Escrita Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso, 3 partes, 4tr21, Pr Henrique, EBD NA TV

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Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
 
 
TEXTO ÁUREO
“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.3,4)
 
 
VERDADE PRÁTICA
A verdadeira conversão a CRISTO leva em conta o arrependimento, a fé em JESUS e uma completa transformação no pensamento, vontade e ação do homem.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ef 2.8; Tt 2.11 A graça de DEUS opera na conversão
Terça - Rm 3.23,24 A graça é um favor outorgado por DEUS na conversão
Quarta - Ef 4.22 Conversão é o despojamento do velho homem
Quinta - Ef 4.23,24 Conversão é o revestimento do novo homem
Sexta - Jo 16.7,8 O ESPÍRITO SANTO atua para o arrependimento na conversão
Sábado - Sl 51.1; 2 Co 7.10 A conversão manifesta a tristeza pelo pecado

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 9.1-9
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 - E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. 6 - E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 - E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8 - E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9 - E esteve três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.


OBJETIVO GERAL - Asseverar que a salvação é por meio da graça, acompanhada de arrependimento e fé do pecador como resposta à salvação.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar a conversão de Saulo como ato da graça de DEUS;
Relacionar a conversão de Saulo com a doutrina bíblica da conversão;
Elencar três faculdades interiores que são transformadas na conversão
 

RESUMO DA Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
I – A CONVERSÃO DE SAULO: UM ATO DA GRAÇA DE DEUS
1. A conversão de Saulo e sua experiência sobrenatural.
2. A iniciativa de JESUS para transformar a mente de Saulo.
3. A graça salvadora se manifestou a Saulo.
II – SAULO E A DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO
1. A conversão começa no arrependimento.
2. A conversão de Saulo promoveu uma transformação pessoal.
3. A conversão faz parte da doutrina bíblica da Salvação.
III – AS TRÊS FACULDADES INTERIORES TRANSFORMADAS NA CONVERSÃO
1. Faculdade intelectual.
2. Faculdade das emoções.
3. Faculdade da vontade.
 
 
Conversão - επιστροφη epistrophe
conversão - dos gentios da idolatria para o DEUS verdadeiro - Das trevas para a Luz.
para lhes abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim. Atos 26:18 
 
 
Converterem - שוב shuwb
1) retornar, voltar
1a) (Qal)
1a1) voltar, retornar; 1a1a) voltar; 1a1b) retornar, chegar ou ir de volta; 1a1c) retornar para, ir de volta, voltar; 1a1d) referindo-se à morte; 1a1e) referindo-se às relações humanas (fig.); 1a1f) referindo-se às relações espirituais (fig.); 1a1f1) voltar as costas (para DEUS), apostatar; 1a1f2) afastar-se (de DEUS); 1a1f3) voltar (para DEUS), arrepender; 1a1f4) voltar-se (do mal); 1a1g) referindo-se a coisas inanimadas
1a1h) em repetição
1b) (olel)
1b1) trazer de volta; 1b2) restaurar, renovar, reparar (fig.); 1b3) desencaminhar (sedutoramente); 1b4) demonstrar afastamento, apostatar;
1c) (Pual) restaurado (particípio)
1d) (Hifil) fazer retornar, trazer de volta
1d1) trazer de volta, deixar retornar, pôr de volta, retornar, devolver, restaurar, permitir voltar, dar em pagamento; 1d2) trazer de volta, renovar, restaurar; 1d3) trazer de volta, relatar a, responder; 1d4) devolver, retribuir, pagar (como recompensa); 1d5) voltar ou virar para trás, repelir, derrotar, repulsar, retardar, rejeitar, recusar; 1d6) virar (o rosto), voltar-se para; 1d7) voltar-se contra; 1d8) trazer de volta à memória; 1d9) demonstrar afastamento; 1d10) reverter, revogar
1e) (Hofal) ser devolvido, ser restaurado, ser trazido de volta
1f) (ulal) trazido de volta
 
 
CONVERSÃO
Esta palavra significa literalmente “fazer a volta ou “mudar de direção”, e é usada para traduzir a palavra heb. shub, e a palavra gr. strepho e seus derivados, especialmente epistrepho. Estas palavras são às vezes usadas na Bíblia em um sentido literal de virar-se fisicamente para algo (cf. Mt 9.22; At 9.40). O significado primário e, espiritual denota uma revolução espiritual. E usada no mau sentido de converter-se do certo para o errado em duas passagens (Gl 4.9; 2 Pe 2.21). No entanto, o bom significado de voltar-se do indesejável para o desejável é o usual. Neste sentido, é usada tanto em relação a incrédulos como a cristãos.
Quando usada com relação a incrédulos, ela denota a mudança de coração ou de pensamento (relacionado ao arrependimento e à fé) que permite que alguém receba a graça de DEUS na salvação (cf. At 3.19). Embora se pense na conversão como sendo o ato de um homem, em contraste com a justificação e a regeneração que são atos exclusivos de DEUS, a implicação está sempre presente de forma que a conversão completa só pode ser conquistada com a ajuda do Espirito SANTO. A conversão implica em um completo repúdio ao pecado e uma fiel rendição a CRISTO como Senhor.
Quando usada com relação a crentes, ela denota um retorno ao correto relacionamento com DEUS, que pode ter estado rompido por um fracasso moral (como no caso de Pedro, em Lucas 22.32) ou devido ao abandono da doutrina verdadeira (cf. Tg 5.19,20). O uso espiritual desta palavra ilustra o fato de que o vocabulário cristão, a princípio, era primeiramente figurativo. A necessidade de expressar conceitos espirituais sem um vocabulário determinado, levou os apóstolos a adotarem muitas palavras comuns e convertê-las aos seus próprios usos.
Bibliografia. Georg Bertram. “Strephoetc”, TDNT, VII, 714-729. F. L. F. - Dicionário Bíblico Wycliffe.
 
 
- [Do hb. sub, voltar atrás; do gr. metanoeo, voltar; e, do lat. conversionem, transformação] Mudança que DEUS opera na vida do que aceita a CRISTO como seu Salvador pessoal, modificando-lhe radicalmente a maneira de ser, pensar e agir desde que o mesmo esteja de acordo.
A conversão é o lado objetivo e externo do novo nascimento. Por intermédio dela, o pecador arrependido mostra ao mundo a obra que CRISTO operou em seu interior: a regeneração.
Em suma: o novo nascimento tem dois lados: um subjetivo e outro objetivo. O subjetivo é conhecido como a regeneração; somente DEUS pode aferi-lo. E, o objetivo, conforme já o dissemos, é a conversão: pode ser constatado por todos. Dicionário Teológico - Claudionor Correia de Andrade.
 
 
Palavra portuguesa que traduz o verbo grego “epistrefo” (voltar) (Mt 12,44; 24,18; Lc 2,39) e o substantivo “metanoia” (mudança de mentalidade).
A tradução desses termos por “penitência” conduz a conclusões errôneas, porque a conversão implica não em dor pelo passado, mas uma mudança de vida de quem se dispõe a abandonar a vida anterior e aceitar JESUS e sua obra como messias e Senhor, moldando sua própria existência aos seus ensinamentos. O chamado à conversão é parte essencial da pregação de JESUS (Mc 1,14-15) e aparece simbolizado em relatos como o do filho pródigo (Lc 15) ou em similares, como o do doente que precisa do médico (Mc 2,16-17). Toda a humanidade deve converter-se, pois sem conversão a única expectativa é a da condenação (Lc 13,1). A razão disso reside no fato de que todos os homens são pecadores, todos estão perdidos e todos necessitam receber, pela fé, a salvação realizada por JESUS para alcançar a vida eterna (Jo 3,16). É exatamente a conversão que permite ascender à condição de filho de DEUS (Jo 1,12) e obter a vida eterna (Jo 5,24). E, por ser imprescindível o momento em que se decide o destino eterno do homem, DEUS se alegra com a conversão (Lc 15,4-32) e JESUS considera o chamado a ela como núcleo central e irrefutável de seu evangelho (Lc 24,47). Dicionário de JESUS e Evangelhos.
 
 
Como o Crente Deve tratar Com o Pecado?
Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:
- Reconhecê-lo (Sl 51.3)
- Evitá-lo (1 Tm 5.22)
- Detestá-lo (Jd v.23)
- Resiste a ele com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo (1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo (Pv 28.13).
O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, JESUS CRISTO, o Justo” (1Jo 2.1).
 
 
A REGENERAÇÃO - BEP - CPAD
Jo 3.3: “JESUS respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de DEUS.”
Em 3.1-8, JESUS trata de uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a regeneração (Tt 3.5), ou o nascimento espiritual. Sem o novo nascimento, ninguém poderá ver o reino de DEUS, i.e., receber a vida eterna e a salvação mediante JESUS CRISTO. Apresentamos a seguir, importantes fatos a respeito do novo nascimento.
A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24), efetuadas por DEUS e o ESPÍRITO SANTO (3.6; Tt 3.5) e o crente arrependido se submetendo a DEUS numa nova vida de santificação no espírito, na lama e no corpo. Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio DEUS é outorgada ao crente (3.16; 2Pe 1.4; 1Jo 5.11), e este se torna um filho de DEUS (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo DEUS “em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24).
A regeneração é necessária porque, à parte de CRISTO, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a DEUS e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1Co 2.14).
A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para DEUS (Mt e coloca a sua fé pessoal em JESUS CRISTO como seu Senhor e Salvador (ver 1.12).
A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a JESUS CRISTO (2Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado (ver 8.36; Rm 6.14-23), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a DEUS e de seguir a direção do ESPÍRITO (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo, ama aos demais crentes (1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9; 5.18) e não ama o mundo ( 1Jo 2.15,16).
Quem é nascido de DEUS não pode fazer do pecado uma prática habitual na sua vida (ver 1Jo 3.9). Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o esforço vitorioso de agradar a DEUS e de evitar o mal (1Jo 2.3-11, 15-17, 24-29; 3.6-24; 4.7,8, 20; 5.1), mediante uma comunhão profunda com CRISTO (ver 15.4) e a dependência do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.2-14).
Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do mundo, seja qual for a religião que professam, demonstram que ainda não nasceram de novo (1Jo 3.6,7).
Assim como uma pessoa nasce do ESPÍRITO ao receber a vida de DEUS, também pode extinguir essa vida ao enveredar pelo mal e viver em iniquidade. As Escrituras afirmam: “se viverdes segundo a carne, morrereis” (Rm 8.13). Ver também Gl 5.19-21, atentando para a expressão “como já antes vos disse” (v. 21).
O novo nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o relacionamento entre DEUS e o salvo é questão do espírito e não da carne (3.6). Logo, embora a ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o relacionamento de pai para filho, que DEUS quer manter conosco, é voluntário e dissolúvel durante nosso período probatório na terra (ver Rm 8.13). Nosso relacionamento com DEUS é condicionado pela nossa fé em CRISTO durante nossa vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor sinceros (Hb 5.9; 2Tm 2.12).
 
 
Atos 9.1-9
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 - E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. 6 - E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. 7 - E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8 - E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco. 9 - E esteve três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.
 
 
A Conversão de Saulo - Atos 9:1-9 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com algumas alteraões e adições do Pr. Henrique)

Encontramos na história de Estêvão duas ou três menções a Saulo, pois o escritor sagrado desejava chegar à história de Paulo. Agora que isso foi feito, não deixamos Pedro de lado já que daqui em diante ele é associado principalmente com Paulo, o apóstolo dos gentios, como Pedro era o apóstolo da circuncisão. Em hebraico, seu nome era Saulo – desejado. O nome romano que ele usava entre os cidadãos de Roma era Paulo. Nasceu em Tarso, cidade da Cilícia, cidade livre dos romanos, sendo ele mesmo homem livre daquela cidade (possuía cidadania romana, portanto). Seu pai e mãe eram ambos judeus nativos; por isso ele se chama hebreu de hebreus (Fp 3.5). Ele era da tribo de Benjamim que permaneceu fiel à tribo de Judá (mesma tribo do rei Saul). Sua formação educacional foi primeiramente nas escolas de Tarso, que era uma pequena Atenas para a aprendizagem. Lá ele estudou os primeiros rudimentos da Torah na sinagoga e em casa, com seus pais e também, na escola secular, deve ter se  familiarizado com a filosofia e a poesia dos gregos. De lá, ele foi enviado para a universidade em Jerusalém a fim de estudar teologia e a lei judaica. O seu tutor era Gamaliel, fariseu eminente. Possuía extraordinários talentos naturais e se dedicou bastante ao estudo dos ensinamentos propagados pelos fariseus. Ele tinha um comércio de habilidades manuais (fizeram-no aprender a profissão de fazedor de tendas), que era comum entre os judeus que desde pequeno estudavam para ser eruditos (como disse o Dr. Lightfoot), a fim de ganharem o próprio sustento e evitarem o ócio. Este é o jovem em quem a graça de DEUS operou esta mudança maravilhosa aqui registrada cerca de um ano depois da ascensão de CRISTO ou um pouco mais. (Os judeus estudam e se formam em alguma profissão intelectual, mas também se formam em alguma profissão braçal - faltando uma, a outra a cobre para seu sutento).
I
Como Saulo agiu mal antes da sua conversão.
Ele era inimigo inveterado do cristianismo e fez o que pôde para erradicá-lo, perseguindo todos que o aceitassem. Sob outros aspectos, Saulo era muito bom. Era, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível (Fp 3.6), homem de bons costumes, mas blasfemo de CRISTO, perseguidor dos cristãos e prejudicial a ambos (1 Tm 1.13). Sua consciência estava tão mal-informada que ele pensava que deveria fazer o que fez contra o nome de CRISTO (At 26.9) e que estava na verdade servindo a DEUS com este procedimento, como fora predito (Jo 16.2). Aqui temos:
1. A inimizade e fúria geral de Saulo contra a religião cristã: E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (v. 1). Os perseguidos eram os discípulos do Senhor. Só por terem essa característica, ele os odiava e os perseguia. O tema da perseguição era ameaças e mortes. Há perseguição nas ameaças (At 4.17,21). Elas aterrorizam e quebrantam o espírito. Embora se diga que as pessoas ameaçadas vivam muito, as pessoas que Saulo ameaçava, se ele não fosse bem-sucedido em fazê-las fugir com medo de CRISTO, as matava e as perseguia até à morte (At 22.4). O fato de ele respirar ameaças e mortes dá a entender que isso lhe era natural e fazia parte de sua atividade constante. Ele até se sentia bem nesse meio, respirando seus elementos com naturalidade. Ele respirava com fúria e veemência. Sua própria respiração, como a de algumas criaturas venenosas, era pestilenta. Ele respirava morte contra os cristãos por onde quer que fosse. Em seu orgulho, ele assoprava para eles (Sl 12.4,5). Em sua raiva, ele cuspia seu veneno neles. Essa respiração de Saulo também dá a entender: (1) Que Saulo persistia ainda mais nisso. Não satisfeito com o sangue de quem tinha matado, ele ainda clamava: Dá, Dá (Pv 30.15). (2) Que Saulo em breve pertenceria a outro meio. Por enquanto, ele respirava ameaças e mortes, mas não tinha de viver essa vida por muito tempo. Essa respiração logo cessará.
2. O desígnio particular de Saulo acerca dos cristãos em Damasco. Fazia pouco tempo que o evangelho chegara ali levado pelos cristãos que fugiram da perseguição causada pela morte de Estêvão. Eles pensavam que estavam seguros e sossegados nessa cidade e tinham a tolerância daqueles que estavam no poder. Mas Saulo não ficava sossegado se soubesse que um cristão se encontrasse em paz. Ouvindo que os cristãos em Damasco estavam em paz, ele resolve perturbá-los. Para isso, ele solicita uma procuração ao sumo sacerdote (v. 1) para ir a Damasco (v. 2). O sumo sacerdote não precisava ser levado a perseguir os cristãos, pois ele sempre estava disposto a fazê-lo. Mas parece que o jovem perseguidor foi mais vigoroso em seus esforços que o idoso perseguidor. Os líderes no pecado são os piores pecadores. Os prosélitos que os escribas e fariseus fazem se mostram sete vezes mais filhos do inferno que eles (Mt 23.15). Saulo disse que esta procuração foi dada por todo o conselho dos anciãos (At 22.5). Por isso, este homem fanático e furioso estava bastante orgulhoso de ter uma procuração dada exclusivamente a ele com o selo do grande Sinédrio. A procuração o autorizava a investigar entre as sinagogas ou congregações dos judeus que estavam em Damasco, a existência de alguém que pertencesse àqueles que se inclinavam a favor desta nova seita ou heresia, aqueles que criam em CRISTO. Se ele achasse um dos tais, quer homens, quer mulheres, devia levá-los prisioneiros para Jerusalém a fim de que fosse instaurado inquérito contra eles de acordo com a lei pelo grande conselho. Observe: (1) Os cristãos aqui são chamados alguns daquela seita (v. 2), “alguns que eram do Caminho” (versão RA), conforme o original. Talvez os cristãos às vezes se chamassem assim: de CRISTO, “o Caminho”. Ou porque eles se consideravam que estavam apenas no caminho, não tendo ainda chegado ao lar; ou porque os inimigos os representavam estar longe por si mesmo, um caminho retirado, pouco freqüentado, um partido, uma facção.
(2) O sumo sacerdote e o Sinédrio requeriam o direito de exercer poder sobre os judeus em todos os países. E todas as sinagogas, mesmo aquelas que não estivessem na jurisdição do governo civil da nação judaica, prestavam deferência respeitosa a estas autoridades em questões de religião. Hoje, o pontífice romano reivindica tal soberania como então fizera o pontífice judaico, embora ele não tenha muito o que mostrar.
(3) Por esta procuração, todos que adorassem a DEUS do modo que o sumo sacerdote e o Sinédrio considerassem heresia, embora concordassem exatamente com os institutos originais até da igreja judaica, quer fossem homens ou mulheres, seriam processados. Até o sexo frágil, que num caso desta natureza poderia ficar isento, ou pelo menos sob compaixão, não receberá de Saulo nada menos do que receberam dos perseguidores papistas.
(4) Saulo recebeu a ordem de levar todos esses indivíduos para Jerusalém amarrados como criminosos de primeira magnitude. Este procedimento visava a amedrontar os prisioneiros e engrandecer Saulo, na qualidade de comandante da força policial que fora buscá-los e pela oportunidade de respirar ameaças e morte. Saulo foi usado quando a graça de DEUS operou essa grande mudança nele. Não nos desesperemos da graça renovadora em prol da conversão dos maiores pecadores, nem desistamos da misericórdia perdoadora de DEUS a favor do maior pecado, pois o próprio Paulo obteve misericórdia para que ele fosse um exemplo notável (1 Tm 1.13).
II
Como foi súbita e extraordinária a mudança maravilhosa ocasionada em Saulo, não por meio de expedientes comuns, mas por milagre. A conversão de Saulo é uma das maravilhas da igreja. Aqui está:
1. O lugar e a hora da conversão de Saulo:
Indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco (v. 3), JESUS o encontrou.
(1) Saulo estava indo no caminho (v. 3) em sua viagem. Ele não estava no templo, nem na sinagoga, nem na reunião dos cristãos, mas indo no caminho. Os pensamentos são tão livres e há boa oportunidade de refletir com nosso próprio coração na estrada quanto na cama. Lá, o ESPÍRITO pode começar sua obra em nós, pois esse vento assopra onde quer (Jo 3.8). Saulo já havia ouvido e visto o testemunho de Estêvão (ouvido sua sabedoria e suas palavras de amor, visto sua coragem e fé).
(2) Saulo estava perto de Damasco (v. 3), quase no fim da viagem, prestes a entrar na cidade, a principal da Síria. Alguns eruditos observam que ele, que seria o apóstolo dos gentios, converteu-se à fé de CRISTO em um país gentio. Outrora Damasco fora infame por perseguir o povo de DEUS: seus habitantes trilharam a Gileade com trilhos de ferro (Am 1.3). Agora, era provável que o mesmo acontecesse de novo.
(3) Saulo estava prosseguindo no mau caminho, cumprindo seu desígnio contra os cristãos em Damasco e se agradando com o pensamento de que lá devoraria esta criança recém-nascida do cristianismo. Veja que às vezes a graça de DEUS opera nos pecadores quando eles estão no pior e fervorosamente empenhados em seus mais desesperados interesses pecaminosos, os quais são para a glória da piedade e do poder de DEUS.
(4) O edito e decreto cruel que Saulo trazia consigo estava perto de ser posto em execução. Mas felizmente foi impedido, fato que pode ser considerado:
[1] Como grande bondade para com os pobres santos em Damasco, que ficaram sabendo da ida de Saulo, segundo deduzimos do que Ananias disse (vv. 13,14), e estavam apreensivos diante do perigo que ele representava para eles, tremendo como fracos cordeiros diante do ataque de um lobo voraz. A conversão de Saulo foi, por ora, a segurança dos santos damascenos. JESUS tem muitas maneiras de livrar da tentação os piedosos. Às vezes, Ele livra mudando o caráter dos perseguidores, quer lhes contendo o espírito colérico (Sl 76.10) e o apaziguando durante certo tempo, como fez com o rei Saul que mais de uma vez apiedou-se de Davi (1 Sm 24.16; 26.21), quer renovando-lhes o espírito e fixando nele impressões duráveis, como fez com Saulo.
[2] Mostrando bastante misericórdia para com o próprio Saulo, não o deixando executar seu desígnio mau. Caso tivesse ido em frente, talvez tivesse alcançado o preenchimento da medida da sua iniqüidade. Veja que será valorizado como sinal notável do favor divino se DEUS, quer pela operação interior da sua graça, quer pelas ocorrências exteriores da sua providência, nos impedir de prosseguir e executar um propósito pecaminoso (1 Sm 25.32).
2. A aparição de JESUS na sua glória a Saulo.
Aqui, somos informados somente que subitamente o cercou um resplendor de luz do céu (v. 3). Mas pelo que se segue (v. 17), concluímos que o Senhor JESUS estava nesta luz e lhe apareceu desta maneira. Ele viu o Justo (Atos 22.14) e viu uma luz (Atos 26.13). Quer ele o tenha visto a distância, como Estêvão o viu nos céus, quer o visse mais próximo no ar não sabemos com certeza. Não é incompatível com a escritura que diz que o céu contém JESUS até ao fim dos tempos (At 3.21) supor que Ele, em tal ocasião extraordinária, fez uma visita pessoal e brevíssima a esta terra. A fim de que Paulo fosse apóstolo era necessário que ele visse o Senhor, e ele o viu (1 Co 9.1; 15.8). (1) Esta luz (v. 3) brilhou sobre Saulo subitamente – exaiphnes, quando ele sequer pensava em tal coisa e sem aviso prévio. As manifestações de JESUS para as pessoas são muitas vezes súbitas e muito surpreendentes, e Ele as antecipa com as bênçãos da sua bondade. Foi o que sucedeu com os discípulos que JESUS chamou para si. Antes de eu o sentir (Ct 6.12). (2) Era uma luz do céu (v. 3), a fonte da luz, do DEUS do céu, o Pai das luzes. Era uma luz mais intensa que o brilho do sol (Atos 26.13), pois foi visível ao meio-dia e excedia o esplendor do sol na sua força e fulgor meridiano (Is 24.23). (3) A luz cercou [...] Saulo, não só em torno do rosto, mas do corpo inteiro. De qualquer lado que se virasse, ele estava rodeado com a manifestação do milagre. O propósito disso era não só sobressaltá-lo e despertar-lhe a atenção (para ouvir bem quando visse algo tão extraordinário assim), mas também dar a entender a iluminação do seu entendimento com o conhecimento de CRISTO. O diabo entra na alma nas densas trevas. Deste modo, ele obtém e mantém a posse da alma. Mas JESUS entra na alma à plena luz, pois Ele próprio é a luz do mundo, brilhante e gloriosa para nós, como a luz. A luz é primeira coisa nesta nova criatura, como é na criação do mundo (2 Co 4.6). Por conseguinte, todos os cristãos são filhos da luz e filhos do dia (1 Ts 5.5).
3. A detenção de Saulo e sua separação:
Ele caiu em terra (v. 4). É provável que ele estivesse a cavalo, como Balaão que montava uma jumenta quando foi amaldiçoar Israel, e talvez cavalgasse melhor que ele, pois Saulo estava em função oficial, tinha pressa e a viagem era longa, de forma que não é provável que ele estivesse viajando a pé.
Vemos que esta á hipótese mais aceita, pois assim era o comportamento padrão. A pessoa mais importante viajava a cavalo.
"E, chamando dois centuriões, lhes disse: Aprontai para as três horas da noite duzentos soldados, e setenta de cavalo, e duzentos lanceiros para irem até Cesareia; aparelhai cavalgaduras, para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo ao governador Félix". Atos 23:23,24
A luz súbita amedrontaria o cavalo no qual ele montava e o derrubaria. Foi a boa providência de DEUS que o corpo de Saulo não se machucasse com a queda. Pelo visto, todos que estavam com ele também caíram por terra (Atos 26.14), mas o alvo era ele. Isto pode ser considerado:
(1) Como o efeito da aparição de JESUS para Saulo e da luz do céu que o cercou.
Veja que a manifestação de JESUS para os pecadores visa a humilhá-los. Esse fenômeno miraculoso os rebaixa, fazendo-os pensar vilmente sobre si e submeter-se humildemente à vontade de DEUS. Agora te vêem os meus olhos, disse Jó. Por isso, me abomino (Jó 42.4,5); Eu vi ao Senhor, disse Isaías, assentado sobre um alto e sublime trono. [...] Então eu disse: ai de mim, que vou perecendo! (Is 6.1,5); E, estando ele falando comigo, caí com o meu rosto em terra, adormecido; ele, pois, me tocou e me fez estar em pé. Daniel 8:18; E levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto. Ezequiel 3:23.
(2) Como um degrau para este avanço planejado.
O propósito era que Saulo fosse não só cristão e ministro, mas também apóstolo, grande apóstolo. Portanto, ele precisava ser subjugado desta forma. Veja que aqueles a quem JESUS escolhe para receber as maiores honras são primeiramente humilhados. Aqueles a quem JESUS quer dar conhecimento e graça sobejamente são em primeiro lugar humilhados para que sintam a própria ignorância e pecaminosidade. Aqueles a quem DEUS vai usar são primeiramente golpeados com o senso da própria indignidade em serem usados.
4. A acusação de Saulo. Sendo pela queda levado em custódia e como se estivesse num tribunal, ele ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (v. 4). Essa voz era nítida somente para ele, pois os demais ouviam apenas um som (v. 7), não distinguindo as palavras (Atos 22.9). Observe aqui:
(1) Saulo viu uma luz do céu e ouviu uma voz do céu (v. 4).
Sempre que a glória de DEUS foi vista, a palavra de DEUS foi ouvida (Êx 20.18) por Moisés (Nm 7.89) e pelos profetas. As manifestações de DEUS nunca foram exibições mudas, porque Ele engrandece sua palavra acima de todo o seu nome. O que foi visto sempre teve o propósito de abrir caminho ao que foi dito. Saulo [...] ouviu uma voz. Veja que a fé vem pelo ouvir a Palavra de DEUS. Por conseguinte, o ESPÍRITO é recebido pelo ouvir da fé (Rm 10.17; Gl 3.2). A voz que ele ouviu era a voz de JESUS. Quando ele viu aquele Justo, ouviu a voz da sua boca (Atos 22.14). Veja que a palavra que ouvimos tem maior probabilidade de nos beneficiar quando a ouvimos como a voz de JESUS (1 Ts 2.13). Esta é a voz do meu amado (Ct 2.8). É somente a voz dele que pode alcançar o coração. Ver e ouvir são dois métodos de aprendizagem. JESUS entrou no coração de Saulo por ambas estas portas.
(2) O que Saulo ouviu era muito estimulante.
[1] Saulo foi chamado por nome e duas vezes: Saulo, Saulo (v. 4). Certos estudiosos são de opinião de que, ao chamá-lo de Saulo, JESUS dá a entender o terrível perseguidor de Davi cujo nome era semelhante – Saul. Ele foi de fato um segundo Saul, grande inimigo do Filho de Davi como o outro fora para Davi. Chamá-lo pelo nome indica a consideração especial que JESUS tinha por ele (Is 45.4; veja Êx 33.12). Chamá-lo pelo nome convenceu-o e não lhe deixou dúvida de quem era a voz que lhe falava (como Ele saberia seu nome se não fosse DEUS?). Veja que o que DEUS fala em geral tem maior probabilidade de nos fazer bem quando aplicamos o que ouvimos a nós mesmos e inserimos nosso nome nos preceitos e promessas expressos de modo geral, como se Ele nos chamasse pelo nome. Quando disse: Ó vós todos (Is 55.1), Ele dissera: Ó fulano (Rt 4.1): Samuel, Samuel (1 Sm 3.10); Saulo, Saulo. Chamar duplamente: Saulo, Saulo, indica, em primeiro lugar, o sono profundo em que Saulo se encontrava. Ele precisava ser chamado muitas vezes, como ocorre em Jeremias 22.29: Ó terra, terra, terra! Em segundo lugar, a preocupação amorosa que o santo JESUS tinha por Saulo e por sua recuperação. Ele fala como alguém que é sincero. É como Marta, Marta (Lc 10.41), ou Simão, Simão (Lc 22.31), ou Jerusalém, Jerusalém (Mt 23.37). Ele fala com ele como com alguém que está em perigo iminente, à beira da cova, prestes a cair: “Saulo, Saulo, tu não sabes para onde estás indo. Ou: O que tu estás fazendo?”
[2] A acusação apresentada contra Saulo é: Por que me persegues? (v. 4). Observe aqui, em primeiro lugar, que antes de Saulo se tornar santo, ele tem de se ver pecador, um grande pecador, um pecador contra JESUS. Agora ele vê esse mal nele que ele nunca vira antes. O pecado reviveu e ele morreu. Veja que a convicção humilde de pecado é o primeiro passo para a conversão salvadora do pecado. Em segundo lugar, que Saulo é convencido de um pecado em particular, do qual ele era mais notoriamente culpado, no qual tinha se justificado e por meio do qual é convencido de todos os outros pecados. Em terceiro lugar, que o pecado do qual Saulo é convencido é perseguição: Por que me persegues? (v. 4). Trata-se de uma repreensão muito afetuosa, o suficiente para derreter um coração de pedra. Observe: 1. A pessoa que pecou:
“És tu. Tu, que não és um da multidão ignorante, rude e irracional, que destruirá qualquer coisa que ouve com um nome ruim. Mas és tu que tiveste uma educação culta e liberal, tens talentos, dons e conhecimento das Escrituras, os quais, se devidamente considerados, te mostrariam a loucura disto. É pior em ti do que em outro”.
2. A pessoa contra quem pecou:
“Sou Eu, que nunca te fez mal, que veio do céu para a terra fazer o bem, que não faz muito tempo que foi crucificado por ti. E não foi o bastante, mas devo Eu ser crucificado mais uma vez por ti?”
3. O tipo e persistência do pecado:
perseguição e, naquele momento, Saulo estava engajado nisso: “Tu não só tens perseguido, mas tu persegues e persistes nessa ação”. Naquele momento, ele não estava arrastando alguém para a prisão, nem estava matando-o. Mas era esta a missão na qual ele estava indo a Damasco. Era este seu intento, o qual lhe agradava o pensamento. Note que os que intentam causar dano já estão, na conta de DEUS, causando dano.
4. A pergunta que JESUS fez para Saulo: “Por que tu fazes isso?”
(1) É linguajar de queixa. “Por que tu ages assim injustamente, assim indelicadamente, com os meus discípulos?” JESUS nunca reclamou tanto daqueles que o perseguiram em pessoa como Ele reclamou aqui daqueles que o perseguiram nos seus seguidores. Ele reclama como se fosse o pecado de Saulo: “Por que tu és tal inimigo de ti mesmo, do teu DEUS?” Note que os pecados dos pecadores são cargas muito dolorosas ao Senhor JESUS. Ele se condói dessas cargas (Mc 3.5); Ele é pressionado sob essas cargas (Am 2.13).
(2) É linguajar convincente: “Por que tu ages assim? Tu podes me dar uma boa razão para isso?” Veja que é bom nos perguntarmos por que agimos desta ou daquela maneira, para que nos demos conta de quão irracional é o pecado. De todos os pecados nenhum é tão irracional, tão irresponsável, quanto o pecado de perseguir os discípulos de JESUS, sobretudo quando descobrimos que estamos, como certamente estão, perseguindo JESUS. Não tem conhecimento quem persegue o povo de DEUS (Sl 14.4). Por que me persegues? Ele pensava que estava perseguindo somente um grupo de pessoas pobres, fracas e tolas, que eram uma afronta e ofensiva de se olhar para os fariseus, sem imaginar que com tudo isso ele estava insultando uma pessoa no céu. Com toda a certeza, se tivesse sabido disso, ele não teria perseguido o Senhor da glória. Veja que os que perseguem os santos perseguem o próprio JESUS. O que é feito contra eles Ele recebe como se tivesse sido feito contra si mesmo, e o julgamento no grande Dia será feito em conformidade com isso (Mt 25.45).
5. A pergunta de Saulo na sua acusação e a resposta (v. 5).
(1) Saulo faz perguntas acerca de JESUS: Quem és, Senhor? (v. 5).
Ele não responde diretamente à indagação de JESUS, mas a própria consciência e procedimento o acusavam. Quando DEUS nos faz ver nossos pecados, não podemos justificar um entre mil, especialmente quando se trata de perseguição. As convicções de pecado, quando atingem com poder a consciência, calam todas as desculpas e justificações. Ainda que eu fosse justo, lhe não responderia (Jó 9.15). Mas Saulo deseja saber quem é o seu juiz. A interpelação é respeitosa: Senhor. Ele, que fora blasfemo do nome de JESUS, agora fala com Ele como o seu Senhor. A pergunta é apropriada: Quem és...? Isso dá a entender o seu desconhecimento de JESUS. Ele não conhecia a voz de JESUS como as suas ovelhas a conhecem, mas desejava se familiarizar com ela. A luz que o envolve o convence de que é alguém do céu que lhe fala, e ele respeita aquilo que lhe parece vir do céu. Quem és, Senhor? Qual é o teu nome? (Jz 13.17; Gn 32.29). Observe que as pessoas se enchem de esperança quando começam a perguntar por JESUS CRISTO.
(2) Saulo recebe uma resposta imediatamente, na qual temos:
[1] A revelação graciosa e pessoal de JESUS para Saulo. Ele sempre está pronto a responder as perguntas investigativas e sérias daqueles que desejam conhecê-lo: Eu sou JESUS, a quem tu persegues (v. 5). Na certa Paulo agora ouve o mesmo nome que ouviu da boca de Estêvão - E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. Atos 7:59. Então Estevão realmente estava vendo e falando com Ele? O nome de JESUS não lhe era desconhecido. Seu coração se revoltara contra esse nome muitas vezes, e com alegria ele o faria cair no esquecimento. Ele sabia que era o nome que ele perseguia, mas nem imaginava que o ouviria do céu, ou em meio à tamanha glória que agora o cercava. Perceba que JESUS traz as pessoas para comunhão com Ele se manifestando pessoalmente a elas. Ele disse, em primeiro lugar: Eu sou JESUS, o Salvador. Eu sou JESUS, o Nazareno (At 22.8). Saulo o chamava assim quando contra Ele blasfemava: “Eu sou aquele mesmo JESUS a quem tu acostumavas chamar com desprezo ‘JESUS, o Nazareno’”. Ele mostraria que agora que Ele está na sua glória não se envergonha da sua humilhação. Em segundo lugar: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Portanto, o risco é teu se tu persistires em continuar neste curso mau”. Não há nada mais eficaz para despertar e humilhar os pecadores do que eles verem o pecado que cometem contra JESUS, sendo uma afronta para Ele e uma contradição aos seus desígnios.
[2] A reprovação gentil de JESUS: Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões (v. 5) – dar soco em ponta de faca. Retornar atrás quando espetado por um ferrão de ponta aguda como nos carros de boi. É duro, é em si mesmo uma coisa absurda e má, e será de conseqüência fatal para aquele que o fizer. Essas recalcitrações contra os aguilhões que abafam e sufocam as convicções da consciência, que se rebelam contra as verdades e leis de DEUS, que brigam com as providências divinas e que perseguem e se opõem aos seus ministros, porque eles as reprovam, e as suas palavras são como pontas de ferro (aguilhões) e pregos. Aqueles que se revoltam cada vez mais quando são atingidos pela palavra ou vara de DEUS, que se enfurecem com as reprovações e insultam os reprovadores, recalcitram contra os aguilhões e terão muito a prestar contas.
6. Por fim, a rendição de Saulo ao Senhor JESUS (v. 6). Veja aqui:
(1) A disposição mental e temperamento nos quais Saulo estava quando JESUS estivera tratando dele.
[1] Saulo tremia (v. 6) como alguém que estava com muito medo. Observe que as convicções fortes, dadas pelo bendito ESPÍRITO, farão o pecador-alvo tremer. Esses indivíduos não têm escolha senão tremer ao verem que o DEUS eterno foi provocado contra eles, que a criação inteira está em guerra com eles e que a própria alma encontra-se à beira da ruína! [2] Saulo ficou atônito (v. 6), muito surpreso e espantado, como alguém que é levado a um país estrangeiro, que não sabe em que ambiente está. Note que a obra convincente e convertedora de JESUS é surpreender o pecador e enchê-lo de admiração. “O que é isto que DEUS está fazendo comigo? O que mais Ele vai fazer?”
(2) As palavras de Saulo para JESUS, quando aquele estava nesta disposição mental e temperamento: Senhor, que queres que faça? (v. 6). Podemos considerar esta pergunta: [1] Como um pedido sério de Saulo pelos ensinamentos de CRISTO: “Senhor (v. 6), eu percebo que até aqui tenho estado fora dos teus caminhos. Tu tens me mostrado meus erros, corrigindo-me. Tu descobriste os meus pecados, descubra-me também o caminho do perdão e da paz”. É igual a: Que faremos, varões irmãos? (At 2.37). Observe que o desejo sério de ser instruído por JESUS no caminho da salvação é prova clara de que a boa obra começou na alma. Ou: [2] Como uma resignação sincera de Saulo à direção e governo do Senhor JESUS. Esta foi a primeira palavra que a graça comunicou a Saulo, e assim começou uma vida espiritual: Senhor [JESUS], que queres que eu faça? (v. 6). A grande mudança na conversão é operada na vontade, que consiste em sua resignação à vontade de JESUS. A conversão trás desejo de trabalhar para JESUS.
(3) A orientação geral que JESUS deu a Saulo em resposta à pergunta feita:
 Levanta-te e entra na cidade (v. 6) de Damasco, que está perto de ti, e lá te será dito o que te convém fazer. É muito animador ter a promessa de mais instruções, mas: [1] Saulo não receberá mais instruções agora. Em breve lhe será dito o que ele tem de fazer. Por ora, ele tem de permanecer no que lhe foi dito e se aperfeiçoar nisso. Ele deve refletir no que fez perseguindo JESUS, humilhar-se muitíssimo por isso, para que então lhe seja dito o que mais ele tem de fazer. [2] Saulo não receberá mais instruções por este meio, por uma voz do céu, pois está claro que ele não suportará. Ele está tremendo e atônito (v. 6). Mais tarde sim voltará a ouvir e ver JESUS. Agora um homem como ele lhe dirá o que ele tem de fazer, cujo terror não o deixará amedrontado, nem sua mão lhe será pesada, que era o que Israel desejou no monte Sinai. Ou é indicação de que levaria certo tempo para outras e maiores manifestações de JESUS para Saulo, quando ele tivesse se recomposto e este espanto tivesse acabado. JESUS se manifesta aos seus por etapas. Tanto o que Ele faz quanto o que Ele quer que eles façam, embora não saibam agora, saberão depois.
7. Até que ponto os companheiros de viagem de Saulo foram afetados pelo episódio miraculoso e que impressão isso lhes causou.
Eles caíram em terra, a seu exemplo, mas se levantaram sem a necessidade de receberem ordem, ao passo que ele ficou caído em terra e só se levantou quando recebeu a ordem: Levanta-te (v. 6). É que ele ficou debaixo de uma carga mais pesada que os outros. Mas, quando os varões, que iam com [Saulo], se levantaram (v. 7): (1) Eles pararam espantados, confusos, e isso era tudo. Eles estavam na mesma missão má em que Saulo estava, e talvez, no melhor de suas forças, eram tão rancorosos quanto ele. Não somos informados se algum deles se converteu, embora tivessem visto a luz, caíssem em terra e ficassem espantados pelo episódio. Não há meio externo que, por si só, ocasione a mudança na alma, sem que operem o ESPÍRITO e a graça de DEUS, que distinguem uns dos outros. Dentre este grupo que viajava junto, um é tomado, e os outros são deixados. Eles pararam espantados, ou “emudecidos” (versão RA). Nenhum deles disse: Quem és, Senhor?, ou: Senhor, que queres que faça?, como fez Saulo. Nenhum dos filhos de DEUS nasce emudecido. (2) Eles ouviam a voz, mas não nitidamente, não viam ninguém. Eles ouviam Saulo falar, mas não viam com quem falava, nem ouviam claramente o que lhe era dito. Isto se harmoniza com a descrição deste mesmo episódio registrada no capítulo 22.9: Os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito (o medo era compreensível, pois eles não viam ninguém na luz como Saulo via), e que eles não ouviram a voz daquele que falava com Saulo, para que entendessem o que Ele dizia, embora ouvissem um ruído confuso. Assim, os varões que seriam instrumentos da raiva de Saulo contra a igreja servem de testemunhas do poder de DEUS que caiu sobre ele. Assim também quando DEUS falou com JESUS no batismo nas águas, os que ali se encontravam não entenderam o que a voz dizia. Só João Batista e JESUS entenderam. Ora, a multidão que ali estava e que a tinha ouvido dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.João 12:29
8. Em que condição Saulo ficou depois do episódio miraculoso (vv. 8,9).
(1) Saulo levantou-se da terra (v. 8), quando JESUS o ordenou, mas provavelmente não sem ajuda. A visão o deixou tão abatido e fraco, não direi como Belsazar, quando as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro (Dn 5.6), mas como Daniel, quando por causa da visão que teve ele ficou sem força alguma (Dn 10.16,17).
(2) Saulo [...], abrindo os olhos (v. 8), descobriu que ficara cego. Ele não via a ninguém, a nenhum dos varões que o acompanhavam na missão, que imediatamente passaram a ocupar-se com ele. Não foi tanto esta luz brilhante que, deslumbrando os seus olhos, os escureceram – nimium sensibile loedit sensum, pois então os que estavam com ele também teriam perdido a visão. Foi a visão de JESUS, que os demais não tiveram, que causou este efeito em Saulo. A visão cristã da glória de DEUS na face de CRISTO deslumbra os olhos de todas as coisas aqui da terra. JESUS, para dar outras e maiores revelações de si e do seu evangelho para Saulo, tirou-lhe a visão de outras coisas, das quais ele tinha de desviar o olhar, para que visse JESUS e tão-somente Ele.
(3) Os companheiros de viagem de Saulo, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco (v. 8). Sabemos que Paulo ficou hospedado em uma casa de alguém da mesma cidade natal dele - Tarso - seu nome era Judas (Atos 9.11). Aquele que pensava conduzir os discípulos de JESUS prisioneiros e cativos para Jerusalém foi ele mesmo conduzido prisioneiro e cativo a JESUS para Damasco. Ele aprendeu que precisava da graça de JESUS para conduzir a sua alma (sendo naturalmente cego e passível de erro) em toda a verdade.
(4) Saulo fica sem ver (v. 9) e em jejum por três dias, pois não comeu, nem bebeu. Durante todo esse tempo ele esteve sofrendo os terrores de DEUS pelos seus pecados, que agora eram colocados em fila diante dele. Ele estava na escuridão concernente ao seu próprio estado espiritual. o jejum era a melhor opção para quem desejava se humilhar dinte de seu salvador - nem comida nem bebida experimentou por três dias. Sua comida agora era fazer a vontade de DEUS.
 
 
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 A conversão e o chamado de Saulo (9.1-30) - Comentário - NVI (FFBruce)
Saulo e seu chamado. A mensagem cristã estava se espalhando por toda a Palestina, e não muito tempo depois Pedro estaria pregando o evangelho na casa de um gentio, abrindo a porta do Reino para os incircuncisos, ou gentios. Nesse momento, o Senhor põe a mão sobre o inquisidor-mor, que, segundo os desígnios de DEUS, seria o apóstolo aos gentios. Anos passariam até que Barnabé e Saulo saíssem para o que foi chamado de “primeira viagem missionária”, mas DEUS comissionou o seu servo a tempo para que pudesse ser treinado em segredo antes de ser reconhecido como o apóstolo que completaria a obra ao mundo gentílico.
Muito tempo depois, Paulo falou da condução providencial de DEUS nele já a partir do seu nascimento (G1 1.15) para que, nascido hebreu, filho de pais hebreus, formado na melhor tradição do judaísmo e mesmo assim um cidadão de Tarso e do império, com trânsito completamente livre também com a cultura helenística, estivesse ele idealmente preparado para fazer a ponte entre o Oriente e o Ocidente, carregando a mensagem preparada e nutrida em Israel até os confins da terra. A sua rara dotação intelectual foi energizada por meio de um forte temperamento que não conhecia nada de meias-medidas. Como perseguidor, era terrível, mas, uma vez tendo se entregue a JESUS CRISTO, a sua lealdade foi absoluta, e o seu serviço, transbordante. Esse era um vaso escolhido de DEUS, o grande apóstolo mestre, comissionado pelo Senhor glorificado para marcar as linhas da estratégia missionária e para ser o mordomo principal do mistério de CRISTO e de sua igreja (Ef 2; 3; Cl 1.24—2.7; lTm 1.12-17; 2Tm 1.8-12; At 26.16-20).
Os relatos da conversão. Lucas destaca o apostolado de Paulo ao apresentar a história da sua conversão três vezes em Atos: aqui, como parte da história geral; em 22.3-16, como testemunho de Paulo diante dos judeus; em 26.9-10, como o elemento principal na sua defesa diante de Agripa II. Diferentes propósitos determinam as leves diferenças nos detalhes, principalmente devidas ao grau de condensação.
Uma extensão de perseguição é proposta (v. 1,2). Saulo respirava ameaças contra os nazarenos segundo a suposta maneira de dragões cuspidores de fogo (v. 1) e viu o perigo da propagação da “doença” entre os judeus da Dispersão, onde a influência do Sinédrio era mais fraca. Essa assembléia certamente tinha poderes extraterritoriais sobre as sinagogas no exterior, e a extradição de judeus para julgamento não era desconhecida. Em Damasco, cerca de 10 mil judeus se encontravam nas muitas sinagogas, e a notícia da presença de nazarenos entre eles tinha chegado a Jerusalém.
A raiva de Saulo era inflamada ainda mais profundamente pelos impulsos da sua consciência pesada, que é a única explicação para a expressão “resistir ao aguilhão” (26.14). Conversões como essa não são produzidas num vácuo psicológico. Acerca de outras referências à fé cristã como o Caminho, v. 18.26; 19.9; 22.4; 24.14,22.
 
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A Vida e a Época do Apóstolo Paulo
 - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - BALa A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no Novo Testamento, principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa narrativa envolvente, Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a vida do grande apóstolo dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca prováveis detalhes em suas pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o registro bíblico.
 
 
Início da Convicção de Saulo
Saulo enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército iria detê-la?
Seria realmente uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabinicos, não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza de que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que o grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS agarravam-se à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
 
O PONTO CRÍTICO
Embora estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta. Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde, segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240 quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a Igreja de CRISTO.
A região achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Elieser, o damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo. Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força. Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga, todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a idéia de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Haviam porém decidido manter-se fiéis a CRISTO não importando as conseqüências.
O meio-dia encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de esmeralda".

A Aparição de CRISTO
Ao descerem o monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor, veio subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era tanta que o sol pareceu enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e caíram por terra; alguns, de bruços para protegerem-se da luz, e outros com as mãos cobrindo os olhos, temendo aqueles raios. Outros foram derrubados por terra pelos cavalos assustados. Admirados, entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que houvera. Foi então que viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em que montara, mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas eles não viam o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe compreendiam as palavras. Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos estendidas à sua frente como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés.
Deitado no chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava: "Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões" (At 26.14).
Perturbado com todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a morte de Estêvão, temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?" (At 26.15).
"Eu sou JESUS, a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve mui claramente: "Eu sou JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De repente, brota-lhe na alma a terrível compreensão de que estava errado. De fato, toda a sua vida fora um erro.
O torvelinho que sentira, as perguntas que iam surgindo, a crescente convicção de que estivera lutando contra DEUS - todos esses pensamentos pairavam diante de si com súbita clareza e, de tal forma, que não podia mais suportá-los.
Todo o orgulho de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e toda a arrogância advinda de sua reputação como o principal perseguidor do Cristianismo desmoronaram enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua visão física lhe fora tirada para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava pensando nas palavras: "Por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os aguilhões".
Tais palavras eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas vezes o boi escoiceando o aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de obedecer a quem o dirigia e submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas varas que o dono usava para estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da vida de Saulo. Ele estivera fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil! Saíra para caçar os seguidores de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que estava sendo caçado por JESUS, a quem perseguia.
Sabia agora que era um assassino e descumprira o mandamento - Não matarás. Essa foi a grande crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face com o Messias, e viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: JESUS era o CRISTO. Estêvão era um Mártir.
Naquele momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução, maior do que qualquer outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa. Sua alma estava finalmente em paz.
A voz do céu era clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer" (At 9.6).

A Transformação
Tudo acabara em poucos instantes, mas foi a maior experiência de Saulo. Nela, pensaria até o dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o dominara, mudando-lhe por completo a vida. Nenhuma dúvida nem interrogação ser-lhe-iam possíveis a partir daquele instante. Pois não tivera uma simples visão de JESUS; fora, de fato, uma aparição do CRISTO, não mais com a glória velada, como nos dias de seu ministério terreno, mas com tamanha plenitude de glória que o homem não podia suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria disso mais tarde como a última das aparições de JESUS aos seus seguidores após a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma experiência no Monte Sinai, quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe como um fogo devorador. Foi isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o ministério. Essa foi também a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da Transfiguração. Foi o que João viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí a seus pés como morto" (Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida uma entrevista com o CRISTO ressurreto.
Posteriormente, alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando que ele jamais vira o Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que recebera a sua comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim (At 26.16-18).
Quando seus companheiros, já recuperados dos efeitos da visão, foram ajudá-lo a pôr-se em pé, descobriram que ele estava cego, por isso tiveram de conduzi-lo pela mão à cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido um orgulhoso fariseu, cavalgando com pompa e autoridade, cheio de indignação e soberba. Mas, num momento, foi transformado num servo trêmulo, que tateava, humilde e quebrantado, agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu destino. Ao chegar a Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua chamada Direita, e pediu que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar e privacidade para jejuar por três dias.
Já afastado do mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente ordenar seus pensamentos. Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu nem bebeu durante três dias. Agora, absorvido em seus pensamentos, todo o passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo do pai ao educá-lo como fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de como as palavras dos rabino gamaliel haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do Templo e de todas as suas belas e agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se das multidões dos adoradores entregando os sacrifícios aos sacerdotes.
Agora, porém, nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera e fora crucificado exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida de Saulo parecia estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando contra DEUS. Cego por seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia, ei-lo quebrantado aos pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força dessa colisão com o CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o Sinédrio haviam cometido um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém, terminaram; o futuro devia ser ocupado na proclamação dessas grandes descobertas.
Quando prendia os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança e ira. Era o inimigo mortal deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não havia vingança nem ira. Se em seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor o levantou e dele tomou posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde orar pelos inimigos mesmo quando as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO, encontrou uma paz até então desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo, jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das estranhas experiências que tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado Ananias, vinha vê-lo a fim de lhe restaurar a visão.

As Visões de Saulo e Ananias
Nessa mesma ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse Saulo.
Alguns diziam que Saulo tinha ido a Damasco inclusive para prender Ananias, pois os nazarenos haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa visão, o Senhor ordenou a Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando, e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco tinham medo de Saulo por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além disso, haviam sido informados que ele estava na cidade a fim de que, como representante do sumo sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e os conduzisse a Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os livrasse? Quando chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a DEUS. Era a resposta à sua oração.
Mas, agora, ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos de Israel" (At 9.15).
Sem mais duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou por Saulo, o rabino de Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com o jovem e terrível fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito que se desenrolava em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois havia atravessado águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem como nunca pensara ser possível.
Ananias atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão sobre a sua cabeça, disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o chamara de "irmão"! E pensar que ele, Saulo, viera justamente prender um homem como esse que, agora, estendia-lhe a destra da comunhão! Dissipadas as trevas, Saulo vê o homem que o procurara como mensageiro de DEUS.
Ele acabara de receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada de Damasco. Como não render-se ao CRISTO? Por um momento, Saulo duvida: como ser perdoado pela perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz de Ananias lhe dá plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que o batismo era o sinal nazareno do arrependimento. Era uma forma de mostrar publicamente que havia mudado, invocando o nome daquEle a quem antes odiara, porém agora, além deste batismo nas águas, recebe o batismo no ESPÍRITO SANTO, fato totalmente desconhecido para ele (cheio do ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia dúvida em seu coração. Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora uma criança, confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de JESUS e invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A seguir, Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.

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Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
Um touro indomável
A conversão de Paulo foi a mais importante da história. Talvez nenhum fato seja mais marcante na história da igreja depois do Pentecostes. Nenhum homem exerceu tanta influência no cristianismo. Nenhum homem foi tão notório na história da humanidade. Lucas ficou tão impressionado com a importância da conversão de Paulo que ele a relata três vezes em Atos (Atos 9, 22, 26). Destacamos alguns pontos sobre a conversão de Paulo.
Paulo não se converteu; ele foi convertido
A causa da conversão de Paulo foi a graça soberana de DEUS. Ele não se decidiu por CRISTO; estava perseguindo CRISTO. Na verdade, foi CRISTO quem se decidiu por ele.
Paulo estava caçando os cristãos para prendê-los, e CRISTO estava caçando Paulo para salvá-lo (Atos 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a JESUS; era JESUS quem estava buscando a Paulo. A salvação de Paulo não foi iniciativa dele; foi iniciativa de JESUS. Não foi Paulo quem clamou por JESUS; foi JESUS quem chamou pelo nome de Paulo. A salvação é obra exclusiva de DEUS. Não é o homem que se reconcilia com DEUS; é DEUS quem está em CRISTO reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
Paulo não é salvo por seus méritos; ele era uma fera selvagem, um perseguidor implacável, um assassino insensível. Seus predicados religiosos, nos quais confiava (circuncidado, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim), ele considerou como esterco (Fp 3.8, ARC). A nossa justiça aos olhos de DEUS não passa de trapo de imundícia (Is 64.6).
Paulo era um touro bravo que resistiu aos aguilhões
A conversão de Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De acordo com a própria narrativa de Paulo, JESUS lhe disse: “... Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). JESUS comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo, a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo.
DEUS já estava trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco. Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os aguilhões (Atos 26.14). JESUS já estava ferroando sua consciência quando ele viu Estêvão sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para perdoar seus algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo.
JESUS estava ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os cristãos e dava seu voto para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse boi selvagem não amansou com as ferroadas, JESUS apareceu a ele, o derrubou ao chão e o subjugou totalmente no caminho de Damasco. Isso nos prova que a eleição de DEUS é incondicional, que a graça de DEUS é irresistível, e que seu chamado é irrecusável. Paulo precisou ser jogado ao chão e ficar cego para se converter. Nabucodonosor precisou ir para o campo comer capim com os animais para se dobrar. Até quando você vai resistir à voz do ESPÍRITO de DEUS?
A conversão de Paulo no caminho de Damasco era o clímax repentino de um longo processo em que o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço. Curvou-se a dura cerviz autossuficiente. O touro estava domado.
Paulo era um intelectual que resistiu à lógica divina (Atos 9.4-8)
Se a conversão de Paulo não foi repentina, também não foi compulsiva. CRISTO falou com ele em vez de esmagá-lo. CRISTO o jogou ao chão, mas não violentou sua personalidade. Sua conversão não foi um transe hipnótico. JESUS apelou para sua razão e para seu entendimento.
JESUS perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Paulo respondeu: “Quem és tu, Senhor?”. JESUS respondeu: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues”. JESUS ordenou: “Mas levanta-te”, e Paulo prontamente obedeceu! A resposta e a obediência de Paulo foram racionais, conscientes e livres.
A soberania de DEUS não anula a responsabilidade humana. JESUS picou a mente e a consciência de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se revelou através da luz e da voz, não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A graça de DEUS não aprisiona. É o pecado que prende. A graça liberta!
Paulo foi um homem completamente transformado (Atos 9.3-20)
Destacamos três fatos benditos sobre essa súbita conversão de Paulo:
Em primeiro lugar, uma gloriosa manifestação de JESUS (Atos 9.3-6). Três coisas aconteceram a Paulo:
Paulo viu uma luz (Atos 22.6,11). Subitamente, uma grande luz do céu brilhou ao seu redor. Aquilo não foi uma miragem, um êxtase, uma visão subjetiva. Foi uma grande luz do céu tão forte que lhe abriu os olhos da alma e tirou-lhe a visão física. Ele ficou cego por causa do fulgor daquela luz (Atos 22.11). Não foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas o próprio JESUS (Atos 9.17). Aquela luz era a glória do próprio Filho de DEUS ressurreto.
Paulo caiu por terra (Atos 22.7). O touro furioso, selvagem e indomável estava subjugado. Aquele que prendia estava preso. Aquele que encerrava em prisão estava dominado. Aquele que se achava detentor de todo o poder para perseguir estava prostrado ao chão, impotente. O Senhor quebrou todas as suas resistências.
Paulo ouviu uma voz (Atos 22.7). O mesmo JESUS que ferroara sua consciência com aguilhões troveja, agora, aos seus ouvidos, desde o céu: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). A voz do Senhor é poderosa. Ela despede chamas de fogo. Faz tremer o deserto. É irresistível. Paulo então perguntou: “... quem és tu, Senhor? Ao que JESUS respondeu: “... Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos 22.8). O mesmo Paulo que perseguia a JESUS (Atos 26.9) chama, agora, JESUS de Senhor. Ele se curva. Ele se prostra. O boi selvagem foi subjugado! Não há salvação sem que o pecador se renda aos pés do Senhor JESUS.
Em segundo lugar, uma humilde entrega de Paulo (Atos 22.8,10). Três coisas devem ser destacadas:
Paulo reconhece que JESUS é o Senhor (Atos 22.8). Aquele a quem ele resistira e perseguira é de fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou dentre os mortos. Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de DEUS. Aquela luz brilhou na sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos seus olhos espirituais (2Co 3.16).
Paulo reconhece que épecador (Atos 22.8). Paulo toma conhecimento de que seu zelo religioso não agradava a DEUS. Na verdade, estava perseguindo o próprio Filho de DEUS. Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores. Reconhece que está perdido e precisa da salvação.
Paulo reconhece que precisa ser guiado pelo Senhor (Atos 22.10). A autossuficiência de Paulo acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “... que farei, Senhor?...” (Atos 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a obedecer. Ele que esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho e bravura, como um autoconfiante adversário de CRISTO, estava sendo guiado por outros, humilhado e cego, capturado pelo CRISTO a quem se opunha. O Senhor ressurreto aparecera a ele. A luz que viu era a glória de CRISTO, e a voz que ouviu era a voz de CRISTO. CRISTO o capturou antes que ele pudesse capturar qualquer crente em Damasco.
Em terceiro lugar, uma evidência incontestável da conversão de Paulo (Atos 9.10-20). Três verdades nos provam essa tese:
Paulo evidencia sua conversão pela vida de oração (Atos 9.10,11). A prova que DEUS deu a Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um perseguidor, é que ele estava orando. Quem nasce de novo tem prazer de clamar “Aba Pai”. Quem é salvo tem prazer na comunhão com o Pai. Paulo é convertido e logo começa a orar!
Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do ESPÍRITO SANTO (Atos 9.17). Ananias impõe as mãos sobre ele, e ele recebe o ESPÍRITO e fica cheio do ESPÍRITO SANTO. Charles Spurgeon disse que é mais fácil você convencer um leão a ser vegetariano do que uma pessoa ser convertida sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do batismo (Atos 9.18). Não é o batismo que salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um testemunho da salvação. Uma pessoa que crê precisa ser batizada e integrada na igreja. Ananias chamou Paulo de irmão. Ele entrou para a família de DEUS.
 
Capítulo 04 - Uma pedra bruta lapidada
Depois de convertido, logo Paulo se transforma em pregador do evangelho. Em vez de perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de tapar a boca dos cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS. Destaco três mudanças radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de sua conversão:
Em primeiro lugar, de agente de morte a pregador do evangelho. Paulo tornou-se um embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente após sua conversão (Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o evangelho aos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com saúde ou doente. Pregou nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas praças, na praia, no navio, nos salões governamentais, nas escolas. Paulo pregou com senso de urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele pregava não apenas usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do ESPÍRITO e de poder (1Co 2.4; lTs 1.5).
Em segundo lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas. DEUS encorajou Ananias a ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as seguintes palavras: “... Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos 9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o maior evangelista, o maior missionário, o maior pastor, o maior pregador, o maior teólogo e o maior plantador de igrejas da história do cristianismo. Ele plantou igrejas na região da Galácia, nas províncias da Macedônia, Acaia e Asia Menor. Não apenas plantou igrejas, mas pastoreou-as com intenso zelo, com profundo amor e com grave senso de responsabilidade. Pesava sobre ele a preocupação com todas as igrejas (2Co 11.28).
Em terceiro lugar, de receptor de cartas para prender e matar a escritor de cartas para abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos cristãos, Paulo pedia cartas para prender, amarrar e matar os crentes (Atos 9.2,14). Mas, depois de convertido, ele escreve cartas para abençoar. Paulo foi o maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas. Suas cartas são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na história da humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões de crentes em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão que alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo ESPÍRITO SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os dias!
Vejamos, agora, como DEUS trabalhou na vida de Paulo até transformá-lo no apóstolo que foi. Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e radical, seu amadurecimento foi progressivo.
Pregando em Damasco
Logo após ser curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o ESPÍRITO, Paulo começou a pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de DEUS (Atos 9.20). Sua pregação consistia apenas numa declaração de que aquele a quem ele perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação causou espanto nos damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador dos que invocavam o nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o Filho de DEUS (Atos 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o CRISTO (Atos 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio da afirmação para o segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos responde, mas encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos, mas rumou para as regiões da Arábia, onde permaneceu três anos, fazendo um seminário intensivo com o próprio Senhor JESUS. O próprio Paulo registra esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois de passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo Testamento, ele descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17).
Pregação mais precisa em Damasco
Ao voltar das regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora, não apenas afirma, mas demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido (Atos 9.22).
Em vez de sua pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo contrário, severa
resistência. Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto muralha abaixo para salvar a vida. Depois de três anos de sua conversão, de Damasco ele vai a Jerusalém (Gl 1.18).
Rejeição e acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa. Os discípulos não acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele estava blefando e armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa rejeição, possivelmente, foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda nos albores da sua caminhada. Estava colhendo os frutos de sua semeadura. Eis o relato de Lucas: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou [Paulo] juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o filho da consolação, viu Paulo com outros olhos. Acreditou nele e investiu em sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos 9.27). Barnabé foi o instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na comunidade cristã de Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé que agora pregava (Gl 1.23).
Uma exagerada confiança em si mesmo
Uma vez acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta fúria os cristãos, Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela, a fim de pregar aos judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa desenvoltura não alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui Paulo ainda estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu ministério. Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o relato de Lucas: “Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso nessa mesma cidade de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não foi apenas rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra pelo próprio DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz: “Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos 22.17,18).
Em vez de DEUS mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de mudar e sair da cidade. Paulo não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a discutir com DEUS. Pensa que DEUS está cometendo um erro estratégico ao tirá-lo desse campo. Ele pensa ser o homem certo para essa empreitada. Mas DEUS não cede; é Paulo que tem de arrumar as malas e ir embora. Vejamos a argumentação de Paulo com DEUS: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam. Mas ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios” (Atos 22.19-21). Como Paulo reluta em sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (Atos 9.30).
O jovem Paulo sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma as malas e vai embora de Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se resolvem: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do ESPÍRITO SANTO, crescia em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o orgulho de um pastor do que sair da igreja e ver que após sua saída todos os problemas dela se resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali ficou não pouco tempo no anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse longo período de sua vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos sonhos, e nutrindo na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está, agora, sozinho, esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na verdade, DEUS está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Vida com DEUS precede trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é fazer a obra de DEUS, mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais importante do que a obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na obra não vinha dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga aliança para a nova aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e nada, de DEUS; na nova aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se quisermos fazer a obra de DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos. Se dependermos apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de treinamento. O deserto é a escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina seus líderes mais importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não é um acidente em nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva para o deserto. Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do palco. Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção. DEUS nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar. O deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS não tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com 30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser liderado antes de poder liderar
A evangelização do mundo estava a todo vapor, e isso sem a contribuição de Paulo. Não há pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas cooperadores, e não os agentes da obra. O evangelho chegou a Antioquia, a terceira maior cidade do mundo daquela época. A igreja de Jerusalém enviou para lá o mesmo Barnabé que havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao chegar ali, alegrou-se ao ver a obra de DEUS prosperando e lembrou-se de Paulo. Foi atrás dele e o buscou para engrossar fileiras no ministério da evangelização e do ensino naquela cidade metropolitana.
Durante um ano, eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A igreja era multicultural e multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava e jejuava. Foi nesse tempo que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo para a grande obra missionária, enviando-os para uma viagem missionária transcultural. É digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo, e não Paulo e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele precisava aprender a ser liderado antes de poder liderar. Ele precisava estar sob a autoridade de alguém antes de poder exercer autoridade sobre alguém. Ele precisava aprender a ser reserva antes de ocupar o lugar de titular.
Mais uma vez, estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando na vida de Paulo, ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si mesmo. DEUS estava esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa pedra, aparando suas arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta, possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a Paulo em sua trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O mesmo apóstolo compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua segunda carta aos Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma vida vitoriosa: otimismo indestrutível, sucesso constante, impacto inesquecível, integridade irrefutável e realidade inegável (2Co 2.14-17; 3.1-3). Contudo, a grande questão é: “... Quem, porém, é suficiente para estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo no capítulo seguinte, quando escreve: “... a nossa suficiência vem de DEUS” (2Co 3.5). Só depois de aprender esse princípio, Paulo está pronto para ser o grande líder, o grande missionário, o homem poderosamente usado nas mãos de DEUS para levar o evangelho aos mais distantes rincões do mundo.
 
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SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 3 - CPAD - Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
 
 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Ao se encontrar com JESUS CRISTO no caminho para Damasco, Saulo teve a sua vida completamente regenerada. A sua faculdade intelectual foi regenerada, pois seu encontro com o Senhor trouxe-lhe luz à mente. Sua faculdade emocional foi afetada, pois ao longo da vida do apóstolo, vemos sua profunda tristeza em perseguir seus irmãos em CRISTO. E, finalmente, a faculdade de sua vontade foi tocada.
O apóstolo desejava apenas desgastar-se e deixar-se gastar pela causa do Evangelho. Assim, nada mais teria sentido para Paulo, senão, o de pregar o CRISTO Crucificado.
Que o ESPÍRITO SANTO possa tocar nas faculdades intelectual, emocional e da vontade dos nossos alunos. Ore por isso. Clame por essa obra do céu.
 

PONTO CENTRAL - JESUS nos salva por meio da graça e nós respondemos com arrependimento e fé.
 
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - JESUS teve a iniciativa de transformar Saulo. Essa conversão se deu pelo impacto de uma experiência sobrenatural.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A conversão do homem começa no arrependimento e perpassa a transformação pessoal.
SÍNTESE DO TÓPICO III - As três faculdades interiores transformadas na conversão são a intelectual, a das emoções e a da vontade.
 
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO TOP1
Para introduzir esta lição, fale um pouco do processo de conversão como a obra de salvação que DEUS efetua no ser humano. Se Ele nos salva por graça mediante a fé, nós respondemos a essa graça com arrependimento e fé. Nesse sentido, com o auxílio da lousa, relacione as etapas em que essa obra é efetuada por DEUS e no homem.
 
De DEUSNo homem
Ele regeneraNa faculdade intelectual
Ele justificaNa faculdade emocional
Ele santificaNa faculdade da vontade
 

CONHEÇA MAIS TOP2
*Sobre a conversão de Saulo
“Os versículos 3-9 [Atos 9] registram a conversão de Paulo fora da cidade de Damasco (cf. 22.3-16; 26.9-18). Que sua conversão ocorreu nessa ocasião, e não posteriormente na casa de Judas (v.11), fica claro à luz do seguinte: (1) Ele obedece às ordens de CRISTO [...]; Paulo é chamado ‘Irmão Saulo’ por Ananias [...].” Para ler mais, consulte a “Bíblia de Estudo Pentecostal”, editada pela CPAD, pp.1648-49.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP2
“A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para DEUS (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em JESUS CRISTO como seu Senhor e Salvador [...]. A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a JESUS CRISTO (2 Co 5.17; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado [...], e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a DEUS e de seguir a direção do ESPÍRITO (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1 Jo 2.29), ama aos demais crentes (1 Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1 Jo 3.9; 5.18) e não ama o mundo (1 Jo 2.15,16)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1576).


SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP3
“A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24) efetuadas por DEUS e o ESPÍRITO SANTO (3.6 [João]). Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio DEUS é outorgada ao crente (3.16; 2 Pe1.4; 1 Jo 5.11), e este se torna um filho de DEUS (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2 Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo DEUS ‘em verdadeira justiça e santidade’ (Ef 4.24). A regeneração é necessária porque, à parte de CRISTO, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a DEUS e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1 Co 2.14)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1576).
 
 
PARA REFLETIR - A respeito de “A Conversão de Saulo de Tarso”, responda:
O que Lucas narra em Atos 9.3? Em Atos 9.3, Lucas narra a impactante experiência sobrenatural de Saulo no caminho para Damasco.
Qual é o ponto de partida da salvação de todos os homens? O ponto de partida da experiência de salvação de todos os homens é a graça de DEUS.
O que significa “arrepender-se”? A palavra “arrepender-se” no grego bíblico é “metanoeõ”, que significa “pensar de maneira diferente; sentir remorso”, uma disposição interior para mudar.
O que é a verdadeira conversão? A verdadeira conversão é a que nasce da tristeza para com o pecado e o reconhecimento de que o homem precisa “dar meia volta” para DEUS. É uma mudança que tem raízes na obra regeneradora do ESPÍRITO SANTO efetuada na vida do pecador.
Quais as três faculdades interiores que são transformadas na conversão? A faculdade intelectual, a das emoções e a da vontade.

CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 87, p. 37.