Escrita Lição 3, A Inerrância da Bíblia, 1tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

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Lição 3, A Inerrância da Bíblia
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos
Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão, Brasília, DF)
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique


Lição 3, A Inerrância da Bíblia
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao9-dlld-ainerranciadabiblia.htm (ajuda)
 
 
   TEXTO ÁUREO
“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.” (Mt 5.18)
 
VERDADE PRÁTICA
A doutrina segundo a qual a Bíblia não contém erro algum denomina-se “Inerrância das Escrituras”. Por isso podemos confiar em sua mensagem que é incorruptível.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 1035 A Palavra de DEUS não pode ser anulada
Terça - S1119.160 As Escrituras Sagradas atestam a verdade divina
Quarta - Jo 14.17 O ESPÍRITO SANTO manteve a revelação divina incorruptível
Quinta - Jo 17.17 A Palavra de DEUS é a verdade que santifica
Sexta - Mt 5-17,18 A Palavra de DEUS possui suprema autoridade na vida do cristão
 Sábado - Si 12.6 A Bíblia é divinamente infalível em toda a matéria que aborda 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 5.17-21; Hebreus 10.15-17
Mateus 5 17 - Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. 18- Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. 19 - Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20- Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus. 21 - Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.
Hebreus 10 15 - E também o ESPÍRITO SANTO no-lo testifica, porque depois de haver dito: 16 - Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: 17 - E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.
 
 
Resumo da Lição 3, A Inerrância da Bíblia
I - O QUE É A INERRÂNCIA DA BÍBLIA
1.O conceito de inerrância bíblica.
2. A Bíblia reivindica a sua inerrância.
3. A infalibilidade e a inerrância da Bíblia.
II - O ESPÍRITO SANTO PRESERVOU AS ESCRITURAS
1. Os manuscritos autógrafos.
2. Os manuscritos apógrafos.
3. Os apócrifos e pseudoepígrafos.
III- A VERDADE NAS ESCRITURAS
1. A Bíblia é a verdade plena.
2. A verdade espiritual e moral.
3. A verdade histórica e científica.
 
 
Lição 3, A Inerrância da Bíblia - Subsídios para as Lições Bíblicas Adultos do 1º Trimestre de 2022 - Extraído da Revista Ensinador Cristão Nº 88
A bússola é um instrumento que serve como orientação geográfica, pois ela determina as posições horizontais. Ela dá o norte, a meta, a direção a seguir. Para o caminho do céu, a Bíblia cumpre o mesmo papel. Ela dita o norte, meta e direção que devemos tomar. Sem a Bíblia, podemos falsear ou tomar atalhos por caminhos sedutores. Por isso, há um aspecto das Sagradas Escrituras não pode ser negociado: sua inerrância.
Inerrância: é preciso sair da zona de conforto
Muitos estão acostumados em estudar a Bíblia de maneira crítica com base em fundamentos teóricos das ciências humanas e, por isso, afirmar a inerrância bíblica é sair da zona de conforto. Infelizmente, encontramos na tradição cristã pessoas que negam o caráter inerrante das Sagradas Letras. Entretanto, quando estudamos a Bíblia devemos fazer isso numa perspectiva positiva, afirmando convictos de que ela é a nossa única fonte de autoridade para determinar qualquer assunto de fé e prática. A nossa confiança está numa “bússola” que nos leva aos lugares seguros. O nosso Senhor disse que há somente duas portas: a estreita e o larga (Mt 7.13,14). A estreita nos leva para a salvação (Mt 7.13) e a larga para a perdição (Mt 7.14). A Bíblia é o livro que nos leva pelo caminho estreito, mas que, com a sua autoridade, inerrância e infalibilidade, chegaremos ao porto seguro (Pv 10.9).
O que é Inerrância?
Com inerrância queremos afirmar que a Bíblia não possui erro a respeito de tudo o que diz. Ela é verdadeira em todos os temas que lhe perpassam: doutrinários, espirituais, culturais, científicos etc. Como veremos à frente, embora seja possível encontrar gêneros literários na Bíblia, a Palavra de DEUS nunca pretendeu ser uma peça literária, em que não há realidade concreta no texto. Seja a poesia presente, bem como a sua prosa, o que se pretende é revelar o que é verdadeiro e real dentro da história. Por isso ela é inerrante e infalível. Nesse sentido, podemos incentivar os nossos alunos a entregarem-se ao conselho da Bíblia, a Palavra de DEUS, e de coração aberto. Só podemos depositar a nossa confiança no que é seguro e livre de erros. Por isso, depositamos a nossa confiança na Bíblia, pois por meio dela DEUS fala conosco. Ela é a inspirada, inerrante e infalível Palavra de DEUS para a vida.
 
 
Também escreveu ali em pedras uma cópia da lei de Moisés, que já tinha escrito diante dos filhos de Israel. Josué 8:32
 
 
A INERRÂNCIA DA BÍBLIA SAGRADA - Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD
Em sua apologia sobre a inerrância da Bíblia, John Wesley é incisivo e direto: “Se há algum erro na Bíblia, então pode haver mil erros”. Por isso, conclui: “Se há uma falsidade sequer naquele Livro, ele não proveio da verdade”. Como discor­dar de um artigo de fé tão cristalino e lógico? Sem esta doutrina, o cristianismo seria impossível; suas verdades, tendo como base a Bíblia Sagrada, exigem seja esta não apenas divinamente inspirada, mas de igual modo infalível, completa e inerrante.
Por conseguinte, se não aceitarmos integralmente a inerrância das Sagradas Escrituras, todo o arcabouço doutrinário da religião fundada por JESUS de Na­zaré haverá de desaparecer. Se primarmos, no entanto, pela ortodoxia bíblica e teológica, não há por que temer aqueles que, embora se autodenominem liberais, revelam-se intolerantes e impiedosos em sua abordagem ao fundamentalismo evangélico. Sob o manto do liberalismo, exibem-se agressivos e inquisitoriais; a maioria nem mesmo aceita o debate acadêmico.
Afinal, o que é a inerrância bíblica? Por que ela é tão importante para a nossa fé? E por que sem essa doutrina as Sagradas Escrituras perdem toda a razão de ser?
Definição. A melhor maneira de se compreender uma doutrina é buscar-lhe uma definição adequada. Sua conceituação, a partir daí, torna-se mais fácil e não pecará pela falta de clareza e objetividade. Vejamos, pois, de que forma haveremos de definir a doutrina da inerrância bíblica.
Definição etimológica. A palavra “inerrância” vem do vocábulo latino inerrantia e significa, literalmente, “qualidade daquilo que não tem erro; infalível”.
Definição teológica. A inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual as Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros, por serem a inspira­da, infalível e completa Palavra de DEUS. A Bíblia é inerrante tanto nas informações que nos transmite como nos propósitos que expõe e nas reivindicações que apresenta. Sua inerrância é plena e absoluta. Isenta de erros doutrinários, culturais e científicos, inspira-nos ela confiança plena em seu conteúdo.
Neste sentido, a doutrina da inerrância bíblica pode ser compreendida, também, como sinônimo de infalibilidade.
O teólogo pentecostal John R. Higgms assim define a doutrina da inerrância das Sagradas Escrituras:
Embora os termos “infalibilidade” e “inerrância” tenham sido, historicamente, quase que sinônimos do ponto de vista da doutrina cristã, muitos evangélicos têm preferido ora um termo, ora outro. Alguns preferem “inerrância” para se distinguirem dos que sustentam poder a “infalibilidade” referir-se à veracidade da mensagem da Bíblia, sem necessariamente indicar que a Bíblia não contém erros. Outros preferem “infalibilidade” a fim de evitar possíveis mal entendimentos em virtude de uma definição demasiadamente limitada da “inerrância”. Atualmente, o termo “inerrância” parece estar mais em voga que “infalibilidade”.
Inerrância, o grande debate teológico do século XX. Foi exatamente em torno da iner­rância bíblica que girou a maior controvérsia teológica do Século XX. Até então, tinha-se como pressuposto básico que a Bíblia, como a inspirada Palavra de DEUS, era absolutamente inerrante tanto no que concerne à doutrina como no que tange às informações geográficas, históricas e científicas. Nenhum teólogo cristão ousava colocar em dúvida a inerrância da Palavra de DEUS.
Se, na comunidade cristã, quer católica, quer protestante, ninguém se atrevia a questionar a inerrância das Sagradas Escrituras, os filósofos seculares vinham, desde o iluminismo, lançando não poucas dúvidas sobre a integridade da doutrina e das informações contidas na Bíblia.
Toda essa discussão veio a se acirrar com a chamada teologia liberal, que
conquanto nascida no Século XVIII — veio a ganhar corpo no século passado. De repente, o que parecia inconcebível já era discutido abertamente no mundo acadêmico: ‘Afinal, a Bíblia é ou não é a inerrante Palavra de DEUS?” Se a inerrância era posta em dúvida, por que ficaria intocada a sua inspiração verbal e plenária?
Semelhante controvérsia levou a ortodoxia cristã a se reunir para apresentar uma apologia da inerrância e da inspiração sobrenatural da Bíblia Sagrada. E desse debate resultou um documento conhecido como a Declaração de Chicago.
A Declaração de Chicago. Em 1978, eruditos de várias confissões cristãs se reuniram na cidade norte-americana de Chicago, a fim de discutir a inspiração sobrenatural da Bíblia e a sua consequente inerrância. Findos os trabalhos, os participantes do encontro publicaram uma declaração, realçando a ortodoxia dos princípios teológicos acerca da Bíblia Sagrada.
A Declaração de Chicago sobre a inerrância Bíblica, entre outras coisas, afirma:
A autoridade das Escrituras é a chave para a igreja cristã em todos os séculos.
Aqueles que professam a sua fé em JESUS CRISTO como o seu Salvador e Senhor são intimados a mostrar a realidade de seu discipulado através da humildade e da obediente fidelidade à Palavra escrita de DEUS. Rejeitar as Escrituras como a nossa regra de fé e conduta constitui-se em deslealdade para com o nosso Mestre.
O reconhecimento inquestionável e irrestrito das Sagradas Escrituras é essencial para a completa compreensão e confissão de sua autoridade.
Os cinco primeiros artigos da Declaração de Chicago sintetizam a fé ortodoxa concernente à inerrância da Bíblia Sagrada:
Z. DEUS, sendo Ele a própria verdade por falar somente a verdade, inspirou as Sagradas Escrituras, para que, através delas, revelasse a si mesmo à humanidade caída, por inter­médio de JESUS CRISTO, como o Criador; Senhor; Redentor e Juiz. As Sagradas Escrituras, portanto, testificam do próprio DEUS.
As Sagradas Escrituras, sendo a própria Palavra de DEUS, escritas por homens devidamente preparados, inspirados e superintendidos pelo ESPÍRITO SANTO, são divinamente infalíveis em todas as matérias de que tratam. Por conseguinte, devem elas ser cridas, como a instrução de DEUS, em tudo o que afirmam; obedecidas, como mandamento de DEUS, em tudo o que demandam; recebidas, como garantia de DEUS, em tudo o que prometem.
O ESPÍRITO SANTO, como o autor das Escrituras, tanto autentica o seu testemunho interno como nos abre a mente para entendê-las.
Sendo total e primariamente dadas pelo próprio DEUS, as Escrituras estão isentas de erros nem se acham equivocadas quanto a todos os seus ensinos, nem quanto às suas declarações sobre os atos de DEUS na criação, os eventos da história mundial e acerca de sua própria origem literal sob a inspiração divina e também quanto às declarações de DEUS com respeito à salvação individual dos seres humanos pela graça manifestada em CRISTO JESUS.
A autoridade das Escrituras será fatalmente enfraquecida se a sua absoluta inerrância for, de alguma forma, menosprezada ou negligenciada, ou vier a ligar-se a uma visão da verdade contrária à própria Bíblia. Tais desvios trariam irreparáveis perdas tanto para os crentes em particular quanto para a igreja de CRISTO como um todo.
O artigo XIII da Declaração de Chicago é mais do que incisivo: “Declaram que a Bíblia, em sua totalidade, é inerrante, estando, por conseguinte, isenta c toda falsidade, fraude ou engano”.
A coerência da inerrância. A doutrina da inerrância da Bíblia Sagrada não é inerente nem fere a razão, embora esteja muito acima desta; a inerrância bíblica razoável e crível; não precisa ser aceita de forma cega e mística: comporta os maduros questionamentos justamente por ser absoluta e inquestionável. Ela não fere a legitimidade de nenhum ramo do verdadeiro saber humano, que, sendo outorgado por DEUS, jamais contrariará o saber divino.
Em relação à filosofia. A Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante P; lavra de DEUS, não vai de encontro à verdadeira filosofia. Acha-se, porém infinitamente acima desta. Se a segunda se limita a levantar os problemas d vida, a primeira é a sua solução. E se a filosofia se limita a especular acerca da realidade última das coisas, a Escritura desvenda-nos o próprio Deu como o nosso supremo bem, revelando-nos o caminho a seguir.
Em relação à ciência. Não contém a Bíblia quaisquer erros científicos. Por conseguinte, quando um homem de ciências a acusa de incoerência científica, duas coisas podem estar acontecendo: o cientista, deixando o campo da experimentação, põe-se a palmilhar levianamente o terreno movediço d, especulação. Se assim for, não temos um cientista, mas um confuso filosofe Pois não são poucas as matérias que, tidas como científicas, na verdade não passam de mitos e fantasias. Haja vista a teoria da evolução. Aliás, se é teoria como pode arrogar-se como ciência, se até hoje não foi comprovada?
Entre a ciência e a filosofia, há uma fronteira mui tênue que pode ser cruzada sem que o cientista o perceba e sem que o filósofo disso se dê conta, Francis Bacon, por exemplo, embora filósofo, traçou o caminho a ser trilhado pela ciência moderna. E o discurso do método de Descartes?
Portanto, a ciência não tem a necessária autoridade para julgar a Bíblia Sagrada Pois se esta é a Palavra revelada daquele que tudo fez, como se haverá aquela com as suas especulações? Não é a ciência que deve julgar a Bíblia; esta é que tem de julgar aquela. Aliás, nenhuma autoridade humana, por mais culta e sábia, detém direito de submeter as Escrituras aos seus crivos. Porque a Palavra de DEUS julga todas as coisas, discernindo-nos claramente tudo o que existe no Universo.
A inerrância bíblica é aceita como algo plenamente crível e coerente pela verdadeira ciência.
Em relação à arqueologia. A arqueologia vem sendo largamente utilizada para realçar quão firme é a doutrina da inerrância bíblica. Levemos em conta, porém, que ela, devido às suas limitações, nem sempre consegue reunir as evidências exigidas pelos céticos acerca dos eventos bíblicos. Jamais encontraremos, por exemplo, a arca da aliança (Jr 3.16), o Tabernáculo ou os castiçais que estavam no santo Templo. Além do mais, a História da Salvação, independentemente dos achados arqueológicos, exige ser aceita pela fé.
Imaginemos se a arca da aliança fosse encontrada. Transformar-se-ia logo tal evidência em relíquia e seria mais nociva à Bíblia Sagrada do que a falta de evidências quanto à sua inspiração divina e inerrância.
Uma questão de fé e de bom senso. Diante do exposto, convenhamos: a doutrina da inerrância das Sagradas Escrituras é perfeitamente razoável. Ê lógica e coerente. Acha-se em perfeita consonância com o bom senso, conquanto se encontre bem acima deste. E também uma questão de fé. Se alguém a rejeita, demonstra não possuir qualquer senso lógico.
A inerrância bíblica é absoluta. Não existe meia inerrância. Ou a Bíblia é a inerrante Palavra de DEUS ou é a errante e falível palavra do homem. O pensador Charles Colson afirmou, de forma categórica, que podemos aceitar integralmente a Bíblia; nela não há erros nem contradições. Mais adiante, conclui:
A Bíblia é historicamente precisa. As evidências refutaram muitas objeções feitas pelos críticos. Temos todas as razões para acreditar na exatidão dos textos do Novo Testamento.
Muitos dos homens que o escreveram eram hebreus, e os estudiosos concordam que os hebreus eram meticulosos, e suas transcrições, precisas.
O testemunho do Antigo Testamento. Lendo a Bíblia com sinceridade e singeleza de coração, convencemo-nos, de imediato: ela é, de fato, a inspirada e inerrante Palavra de DEUS. Suas reivindicações quanto à própria inerrância são irrespondíveis.
0 exórdio profético: “Assim diz o Senhor”. Através dessa fórmula clás­sica, os profetas de Jeová apresentavam-se a Israel como mensageiros do DEUS de Abraão, Isaque e Jacó (Ex 4.22; Is 30.15; Jr 6.16). Ao mesmo tempo, demonstravam: a Palavra que anunciavam não era propriamente sua; era do Senhor e, como tal, não continha qualquer erro.
Atesta-nos o apóstolo Pedro:
E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de DEUS falaram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO.
A Palavra de DEUS é reta. Quando o salmista asseverou ser reta a Palavra do Senhor, quis ele deixar bem claro que nela inexistiam erros ou ilogicidades. Logo, ela é plena e absolutamente confiável: “Porque a palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis” (SI 33.4).
O que levou o salmista a se expressar dessa forma? Sabia ele muito bem que DEUS está presente em toda a sua Palavra. E o que professa Donald Grey Barnhouse: “O caminho mais curto para se entender a Bíblia é aceitar o fato de que DEUS está falando em cada linha”.
A Palavra de DEUS é pura. “Toda palavra de DEUS é pura; escudo é para os que confiam nele” (Pv 30.5). Por que fez o sábio semelhante assertiva? Ele confiava na inerrância das Sagradas Escrituras. Ao afirmar serem estas puras, estava reafirmando: elas não comportavam nenhum erro; são a mais alta expressão da verdade.
Pode o Autor divino cometer erros comezinhos quanto à geografia, cultura e etnografia? O pastor e teólogo inglês Matthew Henry testemunha acerca da inerrância absoluta da Bíblia: “As palavras das Escrituras devem ser consideradas palavras do ESPÍRITO SANTO”.
A Palavra de DEUS é eterna. Há documentos mais antigos que a Bíblia? Sua errância, entretanto, tornou-os de tal forma obsoletos e desatualizados que, hoje, somente são usados como peças paleográficas. Haja vista o Código de Hamurahi. Concernente à Bíblia, é a eterna contemporânea de todas as gera­ções. Na verdade, livros há que, embora vindos à luz depois das Escrituras, fizeram-se logo desatualizados; alguns não foram além da primeira edição.
Mas a Palavra de DEUS é eterna. Edith Deen escreveu: “A Bíblia jamais enve­lhece”. Diante de sua perenidade, cantou o profeta Isaías: “Seca-se a erva, e caem as flores, mas a palavra de nosso DEUS subsiste eternamente” (Is 40.8).
Os escritores do Novo Testamento. Os autores do Novo Testamento asseveram a completa inerrância da Bíblia. Estes, que também escreveram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO e de forma inerrante, atestam a infalibilidade das Sagradas Es­crituras? do Antigo Testamento. Para denotar a inspiração sobrenatural e infalível da Palavra de DEUS, usam os apóstolos várias expressões chave.
Gegraptai. Esta alocução significa, literalmente, “está escrito” (Rm 9.13). Warfield desta forma comenta a força dessa expressão: “Tudo o que for escrito como gegraptai tem caráter normativo porque é garantido pelo poder inescapável de Javé, Rei e Legislador”.
Teologia. “Os oráculos de DEUS”. Em Romanos 3.2, lemos: “Aos judeus foram confiados os oráculos de DEUS”. O comentário a seguir é de Edwim A. Blum: “A interpretação mais adequada do texto de Romanos 3.2 remete a todo o Antigo Testamento, e não a passagens específicas dele”.
Graphe. Este vocábulo é usado no Novo Testamento, quer no singular, quer no plural, mais de cinquenta vezes. Shrenk dessa maneira discorre acerca dessa palavra: “De acordo com a concepção judaica tardia, a Escritura tem importância normativa, possui autoridade e é sagrada. Sua validade é permanente e incontestável”.
Ressaltamos que a Bíblia atesta a sua inerrância não somente quanto ao Antigo Testamento, mas, igualmente, quanto ao Testamento Novo (2 Pe 3.14-18; I Co 11.23; 14.37). Na Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, deixa o apóstolo bem patente que toda a Escritura é inspirada: “Toda a Escritura é inspirada por DEUS...” (2 Tm 3.16, ARA).
O testemunho interno quanto à inerrância da Bíblia. Além de todos os testemunhos arrolados, há que se levar em conta, de igual forma, o testemunho interior do ESPÍRITO SANTO. Lendo as Sagradas Escrituras, sentimos que estamos diante da inspirada e inerrante Palavra de DEUS. Aliás, esta foi uma das maiores divisas da Reforma Protestante: Testimonium Spiritus Sancti internum.
Há uma passagem no Evangelho de Lucas que ilustra de modo surpreendente essa evidência. Refiro-me aos discípulos no caminho de Emaús. Ouvindo o Senhor JESUS discorrer-lhes sobre as passagens messiânicas do Antigo Testamento, um deles expressou o que ambos naquele momento sentiam: “Porventura, não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24.32). O que é isso senão uma evidência do testemunho interno do ESPÍRITO SANTO?
Testemunhos externos. Os mais conceituados teólogos aceitam, defendem e proclamam a inerrância da Bíblia Sagrada como a infalível Palavra de DEUS. Têm-na como uma das colunas do cristianismo; sem ela, a nossa fé não teria qualquer razão de ser.
Tomás de Aquino é incisivo quanto a essa verdade: “Em parte alguma pode haver falsidade no sentido literal das Escrituras Sagradas”.
Agostinho também é contundente: “Creio firmemente que nenhum da­queles autores errou em qualquer aspecto quando escreveu”.
Martinho Lutero mostrou-se firme quanto à inerrância bíblica: “Aprendi a atribuir infalibilidade apenas aos livros chamados canônicos, de forma que creio confiantemente que nenhum de seus autores cometeu erros .
Charles Spurgeon, como príncipe dos pregadores, enuncia: “DEUS escreve com uma pena que nunca borra, fala com uma língua que nunca erra, age com uma mão que nunca falha”.
 
 
OS MANUSCRITOS DA BÍBLIA  - Bíblia Através dos Séculos - Pr Antônio Gilberto - CPAD
A história da Bíblia e como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos.
Manuscritos são rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi preservado e transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a palavra manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou MSs. Há, em nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre os séculos II e XV. a. Material gráfico dos MSS bíblicos.
Há dois materiais principais: papiro e pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente matéria.)
O linho era usado também, mas não tanto como os dois citados.
O centro da indústria de papiro era o Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000 a.C.
O papiro é um tipo de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de 3 a 5 metros de altura, com 5 a 7 centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em forma de guarda-chuva. As dimensões da folha de papiro preparada para a escrita eram normalmente 30 cm a 3 m de comprimento por 30 cm de largura. Essas folhas eram formadas por tiras cortadas da planta, sobrepostas cruzadas, coladas, prensadas e depois polidas. Eram escritas de um lado, apenas. Tinham cor amarelada. À folha do papiro assim preparada, os gregos chamavam biblos. Pergaminho é a pele de animais curtida e preparada para a escrita; seu uso generalizado vem dos primórdios do cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois já é mencionado em Isaías 34.4.
O pergaminho preparado de modo especial chamava-se velo. Este tornou-se comum a partir do século IV. É mais durável. Foi muito usado nos códices. Tudo indica que o vocábulo pergaminho derivou seu nome da cidade de Pérgamo, capital de um riquíssimo reino que ocupou grande parte da Ásia Menor, sendo Eumenes II (197-159 d.C), seu maior rei. Esse rei projetou formar para si uma biblioteca maior que a de Alexandria, Egito. O rei do Egito, por inveja, proibiu a exportação do papiro, obrigando Eumenes a recorrer a outro material gráfico. Tal fato motivou o surgimento de um novo método de preparar peles, muito aperfeiçoado, que resultou no pergaminho. Vindo o domínio romano, Pérgamo veio a ser a primeira capital da província da Ásia, situada ao oeste da Ásia Menor; sua segunda capital foi Éfeso. O Novo Testamento menciona esse material gráfico em 2 Timóteo 4.13 e Apocalipse 6.14.
Outros materiais foram usados para a escrita nos tempos antigos, mas de menor importância, como: 
• Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueológicas. 
• Ostraco, fragmento de cerâmica. É mencionado em Jó 38.14; Ezequiel 4.1. Foi muito usado em Babilônia. • Madeira. • Pedra (Êx 24.12; Js 8.30-32). • Tábuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).
Um exemplo do emprego desses materiais é o livro escrito em pedra, conhecido como Código Hamurabi. Trata-se de um rei de Babilônia coevo de Abraão. É identificado pelos cientistas como o Anrafel de Gênesis 14.1. É um código de leis descoberto em Susã, em 1902, lindamente trabalhado em pedra, com 2 m de altura. Esse livro é testemunha de que aquele tempo o homem atingira uma capacidade literária notável. O código trata do culto nos templos (pagãos, é claro), administração da justiça e leis em geral. Vimos esse código no Museu do Louvre, Paris. A tinta usada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância líquida semelhante a goma arábica. (Ver Jeremias 36.18; Ezequiel 9.2; 2 Coríntios 3.3; 2 João 12; 3 João 13.) 0 carvão é um elemento que se conserva admiravelmente através dos séculos, não sendo afetado por substâncias químicas. Para a escrita em papiro ou pergaminho, usavam penas de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para a cera usavam um estilete de metal (Is 30.8).
 
Cuidado redobrado havia com a escrita dos livros sagrados. Devemos ser sumamente agradecidos aos judeus por seu cuidado extremo na preparação e preservação dos manuscritos do Antigo Testamento. Aqui estão algumas regras que eles exigiam de cada escriba. O pergaminho tinha de ser preparado de peles de animais limpos, preparado somente por judeus, sendo as folhas unidas por fios feitos de peles de animais limpos. A tinta era especialmente preparada. O escriba não podia escrever uma só palavra de memória. Tinha de pronunciar bem alto cada palavra antes de escrevê-la. Tinha de limpar a pena com muita reverência antes de escrever o nome de Deus. As letras e palavras eram contadas. Um erro numa folha, inutilizava-a. Três erros numa folha, inutilizavam todo o rolo.
b. O formato dos MSS Quanto ao formato, os MSS podem ser códices ou rolos.
Códice é um MS em formato de livro, feito de pergaminho. As folhas têm normalmente 65 cm de altura por 55 de largura. Este tipo de MS começou a ser usado no Século II. O rolo podia ser de papiro ou pergaminho. Era preso a dois cabos de madeira, para facilitar o manuseio durante a leitura. Era enrolado da direita para a esquerda. Sua extensão dependia da escrita a ser feita. Portanto, antigamente não era fácil conduzir pessoalmente os 66 livros como fazemos hoje c. A caligrafia dos MSS. Há dois tipos de caligrafia ou forma gráfica nos MSS bíblicos, o que os divide em unciais e cursivos. Uncial é o MS de letras maiúsculas e sem separação entre as palavras. Cursivo é o de letras minúsculas, tendo espaço entre as palavras. Tal diferença na forma gráfica deu-se no século X. Palimpsesto é um MS reescrito, isto é, a escrita primitiva era raspada e novo texto escrito por cima. Isso ocorria devido ao alto preço do pergaminho. Inutilizava-se assim uma escrita para se usar o mesmo material. Os manuscritos originais também não tinham sinais de pontuação. Estes foram introduzidos na arte de escrever em época recente. É claro, pois, que a pontuação moderna não é inspirada, e por isso não dá, às vezes, sentido às palavras do original. d. MSS originais da Bíblia. MSS originais saídos das mãos dos escritores não há nenhum conhecido. É provável que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor. Lembremos a adoração da serpente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4) e da cruz de Cristo e da virgem Maria, pelos católico romanos; e o caso de João querer adorar o mensageiro celestial (Ap 22.8,9).
 
A falta de MSS originais provém do seguinte:
 
1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer outra coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.
 
2) Os reis idolatras e ímpios de Israel podem ter destruído muitos, ou contribuído para isso. (Veja o episódio de Jeremias 36.20-26.)
 
3) O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante seu reinado.
Foi extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar torturas. Decidiu exterminar a religião judaica. Assolou Jerusalém em 168, profanou o templo e destruiu todas as cópias que achou das Sagradas Escrituras.
 
4) Nos dias do feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos cristãos destruíram quantas cópias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano mandou vasculhar o Império para destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse destruído tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitória". A literatura judaica diz que a missão da Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi reunir e preservar os MSS originais do AT, e que os MSS de que se serviram os setenta, foram esses preservados pela Grande Sinagoga, que encerrou o cânon do AT. e. MSS existentes mais antigos e mais importantes
 
 
1) MSS do AT em hebraico.
Até a descoberta dos MSS do mar Morto, em 1947, os mais antigos MSS do AT hebraico eram:
• Códice dos primeiros e últimos profetas. Está na Sinagoga Caraíta, do Cairo. Foi escrito em Tiberíades, em 895 d.C, por Moses Ben Asher, erudito judeu de renome. (Caraítas são os judeus que rejeitam a doutrina ortodoxa dos rabinos e reclamam liberdade na interpretação da Bíblia.) Contém os primeiros profetas, segundo a organização do cânon hebraico do AT: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Contém também os últimos profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os Doze.
• Códice do Pentateuco. Escrito cerca de 900 d.C, está no Museu Britânico, sob número 4445. Foi escrito por um filho de Moses Ben Asher: Arão.
• Códice Petrogradiano. Escrito em 916 d.C. Contém apenas os últimos Profetas. Veio da Criméia. Está na biblioteca de Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o nome.
• Códice Aleppo. Contém todo o texto do Antigo Testamento. Copiado por Shelomo Ben Bayaa. Seus sinais vocálicos foram colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930 d.C. Foi contrabandeado em anos recentes da Síria para Israel. Será utilizado como base da nova Bíblia Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de Jerusalém.
• Códice 19 A. Está na biblioteca de Leningrado (Rússia). Data: 1008 d.C. O original foi escrito por Moses Ben Asher, cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no Cairo, por Samuel Ben Jacob. Quando a Rússia o adquiriu, o comunismo ainda não dominava ali. Este é o mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto é, mais antigo datado.)
• O rolo de Isaías, mar Morto, 1947. Nos rolos descobertos, nas proximidades do mar Morto, em 1947, foi encontrado um MS de Isaías, em hebraico, do ano 100 a.C, isto é, 1.000 anos mais velho que o mais antigo MS até então existente. Uma vez que o texto de tal rolo concorda com o das nossas Bíblias atuais, temos nisso uma prova singular da autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo de Isaías tem agora mais de 2.000 anos de existência! 2) MSS do Antigo e Novo Testamento em grego. É digno de nota que os MSS mais antigos da Bíblia estão em grego. Esses manuscritos não são originais, são cópias. Os originais saídos das mãos dos escritores, perderam-se. Pela ordem cronológica, vamos citar os mais antigos MSS existentes da Bíblia em grego:
• Códice Vaticano ou "B". Pertence à biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O AT é cópia da Septuaginta. Contém os apócrifos em separado. Essa biblioteca foi fundada em 1488, e no seu primeiro catálogo, publicado em 1475, aparece esse MS. Ê uncial.
• O Códice Sinaítico ou "Álefe". Pertence ao Museu Britânico. Data: 340 d.C. Foi descoberto pelo erudito cristão Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa Catarina, no sopé do Monte Sinai. A história de sua aquisição é muito impressionante. Foi o Czar da Rússia que o adquiriu, em 1899. O Governo inglês comprou-o dos russos, em 1933, por 100.000 libras esterlinas, equivalentes então a 510.000 dólares. Um dos livros mais caros do mundo. É uncial.
• Códice Alexandrino ou "A". Pertence ao Museu Britânico. Data: 425 d.C. Tem este nome porque foi escrito em Alexandria e também pertenceu à sua biblioteca. Em 1621, foi levado a Constantinopla por Cirilo Lúcar, patriarca de Alexandria. Em 1624, Cirilo presenteou-o ao rei Tiago I da Inglaterra, o mesmo rei que autorizou a famosa versão inglesa de 1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a biblioteca da família real à nação, e assim o famoso MS chegou ao Museu Britânico. É um MS uncial.
• O Códice Efráemi ou "C". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. É um palimpsesto. Ao ser restaurada a primeira escrita, constatou-se serem ambos os Testamentos incompletos. O doutor Tischendorf publicou-o em 1845. É bilíngüe: grego e latim.
• Códice Bezae ou "D". Pertence à biblioteca da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Data: Século VI. Contém os Evangelhos, Atos e parte das Epístolas.
• O Códice Claromontanus ou "D2". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: Século VI. Contém as epístolas paulinas. Estes três últimos são também unciais. f. As Bíblias impressas mais antigas.
 
 
1) O Antigo Testamento Impresso em Hebraico.
• O primeiro texto impresso em hebraico do AT foi publicado em 1488, em Soncino, Itália. Contém os sinais vocálicos.
• O segundo texto mais antigo impresso em hebraico do AT é o constante da Bíblia chamada "Complutensiana Poliglota", preparada pelo cardeal Ximenes, de Cisneros, na Universidade de Alcalá, próximo a Madri, Espanha. Foi impressa em 1514 - 1517, mas somente distribuída em 1522. A Poliglota traz além do AT em hebraico, o NT em grego, a Septuaginta em latim, e a Vulgata, em latim (AT e NT). Abrange seis volumes.
• A primeira Bíblia Rabínica. Foi preparada por Felix Pratensis e publicada por Daniel Bomberg, em Veneza, em 1516-1517.
• O texto preparado por Jacob Ben Chayin e impresso por Daniel Bomberg em Veneza, em 1524-1525, tornou-se um texto padrão para estudo. Foi a segunda Bíblia Rabínica impressa.
 • O texto de Amsterdam, publicado entre 1661-1667. É uma combinação dos textos de Chayin e o de Ximenes.
• O texto de Van der Hooght, publicado em 1705. É uma revisão do texto de Amsterdam.
• O texto de Kennicott, editado em 1776-1780. Este texto segue o de Van der Hooght de 1705.
• O texto de Letteris, publicado em 1852. É uma revisão do texto de Van der Hooght. Este é o texto padrão adotado em nossos dias pelas Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
• O texto de Rudolph Kittel, de 1906, originado do texto de Chayin. A terceira edição de Kittel, em 1937, abandonou o texto de Chayim, publicando o do MSS 19A.
 
2) O Novo Testamento impresso em grego
• O primeiro texto impresso em grego do NT é o da "Complutensiana Poliglota", de que já falamos quando nos ocupamos do texto impresso em hebraico.
• O texto de Erasmo (teólogo holandês), publicado e distribuído em 1516. Este foi o primeiro texto impresso distribuído, do Novo Testamento. A poliglota do Cardeal Ximenes só veio a público em 1522, mas fora impressa em 1514-1517.
• O texto de Robert Stephanus, publicado em 1546, em Paris. É baseado no de Erasmo e na Poliglota.
• O texto de Theodoro Beza, publicado em 1565 e 1664. Base: Stephanus.
• O texto dos irmãos Elzevirs, holandeses, de 1624-1678. Base: Stephanus e Beza. É conhecido como o "Textus Receptus" devido a uma expressão que contém no prefácio. • O texto de Westcott e Hort, dois eminentes eruditos ingleses. Data: 1881-1882. Suplantou o "Textus Receptus".
• Há, por fim, os mais recentes textos impressos do NT em grego, que são os de Herman Von Soden, Scrivener, e Eberhard Nestle. Este último é muito utilizado no preparo de versões modernas. g.
 
 
Os MSS do mar Morto.
Num dia de verão, em 1947, o pastor beduíno árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos Taa'mireh, que se acampa entre Belém e o mar Morto, saiu a procura de uma cabra desgarrada nas ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou um inestimável tesouro bíblico. Estava o pastor junto à encosta rochosa do uádi Qüm-ram. Ao atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando. Entrou na caverna e encontrou uma preciosa coleção de MSS bíblicos: 12 rolos de pergaminho e fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaías do ano 100 a.C, isto é, mil anos mais antigo que os exemplares até então conhecidos. Os rolos estão escritos em papiro e pergaminho e envolvidos em panos de linho. Outras cavernas foram vasculhadas e novos MSS foram encontrados. Novas luzes estão surgindo na interpretação de passagens difíceis do AT. Exemplos: em Êxodo 1.5, o total de pessoas é 75, concordando assim com Atos 7.14. (O hebraico não tem algarismos para os números e sim letras; daí, para um erro não custa muito...) Em Isaías 49.12, o novo MS de Isaías diz "Siene" e não "Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade fronteiriça do Egito, às margens do Nilo, junto à Etiópia. É hoje a moderna Assuam, com sua extraordinária represa. Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa cidade; a versão ARC grafa "Sevené". Muitos eruditos pensavam até agora que o termo "Sinin" de Isaías 49.12 fosse uma alusão à China. É muito confortante saber que os textos desses MSS encontrados concordam com os das nossas Bíblias. Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto foram escondidos pelos essênios - seita ascética judaica - durante a segunda revolução dos judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os responsáveis por um grande mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as tropas romanas, esconderam ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas, foram encontrados fragmentos de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do líder dessa revolta: Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem nítida. Nos MSS encontrados há trechos de todos os livros do AT, exceto Ester. h. Cálculo da data de um MS Calcula-se a data de um MS:
1) Pela forma das letras. Cada forma representa uma época, tanto no grego como no hebraico.
2) Pelo modo como estão escritas as palavras no texto. Se ligadas ou separadas. Isto também indica época.
3) Pelas letras iniciais de títulos, parágrafos etc. Se adornadas ou singelas. Isto também indica o tempo.
4) Pelo carbono-14. Este é um método científico e revolucionário. Trata-se do seguinte: Todo ser vivo absorve C-14. Cada 5.600 anos o C-14 perde metade de sua radioatividade primitiva. Assim ... se for medida a radioatividade de substância orgânica morta, ver-se-á quando ela deixou de absorver C-14, ao morrer. Basta queimar uma pequena parte da substância a ser testada e medir a radioatividade do C-14. Este método tem uma precisão assombrosa, porque a natureza tem leis fixas, estabelecidas pelo Criador. Um exemplo: o Unho que envolvia os MSS da Caverna 1 de Qümram, ao ser testado, provou ser do ano 33 d.C. Isto é, a planta deixará de existir naquele ano.
5) Pelo Raio-X. Este tipo de raio também ajuda a determinar a idade de objetos antigos, por meio da fotografia e certas reações.
 
 
A INFALIBILIDADE DA BÍBLIA - Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD
Ao tratar da infalibilidade da Palavra de DEUS, ousadamente expressou-se Carl F. Henry: “Há apenas uma única coisa realmente inevitável: é necessário que as Escrituras se cumpram”. O que isso significa? Simplesmente que a Bíblia é infalível; as suas palavras hão de cumprir-se de maneira inexorável. Aliás, a infalibilidade da Escritura acha-se estreitamente ligada à sua inspiração e inerrância; somente um livro divina e singularmente inspirado poderia ser absolutamente infalível.
Tudo o que a Bíblia diz, cumpre-se; tudo o que promete, realiza-se; tudo o que prevê, acontece. A Palavra de DEUS não pode voltar vazia; antes, faz o que lhe apraz.
O que é a infalibilidade. E a qualidade, ou virtude, do que é infalível; é algo que jamais poderá falhar. Assim está escrito no Dicionário Teológico, de Claudionor de Andrade (CPAD), acerca da infalibilidade da Palavra de DEUS:
Doutrina que ensina ser a Bíblia infalível em tudo o que diz. Eis porque a Palavra de DEUS pode ser assim considerada: l) Suas promessas são rigorosamente observadas; 2)
Suas profecias cumprem-se deforma detalhada e clara (haja vista as Setenta Semanas de Daniel); 3) O Plano de Salvação é executado apesar das oposições satânicas. Nenhuma de suas palavras jamais caiu, nem cairá, por terra.
A Bíblia dá testemunho de sua infalibilidade. Muitas são as passagens que atestam a infalibilidade das Sagradas Escrituras. Isso significa que elas realmente são a Palavra de DEUS. Se Ele não mente nem volta atrás, porque seria diferente a sua Palavra? Vejamos o que os profetas e apóstolos disseram acerca da doutrina da infalibilidade da Bíblia.
Moisés. “Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Dt 18.22).
O cronista do Reino de Israel. “E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra” (I Sm 3.19).
Daniel. “No ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9.2).
Mateus. “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta” (Mt 1.22).
JESUS. “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31).
Lucas. “Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de DEUS” (At 1.3).
No Brasil, não são poucos os teólogos — e até seminários — que lançam suspeições sobre a infalibilidade das Sagradas Escrituras. Sob a influência da teo­logia alemã, que, abandonando os princípios de Lutero e Melanchton, presumem que um teólogo de vanguarda é aquele que até do supremo Ser dúvida, não mais consideram a Bíblia Sagrada como a infalível Palavra de DEUS.
Ouvi um professor afirmar que a verdadeira teologia nasceu na Alemanha; foi estragada na Inglaterra e nos Estados Unidos; e é vorazmente consumida no Brasil. Não concordo com semelhante assertiva. Apesar dos avanços alemães na área de estudos bíblicos, opto por ficar com os teólogos anglo-americanos. Até ao presente momento, vêm estes — excetuando-se os liberais — mostrando, além do conheci­mento, uma prática de vida cuja piedade é incontestável.
 
A CLAREZA DA BÍBLIA
Quem se põe a ler as profecias de Nostradamus, se depara com um emaranha­do de palavras, frases e orações sem quaisquer nexos. Na obra desse falso profeta, qualquer interpretação é possível. Eis porque os charlatães, aproveitando-se da ingenuidade das gentes crédulas, jogam com aqueles versos, afirmando que Nos­tradamus é sempre atual. Mas, na realidade, quem entende aqueles cipoais?
No Brasil, onde o misticismo faz parte de nosso atribulado cotidiano, Nostrada­mus e seus congêneres nunca foram tão estudados. Cada vez que um cataclismo sacode o planeta, aparece um intérprete desse falso profeta; e, citando alguma centúria, força um cumprimento bobamente profético que, desmerecendo todas as leis da hermenêu­tica, parece atual, conquanto não passe de um emaranhado de frases sem nexo.
A Bíblia, porém, é clara e cristalinamente simples; as suas profecias não se escondem em possibilidades; mostram-se em cumprimentos e realizações. A clareza das Escrituras é uma das doutrinas mais surpreendentes da Palavra do Senhor; mostra-nos que podemos confiar num DEUS que se comunica conosco em nossa linguagem; sua mensagem, posto encontrar-se acima de nossa razão, não a contraria; surpreende-a com coisas grandes e jamais cogitadas.
Consideremos, pois, a clareza das Sagradas Escrituras.
O que é clareza, “Qualidade do que é claro, inteligível e perfeitamente compre­ensível”. A clareza é conhecida também como perspicuidade.
Definição teológica. A clareza da Bíblia é uma de suas principais características através da qual se torna ela plenamente inteligível aos que se dispõem a examiná-la com um coração reto, humilde e predisposto a aceitá-la como a inspirada infalível e inerrante Palavra de DEUS.
O testemunho a Bíblia quanto à sua clareza. Nas Sagradas Escrituras, deparamo-nos com muitos testemunhos acerca de sua clareza. No Salmo 19, lemos: “A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e à sabedoria aos símplices” (Sm 19.7).
Mais adiante, canta o salmista: “A exposição das tuas palavras dá luz e dá en­tendimento aos símplices” (Sm 119.130). Consideremos, ainda, este mandamento do Senhor por intermédio de Moisés: “E estas palavras que hoje têm ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 6.6,7).
Ora, se uma criança é capaz de entender a Palavra de DEUS, como um adulto ilustrado não a entenderá? Aliás, é a Bíblia tão simples que, para se compreendê-la, é mister que nos façamos como as crianças: com um coração puro, ouçamos a voz do Senhor.
 
 
 
A INERRÂNCIA DA BÍBLIA
a- Definição etimológica. Vem do vocábulo latino inerrantia e significa, literalmente, qualidade daquilo que não tem erro.
b- Definição teológica. As Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros por serem a inspirada, infalível e completa Palavra de DEUS (Sl 119.140). 
 
 
A INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS
O conceito de inerrância das Escrituras contraria alguns críticos modernos que não aceitam a infalibilidade das Escrituras. Tais críticos julgam 
haver erros nas Escrituras em razão de encontrarem nelas palavras divinas e humanas. Para nós que cremos na inspiração plena das Escrituras 
estamos convictos de que as dificuldades nela encontradas não representam erros e, geralmente, são explicadas pelos textos paralelos 
encontrados em toda a Bíblia. 
A verdade divina revelada nas Escrituras é apresentada de modo explícito, certo e transparente. 
O ensino genuíno das Escrituras não tem discrepâncias doutrinárias; é único em todo o mundo e adaptável a qualquer cultura (Jo 17.17; 1 Rs 
17.24; Sl 119.142,151; Pv 22.21).
a- A infalibilidade das Escrituras. As Escrituras são a infalível Palavra de DEUS. A sua infalibilidade tem sido alvo de muita contestação 
especialmente entre os chamados "racionalistas" que endeusam a razão humana, sem perceberem que ela é falha, afirmam que o racionalismo 
científico, com seus métodos de estudo e pesquisa, será capaz de analisar e responder todas as indagações do homem. Porém, são 
completamente limitados quando analisam coisas espirituais, além da matéria. 
A ciência é incapaz de estudar elementos que não são pesados ou medidos, como a alma humana. Portanto, o poder sobrenatural das Escrituras 
não pode ser analisado em laboratório, porque refere-se a algo milagroso e sobrenatural.
b- A autoridade divina e humana das Escrituras. Indiscutivelmente a Bíblia tem dupla autoridade. A autoridade divina é demonstrada pela 
infalibilidade das Escrituras, uma vez que elas têm origem em DEUS e são a expressão de sua mente. A humana é reconhecida pelo fato de DEUS 
ter escolhido, pelo menos 40 homens, os quais receberam a sua Palavra e a transmitiram na forma escrita.
 
DEUS não pode errar. A Bíblia é a Palavra de DEUS. Portanto, a Bíblia está isenta de erros.
Todo estudante de lógica sabe que estas três frases, da maneira como estão montadas, compõem um silogismo. Esta forma de raciocínio é totalmente válida como argumento comprobatório. As duas primeiras frases são chamadas de premissas. A última é a conclusão. Se as premissas são verdadeiras, a conclusão também será verdadeira. Portanto, o silogismo acima é totalmente verdadeiro.
Porém, muitos críticos insistem em afirmar que a Bíblia está cheia de erros. Mas o fato é que até agora ninguém conseguiu apontar e confirmar de fato um único erro no texto original das Escrituras. Isto não quer dizer que não haja pontos de difícil compreensão na Palavra de DEUS. Dificuldades, sim; erros, não.
 
A inerrância da Bíblia: A Bíblia não contém erros. Ela é infalível em sua mensagem e inerrante em seu conteúdo. Ela tem saído incólume de todos os ataques: tem vencido a fogueira dos intolerantes e triunfado sobre a prepotência dos críticos arrogantes. A Bíblia é a bigorna de DEUS que tem quebrado todos os martelos dos céticos. A enxada e a pá dos arqueólogos desmentem a falsa sapiência daqueles que se insurgiram contra sua infalibilidade.
 
 
A Declaração de Chicago Sobre a Inerrância da Bíblia (1978)
Digitação: Dawson Campos de Lima
Prefácio
A autoridade das Escrituras é um tema chave para a igreja cristã, tanto desta quanto de qualquer outra época. Aqueles que professam fé em JESUS CRISTO como Senhor e Salvador são chamados a demonstrar a realidade de seu discipulado cristão mediante obediência humilde e fiel à Palavra escrita de DEUS. Afastar-se das Escrituras, tanto em questões de fé quanto em questões de conduta, é deslealdade para com nosso Mestre. Para que haja uma compreensão plena e uma confissão correta da autoridade das Sagradas Escrituras é essencial um reconhecimento da sua total veracidade e confiabilidade.
A Declaração a seguir afirma sob nova forma essa inerrância das Escrituras, esclarecendo nosso entendimento a respeito dela e advertindo contra sua negação. Estamos convencidos de que negá-la é ignorar o testemunho dado por JESUS CRISTO e pelo ESPÍRITO SANTO, e rejeitar aquela submissão às reivindicações da própria palavra de DEUS, submissão esta que caracteriza a verdadeira fé cristã. Entendemos que é nosso dever nesta hora fazer esta afirmação diante dos atuais desvios da verdade da inerrância entre nossos irmãos em CRISTO e diante do entendimento errôneo que esta doutrina tem tido no mundo em geral.
Esta Declaração consiste em três partes: uma Declaração Resumida, Artigos de Afirmação e Negação, e uma Explanação. Preparou-se a Declaração durante uma consulta de três dias de duração, realizada em Chicago, nos Estados Unidos. Aqueles que subscreveram a Declaração Resumida e os Artigos desejam expressar suas próprias convicções quanto à inerrância das Escrituras e estimular e desafiar uns aos outros e a todos os cristãos a uma compreensão e entendimento cada vez maiores desta doutrina. Reconhecemos as limitações de um documento preparado numa conferência rápida e intensiva e não propomos que esta Declaração receba o valor de um credo. Regozijamo-nos, no entanto, com o aprofundamento de nossas próprias convicções através dos debates que tivemos juntos, e oramos para que esta Declaração que assinamos seja usada para a glória de DEUS com vistas a uma nova reforma na Igreja no que tange a sua fé, vida e missão.
Apresentamos esta Declaração não num espírito de contenda, mas de humildade e amor, o que, com a graça de DEUS, pretendemos manter em qualquer diálogo que, no futuro, surja daquilo que dissemos. Reconhecemos (...) que muitos que negam a inerrância das Escrituras não apresentam em suas crenças e comportamento as consequências dessa negação, e estamos conscientes de que nós, que confessamos essa doutrina, frequentemente a negamos em nossa vida, por deixarmos de trazer nossos pensamentos e orações, tradições e costumes, em verdadeira sujeição à Palavra divina.
Qualquer pessoa que veja razões, à luz das Escrituras, para fazer emendas às afirmações desta Declaração sobre as próprias Escrituras (sob cuja autoridade infalível estamos, enquanto falamos), é convidada a fazê-lo. Não reivindicamos qualquer infalibilidade pessoal para o testemunho que damos, e seremos gratos por qualquer ajuda que nos possibilite fortalecer este testemunho acerca da Palavra de DEUS. A COMISSÃO DE REDAÇÃO
 
 
Uma Breve Declaração
 
DEUS, sendo Ele Próprio a Verdade e falando somente a verdade, inspirou as Sagradas Escrituras a fim de, desse modo, revelar-Se à humanidade perdida, através de JESUS CRISTO, como Criador e Senhor, Redentor e Juiz. As Escrituras Sagradas são o testemunho de DEUS sobre Si mesmo.
 
As Escrituras Sagradas, sendo a própria Palavra de DEUS, escritas por homens preparados e supervisionados por Seu ESPÍRITO, possuem autoridade divina infalível em todos os assuntos que abordam: devem ser cridas, como instrução divina, em tudo o que afirmam; obedecidas, como mandamento divino, em tudo o que determinam; aceitas, como penhor divino, em tudo que prometem.
O ESPÍRITO SANTO, seu divino Autor, ao mesmo tempo no-las confirma através de Seu testemunho interior e abre nossas mentes para compreender seu significado.
Tendo sido na sua totalidade e verbalmente dadas por DEUS, as Escrituras não possuem erro ou falha em tudo o que ensinam, quer naquilo que afirmam a respeito dos atos de DEUS na criação e dos acontecimentos da história mundial, quer na sua própria origem literária sob a direção de DEUS, quer no testemunho que dão sobre a graça salvadora de DEUS na vida das pessoas.
A autoridade das Escrituras fica inevitavelmente prejudicada, caso essa inerrância divina absoluta seja de alguma forma limitada ou desconsiderada, ou caso dependa de um ponto de vista acerca da verdade que seja contrário ao próprio ponto de vista da Bíblia; e tais desvios provocam sérias perdas tanto para o indivíduo quanto para a Igreja.
 
 
Artigos de Afirmação e Negação
Artigo I.
Afirmamos que as Sagradas Escrituras devem ser recebidas como a Palavra oficial de DEUS.
Negamos que a autoridade das Escrituras provenha da Igreja, da tradição ou de qualquer outra fonte humana.
Artigo II.
Afirmamos que as Sagradas Escrituras são a suprema norma escrita, pela qual DEUS compele a consciência, e que a autoridade da Igreja está subordinada à das Escrituras.
Negamos que os credos, concílios ou declarações doutrinárias da Igreja tenham uma autoridade igual ou maior do que a autoridade da Bíblia.
Artigo III.
Afirmamos que a Palavra escrita é, em sua totalidade, revelação dada por DEUS.
Negamos que a Bíblia seja um mero testemunho a respeito da revelação, ou que somente se torne revelação mediante encontro, ou que dependa das reações dos homens para ter validade.
Artigo IV.
Afirmamos que DEUS, que fez a humanidade à Sua imagem, utilizou a linguagem como um meio de revelação.
Negamos que a linguagem humana seja limitada pela condição de sermos criaturas, a tal ponto que se apresente imprópria como veículo de revelação divina. Negamos ainda mais que a corrupção, através do pecado, da cultura e linguagem humanas tenha impedido a obra divina de inspiração.
Artigo V.
Afirmamos que a revelação de DEUS dentro das Sagradas Escrituras foi progressiva.
Negamos que revelações posteriores, que podem completar revelações mais antigas, tenham alguma vez corrigido ou contrariado tais revelações. Negamos ainda mais que qualquer revelação normativa tenha sido dada desde o término dos escritos do Novo Testamento.
Artigo VI.
Afirmamos que a totalidade das Escrituras e todas as suas partes, chegando às próprias palavras do original, foram por inspiração divina.
Negamos que se possa corretamente falar de inspiração das Escrituras, alcançando-se o todo mas não as partes, ou algumas partes mas não o todo.
Artigo VII.
Afirmamos que a inspiração foi a obra em que DEUS, por Seu ESPÍRITO, através de escritores humanos, nos deus Sua palavra. A origem das Escrituras é divina. O modo como se deu a inspiração permanece em grande parte um mistério para nós.
Negamos que se possa reduzir a inspiração à capacidade intuitiva do homem, ou a qualquer tipo de níveis superiores de consciência.
Artigo VIII.
Afirmamos que DEUS, em Sua obra de inspiração, empregou as diferentes personalidades e estilos literários dos escritores que Ele escolheu e preparou.
Negamos que DEUS, ao fazer esses escritores usarem as próprias palavras que Ele escolheu, tenha passado por cima de suas personalidades.
Artigo IX.
Afirmamos que a inspiração, embora não outorgando onisciência, garantiu uma expressão verdadeira e fidedigna em todas as questões sobre as quais os autores bíblicos foram levados a falar e a escrever.
Negamos que a finitude ou a condição caída desses escritores tenha, direta ou indiretamente, introduzido distorção ou falsidade na Palavra de DEUS.
Artigo X.
Afirmamos que, estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao texto autográfico das Escrituras, o qual, pela providência de DEUS, pode-se determinar com grande exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais que as cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de DEUS na medida em que fielmente representam o original.
Negamos que qualquer aspecto essencial da fé cristã seja afetado pela falta dos autógrafos. Negamos ainda mais que essa falta torne inválida ou irrelevante a afirmação da inerrância da Bíblia.
Artigo XI.
Afirmamos que as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são infalíveis, de modo que, longe de nos desorientar, são verdadeiras e confiáveis em todas as questões de que tratam.
Negamos que seja possível a Bíblia ser, ao mesmo tempo infalível e errônea em suas afirmações. Infalibilidade e inerrância podem ser distinguidas, mas não separadas.
Artigo XII.
Afirmamos que, em sua totalidade, as Escrituras são inerrantes, estando isentas de toda falsidade, fraude ou engano.
Negamos que a infalibilidade e a inerrância da Bíblia estejam limitadas a assuntos espirituais, religiosos ou redentores, não alcançando informações de natureza histórica e científica. Negamos ainda mais que hipóteses científicas acerca da história da terra possam ser corretamente empregadas para desmentir o ensino das Escrituras a respeito da criação e do dilúvio.
Artigo XIII.
Afirmamos a propriedade do uso de inerrância como um termo teológico referente à total veracidade das Escrituras.
Negamos que seja correto avaliar as Escrituras de acordo com padrões de verdade e erro estranhos ao uso ou propósito da Bíblia. Negamos ainda mais que a inerrância seja contestada por fenômenos bíblicos, tais como uma falta de precisão técnica contemporânea, irregularidades de gramática ou ortografia, descrições da natureza feitas com base em observação, referência a falsidades, uso de hipérbole e números arredondados, disposição tópica do material, diferentes seleções de material em relatos paralelos ou uso de citações livres.
Artigo XIV.
Afirmamos a unidade e a coerência interna das Escrituras.
Negamos que alegados erros e discrepâncias que ainda não tenham sido solucionados invalidem as declarações da Bíblia quanto à verdade.
Artigo XV.
Afirmamos que a doutrina da inerrância está alicerçada no ensino da Bíblia acerca da inspiração.
Negamos que o ensino de JESUS acerca das Escrituras possa ser desconhecido sob o argumento de adaptação ou de qualquer limitação natural decorrente de Sua humanidade.
Artigo XVI.
Afirmamos que a doutrina da inerrância tem sido parte integrante da fé da Igreja ao longo de sua história.
Negamos que a inerrância seja uma doutrina inventada pelo protestantismo escolástico ou que seja uma posição defendida como reação contra a alta crítica negativa.
Artigo XVII.
Afirmamos que o ESPÍRITO SANTO dá testemunho acerca das Escrituras, assegurando aos crentes a veracidade da Palavra de DEUS escrita.
Negamos que esse testemunho do ESPÍRITO SANTO opere isoladamente das Escrituras ou em oposição a elas.
Artigo XVIII.
Afirmamos que o texto das Escrituras deve ser interpretado mediante exegese histórico gramatical, levando em conta suas formas e recursos literários, e que as Escrituras devem interpretar as Escrituras.
Negamos a legitimidade de qualquer abordagem do texto ou de busca de fontes por trás do texto que conduzam a um revigoramento, desistorização ou minimização de seu ensino, ou a uma rejeição de suas afirmações quanto à autoria.
Artigo XIX.
Afirmamos que uma confissão da autoridade, infalibilidade e inerrância plenas das Escrituras é vital para uma correta compreensão da totalidade da fé cristã. Afirmamos ainda mais que tal confissão deve conduzir a uma conformidade cada vez maior à imagem de CRISTO.
Negamos que tal confissão seja necessária para a salvação. Contudo, negamos ainda mais que se possa rejeitar a inerrância sem graves consequências, quer para o indivíduo quer para a Igreja.
 
 
Explanação
Nossa compreensão da doutrina da inerrância deve dar-se no contexto mais amplo dos ensinos das Escrituras sobre si mesma. Esta explanação apresenta uma descrição do esboço da doutrina, na qual se baseiam nossa breve declaração e os artigos.
 
 
Criação, Revelação e Inspiração
O DEUS Triúno, que formou todas as coisas por Sues proferimentos criadores e que a tudo governa pela Palavra de Sua vontade, criou a humanidade à Sua própria imagem para uma vida de comunhão consigo mesmo, tendo por modelo a eterna comunhão da comunicação dentro da Divindade. Como portador da imagem de DEUS, o homem deve ouvir a Palavra de DEUS dirigida a ele e reagir com a alegria de uma obediência em adoração. Além da autorrevelação de DEUS na ordem criada e na sequência de acontecimentos dentro dessa ordem, desde Adão os seres humanos têm recebido mensagens verbais dEle, quer diretamente, conforme declarado nas Escrituras, quer indiretamente na forma de parte ou totalidade das próprias Escrituras.
Quando Adão caiu, o Criador não abandonou a humanidade ao juízo final, mas prometeu salvação e começou a revelar-Se como Redentor numa sequência de acontecimentos históricos centralizados na família de Abraão e que culminam com a vida, morte, ressurreição, atual ministério celestial e a prometida volta de JESUS CRISTO. Dentro desse arcabouço, de tempos em tempos DEUS tem proferido palavras específicas de juízo e misericórdia, promessa e mandamento, a seres humanos pecaminosos, de modo a conduzi-los a um relacionamento, uma aliança, de compromisso mútuo entre as duas partes, mediante o qual Ele os abençoa com dons da graça, e eles O bendizem numa reação de adoração. Moisés, que DEUS usou como mediador para transmitir Suas palavras a Seu povo à época do êxodo, está no início de uma longa linhagem de profetas em cujas bocas e escritos DEUS colocou Suas palavras para serem entregues a Israel. O propósito de DEUS nesta sucessão de mensagens era manter Sua aliança ao fazer com que Seu povo conhecesse Seu Nome, isto é, Sua natureza, e tantos preceitos quanto os propósitos de Sua vontade, quer para o presente, que para o futuro. Essa linhagem de porta-vozes proféticos da parte de DEUS culminou em JESUS CRISTO, a Palavra encarnada de DEUS, sendo Ele um profeta (mais do que um profeta, mas não menos do que isso), e nos apóstolos e profetas da primeira geração de cristãos. Quando a mensagem final e culminante de DEUS, Sua palavra ao mundo a respeito de JESUS CRISTO, foi proferida e esclarecida por aqueles que pertenciam ao círculo apostólico, cessou a sequência de mensagens reveladas. Daí por diante, a Igreja devia viver e conhecer a DEUS através daquilo que Ele já havia dito, e dito para todas as épocas.
No Sinai, DEUS escreveu os termos de Sua aliança em tábuas de pedra, como Seu testemunho duradouro e para ser permanentemente acessível, e ao longo do período de revelação profética e apostólica levantou homens para escreverem as mensagens dadas a eles e através deles, junto com os registros que celebravam Seu envolvimento com Seu povo, além de reflexões éticas sobre a vida em aliança e de formas de louvor e oração em que se pede a misericórdia da aliança. A realidade teológica da inspiração na elaboração de documentos bíblicos corresponde à das profecias faladas: embora as personalidades dos escritores humanos se manifestassem naquilo que escreveram, as palavras foram divinamente dadas. Assim, aquilo que as Escrituras dizem, DEUS diz; a autoridade das Escrituras é a autoridade de DEUS, pois Ele é seu derradeiro Autor, tendo entregado as Escrituras através das mentes e palavras dos homens escolhidos e preparados, os quais, livre e fielmente, "falaram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO" (2 Pe 1.21). Deve-se reconhecer as Escrituras Sagradas como a Palavra de DEUS em virtude de sua origem divina.
 
 
Autoridade: CRISTO e a Bíblia
JESUS CRISTO, o Filho de DEUS, que é a Palavra (Verbo) feita carne, nosso Profeta, Sacerdote e Rei, é o Mediador último da comunicação de DEUS ao homem, como também o é de todos os dons da graça de DEUS. A revelação dada por Ele foi mais do que verbal; Ele também revelou o Pai mediante Sua presença e Seus atos. Suas palavras, no entanto, foram de importância crucial, pois Ele era DEUS, Ele falou da parte do Pai, e Suas palavras julgarão ao todos os homens no último dia.
Na qualidade de Messias prometido, JESUS CRISTO é o tema central das Escrituras. O Antigo Testamento olhava para Ele no futuro; o Novo Testamento olha para trás, ao vê-lo em Sua primeira vinda, e para frente em Sua segunda vinda. As Escrituras canônicas são o testemunho divinamente inspirado e, portanto, normativo, a respeito de CRISTO. Deste modo, não é aceitável alguma hermenêutica em que CRISTO não seja o ponto central. Deve-se tratar as Escrituras Sagradas como aquilo que são em essência: o testemunho do Pai a respeito do Filho encarnado.
Parece que o cânon do Antigo Testamento já estava estabelecido à época de JESUS. Semelhantemente, o cânon do Novo Testamento está encerrado na medida em que nenhuma nova testemunha apostólica do CRISTO histórico pode nascer agora. Nenhuma nova revelação (distinta da compreensão que o ESPÍRITO dá acerca da revelação existente) será dada até que CRISTO volte. O cânon foi criado no princípio por inspiração divina. A parte da Igreja foi discernir o cânon que DEUS havia criado, não elaborar o seu próprio cânon. Os critérios relevantes foram e são: autoria (ou Sua confirmação), conteúdo e o testemunho confirmador do ESPÍRITO SANTO.
A palavra cânon, que significa regra ou padrão, é um indicador de autoridade, o que significa o direito de governar e controlar. No cristianismo a autoridade pertence a DEUS em Sua revelação, o que significa, de um lado, JESUS CRISTO, a Palavra viva, e, de outro, as Sagradas Escrituras, a Palavra escrita. Mas a autoridade de CRISTO e das Escrituras são uma só. Como nosso Profeta, CRISTO deu testemunho de que as Escrituras não podem falhar. Como nosso Sacerdote e Rei, Ele dedicou Sua vida terrena a cumprir a lei e os profetas, até ao ponto de morrer em obediência às palavras da profecia messiânica. Desta forma, assim como Ele via as Escrituras testemunhando dEle e de Sua autoridade, de igual modo, por Sua própria submissão às Escrituras, Ele testemunhou da autoridade delas. Assim como Ele se curvou diante da instrução de Seu Pai dada em Sua Bíblia (nosso Antigo Testamento), de igual maneira Ele requer que Seus discípulos assim o façam, todavia não isoladamente, mas em conjunto com o testemunho apostólico acerca dEle, testemunho que ele passou a inspirar mediante a Sua dádiva do ESPÍRITO SANTO. Desta maneira, os cristãos revelam-se servos fiéis de seu Senhor, por se curvarem diante da instrução divina dada nos escritos proféticos e apostólicos que, juntos, constituem nossa Bíblia.
Ao confirmarem a autoridade um do outro, CRISTO e as Escrituras fundem-se numa única fonte de autoridade. O CRISTO biblicamente interpretado e a Bíblia centralizada em CRISTO e que O proclama são, desse ponto de vista, uma só coisa. Assim como a partir do fato da inspiração inferimos que aquilo que as Escrituras dizem, DEUS diz, assim também a partir do relacionamento revelado entre JESUS CRISTO e as Escrituras podemos igualmente declarar que aquilo que as Escrituras dizem, CRISTO diz.
Infalibilidade, Inerrância, Interpretação
As Escrituras Sagradas, na qualidade de Palavra inspirada de DEUS que dá testemunho oficial acerca de JESUS CRISTO, podem ser adequadamente chamadas de infalíveis e inerrantes. Estes termos negativos possuem especial valor, pois salvaguardam explicitamente verdades positivas.
Infalível significa a qualidade de não desorientar nem ser desorientado e, dessa forma, salvaguarda em termos categóricos a verdade de que as Santas Escrituras são uma regra e um guia certos, seguros e confiáveis em todas as questões.
Semelhantemente, inerrante significa a qualidade de estar livre de toda falsidade ou engano e, dessa forma, salvaguarda a verdade de que as Santas Escrituras são totalmente verídicas e fidedignas em todas as suas afirmações.
Afirmamos que as Escrituras canônicas sempre devem ser interpretadas com base no fato de que são infalíveis e inerrantes. No entanto, ao determinar o que o escritor ensinado por DEUS está afirmando em cada passagem, temos de dedicar a mais cuidadosa atenção às afirmações e ao caráter do texto como sendo uma produção humana. Na inspiração DEUS utilizou a cultura e os costumes do ambiente de seus escritores, um ambiente que DEUS controla em Sua soberana providência; é interpretação errônea imaginar algo diferente.
Assim, deve-se tratar história como história, poesia como poesia, e hipérbole e metáfora como hipérbole e metáfora, generalização e aproximações como aquilo que são, e assim por diante. Também se deve observar diferenças de práticas literárias entre os períodos bíblicos e o nosso: visto que, por exemplo, naqueles dias, narrativas são cronológicas e citações imprecisas eram habituais e aceitáveis e não violavam quaisquer expectativas, não devemos considerar tais coisas como falhas, quando as encontramos nos autores bíblicos. Quando não se esperava nem se buscava algum tipo específico de precisão absoluta, não constitui erro o fato de ela existir. As Escrituras são inerrantes não no sentido de serem totalmente precisas de acordo com os padrões atuais, mas no sentido de que validam suas afirmações e atingem a medida de verdade que seus autores buscaram alcançar.
A veracidade das Escrituras não é negada pela aparição, no texto, de irregularidades gramaticais ou ortográficas, de descrições fenomenológicas da natureza, de relatos de afirmações falsas (por exemplo, as mentiras de Satanás), ou as aparentes discrepâncias entre uma passagem e outra. Não é certo jogar os chamados fenômenos das Escrituras contra o ensino da Escritura sobre si mesma. Não se devem ignorar aparentes incoerências. A solução delas, onde se possa convincentemente alcançá-las, estimulará nossa fé, e, onde no momento não houver uma solução convincente disponível, significativamente daremos honra a DEUS, por confiar em Sua garantia de que Sua Palavra é verdadeira, apesar das aparências em contrário, e por manter a confiança de que um dia se verá que elas eram enganos.
Na medida em que toda a Escritura é o produto de uma só mente divina, a interpretação tem de permanecer dentro dos limites da analogia das Escrituras e abster-se de hipóteses que visam corrigir uma passagem bíblica por meio de outra, seja em nome da revelação progressiva ou do entendimento imperfeito por parte do escritor inspirado.
Embora as Sagradas Escrituras em lugar algum estejam limitadas pela cultura, no sentido de que seus ensinos carecem de validade universal, algumas vezes estão culturalmente condicionadas pelos hábitos e pelas idéias aceitas de um período em particular, de modo que a aplicação de seus princípios, hoje em dia, requer um tipo diferente de ação (por exemplo, na questão do corte de cabelo e do penteado das mulheres, cf. 1 Co 11).
Ceticismo e Crítica
Desde a Renascença, e mais especificamente desde o Iluminismo, têm-se desenvolvido filosofias que envolvem o ceticismo diante das crenças cristãs básicas. É o caso do agnosticismo, que nega que DEUS seja cognoscível; do racionalismo, que nega que Ele seja incompreensível; do idealismo, que nega que Ele seja transcendente; e do existencialismo, que nega a racionalidade de Seus relacionamentos conosco. Quanto esses princípios não bíblicos e antibíblicos infiltram-se nas teologias do homem a nível das pressuposições, como frequentemente acontecem hoje em dia, a fiel interpretação das Sagradas Escrituras torna-se impossível.
Transmissão e Tradução
Uma vez que em nenhum lugar DEUS prometeu uma transmissão inerrante da Escritura, é necessário afirmar que somente o texto autográfico dos documentos originais foi inspirado e manter a necessidade da crítica textual como meio de detectar quaisquer desvios que possam ter se infiltrado no texto durante o processo de sua transmissão. O veredicto dessa ciência é, entretanto, que os textos hebraicos e grego parecem estar surpreendentemente bem preservados, de modo que tempos amplo apoio para afirmar, junto com a Confissão de Westminster, uma providência especial de DEUS nessa questão e em declarar que de modo algum a autoridade das Escrituras corre perigo devido ao fato de que as cópias que possuímos não estão totalmente livres de erros.
Semelhantemente, tradução alguma é perfeita, nem pode sê-lo, e todas as traduções são um passo adicional de distanciamento dos autographa. Porém, o veredicto da linguística é que pelo menos os cristãos de língua inglesa estão muitíssimo bem servidos na atualidade com uma infinidade de traduções excelentes e não têm motivo para hesitar em concluir que a Palavra verdadeira de DEUS está ao seu alcance. Aliás, em vista da frequente repetição, nas Escrituras, dos principais assuntos de que elas tratam e também em vista do constante testemunho do ESPÍRITO SANTO a respeito da Palavra e através dela, nenhuma tradução séria das Santas Escrituras chegará a de tal forma destruir seu sentido, a ponto de tornar inviável que elas façam o seu leitor "sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS" (2 Tm 3.15).
Inerrância e Autoridade
Ao confiarmos que a autoridade das Escrituras envolve a verdade total da Bíblia, estamos conscientemente nos posicionando ao lado de CRISTO e de Seus apóstolos, aliás, ao lado da Bíblia inteira e da principal vertente da história da igreja, desde os primeiros dias até bem recentemente. Estamos preocupados com a maneira casual, inadvertida e aparentemente impensada como uma crença de importância e alcance tão vastos foi por tantas pessoas abandonada em nossos dias.
Também estamos cônscios de que uma grande e grave confusão é resultado de parar de afirmar a total veracidade da Bíblia, cuja autoridade as pessoas professam conhecer. O resultado de dar esse passo é que a Bíblia que DEUS entregou perde sua autoridade e, no lugar disso, o que tem autoridade é uma Bíblia com o conteúdo reduzido de acordo com as exigências do raciocínio crítico das pessoas, sendo que, a partir do momento em que a pessoa deu início a essa redução, esse conteúdo pode em princípio ser reduzido mais e mais. Isto significa que, no fundo, a razão independente possui atualmente a autoridade, em oposição ao ensino das Escrituras. Se isso não é visto e se, por enquanto, ainda são sustentadas as doutrinas evangélicas fundamentais, as pessoas que negam a total veracidade das Escrituras podem reivindicar uma identidade com os evangélicos, ao mesmo tempo em que, metodologicamente, se afastaram da posição evangélica acerca do conhecimento para um subjetivismo instável, e não acharão difícil ir ainda mais longe.
Afirmamos que aquilo que as Escrituras dizem, DEUS diz. Que Ele seja glorificado. Amém e amém.
Anteriormente publicada no site www.textosdareforma.net, que infelizmente deixou de existir.
Este texto foi uma produção de 1978 do ICBI - International Council on Biblical Inerrancy, em um esforço de defender a inerrância das Escrituras Sagradas, frente aos desafios lançados pelos liberais e neo-ortodoxos.
A seguinte nota se encontra no rodapé do documento no site de origem:
Retirado do apêndice do livro O ALICERCE DA AUTORIDADE BÍBLICA James Montgomery Boice
Páginas 183 a 196 Editado por: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - Edição: 1989; Reimpressão: 1997
Todos os direitos reservados pela editora – Reproduzido com autorização  Fone: 0xx11 5666-1911 – E-mail: evnsp@uol.com.br
 

 
CONCLUSÃO
As Escrituras têm produzido resultados práticos indiscutíveis; têm influenciado beneficamente civilizações, transformado vidas e trazido luz, 
inspiração e conforto a milhões de pessoas. Nelas podemos confiar a orientação integral de nossa vida, e delas podemos extrair os fundamentos 
do bem-estar e liberdade humana. O Senhor as estabeleceu como regra, bússola, alimento e fonte de bênçãos para a vida do crente.
 
 
 
O CUMPRIMENTO DA BÍBLIA DEMONSTRA SUA INERRÂNCIA
Entre os demais povos da terra nos tempos anteriores a CRISTO, distinguia-se o povo judaico por seu monoteísmo ou pelo culto estrito de um só DEUS. Os estudiosos têm procurado explicar o surto e a persistência do monoteísmo no povo de Israel desde Abraão (século XIX a.C.); não encontram elucidação sociológica ou psicológica para tal fenômeno, pois Israel era um povo militar e culturalmente inferior aos seus vizinhos politeístas; tendia a adotar os deuses e os costumes dos pagãos...; não obstante, à revelia de todas as influências politeístas, Israel professou constantemente o monoteísmo , suplantando assim, no plano da religião, os grandes reinos e impérios que o cercavam. Este fato só se entende se DEUS quis intervir na história, suscitando e conservando Ele mesmo o monoteísmo em Israel (como, aliás, professa a Bíblia). Desta maneira a história de Israel é um portento, que a Providência Divina quis realizar a fim de preparar a vinda do Messias ou do Senhor JESUS. Este é o Prometido a Israel desde os tempos de Abraão. Nos séculos anteriores próximos a CRISTO, o povo israelita se achava em fase de declínio. Após o apogeu de sua história sob Salomão († 932 a.C.), as tribos de Israel conheceram duas deportações (721 e 587 a.C.); após esta última, viveram sempre sob domínio estrangeiro.
 
 
A destruição de Jerusalém
A cidade de Jerusalém foi destruída pelos romanos em 70 d.C. O cerco e a queda de Jerusalém são descritos com pormenores gráficos pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, no livro Guerras dos Judeus, que foi publicado cerca do ano 75 d.C. De acordo com os Evangelhos, JESUS profetizou este evento aproximadamente no ano 30 d.C. Vejamos o relato de Mateus da profecia de JESUS, e comparemo-lo com a história de Josefo.
JESUS: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça para tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa” (Mateus 24:15-18).
Josefo: “É então um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como os homens agüentaram quanto ao seu alimento ... a fome foi demasiado dura para todas as outras paixões... a tal ponto que os filhos arrancavam os próprios bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos... quando viam alguma casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro tinham conseguido alguma comida, e então eles arrombavam as portas e corriam para dentro... os velhos, que seguravam bem sua comida eram espancados, e se as mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado por fazerem isso...” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).
JESUS: “Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!” (Mateus 24:19).
Josefo: “Ela então tentou a coisa mais natural, e agarrando seu filho, que era uma criança de peito, disse, ‘Oh, pobre criança! Para quem eu te preservarei nesta guerra, nesta fome e nesta rebelião? ...’ Logo que acabou de dizer isto, ela matou seu filho e, então, assou-o, e comeu metade dele, e guardou a outra metade escondida para si.” (Guerras, livro 6, capítulo 3, seção 4).
JESUS: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado, porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais” (Mateus 24:20-21).
Josefo: “Eu falarei portanto aberta e francamente aqui de uma vez por todas e brevemente: que nenhuma outra cidade sofreu tais misérias nem nenhuma era produziu uma geração mais frutífera em perversidade do que era está, desde o começo do mundo.” (Guerras, livro 5, capítulo 10, seção 5).
JESUS: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados” (Mateus 24:22).
Josefo: “Ora, o número daqueles que foram levados cativos durante toda esta guerra foi verificado ser noventa e sete mil, como foi o número daqueles que pereceram durante todo o cerco onze centenas de milhares, a maior parte dos quais era na verdade da mesma nação, porém não pertencentes à própria cidade, pois tinham vindo de todo o país para a festa dos pães asmos e foram subitamente fechados por um exército...” (Guerras, livro 6, capítulo 9, seção 3).
JESUS: “Tendo JESUS saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mateus 24:1-2).
Josefo: “Ora, uma vez que César não foi de modo algum capaz de conter a entusiástica fúria dos soldados, e o fogo avançava mais e mais... assim foi a sagrada casa queimada, sem a aprovação de César.” (Guerras, livro 6, capítulo 4, Seção 7). “Ora, tão logo o exército não teve mais pessoas para matar ou saquear ... César deu ordens para que não demolissem mais a cidade inteira e o templo...” (livro 7, capítulo 1, seção 1).
No artigo sobre evidências do número anterior desta revista, examinamos algumas evidências dos manuscritos do Novo Testamento, e vimos que apontam para a conclusão de que seu conteúdo fosse escrito quando e por quem ele declara ter sido escrito. De fato, no caso do Evangelho de Mateus, há um fragmento recentemente descoberto que data de algum tempo antes de 68 d.C. Como foi observado acima, Jerusalém foi destruída em 70 d.C.
Restauração de Israel:
Pois vos tirarei dentre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. (Ezequiel 36:24)
Israel foi uma nação formada por DEUS, com origem no patriarca Abrão e com o objetivo de ser um reino sacerdotal na Terra.
Deveria anunciar aos demais povos a fé no verdadeiro e único DEUS. Falhou por acabar seguindo os mesmos erros das nações e rejeitando o governo teocrático do Senhor. Não ouviu a Palavra dos profetas e, por sua desobediência, acabou caindo nas mãos dos homens.
As principais punições sofridas foram: a escravidão no Egito por quatrocentos anos, o cativeiro na Babilônia por setenta anos e a dispersão mundial a partir do ano 70 A.D. DEUS, no entanto, não rejeitou este povo para sempre, pois assumiu promessas infalíveis e as cumpri-las-á.
O agir de DEUS
Enquanto a guerra se desenvolvia, DEUS agia nos bastidores da história para consolidar seus projetos e aniquilar definitivamente os propósitos daqueles que pretendiam levantar-se contra Israel.
"Em maio de 1947, a Assembléia Geral da ONU, adotou uma resolução estabelecendo o Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina, integrado por 11 países. O problema da Palestina havia se agravado e a Grã-Bretanha, como potência mandatária, já não tinha condições de manter a paz e a ordem e controlar as agitações e violências que lá irrompiam". Este foi um dos primeiros passos dados pela ONU para que a profecia de Ezequiel se cumprisse!
Após os primeiros passos serem dados, já no ano de 1948 o Senhor providência para que, no dia 14 de maio fosse proclamado o Estado de Israel!
Este foi e continua sendo um milagre que o mundo presenciou e que lhe proporcionou a oportunidade de reconhecer que DEUS existe e que continua no governo (controle) da história da humanidade! Não há paralelo na história de tal fato! Somente através da ação minuciosa e precisa de DEUS tal coisa seria possível! E aconteceu!
O Eterno cuidou para que nenhum detalhe fosse esquecido na restauração do Estado de Israel!
 
O que a Bíblia diz, a verdadeira ciência, como uma serva obediente, confirma: (Texto Chave: Salmos 19)
 
a) Isaías 40:22: "Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra". Isaías fez esta afirmação em 700 a.C. A ciência SÓ descobriu este fato em 1519 quando Magalhães navegou ao redor do mundo, 2200 anos depois. Como Isaías sabia disto 2200 anos antes da ciência???!!
 
b) Jó 26:7: "... e suspende a terra sobre o nada". O livro de Jó é o mais antigo da Bíblia, tendo sido escrito por volta de 2000 a.C. Mesmo quando Isac Newton explicou como a gravidade do sol era equilibrada pela força centrífuga da rotação da terra em 1687, ele nada acrescentou a esta afirmação científica proferida por Jó!!! Como Jó sabia disto 3600 anos antes da ciência???!!!
 
c) Gênesis 2:7: "E formou o SENHOR DEUS o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". Será que devemos levar o livro de Gênesis a sério? Desde o final do séc. XVIII, cientistas vêm desenvolvendo técnicas para analisar os minerais. Comparação entre as análises químicas da composição do corpo humano e do pó da terra mostram os seguintes elementos em comum: cálcio, ferro, magnésio, oxigênio, carbono, nitrogênio, fósforo, sódio, potássio, cloro, hidrogênio, enxofre... E mais: em 11/1982, Seleções Reader’s Digest incluiu um artigo entitulado "Como a vida na Terra começou", onde diz que cientistas da NASA declararam que os ingredientes necessários para formar o ser humano estão no BARRO. O artigo disse ainda: "O cenário descrito pela Bíblia quanto à criação da vida vem a ser NÃO MUITO DISTANTE DO ALVO" (PÁG. 116). Não, a Bíblia não "passou não muito distante do alvo" – ela atingiu exatamente o alvo!!! Como Moisés sabia disto 3000 anos antes da ciência???!!!
 
d) Eclesiastes 1:6: "O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento e volta fazendo os seus circuitos". O vento apresenta alguns fenômenos, dentre os quais: circular entre o equador e os dois pólos, descoberto por Hardley no séc. XVII; girar, evidenciando a força Coriolis, descoberta no séc. XIX e apresentar circuitos específicos, descoberto apenas recentemente. Como Salomão sabia disto 1000 a.C.? Quem contou isso para ele???!!!
 
e) Eclesiastes 1:7: "Todos os rios vão para o mar e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr". Acrescentar Jó 36:27-29; Salmo 135:7 e Amós 9:6. Como todos estes escritores bíblicos, que escreveram entre 2000 a.C. e 800 a.C. sabiam sobre o ciclo hidrológico (evaporação, condensação e precipitação pluviométrica) e a decorrente formação e manutenção de rios, lagos, mares e oceanos por causa deste ciclo, se isto só foi reconhecido pela ciência quando foi descoberto por Galileu em 1630 d. C.???!!! Quem contou isto a eles???!!!
 
f) Provérbios 6:6-9: "Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento. Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?". Na Life’s Nature Library, em "Os insetos" (pág. 163) diz: "Um dos enigmas entomológicos do último século diz respeito a esta observação por Salomão. Não havia nenhuma evidência de que formigas, realmente, faziam colheitas de grãos. Em 1871, entretanto, um naturalista britânico mostrou que Salomão, afinal de contas, tinha estado certo" Como Salomão detalhou este fato científico em 1000 a.C.? Quem contou isto a ele???!!!
 
g) Levítico 15:13: "Quando, pois, o que tem fluxo, estiver limpo do seu fluxo, contar-se-ão sete dias para a sua purificação, e lavará as suas roupas, e banhará a sua carne em águas CORRENTES; e será limpo". Até fins do século XVIII todos os médico de um hospital lavavam suas mãos em uma mesma bacia, dia após dia (disseminando os germes com velocidade, facilidade e mortandade igual a de fogo em capim seco). Até cirurgiões eram sujos, e 17% das grávidas que entravam no melhor hospital do mundo (em Viena, Áustria) morriam de infecção. Isto até que com Pasteur e Koch e os avanços em microscopia e bacteriologia é que os médicos começaram a lavar as mão em águas CORRENTES, provando-se que a purificação salva mais que todos os remédios juntos. Como Moisés sabia disto em 1490 a. C.? Quem contou isso a ele???!!!
 
h) Salmo 8:8: "... as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo que passa pelas veredas dos mares". Matthew Fontaine Maury, ministro da marinha americana, em 1860 aproximadamente, lançou-se ao empreendimento de encontrar estes curiosos "caminhos nos mares" e descobre que os oceanos têm caminhos que fluem através deles. Ele descobriu as correntes marítimas. Davi escreveu o Salmo 8 por volta de 1000 a. C. Quem falou isto a Davi 2800 antes da ciência???!!!
 
i) Levítico 17:11: "Porque a vida da carne está no sangue...". Durante séculos os cientistas discutiram sobre a "vida da carne" e sugeriram que vários órgãos no corpo humano tinham esta responsabilidade. O sangue nunca esteve na lista. Só em 1628, Harvey provou que o sangue circula do coração e volta para ele, alcançando todas as partes do corpo através de artérias e veias. A partir daí, descobriu-se que é o sangue que dá continuidade a todos os processos da vida, no corpo; que é o sangue que causa o crescimento, constrói novas células e faz o transporte de substâncias vitais (como oxigênio, glicose, aminoácidos...) e remove os metabólitos tóxicos (dióxido de carbono, lactato, uréia...), que se não forem removidos das células, elas morrem; que é o sangue que faz crescer osso e carne, armazena gordura, faz cabelo e até unha... Por milhares de anos, os médicos tratavam as pessoas com uma prática chamada de "sangria", pensando curar doenças com a extração de sangue. Em 1799, George Washington foi sangrado até a morte. Os médicos sem saberem estavam na verdade, retirando a vida dele. Só no início dos anos 1900 é que o Dr. Lister descobriu que o sangue provê o sistema imunológico aos corpos, motivo pelo qual uma vacina é aplicada na corrente sangüínea. Como pode aquele livro maravilhoso, escrito milhares de anos atrás e por homens com conhecimento científico muito limitado, estar tão à frente do melhor que a humanidade pôde produzir nos últimos 4000 anos???!!
 
 
 
 
A Inerrância Da Bíblia - Norman Geisler - pdf gratuito - Monergismo.com
A Inerrância dos Autógrafos - http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/inerrancia-autografos_bahnsen.pdf
Greg. L. Bahnsen
 
 
Ao dirigir-se à casa e aos amigos de Cornélio, Pedro relatou detalhadamente como o ministério ungido, ou messiânico, de JESUS de Nazaré culminara com sua morte e ressurreição (At 10.36-40). Depois da ressurreição, CRISTO apareceu às testemunhas escolhidas, a quem ele incumbira de pregar ao povo e de testificar que DEUS fizera dele juiz escatológico da humanidade (cf. v. 41,42). Segundo o próprio CRISTO, todos os profetas testemunharam a seu respeito ao dizer que, pelo seu nome, todos os que acreditassem teriam remidos os seus pecados (v. 43). Aqui temos exposto o coração da proclamação evangélica, bem como a comissão vital de que ele deveria ser proclamado a todos os confins para o bem eterno do homem. É óbvio que a proclamação dessa mensagem em sua forma correta era crucial para que seus ouvintes pudessem escapar à ira vindoura e desfrutar da genuína remissão de pecados por meio de CRISTO. Um evangelho diferente, ou distorcido, não passaria, portanto, de anátema; as boas-novas que dão vida aos que as acolhem não poderiam ter origem no homem, e sim na revelação de JESUS CRISTO (Gl 1.6-12). Assim, Pedro nos informa que a pregação do evangelho (a respeito da qual o ESPÍRITO de CRISTO testificou no AT) pelos apóstolos no NT deu-se por meio do ESPÍRITO SANTO enviado do céu (1 Pe 1.10-12). A exemplo do que ocorre com toda profecia genuína, essa proclamação evangélica não se deu pela vontade humana; DEUS falou por meio do ESPÍRITO aos homens (2Pe 1.21). De acordo com a promessa de CRISTO, esse ESPÍRITO enviado do céu para inspirar a pregação do evangelho guiou os apóstolos em toda a verdade (Jo 16.13). Como ESPÍRITO da verdade, não poderia permitir a intromissão de erros nas boas-novas de vida trazidas por CRISTO e anunciadas pelos apóstolos. Sua mensagem, portanto, é inerrante. Além disso, os apóstolos exprimiram-se por meio de palavras ensinadas pelo ESPÍRITO de DEUS (1Co 2.12,13); e esse mesmo ESPÍRITO que falava por intermédio deles controlava tanto o que era dito como também o modo de dizer (v. Mt 10.19,20). Portanto, de acordo com o testemunho da própria Escritura, a forma verbal e o conteúdo do registro apostólico da mensagem evangélica são integralmente verdadeiros e isentos de erros. O texto bíblico pressupõe sua própria autoridade. O AT, por exemplo, é sempre citado no NT depois de fórmulas como “DEUS disse” ou o “ESPÍRITO SANTO predisse” (como em At 1.16; 3.24,25; 2Co 6.16). A palavra da Escritura é identificada com a palavra de DEUS (e.g., Gl 3.8; Rm 9.16). Por esse motivo, todos os argumentos teológicos são decididos de uma vez por todas pela autoridade inerente expressa na fórmula “está escrito”. Essa mesma autoridade é atribuída aos escritos apostólicos em pé de igualdade com as Escrituras do AT (2Pe 3.15; Ap 1.3). Os escritos apostólicos normalmente vêm antecedidos pela mesma fórmula “está escrito” (e.g., Jo 20.31). Portanto, tanto o NT como o AT são apresentados na Bíblia como Palavra de DEUS escrita e dotada de autoridade. Em virtude de sua origem divina, as Escrituras são integralmente confiáveis e infalíveis (v. 1Tm 1.15; 3.1; 4.9; 2Tm 2.11; Tt 3.8; Hb 2.3; 2Pe 1.19), de modo que por meio delas podemos distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso (v. 1Ts 5.21; 1Jo 4.1). As Escrituras são modelo de confiabilidade (Lc 1.1-4) e jamais nos desapontarão, tampouco nos confundirão (Is 28.16; Jo 19.35; 20.31; Rm 9.33; 1Pe 2.6; 1Jo 1.1-3). Sua precisão se estende a cada detalhe mínimo, como disse nosso Senhor — à menor “letra” e ao menor “traço” (Mt 5.18) — de tal forma que a solidez da mínima porção dela encontra respaldo no todo (v. Is 40.8; Mt 24.35; 1Pe 1.24,25). Cada uma das palavras da Bíblia é, por sua própria definição, infalivelmente verdadeira. DEUS mesmo disse: “Eu, o SENHOR, falo a verdade; eu anuncio o que é certo” (Is 45.19). Conseqüentemente, o salmista podia dizer: “O compêndio da tua palavra é a verdade” (Sl 119.160; Edição Pastoral), e a literatura sapiencial nos consola: “Cada palavra de DEUS é comprovadamente pura [verdadeira, sem erro]” (Pv 30.5). Se nossa perspectiva doutrinária estiver alicerçada na Palavra de DEUS, só nos resta confessar que a Escritura é integralmente verdadeira, ou inerrante. JESUS testificou de modo incontestável: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A Confissão de Fé de Westminster baseia-se, portanto, em fundamento sólido quando diz que “todos os livros do AT e do NT” são integralmente “Escritura Sagrada ou Palavra de DEUS escrita” (I.2), “dada inteiramente por meio de inspiração da parte de DEUS”, que é “seu autor”, sendo ele mesmo a “própria verdade” (I.4). Portanto, os livros do AT e do NT são integralmente “infalíveis e de autoridade divina” (I.5), de modo que “o cristão acredita ser verdade tudo o que é revelado na Palavra, uma vez que a autoridade do próprio DEUS fala por meio dela” (XIV.2). De acordo com essa grande confissão de fé da igreja, não se pode apontar nenhum erro em parte alguma da Bíblia. Afinal de contas, se DEUS faz afirmações falsas em áreas de menor importância — em que nossa pesquisa pode pôr à prova sua precisão (como em detalhes históricos ou geográficos) —, como ter certeza de que ele também não teria cometido erros em questões de maior importância, como em teologia, por exemplo?1 Se não é possível acreditar na Palavra do Senhor quando ele fala de coisas terrenas, como acreditaremos nele quando nos falar de coisas celestiais? (v. Jo 3.12).
Ainda sobre isso, Archibald Alexander escreveu: “Se fosse possível demonstrar que os evangelistas cometeram erros evidentes ao lidar com fatos de menor importância, não teríamos como provar a inspiração de nenhum de seus escritos”. De igual modo, Charles Hodge disse que a Bíblia “é isenta de todo tipo de erro, seja doutrinário, factual ou normativo”; a inspiração, segundo Hodge, “não se limita a verdades morais e religiosas, estendendo-se a enunciações de fatos científicos, históricos ou geográficos”. Alexander, Hodge e B. B. Warfield afirmaram categoricamente que não há na Bíblia “um único erro sequer” em todos os assuntos referidos em seus ensinamentos — quer se trate de declarações sobre história, história natural, etnologia, arqueologia, geografia, ciência natural, fatos históricos ou da física, princípios psicológicos ou filosóficos, ou ainda de doutrinas e deveres espirituais. A doutrina da inerrância das Escrituras, seja apresentada nas páginas da Bíblia, nas confissões das igrejas ou por teólogos de renome, jamais é mera curiosidade acadêmica ou simples digressão secundária. Ela remete ao âmago da confiabilidade e da verdade da mensagem devida do evangelho encontrada na palavra escrita de DEUS. Se a Bíblia não for totalmente verdadeira, segue-se disso que nossa confiança na salvação não repousa sobre uma garantia divina e confiável, e sim sobre a autoridade mínima e falível dos homens. Warfield observou isso com muita clareza: A atual controvérsia diz respeito a algo muito mais vital do que a “inerrância” pura e simples das Escrituras, seja nas cópias que dela se fizeram ou nos manuscritos “autógrafos”. O que está em pauta aqui é a confiabilidade da Bíblia em suas declarações expressas, bem como nas concepções fundamentais de seus autores no que se refere ao curso histórico das interações de DEUS com seu povo. Está em jogo aqui, em síntese, a autoridade das representações bíblicas no que se refere à natureza da religião revelada, bem como o modo e a direção seguida por essa revelação. O que se discute é se devemos encarar a Bíblia como portadora de um relato avalizado por DEUS, totalmente confiável, sobre o modo benevolente com que ele se dirige a seu povo; ou se trata-se simplesmente de uma massa de acontecimentos mais ou menos confiável da qual é preciso filtrar alguns fatos para que se possa organizar um relato confiável da revelação redentora de DEUS e do modo como ele se relacionou com seu povo.  A igreja, em obediência à Palavra de DEUS, reconhece a inerrância absoluta da Escritura como aspecto crucial e inalienável da autoridade da revelação divina por meio da qual alcançamos o conhecimento genuíno de CRISTO e a alegria incontestável da vida eterna (v. 2Tm 3.15,16).
 
ESCRITURIZAÇÃO E DISTINÇÃO
 
Para preservar o testemunho apostólico e estender a comunhão da igreja à “palavra da vida” (1Jo 1.1-4) é que a proclamação e o ensinamento dos apóstolos foram fixados por escrito. Essa escriturização da revelação divina era necessária para que a igreja pudesse proclamá-la até o fim dos tempos (Mt 28.18-20). Van Til ressalta que a escriturização da Palavra de DEUS confere à sua forma a maior permanência possível, tornando-a menos suscetível a distorções tão comuns na tradição oral. O maior atributo da palavra escrita é sua objetividade. A palavra oral também tem sua medida de objetividade, mas não se pode compará-la à flexibilidade ou à durabilidade da palavra escrita. A memória é imperfeita. O desejo de mudar ou de distorcer está sempre presente. A desvantagem da revelação em forma oral (tradição) é que ela se torna muito mais sensível a vários tipos de influências degeneradoras oriundas das imperfeições humanas e de sua natureza pecaminosa (por exemplo, lapsos de memória e distorções intencionais). Para inibir essas forças, ensinou-nos Kuyper, DEUS decidiu fixar sua palavra por escrito — conferindo-lhe assim maior durabilidade, estabilidade, pureza e catolicidade. Um documento escrito pode ser distribuído universalmente por meio de inúmeras cópias. Além disso, pode ser acondicionado nos mais diversos locais para consulta de futuras gerações. Como tal, pode funcionar tanto como norma fixa — por meio da qual pode-se testar todas as doutrinas dos homens — e também como guia de pureza para o dia a dia. Contudo, essa admirável característica de escriturização gera uma dificuldade para a doutrina da inerrância da Escritura — uma dificuldade da qual não podemos fugir. A palavra escrita tem muitas vantagens em relação à tradição oral, mas não está imune àquilo que Kuyper chamou de “vicissitudes do tempo”. A difusão da Palavra de DEUS por meio da transmissão textual e da tradução abre as portas para a variação entre a forma original da palavra escrita e as formas secundárias (cópias e traduções). Essa variação requer um refinamento da doutrina bíblica da inerrância, uma vez que agora somos obrigados a nos perguntar qual seria o objeto específico da inerrância que atribuímos à Escritura. Será que a inerrância (ou infalibilidade, inspiração) é inerente aos escritos originais (autógrafos), às cópias desses originais (e, talvez, às traduções), ou a ambos? É óbvio que, ao responder a essas indagações, alguns acabaram exagerando nas conclusões a que chegaram na tentativa de resguardar a autoridade divina das Escrituras. Certas histórias supersticiosas levaram Fílon a postular que a tradução do AT da Septuaginta era inspirada. Alguns católicos romanos, seguindo a declaração do papa Sixto V de que a Vulgata era a Escritura autêntica, disseram tratar-se de tradução inspirada. Houve protestantes que defenderam a infalibilidade inspirada dos pontos vocálicos do AT hebraico (e.g., Buxtorfs e John Owen. A Fórmula Consensus Helvetica é mais cautelosa e refere-se à inspiração “no mínimo, do poder dos pontos”). A transmissão sem erros e a preservação do texto original da Escritura foram ensinadas inicialmente por homens como Holiaz, Quenstedt e Turretin, que erraram ao não reconhecer a significação das variações textuais nas cópias das Escrituras, sempre presentes em toda a história da igreja. Não obstante tais posições, a visão que predominou ao longo dos séculos, e que é mais comum entre os evangélicos atualmente, é a de que a inerrância (ou infalibilidade, inspiração) das Escrituras é inerente apenas ao texto dos autógrafos originais. Em uma carta a Jerônimo (Carta 82), Agostinho fez o seguinte comentário sobre coisas com que deparava na Bíblia e que lhe pareciam contrárias à verdade: “Para mim, ou se trata de texto corrompido, ou o tradutor não o reproduziu como deveria; ou ainda, quem sabe, não fui capaz de entendê-lo”. Aqui, é clara a distinção entre os autógrafos e as cópias das Escrituras, bem como a limitação da inerrância àqueles. De igual modo, em sua convicção de que os textos originais não continham erros, Calvino mostrou-se preocupado com possíveis adulterações do texto, como se vê em seu comentário a Hebreus 9.1 e Tiago 4.7. Lutero fez um trabalho de tradução e exegese bastante criterioso na tentativa de recuperar os dizeres originais do texto bíblico. Segundo Richard Baxter, “não há erro nem contradição [nas Escrituras]. Algumas cópias, porém, trazem falhas dos indivíduos incumbidos de preservá-las, transcrevê-las, imprimi-las e traduzi-las”. Warfield cita essa declaração e alude ainda ao trabalho de homens como John Lightfoot, Ussher, Walton e Rutherford para ilustrar como era candente a questão da inspiração limitada aos autógrafos por ocasião da Assembléia de Westminster. Portanto, conclui, as traduções hoje disponíveis são adequadas às necessidades do povo de DEUS, não importa a época. A fé histórica da igreja sempre advogou que as declarações de todo tipo registradas nas Escrituras [...] são isentas de erros sempre que a ipsissima verba dos autógrafos originais forem analisadas e interpretadas em conformidade com o sentido natural e pretendido por seu autor [...] Portanto, não se pode afirmar a ocorrência de “erros” cuja existência não possa ser atestada nos textos originais.  Edwin Palmer cita Kuyper e Bavinck ao tratar dessa mesma questão. Cita também Dijk, para quem a autoridade da Bíblia “refere-se sempre e somente aos textos puros e originais dos autógrafos (e não às suas traduções)”. Outros estudiosos distinguem igualmente entre os autógrafos e as cópias dos originais, limitando a inerrância (ou infalibilidade, inspiração) aos textos originais. São eles: J. Gresham Machen, W. H. Griffith Thomas, James M. Gray, Lewis Sperry Chafer, Loraine Boetnner, Edward J. Young, R. Surburg, J. I. Packer, John R. W. Stott, Carl F. H. Henry, entre outros. Henry sintetiza bem esse pensamento: A inerrância refere-se exclusivamente à proclamação oral ou escrita dos profetas e apóstolos originalmente inspirados. Não apenas sua comunicação da Palavra de DEUS era eficaz para o ensinamento da verdade da revelação, como também sua transmissão dessa Palavra era isenta de erros. A inerrância, entretanto, não se estende às cópias e traduções. É evidente que H. P. Smith e C. A. Briggs enganaram-se redondamente ao afirmarem que a inerrância original da Escritura era uma nova doutrina formulada por “escolásticos modernos”. A resposta de Warfield foi, como sempre, bastante apropriada: Trata-se de uma denúncia relativamente séria, própria do senso comum de inúmeras gerações que nos precederam. Que diremos, então? Devemos acreditar que ninguém, até o final do nosso maravilhoso século XIX, foi perspicaz o bastante para detectar um erro de impressão ou mesmo dar-se conta de que manuscritos copiados à mão estariam sujeitos a alterações de tempos em tempos? Estamos prontos a acreditar, por exemplo, que para os felizes donos de exemplares da “Bíblia Decaída”, o mandamento “Adulterarás” é tão divinamente “inerrante” quanto o texto genuíno do sétimo mandamento — considerando-se que “a inerrância dos autógrafos originais das Escrituras Sagradas” em nada “difere das Escrituras Sagradas que hoje possuímos”? [...] É claro que todo homem sensato, desde o início dos tempos, reconhece a diferença entre o texto genuíno e os erros de transmissão, depositando por conseguinte sua confiança no primeiro e rejeitando o segundo. Para os cristãos que se debruçaram sobre a questão inescapável suscitada pela escriturização da palavra de DEUS (ou seja, será que a inspiração, a infalibilidade e/ou a inerrância fazem parte dos autógrafos, das cópias que deles se fizeram ou de ambos?), o pensamento corrente, testado pelo tempo e pelo bom senso, é o de que a inerrância limita-se ao texto original autógrafo das Escrituras. Contudo, essa doutrina evangélica básica da Escritura tem sido duramente atacada e ridicularizada por muitos em anos recentes, e por isso devemos defendê-la. H. P. Smith diz em suas críticas que a doutrina da inerrância original não passa de mera especulação cujo objeto é um texto que já não mais existe e que não pode, de forma alguma, ser recuperado. David Hubbard reitera que a perspectiva evangélica tradicional advoga a inerrância, não de quaisquer textos, e sim dos textos autógrafos, aos quais nenhuma geração da igreja jamais teve acesso. Por conseguinte, advogar uma inerrância limitada aos autógrafos é uma tolice que de nada nos serve, objetou C. A. Briggs há cerca de um século: “Jamais teremos acesso aos escritos sagrados que tanto alegraram a vista daqueles que os viram pela primeira vez, cujos corações se regozijaram ao ouvi-los pela primeira vez. Se as palavras externas do original foram inspiradas, isso de nada nos aproveita, uma vez que fomos separados delas para sempre”. À luz da crítica textual, Brunner considerava inútil, idólatra e indefensável a distinção entre autógrafos inspirados ou infalíveis e cópias não inspiradas e falíveis das Escrituras. Para ele, a distinção é irrelevante e não tem nenhum valor prático, uma vez que a ocorrência de uma qualidade digna de louvor (seja ela a inspiração, a infalibilidade ou a inerrância) não se aplica a nenhum texto existente. É absurdo porque é impossível definir o caráter de um texto que já não mais existe. Os originais perderam a importância porque não podemos recuperá-los completamente, e é óbvio que DEUS não acha necessário que os tenhamos à nossa disposição. Mesmo assim, somos abençoados espiritualmente por meio dessas cópias falíveis, e ele se daria se tivéssemos em mãos originais falíveis. O argumento, portanto, pretende mostrar que a limitação da inerrância aos autógrafos não passa de fuga intelectual desonesta de uma situação embaraçosa, ou mero “pretexto” apologético. É o tipo de raciocínio que vem quase sempre acompanhado de uma alta dose de sarcasmo. Trata-se de um argumento [a saber, as investidas contra as Escrituras] baseado em dois pressupostos: o de que DEUS jamais nos deu uma Bíblia sem erros e, se deu, essa Bíblia não está disponível para ninguém. Há um clima pesado de referências mordazes às cópias autografas que homem algum jamais viu, que se perderam completamente e que nunca serão recuperadas. Os defensores da confiabilidade das Escrituras são sempre indagados, sarcasticamente, qual seria a utilidade de defender tão ardorosamente a inspiração plena de autógrafos extintos para sempre. Isso explica a “Bíblia perdida de Princeton”, enorme sátira que se fez a esses supostos autógrafos originais. Lester De Koster elevou ao máximo o grau de sarcasmo despejado sobre os que limitam a inerrância aos autógrafos: ninguém pode recorrer a autógrafos desaparecidos; a Bíblia que temos sobre a mesa não é a Palavra inerrante e infalível de DEUS. Portanto, hoje a igreja não dispõe de nenhuma Bíblia inerrante pela qual possa viver. Assim, a pregação torna-se impossível porque estaria fundamentada na palavra não inspirada do homem. A doutrina da inerrância bíblica, que parecia estar tão de acordo com o testemunho da Escritura, hoje se vê ameaçada por uma qualificação ou restrição que subverte sua significação e sua importância. Que reposta daremos a isso? Nas seções que se seguem, trataremos da atitude bíblica em relação aos autógrafos e às cópias, o que deveria ser o ponto de partida de todo comprometimento genuinamente cristão. Em seguida, explicaremos por que a igreja evangélica limita a inerrância aos autógrafos, procurando mostrar que nossa avaliação das cópias e das traduções não é uma questão decisiva. O raciocínio por trás da restrição evangélica é passado então em revista seguido de várias indicações da importância dessa doutrina em relação à Escritura. Discutiremos diferentes aspectos que nos asseguram, hoje, de que temos a Palavra de DEUS em nossas Bíblias. Por fim, concluiremos com a análise de algumas críticas explícitas à restrição evangélica da inerrância (ou infalibilidade, inspiração) aos autógrafos das Escrituras. Concluiremos que a doutrina da inerrância original é a um só tempo certa e defensável, e que se trata também de uma doutrina recomendada a todos os crentes para quem a autoridade da Bíblia como Palavra indisputável de DEUS é de fundamental importância.
 
 
A ATITUDE BÍBLICA
 
A Escritura traz poucas indicações de que se preocupa com a questão das cópias e da tradução da Palavra de DEUS; também não mostra muito interesse em reconhecer sua existência como algo distinto dos autógrafos. Podemos tirar várias inferências muito úteis de várias passagens com algo a nos dizer sobre a atitude da Escritura em relação a cópias então existentes e às posteriores traduções delas. O que aprendemos basicamente é que esses manuscritos não autógrafos eram considerados próprios para a realização dos propósitos que DEUS tinha em vista originalmente para as Escrituras. O que o rei Salomão possuía era, provavelmente, uma cópia da lei mosaica original (v. Dt 17.18) que, apesar disso, era considerada verdadeira e genuinamente, “o [que] o SENHOR, o seu DEUS, exige [...] conforme se acham escritos [i.e., os mandamentos, ordenanças e testemunhos] na Lei de Moisés” (1 Rs 2.3).27 O livro de Provérbios faz uma pausa e chama explicitamente a atenção para o fato de que “estes são outros provérbios de Salomão, compilados pelos servos de Ezequias, rei de Judá” (Pv 25.1). As cópias são consideradas canônicas e revestidas de autoridade divina. A Lei de DEUS que Esdras tinha em mãos era obviamente uma cópia da original, mas nem por isso deixou de funcionar como elemento de autoridade em seu ministério (Es 7.14). Quando Esdras lia a Lei para o povo, para que assim pudessem tomar conhecimento da orientação divina para sua vida, tudo indica que usava uma tradução que lhes permitia compreender o sentido das palavras no aramaico a que haviam se habituado no exílio: “Liam o livro da Lei de DEUS, traduzindo-o e dando explicações, para que o povo entendesse a leitura” (Ne 8.8; Edição Pastoral).28 Em todos esses exemplos, o texto secundário faz o trabalho da Palavra escrita de DEUS ao mesmo tempo que compartilha de sua autoridade original em um sentido prático. O NT também parece interessar-se por cópias secundárias da Palavra escrita de DEUS. Paulo, principalmente, preocupava-se sobremaneira que lhe trouxessem “[meus] livros, especialmente os pergaminhos” (2Tm 4.13). A prática de coleta de epístolas do NT para as várias igrejas (v. Cl 4.16) encorajou, naturalmente, a cópia dos manuscritos originais. Não faltam motivos para se acreditar que, em vista dos exemplos de JESUS e dos apóstolos, tais epístolas fossem consideradas úteis para a correção e para a instrução na justiça (v. 2Tm 3.1 6b). Quando os autores do NT apelam para a autoridade do AT, utilizam os textos e versões que tinham à mão, assim como nós hoje.29 JESUS pregava com base nos pergaminhos existentes e os considerava “Escrituras” (Lc 4.16-21). Os apóstolos usavam as Escrituras que tinham à disposição para argumentar (At 17.2) e referendar suas conclusões (At 18.28). Os ouvintes conferiam a proclamação apostólica compulsando as Escrituras do AT que possuíam (At 17.11). Uma vez que seus adversários compartilhavam da crença na autoridade funcional dos manuscritos disponíveis das Escrituras, JESUS e seus apóstolos os confrontaram de igual para igual recorrendo aos manuscritos existentes, sem se preocuparem com os autógrafos.30 Isso é percebido pelo imperativo presente aplicado à ordem de examinar as Escrituras, porque testificam de CRISTO (Jo 5.39), bem como pelas perguntas retóricas empregadas em textos didáticos: “Vocês não leram …?” e “O que diz a Lei? Como vocês a interpretam?” (e.g., Mt 12.3,5; 21.16,42; Lc 10.26). É bem provável que as “sagradas letras” que Timóteo conheceu na infância não apenas eram cópias da Escritura, se não a própria tradução da Septuaginta.  E mesmo assim elas podiam “torná-lo sábio para a salvação”. Esses exemplos mostram que a mensagem transmitida pelas palavras dos autógrafos, e não a página física onde encontramos a impressão, constitui o verdadeiro objeto da inspiração. Portanto, dado que a mensagem foi fixada de forma confiável nas cópias ou traduções disponíveis para os autores sagrados, podiam usá-las de maneira prática confiados na autoridade dos documentos que tinham à mão. Contrariamente às inferências radicais e sem fundamento de Beegle, a exortação e os desafios baseados nas cópias da Escritura são parte integrante da mensagem transmitida e nada nos dizem em si mesmos sobre textos remanescentes. Tampouco procuram mostrar que os autores bíblicos não faziam distinção entre o texto original e as cópias. Se assim fosse, a autoridade única e inalterável da mensagem bíblica não seria preservada tão tenazmente por esses mesmos autores. Uma vez que CRISTO não colocou em dúvida a Escritura disponível a seus contemporâneos, podemos supor seguramente que o texto do AT em uso no século I refletia de modo integral a representação da palavra divina dada originalmente. JESUS considerava as cópias existentes em seus dias tão próximas dos textos originais em sua mensagem que recorria a elas como fonte de autoridade. O respeito que JESUS e seus apóstolos devotavam ao texto do AT então disponível era, no mínimo, expressão de sua confiança na providência divina, graças à qual o conteúdo das cópias e traduções permaneceu substancialmente idêntico aos originais inspirados. Portanto, é enganoso dizer que não limitavam a inerrância aos autógrafos, e que seu ensinamento sobre a inspiração tinha em vista as cópias imperfeitas de que dispunham. O fato é que, embora as cópias e traduções atuais tivessem autoridade prática e fossem suficientes para os propósitos da revelação divina, a Bíblia demonstra uma preocupação constante em vincular as cópias existentes ao texto autógrafo. Não há, como se poderia esperar, nenhum ensinamento explícito relativo aos autógrafos e cópias deles; contudo, o que se deseja destacar fica muito claro pelos ensinamentos e declarações da Bíblia. Temos, portanto, uma resposta à indagação de Pinnock — a limitação da inerrância aos autógrafos é realmente escriturística? —; e também uma réplica à alegação de Chapman de que não é bíblico limitar a inspiração aos autógrafos. De acordo com Beegle, não há nenhum ensinamento explícito no NT que faça distinção entre os autógrafos e as cópias; os escritos originais não são separados e postos em posição especial, uma vez que os autores bíblicos consideravam inspirados os manuscritos falíveis de que dispunham. Ao examinarmos as passagens bíblicas relativas a essa questão, procuraremos demonstrar a fragilidade de tais argumentações. Ao iniciarmos nossa análise do AT, constatamos imediatamente que: A maior parte das referências à inspiração encontradas no AT refere-se aos autógrafos semíticos. A maioria diz respeito às composições dos autores bíblicos, as quais são identificadas não como produtos de ditado divino, e sim como equivalentes às palavras de DEUS. Davi, por exemplo, diz: “O ESPÍRITO do SENHOR falou por meu intermédio” (2Sm 23.2); Isaías: “Procurem no livro do SENHOR e leiam” (Is 34.16); Jeremias: “Cumprirei naquela terra [...] tudo o que está escrito neste livro” (Je 25.13; v. 30.2; 36.2), ou mesmo Salomão, em Eclesiastes 12.11. Outras referências dizem respeito a passagens muito recentes. Isso significa que os manuscritos originais talvez estivessem disponíveis — como quando Josué refere-se ao “livro da Lei de DEUS” (Js 24.26) — ou fossem facilmente acessíveis — por exemplo, quando Joel cita a profecia contemporânea (?) de Obadias: “...conforme prometeu o SENHOR” (Jl 2.32). A Escritura pressupõe que não há outra escolha senão seguir o texto original da palavra de DEUS escrita. As cópias atuais têm autoridade porque estima-se que reflitam os textos autógrafos corretamente. Essa perspectiva de fundamental importância vem à tona de tempos em tempos. Foi pedido a Israel, por exemplo, que fizesse o que DEUS “dera aos seus antepassados por meio de Moisés” (Jz 3.4). Essa referência aponta implicitamente para a mensagem original, procedente do próprio autor. Foi dito explicitamente a Isaías que escrevesse, e seu livro permaneceria como testemunho para sempre (Is 8.1; 30.8); o texto autógrafo era a norma permanente para o futuro. Daniel compreendeu “pelas Escrituras” (possivelmente cópias) que as palavras dadas por DEUS eram “palavras do SENHOR dadas ao profeta Jeremias” (Dn 9.2).  O verbo empregado no aspecto perfeito indica ação completa no tocante à comunicação da palavra de DEUS especificamente a Jeremias. De igual modo, o NT pressupõe que os ensinamentos contidos nas cópias da Escritura então disponíveis eram corretos, porque remontavam ao texto autógrafo. Mateus 1.22 cita Isaías 7.14 como “o que o Senhor tinha dito pelo profeta” (v. 2.15). JESUS ensinou que deveríamos viver “de toda palavra que procede da boca de DEUS” (Mt 4.4), atrelando assim a autoridade das Escrituras à comunicação original transmitida por inspiração divina, O que as pessoas liam como “Escritura” nos livros de Moisés era “o que DEUS lhes [dizia]”, nas palavras de CRISTO (Mt 22.29-32; Mc 12.24-26). Davi, inspirado, falou ao povo na cópia do livro dos Salmos que possuíam (Mt 22.43; Mc 12.36; Lc 20.42), assim como a leitura de Daniel deixa claro ao leitor que é o profeta que lhe fala naquela cópia das Escrituras (Mt 24.15; Mc 13.14). Em todos os casos, o texto autógrafo se faz presente por meio da cópia consultada. Quando CRISTO indagava: “Vocês não leram …[nas cópias existentes na época, evidentemente]?” (Mt 19.4; cf. v. 7), ele se referia, na verdade, ao que Moisés ordenara aos judeus (Mc 10.3). As palavras de Moisés que JESUS reproduzia com base em Gênesis 2.24 eram, para ele, equivalentes ao que “DEUS [dissera]” como autor original da Escritura (Mt 19.4,5). Os que possuem os manuscritos existentes “têm Moisés e os profetas”, e cabe a eles, portanto, ouvi-los (Lc 16.29). A distância real entre os autógrafos e as cópias feitas com base neles não nos interessa neste momento, já que partimos do pressuposto de que o texto original se encontra reproduzido nas cópias. Afinal de contas, são as coisas escritas pelos profetas que nos constrangem (Lc 18.31). Ao expor as Escrituras então existentes, CRISTO na verdade expunha o que fora dito pelos profetas, e assim podia condenar os que demoravam a crer naquilo que os profetas haviam dito (Lc 24.25-27). Nas cópias das Escrituras então disponíveis, os seguidores de JESUS encontravam o que nele se realizava, a saber, todas as coisas “que foram escritas” em todo o AT (Lc 24.44-46; tradução do autor). Os “escritos” então disponíveis, e que tornavam culpados seus ouvintes, eram considerados idênticos aos que Moisés escrevera (Jo 5.45- 47); e a Lei apontada como fundamental nas controvérsias de então era de procedência reconhecidamente mosaica (Jo 7.19; cf. v. 23). O texto de João 10.34-36 é particularmente instrutivo. JESUS disse: “Não está escrito na lei de vocês…?”, referindo-se com isso às cópias dos manuscritos do AT que possuíam. Depois, cita Salmos 82.6, depositando a força de seu argumento em uma palavra do texto. A premissa de seu argumento é de que DEUS “chamou-os de deuses, a quem a palavra de DEUS foi dada”. Isto é, DEUS chamou os juízes contemporâneos de Asafe — autor do salmo — de “deuses”, e foi a eles que a palavra de DEUS foi transmitida. É o texto original de Asafe, portanto, que é posto em pé de igualdade com a palavra de DEUS. JESUS acatou a fé dos judeus na autoridade das leis que possuíam (cópias), porque julgou que refletissem corretamente o texto original, e foi sobre esse fundamento que trabalhou. A “Escritura” a que apelou nessa controvérsia está intimamente relacionada com o que fora efetivamente dito àqueles a quem “a palavra de DEUS fora dada”. A palavra de DEUS escriturizada, transmitida originariamente aos israelitas, hoje se acha escrita em seus livros da lei. Aqui deparamos com uma indicação bastante explícita de que a autoridade das cópias atuais remonta aos autógrafos à sua retaguarda. A importância dos autógrafos para as Escrituras do NT já era perceptível na promessa de JESUS de que o ESPÍRITO SANTO tomaria suas palavras originais e as tornaria presentes na lembrança dos apóstolos, para que pudessem reproduzi-la (Jo 14.25,26). Quando os apóstolos citavam o AT em sua pregação e em seus escritos, faziam-no na suposição de que assim reproduziam a Escritura conforme fora transmitida inicialmente. Por conseguinte, Pedro referiu-se a “essa Escritura” (i.e., Sl 69.25) como aquela que “o ESPÍRITO SANTO predisse por boca de Davi” (At 1.16; v. 4.25). O manuscrito mais antigo, dado anteriormente por meio do ESPÍRITO SANTO, é a primeira referência de sua pregação baseada em cópias dos salmos. De igual modo, Paulo cita Isaías 6.9,10 dizendo: “Bem que o ESPÍRITO SANTO falou aos seus antepassados...” (At 28.25; Rm 3.2). O apóstolo prossegue mediante o pressuposto de que a citação feita era fiel à transmissão original do texto ocorrida muitos anos antes. A citação de Jeremias 31 em Hebreus 10 é tida como reprodução do que o ESPÍRITO SANTO falara originalmente por meio do profeta (Hb 10.15). Na verdade, a consolação proporcionada pelas cópias então existentes das Escrituras devia-se a “tudo o que foi escrito no passado”, ou seja, ao texto original escrito há muitos anos (Rm 15.4). De modo semelhante, o texto que Paulo diz inspirado é de sua própria autoria: “… o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor” (1Co 14.37; v. 2.13). Por diversas vezes somos confrontados com o fato óbvio de que os autores bíblicos usaram as cópias de que dispunham em seu tempo, partindo sempre do pressuposto de que a autoridade daquelas reproduções era um desdobramento do texto original que refletiam fielmente. É particularmente importante observar esse fato no tocante a dois versículos que ensinam a inspiração da Escritura. Em 2Timóteo 3.16, Paulo enfatiza que todas as Escrituras são inspiradas por DEUS, ressaltando obviamente sua origem e, portanto, sua forma autografa. As sagradas letras que Timóteo conhecia (possivelmente a Septuaginta) podiam torná-lo sábio para a salvação porque baseavam-se nas Escrituras originais, de procedência divina — escritos esses que eram conseqüência direta da inspiração e que Paulo aqui associa à forma original da Escritura proveniente de DEUS. De igual modo, em 2Pedro 1.19- 21, aprendemos que “temos [...] a palavra dos profetas” (provavelmente cópias), a qual devemos acatar e tratar como fonte de autoridade. E por quê? Porque homens falaram da parte de DEUS, “movidos” pelo ESPÍRITO SANTO.
A suficiência e a função dos manuscritos bíblicos existentes não se acham divorciados dos manuscritos originais (que justificam a existência daqueles), os quais eram produtos divinos. É vasta, portanto, a lista de exemplos que apontam para o fato de que a suficiência das cópias existentes da Bíblia explica-se em função dos textos autógrafos que lhes dariam respaldo. A importância e a autoridade criteriológica dos textos autógrafos da Escritura manifestam-se em quatro situações específicas do AT. Cada uma delas mostra que a inspiração, a infalibilidade e a inerrância da Bíblia devem ser buscadas nos textos autógrafos, que são norma para o povo de DEUS e para a identificação de tudo o que reclama para si o título de “Palavra de DEUS”. O primeiro caso conhecido de necessidade de restauração textual ocorre em Êxodo 32 e 34. As primeiras Tábuas da Lei foram escritas pelo próprio DEUS (Êx 32.15,16), porém, foram subseqüentemente destruídas por Moisés em um momento de cólera (v.19). DEUS providenciou novas tábuas (Êx 34.1,27,28), e a Bíblia faz questão de ressaltar de que nas tábuas novas DEUS escreveu “o que tinha escrito anteriormente” (Dt 10.2,4). Aqui temos um modelo exemplar para as futuras cópias dos autógrafos bíblicos: todas deveriam reproduzir as palavras que constavam da primeira tábua ou página para que fosse preservada integralmente a autoridade divina da mensagem nelas contida. Assim, também em Jeremias 36.1-32, lemos que o profeta ditou a palavra de DEUS a Baruque, que a registrou em um pergaminho. Quando esse pergaminho, com sua mensagem pouco auspiciosa, foi lido perante o rei Jeoaquim, ele o fez em pedaços e o queimou. A Palavra de DEUS veio então a Jeremias e o instruiu a fazer uma nova cópia da Escritura. Vemos aí claramente que a norma para a confecção da nova cópia era a obediência ao texto original: “Pegue outro rolo e escreva nele todas as palavras que estavam no primeiro” (v. 28). O bom senso nos diz que a cópia, para que fosse confiável, deveria reproduzir o texto original com precisão. A natureza paradigmática ou criteriológica do texto autógrafo das Escrituras também é ensinada em Deuteronômio 17.18. Embora o autógrafo mosaico tivesse sido posto, pelos levitas, próximo da Arca da Aliança (Dt 31.24-26), o rei deveria também escrever para si uma “cópia do livro [da leo] que está aos cuidados dos sacerdotes levitas”. Essa cópia serviria de guia revestido de autoridade somente se refletisse fielmente o texto original. Se não houvesse preocupação alguma com uma cópia que transmitisse fielmente o texto autógrafo, o rei não teria como evitar de se desviar para a direita ou para a esquerda no que se refere ao mandamento divino (Dt 17.19,20). Portanto, as cópias das Escrituras não poderiam se afastar o mínimo que fosse do texto original.
 A quarta situação que se verifica no AT e que manifesta a estima e a deferência conferida pelos judeus ao texto autógrafo aparece em 2Reis 22 e em 2Crônicas 34, em que se relata a restauração da cópia do Livro da Lei pertencente ao templo durante o reinado de Josias. A existência do Livro da Lei era conhecida de antemão; ele fora posto ao lado da Arca da Aliança e era usado de tempos em tempos em leituras públicas (Dt 3 1.12,24-26; 2Cr 35.3). Contudo, embora houvesse provavelmente cópias particulares da Lei nas mãos de alguns sacerdotes e profetas, a cópia autografa oficial havia desaparecido. O cronista registra que Josias havia começado a seguir a Lei sem muito discernimento, provavelmente com base no conhecimento tradicional (34.3-7). Depois disso, o templo começou a ser reconstruído, e foi nessa época que Hilquias, o sumo sacerdote, achou o Livro da Lei. O desejo de Josias de restaurar o templo já demonstrava sua disposição em promover o culto ao Senhor. Portanto, a descoberta de Hilquias foi motivo de grande comoção. Com o tempo, Josias passou a demonstrar enorme preocupação com as palavras desse “livro que foi encontrado” (2Rs 22.13). Ao que parece, ele trouxe à sua atenção um material (provavelmente imprecações da Aliança: 2Rs 22.11,13,16,18,19; v. Dt 28; Lv 26) que não constava de outras cópias ou tradições da Lei disponíveis. O que é importante observar aqui é o fato de que esse Livro da Lei recuperado, que corrigia e completava a perspectiva teológica de Josias, era, creio eu, o autógrafo original preservado de Moisés. O que foi encontrado não era simplesmente “um livro” (uma cópia de algum volume bem conhecido), e sim “o livro da Lei” — um manuscrito um tanto diferente de outros (2Rs 22.8). Era, sobretudo, o livro da Lei “dado por meio [pela mão] de Moisés” (2Cr 34.14). Embora não haja prova conclusiva disso e ainda que o livro recuperado não seja necessariamente o autógrafo de Moisés, o peso das evidências favorece essa interpretação; as provas em contrário são desprezíveis. Esse incidente do AT amplia o valor, a função corretiva e a autoridade normativa do texto autógrafo da Escritura em relação a todas as demais cópias ou à compreensão tradicional daquilo que DEUS havia dito. A suficiência de uma cópia é proporcional à precisão com que reproduz o original. Quaisquer desvios em relação aos autógrafos constituem ameaça ao proveito que se pode tirar da cópia como fonte de instrução doutrinária e de bússola para uma vida de retidão. Os autores bíblicos, portanto, sabiam perfeitamente como distinguir entre os autógrafos e as cópias, e eram capazes de perceber o significado dessa distinção. O autógrafo da Escritura encontrado na época de Josias foi um acontecimento espetacular, porque não se tratava do simples acréscimo de mais uma cópia, entre outros manuscritos, a um repositório indiferenciado de Bíblias! Existem, contudo, outras maneiras pelas quais a Escritura ensina ou ilustra o padrão regulador dos autógrafos em relação às cópias de modo explícito ou assumido. Em primeiro lugar, a Bíblia nos adverte a todo momento quanto a alterações no texto da Palavra de DEUS. De acordo com o mandamento divino, nada deve ser acrescentado a ela nem retirado (Dt 4.2; 12.32). Provérbios aconselha: “Nada acrescente às palavras dele, do contrário, ele o repreenderá e mostrará que você é mentiroso” (Pv 30.6). A honestidade requer que nos apeguemos à mensagem transmitida originalmente por DEUS, sem nenhum tipo de complementação. Caso contrário, a norma permanente de julgamento dificilmente poderia ser expressa pelas palavras: “À lei e aos mandamentos! Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Is 8.20). As Escrituras do NT demonstram o mesmo ciúme em relação à pureza imaculada do texto original, como se pode ver pela bem conhecida advertência do livro de Apocalipse (22.18,19). O padrão normativo da mensagem autografa consiste no pressuposto subjacente ao conflito com a tradição seguido por CRISTO e pelos apóstolos (e.g., Mt 15.6; Cl 2.8). Conforme se vê em Mateus 5.12ss., a tradição era portadora, em certa medida, do texto veterotestamentário, porém não deveria em hipótese alguma obscurecer a autêntica Palavra de DEUS (Mc 7.1-13). Por conseguinte, CRISTO condena o ensinamento dos fariseus quando ele modifica o texto das Escrituras do AT— e.g., no que diz respeito ao ódio (Mt 5.43) e ao divórcio (Mt 19.7). Em conformidade com as admoestações do AT, Paulo instrui os cristãos a não torcerem a Palavra de DEUS (2Co 4.2). O NT faz questão de deixar muito claro que todo ensinamento contrário à mensagem apostólica deve ser rejeitado (e.g., Rm 16.17; Gl 1.8; 1Jo 4.1-6). Deparamos inclusive, como era de esperar, com uma advertência enérgica para que não nos afastemos do texto apostólico (2Ts 3.14, em que a norma é “o que dizemos nesta carta”). Os crentes devem estar alertas em relação a textos que se passam por Escritura, mas não o são. Não devemos nos alarmar, diz Paulo, “por carta supostamente vinda de nós” (2Ts 2.2). Em geral, Paulo empregava uma amanuense para escrever suas cartas (e.g., Rm 16.22) — um expediente que dava margem à muita falsificação. Todavia, o apóstolo tinha o costume de apor sua assinatura às cartas, autenticando-as, como ele mesmo observa em 2Ts 3.17: “Eu, Paulo, escrevo esta saudação de próprio punho, a qual é um sinal em todas as minhas cartas. É dessa forma que escrevo” (v. 1Co 16.21; Gl 6.11; Cl 4.18). Vale ressaltar que o apóstolo faz essa afirmativa na mesma epístola em que adverte quanto a cartas apostólicas espúrias. Aqui Paulo chama a atenção para o texto bastante literal dos “autógrafos” como instrumento de autenticação da mensagem a ser crida e obedecida pelos cristãos! A autoridade textual criteriológica, portanto, está presente de modo uniforme na Escritura sob a forma dos textos originais, autógrafos, dos livros bíblicos. Todas as cópias devem ser avaliadas e consideradas à luz dos autógrafos, os quais devem aparecer refletidos nas cópias. Sua autoridade procede do texto original, cuja autoridade, por sua vez, procede de DEUS. Podemos, portanto, resumir a atitude que a Bíblia demonstra em relação aos autógrafos e às cópias dessa maneira. A autoridade e a utilidade das cópias e traduções das Escrituras são evidentes na Bíblia toda. Elas podem levar o homem ao conhecimento da verdade salvadora, bem como orientar sua vida. Contudo, é igualmente óbvio que o uso da autoridade da Escritura procedente das cópias traz em si o entendimento implícito, e muitas vezes o requisito explícito, de que tais cópias têm autoridade porque — e tendo em vista que — reproduzem o texto autógrafo original. Os autores bíblicos entendiam que havia uma distinção entre o original e a cópia e manifestavam seu comprometimento com a autoridade criteriológica do original. Essas duas características — a suficiência das cópias existentes e a autoridade crucial e primordial dos autógrafos — aparecem em uma combinação muito feliz na fórmula padrão utilizada pelo NT quando cita a Escritura para encerrar uma discussão: “Está escrito”. Essa forma (no tempo perfeito) aparece pelo menos 73 vezes só nos evangelhos. Significa que algo foi estabelecido, realizado ou concluído e que continua a sê-lo ou tem efeito permanente. A expressão “está escrito” exprime a verdade segundo a qual o que foi escrito na Escritura original continua escrito nas cópias hoje disponíveis e vice-versa: o recurso que o autor faz às cópias da Escritura como padrão normativo se explica pelo fato de que elas são consideradas testemunho permanente do texto autógrafo. Os argumentos do NT baseados em uma frase (como, por exemplo, em At 15.13-17), uma palavra (Jo 10.35), ou até mesmo na diferenciação entre o singular e o plural de uma palavra do AT (Gl 3.16) ficariam totalmente destituídos de sua força genuína nos dois casos seguintes: 1) A frase, palavra ou forma apontada não consta das cópias atuais do AT, o que invalidaria o argumento perante o adversário em questão, já que é espúrio (ou seja, não há como provar que o inimigo está errado). 2) A frase, palavra ou forma deve ter sido parte integrante do texto original da passagem citada, caso contrário o argumento perde o lastro de autoridade que lhe daria a Palavra de DEUS (ou seja, a autoridade desse elemento do texto não seria superior à da palavra de um ser humano qualquer, na melhor das hipóteses, além do que — na pior das hipóteses — constituiria um erro embaraçoso do copista). Quando um autor do NT deixa de apelar ao texto original por meio das cópias à sua disposição, sua argumentação torna-se vã. Vemos, portanto, que a Bíblia quer deixar claro duas coisas. Em primeiro lugar, o texto bíblico de que dispomos satisfaz uma necessidade permanente do povo de DEUS: confiar substancialmente nas cópias existentes. Não há por que não acreditarmos nas cópias da Escritura de que dispomos e ser salvos sem ter de compulsar os textos autógrafos, uma vez que a própria Bíblia afirma que as cópias refletem o texto original e, portanto, são também portadoras de sua autoridade. Em segundo lugar, as características e qualidades indisputáveis das Escrituras — tais como inspiração, infalibilidade e inerrância — são todas identificadas com a palavra original de DEUS e são também encontradas no texto autógrafo — e só os autógrafos podem ser considerados como palavra de DEUS ao homem. Podemos acrescentar agora uma breve conclusão a esta seção sobre o uso da Septuaginta pelo NT e sobre o problema das citações de textos do AT pelo NT que parecem se afastar do original. Nenhuma dessas duas práticas invalidam nossas conclusões anteriores. A Septuaginta foi usada para facilitar a comunicação da mensagem do NT. Era uma versão popular naqueles dias. Esse fato, porém, não lhe confere inspiração (conforme acreditavam Fílon e Agostinho). Até mesmo Beagle admite que se os autores do NT considerassem inspirada a Septuaginta, isso se dava somente de modo “secundário e derivativo”. Conforme defendia Jerônimo em sua disputa com Agostinho no tocante a essa questão, somente o texto hebraico era estritamente inspirado. Os autores do NT, supomos, usavam a Septuaginta somente na medida em que essa tradução não se desviava fundamentalmente do texto hebraico. Assim como alguém pode escrever usando seu próprio vocabulário sem introduzir elementos falsos à sua escrita, podendo inclusive questionar fontes duvidosas sem incorporar partes errôneas delas, assim também os autores do NT podiam usar o vocabulário e o texto da Septuaginta sem compactuar com erros. Graças à intervenção do ESPÍRITO SANTO em seu trabalho (v. 2Pe 1.21), os autores sagrados ficavam protegidos de tais erros, porque o ESPÍRITO é o “ESPÍRITO da verdade” (Jo 16.13). A diversidade de textos era reconhecida pelos autores do NT, mas não constituía fonte de perplexidade, já que eram dirigidos pelo ESPÍRITO. Podiam escolher a redação que melhor comportasse o significado divino, citando com freqüência a Septuaginta como Palavra de DEUS sem deixar de corrigir muitas vezes o texto dos LXX! Uma dificuldade maior deve-se ao fato de que a Septuaginta é por vezes citada de um modo que, a princípio, parece contrariar o texto hebraico de uma maneira que dificilmente seria permitida por muitos críticos, a saber: o modo como o NT cita por vezes o AT parece demonstrar pouca preocupação pelo emprego preciso do original. Fitzmyer observa: “Para a crítica acadêmica moderna, o modo como eles lêem [i.e., os autores do NT] o AT parece quase sempre muito arbitrário, já que não dão a devida atenção ao sentido e ao conteúdo do original”. Aqui não é o lugar para discutirmos em detalhes passagens bem conhecidas e difíceis, referentes à questão levantada mais acima. Algumas dessas passagens requerem um estudo mais aprofundado em face da atitude mais abrangente prescrita pela Escritura em relação à inerrância e ao texto original. Como sempre, os fenômenos bíblicos devem ser avaliados sob o aspecto do testemunho básico e contextual que a Escritura dá de si mesma — isto é, à luz dos pressupostos inerentes a ela. Basta dizer aqui que não é necessário impor um padrão de precisão artificial e estranho à cultura e aos hábitos literários da época em que a Bíblia foi escrita em nome da inerrância ou da fidelidade aos autógrafos. Os métodos de citação não eram tão precisos naqueles dias como são hoje, e não há razão alguma para que as citações feitas pelo NT fossem verbalmente exatas. A questão é saber se o significado do texto autógrafo está ou não por trás dos textos e das traduções usadas pelos autores do NT. Esse, aliás, deve ser o pressuposto do testemunho bíblico, conforme defendi mais acima. Ao se limitarem a um ponto ou a um insight específico (por vezes restrito, outras vezes mais amplo), as citações do AT feitas pelo NT precisam somente recorrer a uma precisão que melhor se adapte ao propósito do autor. Os pregadores de hoje não são infiéis à Escritura quando misturam uma alusão passageira a uma citação específica da Bíblia, quando dão novo formato a frases bíblicas ou quando fazem uma paráfrase de assuntos vinculados a um determinado contexto para a obtenção da declaração, frase ou palavra desejada. Seu ponto de vista escriturístico pode ser comunicado de tal forma que seja fiel ao sentido sem que para isso tenha de reproduzir com clareza cristalina o texto citado. Portanto, o emprego que o NT faz da Septuaginta ou as versões inexatas de textos do AT não desvirtuam o comprometimento dos autores envolvidos com a autoridade criteriológica dos autógrafos. Tal prática, aliás, enfatiza a aceitação tranqüila de textos ou versões não necessariamente originais para propósitos práticos imediatos de ensino. Eles eram adequados precisamente porque eram considerados portadores do sentido genuíno do original. t, New Testament studies, 1961, p. 332
 
 
EXPLICAÇÃO E BASE PARA A RESTRIÇÃO
 
Depois de analisada a atitude bíblica em relação aos autógrafos e às cópias feitas com base neles, explicaremos agora em que sentido os evangélicos, diante disso, limitam a inerrância aos autógrafos da Escritura, propondo ao mesmo tempo algumas razões para isso. Existe hoje em dia uma compreensão errônea e de graves conseqüências a respeito da limitação evangélica da inerrância (ou inspiração, infalibilidade) aos textos autógrafos, bem como sobre as implicações resultantes disso. De Koster alega que existem apenas duas opções: ou a Bíblia que usamos no púlpito é a Palavra inspirada de DEUS, ou então é a palavra não inspirada do homem. Uma vez que a inspiração e a inerrância se limitam aos autógrafos (hoje perdidos e, portanto, ausentes de nossos púlpitos), segue-se que nossas Bíblias contêm as palavras não-inspiradas do homem, e não a Palavra de DEUS de que temos tanta necessidade. Outros construíram uma argumentação epistemológica malfeita no tocante à inerrância bíblica alegando que um único erro na Bíblia invalida todo o resto. Nesse caso, não podemos confiar em nada do que diz; conseqüentemente, DEUS não pode utilizá-la para comunicar-se conosco, já que ela não tem mais autoridade alguma. Partindo desse ponto de vista errôneo, a crítica prossegue dizendo que a restrição da inerrância aos textos autógrafos feita pelos evangélicos significa que, em virtude dos erros presentes em todas as versões atuais, nossas Bíblias não merecem confiança alguma, são incapazes de nos transmitir a palavra de DEUS e tampouco podem ser a Palavra inspirada de DEUS. Se nossas Bíblias atuais, com seus erros, não são inspiradas, nada mais nos resta (uma vez que os autógrafos se perderam). Esse dilema repousa sobre inúmeras falácias e mal-entendidos.
Em primeiro lugar, confunde-se texto autógrafo (palavras) com códice autógrafo (documento físico). A perda deste último não significa necessariamente que o primeiro também tenha se perdido. Certos manuscritos podem ter se deteriorado e se perdido, porém as palavras contidas nesses manuscritos continuam conosco em cópias bem cuidadas. Em segundo lugar, quando os evangélicos defendem a inerrância, não pretendem com isso cometer a falácia lógica de dizer que se um livro, em uma determinada passagem, contém um erro, disso segue-se que todas as demais passagens estão automaticamente comprometidas. Em terceiro lugar, o predicado “inerrante” (ou “inspirado”) não significa que devamos fazer uma escolha radical entre tudo ou nada. Criamos um falso dilema ao dizer que um livro é totalmente inspirado ou não (assim como é falacioso achar que um livro deva ser integralmente verdadeiro ou falso). Muitos predicados (e.g., “calvo”, “quente”, “rápido”) são usados de modo gradativo. Ele se aplica a “inerrante” e “inspirado”. Um livro pode ser quase que totalmente inerrante, o que significa que pode conter alguns poucos erros. É possível que contenha uma certa dose de material inspirado e não inspirado. Uma antologia de textos sagrados de várias religiões, por exemplo, pode ser inspirado na medida em que apresente excertos da Bíblia. Isso não significa que a inerrância ou inspiração, como qualidades que são, admitam gradação, como se algumas passagens da Bíblia fossem “mais inspiradas” do que outras ou como se certas afirmativas de sentido específico fossem uma mistura de verdade e erro. Na verdade, os objetos (i.e., certos livros) desses predicados possuem elementos ou partes às quais os predicados se aplicam integralmente; outras, não. O fato de que podemos nos referir à calvície como um processo gradativo significa que certos objetos (i.e., cabeças) podem apresentar áreas com cabelos e áreas sem cabelos, e não que exista alguma qualidade que seja um misto de presença e ausência de cabelos. É imprescindível reiterar da maneira mais clara possível, e sem nenhuma ambigüidade, que a restrição evangélica aos autógrafos:
1) refere-se ao texto autógrafo, preservando assim a singularidade da mensagem verbal de DEUS;
 2) o que não significa que as Bíblias hoje existentes, uma vez que não são totalmente inerrantes, não podem ser Palavra de DEUS. Para o evangélico, a inerrância ou inspiração das Bíblias atuais não é algo que se deva aceitar ou rejeitar por inteiro. Tenho uma edição antiga de uma peça de Shakespeare, publicada pela editora da Universidade de Cambridge, que provavelmente contém erros ou palavras que dão margem a discórdias se comparadas com o texto original do autor. Contudo, isso não me leva à conclusão radical de que o livro que tenho sobre minha mesa não é da autoria de Shakespeare. É uma obra shakespeariana — na medida em que reflete o trabalho do autor, o que a qualifica como tal (em vista do alto grau de aceitação dessa correlação) de um modo que não precisa ser explicitado e reiterado com freqüência. Assim também, a versão da Bíblia que possuo contém diversos termos incorretos ou contestáveis se comparados ao texto autógrafo da Escritura, mas nem por isso deixa de ser Palavra de DEUS, inspirada e inerrante — na medida em que reflete a obra original de DEUS, o que (dado o grau objetivo, preeminente e universalmente aceito dessa correlação à luz da crítica textual) lhe confere uma qualificação que raras vezes necessita de afirmação. Não é difícil entender que a cópia só será considerada uma reprodução confiável da obra original na medida em que se mantiver fiel às palavras do seu autor. Explicaremos agora da maneira clara as implicações do ponto de vista evangélico segundo o qual a inerrância só se aplica aos autógrafos. De acordo com Francis Patton, “o texto bíblico que hoje possuímos só será inspirado se reproduzir com fidelidade os documentos originais [...] Nosso texto é confiável? Se não for, estaremos destituídos da palavra de DEUS na exata proporção de sua falta de confiabilidade”. Muitos evangélicos fazem hoje em dia o mesmo tipo de afirmação. Segundo Pinnock, “nossas Bíblias são Palavra de DEUS na medida em que refletem as Escrituras em seu texto original”, e prossegue: “Uma cópia confiável de uma obra original tem a mesma funcionalidade desse original na medida em que corresponda a ele e esteja em conformidade com seu texto”. Assim também as traduções, conforme observa Henry “serão infalíveis na medida em que sua fidelidade for um reflexo das cópias hoje disponíveis”. Palma, portanto, responde ao falso dilema de Koster: temos ou não diante de nós a Palavra inerrante e inspirada de DEUS? Ele ressalta que as cópias e traduções são inspiradas, infalíveis e inerrantes na medida em que reproduzem de maneira fiel o texto original. Na medida em que acrescentam e subtraem algo do texto ou o distorcem, não se pode considerá-las Palavra de DEUS inspirada. Existe algum fundamento razoável para esse ponto de vista? Com base em que os evangélicos limitam a inerrância (inspiração, infalibilidade) aos autógrafos da Bíblia? Para a crítica, a restrição da inerrância aos autógrafos teria motivos apologéticos, por isso condenam essa limitação qualificando-a de evasiva desesperada e “artifício apologético” (para citar as palavras de Brunner) — um pretexto intelectual desonesto para evitar maiores constrangimentos. Rogers discorda da restrição evangélica e diz tratar-se de uma tentativa de garantir uma “posição apologética inatacável” (a qual, segundo Pinnock, produziria uma posição imune a falsificações, porém sem sentido). Tal abuso é improcedente. O recurso dos evangélicos aos autógrafos desaparecidos de maneira específica é limitada, já que as evidências por si mesmas (longe de qualquer constrangimento apologético) respaldam a sugestão de erro de transcrição. O crítico Stephen Davis reconhece que a limitação da inerrância aos autógrafos não é de forma alguma uma manobra apologética absurda por parte dos evangélicos, uma vez que a crítica textual, em grande parte, já fixou firmemente o texto bíblico. Uma vez que o apologeta defende o ensinamento do texto autógrafo (com ou sem a presença física dos manuscritos autógrafos), dificilmente pode-se acusá-lo de retirada tática, já que ele afirma, em consonância com Warfield, que “o texto autógrafo do NT encontra-se ao alcance da crítica de forma tão abrangente que não há motivo para nos desesperançarmos, como se não pudéssemos recuperar o livro divino, palavra por palavra, exatamente como o Senhor o deu por inspiração aos homens, e restituí-lo à igreja de DEUS e a nós mesmos”. A restrição da inerrância aos autógrafos não deixa o evangélico apenas com uma utopia por defender. Além disso, evangélicos como Warfield não se deixam iludir a ponto de acreditar que a recuperação do texto autógrafo (algo que jamais se daria com perfeição absoluta) poderia livrá-los de todas as dificuldades bíblicas que exigem respostas. Não há dúvida de que algumas das dificuldades e discrepâncias aparentes nos textos atuais desapareceriam com a recuperação do texto original da Escritura. Ninguém, porém, jamais afirmou em sã consciência que todas as dificuldades e discrepâncias aparentes nos textos disponíveis da Escritura resultariam simplesmente de adulterações textuais, e não de nossa ignorância histórica ou de outros fatos quaisquer. A restrição da inerrância aos autógrafos, portanto, não é pretexto apologético dos evangélicos para escapar às dificuldades do texto bíblico. Nada disso. Se a motivação evangélica não é apologética, qual seria então? Simplesmente teológica. DEUS não prometeu em sua Palavra que as Escrituras seriam comunicadas com perfeição, portanto não é um a priori que se possa reivindicar. Além disso, a Palavra inspirada de DEUS registrada pelas Escrituras é detentora de uma singularidade que deve ser preservada de quaisquer distorções. Conseqüentemente, não podemos ser teologicamente cegos ao significado dos erros de transmissão, tampouco podemos assumir teologicamente a ausência de tais erros. O que se pede de nós teologicamente, portanto, é que restrinjamos a inspiração, a infalibilidade e a inerrância aos autógrafos. Não há nada de absurdo na afirmativa de que um texto infalível nos foi comunicado de modo falível. O fato de ser um documento cópia da Escritura Sagrada não implica que esteja isento de erros. Embora concordemos com Beegle quando afirma que não há nenhuma razão inerente para que DEUS não preservasse de possíveis incorreções os escribas que copiaram a Bíblia, ele com certeza engana-se quando diz que deveríamos considerar as cópias das Escrituras como resultado da inspiração divina, a menos que a Bíblia nos diga explicitamente o contrário. O fato é que a inspiração é um dom ou predicado extraordinário, que não pode ser entendido como algo aplicável a um indivíduo qualquer. Se alguém se dispõe a asseverar que os escribas da Bíblia foram inspirados em seu trabalho, produzindo resultados automaticamente infalíveis, cabe a esse indivíduo apresentar a prova teológica disso. O que se depreende da leitura das Escrituras, porém, é que a inspiração se refere às palavras originais comunicadas por intermédio do ESPÍRITO SANTO, e não à produção de cópias pelas mãos dos escribas. Contrariamente ao que Beegle diz, o fato de que a Escritura original teve sua origem em DEUS não significa que as cópias, como reproduções que são dos textos, também tenham sua origem em DEUS, e sim que a mensagem por elas transmitida remete, em última análise, e em certa medida, à revelação concedida por DEUS. E. J. Young propõe um arrazoado mais convincente: Se a Escritura é produto do “sopro” divino, segue-se disso naturalmente que só os originais nos foram comunicados dessa maneira. Se homens santos de DEUS falaram da parte de DEUS cheios do ESPÍRITO SANTO, conseqüentemente apenas aquilo que falaram sob orientação do ESPÍRITO é inspirado. Certamente seria impróprio dizer que também eram inspiradas as cópias de suas palavras, uma vez que essas cópias não foram produzidas por homens cheios do ESPÍRITO. Portanto, não foram “sopradas” por DEUS como as do texto original. A esta altura, deve estar claro que a restrição da inerrância aos autógrafos deve-se à relutância dos evangélicos em sustentar a infalibilidade ou inerrância absoluta do texto transmitido, uma vez que a Escritura, em parte alguma, nos permite inferir que sua transmissão e tradução se dariam sem erros por obra da intervenção divina. Não há nenhuma garantia nas Escrituras de que DEUS haveria de realizar o milagre perpétuo de preservar sua Palavra escrita de erros sempre que fosse transcrita de uma cópia para outra. Uma vez que a Bíblia jamais afirma que todo copista, tradutor, compositor tipográfico e impressor compartilharia da infalibilidade do documento original, não cabe também ao cristão afirmá-lo. Trata-se de uma doutrina sem respaldo escriturístico, e o protestante se acha comprometido com o princípio metodológico do Sola Scriptura. Por conseguinte, o motivo primordial para que se restrinja a inerrância ao documento original da Palavra de DEUS, autenticado profética e apostolicamente, explica-se pela existência de evidência bíblica para a inerrância dos autógrafos. Já ele não se pode dizer das cópias. A distinção e a restrição são, portanto, do ponto de vista teológico, garantidas e necessárias. Todo o mundo sabe que nenhum livro jamais foi impresso, muito menos copiado à mão, sem que alguns erros se intrometessem no processo; e assim como não culpamos o autor por essas falhas quando ocorrem em livros comuns, tampouco devemos culpar a DEUS por elas quando ocorrem nesse livro extraordinário que é a Bíblia. Esta citação de Warfield mostra que é próprio do bom senso restringir as qualidades valorativas de uma obra literária a seu texto autógrafo. O bom senso nos diz que a identidade de um texto literário é determinada por seu autógrafo original (“a primeira transcrição completa, pessoal ou aprovada de um grupo singular de palavras composto por seu autor”). No momento em que um pequeno erro ou distorção se introduz na cópia de uma obra literária, cria-se com isso um texto literário um tanto diferente e com uma certa dose de originalidade. Se decidimos ignorar as mudanças de menor porte, nada impede que continuemos a nos referir ao texto original e a cópia ligeiramente distorcida da mesma forma, mas isso não significa que possamos nos portar com indiferença em relação a um texto preciso. Que autor moderno observaria impassível a edição de uma de suas peças em que centenas de palavras espalhadas aqui e ali fossem alteradas em decorrência de erros de impressão, de composição e revisão? […] Não permitimos que “uma pequena adulteração” passe despercebida na transmissão de nossa herança literária, assim como era impossível que “um pequeno pecado” pudesse subsistir no Éden. O valor real da produção literária de um autor não pode ser avaliado com segurança se não tivermos certeza se o texto à nossa frente representa sua obra ou a “originalidade” de algum escriba. Digamos que estejamos avaliando o que acreditamos ser Hamlet, de Shakespeare, e aí deparamos com a frase “solid fresh” [carne sólida] na famosa fala: “Oh, se esta carne sólida, tão sólida, se desfizesse” que sua honra natural ou herdada foi maculada pelo sangue infame de sua mãe, conforme indica a versão original, o que acarreta uma diferença muito significativa ao sentido da fala. O mérito ou demérito da expressão “carne sólida” deve-se a algum copista ou editor, e não ao autor. O bom senso nos impede de atribuir alterações secundárias no texto, bem como seu valor (ou ausência de valor) ao autor, uma vez que ele é responsável somente pelo texto autógrafo de sua obra literária. Esse princípio aplica-se igualmente à Palavra de DEUS. O que dizemos a seu respeito quando a avaliamos deve restringir-se ao que DEUS nela introduziu originalmente, devendo excluir, portanto, a “originalidade” de escribas intermediários. Conforme assinala Warfield: “É a Bíblia que afirmamos ser “verdade infalível” — a Bíblia que DEUS nos deu —, e não as adulterações ou os lapsos que os escribas e impressores nos legaram”. A verdade absoluta combina com a Palavra de DEUS, mas não aquelas palavras resultantes de erros dos escribas e impressores. A identidade da Bíblia ou das Escrituras é, portanto, determinada pelo texto autógrafo, e o valor predicativo da “inerrância” só pode ser legitimamente aplicado a esse texto (não importa quantos manuscritos ele contenha). Quando não pudermos ter certeza se um determinado manuscrito reflete o texto autógrafo, devemos nos abster de fazer quaisquer julgamentos e guardar a avaliação para o original. Isso aplica-se sobretudo à palavra de DEUS fixada pelas Escrituras, pois trata-se de comunicação exclusiva de DEUS ao homem em linguagem humana. A Escritura possui um status extraordinário, já que não é meramente humana no que diz respeito à sua qualidade (v. Gl 1.12; 1Ts 2.13). Ao tomarmos esses escritos e os distinguirmos dos demais por causa de sua inspiração especial, lançamos a base para que a igreja estabeleça a diferença entre composições canônicas e não canônicas. Somente o que DEUS disse pode ser norma de avaliação para as declarações de verdade feitas pelos cristãos. Isso é que dirá se há autoridade teológica naquilo que afirmam. Por isso mesmo, as versões textuais decorrentes de erros de copistas não podem ser elevadas à categoria de autoridade divina simplesmente porque são rotulados com o título de “Escritura Sagrada”. A Palavra de DEUS, portanto, não é algo elástico e mutável; pelo contrário, é única e segue um padrão determinado. Até mesmo os evangélicos que negam a inerrância certamente se mostrarão sensíveis à exposição feita, já que eles também desejam preservar o status singular da Palavra de DEUS, inspirada e infalível (embora errante). Caso contrário, ver-se-iam na contingência de aceitar a conseqüência supersticiosa e de absurda de que qualquer coisa colocada entre as capas de um livro formalmente rotulado de “Bíblia” é necessariamente a Palavra inspirada de DEUS. Os sucessivos erros dos copistas acabariam por destruir completamente a mensagem de DEUS. Será que poderíamos considerá-la inspirada depois disso? É claro que não. Os evangélicos que não crêem na inerrância das Escrituras não têm base alguma para achar que os erros dos copistas se refiram sempre a fatos históricos e científicos, enquanto as questões relativas à fé e à prática estariam imunes a erros (pois pertenceriam ao domínio da “infalibilidade”, segundo vários teóricos). A infame “Bíblia Decaída”, de 1631, traduz o sétimo mandamento da seguinte forma: “Adulterarás” (omitindo a partícula negativa “não”, de importância crucial aqui). Esse erro de impressão escandaloso fez com que o arcebispo impusesse uma multa pesada aos impressores. Será que algum evangélico afirmaria seriamente que tal versão é inspirada ou infalível? Se não, isso significa então que todos os evangélicos estão de alguma forma comprometidos com a restrição de sua bibliologia aos autógrafos. Até mesmo os evangélicos que defendem a existência de erros destacam a qualidade única da Palavra escrita e inspirada de DEUS, e reconhecem que embora a salvação e a instrução possam proceder de uma tradução menos que perfeita, “o que temos é a palavra de DEUS na medida em que reflete e reproduz o texto original”. Aqueles que, a exemplo de Davis, sustentam que “os manuscritos [autógrafos] não desempenham nenhum papel relevante para minha compreensão da Bíblia, pois creio que as Bíblias que hoje temos são infalíveis e constituem a Palavra de DEUS para todos quantos as lêem”, estão simplesmente sendo ingênuos ou tolos. A limitação ao texto autógrafo é uma atitude de bom senso que todos os evangélicos acabam por adotar em um determinado momento, já que é seu desejo preservar a qualidade extraordinária da Palavra de DEUS escrita.
 
 
 A IMPORTÂNCIA DA LIMITAÇÃO
 
Tendo exposto detalhadamente o que diz a Bíblia sobre a relação dos autógrafos para com as cópias, e a importância de cada um deles; e depois de explicar em que sentido os evangélicos limitam a inerrância aos autógrafos, e o que isso implica para as cópias atuais, concluímos apresentando a base teológica para essa restrição. Todavia, uma pergunta logo vem à tona: não seria essa, afinal de contas, uma discussão trivial, uma vez que jamais teremos acesso aos autógrafos? Piepkorn observa: “Uma vez que os documentos originais são hoje inacessíveis e, ao que tudo indica, jamais serão recuperados, qualificar tais documentos de inerrantes é, em última análise, de valor prático nulo”. Evans faz a seguinte indagação retórica: “De que forma a inexistência de erros nos originais afeta o registro com erros de que hoje dispomos?”. A resposta imediata a isso é que a restrição da inerrância aos autógrafos permite-nos confessar de forma consistente a veracidade divina — o que é, sem dúvida alguma, muito importante! Se não pudéssemos fazê-lo, a teologia ficaria seriamente prejudicada. Só com um autógrafo inerrante será possível evitar que se atribuam erros ao DEUS da verdade. Um erro no original seria um erro do próprio DEUS, já que ele, nas páginas das Escrituras, assume a responsabilidade pelas palavras dos autores bíblicos. Os erros encontrados nas cópias, entretanto, são de responsabilidade exclusiva dos escribas que as transcreveram, não podendo, portanto, ser imputados a DEUS. Faz alguns anos, um teólogo “liberal” […] observou que pouco importava se um determinado par de calças, originalmente perfeitas, hoje estavam cobertas de remendos. Ao que o destemido e sempre espirituoso David James Burrell retrucou dizendo tratar-se de coisa de somenos importância para o dono das calças, embora o alfaiate que as confeccionou jamais teria permitido que saíssem de sua loja naquele estado. Por fim, acrescentou que se o Altíssimo fosse achado entre os mestres da tesoura, sem dúvida seria ele o mais hábil de todos, incapaz de liberar uma roupa se nela houvesse uma costura malfeita. Se as Escrituras, a exemplo das palavras de Homero e de outros, chegaram até nós graças simplesmente à providência divina geral na história, disso decorre que a presença de erros nos originais pouca diferença faria para nós; já a inspiração é coisa totalmente distinta. “Surpreendente, na verdade, é a maneira arrogante como os teólogos modernos relegam a doutrina da inerrância das Escrituras originais ao limbo da insignificância”, exclama Young, pois a veracidade de DEUS e a perfeição da divindade não são algo que se possa separar dessa doutrina. Ele, naturalmente, nos diz que sua Palavra é pura. Se, porém, há erros nessa Palavra, disso deduzimos que não é pura […] Ele diz que sua lei é a verdade. Sua lei contém a verdade; acreditamos nisso. Contudo, sabemos que contém erros. Se os autógrafos das Escrituras se encontram desfigurados pelo erro, segue-se daí que DEUS não nos disse a verdade sobre sua Palavra. Supor que ele seria capaz de gerar uma Palavra que contivesse erros é o mesmo que dizer que o próprio DEUS comete erros. No momento em que admitimos isso, perdemos, em princípio, o fundamento derradeiro do conhecimento teológico. Nossa certeza pessoal de salvação, alicerçada objetivamente nas Escrituras, vai por água abaixo — uma vez que as promessas divinas, por mais bem-intencionadas que sejam, não são imunes ao erro. O fato de que não sejamos capazes de ver hoje os autógrafos inerrantes não anula a importância da afirmação de que um dia eles existiram. Como assinala Van Til, quando se atravessa um rio cujas águas já começam a cobrir a ponte, ficamos felizes em saber que a ponte está ali, ainda que não possamos vê-la! Em momento algum desprezamos a importância dessa ponte que não conseguimos ver, a ponto de tentar cruzar o rio em outro local qualquer. Ao olhar para a Bíblia que tenho em mãos, não vejo nela uma cópia fiel dos autógrafos, mas sem dúvida fico feliz em saber que eles amparam minha caminhada e fazem uma ponte entre mim e DEUS, permitindo que eu volte para ele sem que para isso tenha de recorrer arbitrariamente a um outro expediente qualquer. O valor da minha Bíblia é conseqüência, no fim das contas, de sua dependência em relação aos originais inerrantes, como mostra R. Laird Harris: Se refletirmos um pouco, veremos que a doutrina da inspiração verbal é válida, mesmo que não tenhamos mais acesso aos originais. Suponhamos, à guisa de ilustração, que queiramos medir o comprimento de um lápis qualquer. Com a ajuda de uma fita métrica, verificamos que o lápis em questão mede 15 cm. Com o auxílio de uma régua mais precisa, constatamos que ele mede, na verdade, 15,5 cm. Se verificarmos novamente o tamanho do lápis usando uma régua de engenheiro, veremos que mede pouco mais de 15,53 cm. Agora, se o medirmos cuidadosamente com uma régua de aço dentro de um laboratório, observaremos que o lápis medirá 15,512 cm. Não satisfeitos, mandamos o lápis para Washington, onde aparelhos de medição sofisticados mostrarão que ele mede 15,5126 cm. A medição obtida nesses aparelhos será referendada por uma medida padrão gravada em uma barra de platina na capital americana. Suponhamos, agora, que o jornal noticie o roubo dessa barra por um criminoso muito inteligente, que a teria derretido para obter o metal precioso usado em sua fabricação. Isso aconteceu de fato com a medida padrão britânica! Que diferença isso faria para nós? Muito pouca. Nenhum de nós jamais viu a tal barra de platina. É possível que muitos nem sequer soubessem que ela existia. Apesar disso, usamos tranqüilamente fitas métricas, réguas, escalas e objetos de medição semelhantes. O valor dessas medidas aproximadas depende de outras, mais precisas. Contudo, essas aproximações são também de imenso valor — se tiverem, naturalmente, um padrão preciso à sua retaguarda. Concluímos, portanto, que apesar de não termos à mão um texto inerrante, isso não impede que sejamos abençoados e possamos formular as grandes doutrinas da fé. A importância dos autógrafos, por conseguinte, não fica anulada, e a afirmativa de que DEUS não tinha necessariamente de nos dar originais inerrantes revela-se ilusória. DEUS pode atuar por meio de nossas cópias imperfeitas e manifestar a nós a fé salvadora, mas isso não diminui a diferença qualitativa entre um original perfeito e sua cópia imperfeita — assim como um mapa imperfeito pode nos guiar até nosso destino, embora falte a ele um detalhamento que só um mapa mais preciso pode apresentar. Nunca é demais ressaltar que a inerrância limita-se aos autógrafos das Escrituras e, ao mesmo tempo, fazer a distinção aí implícita. Concordamos com Davis que DEUS não preservou de erros os copistas e que, mesmo assim, a igreja prosperou e sobreviveu com o texto a que teve acesso, mas concluir daí que um autógrafo inerrante não fosse vital para DEUS nem necessário para nós, seria o mesmo que cair na falácia da generalização apressada. A importância da inerrância original é que ela nos capacita a confessar de maneira consistente a veracidade de DEUS. Assim, ficamos desobrigados de dizer que aquele que se chama a si mesmo de “Verdade” cometeu erros e mentiu naquilo que disse. Todavia, é possível que alguns se perguntem: “Se DEUS se preocupou e considerou crucial garantir uma precisão absoluta ao texto original da Escritura, por que não teria se preocupado, e com maior fervor ainda, em preservar de erros as cópias? Por que permitiu a introdução de erros na transcrição dos originais?”. Vários evangélicos afirmam que DEUS assim o fez para evitar que seu povo caísse na idolatria e passasse a adorar os manuscritos inerrantes. Com isso, porém, caem no mesmo erro de muitos críticos da inerrância original no tocante a outros pontos — a saber: confundem o texto autógrafo com o códice autógrafo. Os manuscritos originais podem muito bem ter desaparecido, evitando assim que fossem idolatrados, mas a pergunta que persiste é por que o texto dos autógrafos não foi preservado de erros? Talvez uma resposta mais convincente seja a de que a necessidade da crítica textual, cuja existência se justifica pela existência de um texto falho das Escrituras, teria como efeito desviar a atenção de detalhes triviais do texto (que poderiam vir a ser usados como amuletos ou cabala) para a mensagem nele contida. Com o passar do tempo, porém, teríamos que abandonar tais perguntas, que parecem trazer em si uma idéia a priori do que esperar de DEUS e confessar: “Não sabemos por que DEUS não quis preservar o texto das cópias originais da Bíblia”. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, mas as reveladas pertencem a nós” (Dt 29.29). DEUS preferiu não compartilhar conosco por que motivo permitiu que o texto dos autógrafos fosse modificado em algumas partes da Escritura. Saber a resposta a essa pergunta certamente não é condição necessária para que afirmemos a limitação da inerrância aos autógrafos, contanto que tal posição seja ratificada por bases suficientemente independentes. Alguns evangélicos dão a impressão, em seus escritos, de acreditar que dois tipos muito diferentes de restrição à inerrância da Escritura são igualmente prejudiciais à doutrina e têm praticamente o mesmo efeito. Os evangélicos que acreditam na existência de erros no texto bíblico restringem a confiabilidade plena das Escrituras às questões próprias da revelação que podem nos tornar “sábios para a salvação”, ao passo que os evangélicos adeptos da inerrância limitam-na ao texto autógrafo. Uma vez que prevalece a idéia de que esses dois tipos de restrição têm o mesmo efeito prático, os defensores da presença de erros no texto bíblico por vezes afirmam que a oposição dos evangélicos (que defendem a inerrância) ao seu ponto de vista é trivial. Afinal de contas, presume-se que o status epistemológico dos dois pontos de vista seja o mesmo, uma vez que os erros existentes nas cópias da Escritura que possuímos não podem ser ignorados, ameaçando com isso a autoridade indisputável desses manuscritos. Se, porém, analisarmos com bastante cuidado a questão, veremos que a importância da inerrância dos originais não fica fragilizada por esse raciocínio. Se os manuscritos originais da Escritura contiverem erros, não há como sabermos qual a extensão deles. A amplitude de possíveis falhas é praticamente ilimitada, pois quem pode afirmar em que momento um DEUS que comete erros deixará de cometê-los? Quem ousará dizer que sabe como consertar os “erros” de DEUS? (compare com Rm 3.4; 9.20; 11.34; 1Co 2.16). Em contrapartida, erros de transmissão podem, em princípio, ser corrigidos pela crítica textual. Wenham compreendeu isso quando disse: Comenta-se que como não há necessidade de inerrância neste momento, não há razão por que supor que um dia houve tal coisa. Todavia, a distinção entre a Escritura, em sua forma manifestada original, e a Escritura tal como a temos agora, não é mero pedantismo. Por um lado, é indispensável que nos apeguemos à verdade absoluta da comunicação divina direta. DEUS não fala uma verdade aproximada. As exposições humanas daquilo que DEUS disse, por outro lado, aproximam-se efetivamente da verdade, o que nos permite falar de diferentes graus substanciais de aproximação. Se a expressão “infalibilidade essencial” for aplicada à comunicação divina, seu significado torna-se vago. É como um remédio que se sabe adulterado, mas não se sabe até que ponto. Quando, porém, a “infalibilidade essencial” refere-se às Escrituras, outrora inerrantes, porém hoje ligeiramente degradadas em seu texto, o significado poderá ser preciso, guardadas as devidas proporções. É como se estivéssemos diante de uma garrafa com o seguinte rótulo: “Esta bebida contém menos de 0,01% de impurezas”. O Senhor mesmo (no caso do AT) deu-nos o exemplo tomando ele próprio o remédio que prescreveu. O último desejo de um homem em seu testamento não fica invalidado por erros superficiais de transcrição; tampouco os testamentos de origem divina da Bíblia. Uma inerrância que se restringisse às questões de fé e prática (supondo[1]se, por enquanto, que seja possível separá-las dos detalhes históricos e científicos da Palavra de DEUS) não se acha no mesmo nível epistemológico de uma inerrância que compreende tudo o que foi ensinado na Palavra de DEUS, limitando-se, porém, ao texto autógrafo. É impossível preservar o princípio do Sola Scriptura com base na inerrância limitada, uma vez que uma autoridade sujeita a erros — e que precisa ser corrigida por alguma fonte externa — não pode atuar como fonte e árbitro exclusivo da teologia cristã. Essa base filosófica da certeza, em que CRISTO fala de modo inerrante por meio de uma revelação histórica que identificamos como a Palavra de DEUS escrita, encontra-se preservada, em princípio, pela doutrina da inerrância original, mas acha-se ao mesmo tempo viciada por uma doutrina de inerrância limitada, em que DEUS fala em meio a erros sobre determinadas questões. A inerrância original é para nós ponto de partida e autoridade última na busca da verdade e da derrota do ceticismo filosófico; ao passo que a inerrância limitada não nos deixa em uma posição epistemológica melhor, tampouco proporciona uma autoridade teológica final mais segura do que aquela que nos proporciona a literatura pagã. Do ponto de vista da teologia, por que deveríamos buscar o texto autógrafo se isso não dá segurança alguma à palavra inerrante de DEUS? “Se o erro tivesse se introduzido na verbalização profético-apostólica original da revelação, não haveria nenhum vínculo essencial entre a recuperação de um texto específico e o significado autêntico da revelação divina.” Em resumo, a doutrina da inerrância original só permite que haja dúvidas no tocante à identificação do texto — dúvidas que podem ser atenuadas por métodos empregados na crítica textual. Nesse caso, a Palavra de DEUS continua isenta de erros até prova em contrário; isto é, o que acho consignado em minha Bíblia deve ser tido como verdadeiro a menos que alguém, movido por uma razão muito bem fundamentada, levante dúvidas quanto à integridade do texto. A doutrina da inerrância limitada, porém, ao afirmar a existência de erros inerentes ao texto em questões relativas à história e à ciência, suscita dúvidas terríveis quanto à verdade da Palavra de DEUS, e de tal forma que suas afirmativas não podem ser totalmente acatadas até que sejam investigadas ou isentas de erros por uma autoridade externa que dará a palavra final. Em outras palavras, a diferença entre os que defendem a inerrância original e os que advogam a existência de uma inerrância limitada fica evidente na divergência de resultados da crítica textual em ambos os casos. No momento em que o texto em questão é identificado por alguém que defende a inerrância original, o que se tem é uma verdade incontestável. Contudo, para os que defendem a inerrância limitada, o texto identificado não passa de algo que pode ser verdade (ou não). Vimos, portanto, que a doutrina pela qual a inerrância fica limitada aos autógrafos da Bíblia está longe de ser trivial ou irrelevante. Sua importância é enorme, não por que a inerrância seja necessária aos planos de DEUS, possibilitando ao leitor desfrutar de sua Bíblia, e sim para que seja mantida a veracidade de DEUS e a autoridade epistemológica indisputável de nossos comprometimentos teológicos.
 
A CERTEZA DE POSSUIRMOS A PALAVRA DE DEUS
 
Ao longo da discussão anterior, insistimos na restrição da inerrância ao texto autógrafo da Bíblia e defendemos com veemência essa posição. A pergunta natural que surge agora é a seguinte: será que podemos ter certeza de possuirmos a Palavra de DEUS genuína nas cópias e traduções que temos hoje à nossa disposição? Afinal de contas, a inspiração e a inerrância das Escrituras limitam-se apenas ao texto original e aplicam-se ao texto atual na medida em que este reflete o original. Como podemos saber se as cópias existentes são de fato transcrições substancialmente corretas dos autógrafos? A resposta aqui é dupla: a providência divina e os resultados apresentados pela ciência textual permite-nos sabê-lo. Se não partirmos do pressuposto de que DEUS falou claramente e nos concedeu um meio adequado para que possamos saber o que ele disse de fato, segue-se que a história toda da Bíblia e o projeto nela delineado do plano de DEUS para a salvação do homem não fazem sentido algum. Conforme observou James Orr, uma vez que a preservação do texto da Escritura é parte da transmissão do conhecimento de DEUS, é razoável esperar que DEUS providencie o meio para sua concretização; caso contrário, sua revelação aos homens se frustrará. A providência divina cuida para que as cópias da Escritura não se corrompam a ponto de se tornarem ininteligíveis aos propósitos originais de DEUS ao nos concedê-la ou tão adulterada que acabe gerando uma falsificação imensa do texto de sua mensagem. A Escritura nos assegura que a Palavra de DEUS permanecerá para sempre (Is 40.8; Lc 16.17; 1Pe 1.24,25), e por meio de seu controle providencial, DEUS garante o cumprimento de tal promessa. John Skilton nos dá uma resposta bastante útil à discussão atual: Suponhamos que o cuidado e a providência divinas, apesar de sua singularidade característica, não tenham preservado nenhum dos manuscritos do AT ou do NT. Suponhamos ainda que DEUS não tenha preservado de erros os que transcreveram as Escrituras durante o longo período em que o texto sagrado foi retransmitido por meio de cópias manuscritas. Temos, contudo, de reconhecer que o DEUS que nos deu as Escrituras, que faz todas as coisas em conformidade com o conselho de sua vontade, demonstrou um desvelo especial para com sua Palavra, preservando-a durante séculos em um estado de pureza essencial, capacitando-a a realizar o propósito para o qual nos foi concedida. É inconcebível que o DEUS soberano, que se deleitou em nos dar sua Palavra como instrumento vital e necessário para a salvação de seu povo pudesse permitir que ela se tornasse de tal modo maculada em sua transmissão que já não pudesse mais exercer o Fim para o qual nos foi legada. Pelo contrário, tão certo quanto o Senhor é DEUS, não podemos esperar dele outra coisa senão um cuidado especial na preservação de sua revelação escrita.  A fé na consistência de DEUS — sua fidelidade à sua intenção de tornar os homens sábios para a salvação — permite-nos inferir que ele jamais permitiria que a Escritura se desvirtuasse de tal modo que não pudesse mais cumprir seu propósito de modo adequado. Teologicamente, podemos concluir que, para todos os fins práticos, o texto da Escritura é sempre suficientemente preciso para que dele não nos desviemos. Se partirmos do pressuposto de que DEUS é soberano, assinala Van Til, deixa de ser preocupante o fato de que a transmissão da Escritura não seja totalmente preciso. A providência divina cuidou para que a transcrição do texto bíblico se desse de forma fundamentalmente precisa. Sustentamos, portanto, que a Bíblia hoje ao nosso alcance é perfeitamente suficiente para nos levar a CRISTO, instruir-nos em sua doutrina e guiar-nos em um justo viver. É óbvio que DEUS realizou sua obra na igreja, e por meio dela, durante séculos, apesar de pequenas falhas nas cópias existentes da Escritura. Por conseguinte, é natural que a necessidade de restringir a inerrância aos autógrafos não se dá porque seja algo indispensável à sua eficácia. “Não se segue […] que só um texto isento de erros possa ter efeitos benéficos para os cristãos; tampouco os que crêem na inerrância da Escritura defendem tal ponto de vista.” As cópias que hoje possuímos são reconhecidamente precisas e suficientes para dirimir todas as dúvidas possíveis, exceto por alguns detalhes de menor importância. Como deixa claro a Confissão de Fé Westminster, ao limitar a inspiração imediata ao texto original das Escrituras, a Bíblia em vernáculo comum utilizada pelos cristãos é suficiente para todos os propósitos da vida religiosa e para a esperança dos crentes (I.8). Podemos simplesmente ignorar a distinção entre os autógrafos e as cópias, tornando-nos ousados em relação à Palavra de DEUS. Todavia, quando passamos a estudar a Escritura mais detalhadamente, temos de levar em conta essa distinção e permanecer receptivos a um texto mais preciso. A suficiência das cópias e traduções atuais não eliminam, evidentemente, a necessidade da crítica textual. “A verdade e o poder das Escrituras não ficam invalidados pela presença de uma certa corrupção textual. Esse fato, porém, não deve ser motivo para complacência. Um texto imperfeito deve ser substituído por outro de melhor qualidade.” Afinal de contas, “se homens santos falaram da parte de DEUS, como afirmam os cristãos, temos de levar em conta aquilo que disseram, e não uma série de glosas interpoladas por algum escriba medieval”. Por respeito a DEUS e à singularidade de sua Palavra, a igreja, como parte de seus cuidados para com a Bíblia, procura fazer o melhor possível para corrigir as cópias existentes da Escritura de modo que fique preservado integralmente o impacto daquilo que foi transmitido originalmente, mantendo a fidelidade a questões específicas de fé e prática.” As pessoas se perguntam, como já observei anteriormente, qual seria a utilidade de um original inerrante se não é possível recuperá-lo de forma alguma? “Esse é o problema da crítica textual”, observa Harris. Não é possível no curto espaço deste texto analisar os princípios, a história e os resultados da crítica textual. Seja como for, a qualidade evidente dos textos bíblicos à nossa disposição é bem conhecida. O texto original nos foi comunicado praticamente em todos os detalhes, o que justifica a declaração de Frederick Kenyon: O cristão pode pegar a Bíblia toda nas mãos e dizer sem medo ou hesitação que ali está a verdadeira Palavra de DEUS, legada a nós sem perdas essenciais de uma geração à outra ao longo dos séculos. A crítica textual das cópias da Escritura que possuímos trouxe resultados imensamente confortadores à igreja de CRISTO. Vos conclui que “possuímos hoje o texto bíblico de uma forma substancialmente idêntica à dos autógrafos”. Vale a pena reproduzir o que disse Warfield a esse respeito: Em contrapartida, se compararmos o estado atual do texto do Novo Testamento com o de um outro documento antigo qualquer, só há um veredicto possível: o texto neotestamentário é maravilhosamente correto. Tal foi o cuidado com que o NT foi copiado — um cuidado nascido sem dúvida alguma da reverência por suas palavras sagradas; tal foi a providência de DEUS ao preservar para sua igreja, em todas as épocas, um texto competente e exato das Escrituras, que o NT não encontra paralelo entre os escritos antigos, tal a pureza do texto transmitido e em uso. Mas não apenas isso, a infinidade de testemunhos que chegou até nós, corrigindo os poucos erros encontrados no texto, também é sem igual. A divergência entre o texto atual e os autógrafos causa admiração em qualquer impressor contemporâneo: a proximidade com o texto autógrafo é de causar inveja a todo leitor moderno de livros antigos. A grande massa de textos do NT, em outras palavras, nos foi transmitida com pouca ou nenhuma variação; e até mesmo na forma mais corrompida que já apareceu. Conforme as palavras sempre citadas de Richard Bentley, “o texto real dos escritores sagrados é de uma exatidão rigorosa; […] jamais um artigo de fé ou um preceito moral corrompeu-se ou se perdeu […] por mais constrangedora que nossa escolha possa ser, por mais perverso que seja o nosso intento ao pinçarmos um texto qualquer entre todos à nossa disposição”. Se, portanto, fizermos a crítica textual do NT como que por obrigação, a única conclusão possível será necessariamente mediada pela inspiração da esperança. O texto autógrafo do NT pode ser perfeitamente estudado pela crítica em sua maior parte. Portanto, não há por que perdermos a esperança de restituir à igreja de DEUS o livro divino, palavra por palavra, conforme DEUS o deu por inspiração aos homens.  Em outro lugar, Warfield afirma que aqueles que ridicularizam os “autógrafos perdidos” sempre o fazem como se a Bíblia que nos foi legada por DEUS estivesse a tal ponto perdida que não fosse possível recuperá-la, que os homens têm agora de se contentar com textos irremediavelmente perdidos e que é impossível saber o que havia nos autógrafos. Contra essa visão absurda e extrema, Warfield sustentava que “temos o texto autógrafo” entre as cópias que circulam entre nós, e não é impossível restaurar o original. Os defensores da veracidade da Escritura sempre afirmaram, a uma só voz, que DEUS nos concedeu a Bíblia como testemunho isento de erros de sua vontade para com os homens, e que, em sua graça sem medida, preservou-a para eles até o dia presente — sim, e a preservará até o final dos tempos [...] Não apenas era a Palavra inspirada, dada por DEUS, isenta de erros, como também […] jamais deixou de sê-lo […] É heresia confessa afirmar que os homens perderam o acesso à Bíblia inerrante, assim como é heresia dizer que jamais houve uma Bíblia inerrante. A acusação de que DEUS aparentemente não se preocupou em preservar o texto original básico é vã, porque, longe de irremediavelmente corrompidas, nossas cópias praticamente nos apresentam o texto autógrafo. O escárnio de que são vítimas os evangélicos por causa dos “autógrafos perdidos” é totalmente sem propósito, já que não os consideramos perdidos de forma alguma! Como assinala Harris: Para todos os efeitos, temos os autógrafos. Portanto, quando dizemos que acreditamos na inspiração verbal dos autógrafos, não estamos nos referindo a algo imaginário e distante, e sim aos textos escritos por aqueles indivíduos inspirados, e que foram preservados para nós com tanto desvelo por crentes fiéis de um passado longínquo. A doutrina da inerrância original, portanto, não priva os crentes de hoje da Palavra de DEUS em forma adequada no tocante a tudo aquilo que DEUS quis revelar a seu povo. Ao pressupormos a providência divina na preservação do texto bíblico, e observando ainda os resultados significativos obtidos pela crítica textual das Escrituras, podemos ter plena segurança de que possuímos a Palavra de DEUS necessária à nossa salvação e ao nosso viver com CRISTO. A idéia de que o texto autógrafo perdeu-se para sempre não tem fundamento e é totalmente vã. As Bíblias que temos ao nosso alcance são versões confiáveis da mensagem original de DEUS, suficientes em tudo aquilo a que se propõem como cópias e portadoras que são da Palavra de DEUS plena de autoridade.
 
CRÍTICAS FINAIS
 
Antes de dar por encerrada nossa discussão, examinaremos três tipos finais de ataques diretos à doutrina da limitação da inerrância ao texto autógrafo. O primeiro deles alega que a doutrina não pode ser provada; o segundo, que não pode ser defendida de maneira consistente ao lado de outras doutrinas e verdades evangélicas sobre a Bíblia; e, por último, não é fiel ao ensinamento da Escritura. Em primeiro lugar, existem aqueles que procuram exagerar a impossibilidade da inerrância original porque os autógrafos há muito se perderam. Uma vez que os manuscritos bíblicos originais não podem ser inspecionados, porque não estão disponíveis, segue-se que não passa de especulação tomá-los como documentos isentos de erros. Afinal de contas, ninguém jamais viu efetivamente tais autógrafos inerrantes. A crítica, porém, não compreende a natureza e a fonte da doutrina original da inerrância. Não se trata de uma doutrina resultante da investigação empírica de certos textos escritos; ela é, na verdade, um compromisso teológico alicerçado no ensinamento da Palavra do próprio DEUS. A natureza de DEUS (que é a verdade) e a natureza dos livros bíblicos (palavras efetivamente divinas) obrigam-nos a ver os manuscritos originais, produzidos sob a orientação do ESPÍRITO SANTO da verdade, como um corpus integralmente verdadeiro e sem erros. Com relação à crítica de que os autógrafos sem erros jamais foram vistos, só podemos dizer que também os autógrafos com erros jamais foram vistos. A idéia de que os originais da Bíblia continham erros é algo tão distante da prova empírica direta disso quanto a idéia contrária a ela. A questão básica continua a ser direcionada e respondida pela Bíblia. Qual seria a natureza da Escritura dada pela boca do próprio DEUS? Os evangélicos não acreditam que sua resposta a essa pergunta não possa ser provada, e sim que a Palavra de DEUS a demonstra em toda a sua inteireza. Uma segunda crítica direta à limitação da inspiração (e, portanto, da inerrância) aos autógrafos foi formulada por George Mavrodes, que duvida do fato de que os evangélicos se deixem guiar pelo princípio do Sola Scriptura e os desafia a darem uma definição de “autógrafo” que se aplique a todos os livros da Bíblia, e que não negue o emprego de amanuenses não inspirados na produção desses manuscritos autógrafos (desconsiderando, portanto, a idéia de uma cópia literalmente manuscrita pelo autor). Além disso, tal ponto de vista não deve restringir arbitrariamente a inspiração aos manuscritos produzidos por esses amanuenses. Já respondi a esse desafio no mesmo periódico em que foi lançado com o argumento de que a inspiração não é algo restrito arbitrariamente ao texto autógrafo, e sim de maneira prática, dado que não podemos ter certeza — uma vez que não temos os autógrafos para comparar — de que cópias sujeitas a erros (já que DEUS não prometeu que nos legaria cópias isentas de erros de sua Palavra) serão rigorosamente precisas. Dito isso, entendo por autógrafo uma transcrição feita pela primeira vez, de modo pessoal ou referendado, de um grupo único de palavras composto por um autor específico. Nesse sentido, observamos que todo livro bíblico tem um autógrafo — nada impede também que os amanuenses fossem usados em sua produção. O fato de que o produto acabado é tido como “inspirado por DEUS” (2Tm 3.16) assegura a transcrição inerrante pelos amanuenses sem contudo colocá-los na mesma categoria do autor, que era movido pelo ESPÍRITO SANTO (v. 2Pe 1.21). Por conseguinte, a limitação da inspiração ao texto autógrafo é perfeitamente defensável, paralelamente a princípios teológicos fundamentais (tais como o Sola Scriptura), além de fatos óbvios sobre a Bíblia (como, por exemplo, o uso de amanuenses em sua produção). Em resposta a meu artigo, Sidney Chapman optou por outro tratamento da questão ao criticar a limitação da inspiração aos autógrafos. Ele conclui dizendo simplesmente o impossível: que a Septuaginta era inspirada, uma vez que “toda Escritura é inspirada por DEUS” (2Tm 3.16), e que Paulo tratou uma citação praticamente tirada da Septuaginta como “Escritura” (Rm 4.3). Portanto, a versão da Septuaginta era inspirada. Chapman, porém, acaba enredado em diversas falácias lógicas no decorrer de sua argumentação. Em primeiro lugar, há um equívoco óbvio no tocante à palavra Escritura encontrada nos dois textos citados. Em Romanos 4.3, Paulo está simplesmente interessado no sentido ou significado do ensinamento espiritual do AT registrado em Gênesis 15.6. Tal ensino pode ser transmitido por uma cópia ou tradução precisa e, em face do público a quem se dirigia, Paulo prontamente recorreu à versão da Septuaginta disponível. Em 2Tm 3.16, entretanto, Paulo refere-se à Escritura de maneira específica, como algo procedente de DEUS, e que só pode ser encontrada nos autógrafos (ou textos idênticos a eles contidos em manuscritos posteriores). Assim, a versão da Septuaginta pode ser considerada “Escritura” em vista do fato de que expressa o sentido do original, ao passo que os autógrafos são “Escritura” em sentido preciso e literal, em si e por si mesmos. Quando me refiro à Nova Versão Internacional como “Escritura” (porque entendo tratar-se de uma versão capaz de transmitir com alta precisão o original), dificilmente quero dizer com isso que não faço distinção entre a tradução para o português e o original em hebraico e grego ou que não distingo entre os autógrafos e as cópias feitas com base neles. Em segundo lugar, Chapman deve levar em conta o fato de que Paulo não afirma explicitamente que a Septuaginta, ou qualquer parte dela, seja de fato “Escritura”. Ele nem sequer menciona a Septuaginta nesse sentido. Além disso, Paulo não salienta o fato, tampouco dá entender que a Septuaginta é “Escritura” no mesmo sentido em que o termo é usado em 2Timóteo 3.16, uma vez que o texto usado pelo apóstolo não é idêntico ao grupo de palavras empregado pela Septuaginta. Em terceiro lugar, mesmo que a versão da Septuaginta nesse ponto fosse “Escritura” no sentido pleno da palavra (e não simplesmente escriturístico), só poderíamos conceder esse mesmo status a todos os textos da Septuaginta se lançássemos mão de um expediente de composição falaciosa ou de generalização apressada. Portanto, concluímos que Romanos 4.3 não ensina nem mostra que a versão dos LXX era inspirada. Chapman não foi capaz de apresentar um contraexemplo satisfatório para a tese de que a inspiração se limita ao texto autógrafo da Escritura. A segunda vertente da argumentação de Chapman contra a limitação da inspiração aos autógrafos afirma que tal restrição acabaria também por restringir o desfrute da Escritura (v. 2Tm 3.16) aos autógrafos. Nesse caso, as traduções que hoje temos à disposição de nada nos serviriam para a doutrina e a instrução na justiça. Contudo, tal raciocínio não leva em consideração os seguintes fatos:
1) uma tradução atual pode ser escriturística em seu âmago, contanto que comunique o sentido original da Palavra de DEUS;
2) uma vez que os predicados “desfrute” e “inspirado” não implicam necessariamente uma mutualidade, uma tradução moderna pode ser benéfica porque transmite a Palavra de DEUS, e ainda assim não ser inspirada; e
3) o caráter de inspiração e/ou desfrute de uma cópia ou tradução das Escrituras pode ser aplicado gradativamente (conforme explicamos anteriormente neste capítulo). Portanto, o fato de que a inspiração ou a inerrância limitam-se aos autógrafos não significa que nossas cópias e traduções atuais da Bíblia não possam ser usadas com proveito genuíno em nossa experiência cristã. Para concluir, este estudo sustenta que, embora a Bíblia ensine sua própria inerrância, a escriturização e a transcrição da Palavra de DEUS nos obrigam a identificar o objeto próprio e específico da inerrância nos autógrafos originais. Esse ponto de vista sensato e já provado pelo tempo é sustentado pelos evangélicos, pelo que têm sido criticados e ridicularizados desde os tempos da controvérsia modernista em torno das Escrituras. Não obstante isso, em conformidade com a atitude dos autores bíblicos, que eram capazes de distinguir — e distinguiam de fato — as cópias dos autógrafos, as cópias da Bíblia hoje disponíveis atendem ao propósito da revelação e têm autoridade exatamente por que acredita-se que estejam vinculadas ao texto autógrafo e à sua autoridade criteriológica. A doutrina evangélica diz respeito ao texto autógrafo, e não ao códice autógrafo, e sustenta que as cópias e traduções atuais são inerrantes na medida em que refletem com precisão os originais bíblicos. Portanto, a inspiração e a inerrância das Bíblias atuais não são uma questão que se possa aceitar ou rejeitar pura e simplesmente. Os evangélicos defendem a doutrina da inerrância original não como um artifício apologético, e sim por razões teológicas, a saber:
1) DEUS não prometeu que inspiraria os copistas e asseguraria a transmissão perfeita da Escritura e;
2) a qualidade extraordinária da Palavra revelada de DEUS deve ser preservada contra quaisquer alterações arbitrárias.
 
A importância da inerrância original não decorre do fato de que DEUS não possa realizar seus propósito a não ser por intermédio de um texto totalmente isento de erros, e sim que sem tal texto ficaríamos impossibilitados de confessar a veracidade de DEUS, de confiar plenamente na promessa de salvação registrada nas Escrituras e de defender a autoridade epistemológica e o axioma teológico do Sola Scriptura (uma vez que os erros do original, diferentemente daqueles oriundos da transmissão, não seriam, em princípio, passíveis de correção). Podemos ter certeza de que possuímos a Palavra de DEUS em nossas Bíblias atuais graças à providência divina. DEUS não permite que seu objetivo de se revelar a si mesmo se frustre. Na verdade, os resultados da crítica textual confirmam que possuímos um texto bíblico substancialmente idêntico aos autógrafos. Por fim, contrariamente a críticas recentes, a doutrina da inerrância (ou inspiração) original pode ser provada, porque não foi corrompida pelo emprego de amanuenses por parte dos autores bíblicos nem é contestada pelo uso que faz o NT da Septuaginta como “Escritura”. Portanto, a restrição evangélica da inerrância aos autógrafos originais é certa, basilar e defensável. Além disso, não coloca em risco a suficiência e a autoridade de nossas Bíblias atuais. Por conseguinte, a doutrina da inerrância original é recomendada a todos os crentes sensíveis à autoridade da Bíblia como Palavra de DEUS e que se sentem motivados a propagá-la como tal nos dias de hoje.
  
Fonte: A Inerrância da Bíblia, Norman Geisler (editor), Editora Vida, pág. 185-232.
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Evidências da Autenticidade das Escrituras - TEOLOGIA SISTEMÁTICA HORTON
Os parágrafos que se seguem, apresentam algumas das evidências em favor da identidade da Bíblia como a Palavra de DEUS.
Apoio interno. É legítimo procurar a origem e o caráter de uma obra escrita por meio do exame de seu conteúdo. A Bíblia fornece um testemunho interno convincente de sua autoridade incomparável como a mensagem da parte de DEUS. "E a evidência interna positiva de sua origem divina que dá poder e autoridade às reivindicações da Bíblia”. 67
A Bíblia revela unidade e consistência espantosas quanto ao seu conteúdo, levando-se em conta a grande diversidade havida na sua composição. Foi escrita no decurso de um período de quinze séculos por mais de quarenta autores provenientes de várias classes sociais - políticos, pescadores, agricultores, médicos, reis, soldados e outro. Escreveram eles em diferentes locais (no deserto, no palácio, na prisão) e em várias circunstâncias (na guerra, no exílio, nas viagens). Alguns escreveram história; outros, leis; e ainda outros, poe­sia. Os gêneros literários variam entre alegoria, biografia e correspondência pessoal. Todos tinham os seus antecedente, experiências, virtudes e fraquezas pessoais. Escreveram em continentes diferentes, em três idiomas distintos, e trataram de centenas de temas. Mesmo assim, os seus escritos combi­nam-se entre si para formar um todo consistente que desdo­bra, de modo belíssimo, na história do relacionamento entre DEUS e a humanidade. "Não é uma unidade superficial, mas profunda... Quanto mais profundamente a estudamos, mais completa essa unidade se nos revela”. 68
Josh McDowell conta interessante história que compara a Bíblia com os Grandes Livros do Mundo Ocidental. Posto que o conjunto de livros consista na obra de muitos autores diferentes, o vendedor da coletânea reconhece que não ofe­rece nenhuma "unidade", mas uma mera "conglomeração”. 69 "A Bíblia não é simplesmente uma antologia; há nela uma unidade que harmoniza todo o conjunto. Uma antologia é compilada por um antólogo, mas nenhum antólogo compi­lou a Bíblia".70 Semelhante unidade extraordinária pode ser mais plausivelmente explicada como o resultado da revela­ção outorgada por um só DEUS.71
A Bíblia, correlacionada com a natureza complexa do ser humano, lida com todas as áreas essenciais de nossa vida. À medida que uma pessoa lê a Bíblia, esta, por sua vez, lê a pessoa. Embora escrita há muitos séculos, fala dinamicamen-
te às necessidades de cada geração. É a voz de DEUS que a penetra até ao próprio âmago de nosso ser, e oferece respos­tas plausíveis às perguntas mais importantes (Hb 4.12,13). A Palavra de DEUS dirige continuamente o leitor em direção a DEUS como a fonte originária da relevância e do propósito para si mesmo e para o seu mundo. Para quem acolhe a sua mensagem, a Palavra tem poder de transformação. Cria fé no coração, e leva-nos a um encontro dinâmico com o DEUS vivo (Rm 10.17).
As Escrituras expõem um padrão de ética que supera em muito o que seria esperado de homens e mulheres comuns. Conclama a pessoa a uma moralidade que supera a nossa medida de justiça. "Cada um desses escritos... apresenta ideias morais e religiosas muito adiantadas para a época em que surgiram, e tais ideias continuam orientando o mun­do".72 A Bíblia lida, com franqueza, com os fracassos huma­nos e com o problema do pecado. Seu sistema ético é com­preensivo, pois inclui todas as áreas da vida. O alvo da ética bíblica não é meramente o que a pessoa faz, mas o que a pessoa é. Aderir a um código exterior está aquém da exigên­cia que a Bíblia faz: a bondade no íntimo (1 Sm 16.7; Mt 5; 15.8). Mas tanto o nosso fracasso moral quanto a nossa redenção são entendidos somente em termos de nosso rela­cionamento com um DEUS santo. Através da Bíblia, DEUS — nos chama, não a uma simples melhoria, mas à transforma­ção, para nos tornarmos novas criaturas em CRISTO (2 Co 5.17; Ef 4.20-24).
As profecias que falam dos eventos futuros (em vários casos, muitos séculos antes) permeiam as Escrituras. A exa­tidão dessas predições, conforme o demonstra seus respecti­vos cumprimentos, é realmente notável. Dezenas de profeci­as dizem respeito a Israel e às nações em seu redor. Por exemplo: Jerusalém e o seu templo seriam reedificados (Is 44-28); e Judá, embora salva dos assírios, cairia nas mãos de Babilônia (Is 39.6; Jr 25.9-12). O restaurador de Judá, Ciro da Pérsia, é mencionado pelo nome mais de cem anos antes de seu nascimento (Is 44.28).73 A Bíblia contém centenas de profecias feitas séculos antes dos próprios eventos.74 Entre elas, há predições acerca do nascimento virginal de CRISTO (Is 7.14; Mt 1.23), do local de seu nascimento (Mq 5.2; Mt 2.6), da maneira de sua morte (SI 22.16; Jo 19.36), e do local de seu sepultamento (Is 53.9; Mt 25.57-60). 75
Alguns críticos têm procurado, através da atribuição de novas datas aos livros do Antigo Testamento, minimizar o milagre preditivo das profecias bíblicas. Mesmo se concor­dássemos com as datas menos antigas, as profecias ainda teriam sido escritas centenas de anos antes do nascimento de CRISTO. (Posto que a tradução da Septuaginta [LXX] das Escrituras Hebraicas foi completada cerca de 250 a.C, as profecias nela contidas teriam sido, forçosamente, compos­tas antes dessa data).
Alguns têm sugerido que as profecias não predisseram a atividades de JESUS, mas que o próprio JESUS agiu deliberada­mente para cumprir o que fora dito no Antigo Testamento. Muitas das predições específicas, porém, estavam além do controle ou manipulação humanos. E os cumprimentos das predições não eram meras coincidências, levando-se em conta o número significativo das pessoas e eventos envolvidos. Peter Stoner examinou oito das predições a respeito de Je­sus, concluindo que, na vida de uma só pessoa, a probabili­dade de elas se coincidirem era de 1 e 1017 (1 em 100.000.000.000.000.000).76 A única explicação racional de tantas predições exatas, específicas, a longo prazo, é que o DEUS onisciente, soberano sobre a história, haja revelado tais conhecimentos aos escritores sagrados.
Apoio externo. A Bíblia também tem áreas de apoio externo à sua asseveração de que é a revelação divina. Quem negaria sua tremenda influência sobre a sociedade humana? Impressa, no todo, ou em parte, em mais de dois mil idiomas, é o livro mais lido de toda a história. 77 Reconhecendo-lhe a sabedoria e o valor, cristãos e incrédulos, indistintamente, citam-na em apoio aos seus pontos de vistas. Tem se dito que se a Bíblia fosse perdida, poderia ela ser reconstruída em suas partes base a partir das citações tiradas dos livros que se acham nas prateleiras das bibliotecas públicas. Seus princípi­os têm servido como o alicerce das leis das nações modernas, e como o ímpeto maior para as grandes reformas sociais da história. "A Bíblia... produziu os resultados supremos em todas as profissões existentes na vida humana. Tem inspira­do sublimemente as artes, a arquitetura, a literatura e a música... Não há livro que se compare a ela na sua influência benéfica sobre a raça humana." 78
DEUS atua na sociedade através das vidas das pessoas transformadas, e que seguem os ensinamentos de sua Pala­vra (SI 33.12).
A exatidão da Bíblia em todas as áreas, incluindo pesso­as, locais, costumes, eventos e ciência, tem sido mostrada pela história e pela arqueologia. Ás vezes, pensa-se que a Bíblia está historicamente errada, mas as descobertas têm dado testemunho de sua veracidade. Por exemplo: há algum tempo, pensava-se que a escrita não havia sido inventada senão depois dos tempos de Moisés. Mas agora, sabemos que essa ciência remonta até antes de 3000 a.C. Houve tempos quando os críticos negavam a existência de Belsázar. As escavações, contudo, identificam-no com seu nome babiló­nico: Bel-shar-usur. Os críticos diziam que os heteus, menci­onados 22 vezes na Bíblia, nunca existiram. Agora sabemos que eles foram uma grande potência no Oriente Médio. 79
A história bíblica é confirmada pelas respectivas histórias das nações envolvidas com Israel. As descobertas arqueoló­gicas continuam a apoiar e a ajudar a interpretar o texto bíblico. McDowell compartilha com seus leitores uma cita­ção interessante de uma conversa entre Earl Radmacher, presidente do Seminário Batista Conservador do Oeste, e Nelson Glueck, arqueólogo e ex-presidente de um seminário teológico judaico:
Tenho sido acusado de ensinar a inspiração verbal e plenária das Escrituras...
Mas só cheguei a dizer que, em todas as minhas investigações arqueológicas, nunca descobri um único artefato da antiguidade que contradissesse qualquer declaração da Palavra de DEUS. 80
O mesmo juízo foi pronunciado pelo renomado arqueólogo William F. Albright:
O ceticismo excessivo dirigido contra a Bíblia por escolas históricas importantes dos séculos XVIII e XIX... vem sendo progressivamente desacreditado. Uma descoberta após outra tem confirmado a exatidão de pormenores, e tem aumentado cada vez mais o reconhecimento do valor da Bíblia como fonte de informações exatas para a história. 81
Mesmo os estudiosos que negam a exatidão total da i Bíblia por motivos filosóficos, sentem grandes dificuldades em defender a alegação de que há inexatidões no texto bíblico. Kenneth Kantzer comenta: "Embora Barth continu­asse a asseverar a presença de erros nas Escrituras, é muitís­simo difícil localizar qualquer exemplo nos seus escritos de que realmente tais erros existem".82 Considerando o grande número de pormenores na Bíblia, espera-se uma coletânea considerável de tais erros. No entanto, a exatidão espantosa da Bíblia indica que ela é, realmente, a revelação do DEUS verdadeiro.
A capacidade notável da sobrevivência da Bíblia tam­bém dá testemunho de sua autoridade divina. Comparativa­mente, poucos livros sobrevivem aos estragos produzidos pelo tempo. Quantas obras literárias de mil anos de idade podemos mencionar pelo nome? Um livro que sobrevive um século é um livro raro. A Bíblia, porém, além de sobreviver, tem se multiplicado. Existem literalmente milhares de ma­nuscritos bíblicos; mais do que todos os manuscritos reuni­dos das demais obras literárias. 83
O que torna mais notável a sobrevivência da Bíblia é o fato de ela haver passado por incontáveis períodos, quando sua leitura era proibida pelas autoridades eclesiásticas (du­rante a Idade Média) e das tentativas de vários governantes em se eliminá-la. Desde o Edito de Diocleciano em 303, que ordenou a destruição de todos os exemplares da Bíblia, até o presente, houve esforços organizados para se destruir a Bí­blia. "A Bíblia não somente tem recebido mais veneração e adoração do que qualquer outro livro, como também tem sido objeto da mais implacável perseguição e oposição". 84 Considerando que durante os primeiros séculos do Cristia­nismo, as Escrituras eram copiadas manualmente, a extinção total da Bíblia não teria sido humanamente impossível. O célebre deísta francês Voltaire predisse que dentro de cem anos, o Cristianismo desapareceria. Cinquenta anos depois da sua morte ocorrida em 1778, a Sociedade Bíblica de Genebra estava usando o seu prelo e a sua casa para produzir grandes pilhas de Bíblias!85' Se, porém, a Bíblia realmente for a mensagem da redenção divina à humanidade, sua indestrutibilidade não seria tão espantosa. DEUS, com a sua mão onipotente, tem protegido a sua obra!
Tanto a autenticidade quanto a historicidade dos do­cumentos do Novo Testamento estão confirmadas de modo sólido. Norman Geisler indica que as evidências documentárias em favor da autenticidade do Novo Testa­mento são esmagadoras, e fornecem uma base, igualmen­te sólida, para a reconstrução do texto grego original. 86 Bruce Metzger, especialista em crítica textual, informa que, no século III a.G, os estudiosos em Alexandria indi­cavam que as cópias que possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de fidedignidade. Indica, tam­bém, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da índia diferem entre si numa extensão de 26.000 linhas. 87 Isto se contrasta com "mais de 99,5% de exatidão para as cópias manuscritas do Novo Testamen­to".88 Esse meio-porcento de diferença consiste principal­mente nos erros de ortografia dos copistas e, mesmo as­sim, passíveis de correção. Nenhuma doutrina da Bíblia depende de algum texto cuja forma original não possa ser determinada com exatidão.
JESUS e seu Conceito das Escrituras
No fim do século I (no mais tardar) os escritos do Novo Testamento já haviam sido completados; muitos destes, en­tre 20 e 30 anos apenas após a morte e ressurreição de JESUS. / Temos ainda a garantia de que até mesmo a narração dos eventos foi orientada pelo ESPÍRITO SANTO a fim de que fossem evitados os erros ocasionados por eventuais esquecimentos (Jo 14.26). Os evangelhos, que contam detalhadamente a vida de JESUS, foram escritos por contemporâneos e testemu­nhas oculares. Tais escritos, fartamente corroborados, forne­cem informações fidedignas a respeito de CRISTO e de seus ensinos. A autoridade da Palavra escrita está ancorada na autoridade de JESUS. Posto que Ele nos é apresentado como o DEUS encarnado, seus ensinos são verdadeiros e plenos de autoridade. Por isso, o que JESUS ensina a respeito das Escri­turas, determina sua justa reivindicação à autoridade divina. JESUS dá testemunho consistente e enfático de que elas são, de fato, a Palavra de DEUS.
Em especial, JESUS dirigia a sua atenção ao Antigo Testa­mento. Quando falava de Adão, de Moisés, de Abraão ou de , Jonas, Ele os tratava como a pessoas reais e históricas. Às vezes, correlacionava situações que lhe diziam respeito com um evento histórico do Antigo Testamento (Mt 12.39,40). Noutras ocasiões, buscava num determinado fato do Antigo Testamento apoio, ou reforço, para alguma coisa que estava ensinando (Mt 19.4,5). JESUS honrava as Escrituras do Anti­go Testamento, e enfatizava que Ele não viera abolir a Lei e os Profetas, mas cumpri-los (Mt 5.17). Às vezes, fustigava os líderes religiosos por haverem elevado as próprias tradições acima das Escrituras (Mt 15.3; 22.29).
JESUS, nos seus ensinos, citou pelo menos quinze livros do Antigo Testamento, e fez alusão a muitos outros. Tanto no modo de falar quanto nas declarações específicas, demons­trava com clareza a sua estima pelas Escrituras do Antigo Testamento como a Palavra de DEUS. Era a palavra e o mandamento de DEUS (Mc 7.6-13). Citando Gênesis 2.24, JESUS declarou: "O Criador [não Moisés]... disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe" (Mt 19.4,5). Disse que Davi fez uma declaração "pelo ESPÍRITO SANTO" (Mc 12.36). A respei­to de uma declaração registrada em Êxodo 3.6, Ele pergun­tou: "Não tendes lido o que DEUS vos declarou?" (Mt 22.31). Repetidas vezes, JESUS apelou à autoridade do Antigo Testa­mento, citando a fórmula: "Está escrito" (Lc 4.4). John W. Wenham assevera que JESUS entendia essa fórmula no senti­do de "DEUS diz!"
"Há uma objetividade grandiosa e sólida no uso do tem­po pretérito perfeito gegraptai, 'permanece escrito': 'aqui está o testemunho eterno e imutável do DEUS Eterno, regis­trado por escrito para a nossa instrução'."89 O modo decisivo de JESUS utilizar essa fórmula revela de modo enfático como ele considerava a autoridade das Escrituras. "A Palavra es­crita, portanto, é a autoridade de DEUS para solucionar todas as disputas a respeito da doutrina ou da prática. E a Palavra de DEUS nas palavras humanas; é a verdade divina em lin­guagem humana".90 Os que gostariam de alegar que JESUS simplesmente se acomodava ao modo judaico de entender as Escrituras, acompanhando passivamente as supostas falsas crenças dos judeus nesse assunto, deixam totalmente desapercebidos o seu tom enfático de plena aceitação e autoridade. Em vez de acomodar-se às opiniões religiosas dos seus dias, Ele as corrigia, e colocava as Escrituras de volta à sua suprema posição. Além disso, a acomodação à mentira não é moralmente possível para o DEUS que é a mesma verdade (Nm 23.19; Hb 6.18).
JESUS reivindicava a autoridade divina, não somente para as Escrituras do Antigo Testamento, como também para seus próprios ensinos. O que ouve as suas palavras e as prática é sábio (Mt 7.24), porque os seus ensinos pro­vêm de DEUS (Jo 7.15-17; 8.26-28; 12.48-50; 14.10). JESUS é o semeador que semeia a boa semente da Palavra de DEUS (Lc 8.1-13). Sua expressão frequente: "Eu, porém, vos digo" (Mt 5.22), usada lado a lado com a total com­preensão do Antigo Testamento, demonstrava que "suas palavras levam toda a autoridade das palavras de DEUS".91 "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35).
JESUS indicou, também, que haveria uma característica divina e especial no testemunho que seus seguidores dari­am dEle. O Senhor os havia treinado mediante suas pala­vras e seu exemplo, e os comissionara para serem teste­munhas até aos confins da terra, ensinando as pessoas a guardar todas as coisas que Ele lhes mandara (Mt 28.18-20). Ele lhes ordenara ainda que esperassem, em Jerusa­lém, a vinda do ESPÍRITO SANTO, a quem o Pai enviaria em seu nome, para que tivessem poder a fim de lhe servirem como testemunhas (Lc 24.49; Jo 14.26; At 1.8). O Espíri­to SANTO faria os discípulos lembrar-se de tudo quanto JESUS lhes dissera (Jo 14.26). O ESPÍRITO lhes ensinaria todas as coisas, guia-los-ia em toda a verdade, contar-lhes-ia o que havia de acontecer, lançaria mão das coisas de CRISTO e as faria conhecidas aos discípulos (Jo 14.26; 15.26,27; 16.13-15).
Foram cumpridas as promessas que JESUS fizera aos seus discípulos. O ESPÍRITO SANTO inspirou alguns deles a escreve­rem a respeito do seu Senhor. Consequentemente, tanto os escritos do Antigo, quanto os do Novo Testamento; enfim, a Bíblia toda reivindica, de modo específico e direto, que é a revelação especial da parte de DEUS. 92
A Extensão da Autoridade Bíblica
A Bíblia trata de assuntos pertencentes a várias áreas: ciências econômicas, geografia, cultura, biologia, política, astronomia etc. Todavia, não se declara livro-texto exausti­vo sobre tais assuntos, nem deve ser considerada como tal. Os modos de vestir, os meios de transporte, as estruturas políticas, os costumes e outras coisas correlatas, não são colocados como modelos a serem seguidos pelo simples fato de haverem sido mencionados nas Escrituras. Embora tudo quanto foi escrito nessas áreas seja fidedigno, não é necessa­riamente normativo. A Escritura não pretende ser normativa nessas áreas, a não ser que impliquem em questões teológi­cas ou éticas. (Por exemplo: do ponto de vista bíblico, não faz diferença se montamos um camelo ou se andamos de automóvel, mas se estes meios de transporte foram adquiri­dos de maneira honesta. Isto sim, faz toda a diferença).
Os sessenta e seis livros da Bíblia reivindicam autoridade plena e total no tocante à autorrevelação de DEUS e a todas as implicações quanto à fé e à prática. Embora a autoridade da Bíblia seja histórica, porque DEUS se revelou em eventos históricos, sua autoridade é primariamente teológica. A Bí­blia revela DEUS à humanidade, e explica o seu relaciona­mento com a sua criação. Pelo fato de DEUS ter de ser conhecido através deste livro, suas palavras têm de ser igual­mente autorizadas. A autoridade da Palavra é absoluta - as palavras do próprio DEUS a respeito dEle mesmo.
A autoridade ética da Bíblia provém de sua autoridade teológica. Não fala de tudo quanto deve ser feito em todas as épocas, nem de tudo quanto era feito nos tempos em que foi escrita. Mesmo assim, os princípios que ela apresenta, seu padrão de retidão, suas informações a respeito de DEUS, sua mensagem de redenção e suas lições para a vidas, são obriga­tórios em todos os tempos e épocas.
Certos trechos bíblicos não nos impõem determinada conduta, hoje, mas têm autoridade por nos revelarem um aspecto do relacionamento de DEUS com a humanidade. Por exemplo: as cerimônias do Antigo Testamento cumpridas em CRISTO. "No caso de uma promessa (ou prefiguração) e seu cumprimento, a figura só tem um propósito temporário, e cessa de ter autoridade obrigatória depois de cumprida".93 Embora CRISTO seja o cumprimento, as cerimônias são uma apresentação autorizada de um aspecto da obra divina da redenção. O relacionamento entre DEUS e os seres humanos, e a condição destes diante de DEUS, têm implicações para todos os aspectos da vida. Por isso, a Palavra tem aplicação autorizada a todas as esferas de nossa vida.
O escopo da autoridade das Escrituras é tão extensivo como a própria autoridade de DEUS em relação a todas as áreas da existência humana. DEUS está acima de todas as áreas de nossa vida, e fala a todas elas mediante a sua Palavra. A autoridade da Palavra escrita é a autoridade do próprio DEUS. A Bíblia não é meramente um registro da autoridade de DEUS no passado, mas continua sendo a auto­ridade de DEUS, hoje. Mediante a Palavra escrita, o ESPÍRITO SANTO continua a confrontar os homens e mulheres, em nossos dias, com as reivindicações de DEUS. Trata-se ainda de: 'Assim diz o Senhor!"
 
 
12 Dificuldades da Bíblia - Bíblia Através dos Séculos - Pr. Antônio Gilberto - CPAD
 
I. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1. As dificuldades da Bíblia situam-se no campo da Hermenêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é o estudo das leis e princípios de interpretação das Sagradas Escrituras, para se chegar ao sentido do texto bíblico.
3. O termo "hermenêutica" significa literalmente "interpretar".
4. A Bíblia foi tecida no tear da História, e não pode ser realmente compreendida se o leitor ignorar os acontecimentos e as circunstâncias que a cercam, como por exemplo, a igreja primitiva e seu lugar no mundo greco-romano.
 
II. REQUISITOS PARA O PROGRESSO NO CONHECIMENTO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Antes de abordarmos o campo das dificuldades bíblicas, vejamos alguns assuntos prioritários que devem preceder à abordagem de dificuldades bíblicas. Um deles é o dos requisitos para o progresso no conhecimento das Sagradas Escrituras.
O plano de Deus para o cristão é que uma vez salvo prossiga até o pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4 ARA). A tragédia é que milhões de cristãos estacionam após o primeiro passo na vida cristã, o que infalivelmente resulta no seu nanismo espiritual.
Alguns requisitos ou fatores de progresso no conhecimento da Palavra de Deus, são os que passamos a considerar.
 
1. A espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É o cultivo da vida espiritual profunda. Essa espiritualidade fundamenta-se num profundo amor à Palavra de Deus (Dt 6.6b). Considerar, aí, o termo afetivo "coração".
2. A operação do Espírito Santo no cristão (Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante do cristão (Tg 1.5)
4. O ministério de ensino de mestres cristãos (Ef 4.11). Deus tem na sua Igreja pessoas com o dom e o ministério de ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados (2 Tm 4.13) Livros de cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua materna.
- Como poderá o leitor entender o sentido bíblico do texto, se não entender antes, o que diz o texto na sua língua materna?
7. Conhecimento das línguas originais da Bíblia (um mínimo possível - temos várias Bíblias e livros que trazem os originais, bem como para internet em computadores e celulares).
8. Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.
 
III. REGRAS PARA ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES BÍBLICAS
Este é outro assunto prioritário em relação a dificuldades da Bíblia. Seguem-se algumas regras simples, postas em prática pelo autor, no estudo da Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples, mas contínua da Bíblia toda. A leitura seguida e completa de toda a Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um assunto que se quer conhecer.
- Por que é preciso ler toda a Bíblia, nesse caso? - Porque a revelação divina através da Bíblia é progressiva. Isto é, nada é dito de uma vez, nem uma vez por todas. Um assunto inicia em Gênesis e termina no Apocalipse, por exemplo.
2. O contexto bíblico. Deve-se considerar sempre o contexto do que se estiver lendo. Destacar textos bíblicos, isolar idéias, enquadrar num tema geral ensinos de uma só parte da Bíblia, é cair em grave erro.
1) O contexto geral da Bíblia. Isto é, a analogia geral da Bíblia é um fato. Noutras palavras: nela não há contradições.
2) O contexto imediato da Bíblia. Este pode ser anterior ou posterior ao texto que se lê ou estuda.
3) O contexto remoto da Bíblia é o que fica a longa distância do texto em consideração, mas que com ele faz liame.
3. Comparar Escritura com Escritura (2 Pe 1.20). Aqui o estudante precisa ter um prévio e geral conhecimento da Bíblia e dispor, pelo menos, de uma concordância bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4. Qualificações intelectuais do estudante.
5. Qualificações espirituais do estudante Especialmente humildade e piedade.
6. Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra de Deus deve ter sempre em mente durante o estudo, os dois grandes sentidos do texto bíblico:
• O sentido literal do texto.
• O sentido figurado do texto.
 
IV. O PERIGO DO INTELECTUALISMO
1. O nosso século é caracterizado pela busca incessante do saber por parte de todos, e também pela oferta do saber, considerada a multiplicação e a modernização dos meios de comunicação de massa e instituições de ensino. Essa busca e oferta podem ser do saber legítimo ou do falso (1 Tm 6.20).
2. Na área da Bíblia há uma tendência atual do estudante de depender primeiramente do seu intelecto, de cursos, de saber acumulado, de livros de consulta, sem depender primeiramente dos meios divinos, caindo, as­sim, infalivelmente, no modernismo teológico, no racionalismo e no humanismo, no liberalismo teológico.
3. Os livros, escolas e cursos podem ser bons, mas jamais serão substitutos da Bíblia.
4. Devemos, sim, examinar livros, mas não para sermos um mero eco ou reflexo deles. Há divergência entre autores de livros, mas na Bíblia, jamais! Não devemos levar mais tempo com os livros, do que com a própria Bíblia!
 
V. DIFICULDADES DA BÍBLIA
• Referências a considerar, ao se estudar este assunto (Dt 29.29; SI 145.3; Ez 14.23; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe 3.16).
• Há, é certo, dificuldades na Bíblia, mas não contradições. Não há nela contradições históricas, nem científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da Bíblia são todas do lado humano, como: tradução mal feita, estudo superficial, má compreensão, incapacidade humana, idéias preconcebidas, falsa aplicação do texto, falhas de editoração, interpretação forçada.
• Os inimigos da Bíblia, ou aqueles que a encaram apenas como literatura comum, sustentam haver erros nela, mas é claro que um espírito ceticista, farisaico, preconceituoso e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, porque dela se aproxima querendo "importar" suas falsas idéias, quando a atitude correta, devia ser "exportar" as idéias dela.
• Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano. Portanto, ao encontrarmos na Bíblia um trecho discrepante, não pensemos logo que é erro!
 
 
Passemos agora a considerar as dificuldades da Bíblia.
1. DIFICULDADES LINGÜÍSTICAS
a. Línguas originais antigas. Línguas essas que evoluíram tremendamente. As duas principais línguas originais são o hebraico e o grego (pequenos trechos em aramaico também).
Uma dessas línguas principais é semítica: o hebraico; outra é helênica: o grego.
b. Linguagem figurada em abundância Isto é um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros literários - Isto, por serem muitos os escritores, como por exemplo: Encontramos na Bíblia Epístola, Biografia, Poesia, História, Drama e Tragédia
d. Má tradução das línguas originais. Isto constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do falante.
 
 
Alguns exemplos na Bíblia, de dificuldades lingüísticas.
1) Gênesis 10.25
"E a Éber nasceram dois filhos: o nome dum foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de fissura, separação, divisão.
Há muitos verbos hebraicos que significam dividir, repartir, havendo pequena diferença entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente: "chalak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é "palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto a ser dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra sendo dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida em continentes. Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme afirmar e comprova a ciência. (vide na internet - pangeia)
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém". Esse "Assuero" é o mesmo "Xerxes" da História secular. "Assuero" é vocábulo hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro. "Ciro, chamado por Deus de "meu ungido", sendo ele um homem não-crente.
O termo "ungido", em hebraico é "messias". Este termo não se refere apenas a Jesus. Em algumas passagens, refere-se a reis, profetas, e sacerdotes de Israel. No caso de Ciro, refere-se à sua designação por Deus, para uma missão especial. O termo, nesse caso, nada tem a ver com a santificação ou caráter de Ciro.
4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas coisas". "Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no sentido de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má tradução. No grego é "ketos", peixe. No hebraico é "daggadol", peixe grande. Ora, todos sabem que baleia não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada corresponde ao grego Baraquias.
 
 
2. DIFICULDADES GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em lugares de três continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expressões, imagens mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um nome cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas, mares etc.).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas geográficas
1) Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia de Filipe, no Norte da Galiléia, cidade interiorana. Cesaréia, porto marítimo, capital política da Palestina, nos dias de Jesus, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40). Outras cidades com nomes iguais, Antioquia da Síria (At 13.1) Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à moderna Assuam, no Egito.
 
3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade bíblica é basicamente antropológica.
b. Incapacidade de compreensão da revelação divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais dos tempos bíblicos, totalmente diferentes das nossas ocidentais atuais. São usos e costumes que já não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do estudante, por incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica textual científica (Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma mesma pessoa.
1. Exemplário de dificuldades antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados no NT. É preciso determinar qual deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1; Êx 18.2)
• Reuel (Êx 2.18; Números 10.29)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11) - (Não confundir com Hobabe, filho do próprio Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá, aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)
4) Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será santíssimo: tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o que tocar o altar deverá santificar-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado nos céus. Os modismos do grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20: "a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade" significa nossa cidadania. O leitor precisa conhecer o sentido especial de "cidade" entre os romanos, naquela parte do mundo, e conhecer a história de Filipos, para entender de fato esses versículos.
 
4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS
a. A Bíblia, quando menciona datas, fá-lo com base em eventos importantes, mas particulares. Os escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas, como os temos no mundo ocidental. Daí, toda cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais entraram em uso há pouco tempo, em comparação com a extensão da história bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C. (data da primeira Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da fundação de Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de Meca); a Era Cristã vem de 5 a.C. (data do nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras choca o leitor comum ou leigo, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há, especialmente no período dos juízes de Israel, no período do reino dividido, e no dos profetas, muitos períodos coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia política, frações de anos tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e arredondamento de números.
d. O erro do nosso calendário. O nosso próprio calendário (chamado Calendário Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro de cálculo de Dionísio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em 1582 d.C, o Papa Gregório XIII alterou o calendário cristão, aumentando-lhe 10 dias, para corrigir uma diferença de minutos que se vinha acumulando desde o ano 46 a.C, quando César reformou o calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos ia de uma meia-noite a outra. O evangelista João emprega o calendário romano, de modo que parece haver choque de horário nos eventos da paixão de Cristo, entre ele e os demais evangelistas, mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando desencontro entre ele e as estações agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham, cada três anos, um ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período de 16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de dificuldades cronológicas da Bíblia:
1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a peregrinação de Israel seria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas 3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de arredondamento de números, porque o somatório dos dados fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz 430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o nascimento de Isaque, quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de Isaque (Gn 21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó (Gn 25.26), à sua morte (Gn 47.28)... 147 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22) ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo 12.17)............................................... 144 anos
2) Gênesis 2.2,3 - .......................................430 anos
Os seis dias da criação adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado, e isenção de preconceitos.
 
5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm do nosso modo humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa situação, queremos interpretar a revelação divina,
a. Exemplos de dificuldades imaginárias e preconceituosas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram".
Um estudo acurado dos textos bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos homens" eram as descendentes da linhagem ímpia cainita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus 22.30.) Os "filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos decaídos, porque estando eles decaídos, jamais poderiam ser chamados "filhos de Deus". Por outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos na manhã da ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há aqui qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras de Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram registradas. Com inúmeros milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de Deus, porque Deus vê fé, e não obras, para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, porque o homem vê obras, mudança de vida, e não fé.
 
6. APARENTES CONTRADIÇÕES
São aparentes contradições, apenas. Exemplos:
a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos os descendentes de Jacó que foram ao Egito, somaram 70 pessoas. Atos 7.14 afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A esse número precisamos somar 5 netos de José (que já estavam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses: Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim: Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram daquela praga - 24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no sentido de inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia adverte: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de "mundo" como um sistema de vida, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do "mundo" no sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus deu a Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus permitiu que os captores de Israel, durante o cativeiro baixassem leis para Israel que não eram boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel avaliaram".
Ocorre que a profecia acima, encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou, e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.
 
7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma dificuldade bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A leitura em grego leva para a forma interrogativa. Isso pode ajudar a resolver a dificuldade.
E eu vos digo:granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Lucas 16:9. (Ajude a todos tanto na vida sem DEUS, quanto na vida cristã?)
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o elemento inibidor, repressor, quanto à manifestação aberta do Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19, concluiremos que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo.
Os anjos executores do juízo sobre as cidades da campina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não saiu de Sodoma.
De igual modo, o juízo do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O mesmo acontece agora, enquanto a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo, permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é "kerusso", proclamar, anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.
nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. Atos 2:31
Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. Ora, isto — ele subiu — que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra? Efésios 4:8,9
 
8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual de ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos científicos, fá-lo não na lingua­gem técnica, especializada da ciência, mas na linguagem do povo comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22)
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não "morada "permanente (Jó 38.19).
h. A terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn 1.1,24)
l. O vento vem do Sul (Ec 1.6)
 
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos e os antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1 Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (Deus "arrepender-se").
Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras. Então, Samuel se contristou e toda a noite clamou ao Senhor. 1 Samuel 15:11
E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa. 1 Samuel 15:29.
 
10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das coisas celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos seres viventes).
Para onde o Espírito queria ir, iam; pois o Espírito os impelia; e as rodas se elevavam defronte deles, porque o Espírito da criatura vivente estava nas rodas. Ezequiel 1:20
É também o caso das visões de João, o apóstolo, descritas no livro de Apocalipse, quando João procura comparar as coisas celestiais com as terrenas, para poder expressar-se sobre o que viu no Céu.
 
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL
Tanto o Antigo, como o Novo Testamento se enquadram aqui.
 
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto constitui uma dificuldade. Profecias e Escatologia.
 
SUBSÍDIOS - Lição 3, A Inerrância da Bíblia - 1Tr22 - CPAD
 
Subsídio Teológico 
"A Exatidão da Bíblia 
Tanto a autenticidade quanto a historicidade dos documentos do Novo Testamento estão confirmadas de modo sólido. Norman Geisler indica que as evidências documen­tárias em favor da autenticidade do Novo Testamento são esmagadoras, e fornecem uma base, igualmente sólida, para a reconstrução do texto grego original. Bruce Metzger, especialista em crítica textual, informa que, no século 111 a.C., os estudio­sos em Alexandria indicavam que as cópias que possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de fidedignidade. Indica, também, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da índia diferem entre si numa extensão de 26.000 linhas. Isto se contrasta com mais de 99,55 de exatidão para as cópias manuscritas do Novo Testamento'. Esse meio-porcento de diferença consiste principalmente nos erros de ortografia dos copistas e, mesmo assim, passíveis de correção. Nenhuma doutrina da Bíblia depende de algum texto cuja forma original não possa ser determinada com exatidão." 
(HIGGINS,j. A palavra inspirada de DEUS. In HORTON, S.M.Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.94.) 
 
 
APLICAÇÃO PESSOAL
"Alegrar-me-ei em teus mandamentos, que eu amo" (SI 119.47). Em um outro belo e piedoso verso o salmista prorrompe: "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia" (v.97). As igrejas de todo o Brasil costumam organizar gincanas, sorteios e usar estraté­gias de marketing para atrair cada vez mais alunos para a Escola Bíblica Dominical. Não há qualquer problema nesses métodos. Porém, nenhuma dessas estratégias seria necessária se cada crente amasse ardentemente as Escrituras assim como o salmista. O que deve incitar o crente à Escola Dominical é o incomensurável amor pela Palavra de DEUS. Que todos os crentes exclamem como o poeta: "Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca ... Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino" (vv.l 03, 127).
 
 
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que é inerrância?
2. Mencione textos bíblicos em que a ideia de inerrância esteja presente
3. O que são os manuscritos autógrafos?
4. O que são os manuscritos apógrafos?
5. Por que a Bíblia não se equivoca quando descreve a criação, os eventos da história e os fenômenos da ciência?
 
 
VOCABULÁRIO
Anacronismo: Erro de cronologia (ou datas) relativo a fatos ou pessoas.
Espúrios: Não genuíno, hipotético, simulado.
 
 
INTRODUÇÃO
Infalibilidade e inerrância são vocábulos que apontam a veracidade das Escrituras. Indicam que a Bíblia Sagrada não falha e não erra. Significa afirmar que ela é a verdade em tudo o que diz, tanto em questões espirituais quanto históricas e científicas (Mt 5.17,18; Jo 10.35) . Nesta lição, veremos a inerrância, a preservação e a verdade da Palavra de DEUS.
I - O QUE É A INERRÂNCIA DA BÍBLIA
1.O conceito de inerrância bíblica.
A inerrância é a doutrina segundo a qual a Bíblia não contém erro algum. Significa que ela é verdadeira em tudo o que afirma. Desse modo, a Escritura é isenta de erros nos aspectos doutrinários, espirituais, históricos, culturais científicos e em todos os demais temas. O argumento é irrefutável: DEUS não pode errar, e, como a Bíblia é divinamente inspirada, ela não pode conter erros. Assim sendo, a inerrância, a infalibilidade e a inspiração estão entrelaçadas. Nesse sentido, nossa Declaração de Fé professa que “a Bíblia é a nossa única fonte de autoridade, a inerrante, infalível, completa e inspirada Palavra de DEUS” (SI 19.7; Jo 10.35).
2. A Bíblia reivindica a sua inerrância.
O termo “inerrância” não aparece na Bíblia, mas a ideia está presente nas páginas do texto sagrado. No livro de Provérbios está escrito que “toda palavra de DEUS é pura” (Pv 30.5); O salmista afirma que “a palavra do Senhor é provada” (SI 18.30); Samuel assegura que “O caminho de DEUS é perfeito e a palavra do Senhor, refinada” (2 Sm 22.31). CRISTO atestou a inerrância ao afirmar que nem um jota ou um til se omitirá da lei (Mt 5.18); o Senhor igualmente ratificou que “a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35) ; e que a “Palavra é a verdade” (Jo 17.17). Essas declarações indicam que a Bíblia é plenamente confiável, sem nenhuma falsidade ou equívoco.
3. A infalibilidade e a inerrância da Bíblia.
O vocábulo “infalível” indica o “que não pode, nem consegue falhar”. Em relação à Bíblia, significa que as suas palavras hão de se cumprir cabalmente (Is 55.11). Por causa da etimologia, os termos “inerrância” e “infalibilidade” são por vezes confundidos como sinônimos. Não obstante, outros afirmam que a Bíblia é somente infalível quanto à sua mensagem salvífica, e não a consideram como inerrante. Por isso, preferimos o uso de ambos os termos, isto é, cremos e ensinamos que a Bíblia é infalível (incapaz de falhar), e, é igualmente inerrante (livre de erro). Negar essas verdades é desacreditar de sua autoridade e inspiração divina (Jd 1.3,4).
II - O ESPÍRITO SANTO PRESERVOU AS ESCRITURAS
1. Os manuscritos autógrafos.
Os manuscritos originais são chamados de autógrafos. São os textos com a grafia de próprio punho do autor bíblico ou de seu escrevente (Fm 1.19; Rm 16.22). Neles foram primeiramente registradas as palavras inspiradas pelo ESPÍRITO SANTO (2 Pe 1.21). Cremos que a inerrância das Escrituras pertence a esses documentos, e, que as cópias fiéis desses manuscritos preservaram a exatidão dos originais. O ESPÍRITO SANTO providencialmente manteve a revelação divina incorruptível (Jo 14.17; 16.13,14). Fora dessa compreensão, a Bíblia não seria fonte de autoridade (Jo 5.39; G13.8-22).
2. Os manuscritos apógrafos.
As cópias dos manuscritos originais são chamadas de apógrafos. Atualmente, existem cerca de 25.000 cópias dos manuscritos bíblicos, a maioria deles em hebraico, grego e latim. Os escribas judeus transcreveram os originais do Antigo Testamento com precisão milimétrica. E as inúmeras cópias dos manuscritos do Novo Testamento também afiançam a credibilidade desses escritos. Nessa perspectiva, cremos que o ato da inspiração aconteceu uma só vez na redação primária da Palavra de DEUS (os autógrafos), mas a qualidade dessa inspiração foi preservada pelo ESPÍRITO SANTO nas cópias dos originais (os apógrafos). Assim sendo, a versão da Bíblia fidedigna aos originais, não deixou de manter a exatidão do real significado das palavras inspiradas por DEUS (Mt 5.18; 24.35).
3. Os apócrifos e pseudoepígrafos.
Nossa Declaração de Fé assegura que os manuscritos apócrifos (“escondidos”), tais como, Tobias, Judite, Macabeus, Baruque, e outros, apresentam erros, anacronismos, doutrinas falsas e práticas divergentes das Escrituras, a exemplo da oração pelos mortos. Os pseudoepígrafos (“falsos escritos”), dentre eles, a Assunção de Moisés e o Apocalipse de Pedro, foram produzidos por autores anônimos e espúrios, que atribuíram indevidamente sua autoria a profetas e apóstolos. Na Bíblia dos judeus atestada por JESUS como a “Lei, Profetas e Escritos” (Lc 24.44) não faziam parte os livros apócrifos, nem os pseudoepígrafos. Por essa razão eles não integram o cânon bíblico protestante. Dessa forma, não reconhecemos a autoridade desses livros por não serem inspirados pelo ESPÍRITO SANTO.
III- A VERDADE NAS ESCRITURAS
1. A Bíblia é a verdade plena.
O termo “verdade”, do hebraico emeth, significa o que é “confiável” e “correto”. O vocábulo grego aletheia tem 0 sentido de “real” e “fidedigno”. Nas Escrituras corresponde à realidade exata dos fatos em concordância com o pensamento de DEUS. A Bíblia ensina que DEUS é a verdade (Jo 14.6; Rm 3.4) e a sua Palavra também é a verdade (Jo 17.17). O escritor aos Hebreus declara que é “impossível que DEUS minta” (Hb 6.18). Paulo ratifica que DEUS “não pode mentir” (Tt 1.2). Em vista disso, cremos que a Palavra de DEUS possui autoridade (Mt 5.17,18); e deve ser obedecida acima de qualquer autoridade humana (Mt 15.3- 6). Assim, esses textos servem de base para a afirmação: “O que a Bíblia diz é o que DEUS diz”.
2. A verdade espiritual e moral.
Nossa Declaração de Fé afirma que a Bíblia nos revela o conhecimento completo de DEUS, não sendo necessário nenhuma nova revelação para a nossa salvação e crescimento espiritual (Dt 4.2; Pv 30.5,6). Antonio Gilberto ensinou que tudo o que DEUS requer do homem, e tudo o que homem precisa saber, quanto à sua redenção, está revelado na Bíblia. Igualmente, a ética e a moral se fundamentam na revelação divina. Os padrões bíblicos para o nosso viver não podem sofrer mudanças. Aquilo que a Palavra de DEUS diz ser pecado, permanece sendo pecado. Por isso, os valores cristãos são permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente (Mt 24.35) . Assim, enfatizamos que a Bíblia é a inerrante verdade tanto espiritual quanto moral.
3. A verdade histórica e científica.
Cremos que a Bíblia é divinamente infalível em toda a matéria que aborda (SI 12.6; 19.8). John Wesley escreveu que se houver um erro, pode haver mil. E, se existir alguma falsidade então a Bíblia não é o livro da verdade de DEUS. Por conseguinte, a Escritura não se equivoca quando descreve a criação, os eventos da história e os fenômenos da ciência. Significa que DEUS guiou os autores bíblicos e os preservou do registro de inverdades de qualquer natureza (2 Pe 1.21). Assim sendo, endossamos que a Bíblia Sagrada é a verdade inspirada de DEUS, inerrante em sua totalidade, isenta de toda a falsidade, fraude ou engano.
CONCLUSÃO
Apesar de alguns considerarem redundante o uso dos termos inspiração, inerrância e infalibilidade para legitimar a autoridade das Escrituras Sagradas, nossa ortodoxia professa e ensina que a Bíblia é a inspirada Palavra de DEUS, inerrante e infalível com plena autoridade em tudo o que diz.
 
 
Ajuda:
CPAD - www.cpad.com.br - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - BÍBLIA de Estudos Pentecostal.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.  
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http://www.estudosdabiblia.net/2002322.htm
http://estudandoabiblia.tripod.com/Prof05.htm
http://www1.uol.com.br/biblia/revista/edicao1/1948.htm
http://pilb.blogspot.com/2006/08/o-que-bblia-diz-verdadeira-cincia.html
HORTON, S.M.-Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.94
A Inerrância Da Bíblia - Norman Geisler