Escrita Lição 12, CPAD, Sendo a Igreja do Deus Vivo, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
3° Trimestre de 2023, ADULTOS, EBD, CPAD, Adultos – A
IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –Como viver neste mundo dominado pelo
Espírito da Babilônia
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TEXTO ÁUREO
“Grande é este
mistério; digo-o , porém , a respeito de Cristo e da igreja”. (Ef 5.32)
VERDADE PRÁTICA
A Noiva de Cristo
não pode ser mundana, pois ela é a guardiã da verdade revelada e suas vestes
devem se manter imaculadas para as Bodas do Cordeiro.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Dn
4.2 5 ; At 17.24 Deus é um ser pessoal que intervém no curso da história
Terça – Mt 5.13,14 Se a verdade for corrompida, deixamos de ser o sal da
terra e a luz do mundo
Quarta – Hb 13.12 A santificação da Igreja é um a obra do Calvário
Quinta – Ap 19.7-9 A Igreja “ santa e imaculada” terá acesso às Bodas do
Cordeiro
Sexta – 2 Tm 4.2 Zelando, vivendo e propagando a mensagem bíblica com
fidelidade
Sábado – Jd 1.3 Batalhando pela fé que foi entregue aos santos
Hinos Sugeridos: 14 4, 215, 4 71 da Harpa Cristã
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE - 1 Timóteo 3.14-16; Efésios 5.25-27,32
1 Timóteo 3
14 – Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa,
15 – mas, se tardar; para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 – E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou
em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios,
crido no mundo e recebido acima, na glória.
Efésios 5
25 – Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela,
26 – para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
27 – para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
32 – Grande é este mistério; digo-o, porém , a respeito de Cristo e da igreja.
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A NATUREZA DA
IGREJA DO DEUS VIVO
1- A casa do Deus
vivo.
2- A coluna e
firmeza da verdade.
3- O mistério da
piedade.
II – CRISTO E O
RELACIONAMENTO COM A IGREJA
1- Santificação e
pureza.
2- Gloriosa e irrepreensível.
III- AS ARMAS DA
IGREJA DO DEUS VIVO
1- O zelo pela
verdade.
2- O ensino da
verdade.
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SUBSÍDIOS PARA A
LIÇÃO
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Eclesiologia —a Doutrina da Igreja - Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD
Geremias
do Couto
Igreja
do Senhor Jesus jamais perdeu a sua relevância histórica, não obstante as
frustradas e constantes tentativas perpetradas pelo Inimigo para destruí-la
através dos tempos. Ainda hoje, cerca de dois mil anos após a sua inauguração
no Pentecostes, suas fronteiras continuam em expansão através do mundo,
suportando todos os ventos contrários e cumprindo a missão para a qual foi por
Deus estabelecida.
Conquanto
a Igreja, como Corpo, seja muito mais que uma organização, a História é pródiga
em revelar que muitas instituições sucumbiram com o tempo, comprovando a tese
de que qualquer organização, por mais forte que seja, tem a sua trajetória bem
definida em três fases distintas — crescimento, ápice e decadência —, para
então submergir-se nas lembranças do passado.
Não
é assim com a Igreja. Ela se caracteriza por uma natureza singular, que lhe
assegura plena capacidade de resistir aos ataques das forças malignas e ter
continuidade histórica nas circunstâncias mais adversas, até que cumpra o seu
objetivo.
Introdução
à Eclesiologia
Como
explicar a força e a permanência de uma instituição como a Igreja, que
contraria toda a lógica daqueles que trabalham contra ela? Como conseguiu
transpor
adversidades que, em circunstâncias comuns, teriam sido a sua própria
sepultura? Que força a mantém viva e atuante em meio a uma sociedade
relativista e secularizada como a atual? Que esperança fortaleceu a fé daqueles
que, ao longo da História, foram torturados e mortos por não negarem a sua fé
em Cristo e serviram de esteio para a fé invicta de futuros cristãos?
O
segredo está em sua origem. Apesar de sua constituição humana, tem procedência
divina, pois foi estabelecida pelo próprio Deus, que a sustenta e faz com que
tudo quanto projetou para ela, em sua trajetória, se realize. De outra forma,
só saberíamos algo a seu respeito, hoje, apenas através das páginas empoeiradas
dos historiadores, e não de sua pujante e aguerrida presença contemporânea na
luta contra o mal e na proclamação das boas novas trazidas ao mundo com o
primeiro advento de Cristo.
Conhecer
o que a Bíblia revela acerca da Igreja fortalece a fé, anima a caminhada e
traz segurança quanto à prática dos atos a ela inerentes no mundo. A batalha
diária dos que pertencem a ela não é inglória, sem sentido, mas significa
testemunhar a ação de Deus através da História até o ápice do plano divino na
consumação de todas as coisas. Assim, é sumamente significativo conhecer como
tudo começou, por onde passa a peregrinação da Igreja, qual o seu papel
histórico no mundo e aonde ela chegará ao final de sua caminhada.
A
Igreja como um projeto de Deus
A
Igreja foi, desde a eternidade, concebida na mente de Deus. Isso, por si só,
explica a sua peculiar natureza como povo adquirido, que não se verga diante
das pressões do mundo. Tal qual um engenheiro sobre a prancha, para usar uma
linguagem adequada ao nosso conhecimento, Deus a projetou em toda a sua
dimensão divina e histórica, prevendo cada detalhe desde a sua concepção até
ser inaugurada no dia de Pentecostes, para daí seguir a sua trajetória através
dos tempos.
Assim
como o mundo não surgiu do acaso nem da vontade humana, a Igreja veio à
existência pela vontade exclusiva e soberana de Deus para cumprir um propósito
especial sobre a face da Terra.
Definição.
O vocábulo “igreja” se traduz do grego ekklesia e significa “os chamados para
fora” para constituir um agrupamento de pessoas compromissadas com Cristo e a
proclamação do seu evangelho por toda a Terra. O termo correspondente, no
hebraico, é kaal, reportando-se à congregação do povo de Israel, constituído
para adorá-lo em meio às nações pagãs.
A
palavra “igreja” indica o propósito para o qual Deus estabeleceu esse projeto;
não se reporta especificamente a esta ou àquela denominação nem às suas
estruturas em si mesmas, mas ao povo de Deus espalhado sobre a face da Terra,
em todas as épocas desde ao seu estabelecimento.
Um
projeto oculto no mistério de Deus. O texto de Efésios 3.I-I2 descreve a dimensão
desse projeto, no passado, como um mistério oculto em Deus. Em tradução
teológica, o termo em apreço se reporta aos “segredos revelados, propósitos
ocultos dos homens por longas eras, mas que foram finalmente descortinados por
meio da revelação divina”. O apóstolo Paulo alude três vezes à expressão na
mesma passagem com o mesmo significado.
Paulo
se encarrega de definir o tal projeto divino como o ato “de tornar a congregar
em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que
estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.9). E conclui o seu raciocínio
afirmando tratar-se também dos gentios como “coerdeiros, e de um mesmo corpo, e
participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef. 1.6).
O
termo em questão implica que Deus estabeleceu, desde a eternidade, um projeto
cujo ápice na História só terá sentido mediante a encarnação do Verbo, já
ocorrido no passado (Jo 1.14), estabelecendo o divisor entre o antigo e o novo
pacto, bem como as bases para a ação presente da Igreja. Isso porque a morte do
Cordeiro, que dá origem à existência da ekklesia, foi também prevista na mente
de Deus antes que o mundo fosse criado (Ef 1.4).
Por
outro lado, o fato de a Igreja ter estado oculta no mistério de Deus implica os
seguintes desdobramentos:
Não
obstante a linearidade da História, e os seus movimentos aparentemente
cíclicos (ainda que não o seja de fato), todos os eventos bíblicos, desde os
primórdios da raça humana, contribuíram para a chegada do momento da revelação
do mistério em Cristo.
Mesmo
em situações nas quais o livre-arbítrio do homem o tenha levado a tomar
atitudes em absoluto antagonismo contra o plano de Deus, criando circunstâncias
que pareciam acabar de vez com a possibilidade de o divino projeto vir à
existência, o Altíssimo agiu soberanamente através delas — as circunstâncias
para
que o seu propósito não fosse frustrado.
Os
profetas do Antigo Testamento vaticinaram um tempo de graça no mundo — o tempo
da Igreja — sem que eles mesmos tivessem noção exata de como seria essa indizível
manifestação da graça divina. Anteviram a revelação do mistério (a Igreja), mas
não puderam discerni-lo.
Um
projeto de Deus melado aos homens. A Igreja veio à existência na “plenitude dos
tempos” (Ef I.IO), no momento exato determinado por Deus. A sobrenatural
humanização do Verbo — também na “plenitude dos tempos” — constituiu-se no
início da revelação desse glorioso mistério ao mundo (G14.4). Ali o Emanuel, o
Deus irmanado conosco, começou a transpor-se da mente de Deus para a realidade
humana, posto que, em Cristo, todos quantos o recebem, quer judeus, quer
gentios, formam um só Corpo mediante a promessa do evangelho.
Toda
a concepção divina para a redenção humana passa por Jesus, a pedra angular do
projeto de Deus — a ekklesia — em relação ao mundo. Ela, consequentemente, não
pode ser dissociada de Cristo; nem este dela. E a sua humanização que cria a
Igreja e a torna depositária da revelação do mistério de Deus (cf Ef 1.4).
Assim
como no Antigo Testamento existiu a congregação do povo de Israel, para receber
o conhecimento de sua revelação, de igual modo a Igreja dá continuidade ao
plano divino na atualidade.
Um
projeto com riquezas incompreensíveis. Como resultado direto do projeto de
Deus, a Igreja tem uma missão, qual seja de anunciar as riquezas incompreensíveis
de Cristo. O termo vem do grego anexichniastos e tem a ver com as “etapas de
Deus na revelação de seu plano para o homem acerca das riquezas de sua graça em
todas as eras”.
A
mensagem do evangelho da graça de Deus é universal porque o seu alcance cobre
desde o princípio da criação até a consumação final do propósito divino. Com
isso concorda Alcebíades Pereira de Vasconcelos:
Desde
que Deus nos elegeu em Cristo para sermos salvos por Ele antes da fundação do
mundo, foi que surgiu o plano de Deus, a Igreja fiel. Portanto, todos os
salvos, em todos os tempos da história humana, são membros da mesma Igreja, que
inclui os nomes dos salvos que estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro, que
foi morto antes da fundação do mundo.'
Em
todas as épocas, a partir do Éden, Deus permitiu que o homem, através dos
sacrifícios que apontavam para a cruz, tivesse acesso, pela fé, às riquezas da
graça de Cristo. Eles olhavam ao longe; a promessa era ainda para o futuro.
Nós, e todos quantos vierem depois, até que o plano de Deus se complete,
olhamos para o pretérito, pois a promessa já se realizou no Calvário (cf. Hb
11.39,40) e deu origem concreta à Igreja.
As
riquezas anunciadas pela Igreja, por sua vez, apresentam conteúdo inigualável.
Que outro povo ou instituição teria uma mensagem tão rica e completa? Apenas a
Igreja de Cristo. Através da ação do Espírito Santo, ela abre os tesouros das
profundezas de Deus para os dias de hoje, que implica tomar posse das bênçãos
presentes do Reino de Deus. E alimenta a esperança do crente quanto à era
vindoura, onde fruirá de todas as promessas para aquela época, na qual o plano
divino será consumado em toda a sua plenitude.
Como
projeto de Deus, a Igreja tem, ainda, compromisso com o resultado da mensagem.
Aqui está um dos segredos de sua existência através dos séculos. O que ela
prega produz frutos permanentes. Há o tempo de semear; e o de colher. Ambos lhe
pertencem (SI 128.6; Jo 4.35). Nenhum sistema político conseguiu, e jamais
conseguirá, colocar no mesmo projeto pessoas de posições sociais tão díspares,
compartilhando do mesmo processo, vivendo as mesmas expectativas e aguardando a
mesma esperança (G1 3.10,11).
Somente
a Igreja, antecipando a realidade escatológica do Reino de Deus, anuncia em
Cristo, aqui e agora, a salvação e a vê realizada naqueles que aceitam o
Salvador, o que, como resultado da redenção do pecado, implica, entre outras
coisas: gozo, paz, justiça, solidariedade e esperança — “porque o Reino de Deus
não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm
14.17).
Um
projeto que manifesta a multiforme sabedoria de Deus. Aqui está o cerne da responsabilidade
da Igreja: manifestar a multiforme sabedoria de Deus. O termo “multiforme”
contrapõe-se a “uniforme”. Não obstante as leis imutáveis (que Deus jamais
transgride), Ele é de uma grandeza e profundidade incomensuráveis, inclusive ao
criar situações que ao homem parecem absurdas. Todavia, sempre com o propósito
de amoravelmente atraí-lo para si. São as supostas “esquisitices” de Deus.
Eis
alguns exemplos:
A
jumenta que falou a Balaão (Nm 22.21-31).
Os
corvos que alimentaram Elias junto ao ribeiro de Querite (I Rs 17.1-7).
O
lodo feito de cuspe por Jesus como símbolo para curar a cegueira de um homem (Jo
9.6,7).
Essas
e outras experiências semelhantes sempre apontavam para algum propósito. Elas
não tiveram caráter sensacionalista e não podem, por isso mesmo, constituir-se
em regra ou doutrina para a igreja hodierna. Ou seja, não serão necessariamente
repetidas, pois tiveram finalidade específica. Até mesmo porque, se assim
fosse, a sabedoria de Deus deixaria de ser multiforme. Vale aqui o princípio: A
experiência é única, pessoal e intransferível, não podendo jamais sobrepor-se à
Palavra de Deus.
No
entanto, Deus não está limitado em sua forma de agir. Isso implica, por outro
lado, uma Igreja multiforme para uma sabedoria multiforme. Como projeto de Deus
e parte do mistério agora revelado ao mundo, a ekklesia precisa corresponder à
expectativa divina e proclamar, com igual criatividade, a multiforme sabedoria
de Deus.
Não
se trata de mudar a mensagem ou “ajustá-la” ao modus vivendi da sociedade. Mas
significa encontrar canais adequados para a realidade de hoje, pelos quais
possa ela fazer fluir a água da vida, alicerçando-se sobre o verdadeiro
fundamento que sustenta a sua existência (I Co 3.10-15).
A
Igreja e seu fundamento
Como
projeto de Deus que veio à existência mediante a encarnação de Cristo, a Igreja
é retrata na Bíblia como uma obra em edificação. Esse rico simbolismo aponta
para a necessidade de um fundamento, sem o qual nenhuma construção é capaz de
ser erguida em condições de se manter de pé ou suportar a ação do tempo em suas
estruturas (Mt 7.24-27).
A
mídia, vez ou outra, veicula notícias de prédios que ruíram por terem fracos
alicerces e estruturas inadequadas. Não tivesse a Igreja um fundamento
inabalável, teria também o mesmo fim, pois os fortes ventos das tempestades
sempre sopraram contra ela, e estes serão cada vez mais violentos à medida que
se aproxima o fim dos tempos. O texto de Mateus 16.13-18 trata com especial
clareza da questão do fundamento:
E,
chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos,
dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns,
João
Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhe ele: E
vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo,
o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que
está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Como
núcleo da Igreja incipiente, os discípulos foram preparados por Cristo para
serem as colunas de sustentação apostólica do cristianismo bíblico. Eles
teriam a responsabilidade ímpar de iniciar a construção desse grande edifício.
Chegara, portanto, o momento supremo em que se descortinaria para a História o
projeto concebido na mente de Deus. Com esse propósito, o Mestre inicia uma
reflexão e lhes faz uma pergunta questionadora: “Quem dizem os homens ser o
Filho do Homem?” (v. 13).
Uma
pergunta questionadora. À primeira vista, numa leitura menos teológica, tem- se
a impressão de que o Senhor está em processo de autoafirmação, buscando, por
isso, o reconhecimento da opinião pública. No entanto, à medida que se
aprofunda o diálogo, verifica-se que foi apenas o ponto de partida para chegar
ao cerne da questão: o fundamento da Igreja nascente.
É
óbvio que a pergunta enseja, de início, a oportunidade de os discípulos
mostrarem o que pensava a opinião pública. Aqui há uma descoberta interessante,
que serve de lição para o dia a dia: as percepções sobre a vida variam de
pessoa para pessoa e podem ser classificadas em níveis distintos. São fatores
diversos
internos
e externos — que determinam essa variação.
A
avaliação apresentada pelos discípulos reflete essa realidade. Não obstante a
clareza da mensagem pregada pelo Senhor, o máximo que as respostas indicam é
uma percepção equivocada que situa Cristo ao nível dos profetas do Antigo
Testamento (v. 14). Os judeus não tinham ainda percebido a sua messianidade.
Uma
resposta reveladora. É provável que até mesmo os discípulos ainda nutrissem
dúvidas sobre o caráter messiânico do advento de Cristo. Talvez tivessem uma
percepção parecida com a da opinião pública. Neste ponto crucial, o Senhor
restringe o campo de sua pesquisa e lhes faz a pergunta decisiva: “E vós, quem
dizeis que eu sou?” (v. 15).
Da
resposta dependeriam os passos seguintes. Contudo, o que se percebe do texto de
Mateus 16, num aparente hiato entre os versículos 15 e 16, é a retração do
grupo. A percepção externa já cristalizada, como se Cristo fosse apenas um
profeta, não favorece uma posição clara. Essa ênfase é proposital porque,
atualmente, em diversos casos, a percepção quanto à posição da Igreja de Cristo
é conduzida pelo que os outros pensam e dizem a respeito, e não pelo que a
Bíblia revela.
Todavia,
no exato momento em que os discípulos se encontram aparentemente perplexos,
diante da inquiridora pergunta, entra em cena a revelação sobrenatural. Pedro,
tomado pelo Espírito Santo, torna-se o porta-voz do grupo e declara: “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Aqui está o reconhecimento implícito da
messianidade de Jesus, pedra de toque do arcabouço teológico que dá vida à
Igreja.
O
Cristo da História, que viveu na dimensão humana como enviado do Pai,
incorporava em si mesmo toda a plenitude da divindade (Cl 2.9). Esse é o
sentido da revelação dada por Deus a Pedro. Tirar, portanto, doutrina do
fundamento eclesiástico da centralidade da pregação é deixar a Igreja anômala e
sem consistência bíblica.
Uma
declaração conclusiva. Chega-se, agora, ao ponto de tensão sobre quem seria o
fundamento da Igreja. Inicialmente, o Senhor esclarece a origem da revelação:
não foi fruto da percepção humana equivocada (carne e sangue':, mas resultado
da ação direta de Deus, mediante o Espírito Santo no coração de Pedro (v. 17).
Em segundo lugar, através de um recurso estilístico, no grego, estabelece de
forma precisa que o fundamento da ekkesia está na confissão do apóstolo (v.
18).
Cristo
cita duas palavras da mesma raiz, mas com significados diferentes, que
expressam a dimensão exata da revelação. A primeira, petros (o nome do discípulo),
significa “um fragmento de pedra”. A segunda, petra, traduz-se como “rocha
inamovível”. Está claro que o Senhor, ao mesmo tempo em que reconhecera a
sensibilidade espiritual de Pedro como um fragmento de pedra, deixou também
estabelecido que a Igreja está edificada sobre a Pedra inamovível — Cristo, o
Filho do Deus vivo —, que se constituiu na confissão pública do apóstolo.
O
Senhor foi mais além, ao declarar a completa vitória da Igreja sobre as portas
do inferno. Tal afirmativa revela a plena autoridade de Cristo para cumprir
cabalmente o plano divino concernente ao mundo, segundo a Palavra de Deus. Por
outro lado, fosse Pedro o tal fundamento, ou qualquer outro dos discípulos, a
Igreja não teria resistido aos fortes vendavais que sopraram sobre ela ao longo
da História, e nem suportaria os ventos que hoje tentam desviá-la da rota (Ap
3.10).
Cristo,
o fundamento inamovível da Igreja. Uma regra áurea de interpretação bíblica
determina que não se pode interpretar o texto isoladamente, sem levar em consideração
o contexto. Portanto, considera-se como doutrina aquela que desfruta de
respaldo em toda a Bíblia. Não é o caso do dogma romanista que situa Pedro como
fundamento da Igreja. Senão, vejamos:
0
livro de Atos dos Apóstolos, que narra os primeiros passos da Igreja, em nenhum
momento deixa transparecer a ideia de que Pedro é o fundamento da ekklesia. Nos
primeiros treze capítulos, aparece tomando várias iniciativas, mas a partir
daí, com exceção do capítulo 15, que trata do Concilio de Jerusalém (no qual
ele desponta no mesmo nível dos demais apóstolos), sai de cena.
Desde
o momento em que Jerusalém começa a entrar em declínio político, antes da
diáspora do ano 70, Deus se move através das circunstâncias para transferir o
núcleo da Igreja das fronteiras judaicas para outro local estratégico. E assim
que nasce a obra em Antioquia. A Bíblia identifica os personagens principais
dessa fase como crentes anônimos, dispersos pela perseguição, e cita Barnabé e
Paulo em fase posterior. A liderança de Pedro sequer é mencionada (At
11.19-26).
Nenhuma
das Epístolas faz alusão a Pedro como alguém que estivesse ocupando posição de
proeminência. Nem mesmo a que foi escrita por Paulo aos Romanos o destaca. E
pelo menos em uma ocasião sofre críticas de Paulo, em razão de sua atitude
dissimulada no seu relacionamento com os gentios (GI 2.11-I5). Houvesse Pedro
sido nomeado pelo Senhor o fundamento da Igreja, o Novo Testamento cuidaria de
registrar, com detalhes, os fatos que apontassem nessa direção.
Vejamos,
também, como se posiciona o Novo Testamento em relação a Cristo como o
fundamento da Igreja. Paulo, em I Coríntios, é enfático: “Porque ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (3.11).
O apóstolo segue a mesma linha da declaração reveladora no ato da confissão de
Pedro. Mas é possível que algum crítico possa pôr em dúvida a sua afirmação,
alegando tratar-se de rivalidade entre ele e Pedro. Fosse dessa forma,
ter-se-ia de Pedro outro posicionamento.
Entretanto,
o apóstolo Pedro reitera a mesma posição de Paulo. Em Atos 4.11 e I Pedro 2.4-7,
ele não reivindica qualquer pretensão papista; antes, apresenta Cristo como a
pedra principal de esquina. Esta expressão denota a ideia de centralidade no
alicerce de uma construção e está em sintonia com a teologia paulina. É tanto
que Paulo faz uso da mesma linguagem em Efésios 2.19-22:
Assim
já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da
família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de
que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; no qual todo o edifício, bem
ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente
sois edificados para morada de Deus no Espírito.
Assim
sendo, o Novo Testamento ratifica a doutrina que sustenta a posição de Cristo
como o fundamento eterno e inabalável da Igreja, que, a partir de sua inauguração
no dia de Pentecostes, iniciou a sua peregrinação pelos caminhos da História.
A
Igreja peregrina
Já
se vão cerca de dois mil anos de peregrinação da Igreja no mundo. Desde aquele
pequeno núcleo em Jerusalém, com apenas doze discípulos, até os dias de hoje, é
uma história de franca e vitoriosa expansão. Não obstante as intensas
perseguições dos primeiros séculos e tantas outras ao longo do tempo, seja de
forma generalizada, seja de forma isolada, em regiões que não admitiam (ou
ainda não admitem) a ação da Igreja em suas fronteiras, ela aí está como um
permanente desafio às portas do inferno.
Cabe
também acrescentar, como enfrentamentos da Igreja ao longo de seu percurso,
entre outros, as ambiguidades humanas, o florescimento das heresias, a
submissão ao poder político e os efeitos maléficos da institucionalização
eclesiástica. Nada disso, todavia, tem sido capaz de detê-la, em razão de sua
origem.
Peregrinação
histórica. O que faz a Igreja em sua peregrinação histórica? Que papel
desempenha no cumprimento de sua missão? Ela atua basicamente em três áreas que
se interconectam e lhe dão completude em seu singular propósito:
Resgatar
os pecadores para Cristo.
Torná-los
integralmente compromissados com a causa do evangelho.
Prepará-los
para a sua mudança definitiva para o Céu. Nenhuma outra atividade pode ter
qualquer primazia em detrimento de tais responsabilidades. Toda ação que ela
desenvolve na presente era precisa estar em perfeita sintonia com os termos
acima.
O
vocábulo “tabernáculo”, que aparece em 2 Coríntios 5.1-4, é muito adequado à ideia
de peregrinação. Quando analisado sob a perspectiva restrita do texto,
aplica-se ao corpo do crente que se revestirá da imortalidade, para desfrutar
das promessas da era vindoura (I Co 15.42-58). Porém, ele traz, no original, em
primeiro lugar, a ideia de movimento.
Como
uma tenda portátil, o Tabernáculo se desmontava e era deslocado de um lugar
para outro, quando o povo de Israel peregrinava no deserto. Em sentido mais
amplo, o termo denota a mesma perspectiva em relação à Igreja, cuja visão não
se circunscreve a este mundo nem se realiza na materialidade da vida terrena.
A
Igreja se caracteriza como peregrina, de passagem pela Terra, movendo-se pelos
caminhos da História, no aguardo da bem-aventurada esperança — a hora do
desfecho do plano de Deus a seu respeito: “aguardando a bem-aventurada
esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo” (Tt 2.13).
Outra
ideia implícita no vocábulo “tabernáculo” é a da transitoriedade. Os povos
nômades, como os beduínos do deserto, obrigam-se a usar esse tipo de habitação,
pelo seu caráter provisório, já que sempre se deslocam de uma terra para outra.
No entanto, aqueles que têm residência estável optam por moradia definitiva.
A
expectativa de cada crente é a mesma. A posse em definitivo da eterna herança é
comparada pelo apóstolo Paulo à desmontagem do Tabernáculo, cujo uso não terá
mais sentido para a conquista definitiva de um edifício construído por Deus,
que implica o recebimento de um corpo imortal e incorruptível. É o estágio
final da peregrinação do salvo (I Jo 3.2).
Para
a Igreja, comunidade dos fiéis, significa o findar de sua peregrinação terrena
comprometida com a causa do evangelho para fixar-se definitivamente nas moradas
eternas (Jo 14.1-3). Será o coroamento de seu mover-se na transitoriedade
histórica de sua missão entre os homens.
Peregrinação
consciente. A transitoriedade da Igreja na Terra não significa, por outro lado,
uma postura alienada e contemplativa, que aguarda apenas a conquista da
recompensa final. O texto de 2 Coríntios 5.3 — “se, todavia, estando vestidos,
não formos achados nus” — pode ser compreendido sob o seguinte ângulo: as
vestimentas de salvação de que falou Isaías (61.10) representam, hoje, a
garantia da conquista da futura imortalidade. E o mortal absorvido pela vida.
Entretanto,
a falta de compromisso, no presente, com as implicações da salvação pode deixar
o crente despido e desqualificado para se apresentar diante do Pai e ser
revestido da imortalidade. A salvação resgata o homem do mundo e lhe assegura a
redenção definitiva do corpo do pecado. E o salvo, aqui e agora, firma um
compromisso consciente com o serviço cristão (Jo 5.17; Cl 1.29).
Enquanto
os israelitas, guiados por Moisés, atravessavam o deserto, tendo como centro de
culto o Tabernáculo — que se movia em direção à terra prometida —, lidaram com
as questões atinentes à peregrinação sem perder de vista, pela fé, a conquista
de Canaã. Não foi uma travessia apenas contemplativa, pois, além da
espiritualidade, representada na liturgia cultuai, houve organização, normas
gerais de conduta, alimentação saudável e o acompanhamento da vida de cada
indivíduo em sua integralidade (Êx 18.13-26; 20.1-26; 22.1-31; Lv I.I-I7).
A
Igreja segue o mesmo padrão de Israel. A expectativa da chegada no Céu é uma
força motivadora para que ela exerça, hoje, a sua espiritualidade no mais alto
nível e esteja consciente dos reflexos de sua relevância no mundo através do
serviço.
Duas
posições equivocadas. Infelizmente, a falta de equilíbrio quanto à visão da sua
missão integral gerou, na história eclesiástica recente, duas posições
antagônicas:
Uma
restringiu o evangelho apenas às questões da alma e esqueceu-se de que o homem ainda
vive no mundo.
A
outra resvalou para o outro extremo e produziu o chamado evangelho social, em
que predomina apenas a preocupação com as injustiças, a pobreza, a opressão e
os desequilíbrios sociais, sem que isso seja parte da plena espiritualidade.
Ambas
as posições estão erradas. Não se discute a prioridade das boas novas: redimir
o homem dos seus pecados e integrá-lo na Igreja para uma vida devocional sadia
e crescente. Contudo, se houve redenção, essa mudança proporciona, aqui e agora,
um novo tipo de atitude não só comportamental e ética, mas também de não
conformação com toda sorte de injustiças.
E
assim que se concilia o ensino de Paulo sobre fé e obras (Rm I.116,17) e o de
Tiago sobre obras e fé (Tg 2.14-26). A missão integral da Igreja implica,
portanto, proclamação das boas novas de salvação até às extremidades da Terra e
condução dos crentes a uma vida cristã incontaminada; os quais, por causa de
sua fé viva, confrontam o pecado, as injustiças e toda a forma de opressão. A opulência,
venha de onde vier, é a negação dessa verdade. Viver o evangelho nessa dimensão
é exercitar-se na plena espiritualidade.
O
destino da peregrinação. O que anima a Igreja, na presente habitação, é o seu
destino eterno. Ela não se move no mundo numa peregrinação vã e sem sentido;
sem norte. Da mesma forma que a sua vida não é apenas contemplativa, não se
envolve numa espécie pura e simples de ativismo, haja vista este realizar-se e
esgotar-se na própria ação. O bom ânimo para se dedicar a toda boa obra, tendo
como fim a busca do ideal cristão de santificação sobre a Terra, se assenta na
firme convicção de habitar para sempre com o Senhor.
O
penhor dessa segurança é o Espírito que guia a Igreja em sua peregrinação
histórica. Winkie A. Pratney define com maestria essa caminhada:
...
o quadro bíblico do relacionamento de Deus com o homem começa e termina com uma
história real. Deus a começou no Jardim do Eden e a consumará na sua própria
cidade. O mundo está caminhando para algum lugar, mas apenas o cristão entende
de onde veio e qual é seu destino final:'
O
conflito de Paulo, mencionado em Filipenses 1.20-24, entre o desejo de partir e
o de permanecer entre os seus irmãos assim se explica: ainda que ele tenha
falado de sua própria experiência, aqui se destaca de forma clara os dois lados
da peregrinação da Igreja.
De
um lado, a sua presença forasteira no mundo produz frutos. Assim sendo,
enquanto o propósito de Deus não for plenamente realizado, ela aqui permanecerá
pra cumpri-lo até o fim. E de bom ânimo.
De
outro, estar com Cristo, no porvir, é a sua constante expectativa, pois se
constituirá no ápice da trajetória do crente como indivíduo, e da Igreja como
instituição fundada por Cristo.
Há
quem defina o Céu — lugar da futura habitação da Igreja — apenas como um
estado, isto é, um modo de ser, estar ou existir. Sem negar esse aspecto da
vida eterna, onde os salvos terão corpos transformados, não mais sujeitos às
leis da natureza humana, com outro tipo de existência, o Céu é também um lugar.
Não
obstante o uso da linguagem antropomórfica em muitos casos, na Bíblia, suas
expressões relativas à cidade celestial se revestem de concretude e dão uma ideia,
em nível da compreensão humana, da tangibilidade das moradas eternas (Fp 3.20; Jo
14.1-3; Ap 21.9-27; 22.1-5).
A
Igreja, ao final de sua peregrinação terrena, tomará posse de um lugar onde,
sem qualquer vício pleonástico, pisará com os pés, tocará com as mãos, verá com
os olhos e glorificará para sempre ao Todo-Poderoso com a própria boca.
Enquanto esse tempo não chega, aqui permanecerá, tendo como forma de expressão
diária a comunidade local — a ekklesia em sua dimensão mais humana na Terra.
A
IGREJA LOCAL
Há
que se distinguir, de início, a diferença entre a Igreja como instituição divina
e a sua dimensão humana: a igreja.
No
primeiro caso, ela tem caráter universal e engloba todos os salvos ao redor do
mundo, em todas as épocas. Não importa, hoje, a denominação a que pertençam os
salvos, desde que de fato tenham crido na obra redentora de Cristo como
suficiente para a sua salvação e vivam de acordo com os fundamentos do genuíno
evangelho.
No
segundo, tem a ver com a sua expressão visível, no dia a dia de sua trajetória
humana. Todavia, veremos isso com mais detalhes adiante. E aqui que aparecem as
ambiguidades, os conflitos, os embates, mas também as conquistas mediante sua
atitude como povo de Deus em meio a uma geração corrupta.
Assim,
a Igreja peregrina, universal, se expressa como comunidade local, em que a vida
cristã é exercitada pelos fiéis e refletida nas atitudes que revelam o seu
compromisso com a vivência da fé. Para termos uma visão correta desse papel,
nada melhor do que estabelecer como ponto de partida o núcleo da igreja
primitiva em Jerusalém.
Muitas
pessoas idealizam a igreja primitiva como “a igreja perfeita”. Todavia, o livro
de Atos não narra apenas as conquistas; mostra também as imperfeições humanas e
as primeiras crises que ela enfrentou logo no início, servindo portanto de
exemplo para os dias de hoje.
Uma
comunidade que expressa a vivência da fé. A palavra “comunidade” tem origem
latina, de cuja raiz se deriva o termo “comunhão”, que melhor traduz o seu
equivalente grego koinonia (At 2.42). Trata-se de um vocábulo com os seguintes
significados:
E
o lado visível da igreja que vivência em sua forma comunitária a mesma herança
apostólica e os mesmo ideais de vida.
É
o grupo que se reúne regularmente com o mesmo objetivo de adorar a Deus e tem
em comum as mesmas expressões de fé.
E
a expressão da igreja local, com sua forma bíblica de governo e organização,
inserida no contexto histórico e social.
A
vida em comunidade foi uma das características predominantes dos cristãos
primitivos (At 2.46; 4.32,33; 5.42; 12.5,12). Eles frequentemente se reuniam
motivados sempre pela mesma razão: a fé no Cristo ressuscitado. A possibilidade
de crer-se no Senhor e viver uma fé solitária, sem compartilhar a vida
espiritual com outros irmãos, está distante dos postulados neotestamentários.
De
acordo com o Novo Testamento, o crente que se submete ao senhorio de Cristo
reconhece a necessidade de estar vinculado a uma igreja local bíblica, em cuja
comunidade possa expressar livremente a sua fé:
E
consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas
obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes,
admoestando- vos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai
aproximando aquele Dia (Hb 10.24,25).
A
vivência comunitária da fé experimentada pela igreja primitiva teve caráter perseverante.
“E perseveravam”, afirma o texto bíblico. Não era algo eventual,
descompromissado, sem nenhuma responsabilidade. Todos se sentiam comprometidos
em estar juntos e partilhar das mesmas experiências espirituais (At 2.43).
Há
uma teoria em voga que não mais prioriza a frequência assídua aos cultos.
Segundo essa linha de pensamento, o que importa é a comunhão com Deus. No
entanto, quem desfruta desse relacionamento vertical sente-se necessariamente
compelido a manter-se não apenas vinculado a uma comunidade cristã, mas a
perseverar ali, vivendo a comunhão com os seus irmãos (I Jo 1.7).
Essa
vivência em comunidade está, todavia, baseada em alguns fundamentos pétreos.
O
primeiro é a doutrina apostólica, os pontos cardeais que sustentam a fé dos
salvos. O ensino praticado na igreja local neotestamentária não se baseia em
interpretações sectárias, isoladas ou produzidas pela imaginação humana ou
mesmo demoníaca (I Tm 1.3,4; 4.1-5; Hb 13.9). O perigo de se deslocar do cerne
para o periférico, dando mais importância a este, é que a vida cristã passa a
subsistir sobre areia movediça.
Outro
fundamento é a comunhão em si mesma, simbolizada no partir do pão, que sem
tratada de forma específica no ponto seguinte.
E
a vida de oração. Os cristãos primitivos, até mesmo pelos próprios
condicionamentos religiosos e culturais — provinham do judaísmo —, tinham a
oração em alta conta. Se cada crente, hoje, avaliar-se com sinceridade nesse
quesito, é provável que não consiga uma boa nota. Infelizmente, a igreja do
mundo ocidental não é um bom exemplo nessa área. No entanto, orar é uma
necessidade tão elementar da vida cristã em comunidade quanto o alimentar-se
todos os dias.
Billy
Graham afirmou que o êxito de qualquer projeto na área eclesiástica depende
basicamente de três coisas: a primeira, oração; a segunda, oração; e a
terceira, oração. Tudo começa bem quando a oração vem em primeiro lugar.
Uma
comunidade que expressa a comunhão cristã. Comunhão é muito mais do que
desfrutar de companheirismo ou de uma vida devocional comum com os demais.
Como já demonstrado, o vocábulo grego do qual se traduz “comunhão” é koinonia.
Trata-se do envolvimento interpessoal, no sentido mais profundo, que se alegra,
se entusiasma, vibra e se realiza com o progresso espiritual e material de seu
irmão.
Mas
quem tem comunhão com o seu irmão também chora e sofre com ele, bem como assume
as suas dores, nos momentos mais difíceis da caminhada, a ponto de ajudá-lo de
modo desinteressado: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que
choram” (Rm 12.15). Esse viver comunitário é, sobretudo, baseado nos
relacionamentos antes de qualquer projeto ou programa.
É
um tipo de compromisso muito bem exemplificado na relação do pastor com o
rebanho, como explica Glenn Wagner:
Quando
Deus quis mostrar a seu povo uma imagem do modo que ele queria que eles se
relacionassem uns com os outros na comunidade; ele escolheu a metáfora da
ovelha e do pastor. Quando escolheu essa metáfora ele tinha um único motivo.
Ele poderia ter escolhido uma série de outras metáforas para descrever os
líderes do seu povo — general, sargento, rei, senhor feudal, diretor; profeta
—patriarca — mas não o fez.
Ele
escolheu o pastor de ovelhas, a vocação humana que mais se aproxima com o seu
próprio caráter e a sua maneira de se relacionar com o seu povo.
Todavia,
tal prática relacionai só será possível no seio da vida em comunidade, e não
distante dela. Os crentes primitivos estavam juntos, se conheciam e se ajudavam
mutuamente (At 2.44). Esse compromisso com a koinonia era de tal ordem que se
dispunham a vender as suas propriedades e a colocar os recursos aos pés dos
apóstolos para a assistência social (At 2.45; 4.34,35).
É
óbvio que isso foi uma experiência específica e espontânea da comunidade cristã
de Jerusalém. Transformá-la em legalismo, isto é, numa norma impositiva, faz
perder a força o princípio bíblico que a produziu: a koinonia cristã. Contudo,
estão implícitos na prática o desprendimento pessoal e o amor ao próximo, pois
“aquele que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg 4.17).
Uma
comunidade relevante no mundo. O que mais chama atenção na comunidade dos crentes
primitivos é que eles “caíam na graça de todo o povo” (At 2.47). Havia
relevância em sua vida cristã de tal modo que a sua mensagem penetrava e fazia
diferença, inclusive na cúpula religiosa do judaísmo (At 6.7). As propostas da
primeira comunidade cristã produziam impacto na sociedade e a colocavam em
posição destacada.
Quais
foram, todavia, as razões dessa relevância?
Havia
o compromisso de vivenciar a fé. Eles se dispunham a estar juntos todos os
dias, em comunidade, partilhando as experiências da vida cristã. Grande parte
dos problemas do movimento evangélico se deve â falta de relevância e crescente
nominalismo.
À
medida que cresce e, em muitos casos, se distancia dos “marcos antigos”,
incorpora conversões duvidosas e não transmite aos filhos da geração que chega
a mesma visão do compromisso. Daí o aumento gradual de cristãos nominais como
um dado a mais com o qual a igreja evangélica precisa lidar em sua caminhada
histórica.
O
compromisso da igreja primitiva gerava a prática que fez a diferença entre a
nova religião cristã e o judaísmo formal e legalista. O povo via que entre os
cristãos as propostas não ficavam apenas nos discursos, mas tinham sentido
prático na vida de cada um. O que ensinavam era demonstrado pelo exemplo. A
cidade de Jerusalém foi literalmente revolucionada (At 4.1-31).
Entretanto,
que importância há em se falar da salvação, se não há interesse em evangelizar?
Que valor há em pregar sobre missões, se não há ousadia em orar, enviar e
contribuir? De que adianta falar em amor, se a atitude demonstra um coração
egoísta? De que vale apregoar a comunhão entre os santos, se a prática revela
discriminação e preconceito? De que serve apregoar a solidariedade, se não há
disposição para socorrer os necessitados?
Cada
comunidade de fiéis, para ser relevante em sua área de atuação, necessita de
que a vivência de sua fé corresponda ao que diz e ensina.
Uma
comunidade relevante nos resultados. O mais importante é que a prática tomava a
comunhão cristã em Jerusalém relevante nos resultados (At 2.47; At 5.14-16).
O
tipo de vida solidária adotado, como fruto da koinonia, era fator de atração
para a sociedade.
A
nova mensagem trazida pelo evangelho fazia sentido na vida dos ouvintes.
Havia
correspondência entre o que a comunidade ensinava e vivia.
Em
pouco tempo a cidade de Jerusalém foi alcançada com a nova doutrina, pois os
crentes não cessavam de anunciar a Cristo em toda parte.
Todos
os dias havia genuínas conversões em todos os estratos sociais da população,
inclusive entre os líderes religiosos.
As
intervenções sobrenaturais divinas eram tantas que os enfermos trazidos à
presença dos apóstolos eram curados.
A
vida em comunidade, do ponto de vista da Palavra de Deus, é parte intrínseca
da vida da igreja local. Ali os seus membros podem expressar a sua fé e dar
sentido a ela através do exercício da comunhão bíblica, que há de torná-los um
povo relevante no compromisso, na prática e nos resultados diante da sociedade.
E a ação legítima da Igreja como agente do Reino de Deus na presente era.
A
igreja e o Reino de Deus
Aqui
chegamos a outro ponto importante para melhor compreendermos o papel da igreja
no mundo: é a sua relação com o Reino de Deus. Esse é um tema muito restrito
aos círculos acadêmicos. Pouco se ensina aos crentes, de maneira geral, acerca
da perspectiva bíblica em que a igreja é vista quanto ao Reino de Deus.
No
entanto, é ela que expressa os princípios do Reino na presente era e introduz
os salvos nessa dimensão do governo de Deus. Assim sendo, é primordial conhecer
o que a Bíblia diz sobre o Remo de Deus para que possamos agir como seus
verdadeiros súditos na luta contra o império das trevas.
Definição
de Reino de Deus. Observa-se, inicialmente, que o Reino de Deus foi o cerne da
mensagem pregada não só por João Batista (o último dos profetas segundo o molde
veterotestamentário), mas principalmente por Jesus durante o seu ministério
terreno. Os Evangelhos sinóticos são extremamente enfáticos ao determinar as
boas novas trazidas por Cristo como o anúncio da chegada do Remo de Deus (Mt
3.1,2; Mc 1.14,15; Lc 18.16,17).
O
Remo de Deus foi também o foco da proclamação da igreja nascente, conforme
registra o livro de Atos. Todas as vezes que o autor menciona a pregação
apostólica, a centralidade da mensagem cristã está no Reino de Deus (At
8.12;
14.22; 19.8; 20.25; 28.23,31).
Alguns
teólogos distinguem as expressões “Reino dos céus” (mencionada 34 vezes em
Mateus) e “Reino de Deus”, vinculando a primeira ao futuro estabelecimento do
reino milenial. No entanto, uma exegese correta há de considerar ambas
sinônimas, pelo menos por duas razões:
Enquanto
Mateus utiliza “Remo dos céus”, os outros, integrantes dos sinóticos,
substituem a mesma expressão, dentro do mesmo contexto, por “Reino de Deus”
(cf. Mt 4.I2-I7 com Mc 1.14-20; Mt 19.13-15 com Mc 10.13-16; Mt 19.16-26 com Mc
10.17-31).
Em
diversos casos, “Reino dos céus” aparece em Mateus com a ideia de algo já
presente na História, e não apenas em sentido escatológico (Mt 4.17; 10.1-8).
Feitas
essas considerações, o Reino de Deus pode ser definido como o domínio eterno de
Deus em todas as eras, desde o eterno passado ao eterno futuro, exercendo a sua
soberania sobre o Universo, intervindo na História para conduzi-la ao ápice — a
restauração de todas as coisas — e “revelando-se com poder na execução de suas
obras”. Tem a ver com o seu governo soberano, que a Bíblia retrata de forma
magistral com o fato de que até os cabelos de nossa “cabeça estão todos
contados” (Mt 10.29,30).
O
Reino de Deus tem uma dimensão presente, que se configura no cumprimento em
Cristo de todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento. A expressão “é
chegado”, que aparece tanto em Mateus 4.17 e 12.28, segundo pensam os
eruditos, denota a ideia de “presença real”, agora, e não de proximidade, como
algo para o futuro.
Por
conseguinte, a presença pessoal do Messias na História implica a presença
efetiva do Reino de Deus entre os homens. No entanto, não se pode esquecer-se
do caráter escatológico do Reino de Deus. Será o tempo no qual se cumprirá a
profecia de Daniel em que os reinos deste mundo serão destruídos, e o mal,
aniquilado. Restabelecer-se-á a comunhão perfeita com Deus, e o Senhor reinará
com justiça para sempre, incluso aí o período milenar (Dn 7.13,14,18,27).
Na
presente manifestação do Reino de Deus ser salvo implica libertação do poder do
pecado; mas, em sua dimensão escatológica, traduz a ideia da redenção do corpo
— “o livramento da mortalidade” — em que o crente redimido assemelhar-se-á ao
próprio Senhor em sua imortalidade (I Co 15.20-25,42-57). Será também a época
em que a comunhão restaurada em plenitude terá como símbolo maior o banquete
entre Cristo e a Igreja (Lc 13.22-29; Mc 14.25).
Agente
do Reino de Deus, O Reino de Deus sobrepuja a esfera de ação da igreja, pois,
como se afirmou anteriormente, tem a ver com a soberania de Deus sobre todas as
eras. Todavia, assim como o povo de Israel constituía-se na congregação de Deus
no Antigo Testamento, com a responsabilidade de manifestar diante das nações
pagãs o conteúdo do Reino de Deus, igualmente foi a Igreja comissionada por
Deus para a mesma finalidade.
Por
viver a maior parte de sua história sob o domínio de outros povos, Israel não
soube interpretar as profecias bíblicas acerca do Reino. Essa herança cultural
serviu de ambiente propício à proliferação da chamada literatura apocalíptica
judaica, cuja essência vislumbrava um juízo que libertasse a nação da opressão
política, o qual não era o conteúdo da proclamação do Remo de Deus trazida por
Jesus. Razão pela qual Ele foi rejeitado pelos seus contemporâneos.
Com
a rejeição de Jesus pelos judeus (Jo I.I2), a implantação do Reino na Terra
tornou necessária a existência da Igreja para que a soberania divina mediante o
ministério de Cristo confrontasse os indivíduos a "manifestarem uma resposta
positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão” (Mt 21.42,43).
Como
bem afirmou um respeitado erudito, “a Igreja não é senão o resultado da vinda
do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo”. A igreja,
portanto, não é o Reino de Deus em sua plenitude, porém a sua expressão entre
os homens. Como igreja, ela não proclama a si mesma, e sim o Remo de Deus (At
14.22; I Ts 2.12; Cl 1.13,14).
A
igreja não é um fim, mas o instrumento que apresenta ao mundo o Senhor do Reino
e introduz em suas fronteiras os seres humanos arrancados do império das
trevas. Aqui e agora, em seu confronto com as forças do mal, antecipa as
características da vida abundante e da glória divina a serem integralmente experimentadas
na dimensão escatológica do Reino de Deus.
Por
conseguinte, a igreja realiza as obras do Reino mediante a proclamação do
evangelho de poder que lhe foi outorgado por Cristo (Rm 1. 16). A mesma instrumentalidade
que operou em Jesus, durante o seu ministério terreno, está presente na vida da
igreja para que os milagres se realizem, as boas novas cheguem aos confins da
Terra e ela possa confrontar o orgulho, a falsidade e o egoísmo disseminado pelo
reino das trevas. E assim manifestar em sua existência as qualidades do fruto
do Espírito (GI 5.22), que antecipam a verdadeira natureza da era vindoura.
A
mensagem do Reino de Deus. A porta de entrada para o Reino de Deus é o arrependimento
do pecador e sua fé no Salvador segundo a mensagem proclamada pelo evangelho
(Mc I.15).Talvez isso tenha sido o principal motivo do conflito entre Jesus e
os representantes da lei, pois a expectativa dos tais era fundamentada no
legalismo oriundo de interpretações exacerbadas e equivocadas que nem eles
mesmos podiam cumprir. O Mestre os condenou de forma dura e radical: “Mas ai de
vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Remo dos
céus, e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando” (Mt 23.13).
A
igreja nada precisa acrescentar à proclamação messiânica. O arrependimento e a
fé — atitudes que cabem ao homem —, aliados à graça salvadora de Deus,
sustentam a mensagem que abre a porta do Reino de Deus à humanidade. Há, todavia,
um conteúdo ético na mensagem do Reino de Deus. Ele transparece principalmente
no sermão da montanha, que, segundo os eruditos, “contém toda a essência da
doutrina de Cristo”.
Enquanto
os fariseus impunham a ética como resultado da obediência à lei, o Senhor a
reconhece como provindo de sua própria Pessoa “e do Remo de Deus, que irrompeu
na História por seu intermédio”. Analisada à luz do texto, a ética do sermão do
monte é absoluta e implica o tipo de vida que o Senhor deseja para os súditos
do Reino.
Tivesse
tal ética caráter legalista, ninguém seria capaz de cumpri-la integralmente na
era presente, pois estaria contrariando o ensino bíblico sobre a imperfeição do
crente e a advertência de que ele pode vir a pecar, ainda que a Palavra de Deus
ordene o contrário. Portanto, esse conteúdo ético só será experimentado “de
modo perfeito” na dimensão escatológica do Reino de Deus. Todavia, é o ideal
permanente de todo o crente que adentrou à esfera do Remo de Deus, através da
igreja, onde submete sua vida constantemente ao poder do Espírito Santo, que o
faz caminhar em busca da perfeição, como fazia o apóstolo Paulo (Fp 3.14).
Assim,
a igreja em sua peregrinação histórica expressa a realidade presente do Reino
de Deus e aponta para as dimensões da era vindoura, onde ele será experimentado
em toda a sua glória e esplendor. Enquanto aguardamos esta bem-aventurada
esperança, podemos também conhecer um pouco da natureza da Igreja através dos
símbolos empregados pelas Escrituras para descrevê-la.
A
Igreja e seus símbolos
São
várias as metáforas para ilustrar a natureza da Igreja, de seus membros em
particular e de seu relacionamento com Cristo. Este é um recurso de linguagem
que traz luz ao nosso entendimento e ajuda na apreensão dos conceitos expostos.
O simbolismo é uma das riquezas da literatura bíblica, como as descritas no
Evangelho de João.
Ali,
entre outras figuras de linguagem, o Senhor é apresentado como o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo (1.29); a porta de entrada ao pecador
arrependido à dimensão da fé cristã (10.9); o Bom Pastor (10. II), que cuida
com zelo e amor de suas ovelhas; e a videira verdadeira (15.1), que nutre os
ramos com a seiva do Espírito. Entre as metáforas que tratam da Igreja, há três
que melhor contextualizam a visão atual de sua missão terrena: Noiva, Templo e
Corpo.
A
Igreja como Noiva de Cristo. Esta primeira alusão remete à importância que as
Escrituras dão ao matrimônio como instituição divina, quando o compara ao
relacionamento entre Cristo e a Igreja (Ef 5.24-27). É primordial na Igreja
fortalecer o casamento; isso porque há uma ação em curso, orquestrada pelo
Maligno, para desgastá-lo por ser, em primeiro lugar, a estratégia que melhor
serve ao Inimigo no seu famigerado propósito de tentar destruir o plano de Deus
para o homem.
Em
segundo lugar, o desgaste do casamento desmoraliza a instituição que melhor
representa o tipo de comunhão que Cristo mantém com a sua Noiva, no presente, e
a perspectiva da vida que ambos desfrutarão na era vindoura (Ap 19.7,8).
Outra
lição desse rico simbolismo é a da sujeição da Igreja a Cristo (Ef 5.24). O
apóstolo Paulo a usa para exemplificar a mesma atitude da mulher para com o
marido. No entanto, a ideia aqui não é a de uma sujeição imposta pela força ou
por uma decisão unilateral e legalista da esposa. É fruto do amor intenso
dedicado pelo esposo, que produz nela profundo sentimento de afeto, resultando
no reconhecimento espontâneo de sua sujeição posicionai.
E
assim a relação de Cristo com a sua noiva. O amor que Ele lhe devota é tal —
como demonstrado no ato da redenção — que ela se sente espontaneamente
constrangida a ser-lhe eternamente fiel e a viver sob sua abençoada liderança (2
Co 5.14,15).
Outro
detalhe expresso no símbolo é que a pureza da Igreja como Noiva resulta da
entrega do Senhor por ela (Ef 5.26,27). E Ele quem a santifica, purifica e a
torna imaculada e irrepreensível. Não é um ato intrínseco da Igreja, que, por
si mesma, possa desenvolver essas qualidades da vida cristã. Ela depende de
estar abrigada sob o amor do noivo e ter a noção exata da grande compaixão
implícita nessa entrega. Só assim poderá viver essas características e
apresentar-se, no dia das Bodas, como Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,
nem coisa semelhante!
Esse
é o comportamento que Deus espera dos cônjuges. O amor do marido pela esposa
deve evidenciar-se de tal maneira, não só por palavras, mas acima de tudo por
atos. Com isso, a mulher se sente prazerosamente motivada a manter a sua pureza
interior, bem como as suas qualidades morais e físicas, para que ambos tenham,
por toda a vida, plena satisfação na união conjugal. Assim, estarão dando um
testemunho sem palavras, na dimensão humana, do que representa, no nível mais
sublime, a comunhão entre Cristo e a Igreja (Ef 5.32).
A
Igreja como Templo de Deus. A Igreja como Templo de Deus traz a ideia subjacente
da construção de um edifício que se ergue sob as rigorosas normas da engenharia
— “bem ajustado” (Ef 2.21). Aqui se evidenciam duas coisas:
Quem
normatiza e aplica os detalhes técnicos da obra é o engenheiro responsável;
este princípio denota a mesma responsabilidade no trato de Cristo
com
a Igreja. As normas partem dEle e já estão reveladas na Bíblia, não podendo ser
substituídas por suposições humanas, sob pena de fazer ruir todo o edifício (Cl
2.20-23).
A
Igreja foi projetada como lugar da habitação do Deus trino, que, mediante o
Espírito Santo, envolve-se em toda a sua peregrinação histórica. O projeto,
portanto, pertence ao Pai; a execução, ao Filho; e o acompanhamento, ao
Espírito Santo (Ef 3.9; Mt 16.18; Jo 14.16,17,26).
Outro
desdobramento cabível aqui é a doutrina da transcendência e da imanência de
Deus. Em sua transcendentalidade, Deus é chamado de Altíssimo, haja vista
habitar “em um alto e santo lugar”. Todavia, ao mesmo tempo em que o Céu dos
céus é a sua eterna morada, identifica-se também como o Deus imanente, que
habita “com o contrito e abatido de coração” (Is 57.15).
Deus
é aquEle que, durante o dia, acompanhava Israel através de uma nuvem e, durante
a noite, se fazia presente através de uma coluna de fogo. Hoje, sua presença é
sentida na igreja mediante o poder do Espírito Santo.
Mais
um conceito implícito no símbolo do Templo é o de que faz parte da natureza
essencial da igreja adorar a Deus. Este é o sentido do verbo “cultuar”. Nesse
caso, a adoração não deve passar para o plano secundário ou mesmo terciário,
tampouco esquecida. Deus deve se destacar no culto ocupam e ser o centro das
atenções.
No
culto a Deus deve haver reverência, mas esta não deve ser confundida com
formalismo. A Noiva do Cordeiro é também o Templo de Deus, no sentido coletivo,
e deve adorá-lo na beleza de sua santidade. Desse modo, o Espírito Santo terá
liberdade para atuar (I Co 14.26-33).
A
Igreja como Corpo de Cristo. A Igreja é também um Corpo. Este simbolismo traduz
a ideia de que são diversos órgãos e muitos membros, mas todos trabalham de
forma orgânica e harmônica, interligados, em benefício do Corpo de Cristo (I Co
12.12). Vale a pena reiterar: ninguém trabalha em favor de si. Qualquer ação de
um órgão ou membro em corpo saudável está relacionada com toda a estrutura
orgânica que sustenta a vida. E acima está a Cabeça — o cérebro — no comando.
Assim
são as igrejas. Elas somam milhões de membros no mundo. Quando todos cumprem a
sua parte, elas se beneficiam, mas, se algum de seus membros está enfermo
espiritualmente e não é logo restaurado, afeta o “corpo”. Haja vista inúmeros
exemplos que promovem escândalos e trazem má fama ao povo de Deus. E
responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e harmônica,
interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da igreja, tendo
Cristo como Cabeça, na liderança (Ef 1.22,23).
Sem
nenhum exagero, a igreja atual precisa ser mais “corpo” e menos “indivíduos”.
Todavia, esta ideia não anula a utilidade de cada membro em particular. Todos
cumprem uma atividade regular e indispensável no processo da vida. Se algum
deles, por qualquer motivo, pára de trabalhar, o “corpo” ressente-se de sua
inatividade. Essa é visão que norteia a nossa presença na Terra (I Co 12.14,27).
Muitos
crentes, por não entenderem corretamente esse princípio, sentem-se inúteis e
não se envolvem no serviço cristão. Mas, se todos se impregnarem do senso de
utilidade, a vida de oração será aprofundada, não faltarão recursos para a
expansão do Reino, a evangelização será mais rápida, a obra missionária não
andará a passos lentos, a unidade não se constituirá em utopia, e a igreja terá
relevância no mundo (I Co 15.58).
Como
a Noiva de Cristo, a Igreja tem o Senhor como fonte de sua pureza espiritual.
Como Templo de Deus, ela é o lugar santo da habitação dEle na Terra e tem o
compromisso de permanentemente adorá-lo. Como Corpo de Cristo, bem ajustado,
cada membro cumpre com alegria a sua responsabilidade em benefício do Corpo.
Assim, a igreja vive a plena espiritualidade no mundo.
A
IGREJA E A ESPIRITUALIDADE
O
grande desafio da igreja, agora, é como viver a sua espiritualidade, no dia a
dia da vida cristã, com as suas múltiplas circunstâncias. Ocorre que, em
virtude da relação conflituosa entre a carne e o espírito, da falta de uma
visão objetiva da mesma graça como fonte de santificação e da ausência de
equilíbrio entre a esperança do mundo vindouro e a vida aqui e agora, surgem
graves desequilíbrios na caminhada histórica da igreja.
No
primeiro caso, a carne opta pelo hedonismo, enquanto o espírito anseia pela
espiritualidade. No segundo, a tendência é impor a santificação através do
legalismo e, com isso, anular o poder da graça como sustento da caminhada
cristã. No terceiro, ora enfoca-se a esperança da vida eterna como algo que
exclui qualquer compromisso com a vida no mundo, ora leva-se ao extremo a
visão daqui e agora, anulando-se a santa expectativa do glorioso e definitivo
estabelecimento do Reino de Deus na História.
A
verdade, porém, é que não há como fugir dessas questões. Elas afetam
diretamente não só a maneira como se lida com o viver cotidiano, mas também a
forma como se estabelecem os horizontes. Que caminhos correspondem aos
princípios bíblicos para uma vida de espiritualidade? Em que consiste o papel
da igreja, enquanto no mundo, diante de temas como justiça social, cidadania,
vida profissional e áreas afins, principalmente nesta era pós-moderna em que
prevalece a visão relativista? Como interagir com a sociedade sem comprometer
os valores do Reino de Deus, sem deixar de influir em todos os segmentos?
A
igreja e a dimensão da espiritualidade. Saber em que consiste a verdadeira
espiritualidade é o ponto de partida para que a igreja tenha o correto
posicionamento diante de tudo quanto se relaciona à vida terrena. Mas, o que
significa isso?
O
estereótipo pentecostal enfatiza unilateralmente as expressões de alegria
emocional e as supostas manifestações do Espírito nos cultos como sinônimos de
espiritualidade.
O
tradicionalista, no outro extremo, valoriza os seus aparentes temor reverente e
a piedade.
O
estruturalista pressupõe que ser espiritual é interessar-se pelas transformações
das estruturas sociais.
Onde
está a verdade? O apóstolo Paulo define a espiritualidade em Romanos I2.I como
um sacrifício vivo no altar de Deus. E prestar culto ao Criador. É mais do que
simplesmente a prática litúrgica, a compenetração piedosa, a celebração
coletiva nas reuniões da igreja. E entrega plena do ser — espírito, alma e
corpo
ao
serviço do Altíssimo. E a certeza de que tudo quanto se faz é para Deus sob a
perspectiva da adoração consciente em todas as coisas, mesmo naquelas
aparentemente sem importância alguma (I Co 10.31).
Bem
dizia o pastor e teólogo João de Oliveira:
Adora-se
ao Senhor até no ato de remover uma casca de banana da calçada.
Tal
gesto impede que alguém criado à imagem e semelhança de Deus, ao passar por
ali, venha a acidentar-se.
Aduz-se,
portanto, que a espiritualidade não é estanque, compartimentada, para ser
vivida apenas numa dimensão. Ela engloba toda a vida. Não há como estabelecer,
do ponto de vista da verdade teológica, qualquer linha divisória entre o
sagrado e o secular, que enseje tratar cada uma das situações de maneira
distinta. Não há paredes para a vida cristã, como se houvesse um tipo de
atitude exclusivo lá para dentro, no âmbito interno da igreja, e outro cá para
fora, “Em todo o tempo”, diz a Bíblia (Ec 9.8).
Espiritualidade
que se expressa apenas nos aparentes limites do culto coletivo é hipocrisia. E
farisaísmo. E sal dentro do saleiro. É luz dentro da redoma. Não se percebem
seus efeitos na sociedade. Como bem expressou Walt Larimore, em seu livro Os 10
Hábitos das Pessoas altamente Saudáveis, a espiritualidade verdadeira “promove
o bem-estar dos outros e de nós mesmos”. Observe que nesta conceituação “os
outros” vêm em primeiro lugar.
Quando,
no sermão do monte, o Mestre qualifica os cristãos como sal da terra e luz do
mundo está implícita uma espiritualidade plena, sem fronteiras, que alcança
todas as áreas. Em outras palavras, todos os atos do cristão a denotam (Mt
5.13-16).
A
igreja, a espiritualidade e a justiça social. Se a espiritualidade é o
pressuposto da vida da igreja em qualquer circunstância, o que se espera dela,
por exemplo, em relação à justiça social? A discussão, aqui, não se dá no campo
ideológico, visto que — provado está — as ideologias carregam a mesma semente
de egoísmo que perpassa a raça humana desde o princípio.
O
foco está em como contribuir, em meio à corrupção do gênero, para que haja
menos desigualdades sociais, sem que isso signifique, de um lado, a supressão
da propriedade individual, pois o direito a ela tem fundamento bíblico, e de
outro, a posse de riquezas sem reconhecer a sua função social, também embasada
em princípios escriturístico.
Cabe
observar que, no Antigo Testamento, há perfeito equilíbrio entre ambas as
posições. O Pentateuco preserva o direito à propriedade, mas ao mesmo tempo dá
a ela função social através de leis específicas referentes ao uso da terra e ao
pobre, com o objetivo de lhe permitir acesso aos meios de sobrevivência. Já os
profetas condenam com veemência a posse desmedida que satisfaz o próprio
umbigo, mas leva a pessoa a esquecer-se do bem-estar do próximo.
No
Novo Testamento, nos primórdios da igreja, Ananias e Safira são julgados não
por trazerem aos pés dos apóstolos apenas a metade do valor da propriedade
vendida, mas pela motivação errada, que os leva a mentirem ao Espírito Santo. Nenhum
erro haveria em reter a outra metade, pois o apostolado não fez imposição
alguma sobre isso.
Houve,
sim, um movimento voluntário entre os crentes primitivos que, movidos pela
verdadeira espiritualidade, se dispuseram a abrir mão de seus bens em favor de
toda a comunidade. Percebe-se, portanto, que o casal agiu por egoísmo, para
obter algum reconhecimento humano, não havendo mérito espiritual algum em sua
devoção.
O
que se deseja afirmar, aqui, é a legitimidade de o cristão possuir bens
materiais sem que, necessariamente, tenha de abrir mão deles para cumprir a
verdadeira espiritualidade. Todavia, o outro lado da moeda revela que é preciso
estar consciente de que tudo quanto possui é para a glória de Deus mediante a
disposição de usar o que tem para o bem-estar do próximo.
Esse
é o contexto em que Tiago se reporta aos empresários cristãos que espoliam os
empregados. Fica bastante claro no dizer apostólico que lhes cabe expressar a
verdadeira espiritualidade através de remuneração justa que ofereça
aos
trabalhadores condições de vida condizentes com suas necessidades pessoais e
familiares (Tg 5.1-6). Mas há também o reverso.
Quando
Paulo menciona os cristãos que serviam como servos na cultura de então,
admoesta-os a servirem como se fosse ao Senhor, ou seja, com a máxima dedicação
(Cl 2.22.23). Os funcionários cristãos de hoje, movidos pela mesma
espiritualidade, exercem a profissão como se estivessem trabalhando para o
próprio Deus. Não podem ser espoliados, mas também não surrupiam o tempo pelo
qual são justamente pagos.
Portanto,
a não conformação com o mundo, de que falou o apóstolo Paulo em Romanos 12.2,
não tem apenas implicações quanto aos valores morais, mas abarca também o
inconformismo com toda sorte de injustiça, que é, em suma, o resultado da entrada
do pecado no mundo.
Quem
reconhece a vida como uma dádiva da misericórdia de Deus e se compromete em
entregá-la incondicionalmente à soberania divina, no altar do sacrifício, não
folga com o individualismo egocêntrico, mas interessa-se alegremente pelo bem
comum, uma forma de manifestação da espiritualidade.
A
igreja, a espiritualidade e a cidadania. Esta é outra área em que, ainda, há
pouca consciência a respeito. A ideia de uma igreja que apregoa uma vida cristã
compartimentada enseja posicionamentos duvidosos, nos quais transparece não
haver qualquer compromisso com o aqui e agora. A máxima para justificar tais
posturas é a de que “o mundo vai de mal a pior” e nada é possível fazer para
melhorar este quadro.
Sob
esse ponto de vista, resta tão-somente aguardar a bem-aventurada esperança e
alienar-se da realidade em volta. Mas aqueles que assim pensam continuam
comprando, vendendo, construindo casas. A máxima só vale quando se trata do
envolvimento com as questões sociais, políticas e civis que afetam a sociedade.
Essa
é uma meia-verdade. É óbvio que a esperança do cristão é o mundo vindouro. A
expectativa do estabelecimento definitivo do Remo de Deus na história nutre a
fé de todos que professamos o nome de Cristo. Mas enquanto essa época não
chega, cabe a cada crente viver na presente era a espiritualidade do Reino e
todo o seu ideal descrito no sermão do monte.
A
famosa resposta de Jesus aos fariseus: “Dai a César o que é de César, e a Deus
o que é de Deus” pode ser assim parafraseada: “Cumpra os seus deveres de
cidadãos, e cumpra os seus deveres para com Deus”. Em outras palavras, duas
faces de uma mesma moeda. O próprio Paulo apelou para a cidadania romana no
episódio em que ele e Silas foram arbitrariamente presos em Filipos (At 16.35-40).
Como
já disse este autor, em um de seus artigos:
A
vinda de Cristo é certeza de descanso e segurança, e não instrumento para impor
medo e manipular os fiéis. E mensagem positiva, e não negativa. E assegurar-se
de que não é necessário entrar em pânico quanto ao amanhã.
E
ter como certo não precisar sair atrás de sensacionalismo, da especulação
escatológica, à procura de “chifre em cabeça de cavalo”, com achados absurdos que
não passam de fruto da imaginação criadora das pessoas. E ter a tranquilidade
de não se alienar do mundo e viver segundo a mesma perspectiva de Cristo, que
disse: "Meu pai contínua trabalhando até hoje, e eu também estou
trabalhando”.
Assim,
a verdadeira espiritualidade não dá as costas ao exercício da cidadania. Quando
se fala em cidadania logo vem à mente a ideia de cargos eletivos mediante os
quais os eleitos chegam ao legislativo e ao executivo. É óbvio que essa é uma
forma legítima de participação. O mandato de governar a terra foi dado pelo
próprio Deus ao homem no ato da criação (Gn 1.26-31). Mas o exercício da
cidadania vai muito além disso. Começa no bairro onde as pessoas vivem, até
mesmo em ações que a própria igreja local desenvolve.
Promover
mutirões em que os membros, nas suas mais diferentes profissões, são acionados
para prestar a sua ajuda à comunidade em determinado dia não só é uma atitude
cidadã, com também se constitui em excelente via para a evangelização.
Incentivá-los a participar das associações de moradores, das reuniões de pais
de alunos e de outros movimentos legítimos da sociedade organizada permite que
exerçam a espiritualidade onde a presença do sal e da luz é extremamente vital
para a tomada de decisões importantes.
Mas
a postura cidadã não se resume apenas a esses aspectos. Ela transparece nos
metrôs, trens e ônibus, quando os mais novos dão lugar às pessoas da terceira
idade, e aqueles que não enfrentam nenhuma dificuldade abrem mão de seus
assentos para as gestantes, as pessoas enfermas e os deficientes físicos.
Ela
transparece nas comunidades carentes, onde os moradores conscientes não jogam o
lixo nas encostas, nem nos rios, nem o deixam espalhado nas vias públicas. Ela
transparece nas ruas, quando os motoristas respeitam as faixas de pedestres, e
as pessoas ajudam a quem tem dificuldade de atravessá-las. E aí que a
espiritualidade se manifesta na dimensão mais humana da cidadania.
Quando
tais gestos têm origem no relacionamento com Deus através do altar do
sacrifício, pela visão correta de que tudo quanto o ser humano faz só encontra
sentido no Altíssimo (cf. SI 73.25), representam então a celebração da glória
divina, o culto contínuo, 24 horas por dia, Aquele que tem o domínio sobre o
Universo. Isso é espiritualidade.
A
perspectiva pela qual todos os atos do crente devem ser praticados. Sim, isto é
a igreja atuante no mundo. Sem essa premissa, incorre-se na ausência do amor, a
primeira qualidade do fruto do Espírito (G1 5.22), o que significa que qualquer
ação está sendo feita sob motivação errada.
A
igreja, a espiritualidade e o pós-modernismo. Finalmente, como viver a
espiritualidade no mundo pós-moderno em que tudo é relativizado, onde o certo
para um pode ser errado para outro? Convém ficar bem claro que interagir com a
sociedade, nesta época da história, não significa que ela nutra simpatia pelas
posições da igreja. Ao contrário, a cosmovisão prevalecente no mundo tem como
fonte o naturalismo, que exclui a ideia do Deus criador, e permite a partir daí
a desconstrução de todos os princípios que caracterizam a cultura judaico-cristã.
Charles
Colson, em seu livro E Agora} Como Viveremos? Trata muito bem da questão ao
afirmar, na verdade, a existência de um conflito permanente entre cosmovisões
que só terá conclusão ao final da presente era, com a restauração de todas as
coisas.
Todavia,
não cabe à igreja fazer como o avestruz e enterrar a cabeça na areia enquanto
as horas passam. Muitos há que entregam o tempo presente ao Diabo e se esquecem
de que este tempo pertence à igreja. Haverá, sim, uma época futura, conhecida
como a Grande Tribulação, em que o mundo experimentará a ira de Deus, a ira do
Cordeiro, em que Satanás terá permissão divina para dominar as ações na Terra.
Mas
a História ainda não chegou lá. A igreja tem, hoje, a oportunidade ímpar de
influir em todos os segmentos para que se preservem as condições de vida, sob
todos os aspectos, até que todas as intervenções históricas de Deus se
realizem.
Neste
mundo pós-moderno, a verdadeira espiritualidade não pode perder o seu
paradigma, a centralidade de sua vivência quotidiana. Esta repousa em Deus,
através de Jesus Cristo, onde está todo o significado da vida. Agostinho
definiu bem isso ao afirmar: “Criaste-nos para ti, e o nosso coração vive
inquieto enquanto não repousa em ti”. Não importa que o mundo pense diferente.
Deus é o condutor da história e para Ele devem convergir todas as realizações
do homem.
E
preciso estar consciente de que a verdadeira espiritualidade se expressa
quando se busca viver esses princípios em todas as dimensões da vida em
comunidade. Eles não podem estar confinados às quatro paredes do templo. Repita-se:
não há vida cristã estanque. As pesquisas mostram, por exemplo, que filhos
criados em famílias saudáveis e bem estruturadas são menos propensos às drogas
e, consequentemente, ao crime. Por que não lutar, então, para que os homens
públicos não subvertam esse princípio e mantenham incólumes as leis que
estabelecem a família tal como a Bíblia ensina?
Deus
nos pôs no mundo não para ficar a reboque, mas para, como Igreja, fazer a
história. Vamos fazê-la bem-feita e deixar um bom rastro para aqueles que nos
seguem. Um bairro, uma cidade, um estado ou um país que crescem à sombra destas
verdades terão menos violência, melhor educação e grande prosperidade.
Celebremos a glória de Deus nos templos, através de expressões de alegria e
louvor ao Senhor, mas vivamos a espiritualidade verdadeira em todas as
dimensões de nossa vida. Isso se dá através mediante o permanente exercício da
disciplina cristã.
A
IGREJA E A DISCIPLINA
O
ambiente que cerca a igreja, nos dias de hoje, é diametralmente distinta do
contexto da igreja primitiva. Naquela época, mesmo fora dos limites da fé
cristã, havia o pressuposto de valores universais como norma para a conduta
humana. Os questionamentos não tinham a dimensão atual. Hoje, ao contrário,
predomina a visão relativista, particular, pessoal, que não admite nem por
hipótese a ideia de que existam verdades absolutas.
Não
passa pela cabeça do homem pós-moderno, de modo geral, pensar na existência de
valores, princípios, comuns a todos os seres em qualquer parte do planeta, não
importa a herança cultural. O que prevalece é essa babel ideológica,
fragmentada e difusa, onde cada um assenta o tijolo da sua própria crença para
dar continuidade à construção do velho e surrado humanismo babilônico. Não há
lugar para a verdade de Deus. O entendimento pessoal determina a forma de se
ver o mundo e à luz disso segue o homem o seu próprio caminho.
Esse
é o quadro em que se insere a igreja na pós-modernidade. A situação se agrava
porque ao peso da forte pressão social tais concepções se introduzem nos
limites da fé e permitem que, em muitos casos, se perca a essência dos fundamentos
para em seu lugar valorizar formas, priorizar superficialidades, tornar a
mensagem apenas um instrumento motivacional, substituindo a pregação bíblica,
transformar cultos em programas de entretenimento e abarcar toda sorte de
liturgias, algumas esdrúxulas, sem qualquer preocupação com o conteúdo.
Afinal,
o que isso tem a ver com a disciplina na igreja atual? Tudo. A ânsia de tornar
as igrejas atrativas e “amigáveis”, como defendem os líderes dessa corrente,
leva à liberalização teológica. Além disso, abre caminho para concessões no
campo do comportamento e flexibiliza o papel da disciplina sob o argumento de
que ela afugenta as pessoas e faz com os membros de uma igreja com fundamentos
ortodoxos procurem outras menos exigentes ou com “a porta larga’.
Todavia,
gostemos ou não, a disciplina é um pressuposto em qualquer área da vida, desde
o atleta que se prepara para a maratona àquele que deseja viver a vida
cristã
segundo os padrões da Palavra de Deus (I Co 9.24-27). Este o sentido da
advertência de Paulo a Timóteo: “Exercita-te a ti mesmo em piedade” (I Tm) como
esclarece Henry Holloman:
A
palavra que Paulo usou para “exercita-te” (gr. “gymnazo”) se refere ac
treinamento feito pelos atletas no ginásio grego. O substantivo “gymnasia”
(treinamento ou disciplina) presente no versículo 8 é a raiz da palavra
“ginásio”.4
Em
outras palavras, sem a disciplina a caminhada está sujeita ao fracasso, e a
travessia da linha de chegada impossível.
O
caráter preventivo da disciplina. Precisamos, antes de tudo, compreender o que
significa disciplina. Uma de suas peculiaridades é o seu caráter preventivo.
Isso tem a ver com ensino, instrução, prevenir contra o erro à luz das Escrituras,
e não simplesmente com a imposição de um conjunto de regras que representam in
totum a tradição de homens, como advertiu o apostolo Paulo (Cl 2.20-23).
Não
que inexista o caráter normativo da disciplina, como veremos adiante. Mas o
extremo do legalismo com sua carga de condicionamentos humanos e aparente
piedade é apenas o reflexo do farisaísmo e da hipocrisia. Assim, o ensino com
fundamentação bíblica é primordial na era pós-moderna. Isso requer a ênfase
permanente nos princípios como o correto padrão de aferição para o dia a dia da
vida cristã.
Não
basta dizer: “Isto pode, aquilo não”; impõe-se trabalhar com a igreja o
embasamento doutrinário preventivo, com o emprego da genuína exegese, que dê ao
crente a capacidade de agir com segurança, sensatez, espiritualidade e
compromisso com Cristo diante de cada situação de sua caminhada.
A
disciplina preventiva precisa levar em consideração o fato de vivermos na
chamada sociedade do conhecimento, onde o acesso às informações é algo
extremamente aberto, acessível, oriundo de múltiplas fontes, mas que chega de
forma aleatória, fragmentada, com a probabilidade de gerar muitas distorções na
mente humana.
Enquanto,
nos tempos antigos, a palavra de alguém que tivesse conhecimento um pouco acima
da média era lei — até porque a grande maioria não dispunha da mesma autoridade
intelectual para exercer o senso crítico —, na sociedade pós-moderna é
diferente. As pessoas questionam, particularizam e querem respostas que não só
as convençam, mas que sejam coerentes com a lógica da razão. Nos tempos idos, a
autoridade era também respeitada. Hoje está sendo solapada em todas as esferas.
Ou
seja, quem exerce cargo de liderança, sobretudo no meio eclesiástico, não pode
se valer apenas da força de sua função para de maneira autoritária passar
aos
liderados o que precisa ensinar. Isso quer dizer que a disciplina preventiva na
igreja da pós-modernidade implica em mostrar de forma consistente e dialogai
que os princípios bíblicos não são extemporâneos, ultrapassados; antes, fazem
pleno sentido na sociedade pós-moderna (Rm 12.3-8). E enfrentar os “por quês”
com respostas bíblicas e bem expostas, com toda a clareza necessária; e evitar
evasivas que confundem e tiram a credibilidade de quem exerce esse papel.
Um
ponto primacial é que os princípios bíblicos são fruto da revelação de Deus ao
homem (2Tm 3.10-17). Ê questão fora de dúvida para os convertidos a Cristo.
Alguns, todavia, forçados pela sociedade secularizada, acabam limitando sua
extensão à vida religiosa, como se não houvesse qualquer conexão entre eles e
as demais áreas da existência humana.
Chegam
a afirmar que “outras religiões” têm também as suas “verdades exclusivas” de
modo que, por isso mesmo, não se pode permitir que interfiram na vida secular
de cada um. Cria-se então uma dicotomia, um gueto, em que os princípios
bíblicos aplicados através da disciplina preventiva ficam restritos a um
compartimento — o da fé — enquanto os demais ficam excluídos de sua
interferência. Basta ir à igreja pelo menos uma vez na semana para cumprir com
a obrigação religiosa. O resto é por conta da pessoa e ponto final.
Essa
é uma das formas mais sutis de o Diabo desacreditar a fé e facilitar seu
predomínio não só no mundo, mas também sobre as ações dos crentes. Os
princípios bíblicos têm, de fato, origem na Revelação e exatamente por isso — a
sua fonte — são ao mesmo tempo coerentes com toda a verdade que se manifesta no
mundo cotidiano.
A
revelação de Deus não é absurda, e Ele não impõe nenhum absurdo ao ser humano. Às
vezes, é preciso usar a estratégia empregada pelo apóstolo Paulo em Atenas,
que, ao invés de partir da Revelação para a filosofia, fez o caminho inverso.
Partiu da filosofia para a Revelação (At 17.15-34). Essa é a tese de Nancy
Pearcey, em seu livro Verdade Absoluta.
Em
outras palavras, significa mostrar que as verdades inerentes ao dia a dia, seja
na vida social, seja na vida científica, seja na vida comportamental, aquelas
questões que a própria consciência admite como verdadeiras por ver coerência em
suas formulações, tudo isso expressa por fim aquilo que os princípios da
Revelação ensinam como a grande verdade de Deus.
Assim
pensavam os reformadores. Para eles, toda verdade, em qualquer campo do saber
humano, precisava ser considerada como a verdade de Deus. Portanto, a igreja
tem de dar primazia ao magistério cristão e usar as ferramentas adequadas para
sempre aplicar a disciplina preventiva mediante a frequente e sistemática
instrução bíblica.
O
caráter normativo da disciplina. A disciplina tem também caráter normativo. Já
vimos que a igreja é tanto uma instituição divina como humana. Mas ambas são
indissociáveis. Em seu aspecto terreno, dispõe de personalidade jurídica e se
obriga a explicitar em estatuto e regimento interno os seus princípios
organizacionais. Em seu aspecto divino se submete à Bíblia Sagrada como seu
estatuto maior, de onde derivam todas as normas aplicadas em sua peregrinação
histórica, inclusive quanto à sua forma de organização.
Assim,
para usar a linguagem jurídica, existem as chamadas “cláusulas pétreas” da fé
que constituem o caráter normativo da disciplina. São questões que tratam da
inserção do novo crente na comunidade da fé, seus compromissos com a igreja e
sua identificação com os princípios que agora norteiam a sua vida. São os
imutáveis referenciais extraídos das Escrituras para que possa seguir em sua
trajetória até alcançar o céu.
A
Bíblia sempre será a fonte da disciplina normativa, sem qualquer adendo ou
concessão aos que trazem para dentro das fronteiras eclesiásticas o conceito
pós- moderno que despe o texto do seu significado intrínseco e alimenta a tese
de que cada um tem o direito de livremente interpretá-lo e dar a ele o seu
próprio significado. Ela será a base, o parâmetro, a verdade absoluta, com
significado autônomo, para tudo quanto vier a ser decidido no âmbito da igreja
(2 Pe 1.19-21).
Nunca
é demais relembrar que estaremos incorrendo em erro se sobrecarregarmos os
crentes com tradições humanas que mais expressam alguma herança cultural (ou
mesmo religiosa) do que propriamente algum princípio bíblico. Não nos cabe
tornar o caminho mais estreito do que já é.
E
indispensável, por outro lado, explicitar em documento próprio as normas
adotadas para que haja ciência quanto aos direitos, deveres e privilégios de
quem se torna membro da igreja local por ser característica da era pós-moderna
as pessoas não atentarem para princípio algum, mas praticarem o que “bem lhes
parece aos próprios olhos”. A clareza da linguagem é de suma importância para
que não pairem dúvidas e cada ponto reflita em verdade os princípios bíblicos,
e não o desejo particular de alguém ou de um grupo.
Alguns
dirão: “A Bíblia por si só basta”. A premissa é correta, mas o Concilio de
Jerusalém, lá atrás, nos primeiros anos de vida da igreja, à luz das
Escrituras, expediu cartas às igrejas de então com as normas a serem observadas
quanto aos problemas ali levantados e discutidos (At 15.1-32).
Em
outras palavras, não há nenhum erro ter a disciplina normativa explicitada em
documento para que os crentes saibam como proceder. A classe de discipulado é o
ambiente ideal para que a disciplina normativa seja passada em primeira mão aos
que estão chegando à igreja local através da conversão.
É
conveniente, inclusive, que seja o pastor o responsável por esse primeiro
contato com os novos irmãos.
Os
crentes que se transferem de outras denominações deveriam também frequentar uma
classe semelhante antes de serem recebidos. Isto se deve a várias razões:
Geralmente
(toda regra tem exceção), são pessoas que portam algum tipo de insatisfação e
estão à procura da igreja perfeita. Como não a encontram, vivem a síndrome do
beija-flor. Não ficam em lugar algum.
Antes
de se tornarem membros é justo e necessário que conheçam a sua nova casa
espiritual, como funciona, a liturgia, as normas, o tipo de serviço que ali se
presta ao Senhor, para que então se definam, se ajustem ao novo ambiente e
estejam conscientes de sua nova responsabilidade.
O
documento a que aludimos há pouco é também conhecido como Declaração de
Propósitos e já é empregado em algumas igrejas. Não só o crente que se submete
ao batismo em águas, mas o que se transfere de outra denominação, ou mesmo de
outra igreja da mesma fé e ordem, após concordar com os seus termos, é
convidado a assiná-lo em solenidade especial, juntamente com o pastor, para só
então ser aceito como membro.
Qual
a importância desse compromisso? E que a igreja, conforme o Código Civil,
desfruta da liberdade de estabelecer a sua própria estrutura de funcionamento,
não cabendo nenhuma interferência do estado em suas decisões. Ela é soberana em
questões de fé.
Mas
na era pós-moderna o que mais as pessoas querem é lutar por direitos, sem
demonstrar a mínima preocupação com deveres. A Declaração de Propósitos, que
inclui também o Estatuto e o Regimento Interno, protege a igreja contra aqueles
que, movidos pelo espírito de Jezabel, tornam-se rebeldes e são até capazes de
levar a igreja às barras dos tribunais contra alguma decisão com a qual não
concordam. Pelo seu conteúdo, a Declaração de Propósitos se configura como um
pacto em que as partes estão de acordo com as normas contidas, sendo, portanto,
uma peça de defesa em casos extremos.
O
caráter corretivo da disciplina. A disciplina tem, finalmente, caráter
corretivo. Ela visa corrigir rumos, trazer de volta ao devido lugar, fazer com
que a verdade prevaleça, acertar o que está errado. Mas os tempos de hoje não
favorecem a postura autoritária muito comum em épocas não tão distantes. Já
não é mais possível chegar e dizer: “o que eu determino está determinado. Ninguém
tem o direito de reclamar ou questionar”.
É
bom lembrar que, além de ser errada, do ponto de vista bíblico, o povo geralmente
já não aceita essa forma de liderança. Então qual o caminho para aplicar a
disciplina corretiva? Ele se constitui de três simples passos: mostrar onde
está o erro, explicar porque está errado e ensinar como fazer para corrigir o
erro.
O
problema não pode ser tratado como se o líder estivesse impondo a sua vontade
pessoal, o que ele quer, mas aplicando os princípios bíblicos, que, como já foi
dito, são coerentes com o dia a dia das pessoas. É a partir daí que elas poderão
avaliar o seu modo de vida no sentido mais amplo para ver o que precisa ser
corrigido ou aperfeiçoado.
Só
assim terão condições de aplicá-los a cada situação da vida e não só àquelas
que são consideradas “pecados”. Vale também ressaltar que a disciplina
corretiva não tem o caráter de lançar fora, mas sempre restaurar, trazer de
volta ao aprisco. Mesmo quando há necessidade de se tomar alguma medida
disciplinar restritiva, como a suspensão de determinadas atividades ou mesmo o
desligamento, o objetivo será sempre restaurar, e não lançar no abismo, como
no episódio relatado por Paulo em ambas as cartas aos coríntios (I Co 5.1-5; 2
Co 2.1-8).
Por
fim, duas metáforas empregadas no Salmo 23 permanecem plenas de significado
para a disciplina na igreja da pós-modernidade: a vara e o cajado. Com a
primeira o pastor ensina, expõe a Palavra com integridade, prepara e
aperfeiçoa. Mostra o que Deus quer para o seu rebanho. Com a segunda, puxa a
ovelha que está à beira do abismo e a coloca de volta na trilha que leva aos
pastos verdejantes e às águas tranquilas. Uma igreja bem disciplinada
entregar-se-á com alegria e dedicação à sua tarefa e terá, como veremos a
seguir, um forte comprometimento com a missiologia urbana.
A
IGREJA E A MISSIOLOGIA URBANA
Outro
aspecto importante da vida eclesiástica tem a ver com o processo de urbanização
do mundo, uma realidade desafiadora que exige pronta e contínua resposta da
igreja como agente do Reino de Deus na Terra. O fluxo migratório constante dos
países pobres para os países mais desenvolvidos e do interior para os grandes
centros, em busca de melhores oportunidades, aliado a outros fatores da vida pós-moderna,
indica com segurança que nos próximos anos a maior parte da população do
planeta estará vivendo nas grandes cidades, transformadas em metrópoles e
megalópoles.
A
estratégia urbana de Paulo. Para se conhecer como a igreja pode desempenhar bem
o seu papel como comunidade terapêutica na urbe pós-moderna, nada melhor do que
descobrir a metodologia empregada pelo apóstolo Paulo em suas viagens
missionárias. A primeira observação é que ele procurava instalar-se nos grandes
centros, onde a mensagem seria mais bem repercutida para então irradiar-se
pelos regiões adjacentes (At 13.4-6,13,14).
Obediente
ao plano divino de universalizar o evangelho mediante a transição da igreja
para o mundo gentílico, o apóstolo usou a mesma estratégia quando transpôs os limites
da Ásia e alcançou as fronteiras europeias através da Macedônia, atual norte da
Grécia (At 16.11,12).
Filipos
foi a primeira cidade aonde chegou e na qual permaneceu por alguns dias. Dali,
partiu imediatamente para Tessalônica, a capital da província (At 17.1), para
depois, passando por Beréia, alcançar Atenas (At 17.15), centro dos grandes
conhecimentos filosóficos, de onde seguiu até Corinto, capital da Acaia, atual
sul da Grécia. Em todos estes casos, os grandes centros, como Tessalônica,
Acaia e Corinto, foram os locais estratégicos onde o evangelho começou a ser
anunciado.
O
apóstolo Paulo sabia utilizar-se, também, de estratégias adequadas para cada
realidade. O seu próprio perfil é o testemunho de que Deus escolhera a pessoa
certa para aquelas circunstâncias. Nascido em Tarso, uma das principais cidades
do império romano, pertencia a uma família judaica e cresceu sob a influência
da cultura helênica, o que lhe dava mobilidade para transitar livremente entre
as fronteiras da época.
Em
Filipos, sua primeira iniciativa foi buscar um lugar para a oração, fora da
cidade, onde pôde falar às mulheres ali reunidas (At 16.13,14), entre as quais
Lídia, empresária bem-sucedida no ramo de púrpura. Não foi por acaso que as
primeiras pessoas a ouvirem o evangelho na Europa tenham sido as mulheres. Elas
são, por natureza, mais sensíveis e sempre mais dispostas a lutar pelas causas
que assumem.
Sem
dúvida, tiveram papel fundamental na divulgação do Evangelho. Em Atenas, famosa
pelos grandes embates filosóficos, as artes e os deuses da mitologia grega,
Paulo utilizou como ponto de contato a sua religiosidade para apresentar aos
atenienses a mensagem sobre o Deus desconhecido, com resultados imediatos (At
17.15-34). Em cada realidade da vida urbana, uma estratégia específica.
Por
conseguinte, o apóstolo estava consciente da batalha no plano espiritual em
relação às cidades. Sua carta aos efésios é prova disso (Ef 6.10-20). Nessa
cidade, localizada hoje na Turquia, prestava-se culto a Diana, uma das deusas
do panteão romano. Em Filipos, a artimanha de Satanás foi tentar envolver Paulo
com elogios ardilosos para manter a credibilidade demoníaca intacta entre os
filipenses.
A
ser desmascarado, era preferível a Satanás elogiar, dizendo a verdade a contragosto,
e assim continuar desfrutando da simpatia do povo. Mas o apóstolo já estava
preparado, pois antes de qualquer outra coisa, em solo europeu, fez uso da arma
da oração para enfrentar o confronto no nível espiritual (At 16.13,16-18).
O
desafio moderno da urbanização. A crescente urbanização do mundo, com o inchamento
das grandes cidades, metrópoles e megalópoles, como é o caso do Rio de Janeiro,
São Paulo, Cidade do México, Tóquio e outras do mesmo porte, geram desafios que
devem ser encarados com tenacidade.
O
primeiro é a diversificação cultural. Assim como Paulo era de origem judaica,
nasceu em Tarso e sofreu a influência helênica, esta era também a característica
cultural do império romano. O latim era o idioma oficial, mas o grego
predominava em suas fronteiras entre povos de raízes culturais bem distintas.
De igual modo, os centros urbanos, hoje, não são culturalmente homogêneos. Há
uma diversidade enorme de “tribos”, termo preferido pela juventude pós-
moderna, culturas e tradições.
Outro
desafio é a falta de oportunidades sociais, pois a grande maioria não consegue
sequer chegar à base da pirâmide social e acaba vivendo à margem do processo,
nos subempregos, entregue às drogas, à mendicância, à prostituição, ao
banditismo e a toda sorte de violência. Por isso, o alto índice de favelização,
principalmente no Brasil.
O
materialismo é, também, uma característica da urbe. Se, de um lado, a luta pela
sobrevivência leva os mais pobres a pensar apenas no que comer, isto é, sem
qualquer tempo para assuntos espirituais, por outro, os endinheirados agem como
o rico da parábola: os bens materiais lhes bastam (Lc 12.16-21).
Há,
também, o desafio das novas tendências sociais, que alteram valores sagrados
para a saúde moral da sociedade. Com a proliferação do divórcio, o conceito de
família, hoje, na sociedade distanciada de Deus, não é o mesmo da Bíblia. Isto
sem falar na incidência de outras circunstâncias como a secularização, a defesa
do aborto, o homossexualismo, o relacionamento sexual livre entre os jovens,
sem o compromisso do matrimônio, e outras situações que tornam os defensores
dos padrões bíblicos aparentemente antiquados e ultrapassados.
O
avanço das seitas, por outro lado, se constitui na outra face do desafio da
vida urbana. Elas apareceram na época de Paulo (2 Tm 2.14-19; 3.6-9) e nos anos
subsequentes do Cristianismo, mas em nenhum outro tempo da história tiveram
expansão considerável como nos dias atuais. Por último, entre outros desafios,
está o da solidão cósmica. Apesar da multidão que o cerca, e da imensa selva de
pedra na qual vive, o massacre constante dos turbilhões de problemas da grande
cidade torna o indivíduo extremamente só, deprimido e perdido no cosmos.
As
estratégias da igreja para o mundo urbano. O quadro há pouco pintado retrata a
vida urbana em cores pálidas. Ele é mais forte. Mas a igreja consciente de suas
responsabilidades e capacitada pelo poder do Espírito Santo há de estar pronta
para ser obediente à visão de Deus e transpor todas as barreiras para ser
relevante com a mensagem do Evangelho. Assim como Paulo foi obediente ao
chamado divino (At 16.9,10; 26.19,20), a igreja igualmente não pode fugir da
realidade das grandes cidades, metrópoles e megalópoles, pois aí estará
praticamente a maior parte da população mundial nos próximos anos.
Por
outro lado, somente a igreja que dispor de visão multiministerial, assim como a
sabedoria de Deus é multiforme, terá condições de estar presente em todas as
circunstâncias que demandam sua ação na vida urbana. Em sã consciência, as
reuniões tradicionais da semana, com seu inestimável valor, não são suficientes
para confrontar a vida paradoxalmente opulenta e ao mesmo tempo degradante da
urbanização.
Visão
multiministerial significa diversidade de ministérios atuantes na igreja local
para alcançar todos os segmentos sociais. Das crianças aos mais idosos, todos
precisam estar mobilizados em todas as frentes — menores carentes, drogados,
prostitutas, terceira idade, empresários, profissionais liberais etc. — a fim
de que se cumpra através da igreja o ministério da reconciliação (2 Co 5.18).
Cabe
à igreja, portanto, entender que os fatos há pouco descritos são reflexos de
ações demoníacas sobre as cidades, que se intensificarão cada vez mais à medida
que se aproxima a volta de Cristo. Assim como Paulo buscou um lugar para a
oração antes de enfrentar a batalha, a igreja só terá êxito em sua missiologia
urbana repreendendo os espíritos que atuam no mundo invisível para então
conquistar as cidades para Cristo. Esta é, também, uma igreja preparada para o
desafio das missões transculturais.
A
IGREJA E AS MISSÕES TRANSCULTURAIS
É
comum estudar-se o Apocalipse sob a perspectiva dos juízos que serão executados
sobre o mundo no final dos tempos. No entanto, ele é também o testemunho de que
o plano de Deus através dos séculos, que incluiu o projeto chamado Igreja, terá
seu cumprimento final mediante a proclamação do evangelho por ela até os
confins da Terra.
Missões
transculturais, portanto, não é uma teoria, mas um sério compromisso bíblico do
povo de Deus com a sua obra. Não há como pensar a existência da igreja sem que
a missão da evangelização mundial esteja agregada, pois aqui está a razão para
que ela tenha sido projetada na mente de Deus e tornada realidade entre os
homens.
A
visão que revela a universalização do evangelho. A ordenança bíblica da
proclamação do Evangelho em todo o mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15) sinaliza o seu
caráter universal, ou seja, o direito que todos os povos têm de ouvi-lo de
forma clara e consciente para crerem no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se de
seus pecados e ter a certeza da vida eterna.
Essa
universalidade se fundamenta na morte do Cordeiro (Jo 1.29; cf. Is
,
o qual, na visão do Apocalipse, é o único considerado digno e, portanto,
perfeitamente legitimado para desatar os selos do livro e executar os juízos
sobre a Terra. Por que tem ele autoridade para fazê-lo? Por causa da justiça de
Deus revelada em sua morte para redimir o pecador, antes de julgá-lo.
A
cena vista por João fecha as cortinas da graça salvadora da época presente e dá
início aos flagelos que, através da abertura dos sete selos, serão lançados
sobre a humanidade que rejeitou a Cristo. No entanto, este é o cerne da
verdade: em toda a história bíblica os juízos de Deus jamais são executados sem
que haja oportunidade de arrependimento (Jn 3.10).
Assim
sendo, não é justo que, pela negligência das igrejas, os povos não ouçam a voz
de Deus e sejam apanhados pelo seu juízo. O Cordeiro cumpriu a sua parte e
venceu (Ap 5.5). Por isso pode assentar-se como juiz no trono do Universo.
Outro
detalhe da visão do Apocalipse é a onipresença do Cordeiro, representada pelas
“sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a
terra”. Sete, na numerologia Bíblia, é símbolo de plenitude e, nesse caso, denota
a ideia de que os olhos do Senhor estão por toda a parte, acompanhando passo a
passo a ação da igreja na proclamação da mensagem do Reino de Deus.
Ê
importante frisar que o Cordeiro, em sua onipresença, não compartimenta o mundo
em áreas específicas ou privilegiadas. Em "toda a terra” ele supervisiona
e cria as condições necessárias para que a redenção seja proclamada, como fez
Deus com o profeta Jonas (I.I-I7; 2.I-I0; 3.1-3). O Evangelho terá de ser
pregado em todo o mundo para que se cumpra a justiça de Deus.
Se
o Evangelho é universal, a morte do Cordeiro teve, também, o mesmo caráter (Ap
5.9; 2 Co 5.15). Não há exclusividade neste ato de entrega voluntária e
substituta em favor do homem. Não importa onde e como vivam, se nas florestas
da Amazônia ou nas montanhas do Himalaia, todos são alvos da graça imerecida de
Deus e precisam urgentemente conhecê-la.
A
visão do papel transcultural da igreja. É aí que entra o papel transcultural da
igreja. Segundo Atos 1.8, sua visão não pode circunscrever-se à comunidade
local, mas deve ampliar-se até as últimas fronteiras do planeta. O texto
transmite a ideia de simultaneidade. Enquanto a igreja evangeliza a cidade,
seus olhos pousam mais além e vêem terras mais distantes que estão brancas para
a ceifa (Jo 4.35).
Vemos
o mesmo conceito de modo cristalino na visão de João. Ali a expressão “de toda
tribo, e língua, e raça e nação” (Ap 5.9) implica na proclamação simultânea do
Evangelho até os confins da terra. A linguagem enfática determina que ninguém poderá
ficar de fora. Todos os povos deverão ser alcançados. Assim o Cuia Prático de
Missões define Missões Transculturais:
O
prefixo “trans” vem do latim e significa “movimento para além de”, “através
de”. Portanto, em linhas gerais, missões transculturais é transpor uma cultura
para levar a mensagem do Evangelho. Esta mensagem não pode se restringir a uma
só cultura, mas tem alcance abrangente, em todos os quadrantes da terra, onde
quer que haja uma etnia que ainda não a tenha ouvido.5
E
interessante que o número quatro aparece de forma implícita. Na Bíblia, ele é
símbolo de totalidade. Isto implica em afirmar, com absoluta segurança, que a
doutrina de missões é bíblica, mesmo que este termo não apareça nas Escrituras.
Assim como a Trindade não é mencionada no texto sagrado de forma explícita,
O cristão bíblico não duvida de que ela se
constitui numa verdade doutrinária. A mensagem salvífica, portanto, tem como
alvo o mundo em sua globalidade.
Para
tornar ainda mais séria a responsabilidade, o termo “nação”, que aparece em Apocalipse
5.9 e também em Mateus 28.19, vem do grego ethnos, cujo sentido é diferente da ideia
geopolítica de países como são atualmente constituídos. Aqui significa povos na
sua essência étnica, envolvendo cultura, dialeto, tradições, modus vivendi,
visão de mundo e outras particularidades.
Sob
esse ponto de vista, há pelos menos doze mil povos espalhados no mundo, e
todos, sem exceção, estão incluídos no plano da redenção. Não basta olhar os
países, que somam hoje aproximadamente 240, mas cada “tribo, e língua, e raça,
e nação”. Esta é a forma pela qual Deus vê o mundo. A visão de Isaías sobre a
missão messiânica e, por conseguinte, da igreja é clara: “... também te dei
para luz dos gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra” (Is
49.6; cf. At 13.47).
A
transculturação, neste caso, significa encontrar em cada cultura os instrumentos
adequados para proclamar de forma clara, aceitável e consciente a mensagem do
evangelho. Há na Bíblia elementos da cultura judaica que não foram
transplantados para o Cristianismo. O preparo do missionário, de igual modo,
implica em ele saber que não lhe cabe transplantar no país onde exercerá o seu
ministério elementos da cultura de seu país de origem que só ali fazem sentido.
Sabemos
que os princípios da Palavra de Deus são absolutos, inalteráveis e universais,
assim como os elementos químicos da água. No entanto, pode-se servi-la em copos
diferentes. Para exemplificar, cabe aqui a clássica expressão do famoso
evangelista hindu Sadu Sudar Sing: “A água da vida deve ser servida ao povo
hindu em copo hindu”. Isto é transculturação. E saber discernir em cada cultura
aquilo que é bíblico, antibíblico e extrabíblico.
A
visão que revela o cumprimento da missão da igreja sobre a Terra. A visão do Apocalipse
implica em afirmar a dupla grandeza da missão da igreja.
Os
anjos gostaram de ter assumido esta tarefa, mas coube ao povo de Deus a
singular oportunidade de abrir as portas da salvação para os perdidos da Terra.
Nenhuma instituição desfruta deste privilégio. Só a igreja (I Pe I.I0-I2).
Trata-se
de tarefa gigantesca alcançar cada “tribo, e língua, e povo, e nação” em seu
próprio meio cultural antes que Jesus venha. Para executá-la só há uma forma:
mobilização total e prioridade absoluta. Nenhuma atividade, por mais importante
que seja, poderá subtrair tempo e recursos dedicados à evangelização mundial.
Agir deste modo é subtrair, também, as bênçãos de Deus sobre a igreja.
Ou
se quer, de fato, ouvir o clamor do mundo, ou então a igreja estará como os
contemporâneos de Ninrode: construindo torres para ajuntar-se e alegrar-se à
sua volta, esquecendo-se das almas que perecem nas últimas fronteiras do mundo
(Gn
I.I-6).
Dizer que faltam recursos é uma aleivosia. Por outro lado, a tecnologia, hoje,
põe o mundo dentro de casa. Assim sendo, resta apenas agir... e rápido.
Todavia,
a visão de João traz uma boa notícia: A igreja não falhará. Ela cumprirá a sua
missão, custe o que custar, nem que seja preciso vir o vento forte da
perseguição para espalhar os seus membros pelo mundo. Impulsionada pelo poder
do Espírito Santo, a igreja começa a mover-se em todas as direções para que o
mundo todo saiba que Jesus Cristo é o Senhor que se revela agora como Salvador,
mas um dia Ele assentar-se-á no trono do Universo para julgar os vivos e os
mortos.
Se
não for assim, a visão de João terá sido uma fraude. Mas ela é a eterna e
infalível Palavra de Deus. Portanto, naquele dia, diante do Cordeiro, a Igreja
será formada por pessoas fiéis — compradas pelo seu sangue — de “toda tribo, e
língua, e povo, e nação”, que se tornarão reis e sacerdotes para Deus “e
reinarão sobre a terra”. O crescimento universal da igreja, no entanto, gera
tensões decorrentes de seu lado humano. Uma delas, como veremos no próximo
ponto, é o crescente denominacionalismo.
A
IGREJA E O DENOMINACIONALISMO
Esta
é a questão que se impõe: Qual o verdadeiro lugar das denominações no processo
histórico da igreja? Como compreender o seu papel à luz das Escrituras?
Mais
do que em qualquer outra época, é necessário desenvolver uma visão clara a
respeito, tendo em vista duas razões, entre outras:
O
surgimento continuado e crescente de novos ramos denominacionais.
A
necessidade de os crentes, principalmente os novos na fé, saberem como
comportar-se nesse contexto nem sempre preciso de tantas ramificações
evangélicas. Todavia, reconhecer o caráter secundário das denominações é fator
determinante para que não se enfraqueça, jamais, a doutrina bíblica da Igreja
como corpo de Cristo.
A
doutrina da igreja no Novo Testamento. Em que pese a quantidade de denominações
existentes, o Novo Testamento não se manifesta em momento algum a esse
respeito. O seu ensino acerca da estrutura da igreja encerra basicamente duas
verdades.
Aponta
para o seu caráter universal (At 20.28; Ef 2.21,22; cf Hb 12.23). È o povo de
Deus espalhado pelo mundo, que professa a fé em Cristo, proclama as boas novas
aos perdidos da Terra e cultiva no seu viver diário a comunhão em seu duplo
aspecto: vertical (com Deus) e horizontal (uns com os outros).
As
expressões paulinas em Efésios 4.4-6 — “há um só corpo”, “um só Espírito”,
“uma só esperança”, “um só Senhor”, “uma só fé”, “um só batismo” e “um só Deus”
— transmitem essa ideia, deixando explícito que a Igreja de Cristo está acima
das estruturas humanas. Ainda que estas sejam, em certo sentido, necessárias
para a sua instrumentalização na face da Terra, a Igreja se constitui de um
único Corpo formado por aqueles que foram comprados pelo sangue de Cristo e
vivenciam a vida cristã na “unidade do Espírito pelo vínculo da paz”.
O
ensino do Novo Testamento revela o caráter local da igreja, pois é dessa forma,
na comunidade, que ela expressa a sua dimensão de vida e exerce as suas
responsabilidades como agente do Remo de Deus no mundo (Mt 18.17; cf. At 15.4;
16.5). Mesmo nos casos em que o Novo Testamento se reporta à igreja em sua
expressão local, não determina nenhuma nomenclatura específica que possa ser
tomada em seu sentido original como a forma pela qual devesse ser denominada.
Ao
se referir à igreja local, o livro de Atos, padrão da igreja do Novo Testamento,
usa em quase todas as referências o designativo “igreja” para identificá-la,
sem nada acrescentar (At 9.31; 11.22; 12.1; 12.5).
Razões
para a existência das denominações. Mas, se não há, na Bíblia, nenhuma menção
clara e específica que determine para a igreja outro designativo além deste,
mesmo para a sua expressão local, por que a existência de tantas denominações,
com estruturas autônomas, nomes variados e às vezes tão díspares? E tão ampla a
diversidade que existe de tudo um pouco nesse universo, até igrejas que
estimulam supostos contatos com espíritos de pessoas falecidas, o culto aos
anjos e outras aberrações, isso para não falar dos desvios mais conhecidos.
A
pergunta em apreço é feita com frequência, principalmente pelos não- crentes,
quando estão sendo evangelizados. E precisa de resposta.
A
primeira razão para a existência de tantas denominações é de fundo histórico. À
medida que a igreja, em sua trajetória institucional, começou a se desviar
gradualmente dos postulados da doutrina apostólica, começaram a surgir
indivíduos e movimentos em seu meio, pregando o retorno ao modelo primitivo,
inconformados com a perda crescente da simplicidade da fé. Esses movimentos
passaram a receber denominações próprias identificadas com as idéias defendidas
por seus líderes.
O
grande divisor de águas foi a Reforma Protestante, iniciada por Martinho
Lutero, numa época de obscurantismo, em que a igreja histórica descera aos
níveis mais baixos de relaxamento moral e espiritual, depois de incorporar, ao
longo dos séculos, diversas práticas pagãs em sua liturgia.
Lutero
resgatou a doutrina bíblica da justificação pela fé e estabeleceu o seguinte
princípio, que se tornou lema dos evangélicos ao redor do mundo: “Só a graça;
só a fé; somente as Escrituras”. A Reforma Protestante, portanto, deu origem às
chamadas denominações históricas, em cujo meio floresceu o movimento pente-
costal, nos primeiros anos do século XX, sabendo-se que houve através dos
tempos manifestações pentecostais em diversas fases da História da Igreja.
Outra
razão que explica a existência de tantas denominações é de natureza
doutrinária. De um lado está a ênfase unilateral, extremada ou isolada de
determinadas doutrinas bíblicas, enquanto outras são relegadas a segundo plano.
De outro, a negligência que despreza certos ensinos bíblicos, como a
contemporaneidade dos dons espirituais, e não permite que a congregação seja
por eles abençoada.
Junte-se
a isso a falta de amor e de espiritualidade, e está aberta a porta para o
surgimento de uma nova denominação. Sem nos esquecermos de que as heresias são
um fator muito forte de fragmentação. Nesses casos, não há nenhuma dúvida:
“Destes afasta-te”.
Há
que se considerar também as razões de ordem administrativa. Aqui entram a forma
de governo, a estrutura organizacional e a necessidade de se normatizar
legalmente a vida da igreja local perante a legislação do país. Como nem sempre
as idéias convergem, as igrejas que estão sob a mesma bandeira e buscam viver o
mesmo modelo administrativo se organizam com um nome peculiar para que assim
sejam identificadas diante da sociedade. No Brasil, apenas como exemplo, a Assembleia
de Deus iniciou-se em 1911 como Missão da Fé Apostólica. Só a partir de 1918
adotou o nome atual.
Não
se deve esquecer, ainda, de que em muitos casos as razões estão no
egocentrismo. De um lado, está a vaidade pessoal, a busca da liderança como um
fim, a falta de humildade para submeter-se à liderança daqueles que foram
legitimamente constituídos por Deus. De outro, a insegurança de muitos daqueles
que já lideram a igreja, o apego ao pastorado, mesmo que o seu tempo tenha terminado,
levando-os a não abrir espaço para o surgimento de novas lideranças.
Se
não há disposição para ouvir a voz do Espírito, como fez a igreja primitiva
reunida em concilio na cidade de Jerusalém (At 15), as dissidências surgem e
acabam gerando novos grupos denominacionais.
Por
último, o denominacionalismo pode ser compreendido como parte da vontade
permissiva de Deus. A diversidade de igrejas, que têm como fundamento a
doutrina apostólica, torna o homem indesculpável, ao usar como justificativa
para não aceitar a fé a possibilidade de não ter encontrado um lugar onde possa
sentir-se bem. No atual universo em que há não só diferentes modelos administrativos,
mas também formas distintas de liturgias, sem prejuízo dos fundamentos da fé,
essa desculpa jamais terá sentido.
Como
lidar com a existência das denominações. A diversidade das denominações está
aí, e todos têm de lidar com ela. No entanto, alguns pontos precisam ser
levados em consideração:
Buscar
a unidade fraterna e o aperfeiçoamento espiritual dos santos é dever de todos.
Para tanto, os ministérios foram dados à Igreja, e não a uma igreja ou
denominação (Ef 4.11 -13).
A
unidade é orgânica, espiritualmente falando, mas não precisa ser
necessariamente organizacional, humanamente falando. Em outras palavras, podemos
ter denominações administrativamente autônomas, e que sejam fraternas,
relacionando-se sob a bandeira do mesmo Espírito.
Não
se pode, em nome da unidade, abrir mão dos princípios absolutos e inegociáveis
da Palavra de Deus. Se os fundamentos são outros, não há também comunhão (I Co
3.11; cf. G1 1.8). Aqui vale o pensamento de Agostinho: “Nas coisas essenciais,
unidade; nas não essenciais, diversidade; e em todas as coisas, amor”.
E
necessário, ainda, que se busque um relacionamento de respeito mútuo. Usar
termos jocosos ridicularizando irmãos que pertençam a outras denominações não
é próprio de alguém nascido de novo. Assim como não nos agrada sermos
desconsiderados, eles pensam da mesma forma. Chamá-los de “primos”, mesmo que
por brincadeira, em nada ajuda a construir pontes de comunhão. Afinal, o Céu é
para todos os que confessarem o nome de Jesus Cristo e que dEle são aqui na
Terra.
Outra
boa maneira de mostrar ao mundo a unidade da igreja na diversidade
denominacional, sem abrir mão da identidade, é participar de projetos comuns ao
povo de Deus, desde que a centralidade esteja na Pessoa de Cristo, e não na
periferia do marketing vazio de shows que não glorificam a Deus. Dia da Bíblia,
celebrações históricas como a comemoração da Reforma Protestante, Dia de
Pentecostes e eventos em que o objetivo seja a evangelização se constituem em
excelentes estratégias para essa demonstração de fé.
Só
assim, respeitando-se as diferenças que não mutilem o alicerce, e realçando os
pontos que fundamentem a fé, poder-se-á cumprir, na igreja, a oração de Jesus:
“... que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste” (Jo 17.21). Aqui somos introduzidos a outro tema desafiante
relacionado à condição humana da igreja: o trabalho feminino.
A IGREJA E O TRABALHO FEMININO (com algumas alterações bíblicas colocadas pelo Pr. Henrique).
O trabalho feminino na igreja é aceitável e apoiado pelas escrituras.
O termo díakonon possui sua forma masculina e sem artigo definido.
Diaconia, sem ser ministério (Ef 4.11), pode e deve ser exercido também por
mulheres.
O saudoso Pastor Antônio Gilberto explicava sempre que a mulher
pode exercer diaconia na Igreja, desde que não seja eclesiástica ou
ministerial.
Para Gilberto, as pessoas que lideram as denominações terão que prestar
conta a respeito do assunto: “É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta
disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão
prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres”, enfatizou.
Sabemos que DEUS não colocou nenhum patriarca feminino no comando
de Israel, JESUS não colocou nenhum apóstolo
feminino na Igreja, nem mesmo sua própria mãe, os apóstolos escolheram sete
diáconos e nenhum feminino para servir às mesas, no início da Igreja. Deduzimos
que ministérios são masculinos, mas o trabalho diaconal pode ser exercido por
mulheres, desde que não seja na liderança da Igreja.
Desde a primeira hora da igreja, entretanto, mesmo durante o
ministério terreno de Cristo, as mulheres estiveram presentes com a sua
relevante contribuição para a vida comunitária do povo de Deus.
O resgate da mulher no cristianismo. Na verdade, uma das grandes
conquistas do cristianismo foi resgatar a posição da mulher e elevá-la à sua
verdadeira condição diante de Deus. Vê-se tal propósito, por exemplo, na
própria linhagem de Cristo (Mt 1.3,5,6,16).
Mateus em sua genealogia refere-se aos ancestrais somente pelo
lado paterno, mas dá destaque a cinco mulheres — Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba
e Maria —, das quais apenas sobre Rute e Maria não pesava nenhum deslize moral.
Tamar prevaricou com o sogro (Gn 38.12-30), Raabe vivia como prostituta em
Jericó (Js 2.1; Hb II.31) e Bate-Seba cedeu aos galanteios de Davi (2 Sm II.
1-4). Isso demonstra a graça de DEUS recebendo em sua família mulheres de povos
gentios (Tamar, Raabe, Rute). Revela o perdão e misericórdia ao perdoar Bate-Seba
pelo adultério. Revela graça ao chamar Maria na cidade de Nazaré, um pequeno
vilarejo ao norte de Israel.
Esses registros encerram algumas razões:
Deus não oculta as transgressões dos personagens bíblicos. Ê tão
claro esse propósito que Mateus substitui o nome de Bate-Seba pela seguinte
declaração: “a que foi mulher de Urias”. Deus assim o fez porque isso serve de
advertência para os crentes atuais quanto à sua falibilidade e consequente
dependência da graça divina.
Fica subentendido, no texto sagrado, que elas se arrependeram de
suas falhas morais e mudaram de atitude porque creram na obra redentora futura
de Cristo, que alcançou os fiéis do Antigo Testamento (Hb 11.1,2,32-40).
O aparecimento de seus nomes na genealogia de Cristo, como exceção
à regra, em nada diminui o Salvador; antes, exalta a sua encarnação como nosso
compassivo e gracioso Redentor e dignifica a mulher como parte da linhagem que
suscitou o Redentor da decaída raça humana.
Esse enfoque enaltecedor do papel da mulher é visto, também, no
ministério de Jesus. Além dos doze discípulos, aparecem diversas mulheres que o
seguem por onde quer que Ele passe (Lc 8.1-3). Algumas são citadas até pelo
nome — Maria Madalena, Joana e Suzana — como pessoas que não só acompanham, mas
contribuem com seus bens para a manutenção do seu ministério.
No episódio da ressurreição de Cristo, por sua vez, para
confrontar o fato de o pecado ter entrado no mundo pela primeira mulher, Deus
permite que duas seguidoras de Cristo — Maria Madalena e a outra Maria — sejam
as primeiras a vê-lo ressuscitado e tenham o privilégio de dar a alvissareira
notícia em primeira mão aos discípulos (Mt 28.I-I0). Por que elas primeiro, e
não eles? Para deixar nítida a sua destacada posição no cristianismo
incipiente.
Aposição da mulher na Igreja Primitiva. Com a ascensão de Cristo,
inicia-se o processo de inauguração da Igreja, que culminou no dia de
Pentecostes, e mais uma vez as mulheres são participantes desde a primeira
hora, incluindo-se no grupo a mãe de Jesus (At I.I4). Subentende-se que elas
viram a ascensão do Senhor, viram a assembleia que escolheu o sucessor de Judas
e estavam presentes no dia em que o Espírito desceu sobre a igreja e é certo
que também receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO.
Se foi assim desde o princípio, por que negar-lhes, hoje, a
oportunidade de serem usadas pelo Senhor no papel que lhes couber dentro do
Reino de Deus e segundo a vontade soberana dEle? Não se trata, aqui, de
substituir o homem em sua função dentro da estrutura ministerial, social,
familiar e religiosa, e sim permitir que a mulher preste a sua efetiva
contribuição, como indivíduo, na obra de Deus.
As mulheres se destacam, também, na igreja primitiva, pelo seu
envolvimento no serviço de assistência social. A primeira a ser mencionada é
Dorcas (At 9.36-42), que, movida pelo amor a Deus, empregou sua vida a servir
ao próximo, na cidade de Jope, com atos de caridade. E tanto que a sua morte
trouxe grande tristeza, a ponto de Pedro ser chamado para orar em favor de sua
ressurreição. Um fato chama atenção na sua história: ela é também chamada de
discípula (At 9.36).
A segunda mulher aparece na Epístola aos Romanos. Trata-se de
Febe, da igreja em Cencréia, porto oriental de Corinto, da qual distava cerca
de treze quilômetros. Ela é recomendada por Paulo para que seja recebida com a
mesma hospitalidade com a qual honrava os servos de Deus (Rm 16.1,2). No grego,
o termo empregado para servir é díakonon, que está em sua forma masculina e sem
artigo definido; isso indica a possibilidade de ela ter exercido um trabalho diaconal.
Embora lavar roupa e cozinhar, por exemplo, para Paulo ou algum obreiro que ali
passasse, colocar sua casa a disposição para reuniões dos salvos seja serviço
de diaconia (díakonon).
Em Romanos 16, quando Paulo menciona uma série de outras mulheres
cooperadoras do seu ministério apostólico, inicialmente aparece o casal
Priscila e Áquila, em cuja casa também se reunia uma igreja (vv.3.5). Segundo
alguns eruditos, o fato de a esposa ter sido citada primeiro não é mera regra
protocolar, pois a literatura de então não admitia esse tipo de gesto. E tanto
que na hora de saudar outros casais o apóstolo o faz na ordem marido e mulher,
porém pode ser o costuma grego de então colocar o nome de quem mais se
destacava no casal, em primeiro lugar.
Mencionam-se, ainda, de forma específica, Maria, Trifena, Trifosa,
Pérside, a mãe de Rufo, Júlia, a irmã de Nereu e, por fim, Olimpas. O que as
cooperadores de Paulo faziam o texto não esclarece, mas é um detalhe de menor
importância. O que conta é o reconhecimento pelo trabalho que elas faziam.
A importância do trabalho feminino na igreja. A Bíblia respalda o
trabalho feminino na igreja. Se as referências há pouco não bastassem, Paulo
reivindica o direito, em I Coríntios 9.5, de ter a companhia de mulheres santas
em seu ministério apostólico. Paulo diz que os irmãos de JESUS e apóstolos andavam
com suas esposas – “Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente,
como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” 1 Coríntios
9:5. E, em Filipenses 4.2,3, está implícito que duas de suas cooperadoras,
Evódia e Síntique, precisavam ajustar a sua sintonia no seu relacionamento
interpessoal.
Os que apelam para I Coríntios 14.34 — “as mulheres estejam
caladas nas igrejas” — fazem uma exegese errada e isolada do texto, que
contraria a atitude do apóstolo em reconhecer a dedicação feminina, bem como
conflita com o que ele mesmo havia dito, na própria carta em apreço, afirmando
que elas podem orar e profetizar (II.5). Segundo Donald Stamps, na Bíblia de
Estudo Pentecostal, o versículo citado deve ser interpretado à luz do seguinte,
o 35; ou seja, “a proibição das mulheres interromperem o culto com perguntas
que podiam ser feitas em casa”.
Além das razões bíblicas já apresentadas, há outras que reforçam a
tese em favor do trabalho feminino na igreja.
Foge à lógica pensar que um segmento tão grande, maior do que o
dos homens, não tenha nenhuma contribuição a prestar na obra de Deus.
As mulheres têm maior sensibilidade para atuar em áreas nas quais
o sexo masculino pouco produz.
Nem sempre os homens se mostram dispostos a agir. Nessas horas,
elas se revelam mais corajosas e se constituem em fonte de estímulo na igreja.
Elas são membros do Corpo de Cristo e desfrutam dos mesmos deveres
e privilégios de todos os demais membros.
Sem nenhum subterfúgio, quando os homens não querem mesmo fazer,
são elas a quem Deus usará para levar adiante o seu propósito.
Quando o regime comunista se instalou na China, muitos
missionários e pastores foram torturados e mortos. Por muito tempo pensou-se
no mundo ocidental que a igreja chinesa, em razão disso, teria fracassado.
Todavia, descobriu-se mais tarde que ela estava mais forte do que nunca. O
motivo residia em suas esposas que não se acovardaram, mas deram continuidade
ao trabalho de seus maridos. Conduziram a igreja chinesa em vitória pelos
caminhos subterrâneos.
O cristianismo resgatou a mulher e a elevou à sua verdadeira
condição diante de Deus. Na igreja primitiva, elas ocuparam o seu espaço como
cooperadoras e tiveram o seu trabalho reconhecido. Cabe à igreja de hoje
compreender que a dedicação feminina na obra do Senhor não é menos importante
do que o trabalho empreendido pelos homens. Ambos têm o seu espaço no Corpo,
segundo a vontade soberana de Deus.
Por isso mesmo elas trabalham com afinco na obra de DEUS como
professoras, intercessoras, musicistas, pregadoras, visitadoras, aconselhadoras,
etc...
A
IGREJA E A SECULARIZAÇÃO
Este
é um dos maiores desafios que a igreja enfrenta nos dias atuais: a pressão do
secularismo, que abre espaço para a perda dos valores cristãos e o questionamento
dos princípios que fundamentam a fé. Percebe-se, aqui e ali, a infiltração
sutil de conceitos e comportamentos estranhos, no seio da cristandade, que nada
mais são do que um desvio da verdade, como advertiu Paulo a Timóteo sobre
aqueles que contendem para perverter a fé dos ouvintes (2 Tm 2.14).
Tal
fenômeno, cada vez mais em evidência, é conhecido como secularização. O seu
avanço no ambiente eclesiástico contemporâneo requer da parte da igreja uma
posição não só de alerta e de prevenção, mas de permanente confrontação,
mediante a afirmação coerente dos princípios bíblicos. E essa postura é
necessária para evitar que os efeitos nocivos desse estilo de vida solapem a fé
dos crentes e os levem à perda da visão e da vida espiritual.
Secularização
e contextualização. O secularismo tem como proposta a rejeição de “toda forma
de fé e devoção religiosas”, admitindo como lema de vida “apenas os fatos e
influências derivados da vida presente”. Ele nega, por conseguinte, a
influência das forças espirituais nas atividades humanas e reduz as
circunstâncias do dia a dia exclusivamente ao esforço humano, excluindo, sob
qualquer hipótese, a interferência divina.
Para
o secularismo, segundo definição do Dicionário Teológico, de Claudionor de
Andrade (CPAD), “o homem, e somente o homem, é a medida de todas as coisas”.
O
apóstolo Paulo descreve com linguagem precisa, em 2 Timóteo 3.1-5, o tipo de
comportamento que caracteriza os adeptos do secularismo. A identificação que
abre a longa lista sintetiza de modo adequado os que aí se enquadram. São
“amantes de si mesmos” (v.2), consideram-se o centro do Universo e ignoram Deus
como o Agente da História.
Por
adotarem a filosofia existencialista — em que o homem é o “arquiteto da sua
vida, o construtor do seu próprio destino” —, vivem ao sabor do que melhor lhes
convém no momento, desde que sejam os beneficiados. Em razão disso, não hesitam
em ser “presunçosos, soberbos, blasfemos” e até em assumir a aparência de
piedade, mesmo que, interiormente, neguem a sua eficácia.
Sem
falar na causa primária — a introdução do pecado no mundo —, o secularismo tem
as seguintes causas, entre outras:
E
fruto da educação nem sempre sadia ministrada nas escolas. Exemplo disso é a
prevalência da teoria evolucionista nos currículos escolares em detrimento do
criacionismo, ainda que ela não conte com nenhum respaldo científico
comprobatório (I Tm 6.20).
Tem
suas ligações com a opulência das riquezas (“avarentos”, v.2), que aparentam
oferecer tudo quanto o ser humano precisa, sem necessidade de lançar mão dos
recursos divinos.
Resulta
da entrega obstinada ao hedonismo — o prazer pelo prazer (v.4) —, pelo qual até
o ato de se alimentar reveste-se de uma liturgia deificada. “O deus deles é o
ventre”, afirma Paulo (Fp 3.19).
Origina-se
no mau uso dos meios de comunicação que endeusam o homem e educam a criança
para se considerar “senhor absoluto de sua vida”.
E,
ainda, fortalecida pela apostasia, que afasta o crente de Deus e o leva a
nutrir a sua alma nos pecados há pouco mencionados.
O
secularismo predomina, hoje, em todos os setores da sociedade e tenta pôr os
seus tentáculos dentro da igreja através da perversão dos ensinos bíblicos,
procurando conceituá-los ao nível filosófico, sem valor algum para a fé (I Tm
4.1-5; 2Tm 2.16-18; 4.3,4). O secularismo, através de seus agentes, ramifica-se
nos meios políticos, econômicos e sociais, infiltrando-se em todas as áreas que
exerçam influência e controle sobre a população.
Essa
é a forma de predominar sobre as pessoas para torná-las presas de um mundo,
onde, desde as compras no supermercado à aquisição do carro último modelo, as
coisas se realizam na medida em que as pessoas são indiretamente controladas e
pensam controlar a si próprias mediante o aparente poder que têm nas mãos.
A
secularização eclesiástica, portanto, tem como espinha dorsal deixar de valorizar,
dentro da igreja, as normas da fé para a vida, introduzindo no dia a dia
cristão a mesma visão relativista que caracteriza a sociedade secular. Assim,
pervertem-se os ensinos bíblicos, banaliza-se o sagrado, utiliza-se a fé com
fins escusos e alimenta-se a ideia, por exemplo, de que a doutrina da santidade
não tem importância. Haja vista, segundo acreditam os secularistas
eclesiásticos, o importante ser o coração.
Que
os adeptos do secularismo torcem a verdade de Deus e buscam tornar a igreja uma
instituição corrompida e secularizada, adotando os costumes do mundo, não há
dúvidas. Mas não podemos confundir secularização com contextualização. Enquanto
a secularização perverte o ensino bíblico e o corrompe com as vãs filosofias, a
contextualização, destituída de qualquer valor secular e sem qualquer pretensão
a inovações, procura entender como as Escrituras se aplicam ao contexto de
hoje.
Já
que a Bíblia Sagrada foi dada ao homem numa época diferente da nossa e muitas
vezes visando uma situação específica, é necessária a tal contextualização. Não
se trata, aqui, de adaptar a Palavra, modernizá-la ou mesmo dar-lhe novo
significado, mas de compreender como a mesma palavra fala ao homem atual. Ou
seja, contextualizar é o mesmo que situar no contexto.
A
título de exemplo, Paulo assevera: “E não vos embriagueis com vinho, em que há
contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). É óbvio que o apóstolo não
poderia se referir a outro tipo de bebida alcoólica que não fossem as
existentes à época. Nesse caso, reportou-se à bebida comum aos povos de então
para condenar a embriaguez. Contextualizar essa passagem para os dias de hoje
implica aceitá-la como fonte normativa que condena também o uso de qualquer
outro tipo de bebida alcoólica, embora isso não esteja explicitado no texto.
Ao
contrário disso, a secularização traz para dentro das igrejas a ideia da
relativização, da falta de valores absolutos e eternos, como se os princípios
bíblicos fossem moldados pelo caráter situacional de cada época. Por analogia,
o auge do pecado de Belsazar, na Babilônia, foi secularizar, pela profanação,
os utensílios sagrados do povo de Israel, fato que o levou a sofrer a ira de
Deus (Dn 5).
Consequências
da secularização. As consequências da secularização eclesiástica, no âmbito da
igreja local, são:
A
perda da identidade. Os fundamentos são vilipendiados, a multiplicidade de
concepções religiosas e humanistas toma o lugar das Escrituras, e o “som da
trombeta” — para empregar uma figura utilizada pelo apóstolo Paulo em I
Coríntios 14.8 — não tem a precisão da ortodoxia bíblica, necessária para
orientar os fiéis. O sonido é incerto.
Como
escrevi em meu livro A Transparência da Vida Cristã:
Os
emissários do Diabo travestidos de bons religiosos seguem a mesma linha e não
se furtam de usar linguagem astuciosa — ecumênica, para ser mais preciso —}
buscando defender a multiplicidade religiosa, que nada mais é que a repetição
da velha ideia de que “todos os caminhos levam a Deus”.
A
identidade cristocêntrica vai para o ralo nesse emaranhado (Mt 7.21-23).
A
forma passa a ser mais importante do que o conteúdo. Isso ocorre tanto no
aspecto legalista, em que a aparência tem maior peso do que a vida interior (Cl
2.20-23), como no âmbito da liturgia, que privilegia qualquer tipo de expressão
dita cultuai, em prejuízo da Palavra, desde que atraia as pessoas.
Essa
“onda” expressionista no meio evangélico envolve: rodas de capoeira, nos pátios
de templos evangélicos; “trenzinhos” de auditório, na hora do “louvorzão”;
linguagem mântrica, empregada por alguns animadores de culto; e até a inserção
de elementos do judaísmo na liturgia cristã. E a primazia da emoção no lugar da
razão (Rm 12.1,2). E a secularização do culto para agradar a quem não deseja
submeter-se aos princípios normativos de vida revelados pelas Escrituras.
A
terceira consequência leva à falta de compromisso bíblico. Diferente dos
princípios da Reforma Protestante, que trouxe as Escrituras para o seu lugar de
honra, o espírito do secularismo na igreja lida com a Palavra como se fosse um
mero acessório circunstancial.
A
melhor pregação, hoje, em alguns arraiais, não é a expositiva, que valoriza a
exegese e a busca dos princípios bíblicos. Está em alta a que apela para as
frases de efeito, porém não se atém a conteúdo bíblico; a que oferece vantagens
espirituais, e não realça o significado do compromisso cristão; a que emprega
recursos para mexer com as emoções, e não fala ao entendimento (I Co 14.20).
São palavrórios inconsistentes, contra os quais Paulo repetidamente adverte (2Tm
2.14,16,17,23,24). É a pregação descartável. Usou, joga fora.
Há
também o perigo dos que se deixam conformar-se. Isto é, aceitar fazer o jogo de
Satanás para o mundo, pois, quanto mais se racionaliza a fé em bases humanas,
tanto mais o reino das trevas encontra espaço para avançar em seu intuito de
escravizar a humanidade. Tentar anular a crença em Deus é a mais perigosa das
artimanhas malignas contra a qual a igreja precisa estar devidamente dotada da
graça e do poder de Cristo para enfrentá-la (Ef 6.10-20).
Como
combater a secularização. Ainda que hoje a tendência de certos segmentos do
meio evangélico seja o contrário, é necessário compreender que não se pode,
jamais, abrir mão do primado da Palavra na vida da igreja. A recomendação de
Paulo é bastante incisiva: o obreiro precisa manejar bem a Palavra da verdade (2
Tm 2.15). A expressão “manejar bem” é a tradução do vocábulo grego ortbotomeo,
que significa literalmente “cortar em linha reta”, com o sentido de ensinar a
verdade de forma direta e correta.
Não
só a ênfase do Novo Testamento é para a Palavra de Deus, mas os próprios
apóstolos tinham como prioridade ensiná-la a tempo e fora de tempo ao povo (At
6.4; 8.25; I I.I; 12.24; 2Ts 3.1). Só a valorização das Escrituras pode conter
o avanço da secularização nos meios eclesiásticos.
Infelizmente,
também, há aqueles que fazem concessões ao mundanismo usando a
“contextualização” como justificativa. Mas, como vimos há pouco, há uma
diferença bastante clara entre a verdadeira contextualização e a secularização.
Aplicar no contexto de hoje a mesma Palavra de Deus revelada em outro contexto
jamais significará a perda da autenticidade cristã.
Vale
empregar, aqui, outro exemplo: a Carta aos Gálatas. Nela o apóstolo condena os
que tentavam impor o rito judaico sobre os gentios, com ênfase para a
circuncisão. Ora, a mesma Palavra se aplica aos que atualmente ensinam a
prática de qualquer outro rito como acréscimo necessário à graça para a
salvação. Isso é contextualizar as Escrituras.
Entretanto,
não se pode usar essa tangente como justificativa para negar os valores
normativos da própria Palavra de Deus e fazer concessões ao pecado. Isso é
outra coisa: secularização. É uma ação maligna para minar as forças dos
crentes. Não podemos, consequentemente, perder de vista a grande verdade da fé:
o fundamento do evangelho é inalterável.
Paulo
ressalta, em 2 Timóteo 2, três características desse alicerce:
O
Senhor conhece os que são seus.
Aqueles
que lhe pertencem confessam o nome de Cristo.
Os
servos fiéis apartam-se da iniquidade (v. 19). Estes são considerados vasos de
honra para a glória de Deus (vv.20,2I).
Todavia,
mesmo aqueles que têm sido vasos para a desonra, são chamados ao
arrependimento, para que não sirvam mais ao mundo, desprendam-se dos laços do
Diabo e se voltem à verdade do evangelho (vv.24-26).
A
defesa da fé que “uma vez foi entregue aos santos” é parte intransferível das
responsabilidades da igreja. Um dos grandes segredos da sua vitória em meio às
ferozes perseguições do império romano, nos primeiros séculos, foram os
apologistas, que se dedicaram a defender o evangelho em bases escriturísticas
elaboradas de forma argumentativa. E o que chamamos de “apologia”, palavra de
origem grega que significa discurso verbal ou escrito, com argumentos
razoáveis, em defesa de uma tese.
Paulo
empregou o vocábulo “apologia” na sua forma substantiva ou verbal diversas
vezes, não só quando fez a sua defesa diante dos tribunais de Roma (At 22.1;
25.16; 2 Tm 4.16), ou em defesa do seu apostolado (I Co 9.3), mas também quando
se referiu ao seu papel em defesa do evangelho (Fp 1.7,15,16). O mesmo emprego
do termo fez o apóstolo Pedro, quando nos instou a responder com mansidão
àqueles que nos pedirem a razão de nossa esperança (I Pe 3.15).
A
igreja precisa, hoje, de homens que se dediquem a confrontar não só o
secularismo, mas toda sorte de heresias que têm penetrado sorrateiramente no
meio do povo de Deus. Assim como Paulo considerou-se chamado para a defesa do
evangelho (Fp I.I6), da mesma forma os crentes atuais receberam de Deus essa
convocação.
Fechar
as portas à secularização é dever de todos os cristãos. Priorizar o primado da
Palavra na igreja ainda mais. Estar vigilante contra as sutilezas malignas que
tentam introduzir-se no meio dos fiéis. Valorizar os princípios bíblicos. Tudo
isso se constitui numa forma legítima de conter o mundanismo, crendo, de fato,
que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja.
A
IGREJA E O PODER POLÍTICO
O
povo evangélico, em razão do seu acelerado crescimento, deixou de ocupar
posição secundária na sociedade. Ele agora é visto como força social emergente,
cujos votos podem, inclusive, alterar o resultado de uma eleição. Por outro
lado, é natural que muitos de seus membros, à medida que ela se torne um
segmento representativo, ocupem cargos eletivos e outros espaços na esfera
pública.
Vale
lembrar que as lições do passado precisam ser revistas, principalmente da época
do imperador romano Constantino, a fim de que a igreja evite a cilada de buscar
para si uma missão que não lhe cabe — o poder temporal —, mas também não se
aliene, como se já estivesse no Céu, e não mais na Terra.
A
armadilha dos fariseus. O texto bíblico que melhor se aplica a esse assunto é Mateus
22.15-22, que trata da armadilha dos fariseus para surpreender o Mestre na
questão do pagamento de impostos ao império romano. Por não discernirem as
profecias do Antigo Testamento, eles não admitiam que a mensagem do Senhor
acerca do Reino não correspondesse à expectativa judaica de libertação política
(Jo 18.36).
Como
o propósito era apanhar Jesus em alguma contradição (v. 15), é provável que os
fariseus, ao levantar a questão, tivessem em mente duas coisas:
Se
Jesus concordasse de forma unilateral com o tributo romano, poderia estar
invalidando sua suposta mensagem messiânica de redenção política, como
provavelmente pensavam os fariseus. Seria, então, um bom motivo para incitar o
povo contra Cristo, por estar propondo a libertação da Israel, mas, ao mesmo
tempo, defendendo os interesses do império romano.
Caso
Jesus questionasse a tributação, opondo-se às forças romanas, contariam, por
outro lado, com um bom argumento para acusá-lo de sublevação contra a ordem
constituída. Os fariseus foram, também, astuciosos na maneira de introduzir o
assunto (v. 16). Como hipócritas, tentaram induzir o Mestre ao egocentrismo, usando
o elogio fácil, que reconhece de forma demagógica as virtudes alheias, porém
com propósitos escusos.
O
uso da astúcia é algo muito comum, hoje, não só nos meios políticos, mas até
mesmo entre cristãos, em que as palavras são ditas com diferentes significados,
ao sabor das circunstâncias. Isso “facilita” a vida dos pregadores que não têm
compromisso com a verdade, os quais ficam à vontade em sua hipocrisia para se
ajustarem a cada significado, dependendo das circunstâncias, sem se comprometerem,
até que sejam desmascarados (Mt 5.34-37).
Observa-se
a conotação política da pergunta farisaica na questão proposta (v. 17). Quando
se referem a César, reportam-se à instituição política máxima da época, pois se
tratava de um título dado aos imperadores romanos. O que estava implícito, na
verdade, era o nível de relacionamento político entre a nação judaica e o
poder dominante. Até que ponto, para os judeus, pagar ou não tributos
constituía-se na síntese do que mais os afetava: a dominação romana.
Não
há nenhum erro em o crente, como cidadão, estar a par dos assuntos da esfera
civil que afetem a sua vida. E lícito, também, exercitar os direitos de cidadania
e contribuir para que o país prospere, desde que as motivações sejam corretas e
não haja intenções dúbias (Rm I3.I-I7). O problema passa a existir quando os
propósitos são outros, como no caso dos fariseus, e a igreja perde a sua
identidade por assumir para si um papel que não lhe pertence: o poder temporal.
A
clareza da posição do Mestre. Ele discerniu a armadilha dos fariseus (v. 18),
bem como as razões que motivaram a pergunta. Ao líder (e aos crentes de
modo
geral) não basta discernir apenas na esfera natural, porque, às vezes, as
origens dos problemas humanos estão no mundo sobrenatural. Daí porque, da lista
de dons espirituais constante da Bíblia, o dom de discernimento é indispensável
àqueles que lideram o rebanho de Deus (I Co 12.1 -11). Muitas dificuldades
ocorrem porque se consulta primeiro à “carne e ao sangue”, e não ao Espírito
(At 15.28).
Em
razão disso, o Senhor teve uma postura de decisão (vv. 19-21). Ele soube como
agir diante daquele quadro. Primeiro, percebeu a hipocrisia farisaica. Depois,
deu uma resposta que serve como padrão para a igreja em todos os tempos: os
crentes, como cidadãos, cumprem seus deveres civis e políticos — dão a César o
que é de César.
O
dever de cidadania está implícito aqui. Como igreja, eles mantêm sua lealdade
suprema a Deus (dão a Deus o que é de Deus), andando na verdade, denunciando o
pecado, seja em que esfera for, promovendo a justiça, vivendo a
espiritualidade, proclamando as virtudes do Reino e combatendo o mal (I Pe 2.9,10).
Como
a igreja lida com o poder político. Fica claro, portanto, que a igreja e o
poder político situam-se em polos distintos. A História revela que, a partir da
“constantinização” da igreja histórica, à medida que a relação entre ambos se
tornava cada vez mais comprometida e promíscua, a igreja sempre ficou no
prejuízo.
Além
da perda da identidade, como afirmado há pouco, ela abriu espaço para o avanço
do nominalismo pela “conversão” dos que buscavam as benesses do poder temporal
através da via eclesiástica. Tornou, também, propício o ambiente para a
corrupção do clero e chegou aos níveis mais baixos de obscurantismo, quando as
fogueiras da Inquisição foram usadas para tentar calar as vozes que combatiam
seus erros.
Cabe
à igreja conscientizar os crentes sobre o seu papel na sociedade e lhes
oferecer, através do ensino bíblico, a oportunidade de obter formação cristã e
sadia para o exercício da cidadania. Afinal, estamos na Terra, pagamos os
nossos impostos e devemos ter interesse no bem comum, da mesma forma como Deus
orientou o povo de Israel a agir no cativeiro babilônico (Jr 29). Mas foge aos
objetivos da igreja, como instituição divina, como ente espiritual, participar
de projetos que tenham como fim a conquista para si do poder político (At
1.6-8; Rm 14.17).
E
postura condenável, portanto, envolvê-la na luta partidária, que gera facções e
chega até mesmo a transformar indivíduos em inimigos mortais. Muito menos
prometer os votos do rebanho em troca de benefícios pessoais — evidencia
corrupção — ou coletivos, que são uma obrigação do Estado.
A
ação da igreja no mundo, face ao poder político, se orienta pelo seu compromisso
em proclamar as virtudes do Reino de Deus (I Co 4.20). Dessa forma, acima das
estruturas políticas, ela propugna para que sua mensagem afete todos os setores
da sociedade, inclusive o político, e influencie de modo justo, cristão e
bíblico as decisões que estão sendo tomadas.
Este
é o referencial para os crentes que ocupam cargos públicos eletivos ou não.
Eles fazem parte da igreja e, por isso, devem portar-se à luz de seus
princípios, sendo instrumentos de transformação onde quer que estejam. Mas não
é a igreja que está ali assentada para pactuar-se com o poder temporal. Esse
não é o seu foco. Assim, não lhes cabe usá-la para justificar compromissos que
se circunscrevem única e exclusivamente ao terreno público ou político. “A
César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (v.2I).
Os
homens públicos que professam a fé bíblica precisam estar conscientes de que em
nome da igreja falam os seus líderes legitimamente constituídos e ordenados por
Deus, não para comprometê-la com o sistema, mas para posicionamentos sobre fatos
que exijam a manifestação de sua voz profética (At 20.28).
Por
sua vez, os crentes em tais posições devem orientar-se pelo conteúdo ético do
Reino de Deus (Mt 5—7), para que sejam instrumentos da presença abençoadora da
igreja no mundo e contribuam em favor do bem comum através de ações eticamente
legítimas, propugnando por leis justas e sendo exemplo de cristianismo bíblico
em sua vida pessoal.
É
interessante ressaltar que, nessa abordagem, os nossos olhos sempre se voltam
para os cargos eletivos, isto é, aqueles que são exercidos mediante o voto. Mas
não é só aí que atuam os cristãos. Eles estão presentes nas salas de aula, nas
administrações públicas de modo geral, e precisam adotar a mesma linha de
conduta aqui preconizada no exercício de suas funções.
Entendo,
por fim, que trocar a chamada ministerial pela vida pública é abrir mão de uma
vocação suprema pela transitoriedade dos cargos humanos. A Bíblia deixa claro
que os obreiros de tempo integral, aqueles que são chamados para se dedicarem
ao trabalho pastoral, devem viver do evangelho, e não se embaraçar com os
negócios desta vida, seja de que espécie for (I Co 9.7; 2Tm 2.4).
Não
sejamos reducionistas a ponto de ver nisso apenas uma condenação ao
envolvimento político. Paulo engloba, em sua advertência, tudo quanto implica
embaraço ao exercício do ministério. Vale aqui a mesma posição dos apóstolos,
que não quiseram se envolver nos negócios cotidianos da igreja para continuarem
no exercício do ministério da oração e da Palavra (At 6.1-5; 2Tm 2.1-5). Os
obreiros têm uma tarefa maior a cumprir; plantar, cultivar e colher para o
Reino de Deus.
A
IGREJA E A COLHEITA DE ALMAS PARA O REINO DE DEUS
Muitos
são os modelos adotados pelas igrejas locais no propósito de cumprir a missão
primordial da igreja; ganhar e acolher as almas no aprisco. Diga-se de
passagem, nenhum modelo humano é perfeito e jamais pode ser apresentado como a
“única” e definitiva fórmula para o crescimento de uma igreja. Isso é
sectarismo.
Todavia,
há uma lição básica que aprendemos na Bíblia; e esta sim legítima e perfeita na
propagação do Remo de Deus. Ê a lei da semeadura e da colheita, que sugere
estratégias eficientes que podem ser adotadas para uma ação de grandes e
abençoados resultados.
A
igreja e o princípio da semeadura. Essas estratégias estão implícitas no
episódio da passagem de Jesus por Samaria, que serviu para ensinar aos
discípulos a importância da ceifa no contexto da igreja. Rumando em direção ao
Norte (Jo 4.3), o Mestre deixara a região desértica de Israel e entrara na
parte agricultável do país. Ali, tendo como cenário os campos plantados,
aguardando a hora da colheita, uma cidade foi alcançada em apenas dois dias,
com as boas novas do Reino (Jo 4.39-42).
Com
esse quadro fértil diante dos olhos, faltando, ainda, quatro meses para a
ceifa, Cristo aproveitou a oportunidade para mostrar que a colheita do
evangelho é sempre urgente. Não pode ser protelada (Jo 4.35).
Outra
lição que também se extrai do episódio é a necessidade de conhecimento para uma
boa semeadura, que resulte em abundante colheita, principalmente em Israel,
onde havia bastante escassez de água, com o país cortado por colinas rochosas
e excesso de pedras nas áreas férteis. Isso obrigava os agricultores a serem
criativos, cavando reservatórios para reter as águas das chuvas (2 Cr 26.10) e
descobrindo técnicas propícias ao cultivo, como o uso da lei da gravidade para
que as águas reservadas chegassem aos campos plantados.
Hoje,
a modernização da tecnologia permite que Israel e países com a agricultura desenvolvida
disponham de sistema de irrigação comandados por computadores, mediante o qual
cada semente recebe — milimetricamente — todos os dias, na hora certa, a
quantidade de água necessária para frutificar. Nem mais nem menos.
Além
do conhecimento (Mt 16.2,3), que se aperfeiçoa a cada dia, a semeadura
produtiva requer um bom preparo da terra. Nos tempos bíblicos, lavrava-se a
terra com arados de madeira ou ferro, os quais eram puxados por juntas de bois,
conduzidas pelo lavrador (I Rs 19.19-21). Atualmente, equipamentos sofisticados
fazem o mesmo trabalho, ganhando tempo e baixando os custos de produção.
A
plantação, por sua vez, requer boa escolha de terra e clima adequados à espécie
que se deseja plantar. Há plantações apropriadas ao clima frio e a regiões
montanhosas, enquanto outras só frutificam em climas tropicais e terreno plano.
Cada espécie, por conseguinte, exige uma forma de sementeira e cultivo para que
os resultados sejam mais proveitosos. Ou seja, não se faz a semeadura a esmo,
de modo dispersivo, como se estivesse simplesmente cumprindo uma obrigação
enfadonha. Não é jogar os folhetos na rua e esperar que “floresçam”. E preciso
mais do que isso.
Em
sua passagem por Samaria, Jesus aplicou todos os recursos possíveis para obter
uma boa colheita.
Ele
buscou o coração da mulher samaritana, cujo estado moral propiciava um bom
terreno para plantar a semente do evangelho.
O
Mestre não iniciou seu diálogo fazendo críticas a ela, mas usando como ponto de
contato a sua ida ao poço de Jacó para apanhar água, preparando assim a “terra”
para tomar frutífera a mensagem.
Ele
tratou com ela, passo a passo, até que estivesse pronta para crer em sua
messianidade.
Jesus
a viu como um instrumento capaz de impactar os samaritanos com a fé, em virtude
de seu estado anterior à conversão (Jo 4.1-30).
O
resultado foi uma boa colheita para o Reino de Deus, na cidade de Sicar, de
cuja semeadura os discípulos não participaram, porém estavam agora recebendo os
méritos da ceifa (v.38).
A
igreja e as implicações da semeadura. A lição ensinada pelo Mestre implica em a
igreja compreender o sentido de urgência da semeadura. Ele poderia chegar à Galileia,
seu destino final naquela ocasião, por outras vias de acesso. Até mesmo para
evitar a hostilidade dos samaritanos, rivais milenares dos judeus (Jo 4.9). Sua
passagem por Samaria, todavia, não foi obra do acaso, e sim fruto de uma
decisão amadurecida (Jo 4.4) de quem vê o mundo como um imenso campo a ser
urgentemente lavrado, semeado e ceifado (Mt 13.38). Ele viu ali uma necessidade
e tomou a decisão de passar por lá para supri-la.
Quando
se fala em semeadura, a ideia ficaria incompleta se não se pensasse em
colheita. A Bíblia é rica em ilustrações que revela tratar-se de etapas que se
completam. Não basta lavrar a terra e semear. Ê preciso colher. Trata-se de um
erro pregar e largar ao abandono a sementeira.
Enfatizam-se
muito os resultados qualitativos, e estes, de fato, não podem ser esquecidos.
A qualidade do que se faz é, em si, uma boa forma de atrair as pessoas. Mas os
resultados quantitativos contam, sim, para o Reino de Deus (SI 126.5,6). A
colheita tinha tanta importância na vida do povo de Israel que as primícias
eram consagradas a Deus, como ato de gratidão (Lv 23.9-14).
A
igreja preparada para a colheita. Diante do exposto, verifica-se que a igreja
precisa estar preparada não só para a semeadura, mas também para a colheita.
Isso implica ter um projeto de vida integrado, que tenha por objetivo obter
resultados eficientes em seu trabalho. O que inclui planejamento, estrutura,
preparação e ação.
Como
pensar, por exemplo, numa grande colheita se não há depósitos suficientes para
guardar os grãos? Esta, sem dúvida, foi uma das primeiras providências de josé,
quando assumiu o posto de governador do Egito (Gn 41.46-49).
A
título de reflexão, como funcionam os departamentos de cada igreja local? Eles
estão integrados a uma filosofia de trabalho implantado pela igreja, ou cada um
age como se fosse um feudo de propriedade particular por falta de um projeto de
vida? A Escola Bíblica Dominical cumpre a sua missão como a principal agência
de ensino da igreja, ou existe apenas para constar no organograma? A
Secretaria de Missões está inserida na execução de um programa missionário da
igreja, ou desenvolve projetos de sua particular iniciativa, em razão de esta
se desobrigar de suas responsabilidades?
Outra
pergunta para reflexão: A abertura de novas congregações é feita à luz de um
planejamento que mobilize a igreja para a nova semeadura, ou apenas cumpre a
rotina de reuniões vazias que não impactam a comunidade?
Por
outro lado, como desenvolver um programa de evangelização dos drogados, se
depois a igreja não sabe como recuperá-los? Como buscar as prostitutas nos
prostíbulos, se depois não há como integrá-las à vida social? Como tirar os
mendigos das ruas, se depois não há como restaurá-los? Afinal, depois de
convertidos, eles não desejarão continuar debaixo das marquises e, sim,
abrigar-se em algum lugar para serem curados até que possam viver uma vida
normal.
Em
síntese, os resultados de uma boa lavoura só aparecem quando as três fases do
processo se completam: semear, cultivar e colher (I Co 3.5-9). Seria algo como
ganhar as almas, discipulá-las e integrá-las na vida da igreja.
Organizar-se,
portanto, é bíblico. Planejar também o é. Preparar-se para a colheita muito
mais. E executar o que foi planejado é a tarefa primordial. Estamos no tempo
da semeadura e da colheita. Ela é simultânea. Muitas vezes uns semeiam, enquanto
outros colhem. O trabalho, no entanto, precisa ser feito.
Esse
é o projeto de vida da igreja para o qual todas as suas forças precisam ser
mobilizadas. A igreja ideal é uma meta. Muitas não chegaram, ainda, a esse
padrão, mas perseverar em buscá-lo é um dever, para que o Reino de Deus seja
recebido nos corações humanos e, assim, a Igreja — com todos os seus santos —
possa ao final desta era adentrar ao seu destino final.
A
IGREJA E O SEU DESTINO FINAL
A
Igreja peregrina anseia pela Volta de Jesus. Sem entrar no mérito da
Escatologia Bíblica, que também faz parte desta Teologia Sistemática
Pentecostal, esse será o glorioso momento em que os molhos da grande colheita
serão apresentados diante do Senhor. A transitoriedade histórica da igreja terá
sido consumada, e ela estará para sempre no gozo do porvir.
Ela
tem rumo, e o seu destino final também faz parte do projeto que Deus
desenvolveu para ela. Nossa morada permanente não é aqui, pois, como Abraão,
esperamos a cidade cujo Artífice e Construtor é Deus (Hb I I.IO).
Resta-nos
tão somente ser fiéis até ao fim, para que, como parte da Igreja — a Assembleia
Universal dos Santos —, tomemos posse em definitivo da herança a nós reservada.
As recomendações da Bíblia quanto a isso são de zelo, vigilância, fidelidade e
perseverança para que não fiquemos à beira do caminho ou sejamos apanhados de
surpresa no dia da Volta de Jesus.
Consolemo-nos,
portanto, uns aos outros com estas palavras: “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap
22.20).
Notas
bibliográficas
LIMA,
Hadna-Ansy Vasconcelos, Alcebíades Pereira Vasconcelos, Estadista e Embaixador
da Obra Pentecostal no Brasil, CPAD, p. 134.
PRATNEY,
Wmkie A, A Natureza e o Caráter de Deus, Editora Vida, p. 249.
WAGNER,
Glenn, Igreja S/A, Editora Vida, p. 34.
4
HOLLOMAN, Henry, O Poder da Santificação, CPAD, p. 141.
3
Guia Prático de Missões EMAD, CPAD, p. 128.
O que é a Igreja de Cristo?
Quando
a Igreja foi projetada, e quando foi estabelecida na Terra?
Quais
são os três desdobramentos de a Igreja ter estado oculta no mistério de Deus?
Por
que a mensagem do evangelho da graça de Deus é universal?
Explique por que o termo “multiforme” se contrapõe a “uniforme” no
que diz respeito à responsabilidade da igreja hodierna de manifestar a
multiforme sabedoria de Deus. Cite pelo menos dois exemplos.
Qual
é o fundamento da Igreja? Por quê?
Discorra
de modo resumido sobre a Igreja peregrina. Por que a Igreja de Cristo recebe
esse adjetivo?
Por
que o Tabernáculo pode ser comparado à igreja?
Qual
é a diferença entre a Igreja e a igreja local? Estabeleça à luz da Bíblia uma
distinção entre à congregação de todos os salvos de todas as épocas e a reunião
do povo que, no presente século, considera-se pertencente a ela.
Integram
todos os que estão nas igrejas hoje a Universal Assembleia, a Igreja do Deus
vivo? Explique a sua resposta.
De
acordo com Billy Graham, o êxito de qualquer projeto na
área
eclesiástica depende basicamente de três coisas. Qua:
Por
que as expressões “Reino dos céus” e “Reino de Deus” podem ser consideradas
sinônimas;
Discorra
sobre a Noiva como símbolo da Igreja.
Em
que consiste o papel da igreja, nesta era pós-moderna, diante de temas como
justiça social, cidadania, vida profissional e áreas afins, em que prevalece a
visão relativista?
Como
interagir com a sociedade sem comprometer os valores do Reino de Deus e sem
deixar de influir em todos os segmentos?
Defina
em poucas palavras o estereótipo pentecostal, o tradicionalista e o
estruturalista.
Por
que é necessária a disciplina na igreja?
O
que é visão multiministerial?
Cite
pelo menos dois perigos do secularismo.
Qual
é o papel da Escola Bíblica Dominical como a principal agência de ensino da
igreja?
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SÍMBOLOS DA IGREJA
- Noiva (Importância,
Pureza e sujeição da Igreja a CRISTO).
- Templo (Edifício
De DEUS – Pedras Vivas)
- Corpo (Unidade
dos Membros)
A
MISSÃO DA IGREJA
-
Adoração a DEUS (em ESPÍRITO e em VERDADE)
-
Comunhão (Corpo – Irmãos – mesmos propósitos)
-
Evangelização (Objetivo Primário)
-
Discipulado (Treinamento)
QUATRO SINAIS DA IGREJA AUTÊNTICA
- UNA (unida ao cabeça do corpo - JESUS)
- SANTA (espírito, alma e corpo)
- CATÓLICA (Abrange o mundo todo)
- APOSTÓLICA (Doutrina dos apóstolos)
ASPECTOS
DA MATURIDADE DA IGREJA
a) Viver em unidade ou comunhão.
b) Servir a Deus com os dons e talentos.
c) Conhecimento da Palavra de Deus.
d) Caráter semelhante a Cristo.
e) Firmeza e convicção diante das heresias.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SEIS TIPOS DE IGREJA – Por Pr Geziel Gomes
Existem vários tipos de igrejas…. Qual dessas fazemos parte será?
Eu prefiro fazer parte da IGREJA-EXÉRCITO.
SEIS TIPOS DE IGREJA
Que se saiba, antes de Mateus 16.16-18 ninguém pensou em
estabelecer uma Igreja.
Após o Dia de Pentecoste, muitos têm fundado a sua. Alguns têm,
inclusive, tentado afundar a de Cristo.
Hoje existem igrejas e igrejas. Igrejas de todos os matizes.
Igrejas de todos os sabores, para todos os apetites.
Igrejas que não se envergonham de Cristo e Igrejas que O
envergonham.
Igrejas com nomes sagrados, outras com títulos exóticos.
Muitíssimas igrejas que fazem rir, poucas que fazem chorar. Destas,
algumas, porque são dignas de compaixão. Outras, pela grande paixão que nutrem
por Cristo e Seu Evangelho.
1- IGREJA-PARLAMENTO.
Trata-se da igreja cujos líderes querem vê-la politizada. A igreja de heranças
gregas. A igreja das elites governantes, que dominam as massas ignaras. Esta é
a igreja que faz eleições para auxiliar de porteiro, suplente de diácono,
segundo secretário da EBD, etc. E vai até os mais altos escalões.
Mas isto é apenas um trampolim. Ela está, de fato, treinando desde
cedo seus futuros obreiros para as grandes pugnas. As eleições presidenciais.
Todo mundo sabe que uma igreja que faz campanha nacional para
eleger o presidente de sua diretiva, e o faz no mesmo estilo político
brasileiro, não tem mais o direito de se dizer detentora de um poderoso
Avivamento.
No Avivamento a Igreja é conduzida pelos seus apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres, Ef 4.11.
Com a falta destes, especialmente os primeiros e os últimos, os
presidentes são embalados pela visão democrática, atropelando e anulando o
modelo teocrático do Novo Testamento.
É fácil encontrar alguém da Igreja-parlamento. Veja dois de seus
obreiros conversando em uma esquina qualquer. Chegue de mansinho. O assunto é
único: “em quem você vai votar?” “Desta vez, quem leva”? “E agora, teremos um
novo tempo”? “Que tal, chegou mesmo o tempo da renovação?”.
Permitam-me, leitores amigos, dizer-lhes que me cansei de ouvir
isto. Eu me cansei, como você também se cansou.
Nem o paciente Jó aguentaria.
E o Dono da Igreja, como se sente? Só que Ele não fundou a Igreja-parlamento.
2- IGREJA CLUBE
Igreja-clube é a igreja da carteirinha.
Carteirinha quando aceita a Jesus, carteirinha para fazer o
discipulado, carteirinha para ser batizado, carteirinha depois de ser batizado,
carteirinha para entrar no Círculo de Oração, e principalmente carteirinha para
participar de cultos de membros.
E, o mais importante, carteirinha para os eventos eleitorais de
magnitude, os grandes clássicos. Você sabe a que me refiro.
A igreja-clube está modernizada. Totalmente informatizada. Ela se apaixona
pelas estatísticas. Ela tem um site de alto quilate. Quase todos os seus
administradores possuem curso superior.
Pena que alguns não podem assistir os cultos da semana porque estão
discutindo um projeto na Câmara, talvez para conceder o título de cidadão
benemérito a um excelentíssimo feiticeiro ou a um por todos sabido ser
corrupto.
Pode ser também que não possam estar na próxima Ceia porque vão
prestar exame na Faculdade, onde estão aprendendo com os santos da mitologia
grega e os venerandos pais romanos, as regras e os cânones ideais do Reino das
Trevas, para serem devidamente adequados e aplicados na Comunidade dos
Redimidos pelo Sangue de Cristo.
Tão bem se saem, que certas reuniões da Igreja já se confundem com
famosas sessões de jurado, nos muitos tribunais da Nação.
Em consequência de tal descalabro, a Igreja-clube se vê hoje atada
por regras que a torturam, sem esperança de uma nova liberdade.
Finalmente, se conhece a igreja-clube porque, à semelhança destes,
frequentemente ela consegue fartas doações de patrocinadores que injetam
milhões para sanear suas finanças.
Daí surgem lindas construções físicas, apesar das anêmicas e feias
construções espirituais.
3- IGREJA-TEATRO
A sociedade está se surpreendendo de ver o rápido e progressivo surgimento de
muitas igrejas-teatro.
São as igrejas dos espetáculos.
As igrejas dos jogos de luzes, clonados fielmente dos piores shows
que o diabo oferece para seus fregueses.
Somente um alerta: quando os piores pecadores se sentem muito à
vontade na Casa de Deus é porque ela deixou de ser Casa de Deus, lugar de
quebrantamento e contrição.
Não foram necessários muitos anos para se proceder à substituição
de palavras do Evangelho por termos da mídia.
O vocabulário profano acaba de decretar a falência do sagrado.
Canta-se alguma coisa que nem fala de Deus e se rotula de adoração.
Cantora agora é estrela.
Homem de Deus é astro.
Pregadores viraram artistas. (Alguns na verdade o são. E, diga-se
de passagem, muito bons como artistas).
Evangelho é gospel (viramos todos americanos, para não termos que
nos expor ao ridículo de popularizar essa estranha palavra, Evangelho).
O público que os apóstolos chamavam respeitosamente de varões
irmãos, agora tem um novo nome: galera. Exatamente como nos arraiais de Faraó.
Esse é o público dos autógrafos, das mil-fotos-dos-celulares, dos
gritos ensaiados, da ausência mortal de reverência.
As diferenças entre ontem e hoje estão caindo, como avalanche.
Que pena, o muro de separação está ruindo. Malaquias 3.18 está
começando definitivamente a perder o sentido.
Quando se responde ao pregador com assovios, e ele os aceita, é
porque esse cidadão foi despojado de toda sua autoridade espiritual.
Quanto tempo durará o espetáculo da igreja-teatro?
4- IGREJA-SHOPPING
Você sabe do que estou falando.
Estou falando dos Congressos que são feitos para vender
mercadorias. Estou falando dos grandes eventos que são realizados para
“alavancar a obra social da igreja” com a venda de pipocas, camisetas, quibes,
biquínis, ternos, canetas, bicicletas, toucinho, óculos, pentes, carne de
porco, carros, abóboras e motos,
Mas não estou falando apenas dos Congressos. Estou me referindo ás
igrejas que já fizeram do seu dia a dia um grande mercado.
Esta nova geração de líderes parece nunca ter lido o livro O
PEREGRINO.
Caso contrário, teriam mais temor antes de instalar, dentro dos
sagrados átrios, tão monumentais feiras da vaidade.
Daqui a pouco o povo de Deus não precisará mais de ir aos shoppings
Bastar-lhe-á ir à Casa de Deus. O grande shopping da fé já o
espera.
Só não gaste o dinheiro do dízimo, por favor.
5- IGREJA-BOLSA DE VALORES.
Esta é a igreja do quem-dá-mais.
Mais ofertas, mais graças. Maiores valores, maior poder.
Lutero conhecia esse tipo de igreja. Em seu tempo já se vendiam
“bênçãos”. Aliás, isto remonta a Simão de Samaria. Felipe que o diga.
A grande meta dessa igreja é amealhar valores, a qualquer custo.
Ela tem projetos políticos, apesar de eventuais revezes.
Ela não pretende derrotar o diabo diretamente. Basta-lhe superar as
audiências da mídia concorrente.
Ela promove por suas novelas o mesmo pecado condenado pela Bíblia
que prega.
Essa Igreja é financeiramente poderosa. Mas, está ela destruindo as
fortalezas espirituais que assolam nossa querida Pátria?
6- IGREJA-EXÉRCITO.
Bom, meu espaço terminou.
Não dá para falar muito da verdadeira Igreja.
Mas incluo umas poucas reflexões.
Na Igreja-Exército os crentes não são protagonistas de um filme.
São soldados de um exército.
Não são atores de uma novela. São ovelhas de um grande rebanho.
Nela o Comandante não faz campanha política. Ele é o Grande Eleito
de Deus, Is 42.1.
Na igreja-exército os crentes não estão fazendo shows. Estão
fazendo guerra.
Eles não usam jogos de luzes. São a própria luz do mundo.
Eles não são artistas. São testemunhas.
Eles não vivem de comprar ações na Bolsa.
Eles põem suas bolsas nas ações de Deus, a fim de haver evangelismo
e missões.
Eles não estão sendo distraídos por animadores de auditório.
Estão fazendo exercícios de guerra e sabem que vão vencer.
Eles não sobrevivem à custa do marketing. São maravilhosamente
sustentados por Deus.
Pastor Geziel Gomes
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Primeiro
Trimestre de 2007 - TEMA –A Igreja e a sua missão
COMENTARISTA : Elienai Cabral
Tema do trimestre: A doutrina da Igreja sob um aspecto prático
Complemento - Pr. Luiz Henrique
Nossa intenção é trazer um auxílio a mais ao professor de Escola
Bíblica Dominical e ao aluno da mesma, portanto o material aqui disponibilizado
é de muitas fontes, as quais cremos que foram todas inspiradas por DEUS.
Lição 01 - A Igreja de CRISTO
Introdução ao primeiro trimestre de 2007.
EDIFÍCIO ESPIRITUAL - PEDRAS VIVAS - IGREJA CRISTOCÊNTRICA
SÍMBOLOS DA IGREJA
Características da Igreja Verdadeira
Questionário
A IGREJA (Bíblia De Estudos Pentecostal - CPAD)
Texto Áureo:
E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16.18)
Verdade Prática:
Nenhuma barreira material, moral ou espiritual será capaz de
impedir a igreja de cumprir a sua missão na Terra.
Leitura Bíblica Em Classe:
Mateus 16.16-18:
Simão Pedro respondeu: Tu és o CRISTO, o Filho do DEUS vivo.
Respondeu-lhe JESUS: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, pois não foi carne e
sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus.
E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Atos 4.11,12:
Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual
foi posta por cabeça de esquina.
Em nenhum outro há salvação, pois também debaixo do céu nenhum
outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
Introdução
ao primeiro trimestre de 2007.
Jo 10.9 Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá
entrar e sair e achará comida.
Entrar no curral das ovelhas, no aprisco, significa entrar no reino
espiritual, no reino da luz, no reino de DEUS (somente possível através de
JESUS, nosso salvador) e
SAIR, significa sair do mundo espiritualmente governado por
Satanás, reino das trevas.
ASSIM, temos um encontro com DEUS e sua Palavra revelada (comida do
céu).
ANTES, quando JESUS estava aqui na Terra, num corpo físico, DEUS
olhava de cima e só via um filho de DEUS; assim, quando precisava de alguém
para pregar o evangelho em Samaria, por exemplo, enviava para lá seu único
(unigênito) filho, porém as outras regiões ficavam sem ouvir o evangelho, pois
só havia um filho de DEUS na Terra para pregar o evangelho e este só podia
estar em um local de cada vez, pois estava sujeito a um corpo físico.
AGORA, após o sacrifício de JESUS na cruz por nós, a revelação do
ESPÍRITO SANTO disso e nossa conversão, quando DEUS olha de cima, vê milhões de
filhos de DEUS na Terra, gerados pela semente viva, a Palavra de DEUS,
fazendo sua obra por toda a parte e de todas as maneiras possíveis e em todo o
mundo habitado. Glória a DEUS, o plano de redenção deu certo!
Unidade Na Construção Do Edifício De DEUS:
1 O Fundamento Dos Apóstolos E Dos Profetas(V.20)
Os Profetas Do Antigo Testamento Profetizaram A Respeito De CRISTO
E Os Apóstolos, No Novo Testamento, Confirmaram Essas Profecias. Nessa
Tipologia De Um Edifício CRISTO É A Pedra Principal (De Esquina) E Os Profetas
E Apóstolos São Colunas De Sustentação E Declarados Também Como Fundamento,
Pois São Testemunhas Das Promessas De DEUS E Seus Ensinos, Juntamente Aos De
JESUS São A Base Da Igreja.
2 O Lugar De Cada Crente No Edifício De DEUS(Vv.21,22)
Somos O Templo De DEUS Na Terra, Unidos Pelo ESPÍRITO SANTO. Se
Somos Como Pedras Vivas O ESPÍRITO SANTO É Como A Massa De Cimento Unindo Essas
Pedras; Fazendo Assim Um Templo Que Cresce Cada Dia Mais, Indo De Encontro Ao
Artífice E Construtor Que É DEUS, Mas Sempre Olhando Para CRISTO, O Autor E Consumador
De Nossa Fé.
Unidade No Corpo De CRISTO:
1 Antes, Estávamos Longe; Agora Chegamos Perto(V.13)
Pelo Sangue De CRISTO, Chegamos Perto. Somos Um Mesmo ESPÍRITO Com
Ele. Antes Separados, Na Carne; Agora Unidos Pelo ESPÍRITO SANTO.
2 Antes, Sem Reconciliação; Agora Temos Paz Com DEUS(Vv.14,16)
CRISTO Nos Reconciliou Com O Pai ( A Ofensa Foi Paga Na Cruz ),
Através Do Seu
Sangue A Parede De Separação Foi Removida(O Pecado).
3 Antes, Éramos Dois Povos; Agora, Somos Um Só(V.15)
Não Há Mais Diferença, Formamos Um Só Corpo; O Corpo De CRISTO.
(DEUS Olha De Cima E Vê Milhões De Filhos)
4 Antes, Não Tínhamos Acesso Ao Pai; Agora, Em CRISTO, Isto É
Possível(Vv.18,19)
Os Gentios Não Podiam Nem Entrar No Templo Construído Pelos Judeus,
Agora Nós Podemos Entrar Na Presença Do Pai Pelo Novo E Vivo Caminho Que JESUS
Nos Consagrou = O Véu Foi Rasgado, Isto É, Sua Carne.
Frequente uma Igreja Regularmente
Quando você recebeu a JESUS CRISTO como seu Senhor e Salvador pessoal, você
iniciou um relacionamento não só com JESUS CRISTO, mas também com outros, que
tomaram este passo de fé, crentes. Não importa qual era a sua opinião antes,
mas ir à igreja hoje é uma experiência rica e recompensadora.
Através do ensino e da pregação da Palavra de DEUS a sua
compreensão d'Ela será cada vez maior.
Você terá oportunidade de fazer perguntas e discutir sobre as
Escrituras com outras pessoas.
Você aprenderá a adorar a DEUS, isto é, louvá-lo por tudo que Ele
é, e agradecer por tudo que Ele tem feito por você.
Adorando, aprendendo e servindo com outros cristãos, você
descobrirá outras pessoas com quem pode ter uma amizade duradoura, uma amizade,
que será para toda a eternidade!
Frequente a Escola Bíblica Dominical para que possa aprender melhor
a Palavra de DEUS.
ESTA É A IGREJA dos chamados para fora e esta é sua função
primordial - A salvação das almas e sua condução a DEUS.
(Pr. Luiz Henrique)
EDIFÍCIO
ESPIRITUAL - PEDRAS VIVAS - IGREJA CRISTOCÊNTRICA
INTRODUÇÃO
A linguagem figurativa da Bíblia retrata a Igreja como uma obra em edificação.
Este rico simbolismo aponta para a necessidade de um fundamento, sem o qual
nenhuma construção é capaz de ser erguida em condições de manter-se de pé ou
suportar a ação do tempo em suas estruturas. Ver Mt 7.24-27.
I. UMA PERGUNTA QUESTIONADORA
1. O propósito da pergunta. Como núcleo da Igreja incipiente, os discípulos
foram preparados por CRISTO para serem as colunas de sustentação apostólica do
Cristianismo bíblico. Eles teriam a responsabilidade ímpar de iniciar a
construção deste grande edifício - a Igreja. Chegara, portanto, o momento
supremo em que se descortinaria para a história este projeto concebido na mente
de DEUS. Com este propósito, o Mestre inicia uma reflexão e Ihes faz a pergunta
questionadora: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" (v.13).
À primeira vista, numa leitura menos teológica, tem-se a impressão de que o
Senhor está em processo de autoafirmação, buscando, por isso. o reconhecimento
da opinião pública. No entanto, à medida em que se aprofunda o diálogo,
verifica-se que foi apenas o ponto de partida para chegar ao cerne da questão:
o fundamento da Igreja nascente.
2. A reação da opinião pública. A pergunta enseja aos discípulos a
oportunidade de mostrar o que pensava a opinião pública. Aqui há uma descoberta
interessante, que serve de lição para o dia a dia: As percepções sobre a vida
variam de pessoa para pessoa e podem ser classificadas em níveis distintos. São
fatores diversos, internos e externos, que determinam essa variação. A
avaliação apresentada pelos discípulos reflete essa realidade. Não obstante a
clareza da mensagem pregada pelo Senhor, o máximo que as respostas indicam é
uma percepção equivocada que situa CRISTO ao nível dos profetas do Antigo
Testamento (v.14).
II. UMA RESPOSTA REVELADORA
1. A percepção dos discípulos acerca de CRISTO.
É provável que os discípulos ainda nutrissem dúvidas sobre o
caráter messiânico do advento de CRISTO. Talvez tivessem uma percepção parecida
com a da opinião pública. Neste ponto crucial, o Senhor restringe o campo de
sua pesquisa e lhes faz a pergunta decisiva: "E vós, quem dizeis que eu
sou?" (v.15). Da resposta dependeriam os passos seguintes.
Contudo, o que se percebe do texto, num aparente hiato entre os vv.15 e 16,é a
retração do grupo. A percepção externa já cristalizada não favorece uma posição
clara. Esta ênfase é proposital porque, atualmente, em diversos casos a
percepção quanto à posição da Igreja em CRISTO é conduzida pelos que os outros
pensam e dizem a respeito, e não pelo que a Bíblia revela.
2. A percepção de Pedro acerca de CRISTO.
Todavia, no exato momento em que os discípulos se encontram
aparentemente perplexos diante da pergunta inquiridora, entra em cena a
revelação sobrenatural. Pedro, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, toma-se o
porta-voz do grupo, e declara: "Tu és o CRISTO, o Filho do DEUS vivo"
(v.16). Aqui está o reconhecimento implícito da messianidade de JESUS, pedra de
toque do arcabouço teológico que dá vida à Igreja.
O CRISTO da história, que viveu na dimensão humana, como enviado do Pai,
incorporava em si mesmo toda a plenitude da divindade, (Cl 2.9). Este é o
sentido da revelação dada por DEUS a Pedro. Tirar esta doutrina da centralidade
da pregação é deixar a Igreja anômala e sem consistência bíblica.
III. UMA DECLARAÇÃO CONCLUSIVA
1. A base da declaração.
Chegasse, agora, ao ponto de tensão sobre quem é o fundamento da
Igreja. Inicialmente, o Senhor esclarece a origem da revelação: Não foi fruto
da percepção humana equivocada (carne e sangue), mas resultado da ação direta
de DEUS, mediante o ESPÍRITO SANTO, no coração de Pedro, (v.17). Em segundo
lugar, através de um recurso estilístico, no grego, estabelece de forma precisa
que o fundamento da Igreja está na confissão do apóstolo, (v.18). CRISTO cita
duas palavras da mesma raiz, mas com significados diferentes, que expressam a
dimensão exata da revelação. A primeira, petros (o nome do discípulo),
significa um fragmento de pedra. A segunda, petra, traduz-se como rocha
inamovível. Está claro que o Senhor, ao mesmo tempo em que reconheceu a
sensibilidade espiritual de Pedro, como um fragmento de pedra, deixou também
estabelecido que a Igreja seria edificada sobre aquela pedra inamovível -
CRISTO, o Filho do DEUS vivo - que se constituiu na confissão pública do
apóstolo.
2. O alcance da revelação.
O Senhor foi mais além, ao declarar a completa vitória da Igreja
sobre as portas do inferno. Tal afirmativa revela a plena autoridade de CRISTO
para cumprir cabalmente o plano divino concernente ao mundo segundo a Palavra
de DEUS. Por outro lado, fosse Pedro o fundamento ou qualquer outro dos
discípulos, a Igreja não teria resistido aos fortes vendavais que sopraram
sobre ela ao longo da história, e nem suportaria os ventos que hoje tentam
desviá-la da rota, (comp. Ap 3.10).
IV. UM FUNDAMENTO INAMOVÍVEL
1. Refutando o dogma romanista.
Uma regra áurea de interpretação bíblica determina que não se pode
interpretar o texto isoladamente, sem levar em consideração o contexto.
Portanto, considera-se como doutrina aquela que desfruta de respaldo em toda a
Bíblia. Não é o caso do dogma romanista. que situa Pedro como fundamento da
Igreja. Senão, vejamos:
a) O livro de Atos, que narra os primeiros passos da Igreja Apostólica, em
nenhum momento deixa transparecer esta ideia. Nos primeiros 13 capítulos Pedro
aparece tomando várias iniciativas, mas a partir daí, com exceção do cap.15,
que trata do Concílio em Jerusalém (onde ele desponta no mesmo nível dos demais
apóstolos), ele sai de cena.
b) Desde o momento em que Jerusalém começa a entrar em declínio
político, antes da diáspora do ano 70 d.C., DEUS se move através das
circunstâncias para transferir o núcleo da Igreja das fronteiras judaicas para
outro local estratégico. É assim que nasce a obra em Antioquia. A Bíblia
identifica os personagens principais como crentes anônimos, dispersos pela perseguição,
e cita Barnabé e Paulo em fase posterior. A liderança de Pedro sequer é
mencionada, (At 11.19-26).
c) Nenhuma das epístolas faz alusão a Pedro como alguém que estivesse ocupando
posição de proeminência. Nem mesmo a que foi escrita aos romanos o destaca. E
pelo menos em uma ocasião sofre críticas de Paulo, em razão de sua atitude
dissimulada no relacionamento com os gentios (GI 2.11-15).
Como se vê, houvesse Pedro sido nomeado pelo Senhor como o fundamento da
Igreja, o Novo Testamento cuidaria de registrar, com detalhes, os fatos que
apontassem nessa direção.
2. A doutrina bíblica do fundamento da Igreja.
Vejamos, finalmente, como se posiciona o Novo Testamento em relação
a CRISTO como o fundamento da Igreja. Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios,
é enfático: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está
posto, o qual é JESUS CRISTO", 3.11. O apóstolo segue a mesma linha da
declaração revelatória no ato da confissão de Pedro.
Mas é possível que algum crítico possa pôr em dúvida a afirmação do apóstolo,
alegando tratar-se de rivalidade entre ele e Pedro. Fosse desta forma, ter-se-ia
este outro posicionamento. Todavia, a teologia petrina reitera a mesma posição.
Em At 4.11 e 1Pe 2.6,7, Pedro sem qualquer pretensão apresenta CRISTO como a
pedra principal de esquina. Esta expressão denota a ideia de centralidade no
alicerce de uma construção e está em sintonia com a teologia paulina. É tanto
que Paulo faz uso da mesma linguagem em Ef 2.20,21. Assim sendo, o Novo
Testamento apregoa a doutrina que sustenta a posição de CRISTO como o
fundamento eterno e inabalável da Igreja.
CONCLUSÃO
Ter a CRISTO como fundamento é a razão pela qual a Igreja subsiste a todos os
ataques do inimigo, desde o período apostólico até os dias atuais. É
também a garantia de que ela continuará triunfando contra todas as forças
diabólicas que ajustam suas estratégias malignas às circunstâncias de hoje para
tentar desviá-la do propósito de DEUS. Nada poderá jamais detê-la.
Mediante uma ampla pesquisa, fale sobre o casamento nos tempos
bíblicos e, principalmente, como era entre os povos antigos, na Palestina, na
Grécia e em Roma. Destaque os costumes e os pontos de igualdade entre os povos.
Fale sobre o tabernáculo e os templos na vida religiosa de Israel. Se possível,
mostre um desenho do tabernáculo, do templo de Salomão e Herodes, não
esquecendo de citar um resumo das fases históricas dos templos.
Por último, discorra sobre as funções dos órgãos humanos, mostrando que nenhum
deles é sem importância para a nossa vida, bem como que eles obedecem a um
padrão orgânico criado por DEUS, que é a base de nossa sustentação física.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
A Bíblia utiliza diversos símbolos para ilustrar a natureza da Igreja, de seus
membros em particular e de seu relacionamento com CRISTO.
No comentário de hoje, a abordagem restringir-se-á apenas a três que melhor
contextualizam a visão atual do papel da Igreja diante de todos: noiva, templo
e corpo.
I. A IGREJA COMO NOIVA DE CRISTO
1. A importância da noiva.
Esta é a primeira alusão do comentário pela importância que as
Escrituras dão ao matrimônio, como instituição divina, quando o compara ao
relacionamento entre CRISTO e a Igreja. É primordial na Igreja fortalecer o
casamento, isto porque há uma ação maligna em curso contra ele por ser, em
primeiro lugar, a estratégia que melhor serve ao inimigo no seu famigerado
propósito de tentar destruir o plano de DEUS para o homem.
Em segundo lugar, porque desmoraliza uma instituição que melhor representa o
tipo de comunhão que CRISTO mantém com a sua noiva, no presente, e a
perspectiva da vida que ambos desfrutarão na era vindoura (Ap 19.7,8).
2. A sujeição da noiva.
Outra lição que o texto de Paulo oferece é a da sujeição da Igreja
a CRISTO (Ef 5.24). O apóstolo a usa para exemplificar a mesma atitude da
mulher para com o marido. No entanto, a ideia não é a de uma sujeição imposta
pela força ou por uma decisão unilateral e legalista da esposa. É fruto, isto
sim, do amor intenso dedicado pelo esposo, que produz nela profundo sentimento
de afeto resultando no reconhecimento espontâneo de sua sujeição posicional. É
assim a relação de CRISTO com a sua noiva. O amor que Ele lhe devota é tal,
como demonstrado no até da redenção, que ela se sente espontaneamente
constrangida a ser-lhe eternamente fiel e a viver em função de sua liderança (2
Co 5.14,15J.
3. A pureza da noiva.
Outro detalhe expresso no símbolo é que a pureza da Igreja como
noiva resulta da entrega do Senhor por ela (Ef 5.26,27). É Ele quem a
santifica, purifica e a torna imaculada e irrepreensíveI. Não é um ato
intrínseco da Igreja, que, por si mesma, possa desenvolver essas qualidades da
vida cristã. Ela depende de estar abrigada sob o amor do noivo e ter a noção
exata da grande compaixão
implícita nesta entrega. Só assim poderá viver essas características e
apresentar-se, no dia das bodas, como "Igreja gloriosa, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante..." Tal é o comportamento que DEUS espera dos
cônjuges. O amor do marido pela esposa deve evidenciar-se de tal maneira, não
só por palavras, mas acima de tudo por atos, que a mulher se sinta
prazerosamente motivada a manter a sua pureza interior, bem como as suas
qualidades morais e físicas para que ambos tenham, por toda a vida, plena
satisfação na união conjugal. Assim, estarão dando um testemunho sem palavras,
na dimensão humana, do que representa, no nível mais sublime, a comunhão entre
CRISTO e a Igreja (Ef 5.32).
II. A IGREJA COMO TEMPLO DE DEUS:
1. Lugar da habitação de DEUS.
A Igreja, como templo de DEUS, traz a ideia subjacente da
construção de um edifício habitacional que se ergue sob rigorosas normas de
engenharia ("bem ajustado") (Ef 2.21).
Aqui se evidenciam duas coisas:
A) Quem normatiza e aplica os detalhes técnicos da obra é o engenheiro
responsável, princípio este que denota a mesma responsabilidade no trato de
CRISTO com a Igreja. As normas partem dele e já estão reveladas na Bíblia, não
podendo ser substituídas por suposições humanas sob pena de fazer ruir todo o
edifício, cf. Cl 2.20-23.
B) A Igreja foi projetada como lugar da habitação do DEUS trino,
que, mediante o ESPÍRITO SANTO, envolve-se em toda a sua peregrinação histórica.
O projeto, portanto, pertence ao Pai, a execução ao Filho e o acompanhamento ao
ESPÍRITO SANTO (cf. Ef 3.9; Mt 16.18; Jo 14.16,17,26).
Outro desdobramento cabível aqui é a doutrina da transcendência e
da imanência de DEUS. Em sua transcendentalidade. DEUS é chamado de altíssimo
porque habita "em um alto e santo lugar". Todavia, ao mesmo tempo em
que o céu dos céus é a sua eterna morada, identifica-se também como o DEUS
imanente, que habita "com o contrito e abatido de espírito", Is
57.15.
2. Templo de adoração a DEUS.
Outro conceito implícito no símbolo do templo, é que faz parte dá
natureza essencial da Igreja adorar a DEUS. Este é o sentido de o termo
cultuar. Infelizmente, porém, igrejas há amarradas a uma liturgia cultual
engessada, onde o ESPÍRITO SANTO não encontra liberdade para atuar. As reuniões
acabam-se tornando uma rotina repetitiva e enfadonha com pouco proveito
espiritual para os participantes. Em muitos casos a adoração passa para o plano
secundário ou mesmo terciário - se não for totalmente esquecida - e os que se
destacam na coordenação do culto ocupam o centro das atenções. Os crentes, de
modo geral, deixam de ser adoradores para transformar-se em assistentes. Muitos
escudam-se atrás da recomendação bíblica sobre decência e ordem para defender
essa situação. Todavia, levar este princípio ao extremo e isolá-lo do contexto
conduz ao formalismo. Em todas as reuniões da Igreja, como templo de DEUS, sem
menosprezo da organização, há espaço garantido para os elementos que compõem o
culto ao Senhor e aí o ESPÍRITO SANTO tem liberdade para agir (1 Co 14.26-33).
III. A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO
1. O padrão orgânico do corpo.
Por último, neste comentário a Igreja é analisada sob a perspectiva do corpo
humano. De início traduz a ideia de que são diversos órgãos e muitos membros,
mas todos trabalham de forma orgânica e harmônica, interligados, em função do
corpo. Este recebe os benefícios (1 Co 12.12). Vale a pena reiterar: eles não
trabalham em função de si mesmos. Qualquer ação de um órgão ou membro em corpo
saudável está comprometida com a estrutura orgânica que sustenta a vida.
E acima está a cabeça - o cérebro - no comando.
Assim é a Igreja de CRISTO. Ela conta com milhões de membros espalhados pelo
mundo. Quando todos cumprem a sua parte, a Igreja se beneficia, mas se algum
deles está enfermo espiritualmente e não é logo restaurado, afeta todo o corpo.
Haja vista inúmeros exemplos que promovem escândalos e trazem má fama ao povo
de DEUS. É responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e
harmônica, interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da
Igreja, tendo CRISTO, como cabeça, na liderança (Ef 1.22,23). Sem nenhum
exagero, a Igreja atual precisa ser mais corpo e menos indivíduos.
2. A utilidade
de cada membro do corpo.
Todavia, a ideia
de corpo não anula a utilidade de cada membro em particular. Todos cumprem uma
atividade regular e indispensável no processo da vida. Se algum deles por
qualquer motivo pára de trabalhar, o corpo ressentir-se-á de sua inatividade.
Esta é a mesma
visão que norteia a presença da Igreja na Terra ( I Co 12.14,27). Muitos
crentes, no entanto, por não entenderem corretamente este princípio, sentem-se
inúteis e não se envolvem no serviço cristão. Mas se todos se impregnarem do
senso de utilidade, a vida de oração será aprofundada, não faltarão recursos
para a expansão do Reino, a evangelização será mais rápida, a obra missionária
não andará a passos lentos, a unidade não constituir-se-á em utopia e a Igreja
terá relevância no mundo (1 Co 15.58).
CONCLUSÃO
Como noiva de CRISTO, esteja a Igreja consciente de que Ele é a fonte de sua
pureza espiritual. Como templo de DEUS, tenha ela a visão de que é o lugar
santo de Sua habitação na Terra e do compromisso de permanentemente adorá-Lo.
Como corpo de CRISTO, mostre-se ao mundo como um corpo bem ajustado, onde cada
membro cumpra com alegria a sua responsabilidade em favor do corpo.
Características
da Igreja Verdadeira
Onde pode ser encontrada hoje a igreja verdadeira e quais os seus
aspectos essenciais? Em primeiro lugar devemos distinguir os vários
significados da palavra igreja:
1. Todo o povo de DEUS em todos os séculos, o conjunto total dos
eleitos. Os Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisível.
2. A comunidade local dos cristãos, reunidos visivelmente para
adoração e ministério; este significado abrange a vasta maioria das referências
à igreja (ekklesia) do Novo Testamento.
3. Todo o povo de DEUS no mundo, em determinada época, talvez mais
bem definida como a igreja universal. Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente
no Novo Testamento (1 Co 10.32; Gl 1.13).
4. “A igreja dentro da igreja”. Notamos antes a distinção feita
entre a edah (toda a congregação visível) e os gahal (aqueles dentro dela que
respondem ao chamado de DEUS). JESUS ensinou que o reino corresponde a este
padrão: o joio está misturado com o trigo (Mt 13.24-30; 36-43). Dentro do grupo
identificado com CRISTO acha-se o povo de DEUS, a verdadeira igreja. Não
existe, então, uma igreja pura; em meio a cada igreja pode haver pessoas que
não professaram a sua fé e outras cuja profissão será desmascarada no último
dia (Mt 7.21-23).
Admitindo-se assim que uma igreja pura ou perfeita não é possível
deste lado da glória, onde podemos descobrir o verdadeiro povo de DEUS
visivelmente reunido? Tradicionalmente, são reconhecidos quatro sinais da
igreja autêntica.
UNA
A unidade da igreja procede de seu fundamento do único DEUS (Ef
4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e,
portanto, a igreja verdadeira será distinguida por sua unidade.
Esta unidade, porém, não implica necessariamente uniformidade
total. Na igreja do Novo Testamento havia uma variedade de ministérios (1 Co
12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária (Rm 14:1-15:13).
Embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas (1 Co 15.11,
BLH; Jd 3), a fé comum recebia ênfases diversas, segundo as diferentes
necessidades percebidas pelos apóstolos (Rm 3.20; cf. Tg 2.24; Fp 2.5-7; cf. Cl
2.9s).
Havia também uma variedade de formas de adoração. O tipo de culto
em Corinto (1 Co 14.26ss) não era comum nas igrejas palestinas, onde a adoração
se baseava no modelo da sinagoga judaica e tinha um padrão mais formal,
centrado na exposição da palavra escrita. Este modelo tirado da sinagoga
justifica o fato de as igrejas do primeiro século serem consideradas um ramo do
judaísmo. Tiago 2.2 usa até mesmo a palavra sinagoga para a reunião dos
cristãos. Existem também elementos discerníveis de mais de uma forma de governo
da igreja.
A verdadeira unidade no ESPÍRITO SANTO de todo o povo regenerado é
um fato independente da desunião denominacional exterior. O chamado para a
unidade no Novo Testamento é, portanto, uma ordem para manter a unicidade
fundamental da vida que o ESPÍRITO concedeu através da regeneração (Ef 4.3). Os
Reformadores salientaram este ponto, distinguindo entre a igreja invisível
(todos os eleitos que são verdadeiramente um em CRISTO) e a igreja visível (um
grupo misto de regenerados e não-regenerados). A unidade da igreja invisível é
um fato consumado, concedido com a salvação.
Roma tem usado este sinal de maneira polêmica, a fim de proclamar
sua unidade, comparando-a à fragmentação do protestantismo, como uma evidência
de ser a verdadeira igreja. Isto, no entanto, ignora três pontos: (i) A própria
Roma separou-se da igreja ortodoxa em 1054, e jamais tinha sido considerada
universalmente como a única igreja verdadeira em séculos anteriores; por
exemplo, a igreja celta floresceu na Inglaterra, e Patrício fundou a igreja
inglesa muito antes de os missionários romanos terem chegado à Inglaterra. (ii)
Os sinais devem manter-se juntos. A sucessão histórica e a unidade exterior não
têm validade quando não associadas à lealdade e ao evangelho apostólico. (iii)
Embora o protestantismo tenha-se mostrado às vezes necessariamente
desagregador, pode ser argumentado que, através de seu desvio da doutrina
bíblica, é a própria Roma que tem sido a maior causa de cismas no correr dos
séculos.
As Escrituras encorajam a mais plena expressão de unidade possível
entre o povo de DEUS, mas elas também tornam claro que a divisão se acha
perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essência do Cristianismo
Apostólico estiver em risco. Esta foi a razão da discórdia entre Paulo e os
judaizantes (Gl 1.6-12), e entre JESUS e os fariseus (Mc 7.1-13). É significativo
notar que quando Judas pretendeu escrever sobre a salvação que temos em comum,
ele achou necessário insistir com os leitores para “batalhar diligentemente
pela fé que uma vez foi entregue aos santos” (Judas 3). Para o Novo Testamento,
a unidade está baseada em um compromisso consciente com as verdades reveladas
do Cristianismo Apostólico.
O Novo Testamento dirigiu seus ensinos sobre a unidade a grupos
específicos, com implicações imediatas para seus relacionamentos visíveis (Ef
2.15; 4.4; Cl 3.15). JESUS orou pela unidade, que ajudaria o mundo a crer (João
17.21); embora o paralelo entre esta unidade e a dEle com o Pai (17.11,22)
confirme o caráter essencialmente espiritual da unidade bíblica, esta
certamente inclui identificação visível de vida e propósito, pois JESUS em toda
a sua missão expressou uma união visível e demonstrável com o Pai. Em outras
palavras, é preciso buscar uma unidade visível mais plena do que aquela que
está sendo experimentada pelos que são fiéis ao evangelho apostólico.
Este fato tem especial importância quando dois ou mais grupos que
têm uma fé bíblica estiverem operando na mesma área, como, por exemplo, em um
campus universitário. O desafio mais profundo deste ensinamento, porém,
situa-se ao nível dos relacionamentos na igreja local. Nesse ambiente, a
unidade da vida em CRISTO deve expressar-se através do cuidado e compromisso
genuínos e tangíveis de uns para com os outros. Na ausência disto, a
reivindicação de ser uma verdadeira igreja cristã é posta em dúvida (1 Co 3.3s).
SANTA
O povo de DEUS forma a nação santa (1 Pe 2.9). No sentido mais
profundo a igreja é santa, da mesma forma que todo indivíduo cristão é santo em
virtude de estar unido a CRISTO, separado para ele e revestido com sua justiça
perfeita. Na sua posição diante de DEUS em CRISTO, a igreja é irrepreensível e
isenta de qualquer mancha moral. A distinção entre a igreja visível e a
invisível aplica-se aqui, desde que esta santidade imputada não pertence aos
membros da igreja não confiam pessoalmente em CRISTO como Salvador.
A união com CRISTO envolve também uma santidade de vida que seja
visível. Desse modo, a relação da igreja com CRISTO, o seu cabeça, será
expressa no caráter moral e nas características especiais de sua vida e de seus
relacionamentos comunitários. A igreja alheia à santidade é alheia a CRISTO.
Quando CRISTO dirigiu-se à sua igreja, ele esperava dela essa mesma diferença
moral e foi severo em seu julgamento quando observou que ela lhes faltava (Ap
2.-3).
A fim de não desanimarmos ao aplicar este teste, vale a pena
lembrar que grande parte da vida da igreja do Novo Testamento foi eivada de
erros, divisões, falhas morais e instabilidade. Não obstante, a presença de um
sinal visível de santidade é uma característica invariável da igreja de DEUS.
CATÓLICA
O termo católico significa literalmente abrangendo ao todo. E em
seu uso primitivo, significava ser a igreja universal, distinguindo-a da local;
mais tarde, veio significar a igreja que professava a fé ortodoxa, em contraste
com os hereges. Com o passar do tempo, Roma adotou o termo para referir-se a si
mesma como instituição eclesiástica, centrada no papado, historicamente
desenvolvida e geograficamente difundida. Os reformadores do século dezesseis
procuraram restaurar o significado anterior da catolicidade, em termos do
reconhecimento da fé ortodoxa; nesse sentido, argumentavam eles, a igreja
católica era de fato eles e não Roma.
O principal aspecto da catolicidade da igreja primitiva estava na
sua abertura para todos. Distinta do judaísmo, com seu exclusivismo racial, e
do gnosticismo, com seu exclusivismo cultural e intelectual, a igreja abriu
seus braços a todos que quisessem ouvir a mensagem e aceitar seu salvador, sem
levar em conta cor, raça, posição social, capacidade intelectual e antecedentes
morais. Ela surgiu no mundo como uma fé para todos (Mt 28.19; Ap 7.9). A única
exigência para admissão era a fé pessoal em JESUS CRISTO como Salvador e
Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada, porque manifestava o
evangelho da graça (Mt 28.19; At 2.38,41).
É neste nível fundamental que esta característica (a de ser
católica) deve ser entendida. As igrejas que exigem outros testes devem ser
consideradas como suspeitas. Não existe lugar numa verdadeira igreja para a
discriminação de qualquer tipo, seja racial, de cor, social, intelectual ou
moral, neste último caso desde que haja evidência de verdadeiro arrependimento.
A discriminação denominacional também precisa ser examinada com cuidado nos
casos em que as doutrinas fundamentais bíblicas sejam claramente reconhecidas.
APOSTÓLICA
O apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de
JESUS; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10).
Os arautos tomam posição entre JESUS e todas as gerações subsequentes da fé
cristã; nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho
sobre ele, incorporado no Novo Testamento. Neste sentido fundamental, toda a
igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2.20; cf.
Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato
de ela conformar-se à fé apostólica "que uma vez por todas foi entregue ao
santos" (Jd 3; cf. At 2.42). Os apóstolos ainda governam e organizam a
igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua
pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras.
Desde que o apóstolo significa literalmente enviado, não é de
surpreender que o Novo Testamento se refira ocasionalmente a outros apóstolos
(Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como
evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas etc. são no grego do Novo
Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles
tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original
cujo governo continua através das escrituras apostólicas. Reivindicar o cargo
apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece
na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação
divina do Novo Testamento.
É igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade
histórica do ministério, retrocedendo até CRISTO e seus apóstolos através de
uma sucessão de bispos. Esta interpretação não tem nenhum apoio bíblico. Toda
noção da graça de DEUS comunicada mediante uma sucessão histórica de
dignatários da igreja contraria o caráter da própria graça, conforme os
escritos bíblicos. Além disso, como garantia da verdade da mensagem apostólica,
a sucessão episcopal evidentemente falhou. Foi uma igreja perfeitamente
enquadrada nesta sucessão histórica que precisou da Reforma do século
dezesseis, para não mencionar outras reformas menores, como o despertamento do
século dezoito com Whitefield e os Wesley.
O catolicismo romano estende esta interpretação de "apostólico"
para incluir a reivindicação de que o Bispo de Roma é o sucessor histórico de
Pedro e o guardião especial da graça de DEUS na igreja. A alegação é
insustentável. A primazia de Pedro entre os apóstolos não passou de uma clara
liderança no período da primeira missão cristã. Ele claramente recuou para um
segundo plano à medida que a igreja avançou fora de Jerusalém, sendo Paulo
nomeado para liderar a missão fora da Palestina e quando João lutava para
corrigir as igrejas prejudicadas pelos falsos mestres. É bem significante que
Pedro não apareceu no papel principal no Concílio de Jerusalém (At 15), e que
ficou claramente à sombra de Paulo no incidente registrado em Gálatas 2.
Roma alega ainda que esta suposta supremacia de Pedro deveria
continuar para a salvação eterna e bem contínuo da igreja. Nenhum dos
versículos citados como apoio escriturístico (Mt 16.18s; Jo 21.15-17 e Lc
22.32) faz qualquer referência a um sucessor de Pedro. Essas duas
reivindicações romanas contrariam a evidência manifesta no Novo Testamento, e a
terceira, de que a primazia de Pedro se estende ao bispo de Roma, é ainda menos
digna de crédito. O fato de Pedro ter terminado sua vida como mártir em Roma é
uma tradição primitiva que encontra apoio razoável; as dificuldades históricas,
porém, para mostrar que houve uma sucessão estabelecida de bispos monárquicos
de Roma, a partir do primeiro século, são intransponíveis.
A sucessão apostólica é na verdade a sucessão do evangelho
apostólico, quando o depósito original de verdade apostólica é passado de uma
para outra geração: "homens fiéis ... para instruir a outros" (2 Tm
2.2). A igreja é apostólica à medida que reconhece na prática a autoridade
suprema das escrituras apostólicas.
OS SINAIS DOS REFORMADORES
Embora os Reformadores não pusessem de lado esses quatro sinais
tradicionais, as controvérsias em que se viram envolvidos prenderam sua atenção
em outras coisas. Eles identificaram duas características da igreja verdadeira
e visível. "Onde quer que vejamos a Palavra de DEUS pregada e ouvida em
toda a sua pureza e os sacramentos ministrados segundo a instituição de CRISTO,
não há dúvida de que existe uma igreja de DEUS" (João Calvino).
“A Palavra pregada em toda a sua pureza” trouxe à tona a supremacia
do evangelho bíblico e forma precisamente nesse ponto que surgira a verdadeira
ruptura com Roma. Atrás desta ênfase havia uma convicção quanto ao elo
indissolúvel entre a Palavra escrita e o ESPÍRITO; pertencer à comunidade do
ESPÍRITO iria necessariamente refletir a submissão à Palavra que o ESPÍRITO
havia inspirado. Os Reformadores desconheciam qualquer ESPÍRITO que não levasse
à Palavra; desconheciam qualquer amor por DEUS que não estivesse ligado à fé e
à verdade. O outro ponto em que discerniram a verdadeira igreja, os
sacramentos, era também polêmico, já que foi no aspecto do ensino e da prática
com relação aos sacramentos que os Reformadores viram a mais clara violação da
religião bíblica por parte de Roma.
A existência de grupos cristãos (p. ex. o Exército da Salvação e a
Sociedade dos Amigos) que não possuem sacramentos faz-nos hesitar quanto à
afirmação de que os sacramentos são essenciais para que a igreja seja
verdadeira. Não obstante, nosso Senhor claramente considerou o batismo como
intimamente ligado à mensagem da igreja e à resposta humana a ela (Mt 28.19s),
e a participação na Ceia como fundamental para a vida da igreja (Lc 22.19; 1 Co
11.24s).
Podemos generalizar esses sinais afirmando que o sinal supremo para
os Reformadores era o próprio CRISTO. Ele é o centro da Palavra e o cerne dos
sacramentos.
A MISSÃO – UM SINAL AUSENTE?
Nas instruções de JESUS sobre a vida da igreja (Jo 13-16; Lc
10.1-20; At 1.1-8), encontramos um elemento não abordado nas características da
igreja identificadas até agora, que é a missão: a responsabilidade de levar as
boas novas de JESUS aos confins da Terra.
Existe certamente grande significado no fato de a história da
igreja do Novo Testamento, o livro de Atos, Ter como seu tema principal a
expansão sucessiva na pregação do evangelho: Jerusalém, Judéia, Samaria, e, em
seguida, o mundo gentio (1.8; cf. 6.8s; 7; 8; 10.34-38; 11.19-26; 13.1ss). A
igreja é missão talvez seja uma frase exagerada, mas em seu serviço total ao
propósito e à glória de DEUS, a missão é um ingrediente bíblico fundamental.
Assim sendo, uma igreja que não prega o evangelho não sente a
responsabilidade pelo bem-estar moral e espiritual dos que a rodeiam, nem
expressa interesse pelos pobres e necessitados onde quer que eles sejam
encontrados, perdeu seu direito à autenticidade, constituindo-se numa negativa
viva de seu Senhor.
Para resumir: a verdadeira igreja será reconhecida pela sua unidade
nos relacionamentos, pela sua santidade de vida, pela sua abertura a todos,
pela sua submissão à autoridade das escrituras, pela sua pregação de CRISTO em
palavras e sacramentos, e pelo seu compromisso com a missão.
___________
Fonte: Texto retirado do livro Conheça a Verdade Estudando as
Doutrinas da Bíblia, de Bruce Milne, ABU Editora.
***************************************************************************************
Questionário da
Lição 01 - A Igreja de CRISTO
Texto Áureo:
1- Complete:
E também eu te digo que tu és _____________, e sobre esta
_____________ edificarei a minha _________________, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. (Mt 16.18).
Verdade Prática:
2- Complete:
Nenhuma _______________ material, moral ou espiritual será capaz de
impedir a ________________ de cumprir a sua _____________ na Terra.
I. O QUE É A IGREJA
3- Qual a definição de "Igreja" no grego?
( ) significa "chamados para fora".
( ) significa "chamados para dentro".
( ) significa "chamados para o céu".
4- O que é Igreja, como grupo de pessoas?
( ) São os chamadas para fora do celeiro espiritual, para
formar um povo seleto, especial, pertencer a DEUS e servi-lo.
( ) São os chamadas para fora do mundo, para formar um povo
seleto, especial, pertencer a DEUS e servi-lo.
( ) São os chamadas para fora do céu, para formar um povo
seleto, especial, pertencer a DEUS e servi-lo.
5- A que se refere a palavra-chave "Missão"?
( ) à função, autoridade e poder concedidos pela Igreja para
cumprimento da obra de JESUS no mundo.
( ) à função, autoridade e poder concedidos pelos pastores à
Igreja para cumprimento da obra de JESUS no mundo.
( ) à função, autoridade e poder concedidos por CRISTO à
Igreja para cumprimento da obra de JESUS no mundo.
6- A partir de quando a igreja tem uma visão cristológica?
( ) A partir desta resposta de Pedro a JESUS: Tu és
JESUS, o perfeito DEUS vivo" (v.16)' e JESUS respondendo disse: "Tu
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).
( ) A partir desta resposta de Pedro a JESUS: Tu és o
CRISTO, o único DEUS vivo" (v.16)' e JESUS respondendo disse: "Tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).
( ) A partir desta resposta de Pedro a JESUS: Tu és o
CRISTO, o Filho do DEUS vivo" (v.16)' e JESUS respondendo disse: "Tu
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).
7- Por que a Igreja é universal?
( ) Porque é o conjunto de todos os que acreditam em CRISTO,
inclui todos os seres humanos vivos.
( ) Porque é o conjunto de todos os que crêem em JESUS,
inclui todos as denominações cristãs existentes.
( ) Porque é o conjunto de todos os salvos em CRISTO, inclui
todos os cristãos remidos.
8- Qual o sentido de Igreja Local?
( ) A palavra igreja, no sentido literal abrange o conceito
de "ajuntar" e "remir", união dos fiéis em um local
fechado.
( ) A palavra igreja, no sentido literal abrange o conceito
de "congregar" e "reunir", reunião dos fiéis em um local
específico.
( ) A palavra igreja, no sentido literal abrange o conceito
de "falar" e "pregar", reunião dos fiéis em um local
aberto.
9- Qual a figura empregada por Pedro para se referir à Igreja?
( ) Figura uma casa construída por várias pessoas juntas e
edificadas sobre uma só fé.
( ) Figura um edifício construído por várias pedrinhas juntas
e edificadas sobre uma rocha.
( ) Figura um edifício construído por várias pessoas juntas,
porém separadas em denominações.
10- O que disse Pedro a respeito da Pedra citada por JESUS, sendo o
fundamento da Igreja?
( ) O próprio Pedro afirma que JESUS não é a Pedra, mas pode
ser rocha ( 1 Pe 2.5 ).
( ) O próprio Pedro afirma que JESUS poderá vir a ser a
Pedra, "pedra angular" ( 1 Pe 2.5 ).
( ) O próprio Pedro afirma que JESUS é a Pedra, "pedra
angular" ( 1 Pe 2.5 ).
11-Que tipo de Pedras são os crentes?
( ) Pedras espirituais.
( ) Pedras materiais.
( ) Pedras de esquina.
III. A ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DA IGREJA
12- A que se refere a igreja como uma Organização funcional?
( ) À administração dos recursos espirituais e humanos de que
ela dispõe, para que seu crescimento seja multiplicativo.
( ) À administração dos recursos materiais e humanos de que
ela dispõe, para que não haja interrupções no seu crescimento quantitativo e qualitativo.
( ) À administração dos recursos imateriais e espirituais de
que ela dispõe, para que não haja interrupções no seu crescimento quantitativo
e qualitativo.
13- A que diz respeito a igreja como organização ministerial?
( ) Diz respeito ao governo da igreja local através de anjos
enviados e capacitados por DEUS para o exercício do santo ministério pastoral.
( ) Diz respeito ao governo da igreja local através de homens
vocacionados e capacitados pelos cursos teológicos para o exercício do
ministério.
( ) Diz respeito ao governo da igreja local através de homens
vocacionados e capacitados por DEUS para o exercício do santo ministério
eclesiástico.
14- Cite pelo menos 4 formas de governo eclesiástico:
L_________________, d____________________, r______________________e
n_____________________.
15- A quem o Novo Testamento indica a autoridade administrativa e
espiritual da igreja local?
( ) Ao Apóstolo.
( ) Ao pastor.
( ) Ao Presbítero.
16- Cite os cargos de caráter espiritual da igreja, conforme Ef
4.11:
A_________________, p_______________________,
e_________________________, p_____________________ e m___________________.
17- A que se refere a organização espiritual da igreja?
( ) À sua maneira de cultuar, ministração do louvor, da
adoração coletiva, da Ceia do Senhor, do batismo em águas e da construção de
templos.
( ) À sua liturgia, ministração do dinheiro, da cesta
coletiva de ajuda humanitária, da distribuição da Ceia do Senhor e o batismo em
águas.
( ) À sua liturgia, ministração do culto, da adoração
coletiva, das ordenanças deixadas por JESUS, como a Ceia do Senhor e o batismo
em águas.
18- Na realização do culto, o que se deve evitar?
( ) O culto racional que engraça a liberdade da adoração a
DEUS em "espírito e em verdade" Jo 4.23,24), Também a espontaneidade
individual limitada, do "culto nacional" que devemos prestar
continuamente a DEUS (Rm 12.1 ; SI 95.1-6).
( ) O formalismo do vestuário que acaba com a liberdade da
adoração a DEUS em "espírito e em verdade" Jo 4.23,24), Também a
posição ajoelhada que vulgariza e profana o "culto racional"
que devemos prestar continuamente a DEUS (Rm 12.1 ; SI 95.1-6).
( ) Tanto o formalismo que engessa a liberdade da adoração a
DEUS em "espírito e em verdade" Jo 4.23,24), quanto a espontaneidade
individual sem limites, que vulgariza e profana o "culto racional"
que devemos prestar continuamente a DEUS (Rm 12.1 ; SI 95.1-6).
A
IGREJA (Bíblia De Estudos Pentecostal - CPAD)
Mt 16.18 “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja,
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
A palavra grega ekklesia (igreja), literalmente, refere-se à reunião de um
povo, por convocação (gr. ekkaleo). No NT, o termo designa principalmente o
conjunto do povo de DEUS em CRISTO, que se reúne como cidadãos do reino de DEUS
(Ef 2.19), com o propósito de adorar a DEUS. A palavra “igreja” pode referir-se
a uma igreja local (Mt 18.17; At 15.4) ou à igreja no sentido universal (16.18;
At 20.28; Ef 2.21, 22).
(1) A igreja é apresentada como o povo de DEUS (1Co 1.2; 10.32; 1Pe 2.4-10), o
agrupamento dos crentes redimidos como fruto da morte de CRISTO (1Pe 1.18,19).
É um povo peregrino que já não pertence a esta terra (Hb 13.12-14), cujo
primeiro dever é viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com DEUS (1Pe
2.5; ver Hb 11.6).
(2) A igreja foi chamada para deixar o mundo e ingressar no reino de DEUS. A
separação do mundo é parte inerente da natureza da igreja e a recompensa disso
é ter o Senhor por DEUS e Pai (2Co 6.16-18).
(3) A igreja é o templo de DEUS e do ESPÍRITO SANTO (ver 1Co 3.16; 2Co
6.14—7.1; Ef 2.11-22; 1Pe 2.4-10). Este fato, no tocante à igreja, requer dela
separação da iniquidade e da imoralidade.
(4) A igreja é o corpo de CRISTO (1Co 6.15,16; 10.16,17; 12.12-27). Isto indica
que não pode existir igreja verdadeira sem união vital dos seus membros com
CRISTO. A cabeça do corpo é CRISTO (Cl 1.18; Ef 1.22; 4.15; 5.23).
(5) A igreja é a noiva de CRISTO (2Co 11.2; Ef 5.23-27; Ap 19.7-9). Este
conceito nupcial enfatiza tanto a lealdade, devoção e fidelidade da igreja a
CRISTO, quanto o amor de CRISTO à sua igreja e sua comunhão com ela.
(6) A igreja é uma comunhão (gr. koinonia) espiritual (2Co 13.14; Fp 2.1). Isto
inclui a habitação nela do ESPÍRITO SANTO (Lc 11.13; Jo 7.37-39; 20.22), a
unidade do ESPÍRITO (Ef 4.4) e o batismo com o ESPÍRITO (At 1.5; 2.4; 8.14-17;
10.44; 19.1-7). Esta comunhão deve ser uma demonstração visível do mútuo amor e
cuidado entre os irmãos (Jo 13.34,35).
(7) A igreja é um ministério (gr. diakonia) espiritual. Ela
ministra por meio de dons (gr. charismata) outorgados pelo ESPÍRITO SANTO (Rm
12.6; 1Co 1.7; 12.4-11, 20-31; Ef 4.11).
(8) A igreja é um exército engajado num conflito espiritual, batalhando com a
espada e o poder do ESPÍRITO (Ef 6.17). Seu combate é espiritual, contra
Satanás e o pecado. O ESPÍRITO que está na igreja e a enche, é qual guerreiro
manejando a Palavra viva de DEUS, libertando as pessoas do domínio de Satanás e
anulando todos os poderes das trevas (At 26.18; Hb 4.12; Ap 1.16; 2.16; 19.15,
21).
(9) A igreja é a coluna e o fundamento da verdade (1Tm 3.15), funcionando,
assim, como o alicerce que sustenta uma construção. A igreja deve sustentar a
verdade e conservá-la íntegra, defendendo-a contra os deturpadores e os falsos
mestres (ver Fp 1.17; Jd 3).
(10) A igreja é um povo possuidor de uma esperança futura. Esta esperança tem
por centro a volta de CRISTO para buscar o seu povo (ver Jo 14.3; 1Tm 6.14; 2Tm
4.8; Tt 2.13; Hb 9.28).
(11) A igreja é tanto invisível como visível. (a) A igreja invisível é o
conjunto dos crentes verdadeiros, unidos por sua fé viva em CRISTO. (b) A
igreja visível consiste de congregações locais, compostas de crentes vencedores
e fiéis (Ap 2.11, 17, 26; ver 2.7), bem como de crentes professos, porém falsos
(Ap 2.2); “caídos” (Ap 2.5); espiritualmente “mortos” (Ap 3.1); e “mornos” (Ap
3.16; ver Mt 13.24; At 12.5).
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de Educação Cristã Continuada), 3° Trimestre De 2023, TEMA: DOUTRINAS
BIBLICAS – Fundamentos da Verdades, Escola Bíblica Dominical, Lição 10,
Igreja, O Povo de DEUS
SUPLEMENTO
EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora
o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e
mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
O
homem é uma criatura social – faz parte de sua natureza formar relações
pessoais e ter comunhão com outras pessoas. Assim, não é de admirar que Jesus
tenha estabelecido uma comunidade de pessoas dotadas da mesma atitude mental e
numa mesma posição espiritual, a Sua igreja. Deus espera que a Sua vontade seja
cumprida através da igreja, pois ela é a comunidade do povo de Deus. Suas
relações mútuas estão alicerçadas na relação de cada um de seus membros com
Jesus Cristo. Quando meros pecadores, estávamos do “lado de fora”, pois os
nossos pecados nos separavam de Deus. Entretanto, quando aceitamos Jesus como
Salvador, mediante a fé, fomos reconciliados com Deus, através de Cristo. Esse
novo relacionamento também nos levou a um novo relacionamento com os outros
crentes na família de Deus, a Sua igreja.
PALAVRAS
CHAVES: Igreja • Ordenança • Comunhão
OBJETIVOS
Definir o
termo igreja e distinguir entre as definições bíblicas e as não-bíblicas do
mesmo.
Dizer quando a Igreja começou e confirmar sua declaração com evidências
bíblicas.
Explicar a dupla natureza da Igreja.
PARA
COMEÇAR A AULA
Pergunte:
Que instrumento Deus escolheu para glorificá-lo, para nutrir a nossa vida
espiritual e para propagar as boas obras da salvação às nações? Acentue que
estudando acerca da Igreja e compreendendo o Seu verdadeiro significado,
seremos capazes de apreciar melhor o valor dado por nosso Senhor Jesus a
Igreja, por ter dado a vida por ela (Ef 5.25). Lembre-se que o valor da
Igreja foi estipulado pelo Senhor, ou seja, a Sua própria vida Portanto, se
algo tem um real valor no Universo, é a Igreja.
LEITURA
COMPLEMENTAR
Suponhamos
que você tivesse mencionado a palavra igreja para alguém que nunca antes a
tivesse ouvido e que então lhe perguntasse: “Que quer dizer igreja?” Com base em
sua própria experiência, escreva em seu caderno, uma resposta breve a essa
pergunta. Se você tem as mesmas ideias de tantas pessoas hoje em dia, então a
sua resposta à pergunta acima seria algo como: “Uma igreja é um lugar onde as
pessoas reúnem-se para adorar”.
Mas,
se você quisesse ser mais preciso, talvez chegasse a dizer: “A palavra igreja
refere-se a uma organização composta por grupos de pessoas em diferentes
lugares, que tem as mesmas ideias doutrinárias, são guiadas pelas mesmas regras
e têm alvos similares”. Ambas as respostas dão-nos alguma ideia sobre como o
termo igreja é definido por muitas pessoas e podem ser consideradas corretas,
de conformidade com a compreensão moderna do vocábulo.
Entretanto,
quando a Bíblia Fala sobre a igreja, há uma significação muito mais profunda.
De fato, a Bíblia nunca se refere a certo tipo de edificação como sendo a
igreja, conforme se vê hoje em dia; mas refere-se a certas pessoas, que formam
a igreja de Deus. A Bíblia também nunca se refere à Igreja como uma mera
organização. As pessoas que identificam o vocábulo igreja dessa maneira
associam-na a alguma denominação, como católica, batista, metodista etc. No
sentido bíblico, há duas definições da palavra igreja.
As
palavras raízes de que se compõe o termo grego ekklesia, o qual é traduzido por
“igreja” no Novo Testamento em português, fazem-nos entender que estão em foco
as pessoas que responderam a chamada de Deus. Tendo respondido à chamada divina
e confessado a Jesus como Senhor, essas pessoas tornaram-se membros de Sua
Família. E agora, estão dedicadas à tarefa de anunciar o evangelho, conforme
seu Senhor as instruiu. Livro: “Doutrinas Fundamentais da Bíblia” (ICI, São
Paulo, 2013, pág. 177, 178)
TEXTO
ÁUREO
“Para
que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos
principados e potestades nos lugares celestiais” Ef 3.10
VERDADE
PRÁTICA
A
Igreja do Deus vivo é coluna e baluarte da verdade.
DEVOCIONAL
DIÁRIO
Segunda –
Ef 3.10 A multiforme sabedoria de Deus.
Terça – Ef 5.23 Cristo é o cabeça da Igreja
Quarta – Ef 5.25 Cristo amou a Igreja e deu a vida por ela
Quinta – Mt 16.18 O inferno não pode vencer a Igreja.
Sexta – 1Co 14.12 Crescer para edificar a igreja.
Sábado – At 20.28 A igreja pertence a Deus
Hinos da Harpa: 340, 115, 132
LEITURA
BÍBLICA - Efésios 3.8-12
8 A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos
gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo
9 e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em
Deus, que criou todas as coisas,
10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida,
agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais,
11 segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor,
12 pelo qual temos ousadia e acesso com confiança mediante a fé nele.
IGREJA,
O POVO DE DEUS
INTRODUÇÃO
I- A NATUREZA DA IGREJA
1- Definição Ef 5.25,32
2- Origem Ef 1.4
3- Identificação Cl 1.24
II- A EXISTÊNCIA DA IGREJA
1- Membros Jo 15.5
2- Líderes At 20.28
3- Ordenanças Mt 28.19; 1Co 11
III- A MISSÃO DA IGREJA
1- Adoração a Deus Jo 4.23
2- Comunhão Jo 17.20-23
3- Evangelização Mt 28.19
4- Discipulado Ef 4.11-15
APLICAÇÃO
PESSOAL
INTRODUÇÃO
Ao
aceitarmos Jesus como o nosso Salvador, fomos postos em uma nova relação com
Deus e com os outros crentes. Tornamo-nos parte da família de Deus, a Sua
igreja. Estudando acerca da Igreja e compreendendo o Seu verdadeiro
significado, seremos capazes de apreciar melhor o valor dado por nosso Senhor
a Igreja, ao ponto de ter dado a Sua vida por ela (Ef 5.25)
I-
A NATUREZA DA IGREJA
1-
Definição.
No
sentido bíblico, a palavra igreja vem do termo grego ekklesia que significa
“uma assembleia de chamados para fora”. Refere-se a todas as pessoas que
responderam ao chamado de Deus e confessaram a Jesus como Senhor e Salvador,
assim, tornaram-se membros de Sua família. Essas pessoas formam uma comunidade,
que se organiza a fim de cumprir a vontade do Senhor. A igreja pode ser geral
ou local:
a)
A geral, ou corpo místico de Cristo, e a soma de todos os salvos que confessam
a Jesus como Senhor (Ef 5.25,32).
b) A local, ou visível, é a comunidade de crentes de uma determinada
localidade que compartilham a mesma fé no Senhor. (Rm 1.7; 1Co 1.2). Portanto,
a Igreja é reunião de pecadores remidos por Deus, através de Jesus, o Salvador.
2-
Origem.
Na
eternidade, a Igreja surgiu no coração de Deus, antes da criação do mundo (Ef
1.4-7). Profeticamente, no Antigo Testamento, a ideia da comunidade formada
pelo povo de Deus é vista, inicialmente, na promessa a Abraão, de que seria um
instrumento para abençoar todos os povos da terra (Gn 12.1-3). Posteriormente,
esse conceito de comunidade do povo de Deus foi confirmado no tempo através do
povo de Israel, tirado dentre outras nações para o serviço de Deus (Êx 19.4-6).
Na
tradução do Antigo Testamento para o grego, a palavra “congregação” foi
traduzida por “ekklesia” ou “igreja” (At 7.38). Jesus anunciou a fundação da
Sua nova igreja (Mt 16.18). Historicamente, a igreja de Cristo nasceu no dia de
Pentecostes, na descida do Espírito Santo, como nosso Consolador, sobre todos
os discípulos que creram e aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador (At 2.1-4;
Jo 14.16,17).
3-
Identificação.
A
Bíblia usa diversos símbolos para identificar a Igreja de Jesus:
a) Templo de Deus (1Pe 2.5,6; Ef 2.21,22). Um templo feito por pessoas, pois
Deus habita em qualquer lugar onde os salvos estão presentes (1Co 3.16,17).
b) Esposa de Cristo. Fala da pureza e santidade dos filhos de Deus (2Co 11.2;
Ap 19.7).
c) Corpo de Cristo. A Igreja substituiu o corpo físico do Senhor neste mundo,
na realização da Sua obra na terra (Cl 1.24; 1Co 6.15; 12.13).
d) Coluna e baluarte da verdade. Representa a missão do povo de Deus de viver,
pregar e guardar a verdade eterna de Cristo (1Tm 3.15).
e) Família de Deus. Todos os crentes são filhos de Deus e, por meio de Jesus,
espiritualmente, irmãos uns dos outros (Ef 2.19). Originalmente, a palavra
“irmão”, no grego, significa “nascido no mesmo útero”: ou seja, fomos gerados
no mesmo “útero” da graça de Deus.
II-
A EXISTÊNCIA DA IGREJA
A
Igreja do Senhor já existe na terra há mais de dois mil anos, fundada em alguns
princípios:
1-
Membros.
A
Igreja de Cristo é um organismo vivo, constituído por vidas transformadas por
Ele e guiada pelo Espírito Santo. Como Igreja Local, ela é obrigada a observar
as legislações de cada país ou nação, como uma associação ou organização
religiosa. Entretanto, a verdadeira Igreja está além desses conceitos humanos:
estatuto, regimento, patrimônio, regras denominacionais etc. A existência da
igreja é a vida dos seus membros, o que corresponde aos seguintes aspectos:
a)
Crer na Palavra de Deus (At 16.31).
b) Aceitar a Cristo como único Senhor e Salvador (Rm 10.9,10).
c) Ser batizado nas águas, como testemunho de fé em Cristo (Mt 28.19,20).
d) Viver para a glória e honra de Cristo (Jo 15.16).
2-
Líderes.
O Espírito
Santo, em todos os tempos e lugares, escolhe e levanta líderes para dirigirem à
igreja (At 20.28). Não existe uma forma bíblica padrão de organização e
liderança. A Igreja, como um organismo vivo, se adequa à estrutura de liderança
e organização de cada cultura e localidade. Por isso, podemos ver tanta
diversidade de nomes de autoridades eclesiásticas nas denominações da
atualidade.
Entretanto,
o Espírito Santo dá dons ministeriais específicos para capacitar pessoas como
dirigentes da Igreja: apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre (Ef
4.11-12). Ele também capacita Líderes para auxiliá-los na administração:
presbíteros, diáconos, obreiros e auxiliares (At 6.1-4; 1Tm 3.8-13).
3-
Ordenanças.
Cristo
deu duas ordenanças específicas para a Igreja: o batismo nas águas e a ceia.
a) Batismo nas águas (Mc 16.16). Batizar significa “mergulhar” ou
“imergir”. Representa para o crente a sua identificação com a morte e
ressurreição de Cristo (Rm 6.4-6). Ao mergulharmos nas águas, declaramos a
nossa morte para o mundo, de pecados; e, ao sairmos das águas, declaramos viver
uma nova vida com Deus em santidade e justiça. Por isso, o batismo nas águas é
realizado uma única vez, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt
28.19,20).
b)
Ceia do Senhor. Tem o propósito didático de avivar na vida do salvo a sua nova
aliança permanente com Cristo: “fazei isto em memória de mim’. Por isso, a Ceia
é realizada repetidas vezes durante a vida do crente. Neste ato, ao comermos o
pão e bebermos o vinho, relembramos a encarnação (Ele se tornou homem), a
expiação (Ele morreu pelos nossos pecados) e esperamos a volta de CRISTO para
nos buscar.
III-
A MISSÃO DA IGREJA
A
Igreja existe para glorificar o nome de Deus, ou seja, “… para louvor da glória
de sua graça” (Ef 1.6,12,14). Adoração a DEUS – Comunhão – Evangelização – Discipulado.
1-
Adoração a Deus.
É
o louvor, a reverência e o serviço prestado unicamente a Deus em razão da Sua
soberania e perfeição. O foco central da verdadeira adoração está em
quem Ele é (o Seu caráter) e também por causa daquilo que Ele faz (Sl 107.1-3).
Devemos adorá-lo em espírito e em verdade, como resultado da ação do Espírito
de Deus em nosso espírito (Jo 4.23). Na salvação, em Jesus, Deus removeu para
sempre as barreiras que impediam a nossa comunhão com Ele (Hb 4.16; 10.19-22).
Por
isso, somente a igreja pode adorar a Deus. A adoração pode ser individual ou
coletiva. Na individual, o crente desenvolve a sua vida devocional (Mt 6.6-8).
Na adoração coletiva, na família de Deus, o crente é capacitado numa dinâmica
espiritual que um indivíduo não pode experimentar sozinho: com cânticos
congregacionais, orações, ministério da Palavra e o exercício dos dons
espirituais.
2-
Comunhão.
A
vida cristã é uma experiência coletiva. Através do novo nascimento, a natureza
antiga e egoísta e abandonada, e os crentes tornam-se parte de uma família de
pessoas que se amam e cuidam umas das outras (Jo 17.20-23; GI 5.22). Os crentes
mesclam-se em uma união espiritual com Cristo que envolve responsabilidades
coletivas “uns com os outros” (Ef 4.25; At 2.42).
Responsabilidade
ou cooperação mútua de cada crente na igreja (Rm 14.13; 15.7). A Bíblia deixa
claro que a comunhão dos crentes em amor é o maior sinal de fé para o mundo
descrente em Jesus (Jo 13.35). Nós temos responsabilidades no corpo de Cristo
que ultrapassam as nossas preferências pessoais, nossos próprios valores individuais
(1Co 1.10).
3-
Evangelização.
Cada
crente deve concentrar as suas energias para fora de si mesmo, para o mundo
não-crente (Mt 28.19). Deus utiliza-se de pessoas para conquistar pessoas! A
igreja tem a responsabilidade e o privilégio de tornar conhecida a salvação
para todos os seres humanos (2Co 5.18,19).
Essa
é uma missão exclusiva da igreja, nem os anjos podem fazer (1Pe 1.12).
Recebemos essa missão do mesmo modo que Jesus recebeu a dele (Jo 17.16,18). A
missão de “fazer discípulos” não é uma escolha ou opção, mas um mandamento (Mc
16.15; At 1.8).
4-
Discipulado.
O
propósito de Deus para os Seus filhos é a maturidade espiritual (Ef 4.12-15).
Através do discipulado, essa maturidade fica visível nos seguintes aspectos:
a) Viver em unidade ou comunhão.
b) Servir a Deus com os dons e talentos.
c) Conhecimento da Palavra de Deus.
d) Caráter semelhante a Cristo.
e) Firmeza e convicção diante das heresias.
O
Espírito capacita os crentes com dons para contribuírem na maturidade e
crescimento espiritual uns dos outros (Rm 12.4-8; 1Co 12.8-10). Cada membro do
corpo de Cristo tem pelo menos um serviç0, um talento ou alguma contribuição
especial a fazer. E cada qual! precisa da contribuição dos outros membros (1Co
12.24-26).
APLICAÇÃO
PESSOAL
Aprendemos
que a igreja é o corpo de Cristo para realizar a vontade de Deus na terra.
Diante disso, nosso alvo deve ser o crescimento espiritual para adorarmos,
vivermos em comunhão, contribuirmos para a edificação dos novos irmãos na fé e
cuidar para que cada pessoa conheça a Cristo.
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IGREJA (Enciclopédia Ilumina)
1) Grupo de seguidores de Cristo que se reúnem em determinado lugar
para adorar a Deus, receber ensinamentos, evangelizar e ajudar uns aos outros (Rm
16.16).
2) A totalidade das pessoas salvas em todos os tempos (Ef 1.22).
VISÃO GERAL
Igreja é um grupo de pessoas que se reúnem para aprender sobre Deus
e adorá-Lo. sempre No tempo do Novo Testamento era um termo novo, que aparece
só em dois versículos dos Evangelhos (Mateus 16:18 e Mateus 18:17). Lucas o
usou bastante no livro de Atos tornando-o mais comum. Paulo também escreveu
sobre a igreja na maioria de suas cartas; e João, no Apocalipse.
O QUE É IGREJA?
No Velho Testamento Israel era simplesmente "a congregação".
A palavra era também usada pelos primeiros cristãos. Com frequência os cristãos
se referiam a si próprios como a igreja ou a congregação. De fato, este é o
real significado da palavra "igreja", que se aplicava tanto a todos
os fiéis no mundo como para qualquer grupo local. Significava a presença total
de Deus num dado local. O Novo Testamento frequentemente usa o singular
"igreja" mesmo quando muitos grupos de fiéis se reúnem (Atos 9:31; II
Coríntios 1;1). O termo "igrejas" é raramente encontrado (Atos 15:41;
16:5). Cada grupo era o lugar onde Deus estava presente (Mateus 16:18; 18:17).
Deus comprou a congregação com o sangue de seu Filho (Atos 20:28). No mundo
grego, "igreja" designava uma assembleia de pessoas ou reunião. Podia
ser um grupo político ou simplesmente um ajuntamento de pessoas. A palavra é
usada com esse sentido em Atos 19:32, 39, 41.
Os usos cristãos específicos dessa palavra variam amplamente no
Novo Testamento.
1. Algumas se referem a uma reunião de igreja. Paulo diz aos
cristãos em Corinto: "...quando vos reunis como igreja"(I Coríntios
11:18). Isso significa que os cristãos são o povo de Deus, especialmente quando
se juntam para adoração.
2. Em textos como Mateus 18:17, Atos 5:11, I Coríntios 4:17 e Filipenses
4:15, "igreja" se refere a todo o grupo de cristãos morando num
lugar. Com frequência, se refere à localização específica de uma congregação
cristã. Observe as frases "a igreja em Jerusalém" (Atos 8:1),
"em Corinto" (I Coríntios 1:2), "em Tessalônica" (I Tessalonicenses
1:1).
3. Em outros lugares, reuniões de cristãos nas casas são chamadas
igrejas. Por exemplo, alguns se reuniam na casa de Priscila e Áquila (Romanos
16:5, I Coríntios 16:19).
4. Através do Novo Testamento, "a igreja" se refere à
igreja universal. Todos os fiéis pertencem a ela (Atos 9:31; I Coríntios 6:4; Efésios
1:22; Colossenses 1:18). A primeira palavra de Jesus sobre o fundamento do
movimento cristão em Mateus 16:18 tem esse sentido mais amplo: "Edificarei
a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela".
A igreja é uma realidade universal. Mas em sua expressão local,
Paulo a ela se refere como "a igreja de Deus" (I Coríntios 1:2; 10:32)
ou "as igrejas de Cristo" (Romanos 16:16). Dessa forma um termo grego
comum recebe seu significado cristão distinto. Ela faz uma distinção entre a assembleia/ajuntamento/comunidade
cristã e todos os outros grupos seculares ou religiosos.
A comunidade cristã se aceitou como a comunidade dos tempos finais.
Ela se viu como um povo chamado para cumprir os propósitos de Deus em enviar
Jesus de Nazaré e sua divina presença. Assim, Paulo diz aos cristãos de Corinto
que eles são aqueles "sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (I
Coríntios 10:11). Isto é, Deus chamou de novo povo tanto o judaísmo como o
mundo gentio. Eles receberiam o poder do Espírito Santo. Compartilhariam as
Boas Novas (Evangelho) do amor absoluto de Deus pela sua criação (Efésios
2:11-22). Os Evangelhos nos relatam que Jesus escolheu 12 discípulos que se
tornaram base desse novo povo. Entendia-se que a igreja era o preenchimento da
intenção de Deus em chamar Israel para ser "luz para os gentios, para
seres a minha salvação até a extremidade da terra" (Isaías 49:6; Romanos
11:1-5). Nessa nova comunidade as velhas barreiras de raça, posição social e
sexo seriam derrubadas. "Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gálatas
3:28). Essa entidade é chamada "corpo de Cristo". Paulo é o único
dentre os escritores do Novo Testamento a falar da igreja como corpo de Cristo
(Romanos 12:5; Efésios 1:22-2, 4:12; I Coríntios 12:12-13). O pensamento de
Paulo pode ter duas explicações:
1. A experiência da estrada de Damasco. Conforme relatos no livro
de Atos, Jesus se identifica com seus discípulos perseguidos (Atos 9:3-7, 22:6-11,
26:12-18). Na perseguição aos primeiros cristãos, que formavam um corpo, Paulo
estava de fato lutando contra o próprio Cristo.
2. O conceito hebreu de solidariedade. Paulo era hebreu de hebreus
(Filipenses 3:5) e nesse contexto, o indivíduo é totalmente considerado parte
de uma nação, não tendo via real isolada do todo. Ao mesmo tempo, todo o povo
pode ser representado por um indivíduo.
A realidade dessa íntima relação entre Cristo e sua igreja é vista
por Paulo como análoga à unidade e conexão do corpo físico (Romanos 12:4-8, I
Coríntios 12:12-27). Assim, todas as funções do corpo têm seu lugar exato.
Divisão no corpo (isto é, na igreja) revela que há algo doente nele. Por diversas
vezes Paulo exortou o "corpo de Cristo" à unidade.
REUNIÕES DA IGREJA
A palavra grega ecclesia é normalmente traduzida como
"igreja". O Novo Testamento algumas vezes fala de uma assembleia
grega secular (Atos 19:32,41). Em muitas passagens, como em I Coríntios 14: 19,
28, 35, Paulo se refere a igreja como uma reunião de fiéis que formam uma
congregação local. Igreja também pode significar todos os fiéis (passados,
presentes e futuros) que formam a igreja universal, o completo corpo de Cristo.
Há muitas igrejas citadas no Novo Testamento, às quais os apóstolos
escreveram cartas de exortação, aconselhamento e instrução (Romanos 16: 3-5, 14,
15: I Coríntios 1:1; I Coríntios 16: 19-20; Colossenses 4: 15-16; Filemom 1:
1-2).
ADORAÇÃO
Quando a igreja se iniciou em Jerusalém, os fiéis se reuniam nos
lares para comunhão e adoração. Atos 2: 42-47 nos conta que os primeiros
cristãos se reuniam nos lares para ouvir os ensinamentos dos apóstolos e para
celebrar a Comunhão ("o partir do pão"). Nesses encontros, também
compartilhavam refeições (II Pedro 2:13; Judas 1:12), recitavam as Escrituras,
cantavam hinos e salmos e alegremente louvavam ao Senhor (Efésios 5:18-20, Colossenses
3: 16-17). Também se reuniam nos lares para orar (Atos 12:12), ler a Palavra e
para ouvir a leitura de uma carta dos apóstolos (Atos 15:30, Colossenses 4:16).
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Lição na íntegra
Escrita Lição 12, CPAD, Sendo a Igreja do Deus Vivo, 3Tr23, Pr
Henrique, EBD NA TV
3° Trimestre de
2023, ADULTOS
EBD, CPAD Adultos – A
IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –Como viver neste mundo dominado pelo
Espírito da Babilônia
TEXTO ÁUREO
“Grande é este
mistério; digo-o , porém , a respeito de Cristo e da igreja”. (Ef 5.32)
VERDADE PRÁTICA
A Noiva de Cristo
não pode ser mundana, pois ela é a guardiã da verdade revelada e suas vestes devem
se manter imaculadas para as Bodas do Cordeiro.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Dn
4.2 5 ; At 17.24 Deus é um ser pessoal que intervém no curso da história
Terça – Mt 5.13,14 Se a verdade for corrompida, deixamos de ser o sal da
terra e a luz do mundo
Quarta – Hb 13.12 A santificação da Igreja é um a obra do Calvário
Quinta – Ap 19.7-9 A Igreja “ santa e imaculada” terá acesso às Bodas do
Cordeiro
Sexta – 2 Tm 4.2 Zelando, vivendo e propagando a mensagem bíblica com
fidelidade
Sábado – Jd 1.3 Batalhando pela fé que foi entregue aos santos
Hinos Sugeridos: 14 4, 215, 4 71 da Harpa Cristã
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE - 1 Timóteo 3.14-16; Efésios 5.25-27,32
1 Timóteo 3
14 – Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa,
15 – mas, se tardar; para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 – E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se
manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos
gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.
Efésios 5
25 – Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela,
26 – para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
27 – para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
32 – Grande é este mistério; digo-o, porém , a respeito de Cristo e da igreja.
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
A igreja local não está livre de influências nocivas que procuram enfraquecer
sua identidade de representante de Cristo no mundo. Por isso, nessa lição, é
importante reafirmar a natureza da igreja e destacar seu relacionamento com
Cristo. Neste relacionamento que, como igreja, nos afastamos do mundo, vivemos
o propósito de Cristo na terra e nos livramos das influências hostis aos
valores eternos da mensagem de Cristo.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar a natureza da Igreja do Deus Vivo;
II) Enfatizar o relacionamento de Cristo com a Igreja por meio da santificação;
III) Elencar as armas da Igreja do Deus Vivo.
B) Motivação: Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos
santos. Entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus
Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de ser Igreja em qualquer lugar em
que Deus nos levar.
C) Sugestão de Método: Inicie a aula de hoje mencionando alguns símbolos que a
Bíblia retrata a respeito da Igreja: Noiva de Cristo, Corpo de Cristo, Casa do
Deus Vivo, Coluna e Firmeza da Verdade. Pergunte à classe o que ela pensa e
imagina quando se deparam com essas expressões.
3- CONCLUSÃO DA
LIÇÃO
A) Aplicação: Fazemos parte do Corpo de Cristo, assim , devemos honrar a
mensagem da Cruz, encontrando-nos santos, puros e irrepreensíveis até a volta
do Senhor. Nesse sentido, zelo e integridade são características da Igreja do
Deus Vivo.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz
reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas
Adultos. Na edição 94, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta
lição.
B) Auxílios Especiais: A o final do tópico, você encontrará auxílios que darão
suporte à preparação de sua aula:
1) O texto “Definição de Igreja” , que ajudará aprofundar o primeiro tópico,
oferece uma explicação a respeito do conceito bíblico de Igreja;
2) O texto “ Corpo de Cristo ” ajudará a aprofundar o segundo tópico, trazendo
a imagem da Igreja como Corpo de Cristo e sua relação com Jesus.
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A NATUREZA DA
IGREJA DO DEUS VIVO
1- A casa do Deus
vivo.
2- A coluna e
firmeza da verdade.
3- O mistério da
piedade.
II – CRISTO E O
RELACIONAMENTO COM A IGREJA
1- Santificação e
pureza.
2- Gloriosa e
irrepreensível.
III- AS ARMAS DA
IGREJA DO DEUS VIVO
1- O zelo pela
verdade.
2- O ensino da
verdade.
INTRODUÇÃO
Os efeitos do
mundanismo são percebidos quando a Igreja deixa de ser pautada pelos valores da
fé cristã (2 Tm 3.1-5). Infelizmente, ela não está imune a influências nocivas
da sociedade (2 Pe 2.1). Nesta oportunidade, vamos abordar a natureza da
igreja, seu relacionamento com Cristo e as armas que impedem a mundanização da
Igreja local. A proposta é chamar atenção para o papel da Igreja do Deus vivo,
como coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15).
Palavra-Chave: IGREJA
I – A NATUREZA DA
IGREJA DO DEUS VIVO
1- A casa do Deus
vivo
Paulo orienta
Timóteo a como “andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo” (1 Tm
3.15a). A expressão “casa de Deus” foi emprestada do Antigo Testamento,
onde o termo frequente é “casa do Senhor” (1 Rs 3.1; 1 Cr 22.11). O uso
original da expressão refere-se ao Templo, mas o complemento “que é a igreja do
Deus vivo” inclui o conjunto de membros da igreja.
O apóstolo ainda
usa os vocábulos “domésticos da fé” (Gl 6.10); “ família de Deus” (Ef 2.19);
“corpo de Cristo” (1 Co 12.27); e “ templo de Deus” (1 Co 3.16). A sentença
“Deus vivo” enfatiza o verdadeiro Deus em contraste com os ídolos mortos (1 Co
8.4; 2 Co 6.16; 1 Ts 1.9), fazendo alusão à doutrina bíblica de que Deus é um
ser pessoal, distinto da Criação e que, ao mesmo tempo, se relaciona com a
criatura, atuando na história humana (Dn 4.25; At 17.24).
2- A coluna e
firmeza da verdade
A Bíblia assegura
que a Igreja do Deus vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15b). Nessa
metáfora, a Igreja é o fundamento que sustenta a verdade, ou seja, significa
que foi instituída como guardiã da verdade por Deus revelada (2 Tm 1.13,14).
Essa verdade é o Evangelho de Cristo, a s Boas-Novas de salvação e suas
imutáveis doutrinas (Gl 2.5; Ef 1.13; Cl 1.5).
Portanto, é
responsabilidade da Igreja propagar, testemunhar e defender a verdade do
Evangelho (Mt 28.20; Jo 18.37; Jd 1.3). Desse modo, no zelo pela verdade, os
líderes da igreja devem ser irrepreensíveis e capazes de repudiar os falsos
mestres e suas heresias (1 Tm 3.1-13). Se a verdade do Evangelho for
corrompida, então, a igreja deixa de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt
5.13,14).
3- O mistério da
piedade
A verdade do
Evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6). Nessa concepção, o apóstolo
Paulo diz: “ grande é o mistério da piedade” (1 Tm 3.16a). Devemos, aqui, ter
atenção para as palavras “ mistério” e “piedade”. A primeira sinaliza que a
verdade do Evangelho foi revelada aos santos (Cl 1.26); a segunda retrata a
base do cristianismo que é a fé cristã. Na sequência, o apóstolo
sintetiza tudo isso com a expressão “o mistério da piedade” , o Evangelho
revelado, a fé cristã estabelecida no seguinte evento: Cristo “ que se
manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos
gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1 Tm 3.16). Assim , a
Igreja é a fiel portadora dessa verdade (2 Co 2.17).
SINOPSE I
A Igreja é a casa
do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade, fiel portadora da verdade do
Evangelho.
AUXÍLIO TEOLÓGICO -
“DEFINIÇÃO DE IGREJA
Hoje, ‘igreja’ comporta vários significados. Refere-se frequentemente ao prédio
onde os crentes se reúnem (por exemplo: ‘Estamos indo à igreja’). Pode indicar
a nossa comunhão local ou denominação (‘Minha igreja ensina o batismo por
imersão’ ) ou um grupo religioso regional ou nacional (‘a igreja da
Inglaterra’). A palavra é empregada frequentemente com referência a todos o s
crentes nascidos de novo, independentemente de suas diferenças geográficas e
culturais (‘a Igreja do Senhor Jesus Cristo’ ). Mas seja como for, o
significado bíblico de ‘igreja’ refere-se primariamente não às instituições e
culturas, mas sim às pessoas reconciliadas com Deus mediante a obra salvífica
de Cristo e que agora pertencem a Ele” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.537-38).
II – CRISTO E O
RELACIONAMENTO COM A IGREJA
1- Santificação e
pureza
Paulo ensina que
Cristo morreu pela Igreja: “para que a santificasse, tendo a purificado por
meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26-ARA). O texto mostra que, na
regeneração, Cristo nos purifica do pecado (1 Co 6.11; Tt 3.5) e que, no propósito
do calvário, estava inclusa a nossa santificação (1 Ts 4.16; Hb 13.12). A
expressão “a lavagem da água” é usada de forma figurada, simboliza a Palavra de
Deus que opera uma limpeza espiritual (Jo 15.3). Nesse sentido, Cristo orou:
“santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Ora, sabemos
que a Santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para
a volta do Senhor (1 Pe 1.15; Hb 12.14). Esse processo é contínuo até a
glorificação final no dia de Cristo (Rm 6.22; 8.30; Fp 3.21).
2- Gloriosa e
irrepreensível
A santificação tem
como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27). A Escritura compara a
relação de Cristo com a Igreja, com a do marido com a esposa (2 Co 11.2). Assim
, a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap
21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo a
santifica para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2 Ts 2.13). A ausência
de “mácula” e de “ruga” significa sem mancha alguma de ordem moral ou
espiritual. Vestida nesse grau de pureza, somente a igreja “santa e imaculada”
terá acesso à ceia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Acerca disso, Cristo
advertiu não ser possível entrar nas bodas sem a devida veste nupcial (Mt
22.11-13).
SINOPSE II
A santificação, a
pureza e o caráter irrepreensível da Igreja se destacam no relacionamento de
Cristo com ela.
AUXÍLIO TEOLÓGICO -
“CORPO DE CRISTO
Figura bíblica da máxima a relevância para representar a Igreja é o “corpo de
Cristo”. Era a expressão predileta do apóstolo Paulo, que frequentemente
comparava os inter-relacionamentos e funções dos membros da Igreja com partes
do corpo humano. Os escritos de Paulo enfatizam a verdadeira união, que é
essencial na Igreja. Por exemplo: “O corpo é um e tem muitos membros… assim é
Cristo também” (1 Co 12.12). Da mesma forma que o corpo de Cristo tem o
propósito de funcionar eficazmente como uma só unidade, também os dons do
Espírito Santo são dados para equipar o corpo “pelo Espírito Santo… o mesmo
Senhor… o mesmo Deus que opera tudo em todos… para o que for útil” (1 Co 12.4-7
)” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2004, p.544-46).
III- AS ARMAS DA
IGREJA DO DEUS VIVO
1- O zelo pela
verdade
Enfatizamos que a
verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc 21.33; Jo 17.17), ou seja, o
Evangelho de Cristo é a única verdade (Jo 14.6). Nesse caso, a igreja é a “fiel
depositária” dessa verdade (1 Tm 3.15). E, por isso, os salvos em Cristo são
despenseiros da mensagem da redenção (1 Pe 4.10). Para ilustrar essa
responsabilidade, levemos em conta o uso que Jesus fez de símbolos que remontam
à responsabilidade espiritual: “os dois servos” (Mt 24.45-51); “os talentos” (Mt
25.14-30); “o servo vigilante” (Lc 12.35-38); “o mordomo infiel” (Lc
16.1-13); e “as dez minas” (Lc 19.12-26).
Todas essas
parábolas trazem a imagem da responsabilidade que cada salvo deve ter enquanto
espera o Senhor da Igreja voltar. Esse compromisso é inegociável, pois
espera-se que o salvo cumpra o seu dever com irrestrita lealdade. Assim , a
Igreja deve zelar pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem
bíblica com fidelidade (2 Tm 4.2).
2- O ensino da
verdade
Deus constituiu
líderes para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef 4.11,12). Portanto, o
líder deve estar apto para ensinar (1 Tm 3.2). Isso refere-se à capacidade de
compreender as Escrituras, defender a ortodoxia e refutar as heresias (Tt 1.9).
Desse modo, um líder vocacionado não cede ao liberalismo teológico, ecumenismo
e sincretismo religioso (2 Co 2.17; 2 Tm 4.3,4 ). Logo, a verdade bíblica deve
ocupar a primazia na igreja (1 Tm 4.13; 2 Tm 2.15).
Não por acaso, na
tese 54, Lutero ensinou que ofendemos a Palavra de Deus quando no
sermão não há tempo para o estudo da Bíblia, ou seja, quando a exposição da
Bíblia não é o cerne da pregação. Não ensinar as Escrituras, relativizar suas
doutrinas ou fazer concessões ao pecado equivale fazer a igreja refém do
mundanismo. Portanto, somente a verdade de Deus é capaz de libertar o pecador
(Jo 8.32).
SINOPSE III
Zelo e ensino pela
verdade são duas das principais armas da Igreja do Deus vivo.
CONCLUSÃO
Diante dos ataques
de desconstrução da fé, a Igreja do Deus vivo precisa ser vigilante (1 Co
16.13). Ela é a guardiã da única verdade que liberta (Jo 8.36). A mensagem da
cruz não pode ser ressignificada. Cristo morreu e ressuscitou por amor à
Igreja e a requer santa, pura e irrepreensível (Ef 5.27). Portanto, a Noiva de
Cristo não pode macular suas vestes. Seu papel abarca o ensino e a defesa com
todo o zelo da integridade da verdade revelada (1 Tm 4.16).
REVISANDO O
CONTEÚDO
1- O que a Bíblia
assegura? A Bíblia assegura que a Igreja do Deus vivo é a coluna e firmeza
da verdade” (1 Tm 3.15b).
2- Em quem a verdade do Evangelho está personificada? A verdade do
Evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6).
3- Segundo a lição, o que é o ato de santificação? A santificação é o ato
de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1 Pe 1.15; Hb
12.14).
4- Qual é o alvo da santificação? A santificação tem como alvo preparar
uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef 5.27).
5- Cite pelo menos duas imagens que simbolizam a responsabilidade da
Igreja. Os dois servos e servo vigilante.