escrita Lição 11, Sendo Cautelosos Nas Opiniões, 2Tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

 Lição 11, Sendo Cautelosos Nas Opiniões
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DIA DO PASTOR
 


 Lição 11, Sendo Cautelosos Nas Opiniões
Vídeo - https://youtu.be/hXdBjkJTwtY 


 
TEXTO ÁUREO
“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.” (Lc 6.36)
  
VERDADE PRÁTICA
Quando julgamos as pessoas, nos colocamos em uma posição que não compete a nós, seres imperfeitos e falhos.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mc 4.24 Cuidado com a medida que você julga o outro
Terça - Lc 6.37 Não julgue
Quarta - Lc 6.38 "Com a mesma medida com que medirdes também vos medirão"
Quinta - Lc 6.41 Não atentes no argueiro que está no olho do seu irmão
Sexta - Lc 6.42 Tire primeiro a trave do seu olho
Sábado - Rm 2.1 Você é imperdoável quando julga alguém
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 7.1-6
1 - Não julgueis, para que não sejais julgados, 2 - porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3 - E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? 4 - Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 - Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. 6 - Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
  
COMENTÁRIOS BEP - CPAD
7.1 NÃO JULGUEIS. JESUS condena o hábito de criticar os outros, sendo nós mesmos faltosos. O crente deve primeiramente submeter-se ao justo padrão de DEUS, antes de pensar em examinar e influenciar a conduta de outros cristãos (vv. 3-5.
(1) CRISTO não está aqui abolindo a necessidade do exercício do discernimento e de fazermos avaliação dos pecados dos outros. O crente é ordenado a identificar falsos ministros dentro da igreja (v. 15) e avaliar o caráter de certas pessoas (v. 6; cf. Jo 7.24; 1 Co 5.12; ver Gl 1.9; 1 Tm 4.1; 1 Jo 4.1).
(2) Mt 7.1 não deve servir de desculpa para a omissão do exercício da disciplina eclesiástica (ver Mt 18.15).
Mateus 18.15 SE TEU IRMÃO PECAR CONTRA TI. Em 18.15-17, o Senhor JESUS CRISTO expõe o método de restauração espiritual, mediante a disciplina, de um cristão professo que venha a pecar contra outro membro da igreja. Negligenciar este ensino de CRISTO, levará os crentes à transigência com o pecado e logo mais essa igreja deixará de ser um povo santo de DEUS (cf. 1 Pe 2.9; ver Mt 5.13).
(1) O propósito da disciplina eclesiástica é manter a reputação de DEUS (6.9; Rm 2.23,24), proteger a pureza moral e a integridade doutrinária da igreja (1 Co 5.6,7; 2 Jo 7-11) e procurar salvar a alma do crente desgarrado e restaurá-lo à semelhança de CRISTO (18.15; Tg 5.19, 20).
(2) Primeiramente, deve-se lidar com o transgressor e repreendê-lo em particular. Se ele atender, deverá ser perdoado (v. 15). Se o transgressor recusar atender ao seu irmão na fé (vv. 15,16), e a seguir fizer o mesmo ao ser visitado por um ou dois outros membros, juntos (v. 16), e por fim recusar, também, atender à igreja local, deve ser considerado como um gentio e publicano , i.e., como alguém que está fora do reino de DEUS, separado de CRISTO e caído da graça (Gl 5.4). Não tem condições de ser membro da igreja e deve ser desligado da comunhão dela.
(3) A conservação da pureza da igreja deve ser mantida não somente nas áreas do pecado e da imoralidade, como também em caso de heresia doutrinária e de infidelidade à fé histórica do NT; Gl 1.9; Jd 3).
(4) As Escrituras ensinam que a disciplina eclesiástica deve ser exercida num espírito de humildade, de amor, de pesar e de autoexame (ver Mt 22.37; 2 Co 2.6,7; Gl 6.1).
(5) Pecados de imoralidade sexual na igreja devem ser tratados de conformidade com 1 Co 5.1-5 e 2 Co 2.6-11. Nesses tipos de pecados graves, a igreja toda deve tratar o culpado com pesar e lamento (1 Co 5.2) disciplinando o transgressor o suficiente (2 Co 2.6) e excluindo-o da igreja (1 Co 5.2,13). Posteriormente, após um período de evidente arrependimento, o disciplinado poderá ser perdoado, receber outra vez o amor dos irmãos e ser restaurado à comunhão (2 Co 2.6-8).
(6) Os pecados de um obreiro devem ser, primeiro, tratados em particular e, a seguir, comunicados à igreja, pois está escrito: repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor (1 Tm 5.19,20; Gl 2.11-18).
(7) Os dirigentes de igrejas locais devem sempre lembrar-se da responsabilidade de apascentar a igreja. O Senhor requererá deles uma prestação de contas do sangue de todos (At 20.26) que se perderem, porque os ditos líderes não cuidaram de sua restauração, disciplina ou exclusão, segundo a vontade e o propósito de DEUS (cf. Ez 3.20,21; At 20.26,27; ver Ez 3.18)

Hinos Sugeridos: 134, 334, 568 da Harpa Cristã

PALAVRA-CHAVE - Cautela
 
Resumo da Lição 11, Sendo Cautelosos Nas Opiniões
I – NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO
1. Aprendendo a se relacionar com os outros.
2. Ninguém deve ser julgado?
3. O julgamento defendido por JESUS.
II – DEVEMOS PRIMEIRAMENTE OLHAR PARA NÓS MESMOS
1. Cuidado com o juízo exagerado sobre os outros.
2. A inconsistência dos que possuem espírito de crítica.
3. O que fazer para não julgarmos precipitadamente os outros?
III – E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS
1. DEUS é severo?
2. Como DEUS nos julga?
3. O exemplo da justiça de DEUS na vida de Davi.
  
Mateus 7.1: ”Não julgueis, para que não sejais julgados”. Santifique-se pra que possa julgar retamente, de acordo com a Palavra de DEUS.
O sentido de julgar, aqui é caluniar, como que assumindo o papel de um injusto juiz, e não examinar, provar e refutar. Ou julgar como hipócritas, sendo pecadores inveterados e condenando os outros em pecados até menores dos seus próprios.
Davi, estando em pecado de Adultério e Assassinato, julgou e condenou a ele mesmo sem o saber. (2 Sm 12.1-18).
Paulo julgou e condenou Elimas a cegueira (judeu, mágico, falso profeta, chamado Barjesus, Atos 13:6).
 
Capítulo 8 - Mais Erros que os pregadores devem evitar - Ciro Sanches Zibordi (com alguma modificaçoes do Pr Henrique)
QUEM DISSE QUE NÃO PODEMOS JULGAR?
Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de DEUS; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de DEUS? 1 Pedro 4.17
Quase todos os cristãos bem informados admiram Martinho Lutero, considerando-o o protagonista da Reforma Protestante. Não obstante, ninguém hoje quer que outra pessoa faça o que ele fez... Onde estão os reformadores — pregadores, ensinadores, escritores, articulistas, etc. —, homens e mulheres que tenham coragem de alertar o povo de DEUS?
Diante das contundentes análises contidas nesta obra, pelas quais tenho abordado, com temor a DEUS e à luz da Bíblia, os desvios em relação ao verdadeiro evangelho, alguns leitores, embora concordem no todo ou em parte com o que lêem, podem estar se perguntando: ”Cabe a nós julgar o que fazem os nossos irmãos? Quem somos nós para julgar?”
Alguém também poderá dizer: ”Somos o único exército que mata os seus soldados”. Este é um clichê muito usado hoje em dia por super-pregadores e cantores-ídolos, com o objetivo de incentivar os crentes a não submeterem a julgamento o que ouvem. Entretanto, à luz da Palavra de DEUS, podemos, sim, e devemos julgar tudo quanto vemos, ouvimos e sentimos.

AS SETE "MARAVILHAS" DO MUNDO "EVANGÉLICO"
Você sabia que existem sete "maravilhas" do mundo "evangélico", isto é, as que mais fascinam boa parte das pessoas que dizem servir a DEUS, na atualidade? Quais são elas?
Prosperidade. Esta, sem dúvida nenhuma, está em primeiro lugar, apesar de o Senhor JESUS ter dito: "Buscai primeiro o Reino de DEUS e a sua justiça..." (Lc 12.13-31). Dizem os super-pregadores e cantores-ídolos: "Muitos criticam quem fala de prosperidade. Mas eu não falo sobre prosperidade; eu vivo prosperidade. Eu não ando mais de fusquinha; tenho tudo do bom e do melhor. Se você quiser ser como eu, passe a ofertar sempre com a maior nota que tiver em sua carteira". Fazer o quê? O povo é manipulável, e muitos líderes não têm coragem de combater esses que mercadejam a Palavra. Mas não se engane. DEUS haverá de julgá-los, a menos que se arrependam.
Ecumenismo. O alvo hoje em dia não é pregar a verdade como ela é, e sim unir forças pelo bem comum. A doutrina divide. Temos de nos unir. Por isso, a cada dia surgem igrejas para todos os gostos... Já existem até igrejas "evangélicas" lideradas por "pastores" que abdicaram do seu chamamento másculo! Sabe qual é o lema deles? "O Senhor é o meu Pastor e me aceita como eu sou". Que "ma-ra-vi-lha", não é mesmo?!
Teologicocentrismo. O negócio é não abrir mão das convicções teológicas, ainda que elas não tenham apoio da Palavra de DEUS! Se Calvino falou, está falado! Ainda que as idéias de algum teólogo sejam contrárias à Palavra de DEUS, não importa! Você não acha isso "ma-ra-vi-lho-so"? A Bíblia fica em segundo plano. O que vale é o que os nossos teólogos preferidos dizem!
FaHsaísmo. Esta "maravilha" também deve estar bem cotada por aqueles que se dizem conservadores, mas são, na verdade, extremistas. Sabemos que ser conservador à luz da Palavra de DEUS é correto (Ap 3.11; 2 Tm 1.13; 1 Tm 6.20), porém os pseudo-conservadores apreciam bastante a prática de "coar mosquitos" e "engolir camelos" (Mt 23.24).
Antropocentrismo. Canções e falações — tidas como hinos e pregações — da moda colocam o ser humano no centro de todas as coisas. "Determine a sua vitória", "Você nasceu para ser um vencedor", "Profetize para você mesmo e diga isso e aquilo". Estas são algumas das frases preferidas do mundo "evangélico". Não tenho dúvidas de que o humanismo ou antropocentrismo é uma das "maravilhas" daqueles "servos de DEUS" que vão aos cultos só para receber, receber, receber... O negócio hoje é buscar a "restituição", invadir o terreno do Inimigo e pegar de volta tudo o que ele roubou, além de quebrar maldições...
Extravagância. Não há dúvidas de que os shows, com muita dança, diversão, gritos frenéticos, etc, façam parte desta lista de "maravilhas evangélicas". E junto com eles as "baladas" gospel, as festas jesuínas, etc. Mas, como nos dias dos profetas Isaías e Amós, DEUS não recebe esse "som dos adoradores extravagantes" (Is 29.13; Am 5.23). John F. MacArthur Jr. disse, acertadamente: "As Escrituras dizem que os primeiros cristãos viraram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17.6). Em nossa geração, o mundo está virando a igreja de cabeça para baixo" (Com Vergonha do Evangelho, Editora Fiel, p.52).
Expenencialismo. Numa época em que super-pregadores visitam o "Céu" e falam diretamente com "DEUS Pai", "JESUS", "Paulo", "Maria", anjos, etc, ninguém precisa mais ler um livro tão "desatualizado" como a Bíblia, não é? Hoje muitos seguem aos seus impulsos e recebem mensagens "proféticas" de galinhas ou ordem do "ESPÍRITO" para andar como um leãozinho, marcam a vinda de JESUS para um sábado de 2007. Que "maravilha"!
Alguém poderá perguntar: "Em que lugar ficou o evangelho cristocêntrico? E a santificação? E a renúncia? E o culto a DEUS em verdadeira adoração, em espírito e em verdade? E os genuínos dons espirituais? E a Escola Bíblica Dominical? E os bons costumes? E a evangelização? E a oração? E o jejum? Será que, pelo menos, entraram na lista?" Bem, como se vê, as "maravilhas" citadas têm um poder de sedução muito maior sobre o mundo "evangélico", e as verdadeiras maravilhas tendem a ser esquecidas...
Mas eu pergunto: Diante dessa flagrante falta de interesse pela Palavra de DEUS e da valorização do que não agrada ao Senhor, devemos ficar calados? Devem os servos de DEUS, capazes de discernir entre o bem e o mal, ficar quietos? Não podemos julgar? Temos de ficar olhando a banda passar?

COMO PAULO LIDAVA COM HERESIAS E MODISMOS
Vivemos numa época em que prevalecem filosofias antibíblicas, como o pragmatismo, o relativismo, o antropocentrismo e o utilitarismo mercantilista. A quantidade de pessoas que seguem a um pregador ou a uma igreja é mais importante que o conteúdo de sua mensagem. As igrejas-modelo são as que possuem megatemplos ou grandes catedrais, e não as compromissadas com o evangelho de CRISTO. Nesse contexto, se um expoente pregar um falso evangelho, isso não importa, desde que ele reúna multidões.
Qualquer pregador ou escritor, nesses tempos pós-modernos, que combata ao erro não é visto com bons olhos. No entanto, o apóstolo Paulo, asseverou, inspirado por DEUS, que convém imitá-lo, assim como imitava a CRISTO (1 Co 11.1). Como o doutor dos gentios lidava com os enganadores, suas doutrinas erradas e suas práticas descabidas? O que ele pregava e ensinava?
Santa ironia. Para quem não gosta das minhas ironias, lembre-se de que não sou eu quem comecei com isso. Paulo foi irônico várias vezes ao refutar os enganadores. Veja como ele se referiu aos falsos apóstolos de seu tempo: ”Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos” (2 Co 11.5). E não pense que esses ”falsos apóstolos” (v.13) ficaram felizes... Certamente, assim como os hereges de nosso tempo e seus defensores, eles devem ter esbravejado contra o apóstolo.
Mas ele se valia da ironia para levar os enganadores e enganados a uma reflexão, ainda que, num primeiro momento, se irritassem contra ele. Paulo não usava esse recurso apenas em relação aos falsos obreiros; ele também fazia isso ao se dirigir aos irmãos enganados: ”Já estais fartos! Já estais ricos! Sem nós reinais! E prouvera DEUS reinásseis para que também nós reinemos convosco!” (1 Co 4.8). Alguns crentes, naqueles dias, devem ter ficado muito irritados...
Firmeza. Paulo era enérgico, quando necessário, e até usava expressões que muitos hoje considerariam ofensivas. ”Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem JESUS CRISTO foi já representado como crucificado?” (Gl 3.1). Já pensou se Paulo vivesse em nossos dias?!
Muitos já me acusaram de desprezar o grupo tal, a cantora tal, o pregador tal... É bom que leiam a Bíblia. Não sou obrigado a dizer ”amém” para os famosos. E Paulo faria o mesmo!
Ele também não disse ”amém” nem se impressionou com os famosos de seu tempo: ”E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; DEUS não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram” (Gl 2.6).
Combate ao pecado. Engana-se quem pensa que Paulo ficaria hoje em cima do muro e nada diria aos super-pregadores e cantores-ídolos. Muitos líderes hoje ficam quietos ante as más inovações advindas do mundo. Dizem, nos bastidores, que não aceitam isso e aquilo entrando nas igrejas, mas não têm coragem de combater o pecado e as inversões de valores. Há os que, inclusive, afirmam: ”Isso é um sinal da vinda de JESUS. Temos de aceitar a tudo isso em silêncio”.
Paulo não pensava como muitos mestres da pós-modernidade, que agem como se, em suas Bíblias, não houvesse listas de pecados, como as registradas em 1 Coríntios 6.10, Gálatas 5.19-21 e 2 Timóteo 3.1-5. Pregar contra a avareza, o homossexualismo, a soberba e todas as outras obras da carne é, para tais mestres da omissão, abraçar o que chamam de legalismo.

DEVEMOS CITAR OS NOMES?
Alguns leitores me escrevem, sugerindo que eu cite os nomes dos super-pregadores, cantores-ídolos, igrejas, etc. Mas não faço isso porque não é minha intenção expor pessoas, e sim combater ao erro. E, nesse caso, também estou imitando a Paulo. Ele fazia duras acusações sem citar nomes: ”Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de CRISTO” (Fp 3.18). Leia também Romanos 1.22-32 e 1 Coríntios 6.10.
Como devem ter reagido as pessoas do tempo do apóstolo envolvidas nos pecados mencionados por ele? Teriam elas esbravejado? Ou preferiram reconhecer o erro, arrependendo-se diante do Senhor? Ele não citava nomes, mas era possível saber, pelas dicas, de quem estava falando: ”Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância. Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos” (Tt 1,10-12).
O doutor dos gentios não se omitia quando via os crentes fazendo coisas erradas. Hoje, muitos dizem: ”Não devemos julgar. Deixemos com DEUS”. Mas veja como Paulo reagia: ”Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vive como os gentios e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gl 2.14).
Como se vê, quando necessário, Paulo citava nomes. Vemos isso também em 2 Timóteo 4.10,14: ”Porque Demas me desamparou, amando o presente século... Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras”. Por que os fãs de super-pregadores e cantores-ídolos não criticam o apóstolo Paulo pelo fato de ele expor pessoas?
Mas observe que ele evitava fazer isso; só recorria a esse expediente em circunstâncias especiais.

JULGAR OU NAO JULGAR?
Não há, pois, dúvidas de que devemos julgar, provar, examinar, investigar, questionar, analisar, discernir, principalmente nesses últimos dias, em que igrejas ditas evangélicas apresentam vários desvios do evangelho de CRISTO. Esse julgamento nada mais é que um exame perspicaz de todas as coisas sobre o valor delas, realizado pelo crente espiritual, temente a DEUS e hábil nas Escrituras.
Segundo a Palavra de DEUS, não devemos desprezar pregações, ensinamentos, profecias, hinos de louvor a DEUS, bem como sinais e prodígios (Atos 17.11a; 2.13; 1 Ts 5.19,20). Porém, cabe a nós provar, examinar se tudo provém do Senhor (Atos 17.11b; 1 Ts 5.21; Hb 13.9). Em 1 Coríntios 14.29 está escrito: ”E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”. E, em 1 João 4.1, lemos: ”Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de DEUS, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.
Tudo deve ser julgado segundo a reta justiça (Jo 7.24), e não pela aparência, por preconceito ou mágoa de alguém. JESUS condenou o julgamento no sentido de caluniar, assumindo-se o papel de um injusto juiz: ”Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1). Entretanto, no mesmo capítulo, Ele asseverou que temos de nos acautelar dos falsos profetas e apresentou critérios pelos quais podemos julgá-los pelos seus frutos, isto é, discernir as suas ações, prová-las, examiná-las (Mt 7.15-23).
O nosso julgamento se dá pela Palavra de DEUS (Atos 17.11; Hb 5.12-14), haja vista estar ela acima de mim, de você, de qualquer instituição, de cantores-ídolos, de super-pregadores, de anjos do céu (Gl 1.8), etc. Como já vimos nesta obra, ninguém está autorizado a ir além do que está escrito na Bíblia (1 Co 4.6). A Palavra do Senhor foi elevada em magnificência pelo próprio DEUS, a fim de que ela seja a nossa fonte máxima de autoridade (Sl 138.2).

PRECISAMOS DE DISCERNIMENTO
O que o apóstolo, inspirado pelo ESPÍRITO, quis dizer em 1 Pedro 4.17: ”... já é tempo que comece o julgamento pela casa de DEUS”? Ora, se alguém ainda pensa que não cabe a nós julgar — e que o fato de reconhecermos os nossos erros e combatê-los segundo a Bíblia é ”matar soldados”—, é bom que reveja os seus conceitos. Afinal, ”... o que é espiritual discerne bem tudo...” (1 Co 2.15).
John F. MacArthur Jr. acertou, ao discorrer sobre o episódio do julgamento de Ananias e Safira à luz 1 Pedro 4.17: ”Com certeza, na Jerusalém do primeiro século havia outros pecadores mais vis do que Ananias e Safira. Herodes, por exemplo. Por que DEUS não o fulminou? Na verdade, foi o que DEUS fez posteriormente (Atos 12.18-23). Mas, como escreveu Pedro, 'a ocasião de começar o juízo pela casa de DEUS é chegada' (1 Pe 4.17). DEUS julga seu próprio povo antes de voltar sua ira aos pagãos” (Cora Vergonha do Evangelho, Editora Fiel, p.66).
Alguém dirá: ”É DEUS quem julga, e não nós”. No caso de Ananias e Safira o julgamento divino veio por meio do apóstolo Pedro. Paulo julgou e condenou um falso profeta - Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o procônsul. Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do ESPÍRITO SANTO e fixando os olhos nele, disse:
Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante, a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. (Atos 13:8-11). Isso denota que cabe a nós, sim, julgar, mas de acordo com a sintonia que há entre o Corpo e a Cabeça (Ef 4.14,15; 1 Co 2.16; 1 Jo 2.20,27; Nm 9.15-22). As verdadeiras igrejas de CRISTO são as que o acompanham, o seguem, e não aquelas que seguem a seu próprio caminho. Em Apocalipse 2 e 3 vemos exemplos de algumas coisas nas igrejas que agradavam a JESUS (a minoria) e de outras, que não faziam a vontade dEle.
O julgamento deve ocorrer também segundo o dom de discernir os espíritos dado às igrejas de CRISTO (1 Co 12.10,11; Atos 13.6-11; 16.1-18). Mas a falta deste dom em algumas igrejas locais faz com que os crentes se conformem com o erro e digam: ”Quem sou eu para julgar?”, etc.
Precisamos julgar tudo com discernimento vindo do alto e bom senso (1 Co 14.33; At 9.10,11). O crente não deve se colocar no lugar de um promotor ou de um juiz. De fato, o Senhor é o Justo Juiz. Entretanto, temos a Palavra de DEUS, a ajuda do ESPÍRITO e ainda sabedoria, prudência, bom senso, a fim de avaliarmos doutrinas, profecias, manifestações, experiências, cânticos, estilos musicais, gestos, atitudes, etc.

JULGAMENTO SEGUNDO A BÍBLIA, MESMO!
Não devemos julgar de maneira agressiva, ainda que sejamos contundentes, objetivos e francos ao apresentar os nossos argumentos. Mas pessoas que reagem de maneira enérgica às críticas baseadas na Palavra de DEUS devem refletir se não estão fazendo isso por terem um comportamento de fã. Afinal, fazer pouco caso da Bíblia para defender os seus grupos, cantores ou pregadores preferidos não é uma postura de quem tem a Bíblia como a sua fonte principal de autoridade. Vale a pena abrir mão das Escrituras? Alguém pode condenar alguém por causa de costume? Por cortar ou não seu cabelo curto? Por usar ou não uma barba (JESUS e todos os homens de DEUS na bíblia usavam barba)?
Quem prova se os espíritos são de DEUS deve saber lidar com a Bíblia (2 Tm 3.16,17; 1 Pe 3.15). Mas fazer isso não implica apenas citar versículos isolados em apoio aos seus pensamentos. Tenho recebido correspondências de pessoas que procuram contestar o que digo, as quais se valem de referências bíblicas isoladas, pensando que os seus argumentos estão fundamentados na Palavra. Que engano! Não basta fazer citações bíblicas. É preciso saber citar versículos que estejam em harmonia com o contexto. Faz-se necessário saber manejar bem a Palavra de DEUS (2 Tm 2.15). E manejar, nesta passagem, significa dividir, separar, sem misturar os assuntos. Por exemplo, é comum os defensores de heresias e modismos citarem Mateus 7.1, em razão da ênfase expressa de JESUS: ”Não julgueis, para que não sejais julgados”.
Porém, o sentido de julgar, aqui, como já vimos, é caluniar, como que assumindo o papel de um injusto juiz, e não examinar, provar e refutar.
Paulo julgou e condenou Elimas a cegueira (judeu, mágico, falso profeta, chamado Barjesus, Atos 13:6).
Davi, estando em pecado de Adultério e Assassinato, julgou e condenou a sí mesmo sem o saber.

COMO JULGAR AS PROFECIAS?
No caso específico das profecias, além dos fatores mencionados acima, devemos julgar de acordo com cumprimento da predição. Em Ezequiel 33.33, está escrito: ”Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então, saberão que houve no meio deles um profeta”. Por mais emoção que sintamos no momento em que recebemos uma mensagem profética, só teremos a certeza de que ela de fato proveio do Senhor no momento em que se cumprir (Dt 18.21,22; Jr 28.9).
Há alguns anos, certa ”apóstola” profetizou que JESUS voltaria num sábado de 2007. Neste ano, correu a notícia de que a Segunda Vinda se daria em um dos sábados de julho do mesmo ano. É claro que essa profecia não teve origem em DEUS, pois Ele não contrariaria a sua Palavra, segundo a qual ”daquele dia e hora ninguém sabe” (Mt 24.36; Atos 1.7; 1 Ts 5.1). Mesmo assim, alguns crentes — que crêem mais em ”profetas” do que na Palavra — esperaram o seu cumprimento até o último sábado...
Existe uma exceção quanto ao cumprimento. Algumas profecias, mesmo se cumprindo, não provêm de DEUS. Há milagreiros que prometem sinais e os realizam, mesmo não tendo compromisso algum com a Palavra de DEUS. Profetizam e fazem obras fenomenais, capazes de deixar o público em êxtase, mas não amam ao Senhor nem fazem a sua vontade, posto que não guardam a sua Palavra (Jo 14.23; Mt 7.21-23). Veja como exemplo o caso de João de deus aqui no Brasil e que foi preso. Veja o adventismo que já marcou duas vezes a volta de JESUS.
Acerca desses falsificadores diz o Senhor, em Deuteronômio 13.1-3: ”Quando o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos, porquanto o SENHOR, VOSSO DEUS, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso DEUS, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma”.

DEVEMOS JULGAR OS MILAGRES?
O saudoso pastor e pregador do evangelho Valdir Nunes Bícego, em sua última obra literária — Lições Bíblicas da CPAD (1o. trimestre de 1998) —, afirmou: ”Toda e qualquer manifestação, seja através de palavras, faladas ou escritas, ou atos, precisa ser examinada. A única coisa que dispensa qualquer comentário é a Palavra de DEUS, pois é perfeita (Sl 19.7), provada (Sl 18.30), refinada (2 Sm 22.31) e muito pura (Sl 119.140; Pv 30.5)”.
DEUS cura e faz prodígios hoje? É claro que sim, pois Ele não mudou (Hb 13.8). Aliás, somente Ele faz milagres, de fato (Êx 3.20; 7.3,4; Jl 2.30; Hb 2.4). E estes, posto que verdadeiros, ocorrem para autenticar, confirmar e comprovar a pregação do evangelho (Marcos 16.15-20; Dt 29.3; Hc 2.4), bem como manifestar a glória do Senhor e levar o povo a crer mais e mais em JESUS (Jo 2.11), dando cumprimento à Palavra profética (Mt 8.17). Eles também acontecem para desfazer as obras do Diabo (1 Jo 3.8; Lc 13.16) e para honrar os verdadeiros servos de DEUS (Nm 16.28-32).
Quais são os propósitos de alguns sinais e manifestações estranhas em nossos dias? Resultam em maior glória a DEUS e vidas mais santas? Atraem os perdidos a CRISTO? Não! Os fenômenos, apresentados hoje como novidades, têm deixado os crentes cada vez mais confusos, além de afastá-los do estudo das Escrituras. Ademais, esses "milagres" são feitos para os homens se tornarem celebridades.
Nesses últimos dias, os milagreiros continuarão se promovendo com os seus fenômenos. Quanto aos milagres divinos, feitos para a glória do Senhor, não paira nenhuma dúvida sobre eles. Até mesmo pessoas que não crêem em JESUS reconhecem a sua veracidade (Êx 8.16-19; Jo 9.1-25; Atos 3.1-16; 9.36-43; 13.6-12; 14.8-13).

EXISTEM FALSOS MILAGRES?
Os milagres podem ter três origens: divina (Êx 7.3,4; Jó 9.10; Sl 96.3; Atos 10.38); humana, no caso de artes mágicas; e diabólico, mediante sinais e prodígios de mentira (2 Ts 2.9-11; 1 Jo 2.18).
Há, por conseguinte, dois tipos de falsos milagres: os que não acontecem de fato, posto que o milagreiro se vale de engano ou ilusionismo; e os que ocorrem por ação maligna.
Ilusionismo e engano. Enganadores é que não faltam, nesses últimos tempos.
Ação diabólica. Além das fraudes, alguns fenômenos vêm ocorrendo em nosso meio, nesses tempos trabalhosos. Por mais forte e contundente que seja para alguns a afirmação de que há liberdade para a ação do mal entre nós, isso vem acontecendo, como uma amostra do que ocorrerá por ocasião da Grande Tribulação (2 Ts 2.9; Mt 24.24; Ap 13.11-18). Não há dúvidas de que o Diabo pode realizar sinais de mentira para enganar aqueles que carecem de discernimento espiritual (Mt 7.22; 2 Co 11.13-15; Êx 7.11,12; 8.18,19).
Muitos fenômenos propagados por super-pregadores têm ocorrido também entre muçulmanos, hindus, espíritas de várias ramificações e católicos romanos. De acordo com Deuteronômio 13.1-4 — texto mencionado acima —, DEUS tolera a ocorrência de falsos sinais no meio do seu povo, a fim de provar o nosso amor para com Ele.

"PELOS SEUS FRUTOS OS CONHECEREIS"
Se você deseja saber se alguém que se diz homem de DEUS de fato o é, analise o seu proceder e o seu falar mediante as seguintes perguntas: Ele honra a CRISTO em tudo, não recebendo glória dos homens?
Não é muito difícil para quem tem discernimento pela Palavra do Senhor descobrir se um pregador ou cantor serve a DEUS de verdade. Basta verificar se o tal honra ao Senhor ou prefere receber glória dos homens. Pregadores há que se comportam como um show-man. Todos os holofotes se voltam para ele, que, qual um neófito, ensoberbece-se e cai na mesma condenação do Diabo (1 Tm 3.6). Ele repudia a avareza, ou ama sordidamente o dinheiro? Homens de DEUS não são amantes do dinheiro, pois sabem que a avareza é idolatria (Ef 5.5; 1 Tm 6.10). Se um pregador ou cantor só fala em dinheiro e mercadeja a Palavra do Senhor (2 Co 2.17), por que temos de respeitá-lo como homem de DEUS? Ele ama os pecadores e deseja vê-los salvos? Preste atenção nas mensagens dos super- pregadores. Falam eles de CRISTO? Quando fazem o convite para os pecadores irem à frente, dizem claramente o que é receber o Senhor JESUS? Ou iludem as pessoas, prometendo- lhes isso e aquilo? Tenho presenciado, com tristeza, "apelos" mediante os quais o pregador promete "mundos e fundos" e nada fala sobre a obra redentora. Resultado: inúmeras pessoas vão à frente, e a maioria delas volta para casa sem JESUS no coração...
Ele prega contra o pecado, defende o evangelho de CRISTO e conduz a igreja à santificação? Muitos se escondem atrás de sua oratória, de suas performances humorísticas e de seus fenômenos. Não pregam contra o pecado. Acham que, fazendo isso, fecharão portas, e as igrejas não mais os convidarão. Servem a si mesmos, e não ao Senhor! Também não se sentem indignados quando ouvem heresias; menosprezam o evangelho. Quanto à santificação, isso nada representa para eles.
Ele detesta o mal e ama a justiça? Os verdadeiros servos do Senhor, que cumprem a sua vontade, posicionam-se claramente contra o pecado e as heresias. Eles não buscam meios de tornar as verdades da Palavra de DEUS relativas. Para eles, o que é mal é mal, e o que é bem, bem. Sim é sim, e não é não. Seu posicionamento contra o mal é claro.
Ele é homem de muita oração, leitura e estudo bíblico e jejum? Isto é comprovação de que este homem é um servo de DEUS. Ele tem uma vida de oração e devoção a DEUS? Quem de fato pertence a DEUS e anda de acordo com a sua Palavra sente prazer em buscar ao Senhor e manter com Ele uma íntima comunhão.
Os super-pregadores valem-se de seus chavões e sua presença de palco. A DEUS eles não enganam. Ele sabe onde pisam os seus pés. A menos que se prostrem diante do Senhor e se humilhem, pedindo-lhe perdão por suas falcatruas, tais obreiros não escaparão do juízo, naquele grande Dia.
Ele demonstra amar e seguir a Palavra do Senhor? Os servos de DEUS têm prazer na Lei do Senhor (Sl 1.1-3) e a respeitam, considerando inegociáveis as suas verdades. Quando não entendem alguma coisa, silenciam. Jamais se precipitam, dizendo que encontraram alguma incongruência do texto sagrado.
A mensagem do Sermão do Monte - John R. W. Stott - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.
 
1. Nossa atitude para com o nosso irmão (vs. 1-5)
1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. 3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
JESUS não dá a entender que a comunidade cristã será perfeita. Pelo contrário, ele pressupõe que haverá contravenções e estas darão lugar a tensões, a problemas de relacionamento. Na prática, como deveria um cristão se comportar para com um companheiro que agiu mal? Será que JESUS tem alguma instrução sobre a disciplina dentro da sua comunidade? Sim, em tal situação ele proíbe duas alternativas e, então, aconselha a terceira, que é melhor, mais "cristã".

a. O cristão não deve ser juiz (vs. 1, 2)
As palavras de JESUS Não julgueis para que não sejais julgados são muito conhecidas, mas muito mal interpretadas. Para início de conversa, devemos rejeitar a crença de Tolstoy, o qual, com base neste versículo, achava que "CRISTO proíbe totalmente a instituição de qualquer tribunal legal", e que ele "não poderia querer dizer qualquer outra coisa com essas palavras". Mas a proibição de JESUS não pode absolutamente significar isso que Tolstoy tinha em mente, pois o contexto não se refere a juizes nos tribunais, mas sim à responsabilidade dos indivíduos uns para com os outros.
Além disso, a injunção de nosso Senhor para "não julgar" não pode ser entendida como uma ordem para suspendermos nossa faculdade crítica em relação a outras pessoas, ou fechar os olhos diante de suas faltas fingindo não percebê-las, ou nos abstermos de toda critica, recusando-nos a discernir entre a verdade e o erro, entre o bem e o mal. Como podemos ter certeza de que JESUS não estava se referindo a estas coisas? Em parte, porque não seria honesto comportar-se assim, mas seria hipocrisia e sabemos, por esta e outras passagens, que ele ama a integridade e odeia a hipocrisia. Em parte, porque seria uma contradição da natureza do homem, o qual, criado à imagem de DEUS, tem a capacidade de julgar valores. Em parte, também, porque muitos dos ensinamentos de CRISTO no Sermão do Monte baseiam-se na pressuposição de que usaremos (e realmente deveríamos usar) o nosso poder de crítica. Por exemplo, repetidas vezes ouvimos a sua convocação a sermos diferentes do mundo que nos rodeia, desenvolvendo uma justiça que exceda a dos fariseus, fazendo "mais do que os outros" no padrão de amor que adotamos, não sendo como os hipócritas em nossa piedade ou como os pagãos em nossa ambição. Mas como poderíamos obedecer a todos estes ensinamentos sem antes avaliar o comportamento dos outros e, então, nos assegurarmos de estar agindo de modo diferente, em um padrão mais elevado? Semelhantemente, em Mateus 7, esta mesma ordem de não "julgar" os outros é seguida quase imediatamente por duas outras ordens: evitar dar "o que é santo" aos cães, ou pérolas aos porcos (v. 6), e acautelar-se dos falsos profetas (v. 15). Seria impossível obedecer a estas ordens sem usar a nossa capacidade de julgamento, pois, para determinar o nosso comportamento em relação aos "cães", "porcos" e "falsos profetas", primeiro precisamos ter capacidade de reconhecê-los e, para isso, precisamos de algum discernimento.
Se, então, JESUS não estava abolindo os tribunais legais, nem proibindo a crítica, o que quis dizer com não julgueis? Com outras palavras: "não censurar". O discípulo de JESUS é um "crítico" no sentido de usar o seu poder de discernimento, mas não um "juiz" no sentido de censurar. A censura é um pecado composto, que consiste em diversos ingredientes desagradáveis. Não significa avaliar as pessoas com discernimento, mas condená-las severamente. O crítico que julga os outros é um descobridor de erros, num processo negativo e destrutivo para com as outras pessoas, e adora viver à procura de falhas nos outros. Imagina as piores intenções nas pessoas, joga água fria nos seus planos e é implacável quanto aos erros delas.
Pior do que isso, censurar é assumir o papel de juiz, reivindicando assim a competência e a autoridade de fazer um julgamento de seu próximo. Mas, se eu o fizer, colocarei a mim e aos meus companheiros numa posição errada. Pois desde quando são eles meus servos, subordinados a mim? E desde quando sou eu seu senhor e juiz? Como Paulo escreveu aos Romanos, aplicando a verdade de Mateus 7:1 à sua situação: "Quem és tu que julgas o servo alheio? para o seu próprio senhor está de pé ou cai" (14:4). Paulo também aplicou a mesma verdade a si mesmo quando se encontrou rodeado de difamadores hostis: "Pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações." O ponto simples mas vital que Paulo está apresentando nestes versículos é que o homem não é DEUS. Nenhum ser humano está qualificado a ser o juiz de outros seres humanos, pois não podemos ler os corações dos outros nem avaliar os seus motivos. Condenar é atrever-se a agir como se fosse o dia do juízo, usurpando a prerrogativa do divino Juiz; na verdade, é "brincar de DEUS".
Não só não devemos julgar, como nos encontramos entre os julgados, e seremos julgados com muito maior severidade se nos atrevermos a julgar os outros. Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. A exposição dos princípios está clara. Se assumimos a posição de juizes, não podemos invocar a ignorância da lei que estamos reivindicando ser capazes de administrar aos outros.
Se gostamos de ocupar a cátedra, não devemos ficar surpresos ao nos encontrarmos no banco dos réus. Como Paulo explicou: "Portanto, és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas; porque no julgar a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias cousas que condenas."
Resumindo, a ordem de não julgar não é uma exigência para que sejamos cegos, mas antes uma exortação a sermos generosos. JESUS não nos diz que deixemos de ser homens (deixando de lado o poder crítico que nos distingue dos animais), mas que renunciemos à ambição presunçosa de sermos DEUS, colocando-nos na posição de juizes.

b. O cristão não deve ser hipócrita (vs. 3, 4)
3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
Agora JESUS conta a sua pequena e famosa parábola sobre o "corpo estranho" nos olhos das pessoas, partículas de pó de um lado e traves ou toras de outro. James Moffatt chamou-os de "lasca" e "tábua". Primeiro, JESUS denunciou nossa hipocrisia para com DEUS, isto é, a nossa prática de piedade diante dos homens para sermos vistos por eles. Agora, ele denuncia a nossa hipocrisia em relação aos outros, isto é, interferindo em seus pecadilhos, enquanto deixamos de resolver as nossas próprias faltas mais sérias. Eis aqui um outro motivo por que não temos capacidade para ser juizes: não apenas somos seres humanos falíveis (o que não ocorre com DEUS) mas também somos seres humanos decaídos. Todos nós nos tornamos pecadores com a Queda. Portanto não estamos em posição de julgar outros pecadores iguais a nós; estamos desqualificados para a cátedra de juiz.
A figura de uma pessoa lutando na delicada operação de remover um cisco do olho de um amigo, enquanto uma imensa tábua em seu próprio olho impede totalmente a sua visão, é ridícula ao extremo. Mas, quando a caricatura ê transferida para nós mesmos e para a nossa atitude ridícula de ficar procurando os erros dos outros, nem sempre apreciamos a brincadeira. Temos uma tendência fatal de exagerar as faltas dos outros e diminuir a gravidade das nossas. Achamos impossível, quando nos comparamos com os outros, permanecer estritamente objetivos e imparciais. Pelo contrário, temos uma visão rósea de nós mesmos e uma deformada dos outros. Na verdade, o que geralmente acontece é que vemos nossas faltas nos outros e os julgamos vicariamente. Desse modo, experimentamos o prazer da justiça própria sem a dor do arrependimento. Portanto, hipócrita (v. 5) aqui é uma expressão chave. Pior ainda, esta espécie de hipocrisia é a mais desagradável porque, tendo até aparência de bondade (tirar um cisco do olho de alguém), transforma-se em um meio de inflar o nosso próprio ego. A condenação, escreve A. B. Bruce, é o "vício farisaico de exaltarmo-nos amesquinhando os outros, um modo muito baixo de obter superioridade moral". A parábola do fariseu e do publicano foi o comentário de nosso Senhor sobre esta perversidade. Ele a contou "a alguns que confiavam em si mesmos por se considerarem justos, e desprezavam os outros". O fariseu fez uma comparação odiosa e incorreta, engrandecendo sua própria virtude e os erros do publicano.
O que nós deveríamos fazer é aplicar a nós mesmos um padrão pelo menos tão estrito e crítico como aquele que aplicamos aos outros. "Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados", escreveu Paulo. Não só escaparíamos do julgamento divino, mas também estaríamos em condição de ajudar com humildade e amabilidade ao irmão que está em erro. Tendo removido antes a trave de nosso próprio olho, veríamos claramente como remover o cisco do olho dele.

c. O cristão deve antes ser um irmão (v. 5)
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
Algumas pessoas supõem que, na parábola dos corpos estranhos ou do cisco no próprio olho, JESUS estivesse proibindo-nos de agir como oculistas morais e espirituais que interferem nos olhos dos outros, e dizendo-nos que tratássemos de nossa própria vida. Mas não é assim. O fato da condenação e da hipocrisia serem proibidas não nos isenta da responsabilidade de irmãos, uns para com os outros. Pelo contrário, JESUS mais tarde ensinaria que, se nosso irmão pecar contra nós, a nossa primeira obrigação (embora geralmente negligenciada) é de "argüi-lo entre ti e ele só". A mesma obrigação é colocada sobre nós aqui. Na verdade, em determinadas circunstâncias, somos proibidos de interferir, isto é, quando há um corpo estranho muito maior em nosso próprio olho e não o tenhamos removido. Mas, em outras circunstâncias, JESUS realmente nos ordena que reprovemos e corrijamos nosso irmão. Depois de resolver o problema com o nosso próprio olho, podemos ver claramente e mexer no olho do outro. Uma sujeirinha no olho dele é chamada, afinal de contas e muito corretamente, de corpo "estranho" ou do cisco no próprio olho. Não pertence ao olho. Sempre será estranho, geralmente doloroso e, às vezes, perigoso. Deixá-lo ali, sem nenhuma tentativa de remoção, dificilmente seria coerente com o nosso amor fraternal.
Nosso dever cristão, então, não é ver o argueiro no olho do nosso irmão, enquanto, ao mesmo tempo, não reparamos na trave (v. 3) no nosso próprio olho; e, muito menos, dizer ao nosso irmão: "Deixa-me tirar o argueiro do teu olho", enquanto ainda não retiramos a trave de nosso próprio olho (v. 4); mas, antes, tirar primeiro a trave de nosso próprio olho, para que com a claridade de visão resultante possamos tirar o argueiro do olho de nosso irmão (v. 5). Novamente se evidencia que JESUS não está condenando a crítica propriamente dita mas, antes, a crítica desvinculada de uma concomitante autocrítica; não a correção propriamente dita mas, antes, corrigir os outros quando nós mesmos ainda não nos corrigimos.
O padrão de JESUS para os relacionamentos na contracultura cristã é alto e sadio. Em todas as nossas atitudes e no comportamento relativo a outras pessoas, nem devemos representar o juiz (severo, censurador e condenador), nem o hipócrita (que acusa os outros enquanto se justifica), mas o irmão, cuidando dos outros a ponto de primeiro acusar-nos e corrigir-nos para depois procurarmos ser construtivos na ajuda que lhes vamos dar. "Corrija-o", disse Crisóstomo, referindo-se a alguém que tinha pecado, "mas não como um inimigo, nem como um adversário que exige o cumprimento da pena, mas como um médico que fornece o remédio", e, ainda mais, como um irmão amoroso e ansioso em salvar e restaurar. Precisamos ser tão críticos conosco como somos geralmente com os outros, e tão generosos com os outros como sempre somos conosco. Assim cumpriremos a Regra Áurea que JESUS nos dá no versículo 12 e agiremos em relação aos outros como gostaríamos que eles fizessem conosco. A suma é: Pratique o que ensina e prega. Ensina e prega que se deve orar muito e quase não ora. Ensina e prega que se deve ler e meditar na Bíblia e quase não pega na Bíblia. Ensina e prega que se deve jejuar e não faz jejum ne um dia por semana. Ensina e prega que se deve ganhar almas e a mais de ano não ganha nenhuma.
 
Mateus 7:1-6 - Os relacionamentos do cristão: com os seus irmãos e com o seu Pai

O fio de ligação que corre por todo o capítulo, embora de maneira solta, ê o dos relacionamentos. Poderia parecer bastante lógico que, tendo descrito o caráter, a influência, a justiça, a piedade e a ambição do cristão, JESUS se concentrasse finalmente nos seus relacionamentos, pois a contracultura cristã não é algo individualista, mas comunitário, e os relacionamentos dentro da comunidade e entre esta e os outros são de suma importância.
Portanto, Mateus 7 nos dá um registro da rede de relacionamentos aos quais, como discípulos de JESUS, somos atraídos. Podem ser assim apresentados:
Para com o nosso irmão, em cujo olho percebemos um argueiro e a quem temos a responsabilidade de ajudar, não de julgar (vs. 1-5).
Para com um grupo espantosamente designado de "cães" e "porcos". São pessoas, é verdade, mas sua natureza animal é de tal espécie que somos instruídos a não partilhar a nossa intimidade com DEUS com elas (v. 6).
Para com o nosso Pai celeste, do qual nos aproximamos em oração, confiantes de que ele não nos dará nada menos que "boas coisas" (vs. 7-11).
Para com todos de maneira generalizada: a Regra Áurea deveria orientar a nossa atitude e o nosso comportamento para com eles (v. 12).
Para com os nossos companheiros de viagem nesta peregrinação pelo caminho estreito (vs. 13,14).
Para com os falsos profetas - A quais temos de reconhecer e de quais devemos nos acautelar (vs. 15-20).
Para com JESUS, nosso Senhor, cujos ensinamentos temos de ouvir e obedecer (vs. 21-27).
 
2. Nossa atitude para com os "cães" e os "porcos" (v. 6)
Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés, e, voltando-se, vos dilacerem.
À primeira vista, parece uma linguagem chocante nos lábios de JESUS, especialmente no Sermão do Monte, logo após o seu apelo ao comportamento fraternal construtivo. Mas JESUS sempre chamou o "boi' pelo nome! Sua franqueza levou-o a chamar Herodes Antipas de "a raposa" e os escribas e fariseus hipócritas de "sepulcros caiados" e "raça de víboras". Aqui ele afirma que há certos seres humanos que agem como animais e podem, portanto, ser acertadamente chamados de "cães" e de "porcos".
O contexto fornece um equilíbrio sadio. Se não devemos julgar os outros, acusá-los e condená-los de maneira hipócrita, não devemos tampouco ignorar suas faltas, fingindo que todos são iguais. Os dois extremos devem ser evitados. Os santos não são juizes, mas também "os santos não são simplórios". Se primeiro removermos a trave de nosso olho para, vendo claramente, podermos retirar o cisco do olho de nosso irmão, ele (se for realmente um irmão no Senhor) apreciará a nossa solicitude. Mas nem todos gostam de críticas e correção. De acordo com o livro de Provérbios, esta é uma das óbvias diferenças entre o homem sábio e o tolo: "Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e ele te amará."
Quem são, pois, estes "cães" e "porcos"? Dando-lhes tais nomes, JESUS está indicando que, além de serem mais animais que humanos, são também animais com hábitos de sujeira. Os cães que ele tinha em mente não eram os bem-comportados cachorrinhos de colo de uma casa elegante, mas os cães párias selvagens, vagabundos e vira-latas, que fuçavam no lixo da cidade e eram feroses e violentos. Os porcos eram animais imundos para os judeus, para não mencionar a inclinação que têm de viver na lama. O apóstolo Pedro referir-se-ia a eles mais tarde, reunindo dois provérbios em um só: "O cão voltou ao seu próprio vômito" e "a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal". A referência deve ser aos incrédulos, cuja natureza nunca foi renovada, que possuem vida física ou animal, mas nenhuma vida espiritual ou eterna. Também se refere ao crente que se desviou do evangelho e volta ao pecado e a aninhar sete demônios. Lembremo-nos também de que os judeus chamavam os gentios de "cães". Mas os cristãos certamente não consideram os que não são cristãos deste modo desdenhoso. Por isso, temos de penetrar mais profundamente no significado dado por JESUS.
Sua ordem é: não deis aos cães o que é santo e nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas. A figura é clara. Um judeu jamais daria alimento "santo" (talvez alimento que fora antes oferecido como sacrifício) a cães imundos. Nem jamais sonharia em jogar pérolas aos porcos. Estes não só eram animais impuros, mas também provavelmente confundiriam as pérolas com nozes ou ervilhas e tentariam comê-las e, então, descobrindo que não eram comestíveis, pisá-las-iam e até mesmo atacariam o doador. Mas se a figura da parábola é explícita, qual o significado? O que é a coisa "santa" e o que são as "pérolas"? Alguns dos pais da Igreja achavam que a referência era à Ceia do Senhor, e argumentavam que pessoas incrédulas, ainda não batizadas, não deviam ser admitidas a ela. Embora estivessem certos neste ensinamento, é extremamente duvidoso que JESUS tenha pensado nisso. É melhor encontrar um elo com a "pérola de grande valor" da sua parábola referente ao reino de DEUS ou à salvação e, por extensão, ao Evangelho. Não podemos deduzir disto, entretanto, que JESUS nos estivesse proibindo de pregar o Evangelho aos incrédulos. Supor tal coisa seria emborcar e esvaziar todo o Novo Testamento e contradizer a Grande Comissão (com a qual o Evangelho de Mateus termina), que nos manda "ir e fazer discípulos de todas as nações". Os calvinistas extremos não podem usar isto como argumento contra a evangelização, pois o próprio Calvino insistia que é dever nosso "apresentar a doutrina da salvação indiscriminadamente a todos".
Portanto, os "cães" e "porcos" com os quais estamos proibidos de partilhar as pérolas do Evangelho não são simplesmente os incrédulos. Devem ser, antes, aqueles que tiveram ampla oportunidade de ouvir e aceitar as boas novas, mas que determinadamente (e até mesmo provocadoramente) as rejeitaram ou aceitarama salvação e a a bandonaram. É preciso entender com sabedoria, "que cães e porcos são nomes que foram dados, não a toda espécie de homens debochados, ou àqueles que são destituídos do temor de DEUS e da verdadeira piedade, mas àqueles que, através de evidências claras, manifestaram um desrespeito obstinado para com DEUS, de modo que sua condição parece ser incurável". Crisóstomo usa uma expressão semelhante, identificando os "cães" com pessoas "que vivem em impiedade incurável"; e, nos dias de hoje, o Professor Jeremias definiu-os como sendo "aqueles que totalmente se entregaram a caminhos depravados". (Exemplo disso é um atual candidato a presidente que já foi presidente - hoje 09-06-2022).
O fato é que persistir em oferecer o Evangelho a essas pessoas, além de um determinado ponto, é provocar sua rejeição com desprezo e até mesmo com blasfêmias. JESUS aplicou o mesmo princípio ao ministério dos doze quando os comissionou, antes de enviá-los em sua primeira missão. Ele os advertiu que, em cada cidade e casa que entrassem, embora algumas pessoas fossem receptivas e "dignas", outras não seriam receptivas e seriam "indignas". "Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade", prosseguiu, "sacudi o pó dos vossos pés".
O apóstolo Paulo também seguiu este princípio em sua obra missionária. Em sua primeira expedição, ele e Barnabé disseram aos judeus que "contradiziam" a sua pregação em Antioquia da Pisídia: "Cumpria que a vós outros em primeiro lugar fosse pregada a palavra de DEUS; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios." E quando os judeus incitaram os líderes da cidade a que os expulsassem, Paulo e Barnabé, "sacudindo contra aqueles o pó de seus pés, partiram para Icônio". Quase o mesmo aconteceu em Corinto na segunda viagem missionária. Quando os judeus se lhe opuseram e o injuriaram, "sacudiu Paulo as vestes" e lhes disse: "Sobre a vossa cabeça o vosso sangue! eu dele estou limpo, e desde agora vou para os gentios." Pela terceira vez Paulo reagiu da mesma maneira, quando em Roma os líderes judeus rejeitaram o Evangelho. "Tomai, pois, conhecimento", disse, "de que esta salvação de DEUS foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão".
Nosso testemunho cristão e pregação evangelística não devem, portanto, ser totalmente indiscriminados. Se as pessoas tiveram muita oportunidade de ouvir a verdade mas não a aceitaram, se elas obstinadamente voltam suas costas a CRISTO, se (em outras palavras) elas se colocam na categoria de "cães" e "porcos", não devemos continuar pregando-lhes indefinidamente, pois assim amesquinharemos o evangelho de DEUS e permitindo que ele seja espezinhado. Pode alguma coisa ser mais depravada do que confundir a preciosa pérola de DEUS com uma coisa sem valor e praticamente pisoteá-la na lama? Ao mesmo tempo, desistir das pessoas é um passo muito sério. Eu me lembro de apenas uma ou duas ocasiões em minha experiência quando senti que devia fazê-lo. Este ensinamento de JESUS é apenas para situações excepcionais; nosso dever cristão normal é ser paciente e perseverar com as pessoas, como DEUS pacientemente perseverou conosco.
 
SERMÃO DO MONTE - MATEUS 7 - 1-6 - William Barclay - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.
 
O ERRO DE JULGAR Mateus 7:1-5
Quando JESUS fala deste modo, como o faz com tanta frequência no Sermão da Montanha, usa palavras e conceitos bem conhecidos pelos judeus de sua época. Muitas vezes os rabinos advertiam a seus ouvintes sobre o engano de julgar a outros. "Aquele que julga favoravelmente a seu próximo", diziam, "será julgado favoravelmente por DEUS." Sustentavam que havia seis grandes boas obras que beneficiavam ao crente nesta vida e eram proveitosas até na vida vindoura – estudar, visitar os doentes, praticar a hospitalidade, orar devotamente, educar aos filhos na Lei, e pensar o melhor com respeito ao próximo. Os judeus sabiam também que a bondade no julgamento não é menos que uma obrigação sagrada. É possível se pensar que este mandamento é fácil de obedecer, mas a história está infestada dos mais extraordinários enganos de julgamento. Houve tantos casos de julgamentos equivocados que se acreditaria que os homens deveriam aprender a abster-se totalmente de julgar a outros.
Muitas vezes somos culpados de sérios enganos de julgamento. Collie Knox conta o que ocorreu a ele e a um amigo. Ele tinha sofrido um acidente aéreo enquanto cumpria uma missão como piloto do Royal Dificilmente haja alguém que não seja culpado de ter cometido sérios erros de julgamento a outros. Dificilmente haja alguém que não tenha sofrido algum engano de julgamento com respeito a si mesmo por parte de outros. E entretanto, o estranho é que dificilmente haja um mandamento de JESUS que seja mais freqüentemente desobedecido que este, no qual se nos proíbe julgar a outros.
 
NINGUÉM PODE JULGAR Mateus 7:1-5
Há três grandes razões que nos fazem incapazes de julgar a outros.
(1) Nunca conhecemos todos os fatos nem a totalidade da pessoa que julgamos.
Faz muito, o famoso rabino Hillel disse: "Não julguem a ninguém até não ter conhecido a sua situação e circunstâncias." Ninguém conhece a força das tentações que outros devem suportar. O homem de temperamento plácido não conhece a tentação daqueles a quem ferve o sangue e se inflamam de paixão ante o menor motivo. O homem que foi bem-educado, em um lar decente, não conhece as tentações de quem se criou em um tugúrio, ou em um lugar onde o mal caminha pela rua cotidianamente. Quem tem a bênção de pais cristãos não conhece as tentações de quem leva sobre si a tara de uma herança pecaminosa. O fato é que se fôssemos capazes de conhecer todas as circunstâncias, ficaríamos surpresos de que tantas pessoas tenham podido ser tão boas, apesar do que tiveram que suportar. Tampouco conhecemos a totalidade da pessoa. Em determinada situação, alguém pode ser terrivelmente insuportável, mas em outras ocasiões poderá constituir-se em uma torre de poder espiritual e beleza. Há um tipo de cristal que se chama "pedra do Lavrador". À primeira vista é uma pedra opaca, feia, que não chamaria a atenção de ninguém, mas se lhe damos volta, repentinamente, em certa posição, vista de certo modo, estala um brilho muito bonito. Há muitas pessoas que são como esta pedra. Pareceriam ser difíceis de amar, mas é porque não as conhecemos na totalidade de suas facetas. Todos têm algo bom. Nossa responsabilidade não é julgar e condenar a outros, atendo-nos ao conhecimento superficial que temos deles, mas sim a procurar a beleza oculta que nos fará amá-los. Isso é o que esperaríamos de outros com respeito a nós e é o modo em que devemos agir com respeito a outros.
(2) É quase impossível julgar de maneira absolutamente imparcial.
Uma e outra vez somos arrastados e desviados por nossas reações instintivas, não raciocinadas, frente a outros. Nossos julgamentos não obedecem ao julgamento mas apenas a uma reação totalmente irrazoável e ilógica. Diz-se que às vezes, entre os gregos, quando se julgava a alguém por alguma causa muito delicada, o julgamento se realizava às escuras, para que os juízes não pudessem ver o culpado e assim não ser influídos por outra coisa que os fatos do caso. Somente uma pessoa completamente imparcial tem direito de julgar a outros. Mas não está na natureza humana o ser totalmente imparcial. Somente DEUS pode nos julgar.
(3) Mas JESUS é quem deu expressão à principal das razões que nos impedem de julgar a outros.
Ninguém é o suficientemente bom para julgar a outros. JESUS desenhou a imagem muito clara do homem que tem uma trave em seu olho e busca tirar o argueiro que há no olho de seu próximo. O cômico desta situação provocará nossa risada, e isto será suficiente para que aprendamos a lição. Somente o que é irrepreensível tem direito de procurar faltas em outros. Ninguém tem o direito de criticar a outro se não está disposto a, pelo menos, tentar que suas ações sejam melhores que as do outro, a quem critica. Toda igreja e toda organização de qualquer tipo estão cheias de pessoas que estão preparadas para criticar os que dirigem o grupo, mas jamais sonhariam em assumir eles mesmos responsabilidades diretivas. O mundo está infestado de pessoas que reclamam o direito de julgar a outros mas se abstêm de toda ação positiva. Ninguém tem o direito de criticar a outros a menos que esteja disposto a encontrar-se na mesma situação. Ninguém é o suficientemente bom para criticar a seu próximo. Temos muito que fazer para retificar nossas próprias vidas para que tratemos de retificar as de outros. Seria conveniente nos concentrarmos em nossas próprias faltas, e deixar as faltas de outros ao juízo de DEUS.
Os pecados devem ser julgados a luz da Bíblia, não o pecador.
 
A VERDADE E O OUVINTE Mateus 7:6
Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
Este dito de JESUS é, evidentemente, muito difícil de interpretar, porque parece exigir uma exclusividade que é precisamente o contrário do espírito da mensagem cristã. A Igreja Primitiva o aplicava em duas circunstâncias particulares:
(1) Usavam-na os judeus que acreditavam que os dons e a graça de DEUS eram somente para os judeus.
Os inimigos do apóstolo Paulo, cristãos judeus, sustentavam que os pagãos antes de poder entrar na Igreja deveriam circuncidar-se e aceitar a Lei, quer dizer, fazer-se judeus antes de poder chegar a ser cristãos. Era um texto que podia, certamente, interpretar-se como apoio do exclusivismo dos cristãos judaizantes.
(2) A Igreja primitiva usava este texto de maneira muito particular.
A Igreja estava sob um duplo ataque. Estava ameaçada de fora. A Igreja primitiva era uma ilha de pureza rodeada por muito imoralidade pagã. Era muito fácil que essa imoralidade afetasse sua vida, tornando-a mundana. Mas também havia a ameaça que provinha de dentro da mesma Igreja. Naquela época primitiva, os cristãos começavam a elaborar as doutrinas da fé, e era inevitável que alguns fossem levados ao caminho da heresia por suas especulações. Houve alguns que procuraram estabelecer uma solução de compromisso entre as categorias cristãs e a filosofia do paganismo, chegando a alguma síntese de ambos os pensamentos que pudesse satisfazer aos dois. Para poder sobreviver a Igreja devia defender-se tanto das ameaças exteriores como desta ameaça interior: de outro modo teriam chegado a converter-se em mais uma das religiões que competiam dentro do marco do Império Romano. Especialmente, os cristãos daquela época eram muito cuidadosos com respeito à qualidade das pessoas que eram admitidas à celebração da Eucaristia ou Ceia do Senhor. Este texto se associava com essa prática. A Santa Ceia começava com o anúncio: "As coisas santas são para os santos." Teodoreto cita o que, segundo ele, é um dito de JESUS que não foi recolhido pelos evangelistas: "Meus mistérios são para mim e para os meus." A Constituição Apostólica estabelece que ao começar a Ceia, um dos diáconos devia dizer: "Que nenhum dos catecúmenos (quer dizer, aqueles que se estavam preparando para receber o batismo), e nenhum dos auditores os que tinham vindo ao culto porque estavam interessados em conhecer algo sobre o cristianismo), e nenhum dos incrédulos, e nenhum dos hereges, permaneça neste lugar. A Mesa do Senhor estava fechada para todos, exceto os cristãos. O Didaquê, um livro cujo título completo era O ensino dos doze apóstolos, que data do ano 100 de nossa era, e que é o primeiro "manual de culto" ou "livro de oração comum" da Igreja, estabelece: "Que ninguém coma ou beba da Ceia, exceto os que foram batizados no nome do Senhor: porque, com respeito a isto, o mesmo Senhor disse: 'Não dêem o santo aos cães'." Um dos protestos de Tertuliano é que os hereges permitem o acesso à Ceia a toda classe de pessoas, até aos pagãos, e ao fazê-lo, "Jogam aos cães o que é santo, e aos porcos as pérolas (embora por certo não são verdadeiras pérolas)" (Do Praescriptione, 41). Em todos estes casos o texto serve como fundamento de alguma forma de exclusivismo. Tal atitude não significa que a Igreja carecesse de uma mentalidade missionária: a Igreja dos primeiros tempos vivia consumida pelo afã de ganhar a todos para CRISTO. Mas ao mesmo tempo era consciente da necessidade de manter no alto a pureza da fé, para que o cristianismo não fosse absorvido pouco a pouco, e finalmente tragado, pelo oceano de paganismo que o rodeava. É fácil dar-se conta do significado transitivo deste texto; mas nós devemos tentar ver também seu significado permanente.
 
COMO ALCANÇAR OS QUE NÃO SÃO DIGNOS DE OUVIR Mateus 7:6
Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
É muito certo que é completamente impossível repartir a verdade a certas pessoas. Antes de receber algum ensino, algo deve suceder em suas vidas. Há um dito rabínico que afirma: "Assim como os tesouros não devem ser mostrados a qualquer um, as palavras da Lei não devem ser aprofundadas a não ser na presença de quem está capacitado a nos acompanhar." Esta é uma verdade universal. Não é com qualquer um que podemos falar de qualquer coisa. Em um grupo de amigos podemos nos sentar a conversar sobre nossa fé; podemos permitir que nossas mentes questionem e aventurem respostas; podemos falar das coisas que não compreendemos e das que nos deixam perplexos, e podemos permitir que nossas mentes se lancem aos caminhos da especulação. Mas se ao mesmo grupo ingressa uma pessoa de ortodoxia rígida e pouco pormenorizada, o mais provável é que, ao ela nos ouvir, pendure em nós a etiqueta de hereges perigosos; e se, em troca, entra uma alma simples, daquelas que jamais imaginam perguntas, o mais provável é que ao nos ouvir, sinta que sua fé é abalada e posta em tela de juízo. Há certas pessoas que são incapazes de receber a verdade cristã. Pode ser que suas mentes estejam fechadas; possivelmente tenham a capacidade de compreensão embotada pela imundície que recobre seus sentidos; possivelmente tenham levado vidas que obscureceram sua capacidade para ver a verdade; possivelmente sejam zombadores por natureza, especialmente frente a tudo o que é santo; possivelmente, como ocorre às vezes, careçamos completamente de um terreno comum com eles, a partir do qual possamos argumentar. Ninguém pode compreender senão aquilo para o qual está capacitado. Não podemos abrir nossos corações e mostrar seus segredos ante qualquer um. Sempre há alguns para quem a pregação de CRISTO é tolice, e em cujas mentes a verdade, ao ser expressa em palavras, encontrará um muro impenetrável. O que faremos com estes? Temos que abandoná-los, considerando-os casos perdidos? Vamos privá-los, terminantemente, da mensagem cristã? O que as palavras não podem fazer, frequentemente pode fazê-lo uma vida autenticamente cristã. É possível que haja alguns absolutamente impermeáveis à mensagem cristã por meio de argumentos, mas que não terão resposta para a demonstração de uma vida cristã. Cecil Northcott, em Uma Epifania Moderna, conta a história de uma conversação durante um acampamento no qual conviviam jovens cristãos de distintas nacionalidades. "Uma noite muito úmida um grupo dentre os acampantes conversavam sobre as distintas maneiras de comunicar o evangelho às pessoas. Em certo momento da discussão, voltaram-se para uma moça africana: "Maria, o que vocês fazem em seu país?" "Não falamos", disse Maria, "não organizamos campanhas evangelísticas nem distribuímos folhetos. Simplesmente enviamos uma ou duas famílias cristãs para viver em uma aldeia onde o resto são pagãos. E quando veem como são os cristãos, eles também querem tornar-se cristãos." Em última instância o único argumento que pode conquistar toda objeção é o de uma vida verdadeiramente cristã. Com frequência é impossível falar de CRISTO frente a algumas pessoas. Sua insensibilidade, sua cegueira moral, seu orgulho intelectual, sua zombaria cínica, a sujeira de suas mentes, é possível que os fechem totalmente às palavras que falam de CRISTO. Mas sempre é possível mostrar a CRISTO aos homens: a fraqueza da Igreja não é a falta de argumentos cristãos mas a escassez de vidas cristãs consagradas.
Continuação do Sermão da Montanha. O Hábito de Julgar os Outros - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.

Mateus 7. 1-6
Nesse sermão, nosso Salvador está ensinando como devemos nos conduzir em relação aos erros dos outros, e suas expressões parecem ser uma censura dirigida aos escribas e fariseus. Eles eram rígidos e severos, muito autoritários e arrogantes, e condenavam a todos que os cercavam, como fazem geralmente todos aqueles que se mostram orgulhosos e convencidos quando querem se justificar. Temos aqui:
I - Uma advertência contra julgar os outros (vv. 1,2).
Existem aqueles cuja ocupação é julgar – juízes, magistrados e ministros. CRISTO, embora não pretendesse ser um juiz, não veio para desfazer deles, pois acreditava que os príncipes devem decretar a justiça. Ele estava se dirigindo às pessoas em particular, aos discípulos que mais tarde iriam ocupar a cátedra de juízes, mas isso ainda não tinha acontecido. Veja, então:
1. A proibição: “Não julgueis”. Nosso julgamento deve ser dirigido a nós mesmos e aos nossos atos, e não ao nosso irmão. Também não devemos assumir tiranicamente tal autoridade sobre o próximo, e nem deixar que o façam, pois a nossa lei nos diz que devemos estar sujeitos uns aos outros. “Não sejam mestres” (Tg. 3.1). Não devemos nos assentar na cátedra de um juiz, e fazer da nossa palavra uma lei universal. Não devemos julgar nosso irmão, isto é, não devemos falar mal do nosso irmão, pois isso já foi explicado (Tg. 4.11). Não devemos desprezá-lo, nem fazer pouco dele (Rm 14.10). Não devemos julgar precipitadamente, nem transferir injustamente tal julgamento para o nosso irmão, se isso for apenas o produto do nosso ciúme e da nossa natureza ruim. Não devemos esperar o pior das pessoas, nem supor coisas tão odiosas – em palavras e atos – que elas não tenham praticado. Não devemos julgar maldosamente, impiedosamente ou com a disposição de prejudicar. Não devemos julgar a condição de um homem, nem aquilo que ele realmente é, através de um único ato, nem julgá-lo por aquilo que ele representa para nós, porque, devido aos nossos interesses, estamos sempre prontos a ser parciais. Não julguemos o coração dos outros, nem suas intenções, pois pertence a DEUS a prerrogativa de testá-los e não devemos ocupar o seu lugar. Nem devemos ser o juiz do estado eterno deles, nem chamá-los de hipócritas, réprobos ou inúteis, pois isso seria avançar além dos nossos limites. O que devemos fazer, então, para avaliar o servo de outro senhor? Aconselhar e ajudar, mas nunca julgar.
2. A razão de cumprirmos essa proibição: “Para não sermos julgados”. Isso indica que:
(1) Se tivermos a presunção de julgar os outros, podemos esperar também sermos julgados. Aquele que usurpa o cargo de um juiz será chamado ao tribunal na condição de réu. Em geral, ninguém é mais censurado do que aqueles que se mostram como os mais rigorosos, e todos terão uma pedra para lhes atirar. Aquele que, como Ismael, tem a mão e a língua contra todos os homens terá igualmente a mão e a língua de todos contra ele (Gn 16.12), e nenhuma misericórdia será mostrada quanto à reputação daqueles que nenhuma misericórdia mostraram quanto à reputação dos outros. Mas isso não é o pior, pois eles serão julgados por DEUS e dele receberão uma grande condenação (Tg 3.1). Os dois lados comparecerão perante o tribunal de CRISTO (Rm 14.10) o qual, enquanto socorre o humilde sofredor, irá também resistir ao arrogante zombador e dar-lhe suficiente julgamento.
(2) Se formos modestos e caridosos nas censuras que fazemos aos outros, declinando de julgá-los para julgar a nós próprios, não seremos julgados pelo Senhor. Assim como DEUS perdoa aqueles que perdoam aos seus irmãos, Ele também não irá julgar a quem não julga seus irmãos. O misericordioso encontrará misericórdia, ele estará dando uma prova de humildade, caridade e deferência a DEUS, e será devidamente reconhecido e recompensado por Ele. Veja Romanos 14.10.
O julgamento daqueles que julgam os outros está de acordo com a lei da retaliação. Com o mesmo critério que julgamos, nós também seremos julgados (v. 2). Nos seus julgamentos, muitas vezes a justiça de DEUS observa uma regra de proporção como, por exemplo, no caso de Adoni-Bezeque (Jz 1.7). Veja também Apocalipse 8.10; 13.6. Dessa maneira, Ele fica ao mesmo tempo justificado e exaltado nos seus julgamentos, e todos os homens irão silenciar perante Ele. A mesma medida que usarmos para medir o próximo será usada para nos medir, talvez ainda nesse mundo, para que os homens possam tomar conhecimento do seu pecado pelo castigo que receberem. Que esse pensamento nos dissuada de todo rigor ao lidar com nosso irmão. O que faremos quando DEUS se levantar? (Jó 31.14). O que seria de nós, se DEUS fosse tão rigoroso e severo ao nos julgar como somos ao julgar os nossos irmãos? Se Ele fosse nos pesar na mesma balança? Podemos justamente esperar que isso venha a acontecer, se formos exagerados ao registrar o que nossos irmãos fazem de errado. Nisso, como em outras coisas, o violento comportamento dos homens irá recair sobre suas próprias cabeças.

II - Alguns cuidados sobre a censura.
O fato de nos abstermos de julgar os outros, pois isso seria um grande pecado, não quer dizer que não devemos reprová-los, porque isso representa um grande dever. E também pode ser a forma de salvar uma alma da morte e de evitar que as nossas almas participem da sua culpa. Agora, observe:
1. Nem todos estão aptos a censurar. Aqueles que são culpados das mesmas faltas que acusam nos outros, ou pior, que trazem vergonha sobre si mesmos, não são aqueles que têm a melhor condição de fazer o bem àqueles que reprovam (vv. 3-5). Aqui temos:
(1) Uma justa reprovação aos censuradores que contendem com seus irmãos pelas pequenas faltas, permitindo-se, ao mesmo tempo, praticar as grandes faltas. Estes são pressurosos em achar um argueiro no olho do próximo, mas não percebem uma trave no seu próprio olho. Eles se mostram muito dispostos a retirar esse argueiro, mas totalmente cegos quando se trata deles mesmos. Observe que:
[1] Existe uma graduação nos pecados. Alguns pecados podem ser comparados a um argueiro (ou cisco), outros, a traves (ou vigas); alguns, a um inseto, outros, a um camelo. Não é que algum pecado possa ser pequeno, porquanto não existe pecado pequeno; não há um “DEUS pequeno” contra o qual alguém possa pecar. Se for um argueiro (ou um cisco, para melhor entendimento), ele fica nos olhos. Se for um inseto, ele fica na garganta. Mas ambos são dolorosos e perigosos, e não será fácil, nem nos sentiremos bem, até serem retirados.
[2] Nossos próprios pecados podem parecer que são maiores em nós do que nos outros. Aquilo que a caridade nos ensina chamar de argueiro no olho do nosso irmão, um verdadeiro arrependimento e um santo pesar nos ensina a chamar de trave quando se trata do nosso próprio olho. Pois os pecados dos outros devem ser atenuados, enquanto os nossos devem ser agravados.
[3] Existem muitos que têm traves nos seus próprios olhos, e ainda assim não as reconhecem. Eles estão sob a culpa e o domínio dos grandes pecados, mas não se deram conta deles. Ao contrário, procuram se justificar como se não precisassem se arrepender ou corrigir. É estranho que um homem possa se encontrar numa condição tão miserável e pecadora, que possa ter uma trave nos olhos e não se importar com ela. Mas o deus desse mundo é capaz de cegar com tanta arte a sua mente que, apesar disso, ele diz com grande segurança: Posso ver.
[4] É muito comum observar que aqueles que são os maiores pecadores, e menos sensíveis à sua presença, são também os primeiros e os mais arbitrários ao censurar os outros. Os fariseus, que eram os mais arrogantes ao se justificar, eram também os mais sarcásticos ao condenar os outros. Eram muito rigorosos com os discípulos porque comiam sem lavar as mãos, mas isso nada mais representava que um argueiro, enquanto encorajavam os homens a desprezar os seus pais, o que não deixava de ser uma trave. O orgulho e a falta de caridade representam, em geral, as traves nos olhos daqueles que pretendem criticar os outros. condenavam, por exemplo JESUS curar nos sábados, sendo que o sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sabado. Qual o mais importante? Muitos são culpados de cometer, em segredo, os mesmos pecados que estão dispostos a punir nos outros, assim que são descobertos. – Pense que é possível que a falta da qual você esteja se queixando possa ser, depois de uma cuidadosa análise, encontrada em sua própria vida, e que seria publicamente injusto expressar indignação contra o seu próprio crime.
[5] Ser muito severo em relação às faltas dos outros, e ser demasiadamente indulgente com as próprias, é um sinal de hipocrisia. Não seja como os hipócritas (v. 5). A despeito de qualquer coisa que este possa desejar, é certo que ele não se comportará como um inimigo do pecado (se fosse, seria inimigo do seu próprio pecado); portanto, ele não será digno de louvor. Parece que seria inimigo do seu irmão e, nesse caso, merecedor de toda culpa. Essa caridade espiritual deve começar em casa. “Pois como podes tu dizer, como podes tu, por vergonha, dizer ao teu irmão: Deixa-me corrigir-te, quando tu mesmo não tiveste nenhum cuidado para corrigir a ti mesmo? Teu próprio coração te reprovará por causa desse absurdo, tu o farás com má vontade e esperarás que todos te digam que o hábito corrige o pecado. ‘Médico, cura-te a ti mesmo’”. Vá primeiro, que eu irei em seguida. Veja Romanos 2.21. O homem acusa aos outros do que ele mesmo faz. Isso é hipocrisia e pecado.
[6] A consideração do que existe de errado dentro de nós deve nos levar a oferecer uma amável reprovação e impedir uma censura autoritária, tornando-nos caridosos e sinceros no nosso julgamento dos outros. Portanto, “vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado” (Gl 6.1).
(2) Eis aqui uma boa regra para aqueles que censuram o próximo (v. 5).
Procure o método correto, mas primeiro retire a trave dos teus próprios olhos. A nossa própria maldade está longe de nos escusar por não reprovarmos aquilo que é errado. Ela nos impede e nos desqualifica para fazermos esta reprovação; e isto, por sua vez, agrava ainda mais a nossa maldade. Não devo dizer: “Tenho uma trave nos olhos, portanto não ajudarei meu irmão a tirar o seu argueiro”. O pecado de um homem nunca servirá para sua defesa. Devo primeiro corrigir-me para depois estar qualificado e totalmente isento de qualquer culpa e ofensas. Aqueles que censuram de início, e que são reprovadores por ofício, magistrados e ministros, estão preocupados em caminhar com circunspeção e ser muito metódicos em suas conversas. Um bispo, ou obreiro, deve ser irrepreensível e ter bom testemunho (1 Tm 3.2,7). As lâmpadas do santuário eram feitas de ouro puro. (No Brasil atual aqueles que deveriam julgar segundo a constituição são os mesmos transgessores desta constituição - 09-06-2022)..

2. Não é qualquer um que está em condições de ser censurado. “Não deis aos cães as coisas santas” (v. 6). Isso pode ser entendido como:
(1) Uma regra para os discípulos ao pregar o Evangelho. Não é que eles não devam pregá-lo aos que são profanos e pecadores (o próprio CRISTO pregou para publicanos e pecadores), mas a referência é que não devem perder muito tempo com aqueles que permanecem obstinados depois de ouvirem o Evangelho, ou que tenham blasfemado contra ele e perseguido os pregadores, pois isso redundaria na perda de todo o trabalho. Deixe que eles se voltem a outros (Atos 13.41).
(2) Como uma regra para todos que estão censurando. O zelo contra o pecado deve ser guiado pela nossa prudência. Não devemos sair por aí distribuindo instruções, conselhos e censuras, e menos ainda consolação, a empedernidos zombadores a quem certamente essas dádivas de nada iriam adiantar. Isso iria provocar irritação e raiva contra nós. Atire uma pérola a um porco e ele irá ficar tão ofendido como se você tivesse atirado uma pedra. Censuras, por assim dizer, serão consideradas afrontas (Lc 11.45; Jr 6.10), portanto não dê coisas santas aos cães e aos porcos (criaturas imundas). Veja: [1] Os bons conselhos e as censuras podem ser consideradas coisas santas, preciosas como pérolas. Eles são decretos divinos, são preciosos. “Como árvore da vida” (Pv 3.18) e “como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro fino, assim é o sábio repreensor” (Pv 25.12), e a repreensão feita por um justo é como excelente óleo (Sl 141.5).
[2] Entre a geração dos pecadores, existem alguns que chegam a tal ponto de iniqüidade que são considerados como cães e porcos. São impudentes e notoriamente depravados. Caminham por muito tempo no caminho dos pecadores e se colocam no lugar dos zombadores. Eles claramente odeiam e desprezam os conselhos e se opõem a eles, pois são irrecuperáveis e obstinadamente perversos. Estes são como os cães que voltam ao seu próprio vômito, e como a porca lavada que volta ao espojadouro de lama.
[3] Quaisquer instruções relativas à reprovação estarão sendo desperdiçadas, expondo o reprovador a todo o desprezo e maldade próprios dos cães e porcos. Tudo que se espera deles é que irão esmagar debaixo dos pés aqueles que os reprovam, zombar deles e enfurecer-se. Não toleram o controle e a contestação, e novamente se voltarão para destruir seus censores, destruir seu bom nome através de insultos, devolver-lhes palavras que ferem como uma retribuição pelo bem recebido; desejam destruí-los com perseguições. Herodes destruiu João Batista por causa da sua fidelidade. Veja aqui as provas de como os homens podem ser como cães e porcos. Aqueles que assim são considerados odeiam a censura e aqueles que as fazem, e se opõem aos que, movidos pela bondade da sua alma, se atrevem a lhes mostrar o perigo do pecado. Eles pecam contra a reparação. Quem iria curar e ajudar aqueles que não desejam ser curados e ajudados? Não há dúvida de que DEUS deliberou que deviam ser destruídos (2 Cr 25.16). A regra aqui estabelecida se aplica aos reconhecidos e ratificados mandamentos do Evangelho, que não devem ser distorcidos ou desobedecidos por aqueles que são abertamente iníquos e profanos, para que as coisas santas não sejam desprezadas e pessoas pecadoras se tornem ainda mais endurecidas. Não é apropriado tirar o pão das crianças para lançá-lo aos cães. No entanto, devemos ser cuidadosos com quem condenamos como cão ou porco, e não fazê-lo antes de um cuidadoso julgamento e somente com evidências indiscutíveis. Muitos pacientes são perdidos, quando são assim considerados. Se os devidos meios tivessem sido usados, eles poderiam ter sido salvos. Da mesma forma que devemos tomar cuidado para não chamar o bom de mau, julgando todos os ensinadores como hipócritas, devemos também prestar atenção para não chamarmos os desesperados de maus, julgando que todos os iníquos sejam cães e porcos.
[4] Nosso Senhor JESUS é muito cuidadoso com a segurança do seu povo, e não admite que ele se exponha desnecessariamente à fúria daqueles que irão novamente se voltar para destruí-lo. Eles não podem ser demasiadamente justos a ponto de se destruírem. CRISTO fez da lei da autopreservação uma das suas próprias leis, e para Ele o sangue dos seus súditos é precioso.

   

SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 11 - CPAD - 2º TRIMESTRE DE 2022
 
SINÓPSE I - No Sermão do Monte JESUS deixa claro que não devemos julgar o outro.
SINÓPSE II - Antes de emitir qualquer juízo de valor a respeito do próximo, devemos, primeiramente, olhar para nós mesmo
SINÓPSE III - DEUS julga os seus filhos com bondade e graça. O que seria de nós se o Todo-Poderoso nos julgasse segundo a sua severidade.
 
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO TOP1
Não Julgar ou Ser Julgado (Mt 7.1-5)
“Esta passagem é uma das declarações de JESUS mais equivocadamente interpretadas e erroneamente citadas. Sempre que a pessoa quer criticar sobre atitudes, ações ou estilo de vida de alguém, objeções são encontradas na ordem: ‘Não julgueis’. Obviamente não é o que JESUS pretendia aqui. Ele espera que julgamentos de valor sejam feitos, que o certo e o errado sejam identificados e que o digno e o indigno sejam discernidos, como vemos nos versículos seguintes (v.6). O discípulo deve poder ver a falta do irmão de forma que tal pessoa seja trazida a uma correção gentil, mas firme (cf. Mt 18.15-17). JESUS nunca disse que o bem e o mal são ideias relativas determinadas por cada pessoa. A tradição profética pede discernimento e correção. A oferta de DEUS de perdão não envolve libertinagem impenitente” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.59,60).
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ TOP2
“Não julgueis
Como o relacionamento de cada cristão com DEUS é ‘secreto’, não temos nenhuma base para julgar os motivos ou as convicções dos outros, nem mesmo seus fracassos e suas fraquezas. Se desejarmos ser críticos, devemos ser críticos de nós mesmos. Existe uma diferença entre essa advertência, e o chamado de Paulo para a igreja disciplinar os pecadores (1 Co 5.1-12). Quando um crente insiste em um comportamento que a Bíblia claramente identifica como sendo pecado, devemos concordar com as Escrituras e punir. Neste caso, nós não julgamos, mas concordamos com o julgamento da Palavra de DEUS.
JESUS estava falando, no texto de Mateus, sobre um espírito de crítica, ou uma arrogância que nos leva a supor que temos o direito de julgar o coração dos outros” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.560).
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
As Escrituras Sagradas revelam que devemos ter cuidado com a medida com que julgamos o outro. Não cabe a nós nenhum tipo de julgamento, pois quando julgamos as pessoas nos colocamos em uma posição que não compete a nós, seres imperfeitos e falhos. Antes de fazer qualquer tipo de julgamento, faça uma autoavaliação. Observe se não existe nenhuma trave em seus olhos. Quando julgamos alguém nos tornamos imperdoável, por isso esteja atento (Rm 2.1).
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Compreender que não devemos julgar precipitadamente o outro; II) Conscientizar de que devemos primeiramente olhar para nós mesmos; III) Afirmar que não somos julgados pela severidade de DEUS.
B) Motivação: Como você encara as falhas dos outros? Você também se reconhece um pecador? Compete a nós, seres imperfeitos e falhos, nos colocarmos em uma posição de julgamento? Você tem feito uma autoavaliação diariamente?
C) Sugestão de Método: Sugerimos que enriqueça a aula por meio de perguntas que contribuam para uma reflexão a respeito de sermos cautelosos nas nossas opiniões. Explique que somente DEUS conhece os corações, por isso somente Ele tem condições de fazer um julgamento de forma justa.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Sugerimos que ao final da aula, você faça um momento de reflexão a respeito da maneira como temos conduzido as nossas atitudes. Ore com os alunos e peça a DEUS que ao invés de julgarmos o nosso próximo venhamos primeiro a examinar as nossas atitudes e palavras. À luz do texto bíblico estudado em classe, leve os alunos meditarem a respeito de primeiro julgar a si mesmo e só então, depois, amorosamente perdoar e ajudar aqueles estão próximos de nós.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na edição 89, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final dos tópicos, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Não julgar ou ser julgado", localizado ao final do primeiro tópico, é uma reflexão extraída do Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento a respeito de julgar e ser julgado; 2) O texto "Não Julgueis", do teólogo Lawrence O. Richards, localizado ao final do segundo tópico, traz uma proposta de aplicação a respeito do impacto que o ensino de JESUS pode trazer para a vida cristã.
 
REVISANDO O CONTEÚDO
1. De acordo com a lição, o que JESUS exige de seus súditos? JESUS exige que os súditos do seu Reino sejam éticos e misericordiosos (Lc 6.36).
2. Qual o significado do verbo krinô? Significa decidir, escolher, aprovar, estimar e preferir.
3. Quem julgou ao Senhor JESUS por comer com pecadores? Os escribas e os fariseus.
4. A quem a severidade de DEUS é empregada? Ela é empregada para com aqueles que pecam deliberadamente e não se arrependem dos seus pecados.
5. Segundo a lição, a respeito de que o crente deve ser consciente? O crente deve ser consciente de que DEUS é justo, estabeleceu um governo moral no mundo e disponibilizou suas leis para serem praticadas.
LEITURAS PARA APROFUNDAR
Comentário Devocional da Bíblia e Guia Didático do Leitor da Bíblia
 
DIA DO PASTOR
OS PASTORES E SEUS DEVERES (BEP - CPAD)
At 20.28 “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do ESPÍRITO, buscando a direção de DEUS em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas pelo ESPÍRITO SANTO em 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9. Na realidade é o ESPÍRITO que constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma igreja local.
PROPAGANDO A FÉ. (1) Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de DEUS. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de DEUS, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9). (2) Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de DEUS, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (20.26). Os pastores de nossos dias também devem instruir suas igrejas em todo o desígnio de DEUS. Que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os ouvintes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2Tm 4.3).
GUARDANDO A FÉ. Além de alimentar o rebanho de DEUS, o verdadeiro pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também, falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de DEUS. Paulo os chama de “lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos desviarão as pessoas dos ensinos de CRISTO e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene obrigação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opor-se aos que distorcem a revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.
A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de DEUS e pela comunhão do ESPÍRITO SANTO, são fiéis ao Senhor JESUS CRISTO e à Palavra de DEUS. Por isso, é de grande importância na preservação da pureza da igreja de DEUS que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias à Palavra de DEUS e ao testemunho apostólico (20.30).
Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor JESUS os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de DEUS para a igreja (20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará “limpo do sangue de todos” (20.26; cf. Ez 34.1-10). DEUS o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap 2.2).
É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais segmentos administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).
A questão principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras divinamente inspiradas, que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32). Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da Palavra de DEUS, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela ensina (20.28-31; ver Gl 1.6; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A bem da igreja de DEUS, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11; ver Gl 1.9).
A igreja que perde o zelo ardente do ESPÍRITO SANTO pela sua pureza (20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de DEUS, logo deixará de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5).
 
 
QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR (BEP - CPAD)
1Tm 3.1,2 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto
para ensinar.”
Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de DEUS (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque DEUS estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por DEUS para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-9. Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que DEUS estabeleceu mediante o ESPÍRITO SANTO. Eles estão plenamente em vigor e devem ser observados por amor ao nome de DEUS, ao seu reino e da honra e credibilidade da elevada posição de ministro.
Os padrões bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministerais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí, o ESPÍRITO SANTO estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a JESUS CRISTO e aos seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de CRISTO em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar “sobre o muito”.
O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação.
Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a CRISTO e ao evangelho (4.12,15).
O povo de DEUS deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra de DEUS, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a CRISTO pode ser tomada como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1;
Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).
O ESPÍRITO SANTO acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (32,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um exemplo para a família de DEUS, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de DEUS?” (3.5). Ele deve ser “marido de uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua esposa.
Consequentemente, quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de DEUS, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, DEUS expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4; Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm 2.23; Jr 23.14; 29.23).
A Palavra de DEUS declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem DEUS nem a igreja perdoará tal pessoa. DEUS realmente perdoa qualquer pecado enumerado em 3.1-13, se houver tristeza segundo DEUS e arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o ESPÍRITO SANTO está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm 12.9-14).
Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a despeito do seu pecado de adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de DEUS, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Essa comparação, no entanto, é falha por vários motivos.
O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de JESUS CRISTO, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. DEUS não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de JESUS CRISTO, requer padrões espirituais muito mais altos.
Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os inimigos de DEUS blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida (2Sm 12.9-14).
As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por DEUS para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).
 
PASTOR - dom ministerial
DONS MINISTERIAIS PARA A IGREJA
Ef 4.11 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.”
O DOADOR. Este versículo alista os dons de ministério (i.e., líderes espirituais dotados de dons) que CRISTO deu à igreja. Paulo declara que Ele deu esses dons
(1) para preparar o povo de DEUS ao trabalho cristão (4.12) e
(2) para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de CRISTO, segundo o plano de DEUS (4.13-16).
 
PASTORES. Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou supervisores (1Tm 3.1; Tt 1.7).
A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11), ensinar a Palavra de DEUS e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5), ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8), e esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de DEUS contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo JESUS, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1Pe 2.25; 5.2-4).
Segundo o NT, uma igreja local era dirigida por um grupo de pastores (At 20.28; Fp 1.1). Os pastores eram escolhidos, não por política, mas segundo a sabedoria do ESPÍRITO concedida à igreja enquanto eram examinadas as qualificações espirituais do candidato..
O pastor é essencial ao propósito de DEUS para sua igreja. A igreja que deixar de selecionar pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do ESPÍRITO (ver 1Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (ver At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de DEUS, e os padrões do evangelho serão abandonados (2Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de DEUS (1Tm
16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2Tm 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (1Tm 4.6,7).