Escrita Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO
1. Na Bíblia Hebraica
2. Na Bíblia Cristã
3. Autoria e data
II – O CONTEXTO HISTÓRICO
1. No tempo dos juízes
2. Secularismo, hedonismo e idolatria
3. Opressão, clamor e livramento
III – PROPÓSITO E MENSAGEM
1. O cetro de Judá
2. Amor e redenção
3. Fidelidade e altruísmo
TEXTO ÁUREO
“E sucedeu que, nos
dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de
Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus
dois filhos.” (Rt 1.1)
VERDADE
PRÁTICA
Servir a DEUS não nos
isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel,
confiando na providência divina.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda - Rt 1.1;
4.21,22 O contexto do Livro de Rute remete aos Juízes
Terça - Jz 1.7-19 Um
contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu
Quarta - Jz 2.7-13;
3.5-7 Israel atraído à idolatria dos cananeus
Quinta - Sl 103.8; Jl
2.13; Rm 2.4 Longanimidade e misericórdia de DEUS
Sexta - Gn 49.10 O
cetro não se afastará da tribo de Judá
Sábado - cf. Ef
2.11-16 Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE - Rute 1.1-5
1 - E sucedeu que, nos
dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de
Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus
dois filhos.
2 - E era o
nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus
dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos
de Moabe e ficaram ali.
3 - E morreu
Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,
4 - os quais tomaram
para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute;
e ficaram ali quase dez anos.
5 - E morreram também
ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada
dos seus dois filhos e de seu marido.
HINOS SUGERIDOS: 33,
459, 511 da Harpa Cristã
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SUBSÍDIOS
EXTRAS PARA A LIÇÃO
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DEUS USA
CIRCUNSTÂNCIAS ADVERSAS E ATÉ MESMO PECADOS COMETIDOS PELOS HOMENS PARA FAZER
CUMPRIR SEUS PLANOS.
Salomão era filho de
um terrível pecado de Davi com Bate-seba, mas construiu o templo em
Jerusalém.
Noemi e Boaz também transgrediram a lei (no caso de Boaz, ele mesmo
era filho de uma transgressão - filho de Salmom com Raabe, a ex-prostituta
cananita de Jericó).
***A lei foi dada por DEUS e escrita por Moisés cerca de 250 anos
antes de Noemi permitir que seus dois filhos a transgredissem se casando com
mulheres moabitas.
* ***Dt 7.3 *Nem te aparentarás com elas; não darás tuas
filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos*; 4 Pois
fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira
do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria.
---------------***-Êx 34.11 Guarda o que eu te ordeno hoje; eis que eu
lançarei fora diante de ti os amorreus, e os cananeus, e os heteus, e os
perizeus, e os heveus e os jebuseus. 12 Guarda-te de fazeres aliança com os
moradores da terra aonde hás de entrar; para que não seja por laço no meio de
ti. 13 Mas os seus altares derrubareis, e as suas estátuas quebrareis, e os
seus bosques cortareis. 14 Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois
o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso. 15 Para que não faças aliança com
os moradores da terra, e quando eles se prostituírem após os seus deuses, ou
sacrificarem aos seus deuses, tu, como convidado deles, comas também dos seus
sacrifícios, 16 *E tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas
filhas,* prostituindo-se com os seus deuses, façam que também teus filhos se
prostituam com os seus deuses. --------------- Ed 9.2 *porque tomaram
das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa
com os povos destas terras*, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a
primeira nesta transgressão. -----***-Neemias 13.23 — *Vi também, naqueles dias, judeus que
tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas.* 24 — E seus filhos falavam meio asdodita e não
podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo. 25 — E contendi com eles, e os amaldiçoei, e
espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus,
dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas
filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. 26 — Porventura, não pecou nisso Salomão, rei
de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado
de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres
estranhas o fizeram pecar. Ne 10. 30
— *e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem
tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos* ------ *** “Não vos prendais
a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a
injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2Co 6.14).
Isaías 25.10 Porque a mão do Senhor
descansará neste monte; mas Moabe será trilhado debaixo dele, como se trilha a
palha no monturo. 11 E estenderá as suas mãos por entre eles, como as
estende o nadador para nadar; e abaterá a sua altivez com as ciladas das suas
mãos. 12 E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, abatê-las-á e
derrubá-las-á por terra até ao pó.
Foi Um Tremendo Erro De Elimeleque Buscar Refúgio Em Moabe, Assim
Como Abrão Foi Para O Egito E Depois Para Gerar E Seu Filho Isaque Seguiu Seus
Passos Indo Para Gerar Também - O Enganador E Mentiroso Jacó Se Tornou O Patriarca De Israel.
DEUS não fez com que
Elimeleque pecasse para que se cumprisse seu plano, mas ele usou o pecado de
Elimeleque para que seus planos se cumprissem.
DEUS não é culpado do
pecado das pessoas.
Não se tem notícia na
Bíblia de que outros israelitas tenham deixado Belém por causa dessa fome, por
exemplo, Boaz ficou e acabou enriquecendo, a ponto de ter vários empregados e
poder comprar as terras de Noemi.
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LIVRO DE RUTE – BEP - CPAD
Autor:
Anônimo
Provavelmente escrito
pelo Profeta, Juiz e Sacerdote Samuel.
Tema: Amor
Que Redime
Data:
Século X a.C.
Considerações
Preliminares
Historicamente, o
livro de Rute descreve eventos na vida de uma família israelita durante o tempo
dos Juízes (1.1; c. 1375—1050 a.C.). Geograficamente, o contexto é a terra de
Moabe, a leste do mar Morto. (1) O restante do livro transcorre em Belém de Judá
e sua vizinhança. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos da
terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (lit.
“Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das
festas judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na
estação da colheita, era costume ler este livro na Festa da Colheita
(Pentecoste).
Considerando que a
lista dos descendentes de Rute não vai além do rei Davi (4.21,22), o livro foi
provavelmente escrito durante o reinado de Davi. Desconhece-se o autor humano
do livro, mas a tradição judaica (e.g., o Talmude) atribui essa autoria a Samuel.
Propósito
O livro de Rute foi
escrito a fim de mostrar como, através do amor altruísta e do devido
cumprimento da lei de DEUS, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada,
veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para
perpetuar uma história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma
família piedosa cuja fidelidade na adversidade contrasta fortemente com o
generalizado declínio espiritual e moral em Israel, naqueles tempos.
Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia
bem aos seus olhos. Juízes 17:6
Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que
parecia reto aos seus olhos. Juízes 21:25
Visão
Panorâmica
Esta história do amor
que redime inicia quando Elimeleque parte de Judá e passa a residir com sua
família em Moabe por causa de uma fome (1.1,2). O sofrimento continuou a
flagelar Elimeleque, pois ele e seus dois filhos morreram em Moabe (1.3-5), o
que resultou em três viúvas. Quatro episódios principais vêm a seguir.
(1) Noemi (viúva de
Elimeleque) e sua devotada nora moabita, Rute, voltaram a Belém de Judá
(1.6-22).
(2) Na providência
divina, Rute veio a conhecer Boaz, um parente rico de Elimeleque (cap. 2).
(3) Seguindo as
instruções de Noemi, Rute deu a entender a Boaz o seu interesse na
possibilidade de um casamento segundo a lei do parente-remidor (cap. 3).
(4) Boaz, como
parente-remidor, comprou as propriedades de Noemi e casou-se com Rute, e
tiveram um filho chamado Obede — avô de Davi (cap. 4).
Embora o livro comece
com tremendos reveses, termina com um final sobremodo feliz — para Noemi, para
Rute, para Boaz e para Israel.
Características
Especiais
Seis características
principais assinalam o livro de Rute.
(1) É um dos dois
livros da Bíblia que leva o nome de uma mulher (sendo o outro o de Ester).
(2) Este livro,
escrito, tendo ao fundo o horizonte ominoso da infidelidade e apostasia de
Israel durante o período dos juízes, descreve as alegrias e pesares de uma
família piedosa de Belém durante aqueles tempos caóticos.
(3) Ilustra o fato de
que o plano divino da redenção incluía os gentios que, durante os tempos do AT,
foram enxertados no povo de Israel mediante o arrependimento e a fé no Senhor.
(4) A redenção é um
tema central, do começo ao fim do livro, sendo o papel de Boaz, como
parente-remidor, uma das ilustrações ou tipos mais claros do ministério
mediador de JESUS CRISTO.
(5) O versículo mais
conhecido deste livro consiste nas palavras que Rute dirigiu a Noemi, quando
ainda estava em Moabe: “Aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que
pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS”
(1.16).
(6) Traça um retrato
realista da vida, com seus contratempos, mas também mostra como a fé e
fidelidade de pessoas piedosas ensejam a DEUS a oportunidade de converter a
tragédia em triunfo e a derrota em bênção.
(Obs.: Boaz era filho
de Raabe, a ex-prostituta).
Paralelismo
do Livro de Rute com o NT
Este livro declara
quatro verdades do NT.
(1) Transtornos
humanos dão oportunidade a DEUS para realizar seus grandes propósitos
redentores (Fp 1.12).
(2) A inclusão de Rute
no plano da redenção demonstra que a participação no reino de DEUS independe de
descendência física, mas pela conformação da nossa vida à vontade de DEUS,
mediante a “obediência da fé” (Rm 16.26; cf. Rm 1.5,16).
(3) Rute como
partícipe da linhagem de Davi e de JESUS (ver Mt 1.5) significa que pessoas de todas as nações farão
parte do reino do grande “Filho de Davi” (Ap 5.9; 7.9).
(4) Boaz, como o
parente-remidor, é uma prefiguração do grande Redentor, JESUS CRISTO (Mt 20.28; ver Rt 4.10).
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Comentários de
Vários Livros com algumas modificações do Pr. Henrique
(Strong Português) Belém - בית לחם Beyth
Lechem
Belém = “casa do pão (alimento)”
1) uma cidade em Judá, cidade natal de Davi
(Strong Português) Elimeleque - אלימלך ’Eliymelek
Elimeleque = “meu DEUS é rei”
1) marido de Noemi
(Strong Português) נעמי No
Ìomiy
Noemi = “minha delícia”
1) esposa de Elimeleque, mãe de Malom e Quiliom, e sogra de Rute e Orfa
(Strong Português) מחלון Machlown
Malom = “doente”
1) filho de Elimeleque com Naomi e primeiro marido de Rute
(Strong Português) כליון Kilyown
Quiliom = “desfalecimento”
1) um efraimita e filho de Elimeleque com Noemi, o marido falecido de Rute (ou
talvez o marido falecido de Orfa)
(Strong Português) ערפה ÌOrpah
Orfa = “gazela”
1) uma mulher moabita, esposa de Quiliom, o filho de Noemi e concunhada de Rute
(Strong Português) רות Ruwth
Rute = “amizade”
1) nora de Naomi, esposa de Boaz, e avó de Davi
Rute em hebraico:
vistosa, beleza, amiga, Companheira - Dicionário de Nomes
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Rute 1
Neste capítulo, lemos
acerca das aflições de Noemi. I. Como responsável pela casa, foi forçada a
mudar-se para a terra de Moabe, por causa da fome, vv. 1,2. II. Como viúva e
mãe pesarosa, lamentou a morte do marido e dos filhos, dois ao todo, vv. 3-5.
III. Como sogra atenciosa, dispôs-se a mostrar bondade às suas duas filhas, mas
não sabia como mostrar essa bondade ao voltar para o seu próprio país, vv.
6-13. Ela se despediu de Orfa com dor no coração, v. 14. Ela leva Rute consigo
com muito temor, vv. 15-18. IV. Como pobre mulher enviada de volta ao lugar de
origem, para ser sustentada pelos amigos, vv. 19-22. Essas coisas geram
melancolia e parecem trabalhar contra Noemi, contudo, contribuíram para o bem.
Rute 2
Raramente encontramos
um capítulo em toda a história sagrada que se dobra tanto para conhecer uma
pessoa tão desprezível quanto Rute, uma pobre viúva moabita, que exercia uma
função tão desprezível quanto rebuscar as espigas em um campo vizinho, e as minuciosas
circunstâncias que se seguem. Mas, tudo isso aconteceu e serviu nos planos de
DEUS para que ela pudesse ser enxertada na linhagem de Cristo e ser incluída no
meio dos seus antepassados, e se tornasse uma figura das bodas da igreja gentia
com Cristo (Is 54.1). Isso torna essa história notável; e muitas passagens são
instrutivas e fantásticas. Observamos o seguinte neste capítulo: I. A humildade
de Rute e sua diligência em apanhar espigas. A Providência a guiou para o campo
de Boaz, vv. 1-3. II. O grande favor que Boaz mostrou a ela em diversas
situações, vv. 4-16. III. O retorno de Rute à sua sogra, vv. 18-23.
Rute 3
No capítulo anterior,
achamos muito fácil aprovar e elogiar a decência e modéstia do comportamento de
Rute e mostrar o bom proveito que podemos tirar desse relato. Mas neste
capítulo, teremos muita dificuldade em justificar a imputação da indecência e
cuidar para não fazermos mal uso desse relato; mas, a benevolência daquela
época foi registrada aqui para mostrar que não havia nada de errado naqueles
acontecimentos. Porém, a maldade dos nossos tempos não nos permite agir da
mesma forma. Podemos observar o seguinte neste capítulo: I. As instruções que
Noemi deu à sua nora em como requerer o direito em ter Boaz como marido, vv.
1-5. II. O cumprimento total dessas instruções por Rute (vv. 6,7). III. O
tratamento afável e honroso que Boaz deu a Rute, vv.8-15. IV. O retorno de Rute
para sua sogra, vv. 16-18.
Rute 4
Neste capítulo lemos
acerca do casamento de Boaz e Rute, que ocorreu em circunstâncias bastante
incomuns. Este casamento ficou registrado para servir de ilustração, não
somente em relação à lei que obriga o parente próximo a casar com a viúva do
irmão (Dt 25.5,ss.), porque casos práticos ajudam a explanar leis, mas também
por causa do evangelho, uma vez que Davi descendeu desse casamento, e o Filho
de Davi, cujo casamento com a igreja gentílica foi aqui tipificado. Lemos o
seguinte: I. Como Boaz livrou-se do seu rival de forma imparcial, vv. 1-8. II.
Como o seu casamento com Rute foi publicamente celebrado e agradou aos seus
vizinhos, vv. 9-12. III. O feliz herdeiro que descendeu desse casamento, Obede,
o avô de Davi, vv. 13-17. O livro então termina com a genealogia de Davi, vv.
18-22. Talvez o Espírito abençoado tenha dirigido o autor deste livro a inserir
essa história no Cânon sagrado, colocando nele o desejo de transmitir à
posteridade as virtudes da bisavó de Davi, junto com a sua origem gentílica e
as providências singulares que a envolveram.
Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT -
CPAD
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Noemi e Rute (Mulheres da Bíblia) Elizabete George
12-05-2024 – Sumaré - SP
Leitura Bíblica: Rute 1-4
1 E sucedeu
que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; por isso um
homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e sua mulher,
e seus dois filhos; 2 E era o nome
deste homem Elimeleque, e o de sua mulher Noemi, e os de seus dois filhos Malom
e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e chegaram aos campos de Moabe, e
ficaram ali.
3 E morreu
Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, 4 Os quais
tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o da outra Rute;
e ficaram ali quase dez anos.
5 E morreram
também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois
filhos e de seu marido. 6 Então se
levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto na
terra de Moabe ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão. 7 Por isso saiu
do lugar onde estivera, e as suas noras com ela. E, indo elas caminhando, para
voltarem para a terra de Judá, 8 Disse Noemi
às suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco
de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo. 9 O Senhor vos
dê que acheis descanso cada uma em casa de seu marido. E, beijando-as ela,
levantaram a sua voz e choraram. 10 E
disseram-lhe: Certamente voltaremos contigo ao teu povo. 11 Porém Noemi
disse: Voltai, minhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu
ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos? 12 Voltai,
filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda
quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e
ainda tivesse filhos, 13 Esperá-los-íeis
até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido?
Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a
mão do Senhor se descarregou contra mim. 14 Então
levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém
Rute se apegou a ela. 15 Por isso
disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu
também após tua cunhada.
16 Disse, porém,
Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde
quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu
povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; 17 Onde quer que
morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro
tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. 18 Vendo Noemi,
que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar. 19 Assim, pois,
foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em
Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi? 20 Porém ela
lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem
dado o Todo-Poderoso. 21 Cheia parti,
porém vazia o Senhor me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O Senhor
testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal. 22 Assim Noemi
voltou, e com ela Rute a moabita, sua nora, que veio dos campos de Moabe; e
chegaram a Belém no princípio da colheita das cevadas
Noemi era uma mulher judia que seguiu o marido para Moabe, quando
houve uma fome em Israel. Eles levaram seus dois filhos com eles, que se
casaram com mulheres moabitas. Os três homens morreram e Noemi decidiu voltar
ao seu país e uma de suas noras, Rute, foi com ela. Noemi sua sogra aconselhou
ela a voltar e se casar com um moabita qualquer, mas Rute preferiu ir para
cuidar de sua sogra. Elas voltaram juntas para Israel. Rute seguiu os conselhos
de Noemi e se casou com Boaz, elas
receberam a herança do remidor. Deus recompensou elas com uma vida
boa, tranquila e feliz e Rute faz parte da linhagem de Jesus Cristo. O livro de
Rute relata uma história de amor, mas não apenas o amor conjugal, também conta
uma história de amor filial. Rute amava tanto sua sogra que decidiu ir com ela
para um país estrangeiro, onde ela sabia que seria vista como uma estrangeira.
Ela decidiu acreditar e servir ao Deus de Noemi, deixando para trás os seus
deuses. Acredito que foi Deus quem forjou essa relação forte entre essas duas
mulheres, para se apoiarem e se unirem em tempos difíceis. Entre elas deixou de
existir uma ligação, quando o marido de Rute morreu, então o relacionamento e o
amor foi uma decisão que elas fizeram, elas escolheram. Assim é Deus conosco,
sem Cristo não temos nada que nos une a Ele, no entanto, Ele decidiu nos amar e
nos salvar. Siga o exemplo dessas duas mulheres, nos amemos em Cristo, não
porque temos uma relação de sangue, mas porque decidimos ter um relacionamento
eterno, como um reflexo do amor de Cristo.
MULHERES DA BÍBLIA (ABRAHAM KUYPER)
“Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque
grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso” (Rute 1.20).
Leia: Rute 1.
Noemi significa “agradável”. Comparada com várias das mulheres
anteriores, Noemi parece ser amigável e gentil. Relaciona-se à genealogia de
Cristo, indiretamente, sendo uma das mulheres nobres. A nobreza de sua
caracterização suscita imediatamente nossa sincera simpatia, principalmente se
considerarmos seus sofrimentos. Casada com Elimeleque, ela fugiu com o marido
de uma fome em sua terra, Belém, e eles acabaram em Moabe. Ao longo da
história, vemos que seu coração permaneceu apegado ao seu marido e a Belém. Seu
marido morreu em Moabe, no exílio, e ela ficou com seus dois filhos, Malom e
Quiliom. Os dois casaram-se com mulheres moabitas, porém o Senhor levou seus
dois filhos, quando estes já eram casados. Apenas de suas duas noras
permaneceram, elas não eram de seu povo, nem serviam a seu Deus.
Reduzida à extrema pobreza, Noemi decidiu voltar para Belém, pois
ouvira que em Belém o pão agora era abundante.
Ela deixou Moabe acompanhada de suas duas noras, quando já era
praticamente uma mulher idosa. A estrada foi muito difícil para Noemi, mas
finalmente ela viu sua amada Belém novamente, a cidade de sua felicidade na
infância. Podemos imaginar o interesse com que os habitantes da cidade
observavam Noemi e a companhia que ela carregava consigo, uma das noras. É nos
dito que “entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e
diziam: Não é esta Noemi?” (Rute 1.19). Com lágrimas nos olhos, a velha
respondeu: “Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem
dado o Todo-Poderoso” (Rute 1.20).
Noemi não voltou sozinha. Uma das noras decidiu acompanhá-la,
embora Noemi tivesse tentado dissuadi-la. Somos informados de que ela dispensou
as duas noras: “Voltai, minhas filhas” (Rute 1.11). Noemi presumiu que as duas
continuariam a orar aos deuses de Moabe. Duas vezes seguidas, ela implorou que
a deixassem. Por fim, Orfa beijou a sogra e voltou para a família. Rute, no
entanto, se recusou a deixá-la. “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu
Deus” (Rute 1.16) foi a resposta decidida de Rute. Moabe descendia de Ló e,
portanto, de Abraão. É possível que um remanescente fiel de Deus tenha
permanecido em Moabe e que, sem o conhecimento de Noemi, Rute tivesse entrado
em contato com tal remanescente. O Senhor, em qualquer caso, aproximou-se de
sua alma com Sua Graça Onipotente. O que sabemos com certeza, então, é que Rute
decidiu abandonar os deuses de Moabe e ser fiel ao Deus de Israel. Portanto,
não fazia muito sentido para ela ficar em Moabe, e ela preferia ir com a sogra.
Noemi era pobre e se sustentava com as espigas que Rute juntava nos
campos enquanto seguia os ceifeiros. Os planos que Noemi fez para Rute diferiam
dos planos a que estamos acostumados, mas seguiam os costumes daqueles dias em
Belém. As palavras de Noemi mostram ternura e consideração pela nora. Noemi
superou sua amargura e voltou a ser gentil e amorosa como antes. Deus honrou
essa mulher abandonada de uma forma excepcional. Além de incluí-la no relato
das Sagradas Escrituras e proporcionar-lhe a simpatia da Igreja de todos os
tempos, Deus permitiu que seu sangue se misturasse com o do Filho de Deus no
decorrer das gerações.
“Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos
seus deuses; volta tu também após tua cunhada” (Rute 1.15).
Orfa representa a mulher a quem a Graça é oferecida, mas a rejeita
e mergulha de volta na condenação. Ela teve um contato íntimo com a Graça. Deus
dirigiu os negócios de tal maneira que, como resultado da fome, uma família de
Israel fugiu para o Seu povo. Então, Orfa conseguiu encontrar as pessoas que
adoravam o único Deus verdadeiro. Foi o mesmo Deus que seu predecessor Ló
adorou e o mesmo Deus que puniu Sodoma e Gomorra. Orfa pertencia às gerações da
esposa de Ló também. E a história de como Deus a petrificou provavelmente ainda
era conhecida em Moabe. Agora ela teve a oportunidade de ouvir novamente esses
atos milagrosos do Deus de Israel. Ela se casou com um dos filhos de Noemi, é
por isso que ela deve ter estado em contato direto com o conhecimento do Deus
verdadeiro. Ela estivera em contato com os quatro missionários que foram para
Belém há anos, tendo se casado com um deles.
Além disso, outra garota Moabe, Rute, havia se casado com o outro
irmão. Isso ilustra como essa outra mulher, estranha à fé, se deixou dominar
por uma crente ao entrar em contato com ela. Apesar dessas vantagens, no
entanto, Orfa fechou seu coração à Graça: ela preferiu retornar aos deuses de
sua terra natal. Não é provável que, como mulher casada, ela se opusesse
abertamente ao Senhor. Tendo dito que Noemi “se voltou para seus deuses”,
pode-se inferir que ela, durante aqueles anos, ao entrar na nova família, havia
pelo menos formalmente aceitado a adoração a Jeová, mas foi uma conversão
formal. O casamento era mais importante para ela do que a religião. Temos que
acreditar, porém, que, se seu marido tivesse sobrevivido, se o marido tivesse
voltado para Belém, é provável que ela tivesse continuado com a nova religião
que havia adotado, aumentando o número de crentes nominais. Quanto a Orfa,
porém, ao morrer o seu marido, ela foi posta à prova quanto à sinceridade de
sua conversão. Noemi é a agente desse teste: ela não a pressiona para o fazer,
pelo contrário. Orfa podería tê-la seguido até Belém se tivesse se convertido
sinceramente, mas ela falhou no teste.
Orfa considerou a perspectiva de seguir uma viúva pobre e sem
filhos, ao passo que, se voltasse a Moabe, teria seus próprios deuses. Ela deu
um beijo de despedida em Noemi e, ao mesmo tempo, disse adeus ao amor de Deus
para sempre. Rute e Orfa se separaram, as duas mulheres de Moabe. Rute seguiu
Noemi e entrou na linha ancestral de Cristo. Orfa disse adeus a Noemi e voltou
às trevas espirituais de Moabe, consequentemente, à sua condenação.
RUTE
“Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te
farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rute 3.11).
Leia: Rute 3.
Rute não era mais uma mulher jovem quando se casou com Boaz e deu
Obede à luz. Ela foi casada com Malom em Moabe por quase dez anos e permaneceu
viúva por algum tempo. Naquela época e no oriente, ela já podia ser considerada
uma mulher de idade madura. Quando a comparamos a Noemi, tendemos a pensar que
ela era jovem, mas não tão jovem quanto supomos. Rute veio da mesma origem pagã
de Orfa. Pertencia à tribo de Moabe, que se degenerou espiritualmente. Ela
também havia entrado em contato com a sagrada influência de Elimeleque e sua
família, mas, ao contrário de Orfa, ela abriu seu coração para a Graça.
Não temos a menor indicação de que Noemi tratou Rute de maneira
diferente de Orfa. A disposição do coração de uma é totalmente diferente da
disposição da outra. Orfa rejeitou a Graça em seu coração, enquanto Noemi abriu
seu coração para ela. Observe que as três começaram a jornada juntas. É
possível que, se a questão de decidir por um povo e por outro, por alguns
deuses ou outros, não tivesse surgido, as três tivessem chegado a Belém, mas
Noemi de repente se levantou e os exortou a voltar para os deuses de seus pais.
Diante desse convite, Orfa se foi. Rute, por outro lado, foi movida pela fé que
já ardia nela e se recusou a voltar. Ela tomou sua decisão e confessou que
doravante sua vida e morte seriam na companhia do Povo de Deus: “Não me instes
para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei
eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu
Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada.
Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me
separar de ti” (Rute 1.16-17). Assim, vemos que Deus usou seu afeto pela pobre
e desolada Noemi como um meio de Graça. Noemi é o elo com o qual Deus uniu Rute
para sempre com Seu povo e Seu Messias. Não vemos Rute desenhando especulações
espirituais abstratas. Com gratidão, ela olha para o rosto enrugado e triste da
mãe do marido e quer ficar com ela. A fé no Deus de Israel está
inseparavelmente misturada ao seu amor por Noemi. Ela quer se identificar com sua
sogra, mas no fundo vemos a confissão de que o Deus de Noemi será o dela. Ela
admite, de fato, que o mesmo Deus que a tirou de Moabe a transplantou para o
povo de Israel. A fé de Rute é simples e transparente. Um serviço humilde e
tranquilo, sem nenhum vestígio de orgulho e altivez espiritual. Rute não diz:
“Alguém tem que cuidar desta velha, e sou eu quem deve cuidar dela”. Ela
respeitou a posição de Noemi como mãe e decidiu ser sua filha.
Rute seguiu os ceifeiros até um campo em Belém, para sustentar sua
sogra e ela mesma. Por fazer isso em humilde obediência, Deus a abençoou. Ela
entrou nos campos de Boaz. Todos eram favoráveis a ela; todos a ajudaram. Mais
tarde, quando Noemi ouviu da simpatia demonstrada por Boaz, ela se perguntou se
era seu parente e se ele não estaria disposto a se casar com Rute. Nisso, Rute
voltou a se conformar aos desejos de sua sogra. Em tudo, mesmo nos momentos
mais difíceis, Rute exerceu obediência total. Dessa forma, Deus teceu o fio da
sua vida no tecido da história do Seu povo. Boaz se casou com Rute, que deu
Obede à luz. De Obede nasceu Jessé. Portanto, Rute, a moabita, foi incluída na
linhagem dos escolhidos de Deus para formar a linhagem da qual o Salvador
nasceu. Rute era a bisavó de Davi.
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A HISTÓRIA DE
NOEMI E RUTE (Ann Spangler)
Como
duas mulheres desesperadas encontram uma casa e um futuro cheios de esperança.
Dai,
e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão;
porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo. Lucas
6.38
Pelo
menos seiscentos anos se passaram desde que Tamar se disfarçou de prostituta e
induziu seu sogro a dormir com ela. Sua única noite produziu meninos gêmeos, o
mais velho deles era Perez. Foi através dele que DEUS preservou a tribo de
Judá. Agora, no tempo dos juízes, quando não há rei e as leis são caóticas,
vive um homem chamado Elimeleque, que é descendente de Perez. Ele mora em uma
aldeia chamada Belém, que significa “casa de pão”, embora dificilmente haja pão
em toda a terra de Judá. Não havia trigo na padaria.
Para
preservar sua família, Elimeleque pega sua esposa, Noemi, e seus dois filhos,
Malom e Quiliom, e segue para o leste, rumo às terras altas e ricas de Moabe,
do outro lado do Mar Morto. Em Moabe existem rios, chuvas abundantes e comida
suficiente para todos. Ele sai relutantemente, esperando que essa permanência
seja a mais breve possível. Mas nem ele nem seus filhos verão Belém novamente.
Embora
Noemi tenha pouco para comer, ela é grata por DEUS ter enchido sua casa com a
barulhenta brincadeira de um marido e dois filhos. Ela sabe que ficará contente
enquanto sua família permanecer unida. Mas enquanto eles estão em Moabe, a
tragédia ataca. Elimeleque adoece e depois morre. Sua morte é tão rápida e a
dor de sua perda é tão aguda que Noemi
se
pergunta como ela irá sobreviver a isso.
Quanto
a seus filhos, Malom e Quiliom, eles agora são homens crescidos e se casam com
mulheres moabitas, chamadas Orfa e Rute, as quais Noemi ama. No meio de sua
dor, Noemi faz questão de agradecer a DEUS, pois, embora seja uma viúva, ela
não está abandonada. Ela tem dois filhos amorosos e suas esposas para cuidar
dela. Ela não sabe que a tragédia logo vai atacar novamente. Em rápida
sucessão, os dois filhos de Noemi morrem. Agora não há apenas uma viúva que
precisa de cuidados, mas três, e todas elas estão à beira da ruína. Não ter
marido é uma tragédia. Mas ficar sem filhos é uma maldição. Com a perda de seu
marido e filhos, Noemi está louca de tristeza e medo. Uma estrangeira em Moabe,
ela não tem ninguém para cuidar dela. Certamente DEUS deve estar descontente
com ela para ter levado o marido e os dois filhos.
Em
pouco tempo, chega-lhe a notícia de que a terra de Judá foi abençoada com chuva
e colheitas abundantes. A seca finalmente acabou. Apesar do fato de que a
estrada de Moabe para Belém é cheia de ladrões, Noemi decide arriscar a viagem.
Suas noras, Orfa e Rute, insistem em ir com ela. Se DEUS quiser, as três
mulheres chegarão a tempo para a colheita de abril.
Por
mais que ela as ame, Noemi tem dúvidas. Antes de as três já terem percorrido um
grande caminho, ela se vira para as noras e diz: “Vão agora e voltem cada uma
para a casa de sua mãe. E que o Senhor seja bondoso com vocês, assim como vocês
foram bondosas com os que morreram e comigo. O Senhor faça com que vocês sejam
felizes, cada uma na casa de seu novo marido”. Enquanto ela as beija na
despedida final, as duas jovens choram e se agarram a ela. Elas não conseguem
deixar que ela enfrente os perigos da estrada sozinha.
Mas
Noemi não desistirá. “Voltem, minhas filhas! Por que vocês iriam comigo? Vocês
acham que eu ainda tenho filhos em meu ventre, para que casem com vocês?
Voltem, minhas filhas! Vão embora, porque sou velha demais para ter marido. E
ainda que eu dissesse: ‘Tenho esperança’, ou ainda que casasse esta noite e
tivesse filhos, será que vocês iriam esperar até que eles viessem a crescer?
Ficariam tanto tempo sem casar? Não, minhas filhas! A minha amargura é maior do
que a de vocês, porque o Senhor descarregou a sua mão contra mim.” Noemi
acredita nisso. Que DEUS a odeia. Mas Orfa a ama. Mesmo assim, ela concorda com
a sabedoria do argumento de Noemi. Por que alguém na terra de Judá quer casar
com uma viúva moabita empobrecida? Chorando, desejando que o mundo fosse
diferente do que é, ela se despede da sogra e volta para Moabe. Mas Rute se
recusa a partir. Mais uma vez Noemi a pressiona. “Rute”, ela diz, “sua cunhada
está voltando para seu povo e seus deuses. Volte com ela”. Mas a jovem não vai
ouvir. “Não insista para que eu a deixe nem me obrigue a não segui-la! Porque
aonde quer que você for, irei eu; e onde quer que pousar, ali pousarei eu. O
seu povo é o meu povo, e o seu DEUS é o meu DEUS. Onde quer que você morrer,
morrerei eu e aí serei sepultada. Que o Senhor me castigue, se outra coisa que
não seja a morte me separar de você.” Maravilhosa, incrível Rute! Noemi está
aliviada que sua nora finalmente venceu o seu argumento. Depois de vários dias,
as duas chegam em segurança a Belém, um evento que desperta considerável
agitação. “Essa pode ser Noemi?”, seus vizinhos exclamam, espantados com o fato
de que mais de dez anos se passaram desde que ela e sua família se mudaram para
Moabe. “Não me chamem de Noemi, mas de Mara”, ela responde, “porque o
Todo-Poderoso me deu muita amargura. Quando saí daqui, eu era plena, mas o
Senhor me fez voltar vazia. Por que, então, querem me chamar de Noemi, se o
Senhor deu testemunho contra mim e o Todo-Poderoso me afligiu?” Então ela fala
de sua grande angústia, do vazio que ela sente ao perder seu marido e filhos.
Noemi tornou-se o que cada uma das mulheres mais teme, uma viúva sem meios
aparentes de apoio. Embora Rute ainda sofra a perda de seu marido, a sua dor é
aliviada quando pensa em cuidar de Noemi. Para todas as suas queixas, sua sogra
não é difícil de amar. Com a bênção de Noemi, ela se vai aos campos para colher
o que quer que os colhedores tenham deixado para trás. Mais do que mero
costume, a prática é consagrada na lei — todo proprietário de terra deve
abster-se de colher as bordas de seu campo, permitindo assim que os pobres
colham o que for deixado para trás. Se tiver sorte, Rute colherá grãos
suficientes para manter a si própria e Noemi vivas. Mas o trabalho é duro e
perigoso, especialmente para uma jovem estrangeira sem familiares para vingar
um insulto. Rute começa a trabalhar em um campo que pertence a um homem chamado
Boaz. No meio da manhã, ela percebe que ele está falando com seu capataz e
então segue seu caminho. Um homem com um sorriso largo e acolhedor, ele a cumprimenta.
“Escute, minha filha”, ele diz, “você não precisa ir colher em outro campo, nem
se afastar daqui. Fique aqui com as minhas servas. Fique atenta ao campo onde
forem colher e vá atrás delas. Eu dei ordem aos servos para que não toquem em
você. Quando você ficar com sede, vá até as vasilhas e beba da água que os
servos tiraram”. Surpreendida por sua bondade, Rute se curva e exclama: “Por
que o senhor está me favorecendo e se importa comigo, se eu sou uma
estrangeira?” “Já me contaram tudo o que você fez pela sua sogra, depois que
você perdeu o marido. Sei que você deixou pai, mãe e a terra onde nasceu e veio
para um povo que antes disso você não conhecia. O Senhor lhe pague pelo bem que
você fez. Que você receba uma grande recompensa do Senhor, DEUS de Israel, sob
cujas asas você veio buscar refúgio.” As palavras dele parecem uma bênção. Mais
tarde naquele dia, Boaz oferece a Rute uma porção generosa de pão e grãos
torrados para comer. Então ele instrui seus homens: “Deixem que ela apanhe
espigas até no meio dos feixes e não sejam rudes com ela. Tirem também algumas
espigas dos feixes e deixem cair, para que ela as apanhe, e não a repreendam”.
Rute trabalha duro até a noite. Depois de debulhar a cevada, ela avalia o
trabalho do dia — dois terços de um alqueire, o suficiente para alimentar Noemi
e ela
mesma
por várias semanas! Ela agradece a DEUS por ter encontrado seu próprio lugar
sob as suas asas que a acolhiam. Quando Rute chega em casa, Noemi fica
surpresa. Ela não acredita na quantidade de grãos que Rute colheu em um único
dia. “De quem é o campo que você colheu hoje? Bendito seja o homem que tomou
conhecimento de você!” Quando Noemi descobre que o campo é de Boaz, ela
exclama: “Aquele homem é nosso parente próximo; ele é um dentre os nossos
remidores”. Quando o mês de abril se acaba e chega maio, Rute continua a
trabalhar no campo de Boaz. Um dia, sua sogra concebe um plano. “Minha filha”,
Noemi diz, “não é verdade que eu devo procurar um lar para você, para que você
seja feliz? E esse Boaz, na companhia de cujas servas você esteve, não é um dos
nossos parentes? Eis que esta noite ele estará limpando cevada na eira.
Lave-se, vista a sua melhor roupa e vá até a eira. Mas não deixe que ele
perceba que você está ali, até que ele tenha acabado de comer e beber. Quando
ele for dormir, repare bem o lugar onde ele vai se deitar. Então vá, descubra
os pés dele e deite-se ali. Ele lhe dirá o que você deve fazer”.
Então
Rute faz exatamente como Noemi lhe diz. Ela observa onde Boaz se deita na
extremidade da pilha de grãos. Ele e seus homens passarão a noite na eira para
proteger a colheita. Quando tudo está quieto, Rute se deita ao lado de Boaz,
descobrindo os pés dele. Ela treme ao fazê-lo, imaginando como Boaz reagirá
quando acordar. Então ela adormece. À meia-noite, Boaz acorda e fica surpreso
ao descobrir uma mulher deitada a seus pés. “Quem está aí?”, pergunta ele. “Eu
sou sua serva Rute,” diz ela. “Estenda a aba de sua capa sobre esta sua serva,
porque o senhor é o remidor da nossa família.” Percebendo que ela está propondo
casamento, Boaz responde: “Que você seja bendita do Senhor, minha filha! Você
se mostrou mais bondosa agora do que no passado, pois não foi procurar um homem
mais jovem, fosse rico ou fosse pobre. E agora, minha filha, não tenha medo.
Tudo o que você falou eu vou fazer, porque todo o povo da cidade sabe que você
é uma mulher virtuosa. Sim, é verdade que eu sou resgatador, mas há ainda outro
resgatador que é parente mais chegado do que eu. Fique aqui esta noite. Pela
manhã, se ele quiser resgatar você, muito bem; ele que o faça. Mas, se ele não
quiser, eu o farei, tão certo como vive o Senhor”. Rute está a seus pés até a
manhã, mas parte antes do amanhecer para que ninguém perceba sua presença.
Antes que ela vá, Boaz coloca seis medidas de cevada em seu xale. Depois ele
segue direto para a cidade e espera no portão até que o homem que é parente
próximo de Noemi passe. Quando ele o encontra, diz: “Noemi, que voltou da terra
dos moabitas, pôs à venda aquele pedaço de terra que foi de nosso parente
Elimeleque. Então resolvi informá-lo disso e dizer a você: compre essas terras
na presença dos que estão sentados aqui e na presença dos anciãos do povo. Se
você quer resgatá-las, faça isto; se não, diga, para que eu o saiba. Porque não
há outro que possa resgatá-las a não ser você; e, depois de você, eu”.
“Eu
vou resgatá-la”, o homem responde, feliz pela chance de acrescentar terras às
suas propriedades. Mas há uma outra questão, que Boaz agora revela. “No dia em
que você comprar essas terra de Noemi e de Rute, a moabita, você adquire a
viúva do falecido, a fim de manter o nome do morto com sua propriedade.” Isso é
demais para o homem, que rapidamente retrata sua oferta. Ele não está em
posição de adquirir uma nova esposa, cujos futuros descendentes tomarão o nome
do primeiro marido de Rute e depois herdarão a terra. Depois que Boaz
habilmente limpou o caminho para si mesmo, proclama seu amor por Rute na
presença de todo o povo. Então Rute se torna sua esposa e dá à luz um filho.
Seu nome é Obede, e ele se tornará o pai de Jessé, que se tornará o pai de Davi,
que se tornará o maior rei de Israel. Como todos sabem, é da linhagem de Davi
que o Salvador nascerá. Por causa de duas mulheres desesperadas e do DEUS que
cuidou delas, o mundo um dia viria a conhecer outro Remidor. Ele seria o único
capaz de livrar seu povo, acabando com suas dívidas e dando-lhe um futuro cheio
de esperança – JESUS.
O CONTEXTO DE RUTE
A história delas ocorre em algum momento
entre 1.400 e 1.050 a.C. A história de Noemi e Rute é contada no
livro de Rute. Uma viúva sem filhos para sustentá-la depois da morte do marido
poderia se tornar tão pobre que teria que se vender como escrava ou prostituta
para sobreviver. Por exemplo, embora DEUS tenha ordenado que seu povo cuidasse
das viúvas, muitas das leis mosaicas foram ignoradas durante a era dos juízes.
Apesar de a lei (Lv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19-21) instruir os proprietários de
terras a deixarem alguns produtos em seus campos para os pobres colherem,
muitos proprietários simplesmente ignoravam essa provisão. Além da colheita das
sobras e do casamento levirato, uma viúva poderia apelar para um parente
remidor, ou go’el, para agir em seu nome. Nesses casos, esperava-se que o
parente masculino mais próximo a resgatasse ou a entregasse (ou a outros
membros da família empobrecidos) pagando pelas dívidas ou recomprando
propriedades que haviam sido vendidas, porque sem a terra as
pessoas mal podiam sobreviver. O Novo Testamento retrata JESUS como
nosso grande Remidor, aquEle que, por meio de seu auto sacrifício, paga todas
as dívidas que nossos pecados incorreram, livrando-nos do mal e nos libertando.
1. Por toda a Escritura, DEUS às vezes escolhe renomear as pessoas para indicar um propósito maior para suas vidas, por exemplo, “Abrão” se torna “Abraão”, “Sarai”se torna “Sara” e “Simão” se torna “Cefas”. Nesse caso, não é DEUS, mas Noemi que se renomeia. “Não me chamem de Noemi, mas de Mara”, ela lhes disse, “porque o Todo-Poderoso me deu muita amargura. Quando saí daqui, eu era plena, mas o Senhor me fez voltar vazia. Por que, então, querem me chamar de Noemi?” O que isso revela sobre seu estado mental? Como você renomeia a si mesmo com base em suas próprias circunstâncias?
2. Noemi pensa erroneamente que seu sofrimento é um castigo de DEUS. Você já sentiu que suas dificuldades eram evidência de que DEUS estava descontente com você? Olhando para trás, você vê de forma diferente agora? Por quê? Como isso afetou a maneira como você experimentou períodos de dificuldade?
3. Quando Boaz encontra Rute pela primeira vez, ele expressa o desejo de que DEUS lhe pague por sua fé e bondade, nunca suspeitando que ele se tornará a resposta para sua oração. Você já se tornou a resposta para uma oração que você ou outras pessoas fizeram? Quais foram as circunstâncias?
4. A história de Noemi e Rute é marcada por uma série de bênçãos. Primeiro Rute abençoa Noemi ficando com ela. Então Noemi abençoa Rute, ajudando-a a encontrar um marido. Boaz subsequentemente abençoa Rute com um lar, e DEUS os abençoa com um filho. Depois, as mulheres de Belém dizem a Noemi que ela é abençoada com uma nora que vale mais do que sete filhos. Pense nos últimos dois ou três dias. De que maneiras você diria que DEUS tanto a abençoou como fez de você uma bênção para os outros?
Gênesis 19.37 indica que os moabitas eram descendentes de Moabe, que era o produto de uma relação incestuosa entre o sobrinho de Abraão, Ló, e a filha mais velha de Ló.
A maioria das pessoas no antigo Oriente Médio adorava deuses a quem eles acreditavam que operavam apenas entre seu próprio povo em uma determinada região geográfica. Deixando Moabe, Rute também deve deixar para trás os deuses de Moabe.
Ou Naomi, que significa “agradável”. Mara significa “amargosa”.
Depois que o trabalho foi feito, os debulhadores festejariam juntos e então se deitariam durante a noite para proteger o grão. Embora a eira à noite fosse um reduto masculino, às vezes era visitada por prostitutas.
kānāp é traduzido como “aba das suas vestes”. Também pode ser traduzido como “asas”. Cobrir alguém com a aba de sua roupa simboliza o casamento e é um costume ainda praticado em partes do Oriente Médio.
“As obras da providência de DEUS representam sua mais santa, sábia e poderosa preservação e governo de todas as suas criaturas, e de todos os seus atos” (Shorter Catechism). Momento a momento, o mundo continua porque CRISTO sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3) e porque “todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17; cf. Ne 9.6). Ao mesmo tempo, DEUS não apenas sustenta, mas governa todo o mundo e a humanidade; as nações (Sl 47.7; Dn 2.21; 4.25; Is 10.5-7), os indivíduos (1 Sm 2.6-9; Is 45.5; Pv 16,9; Sl 75,6,7; At 27.24), e o livre arbítrio dos homens (Pv 16.1; 21.1). A providência não é uma continuação da criação, mas a preservação e o proposital direcionamento de tudo o que DEUS fez inicialmente. Será muito importante entender que somente depois do término da criação o pecado entrou no universo criado por DEUS, pois isso impede que sejamos levados a uma conclusão posterior errônea. Qualquer teoria que ensine que DEUS está constantemente recriando o mundo torna-o o renovador do bem e do mal e, dessa forma, o autor não só da retidão, mas também da iniquidade.
Panteísmo. Este aceita a absorção do mundo e do homem em DEUS (Spinoza) ou considera ambos como participando, de alguma maneira, diretamente do Ser do próprio DEUS (Tillich).
A doutrina da providência reside na divina soberania de DEUS, e na revelação de que Ele reina sobre tudo e a tudo governa de acordo com sua vontade. Entretanto, sua vontade está inteiramente sujeita ao seu caráter; portanto, ela deve ser descrita não como arbitrária, mas como perfeita e sagrada.
1. A providência e a ordem natural.
A providência inclui todas as coisas, quer grandes (Sl 145.9-17; Is 41.2-4) quer pequenas, como por exemplo o curso de uma flecha (1 Rs 22.34), os pássaros no ar (Mt 6.26), um sonho (Mt 27.19), pequenos pássaros que são vendidos (Mt 10.29; cf. Lc 12.6,7), um boato (At 23.16), e o resultado de se lançar sortes (Pv 16.33).
DEUS controla e comanda todo o curso da história desde o início até o final. Ele escolheu uma nação, Israel (Am 3.2) e fez dela o meio de sua revelação, deu-lhe sua Palavra que está registrada nas Escrituras do AT, prometeu-lhe o Messias através delas (Dt 18.15-19; cf. At 3.22,23; 2 Sm 7.8-16; Is 7.14; Mq 5.2) e estabeleceu com ela uma aliança para preservá-la e conduzi-la em meio a todas as tribulações até seu reino milenial (Dt 30.1-10; 2 Sm 7.16; Is 65.66; Os 1.10,11; 2.16-23; Jl 3.17- 21; Am 9.11-15; Zc 14.1-21).
DEUS promete prosperar o justo (Lv 26.3-13; Dt 28.1-14). Por que, então, exclama o crente, os iníquos também prosperam? Por que tantas vezes eles não são castigados? O salmista apresenta duas respostas inspiradas; a riqueza dos ímpios é apenas temporária, e ao final DEUS irá julgar a iniquidade deles e defender sua própria santidade como Senhor (Salmos 37.16-22; 73; 91.8; Ml 3.13-4.3). Ao mesmo tempo, DEUS adia seu castigo para que o iníquo possa ter a oportunidade de se arrepender (Rm 2.4; 2 Pe 3.9; Ap 2.21).
DEUS governa sobre os corações e as ações de todos (Pv 21.1), embora estes não tenham, necessariamente, conhecimento ou consciência disto (Gn 45.5-8; 50.20; Is 10.5-12; 44.28—45.4; Jo 11.49-52; At 2.23; 13.27-29). No entanto, ele o faz de tal maneira que suas ações são as de agentes livres; portanto, eles permanecem responsáveis por tudo que fazem (Is 10.12; Rm 1.24-32). Dessa forma, o Senhor permite que os iníquos ajam de acordo com sua própria natureza (Salmos 81.12ss.; Rm 1.24ss.; At 14.16), mas no final Ele os punirá (Lc 22.22; At 3.13-19). Ao mesmo tempo, Ele leva os seus a colocar em prática os mandamentos que lhes deu (Fp 3.12,13), embora isso só seja possível através da presença e do poder do ESPÍRITO SANTO que habita em cada um de nós (Rm 8.3,4; Gl 5.22,23).
A Bíblia Hebraica coloca o livro de Rute na última divisão principal (Escritos) como um dos cinco Megilloth. As Bíblias em Português colocam esse livro depois do livro de Juizes, acompanhando a LXX, a Vulgata e os escritos de Josefo. Não se tem certeza de que esse livro tenha, alguma vez, feito parte do livro de Juizes. Trata- se de uma história breve que contém quatro cenas, e uma concludente genealogia.
Esboço
I. A Peregrinação em Moabe e o Retorno à Pátria, 1.1-22
II. Rute, a Respigadora, 2.1-23
III. O Pedido de Rute a Boaz na Eira, 3.1-18
IV. Boaz Assume as Funções de um Parente Remidor, 4.1-17
V. Genealogia desde Perez até Davi, 4.18-22
Propósito
Será que o propósito desse livro desejava preencher uma lacuna que existia nessa época (a árvore genealógica em 4.18-22 também é encontrada em uma forma ampliada em 1 Crônicas 2.5-15) entre Perez e Davi? Ou será que pretendia estabelecer um relacionamento entre a casa de Davi e a de Moabe, talvez para fornecer uma base para a união das duas nações contra um inimigo comum, ou para que Moabe se submetesse a Israel? Esse tipo de relacionamento poderia explicar porque Davi confiou os seus pais aos cuidados do rei de Moabe (1 Sm 22.3,4), embora esse evento também tenha outras explicações plausíveis. Ou será que ele estava tentando negar que Davi deveria ser considerado um moabita, pois ele era um descendente de Boaz (um judeu), a fim de evitar um estigma que poderia ser lançado contra ele por causa do estatuto preservado em Deuteronômio 23.3,4, proibindo que um moabita entrasse na assembleia do Senhor até a décima geração? Parece provável que o autor desse livro estivesse interessado em fornecer informações sobre os antepassados de Davi, mas subordinou essa intenção a um propósito mais grandioso.
Data
O Talmude (Baba Bathra 145) considera Samuel como autor desse livro.
Sua data depende de entendermos do seu propósito. Se fosse uma obra polêmica contra as medidas de Esdras e Neemias, ele deveria pertencer ao período pós-exílico, provavelmente ao século IV a.C. Se, entretanto, o autor pretende enfatizar a providência de DEUS, esse livro certamente seria do período pré-Exílico. Sob um cuidadoso escrutínio, as supostas palavras e expressões finais deixam de refutar uma data anterior (veja Driver) e suas expressões aramaicas podem ser tentativas posteriores de esclarecer certas obscuridades do primeiro texto. As semelhanças entre Rute 4.7ss. e Deuteronômio 25.5ss. não exigem uma data posterior à reforma do rei Josias, ocorrida em 621 a.C. (provocada pela descoberta do livro da lei que, presumivelmente, incluía Deuteronômio) porque a tradição em Rute se apoia em códigos legais anteriores, e as circunstâncias subjacentes a essas duas passagens não são verdadeiramente as mesmas. A sintaxe e o vocabulário hebraicos, as expressões idiomáticas e a pureza do estilo (veja Driver) dão suporte a uma data anterior para o livro. Entendemos que sua forma atual não pode ser anterior à época de Davi (4.18-22). Portanto é plausível a ideia de ser Samuel o autor.
Uma moabita que teve a distinção única de se casar com dois fazendeiros judeus. Malom (Rt 4.10), um dos filhos de Elimeleque (4.3) e Noemi (1.2); e Boaz, um parente de Elimeleque (4.3).
O auge da devoção de Rute reflete-se na obediência à sugestão de Noemi de que deveria ir ao debulhador à noite, quando Boaz estava dormindo, para tentar persuadi-lo a aceitar a responsabilidade de se tomar um parente remidor. Ele consentiu, e quando o parente mais próximo desistiu de sua oportunidade, Boaz, voluntariamente, assumiu o seu lugar. Comprou a propriedade de Elimeleque, Quiliom e Malom e se casou com Rute (4.712־). Ele obedeceu ao costume do levirato (q.v.), a lei contida em Deuteronômio 25.5-10, embora não fosse irmão de Malom, mas apenas um parente próximo. No devido tempo, nasceu Obede (“servo”), filho de Boaz e Rute. A “amargura” de Noemi foi amenizada por sua alegria pela criança, que se tornou um ancestral de Davi (4.18-22) e do Messias. Rute foi uma das quatro mulheres especificamente mencionadas por Mateus na genealogia do Senhor JESUS (1.5). Todas essas mulheres eram gentias, e a intenção de Mateus era, aparentemente, enfatizar a dimensão universal dos ancestrais de JESUS. J. T. W. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD
Os moabitas procedem do incesto de Ló com sua filha mais velha (Gn 19.37). Praticamente Moabe começou em Zoar (Gn 19.20-22), onde Ló e suas filhas, por permissão de DEUS, se refugiaram após a destruição de Sodoma. Segundo a versão grega Septuaginta (ou LXX), Moabe significa: “É de meu pai”. O estudioso francês Édouard Paul Dhorme acha que significa: “água de meu pai” ou “semente do pai”
Moabe se limitava a leste com o deserto siro-arábico, região conhecida como “deserto de Moabe”; ao sul com o ribeiro Zerede, hoje chamado uádi el-Hesa; ao ocidente com o mar Morto e o curso inferior do Jordão, e ao norte com os filhos de Amom.
1. Terra de Moabe — entre o Arno e Jaboque (Dt 1.5).
Quando Ló chegou a estas paragens para habitar, encontrou um povo de gigantes chamados emins, conhecidos também como refains ou enaquins (Dt 2.10,11).
Os moabitas construíram grandes cidades. As principais foram: Mispa de Moabe (1Sm 22.3), Kir Moabe, Dibom (que se tornou célebre pela famosa Pedra Moabita ou Estela de Mesa, encontrada em seu território), Bete-Peor (Dt 34.6), em cujas proximidades Moisés foi sepultado. E outras como Hesbom, Medeba, Quiriataim, Aroer, Jazer, Ramote-Baal.
A religião era de grosseira idolatria. Camos era o deus principal. Seu nome aparece na estela de Balvan, de parceria com Astarote. Praticavam a prostituição sagrada. Junto ao monte Nebo foram encontradas imagens dos deuses da fertilidade e outros objetos de culto. Nos montes Abarim existiu um templo dedicado a Baal-Peor. A Estela de Mesa é um canto a esse deus. O rei de Moabe havia sido derrotado por Israel; por isso, ele ofereceu seu filho primogênito sobre os muros em holocausto ao deus Camos (2Rs 3.26,27). Em inscrições cuneiformes do segundo milênio aparece a palavra Camos como nome de Nergal, o senhor do mundo subterrâneo. Camos, portanto, pertence aos arquivos gerais semitas.
1. Num cântico de Moisés, junto com Seom, rei de Hesbom, condenada pelo Senhor DEUS (Nm 21.21-30).
CHARLES A. OXLEY
Rute é uma história de simplicidade e pureza encantadoras, que conta, principalmente em estilo de conversa, a jornada de uma mãe, desolada pela perda do marido e dos filhos, que, mesmo assim, manteve a sua fé em Deus; fala também de uma nora, que perdeu o seu marido e não tem filhos, que provou a sua dedicação à sua sogra e a Deus, e de um lavrador generoso, justo, abençoado por seus empregados e por Deus. Mas, apesar de toda essa simplicidade, o livro apresenta vários problemas. (Cf. H. H. Rowley, “The Marriage of Ruth”, The Servant of the Lord, Oxford, 1965, p. 17 lss).
Fato ou ficção
A frase inicial fornece o contexto geográfico e histórico — Belém de Judá nos dias em que julgavam os juízes (1200—1020 a.C.) e as linhas finais estabelecem a época da terceira geração antes de Davi. Assim, o retorno de Noemi para Belém deve ter ocorrido em torno de 1100 a.C. Mas alguns comentaristas, especialmente O. Eissfeldt (The Old Testament — an Introduction, trad. P. R. Ackroyd, 1966, p. 481-2) e R. H. Pfeiffer (The Booés of the Old Testament, 1957, p. 129) separam a história da sua associação com a família de Davi e a consideram lenda popular que, mesmo relacionada a eventos históricos, é para eles “pura ficção”. Outros, especialmente E. J. Young (An Introduction to the Old Testament, 1953, p. 330) e G. T. Manley (The New Bible Handbook, 3. ed., 1950), consideram o livro um relato factual de uma seqüên-cia de eventos reais.
Os argumentos levantados em apoio à afirmação de que Rute é ficção são: (1) que os nomes de algumas personagens são adequados demais. Mallôn, “fraqueza”, e Kilyôn, “definhando”, não encontrados em outro lugar da Bíblia, cabem tão bem a suas personagens que a suspeita é de que foram inventados para a história, cNaomi (Noemi), “minha agradável”, embora não inventado, foi escolhido porque está em contraste com Mara, “amarga”; (2) que Noemi, Rute e Boaz são bons demais para serem verdadeiros e foram idealizados; e (3) que um relato verdadeiro teria mostrado um pouco da época violenta e turbulenta dos juízes” (S. R. Driver, Introduction to The Literature of the Old Testament, 1898, p. 456). Contra a objeção (1), pode-se destacar que Elimeleque e Noemi podem bem ter dado esses nomes aos filhos, especialmente se eles nasceram doentes, pois Mahlôn seria um particípio de hãlã’ ou hãlãh, “estar doente, enfermo, fraco” (cf. Dt 29.21 [22]) e kilyôn de kãlãh, “definhando”, “fracassando”, especialmente acerca dos olhos (cf. Dt 28.65). A morte prematura deles fortalece essa possibilidade. Contra as objeções (2) e (3), basta dizer que a história é contada de forma simples e direta, e qualquer tentativa de descrever em mais detalhes as personagens ou a época em que viviam teria complicado a questão desnecessariamente.
Argumentos a favor da historicidade de Rute são: (1) O livro começa com a locução wafht, a forma normal de começar uma narração histórica em hebraico; (2) O autor sabia que na época as relações entre Israel e Moabe eram amistosas (cf. ISm 22.3,4) e, quando trata de costumes como respigas nas colheitas por parte dos pobres, a aplicação da lei do levirato, a obrigação concernente à manutenção das terras dentro da família e costumes a isso relacionados, os detalhes são autênticos;
(3) Inventar um elo moabita na linhagem de Davi e incorporar essa invenção em uma história seria altamente improvável (cf. G. Gerleman, Ruth, BKAT, 1960, p. 8); (4) Como afirma K. A. Kitchen, a genealogia final liga a narrativa “firmemente à tradição familiar de Judá e de Davi” (“The Old Testament in its Context”, 3, TSF Bulletin, n. 61, outono de 1971, p. 8); (5) Na genealogia do Senhor Jesus, tanto Mateus quanto Lucas colocam Boaz e Obede na lista, e Mateus acrescenta “cuja mãe foi Rute” (Mt 1.5). Se o livro de Rute for ficção, a genealogia dos Evangelhos é falsa.
Alguns estudiosos (E. Kõnig, A. Bertholet,
S. R. Driver, W. R. Smith, L. B. Wolfenson, P. Joiion, M. Burrows e A. Vincent) argumentam que a genealogia de 4.18-22 é um acréscimo posterior. Isso é possível, mas a história, como algo distinto do livro, termina com as palavras: “As mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: ‘Noemi tem um filho!’, e lhe deram o nome de Obede”. E a frase continua: “Este foi o pai de Jessé, pai de Davi”. Por isso, a história seria incompleta sem referência a Obede. Mas Eissfeldt vai além ao remover também a última parte do v. 17 “e lhe deram o nome de Obede”. Ele acha que originariamente havia aí um outro nome, mas foi removido quando se deu o “acréscimo” (cf. Eissfeldt, op. cit., p. 479). Ele chama atenção para a forma incomum, talvez singular, do versículo e, seguindo Peters (Th. Rv. 13, 1914, p. 449), sugere que o nome no texto original era Bem-no‘am, “filho do deleite”. E verdade que se poderia esperar um nome que tivesse alguma relação com a declaração “Noemi tem um filho”, mas Obed, “servo”, “adorador”, não é inapropriado. Os que querem desligar o final da narrativa da linhagem de Davi deveriam responder à pergunta: “Por que uma mão posterior iria atribuir gratuitamente antepassados moabitas a Davi? ” — uma pergunta que leva a outras mais amplas: “Qual é o propósito do livro?” e: “Quando ele foi escrito?”
Autoria
Uma tradição judaica (Talmude, Baba Bathra 14b) atribui a autoria a Samuel, mas Samuel dificilmente poderia ter escrito Rute porque: (1) se diz que o costume de tirar a sandália para confirmar uma transação já não estava em uso na época em que o livro foi escrito; assim, algum tempo deve ter transcorrido (v. 4.7), embora Driver sugira que essa pode ser uma glosa explicativa (S. R. Driver, op. cit., p. 455), e porque: (2) a genealogia que conclui o livro sugere que Davi era bem conhecido. Na ausência de mais evidências acerca da autoria, deve-se dizer “autor desconhecido”. '
Data
Não sabemos quando Rute foi escrito, e datas bem diversas foram sugeridas, e.g., a época de Samuel, o início da monarquia, o reinado de Davi, o reinado de Salomão, o tempo de Ezequias e os períodos exílico e pós-exílico. Argumentos a favor de uma data tardia estão baseados: (1) na convicção de que foi escrito como um “panfleto” de oposição a Esdras e Neemias em virtude de suas medidas rígidas contra os casamentos mistos (Ed 10.11; Ne 13.23-27); (2) no aspecto de que a “amplitude de perspectiva para outras nações” que aparece em Rute “é mais facilmente compreensível num período posterior” (Eissfeldt, op. cit., p. 483); e (3) na presença de diversas palavras e formas consideradas aramaicas e por conseqüência consideradas posteriores. Contra o argumento
(1), precisamos dizer que seria difícil encontrar qualquer coisa menos parecida com um panfleto polêmico em forma e estilo, e, como destacou Rowley, é igualmente plausível considerar o livro uma defesa da política de Esdras—Neemias (H. H. Rowley, op. cit., p. 173, e o seu Israel’s Mission to the World, 1939, p. 46ss). Contra o argumento (2), precisamos perguntar: “Onde está a evidência da alegada ampliação da perspectiva para outras nações no período pós-exílico? O exílio intensificou a consciência das características religiosas singulares que encontraram expressão na restauração do templo e de seu ritual. A comunidade rival samaritana se disse asperamente: “Vocês não têm parte nem direito legal sobre Jerusalém” (Ne 2.20). Esdras cria que a sobrevivência do judaísmo dependia da separação religiosa e tomou medidas duras para evitar a mistura dos judeus de Jerusalém com os “povos da terra”. Até mesmo dois séculos e meio mais tarde, a tentativa síria de helenizar a religião judaica resultou na famosa revolta dos macabeus, e, tão recentemente quanto século I d.C., Tácito escreveu: “Entre eles mesmos, são inflexivelmente honestos e sempre prontos a demonstrar compaixão, embora tratem o restante da humanidade com o ódio de inimigos” (Tácito, Histórias, 5.5, T.I. de Church e Brodribb, p. 195). O livro de Jonas é considerado por alguns como evidência da “perspectiva ampliada” do período após o exílio, mas a principal razão para se atribuir uma data pós-exílica a Jonas é o seu “universalismo amplo e sua humanidade tolerante”! (cf. Eissfeldt, op. cit., p. 405). Por outro lado, uma característica significativa da época de Davi é a amplitude de suas relações amistosas com os povos vizinhos. Contra o argumento (3), precisamos dizer em primeiro lugar que a presença de palavras e formas aramaicas num documento hebraico não demonstra necessariamente que o documento é de origem tardia. Embora seja verdade que o aramaico gradualmente substituiu o hebraico como língua comum depois do exílio, o hebraico dos tempos mais antigos continha palavras e formas semítico-ocidentais comuns ao hebraico e à sua língua irmã, o aramaico. Além disso, empréstimos linguísticos resultaram de associações com Síria e Arã do tempo de Davi. De qualquer forma, é incerto se mais do que duas ou três palavras citadas como tardias sejam aramaísmos genuínos, e estes podem ser mais facilmente explicados como alterações dos escribas ou glosas do que por uma datação do livro todo em época posterior.
Evidências positivas a favor de uma data durante o reinado de Davi estão baseadas:
(1) no fato de que a linguagem e o estilo de Rute pertencem ao hebraico clássico, como
S. R. Driver escreveu em 1891: “O estilo geral hebraico [...] está no mesmo nível das melhores partes de Samuel” (Driver, op. cit., p. 454); (2) na presença de uma série de formas gramaticais arcaicas, especialmente a confusão de gênero, encontradas nos diálogos; (3) no fato de que a história é transmitida na forma de uma narrativa histórica e descreve de maneira convincente as personagens e costumes da época; (4) no fato de que a bondade demonstrada para com Rute está em harmonia com a atitude geral demonstrada aos estrangeiros na época de Davi, e.g., aos moabitas, ISm 22.3; aos giteus, 2Sm 6,10; 15.18,19; aos amonitas, 2Sm 10.2; 17.27; 23.37; aos queretitas e peletitas, 2Sm 8.18; 15.18; aos hititas, 2Sm 11.3; 23.39; e aos arquitas, 2Sm 15.32; (5) na ausência do nome de Salomão depois do de Davi, que sugere uma data durante o reinado de Davi ou antes que Salomão fosse empossado; (6) no fato de que na tradição do Talmude segundo a qual Rute originariamente fazia parte de Juízes e que na LXX, provavelmente a evidência mais antiga a favor da ordem dos livros, e na Vulgata e versões ocidentais subsequentes, Rute vem imediatamente após Juízes. Outras evidências a favor da posição original de Rute entre os livros históricos vêm de Josefo (Contra Apionem, 1:8), Melito de Sardes, Jerônimo (Prologus Galeatus) e uma lista hebraico-aramaica muito antiga dos livros do Antigo Testamento. Mas na Bíblia hebraica o livro de Rute é colocado entre os Kttübim (“hagiógrafos” ou “escritos”), a terceira e última parte do Antigo Testamento a ser aceita como canônica. No Talmude babilónico, Rute vem primeiro nos Kttübim, antes de Salmos. Outras listas colocam Rute como primeiro dos Megillôt (os cinco “rolos”). Sabe-se que no século VI d.C. Rute estava na sua posição atual na Bíblia hebraica, segundo livro nos Megillôt, e era lido na sinagoga na festa das semanas (Pentecoste), que comemora o término da colheita de cevada. Rute foi provavelmente colocado entre os livros históricos no início e, depois, quando passou a ser usado na liturgia, foi transferido para os Megillôt. Se de fato foi assim, isso seria um argumento a favor da data antiga de Rute. Tudo isso não resulta em prova, mas o peso das evidências parece favorecer uma data no reinado de Davi ou Salomão.
O propósito do livro
O autor não declarou o seu propósito, nem ele fica claramente evidente no que ele escreveu. Mas deve ter havido um propósito, nem que tenha sido o objetivo puramente literário de escrever um conto agradável. Alguns estudiosos argumentam que Rute foi escrito para defender um universalismo que iria incluir todos os estrangeiros, até mesmo aqueles inimigos tradicionais de Israel, os moabitas; mas, na história, quem toma a iniciativa é Rute, que, dedicada à sua sogra, declara a sua lealdade ao Deus de Noemi. Rute não é um relatório missionário. John Gray considera Rute um chamado aos exilados que estão retornando numa época de restauração da fé em Deus, da caridade aos estrangeiros e de “lealdade aos antigos e bons padrões sociais” (New Century Bible, Ruth, p. 402). Outros argumentam que o ponto central da história é explicar a ascendência de Davi e apresentar um esboço biográfico dos seus antepassados piedosos. Mas a menção de Davi como filho de Jessé no final da narrativa (4.17b) e na genealogia final dificilmente se destaca como o ápice da história. Driver vê um propósito duplo: por um lado, o de suprir ancestrais para Davi e, por outro, o de mostrar como Rute, uma filha de Moabe, teologicamente hostil a Israel, obteve uma posição de honra entre o povo de Javé (op. cit., p. 454). Driver também vê um objetivo didático secundário, que é o de inculcar a responsabilidade do casamento por parte do parente mais próximo de uma viúva que não teve filhos do marido falecido. Mas, como comenta N. K. Gottwald, se Rute tem a intenção de restaurar ou preservar o costume antigo do levirato, o livro não é muito claro na descrição da sua prática (Gottwald, A Lightto the Nations, p. 518).
W. E. Staples sugere que o livro foi composto como um midrashe acerca de um culto da fertilidade em Belém, com Elimeleque representando o deus moribundo; Noemi, a deusa-mãe; e Rute, a sua devota. Eduard Reuss (1804—1891) considerava a história uma demonstração de união, na linhagem de Davi, de Judá em Boaz e do Israel do norte em Ma-lom, identificando de forma errônea efratita com efraimita (v., porém, Jz 12.5; ISm 1.1; lRs 11.26). O livro de Rute tem sido visto até como uma polêmica contra Atalia! Eissfeldt enxerga uma semelhança de propósito com o livro de Jó: Deus restaurando o que ele tirou depois de alguém suportar o sofrimento e a provação. O que K. A. Kitchen escreveu a respeito de Jonas vale também para Rute: “Uma vez que se descarta a interpretação direta e franca desse livro como uma simples narrativa, segue um caos de interpretações concorrentes sem solução clara alguma” (Kitchen, “The Old Testament in its Context”, 4, TSF Bulletin, n. 62, primavera de 1972, p. 6).
Este autor está convicto de que o autor bíblico foi inspirado para escrever a história de Rute porque era uma história real digna de ser contada. O seu valor está em seus fatos interessantes acerca de pessoas interessantes. Que a história contenha muitos aspectos que são instrutivos, esclarecedores e encora-jadores é incidental, mas a história é muito mais aceitável e prazerosa por ser assim. Entre outras coisas, vemos (1) que o Senhor na sua soberania estava realizando os seus propósitos cósmicos enquanto ao mesmo tempo se envolvia intimamente com pessoas que de outra forma seriam pessoas meramente comuns; (2) que há dignidade e sacralidade em muito do que consideramos secular e comum, e até desagradável, e.g., o trabalho; (3) que o surgimento de Davi foi providencial, e não por acaso (G. T. Manley, The New Bible Handbook, p. 166); (4) que a verdadeira religião é supranacional; (5) que o amor tem o poder de romper as barreiras da alienação,
das hostilidades e dos preconceitos que construímos à nossa volta; (6) que um estrangeiro que confiasse em Deus e que tivesse o desejo de se identificar com o povo de Deus era digno de completa aceitação; (7) que todos os que põem a sua confiança no “amor leal” de Deus (hesed) e que expressam esse amor no relacionamento com os outros serão ricamente abençoados.
Um aspecto interessante é a função do resgatador (gõ’êf); a luz que isso projeta sobre a declaração de que Javé é o Gõ’êl de Israel, o seu resgatador (e.g., Is 41.14), e o destaque que dá à redenção sob a nova aliança e ao Redentor. Aqueles que usam Rute para ilustrar o evangelho do NT deveriam destacar entre outras diferenças o fato de que, enquanto Rute tinha direito legal sobre o seu parente próximo, o pecador não tem esse direito sobre a libertação operada por Deus. E aqueles que exercitam a sua ingenuidade aqui ao usarem de alegoria para interpretar o livro fariam bem em aplicar as reais lições dessa história aos problemas de hoje (cf. H. L. Ellison, The Message ofthe Old Testament, p. 81). Rute tem relevância especial para os tempos presentes, em que a falta de disposição de colocar Deus em primeiro lugar, outros em segundo e a nós mesmos em último resulta no desmoronamento da vida familiar, no afrouxamento dos laços familiares e na fuga das responsabilidades familiares.
ANÁLISE
I. RUTE VEM PARA BELÉM (1.1-22)
1) Uma família israelita em Moabe (1.1-5)
2) A determinação de Rute em ir com Noemi (1.6-18)
3) Rute e Noemi chegam a Belém (1.19-22)
II. RUTE ENCONTRA BOAZ (2.1-23)
1) Rute faz a respiga nos campos de Boaz (2.1-7)
2) Boaz oferece proteção e demonstra bondade (2.8-16)
3) Rute volta para Noemi (2.17-23)
III. RUTE REIVINDICA A PROTEÇÃO DO PARENTE PRÓXIMO (3.1-18)
1) O conselho de Noemi (3.1-5)
2) Rute na eira (3.6-13)
3) Rute volta para Noemi (3.14-18)
IV. BOAZ CASA COM RUTE (4.1-22)
1) Boaz assume o direito de resgatador (4.1-12)
2) Rute tem um filho (4.13-17)
3) Observação genealógica (4.18-22)
I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO
1. Na Bíblia Hebraica
2. Na Bíblia Cristã
3. Autoria e data
II – O CONTEXTO HISTÓRICO
1. No tempo dos juízes
2. Secularismo, hedonismo e idolatria
3. Opressão, clamor e livramento
III – PROPÓSITO E MENSAGEM
1. O cetro de Judá
2. Amor e redenção
3. Fidelidade e altruísmo
“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.” (Rt 1.1)
Servir a DEUS não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.
Segunda - Rt 1.1; 4.21,22 O contexto do Livro de Rute remete aos Juízes
Terça - Jz 1.7-19 Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu
Quarta - Jz 2.7-13; 3.5-7 Israel atraído à idolatria dos cananeus
Quinta - Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4 Longanimidade e misericórdia de DEUS
Sexta - Gn 49.10 O cetro não se afastará da tribo de Judá
Sábado - cf. Ef 2.11-16 Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação
1 - E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.
2 - E era o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali.
3 - E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,
4 - os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.
5 - E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.
1. INTRODUÇÃO
O Livro de Rute conta uma história muito bonita entre nora e sogra. Rute, a nora, amou singelamente a sua sogra, Noemi. Após o falecimento do esposo de Rute, filho de Noemi, esta orientou a sua nora a retornar à terra nativa, Moabe. Rute, a moabita, não concordou em deixar a sua sogra, de modo que a seguinte declaração mostra a profundidade do compromisso dela com a mãe de seu saudoso esposo: "O teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS" (Rt 1.16). Nesse contexto, contemplamos a maneira que DEUS preserva a história de pessoas que permanecem fiéis apesar das circunstâncias. Por isso, nesta lição, temos o objetivo de apresentar um panorama do Livro de Rute e seus principais temas.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Fazer a análise da organização do Livro de Rute; II) Remontar o contexto histórico do Livro de Rute; III) Apresentar o propósito e a mensagem do Livro de Rute.
B) Motivação: A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal traz um relato que serve de motivação para a aula desta semana: "Quando conhecemos Rute, ela é uma viúva sem perspectiva de vida. Acompanhamos sua união com o povo de DEUS, a colheita no campo e o risco de sua honra na eira de Boaz. Finalmente a vemos tornar-se esposa dele. Um retrato de como chegamos a CRISTO. Começamos sem esperança e somos estrangeiros rebeldes sem parte no reino de DEUS. Então [...] DEUS nos salva, perdoa, reconstrói nossa vida. [...] A redenção de Rute através de Boaz é um retrato da nossa remissão através de CRISTO".
C) Sugestão de Método: Para introduzir esta aula, apresente o esboço do Livro de Rute. Explique que o livro está estruturado nos seguintes pontos: 1) A Adversidade de Noemi (1.1-5); 2) Noemi e Rute (1.6-22); 3) Rute conhece Boaz no campo (2.1-23); 4) Rute vai até Boaz na eira (3.1-18); 5) Boaz se casa com Rute (4.1-13); 6) A bênção e realização de Noemi (4.14-17); 7) A história da família - de Perez a Davi (4.18). Você pode reproduzir esse esboço no datashow, na lousa ou até mesmo em Cartolina. Pode também, por meio das Bíblias de Estudo, Pentecostal ou Aplicação Pessoal, aprofundar a sua pesquisa e apresentar um quadro mais completo do livro aos alunos. O ponto aqui é que você esteja consciente da necessidade de apresentar a estrutura do livro por meio de esboço com o objetivo de sua classe compreender melhor o desenvolvimento da história sagrada de Rute.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: O Livro de Rute nos apresenta um quadro grandioso de superação de uma mulher diante de uma situação desoladora. Com o livro aprendemos que não importa quão devastadora ou desafiadora possa ser a nossas circunstâncias, pois a nossa esperança está centrada em DEUS que tem os recursos infinitos para nos disponibilizar.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que ajudarão aprofundar a reflexão sobre o tema. 1) O texto "Rute", localizado depois do primeiro tópico, destaca o significado do seu nome e o propósito espiritual da obra; 2) O texto "Compromisso com a Aliança", ao final do terceiro tópico, demonstra como os conceitos de aliança, concerto e fidelidade estão presentes no livro de Rute.
O livro de Rute se destaca não apenas por sua beleza literária mas, principalmente, pela profundidade espiritual de sua mensagem. Fonte de inspiração para judeus e cristãos ao longo dos séculos, o livro narra uma história de amizade, amor e redenção. Uma extraordinária demonstração de como o Todo-poderoso trabalha em meio às crises para cumprir seus desígnios eternos. Ele transforma tristeza em alegria, perdas em ganhos, derrotas em vitórias. Rute nos apresenta Jeová-Jireh, o DEUS que provê (Gn 22.14).
1. Na Bíblia Hebraica
O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica, que é composta apenas dos livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. Essa terceira seção é chamada Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos). A primeira seção é a Torá (Pentateuco) e a segunda é a Neviim (Profetas) (Lc 24.44). Dentre os Escritos, que são onze livros, estão os Megillot (cinco rolos), livros curtos lidos publicamente nas festas judaicas anuais: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Em função de narrar fatos ocorridos durante a colheita, a leitura litúrgica de Rute era tradicionalmente feita durante o Shavu’ot (Pentecoste), a festa da colheita.
Enquanto a Bíblia Hebraica está dividida em três seções (Pentateuco, Profetas e Escritos), o Antigo Testamento da Bíblia Cristã é composto de quatro: Pentateuco, Poéticos, Históricos e Proféticos. Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo. Mas é identificado também por sua extraordinária beleza poética. Empregando estilo e linguagem próprios do hebraico clássico, o autor expõe aspectos subjetivos da vida dos personagens (Rt 1.12-21; 2.13,20; 3.1; 4.16). A obra está organizada em quatro capítulos, somando 85 versículos.
Há uma diversidade de opiniões entre os eruditos acerca da autoria e data do Livro de Rute. Samuel é o autor mais provável. O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi, parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17). Além disso, as características gerais da obra indicam uma atmosfera própria do início do período da monarquia de Israel. Sendo assim, o livro teria sido escrito no século X a.C.
O livro de Rute traz o nome de uma das principais personagens do livro. Rute era viúva de Malom, nora de Noemi e, por fim, esposa de Boaz. A etimologia de seu nome não é clara, embora alguns tentem ligar o nome a “amizade” (heb. re‘ut) ou a “associando-se com ou vendo” (heb. ra’ah). Apesar de Rute ser mencionada (com frequência especificamente como “a moabita”) várias vezes nas páginas desse livro e mais uma vez na genealogia do Messias (Mt 1.5), é surpreendente que esse livro notável traga seu nome no título. Rute não era israelita; como moabita, era de uma nação que odiava Israel.
1. No tempo dos juízes
Não há uma data precisa para os fatos narrados em Rute. O que sabemos é que ocorreram três gerações antes de Davi, nos dias dos juízes (Rt 1.1; 4.21,22). Esse período (dos juízes) durou mais três séculos. Começou depois da morte de Josué (por volta de 1375 a.C.) e se estendeu até o início da monarquia de Israel, com a ascensão de Saul ao trono (1050 a.C.). Foi marcado por uma grande anarquia e uma profunda apostasia e infidelidade do povo hebreu (Jz 1.7-19). Uma frase que identifica bem aquela época sombria é: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6). Sem uma sábia direção, o povo perece (Pv 11.14).
Depois da morte de Josué e dos demais líderes de seu tempo, levantou-se uma geração que não tinha uma profunda comunhão com DEUS e não conhecia o que Ele havia feito ao povo hebreu. Israel cedeu ao estilo de vida pecaminoso dos cananeus e foi atraído à adoração dos seus deuses (Jz 2.7-13; 3.5-7). Secularismo e hedonismo sempre levam a grandes tragédias morais e espirituais. O pervertido culto a Baal (o deus da chuva) e a Astarote (a deusa do sexo e da guerra) passou a ser praticado pela nação hebreia, em um degradante nível de imoralidade e idolatria. A falta de uma liderança espiritualmente madura e temente a DEUS causa prejuízos incalculáveis ao povo. No Reino de DEUS, não basta ter carisma para liderar; é preciso ter caráter aprovado (1 Tm 3.2-13; 2 Tm 2.15; Tt 2.7,8).
A apostasia tornou Israel presa fácil de seus inimigos, que atacavam e saqueavam suas cidades e terras, e mantinham o povo sob domínio opressor por longos períodos (Jz 3.7-9; 12-14; 4.1-3; 6.1-6). Afligida, a nação clamava a DEUS, e o Senhor levantava juízes para libertar o seu povo. Esses juízes (heb. shophetim) não eram magistrados civis, como os que conhecemos hoje, que julgam em fóruns e tribunais. Eram libertadores – geralmente líderes militares, como Otniel, Baraque e Gideão (Jz 3.9-11; 4.10-15; 7.16-25) –, poderosamente usados por DEUS para “julgar” a causa de Israel, livrando-o de seus opressores. Apesar dos repetidos ciclos de infidelidade da nação, DEUS ouvia o gemido do seu povo em seus momentos de dor e aflição (Jz 2.18). O Senhor é longânimo e cheio de misericórdia (Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4; Lm 3.22). Ele ouve os que a Ele clamam (Jr 29.12,13; Is 55.6).
1. O cetro de Judá
Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22). Gênesis 49.10 diz: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. Embora Rúben fosse o primogênito de Jacó, seu ato de desonra ao leito do pai, deitando-se com sua concubina, fez com que perdesse a primogenitura – a posição de liderança (Gn 35.22; 49.4). A promessa feita a Abraão seguia, agora, pela descendência de Judá. Sendo Samuel o autor do livro de Rute, o propósito de registrar a genealogia de Davi ganha ainda mais sentido, já que naquele tempo o rei de Israel era Saul, um benjamita (1 Sm 9.1,2; 25.1). A ancestralidade de Davi o legitimava para o trono.
A mensagem principal de Rute é o amor de DEUS e seu plano de redenção da humanidade. Como representantes de judeus e gentios, respectivamente, Boaz e Rute prenunciam a derrubada da parede de separação (Ef 2.11-16). A redenção é vista, no livro, nos sentidos literal e tipológico. Boaz é o parente remidor que preservou a descendência de Elimeleque, mas é, também, um tipo de CRISTO, nosso Redentor (Is 59.20; Lc 1.68; Ef 1.7; Tt 2.14).
O livro de Rute abre uma janela que nos permite ver que nem tudo eram trevas nos dias dos juízes. Havia um remanescente fiel, que temia a DEUS e foi usado por Ele para cumprir seus propósitos (Jó 42.2). Em um mundo de crescente iniquidade, o justo vive pela fé (Hc 2.4; cf. Mt 24.12,13). Outra eloquente mensagem do livro é o valor do altruísmo em que predominava o egoísmo. Nos dias dos juízes, a maioria vivia segundo os seus próprios padrões e interesses (Jz 21.25). Noemi e Rute destoaram dessa máxima individualista. Sogra e nora não pensavam em si mesmas. O amor não é egoísta (1 Co 13.5).
O livro de Rute nos ensina que, a despeito da incredulidade e dos pecados do homem, DEUS sempre trabalha para cumprir os seus desígnios. Sem violar o princípio do livre-arbítrio humano, o Todo-poderoso conduz a história e executa seu plano eterno de redenção. O livro também nos mostra como a fidelidade de DEUS se aplica às circunstâncias comuns da vida. Em tudo Ele é fiel (Is 64.4).
1. Como o livro de Rute é classificado na Bíblia Hebraica?
O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica: Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos).
2. Como e por que o livro é categorizado na Bíblia Cristã?
Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo.
3. Que evidências apontam para a autoria de Samuel?
O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17).
4. Qual o contexto histórico de Rute?
O tempo dos juízes.
5. Qual a principal mensagem do livro?
Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22).