Escrita Lição 12, A Rebelião de Absalão

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Lição 12, A Rebelião de Absalão
 
4º Trimestre de 2019 - O Governo Divino Em Mãos Humanas - Liderança do Povo de DEUS em 1 e 2 Samuel - Comentarista CPAD - Pr Osiel Gomes
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454. - henriquelhas@hotmail.com - Americana - SP
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Vídeo desta Lição 12 - https://www.youtube.com/watch?v=fREEfUGTmCU
Ajuda para esta Lição 12 -
https://www.youtube.com/view_play_list?p=0F0D4DF206321346 Davi e a Negligência na Família
 
4º Trimestre de 2009 - Davi - As Vitórias e derrotas de um homem de DEUS - Comentaristas: José Gonçalves - Davi - As Vitórias e derrotas de um homem de DEUS - Comentarista: Pastor José Gonçalves
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/estudos2.htm
Vídeos sobre o rei Davi - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv4trim2009.htm
 
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Lição 12, A Rebelião de Absalão
 
 
TEXTO ÁUREO
“E desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens de Israel.”  (2 Sm 15.6)
 
 
VERDADE PRÁTICA
A rebelião revela uma natureza depravada e apóstata contra DEUS, visando apenas propósitos que contrariam a perfeita vontade divina.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Ef 6.1 Os filhos devem obedecer aos pais
Terça – Ef 6.4 Os pais não podem provocar seus filhos
Quarta – 1 Tm 3.2 O servo de DEUS deve ser irrepreensível
Quinta – 1 Pe 5.8 Devemos fechar as portas às obras do Inimigo
Sexta – Mt 12.33 Pelo fruto se conhece a árvore
Sábado – Fp 2.19,20,21 É bom contar com pessoas nobres e fiéis a DEUS
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Samuel 15.1-18
1 - E aconteceu, depois disso, que Absalão fez aparelhar carros, e cavalos, e cinquenta homens que corressem adiante dele. 2 - Também Absalão se levantou pela manhã e parava a uma banda do caminho da porta. E sucedia que a todo o homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si e lhe dizia: De que cidade és tu? E dizendo ele: De uma das tribos de Israel é teu servo; 3 - então, Absalão lhe dizia: Olha, os teus negócios são bons e retos, porém não tens quem te ouça da parte do rei. 4 - Dizia mais Absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! 5 - Sucedia também que, quando alguém se chegava a ele para se inclinar diante dele, ele estendia a sua mão, e pegava dele, e o beijava. 6- desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens de Israel. 7 - E aconteceu, pois, ao cabo de (quarenta-errado) quatro anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que votei ao SENHOR. 8 - Porque morando eu em Gesur, na Síria, votou o teu servo um voto, dizendo: Se o SENHOR outra vez me fizer tornar a Jerusalém, servirei ao SENHOR. 9 - Então, lhe disse o rei: Vai em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom. 10 - E enviou Absalão espias por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom.11- E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio. 12 - Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, à sua cidade de Gilo, estando ele sacrificando os seus sacrifícios; e a conjuração se fortificava, e vinha o povo e se aumentava com Absalão. 13 - Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão. 14 - Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não poderíamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar, para que porventura não se apresse ele, e nos alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada. 15 - Então, os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor. 16- E saiu o rei, com toda a sua casa, a pé; deixou, porém, o rei dez mulheres concubinas, para guardarem a casa. 17 - Tendo, pois, saído o rei com todo o povo a pé, pararam num lugar distante. 18 - E todos os seus servos iam a seu lado, como também todos os quereteus e todos os peleteus; e todos os geteus, seiscentos homens que vieram de Gate a pé, caminhavam diante do rei.
 
OBJETIVO GERAL - Expor que a rebelião revela uma natureza depravada e apóstata contra DEUS, visando apenas propósitos que contrariam a sua vontade.
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Descrever o homem Absalão;
Destacar a revolta de Absalão;
Apontar a morte de Absalão.
 
 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
A lição desta semana aborda sobre a rebelião do filho de Davi. O rei de Israel não poderia imaginar uma traição dessa proporção vinda da própria casa. Uma rebelião vinda de uma pessoa em que lhe é depositada toda a confiança é dolorosa e, num primeiro momento, inimaginável. O relato da rebelião de Absalão mostra o quanto tal atitude pode ser avassaladora. Absalão perdeu a vida; o rei Davi saiu arrasado; e milhares de vidas do exército foram dizimadas. Numa rebelião, todos perdem. Seja na família, na amizade ou nas instituições: ninguém sai ileso desse processo. Que DEUS nos livre desse pecado! Que a paz e a unidade marquem a vida do povo de DEUS!
 
 
PONTO CENTRAL
A rebelião revela uma natureza depravada e apóstata contra DEUS.
 
 
Resumo da Lição 12, A Rebelião de Absalão
I – O HOMEM ABSALÃO
1. Descrição.
2. Em que consistia a causa da revolta de Absalão?
II. A REVOLTA DE ABSALÃO
1. A fraqueza do reinado de Davi.
2. O Absalão político.
3. Proclamando-se rei.
4. A lealdade dos servos de Davi.
III. A MORTE DE ABSALÃO
1. Coração de pai.
2. O preço da rebelião de Absalão.
 
 
 
 
 
Resumo Rápido Lição 12, A Rebelião de Absalão pelo Pr. Henrique
INTRODUÇÃO
Nesta Lição trataremos a respeito da rebelião de Absalão.
Antes é bom fazer uma correção na leitura bíblica em classe:
No estudo da Lição 12 de adultos, é citado, no texto da Leitura Bíblica em Classe que "ao cabo de quarenta anos", Absalão pediu a Davi autorização para ir a Hebrom (2Sm 15.7, versão Almeida Revista e Corrigida). Entretanto, esses QUARENTA ANOS são com muita probabilidade um erro de algum copista. De acordo com a versão siríaca, a Septuaginta e, segundo registro de Flávio Josefo, é preferível crer que o pedido de Absalão para ir a Hebrom se deu QUATRO ANOS depois de seu retorno de Gesur, e não quarenta anos depois. "Uma vez que o reinado todo de Davi durou quarenta anos, a tradução tradicional aqui ('quarenta') consiste, sem dúvida, num erro de copista. Nos manuscritos hebraicos, os números são particularmente difíceis de serem copiados com perfeição". (William MacDonald)

Ressalte-se que a maioria das traduções em português tem preferido traduzir "quatro anos" (ARA, NAA, NVI, NVT, etc.). E o próprio comentarista da Lição, pastor Osiel Gomes, trabalha com essa posição, pois no ponto 2 do tópico II ele diz que Absalão "trabalhou incansavelmente durante quatro anos para pôr seu plano em prática".

É só um detalhe, mas é bom estarmos atentos, tanto para nosso melhor entendimento da questão como para expormos com segurança aos nossos alunos.
 
 
REBELIÃO - Hebraico - (Strong Português) -  מרי m ̂eriy
1) rebelião
rebelde (no construto)
 
 1 Samuel 15:23 Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
Absalão se tornou outro Saul.
 
FEITIÇARIA - GREGO - φαρμακεια pharmakeia
1) uso ou administração de drogas
2) envenenamento
3) feitiçaria, artes mágicas, freqüentemente encontrado em conexão com a idolatria e estimulada por ela
4) metáf. as decepções e seduções da idolatria 
 
 
 REBELIÃO - Hebraico - (Strong Português) -  פשע pesha Ì
1) transgressão, rebelião
1a1) transgressão (contra indivíduos)
1a2) transgressão (nação contra nação)
1a3) transgressão (contra Deus)
1a3a) em geral
1a3b) reconhecida pelo pecador
1a3c) como Deus lida com ela
1a3d) como Deus perdoa
1a4) culpa de transgressão
1a5) castigo por transgressão
1a6) oferta por transgressão
 
A REBELIÃO ESTÁ INTIMAMENTE LIGADA A SATANÁS ESTAR NO COMANDO DE UM LEVANTE.
 
Absalão queria o poder a qualquer custo, mesmo que fosse a vida do próprio pai. Pelo que podemos deduzir olhando para a maneira como agia é que o assassinato de seu irmão, Amnom (por ter estuprado sua irmã Tamar, irmã de Absalão), não foi apenas um feito vingativo, mas a oportunidade de eliminar um rival que estava na linha de sucessão ao trono (2 Sm 13.20-39), pois Amnom era o primeiro da linha sucessória de Davi, seguido por Queliabe e Absalão. Absalão demonstrou ser oportunista, perspicaz, político. Valendo-se de sua beleza física e carisma incomum, procurou derrubar o próprio pai, na esteira das falhas governamentais, buscando apoio nos descontentes, para reinar, prometendo que julgaria a todos com equidade e rapidez.
 
Linha sucessória ao trono de Davi segundo seus filhos registrados na Bíblia - Amnom - Daniel (Quileabe) e Absalão - estes eram os três primeiros na linha sucessória.
1 Crônicas 3:1 São estes, por ordem de idade, os filhos de Davi que nasceram quando ele estava em Hebrom: Amnom, filho de Ainoã, de Jezreel; Daniel, filho de Abigail, de Carmelo; Absalão, filho de Maacá, que era filha de Talmai, rei de Gesur; Adonias, filho de Hagite; Sefatias, filho de Abital; Itreão, filho de Eglá. Esses seis nasceram em Hebrom durante os sete anos e meio em que Davi reinou ali. Ele reinou trinta e três anos em Jerusalém, e muitos filhos dele nasceram ali. A sua mulher Bate-Seba, filha de Amiel, lhe deu quatro filhos: Samua, Sobabe, Natã e Salomão. Davi foi pai de outros nove filhos: Ibar, Elisua, Elpelete, Noga, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. Além de todos esses, Davi também teve filhos com as suas concubinas. Ele também foi pai de uma filha chamada Tamar.
 

I – O HOMEM ABSALÃO
1. Descrição.
ABSALÃO HEBRAICO -  (Strong Português) -  אבישלום ’Abiyshalowm ou (reduzido) אבשׂלום ’Abshalowm
Absalão = “meu pai é paz”
Terceiro filho de Davi, assassino do seu irmão mais velho Amnom, também líder de uma revolta contra o seu pai - Davi. Assassinado por Joabe.

Era sogro de Roboão
 
Características físicas que o destacava dentre os demais:
Não havia, porém, em todo o Israel homem tão belo e tão aprazível como Absalão; desde a planta do pé até à cabeça, não havia nele defeito algum. E, quando tosquiava a sua cabeça (e sucedia que no fim de cada ano a tosquiava, porquanto muito lhe pesava, e por isso a tosquiava), pesava o cabelo da sua cabeça duzentos siclos (200 siclos = 2.280 gramas = quase 2,3 kg.), segundo o peso real. Também nasceram a Absalão três filhos e uma filha, cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa à vista. 2 Samuel 14:25-27
 

Absalão parece ser o filho predileto de Davi antes dele matar Amnom. Tinha uma vida de luxo, pois estavam a seu dispor um carro e 50 homens que corriam adiante dele. Tinha uma personalidade forte e capacidade para furtar o coração do povo (2 Sm 15.1.6).
Biograficamente, há muitos detalhes sobre o homem Absalão, em especial quanto à beleza física, mas nenhum destaque para sua vida espiritual.
 
 
Davi – Brandura em vez de firmeza (Não retires a disciplina da criança, porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá. Provérbios 23:13)Quero deixar claro que a melhor forma de disciplinar um filho é usar a psicologia. Minha mãe, porém, muita sabia dizia assim – Quando não dá na “psicologia” então tem que ser na “psicoTAPA”!
Disciplina não significa agressão ou violência, mas uma correção na dose exata para que a ordem seja aceita.
Davi teve vários filhos, mas não conseguiu criá-los com muita disciplina. Sua casa sempre foi uma “bagunça”. Amnon estuprou a própria irmã. Absalão matou seu irmão Amnon e tomou o trono de Davi por algum tempo. Adonias tentou usurpar o trono. Salomão não seguiu os mesmos caminhos de seu pai.
5 Deu ordem o rei a Joabe, a Abisai e a Itai, dizendo: Tratai com brandura o jovem Absalão, por amor de mim. Todo o povo ouviu quando o rei dava a ordem a todos os capitães acerca de Absalão.
II Sm 18.5
Absalão expulsou o pai de casa, tinha roubado seu trono e se deitado com suas mulheres. E como foi o tratamento de Davi, com brandura.
Joabe viu que o rei Davi não seria capaz de fazer nada contra seu filho, então, desobediente a ordem do rei, aproveitando uma oportunidade enquanto Absalão estava preso numa árvore, matou Absalão traspassando seu coração.
33 Então, o rei, profundamente comovido, subiu à sala que estava por cima da porta e chorou; e, andando, dizia: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho! II Sm 18.33
Quando não disciplinamos nossos filhos o mundo disciplina. E aí vai ser muito mais doloroso.
Tratando Absalão com brandura Davi não ganhou o respeito e a admiração dele, mas o desprezo. Davi perdeu seu filho ao deixa-lo sem disciplina.
Muitos pais tentam ser bons, mas também precisam mostrar firmeza.
Na hora da resposta os filhos podem achar os pais duros, mas depois sentirão segurança na resposta pois sabem que é o melhor.
 
 
ABSALÃO - (Heb. "pai de paz"). QUE DE PAZ NÃO TEVE NADA, COMO REVELA SUA VIDA. Era o terceiro dos seis filhos de Davi. Sua mãe chamava-se Maaca e ele nasceu em Hebrom. Seu temperamento passional aparece no assassinato de Amnom, ao descobrir que ele violentara sua irmã Tamar (2 Sm 13). Absalão era famoso por sua beleza e seus longos cabelos (2 Sm 14.25-27). A instabilidade no vacilante reinado de Davi foi marcada por diversos fatores, em conseqüência do adultério de Davi (1 Sm 11 e 12) e pela ocorrência da violência, como assassinato e estupro dentro da própria família real. A vida de Absalão serve para ilustrar que os resultados do pecado permanecem, mesmo quando há sincero arrependimento. Apesar de Davi ter-se arrependido de sua transgressão e ser perdoado por DEUS, não escapou das turbulentas conseqüências em sua própria família. A sua relutância em intervir e punir Amnom, pelo estupro da irmã de Absalão (2 Sm 13.22), fez com que perdesse a credibilidade aos olhos deste filho. Ele se consumiu pela raiva e pelo ressentimento, até que surgiu a oportunidade de vingar-se e ele matou Amnom (2 Sm 13.28,29). Absalão ficou exilado por três anos, até que Joabe diplomaticamente forçou Davi a perdoar seu erro. Posteriormente, pai e filho tiveram uma reconciliação parcial (cf. 2 Sm 14). A tensão, entretanto, nunca se dissipou totalmente. Desse momento em diante, Absalão gastou todas as suas energias, a fim de subverter o reinado de Davi. O conflito não resolvido entre pai e filho afligia o rei e, a despeito da séria ameaça que Absalão representava ao seu governo, Davi relutava em reconhecer que sua autoridade estava seriamente ameaçada. Este filho conspirou para destronar seu pai e foi bem-sucedido em conseguir apoio dos seguidores descontentes de Davi (2 Sm 15). Absalão possuiu as concubinas de seu próprio pai, perante os olhos de todo Israel (II Sm 16.21,22), em mais um escândalo da família real. Joabe percebeu a hesitação do rei em ordenar a morte do próprio filho. Absalão ficou pendurado, possivelmente pela cabeça e pelos cabelos em uma árvore e foi imediatamente morto por Joabe (2 Sm 18.1-18). Davi lamentou profundamente a morte de Absalão, até que Joabe o persuadiu a ver a vida de seu filho sob a perspectiva da confusão e instabilidade que causara.
A mãe de Absalão era filha de Talmai, rei de Gesur, um príncipe pagão. Talvez Davi, com isso, esperava fortalecer sua influência, mas esse casamento acabou se transformando em tristeza e vergonha
Também nasceram a Absalão três filhos e uma filha, cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa a vista. 2 Samuel 14:27
Ora, Absalão, quando ainda vivia, tinha tomado e levantado para si uma coluna, que está no vale do rei, porque dizia: Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome. E chamou aquela coluna pelo seu próprio nome; por isso até ao dia de hoje se chama o Pilar de Absalão. 2 Samuel 18:18 - Como explicar isso a classe domingo? Ou está fora de cronologia ou Absalão construiu a coluna quando ainda não tinha filhos. Alguns interpretam que ele perdeu os filhos, só ficando com a filha. Particularmente não creio nesta versão. Prefiro acreditar que construiu a coluna quando ainda não tinha filhos.
 
 

2. Em que consistia a causa da revolta de Absalão?
 
Davi, com certeza, foi o maior responsável pelo triste quadro assassino-revolucionário de seu filho Absalão. Não quer dizer que todos os pais são responsáveis por filhos que não prestaram. Porém, no caso de Davi, vemos seu péssimo exemplo como líder, homem segundo o coração de DEUS, pai e esposo.
Não tinha moral para educar seus filhos corretamente.
Adulterou, assassinou, mentiu, enganou, pai ausente, pai omisso.
Foi amaldiçoado por DEUS (Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher. 2 Samuel 12:10).
Estupro de Tamar por Amnom,
Morte de Amnom a mando de Absalão.
Fuga de Absalão por três anos.
Davi fica sem falar com Absalão por aproximadamente dois anos, em seu retorno..
Isso resultou em grande ódio e amargura no seu coração para com o pai.
Nada justifica o procedimento errado dos filhos, mas, por vezes, os pais contribuem para que eles tomem o caminho da rebeldia deliberada (cf. Ef 6.4).
 
O dever dos pais: “E vós, pais” (v. 4): 1. “...não provoqueis a ira a vossos filhos. Embora Deus tenha dado poder a vós, não abuseis desse poder, lembrando que vossos filhos são, de uma maneira particular, parte de vós mesmos, e, portanto, devem ser tratados com grande ternura e amor. Não sejais impacientes com eles; não useis de rigor excessivo e não coloqueis imposições rígidas sobre eles. Quando os advertirdes, aconselhardes, censurardes, fazei-o de tal forma que não provoqueis a ira deles. Em todas essas situações, procedei de maneira prudente e sábia com eles, buscando ajudá-los no seu julgamento e a usar o bom senso”. 2. “...criai-os na doutrina e admoestação do Senhor, na disciplina da correção apropriada e compassiva e no conhecimento do dever que Deus requer deles, ajudando-os dessa forma a conhecer melhor o Senhor”. O grande dever dos pais é ser cuidadosos na educação dos filhos: “Não busquem apenas criá-los, como animais irracionais, que procuram suprir e cuidar deles, mas busquem educá-los e admoestá-los de acordo com sua natureza racional. Não, não somente os criem como pessoas, educando-os e admoestando-os, mas como cristãos, na admoestação do Senhor. Permitam que tenham uma educação cristã. Instruam-nos a temer o pecado e informem-nos e animem-nos acerca do seu dever completo para com Deus”. (Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT)
 
ABSALÃO ALIMENTOU ÓDIO E RANCOR POR SEU PAI DURANTE CINCO ANOS.
 
 
II. A REVOLTA DE ABSALÃO
1. A fraqueza do reinado de Davi.
Podemos deduzir que Davi não administrava pessoalmente as causas que chegavam a Jerusalém todos os dias para serem julgadas. Também não recebia as pessoas que vinham em busca de conselhos. Muito provavelmente se sentia culpado por seus pecados e agora tinha vergonha de encarar as pessoas. Tinha perdido aquela comunhão com DEUS de quando assumiu o trono. Apesar do perdão divino, pesava sobre ele a maldição imposta por DEUS sobre sua família.(2 Sm 12.10,12).
Com certeza o povo estava insatisfeito. Seu filho aproveitou as brechas deixadas por seu pai para armar seu maligno plano de tomar o poder.
Todo servo de DEUS deve ter uma vida moral e espiritual controlada. O testemunho é importante tanto dentro como fora da igreja.(1 Tm 3.2).
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Atos 6:3
Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.1 Timóteo 3:7
 
AOS JOVENS - Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.
Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. 1 Timóteo 4:12-16
 
 
2. O Absalão político.
2 Samuel 15:1 E aconteceu, depois disso, que Absalão fez aparelhar carros, e cavalos, e cinquenta homens que corressem adiante dele. 2 Também Absalão se levantou pela manhã e parava a uma banda do caminho da porta. E sucedia que a todo o homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si e lhe dizia: De que cidade és tu? E dizendo ele: De uma das tribos de Israel é teu servo; 3 então, Absalão lhe dizia: Olha, os teus negócios são bons e retos, porém não tens quem te ouça da parte do rei. 4 Dizia mais Absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! 5 Sucedia também que, quando alguém se chegava a ele para se inclinar diante dele, ele estendia a sua mão, e pegava dele, e o beijava. 6 E desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens de Israel. 7 E aconteceu, pois, ao cabo de quarenta anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que votei ao Senhor. 8 Porque morando eu em Gesur, na Síria, votou o teu servo um voto, dizendo: Se o Senhor outra vez me fizer tornar a Jerusalém, servirei ao Senhor. 9 Então, lhe disse o rei: Vai em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom. 10 E enviou Absalão espias por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom. 11 E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio. 12 Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, à sua cidade de Gilo, estando ele sacrificando os seus sacrifícios; e a conjuração se fortificava, e vinha o povo e se aumentava com Absalão. 13 Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão.
 
Absalão passou quatro anos tramando um plano para montar uma revolta contra seu pai Davi.
Absalão inicia seu plano se exibindo como filho do rei, andando pelas ruas em um carro e acompanhado por 50 homens correndo adiante dele. Com o povo usava de lisonja, dizendo a todos que se fosse rei julgaria a todos conforme seus desejos e rapidamente.
 
Absalão, e depois Adonias também (1 Rs 1:5), apresentava-se com cinquenta homens (2 Sm 15.1). Absalão se fazia passar por Juiz, sentado à porta da cidade, função que não era sua.
Absalão mostrava a todos as falhas administrativas do rei Davi e seus funcionários. Usava de bajulação para com todos. Não tinha reverência. Demonstrava falsa humildade pegando pela mão a todos e os beijava.tudo não passava de dissimulação. Foi capaz de mentir ao rei apresentando uma falsa devoção a DEUS. Disse que havia feito um voto a DEUS, mas tudo era apenas uma ação mentirosa para enganar o rei. Finalmente, habilidade em ser sagaz. O povo em geral se deixou levar por toda essa ação sagaz sem que percebesse seu real significado - uma revolta e tomada de poder.
 

3. Proclamando-se rei.
Absalão foi para Hebrom com permissão de seu pai, mas ele o fez com falso pretexto, para comandar, de lá, seus emissários. Ele preparou homens que, ao seu sinal, ao som de trombetas, deveriam  proclamar a todo o Israel: “Absalão reina em Hebrom!”. Esses homens influenciaram a todos a acreditarem que Davi mesmo estava concordando com isso.
Hebrom estava ligada com a monarquia de Israel; foi nela que Davi fora coroado rei 
reinando ali sete anos e meio (2 Sm 2.4; 5.3). Absalão tinha consciência de que havia da parte de Judá um sentimento muito especial por esse lugar; estrategicamente, buscava apoio naquela região. Ele fez um convite especial para duzentas pessoas escolhidas a dedo, que eram de influência, mas não sabiam de nada, e levou também um dos conselheiros do rei Davi, Aitofel. Desse modo, estava montado todo o projeto para a conspiração de Absalão.
 
Veja que 200 pessoas importantes foram levadas para Hebrom sem saberem o que iria acontecer. Pensaram estar fazendo um favor para o rei Davi. Quando o povo viu Aitofel, conselheiro do rei, ao lado de Absalão, imaginaram logo que o próprio rei estava autenticando o reinado de seu filho Absalão.
 

4. A lealdade dos servos de Davi.
A notícia que chegou para Davi foi que todos estavam apoiando um golpe de estado patrocinado por seu filho Absalão.
Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão. (2 Sm 15:13)
 
Davi tinha duas opções:
Reunir a parte fiel de seu exército e enfrentar Absalão (tinha a seu favor o melhor general - Joabe), ou fugir para evitar que toda cidade fosse passada ao fio de espada e que fosse Jerusalém incendiada. Muitas mortes aconteceriam de um lado e de outro. Davi não era Saul para forçar sua posição de rei. Sabia de onde tinha vindo e de como enfrentara Saul e a perseguição que empreendera contra ele. Ou seja, não fez nada - agora faria a mesma coisa - nada (DEUS estava no controle). Quem se parecia com Saul era Absalão, desejando assumir um reinado pela força e sem a aprovação de DEUS (não fora ungido para isso - Saul governou quase todo seu reinado sem a  aprovação de DEUS - já tinha sido rejeitado).
Davi apronta para fugir. Davi sabia que isso tudo que acontecia era consequência da espada que viria sobre sua casa, como fora profetizado por Natã, depois do adultério e homicídio de Davi.
Junto com Davi, vai muita gente, mas o texto faz um destaque à lealdade de um estrangeiro de Gate, cujo nome era Itai. Davi insistentemente solicita que ele volte a ter com o rei, Absalão, o que não o faz, mas se coloca à sua inteira disposição com toda fidelidade, afirmando que ficaria ao seu lado, quer fosse para vida quer para a morte (2 Sm 15.21).
Isso tocou profundamente o coração de Davi, pois tal posicionamento deveria partir, isto sim, do seu filho.
Davi envia amigos que se infiltram em meio aos amigos de Absalão, para lhe darem notícias do que Absalão faria e para torcer o conselho de Aitofel  - este acaba se suicidando quando seu conselho não é aceito por Absalão.
 
e Aitofel era do conselho do rei; e Husai, o arquita, amigo do rei; 1 Crônicas 27:33 Assim era antes de Absalão se revoltar.
Aitofel, sendo avô de Bate Seba odiava Davi pelo que ele fez. Veja o conselho dele para Absalão - Disse mais Aitofel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil homens, e me levantarei e seguirei após Davi esta noite. 2 Samuel 17:1
Husai, amigo do rei Davi, infiltrado em meio a seus conselheiros, torce o conselho de Aitofel - E, chegando Husai a Absalão, lhe falou Absalão, dizendo: Desta maneira falou Aitofel: Faremos conforme à sua palavra? Se não, fala tu. Então, disse Husai a Absalão: O conselho que Aitofel esta vez aconselhou não é bom. Disse mais Husai: Bem conheces tu a teu pai e a seus homens, que são valorosos e que estão com o espírito amargurado, como a ursa no campo, roubada dos cachorros; também teu pai é homem de guerra, e não passará a noite com o povo. 2 Samuel 17:6-8
 
Husai manda recado para Davi do que foi decidido - E disse Husai a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Assim e assim aconselhou Aitofel a Absalão e aos anciãos de Israel; porém assim e assim aconselhei eu. Agora, pois, enviai apressadamente, e avisai a Davi, dizendo: Não passes esta noite nas campinas do deserto, mas passa depressa à outra banda, para que o rei e todo o povo que com ele está não seja devorado. 2 Samuel 17:15,16
 
Davi era um estrategista e muito experiente em guerra - seu filho, um principiante atrevido.
 
III. A MORTE DE ABSALÃO
1. Coração de pai.
Para proteger as pessoas que lhe eram leais, Davi os organiza para vencer Absalão. Creio que Davi não esperava terminar esta guerra vivo.
Davi estava em idade avançada. Davi era muito amado por seus súditos (2 Sm 18.3;1 Sm 18.7; 29.5). Eles não deixariam que enfrentasse Absalão, pois sabiam que ele morreria para que Absalão, seu filho amado sobrevivesse. Davi havia pedido que se tratasse o jovem Absalão com brandura. Joabe, com certeza, conhecendo Absalão como conhecia, já arquitetava um plano para matar Absalão e defender o reinado de Davi. Joabe, primo de Davi, era um assassino frio e perito em guerras.
 
E também tu sabes o que me fez Joabe, filho de Zeruia, e o que fez aos dois chefes do exército de Israel, a Abner, filho de Ner, e a Amasa, filho de Jéter, os quais matou, e em paz derramou o sangue de guerra, e pôs o sangue de guerra no seu cinto que tinha nos lombos e nos seus sapatos que trazia nos pés. 1 Reis 2:5.
Joabe também matou a Urias, colocando-o na frente de batalha a mando de Davi. Agora mataria também o filho de Davi.
 

2. O preço da rebelião de Absalão.
A batalha de Absalão pelo trono e poder é iniciada. Os homens de Davi entraram em combate. A estratégia de guerra de Joabe facilitou a vitória de Davi, pelo fato de a floresta, na qual os homens de Absalão embrenharam-se, ser traiçoeira. Em alguns relatos bíblicos, forças naturais contribuíram para que o povo do Senhor fosse vitorioso, como lama, insetos, doenças, raios, trovoadas, trevas, o que prova que DEUS age como Ele quer. Vinte mil homens de Absalão foram abatidos (2 Sm 18.7.8). Vendo que estava perdendo a batalha, fugiu sobre um mulo, mas acabou preso nos ramos de um grande carvalho, suspenso pela cabeça (e pelos cabelos) entre o céu e a terra. Ficou ali pendurado e á mercê de seus inimigos. Joabe tomou conhecimento da situação de Absalão, irando-se, porque o homem que lhe trouxe a notícia não o matara. O mensageiro lhe disse que não poderia ter feito isso, ainda que fosse para ganhar mil moedas de prata, pois tinha ouvido o pedido do rei. Joabe, então, foi até Absalão e traspassa-o com dardos. Depois disso, o combate termina. O fim de Absalão foi trágico, porque ele agira como usurpador, rebelde; pela lei, deveria morrer (Dt 21.18,21,23; 2 Sm 17.2,4).
Toda rebeldia tem seu preço; por isso o melhor é sempre evitá-la.
 
Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, então, seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade e à porta do seu lugar, e dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz, é um comilão e beberrão. Então, todos os homens da sua cidade o apedrejarão com pedras, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, para que todo o Israel o ouça e tema. Deuteronômio 21:18-21
 
 
CONCLUSÃOCom este episódio, aprendemos que a rebelião aborrece a DEUS. Evitemos, pois, o pecado da rebeldia; busquemos a sabedoria e a prudência divinas, para que não experimentemos a ira do DEUS justo e verdadeiro. Sejamos fiéis e santos.
 
O HOMEM ABSALÃO era destacado por sua beleza e cabelos (2,3 Kg). Nada de espiritual se narra a seu respeito. Sua revolta se deu devido a má criação de seu pai que não corrigiu adequadamente seu irmão Amnom por ter estuprado sua irmã Tamar e por ter sido deixado 3 anos no exílio e depois mais 2 anos sem falar com seu pai. Absalão aproveitando a fraqueza do reinado de Davi, age como político mostrando sua exuberância, bajulação e falsa humildade. Se proclama rei
Davi foge para não ver Jerusalém destruída e o povo morto. Talvez pensasse ser da vontade de DEUS Absalão reinar. Davi possuía verdadeiros amigos que não o desampararam. Com o Coração de pai angustiado pede clemência pelo filho rebelde. Absalão pagou o preço de sua rebelião, foi morto por Joabe. Davi volta a reinar.
 
 
PARA REFLETIR - A respeito da lição “A Rebelião de Absalão”, responda:
Qual o significado do nome Absalão? Do hebraico, seu nome é “o pai é da paz”.
Qual destaque a Bíblia faz sobre Absalão? Biograficamente há muitos detalhes sobre a pessoa de Absalão, em especial no quesito físico, mas nenhum destaque para sua vida espiritual.
O que a fragmentação moral na vida moral e espiritual pode fazer? O servo de DEUS deve fazer de tudo para proceder corretamente perante DEUS e o povo, pois a fragmentação na sua vida moral e espiritual pode abrir portas para uma tempestade incontrolável, levando-o a significativas perdas, daí a exigência de Paulo: “sejamos irrepreensíveis” (1 Tm 3.2).
Como político, o que Absalão fazia? O Absalão político agia da seguinte maneira: demonstrava o espírito de grandeza, exercia uma função que não era sua, fazia falsa bajulação, falsa devoção a DEUS e tinha a habilidade em ser sagaz.
Se toda rebeldia tem o seu preço, o que é melhor fazer? Toda rebeldia tem seu preço, por isso o melhor é sempre evitá-la.
 
 

 
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT - Amnom e Absalão
2 Samuel 13:1-20 - O Incesto de Amnom

Temos aqui um relato minucioso da maldade de Amnom em desonrar sua irmã. Esse assunto não é digno de muitos comentários, mas que nos enrubesce só em mencioná-lo. É vergonhoso que alguém pudesse ser tão desprezível, especialmente tratando-se de que era um filho de Davi. Temos motivos para pensar que o caráter de Amnom também era perverso em outras áreas. Caso não tivesse abandonado a DEUS, ele jamais teria se entregue a esses sentimentos perversos. Pais piedosos, com freqüência, têm sido entristecidos pelos filhos desobedientes. A graça não corre no sangue, mas a perversão sim. Não encontramos que os filhos de Davi o imitaram em sua devoção, mas seguiram pelos seus passos errados, e de forma ainda mais maligna, sem se arrepender. Os pais não fazem idéia quão fatais as conseqüências podem ser se em qualquer instância servirem de mau exemplo aos seus filhos. Observe os passos do pecado de Amnom.
I
O diabo, como espírito impuro, coloca no coração de Amnom um desejo impuro pela sua irmã Tamar. A beleza é uma armadilha para muitos; isso aconteceu com ela. Ela era formosa e, portanto, Amnom a cobiçava (v. 1). Os que são particularmente belos não têm motivos para se orgulhar por isso, mas muitos motivos para estar alerta. O desejo de Amnom era:
1. Inatural e abominável em si. Desejar a própria irmã choca a consciência natural e não pode ser concebido sem horror. Esse espírito de incongruência faz parte da natureza corrompida do homem a ponto de desejar o fruto proibido. E, quanto mais vigorosa é a proibição, mais vorazmente ele a deseja. Como é capaz de nutrir esse pensamento em trair essa virtude e honra que, como irmão, ele deveria proteger? Mas, que maldade pode ser tão perversa que não ache guarida em um coração pervertido e incauto, que é deixado por conta própria?
2. Era muito embaraçoso para ele. Ele estava tão contrariado e angustiado pelo fato de não obter uma oportunidade para solicitar sua castidade (porque uma conversa inocente não lhe era negada) que chegou a adoecer (v. 2). Desejos carnais trazem consigo seu próprio castigo, e não somente combatem contra a alma (1 Pe 2.1), mas também contra o corpo, e se tornam o apodrecimento dos seus ossos (Pv 12.4). Veja quão opressivo é o senhor que os pecadores servem e quão pesado o seu fardo.
II
O diabo, como serpente astuta, coloca na sua cabeça como maquinar esse desígnio perverso. Amnom tinha um amigo (assim ele o chama, quando, na verdade, era seu inimigo), um parente, que tinha nele mais do sangue de Davi (porque era seu sobrinho) do que do espírito de Davi, porque era um homem sagaz, disposto a dar continuidade a esse intento perverso, especialmente um plano ímpio dessa natureza (v. 3).
1. Ele percebeu que Amnom parecia enfermo e, sendo um homem sagaz, concluiu que estava apaixonado (v. 4), e perguntou: “Por que tu de manhã em manhã tanto emagreces, sendo filho do rei? Por que definhas, sendo o filho mais velho do rei e herdeiro da coroa?” (1) “Você tem os prazeres da corte para se regalar; usufrua desses prazeres, e afaste essa tristeza, qualquer que seja”. Alegria e consolo nem sempre são encontrados em palácios reais. Com muito mais razão precisamos perguntar aos santos desanimados e desconsolados, por que eles, que são filhos do Rei dos reis e herdeiros da coroa da vida, emagrecem tanto manhã em manhã. (2) “Você tem o poder de um príncipe para ordenar o que bem desejar; use esse poder para satisfazer-se. Não lamente por aquilo que, sendo legal ou ilegal, você, sendo filho do rei, pode ter. Quicquid libet licet — Sua vontade é a lei”. Foi isso que Jezabel disse a Acabe (1 Rs 21.7): Governas tu, agora, no reino de Israel? O abuso do poder é a tentação mais perigosa dos famosos.
2. Amnom, tendo o descaramento de nutrir seus desejos perversos, chamando-o erroneamente de amor (amo a Tamar), recebe a ajuda de Jonadabe para cumprir o seu intento (v. 5). Caso fosse o que simulava ser (amigo de Amnom), teria ficado chocado com a menção de uma maldade tão horrenda, teria mostrado a perversidade desses desejos, o aborrecimento que causaria a DEUS e a transgressão para sua própria alma ao nutrir um pensamento tão imoral. Jonadabe também deveria ter chamado a sua atenção para a conseqüência fatal para ele ao nutrir e alimentar esse tipo de pensamento. Ele teria usado sua sagacidade para desviar o foco de Amnom, recomendando-lhe uma outra pessoa, com quem poderia casar de maneira legal. Mas Jonadabe não parece nenhum pouco surpreso com os desejos lascivos de Amnom, nem ao menos contesta a ilegalidade ou a dificuldade deles, o opróbrio ou o desprazer que causaria ao pai. Ele orquestra uma maneira de colocar Tamar ao lado de sua cama, para que possa dar vazão aos seus desejos. Observe: A situação daqueles que têm esse tipo de amigos é miserável, porque em vez de admoestar e reprová-los, os lisonjeiam e incentivam nos seus caminhos pecaminosos, e são seus conselheiros e planejadores para agir perniciosamente. Amnom já está doente, mas dá continuidade ao plano. Ele deve parecer tão doente (e seu olhar triste e abatido deve mostrar autenticidade suficiente para a simulação) que não seja capaz de sair da cama, e de não ter apetite para nada, mas somente para aquilo que satisfará seu capricho. Comida apetecível é abominada (Jó 33.20). A melhor refeição da mesa do rei não poderia satisfazê-lo; mas, caso consiga comer qualquer coisa, isso deve vir da formosa mão de sua irmã Tamar. Esse é o conselho que Amnom recebe.
3. Amnom seguiu as instruções de Jonadabe e consegue atrair Tamar para perto de si: Ele fingiu-se doente (v. 6). Assim arma ciladas em esconderijos, como o leão no seu covil, para roubar o pobre e colhê-lo na sua rede (Sl 10.8-10). Davi sempre foi amoroso com seus filhos, e preocupado quando alguma coisa os afligisse. Assim que ouve que Amnom está doente, vai visitá-lo. Que os pais aprendam a ser carinhosos e compassivos com seus filhos. Geralmente a mãe consola o filho doente (Is 66.13), mas que o pai não permaneça despreocupado. Podemos supor que quando Davi veio ver seu filho doente, deu-lhe conselhos sábios para fazer uso correto das suas aflições, e orou com ele; mesmo assim, Amnom não mudou seu propósito perverso. Ao sair, o pai indulgente pergunta: “Existe alguma coisa que eu possa fazer por você?”. “Sim, meu pai”, responde o filho astuto, “meu estômago está fraco e não creio que consiga comer qualquer coisa, a não ser um bolo feito pela minha irmã Tamar; creio que poderei saciar-me caso a veja fazê-lo, e me fará bem se comê-lo de sua mão”. Davi não tinha razão para suspeitar de qualquer maldade da parte do seu filho. DEUS não permitiu que percebesse a maldade no coração do seu filho. Ele, portanto, imediatamente ordena Tamar a ir e assistir seu irmão doente (v. 7). Ele o faz de maneira inocente, mas posteriormente, sem dúvida, deve ter refletido a esse respeito com grande pesar. Tamar, também de maneira inocente, vai até a câmara do seu irmão, sem recear qualquer tipo de abuso (por que deveria temer algo assim de um irmão doente?), nem desprezo, em obediência ao seu pai e amor ao seu irmão (embora fosse apenas meio-irmão), para servir-lhe de enfermeira (vv. 8,9). Embora fosse filha do rei, e de grande beleza (v. 1), e bem vestida (v. 18), não achou ser um serviço desprezível amassar bolos e cozê-los, também não o teria feito agora caso não estivesse acostumada a fazê-lo. Trabalhos caseiros não rebaixam uma mulher, nem deveriam ser vistos de forma depreciativa. A mulher virtuosa, cujo marido se assenta com os anciãos, trabalha de boa vontade com as suas mãos (Pv 31.13). Nos dias de hoje não existe falta desse tipo de exemplo; certamente não é tão fora de moda como alguns gostariam que fosse. Preparar algo para o doente deveria ser mais prazeroso para as mulheres do que preparar para os que têm saúde; a caridade mais do que a curiosidade.
4. Tendo-a perto de si, ele trama ficar sozinho com ela; porque os olhos do adúltero (quanto mais um adúltero tão vil como esse) aguardam o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum (Jó 24.15). Os bolos estão prontos, mas ele não consegue comer enquanto os olhares dos outros estão voltados para ele; todos precisam sair (v. 9). Os doentes acham que seus caprichos precisam ser atendidos, e entendem que têm o privilégio de comandar. Tamar está disposta a satisfazer o capricho dele; sua alma pura e virtuosa não faz a menor idéia daquilo que o coração poluído de Amnom está cheio; portanto, ela não hesitou em estar sozinha com ele na câmara (v. 10). E agora a máscara é arrancada, a comida é deixada de lado, e o canalha perverso a chama de irmã e, mesmo assim, impudentemente a corteja, dizendo: Vem, deita-te comigo (v. 11). Era uma afronta ordinária à virtude dela pensar que fosse possível persuadi-la a consentir com tamanha perversidade, quando sabia que o comportamento dela sempre tinha sido exemplar, modesto e virtuoso. Mas é comum para aqueles que vivem em impureza achar que os outros pensem da mesma forma, pelo menos que serão facilmente inflamados pelas suas faíscas.
III
O diabo, como um forte tentador, ensurdece os seus ouvidos em relação a todos os argumentos que ela usou para resistir às suas investidas e que o teriam persuadido a desistir. Podemos imaginar a surpresa e o terror nos olhos da jovem ao ser atacada dessa forma, como deve ter ficado enrubescida e tremente; no entanto, nessa grande confusão, nada que fosse dito seria apropriado; nenhum argumento o convenceria de mudar o seu intento.
1. Ela o chama de irmão, lembrando-o da proximidade do parentesco deles, o que tornaria ilegal esse casamento, quanto mais ao procurar corrompê-la dessa forma. Isso era expressamente proibido (Lv 18.9) e estava debaixo de um castigo severo (Lv 20.17). Deve haver muito cuidado para que o amor que existe entre parentes não degenere em um desejo lascivo.
2. Ela roga para que não a force, o que deixa claro que jamais consentiria com esse tipo de relação; e que satisfação ele poderia obter ao usar violência?
3. Ela coloca diante dele a profunda maldade desse ato. É loucura; todo pecado é assim, especialmente a imundície. É maldade do pior tipo. Tais abominações não deveriam ser cometidas em Israel, entre o povo de DEUS, que tem estatutos melhores do que os pagãos. Nós somos israelitas; caso façamos esse tipo de coisas, somos mais indesculpáveis do que os outros, e nossa condenação será mais intolerável, porque afrontamos o Senhor, e o bom nome que sobre nós foi invocado (Tg 2.7).
4. Ela apresenta a ele a vergonha desse ato, que talvez possa influenciá-lo mais do que o pecado em si: “Porque da minha parte, aonde iria eu com a minha vergonha? Mesmo que fique oculto, enrubescerei só de pensar nele, enquanto viver; e, se um dia se torne conhecido, como poderei olhar no rosto de qualquer um dos meus amigos? E quanto a você, meu irmão, você seria como um dos loucos de Israel”, isto é, “você será visto como um devasso cruel, o pior tipo de homem; você perderá o respeito das pessoas sábias e boas, e será colocado de lado como incapaz de governar, embora seja o primogênito; porque Israel jamais se submeterá ao governo de um louco como você”. A perspectiva de vergonha, especialmente da vergonha perpétua, deveria dissuadir-nos do pecado.
5. Para dissuadi-lo desse propósito perverso nesse momento, e (se possível) de se livrar dele, ela sugere que provavelmente o rei, em vez de vê-lo morrer por causa do seu amor por ela, ignoraria a lei divina e deixaria que casasse com ela: não que achasse que ele tivesse esse poder tão sobrenatural, ou que aspirasse tê-lo; mas ela estava confiante que, assim que o rei tomasse conhecimento do desejo perverso dele (que ele dificilmente teria acreditado de qualquer outra pessoa), tomaria as devidas providências para protegê-la dele. Mas todos os seus artifícios e argumentos foram de pouco proveito. Seu espírito orgulhoso não aceita uma recusa. Todo seu consolo, e honra, e tudo que era precioso para ela, precisava ser sacrificado para saciar desejo bestial e ultrajante dele (v. 14). É provável que Amnom, apesar de jovem, tivesse vivido uma vida lasciva, de que seu pai talvez soubesse ou resolveu não castigar; porque um homem não podia, de uma hora para outra, chegar a tal grau de perversidade como esse. Mas, acaso isso é amor? É essa a retribuição que ele dá a ela pela sua prontidão em cuidar dele na sua doença? Será que ele vai tratar a sua irmã como uma prostituta? Patife desprezível! Que DEUS livre todos que são modestos e virtuosos desse tipo de homens perversos e irracionais.
IV
O diabo, como atormentador e traidor, imediatamente transforma o seu amor por ela em ódio (v. 15): Ele a aborreceu com grandíssimo aborrecimento, e se tornou injurioso em sua maldade, da mesma forma que tinha sido em sua concupiscência.
1. Ele, de maneira desprezível, a coloca à força para fora do seu quarto; não somente isso, como se agora se indignasse em tocá-la com suas mãos, ele ordena aos seus servos: Deita a esta fora e fecha a porta após ela (v. 17). Agora:
(1) A jovem inocente e injuriada tinha motivos para ficar ressentida e ver isso como uma grande afronta, e de certa forma (como lemos no versículo 16) pior do que a anterior; porque nada mais bárbaro, perverso e vergonhoso poderia ter sido feito a ela. Caso Amnom tivesse tomado o cuidado em ocultar o que tinha sido feito, somente ela saberia que sua honra havia sido perdida. Caso tivesse caído de joelhos e pedido perdão a ela, talvez algum tipo de restauração pudesse ser possível. Caso tivesse dado a ela tempo para recompor-se dessa confusão horrenda na qual ele a colocou, ela talvez tivesse mantido a sua compostura quando saísse, e assim mantido o seu desígnio. Mas repudiá-la tão precipitadamente, tão rudemente, como se tivesse feito alguma coisa perversa, a obrigou, em sua defesa, a proclamar a injúria pela qual teve de passar.
(2) Podemos aprender desse relato tanto a perversidade do pecado (paixões desenfreadas são tão perversas quanto apetites desenfreados) quanto as conseqüências danosas do pecado (no fim, ele morde como uma serpente); pois aqui encontramos:
[1] Que os pecados, atraentes na execução, mais tarde se tornam abomináveis e doloridos, e a própria consciência do pecador os torna assim. Amnom aborreceu a Tamar porque ela não concordou em fazer parte de sua maldade, e dessa forma fazer parte da culpa, mas ela resistiu até o fim, e argumentou contra essa maldade, e dessa forma lançou toda a culpa sobre ele. Caso ele tivesse odiado o pecado, e sentido repugnância por causa dele, poderíamos ter a esperança de que estivesse arrependido. A tristeza segundo DEUS produz arrependimento (2 Co 7.11, ARA). Mas aborrecer a pessoa da qual havia abusado mostrou que sua consciência estava terrificada, mas seu coração não estava disposto a se humilhar. Veja como são os prazeres enganosos da carne, quão rapidamente eles se dissipam e se transformam em repugnância (Ec 23.17). [2] Esses pecados, secretos na sua realização, posteriormente se tornam abertos e públicos, e os próprios pecadores, com freqüência, os revelam. Sua própria língua os entrega. Os estudiosos judeus dizem que, por causa dessa maldade de Amnom, foi redigida uma lei que dizia que um jovem e uma jovem nunca deveriam estar sozinhos juntos; pois, dizem eles, se a filha do rei foi usada dessa forma, o que dizer dos filhos de pessoas comuns?
2. Devemos agora deixar o criminoso para horror da sua consciência culpada, e indagar o que acontece com a pobre vítima: (1) Ela lamenta amargamente a injúria da qual foi acometida, como se fosse uma mancha para sua honra, embora não fosse culpada. Ela rasgou suas belas roupas em sinal de tristeza, e colocou cinza sobre a cabeça, para desfigurar-se, repugnando sua própria beleza e adornos, porque foram eles que ocasionaram o amor ilegal de Amnom; e ela foi andando e clamando por causa do pecado de outro (v. 19). (2) Ela se retirou para a casa do seu irmão Absalão, porque era seu próprio irmão, e ali morou retirada e triste, como sinal de sua modéstia e abominação de sua impureza. Absalão falou de forma gentil com ela, pediu que deixasse passar a injúria por ora, intentando vingá-la (v. 20). Parece, pela pergunta de Absalão (Esteve Amnom, teu irmão, contigo?), que Amnom era conhecido por esse tipo de práticas lascivas, sendo perigoso para uma mulher modesta estar com ele. É possível que Absalão tivesse conhecimento desse fato, apesar de Tamar ser totalmente ignorante disso.
 
 
 
2 Samuel 13:21-29 - Absalão Mata Amnom
O que Salomão diz acerca do princípio da contenda vale igualmente para o início de todo pecado: é como o soltar as águas. Uma vez que as comportas estão cheias, a inundação é inevitável; um dano gera outro, e é difícil dizer como tudo terminará.
I
Lemos aqui como Davi recebeu a notícia acerca do pecado de Amnom: muito se acendeu em ira (v. 21). Ele tinha motivos para estar indignado, uma vez que seu próprio filho fez uma coisa tão perversa e o tornou indiretamente cúmplice dela. Era uma desgraça para ele o fato de não ter dado uma melhor educação para Amnom. Esse pecado se transformaria em uma mancha para sua família, a ruína de sua filha, um mau exemplo para seu reino e uma injúria para a alma do seu filho. Mas, bastava ficar irado? Ele deveria ter castigado e exposto seu filho à ignomínia; como pai e como rei, ele tinha poder para tal. Mas a LXX aqui acrescenta essas palavras: Mas ele não entristeceu o espírito do seu filho Amnom, porque o amava, porque era o seu primogênito. Ele caiu no erro de Eli, que fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu. Caso Davi tivesse castigado Amnom porque era precioso para ele, esse seria um castigo tanto maior para ele por causa do seu próprio pecado. Mas Davi não consegue suportar a vergonha a que precisam se submeter aqueles que corrigem nos outros aquilo de que tem consciência em si mesmos e, portanto, dá vazão à sua ira em vez de exercer sua justiça; e isso endurece pecadores (Ec 8.11).
II
O ressentimento de Absalão. Ele resolve fazer aquilo que cabia a um juiz em Israel fazer; e, visto que seu pai não estava disposto a castigar Amnom, ele o faria, não a partir de um princípio de justiça ou zelo, mas por vingança, porque ele se considera afrontado com o abuso feito à sua irmã. A mãe deles era filha de um rei pagão. É possível que Absalão e Tamar fossem às vezes caçoados pelos irmãos, pelo fato de serem filhos de uma estrangeira. Absalão entendeu que foi assim que ela tinha sido tratada por Amnom; e, se Amnom achava que poderia fazer dela uma prostituta, talvez achasse que pudesse fazer dele seu escravo. Isso o deixava furioso, e nada menos do que o sangue de Amnom extinguiria esse furor. Temos aqui:
1. O plano concebido: Absalão odiava a Amnom (v. 22), e qualquer que aborrece a seu irmão é homicida [...] como Caim, que era do maligno (1 Jo 3.12,15). O aborrecimento de Absalão por causa do pecado do seu irmão era recomendável, e ele tinha todo o direito de acusá-lo pelos devidos meios da lei, para que recebesse a devida condenação pela injúria cometida contra sua irmã; mas aborrecer a sua pessoa, e intentar a sua morte por assassinato, era colocar uma grande afronta contra DEUS, ao propor reparar a quebra do sétimo mandamento pela violação do sexto, como se não fossem todos igualmente sagrados. Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás (Tg 2.11).
2. O plano ocultado. Ele não comentou coisa alguma com Amnom, nem bem nem mal; comportava-se como se não tivesse tomado conhecimento do seu delito e manteve para com ele sua civilidade costumeira, apenas aguardando a melhor oportunidade para causar-lhe dano. (1) A pior maldade é aquela que guarda rancor no coração, sem dizer coisa alguma. Caso Absalão tivesse debatido a questão com Amnom, talvez o tivesse convencido do seu pecado e o levado ao arrependimento; mas, pelo fato de não dizer coisa alguma, o coração de Amnom foi se endurecendo, e o seu se tornando cada vez mais amargurado contra ele. Portanto, quando repreendemos o nosso próximo deixamos de aborrecê-lo em nosso coração (Lv 19.17). (2) A pior maldade é aquela que é disfarçada por meio de uma amizade aparente; assim a sua boca era mais macia do que a manteiga, mas no seu coração, havia guerra (Sl 55.21 e Pv 26.26). (3) A pior maldade é aquela que fomenta rancor por muito tempo. Por dois anos Absalão fomentou essa raiz de amargura (v. 24). É possível que, no início, ele não pretendia matar seu irmão (porque, caso essa fosse a sua intenção, ele poderia tê-lo feito bem antes), e somente esperava por uma ocasião para desonrá-lo e causar-lhe algum dano; mas, ao longo do tempo, o seu ódio foi amadurecendo, e nada além da morte lhe servia. Se o sol se põe sobre a ira uma única vez, dando lugar ao diabo (conforme é sugerido em Ef 4.26,27), o que não poderá ocorrer no coração daquele que deixa o sol se pôr durante dois anos?
3. O plano delineado. (1) Absalão planeja uma festa na sua casa na região rural, como Nabal fazia, por ocasião da tosa das ovelhas (v. 23). Cuidadoso como Absalão era com sua aparência (2Sm 14.26), e ilustre como era, ele conhecia o estado das suas ovelhas e punha o seu coração sobre o gado (Pv 27.23). Esses que somente se preocupam em gastar as posses do campo na cidade em pouco tempo verão o fim delas. Quando Absalão contratava tosquiadores, ele mesmo ficava com eles. (2) Ele convida o rei, seu pai, e todos os príncipes de sangue a essa festa (v. 24), não somente para honrá-los, mas para que fosse mais respeitado entre seus vizinhos. Aqueles que têm um parentesco com pessoas famosas têm a tendência de dar valor demais a esse parentesco. (3) O rei não estava disposto a ir, porque não queria ser pesado demais para o filho (v. 25). Parece que Absalão tinha um patrimônio em suas próprias mãos, do qual vivia. O rei o tinha dado a ele, mas queria que fosse um bom administrar dessas posses. Nisso ele é um exemplo aos pais, quando seus filhos já estão grandes, dando-lhes a habilidade de viver de acordo com a sua posição, e então cuidando para que não vivam acima dela, especialmente não tornando-se cúmplices disso. É prudente que jovens proprietários procurem poupar e não consumir toda lã que tosquiaram. (4) Absalão obteve permissão para convidar Amnom, e o restante dos filhos do rei, para vir e ornar sua mesa na fazenda (vv. 26,27). Absalão tinha ocultado de forma tão eficaz sua inimizade com Amnom que Davi não via motivos para suspeitar de qualquer desígnio maligno contra ele nesse convite específico: “Permita que meu irmão Amnom vá”; mas o fato de ter consentido e dessa forma dar a oportunidade para Absalão cumprir o seu intento maligno tornou esse golpe ainda mais dolorido para Davi, como tinha ocorrido anteriormente (v. 7). Parece que os filhos de Davi, embora já adultos, continuavam a respeitar o seu pai, a ponto de não realizar uma pequena viagem sem a sua permissão. Da mesma forma os filhos, quando já se tornaram homens e mulheres, devem honrar seus pais, pedir o conselho deles e não fazer nada importante sem conversar com eles, quanto mais quando sabem que isso vai contra a sua vontade.
4. O plano executado (vv. 28,29). (1) A festa de Absalão era abundante; porque ele decide que todos deveriam ficar alegres do vinho, pelo menos conclui que Amnom ficaria, porque sabia que tinha a tendência de beber em excesso. (2) Mas as ordens que deu aos seus servos com relação a Amnom, de que deveriam misturar seu sangue com seu vinho, eram bárbaras. Caso o tivesse desafiado e, na confiança da bondade de sua causa e da justiça de DEUS, lutasse com ele, embora isso fosse tremendamente injurioso, teria sido mais honroso e desculpável (a antiga lei, em alguns casos, permitia o julgamento por meio da batalha) para ele; mas assassiná-lo, como o fez, era imitar o exemplo de Caim, apenas sendo os motivos diferentes: Abel foi morto por causa de sua justiça, enquanto Amnom foi morto por causa de sua maldade. Observe o agravo desse pecado:
[1] Ele mataria Amnom quando o coração dele estivesse alegre do vinho e, conseqüentemente, menos perspicaz em relação ao perigo, menos capaz de resisti-lo, e menos apto para fugir. Como essa maldade visava destruir tanto a alma como o corpo, não foi lhe dado oportunidade para dizer: Senhor, tem misericórdia de mim (Mt 15.22). Que surpresa terrível a morte tem sido para muitos, cujos corações se carregaram de glutonaria e embriaguez! (Lc 21.34). [2] Os servos de Absalão são encarregados de matá-lo e, dessa forma, são envolvidos na culpa. Absalão daria a voz de comando: Feri a Amnom; e então eles, em obediência a ele e, na presunção de que a autoridade dele os defenderia, devem matá-lo. Que afronta Absalão faz à lei divina; embora a ordem de DEUS seja claro: Não matarás, ele lhes ordena que matem Amnom, com essa garantia: “Porventura, não sou eu quem vo-lo ordenou? Isso basta. Esforçai-vos e não temais nem a DEUS nem aos homens”. Os servos que obedecem a seus senhores em contradição à lei de DEUS são ensinados de forma ímpia. Da mesma forma, os senhores que os ensinaram a agir dessa forma são ímpios. Os que preferem agradar aos seus senhores, condenando suas almas, são subservientes demais a eles, cujas palavras não os podem proteger da ira de DEUS. Os senhores sempre devem dar ordens aos seus servos como aqueles que sabem que têm um Senhor no céu. [3] Ele o fez na presença de todos os filhos do rei, que eram os príncipes (2Sm 8.18); assim, esse ato era uma afronta à justiça pública, da qual eram administradores, e ao rei, seu pai, a quem representavam, e um desrespeito à espada que deveria ter sido um terror às suas obras más, quando, na verdade, as suas obras más se tornaram um terror para aqueles que a usaram. [4] Existem motivos para suspeitar que Absalão o assassinou não somente para vingar a pendência de sua irmã, mas para abrir caminho para ocupar o trono, que ambicionava, e ao qual teria direito, caso Amnom, o filho mais velho, fosse eliminado. Quando a palavra de ordem foi dada, os servos de Absalão não hesitaram em executar o plano, sendo encorajados com a idéia de que seu senhor, sendo agora o próximo herdeiro ao trono (porque Quileabe estava morto, de acordo com a opinião de Patrick), os protegeria de qualquer perigo. Agora a espada ameaçadora é desembainhada na casa de Davi, e ela jamais se apartaria dela. Em primeiro lugar, seu filho mais velho cai por meio dela, sendo ele mesmo, pela sua maldade, a causa dela, e seu pai, pela sua conivência, cúmplice dela. Em segundo lugar, todos os seus filhos fogem dela, e voltam para casa aterrorizados, não sabendo até onde ia o intento sangrento do seu irmão Absalão. Veja o estrago que o pecado causa nas famílias.
 
 
2 Samuel 15:1-6 - A Astúcia que Absalão Usou para Obter o Favor do Povo

Assim que Absalão é restaurado ao seu lugar na corte, ele almeja estar no trono. Ele, que não se humilhou diante de suas dificuldades, tornou-se insuportavelmente arrogante quando elas passaram. Ele não consegue se satisfazer com a honra de ser filho de rei, e seu possível sucessor, mas precisa se tornar rei agora. Sua mãe era filha de rei. Talvez ele se sentisse valorizado por esse motivo, e desprezasse o pai, que era apenas o filho de Jessé. Ela era filha de um rei pagão, o que o tornava menos preocupado com a paz de Israel. Davi, nessa questão infeliz desse casamento, sofria com o fato de ele estar em um jugo desigual com uma descrente. Quando Absalão foi restaurado à presença do rei, caso tivesse qualquer sentimento de gratidão, teria buscado uma maneira de favorecer seu pai, e torná-lo confortável; mas, pelo contrário, ele planeja uma maneira de enfraquecê-lo, ao roubar dele o coração do povo. Duas coisas recomendam um homem à estima popular — grandeza e bondade.
I
Absalão busca ser famoso (v. 1). Ele tinha aprendido com o rei de Gesur (o que não era permitido aos reis de Israel) a multiplicar cavalos, o que o tornava aprazível, enquanto seu pai, na sua mula, parecia desprezível. O povo desejava um rei como as nações; e Absalão seria um rei assim, apresentando-se em pompa e esplendor, acima do que tinha sido visto em Jerusalém. Samuel tinha predito que este seria o costume do rei: ele teria carros e cavaleiros, e tomaria os filhos dos israelitas para que corressem adiante dos seus carros (1 Sm 8.11); e essa é a maneira de Absalão agir. Cinqüenta homens (em uniformes suntuosos) correriam adiante dele, anunciando a sua vinda, gratificariam grandemente o seu orgulho e o capricho do povo. Os pais não sabem o que estão fazendo quando favorecem uma disposição orgulhosa em seus filhos; pois tenho visto mais jovens destruídos pelo orgulho do que por qualquer outro desejo.
II
Absalão busca se apresentar como um homem muito justo e bondoso, quando, na verdade, tem um plano muito perverso. Caso tivesse buscado ser um bom filho e um bom súdito, dispondo-se a servir os interesses do pai, teria cumprido com seu dever presente, e se mostraria digno para honras futuras, após a morte do pai. Os que sabem obedecer sabem governar. Mas ao procurar mostrar que seria um bom juiz e um bom rei, acabará enganado-se a si mesmo e aos outros. São bons de fato aqueles que o são na sua própria posição, e não os que simulam o quão bons seriam na posição de outros. Mas, essa é toda a bondade que encontramos em Absalão.
1. Ele deseja ser juiz de Israel (v. 4). Ele tinha toda a pompa e todo o prazer que poderia desejar. Tinha todo o conforto e tranqüilidade que um homem poderia almejar; no entanto, nada o contentaria, se não tivesse o poder também: Ah! Quem me dera ser juiz na terra. Aquele que deveria ter sido sentenciado à morte por assassinato tem o descaramento de se tornar juiz de outros. Não lemos nada a respeito da sabedoria e virtude de Absalão, ou do seu conhecimento da lei, nem que tinha apresentado qualquer prova do seu amor à justiça, muito pelo contrário; mesmo assim, deseja ser juiz. Observe: Geralmente os que são menos aptos à promoção são os que geralmente mais a ambicionam; os mais bem qualificados são os mais modestos e mais moderados. Não é nada melhor que o espírito de Absalão aquele que diz: Ah! Quem me dera ser juiz na terra.
2. Ele usa uma conduta muito perversa para alcançar o seu desejo. Caso tivesse humildemente pedido ao pai para empregá-lo na administração da justiça, e estudado para qualificar-se nela (de acordo com a lei, Êxodo 18.21), sem dúvida teria ocupado a próxima vaga de juiz que abrisse; mas esse era um caminho desprezível demais para seu espírito orgulhoso. É humilhante demais ser um mero subordinado, embora fosse subordinado do rei, seu pai. Ele deve ser o maior ou nada. Absalão deseja ser o tipo de juiz ao qual se achegaria que cada homem que tivesse alguma causa. Absalão almeja presidir todas as causas, e sobre todas as pessoas, pouco se importando com a fadiga que isso causaria. Moisés não conseguiu suportar uma carga tão pesada. Aqueles que desejam esse tipo de poder não têm uma compreensão clara das suas conseqüências. Para obter o poder que anela, ele se esforça em instilar na mente das pessoas:
(1) Uma opinião negativa sobre a presente administração, como se os negócios do reino fossem negligenciados de modo geral. Ele procurava se aproximar de todas as pessoas que tinham algum assunto a tratar com o conselho deliberativo, e perguntava qual era o problema; e:
[1] após uma investigação superficial acerca da causa, ele pronunciava: os teus negócios são bons e retos. Como Absalão poderia ser um homem apto a ser juiz, se pronunciava julgamento após ouvir apenas um lado? Pois não defende uma boa causa o homem que não consegue dar credibilidade a uma história que ele mesmo conta. [2] Mas ele dizia a eles que não valeria a pena apelar para o trono: “Não tens quem te ouça da parte do rei. O rei já é idoso, ou está tão ocupado com suas devoções que não se importava com os negócios dos outros; seus filhos estão devotados aos seus prazeres que, embora tenham o nome de comandantes-em-chefe, não se incomodam com os negócios confiados a eles”. Além disso, ele parece insinuar que fez muita falta enquanto esteve desterrado e confinado, e o quanto o povo sofreu com o seu exílio; o que o seu pai disse de modo verdadeiro no reinado de Saul (Sl 75.3), ele diz falsamente: Dissolve-se a terra e todos os seus moradores, todos vão sucumbir e arruinar-se, a não ser que eu fortaleça as suas colunas. Cada apelante deve acreditar que nunca encontrará justiça, a não ser que Absalão se torne o vice-rei ou senhor da justiça. Homens turbulentos, facciosos e ambiciosos geralmente buscam censurar o governo debaixo do qual se encontram. Eles são atrevidos, obstinados e não receiam blasfemar das autoridades (2 Pe 2.10). Mesmo Davi, o melhor dos reis, e a sua administração, não conseguiram escapar da pior das repreensões. Esses que buscam usurpar anunciam as injustiças, e simulam estar dispostos a repará-las: como ocorreu com Absalão aqui.
(2) Um bom juízo de sua própria aptidão para governar. Para que o povo possa dizer: “Ah! Quem me dera que Absalão fosse juiz!” (e eles estão dispostos a desejar mudanças), ele recomenda-se a eles:
[1] Como alguém muito diligente. Ele levantava cedo, e aparecia em público antes do restante dos filhos do rei, e ficava parado a uma banda do caminho da porta, onde os juízes da corte sentavam, como alguém profundamente preocupado em ver a justiça feita e os negócios públicos expedidos. [2] Como alguém muito inquisitivo e espreitador, e desejoso em se familiarizar com todos os casos. Ele queria saber a origem de cada pessoa, para saber de que lugar do reino era (v. 2). [3] Como muito familiar e humilde. Se algum israelita oferecia prestar alguma homenagem a ele, ele o abraçava como a um amigo. Sua conduta era tão transigente, ao passo que o seu coração era tão orgulhoso quanto o de Lúcifer. Projetos ambiciosos são, com freqüência, levados avante por meio de uma aparência de humildade (Cl 2.23). Ele sabia a influência positiva que a sua afabilidade e cortesia causavam no povo comum. Caso tivesse sido sincero em suas ações, sua conduta seria louvável; mas adular o povo para que pudesse traí-lo era uma hipocrisia abominável. Ele encolhia-se, abaixava-se, para colhê-los na sua rede (Sl 10.9,10).
 
 
2 Samuel 15:7-12 - A Declaração Aberta de Absalão da sua Ambição pela Coroa de Hebrom

Temos aqui o irromper da rebelião de Absalão, que a estava tramando havia muito tempo. Lemos que isso ocorreu ao cabo de quarenta anos (v. 7). Mas, não temos como saber a data exata do início de sua rebelião; certamente não é do início do reinado de Davi, porque então recairia no último ano de sua vida, o que não é provável. Talvez o autor se refira à primeira unção por Samuel sete anos antes, ou melhor (eu penso), desde o desejo do povo em ter um rei, e a primeira mudança do governo para uma monarquia, que pode ter sido dez anos antes de Davi começar a reinar. A data pode ser traçada desde aquela época de forma adequada, para mostrar que o mesmo espírito inquieto e insatisfeito continuava operando no povo, que continuava inclinado a desejar mudança: aficionados agora por um novo homem, como naquela época eram por um novo modelo. Assim, é provável que tenha ocorrido no trigésimo ano do reinado de Davi. A trama de Absalão estava agora madura para ser levada a cabo.
I
Hebrom foi a cidade escolhida para o encontro de sua facção. Ali ele havia nascido, e era a cidade onde seu pai começou seu reinado, permanecendo ali por vários anos, o que daria certa vantagem às suas pretensões. Todos sabiam que Hebrom era uma cidade real e que ficava no coração das terras de Judá. Nessa tribo, provavelmente, ele achava que tinha uma forte influência.
II
O pretexto que tinha para ir a Hebrom e convidar seus amigos para ir com ele foi para oferecer sacrifícios a DEUS, em cumprimento a um voto que tinha feito durante o seu desterro (v. 7,8). Temos motivos suficientes para suspeitar que não havia feito esse tipo de voto; não parece que estava tão religiosamente inclinado. Mas, aquele que não se intimidou em matar e trair não teria problemas com a consciência em mentir para obter sucesso em relação ao seu propósito. Se dissesse que tinha feito esse tipo de voto, ninguém o poderia contradizer.
1. Diante desse pretexto, ele recebeu permissão de seu pai para ir a Hebrom. Davi deve ter ficado bem satisfeito em saber que seu filho, em seu exílio, teve o desejo de voltar a Jerusalém, não somente para a cidade de seu pai, mas para a cidade do DEUS vivo, a ponto de fazer um voto, caso fosse chamado para voltar, para servir o Senhor, cujo serviço tinha negligenciado até então. Por isso, agora, depois do seu retorno, lembrou-se do seu voto, e resolveu cumpri-lo. Se Absalão acha que é mais conveniente fazê-lo em Hebrom, em vez de em Sião ou Gibeão, o bom rei está tão contente com a coisa em si que não desaprovaria a sua escolha do lugar. Veja quão dispostos os pais afáveis estão em acreditar no melhor dos seus filhos e, diante da menor indicação do bem, esperar, mesmo em relação àqueles que têm se mostrado rebeldes, que estejam dispostos a se arrepender e mudar de vida. Mas, quão cômodo é para os filhos aproveitar-se da credulidade dos seus bons pais, e impressioná-los com uma aparente religiosidade, quando, na verdade, continuam sendo o que sempre foram! Davi estava cheio de alegria ao ouvir que Absalão estava disposto a servir o Senhor e, portanto, prontamente deu-lhe a permissão de ir a Hebrom com toda pompa.
2. Ele escolheu um bom número de cidadãos sensatos e importantes para acompanhá-lo nessa missão (v. 11). Foram 200 homens, provavelmente dos principais homens de Jerusalém, a quem convidou para unir-se a ele nessa cerimônia do seu sacrifício; e eles foram na sua simplicidade, não suspeitando, de forma alguma, de que Absalão tivesse algum desígnio ímpio em sua jornada. Ele sabia que não seria bem-sucedido se tentasse atraí-los à sua conspiração: eles eram inviolavelmente leais a Davi. Mas ele os convenceu a acompanhá-lo, para que as pessoas comuns achassem que estavam do lado dele, e que Davi tinha sido desertado por alguns dos seus melhores amigos. Observe: Não é algo novo ver homens muito sinceros e justos e coisas muito boas sendo usados por homens astutos, para encobrir suas práticas perversas. Quando a religião é usada como pretexto, e o sacrifício como calçadeira, para sedição e usurpação, não é de admirar que alguns que estavam bem intencionados quanto à religião, como era o caso desses seguidores de Absalão aqui, acabem enganados pela falácia, e atraídos para apoiá-la, com seus nomes, o que no seu coração abominam, não identificando a astúcia de Satanás.
III
O projeto de Absalão era proclamar-se rei por todas as tribos de Israel a partir de um determinado sinal (v. 10). Espias foram enviados por toda parte, para estar prontos em cada região para receber a notícia com satisfação e aclamações de alegria, e fazer o povo acreditar que as novas eram verdadeiras e boas, e que todos estivessem dispostos a defender o seu novo rei. Após a súbita difusão dessa proclamação: “Absalão reina em Hebrom”, alguns concluiriam que Davi estava morto, outros que havia renunciado: e, então, aqueles que estavam escondidos, atraíram muitos a apresentar-se diante de Absalão, e de vir em seu auxílio. Caso tivessem entendido corretamente a questão, teriam abominado esse tipo de pensamento, mas ao serem seduzidos, se dispuseram a apóia-lo. Veja os artifícios ambiciosos que homens usam para alcançar os seus objetivos. Por isso, em questões de estado, bem como em questões religiosas, não vamos nos apressar em crer em cada espírito, mas em provar os espíritos.
IV
A pessoa que ele cortejava e em quem confiava de uma forma especial nessa questão era Aitofel, um político sábio, e alguém que tinha uma mente clara. Ele tinha sido conselheiro de Davi, seu guia e amigo íntimo (Sl 5.13), seu amigo íntimo, em quem tanto confiava e que comia do seu pão (Sl 41.9). Mas, por causa de alguma aversão da parte de Davi em relação a ele, ou dele em relação a Davi, ele foi banido, ou afastado do negócio público, e vivia privadamente no interior. De que maneira um homem com princípios tão bons quanto Davi e um homem com princípios tão corruptos quanto Aitofel poderiam estar de acordo por muito tempo? Absalão não podia encontrar uma ferramenta mais oportuna em todo o reino do que alguém que era um estadista tão renomado, e, no entanto, desafeiçoado com o ministério atual. Enquanto Absalão oferecia seus sacrifícios, em cumprimento do seu simulado voto, ele mandou chamar esse homem. Seu coração estava tão apegado aos seus projetos ambiciosos que não podia permanecer até o término de sua devoção, o que mostra a sua real intenção, de que suas longas ofertas não passavam de mero pretexto.
V
O grupo que estava com ele deu provas de ser considerável. O povo ia se unindo a Absalão continuamente, o que tornou a conspiração forte e temível. Todos que Absalão tinha saudado e agradado (ao julgar suas questões justas e boas, especialmente se posteriormente a causa se voltasse contra eles) não somente vinham eles próprios, mas buscavam influenciar outros, de modo que Absalão não carecia de pessoas para apoiá-lo. A maioria não é uma garantia de julgamento justo. Toda a terra se maravilhou após a besta (Ap 13.3). Se Absalão fez esse plano meramente no auge de sua ambição e inclinação para governar, ou também em um intento maldoso contra seu pai e vingança por causa do seu desterro e confinamento (embora o seu castigo tenha sido menor do que merecia), não fica claro. Mas, geralmente, aquele que almeja a coroa almeja a cabeça daquele que a está usando.
 
 
2 Samuel 16:15-23 - A Entrada Triunfal de Absalão em Jerusalém
Absalão recebe informações rapidamente por alguns dos seus amigos em Jerusalém de que Davi tinha se retirado, e isso com uma pequena comitiva. O terreno estava livre, e Absalão pode tomar posse de Jerusalém quando lhe apraz. Os portões estavam abertos, e não havia ninguém para opor-se a ele. Ele veio sem demora (v. 15), extremamente jubiloso, sem dúvida, com esse sucesso inicial, já que quando imaginou o seu plano, provavelmente receava enfrentar grandes dificuldades, mas agora concretiza seu plano com tanta facilidade. Agora que é senhor de Jerusalém, conclui que tudo é seu e que o país o seguirá. DEUS permite que os ímpios prosperem por algum tempo em suas tramas perversas, mesmo além de suas expectativas, para que seu desapontamento possa ser tanto mais penoso e vergonhoso. Os políticos mais célebres dessa época eram Aitofel e Husai. Absalão traz Aitofel com ele para Jerusalém (v. 15), enquanto Husai o espera ali (v. 16). Ele está certo do seu sucesso, visto que tem ambos como seus conselheiros. Ele depende deles, e não consulta a arca, embora estivesse ali. Mas, ambos foram conselheiros miseráveis para ele, porquê:
I
Husai nunca o aconselhou de maneira sábia. Ele realmente era seu inimigo, e designado a traí-lo, enquanto fingia estar trabalhando a seu favor; assim, Absalão não podia ter um homem mais perigoso próximo dele do que Husai.
1. Husai o saudou na sua ascensão ao trono, como se estivesse plenamente satisfeito em sua posição, e contente com a posse de Absalão (v. 16). Aqueles que governam por meio da sabedoria carnal tendem a usar todo tipo de artifícios e dissimulações! Bem-aventurados são aqueles que não conheceram essas profundezas de Satanás, mas têm suas relações no mundo com simplicidade e sinceridade devota!
2. Absalão ficou surpreso em encontrá-lo ali, visto que era conhecido como amigo e confidente de Davi. Absalão pergunta a Husai: É esta a tua beneficência para com o teu amigo? (v. 17), contentando-se com este pensamento, de que tudo seria seu, visto que Husai o era. Ele não duvida de sua sinceridade, mas comodamente acredita o que deseja ser a verdade, de que os melhores amigos de Davi estão tão interessados nele a ponto de aproveitar a primeira oportunidade para declarar-se a ele, embora a soberba do seu coração o tivesse enganado (Ob 3).
3. Husai o confirmou na esperança de que ele estava sendo sincero para com ele. Porque, embora Davi seja seu amigo, ele estará do lado do rei eleito (v. 18). Ele será fiel àquele que o povo eleger e que tiver a aprovação divina. Ele manifesta-se a favor do rei sucessor (v. 19), do sol nascente. É verdade, ele amava o seu pai; no entanto, ele teve o seu momento, e esse era passado; então, por que também não deveria amar o seu sucessor? Assim, simulava apresentar motivos para uma resolução cujo pensamento ele abominava.
II
Aitofel o aconselhou a agir de maneira ímpia, e, assim, na verdade o estava traindo, agindo como alguém que estava intencionalmente sendo falso com ele; porque aqueles que aconselham as pessoas a pecar certamente os aconselham para a sua própria ruína; e o governo que está baseado no pecado está fundado sobre a areia.
1. Pelo que parece, Aitofel era conhecido como um grande político; seu conselho era como se tivesse consultado a palavra do Senhor (v. 23). Ele era conhecido pela sua sutileza e sagacidade nas questões públicas, e sua visão era bem mais ampla do que a dos outros conselheiros particulares. Essas eram as razões que apresentava para dar o seu conselho. Seus projetos geralmente eram bem-sucedidos, a ponto de todo o povo, pessoas boas ou más, tanto Davi quanto Absalão, terem profundo respeito pelas suas opiniões. Certamente, deram crédito demais a ele quando o consideravam um oráculo de DEUS. Será que a prudência de qualquer mortal pode ser comparada com aquele que é apenas sábio? Podemos observar desse relato a fama da diplomacia de Aitofel: (1) Muitos sobressaem na sabedoria mundana, mas que totalmente desprovidos da graça celestial, porque aqueles que se apresentam como oráculo estão inclinados a desprezar os oráculos de DEUS. DEUS escolheu aquilo que o mundo acha que é loucura; e os maiores estadistas raramente são os maiores santos. (2) Freqüentemente os maiores políticos agem de maneira louca para si mesmos. Aitofel era considerado um oráculo e, no entanto, de forma muito imprudente uniu-se a Absalão, que não era apenas um usurpador, mas um jovem tempestuoso, que dificilmente chegaria a bons termos, cuja queda, e a queda de todos que o apoiavam, qualquer um, com a décima parte da política que Aitofel aspirava, podia ser prevista. Afinal de contas, a honestidade é a melhor política, e ela acabará sobressaindo a longo prazo.
2. Mas, a política de Aitofel nesse caso desbaratou seu próprio alvo. Observe:
(1) O conselho perverso que Aitofel deu a Absalão. Ao descobrir que Davi havia deixado suas concubinas para cuidar da casa, ele aconselhou Absalão a entrar às concubinas de seu pai (v. 21), uma coisa abominável. A lei divina considerava isso um crime capital (Lv 20.11). O apóstolo fala a esse respeito como uma vilania tão grave tal qual nem ainda entre os gentios se praticava (1 Co 5.1). Rúben perdeu sua primogenitura por esse motivo. Mas Aitofel aconselhou Absalão a fazê-lo como uma coisa política, porque traria segurança a todo o Israel, no seguinte sentido: [1] De que ele estava sendo sincero nas suas pretensões. Sem dúvida, ele resolveu tornar-se senhor de todos os que pertenciam ao seu antecessor quando começou com as suas concubinas. [2] De que estava decidido a nunca fazer as pazes com seu pai sob hipótese alguma; porque com essa ação perversa ele se tornaria tão detestável ao seu pai que nunca se reconciliaria com ele, o que, talvez, tornasse as pessoas preocupadas de que teriam de ser sacrificadas para a concordância. Tendo desembainhado a espada, ele, por meio dessa provocação, estava queimando o último cartucho, fortalecendo as mãos do seu partido e mantendo-os firmes a ele. Essa era a política amaldiçoada de Aitofel, que o evidenciava mais como um oráculo do diabo do que de DEUS.
(2) A complacência de Absalão em relação a esse conselho. O conselho se ajustava muito bem com a sua mente lasciva e perversa, e ele não demorou em colocá-lo em prática (v. 22). Quando uma rebelião abominável era a ópera, que introdução mais apropriada para ela do que esse desejo abominável? Tão perversa era a sua maldade. Uma consciência ainda não completamente cauterizada não poderia aceitar tais pensamentos sem um profundo horror. Não somente isso, mas o cliente excede o conselho do seu conselheiro. Aitofel o aconselhou a fazê-lo, para que todo o Israel o soubesse; mas, como se isso não bastasse, ele o fará de tal forma que todo o Israel pudesse vê-lo; tão desorientado Absalão estava de toda honra e virtude. Uma tenda é estendida no terraço da casa para esse propósito; assim, o seu pecado se torna tão impudente quanto o de Sodoma. No entanto, nisso a palavra de DEUS estava se cumprindo ao pé da letra: DEUS tinha anunciado por meio de Natã, que, por macular Bate-Seba, Davi teria suas próprias esposas publicamente corrompidas (2Sm 12,11,12), e alguns acreditam que Aitofel, ao aconselhá-lo, visava vingar-se de Davi pela injúria feita a Bate-Seba, que era sua neta: porque ela era filha de Eliã (2Sm 11.3), que era filho de Aitofel (2Sm 23.34). Jó fala a esse respeito como o castigo justo para o adultério (Moa minha mulher para outro, Jó 31,9,10), como também o profeta (Os 4.13,14). Não sei o que dizer acerca das concubinas, que se submeteram a essa maldade; mas, independentemente da iniqüidade de Absalão e das concubinas, precisamos dizer: O Senhor é justo e nenhuma palavra cairá em terra.
 
 
2 Samuel 18:9-18 - A Morte de Absalão e seu Sepultamento
Vemos Absalão bastante perdido, primeiro com o fim de sua sagacidade, e então o fim de sua vida. Ele começou a lutar, com uma forte expectativa de triunfar sobre Davi, com quem, caso o tivesse em seu poder, não teria lidado de forma branda. Mas se encontra agora em grande consternação, quando se encontra com os servos de Davi (v. 9). Embora fossem proibidos de interferir na vida dele, ele não se atreve a olhar nos seus olhos; mas, ao descobrir que estavam perto dele, esporeou sua mula e se afastou o mais rápido possível, e assim cavalgou precipitadamente para sua própria destruição. Portanto, o que fugir do temor cairá na cova, e o que sair da cova ficará preso no laço (Jr 48.44). Davi está disposto a poupá-lo, mas a justiça divina o sentencia como um traidor, e ela é executada: ele fica pendurado pelos cabelos, é pego vivo, é desentranhado, e seu corpo lançado fora de forma vergonhosa.
I
Absalão fica pendurado pelos cabelos. Cavalgando impetuosamente, debaixo da espessura dos ramos de um grande carvalho que possuía galhos próximos de chão, cujos galhos nunca haviam sido cortados, pegou-se-lhe a cabeça no carvalho, ou o seu pescoço, ou, como alguns pensam, o seu longo cabelo, que tinha sido o seu orgulho, e se tornou de forma justa um laço para ele. Lá estava ele pendurado, tão atônito e enredado, que não podia usar suas mãos para ajudar-se; e, quanto mais se debatia mais preso ficava. Isso o tornava um alvo claro para os servos de Davi, e cheio de terror e vergonha via-se exposto dessa forma, não podendo fazer coisa alguma para mudar sua sorte — nem lutar nem fugir. Observe o seguinte a esse respeito:
1. Que o seu mulo, que estava debaixo dele, passou adiante, como se estivesse feliz em se livrar desse fardo, e deixá-lo para a ignomínia da árvore. Assim, toda a criação geme debaixo do peso da corrupção do homem, mas ela será, em breve, liberta da sua carga (Rm 8.21,22).
2. Que estava pendurado entre o céu e a terra, como se fosse indigno de ambos, como abandonado por ambos; a terra não o conservaria, o céu não o aceitaria; o inferno, portanto, abre a sua boca para recebê-lo.
3. Que essa era uma coisa muito surpreendente e incomum. Era conveniente que fosse assim, por causa do seu monstruoso crime: se, na sua fuga, seu mulo o tivesse derrubado, e deixado semimorto no chão, até que os servos de Davi tivessem vindo e o matado, isso teria sido feito com a mesma eficácia; mas esse teria sido um destino comum demais para um criminoso tão incomum. DEUS quer aqui, como no caso de outros rebeldes, Datã e Abirão, criar alguma coisa nova, para que seja entendido o quanto este homem irritou ao SENHOR (Nm 16.29,30). Absalão está aqui pendurado, in terrorem — para atemorizar os filhos em desobedecer aos pais. Veja Provérbios 30.17.
II
Absalão é apanhado vivo por um dos servos de Davi, que vai imediatamente contar a Joabe acerca da situação do arquiinimigo (v. 10). Dessa forma, ele foi colocado como um espetáculo, bem como um marco, para que os justos o vissem e se rissem dele (Sl 52.6); além disso, tinha de lidar com mais esse aborrecimento: apesar de seus amigos que havia cortejado e em quem havia confiado, e de cuja ajuda estava certo, embora tivesse ficado pendurado tempo suficiente para que fosse socorrido, não contava com ninguém próximo dele para desenredá-lo. Joabe repreende o homem por não tê-lo ferido (v. 11), dizendo a ele que, se tivesse dado esse golpe ousado, teria sido recompensado com dez moedas de prata e um cinto, isto é, uma comissão de capitão, que talvez fosse simbolizado pela entrega de um cinturão ou talabarte. Veja Isaías 22.21. Mas o homem, embora zeloso contra Absalão, justificou o fato de não fazê-lo: “Liquidá-lo?” diz ele, “nem por nada neste mundo; isto teria custado a minha cabeça: e o senhor mesmo foi testemunha da ordem do rei em relação a ele (v. 12), e, por todo o eu discurso, teria sido o meu querelante, caso eu o tivesse feito” (v. 13). Esses que amam a traição odeiam o traidor. Joabe não podia negar isso, nem acusar o homem por sua cautela e, portanto, não lhe dá resposta, mas interrompeu o discurso, diante do pretexto de pressa (v. 14): Não me demorarei assim contigo aqui. Os superiores deveriam considerar a exortação antes de dá-la, para que não se envergonhassem dela mais tarde, e fossem incapazes de concertar o erro.
III
Absalão é (como se poderia dizer) desentranhado e esquartejado, como ocorre com os traidores. Enquanto está pendurado lá, Absalão é mutilado impiedosamente e recebe sua morte em terror, sentindo toda a sua dor.
1. Joabe lança três dardos em seu corpo, o que o colocou, sem dúvida, em um tormento indescritível, estando ele ainda vivo no meio do carvalho (v. 14). Não sei se Joabe pode ser justificado nessa desobediência direta à ordem do seu soberano; será que isso era tratar brandamente com o jovem? Será que Davi teria permitido que Joabe agisse dessa forma se tivesse estado presente ali? No entanto, podemos advogar em seu favor que, embora quebrasse a ordem de um pai excessivamente indulgente, ele realizou um serviço legítimo tanto para o seu rei quanto para o seu país, e teria colocado em risco o bem-estar de ambos caso não o tivesse feito. Salus populi suprema lex — A segurança do povo é a lei suprema.
2. Os jovens de Joabe, dez ao todo, o feriram, antes de o matarem (v. 15). Eles o rodearam, fizeram um círculo ao seu redor em triunfo, e então o feriram e o mataram. Assim, ó SENHOR, pereçam todos os teus inimigos! Joabe então soa a buzina ordenando a retirada (v. 16). O perigo passou, agora que Absalão está morto; o povo logo reatará sua lealdade a Davi e, portanto, não é necessário derramar mais sangue; ninguém é feito prisioneiro, para ser julgado como traidor e colocado de exemplo; que cada homem volte para sua tenda; todos são novamente subalternos do rei.
IV
Seu corpo é descartado de forma infame (vv. 17,18): Eles o lançaram no bosque, numa grande cova; eles não o trouxeram até o seu pai (porque a circunstância teria acrescentado mais tristeza ao seu coração), nem o preservariam para ser enterrado, de acordo com a sua ordem, mas o lançaram na primeira cova que encontraram, com indignação. Agora, onde está a beleza da qual tinha tanto orgulho e que foi motivo de tanta admiração? Onde ficaram os seus ambiciosos projetos e os castelos que havia construído no ar? Seus pensamentos pereceram junto com ele. E, para indicar quão pesada a sua iniqüidade estava sobre os seus ossos, de acordo com a expressão do profeta (Ez 32.27), eles levantaram sobre ele um mui grande montão de pedras, para se tornar um monumento de sua vileza e para indicar que deveria ter sido apedrejado como filho rebelde (Dt 21.21). Os viajantes dizem que o lugar é conhecido até o dia de hoje, e que é comum os passantes jogarem uma pedra sobre o montão, com a seguinte expressão: Amaldiçoado seja a memória do rebelde Absalão, e amaldiçoado para sempre sejam todos os filhos perversos que se levantam em rebelião contra seus pais. Para agravar a ignomínia do sepultamento de Absalão, o historiador lembra da coluna que tinha levantado no vale de Cedrom, perto de Jerusalém, para ser um monumento a ele, e manter seu nome em memória (v. 18), ao pé do qual, é provável, ele intentava ser sepultado. Que projetos tolos e insignificantes podem ocupar a mente de pessoas orgulhosas! E quanto cuidado tantas pessoas tomam em relação à disposição dos seus corpos, após estarem mortos, que não se importam com o que ocorrerá com as suas almas preciosas! Absalão tinha três filhos (2Sm 14.27), mas, pelo que parece, agora não tinha nenhum; DEUS os tinha tirado pela morte; e, de maneira justa, um filho rebelde acaba sem filhos. Para compensar essa falta, ele levanta uma coluna como memorial; mas nisso, a Providência também risca o seu nome. Um montão de pedras descortês e insolente deverá ser o seu monumento, em vez dessa coluna de mármore. Assim, o que a si mesmo se exaltar será humilhado (Mt 23.12). Seu cuidado era de ter seu nome guardado em memória, e isso ocorreu para a sua eterna desonra. Ele não se satisfazia com a obscuridade do restante dos filhos de Davi, de quem não se sabe nada além dos seus nomes, mas seria famoso; em vez disso, ele acaba se tornando infame. A coluna lembrará o seu nome, mas não a sua honra. Ela foi erguida para a glória de Absalão, mas acabou lembrando a sua loucura.
 
2 Samuel 18:19-33 - Envio das Notícias a Davi, que Permanecia em Maanaim, e seu Choro Amargo por Absalão
A situação de Absalão está resolvida. Lemos então o seguinte:
I
Como Davi foi informado a respeito da morte de Absalão. Davi permaneceu na cidade de Maanaim, a alguns quilômetros da batalha, na fronteira mais distante da terra. As forças espalhadas de Absalão se dirigiam todas para o Jordão, o que era contrário ao caminho de Maanaim, assim que sua sentinela não conseguia perceber o desenrolar da batalha, até que um mensageiro fosse enviado para trazer notícias acerca da situação, que o rei aguardava com muita expectativa (v. 24).
1. Joabe ordenou a Cusi (ou “um cuxita”) para anunciar as notícias ao rei (v. 21), um etíope, esse é o significado do seu nome, e alguns acham que ele foi assim desde o seu nascimento, um negro que servia a Joabe. Provavelmente ele era um dos dez que ajudaram a ferir a Absalão (v. 15), como alguns acham, embora fosse perigoso que um deles trouxesse as notícias a Davi, para que o seu destino não fosse o mesmo com o que ocorreu com aqueles que anunciaram a ele acerca da morte de Saul e de Isbosete.
2. Aimaás, o jovem sacerdote (um dos que trouxeram informações a Davi acerca das intenções de Absalão, 2Sm 17.17), estava muito desejoso em ser o mensageiro dessas notícias, tão entusiasmado estava com o fato de essa desgraça finalmente ter-se dissipado e poder contar ao rei que o SENHOR o vingou da mão de seus inimigos (v. 19). Esse era o seu desejo, não tanto na esperança de obter uma recompensa (ele estava acima disso), mas pelo prazer e satisfação em levar ao rei, a quem amava, essas boas novas. Joabe conhecia Davi melhor do que Aimaás, e que as notícias a respeito da morte de Absalão, que deveriam concluir o relato, arruinariam todo o restante; e ele ama Aimaás demais para permitir que seja o mensageiro dessas notícias (v. 20); elas são mais apropriadas para serem levadas por um lacaio do que por um sacerdote. No entanto, quando o cuxita já havia saído, Aimaás insiste para também correr após ele e, depois de muito importunar, obteve o assentimento de Joabe (vv. 22,23). É intrigante o interesse de Aimaás nessa missão, quando um outro já havia sido designado para ela. (1) Talvez tivesse em mente mostrar a sua rapidez. Ao perceber a lentidão do cuxita, e que estava indo pelo caminho mais difícil, embora mais próximo, ele desejava mostrar a sua rapidez na corrida, que poderia ir pelo caminho mais distante e mesmo assim chegar antes do cuxita. Não havia exaltação em um sacerdote ser veloz na corrida; é possível que Aimaás se orgulhasse desse talento. (2) Talvez desejasse anunciar essas “boas novas” por causa do carinho e ternura que tinha pelo rei. Ele sabia que poderia chegar antes do cuxita e, portanto, estava disposto a preparar o rei, por meio de um relato vago e geral, em vez da verdade franca e honesta que o cuxita tinha sido ordenado a anunciar. Caso fosse necessário transmitir más notícias, era melhor que fossem anunciadas gradualmente; dessa forma, elas poderiam ser mais bem recebidas.
3. Ambos são descobertos pela sentinela no terraço da porta de Maanaim: primeiro Aimaás (v. 24), porque, embora o cuxita tivesse saído primeiro, Aimaás logo o havia ultrapassado. Logo em seguida, o cuxita também apareceu (v. 26). (1) Quando o rei ouve que um homem corria só, ele conclui ser um mensageiro (v. 25): Se vem só, há novas em sua boca; porque caso tivessem sido derrotados e estivessem fugindo do inimigo, haveria muitos deles. (2) Quando ouve que é Aimaás, conclui que vem com boas novas (v. 27). Aimaás, pelo que tudo indica, era tão famoso pela sua corrida, que foi reconhecido já de longe, e tão notavelmente justo e bom, que pelo fato de ele ser o mensageiro, as novas seriam boas: Este é homem de bem, zelosamente apegado aos interesses do rei, e certamente não traria más novas. As boas novas do evangelho sempre deveriam ser anunciadas por homens bons; e quão bem-vindos os mensageiros deveriam ser para nós por causa da sua mensagem!
4. Aimaás está muito ansioso para proclamar a vitória (v. 28), e clama à distância: “Paz, há paz”; paz após a guerra, é duplamente bem-vinda. “Paz, meu senhor, oh rei! O perigo já passou, e podemos voltar para Jerusalém, quando o rei achar conveniente”. E, quando se aproxima, relata as novas mais particularmente: “Todos foram desbaratados que levantaram a mão contra o rei”; e, como convinha a um sacerdote, enquanto apresenta a alegria dessas novas ao rei, ele dá a glória a DEUS, o DEUS da paz e da guerra, o DEUS da salvação e vitória: “Bendito seja o SENHOR, que fez isso pelo senhor, como seu DEUS, conforme a promessa de sustentá-lo no seu trono” (2Sm 7.16). Quando disse isso, inclinou-se com o rosto em terra, não somente em reverência ao rei, mas em humilde adoração a DEUS, cujo nome ele exaltava por esse sucesso. Ao levar Davi a agradecer a DEUS pela vitória, ele o preparou para as notícias que se aproximavam. Quanto mais nossos corações estão ligados e engrandecidos em dar graças a DEUS pelas nossas misericórdias tanto mais dispostos deveremos estar em suportar com paciência as aflições que as acompanham. Pobre Davi que se coloca tanto na posição de pai que se esquece que é rei e, portanto, não consegue se alegrar com as novas de uma vitória, até que saiba se vai bem com o jovem, com Absalão, por quem seu coração parece tremer, quase como o de Eli, em um caso similar, pela arca de DEUS. Aimaás logo discerniu, o que Joabe insinuou a ele, de que a morte do filho do rei tornaria as notícias do dia muito indesejáveis e, portanto, em seu relato deixou fora essa questão; e, embora apresentasse oportunidade em suspeitar que as notícias não eram favoráveis, para que o ribombo do trovão não viesse de forma súbita demais sobre o pobre e perplexo rei, ele o encaminha para o próximo mensageiro, a quem estavam vendo se aproximar, para um relato mais específico dos acontecimentos. “Quando Joabe enviou o servo do rei (a saber, Cusi) e a mim, teu servo, para trazer as novas, vi um grande alvoroço, ocasionado por algo extraordinário, como o senhor irá ouvir; mas não tenho coisa alguma a dizer a esse respeito. Entreguei a minha mensagem. O cuxita está mais apto a lhe informar do que eu. Não serei o mensageiro de más notícias; nem aspirarei saber aquilo sobre o qual não posso apresentar um relato exato”. O rei o comanda a ficar esperando até que venha o cuxita (v. 30) e, agora, podemos supor, ele apresenta ao rei um relato mais específico da vitória, que era o motivo de sua vinda.
5. O cuxita, o mensageiro lento, confirma as notícias da vitória que Aimaás havia trazido: O SENHOR te vingou da mão de todos os que se levantaram contra ti (v. 31). Ele também responde a indagação do rei referente a Absalão (v. 32). Vai bem com o jovem, com Absalão?, pergunta Davi. “Sim”, responde o cuxita, “ele vai bem em seu sepulcro”; mas ele relata as notícias de forma tão discreta que, independentemente de quão importuna a mensagem seja, o mensageiro não pode ser culpado. Ele não lhe disse claramente que Absalão ficou pendurado, foi traspassado e enterrado debaixo de um montão de pedras; mas somente que seu destino era o que ele desejava que tivessem todos os traidores contra o rei, sua coroa e sua dignidade: “Sejam como aquele jovem os inimigos do rei, meu senhor, não importa quem forem, e todos os que se levantaram contra ti para mal. Não preciso desejar-lhes algo pior”.
II
Como Davi recebeu as informações. Ele esquece toda a alegria do seu livramento e é dominado pela triste notícia da morte de Absalão (v. 33). Tão logo percebeu pela resposta do cuxita que Absalão estava morto, não fez mais perguntas, mas chorou amargamente, retirou-se da companhia deles e entregou-se à tristeza. Enquanto subia à sua câmara, puderam ouvi-lo exclamar: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Lamento por você. Como você vieste a cair! Quem me dera que eu morrera por ti, e que estivesses vivo nesse dia” (conforme o acréscimo da versão dos Caldeus). “Absalão, meu filho, meu filho!”. Gostaria ter motivos para pensar que essa reação de Davi provinha de uma preocupação acerca do seu estado eterno, e que tinha motivos para desejar que tivesse morrido por ele porque tinha uma esperança viva de sua própria salvação, e do arrependimento de Absalão caso continuasse vivo. Na verdade, pelo que tudo indica, ele pronunciou estas palavras de forma impensada, diante do seu sofrimento. Ele precisa ser censurado:
1. Por mostrar um apego tão grande a um filho desairoso, somente porque era belo e vistoso, embora tivesse sido abandonado, de maneira justa, por DEUS e pelo homem.
2. Por discutir, não somente com a providência divina, cujo arbítrio deveria ter aceitado de forma silenciosa, mas com a justiça divina, cujos julgamentos deveria ter aprovado e com os quais deveria ter concordado. Veja de que maneira Bildade argumenta (Jó 8.3,4): Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão, precisa submeter-se; porventura, perverteria DEUS o direito? Veja Levítico 10.3.
3. Por opor-se à justiça da nação, que, como rei, era incumbido de sua administração, e que, por causa do interesse público, deveria ter preferido antes de qualquer afeição natural.
4. Por desprezar a benignidade do seu livramento, e o livramento de sua família e reino, dos desígnios perversos de Absalão, como se isso não fosse benignidade, nem digno de gratidão, já que custou a vida de Absalão.
5. Por tolerar uma forte paixão, e falar de forma irrefletida com seus lábios. Ele agora esqueceu seu próprio raciocínio acerca da morte de outro filho (Poderei eu fazê-la mais voltar?) e sua própria resolução para enfrear a sua boca (Sl 39.1) quando esbraseou-se dentro dele o seu coração (Sl 39.3), bem como a sua própria prática em outras situações, quando fez calar e sossegar a sua alma, qual criança desmamada para com sua mãe (Sl 131.2). Temos a tendência de nos afligir além da conta com aquilo que amamos acima da medida; portanto, é sábio que tenhamos controle sobre nosso espírito e nos vigiemos firmemente quando é removido de nós aquilo que era muito precioso para nós. Perdedores acham que têm permissão para falar; mas o pouco que é falado é logo corrigido. O sofredor penitente e paciente assenta-se solitário e fica em silêncio (Lm 3.28), ou então, diz como Jó: Bendito seja o nome do SENHOR (Jó 1.21).
 
2 Samuel 19:1-8 - A Volta de Davi à Sobriedade, pela Persuasão de Joabe
Logo depois de os mensageiros terem levado as novas da derrota e morte de Absalão à corte de Maanaim, Joabe e seu exército vitorioso os seguiram, para exaltar os triunfos do rei e receber suas ordens seguintes. Então lemos o seguinte:
I
O desânimo e o desapontamento de todos ao encontrar o rei em lágrimas por causa da morte de Absalão, que eles interpretavam ser um sinal do seu desprazer contra eles pelo que tinham realizado, visto que esperavam que ele viesse ao encontro deles com alegria e gratidão pelos seus bons serviços: Disseram a Joabe (v. 1). As notícias do seu estado se espalharam pelo exército (v. 2): Mui triste está o rei por causa de seu filho. O povo prestará atenção de uma forma especial naquilo que o seu príncipe diz e faz. Quanto mais olhos estiverem voltados para nós, e quanto maior for a nossa influência, tanto mais necessidade temos de falar e agir com sabedoria e de controlar nossas paixões firmemente. Quando vieram para a cidade, encontraram o rei em profundo pranto (v. 4). Ele cobriu seu rosto, e não se deu ao trabalho de levantar os olhos, nem prestar atenção nos generais que vieram visitá-lo. Eles ficaram atônitos em observar:
1. Como o rei demonstrava suas emoções, das quais deveria se envergonhar. Ele deveria ter se empenhado em reprimir e ocultar esses sentimentos caso tivesse levado em consideração sua reputação de homem corajoso, que foi diminuída pela sua submissão desprezível à tirania de um sentimento tão absurdo, ou seu interesse no povo, que seria prejudicado pela sua desaprovação por aquilo que foi feito com zelo por sua honra e pela segurança pública. No entanto, veja como ele demonstra a sua tristeza: Ele gritava a alta voz: Meu filho Absalão! “Meus servos todos voltaram para casa em segurança, mas onde está o meu filho? Ele está morto; e, tendo morrido em pecado, temo que esteja perdido para sempre. Não posso agora dizer: Eu irei a ele, porque a minha alma não se unirá a pecadores como ele; o que pode ser feito por você, Absalão, meu filho, meu filho?”
2. Como o rei prolongou sua aflição, até que todo o exército chegasse, que deve ter demorado certo período desde que recebeu as primeiras notícias. Caso tivesse dado vazão ao seu pranto por uma hora ou duas, após receber as notícias, seria desculpável, mas ao continuar expressando seus sentimentos de amargura por um filho perverso como Absalão, semelhantemente a Jacó por um filho tão bom quanto José, com a resolução de ir ao sepulcro para prantear e macular seus triunfos com suas lágrimas, era muito insensato e indigno. Veja o testemunho negativo que ele estava sendo para o povo. Eles estavam relutantes em censurar o rei, porque tudo quanto o rei fazia parecia bem aos seus olhos (2Sm 3.36), mas eles entenderam isso como uma grande humilhação para eles. A vitória se tornou em tristeza (v. 2). O povo entrou às furtadelas na cidade, como o povo de vergonha (v. 3). Em respeito ao seu soberano, eles não se regozijariam naquilo que perceberam causar tanta aflição nele e, no entanto, sentiam-se embaraçados pelo fato de serem obrigados a ocultar sua alegria dessa forma. Os superiores não devem colocar provações como essas em seus inferiores.
II
A veemente e franca repreensão de Joabe a Davi pela sua conduta imprudente nessa conjuntura crucial. Davi nunca precisava mais do coração dos seus subalternos do que agora, e nunca esteve mais preocupado em assegurar a afeição deles seu interesse em seus sentimentos do que nesse momento; e, portanto, qualquer coisa que os descontentasse agora era a coisa mais imprudente que poderia fazer, e uma grande injúria aos seus amigos que permaneceram fiéis a ele; Joabe, portanto, o censura (vv. 5-7). Ele fala com muita razão, mas não com o devido respeito e consideração ao seu rei. Dir-se-á a um rei: Oh! Belial? (Jó 34.18). Um caso claro pode ser defendido de maneira justa com os que estão acima de nós, e eles devem ser repreendidos nas suas ações erradas, mas isso não pode ser feito de forma rude e insolente. Davi precisava de fato ser despertado e alertado; e Joabe não está disposto a perder tempo com ele. Se superiores agem de maneira insensata, não devem estranhar nem se ofender se seus inferiores apontam seus erros, talvez de maneira áspera demais.
1. Joabe exalta o serviço dos soldados de Davi: “Eles livraram hoje a tua vida e, portanto, merecem ser elogiados, e têm motivos de ficar ressentidos caso isso não aconteça”. Está implícito que Absalão, a quem Davi honrava com suas lágrimas, buscava sua ruína e a ruína de sua família, enquanto aqueles que com suas lágrimas despreza foram os que o protegerem da ruína e a todos que lhe eram preciosos. Grandes prejuízos têm ocorrido a príncipes pelo desrespeito de grandes méritos.
2. Ele mostra o desânimo que Davi havia provocado neles: “Envergonhaste a face de todos os teus servos; porque, enquanto demonstras um apreço tão grande pela vida dele, tu não tens demonstrado apreço pela vida deles; preferes um jovem mimado e perverso, um traidor do seu rei e país, de quem felizmente estamos livres, a todos os teus sábios conselheiros, bravos comandantes, e subalternos leais. O que pode ser mais absurdo do que amar teus inimigos e abominar teus amigos?”
3. Ele aconselha Davi a apresentar-se imediatamente diante de suas tropas, a dar-lhes boas-vindas, a felicitá-los pelo seu sucesso e agradecer os seus serviços. Mesmo aqueles que são comandados esperam receber um agradecimento quando agem a contento, e com razão.
4. Ele ameaça Davi com outra rebelião caso não esteja disposto a seguir o seu conselho, insinuando que em vez de servir a um príncipe tão ingrato, ele próprio encabeçaria uma revolta contra ele, e então (tão confiante Joabe está em relação à sua influência sobre o povo) “nem um só homem ficará contigo esta noite. Se eu for, todos irão. Não existe motivo para pranto; mas, se persistir, vou dar-lhe algo para prantear (como expressa Josefo) com um pranto mais amargo e verdadeiro”.
III
Davi recebeu a repreensão e o conselho de maneira prudente e branda (v. 8). Ele desfez-se de sua aflição, ungiu sua cabeça e lavou seu rosto, para que não parecesse como um homem que esteve pranteando, e então fez sua aparição em público diante da porta, que era como uma sala da câmara municipal da cidade. Então o povo afluiu a ele para felicitar a segurança dele e deles, e tudo estava bem. Observe: Quando somos convencidos de uma falta, devemos estar dispostos a nos corrigir, mesmo que sejamos notificados pelos nossos inferiores, no seu ardor e paixão.



SÍNTESE DO TÓPICO I - Absalão era um homem de aparência “sem defeito”, dotado de personalidade forte e sagacidade para roubar o “coração do povo”.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A revolta de Absalão escondia um espírito de grandeza, bajulação, falsa devoção a DEUS e sagacidade.
SÍNTESE DO TÓPICO III - A rebelião de Absalão contra o seu pai custou-lhe a vida.
 
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO TOP1
Ao introduzir a aula desta semana, leve em conta alguns dados biográficos de Absalão que descrevem um pouco de suas ações, pois eles nos permite conhecer um pouco da personalidade do filho de Davi: “Cinco anos se passaram [após Absalão matar Amnom, seu irmão] até que Davi o [Absalão] reintegrasse totalmente. Mas, Absalão movimentou-se rapidamente para conseguir o trono. Adotando costumes pagãos (que lhe foram ensinados por Talmai?) ele apareceu em público em uma carruagem escoltada por um cortejo de corredores. Ele assegurou a simpatia das dez tribos do norte fazendo-se passar por seu defensor. Dentro de quatro anos [...], sob o pretexto de cumprir um voto, Absalão foi a Hebrom e reclamou o título de ‘rei’ (2 Sm 15.10); em seguida, apoderou-se de Jerusalém para ser sua capital” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.15).
 
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO TOP2
“Após um apelo especial a Itai, que parece ser o comandante dos 600 homens, [Davi] liberou-o de qualquer obrigação e rogou a ele e as seus homens que retornassem ao palácio, Davi recebeu a promessa de lealdade de vida e morte de seus guardas. O uso do nome do DEUS de Israel na aliança, Yahweh, o Senhor, indicaria que ele era um prosélito da religião hebraica, bem como um leal súdito da coroa. Com esta garantia, e em meio a um luto geral por parte do povo em Jerusalém e suas vizinhanças, Davi e sua companhia atravessaram o Cedrom, o vale que margeava Jerusalém a leste, e se encaminharam para o oriente através do deserto em direção ao Jordão” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.252).
 
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP3
“Davi, portanto, se pôs da banda porta (4) de Maanaim enquanto seu povo marchava, e fez seu exército ouvir a ordem que dava aos seus capitães: brandamente tratai por amor de mim ao jovem, a Absalão (5). Da descrição da batalha, somos levados a entender que esta não foi uma ação defensiva da parte de Davi, mas uma investida forte e provavelmente inesperada que fez recuar as forças de Absalão, as quais atravessaram o Jordão para dentro do bosque de Efraim (6), onde ocorreu o combate decisivo. A luta foi sangrenta, e 20.000 homens morreram – talvez de ambos os lados – mais gente perdeu a vida nas gargantas e desfiladeiros das montanhas repletas de bosques do que pela espada” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.254).
 
 
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 80, p42.

 
SUGESTÃO DE LEITURA DA CPAD - Hermenêutica; O Melhor de D. L. Moody e Os mártires do Coliseu.