Escrita Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados

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Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
 
 
TEXTO ÁUREO
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre o que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20.28)
 
 
VERDADE PRÁTICA
No Reino de DEUS, a liderança mais antiga zela pelas lideranças mais novas. Os jovens vocacionados precisam de cuidado e zelo.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 10.7; Jo 21.15-17 O imperativo de CRISTO como ponto de partida
Terça - Gl 1.6; Rm 1.16 A vocação pastoral difere da vocação para a salvação
Quarta - Ef 4.11,12 O Senhor chama e ordena os vocacionados
Quinta - At 20.24; Is 6.8-10 A vocação implica uma impulsão interior
Sexta - 1 Sm 3.9 O vocacionado deve estar atento à voz do Senhor
Sábado - Ef 1.17,18 Sabedoria, revelação e iluminação na vida do vocacionado

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 20.17-34
17 - De Mileto, mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja. 18 - E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós, 19 - servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; 20 - como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, 21 - testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a DEUS e a fé em nosso Senhor JESUS CRISTO. 22 - E, agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, 23 - senão o que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. 24 - Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho do evangelho da graça de DEUS. 25 - E, agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o Reino de DEUS, não vereis mais o meu rosto. 26 - Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos; 27 - porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de DEUS. 28 - Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 - porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. 30 - E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. 31 - Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós. 32 - Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados. 33 - De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. 34 - Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.
 
Comentários BEP - CPAD
20.19 COM MUITAS LÁGRIMAS. Paulo, em muitas ocasiões, menciona que servia ao Senhor com lágrimas (v. 31; 2 Co 2.4; Fp 3.18). Nesse discurso diante dos anciãos de Éfeso (vv. 17-38), Paulo refere-se à admoestação que, com lágrimas, lhes dirigiu durante três anos (v. 31). As lágrimas não resultaram de fraqueza; pelo contrário, Paulo via a condição perdida da raça humana, a maldade do pecado, a distorção do evangelho e o perigo de rejeitar o Senhor, como coisas tão graves, que sua pregação era freqüentemente acompanhada de lágrimas (cf. Mc 9.24; Lc 19.41).
20.20 NADA... DEIXEI DE VOS ANUNCIAR. Paulo pregava tudo que era útil ou necessário à salvação de seus ouvintes. O ministro do evangelho deve ser fiel ao anunciar toda a verdade de DEUS à sua congregação. Não deve procurar agradar aos desejos dos ouvintes, nem satisfazer o gosto deles, nem promover sua própria popularidade. Mesmo se tiver que falar palavras de repreensão e de reprovação, ensinar contrariamente a preconceitos naturais, ou pregar padrões bíblicos opostos aos desejos da natureza carnal; o pregador fiel entregará a verdade plena por amor ao rebanho (e.g., Gl 1.6-10; 2 Tm 4.1-5).
20.22 LIGADO EU PELO ESPÍRITO. O espírito de Paulo, sob o controle do ESPÍRITO SANTO, sentia-se compelido a ir até Jerusalém. Sabia que aflições e sofrimentos o aguardavam (v. 23), mas confiou em DEUS, não sabendo se isso redundaria em vida ou em morte para ele (ver At 21.4).
20.23 O ESPÍRITO SANTO... ME REVELA. A revelação do ESPÍRITO SANTO a Paulo de que prisões e tribulações o esperavam provavelmente veio-lhe através dos profetas, nas igrejas por onde ele ia passando (cf. 1 Co 12.10).
20.24 EM NADA TENHO A MINHA VIDA POR PRECIOSA. A preocupação principal de Paulo não era preservar a sua própria vida. O mais importante para ele era cumprir o ministério para o qual DEUS o chamara. Seja qual fosse o fim em vista, mesmo em se tratando do sacrifício da sua vida, ele, com alegria, iria até o fim da sua carreira com esta confiança: CRISTO será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte (Fp 1.20). Engrandecermos a CRISTO estando vivos é fácil entender; mas engrandecê-lo por nossa morte é difícil para todos entender e aceitar. Para Paulo, a vida e o serviço para CRISTO são representados como uma carreira ou corrida que se deve correr com absoluta fidelidade ao seu Senhor (cf. At 13.25; 1 Co 9.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1).
20.26 ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS. A palavra sangue é empregada normalmente no sentido de derramamento de sangue, ou seja: o crime de provocar a morte dalguma pessoa (cf. 5.28; Mt 23.35; 27.25). (1) Aqui significa que se alguém ali morresse espiritualmente e se perdesse para sempre, Paulo estaria isento de culpa. (2) Se os pastores não quiserem ser considerados culpados pela perdição de pessoas que eles pastoream, deverão declarar-lhes toda a vontade de DEUS (v. 27).
20.28 OLHAI... POR TODO O REBANHO. Vistação e aconselhamento são importantíssimos aos crentes por parte de seus líderes.
20.29 ENTRARÃO... LOBOS CRUÉIS. Movidos pela ambição de edificar seus próprios impérios, ou por amor ao dinheiro, ao poder, ou à popularidade (e.g., 1 Tm 1.6,7; 2 Tm 1.15; 4.3,4; 3Jo 9), impostores na igreja, perverterão o evangelho original segundo o NT: (1) repudiando ou rejeitando algumas das suas verdades fundamentais; (2) acrescentando-lhe idéias humanistas, filosofias, sabedoria ou psicologia; (3) misturando suas doutrinas e práticas com coisas como os ensinos malignos da Nova Era ou do ocultismo e espiritismo; (4) e tolerando modos de vida imorais, contrários aos retos padrões de DEUS (ver 1 Tm 4.1; Ap 2.3). Que tais lobos realmente entraram no meio do rebanho e perverteram a doutrina e prática apostólicas em Éfeso, fica evidente em 1 Tm 1.3,4,18,19; 4.1-3; 2 Tm 1.15; 2.17,18; 3.1-8. As epístolas pastorais revelam uma rejeição geral dos ensinos bíblicos apostólicos, que naquele tempo começou a ganhar ímpeto em toda a província da Ásia
20.31 PORTANTO, VIGIAI. Os dirigentes do povo de DEUS sempre devem ter sensibilidade para discernir os membros das suas congregações, que não são sinceramente leais, e dedicados a viver conforme a mensagem original de CRISTO e dos apóstolos. Devem estar em tão íntima comunhão com o ESPÍRITO SANTO que, com cuidados e lágrimas, se preocupem com seus membros, sem nunca cessar, noite e dia, de admoestar o rebanho, a respeito do perigo que o ameaça, sempre dirigindo os fiéis para o único alicerce seguro CRISTO, sua Palavra e seu poder.
20.33 DE NINGUÉM COBICEI A PRATA. Paulo dá um exemplo a todos os ministros de DEUS. Ele nunca visou a riqueza, nem buscou enriquecer através do seu trabalho no evangelho (cf. 2 Co 12.14). Paulo teve muitas oportunidades de acumular riquezas. Como apóstolo, tinha influência sobre os crentes, e realizava milagres e curas; além disso, os cristãos primitivos estavam dispostos a doar dinheiro e propriedades aos líderes eclesiásticos de destaque, para serem distribuídos aos necessitados (ver At 4.34,35,37). Se Paulo tivesse tirado vantagem dos seus dons e da sua posição, e da generosidade dos crentes, poderia ter tido uma vida abastada. Não fez assim porque o ESPÍRITO SANTO dentro dele o orientava, e porque amava o evangelho que pregava (cf. 1 Co 9.4-18; 2 Co 11.7-12; 12.14-18; 1 Ts 2.5,6). Muitas vezes foi sustentado por igrejas, mas nunca para enriquecimento, mas para sua subsistência apenas. (Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8)
 
 
 
 
Paulo mandou chamar todos os novos convertidos, crentes em geral e obreiros que estavam na igreja em Éfeso para se encontrarem com ele em Mileto, cidade que ficava próxima a Éfeso, um pouco mais a abaixo (vide mapa). Ele queria fazer uma grande despedida sua desses irmãos. Paulo diz para eles sobre sua evangelização ali entre eles. Ele se emociona e chora. Ele se entristece muito por ter que deixar os irmãos e partir. Ele fala do seu sofrimento para evangelizá-los. Paulo fala da importância da pregação e ensino de casa em casa. Quantas perseguições! Quantas lágrimas! Quanta Tribulação! E agora diz que o Espírito Santo tem revelado a ele de cidade em cidade que quando chegar em Jerusalém vai sofrer muito. Mas ele está decidido a cumprir o seu Ministério. Ele sabe que Jesus o chamou para arriscar sua própria vida e até mesmo dar sua vida pelo evangelho. Sabe que vai sofrer por causa do evangelho. Mas ele está disposto a se gastar e a se deixar gastar pelo evangelho e pelos crentes que o aceitaram. Pelas revelações dadas pelo Espírito Santo aos profetas da igreja por onde passou que passará por tribulações e por prisões. Mas ele diz bem claro que não tem a sua vida por preciosa. A sua vida pertence a Deus. Ele recebeu o Ministério diretamente de Jesus. Está disposto a cumprir seu Ministério até o fim. E que tem uma carreira proposta. Ele tem um Ministério proposto. E ele foi vocacionado para isto mesmo. Seu Ministério é dar testemunho de Jesus Cristo. Do evangelho da graça de Deus a todos, custando o que custasse. Ele diz agora para eles que sabe que por toda a parte onde ele passou pregando o Reino de Deus, eles não verão mais o seu rosto porque ele está se despedindo para não voltar. Sabe que o espera prisões, açoites, perseguições e tribulações. Mas novamente diz que está disposto a passar por tudo isto. Preocupado com os efésios, ele chama a atenção dos líderes. É um momento de alerta. Diz que está limpo do sangue de todos aqueles que ouviram o evangelho através dele, tanto os que obedeceram, quanto aos que não obedeceram. Ele fez a sua parte, pregou o evangelho legítimo na sinceridade de seu coração e fé. Anunciou o evangelho verdadeiro. O evangelho de Jesus Cristo que nunca deixou de anunciar. O verdadeiro conselho de Deus, a verdadeira palavra de Deus. E ele adverte a eles para que olhem para si mesmos. Para o tipo de Evangelho que eles estão pregando e principalmente pelo tipo de evangelho que eles estavam vivendo. Exorta-os a que percebessem como estavam tratando o rebanho de Deus sobre o qual o Espírito Santo os constituiu para que cuidassem dele e o apascentassem. Este rebanho é a igreja de Jesus Cristo que foi comprada com seu próprio sangue, portanto caríssimo preço, valor inestimável. Paulo diz que sabe que depois de sua partida muitos falsos mestres, falsos pastores, falsos líderes, falsos irmãos que viviam a espreita do rebanho, esses que ele chama de lobos Cruéis, entrarão no meio do rebanho, no meio da igreja e tentarão de toda maneira se levantar dentre eles mesmos e falar com perversas palavras e vão atrair os discípulos após eles. É claro, com enganos e com mentiras. Com falsas promessas. Com amor fingido. Ele os alerta para que vigiem. Durante 3 anos esteve ali entre eles e não cessou, noite e dia, com lágrimas, de lhes anunciar JESUS e a salvação só através Dele, sempre advertindo-os dos perigos dos falsos mestres, falsos pastores, falsos líderes, falsos irmãos. E ele diz agora que encomenda cada um a DEUS e a Palavra da sua graça. Diz que Deus é poderoso para os edificar e dar herança entre os santificados. É claro desde que eles estivessem debaixo da orientação do Espírito Santo e em santificação de vida. Ou seja, em separação completa para Deus. Em sua defesa diz: “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram”.  Não era ambicioso não fez nada por dinheiro, por causa de riqueza. Sabemos que o que era necessário para ele sobreviver, tanto trabalhou na fabricação de tendas quanto também foi sustentado por várias igrejas das quais recebia salário, incluindo aí, principalmente, os filipenses. Este é um resumo da nossa leitura.


OBJETIVO GERAL - Afirmar o papel cuidador da liderança mais antiga acerca da mais jovem.

PONTO CENTRAL - A liderança mais antiga deve cuidar das mais novas.
 

Resumo da Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
I – ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS
1. O ponto de partida.
2. Paulo e o despertamento de novas vocações.
3. Paulo, um mestre inspirado.
II – O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES
1. A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos.
a) Quem eram os judaizantes?
b) Quem eram os gnósticos?
2. O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19).
III - PAULO APELA AOS LÍDERES
1. Sobre o desprendimento do obreiro para realizar a obra de DEUS (At 20.24).
2. Sobre o cuidado pessoal do obreiro (At 20.28).
3. Sobre a ameaça de “lobos cruéis” no rebanho de DEUS (At 20.29,30).
 
 
ESTUDOS A FINS
 
FALSOS MESTRES - BEP - CPAD
Mc 13.22: “Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os
escolhidos
DESCRIÇÃO. O crente da atualidade precisa estar informado de que pode haver, nas igrejas, diversos obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de DEUS, nos dias de JESUS (Mt 24.11,24). JESUS adverte, aqui, que nem toda pessoa que professa a CRISTO é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser.
Esses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens” (Mt 23.28). Aparecem “vestidos como ovelhas” (Mt 7.15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de DEUS e expor altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na obra de DEUS e no seu reino, demonstrar grande interesse pela salvação dos perdidos e professar amor a todas as pessoas. Parecerão ser grandes ministros de DEUS, líderes espirituais de renome, ungidos pelo ESPÍRITO SANTO. Poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores (ver Mt 7.21-23 notas; 24.11,24; 2Co 11.13-15).
Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13.3; 1Rs 18.40; Ne 6.12; Jr 14.14; Os 4.15), e aos fariseus do NT. Longe das multidões, na sua vida em particular, os fariseus entregavam-se à “rapina e de iniqüidade” (Mt 23.25), “cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.27), “cheios de hipocrisia e de iniqüidade” (Mt 23.28). Sua vida na intimidade é marcada por cobiça carnal, imoralidade, adultério, ganância e satisfação dos seus desejos egoístas.
De duas maneiras, esses impostores conseguem uma posição de influência na igreja. (a) Alguns falsos mestres e pregadores iniciam seu ministério com sinceridade, veracidade, pureza e genuína fé em CRISTO. Mais tarde, por causa do seu orgulho e desejos imorais, sua dedicação pessoal e amor a CRISTO desaparecem lentamente. Em decorrência disso, apartam-se do reino de DEUS (1Co 6.9,10; Gl 5.19-21; Ef 5.5,6) e se tornam instrumentos de Satanás, disfarçados em ministros da justiça (ver 2Co
. (b) Outros falsos mestres e pregadores nunca foram crentes verdadeiros. A serviço de Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas atividades (Mt 13.24-28,36-43). Satanás tira partido da sua habilidade e influência e promove o seu sucesso. A estratégia do inimigo é colocá-los em posições de influência para minarem a autêntica obra de CRISTO. Se forem descobertos ou desmascarados, Satanás sabe que grandes danos ao evangelho advirão disso e que o nome de CRISTO será menosprezado publicamente.
A PROVA. Quatorze vezes nos Evangelhos, JESUS advertiu os discípulos a se precaverem dos líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4,24; Mc 4.24; 8.15; 12.38-40; 13.5; Lc 12.1; 17.23;20.46; 21.8). Noutros lugares, o crente é exortado a pôr à prova mestres, pregadores e dirigentes da igreja (1Ts 5.21; 1 Jo 4.1). Seguem-se os passos para testar falsos mestres ou falsos profetas:
Discernir o caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração perseverante e manifesta uma devoção sincera e pura a DEUS? Manifesta o fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23), ama os pecadores (Jo 3.16), detesta o mal e ama a justiça (Hb 1.9) e fala contra o pecado (Mt 23; Lc 3.18-20)?
Discernir os motivos da pessoa. O líder cristão verdadeiro procurará fazer quatro coisas: (a) honrar a CRISTO (2Co 8.23; Fp 1.20); (b) conduzir a igreja à santificação (At 26.18; 1Co 6.18; 2Co 6.16-18); (c) salvar os perdidos (1Co 9.19-22); e (d) proclamar e defender o evangelho de CRISTO e dos seus apóstolos (ver Fp 1.16; Jd 3).
Observar os frutos da vida e da mensagem da pessoa. Os frutos dos falsos pregadores comumente consistem em seguidores que não obedecem a toda a Palavra de DEUS (ver Mt 7.16).
Discernir até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Ela crê e ensina que os escritos originais do AT e do NT são plenamente inspirados por DEUS, e que devemos observar todos os seus ensinos (ver 2Jo 9-11)? Caso contrário, podemos estar certos de que tal pessoa e sua mensagem não provêm de DEUS.
Finalmente, verifique a integridade da pessoa quanto ao dinheiro do Senhor. Ela recusa grandes somas para si mesma, administra todos os assuntos financeiros com integridade e responsabilidade, e procura realizar a obra de DEUS conforme os padrões do NT para obreiros cristãos? (1Tm 3.3; _ 6.9,10).
Apesar de tudo que o crente fiel venha a fazer para avaliar a vida e o trabalho de tais pessoas, não deixará de haver falsos mestres nas igrejas, os quais, com a ajuda de Satanás, ocultam-se até que DEUS os desmascare e revele aquilo que realmente são.
 
 
OS PASTORES E SEUS DEVERES
At 20.28 “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do ESPÍRITO, buscando a direção de DEUS em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas pelo ESPÍRITO SANTO em 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9. Na realidade é o ESPÍRITO que constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma igreja local.
PROPAGANDO A FÉ. (1) Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de DEUS. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de DEUS, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9). (2) Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de DEUS, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (20.26). Os pastores de nossos dias também devem instruir suas igrejas em todo o desígnio de DEUS. Que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os ouvintes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2Tm 4.3).
GUARDANDO A FÉ. Além de alimentar o rebanho de DEUS, o verdadeiro pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também, falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de DEUS. Paulo os chama de “lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos desviarão as pessoas dos ensinos de CRISTO e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene obrigação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opôr-se aos que distorcem a revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.
A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de DEUS e pela comunhão do ESPÍRITO SANTO, são fiéis ao Senhor JESUS CRISTO e à Palavra de DEUS. Por isso, é de grande importância na preservação da pureza da igreja de DEUS que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias à Palavra de DEUS e ao testemunho apostólico (20.30).
Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor JESUS os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de DEUS para a igreja (20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará “limpo do sangue de todos” (20.26; cf. Ez 34.1-10). DEUS o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap 2.2).
É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais segmentos administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).
A questão principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras divinamente inspiradas, que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32). Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da Palavra de DEUS, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela ensina (20.28-31; ver Gl 1.6; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A bem da igreja de DEUS, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11; ver Gl 1.9).
A igreja que perde o zelo ardente do ESPÍRITO SANTO pela sua pureza (20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de DEUS, logo deixará de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5).
 
 
QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR
1Tm 3.1,2 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto
para ensinar.”
Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de DEUS (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque DEUS estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por DEUS para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-). Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que DEUS estabeleceu mediante o ESPÍRITO SANTO. Eles estão plenamente em vigor e devem ser observados por amor ao nome de DEUS, ao seu reino e da honra e credibilidade da elevada posição de ministro.
Os padrões bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministerais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí, o ESPÍRITO SANTO estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a JESUS CRISTO e aos seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de CRISTO em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar “sobre o muito”.
O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação.
Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a CRISTO e ao evangelho (4.12,15).
O povo de DEUS deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra de DEUS, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a CRISTO pode ser tomada como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1;
Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).
O ESPÍRITO SANTO acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (32,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um exemplo para a família de DEUS, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de DEUS?” (3.5). Ele deve ser “marido de uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua esposa.
Conseqüentemente, quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de DEUS, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, DEUS expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4; Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm 2.23; Jr 23.14; 29.23).
A Palavra de DEUS declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem DEUS nem a igreja perdoará tal pessoa. DEUS realmente perdoa qualquer pecado enumerado em 3.1-13, se houver tristeza segundo DEUS e arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o ESPÍRITO SANTO está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm 12.9-14).
Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a despeito do seu pecado de adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de DEUS, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Essa comparação, no entanto, é falha por vários motivos.
O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de JESUS CRISTO, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. DEUS não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de JESUS CRISTO, requer padrões espirituais muito mais altos.
Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os inimigos de DEUS blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida (2Sm 12.9-14).
As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por DEUS para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).
 
 
 
O Discurso de Paulo aos Anciãos de Éfeso - Atos 20:17-35 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com correções e acréscimos do Pr Henrique)
O navio em que Paulo e seus companheiros embarcaram para Jerusalém lhe veio bem a calhar, pois atracava ou partia como lhe convinha. Quando chegou a Mileto, ele desembarcou e permaneceu em terra por tempo suficiente para mandar chamar os anciãos de Éfeso para uma reunião. Se tivesse subido a Éfeso, a igreja provavelmente o teria forçado a ficar por mais tempo do que o desejado e os perseguidores também poderiam lhe impedir a volta. É provável que Timóteo tivesse ordenado outros anciãos para o serviço daquela igreja e região, além dos outros obreiros que ali foram chamados por DEUS. Paulo mandou chamar os presbíteros ou líderes para instruí-los e incentivá-los a continuar a obra que tinham recebido pela imposição de mãos. é evidente que muitos irmãos também foram. Quem nao queria estar com Paulo? E as instruções que ele lhes desse, eles as transmitiriam às pessoas sobre as quais tinham responsabilidade. Trata-se de um discurso muito emocionante e prático, com o qual Paulo se despede desses irmãos e no qual há muito da excelente índole deste bom homem. Nestes versículos, temos:
I
Paulo relembra aos anciãos da igreja a vida e doutrina em vigor o tempo todo em que ele esteve em Éfeso e regiões: “Vós bem sabeis [...] como em todo esse tempo me portei no meio de vós (v. 18) e como fiz o trabalho de apóstolo entre vós”. Ele menciona isto como confirmação da sua missão e, por conseguinte, da doutrina que pregara entre eles. Todos sabiam que ele era homem de espírito sério, cortês e sobremodo agradável e que não era egoísta e astuto, como são os sedutores. Muitas foram as manifestações sobrenaturais do ESPÍRITO SANTO através de Paulo ali, de modo que até lenços e aventais de Paulo se levavam aos enfermos e possessos e eles ficavam livres. Grande queima de livrios de artes mágicas foi realizada ali. Ele não poderia ter atuado com tanta lisura e constância nos serviços e sofrimentos senão pelo poder da graça divina. Sua disposição mental e o teor de sua pregação e relações sociais eram evidências concretas de que DEUS estava verdadeiramente com ele e que foi movido e impulsionado por um espírito melhor que o seu próprio. Ele também faz esta referência à sua conduta como ensinamento, em cujas mãos o trabalho fora entregue, a fim de que sigam seu exemplo: “Vós bem sabeis [...] como [...] me portei no meio de vós, como me comportei como ministro. Da mesma forma, comportai-vos vós com os que vos são entregues à vossa responsabilidade quando eu tiver partido: O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei (Fp 4.9)”.
1. A índole e sensibilidade de Paulo eram excelentes e exemplares. Os anciãos efésios sabiam como ele se portara entre eles e como mantivera suas relações sociais com eles: no que tange a eles, procedeu com simplicidade e sinceridade de DEUS (2 Co 1.12), com brandura e santa, justa e irrepreensivelmente (1 Ts 2.7,10).
(1) O apóstolo se portara bem desde o princípio, desde o primeiro dia em que entrou na Ásia (v. 18), em todo esse tempo. O modo como entrou no meio dos efésios foi tal que ninguém podia achá-lo em falta. Desde o primeiro dia, ele se comportou de forma que sabiam que objetivava fazer o bem e fazer o bem aonde quer que chegasse. Ele era um homem coerente consigo mesmo e íntegro. Encontre-o aonde for: ele é o mesmo em todo o tempo. Não era levado de um lado para o outro pelo vento nem pela mudança do tempo, mas era invariável como um dado que, jogado do jeito que for, cai sempre em um dos lados planos. Paulo era homem cheio do ESPÍRITO SANTO e guiado por Este.
(2) O apóstolo assumira a função de servir ao Senhor (v. 19) para promover entre os efésios a honra devida somente a DEUS e os interesses de CRISTO e seu Reino. Ele nunca serviu a si mesmo, nem se fez servo de homens, das luxúrias e caprichos deles. O seu negócio era servir ao Senhor. No seu ministério e, em todas as relações sociais, provou o que ele mesmo escreveu: Paulo, servo de JESUS CRISTO (Rm 1.1).
(3) O apóstolo fizera o seu trabalho entre os efésios com toda a humildade – em todas as obras de transigência, recato e humilhação própria. DEUS lhe dera muita honra e por meio dele fizera muitas coisas boas. Paulo, todavia, nunca assumira uma atitude de pompa, nem manteve as pessoas a distância, mas se relacionava livre e desembaraçadamente com as mais humildes, procurando o bem delas, colocando-se no mesmo nível que elas. Ele tinha a boa vontade de inclinar-se para fazer qualquer serviço e tornar a seu trabalho tão acessíveis quanto desejáveis. Veja que os que em qualquer atividade servem aceitavelmente ao Senhor e utilmente aos outros têm de fazê-lo com toda a humildade (Mt 20.26,27).
(4) O apóstolo sempre fora muito gentil, afetuoso e compassivo entre os efésios: Ele servira ao Senhor [...] com muitas lágrimas (v. 19). Nesse ponto, Paulo era igual ao seu Mestre, chorava com facilidade. Em suas orações, ele chorava e suplicava (Os 12.4). Em suas pregações, o que ele muitas vezes lhes dissera agora também repetia, chorando (Fp 3.18). Em suas preocupações, embora os conhecesse em tão pouco tempo, já moravam no seu coração a ponto de ele chorar com os que choram (Rm 12.15) e misturar suas lágrimas com as deles em todos os momentos. Isso era extremamente carinhoso da sua parte.
(5) O apóstolo lutara com muitas dificuldades entre os efésios. Ele fizera seu trabalho diante de muita oposição, com muitas [...] tentações (v. 19), que lhe provavam a paciência e a coragem. Às vezes, tais desalentos lhe eram tentações, como foram para Jeremias em situações semelhantes: Não falarei mais no seu nome, no nome do Senhor (Jr 20.8,9). Essas tentações lhe sobrevieram [...] pelas ciladas dos judeus, que ainda tramavam cometer algum dano ou outro contra ele. Note que os servos fiéis do Senhor continuam servindo-o em meio às adversidades e perigos, não se importando com as ações dos inimigos, pois almejam ser aprovados pelo Mestre e torná-lo seu amigo. As lágrimas de Paulo eram por causa das tentações; suas aflições o ajudaram a evocar bons sentimentos.
 
2. A pregação de Paulo era autêntica (vv. 20,21). Ele foi a Éfeso para pregar o evangelho de CRISTO, fora-lhes fiel e àquele que o comissionou.
(1) O apóstolo era um pregador e ensinador claro. Ele entregava as mensagens de modo bastante compreensivo. Essa interpretação se baseia em duas palavras: Nunca deixei de vos anunciar e ensinar (v. 20). Ele não divertiu os efésios com especulações sutis, nem os levou para depois abandoná-los nas nuvens de altas teorias e sublimes expressões. Ele lhes anunciou as verdades claras do evangelho, verdades da maior influência e importância, e lhes ensinou como se ensina a crianças. “Eu vou anunciei o caminho certo para a felicidade, e vos ensinei a andar nele.”
(2) O apóstolo era um pregador poderoso, cheio do ESpÍRITO SANTO, sempre usado em dons sobrenaturais, idéia implícita no fato de testemunhar aos efésios (v. 21, testificando). Ele pregou como se estivesse sob juramento, como se estivesse inteiramente certo da verdade que defendia. Seu único desejo era que a mensagem os convencesse, os influenciasse e os orientasse. Ele anunciou o evangelho, não como um vendedor de jornais que proclama as manchetes na rua (pouco lhe importando se o que proclama é verdadeiro ou falso), mas como testemunha conscienciosa que apresenta provas no tribunal, com a maior seriedade e solicitude. Paulo pregou o evangelho como uma testemunha a favor deles, caso o recebessem, e como uma testemunha contra eles, caso o rejeitassem.
(3) O apóstolo era um pregador útil (v. 20). Em todas as suas pregações, objetivava fazer o bem àqueles para quem pregava. Ele proclamava tudo que fosse útil aos efésios, que tendesse a torná-los sábios e bons, mais sábios e melhores, que documentasse seus julgamentos e corrigisse seus corações e vidas. Ele pregava as coisas que traziam consigo a luz, o calor e o poder divino para suas almas. Não basta pregar o que é prejudicial, aquilo que leva ao erro ou endurece no pecado, mas temos de pregar principalmente o que é útil. Nós fazemos tudo isto, ó amados, para vossa edificação (2 Co 12.19). Paulo não tencionava pregar o que fosse agradável, mas o que fosse útil. E, quando agradava, o alvo era ser útil. A Bíblia diz que DEUS ensina ao seu povo o que é útil (Is 48.17). Os que ensinam ao povo o que é útil estão ensinando no lugar de DEUS.
(4) O apóstolo era um pregador e ensinador esmerado, muito diligente e infatigável em seu trabalho: Ele pregava e ensinava publicamente e pelas casas (v. 20). Ele não se confinava a um lugar quando tinha oportunidade de pregar na grande congregação, nem se limitava à congregação quando havia a chance de ensinar particular e pessoalmente. Não tinha medo nem vergonha de anunciar o evangelho publicamente, nem pregava com má vontade reservadamente, entre uns poucos, quando havia oportunidade para tal. Ele pregava publicamente ao rebanho que vinha em busca de pastos verdejantes e ia pelas casas buscar as ovelhas fracas e as desgarradas, sem nunca pensar que um modo de pregar excluía o outro. Em suas visitas particulares e enquanto vão de casa em casa, os ministros devem discorrer sobre os mesmos assuntos que ensinam publicamente. Devem repeti-los, reprisá-los, explicá-los e, caso necessário, perguntar: Entendestes todas estas coisas? (Mt 13.51). E, sobretudo, devem ajudar as pessoas a aplicar a verdade a si mesmas e à sua própria situação.
(5) O apóstolo era um pregador e ensinador fiel: Ele não só pregava e ensinava o que era útil, mas tudo que julgasse que fosse útil para os efésios. Não havia nada que ele retivesse (v. 20), mesmo que a pregação lhe custasse mais sofrimentos ou fosse desagradável para alguns e o expusesse ao ódio de outros. Ele se recusava a não pregar tudo que, em sua opinião, fosse útil, mesmo que não fosse nem agradável, nem aceitável para alguns. Ele não continha as reprimendas, quando necessárias e úteis, por medo de ofender, nem reprimiu a pregação da cruz, embora soubesse que era escândalo para os judeus e loucura para os gregos (1 Co 1.23).
(6) O apóstolo era um pregador universal: Ele testemunhou tanto aos judeus como aos gregos (v. 21). Paulo nasceu judeu, foi criado como judeu, tinha um afeto profundo pela nação judaica e aprendeu as discriminações judaicas em relação aos gentios. Todavia, não se limitou aos judeus e nem evitou os gentios. Ele pregava de bom grado aos gentios tanto quanto aos judeus e se relacionava tão livremente com um grupo quanto com o outro. Por outro lado, mesmo tendo sido chamado para ser o apóstolo dos gentios, e os judeus nutrissem uma inimizade implacável contra ele por conta disso, muitos lhe causaram danos, e aqui, em Éfeso, ainda que houvesse muitas conspirações contra sua vida, ele não abandonou a igreja aqui localizada; pelo contrário, continuou lidando com eles para fazer-lhes o bem. Os ministros têm de pregar o evangelho com imparcialidade porque são ministros de CRISTO para a igreja universal.
(7) O apóstolo era um pregador verdadeiramente cristão: Ele não pregava noções filosóficas ou questões de discussão duvidosa, nem pregava política ou se intrometia em assuntos do estado ou do governo civil. Ele pregava a fé e o arrependimento – os dois grandes temas do evangelho –, suas características e exigências. Esses eram temas nos quais insistia em todas as ocasiões. [1] O arrependimento para com DEUS (v. 21, versão RA; ou a conversão a DEUS, RC). Aqueles que, pelo pecado, haviam-se afastado de DEUS e estavam cada vez mais se distanciando dele em um estado de separação completa e infinita, devem, pelo verdadeiro arrependimento, converter-se e correr para Ele. Paulo pregava o arrependimento como o grande mandamento de DEUS (Atos 17.30) e dizia aos efésios que deviam obedecer-lhe para que se emendassem e se convertessem a DEUS, fazendo obras dignas de arrependimento (conforme explica, Atos 26.20). Ele pregava o arrependimento para a remissão dos pecados (Atos 5.31) e orientava os efésios a buscar esse perdão em JESUS. [2] A fé em nosso Senhor JESUS CRISTO (v. 21). Pelo arrependimento, temos de olhar para DEUS como nossa meta, e pela fé, temos de olhar para JESUS CRISTO como nosso caminho para DEUS. Pelo arrependimento, devemos abandonar e deixar os pecados para que, então, pela fé, recebamos de JESUS o perdão dos pecados. Não basta nos arrependermos diante de DEUS. Devemos demonstrar uma verdadeira fé em JESUS CRISTO como nosso Redentor e Salvador, andando com Ele como nosso Senhor e nosso DEUS. Pois não há acesso a DEUS, como filhos pródigos arrependidos indo ao Pai, senão pela autoridade e justiça de JESUS CRISTO como Mediador.
Todos os anciãos efésios sabiam que Paulo fora um pregador desse tipo. E para prosseguirem com a mesma obra, eles têm de andar no mesmo espírito e nas mesmas pisadas.
II
Paulo declara que espera prisões e tribulações na viagem que está fazendo para Jerusalém (vv. 22-24). Não era para os anciãos efésios pensarem que ele abandonara a Ásia por medo de perseguição, como um covarde que foge do posto na hora do perigo. Pelo contrário, ele estava correndo como herói para os lugares altos do campo onde é maior a probabilidade de a batalha ser mais renhida: Agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém (v. 22), declaração que pode ser entendida como se referindo, ou:
(1) A certa previsão que Paulo tinha das dificuldades que enfrentaria. Embora seu corpo ainda não estivesse ligado (ou amarrado), o seu espírito já estava àquilo que enfrentaria. Tendo plena certeza de que encontraria adversidades, assumiu a tarefa diária de preparar-se para essa situação. Ele estava ligado [...] pelo espírito, como todos os bons cristãos são pobres de espírito (Mt 5.3), empenhando-se em se ajustar à vontade de DEUS caso passem a ganhar menos ou fiquem desempregados. Eu prossigo guiado pelo ESPÍRITO e ligado a segui-lo aonde quer que me conduza”. Sabia de seu chamado dado por JESUS e suas consequências. Foi avizado diversas vezes pelo ESPÍRITO SANTO, através dos profetas da igreja, do que lhe aconteceria e decidiu "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus". Atos 20:24.
1. Paulo não sabe detalhadamente o que há de lhe acontecer em Jerusalém (v. 22). "senão o que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações". Atos 20:23. De onde surgirão os problemas, quais serão as causas, em que circunstâncias e com que intensidade aparecerão, são detalhes que DEUS não julgou necessário lhe revelar. É bom permanecermos na escuridão dos acontecimentos futuros para que esperemos sempre em DEUS e por Ele. Quando viajarmos ao exterior, devemos partir com este pensamento: Nós não sabemos o que há de nos acontecer, nem o que nos trará o dia, ou a noite, ou a hora. Temos, portanto, de nos dirigir a DEUS, permitir que Ele faça conosco o que bem parecer aos seus olhos (1 Sm 3.18) e procurar ser íntegros à sua vontade.
2. Paulo sabe em geral que há uma tempestade diante dele, pois os profetas, de cidade em cidade por onde ele passava, revelavam-lhe, pelo ESPÍRITO SANTO, que lhe esperavam prisões e tribulações (v. 23). Além da notificação comum dada a todos os cristãos e ministros para esperarem e se prepararem para os sofrimentos, o apóstolo recebeu revelação específica de dificuldades extraordinárias, maiores e mais longas do que as que já enfrentou, as quais estavam agora prestes a ocorrer.
3. Paulo toma a corajosa e heróica decisão de prosseguir com a obra. Era um repique melancólico que, de cidade em cidade, ressoava em seus ouvidos: Paulo, esperam-te prisões e tribulações (v. 23). Era um caso sério um pobre homem labutar continuamente para fazer o bem e ser tão maltratado por seus esforços. Agora vale a pena examinarmos como ele suportou essa situação. Paulo era um homem como todos nós. Mesmo assim, pela graça de DEUS, foi capacitado a prosseguir com seu trabalho e a encarar com certo desprezo indulgente e magnânimo todas as dificuldades e reveses que encontrasse. Citemos suas próprias palavras, as quais não denotam teimosia nem ostentação, mas determinação humilde e santa: “Não me importo (v. 24, versão NVI; estas palavras não constam na RC), pois tudo que quero é prosseguir e perseverar no caminho do meu dever e terminar bem”. Aqui o exemplo que o apóstolo dá é triplo.
(1) Paulo é modelo de coragem e determinação santa em nosso trabalho apesar das dificuldades e oposições que vemos que enfrentou. Ele as viu à sua frente, mas não fez nada com elas: Eu não me importo (v. 24, versão NVI; estas palavras não constam na RC), oudenos logon poioumai – eu não faço conta disso. Ele não punha essas coisas no coração, pois JESUS e o céu estavam ali. Nada disso o comovia. [1] As dificuldades futuras não o repeliram da obra. Ele não mudou de rumo e deu meia-volta, quando viu a tempestade se aproximando, mas prosseguiu com determinação, pregando onde ele sabia o quanto lhe custaria caro. [2] As dificuldades futuras não o privaram das bênçãos, nem o fizeram entregar-se de cabeça na obra. Em meio às adversidades, ele agia com indiferença. Na sua paciência, possuía sua alma (Lc 21.19). Mesmo quando estava como que contristado, permanecia alegre (2 Co 6.10) e, em todas estas coisas, ele era mais do que vencedor (Rm 8.37). Os que têm a sua cidade nos céus (Fp 3.2) podem olhar para baixo, ver não apenas as dificuldades comuns nesta terra, mas também o ódio e a malignidade ameaçadora do próprio inferno, e dizer que nada disso lhes importa, pois sabem que nada pode atingi-los.
(2) Paulo é exemplo de desapego santo à vida, sua duração e bem-estar: Mas em nada tenho a minha vida por preciosa (v. 24). A vida é boa e nos é naturalmente preciosa. Tudo quanto o homem tem dará pela sua vida (Jó 2.4); mas tudo quanto o homem tem e a vida também ele dará, pois possui um entendimento correto de si mesmo e dos seus interesses e não quer perder o favor de DEUS e arriscar a vida eterna. Paulo era dessa opinião. Embora aos olhos naturais a vida seja insuperavelmente preciosa, aos olhos da fé a vida é comparativamente desprezível. Não é tão preciosa, pois pode ser alegremente desfeita por amor a CRISTO. Isso explica Lucas 14.26, que exige que desprezemos a própria vida, não numa atitude precipitada, como fizeram Jó e Jeremias, mas em santa submissão à vontade de DEUS – a decisão de morrer por CRISTO em vez de negá-lo.
(3) Paulo é exemplo de interesse santo de levar ao fim a obra da sua vida. Essa deve ser nossa preocupação maior, e não o bem-estar e a tranqüilidade desta vida. O bendito Paulo em nada tem a sua vida por preciosa em comparação com essas coisas; por isso, resolve, na força de CRISTO, non propter vitam vivendi perdere causas – que ele nunca, para salvar a sua vida, perderá os objetivos da vida. Ele está disposto a gastar a vida em trabalhos árduos, a arriscar a vida em serviços perigosos, a desperdiçar a vida em atividades penosas. Não somente isso, mas até entregar a vida ao martírio de forma a corresponder aos sublimes propósitos do seu nascimento, batismo e ordenação ao apostolado.
Há duas coisas pelas quais esse grande e bom homem se interessa, de modo que, se as obtiver, já não lhe importa mais nada na vida:
[1]
Ser achado fiel à confiança depositada nele, para que cumpra [...] o ministério que recebeu do Senhor JESUS (v. 24), faça a obra para a qual foi enviado ao mundo – ou, mais preferivelmente, à igreja –, sirva à sua geração, cumpra cabalmente o seu ministério, leve até ao fim as suas responsabilidades ministeriais, e outros colham os benefícios ministeriais ao ponto máximo do que foi designado, acabe – como está escrito a respeito das duas testemunhas – o seu testemunho e não deixe a obra pela metade (Atos 13.36; 2 Tm 4.5, versão RA; Ap 11.7).
Observe que, em primeiro lugar, o apostolado era um ministério de JESUS para a alma dos homens. Os que foram chamados consideraram mais o ministério do que a dignidade ou domínio do apostolado. E se os apóstolos agiram assim, muito mais devem os pastores e mestres agir e ser cada um na igreja como aquele que serve (Lc 22.27).
Em segundo lugar, ele recebeu esse ministério [...] do Senhor JESUS (v. 24). Encarregou-os desse dever, e eles o receberam de bom grado. O apóstolo faz a obra no seu nome e na sua força: é a Ele que prestará contas. Foi o Senhor JESUS que o pôs no ministério (1 Tm 1.12). É Ele que o sustenta e é dele que recebe forças para realizar a obra e vencer as dificuldades que surgem por conta disso.
Em terceiro lugar, a obra desse ministério era para dar testemunho do evangelho da graça de DEUS (v. 24), para proclamá-lo ao mundo, comprová-lo e recomendá-lo. E por ser o evangelho da graça de DEUS, tem em si muito a recomendar-se. É a prova da boa vontade de DEUS para conosco e o meio da sua boa obra em nós. O evangelho mostra DEUS cheio de graça para nós e serve para nos encher de graça, tal é o evangelho da graça de DEUS. Paulo assumiu como dever vitalício dar testemunho do evangelho, pois nem por um dia ele queria deixar de colaborar para espalhar o conhecimento, o cheiro e o poder deste evangelho.
[2]
Terminar bem. Pouco lhe importava quando acabaria o seu período de vida neste mundo, nem como seria – se breve ou triste quanto às circunstâncias exteriores –, contanto que ele cumprisse com alegria a sua carreira (v. 24). Em primeiro lugar, Paulo encara a vida como uma carreira, uma “corrida”, conforme a tradução da palavra grega. A vida é uma corrida que nos é proposta (Hb 12.1, versão NVI). Isso dá a entender que há uma obra separada para nós, pois não estamos no mundo para não fazer nada – há um limite estipulado para a nossa existência já que não estamos no mundo para sempre. Nosso dever é passar pelo mundo; e correndo para passar logo. Em segundo lugar, Paulo conta com o término de sua corrida (v. 24, carreira), pois fala como algo que é certo e está próximo, e no qual ele pensava continuamente. Morrer é o fim de nossa corrida, quando sairemos deste mundo com honra ou com vergonha. Em terceiro lugar, Paulo está muito preocupado em terminar bem a corrida (v. 24, carreira), o que indica o desejo santo de cruzar a linha de chegada e o temor santo de não conseguir. “Que ao menos eu possa completar minha corrida com alegria! Então tudo ficará bem, tudo ficará perfeita e eternamente bem.” Em quarto lugar, Paulo não acha que haja algo que seja demais para fazer, ou que seja muito difícil de sofrer, contanto que termine bem e com alegria (v. 24). O nosso dever ao longo da vida é providenciar para termos uma morte alegre a fim de que morramos com segurança e consolo.
III
Tendo como certo que essa era a última vez que os anciãos efésios o veriam, Paulo apela para o exame da sua consciência a respeito da integridade deles e exige que a confirmem.
1. Paulo diz aos anciãos efésios que essa seria sua despedida: Agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o Reino de DEUS (v. 25), embora tenhais cartas que vos enviei (e ainda enviarei), não vereis mais o meu rosto. Quando nos despedimos de nossos amigos, podemos e devemos dizer: “Nós não sabemos se voltaremos a nos ver: nossos amigos ou nós podemos ser transferidos”. Mas aqui Paulo, com certeza, pelo ESPÍRITO de profecia, afirma que esses anciãos efésios nunca mais lhe veriam o rosto. Não cremos que ele, proferindo com tanta dúvida o de que não tinha absoluta certeza (não sabendo o que lá me há de acontecer, v. 22), faria essa declaração com tamanha confiança, sobretudo quando previu a dificuldade por que passariam seus amigos, a menos que tivesse recebido autorização especial do ESPÍRITO. Por isso, penso que erram os que supõem que, a despeito disso, Paulo depois voltou a Éfeso e os viu novamente. Ele nunca teria dito com tanta convicção: Agora, na verdade, sei..., se não soubesse disso com certeza. O apóstolo previu não apenas que tinha muito tempo e trabalho a fazer, mas que o trabalho também se encontrava em outros lugares, pois ali sua tarefa havia terminado. Por muito tempo, permanecera nessa cidade pregando o Reino de DEUS, criticando o reinado do pecado e de Satanás e louvando a autoridade e o domínio de DEUS em CRISTO, pregando o reino da glória como o fim e o reino da graça como o meio. Muitas vezes, eles se alegraram em ver seu rosto no púlpito e o viram, quem sabe, como o rosto de um anjo (Atos 6.15). Se os pés dos mensageiros da paz eram formosos sobre os montes (Is 52.7, versão RA), como seriam seus rostos? Mas agora não lhe veriam mais o rosto. Note que devemos levar em conta que os que hoje nos estão pregando o Reino de DEUS logo serão transferidos e não lhes veremos mais o rosto: E os profetas, viverão eles para sempre? (Zc 1.5). A luz ainda está conosco por um pouco de tempo (Jo 12.35). Cabe a nós aumentá-la enquanto a temos, para que, quando não virmos mais seus rostos na terra, tenhamos a esperança de vê-los com consolação no céu de glória, com JESUS.
2. Paulo roga aos anciãos efésios que observem que ele cumpriu fielmente o seu ministério: “Portanto (v. 26), vendo que meu ministério entre vós está no fim, compete a vós e a mim refletirmos e rememorarmos”; e:
(1) Ele desafia os anciãos efésios a provar que ele tenha sido infiel ou tenha dito ou feito qualquer coisa pela qual se tornara cúmplice da ruína de alguma alma preciosa: Eu estou limpo do sangue de todos (v. 26), o sangue das almas. Essa é uma referência clara às palavras do profeta (Ez 33.6), onde se assevera que o sangue de quem perece pela espada do inimigo será requerido da mão do guarda infiel que não deu aviso: “Vós não podeis dizer que eu não avisei. Portanto, o sangue de ninguém pode ser posto à minha porta”. Se o ministro se mostrou fiel, ele pode ter esta alegria em si mesmo: Eu estou limpo do sangue de todos os homens, os quais me são testemunhas disso.
(2) Ele deixa o sangue dos que perecem nas suas cabeças, porque foram clara e justamente avisados, mas não levaram em conta a pregação do evangelho.
(3) Ele encarrega tais ministros de considerarem o que realizou a fim de que cuidem e se esforcem para fazer o mesmo: “Eu estou limpo do sangue de todos (v. 26); então, cuidai para vos manterdes assim. Portanto, no dia de hoje, vos protesto”. Como, às vezes, os céus e a terra são invocados, assim esse dia será testemunha dessa despedida.
3. Paulo prova sua própria fidelidade com esta declaração: Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de DEUS (v. 27).
(1) Ele anunciara aos efésios nada mais que o conselho de DEUS (v. 27), sem acrescentar nenhuma invenção própria. “Era o evangelho puro e nada mais, a vontade de DEUS concernente à vossa salvação.” O evangelho é o conselho de DEUS. Ele foi admiravelmente projetado por sua sabedoria, inalteravelmente determinado por sua vontade e amavelmente delineado por sua graça para nossa glória (1 Co 2.7). Este conselho de DEUS é o assunto que os ministros têm a declarar conforme foi revelado, e não outro assunto ou algo a mais.
(2) Ele anunciara aos efésios todo o conselho de DEUS (v. 27). Como lhes anunciara todo o conselho de DEUS, como lhes proclamara o evangelho puro, assim ele o fizera por inteiro. Revisara o corpo de doutrinas com eles para que, tendo-lhes exposto as verdades do evangelho sistematicamente, da primeira à última e cada uma em sua ordem, melhor as entendessem, vendo-as em suas várias ligações.
(3) Ele não se esquivara de anunciar aos efésios todo o conselho de DEUS (v. 27), nem deixara de mencionar, por teimosia ou má intenção, qualquer parte do conselho de DEUS. Para poupar algum sofrimento, não se recusara a pregar as partes mais difíceis do evangelho, da mesma forma que não se recusara, para salvar sua reputação, a pregar as partes mais claras e fáceis. Ele não se furtava de anunciar as doutrinas que sabia provocarem os atentos inimigos do cristianismo ou que desagradariam os seus indiferentes mestres; mas, fielmente, fez seu trabalho, quer ouvissem quer deixassem de ouvir. E foi assim que se manteve limpo do sangue de todos os homens.
IV
Paulo encarrega os anciãos efésios de, como ministros, serem diligentes e fiéis na obra.
1. Ele entrega o cuidado da igreja em Éfeso, ou seja, os santos, os cristãos que estavam lá e nas imediações (Ef 1.1), aos anciãos efésios. Não há dúvida de que os cristãos em Éfeso eram tão numerosos que não cabiam em um único lugar de reunião, tendo de se dividir para cultuar a DEUS em várias congregações ou residências, sob a direção de vários ministros. Mesmo assim, eles são chamados o rebanho (v. 28), porque professavam uma única fé, como sucedia em todas as igrejas cristãs; e, em muitas situações, mantinham comunhão uns com os outros. Tendo previsto que tal despedida seria final, o apóstolo entrega a direção da igreja a estes anciãos ou presbíteros, dizendo-lhes que não fora ele, mas o ESPÍRITO SANTO que lhes constituiu bispos, episkopous – bispos do rebanho. “Vós que sois presbíteros sois, por constituição do ESPÍRITO SANTO, bispos que deveis tomar o episcopado desta parte da igreja de DEUS (1 Pe 5.1,2; Tt 1.5,7).” Enquanto estava em Éfeso, Paulo orientou todos os assuntos daquela igreja, o que deixou os anciãos pouco inclinados a apartar-se dele. Mas agora esta águia desperta o seu ninho e se move sobre os seus filhos (Dt 32.11). Tendo eles criado penas estava na hora de aprenderem a voar e a agir sem esse homem de DEUS, pois o ESPÍRITO SANTO lhes constituiu bispos. Não foram eles que tomaram para si essa honra, nem foi algum príncipe ou potentado que lhes deu. Foi o ESPÍRITO SANTO que neles estava que os qualificou e os enriqueceu para esse grande empreendimento: Veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO (Atos 19.6). O ESPÍRITO SANTO também dirigiu os que Ele escolheu e os chamou e ordenou para esta obra em resposta à oração.
2. Ele comissionou os anciãos efésios para cuidarem da obra para a qual eles foram chamados. Ocupar altos cargos requer o cumprimento de deveres. Se o ESPÍRITO SANTO lhes fizera bispos do rebanho, ou seja, pastores, eles têm de ser fiéis ao cargo recebido.
(1) Os anciãos efésios têm de, primeiramente, olhar por eles mesmos (v. 28). Devem cuidar com extremo zelo de tudo relacionado à sua alma, prestar atenção a tudo que dizem e fazem, andar com prudência e saber portar-se como convém na casa de DEUS (1 Tm 3.15), na qual eles foram promovidos ao ofício de mordomo: “Muitas pessoas estão com os olhos postos em vós, algumas para vos imitar o exemplo, outras para provocar disputas convosco. É por isso que tendes de olhar por vós mesmos”. Não é verossímil que eles sejam guardas hábeis ou fiéis das vinhas dos outros se não olham por si mesmos.
(2) “Olhai pelo rebanho, mais olhai [...] por todo o rebanho (v. 28). Alguns de vós devem olhar por uma parte do rebanho, enquanto outros olham por outra de acordo com o vosso chamado e o surgimento das oportunidades, cuidando para que nenhuma parte seja negligenciada por vós.” Os ministros devem não só pastorear sua própria alma, mas ter consideração constante pelas almas daqueles que estão sob seus cuidados, como os pastores têm de cuidar das ovelhas para que não se machuquem: “Olhai [...] por todo o rebanho para que nenhuma ovelha se afaste do aprisco ou seja abocanhada pelas feras; para que nenhuma ovelha se perca ou se extravie por vossa negligência”.
(3) Os anciãos efésios têm de apascentar a igreja de DEUS (v. 28), cumprir todas as partes do ofício de pastor, conduzir as ovelhas de JESUS aos pastos verdejantes, mostrar-lhes o alimento, fazer o que puderem para curar as que estiverem perturbadas e sem apetite, alimentá-las com a sã doutrina e a tenra disciplina evangélica e cuidar para que nada falte do que seja necessário para elas serem criadas para a vida eterna. Há necessidade de pastores para reunir a igreja de DEUS, trazendo as ovelhas que estão fora, e apascentá-las, edificando as ovelhas que estão dentro.
(4) Os anciãos efésios têm de vigiar (v. 31), como os pastores vigiam os rebanhos durante a noite, têm de estar acordados e alertas, sem se entregar à indolência e cochilo espiritual, têm de se lançar animadamente em suas atividades pastoris e cuidar de tudo com rigor. Sê sóbrio em tudo (2 Tm 4.5), vigiai (v. 31) contra tudo que seja danoso ao rebanho e vigiai a favor de tudo que lhe seja vantajoso. Aproveite toda oportunidade de fazer o bem ao rebanho.
3. Ele dá muitas razões boas para que os anciãos efésios cuidem bem de suas funções ministeriais.
(1) Os anciãos efésios devem considerar o interesse e preocupação do Mestre pelo rebanho que foi entregue ao cargo deles: É a igreja de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue (v. 28).
[1] “É a igreja de DEUS. Vós sois apenas seus servos para cuidardes dela para o Senhor. É uma honra para vós serdes usados por DEUS que vos confirmará no serviço. O vosso descuido e deslealdade serão extremamente piores se negligenciardes o vosso trabalho, pois estareis pecando contra DEUS e lhe sendo falsos. Foi dele que vós recebestes o cargo, e é a Ele que vós tereis de prestar contas. Portanto, olhai [...] por vós mesmos (v. 28). E, sendo a igreja de DEUS, Ele espera que vós mostreis o vosso amor por Ele, apascentando as suas ovelhas e cordeiros.”
[2] DEUS comprou a igreja (v. 28, versão RA). O mundo é de DEUS por direito de criação, mas a igreja é dele por direito de compra ou resgate. Portanto, ela deve ser considerada preciosa porque assim o foi para Ele, visto que lhe custou tanto. Não há melhor maneira de demonstrarmos esse mesmo sentimento senão apascentando as suas ovelhas e cordeiros.
[3] Foi essa igreja de DEUS que DEUS comprou (v. 28, versão RA). Não foi como o Israel de antigamente, quando Ele o comprou com homens e com povos (Is 43.3,4), mas foi com seu próprio sangue. Isso prova que JESUS é DEUS, pois é como Ele é chamado aqui, onde diz também que Ele compra a igreja [...] com seu próprio sangue. O sangue era seu como homem; contudo, é tão estreita a união entre a natureza divina e a natureza humana que aqui é chamado o sangue de DEUS, embora haja sido o sangue daquele que é DEUS. É tamanha a dignidade e valor que Ele pôs no sangue a ponto de tornar-se um resgate valioso para nós do mal e uma compra valiosa para nós de todo o bem – uma compra de nós para CRISTO a fim de lhe sermos um povo peculiar: Eram teus, e tu mos deste (Jo 17.6). Diante disso, apascentai a igreja de DEUS, porque ela foi comprada por preço extremamente caro. Se JESUS entregou a própria vida para comprar a igreja, será que os seus ministros não desejarão ter todo o cuidado e empenho para apascentá-la? Negligenciar algo que é do seu total interesse mostra um desdém pelo sangue daquele que comprou a igreja.
(2) Os anciãos efésios devem considerar o perigo que o rebanho corre de cair presa dos adversários (vv. 29,30). “Se o rebanho é tão precioso em face da sua relação com DEUS e sua redenção por CRISTO. Assim cabe a vós olhardes por vós mesmos e pelo rebanho”. Estas são as razões para ambos os aspectos.
[1] Olhai pelo rebanho (v. 28), porque lá fora há lobos que procuram devorar as ovelhas: Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis (v. 29).
Os lobos são os de fora e os de dentro da Igreja.
1- Os lobos são perseguidores que denunciarão os cristãos e provocarão os magistrados contra eles, não tendo compaixão do rebanho. Acham que, enquanto Paulo estava com os efésios, o ódio dos judeus era direcionado, em sua maior parte, para ele, e que, quando saísse daquela província, eles se aquietariam: “Nada disso”, diz o apóstolo, “depois da minha partida, vós percebereis que o espírito de perseguição ainda estará em operação. Então, olhai pelo rebanho, confirmai as ovelhas na fé, consolai-as e incentivai-as para que elas não abandonem JESUS por medo de sofrer ou percam a paz e a consolação nos seus sofrimentos.” Em tempos de perseguição, os ministros têm de tomar um cuidado mais excepcional do rebanho.
2- Os lobos são os enganadores e os falsos mestres. Paulo tinha em mente os judeus da circuncisão que pregavam a lei cerimonial e os gnosticidas. Ele os chama lobos cruéis (v. 29) porque chegam vestidos com peles de ovelha (não somente assim, mas em trajes de pastor) e causam dano nas congregações cristãs. Semeiam discórdias entre os cristãos, afastam muitos do puro evangelho de CRISTO e fazem de tudo para manchar e difamar os que se mantêm fiéis à sã doutrina. Não poupam os membros mais valiosos do rebanho, instigando os que se deixam ser influenciados por eles a mordê-los e devorá-los (Gl 5.15). É por isso que são cães (Fp 3.2) como aqui são lobos. Enquanto Paulo estava em Éfeso, eles se mantiveram afastados, não ousando enfrentá-lo. Mas, quando foi embora, entraram no meio das ovelhas e semearam o joio onde ele semeara a boa semente. “Então, olhai pelo rebanho (v. 28) e fazei de tudo para firmar as ovelhas na verdade e municiá-las contra as insinuações dos falsos mestres.” [2] Olhai [...] por vós (v. 28), porque alguns pastores se desviarão: “Até dentre vós mesmos (v. 30), os membros e, talvez, os ministros da vossa igreja, entre vós com quem estou falando neste exato momento (embora minha esperança seja que as coisas não cheguem a esse ponto), se levantarão homens que falarão coisas perversas, coisas contrárias às regras do evangelho e também destruidoras dos seus grandes propósitos. Eles perverterão algumas declarações do evangelho, deturpando-lhes o sentido, para fazer com que patrocinem os seus erros (2 Pe 3.16). Até os que gozam de boa reputação entre vós e em quem vós confiais, se encherão de orgulho e soberba. Eles darão requintes ao evangelho, e, com especulações agradabilíssimas e curiosas, fingirão vos promover a uma forma mais elevada e sublime de evangelho. Mas farão isso para atraírem os discípulos após si (v. 30), para formarem um partido para eles, algo que lhes cause admiração e eles possam presidir, denotando que são homens da igreja”. Certos estudiosos afirmam que a expressão para atraírem os discípulos após si se refere aos que já são discípulos de JESUS, para apartá-los dele e ligá-los a eles. “Portanto, olhai [...] por vós (v. 28). Homens que negam o poder do ESPÍRITO SANTO e a atualidade do batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em línguas e dos dons. Quando vos disserem que alguns dentre vós trairão o evangelho, cabe a cada um de vós perguntar: Porventura, sou eu? (Mt 26.25), e velar bem por si mesmo”. Essa profecia se cumpriu em Fígelo e Hermógenes, que se apartaram de Paulo e da doutrina que ele pregava (2 Tm 1.15), e em Himeneu e Fileto, os quais se desviaram da verdade [...] e perverteram a fé de alguns (2 Tm 2.18), o que explica a expressão usada aqui. Contudo, mesmo havendo tais enganadores na igreja em Éfeso, pela epístola de Paulo àquela igreja (na qual não encontramos tais reclamações e repreensões como em algumas outras das suas epístolas), vemos que ela não estava tão infestada de falsos mestres, pelo menos não tão manchada de sua falsa doutrina como estavam algumas outras igrejas. A paz e pureza dessa comunidade foram preservadas pela bênção de DEUS nos esforços e vigilância destes presbíteros, a quem o apóstolo, prevendo e tendo em conta o surgimento de heresias e cismas, como também a sua própria morte, entregou o governo dessa igreja.
(3) Os anciãos efésios devem considerar os grandes esforços que Paulo empreendeu para plantar esta igreja: “Lembrando-vos de que, durante três anos (por todo esse tempo ele estivera pregando em Éfeso e regiões adjacentes, principalmente na escola de Tirano, em Éfeso) não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós (v. 31), não sejais negligentes em edificar sobre esse fundamento que eu fui tão diligente em pôr”.
[1] Paulo, como guarda fiel, admoestara os efésios (v. 31). Pelas suas admoestações, ele os avisara do perigo de continuarem no judaísmo e idolatria, persuadindo-os a aceitar o cristianismo.
[2] Paulo admoestara a cada um dos efésios (v. 31). Além das admoestações públicas, ele se dedicava a pessoas em particular de acordo com a necessidade da situação.
[3] Paulo era constante em admoestar os efésios. Ele os exortava noite e dia (v. 31). O seu tempo era completamente tomado por seu trabalho. À noite, quando deveria estar repousando, lidava com aqueles com que não conseguia falar durante o dia sobre a salvação de suas almas.
[4] Paulo era infatigável em admoestar os efésios. Ele não cessava de admoestar (v. 31, não cessei). Mesmo que se mostrassem extremamente inflexíveis contra suas admoestações, não deixava de exortá-los, pois não sabia quando, pela graça de DEUS, eles se convenceriam dos seus erros. Mesmo que se mostrassem extremamente flexíveis às suas admoestações, jamais pensou que isso o isentaria de ser insistente. Ele admoestava os que eram justos para não se desviarem da sua justiça, assim como os aconselhava quando agiam como ímpios (Ez 3.18-21).
[5] Paulo falou com os efésios sobre as almas deles com muito afeto e preocupação: Ele os admoestou com lágrimas (v. 19). Como servira ao Senhor, também os servira com muitas lágrimas. Eram lágrimas de compaixão que mostravam o quanto se sensibilizava com a miséria espiritual e o perigo emocional em que viviam. Se Paulo assim começara a boa obra em Éfeso e, com tal espontaneidade, estendera-se em seus esforços, então por que deveriam poupar energia em continuar com a boa obra?
V
Paulo encomenda os anciãos efésios à direção e influência divina: “Agora, pois, irmãos (v. 32), tendo-vos entregue esse cargo solene e feito essas admoestações sérias, eu encomendo-vos a DEUS. Agora que disse o que devia: Que o Senhor seja convosco. Eu tenho de partir, mas vos deixo em boas mãos”. Eles estavam preocupados com o que seria deles, como eles deveriam prosseguir com a obra, como vencer as dificuldades e que provisão seria feita para eles e suas famílias. Em resposta a todas estas questões duvidosas, Paulo os orienta a olhar para DEUS com os olhos da fé, e pedir que DEUS olhe para eles com os olhos da graça.
1. Veja aqui a quem Paulo encomenda os anciãos efésios? Ele os chama irmãos (v. 32), não só como cristãos, mas como ministros. Dessa forma, incentiva-os a esperar em DEUS, como ele esperara, pois eram irmãos.
(1) Paulo os encomenda a DEUS (v. 32), roga que DEUS lhes proveja a subsistência, cuide deles, satisfaça todas as suas necessidades e os estimula a lançar todos os seus cuidados nele, com a garantia de que Ele se importa com eles: “Tudo de que necessitardes, pedi a DEUS. Tende os olhos sempre voltados para Ele, depositai sempre confiança nele em todas as vossas necessidades e dificuldades. Seja a vossa consolação o fato de terdes um DEUS para buscar, o DEUS todo-poderoso”. Eu encomendo-vos a DEUS, quer dizer, à sua providência, à proteção e cuidado que ela proporciona. Mesmo separados de quem quer que seja, ainda temos DEUS perto de nós (1 Pe 4.19). (2) Paulo os encomenda à palavra da sua graça (v. 32). Certos estudiosos entendem que isso diz respeito a JESUS: Ele é a Palavra (Jo 1.1, versão NTLH), a Palavra da vida (1 Jo 1.1), porque a vida está entesourada nele para nós e, no mesmo sentido, ela é chamado aqui a palavra da graça de DEUS, porque nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça (Jo 1.16). Ele os encomenda a JESUS, coloca-os em suas mãos, por serem seus servos, de quem cuidará de maneira especial. Paulo os encomenda não só a DEUS e sua providência, mas a JESUS e sua graça, como o próprio JESUS fizera com os discípulos quando os estava deixando: Vós credes em DEUS, crede também em mim (Jo 14.1). É praticamente a mesma coisa se, pela expressão palavra da sua graça, entendermos o evangelho de JESUS, pois é JESUS na palavra que está perto de nós para nos sustentar e animar, e a sua palavra é espírito e vida (Jo 6.63): “Vós recebereis tremenda ajuda agindo pela fé na providência de DEUS, mas muito mais agindo pela fé nas promessas do evangelho”. O apóstolo os entrega à palavra da graça de JESUS, a qual Ele pregou aos discípulos quando os enviou com a garantia de que estaria com eles todos os dias, até à consumação dos séculos (Mt 28.20): “Apoderai-vos desta palavra, e DEUS vos dará os benefícios e consolações que ela contém, e não necessitareis de mais nada”. O apóstolo os encomenda à palavra da graça de DEUS, não só como o fundamento da esperança e a fonte da alegria, mas como a regra de vida: “Eu encomendo-vos a DEUS, como vosso Mestre a quem deveis servir, pois Ele é um bom Mestre, e à palavra da sua graça, como a obra talhada para vós e pela qual vós deveis vos governar. Observai os preceitos desta palavra e vivei segundo as promessas que ela oferece”.
2. Veja aqui para quê Paulo encomenda os anciãos efésios à palavra da graça de DEUS? Não é tanto para que suas famílias tenham provisão ou para que sejam protegidos contra os inimigos, mas a fim de que recebam as bênçãos espirituais que são mais necessárias e as valorizarem ainda mais. Eles haviam recebido o evangelho da graça de DEUS e a missão de pregá-lo. Agora o apóstolo os encomenda à palavra: (1) Para que eles sejam edificados: “A palavra [...] tem poder (v. 32, versão RA; o ESPÍRITO da graça que opera com a palavra e por meio dela) para vos edificar. Vós podeis confiar nisto, enquanto vós vos mantiverdes perto dela, e ser guiados por ela diariamente. Vós já tendes excelentes dons; contudo, ela é poderosa para vos edificar. Há algo nela que vós precisais conhecer mais e se deixar influenciar”. Note que os ministros, ao pregarem a palavra da graça, têm de anelar sua edificação e a dos outros. Os cristãos mais maduros, enquanto estiverem neste mundo, têm poder para crescer. Assim descobrirão que a palavra da graça tem cada vez mais a contribuir para esse crescimento. A palavra é poderosa para edificá-los. (2) Para que eles sejam glorificados: A palavra [...] tem poder (v. 32, versão RA) para vos [...] dar herança entre todos os santificados (v. 32). É o que a palavra da graça de DEUS opera quando nos dá o conhecimento que ela tem (pois a vida e a incorrupção vêm à luz pelo evangelho, 2 Tm 1.10) e isso juntamente com sua promessa – a promessa de um DEUS, que não pode mentir (Tt 1.2), a qual é o sim em CRISTO e o Amém por CRISTO (2 Co 1.20). E, pela palavra, como o habitual portador, o ESPÍRITO da graça nos é presenteado (Atos 10.44) para ser o selo da promessa e o penhor da vida eterna. É, pois, a palavra da graça de DEUS que nos dá a herança. Note que: [1] O céu é uma herança que dá direito irrevogável a todos os herdeiros. É semelhante à herança dos israelitas em Canaã, que foi pela promessa e também por sorte, mas que era firme [...] para toda a descendência (Rm 4.16). [2] Essa herança é inalienável e garantida a todos os santificados (v. 32) e unicamente a eles. Assim como os não santificados não podem ser convidados bem-vindos ao DEUS santo ou à sociedade santa de cima, também o verdadeiro céu não pode ser céu para eles. Mas para todos os santificados, que nasceram de novo e em quem a imagem de DEUS foi restaurada, a herança é tão certa quanto o poder grandioso e a verdade eterna podem torná-la. Os que possuem direito de posse a essa herança devem ter a certeza de que estão entre [...] os santificados, por terem se unido a eles, formando um grupo com eles, e participam da mesma imagem e natureza. Não há como esperar estar no céu entre os glorificados a menos que estejamos na terra entre [...] os santificados.
VI
Paulo encomenda a si mesmo aos anciãos efésios como exemplo de indiferença a este mundo e a tudo que nele há. Caso se conduzam no mesmo espírito e nos mesmos passos que ele, estarão contribuindo para que a passagem deles por este mundo seja fácil e confortável. Ele os encomendara a DEUS e à palavra da sua graça, a bênçãos espirituais que, certamente, são as melhores. Mas o que eles farão para sustentar a família, ter um meio de vida apropriado para si mesmos e porções para os filhos? “Quanto a estas coisas”, diz Paulo, “fazei como eu fiz”. Mas o que ele fez? Ele aqui lhes diz:
1. Que ele nunca objetivou possuir riquezas mundanas: “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste (v. 33); nem vós deveis e então tereis sossego”. Havia muitos em Éfeso, e muitos entre os que haviam aceitado a fé cristã, que eram ricos, possuíam muito dinheiro, prataria e mobília cara, usavam roupas muito boas e tinham uma aparência muito boa. (1) Paulo não possuía a ambição de viver como eles. Podemos entender isso de tal forma: “Eu nunca desejei ter à disposição prata e ouro como vejo que os outros têm, nem usar roupas caras como vejo que os outros usam. Não os condeno nem os invejo. Sei viver com conforto e utilidade sem necessitar de grandes coisas”. Os falsos apóstolos queriam mostrar boa aparência na carne (Gl 6.12), sobressair-se neste mundo pela riqueza. Mas Paulo não era assim. Ele sabia tanto ter abundância quanto padecer necessidade (Fp 4.12). (2) Paulo não tinha a ganância de receber deles prata, ou ouro, ou veste. O apóstolo jamais desejou que lhe dessem tais coisas pelos esforços despendidos entre eles. Ele se contentava com o que tinha (Hb 13.5) e nunca se aproveitou deles (2 Co 12.17). Unindo-se a Moisés (Nm 16.15) e a Samuel (1 Sm 12.3,5), podia dizer: A quem tomei o jumento? A quem defraudei? “De quem eu desejei ou pedi algum favorecimento? Ou a quem fui pesado?” Ele nega veementemente haver desejado sequer receber uma doação (Fp 4.17, versão RA).
2. Que ele sempre trabalhou para ganhar a vida e lutou muito por seu sustento: “Vós mesmos sabeis (v. 34) e sois testemunhas oculares de que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Vós me vistes trabalhando cedo e dormindo tarde, recortando tendas e montando-as”. Confeccionadas comumente de couro, fabricar tendas era uma atividade muito trabalhosa. Observe: (1) Paulo, às vezes, passava necessidades e carecia de sustento, embora gozasse de excepcional predileção do céu e fosse grande bênção para esta terra. Que mundo inadmissível, cruel e ingrato, que permitiu que semelhante homem como Paulo fosse pobre! (2) Paulo desejou nada mais que ter suas necessidades básicas satisfeitas. Ele não exerceu sua profissão com o objetivo de ficar rico, mas ter o sustento de comida e roupa. (3) Quando tinha de labutar para ganhar o pão, Paulo se entregava a uma atividade braçal. Ele tinha uma cabeça e uma língua com as quais poderia ganhar dinheiro, mas preferiu usar as mãos para, conforme disse, servi-lo para o que lhe era necessário (v. 34). Que pena que fossem essas mãos, por cuja imposição o ESPÍRITO SANTO era dado tão amiúde e pelas quais DEUS fazia maravilhas (duas obras realizadas em Éfeso também, 19.6,11), que fossem obrigadas a entregar-se à agulha, tesouras, sovela e alinhavo para fazer tendas com o objetivo único de ganhar pão! Paulo ressalta esse detalhe para que os presbíteros (e outros crentes entre eles) não estranhem serem igualmente desprezados, mas que prossigam na obra e façam os devidos ajustes para terem o sustento cotidiano. Quanto menos incentivos eles tiverem dos homens, mais eles receberão de DEUS. (4) Paulo trabalhou não apenas para o sustento próprio, mas também para o sustento daqueles que estavam com ele. E isso era realmente difícil. Teria sido melhor haverem trabalhado para ele (mantê-lo como professor particular) do que o inverso. Mas a vida é assim. Os que querem tomar o remo do trabalho terão o apoio irrestrito das pessoas da sua relação. Se Paulo quer trabalhar para o sustento dos seus companheiros, ninguém se oporá.
3. Que mesmo então, quando ele trabalhou pelo suprimento de suas próprias necessidades, ainda assim ele dispensou algumas coisas do que ele ganhou para o amparo de outros; pois isto ele aqui os obriga a fazer: “Tenho-vos mostrado em tudo, isto é, em todas as partes de vosso dever eu vos tenho posto vosso modelo e vos tenho dado um bom exemplo, e particularmente nisto, que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos” (v. 35; ou “o fraco”, versão inglesa KJV). Alguns entendem isto como seu apoio à fé dos crentes fracos, removendo os preconceitos que alguns conceberam contra o cristianismo, como se seus pregadores fizessem um negócio lucrativo de sua pregação, e o evangelho fosse somente uma fraude por meio da qual obter dinheiro e roubar a bolsa das pessoas. “Agora, para que vós possais cortar ocasião aos que buscam ocasião (2 Co 11.12) para nos censurar, e assim possais suportar os fracos entre nós, vós fareis bem, por ora, em ganhardes vosso sustento pelo labor de vossas mãos, e não dependerdes de vosso ministério.” Mas eu, antes, entendo isto como sua ajuda para o sustento dos enfermos, e dos pobres, e daqueles que não podiam trabalhar, porque isto concorda com a exortação de Paulo: Que trabalhe, fazendo com as mãos [...], para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade (Ef 4.28). Nós devemos trabalhar em uma ocupação honesta, não somente para que possamos ser capazes de viver, mas para que possamos ser capazes de dar. Isto podia parecer uma declaração dura, e por essa razão Paulo a endossa com uma declaração de nosso Mestre, da qual ele queria que eles sempre se lembrassem. Estas palavras foram ditas por nosso Senhor JESUS; parecia que elas eram palavras que Ele freqüentemente aplicava aos seus discípulos. Quando Ele mesmo fazia tanto bem de graça, e lhes ordenava fazer assim também (Mt 10.8,9), Ele acrescentou esta declaração, a qual, embora em nenhuma parte esteja registrada pelos evangelistas, contudo Paulo a tinha recebido oralmente de Pedro, ou algum outro dos discípulos; e ela é uma excelente declaração, e há um tanto de paradoxo nela: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber. “Isto é” (diz o Dr. Tillotson) “um apreço particular desta declaração admirável de nosso Salvador a nós, que, sendo omitida pelos evangelistas, e em perigo de ser perdida e esquecida, foi desta forma felizmente recobrada pelo apóstolo Paulo, e registrada por Lucas.” Mais bem-aventurada coisa é dar aos outros do que receber dos outros; não somente é mais bem-aventurado ser rico, e por conseguinte o dar a mão, do que ser pobre, e por conseguinte o receber a mão (cada um reconhecerá isto); porém, é mais bem-aventurado fazer o bem com o que temos, seja isto muito ou pouco, do que aumentá-lo e fazê-lo mais. O sentimento dos filhos deste mundo é contrário a isso; eles são receosos de dar. “Este dar”, eles dizem, “nos arruína tudo”; mas eles vivem em esperança de ganhar. Cada um para a sua ganância, cada um por sua parte (Is 56.11). O lucro líquido é para eles a mais bem-aventurada coisa que pode existir; mas CRISTO nos diz: Mais bem-aventurada coisa (mais excelente em si mesma, uma evidência de uma disposição de mente mais excelente, e o caminho para uma bem-aventurança melhor, por fim) é dar do que receber. Isso nos faz mais semelhantes a DEUS, que dá a todos, e não recebe de ninguém; e ao Senhor JESUS, o qual andou fazendo o bem (At 10.38). Mais bem-aventurada coisa é dar nossos esforços do que receber pagamento por isto, e o que deveríamos nos deleitar em fazer, se as nossas próprias necessidades e de nossas famílias o admitirem. Mais agradável coisa é fazer o bem ao agradecido, porém mais honrosa coisa é fazer o bem ao ingrato, pois então nós temos DEUS como nosso pagador, que recompensará na ressurreição dos justos o que não foi, de outra maneira, recompensado.
 
 
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 9 - CPAD
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apontar Éfeso como o ponto de partida do aprendizado dos vocacionados;
Assinalar o legado doutrinário de Paulo para os novos líderes;
Enfatizar o apelo de Paulo aos líderes.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Uma das lições mais extraordinárias no ministério de Paulo é o seu investimento pessoal em formar novos obreiros. O apóstolo sabia que ele passaria brevemente, mas a Igreja permaneceria. Ele tinha uma consciência histórica a respeito da obra divina. Essa obra não terminaria nele, pelo contrário, avançaria até a volta de JESUS.
É muito significativo conscientizar-se de que o Reino de DEUS é muito maior do que qualquer interesse humano. A obra de evangelização e discipulado não pode parar por falta de novos obreiros. O Senhor chama as antigas lideranças para cuidar das mais novas, pois "grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara" (Lc 10.2)
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Éfeso foi um ponto de partida para o despertamento de novos vocacionados.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos revela compromisso com o Senhor, maior legado do apóstolo às novas gerações.
SÍNTESE DO TÓPICO III - O apóstolo Paulo apela para que os obreiros tenham desprendimento material, cuidado espiritual e prudência para fazer a obra de DEUS.
Devemos cuidar de nós mesmos para cuidar do povo de DEUS
 
 
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO TOP1
Tenha um olhar atento para que tipo de atenção o aluno tem. Temos pelo menos três tipos: a espontânea, a passiva e a voluntária. A espontânea tem a ver com a reação natural em relação aos nossos sentidos como, por exemplo, um susto; a passiva, tem a ver com a reação diante de um objeto em direção ao indivíduo; a voluntária é a que o indivíduo executa por consciência e vontade própria. A classe da Escola Dominical pode ajudar ao aluno a desenvolver essa atenção voluntária tão importante para qualquer área da vida. Para obedecer a CRISTO é preciso estar voluntariamente atento aos seus ensinos. Pense em estratégias que resultem no maior envolvimento voluntário do aluno com o conteúdo da lição.
Temos muito o que aprender com a vida e o ministério do apóstolo dos gentios. Que o ESPÍRITO SANTO fale aos nossos corações!
 

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO TOP2
“Judaizantes - Um termo extrabíblico designado àqueles que agiram como judeus e/ou buscavam assim influenciar outros, baseado na acusação de Paulo de que a atitude de Pedro forçaria os gentios ‘judaizarem-se’ (Gl 2.14). Os comentários referem-se a homens como judaizantes que buscavam impor a circuncisão judaica e outros legalismos sobre os gentios como, por exemplo, os ‘falsos irmãos’ que queriam levar toda a igreja para a escravidão da lei (Gl 2.4), e aqueles que ensinavam: ‘Se vos não circuncidardes... não podeis salvar-vos’ (At 15.1). Paulo atacou os judaizantes na Galácia que obrigavam os homens a se circuncidar (Gl 6.12).
Gnosticismo
[...] Atualmente se aceita que o movimento surgiu em um ambiente judaico-cristão. Isto não nega a presença de prováveis elementos pré-cristãos no gnosticismo. [...] É evidente que o movimento teve início em um ambiente hebraico-cristão. [...] [Os gnósticos Acreditavam em] uma divindade transcendente indescritível, que é puramente espírito” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.871, 1103).
 

SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP3
“Frequentemente, sentimos que a vida é um fracasso, a menos que estejamos alcançando o reconhecimento, a diversão, o dinheiro e o sucesso. Mas Paulo considerava que sua vida não teria valor se ele não usasse para a obra de DEUS. O que ele acrescentou à vida era muito mais importante do que aquilo que havia ganho dela. O que é mais importante para você: o que ganha da vida ou o que você acrescenta a ela?
Disposição é uma qualidade necessária a qualquer pessoa que deseje fazer a obra de DEUS. Paulo era uma pessoa disposta, e a meta mais importante de sua vida era falar aos outros a respeito de CRISTO. Não é de admirar que Paulo tenha sido o maior missionário cristão. DEUS procura outros homens e outras mulheres que priorizem a grande tarefa que Ele lhe deu para fazer” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 1533).

PARA REFLETIR - A respeito de “Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados”,, responda:
Em que lugar Paulo permaneceu mais tempo em seu ministério? Em Éfeso, o apóstolo permaneceu mais tempo.
Quais são as epístolas destinadas ao pastoreio de igrejas? Não por acaso, temos três epístolas paulinas denominadas de “cartas pastorais” (1 e 2 Timóteo, Tito).
O que os judaizantes procuravam exigir dos cristãos gentios? Eles exigiam que os gentios convertidos observassem a lei, tais como: a prática da circuncisão, a guarda do sábado judaico, a observância dos ritos que envolviam datas e comidas.
Qual era a implicação do ensino dos gnósticos? A implicação desse ensino resultava na banalização da graça de DEUS.
O que Atos 20.24 mostra? Mostra que Paulo tinha o coração livre da avareza e da ganância.

CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 8t, p. 40.