Lição 2, A Escolha Entre A Porta Estreita E A Porta Larga, 2Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
I – PORTAS E CAMINHOS
1. A porta estreita
2. O caminho apertado
3. Porta larga e caminho espaçoso
II – POR QUE ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É DIFÍCIL
1. Uma porta aberta, porém, difícil
2. As oportunidades da porta larga são atraentes
3. As razões das exigências
III – ENTRANDO PELA PORTA E
PELO CAMINHO DO CÉU
1. Arrependimento de pecados
2. Confissão de pecados
3. Produzindo frutos de arrependimento
TEXTO ÁUREO
“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que
muitos procurarão entrar e não poderão.” (Lc
13.24)
VERDADE PRÁTICA
A porta estreita não é uma opção, mas a única alternativa
disponível para o crente entrar no Céu.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
– Pv 15.24 A ideia da “porta estreita”
presente no AT
Terça – Mt 5.39,48 Princípios celestiais da “porta estreita”
Quarta – Mt 16.24; Rm 6.6; Gl 5.24 Renúncia e a glória progressiva
da “porta estreita”
Quinta – 1 Co 6.9,10; Gl 5.19-21 A recompensa de quem entra pela
“porta larga”
Sexta – Is 1.15,16; 55.7; Jr 7.3-7 A “porta estreita” é um chamado
ao arrependimento
Sábado – Pv 28.13; 1 Jo 1.7 A “porta estreita” é um caminho de
confissão e de perdão
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 7.13,14; 3.1-10
Mateus 7
13 - Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e
espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14 - E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à
vida, e poucos há que a encontrem.
Mateus 3
1 - E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da
Judeia
2 - e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.
3 - Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas.
4 - E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de
couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
5 - Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a
província adjacente ao Jordão;
6 - e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus
pecados.
7 - E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao
seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira
futura?
8 - Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento
9 - e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão;
porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
10 - E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
Comentários BEP – CPAD
7.14 ESTREITA É A PORTA... E POUCOS OS QUE A ENCONTREM. Cristo
ensinou que não devemos esperar que a maioria o siga pelo caminho que leva à
vida. (1) São poucos os que querem entrar pela porta humilde do verdadeiro
arrependimento e, em seguida, negar-se a si mesmo para seguir a Jesus,
esforçar-se sinceramente para obedecer aos seus mandamentos, buscar zelosamente
o seu reino e a sua justiça e perseverar até o fim com verdadeira fé, pureza e
amor. (2) Jesus, no Sermão do Monte, descreve as grandes bênçãos que pertencem
aos discípulos do seu reino (Mt 5.3-12), mas Ele também ressalta que esses
discípulos não escaparão à perseguição (5.10-12). Além disso, contrastando com
alguns evangelistas que pregam que ser salvo é uma das coisas mais fáceis neste
mundo, Jesus ensinava que segui-lo importa em sérias obrigações no tocante à
justiça, à aceitação da perseguição, ao amor aos inimigos e à renúncia pessoal.
3.2 ARREPENDEI-VOS. O significado básico de arrependimento (gr.
metanoeo) é voltar-se ao contrário ; dar uma volta completa. Trata-se de
abandonar os maus caminhos e voltar-se para Cristo e, através dEle, para Deus (At
8.22; 26.18; 1 Pe 2.25; Jo 14.1,6). (1) A decisão de abandonar o pecado e
querer a salvação em Cristo importa em aceitar a Cristo não somente como
Salvador da penalidade do pecado, mas também como Senhor da nossa vida. Por
conseguinte, o arrependimento envolve um
troca de senhores; do senhorio de Satanás (Ef 2.2) para o senhorio de
Cristo e da sua Palavra (At 26.18). (2) O arrependimento é uma decisão livre,
da parte do pecador, possibilitada pela graça divina capacitadora que lhe é
concedida quando ele ouve o evangelho e nele crê (At 11.21). (3) A definição da
fé salvífica como mera confiança em Cristo como Salvador é totalmente
inadequada, ante a exigência do tipo de arrependimento feita por Cristo.
Definir a fé salvífica sem incluir um rompimento total com o pecado é distorcer
fatalmente o conceito bíblico da redenção. A fé que inclui o arrependimento é
uma condição imutável para a salvação (cf. Mc 1.15; Lc 13.3,5; At 2.38; 3.19; 11.21). (4)
O arrependimento foi uma mensagem básica na pregação dos profetas do AT (Jr
18.8; Jl 2.12,13; Ml 3.7; Ez
18.21), de João Batista (3.2), de Jesus Cristo (Mt 4.17; 18.3; Lc 5.32) e dos
cristãos no NT (At 2.38; 8.22; 11.18; 2 Pe 3.9). A pregação do arrependimento
sempre deve acompanhar a mensagem do evangelho (Lc 24.47)
3.7 FARISEUS E SADUCEUS. Dois dos mais proeminentes grupos
religiosos judaicos eram os fariseus e os saduceus. (1) Os fariseus eram um
grupo religioso que procurava observar todo o AT, e ao mesmo tempo suas
interpretações puramente humanas. Para eles, a salvação consistia na obediência
à letra dessas leis e regras. A sua religião era exterior na sua forma, e sem
qualquer piedade interior, i.e., no coração (23.25). Estavam em constante
oposição a Jesus e à sua mensagem, o qual ensinava que a religião deve ter sua
sede no coração e no espírito, indo além da obediência legalista do homem aos
mandamentos das Escrituras (cf. Mt 9.14; 23.2-4; Lc 18.9-14). (2) Os saduceus
eram os liberais da época. Não criam no sobrenatural. Externamente demonstravam
obediência à lei de Deus, mas na prática negavam os seus ensinamentos.
Rejeitavam as doutrinas da ressurreição,
dos anjos, dos milagres, da imortalidade e do juízo vindouro.
Tinham uma vida mundana e moralmente relaxada. Eles, também, perseguiam a Jesus
Cristo (Mt 16.1-4).
3.8 FRUTOS DIGNOS DE ARREPENDIMENTO. O arrependimento genuíno será
acompanhado pelo fruto da justiça (cf. 23.23; Lc 3.10-14; At 26.20). A
verdadeira fé salvífica e a conversão devem evidenciar-se por meio de vidas que
deixam o pecado e dão frutos agradáveis a Deus (ver Jo 15.16). Aqueles que
dizem crer em Cristo e ser filhos de Deus, mas cuja vida não produz bons
frutos, serão como árvores que são cortadas e lançadas ao fogo (vv. 8-10,12).
HINOS SUGERIDOS: 208, 447, 570 da Harpa Cristã
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO
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O Sermão da Montanha
Mateus 7. 12-14
Aqui nosso Senhor está insistindo
conosco sobre a justiça dos homens, que é um ramo essencial da verdadeira
religião, e que a fé em Deus é um ramo essencial da justiça universal.
I
Devemos fazer da justiça a nossa lei, e ser
governados por ela (v. 12). Portanto, estabeleça isso como seu princípio,
agindo em relação aos outros da mesma forma como gostaria que eles agissem com
você. Como regra geral, e a fim de obedecer a esse princípio especial, procure
não julgar ou censurar o seu próximo (não censure, se não deseja ser censurado)
para alcançar o benefício das promessas feitas. A lei da justiça se mostra
adequada quando aliada à lei da oração, pois, a não ser que sejamos sinceros em
nossas palavras, Deus não ouvirá as nossas orações (Is 1.15-17; 58.6,9; Zc 7.9,13).
Não podemos esperar receber coisas boas de Deus, se nós mesmos não as
praticarmos, bem como tudo aquilo que for honesto, gracioso e de boa reputação
entre os homens. Devemos ser, além de piedosos, também sinceros, caso contrário
nossa devoção será apenas hipocrisia. Temos, então, que:
1. As regras da justiça foram
estabelecidas. Você deve fazer às outras pessoas tudo aquilo que gostaria que
elas lhe fizessem. Cristo veio para nos ensinar aquilo que devemos saber e
acreditar, mas também como devemos agir em relação não só aos amigos e discípulos
que fazem parte da nossa religião, como também aos homens em geral, entre os
quais exercemos alguma atividade. O conceito moral da igualdade é agir com os
outros como gostaríamos que agissem conosco. Alexandre Severo, um imperador
pagão, era um grande admirador desse conceito e mandou que fosse escrito nas
paredes dos seus aposentos. Ele o citava muitas vezes quando expressava as suas
decisões e, por conta dele, honrava a Cristo e ajudava os cristãos. Quod tibi,
hoc alteri – Faça aos outros aquilo que você gostaria que eles lhe fizessem.
Seja na forma negativa (Quod tibi fieri non vis, ne alteri feceris), ou
positiva, esse preceito quer dizer a mesma coisa. Não devemos retribuir aos
outros o mal que eles nos fizeram ou que poderiam nos fazer, se isso estivesse
em seu poder. Nem devemos fazer aquilo que pensamos que tenha sido feito contra
nós. Podemos suportar com alegria tudo aquilo que nos seja feito. Isso está
fundamentado naquele grande mandamento: amar ao próximo como a si mesmo. Da
mesma forma como devemos sentir pelo nosso próximo o mesmo amor que sentimos
por nós, devemos também praticar as mesmas boas obras. O significado dessa
regra está baseado em três coisas. (1) Devemos praticar com nosso próximo
aquilo que nós mesmos reconhecemos que é próprio e razoável. Quando se trata da
nossa pessoa, essa súplica é feita à nossa consciência, e a manifestação do
nosso juízo corresponde ao nosso próprio desejo e expectativa. (2) Devemos
colocar as pessoas em um nível igual ao nosso e reconhecer que somos devedores
a elas pelo muito que fazem por nós. Estamos tão presos à justiça quanto elas,
e elas têm igual direito aos seus benefícios. (3). Em nossos relacionamentos
com os nossos semelhantes, devemos nos colocar na mesma circunstância e
situação especial daqueles com os quais tratamos, e também precisamos agir
adequadamente em relação a eles. Se você estivesse negociando com alguém, ou
enfrentando alguma enfermidade ou aflição, como desejaria ser tratado? Essa é
uma justa suposição, pois não sabemos se muito em breve esse caso poderá
realmente acontecer conosco. Pelo menos podemos temer que, em sua justiça, Deus
faça conosco aquilo que fizermos aos outros, se não lhes tivermos feito aquilo
que gostaríamos que fosse feito conosco.
2. Existe uma razão que reforça essa
lei; “essa é a lei e os profetas”. Ela representa o resumo daquele segundo
grande mandamento, de um daqueles dois mandamentos dos quais depende toda a lei
e os profetas (Mt 22.40). Não o temos com tantas palavras, tanto na lei como
nos profetas, embora exista uma linguagem concomitante entre ambos. Tudo que
foi dito a respeito do nosso dever em relação ao próximo (e que não é pouco)
pode ser resumido nessa lei. Ela foi introduzida por Cristo na sua lei, de modo
que tanto o Antigo Testamento como o Novo estão de acordo em prescrevê-la para
nós, para fazermos aquilo que gostaríamos que nos fosse feito. Através dela, a
lei de Cristo fica comprovada, e a vida dos cristãos também, quando comparada a
ela. Se não estiverem de acordo com o Evangelho, não serão cristãos.
II
Devemos fazer da religião nossa vocação e nos
dedicarmos a ela, e devemos ser rigorosos e circunspectos em nossas palavras. A
religião está aqui representada como se estivéssemos entrando por uma porta
estreita, ou caminhando ao longo de uma estrada apertada (vv. 13,14). Observe
então:
1. O relato é sobre o caminho que
conduz à perdição e sobre o bom caminho da santidade. Existem apenas dois
caminhos, o certo e o errado, o bom e o mau, o caminho para o céu e o caminho
para o inferno. Seja qual for o caminho em que cada um de nós esteja andando
agora, não existe um meio-termo. Os filhos dos homens – sejam santos ou
pecadores, religiosos ou ímpios – serão tragados pela eternidade.
Eis aqui: (1) Um relato que nos foi
dado sobre o caminho do pecado e os pecadores, incluindo tanto o que existe em
termos de esperança como o que há de pior nele.
[1] O caminho que atrai as multidões
e não as deixa se afastar; a porta é larga e o caminho é amplo, e nele existem
muitos viajantes. Em primeiro lugar: “Você terá abundante liberdade nesse
caminho; a porta é larga e se mantém aberta para tentar aqueles que procuram
esse caminho. Você pode atravessar essa porta com toda sua luxúria, ela não
restringe os seus apetites ou suas paixões. Você terá bastante espaço para
seguir o caminho do seu coração e a visão dos seus olhos”. É um caminho amplo e
nada existe que possa limitar aqueles que o percorrem. No entanto, eles
vagueiam sem parar. Trata-se de um caminho cheio de atalhos, existe a
possibilidade de escolher os diferentes atalhos do pecado. Em segundo lugar:
“Você terá muitos companheiros nesse atalho, pois existem muitos que entram por
essa porta e seguem esse caminho”. Se seguirmos a multidão, será para praticar
o mal. Se acompanharmos essas pessoas, estaremos percorrendo o caminho errado.
Faz parte da nossa natureza a inclinação de seguir a corrente e agir de acordo
com os nossos semelhantes. Mas estaremos sendo excessivamente complacentes, se
estivermos dispostos a receber a condenação e ir com eles para o inferno só
pelo privilégio da sua companhia. Eles não irão para o céu conosco. Devemos ser
muito cuidadosos, pois muitos irão perecer.
[2] O caminho que nos amedronta é o
que nos leva à destruição. A morte, a morte eterna, é o que nos espera ao
chegarmos ao seu término (e o caminho do pecado leva a ela), à eterna desolação
e à separação da presença do Senhor. Seja ele a estrada para uma vida
evidentemente profana, ou o retorno a uma hipocrisia reservada, será sempre o
caminho do pecado e da nossa ruína, se não nos arrependemos.
(2) Temos aqui o relato que nos foi
dado sobre o caminho da santidade.
[1] O que existe nele que leva
muitos a ficar temerosos. Vamos conhecer o pior que pode nos acontecer para
podermos sentar e avaliar as consequências. Cristo cuida fielmente de nós e nos
ensina:
Em primeiro lugar, que a porta é
estreita. A conversão e a regeneração representam a porta pela qual entramos
nesse caminho, no qual começamos uma nova vida de fé e sincera piedade. Para
sair de um estado de pecado para um estado de graça devemos passar pelo novo
nascimento (Jo 3.3,5). A porta é estreita e difícil de ser encontrada e de
atravessar, como uma passagem entre dois rochedos (1 Sm 14.4). Deve haver um
novo coração e um novo espírito e as coisas antigas devem ser deixadas para
trás. A disposição da alma deve ser mudada e os hábitos e os costumes antigos
devem ser abandonados. Tudo aquilo que temos estado fazendo deve ser refeito.
Devemos nadar contra a correnteza, e toda a oposição deve ser combatida e
destruída, aquela que está no nosso interior e a que está fora de nós. É mais
fácil colocar um homem contra o mundo do que contra si mesmo; no entanto, isto
deve ocorrer na sua conversão. É uma porta estreita e devemos nos humilhar para
poder passar. Devemos nos tornar tão pequenos como as crianças. Os pensamentos
orgulhosos devem ser suprimidos, devemos nos desnudar, nos anular, abandonar o
mundo e tudo que éramos antes. Devemos estar dispostos a desistir de tudo pela
nossa atração a Cristo. A porta é estreita para todos, mas para alguns ela é
mais estreita ainda, como para os ricos, para alguns que durante muito tempo
têm estado predispostos contra a religião. A porta é estreita. Bendizemos a
Deus por ela não estar fechada, nem trancada contra nós, nem guardada com uma
espada flamejante, como irá acontecer dentro de pouco tempo (Mt 25.10).
Em segundo lugar, que o caminho é
estreito. Não estaremos nos céu logo que atravessarmos a porta estreita, nem em
Canaã, assim que tivermos cruzado o Mar Vermelho. Na verdade, precisamos
atravessar o deserto, viajando por um caminho estreito cercado pela lei divina,
que é excessivamente extensa e torna o caminho estreito. A personalidade deve
ser negada, o corpo mantido sob controle e as corrupções dominadas. As
tentações diárias devem ser resistidas e os deveres devem ser executados, mesmo
aqueles que vão contra nossas inclinações. Devemos suportar as situações
difíceis, lutar e nos afligir, vigiar em todas as coisas e caminhar com cuidado
e circunspeção. Iremos atravessar muitas tribulações. Será um caminho cercado
por espinhos, abençoado por Deus, mas cheio de dificuldades. Os corpos que
carregamos, cheios de corrupção, dificultam a prática do nosso dever; mas à
medida que o entendimento e a vontade crescem, esse dever se torna mais firme.
Ele se ampliará e se tornará cada vez mais agradável.
Em terceiro lugar, sendo a porta tão
estreita, e o caminho tão apertado, não é de admirar que poucos o encontrem.
Muitos passarão por ele descuidadamente e não farão um grande esforço para
achá-lo, pois acreditam estar muito bem e não vêem necessidade de mudar sua
maneira de viver. Outros chegam a considerar esse caminho, mas se desviam, pois
não gostam de ser limitados ou restringidos. Muito poucos serão os que irão
para o céu, comparados aos que irão para o inferno. Serão apenas os
remanescentes de um grande rebanho, como as respigas de uvas de uma vindima ou
como aqueles oito que foram salvos na arca (1 Pe 3.20). In vitia alter alterum
trudimus. Quomodo ad salutem revocari potest, quum nullus retrahit, et populus
impellit – Os homens induzem seus semelhantes a seguir à frente nos caminhos do
pecado. Como alguém poderá retornar à vereda segura, quando é impelido pela
multidão, e sem encontrar nenhuma influência contrária? Sêneca, Epist. 29. Por
isso muitos ficam desanimados, anseiam por ser diferentes, solitários, e
preferem dizer: Se tão poucos irão para o céu, sobrará mais lugar para mim.
[2] Vejamos o que existe nesse
caminho, o qual, embora apresente tudo isso, nos convida a percorrê-lo. Ele
leva à vida, nos conforta com o favor de Deus, que representa a vida da alma, a
bem-aventurança eterna, a esperança de que ao final venceremos todas as
dificuldades e transtornos da estrada. A vida e a piedade foram reunidas (2 Pe
1.3). A porta é estreita e o caminho é apertado e íngreme, mas apenas uma hora
no céu servirá para nos compensar por ele.
2. A grande preocupação e o dever de
cada um de nós ao considerarmos tudo isso. “Entrai pela porta estreita”. Esse
assunto foi claramente explicado – a vida e a morte, o bem e o mal foram
expostos à nossa frente, tanto os seus caminhos como as suas consequências e os
seus resultados finais. Vamos então examinar esse assunto cuidadosamente,
considerá-lo com imparcialidade, e depois decidir andar de acordo com esses
caminhos. Trata-se de assunto definitivo, que não admite discussão. Nenhum
homem, dentro do seu juízo perfeito, iria escolher a prisão só pelo fato de o
caminho que leva até ela ser suave e agradável, nem recusar a oferta de um
palácio ou de um trono porque o caminho que leva a ele é áspero ou
desagradável. No entanto, o homem é culpado de cometer tais absurdos no que se
refere à sua alma. Portanto, não demore, não pense mais, entre já pela porta
estreita. Use as suas orações constantes e sinceras para bater nela, e assim
ela lhe será aberta; isto é, uma porta grande e valiosa se abrirá. É verdade
que não podemos nem entrar, nem caminhar, sem a ajuda da graça divina, mas
também é verdade que ela nos é oferecida gratuitamente e não faltará àqueles
que a procuram e se submetem a ela. A conversão é uma tarefa árdua e
necessária, mas é abençoada por Deus e totalmente possível, se nos esforçarmos
(Lc 13.24).
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João Batista
Mateus 3. 1-6
Aqui temos um relato da pregação e do batismo de João. Observe:
I
A ocasião em que ele
apareceu. “Naqueles dias” (v. 1), ou depois daqueles dias, muito tempo depois
do que foi registrado no capítulo anterior, que deixou o menino Jesus na sua
infância. “Naqueles dias”, na ocasião indicada pelo Pai para o início do da
missão de JESUS para se entregar por nós ao juízo de cruz, quando a plenitude
dos tempos era chegada, um período que era frequentemente mencionado dessa
maneira no Antigo Testamento. Naqueles dias. Agora, tinha se iniciado a última
das semanas de Daniel, ou melhor, a última metade da semana, quando o Messias
iria confirmar o concerto com muitos (Dn 9.27). As manifestações de Cristo
ocorrem todas no seu devido tempo. Coisas gloriosas tinham sido ditas, tanto
sobre João Batista como sobre Jesus, por ocasião dos seus nascimentos, e antes
deles, o que teria dado oportunidade para se esperar algumas extraordinárias
manifestações da presença e do poder divino com eles, quando eram ainda muito
jovens; mas as coisas aconteceram de maneira muito diferente. Com exceção do
debate entre Cristo e os doutores, quando tinha doze anos de idade, nada parece
notável a respeito de nenhum deles, até completarem aproximadamente trinta
anos. Nada é registrado sobre a infância e a juventude deles, mas a maior parte
das suas vidas é envolta em trevas e obscuridade: estas crianças pouco diferem,
na sua aparência, de outras crianças, da mesma maneira como o herdeiro,
enquanto ainda é pequeno, não é nada diferente de um servo, embora ele seja
senhor de tudo. E isto queria dizer que:
1. Mesmo quando Deus está agindo como o Deus de Israel, o Salvador,
Ele é verdadeiramente um Deus que se oculta (Is 45.15). “O Senhor está neste
lugar, e eu não o sabia” (Gn 28.16). “O meu amado... está detrás da nossa
parede, olhando pelas janelas” (Ct 2.9). JESUS em tudo se fez semelhante aos
homens, menos no peado, se humilhou até a morte de cruz.
2. A nossa fé deve principalmente ter Cristo em vista, o seu
ministério e as suas obras, pois existe uma demonstração do seu poder; mas na pessoa
do ESPÍRITO SANTO que Nele habita após o batismo nas águas onde está o
esconderijo do seu poder. Todo o tempo, Cristo não deixou de ser DEUS no céu e homem
na Terra; mas nós não sabemos o que Ele fez ou disse, até Ele aparecer como um
profeta, e então o ouvirmos.
3. Os jovens, embora bastante qualificados, não devem se sentir
entusiasmados a se apresentar no ministério público, mas devem ser humildes e
modestos, rápidos para ouvir e lentos para falar.
Mateus não nos fala nada sobre a concepção e o nascimento de João
Batista, que é relatado com detalhes por Lucas. Mateus encontra João Batista já
adulto, como se tivesse caído das nuvens para pregar no deserto. Pois durante cerca
de quatrocentos anos Israel ficou sem
profetas (Período Interbíblico);
aquelas luzes havia muito tempo se apagaram, para que ele pudesse ser o mais
desejado, aquele que seria o maior profeta. Depois de Malaquias não houve
profeta, nem algum pretendente ao cargo, até João Batista.
II
O lugar onde Ele se
manifestou pela primeira vez: “No deserto da Judéia”. Não se tratava de um
deserto inabitado, mas de uma parte do país não tão povoada, nem tão próxima a
campos e a vinhedos, como eram outras partes; era um deserto que continha seis
cidades e suas aldeias, com seus nomes (Js 15.61,62) e água do Rio Jordão para
que ele batizasse. Nessas cidades e aldeias, João pregou, pois naquelas
redondezas ele tinha vivido até então, tendo nascido em Hebrom; as cenas da sua
atividade têm início ali, onde ele tinha passado muito tempo em contemplação, e
mesmo quando se apresentou a Israel, ele mostrou o quanto gostava do
isolamento, até o ponto em que isto estivesse de acordo com o seu ministério. A
palavra do Senhor encontrou João ali, em um deserto (João foi cheio do ESPÍRITO
SANTO desde o ventre de Isabel sua mãe). Observe que nenhum lugar é tão remoto
a ponto de nos impossibilitar as visitas da graça divina; não, normalmente a
relação mais doce que os santos têm com o Céu acontece quando eles se afastam
dos ruídos deste mundo. Foi nesse deserto de Judá que Davi escreveu o Salmo 63,
que tanto fala da doce comunhão que ele tinha com Deus (Os 2.14). Foi num
deserto que a lei foi entregue ao povo. João Batista era um sacerdote da ordem
de Arão, mas nós o encontramos pregando em um deserto, e nunca servindo no
Templo; porém Cristo, que não era um filho de Arão, é frequentemente encontrado
no templo, e sentado ali como uma pessoa de autoridade; assim foi predito (Ml
3.1): “Virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais”, e não o mensageiro que
devia preparar o seu caminho. Isto sugere que o sacerdócio de CRISTO, que é
segundo o sacerdócio de Melquisedeque, devia substituir o de Arão, e conduzi-lo
ao deserto para jejuar, ao contrário do que fez o primeiro Adão que caiu em
pecado por causa de comida.
O início do Evangelho em um deserto traz consolo aos desertos do
mundo gentio. Agora as profecias devem ser cumpridas: “Plantarei no deserto o
cedro” (Is 41.18,19). “O deserto se tornará em campo fértil” (Is 32.15). “O
deserto e os lugares secos se alegrarão com isso” (Is 35.1,2). A Septuaginta
fala dos “desertos do Jordão”, o mesmo deserto onde João pregava. Na igreja
romana, existem aqueles que se denominam eremitas, e fingem seguir a Jesus, mas
“se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais” (Mt 24.26). Havia
“aquele… que fez uma sedição e levou ao deserto quatro mil” (At 21.38).
III
A sua pregação. Este foi o
seu trabalho. Ele não veio lutando, nem disputando, mas pregando (v. 1). Pois
por meio da aparente insensatez é que o reino de Cristo deve ser estabelecido.
1. A doutrina que ele pregava era a do arrependimento (v. 2):
“Arrependei-vos”. Ele pregava isto na Judéia, entre aqueles que eram chamados
de judeus, e fez uma declaração de fé, pois até mesmo eles precisavam de
arrependimento. Ele pregava o arrependimento, não em Jerusalém, mas no deserto
da Judéia, entre as pessoas simples; pois mesmo aqueles que se julgam livres da
tentação, e portanto das vaidades e dos vícios da cidade, não podem lavar as
suas mãos na inocência, mas devem fazê-lo em arrependimento. O trabalho de João
Batista era chamar os homens para que se arrependessem dos seus pecados:
“Admitam uma segunda ideia, para corrigir os erros da primeira, como uma
reflexão posterior. Ponderem sobre os seus métodos, mudem o modo de pensar;
vocês pensaram de maneira errada; pensem novamente, e pensem certo”. Observe
que os verdadeiros penitentes têm outros pensamentos sobre Deus e Cristo, sobre
o pecado e a santidade, e sobre este mundo e o outro, pensamentos que são
diferentes dos que tinham antes, e são influenciados por eles. A mudança de
modo de pensar produz uma mudança de caminho. Aqueles que realmente lamentam o
que fizeram mal, terão o cuidado de não fazê-lo novamente. Este arrependimento
é uma obrigação necessária, em obediência ao mandamento de Deus (At 17.30); e
uma preparação e qualificação necessárias para os consolos do Evangelho de CRISTO.
A função da pregação do arrependimento era tornar os judeus abertos a ouvirem e
crerem em JESUS como seu Messias.
2. O argumento que ele usava para reforçar o seu chamado era:
“porque é chegado o Reino dos céus”. Os profetas do Antigo Testamento chamavam
as pessoas ao arrependimento, para obter e garantir as misericórdias temporais
sobre a nação, e para evitar e remover o julgamento temporal sobre a nação. Mas
agora, embora o dever recomendado seja o mesmo, o motivo é novo, e puramente
evangélico. Agora os homens são considerados na sua capacidade pessoal, e não
tanto como naquela época, de uma maneira social e política. Arrependam-se
agora, “pois é chegado o Reino dos céus”: a revelação que o Evangelho faz do
concerto da graça, da abertura do Reino dos céus a todos os crentes, pela morte
e ressurreição de Jesus Cristo. É um reino no qual Cristo é o Soberano, e nós
devemos ser os súditos leais e dispostos deste reino. É um reino dos céus, e
não deste mundo, um reino espiritual; a sua origem é o céu, o seu destino é o
céu. João pregava que este reino era chegado; naquele tempo, estava à porta;
para nós, já chegou, pelo derramamento do Espírito e pela plena exposição das
riquezas do Evangelho da graça. Assim sendo:
(1) Este é um grande incentivo para que nós nos arrependamos. Não
há nada como a consideração da divina graça para partir o coração, tanto por
meio do pecado como por causa dele. Isto é o arrependimento evangélico, que
flui a partir de uma visão de Cristo, de uma sensação do seu amor, e das
esperanças de perdão por meio dele. A bondade é conquistar; a bondade ofendida
ou maltratada traz a humilhação e a comoção. Ao ouvir o evangelho pela pregação
abrimos nosso coração para DEUS crendo no Evangelho e o ESPÍRITOSANTO entra com
o convencimento do pecado, da justiça e do juízo, ai nos arrependemos. Que
infeliz eu era, por pecar contra tal graça, contra a lei e o amor de um reino
como este!
(2) É um grande incentivo para nos arrependermos. “Arrependam-se,
pois os seus pecados serão perdoados depois do seu arrependimento. Voltem-se a
Deus em obediência, e Ele, por meio de Cristo, trará cada um de vocês ao
caminho da misericórdia”. A proclamação do perdão descobre e atrai o malfeitor
que antes fugia e se esquivava. Dessa maneira, somos atraídos com as cordas do
homem e com os laços de amor.
IV
A profecia que se cumpriu
nele (v. 3). Era dele que se falava no início daquela passagem da profecia de
Isaías, que é principalmente evangélica, e que aponta para a época e a graça do
Evangelho (veja Is 40.3,4). Aqui, se fala de João Batista como:
1. A voz daquele que clama no deserto. João era esta voz (Jo 1.23):
“Eu sou a voz do que clama no deserto”, e isto é tudo, Deus é quem fala, quem
dá a conhecer o que está em sua mente por meio de João, assim como um homem o
faz com a sua própria voz. A palavra de Deus deve ser recebida como tal (1 Ts
2.13); o que é Paulo, e o que é Apolo, a não ser a voz! João é chamado de “a
voz” daquele que está gritando, que está assustando e despertando. Cristo é
chamado de “a Palavra”, que, sendo distinta e eloquente, é mais instrutiva.
João, sendo a voz, despertava os homens, e então Cristo, sendo a Palavra, os
ensinava. Como vemos em Apocalipse 14.2,3: “A voz de muitas águas e como a voz
de um grande trovão; e uma voz de harpistas, que tocavam com a sua harpa. E
cantavam um como cântico novo”. Alguns observam que, embora a mãe de Sansão não
devesse beber nada forte, ainda assim ele foi designado para ser um homem
forte; da mesma maneira, o pai de João Batista ficou mudo, e João Batista foi
designado para ser a voz do que clama. Quando a voz do que clama é gerada por
um pai mudo, isto mostra a excelência do poder de Deus, e não dos homens.
2. Como alguém cujo trabalho era preparar o caminho do Senhor, e
endireitar as veredas para Ele; isto foi dito dele antes de seu nascimento, que
ele deixaria um povo preparado para o Senhor (Lc 1.17), trabalhando como o
arauto e o precursor de Cristo. Ele era alguém íntimo com a natureza do reino
de Cristo, pois ele não veio com as roupas ostentosas de um arauto em armadura,
mas com a roupa simples de um eremita. Soldados eram enviados à frente dos
grandes homens, para limpar a passagem; assim, João Batista preparou o caminho
do Senhor.
(1) Ele fez isto pessoalmente entre os homens daquela geração. Na
nação judaica, naquela época, tudo estava seguindo um rumo errado; havia uma
enorme falta de religiosidade, os órgãos vitais da religião estavam corrompidos
e eram devorados pelas tradições e imposições dos anciãos. Os escribas e os
fariseus, isto é, os maiores hipócritas do mundo, tinham as chaves do
conhecimento e a chave do governo no seu cinturão. Em geral, as pessoas eram
extremamente orgulhosas dos seus privilégios, confiantes da sua justificação
pela sua própria justiça, insensíveis ao pecado; e, embora agora sob as mais
humildes circunstâncias, tendo sido transformados em uma província do Império
Romano, ainda assim não eram humildes; eles tinham o mesmo temperamento que
tinham na época de Malaquias, eram insolentes e arrogantes e estavam sempre
prontos para contradizer a Palavra de Deus; assim, João foi enviado para
nivelar estas montanhas, para derrubar a alta opinião que eles tinham de si
mesmos, e para mostrar a eles os seus pecados, para que a doutrina de Cristo
pudesse ser mais aceitável e eficaz.
(2) A sua doutrina de arrependimento e humilhação é ainda tão
necessária quanto era naquela ocasião, para preparar o caminho do Senhor.
Observe, há muita coisa a ser feita para abrir caminho para Cristo em uma alma,
para curvar o coração para a recepção do Filho de Davi (2 Sm 19.14); e nada é
mais necessário, para isto, que a descoberta do pecado, e uma convicção da
insuficiência da sua própria justiça. O que não convém permanecerá, até que
seja tirado do caminho. Os preconceitos precisam ser removidos; a atitude de
pensar em si mesmo com excessiva importância precisa ser rompida, e assim os
pensamentos serão levados cativos à obediência de Cristo. Portões de bronze
precisam ser rompidos, e barras de ferro precisam ser separadas, antes que as
portas eternas se abram para que o Rei da glória possa entrar. O caminho do
pecado e de Satanás é um caminho deformado; para preparar um caminho para
Cristo, as veredas precisam ser endireitadas (Hb 12.13).
V
A roupa com a qual ele
aparecia, a sua imagem, e o seu modo de vida (v. 4). Os judeus, que esperavam o
Messias como um príncipe temporal, pensavam que o seu precursor viria com
grande pompa e esplendor, que os seus acompanhantes seriam impressionantes e
joviais; mas foi exatamente o contrário. Ele será grande aos olhos do Senhor,
mas insignificante aos olhos do mundo; e, como o próprio Cristo, sem aparência
ou formosura; para declarar em breve que a glória do reino de Cristo deveria
ser espiritual. Os súditos deste reino seriam comumente pobres e desprezados
(em sua condição natural, ou teriam se tornado assim por causa do reino). Eles
obtêm as suas honras, os seus prazeres, e as suas riquezas de um outro mundo.
1. As suas roupas eram simples. Este mesmo João tinha a sua roupa
feita de pêlos de camelo, e um cinto de couro ao redor de seus lombos; ele não
se vestia com roupas compridas, como os escribas, nem macias, como os fariseus,
mas com as roupas de um homem do campo; pois ele vivia no campo, e adaptava os
seus hábitos ao lugar onde morava. Observe que é bom que nos acomodemos ao
lugar e às condições nos quais Deus, na sua providência, nos colocou. João
apareceu com estas roupas:
(1) Para mostrar que, como Jacó, ele era um homem simples,
mortificado para este mundo, para os prazeres e as satisfações que este
propiciava. Vejam um verdadeiro israelita! Aqueles que são humildes de coração
o mostram com uma negligência e uma indiferença santas na sua aparência; e não
vestem roupas que os enfeitem, nem avaliam os demais pelas suas vestes. (2)
Para mostrar que ele era um profeta, pois os profetas usavam roupas ásperas,
como homens mortificados (Zc 13.4); e, especialmente, para mostrar que ele era
o Elias prometido; pois observações especiais são feitas sobre Elias, de que
ele era um homem vestido de pêlos (alguns julgam que isto se refere às roupas
de pêlos que ele usava) e com os lombos cingidos de um cinto de couro (2 Rs 1.8).
João Batista em nada parece inferior a ele, em sua mortificação; portanto, este
era aquele Elias que havia de vir. (3) Para mostrar que ele era um homem
determinado; seu cinto não era elegante, como os que se usavam na época, mas
era resistente, era um cinto de couro; e bem-aventurado é este servo, pois o
seu Senhor, quando vier, encontrará cingidos os seus lombos (Lc 12.35; 1 Pe
1.13). Sua aparência imitava a aparência de Elias, o profeta.
2. A sua dieta era simples; a sua refeição consistia de gafanhotos
e mel silvestre; não como se ele nunca comesse qualquer outra coisa; mas isto
era o que ele comia frequentemente, e assim fazia muitas refeições, quando se
retirava para lugares solitários, e continuava ali por muito tempo, para
meditar. Os gafanhotos eram um tipo de inseto voador, muito bom como alimento,
e permitido, por ser puro (Lv 11.22); eles não precisavam de muito tempero, e
eram de digestão leve e fácil. O mel silvestre era aquele mel abundante em
Canaã (1 Sm 14.26). Ele era colhido imediatamente, quando caía sobre o orvalho,
ou era encontrado em cavidades de árvores e rochas, onde as abelhas os
fabricavam em colmeias sob o cuidado e a inspeção dos homens. Isto indica que
João comia com moderação, e, na realidade, podemos concluir que ele comia
pouco: um homem teria que passar muito tempo comendo para saciar a fome com
gafanhotos e mel silvestre. João Batista veio sem comer e sem beber (Mt 11.18),
e estava desprovido da curiosidade, da formalidade, e da familiaridade com que
as outras pessoas o faziam. Ele estava tão completamente absorvido pelas coisas
espirituais, que mal podia encontrar tempo para fazer uma refeição. Agora:
(1) Isto estava de acordo com a doutrina do arrependimento que ele
pregava, e com os frutos do arrependimento que ele mencionava. Observe que
aqueles que conclamam outros a se lamentarem pelo pecado, e a mortificá-lo,
devem viver uma vida sóbria, uma vida de contrição, de mortificação e lamento
pela situação do mundo. Assim, João Batista demonstrava quão profundamente
sentia a maldade do tempo e do local onde vivia, o que tornava a pregação do
arrependimento extremamente necessária; cada dia era, para ele, um dia de
jejum. (2) Este comportamento estava de acordo com o seu ofício como precursor
de Cristo. Através dessa prática, João demonstrava que conhecia o Reino dos
céus, e que experimentava o seu poder. Observe que aqueles que conhecem os
prazeres espirituais divinos não podem ter outra atitude a não ser olhar para
os deleites e ornamentos dos sentidos com uma santa indiferença – pois eles
conhecem algo muito melhor. Exemplificando esta atitude para as outras pessoas,
ele estava preparando o caminho para Cristo. Observe que a convicção da vaidade
do mundo e de todas as coisas que nele há é o melhor preparativo para a
recepção do Reino de Deus no coração. Bem-aventurados são os pobres de
espírito.
VI
As pessoas que o procuravam
e o seguiam em grandes grupos (v. 5): “Ia ter com ele Jerusalém, e toda a
Judéia”. Grandes multidões vinham ter com ele, provenientes da cidade, e de
todas as partes do país; de todos os tipos, homens e mulheres, jovens e velhos,
ricos e pobres, fariseus e publicanos; eles o procuravam, assim que ficavam
sabendo da sua pregação do Reino dos céus, para poderem ouvir aquilo de que
tanto falavam. Agora:
1. Era uma grande honra para João o fato de que tantas pessoas o
procurassem, e com tanto respeito. Observe que frequentemente aqueles que mais
são honrados são os que menos se importam com a honra. Aqueles que vivem uma
vida de mortificação, que são humildes e que se auto-negam, e que morrem para o
mundo, motivam respeito; e os homens têm uma consideração e uma reverência
secretas por eles, mais do que eles poderiam vir a imaginar. “Convém que Ele
cresça e que eu diminua”( João 3:30).
.
2. Isto dava a João uma excelente oportunidade de fazer o bem, e
era uma evidência de que Deus estava com ele. Agora as pessoas começavam a se
agrupar e a “empregar força para entrar” no Reino dos céus (Lc 16.16); e que
visão maravilhosa era esta (“como vindo do próprio seio da alva, será o orvalho
da tua mocidade”; Sl 110.3), ver a rede lançada onde havia tantos peixes.
3. Isto era uma prova de que esta era uma época de grandes
expectativas; geralmente se pensava que “logo se havia de manifestar o Reino de
Deus” (Lc 19.11) e, portanto, quando João se apresentasse a Israel, vivesse e
pregasse à sua maneira, tão completamente diferente dos escribas e dos
fariseus, eles estariam prontos para dizer que ele seria o Cristo (Lc 3.15); e
isto provocava esta confluência de pessoas para junto dele.
4. Aqueles que se beneficiassem do ministério de João precisariam
ir com ele ao deserto, e compartilhar a sua reprovação. Observe aqueles que
realmente desejam o leite verdadeiro da Palavra: se este não lhes for trazido,
irão à sua procura. E aqueles que aprendessem a doutrina do arrependimento
precisariam sair da confusão deste mundo e se aquietar.
5. Aparentemente, dos muitos que vinham ao batismo de João, apenas
uns poucos aderiam a ele; observe a fria recepção que Cristo teve na Judéia e
nas redondezas de Jerusalém. Observe que pode haver uma multidão de ouvintes
entusiasmados, mesmo onde haja apenas alguns poucos crentes verdadeiros. A
curiosidade e a aparente novidade e variedade podem levar muitos a comparecerem
à boa pregação e serem influenciados por ela durante algum tempo, sem, no
entanto, se sujeitarem ao poder dela (Ez 33.31,32).
VII
O rito, ou a cerimônia, com
que ele aceitava discípulos (v. 6). Aqueles que recebiam a sua doutrina, e se
sujeitavam à sua disciplina, eram batizados por ele no Jordão, desta forma
professando o seu arrependimento e a sua fé de que era chegado o reino do
Messias.
1. Eles davam testemunho do seu arrependimento, ao confessar os
seus pecados; uma confissão geral, é provável, que faziam a João de que eram
pecadores, de que estavam contaminados pelos seus pecados, e de que precisavam
de purificação. Mas a Deus, eles faziam uma confissão de seus pecados
particulares, pois Ele é a parte ofendida. Os judeus eram ensinados a se
justificarem; mas João os ensina a se acusarem, e a não se limitarem, como
costumavam fazer, na confissão feita por todo o Israel, uma vez por ano, no dia
da expiação, mas a fazerem, cada um, um reconhecimento particular do mal em seu
próprio coração. Observe que uma confissão penitente do pecado é necessária
para obter a paz e o perdão (isso vem pelo convencimento do ESPÍRITO SANTO a nós,
na conversão); e somente quem a faz estará preparado para receber a Jesus
Cristo como sua Justiça – estes são trazidos à sua própria culpa com tristeza e
vergonha (1 Jo 1.9).
2. Os benefícios do Reino dos céus, que agora estão disponíveis,
eram concedidos a eles pelo batismo. João Batista os lavava com água, como um
símbolo de que Deus os estava limpando de todas as suas iniquidades. Era usual,
entre os judeus, batizar aqueles que eles aceitavam como prosélitos à sua
religião, especialmente aqueles que eram somente prosélitos de porta, que não
eram circuncidados, como eram os prosélitos da justiça. Alguns acreditam que é
provável que pessoas eminentes do judaísmo, que eram os líderes, admitissem
alunos e discípulos por meio do batismo. A pergunta de Cristo, a respeito do
batismo de João Batista: “O batismo de João era do céu ou dos homens?”, dava a
entender que existiam os batismos dos homens, que não eram uma missão divina, e
com este uso João Batista estava de acordo, mas o seu batismo era do céu, e
pelas suas características era diferente de todos os outros. Este era o batismo
do arrependimento (At 19.4). Não era o batismo cristão, pois Paulo batizou
aqueles homens de novo quando eles disseram que tinham sido batizados no
batismo de João At 19).Todo Israel foi batizado em Moisés (1 Co 10.2). A lei
cerimonial consistia de submergir na água, ou batizar-se (Hb 9.10), mas o
batismo de João se refere à lei corretiva, a lei do arrependimento. Ele
batizava as pessoas no Jordão, aquele rio que ficou famoso pela passagem de
Israel por ele, e pela cura de Naamã; mas é provável que João não batizasse
neste rio no início, mas que depois, quando as pessoas que vinham ao seu
batismo eram em maior número, ele tenha passado a usar este rio. Por meio do
batismo, ele os exortava a levar uma vida santa, de acordo com a profissão de
fé que estavam assumindo de receberem o Messias que se aproximava. Observe que
a confissão e arrependimento dos pecados sempre deve estar acompanhada de
determinações santas, com a força da divina graça, para nunca mais retornar ao
pecado.
A Pregação de João Batista
Mateus 3. 7-12
A doutrina que João pregava era a do arrependimento,
considerando que era chegado o Reino dos céus; aqui nós temos o uso desta
doutrina. A sua aplicação é uma vida de pregação, e esta era a pregação de
João.
Observe: 1. A quem ele a aplicava; aos fariseus e aos saduceus que
vinham ao seu batismo (v. 7). Aos outros, ele pensava que era suficiente dizer:
“Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus”; mas quando ele viu estes
fariseus e saduceus se aproximando, achou que era necessário explicar-se, e ser
mais específico. Estas eram duas das três seitas destacadas entre os judeus
daquela época, a terceira era a dos essênios, sobre os quais nada lemos nos
Evangelhos, pois eles se afastavam e evitavam se envolver em questões públicas.
Os fariseus eram zelosos pelas cerimônias, pelo poder da sinagoga e pelas
tradições dos anciãos; os saduceus estavam no extremo oposto, e eram
ligeiramente melhores que os deístas, negando a existência de espíritos e de um
estado futuro. É estranho que eles viessem ao batismo de João, mas a sua
curiosidade os trouxe para ouvir; e alguns deles, provavelmente, se submeteram
ao batismo, mas certamente a maioria deles não o fez, pois Cristo diz (Lc 7.29,30)
que “todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o
batismo de João, justificaram a Deus. Mas os fariseus e os doutores da lei
rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por
ele”. Observe que muitos vinham para os rituais e não eram influenciados por
eles. Para estes, aqui João se dirige com toda a devoção, e o que ele disse a
eles, o disse à multidão (Lc 3.7), pois o que ele dissesse seria aplicável a
todos eles. 2. Qual era a aplicação. Era clara e familiar, e dirigida às suas
consciências. Ele fala como alguém que vem não para pregar diante deles, mas
para pregar a eles. Embora a sua educação fosse reservada, ele não era acanhado
quando aparecia em público, nem temia a presença dos homens, pois estava cheio
do Espírito Santo e de poder.
I
Aqui está uma mensagem de
condenação e de despertamento. Ele começa de maneira áspera, não os chama
de rabinos, não se dirige a eles por seus títulos, e tampouco lhes dedica os
aplausos aos quais eles estão acostumados. 1. O título que lhes atribui é “raça
de víboras”. Cristo lhes atribuiu o mesmo título (12.34; 23.33). Eles eram como
víboras; embora de aparência enganosa, eram venenosos, e cheios de maldade e
inimizade a tudo o que fosse bom; era uma raça de víboras, a semente e a
descendência de outros que tinham tido o mesmo espírito; isto já nascia com eles.
Eles se vangloriavam disso, de serem a descendência de Abraão; mas João Batista
mostrou-lhes que eles eram a semente da serpente (compare Gn 3.15); a semente
do pai deles, o diabo (Jo 8.44). Constituíam um grupo mau, todos semelhantes;
embora inimigos entre si, ainda se uniam em maldades. Observe que uma geração
malvada é uma geração de víboras, e eles precisavam saber disso; é necessário
que os ministros de Cristo sejam ousados ao mostrar aos pecadores o verdadeiro
caráter deles. 2. O alerta que João dá é o seguinte: “Quem vos ensinou a fugir
da ira futura?” Isto dá a entender que eles estavam se arriscando à ira futura;
e o caso deles era quase tão desesperado, e seus corações estavam tão
endurecidos pelo pecado (os fariseus, pela sua exibição de religião, e os
saduceus, pelos seus argumentos contra a religião), que era necessário algo
muito próximo a um milagre para realizar alguma coisa que trouxesse esperança
entre eles. “O que os traz aqui? Quem iria imaginar vê-los aqui? Que medo
incutiram em vocês, para que vocês procurem o Reino dos céus?” Observe: (1)
Existe uma ira futura; além da ira presente, cujos pequenos frascos são
derramados agora. Existe a ira futura, o que está acumulado para o futuro. (2)
É do maior interesse de cada um de nós fugir dessa ira. (3) É pela misericórdia
divina que nós somos advertidos claramente para fugir dessa ira. Pense: Quem
nos advertiu? Deus nos advertiu, Ele que não se alegra com a nossa ruína. Ele
nos adverte pela palavra escrita, pelos ministros, pela consciência. (4) Estas
advertências, às vezes, assustam aqueles que parecem ter estado muito
endurecidos na sua segurança e boa opinião sobre si mesmos.
II
Aqui há uma mensagem de
exortação e orientação (v. 8). “Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento”. Portanto, como vocês foram advertidos a fugir da ira futura,
deixem que o temor ao Senhor vos conduza a uma vida santa. Ou, portanto, como
vocês professaram arrependimento, e ouviram a doutrina, e passaram pelo batismo
do arrependimento, mostrem que são verdadeiros penitentes. O arrependimento
nasce no coração. Ele está ali, como uma raiz; mas em vão fingiremos possuí-la,
se não produzirmos os frutos dele, em uma transformação universal, abandonando
todo o pecado e nos apegando ao que é bom. Estes são frutos dignos do
arrependimento. Observe que aquele que afirma que lamenta os seus pecados, mas
continua persistindo neles, não é digno de ser chamado de penitente, nem de ter
os privilégios dos penitentes. Aquele que professa arrependimento, como o fazem
todos os que são batizados, deve agir como um ser penitente e nunca fazer
qualquer coisa imprópria a um pecador penitente. É conveniente que os
penitentes sejam humildes aos seus próprios olhos, que sejam gratos à menor
graça, pacientes sob as maiores dificuldades, que estejam alertas contra todas
as manifestações do pecado e às suas investidas, que sejam abundantes no
cumprimento de todos os seus deveres, e que sejam caridosos ao julgar os
outros.
III
Aqui há uma mensagem de
recomendação para que não confiem nos seus privilégios externos, pois esta
atitude pode retardar estes chamados ao arrependimento (v. 9).
“Não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão”. Observe que há
muita coisa que os corações carnais são aptos a dizer a si mesmos, deixando de
lado o poder persuasivo da Palavra de Deus (que é repleta de autoridade). Os
ministros devem procurar prever estas atitudes, para que possam tratá-las no
tempo certo; os pensamentos vãos que se alojam naqueles que são chamados a
lavar os seus corações (Jr 4.14). “Não finjam, não sejam presunçosos, dizendo
estas coisas dentro de si mesmos. Não pensem que isto poderá salvá-los; o
refúgio não está na arrogância”. Alguns interpretam esta passagem da seguinte
maneira: “Não sintam prazer dizendo isto; não se embalem para dormir com isto,
nem se elogiem no paraíso de um tolo”. Observe que Deus percebe aquilo que nós
dizemos dentro de nós, o que não ousamos proferir em voz alta, e conhece todos
os falsos descansos da alma e as falácias com as quais ela se engana. Mas ela
não os revelará, para que o engano não seja apontado. Muitos escondem a mentira
que os destrói na sua mão direita, e a ocultam sob a língua, porque têm
vergonha de possuí-la. Estas pessoas trabalham para satisfazer os interesses do
diabo, sob a orientação do diabo. Agora, João lhes mostra:
1. Qual era a sua desculpa: “Temos por pai a Abraão”; nós não somos
pecadores gentios; é adequado, realmente, que os gentios sejam chamados a
arrepender-se, mas nós somos judeus, uma nação santa, um povo especial, o que
representa isto para nós? Observe que a mensagem não traz nenhum benefício, se
nós não a assumirmos como dirigida e pertencente a nós. Portanto, não pensem
que por serem filhos de Abraão: (1) Vocês não precisam se arrepender; vocês não
têm nada de que se arrepender. A sua relação com Abraão e o seu interesse no
concerto feito com ele é o que os denomina de santos, a ponto de não haver
oportunidade de que vocês mudem de ideia ou de rumo. (2) Que vocês estão
suficientemente bem, embora não se arrependam. Não pensem que isto irá evitar o
seu julgamento e protegê-los da ira futura. Que Deus irá tolerar a sua
impenitência, porque vocês são a semente de Abraão. Observe que é presunção vã
pensar que as nossas boas relações irão nos salvar, embora nós mesmos não
sejamos bons. Embora sejamos descendentes de antepassados religiosos, tenhamos
sido abençoados com uma educação religiosa, tenhamos uma família na qual o
temor a Deus é absoluto e tenhamos bons amigos que nos aconselham e oram por
nós, de que maneira tudo isto poderá nos beneficiar, se não nos arrependermos e
vivermos uma vida de arrependimento? Nós temos Abraão como nosso pai, e,
portanto, temos direito aos privilégios do concerto realizado com ele sendo sua
semente, nós somos filhos da igreja, o templo do Senhor (Jr 7.4). Observe que
muitos, repousando nas honras e nas vantagens da sua filiação visível à igreja,
não conseguem alcançar o céu.
2. Como era tola e infundada esta desculpa; eles pensavam que,
sendo semente de Abraão, eram o único povo que Deus tinha no mundo e, portanto,
se eles fossem rejeitados, Deus não teria uma igreja; mas João lhes mostra a
tolice desta arrogância: “Eu vos digo (não importa o que dizeis em si mesmos)
que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. Ele estava
batizando no Jordão, em Betânia (Jo 1.28), o lugar da passagem, onde os filhos
de Israel atravessaram o rio; e ali estavam as doze pedras, uma para cada
tribo, que Josué erigiu como um memorial (Js 4.20). Não é improvável que ele
apontasse para estas pedras, que Deus poderia fazer com que fossem mais do que
uma representação das doze tribos de Israel. Ou talvez ele estivesse se
referindo a Isaías 51.1, onde Abraão é chamado de rocha da qual todos tinham
sido cortados. Aquele Deus, que trouxe Isaque daquela rocha, pode, se
necessário, fazer a mesma coisa em um outro contexto, pois para Ele nada é
impossível. Alguns opinam que ele apontou para os soldados pagãos que estavam
presentes, dizendo aos judeus que Deus iria erigir uma igreja para si mesmo em
meio aos gentios, e conceder a bênção de Abraão sobre ela. Assim, quando os
nossos primeiros pais caíram, Deus poderia tê-los deixado perecer, e das pedras
teria criado outro Adão e outra Eva. Ou podemos interpretar da seguinte
maneira: “As próprias pedras serão consideradas semente de Abraão, em lugar de
pecadores endurecidos, secos, e infrutíferos como vocês”. Observe que da mesma
maneira como isto está diminuindo a confiança dos filhos de Sião, também está
incentivando as esperanças dos filhos de Sião de que, aconteça o que acontecer
com a geração atual, Deus nunca ficará sem uma igreja neste mundo; se os judeus
forem arrancados, os gentios serão enxertados (Mt 21.43; Rm 11.12 etc.).
IV
Existe uma mensagem de
terror para os fariseus, os saduceus e outros judeus descuidados e seguros, que
não conhecem os sinais dos tempos, nem o dia da sua visitação (v. 10).
“Agora olhem à sua volta, agora que o Reino de Deus está prestes a se
manifestar, a ponto de podermos senti-lo”.
1. “Como é rígido e curto o seu julgamento. ‘Agora, está posto o
machado’ diante de vocês, está junto ‘à raiz das árvores’, e agora vocês
dependem do seu bom comportamento, e estarão assim por um curto período de
tempo; agora vocês estão marcados para a ruína, e não podem evitar isto, a não
ser por meio de um arrependimento rápido e sincero. Agora vocês precisam
esperar que Deus faça com vocês um trabalho mais rápido, pelos seus
julgamentos, do que fez antes, e isto terá início na casa de Deus. onde Deus dá
mais meios, Ele concede menos tempo”. “Eis que venho sem demora”. Naquele
momento, eles estavam diante do seu último julgamento: era agora ou nunca.
2. “Como será doloroso o seu destino, se vocês não melhorarem”.
Então, vem a declaração – com o machado junto à raiz – para mostrar que Deus é
sincero na declaração de que toda árvore, ainda que alta em dons e honras, mas
verde nas profissões de fé e nos desempenhos externos, se não der bons frutos –
os frutos obtidos pelo arrependimento – será cortada, repudiada como uma árvore
na vinha de Deus que é indigna de ter o seu espaço ali, e será lançada no fogo
da ira de Deus, que é o melhor lugar para as árvores infrutíferas. Para que
mais elas servem? Se não servem para dar frutos, servem como combustível.
Provavelmente, isto se refere à destruição de Jerusalém pelos romanos, o que
não foi, como o foram outros julgamentos, como o podar dos galhos ou o derrubar
de uma árvore, deixando a raiz para brotar novamente, mas seria a extirpação
completa final e irrevogável destas pessoas, na qual pereceriam todos os que
continuassem impenitentes. Agora Deus traria o desfecho final, e a ira que
cairia sobre eles seria completa.
V
Uma mensagem de orientação a
respeito de Jesus Cristo, em quem toda a pregação de João Batista estava
centrada. Os ministros de Cristo pregam, não a si mesmos, mas a Ele.
Aqui temos:
1. A dignidade e a superioridade de Cristo acima de João. Veja de
que maneira humilde ele fala de si mesmo para poder engrandecer a Cristo (v.
11): “Eu, em verdade, vos batizo com água”, e isto é o máximo que eu posso
fazer. Observe que os sacramentos não obtêm a sua eficácia de quem os
administra; estas pessoas somente podem aplicar o sinal; é prerrogativa de
Cristo dar significado às coisas (1 Co 3.6; 2 Rs 4.31). “Mas aquele que vem
após mim é mais poderoso do que eu”. Embora João tivesse muito poder, pois ele
veio no espírito e poder de Elias, Cristo tinha mais; embora João fosse
verdadeiramente grande, grande aos olhos do Senhor (nenhuma pessoa nascida de
uma mulher o superou), ainda assim ele se julga indigno de estar no mero lugar
de auxiliar de Cristo: “Não sou digno de levar as suas sandálias”. Ele vê: (1)
O quão poderoso Cristo é, em comparação consigo mesmo. Observe que é um grande
consolo para os ministros fiéis pensar que Jesus Cristo é mais poderoso do que
eles, que Ele pode fazer as coisas para eles, e por eles, o que eles não podem
fazer; a sua força se aperfeiçoa na fraqueza dos ministros. (2) Quão inferior
ele é, em comparação com Cristo, sentindo-se indigno de levar as suas
sandálias! Observe que aqueles que Deus honra são, por esta razão, muito
humildes e inferiores aos seus próprios olhos; desejam ser humilhados para que
Cristo possa ser enaltecido; desejam ser qualquer coisa, ou nada, para que Cristo
possa ser tudo.
2. O modo e a intenção da manifestação de Cristo, que eles agora
deviam esperar. Quando foi profetizado que João seria enviado como o precursor
de Cristo (Ml 3.1,2), imediatamente a seguir está escrito que “virá o Senhor, a
quem vós buscais, o anjo do concerto... e assentar-se-á... e purificará” (v.
3). E depois da vinda de Elias, “aquele dia vem ardendo como forno” (Ml 4.1),
que é ao que João Batista parece referir-se aqui. Cristo virá para fazer uma
distinção:
(1) Pela obra poderosa da sua graça: “Ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo”. Observe: [1] É prerrogativa de Cristo batizar com o
Espírito Santo. Isto Ele fez concedendo os dons extraordinários do Espírito,
desde os dias dos apóstolos, aos quais o próprio Cristo aplica estas palavras
de João (At 1.5). Isto Ele faz na graça e no consolo do Espírito, concedendo-os
àqueles que lhe pedem (Lc 11.13; Jo 7.38,39; veja At 11.16). [2] Aqueles que
são batizados com o Espírito Santo, são batizados como que com o fogo. Os sete
espíritos de Deus aparecem como sete lâmpadas de fogo (Ap 4.5). O fogo ilumina?
Também o Espírito é um Espírito que ilumina. O fogo aquece? E os corações não
queimam dentro deles? O fogo consome? E o Espírito de julgamento, como um
Espírito que arde, não consome as impurezas das corrupções dos pecadores? O
fogo torna tudo o que alcança semelhante a si? E se move para o alto? Também o
Espírito torna a alma santa como Ele mesmo o é, e tende a se dirigir para o
céu. Cristo diz: “Vim lançar fogo na terra” (Lc 12.49).
(2) Pela determinação final do seu julgamento (v. 12): “Em sua mão
tem a pá”. A sua capacidade de distinguir, pela sabedoria eterna do Pai, que vê
tudo como verdadeiramente é, e a sua autoridade de distinguir, como a Pessoa à
qual todos os julgamentos se submetem, é a pá que está na sua mão (Jr 15.7).
Agora, Ele se assenta e purifica. Observe aqui: [1] A igreja visível é a eira
de Cristo: “Ah! Malhada minha, e trigo da minha eira!” (Is 21.10). O Templo, um
tipo da igreja, foi construído sobre uma eira. [2] Nesta eira, há uma mistura
de trigo e palha. Os verdadeiros crentes são como o trigo, importantes, úteis e
valiosos; os hipócritas são como a palha, leves e vazios, inúteis e sem valor,
e levados pelos ventos; agora, eles estão misturados, os bons e os maus, sob a
mesma profissão exterior de fé, e na mesma comunhão visível. [3] Virá, porém, o
dia em que a eira será purificada, e o trigo e a palha serão separados. Alguma
coisa desse tipo sempre é feita neste mundo, quando Deus chama o seu povo da
Babilônia (Ap 18.4). Mas é o dia do Juízo Final que será o grande dia da
colheita, da distinção, que de maneira inequívoca irá determinar o resultado
das doutrinas, das obras (1 Co 3.13), e das atitudes das pessoas (Mt 25.32,33).
Os santos e os pecadores serão separados para sempre. [4] O céu é o celeiro
onde Jesus Cristo em breve irá reunir todo o seu trigo, e nem um grão sequer
dele será perdido; Ele o reunirá como os frutos da colheita. A ceifadeira da
morte será usada para reuni-los ao seu povo. No céu, os santos serão reunidos,
e não mais ficarão espalhados; estarão seguros, e não mais expostos; separados
dos vizinhos corruptos e dos desejos corruptos interiores, e não haverá mais
palha entre eles. Eles não somente são reunidos no celeiro (Mt 13.30), mas no
silo, onde são completamente purificados. [5] O inferno é o fogo inextinguível,
que irá queimar a palha, o que certamente será a punição eterna dos hipócritas
e descrentes. Dessa forma, aqui estão a vida e a morte, o bem e o mal,
dispostos diante de nós; de acordo com a maneira que estivermos no campo,
estaremos então na eira. Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
modificações do Pr Henrique).
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3 Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor;
endireitai no ermo vereda a nosso Deus. 4 Todo vale será exaltado, e
todo monte e todo outeiro serão abatidos; e o que está torcido se
endireitará, e o que é áspero se aplainará. 5 E a glória do Senhor se
manifestará, e toda carne juntamente verá que foi a boca do Senhor que
disse isso.
seu arauto ( Mateus 3: 1-12 )
1 E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da
Judéia 2 e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. 3 Porque
este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
4 E este João tinha a sua veste de pêlos
de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de
gafanhotos e de mel silvestre.
5 Então, ia ter com ele Jerusalém, e
toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; 6 e eram por ele
batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu
batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? 8
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento 9 e não presumais de vós mesmos,
dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras
Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 E também, agora, está posto o machado à
raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e
lançada no fogo. 11 E eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou
digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo. 12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o
seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.
O Evangelho de Lucas ( 1: 5-25 , 39-80 ) nos
diz os detalhes milagrosos relacionados com o nascimento de João Batista . Mas
Mateus nos apresenta imediatamente ao seu ministério.
João veio pregar . A palavra grega é kerysso ,
de Keryx , um arauto. Foi utilizado para o arauto de um
comandante militar que deu um anúncio importante, ou para o arauto de um rei
que fez uma proclamação. João era o arauto de Deus, proclamando uma
mensagem importante. Um arauto não expressar suas próprias
palavras; ele fala para o outro. Isso é o que a verdadeira pregação,
não é discutir, debater, discutir, ou arejar as próprias opiniões, mas proclamar a
mensagem de Deus.
João estava pregando no deserto da Judéia. Este foi
o áspero, acidentado, área em grande parte desabitada entre o Mar Morto e o
planalto montanha em que Jerusalém e Belém foram localizados. Ela
consistia de colinas e rochas, penhascos e cânions a desolada. Talvez
tenha sido um símbolo da condição espiritual da nação. Em tal ambiente e
sob tais circunstâncias, foi necessário um pregador acidentada da
justiça. João montado a parte, e seu ambiente adequado a sua mensagem.
Mensagem de João Batista foi Arrependei-vos; pois o Reino
dos céus está próximo (v. 2 ). A tônica de toda pregação é
pioneiro arrepender . Infelizmente, a maioria das pessoas tem
idéias superficiais, como o que o arrependimento é. Eles acham que
significa estar arrependido. Mas isso não é o arrependimento. Alguém
já disse isso significa ser desculpa suficiente para sair. Isso vem um
pouco mais próximo da verdade, mas ainda é insuficiente. A Bíblia declara
que "a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação" (2
Cor. 7:10). Obviamente, então, a tristeza não é o
arrependimento; isso é o que produz arrependimento. A palavra grega
para arrepender-se significa "mudar de ideia." O
arrependimento é uma mudança de atitude. Não é um sentimento emocional,
mas um propósito moral. É uma decisão determinou que um é feito com o
pecado, que ele renunciou ao mundo, a carne eo diabo.
João Batista disse ao povo de seu dia a arrepender-se, pois o
Reino dos céus está próximo . O Rei tinha vindo; o reino estava
próximo. Mas, em vez de se arrepender, Israel rejeitou seu Rei, eo reino
praticamente se tornou a Igreja.
A frase do reino dos céus é encontrado apenas em Mateus,
onde ocorre trinta e três vezes. É, literalmente, "o reino dos
céus." Mateus foi escrito para os judeus, que preferiram usar substitutos
eufemistas para "Deus", como "Heaven" ou "o
Abençoado." Marcos e Lucas têm "o reino de Deus ", que Mateus
tem apenas quatro vezes.
Novamente Mateus cita o Antigo Testamento, desta vez de Isaías,
o profeta (v. 3 ). Isaías foi o maior dos profetas escrita,
bem como a mais evangélica; ou seja, ele viu mais claramente a vinda de
Cristo e Seu evangelho.
A citação é de Isaías 40:3 . O profeta tinham em
mente a preparação do retorno dos judeus cativos da Babilônia. Mas o
telescópio profética apontou através dos séculos até a vinda do
Messias. Como foram as pessoas para preparar o caminho da sua vinda? Pelo
arrependimento. Isso é o que se entende por endireitai as suas
veredas . Arrependimento envolve fazer reta que é torto na vida de
alguém.
De João alimentos e roupas são descritos no quarto verso. Ele
estava vestido com uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em
torno de seus lombos . O primeiro era um saco áspero grosseiro que
iria irritar a pele. Ele era comumente usado por ascetas dos tempos
antigos. Um cinto de couro realizada a roupa solta que flui ao redor de
sua cintura. Ele comia gafanhotos e mel silvestre . "Carne"
(KJV) é um termo obsoleto para comida . Isso não significa que a
carne animal. Provavelmente gafanhotos significa insetos grandes,
como eram comumente consumidos pelo povo da Palestina. O mel era
mel prováveis das abelhas, o que seria encontrado nas fendas das rochas. Este
alimentos e roupas robusto aponta claramente para Elias, que comeram e vestida
de forma semelhante ( 2 Reis 1: 8 ). João Batista era o Elias do
Novo Testamento (Mateus 17: 10-13 ).
Apesar de sua aparência áspera e pregação, ou acidentado talvez por
causa dela, João era um pregador popular. Não saiu para ouvi-lo Jerusalém,
e toda a Judéia, e toda a circunvizinhança do Jordão (v. 5 ). Obviamente,
isso não significa que todo mundo veio a ele, mas que as vastas multidões veio
desses lugares. Jerusalém estava a uma altitude de 2.500 pés,
enquanto o Rio Jordão foi cerca de 1.300 metros abaixo do nível do
mar. Então, essas pessoas das montanhas centrais de Judéia tiveram que
descer cerca de quatro mil pés, e então veremos face a subida acidentada de
volta até a estrada de montanha áspera. Mas eles ainda vieram em
multidões.
Essas multidões estavam sendo batizado por João Batista
no rio Jordão, como eles estavam fora confessando seus pecados
(v. 6 ). Essa é a força do grego, que expressa ação
contínua. João se recusou a batizar quem não confessar.
O fariseus (v. 7 ) foram o partido separatista
no judaísmo. Eles estavam ligados, principalmente, com as sinagogas em
várias cidades e vilas, onde ensinavam a Lei para o povo. Os saduceus eram
os sacerdotes, que funcionavam em conexão com o templo em Jerusalém. Eles
tendem a ser rico e mundano, ao passo que os fariseus eram legalistas estritos
em religião. Muitos de ambas as partes estavam insinceros, gananciosos,
egoístas impostores.
Quando João viu representantes desses dois grupos que chegam ao seu
batismo, ele cumprimentou-os como Raça de víboras . Estas são
palavras duras. Mas João viu, através da fina camada de sua curiosidade
casual, e ele discerniu um espírito profundo da decepção por baixo. Os
fariseus e saduceus eram como cobras escondidas na grama, esperando para morder
as pessoas, em vez de ajudá-los. E como víboras que fogem antes de um pneu
que ruge escova, eles tentaram fugir da ira vindoura . Mas eles
não estavam dispostos a se arrepender e confessar os seus pecados, eles
provavelmente alegaram que não tinha pecados a confessar. Talvez eles se
apresentaram para o batismo como uma maior segurança para o dia da ira, mas
João se recusou a batizá-los, a menos que eles cumpriram os pré-requisitos de
arrependimento e confissão.
O profeta batizando exortou-os a produzir frutos dignos de
arrependimento (v. 8 ). Os fariseus se orgulhavam de suas
boas obras. Mas sua moralidade superficial houve evidência de
arrependimento genuíno.
João também os alertou contra confiando no fato de que eles eram
descendentes de Abraão (v. 9 ). Deus era capaz de um
milagre para suscitar filhos a Abraão . Isso é exatamente o que
está fazendo nesta época. Todos os que crêem em Jesus Cristo se tornam os
filhos espirituais de Abraão ( Rm 4:11, 16 ).
O que João quer dizer quando diz que o machado jaz à raiz das
árvores (v. 10 )? Ele se refere ao fato de que a vinda do
Messias, não significava apenas a esperança àqueles que aceitaram, mas também o
julgamento para aqueles que rejeitaram. Estes últimos seriam cortados
e lançados no fogo . Este valor foi usado mais tarde por Jesus na
parábola da árvore de figo ( Lucas 13: 6-9 ). As mesmas palavras
que encontramos aqui mais tarde foram pronunciadas por Jesus no Sermão da
Montanha ( 07:19 ). A figueira da parábola simboliza a nação de
Israel, toda a árvore do indivíduo. Esta é uma séria advertência
de que, se um falhar para produzir o bom fruto do caráter cristão, ele acabará
por ser cortada e lançada no fogo. Há aqui, pelo menos uma referência
implícita à condenação final dos ímpios no lago de fogo (Apocalipse 20:15).
O versículo 11 é uma das mais significativas, até agora,
no Evangelho. João declarou que, enquanto ele batizou na água ,
o que Vem batizaria no Espírito Santo. Em poderia muito bem ser
traduzida como "com".
A implicação da declaração de João é muitas vezes
ignorado. Não há nada distintamente cristã sobre o batismo nas
águas. Os judeus batizados prosélitos gentios como um sinal de lavar a sua
impureza cerimonial. Outras religiões têm praticado o batismo nas
águas. O batismo só excepcionalmente Christian é o batismo com o Espírito
Santo. Uma igreja verdadeiramente cristã vai dar mais ênfase a isso do que
ao batismo com água, por mais importante que esta última pode ser.
Qual é o significado das palavras adicionadas, e no fogo (que
se encontra em Lucas, mas não em Marcos)? Com base no versículo seguinte
estas são muitas vezes tomados como referindo-se ao Juízo Final. Mas é
difícil ver como essa interpretação se encaixa neste versículo. Mateus
está contrastando o batismo em água com o batismo do Espírito. Parece
melhor para levar e no fogo como uma indicação de que a vinda do
Espírito Santo será um ardente, limpeza batismo do coração humano. A
limpeza é uma parte importante da salvação do pecado (cf. 1 João 1: 7 , 9). Muito
se fala tanto no Antigo Testamento e no Novo do fato de que Deus vai purificar
o Seu povo. Esta purificação não é feito no rito externo do batismo nas
águas, mas na experiência interna do batismo com o Espírito, que enche o
coração quando Ele purifica-lo (cf. Atos 15: 8-9 ).
O versículo 12 dá uma imagem do Juízo
Final. Diferentes figuras-que simbolizam a coisa-se mesmo utilizado na
parábola do joio ( 13: 24-30 ) e a Parábola do Net Arraste ( 13:
47-50 ). Aqui Cristo é retratado como limpar sua eira , uma
área lisa de terra dura ou rock fora de cada aldeia, de preferência localizado
em um ponto alto, a fim de pegar o vento. Recém grão colhido é espalhado
sobre este "piso" a uma profundidade de cerca de um pé e
meio. Em seguida, uma junta de bois (às vezes um cavalo hoje) puxar um
trenó debulha sobre o grão. Este trenó é de cerca de quatro metros de
comprimento e dois metros e meio de largura, com dentes afiados de pedra ou de
metal presas a seu lado inferior. Estes rasgar o grão em pedaços, enquanto
os bois trilhar os kernels. Os trenós trilhos são muitas vezes montados
por mulheres e meninas. Em seguida, um homem toma uma pá-garfo aqui
chamado de fã -e lança o grão alto no ar. Os grãos caem no chão,
enquanto o joio mais leve sopra longe na brisa. Este método ainda é realizado
essencialmente da mesma maneira como ele foi feito há milhares de anos.
João Batista afirma aqui de Cristo que a palha ele vai queimar
em fogo inextinguível . No grego insaciável é o
amianto , o que nos dá a nossa palavra em inglês. Há uma insinuação
aqui do que foi estabelecido no Apocalipse: "E, se alguém não foi achado
inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo" (Rev. 20:15 ). Este
é o ato final do julgamento divino.
A pregação de João, então, pode ser resumida em duas grandes
ênfases: arrependimento e julgamento . A primeira era
a única maneira de se preparar para o segundo. A certeza de demandas
julgamento de Deus que nos arrependemos.
sua posse PÚBLICA ( 3: 13-17 )
13 Então veio Jesus da Galileia para o Jordão, a João,
para ser batizado por ele. 14 Mas João o impedia, dizendo: Eu
tenho necessidade de ser batizado por ti, e tu vens a mim? 15 Mas
Jesus, respondendo, disse-lhe: , sofro agora, porque assim nos convém cumprir
toda a justiça. Então ele consentiu. 16 E Jesus, quando
ele foi batizado, saiu logo da água, e eis que os céus se abriram para ele, e
ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele; 17 e
eis que uma voz dos céus, dizendo: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Todo esse tempo Jesus estava morando em sua cidade natal de
Nazaré. Mas agora Ele vem da Galileia para o Jordão, até João, para
ser batizado por ele (v. 13 ). Apenas onde João estava
batizando não sabemos. É geralmente pensado para ter sido na margem leste
do rio Jordão. Mas se era no sul, perto de Jericó, ou mais ao norte, perto
Scythopolis (antigo Beth Shean-) não pode ser determinada.
João o impedia (v. 14 ). "Proibiu"
(KJV) está incorreta. O imperfeito sugere "tentou proibir." Que
ele não conseguiu fazê-lo é claramente indicado. O protesto de João era
que ele precisava ser batizado por Jesus, não o inverso. Sua atitude é
completamente compreensível. Por fim, ele foi confrontado por um candidato
que não tinha necessidade de arrependimento, para a confissão, ou de
limpeza. Jesus é descrito como alguém "que não cometeu pecado"
( 1 Ped. 2:22 ).
Por que, então, Jesus foi batizado? A resposta é dada em sua
resposta a João: assim nos convém cumprir toda a justiça (v. 15 ). A
justiça significa A Encarnação foi mais do que uma vinda em carne física
"dever religioso.". Foi uma entrada real para a raça
humana. Ao fazê-lo Jesus se identificou com toda a humanidade. Apesar
de nunca ter pecado, Ele uniu-se de uma forma real com os homens
pecadores. Ele não se colocou em cima de um pedestal, mas mergulhou na
arena de conflito moral. Ele tornou-se um conosco em nossa humilde
propriedade. O clímax da identificação de Cristo com a humanidade pecadora
veio quando ele estava pendurado na cruz, em lugar do homem, condenado como um
criminoso. Esse é o mistério da redenção divina. Apenas Amor Eterno
encarnado poderia ter feito isso.
Tudo isso explica por que Jesus foi batizado. Ele iria
percorrer todo o caminho como o representante do homem no seu pecado e profunda
necessidade. Ele ficou ali, naquele dia, não por si mesmo ou apenas com
João, mas com a multidão. Aqui era a encarnação em ação, o Amor divino
revelado.
Jesus não tinha a permanecer na Jordânia, para confessar seus
pecados, como outros fizeram. Em vez disso, Ele saiu logo da água (v. 16 ). Em
seguida, realizou-se uma cena mais marcante. Os céus se abriram e o
Espírito de Deus desceu sobre Ele como uma pomba. O registro diz que
ele viu isso. O relato de Marcos declara o mesmo ( Marcos 1:10 ). Isso
pode parecer sugerir uma visão visto apenas por Jesus. Mas Lucas diz:
"O Espírito Santo desceu em forma corpórea, como uma pomba, sobre
ele" ( Lucas 3:22 ). Além disso, o Evangelho de João afirma
claramente que esta descida do Espírito como a pomba foi vista por João Batista
e foi um sinal para ele que o destinatário era o Messias ( João 1: 32-34 ). Em
nenhuma das contas é explicitamente afirmado que a forma de pomba-como foi
visto pela multidão.
Então veio uma voz do céu: Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo (v. 17 ). Foi assim que o Pai expressar Sua
aprovação da apresentação de Jesus ao batismo. Neste primeiro ato público
de sua missão para os homens, Cristo teve a aprovação d'Aquele que o
enviou. Ele estava seguindo o caminho da obediência perfeita marcado para
Ele em Seu ministério redentor.
Um significado bíblico da amada é "só". Cristo
é o Filho, o Filho único de Deus. Este é o Pai declarou no
início da carreira pública de Jesus.
A cena de batismo nos dá a primeira revelação clara da trindade a
ser encontrada na Bíblia. Insinuações podem ocorrer no Antigo Testamento, mas em nenhum lugar vamos
encontrar as três Pessoas distintamente indicadas ("Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os
pequenos animais que se movem rente ao chão" Gn 1.26-28) . Aqui, no
entanto, vemos Cristo saindo da água, o Espírito Santo desce sobre Ele, e a voz
do Pai chamando do céu: "Este é o meu Filho amado." O quadro está
finalmente completo. Fato repetido em Mateus 28. “batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu.
vos tenho mandado” (Mateus 28:19–20.
Considerando Mateus tem Este é o meu Filho amado , Marcos
( 01:11 ) e Lucas ( 03:22 ) tem "Tu és o meu Filho
amado". Assim Mateus deixa um público proclamação ao invés de
uma mensagem dirigida a Jesus. Então, Mateus e Lucas (ver acima )
parecem indicar claramente que isso não era apenas um evento espiritual
psicológico vivida por Jesus sozinho.
É claro que Cristo foi capacitado pelo Espírito para pregar e
também para realizar milagres. Lucas diz que, depois de Seu batismo e
tentação "Jesus voltou no poder do Espírito para a Galileia" ( Lucas
4:14 ). Além disso, o próprio Jesus disse aos fariseus: "Se eu
pelo Espírito de Deus expulso demônios, então é o reino de Deus sobre vós"
( Mt 0:28. ). Era a vontade do Pai que Jesus deve operar no
poder do Espírito.
Foi este o início de consciência messiânica clara de
Jesus? Devemos evitar os dois extremos nesta matéria. Evangelhos
apócrifos que circulavam na igreja primitiva representado Cristo como um
bebezinho no berço falando profundamente como o Filho de Deus, e como um bebê e
um menino fazendo milagres espetaculares. Mas isso faria dele uma
monstruosidade psicológica. No outro extremo, estão aqueles que dizem que
Jesus não estava ciente de sua missão messiânica até a confissão em Cesaréia de
Filipe. Esses extremistas dizer que, começando a me perguntar quem ele era,
perguntou a seus discípulos. Quando Pedro disse: "Tu és o
Cristo," Jesus chorou, "Você está certo; Eu acredito que eu sou!
"Isso encerrou Suas dúvidas remanescentes.
Em algum lugar entre esses dois extremos está a
verdade. Alguns colocam a consciência de messianismo em Seu batismo,
quando a voz declarou Ele era o Filho de Deus. Mas parece que um outro
tempo possível e lugar seria quando Jesus tinha doze anos no templo. Esta
é a idade em que os meninos tendem a pensar seriamente sobre o significado da
vida e sobre o que devem fazer. Psicologicamente este é um lugar para
colocar a sã compreensão clara da sua missão divina.
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REVISTA Lição 2, A Escolha Entre A Porta Estreita E A Porta Larga,
2Tr24, NA ÍNTEGRA
Lição 2, A Escolha Entre A Porta Estreita E A Porta
Larga, 2Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV
Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – PORTAS E CAMINHOS
1. A porta estreita
2. O caminho apertado
3. Porta larga e caminho espaçoso
II – POR QUE ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É DIFÍCIL
1. Uma porta aberta, porém, difícil
2. As oportunidades da porta larga são atraentes
3. As razões das exigências
III – ENTRANDO PELA PORTA E
PELO CAMINHO DO CÉU
1. Arrependimento de pecados
2. Confissão de pecados
3. Produzindo frutos de arrependimento
TEXTO ÁUREO
“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que
muitos procurarão entrar e não poderão.” (Lc
13.24)
VERDADE PRÁTICA
A porta estreita não é uma opção, mas a única alternativa
disponível para o crente entrar no Céu.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
– Pv 15.24 A ideia da “porta estreita”
presente no AT
Terça – Mt 5.39,48 Princípios celestiais da “porta estreita”
Quarta – Mt 16.24; Rm 6.6; Gl 5.24 Renúncia e a glória progressiva
da “porta estreita”
Quinta – 1 Co 6.9,10; Gl 5.19-21 A recompensa de quem entra pela
“porta larga”
Sexta – Is 1.15,16; 55.7; Jr 7.3-7 A “porta estreita” é um chamado
ao arrependimento
Sábado – Pv 28.13; 1 Jo 1.7 A “porta estreita” é um caminho de
confissão e de perdão
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 7.13,14; 3.1-10
Mateus 7
13 - Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso,
o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14 - E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à
vida, e poucos há que a encontrem.
Mateus 3
1 - E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da
Judeia
2 - e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.
3 - Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas.
4 - E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de
couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
5 - Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a
província adjacente ao Jordão;
6 - e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus
pecados.
7 - E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao
seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira
futura?
8 - Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento
9 - e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão;
porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
10 - E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
HINOS SUGERIDOS: 208, 447, 570 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a analogia da "porta estreita" e
da "porta larga", mencionada pelo Senhor. Veremos que nosso Senhor
teve a pretensão de mostrar aos pecadores o caminho para a salvação. Para
compreendermos melhor a soteriologia de Cristo, responderemos às seguintes
questões: o que significa a analogia de Jesus concernente à "porta
estreita" e ao "caminho apertado"? Por que devemos escolher a
porta estreita? De que maneira o pecador pode entrar pela porta que o leva para
o Céu? E, por fim, aprenderemos que a consistência da vida cristã tem por base
o arrependimento, a confissão de pecados e a experiência do perdão.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Explicar a analogia da "porta
estreita" e do "caminho apertado" do ponto de vista bíblico e
teológico; II) Destacar que a decisão pela porta estreita requer uma vida de
renúncia e disposição para enfrentar os desafios da caminhada cristã; III)
Apontar que a entrada pelo caminho estreito está baseada no arrependimento,
confissão de pecados e novo estilo de vida.
B) Motivação: As figuras da "porta estreita" e do
"caminho apertado" confrontam as pessoas que ouvem a mensagem do
Evangelho. Do mesmo modo, leva os crentes à reflexão a respeito de se estão, de
fato, se portando de maneira digna a entrar na eternidade com Deus. Aproveite
para conversar com seus alunos sobre o estilo de vida dos que estão aguardando
ansiosamente pelo Arrebatamento da Igreja. Finalize este momento, perguntando:
"Estamos, de fato, trilhando pelo caminho apertado?"
C) Sugestão de Método: O primeiro tópico desta lição aborda o
conceito de porta e caminhos de acordo com a perspectiva bíblica da salvação. A
analogia "caminho" aparece no Antigo Testamento, especificamente,
para ilustrar a vida de renúncia ao pecado e decisão pela prática da justiça.
No Novo Testamento, a figura da "porta" é aplicada de maneira mais
direta pelo próprio Cristo quando se compara à porta pela qual as ovelhas podem
entrar, sair e encontrar pastagem (uma situação cotidiana das regiões camponesas
de Israel). Relacione no quadro as duas situações e faça um exercício de
correlação bíblica, isto é, identifique o sentido de cada ilustração no
contexto bíblico. Você pode consultar as informações no Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento, editado pela CPAD.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A trajetória da vida cristã é marcada por ofertas de
prazeres e deleites terrenos que são renunciados pelos crentes à medida que
vivem um relacionamento estreito com Deus. O cristão comprometido com o
Evangelho mantém a obediência aos preceitos da Palavra de Deus, pois sabe que a
devoção verdadeira requer disposição para viver um estilo de vida que expresse,
de fato, a renúncia às obras da carne e o cultivo do Fruto do Espírito.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que
traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas
Adultos. Na edição 97, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta
lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios
que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Os dois caminhos:
o largo e o estreito", localizado depois do primeiro tópico, destaca a
ideia de escolha entre dois caminhos presente no Antigo Testamento; 2) O texto
"Porta", ao final do segundo tópico, apresenta o uso frequente da
palavra porta no contexto bíblico, bem como seu uso literal e figurativo.
PALAVRA-CHAVE - PORTA
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos o símbolo da porta estreita e da larga, do caminho apertado e do
espaçoso. Nosso propósito é pontuar algumas razões que nos mostram porque
devemos escolher a porta estreita e, do ponto de vista bíblico, como entrar
pelo caminho apertado. Nesse sentido, veremos que o início da nossa jornada
deve levar em conta o caminho que nos conduz ao Céu.
I – PORTAS E
CAMINHOS
1. A porta
estreita
A ideia de uma
“porta estreita” como caminho para a vida está presente tanto na literatura
judaica quanto na cristã. Por exemplo, essa concepção é encontrada no Antigo
Testamento (Pv 15.24). Sabemos que a porta é uma entrada existente em um
edifício ou o muro de uma cidade, algo muito comum nos tempos antigos, em que a
cidade era toda murada e, ao redor de todo o edifício, havia uma porta
estreita. Era por meio dessa porta que todos entravam e saíam da cidade.
2. O caminho
apertado
Quando falamos
de caminho apertado, apontamos para a conduta, a maneira de viver que evidencia
salvação ou perdição. Nesse sentido, a linguagem figurada do “caminho
apertado”, conforme Mateus 7, aponta para os que desejam a vida eterna. Não por
acaso, a palavra “apertado” vem do verbo grego thlíbō que significa “prensar
como uvas, espremer, pressionar com firmeza, caminho comprimido, contraído;
metaforicamente, aborrecer, afligir, angustiar”. Assim, o caminho apertado é o
que nos leva a praticar os ensinamentos de Jesus de modo bem concreto: amar os
inimigos, não praticar a hipocrisia, acumular tesouros no céu dentre outros
princípios celestiais ensinados no Sermão do Monte (Mt 5.39,48).
3. Porta larga
e caminho espaçoso
A porta larga e
o caminho espaçoso simbolizam uma vida sem compromisso com Cristo, segundo o
padrão do Mundo. Essa porta recebe muitas pessoas que expressam crenças e
valores segundo a sua vã maneira de viver. Um caminho que tem seduzido muitos
por meio da busca irrefreada do prazer e das ideias que negam a Bíblia como
nossa única regra de fé e conduta. Tratam-se, pois, de uma porta e de um
caminho em que entram pessoas que vivem segundo suas próprias ideias (Jz 21.25)
e que não desejam ajustar-se aos ensinos das Escrituras Sagradas (Jo 7.38).
SINÓPSE I
Seguir pelo
caminho apertado requer uma disposição em seguir na contramão da maioria.
AUXÍLIO
BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Os dois
caminhos: o largo e o estreito (Mt 7.13,14).
O caminho da
morte e o da vida aparecem no Antigo Testamento, na literatura inter-testamental,
nos escritos de Qumran e na literatura cristã primitiva [...]. Na literatura de
Qumran os dois caminhos são expostos como o ‘caminho da luz’ e o ‘caminho das
trevas’. Jesus, de forma típica, apresenta as opções diante da audiência em
paralelismo antitético: uma porta para a vida ou uma porta para a morte. A
maioria das pessoas toma o caminho fácil, o qual é desastroso. A porta para a
vida é difícil e restritiva; os verdadeiros discípulos são minoria. Dado o
contexto de Mateus, a dificuldade da porta estreita é o caminho da justiça, na
qual Jesus há pouco instruiu as pessoas” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento: Mateus-Atos. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 61).
II – POR QUE
ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É DIFÍCIL
1. Uma porta
aberta, porém, difícil
A porta para a
entrada na pátria celestial está aberta. Porém, há muitos impedimentos para que
a alma humana a atravesse: o egoísmo, o ego inflado, a idolatria, dentre
outros. Contudo, nosso Senhor ensinou que para tomar o caminho do céu é preciso
negar a si mesmo, deixar morrer o que somos para viver a vida com Ele a fim de
que resulte uma glória progressiva e indizível (Mt 16.24; Rm 6.6; Gl 5.24).
2. As
oportunidades da porta larga são atraentes
Para muitos, o
caminho da porta estreita não é atraente, pois a porta larga oferece uma
jornada de prazeres, deleites e libertinagem. Entretanto, os que andam nesse
caminho são dominados pelas ilusões da vida, enredando-se numa sedutora
fantasia. É um caminho de apego prazeroso ao mundo e de desprezo a Deus (1 Jo
2.15,16). Tragicamente, todos os que amam o mundo não terão direito a entrar
nos céus (1 Co 6.9,10; Gl 5.19-21). Por isso, o cristão comprometido com o
Evangelho de Cristo sabe que “o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele
que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.17).
3. As razões
das exigências
Diferentemente
da porta larga e do caminho espaçoso, a porta estreita e o caminho apertado
requerem uma transformação interior, uma decisão pessoal e uma disposição em
seguir na contramão da maioria. Só começa a trilhar pelo caminho da porta
estreita quem se reconhece em Cristo como um pecador (2 Co 12.9) e com
disposição de viver uma vida dirigida por Ele como um novo começo (2 Co 5.17).
A partir dessa jornada, o Evangelho nos faz caminhar em santidade, seguir os
passos de Cristo e andar como Ele andou (1 Jo 2.6). Então, estaremos prontos
para criar raízes e enfrentar os obstáculos de nossa jornada cristã (Lc 8.13,14).
SINÓPSE II
Seguir pelo
caminho apertado requer uma disposição em seguir na contramão da maioria.
AMPLIANDO O
CONHECIMENTO
“Portas da
cidade
No mundo
antigo, as portas desempenhavam um papel crítico nas defesas de uma cidade. As
portas geralmente eram o ponto mais fraco nos muros de uma cidade e, portanto,
muitas vezes o ponto de ataque dos exércitos sitiantes. Para uma cidade ser
forte, não bastavam muros maciços; tinha de ter portas fortes.
As portas da
cidade também eram o local dos tribunais judiciais, bem como o local onde os
impostos eram recolhidos. Jeremias 38.7 indica que o rei realizou a corte em
uma das portas de Jerusalém. Quando os profetas do AT atacam a injustiça, eles
frequentemente se referem às portas da cidade como lugar de justiça (Am 5.15).”
Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Dicionário Bíblico Baker, editado pela
CPAD, p.400.
Auxílio Bibliológico
“Porta. Uma palavra
mencionada muitas vezes na Bíblia Sagrada. Na versão KJV em inglês, é a
tradução de sete palavras hebraicas e uma grega. Os dois termos hebraicos
frequentemente usados são: delet, referindo-se à própria porta, e petah, uma
porta de entrada. A palavra ‘porta’ é utilizada tanto no sentido literal como
de modo figurativo.
Uso literal
(por exemplo, Gn 19.6, 9; 2 Rs 9.10). As portas comuns eram feitas de madeira,
mas às vezes eram feitas de espessos pedaços de pedra, tanto para casas como
para tumbas. Cadeados de madeira, latão, ou ferro eram usados (Jz 3.24,25). Nas
tendas as portas eram aberturas cobertas por uma aba (Gn 18.1,2).
Diferentemente
da porta larga e do caminho espaçoso, a porta estreita e o caminho apertado
requerem uma transformação interior, uma decisão pessoal [...].”
Uso figurativo.
Provavelmente, o uso mais frequente de porta de modo figurativo seja como
símbolo de oportunidade, especialmente para o testemunho e o serviço cristão
(por exemplo, 1 Co 16.9; 2 Co 2.12; Cl 4.3; Ap 3.8). O termo porta é também
usado para representar o caminho pelo qual uma pessoa entra em algum lugar. O
próprio Cristo é a porta pela qual o ser humano alcança a salvação (Jo 10.9;
cf. At 14.27; Os 2.15). Aquele que está próximo é considerado como ‘estando à
porta’ (Mt 24.33; Tg 5.9; Ap 3.20; Gn 4.7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio
de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1576).
Assim, quando o
homem reconhece em confissão que é um pecador, ele recebe o perdão de seus
pecados.”
III – ENTRANDO
PELA PORTA E PELO
CAMINHO DO CÉU
1.
Arrependimento de pecados
Por meio das
palavras do arauto divino, João Batista (Mt 3.1-10), a mensagem pregada por ele
para entrar no Reino de Deus é o Arrependimento. João é uma voz que ecoa entre
a Antiga e a Nova Alianças, confirmando as palavras dos profetas do Antigo
Testamento, pois sua mensagem de arrependimento era a mesma pregada por Isaías
e Jeremias (Is 1.16,15; 55.7; Jr 7.3-7). Por essa razão, é importante ponderar
que o arrependimento bíblico não é uma questão meramente emocional, mas uma
disposição para mudar de ideia e um exercício que envolve o aspecto mental e
moral do pecador. Por meio da pregação e da aceitação do Evangelho, mediante a
ação regeneradora do Espírito Santo, o pecador renuncia ao pecado, reorienta a
vida e firma uma resolução de deixar o caminho espaçoso para tomar o caminho
que conduz para a vida eterna.
2. Confissão de
pecados
O ministério de
João Batista foi impactante, de modo que iam ter com ele toda Judeia e a
província do Jordão (Mt 3.5). Os que iam até João confessavam os seus pecados
para serem batizados. Ora, a Bíblia diz que todos pecaram e separados estão da
glória de Deus (Rm 3.23). Sem que o homem reconheça que é pecador, jamais
compreenderá que precisa de um Salvador. Nesse aspecto, a confissão pessoal dos
pecados é uma perspectiva nova que aparece com o ministério de João Batista. Em
Israel, a confissão era nacional e se dava em dia especial como no Dia da
Expiação (Nm 5.7). Por meio do modelo de vida de João Batista, a confissão de
pecados passou a fazer parte da tradição cristã. Desse modo, a pessoa confessa os seus pecados
(Sl 32.5) e afirma que crê em Deus Poderoso e Salvador (Rm 10.9,10). Assim,
quando o homem reconhece em confissão que é um pecador, ele recebe o perdão de
seus pecados (Pv 28.13; 1 Jo 1.7).
3. Produzindo
frutos de arrependimento
Para João
Batista, o batismo e a confissão somente não seriam as provas verdadeiras da
mudança de vida. Era preciso apresentar frutos na vida como a marca de um
arrependimento sincero. Em Lucas, podemos contemplar frutos concretos que João
Batista esperava de quem se arrependesse: honestidade, misericórdia, respeito
às autoridades, dentre outros (Lc 3.11-14). Isso era a prova de que a natureza
da pessoa havia sido verdadeiramente transformada. Portanto, uma pessoa que
teve um encontro verdadeiro com Jesus produzirá frutos dignos de
arrependimento, uma nova forma de pensar e agir, um novo estilo de vida (Mt 3.2;
21.29; Mc 1.15).
SINÓPSE III
O verdadeiro
encontro com Jesus produz no crente frutos dignos de arrependimento.
CONCLUSÃO
No momento que
inicia sua jornada com Cristo, o cristão deve ter a consciência de que escolheu
o caminho estreito e a porta apertada para trilhar o caminho do céu. Isso
significa que precisamos renunciar ao eu, nossos pensamentos e desejos, para
que Cristo apareça (2 Co 5.17). Isso só é possível por meio de um verdadeiro
arrependimento, confissão de pecados e a experiência do perdão.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que significa dizer “caminho apertado”?
Quando falamos de caminho apertado, apontamos para a conduta, a
maneira de viver que evidencia salvação ou perdição.
2. O que a “porta larga” e o “caminho espaçoso” simbolizam?
A porta larga e o caminho espaçoso simbolizam uma vida sem
compromisso com Cristo, segundo o padrão do Mundo.
3. O que o Senhor Jesus ensinou a respeito de fazer o caminho da
“porta estreita”?
Nosso Senhor ensinou que para tomar o caminho do céu é preciso
negar a si mesmo, deixar morrer o que somos para viver a vida com Ele a fim de
que resulte uma glória progressiva e indizível.
4. O que a “porta estreita” requer da pessoa?
A porta estreita e o caminho apertado requerem uma transformação
interior, uma decisão pessoal e uma disposição em seguir na contramão da
maioria.
5. Que tipo de disposição deve haver no arrependimento bíblico?
Trata-se de uma disposição para mudar de ideia e um exercício que
envolve o aspecto mental e moral do pecador.