Escrita Lição 10, Nossa Segurança Vem de DEUS, 2Tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

Lição 10, Nossa Segurança Vem de DEUS
Preciso muito da ajuda dos irmãos, mesmo que seja com 10,00. Quem puder ajudar, envie por uma das contas abaixo, em nome de JESUS.
PIX - 33195781620 meu CPF também (Banco Bradesco, Imperatriz, MA)
Caixa Econômica e Lotéricas - Agência 3151 - poupança 013 - 00056421-6 variação - 1288 - conta 000859093213-1
Luiz Henrique de Almeida Silva
Bradesco – Agência 2365-5 Conta Corrente 7074-2
Luiz Henrique de Almeida Silva
Banco do Brasil – Agência 4322-2 Conta Poupança 27333-3 variação 51
Edna Maria Cruz Silva

 

 



TEXTO ÁUREO
“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” (Lc 12.15)
 
 
VERDADE PRÁTICA
Não podemos colocar a nossa esperança nas riquezas deste mundo, mas sim em DEUS.

 

Lição 10, Nossa Segurança Vem de DEUS

Escrita - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/05/licao-10-nossa-seguranca-vem-de-deus.html

Slides - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/05/slides-licao-10-nossa-seguranca-vem-de.html

Lição 10, Nossa Segurança Vem de DEUS, 2Tr22, Completo, Pr Henrique, EBD NA TV, Americana, SP - https://youtu.be/I0-Igjg8dhI

https://pt.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-licao-10-nossa-segurana-vem-de-deus-2tr22-pr-henrique-ebd-na-tvpptx

 

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 6.21 Onde está o vosso coração?
Terça - Fp 4.12,13 Contente em toda situação
Quarta - Mt 6.24 Não se pode servir a DEUS e ao dinheiro
Quinta - Sl 62.10 Não coloque o coração nas riquezas
Sexta - Lc 12.16-18 Rico, mas insensato
Sábado - Ec 5.10 Quem ama o dinheiro nunca se farta

 


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 6.19-27
19 - Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. 20 - Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 - Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 22 - A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. 23 - Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! 24 - Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a DEUS e a Mamom. 25 - Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? 26 - Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? 27 - E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

  

COMENTÁRIOS BEP - CPAD - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.

Mateus 6.24 AS RIQUEZAS. No original é mamom, um termo aramaico significando dinheiro ou outros bens terrenos valiosos. JESUS deixou bem claro que uma pessoa não pode ao mesmo tempo servir a DEUS e às riquezas.

(1) Servir à riqueza é dar-lhe um valor tão alto que: (a) colocamos nela nossa confiança e fé; (b) esperamos da parte dela nossa segurança máxima e felicidade; (c) confiamos que ela garantirá o nosso futuro; e (d) a buscamos mais do que o reino de DEUS e sua justiça.

(2) Acumular riquezas é um trabalho tão envolvente, que logo passa a controlar a mente e a vida da pessoa, até que a glória de DEUS deixa de ter a primazia em nosso ser (Lc 16.13)
6.25 NÃO ANDEIS CUIDADOSOS. JESUS não está dizendo que é errado o cristão tomar providências para suprir suas futuras necessidades materiais (cf. 2 Co 12.14; 1 Tm 5.8). O que Ele realmente reprova aqui é a ansiedade ou a preocupação angustiosa da pessoa, revelando sua falta de fé no cuidado e no amor paternais de DEUS (Ez 34.12; 1 Pe 5.7).


A PROVIDÊNCIA DIVINA - BEP - CPAD
Gn 45.5 “...não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida, DEUS me enviou diante da vossa face.”
Depois de o Senhor DEUS criar os céus e a terra (1.1), Ele não deixou o mundo à sua própria sorte. Pelo contrário, Ele continua interessado na vida dos seus, cuidando da sua criação. DEUS não é como um hábil relojoeiro que formou o mundo, deu-lhe corda e deixa acabar essa corda lentamente até o fim; pelo contrário, Ele é o Pai amoroso que cuida daquilo que criou. O constante cuidado de DEUS por sua criação e por seu povo é chamado, na linguagem doutrinal, a providência divina.


ASPECTOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA.

Há, pelo menos, três aspectos da providência divina.
(1) Preservação
. DEUS, pelo seu poder, preserva o mundo que Ele criou. A confissão de Davi fica clara: “A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo; SENHOR, tu conservas os homens e os animais” (Sl 36.6). O poder preservador de DEUS manifesta-se através do seu filho JESUS CRISTO, conforme Paulo declara em Cl 1.17: CRISTO “é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele”. Pelo poder de CRISTO, até mesmo as minúsculas partículas de vida mantêm-se coesas.

(2) Provisão. DEUS não somente preserva o mundo que Ele criou, como também provê as necessidades das suas criaturas. Quando DEUS criou o mundo, criou também as estações (1.14) e proveu alimento aos seres humanos e aos animais (1.29,30). Depois de o Dilúvio destruir a terra, DEUS renovou a promessa da provisão, com estas palavras: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (8.22). Vários dos salmos dão testemunho da bondade de DEUS em suprir do necessário a todas as suas criaturas (e.g., Sl 104; 145). O mesmo DEUS revelou a Jó seu poder de criar e de sustentar (Jó 38—41), e JESUS asseverou em termos bem claros que DEUS cuida das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6.26-30; 10.29). Seu cuidado abrange, não somente as necessidades físicas da humanidade, como também as espirituais (Jo 3.16,17). DEUS só tem bons pensamentos a nosso respeito - "Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que esperais". (Jeremias 29:11). A Bíblia revela que DEUS manifesta um amor e cuidado especiais pelo seu próprio povo, tendo cada um dos seus em alta estima (e.g., Sl 91; ver Mt 10.31). Paulo escreve de modo inequívoco aos crentes de Filipos: “O meu DEUS, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por CRISTO JESUS” (ver Fp 4.19). De conformidade com o apóstolo João, DEUS quer que seu povo tenha saúde, e que tudo lhe vá bem (ver 3Jo 2).

(3) Governo. DEUS, além de preservar sua criação e prover-lhe o necessário, também governa o mundo. DEUS, como Soberano que é, dirige, os eventos da história, que acontecem segundo sua vontade permissiva e seu cuidado. Em certas ocasiões, Ele intervém diretamente segundo o seu propósito redentor. Mesmo assim, até DEUS consumar a história, Ele tem limitado seu poder e governo supremo neste mundo. As Escrituras declaram que Satanás é “o deus deste século” [mundo] (2Co 4.4) e exerce acentuado controle sobre a presente era maligna (ver 1Jo 5.19; Lc 13.16; Gl 1.4; Ef 6.12; Hb 2.14). Noutras palavras, o mundo, hoje, não está submisso ao poder regente de DEUS, mas, em rebelião contra Ele e escravizado por Satanás. Note, porém, que essa autolimitação da parte de DEUS é apenas temporária; na ocasião que Ele já determinou na sua sabedoria, Ele aniquilará Satanás e todas as hostes do mal (Ap 19—20).

Nós não somos do mundo para perecermos com o mundo. Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno. 1 João 5:19 Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. João 17:14


A PROVIDÊNCIA DIVINA E O SOFRIMENTO HUMANO.

A revelação bíblica demonstra que a providência de DEUS não é uma doutrina abstrata, mas que diz respeito à vida diária num mundo mal e decaído. (1) Toda pessoa experimenta o sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta “Por quê?” (cf. Jó 7.17-21; Sl 10.1; 22.1; 74.11,12; Jr 14.8,9,19). Essas experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de DEUS. (2) DEUS permite que os seres humanos experimentem as consequências do pecado que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva. José, por exemplo, sofreu muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos. Foi vendido como escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (37; 39). Vivia no Egito uma vida temente a DEUS, quando foi injustamente acusado de imoralidade, lançado no cárcere (39) e mantido ali por mais de dois anos (40.1—41.14). DEUS pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira que seja cumprida a sua vontade. Segundo o testemunho de José, DEUS estava agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida (45.5; 50.20). (3) Não somente sofremos as consequências dos pecados dos outros, como também sofremos as consequências dos nossos próprios atos pecaminosos. Por exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério, frequentemente resulta no fracasso do casamento e da família do culpado. O pecado da ira desenfreada contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas. O pecado da cobiça pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena. (4) O sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem permissão para executar a sua obra de cegar as mentes dos incrédulos e de controlar as suas vidas (2Co 4.4; Ef 2.1-3). O NT está repleto de exemplos de pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demônios que as atormentavam com aflição mental (e.g., Mc 5.1-14) ou com enfermidades físicas (Mt 9.32,33; 12.22; Mc 9.14-22; Lc 13.11,16).
Dizer que DEUS permite o sofrimento não significa que DEUS origina o mal que ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da vida. DEUS nunca é o instigador do mal ou da impiedade (Tg 1.13). Todavia, Ele, às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis (ver Mt 2.13; Rm 8.28).

 

VENCEMOS O MUNDO PORQUE

Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. 1 João 5:4

Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 1 João 5:5

Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. 1 João 4:4

Por ti venceremos os nossos inimigos; pelo teu nome pisaremos os que se levantam contra nós. Salmos 44:5

Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Romanos 12:21

Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece. João 15:19

Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. 1 João 2:16

Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz ;no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. João 16:33


O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM A PROVIDÊNCIA DIVINA.

O crente para usufruir os cuidados providenciais de DEUS em sua vida, tem responsabilidades a cumprir, conforme a Bíblia revela.

(1) Ele deve obedecer a DEUS e à sua vontade revelada. No caso de José, por exemplo, fica claro que por ele honrar a DEUS, mediante sua vida de obediência, DEUS o honrou ao estar com ele (39.2, 3, 21, 23). Semelhantemente, para o próprio JESUS desfrutar do cuidado divino protetor ante as intenções assassinas do rei Herodes, seus pais terrenos tiveram de obedecer a DEUS e fugir para o Egito (ver Mt 2.13). Aqueles que temem a DEUS e o reconhecem em todos os seus caminhos têm a promessa de que DEUS endireitará as suas veredas (Pv 3.5-7).

(2) Na sua providência, DEUS dirige os assuntos da igreja e de cada um de nós como seus servos. O crente deve estar em constante harmonia com a vontade de DEUS para a sua vida, servindo-o e ajudando outras pessoas em nome dEle (At 18.9,10; 23.11; 26.15-18; 27.22-24).

(3) Devemos amar a DEUS e submeter-nos a Ele pela fé em CRISTO, se quisermos que Ele opere para o nosso bem em todas as coisas (ver Rm 8.28).
Para termos sobre nós o cuidado de DEUS quando em aflição, devemos clamar a Ele em oração e fé perseverante. Pela oração e confiança em DEUS, experimentamos a sua paz (Fp 4.6,7), recebemos a sua força (Ef 3.16; Fp 4.13), a misericórdia, a graça e ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16; ver Fp 4.6). Tal oração de fé, pode ser em nosso próprio favor ou em favor do próximo (Rm 15.30-32; ver Cl 4.3).

 


Hinos Sugeridos: 420 da Harpa Cristã


PALAVRA-CHAVE - Ansiedade

 

 

Resumo da Lição 10, Nossa Segurança Vem de DEUS
I – RIQUEZA DO CÉU E RIQUEZA DA TERRA
1. Uma conciliação impossível.

2. Tesouros da terra e tesouros do céu.

3. O que o cristão precisa saber sobre os bens materiais?

II – A IDOLATRIA AO DINHEIRO
1. O coração no lugar certo.

2. Idolatrando a Mamom.

3. A riqueza condenada por CRISTO.

III – VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS
1. Os males advindos das preocupações.

2. Vivendo sem inquietação.

3. Vivendo sossegados em DEUS.

 



A riqueza pode fazer o homem se achar autossuficiente e independente de DEUS. Eis aqui o maior perigo. A riqueza pode passar a ser o deus deste homem.

 

JESUS explica que existe escolha entre dois tesouros (onde vamos ajuntá-los), entre duas visões (onde vamos fixar os nossos olhos) e entre dois senhores (a quem vamos servir). É uma escolha entre DEUS e Mamom: "Não podeis servir a DEUS e a Mamom"

 

Mateus 6:19-27 - A ambição do cristão: não a segurança material, mas a direção de DEUS - A mensagem do Sermão do Monte - John R. W. Stott - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.


1. A questão do tesouro (vs. 19-21)

19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; 21 porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
Aqui, o ponto para onde JESUS dirige nossa atenção é a durabilidade comparativa dos dois tesouros. Deveria ser fácil decidir qual dos dois ajuntar, ele dá a entender, porque tesouros sobre a terra são corruptíveis e, portanto, inseguros, enquanto tesouros no céu são incorruptíveis e, consequentemente, seguros. Afinal, se nosso objetivo é ajuntar tesouros, presumivelmente nós nos concentraremos na espécie que vai durar mais e que pode ser armazenada sem depreciação ou deterioração.
E importante enfrentar franca e honestamente a questão: o que JESUS estava proibindo, quando nos disse para não ajuntarmos tesouros para nós mesmos na terra? Talvez seja melhor começarmos com uma lista do que ele não estava (e não está) proibindo.

Primeiro, não há maldição alguma quanto às propriedades em si; as Escrituras não proíbem, em parte alguma, as propriedades particulares.

Segundo, "economizar para dias piores" não foi proibido aos cristãos, nem fazer um seguro de vida, que é apenas uma espécie de economia compulsória autoimposta. Pelo contrário, as Escrituras louvam a formiga que armazena no verão o alimento de que vai precisar no inverno, e declara que o crente que não faz provisão para a sua família é pior do que um incrédulo.

Terceiro, não devemos desprezar mas, antes, desfrutar as boas coisas que o nosso Criador nos concedeu abundantemente. Portanto, nem as propriedades, nem a provisão para o futuro, nem o desfrutar dos dons de um Criador bondoso estão incluídos na proibição dos tesouros acumulados na terra.
O que está, então? O que JESUS proíbe a seus discípulos é a acumulação egoísta de bens ("Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra"); uma vida extravagante e luxuosa, a dureza de coração que não deixa perceber as necessidades colossais das pessoas menos privilegiadas neste mundo; a fantasia tola de que a vida de uma pessoa consiste na abundância de suas propriedades; e o materialismo que acorrenta nossos corações à terra. O Sermão do Monte repetidas vezes refere-se ao "coração" e, aqui, JESUS declara que o nosso coração sempre segue o nosso tesouro, quer para baixo para a terra, quer para o alto para o céu (v. 21). Resumindo, "acumular tesouros sobre a terra" não significa ser previdente (fazer ajuizadas provisões para o futuro), mas ganancioso (como o sovina que acumula e os materialistas que sempre querem mais). Esta é a armadilha contra a qual JESUS nos adverte aqui. "Sempre que o Evangelho é ensinado", escreveu Lutero, "e as pessoas procuram viver de acordo com ele, surgem duas terríveis pragas: os falsos pregadores, que corrompem o ensino, e, então, a Sra. Ganância, que impede um viver justo."

A riqueza pode fazer o homem se achar autossuficiente e independente de DEUS. Eis aqui o maior perigo. A riqueza pode passar a ser o deus deste homem.
O "tesouro na terra", por nós cobiçado, JESUS nos lembra: "A traça e a ferrugem destroem, e ... os ladrões o arrombam e roubam" (BLH). A palavra grega para "ferrugem" (brasis) significa "comer"; pode referir-se à corrosão causada pela ferrugem, mas também a qualquer peste ou parasita devoradora. Naquele tempo, as traças entravam facilmente nas roupas das pessoas, os ratos comiam os cereais armazenados, pestes atacavam o que estivesse debaixo da terra, e os ladrões entravam nos lares e levavam o que fosse possível. Não havia a menor segurança no mundo antigo. E para nós, gente moderna, que procuramos proteger os nossos tesouros com inseticidas, venenos contra ratos, ratoeiras, tintas à prova de ferrugem e arames contra ladrões, mesmo assim eles se desintegram na inflação ou na desvalorização ou nos colapsos econômicos. Nos golpes financeiros, nos assaltos. Na quebra das bolsas. Nas guerras. Mesmo que uma parte permaneça através desta vida, nada podemos levar conosco para a outra. Jó estava certo: "Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei."
Mas o "tesouro no céu" é incorruptível. Que tesouro é esse? JESUS não explica. Mas podemos dizer com toda certeza que "ajuntar tesouros no céu" é fazer na terra alguma coisa cujos efeitos durem pela eternidade. JESUS não estava, certamente, ensinando uma doutrina de méritos ou um "tesouro de méritos" (como a Igreja Católica medieval ensinava), como se pudéssemos acumular no céu, através de boas obras praticadas na terra, uma espécie de crédito bancário do qual nós e outros pudéssemos sacar, pois tal noção grotesca contradiz o Evangelho da graça que JESUS e seus apóstolos ensinaram coerentemente. E, de qualquer modo, JESUS estava falando a discípulos que já tinham recebido a salvação de DEUS. São obras do salvo. Obras de Amor cristão. Além disso pode referir-se a coisas tais como: o desenvolvimento de um caráter semelhante ao de CRISTO (uma vez que todos nós podemos levá-lo conosco para o céu); o aumento da fé, da esperança e da caridade, pois todas elas, segundo Paulo, "permanecem"; o crescimento no conhecimento de CRISTO, o qual um dia veremos face a face; a tarefa ativa, por meio da oração e do testemunho, de apresentar outros a CRISTO, para que também possam herdar a vida eterna (ganhar almas); e o uso de nosso dinheiro nas causas cristãs, missões, por exemplo, que é um dos investimentos financeiros cujos dividendos são eternos.
Todas estas atividades são temporais com consequências eternas. Este seria, então, "o tesouro no céu". Nenhum ladrão pode roubá-lo, e nenhuma praga pode destruí-lo, pois não há traças, nem ratos, nem assaltantes no céu. Portanto, o tesouro no céu é seguro. Medidas de precaução para protegê-lo são desnecessárias. Não precisa de apólices de seguro. É indestrutível. Portanto, parece que JESUS está nos dizendo: "É um investimento seguro para vocês; nada poderia ser mais seguro do que isto. E a única apólice de seguro que jamais perde o seu valor."


Na primeira metade de Mateus 6 (vs. 1-18), JESUS descreve a vida particular do cristão "no lugar secreto" (contribuindo, orando, jejuando); na segunda parte (vs. 19-34) ele trata dos nossos negócios públicos no mundo (questões de dinheiro, de propriedades, de alimento, de bebida, de roupa e de ambição). Os mesmos contrastes poderiam ser expressos em termos de nossas responsabilidades "religiosas" e "seculares". Esta diferença é enganosa, porque não podemos separar estes dois aspectos em compartimentos herméticos. Na verdade, o divórcio entre o sagrado e o secular na história da Igreja tem sido desastroso. Se somos cristãos, tudo o que fazemos, por mais "secular" que possa parecer (como fazer compras, cozinhar, fazer cálculos no escritório etc.), é "religioso", no sentido de que é feito na presença de DEUS e de acordo com a sua vontade. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito com Ele. (1 Coríntios 6:17). Uma ênfase de JESUS neste capítulo é exatamente sobre este ponto, que DEUS está igualmente preocupado com as duas áreas da nossa vida: a particular e a pública; a religiosa e a secular. Pois, de um lado, "teu Pai celeste vê em secreto" (vs. 4, 6, 18) e, de outro, "vosso Pai celestial sabe que necessitais de alimento, bebida e roupa" (v. 32).
Ouvimos os mesmos insistentes convites de JESUS, nas duas esferas, o chamado para sermos diferentes da cultura popular: diferentes da hipocrisia do religioso (v. 1-18) e, agora, também diferentes do materialismo do irreligioso (vs. 19-34). Embora no começo do capítulo fossem principalmente os fariseus que estavam na mente de JESUS, agora é ao sistema de valores dos "gentios" que ele nos incita a renunciar (v. 32). Na verdade, JESUS coloca alternativas diante de nós em cada estágio. Há dois tesouros (na terra e no céu, vs. 19-21), duas condições físicas (luz e trevas, vs. 22, 23), dois senhores (DEUS e as riquezas, v. 24) e duas preocupações (nosso corpo e o reino de DEUS, vs. 25-34). E não podemos pôr os pés em duas canoas!
Mas, como fazer a escolha? A ambição do mundo nos fascina fortemente. O encanto do materialismo é difícil de se quebrar. Nesta seção, JESUS nos ajuda a escolher o melhor. Ele destaca a insensatez do caminho errado e a sabedoria do certo. Como nas seções anteriores, sobre a piedade e a oração, aqui, relativamente à ambição, ele coloca o falso e o verdadeiro, um em oposição ao outro, de tal modo que nos leva a compará-los e examiná-los por nós mesmos.
Este tópico coloca-nos diante da grande urgência da nossa geração. A medida que a população do mundo continua aumentando assustadoramente e os problemas econômicos das nações se tornam cada vez mais complexos, os ricos continuam ficando mais ricos e os pobres, mais pobres. Não podemos mais fechar os olhos diante dos fatos. A antiga complacência do Cristianismo burguês foi perturbada. A adormecida consciência social de muitos já foi despertada. Redescobriu-se que o DEUS da Bíblia está do lado dos pobres e necessitados. Os cristãos responsáveis sentem desconforto quando pensam na abundância e estão procurando desenvolver um estilo de vida simples, que seja adequado face às necessidades do mundo e, por lealdade, de acordo com os ensinamentos e o exemplo do seu Mestre.

 

2. A questão da visão (vs. 22, 23)
22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; 23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!
JESUS passa da comparativa durabilidade dos dois tesouros para o benefício relativo de duas condições. O contraste agora é entre uma pessoa cega e uma pessoa que tem visão, e, consequentemente, entre as trevas e a luz em que elas respectivamente vivem. São os olhos a lâmpada do corpo. Não é literal, naturalmente, como se fossem uma espécie de janela deixando a luz entrar no corpo; mas é uma figura de linguagem facilmente inteligível. Quase tudo que o corpo faz depende de nossa capacidade de ver. Precisamos ver para correr, para pular, para dirigir um carro, para atravessar uma rua, para cozinhar, para bordar, para pintar. O olho, pelo que é, "ilumina" o que o corpo faz com as mãos e os pés. É verdade que os cegos conseguem enfrentar sua situação maravilhosamente bem, aprendendo a fazer uma porção de coisas sem os olhos, e desenvolvendo suas demais faculdades para compensar a falta de visão. Mas o princípio continua: quem vê anda na luz, enquanto o cego permanece nas trevas. E a grande diferença entre a luz e as trevas do corpo deve-se a esse pequenino mas complicado órgão, o olho. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Na cegueira total, as trevas são completas.
Tudo isto é uma descrição de fatos. Mas também é uma metáfora. Com bastante frequência, o "olho" nas Escrituras é equivalente ao "coração". Isto é, "colocar o coração" e "fixar os olhos" em alguma coisa são sinônimos. Um exemplo será suficiente, no Salmo 119. No versículo 10 o salmista escreve: "De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos" e, no versículo 18: "Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei." Semelhantemente, aqui no Sermão do Monte, JESUS passa da importância de se ter o coração no lugar certo (v. 21) para a importância de se ter os olhos bons e sadios.
A argumentação parece ser esta: exatamente como nossos olhos afetam todo o nosso corpo, a nossa ambição (onde fixamos nossos olhos e nosso coração) afeta toda a nossa vida. Exatamente como o olho que vê dá luz ao corpo, uma ambição nobre e sincera de servir a DEUS e aos homens aumenta o significado da vida e lança luz sobre tudo que fazemos. Repito: exatamente como a cegueira leva às trevas, uma ambição desprezível e egoísta (por exemplo, ajuntar tesouros para nós mesmos sobre a terra) faz-nos mergulhar nas trevas morais. Ficamos intolerantes, desumanos, grosseiros, despojando a vida de seu principal significado.
Tudo é uma questão de visão. Se temos visão física, podemos ver o que estamos fazendo e para onde vamos. Da mesma forma, se temos visão espiritual, se nossa perspectiva espiritual está devidamente ajustada, então nossa vida fica cheia de propósito e de incentivo. Mas se a nossa visão se torna anuviada pelos falsos deuses e pelo materialismo, e nós perdemos nosso senso de valores, então toda a nossa vida fica em trevas e não podemos ver para onde vamos. Talvez a ênfase esteja, com muito mais força do que já sugeri, na perda da visão causada pela ganância, porque, de acordo com o conceito bíblico, um "olho mau" é um espírito sovina, avarento, e um "olho bom" é o generoso. De qualquer forma, JESUS acrescenta novos motivos para ajuntarmos um tesouro no céu. O primeiro é a sua grande durabilidade; o segundo resulta dos benefícios atuais, aqui na terra, de uma visão assim.

 

3. A questão das riquezas (v. 24)
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a DEUS e às riquezas.
JESUS explica, agora, que além da escolha entre dois tesouros (onde vamos ajuntá-los) e entre duas visões (onde vamos fixar os nossos olhos) jaz uma escolha ainda mais básica: entre dois senhores (a quem vamos servir). É uma escolha entre DEUS e Mamom: "Não podeis servir a DEUS e a Mamom" (ERC); isto é, entre o próprio Criador vivo e qualquer objeto de nossa própria criação que chamamos de "dinheiro" ("Mamom" é uma transliteração da palavra aramaica para riqueza). Não podemos servir aos dois.
Algumas pessoas discordam destas palavras de JESUS. Recusam-se a ser confrontadas com uma escolha tão rígida e direta, e não veem a necessidade dela. Asseguram-nos que é perfeitamente possível servir a dois senhores simultaneamente, por conseguirem fazer isso muito bem. Diversos arranjos e ajustes possíveis parecem-lhes atraentes. Ou eles servem a DEUS aos domingos e a Mamom nos dias úteis, ou a DEUS com os lábios e a Mamom com o coração, ou a DEUS na aparência e a Mamom na realidade, ou a DEUS com metade de suas vidas e a Mamom com a outra.
Pois é esta solução popular de comprometimento que JESUS declara ser impossível: Ninguém pode servir a dois senhores . . . Não podeis servir a DEUS e às riquezas (observe o "pode" e o "não podeis"). Os pretensos conciliadores interpretam mal este ensinamento, pois se esquecem da figura de escravo e dono de escravo que se encontra por trás destas palavras. Como McNeile disse: "Pode-se trabalhar para dois empregadores, mas nenhum escravo pode ser propriedade de dois senhores", pois "ter um só dono e prestar serviço de tempo integral são da essência da escravidão". Portanto, qualquer pessoa que divide sua devoção entre DEUS e Mamom já a concedeu a Mamom, uma vez que DEUS só pode ser servido com devoção total e exclusiva. Isto simplesmente porque ele é DEUS: "Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem." Tentar dividir a nossa lealdade é optar pela idolatria.
E quando percebemos a profundidade da escolha entre o Criador e a criatura, entre o DEUS pessoal glorioso e essa coisinha miserável chamada dinheiro, entre a adoração e a idolatria, parece inconcebível que alguém faça a escolha errada, pois agora ê uma questão não apenas de durabilidade e benefício comparativos, mas sim de valor comparativo: o valor intrínseco de um e a intrínseca falta de valor do outro.

 

 

O VERDADEIRO TESOURO Mateus 6:19-21 - William Barclay - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.

No ordenamento quotidiano de nossas vidas, a verdadeira sabedoria consiste em buscar obter somente aquelas coisas que duram. Quer compremos um traje ou um vestido ou um automóvel ou um tapete ou um jogo de móveis, o sentido comum nos recomenda evitar a aquisição de produtos malfeitos e perecíveis a curto prazo, e comprar aquelas coisas que possuem solidez e permanência e estão bem-feitas. Isto é, exatamente, o que JESUS nos está dizendo nesta passagem: que devemos nos concentrar nas coisas que duram. JESUS recorre a três imagens, que correspondem às três grandes fontes de riqueza na Palestina.

(1) Diz-nos que evitemos tudo o que a traça pode destruir. No Oriente, parte da riqueza de qualquer homem consistia em roupas custosas e luxuosas. Quando Geazi, o servo de Eliseu, quis obter clandestinamente algum proveito da cura que seu amo tinha efetuado na pessoa de Naamã, pediu-lhe um talento de prata e duas mudas de roupa (2 Reis 5:22). Uma das coisas que tentou Acã a pecar foi um manto babilônico de boa qualidade (Josué 7:21). Mas, segundo JESUS, era insensato pôr o coração em tais coisas, pois quando estavam guardadas, as traças as atacavam, destruindo toda sua beleza e valor. As posses deste tipo careciam de permanência.

(2) Também aconselha que se evitem aquelas coisas que a ferrugem corrompe. A palavra traduzida por "ferrugem" ou "mofo" (H. A.) significa literalmente "o que come". Em nenhum outro lugar se encontra essa palavra, brosis, com o significado de "ferrugem" (óxido de ferro). É muito mais provável que a ideia fosse a seguinte: No Oriente a riqueza de muitos homens enriquecidos consistia no grão de uma colheita abundante, e que acumulavam em enormes celeiros. Mas nesses grãos armazenados podiam entrar carunchos ou roedores, e deste modo se perdia o tesouro. É muito provável que JESUS esteja fazendo referência à facilidade com que os ratões, os ratos, e distintos tipos de insetos podem acabar com uma colheita armazenada durante muito tempo. Posses deste tipo careciam de permanência.

(3) Em terceiro lugar, JESUS diz que não se deve acumular tesouros que os ladrões possam furtar mediante uma escavação. Na Palestina a maioria das casas era feita de barro ou tijolo cru, e os ladrões podiam entrar fazendo um buraco na parede. Esta referência, evoca a imagem do homem que guardou em sua casa um pequeno tesouro e um dia, ao ingressar nela, descobre que os ladrões furaram a parede e, entrando, levaram o ele que tinha. Não é permanente o tesouro que está à mercê de qualquer ladrão engenhoso. De modo que JESUS alerta aos homens contra três classes de prazeres e posses: (1) Sua advertência se dirige contra os prazeres que podem esfumar-se como um vestido velho. A roupa mais bonita do mundo, com traças ou sem traças, termina por desintegrar-se. Todos os prazeres puramente físicos, cada um à sua maneira, terminam perdendo o encanto que nos incitou a buscá-los. Cada vez que desfrutamos de alguma coisa, a excitação é menor. Necessita-se maior quantidade para que o efeito siga sendo o mesmo. É como uma droga, que perde seu poder quando consumida normalmente, e se impõe aumentar gradualmente a dose se tiver que ser efetiva do mesmo modo que no princípio. Somos insensatos se fizermos com que nosso prazer consista naquelas coisas que nos oferecerão cada vez menor compensa.

(2) Também nos adverte contra os prazeres que podem ser corroídos. O silo cheio de cereais é inevitavelmente o objeto do interesse de roedores que nunca faltam. Há certos prazeres que inevitavelmente perdem atração para o homem à medida que envelhece. Possivelmente já não esteja em condições físicas de desfrutá-los; ou pode ser que, ao maturar sua personalidade, já não encontre neles a alegria que lhe produziam quando era mais jovem. Na vida ninguém deveria pôr seu coração naqueles prazeres que podem desaparecer com a idade. Deveríamos ser capazes de encontrar nosso deleite naquelas coisas diante das quais o tempo, e sua capacidade de erosão, é totalmente impotente.

(3) Também somos advertidos contra os prazeres que nos podem ser roubados. Todas as coisas materiais pertencem a esta categoria; não há nada material que possamos possuir de maneira totalmente segura. Se construirmos nossa felicidade sobre o fato de sua posse, estamos edificando sobre alicerces muito frágeis. Suponhamos que alguém organize sua vida de tal maneira que sua felicidade consiste no dinheiro que tem; no dia menos imaginado se produz uma crise financeira e nosso amigo fica completamente arruinado. Junto com sua riqueza, também se esfumou sua alegria. O homem verdadeiramente sábio é o que constrói sua felicidade sobre aquelas coisas que nada nem ninguém lhe pode tirar, cuja posse é independente dos azares e mudanças da vida. Tudo o que faz com que seu prazer dependa de coisas falazes, está condenado à frustração. Todo homem cujo tesouro está nas coisas, mais cedo ou mais tarde o perderá, porque as coisas não estão dotadas de permanência, e não há nada que dure para sempre.

 

Mateus 6:19-21 (continuação) Os judeus conheciam muito bem a frase tesouros no céu. Identificavam esses tesouros principalmente com duas coisas.

(1) Diziam que as ações bondosas que alguém fazia no mundo, transformavam-se em seu tesouro no céu. Contavam uma famosa lenda sobre um tal rei Monobaz, de Adiabene, que se converteu ao judaísmo. “Um ano de fome Monobaz distribuiu seu tesouro entre os pobres. Suas irmãs enviaram mensageiros para lhe dizer: ‘Seus pais reuniram tesouros, e os acrescentaram aos de seus pais, mas você dissipou os seus e os deles.’ Monobaz respondeu: ‘Meus pais reuniram tesouros para esta vida, eu estou acumulando tesouros para a vida eterna; eles armazenaram sua riqueza em lugares onde a vontade humana pode governar, mas eu os tenho, agora, em um lugar onde ninguém pode já dispor deles. Meus pais acumularam tesouros que não dão interesse, os meus sim dão. Meus pais acumularam tesouros de dinheiro, eu acumulei tesouros de almas. Meus pais acumularam tesouros para outros, eu os acumulei para mim. Meus pais acumularam tesouros neste mundo, eu os tenho guardados no mundo vindouro’.” Tanto JESUS como os rabinos judeus sabiam que tudo o que se acumula egoisticamente mais cedo ou mais tarde se perde. Mas o que se oferece a outros com generosidade acumula tesouros no céu. Esse mesmo princípio seria o que teria que seguir a igreja cristã, depois de seu Mestre. A Igreja Primitiva sempre cuidou carinhosamente dos pobres, dos doentes, dos desgraçados e de todos aqueles de quem ninguém se ocupava. Nos dias da terrível perseguição de Décio, em Roma, as autoridades arrasaram uma igreja cristã. Sua intenção era apoderar-se dos tesouros que imaginavam estariam armazenados nesse lugar. O prefeito romano ordenou a Laurêncio, o diácono: "Mostre-me imediatamente o lugar onde vocês guardam seu tesouro." Laurêncio assinalou as viúvas e os órfãos que estavam comendo, os doentes que estavam sendo curados, os pobres, cujas necessidades estavam sendo satisfeitas, e disse: "Estes são os tesouros da Igreja." A Igreja sempre acreditou que "perdemos o que guardamos, e ganhamos o que gastamos".

(2) Os judeus sempre relacionaram a expressão tesouros no céu com o caráter. Quando foi perguntado ao rabino Yose Ben Kisma se aceitaria viver em uma cidade pagã em troca de um salário muito elevado por seus serviços, respondeu que nunca viveria em lugar algum que não fosse morada da Lei, "porque no dia em que deva ir deste mundo", disse, "nem o ouro nem a prata nem as pedras preciosas irão comigo, mas apenas o conhecimento que tenha da Lei, e minhas boas obras." Como afirma o bom provérbio espanhol, "as mortalhas não têm bolsos". A única coisa que podemos levar deste mundo é nosso caráter, o que somos; quanto melhor seja a personalidade, o caráter que levemos, maior será nosso tesouro no céu.

(3) JESUS conclui esta passagem dizendo que onde estiver nosso tesouro ali estará nosso coração. Se tudo o que valorizamos está na Terra, se nosso coração também está preso à Terra, não teremos interesse em nenhum outro mundo a não ser este. Se durante toda nossa vida o nosso olhar está nas coisas eternas, as coisas deste mundo serão de pouco valor para nós. Se tudo o que verdadeiramente valer para nós está nesta Terra, no momento de abandoná-la nos sentiremos defraudados e nos desesperaremos. Se durante a vida pensamos nas coisas celestiais e as desejamos, abandonaremos este mundo com alegria, porque finalmente podemos ir para DEUS. Em certa oportunidade o Dr. Johnson estava passeando por um maravilhoso castelo e os parques que o rodeavam. Quando acabou de ver tudo, voltou-se para seus acompanhantes e lhes disse: "Estas são as coisas que nos fazem tão difícil morrer." JESUS nunca afirmou que este mundo carecesse de importância: mas disse e repetiu, uma e outra vez, que a importância deste mundo não está nele mesmo, mas sim naquilo para o qual nos conduz. Este mundo não é o fim de nossas vidas, é somente uma estação no caminho. Portanto ninguém deve entregar o seu coração a este mundo e a às coisas que a ele pertencem, pois seus olhos devem estar fixos permanentemente na meta que nos espera mais além.

 

A VISÃO DISTORCIDA Mateus 6:22-23

A idéia que está por trás desta passagem é de uma simplicidade infantil. O olho é considerado como a janela por onde entra a luz que ilumina a totalidade do corpo. A cor e o estado da janela são os que decidem quanta luz receberá uma habitação. Se a janela estiver limpa, é de cor clara e o vidro não distorce as imagens, a habitação será inundada por uma luz pura e abundante, que iluminará todos os cantos. Se o vidro da janela está sujo, ou é de cor escura, ou está chamuscado, ou coberto pela geada, a luz encontrará obstáculos, entrará distorcida, suja, e a habitação ficará escura. A qualidade da luz que entra em uma habitação depende do estado da janela que deva atravessar para fazê-lo. É assim, diz JESUS, como a luz que penetra no coração e a alma de cada homem depende do estado espiritual dos olhos que deva atravessar, porque os olhos são a janela do corpo. O conceito que fazemos das pessoas depende dos olhos com que as olhemos.

Há certos fatores muito evidentes que nos podem cegar e distorcer a nossa visão.

(1) O preconceito pode alterar nossa visão. Não há nada que seja tão capaz de destruir nossa capacidade de julgamento como os preconceitos que tenhamos. Nos impedem de formar as opiniões claras, razoáveis e lógicas, que são nosso dever. Cega-nos por igual ante os fatos e o significado destes. Quase todos os novos descobrimentos tiveram que abrir caminho, lutando contra irracionais preconceitos estabelecidos. Quando James Simpson descobriu as virtudes do clorofórmio teve que lutar contra os preconceitos religiosos e médicos de sua época. Um de seus biógrafos escreve: "O preconceito, a paralisante determinação de percorrer somente os caminhos conhecidos, levantou-se contra ele e fez todo o possível para neutralizar os efeitos dessa nova bênção." "Muitos clérigos sustentaram que o intento de liberar a mulher de sua maldição primitiva era lutar contra a lei divina." Uma das coisas mais necessárias na vida é o exame ousado que seja capaz de nos demonstrar quando atuamos a partir de princípios válidos e quando somos vítimas de nossos preconceitos irracionais. Qualquer homem que seja miserável por seus preconceitos tem olhos que obscurecem e distorcem sua visão da realidade.

(2) O ciúme pode alterar nossa visão. Shakespeare nos deu uma expressão clássica desta paixão na tragédia de Otelo. Otelo, um mouro, que se tornou famoso por seus atos de valentia, casa-se com Desdémona. Está o ama com total dedicação e completa fidelidade. Como general do exército de Veneza, Otelo promove a Cássio em lugar de promover a Lago. Este é consumido pelo ciúme, e mediante uma meticulosa tramoia, e distorcendo os fatos para seu próprio benefício, semeia na mente de Otelo suspeita com respeito à fidelidade de Desdémona. Inventando evidências para demonstrar suas afirmações, acende em Otelo uma paixão de ciúme tão desmedida que este termina assassinando a Desdémona, afogando-a com um travesseiro. A. C. Bradley escreve: "Ciúme como o de Otelo transformam a natureza humana em um caos, e liberam a besta que todo homem encerra." Muitos casamentos, muitas amizades, foram destroçados pelo ciúme, que é capaz de fazer aparecer circunstâncias perfeitamente inocentes como ações culpadas, e que nos cegam à verdade e à realidade.

(3) O orgulho pode alterar nossa visão. Em sua biografia de Mark Rutherford, Catherine Macdonald MacLean inclui uma observação particularmente cáustica com respeito ao John Chapman, o editor e livreiro de quem em uma época Rutherford fora empregado: "Belo como um Lorde Byron, de maneiras amáveis, era extremamente atrativo para as mulheres, e ele se acreditava ainda mais atrativo do que em realidade era." O orgulho afeta de duas maneiras a visão de qualquer homem, porque nos torna incapazes de ver a nós mesmos tal como somos em realidade e de ver a outros como em realidade são. Se estamos convencidos de nossa extraordinária sabedoria, nunca seremos capazes de perceber nossas tolices; e se formos cegos para tudo o que não sejam nossas virtudes, nunca perceberemos nossos defeitos. Sempre que nos comparemos com outros, suporemos uma vantagem em nós. Jamais estaremos em condições de nos criticar a nós mesmos, e portanto jamais seremos capazes de melhorar. A luz em que deveríamos ver a nós mesmos e a outros será total escuridão. 

 

A NECESSIDADE DE OLHOS GENEROSOS

Mateus 6:22-23 (continuação) Mas aqui JESUS fala de uma virtude em particular que enche de luz os olhos, e de um defeito que os obscurece. Em nossas versões se qualifica o olho como bom, são ou simples e mau. E este é o significado literal do grego, mas as palavras bom e mau são aqui empregadas, em um sentido muito comum no grego do Novo Testamento, como generoso e generosidade. Tiago diz, com respeito a DEUS, que ele dá a todos abundantemente (Tiago 1:5), e o advérbio que usa, em grego, é o mesmo que aparece em nosso texto como adjetivo. Paulo exorta a seus amigos a ofertar liberalmente. Temos aqui, outra vez, o mesmo vocábulo (Romanos 12:8). Paulo, também, lembra aos cristãos de Corinto da liberalidade ou generosidade das Iglesias (igrejas) da Macedônia, e fala de sua própria generosa beneficência com todos os necessitados (2 Coríntios 9:31). Para obter um texto mais fiel ao original devemos traduzir aqui generoso em lugar de bom ou simples. JESUS elogia o olho generoso. Por oposição, prestemos atenção ao nome do defeito que JESUS condena. Nossas versões dizem mau ou maligno. E este é, certamente, o significado mais comum da palavra grega que aparece neste lugar no texto original. Contudo, tanto no Novo Testamento como na Septuaginta, este vocábulo também significa normalmente miserável ou avaro ou mesquinho. Deuteronômio nos fala do dever de emprestar ao irmão que necessita. Mas esta disposição se complica com a lei de que cada sete anos deviam considerar-se todas as dívidas perdoadas. Era muito provável que se estivesse perto o "sétimo ano", o avaro se negasse a emprestar, por temor a que seu devedor se acolhesse ao cancelamento de dívidas com que podia beneficiar-se ao chegar o momento, e deste modo jamais lhe devolvesse o que tinha recebido. Por isso a lei estabelece: "Guarda-te não haja pensamento vil no teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti ao SENHOR, e haja em ti pecado" (Deut. 15:9). As palavras sublinhadas são exatamente as mesmas que aparecem no ensino de JESUS. É evidente que aqui olhos maus significa com mesquinhez, de modo avaro, com má vontade. Voltamos a encontrar a expressão em Provérbios 23:6, onde a se diz literalmente: "Não coma o pão daquele que tem olho mau." Quer dizer "Não seja hóspede daquele que grunhe por cada bocado que você come." Assim também em Provérbios 28:22, onde lemos: "O homem que se apressa em busca da riqueza tem olho maligno" (V.M.), e significa: "O avaro, que sempre desconfia de outros, busca apropriar-se de tudo o que pode." Para chegar ao significado exato das palavras de JESUS em vez de "olho mau" deveríamos traduzir olho avarento. De modo que JESUS afirma: "Não há nada como a generosidade para nos permitir ver a vida e as pessoas de maneira correta: e não há nada como a avareza para fazer com que nossa visão das coisas e das pessoas seja incorreta."

(1) Devemos ser generosos em nossos julgamentos com respeito a outros. Uma das características da natureza humana é pensar sempre o pior, e encontrar um prazer maligno em repetir o pior. Todos os dias vemos assassinar a boa reputação de pessoas perfeitamente inocentes na fofoca de pessoas cujos juízos estão impregnados de veneno. O mundo se veria livre de muito sofrimento se buscássemos pensar o melhor e não o pior com respeito a nosso próximo, e se nossa interpretação de suas ações fosse sempre "generosa".

(2) Devemos ser generosos em nossas ações. A pobreza de outros deve nos fazer sofrer mais que a nossa própria. Chorar com mais amargura por não poder ajudar a algum necessitado. "Quando começamos a nos sentir assim, é quando podemos ver a outros, e às coisas, em uma perspectiva correta. É então quando nossos olhos se enchem de luz. Há três grandes males do espírito pouco generoso, do "olho maligno".

(1) Faz com que nos seja impossível viver conosco mesmos. Quem inveja permanentemente o êxito de outros, diminuindo o seu, apesar de que um pouco de generosidade poderia repartir felicidade a outros, fechando seu coração frente às necessidades imperiosas de outros, transforma-se em uma das mais tristes criaturas da Terra – o homem avarento. Em seu interior crescem uma amargura e um ressentimento que lhe priva de toda felicidade, que roubam sua paz e destroem sua alegria.

(2) Faz com que nos seja impossível viver com os demais. O avaro é aborrecido por todos: não há indivíduo mais desprezado que o de coração miserável. A caridade cobre multidão de pecados, mas o espírito ambicioso, por outro lado, torna inúteis uma multidão de virtudes. Por pior que seja o homem generoso, sempre haverá quem o ame; por melhor que seja o avaro, todos o detestarão.

(3) Faz com que nos seja impossível viver com DEUS. Não há ninguém tão generoso como DEUS; em última análise, não pode haver comunhão entre dois seres que fundam sua existência em princípios diametralmente opostos. Não pode haver comunhão entre o DEUS que vive inflamado por um profundo amor, e o avaro, cujo coração está congelado pela mesquinharia. O olho avarento distorce nossa visão; o olho generoso é o único capaz de ver com clareza, porque é o único que vê como DEUS vê.

 

SERVIÇO EXCLUSIVO Mateus 6:24

Para alguém criado no mundo antigo esta afirmação possuía muito mais força e clareza que para nós. Nossas versões dizem: "Ninguém pode servir a dois senhores." O original grego é muito mais contundente. A palavra que se utiliza para "servir" é o verbo duláin, que significa "ser escravo". Trata-se portanto de ser escravo de dois amos. Além disso, a palavra traduzida "senhor" é kurios e, em grego, kurios era o amo absoluto, o senhor de vida e morte. Possivelmente seria mais exato traduzir "Ninguém pode ser escravo de dois amos". Para compreender tudo o que isto significa e implica, devemos lembrar duas coisas com respeito à instituição da escravidão no mundo antigo. Em primeiro lugar, aos olhos da lei o escravo não era uma pessoa, era uma coisa. Carecia absolutamente de direitos que fossem próprios; seu amo podia fazer dele absolutamente o que bem quisesse. Para a lei, o escravo era uma ferramenta viva. Seu amo podia vendê-lo, castigá-lo, descartá-lo e até matá-lo. Era sua posse de maneira tão completa como o eram seus bens materiais. Em segundo lugar, o escravo, na antiguidade, carecia completamente de tempo próprio. Todos os momentos de sua vida pertenciam a seu amo. Sob as condições de trabalho que regem na atualidade a pessoa trabalha certo número de horas e fora desse tempo, sua vida lhe pertence e pode fazer o que quiser. De fato, com frequência é possível que muitos encontrem e desenvolvam seu verdadeiro interesse vital fora das horas de trabalho. Alguém pode estar empregado em um escritório, durante o dia, e ser o primeiro violino em uma orquestra, durante a noite. Pode trabalhar em uma fábrica, ou em uma oficina siderúrgica durante o dia, e dirigir um clube de jovens durante a noite, ou nos fins de semana. E é possível que na Música, ou na liderança do grupo juvenil, estes indivíduos encontrem o verdadeiro deleite e realização de suas vidas. Era muito diferente com os escravos, na antiguidade. O escravo não possuía, literalmente, tempo algum que pudesse considerar dele. Todos os seus momentos pertenciam a seu amo e estava sempre ao seu dispor. Até mesmo seu corpo era propriedade de seu amo. Eis aqui, pois, nossa relação com DEUS. Com respeito a DEUS não temos direito algum. DEUS deve ser o amo indisputado de nossas vidas. Nunca podemos nos perguntar: "O que eu quero fazer?" Sempre, nossa pergunta deve ser: "O que DEUS quer que eu faça?" Não nos pertence momento algum. Não podemos dizer, às vezes: "Agora farei o que DEUS quer que eu faça", e às vezes: "Agora farei o que eu quero fazer." O cristão não deixa jamais de ser cristão, ele não tem "férias" ou "licença" de cristão. Em nenhum momento pode pôr entre parêntese a exigência de DEUS sobre sua vida, como se não estivesse "de serviço". Não basta com uma obediência parcial ou de vez em quando. Ser cristão é um trabalho de tempo integral. Em nenhum outro lugar da Bíblia se expressa de maneira tão clara que DEUS exige de nós um serviço exclusivo. JESUS segue dizendo: "Não podeis servir a DEUS e às riquezas." Para os rabinos judeus as riquezas não eram, pelo menos em princípio, uma coisa moralmente imperdoável. Tinham um dito, por exemplo, que declarava: "Que a riqueza de seu vizinho te seja tão cara a ti como o é para ele." Quer dizer, que a pessoa deve considerar as posses materiais do próximo tão sacrossantas como as próprias. Mas com o correr do tempo, a palavra que significava "riquezas", em hebreu mamom, foi modificando sutilmente seu significado. Mamom provém de uma raiz que significa confiar, e a princípio queria dizer aquele dinheiro que confiamos a alguém para tê-lo seguro. Era a riqueza que se confiava aos cuidados de alguém. Mas com o passar do tempo chegou a significar não aquilo em que se confia, mas aquilo em que alguém põe sua confiança. Finalmente se escreveu com M maiúscula e chegou a ser considerado uma espécie de divindade: Mamom. A história desta palavra mostra de maneira vívida como as posses materiais podem usurpar um lugar na vida que nunca lhes pertenceu. Originalmente as riquezas eram algo que se confiava a outros para que as cuidassem; no final chegaram a considerar-se como aquilo no qual o homem põe sua confiança. Por certo que não há descrição mais adequada do deus a quem servimos que dizer que é aquilo em que pomos nossa confiança. Quando pomos nossa confiança no poder das coisas materiais, estas deixaram que transformar-se em nosso sustento para passar a ser o nosso deus.

 

O LUGAR DAS POSSES MATERIAIS Mateus 6:24 (continuação)

Este dito de JESUS nos obriga a refletir sobre o lugar que as posses materiais devem ocupar na vida do homem. Na base do ensino de JESUS sobre as posses materiais, há três princípios fundamentais:

(1) Em última análise todas as coisas pertencem a DEUS. A Escritura o coloca de modo claro. "Do Senhor é a terra e sua plenitude, o mundo e os que nele habitam" (Salmo 24:1). "Pois são meus todos os animais do bosque e as alimárias aos milhares sobre as montanhas.... Se eu tivesse fome, não to diria, pois o mundo é meu e quanto nele se contém" (Salmo 50:10,12). Nos ensinos de JESUS, é o Senhor quem dá aos servos seus talentos (Mateus 25:15), e o dono é quem arrenda a vinha aos lavradores (Mateus 21:33). Este princípio tem consequências de longo alcance. O homem pode vender e comprar as coisas, pode, em certa medida, modificá-las e reordená-las; mas não pode criar nada. A propriedade última de tudo o que existe é divina. Não há nada neste mundo em que o homem possa dizer de modo absoluto: "Isto é meu." Com respeito a todas as coisas só pode dizer: "Isto pertence a DEUS, e DEUS me confiou isso para que eu usar." Portanto, surge um princípio fundamental da vida. Não há nada neste mundo que seja minha de maneira absoluta, e portanto com respeito a nada posso dizer: "Isto é meu, e portanto posso fazer com isso o que eu quiser." Com respeito a todas as coisas estão obrigados a dizer: "Isto é de DEUS, e portanto devo usá-lo tal como seu proprietário quisesse que fosse usado." Há a história de um menino criado na cidade que pela primeira vez em sua vida foi levado ao campo e viu um prado coberto de flores silvestres. Voltando-se para sua professora, disse-lhe: "Você acha que DEUS Se importaria se corto algumas de suas flores?" Esta é a atitude correta frente à vida e às coisas neste mundo.

(2) O segundo princípio básico é que as pessoas sempre são mais importantes que as coisas. Se para adquirir posses, para adquirir fortunas, para acumular dinheiro, é preciso tratar as pessoas como coisas, toda a riqueza que consigamos adquirir é essencialmente má. Em qualquer lugar e quando for preciso esquecer este princípio ou passar por cima dele, as consequências depois serão desastrosas. Sustentava-se que para manter baixos os custos é necessário contar com mão de obra barata (como em um grande país asiático atual que exporta para o mundo todo). "Teem que reduzir o preço de venda no mercado em uns poucos centavos mantendo o mais baixo possível a mão de obra; mas isto se faz debilitando a força da nação; desmoralizando milhares de concidadãos, e semeando o descontentamento entre as classes sociais. Os produtos industriais que saem dessas fábricas depois de tudo são muito caros." Existe o que se pode chamar memória racial. Lá no fundo, na memória inconsciente do povo, fica indelével a lembrança desses dias. Quando se trata as pessoas como se fossem coisas, como máquinas, como instrumentos para produzir mercadorias e enriquecer assim a seus empregadores, não se pode esperar senão desastres, com tanta segurança como a noite sucede ao dia. A nação que esquece o princípio da importância única e fundamental da pessoa, acima das coisas, está hipotecando seu futuro.

(3) O terceiro princípio é que a riqueza sempre é um bem subordinado. A Bíblia não diz que o dinheiro seja o princípio de todos os males, mas sim "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1 Timóteo 6:10, BJ). É perfeitamente possível encontrar-se na posse de bens materiais o que alguns chamaram um "substituto da salvação". A pessoa pode pensar que porque é rico pode comprar tudo, que pode livrar-se de qualquer situação. A riqueza pode transformar-se para ele na medida de todas as coisas, em seu único afã, na única arma para enfrentar a vida. Se alguém deseja possuir bens materiais para obter uma relativa autonomia, para atender às suas necessidades familiares e para poder ajudar ao próximo, está perfeitamente bem; mas se deseja a riqueza somente para desfrutar de prazeres e luxos, se a riqueza se transformou no objetivo principal de sua vida, a razão pela qual vive, pode afirmar-se sem vacilação que os bens materiais deixaram que ser um bem subordinado, para usurpar na vida o lugar que corresponde a DEUS. De tudo isto surge uma verdade – a posse de riquezas, de dinheiro ou de objetos materiais não é pecado, mas é uma grave e séria responsabilidade. Se alguém possuir abundância de dinheiro ou de bens materiais, não deve felicitar-se a si mesmo, antes ajoelhar-se em oração, para poder usar suas riquezas tal como DEUS quer que o faça.

 

DUAS GRANDES PERGUNTAS SOBRE AS POSSES Mateus 6:24

Há duas grandes perguntas com respeito às posses materiais, e da resposta que dermos depende tudo.

(1) Como a pessoa fez para obter as posses de que desfruta? Tem ela feito de maneira tal que se JESUS CRISTO fosse testemunha de seus "negócios" poderia orgulhar-se, ou o tem feito de maneira que queria ocultar-lhe? É possível acumular riquezas à custa da honestidade e da honra. Certo comerciante tinha chegado a ser muito rico. Ao medir os tecidos que vendia, calculava para não dar a medida exata. Ou seja, "tirava de sua alma e metia em sua bolsa". É possível engordar a conta bancária emagrecendo a consciência. Também se pode acumular riquezas esmagando os competidores mais fracos. Há muitos que baseiam seu êxito no fracasso de outros. Muitos conseguiram progredir tirando outros do caminho. É difícil conceber como o que triunfa desse modo pode dormir tranquilo de noite. Pode-se acumular riquezas descuidando as obrigações superiores.

(2) Como se usam as riquezas que se chegaram a adquirir? Há vários modos em que se podem usar as riquezas. Pode não se dar a elas uso algum. Muitos se caracterizam pelo instinto aquisitivo do avaro, que se deleita simplesmente na posse. Suas posses podem ser completamente inúteis – e a inutilidade sempre é desastrosa. Pode dar-se a elas um uso totalmente egoísta. É possível desejar um salário maior simplesmente porque se quer comprar um automóvel maior, ou um novo televisor, ou umas férias mais caras. Pode-se pensar nas posses somente em termos do que estas podem fazer a favor de si mesmos. Pode dar-se a elas um uso maligno. Pode-se usar a riqueza para persuadir a alguém de que faça algo que não deve, ou vender coisa que não se tem direito a vender. Muitos jovens foram subornados ou induzidos ao pecado pelo dinheiro de alguém. A riqueza dá poder, e o homem corrompido pode usar seu dinheiro para corromper a outros. E isto, aos olhos de DEUS, é um terrível pecado. Mas também se pode usar a riqueza para obter uma sã medida de independência pessoal e para a felicidade de outros. Não se necessita muito dinheiro para assumir esta atitude, porque uma ação generosa não se mede pelo montante da dádiva. É impossível ser pervertido pelas riquezas se o seu possuidor as utiliza para fazer outros felizes. Paulo lembra um dito de JESUS que todos os outros apóstolos tinham esquecido: "Mais bem-aventurado é dar que receber" (Atos 20:35). Uma das características de DEUS é sua generosidade, e se dar é para nós mais importante que receber, usaremos de maneira correta o que possuímos, seja muito ou pouco.

 

A PREOCUPAÇÃO PROIBIDA Mateus 6:25-34

Devemos começar nosso estudo desta passagem nos assegurando de que entendemos o que JESUS proíbe e o que autoriza. O que JESUS proíbe não é a prudência que prevê o futuro a fim de tomar medidas necessárias para responder, oportunamente, a suas demandas. Proíbe o afã, o angustiar-se pelo Amanhã antes de saber o que nos trará o Amanhã. JESUS não recomenda uma atitude displicente, que não faz provisão para o futuro nem reflete sobre o que o futuro pode significar concretamente em termos de exigências e possibilidades. Proíbe, sim, o temor ansioso, doentio, que é capaz de eliminar toda possibilidade de alegria da vida. No original grego se usa o termo merimnan, que significa preocupar-se ansiosamente. Em uma carta que se encontrou escrita em um papiro, a esposa diz a seu marido, que está viajando: "Não posso dormir nem de noite nem de dia, ansiosa (merimnan) como estou por seu bem-estar". Em outra carta, a mãe, ao inteirar-se da boa saúde e prosperidade de seu filho, responde-lhe: "Tal é minha oração e ansiedade (merimnan) todo o tempo." Anacréon, o crente, escreveu: "Quando oro, minhas preocupações dormem." Em grego, a palavra merimnan denota ansiedade, preocupação, afã. Os judeus conheciam perfeitamente esta atitude frente à vida. O ensino dos grandes rabinos era que a atitude de todo crente para com a vida devia estar constituída principalmente por uma combinação de prudência e serenidade. Insistiam, por exemplo, em que todo homem devia ensinar um ofício a seus filhos homens, porque, conforme afirmavam, não lhes ensinar um ofício significava ensiná-los a roubar. Quer dizer, acreditavam que era necessário dar todos os passos recomendáveis para um desempenho prudente na vida. Mas, ao mesmo tempo, diziam: "Aquele que tem um pão em sua cesta e diz: 'O que comerei amanhã?' é um homem de pouca fé." A lição de JESUS era bem conhecida por seus concidadãos que se deve combinar a prudência, a antecipação e a serenidade em nossa atitude diante da vida.

 

A ANSIEDADE E COMO SE CURA Mateus 6:25-34

Nestes dez versículos JESUS apresenta sete argumentos contra a ansiedade.

(1) Começa assinalando (v. 25) que DEUS nos deu a vida, e que se tal foi a magnitude de seu dom, bem podemos confiar nEle com respeito às coisas menores.

Se DEUS nos deu a vida, certamente também nos dará o alimento que necessitamos para seu sustento. Se nos deu corpos, certamente podemos confiar que nos dá também roupa para que nos cubramos e abriguemos. Se alguém nos der um dom que não tem preço, podemos confiar que sua generosidade será sempre magnânima, que não será mesquinho nem surdo ante nossa necessidade. Portanto, o primeiro argumento é que se DEUS nos deu a vida, podemos confiar em que nos dará todas as coisas que necessitamos para sustentá-la.

(2) JESUS prossegue falando das aves (v. 26). Sua vida está desprovida de preocupação.

Nunca armazenam o que podem chegar a necessitar em um futuro imprevisível; e entretanto seguem vivendo. Mais de um rabino se sentiu fascinado ante o modo de vida dos animais. O Rabino Simeão disse: "Jamais em minha vida vi um cervo que tirasse figos, nem um leão que transportasse cargas, nem uma raposa que fosse comerciante, e entretanto todos eles se alimentam, sem afã algum. Se eles, que foram criados para me servir, vivem sem preocupações, quanto mais eu, que fui criado para servir a meu Criador, deveria viver sem trabalhar em excesso por meu alimento; mas eu corrompi minha vida, e desse modo, prejudiquei minha substância." JESUS não quer dar ênfase ao fato de que as aves não trabalham; no que insiste é em que estão desprovidos de afã ou de preocupações. Não se poderia encontrar nos animais esse afã do homem por vigiar um futuro que não pode ver; nem tampouco é característico deles acumular bens a fim de desfrutar de uma certa segurança para o futuro.

(3) No versículo 27 JESUS prossegue demonstrando que, de todos os modos, a preocupação é inútil. Este versículo pode interpretar-se de duas maneiras distintas. Pode significar que ninguém, por mais que se preocupe, pode aumentar de estatura. Mas a medida que JESUS usa como exemplo equivale a uns quarenta centímetros. Também pode significar, por outro lado, que por mais que nos preocupemos não podemos acrescentar nem um dia à nossa vida, e este significado é mais provável. De todos os modos, o que JESUS quer dizer é que a preocupação é inútil. Preocupar-nos ou não, não vai fazer a diferença e sim a fé em DEUS.

(4) JESUS prossegue referindo-se às flores (vs. 28-30). Os lírios do campo a que faz referência são provavelmente as papoulas e as anêmonas. Floresciam silvestres, durante um só dia, nas serranias da Palestina. E entretanto, durante tão breve vida estavam vestidas de uma beleza que ultrapassava a dos mantos reais. Quando morriam, não serviam para outra coisa que para ser queimadas. O forno que se usava nos lares palestinenses era feito de barro. Era uma espécie de cubo de barro que se colocava sobre o fogo. Quando se desejava elevar a temperatura desses fornos de modo rápido, adicionavam-se ao fogo molhos de ervas e flores silvestres secas e uma vez acesos eram postos dentro do forno. As flores do campo viviam um só dia, e depois somente serviam para ser queimadas e ajudar à mulher que queria assar algo e tinha pressa. E entretanto, JESUS as vestia de uma beleza que o homem, em seus melhores intentos, nem sequer pode imitar. Se DEUS outorga tanta beleza a uma flor, que somente viverá umas poucas horas, quanto mais faz a favor do homem? Certamente uma generosidade que é tão pródiga com uma flor de um dia, não deve esquecer do homem, que é a coroa de toda a criação.

(5) JESUS segue propondo um argumento fundamental contra a ansiedade. A ansiedade, diz Ele, é característica dos pagãos e não de quem conhece a DEUS tal qual Ele é (v. 32). A ansiedade é essencialmente desconfiança com respeito a DEUS. Tal desconfiança é compreensível em um pagão, que acredita em deuses egoístas, caprichosos e imprevisíveis, porém não se pode aceitar nos que aprenderam a chamar a DEUS com o nome de Pai. O cristão não pode trabalhar em excesso porque aprendeu a acreditar no amor de DEUS.

(6) JESUS prossegue sugerindo dois modos de derrotar a ansiedade. O primeiro é concentrar-se acima de tudo na busca do Reino de DEUS. Já vimos que procurar o Reino de DEUS e fazer a vontade de DEUS são a mesma coisa (Mateus 6:10). A aceitação da vontade divina, e o propósito de pô-la em ação em nossas vidas, é a primeira maneira de derrotar a preocupação. Sabemos muito bem, por nossa própria experiência, como um grande amor pode eliminar de nossa mente qualquer outro interesse e preocupação. Tal amor pode ser capaz de inspirar o trabalho, intensificar o estudo, purificar a vida, dominar a totalidade do ser. A convicção de JESUS é que quando DEUS se torna o poder dominante de nossas vidas desaparece toda ansiedade.

(7) Por último, JESUS afirma que a preocupação pode ser derrotada, aprendendo a arte de viver um dia de cada vez (V. 34). Os judeus tinham um dito que afirmava: "Não se preocupe com os males de amanhã, porque você não sabe o que lhe pode trazer no dia de hoje. Amanhã talvez você não esteja vivo, e então você terá ficado preocupado pelos males de um mundo que não lhe pertencerá." Se vivermos cada dia tal como se nos apresenta, se cumprirmos cada tarefa quando é o momento de fazê-lo, a soma de nossos dias será necessariamente boa. A recomendação de JESUS é que deveríamos enfrentar cada dia segundo suas próprias exigências, sem preocupar-se com um futuro que não somos capazes de prever e por coisas que provavelmente nem sequer aconteçam.

 

A INSENSATEZ DA ANSIEDADE Mateus 6:25-34

Vejamos, agora, se podemos sistematizar os argumentos de JESUS contra a ansiedade.

(1) A ansiedade é desnecessária, inútil e até nociva. Não pode afetar o passado, porque ninguém pode modificar o que ficou para trás. "O dedo que se move escreve e, tendo escrito, continua escrevendo; nem toda a sua piedade e imaginação seriam incapazes de convencê-lo a apagar sequer uma linha. Nem todas as suas lágrimas serão capazes de apagar sequer uma palavra." O passado passou. Isto não quer dizer que alguém deva desentender-se de seu passado, mas sim que deveria usá-lo como incentivo e guia para agir melhor no futuro, e não como objeto de uma ansiedade em que se atrasa até ficar totalmente imóvel e incapaz de agir. Do mesmo modo, é inútil trabalhar em excesso pelo futuro. Trabalhar em excesso pelo futuro é um esforço inútil, e o futuro real nunca é tão desastroso como o futuro de nossos temores. Mas a ansiedade é pior que inútil; muito frequentemente é direta e ativamente daninha. As enfermidades típicas da vida moderna são a úlcera no estômago, a trombose coronária, a ansiedade e a depressão e em muitos casos ambas procedem da excessiva preocupação. É um fato comprovado pela medicina que aqueles que riem mais, vivem mais. Também é comprovado que aqueles que oram mais, vivem muito mais e mais felizes. A ansiedade, que desgasta a mente, também desgasta o corpo, junto com ela. Afeta a capacidade de julgamento do homem, diminui seu poder de decisão e o torna progressivamente cada dia mais incapaz de enfrentar a vida. Que cada qual enfrente o melhor que possa cada situação – não pode fazer mais que isso – e deixe o resto a DEUS.

(2) A ansiedade é cega. Nega-se a aprender a lição que lhe oferece a natureza. JESUS nos pede que olhemos às aves, toda a maravilhosa abundância e riqueza que respalda a natureza, e que confiemos no amor que nos fala através dessa riqueza. A ansiedade se nega a aprender a lição que a História lhe oferece. Um salmista se alegrava recordando os acontecimentos da história de seu povo. "DEUS meu", exclama, “Sinto abatida dentro de mim a minha alma”, e prossegue dizendo: “Lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar.” (Salmo 42:5, 6, cf. com Deuteronômio 3:9). Quando tudo se fazia insuportável ele recebia conforto com a memória do que DEUS tinha feito. O homem que alimenta seu coração com a história do que DEUS tem feito no passado, nunca temerá pelo futuro. A ansiedade se nega a aprender a lição que a vida lhe ensina. Seguimos vivendo, e ainda não temos a soga ao pescoço; e entretanto, se alguém nos dissesse alguma vez que teríamos que passar os maus momentos que passamos, e superado, nós lhe diríamos que seria impossível. A lição da vida é que, de algum jeito, fomos capacitados para suportar o insuportável, e para ir mais à frente do ponto de fratura, sem nos fraturar. A lição da vida é que a ansiedade é desnecessária.

(3) A ansiedade é uma atitude essencialmente irreligiosa. Não é consequência de circunstâncias exteriores. Em uma mesma situação um pode sentir-se totalmente sereno e outro, em troca, morrer de preocupação. Tanto a preocupação como a paz provêm, não das circunstâncias exteriores, mas sim do coração. Um dia certo homem se encontrou com um mendigo. "DEUS lhe dê um bom dia, amigo", disse-lhe. "Dou graças a DEUS porque todos os meus dias foram bons", respondeu-lhe o mendigo; "nunca fui infeliz." Surpreso, o homem lhe perguntou: "O que você quer dizer?" "Quando faz bom tempo", disse o pobre homem, "dou graças a DEUS; quando chove, dou graças a DEUS; quando tenho abundância, dou graças a DEUS. E dou graças a DEUS quando passo fome. E desde que a vontade de DEUS é minha vontade, e tudo o que agrada a DEUS, agrada a mim também, por que teria que dizer que sou infeliz, quando em realidade não o sou?" Surpreso, o homem voltou a lhe perguntar: "Quem é você?" E o mendigo lhe respondeu: "Sou um rei." "Onde está seu reino?", perguntou. E o mendigo lhe respondeu, muito tranquilo: "Em meu coração." Isaías já o havia dito, muito tempo antes: "Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti" (Isaías 26:3). Como sustentava aquela mulher nórdica da história: "Sempre sou feliz, e meu segredo é navegar sempre pelos mares, mas deixar sempre meu coração no porto." É possível que haja pecados piores que a ansiedade, mas certamente nenhum é tão prejudicial, nenhum tão paralisante. "Não pensem no Amanhã com ansiedade", é o mandamento de JESUS, e este é o caminho que há que nos levar não somente à paz, mas também ao poder.

 

 

SUBSÍDIOS DA Lição 10, Nossa Segurança Vem de DEUS - CPAD - 2º TRIMESTRE 2022

 

SINÓPSE I - A Riqueza do Céu e a Riqueza da Terra não têm conciliação.

SINÓPSE II - A idolatria se caracteriza quando o dinheiro se torna o lugar do coração do ser humano.
SINÓPSE III - As preocupações com as coisas da Terra trazem diversos males e causam inquietude na alma.

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO TOP2
Não perca o Foco
“Se não tivermos cuidado, podemos acabar nos preocupando com problemas mundanos e perder o foco em DEUS. JESUS sabia o quanto isso nos seria tentador, por isso, em seu maior sermão registrado, ele se assegurou de que seus seguidores soubessem que deveriam determinar as prioridades apropriadas. A vida é muito atarefada para a maioria de nós! Se você tem as preocupações adicionais de cuidar de outra pessoa com uma doença ou deficiência permanente, a vida pode se tornar quase um borrão. Muitas vezes, é difícil manter a perspectiva, manter as prioridades e manter o foco nas coisas que realmente importam.
JESUS quer que seus discípulos de então e de agora saibam que temos uma vantagem sobre nossos amigos e conhecidos que não têm vida espiritual: um relacionamento com DEUS através de JESUS. Ele quer que saibamos que podemos manter o foco onde deve estar – em DEUS. A vantagem que temos é que nosso Pai celestial já conhece nossas necessidades (6.32). Por causa disso, os seguidores de CRISTO podem transferir seus fardos para o Pai celestial, que já está ciente de tudo e pronto para ajudar. Sim, roupa, abrigo e comida são necessidades da vida, mas essas coisas não precisam ser nosso foco principal, porque temos um Pai celestial que nos ajudará com isso” (Bíblia Além do Sofrimento. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.1415).

 

 

AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP2
Não andeis cuidadosos
“‘Andar cuidadoso’ [Mt 6.25] é merimnao, estar ansioso, distraído pelos medos. Em um segundo sentido pode significar simplesmente preocupar-se. A vida é psuche, uma palavra que reflete o significado da hebraica nephish e chama a atenção para nossa natureza como seres que vivem no mundo material. Como existimos em corpos, precisamos de comida, bebida e abrigo, para mantermos a vida biológica.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, publicado pela CPAD, pp.33).

 


AUXÍLIO VIDA CRISTÃ TOP3
Para o nosso Bem
“Nosso foco principal como crentes é viver para CRISTO e tornar sua prioridade (o Reino de DEUS) a nossa também. Quando assim fazemos, a vida em todas as suas ocupações pode ser vivida para a glória de DEUS, o que resulta em nosso bem. Quando a vida fica difícil e até dolorosa, roupas e alimentos não são sufi cientes, mas o nosso Pai celestial está sempre pronto para ajudar em nosso tempo de necessidade (Sl 46.1)” (Bíblia Além do Sofrimento. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.1415).

 

 

PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Não podemos colocar a nossa confiança nos bens materiais. A nossa confiança deve estar em DEUS. O DEUS Todo-Poderoso não concorre com nenhuma outra divindade. Portanto, Ele deve ser o único Senhor do nosso coração.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Contrastar a Riqueza do Céu com a Riqueza da Terra; II) Descrever a Idolatria ao Dinheiro; III) Demonstrar a Quietude Espiritual em DEUS.
B) Motivação: Uma das marcas dos tempos atuais é a ansiedade. A inquietude está presente em todas as esferas do ser humano. Nesse sentido, compreender a riqueza do Céu frente a da Terra é a base para viver a quietude espiritual.
C) Sugestão de Método: Para introduzir a lição de hoje, use imagens de revistas, ou de internet, que mostre uma pessoa estressada ou inquieta, ou ainda assoberbada com as tarefas; mostre também uma imagem em que a pessoa esteja num ambiente de ordem e, por isso, mais tranquila e quieta. Assim, introduza o assunto da presente lição, dizendo que quanto mais apegado às coisas da terra, mais inquieta e ansiosa a alma estará.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Incentive os alunos a terem equilíbrio na vida. O ensino de hoje nada tem a ver com não ter responsabilidade com nossas tarefas. Pelo contrário, viver a quietude em CRISTO significa se tornar mais sábio para solucionar as questões difíceis que se colocam diante de nós.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na edição 89, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final dos tópicos, você encontrará dois auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Não perca o Foco", localizado ao final do primeiro tópico, é uma reflexão sobre manter o foco em DEUS; 2) O texto "Para o nosso Bem", localizado ao final do segundo tópico, traz é uma reflexão a respeito do cuidado que DEUS tem conosco mesmo nos momentos difíceis.


REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que significa a palavra “Mamom”? Mamom designa dinheiro e cobiça.
2. O que Satanás ofereceu a JESUS quando o tentou? Umas das tentações de Satanás, quando o Senhor JESUS passou pelo processo de tentação (Mt 4. 1-11), foi o oferecimento dos reinos deste mundo (Mt 4.9).
3. Segundo a lição, o que ocorre se nossos corações não forem purificados pelo sangue de JESUS? Nossos corações não podem estar apegados às coisas deste mundo.
4. Como os escribas e fariseus viam as riquezas? Eles davam muita ênfase aos bens materiais e viam as riquezas como uma amostra da aprovação divina.
5. Onde o crente deve ajuntar tesouros? Segundo JESUS, o crente deve ajuntar tesouros no céu “onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam e nem roubam” (v. 20).


VOCABULÁRIO
Efêmero: que é passageiro, temporário, transitório.