Lição 11, O Reinado de Ezequias
Lições Bíblicas - 3º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos Tema: O Plano de DEUS para Israel em meio à Infidelidade da Nação, As Correções e os Ensinamentos Divinos no Período dos Reis de IsraelComentário: Pr. Claiton Pommerening
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Pr. Henrique TEXTO ÁUREO
“No SENHOR, DEUS de Israel, confiou, de maneira que, depois dele, não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.” (2 Rs 18.5) VERDADE PRÁTICA
DEUS sempre ouve e guarda os sinceros de coração, que o obedecem e procuram agradá-Lo. DEUS sempre ouve e guarda os sinceros de coração, que o obedecem e procuram agradá-Lo.
Lição 11, O Reinado de Ezequias LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Ts 4.1 Viver para obedecer e agradar a DEUS deve ser o objetivo de vida de todo cristão
Terça - Mt 28.20 O Senhor prometeu estar com os seus até o fim dos tempos
Quarta - Sl 9.10 Quem conhece DEUS sabe que Ele jamais abandona quem o busca
Quinta - Is 26.3 Quem está com o pensamento firme em DEUS é guardado por Ele
Sexta - 2 Sm 22.31 O Senhor é escudo para os que nEle confiam
Sábado - Is 41.10 DEUS sustenta os seus filhos com sua mão
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Reis 18.1-3,13,28,29; 19.1,5-7,15,16,20,21
2 Reis 18
1 - E sucedeu que, no terceiro ano de Oseias, filho de Elá, rei de Israel, começou a reinar Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá. 2 - Tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar e vinte e nove anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abi, filha de Zacarias. 3 - E fez o que era reto aos olhos do SENHOR, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai.
13 - Porém, no ano décimo quarto do rei Ezequias subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortes de Judá e as tomou.
28 - Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e falou, e disse: Ouvi a palavra do grande rei, do rei da Assíria. 29 - Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar da sua mão;
2 Reis 19
1 - E aconteceu que Ezequias, tendo-o ouvido, rasgou as suas vestes, e se cobriu de pano de saco, e entrou na Casa do SENHOR.
5 - E os servos do rei Ezequias vieram a Isaías. 6 - E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o SENHOR: Não temas as palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram. 7 - Eis que meterei nele um espírito e ele ouvirá um ruído e voltará para a sua terra; à espada o farei cair na sua terra.
15 - E orou Ezequias perante o SENHOR e disse: Ó SENHOR, DEUS de Israel, que habitas entre os querubins, tu mesmo, só tu és DEUS de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra. 16 - Inclina, SENHOR, o teu ouvido e ouve; abre, SENHOR, os teus olhos e olha: e ouve as palavras de Senaqueribe, que ele enviou para afrontar o DEUS vivo.
20 - Então, Isaías, filho de Amoz, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o SENHOR, DEUS de Israel: O que me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria, eu o ouvi. 21 - Esta é a palavra que o SENHOR falou dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.
COMENTÁRIOS BEP - CPAD 2 Reis 18.5 NO SENHOR... CONFIOU. Trata-se do rei Ezequias. Depois de relatar a queda de Samaria e do Reino do Norte, o escritor volta à história de Judá (o Reino do Sul), partindo do reinado do bom rei Ezequias. Ele foi um dos melhores reis de Judá, por causa da sua confiança em DEUS e sua dependência dEle. Ezequias confiava plenamente no Senhor, guardava seus mandamentos (vv. 3-6) e exortava o povo a desviar-se do pecado e a voltar-se para DEUS (2 Cr 30.6-9). No começo do seu reino, reparou e purificou a casa do Senhor, reintegrou os sacerdotes e levitas ao seu ministério, e restaurou a celebração da festa da Páscoa (2 Cr 29.3; 30.5). Procurou, com todo empenho, destruir todos os altares e altos idólatras em Judá (v. 4). Ver caps. 19,20; 2 Cr 29-32 e Is 36-39 para mais detalhes do reinado de Ezequias.
18.7 E SE REVOLTOU CONTRA O REI DA ASSÍRIA. Nesse período da história de Judá, o Reino do Sul também caiu sob o domínio da Assíria, sendo-lhe exigido pagar um tributo anual. Ezequias coligou-se a uma conspiração internacional contra a Assíria e recusou-se a continuar pagando tributo. O resultado dessa tentativa de independência está registrado em 18.13-19.37.
18.13 CIDADES FORTES DE JUDÁ E AS TOMOU. Em 701 a.C., o rei Senaqueribe da Assíria, reagiu à rebelião de Judá, com a captura de muitas das suas cidades importantes. Seus anais indicam que ele tomou quarenta e seis cidades muradas de Judá. Ezequias, não vendo qualquer solução, caso continuasse a resistir, submeteu-se a Senaqueribe, apresentou desculpas e esvasiou o tesouro nacional de Judá, a fim de pagar a multa sobre o tributo, imposta pela Assíria (v. 14-16).
18.30 NEM TAMPOUCO VOS FAÇA EZEQUIAS CONFIAR NO SENHOR. Por alguma razão não esclarecida, o rei Senaqueribe da Assíria voltou a invadir Judá, à frente de um grande exército e sitiou Jerusalém (v. 17). Os generais assírios procuraram intimidar Ezequias e toda Jerusalém, menosprezando o Senhor DEUS e zombando da confiança que o povo tinha nEle. Essa blasfêmia contra DEUS resultou numa intervenção do anjo do Senhor, na qual foram mortos 185.000 soldados do exército de Senaqueribe, e Judá foi liberto (19.6-37; 2 Cr 32.21,22; Is 37.14-20,33-38). 2 Reis 19.1 EZEQUIAS... ENTROU NA CASA DO SENHOR. Ezequias tinha grande confiança em DEUS (18.5). Enfrentando a ameaça dos assírios (18.17-37) e, indignado com a zombaria do rei assírio contra o Senhor (18.30-35), buscou a DEUS e rogou a Isaías que orasse por Jerusalém e pelo remanescente do povo de DEUS (vv. 2-4).
19.15 E OROU EZEQUIAS. Ezequias tomou a carta atrevida de Senaqueribe, exigindo a rendição de Jerusalém, abriu-a diante do Senhor e orou fervorosamente. Quando as aflições atingirem nossa vida e as circunstâncias parecerem incontroláveis, devemos fazer exatamente como Ezequias entrar na presença de DEUS, em oração fervorosa e confiante. DEUS tem prometido que livrará os seus das mãos dos inimigos e que não permitirá que aconteça nada fora da sua vontade (Mt 6.25-34). Permanecendo em DEUS, com fé e confiança, teremos sua paz como guarda dos nossos corações e mentes (Fp 4.6,7).
19.19 ASSIM, SABERÃO TODOS... QUE SÓ TU ÉS O SENHOR DEUS. A oração de Ezequias, para que prevaleça a glória de DEUS e que seus caminhos e propósitos na história sejam conservados, manifesta o mais alto desejo de todos os que amam o Senhor. Assim também Moisés (Êx 32.12; Nm 14.13-16; Dt 9.26-29) e Davi (Sl 59.13; 83.18) expressaram esse mesmo desejo nas suas orações. Nós, como crentes, devemos nos identificar com DEUS, de tal maneira que nosso interesse principal seja preservar a sua reputação e honra (cf. Jo 17.4-6). Nossa petição principal deve ser: "Santificado seja o teu nome" (Mt 6.9).
19.35 O ANJO DO SENHOR. Esse livramento milagroso de Judá, dos assírios, é um dos grandes casos de livramento, da história do AT, e é registrado nada menos que três vezes nas Escrituras (vv. 35,36; 2 Cr 32.21,22; Is 37.36). O reino mais poderoso da terra lutava contra a pequenina nação de Judá. Quando a derrota parecia inevitável, DEUS interveio e livrou o seu povo. Na sua misericórdia, DEUS manifestou a sua disposição de renovar o concerto e ser o DEUS protetor de Judá, se o povo pusesse nEle a sua confiança.
PONTO CENTRAL - Somos honrados pelo Senhor sempre que permanecemos fiéis e tementes a Ele.
RESUMO DA Lição 11, O Reinado de Ezequias
I – O JUSTO REINADO DE EZEQUIAS
1. Um rei reformista. 2. A purificação dos lugares sagrados. 3. A adoração nacional. II – SENAQUERIBE INVADE JUDÁ
1. As ameaças de Senaqueribe. 2. O temor do rei Ezequias. III – A ORAÇÃO DO REI E O LIVRAMENTO DO SENHOR
1. A oração confiante de Ezequias. 2. DEUS conforta o rei.
INTRODUÇÃO O rei Ezequias Reparou e purificou a casa do Senhor, reintegrou os sacerdotes e levitas ao seu ministério, e restaurou a celebração da festa da Páscoa (2 Cr 29.3; 30.5). Procurou, com todo empenho destruir todos os altares e altos idólatras em Judá. Foi um dos três melhores reis de Judá. O rei Ezequias ora a DEUS e pede ajuda para derrotar os exércitos Assírios comandados por Senaqueribe. O rei Ezequias deixa a prudência e revela segredos para babilônios que mais tarde voltarão e invadirão Judá e os levarão cativos para a Babilônia. O rei Ezequias se humilha e pede mais tempo de vida a DEUS depois de receber ultimato e declaração de morte. O rei Ezequias só tem filho após receber decreto de morte por parte de DEUS, através do profeta Isaías. Seu filho começa a reinar com 12 anos, ou seja, nasceu 3 anos após o rei Ezquias receber ordem de DEUS para ordenar sua casa. ele precisava de um filho para continuar a linhagem de Davi. Em sua humilhação diante de DEUS lhe foi concedido 15 anos de vida a mais, após decreto de sua morte. Quando o profeta tinha condenado Efraim por mentiras e fraude, ele se conformou com isto, que Judá ainda “dominava com DEUS e com o SANTO estava fiel” (Os 11.12). Foi uma visão melancólica a que o último capítulo nos deu das desolações de Israel. Mas esse capítulo nos mostra os negócios de Judá em uma boa situação na mesma época, para que fique claro que DEUS não rejeitou completamente a semente de Abraão (Rm 11.1). Ezequias agora está no trono: I. Reformando o seu reino (vv. 1-6). II. Prosperando em todos os seus empreendimentos (vv. 7,8), e isso ao mesmo tempo em que as dez tribos foram levadas cativas (vv. 9-12). III. Mas invadido por Senaqueribe, o rei da Assíria (v. 13). 1. Seu país foi submetido a tributo (vv. 14-16). 2. Jerusalém foi cercada (v. 17). 3. DEUS foi blasfemado, ele mesmo ultrajado, e seu povo solicitado a se revoltar, em um discurso virulento de Rabsaqué (vv. 18-37). Mas como isso terminou bem, e quanto para a honra e o conforto de nosso grande reformador (Rei Ezequias) nós encontramos no capítulo 19, a seguir. Nós lemos sobre a grande aflição de Jerusalém no capítulo 18, e a deixamos sitiada, insultada, ameaçada, apavorada, e realmente pronta para ser engolida pelo exército assírio. Mas neste capítulo, temos um registro de sua gloriosa libertação, não pela espada ou pelo arco, mas pela oração e pela profecia, e pela mão de um anjo. I. Ezequias, com grande preocupação, enviou seus servos ao profeta Isaías para pedir suas orações (vv. 1-5) e recebeu dele uma resposta de paz (vv. 6,7). II. Senaqueribe enviou uma carta a Ezequias para amedrontá-lo e fazê-lo se render (vv. 8-13). III. Ezequias, com uma solene oração, recomendou imediatamente o seu caso a DEUS, o justo juiz, e lhe implorou ajuda (vv. 14-19). IV. DEUS, por meio de Isaías, enviou-lhe uma mensagem muito confortadora, assegurando-lhe da libertação (vv. 20-34). V. O exército dos assírios foi liquidado por um anjo e Senaqueribe foi assassinado por seus próprios filhos (vv. 35-37). E assim DEUS glorificou-se e salvou o seu povo. _____________________________________________________ Chizqiyah ou חזקיהו Chizqiyahuw também יחזקיה Y ̂echizqiyah ou יחזקיהו Y ̂echizqiyahuw
Ezequias = “Javé é a minha força”
décimo-segundo rei de Judá, filho de Acaz e Abia; um bom rei por ter servido a Javé e ter eliminado as práticas idólatras
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT - 2 Reis 18 e 19 2 Reis 18:1-8
Ezequias Está no Trono e Prosperando em todos os seus Empreendimentos
Aqui nós temos um registro geral do reinado de Ezequias. Parece, comparando sua idade com a de seu pai, que ele nasceu quando seu pai tinha onze ou doze anos de idade, a divina Providência assim ordenando que ele pudesse estar em plena idade, e apto para os negócios, quando a medida da iniqüidade de seu pai estivesse cheia. Aqui temos:
I
Sua grande piedade, que foi mais maravilhosa porque seu pai foi muito ímpio e vil, um dos piores reis, mas ele foi um dos melhores, o que pode nos indicar que o bem que houver em alguém não vem da natureza, mas da graça, da livre graça, da graça soberana, a qual, contrária à natureza, enxerta na boa oliveira aquela que era selvagem por natureza (Rm 11.24), e também aquela graça domina as maiores dificuldades e desvantagens: Acaz, é provável, deu a seu filho tanto uma má educação quanto um mau exemplo. Talvez Urias, seu sacerdote, fora seu tutor. Seus servos e companheiros, podemos supor, eram devotados à idolatria. E mesmo assim Ezequias se tornou notavelmente bom. Quando a graça de DEUS trabalha, o que pode impedi-la?
1. Ele era um genuíno filho de Davi, que teve uns muito degenerados (v. 3): Ele fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai, com quem foi feita a aliança, e por essa razão ele deveria ter o benefício dela. Nós temos lido de alguns deles que fizeram o que era reto, ainda que não como Davi (14.3). Eles não amaram as ordenanças de DEUS, nem se apegaram a elas como ele fez. Mas Ezequias foi um segundo Davi, teve tal amor pela palavra de DEUS, e pela casa de DEUS, como Davi teve. Que nós não nos amedrontemos com um receio da contínua decadência da virtude, como se, quando os tempos e os homens forem maus, devem, necessariamente, ir de mal a pior. Isso não procede, pois, depois de muitos reis maus, DEUS levantou um que era como o próprio Davi.
2. Ele foi um zeloso reformador do seu reino, e como nós encontramos em 2 Crônicas 29.3, ele começou cedo, começou a trabalhar assim que assumiu a coroa e não perdeu tempo. Ele encontrou seu reino muito corrompido, e o povo, muito supersticioso em todas as coisas. Eles tinham sempre sido assim, mas no último reinado, tinham sido piores do que nunca. Pela influência dos pais iníquos deles, um dilúvio de idolatria tinha se espalhado pela terra. Seu espírito ficou agitado contra essa idolatria, podemos supor (como Paulo em Atenas), enquanto seu pai viveu, e por essa razão, assim que teve o poder em suas mãos, ele mesmo se pôs a abolir a idolatria (v. 4), embora, considerando como as pessoas estavam unidas a ela, não pensasse que isso pudesse ser feito sem oposição. (1) As imagens e os bosques eram evidentemente idolátricos e de origem pagã. A esses ele quebrou e destruiu. Embora seu próprio pai os tivesse estabelecido, e mostrado afeto por eles, ele ainda não os protegeria. Nós jamais devemos desonrar a DEUS para honrar nossos pais terrenos. (2) Os lugares altos, embora tivessem sido usados às vezes pelos profetas, em ocasiões especiais, e tivessem sido até aqui tolerados pelos bons reis, eram, apesar disso, uma afronta ao templo e uma transgressão da lei que exigia que adorassem apenas nele, e, estando longe da inspeção dos sacerdotes, deram oportunidade para a introdução de costumes idolátricos. Por essa razão, Ezequias, que fez da palavra de DEUS a sua regra, e não seguiu o exemplo de seus predecessores, os removeu, estipulou uma lei, que foi executada com vigor, para a remoção deles, a demolição das capelas, dos tabernáculos e altares ali erigidos, e a supressão do uso deles. E é provável que os terríveis castigos sob os quais o reino de Israel agora estava por causa da sua idolatria, fizeram que Ezequias ficasse mais zeloso e o povo mais propenso a concordar com ele. É bom quando os males de nosso próximo são nossas advertências. (3) A serpente de bronze foi originalmente uma instituição divina, mas, porque ela tinha servido de incentivo à idolatria, ele a fez em pedaços. Os filhos de Israel a tinham trazido com eles para Canaã. Não somos informados onde eles a colocaram, mas, parece que ela foi cuidadosamente preservada como um memorial da bondade de DEUS para com os seus pais no deserto e uma evidência tradicional da verdade daquela história (Nm 21.9), para o encorajamento dos doentes para pedirem a cura a DEUS, e dos pecadores arrependidos para lhe pedirem a misericórdia. Mas ao longo do tempo, quando eles começaram a adorar a criatura mais do que o Criador, aqueles que não adoravam imagens emprestadas aos pagãos, como faziam alguns de seus vizinhos, foram levados pelo tentador a queimar incenso à serpente de metal, porque ela fora feita por ordem do próprio DEUS e tinha sido um instrumento do bem para eles. Mas Ezequias, em seu zelo piedoso pela honra de DEUS, não apenas proibiu o povo de adorá-la, mas, para que não pudesse jamais ser usada de forma abusiva novamente, ele mostrou ao povo que ela era Neustã, nada mais do que um pedaço de bronze, e que por isso era uma coisa inútil e perniciosa queimar incenso para ela. Então ele a fez em pedaços, isto é, como expõe o bispo Patrick, a reduziu a pó, que ele espalhou no ar, para que não sobrasse nenhum fragmento. Se alguém pensar que a justa honra da serpente de metal foi aqui diminuída, eles a encontrarão profusamente compensada novamente em João 3.14, onde nosso Salvador faz dela um tipo de si mesmo. É melhor se desfazer de boas coisas, quando são idolatradas, do que mantê-las.
3. Com isso ele foi inigualável (v. 5). Nenhum de todos os reis de Judá foi como ele, depois dele, nem antes dele. Ele foi notável em duas coisas em sua reforma: — (1) Coragem e confiança em DEUS. Ao abolir a idolatria, havia o perigo de descontentar seus súditos e provocá-los à rebelião. Mas no Senhor, DEUS de Israel, confiou, para apoiá-lo em tudo que fez e salvá-lo do mal. Uma firme confiança na plena suficiência de DEUS para nos proteger e recompensar muito contribuirá para nos fazer sinceros, corajosos e vigorosos no caminho de nosso dever, como Ezequias. Quando ele assumiu a coroa, encontrou o seu reino rodeado de inimigos, mas ele não buscou o auxílio de estrangeiros por socorro, como seu pai fez, mas confiou no DEUS de Israel para ser o guarda de Israel. (2) A constância e a perseverança em seu dever. Por isso não houve ninguém como ele, porque ele apegou-se ao Senhor com uma fixa resolução e nunca se apartou de após Ele (v. 6). Alguns de seus predecessores que começaram bem caíram: mas ele, como Calebe, perseverou em seguir o Senhor. Ele não apenas aboliu todos os costumes idólatras, mas guardou os mandamentos de DEUS e em tudo teve consciência de seu dever.
II
Sua grande prosperidade (vv. 7,8). Ele esteve com DEUS e então DEUS esteve com ele, e, tendo a presença especial de DEUS com ele, para onde quer que saía, se conduzia com prudência, e tinha maravilhoso sucesso em todos os seus empreendimentos, em suas guerras, suas edificações, e principalmente em sua reforma, pois aquele bom trabalho foi realizado com menos dificuldade do que ele poderia ter esperado. Aqueles que fazem a obra de DEUS visando a glória dele, e com confiança na força dele, podem esperar prosperar nela. Grande é a verdade e prevalecerá. Encontrando-se bem sucedido:
1. Ele tirou o jugo do rei da Assíria, a que seu pai tinha se submetido de maneira vil. Isso é chamado de revolta contra o rei da Assíria, porque foi assim que o rei da Assíria considerou. Mas foi na realidade uma reivindicação dos justos direitos da sua coroa, a qual não estava no poder de Acaz alienar. Se foi ousado fazer essa luta audaciosa tão cedo, eu não vejo, porém, como pensam alguns, que foi injusto. Se ele tinha lançado fora a idolatria das nações, poderia bem lançar fora o jugo da opressão delas. O caminho mais seguro para a liberdade é servir a DEUS.
2. Ele fez um ataque vigoroso contra os filisteus, e os derrotou até Gaza, tanto as aldeias do campo quanto as cidades fortificadas, desde a torre dos atalaias até à cidade forte, reduzindo aqueles lugares de que eles tinham se tornado senhores no tempo de seu pai (2 Cr 28.18). Quando ele tinha limpado as corrupções que seu pai tinha introduzido, poderia esperar recuperar as possessões que seu pai tinha perdido. Isaías profetizou a respeito de suas vitórias sobre os filisteus (Is 14.28 ss). 2 Reis 18:9-16
As Dez Tribos Foram Levadas Cativas
e seu País Submetido a Tributo
O reino da Assíria agora tinha crescido consideravelmente, embora só tenha sido mencionado no último reinado. Essas mudanças acontecem na história das nações e das famílias: aqueles que foram desprezíveis se tornam formidáveis, e aqueles que têm sido grandes homens e figuras, ao contrário, são derrubados. Aqui nós temos um registro:
I
Do sucesso de Salmanasar, rei da Assíria, contra Israel, do cerco que levantou contra Samaria (v. 9), tomando-a (v. 11), com a explicação do motivo pelo qual DEUS trouxe esse julgamento sobre eles (v. 12): Porquanto não obedeceram à voz do Senhor, seu DEUS. Isso foi relatado mais largamente no capítulo anterior, mas aqui é repetido:
1. Como aquilo que moveu Ezequias e seu povo a remover a idolatria com muito mais zelo, porque eles viram a ruína que ela trouxe a Israel. Quando a casa de seus vizinhos estava em chamas, e a sua própria em perigo, era tempo de lançar fora as coisas amaldiçoadas.
2. Como aquilo de que Ezequias muito se lamentou, mas não tinha força para evitar. Embora as dez tribos tivessem se revoltado contra a casa de Davi e com freqüência tivesse causado problemas para ela, não muito tempo antes no reinado de seu pai, sendo Ezequias da semente de Israel, ele não poderia se alegrar com suas calamidades.
3. Como aquilo que expôs Ezequias e seu reino ao rei da Assíria e lhe facilitou muito mais invadir a terra. É dito aqui que as dez tribos não ouviram os mandamentos de DEUS nem o fizeram (v. 12). Muitos que se contentam em dar ouvidos a DEUS não lhe darão mais que isso (Ez 33.31), mas esses, estando resolvidos a não cumprirem seu dever, não se importaram em ouvir.
II
Da tentativa de Senaqueribe, o rei seguinte da Assíria, contra Judá, na qual ele foi encorajado pelo sucesso de seu predecessor contra Israel, com cujas honras ele competia e cujas vitórias ele continuava. A investida que ele fez contra Judá foi uma grande calamidade para aquele reino, pela qual DEUS testava a fé de Ezequias e castigava o povo, que foi chamado de nação hipócrita (Is 10.6), porque eles não concordaram com a reforma de Ezequias, nem se desfizeram de seus ídolos com boa vontade, mas os guardaram em seus corações, e talvez em suas casas, embora seus lugares altos fossem removidos. Até os tempos de reforma podem se mostrar tempos difíceis, causados por aqueles que se opõem a ela, e então se coloca a culpa sobre os reformadores. Essa calamidade se mostrará grande sobre Ezequias se nós considerarmos:
1. Quanto ele perdeu de seu país (v. 13). O rei da Assíria tomou todas ou a maioria das cidades muradas de Judá, as cidades de fronteira e as guarnições, e então é claro que todo o resto caiu em suas mãos. A confusão na qual o país foi colocado por essa invasão é descrita pelo profeta (Is 10.28-32).
2. Como ele pagou caro pela sua paz. Ele viu a própria Jerusalém em perigo de cair nas mãos dos inimigos, como acontecera com Samaria, e estava disposto a comprar a sua segurança ao preço: (1) De uma desprezível submissão: “Pequei ao negar o tributo de costume e estou pronto a fazer a reparação como for exigido” (v. 14). Onde estava a coragem de Ezequias? Onde estava a sua confiança em DEUS? Por que ele não se aconselhou com Isaías antes de enviar essa mensagem humilhante? (2) De uma alta soma de dinheiro — trezentos talentos de prata e trinta de ouro que não deviam ser pagos anualmente, mas como um resgate naquele momento. Para levantar essa soma, ele não foi apenas forçado a esvaziar os tesouros públicos (v. 15), mas a tomar as placas de ouro das portas do templo e das ombreiras (v. 16). Embora o templo santificasse o ouro que ele tinha dedicado, sendo urgente a necessidade, ele pensou que poderia ser tão audacioso com isso como fora Davi (a quem ele tomava por padrão) com os pães da proposição, e que não era nem ímpio nem imprudente dar uma parte para a preservação do todo. Seu pai Acaz tinha pilhado o templo em desprezo por ele (2 Cr 28.24). Ele tinha devolvido com juros o que seu pai tinha tomado. E agora, com toda a devida reverência, ele apenas pediu permissão para emprestá-lo novamente em uma necessidade e por um bem maior, resolvido a devolvê-lo completamente tão breve lhe fosse possível fazê-lo. 2 Reis 18:17-37
O Discurso de Rabsaqué
Aqui temos:
I
Jerusalém cercada pelo exército de Senaqueribe (v. 17). Ele enviou três de seus grandes generais com um grande exército contra Jerusalém. É esse o grande rei, o rei da Assíria? Não, jamais o chame assim. Ele é um homem vil, falso e pérfido, e digno de se tornar infame para todas as eras. Que ele nunca seja mencionado com honra, ele que pôde fazer coisa tão desonrosa como essa, de tomar o dinheiro de Ezequias, o qual ele lhe entregou com a condição de que retiraria seu exército, e então, em vez de abandonar o seu país conforme o acordo, avança contra a sua cidade e não devolve o dinheiro. Aqueles cujo princípio não é cumprir além daquilo que for de seu próprio interesse, são, de fato, homens ímpios e, mesmo que até sejam grandes, nós os chamaremos de ímpios. Agora Ezequias tinha muita razão em se arrepender de seu tratado com Senaqueribe, o que o tinha tornado muito mais pobre e de forma alguma mais seguro.
II
Ezequias, seus príncipes e povo, cercados por Rabsaqué, o principal orador dos três generais, e alguém que tinha o gênio mais satírico. Sem dúvida que ele foi instruído no que dizer por Senaqueribe, que pretendia com isso promover uma nova disputa com Ezequias. Ele tinha prometido, após receber o dinheiro de Ezequias, a retirar seu exército e, por essa razão, não poderia, por vergonha, fazer imediatamente um ataque forçado a Jerusalém. Mas ele enviou Rabsaqué para persuadir Ezequias a se render, e, se ele se recusasse, a recusa lhe serviria de pretexto (e um pretexto muito pobre) para sitiar a cidade, e, se ela resistisse, tomá-la de assalto. Rabsaqué teve o descaramento de desejar uma audiência com o próprio rei ao pé do aqueduto da piscina superior, fora dos muros. Mas Ezequias teve a prudência de recusar um tratado pessoal e enviou três delegados (os principais ministros de Estado) para ouvirem o que ele tinha para dizer, mas com uma ordem para que não respondessem àquele tolo segundo a sua estultícia (v. 36), pois eles não poderiam convencê-lo, mas certamente o provocariam, e Ezequias tinha aprendido de seu pai Davi a crer que DEUS o ouviria quando ele, como surdo, não ouvia (Sl 38.13-15). Uma interrupção eles lhe fizeram em seu discurso, que era apenas o desejo de que ele lhes falasse agora em siríaco (aramaico), e eles considerariam o que ele disse e reportariam ao rei, e, se eles não lhe dessem uma resposta satisfatória, então ele poderia apelar ao povo, falando em judaico (v. 26). Esse era um pedido razoável e aceitável ao costume de tratados, que os plenipotenciários devem decidir os negócios entre eles mesmos antes de qualquer coisa se tornar pública. Mas Hilquias não considerou com que homem irracional ele estava lidando, senão ele não teria feito esse pedido, pois serviu apenas para exasperar Rabsaqué e o tornar mais rude e mais violento (v. 27). Contra todas as regras da decência e da honra, em vez de tratar com os delegados, ele ameaça a soldadesca, tenta persuadi-los a desertar ou amotinar-se, ameaça, se eles resistirem, a reduzi-los ao último extremo da fome, e então continua com seu discurso, cujo objetivo é persuadir Ezequias, seus príncipes e povo, a entregarem a cidade.
Observe como, para isso:
1. Ele engrandece seu senhor, o rei da Assíria. Constantemente ele o chama de o grande rei, o rei da Assíria (vv. 19,28). Que ídolo ele fez daquele príncipe do qual ele era uma criatura! DEUS é o Grande Rei, mas Senaqueribe era aos seus olhos um pequeno deus e os possuiria com a mesma veneração por ele que ele tinha, e com isso os convencia com ameaça a lhe serem submissos. Mas para aqueles que vêem pela fé o Rei dos reis em seu poder e glória, até o rei da Assíria parece desprezível e pequeno. O que são os maiores homens quando eles são comparados com DEUS ou quando DEUS contende com eles? (Sl 82.6,7).
2. Ele se esforça para fazê-los acreditar que será muita vantagem para eles se renderem. Se resistirem, devem esperar não mais do que comer seu próprio excremento, por causa da falta de provisões, as quais seriam completamente cortadas deles pelos sitiadores. Mas se eles capitulassem, buscassem seu favor com um presente e se atirassem à sua misericórdia, ele lhes daria um tratamento muito bom (v. 31). Eu queria saber com que cara Rabsaqué pôde falar de fazer um acordo com um presente quando o seu senhor tinha quebrado tão recentemente o acordo que Ezequias fizera com ele dando um grande presente (v. 14). Podem esperar confiança aqueles que têm sido tão grosseiramente pérfidos? Mas ad populum phaleras — enfeite a corrente e o povo deixará você prendê-lo. Ele pensava confortar a todos com a promessa de que se eles se rendessem sem reservas, embora devessem esperar serem prisioneiros e cativos, isso ainda seria bom para eles. É espantoso que ele pensasse conseguir alguma coisa com sugestões grosseiras como essas, mas é isso que o diabo impõe aos pecadores todo dia com suas tentações. Ele precisava persuadi-los: (1) De que o seu aprisionamento lhes seria vantajoso, pois comeria cada um da sua vide (v. 31). Embora a propriedade de seus bens fosse entregue aos conquistadores, eles teriam a liberdade de desfrutar delas. Mas ele não explica agora para eles, como faria depois, que isso devia ser compreendido justamente como, e apenas durante o tempo em que, o conquistador quisesse. (2) Que o seu cativeiro serviria muito mais para a vantagem deles: Até que eu venha e vos leve para uma terra como a vossa. E em que aquilo seria melhor para eles, se eles não teriam nada nela que pudessem chamar de seu?
3. Que o objetivo que ele tinha principalmente era o de convencê-los de que era sem propósito para eles insistir: Que confiança é esta em que confias? Dessa forma ele insulta Ezequias (v. 19). Ao povo ele diz (v. 29): “Não vos engane Ezequias, levando-vos à própria ruína, pois não vos poderá livrar. Vós deveis vos curvar ou quebrar”. Seria bom se pecadores se submetessem à força desse argumento, ao fazerem a paz com DEUS — que é, por essa razão, nossa sabedoria entregar-se a Ele, porque é vão contender com Ele: Somos nós mais fortes do que ele? Ou o que conseguiremos colocando arbustos espinhosos e espinhos diante de um fogo consumidor? Mas, Ezequias não estava tão sem ajuda e indefeso como Rabsaqué o representava aqui. Ele supõe que Ezequias está confiando em três coisas, e ele se esforça em mostrar a insuficiência delas: — (1) Seus próprios preparativos militares: Tu dizes: Há conselho e poder para a guerra; e nós sabemos que ele tinha mesmo (2 Cr 32.3). Mas isso Rabsaqué descarta com desprezo: “Porém palavra de lábios é. Tu não estás à nossa altura” (v. 20). Com a maior arrogância e desdém imaginável, ele o desafia a apresentar dois mil homens de todo o seu povo que saibam como montar um cavalo, e, se Ezequias puder, ele se propõe a lhe dar dois mil cavalos. Ele insinua falsamente que Ezequias não tem nenhum soldado, ou nenhum que se encaixe no perfil de soldados (v. 23). Assim, ele pensa em derrubá-lo com confiança e gracejo, e aposta qualquer coisa que um capitão entre os menores dos servos de seu senhor é capaz de desafiá-lo e a todas as suas forças. (2) Sua aliança com o Egito. Ele supõe que Ezequias confia no Egito para conseguir carros e cavaleiros (v. 24), porque o rei de Israel tinha feito isso e dessa confiança ele diz verdadeiramente que ele é um bordão de cana quebrada (v. 21), ele não apenas falhará com um homem quando ele se apoiar sobre ele e esperar que agüente o seu peso, mas entrar-lhe-á pela mão e lha furará, e rasgará seus ombros, como adiante o profeta ilustra essa semelhança, aplicando-a ao Egito (Ez 29.6,7). Assim é o rei do Egito, diz ele. E, verdadeiramente, assim tinha sido o rei da Assíria com Acaz, que confiou nele, mas ele o pôs em aperto e não o fortaleceu (2 Cr 28.20). Aqueles que confiam em qualquer braço de carne acabam vendo que ele não é melhor do que uma cana quebrada. Mas DEUS é uma rocha firme. (3) Seu interesse em DEUS e sua relação com Ele. De fato, essa era a confiança que Ezequias tinha (v. 22). Ele se fortaleceu ao depender do poder e da promessa de DEUS. Com isso ele se encorajou e a seu povo (v. 30): Certamente nos livrará o Senhor, e novamente no versículo 32. Rabsaqué percebeu que esse era o seu grande esteio, e por isso se esforçou mais para abalá-lo, como os inimigos de Davi, que usaram todos os meios que tinham para desviá-lo da sua confiança em DEUS (Sl 3.2; 11.1), e assim fizeram os inimigos de CRISTO (Mt 27.43). Três coisas Rabsaqué sugeriu para desencorajar a confiança que eles tinham em DEUS, e todas elas eram falsas: — [1] Que Ezequias tinha perdido a proteção de DEUS, e se colocado fora dela, ao tirar os altos e altares (v. 22). Aqui ele mede o DEUS de Israel pelos deuses dos pagãos, que gostavam de multidões de altares e templos, e conclui que Ezequias ofendeu grandemente ao DEUS de Israel, ao confinar seu povo a um altar: assim, um dos melhores feitos que ele realizou em sua vida é mal interpretado como ímpio e profano, por alguém que não conhecia, ou não queria conhecer, a lei do DEUS de Israel. Não devemos estranhar se algo que é realmente bom e agradável a DEUS for representado por homens ignorantes e maliciosos como algo mau e uma provocação a Ele. Se isso fosse sacrílego, Ezequias seria então sempre sacrílego. [2] Que DEUS tinha ordenado a destruição de Jerusalém nesse tempo (v. 25): Agora, pois, subi eu, porventura, sem o Senhor? Isso é tudo brincadeira e encenação. Ele não pensava de jeito nenhum que tivesse qualquer ordem de DEUS para fazer o que fez (por meio de quem ele a teria recebido?), mas ele fingiu para se divertir e apavorar o povo que estava em cima do muro. Se ele tinha qualquer pretexto para tudo o que disse, poderia ser tirado da notícia que talvez ele tinha tido, pelos escritos dos profetas, da mão de DEUS agindo na destruição das dez tribos, e ele pensou que tivesse uma ordem tão boa para sitiar Jerusalém como para sitiar Samaria. Muitos que têm lutado contra DEUS fingem ter recebido ordens dele. [3] Que se Jeová, o DEUS de Israel, se encarregasse de protegê-los do rei da Assíria, Ele ainda não seria capaz de fazê-lo. Com essa blasfêmia, ele concluiu o seu discurso (vv. 33-35), comparando o DEUS de Israel aos deuses das nações que ele tinha conquistado, colocando-o no mesmo nível deles, e concluindo que, porque eles não puderam defender e livrar seus adoradores, o DEUS de Israel não poderia defender e livrar os seus. Veja aqui: primeiro, o seu orgulho. Quando ele conquistava uma cidade, supunha ter subjugado seus deuses, e com isso atribuía a si mesmo um valor muito alto. Sua elevada opinião sobre os ídolos fez com que ele tivesse uma opinião elevada sobre si mesmo como muito acima da deles. Segundo, sua irreverência. O DEUS de Israel não era uma divindade local, mas o DEUS de toda a terra, o único DEUS vivo e verdadeiro, o ancião de dias, e tinha freqüentemente se mostrado acima de todos os deuses. Mas ele não o considera mais do que os pretensos e fictícios deuses de Hamate e Arpade, argumentando incorretamente que os deuses (como alguns agora dizem dos sacerdotes) de todas as religiões são a mesma coisa, e ele próprio está acima de todos eles. A tradição dos judeus diz que Rabsaqué era um judeu apóstata, o que o fez tão hábil na língua dos judeus. Se isso for verdade, sua ignorância do DEUS de Israel era menos desculpável e sua inimizade menos estranha, pois que os apóstatas são geralmente os inimigos mais amargos e maliciosos, como testemunha Juliano. Deve ser reconhecido que uma grande quantidade de arte e manejo havia nesse discurso de Rabsaqué, mas, também, uma grande quantidade de orgulho, malícia, falsidade e blasfêmia. Um grão de sinceridade poderia substituir toda essa destreza e retórica.
Finalmente, nós somos informados do que os enviados da parte de Ezequias fizeram.
1. Eles permaneceram calmos, não por falta do que dizer, fosse a favor de DEUS ou de Ezequias: Eles poderiam fácil e justamente repreendê-lo pela infidelidade e quebra de confiança de seu senhor e ter lhe perguntado: Que religião te encoraja a esperar que tal conduta prosperará? No mínimo, eles poderiam ter dado aquela sóbria sugestão que Acabe deu diante de semelhantes exigências insolentes de Ben-Hadade — Não se gabe quem se cinge como aquele que se descinge. Mas o rei lhes tinha ordenado não responder, e eles observaram suas instruções. Há tempo para manter silêncio e tempo para falar, e existem aqueles para quem oferecer qualquer coisa religiosa ou racional é o mesmo que atirar pérolas aos porcos. O que pode ser dito a um louco? É provável que o silêncio deles fizesse que Rabsaqué ficasse mais orgulhoso e seguro, e assim o seu coração foi elevado e endurecido para a sua destruição.
2. Eles rasgaram as suas vestes com ódio da sua blasfêmia e da aflição pela condição angustiante e desprezada de Jerusalém, cuja vergonha era um peso para eles.
3. Eles relataram fielmente o assunto ao rei, seu senhor, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaqué, para que ele pudesse considerar o que devia ser feito, que curso eles deveriam tomar e que resposta eles deveriam dar à intimação de Rabsaqué.
2 Reis 19:1-7
Ezequias Enviou seus Servos ao Profeta Isaías para Pedir suas Orações
Sendo as palavras do discurso de Rabsaqué trazidas a Ezequias, se esperaria (e é provável que Rabsaqué tenha esperado) que ele convocasse um conselho de guerra e debatesse se era melhor capitular ou não. Antes do sítio, ele teve conselho com seus príncipes e os seus varões (2 Cr 32.3). Mas ele não faria isso agora. Seu maior socorro é que ele tem um DEUS a quem recorrer, e temos aqui uma narrativa do que se passou entre ele e seu DEUS nesse momento.
I
Ezequias revelou uma profunda preocupação com a afronta feita a DEUS pela blasfêmia de Rabsaqué. Quando ele a ouviu, embora de segunda mão, rasgou as suas vestes e se cobriu de pano de saco (v. 1). Os bons homens costumavam fazer isso quando ouviam qualquer afronta ao nome de DEUS. E grandes homens não devem pensar que seja uma humilhação para eles sofrerem quando a honra do grande DEUS é violada. Os mantos reais não são tão bons que não devam ser rasgados, nem as carnes reais tão boas que não devam ser vestidas com pano de saco, em humilhação pelas indignidades feitas a DEUS e pelos perigos e terrores de sua Jerusalém. Ele clamou agora a esse DEUS, e ficou descontente com aqueles que não estavam afetados dessa forma. Isaías 22.12-14 se refere a esse mesmo evento: Mas eis aqui gozo e alegria; matam-se vacas e degolam-se ovelhas; embora fosse dia de alvoroço, e de vexame, no vale da Visão (v. 5). O rei estava em pano de saco, mas muitos de seus súditos vestiam roupas finas.
II
Ele entrou na casa do Senhor, de acordo com o exemplo do salmista, que, quando foi afligido pelo orgulho e pela prosperidade dos ímpios, entrou no santuário de DEUS. E lá, entendeu o fim deles (Sl 73.17). Ele foi à Casa de DEUS para meditar e orar, e conseguiu que seu espírito ficasse sereno e tranqüilo, depois de sua perturbação. Ele não estava considerando que resposta retornar a Rabsaqué, mas entrega o assunto a DEUS: “Tu responderás, Senhor, por mim.” (cf. Herbert). Na Casa do Senhor ele encontrou um lugar de descanso e refúgio, um tesouro, um depósito, uma câmara do conselho, tudo de que precisava, tudo em DEUS. Note: Quando os inimigos da Igreja são muito atrevidos e ameaçadores, é sabedoria e dever dos amigos da Igreja recorrer a DEUS, apelar para Ele, e deixar a sua causa com Ele.
III
Ele enviou mensagem, por mensageiros ilustres, ao profeta Isaías, em sinal do grande respeito que tinha por ele, para pedir suas orações (vv. 2-4). Eliaquim e Sebna eram dois daqueles que tinham ouvido as palavras de Rabsaqué e eram os mais aptos, tanto em informar quanto em influenciar Isaías com o caso. Os próprios anciãos dos sacerdotes deviam orar pelo povo em tempos de tribulação (Jl 2.17). Mas eles deviam ir para atrair as orações de Isaías, porque ele poderia orar melhor e tinha mais influência no céu. Os mensageiros deveriam ir em pano de saco porque eles deviam representar o rei, que estava vestido assim.
1. A missão deles para Isaías era: Faze, pois, oração pelo resto que se acha, isto é, por Judá, que é apenas um remanescente agora que as dez tribos se foram — por Jerusalém, que é apenas um remanescente agora que as cidades muradas de Judá foram tomadas.” Note: (1) É muito desejável, e algo que devemos desejar quando estivermos em tribulação, ter as orações de nossos amigos por nós. Ao pedir que orem por nós, honramos a DEUS, honramos a oração e honramos nossos irmãos. (2) Quando desejamos as orações de outros por nós, não devemos pensar que ficamos com isso dispensados de orar. Quando Ezequias enviou uma mensagem a Isaías para que orasse por ele, ele mesmo entrou na Casa do Senhor para oferecer-lhe suas próprias orações. (3) Aqueles que falam para nós da parte de DEUS devem falar por nós a DEUS. Profeta é ele e rogará por ti (Gn 20.7). O grande profeta é o grande intercessor. (4) Aqueles que levantam suas orações, isto é, que levantam seus corações em oração devem ser, provavelmente, bem sucedidos com DEUS. (5) Quando os interesses da Igreja de DEUS são muito baixos, de maneira que haja apenas um remanescente, poucos amigos, e esses ainda fracos e confusos, então é hora de fazer, pois, oração pelo resto.
2. Duas coisas são solicitadas a Isaías, para engajar suas orações por eles: — (1) Os temores que eles tinham do inimigo (v. 3): “Ele é insolente e arrogante. Este dia é dia de angústia e de vituperação. Nós somos desprezados. DEUS está desonrado. Por causa de tudo isso, hoje é um dia de desgraça. Nunca um rei e reino foram tão pisados e abusados como nós estamos sendo: A nossa alma está sobremodo farta do desprezo dos soberbos, e é como ferida mortal em nossos ossos ouvi-los censurar nossa confiança em DEUS e dizer: Onde está agora o vosso DEUS? E, o que é pior, nós não vemos de que forma podemos resolver isso e responder à censura. Nossa causa é boa, nosso povo é fiel. Mas nós estamos em grande desvantagem numérica. As crianças estão para nascer. Agora é a hora, o momento crítico, o momento em que mais devemos ser socorridos. Um golpe bem sucedido dado no inimigo realizaria nossos desejos. Mas, meu DEUS! Não somos capazes de dar esse golpe: Não há força para ter os bebês. Nossa situação é tão deplorável, e clama por um socorro tão veloz quanto aquele de uma mulher em trabalho de parto, que está completamente exaurida com suas dores, de maneira que ela não tem força para dar à luz a criança. Compare Oséias 13.13 com isso. Estamos quase perecendo; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos” (2) A esperança que eles têm em DEUS. Eles olham para Ele, eles dependem dele, de se manifestar em favor deles. Uma palavra proveniente dele mudará o equilíbrio do poder, e salvará o remanescente que está afundando. Se Ele apenas reprovar as palavras de Rabsaqué (isto é, refutá-las, v. 4) — se Ele se encarregar de convencer e confundir o blasfemador — tudo estará bem. E isso eles confiam que Ele fará, não por causa dos méritos deles, mas por causa da sua própria honra, porque ele afrontou o DEUS vivo, ao colocá-lo no mesmo nível dos ídolos surdos e mudos. Eles têm razão em pensar que o resultado será bom porque eles podem contar com DEUS na disputa. Salmos 74.22: Levanta-te, ó DEUS, pleiteia a tua própria causa. “Ele é o Senhor, o teu DEUS”, dizem eles para Isaías — “teu, por cuja glória te importas, e de cujo favor tu desfrutas. Ele ouviu e conhece as palavras blasfemas de Rabsaqué, e por isso, pode ser que Ele os ouvirá e repreenderá. Nós esperamos que Ele o fará. Ajuda-nos com tuas orações a levar a causa diante dele, e então estaremos satisfeitos em deixá-la com Ele.”
IV
DEUS, por meio de Isaías, enviou uma mensagem a Ezequias, para assegurá-lo de que Ele se glorificaria com a ruína dos assírios. Ezequias enviou uma mensagem a Isaías, não para perguntar a respeito do fato, como fizeram muitos que enviaram mensageiros aos profetas (hei de eu sarar desta doença? Ou algo semelhante), mas para pedir sua ajuda em sua função. Foi nisso que ele foi solícito. E por essa razão DEUS o deixou saber o que aconteceria, em recompensa ao seu cuidado em cumprir o seu dever (vv. 6,7).
1. O próprio DEUS se envolveu na causa: Eles blasfemaram de mim.
2. Ele encorajou a Ezequias, que estava muito desanimado: Não temas as palavras que ouvistes. Elas são apenas palavras (embora sejam palavras ferozes e inflamadas), e palavras são apenas vento.
3. Ele prometeu assustar mais o rei da Assíria do que Rabsaqué o tinha assustado: “Eu meterei nele um espírito (aquele sopro pestilento que matou o seu exército), cujos terrores se apossarão dele e o conduzirão ao seu próprio país, onde a morte o encontrará.” Essa curta ameaça da boca de DEUS se realizaria, enquanto que todas as ameaças impotentes da boca de Rabsaqué desapareceriam no ar. 2 Reis 19:8-19
Senaqueribe Tenta Amedrontar Ezequias e este, em Oração, Recorre a DEUS
Rabsaqué, tendo entregue sua mensagem e não tendo recebido nenhuma resposta (não é dito se ele considerou esse silêncio um assentimento ou um desprezo), deixou seu exército diante de Jerusalém, sob o comando de outros generais, e foi ele mesmo até o rei seu senhor buscando novas ordens. Ele o encontrou cercando Libna, uma cidade que tinha se revoltado contra Judá (8.22). Não está claro se ele tinha tomado Laquis ou não. Alguns pensam que ele considerou a conquista da cidade impossível (v. 8). Porém, agora ele ficou alarmado com o rumor de que o rei dos cuxitas, que faziam fronteira com os árabes, estava saindo contra ele com um grande exército (v. 9). Isso fez com que ele desejasse tomar Jerusalém o mais rapidamente possível. Conquistá-la pela força iria custar mais homens e tempo do que ele poderia dispor e por isso ele renovou o ataque contra Ezequias para convencê-lo a se render docilmente. Tendo-o encontrado uma vez como um homem maleável (18.14), quando ele disse: Tudo o que me impuseres levarei, ele esperava aterrorizá-lo novamente e submetê-lo, mas isso foi em vão. Aqui:
I
Senaqueribe enviou uma carta a Ezequias, uma carta insultuosa, uma carta blasfema, para persuadi-lo a fazer com que Jerusalém se rendesse, porque não era de nenhum proveito para ele pensar em resistir. Sua carta tem o mesmo propósito que o discurso de Rabsaqué. Não há nada de novo nela. Rabsaqué tinha dito ao povo: Não vos engane Ezequias (18.29). Senaqueribe escreve a Ezequias: Não te engane o teu DEUS (v. 10). Aqueles que têm o DEUS de Jacó por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu DEUS, não precisam temer serem enganados por Ele, como os pagãos foram por seus deuses. Para amedrontar a Ezequias, e desviá-lo de sua âncora, ele se engrandece e a suas próprias façanhas. Veja como ele se vangloria orgulhosamente:
1. Das terras que ele tinha conquistado (v. 11): Todas as terras, e as destruiu completamente! Como são os montículos de suas vitórias transformados em montanhas! Tão distante estava ele de destruir todas as terras que nesse tempo a terra de Cuxe, e Tiraca seu rei, eram um terror para ele. Que grandes hipérboles alguém pode esperar nos louvores que homens orgulhosos dão para si mesmos!
2. Dos deuses que ele tinha vencido (v. 12). “Cada nação conquistada tinha seus deuses, que estavam tão longe de serem capazes de livrá-las que eles caíram com elas: e o teu DEUS irá te livrar?”
3. Dos reis que ele tinha vencido (v. 13), o rei de Hamate e o rei de Arpade. Se ele se refere ao príncipe ou ao ídolo, ele pretende fazer-se parecer maior do que ambos, e por isso muito formidável, e o terror dos heróis na terra dos viventes.
II
Ezequias anexa essa carta a outra, uma carta de oração, uma carta confiante, e a envia ao Rei dos reis, que julga entre os deuses. Ezequias não foi tão arrogante a ponto de não receber a carta, embora nós possamos supor que o sobrescrito não desse a ele seus devidos títulos. Quando ele a recebeu, não estava tão descuidado a ponto de não lê-la. Quando a leu, não estava com tanta raiva a ponto de escrever uma resposta na mesma linguagem provocativa. Mas subiu imediatamente ao templo, se apresentou, e depois estendeu a carta perante o Senhor (v. 14). Não que DEUS precisasse que a carta lhe fosse apresentada (Ele sabia o que estava escrito nela antes de Ezequias), mas com isso Ezequias quis dizer que reconhecia DEUS em todos os seus caminhos, — que ele não desejava agravar as injúrias que seus inimigos lhe fizeram, nem fazê-los parecer piores do que eram, mas desejava que eles fossem colocados em uma luz verdadeira, — e que ele mesmo recorria a DEUS, e a seu justo julgamento, sobre todo esse assunto. Com isso, do mesmo modo, ele encorajaria pela oração que veio fazer no templo. E nós temos necessidade de toda ajuda possível para nos estimular nesse dever. Na oração que Ezequias fez sobre essa carta:
1. Ele adora o DEUS de quem Senaqueribe tinha blasfemado (v. 15), o chama de DEUS de Israel, porque Israel era o seu povo peculiar, e o DEUS que habita entre os querubins, porque ali estava a residência peculiar de sua glória sobre a terra. Mas ele lhe dá glória como o DEUS de todos os reinos da terra, e não, como Senaqueribe imaginou que Ele fosse, apenas o DEUS de Israel, confinado ao templo. “Que eles digam o que quiserem, tu és o Soberano Senhor, pois tu és o DEUS, o DEUS dos deuses, o único Senhor, apenas tu, o Senhor universal de todos os reinos da terra, e o Senhor justo, pois tu fizeste os céus e a terra. Sendo o Criador de tudo, por um título incontestável tu possuis e governas tudo.”
2. Ele apela a DEUS a respeito da insolência e da irreverência de Senaqueribe (v. 16): “Senhor, ouve, Senhor, olha. Aqui está em suas próprias mãos. Aqui está por escrito claramente” Se apenas Ezequias tivesse sido ofendido, ele teria relevado. Mas é DEUS, o DEUS vivo, que é vituperado, o DEUS zeloso. Senhor, que farás ao teu grande nome?
3. Ele reconhece as vitórias de Senaqueribe sobre os deuses dos pagãos, mas distingue entre eles e o DEUS de Israel (vv. 17,18): De fato, ele lançou os seus deuses no fogo, pois deuses não eram, incapazes de livrar a si mesmos ou a seus adoradores, e, por essa razão, não é surpresa que ele os tenha destruído, e, embora ele não soubesse disso, ao destruí-los, ele na realidade servia à justiça e ao zelo do DEUS de Israel, que tinha determinado extirpar a todos os deuses dos pagãos. Mas aqueles que pensam que, por isso, podem ser tão duros em relação a Ele, estão enganados. Ele não é nenhum dos deuses que as mãos humanas fizeram, ao contrário, Ele mesmo fez todas as coisas (Sl 115.3,4). 4. Ele ora para que DEUS se glorifique agora na derrota de Senaqueribe e no livramento de Jerusalém de suas mãos (v. 19): “Agora, pois, ó Senhor, nosso DEUS, sê servido de nos livrar da sua mão, porque, se formos conquistados, como foram as outras terras, dirão que tu foste vencido, como os deuses daquelas terras foram. Mas, Senhor, mostra que tu és diferente, ao mostrar que nós somos diferentes, e faça com que todo o mundo saiba, e confesse, que tu és o Senhor DEUS, o DEUS auto-existente e soberano, só tu, e que todos os embusteiros são vaidade e uma mentira.” Note: Os melhores argumentos na oração são aqueles que se referem à honra de DEUS. E por isso a oração do Senhor começa com: Santificado seja o teu nome, e conclui com: Tua é a glória. 2 Reis 19:20-34
Isaías Leva uma Mensagem
Confortadora de DEUS ao Rei
Aqui nós temos a resposta graciosa e copiosa que DEUS deu à oração de Ezequias. A mensagem que ele lhe enviou pela mesma mão (vv. 6,7), poderíamos pensar, foi uma resposta suficiente para a sua oração. Mas, para que ele pudesse ter uma consolação segura, ele foi encorajado por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que DEUS minta (Hb 6.18). Em geral, DEUS lhe assegurou que sua oração foi ouvida, sua oração contra Senaqueribe (v. 20). Note: É miserável a situação daqueles que têm a oração do povo de DEUS contra eles. Pois, se o oprimido clamar a DEUS contra o opressor, Ele ouvirá (Êx 22.23). DEUS ouve e responde, ouve com a força salvadora da sua destra (Sl 20.6).
Essa mensagem anuncia duas coisas:
I
Confusão e vergonha para Senaqueribe e suas tropas. Aqui é predito que ele seria humilhado e quebrado. O profeta dirige de forma elegante seu discurso a ele, como faz em Isaías 10.5: Ai da Assíria, a vara da minha ira! Não que essa mensagem fosse enviada para ele, mas o que aqui é dito a ele chegou ao seu conhecimento por meio do próprio acontecimento. A Providência lhe falou com uma evidência. E talvez o seu próprio coração foi usado para sussurrar isso para ele. Pois DEUS tem mais de uma maneira de falar a pecadores em sua ira, e assim no seu furor os confundirá (Sl 2.5). Senaqueribe é aqui representado:
1. Como escárnio de Jerusalém (v. 21). Ele pensava de si mesmo que era o terror da filha de Sião, daquela virgem pura e bela, e que com suas ameaças ele poderia forçá-la a se submeter a ele: “Mas, sendo uma virgem na casa de seu Pai e estando sob a sua proteção, ela te desafia, te despreza e ri de ti com desdém. A tua maldade impotente é ridícula. Aquele que se assenta no céu ri de ti, e, por essa razão, assim fazem aqueles que habitam debaixo da sua sombra.” Por essa palavra, DEUS pretendia silenciar o pavor de Ezequias e do seu povo. Embora aos olhos da razão o inimigo parecesse terrível, aos olhos da fé ele parecia desprezível.
2. Como um inimigo de DEUS. E isso era suficiente para torná-lo miserável. Ezequias alegou isso: “Senhor, ele afrontou a ti” (v. 16). “Ele afrontou”, disse DEUS, “e eu tomei isso como sendo contra mim mesmo (v. 22): A quem afrontaste? Não foi ao SANTO de Israel, cuja honra lhe é cara, e que tem poder para vindicá-la, o que os deuses dos pagãos não têm?” Nemo me impune lacesset — Ninguém me provocará e ficará impune.
3. Como um tolo orgulhoso e arrogante, que falou coisas mui arrogantes de vaidades e se gabou falsamente de dádivas, e vituperou o Senhor, tanto com seu orgulho quanto com suas ameaças. Pois: (1) Ele engrandeceu seus próprios feitos além da medida e completamente acima do que eles realmente foram (vv. 23,24): Tu disseste assim e assim. Ele não escreveu isso na carta, mas DEUS fez Ezequias saber que Ele não apenas viu o que estava escrito ali, mas ouviu o que ele disse em outro lugar, provavelmente nos discursos que fez a seus conselhos e exércitos. Note: DEUS toma conhecimento da jactância dos homens orgulhosos e os chamará para um acerto de contas, para que Ele possa atentar para eles e abatê-los (Jó 40.11). Que poderosa imagem Senaqueribe pensa que mostra! Dirigindo seus carros até os topos das mais altas montanhas, forçando a marcha através de florestas e rios, abrindo caminho em meio às dificuldades, fazendo-se senhor de tudo o que ele estava disposto a ter. Nada poderia ficar diante dele ou impedi-lo. Nenhuma colina era tão alta que ele não pudesse subir, nenhuma árvore tão forte que não pudesse derrubar, nenhuma água tão profunda que ele não pudesse secar. Como se ele tivesse o poder de um DEUS para falar e sua palavra se cumprir. (2) Ele tomou para si a glória de fazer essas grandes coisas, embora todas elas fossem feitos do Senhor (v. 25,26). Senaqueribe, em sua carta, tinha apelado para o que Ezequias tinha ouvido (v. 11): Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assíria. Mas, em resposta a isso, ele é lembrado do que DEUS fez por Israel no passado, secando o mar Vermelho, conduzindo-o através do deserto, plantando-o em Canaã. “O que são todos os teus feitos em relação a esses? E quanto às desolações que fizeste na terra, e especificamente em Judá, tu és apenas o instrumento na mão de DEUS, uma mera ferramenta: Fui eu que o fiz vir. Eu te dei o teu poder, eu te dei o teu sucesso, e fiz de ti o que és, te levantei para devastares as cidades muradas e dessa forma, puni-las por sua impiedade, e, por isso, os moradores ficaram com as mãos encolhidas.” Que coisa insolente e tola foi para ele se exaltar acima de DEUS, e contra DEUS, sobre aquilo que ele tinha feito por Ele e sob as ordens Dele. O orgulho de Senaqueribe aqui é exposto em Isaías 10.13,14: Com a força da minha mão fiz isto e com a minha sabedoria etc.. E a resposta para esse orgulho (v. 15): Gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele? É de fato absurdo para a carruagem sobre a roda dizer: Que poeira levantei! Ou para a espada na mão dizer: Que execução eu realizo! Se DEUS é o agente em tudo o que acontece, jactar-se não faz o menor sentido.
4. Como estando sob o controle e a repreensão daquele DEUS de quem blasfemou. Todos os seus movimentos eram: (1) Conhecidos por DEUS (v. 27): “Eu o sei, e o que tramaste e planejaste secretamente, o teu sair, e o teu entrar, marchas e contramarchas, e o teu furor contra mim e contra meu povo, o tumulto de tuas paixões, o tumulto de tuas preparações, o barulho e o ruído que fazes: Eu sei de tudo.” Isso foi mais do que Ezequias fez, ele que desejava informações dos movimentos do inimigo. Mas que necessidade havia disso quando os olhos de DEUS eram um constante espião sobre ele? (2 Cr 16.9). (2) Eram controlados por DEUS (v. 28): “Porei o meu anzol no teu nariz, ó grande Leviatã (Jó 41.1,2), e o meu freio, nos teus lábios, ó grande Beemote. Te restringirei, te controlarei, te farei virar para onde eu quiser, te enviarei para casa semelhante a um tolo como tu vieste, re infecta — frustrado em relação ao teu objetivo.” Note: É um grande conforto para todos os amigos da Igreja que DEUS tenha um anzol no nariz e um freio nos lábios de todos os inimigos dela, e que possa até fazer que a ira deles o sirva e louve e, depois, restrinja o resto dessa ira. Aqui se quebrarão as tuas ondas empoladas.
II
Salvação e alegria para Ezequias e seu povo. Isso será um sinal do favor de DEUS para eles, e que Ele está reconciliado com eles, a sua ira se retirou (Is 12.1), um milagre aos seus olhos (pois às vezes um sinal significa isso), um sinal para o bem, e uma garantia da futura misericórdia que DEUS tem preparada para eles, para que um bom fim seja colocado à presente aflição em todos os aspectos.
1. As provisões eram escassas e caras. E o que eles deveriam fazer para obter comida? Os frutos da terra foram devorados pelo exército assírio (Is 32.9,10ss.). Ora, eles não apenas deviam habitar a terra, mas serem verdadeiramente alimentados. Se DEUS os salvar, Ele não os deixará sofrer pela falta de alimento nem os deixará morrer de fome, quando eles tiverem escapado da espada: “Este ano se comerá o que nascer por si mesmo, e tu acharás isso suficiente. Os assírios colheram o que semeaste? Tu colherás o que não semeaste.” Mas o ano seguinte era o ano sabático, quando a terra devia descansar e eles não deviam nem semear nem colher. O que poderiam fazer aquele ano? Ora, Jeová-jiré — O Senhor proverá. A bênção de DEUS lhes poupará a semente e o trabalho, e, também naquele ano, as produções voluntárias da terra servirão para mantê-los, para lembrá-los que a terra produziu antes que houvesse um homem para cultivá-la (Gn 1.11). E então, no terceiro ano, a agricultura deles retornaria ao normal, e eles deveriam semear e colher como costumavam fazer.
2. O país foi devastado, as famílias foram dissolvidas e dispersadas, e tudo estava em confusão. Como poderia ser de outra forma quando ele foi ocupado por tal exército? Quanto a isso, é prometido que o que escapou da casa de Judá e ficou de resto (isto é, do povo do país) será novamente plantado em suas próprias habitações, em suas próprias propriedades, criará raízes ali, aumentará e se enriquecerá (v. 30). Veja como a sua prosperidade é descrita: Tornará a lançar raízes para baixo e dará fruto para cima, estando eles bem firmados e bem providos para si mesmos e, então, fazendo o bem a outros. Tal é a prosperidade da alma: ela cria raízes pela fé em CRISTO e, então, frutifica nos frutos da justiça.
3. A cidade estava trancada, ninguém saía ou entrava. Mas agora, o remanescente em Jerusalém e em Sião deverá sair livremente e não haverá ninguém para impedi-lo ou fazê-lo temer (v. 31). Grande destruição tinha ocorrido tanto na cidade quanto no campo, mas em ambos houve um remanescente que escapou, o qual tipificava, de fato, o resto, salvo, dos israelitas (como fica claro ao se comparar Isaías 10.22,23, que fala desse mesmo evento, com Romanos 9.27,28), e ele sairá para a gloriosa liberdade dos filhos de DEUS.
4. Os assírios estavam avançando em direção a Jerusalém, e, em pouco tempo, a sitiariam por completo, e ela corria grande perigo de cair em suas mãos. Mas aqui é prometido que o sítio que eles temiam seria evitado — que, embora o inimigo tivesse agora (como parece) acampado diante da cidade, jamais entraria na cidade, nem lançaria nela flecha alguma (vv. 32,33), — que ele seria forçado a se retirar com vergonha, e se arrependeria mil vezes de seu empreendimento. O próprio DEUS se encarrega de defender a cidade (v. 34), e aquela pessoa, ou aquele lugar, de cuja proteção Ele se encarrega, não poderá senão estar seguro.
5. A honra e a verdade de DEUS estão engajadas na realização de tudo isso. Essas são grandes coisas, mas como serão realizadas? Ora, o zelo do Senhor fará isso (v. 31). Ele é o Senhor dos exércitos, tem todas as criaturas à sua disposição, por essa razão é capaz de fazer isso; Com grande zelo, Ele está zelando por Jerusalém (Zc 1.14). Havendo-a desposado como a uma virgem pura para si mesmo, Ele não vai tolerar que abusem dela (v. 21). “Tens motivo para pensar que tu mesma és indigna de que tão grandes coisas sejam feitas por ti. Mas o próprio zelo de DEUS fará isso.” Seu zelo: (1) por sua própria honra (v. 34): “Eu farei isso por minha própria causa, para fazer do meu nome um nome eterno.” As razões da misericórdia de DEUS são provenientes dele mesmo. (2) Por sua própria verdade: “Eu farei isso por causa do meu servo Davi. Não por causa do seu mérito, mas por causa da promessa que lhe foi feita e da aliança realizada com ele, aquelas infalíveis misericórdias de Davi.” Assim, todos os livramentos da Igreja são operados por causa de CRISTO, o Filho de Davi. 2 Reis 19:35-37
O Exército dos Assírios É Liquidado por um Anjo e Senaqueribe Morto pelos seus Filhos
Às vezes, demorava para que as profecias se cumprissem e as promessas se realizassem. Mas aqui, a palavra foi dita junto com o seu cumprimento.
I
O exército da Assíria foi completamente destruído. Naquela noite que seguiu imediatamente o envio da mensagem a Ezequias, quando o inimigo tinha acabado de se estabelecer diante da cidade, e estava se preparando (como dizemos agora) para abrir as trincheiras, naquela noite, o grosso do exército deles foi morto no local por um anjo (v. 35). Ezequias não tinha força suficiente para sair contra eles e atacar o seu acampamento, e nem DEUS faria isso pela espada ou pelo arco. Mas Ele enviou o seu anjo, um anjo destruidor, no meio da noite, para atacá-los, ao qual a sua sentinela, embora sempre tão desperta, não pôde nem ver nem resistir. Não foi por varão. E foi por espada, mas não de homem, isto é, não por nenhum homem, mas de um anjo, que o exército assírio teve de cair (Is 31.8), tal como o anjo que matou os primogênitos do Egito. Josefo diz que isso ocorreu por causa de uma doença pestilenta, que foi morte instantânea para eles. O número de mortos foi muito alto: cento e oitenta e cinco mil homens, e é provável que Rabsaqué estivesse entre o restante. Quando os sitiados levantaram-se pela manhã cedo, eis que todos eram corpos mortos, quase não havia um homem vivo entre eles. Alguns pensam que o salmo 76 foi escrito nessa ocasião, onde lemos que os que são ousados de coração foram despojados; dormiram o seu sono, o seu último, o seu longo sono (v. 5). Veja como são grandes, no poder e na força, os anjos de DEUS, visto que um anjo, em uma noite, pôde fazer tão grande matança. Veja como são fracos os mais fortes dos homens diante do DEUS Todo-poderoso: quem alguma vez endureceu o seu coração contra Ele e prosperou? A blasfêmia e o orgulho do rei são punidos com a destruição do seu exército. Todas essas vidas foram sacrificadas para a glória de DEUS e a segurança de Sião. O profeta mostra que, por essa razão, DEUS permitiu essa grande reunião, para que fossem reunidos como gavelas em uma eira (Mq 4.12,13).
II
O rei da Assíria foi colocado, com isso, na maior confusão. Envergonhado em ver a si mesmo, depois de toda a sua ostentação orgulhosa, completamente derrotado e incapacitado de continuar suas conquistas, e seguro do que teve (pois esse, podemos supor, era a flor do seu exército), e continuamente temendo sofrer ele mesmo um golpe semelhante, partiu e foi, e voltou. O modo da expressão insinua a grande desordem e transtorno mental em que ele ficou (v. 36). E isso não ocorreu muito tempo antes de DEUS eliminá-lo também, pelas mãos de dois de seus próprios filhos (v. 37).
1. Aqueles que fizeram isso foram muito perversos, matar seu próprio pai (a quem eram obrigados a proteger) e no ato de sua devoção. Maldade monstruosa! Mas:
2. DEUS foi justo nisso. Legitimamente se permitiu aos filhos se revoltarem contra seu pai, que os gerou, quando ele estava em revolta contra o DEUS que o criou. Aqueles cujos filhos lhes são desobedientes devem considerar se eles não têm sido assim para com seu Pai no céu. O DEUS de Israel tinha feito o suficiente para convencê-lo de que Ele era o único e verdadeiro DEUS, a quem, por isso, ele devia adorar. Mas ele persiste em sua idolatria e busca ao seu falso deus por proteção contra um DEUS de irresistível poder. Com justiça o seu sangue misturou-se com o de seus sacrifícios, desde que ele não se convenceria por tão clara e dispendiosa demonstração de sua tolice ao adorar ídolos. Foi permitido a seus filhos, que o assassinaram, que escapassem e não se realizou nenhuma perseguição a eles, talvez porque seus súditos estavam cansados do governo de um homem tão orgulhoso e quisessem mesmo se ver livres dele. E seus filhos seriam considerados como sendo mais desculpáveis no que tinham feito se fosse verdade (como o bispo Patrick sugeriu) que ele estava agora fazendo voto de sacrificá-los ao seu deus, de maneira que eles o sacrificaram para a sua própria preservação. Seu sucessor foi outro filho, Esar-Hadom, que (parece) não teve por objetivos, como seu pai, aumentar suas conquistas, mas preferiu aproveitá-las. Por ele foi enviada aquela primeira colônia de assírios para habitarem no país de Samaria, embora ela seja mencionada antes (17.24), como aparece em Esdras 4.2, onde os samaritanos dizem que foi Esar-Hadom que os mandou ir para lá. _____________________________________________________ REIS - COMENTÁRIOS DE A. N. MESQUITA JUDÁ SOZINHO (II Reis 18 a 25 - II Crônicas 29 a 36)
No capítulo precedente assistimos à derrocada do Reino do Norte, com a queda de Samária e o povo levado em cativeiro por Sargão II, de Nínive. Foi uma tragédia na história do povo eleito. O pecado gerou esta tragédia. Por causa do pecado de Salomão, entregando-se ao culto das suas mulheres, DEUS rompeu os laços políticos de nação unida, ou como costumamos dizer, Reino Unido, criando outro Estado com dez tribos, entregando tudo a Jeroboão I. As determinações foram fortes e DEUS advertiu a esse personagem, que nada era senão um simples funcionário de Salomão. Deveria portanto observar a Lei de Moisés e ser fiel a tudo que nela estava escrito; parece, porém, que a maldição pesava sobre esta pobre gente e tão logo ele tomou conta das tribos do norte, lançou os fundamentos da mais torpe idolatria de que temos notícia nos anais da Bíblia Sagrada. Estabeleceu um sistema de culto baseado nos dois bezerros, um colocado em Dá, extremo norte do país, e outro em Betel, nos limites entre as duas partes da nação, dizendo que foram estes deuses que tiraram o povo da terra do Egito, da casa da servidão (I Reis 12:28). Há ainda alguma coisa a ser explicada no devido tempo, ou seja a relação entre bezerros e o culto a Jeová, pois Arão cometeu o mesmo pecado no deserto, fundindo um bezerro de ouro e dizendo que este bezerro havia tirado o povo do Egito (Êx. 32:4). Qualquer que seja a interpretação que se dê aos bezerros de Arão e Jeroboão, não padece qualquer sorte de dúvida que eram instrumentos de idolatria, totalmente proibida na lei. Daqui em diante o pecado de Jeroboão, filho de Nebate, tornou-se proverbial e todos os reis de Israel andaram nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate. Esse curso tinha de ter o seu determinismo. A idolatria, seja ela de bezerros, seja de imagens, é pecado, e o pecado desagrada a DEUS que exige um culto espiritual e monoteísta. A nação do norte, a mais rica e mais industrializada, diríamos, foi presa de toda sorte de ' pecados gerados ao redor dos altares de Betel e Dá, e não havia profetas que bastassem para arredar tanto os reis como o povo deste culto, pois, adorando ou servindo a estes bezerros, logicamente se entregavam aos baalins e astarotes, de que estava infestada a terra de Canaã.
Resta agora apenas o Estado do sul, conhecido como o reino de Judá que, segundo alguns comentadores, durou mais tempo e viveu mais afastado da idolatria, graças à influência do templo construído por Salomão, um centro de aglutinação e de coesão. De fato, não podemos negar a influência de um culto espiritual numa nação, realizando as tradições dos antigos e fazendo sempre reviver as boas normas religiosas e políticas de antanho. Por isso, certamente, a maioria dos reis de Judá foi fiel às tradições, à lei de Moisés, e, a não ser uns poucos, todos viveram mais ou menos conforme estes preceitos. Isto vimos nos capítulos anteriores. Nesta seção veremos dois dos mais nobres e mais dignos reis de Israel, nas pessoas de Ezequias e Josias, com os quais se encerra também o período do reino de Judá.
1. Ezequias (2Reis 18 ;19; 20; II Crôn. 29:32)
O período de Ezequias apresenta-nos algumas dificuldades cronológicas que, todavia, não nos preocupam, pois não atendemos demasiadamente às questões de cronologia, quer de Israel quer das outras nações. Segundo o relato de 18:1, Ezequias começou a reinar no terceiro ano do reinado de Oséias, que reinou em Samária nove anos e foi derrotado em 722, com a tomada da cidade. De acordo com esta Escritura, Ezequias começou a reinar em 728, no terceiro ano de Oséias, e quando a cidade de Samária caiu, já Ezequias era rei de Judá por nove anos. A cronologia o dá como rei de Judá em 729 a.C., ou seja, sete anos antes da queda de Samária. A discrepância, se discrepância existe, deve-se ao fato de Ezequias começar a reinar, segundo 18:1, conjuntamente com seu pai Acaz, que, sendo mau rei e metendo-se em complicações políticas externas, fora obrigado a admitir o jovem Ezequias como co-regente. Não tendo meios de acertar estas datas, fiquemos com a de 18:1, que o dá como rei de Judá no ano terceiro de Oséias ou seja 729 ou 728. Outros comentadores entendem que Ezequias começou a reinar em 710 quando Acaz morreu. Neste caso só pode referir-se à sua co-regência com Acaz, pois o texto sagrado o dá como rei no terceiro ano de Oséias ou seja em 728 ou 729 (veja Is. 36-39). Assim teria sido co-regente de 729-716, treze anos com o mau rei Acaz que encheu Jerusalém de ídolos e corrompeu o povo com a idolatria.
Todavia, o filho foi um bom rei, um dos melhores que Judá conheceu, só sendo sobrelevado por Josias, anos depois.
1) A refoma.
A terra estava de todo corrompida com a idolatria. A primeira medida foi derrubar os altos que haviam sido colocados por Salomão e que nenhum dos melhores reis tivera coragem de destruir. Eram lugares de culto popular. O povo não podia ir a Jerusalém adorar, então adorava nestes altos. Mesmo em bons tempos de religião purificada, isso não deixava de ser um desvio. Outros reformadores houve, mas não tocaram nos "altos". Ezequias não teve dúvidas: "Tirou os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo a Asera e despedaçou a serpente de bronze que Moisés fizera (porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso) e chamou-lhe Neústa" (18:4).
Neústa serve a um jogo de palavras que tanto quer dizer serpente como bronze, de que era feita a serpente. O que admira é que tantos séculos depois de Moisés, ainda esta serpente estivesse em uso de culto, e dela temos tido notícia em todos os casos de idolatria (Núm. 21:4-9). Pelo que vemos, esta reforma foi a mais profunda das que Israel ou Judá tivera durante os anos de seu reino. Todavia, nem Isaías nem Oséias fazem menção dela, pelo que nos admiramos. Parece a alguns comentadores que isso sucedeu porque essa reforma era mais política do que religiosa, não havendo mesmo indícios de reforma interna do povo, que continuava nas suas orgias como dantes. Seja como for, com a menção dos profetas ou sem ela, foi a mais profunda que se poderia esperar, e nem podemos acreditar que com simples medidas de ordem política e religiosa o povo se convertesse logo. A conversão, se havia, era questão do ambiente, o que só seria provado mais adiante. Na opinião deste escritor, Ezequias foi mais longe do que qualquer outro bom rei de Judá, pelo que lhe damos aqui o devido crédito. Tirar os altos, onde o povo adorava, e quebrar a serpente de bronze foram atos heróicos que merecem registro. A própria Escritura lhe dá este crédito, quando diz que depois dele e nem antes houve rei igual (v. 5), porque se apegou ao Senhor de todo o seu coração, guardando os mandamentos de Moisés (vv. 5,6). Portanto, está certa a nossa afirmativa de que nem antes nem depois houve rei igual, a buscar o Senhor de todo o coração; por isso o Senhor era com ele por onde andava e lograva êxito em todos os seus empreendimentos.
2) O começo da grande crise.
No ano décimo quarto do rei Ezequias subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou. A história, como deve ser contada, é muito mais complexa do que o escritor inspirado nos informa. A morte prematura de Sargão II, por mãos criminosas, açulou naturalmente os apetites de Merodaque-Baladã e outros de se livrarem da tutela assiria. Foi isso que trouxe Merodaque-Baladã a Jerusalém em visita de cortesia a Ezequias, por ter sabido que estivera doente, coisa que Isaías condenou veementemente, pois sabia que tanto os monarcas assírios como os babilônicos eram todos vinho da mesma pipa. Houve pois um levante geral em todos os Estados do norte, e Ezequias não se esqueceu de fazer os preparativos para uma possível revanche do monarca assírio. Reparou todos os muros quebrados das fortificações de Jerusalém, mandou fazer armas e escudos, pois sabia que o novo monarca assírio não se deixaria ficar quieto em Nínive. Judá já estava sujeito a Assur desde os dias de Acaz, pai de Ezequias, quando pediu socorro a Tiglate-Pileser III contra Rezim, da Síria, e Peca, rei de Israel. Acaz foi mesmo a Damasco, onde se encontrava o rei assírio, levando-lhe um gordo presente (tributo de vassalagem). Ezequias ignorou o acordo feito por seu pai e não pagou mais os tributos anuais; e não apenas isso, mas começou a promover a sua defesa contra o que julgava ser possível por parte do novo rei assírio. Igualmente atacou os vizinhos filisteus, tomando-lhes as cidades de Gaza e outras. Enquanto Ezequias se fortificava em Jerusalém, todos Estados do norte proclamaram a sua independência. Era uma revolta geral.
Tão logo subiu ao poder, Senaqueribe foi a Babilônia e submeteu o monarca Baladã, e depois atirou-se contra a Palestina. Dominados os Estados do norte veio contra Judá, tomando todas as cidades fortificadas, para depois se atirar contra o baluarte de Jerusalém, agora grandemente fortificado. Antes de atacar Jerusalém tinha de dominar Laquis e outras cidades ao redor da grande metrópole; Laquis, porém, era uma fortaleza difícil de ser tomada, e nenhum guerreiro poderia avançar para sul ou leste, deixando atrás este baluarte temível. O que a arqueologia nos diz da luta para tomar Laquis é mais um drama do que uma batalha. Todas as armas modernas daqueles dias foram mobilizadas. Os sapadores construíram rampas ao redor das muralhas para poder galgar o cimo dos muros onde estavam os artilheiros laquienses; estes, no entanto, bem armados de flechas e dardos, fundas e tudo quanto f azia parte do arsenal guerreiro do dia, tornavam inacessível a subida. O que nós chamaríamos atualmente de tanques, os assírios tinham com uma aguda ponta de ferro, com que martelavam as muralhas. Apesar de tudo, Laquis resistia. Flzeram alguns prisioneiros, mas o grosso das tropas defensoras ficou praticamente intato. O arqueólogo inglês por nome James Leskey Starkei descobriu uma vala que nós chamaríamos de sepultura comum, onde havia empilhado mais de mil corpos uns por cima dos outros. Esta mortandade, tanto pode ter sido o resultado da defesa de Laquis, como da morte causada pelo anjo do Senhor.
No fragor desta batalha e vendo que a sorte da cidade era indecisa, Senaqueribe mandou a Ezequias a sua embaixada, como nos conta o escritor em 18:17 de II Reis. Nesta conjuntura fraquejou a fé em DEUS, por Parte de Ezequias. Mandou então os seus embaixadores a Laquis, a fim de parlamentar com Senaqueribe e declarar-se seu servo, pagando o tributo de trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro (II Reis 18:14). Esta atitude do rei de Judá era um reconhecimento de que tinha errado em não manter o acordo do seu pai. Senaqueribe aceitou a oferta de Ezequias, mas o que ele pretendia não era tanto uma vassalagem, mas a cidade do Grande Rei, e por isso recebeu o dinheiro, mas continuou nas suas exigências da entrega da cidade. O resto da história é contada por miúdo nos versos 19 a 37.
3) Agrava-se a crise em Judá.
Este é o período mais crítico da história de Judá e do reinado de Ezequias. Foi o período áureo de Isaías, com papel preponderante nesta quadra histórica difícil, como conselheiro oficial do rei Ezequias que estava no seu décimo quarto ano de governo, quando Senaqueribe, sucessor de Sargão 11, da Assíria, veio atacar Judá. Resolvido o problema de Samária, estavam os reis da Assíria em condições de acertar as suas contas com Judá, pois lá para o norte nenhum outro Estado restava, como se verá mais adiante. Só Judá resistia. Ezequias confessa haver errado (v. 14) em não pagar os tributos estabelecidos por seu pai, e propõe-se a pagar o exigido. O rei assírio impôs pesado tributo, que obrigou Ezequias a raspar o tesouro real, o templo, num total de trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro. Para completar essa montanha de metal precioso (não havia dinheiro cunhado como agora) 1 arrancou das portas do templo e d'as ombreiras com que o rei de Judá as cobrira, e deu tudo ao rei da Assíria, com a condição de que se fosse embora. Senaqueribe parece ter ficado satisfeito com o tributo, mas depois mudou de idéia e exigiu a entrega da cidade, para que nada mais restasse naquela região, que não estivesse sob o domínio assírio (veja Isaías 36:1 e 33:1,6,7).
Senaqueribe estava cercando a fortaleza de Laquis, já referida, a famosa cidade por nós examinada em nossos estudos sobre Josué, a cidade mais fortificada de todos os antigos tempos. Enquanto cercava Laquis, mandou seus embaixadores, chefiados por Rabsaqué, a Ezequias, com a ordem de entrega da cidade. Neste meio tempo, como Laquis resistisse, Senaqueribe virou-se para Libna, outra fortaleza ainda não devidamente explorada. Era natural que enquanto Laquis resistisse, Jerusalém não podia ser atacada, pois uma dependia da outra. A arqueologia, nas suas buscas da verdade histórica, tem muito que nos contar e nós recomendamos aqui outra vez o livro de Sir Charles Marston, A Bíblia Disse a Verdade, incluindo outros notáveis arqueólogos.1 Nos relatos de Senaqueribe, encontrados nas ruínas de Nínive, lê-se: "Como Ezequias, o judeu, não se submetesse ao meu jugo, cerquei quarenta e seis cidades, delas expulsei velhos e novos e o rei eu fechei como pássaro na gaiola. " Continua dizendo que recebeu trinta talentos de ouro e Oitocentos talentos de prata, Pedras preciosas, camas com encrustações de marfim, cadeiras com embutidos de marfim, peles de elefantes, madeiras de ébano, as próprias filhas de Ezequias, concubinas, músicos de ambos os sexos, etc. O relato de Senaqueribe é falso nalguns pontos, mas verdadeiro noutros. Os reis assírios eram conquistadores de fama mundial e as suas basófias algumas vezes transcendiam a verdade, mas de modo geral correspondiam aos acontecimentos.
Os arquivos de Nínive têm sido a coisa mais preciosa para comprovação da história do Velho Testamento. 2
Depois de receber o tributo como vimos, Senaqueribe não se contentou, pois enquanto existisse Jerusalém haveria um foco de rebelião. Foi então que mandou os seus mensageiros para uni encontro com Ezequias.
1. Veja E a Bíblia Tinha Razão, de Werner Keller, pp. 222 a 235.
4) Senaqueribe intima Ezequias a entregar a cidade.
Os embaixadores foram Tartã, Rabe-Sáris e Rabsaqué. Todos devem ter sido altos funcionários do governo assírio, sendo Tartã chefe supremo das forças armadas (Is. 20:1), Rabe-Sáris comandante do exército e Rabsaqué o mordomo-mor do palácio real, em Nínive. Como se vê, era uma embaixada de luxo para convencer Ezequias a entregar a cidade. Estes chegaram junto ao aqueduto superior, ao caminho do campo do lavandeiro, lugares ainda não identificados. De lá mandaram chamar o rei que por sua vez mandou Eliaquim, o mordomo do palácio, Sebnã, o escrivão, e Joá, o cronista. Estes estavam encarregados de parlamentar com os embaixadores de Senaqueribe (Is. 7:3; 20:1; 22: 20). Esta gente falava o hebraico, coisa que nos parece um tanto estranha, e os mensageiros de Ezequias pediram que se lhes falasse em aramaico, porque o povo não entendia esta língua, e assim tomaria conhecimento dos insultos que estavam sendo assacados contra o rei e especialmente contra o DEUS de Judá, Rabsaqué respondeu que o assunto era para o povo conhecer e não apenas os oficiais do rei. A alegação dos embaixadores foi de que não valia a pena confiar no Egito, aquela cana quebrada, que furaria a mão de quem se encostasse nela (v. 21). Não sabemos que houvesse no momento qualquer entendimento com o Egito, que nesse tempo não era grande potência. Também não adiantava, diziam, confiar em DEUS cujos altares Ezequias derrubou, como a dizer se DEUS não se rebelou contra a derrubada dos altares, como é que vai ajudar-te nesta conjuntura (v. 22). Pois se não pode afugentar um só capitão dos menores dos servos do meu senhor, confias no Egito, ete. (v. 24). Ora, empenha-te com o meu senhor, rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se da tua parte achares cavaleiros para os montar (v. 23).
Toda essa arenga foi feita em bom hebraico, de modo que o povo assentado nos muros entendeu perfeitamente o que se estava passando, pelo que os mensageiros de Ezequias pediram que lhes falassem em aramaico, porque essa língua o povo não entendia.
O argumento era que não valia a pena resistir, confiando em DEUS, pois todos os deuses das nações vencidas tinham sido derrotados, dando como prova os deuses de Hamate, de Arpade, de Sefarvaim, Hena e Iva. Todos eles tinham sido derrotados e portanto não adiantava confiar em DEUS. O argumento era irresistível e os mensageiros de Ezequias calaram-se, porque a ordem era não argumentar. Teriam de fazer as suas propostas sem argumento.
Os embaixadores de Ezequias se retiraram dos muros e foram levar-lhe os resultados da afronta em palácio. Nada mais restava senão confiar em DEUS. Efetivamente todos os povos ao redor estavam submetidos e destruidos. Só restava mesmo Judá e este já tinha sentido o peso da afronta com a conquista de muitas cidades, e certamente a deportação de muitas pessoas, que, segundo as crônicas da Assíria, foram 200.150 entre novos e velhos. Não queríamos estar presentes a esta crise, se a nossa fé não fosse muito forte. Quantas vezes o povo tinha sido derrotado? Quantas vezes aparentemente DEUS se tinha omitido? Era, pois, uma hora de grande crise, e só a fé poderia valer. A cidade cercada, Laquis com as suas muralhas enegrecidas da fumaça das árvores cortadas e queimadas junto às muralhas, Libna também cercada, um exército de mais de 200.000 homens, cavalos sem conta, ali junto, e os pobres judeus encerrados dentro das muralhas da sua cidade.
2. Veja The Monuments and the Old Testament, de Príce; Biblical History and Geography, de Kent e Archeologg and the Bible, de Barton.
5) DEUS responde a Ezequias.
Nesta hora de crise, muito valia a opinião de um homem de DEUS. Ezequias enviou os seus mensageiros a Isaías (que morava perto do templo), todos de vestes rasgadas e cabeça coberta de terra, com uma mensagem desalentadora: "Este dia é dia de angústia, de vituperação e de blasfêmia; porque os filhos chegaram ao parto e não há força para os dar à luz. Bem pode ser que o teu DEUS tenha ouvido todas as palavras de Rabsaqué... Isaías lhes disse: .. . Não temas as palavras que ouviste..." (19:3-6). O milagre estava pronto e seria uma prova de que havia DEUS em Judá, e o DEUS dos judeus não era como os de Hamate, ou Serfavaim: era um DEUS diferente. Graças a DEUS que havia também um profeta a quem DEUS revelava a Sua vontade e isso era o bastante. Assim os mensageiros de Ezequias voltaram com o recado do profeta, no qual estava predito o que iria acontecer com os exércitos de Senaqueribe. DEUS meteria nele um espírito e ele ouviria certo rumor... (v. 7). O que também parece certo é que toda a basófia de Senaqueribe não passava de uma artimanha, pois se ele não conseguira tomar Laquis nem Libna, como poderia atacar Jerusalém com estas fortalezas pela retaguarda? Possivelmente Ezequias também deveria ter notado que tudo não passava de uma artimanha de guerra. Senaqueribe não seria louco para desviar os seus exércitos de Laquis e Libna para atacar Jerusalém, porque então seria atacado pela retaguarda. O próprio Senaqueribe estava encerrado numa gaiola, como disse que encerrara Ezequias. Com um mapa diante de nós veremos a posição de Laquis e Libna, fortalezas guardiãs de Jerusalém, e, sem a derrota destas, a cidade estava segura. Foi o que aconteceu quando Nabucodonozor, anos depois, atacou Jerusalém; ele teve de vencer primeiro estas fortalezas para então atacar a Santa Cidade. Temos aqui um capítulo da estratégia da guerra contra Jerusalém. Desta crise Jerusalém se livrou graças ao socorro dado por DEUS, embora houvesse no horizonte outra crise de que não se livraria.
A Santa Cidade estava mesmo destinada à destruição, por causa do pecado dos seus reis e do seu povo.
6) Uma carta afrontosa de Senaqueribe e a oração de Ezequias (veja Isaías 37:9-20).
Em vista de não obter uma resposta às suas ameacas, voltou Rabsaqué a seu senhor e o encontrou lutando contra Libna, porque Laquis tinha resistido valorosamente. Nesta altura, Senaqueribe soube que Tiraca, rei do Egito, tinha saído para lhe fazer guerra. Não sabemos que Tiraca viesse em socorro de Ezequias, mas como os dois Estados disputavam a hegemonia no Oriente, talvez tivesse pensado ser uma boa oportunidade de se defrontarem. O Egito tinha caído em poder dos etíopes, que constituíram a vigésima quinta dinastia do Egito. Uraca talvez fosse um general de Sabataca, seu tio, que reinou de 888-870. Então Senaqueribe entendeu que era tempo de fazer nova pressão contra Ezequias mandando-lhe uma carta insultuosa e afrontosa como se lê em 19:8-14. O argumento era o mesmo. Não adiantava confiar em Jeová, porque ele não livraria a cidade. Portanto, o melhor caminho era abrir os portões para que entrassem os exércitos do grande rei assírio. Ezequias não teve dúvida; foi ao templo e colocou a carta diante de DEUS, pois foi a DEUS que o rei insultou. Uma atitude de todo em todo prudente e sábia, pois, se era verdade que DEUS era DEUS e o único, então era a Ele que cabia responder aos insultos de Senaqueribe. Linda a oração de Ezequias, vale a pena ser imitada.
7) A resposta de DEUS por intermédio de Isaías (veja Isaías 37:21-35).
DEUS respondeu logo, sem demora, tudo quanto Ezequias tinha pedido: "A virgem, a filha de Sião, te despreza e te escarnece; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti" (v. 21). "A quem afrontaste?", pergunta o profeta. E entra numa série de figuras. DEUS mesmo cavou os poços e bebeu as águas, com a planta dos pés secou os rios do Egito, "e porque a tua arrogância subiu aos meus ouvidos, porei o meu anzol no teu nariz e o meu freio na tua boca, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste." Então foi dado um sinal de fartura e segurança para Israel (v. 28). "Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade. . . " (v. 32). Pronto! estava selada a sorte do arrogante rei, vencedor de muitos reis e deuses, mas vencido pelo DEUS de Israel. A desgraça já estava selada, como se vê nos versos 35-37, e nada escapou que pudesse fazer medo a uma aldeia de raposas. O que os reis da Assíria praticavam com os reis vencidos pondo-lhes anzóis no nariz e freios na boca, seria agora praticado contra ele. Damos graças a DEUS que ficou para a história esta revelação e proteção de DEUS. Nós que vivemos sob outra disposição, muito diferente aliás, sem um Isaías perto de nós, mas com os mesmos problemas algumas vezes até piores, podemos estar certos dê que DEUS é o mesmo e ainda responde às orações. Mudaram os meios e modos de enfrentar inimigos, não temos mais um Senaqueribe, mas temos outros do mesmo feitio, e quando oramos como Ezequias orou, DEUS responde.
8) A destruição do exército de Senaqueribe (veja Is. 37:36-38).
A destruição do exército de Senaqueribe é o fato histórico que mais impressionou os historiadores antigos, e sobre o acontecimento, rios de tinta têm corrido para explicar o que só a Bíblia o faz. O Autor no seu livro "Povos e Nações do Mundo Antigo", uma história do Velho Testamento, dá amplas informações a respeito. A frase bíblica "naquela noite" (v. 35) não se encontra na leitura paralela de II Crônicas nem em Isaías 37, pelo que alguns admitem ser apenas uma expressão forte para dar a entender que a derrota foi imediata. Todavia, tanto II Crônicas como Isaías dão a mesma nota que o anjo do Senhor destruiu o exército de Senaqueribe, se não naquela noite, numa noite, pois foi mesmo de noite que se deu a derrota, e Senaqueribe, como nos conta II Crônicas, voltou coberto de vergonha para a sua terra.
Uma lenda desposada por Heródoto, célebre historiador antigo, diz que a derrota se deu nas imediações do Egito, e que, portanto, Senaqueribe teria abandonado Jerusalém e tentado vencer os egípcios, sendo que a destruição ocorreu por intervenção de uma onda de ratos que roeram os arreios dos cavalos, e estes dispararam sem os cavaleiros. Outra, contada por Josefo, diz que um vento oriental deu no exército, de noite, e matou os soldados. Qualquer destas tradições não invalida o fato bíblico de que em certa madrugada cento e oitenta e cinco mil soldados amanheceram mortos, a fina flor do exército até aqui invencível. O anjo do Senhor fez a destruição da maneira que lhe pareceu melhor. Derrotado, Senaqueribe voltou para Nínive e foi adorar o seu deus Nisroque, e, enquanto adorava, seus dois filhos, Adrameleque e Sareser, o mataram à espada e fugiram para a terra de Ararate, subindo ao poder o seu outro filho, por nome Essar-Hadom. 3
A norma dos antigos guerreiros era, ao, subirem ao poder, tentar uma guerra para mostrarem o seu valor como guerreiros, pois que o trono ou o poder não dependia de direitos sucessórios, mas de força. A guerra de Senaqueribe na Palestina tinha tido esse fim, se bem de pouco ou de nada servisse. Parece que foi mesmo o fim do poderio assírio, pois daqui em diante começa o seu declínio com a volta do antigo império babilônico ao cenário político daquela região, com o advento como veremos adiante com a vinda de Merodaque-Baladã, antecessor de Nabucodonozor. Desta vez Jerusalém estava salva e livre, mas o pecado continuava a fazer a sua obra nefasta, e outro poder se levantaria para concluir o que Senaqueribe não conseguiu. Por qualquer ângulo que se aprecie esta quadra histórica, fica evidente que foi a mais séria de todas quantas visitaram a pobre nação até agora, e de que o grande Isaías foi o fiel da balança. Os que estudam Isaías e a sua obra devem ver o papel que lhe coube no encaminhamento dos negócios de Judá, sua luta para recolocar a nação no seu lugar com DEUS e suas terríveis proclamações e admoestações contra o pecado dos reis e do povo. O paciente e misericordioso DEUS teve de assistir a todo este transe, intervindo apenas quando solicitado, como espectador, silencioso aguardando poder entrar na cena e agir. Muitas são as lições que nos dá esta história do ponto de vista divino: se era solicitado, intervinha e salvava; se não era, deixava que cada qual pagasse por seus pecados. Isto ainda ocorre hoje, mas em moldes diferentes. O autor destas notas muito se tem louvado nestas ocorrências para tirar as lições que elas ministram, e com isso construir n sua própria vida pastoral e pessoal.
3. Há historiadores que acreditam que Senaqueribe foi de fato ao Egito com um grande exército e o dominou. Faraó naquele tempo seria um sacerdote inimigo de guerras, ou não disporia de exércitos para enfrentar Senaqueribe e entregou-se ao rei assírio. Esta é uma história contada por Heródoto de Helicarnasso. Não parece que a história seja verídica, pois o relato bíblico nos diz que Senaqueribe perdeu o seu exército junto às muralhas de Jerusalém. E nós ficamos com a história bíblica (Veja Keller, E a Bíblia Tinha Razão, p. 230).
(II Reis 18 a 25 - II Crônicas 29 a 36)
1. Ezequias (18 a 20; II Crôn. 29:32)
9) A doença de Ezequias (veja Is. 38:1-8).
Pensam alguns comentadores que a doença de Ezequias teria ocorrido antes da invasão de Senaqueribe, talvez por volta de 705. Entretanto, o texto parece indicar que se relacionou com o problema de Senaqueribe, por dizer "naqueles dias". Ora, "aqueles dias" devem estar em conformidade com o relato anterior. Todavia, pouco importa para a verdade, que precedesse ou sucedesse a invasão assíria, embora pareça estar relacionada com a dita invasão. É certo que os cronistas sagrados não se atinham muito à cronologia, dando um fato antes ou depois de outro; parece que no caso aqui, a doença ocorreu pouco depois, e era uma doença de morte, causada por uma úlcera que se atribui a câncer. Ezequias não estava pronto para morrer, seja porque não tinha filhos que o sucedessem, pois que Manassés nasceu mais tarde, seja porque, depois da vitória contra os exércitos assírios, desejava consolidar o seu poder em Judá. De qualquer modo, quando soube que estava selada a sua sorte nesta vida, virou-se para a parede e orou ao Senhor, alegando que tinha andado nos seus caminhos, fora fiel em tudo e, portanto, desejava viver mais um pouco. Isaías, que tinha trazido a mensagem da morte, ainda estava no centro da cidade (v. 4) quando veio outra ordem de DEUS, para que voltasse e lhe dissesse que ainda viveria mais um pouco. DEUS tinha visto as suas lágrimas, ouvido a oração do rei e teve pena dele. Portanto iria viver mais 15 anos. Mandou que se fizesse uma pasta de figos e a pusessem sobre a úlcera, e recuperou a saúde. 4
Ezequias não ficou satisfeito em ficar bom da úlcera; queria uma prova de que viveria os 15 anos; por que pedir provas? DEUS deu a prova. DEUS paciente. Seria adiantada a sombra no relógio de Acabe ou seria atrasada? Ezequias não quis que a sombra adiantasse, mas atrasasse dez graus. Então Isaías clamou ao Senhor e a sombra retrocedeu dez graus. Para alguns, o milagre não consistiu em diminuir o dia em dez minutos, mas em retroceder a sombra. Ora, para nós tanto faz. O milagre é claro. O relógio de Acaz era uma espécie de mediana muito usada nos antigos tempos, composta de duas partes que, fechadas, se superpunham. No centro, um espaço côncavo redondo, no qual havia uma agulha magnética que se dirigia para o polo norte. Sempre que se queriam as horas, era abrir a mediana, inclinar a agulha na direção do norte e a sombra da linha, proporcionada pelo sol, se projetava no mostrador do relógio com as 12 horas inscritas. Os astrônomos têm lutado para decifrar esse problema com o outro ocorrido em Josué 10:12-15. Segundo Josué o sol não se pôs quase um dia inteiro. Então dizem os sábios que o dia de Josué foi de 11 horas e cinqüenta minutos e os dez minutos de Ezequias completaram um dia que dizem, falta no calendário astronômico. Nos estudos sobre Josué foram dadas outras informações que o leitor procurará ler. Para nós que não somos astrônomos mas simples curiosos desta ciência, tanto se nos dá que falte uni dia no calendário astronômico, como não falte; o que interessa é o fato dos milagres que os incrédulos desejam2 ignorar. Se há DEUS, há possibilidade de milagres; se não há, não há milagres. Apenas isto e nada mais. A Revelação de DEUS é clara e a Sua intervenção na história é um fato. Negar isto é tentar Provar o impossível. Ezequias sarou da sua úlcera e continuou a viver mais 15 anos, conforme lhe prometeu Isaías.
4. No porto de Ras Schamra, no norte da Síria, os arqueólogos encontraram livro de receitas médicas especiais para curar doenças de cavalos e de pessoas mesmo. Havia muitas receitas recomendadas pelos mestres, receitas estas compostas de vegetais e frutas. Os ungüentos de figos eram muito usados na antigüidade para esfregar nas narinas dos cavalos quando tivessem a cabeça inchada ou o focinho inflamado. Acredita-se que a pasta de figos colocada na úlcera de Ezequias fosse uma fórmula dessas. No caso bíblico é claro que a cura foi obra de DEUS, foi milagre, mas os meios usados eram os comuns. DEUS mesmo usa meios naturais para surtir efeitos espirituais.
10) Uma embaixada de Babilânia (veja Is. 39:1-8).
"Na queles dias", ou naquele tempo, Merodaque-Baladã, rei de Babilônia, enviou cartas a Ezequias e uma embaixada. Babilônia de há muito estava sujeita à Assíria, como vassala, sendo os seus monarcas meros prepostos de Nínive. Todavia, Babilônia continuava a exercer a sua influência como dantes, pois toda vez que um monarca assírio subia ao trono tinha de ir a Babilônia pagar o seu tributo a Marduque, o deus principal dos babilônios, para poder contar com a cooperação do antigo império. c, Isto entretanto não militava contra o desejo de se tornarem independentes, como aconteceu pouco depois. Este Merodaque-Baladã, também escrito Berodaque-Baladã, era súdito da Assíria, e reinou durante os anos de 721 a 710. Sabendo que Ezequias estivera doente aproveitou o ensejo para vir saudá-lo pela sua saúde e sondá-lo sobre uma aliança, com o que Ezequias se sentiu muito confortado, pois sabia que havia no ar um meio de se vingar das afrontas assírias, com a sua derrota, fosse pelos babilônios ou por outros como aconteceu mais tarde. Recebeu a embaixada com as honras que merecia, mostrou-lhe todo o seu arsenal de guerra, a sua riqueza, tudo que tinha. Eram então dois conspiradores contra Nínive. Segundo os protocolos daqueles dias, Ezequias seria o conspirador ocidental e Merodaque-Baladã o oriental. Era uma conspirara bem armada e Ezequias, como bom político, não podia perder a oportunidade de uma tal aliança.
Isaias, o grande intérprete da história, não gostou do negócio. Veio a Ezequias e perguntou: "Que disseram aqueles homens e donde vieram a ti" (v. 14). Ele bem sabia de onde tinham vindo, mas queria a palavra do rei. "Vieram de um país mui remoto, de Babilônia... Que viram em tua casa?" Então vem a sentença terrível, uma profecia das incursões de Nebuzaradão e Nabucodonozor. A profecia foi tremenda: (1) tudo que viram seria levado para Babilônia, nada ficaria; (2) dos seus próprios filhos fariam eunucos no palácio do rei de Babilônia. Então disse Ezequias a Isaías: "Boa é a palavra do Senhor que disseste" (v. 19). Apesar da negrura da profecia, Ezequias se conformou com ela, isto em parte, porque o ataque babilônico não ocorreria nos seus dias. Bom espírito. Poderia pensar ainda que, se estas terríveis coisas não aconteciam nos seus dias, mas muito depois, tudo poderia ser evitado por uma lealdade a DEUS, o que seria certo. Se Manassés fosse outro homem e seus sucessores fossem crentes corretos, talvez nada tivesse acontecido, porque DEUS muda os Seus planos mediante a oração. Não temos um DEUS impossível, indiferente à vida. Temos um DEUS que sofre e livra conforme a nossa atitude. Fosse pelo que fosse, Ezequias não se agastou com a profecia. Mesmo o horizonte estava muito distante e o espantalho da sua hora era Assíria, como se os babilônios fossem muito melhores.
5. Em linguagem babilônica chamava-se Marduck-Aplaudim. A morte inesperada de Sargão II fez reviver no monarca babilônico, preposto de Nínive, o desejo de se ver livre da tutela dos reis assírios. Nesta conjuntura, sabendo que Ezequias havia estado doente. manda-lhe uma embaixada vistosa com um bom presente para o saudar, e ao mesmo tempo o sondar a respeito de uma aliança para que Judã, de um lado, e Babilônia do outro, se atirassem contra Nínive. Este monarca chamava-se Merodaque-Baladã, filho de Balã. Como de praxe, Isaías não gostou do assunto tratado. mesmo que tudo estivesse ainda em segredo de Estado. Isaías, bom observador dos fatos nacionais e internacionais, já sabia de tudo e condenou os entendimentos havidos. Judá devia confiar no seu DEUS e não em alianças políticas.
11) Súmula das atividades de Ezequim.
Até hoje se discute a maneira como Ezequias trouxera a água da Fonte da Virgem, ou Ponte Giom, que ficava no vale de Cedrom, ao sul da cidade até o poço de Siloé, que aparece diversas vezes em o Novo Testam,ento. Por meio de um aqueduto sinfonado, a água foi trazida ao centro da cidade, para abastecimento público. Foi por este aqueduto numa forma primitiva que os homens de Davi entraram e tomaram a fortaleza dos jebuzitas (II Sam. 5:6,7,8). O que Ezequias fez foi ampliar as obras e torná-las mais conformes com as necessidades da cidade. Outras obras já referidas foram o domínio dos velhos inimigos filisteus, estabelecendo fronteiras pacíficas ao redor de Jerusalém. A sua reforma religiosa, porém, só tem paralelo na história moderna, com as naturais diferenças, em Lutero, sendo que a obra de Ezequias foi muito mais completa. Foi um rei que passou à história como amigo de DEUS e dos Seus mandamentos.
As fortificações que Ezequias fez na cidade são coisas que ainda hoje constituem admiração. Jerusalém era lima cidade cobiçada, rodeada de inimigos que não perderiam ocasião de tomá-Ia. Ainda hoje se buscam os muros da cidade construídos ou reconstruídos no seu tempo. Desde tempos antigos que a cidade era rondada por inimigos e Ezequias sabia que a qualquer tempo seria presa de algum conquistador. Então cercá-la bem e com altas muralhas era uma sábia política. Mas a sua obra, ainda hoje admirada, está justamente no túnel que leva as águas da Fonte da Virgem ou de Maria, até o centro da cidade. Esta fonte, também chamada de tanque de Siloé, corre por um túnel de meio quilômetro, com uns sessenta centímetros de altura, por onde um homem passa curvado e com dificuldade, porque não segue em linha reta. Em 1880 um rapaz caiu no tanque e nadando com dificuldade foi sair na outra extremidade e lá deparou com um buraco. Conhecido, o túnel foi examinado por técnicos, que descobriram uma inscrição feita na rocha mais ou menos assim: "Termina a perfuração". O que tem causado certo assombro aos arqueólogos é o fato de que o túnel não segue em linha reta, mas faz uma grande curva, em forma de S. Por que essa curva tornando difícil o prolongamento do túnel? Acreditava-se que os túmulos dos reis de Israel se encontrassem ali e para não tocar-lhes fizeram esse desvio, mas investigações posteriores não encontraram túmulo algum. A forma de sifão teria por fim dar às águas maior movimento de ascensão. Uma cidade bem abastecida de água estaria preparada para resistir ao cerco que provavelmente viria.
O assunto relacionado com a palavra poço, cisternas, é de tal modo interessante que nos sentimos levados a dizer mais urnas palavras a respeito.
Acredita-se que os judeus foram levados a cavar poços devido ao costume dos egípcios de os cavarem distante do rio Nilo, para a criação de peixes. Todavia, o costume era muito mais antigo do que qualquer outro aprendido no Egito. Abraão cavou cisternas para abeberar o seu gado (Gên. 26:18), e seu filho Isaque igualmente cavou poços. Quando Jacó chegou a Arã parou junto ao poço onde os rebanhos eram abeberados (Gên. 29:3 e referências) . A necessidade de abrir poços decorria da quase inexistência de rios em muitos lugares do Oriente e também pela falta de chuvas periódicas, de modo que era necessário armazenar a água das chuvas para ter o que beber nas grandes estiagens tão comuns no Oriente. Quando acontecia encontrarem um veio d'água num poço cavado, era uma riqueza, como sucedeu com Jacó, quando cavou o poço notável na história da Bíblia em João capítulo quatro. Este era um poço de nascente que serviu e ainda serve a gerações. Não foi apenas na Palestina que foram abertos Poços para reservatórios de águas, pois em muitos lugares da América do Norte, e mesmo no Brasil abrem-se poços para ajuntar a água das chuvas para gastos domiciliares.
Havia um poço ou açude notável em Gibeão (II Sam. 2:13), um outro em Hebrom (II Sam. 4:12), chamado açude, na Bíblia Revisada e Atualizada no Brasil; o poço de Samária (I Reis 22: 38) e, finalmente, o açude superior (II Reis 18:17, Is. 7:3), conhecido agora pelo nome de Birket-el-Mamilla, o poço mais baixo ou inferior (Is. 22:9, 11). Mas de todos os poços ou açudes encontrados no Velho Testamento, o mais notável pela sua construção, como já vimos, e por sua influência durante séculos, foi mesmo o de Ezequias (II Reis 20:20), atualmente conhecido pelo nome árabe de Birket-el-Hammom, o Poço do Rei; em Neemias 2:14, chamado a Porta da Fonte e Açude do Rei, também conhecido como a Ponte da Virgem; em Neemias 3:15, a Porta da Fonte. Isaías chama a este açude, o Açude Velho. No livro de Eclesiastes, Salomão confessa: "Fiz para mim açudes para regar com eles o bosque em que reverdeciam árvores" (Ecl. 2:6). Entretanto, o Poço de Ezequias (II Reis 20:20) é, de todos, o mais notável e merece aqui duas palavras
a) Este poço, já mencionado linhas atrás, consistia de um canal que o rei Ezequias abrira na rocha e que era alimentado pelas águas, que vinham do poço alto de Giom (II Crôn. 32:30), que fica a oeste da cidade, perto da moderna Jerusalém. Conforme a tradição este poço perto da cidade nova e da Porta de Jafa, com toda a probabilidade, é o verdadeiro local do poço de Ezequias, visto que as suas águas correm do poço alto de Giom (Birket-el-Mamila), por um canal ou aqueduto, nas proximidades da Porta de Jafa, até alcançarem o Birket-el-Hammam, o Poço de Amom.
b) O poço superior (II Reis 18:17; Is. 7:3; 36:2) e o poço inferior (Is. 22:9), ficam fora dos muros de Jerusalém, em conexão com o outro poço. Na cidade moderna há dois poços ou açudes, um superior e outro inferior. Um no princípio do Vale de Giom e o outro um pouco ao sul, indo para a extremidade do Vale, quase em linha reta com os muros da cidade.
c) O poço velho (Is. 22:11), não fica muito distante das muralhas duplas, e perto dos jardins reais (II Reis 25:4), por onde fugiram todos os homens de guerra, quando a cidade foi cercada pelos caldeus. Jeremias 39:4 tem a mesma linguagem. Este açude deve ser procurado a sudeste da cidade de Jerusalém, perto da Fonte de Siloé (Neem. 3:15); e não muito distante do início do Tiropeon, onde se encontram atualmente dois reservatórios, um cavado mesmo na rocha, e o outro um pouco maior ao sul, do qual recebe as suas águas. A água flui da rocha por uma abertura chamada Ponte de Siloé. O maior destes açudes ou fontes é sem dúvida o Poço de Siloé, e o que lhe fica perto deve ser o velho poço, idêntico com o poço artificial mencionado por Neemias (Neem. 3:16), pois fica na sua vizinhança. O Poço do Rei, referido por Neemias 2:14, deve ser procurado na Ponte da Virgem Maria, a leste de Ofel e talvez seja o mesmo Poço de Salomão referido por Josefo (Guerras V, 4:2). Outros acreditam que o poço que fica ao sul de Siloé e que atualmente está quase aterrado deve ser identificado com a referência de Josefo. Assim, ligeiramente expostos, temos o Poço de Betesda, o Poço de Giom, o Poço de Siloé e Salomão.
Fica evidente, por estas informações, que Jerusalém estava bem servida de águas, e tanto Ezequias como outros tiveram o cuidado de não negligenciar esta importante parte da vida de uma capital. Ezequias parece ter sido o que mais de perto se interessou por estas obras, ao ponto de o escritor sagrado lhe fazer uma referência toda especial (II Reis 20:20). _______________________________________________________________ O REINO DE JUDÁ FICA SOZINHO (2RS 18.1—25.30) Comentário - NVI (F. F. Bruce)
Judá sobreviveu, ainda que como vassalo da Assíria, e teve mais 130 anos de história bastante diversificada. Durante esse período, o poder assírio minguou e finalmente passou para a Babilônia (612 e 605 a.C.). Os aviva-mentos sob a liderança de Ezequias e Josias são pontos religiosos luminosos numa época em geral sombria. Nessa seção final, mais detalhes políticos são registrados, de forma que os últimos 130 anos de Judá recebem mais atenção do que os primeiros 200.
O reinado de Ezequias (18.1—20.21)
O terceiro ano do reinado de Oséias (729 a.C.) deve ser o início da co-regência de Oséias, e as datas dos v. 1,9 começam aí. Os vinte e nove anos (v. 2) devem ser uma referência ao período em que ele reinou sozinho de 716 a 687. O décimo quarto ano do v. 13 é uma referência ao seu reinado sozinho (i.e., 701 a.C.).
Os v. 3-8 dão um breve resumo do seu reinado antes do relato bem mais detalhado (18.13—19.37) de como rebelou-se contra o rei da Assíria (v. 7). Ele fez [...] tal como tinha feito Davi, seu predecessor (v. 3) sem restrições, visto que até os altares idólatras foram removidos, junto com as colunas sagradas e os postes sagrados. Até a serpente de bronze que Moisés havia feito foi despedaçada para encerrar uma reverência supersticiosa (v. 4). Era chamada Neustã (bronze): a maioria das versões traz “e lhe chamaram” (ARA, ARC, BJ), seguindo o texto grego. O TM traz o singular “ele a chamou” (v. nota de rodapé da NVI), o que é mais provável à luz do comentário de Ezequias: “É somente bronze, não deus”, v. 5,6. Ezequias confiava no Senhor [...] Ele se apegou ao Senhor: reflete a atitude interior, assim como obedeceu aos mandamentos reflete o resultado exterior, v. 7. o Senhor estava com ele (como com José, Gn 39.21,22), e ele prosperou, como mostram a sua rebeldia contra a Assíria e a derrota que impôs aos filisteus. Segundo Crônicas 29 traz mais detalhes acerca dessa reforma. Is 20 e 30.1-7 mostram a tentativa do profeta de fazer Ezequias parar de se meter em politicagem, especialmente com o Egito (um flerte de dez anos que quase foi fatal). A própria inscrição de Senaque-ribe mostra que o ataque de Ezequias contra a Filístia estava associado a essa intriga e resultou no fato de que Padi, rei de Ecrom, ficou aprisionado um tempo em Jerusalém. A data exata em que ele se rebelou contra o rei da Assíria não é dada no texto, mas no início do reinado de Senaqueribe ele teve de tratar com rebeliões na Babilônia (daí a ligação com Merodaque-Baladã em 20.12) e na Palestina, e pode ter sido esse o momento em que foi tomada a decisão fatídica de não pagar tributos.
Os v. 9-12 relatam a queda de Samaria com base nos anais de Judá, com a mesma lição moral de antes: não obedeceram ao Senhor [...] Não o ouviram (v. 12).
A defesa de Jerusalém (18.13—19.37) v. 13. O ataque de Senaqueribe contra todas as cidades fortificadas de Judá ocorreu em 701 a.C. e é descrito em termos arrogantes na sua inscrição. A história do livro de Reis destaca o fato de Javé ter preservado a sua cidade de Sião contra o invasor pagão e, assim, só faz menção muito breve da situação calamitosa em que se encontrava (v. 13-16). A diplomacia de Ezequias pode ter sido louvável do ponto de vista religioso e heróica em termos nacionais, mas custou caro a Judá. Senaqueribe [...] as capturou (v. 13) é uma observação relativa à tristeza das “46 de suas cidades fortificadas e inúmeras pequenas vilas” mencionadas na inscrição, além da multidão de prisioneiros. Laquis (v. 14) está retratada numa escultura em uma parede do palácio em
Nínive, mostrando a cidade em chamas e o rei vitorioso recebendo honrarias.
O debate acerca do cap. 18 continua. Alguns estudiosos sugerem que os v. 13-16 relatam a campanha de 701 de Senaqueribe e propõem um cerco posterior em 688 mencionado em 18.17—19.37. Uma campanha única pode, no entanto, ser harmonizada com todas as referências, e o v. 17 mostra uma mudança de opinião (ou um ato de traição) por parte de Senaqueribe que, tendo recebido o tributo (v. 16), volta novamente para exigir entrada na cidade. Os cidadãos sitiados são atormentados pela traição, e assim o Cometi um erro (v. 14) anterior se torna em feroz resistência. Eles já haviam melhorado a sua defesa com a proeza de engenharia que era o novo túnel que canalizou água para a cidade (20.20).
v. 17. o rei da Assíria enviou [...] seu general (o “Tartan”), seu oficial principal (o “Rabsaris”) e seu comandante de campo (o “Rabshakeh”) para intimidar a cidade. A seção de 18.17—
20.19 é repetida em Is 36.1—38.8 e 39.1-8, em que somente o comandante de campo, o Rabshakeh, é mencionado. A fala é um exemplo de fanfarrice e abuso pretensiosos, v. 19. Digam isto a Ezequias (sem título algum) contrasta com o grande rei, o rei da Assíria. E compreensível que ele ridicularize a confiança no Egito. A confiança no Senhor, ele subestima — compreende de forma errônea a purificação conduzida por Ezequias quando eliminou os santuários e altares (v. 22), e faz um apelo sutil àqueles que se ofenderam com a reforma de Ezequias. Ele até reivindica a autoridade de Javé para a sua campanha, falando com mais veracidade dos fatos do que ele tinha conhecimento (Is 10.5ss), e promete ao povo paz e prosperidade caso se submeta a ele (v. 31,32) como muitos tiranos têm feito desde então. O seu argumento final (que contradiz o terceiro) é que nenhum deus é mais forte do que a Assíria e que é impossível que o Senhor poderá livrar Jerusalém (v. 35). O povo reage com silêncio (v. 36); os cortesãos, com terror (com as vestes rasgadas, v. 37); e o rei, com humilhação no templo e um pedido de ajuda a Isaías (suplica a DEUS,19.4). Embora Isaías tivesse criticado a política de Ezequias e pudesse dizer: “Não te falei?”, ele envia uma mensagem de esperança e profetiza juízo sobre a arrogância da Assíria, v. 7. quando ele ouvir certa notícia: cumpriu-se no que Senaqueribe recebeu de Tiraca, rei etíope do Egito... (v. 9). Os estudiosos concordam agora (Bright fundamentou a sua teoria da campanha de 688 parcialmente no relato da juventude de Tiraca) que Tiraca tinha idade suficiente para conduzir um exército egípcio (embora não governasse o Egito antes de 690 a.C.) e possuía poder suficiente para fazer Senaqueribe tremer. A morte deste último no seu próprio país (cf. v. 37) ocorreu 20 anos mais tarde.
Os v. 10-13 têm sido considerados um “relato paralelo” à fala do comandante de campo, mas podem ser também uma segunda mensagem, dessa vez de forma escrita, quando o comandante de campo [...] retirou-se [...] para Libna (v. 8) com a notícia do desafio a Jerusalém. Eles simplesmente repetem o argumento final: Acaso os deuses das nações [...] as livraram [?] (v. 12). A reação de Ezequias entrou para a história como um modelo de humildade e esperança, pois ele estendeu-a [a carta] perante o Senhor (v. 14) e orou com teologia sadia — não eram deuses (v. 18) — e com preocupação zelosa para que todos os mnos da terra saibam que só tu, Senhor, és DEUS (v. 19; cf.
5.15). A resposta para a sua confiança está na declaração de Isaías: Assim diz o Senhor, o DEUS de Israel (v. 20), introduzindo um “cântico de escárnio” em harmonia com o conceito elevado que Isaías tinha da transcendência de Javé como o SANTO de Israel (v. 22). O comandante de campo e os seus emissários são reduzidos a anões: você insultou o Senhor por meio dos seus mensageiros (v. 23). A arrogância se transforma em trágica ironia (cf. Is 10.7
11). v. 24. sequei todos os rios do Egito: assim a NVI (como também a BJ e a ARA) emenda o TM: “rios da fortaleza”; mas, visto que Senaqueribe ainda não havia conquistado o Egito nessa época, o futuro “secarei” seria mais adequado. (V. ARC: “secarei todos os rios dos lugares fortes”), v. 25. eu já havia determinado põe a jactância dos v. 11-13 na perspectiva correta, e o meu anzol em seu nariz (v. 28) torna-se um castigo mordaz à vista de esculturas assírias que mostram reis subjugados sendo conduzidos exatamente dessa maneira. Uma mensagem de encorajamento é selada com um sinal (v. 29; ’ôt, às vezes, como em 20.8, mas nem sempre, sinal miraculoso) segundo o qual o crescimento normal do campo e da família continuaria. Não mais do que duas colheitas se perderiam.
Foi nessa época que se materializou a convicção da inviolabilidade de Jerusalém, v. 34. por amor de mim mesmo e do meu servo Davi foi dado como esperança em dias tenebrosos a um rei temente a DEUS (mesmo que politicamente insensato). Tornou-se um talismã tão concreto que mais tarde Jeremias teve de batalhar contra isso (Jr 7). A solução veio naquela noite. Acerca do elevado número (185.000), v. NBD, p. 1.124-5. mil (’eleph) é muito parecido com ’alluph, “comandante”, e “185 comandantes” estaria em harmonia com 2Cr 32.21. Heródoto preservou uma tradição de camundongos atacando o acampamento assírio e roendo aljavas e outros equipamentos. Uma peste bubônica se encaixaria com as duas histórias. Todos os relatos concordam que Senaqueribe, rei da Assíria, desmontou o acampamento e foi embora (v. 36) e que foi assassinado por seus filhos (v. 37). SUBSÍDIOS DA Lição 11, O Reinado de Ezequias - 3º TRIMESTRE DE 2021 OBJETIVO GERAL - Asseverar que o Senhor ouve a oração dos que o temem.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar o íntegro reinado de Ezequias;
Sinalizar as afrontas de Senaqueribe;
Registrar o fim de Senaqueribe.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Inicie esta lição falando sobre a destacada fé do rei Ezequias. Sua fé não foi superada por nenhum dos reis de Judá (v.5). Ezequias não dependia de nenhuma aliança com outras nações porque a bênção de DEUS, que estava sobre ele, lhe era suficiente. Este grande rei não se apartou dos caminhos do Todo-Poderoso. O modo como o Senhor foi com ele, libertando-o de Senaqueribe, era um sinal de sua grande fé, fidelidade e justiça.
Enfatize para seus alunos o quanto vale a pena ser fiel a DEUS em tempos de grande crise. SÍNTESE DO TÓPICO I - Quando nos voltamos para DEUS, as mudanças de comportamento e atitude são inevitáveis, pois sua Santidade nos constrange. SÍNTESE DO TÓPICO II - Nosso inimigo não tem nenhum poder sobre nós. Todas as suas pretensões passam pelo crivo e aprovação do Senhor. SÍNTESE DO TÓPICO III - Aquele que ousa afrontar o Senhor DEUS é severamente castigado. A mão protetora do Altíssimo nunca deixa seu povo desamparado.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO TOP1
O professor deve entender que a forma como conduz os trabalhos na classe e a linguagem utilizada são fundamentais no processo de aprendizagem. Portanto:
O PROFESSOR NÃO DEVE:
O PROFESSOR DEVE:
• Dar início à lição sem antes certificar-se da presença do material necessário às atividades planejadas, desde pincel para lousa (ou giz), o apagador, os livros, mapas, figuras e outros recursos;
• Ao iniciar a aula, pôr-se desde logo a discorrer sobre o assunto do domingo sem antes certificar-se do aproveitamento real, pelos alunos, do conteúdo da lição anterior;
• Impacientar-se com o escasso aproveitamento de certos alunos e abandoná-los, dando como razão que “não convém perder tempo com eles”.
• Estudar constante e cuidadosamente a linguagem dos alunos, para ficar sabendo quais as palavras que usam e que significados dão a elas;
• Quanto possível procurar obter dos alunos a expressão dos seus conhecimentos, ou a medida deles sobre o assunto, para ficar ciente de suas ideias e modos de expressá-las, e assim ajudá-los a corrigir em seus conhecimentos;
• Expressar-se, quanto possível, na linguagem dos alunos, corrigindo cuidadosamente quaisquer erros do significado que dão a suas palavras. SUBSÍDIO HISTÓRICO TOP2
“Rabsaqué adverte Ezequias (18.19-25). A mensagem de Rabsaqué era uma típica ostentação assíria planejada para destruir a confiança de Ezequias. Deve-se observar a partir de suas advertências que o rei de Judá estava, naquele momento, resoluto e determinado em sua revolta contra Senaqueribe. O grande rei, o rei da Assíria (19) é apenas parte do título frequentemente usado pelos reis da Assíria. Os anais deste rei têm início da seguinte forma: ‘Senaqueribe, o grande rei, o poderoso rei, rei do universo, rei da Assíria...’ A aliança estabelecida entre Judá e o Egito, era tão frágil quanto a palavra de lábios (20), com o bordão de cana quebrada como suporte (21). O Faraó é Tiraca (Taharqo), que foi co-regente com seu irmão a partir de 690/89. Ele era o líder das forças egípcias que Senaqueribe enfrentou (19.9)” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.376,77).
CONHEÇA MAIS TOP2
“O cronista relata que desde os tempos de Salomão não se comemorava a Páscoa assim. E DEUS, dos céus, ouviu e se agradou das canções de louvor. Como resultado da restauração do culto a Yahweh, todo vestígio e símbolo pagão foi destruído. Isto incluía não apenas os altos do sul ao norte, como também a serpente de bronze que Moisés fizera no deserto do Sinai (2 Rs 18.3,4; 2 Cr 31.1). Um indicativo de quão profunda era a apostasia de Israel é o fato de que adoravam qualquer que, no passado, servira-lhes como símbolo da graça de DEUS.” Para saber mais leia: História de Israel no Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 435.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO TOP3
“A palavra de DEUS referente a Senaqueribe (19.20-28). A resposta de DEUS à oração de Ezequias, mais uma vez, veio através de Isaías, o profeta. Para compreender claramente a mensagem, veja o texto bíblico completo. Era uma resposta de esperança para o rei de Judá e a angustiada Jerusalém. A atitude deles com relação a Senaqueribe poderia ser de desprezo e zombaria (21). Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti, isto é, ‘ela balança a cabeça detrás de ti’. O rei da Assíria não só zombava do povo de Jerusalém, mas de DEUS, o SANTO de Israel (22) – um título para o Senhor, usado principalmente por Isaías (cf. Is 5.24; 30.12, etc). Senaqueribe havia arrogantemente perseguido as suas muitas conquistas (23,24), e contava até mesmo com a aprovação de DEUS – não ouvistes que já dantes fiz isto? (25, cf. Is 105-11). A difícil segunda parte do versículo 25 pode ser traduzida como: ‘E agora eu o executei, transformando as cidades fortes em ruínas’ (Moffatt). Entretanto, a Assíria foi além dos planos de DEUS. Ela arrogantemente, perseguiu o seu desejo por conquistas, e assim DEUS declarou a Senaqueribe: Eu te farei voltar pelo caminho por onde vieste (28, cf. Is 10.12-19)” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.379). PARA REFLETIR - A respeito de “O Reinado de Ezequias”, responda:
Quem foi Ezequias? Um rei de Judá temente a DEUS.
Qual foi a lição deixada por Ezequias? DEUS sempre ouve os sinceros de coração, que confiam nEle mesmo diante do medo e insegurança.
O que significa dizer que “Ezequias achegou-se a DEUS”? Significa que Ezequias não se afastou do Senhor e guardou os seus mandamentos (2 Rs 18.6). Ele estava disposto a honrar e adorar somente a DEUS.
O que promoveu uma adoração nacional em Judá? Um apelo de Ezequias a toda a nação de Judá à santidade, ao arrependimento e à adoração a DEUS.
Qual foi o livramento dado por DEUS ao povo de Judá? O anjo de DEUS eliminou cento e oitenta e cinco mil assírios.
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 86, p. 41