Lição 08, Central Gospel, Cristo e a Ordem
de Melquisedeque, 1Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
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TEXTO
BÍBLICO BÁSICO - Hebreus 7.1-3, 11,12, 22-27
1-
Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo,
e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou;
2-
a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, (...);
3-
sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida,
mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.
11-
De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o
povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se
levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a
ordem de Arão?
12
Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.
23-
E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela
morte, foram impedidos de permanecer;
24-
mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25-
Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles.
26-
Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado
dos pecadores e feito mais sublime do que os céus,
27-
que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia
sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo;
porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
SUBSÍDIOS
EXTRAS
Malkiy-Tsedeq
(Hebraico)
Melquisedeque
= “meu rei é Sedeque”
rei
de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo a quem Abrão deu o dízimo depois da
batalha que teve para libertar Ló; ’a ordem de Melquisedeque’ a ordem do
sacerdócio à qual Cristo pertence
Μελχισεδεκ
Melchisedek (Grego)
Melquizedeque
= “rei da justiça”
rei
de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo que viveu nos dias de Abraão
MELQUISEDEQUE
(Gn 14.18-20; Sl 110.4; Hb 5.6-10; 7.1-17) - Sombras, Tipos e
Mistérios da Bíblia – CPAD
Abraão
reconheceu que Melquisedeque era sacerdote de Deus. Deu-lhe o dízimo e foi
abençoado por ele.
Abraão,
sendo o pai do povo judeu, foi abençoado por aquele a cuja ordem Jesus
pertence.
A
exposição de Hebreus 7 é para provar que
Jesus Cristo é superior ao sumo sacerdote Arão, tanto que antes de Arão,
aparece aquele tipo de Jesus.
E
mencionado Melquisedeque, sem pai, sem mãe, sem genealogia. Os judeus davam
grande valor à genealogia. Só podia exercer um cargo importante, sendo
conhecida a origem familiar.
Quando
voltaram do cativeiro, no tempo de Esdras e Neemias, alguns que não provaram o
registro das genealogias foram rejeitados, considerados imundos e proibidos de
comerem das coisas sagradas (Ed 2.62,63; Ne 7.64,65).
Cremos
que Melquisedeque era homem descendente de Adão e Noé; sua genealogia era
desconhecida, e Deus não quer que o identifiquemos. Pela mentalidade dos
judeus, não devia ser o sacerdote de Deus. Mas ele foi aceito como tal por
Abraão, e da sua ordem vem Jesus.
Ele
era rei de Salém e rei de paz. Salém quer dizer paz e é o nome de Jerusalém;
Jesus Cristo, depois de destruir o reino do Anticristo, reinará em Jerusalém
como Rei de paz.
_______________________
Melquisedeque
- Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD (Com algumas modificações do Pr. Henrique)
Em
hebraico malki- Sedeq ou “rei da justiça”, é mencionado em Gênesis 14.18;
Salmos 110.4; Hebreus 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11.15,17. No livro de Gênesis ele é um
rei-sacerdote cananeu de Salém (Jerusalém) que abençoou Abraão quando este
retomou depois de salvar Ló, e a quem Abraão pagou O dízimo do espólio da
batalha. Devido ao mistério que cerca seu repentino aparecimento no cenário da
história, e seu igualmente repentino desaparecimento, ele tem sido identificado
com um anjo (Orígenes), com o Espírito Santo (Epifânio), com o Senhor Jesus
Cristo (Ambrósio), com Enoque (Calmet) e Sem (Targuns, Jerônimo, Lutero) et.
al.
Quanto
à religião, ele era “sacerdote do Deus Altíssimo” (ei ‘elyon). Os textos de Ras
Shamra mostraram que as cidades cananeias tinham sumo sacerdotes na primeira
metade do segundo milênio a.C., e que Idrimi, rei de Alalakh, ao norte da
Síria, em aprox. 1500 a.C., era o representante pessoal de seu deus e aquele
que oficiava no santuário. Dessa forma, o relato de Gênesis não precisa ser
considerado anacrônico.
A
opinião tradicional diz que Melquisedeque era um verdadeiro adorador do Senhor
(conforme Josefo, Irineu, Calvino, KD, Leupold, et ai). Se a data da vida de
Abraão (aprox, 2000 a.C.) estiver correta, então Melquisedeque viveu antes da
substituição de El como principal deus dos cananeus, A adoração a Baal-Hadade
foi estabelecida pela invasão dos amorreus no início do 2“ milênio a.C..
Salmo
110.4, Salmo como sendo de autoria de Davi - ele estaria se referindo a
profecia messiânica a respeito do Senhor Jesus Cristo. Esse problema fica
resolvido quando observamos que em Mateus 22.43, Jesus atribui o Salmo a Davi e
a referência a si mesmo como o Messias.
As
passagens no livro de Hebreus trazem a mesma interpretação. O autor está
discutindo a superioridade do sacerdócio de Cristo em comparação ao de Arão.
Melquisedeque e seu sacerdócio são um exemplo de Cristo e de seu sacerdócio. O
sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado a uma raça ou tribo, sendo,
portanto, universal. Sua realeza não foi herdada de seus pais. E essa realeza
também não foi transmitida a um descendente; e assim ela era eterna. Portanto,
Melquisedeque é uma tipologia de Cristo e de seu sacerdócio eterno e universal.
Melquisedeque
era superior a Arão porque: (1) Abraão, ancestral de Arão, pagou dízimos a
Melquisedeque; (2) Melquisedeque abençoou Abraão; (3) os sacerdotes levíticos
estavam sujeitos à morte, mas não há nenhuma informação sobre a morte de
Melquisedeque. Portanto, Cristo e seu sacerdócio são superiores a Arão e seu
sacerdócio.
Essa
visão contemporânea de Melquisedeque torna mais fácil entender como o autor de
Hebreus 7 podia discutir a superioridade de Jesus fazendo um apelo a esse
personagem. E. W. C.
Hebreus - SÉRIE Comentário Bíblico - SEVERINO PEDRO
DA Silva - CPAD
Porque
este Melquisedeque; que era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, e que
saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou;
Quem
era Melquisedeque? As únicas referências bíblicas sobre este personagem semita
encontram-se nos trechos de Gênesis 14.18-20; Salmos 110.4 e Hebreus 6.20; 7.1,10,11,15,17,21. Pode- se ver, com base nisso, que o
autor supre a discussão maior. E dito que ele era o “rei de Salém... e
sacerdote do Deus Altíssimo”, o que, combinado às passagens de Josué 18.28 e Salmos 76.2, nos mostra ter sido
ele rei em Jerusalém durante o do mínio dos jebuseus. Entretanto, ele aparece
na interpretação de Hebreus 7.2 como “rei de justiça”.
Melquisedeque saudou a Abraão, trazendo-lhe pão e vinho e o abençoando no nome
do Deus Altíssimo, quando o patriarca retornou após ter vencido Quedorlaomer,
rei do Elão, e seus aliados. Ao mesmo tempo, Melquisedeque recebeu de Abraão
dízimos dos despojos. A significação profética de Melquisedeque é claríssima. Salmos 110 apresenta a divindade
do Messias ligada à ordem deste personagem contemporâneo de Abraão. No
entanto, a obscuridade de Melquisedeque tem levantado um série de conjeturas,
algumas delas nada mais que fantasias.
Alguns
dizem ser o Espírito Santo que teria aparecido na terra sob essa forma, visto
que, ele não consta em nenhuma genealogia como nos é dito a respeito de Deus e
de Cristo (Lc 3.23,38). Outros dizem ter sido uma
manifestação de Cristo antes da encarnação, no Antigo Testamento. Mas isso é
absurdo, pois teríamos de aceitar o seu governo em Jerusalém antes dos tempos
testamentários. Para alguns estudiosos, no entanto, Melquisedeque teria sido
encarnação de alguma outra elevada personalidade celeste. Outros afirmam que
ele seria Sem, filho de Noé, o que é opinião comum entre vários escritores
judeus, especialmente no Targum. Outras opiniões afirmam que ele teria sido um
monarca cananeu, da descendência de Cão. E outros, ainda, consideram-no um ser
como Adão, diretamente criado por Deus, e que literalmente não teria ascendência
humana. Também há opiniões que o identificam com Jó ou com algum outro
personagem do Antigo Testamento. Todas essas conjeturas não têm base em que se
possa confiar; assim, necessariamente, a identificação de Melquisedeque deve
ser procurada por outro prisma.
O
historiador judeu Flávio Josefo, em sua obra Antiguidades Judaicas, fala bem
pouco de Melquisedeque. A informação que temos dele é esta: “O rei de Sodoma
veio até ele (Abraão) no lugar a que chamam de ‘campo real’, onde o rei de
Salém, que agora é Jerusalém, o recebeu também com grandes demonstrações de
estima e de amizade. Este príncipe chamava-se Melquisedeque, isto é, rei
justo; e ele era verdadeiramente justo, pois sua virtude era tal que, por
consentimento unânime ele tinha sido feito sacrificador do Deus Todo-poderoso.
Ele não se contentou de receber tão bem a Abraão, mas recebeu outrossim todos
os seus; deu-lhes no meio dos banquetes que realizou, os louvores devidos à sua
coragem e virtude e prestou a Deus públicas ações de graças por uma tão
gloriosa vitória. Abraão, por sua vez, ofereceu a Melquisedeque a décima parte
dos despojos que tinha feito dos inimigos; e este os aceitou”.
a
quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação,
rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;
Quase
todos os escritores da Bíblia têm identificado a cidade de Salém, aqui
mencionada, como sendo um diminutivo poético da cidade de Jerusalém. Este lugar
é mencionado paralelamente com Sião, a cidade de Deus (SI 76.2). Também é
acrescentado que ali se encontrava o “Tabernáculo do Senhor”. Josefo
identificou Salém como sendo o local antigo de Jerusalém, uma espécie de
comunidade que existia antes de Jerusalém. Os samaritanos vinculavam Salém com
Salim, a leste de Nablus, mas essa identificação pode ter-se originado do
preconceito político e da rivalidade religiosa que havia entre judeus e
samaritanos. Existe uma outra interpretação que localiza Salém com Salim, que
era uma cidade de Siquém, onde, segundo se diz, existem supostas ruínas do
“palácio de Melquisedeque”. Em tempos remotos, Jerusalém chamava-se apenas
“Jebus”, nome este mencionado por cinco vezes (Js 18.28; Jz 19.10,11; I Cr 11.4,5). Alguns acreditam, ainda, que Melquisedeque
tenha conquistado uma parte da cidade, adicionando nesta parte por ele dominada
o nome de “Salém”, ou a cidade de paz. Depois houve a junção de Jebus com
Salém, quando Melquisedeque conquistou a outra parte da cidade, em poder dos
jebuseus. Então, passou-se a pronunciar “Jerusalém” ao invés de “Jebus-Salém”,
sua forma primitiva. Depois, com a ausência de Melquisedeque, os jebuseus
voltaram a chamá-la de Jebus, nome este que perdurou até os dias de Davi,
quando ele e seus homens conquistaram a fortaleza de Sião e esta passou a se
chamar “a cidade de Davi” (I Cr 11.4-8).
sem
pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas,
sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.
O
autor sagrado afirma que Melquisedeque era “sem pai, sem mãe, sem genealogia”.
E acrescenta ainda: “feito semelhante ao Filho de Deus”. As seguintes
explicações sobre essa expressão são possíveis desde que usemos o raciocínio
lógico e a razão natural.
1º
- Na qualidade de algum elevado ser espiritual (termo este usado apenas para
argumentação), ele não tinha descendência terrena;
2°
- Melquisedeque teria “perdido” (mediante a morte física) seu pai e sua mãe,
pelo que também estaria “sem eles”; 3o - Seu pai e sua mãe seriam figuras
“desconhecidas”, pelo que também não se fez qualquer registro genealógico; 4o -
Seu pai e sua mãe não tinham genealogia sacerdotal (o que parece lógico), razão
pela qual não foram mencionados; 5o - Antes, Melquisedeque simplesmente não tem
“genealogia registrada” nas Escrituras, etc.
No
que diz respeito à genealogia, várias opiniões são também sugeridas, tais
como: A genealogia de Melquisedeque era conhecida, mas não foi “registrada”.
A
genealogia era conhecida, mas “propositadamente não foi registrada”, para que
Melquisedeque tivesse a possibilidade de ser um “tipo simbólico” de Cristo, em
seu sumo sacerdócio.
A
genealogia não foi registrada porque era desconhecida. Não havia genealogia a
registrar porque Melquisedeque, na realidade, não era uma personalidade humana,
etc.
Para
nós, o fato de não ter pai nem mãe significa que não há registro de seus
ancestrais, e que, profeticamente, Melquisedeque simboliza o divino
Filho-Profeta, acerca de quem não se pode falar de qualquer linhagem terrena
quando se observa sua eternidade.
Melquisedeque
não tinha nem pai nem mãe sacerdotais, por isso não tinha uma genealogia como
os filhos de Arão. Em outras palavras, ele torna-se um verdadeiro tipo de
Cristo, visto que “... nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa
tribo nunca Moisés falou de sacerdócio” (Hb 7.14b). O original grego
indica “brotou” em lugar de “procedeu”, para indicar “... o homem cujo nome é
Renovo” (Jr 23.5; 33.15; Zc 3.8; 6.12),
título
este aplicado em sentido tópico a Josué, o sumo sacerdote do tempo do cativeiro
e também a nosso Senhor Jesus Cristo.
Considerai,
pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos
despojos.
Este
acontecimento aqui narrado encontra-se em Gênesis
20,
onde está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era
este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão do
Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra! E bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E deu-lhe o dízimo de
tudo”. O escritor sagrado da Epístola aos Hebreus exalta Melquisedeque acima de
Abraão, quando diz: “... quão grande era este”. E como reconhecimento de sua
autoridade, Abraão lhe deu o dízimo dos despojos, quer dizer, o melhor daquilo
que Abraão tinha conquistado, que significa do “topo do monte” — expressão
essa usada pelos gregos com o sentido de “o melhor” ou “mais precioso”. Os
despojos eram repartidos entre os guerreiros vitoriosos, e em ocasiões especiais
repartia-se também com aqueles cuja autoridade era considerada superior aos
guerreiros vitoriosos. Em alguns casos, esses eram compostos não só de bens
materiais, mas também de pessoas humanas (Is 42.24). Mas no episódio que
marca o encontro de Abraão e Melquisedeque, somente estão em foco os despojos
de bens materiais, sem nenhuma menção a vidas humanas.
E
os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei,
de tomar o dízimo do povo,
isto
é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lomhos de Abraão.
O
dízimo existe desde a criação do homem. E uma prática que tem a sua origem no
reconhecimento de que tudo pertence a Deus. A história dos povos primitivos
mostra que a prática de dar à divindade uma parte das rendas é comum a toda a
humanidade. Podemos observar que o justo Abel reconheceu este dever e
prontamente "... trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura
[uma oferta ao Senhor]” (Gn 4.4). A palavra “primogênito”, neste
sentido, pode significar “primícias”, ou seja, o melhor de uma porção. Em
linguagem hodierna, Abel trouxe seu dízimo ao Senhor. Noé, depois do dilúvio,
parece ter seguido o mesmo exemplo. Daquilo que lhe sobrou com vida, ele trouxe
uma porção para Deus. Como não existia uma outra autoridade na terra maior que
ele, então sua dádiva deu-se da seguinte forma: “E edificou Noé um altar ao
Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos
sobre o altar” (Gn 8.20, ênfase do autor).
Abraão exemplifica os crentes dizimistas de todos os tempos. A menção do
“dízimo”, dentro do episódio que marcou seu encontro com o monarca
Melquisedeque, mostra-nos que se tratava de uma instituição mais antiga que a
da legislação mosaica no Antigo Testamento (Gn 14.20; Hb 7.2,4-6,9). Por aquela ocasião, todos os descendentes de
Abraão (segundo a carne) pagaram dízimo a Melquisedeque, pois ele representava,
por assim dizer, toda a nação (Hb 7.8,9). Pelo que também todos os descendentes de
Abraão (segundo a fé) devem pagar seu dízimo a Cristo (que cumpre o tipo simbólico
de Melquisedeque), tal como o próprio Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, o monarca
de Salém.
Mas
aquele cuja genealogia não é contada entre eles tomou dízimos de Abraão e
abençoou o que tinha as promessas.
Entre
o povo judeu há certo silêncio com relação à superioridade de Melquisedeque
sobre Abraão. Para eles, além de Deus, Abraão é considerado a maior autoridade
no campo espiritual. Talvez por essa razão eles questionaram a Jesus quando
este se apresentou como sendo o Filho de Deus, dizendo: “Es tu maior do que
Abraão, o nosso pai, que morreu? E também os profetas morreram; quem te fazes
tu ser?” (Jo 8.53) No entanto, aqui no
texto em foco, o autor sagrado apresenta a majestosa autoridade de
Melquisedeque sobre Abraão. Porém com uma ressalva: há um outro superior a
Melquisedeque: Cristo, que é Deus. Abraão, como representante de Deus entre
aquelas nações mergulhadas em todo o tipo de práticas pecaminosas, jamais
pensou que pudesse encontrar um outro representante de Deus superior a ele. Por
esta razão o escritor sagrado faz a seguinte declaração, quando lembra o
encontro que se deu entre estes dois personagens — Abraão e Melquisedeque:
“Considerai, pois, quão grande era este...” (v. 4).
Ora,
sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.
Neste
versículo, o autor novamente menciona a grandeza de Melquisedeque, o rei de
Salém, destacando que ele recebeu o dízimo de Abraão e também teve a autoridade
divina de abençoá-lo. A bênção aqui referida não é a simples expressão
de
um desejo relativo a outrem, o que pode ser feito de um inferior para um
superior. Mas é a ação de uma pessoa “autorizada” a declarar as “intenções” de
Deus, conferindo boas dádivas de prosperidade a outrem. Tal ação somente tem
validade quando é feita por alguém que é superior. Melquisedeque estava
autorizado a abençoar o patriarca Abraão, porque era maior do que este, pois
“sem contradição alguma, o menor [Abraão] é abençoado pelo maior
[Melquisedeque]”. O conceito de grandeza, aqui em foco, deve ser mais
subentendido como grandeza espiritual, visto que o assunto predominante neste
encontro foi mais o aspecto sacerdotal do que a própria realeza de
Melquisedeque, sendo mencionados ali “pão e vinho”, como também duas
bem-aventuranças: uma para Abraão e outra para Deus (Gn 14.18-20).
E
aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se
testifica que vive.
Algumas
interpretações liberais têm procurado identificar Melquisedeque como sendo o
próprio Jesus antes de sua encarnação. De acordo com estas interpretações, “...
aquele de quem se testifica que vive” tornou-se expressão usada livremente
entre o cristianismo logo após a ressurreição de Jesus (cf. Lc 24.5). Mas esta frase
também pode ser aplicada ao sacerdote Melquisedeque, visto que o silêncio do
Antigo Testamento acerca de sua morte autentica também que ele permanece como
aquele de quem “se testifica que vive” (Hb 7.3). O sacerdócio levítico (com seus
sacerdotes) era algo temporal e transitório. Mas Melquisedeque e seu
sacerdócio, como Cristo e seu sacerdócio, são eternos e permanentes. Isso
indica claramente que tanto o sacerdócio do qual pertenciam Melquisedeque e
nosso Senhor Jesus Cristo é um sacerdócio eterno, que tem em si mesmo estabilidade
permanente, para que se nomeie seus sacerdotes por meio de juramento, e não
meramente por uma indicação circunstancial, como muitas vezes foi feito no
sacerdócio araônico.
E,
para assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou
dízimos.
O
autor continua com seu argumento quanto à superioridade e importância do
sacerdócio e pessoa de Melquisedeque, dizendo que Levi, cuja linhagem fora
escolhida para exercer o sacerdócio entre os filhos de Israel, “pagou dízimos”
a Melquisedeque. Para aqueles que são contrários aos ensinamentos das
Escrituras sobre o dízimo, deve-se observar que este é antes da Lei — sendo
apenas, séculos depois, nela incorporado. Cada povo ou nação do mundo sempre
teve seus tributos. O dízimo, portanto, foi estabelecido por ordem divina, como
sendo uma espécie de tributo que uma nação santa (como Israel), no Antigo Testamento,
e um povo santo (como a Igreja), no Novo Testamento, deviam contribuir para
Deus e para sua obra. E Ele ainda restituirá tudo, devidamente corrigido, e
ainda acrescentará “cem vezes tanto” ao valor daquilo que a Ele dedicamos (Ml 3.10; 2 Co 9.7,8).
O
Sacerdócio Levítico e o Sacerdócio de Melquisedeque
Porque
ainda ele estava nos lombos de seu pai, quando Melquisedeque lhe saiu ao
encontro.
Levi
aqui é tomado como sendo o representante de sua descendência posterior. Mas
numa alegoria prospectiva, ele pagou seu dízimo a Melquideseque através de
Abraão. Isto também serve de exemplo para nós, na presente dispensação. Nossos
filhos (os da carne e os da fé) devem ser ensinados a contribuir com seus
dízimos desde tenra idade. Fazê-lo depois pode ser tarde demais. Os termos
“dar, pagar, devolver, trazer, oferecer ou entregar” são usados por todos os
cristãos em todo lugar em referência ao ato de dizimar. A primeira menção sobre
o dízimo na Bíblia diz que deve ser “doado” (Gn 14.20), mas em Hebreus 7.9, a palavra “doar” foi
substituída por “pagou dízimos”. O importante no ato de dizimar não se prende
tanto à palavra ou expressão idiomática usadas para descrevê- lo, mas ao
sentimento de gratidão que deve existir no coração daquele que se predispõe a
pagar fielmente seu dízimo, de acordo com os ensinamentos das Escrituras (2 Co 9.7,8).
De
sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo
recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se
levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a
ordem de Arão ?
Em
relação a Arão como figura de Cristo, alguns pontos prestam-se a aplicações
espirituais e outros não. O sumo sacerdote deveria ser diretamente da linhagem
de Arão, o primeiro sumo sacerdote levítico. Mediante tal conceito, tinha
então direito por sucessão ao sacerdócio. Em outras palavras, não era tão
necessária uma nomeação; e sim, a sucessão mediante a morte do antecessor.
Entretanto, o mesmo não se aplica a Cristo. Ele foi nomeado, chamado
diretamente por Deus de “Sumo Sacerdote”, segundo a ordem de Melquisedeque. No
grego, isso significa “chamar”, “nomear”, “designar para o ofício”. Por esta
razão o sacerdócio de Cristo transcende ao sacerdócio de qualquer outro
personagem: humano ou mesmo celestial. Em Cristo tanto as necessidades que
existiam no sacerdócio como a vontade de Deus quanto à perfeição foram
satisfeitas — isso tanto no sentido de sucessão como no sentido de perfeição
(vv. 26,28).
Porque;
mudando-se o sacerdócio, necessariamente
se
faz também mudança da lei.
Devemos
observar aqui que não se fala de mudança de sacerdote, para que haja mudança na
Lei. O termo “mudança”, aqui, fala do “sacerdócio”, isto é, do ofício, e não
da pessoa. No caso de Arão e seus descendentes, falava-se da pessoa, e não do
ofício. O sacerdócio aarônico, embora tenha sido também chamado de “perpétuo” (Ex 40.15), teve seu termo com a
morte de Jesus Cristo. Doravante é instituído um novo sacerdócio, que perdurará
eternamente. Seu sumo sacerdote também não terá sucessor — porque Ele vive
eternamente. Ele não pertence à tribo de Levi e por extensão à família de Arão;
sua geneolagia é encontrada na tribo de Judá, cuja posse e realeza foram
exercidas na cidade de Jerusalém (antiga Salém), onde Melquisedeque fora rei e
sacerdote (Gn 14.18; Hb 7.1,2). Sua genealogia não foi encontrada, como
também não podemos encontrar a genealogia de Cristo, quando buscada do ponto
de vista sacerdotal e em seu aspecto divino. Semelhantemente, ambos não
tiveram antecessores e também não terão sucessores (sacerdotais), porque no
sacerdócio de ambos não haverá nenhuma mudança.
Porque
aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém
serviu ao altar,
Durante
o tempo chamado de “período interbíblico”, os macabeus arrogaram para si
deveres sacerdotais, ignorando totalmente a regra levítica. Assim fazendo,
disseram-se sacerdotes segundo a ordem de Melquisedeque, embora nunca tivesse
havido uma ordem constante de sacerdotes segundo o sacerdócio de Melquisedeque.
O autor deste tratado não queria fazer de Jesus nenhuma exceção dessa natureza.
Antes, do princípio ao fim, demonstrou que Cristo é sacerdote por ser o eterno
Filho de Deus, e não devido às circunstâncias de sua humanidade. Por
conseguinte, o seu sacerdócio transcende toda a questão da descendência
terrena, como Melquisedeque fora reconhecido sacerdote do Deus Altíssimo,
embora nunca tivesse pertencido à ordem levítica. Portanto, no sentido humano
(genealógico), tanto Cristo como Melquisedeque pertenciam a uma ordem
sacerdotal ainda desconhecida; porém, suas funções sacerdotais eram bem
patentes aos olhos de Deus (Gn 14.18-20; SI II0.4).
O Sacerdócio de Cristo Segundo a Ordem de
Melquisedeque
visto
ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo
nunca Moisés falou de sacerdócio.
A
palavra “procedeu” é usada para indicar o nascimento do sol, o aparecimento da
luz, da estrela matutina (2 Pe I.19), o levantamento das nuvens (Lc 12.54), o brotar das plantas
(Is 54.4; Ez 17.6). E o vocábulo
utilizado em conexão com a profecia sobre o Renovo (Jr 23.5; Zc 3.8). A tudo isso o autor sagrado alude
para apontar Jesus como Filho de Davi, da tribo de Judá (Mt 1.1,2; Lc 1.27; Rm 1.3; Ap 5.5). Sua descendência, naturalmente,
falava de “realeza”, e não de “sacerdócio”. O autor sagrado tinha por intuito
que Cristo era “um Rei-Sacerdote”, tal como Melquisedeque, que não pertenceu à
tribo de Levi, e, por conseguinte, à família de Arão, que sempre exerceu o
sacerdócio, mas não a realeza. Ser sacerdote e rei ao mesmo tempo, como Cristo
e Melquisedeque eram, indicava superioridade tanto política como religiosa, qualidades
estas que os dois possuíam por indicação divina.
E
muito mais manifesto é ainda se, à semelhança de Melquisedeque, se levantar
outro sacerdote,
O
juramento de Deus em relação ao sacerdócio de Cristo incluía a ordem sacerdotal
de Melquisedeque. Isto queria dizer que o sacerdócio do Filho de Deus seria
superior, real e eterno, o que é descrito pelo escritor sagrado desde o início
deste capítulo. Cristo nasceu, viveu, morreu e ressuscitou dentre os mortos,
mostrando-nos assim que está apto e capacitado para exercer sua função
sacerdotal, eterna e permanente (SI 110.4). O fundamento do cristianismo foi a
ressurreição de Jesus; se Ele não tivesse ressuscitado este não passaria de uma
religião como as demais, cujos fundadores morreram e foram Melquisedeque e o
Sacerdócio de CRISTO vencidos pelo poder da morte, não podendo ressuscitar. Mas
a ressurreição de nosso Senhor foi algo mais do que isto; sua volta à vida foi
a grande declaração de seu supremo poder pessoal e de sua glorificação (Jo 7.39;
Rm 1.4).
que
não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida
incorruptível.
A
expressão usada aqui pelo autor sagrado, quando diz que o sacerdócio de Cristo
“... não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da
vida incorruptível”, deve incluir a idéia de “terreno”, “temporal”, “transitório”,
em contraste com o que é “celestial” e “eterno”. Jamais iremos pensar que Deus
tenha instituído através dos filhos de Arão um sacerdócio carnal, no sentido
pejorativo do termo. A regulamentação do sacerdócio araônico visava a um
propósito e uma duração temporal. Já o sacerdócio de Cristo apontava
diretamente para um ofício eterno e espiritual (Hb 7.28; 13.8). Pensando no tempo, talvez se chegasse
até mesmo a julgar que o sacerdócio de Cristo era temporário e não eterno,
visto que Ele viveu entre nós por apenas trinta e três anos. Embora durante os
três dias e três noites que esteve no seio da terra seu Espírito ministrava aos
espíritos em prisão, no reino dos mortos (I Pe 3.18-20). Em seguida, Cristo
ressuscitou dos mortos, e assim seu ministério divino sacerdotal jamais fora
interrompido.
Porque
dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de
Melquisedeque.
A
ordem sacerdotal de Melquisedeque foi muito importante, para que Cristo dela
participasse. Contudo, ao longo das Sagradas Escrituras e da História pouco se
falou desta figura enigmática que aparece em citações tópicas em Gênesis,
Salmos e Hebreus (Gn 14.18-20; Sl 110.4; Hb 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17,21). Com exceção de Melquisedeque, os sacerdotes
terrenos enfrentavam a morte; assim terminava sua função sacerdotal. Eles,
portanto, não tinham a capacidade de transmitir vida; eram, por assim dizer,
apenas figuras e símbolos daquEle que pode transmitir vida, e “vida com
abundância” (Jo 10.10). Deste, sim, pode-se
testificar: “Tu és sacerdote eternamente”. Em várias passagens das Escrituras
nos é dito que Cristo seria um sacerdote eterno e não temporário. Isso indica
claramente que a extensão maior de seu sacerdócio era divina, e não humana.
Portanto, na sua morte não houve nenhuma mudança de comportamento em seu
sacerdócio, pois Ele permaneceu o mesmo, não sofrendo nenhuma mudança, a não
ser a glorificação de seu corpo, de mortal para a imortalidade perene.
Porque
o precedente mandamento é ab-rogado por
causa
da sua fraqueza e inutilidade
Na
Edição Claretiana: “Ave-Maria” (1987), lê-se este texto e o seguinte, assim:
“Com isto, está abolida a antiga legislação, por causa de sua ineficácia e
inutilidade. Pois a lei nada levou à perfeição. Apenas foi portadora de uma
esperança melhor que nos leva a Deus”. Tal declaração traz o sentido de
“anular”, “suprimir”, “revogar”. A Lei, em seu escopo geral, mandava fazer; mas
nem sempre ensinava como fazer. Pode-se dizer que o que faltava à Lei era a
administração do Espírito Santo; mas Cristo nos trouxe essa administração.
Isso faz a diferença vital entre o primeiro e o segundo pactos. Por
conseguinte, "... o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que
crê” (Rm 10.4). A Lei, portanto, foi
satisfeita em Cristo, e nEle encontramos aquilo que a Lei não pode conseguir:
"... o aperfeiçoamento dos santos”, conforme o poder de Cristo o faz
milagrosamente na vida daquele que nasce de novo e passa a observar
cuidadosamente o ensino que vem da sua Palavra.
(pois
a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor
esperança, pela qual chegamos a Deus.
A
vontade divina revelada na Lei era o aperfeiçoamento do povo escolhido, para
que seguisse em qualquer tempo ou lugar o caminho da santidade que a própria
Lei havia estabelecido. Então, ela lançou princípios, ensinou rudimentos, deu
impulsos iniciais, prefigurando a vontade de Deus em cada detalhe de seus
mandamentos e normas. Mas nada disso levou à perfeição, já que por si mesma a
Lei não provia esta perfeição. “Porquanto, o que era impossível à lei, visto
como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da
carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na cerne [de Cristo]” (Rm 8.3). Tal perfeição aspirada pelo homem e
desejada por Deus só poderia ser encontrada em Cristo e por meio dEle,
atingindo assim a unidade da fé, crescendo “em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo” (Ef 4.12-15).
E,
visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem
juramento, foram feitos sacerdotes,
A
escolha de Arão foi de fato uma escolha divina. Deus escolheu Arão para ocupar
o lugar de sumo sacerdote numa nova ordem criada por Ele, visto que já existia
uma outra: a de Melquisedeque. Mas com o passar dos séculos, a sucessão de
sacerdotes tornou-se mais uma necessidade do que uma escolha. Por esta razão
alguns foram escolhidos até mesmo fora da vontade divina, apenas porque, diante
da necessidade, ou por morte, ou por doença, velhice, renuncia ou por
insubordinação daquele sacerdote que ocupava o cargo, outro era indicado para
o seu lugar (cf. I Rs 2.26,27,35). Em nenhum desses casos era necessário
um juramento, mas apenas uma indicação. Já em relação a Cristo, seu ofício
sacerdotal foi indicado por Deus por meio de um juramento, visto que se tratava
de um sacerdote eterno, e não terreno.
mas
este, com juramento, por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor e não se
arrependerá: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.);
Os
sacerdotes ordinários da família de Arão eram constituídos segundo os dispositivos
da Lei, mas Cristo pertence a uma outra ordem — a de Melquisedeque —, uma
ordem de sacerdotes eternos, cuja nomeação é feita por meio de um juramento. Ao
que parece, este juramento divino foi feito apenas em duas ocasiões: um para
ordenar Melquisedeque e o outro para nomear a Cristo. No versículo 28 do
capítulo em foco é confirmado “... a palavra do juramento, que veio depois da
lei”, por meio do qual “... constitui ao Filho, perfeito para sempre” como Sumo
Sacerdote eterno. O juramento aqui em foco, de que Cristo seria um sacerdote
eternamente, partiu dos lábios do próprio Deus, o que indica o caráter
irrevogável desta função do Filho de Deus no tocante ao sacerdócio. Esta glória
sacerdotal concedida a Cristo pelo Pai foi também transferida por Jesus para
seus servos (Ap 1.6).
de
tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador.
O
conceito gnóstico acerca de Cristo era de que Ele era apenas uma criatura elevada
entre outras criaturas; mas as Escrituras, em seu escopo geral, apresentam o
Filho de Deus como sendo uma das pessoas da Santíssima Trindade, igual ao Pai e
ao Espírito Santo em essência, poder e glória. Em seu ofício, Ele serve de
garantia divina, por ser “fiador” de um melhor concerto. Ele é ao mesmo tempo a
garantia de Deus perante os homens e a garantia dos homens perante Deus, e, por
conseguinte, cumpre-se as palavras de Paulo, quando diz: “Porque há um só Deus
e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (I Tm 2.5). Procurar mediadores
ou medianeiras como intermediários no plano da redenção jamais levará o homem
a lugar algum no tocante à redenção de sua alma, pois somente Cristo é nossa
redenção;
fora
de seu sacrifício qualquer outro sacrifício não tem validade alguma (cf. I Co 1.30; Hb 8.6).
E,
na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela
morte, foram impedidos
de
permanecer,
Conforme
já tivemos ocasião de expor anteriormente, os sacerdotes levíticos foram feitos
sacerdotes em grande número e divididos por turnos. Em I Crônicas 24, temos 24 turnos de sacerdotes
que foram organizados por Davi; dezesseis deles foram tomados dos filhos de
Eleazar e oito dos filhos de Itamar. Tal necessidade de tantos sacerdotes se
dava em função da necessidade de substituição, pela morte ou por um outro
motivo que impedia este ou aquele sacerdote de continuar exercendo sua função.
Muitas vezes algumas dessas sucessões eram mais políticas do que propriamente
religiosas e, concomitantemente, com aprovação divina. Contudo, por ser Cristo
um sacerdote eterno, não há esta necessidade, pois sua ordem não requer
substituto, visto ser Ele um sacerdote eterno.
mas
este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
O
sacerdócio de Cristo é eterno, porque é exercido por alguém cuja natureza
divina tem como um de seus atributos a imortalidade. Assim, o tipo de
imutabilidade representado pelo sacerdócio de Cristo, segundo o pensamento que
é depreendido do contexto, deve incluir o conceito de intransmissibilidade.
Nenhuma mudança será encontrada em Cristo e nem em seu sacerdócio. Durante a
era milenial, “... os sacerdotes levitas, que são da semente de Zadoque”
voltarão a oferecer alguns sacrifícios e exercerão algumas funções como
anteriormente, na antiga aliança. Estas ofertas terão um caráter retrospectivo,
olhando para trás, para a cruz, pois as ofertas antigas eram prospectivas,
olhando para adiante, para a cruz. As primeiras apontavam para sua morte — as
do Milênio também apontarão para lá, mas apenas para rememorar a morte de
Cristo, e não para tirar o pecado de alguém (Ez 43.19-27).
Portanto,
pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles.
Existe
um provérbio popular que diz: “Por qualquer caminho se chega a Deus”. Mas isso
não é verdade. Para se chegar à imediata presença de Deus só existe “um
caminho”, que é nosso Senhor Jesus Cristo — fora dEle qualquer via de acesso
ou caminho conduz à perdição (Mt 7.13). O próprio Jesus se
apresentou aos homens como sendo este caminho que pode conduzir a pessoa
humana à presença de Deus, quando disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Ele sim, “pode...
salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus...” Isso é possível por
meio de Jesus Cristo, porque Ele nasceu com o título de Salvador. Assim falou
o anjo do Senhor quando anunciava seu nascimento: “Não temais, porque eis aqui
vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade
de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10,11).
Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores efeito mais sublime do que os céus,
Os
sacerdotes levíticos não podiam ser portadores de qualquer defeito físico.
Deviam ser, portanto, um tipo de beleza. As qualidades requeridas por Deus
foram declaradas em Levítico 21.16-21: “Falou mais o Senhor
a Moisés, dizendo: Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua semente, nas suas
gerações, em quem houver alguma falta, se chegará a oferecer o pão do seu Deus.
Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará: como homem
cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, ou
homem que tiver o pé quebrado, ou quebrada a mão, ou corcovado, ou anão, ou que
tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo quebrado.
Nenhum homem da semente de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma
deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; falta
nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus”. Contudo, dificilmente
estes sacerdotes traziam em seus corações a perfeição absoluta, interior, que
se podia encontrar em Cristo. Ele era e é: “santo, inocente, imaculado,
separado dos pecadores” e acima de tudo, “sem pecado” (Hb 4.15).
que
não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente, por seus próprios pecados e, depois; pelos do povo; porque isso
fez ele, uma vez; oferecendo-se a si mesmo.
É
evidente que o sumo sacerdote na antiga dispensação não oferecia sacrifício
todos os dias, pois o duplo sacrifício por si mesmo e pelo povo era oferecido
somente uma vez por ano no Dia da Expiação. Mas os sacerdotes ordinários ofereciam
sacrifícios contínuos por si mesmos e por aqueles que pecavam; eles ofereciam
diariamente dois carneiros pelo povo. Segundo Filo, nesse caso, os cordeiros
eram oferecidos pelo povo, ao passo que a oferta de farinha de trigo era em
favor do próprio sacerdote oficiante (Nm 28.1-8). Mas Cristo, nosso
Sumo Sacerdote eterno, substituiu esta oferta contínua pelo seu próprio
sacrifício, “... oferendo-se a si mesmo” uma única vez (Hb 9.28). Efésios 4.10 fala do sacrifício
completo de Cristo, quando o apóstolo Paulo diz: “... subiu acima de todos os
céus, para cumprir todas as coisas”. Isto significa que sua imensidade e seu
poder devem ser reconhecidos por todos tanto na esfera humana como na celestial.
Esta é a confirmação das palavras de Pedro: “... havendo-se-lhe sujeitado os
anjos, e as autoridades, e as potências” (I Pe 3.22).
Porque
a lei constituí sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento,
que vejo depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.
O
juramento que aqui está em foco foi feito pelo próprio Deus Pai. Ele jurou na
presença de seu Filho, e talvez na presença dos elevados poderes angelicais,
que Jesus seria um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque (SI
110.4).
Os
sacerdotes ordinários impediam que Deus fizesse um juramento para suas
nomeações, visto serem homens fracos e mortais. Deus até pensou em fazer isso a
princípio, mas depois afastou de si tal pensamento ao ver o fracasso de Eli e
seus filhos. Então Ele disse: “Na verdade, tinha dito eu que a tua casa e a
casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém, agora, diz o
Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que
me desprezam serão envilecidos” (I Sm 2.30). Devido a estas fraquezas
e inconstâncias dos sacerdotes levíticos foi necessário, portanto, que Deus
constituísse a seu "... Filho, perfeito para sempre”.
Lição 05: HEBREUS 7 – Melquisedeque
e o Sacerdócio de Jesus | 2° Trimestre de 2022 | EBD – PECC
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SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora a suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é
igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Hebreus 7 há 28 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com
todos os presentes, Hebreus 7.1- 19 (5 a 7 min.).A revista funciona como guia
de estudo e leitura complementar, mas não substitui a feitura da Bíblia.
É essencial que o professor conheça a instituição, o contexto
histórico, bem como os simbolismos que estão por trás do sacerdócio levítico e
a ordem sacerdotal que tem origem no mesmo. Assim haverá uma maior compreensão
acerca da pessoa de Melquisedeque, do encontro inusitado que esse homem
misterioso teve com Abraão e o que seria a “Ordem de Melquisedeque”, à qual o
autor de Hebreus afirma pertencer Jesus, baseado no inspirado Salmo de Davi que
retrata o reino e o sacerdócio do Messias (SI 110.4). Essa mesma passagem é
citada três vezes na carta (Hb 5.6; 7.17; 7.21). O objetivo do autor é
demonstrar a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio da
ordem de Levi, sendo este apenas uma sombra daquele.
OBJETIVOS
Conhecer a Ordem de Melquisedeque.
Comparar as Ordens Sacerdotais de Arão e Melquisedeque.
Entender a perfeição do sacerdócio eterno de Cristo.
PARA COMEÇAR A AULA
Seria interessante alguém se vestir com vestes de sumo sacerdote,
para ilustrar aos alunos todo o simbolismo carregado por aquela indumentária.
Porém, não sendo viável, o professor pode recorrer a slides a serem exibidos em
computador ou projetor, ou ainda a materiais impressos, como pôsteres, cartazes
e recortes, de acordo com a realidade de cada lugar.
Assim será mais fácil explicar o significado dos detalhes nas
vestes do sacerdote e comparações feitas pelo escritor de Hebreus entre as duas
ordens sacerdotais.
LEITURA ADICIONAL
Jesus pertence à ordem de Melquisedeque, sendo Sacerdote à
semelhança daquele monarca, embora, no sentido estrito do termo, não houvesse
taksis, ou sucessão de sacerdotes dessa ordem de Melquisedeque. Este monarca
surge como um rei que tinha funções e direitos sacerdotais (Gn 14.8-20). O
próprio Abraão lhe prestou homenagem. Cristo assumiu esse sacerdócio real, mas
revestido de ainda maior glória. Notamos que o profeta Zacarias, referindo-se
ao Messias, atribui-lhe tanto o ofício de rei como o de sacerdote (cf. Zc
6.13). O autor sagrado volta a considerar o sacerdócio de Melquisedeque de
forma mais completa em Hebreus 7.1, com o propósito definido de mostrar sua
superioridade sobre o sacerdócio aarônico. Seu argumento visava mostrar que, em
Cristo, todos os tipos sacerdotais são cumpridos e ultrapassados, não havendo
mais qualquer necessidade de um sumo sacerdote terreno.
[…] O ofício de sacerdote, em relação a Cristo, envolve tanto Arão
como Melquisedeque. […] Entretanto, no que diz respeito à semelhança de
Melquisedeque (segundo se diz, Cri s to pertencia a essa ordem), as aplicações
simbólicas parecem ser estas:
• Cristo é o Rei-Sacerdote, tal como Melquisedeque (Gn 14.18; Zc 6.12,13);
• Cristo é o Rei Justo de Salém, ou Jerusalém (Is 11.5);
• Cristo é o Rei Eterno, não havendo registro de seu início no tempo (Jo 1 .1 ;
Hb 7.3).
Nunca tendo sido nomeado por homem algum para o seu ministério (SI 110.4; Rm
6.9; Hb 7.23-25) e como o mesmo também não terá fim, assim Ele não teve•..
princípio de dias nem fim de vida”, conforme é dito acerca de Melquisedeque.
Vê-se, pois, que a obra de Cristo seguiu o padrão do sacerdócio aarônico, mas
que a alusão a Melquisedeque fala sobre sua autoridade real, sobre sua
eternidade, sobre a natureza perene de sua obra.
Fonte: Epístola aos Hebreus – as coisas novas e grandes que Deus
preparou para você (Severino Pedro da Silva. São Paulo, CPAD [s/d], p. 85;88)
TEXTO ÁUREO
“Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque.” Hb 7.17
LEITURA BÍBLICA PARA ESTUDO
Hebreus 7.1-19
VERDADE PRÁTICA
O sacerdócio de Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque, é
superior ao sacerdócio de Arão, da ordem de Levi.
INTRODUÇÃO
1- MELQUISEDEQUE Hb 1.1-4
1- Um personagem misterioso Hb 7.1
2– Um tipo de Cristo Hb 7.3
3– Recebeu dízimos de Abraão Hb 7.4
II- ORDEM DE LEVI E DE MELQUISEDEQUE Hb 7.14-24
1- Levi vs Judá Hb 7.14
2– Lei vs Graça Hb 7.18,19
3– Mortalidade vs Eternidade Hb 7.23-24
III- JESUS, O SACERDOTE PERFEITO E ETERNO Hb 7.21-28
1– Sacerdote eterno Hb 7.21
2– Mais sublime que os céus Hb 7.26
3– Perfeito para sempre Hb 7.28
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL
DIÁRIO
Segunda –
Gênesis 14.18
Terça – Salmos 110.4
Quarta – Hebreus 5.6
Quinta – Hebreus 6.20
Sexta – Hebreus 7.1
Sábado – Hebreus 7.11
Hinos
da Harpa: 166 – 15
INTRODUÇÃO
O capítulo sete, que passamos a estudar, é a maior concentração de
informações que temos na Bíblia sobre o sumo sacerdote Melquisedeque. Fora
deste capítulo, só é mencionado duas vezes. No livro de Hebreus, uma vez no
livro de Gênesis e uma vez no livro de Salmos. É acerca desse personagem
misterioso que iremos estudar. Ressaltamos mais uma vez que a Bíblia
originalmente não tinha capítulos e versículos, portanto, devemos lembrar que o
texto que estamos estudando é a continuação de Hebreus 6.20.
I- MELQUISEDEQUE (Hb 7.14)
1- Um personagem misterioso (Hb 7.1) “Porque este
Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro
de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou.”
Fora de Hebreus, esse personagem é mencionado apenas em dois
lugares: Gênesis 14.18 e Salmo 110.4. Melquisedeque
significa “Rei da justiça·: Ele era rei de Salém (Jerusalém). Melquisedeque,
embora seja um personagem importante, é bastante enigmático. Não se trata de
uma figura alegórica, mas tipológica. Ele foi um personagem real, porém não
temos informações sobre seus ascendentes, descendentes, seu nascimento e sua
morte. Não que tais coisas não tenham existido, as Escrituras apenas não
registram. Mas ele foi um rei de verdade e um sacerdote de verdade que viveu
numa cidade de verdade, sendo, portanto, uma figura histórica.
Propositadamente, contudo, a Bíblia não registra a genealogia de
Melquisedeque, para que, assim, fosse um retrato ou figura do Senhor Jesus
Cristo, o qual, por ser eterno não herdou Seu sacerdócio de ninguém, nem
tampouco o transmitiu a quem quer que seja. O autor de Hebreus diz que
Melquisedeque era “sacerdote do Deus altíssimo” (7.1). Sua elevada posição, ele
recebeu diretamente de Deus. Não herdou esse status, nem foi nomeado por
homens. A segunda coisa que o escritor destaca é sua singular autoridade, a
ponto de abençoar o primeiro e maior dos patriarcas, Abraão. Por fim,
implicitamente, fica clara sua superioridade em relação a Levi que foi um
bisneto de Abraão. A conclusão é que a ordem de Melquisedeque é superior à
levítica.
2- Um tipo de Cristo (Hb 7.3) “Sem pai, sem mãe, sem
genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto,
feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote perpetuamente.”
Podemos entender nesse texto que não se trata de teofania, mas de
tipologia. Melquisedeque é um Rei-Sacerdote que, apontando para Cristo, é
chamado de Rei de Salém, Rei de Justiça e Rei de Paz. Ele trouxe para Abraão
pão e vinho (Gn 14.18). Quanto mistério envolvendo Melquisedeque e os
elementos da ceia que marcou a Nova Aliança, sinais do corpo e sangue de
Cristo. Isso afasta qualquer possibilidade de que o antigo rei de Salém fosse
uma epifania ou revelação do próprio Jesus. Convém lembrar que SOMENTE CRISTO
pode exercer esses três ofícios: Rei, Sacerdote e Profeta. O tipo é sombra que
aponta para o antitipo que é Perfeito, Cristo. As aplicações simbólicas entre
Jesus e Melquisedeque parecem ser estas:
• Cristo é o Rei-Sacerdote;
• Cristo é o Rei justo e de paz;
• Cristo é eterno, não havendo registro de início e fim.
Vê-se, pois, que a obra de Cristo seguiu o padrão superior segundo
a ordem de Melquisedeque. Sua autoridade real, sua eternidade, a natureza
perene de sua obra não
estavam vinculadas ao sacerdócio araônico.
3- Recebeu dízimos de Abraão (Hb 7.4) “Considerai, pois, como era
grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores
despojos.”
O dízimo existe desde a criação do homem. É uma prática que tem a
sua origem no reconhecimento de que tudo pertence a Deus. A história dos povos
primitivos mostra
que a prática de dar à divindade uma parte das rendas é comum a toda a
humanidade.
Abraão exemplifica os crentes dizimistas de todos os tempos. A menção do
“dízimo•: dentro do episódio que marcou seu encontro com Melquisedeque, mostra-nos
que se tratava de uma instituição mais antiga que a da legislação mosaica no
Antigo Testamento (Gn 14.20; Hb 7.2,4-6,9).
Por aquela ocasião, todos os descendentes de Abraão (segundo a
carne) pagaram dízimo a Melquisedeque, pois ele representava, por assim dizer,
toda a nação (Hb 7.8,9). Temos aqui uma base sólida para a contemporaneidade da
doutrina dos dízimos.
II- ORDEM DE LEVI E DE MELQUISEDEQUE (Hb 7.14-24)
1- Levi vs Judá (Hb 7.14) “Pois é evidente que nosso Senhor
procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes.”
A tribo de Levi se destacou várias vezes como tribo sacerdotal:
a) no episódio do bezerro de ouro, no momento que Moisés disse:
“Quem é do Senhor, venha a mim ..” (Êx 32.26). Os levitas passaram a espada em
todos os envolvidos e se santificaram ao Senhor.
b) Na rebelião de Corá, a vara de Arão floresceu. Era a confirmação
do chamado de Deus para a tribo de Levi (Nm 17 .8).
c) Eles não tinham herança na terra pois, o Senhor era a sua
herança e as demais tribos deveriam sustentar os levitas (Dt 10.9);
d) Em Números 18, Deus sela a aliança com os levitas usando
expressões como: “Eu vos tenho dado o sacerdócio’: “Vos tenho dado a guarda das
ofertas’: “O melhor do azeite, o melhor do vinho e do grão são teus” Os dízimos
e tudo que for oferecido, vos tenho dado em herança’.
À tribo de Judá começa a destacar-se em Gênesis 44.16-34 quando o
patriarca, apesar de ser o 4º filho de Jacó e não o primogênito, se oferece
para seres cravo em lugar de Benjamim Após a primogenitura passar por Rubem,
José e Efraim, Deus elegeu a tribo de Judá (SI 78.68). Nosso Sumo Sacerdote
pertence a “outra tribo” (Hb 7.13). Tribo de Davi, tribo do Messias. Jesus é
Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi (Hb 7.14; Ap 5.5). A tribo de Levi
representa o sacerdócio judeu, terreno e limitado. Quanto ao seu reino, Jesus
procede da tribo de Judá, quanto ao seu sacerdócio, Jesus procede da ordem de
Melquisedeque, e não da ordem ou tribo de Levi. O sacerdócio de Cristo é
celestial, ilimitado e eterno.
2- Lei vs Graça (Hb 7.18,19) “Portanto, por um lado, se revoga
a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca
aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior,
pela qual nos chegamos a Deus.”
No início da Igreja Cristã, um grupo de religiosos legalistas
causaram muitos problemas; eles são chamados judaizantes, pois, eram zelosos da
lei, mas tinham dificuldade de entender a graça. Diante dessa situação, Deus
salva um rabi no judeu, Saulo de Tarso, e o chama de “vaso escolhido” (At
9.15). Paulo nos ensina que a Salvação é pela graça (Ef 2.8); a justificação é
pela graça (Rm 3.24); seu chamado foi pela graça (1Co 15.10); ele abençoava com
a graça (2Co 13.13); ensinou que aquele que se justifica pela lei, caiu da
graça (Gl 5.4); ensinou seu filho na fé, Timóteo, a se fortificar na graça (2
Tm 2.1). Segundo a alegoria acerca dos dois concertos, os que são da Lei, são
filhos de Agar, a escrava, mas os que são da graça, são filhos de Sara, a livre
(GI 4.21- 31).
Quando Paulo orou para Deus tirar o espinho da carne, a resposta de
Deus foi: ”A minha graça te basta” (2 Co 12.9). O escritor de Hebreus nos
recomenda que cheguemos com confiança ao Trono da Graça (Hb 4.16) e conclui a
carta dizendo ”A graça seja com todos vós, amém” (Hb 13.25). Arão é legalismo,
Melquisedeque é liberdade do Espírito Santo; Arão é religião, Melquides que é
perdão; Arão é Lei, Melquisedeque é Graça Cristo cumpriu a lei e tornou
obsoleto o sacerdócio levítico, substituindo por algo melhor.
3- Mortalidade vs Eternidade (Hb 7.23-24) “Ora, aqueles são
feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de
continuar; este, tanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio
imutável.”
Segundo a Lei de Moisés, os levitas entravam no ministério aos 25
anos e serviam até os 50 anos. Após esse período deveriam apenas ajudar os mais
novos no ministério (Nm 8.24-26). Mas pela morte eram “impedidos de permanecer”
e como consequência existiram vários sacerdotes. Mas , no posto de Sumo
Sacerdote Eterno só existe UM, segundo a ordem de Melquisedeque (SL 110.4), e o
nome Dele é Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo. Uma vez que Ele é eterno, pode
exercer um sacerdócio eterno salvando a todos que se chegam a Deus através
Dele.
III- JESUS, O SACERDOTE PERFEITO E ETERNO (Hb 7.21-28)
1- Sacerdote eterno (Hb 7.21) “Mas este, com juramento, por
aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para
sempre.”
Arão foi impedido de continuar o sacerdócio pela sua morte. Foi substituído
por Eleazar que também morreu. Assim, um grande número foi impedido de
continuar por causa da morte. Quanto ao Filho, se testifica que vive (Hb 7.8).
O Filho de Deus tem um sacerdócio perpétuo (Hb 7.24). O Cordeiro de Deus foi
conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1.20), Ele é o Mistério que esteve
oculto “desde os tempos eternos” (Rm 16.25). Ele mesmo disse: “Antes que Abraão
existisse, EU SOU” (Jo 8.58). Ele realizou um sacrifício Eterno (Hb 9.14). Não
há nenhuma possibilidade do sacerdócio de Cristo ser substituído por outra
ordem, ele é eterno. É fruto de um juramento irreversível O próprio Deus
empenhou sua palavra quando disse: “Tu és sacerdote para sempre…”.
2- Mais sublime que os céus (Hb 7.26) “Com efeito, nos
convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável sem mácula, separado
dos pecadores feito mais altos que os céus”.
Como alguém pode ser mais sublime que os céus? Certamente aquele
que o criou.
Essa expressão nos remete à narrativa do apóstolo Paulo quando o mesmo diz que
foi arrebatado até o terceiro céu e ouviu palavras inefáveis que não era lícito
revelar aos homens (2Co 12.4). A impressão que temos é que faltaram palavras
para o escritor definir a nobreza, santidade, e perfeição desse Sumo Sacerdote,
então o mesmo afirma que Ele é mais sublime que os céus. Podemos então
compreender que o salvo que vive em plena comunhão com Cristo já pode
experimentar as coisas do céu, pois o nosso sumo sacerdote é mais sublime que
os céus.
O céu é indescritível e tudo que pudermos dizer dele ainda nos
deixará aquém. Mas o mais maravilhoso será encontrarmos aquele que a si mesmo
se entregou por nós. Vermos Sua face compensará tudo. A glória e majestade de
Cristo é tal que ofusca o próprio céu.
3- Perfeito para sempre (Hb 7.28) “Porque a lei constitui
sumos sacerdotes homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que
foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre.”
A palavra grega traduzida por “perfeito” é derivada de “teleios”
que carrega a ideia de completar, terminar, cumprir, consumar. Por isso Ele
bradou na cruz: Tete/estai – Está consumado! (Jo 19.30). Obra perfeita,
sacrifício perfeito, oblação perfeita, cordeiro perfeito, sumo sacerdote
perfeito. Ele também é o homem perfeito (Tm 5.15), advogado perfeito (1 Jo 2.1),
Juiz perfeito (Jr 33.16), Rei perfeito (Ap 19.16), Pastor perfeito (1 Pe 5.4).
Somos perfeitos Nele (Cl 2.10). A conclusão é que, sendo a pessoa e a obra de
Cristo perfeitas, nunca haverá um tempo em que seremos rejeitados, a menos que
nós mesmos rejeitemos essa oferta. Era o que alguns cogitavam fazer retornando
ao judaísmo. Os argumentos do escritor deixam claro que essa era uma
inconcebível insensatez.
APLICAÇÃO PESSOAL
Declare que somente Jesus é o Sumo
Sacerdote da Nova Aliança e nada nem ninguém além Dele pode nos
conceder a graça da salvação.
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parceiro desta obra. “(Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida,
transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes
medido vos medirão também. Lucas 6:38 )”
RESPONDA
1) Qual o significado do nome Melquisedeque? R. Rei da
Justiça
2) Com que idade Os Levitas deveriam sair do ministério? R.
Aos 50 anos
3) Qual a referência bíblica em que Jesus fala “Está
Consumado”? R. João 19.30
Revista Betel Adultos na íntegra – 1Tr2023
Lição 08, Central Gospel, Cristo e a Ordem de
Melquisedeque, 1Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
RESUMO GERAL DA LIÇÃO
1- A FIGURA DE MELQUISEDEQUE
1-1- Um tipo de CRISTO.
1-2- Rei de Salém.
1-3- Sacerdote do Deus Altíssimo, de uma ordem
sacerdotal diferente.
1-4- Recebeu dízimos de Abraão.
1-4-1- O sacerdócio levítico.
1-5- Rei de justiça.
1-6- Sem genealogia.
2- A MUDANÇA DO SACERDÓCIO E DA LEI
2-1- O novo e perfeito sacerdócio.
2-2- Mudança da Lei
2-3- A Lei era ineficaz
3- O SACERDÓCIO PERPÉTUO E PERFEITO DE CRISTO
3-1- A perfeição do sacerdócio de CRISTO.
3-2- O alcance do sacrifício de CRISTO.
3-2-1- A salvação é eterna, pois Cristo vive
eternamente.
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Hebreus 7.1-3, 11,12, 22-27
1- Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e
sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele
regressava da matança dos reis, e o abençoou;
2- a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, (...);
3- sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio
de dias nem fim de vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus,
permanece sacerdote para sempre.
11- De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio
levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de
que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não
fosse chamado segundo a ordem de Arão?
12 Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se
faz também mudança da lei.
23- E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em
grande número, porque, pela morte, foram impedidos de permanecer;
24- mas este, porque permanece eternamente, tem um
sacerdócio perpétuo.
25- Portanto, pode também salvar perfeitamente os que
por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
26- Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os
céus,
27- que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e,
depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
TEXTO ÁUREO
De tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador. Hebreus
7.2
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Êxodo 29.1-34 O sacrifício levítico
3ª feira - Hebreus 10.1-18 O sacrifício perfeito
4ª feira - Hebreus 7.4-9 O símbolo do sacerdócio eterno
de Cristo
5ª feira - Hebreus 7.25-28 Jesus como a Oferta e o
Ofertante
6ª feira - Hebreus 8.1-6 Cristo, o mediador de uma
aliança superior
Sábado - Hebreus 9.11-14 Jesus proveu-nos uma eterna
redenção
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz
de:
- Explicar as características de Melquisedeque como uma
prefiguração de Cristo;
- Descrever a mudança obrigatória do sacerdócio e da
Lei, realizada por Jesus;
- Valorizar o sacerdócio perfeito de CRISTO
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, na aula de hoje, é
importante listar para os alunos as características de Melquisedeque e
estabelecer qual a sua relação com o sacerdócio levítico. Compare o sacerdócio
levítico com o de Cristo, demonstrando a qualidade superior do sacerdócio do
Filho de Deus. Deixe claro que, se o sacerdócio de Melquisedeque foi honrado
pelo patriarca Abraão, maior honra deve ter o sacerdócio de Jesus, que é
infinitamente superior ao de Melquisedeque, reconhecido como uma prefiguração
de Jesus Cristo no Antigo Testamento. Deixe claro que a Lei foi insuficiente
para salvar e aperfeiçoar os homens em Deus. Jesus Cristo, por sua vez, como
sacerdote perfeito e definitivo, proveu-nos, mediante a nossa fé, a eterna
salvação. Excelente aula.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
No Antigo Testamento, os sacerdotes eram
instituídos segundo o decreto de um mandamento humano relativo à linhagem (Hb
7.16 BKJ), mas Cristo assim foi constituído pelo juramento de Deus: Tu és
sacerdote para sempre, conforme a ordem de Melquisedeque (Hb 7.17; Sl 110.4).
Jesus é maior que os sumos sacerdotes veterotestamentários e fiador de um
testamento superior. Os sumos sacerdotes seguiam a ordem de Arão, e era
impossível para Jesus pertencer a essa ordem, porque, em Sua humanidade, Ele
descendia de Judá, não de Arão. Deus, então, estabeleceu outro sacerdócio,
posterior a Melquisedeque, uma figura misteriosa, que aparece como um sacerdote
do Deus Altíssimo, em Gênesis 14.18, recebe o dízimo de Abraão e depois
desaparece no Salmo 110.4 [Davi, nesse texto, retira Melquisedeque da
obscuridade, vinculando-o, doutrinariamente, a uma tipificação do sacerdócio do
messias]. Abraão representa a revelação especial de Deus, enquanto
Melquisedeque representa a revelação geral de Deus à humanidade. Os sacerdotes
da linhagem de Arão morreram e foram sucedidos no cargo por seus filhos, mas
Cristo é um sacerdote da ordem de Melquisedeque; como tal, Ele não precisa de
sucessor, pois é um sacerdote pelo poder de uma vida inextinguível (Hb 7.16
BKJ), o que se observa em Sua ressurreição.
1- A FIGURA DE MELQUISEDEQUE
O escritor da epístola aos Hebreus citou o
Salmo 110.4 para mencionar, sucinta e pedagogicamente, o assunto que pretende
tratar de maneira extensa. Por essa razão a referência de que Cristo é
sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque é destacada por três
vezes (Hb 5,6,10; 6.20), antes de ser discutida no capítulo 7, onde é utilizada
mais duas vezes (Hb 7.17,21).
1-1- Um tipo de CRISTO.
Melquisedeque é descrito, em poucas palavras,
como uma figura singular na história do Antigo Testamento: ele era
rei-sacerdote dos dias de Abraão, muito antes de ser estabelecido o sacerdócio
judaico. Das referências a Melquisedeque, pode--se dizer que, em Gênesis, o
relato é histórico; no livro dos Salmos, profético; e em Hebreus, doutrinário
(Hb 7.1-10).
SUBSÍDIO1
"A tipologia bíblica (é) ver os
acontecimentos do Antigo Testamento e os personagens como prenúncios de Cristo,
(...) sempre traçando uma analogia de algo ou de alguém do Antigo Testamento e
a pessoa ou obra de Cristo." (RYKEN, LG RYKEN, P.; WILHOIT, J. Central
Gospel, 2013).
1-2- Rei de Salém.
E Melquisedeque, rei de Salém rei de paz (Hb
7.2b)], trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do DEUS Altíssimo (Gn 14.18).
Esta é a primeira referência bíblica a Melquisedeque: ele aparece nas páginas
do Antigo Testamento quando foi ao encontro de Abraão, após este haver
derrotado Quedorlaomer, rei de Elão, e seus aliados. Salém veio a ser
Jerusalém, após a ocupação de Canaã pelos descendentes de Abraão (Js 18.28; Jz
19.10).
1-3- Sacerdote do Deus Altíssimo, de uma ordem
sacerdotal diferente.
Melquisedeque também era sacerdote de El
Elyon, o Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da terra (Hb 7.1). A função de
rei e sacerdote conferiam a ele grande dignidade perante os que o conheciam.
Melquisedeque não pertencia à linhagem sacerdotal aarônica, proveniente da
tribo de Levi. Estudiosos das Escrituras supõem que ele pertencia a uma
dinastia de reis-sacerdotes, posterior à confusão das línguas (Gn 11.7), que
tiveram conhecimento do Deus Altíssimo pela tradição oral inspirada,
transmitida desde o princípio, quando a religião era única e monoteísta e
conservava a esperança do Redentor da raça humana, conforme Gênesis 3.15.
1-4- Recebeu dízimos de Abraão.
O papel de Melquisedeque no texto bíblico não
é tão destacado porque ele foi, sobretudo, uma sombra daquilo que estava por
vir: um sacerdócio que teria o messias por sumo sacerdote (Hb 6.20).
Lembremo-nos de que Abraão é conhecido como pai da nação judaica, que preservou
a linhagem do messias. Ele recebeu a promessa do Senhor (Hb 6.13-15), tornando-se
exemplo de fé para a posteridade (Hb 11.8,9). O dízimo que o patriarca entregou
a Melquisedeque (Hb 7.2), um décimo dos espólios de guerra (Gn 14.20), revela,
acima de tudo, que aquele e todos os sacerdotes descendentes dele são
inferiores a este, pois quem entrega o dízimo é inferior a quem recebe.
1-4-1- O sacerdócio levítico.
O escritor de Hebreus argumenta que o dízimo
de Abraão a Melquisedeque evidencia também que o sacerdócio levítico era
igualmente inferior ao do messias. Levi ainda não havia nascido quando Abraão
entregou o dízimo a Melquisedeque; portanto seus filhos estavam participando
daquela oferta com ele, antes mesmo de terem nascido (Hb 7.10). Os sacerdotes
levíticos coletavam o dízimo de acordo com a Lei, ao passo que Melquisedeque
recebeu dízimos daquele a quem Deus havia feito promessas (Hb 7.6) e daquele a
quem ele é superior (Hb 7.7).
1-5- Rei de justiça.
Como um tipo de Cristo, Melquisedeque possuía
as qualidades de um rei justo e fiel. Os nomes, exegeticamente, eram
significativos, porque se aceitava que eles denotavam a natureza, bem como a
identidade da pessoa. A validade de Melquisedeque como descrição da natureza do
sumo sacerdote Jesus teria apelo imediato para os leitores dessa epístola (a de
Hebreus). Como Melquisedeque (hb. Malchi tsedeck = rei justo) recebeu esse nome
não é discutido, mas o escritor mencionou claramente o amor que o Filho tem à
justiça (Hb 1.9) e isto, para ele, é a consideração crucial em sua exposição.
1-6- Sem genealogia.
A genealogia era um fator indispensável no
sistema sacerdotal judaico; no entanto, a narrativa bíblica é silenciosa no que
concerne à identidade de Melquisedeque, que não era um ser celestial, como
sugeriu Orígenes, mas um ser de carne e osso. Seus pais não são identificados;
não há qualquer menção ao seu nascimento ou morte; não sabemos de onde ele veio
nem para onde foi; conhecemos somente seu ministério abençoado, superior ao dos
sacerdotes de Israel. Como Gênesis não apresenta pormenores de sua origem,
destino e/ou sacerdócio, Melquisedeque passou a ser considerado um tipo de
Cristo, o messias vindouro — este sim, eterno sumo sacerdote (Gn 14.18-20; SI
110.4).
2- A MUDANÇA DO SACERDÓCIO E DA LEI
2-1- O novo e perfeito sacerdócio.
O sistema levítico era uma disposição
especial mediante o qual o ser humano imperfeito podia aproximar-se de Deus por
meio de ofertas vicárias — este não possuía em si mesmo o poder de aperfeiçoar
os adoradores. A Lei não tinha qualquer mandato para um alvo tão positivo. O
escritor aos Hebreus deixa evidente que o sacerdócio levítico era imperfeito
(Hb 7.11a). Nele, os sacrifícios, as ofertas, o culto e a liturgia eram apenas
sombras do verdadeiro sacerdócio, que veio por meio de Cristo.
2-2- Mudança da Lei
A Lei de Moisés nomeou sacerdotes
imperfeitos, que precisavam oferecer sacrifícios por seus próprios pecados
antes de oferecerem sacrifícios pelo povo (Hb 7.27). Porque eram mortais,
fazia-se necessária toda uma sucessão de sacerdotes. Em oposição a estes, Jesus
revela ser um mediador de outra categoria: Ele é santo, inocente e puro, cujo
ministério é permanente e celestial. Como tal, Ele ofereceu a si mesmo como
sacrifício de uma vez por todas e pode também salvar perfeitamente os que por
ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hb 7.25). Jesus
é a garantia de uma melhor aliança do que a estabelecida por Moisés e pelos
sacerdotes levíticos (H 7.22-24).
Com Cristo, de fato, houve uma mudança não só
do exercício sacerdotal, mas também da aplicação da Lei: antes, vigorava a lei
da justiça, a lei das obras; com Cristo, impera a lei da graça, a lei do amor.
2-3- A Lei era ineficaz
O escritor da epístola aos Hebreus não quer
dizer que a Lei foi anulada, mas que ela pode ser descontada como meio de
chegar-se à perfeição — esta seria a razão para o parêntese no início de
Hebreus 7.19: (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou). A Lei simplesmente mostra
a incapacidade de o homem salvar a si mesmo, uma vez que ele é incapaz de
cumpri-la integralmente (Gl 3.11). Por isso, o escritor sagrado enfatiza que
Cristo ab-rogou (revogou, fez cessar) os sacrifícios da antiga aliança, pois
Ele cumpriu integralmente a Lei.
3- O SACERDÓCIO PERPÉTUO E PERFEITO DE CRISTO
Se há algo que a epístola aos Hebreus ensina
é a certeza da vida eterna por meio de um sumo sacerdote vivo e imortal (Hb
7.22-28). A ênfase não está no que Cristo fez na terra, mas, sim, no que Ele
está fazendo, agora, no céu: Ele é o grande sumo sacerdote que nos capacita,
dando-nos Sua graça (Hb 4.14-16); Ele também é o supremo pastor das Ovelhas,
que provê tudo de que precisamos para fazer Sua vontade (Hb 13.20,21); e Ele
está operando em nós, a fim de cumprir Seus propósitos.
3-1- A perfeição do sacerdócio de CRISTO.
Nas
expressões características do sacerdócio de Cristo salvar perfeitamente, santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os
céus, encontradas em Hebreus 7.25,26,28, o escritor expõe a perfeição de Cristo
como o sumo sacerdote para restauração do Seu povo rumo à plenitude da herança
que este recebeu. Jesus Cristo, em Seu sacerdócio, inaugurou uma nova aliança
entre Deus e Seu povo, tornando a antiga aliança obsoleta com suas formas
ritualísticas e sacerdotais. O sacerdócio judaico era imperfeito, porque não
podia fazer uma ponte entre o homem e Deus. A perfeição apontava para o tempo em
que Jesus Cristo tornou possível um pleno e completo acesso a Deus.
3-2- O alcance do sacrifício de CRISTO.
Embora nosso sumo sacerdote tenha morrido e
embora Sua morte fizesse essencialmente parte do Seu cargo sacerdotal, Cristo
ainda pode ser descrito como sendo indissolúvel.
A morte não poderia segurá-lo (Jo 10.17,18).
3-2-1- A salvação é eterna, pois Cristo vive eternamente.
Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e
eternamente (Hb 13.8). O termo eterno é o terceiro mais importante na mensagem
de Hebreus, além de superior e perfeito. Cristo é o autor da eterna salvação
(Hb 5.9). Por meio de Sua morte, Ele garante eterna redenção (Hb 9.12) e
compartilha com os cristãos a promessa de herança eterna (Hb 9.15). Seu trono é
para sempre (Hb 5.5; 6.20; 7.17,21).
CONCLUSÃO
Os capítulos 7—9 da epístola aos Hebreus
constituem o ensino mais extenso sobre o sacerdócio de Cristo e Seu sacrifício
expiatório. Jesus é superior a Moisés, a Arão e a todos os sumos sacerdotes
subsequentes de Israel. Isso porque Ele é um sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque, que, ao contrário dos descendentes de Arão, vive para sempre e,
portanto, tem um sacerdócio perpétuo.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Por que Cristo foi considerado sacerdote
imaculado?
R.: Porque não tinha qualquer mancha moral ou
espiritual de que pudesse ser acusado