uma nora, que perdeu o seu marido e não tem filhos, que provou a sua dedicação à sua sogra e a Deus, e de um lavrador generoso, justo, abençoado por seus empregados e por Deus. Mas, apesar de toda essa simplicidade, o livro apresenta vários problemas. (Cf. H. H. Rowley, “The Marriage of Ruth”, The Servant of the Lord, Oxford, 1965, p. 17 lss).
Fato ou ficção
A frase inicial fornece o contexto geográfico e histórico — Belém de Judá nos dias em que julgavam os juízes (1200—1020 a.C.) e as linhas finais estabelecem a época da terceira geração antes de Davi. Assim, o retorno de Noemi para Belém deve ter ocorrido em torno de 1100 a.C. Mas alguns comentaristas, especialmente O. Eissfeldt (The Old Testament — an Introduction, trad. P. R. Ackroyd, 1966, p. 481-2) e R. H. Pfeiffer (The Booés of the Old Testament, 1957, p. 129) separam a história da sua associação com a família de Davi e a consideram lenda popular que, mesmo relacionada a eventos históricos, é para eles “pura ficção”. Outros, especialmente E. J. Young (An Introduction to the Old Testament, 1953, p. 330) e G. T. Manley (The New Bible Handbook, 3. ed., 1950), consideram o livro um relato factual de uma seqüên-cia de eventos reais.
Os argumentos levantados em apoio à afirmação de que Rute é ficção são: (1) que os nomes de algumas personagens são adequados demais. Mallôn, “fraqueza”, e Kilyôn, “definhando”, não encontrados em outro lugar da Bíblia, cabem tão bem a suas personagens que a suspeita é de que foram inventados para a história, cNaomi (Noemi), “minha agradável”, embora não inventado, foi escolhido porque está em contraste com Mara, “amarga”; (2) que Noemi, Rute e Boaz são bons demais para serem verdadeiros e foram idealizados; e (3) que um relato verdadeiro teria mostrado um pouco da época violenta e turbulenta dos juízes” (S. R. Driver, Introduction to The Literature of the Old Testament, 1898, p. 456). Contra a objeção (1), pode-se destacar que Elimeleque e Noemi podem bem ter dado esses nomes aos filhos, especialmente se eles nasceram doentes, pois Mahlôn seria um particípio de hãlã’ ou hãlãh, “estar doente, enfermo, fraco” (cf. Dt 29.21 [22]) e kilyôn de kãlãh, “definhando”, “fracassando”, especialmente acerca dos olhos (cf. Dt 28.65). A morte prematura deles fortalece essa possibilidade. Contra as objeções (2) e (3), basta dizer que a história é contada de forma simples e direta, e qualquer tentativa de descrever em mais detalhes as personagens ou a época em que viviam teria complicado a questão desnecessariamente.
Argumentos a favor da historicidade de Rute são: (1) O livro começa com a locução wafht, a forma normal de começar uma narração histórica em hebraico; (2) O autor sabia que na época as relações entre Israel e Moabe eram amistosas (cf. ISm 22.3,4) e, quando trata de costumes como respigas nas colheitas por parte dos pobres, a aplicação da lei do levirato, a obrigação concernente à manutenção das terras dentro da família e costumes a isso relacionados, os detalhes são autênticos;
(3) Inventar um elo moabita na linhagem de Davi e incorporar essa invenção em uma história seria altamente improvável (cf. G. Gerleman, Ruth, BKAT, 1960, p. 8); (4) Como afirma K. A. Kitchen, a genealogia final liga a narrativa “firmemente à tradição familiar de Judá e de Davi” (“The Old Testament in its Context”, 3, TSF Bulletin, n. 61, outono de 1971, p. 8); (5) Na genealogia do Senhor Jesus, tanto Mateus quanto Lucas colocam Boaz e Obede na lista, e Mateus acrescenta “cuja mãe foi Rute” (Mt 1.5). Se o livro de Rute for ficção, a genealogia dos Evangelhos é falsa.
Alguns estudiosos (E. Kõnig, A. Bertholet,
S. R. Driver, W. R. Smith, L. B. Wolfenson, P. Joiion, M. Burrows e A. Vincent) argumentam que a genealogia de 4.18-22 é um acréscimo posterior. Isso é possível, mas a história, como algo distinto do livro, termina com as palavras: “As mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: ‘Noemi tem um filho!’, e lhe deram o nome de Obede”. E a frase continua: “Este foi o pai de Jessé, pai de Davi”. Por isso, a história seria incompleta sem referência a Obede. Mas Eissfeldt vai além ao remover também a última parte do v. 17 “e lhe deram o nome de Obede”. Ele acha que originariamente havia aí um outro nome, mas foi removido quando se deu o “acréscimo” (cf. Eissfeldt, op. cit., p. 479). Ele chama atenção para a forma incomum, talvez singular, do versículo e, seguindo Peters (Th. Rv. 13, 1914, p. 449), sugere que o nome no texto original era Bem-no‘am, “filho do deleite”. E verdade que se poderia esperar um nome que tivesse alguma relação com a declaração “Noemi tem um filho”, mas Obed, “servo”, “adorador”, não é inapropriado. Os que querem desligar o final da narrativa da linhagem de Davi deveriam responder à pergunta: “Por que uma mão posterior iria atribuir gratuitamente antepassados moabitas a Davi? ” — uma pergunta que leva a outras mais amplas: “Qual é o propósito do livro?” e: “Quando ele foi escrito?”
Autoria
Uma tradição judaica (Talmude, Baba Bathra 14b) atribui a autoria a Samuel, mas Samuel dificilmente poderia ter escrito Rute porque: (1) se diz que o costume de tirar a sandália para confirmar uma transação já não estava em uso na época em que o livro foi escrito; assim, algum tempo deve ter transcorrido (v. 4.7), embora Driver sugira que essa pode ser uma glosa explicativa (S. R. Driver, op. cit., p. 455), e porque: (2) a genealogia que conclui o livro sugere que Davi era bem conhecido. Na ausência de mais evidências acerca da autoria, deve-se dizer “autor desconhecido”.    '
Data
Não sabemos quando Rute foi escrito, e datas bem diversas foram sugeridas, e.g., a época de Samuel, o início da monarquia, o reinado de Davi, o reinado de Salomão, o tempo de Ezequias e os períodos exílico e pós-exílico. Argumentos a favor de uma data tardia estão baseados: (1) na convicção de que foi escrito como um “panfleto” de oposição a Esdras e Neemias em virtude de suas medidas rígidas contra os casamentos mistos (Ed 10.11; Ne 13.23-27); (2) no aspecto de que a “amplitude de perspectiva para outras nações” que aparece em Rute “é mais facilmente compreensível num período posterior” (Eissfeldt, op. cit., p. 483); e (3) na presença de diversas palavras e formas consideradas aramaicas e por conseqüência consideradas posteriores. Contra o argumento
(1), precisamos dizer que seria difícil encontrar qualquer coisa menos parecida com um panfleto polêmico em forma e estilo, e, como destacou Rowley, é igualmente plausível considerar o livro uma defesa da política de Esdras—Neemias (H. H. Rowley, op. cit., p. 173, e o seu Israel’s Mission to the World, 1939, p. 46ss). Contra o argumento (2), precisamos perguntar: “Onde está a evidência da alegada ampliação da perspectiva para outras nações no período pós-exílico? O exílio intensificou a consciência das características religiosas singulares que encontraram expressão na restauração do templo e de seu ritual. A comunidade rival samaritana se disse asperamente: “Vocês não têm parte nem direito legal sobre Jerusalém” (Ne 2.20). Esdras cria que a sobrevivência do judaísmo dependia da separação religiosa e tomou medidas duras para evitar a mistura dos judeus de Jerusalém com os “povos da terra”. Até mesmo dois séculos e meio mais tarde, a tentativa síria de helenizar a religião judaica resultou na famosa revolta dos macabeus, e, tão recentemente quanto século I d.C., Tácito escreveu: “Entre eles mesmos, são inflexivelmente honestos e sempre prontos a demonstrar compaixão, embora tratem o restante da humanidade com o ódio de inimigos” (Tácito, Histórias, 5.5, T.I. de Church e Brodribb, p. 195). O livro de Jonas é considerado por alguns como evidência da “perspectiva ampliada” do período após o exílio, mas a principal razão para se atribuir uma data pós-exílica a Jonas é o seu “universalismo amplo e sua humanidade tolerante”! (cf. Eissfeldt, op. cit., p. 405). Por outro lado, uma característica significativa da época de Davi é a amplitude de suas relações amistosas com os povos vizinhos. Contra o argumento (3), precisamos dizer em primeiro lugar que a presença de palavras e formas aramaicas num documento hebraico não demonstra necessariamente que o documento é de origem tardia. Embora seja verdade que o aramaico gradualmente substituiu o hebraico como língua comum depois do exílio, o hebraico dos tempos mais antigos continha palavras e formas semítico-ocidentais comuns ao hebraico e à sua língua irmã, o aramaico. Além disso, empréstimos linguísticos resultaram de associações com Síria e Arã do tempo de Davi. De qualquer forma, é incerto se mais do que duas ou três palavras citadas como tardias sejam aramaísmos genuínos, e estes podem ser mais facilmente explicados como alterações dos escribas ou glosas do que por uma datação do livro todo em época posterior.
Evidências positivas a favor de uma data durante o reinado de Davi estão baseadas:
(1) no fato de que a linguagem e o estilo de Rute pertencem ao hebraico clássico, como
S. R. Driver escreveu em 1891: “O estilo geral hebraico [...] está no mesmo nível das melhores partes de Samuel” (Driver, op. cit., p. 454); (2) na presença de uma série de formas gramaticais arcaicas, especialmente a confusão de gênero, encontradas nos diálogos; (3) no fato de que a história é transmitida na forma de uma narrativa histórica e descreve de maneira convincente as personagens e costumes da época; (4) no fato de que a bondade demonstrada para com Rute está em harmonia com a atitude geral demonstrada aos estrangeiros na época de Davi, e.g., aos moabitas, ISm 22.3; aos giteus, 2Sm 6,10; 15.18,19; aos amonitas, 2Sm 10.2; 17.27; 23.37; aos queretitas e peletitas, 2Sm 8.18; 15.18; aos hititas, 2Sm 11.3; 23.39; e aos arquitas, 2Sm 15.32; (5) na ausência do nome de Salomão depois do de Davi, que sugere uma data durante o reinado de Davi ou antes que Salomão fosse empossado; (6) no fato de que na tradição do Talmude segundo a qual Rute originariamente fazia parte de Juízes e que na LXX, provavelmente a evidência mais antiga a favor da ordem dos livros, e na Vulgata e versões ocidentais subsequentes, Rute vem imediatamente após Juízes. Outras evidências a favor da posição original de Rute entre os livros históricos vêm de Josefo (Contra Apionem, 1:8), Melito de Sardes, Jerônimo (Prologus Galeatus) e uma lista hebraico-aramaica muito antiga dos livros do Antigo Testamento. Mas na Bíblia hebraica o livro de Rute é colocado entre os Kttübim (“hagiógrafos” ou “escritos”), a terceira e última parte do Antigo Testamento a ser aceita como canônica. No Talmude babilónico, Rute vem primeiro nos Kttübim, antes de Salmos. Outras listas colocam Rute como primeiro dos Megillôt (os cinco “rolos”). Sabe-se que no século VI d.C. Rute estava na sua posição atual na Bíblia hebraica, segundo livro nos Megillôt, e era lido na sinagoga na festa das semanas (Pentecoste), que comemora o término da colheita de cevada. Rute foi provavelmente colocado entre os livros históricos no início e, depois, quando passou a ser usado na liturgia, foi transferido para os Megillôt. Se de fato foi assim, isso seria um argumento a favor da data antiga de Rute. Tudo isso não resulta em prova, mas o peso das evidências parece favorecer uma data no reinado de Davi ou Salomão.
O propósito do livro
O autor não declarou o seu propósito, nem ele fica claramente evidente no que ele escreveu. Mas deve ter havido um propósito, nem que tenha sido o objetivo puramente literário de escrever um conto agradável. Alguns estudiosos argumentam que Rute foi escrito para defender um universalismo que iria incluir todos os estrangeiros, até mesmo aqueles inimigos tradicionais de Israel, os moabitas; mas, na história, quem toma a iniciativa é Rute, que, dedicada à sua sogra, declara a sua lealdade ao Deus de Noemi. Rute não é um relatório missionário. John Gray considera Rute um chamado aos exilados que estão retornando numa época de restauração da fé em Deus, da caridade aos estrangeiros e de “lealdade aos antigos e bons padrões sociais” (New Century Bible, Ruth, p. 402). Outros argumentam que o ponto central da história é explicar a ascendência de Davi e apresentar um esboço biográfico dos seus antepassados piedosos. Mas a menção de Davi como filho de Jessé no final da narrativa (4.17b) e na genealogia final dificilmente se destaca como o ápice da história. Driver vê um propósito duplo: por um lado, o de suprir ancestrais para Davi e, por outro, o de mostrar como Rute, uma filha de Moabe, teologicamente hostil a Israel, obteve uma posição de honra entre o povo de Javé (op. cit., p. 454). Driver também vê um objetivo didático secundário, que é o de inculcar a responsabilidade do casamento por parte do parente mais próximo de uma viúva que não teve filhos do marido falecido. Mas, como comenta N. K. Gottwald, se Rute tem a intenção de restaurar ou preservar o costume antigo do levirato, o livro não é muito claro na descrição da sua prática (Gottwald, A Lightto the Nations, p. 518).
W. E. Staples sugere que o livro foi composto como um midrashe acerca de um culto da fertilidade em Belém, com Elimeleque representando o deus moribundo; Noemi, a deusa-mãe; e Rute, a sua devota. Eduard Reuss (1804—1891) considerava a história uma demonstração de união, na linhagem de Davi, de Judá em Boaz e do Israel do norte em Ma-lom, identificando de forma errônea efratita com efraimita (v., porém, Jz 12.5; ISm 1.1; lRs 11.26). O livro de Rute tem sido visto até como uma polêmica contra Atalia! Eissfeldt enxerga uma semelhança de propósito com o livro de Jó: Deus restaurando o que ele tirou depois de alguém suportar o sofrimento e a provação. O que K. A. Kitchen escreveu a respeito de Jonas vale também para Rute: “Uma vez que se descarta a interpretação direta e franca desse livro como uma simples narrativa, segue um caos de interpretações concorrentes sem solução clara alguma” (Kitchen, “The Old Testament in its Context”, 4, TSF Bulletin, n. 62, primavera de 1972, p. 6).
Este autor está convicto de que o autor bíblico foi inspirado para escrever a história de Rute porque era uma história real digna de ser contada. O seu valor está em seus fatos interessantes acerca de pessoas interessantes. Que a história contenha muitos aspectos que são instrutivos, esclarecedores e encora-jadores é incidental, mas a história é muito mais aceitável e prazerosa por ser assim. Entre outras coisas, vemos (1) que o Senhor na sua soberania estava realizando os seus propósitos cósmicos enquanto ao mesmo tempo se envolvia intimamente com pessoas que de outra forma seriam pessoas meramente comuns; (2) que há dignidade e sacralidade em muito do que consideramos secular e comum, e até desagradável, e.g., o trabalho; (3) que o surgimento de Davi foi providencial, e não por acaso (G. T. Manley, The New Bible Handbook, p. 166); (4) que a verdadeira religião é supranacional; (5) que o amor tem o poder de romper as barreiras da alienação,
das hostilidades e dos preconceitos que construímos à nossa volta; (6) que um estrangeiro que confiasse em Deus e que tivesse o desejo de se identificar com o povo de Deus era digno de completa aceitação; (7) que todos os que põem a sua confiança no “amor leal” de Deus (hesed) e que expressam esse amor no relacionamento com os outros serão ricamente abençoados.
Um aspecto interessante é a função do resgatador (gõ’êf); a luz que isso projeta sobre a declaração de que Javé é o Gõ’êl de Israel, o seu resgatador (e.g., Is 41.14), e o destaque que dá à redenção sob a nova aliança e ao Redentor. Aqueles que usam Rute para ilustrar o evangelho do NT deveriam destacar entre outras diferenças o fato de que, enquanto Rute tinha direito legal sobre o seu parente próximo, o pecador não tem esse direito sobre a libertação operada por Deus. E aqueles que exercitam a sua ingenuidade aqui ao usarem de alegoria para interpretar o livro fariam bem em aplicar as reais lições dessa história aos problemas de hoje (cf. H. L. Ellison, The Message ofthe Old Testament, p. 81). Rute tem relevância especial para os tempos presentes, em que a falta de disposição de colocar Deus em primeiro lugar, outros em segundo e a nós mesmos em último resulta no desmoronamento da vida familiar, no afrouxamento dos laços familiares e na fuga das responsabilidades familiares.
ANÁLISE
I.    RUTE VEM PARA BELÉM (1.1-22)
1)    Uma família israelita em Moabe (1.1-5)
2)    A determinação de Rute em ir com Noemi (1.6-18)
3)    Rute e Noemi chegam a Belém (1.19-22)
II.    RUTE ENCONTRA BOAZ (2.1-23)
1)    Rute faz a respiga nos campos de Boaz (2.1-7)
2)    Boaz oferece proteção e demonstra bondade (2.8-16)
3)    Rute volta para Noemi (2.17-23)
III.    RUTE REIVINDICA A PROTEÇÃO DO PARENTE PRÓXIMO (3.1-18)
1)    O conselho de Noemi (3.1-5)
2)    Rute na eira (3.6-13)
3)    Rute volta para Noemi (3.14-18)
IV.    BOAZ CASA COM RUTE (4.1-22)
1)    Boaz assume o direito de resgatador (4.1-12)
2)    Rute tem um filho (4.13-17)
3)    Observação genealógica (4.18-22)
  
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LIÇÃO 2 NA ÍNTEGRA
  
Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV
 
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO
1. Na Bíblia Hebraica
2. Na Bíblia Cristã
3. Autoria e data
II – O CONTEXTO HISTÓRICO
1. No tempo dos juízes
2. Secularismo, hedonismo e idolatria
3. Opressão, clamor e livramento
III – PROPÓSITO E MENSAGEM
1. O cetro de Judá
2. Amor e redenção
3. Fidelidade e altruísmo
  
TEXTO ÁUREO
“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.”  (Rt 1.1)
 
VERDADE PRÁTICA
Servir a DEUS não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.
  
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rt 1.1; 4.21,22 O contexto do Livro de Rute remete aos Juízes
Terça - Jz 1.7-19 Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu
Quarta - Jz 2.7-13; 3.5-7 Israel atraído à idolatria dos cananeus
Quinta - Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4 Longanimidade e misericórdia de DEUS
Sexta - Gn 49.10 O cetro não se afastará da tribo de Judá
Sábado - cf. Ef 2.11-16 Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Rute 1.1-5
1 - E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. 
2 - E  era  o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali. 
3 - E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, 
4 - os quais tomaram para si mulheres moabitas;  e era  o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. 
5 - E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher  desamparada  dos seus dois filhos e de seu marido.
 
HINOS SUGERIDOS: 33, 459, 511 da Harpa Cristã
 
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
O Livro de Rute conta uma história muito bonita entre nora e sogra. Rute, a nora, amou singelamente a sua sogra, Noemi. Após o falecimento do esposo de Rute, filho de Noemi, esta orientou a sua nora a retornar à terra nativa, Moabe. Rute, a moabita, não concordou em deixar a sua sogra, de modo que a seguinte declaração mostra a profundidade do compromisso dela com a mãe de seu saudoso esposo: "O teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS" (Rt 1.16). Nesse contexto, contemplamos a maneira que DEUS preserva a história de pessoas que permanecem fiéis apesar das circunstâncias. Por isso, nesta lição, temos o objetivo de apresentar um panorama do Livro de Rute e seus principais temas.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Fazer a análise da organização do Livro de Rute; II) Remontar o contexto histórico do Livro de Rute; III) Apresentar o propósito e a mensagem do Livro de Rute.  
B) Motivação: A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal traz um relato que serve de motivação para a aula desta semana: "Quando conhecemos Rute, ela é uma viúva sem perspectiva de vida. Acompanhamos sua união com o povo de DEUS, a colheita no campo e o risco de sua honra na eira de Boaz. Finalmente a vemos tornar-se esposa dele. Um retrato de como chegamos a CRISTO. Começamos sem esperança e somos estrangeiros rebeldes sem parte no reino de DEUS. Então [...] DEUS nos salva, perdoa, reconstrói nossa vida. [...] A redenção de Rute através de Boaz é um retrato da nossa remissão através de CRISTO".   
C) Sugestão de Método: Para introduzir esta aula, apresente o esboço do Livro de Rute. Explique que o livro está estruturado nos seguintes pontos: 1) A Adversidade de Noemi (1.1-5); 2) Noemi e Rute (1.6-22); 3) Rute conhece Boaz no campo (2.1-23); 4) Rute vai até Boaz na eira (3.1-18); 5) Boaz se casa com Rute (4.1-13); 6) A bênção e realização de Noemi (4.14-17); 7) A história da família - de Perez a Davi (4.18). Você pode reproduzir esse esboço no datashow, na lousa ou até mesmo em Cartolina. Pode também, por meio das Bíblias de Estudo, Pentecostal ou Aplicação Pessoal, aprofundar a sua pesquisa e apresentar um quadro mais completo do livro aos alunos. O ponto aqui é que você esteja consciente da necessidade de apresentar a estrutura do livro por meio de esboço com o objetivo de sua classe compreender melhor o desenvolvimento da história sagrada de Rute. 
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: O Livro de Rute nos apresenta um quadro grandioso de superação de uma mulher diante de uma situação desoladora. Com o livro aprendemos que não importa quão devastadora ou desafiadora possa ser a nossas circunstâncias, pois a nossa esperança está centrada em DEUS que tem os recursos infinitos para nos disponibilizar.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que ajudarão aprofundar a reflexão sobre o tema. 1) O texto "Rute", localizado depois do primeiro tópico, destaca o significado do seu nome e o propósito espiritual da obra; 2) O texto "Compromisso com a Aliança", ao final do terceiro tópico, demonstra como os conceitos de aliança, concerto e fidelidade estão presentes no livro de Rute.
  
PALAVRA-CHAVE - Providência
  
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
O livro de Rute se destaca não apenas por sua beleza literária mas, principalmente, pela profundidade espiritual de sua mensagem. Fonte de inspiração para judeus e cristãos ao longo dos séculos, o livro narra uma história de amizade, amor e redenção. Uma extraordinária demonstração de como o Todo-poderoso trabalha em meio às crises para cumprir seus desígnios eternos. Ele transforma tristeza em alegria, perdas em ganhos, derrotas em vitórias. Rute nos apresenta Jeová-Jireh, o DEUS que provê (Gn 22.14).
  
I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO
1. Na Bíblia Hebraica
O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica, que é composta apenas dos livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. Essa terceira seção é chamada Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos). A primeira seção é a Torá (Pentateuco) e a segunda é a Neviim (Profetas) (Lc 24.44). Dentre os Escritos, que são onze livros, estão os Megillot (cinco rolos), livros curtos lidos publicamente nas festas judaicas anuais: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Em função de narrar fatos ocorridos durante a colheita, a leitura litúrgica de Rute era tradicionalmente feita durante o Shavu’ot (Pentecoste), a festa da colheita.
  
2. Na Bíblia Cristã
Enquanto a Bíblia Hebraica está dividida em três seções (Pentateuco, Profetas e Escritos), o Antigo Testamento da Bíblia Cristã é composto de quatro: Pentateuco, Poéticos, Históricos e Proféticos. Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo. Mas é identificado também por sua extraordinária beleza poética. Empregando estilo e linguagem próprios do hebraico clássico, o autor expõe aspectos subjetivos da vida dos personagens (Rt 1.12-21; 2.13,20; 3.1; 4.16). A obra está organizada em quatro capítulos, somando 85 versículos.
 
3. Autoria e data
Há uma diversidade de opiniões entre os eruditos acerca da autoria e data do Livro de Rute. Samuel é o autor mais provável. O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi, parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17). Além disso, as características gerais da obra indicam uma atmosfera própria do início do período da monarquia de Israel. Sendo assim, o livro teria sido escrito no século X a.C.
  
SINÓPSE I - Rute está categorizado como um livro histórico por causa do seu evidente gênero narrativo.
 
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO - “RUTE
O livro de Rute traz o nome de uma das principais personagens do livro. Rute era viúva de Malom, nora de Noemi e, por fim, esposa de Boaz. A etimologia de seu nome não é clara, embora alguns tentem ligar o nome a “amizade” (heb. re‘ut) ou a “associando-se com ou vendo” (heb. ra’ah). Apesar de Rute ser mencionada (com frequência especificamente como “a moabita”) várias vezes nas páginas desse livro e mais uma vez na genealogia do Messias (Mt 1.5), é surpreendente que esse livro notável traga seu nome no título. Rute não era israelita; como moabita, era de uma nação que odiava Israel.
Alguns não consideram Rute a personagem principal do livro; contudo, os eventos do livro focam definitivamente na redenção ilustrada primeiro em sua rejeição dos deuses pagãos de Moabe a fim de se comprometer com Iavé, o DEUS de Israel. A história continua através da união com Boaz, o parente remidor, pondo-a na genealogia do rei Davi — o maior rei de Israel. Ela, por intermédio de Davi, passou a fazer parte da linhagem de JESUS CRISTO, o futuro “Filho de Davi” que, por fim, redimiria seu povo. A graciosa redenção de DEUS foi desvelada, e sua fiel providência e libertação foram reveladas na história de Rute. O livro traz seu nome ao longo das gerações, e sua história resolve sem sombra de dúvida a preocupação amorosa de DEUS com as mulheres e seu compromisso absoluto de santificar o casamento e a proeminência da família” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.469).
  
II – O CONTEXTO HISTÓRICO
1. No tempo dos juízes
Não há uma data precisa para os fatos narrados em Rute. O que sabemos é que ocorreram três gerações antes de Davi, nos dias dos juízes (Rt 1.1; 4.21,22). Esse período (dos juízes) durou mais três séculos. Começou depois da morte de Josué (por volta de 1375 a.C.) e se estendeu até o início da monarquia de Israel, com a ascensão de Saul ao trono (1050 a.C.). Foi marcado por uma grande anarquia e uma profunda apostasia e infidelidade do povo hebreu (Jz 1.7-19). Uma frase que identifica bem aquela época sombria é: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6). Sem uma sábia direção, o povo perece (Pv 11.14).
  
2. Secularismo, hedonismo e idolatria
Depois da morte de Josué e dos demais líderes de seu tempo, levantou-se uma geração que não tinha uma profunda comunhão com DEUS e não conhecia o que Ele havia feito ao povo hebreu. Israel cedeu ao estilo de vida pecaminoso dos cananeus e foi atraído à adoração dos seus deuses (Jz 2.7-13; 3.5-7). Secularismo e hedonismo sempre levam a grandes tragédias morais e espirituais. O pervertido culto a Baal (o deus da chuva) e a Astarote (a deusa do sexo e da guerra) passou a ser praticado pela nação hebreia, em um degradante nível de imoralidade e idolatria. A falta de uma liderança espiritualmente madura e temente a DEUS causa prejuízos incalculáveis ao povo. No Reino de DEUS, não basta ter carisma para liderar; é preciso ter caráter aprovado (1 Tm 3.2-13; 2 Tm 2.15; Tt 2.7,8).
  
3. Opressão, clamor e livramento
A apostasia tornou Israel presa fácil de seus inimigos, que atacavam e saqueavam suas cidades e terras, e mantinham o povo sob domínio opressor por longos períodos (Jz 3.7-9; 12-14; 4.1-3; 6.1-6).  Afligida, a nação clamava a DEUS, e o Senhor levantava juízes para libertar o seu povo. Esses juízes (heb. shophetim) não eram magistrados civis, como os que conhecemos hoje, que julgam em fóruns e tribunais. Eram libertadores – geralmente líderes militares, como Otniel, Baraque e Gideão (Jz 3.9-11; 4.10-15; 7.16-25) –, poderosamente usados por DEUS para “julgar” a causa de Israel, livrando-o de seus opressores. Apesar dos repetidos ciclos de infidelidade da nação, DEUS ouvia o gemido do seu povo em seus momentos de dor e aflição (Jz 2.18). O Senhor é longânimo e cheio de misericórdia (Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4; Lm 3.22). Ele ouve os que a Ele clamam (Jr 29.12,13; Is 55.6).
  
SINÓPSE II - Os fatos narrados em Rute têm como contexto maior os dias dos juízes, caracterizados pela frase: “cada um fazia o que bem queria”.
  
III – PROPÓSITO E MENSAGEM
1. O cetro de Judá
Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22). Gênesis 49.10 diz: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. Embora Rúben fosse o primogênito de Jacó, seu ato de desonra ao leito do pai, deitando-se com sua concubina, fez com que perdesse a primogenitura – a posição de liderança (Gn 35.22; 49.4). A promessa feita a Abraão seguia, agora, pela descendência de Judá. Sendo Samuel o autor do livro de Rute, o propósito de registrar a genealogia de Davi ganha ainda mais sentido, já que naquele tempo o rei de Israel era Saul, um benjamita (1 Sm 9.1,2; 25.1). A ancestralidade de Davi o legitimava para o trono.
  
2. Amor e redenção
A mensagem principal de Rute é o amor de DEUS e seu plano de redenção da humanidade. Como representantes de judeus e gentios, respectivamente, Boaz e Rute prenunciam a derrubada da parede de separação (Ef 2.11-16). A redenção é vista, no livro, nos sentidos literal e tipológico. Boaz é o parente remidor que preservou a descendência de Elimeleque, mas é, também, um tipo de CRISTO, nosso Redentor (Is 59.20; Lc 1.68; Ef 1.7; Tt 2.14).
  
3. Fidelidade e altruísmo
O livro de Rute abre uma janela que nos permite ver que nem tudo eram trevas nos dias dos juízes. Havia um remanescente fiel, que temia a DEUS e foi usado por Ele para cumprir seus propósitos (Jó 42.2). Em um mundo de crescente iniquidade, o justo vive pela fé (Hc 2.4; cf. Mt 24.12,13). Outra eloquente mensagem do livro é o valor do altruísmo em que predominava o egoísmo. Nos dias dos juízes, a maioria vivia segundo os seus próprios padrões e interesses (Jz 21.25). Noemi e Rute destoaram dessa máxima individualista. Sogra e nora não pensavam em si mesmas. O amor não é egoísta (1 Co 13.5).
 
SINÓPSE III - O Cetro de Judá, o Amor, a redenção, a fidelidade e o altruísmo são temas que se destacam ao longo do livro.
  
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO - “COMPROMISSO COM A ALIANÇA
DEUS demonstrou sua lealdade à aliança ao derramar sua benevolência (heb. chesed, uma palavra que engloba amor, gentileza, benevolência, misericórdia, graça, lealdade e fidelidade; veja 1.8; 2.20; 3.10) não só para com Noemi de Belém, mas também para com Rute, a moabita. Boaz também demonstrou lealdade à aliança em sua disposição de ser o parente remidor de Rute e Noemi. O ‘concerto’, ou aliança, embora não seja mencionado no livro, está subjacente a tudo, começando com o compromisso de Rute com o DEUS de Noemi (1.16,17). A lealdade amorosa, o serviço fiel e o espírito obediente de Rute são fundamentais para o compromisso. Todavia, ainda mais importante é o fato de que Iavé — DEUS, sempre fiel, jamais se esquece das promessas feitas a Israel” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.472).
  
CONCLUSÃO
O livro de Rute nos ensina que, a despeito da incredulidade e dos pecados do homem, DEUS sempre trabalha para cumprir os seus desígnios. Sem violar o princípio do livre-arbítrio humano, o Todo-poderoso conduz a história e executa seu plano eterno de redenção. O livro também nos mostra como a fidelidade de DEUS se aplica às circunstâncias comuns da vida. Em tudo Ele é fiel (Is 64.4).
  
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como o livro de Rute é classificado na Bíblia Hebraica?
O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica: Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos).
2. Como e por que o livro é categorizado na Bíblia Cristã?
Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo.
3. Que evidências apontam para a autoria de Samuel?
O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17).
4. Qual o contexto histórico de Rute?
O tempo dos juízes.
5. Qual a principal mensagem do livro?
Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22).