Escrita Lição 12, CPAD, Sendo a Igreja do Deus Vivo, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

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 Para me ajudar PIX 33195781620 (CPAF) Luiz Henrique de Almeida Silva

3° Trimestre de 2023, ADULTOS, EBD, CPAD, Adultos – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –Como viver neste mundo dominado pelo Espírito da Babilônia

  



TEXTO ÁUREO

“Grande é este mistério; digo-o , porém , a respeito de Cristo e da igreja”. (Ef 5.32)

  

VERDADE PRÁTICA

A Noiva de Cristo não pode ser mundana, pois ela é a guardiã da verdade revelada e suas vestes devem se manter imaculadas para as Bodas do Cordeiro.

  

LEITURA DIÁRIA

Segunda – Dn 4.2 5 ; At 17.24 Deus é um ser pessoal que intervém no curso da história
Terça – Mt 5.13,14 Se a verdade for corrompida, deixamos de ser o sal da terra e a luz do mundo
Quarta – Hb 13.12 A santificação da Igreja é um a obra do Calvário
Quinta – Ap 19.7-9 A Igreja “ santa e imaculada” terá acesso às Bodas do Cordeiro
Sexta – 2 Tm 4.2 Zelando, vivendo e propagando a mensagem bíblica com fidelidade
Sábado – Jd 1.3 Batalhando pela fé que foi entregue aos santos

 

Hinos Sugeridos: 14 4, 215, 4 71 da Harpa Cristã

  

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Timóteo 3.14-16; Efésios 5.25-27,32

1 Timóteo 3
14 – Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa,
15 – mas, se tardar; para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 – E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.

Efésios 5
25 – Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
26 – para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
27 – para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
32 – Grande é este mistério; digo-o, porém , a respeito de Cristo e da igreja.

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

I – A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO

1- A casa do Deus vivo. 

2- A coluna e firmeza da verdade. 

3- O mistério da piedade. 

II – CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

1- Santificação e pureza. 

2- Gloriosa e irrepreensível. 

III- AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO

1- O zelo pela verdade. 

2- O ensino da verdade. 

 

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SUBSÍDIOS PARA A LIÇÃO

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Eclesiologia —a Doutrina da Igreja - Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD

Geremias do Couto

 

Igreja do Senhor Jesus jamais perdeu a sua relevância histórica, não obstante as frustradas e constantes tentativas perpetradas pelo Inimigo para destruí-la através dos tempos. Ainda hoje, cerca de dois mil anos após a sua inauguração no Pentecostes, suas fronteiras continuam em expansão através do mundo, suportando todos os ventos contrários e cumprindo a missão para a qual foi por Deus estabelecida.

Conquanto a Igreja, como Corpo, seja muito mais que uma organização, a História é pródiga em revelar que muitas instituições sucumbiram com o tem­po, comprovando a tese de que qualquer organização, por mais forte que seja, tem a sua trajetória bem definida em três fases distintas — crescimento, ápice e decadência —, para então submergir-se nas lembranças do passado.

Não é assim com a Igreja. Ela se caracteriza por uma natureza singular, que lhe assegura plena capacidade de resistir aos ataques das forças malignas e ter continui­dade histórica nas circunstâncias mais adversas, até que cumpra o seu objetivo.

Introdução à Eclesiologia

Como explicar a força e a permanência de uma instituição como a Igreja, que contraria toda a lógica daqueles que trabalham contra ela? Como conseguiu

transpor adversidades que, em circunstâncias comuns, teriam sido a sua própria sepultura? Que força a mantém viva e atuante em meio a uma sociedade relativista e secularizada como a atual? Que esperança fortaleceu a fé daqueles que, ao longo da História, foram torturados e mortos por não negarem a sua fé em Cristo e serviram de esteio para a fé invicta de futuros cristãos?

O segredo está em sua origem. Apesar de sua constituição humana, tem pro­cedência divina, pois foi estabelecida pelo próprio Deus, que a sustenta e faz com que tudo quanto projetou para ela, em sua trajetória, se realize. De outra forma, só saberíamos algo a seu respeito, hoje, apenas através das páginas empoeiradas dos historiadores, e não de sua pujante e aguerrida presença contemporânea na luta contra o mal e na proclamação das boas novas trazidas ao mundo com o primeiro advento de Cristo.

Conhecer o que a Bíblia revela acerca da Igreja fortalece a fé, anima a cami­nhada e traz segurança quanto à prática dos atos a ela inerentes no mundo. A batalha diária dos que pertencem a ela não é inglória, sem sentido, mas significa testemunhar a ação de Deus através da História até o ápice do plano divino na consumação de todas as coisas. Assim, é sumamente significativo conhecer como tudo começou, por onde passa a peregrinação da Igreja, qual o seu papel histórico no mundo e aonde ela chegará ao final de sua caminhada.

A Igreja como um projeto de Deus

A Igreja foi, desde a eternidade, concebida na mente de Deus. Isso, por si só, explica a sua peculiar natureza como povo adquirido, que não se verga diante das pressões do mundo. Tal qual um engenheiro sobre a prancha, para usar uma lin­guagem adequada ao nosso conhecimento, Deus a projetou em toda a sua dimensão divina e histórica, prevendo cada detalhe desde a sua concepção até ser inaugurada no dia de Pentecostes, para daí seguir a sua trajetória através dos tempos.

Assim como o mundo não surgiu do acaso nem da vontade humana, a Igreja veio à existência pela vontade exclusiva e soberana de Deus para cumprir um propósito especial sobre a face da Terra.

Definição. O vocábulo “igreja” se traduz do grego ekklesia e significa “os cha­mados para fora” para constituir um agrupamento de pessoas compromissadas com Cristo e a proclamação do seu evangelho por toda a Terra. O termo cor­respondente, no hebraico, é kaal, reportando-se à congregação do povo de Israel, constituído para adorá-lo em meio às nações pagãs.

A palavra “igreja” indica o propósito para o qual Deus estabeleceu esse pro­jeto; não se reporta especificamente a esta ou àquela denominação nem às suas estruturas em si mesmas, mas ao povo de Deus espalhado sobre a face da Terra, em todas as épocas desde ao seu estabelecimento.

Um projeto oculto no mistério de Deus. O texto de Efésios 3.I-I2 descreve a dimen­são desse projeto, no passado, como um mistério oculto em Deus. Em tradução teológica, o termo em apreço se reporta aos “segredos revelados, propósitos ocultos dos homens por longas eras, mas que foram finalmente descortinados por meio da revelação divina”. O apóstolo Paulo alude três vezes à expressão na mesma passagem com o mesmo significado.

Paulo se encarrega de definir o tal projeto divino como o ato “de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.9). E conclui o seu raciocínio afirmando tratar-se também dos gentios como “coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef. 1.6).

O termo em questão implica que Deus estabeleceu, desde a eternidade, um projeto cujo ápice na História só terá sentido mediante a encarnação do Verbo, já ocorrido no passado (Jo 1.14), estabelecendo o divisor entre o antigo e o novo pacto, bem como as bases para a ação presente da Igreja. Isso porque a morte do Cordeiro, que dá origem à existência da ekklesia, foi também prevista na mente de Deus antes que o mundo fosse criado (Ef 1.4).

Por outro lado, o fato de a Igreja ter estado oculta no mistério de Deus implica os seguintes desdobramentos:

Não obstante a linearidade da História, e os seus movimentos aparente­mente cíclicos (ainda que não o seja de fato), todos os eventos bíblicos, desde os primórdios da raça humana, contribuíram para a chegada do momento da revelação do mistério em Cristo.

Mesmo em situações nas quais o livre-arbítrio do homem o tenha levado a tomar atitudes em absoluto antagonismo contra o plano de Deus, criando cir­cunstâncias que pareciam acabar de vez com a possibilidade de o divino projeto vir à existência, o Altíssimo agiu soberanamente através delas — as circunstâncias

para que o seu propósito não fosse frustrado.

Os profetas do Antigo Testamento vaticinaram um tempo de graça no mundo — o tempo da Igreja — sem que eles mesmos tivessem noção exata de como seria essa indizível manifestação da graça divina. Anteviram a revelação do mistério (a Igreja), mas não puderam discerni-lo.

Um projeto de Deus melado aos homens. A Igreja veio à existência na “plenitude dos tempos” (Ef I.IO), no momento exato determinado por Deus. A sobrenatural humanização do Verbo — também na “plenitude dos tempos” — constituiu-se no início da revelação desse glorioso mistério ao mundo (G14.4). Ali o Emanuel, o Deus irmanado conosco, começou a transpor-se da mente de Deus para a realidade humana, posto que, em Cristo, todos quantos o recebem, quer judeus, quer gentios, formam um só Corpo mediante a promessa do evangelho.

Toda a concepção divina para a redenção humana passa por Jesus, a pe­dra angular do projeto de Deus — a ekklesia — em relação ao mundo. Ela, consequentemente, não pode ser dissociada de Cristo; nem este dela. E a sua humanização que cria a Igreja e a torna depositária da revelação do mistério de Deus (cf Ef 1.4).

Assim como no Antigo Testamento existiu a congregação do povo de Israel, para receber o conhecimento de sua revelação, de igual modo a Igreja dá conti­nuidade ao plano divino na atualidade.

Um projeto com riquezas incompreensíveis. Como resultado direto do projeto de Deus, a Igreja tem uma missão, qual seja de anunciar as riquezas incompreensí­veis de Cristo. O termo vem do grego anexichniastos e tem a ver com as “etapas de Deus na revelação de seu plano para o homem acerca das riquezas de sua graça em todas as eras”.

A mensagem do evangelho da graça de Deus é universal porque o seu alcance cobre desde o princípio da criação até a consumação final do propósito divino. Com isso concorda Alcebíades Pereira de Vasconcelos:

Desde que Deus nos elegeu em Cristo para sermos salvos por Ele antes da fundação do mundo, foi que surgiu o plano de Deus, a Igreja fiel. Portanto, todos os salvos, em todos os tempos da história humana, são membros da mesma Igreja, que inclui os nomes dos salvos que estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro, que foi morto antes da fundação do mundo.'

Em todas as épocas, a partir do Éden, Deus permitiu que o homem, através dos sacrifícios que apontavam para a cruz, tivesse acesso, pela fé, às riquezas da graça de Cristo. Eles olhavam ao longe; a promessa era ainda para o futuro. Nós, e todos quantos vierem depois, até que o plano de Deus se complete, olhamos para o pretérito, pois a promessa já se realizou no Calvário (cf. Hb 11.39,40) e deu origem concreta à Igreja.

As riquezas anunciadas pela Igreja, por sua vez, apresentam conteúdo inigua­lável. Que outro povo ou instituição teria uma mensagem tão rica e completa? Apenas a Igreja de Cristo. Através da ação do Espírito Santo, ela abre os tesou­ros das profundezas de Deus para os dias de hoje, que implica tomar posse das bênçãos presentes do Reino de Deus. E alimenta a esperança do crente quanto à era vindoura, onde fruirá de todas as promessas para aquela época, na qual o plano divino será consumado em toda a sua plenitude.

Como projeto de Deus, a Igreja tem, ainda, compromisso com o resultado da mensagem. Aqui está um dos segredos de sua existência através dos séculos. O que ela prega produz frutos permanentes. Há o tempo de semear; e o de colher. Ambos lhe pertencem (SI 128.6; Jo 4.35). Nenhum sistema político conseguiu, e jamais conseguirá, colocar no mesmo projeto pessoas de posições sociais tão díspares, compartilhando do mesmo processo, vivendo as mesmas expectativas e aguardando a mesma esperança (G1 3.10,11).

Somente a Igreja, antecipando a realidade escatológica do Reino de Deus, anuncia em Cristo, aqui e agora, a salvação e a vê realizada naqueles que aceitam o Salvador, o que, como resultado da redenção do pecado, implica, entre outras coisas: gozo, paz, justiça, solidariedade e esperança — “porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17).

Um projeto que manifesta a multiforme sabedoria de Deus. Aqui está o cerne da res­ponsabilidade da Igreja: manifestar a multiforme sabedoria de Deus. O termo “multiforme” contrapõe-se a “uniforme”. Não obstante as leis imutáveis (que Deus jamais transgride), Ele é de uma grandeza e profundidade incomensuráveis, inclusive ao criar situações que ao homem parecem absurdas. Todavia, sempre com o propósito de amoravelmente atraí-lo para si. São as supostas “esquisitices” de Deus.

Eis alguns exemplos:

A jumenta que falou a Balaão (Nm 22.21-31).

Os corvos que alimentaram Elias junto ao ribeiro de Querite (I Rs 17.1-7).

O lodo feito de cuspe por Jesus como símbolo para curar a cegueira de um homem (Jo 9.6,7).

Essas e outras experiências semelhantes sempre apontavam para algum pro­pósito. Elas não tiveram caráter sensacionalista e não podem, por isso mesmo, constituir-se em regra ou doutrina para a igreja hodierna. Ou seja, não serão necessariamente repetidas, pois tiveram finalidade específica. Até mesmo por­que, se assim fosse, a sabedoria de Deus deixaria de ser multiforme. Vale aqui o princípio: A experiência é única, pessoal e intransferível, não podendo jamais sobrepor-se à Palavra de Deus.

No entanto, Deus não está limitado em sua forma de agir. Isso implica, por outro lado, uma Igreja multiforme para uma sabedoria multiforme. Como projeto de Deus e parte do mistério agora revelado ao mundo, a ekklesia precisa corresponder à expectativa divina e proclamar, com igual criatividade, a multiforme sabedoria de Deus.

Não se trata de mudar a mensagem ou “ajustá-la” ao modus vivendi da sociedade. Mas significa encontrar canais adequados para a realidade de hoje, pelos quais possa ela fazer fluir a água da vida, alicerçando-se sobre o verdadeiro fundamento que sustenta a sua existência (I Co 3.10-15).

A Igreja e seu fundamento

Como projeto de Deus que veio à existência mediante a encarnação de Cristo, a Igreja é retrata na Bíblia como uma obra em edificação. Esse rico simbolismo aponta para a necessidade de um fundamento, sem o qual nenhuma construção é capaz de ser erguida em condições de se manter de pé ou suportar a ação do tempo em suas estruturas (Mt 7.24-27).

A mídia, vez ou outra, veicula notícias de prédios que ruíram por terem fracos alicerces e estruturas inadequadas. Não tivesse a Igreja um fundamento inabalável, teria também o mesmo fim, pois os fortes ventos das tempestades sempre sopraram contra ela, e estes serão cada vez mais violentos à medida que se aproxima o fim dos tempos. O texto de Mateus 16.13-18 trata com especial clareza da questão do fundamento:

E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns,

João Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhe ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

Como núcleo da Igreja incipiente, os discípulos foram preparados por Cristo para serem as colunas de sustentação apostólica do cristianismo bíbli­co. Eles teriam a responsabilidade ímpar de iniciar a construção desse grande edifício. Chegara, portanto, o momento supremo em que se descortinaria para a História o projeto concebido na mente de Deus. Com esse propósito, o Mestre inicia uma reflexão e lhes faz uma pergunta questionadora: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (v. 13).

Uma pergunta questionadora. À primeira vista, numa leitura menos teológica, tem- se a impressão de que o Senhor está em processo de autoafirmação, buscando, por isso, o reconhecimento da opinião pública. No entanto, à medida que se aprofunda o diálogo, verifica-se que foi apenas o ponto de partida para chegar ao cerne da questão: o fundamento da Igreja nascente.

É óbvio que a pergunta enseja, de início, a oportunidade de os discípulos mostrarem o que pensava a opinião pública. Aqui há uma descoberta interessante, que serve de lição para o dia a dia: as percepções sobre a vida variam de pessoa para pessoa e podem ser classificadas em níveis distintos. São fatores diversos

internos e externos — que determinam essa variação.

A avaliação apresentada pelos discípulos reflete essa realidade. Não obstante a clareza da mensagem pregada pelo Senhor, o máximo que as respostas indicam é uma percepção equivocada que situa Cristo ao nível dos profetas do Antigo Testamento (v. 14). Os judeus não tinham ainda percebido a sua messianidade.

Uma resposta reveladora. É provável que até mesmo os discípulos ainda nutrissem dúvidas sobre o caráter messiânico do advento de Cristo. Talvez tivessem uma percepção parecida com a da opinião pública. Neste ponto crucial, o Senhor restringe o campo de sua pesquisa e lhes faz a pergunta decisiva: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (v. 15).

Da resposta dependeriam os passos seguintes. Contudo, o que se percebe do texto de Mateus 16, num aparente hiato entre os versículos 15 e 16, é a retração do grupo. A percepção externa já cristalizada, como se Cristo fosse apenas um profeta, não favorece uma posição clara. Essa ênfase é proposital porque, atualmente, em diversos casos, a percepção quanto à posição da Igreja de Cristo é conduzida pelo que os outros pensam e dizem a respeito, e não pelo que a Bíblia revela.

Todavia, no exato momento em que os discípulos se encontram aparentemente perplexos, diante da inquiridora pergunta, entra em cena a revelação sobrenatural. Pedro, tomado pelo Espírito Santo, torna-se o porta-voz do grupo e declara: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Aqui está o reconhecimento implícito da messianidade de Jesus, pedra de toque do arcabouço teológico que dá vida à Igreja.

O Cristo da História, que viveu na dimensão humana como enviado do Pai, incorporava em si mesmo toda a plenitude da divindade (Cl 2.9). Esse é o sentido da revelação dada por Deus a Pedro. Tirar, portanto, doutrina do fundamento eclesiástico da centralidade da pregação é deixar a Igreja anômala e sem consistência bíblica.

Uma declaração conclusiva. Chega-se, agora, ao ponto de tensão sobre quem seria o fundamento da Igreja. Inicialmente, o Senhor esclarece a origem da revelação: não foi fruto da percepção humana equivocada (carne e sangue':, mas resultado da ação direta de Deus, mediante o Espírito Santo no coração de Pedro (v. 17). Em segundo lugar, através de um recurso estilístico, no grego, estabelece de forma precisa que o fundamento da ekkesia está na confissão do apóstolo (v. 18).

Cristo cita duas palavras da mesma raiz, mas com significados diferentes, que expressam a dimensão exata da revelação. A primeira, petros (o nome do discípu­lo), significa “um fragmento de pedra”. A segunda, petra, traduz-se como “rocha inamovível”. Está claro que o Senhor, ao mesmo tempo em que reconhecera a sensibilidade espiritual de Pedro como um fragmento de pedra, deixou também estabelecido que a Igreja está edificada sobre a Pedra inamovível — Cristo, o Filho do Deus vivo —, que se constituiu na confissão pública do apóstolo.

O Senhor foi mais além, ao declarar a completa vitória da Igreja sobre as portas do inferno. Tal afirmativa revela a plena autoridade de Cristo para cumprir cabal­mente o plano divino concernente ao mundo, segundo a Palavra de Deus. Por outro lado, fosse Pedro o tal fundamento, ou qualquer outro dos discípulos, a Igreja não teria resistido aos fortes vendavais que sopraram sobre ela ao longo da História, e nem suportaria os ventos que hoje tentam desviá-la da rota (Ap 3.10).

Cristo, o fundamento inamovível da Igreja. Uma regra áurea de interpretação bíblica determina que não se pode interpretar o texto isoladamente, sem levar em con­sideração o contexto. Portanto, considera-se como doutrina aquela que desfruta de respaldo em toda a Bíblia. Não é o caso do dogma romanista que situa Pedro como fundamento da Igreja. Senão, vejamos:

0 livro de Atos dos Apóstolos, que narra os primeiros passos da Igreja, em nenhum momento deixa transparecer a ideia de que Pedro é o fundamento da ekklesia. Nos primeiros treze capítulos, aparece tomando várias iniciativas, mas a partir daí, com exceção do capítulo 15, que trata do Concilio de Jerusalém (no qual ele desponta no mesmo nível dos demais apóstolos), sai de cena.

Desde o momento em que Jerusalém começa a entrar em declínio político, antes da diáspora do ano 70, Deus se move através das circunstâncias para trans­ferir o núcleo da Igreja das fronteiras judaicas para outro local estratégico. E assim que nasce a obra em Antioquia. A Bíblia identifica os personagens principais dessa fase como crentes anônimos, dispersos pela perseguição, e cita Barnabé e Paulo em fase posterior. A liderança de Pedro sequer é mencionada (At 11.19-26).

Nenhuma das Epístolas faz alusão a Pedro como alguém que estivesse ocupando posição de proeminência. Nem mesmo a que foi escrita por Paulo aos Romanos o destaca. E pelo menos em uma ocasião sofre críticas de Paulo, em razão de sua atitude dissimulada no seu relacionamento com os gentios (GI 2.11-I5). Houvesse Pedro sido nomeado pelo Senhor o fundamento da Igreja, o Novo Testamento cuidaria de registrar, com detalhes, os fatos que apontassem nessa direção.

Vejamos, também, como se posiciona o Novo Testamento em relação a Cristo como o fundamento da Igreja. Paulo, em I Coríntios, é enfático: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (3.11). O apóstolo segue a mesma linha da declaração reveladora no ato da confissão de Pedro. Mas é possível que algum crítico possa pôr em dúvida a sua afirmação, alegando tratar-se de rivalidade entre ele e Pedro. Fosse dessa forma, ter-se-ia de Pedro outro posicionamento.

Entretanto, o apóstolo Pedro reitera a mesma posição de Paulo. Em Atos 4.11 e I Pedro 2.4-7, ele não reivindica qualquer pretensão papista; antes, apre­senta Cristo como a pedra principal de esquina. Esta expressão denota a ideia de centralidade no alicerce de uma construção e está em sintonia com a teologia paulina. É tanto que Paulo faz uso da mesma linguagem em Efésios 2.19-22:

Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.

Assim sendo, o Novo Testamento ratifica a doutrina que sustenta a posição de Cristo como o fundamento eterno e inabalável da Igreja, que, a partir de sua inaugura­ção no dia de Pentecostes, iniciou a sua peregrinação pelos caminhos da História.

A Igreja peregrina

Já se vão cerca de dois mil anos de peregrinação da Igreja no mundo. Desde aquele pequeno núcleo em Jerusalém, com apenas doze discípulos, até os dias de hoje, é uma história de franca e vitoriosa expansão. Não obstante as intensas perseguições dos primeiros séculos e tantas outras ao longo do tempo, seja de forma generalizada, seja de forma isolada, em regiões que não admitiam (ou ainda não admitem) a ação da Igreja em suas fronteiras, ela aí está como um permanente desafio às portas do inferno.

Cabe também acrescentar, como enfrentamentos da Igreja ao longo de seu percurso, entre outros, as ambiguidades humanas, o florescimento das heresias, a submissão ao poder político e os efeitos maléficos da institucionalização eclesi­ástica. Nada disso, todavia, tem sido capaz de detê-la, em razão de sua origem.

Peregrinação histórica. O que faz a Igreja em sua peregrinação histórica? Que papel desempenha no cumprimento de sua missão? Ela atua basicamente em três áreas que se interconectam e lhe dão completude em seu singular propósito:

Resgatar os pecadores para Cristo.

Torná-los integralmente compromissados com a causa do evangelho.

Prepará-los para a sua mudança definitiva para o Céu. Nenhuma outra atividade pode ter qualquer primazia em detrimento de tais responsabilidades. Toda ação que ela desenvolve na presente era precisa estar em perfeita sintonia com os termos acima.

O vocábulo “tabernáculo”, que aparece em 2 Coríntios 5.1-4, é muito ade­quado à ideia de peregrinação. Quando analisado sob a perspectiva restrita do texto, aplica-se ao corpo do crente que se revestirá da imortalidade, para desfrutar das promessas da era vindoura (I Co 15.42-58). Porém, ele traz, no original, em primeiro lugar, a ideia de movimento.

Como uma tenda portátil, o Tabernáculo se desmontava e era deslocado de um lugar para outro, quando o povo de Israel peregrinava no deserto. Em sentido mais amplo, o termo denota a mesma perspectiva em relação à Igreja, cuja visão não se circunscreve a este mundo nem se realiza na materialidade da vida terrena.

A Igreja se caracteriza como peregrina, de passagem pela Terra, movendo-se pelos caminhos da História, no aguardo da bem-aventurada esperança — a hora do desfecho do plano de Deus a seu respeito: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13).

Outra ideia implícita no vocábulo “tabernáculo” é a da transitoriedade. Os po­vos nômades, como os beduínos do deserto, obrigam-se a usar esse tipo de habitação, pelo seu caráter provisório, já que sempre se deslocam de uma terra para outra. No entanto, aqueles que têm residência estável optam por moradia definitiva.

A expectativa de cada crente é a mesma. A posse em definitivo da eterna herança é comparada pelo apóstolo Paulo à desmontagem do Tabernáculo, cujo uso não terá mais sentido para a conquista definitiva de um edifício construído por Deus, que implica o recebimento de um corpo imortal e incorruptível. É o estágio final da peregrinação do salvo (I Jo 3.2).

Para a Igreja, comunidade dos fiéis, significa o findar de sua peregrinação terrena comprometida com a causa do evangelho para fixar-se definitivamente nas moradas eternas (Jo 14.1-3). Será o coroamento de seu mover-se na transitoriedade histórica de sua missão entre os homens.

Peregrinação consciente. A transitoriedade da Igreja na Terra não significa, por outro lado, uma postura alienada e contemplativa, que aguarda apenas a conquista da recompensa final. O texto de 2 Coríntios 5.3 — “se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus” — pode ser compreendido sob o seguinte ângulo: as vestimentas de salvação de que falou Isaías (61.10) re­presentam, hoje, a garantia da conquista da futura imortalidade. E o mortal absorvido pela vida.

Entretanto, a falta de compromisso, no presente, com as implicações da salvação pode deixar o crente despido e desqualificado para se apresentar diante do Pai e ser revestido da imortalidade. A salvação resgata o homem do mundo e lhe assegura a redenção definitiva do corpo do pecado. E o salvo, aqui e agora, firma um compromisso consciente com o serviço cristão (Jo 5.17; Cl 1.29).

Enquanto os israelitas, guiados por Moisés, atravessavam o deserto, tendo como centro de culto o Tabernáculo — que se movia em direção à terra prometida —, lidaram com as questões atinentes à peregrinação sem perder de vista, pela fé, a conquista de Canaã. Não foi uma travessia apenas contemplativa, pois, além da espiritualidade, representada na liturgia cultuai, houve organização, normas gerais de conduta, alimentação saudável e o acompanhamento da vida de cada indivíduo em sua integralidade (Êx 18.13-26; 20.1-26; 22.1-31; Lv I.I-I7).

A Igreja segue o mesmo padrão de Israel. A expectativa da chegada no Céu é uma força motivadora para que ela exerça, hoje, a sua espiritualidade no mais alto nível e esteja consciente dos reflexos de sua relevância no mundo através do serviço.

Duas posições equivocadas. Infelizmente, a falta de equilíbrio quanto à visão da sua missão integral gerou, na história eclesiástica recente, duas posições antagônicas:

Uma restringiu o evangelho apenas às questões da alma e esqueceu-se de que o homem ainda vive no mundo.

A outra resvalou para o outro extremo e produziu o chamado evangelho social, em que predomina apenas a preocupação com as injustiças, a pobreza, a opressão e os desequilíbrios sociais, sem que isso seja parte da plena espiritualidade.

Ambas as posições estão erradas. Não se discute a prioridade das boas novas: redimir o homem dos seus pecados e integrá-lo na Igreja para uma vida devocional sadia e crescente. Contudo, se houve redenção, essa mudança proporciona, aqui e agora, um novo tipo de atitude não só comportamental e ética, mas também de não conformação com toda sorte de injustiças.

E assim que se concilia o ensino de Paulo sobre fé e obras (Rm I.116,17) e o de Tiago sobre obras e fé (Tg 2.14-26). A missão integral da Igreja implica, portanto, proclamação das boas novas de salvação até às extremidades da Terra e condução dos crentes a uma vida cristã incontaminada; os quais, por causa de sua fé viva, con­frontam o pecado, as injustiças e toda a forma de opressão. A opulência, venha de onde vier, é a negação dessa verdade. Viver o evangelho nessa dimensão é exercitar-se na plena espiritualidade.

O destino da peregrinação. O que anima a Igreja, na presente habitação, é o seu destino eterno. Ela não se move no mundo numa peregrinação vã e sem sentido; sem norte. Da mesma forma que a sua vida não é apenas contemplativa, não se envolve numa espécie pura e simples de ativismo, haja vista este realizar-se e esgotar-se na própria ação. O bom ânimo para se dedicar a toda boa obra, tendo como fim a busca do ideal cristão de santificação sobre a Terra, se assenta na firme convicção de habitar para sempre com o Senhor.

O penhor dessa segurança é o Espírito que guia a Igreja em sua peregrinação histórica. Winkie A. Pratney define com maestria essa caminhada:

... o quadro bíblico do relacionamento de Deus com o homem começa e termina com uma história real. Deus a começou no Jardim do Eden e a consumará na sua própria cidade. O mundo está caminhando para algum lugar, mas apenas o cristão entende de onde veio e qual é seu destino final:'

O conflito de Paulo, mencionado em Filipenses 1.20-24, entre o desejo de partir e o de permanecer entre os seus irmãos assim se explica: ainda que ele tenha falado de sua própria experiência, aqui se destaca de forma clara os dois lados da peregrinação da Igreja.

De um lado, a sua presença forasteira no mundo produz frutos. Assim sendo, enquanto o propósito de Deus não for plenamente realizado, ela aqui permanecerá pra cumpri-lo até o fim. E de bom ânimo.

De outro, estar com Cristo, no porvir, é a sua constante expectativa, pois se constituirá no ápice da trajetória do crente como indivíduo, e da Igreja como instituição fundada por Cristo.

Há quem defina o Céu — lugar da futura habitação da Igreja — apenas como um estado, isto é, um modo de ser, estar ou existir. Sem negar esse aspecto da vida eterna, onde os salvos terão corpos transformados, não mais sujeitos às leis da natureza humana, com outro tipo de existência, o Céu é também um lugar.

Não obstante o uso da linguagem antropomórfica em muitos casos, na Bíblia, suas expressões relativas à cidade celestial se revestem de concretude e dão uma ideia, em nível da compreensão humana, da tangibilidade das moradas eternas (Fp 3.20; Jo 14.1-3; Ap 21.9-27; 22.1-5).

A Igreja, ao final de sua peregrinação terrena, tomará posse de um lugar onde, sem qualquer vício pleonástico, pisará com os pés, tocará com as mãos, verá com os olhos e glorificará para sempre ao Todo-Poderoso com a própria boca. Enquanto esse tempo não chega, aqui permanecerá, tendo como forma de expressão diária a comunidade local — a ekklesia em sua dimensão mais humana na Terra.

A IGREJA LOCAL

Há que se distinguir, de início, a diferença entre a Igreja como instituição divina e a sua dimensão humana: a igreja.

No primeiro caso, ela tem caráter universal e engloba todos os salvos ao redor do mundo, em todas as épocas. Não importa, hoje, a denominação a que pertençam os salvos, desde que de fato tenham crido na obra redentora de Cristo como suficiente para a sua salvação e vivam de acordo com os fundamentos do genuíno evangelho.

No segundo, tem a ver com a sua expressão visível, no dia a dia de sua trajetória humana. Todavia, veremos isso com mais detalhes adiante. E aqui que aparecem as ambiguidades, os conflitos, os embates, mas também as conquistas mediante sua atitude como povo de Deus em meio a uma geração corrupta.

Assim, a Igreja peregrina, universal, se expressa como comunidade local, em que a vida cristã é exercitada pelos fiéis e refletida nas atitudes que revelam o seu compromisso com a vivência da fé. Para termos uma visão correta desse papel, nada melhor do que estabelecer como ponto de partida o núcleo da igreja primitiva em Jerusalém.

Muitas pessoas idealizam a igreja primitiva como “a igreja perfeita”. Todavia, o livro de Atos não narra apenas as conquistas; mostra também as imperfeições humanas e as primeiras crises que ela enfrentou logo no início, servindo portanto de exemplo para os dias de hoje.

Uma comunidade que expressa a vivência da fé. A palavra “comunidade” tem origem latina, de cuja raiz se deriva o termo “comunhão”, que melhor traduz o seu equivalente grego koinonia (At 2.42). Trata-se de um vocábulo com os seguintes significados:

E o lado visível da igreja que vivência em sua forma comunitária a mesma herança apostólica e os mesmo ideais de vida.

É o grupo que se reúne regularmente com o mesmo objetivo de adorar a Deus e tem em comum as mesmas expressões de fé.

E a expressão da igreja local, com sua forma bíblica de governo e orga­nização, inserida no contexto histórico e social.

A vida em comunidade foi uma das características predominantes dos cristãos primitivos (At 2.46; 4.32,33; 5.42; 12.5,12). Eles frequentemente se reuniam motivados sempre pela mesma razão: a fé no Cristo ressuscitado. A possibilidade de crer-se no Senhor e viver uma fé solitária, sem compartilhar a vida espiritual com outros irmãos, está distante dos postulados neotestamentários.

De acordo com o Novo Testamento, o crente que se submete ao senhorio de Cristo reconhece a necessidade de estar vinculado a uma igreja local bíblica, em cuja comunidade possa expressar livremente a sua fé:

E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando- vos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia (Hb 10.24,25).

A vivência comunitária da fé experimentada pela igreja primitiva teve caráter perseverante. “E perseveravam”, afirma o texto bíblico. Não era algo eventual, descompromissado, sem nenhuma responsabilidade. Todos se sentiam comprometidos em estar juntos e partilhar das mesmas experiências espirituais (At 2.43).

Há uma teoria em voga que não mais prioriza a frequência assídua aos cultos. Segundo essa linha de pensamento, o que importa é a comunhão com Deus. No entanto, quem desfruta desse relacionamento vertical sente-se necessariamente compelido a manter-se não apenas vinculado a uma comunidade cristã, mas a perseverar ali, vivendo a comunhão com os seus irmãos (I Jo 1.7).

Essa vivência em comunidade está, todavia, baseada em alguns fundamentos pétreos.

O primeiro é a doutrina apostólica, os pontos cardeais que sustentam a fé dos salvos. O ensino praticado na igreja local neotestamentária não se baseia em interpretações sectárias, isoladas ou produzidas pela imaginação humana ou mesmo demoníaca (I Tm 1.3,4; 4.1-5; Hb 13.9). O perigo de se deslocar do cerne para o periférico, dando mais importância a este, é que a vida cristã passa a subsistir sobre areia movediça.

Outro fundamento é a comunhão em si mesma, simbolizada no partir do pão, que sem tratada de forma específica no ponto seguinte.

E a vida de oração. Os cristãos primitivos, até mesmo pelos próprios condicionamentos religiosos e culturais — provinham do judaísmo —, tinham a oração em alta conta. Se cada crente, hoje, avaliar-se com sinceridade nesse quesito, é provável que não consiga uma boa nota. Infelizmente, a igreja do mundo oci­dental não é um bom exemplo nessa área. No entanto, orar é uma necessidade tão elementar da vida cristã em comunidade quanto o alimentar-se todos os dias.

Billy Graham afirmou que o êxito de qualquer projeto na área eclesiástica depende basicamente de três coisas: a primeira, oração; a segunda, oração; e a terceira, oração. Tudo começa bem quando a oração vem em primeiro lugar.

Uma comunidade que expressa a comunhão cristã. Comunhão é muito mais do que desfrutar de companheirismo ou de uma vida devocional comum com os de­mais. Como já demonstrado, o vocábulo grego do qual se traduz “comunhão” é koinonia. Trata-se do envolvimento interpessoal, no sentido mais profundo, que se alegra, se entusiasma, vibra e se realiza com o progresso espiritual e material de seu irmão.

Mas quem tem comunhão com o seu irmão também chora e sofre com ele, bem como assume as suas dores, nos momentos mais difíceis da caminhada, a ponto de ajudá-lo de modo desinteressado: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Rm 12.15). Esse viver comunitário é, sobretudo, baseado nos relacionamentos antes de qualquer projeto ou programa.

É um tipo de compromisso muito bem exemplificado na relação do pastor com o rebanho, como explica Glenn Wagner:

Quando Deus quis mostrar a seu povo uma imagem do modo que ele queria que eles se relacionassem uns com os outros na comunidade; ele escolheu a metáfora da ovelha e do pastor. Quando escolheu essa metáfora ele tinha um único motivo. Ele poderia ter escolhido uma série de outras metáforas para descrever os líderes do seu povo — general, sargento, rei, senhor feudal, diretor; profeta —patriarca — mas não o fez.

Ele escolheu o pastor de ovelhas, a vocação humana que mais se aproxima com o seu próprio caráter e a sua maneira de se relacionar com o seu povo.

Todavia, tal prática relacionai só será possível no seio da vida em comuni­dade, e não distante dela. Os crentes primitivos estavam juntos, se conheciam e se ajudavam mutuamente (At 2.44). Esse compromisso com a koinonia era de tal ordem que se dispunham a vender as suas propriedades e a colocar os recursos aos pés dos apóstolos para a assistência social (At 2.45; 4.34,35).

É óbvio que isso foi uma experiência específica e espontânea da comunidade cristã de Jerusalém. Transformá-la em legalismo, isto é, numa norma impositiva, faz perder a força o princípio bíblico que a produziu: a koinonia cristã. Contudo, estão implícitos na prática o desprendimento pessoal e o amor ao próximo, pois “aquele que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg 4.17).

Uma comunidade relevante no mundo. O que mais chama atenção na comunidade dos crentes primitivos é que eles “caíam na graça de todo o povo” (At 2.47). Havia relevância em sua vida cristã de tal modo que a sua mensagem penetrava e fazia diferença, inclusive na cúpula religiosa do judaísmo (At 6.7). As propostas da primeira comunidade cristã produziam impacto na sociedade e a colocavam em posição destacada.

Quais foram, todavia, as razões dessa relevância?

Havia o compromisso de vivenciar a fé. Eles se dispunham a estar juntos todos os dias, em comunidade, partilhando as experiências da vida cristã. Grande parte dos problemas do movimento evangélico se deve â falta de relevância e crescente nominalismo.

À medida que cresce e, em muitos casos, se distancia dos “marcos antigos”, incorpora conversões duvidosas e não transmite aos filhos da geração que chega a mesma visão do compromisso. Daí o aumento gradual de cristãos nominais como um dado a mais com o qual a igreja evangélica precisa lidar em sua cami­nhada histórica.

O compromisso da igreja primitiva gerava a prática que fez a diferença entre a nova religião cristã e o judaísmo formal e legalista. O povo via que entre os cristãos as propostas não ficavam apenas nos discursos, mas tinham sentido prático na vida de cada um. O que ensinavam era demonstrado pelo exemplo. A cidade de Jerusalém foi literalmente revolucionada (At 4.1-31).

Entretanto, que importância há em se falar da salvação, se não há interesse em evangelizar? Que valor há em pregar sobre missões, se não há ousadia em orar, enviar e contribuir? De que adianta falar em amor, se a atitude demonstra um coração egoísta? De que vale apregoar a comunhão entre os santos, se a prática revela discriminação e preconceito? De que serve apregoar a solidarie­dade, se não há disposição para socorrer os necessitados?

Cada comunidade de fiéis, para ser relevante em sua área de atuação, necessita de que a vivência de sua fé corresponda ao que diz e ensina.

Uma comunidade relevante nos resultados. O mais importante é que a prática tomava a comunhão cristã em Jerusalém relevante nos resultados (At 2.47; At 5.14-16).

O tipo de vida solidária adotado, como fruto da koinonia, era fator de atração para a sociedade.

A nova mensagem trazida pelo evangelho fazia sentido na vida dos ouvintes.

Havia correspondência entre o que a comunidade ensinava e vivia.

Em pouco tempo a cidade de Jerusalém foi alcançada com a nova doutrina, pois os crentes não cessavam de anunciar a Cristo em toda parte.

Todos os dias havia genuínas conversões em todos os estratos sociais da população, inclusive entre os líderes religiosos.

As intervenções sobrenaturais divinas eram tantas que os enfermos trazi­dos à presença dos apóstolos eram curados.

A vida em comunidade, do ponto de vista da Palavra de Deus, é parte intrín­seca da vida da igreja local. Ali os seus membros podem expressar a sua fé e dar sentido a ela através do exercício da comunhão bíblica, que há de torná-los um povo relevante no compromisso, na prática e nos resultados diante da sociedade. E a ação legítima da Igreja como agente do Reino de Deus na presente era.

A igreja e o Reino de Deus

Aqui chegamos a outro ponto importante para melhor compreendermos o papel da igreja no mundo: é a sua relação com o Reino de Deus. Esse é um tema muito restrito aos círculos acadêmicos. Pouco se ensina aos crentes, de maneira geral, acerca da perspectiva bíblica em que a igreja é vista quanto ao Reino de Deus.

No entanto, é ela que expressa os princípios do Reino na presente era e in­troduz os salvos nessa dimensão do governo de Deus. Assim sendo, é primordial conhecer o que a Bíblia diz sobre o Remo de Deus para que possamos agir como seus verdadeiros súditos na luta contra o império das trevas.

Definição de Reino de Deus. Observa-se, inicialmente, que o Reino de Deus foi o cerne da mensagem pregada não só por João Batista (o último dos profetas segundo o molde veterotestamentário), mas principalmente por Jesus durante o seu ministério terreno. Os Evangelhos sinóticos são extremamente enfáticos ao determinar as boas novas trazidas por Cristo como o anúncio da chegada do Remo de Deus (Mt 3.1,2; Mc 1.14,15; Lc 18.16,17).

O Remo de Deus foi também o foco da proclamação da igreja nascente, conforme registra o livro de Atos. Todas as vezes que o autor menciona a pre­gação apostólica, a centralidade da mensagem cristã está no Reino de Deus (At

8.12; 14.22; 19.8; 20.25; 28.23,31).

Alguns teólogos distinguem as expressões “Reino dos céus” (mencionada 34 vezes em Mateus) e “Reino de Deus”, vinculando a primeira ao futuro estabe­lecimento do reino milenial. No entanto, uma exegese correta há de considerar ambas sinônimas, pelo menos por duas razões:

Enquanto Mateus utiliza “Remo dos céus”, os outros, integrantes dos sinóticos, substituem a mesma expressão, dentro do mesmo contexto, por “Reino de Deus” (cf. Mt 4.I2-I7 com Mc 1.14-20; Mt 19.13-15 com Mc 10.13-16; Mt 19.16-26 com Mc 10.17-31).

Em diversos casos, “Reino dos céus” aparece em Mateus com a ideia de algo já presente na História, e não apenas em sentido escatológico (Mt 4.17; 10.1-8).

Feitas essas considerações, o Reino de Deus pode ser definido como o domínio eterno de Deus em todas as eras, desde o eterno passado ao eterno futuro, exercendo a sua soberania sobre o Universo, intervindo na História para conduzi-la ao ápice — a restauração de todas as coisas — e “revelando-se com poder na execução de suas obras”. Tem a ver com o seu governo soberano, que a Bíblia retrata de forma magistral com o fato de que até os cabelos de nossa “cabeça estão todos contados” (Mt 10.29,30).

O Reino de Deus tem uma dimensão presente, que se configura no cumprimento em Cristo de todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento. A expressão “é che­gado”, que aparece tanto em Mateus 4.17 e 12.28, segundo pensam os eruditos, denota a ideia de “presença real”, agora, e não de proximidade, como algo para o futuro.

Por conseguinte, a presença pessoal do Messias na História implica a presença efetiva do Reino de Deus entre os homens. No entanto, não se pode esquecer-se do caráter escatológico do Reino de Deus. Será o tempo no qual se cumprirá a profecia de Daniel em que os reinos deste mundo serão destruídos, e o mal, aniquilado. Restabelecer-se-á a comunhão perfeita com Deus, e o Senhor reinará com justiça para sempre, incluso aí o período milenar (Dn 7.13,14,18,27).

Na presente manifestação do Reino de Deus ser salvo implica libertação do poder do pecado; mas, em sua dimensão escatológica, traduz a ideia da reden­ção do corpo — “o livramento da mortalidade” — em que o crente redimido assemelhar-se-á ao próprio Senhor em sua imortalidade (I Co 15.20-25,42-57). Será também a época em que a comunhão restaurada em plenitude terá como símbolo maior o banquete entre Cristo e a Igreja (Lc 13.22-29; Mc 14.25).

Agente do Reino de Deus, O Reino de Deus sobrepuja a esfera de ação da igreja, pois, como se afirmou anteriormente, tem a ver com a soberania de Deus sobre todas as eras. Todavia, assim como o povo de Israel constituía-se na congregação de Deus no Antigo Testamento, com a responsabilidade de manifestar diante das nações pagãs o conteúdo do Reino de Deus, igualmente foi a Igreja comissionada por Deus para a mesma finalidade.

Por viver a maior parte de sua história sob o domínio de outros povos, Israel não soube interpretar as profecias bíblicas acerca do Reino. Essa herança cultural serviu de ambiente propício à proliferação da chamada literatura apocalíptica judaica, cuja essência vislumbrava um juízo que libertasse a nação da opressão política, o qual não era o conteúdo da proclamação do Remo de Deus trazida por Jesus. Razão pela qual Ele foi rejeitado pelos seus contemporâneos.

Com a rejeição de Jesus pelos judeus (Jo I.I2), a implantação do Reino na Terra tornou necessária a existência da Igreja para que a soberania divina mediante o ministério de Cristo confrontasse os indivíduos a "manifestarem uma resposta positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão” (Mt 21.42,43).

Como bem afirmou um respeitado erudito, “a Igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cris­to”. A igreja, portanto, não é o Reino de Deus em sua plenitude, porém a sua expressão entre os homens. Como igreja, ela não proclama a si mesma, e sim o Remo de Deus (At 14.22; I Ts 2.12; Cl 1.13,14).

A igreja não é um fim, mas o instrumento que apresenta ao mundo o Senhor do Reino e introduz em suas fronteiras os seres humanos arrancados do império das trevas. Aqui e agora, em seu confronto com as forças do mal, antecipa as características da vida abundante e da glória divina a serem integralmente expe­rimentadas na dimensão escatológica do Reino de Deus.

Por conseguinte, a igreja realiza as obras do Reino mediante a proclamação do evangelho de poder que lhe foi outorgado por Cristo (Rm 1. 16). A mesma instrumentalidade que operou em Jesus, durante o seu ministério terreno, está presente na vida da igreja para que os milagres se realizem, as boas novas cheguem aos confins da Terra e ela possa confrontar o orgulho, a falsidade e o egoísmo disseminado pelo reino das trevas. E assim manifestar em sua existência as qualidades do fruto do Espírito (GI 5.22), que antecipam a verdadeira natureza da era vindoura.

A mensagem do Reino de Deus. A porta de entrada para o Reino de Deus é o ar­rependimento do pecador e sua fé no Salvador segundo a mensagem proclamada pelo evangelho (Mc I.15).Talvez isso tenha sido o principal motivo do conflito entre Jesus e os representantes da lei, pois a expectativa dos tais era fundamenta­da no legalismo oriundo de interpretações exacerbadas e equivocadas que nem eles mesmos podiam cumprir. O Mestre os condenou de forma dura e radical: “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Remo dos céus, e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando” (Mt 23.13).

A igreja nada precisa acrescentar à proclamação messiânica. O arrependimento e a fé — atitudes que cabem ao homem —, aliados à graça salvadora de Deus, sustentam a mensagem que abre a porta do Reino de Deus à humanidade. Há, todavia, um conteúdo ético na mensagem do Reino de Deus. Ele transparece principalmente no sermão da montanha, que, segundo os eruditos, “contém toda a essência da doutrina de Cristo”.

Enquanto os fariseus impunham a ética como resultado da obediência à lei, o Senhor a reconhece como provindo de sua própria Pessoa “e do Remo de Deus, que irrompeu na História por seu intermédio”. Analisada à luz do texto, a ética do sermão do monte é absoluta e implica o tipo de vida que o Senhor deseja para os súditos do Reino.

Tivesse tal ética caráter legalista, ninguém seria capaz de cumpri-la integralmente na era presente, pois estaria contrariando o ensino bíblico sobre a imperfeição do crente e a advertência de que ele pode vir a pecar, ainda que a Palavra de Deus ordene o contrário. Portanto, esse conteúdo ético só será experimentado “de modo perfeito” na dimensão escatológica do Reino de Deus. Todavia, é o ideal permanente de todo o crente que adentrou à esfera do Remo de Deus, através da igreja, onde submete sua vida constantemente ao poder do Espírito Santo, que o faz caminhar em busca da perfeição, como fazia o apóstolo Paulo (Fp 3.14).

Assim, a igreja em sua peregrinação histórica expressa a realidade presente do Reino de Deus e aponta para as dimensões da era vindoura, onde ele será experimentado em toda a sua glória e esplendor. Enquanto aguardamos esta bem-aventurada esperança, podemos também conhecer um pouco da natureza da Igreja através dos símbolos empregados pelas Escrituras para descrevê-la.

A Igreja e seus símbolos

São várias as metáforas para ilustrar a natureza da Igreja, de seus membros em particular e de seu relacionamento com Cristo. Este é um recurso de linguagem que traz luz ao nosso entendimento e ajuda na apreensão dos conceitos expos­tos. O simbolismo é uma das riquezas da literatura bíblica, como as descritas no Evangelho de João.

Ali, entre outras figuras de linguagem, o Senhor é apresentado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (1.29); a porta de entrada ao pecador arrependido à dimensão da fé cristã (10.9); o Bom Pastor (10. II), que cuida com zelo e amor de suas ovelhas; e a videira verdadeira (15.1), que nutre os ramos com a seiva do Espírito. Entre as metáforas que tratam da Igreja, há três que melhor contextualizam a visão atual de sua missão terrena: Noiva, Templo e Corpo.

A Igreja como Noiva de Cristo. Esta primeira alusão remete à importância que as Escrituras dão ao matrimônio como instituição divina, quando o compara ao relacionamento entre Cristo e a Igreja (Ef 5.24-27). É primordial na Igreja fortalecer o casamento; isso porque há uma ação em curso, orquestrada pelo Maligno, para desgastá-lo por ser, em primeiro lugar, a estratégia que melhor serve ao Inimigo no seu famigerado propósito de tentar destruir o plano de Deus para o homem.

Em segundo lugar, o desgaste do casamento desmoraliza a instituição que melhor representa o tipo de comunhão que Cristo mantém com a sua Noiva, no presente, e a perspectiva da vida que ambos desfrutarão na era vindoura (Ap 19.7,8).

Outra lição desse rico simbolismo é a da sujeição da Igreja a Cristo (Ef 5.24). O apóstolo Paulo a usa para exemplificar a mesma atitude da mulher para com o marido. No entanto, a ideia aqui não é a de uma sujeição imposta pela força ou por uma decisão unilateral e legalista da esposa. É fruto do amor intenso dedicado pelo esposo, que produz nela profundo sentimento de afeto, resultando no reconhecimento espontâneo de sua sujeição posicionai.

E assim a relação de Cristo com a sua noiva. O amor que Ele lhe devota é tal — como demonstrado no ato da redenção — que ela se sente esponta­neamente constrangida a ser-lhe eternamente fiel e a viver sob sua abençoada liderança (2 Co 5.14,15).

Outro detalhe expresso no símbolo é que a pureza da Igreja como Noiva re­sulta da entrega do Senhor por ela (Ef 5.26,27). E Ele quem a santifica, purifica e a torna imaculada e irrepreensível. Não é um ato intrínseco da Igreja, que, por si mesma, possa desenvolver essas qualidades da vida cristã. Ela depende de estar abrigada sob o amor do noivo e ter a noção exata da grande compaixão implícita nessa entrega. Só assim poderá viver essas características e apresentar-se, no dia das Bodas, como Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante!

Esse é o comportamento que Deus espera dos cônjuges. O amor do marido pela esposa deve evidenciar-se de tal maneira, não só por palavras, mas acima de tudo por atos. Com isso, a mulher se sente prazerosamente motivada a manter a sua pureza interior, bem como as suas qualidades morais e físicas, para que ambos tenham, por toda a vida, plena satisfação na união conjugal. Assim, estarão dando um testemunho sem palavras, na dimensão humana, do que representa, no nível mais sublime, a comunhão entre Cristo e a Igreja (Ef 5.32).

A Igreja como Templo de Deus. A Igreja como Templo de Deus traz a ideia sub­jacente da construção de um edifício que se ergue sob as rigorosas normas da engenharia — “bem ajustado” (Ef 2.21). Aqui se evidenciam duas coisas:

Quem normatiza e aplica os detalhes técnicos da obra é o engenheiro responsável; este princípio denota a mesma responsabilidade no trato de Cristo

com a Igreja. As normas partem dEle e já estão reveladas na Bíblia, não podendo ser substituídas por suposições humanas, sob pena de fazer ruir todo o edifício (Cl 2.20-23).

A Igreja foi projetada como lugar da habitação do Deus trino, que, mediante o Espírito Santo, envolve-se em toda a sua peregrinação histórica. O projeto, portanto, pertence ao Pai; a execução, ao Filho; e o acompanhamento, ao Espírito Santo (Ef 3.9; Mt 16.18; Jo 14.16,17,26).

Outro desdobramento cabível aqui é a doutrina da transcendência e da imanência de Deus. Em sua transcendentalidade, Deus é chamado de Altíssimo, haja vista habitar “em um alto e santo lugar”. Todavia, ao mesmo tempo em que o Céu dos céus é a sua eterna morada, identifica-se também como o Deus imanente, que habita “com o contrito e abatido de coração” (Is 57.15).

Deus é aquEle que, durante o dia, acompanhava Israel através de uma nuvem e, durante a noite, se fazia presente através de uma coluna de fogo. Hoje, sua presença é sentida na igreja mediante o poder do Espírito Santo.

Mais um conceito implícito no símbolo do Templo é o de que faz parte da natureza essencial da igreja adorar a Deus. Este é o sentido do verbo “cultuar”. Nesse caso, a adoração não deve passar para o plano secundário ou mesmo terciário, tampouco esquecida. Deus deve se destacar no culto ocupam e ser o centro das atenções.

No culto a Deus deve haver reverência, mas esta não deve ser confundida com formalismo. A Noiva do Cordeiro é também o Templo de Deus, no sentido coletivo, e deve adorá-lo na beleza de sua santidade. Desse modo, o Espírito Santo terá liberdade para atuar (I Co 14.26-33).

A Igreja como Corpo de Cristo. A Igreja é também um Corpo. Este simbolismo tra­duz a ideia de que são diversos órgãos e muitos membros, mas todos trabalham de forma orgânica e harmônica, interligados, em benefício do Corpo de Cristo (I Co 12.12). Vale a pena reiterar: ninguém trabalha em favor de si. Qualquer ação de um órgão ou membro em corpo saudável está relacionada com toda a estrutura orgânica que sustenta a vida. E acima está a Cabeça — o cérebro — no comando.

Assim são as igrejas. Elas somam milhões de membros no mundo. Quando todos cumprem a sua parte, elas se beneficiam, mas, se algum de seus membros está enfermo espiritualmente e não é logo restaurado, afeta o “corpo”. Haja vista inúmeros exemplos que promovem escândalos e trazem má fama ao povo de Deus. E responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e harmônica, interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da igreja, tendo Cristo como Cabeça, na liderança (Ef 1.22,23).

Sem nenhum exagero, a igreja atual precisa ser mais “corpo” e menos “indi­víduos”. Todavia, esta ideia não anula a utilidade de cada membro em particular. Todos cumprem uma atividade regular e indispensável no processo da vida. Se algum deles, por qualquer motivo, pára de trabalhar, o “corpo” ressente-se de sua inatividade. Essa é visão que norteia a nossa presença na Terra (I Co 12.14,27).

Muitos crentes, por não entenderem corretamente esse princípio, sentem-se inúteis e não se envolvem no serviço cristão. Mas, se todos se impregnarem do senso de utilidade, a vida de oração será aprofundada, não faltarão recursos para a expansão do Reino, a evangelização será mais rápida, a obra missionária não andará a passos lentos, a unidade não se constituirá em utopia, e a igreja terá relevância no mundo (I Co 15.58).

Como a Noiva de Cristo, a Igreja tem o Senhor como fonte de sua pureza espiritual. Como Templo de Deus, ela é o lugar santo da habitação dEle na Terra e tem o compromisso de permanentemente adorá-lo. Como Corpo de Cristo, bem ajustado, cada membro cumpre com alegria a sua responsabilidade em benefício do Corpo. Assim, a igreja vive a plena espiritualidade no mundo.

 

A IGREJA E A ESPIRITUALIDADE

O grande desafio da igreja, agora, é como viver a sua espiritualidade, no dia a dia da vida cristã, com as suas múltiplas circunstâncias. Ocorre que, em virtude da relação conflituosa entre a carne e o espírito, da falta de uma visão objetiva da mesma graça como fonte de santificação e da ausência de equilíbrio entre a esperança do mundo vindouro e a vida aqui e agora, surgem graves desequilíbrios na caminhada histórica da igreja.

No primeiro caso, a carne opta pelo hedonismo, enquanto o espírito anseia pela espiritualidade. No segundo, a tendência é impor a santificação através do legalismo e, com isso, anular o poder da graça como sustento da caminhada cristã. No terceiro, ora enfoca-se a esperança da vida eterna como algo que exclui qual­quer compromisso com a vida no mundo, ora leva-se ao extremo a visão daqui e agora, anulando-se a santa expectativa do glorioso e definitivo estabelecimento do Reino de Deus na História.

A verdade, porém, é que não há como fugir dessas questões. Elas afetam diretamente não só a maneira como se lida com o viver cotidiano, mas também a forma como se estabelecem os horizontes. Que caminhos correspondem aos princípios bíblicos para uma vida de espiritualidade? Em que consiste o papel da igreja, enquanto no mundo, diante de temas como justiça social, cidadania, vida profissional e áreas afins, principalmente nesta era pós-moderna em que prevalece a visão relativista? Como interagir com a sociedade sem comprometer os valores do Reino de Deus, sem deixar de influir em todos os segmentos?

A igreja e a dimensão da espiritualidade. Saber em que consiste a verdadeira espiri­tualidade é o ponto de partida para que a igreja tenha o correto posicionamento diante de tudo quanto se relaciona à vida terrena. Mas, o que significa isso?

O estereótipo pentecostal enfatiza unilateralmente as expressões de alegria emocional e as supostas manifestações do Espírito nos cultos como sinônimos de espiritualidade.

O tradicionalista, no outro extremo, valoriza os seus aparentes temor reverente e a piedade.

O estruturalista pressupõe que ser espiritual é interessar-se pelas trans­formações das estruturas sociais.

Onde está a verdade? O apóstolo Paulo define a espiritualidade em Romanos I2.I como um sacrifício vivo no altar de Deus. E prestar culto ao Criador. É mais do que simplesmente a prática litúrgica, a compenetração piedosa, a celebração coletiva nas reuniões da igreja. E entrega plena do ser — espírito, alma e corpo

ao serviço do Altíssimo. E a certeza de que tudo quanto se faz é para Deus sob a perspectiva da adoração consciente em todas as coisas, mesmo naquelas aparentemente sem importância alguma (I Co 10.31).

Bem dizia o pastor e teólogo João de Oliveira:

Adora-se ao Senhor até no ato de remover uma casca de banana da calçada.

Tal gesto impede que alguém criado à imagem e semelhança de Deus, ao passar por ali, venha a acidentar-se.

Aduz-se, portanto, que a espiritualidade não é estanque, compartimentada, para ser vivida apenas numa dimensão. Ela engloba toda a vida. Não há como estabelecer, do ponto de vista da verdade teológica, qualquer linha divisória entre o sagrado e o secular, que enseje tratar cada uma das situações de maneira distinta. Não há paredes para a vida cristã, como se houvesse um tipo de atitude exclusivo lá para dentro, no âmbito interno da igreja, e outro cá para fora, “Em todo o tempo”, diz a Bíblia (Ec 9.8).

Espiritualidade que se expressa apenas nos aparentes limites do culto coletivo é hipocrisia. E farisaísmo. E sal dentro do saleiro. É luz dentro da redoma. Não se percebem seus efeitos na sociedade. Como bem expressou Walt Larimore, em seu livro Os 10 Hábitos das Pessoas altamente Saudáveis, a espiritualidade verdadeira “promove o bem-estar dos outros e de nós mesmos”. Observe que nesta conceituação “os outros” vêm em primeiro lugar.

Quando, no sermão do monte, o Mestre qualifica os cristãos como sal da terra e luz do mundo está implícita uma espiritualidade plena, sem fronteiras, que alcança todas as áreas. Em outras palavras, todos os atos do cristão a denotam (Mt 5.13-16).

A igreja, a espiritualidade e a justiça social. Se a espiritualidade é o pressuposto da vida da igreja em qualquer circunstância, o que se espera dela, por exemplo, em relação à justiça social? A discussão, aqui, não se dá no campo ideológico, visto que — provado está — as ideologias carregam a mesma semente de egoísmo que perpassa a raça humana desde o princípio.

O foco está em como contribuir, em meio à corrupção do gênero, para que haja menos desigualdades sociais, sem que isso signifique, de um lado, a supres­são da propriedade individual, pois o direito a ela tem fundamento bíblico, e de outro, a posse de riquezas sem reconhecer a sua função social, também embasada em princípios escriturístico.

Cabe observar que, no Antigo Testamento, há perfeito equilíbrio entre am­bas as posições. O Pentateuco preserva o direito à propriedade, mas ao mesmo tempo dá a ela função social através de leis específicas referentes ao uso da terra e ao pobre, com o objetivo de lhe permitir acesso aos meios de sobrevivência. Já os profetas condenam com veemência a posse desmedida que satisfaz o próprio umbigo, mas leva a pessoa a esquecer-se do bem-estar do próximo.

No Novo Testamento, nos primórdios da igreja, Ananias e Safira são julgados não por trazerem aos pés dos apóstolos apenas a metade do valor da proprie­dade vendida, mas pela motivação errada, que os leva a mentirem ao Espírito Santo. Nenhum erro haveria em reter a outra metade, pois o apostolado não fez imposição alguma sobre isso.

Houve, sim, um movimento voluntário entre os crentes primitivos que, mo­vidos pela verdadeira espiritualidade, se dispuseram a abrir mão de seus bens em favor de toda a comunidade. Percebe-se, portanto, que o casal agiu por egoísmo, para obter algum reconhecimento humano, não havendo mérito espiritual algum em sua devoção.

O que se deseja afirmar, aqui, é a legitimidade de o cristão possuir bens materiais sem que, necessariamente, tenha de abrir mão deles para cumprir a verdadeira espiritualidade. Todavia, o outro lado da moeda revela que é preciso estar consciente de que tudo quanto possui é para a glória de Deus mediante a disposição de usar o que tem para o bem-estar do próximo.

Esse é o contexto em que Tiago se reporta aos empresários cristãos que espoliam os empregados. Fica bastante claro no dizer apostólico que lhes cabe expressar a verdadeira espiritualidade através de remuneração justa que ofereça

aos trabalhadores condições de vida condizentes com suas necessidades pessoais e familiares (Tg 5.1-6). Mas há também o reverso.

Quando Paulo menciona os cristãos que serviam como servos na cultura de então, admoesta-os a servirem como se fosse ao Senhor, ou seja, com a máxima dedicação (Cl 2.22.23). Os funcionários cristãos de hoje, movidos pela mesma espiritualidade, exercem a profissão como se estivessem trabalhando para o próprio Deus. Não podem ser espoliados, mas também não surrupiam o tempo pelo qual são justamente pagos.

Portanto, a não conformação com o mundo, de que falou o apóstolo Paulo em Romanos 12.2, não tem apenas implicações quanto aos valores morais, mas abarca também o inconformismo com toda sorte de injustiça, que é, em suma, o resultado da entrada do pecado no mundo.

Quem reconhece a vida como uma dádiva da misericórdia de Deus e se compromete em entregá-la incondicionalmente à soberania divina, no altar do sacrifício, não folga com o individualismo egocêntrico, mas interessa-se alegre­mente pelo bem comum, uma forma de manifestação da espiritualidade.

A igreja, a espiritualidade e a cidadania. Esta é outra área em que, ainda, há pouca consciência a respeito. A ideia de uma igreja que apregoa uma vida cristã compartimentada enseja posicionamentos duvidosos, nos quais transparece não haver qualquer compromisso com o aqui e agora. A máxima para justificar tais posturas é a de que “o mundo vai de mal a pior” e nada é possível fazer para melhorar este quadro.

Sob esse ponto de vista, resta tão-somente aguardar a bem-aventurada espe­rança e alienar-se da realidade em volta. Mas aqueles que assim pensam continuam comprando, vendendo, construindo casas. A máxima só vale quando se trata do envolvimento com as questões sociais, políticas e civis que afetam a sociedade.

Essa é uma meia-verdade. É óbvio que a esperança do cristão é o mundo vindouro. A expectativa do estabelecimento definitivo do Remo de Deus na história nutre a fé de todos que professamos o nome de Cristo. Mas enquanto essa época não chega, cabe a cada crente viver na presente era a espiritualidade do Reino e todo o seu ideal descrito no sermão do monte.

A famosa resposta de Jesus aos fariseus: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” pode ser assim parafraseada: “Cumpra os seus deveres de cidadãos, e cumpra os seus deveres para com Deus”. Em outras palavras, duas faces de uma mesma moeda. O próprio Paulo apelou para a cidadania romana no episódio em que ele e Silas foram arbitrariamente presos em Filipos (At 16.35-40).

Como já disse este autor, em um de seus artigos:

A vinda de Cristo é certeza de descanso e segurança, e não instrumento para impor medo e manipular os fiéis. E mensagem positiva, e não negativa. E assegurar-se de que não é necessário entrar em pânico quanto ao amanhã.

E ter como certo não precisar sair atrás de sensacionalismo, da especulação escatológica, à procura de “chifre em cabeça de cavalo”, com achados absurdos que não passam de fruto da imaginação criadora das pessoas. E ter a tranquilidade de não se alienar do mundo e viver segundo a mesma perspectiva de Cristo, que disse: "Meu pai contínua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando”.

Assim, a verdadeira espiritualidade não dá as costas ao exercício da cidadania. Quando se fala em cidadania logo vem à mente a ideia de cargos eletivos mediante os quais os eleitos chegam ao legislativo e ao executivo. É óbvio que essa é uma forma legítima de participação. O mandato de governar a terra foi dado pelo próprio Deus ao homem no ato da criação (Gn 1.26-31). Mas o exercício da cidadania vai muito além disso. Começa no bairro onde as pessoas vivem, até mesmo em ações que a própria igreja local desenvolve.

Promover mutirões em que os membros, nas suas mais diferentes profissões, são acionados para prestar a sua ajuda à comunidade em determinado dia não só é uma atitude cidadã, com também se constitui em excelente via para a evangelização. Incentivá-los a participar das associações de moradores, das reuniões de pais de alunos e de outros movimentos legítimos da sociedade organizada permite que exerçam a espiritualidade onde a presença do sal e da luz é extremamente vital para a tomada de decisões importantes.

Mas a postura cidadã não se resume apenas a esses aspectos. Ela transparece nos metrôs, trens e ônibus, quando os mais novos dão lugar às pessoas da terceira idade, e aqueles que não enfrentam nenhuma dificuldade abrem mão de seus assentos para as gestantes, as pessoas enfermas e os deficientes físicos.

Ela transparece nas comunidades carentes, onde os moradores conscientes não jogam o lixo nas encostas, nem nos rios, nem o deixam espalhado nas vias públicas. Ela transparece nas ruas, quando os motoristas respeitam as faixas de pedestres, e as pessoas ajudam a quem tem dificuldade de atravessá-las. E aí que a espiritualidade se manifesta na dimensão mais humana da cidadania.

Quando tais gestos têm origem no relacionamento com Deus através do altar do sacrifício, pela visão correta de que tudo quanto o ser humano faz só encontra sentido no Altíssimo (cf. SI 73.25), representam então a celebração da glória divina, o culto contínuo, 24 horas por dia, Aquele que tem o domínio sobre o Universo. Isso é espiritualidade.

A perspectiva pela qual todos os atos do crente devem ser praticados. Sim, isto é a igreja atuante no mundo. Sem essa premissa, incorre-se na ausência do amor, a primeira qualidade do fruto do Espírito (G1 5.22), o que significa que qualquer ação está sendo feita sob motivação errada.

A igreja, a espiritualidade e o pós-modernismo. Finalmente, como viver a espiritua­lidade no mundo pós-moderno em que tudo é relativizado, onde o certo para um pode ser errado para outro? Convém ficar bem claro que interagir com a sociedade, nesta época da história, não significa que ela nutra simpatia pelas posições da igreja. Ao contrário, a cosmovisão prevalecente no mundo tem como fonte o naturalismo, que exclui a ideia do Deus criador, e permite a partir daí a desconstrução de todos os princípios que caracterizam a cultura judaico-cristã.

Charles Colson, em seu livro E Agora} Como Viveremos? Trata muito bem da questão ao afirmar, na verdade, a existência de um conflito permanente entre cosmovisões que só terá conclusão ao final da presente era, com a restauração de todas as coisas.

Todavia, não cabe à igreja fazer como o avestruz e enterrar a cabeça na areia enquanto as horas passam. Muitos há que entregam o tempo presente ao Diabo e se esquecem de que este tempo pertence à igreja. Haverá, sim, uma época futura, conhe­cida como a Grande Tribulação, em que o mundo experimentará a ira de Deus, a ira do Cordeiro, em que Satanás terá permissão divina para dominar as ações na Terra.

Mas a História ainda não chegou lá. A igreja tem, hoje, a oportunidade ímpar de influir em todos os segmentos para que se preservem as condições de vida, sob todos os aspectos, até que todas as intervenções históricas de Deus se realizem.

Neste mundo pós-moderno, a verdadeira espiritualidade não pode perder o seu paradigma, a centralidade de sua vivência quotidiana. Esta repousa em Deus, através de Jesus Cristo, onde está todo o significado da vida. Agostinho definiu bem isso ao afirmar: “Criaste-nos para ti, e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em ti”. Não importa que o mundo pense diferente. Deus é o condutor da história e para Ele devem convergir todas as realizações do homem.

E preciso estar consciente de que a verdadeira espiritualidade se ex­pressa quando se busca viver esses princípios em todas as dimensões da vida em comunidade. Eles não podem estar confinados às quatro paredes do templo. Repita-se: não há vida cristã estanque. As pesquisas mostram, por exemplo, que filhos criados em famílias saudáveis e bem estruturadas são menos propensos às drogas e, consequentemente, ao crime. Por que não lutar, então, para que os homens públicos não subvertam esse princípio e mantenham incólumes as leis que estabelecem a família tal como a Bíblia ensina?

Deus nos pôs no mundo não para ficar a reboque, mas para, como Igreja, fazer a história. Vamos fazê-la bem-feita e deixar um bom rastro para aqueles que nos seguem. Um bairro, uma cidade, um estado ou um país que crescem à sombra destas verdades terão menos violência, melhor educação e grande prosperidade. Celebremos a glória de Deus nos templos, através de expressões de alegria e louvor ao Senhor, mas vivamos a espiritualidade verdadeira em todas as dimensões de nossa vida. Isso se dá através mediante o permanente exercício da disciplina cristã.

A IGREJA E A DISCIPLINA

O ambiente que cerca a igreja, nos dias de hoje, é diametralmente distinta do contexto da igreja primitiva. Naquela época, mesmo fora dos limites da fé cristã, havia o pressuposto de valores universais como norma para a conduta humana. Os questionamentos não tinham a dimensão atual. Hoje, ao contrário, predomina a visão relativista, particular, pessoal, que não admite nem por hipótese a ideia de que existam verdades absolutas.

Não passa pela cabeça do homem pós-moderno, de modo geral, pensar na existência de valores, princípios, comuns a todos os seres em qualquer parte do planeta, não importa a herança cultural. O que prevalece é essa babel ideológica, fragmentada e difusa, onde cada um assenta o tijolo da sua própria crença para dar continuidade à construção do velho e surrado humanismo babilônico. Não há lugar para a verdade de Deus. O entendimento pessoal determina a forma de se ver o mundo e à luz disso segue o homem o seu próprio caminho.

Esse é o quadro em que se insere a igreja na pós-modernidade. A situação se agrava porque ao peso da forte pressão social tais concepções se introduzem nos limites da fé e permitem que, em muitos casos, se perca a essência dos fun­damentos para em seu lugar valorizar formas, priorizar superficialidades, tornar a mensagem apenas um instrumento motivacional, substituindo a pregação bíblica, transformar cultos em programas de entretenimento e abarcar toda sorte de liturgias, algumas esdrúxulas, sem qualquer preocupação com o conteúdo.

Afinal, o que isso tem a ver com a disciplina na igreja atual? Tudo. A ânsia de tornar as igrejas atrativas e “amigáveis”, como defendem os líderes dessa corrente, leva à liberalização teológica. Além disso, abre caminho para concessões no campo do comportamento e flexibiliza o papel da disciplina sob o argumento de que ela afugenta as pessoas e faz com os membros de uma igreja com fundamentos ortodoxos procurem outras menos exigentes ou com “a porta larga’.

Todavia, gostemos ou não, a disciplina é um pressuposto em qualquer área da vida, desde o atleta que se prepara para a maratona àquele que deseja viver a vida

cristã segundo os padrões da Palavra de Deus (I Co 9.24-27). Este o sentido da advertência de Paulo a Timóteo: “Exercita-te a ti mesmo em piedade” (I Tm) como esclarece Henry Holloman:

A palavra que Paulo usou para “exercita-te” (gr. “gymnazo”) se refere ac treinamento feito pelos atletas no ginásio grego. O substantivo “gymnasia” (treinamento ou disciplina) presente no versículo 8 é a raiz da palavra “ginásio”.4

Em outras palavras, sem a disciplina a caminhada está sujeita ao fracasso, e a travessia da linha de chegada impossível.

O caráter preventivo da disciplina. Precisamos, antes de tudo, compreender o que significa disciplina. Uma de suas peculiaridades é o seu caráter preventivo. Isso tem a ver com ensino, instrução, prevenir contra o erro à luz das Escrituras, e não simplesmente com a imposição de um conjunto de regras que representam in totum a tradição de homens, como advertiu o apostolo Paulo (Cl 2.20-23).

Não que inexista o caráter normativo da disciplina, como veremos adiante. Mas o extremo do legalismo com sua carga de condicionamentos humanos e aparente piedade é apenas o reflexo do farisaísmo e da hipocrisia. Assim, o en­sino com fundamentação bíblica é primordial na era pós-moderna. Isso requer a ênfase permanente nos princípios como o correto padrão de aferição para o dia a dia da vida cristã.

Não basta dizer: “Isto pode, aquilo não”; impõe-se trabalhar com a igreja o embasamento doutrinário preventivo, com o emprego da genuína exegese, que dê ao crente a capacidade de agir com segurança, sensatez, espiritualidade e compromisso com Cristo diante de cada situação de sua caminhada.

A disciplina preventiva precisa levar em consideração o fato de vivermos na chamada sociedade do conhecimento, onde o acesso às informações é algo extremamente aberto, acessível, oriundo de múltiplas fontes, mas que chega de forma aleatória, fragmentada, com a probabilidade de gerar muitas distorções na mente humana.

Enquanto, nos tempos antigos, a palavra de alguém que tivesse conhecimento um pouco acima da média era lei — até porque a grande maioria não dispunha da mesma autoridade intelectual para exercer o senso crítico —, na sociedade pós-moderna é diferente. As pessoas questionam, particularizam e querem respostas que não só as convençam, mas que sejam coerentes com a lógica da razão. Nos tempos idos, a autoridade era também respeitada. Hoje está sendo solapada em todas as esferas.

Ou seja, quem exerce cargo de liderança, sobretudo no meio eclesiástico, não pode se valer apenas da força de sua função para de maneira autoritária passar

aos liderados o que precisa ensinar. Isso quer dizer que a disciplina preventiva na igreja da pós-modernidade implica em mostrar de forma consistente e dialogai que os princípios bíblicos não são extemporâneos, ultrapassados; antes, fazem pleno sentido na sociedade pós-moderna (Rm 12.3-8). E enfrentar os “por quês” com respostas bíblicas e bem expostas, com toda a clareza necessária; e evitar evasivas que confundem e tiram a credibilidade de quem exerce esse papel.

Um ponto primacial é que os princípios bíblicos são fruto da revelação de Deus ao homem (2Tm 3.10-17). Ê questão fora de dúvida para os convertidos a Cristo. Alguns, todavia, forçados pela sociedade secularizada, acabam limitando sua extensão à vida religiosa, como se não houvesse qualquer conexão entre eles e as demais áreas da existência humana.

Chegam a afirmar que “outras religiões” têm também as suas “verdades exclusivas” de modo que, por isso mesmo, não se pode permitir que interfiram na vida secular de cada um. Cria-se então uma dicotomia, um gueto, em que os princípios bíblicos aplicados através da disciplina preventiva ficam restritos a um compartimento — o da fé — enquanto os demais ficam excluídos de sua interferência. Basta ir à igreja pelo menos uma vez na semana para cumprir com a obrigação religiosa. O resto é por conta da pessoa e ponto final.

Essa é uma das formas mais sutis de o Diabo desacreditar a fé e facilitar seu predomínio não só no mundo, mas também sobre as ações dos crentes. Os princípios bíblicos têm, de fato, origem na Revelação e exatamente por isso — a sua fonte — são ao mesmo tempo coerentes com toda a verdade que se manifesta no mundo cotidiano.

A revelação de Deus não é absurda, e Ele não impõe nenhum absurdo ao ser humano. Às vezes, é preciso usar a estratégia empregada pelo apóstolo Paulo em Atenas, que, ao invés de partir da Revelação para a filosofia, fez o caminho inverso. Partiu da filosofia para a Revelação (At 17.15-34). Essa é a tese de Nancy Pearcey, em seu livro Verdade Absoluta.

Em outras palavras, significa mostrar que as verdades inerentes ao dia a dia, seja na vida social, seja na vida científica, seja na vida comportamental, aquelas questões que a própria consciência admite como verdadeiras por ver coerência em suas formulações, tudo isso expressa por fim aquilo que os princípios da Revelação ensinam como a grande verdade de Deus.

Assim pensavam os reformadores. Para eles, toda verdade, em qualquer campo do saber humano, precisava ser considerada como a verdade de Deus. Portanto, a igreja tem de dar primazia ao magistério cristão e usar as ferramentas adequadas para sempre aplicar a disciplina preventiva mediante a frequente e sistemática instrução bíblica.

O caráter normativo da disciplina. A disciplina tem também caráter normativo. Já vimos que a igreja é tanto uma instituição divina como humana. Mas ambas são indissociáveis. Em seu aspecto terreno, dispõe de personalidade jurídica e se obriga a explicitar em estatuto e regimento interno os seus princípios organizacionais. Em seu aspecto divino se submete à Bíblia Sagrada como seu estatuto maior, de onde derivam todas as normas aplicadas em sua peregrinação histórica, inclusive quanto à sua forma de organização.

Assim, para usar a linguagem jurídica, existem as chamadas “cláusulas pé­treas” da fé que constituem o caráter normativo da disciplina. São questões que tratam da inserção do novo crente na comunidade da fé, seus compromissos com a igreja e sua identificação com os princípios que agora norteiam a sua vida. São os imutáveis referenciais extraídos das Escrituras para que possa seguir em sua trajetória até alcançar o céu.

A Bíblia sempre será a fonte da disciplina normativa, sem qualquer adendo ou concessão aos que trazem para dentro das fronteiras eclesiásticas o conceito pós- moderno que despe o texto do seu significado intrínseco e alimenta a tese de que cada um tem o direito de livremente interpretá-lo e dar a ele o seu próprio signifi­cado. Ela será a base, o parâmetro, a verdade absoluta, com significado autônomo, para tudo quanto vier a ser decidido no âmbito da igreja (2 Pe 1.19-21).

Nunca é demais relembrar que estaremos incorrendo em erro se sobrecarre­garmos os crentes com tradições humanas que mais expressam alguma herança cultural (ou mesmo religiosa) do que propriamente algum princípio bíblico. Não nos cabe tornar o caminho mais estreito do que já é.

E indispensável, por outro lado, explicitar em documento próprio as normas adotadas para que haja ciência quanto aos direitos, deveres e privilégios de quem se torna membro da igreja local por ser característica da era pós-moderna as pessoas não atentarem para princípio algum, mas praticarem o que “bem lhes parece aos próprios olhos”. A clareza da linguagem é de suma importância para que não pairem dúvidas e cada ponto reflita em verdade os princípios bíblicos, e não o desejo particular de alguém ou de um grupo.

Alguns dirão: “A Bíblia por si só basta”. A premissa é correta, mas o Concilio de Jerusalém, lá atrás, nos primeiros anos de vida da igreja, à luz das Escrituras, expediu cartas às igrejas de então com as normas a serem observadas quanto aos problemas ali levantados e discutidos (At 15.1-32).

Em outras palavras, não há nenhum erro ter a disciplina normativa expli­citada em documento para que os crentes saibam como proceder. A classe de discipulado é o ambiente ideal para que a disciplina normativa seja passada em primeira mão aos que estão chegando à igreja local através da conversão.

É conveniente, inclusive, que seja o pastor o responsável por esse primeiro contato com os novos irmãos.

Os crentes que se transferem de outras denominações deveriam também frequentar uma classe semelhante antes de serem recebidos. Isto se deve a várias razões:

Geralmente (toda regra tem exceção), são pessoas que portam algum tipo de insatisfação e estão à procura da igreja perfeita. Como não a encontram, vivem a síndrome do beija-flor. Não ficam em lugar algum.

Antes de se tornarem membros é justo e necessário que conheçam a sua nova casa espiritual, como funciona, a liturgia, as normas, o tipo de serviço que ali se presta ao Senhor, para que então se definam, se ajustem ao novo ambiente e estejam conscientes de sua nova responsabilidade.

O documento a que aludimos há pouco é também conhecido como Decla­ração de Propósitos e já é empregado em algumas igrejas. Não só o crente que se submete ao batismo em águas, mas o que se transfere de outra denominação, ou mesmo de outra igreja da mesma fé e ordem, após concordar com os seus termos, é convidado a assiná-lo em solenidade especial, juntamente com o pastor, para só então ser aceito como membro.

Qual a importância desse compromisso? E que a igreja, conforme o Código Civil, desfruta da liberdade de estabelecer a sua própria estrutura de funciona­mento, não cabendo nenhuma interferência do estado em suas decisões. Ela é soberana em questões de fé.

Mas na era pós-moderna o que mais as pessoas querem é lutar por direitos, sem demonstrar a mínima preocupação com deveres. A Declaração de Propósitos, que inclui também o Estatuto e o Regimento Interno, protege a igreja contra aqueles que, movidos pelo espírito de Jezabel, tornam-se rebeldes e são até capazes de levar a igreja às barras dos tribunais contra alguma decisão com a qual não concordam. Pelo seu conteúdo, a Declaração de Propósitos se configura como um pacto em que as partes estão de acordo com as normas contidas, sendo, portanto, uma peça de defesa em casos extremos.

O caráter corretivo da disciplina. A disciplina tem, finalmente, caráter corretivo. Ela visa corrigir rumos, trazer de volta ao devido lugar, fazer com que a verdade prevaleça, acertar o que está errado. Mas os tempos de hoje não favorecem a pos­tura autoritária muito comum em épocas não tão distantes. Já não é mais possível chegar e dizer: “o que eu determino está determinado. Ninguém tem o direito de reclamar ou questionar”.

É bom lembrar que, além de ser errada, do ponto de vista bíblico, o povo ge­ralmente já não aceita essa forma de liderança. Então qual o caminho para aplicar a disciplina corretiva? Ele se constitui de três simples passos: mostrar onde está o erro, explicar porque está errado e ensinar como fazer para corrigir o erro.

O problema não pode ser tratado como se o líder estivesse impondo a sua vontade pessoal, o que ele quer, mas aplicando os princípios bíblicos, que, como já foi dito, são coerentes com o dia a dia das pessoas. É a partir daí que elas po­derão avaliar o seu modo de vida no sentido mais amplo para ver o que precisa ser corrigido ou aperfeiçoado.

Só assim terão condições de aplicá-los a cada situação da vida e não só àquelas que são consideradas “pecados”. Vale também ressaltar que a disciplina corretiva não tem o caráter de lançar fora, mas sempre restaurar, trazer de volta ao aprisco. Mesmo quando há necessidade de se tomar alguma medida disciplinar restritiva, como a suspensão de determinadas atividades ou mesmo o desligamento, o obje­tivo será sempre restaurar, e não lançar no abismo, como no episódio relatado por Paulo em ambas as cartas aos coríntios (I Co 5.1-5; 2 Co 2.1-8).

Por fim, duas metáforas empregadas no Salmo 23 permanecem plenas de significado para a disciplina na igreja da pós-modernidade: a vara e o cajado. Com a primeira o pastor ensina, expõe a Palavra com integridade, prepara e aperfeiçoa. Mostra o que Deus quer para o seu rebanho. Com a segunda, puxa a ovelha que está à beira do abismo e a coloca de volta na trilha que leva aos pastos verdejantes e às águas tranquilas. Uma igreja bem disciplinada entregar-se-á com alegria e dedicação à sua tarefa e terá, como veremos a seguir, um forte comprometimento com a missiologia urbana.

 

A IGREJA E A MISSIOLOGIA URBANA

Outro aspecto importante da vida eclesiástica tem a ver com o processo de urbanização do mundo, uma realidade desafiadora que exige pronta e contínua resposta da igreja como agente do Reino de Deus na Terra. O fluxo migratório constante dos países pobres para os países mais desenvolvidos e do interior para os grandes centros, em busca de melhores oportunidades, aliado a outros fatores da vida pós-moderna, indica com segurança que nos próximos anos a maior parte da população do planeta estará vivendo nas grandes cidades, transformadas em metrópoles e megalópoles.

A estratégia urbana de Paulo. Para se conhecer como a igreja pode desempenhar bem o seu papel como comunidade terapêutica na urbe pós-moderna, nada melhor do que descobrir a metodologia empregada pelo apóstolo Paulo em suas viagens missionárias. A primeira observação é que ele procurava instalar-se nos grandes centros, onde a mensagem seria mais bem repercutida para então irradiar-se pelos regiões adjacentes (At 13.4-6,13,14).

Obediente ao plano divino de universalizar o evangelho mediante a transição da igreja para o mundo gentílico, o apóstolo usou a mesma estratégia quando transpôs os limites da Ásia e alcançou as fronteiras europeias através da Macedônia, atual norte da Grécia (At 16.11,12).

Filipos foi a primeira cidade aonde chegou e na qual permaneceu por alguns dias. Dali, partiu imediatamente para Tessalônica, a capital da província (At 17.1), para depois, passando por Beréia, alcançar Atenas (At 17.15), centro dos grandes conhecimentos filosóficos, de onde seguiu até Corinto, capital da Acaia, atual sul da Grécia. Em todos estes casos, os grandes centros, como Tessalônica, Acaia e Corinto, foram os locais estratégicos onde o evangelho começou a ser anunciado.

O apóstolo Paulo sabia utilizar-se, também, de estratégias adequadas para cada realidade. O seu próprio perfil é o testemunho de que Deus escolhera a pessoa certa para aquelas circunstâncias. Nascido em Tarso, uma das principais cidades do império romano, pertencia a uma família judaica e cresceu sob a influência da cultura helênica, o que lhe dava mobilidade para transitar livremente entre as fronteiras da época.

Em Filipos, sua primeira iniciativa foi buscar um lugar para a oração, fora da cidade, onde pôde falar às mulheres ali reunidas (At 16.13,14), entre as quais Lídia, empresária bem-sucedida no ramo de púrpura. Não foi por acaso que as primeiras pessoas a ouvirem o evangelho na Europa tenham sido as mulheres. Elas são, por natureza, mais sensíveis e sempre mais dispostas a lutar pelas causas que assumem.

Sem dúvida, tiveram papel fundamental na divulgação do Evangelho. Em Atenas, famosa pelos grandes embates filosóficos, as artes e os deuses da mitologia grega, Paulo utilizou como ponto de contato a sua religiosidade para apresentar aos atenienses a mensagem sobre o Deus desconhecido, com resultados imediatos (At 17.15-34). Em cada realidade da vida urbana, uma estratégia específica.

Por conseguinte, o apóstolo estava consciente da batalha no plano espiritual em relação às cidades. Sua carta aos efésios é prova disso (Ef 6.10-20). Nessa cidade, localizada hoje na Turquia, prestava-se culto a Diana, uma das deusas do panteão romano. Em Filipos, a artimanha de Satanás foi tentar envolver Paulo com elogios ardilosos para manter a credibilidade demoníaca intacta entre os filipenses.

A ser desmascarado, era preferível a Satanás elogiar, dizendo a verdade a con­tragosto, e assim continuar desfrutando da simpatia do povo. Mas o apóstolo já estava preparado, pois antes de qualquer outra coisa, em solo europeu, fez uso da arma da oração para enfrentar o confronto no nível espiritual (At 16.13,16-18).

O desafio moderno da urbanização. A crescente urbanização do mundo, com o inchamento das grandes cidades, metrópoles e megalópoles, como é o caso do Rio de Janeiro, São Paulo, Cidade do México, Tóquio e outras do mesmo porte, geram desafios que devem ser encarados com tenacidade.

O primeiro é a diversificação cultural. Assim como Paulo era de origem judaica, nasceu em Tarso e sofreu a influência helênica, esta era também a carac­terística cultural do império romano. O latim era o idioma oficial, mas o grego predominava em suas fronteiras entre povos de raízes culturais bem distintas. De igual modo, os centros urbanos, hoje, não são culturalmente homogêneos. Há uma diversidade enorme de “tribos”, termo preferido pela juventude pós- moderna, culturas e tradições.

Outro desafio é a falta de oportunidades sociais, pois a grande maioria não consegue sequer chegar à base da pirâmide social e acaba vivendo à margem do processo, nos subempregos, entregue às drogas, à mendicância, à prostituição, ao banditismo e a toda sorte de violência. Por isso, o alto índice de favelização, principalmente no Brasil.

O materialismo é, também, uma característica da urbe. Se, de um lado, a luta pela sobrevivência leva os mais pobres a pensar apenas no que comer, isto é, sem qualquer tempo para assuntos espirituais, por outro, os endinheirados agem como o rico da parábola: os bens materiais lhes bastam (Lc 12.16-21).

Há, também, o desafio das novas tendências sociais, que alteram valores sagrados para a saúde moral da sociedade. Com a proliferação do divórcio, o conceito de família, hoje, na sociedade distanciada de Deus, não é o mesmo da Bíblia. Isto sem falar na incidência de outras circunstâncias como a secularização, a defesa do aborto, o homossexualismo, o relacionamento sexual livre entre os jovens, sem o compromisso do matrimônio, e outras situações que tornam os defensores dos padrões bíblicos aparentemente antiquados e ultrapassados.

O avanço das seitas, por outro lado, se constitui na outra face do desafio da vida urbana. Elas apareceram na época de Paulo (2 Tm 2.14-19; 3.6-9) e nos anos subsequentes do Cristianismo, mas em nenhum outro tempo da história tiveram expansão considerável como nos dias atuais. Por último, entre outros desafios, está o da solidão cósmica. Apesar da multidão que o cerca, e da imensa selva de pedra na qual vive, o massacre constante dos turbilhões de problemas da grande cidade torna o indivíduo extremamente só, deprimido e perdido no cosmos.

As estratégias da igreja para o mundo urbano. O quadro há pouco pintado retrata a vida urbana em cores pálidas. Ele é mais forte. Mas a igreja consciente de suas responsabilidades e capacitada pelo poder do Espírito Santo há de estar pronta para ser obediente à visão de Deus e transpor todas as barreiras para ser relevante com a mensagem do Evangelho. Assim como Paulo foi obediente ao chamado divino (At 16.9,10; 26.19,20), a igreja igualmente não pode fugir da realidade das grandes cidades, metrópoles e megalópoles, pois aí estará praticamente a maior parte da população mundial nos próximos anos.

Por outro lado, somente a igreja que dispor de visão multiministerial, assim como a sabedoria de Deus é multiforme, terá condições de estar presente em todas as cir­cunstâncias que demandam sua ação na vida urbana. Em sã consciência, as reuniões tradicionais da semana, com seu inestimável valor, não são suficientes para confrontar a vida paradoxalmente opulenta e ao mesmo tempo degradante da urbanização.

Visão multiministerial significa diversidade de ministérios atuantes na igreja local para alcançar todos os segmentos sociais. Das crianças aos mais idosos, todos precisam estar mobilizados em todas as frentes — menores carentes, drogados, prostitutas, terceira idade, empresários, profissionais liberais etc. — a fim de que se cumpra através da igreja o ministério da reconciliação (2 Co 5.18).

Cabe à igreja, portanto, entender que os fatos há pouco descritos são reflexos de ações demoníacas sobre as cidades, que se intensificarão cada vez mais à medida que se aproxima a volta de Cristo. Assim como Paulo buscou um lugar para a oração antes de enfrentar a batalha, a igreja só terá êxito em sua missiologia urbana repreendendo os espíritos que atuam no mundo invisível para então conquistar as cidades para Cristo. Esta é, também, uma igreja preparada para o desafio das missões transculturais.

 

A IGREJA E AS MISSÕES TRANSCULTURAIS

É comum estudar-se o Apocalipse sob a perspectiva dos juízos que serão execu­tados sobre o mundo no final dos tempos. No entanto, ele é também o testemunho de que o plano de Deus através dos séculos, que incluiu o projeto chamado Igreja, terá seu cumprimento final mediante a proclamação do evangelho por ela até os confins da Terra.

Missões transculturais, portanto, não é uma teoria, mas um sério compromisso bíblico do povo de Deus com a sua obra. Não há como pensar a existência da igreja sem que a missão da evangelização mundial esteja agregada, pois aqui está a razão para que ela tenha sido projetada na mente de Deus e tornada realidade entre os homens.

A visão que revela a universalização do evangelho. A ordenança bíblica da proclamação do Evangelho em todo o mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15) sinaliza o seu caráter universal, ou seja, o direito que todos os povos têm de ouvi-lo de forma clara e consciente para crerem no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se de seus pecados e ter a certeza da vida eterna.

Essa universalidade se fundamenta na morte do Cordeiro (Jo 1.29; cf. Is

, o qual, na visão do Apocalipse, é o único considerado digno e, portanto, perfeitamente legitimado para desatar os selos do livro e executar os juízos sobre a Terra. Por que tem ele autoridade para fazê-lo? Por causa da justiça de Deus revelada em sua morte para redimir o pecador, antes de julgá-lo.

A cena vista por João fecha as cortinas da graça salvadora da época presente e dá início aos flagelos que, através da abertura dos sete selos, serão lançados sobre a humanidade que rejeitou a Cristo. No entanto, este é o cerne da verdade: em toda a história bíblica os juízos de Deus jamais são executados sem que haja oportunidade de arrependimento (Jn 3.10).

Assim sendo, não é justo que, pela negligência das igrejas, os povos não ouçam a voz de Deus e sejam apanhados pelo seu juízo. O Cordeiro cumpriu a sua parte e venceu (Ap 5.5). Por isso pode assentar-se como juiz no trono do Universo.

Outro detalhe da visão do Apocalipse é a onipresença do Cordeiro, re­presentada pelas “sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra”. Sete, na numerologia Bíblia, é símbolo de plenitude e, nesse caso, denota a ideia de que os olhos do Senhor estão por toda a parte, acompanhando passo a passo a ação da igreja na proclamação da mensagem do Reino de Deus.

Ê importante frisar que o Cordeiro, em sua onipresença, não compartimenta o mundo em áreas específicas ou privilegiadas. Em "toda a terra” ele supervi­siona e cria as condições necessárias para que a redenção seja proclamada, como fez Deus com o profeta Jonas (I.I-I7; 2.I-I0; 3.1-3). O Evangelho terá de ser pregado em todo o mundo para que se cumpra a justiça de Deus.

Se o Evangelho é universal, a morte do Cordeiro teve, também, o mesmo caráter (Ap 5.9; 2 Co 5.15). Não há exclusividade neste ato de entrega volun­tária e substituta em favor do homem. Não importa onde e como vivam, se nas florestas da Amazônia ou nas montanhas do Himalaia, todos são alvos da graça imerecida de Deus e precisam urgentemente conhecê-la.

A visão do papel transcultural da igreja. É aí que entra o papel transcultural da igreja. Segundo Atos 1.8, sua visão não pode circunscrever-se à comunidade local, mas deve ampliar-se até as últimas fronteiras do planeta. O texto transmite a ideia de simultaneidade. Enquanto a igreja evangeliza a cidade, seus olhos pousam mais além e vêem terras mais distantes que estão brancas para a ceifa (Jo 4.35).

Vemos o mesmo conceito de modo cristalino na visão de João. Ali a expres­são “de toda tribo, e língua, e raça e nação” (Ap 5.9) implica na proclamação simultânea do Evangelho até os confins da terra. A linguagem enfática determina que ninguém poderá ficar de fora. Todos os povos deverão ser alcançados. Assim o Cuia Prático de Missões define Missões Transculturais:

O prefixo “trans” vem do latim e significa “movimento para além de”, “através de”. Portanto, em linhas gerais, missões transculturais é transpor uma cultura para levar a mensagem do Evangelho. Esta mensagem não pode se restringir a uma só cultura, mas tem alcance abrangente, em todos os quadrantes da terra, onde quer que haja uma etnia que ainda não a tenha ouvido.5

E interessante que o número quatro aparece de forma implícita. Na Bíblia, ele é símbolo de totalidade. Isto implica em afirmar, com absoluta segurança, que a doutrina de missões é bíblica, mesmo que este termo não apareça nas Escrituras. Assim como a Trindade não é mencionada no texto sagrado de forma explícita,

O cristão bíblico não duvida de que ela se constitui numa verdade doutrinária. A mensagem salvífica, portanto, tem como alvo o mundo em sua globalidade.

Para tornar ainda mais séria a responsabilidade, o termo “nação”, que aparece em Apocalipse 5.9 e também em Mateus 28.19, vem do grego ethnos, cujo sentido é diferente da ideia geopolítica de países como são atualmente constituídos. Aqui significa povos na sua essência étnica, envolvendo cultura, dialeto, tradições, modus vivendi, visão de mundo e outras particularidades.

Sob esse ponto de vista, há pelos menos doze mil povos espalhados no mundo, e todos, sem exceção, estão incluídos no plano da redenção. Não basta olhar os países, que somam hoje aproximadamente 240, mas cada “tribo, e língua, e raça, e nação”. Esta é a forma pela qual Deus vê o mundo. A visão de Isaías sobre a missão messiânica e, por conseguinte, da igreja é clara: “... também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra” (Is 49.6; cf. At 13.47).

A transculturação, neste caso, significa encontrar em cada cultura os ins­trumentos adequados para proclamar de forma clara, aceitável e consciente a mensagem do evangelho. Há na Bíblia elementos da cultura judaica que não foram transplantados para o Cristianismo. O preparo do missionário, de igual modo, implica em ele saber que não lhe cabe transplantar no país onde exercerá o seu ministério elementos da cultura de seu país de origem que só ali fazem sentido.

Sabemos que os princípios da Palavra de Deus são absolutos, inalteráveis e universais, assim como os elementos químicos da água. No entanto, pode-se servi-la em copos diferentes. Para exemplificar, cabe aqui a clássica expressão do famoso evangelista hindu Sadu Sudar Sing: “A água da vida deve ser servida ao povo hindu em copo hindu”. Isto é transculturação. E saber discernir em cada cultura aquilo que é bíblico, antibíblico e extrabíblico.

A visão que revela o cumprimento da missão da igreja sobre a Terra. A visão do Apocalipse implica em afirmar a dupla grandeza da missão da igreja.

Os anjos gostaram de ter assumido esta tarefa, mas coube ao povo de Deus a singular oportunidade de abrir as portas da salvação para os perdidos da Terra. Nen­huma instituição desfruta deste privilégio. Só a igreja (I Pe I.I0-I2).

Trata-se de tarefa gigantesca alcançar cada “tribo, e língua, e povo, e nação” em seu próprio meio cultural antes que Jesus venha. Para executá-la só há uma forma: mobilização total e prioridade absoluta. Nenhuma atividade, por mais importante que seja, poderá subtrair tempo e recursos dedicados à evangelização mundial. Agir deste modo é subtrair, também, as bênçãos de Deus sobre a igreja.

Ou se quer, de fato, ouvir o clamor do mundo, ou então a igreja estará como os contemporâneos de Ninrode: construindo torres para ajuntar-se e alegrar-se à sua volta, esquecendo-se das almas que perecem nas últimas fronteiras do mundo (Gn

I.I-6). Dizer que faltam recursos é uma aleivosia. Por outro lado, a tecnologia, hoje, põe o mundo dentro de casa. Assim sendo, resta apenas agir... e rápido.

Todavia, a visão de João traz uma boa notícia: A igreja não falhará. Ela cumprirá a sua missão, custe o que custar, nem que seja preciso vir o vento forte da perseguição para espalhar os seus membros pelo mundo. Impulsionada pelo poder do Espírito Santo, a igreja começa a mover-se em todas as direções para que o mundo todo saiba que Jesus Cristo é o Senhor que se revela agora como Salvador, mas um dia Ele assentar-se-á no trono do Universo para julgar os vivos e os mortos.

Se não for assim, a visão de João terá sido uma fraude. Mas ela é a eterna e infalível Palavra de Deus. Portanto, naquele dia, diante do Cordeiro, a Igreja será formada por pessoas fiéis — compradas pelo seu sangue — de “toda tribo, e língua, e povo, e nação”, que se tornarão reis e sacerdotes para Deus “e reinarão sobre a terra”. O cresci­mento universal da igreja, no entanto, gera tensões decorrentes de seu lado humano. Uma delas, como veremos no próximo ponto, é o crescente denominacionalismo.

 

A IGREJA E O DENOMINACIONALISMO

Esta é a questão que se impõe: Qual o verdadeiro lugar das denominações no processo histórico da igreja? Como compreender o seu papel à luz das Escrituras?

Mais do que em qualquer outra época, é necessário desenvolver uma visão clara a respeito, tendo em vista duas razões, entre outras:

O surgimento continuado e crescente de novos ramos denominacionais.

A necessidade de os crentes, principalmente os novos na fé, saberem como comportar-se nesse contexto nem sempre preciso de tantas ramificações evangélicas. Todavia, reconhecer o caráter secundário das denominações é fator determinante para que não se enfraqueça, jamais, a doutrina bíblica da Igreja como corpo de Cristo.

A doutrina da igreja no Novo Testamento. Em que pese a quantidade de denomi­nações existentes, o Novo Testamento não se manifesta em momento algum a esse respeito. O seu ensino acerca da estrutura da igreja encerra basicamente duas verdades.

Aponta para o seu caráter universal (At 20.28; Ef 2.21,22; cf Hb 12.23). È o povo de Deus espalhado pelo mundo, que professa a fé em Cristo, proclama as boas novas aos perdidos da Terra e cultiva no seu viver diário a comunhão em seu duplo aspecto: vertical (com Deus) e horizontal (uns com os outros).

As expressões paulinas em Efésios 4.4-6 — “há um só corpo”, “um só Es­pírito”, “uma só esperança”, “um só Senhor”, “uma só fé”, “um só batismo” e “um só Deus” — transmitem essa ideia, deixando explícito que a Igreja de Cristo está acima das estruturas humanas. Ainda que estas sejam, em certo sentido, necessárias para a sua instrumentalização na face da Terra, a Igreja se constitui de um único Corpo formado por aqueles que foram comprados pelo sangue de Cristo e vivenciam a vida cristã na “unidade do Espírito pelo vínculo da paz”.

O ensino do Novo Testamento revela o caráter local da igreja, pois é dessa forma, na comunidade, que ela expressa a sua dimensão de vida e exerce as suas responsabilidades como agente do Remo de Deus no mundo (Mt 18.17; cf. At 15.4; 16.5). Mesmo nos casos em que o Novo Testamento se reporta à igreja em sua expressão local, não determina nenhuma nomenclatura específica que possa ser tomada em seu sentido original como a forma pela qual devesse ser denominada.

Ao se referir à igreja local, o livro de Atos, padrão da igreja do Novo Testa­mento, usa em quase todas as referências o designativo “igreja” para identificá-la, sem nada acrescentar (At 9.31; 11.22; 12.1; 12.5).

Razões para a existência das denominações. Mas, se não há, na Bíblia, nenhuma menção clara e específica que determine para a igreja outro designativo além deste, mesmo para a sua expressão local, por que a existência de tantas denominações, com estruturas autônomas, nomes variados e às vezes tão díspares? E tão ampla a diversidade que existe de tudo um pouco nesse universo, até igrejas que estimulam supostos contatos com espíritos de pessoas falecidas, o culto aos anjos e outras aberrações, isso para não falar dos desvios mais conhecidos.

A pergunta em apreço é feita com frequência, principalmente pelos não- crentes, quando estão sendo evangelizados. E precisa de resposta.

A primeira razão para a existência de tantas denominações é de fundo histórico. À medida que a igreja, em sua trajetória institucional, começou a se desviar gradualmente dos postulados da doutrina apostólica, começaram a surgir indivíduos e movimentos em seu meio, pregando o retorno ao modelo primitivo, inconformados com a perda crescente da simplicidade da fé. Esses movimentos passaram a receber denominações próprias identificadas com as idéias defendidas por seus líderes.

O grande divisor de águas foi a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, numa época de obscurantismo, em que a igreja histórica descera aos níveis mais baixos de relaxamento moral e espiritual, depois de incorporar, ao longo dos séculos, diversas práticas pagãs em sua liturgia.

Lutero resgatou a doutrina bíblica da justificação pela fé e estabeleceu o seguinte princípio, que se tornou lema dos evangélicos ao redor do mundo: “Só a graça; só a fé; somente as Escrituras”. A Reforma Protestante, portanto, deu origem às chamadas denominações históricas, em cujo meio floresceu o movimento pente- costal, nos primeiros anos do século XX, sabendo-se que houve através dos tempos manifestações pentecostais em diversas fases da História da Igreja.

Outra razão que explica a existência de tantas denominações é de na­tureza doutrinária. De um lado está a ênfase unilateral, extremada ou isolada de determinadas doutrinas bíblicas, enquanto outras são relegadas a segundo plano. De outro, a negligência que despreza certos ensinos bíblicos, como a contemporaneidade dos dons espirituais, e não permite que a congregação seja por eles abençoada.

Junte-se a isso a falta de amor e de espiritualidade, e está aberta a porta para o surgimento de uma nova denominação. Sem nos esquecermos de que as here­sias são um fator muito forte de fragmentação. Nesses casos, não há nenhuma dúvida: “Destes afasta-te”.

Há que se considerar também as razões de ordem administrativa. Aqui entram a forma de governo, a estrutura organizacional e a necessidade de se normatizar legalmente a vida da igreja local perante a legislação do país. Como nem sempre as idéias convergem, as igrejas que estão sob a mesma bandeira e buscam viver o mesmo modelo administrativo se organizam com um nome pe­culiar para que assim sejam identificadas diante da sociedade. No Brasil, apenas como exemplo, a Assembleia de Deus iniciou-se em 1911 como Missão da Fé Apostólica. Só a partir de 1918 adotou o nome atual.

Não se deve esquecer, ainda, de que em muitos casos as razões estão no egocentrismo. De um lado, está a vaidade pessoal, a busca da liderança como um fim, a falta de humildade para submeter-se à liderança daqueles que foram legitimamente constituídos por Deus. De outro, a insegurança de muitos daqueles que já lideram a igreja, o apego ao pastorado, mesmo que o seu tempo tenha ter­minado, levando-os a não abrir espaço para o surgimento de novas lideranças.

Se não há disposição para ouvir a voz do Espírito, como fez a igreja primitiva reunida em concilio na cidade de Jerusalém (At 15), as dissidências surgem e acabam gerando novos grupos denominacionais.

Por último, o denominacionalismo pode ser compreendido como parte da vontade permissiva de Deus. A diversidade de igrejas, que têm como fundamento a doutrina apostólica, torna o homem indesculpável, ao usar como justificativa para não aceitar a fé a possibilidade de não ter encontrado um lugar onde possa sentir-se bem. No atual universo em que há não só diferentes modelos adminis­trativos, mas também formas distintas de liturgias, sem prejuízo dos fundamentos da fé, essa desculpa jamais terá sentido.

Como lidar com a existência das denominações. A diversidade das denominações está aí, e todos têm de lidar com ela. No entanto, alguns pontos precisam ser levados em consideração:

Buscar a unidade fraterna e o aperfeiçoamento espiritual dos santos é dever de todos. Para tanto, os ministérios foram dados à Igreja, e não a uma igreja ou denominação (Ef 4.11 -13).

A unidade é orgânica, espiritualmente falando, mas não precisa ser necessariamente organizacional, humanamente falando. Em outras palavras, po­demos ter denominações administrativamente autônomas, e que sejam fraternas, relacionando-se sob a bandeira do mesmo Espírito.

Não se pode, em nome da unidade, abrir mão dos princípios absolutos e inegociáveis da Palavra de Deus. Se os fundamentos são outros, não há também comunhão (I Co 3.11; cf. G1 1.8). Aqui vale o pensamento de Agostinho: “Nas coisas essenciais, unidade; nas não essenciais, diversidade; e em todas as coisas, amor”.

E necessário, ainda, que se busque um relacionamento de respeito mútuo. Usar termos jocosos ridicularizando irmãos que pertençam a outras denomi­nações não é próprio de alguém nascido de novo. Assim como não nos agrada sermos desconsiderados, eles pensam da mesma forma. Chamá-los de “primos”, mesmo que por brincadeira, em nada ajuda a construir pontes de comunhão. Afinal, o Céu é para todos os que confessarem o nome de Jesus Cristo e que dEle são aqui na Terra.

Outra boa maneira de mostrar ao mundo a unidade da igreja na diversidade denominacional, sem abrir mão da identidade, é participar de projetos comuns ao povo de Deus, desde que a centralidade esteja na Pessoa de Cristo, e não na periferia do marketing vazio de shows que não glorificam a Deus. Dia da Bíblia, celebrações históricas como a comemoração da Reforma Protestante, Dia de Pentecostes e eventos em que o objetivo seja a evangelização se constituem em excelentes estratégias para essa demonstração de fé.

Só assim, respeitando-se as diferenças que não mutilem o alicerce, e real­çando os pontos que fundamentem a fé, poder-se-á cumprir, na igreja, a oração de Jesus: “... que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17.21). Aqui somos introduzidos a outro tema desafiante relacionado à condição humana da igreja: o trabalho feminino.

 

A IGREJA E O TRABALHO FEMININO (com algumas alterações bíblicas colocadas pelo Pr. Henrique).

O trabalho feminino na igreja é aceitável e apoiado pelas escrituras.

O termo díakonon possui sua forma masculina e sem artigo definido. Diaconia, sem ser ministério (Ef 4.11), pode e deve ser exercido também por mulheres.

O saudoso Pastor Antônio Gilberto explicava sempre que a mulher pode exercer diaconia na Igreja, desde que não seja eclesiástica ou ministerial.

https://noticias.gospelmais.com.br/pastor-antonio-gilberto-mulheres-ministerio-pastoral-antibiblico-45779.html

Para Gilberto, as pessoas que lideram as denominações terão que prestar conta a respeito do assunto: “É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres”, enfatizou.

Sabemos que DEUS não colocou nenhum patriarca feminino no comando de Israel,  JESUS não colocou nenhum apóstolo feminino na Igreja, nem mesmo sua própria mãe, os apóstolos escolheram sete diáconos e nenhum feminino para servir às mesas, no início da Igreja. Deduzimos que ministérios são masculinos, mas o trabalho diaconal pode ser exercido por mulheres, desde que não seja na liderança da Igreja.

Desde a primeira hora da igreja, entretanto, mesmo durante o ministério ter­reno de Cristo, as mulheres estiveram presentes com a sua relevante contribuição para a vida comunitária do povo de Deus.

O resgate da mulher no cristianismo. Na verdade, uma das grandes conquistas do cristianismo foi resgatar a posição da mulher e elevá-la à sua verdadeira condição diante de Deus. Vê-se tal propósito, por exemplo, na própria linhagem de Cristo (Mt 1.3,5,6,16).

Mateus em sua genealogia refere-se aos ancestrais somente pelo lado pa­terno, mas dá destaque a cinco mulheres — Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria —, das quais apenas sobre Rute e Maria não pesava nenhum deslize moral. Tamar prevaricou com o sogro (Gn 38.12-30), Raabe vivia como prostituta em Jericó (Js 2.1; Hb II.31) e Bate-Seba cedeu aos galanteios de Davi (2 Sm II. 1-4). Isso demonstra a graça de DEUS recebendo em sua família mulheres de povos gentios (Tamar, Raabe, Rute). Revela o perdão e misericórdia ao perdoar Bate-Seba pelo adultério. Revela graça ao chamar Maria na cidade de Nazaré, um pequeno vilarejo ao norte de Israel.

Esses registros encerram algumas razões:

Deus não oculta as transgressões dos personagens bíblicos. Ê tão claro esse propósito que Mateus substitui o nome de Bate-Seba pela seguinte declaração: “a que foi mulher de Urias”. Deus assim o fez porque isso serve de advertência para os crentes atuais quanto à sua falibilidade e consequente dependência da graça divina.

Fica subentendido, no texto sagrado, que elas se arrependeram de suas falhas morais e mudaram de atitude porque creram na obra redentora futura de Cristo, que alcançou os fiéis do Antigo Testamento (Hb 11.1,2,32-40).

O aparecimento de seus nomes na genealogia de Cristo, como exceção à regra, em nada diminui o Salvador; antes, exalta a sua encarnação como nosso compassivo e gracioso Redentor e dignifica a mulher como parte da linhagem que suscitou o Redentor da decaída raça humana.

Esse enfoque enaltecedor do papel da mulher é visto, também, no ministério de Jesus. Além dos doze discípulos, aparecem diversas mulheres que o seguem por onde quer que Ele passe (Lc 8.1-3). Algumas são citadas até pelo nome — Maria Madalena, Joana e Suzana — como pessoas que não só acompanham, mas contribuem com seus bens para a manutenção do seu ministério.

No episódio da ressurreição de Cristo, por sua vez, para confrontar o fato de o pecado ter entrado no mundo pela primeira mulher, Deus permite que duas seguidoras de Cristo — Maria Madalena e a outra Maria — sejam as primeiras a vê-lo ressuscitado e tenham o privilégio de dar a alvissareira notícia em primeira mão aos discípulos (Mt 28.I-I0). Por que elas primeiro, e não eles? Para deixar nítida a sua destacada posição no cristianismo incipiente.

Aposição da mulher na Igreja Primitiva. Com a ascensão de Cristo, inicia-se o processo de inauguração da Igreja, que culminou no dia de Pentecostes, e mais uma vez as mulheres são participantes desde a primeira hora, incluindo-se no grupo a mãe de Jesus (At I.I4). Subentende-se que elas viram a ascensão do Senhor, viram a assembleia que escolheu o sucessor de Judas e estavam presentes no dia em que o Espírito desceu sobre a igreja e é certo que também receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO.

Se foi assim desde o princípio, por que negar-lhes, hoje, a oportunidade de serem usadas pelo Senhor no papel que lhes couber dentro do Reino de Deus e segundo a vontade soberana dEle? Não se trata, aqui, de substituir o homem em sua função dentro da estrutura ministerial, social, familiar e religiosa, e sim permitir que a mulher preste a sua efetiva contribuição, como indivíduo, na obra de Deus.

As mulheres se destacam, também, na igreja primitiva, pelo seu envolvimento no serviço de assistência social. A primeira a ser mencionada é Dorcas (At 9.36-42), que, movida pelo amor a Deus, empregou sua vida a servir ao próximo, na cidade de Jope, com atos de caridade. E tanto que a sua morte trouxe grande tristeza, a ponto de Pedro ser chamado para orar em favor de sua ressurreição. Um fato chama atenção na sua história: ela é também chamada de discípula (At 9.36).

A segunda mulher aparece na Epístola aos Romanos. Trata-se de Febe, da igreja em Cencréia, porto oriental de Corinto, da qual distava cerca de treze quilômetros. Ela é recomendada por Paulo para que seja recebida com a mesma hospitalidade com a qual honrava os servos de Deus (Rm 16.1,2). No grego, o termo empregado para servir é díakonon, que está em sua forma masculina e sem artigo definido; isso indica a possibilidade de ela ter exercido um trabalho diaconal. Embora lavar roupa e cozinhar, por exemplo, para Paulo ou algum obreiro que ali passasse, colocar sua casa a disposição para reuniões dos salvos seja serviço de diaconia (díakonon).

Em Romanos 16, quando Paulo menciona uma série de outras mulheres cooperadoras do seu ministério apostólico, inicialmente aparece o casal Priscila e Áquila, em cuja casa também se reunia uma igreja (vv.3.5). Segundo alguns eruditos, o fato de a esposa ter sido citada primeiro não é mera regra protocolar, pois a literatura de então não admitia esse tipo de gesto. E tanto que na hora de saudar outros casais o apóstolo o faz na ordem marido e mulher, porém pode ser o costuma grego de então colocar o nome de quem mais se destacava no casal, em primeiro lugar.

Mencionam-se, ainda, de forma específica, Maria, Trifena, Trifosa, Pérside, a mãe de Rufo, Júlia, a irmã de Nereu e, por fim, Olimpas. O que as cooperadores de Paulo faziam o texto não esclarece, mas é um detalhe de menor importância. O que conta é o reconhecimento pelo trabalho que elas faziam.

A importância do trabalho feminino na igreja. A Bíblia respalda o trabalho feminino na igreja. Se as referências há pouco não bastassem, Paulo reivindica o direito, em I Coríntios 9.5, de ter a companhia de mulheres santas em seu ministério apostólico. Paulo diz que os irmãos de JESUS e apóstolos andavam com suas esposas – “Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” 1 Coríntios 9:5. E, em Filipenses 4.2,3, está implícito que duas de suas cooperadoras, Evódia e Síntique, precisavam ajustar a sua sintonia no seu relacionamento interpessoal.

Os que apelam para I Coríntios 14.34 — “as mulheres estejam caladas nas igrejas” — fazem uma exegese errada e isolada do texto, que contraria a atitude do apóstolo em reconhecer a dedicação feminina, bem como conflita com o que ele mesmo havia dito, na própria carta em apreço, afirmando que elas podem orar e profetizar (II.5). Segundo Donald Stamps, na Bíblia de Estudo Pentecostal, o versículo citado deve ser interpretado à luz do seguinte, o 35; ou seja, “a proibição das mulheres interromperem o culto com perguntas que podiam ser feitas em casa”.

Além das razões bíblicas já apresentadas, há outras que reforçam a tese em favor do trabalho feminino na igreja.

Foge à lógica pensar que um segmento tão grande, maior do que o dos homens, não tenha nenhuma contribuição a prestar na obra de Deus.

As mulheres têm maior sensibilidade para atuar em áreas nas quais o sexo masculino pouco produz.

Nem sempre os homens se mostram dispostos a agir. Nessas horas, elas se revelam mais corajosas e se constituem em fonte de estímulo na igreja.

Elas são membros do Corpo de Cristo e desfrutam dos mesmos deveres e privilégios de todos os demais membros.

Sem nenhum subterfúgio, quando os homens não querem mesmo fazer, são elas a quem Deus usará para levar adiante o seu propósito.

Quando o regime comunista se instalou na China, muitos missionários e pas­tores foram torturados e mortos. Por muito tempo pensou-se no mundo ocidental que a igreja chinesa, em razão disso, teria fracassado. Todavia, descobriu-se mais tarde que ela estava mais forte do que nunca. O motivo residia em suas esposas que não se acovardaram, mas deram continuidade ao trabalho de seus maridos. Conduziram a igreja chinesa em vitória pelos caminhos subterrâneos.

O cristianismo resgatou a mulher e a elevou à sua verdadeira condição diante de Deus. Na igreja primitiva, elas ocuparam o seu espaço como cooperadoras e tiveram o seu trabalho reconhecido. Cabe à igreja de hoje compreender que a dedicação feminina na obra do Senhor não é menos importante do que o traba­lho empreendido pelos homens. Ambos têm o seu espaço no Corpo, segundo a vontade soberana de Deus.

Por isso mesmo elas trabalham com afinco na obra de DEUS como professoras, intercessoras, musicistas, pregadoras, visitadoras, aconselhadoras, etc...


A IGREJA E A SECULARIZAÇÃO

Este é um dos maiores desafios que a igreja enfrenta nos dias atuais: a pressão do secularismo, que abre espaço para a perda dos valores cristãos e o questionamento dos princípios que fundamentam a fé. Percebe-se, aqui e ali, a infiltração sutil de conceitos e comportamentos estranhos, no seio da cristandade, que nada mais são do que um desvio da verdade, como advertiu Paulo a Timóteo sobre aqueles que contendem para perverter a fé dos ouvintes (2 Tm 2.14).

Tal fenômeno, cada vez mais em evidência, é conhecido como secularização. O seu avanço no ambiente eclesiástico contemporâneo requer da parte da igreja uma posição não só de alerta e de prevenção, mas de permanente confrontação, mediante a afirmação coerente dos princípios bíblicos. E essa postura é necessária para evitar que os efeitos nocivos desse estilo de vida solapem a fé dos crentes e os levem à perda da visão e da vida espiritual.

Secularização e contextualização. O secularismo tem como proposta a rejeição de “toda forma de fé e devoção religiosas”, admitindo como lema de vida “apenas os fatos e influências derivados da vida presente”. Ele nega, por con­seguinte, a influência das forças espirituais nas atividades humanas e reduz as circunstâncias do dia a dia exclusivamente ao esforço humano, excluindo, sob qualquer hipótese, a interferência divina.

Para o secularismo, segundo definição do Dicionário Teológico, de Claudionor de Andrade (CPAD), “o homem, e somente o homem, é a medida de todas as coisas”.

O apóstolo Paulo descreve com linguagem precisa, em 2 Timóteo 3.1-5, o tipo de comportamento que caracteriza os adeptos do secularismo. A identificação que abre a longa lista sintetiza de modo adequado os que aí se enquadram. São “amantes de si mesmos” (v.2), consideram-se o centro do Universo e ignoram Deus como o Agente da História.

Por adotarem a filosofia existencialista — em que o homem é o “arquiteto da sua vida, o construtor do seu próprio destino” —, vivem ao sabor do que melhor lhes convém no momento, desde que sejam os beneficiados. Em razão disso, não hesitam em ser “presunçosos, soberbos, blasfemos” e até em assumir a aparência de piedade, mesmo que, interiormente, neguem a sua eficácia.

Sem falar na causa primária — a introdução do pecado no mundo —, o secularismo tem as seguintes causas, entre outras:

E fruto da educação nem sempre sadia ministrada nas escolas. Exemplo disso é a prevalência da teoria evolucionista nos currículos escolares em detri­mento do criacionismo, ainda que ela não conte com nenhum respaldo científico comprobatório (I Tm 6.20).

Tem suas ligações com a opulência das riquezas (“avarentos”, v.2), que aparentam oferecer tudo quanto o ser humano precisa, sem necessidade de lançar mão dos recursos divinos.

Resulta da entrega obstinada ao hedonismo — o prazer pelo prazer (v.4) —, pelo qual até o ato de se alimentar reveste-se de uma liturgia deificada. “O deus deles é o ventre”, afirma Paulo (Fp 3.19).

Origina-se no mau uso dos meios de comunicação que endeusam o homem e educam a criança para se considerar “senhor absoluto de sua vida”.

E, ainda, fortalecida pela apostasia, que afasta o crente de Deus e o leva a nutrir a sua alma nos pecados há pouco mencionados.

O secularismo predomina, hoje, em todos os setores da sociedade e tenta pôr os seus tentáculos dentro da igreja através da perversão dos ensinos bíblicos, procurando conceituá-los ao nível filosófico, sem valor algum para a fé (I Tm 4.1-5; 2Tm 2.16-18; 4.3,4). O secularismo, através de seus agentes, ramifica-se nos meios políticos, econômicos e sociais, infiltrando-se em todas as áreas que exerçam influência e controle sobre a população.

Essa é a forma de predominar sobre as pessoas para torná-las presas de um mundo, onde, desde as compras no supermercado à aquisição do carro último modelo, as coisas se realizam na medida em que as pessoas são indiretamente controladas e pensam controlar a si próprias mediante o aparente poder que têm nas mãos.

A secularização eclesiástica, portanto, tem como espinha dorsal deixar de valori­zar, dentro da igreja, as normas da fé para a vida, introduzindo no dia a dia cristão a mesma visão relativista que caracteriza a sociedade secular. Assim, pervertem-se os ensinos bíblicos, banaliza-se o sagrado, utiliza-se a fé com fins escusos e alimenta-se a ideia, por exemplo, de que a doutrina da santidade não tem importância. Haja vista, segundo acreditam os secularistas eclesiásticos, o importante ser o coração.

Que os adeptos do secularismo torcem a verdade de Deus e buscam tornar a igreja uma instituição corrompida e secularizada, adotando os costumes do mundo, não há dúvidas. Mas não podemos confundir secularização com contextualização. Enquanto a secularização perverte o ensino bíblico e o corrompe com as vãs filosofias, a contextualização, destituída de qualquer valor secular e sem qualquer pretensão a inovações, procura entender como as Escrituras se aplicam ao contexto de hoje.

Já que a Bíblia Sagrada foi dada ao homem numa época diferente da nossa e muitas vezes visando uma situação específica, é necessária a tal contextualização. Não se trata, aqui, de adaptar a Palavra, modernizá-la ou mesmo dar-lhe novo significado, mas de compreender como a mesma palavra fala ao homem atual. Ou seja, contextualizar é o mesmo que situar no contexto.

A título de exemplo, Paulo assevera: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). É óbvio que o apóstolo não poderia se referir a outro tipo de bebida alcoólica que não fossem as existentes à época. Nesse caso, reportou-se à bebida comum aos povos de então para condenar a embriaguez. Contextualizar essa passagem para os dias de hoje implica aceitá-la como fonte normativa que condena também o uso de qualquer outro tipo de bebida alcoólica, embora isso não esteja explicitado no texto.

Ao contrário disso, a secularização traz para dentro das igrejas a ideia da relativização, da falta de valores absolutos e eternos, como se os princípios bíblicos fossem moldados pelo caráter situacional de cada época. Por analogia, o auge do pecado de Belsazar, na Babilônia, foi secularizar, pela profanação, os utensílios sagrados do povo de Israel, fato que o levou a sofrer a ira de Deus (Dn 5).

Consequências da secularização. As consequências da secularização eclesiástica, no âmbito da igreja local, são:

A perda da identidade. Os fundamentos são vilipendiados, a multipli­cidade de concepções religiosas e humanistas toma o lugar das Escrituras, e o “som da trombeta” — para empregar uma figura utilizada pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 14.8 — não tem a precisão da ortodoxia bíblica, necessária para orientar os fiéis. O sonido é incerto.

Como escrevi em meu livro A Transparência da Vida Cristã:

Os emissários do Diabo travestidos de bons religiosos seguem a mesma linha e não se furtam de usar linguagem astuciosa — ecumênica, para ser mais preciso —} buscando defender a multiplicidade religiosa, que nada mais é que a repetição da velha ideia de que “todos os caminhos levam a Deus”.

A identidade cristocêntrica vai para o ralo nesse emaranhado (Mt 7.21-23).

A forma passa a ser mais importante do que o conteúdo. Isso ocorre tanto no aspecto legalista, em que a aparência tem maior peso do que a vida interior (Cl 2.20-23), como no âmbito da liturgia, que privilegia qualquer tipo de expressão dita cultuai, em prejuízo da Palavra, desde que atraia as pessoas.

Essa “onda” expressionista no meio evangélico envolve: rodas de capoeira, nos pátios de templos evangélicos; “trenzinhos” de auditório, na hora do “louvorzão”; linguagem mântrica, empregada por alguns animadores de culto; e até a inserção de elementos do judaísmo na liturgia cristã. E a primazia da emoção no lugar da razão (Rm 12.1,2). E a secularização do culto para agradar a quem não deseja submeter-se aos princípios normativos de vida revelados pelas Escrituras.

A terceira consequência leva à falta de compromisso bíblico. Diferente dos princípios da Reforma Protestante, que trouxe as Escrituras para o seu lugar de honra, o espírito do secularismo na igreja lida com a Palavra como se fosse um mero acessório circunstancial.

A melhor pregação, hoje, em alguns arraiais, não é a expositiva, que valoriza a exegese e a busca dos princípios bíblicos. Está em alta a que apela para as frases de efeito, porém não se atém a conteúdo bíblico; a que oferece vantagens espirituais, e não realça o significado do compromisso cristão; a que emprega recursos para mexer com as emoções, e não fala ao entendimento (I Co 14.20). São palavrórios inconsis­tentes, contra os quais Paulo repetidamente adverte (2Tm 2.14,16,17,23,24). É a pregação descartável. Usou, joga fora.

Há também o perigo dos que se deixam conformar-se. Isto é, aceitar fazer o jogo de Satanás para o mundo, pois, quanto mais se racionaliza a fé em bases humanas, tanto mais o reino das trevas encontra espaço para avançar em seu intuito de escravizar a humanidade. Tentar anular a crença em Deus é a mais perigosa das artimanhas malignas contra a qual a igreja precisa es­tar devidamente dotada da graça e do poder de Cristo para enfrentá-la (Ef 6.10-20).

Como combater a secularização. Ainda que hoje a tendência de certos segmentos do meio evangélico seja o contrário, é necessário compreender que não se pode, jamais, abrir mão do primado da Palavra na vida da igreja. A recomendação de Paulo é bastante incisiva: o obreiro precisa manejar bem a Palavra da verdade (2 Tm 2.15). A expressão “manejar bem” é a tradução do vocábulo grego ortbotomeo, que significa literalmente “cortar em linha reta”, com o sentido de ensinar a verdade de forma direta e correta.

Não só a ênfase do Novo Testamento é para a Palavra de Deus, mas os pró­prios apóstolos tinham como prioridade ensiná-la a tempo e fora de tempo ao povo (At 6.4; 8.25; I I.I; 12.24; 2Ts 3.1). Só a valorização das Escrituras pode conter o avanço da secularização nos meios eclesiásticos.

Infelizmente, também, há aqueles que fazem concessões ao mundanismo usando a “contextualização” como justificativa. Mas, como vimos há pouco, há uma diferença bastante clara entre a verdadeira contextualização e a secularização. Aplicar no contexto de hoje a mesma Palavra de Deus revelada em outro contexto jamais significará a perda da autenticidade cristã.

Vale empregar, aqui, outro exemplo: a Carta aos Gálatas. Nela o apóstolo condena os que tentavam impor o rito judaico sobre os gentios, com ênfase para a circuncisão. Ora, a mesma Palavra se aplica aos que atualmente ensinam a prática de qualquer outro rito como acréscimo necessário à graça para a salvação. Isso é contextualizar as Escrituras.

Entretanto, não se pode usar essa tangente como justificativa para negar os valores normativos da própria Palavra de Deus e fazer concessões ao pecado. Isso é outra coisa: secularização. É uma ação maligna para minar as forças dos crentes. Não podemos, consequentemente, perder de vista a grande verdade da fé: o fun­damento do evangelho é inalterável.

Paulo ressalta, em 2 Timóteo 2, três características desse alicerce:

O Senhor conhece os que são seus.

Aqueles que lhe pertencem confessam o nome de Cristo.

Os servos fiéis apartam-se da iniquidade (v. 19). Estes são considerados vasos de honra para a glória de Deus (vv.20,2I).

Todavia, mesmo aqueles que têm sido vasos para a desonra, são chamados ao arrependimento, para que não sirvam mais ao mundo, desprendam-se dos laços do Diabo e se voltem à verdade do evangelho (vv.24-26).

A defesa da fé que “uma vez foi entregue aos santos” é parte intransferí­vel das responsabilidades da igreja. Um dos grandes segredos da sua vitória em meio às ferozes perseguições do império romano, nos primeiros séculos, foram os apologistas, que se dedicaram a defender o evangelho em bases escriturísticas elaboradas de forma argumentativa. E o que chamamos de “apologia”, palavra de origem grega que significa discurso verbal ou escrito, com argumentos razoáveis, em defesa de uma tese.

Paulo empregou o vocábulo “apologia” na sua forma substantiva ou verbal diversas vezes, não só quando fez a sua defesa diante dos tribunais de Roma (At 22.1; 25.16; 2 Tm 4.16), ou em defesa do seu apostolado (I Co 9.3), mas também quando se referiu ao seu papel em defesa do evangelho (Fp 1.7,15,16). O mesmo emprego do termo fez o apóstolo Pedro, quando nos instou a responder com mansidão àqueles que nos pedirem a razão de nossa esperança (I Pe 3.15).

A igreja precisa, hoje, de homens que se dediquem a confrontar não só o secularismo, mas toda sorte de heresias que têm penetrado sorrateiramente no meio do povo de Deus. Assim como Paulo considerou-se chamado para a defesa do evangelho (Fp I.I6), da mesma forma os crentes atuais receberam de Deus essa convocação.

Fechar as portas à secularização é dever de todos os cristãos. Priorizar o pri­mado da Palavra na igreja ainda mais. Estar vigilante contra as sutilezas malignas que tentam introduzir-se no meio dos fiéis. Valorizar os princípios bíblicos. Tudo isso se constitui numa forma legítima de conter o mundanismo, crendo, de fato, que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja.

 

A IGREJA E O PODER POLÍTICO

O povo evangélico, em razão do seu acelerado crescimento, deixou de ocupar posição secundária na sociedade. Ele agora é visto como força social emergente, cujos votos podem, inclusive, alterar o resultado de uma eleição. Por outro lado, é natural que muitos de seus membros, à medida que ela se torne um segmento representativo, ocupem cargos eletivos e outros espaços na esfera pública.

Vale lembrar que as lições do passado precisam ser revistas, principalmente da época do imperador romano Constantino, a fim de que a igreja evite a cilada de buscar para si uma missão que não lhe cabe — o poder temporal —, mas também não se aliene, como se já estivesse no Céu, e não mais na Terra.

A armadilha dos fariseus. O texto bíblico que melhor se aplica a esse assunto é Mateus 22.15-22, que trata da armadilha dos fariseus para surpreender o Mestre na questão do pagamento de impostos ao império romano. Por não discerni­rem as profecias do Antigo Testamento, eles não admitiam que a mensagem do Senhor acerca do Reino não correspondesse à expectativa judaica de libertação política (Jo 18.36).

Como o propósito era apanhar Jesus em alguma contradição (v. 15), é provável que os fariseus, ao levantar a questão, tivessem em mente duas coisas:

Se Jesus concordasse de forma unilateral com o tributo romano, poderia estar invalidando sua suposta mensagem messiânica de redenção política, como provavelmente pensavam os fariseus. Seria, então, um bom motivo para incitar o povo contra Cristo, por estar propondo a libertação da Israel, mas, ao mesmo tempo, defendendo os interesses do império ro­mano.

Caso Jesus questionasse a tributação, opondo-se às forças romanas, contariam, por outro lado, com um bom argumento para acusá-lo de sublevação contra a ordem constituída. Os fariseus foram, também, astuciosos na maneira de introduzir o assunto (v. 16). Como hipócritas, tentaram induzir o Mestre ao egocentrismo, usando o elogio fácil, que reconhece de forma demagógica as virtudes alheias, porém com propósitos escusos.

O uso da astúcia é algo muito comum, hoje, não só nos meios políticos, mas até mesmo entre cristãos, em que as palavras são ditas com diferentes significados, ao sabor das circunstâncias. Isso “facilita” a vida dos pregadores que não têm compromisso com a verdade, os quais ficam à vontade em sua hipocrisia para se ajustarem a cada significado, dependendo das circunstâncias, sem se comprome­terem, até que sejam desmascarados (Mt 5.34-37).

Observa-se a conotação política da pergunta farisaica na questão proposta (v. 17). Quando se referem a César, reportam-se à instituição política máxima da época, pois se tratava de um título dado aos imperadores romanos. O que estava implícito, na verdade, era o nível de relacionamento político entre a nação judai­ca e o poder dominante. Até que ponto, para os judeus, pagar ou não tributos constituía-se na síntese do que mais os afetava: a dominação romana.

Não há nenhum erro em o crente, como cidadão, estar a par dos assuntos da esfera civil que afetem a sua vida. E lícito, também, exercitar os direitos de cidada­nia e contribuir para que o país prospere, desde que as motivações sejam corretas e não haja intenções dúbias (Rm I3.I-I7). O problema passa a existir quando os propósitos são outros, como no caso dos fariseus, e a igreja perde a sua identidade por assumir para si um papel que não lhe pertence: o poder temporal.

A clareza da posição do Mestre. Ele discerniu a armadilha dos fariseus (v. 18), bem como as razões que motivaram a pergunta. Ao líder (e aos crentes de

modo geral) não basta discernir apenas na esfera natural, porque, às vezes, as origens dos problemas humanos estão no mundo sobrenatural. Daí porque, da lista de dons espirituais constante da Bíblia, o dom de discernimento é indispensável àqueles que lideram o rebanho de Deus (I Co 12.1 -11). Muitas dificuldades ocorrem porque se consulta primeiro à “carne e ao sangue”, e não ao Espírito (At 15.28).

Em razão disso, o Senhor teve uma postura de decisão (vv. 19-21). Ele soube como agir diante daquele quadro. Primeiro, percebeu a hipocrisia farisaica. Depois, deu uma resposta que serve como padrão para a igreja em todos os tempos: os crentes, como cidadãos, cumprem seus deveres civis e políticos — dão a César o que é de César.

O dever de cidadania está implícito aqui. Como igreja, eles mantêm sua lealdade suprema a Deus (dão a Deus o que é de Deus), andando na verdade, denunciando o pecado, seja em que esfera for, promovendo a justiça, vivendo a espiritualidade, proclamando as virtudes do Reino e combatendo o mal (I Pe 2.9,10).

Como a igreja lida com o poder político. Fica claro, portanto, que a igreja e o poder político situam-se em polos distintos. A História revela que, a partir da “constantinização” da igreja histórica, à medida que a relação entre ambos se tornava cada vez mais comprometida e promíscua, a igreja sempre ficou no prejuízo.

Além da perda da identidade, como afirmado há pouco, ela abriu espaço para o avanço do nominalismo pela “conversão” dos que buscavam as benesses do poder temporal através da via eclesiástica. Tornou, também, propício o ambiente para a corrupção do clero e chegou aos níveis mais baixos de obscurantismo, quando as fogueiras da Inquisição foram usadas para tentar calar as vozes que combatiam seus erros.

Cabe à igreja conscientizar os crentes sobre o seu papel na sociedade e lhes oferecer, através do ensino bíblico, a oportunidade de obter formação cristã e sadia para o exercício da cidadania. Afinal, estamos na Terra, paga­mos os nossos impostos e devemos ter interesse no bem comum, da mesma forma como Deus orientou o povo de Israel a agir no cativeiro babilônico (Jr 29). Mas foge aos objetivos da igreja, como instituição divina, como ente espiritual, participar de projetos que tenham como fim a conquista para si do poder político (At 1.6-8; Rm 14.17).

E postura condenável, portanto, envolvê-la na luta partidária, que gera facções e chega até mesmo a transformar indivíduos em inimigos mortais. Muito menos prometer os votos do rebanho em troca de benefícios pessoais — evidencia corrupção — ou coletivos, que são uma obrigação do Estado.

A ação da igreja no mundo, face ao poder político, se orienta pelo seu com­promisso em proclamar as virtudes do Reino de Deus (I Co 4.20). Dessa forma, acima das estruturas políticas, ela propugna para que sua mensagem afete todos os setores da sociedade, inclusive o político, e influencie de modo justo, cristão e bíblico as decisões que estão sendo tomadas.

Este é o referencial para os crentes que ocupam cargos públicos eletivos ou não. Eles fazem parte da igreja e, por isso, devem portar-se à luz de seus princípios, sendo instrumentos de transformação onde quer que estejam. Mas não é a igreja que está ali assentada para pactuar-se com o poder temporal. Esse não é o seu foco. Assim, não lhes cabe usá-la para justificar compromissos que se circunscrevem única e exclusivamente ao terreno público ou político. “A César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (v.2I).

Os homens públicos que professam a fé bíblica precisam estar conscientes de que em nome da igreja falam os seus líderes legitimamente constituídos e ordenados por Deus, não para comprometê-la com o sistema, mas para posicionamentos sobre fatos que exijam a manifestação de sua voz profética (At 20.28).

Por sua vez, os crentes em tais posições devem orientar-se pelo conteúdo ético do Reino de Deus (Mt 5—7), para que sejam instrumentos da presença abençoadora da igreja no mundo e contribuam em favor do bem comum através de ações eticamente legítimas, propugnando por leis justas e sendo exemplo de cristianismo bíblico em sua vida pessoal.

É interessante ressaltar que, nessa abordagem, os nossos olhos sempre se voltam para os cargos eletivos, isto é, aqueles que são exercidos mediante o voto. Mas não é só aí que atuam os cristãos. Eles estão presentes nas salas de aula, nas administrações públicas de modo geral, e precisam adotar a mesma linha de conduta aqui preconizada no exercício de suas funções.

Entendo, por fim, que trocar a chamada ministerial pela vida pública é abrir mão de uma vocação suprema pela transitoriedade dos cargos humanos. A Bíblia deixa claro que os obreiros de tempo integral, aqueles que são chamados para se dedicarem ao trabalho pastoral, devem viver do evangelho, e não se embaraçar com os negócios desta vida, seja de que espécie for (I Co 9.7; 2Tm 2.4).

Não sejamos reducionistas a ponto de ver nisso apenas uma condenação ao envolvimento político. Paulo engloba, em sua advertência, tudo quanto implica embaraço ao exercício do ministério. Vale aqui a mesma posição dos apóstolos, que não quiseram se envolver nos negócios cotidianos da igreja para continua­rem no exercício do ministério da oração e da Palavra (At 6.1-5; 2Tm 2.1-5). Os obreiros têm uma tarefa maior a cumprir; plantar, cultivar e colher para o Reino de Deus.

 

A IGREJA E A COLHEITA DE ALMAS PARA O REINO DE DEUS

Muitos são os modelos adotados pelas igrejas locais no propósito de cumprir a missão primordial da igreja; ganhar e acolher as almas no aprisco. Diga-se de passagem, nenhum modelo humano é perfeito e jamais pode ser apresentado como a “única” e definitiva fórmula para o crescimento de uma igreja. Isso é sectarismo.

Todavia, há uma lição básica que aprendemos na Bíblia; e esta sim legítima e perfeita na propagação do Remo de Deus. Ê a lei da semeadura e da colheita, que sugere estratégias eficientes que podem ser adotadas para uma ação de grandes e abençoados resultados.

A igreja e o princípio da semeadura. Essas estratégias estão implícitas no episódio da passagem de Jesus por Samaria, que serviu para ensinar aos discípulos a importância da ceifa no contexto da igreja. Rumando em direção ao Norte (Jo 4.3), o Mestre deixara a região desértica de Israel e entrara na parte agricultável do país. Ali, tendo como cenário os campos plantados, aguardando a hora da colheita, uma cidade foi alcançada em apenas dois dias, com as boas novas do Reino (Jo 4.39-42).

Com esse quadro fértil diante dos olhos, faltando, ainda, quatro meses para a ceifa, Cristo aproveitou a oportunidade para mostrar que a colheita do evangelho é sempre urgente. Não pode ser protelada (Jo 4.35).

Outra lição que também se extrai do episódio é a necessidade de conhecimento para uma boa semeadura, que resulte em abundante colheita, principalmente em Israel, onde havia bastante escassez de água, com o país cortado por colinas ro­chosas e excesso de pedras nas áreas férteis. Isso obrigava os agricultores a serem criativos, cavando reservatórios para reter as águas das chuvas (2 Cr 26.10) e descobrindo técnicas propícias ao cultivo, como o uso da lei da gravidade para que as águas reservadas chegassem aos campos plantados.

Hoje, a modernização da tecnologia permite que Israel e países com a agricultura desenvolvida disponham de sistema de irrigação comandados por computadores, mediante o qual cada semente recebe — milimetricamente — todos os dias, na hora certa, a quantidade de água necessária para frutificar. Nem mais nem menos.

Além do conhecimento (Mt 16.2,3), que se aperfeiçoa a cada dia, a semea­dura produtiva requer um bom preparo da terra. Nos tempos bíblicos, lavrava-se a terra com arados de madeira ou ferro, os quais eram puxados por juntas de bois, conduzidas pelo lavrador (I Rs 19.19-21). Atualmente, equipamentos sofisticados fazem o mesmo trabalho, ganhando tempo e baixando os custos de produção.

A plantação, por sua vez, requer boa escolha de terra e clima adequados à espécie que se deseja plantar. Há plantações apropriadas ao clima frio e a regiões montanhosas, enquanto outras só frutificam em climas tropicais e terreno plano. Cada espécie, por conseguinte, exige uma forma de sementeira e cultivo para que os resultados sejam mais proveitosos. Ou seja, não se faz a semeadura a esmo, de modo dispersivo, como se estivesse simplesmente cumprindo uma obrigação enfadonha. Não é jogar os folhetos na rua e esperar que “floresçam”. E preciso mais do que isso.

Em sua passagem por Samaria, Jesus aplicou todos os recursos possíveis para obter uma boa colheita.

Ele buscou o coração da mulher samaritana, cujo estado moral propiciava um bom terreno para plantar a semente do evangelho.

O Mestre não iniciou seu diálogo fazendo críticas a ela, mas usando como ponto de contato a sua ida ao poço de Jacó para apanhar água, preparando assim a “terra” para tomar frutífera a mensagem.

Ele tratou com ela, passo a passo, até que estivesse pronta para crer em sua messianidade.

Jesus a viu como um instrumento capaz de impactar os samaritanos com a fé, em virtude de seu estado anterior à conversão (Jo 4.1-30).

O resultado foi uma boa colheita para o Reino de Deus, na cidade de Sicar, de cuja semeadura os discípulos não participaram, porém estavam agora recebendo os méritos da ceifa (v.38).

A igreja e as implicações da semeadura. A lição ensinada pelo Mestre implica em a igreja compreender o sentido de urgência da semeadura. Ele poderia chegar à Galileia, seu destino final naquela ocasião, por outras vias de acesso. Até mesmo para evitar a hostilidade dos samaritanos, rivais milenares dos judeus (Jo 4.9). Sua passagem por Samaria, todavia, não foi obra do acaso, e sim fruto de uma decisão amadurecida (Jo 4.4) de quem vê o mundo como um imenso campo a ser urgentemente lavrado, semeado e ceifado (Mt 13.38). Ele viu ali uma necessidade e tomou a decisão de passar por lá para supri-la.

Quando se fala em semeadura, a ideia ficaria incompleta se não se pensasse em colheita. A Bíblia é rica em ilustrações que revela tratar-se de etapas que se completam. Não basta lavrar a terra e semear. Ê preciso colher. Trata-se de um erro pregar e largar ao abandono a sementeira.

Enfatizam-se muito os resultados qualitativos, e estes, de fato, não po­dem ser esquecidos. A qualidade do que se faz é, em si, uma boa forma de atrair as pessoas. Mas os resultados quantitativos contam, sim, para o Reino de Deus (SI 126.5,6). A colheita tinha tanta importância na vida do povo de Israel que as primícias eram consagradas a Deus, como ato de gratidão (Lv 23.9-14).

A igreja preparada para a colheita. Diante do exposto, verifica-se que a igreja precisa estar preparada não só para a semeadura, mas também para a colheita. Isso implica ter um projeto de vida integrado, que tenha por objetivo obter resultados eficientes em seu trabalho. O que inclui planejamento, estrutura, preparação e ação.

Como pensar, por exemplo, numa grande colheita se não há depósitos suficien­tes para guardar os grãos? Esta, sem dúvida, foi uma das primeiras providências de josé, quando assumiu o posto de governador do Egito (Gn 41.46-49).

A título de reflexão, como funcionam os departamentos de cada igreja local? Eles estão integrados a uma filosofia de trabalho implantado pela igreja, ou cada um age como se fosse um feudo de propriedade particular por falta de um projeto de vida? A Escola Bíblica Dominical cumpre a sua missão como a principal agência de ensino da igreja, ou existe apenas para constar no orga­nograma? A Secretaria de Missões está inserida na execução de um programa missionário da igreja, ou desenvolve projetos de sua particular iniciativa, em razão de esta se desobrigar de suas responsabilidades?

Outra pergunta para reflexão: A abertura de novas congregações é feita à luz de um planejamento que mobilize a igreja para a nova semeadura, ou apenas cumpre a rotina de reuniões vazias que não impactam a comunidade?

Por outro lado, como desenvolver um programa de evangelização dos drogados, se depois a igreja não sabe como recuperá-los? Como buscar as prostitutas nos prostíbulos, se depois não há como integrá-las à vida social? Como tirar os mendigos das ruas, se depois não há como restaurá-los? Afinal, depois de convertidos, eles não desejarão continuar debaixo das marquises e, sim, abrigar-se em algum lugar para serem curados até que possam viver uma vida normal.

Em síntese, os resultados de uma boa lavoura só aparecem quando as três fases do processo se completam: semear, cultivar e colher (I Co 3.5-9). Seria algo como ganhar as almas, discipulá-las e integrá-las na vida da igreja.

Organizar-se, portanto, é bíblico. Planejar também o é. Preparar-se para a colheita muito mais. E executar o que foi planejado é a tarefa primordial. Esta­mos no tempo da semeadura e da colheita. Ela é simultânea. Muitas vezes uns semeiam, enquanto outros colhem. O trabalho, no entanto, precisa ser feito.

Esse é o projeto de vida da igreja para o qual todas as suas forças precisam ser mobilizadas. A igreja ideal é uma meta. Muitas não chegaram, ainda, a esse padrão, mas perseverar em buscá-lo é um dever, para que o Reino de Deus seja recebido nos corações humanos e, assim, a Igreja — com todos os seus santos — possa ao final desta era adentrar ao seu destino final.

 

A IGREJA E O SEU DESTINO FINAL

A Igreja peregrina anseia pela Volta de Jesus. Sem entrar no mérito da Escatologia Bíblica, que também faz parte desta Teologia Sistemática Pentecostal, esse será o glorioso momento em que os molhos da grande colheita serão apresentados diante do Senhor. A transitoriedade histórica da igreja terá sido consumada, e ela estará para sempre no gozo do porvir.

Ela tem rumo, e o seu destino final também faz parte do projeto que Deus desenvolveu para ela. Nossa morada permanente não é aqui, pois, como Abraão, esperamos a cidade cujo Artífice e Construtor é Deus (Hb I I.IO).

Resta-nos tão somente ser fiéis até ao fim, para que, como parte da Igreja — a Assembleia Universal dos Santos —, tomemos posse em definitivo da herança a nós reservada. As recomendações da Bíblia quanto a isso são de zelo, vigilância, fidelidade e perseverança para que não fiquemos à beira do caminho ou sejamos apanhados de surpresa no dia da Volta de Jesus.

Consolemo-nos, portanto, uns aos outros com estas palavras: “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

 

Notas bibliográficas

LIMA, Hadna-Ansy Vasconcelos, Alcebíades Pereira Vasconcelos, Estadista e Em­baixador da Obra Pentecostal no Brasil, CPAD, p. 134.

PRATNEY, Wmkie A, A Natureza e o Caráter de Deus, Editora Vida, p. 249.

WAGNER, Glenn, Igreja S/A, Editora Vida, p. 34.

4 HOLLOMAN, Henry, O Poder da Santificação, CPAD, p. 141.

3 Guia Prático de Missões EMAD, CPAD, p. 128.

 

 

O que é a Igreja de Cristo?

Quando a Igreja foi projetada, e quando foi estabelecida na Terra?

Quais são os três desdobramentos de a Igreja ter estado oculta no mistério de Deus?

Por que a mensagem do evangelho da graça de Deus é universal?

Explique por que o termo “multiforme” se contrapõe a “unifor­me” no que diz respeito à responsabilidade da igreja hodierna de manifestar a multiforme sabedoria de Deus. Cite pelo menos dois exemplos.

Qual é o fundamento da Igreja? Por quê?

Discorra de modo resumido sobre a Igreja peregrina. Por que a Igreja de Cristo recebe esse adjetivo?

Por que o Tabernáculo pode ser comparado à igreja?

Qual é a diferença entre a Igreja e a igreja local? Estabeleça à luz da Bíblia uma distinção entre à congregação de todos os salvos de todas as épocas e a reunião do povo que, no presente século, considera-se pertencente a ela.

Integram todos os que estão nas igrejas hoje a Universal Assembleia, a Igreja do Deus vivo? Explique a sua resposta.

De acordo com Billy Graham, o êxito de qualquer projeto na

área eclesiástica depende basicamente de três coisas. Qua:

Por que as expressões “Reino dos céus” e “Reino de Deus” podem ser consideradas sinônimas;

Discorra sobre a Noiva como símbolo da Igreja.

Em que consiste o papel da igreja, nesta era pós-moderna, diante de temas como justiça social, cidadania, vida profissional e áreas afins, em que prevalece a visão relativista?

Como interagir com a sociedade sem comprometer os valores do Reino de Deus e sem deixar de influir em todos os segmentos?

Defina em poucas palavras o estereótipo pentecostal, o tradicio­nalista e o estruturalista.

Por que é necessária a disciplina na igreja?

O que é visão multiministerial?

Cite pelo menos dois perigos do secularismo.

Qual é o papel da Escola Bíblica Dominical como a principal agência de ensino da igreja?

 

 

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SÍMBOLOS DA IGREJA

- Noiva (Importância, Pureza e sujeição da Igreja a CRISTO).

- Templo (Edifício De DEUS – Pedras Vivas)

- Corpo (Unidade dos Membros)

 

A MISSÃO DA IGREJA

- Adoração a DEUS (em ESPÍRITO e em VERDADE)

- Comunhão (Corpo – Irmãos – mesmos propósitos)

- Evangelização (Objetivo Primário)

- Discipulado (Treinamento)

 

QUATRO SINAIS DA IGREJA AUTÊNTICA

- UNA (unida ao cabeça do corpo - JESUS)

- SANTA (espírito, alma e corpo)

- CATÓLICA (Abrange o mundo todo)

- APOSTÓLICA (Doutrina dos apóstolos)

 

 

ASPECTOS DA MATURIDADE DA IGREJA
a) Viver em unidade ou comunhão.
b) Servir a Deus com os dons e talentos.
c) Conhecimento da Palavra de Deus.
d) Caráter semelhante a Cristo.
e) Firmeza e convicção diante das heresias.

 

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SEIS TIPOS DE IGREJA – Por Pr Geziel Gomes

 

Existem vários tipos de igrejas…. Qual dessas fazemos parte será?
Eu prefiro fazer parte da IGREJA-EXÉRCITO.

 

SEIS TIPOS DE IGREJA

Que se saiba, antes de Mateus 16.16-18 ninguém pensou em estabelecer uma Igreja.

Após o Dia de Pentecoste, muitos têm fundado a sua. Alguns têm, inclusive, tentado afundar a de Cristo.

Hoje existem igrejas e igrejas. Igrejas de todos os matizes. Igrejas de todos os sabores, para todos os apetites.

Igrejas que não se envergonham de Cristo e Igrejas que O envergonham.

Igrejas com nomes sagrados, outras com títulos exóticos.

Muitíssimas igrejas que fazem rir, poucas que fazem chorar. Destas, algumas, porque são dignas de compaixão. Outras, pela grande paixão que nutrem por Cristo e Seu Evangelho.

 

1- IGREJA-PARLAMENTO.
Trata-se da igreja cujos líderes querem vê-la politizada. A igreja de heranças gregas. A igreja das elites governantes, que dominam as massas ignaras. Esta é a igreja que faz eleições para auxiliar de porteiro, suplente de diácono, segundo secretário da EBD, etc. E vai até os mais altos escalões.

Mas isto é apenas um trampolim. Ela está, de fato, treinando desde cedo seus futuros obreiros para as grandes pugnas. As eleições presidenciais.

Todo mundo sabe que uma igreja que faz campanha nacional para eleger o presidente de sua diretiva, e o faz no mesmo estilo político brasileiro, não tem mais o direito de se dizer detentora de um poderoso Avivamento.

No Avivamento a Igreja é conduzida pelos seus apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, Ef 4.11.

Com a falta destes, especialmente os primeiros e os últimos, os presidentes são embalados pela visão democrática, atropelando e anulando o modelo teocrático do Novo Testamento.

É fácil encontrar alguém da Igreja-parlamento. Veja dois de seus obreiros conversando em uma esquina qualquer. Chegue de mansinho. O assunto é único: “em quem você vai votar?” “Desta vez, quem leva”? “E agora, teremos um novo tempo”? “Que tal, chegou mesmo o tempo da renovação?”.

Permitam-me, leitores amigos, dizer-lhes que me cansei de ouvir isto. Eu me cansei, como você também se cansou.

Nem o paciente Jó aguentaria.

E o Dono da Igreja, como se sente? Só que Ele não fundou a Igreja-parlamento.

 

2- IGREJA CLUBE
Igreja-clube é a igreja da carteirinha.

Carteirinha quando aceita a Jesus, carteirinha para fazer o discipulado, carteirinha para ser batizado, carteirinha depois de ser batizado, carteirinha para entrar no Círculo de Oração, e principalmente carteirinha para participar de cultos de membros.

E, o mais importante, carteirinha para os eventos eleitorais de magnitude, os grandes clássicos. Você sabe a que me refiro.

A igreja-clube está modernizada. Totalmente informatizada. Ela se apaixona pelas estatísticas. Ela tem um site de alto quilate. Quase todos os seus administradores possuem curso superior.

Pena que alguns não podem assistir os cultos da semana porque estão discutindo um projeto na Câmara, talvez para conceder o título de cidadão benemérito a um excelentíssimo feiticeiro ou a um por todos sabido ser corrupto.

Pode ser também que não possam estar na próxima Ceia porque vão prestar exame na Faculdade, onde estão aprendendo com os santos da mitologia grega e os venerandos pais romanos, as regras e os cânones ideais do Reino das Trevas, para serem devidamente adequados e aplicados na Comunidade dos Redimidos pelo Sangue de Cristo.

Tão bem se saem, que certas reuniões da Igreja já se confundem com famosas sessões de jurado, nos muitos tribunais da Nação.

Em consequência de tal descalabro, a Igreja-clube se vê hoje atada por regras que a torturam, sem esperança de uma nova liberdade.

Finalmente, se conhece a igreja-clube porque, à semelhança destes, frequentemente ela consegue fartas doações de patrocinadores que injetam milhões para sanear suas finanças.

Daí surgem lindas construções físicas, apesar das anêmicas e feias construções espirituais.

 

3- IGREJA-TEATRO
A sociedade está se surpreendendo de ver o rápido e progressivo surgimento de muitas igrejas-teatro.

São as igrejas dos espetáculos.

As igrejas dos jogos de luzes, clonados fielmente dos piores shows que o diabo oferece para seus fregueses.

Somente um alerta: quando os piores pecadores se sentem muito à vontade na Casa de Deus é porque ela deixou de ser Casa de Deus, lugar de quebrantamento e contrição.

Não foram necessários muitos anos para se proceder à substituição de palavras do Evangelho por termos da mídia.

O vocabulário profano acaba de decretar a falência do sagrado.

Canta-se alguma coisa que nem fala de Deus e se rotula de adoração.

Cantora agora é estrela.

Homem de Deus é astro.

Pregadores viraram artistas. (Alguns na verdade o são. E, diga-se de passagem, muito bons como artistas).

Evangelho é gospel (viramos todos americanos, para não termos que nos expor ao ridículo de popularizar essa estranha palavra, Evangelho).

O público que os apóstolos chamavam respeitosamente de varões irmãos, agora tem um novo nome: galera. Exatamente como nos arraiais de Faraó.

Esse é o público dos autógrafos, das mil-fotos-dos-celulares, dos gritos ensaiados, da ausência mortal de reverência.

As diferenças entre ontem e hoje estão caindo, como avalanche.

Que pena, o muro de separação está ruindo. Malaquias 3.18 está começando definitivamente a perder o sentido.

Quando se responde ao pregador com assovios, e ele os aceita, é porque esse cidadão foi despojado de toda sua autoridade espiritual.

Quanto tempo durará o espetáculo da igreja-teatro?

 

4- IGREJA-SHOPPING
Você sabe do que estou falando.

Estou falando dos Congressos que são feitos para vender mercadorias. Estou falando dos grandes eventos que são realizados para “alavancar a obra social da igreja” com a venda de pipocas, camisetas, quibes, biquínis, ternos, canetas, bicicletas, toucinho, óculos, pentes, carne de porco, carros, abóboras e motos,

Mas não estou falando apenas dos Congressos. Estou me referindo ás igrejas que já fizeram do seu dia a dia um grande mercado.

Esta nova geração de líderes parece nunca ter lido o livro O PEREGRINO.

Caso contrário, teriam mais temor antes de instalar, dentro dos sagrados átrios, tão monumentais feiras da vaidade.

Daqui a pouco o povo de Deus não precisará mais de ir aos shoppings

Bastar-lhe-á ir à Casa de Deus. O grande shopping da fé já o espera.

Só não gaste o dinheiro do dízimo, por favor.

 

5- IGREJA-BOLSA DE VALORES.
Esta é a igreja do quem-dá-mais.

Mais ofertas, mais graças. Maiores valores, maior poder.

Lutero conhecia esse tipo de igreja. Em seu tempo já se vendiam “bênçãos”. Aliás, isto remonta a Simão de Samaria. Felipe que o diga.

A grande meta dessa igreja é amealhar valores, a qualquer custo. Ela tem projetos políticos, apesar de eventuais revezes.

Ela não pretende derrotar o diabo diretamente. Basta-lhe superar as audiências da mídia concorrente.

Ela promove por suas novelas o mesmo pecado condenado pela Bíblia que prega.

Essa Igreja é financeiramente poderosa. Mas, está ela destruindo as fortalezas espirituais que assolam nossa querida Pátria?

 

6- IGREJA-EXÉRCITO.
Bom, meu espaço terminou.

Não dá para falar muito da verdadeira Igreja.

Mas incluo umas poucas reflexões.

Na Igreja-Exército os crentes não são protagonistas de um filme. São soldados de um exército.

Não são atores de uma novela. São ovelhas de um grande rebanho.

Nela o Comandante não faz campanha política. Ele é o Grande Eleito de Deus, Is 42.1.

Na igreja-exército os crentes não estão fazendo shows. Estão fazendo guerra.

Eles não usam jogos de luzes. São a própria luz do mundo.

Eles não são artistas. São testemunhas.

Eles não vivem de comprar ações na Bolsa.

Eles põem suas bolsas nas ações de Deus, a fim de haver evangelismo e missões.

Eles não estão sendo distraídos por animadores de auditório.

Estão fazendo exercícios de guerra e sabem que vão vencer.

Eles não sobrevivem à custa do marketing. São maravilhosamente sustentados por Deus.

Pastor Geziel Gomes

 

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Primeiro Trimestre de 2007 - TEMA –A Igreja e a sua missão
COMENTARISTA : Elienai Cabral
Tema do trimestre: A doutrina da Igreja sob um aspecto prático 

Complemento - Pr. Luiz Henrique

Nossa intenção é trazer um auxílio a mais ao professor de Escola Bíblica Dominical e ao aluno da mesma, portanto o material aqui disponibilizado é de muitas fontes, as quais cremos que foram todas inspiradas por DEUS.

 

   

 

Lição 01 - A Igreja de CRISTO

Introdução ao primeiro trimestre de 2007.

EDIFÍCIO ESPIRITUAL - PEDRAS VIVAS - IGREJA CRISTOCÊNTRICA

SÍMBOLOS DA IGREJA

Características da Igreja Verdadeira

Questionário

A IGREJA (Bíblia De Estudos Pentecostal - CPAD)

 

  

Texto Áureo:

E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16.18)

 

 

Verdade Prática:

Nenhuma barreira material, moral ou espiritual será capaz de impedir a igreja de cumprir a sua missão na Terra.

 

 

Leitura Bíblica Em Classe:
Mateus 16.16-18:

Simão Pedro respondeu: Tu és o CRISTO, o Filho do DEUS vivo.
Respondeu-lhe JESUS: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, pois não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus.
E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

Atos 4.11,12:

Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.

Em nenhum outro há salvação, pois também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

 

 

                           

  

Introdução ao primeiro trimestre de 2007.

Jo 10.9 Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair e achará comida.

Entrar no curral das ovelhas, no aprisco, significa entrar no reino espiritual, no reino da luz, no reino de DEUS (somente possível através de JESUS, nosso salvador) e

SAIR, significa sair do mundo espiritualmente governado por Satanás, reino das trevas.

ASSIM, temos um encontro com DEUS e sua Palavra revelada (comida do céu).

ANTES, quando JESUS estava aqui na Terra, num corpo físico, DEUS olhava de cima e só via um filho de DEUS; assim, quando precisava de alguém para pregar o evangelho em Samaria, por exemplo, enviava para lá seu único (unigênito) filho, porém as outras regiões ficavam sem ouvir o evangelho, pois só havia um filho de DEUS na Terra para pregar o evangelho e este só podia estar em um local de cada vez, pois estava sujeito a um corpo físico.

AGORA, após o sacrifício de JESUS na cruz por nós, a revelação do ESPÍRITO SANTO disso e nossa conversão, quando DEUS olha de cima, vê milhões de filhos de DEUS na Terra, gerados pela semente viva, a Palavra de DEUS,  fazendo sua obra por toda a parte e de todas as maneiras possíveis e em todo o mundo habitado. Glória a DEUS, o plano de redenção deu certo!

 

Unidade Na Construção Do Edifício De DEUS:

 

1 O Fundamento Dos Apóstolos E Dos Profetas(V.20)

Os Profetas Do Antigo Testamento Profetizaram A Respeito De CRISTO E Os Apóstolos, No Novo Testamento, Confirmaram Essas Profecias. Nessa Tipologia De Um Edifício CRISTO É A Pedra Principal (De Esquina) E Os Profetas E Apóstolos São Colunas De Sustentação E Declarados Também Como Fundamento, Pois São Testemunhas Das Promessas De DEUS E Seus Ensinos, Juntamente Aos De JESUS São A Base Da Igreja.

 

2 O Lugar De Cada Crente No Edifício De DEUS(Vv.21,22)

Somos O Templo De DEUS Na Terra, Unidos Pelo ESPÍRITO SANTO. Se Somos Como Pedras Vivas O ESPÍRITO SANTO É Como A Massa De Cimento Unindo Essas Pedras; Fazendo Assim Um Templo Que Cresce Cada Dia Mais, Indo De Encontro Ao Artífice E Construtor Que É DEUS, Mas Sempre Olhando Para CRISTO, O Autor E Consumador De Nossa Fé.

 

Unidade No Corpo De CRISTO:

 

1 Antes, Estávamos Longe; Agora Chegamos Perto(V.13)

Pelo Sangue De CRISTO, Chegamos Perto. Somos Um Mesmo ESPÍRITO Com Ele. Antes Separados, Na Carne; Agora Unidos Pelo ESPÍRITO SANTO.

 

2 Antes, Sem Reconciliação; Agora Temos Paz Com DEUS(Vv.14,16)

CRISTO Nos Reconciliou Com O Pai ( A Ofensa Foi Paga Na Cruz ), Através Do Seu 

Sangue A Parede De Separação Foi Removida(O Pecado).

 

3 Antes, Éramos Dois Povos; Agora, Somos Um Só(V.15)

Não Há Mais Diferença, Formamos Um Só Corpo; O Corpo De CRISTO. (DEUS Olha De Cima E Vê Milhões De Filhos)

 

4 Antes, Não Tínhamos Acesso Ao Pai; Agora, Em CRISTO, Isto É Possível(Vv.18,19)

Os Gentios Não Podiam Nem Entrar No Templo Construído Pelos Judeus, Agora Nós Podemos Entrar Na Presença Do Pai Pelo Novo E Vivo Caminho Que JESUS Nos Consagrou = O Véu Foi Rasgado, Isto É, Sua Carne.

 

Frequente uma Igreja Regularmente
Quando você recebeu a JESUS CRISTO como seu Senhor e Salvador pessoal, você iniciou um relacionamento não só com JESUS CRISTO, mas também com outros, que tomaram este passo de fé, crentes. Não importa qual era a sua opinião antes, mas ir à igreja hoje é uma experiência rica e recompensadora.

Através do ensino e da pregação da Palavra de DEUS a sua compreensão d'Ela será cada vez maior.

Você terá oportunidade de fazer perguntas e discutir sobre as Escrituras com outras pessoas.

Você aprenderá a adorar a DEUS, isto é, louvá-lo por tudo que Ele é, e agradecer por tudo que Ele tem feito por você.

Adorando, aprendendo e servindo com outros cristãos, você descobrirá outras pessoas com quem pode ter uma amizade duradoura, uma amizade, que será para toda a eternidade!

Frequente a Escola Bíblica Dominical para que possa aprender melhor a Palavra de DEUS.

 

ESTA É A IGREJA dos chamados para fora e esta é sua função primordial - A salvação das almas e sua condução a DEUS.

(Pr. Luiz Henrique)

 

                       

 

 

EDIFÍCIO ESPIRITUAL - PEDRAS VIVAS - IGREJA CRISTOCÊNTRICA
INTRODUÇÃO
A linguagem figurativa da Bíblia retrata a Igreja como uma obra em edificação. Este rico simbolismo aponta para a necessidade de um fundamento, sem o qual nenhuma construção é capaz de ser erguida em condições de manter-se de pé ou suportar a ação do tempo em suas estruturas. Ver Mt 7.24-27.
I. UMA PERGUNTA QUESTIONADORA
1. O propósito da pergunta. Como núcleo da Igreja incipiente, os discípulos foram preparados por CRISTO para serem as colunas de sustentação apostólica do Cristianismo bíblico. Eles teriam a responsabilidade ímpar de iniciar a construção deste grande edifício - a Igreja. Chegara, portanto, o momento supremo em que se descortinaria para a história este projeto concebido na mente de DEUS. Com este propósito, o Mestre inicia uma reflexão e Ihes faz a pergunta questionadora: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" (v.13).
À primeira vista, numa leitura menos teológica, tem-se a impressão de que o Senhor está em processo de autoafirmação, buscando, por isso. o reconhecimento da opinião pública. No entanto, à medida em que se aprofunda o diálogo, verifica-se que foi apenas o ponto de partida para chegar ao cerne da questão: o fundamento da Igreja nascente.

2. A reação da opinião pública. A pergunta enseja aos discípulos a oportunidade de mostrar o que pensava a opinião pública. Aqui há uma descoberta interessante, que serve de lição para o dia a dia: As percepções sobre a vida variam de pessoa para pessoa e podem ser classificadas em níveis distintos. São fatores diversos, internos e externos, que determinam essa variação. A avaliação apresentada pelos discípulos reflete essa realidade. Não obstante a clareza da mensagem pregada pelo Senhor, o máximo que as respostas indicam é uma percepção equivocada que situa CRISTO ao nível dos profetas do Antigo Testamento (v.14).
 

II. UMA RESPOSTA REVELADORA
1. A percepção dos discípulos acerca de CRISTO.

É provável que os discípulos ainda nutrissem dúvidas sobre o caráter messiânico do advento de CRISTO. Talvez tivessem uma percepção parecida com a da opinião pública. Neste ponto crucial, o Senhor restringe o campo de sua pesquisa e lhes faz a pergunta decisiva: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (v.15). Da resposta dependeriam os passos seguintes.
Contudo, o que se percebe do texto, num aparente hiato entre os vv.15 e 16,é a retração do grupo. A percepção externa já cristalizada não favorece uma posição clara. Esta ênfase é proposital porque, atualmente, em diversos casos a percepção quanto à posição da Igreja em CRISTO é conduzida pelos que os outros pensam e dizem a respeito, e não pelo que a Bíblia revela.

2. A percepção de Pedro acerca de CRISTO.

Todavia, no exato momento em que os discípulos se encontram aparentemente perplexos diante da pergunta inquiridora, entra em cena a revelação sobrenatural. Pedro, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, toma-se o porta-voz do grupo, e declara: "Tu és o CRISTO, o Filho do DEUS vivo" (v.16). Aqui está o reconhecimento implícito da messianidade de JESUS, pedra de toque do arcabouço teológico que dá vida à Igreja.
O CRISTO da história, que viveu na dimensão humana, como enviado do Pai, incorporava em si mesmo toda a plenitude da divindade, (Cl 2.9). Este é o sentido da revelação dada por DEUS a Pedro. Tirar esta doutrina da centralidade da pregação é deixar a Igreja anômala e sem consistência bíblica.


III. UMA DECLARAÇÃO CONCLUSIVA
1. A base da declaração.

Chegasse, agora, ao ponto de tensão sobre quem é o fundamento da Igreja. Inicialmente, o Senhor esclarece a origem da revelação: Não foi fruto da percepção humana equivocada (carne e sangue), mas resultado da ação direta de DEUS, mediante o ESPÍRITO SANTO, no coração de Pedro, (v.17). Em segundo lugar, através de um recurso estilístico, no grego, estabelece de forma precisa que o fundamento da Igreja está na confissão do apóstolo, (v.18). CRISTO cita duas palavras da mesma raiz, mas com significados diferentes, que expressam a dimensão exata da revelação. A primeira, petros (o nome do discípulo), significa um fragmento de pedra. A segunda, petra, traduz-se como rocha inamovível. Está claro que o Senhor, ao mesmo tempo em que reconheceu a sensibilidade espiritual de Pedro, como um fragmento de pedra, deixou também estabelecido que a Igreja seria edificada sobre aquela pedra inamovível - CRISTO, o Filho do DEUS vivo - que se constituiu na confissão pública do apóstolo.
2. O alcance da revelação.

O Senhor foi mais além, ao declarar a completa vitória da Igreja sobre as portas do inferno. Tal afirmativa revela a plena autoridade de CRISTO para cumprir cabalmente o plano divino concernente ao mundo segundo a Palavra de DEUS. Por outro lado, fosse Pedro o fundamento ou qualquer outro dos discípulos, a Igreja não teria resistido aos fortes vendavais que sopraram sobre ela ao longo da história, e nem suportaria os ventos que hoje tentam desviá-la da rota, (comp. Ap 3.10).
 

IV. UM FUNDAMENTO INAMOVÍVEL
1. Refutando o dogma romanista.

Uma regra áurea de interpretação bíblica determina que não se pode interpretar o texto isoladamente, sem levar em consideração o contexto. Portanto, considera-se como doutrina aquela que desfruta de respaldo em toda a Bíblia. Não é o caso do dogma romanista. que situa Pedro como fundamento da Igreja. Senão, vejamos:
a) O livro de Atos, que narra os primeiros passos da Igreja Apostólica, em nenhum momento deixa transparecer esta ideia. Nos primeiros 13 capítulos Pedro aparece tomando várias iniciativas, mas a partir daí, com exceção do cap.15, que trata do Concílio em Jerusalém (onde ele desponta no mesmo nível dos demais apóstolos), ele sai de cena.

b) Desde o momento em que Jerusalém começa a entrar em declínio político, antes da diáspora do ano 70 d.C., DEUS se move através das circunstâncias para transferir o núcleo da Igreja das fronteiras judaicas para outro local estratégico. É assim que nasce a obra em Antioquia. A Bíblia identifica os personagens principais como crentes anônimos, dispersos pela perseguição, e cita Barnabé e Paulo em fase posterior. A liderança de Pedro sequer é mencionada, (At 11.19-26).
c) Nenhuma das epístolas faz alusão a Pedro como alguém que estivesse ocupando posição de proeminência. Nem mesmo a que foi escrita aos romanos o destaca. E pelo menos em uma ocasião sofre críticas de Paulo, em razão de sua atitude dissimulada no relacionamento com os gentios (GI 2.11-15).
Como se vê, houvesse Pedro sido nomeado pelo Senhor como o fundamento da Igreja, o Novo Testamento cuidaria de registrar, com detalhes, os fatos que apontassem nessa direção.
2. A doutrina bíblica do fundamento da Igreja.

Vejamos, finalmente, como se posiciona o Novo Testamento em relação a CRISTO como o fundamento da Igreja. Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, é enfático: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é JESUS CRISTO", 3.11. O apóstolo segue a mesma linha da declaração revelatória no ato da confissão de Pedro.
Mas é possível que algum crítico possa pôr em dúvida a afirmação do apóstolo, alegando tratar-se de rivalidade entre ele e Pedro. Fosse desta forma, ter-se-ia este outro posicionamento. Todavia, a teologia petrina reitera a mesma posição. Em At 4.11 e 1Pe 2.6,7, Pedro sem qualquer pretensão apresenta CRISTO como a pedra principal de esquina. Esta expressão denota a ideia de centralidade no alicerce de uma construção e está em sintonia com a teologia paulina. É tanto que Paulo faz uso da mesma linguagem em Ef 2.20,21. Assim sendo, o Novo Testamento apregoa a doutrina que sustenta a posição de CRISTO como o fundamento eterno e inabalável da Igreja.
 

CONCLUSÃO
Ter a CRISTO como fundamento é a razão pela qual a Igreja subsiste a todos os ataques do inimigo, desde o período apostólico até os dias atuais.  É também a garantia de que ela continuará triunfando contra todas as forças diabólicas que ajustam suas estratégias malignas às circunstâncias de hoje para tentar desviá-la do propósito de DEUS. Nada poderá jamais detê-la.
 

 

                         

SÍMBOLOS DA IGREJA

Mediante uma ampla pesquisa, fale sobre o casamento nos tempos bíblicos e, principalmente, como era entre os povos antigos, na Palestina, na Grécia e em Roma. Destaque os costumes e os pontos de igualdade entre os povos.
Fale sobre o tabernáculo e os templos na vida religiosa de Israel. Se possível, mostre um desenho do tabernáculo, do templo de Salomão e Herodes, não esquecendo de citar um resumo das fases históricas dos templos.
Por último, discorra sobre as funções dos órgãos humanos, mostrando que nenhum deles é sem importância para a nossa vida, bem como que eles obedecem a um padrão orgânico criado por DEUS, que é a base de nossa sustentação física.


COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
A Bíblia utiliza diversos símbolos para ilustrar a natureza da Igreja, de seus membros em particular e de seu relacionamento com CRISTO.
No comentário de hoje, a abordagem restringir-se-á apenas a três que melhor contextualizam a visão atual do papel da Igreja diante de todos: noiva, templo e corpo.


I. A IGREJA COMO NOIVA DE CRISTO
1. A importância da noiva.

Esta é a primeira alusão do comentário pela importância que as Escrituras dão ao matrimônio, como instituição divina, quando o compara ao relacionamento entre CRISTO e a Igreja. É primordial na Igreja fortalecer o casamento, isto porque há uma ação maligna em curso contra ele por ser, em primeiro lugar, a estratégia que melhor serve ao inimigo no seu famigerado propósito de tentar destruir o plano de DEUS para o homem.
Em segundo lugar, porque desmoraliza uma instituição que melhor representa o tipo de comunhão que CRISTO mantém com a sua noiva, no presente, e a perspectiva da vida que ambos desfrutarão na era vindoura (Ap 19.7,8).
2. A sujeição da noiva.

Outra lição que o texto de Paulo oferece é a da sujeição da Igreja a CRISTO (Ef 5.24). O apóstolo a usa para exemplificar a mesma atitude da mulher para com o marido. No entanto, a ideia não é a de uma sujeição imposta pela força ou por uma decisão unilateral e legalista da esposa. É fruto, isto sim, do amor intenso dedicado pelo esposo, que produz nela profundo sentimento de afeto resultando no reconhecimento espontâneo de sua sujeição posicional. É assim a relação de CRISTO com a sua noiva. O amor que Ele lhe devota é tal, como demonstrado no até da redenção, que ela se sente espontaneamente constrangida a ser-lhe eternamente fiel e a viver em função de sua liderança (2 Co 5.14,15J.

3. A pureza da noiva.

Outro detalhe expresso no símbolo é que a pureza da Igreja como noiva resulta da entrega do Senhor por ela (Ef 5.26,27). É Ele quem a santifica, purifica e a torna imaculada e irrepreensíveI. Não é um ato intrínseco da Igreja, que, por si mesma, possa desenvolver essas qualidades da vida cristã. Ela depende de estar abrigada sob o amor do noivo e ter a noção exata da grande compaixão
implícita nesta entrega. Só assim poderá viver essas características e apresentar-se, no dia das bodas, como "Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante..." Tal é o comportamento que DEUS espera dos cônjuges. O amor do marido pela esposa deve evidenciar-se de tal maneira, não só por palavras, mas acima de tudo por atos, que a mulher se sinta prazerosamente motivada a manter a sua pureza interior, bem como as suas qualidades morais e físicas para que ambos tenham, por toda a vida, plena satisfação na união conjugal. Assim, estarão dando um testemunho sem palavras, na dimensão humana, do que representa, no nível mais sublime, a comunhão entre CRISTO e a Igreja (Ef 5.32).

 

II. A IGREJA COMO TEMPLO DE DEUS:

1. Lugar da habitação de DEUS.

A Igreja, como templo de DEUS, traz a ideia subjacente da construção de um edifício habitacional que se ergue sob rigorosas normas de engenharia ("bem ajustado") (Ef 2.21).
Aqui se evidenciam duas coisas:
A) Quem normatiza e aplica os detalhes técnicos da obra é o engenheiro responsável, princípio este que denota a mesma responsabilidade no trato de CRISTO com a Igreja. As normas partem dele e já estão reveladas na Bíblia, não podendo ser substituídas por suposições humanas sob pena de fazer ruir todo o edifício, cf. Cl 2.20-23.

B) A Igreja foi projetada como lugar da habitação do DEUS trino, que, mediante o ESPÍRITO SANTO, envolve-se em toda a sua peregrinação histórica. O projeto, portanto, pertence ao Pai, a execução ao Filho e o acompanhamento ao ESPÍRITO SANTO (cf. Ef 3.9; Mt 16.18; Jo 14.16,17,26).

Outro desdobramento cabível aqui é a doutrina da transcendência e da imanência de DEUS. Em sua transcendentalidade. DEUS é chamado de altíssimo porque habita "em um alto e santo lugar". Todavia, ao mesmo tempo em que o céu dos céus é a sua eterna morada, identifica-se também como o DEUS imanente, que habita "com o contrito e abatido de espírito", Is 57.15.

2. Templo de adoração a DEUS.

Outro conceito implícito no símbolo do templo, é que faz parte dá natureza essencial da Igreja adorar a DEUS. Este é o sentido de o termo cultuar. Infelizmente, porém, igrejas há amarradas a uma liturgia cultual engessada, onde o ESPÍRITO SANTO não encontra liberdade para atuar. As reuniões acabam-se tornando uma rotina repetitiva e enfadonha com pouco proveito espiritual para os participantes. Em muitos casos a adoração passa para o plano secundário ou mesmo terciário - se não for totalmente esquecida - e os que se destacam na coordenação do culto ocupam o centro das atenções. Os crentes, de modo geral, deixam de ser adoradores para transformar-se em assistentes. Muitos escudam-se atrás da recomendação bíblica sobre decência e ordem para defender essa situação. Todavia, levar este princípio ao extremo e isolá-lo do contexto conduz ao formalismo. Em todas as reuniões da Igreja, como templo de DEUS, sem menosprezo da organização, há espaço garantido para os elementos que compõem o culto ao Senhor e aí o ESPÍRITO SANTO tem liberdade para agir (1 Co 14.26-33).


III. A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO
1. O padrão orgânico do corpo.
Por último, neste comentário a Igreja é analisada sob a perspectiva do corpo humano. De início traduz a ideia de que são diversos órgãos e muitos membros, mas todos trabalham de forma orgânica e harmônica, interligados, em função do corpo. Este recebe os benefícios (1 Co 12.12). Vale a pena reiterar: eles não trabalham em função de si mesmos. Qualquer ação de um órgão ou membro em corpo saudável está comprometida com a estrutura orgânica que sustenta a vida.  E acima está a cabeça - o cérebro - no comando.
Assim é a Igreja de CRISTO. Ela conta com milhões de membros espalhados pelo mundo. Quando todos cumprem a sua parte, a Igreja se beneficia, mas se algum deles está enfermo espiritualmente e não é logo restaurado, afeta todo o corpo. Haja vista inúmeros exemplos que promovem escândalos e trazem má fama ao povo de DEUS. É responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e harmônica, interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da Igreja, tendo CRISTO, como cabeça, na liderança (Ef 1.22,23). Sem nenhum exagero, a Igreja atual precisa ser mais corpo e menos indivíduos.

2. A utilidade de cada membro do corpo.

Todavia, a ideia de corpo não anula a utilidade de cada membro em particular. Todos cumprem uma atividade regular e indispensável no processo da vida. Se algum deles por qualquer motivo pára de trabalhar, o corpo ressentir-se-á de sua inatividade.

Esta é a mesma visão que norteia a presença da Igreja na Terra ( I Co 12.14,27). Muitos crentes, no entanto, por não entenderem corretamente este princípio, sentem-se inúteis e não se envolvem no serviço cristão. Mas se todos se impregnarem do senso de utilidade, a vida de oração será aprofundada, não faltarão recursos para a expansão do Reino, a evangelização será mais rápida, a obra missionária não andará a passos lentos, a unidade não constituir-se-á em utopia e a Igreja terá relevância no mundo (1 Co 15.58).

CONCLUSÃO 
Como noiva de CRISTO, esteja a Igreja consciente de que Ele é a fonte de sua pureza espiritual. Como templo de DEUS, tenha ela a visão de que é o lugar santo de Sua habitação na Terra e do compromisso de permanentemente adorá-Lo. Como corpo de CRISTO, mostre-se ao mundo como um corpo bem ajustado, onde cada membro cumpra com alegria a sua responsabilidade em favor do corpo.


 

                       

Características da Igreja Verdadeira

Onde pode ser encontrada hoje a igreja verdadeira e quais os seus aspectos essenciais? Em primeiro lugar devemos distinguir os vários significados da palavra igreja:

 

1. Todo o povo de DEUS em todos os séculos, o conjunto total dos eleitos. Os Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisível.

2. A comunidade local dos cristãos, reunidos visivelmente para adoração e ministério; este significado abrange a vasta maioria das referências à igreja (ekklesia) do Novo Testamento.

3. Todo o povo de DEUS no mundo, em determinada época, talvez mais bem definida como a igreja universal. Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente no Novo Testamento (1 Co 10.32; Gl 1.13).

4. “A igreja dentro da igreja”. Notamos antes a distinção feita entre a edah (toda a congregação visível) e os gahal (aqueles dentro dela que respondem ao chamado de DEUS). JESUS ensinou que o reino corresponde a este padrão: o joio está misturado com o trigo (Mt 13.24-30; 36-43). Dentro do grupo identificado com CRISTO acha-se o povo de DEUS, a verdadeira igreja. Não existe, então, uma igreja pura; em meio a cada igreja pode haver pessoas que não professaram a sua fé e outras cuja profissão será desmascarada no último dia (Mt 7.21-23).

Admitindo-se assim que uma igreja pura ou perfeita não é possível deste lado da glória, onde podemos descobrir o verdadeiro povo de DEUS visivelmente reunido? Tradicionalmente, são reconhecidos quatro sinais da igreja autêntica.


UNA

A unidade da igreja procede de seu fundamento do único DEUS (Ef 4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e, portanto, a igreja verdadeira será distinguida por sua unidade.

Esta unidade, porém, não implica necessariamente uniformidade total. Na igreja do Novo Testamento havia uma variedade de ministérios (1 Co 12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária (Rm 14:1-15:13). Embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas (1 Co 15.11, BLH; Jd 3), a fé comum recebia ênfases diversas, segundo as diferentes necessidades percebidas pelos apóstolos (Rm 3.20; cf. Tg 2.24; Fp 2.5-7; cf. Cl 2.9s).

Havia também uma variedade de formas de adoração. O tipo de culto em Corinto (1 Co 14.26ss) não era comum nas igrejas palestinas, onde a adoração se baseava no modelo da sinagoga judaica e tinha um padrão mais formal, centrado na exposição da palavra escrita. Este modelo tirado da sinagoga justifica o fato de as igrejas do primeiro século serem consideradas um ramo do judaísmo. Tiago 2.2 usa até mesmo a palavra sinagoga para a reunião dos cristãos. Existem também elementos discerníveis de mais de uma forma de governo da igreja.

A verdadeira unidade no ESPÍRITO SANTO de todo o povo regenerado é um fato independente da desunião denominacional exterior. O chamado para a unidade no Novo Testamento é, portanto, uma ordem para manter a unicidade fundamental da vida que o ESPÍRITO concedeu através da regeneração (Ef 4.3). Os Reformadores salientaram este ponto, distinguindo entre a igreja invisível (todos os eleitos que são verdadeiramente um em CRISTO) e a igreja visível (um grupo misto de regenerados e não-regenerados). A unidade da igreja invisível é um fato consumado, concedido com a salvação.

Roma tem usado este sinal de maneira polêmica, a fim de proclamar sua unidade, comparando-a à fragmentação do protestantismo, como uma evidência de ser a verdadeira igreja. Isto, no entanto, ignora três pontos: (i) A própria Roma separou-se da igreja ortodoxa em 1054, e jamais tinha sido considerada universalmente como a única igreja verdadeira em séculos anteriores; por exemplo, a igreja celta floresceu na Inglaterra, e Patrício fundou a igreja inglesa muito antes de os missionários romanos terem chegado à Inglaterra. (ii) Os sinais devem manter-se juntos. A sucessão histórica e a unidade exterior não têm validade quando não associadas à lealdade e ao evangelho apostólico. (iii) Embora o protestantismo tenha-se mostrado às vezes necessariamente desagregador, pode ser argumentado que, através de seu desvio da doutrina bíblica, é a própria Roma que tem sido a maior causa de cismas no correr dos séculos.

As Escrituras encorajam a mais plena expressão de unidade possível entre o povo de DEUS, mas elas também tornam claro que a divisão se acha perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essência do Cristianismo Apostólico estiver em risco. Esta foi a razão da discórdia entre Paulo e os judaizantes (Gl 1.6-12), e entre JESUS e os fariseus (Mc 7.1-13). É significativo notar que quando Judas pretendeu escrever sobre a salvação que temos em comum, ele achou necessário insistir com os leitores para “batalhar diligentemente pela fé que uma vez foi entregue aos santos” (Judas 3). Para o Novo Testamento, a unidade está baseada em um compromisso consciente com as verdades reveladas do Cristianismo Apostólico.

O Novo Testamento dirigiu seus ensinos sobre a unidade a grupos específicos, com implicações imediatas para seus relacionamentos visíveis (Ef 2.15; 4.4; Cl 3.15). JESUS orou pela unidade, que ajudaria o mundo a crer (João 17.21); embora o paralelo entre esta unidade e a dEle com o Pai (17.11,22) confirme o caráter essencialmente espiritual da unidade bíblica, esta certamente inclui identificação visível de vida e propósito, pois JESUS em toda a sua missão expressou uma união visível e demonstrável com o Pai. Em outras palavras, é preciso buscar uma unidade visível mais plena do que aquela que está sendo experimentada pelos que são fiéis ao evangelho apostólico.

Este fato tem especial importância quando dois ou mais grupos que têm uma fé bíblica estiverem operando na mesma área, como, por exemplo, em um campus universitário. O desafio mais profundo deste ensinamento, porém, situa-se ao nível dos relacionamentos na igreja local. Nesse ambiente, a unidade da vida em CRISTO deve expressar-se através do cuidado e compromisso genuínos e tangíveis de uns para com os outros. Na ausência disto, a reivindicação de ser uma verdadeira igreja cristã é posta em dúvida (1 Co 3.3s).


SANTA

O povo de DEUS forma a nação santa (1 Pe 2.9). No sentido mais profundo a igreja é santa, da mesma forma que todo indivíduo cristão é santo em virtude de estar unido a CRISTO, separado para ele e revestido com sua justiça perfeita. Na sua posição diante de DEUS em CRISTO, a igreja é irrepreensível e isenta de qualquer mancha moral. A distinção entre a igreja visível e a invisível aplica-se aqui, desde que esta santidade imputada não pertence aos membros da igreja não confiam pessoalmente em CRISTO como Salvador.

A união com CRISTO envolve também uma santidade de vida que seja visível. Desse modo, a relação da igreja com CRISTO, o seu cabeça, será expressa no caráter moral e nas características especiais de sua vida e de seus relacionamentos comunitários. A igreja alheia à santidade é alheia a CRISTO. Quando CRISTO dirigiu-se à sua igreja, ele esperava dela essa mesma diferença moral e foi severo em seu julgamento quando observou que ela lhes faltava (Ap 2.-3).

A fim de não desanimarmos ao aplicar este teste, vale a pena lembrar que grande parte da vida da igreja do Novo Testamento foi eivada de erros, divisões, falhas morais e instabilidade. Não obstante, a presença de um sinal visível de santidade é uma característica invariável da igreja de DEUS.


CATÓLICA

O termo católico significa literalmente abrangendo ao todo. E em seu uso primitivo, significava ser a igreja universal, distinguindo-a da local; mais tarde, veio significar a igreja que professava a fé ortodoxa, em contraste com os hereges. Com o passar do tempo, Roma adotou o termo para referir-se a si mesma como instituição eclesiástica, centrada no papado, historicamente desenvolvida e geograficamente difundida. Os reformadores do século dezesseis procuraram restaurar o significado anterior da catolicidade, em termos do reconhecimento da fé ortodoxa; nesse sentido, argumentavam eles, a igreja católica era de fato eles e não Roma.

O principal aspecto da catolicidade da igreja primitiva estava na sua abertura para todos. Distinta do judaísmo, com seu exclusivismo racial, e do gnosticismo, com seu exclusivismo cultural e intelectual, a igreja abriu seus braços a todos que quisessem ouvir a mensagem e aceitar seu salvador, sem levar em conta cor, raça, posição social, capacidade intelectual e antecedentes morais. Ela surgiu no mundo como uma fé para todos (Mt 28.19; Ap 7.9). A única exigência para admissão era a fé pessoal em JESUS CRISTO como Salvador e Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada, porque manifestava o evangelho da graça (Mt 28.19; At 2.38,41).

É neste nível fundamental que esta característica (a de ser católica) deve ser entendida. As igrejas que exigem outros testes devem ser consideradas como suspeitas. Não existe lugar numa verdadeira igreja para a discriminação de qualquer tipo, seja racial, de cor, social, intelectual ou moral, neste último caso desde que haja evidência de verdadeiro arrependimento. A discriminação denominacional também precisa ser examinada com cuidado nos casos em que as doutrinas fundamentais bíblicas sejam claramente reconhecidas.


APOSTÓLICA

O apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de JESUS; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10). Os arautos tomam posição entre JESUS e todas as gerações subsequentes da fé cristã; nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho sobre ele, incorporado no Novo Testamento. Neste sentido fundamental, toda a igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2.20; cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato de ela conformar-se à fé apostólica "que uma vez por todas foi entregue ao santos" (Jd 3; cf. At 2.42). Os apóstolos ainda governam e organizam a igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras.

Desde que o apóstolo significa literalmente enviado, não é de surpreender que o Novo Testamento se refira ocasionalmente a outros apóstolos (Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas etc. são no grego do Novo Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original cujo governo continua através das escrituras apostólicas. Reivindicar o cargo apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação divina do Novo Testamento.

É igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histórica do ministério, retrocedendo até CRISTO e seus apóstolos através de uma sucessão de bispos. Esta interpretação não tem nenhum apoio bíblico. Toda noção da graça de DEUS comunicada mediante uma sucessão histórica de dignatários da igreja contraria o caráter da própria graça, conforme os escritos bíblicos. Além disso, como garantia da verdade da mensagem apostólica, a sucessão episcopal evidentemente falhou. Foi uma igreja perfeitamente enquadrada nesta sucessão histórica que precisou da Reforma do século dezesseis, para não mencionar outras reformas menores, como o despertamento do século dezoito com Whitefield e os Wesley.

O catolicismo romano estende esta interpretação de "apostólico" para incluir a reivindicação de que o Bispo de Roma é o sucessor histórico de Pedro e o guardião especial da graça de DEUS na igreja. A alegação é insustentável. A primazia de Pedro entre os apóstolos não passou de uma clara liderança no período da primeira missão cristã. Ele claramente recuou para um segundo plano à medida que a igreja avançou fora de Jerusalém, sendo Paulo nomeado para liderar a missão fora da Palestina e quando João lutava para corrigir as igrejas prejudicadas pelos falsos mestres. É bem significante que Pedro não apareceu no papel principal no Concílio de Jerusalém (At 15), e que ficou claramente à sombra de Paulo no incidente registrado em Gálatas 2.

Roma alega ainda que esta suposta supremacia de Pedro deveria continuar para a salvação eterna e bem contínuo da igreja. Nenhum dos versículos citados como apoio escriturístico (Mt 16.18s; Jo 21.15-17 e Lc 22.32) faz qualquer referência a um sucessor de Pedro. Essas duas reivindicações romanas contrariam a evidência manifesta no Novo Testamento, e a terceira, de que a primazia de Pedro se estende ao bispo de Roma, é ainda menos digna de crédito. O fato de Pedro ter terminado sua vida como mártir em Roma é uma tradição primitiva que encontra apoio razoável; as dificuldades históricas, porém, para mostrar que houve uma sucessão estabelecida de bispos monárquicos de Roma, a partir do primeiro século, são intransponíveis.

A sucessão apostólica é na verdade a sucessão do evangelho apostólico, quando o depósito original de verdade apostólica é passado de uma para outra geração: "homens fiéis ... para instruir a outros" (2 Tm 2.2). A igreja é apostólica à medida que reconhece na prática a autoridade suprema das escrituras apostólicas.


OS SINAIS DOS REFORMADORES

Embora os Reformadores não pusessem de lado esses quatro sinais tradicionais, as controvérsias em que se viram envolvidos prenderam sua atenção em outras coisas. Eles identificaram duas características da igreja verdadeira e visível. "Onde quer que vejamos a Palavra de DEUS pregada e ouvida em toda a sua pureza e os sacramentos ministrados segundo a instituição de CRISTO, não há dúvida de que existe uma igreja de DEUS" (João Calvino).

“A Palavra pregada em toda a sua pureza” trouxe à tona a supremacia do evangelho bíblico e forma precisamente nesse ponto que surgira a verdadeira ruptura com Roma. Atrás desta ênfase havia uma convicção quanto ao elo indissolúvel entre a Palavra escrita e o ESPÍRITO; pertencer à comunidade do ESPÍRITO iria necessariamente refletir a submissão à Palavra que o ESPÍRITO havia inspirado. Os Reformadores desconheciam qualquer ESPÍRITO que não levasse à Palavra; desconheciam qualquer amor por DEUS que não estivesse ligado à fé e à verdade. O outro ponto em que discerniram a verdadeira igreja, os sacramentos, era também polêmico, já que foi no aspecto do ensino e da prática com relação aos sacramentos que os Reformadores viram a mais clara violação da religião bíblica por parte de Roma.

A existência de grupos cristãos (p. ex. o Exército da Salvação e a Sociedade dos Amigos) que não possuem sacramentos faz-nos hesitar quanto à afirmação de que os sacramentos são essenciais para que a igreja seja verdadeira. Não obstante, nosso Senhor claramente considerou o batismo como intimamente ligado à mensagem da igreja e à resposta humana a ela (Mt 28.19s), e a participação na Ceia como fundamental para a vida da igreja (Lc 22.19; 1 Co 11.24s).

Podemos generalizar esses sinais afirmando que o sinal supremo para os Reformadores era o próprio CRISTO. Ele é o centro da Palavra e o cerne dos sacramentos.


A MISSÃO – UM SINAL AUSENTE?

Nas instruções de JESUS sobre a vida da igreja (Jo 13-16; Lc 10.1-20; At 1.1-8), encontramos um elemento não abordado nas características da igreja identificadas até agora, que é a missão: a responsabilidade de levar as boas novas de JESUS aos confins da Terra.

Existe certamente grande significado no fato de a história da igreja do Novo Testamento, o livro de Atos, Ter como seu tema principal a expansão sucessiva na pregação do evangelho: Jerusalém, Judéia, Samaria, e, em seguida, o mundo gentio (1.8; cf. 6.8s; 7; 8; 10.34-38; 11.19-26; 13.1ss). A igreja é missão talvez seja uma frase exagerada, mas em seu serviço total ao propósito e à glória de DEUS, a missão é um ingrediente bíblico fundamental.

Assim sendo, uma igreja que não prega o evangelho não sente a responsabilidade pelo bem-estar moral e espiritual dos que a rodeiam, nem expressa interesse pelos pobres e necessitados onde quer que eles sejam encontrados, perdeu seu direito à autenticidade, constituindo-se numa negativa viva de seu Senhor.

Para resumir: a verdadeira igreja será reconhecida pela sua unidade nos relacionamentos, pela sua santidade de vida, pela sua abertura a todos, pela sua submissão à autoridade das escrituras, pela sua pregação de CRISTO em palavras e sacramentos, e pelo seu compromisso com a missão.

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Fonte: Texto retirado do livro Conheça a Verdade Estudando as Doutrinas da Bíblia, de Bruce Milne, ABU Editora.

 

 

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Questionário da Lição 01 - A Igreja de CRISTO

 

 

Texto Áureo:

1- Complete:

E também eu te digo que tu és _____________, e sobre esta _____________ edificarei a minha _________________, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16.18).

 

Verdade Prática:

2- Complete:

Nenhuma _______________ material, moral ou espiritual será capaz de impedir a ________________ de cumprir a sua _____________ na Terra.

 

I. O QUE É A IGREJA

3- Qual a definição de "Igreja" no grego?

(  ) significa "chamados para fora".

(  ) significa "chamados para dentro".

(  ) significa "chamados para o céu".

 

4- O que é Igreja, como grupo de pessoas?

(  ) São os chamadas para fora do celeiro espiritual, para formar um povo seleto, especial, pertencer a DEUS e servi-lo.

(  ) São os chamadas para fora do mundo, para formar um povo seleto, especial, pertencer a DEUS e servi-lo.

(  ) São os chamadas para fora do céu, para formar um povo seleto, especial, pertencer a DEUS e servi-lo.

 

5- A que se refere a palavra-chave "Missão"?

(  ) à função, autoridade e poder concedidos pela Igreja para cumprimento da obra de JESUS no mundo.

(  ) à função, autoridade e poder concedidos pelos pastores à Igreja para cumprimento da obra de JESUS no mundo.

(  ) à função, autoridade e poder concedidos por CRISTO à Igreja para cumprimento da obra de JESUS no mundo.

 

6- A partir de quando a igreja tem uma visão cristológica?

(  ) A partir desta resposta de Pedro a JESUS:  Tu és JESUS, o perfeito DEUS vivo" (v.16)' e JESUS respondendo disse: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).

(  ) A partir desta resposta de Pedro a JESUS:  Tu és o CRISTO, o único DEUS vivo" (v.16)' e JESUS respondendo disse: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).

(  ) A partir desta resposta de Pedro a JESUS:  Tu és o CRISTO, o Filho do DEUS vivo" (v.16)' e JESUS respondendo disse: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).

 

7- Por que a Igreja é universal?

(  ) Porque é o conjunto de todos os que acreditam em CRISTO, inclui todos os seres humanos vivos.

(  ) Porque é o conjunto de todos os que crêem em JESUS, inclui todos as denominações cristãs existentes.

(  ) Porque é o conjunto de todos os salvos em CRISTO, inclui todos os cristãos remidos.

 

8- Qual o sentido de Igreja Local?

(  ) A palavra igreja, no sentido literal abrange o conceito de "ajuntar" e "remir", união dos fiéis em um local fechado.

(  ) A palavra igreja, no sentido literal abrange o conceito de "congregar" e "reunir", reunião dos fiéis em um local específico.

(  ) A palavra igreja, no sentido literal abrange o conceito de "falar" e "pregar", reunião dos fiéis em um local aberto.

 

9- Qual a figura empregada por Pedro para se referir à Igreja?

(  ) Figura uma casa construída por várias pessoas juntas e edificadas sobre uma só fé.

(  ) Figura um edifício construído por várias pedrinhas juntas e edificadas sobre uma rocha.

(  ) Figura um edifício construído por várias pessoas juntas, porém separadas em denominações.

 

10- O que disse Pedro a respeito da Pedra citada por JESUS, sendo o fundamento da Igreja?

(  ) O próprio Pedro afirma que JESUS não é a Pedra, mas pode ser rocha ( 1 Pe 2.5 ).

(  ) O próprio Pedro afirma que JESUS poderá vir a ser a Pedra, "pedra angular" ( 1 Pe 2.5 ).

(  ) O próprio Pedro afirma que JESUS é a Pedra, "pedra angular" ( 1 Pe 2.5 ).

 

11-Que tipo de Pedras são os crentes?

(  ) Pedras espirituais.

(  ) Pedras materiais.

(  ) Pedras de esquina.

 

III. A ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DA IGREJA

12- A que se refere a igreja como uma Organização funcional?

(  ) À administração dos recursos espirituais e humanos de que ela dispõe, para que seu crescimento seja multiplicativo.

(  ) À administração dos recursos materiais e humanos de que ela dispõe, para que não haja interrupções no seu crescimento quantitativo e qualitativo.

(  ) À administração dos recursos imateriais e espirituais de que ela dispõe, para que não haja interrupções no seu crescimento quantitativo e qualitativo.

 

13- A que diz respeito a igreja como organização ministerial?

(  ) Diz respeito ao governo da igreja local através de anjos enviados e capacitados por DEUS para o exercício do santo ministério pastoral.

(  ) Diz respeito ao governo da igreja local através de homens vocacionados e capacitados pelos cursos teológicos para o exercício do ministério. 

(  ) Diz respeito ao governo da igreja local através de homens vocacionados e capacitados por DEUS para o exercício do santo ministério eclesiástico.

 

14- Cite pelo menos 4 formas de governo eclesiástico:

L_________________, d____________________, r______________________e n_____________________.

 

15- A quem o Novo Testamento indica a autoridade administrativa e espiritual da igreja local?

(  ) Ao Apóstolo.

(  ) Ao pastor.

(  ) Ao Presbítero.

 

16- Cite os cargos de caráter espiritual da igreja, conforme Ef 4.11:

A_________________, p_______________________, e_________________________, p_____________________ e m___________________.

 

17- A que se refere a organização espiritual da igreja?

(  ) À sua maneira de cultuar, ministração do louvor, da adoração coletiva, da Ceia do Senhor, do batismo em águas e da construção de templos.

(  ) À sua liturgia, ministração do dinheiro, da cesta coletiva de ajuda humanitária, da distribuição da Ceia do Senhor e o batismo em águas.

(  ) À sua liturgia, ministração do culto, da adoração coletiva, das ordenanças deixadas por JESUS, como a Ceia do Senhor e o batismo em águas.

 

18- Na realização do culto, o que se deve evitar?

(  ) O culto racional que engraça a liberdade da adoração a DEUS em "espírito e em verdade" Jo 4.23,24), Também a espontaneidade individual limitada, do "culto nacional" que devemos prestar continuamente a DEUS (Rm 12.1 ; SI 95.1-6).

(  ) O formalismo do vestuário que acaba com a liberdade da adoração a DEUS em "espírito e em verdade" Jo 4.23,24), Também a posição ajoelhada  que vulgariza e profana o "culto racional" que devemos prestar continuamente a DEUS (Rm 12.1 ; SI 95.1-6).

(  ) Tanto o formalismo que engessa a liberdade da adoração a DEUS em "espírito e em verdade" Jo 4.23,24), quanto a espontaneidade individual sem limites, que vulgariza e profana o "culto racional" que devemos prestar continuamente a DEUS (Rm 12.1 ; SI 95.1-6).

 

 

 

A IGREJA (Bíblia De Estudos Pentecostal - CPAD)
Mt 16.18 “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

A palavra grega ekklesia (igreja), literalmente, refere-se à reunião de um povo, por convocação (gr. ekkaleo). No NT, o termo designa principalmente o conjunto do povo de DEUS em CRISTO, que se reúne como cidadãos do reino de DEUS (Ef 2.19), com o propósito de adorar a DEUS. A palavra “igreja” pode referir-se a uma igreja local (Mt 18.17; At 15.4) ou à igreja no sentido universal (16.18; At 20.28; Ef 2.21, 22).
(1) A igreja é apresentada como o povo de DEUS (1Co 1.2; 10.32; 1Pe 2.4-10), o agrupamento dos crentes redimidos como fruto da morte de CRISTO (1Pe 1.18,19). É um povo peregrino que já não pertence a esta terra (Hb 13.12-14), cujo primeiro dever é viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com DEUS (1Pe 2.5; ver Hb 11.6).
(2) A igreja foi chamada para deixar o mundo e ingressar no reino de DEUS. A separação do mundo é parte inerente da natureza da igreja e a recompensa disso é ter o Senhor por DEUS e Pai (2Co 6.16-18).
(3) A igreja é o templo de DEUS e do ESPÍRITO SANTO (ver 1Co 3.16; 2Co 6.14—7.1; Ef 2.11-22; 1Pe 2.4-10). Este fato, no tocante à igreja, requer dela separação da iniquidade e da imoralidade.
(4) A igreja é o corpo de CRISTO (1Co 6.15,16; 10.16,17; 12.12-27). Isto indica que não pode existir igreja verdadeira sem união vital dos seus membros com CRISTO. A cabeça do corpo é CRISTO (Cl 1.18; Ef 1.22; 4.15; 5.23).
(5) A igreja é a noiva de CRISTO (2Co 11.2; Ef 5.23-27; Ap 19.7-9). Este conceito nupcial enfatiza tanto a lealdade, devoção e fidelidade da igreja a CRISTO, quanto o amor de CRISTO à sua igreja e sua comunhão com ela.
(6) A igreja é uma comunhão (gr. koinonia) espiritual (2Co 13.14; Fp 2.1). Isto inclui a habitação nela do ESPÍRITO SANTO (Lc 11.13; Jo 7.37-39; 20.22), a unidade do ESPÍRITO (Ef 4.4) e o batismo com o ESPÍRITO (At 1.5; 2.4; 8.14-17; 10.44; 19.1-7). Esta comunhão deve ser uma demonstração visível do mútuo amor e cuidado entre os irmãos (Jo 13.34,35).

(7) A igreja é um ministério (gr. diakonia) espiritual. Ela ministra por meio de dons (gr. charismata) outorgados pelo ESPÍRITO SANTO (Rm 12.6; 1Co 1.7; 12.4-11, 20-31; Ef 4.11).
(8) A igreja é um exército engajado num conflito espiritual, batalhando com a espada e o poder do ESPÍRITO (Ef 6.17). Seu combate é espiritual, contra Satanás e o pecado. O ESPÍRITO que está na igreja e a enche, é qual guerreiro manejando a Palavra viva de DEUS, libertando as pessoas do domínio de Satanás e anulando todos os poderes das trevas (At 26.18; Hb 4.12; Ap 1.16; 2.16; 19.15, 21).
(9) A igreja é a coluna e o fundamento da verdade (1Tm 3.15), funcionando, assim, como o alicerce que sustenta uma construção. A igreja deve sustentar a verdade e conservá-la íntegra, defendendo-a contra os deturpadores e os falsos mestres (ver Fp 1.17; Jd 3).
(10) A igreja é um povo possuidor de uma esperança futura. Esta esperança tem por centro a volta de CRISTO para buscar o seu povo (ver Jo 14.3; 1Tm 6.14; 2Tm 4.8; Tt 2.13; Hb 9.28).
(11) A igreja é tanto invisível como visível. (a) A igreja invisível é o conjunto dos crentes verdadeiros, unidos por sua fé viva em CRISTO. (b) A igreja visível consiste de congregações locais, compostas de crentes vencedores e fiéis (Ap 2.11, 17, 26; ver 2.7), bem como de crentes professos, porém falsos (Ap 2.2); “caídos” (Ap 2.5); espiritualmente “mortos” (Ap 3.1); e “mornos” (Ap 3.16; ver Mt 13.24; At 12.5).



 

Ajuda http://www.cpad.com.br/

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EBD Pecc (Programa de Educação Cristã Continuada), 3° Trimestre De 2023, TEMA: DOUTRINAS BIBLICAS – Fundamentos da Verdades, Escola Bíblica Dominical, Lição 10, Igreja, O Povo de DEUS

 

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR

Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

O homem é uma criatura social – faz parte de sua natureza formar relações pessoais e ter comunhão com outras pessoas. Assim, não é de admirar que Jesus tenha estabelecido uma comunidade de pessoas dotadas da mesma atitude mental e numa mesma posição espiritual, a Sua igreja. Deus espera que a Sua vontade seja cumprida através da igreja, pois ela é a co­munidade do povo de Deus. Suas relações mútuas estão alicerçadas na relação de cada um de seus membros com Jesus Cristo. Quando meros pecadores, estávamos do “lado de fora”, pois os nossos pecados nos separavam de Deus. Entretanto, quando aceitamos Jesus como Salvador, mediante a fé, fomos reconciliados com Deus, através de Cristo. Esse novo relacionamento também nos levou a um novo relacionamento com os outros crentes na família de Deus, a Sua igreja.

 

PALAVRAS CHAVES: Igreja • Ordenança • Comunhão

 

OBJETIVOS

Definir o termo igreja e distinguir entre as definições bíblicas e as não-bíblicas do mesmo.
Dizer quando a Igreja começou e confirmar sua declaração com evidências bíblicas.
Explicar a dupla natureza da Igreja.

 

PARA COMEÇAR A AULA

Pergunte: Que instrumento Deus escolheu para glorificá-lo, para nutrir a nossa vida espiritual e para propagar as boas obras da salvação às nações? Acentue que estudando acerca da Igreja e compreendendo o Seu verdadeiro significado, seremos capazes de apre­ciar melhor o valor dado por nosso Senhor Jesus a Igreja, por ter dado a vida por ela (Ef 5.25). Lembre-se que o valor da Igreja foi estipulado pelo Senhor, ou seja, a Sua própria vida Portanto, se algo tem um real valor no Universo, é a Igreja.

 

LEITURA COMPLEMENTAR

Suponhamos que você tivesse mencionado a palavra igreja para alguém que nunca antes a tivesse ouvido e que então lhe perguntasse: “Que quer dizer igreja?” Com base em sua própria experiência, escreva em seu caderno, uma resposta breve a essa pergunta. Se você tem as mesmas ideias de tantas pessoas hoje em dia, então a sua resposta à pergunta aci­ma seria algo como: “Uma igreja é um lugar onde as pessoas reúnem-se para adorar”.

Mas, se você quisesse ser mais preciso, talvez chegasse a dizer: “A palavra igreja refere-se a uma organização composta por grupos de pessoas em diferentes lugares, que tem as mesmas ideias doutrinárias, são guiadas pelas mesmas regras e têm alvos similares”. Ambas as respostas dão-nos alguma ideia sobre como o termo igreja é definido por muitas pessoas e podem ser consideradas corretas, de conformidade com a compreensão moderna do vocábulo.

Entretanto, quando a Bíblia Fala sobre a igreja, há uma significação muito mais pro­funda. De fato, a Bíblia nunca se refere a certo tipo de edificação como sendo a igreja, conforme se vê hoje em dia; mas refere-se a certas pessoas, que formam a igreja de Deus. A Bíblia também nunca se refere à Igreja como uma mera organização. As pessoas que identificam o vocábulo igreja dessa maneira associam-na a alguma denominação, como católica, batista, metodista etc. No sentido bíblico, há duas definições da palavra igreja.

As palavras raízes de que se compõe o termo grego ekklesia, o qual é traduzido por “igreja” no Novo Testamento em português, fazem-nos entender que estão em foco as pessoas que responderam a chamada de Deus. Tendo respondido à chamada divina e confessado a Jesus como Senhor, essas pessoas tornaram-se membros de Sua Família. E agora, estão dedicadas à tarefa de anunciar o evangelho, conforme seu Senhor as instruiu. Livro: “Doutrinas Fundamentais da Bíblia” (ICI, São Paulo, 2013, pág. 177, 178)

 

TEXTO ÁUREO

“Para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais” Ef 3.10

 

VERDADE PRÁTICA

A Igreja do Deus vivo é coluna e baluarte da verdade.

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda – Ef 3.10 A multiforme sabedoria de Deus.
Terça – Ef 5.23 Cristo é o cabeça da Igreja
Quarta – Ef 5.25 Cristo amou a Igreja e deu a vida por ela
Quinta – Mt 16.18 O inferno não pode vencer a Igreja.
Sexta – 1Co 14.12 Crescer para edificar a igreja.
Sábado – At 20.28 A igreja pertence a Deus
Hinos da Harpa: 340, 115, 132

 

LEITURA BÍBLICA - Efésios 3.8-12
8 A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo
9 e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas,
10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais,
11 segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor,
12 pelo qual temos ousadia e acesso com confiança mediante a fé nele.

 

IGREJA, O POVO DE DEUS
INTRODUÇÃO
I- A NATUREZA DA IGREJA
1- Definição Ef 5.25,32
2- Origem Ef 1.4
3- Identificação Cl 1.24
II- A EXISTÊNCIA DA IGREJA
1- Membros Jo 15.5
2- Líderes At 20.28
3- Ordenanças Mt 28.19; 1Co 11
III- A MISSÃO DA IGREJA
1- Adoração a Deus Jo 4.23
2- Comunhão Jo 17.20-23
3- Evangelização Mt 28.19
4- Discipulado Ef 4.11-15

APLICAÇÃO PESSOAL

 

 

INTRODUÇÃO

Ao aceitarmos Jesus como o nosso Salvador, fomos postos em uma nova relação com Deus e com os outros crentes. Tornamo-nos parte da família de Deus, a Sua igreja. Estudando acerca da Igreja e compreen­dendo o Seu verdadeiro significado, seremos capazes de apreciar me­lhor o valor dado por nosso Senhor a Igreja, ao ponto de ter dado a Sua vida por ela (Ef 5.25)

 

I- A NATUREZA DA IGREJA

1- Definição.

No sentido bíblico, a palavra igreja vem do termo grego ekklesia que significa “uma assembleia de chamados para fora”. Refere-se a todas as pessoas que responderam ao chamado de Deus e confessaram a Jesus como Senhor e Salvador, assim, tornaram-se membros de Sua família. Essas pessoas formam uma comunidade, que se organiza a fim de cumprir a vontade do Senhor. A igreja pode ser geral ou local:

a) A geral, ou corpo místico de Cristo, e a soma de todos os salvos que confessam a Jesus como Senhor (Ef 5.25,32).
b) A local, ou visível, é a comu­nidade de crentes de uma determinada localidade que compartilham a mesma fé no Senhor. (Rm 1.7; 1Co 1.2). Portanto, a Igreja é reunião de pecadores remidos por Deus, através de Jesus, o Salvador.

 

2- Origem. 

Na eternidade, a Igreja surgiu no coração de Deus, antes da criação do mundo (Ef 1.4-7). Profeticamente, no Antigo Testamento, a ideia da comunidade formada pelo povo de Deus é vista, inicialmente, na promessa a Abraão, de que seria um instrumento para abençoar todos os povos da terra (Gn 12.1-3). Posteriormente, esse conceito de comunidade do povo de Deus foi confirmado no tempo através do povo de Israel, tirado dentre outras nações para o serviço de Deus (Êx 19.4-6).

Na tradução do Antigo Testamento para o grego, a palavra “congregação” foi traduzida por “ekklesia” ou “igreja” (At 7.38). Jesus anunciou a fundação da Sua nova igreja (Mt 16.18). Historicamente, a igreja de Cristo nasceu no dia de Pentecostes, na descida do Espírito Santo, como nosso Consolador, sobre todos os discípulos que creram e aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador (At 2.1-4; Jo 14.16,17).

 

3- Identificação. 

A Bíblia usa diversos símbolos para identificar a Igreja de Jesus:
a) Templo de Deus (1Pe 2.5,6; Ef 2.21,22). Um templo feito por pessoas, pois Deus habita em qualquer lugar onde os salvos estão presentes (1Co 3.16,17).
b) Esposa de Cristo. Fala da pureza e santidade dos filhos de Deus (2Co 11.2; Ap 19.7).
c) Corpo de Cristo. A Igreja substituiu o corpo físico do Senhor neste mundo, na realização da Sua obra na terra (Cl 1.24; 1Co 6.15; 12.13).
d) Coluna e baluarte da ver­dade. Representa a missão do povo de Deus de viver, pregar e guardar a verdade eterna de Cristo (1Tm 3.15).
e) Família de Deus. Todos os crentes são filhos de Deus e, por meio de Jesus, espiritualmente, irmãos uns dos outros (Ef 2.19). Originalmente, a palavra “irmão”, no grego, significa “nascido no mesmo útero”: ou seja, fomos gerados no mesmo “útero” da graça de Deus.

 

II- A EXISTÊNCIA DA IGREJA

A Igreja do Senhor já existe na terra há mais de dois mil anos, fundada em alguns princípios:

1- Membros. 

A Igreja de Cristo é um organismo vivo, constituído por vidas transformadas por Ele e guiada pelo Espírito Santo. Como Igreja Local, ela é obrigada a ob­servar as legislações de cada país ou nação, como uma associação ou organização religiosa. Entretanto, a verdadeira Igreja está além des­ses conceitos humanos: estatuto, regimento, patrimônio, regras denominacionais etc. A existência da igreja é a vida dos seus membros, o que corresponde aos seguintes aspectos:

a) Crer na Palavra de Deus (At 16.31).
b) Aceitar a Cristo como único Senhor e Salvador (Rm 10.9,10).
c) Ser batizado nas águas, como testemunho de fé em Cristo (Mt 28.19,20).
d) Viver para a glória e honra de Cristo (Jo 15.16).

 

2- Líderes. 

O Espírito Santo, em todos os tempos e lugares, escolhe e levanta líderes para dirigirem à igreja (At 20.28). Não existe uma forma bíblica padrão de organização e liderança. A Igreja, como um organismo vivo, se adequa à estrutura de liderança e organização de cada cultura e localidade. Por isso, podemos ver tanta diversidade de nomes de autoridades eclesiásticas nas denominações da atualidade.

Entretanto, o Espírito Santo dá dons ministeriais específicos para capacitar pessoas como dirigentes da Igreja: apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre (Ef 4.11-12). Ele também capacita Líderes para auxiliá-los na administração: presbíteros, diáconos, obreiros e auxiliares (At 6.1-4; 1Tm 3.8-13).

 

3- Ordenanças.

Cristo deu duas ordenanças específicas para a Igreja: o batismo nas águas e a ceia.
a) Batismo nas águas (Mc 16.16). Batizar significa “mergulhar” ou “imergir”. Representa para o crente a sua identificação com a morte e ressurreição de Cristo (Rm 6.4-6). Ao mergulharmos nas águas, declaramos a nossa morte para o mundo, de pecados; e, ao sairmos das águas, declaramos vi­ver uma nova vida com Deus em santidade e justiça. Por isso, o batismo nas águas é realizado uma única vez, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19,20).

b) Ceia do Senhor. Tem o propósito didático de avivar na vida do salvo a sua nova aliança permanente com Cristo: “fazei isto em memória de mim’. Por isso, a Ceia é realizada repetidas vezes durante a vida do crente. Neste ato, ao comermos o pão e bebermos o vinho, relembramos a encarnação (Ele se tornou homem), a expiação (Ele morreu pelos nossos pecados) e esperamos a volta de CRISTO para nos buscar.

 

III- A MISSÃO DA IGREJA

A Igreja existe para glorificar o nome de Deus, ou seja, “… para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6,12,14). Adoração a DEUS – Comunhão – Evangelização – Discipulado.

 

1- Adoração a Deus. 

É o louvor, a reverência e o serviço pres­tado unicamente a Deus em razão da Sua soberania e perfeição. O foco central da verdadeira adoração está em quem Ele é (o Seu caráter) e também por causa daquilo que Ele faz (Sl 107.1-3). Devemos adorá-lo em espírito e em verdade, como resultado da ação do Espírito de Deus em nosso espírito (Jo 4.23). Na salvação, em Jesus, Deus removeu para sempre as barreiras que impediam a nossa comunhão com Ele (Hb 4.16; 10.19-22).

Por isso, somente a igreja pode adorar a Deus. A adoração pode ser individual ou coletiva. Na individual, o crente desenvolve a sua vida devocional (Mt 6.6-8). Na adoração coletiva, na família de Deus, o crente é ca­pacitado numa dinâmica espiritual que um indivíduo não pode experimentar sozinho: com cânticos congregacionais, orações, ministério da Palavra e o exercício dos dons espirituais.

2- Comunhão. 

A vida cristã é uma experiência coletiva. Através do novo nascimento, a natureza antiga e egoísta e abandonada, e os crentes tornam-se parte de uma família de pessoas que se amam e cuidam umas das outras (Jo 17.20-23; GI 5.22). Os crentes mesclam-se em uma união espiritual com Cristo que envolve responsabilidades coletivas “uns com os outros” (Ef 4.25; At 2.42).

Responsabilidade ou cooperação mútua de cada crente na igreja (Rm 14.13; 15.7). A Bíblia deixa claro que a comunhão dos crentes em amor é o maior sinal de fé para o mundo descrente em Jesus (Jo 13.35). Nós temos responsabilidades no corpo de Cristo que ultrapassam as nossas preferências pessoais, nossos próprios valores individuais (1Co 1.10).

 

3- Evangelização.

Cada crente deve concentrar as suas energias para fora de si mesmo, para o mundo não-crente (Mt 28.19). Deus utiliza-se de pessoas para conquistar pessoas! A igreja tem a responsabilidade e o privilégio de tornar conhecida a salvação para todos os seres humanos (2Co 5.18,19).

Essa é uma missão exclusiva da igreja, nem os anjos podem fazer (1Pe 1.12). Recebemos essa missão do mesmo modo que Jesus recebeu a dele (Jo 17.16,18). A missão de “fazer discípulos” não é uma escolha ou opção, mas um mandamento (Mc 16.15; At 1.8).

 

4- Discipulado. 

O propósito de Deus para os Seus filhos é a maturidade espiritual (Ef 4.12-15). Através do discipulado, essa maturidade fica visível nos seguintes aspectos:
a) Viver em unidade ou comunhão.
b) Servir a Deus com os dons e talentos.
c) Conhecimento da Palavra de Deus.
d) Caráter semelhante a Cristo.
e) Firmeza e convicção diante das heresias.

O Espírito capacita os crentes com dons para contribuírem na maturidade e crescimento espiritual uns dos outros (Rm 12.4-8; 1Co 12.8-10). Cada mem­bro do corpo de Cristo tem pelo menos um serviç0, um talento ou alguma contribuição especial a fazer. E cada qual! precisa da contribuição dos outros membros (1Co 12.24-26).

 

APLICAÇÃO PESSOAL

Aprendemos que a igreja é o corpo de Cristo para realizar a vontade de Deus na terra. Diante disso, nosso alvo deve ser o crescimento espiritual para adorarmos, vivermos em comunhão, contribuirmos para a edificação dos novos irmãos na fé e cuidar para que cada pessoa conheça a Cristo.

 

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IGREJA (Enciclopédia Ilumina)

1) Grupo de seguidores de Cristo que se reúnem em determinado lugar para adorar a Deus, receber ensinamentos, evangelizar e ajudar uns aos outros (Rm 16.16).

2) A totalidade das pessoas salvas em todos os tempos (Ef 1.22).

 

VISÃO GERAL

Igreja é um grupo de pessoas que se reúnem para aprender sobre Deus e adorá-Lo. sempre No tempo do Novo Testamento era um termo novo, que aparece só em dois versículos dos Evangelhos (Mateus 16:18 e Mateus 18:17). Lucas o usou bastante no livro de Atos tornando-o mais comum. Paulo também escreveu sobre a igreja na maioria de suas cartas; e João, no Apocalipse.

 

O QUE É IGREJA?

No Velho Testamento Israel era simplesmente "a congregação". A palavra era também usada pelos primeiros cristãos. Com frequência os cristãos se referiam a si próprios como a igreja ou a congregação. De fato, este é o real significado da palavra "igreja", que se aplicava tanto a todos os fiéis no mundo como para qualquer grupo local. Significava a presença total de Deus num dado local. O Novo Testamento frequentemente usa o singular "igreja" mesmo quando muitos grupos de fiéis se reúnem (Atos 9:31; II Coríntios 1;1). O termo "igrejas" é raramente encontrado (Atos 15:41; 16:5). Cada grupo era o lugar onde Deus estava presente (Mateus 16:18; 18:17). Deus comprou a congregação com o sangue de seu Filho (Atos 20:28). No mundo grego, "igreja" designava uma assembleia de pessoas ou reunião. Podia ser um grupo político ou simplesmente um ajuntamento de pessoas. A palavra é usada com esse sentido em Atos 19:32, 39, 41.

 

Os usos cristãos específicos dessa palavra variam amplamente no Novo Testamento.

 

1. Algumas se referem a uma reunião de igreja. Paulo diz aos cristãos em Corinto: "...quando vos reunis como igreja"(I Coríntios 11:18). Isso significa que os cristãos são o povo de Deus, especialmente quando se juntam para adoração.

 

2. Em textos como Mateus 18:17, Atos 5:11, I Coríntios 4:17 e Filipenses 4:15, "igreja" se refere a todo o grupo de cristãos morando num lugar. Com frequência, se refere à localização específica de uma congregação cristã. Observe as frases "a igreja em Jerusalém" (Atos 8:1), "em Corinto" (I Coríntios 1:2), "em Tessalônica" (I Tessalonicenses 1:1).

 

3. Em outros lugares, reuniões de cristãos nas casas são chamadas igrejas. Por exemplo, alguns se reuniam na casa de Priscila e Áquila (Romanos 16:5, I Coríntios 16:19).

 

4. Através do Novo Testamento, "a igreja" se refere à igreja universal. Todos os fiéis pertencem a ela (Atos 9:31; I Coríntios 6:4; Efésios 1:22; Colossenses 1:18). A primeira palavra de Jesus sobre o fundamento do movimento cristão em Mateus 16:18 tem esse sentido mais amplo: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela".

A igreja é uma realidade universal. Mas em sua expressão local, Paulo a ela se refere como "a igreja de Deus" (I Coríntios 1:2; 10:32) ou "as igrejas de Cristo" (Romanos 16:16). Dessa forma um termo grego comum recebe seu significado cristão distinto. Ela faz uma distinção entre a assembleia/ajuntamento/comunidade cristã e todos os outros grupos seculares ou religiosos.

 

A comunidade cristã se aceitou como a comunidade dos tempos finais. Ela se viu como um povo chamado para cumprir os propósitos de Deus em enviar Jesus de Nazaré e sua divina presença. Assim, Paulo diz aos cristãos de Corinto que eles são aqueles "sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (I Coríntios 10:11). Isto é, Deus chamou de novo povo tanto o judaísmo como o mundo gentio. Eles receberiam o poder do Espírito Santo. Compartilhariam as Boas Novas (Evangelho) do amor absoluto de Deus pela sua criação (Efésios 2:11-22). Os Evangelhos nos relatam que Jesus escolheu 12 discípulos que se tornaram base desse novo povo. Entendia-se que a igreja era o preenchimento da intenção de Deus em chamar Israel para ser "luz para os gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra" (Isaías 49:6; Romanos 11:1-5). Nessa nova comunidade as velhas barreiras de raça, posição social e sexo seriam derrubadas. "Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gálatas 3:28). Essa entidade é chamada "corpo de Cristo". Paulo é o único dentre os escritores do Novo Testamento a falar da igreja como corpo de Cristo (Romanos 12:5; Efésios 1:22-2, 4:12; I Coríntios 12:12-13). O pensamento de Paulo pode ter duas explicações:

 

1. A experiência da estrada de Damasco. Conforme relatos no livro de Atos, Jesus se identifica com seus discípulos perseguidos (Atos 9:3-7, 22:6-11, 26:12-18). Na perseguição aos primeiros cristãos, que formavam um corpo, Paulo estava de fato lutando contra o próprio Cristo.

 

2. O conceito hebreu de solidariedade. Paulo era hebreu de hebreus (Filipenses 3:5) e nesse contexto, o indivíduo é totalmente considerado parte de uma nação, não tendo via real isolada do todo. Ao mesmo tempo, todo o povo pode ser representado por um indivíduo.

 

A realidade dessa íntima relação entre Cristo e sua igreja é vista por Paulo como análoga à unidade e conexão do corpo físico (Romanos 12:4-8, I Coríntios 12:12-27). Assim, todas as funções do corpo têm seu lugar exato. Divisão no corpo (isto é, na igreja) revela que há algo doente nele. Por diversas vezes Paulo exortou o "corpo de Cristo" à unidade.

 

REUNIÕES DA IGREJA

 

A palavra grega ecclesia é normalmente traduzida como "igreja". O Novo Testamento algumas vezes fala de uma assembleia grega secular (Atos 19:32,41). Em muitas passagens, como em I Coríntios 14: 19, 28, 35, Paulo se refere a igreja como uma reunião de fiéis que formam uma congregação local. Igreja também pode significar todos os fiéis (passados, presentes e futuros) que formam a igreja universal, o completo corpo de Cristo.

 

Há muitas igrejas citadas no Novo Testamento, às quais os apóstolos escreveram cartas de exortação, aconselhamento e instrução (Romanos 16: 3-5, 14, 15: I Coríntios 1:1; I Coríntios 16: 19-20; Colossenses 4: 15-16; Filemom 1: 1-2).

 

ADORAÇÃO

Quando a igreja se iniciou em Jerusalém, os fiéis se reuniam nos lares para comunhão e adoração. Atos 2: 42-47 nos conta que os primeiros cristãos se reuniam nos lares para ouvir os ensinamentos dos apóstolos e para celebrar a Comunhão ("o partir do pão"). Nesses encontros, também compartilhavam refeições (II Pedro 2:13; Judas 1:12), recitavam as Escrituras, cantavam hinos e salmos e alegremente louvavam ao Senhor (Efésios 5:18-20, Colossenses 3: 16-17). Também se reuniam nos lares para orar (Atos 12:12), ler a Palavra e para ouvir a leitura de uma carta dos apóstolos (Atos 15:30, Colossenses 4:16).

 

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Lição na íntegra

 

Escrita Lição 12, CPAD, Sendo a Igreja do Deus Vivo, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

 

3° Trimestre de 2023, ADULTOS

EBD, CPAD Adultos – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –Como viver neste mundo dominado pelo Espírito da Babilônia

 

 

TEXTO ÁUREO

“Grande é este mistério; digo-o , porém , a respeito de Cristo e da igreja”. (Ef 5.32)

 

 

VERDADE PRÁTICA

A Noiva de Cristo não pode ser mundana, pois ela é a guardiã da verdade revelada e suas vestes devem se manter imaculadas para as Bodas do Cordeiro.

 

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda – Dn 4.2 5 ; At 17.24 Deus é um ser pessoal que intervém no curso da história
Terça – Mt 5.13,14 Se a verdade for corrompida, deixamos de ser o sal da terra e a luz do mundo
Quarta – Hb 13.12 A santificação da Igreja é um a obra do Calvário
Quinta – Ap 19.7-9 A Igreja “ santa e imaculada” terá acesso às Bodas do Cordeiro
Sexta – 2 Tm 4.2 Zelando, vivendo e propagando a mensagem bíblica com fidelidade
Sábado – Jd 1.3 Batalhando pela fé que foi entregue aos santos

 


Hinos Sugeridos: 14 4, 215, 4 71 da Harpa Cristã

 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Timóteo 3.14-16; Efésios 5.25-27,32

1 Timóteo 3
14 – Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa,
15 – mas, se tardar; para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 – E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.

Efésios 5
25 – Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
26 – para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
27 – para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
32 – Grande é este mistério; digo-o, porém , a respeito de Cristo e da igreja.

 

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO
A igreja local não está livre de influências nocivas que procuram enfraquecer sua identidade de representante de Cristo no mundo. Por isso, nessa lição, é importante reafirmar a natureza da igreja e destacar seu relacionamento com Cristo. Neste relacionamento que, como igreja, nos afastamos do mundo, vivemos o propósito de Cristo na terra e nos livramos das influências hostis aos valores eternos da mensagem de Cristo.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar a natureza da Igreja do Deus Vivo;
II) Enfatizar o relacionamento de Cristo com a Igreja por meio da santificação;
III) Elencar as armas da Igreja do Deus Vivo.
B) Motivação: Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos santos. Entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de ser Igreja em qualquer lugar em que Deus nos levar.
C) Sugestão de Método: Inicie a aula de hoje mencionando alguns símbolos que a Bíblia retrata a respeito da Igreja: Noiva de Cristo, Corpo de Cristo, Casa do Deus Vivo, Coluna e Firmeza da Verdade. Pergunte à classe o que ela pensa e imagina quando se deparam com essas expressões.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Fazemos parte do Corpo de Cristo, assim , devemos honrar a mensagem da Cruz, encontrando-nos santos, puros e irrepreensíveis até a volta do Senhor. Nesse sentido, zelo e integridade são características da Igreja do Deus Vivo.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: A o final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte à preparação de sua aula:
1) O texto “Definição de Igreja” , que ajudará aprofundar o primeiro tópico, oferece uma explicação a respeito do conceito bíblico de Igreja;
2) O texto “ Corpo de Cristo ” ajudará a aprofundar o segundo tópico, trazendo a imagem da Igreja como Corpo de Cristo e sua relação com Jesus.

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

I – A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO

1- A casa do Deus vivo. 

2- A coluna e firmeza da verdade. 

3- O mistério da piedade. 

II – CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

1- Santificação e pureza. 

2- Gloriosa e irrepreensível. 

III- AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO

1- O zelo pela verdade. 

2- O ensino da verdade. 

 

 

INTRODUÇÃO

Os efeitos do mundanismo são percebidos quando a Igreja deixa de ser pautada pelos valores da fé cristã (2 Tm 3.1-5). Infelizmente, ela não está imune a influências nocivas da sociedade (2 Pe 2.1). Nesta oportunidade, vamos abordar a natureza da igreja, seu relacionamento com Cristo e as armas que impedem a mundanização da Igreja local. A proposta é chamar atenção para o papel da Igreja do Deus vivo, como coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15).

 

 

Palavra-Chave: IGREJA

 

 

I – A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO

1- A casa do Deus vivo 

Paulo orienta Timóteo a como “andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo” (1 Tm 3.15a). A expressão “casa de Deus” foi emprestada do Antigo Testamento, onde o termo frequente é “casa do Senhor” (1 Rs 3.1; 1 Cr 22.11). O uso original da expressão refere-se ao Templo, mas o complemento “que é a igreja do Deus vivo” inclui o conjunto de membros da igreja.

O apóstolo ainda usa os vocábulos “domésticos da fé” (Gl 6.10); “ família de Deus” (Ef 2.19); “corpo de Cristo” (1 Co 12.27); e “ templo de Deus” (1 Co 3.16). A sentença “Deus vivo” enfatiza o verdadeiro Deus em contraste com os ídolos mortos (1 Co 8.4; 2 Co 6.16; 1 Ts 1.9), fazendo alusão à doutrina bíblica de que Deus é um ser pessoal, distinto da Criação e que, ao mesmo tempo, se relaciona com a criatura, atuando na história humana (Dn 4.25; At 17.24).

 

 

2- A coluna e firmeza da verdade 

A Bíblia assegura que a Igreja do Deus vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15b). Nessa metáfora, a Igreja é o fundamento que sustenta a verdade, ou seja, significa que foi instituída como guardiã da verdade por Deus revelada (2 Tm 1.13,14). Essa verdade é o Evangelho de Cristo, a s Boas-Novas de salvação e suas imutáveis doutrinas (Gl 2.5; Ef 1.13; Cl 1.5).

Portanto, é responsabilidade da Igreja propagar, testemunhar e defender a verdade do Evangelho (Mt 28.20; Jo 18.37; Jd 1.3). Desse modo, no zelo pela verdade, os líderes da igreja devem ser irrepreensíveis e capazes de repudiar os falsos mestres e suas heresias (1 Tm 3.1-13). Se a verdade do Evangelho for corrompida, então, a igreja deixa de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13,14).

 

 

3- O mistério da piedade 

A verdade do Evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6). Nessa concepção, o apóstolo Paulo diz: “ grande é o mistério da piedade” (1 Tm 3.16a). Devemos, aqui, ter atenção para as palavras “ mistério” e “piedade”. A primeira sinaliza que a verdade do Evangelho foi revelada aos santos (Cl 1.26); a segunda retrata a base do cristianismo que é a fé cristã. Na sequência, o apóstolo sintetiza tudo isso com a expressão “o mistério da piedade” , o Evangelho revelado, a fé cristã estabelecida no seguinte evento: Cristo “ que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1 Tm 3.16). Assim , a Igreja é a fiel portadora dessa verdade (2 Co 2.17).

 

 

SINOPSE I

A Igreja é a casa do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade, fiel portadora da verdade do Evangelho.

 

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO - “DEFINIÇÃO DE IGREJA
Hoje, ‘igreja’ comporta vários significados. Refere-se frequentemente ao prédio onde os crentes se reúnem (por exemplo: ‘Estamos indo à igreja’). Pode indicar a nossa comunhão local ou denominação (‘Minha igreja ensina o batismo por imersão’ ) ou um grupo religioso regional ou nacional (‘a igreja da Inglaterra’). A palavra é empregada frequentemente com referência a todos o s crentes nascidos de novo, independentemente de suas diferenças geográficas e culturais (‘a Igreja do Senhor Jesus Cristo’ ). Mas seja como for, o significado bíblico de ‘igreja’ refere-se primariamente não às instituições e culturas, mas sim às pessoas reconciliadas com Deus mediante a obra salvífica de Cristo e que agora pertencem a Ele” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.537-38).

 

 

II – CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

1- Santificação e pureza 

Paulo ensina que Cristo morreu pela Igreja: “para que a santificasse, tendo a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26-ARA). O texto mostra que, na regeneração, Cristo nos purifica do pecado (1 Co 6.11; Tt 3.5) e que, no propósito do calvário, estava inclusa a nossa santificação (1 Ts 4.16; Hb 13.12). A expressão “a lavagem da água” é usada de forma figurada, simboliza a Palavra de Deus que opera uma limpeza espiritual (Jo 15.3). Nesse sentido, Cristo orou: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Ora, sabemos que a Santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1 Pe 1.15; Hb 12.14). Esse processo é contínuo até a glorificação final no dia de Cristo (Rm 6.22; 8.30; Fp 3.21).

 

 

2- Gloriosa e irrepreensível 

A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27). A Escritura compara a relação de Cristo com a Igreja, com a do marido com a esposa (2 Co 11.2). Assim , a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap 21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo a santifica para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2 Ts 2.13). A ausência de “mácula” e de “ruga” significa sem mancha alguma de ordem moral ou espiritual. Vestida nesse grau de pureza, somente a igreja “santa e imaculada” terá acesso à ceia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Acerca disso, Cristo advertiu não ser possível entrar nas bodas sem a devida veste nupcial (Mt 22.11-13).

 

 

SINOPSE II

A santificação, a pureza e o caráter irrepreensível da Igreja se destacam no relacionamento de Cristo com ela.

 

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO - “CORPO DE CRISTO
Figura bíblica da máxima a relevância para representar a Igreja é o “corpo de Cristo”. Era a expressão predileta do apóstolo Paulo, que frequentemente comparava os inter-relacionamentos e funções dos membros da Igreja com partes do corpo humano. Os escritos de Paulo enfatizam a verdadeira união, que é essencial na Igreja. Por exemplo: “O corpo é um e tem muitos membros… assim é Cristo também” (1 Co 12.12). Da mesma forma que o corpo de Cristo tem o propósito de funcionar eficazmente como uma só unidade, também os dons do Espírito Santo são dados para equipar o corpo “pelo Espírito Santo… o mesmo Senhor… o mesmo Deus que opera tudo em todos… para o que for útil” (1 Co 12.4-7 )” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.544-46).

 

 

III- AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO

1- O zelo pela verdade 

Enfatizamos que a verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc 21.33; Jo 17.17), ou seja, o Evangelho de Cristo é a única verdade (Jo 14.6). Nesse caso, a igreja é a “fiel depositária” dessa verdade (1 Tm 3.15). E, por isso, os salvos em Cristo são despenseiros da mensagem da redenção (1 Pe 4.10). Para ilustrar essa responsabilidade, levemos em conta o uso que Jesus fez de símbolos que remontam à responsabilidade espiritual: “os dois servos” (Mt 24.45-51); “os talentos” (Mt 25.14-30); “o servo vigilante” (Lc 12.35-38); “o mordomo infiel” (Lc 16.1-13); e “as dez minas” (Lc 19.12-26).

Todas essas parábolas trazem a imagem da responsabilidade que cada salvo deve ter enquanto espera o Senhor da Igreja voltar. Esse compromisso é inegociável, pois espera-se que o salvo cumpra o seu dever com irrestrita lealdade. Assim , a Igreja deve zelar pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem bíblica com fidelidade (2 Tm 4.2).

 

 

2- O ensino da verdade 

Deus constituiu líderes para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef 4.11,12). Portanto, o líder deve estar apto para ensinar (1 Tm 3.2). Isso refere-se à capacidade de compreender as Escrituras, defender a ortodoxia e refutar as heresias (Tt 1.9). Desse modo, um líder vocacionado não cede ao liberalismo teológico, ecumenismo e sincretismo religioso (2 Co 2.17; 2 Tm 4.3,4 ). Logo, a verdade bíblica deve ocupar a primazia na igreja (1 Tm 4.13; 2 Tm 2.15).

Não por acaso, na tese 54, Lutero ensinou que ofendemos a Palavra de Deus quando no sermão não há tempo para o estudo da Bíblia, ou seja, quando a exposição da Bíblia não é o cerne da pregação. Não ensinar as Escrituras, relativizar suas doutrinas ou fazer concessões ao pecado equivale fazer a igreja refém do mundanismo. Portanto, somente a verdade de Deus é capaz de libertar o pecador (Jo 8.32).

 

 

SINOPSE III

Zelo e ensino pela verdade são duas das principais armas da Igreja do Deus vivo.

 

 

CONCLUSÃO

Diante dos ataques de desconstrução da fé, a Igreja do Deus vivo precisa ser vigilante (1 Co 16.13). Ela é a guardiã da única verdade que liberta (Jo 8.36). A mensagem da cruz não pode ser res­significada. Cristo morreu e ressuscitou por amor à Igreja e a requer santa, pura e irrepreensível (Ef 5.27). Portanto, a Noiva de Cristo não pode macular suas vestes. Seu papel abarca o ensino e a defesa com todo o zelo da integridade da verdade revelada (1 Tm 4.16).

 

REVISANDO O CONTEÚDO

1- O que a Bíblia assegura? A Bíblia assegura que a Igreja do Deus vivo é a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15b).
2- Em quem a verdade do Evangelho está personificada? A verdade do Evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6).
3- Segundo a lição, o que é o ato de santificação? A santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1 Pe 1.15; Hb 12.14).
4- Qual é o alvo da santificação? A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27).
5- Cite pelo menos duas imagens que simbolizam a responsabilidade da Igreja. Os dois servos e servo vigilante.