1. se purificaria com água; 2. vestiria suas vestes santas de linho; 3. mataria um novilho para fazer expiação por si e pela sua família; 4. tomaria uma vasilha de brasas do altar e entraria no SANTO dos Santos para que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, que era o lugar da expiação, da propiciação e da reconciliação; 5. sairia, tomaria o sangue do novilho, entraria pela segunda vez no lugar santo com o sangue e o aspergiria sete vezes sobre o propiciatório e diante dele; 'mataria o bode para a oferta pelo pecado, ultrapassaria o véu pela terceira vez e faria com o sangue como tinha feito com o sangue do novilho; 'faria expiação pelo lugar santo e pelo altar do holocausto; "imporia as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessaria os pecados do povo e enviaria o bode para o deserto; e " tiraria as vestes de linho, iria lavar-se, poria outra roupa e ofereceria um holocausto por si e pelo povo.
Esse dia era impressionante, santo e de grande importância porque os pecados de Israel eram expiados por meio de sangue. Já que "é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hebreus 10:4), esse ritual devia repetir-se a cada ano (Levítico 16:34) até aquele dia grandioso em que CRISTO seria "oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos" (Hebreus 9:28).
A palavra expiação encontra-se poucas vezes na Bíblia, mas o conceito da expiação constitui o assunto principal do Antigo e do Novo Testamento. Palavras mais conhecidas como reconciliação, propiciatório, sangue, remissão de pecados e perdão estão diretamente relacionadas com esse tema.
a) Qual a diferença de Expiação e Propiciação?Diferença entre Expiação e Propiciação:
Pois todos pecaram e carecem da glória de DEUS, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em CRISTO JESUS, a quem DEUS propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça…
“Propiciação” é aquele ato sacrificial pelo qual DEUS se torna propício. Isso não ajuda muito, não é? “Propício” significa simplesmente favorável. Ou seja… dizer que a propiciação é um ato pelo qual DEUS se torna propício, é dizer que é um ato pelo qual se torna favorável a nós. Ele é contrário a nós em certo sentido em ira, mas agora, por meio desse ato sacrificial, ele se torna favorável a nós. É propiciação.
“Expiação” é o ato pelo qual o pecado é cancelado. É anulado. Apagado do registro. Então o objeto da expiação é o pecado. O objeto da propiciação é DEUS. DEUS se torna favorável.
Comentários diversos de Livros e Dicionários Bíblicos
b) O que quer dizer a expressão “pendurado no madeiro”em Dt 21:22?CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 3:13 - O madeiro é a cruz, símbolo de maldição. Lugar de pecador morrer. A árvore utilizada era em forma de cruz para melhor amarrar o julgado e condenado. JESSU assumiu nosso lugar na Cruz.
c) Se a salvação não se obtém pelas obras, como entender Mt 19:21 e como alcançar a perfeição citada nesta referência ?
Disse-lhe JESUS: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. Mateus 19:21
Aqui JESUS está testando se o jovem amava ,mais sua riqueza ou a DEUS. Para ser salvo era preciso amar mais a DEUS do que a qualquer outra coisa ou alguém. O problema do jovem era Mamom.
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS.Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Efésios 2:8,9
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. Tiago 2:26 - Aqui já são as obras do salvo, ou seja, daquele que trabalha por amor e não por salário. daquele que já é salvo. Não faz para ser salvo, mas porque já é salvo e obedece a seu Senhor JESUS CRISTO.
Alguns calvinistas gostam de dizer que as visões não calvinistas da expiação, tal como a expiação universal (que DEUS planejou os benefícios da cruz para todos) diminuem o poder e a glória da cruz ao fazer dela apenas a criação da possibilidade de salvação em vez de, na verdade, a realização da salvação. John Piper disse publicamente que a cruz, na realidade, realizou a salvação dos eleitos (“For Whom Did Christ Die? & What Did Christ Actually Achieve on the Cross for Those for Whom He Died?”): www.monergism. com/thethreshold/articIes/piper/piper_atonement.html2/26/2009.)
Se a morte de CRISTO, na realidade, realizou a salvação para alguém, então aquela pessoa não precisaria se arrepender e crer para ser salva e até mesmo os calvinistas acreditam que a salvação, de fato, mesmo a dos eleitos, não “acontece” na cruz, mas quando DEUS concede fé àquela pessoa.
Nem todos os calvinistas dirão que a cruz, na verdade, salva alguém até que DEUS crie a fé no coração do eleito e lhe impute o benefício salvífico da cruz de CRISTO. Piper parece estar confuso acerca deste ponto. Ou talvez não. Todavia, suas palavras estão confusas. (Contra o Calvinismo - Roger Olson - Editora Reflexão).
2. CRISTO ocupou o lugar do pecador.
A expiação é o demonstrar do amor de CRISTO para com todos os pecadores. JESUS nos reconciliou com o Pai devido ao seu imenso amor por nós (Rm 5.8), JESUS morreu por nós sendo nós ainda pecadores. DEUS deu o seu Filho como oferta expiatória. JESUS CRISTO nos substituiu na cruz, pois quem deveria morrer éramos nós (Rm 4.25), JESUS foi para a cruz em nossos lugar (1Jo 2.2). Assim fomos perdoados, pois foi destruindo o poder do pecado sobre nós, a setença foi executada sobre JESUS (1Pe 2.24). A morte de CRISTO na cruz em nosso lugar representa a nossa morte (2Co 5.14), esse sacrifício nos resgatou da maldição da lei,porque JESUS se fez maldição por nós”(Gl 3.13).
A esse sacrifício substitutivo se dá o nome de vicário. Sacrifício Vicário.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de DEUS, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores. Isaías 53:4-12
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um. Logo, a lei é contra as promessas de DEUS? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a CRISTO, para que, pela fé, fôssemos justificados" (Gl 3.10-12,18-21,24); "E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do que estes" (Hb 9.22,23).
3. Alcance universal da obra expiatória.
A salvação pelo sacrifício expiatório de CRISTO atinge a todos os homens e o homem todo — espírito, alma e corpo — (1Ts 5.23), alcançando o mundo (Jo 3.16). Pela expiação de CRISTO é garantida a redenção, a reconciliação, a justificação, a adoção e o perdão dos pecadores. Mas essa tão grande salvação só se torna real na vida do homem que aceitar, pela fé, o sacrifício de JESUS (Ef 2.8). Tudo o que era preciso ser feito para que fossemos salvos JESUS já fez, agora é nossa vez de crer e aceitar para sermos salvos.
"DEUS não ouve a pecadores" (Jo 9.31). "Pecados fazem divisão" (Is 59.2) - Agora o espírito é ligado ao ESPÍRITO SANTO que nos religa a DEUS (crescer na Graça).
"A alma que pecar esta morrerá" (Ez 18.4) - Agora alma está viva, lavada no sangue remidor de CRISTO. Pode conhecer mais e mais de DEUS Crescer no (conhecimento).
"concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos" (1 Jo 2.16). - Agora "Verdadeiramente ELE tomou sobre si nossas dores e enfermidades" Is 53.4). O corpo pode ser curado e será totalmente transformado no arrebatamento. Com a presença do ESPÍRITO SANTO e alma restaurada podemos vencer os pecados que tentam entrar através do corpo.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Romanos 5.18
Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só DEUS, e um só Mediador entre DEUS e os homens, JESUS CRISTO homem. 1 Timóteo 2:4,5
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. 2 Pedro 3-9
Grifo nosso
Temos que tomar cuidado para não afirmar que todos já nascem condenados, pois as criancinhas de tenra idade não são condenadas enquanto não tiverem uma idade cognitiva, ou seja, não tiverem consciência do pecado. Isso já é mais uma prova de que o calvinismo está errado ao afirmar que uns nascem para serem salvos e outros para serem condenados, pois todos nós um dia fomos crianças e se tivéssemos morrido quando criancinhas teríamos sido salvos. Para sser calvinista tem que condenar ao inferno todas as criancinhas que morreram sem saberem o que era pecado.
Parece que o calvinismo condenou todas as criançinhas que morreram ao inferno com sua teologia herética.
JESUS, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus. Mateus 19:14
JESUS, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de DEUS. Marcos 10:14
Mas JESUS, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de DEUS. Lucas 18:1
III. CRISTO OFERECE SALVAÇÃO A TODO O MUNDO
1. Perdão, libertação e cura.
O maior milagre que existe é o da salvação. Ela é operada pela ação poderosa de DEUS, só exigindo do homem o arrependimento e a fé (sem obras). (Ef 2.8-9). Pela salvação recebemos a salvação que é o perdão dos pecados e a reconciliação com DEUS. Com a salvação recebemos também cura dos enfermos (Mt 4.23), a ressurreição dos mortos (Jo 11.43,44), o anúncio do Evangelho aos pobres (Lc 4.18), a libertação do ser humano das várias opressões que o assolam (Lc 4.19), a chegada do Reino de DEUS (Mt 10.7; Mc 1.15) e a vida eterna do salvo (Jo 6.47; Rm 1.16).
O ESPÍRITO do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. Lucas 4:18,19
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Efésios 2:8,9
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de DEUS, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores. Isaías 53:4-12
2. A salvação é para todo o mundo.
A salvação é para todos (Jo 3.15; 1Tm 4.10), seja durante situações difíceis (Lc 23.43) a salvação se dá por meio do sacrifício de CRISTO e é decretada a nós por meio da fé e do arrependimento de coração (At 15.9; Rm 3.28; 11.6), nossa participação não tem nada a ver com nossas obras, só confessamos a CRISTO como Salvador (Rm 10.9). DEUS vem a nós coma a salvação, nos convida a fazermos parte de seu Reino. Nós que outrora vivíamos cativos, cegos, condenados e oprimidos, mas agora, para a glória de DEUS, alcançamos o evangelho da salvação (Is 61.1-4 cf. Lc 4.18,19).
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Efésios 2:8,9
Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa; Efésios 1:13
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Romanos 5.18
Mas agora em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de CRISTO chegastes perto. Efésios 2:13
E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; Efésios 2:17
3. A responsabilidade do cristão.
Temos agora o compromisso de compartilhar o Evangelho obedecendo ao “Ide” de JESUS (Mt 28.19). Evangelizar e discipular pessoas é demonstração de sabedoria, de amor, de submissão a DEUS (Mc 16.15). É nossa obrigação e dever compartilhar CRISTO com todos obedecendo á grande comissão. (Mc 16:15; Mt 28:19; Lc 24:47; At 1:8)
O evangelho pode ser pregado ou ensinado a todos que conhecemos ou não, tanto reais como virtuais - Internet (At 5.42). Missões regionais ou mundiais, deve estar em nossos corações, assim como está no coração de DEUS. Devemos também contribuir com as igrejas locais que sustentam missionários (At 13.2).
Muitos missionários necessitam de ajuda extra, isso podemos fazer, sempre com orientação dos líderes de missões da igreja (Mt 19.21; Lc 14.13; 2Co 9.9; Gl 2.10), temos uma missão social a realizar também (At 2.42-47).
O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio. Provérbios 11:30
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Marcos 16:15
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do ESPÍRITO SANTO Mateus 28:19
E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. Lucas 24:47
Mas recebereis a virtude do ESPÍRITO SANTO, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. Atos 1:8
ALGUÉM PODE PERDER A SALVAÇÃO DEPOIS DE CONFESSAR A JESUS COMO SALVADOR E SENHOR?
1 Coríntios 8:11 E pela tua ciência perecerá (será destruído) o irmão fraco, pelo qual CRISTO morreu. A palavra grega traduzida por “destruído” é apollytai, que significa “destruir, perecer, morrer” É improvável, isso se não impossível, que a palavra pudesse significar qualquer outra coisa, principalmente neste contexto. ESTE VERSÍCULO já mostra que a doutrina que diz que "uma vez salvo, salvo para sempre" dos calvinista está incorreta.
PERECER - αποολλυμι apollumi - Dic.Strong1) destruir
1a) sair inteiramente do caminho, abolir, colocar um fim à ruína
1b) tornar inútil
1c) matar
1d) declarar que alguém deve ser entregue à morte
1e) metáf. condenar ou entregar a miséria eterna no inferno
1f) perecer, estar perdido, arruinado, destruído
2) destruir
2a) perder
Eu acho incrível as pessoas dizerem que são cristãs - para ser cristão precisa imitar CRISTO - O que CRISTO fazia? Orava muito, pelo menos 3 horas por dia ou mais - Jejuava pelo menos dois dias por semana inteiros (costume judaico) - Estudava as escrituras - Pregava e ensinava pelas ruas, praças e templo e sinagogas - Curava a todos os enfermos e doentes - libertava todos os oprimidos por demônios - fazia milagres (aleijados andarem surdos verem, etc... ) O que os cristãos estão fazendo que imita CRISTO? Que amor é este que não buscam dons do ESPÍRITO SANTO para ajudarem as pessoas?
CONCLUSÃO
O Que É A Obra Expiatória De CRISTO? É a substituição que Ele realizou na cruz em nosso lugar, levando sobre Ele nossos pecados e doenças e enfermidades e maldições. Havia a necessidade De Expiação, pois todos pecaram e destituídos estavam da Glória de DEUS. O pecado atingiu toda raça humana por Adão. A Expiação De CRISTO também atingiu a todos, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça. Havia a impossibilidade Humana para se redimir, mas CRISTO Ocupou O Lugar Do Pecador. Assim o alcance foi Universal Da Obra Expiatória. CRISTO Oferece Salvação A Todo O Mundo. Perdão, Libertação E Cura fazem parte desta salvação. A Salvação É Para Todo O Mundo. Cada Cristã Salvo Tem a Responsabilidade de Transmitir o Evangelho a Todos os Que Encontrar, Tanto Pessoalmente Como Virtualmente.
SOTERIOLOGIA - Grandes Doutrinas
O Alcance da Salvação
Com muita freqüência se ouve a pergunta: “Por quem CRISTO morreu?” se alguém responde: - “Pelo mundo inteiro”, alguma outra pessoa poderá objetar: - “Então porque nem todas as pessoas são salvas?” agora, se alguém afirmar que CRISTO morreu apenas pelos “eleitos”, facilmente outra pessoa considerará injusta a ação de DEUS, visto que somente uns poucos “escolhidos” serão salvos. A Bíblia responde a esta questão, dizendo que:
a) A Salvação é Para o Mundo Inteiro
Através do sacrifício perfeito de CRISTO, todos os habitantes da terra foram representados, e os seus pecados foram potencialmente perdoados. CRISTO “é a propiciação pelos os nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2.2; 2 Co 5.14; Hb 2.9).
b) A Salvação é Para os que Crêem
Apesar de CRISTO haver morrido pelos pecados do mundo inteiro, há um sentido em que a expiação é uma provisão divina feita especialmente por aqueles que crêem. Paulo apresenta JESUS CRISTO como o “Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis” (1 Tm 4.10). Deste modo, apesar de a salvação estar à disposição de toda a humanidade, de forma experimental ela se aplica exclusivamente àqueles que crêem. A salvação foi preparada para todas as pessoas, o problema é que nem todas as pessoas estão preparadas para a salvação.
c) Alguns Abandonarão a Salvação
A Bíblia dá a entender que muitos daqueles pelos quais CRISTO morreu, aceitarão a sua provisão salvadora, mas depois a abandonarão, perdendo com isto o direito à vida eterna. Sobre esses, escreverão Paulo e Pedro: “Perece o irmão fraco, pelo qual CRISTO morreu” (1 Co 8.14). “Negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (2 Pd 2.1).
Advertências Diretas
A Bíblia contém muitas advertências acerca do perigo de cair da graça divina. Paulo advertiu os santos que achavam que fazendo o que quisessem mesmo assim estariam salvos: "Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia” (1 Co 10.12). O escritor da epístola aos Hebreus advertiu que é possível deixar o coração encher-se de descrença, ao ponto de perder a salvação: "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do DEUS vivo" (Hb 3.12). A epístola de Judas leva-nos a meditar nos santos do Antigo Testamento, nos dias de Moisés, quando diz: "Quero, pois, lembrar-vos que o Senhor, tendo libertado um povo tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram" (Jd v.5). Há uma exortação severa de João, que não deixa dúvida alguma quanto à possibilidade de alguém perder a sua salvação: "O vencedor, de nenhum modo sofrerá o dano da segunda morte” (Ap 2.11). “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" (Ap 3.11).
Exemplos a Considerar
A Bíblia não apenas ensina sobre a possibilidade de se perder a salvação, como também registra casos de várias pessoas que viraram as costas para DEUS, perdendo por completo a comunhão com Ele. No Antigo Testamento, lemos acerca de Saul que "DEUS lhe mudou o coração" e que "o ESPÍRITO de DEUS se apossou de Saul" (1 Sm 10.9,10). Mais tarde, porém, tomou-se possuído dum espírito maligno, e acabou a sua vida cometendo suicídio. Está dito de Salomão, que na sua juventude "amava ao Senhor, andando nos preceitos de Davi, seu pai" (1 Rs 3.3). Mais tarde, porém, ele rejeitou a DEUS e começou a adorar os falsos deuses (1 Rs 11.1-8). Felizmente, em tempo, retornou a DEUS, não porque fosse predestinado à salvação, mas porque deu lugar ao arrependimento no seu coração. No Novo Testamento, o exemplo mais destacado dum desviado e apóstata, éo de Judas Iscariotes. Judas no princípio era um verdadeiro crente, pois jamais CRISTO confiaria a um pecador o ministério de evangelizar curar enfermos e expulsar demônios (Mt 10.7,8). Porém, já por ocasião da última Ceia Judas havia abandonado a fé. CRISTO sabia que Judas ja não fazia parte do grupo dos salvos. O próprio Judas confirmou isto, quando traiu a CRISTO e cometeu suicídio. Himeneu e Alexandre, dois dos cooperadores de Paulo pós manterem a fé e boa consciência, naufragaram na fé, pelo que Paulo os entregou a Satanás (1 Tm 1.19,20). Demas, outro associado ministerial de Paulo é declarado um ajudante fiel. Estava presente quando Paulo escrevia suas epístolas aos Colossenses e a Filemom (Cl 4.14; Fl v.24). Paulo mesmo o chamou de "cooperador" seu. É, pois, difícil compreender que Demas não fosse um crente verdadeiramente salvo. Apesar disto, mais tarde abandonou a fé, literalmente perdeu a salvação, por causa do seu "amor' ao presente século" (2 Tm 4.10). Apesar de tudo, o crente não tem porque ter medo. Pois aquele que não dormita e nem dorme, "aquele que te guarda" (Sl 121.3), diz: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10)
Calvimsmo e Arminianismo. Muitos têm seguido cegamente a João Calvino
teólogo francês, radicado na Suíça, falecido em 1564 —, o qual pregava a predestinação como uma eleição arbitrária de indivíduos; como graça irresistível e impossibilidade de perda da salvação.
Outros têm seguido as idéias de Jacobus Arminius, teólogo holandês falecido em 1609, o qual pregava doutrinas conflitantes quanto à salvação e a sua segurança. Um perigo fatal a que pode levar o arminianismo é o crente depender de suas obras, de sua conduta, de seu porte, de sua obediência pessoal, para a sua salvação (Hb 9.12). Nesse extremo campeia a falsa santidade, sendo o homem enganado pelo seu próprio coração (Jr 17.9).
No caso da predestinação e da livre-escolha, no tocante à salvação, a tendência humana é rejeitar uma ou outra. Os arminianistas extremistas rejeitam a predestinação, e os calvimstas extremistas rejeitam o livre-arbítrio.
Entretanto, um exame atento e livre de preconceito da Palavra de DEUS mostra que, através da obra redentora de JESUS, DEUS destinou de antemão (predestinou) todos os homens à salvação: “quem quiser, tome de graça da água da vida” (Ap 22.17; Is 45.22; 55.1; Mt 11.28,29; 2 Co 6.2; I Tm 2.4). De acordo com João 12.32, todos podem ser atraídos a CRISTO. Mas nem todos querem seguir a CRISTO.
A predestinação segundo os predestinalistas. Estes dizem que o homem, decaído como está, no seu estado de depravação total, é incapaz de fazer livre-escolha concernente a sua salvação, pois está incapacitado espiritualmente para isso. Então DEUS elege o homem para a salvação. Segundo essa teoria, DEUS elege uns para a salvação, comunicando-lhes também a fé. Os demais, não-escolhidos, estão perdidos. Isso eqüivale a dizer que CRISTO morreu apenas pelos “escolhidos”.
Do raciocínio acima decorre outro: que a graça de DEUS é irresistível, isto é, a graça de DEUS não pode ser recusada por aqueles a quem DEUS escolhe salvar. Segundo o predestinalismo, a salvação é um decreto divino, e a conversão é simplesmente o início da execução desse decreto. O termo “decreto” é extraído de textos como Romanos 8.28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a DEUS, daqueles que são chamados por seu decreto”.
Afirmam também os predestinalistas que a vida eterna em CRISTO é um dom de DEUS, e que uma vez recebida não pode ser jamais perdida em conseqüência de qualquer ato ou determinação da vontade humana. E que se, de fato, o crente nasceu de novo, está eternamente salvo. Caso venha a desviar-se, comprometerá, sim, o seu galardão, mas jamais perderá a sua salvação, nem cairá em apostasia. Ê como alguém que, estando a bordo de um navio, escorrega e cai, porém continua a bordo.
Finalmente, dizem que o crente salvo “está escondido com CRISTO em DEUS” (Cl 3.3), e que o Inimigo jamais o achará, nem jamais o arrebatará dessa posição. Em abono dessa predestinação fatalista, os predestinalistas citam textos como João 6.37; 10.28,29; Romanos 8.28-30; Efésios 1.4,5; 2 Ts 2.13; Eclesiastes 3.14; Filipenses 1.6; I Pedro 1.2; e Apocalipse 17.8 — mas sem interpretá-los à luz de seus respectivos contextos imediato e remoto.
Ora, proceder como acima exposto é adaptar a Bíblia ao raciocínio humano; ou seja, ao modo humano de pensar, como se a Palavra de DEUS dependesse de argumentos humanos.
A Bíblia é contrária ao predestinalismo. A Palavra de DEUS não afirma que CRISTO morreu apenas pelos eleitos. CRISTO morreu por todos, e não somente pelos eleitos (I Tm 2.4,6; I Jo 2.2; 2 Pe 3.9; Ato 2.21;10.43;Tt 2.11; Hb 2.9; Jo 3.15,16; 2 Co 5.14; Ap 22.17). Ora, aqui não se trata somente de “eleitos”, mas de “todos” que quiserem ser salvos. O falso ensino de que CRISTO teria morrido apenas pelos eleitos pode conduzir a um desinteresse pela evangelização, haja vista DEUS já ter separados os perdidos que vão para o inferno.
Qualquer pessoa que crê em JESUS torna-se um dos escolhidos de DEUS, pois somos eleitos em CRISTO (Ef 1.4). Em Mateus 22.1-14, vemos que todos os convidados foram “chamados”; porém “escolhidos” foram os que aceitaram o convite do rei. No versículo 14, a expressão “muitos são chamados, mas poucos escolhidos” revela, portanto, que das multidões que ouvem o evangelho apenas uma pequena parte crê em CRISTO e o segue.
DEUS elegeu para si um povo chamado Igreja, e não indivíduos, isoladamente. Somos predestinados porque somos parte da Igreja de DEUS; não somos parte da Igreja porque fomos antes, individualmente, predestinados. Se, na Igreja, como Corpo de CRISTO, alguém individualmente se desvia, e não volta, a eleição da Igreja não se altera.
De igual modo foi a eleição de Israel. O Senhor elegeu aquele povo para si; não indivíduos de per si. E tanto que milhares de israelitas se desviaram, porém a eleição de Israel, como povo, prosseguiu.
A livre-escolha do homem é uma realidade inconteste. A Bíblia acentua a cada passo a responsabilidade do homem no tocante à sua salvação. DEUS oferece a salvação e, mediante o seu ESPÍRITO, convence o pecador do seu pecado, da justiça e do juízo O homem aceita a salvação ou rejeita-a (Is 1.19,20; Js 24.15; Dt 30.19; Jo 1.11,12; 3.15,16,19; Ap 22.17; Lc 13.34; Ato 7.51; I Rs 18.21; I Tm 4.1; 2 Cr 15.2; Mac 16.16;Hb 2.3; 3.12; 12.25).
Não existe graça irresistível. O homem através dos tempos tem resistido a DEUS, por sua incredulidade e rebeldia (At 7.51; I Ts 5.19; Pv 1.23-30; Mt 23.37; 2 Pe 2.21; Hb 6.6,7; Tg 5.19). Ora, a ação do ESPÍRITO SANTO no pecador, para que se salve, é persuasiva, e não compulsória: “Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a DEUS; e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos” (2 Co 5.11).
Um cristão salvo pode vir a se perder; pode, sim, desviar-se, cair em pecado e perecer, caso não se arrependa ante a insistência do ESPÍRITO SANTO (Ez 18.24,26; 33.18; Hb 3.12-14; 5.9; I Tm 4.1; 5.15; 12.25; 2 Pe 3.17; 2.20-22; Rm 11.21,22; ITs 5.15; Dt 30.19; I Cr 28.9; 2 Cr 15.2; I Co 10.12; Jo 15.6). Essa verdade fica amda mais evidente quando consideramos o “se” condicional quanto à salvação (Hb 2.3; 3.6,14; Cl 1.22,23), bem como a condição: “ao que vencer”, que aparece sete vezes em Apocalipse 2 e 3.
As palavras de JESUS em João 6.37 — “Todo o que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” — significam que DEUS destinou à salvação, não somente este ou aquele indivíduo, mas sim todo aquele que nEle crê (Jo 3.16). Ou seja, tal passagem refere-se ao fato de DEUS aceitar o pecador quando este vem a Ele.
Outro texto empregado pelos predestinalistas é João 10.27,28: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos”. Note
que o versículo 27 mostra as condições da ovelha, para que ela nunca venha a perecer, nem sair das mãos de JESUS e do Pai (cf. Jo 6.67).
Se não há perigo de queda definitiva para o crente, por que a Bíblia adverte com tanta ênfase para que ninguém caia (I Co 10.12; Hb 3.12; Jo 15.6; I Tm 4.1 [“apostatarão”]; 2Ts 2.3 [“apostasia”]; Pv 16.18; 28.14; Ap 2.4,5)?
Porque; se viverdes segundo a carne, morrereis... (Rm 8.13).
Portanto, irmãos, procurai Jazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis (2 Pe 1.10).
Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira afcar reprovado (l Co 9.27).
... porquanto vos desvíastes do Se^OR, o Senhor não será convosco ÍNm 14.43).
O verdadeiro signifcado da predestinação. Em I Timóteo 2.4, está escrito: “TDeus] quer que todos os homens se salvem”. Nisto está incluído o mundo inteiro que queira. De fato, todos os que verdadeiramente crêem, se salvam; somos testemunhas disso. O Senhor predestinou à salvação todo aquele que aceitar a JESUS. A própria aceitação já é um dom de DEUS, para que ninguém se glorie julgando que assim contribuiu para a sua salvação.
A predestinação fatalista da alma, como ensinada pelos calvmistas, bem como a dependente de obras humanas, propalada pelos arminianistas, não têm apoio na Palavra de DEUS. O termo original de onde provém a nossa palavra “predestinação” (gr. proorizo) significa “destinar de antemão”, “predeterminar”, “preestabelecer”, “prefixar”, “preeleger”, etc.
Esse vocábulo aparece seis vezes no Novo Testamento, variavelmente traduzido, dependendo da versão utilizada. Na versão Revista e Corrigida (ARC), a palavra aparece nas seguintes passagens:
Atos 4.28 — “anteriormente determinado”.
Romanos 8.29 — “predestinou”.
Romanos 8.30 — “predestinou”.
I Coríntios 2.7 — “ordenou antes”.
Efésios 1.5—“predestinou”.
Efésios 1.11 — “predestinados”.
A predestinação que a Bíblia realmente ensina não é a de uns para a vida eterna e a de outros para a perdição eterna. A predestinação é para os que quiserem ser salvos, conforme lemos em 2 Tessalonicenses 2.13 e 2 Timóteo 2.10: “DEUS nos escolheu desde o princípio para a salvação”; “Escolhidos para que também alcancem a salvação”.
Eleição é o ato divino pelo qual DEUS escolhe ou elege um povo para si, para salvá-lo (2Ts 2.13). Predestinação é o ato de DEUS determinar o futuro desse povo. No Novo Testamento, esse povo é a Igreja, o Corpo de CRISTO, o povo salvo (Ef 1.22,23).
Na predestinação de DEUS para a Igreja está a sua conformação à imagem do Filho de DEUS (Rm 8.29), a sua chamada para a salvação (Rm 8.30), a sua justificação (Rm 8.30) e a sua glorificação (Rm 8.30). Essa conformação depende de chamada, justificação e glorificação do crente. E depende, ainda, da santidade de DEUS (Ef 1.4) e da adoção de filhos (Ef 1.5).
Outrossim, a eleição divina não consiste somente na soberania de DEUS, mas também na sua graça (Rm 11.5).
A real segurança da salvação. O crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em CRISTO (Jo 15.1-6). Não há segurança fora de JESUS e do seu aprisco. Não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (cf. Rm 8.13; Hb 3.6; 5.9). JESUS guarda o crente do pecado; e não no pecado.
Somos mantidos em CRISTO pelo seu poder, mediante a nossa fé nEle (I Pe 1.5; Jd v.20; 2 Co I.24b). A salvação é eterna para os que obedecem ao Senhor (Hb 5.9; I Co 15.1,2). Estamos em pé pela fé em CRISTO, e não pela predestinação: “tu estás em pé pela fé” (Rm 11.20); “se é que permaneceis firmes e fundados na fé” (Cl 1.22,23); “DEUS é salvador de todos, mas principalmente dos fiéis [lit. “dos que crêem”]” (I Tm 4.10).
Há vários outros textos que também mostram a segurança do crente somente enquanto este está em CRISTO:
Pois que tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o meu nome (Sl 91.14).
Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei (Sl 16.8).
Porque nos tornamos participantes de CRISTO, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim (Hb 3.14).
...eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia (2 Tm 1.12).
[Senhor JESUS CRISTO, j o qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor JESUS CRISTO (l Co 1.8).
O crente deve obedecer a DEUS; não para que a sua obediência o salve ou o mantenha salvo, mas como uma expressão da sua salvação, do seu amor e da sua gratidão para com aquEle que o salvou. Não nos tornamos salvos por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer, mas pela fé em JESUS CRISTO (At 16.31). A conservação da salvação também vem pela fé em CRISTO, pois está escrito: “O justo viverá da fé” (Rm I.17)
Conclusão. A doutrina da predestinação como ensinada pelo calvinismo só leva em conta a soberania de DEUS, e não a sua graça (Rm 11.5; Tt 2.11) e a sua justiça (SI 145.17; Rm 3.21; 1.17; 10.3). Em Ezequiel 18.23 ;33.11 vemos que DEUS quer que o ímpio se converta, e não apenas os eleitos e predestinados. DEUS jamais predestinaria alguém ao inferno sem lhe dar oportunidade de salvação. Isso aviltaria a natureza dEle.
Se todos já estão predestinados quanto ao seu destino eterno, então não há lugar para escolha, decisão ou livre-arbítrio por parte do homem. Entretanto, temos essa escolha mencionada e exposta em vários textos bíblicos, como vimos.
Que DEUS nos conceda cada dia uma visão espiritual cada vez mais ampla e profunda, a fim de compreendermos a sublimidade da gloriosa salvação que JESUS CRISTO consumou; da qual, pela graça de DEUS, já somos participantes. Glória, pois, a Ele!
A doutrina da predestinação situando o crente na presciência de DEUS não está na Bíblia para motivar choques de idéias, especulações ou coisas semelhantes; mas para, de modo carinhoso, DEUS encorajar o crente. Através dela, o Senhor está mostrando que antes que o mundo existisse, e o homem nascesse, Ele antecedeu- se e antecipou-se a tudo, prevendo problemas e dificuldades em nosso caminho e nos mostrando que é poderoso para nos levar a salvo para o seu Remo celestial (2Tm 4.18, ARA).
Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de JESUS CRISTO (Fp 1.6).
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória (..) seja glória e majestade; domínio c poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém! Qd vv.24,25).
Quais as pessoas para quem se destinavam os benefícios da expiação (Teologia Sistemática de Charles Finney)
EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO
Quais as pessoas para quem se destinavam os benefícios da expiação.
1. DEUS faz tudo para si próprio; ou seja, Ele considera a própria glória e felicidade como a razão suprema e mais influente para toda sua conduta. Isso é sábio e correto para Ele porque sua glória e felicidade são, infinitamente, o maior bem no universo e para o universo. Ele fez expiação para satisfazer a si mesmo. "DEUS amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16). O próprio DEUS, portanto, foi beneficiadíssimo pela expiação: em outras palavras, grande parte de sua felicidade é resultado da contemplação, execução e conseqüências da expiação.
2. Ele fez a expiação para benefício do universo. Todos os seres santos são e devem ser beneficiados por ela, por sua própria natureza, uma vez que ela lhes dá conhecimento mais elevado de DEUS do que jamais obtiveram antes e jamais poderiam obter de outro modo. A expiação é a maior obra que DEUS poderia ter executado por eles, a mais bendita e excelente que poderia ter feito por eles. Por esse motivo, os anjos são descritos desejosos de contemplar a expiação. Os habitantes do Céu são representados profundamente interessados na obra da expiação e naquelas manifestações do caráter de DEUS nela presentes.
A expiação é, portanto, sem dúvida uma das maiores bênçãos jamais conferidas por DEUS ao universo de seres santos.
3. A expiação foi feita para benefício particular dos habitantes deste mundo, pela própria natureza dela, uma vez que é moldada para beneficiar todos os habitantes deste mundo; uma vez que é a mais estupenda revelação de DEUS para o homem. Sua natureza é adaptada para beneficiar toda a humanidade. Toda a humanidade pode ser perdoada, caso seja corretamente afetada e por ela levada ao arrependimento, bem como qualquer parte dela.
4. Todos certamente recebem muitas bênçãos por sua causa. É provável que, não fosse a expiação, ninguém de nossa raça, exceto o primeiro casal humano, tivesse alguma existência.
5. Todas as bênçãos desfrutadas pela humanidade lhe são conferidas por causa da expiação de CRISTO; isto é, DEUS não poderia atender os pecadores e abençoá-los e fazer tudo que a natureza do caso admite para salvá-los, não fosse real a expiação.
6. Que foi feita por toda a humanidade é evidente pelo fato de ser oferecida indiscriminadamente a todos.
7. Os pecadores são universalmente condenados por não a receber.
8. Se a expiação não fosse destinada a toda a humanidade, seria-nos impossível não considerar DEUS insincero ao lhe fazer a oferta da salvação por meio da expiação.
9. Se a expiação foi feita para uma parte apenas, nenhum homem pode saber se tem o direito de abraçá-la até que uma orientação direta de DEUS lhe faça saber que ele faz parte do grupo.
10. Se os ministros não crerem que ela foi feita por todos os homens, não poderão instar, de modo sincero e honesto, qualquer indivíduo ou congregação no mundo a aceitá-la, pois não podem garantir a qualquer indivíduo ou congregação que exista mais expiação para eles do que há para Satanás.
Se a isso se replicar que pelos anjos decaídos não se fez uma expiação, mas que se fez expiação por alguns homens, de modo que pode ser verdade para algum indivíduo que ela foi feita por ele e que se ele crer verdadeiramente, com isso lhe será revelado o fato de que realmente foi feita para ele; replico: Em que deve crer o pecador como condição para salvação? Apenas que uma expiação foi feita por alguém? Seria isso fé salvadora? Não é preciso que ele a abrace e firme um compromisso pessoal e individual com ela e com CRISTO? Confiar nela como algo feito para ele? Mas como seria autorizado a fazê-lo na suposição de que a expiação foi feita por apenas alguns homens e, talvez, por ele? Seria fé salvadora crer que é possível que tenha sido feita por ele e, pela crença nessa possibilidade, obteria a evidência de que, de fato, foi feita para ele? Não, ele precisa para isso obter a palavra de DEUS de que foi feita para ele. Nada mais pode garantir o lançamento de sua alma nisso. Como, portanto, pode "verdadeiramente crer" ou confiar na expiação antes de receber a evidência, não meramente em sua possibilidade de ter ocorrido, mas no fato de que realmente foi feita por ele? A mera possibilidade de que uma expiação tenha sido feita em favor de um indivíduo não serve de base para a fé salvadora. Em que ele deve crer? Ora, naquilo de que tem prova. Mas a suposição é que ele só tem a prova de que é possível que a expiação tenha sido feita por ele. Ele possui, então, o direito de crer ser possível que CRISTO morreu por ele. E seria isso fé salvadora? Não, não seria. Que vantagem, então, teria ele sobre Satanás nesse aspecto? Satanás sabe que a expiação não foi feita para ele; o pecador em questão sabe que é possível que tenha sido feita em seu favor; mas este não possui, na realidade maior, base para crer e confiar do que possui aquele. Ele pode ter esperança, mas não poderia crer racionalmente.
Mas quanto a esse assunto, a extensão da expiação, que a Bíblia fale por si: "No dia seguinte, João viu a JESUS, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo". "Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque DEUS enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele"; "E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o CRISTO, o Salvador do mundo" (Jo 1.29; 3.16,17; 9.42); "Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida" (Rm 5.18); "Porque o amor de CRISTO nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5.14,15); "O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo"; "Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no DEUS vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis" (1 Tm 2.6; 4.10); "E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo 2.2).
Que a expiação é suficiente para todos os homens e, nesse sentido, é geral, em oposição a particular, também se evidencia pelo fato de que os convites e as promessas do Evangelho são dirigidos a todos os homens e a todos é livremente oferecida a salvação por meio de CRISTO. "Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou DEUS, e não há outro"; "Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi" (Is 45.22; 55.1-3); "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve"; "Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas" (Mt 11.28-30; 22.4); "E, à hora da ceia, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado" (Lc 14.17); "E, no último dia, o grande dia da festa, JESUS pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba" (Jo 7.37); "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo"; "E o ESPÍRITO e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida" (Ap 3.20; 22.17).
De novo: infiro que a expiação foi feita por todos os homens e é suficiente para todos pelo fato de DEUS não só convidar a todos, mas também por censurá-los por não aceitarem seus convites. "A suprema Sabedoria altissonantemente clama de fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas encruzilhadas, no meio dos tumultos, clama; às entradas das portas e na cidade profere as suas palavras: Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento? Convertei-vos pela minha repreensão; eis que abundantemente derramarei sobre vós meu espírito e vos farei saber as minhas palavras" (Pv 1.20-23); "Vinde, então, e argüi-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" (Is 1.18); "Vinde, então, e argüi-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o SANTO de Israel: Eu sou o SENHOR, o teu DEUS, que te ensina o que é útil e te guia pelo caminho em que deves andar. Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então, seria a tua paz como o rio, e a tua justiça, como as ondas do mar" (Is 48.17,18); "Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis, ó casa de Israel?" (Ez 33.11); "Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, contende com os montes, e ouçam os outeiros a tua voz. Ouvi, montes, a contenda do SENHOR, e vós, fortes fundamentos da terra; porque o SENHOR tem uma contenda com o seu povo e com Israel entrará em juízo. Ó povo meu! Que te tenho feito? E em que te enfadei? Testifica contra mim" (Mq 6.1-3). "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Mt 23.37).
De novo: a mesma inferência nos é imposta pelo fato de que DEUS reclama dos pecadores por rejeitarem suas ofertas de misericórdia: "Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção" (Pv 1.24); "Eles, porém, não quiseram escutar, e me deram o ombro rebelde, e ensurdeceram os seus ouvidos, para que não ouvissem. Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR dos Exércitos enviara pelo seu ESPÍRITO, mediante os profetas precedentes; donde veio a grande ira do SENHOR dos Exércitos. E aconteceu que, como ele clamou, e eles não ouviram, assim também eles clamarão, mas eu não ouvirei, diz o SENHOR dos Exércitos" (Zc 7.11-13); "O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram" (Mt 22.2-6); "E, à hora da ceia, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei e, portanto, não posso ir" (Lc 14.17-20); "Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais" (At 7.51); "E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do Juízo vindouro, Félix, espavorido, respondeu: Por agora, vai-te, e, em tendo oportunidade, te chamarei" (At 24.25).
Respostas às objeções (Teologia Sistemática de Charles Finney)
Passo agora a responder às objeções.
1. Objeção ao fato da expiação. Diz-se que a doutrina da expiação apresenta um DEUS impiedoso. A isso respondo:
(1) Essa objeção supõe que a expiação era exigida para satisfazer a justiça retributiva, não a pública.
(2) A expiação é a manifestação de uma disposição misericordiosa. Foi porque DEUS estava disposto a perdoar, que consentiu em dar o próprio Filho para morrer como substituto dos pecadores.
(3) A expiação é a manifestação infinitamente mais eminente de misericórdia jamais ocorrida no universo. O mero perdão do pecado, como um ato de misericórdia soberana, não poderia ser comparado, caso fosse possível, com a disposição misericordiosa manifestada na própria expiação.
2. Alega-se que a expiação é desnecessária.
O testemunho do mundo e a consciência de todos os homens vão contra essa objeção. Isso é universalmente atestado pelos seus sacrifícios expiatórios. Esses, conforme se disse, têm sido oferecidos por quase todas as nações de cuja história religiosa temos algum relato fidedigno. Isso mostra que os seres humanos têm, universalmente, consciência de serem pecadores e de estarem sob o governo de um DEUS que odeia o pecado; ou de que se deve oferecer um substituto para justiça pública; que todos têm a idéia de que se pode conceber uma substituição, oferecendo, desse modo, seus sacrifícios como expiação. Um filósofo pagão poderia responder a essa objeção, censurando a tolice daquele que os oferece.
3. Objeta-se que é injusto punir um ser inocente em lugar do culpado.
(1) Sim, não só seria injusto, como impossível para DEUS punir um agente moral totalmente inocente. Punição implica culpa. Um ser inocente pode sofrer, mas não pode ser punido. CRISTO padeceu voluntariamente, "o justo pelos injustos" (1 Pe 3.18). Ele tinha o direito de exercer sua abnegação e, sendo isso por consentimento voluntário dEle mesmo, não se fez injustiça alguma contra alguém.
(2) Se Ele não tivesse direito de fazer expiação, não teria o direito de consultar e promover a felicidade dEle mesmo e a felicidade dos outros; pois se diz que "pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta" (Hb 12.2).
4. Objeta-se que a doutrina da expiação é inteiramente inacreditável. A isso repliquei numa aula anterior, mas volto a afirmar aqui que seria inteiramente inacreditável sob qualquer outra suposição que não a de que DEUS é amor. Mas se DEUS é amor, como afirma expressamente a Bíblia, a obra de expiação é só o que se pode esperar dEle, sob as circunstâncias; e a doutrina da expiação é, com isso, a doutrina mais razoável do universo.
5. Faz-se objeção à doutrina, afirmando-se que é de tendência desmoralizadora.
Há uma grande diferença entre a tendência natural de algo e um abuso tal de um bem, que o torne instrumento do mal. As melhores coisas, as melhores doutrinas podem sofrer e muitas vezes sofrem abusos, mas a tendência natural delas é exatamente oposta à desmoralização. Seria a manifestação do amor infinitamente desinteressado designada de modo natural a gerar animosidade? Aqueles que crêem com mais sinceridade na expiação têm manifestado a mais pura moralidade jamais vista neste mundo, enquanto os que rejeitam a expiação, quase sem exceção, manifestam uma moralidade tênue. Isso decorre, conforme se espera, da própria natureza e influência moral da expiação.
6. Para uma expiação geral, objeta-se que a Bíblia apresenta CRISTO entregando a vida por seu rebanho, ou apenas pelos eleitos, não por toda a humanidade.
(1) Ela na realidade apresenta CRISTO entregando a vida pelo seu rebanho e também por toda a humanidade. "E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo 2.2); "Porque DEUS enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" (Jo 3.17); "Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todos" (Hb 2.9).
(2) Aqueles que fazem objeção à expiação geral tomam em essência, para fugir dessa doutrina, o mesmo curso que os unitaristas tomam para fugir das doutrinas da Trindade e da divindade de CRISTO. Eles citam aquelas passagens que provam a unidade de DEUS e a humanidade de CRISTO e depois tomam por assentado que refutaram a doutrina da Trindade e da divindade de CRISTO. Os defensores da expiação limitada, de igual maneira, citam aquelas passagens que provam que CRISTO morreu pelos eleitos e pelos santos e depois tomam por assentado que não morreu por ninguém mais. Para o unitarista, replicamos, admitimos a unidade de DEUS e a humanidade de CRISTO e o significado pleno daquelas passagens das Escrituras que citam como prova dessas doutrinas, mas insistimos que essa não é toda a verdade, mas que ainda há outras passagens que provam as doutrinas da Trindade e da divindade de CRISTO. Assim também para os defensores da expiação limitada, replicamos: cremos que CRISTO entregou a vida por seu rebanho, como crêem; mas também cremos que provou "a morte por todos" (Hb 2.9). "Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).
7. Quanto à doutrina da expiação geral objeta-se que seria insensatez DEUS prover algo, sabendo que seria rejeitado e que, permitir que CRISTO morresse por aqueles que, previa, não se arrependeriam, seria um dispêndio inútil de sangue e sofrimento de CRISTO.
(1) Essa objeção pressupõe que a expiação foi um pagamento literal de um débito, o que vimos não ser coerente com a natureza da expiação.
(2) Se os pecadores não a aceitarem, de maneira alguma a expiação pode ser inútil, uma vez que a grande compaixão de DEUS ao prover uma expiação e lhes oferecer misericórdia exaltará para sempre seu caráter diante dos seres santos, fortalecerá muitíssimo seu governo e, assim, beneficiará todo o universo.
(3) Mesmo que todos os homens rejeitassem a expiação, ainda assim ela teria valor infinito para o universo como a mais gloriosa revelação de DEUS jamais feita.
8. Quanto à expiação geral levanta-se a objeção de que ela implica salvação universal.
De fato implicaria isso na hipótese de a expiação ser o pagamento literal de um débito. Foi nessa pressuposição que primeiro se baseou o universalismo. Tendo por certo que CRISTO havia pagado o débito daqueles por quem morreu e considerando plenamente revelado na Bíblia que Ele morreu por toda a humanidade, os universalistas inferiram natural e, caso isso fosse correto, devidamente a doutrina da salvação universal. Mas vimos que essa não é a natureza da expiação. Assim, essa inferência é lançada ao chão.
9. Objeta-se que, se a expiação não foi um pagamento do débito dos pecadores, mas é geral em sua natureza, conforme sustentamos, ela não garante a salvação de alguém. E verdade que a expiação, por si, não assegura a salvação de alguém; mas a promessa e o voto de DEUS de que CRISTO terá uma geração que o servirá provêem essa segurança.
PROBLEMAS COM A EXPIAÇÃO LIMITADA/ REDENÇÃO PARTICULAR (Contra o Calvinismo- Dr. Roger Olson.)
PROBLEMAS COM A EXPIAÇÃO LIMITADA/ REDENÇÃO PARTICULAR
Antes de nos aprofundarmos nas inúmeras fortes objeções à expiação limitada, é ao menos interessante observar que o próprio João Calvino não acreditava nesta doutrina. Em 1979 o pesquisador R. T. Kendall (n. 1935) publicou um robusto argumento que Calvino não acreditava na expiação limitada: Calvin andEnglish Calvinism to 16492° Kevin Kennedy utiliza a maioria de seus argumentos, juntamente com outros, em um artigo chamado “Was Calvin a ‘Calvinist’? John Calvin on the Extent of the Atonement.” (Calvino foi um Calvinista? João Calvino acerca da Extensão da Expiação). Seguindo Kendall, Kennedy admite que Calvino, em lugar nenhum, explicitamente aborda a questão; ele aparentemente sequer pensou nela como uma questão ou ele teria ousadamente se posicionado de um lado ou de outro (algo que Calvino era famoso por fazer!). Mas ninguém consegue encontrar nos escritos de Calvino uma afirmação tal como “CRISTO padeceu a punição por cada pessoa”, um fato de que os calvinistas que defendem que ele acreditava na redenção particular usam em seu benefício.
Todavia, conforme Kennedy entusiasticamente ressalta, Calvino realmente diz coisas que ninguém que acreditara na expiação limitada diría:
Por exemplo, se Calvino realmente professasse a expiação limitada, alguém não poderia esperar encontrá-lo universalizando, de maneira intencional, passagens escriturísticas que teólogos da tradição reformada posterior alegam que estão, a partir de uma leitura simples do texto, claramente ensinando que CRISTO morreu apenas pelos eleitos. Além do mais, se Calvino verdadeiramente acreditava que CRISTO morreu apenas pelos eleitos, então alguém não esperaria encontrar Calvino alegando que descrentes que rejeitam o evangelho estão rejeitando uma provisão real que CRISTO fez para eles na cruz. Nem alguém esperaria que Calvino, caso ele fosse um proponente da expiação limitada, falhar em refutar fortes alegações de que CRISTO morreu por toda a humanidade quando ele estava engajado em argumentos polêmicos com católicos romanos e outros. Todavia, a verdade é que, Calvino faz isso tudo e mais.
Mas Kennedy não precisa inferir a crença de Calvino na expiação universal a partir do que ele não diz; ele apresenta muitas citações de Calvino, principalmente de seus comentários, que são afirmações universais irrestritas acerca da expiação. Duas citações devem ser o bastante. Em seu comentário sobre Gálatas Calvino escreve em relação a Gl. 1.14: “[Paulo] diz que esta redenção foi obtida pelo sangue de CRISTO, pois pelo sacrifício de sua morte todos os pecados do mundo foram expiados”. Em seu comentário sobre Isaías Calvino escreveu que “sobre ele foi posto a culpa de todo o mundo”. Mais uma vez, Calvino escreveu em um sermão sobre a deidade de CRISTO:
Ele [CRISTO] deve ser o redentor do mundo. Ele deve ser condenado, de fato, não por ter pregado o Evangelho, mas por nós ele deve ser oprimido, por assim dizer, às mais baixas profundezas e sustentar nossa causa, uma vez que ele esteve lá, por assim dizer, na pessoa de todos os amaldiçoados e de todos os transgressores e dos que mereciam a morte eterna. Uma vez que JESUS CRISTO tem esse ofício, e ele carrega o fardo de todos estes que ofenderem a DEUS mortalmente, é por isso que ele se mantém em silêncio.
Após citar várias passagens a partir dos escritos de Calvino, Kennedy conclui: “Estas passagens fornecem apenas uma amostra de muitos lugares onde Calvino utiliza a linguagem universal para descrever a expiação”. Kennedy prossegue em examinar a única passagem de Calvino que os adeptos da expiação limitada tendem a apontar para o que parece provar sua crença na doutrina: suas observações sobre a passagem de cunho universal de 1 João 2.2 em seu comentário sobre a carta. Kennedy argumenta que na passagem, Calvino estava simplesmente tentando evitar qualquer interpretação do verso como ensinando a salvação universal. Além disso, ele corretamente ressalta que uma única passagem, dentre várias passagens que lidam com a extensão da expiação, dificilmente deveria ser levada a contradizer as demais.
É realmente importante o fato de Calvino acreditar na expiação universal ou expiação limitada? Não. Ninguém duvida que Calvino fosse fortemente a favor dos outros quatro pontos da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)].. Se ele tivesse vivido mais ele teria chegado ao “L”? Talvez. Certamente alguns de seus sucessores imediatos chegaram. Todavia, o fato de que Calvino aparentemente não viu a expiação limitada ensinada de maneira explícita na Escritura minimiza as reivindicações dos calvinistas rígidos que dizem que ela é claramente ensinada na Bíblia.
Mais importante do que se Calvino acreditava na expiação limitada é se Paulo acreditava. Há um versículo nas cartas de Paulo que clara e inequivocamente contradiz a doutrina da redenção particular. Eu acredito que há. Em todas as minhas leituras de literaturas calvinistas e antical-vinistas eu não me deparei com nenhuma menção de 1 Coríntios 8.11, ainda que este único versículo pareça contradizer a expiação limitada. Nesta passagem Paulo escreve ao cristão que insiste em ostentar sua liberdade para comer carne em um templo pagão, mesmo em vista dos cristãos que possuem uma consciência mais fraca e que podem, deste modo, “tropeçar”: “Assim, esse irmão fraco, por quem CRISTO morreu, é destruído por causa do conhecimento que você tem”. Claramente, Paulo está dando uma advertência aterrorizante aos que possuem uma “fé forte” para que evitem ofender as consciências de seus irmãos mais fracos. Sua advertência é que ao exercer a liberdade cristã do legalismo muito publicamente, um “cristão forte” pode, na verdade, fazer com que uma pessoa amada por DEUS, por quem CRISTO morreu, seja “destruída”.
Agora, se a expiação limitada for verdadeira, a advertência de Paulo é uma ameaça vazia, pois ela não pode acontecer, Uma pessoa por quem CRISTO morreu não pode ser destruída. CRISTO morreu apenas pelos eleitos, e os eleitos são atraídos irresistivelmente a DEUS (o assunto do próximo capítulo) e serão preservados por DEUS (o “P” na TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)].) independente do que acontecer.
Os crentes na expiação limitada levantam duas objeções. Primeiro, o que “destruído” significa; a palavra não pode significar apenas “danificado” ou “ferido”? A palavra grega traduzida por “destruído” é apollytai, que significa “destruir, perecer, morrer” É improvável, isso se não impossível, que a palavra pudesse significar qualquer outra coisa, principalmente neste contexto. Segundo, eu ouvi calvinistas insistirem que ela apenas significa “danificar” ou “ferir”. Mas por que a advertência de Paulo seria tão terrível neste caso? “Por quem CRISTO morreu” - soa como se Paulo estivesse dizendo que esta ofensa é assunto sério. A conjunção de “por quem CRISTO morreu” com “danificar” simplesmente não carrega muito peso.
O sentido óbvio do texto é que Paulo está advertindo os cristãos de consciência mais forte a tomarem cuidado para que não causem a completa destruição e ruína, em termos espirituais, do cristão mais fraco ou, pelo menos, de alguém por quem CRISTO morreu. Se esse for o caso, eu estou firmemente convencido de que nenhuma outra exegese é possível, este versículo destrói a doutrina da expiação limitada ao demonstrar que Paulo não acreditava nela.
Antes de continuar com outras objeções à expiação limitada, quero eliminar o argumento de que a expiação universal necessariamente implica em universalismo. Ela não leva ao universalismo. Primeiro, mesmo Calvino sabia que há uma diferença entre a morte expiatória de CRISTO no lugar de alguém e os benefícios desta expiação sendo aplicados na vida da pessoa para o perdão. Perdão, para Calvino, é claramente condicional; o perdão exige fé e arrependimento 94. Ou seja, a pessoa eleita não é salva no momento que CRISTO morreu por ela; aquela salvação pessoal é uma obra do ESPÍRITO SANTO por meio da Palavra quando DEUS concede os dons de fé e arrependimento para o perdão. Até mesmo a regeneração acontece simultaneamente com o arrependimento e não, naturalmente, quando CRISTO morreu pela pessoa eleita95. Praticamente todo calvinista que conheço acredita que a “salvação” é a experiência de uma pessoa apenas quando os benefícios da morte de CRISTO são aplicados na vida dela; as pessoas ainda não estão salvas no momento em que CRISTO morreu por elas.
Assim sendo, o argumento de que a expiação universal necessariamente implica em salvação universal falha em levar em conta a lacuna, por assim dizer, entre a morte de CRISTO por alguém e a aplicação de seus benefícios à vida da pessoa. Todos por quem CRISTO morreu já não estavam salvos quando ele morreu. Até mesmo no calvinismo de cinco pontos, a morte de CRISTO não “realiza” a salvação das pessoas, mas a “garante”, conforme Piper e outros dizem. Mas até mesmo Piper e outros proponentes da expiação limitada concordam que as pessoas por quem CRISTO morreu, no sentido de padecer o castigo dessas.pessoas, devem ter fé para que sejam salvas pela morte de CRISTO.
Acredito, assim como todos os arminianos e outros protestantes não calvinistas acreditam, que CRISTO morreu por cada pessoa humana de maneira a garantir a salvação destes sem exigir ou torná-la certa. A apropriação subjetiva da salvação destas pessoas é uma condição da dita salvação segura sendo posse de alguém. Isso significa que parte do sangue de CRISTO foi desperdiçado? Talvez. E é isso que faz da morte espiritual e o inferno tão trágicos - eles são absolutamente desnecessários. Mas DEUS, em seu amor, preferiu gastar parte do sangue de CRISTO, por assim dizer, a ser egoísta com o sangue.
Uma analogia ilustrará o que quero dizer. Apenas um dia após a posse do presidente Jimmy Carter, ele deu prosseguimento a sua promessa de campanha e concedeu perdão total a todos os que resistiram ao recrutamento durante a Guerra do Vietnã ao fugir dos EUA para o Canadá e outros países. O momento em que ele assinou aquela ordem executiva, cada exilado estava livre para retornar aos EUA com a garantia legal de que ele não seria processado. “Todos estão perdoados, voltem para casa” foi a mensagem para cada um deles.
Tal ação custou muito ao presidente Carter; alguns acreditam que a lei foi tão controversa; principalmente entre os veteranos, que ela contribuiu para a sua perda para Ronald Reagan na eleição seguinte. Ainda que houvesse uma anistia e perdão total, todavia, muitos exilados escolheram permanecer no Canadá ou outros países para os quais eles fugiram. Alguns morrereram sem sequer fazer uso da oportunidade de estar em casa com os familiares e amigos novamente. O custoso perdão não lhes fez bem algum, poisele precisava ser subjetivamente apropriado a fim de ser usufruído objetivamente. Colocando de outra forma, embora o perdão era objetivamente deles, para que pudessem se beneficiar dele, eles precisavam tê-lo aceitado subjetivamente. Muitos não o fizeram.
A reivindicação que a expiação objetiva necessariamente inclui ou exige a salvação subjetiva e pessoal é falha. O argumento, feito com muita frequência ao menos desde a obra The Death o/Death in the Death o/Christ [Por quem CRISTO Morreu: A Morte da Morte na Morte de CRISTO]96, escrita por John Owen, que diz que CRISTO ou morreu por todos e, portanto, todos são salvos ou que ele morreu por alguns e, portanto, alguns são salvos, é logicamente absurdo. Este argumento simplesmente ignora a real possibilidade que CRISTO sofreu a punição por muitas pessoas que jamais usufruem desta liberação da punição. Por que CRISTO sofreria a punição por pessoas que jamais gozam de seus benefícios? Por causa do amor de DEUS por todos.
Ainda há outra questão do argumento de Owen (e da maioria dos calvinistas rígidos) que o mesmo pecado não pode ser punido duas vezes. Mais uma vez, isso é simplesmente falso. Imagine uma pessoa que é multada por uma corte em mil reais por um mau comportamento e alguém entra e paga a multa. E se a pessoa multada se recusar a aceitar aquele pagamento e insistir que ela mesma pague a multa? A corte irá automaticamente restituir os primeiros mil reais? Provavelmente não. É o risco que a primeira pessoa corre em pagar a multa de seu amigo (a) por ele (a). Em uma situação como essa, a mesma punição poderia ser paga duas vezes. Não é que DEUS cobre a mesma punição duas vezes; é o pecador que, à revelia, recusou a oferta livre de salvação, sujeitando a si mesmo à punição que já foi sofrida por ele. E, conforme observado acima é isso que torna o inferno tão terrivelmente trágico.
Então, há uma diferença entre a provisão de perdão de pecados e a aplicação de perdão de pecados. Calvino sabia disso. Suspeito que a maioria dos calvinistas sabe disso, mas tal conhecimento assume uma posição secundária em relação ao desejo de exercer o argumento de que a expiação universal exigiría salvação universal. O teólogo arminiano Ro-bert Picirilli (n. 1932) está certo quando, em relação à 1 Timóteo 4.10, ele diz: “Que ele [JESUS] é o salvador de todos os homens, fala de provisão; que Ele é o salvador especialmente dos que creem, fala de aplicação” 97.
Muitos calvinistas argumentaram que a crença na expiação universal leva ao universalismo. Eles apontam para certos arminianos dos séculos XVIII e XIX que formaram a base do movimento Universalista (que posteriormente se uniram a Igreja Unitária). Todavia, minha visão é a de que o calvinismo, com sua doutrina da expiação como garantindo a salvação em uma forma necessária de sorte que todos por quem CRISTO morreu devam ser salvos, é que leva ao universalismo. O motivo é que para alguém que leva muito a sério o claro testemunho bíblico do amor universal de DEUS por todas as pessoas e acredita que a expiação necessariamente garante a salvação, o universalismo está apenas a um passo. A única forma de se afastar do universalismo é negando o amor de DEUS em seu sentido mais pleno e verdadeiro ou negando que a expiação necessariamente garante a salvação para a pessoa expiada.
Um estudo de caso nesta trajetória do calvinismo ao universalismo é Karl Barth, que, estou convencido, realmente veio a acreditar na doutrina do apokatastasis — que todos são ou serão salvos. Ele fez isso sem sacrificar o T, o U, o I e o P da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)].. Mas ele reteve a noção errônea calvinista de que a substituição penal necessariamente garante a salvação subjetiva pessoal98. Uma vez que ele passou a acreditar que CRISTO morreu por todos sem exceção, pois DEUS é “o que ama em liberdade”, o universalismo foi o que, logicamente, veio depois.
Me parece, e para muitos outros não calvinistas, que qualquer pessoa que tenha uma profunda compreensão do testemunho bíblico de DEUS como revelado especificamente em JESUS CRISTO, mas também em versículos tais como João 3.16 e 1 João 4.8 terão que desistir da redenção particular e, a fim de evitar o universalismo, de qualquer relação necessária entre redenção realizada e redenção aplicada. Calvinistas de quatro pontos, que tentam negar o “L”, mas que aderem ao restante da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)]., têm de explicar por que CRISTO sofreria a punição pelos réprobos - pecadores que DEUS, de maneira intencional, recusa a possibilidade de salvação.
A maioria dos calvinistas rígidos, incluindo Boettner, Steele e Thomas, Sproul e Piper, acreditam apaixonadamente no evangelismo universal; eles rejeitam o hipercalvinismo, que diz que uma oferta sincera de salvação não pode ser feita a todos nem por DEUS e nem pelos pregadores. Como já sugeri, todavia, há tensão e até conflito entre expiação particular e evangelismo indiscriminado. Entre outros críticos da expiação limitada, Gary Schultz argumentou de maneira convincente que não há sinceridade em uma pregação indiscriminada do evangelho e convite ao arrependimento, crença e salvação, se a expiação limitada for verdadeira. “O x da questão”, ele corretamente enfatiza:
e como o evangelho pode ser genuinamente oferecido aos não eleitos se DEUS não fez nenhum pagamento pelos seus pecados... Se CRISTO não pagou pelos pecados dos não eleitos, então é impossível oferecer genuinamente a salvação aos não eleitos, uma vez que não há salvação disponível para que lhes sejam oferecidos. Em um sentido, quando o evangelho é oferecido, os não eleitos receberíam a oferta de algo que nunca existiu para que eles para que, para início de conversa, pudessem receber99.
Então Schultz deixa a questão extremamente clara e fácil de se entender: “Se a expiação foi apenas para os eleitos, pregar esta mensagem aos não eleitos seria, no seu melhor, dar a eles uma falsa esperança e, no seu pior, falso”100.
Alguns calvinistas podem responder que um pregador jamais sabe, de maneira exata, quem dentre os seus ouvintes, são os eleitos e quem são os não eleitos, portanto, ele ou ela devem oferecer a salvação a todos enquanto que pensando consigo mesmo que apenas os eleitos irão responder. Mas duas coisas impedem esta objeção. Primeira, a maioria dos calvinistas não hipercalvinistas, isso se não todos, acredita que não apenas o próprio DEUS oferece salvação a todos como uma “oferta sincera” (conforme mencionado anteriormente como uma declaração da Igreja Cristã Reformada contra o hipercalvinismo). Certamente DEUS sabe quem são os eleitos e os não eleitos. Por que DEUS, tendo esse conhecimento, oferecería a salvação aos que ele não tem intenção de salvar e para quem CRISTO não morreu? Segunda, se isso é o que o pregador calvinista acredita, por que oferecer o evangelho da salvação a todos indiscriminadamente, mesmo se o pregador realmente souber quem é o eleito e quem não é?
Qual é a aplicação prática aqui? É simplesmente esta: se você acredita que possa haver alguns dentre seus ouvintes que não podem ser salvos porque CRISTO não fez nenhuma provisão para a salvação deles, você não pode, de maneira totalmente honesta, pregar que todos podem vir a CRISTO através do arrependimento e fé em razão de CRISTO ter morrido por eles. O calvinista precisa customizar sua oferta e convite para que ela se adapte a sua teologia e diga algo assim: “Se você for um dos eleitos de DEUS e se CRISTO morreu por você, você pode ser salvo ao responder com arrependimento e fé”. O calvinista não pode dizer a todos: “CRISTO morreu por você de sorte que você pode ser salvo; arrependa-se e creia de maneira que o Senhor possa perdoar seus pecados e te aceitar como filho”. Mas parece que o calvinismo não hipercalvinista está dizendo que DEUS estaria dando uma segunda oferta e convite, então o pregador também pode. Mas isso seria insincero da parte de DEUS e do pregador. A questão é, na medida em que o pregador acredita em expiação limitada, ele deve se juntar aos hipercalvinistas e não oferecer o evangelho de salvação a todos indiscriminadamente. E, mais, como a crença na expiação limitada pode não limitar o evangelismo?
“L” DE EXPIAÇÃO LIMITADA (Contra o Calvinismo- Dr. Roger Olson.)
“L” DE EXPIAÇÃO LIMITADA
O terceiro elemento da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)]. é a “expiação limitada” - que também é chamada de maneira preferível por muitos calvinistas de “redenção particular”. Este é o ponto da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)]. contestado por muitos que se auto-identi-ficam como calvinistas e que talvez seja o ponto totalmente ausente no pensamento de Calvino. Muitos calvinistas dizem que eles são de “quatro pontos” ou “calvinistas de quatro pontos”. O que eles querem dizer é que acreditam no “T”, “U”, “I” e “P”, mas que não acreditam no “L”. Todavia, o L - expiação limitada, redenção particular - é parte do sistema histórico calvinista de soteriologia, e muitos calvinistas rígidos argumentam que este ponto não pode ser retirado sem que faça violência a todo esquema calvinista de salvação.
Antes de expor este ponto da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)]., eu devo pontuar que todos os calvinistas aceitam a “teoria da substituição penal” da expiação. Ou seja, eles acreditam juntamente com Calvino e os puritanos e a maioria dos cristãos evangélicos, que DEUS puniu JESUS pelos pecados das pessoas que DEUS queria salvar - ou o mundo inteiro incluindo todas as pessoas (a visão arminiana típica) ou os eleitos (a visão calvinista típica). Em outras palavras, JESUS CRISTO satisfez a justiça de DEUS ao suportar a punição merecida de todas as pessoas que DEUS queria salvar. É isso que torna tais pessoas “salváveis”. Muitos não calvinistas também afirmam esta doutrina da expiação, mas os calvinistas geralmente argúem que a crença de que CRISTO suportou a punição pelos pecados de todas as pessoas leva inevitavelmente ao universalismo -crença na salvação de todos.
Boettner fortemente endossa a expiação limitada, defendendo que ela está logicamente conectada à eleição incondicional. Juntamente com a maioria dos calvinistas, ele enfaticamente afirma que o valor da morte de CRISTO foi suficiente para a salvação de todas as pessoas, mas que é foi eficaz para salvar apenas os eleitos 1. Outra forma de expressar isso é que os benefícios da morte de CRISTO na cruz, embora suficiente para a salvação de todas as pessoas, foram intencionados por DEUS apenas para os eleitos. A natureza limitada da expiação, então, foi em seu escopo e não em seu valor. É por esta razão que muitos calvinistas preferem o termo “redenção particular” ou “expiação definitiva". Ela foi particularmente intencionada por DEUS para um povo particular (em oposição à todos indiscriminadamente), e ela garantiu ou realizou definitivamente a salvação daqueles para os quais ela foi intencionada - os eleitos 2.
À verdadeira moda calvinista, Boettner afirma duramente a doutrina da redenção particular à medida em que se aplica aos não eleitos: "Ela [a cruz] não foi então, um amor geral e indiscriminado do qual todos os homens são igualmente beneficiários, mas um amor misterioso, infinito e peculiar para os eleitos, o que fez com que DEUS enviasse Seu Filho ao mundo para sofrer e morrer”3.
O que dizer acerca de outros calvinistas? Eles afirmam esta doutrina da expiação limitada conforme Boettner fez (e talvez Calvino não)? John Piper definitivamente a afirma: “Ele [CRISTO] não morreu por todos os homens no mesmo sentido. A intenção da morte de CRISTO para os filhos de DEUS [os eleitos] foi que ele comprou muito mais que o nascer do sol e a oportunidade de ser salvo. A morte de CRISTO, na verdade, salva de TODO o mal aqueles aos quais ‘em especial’ ele morreu”4. Sproul definitivamente afirma a expiação limitada. Ele prefere chamar esta doutrina de “expiação intencional”: “O propósito supremo da expiação se encontra no supremo propósito ou vontade de DEUS. Esse propósito ou intento não inclui a raça humana inteira. Se incluísse, a raça humana inteira certamente seria redimida” 5.
As respostas às acusações destes calvinistas contra a crença na expia-çáo universal (ex. que ela logicamente exige crença na salvação universal) será respondida no capítulo 6. Em minha opinião, elas são simplesmente erradas. Não existe conexão lógica entre expiação universal e salvação universal mais do que existe uma conexão lógica entre o presidente dos Estados Unidos declarando uma anistia incondicional para os protestantes da Guerra do Vietnã que fugiram para o Canadá para escapar do recrutamento e todos eles automaticamente se apropriando desta anistia e voltando aos EUA (Isso na verdade aconteceu sob o Presidente Jimmy Carter e muitos que poderíam ter voltado para casa, em razão de todos terem sido perdoados, não voltaram). Isso é apenas um breve panorama da TULIP [TULIP - Acróstico formado pelas iniciais em inglês. Depravação Total (Total Depravity); Eleição Incondicional (Unconditional Election); Expiação Limitada (Limited Atonement); Graça Irresistível (Irresistible Grace); Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)].. Eu tratarei de assuntos complexos em maior profundidade nos capítulos subsequentes. Aqui, é importante observar, para o entendimento do calvinismo por parte dos leitores, que a maioria dos calvinistas nega que DEUS intencionou a cruz para todas as pessoas, o que significa, naturalmente, que ele não ama a todos da mesma maneira.
Boettner e Piper realmente afirmam os benefícios da cruz para todos, de alguma forma. Deste modo, é verdadeiro dizer (pelo menos para eles) que CRISTO morreu por todos. Boettner escreveu que “certos benefícios” da cruz foram estendidos a toda humanidade em geral. Estes benefícios são as “bênçãos temporais” apenas e não possuem nenhuma relação com a salvação”6. Piper ensina que CRISTO realmente morreu “por todos”, mas não no mesmo sentido. Ao tentar levar a sério as passagens bíblicas que tratam de “todos” (que serão lidas de maneira pormenorizada posteriormente), ele diz:
Nós não negamos que, em certo sentido, todos os homens são os beneficiários pretendidos da cruz. 1 Timóteo 4.10 diz que CRISTO é “o Salvador de todos os homens, principalmente dos que creem”. O que negamos é que todos os homens são intencionados como beneficiários da morte de CRISTO da mesma maneira. Toda a misericórdia de DEUS para com os descrentes - desde o nascer do sol (Mateus 5.45) à pregação do evangelho a todo o mundo (João 3.16) — torna-se possível em razão da cruz 7.
Claro, como enfatizarei e discutirei em mais detalhes no capítulo 6, alguém pode legitimamente imaginar quão benéfica a cruz realmente é para aqueles aos quais DEUS nega seu poder salvífico. Como a cruz realiza qualquer coisa para os não eleitos? Como é que o raiar do sol é realizado pela cruz de CRISTO e qual é benefício da pregação do evangelho para os não eleitos? Como é que a cruz realiza o raiar do sol e qual é o benefício da pregação para os não eleitos? Alguém só pode suspeitar que tanto Piper quanto Boettner (e outros calvinistas que alegam que CRISTO morreu para os não eleitos “em algum sentido”) simplesmente querem desviar as acusações que a visão que defendem da expiação limitada se choca com as passagens bíblicas que CRISTO morreu por todos.
Ademais, principalmente o Piper (e indubitavelmente outros calvinistas) deseja(m) dizer que DEUS tem uma compaixão genuína com os não eleitos para os quais CRISTO não morreu como um sacrifício expiatório. “Há um amor geral de DEUS que ele concede a todas as suas criaturas”8 mas tal não é o amor que DEUS tem por seus eleitos. E, de acordo com Piper, DEUS tem uma compaixão sincera até mesmo para com os não eleitos de sorte que ele deseja a salvação destas pessoas, ainda que ele se recuse a prover esta salvação na cruz 9. Parafraseando João Wesley, este amor e esta compaixão são de gelar o sangue nas veias. Que amor se recusa a salvar aqueles que poderiam ser salvos, uma vez que a salvação é incondicional? Que compaixão se recusa a prover pela salvação quando ela poderia ser fornecida?
A questão é que o “calvinismo geral” do calvinismo puro e simples, geralmente, mas nem sempre, restringe a intenção salvífica de DEUS na cruz de CRISTO aos eleitos; DEUS não planejou a salvação dos réprobos, os não eleitos. Eles estão excluídos da expiação excetoem algum sentido atenuado de receber algum tipo de bênçãos temporais da cruz, sendo que tais bênçãos ficam, geralmente, sem explicação. Assim sendo, alguns calvinistas recusarão a dizer a um grupo de pessoas ou para desconhecidos as seguintes frases: “CRISTO morreu de sorte que você possa ser salvo” ou “CRISTO morreu por seus pecados”. Tais afirmações seriam presunçosas; não há como saber isso. Todavia, astutamente, Piper e alguns outros calvinistas que acreditam na expiação limitada podem dizer a qualquer um e a todos: “CRISTO morreu por você”, sem querer dizer “CRISTO morreu por seus pecados” ou “Porque CRISTO morreu por você, você pode ser salvo”. Alguns consideram isso um subterfúgio; uma insinceridade.
Com base em quais versículos bíblicos os calvinistas afirmam a expiação limitada? Muitos críticos, incluindo alguns calvinistas que se denominam “de quatro pontos", defendem que esta doutrina não possui base escriturística. Todavia, Boettner, Sproul, Piper e outros apontam para passagens tais como João 10.15; 11.51-52 e 17.6, 9, 19, na qual JESUS diz frases como “dou a minha vida pelas ovelhas”. O ponto principal do capítulo 6, dedicado à expiação limitada, será que o versículo aqui que fala acerca de CRISTO morrendo por seu povo, suas ovelhas, ou os que lhe foram dados por seu Pai não necessariamente o exclui de morrer pelos outros. Na verdade, 1 João 2.2 claramente afirma que ele, JESUS, é a propiciação pelos pecados de todo o mundo. Piper e outros alegam que esta passagem se refere aos filhos de DEUS espalhados por todo o mundo e que ela não se refere a todo mundo.
O termo expiação (Teologia Sistemática de Charles Finney)
O termo expiação
A palavra "expiação" vem do termo hebraico cofer. Trata-se de um substantivo do verbo caufar, cobrir. O cofer ou a cobertura era o nome da tampa ou cobertura da arca da aliança e constituía o que era chamado propiciatório. A palavra grega traduzida por expiação é katallage. Isso significa reconciliação com o favor ou, mais estritamente, os meios ou condições para que haja reconciliação com o favor; de katallasso, "mudar ou trocar". O significado estrito do termo é substituição. Um exame dessas palavras originais, no contexto em que se apresentam, mostrará que a expiação é a substituição governamental da punição dos pecadores pelos sofrimentos de CRISTO. São os sofrimentos de CRISTO cobrindo os pecados dos homens.
ARMINIANISMO (Dicionário Teológico)
Doutrina elaborada pelo teólogo reformado holandês, Jacobus Arminius (1560- 1609). Esta teologia, que acabaria por influenciar diversos segmentos evangélicos, entre os quais o pentecostalismo, surgiu como enérgica reação à teologia predestinacionista de João Calvino.
Os ensinos de Arminius podem ser resumidos em cinco pontos básicos: 1) A predestinação depende da forma de o pecador corresponder ao chamado da salvação. Logo: achase fundamentada na presciência divina; não é um ato arbitrário de DEUS. 2) CRISTO morreu, indistintamente, por toda a humanidade, mas somente serão salvos os que crêem. 3) Como o ser humano não tem a capacidade de crer, precisa da assistência da gra- ça divina. 4) Apesar de sua infinitude, a graça pode ser resistida. 5) Nem todos os que aceitaram a CRISTO perseverarão.
A doutrina de Arminius é semelhante a dos pais pré-agostinianos e bastante próxima da teologia de John Wesley, fundador da Igreja Metodista.
A maioria dos pentecostais tende ao sistema arminiano de teologia, principalmente quanto à necessidade de o indivíduo pessoalmente aceitar o evangelho e o ESPÍRITO SANTO. Arminianismo, segundo a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã , p. 112, volume I, é “a posição teológica de Jacobus Arminius e o movimento que teve nele a sua origem. Considera a doutrina cristã de modo muito semelhante aos pais pré-agostinianos e a João Wesley, posterior a ele. De vários modos básicos difere da tradição de Agostinho-Lutero-Calvino”. Arminius foi um teólogo holandês que viveu de 1560 a 1609 e discordou das doutrinas do calvinismo, que deve esse nome ao teólogo e reformador francês João Calvino (1509-64). A doutrina central do calvinismo é que DEUS é soberano de toda a Sua criação. Arminius argumentou que os calvinistas (1) tendiam a fazer de DEUS o autor do pecado, quando Ele escolheu, na eternidade passada, quem seria ou não seria salvo e (2) negavam o livre-arbítrio das pessoas, porque declaravam que ninguém poderia resistir à graça de DEUS.
Em Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal , editada pelo teólogo Stanley M. Horton, pp. 54-55, James H. Railey Jr e Benny C. Aker detalham o arminianismo e o seu contraste ao calvinismo: “Os ensinos de Arminius e dos seus seguidores foram codificados nas cinco teses dos Artigos de Protesto (1610): (1) A predestinação depende da maneira de a pessoa corresponder, e é fundamentada na presciência de DEUS; (2) CRISTO morreu em prol de toda e qualquer pessoa, mas somente os que crêem são salvos; (3) a pessoa não tem a capacidade de crer, e precisa da graça de DEUS; mas (4) essa graça pode ser resistida; (5) se todos os regenerados perseverarão é questão que exige mais investigação.
As diferenças entre o calvinismo e o arminianismo ficam claras, portanto. Segundo os arminianos, DEUS sabe de antemão quais pessoas corresponderão à Sua oferta da graça, e são aquelas que Ele predestina para compartilhar das Suas promessas. Noutras palavras, DEUS predestina todos os que de livre e espontânea vontade aceitarem a Sua salvação que lhes é outorgada em CRISTO, e continuarem a viver por Ele, compartilharão das Suas promessas. JESUS faz a expiação, em potencial, em favor de todas as pessoas, e essa expiação será eficaz para todos quantos que aceitarem a oferta da salvação gratuita que DEUS lhes faz. Essa oferta pode ser recusada. Se corresponderem com a aceitação da graça de DEUS, é por causa da iniciativa dessa graça divina, e não na base da vontade humana por si só. A perseverança depende de viver continuamente a fé cristã, e há a possibilidade de desviar-se daquela fé, embora DEUS não deixe que ninguém caia facilmente.”
O teólogo pentecostal Myer Pearlman*, na obra Conhecendo as doutrinas da Bíblia , livro-texto da disciplina Teologia Sistemática há anos nos mais tradicionais seminários teológicos das Assembléias de DEUS, ensina o “equilíbrio escriturístico” (p. 174): “As respectivas posições fundamentais, tanto do calvinismo como do arminianismo, são ensinadas nas Escrituras. O calvinismo exalta a graça de DEUS como a única fonte de salvação – e assim o faz a Bíblia; o arminianismo acentua a livre vontade e responsabilidade do homem – e assim o faz a Bíblia. A solução prática consiste em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista, e em evitar colocar idéias em aberto antagonismo. Quando duas doutrinas bíblicas são colocadas em posição antagônica, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada à soberania e à graça de DEUS na salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude nada têm a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação contra o calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são: a ilegalidade e o legalismo”.
Fontes: HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: uma perspectiva Pentecostal . Rio de Janeiro, CPAD, 1a edição, 1996, pp. 335-380; ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. São Paulo, Edições Vida Nova, 1a edição, 1988, volume 1, pp. 112-115; PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo, Editora Vida, 7a edição, 1978, pp. 172-175.
A Expiação - Lynn D. Headrick
A palavra expiação encontra-se poucas vezes na Bíblia, mas o conceito da expiação constitui o assunto principal do Antigo e do Novo Testamento. Palavras mais conhecidas como reconciliação, propiciatório, sangue, remissão de pecados e perdão estão diretamente relacionadas com esse tema.
O Dia da Expiação em Israel
Todo israelita sabia que "aos dez deste mês sétimo, será o Dia da Expiação" (Levítico 23:27). Havia sacrifícios diários pelo pecado, mas esse era um dia especial, de santa convocação.
Aprendemos em Levítico 16 que o Sumo Sacerdote:
1. se purificaria com água; 2. vestiria suas vestes santas de linho; 3. mataria um novilho para fazer expiação por si e pela sua família; 4. tomaria uma vasilha de brasas do altar e entraria no SANTO dos Santos para que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, que era o lugar da expiação, da propiciação e da reconciliação; 5. sairia, tomaria o sangue do novilho, entraria pela segunda vez no lugar santo com o sangue e o aspergiria sete vezes sobre o propiciatório e diante dele; 'mataria o bode para a oferta pelo pecado, ultrapassaria o véu pela terceira vez e faria com o sangue como tinha feito com o sangue do novilho; 'faria expiação pelo lugar santo e pelo altar do holocausto; "imporia as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessaria os pecados do povo e enviaria o bode para o deserto; e " tiraria as vestes de linho, iria lavar-se, poria outra roupa e ofereceria um holocausto por si e pelo povo.
Esse dia era impressionante, santo e de grande importância porque os pecados de Israel eram expiados por meio de sangue. Já que "é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hebreus 10:4), esse ritual devia repetir-se a cada ano (Levítico 16:34) até aquele dia grandioso em que CRISTO seria "oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos" (Hebreus 9:28).
Por Que Há a Necessidade da Expiação?
DEUS fez o homem à sua imagem e, como Criador, tem o maior direito de estipular o procedimento correto para a sua criação, e isso ele fez na forma de leis destinadas para o nosso bem (Deuteronômio 10:13). O pior que podemos fazer é violar a lei de DEUS. A isso chamamos pecado ou transgressão da lei (1 João 3:4). Os primeiros seres humanos transgrediram e a culpa deles evidenciou-se pela tentativa de se esconderem de DEUS. A justiça exigia uma pena pelo pecado. A pena era a morte, a separação de DEUS, manifestada pelo afastamento deles do jardim do Éden (Gênesis 3:8, 24). O pecado continua até hoje, desde aquele primeiro momento ali. Paulo resumiu a história e as conseqüências do pecado em Romanos 5:12: "Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram". Se morremos em nossos pecados, não podemos ir para onde CRISTO está (João 8:21, 24). Vemos, então, que a necessidade suprema de todo homem é ter os pecados expiados, para que receba o perdão dos pecados!
A Expiação e o Sangue de CRISTO
CRISTO, o nosso Sumo Sacerdote, é "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores . . . que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu" (Hebreus 7:26-27). CRISTO, por meio de seu sangue, entrou no lugar santo do céu, tendo obtido para nós a redenção eterna e agora apresenta-se a nosso favor diante da face de DEUS (Hebreus 9:12, 24). O resultado da expiação é nossa"redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados" (Efésios 1:7). Na verdade, ele "nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados" (Apocalipse 1:5). Onde há remissão de pecados, "já não há oferta pelo pecado" (Hebreus 10:18), porque CRISTO é a propiciação pelos nossos pecados, o meio pelo qual DEUS se reconcilia ao homem pecador (1 João 2:2).
O pecado é a transgressão da lei, e a justiça decreta que deve ser punido. JESUS levou o castigo em lugar daqueles que mereciam a punição (Isaías 53:8), "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pedro 2:24). Porque DEUS nos amou, ele enviou JESUS para ser a propiciação (ou meio) pela qual os nossos pecados podem ser perdoados. Seu sangue, o qual é capaz de expiar o pecado, vertido para a remissão desses pecados, passa a ter efeito quando somos batizados em nome de CRISTO para a remissão dos pecados (Atos 2:38). Regozijemo-nos "em DEUS por nosso Senhor JESUS CRISTO, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação" (expiação) (Romanos 5:11). William Cowper escreveu:
Há uma fonte transbordante de sangue,
Que jorra das veias do Emanuel;
E os pecadores, completamente imersos nesse sangue,
Perdem todas as manchas de culpa.
Querido Cordeiro moribundo, teu sangue precioso
Jamais perderá o seu poder,
Até que toda a igreja de DEUS, resgatada,
Seja salva para nunca mais pecar.
PARA CONHECER MAIS SOBRE O CALVINISMO - Contra o Calvinismo - Roger Olson - Editora Reflexão
TULIP - 5 BASES DO CALVINISMO
“T” DE DEPRAVAÇÃO TOTAL
O primeiro ponto do sistema calvinista é o T, que corresponde a depravaçáo total. Este conceito é amplamente mal-entendido; ele não significa que os seres humanos são tão maus quanto possivelmente podem ser. O “total” é que faz com que as pessoas entendam erroneamente este ponto. Antes, no geral, ele significa que toda parte da pessoa humana (exceto JESUS CRISTO, claro) está infectado e tão afetado pelo pecado que a pessoa é completamente incapaz de agradar a DEUS antes de ser regenerada (nascida de novo) pelo ESPÍRITO de DEUS. De acordo com Boettner, a pessoa natural, antes e separada da graça rege-neradora de DEUS, peca sempre e livremente e se deleita no pecado ", pois a pessoa “é estrangeira por nascimento e pecadora por escolha”1 2. As “virtudes naturais” das pessoas não contam como algo bom, pois são realizadas pelos motivos errados; a depravaçáo jaz na condição do coração herdado de Adão 3. Os seres humanos nascem com uma natureza corrupta, mas são, entretanto, plenamente responsáveis pelos pecados que não podem evitar em virtude de sua condição 4 5. Boettner alega que “apenas os calvinistas parecem levar esta doutrina da queda [pecado origina] a sério” 3.
Mais uma vez, esta visão fortemente pessimista da humanidade é consistente com os próprios ensinos de Calvino? Sem sombra de dúvida que é. Calvino escreveu que em razão da queda de Adão “o homem inteiro, da cabeça aos pés, foi, como por um dilúvio, de tal modo assolado, que nenhuma parte ficou isenta de pecado, e em consequência tudo quanto dele procede deve ser imputado ao pecado. Como Paulo diz [Rm 8.6, 7]: todos os afetos ou cogitações da carne são inimizades contra DEUS; e por isso, morte” lé.
Isso também é consistente com o ensino calvinista contemporâneo após Boettner? Certamente é. Sproul o expressa de maneira sucinta: “em nossa humanidade corrupta nunca fazemos uma só coisa boa” 6 7. Assim como Boetneer e Calvino antes dele, Sproul atribui essa condição desesperançada e incapaz da pessoa natural separada da graça regene-radora de DEUS à queda de Adão. Para todos os calvinistas - pelo menos para a maioria, se não todos - todos os humanos, com exceção de JESUS CRISTO, herdam a natureza corrupta de Adão e são culpados pelo pecado de Adão. Boettner escreve: “O pecado de Adão é imputado a seus descendentes” 8 9. Sproul resume a severa visão calvinista da humanidade em razão da queda desta forma: “O homem é incapaz de elevar a si mesmo ao bem sem a obra da graça de DEUS em seu interior. “Nós não temos mais capacidade de retornar a DEUS do que um vaso vazio tem de ficar cheio de água novamente” '9.
Muitos calvinistas explicam a condição humana após a queda e antes da regeneração pelo ESPÍRITO SANTO, de maneira literal, como uma morte espiritual, e fazem isso tendo por base Efésios 2. Em outras palavras, para o calvinismo típico, a pessoa humana caída é totalmente incapaz de até mesmo desejar DEUS ou as coisas de DEUS. Não há habilidade moral (em oposição a uma hipotética habilidade natural que não existe em questões espirituais) para alcançar a DEUS ou aceitar a oferta divina de salvação. Tudo o que flui da pessoa morta é pútrido e sujo, ainda que tal pareça ser virtuoso. A razão disso é que a verdadeira virtude é definida pelo motivo, e o coração do pecador, escurecido pelo pecado, tem uma constante disposição para o eu em vez de para DEUS ou o seu próximo. Esta descrição da condição humana é importante ter em mente, pois é por causa dela que muitos calvinistas argumentam que ninguém pode ser salvo sem a eleição incondicional e a graça irresistível.
Assim como Calvino, os calvinistas geralmente reconhecem a existência de “virtudes civis” na pessoa natural caída que está espiritualmente morta. Calvino falou com eloquência acerca dos “dons naturais” das pessoas caídas, que são capazes, pela ajuda do ESPÍRITO de DEUS, através da graça comum, de realizar grandes coisas nas artes e ciências10. Claro, nenhuma destas habilidades ou realizações possui qualquer relação com a salvação. Sproul comenta acerca da realidade da “virtude civil” pela qual as pessoas externamente se conformam à lei de DEUS e realizam atos de caridade, mas ele nega que tais atos sejam sinais de vida espiritual, pois eles são todos feitos a partir do interesse próprio 11. A pessoa natural caída pode realizar coisas grandes, mas ela não pode agradar a DEUS porque seu coração ainda é corrupto e centrado em si mesmo. O pecado jaz nos motivos, e eles são plenamente errados até que o ESPÍRITO SANTO regenere a pessoa.
“U”, DE ELEIÇÃO INCONDICIONAL
O Segundo ponto da TULIP é a eleição incondicional. “Eleição” é outra palavra bíblica para predestinação para salvação (ou serviço); elas são sinônimas. Todos os cristãos acreditam na eleição; os calvinistas acreditam nela de uma forma específica. Boettner a expressa claramente: “A fé reformada tem defendido a existência de um decreto divino eterno que, anterior a qualquer diferença ou deserção nos próprios homens, separa a raça humana em duas porções e ordena uma para a vida eterna e outra para a morte eterna [inferno]”1. Isto é, claro, o que é comumente conhecido como “dupla predestinação”.
Alguns calvinistas negarão este ensinamento em favor de uma “única predestinação” frequentemente chamada de “calvinismo moderado” ou ameno. (Estes termos também são, às vezes, utilizados para outras permutações do calvinismo). A predestinação única é a crença de que DEUS escolhe algumas pessoas caídas para as salvar ao passo que simplesmente “ignora” outras, “abandonando-as” a sua merecida condenação. Em outras palavras, de acordo com esta ideia, não há decreto de DEUS pela qual ele ordene qualquer pessoa para o inferno. Ou seja, não há “decreto para reprovação”, mas apenas um decreto de eleição para salvação.
Boetnner e outros calvinistas zombam da ideia de uma única predestinação. Ele enfatizou, corretamente julgo eu, que a predestinação de alguns para a salvação, da parte de DEUS, é a predestinação de alguns para a condenação. Ele escreveu acerca da reprovação que “ela, também, é de DEUS”2. Ele explicou o caso desta maneira: “Nós [calvinistas] acreditamos que desde toda a eternidade DEUS planejou deixar alguns da posteridade de Adão em seus pecados; e que o fator decisivo na vida de cada um encontra-se apenas na vontade de DEUS”3. Isso pode ser colocar as coisas de maneira um pouco mais forte do que a maioria dos calvinistas deseja colocar, mas a descrição corajosamente adere de maneira consistente à crença da soberania absoluta de DEUS em todas as coisas. Observe o que Boettner está dizendo aqui: o “fator decisivo” na ida de algumas pessoas para o inferno é a vontade de DEUS. Boettner era impaciente, para dizer o mínimo, com calvinistas que defendem a predestinação única: “Calvinismo brando é sinônimo de calvinismo enfermo, e a enfermidade, se não curada, é o início do fim”4.
O que Calvino disse? Ele acreditava nesta dupla predestinação, incluindo a reprovação soberana divina de certas pessoas para o inferno? Ele escreveu: ‘'que [DEUS] designou de uma vez para sempre, em seu eterno e imutável desígnio, àqueles que ele quer que se salvem, e também àqueles que quer que se percam”5. A fim de que ninguém o interprete de maneira equivocada, Calvino enfatizou esta posição ao ridicularizar os que aceitam a eleição, mas que rejeitam a reprovação, chamando tal coisa de "notável desvario”: “Portanto, aqueles a quem DEUS pretere os reprova; não por outra causa, mas porque os quer excluir da herança para a qual predestina a seus filhos”6. Calvino notoriamente reconheceu e afirmou o caráter altamente objetável desta dupla predestinação e, em especial, o lado reprobatório da predestinação, chamando-o de "decreto espantoso” 7
O que dizer de outros calvinistas? Sproul afirma inequivocamente a eleição incondicional de alguns para a salvação e a predestinação de outros para a condenação:
Ensina [a visão calvinista da predestinação] que desde a eternidade DEUS escolheu intervir nas vidas de algumas pessoas e trazê-las à fé salvadora, e escolheu não fazer isso para outras pessoas. Desde toda a eternidade, sem nenhuma visão prévia de nosso comportamento humano, DEUS escolheu alguns para a eleição e outros para a reprovação... A base para a escolha humana não está somente no homem, mas no beneplácito da vontade divina 8.
Aos que dizem que DEUS elege alguns para a salvação, mas que não predestina ninguém para a condenação, Sproul responde: Se é que realmente existe uma coisa tal como predestinação, e se essa predestinação não inclui todas as pessoas, então não podemos escapar da necessária influência de que há dois lados para a predestinação. Não é suficiente falar sobre Jacó; precisamos também considerar Esaú [em referência à Romanos 9]” 9.
Sproul explica cuidadosamente que estes dois decretos de DEUS -eleição e reprovação - não são iguais. Ele rejeita o que ele chama de “hipercalvinismo”, que acredita na “ultimação igual” dos decretos da eleição e reprovação. (Aqui há uma área de diversidade entre os calvi-nistas, embora Sproul declare o que ele chama de “hipercalvinismo” como sendo “anticalvinismo”! 10) Conforme ele explica, o decreto de eleição é positivo ao passo que o decreto de reprovação é negativo. Em outras palavras, DEUS, de maneira positiva, coloca a fé nos corações dos eleitos enquanto que, de maneira proposital, negligência fazer o mesmo com os réprobos. A única diferença é que DEUS não cria a descrença nos corações dos réprobos; ele simplesmente os abandona em suas condenações ao passo que Ele cria a crença nos corações dos eleitos 11.
Alguém só pode se perguntar quão grande é esta diferença. Como é que DEUS não torna estes dois decretos igualmente finais? Ambos são incondicionais no sentido de que a escolha de DEUS não está embasada em nada que DEUS veja nas pessoas escolhidas ou ignoradas. Conforme explicarei no capítulo 5, chamar um decreto de “positivo” e o outro de “negativo” não parece diminuir a atrocidade da reprovação. Sproul acusa o hipercalvinismo de fazer “uma drástica violência à integridade de DEUS”12. Um crítico do calvinismo rígido de Sproul diria o mesmo acerca de sua visão.
Alguns leitores que vieram a abraçar o calvinismo (ou estão considerando isso) ao ouvirem ou lerem John Piper podem se perguntar se
ele abraça este “decreto horrível” de reprovação. Ou seja, o Piper acredita que a predestinação é incondicional e dupla? Sem dúvida que ele acredita. Em The Pleasures of God(Os Prazeres de DEUS) ele discute “O Prazer de DEUS na Eleição” e não deixa dúvida de que ele concorda com Calvino, Boettnner e Sproul. A eleição, ele diz, é incondicional porque “ela não é embasada naquilo que alguém faz após nascer. Ela é livre e incondicional” 13 14. Ele não trata muito dos não eleitos, mas afirma que DEUS escolhe alguns para não salvar, embora ele tenha compaixão deles” 35. Tratarei desta alegação no capítulo seguinte; tal alegação parece contraditória para mim e para a maioria dos não calvinistas, se não todos15.
O ponto principal do “U” da TULIP, para os calvinistas, é a natureza incondicional da eleição para a salvação (que também seria verdadeiro da reprovação). A predestinação de DEUS dos destinos eternos de seres humanos individuais não tem qualquer relação com a presciência do caráter ou escolhas.Todo autor calvinista enfatiza e destaca este ponto. Boettner
declara que a escolha de DEUS não é embasada em nada que DEUS veja em uma pessoa, incluindo sua presciência de sua fé ou arrependimento. Até mesmo a fé e o arrependimento são dons de DEUS para o eleito e não podem ser a base de sua eleição 16. Para os calvinistas isto é uma doutrina de misericórdia e graça - que DEUS soberanamente escolhe salvar alguns pecadores imerecedores e ele mesmo realiza toda a salvação sem qualquer cooperação dos pecadores. Os críticos acreditam que eles escolhem não dar a importância e ignoram o lado negro desta doutrina, que é a de que DEUS podería salvar a todos - uma vez que a eleição para a salvação é incondicional - mas ele não o faz. Boettner tenta explicar a razão disto:
A condenação dos não eleitos é projetada primariamente para fornecer uma exibição eterna, diante dos homens e anjos, do ódio de DEUS ao pecado, em outras palavras, é para ser uma manifestação eterna da justiça de DEUS... Este decreto exibe um dos atributos divinos que, sem condenação [dos não eleitos], jamais poderia ser apreciado de maneira adequada 17
Muitos calvinistas, neste ponto, preferem apelar ao mistério e não oferecem qualquer sugestão de a razão pela qual DEUS não salva a todos. Talvez este seja um elemento isolado na teologia de alguns calvinistas que poderia corretamente ser chamada de extrema ou radical. A crença de Boetnner (e respostas semelhantes de outros calvinistas) levanta esta questão: A cruz de CRISTO não foi uma manifestação suficiente da justiça de DEUS e de seu ódio para com o pecado? (Não que JESUS tenha sido um pecador, mas que o pecado do mundo foi posto sobre ele, parcialmente, para exibir o quão sério DEUS considera o pecado). O motivo especulativo de Boettner e de outros calvinistas para a reprovação parece diminuir a glória da cruz.
“L” DE EXPIAÇÃO LIMITADA
O terceiro elemento da TUL1P é a “expiação limitada” - que também é chamada de maneira preferível por muitos calvinistas de “redenção particular”. Este é o ponto da TULIP contestado por muitos que se auto-identi-ficam como calvinistas e que talvez seja o ponto totalmente ausente no pensamento de Calvino. Muitos calvinistas dizem que eles são de “quatro pontos” ou “calvinistas de quatro pontos”. O que eles querem dizer é que acreditam no “T”, “U”, “I” e “P”, mas que não acreditam no “L”. Todavia, o L - expiação limitada, redenção particular - é parte do sistema histórico calvinista de soteriologia, e muitos calvinistas rígidos argumentam que este ponto não pode ser retirado sem que faça violência a todo esquema calvinista de salvação.
Antes de expor este ponto da TULIP, eu devo pontuar que todos os calvinistas aceitam a “teoria da substituição penal” da expiação. Ou seja, eles acreditam juntamente com Calvino e os puritanos e a maioria dos cristãos evangélicos, que DEUS puniu JESUS pelos pecados das pessoas que DEUS queria salvar - ou o mundo inteiro incluindo todas as pessoas (a visão arminiana típica) ou os eleitos (a visão calvinista típica). Em outras palavras, JESUS CRISTO satisfez a justiça de DEUS ao suportar a punição merecida de todas as pessoas que DEUS queria salvar. É isso que torna tais pessoas “salváveis”. Muitos não calvinistas também afirmam esta doutrina da expiação, mas os calvinistas geralmente argúem que a crença de que CRISTO suportou a punição pelos pecados de todas as pessoas leva inevitavelmente ao universalismo -crença na salvação de todos.
Boettner fortemente endossa a expiação limitada, defendendo que ela está logicamente conectada à eleição incondicional. Juntamente com a maioria dos calvinistas, ele enfaticamente afirma que o valor da morte de CRISTO foi suficiente para a salvação de todas as pessoas, mas que é foi eficaz para salvar apenas os eleitos 1. Outra forma de expressar isso é que os benefícios da morte de CRISTO na cruz, embora suficiente para a salvação de todas as pessoas, foram intencionados por DEUS apenas para os eleitos. A natureza limitada da expiação, então, foi em seu escopo e não em seu valor. É por esta razão que muitos calvinistas preferem o termo “redenção particular” ou “expiação definitiva". Ela foi particularmente intencionada por DEUS para um povo particular (em oposição à todos indiscriminadamente), e ela garantiu ou realizou definitivamente a salvação daqueles para os quais ela foi intencionada - os eleitos 2.
À verdadeira moda calvinista, Boettner afirma duramente a doutrina da redenção particular à medida em que se aplica aos não eleitos: "Ela [a cruz] não foi então, um amor geral e indiscriminado do qual todos os homens são igualmente beneficiários, mas um amor misterioso, infinito e peculiar para os eleitos, o que fez com que DEUS enviasse Seu Filho ao mundo para sofrer e morrer”3.
O que dizer acerca de outros calvinistas? Eles afirmam esta doutrina da expiação limitada conforme Boettner fez (e talvez Calvino não)? John Piper definitivamente a afirma: “Ele [CRISTO] não morreu por todos os homens no mesmo sentido. A intenção da morte de CRISTO para os filhos de DEUS [os eleitos] foi que ele comprou muito mais que o nascer do sol e a oportunidade de ser salvo. A morte de CRISTO, na verdade, salva de TODO o mal aqueles aos quais ‘em especial’ ele morreu”4. Sproul definitivamente afirma a expiação limitada. Ele prefere chamar esta doutrina de “expiação intencional”: “O propósito supremo da expiação se encontra no supremo propósito ou vontade de DEUS. Esse propósito ou intento não inclui a raça humana inteira. Se incluísse, a raça humana inteira certamente seria redimida” 5.
As respostas às acusações destes calvinistas contra a crença na expia-çáo universal (ex. que ela logicamente exige crença na salvação universal) será respondida no capítulo 6. Em minha opinião, elas são simplesmente erradas. Não existe conexão lógica entre expiação universal e salvação universal mais do que existe uma conexão lógica entre o presidente dos Estados Unidos declarando uma anistia incondicional para os protestantes da Guerra do Vietnã que fugiram para o Canadá para escapar do recrutamento e todos eles automaticamente se apropriando desta anistia e voltando aos EUA (Isso na verdade aconteceu sob o Presidente Jimmy Carter e muitos que poderíam ter voltado para casa, em razão de todos terem sido perdoados, não voltaram). Isso é apenas um breve panorama da TULIP. Eu tratarei de assuntos complexos em maior profundidade nos capítulos subsequentes. Aqui, é importante observar, para o entendimento do calvinismo por parte dos leitores, que a maioria dos calvinistas nega que DEUS intencionou a cruz para todas as pessoas, o que significa, naturalmente, que ele não ama a todos da mesma maneira.
Boettner e Piper realmente afirmam os benefícios da cruz para todos, de alguma forma. Deste modo, é verdadeiro dizer (pelo menos para eles) que CRISTO morreu por todos. Boettner escreveu que “certos benefícios” da cruz foram estendidos a toda humanidade em geral. Estes benefícios são as “bênçãos temporais” apenas e não possuem nenhuma relação com a salvação”6. Piper ensina que CRISTO realmente morreu “por todos”, mas não no mesmo sentido. Ao tentar levar a sério as passagens bíblicas que tratam de “todos” (que serão lidas de maneira pormenorizada posteriormente), ele diz:
Nós não negamos que, em certo sentido, todos os homens são os beneficiários pretendidos da cruz. 1 Timóteo 4.10 diz que CRISTO é “o Salvador de todos os homens, principalmente dos que creem”. O que negamos é que todos os homens são intencionados como beneficiários da morte de CRISTO da mesma maneira. Toda a misericórdia de DEUS para com os descrentes - desde o nascer do sol (Mateus 5.45) à pregação do evangelho a todo o mundo (João 3.16) — torna-se possível em razão da cruz 7.
Claro, como enfatizarei e discutirei em mais detalhes no capítulo 6, alguém pode legitimamente imaginar quão benéfica a cruz realmente é para aqueles aos quais DEUS nega seu poder salvífico. Como a cruz realiza qualquer coisa para os não eleitos? Como é que o raiar do sol é realizado pela cruz de CRISTO e qual é benefício da pregação do evangelho para os não eleitos? Como é que a cruz realiza o raiar do sol e qual é o benefício da pregação para os não eleitos? Alguém só pode suspeitar que tanto Piper quanto Boettner (e outros calvinistas que alegam que CRISTO morreu para os não eleitos “em algum sentido”) simplesmente querem desviar as acusações que a visão que defendem da expiação limitada se choca com as passagens bíblicas que CRISTO morreu por todos.
Ademais, principalmente o Piper (e indubitavelmente outros calvinistas) deseja(m) dizer que DEUS tem uma compaixão genuína com os não eleitos para os quais CRISTO não morreu como um sacrifício expiatório. “Há um amor geral de DEUS que ele concede a todas as suas criaturas”8 mas tal não é o amor que DEUS tem por seus eleitos. E, de acordo com Piper, DEUS tem uma compaixão sincera até mesmo para com os não eleitos de sorte que ele deseja a salvação destas pessoas, ainda que ele se recuse a prover esta salvação na cruz 9. Parafraseando João Wesley, este amor e esta compaixão são de gelar o sangue nas veias. Que amor se recusa a salvar aqueles que poderiam ser salvos, uma vez que a salvação é incondicional? Que compaixão se recusa a prover pela salvação quando ela poderia ser fornecida?
A questão é que o “calvinismo geral” do calvinismo puro e simples, geralmente, mas nem sempre, restringe a intenção salvífica de DEUS na cruz de CRISTO aos eleitos; DEUS não planejou a salvação dos réprobos, os não eleitos. Eles estão excluídos da expiação excetoem algum sentido atenuado de receber algum tipo de bênçãos temporais da cruz, sendo que tais bênçãos ficam, geralmente, sem explicação. Assim sendo, alguns calvinistas recusarão a dizer a um grupo de pessoas ou para desconhecidos as seguintes frases: “CRISTO morreu de sorte que você possa ser salvo” ou “CRISTO morreu por seus pecados”. Tais afirmações seriam presunçosas; não há como saber isso. Todavia, astutamente, Piper e alguns outros calvinistas que acreditam na expiação limitada podem dizer a qualquer um e a todos: “CRISTO morreu por você”, sem querer dizer “CRISTO morreu por seus pecados” ou “Porque CRISTO morreu por você, você pode ser salvo”. Alguns consideram isso um subterfúgio; uma insinceridade.
Com base em quais versículos bíblicos os calvinistas afirmam a expiação limitada? Muitos críticos, incluindo alguns calvinistas que se denominam “de quatro pontos", defendem que esta doutrina não possui base escriturística. Todavia, Boettner, Sproul, Piper e outros apontam para passagens tais como João 10.15; 11.51-52 e 17.6, 9, 19, na qual JESUS diz frases como “dou a minha vida pelas ovelhas”. O ponto principal do capítulo 6, dedicado à expiação limitada, será que o versículo aqui que fala acerca de CRISTO morrendo por seu povo, suas ovelhas, ou os que lhe foram dados por seu Pai não necessariamente o exclui de morrer pelos outros. Na verdade, 1 João 2.2 claramente afirma que ele, JESUS, é a propiciação pelos pecados de todo o mundo. Piper e outros alegam que esta passagem se refere aos filhos de DEUS espalhados por todo o mundo e que ela não se refere a todo mundo.
“I” DE GRAÇA IRRESISTÍVEL
O quarto ponto da TULIP é, de maneira variada, chamado de graça irresistível, graça eficaz (o termo favorito de Sproul para este ponto) ou graça efetiva (o termo favorito de Boettner para o ponto). Um termo relacionado bastante próximo é o monergismo - crença de que DEUS é o único agente ativo na salvação. Monergismo é o oposto de sinergismo - a crença de que a salvação inclui a cooperação da pessoa sendo salva. A graça irresistível não significa que toda a graça sempre é irresistível ou eficaz. Antes, apenas a graça salvífica dada aos eleitos para regenerámos e dar a eles um novo nascimento é irresistível e eficaz. Uma pessoa escolhida por DEUS para a salvação não irá, pelo fato dela não poder, resistir à “chamada interior” de DEUS porque DEUS “verga a sua vontade”. Não é uma questão de coerção; o ESPÍRITO SANTO não esmaga e força a pessoa a se arrepender e crer; antes, o ESPÍRITO SANTO transforma o coração da pessoa de maneira que ela quer se arrepender e crer. Boettner e outros calvinistas conectam este aspecto de sua soteriologia bem de perto com a depravação total:
Como calvinistas nós mantemos que a condição dos homens desde a queda é tal que se o homem fosse deixado como está ele continuaria em seu estado de rebelião e recusa à todas as ofertas da salvação. CRISTO, então, teria morrido em vão. Mas uma vez que foi prometido... a obra de DEUS na redenção foi tornada eficaz através da missão do ESPÍRITO SANTO que opera de tal forma na pessoa que ela é trazida ao arrependimento e fé, e, deste modo, feita participante da vida eterna 4S.
Eles embasam isto na doutrina da depravação total como morte espiritual absoluta tal que nem mesmo uma pessoa eleita tem a habilidade de responder a DEUS, muito menos buscar a DEUS, até que e a menos que DEUS sopre nova vida nela em regeneração e Escritura. A principal 1 passagem bíblica que geralmence apontam é João 6.44, onde JESUS diz: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair”. Os calvinistas defendem que a palavra grega traduzida por “atrair” sempre significa “compelir” (mas não “coage”). Para rebater qualquer ideia de que a palavra signifique “coagir” (tanto em João 6 ou na teologia calvinista) Sproul escreve: “Toda a questão da graça irresistível é que o renascimento vivifica a pessoa para a vida espiritual de tal maneira que JESUS agora é visto em sua irresistível doçura”2.
Boettner concorda: “Esta mudança [regeneração através da graça irresistível através da chamada interna] não é realizada através de compulsão externa, mas através de um novo princípio de vida que foi criado dentro da alma e que busca o único alimento que pode satisfazê-la3. Este confiável líder calvinista também afirma inequivocamente que a obra do ESPÍRITO SANTO na graça regeneradora, embora irresistível, jamais viola a livre agência da pessoa: “Os eleitos são influenciados de tal maneira pelo poder divino que sua chegada é um ato da escolha voluntária”4. Isso parece peculiarmente paradoxo, mas isso não parece incomodar Boettner ou outros calvinistas.
Em relação ao recurso dos calvinistas de João 6.44, no capítulo 7 eu discutirei se a palavra grega traduzida por “atrair” realmente significa “compelir” ou “arrastar irresistivelmente” conforme Sproul e outros calvinistas argumentam. Assim como muitos textos utilizados como prova por calvinistas para suas doutrinas características, esta passagem está aberta a outras interpretações e até mesmo interpretações bem melhores. Por exemplo, se a palavra grega para “atrair” em João 6.44 só pode significar “trazer” ou “compelir” em vez de “cortejar” ou “chamar”, então João 12.32 deve ser interpretado como ensinando a salvação universal. Na passagem em questão JESUS diz: "Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim”. A palavra grega traduzida por “atrair”, neste versículo, é a mesma utilizada em João 6.44. Deste modo, se a palavra utilizada precisa ser interpretada como “compelir” ou “arrastar”, então em João 12.32 JESUS estava dizendo que ele atrairia ou traria todas as pessoas para si. Mas o versículo não é entendido assim até mesmo pelos calvinistas!
Calvino acreditou e ensinou a graça irresistível? Embora ele não tenha utilizado o termo, Calvino claramente ensinou o conceito no final de uma longa discussão de como DEUS opera nos eleitos para trazê-los para si: “A síntese é: DEUS, por uma adoção graciosa, criaaqueles a quem quer ter por filhos. A causa intrínseca disto, porém, está nele próprio, porque não leva em conta nada mais além de seu secreto e singular beneplácito”5.
Sproul expressa fortemente esta doutrina: “DEUS, unilateralmente e monergisticamente, faz para nós o que nós não podemos fazer para nós mesmos”6. À verdadeira moda calvinista ele coloca a regeneração pelo ESPÍRITO SANTO (ser nascido de novo) antes da conversão (na ordem lógica dos eventos da salvação). Ou seja, antes que uma pessoa seja até mesmo capaz de receber os dons da fé e arrependimento, ela deve ser feita nova criatura em CRISTO JESUS através do “chamado interno eficaz”, que é comparável à criação a partir do nada7. Em outras palavras, DEUS não pega algum potencial existente e constrói sobre ele ou extrai dele para operar a salvação na vida da pessoa. Antes, DEUS pega uma pessoa morta em delitos e pecados e a traz para a vida, em termos espirituais.
Sproul, assim como todos os calvinistas, faz distinção entre o “chamado externo”, que é o evangelho pregado a todos, e o “chamado interno”, pela qual o ESPÍRITO SANTO regenera uma pessoa. Apenas os eleitos recebem o “chamado interno” e ela sempre resulta na salvação das pessoas e o resultado não pode ser o contrário 8. A regeneração, então, deve preceder a conversão (arrependimento e fé), pois ninguém jamais respondería a DEUS com arrependimento e fé a menos que a pessoa tenha nascido de novo. A pessoa salva, geralmente, não está cônscia da prioridade da regeneração, ela pode sentir que ser nascida de novo vem após a fé e o arrependimento, mas, teologicamente, o cal-vinista sabe que este não é o caso.
Esta é uma característica do esquema calvinista e, até onde sei, todos os calvinistas aderem a ela. Outros podem aderir a ela também, mas apenas se acreditarem que o batismo infantil regenera uma criança (regeneração batismal), como nas teologias episcopal e luterana. Todavia, muitos protestantes, tais como os batistas e pentecostais, acreditam que a fé precede a regeneração na ordem lógica da salvação. A mensagem simples do evangelho para a maioria dos cristãos evangélicos é “creia e seja salvo” embasado nas passagens bíblicas tais como João 3.1 - 21, na qual JESUS diz a Nicodemos que ele deve nascer de novo e que a fé nele realizará isso (v. 14). Não há nenhuma forma de reconciliar esta passagem com a crença de que a regeneração precede a fé.
“P” DE PERSEVERANÇA
O quinto aspecto da TULIP é a perseverança dos santos. Esta é talvez o aspecto menos controverso do calvinismo, pois muitos não calvinistas acreditam nele também, e isso embasado nas passagens bíblicas tais como Romanos 8.35-39. Até mesmo Jacó Armínio (1560-1609), o grande oponente do calvinismo, declarou que ele era incapaz de se decidir acerca desta doutrina e a deixou para estudos subsequentes1. Ele morreu antes de, por fim, tomar uma posição. A primeira declaração de fé remonstrante de 1610 não incluiu uma negação ou afirmação da perseverança. Mais tarde, principalmente Wesley e seus seguidores (metodistas, wesleyanos) rejeitaram a perseverança tendo por base as passagens bíblicas tais como Hebreus 6. Ainda assim, tal não parece ser uma doutrina particularmente rejeitada por muitos calvinistas pelo fato de ela não tocar na questão chave do desentendimento: o caráter de DEUS.
Contudo, vale a pena expor brevemente o quinto ponto da TULIP da forma como os calvinistas acreditam. Sproul corretamente observa que o termo “perseverança dos santos” é melhor expresso como “preservação dos santos” em razão de a segurança eterna do verdadeiro cristão ser a obra inteiramente de DEUS, e não a sua” 2. Todos os calvinistas acreditam que uma pessoa verdadeiramente eleita jamais pode alguma vez ou, de maneira final ou plena, se perder, pois DEUS a guardará de cair. Outro termo para esta doutrina é “graça imperdível” (impossível ser perdida) . Este ponto segue logicamente os outros pontos da TULIP. (Luteranos, todavia, que geralmente concordam com o monergismo, rejeitam esta doutrina).
Alguns não calvinistas argumentarão veementemente contra esta crença; na maioria das vezes são arminianos que reagem contra o calvinismo. Por exemplo, muitas igrejas batistas são chamadas de “Batistas Livres” precisamente porque rejeitam esta doutrina mantida fortemente por até mesmo algumas igrejas batistas não calvinistas. Na verdade, provavelmente seria seguro dizer que a maioria dos batistas, principalmente no sul, não são calvinistas, mas aderem fervorosamente à graça imperdível sob a expressão “segurança eterna”. Os batistas livres se opõem não apenas ao calvinismo, mas também a esta doutrina na medida em, que ela é amplamente mantida por outros batistas.
Fizemos um tour, por assim dizer, no calvinismo geral ou calvinismo puro e simples. Mas isso não é toda a história do calvinismo. Na seção seguinte explorarei mais profundamente a diversidade entre calvinistas ao examinar algumas variedades de “calvinismo puro e simples”.
VARIEDADES DA TULIP
Já deveria estar claro, até o momento, que considero “reformado” uma categoria mais flexível e com diversidade muito maior que “calvinismo”. Claramente, pelos padrões mundiais contemporâneos, tais como a AMIR, as duas categorias não são intrinsecamente ligadas exceto no sentido de que todas as pessoas reformadas alegam uma árvore genealógica religiosa que remonta à reforma suíça do século XVI, incluindo a obra de João Calvino. Mas nem todos concordam com a TULIP ou até mesmo muito do que Calvino disse acerca da soberania de DEUS. O calvinismo não é tanto uma família ou herança como é um sistema de crenças teológicas. O calvinismo está firmemente inserido na tradição reformada, mas não é a mesma coisa que reformado.
Muitos na tradição reformada estão incomodados com o calvinismo (assim como estavam alguns reformadores suíços na época de Calvino!), e o calvinismo se estende para fora da comunidade reformada de igrejas para, por exemplo, a vida batista. Pode ser encontrado aqui e acolá entre as denominadas Igrejas Livres (ex. Evangelical Free Church of America [Igreja Evangélica Livre da América], que, recentemente, tem se inclinado cada vez mais para o calvinismo) e, ocasionalmente, até mesmo entre pentecostais. Eu recentemente conheci um pastor calvinista de uma grande igreja Assembléia de DEUS; isso era sem precedentes no passado e provavelmente ainda abalaria a hierarquia da denominação Assembléia de DEUS! O pastor assistente do pastor titular é claramente um membro do movimento jovem, incansável e reformado. Movimento reformado até mesmo para um assem-bleiano, isto é um termo errôneo e definitivamente uma anomalia. Chamar alguém tanto de "reformado" e pentecostal parece mais que esquisito.
Irei escrever aqui acerca da diversidade entre calvinistas concernente ao calvinismo em vez de diversidade de calvinismo. Por quê?
A diversidade é sempre de pessoas; o calvinismo não é um grupo de pessoas, mas uma construção teológica que é interpretada e vivida de várias formas por várias pessoas - alguns dentro da família reformada e alguns fora dela. O esboço do calvinismo geral ou calvinismo puro e simples apresentado acima está focado em um tipo ideal de calvinismo compartilhado por muitos calvinistas, mas não todos. Todos os verdadeiros calvinistas olham para a TULIP como uma descrição relativamente acurada de sua soteriologia, mas alguns rejeitam um ponto (sempre o L) e alguns que aceitam todos os cinco pontos os aplicam à práticas, tais como evangelismo, de formas diferentes. E então há o velho argumento entre calvinistas “supralapsarianos” e “infralapsaria-nos”, que eu discutirei brevemente.
Já mencionei o fato de que muitos cristãos rejeitam o “L” do acrósti-co TULIP em favor de uma combinação de expiação universal, eleição particular e graça eficaz. Estes calvinistas de “quatro pontos” destoam do grupo e argumentam que apesar de eleger apenas algumas pessoas para a salvação e apenas atrair algumas pessoas irresistivelmente para a fé, DEUS enviou CRISTO para morrer pelos pecados de todo o mundo e não apenas pelos pecados dos eleitos. A crítica à expiação limitada virá posteriormente, mas, no momento, me restringirei simplesmente a enfatizar que muitos calvinistas concordam com os arminianos e luteranos (e talvez outros) que a morte substitutiva de CRISTO na cruz foi, na verdade, projetada por DEUS para todas as pessoas. Em outras palavras, ele suportou a punição pelos pecados de todo o mundo, sem exceção.
Um eminente teólogo calvinista de tradição batista que aceitou todos os pontos da TULIP exceto o “L” foi August Hopkins Strong (1836 - 1921), professor de teologia por muito tempo no Rochester Theological Semi-nary e autor de inúmeros livros, incluindo um livro didático amplamente utilizado e influente, Systematic Theology. Tendo por base passagens bíblicas tais como 1 João 2.2, Strong argumentava que a “expiação de CRISTO fez provisão objetiva para a salvação de todos, ao remover da mente divina todo obstáculo ao perdão e restauração de pecadores, exceto sua oposição obstinada à DEUS e recusa à se voltar para Ele”1.
Seguindo Strong ao verdadeiro estilo batista, Millard Erickson (n. 1932), teólogo calvinista batista posterior, argumentava de maneira semelhante: “Concluímos que a hipótese de expiação universal é capaz de explicar um segmento maior de testemunho bíblico com menos distorção do que a hipótese de expiação limitada”2. Inúmeros outros. Principalmente batistas e calvinistas de Igrejas Livres, concordam com Strong e Erickson. Era provavelmente o calvinismo majoritário entre os evangélicos não reformados por grande parte do século XX - até a ascensão do movimento jovem, incansável e reformado sob a influência de John Piper e outros que defendem fortemente a expiação limitada.
Mas o que dizer dos teólogos dentro de comunidades tradicionalmente reformadas, tais como presbiterianos conservadores e cristãos reformados? Todos eles afirmam o “L” na TULIP? Dificilmente. Um eminente exemplo é o teólogo James Daane, mencionado acima, um membro da Igreja Cristã Reformada. Em The Freedom of God este professor do Fuller Seminary criticava veementemente o Sínodo de Dort por não citar nenhum versículo bíblico que prova a “expiação limitada” e por virtualmente eliminar o mistério da teologia reformada através de modos de pensamento escolásticos que focam em um número em vez de uma comunidade. Do calvinismo muito tradicional, ele escreveu:
Todas... as tentativas de empregar o número - a ideia de limitação - para entender a natureza da eleição, a eleição da igreja, a natureza da graça divina e não da expiação de CRISTO são, na verdade, tentativas de reduzir o mistério das verdades cristãs para limites que podemos racionalmente administrar. Por este caminho o mistério desaparece - o mistério da descrença e não menos o mistério de CRISTO e da igreja 3.
Os críticos rejeitam Daane como influenciado pelo teólogo reformado revisionista suíço Karl Barth (1886 - 1968), mas sua principal influência foi o teólogo reformado holandês Berkouwer, que é geralmente considerado muito mais tradicional que Barth. De qualquer forma, Daane representa alguém não batista e plenamente dentro da família reformada e um evangélico (não liberal ou neo-ortodoxo) que rejeitava a expiação limitada.
Talvez a mais antiga e mais profunda divisão entre os calvinistas seja acerca da ordem dos decretos divinos. O debate remonta, pelo menos, a Theodore Beza, o sucessor de Calvino em Genebra. Esta é uma área tênue de teologia que afasta muitos principiantes, portanto, devotarei certo tempo e espaço aqui para explicar cuidadosamente do que isso se trata e a razão pela qual os calvinistas se dividem nesta área.
Logo após a morte de Calvino alguns de seus seguidores adotaram um estilo de obra teológica desconhecida pelo próprio Calvino. Tal tem sido geralmente rotulado de “escolástico”, remontando a tendência dos teólogos medievais de fazer uso da filosofia e lógica para especular acerca de questões deixadas sem menção na Bíblia. (O exemplo comum, embora de certa forma extremo, é: “Quantos anjos podem dançar sobre a ponta de um alfinete?”) Uma manifestação desta abordagem escolástica para o calvinismo foi uma tentativa de discernir a ordem lógica (não temporal ou cronológica) dos decretos de DEUS que expressam sua soberania sobre a criação e redenção. O pano de fundo da pergunta era: “DEUS decretou a eleição e a reprovação de pessoas antes ou depois do decreto de permitir a queda? Eis aqui outra pergunta, e talvez uma melhor forma de expressá-la: “DEUS decretou a eleição e reprovação de pessoas à luz da queda ou anterior a ela e não à luz
Que tal trabalho parece um empenho totalmente especulativo, até mesmo muitos calvinistas concordariam. Todavia, uma vez que alguns calvinistas mais tarde chamaram de “supralapsarianos” - os que defendiam que DEUS primeiro e principal decreto foi salvar algumas pessoas ainda por serem criadas e condenar outras - apareceram com sua versão de calvinismo, todos tiveram de participar. Os “infralapsarianos” eram e são os que defendem que DEUS decretou criar e permitir a queda (que todos concordam que ele, na verdade, a preordenou!) primeiro e somente então decretou eleger algumas pessoas caídas para a salvação e predestinar outras para a condenação.
Quando o Sínodo de Dort se reuniu em 1618/1619, isto foi debatido e a assembléia dos clérigos reformados por fim decidiu permitir ambas as visões sem marginalizar qualquer uma como heresia. Havia alguns presentes, todavia, que consideravam a visão supralapsariana herética, pois ela parecia fazer de DEUS o autor do pecado e do mal. Boettner se coloca do lado do supralapsarianismo, chamando-o de “calvinismo rígido” 4. (Deve ser observado, contudo, que isto de forma nenhuma torna sua descrição geral do calvinismo, que é a TULIP, diferente do in-fralapsarianismo). Sproul, por contraste, condena o supralapsarianismo chamando-o de “hipercalvinismo” e “anticalvinismo” Esta visão, ele diz, faz de DEUS o autor do pecado ao "envolver DEUS na coerção do pecado” e, portanto, faz grande violência ao... caráter de DEUS”5.
Um supralapsariano poderia facilmente argumentar que Sproul é culpado de viver em uma casa de vidro enquanto atira pedras. De que maneira o supralapsarianismo faz de DEUS mais autor do pecado do que o infralapsarianismo? A diferença parece jazer em outro lugar. O supralapsariano simplesmente deseja exaltar a supremacia de DEUS ao não fazer nada dele, incluindo seus decretos, dependente de algo que acontece no mundo. O supralapsariano pensa que o infralapsariano fez exatamente isso ao subordinar o decreto da eleição e reprovação ao decreto de permitir a queda. Se apenas à luz da queda é que DEUS opera seu plano de redenção, então, o supralapsariano diz que a redenção é uma espécie de “Plano” B na mente de DEUS. Isso chega a se parecer muito com o arminianismo, assim diz o supralapsariano, pois faz DEUS depender índiretamente do mundo.
Todavia, como mostrarei, fazer DEUS dependente do mundo pode ser parte e parcela do calvinismo - principalmente o que chamo de calvinismo radical ou extremo, seja o supra ou o infralapsarianismo. Isso se dá em virtude de que alguns em ambos os campos enfatizam que todo o programa da criação e redenção (incluindo a reprovação e o inferno) foi feito “para a glória de DEUS” DEUS precisa do mundo para glorificar a si mesmo? Ou antes é a criação o resultado do transbordante amor trinitariano de DEUS?
Mais uma área de diversidade entre calvinistas tem a ver com se DEUS apenas “permite” o pecado e o mal ou, na verdade, em certo sentido ele os causa. Todos os calvinistas concordam que DEUS preordena o pecado e o mal porque tudo é preordenado por DEUS. (Reconhecidamente algumas pessoas sem formação que pensam que são calvinistas podem não acreditar nisso, mas todo teólogo calvinista, remontando ao próprio Calvino, afirma essa preordenação). Sproul representa aqueles calvinistas que insistentemente negam que DEUS é, em qualquer sentido, o autor do pecado e do mal. Calamidades, sim, mal moral, não.
A situação problemática é estabelecida pela afirmação de Sproul (e de outros calvinistas) da soberania divina absoluta (providência meticulosa e o que chamo de determinismo divino ainda que ele não goste desta terminologia): “Se há uma única molécula neste universo correndo solta, totalmente livre da soberania de DEUS, então não temos nenhuma garantia de que uma simples promessa de DEUS jamais seja cumprida... Talvez essa única molécula seja a coisa que impede CRISTO de voltar”6. Então a questão inevitavelmente surge: “É DEUS, então, o autor do mal e do pecado?” Sproul diz que não: “Uma coisa é absolutamente impensável, que DEUS possa ser o autor ou executor do pecado”7. Ele afirma que DEUS permitiu a entrada do pecado e do mal em sua criação boa, mas não o forçou"8.
Outro calvinista bastante conhecido que diz que DEUS aquiesce ou permite o pecado e o mal sem o causar ou ser seu autor é Paul Hem, um filósofo e teólogo britânico que leciona no Regent College, Canadá. Em seu livro The Providence o/God este calvinista, assim como Sproul, expressa uma elevada visão da soberania de DEUS: “Não somente todo átomo e molécula, todo pensamento e desejo, é mantido em existência por DEUS, mas cada curva e cada volta de tudo isso está debaixo do controle direto de DEUS”9.
Mas, claro, tal entendimento promove a questão do relacionamento de DEUS com o pecado e o mal a outro nível. É DEUS o autor deles? Helm diz que não. Em virtude da “natureza impecável” de DEUS, ele não pode ser o autor do mal, mas em razão dele ser soberano, ele deve permitir o pecado e o mal se eles forem existir. Mas Helm argumenta que esta permissão de pecado e mal é "permissão específica” (semelhante ou idêntica ao que Boettner chama de “permissão desejosa”). Ou seja, DEUS jamais assume a postura de espectador quando ele permite as coisas, incluindo o pecado e o mal. Sem causá-los ele especificamente os deseja de tal forma a ponto de garantir que eles acontecerão sem, na verdade, causá-los:
DEUS ordena todas estas circunstâncias que são necessárias para a performance de uma pessoa de uma determinada ação moralmente má (digamos, uma ação de crueldade em determinado lugar e tempo). O próprio DEUS não realiza aquela ação, nem ele poderia, por razões já apresentadas [a saber, sua natureza impecável]. Contudo, ele permite que esta ação aconteça. Ele não a impede ou a para. Então, em circunstâncias ordenadas por DEUS alguém faz uma ação má; as circunstâncias são ordenadas, mas o mal é permitido”10.
Muitos calvinistas diriam “amém” para esta descrição do relacionamento de DEUS com o pecado e o mal. Eles, assim como todos os demais, não querem dizer que DEUS é a causa ou o autor do pecado e do mal.
Boettner inclui um extenso capítulo em sua edição em The Reformed Doctrine of Providence e, como Helm, argumenta (mas de forma ainda mais veemente) que embora DEUS ordene tudo, ele não é a causa ou autor do pecado ou do mal. Investigarei isso mais adiante, no capítulo 4, então, por agora, colocarei de lado qualquer discussão mais longa dos problemas inerentes nesta visão. Que seja sabido agora que concordo com a segunda visão mantida por alguns calvinistas de que sua doutrina da soberania de DEUS necessariamente implica ou ensina que DEUS é o autor do pecado ou que pelo menos ativamente o garante em certo sentido causai de sorte que o termo “permissão” não é suficiente.
Não é nada difícil encontrar calvinistas na Internet (ex. blogueiros) que corajosamente afirmam que o calvinismo exige a confissão de que DEUS éo autor do pecado e do mal. Tal pessoa é Vincent Cheung, que escreve acerca do calvinismo como em seu website www.
vincentcheung.com. (Sei muito pouco desta pessoa exceto que ele é um comentarista prolífico em assuntos relacionados à teologia a partir de uma perspectiva calvinista). Assim como muitos outros autores que podem ser facilmente encontrados na web, Cheung ridiculariza seus companheiros calvinistas que dizem que DEUS não é o autor do pecado11. Ele então diz que “quando alguém alega que minha visão da soberania divina torna DEUS o autor do pecado, minha primeira reação tende a ser a seguinte ‘E daí?’... não há problema bíblico ou racional no fato dele ser o autor do pecado”12. Cheung prossegue argumentando que a descrição calvinista típica da soberania absoluta de DEUS necessariamente leva a DEUS a ser o autor do pecado em qualquer sentido comum de “autor”.
Outro calvinista que afirma que DEUS mais do que meramente permite o pecado e o mal, mas sem, na verdade, chamar DEUS o “autor do pecado” é John Frame (n. 1939). Frame lecionou por muitos anos no
Westminster Theological Seminary e agora é professor de teologia no Reformed Theological Seminary. É autor de vários livros, muitos deles acerca da teologia reformada (a partir de uma forte perspectiva calvi-nista). Em uma entrevista com Andy Naselli publicada na Internet em 2009, Frame respondeu a uma pergunta acerca de DEUS não causar, mas permitir o mal. Embora ele demore e se recuse a dizer que DEUS causa ou é o autor do mal, Frame diz que a terminologia de permissão não é forte o bastante e prefere dizer que DEUS, na verdade, efetua o mal13.
Outro calvinista que não acha que a linguagem de DEUS meramente permitir o pecado e o mal seja forte o bastante para fazer justiça à soberania de DEUS é John Piper. Enquanto ele não rejeita a terminologia de permissão, ele frequentemente vai além dela ao explicar o papel de DEUS em desastres, mal e até mesmo o pecado. Em um sermão publicado em seu website logo após os ataques terroristas em Nova York e Washington, D.C., no dia 11 de setembro de 2001, Piper rejeitou as meras explicações de permissão do papel de DEUS e afirmou que, em certo sentido, DEUS “planejou”, “ordenou” e “governou” tais eventos14. Durante um sermão pregado para uma conferência de jovens em 2005 ele enfatizou a soberania absoluta de DEUS sobre todas as coisas e disse: “Até mesmo uma ‘bomba com material radioativo’ que destrua Mineá-polis seria de DEUS”15.
Muitos calvinistas ficam embaraçados com tais afirmações como a de Cheung, Frame e de Piper, mas outros as consideram a dura verdade que necessariamente segue do próprio ensinamento da Bíblia. Por exemplo, José disse a seus irmãos que o ato de vendê-lo como escravo para o Egito, que eles intentaram como mal, DEUS tornou em bem (Gn, 50.20). Então há o evento da cruz de CRISTO, que foi preordenado por DEUS “desde a fundação do mundo”. Ambos os eventos envolveram pecados. DEUS não foi o autor destes pecados? Não importa como você tente sair disso, alguns calvinistas dirão, não há como fugir do fato de que DEUS preordenou e tornou estes eventos certos, então ele é o autor deles, se não a sua causa direta. Enquanto discorde que tais histórias exijam a crença de que DEUS tornou o pecado ou o mal certos, concordo com os calvinistas que dizem que a visão calvinista comum de soberania exige a confissão de DEUS como o autor do pecado e do mal.
Há uma esfera final de diversidade no calvinismo a ser mencionada. E é o debate acerca do verdadeiro “hipercalvinismo” - corretamente utilizado (de acordo com a maioria dos teólogos reformados) da versão do calvinismo de Herman Hoeksema (1886 - 1965) que rejeitava a prática de apresentar, de maneira indiscriminada, o convite do evangelho para a salvação de todas as pessoas. Hoeksema nasceu na Holanda, mas imigrou para os EUA quando criança e se estabeleceu em Grand Rapids onde ele, por fim, pastoreou uma grande Igreja Cristã Reformada. Entre outras obras ele escreveu ReformedDogmaticsPHoeksema iniciou uma controvérsia dentro das igrejas reformadas ao argumentar que o evan-gelismo indiscriminado, com apelos abertos voltados para a salvação, viola a doutrina da soberania de DEUS na salvação.
A controvérsia foi descrita como concernente a “oferta sincera do evangelho” por Anthony Hoekema (1913 - 1988), eminente teólogo e professor do Calvin Theological Seminary (observe aqui a diferença de grafia para o nome Hoeksema; eles não são parentes). De acordo com Hoekema, Hoeksema ensinava que “a chamada do evangelho jamais é uma oferta” de salvação 16 17. É antes uma proclamação do que DEUS tem feito; só DEUS decidirá o que fazer com ela, e ele sempre decide utilizá-la para atrair o eleito para si. Mas ela não é uma oferta sincera de salvação para todos, pois “DEUS não deseja a salvação de todos aos qual o evangelho chega; ele deseja a salvação apenas dos eleitos”18.
A Igreja Cristã Reformada expulsou Hoeksema por este motivo, sustentando que “a pregação do evangelho é uma oferta sincera de salvação, não apenas da parte do pregador, mas também da parte de DEUS, para todos os que a ouvem, e que DEUS seria e sinceramente deseja a salvação de todos ao qual a chamada do evangelho atinge” 19.
O teólogo reformado Daane atribui o calvinismo extreme de Hoeksema não a uma interpretação anômala do calvinismo rígido, mas àquela própria teologia - uma teologia que ele chama de “teologia decretai”, que inclui a reprovação como um decreto de DEUS 20. Alguém precisa imaginar qual lógica impede uma pessoa que acredita na TULIP de mudar para a posição de Hoeksema. Por que DEUS sinceramente desejaria a salvação de todos e como pode a chamada do evangelho ser chamada de uma oferta sincera de salvação para todos indiscriminadamente, incluindo os não eleitos, se DEUS decretou que apenas alguns serão salvos?
TEOLOGIA REFORMADA / RADICAL
Dada a evidente diversidade da comunidade reformada e entre cal-vinistas, quando digo que sou “contra o calvinismo” e quero resgatar a reputação de DEUS da “teologia reformada radical”, de qual calvinismo e de qual teologia reformada estou falando? Existem tantos tipos! Isso é verdade. Bem, aqui eu quero explicar qual é o tipo que eu estou contra; o restante do livro explicará a razão em detalhes.
O “calvinismo” que sou contra e que me refiro é o “calvinismo rígido” da TUL1P, quer seja infralapsariano ou supralapsariano. Tais diferenciações, se examinadas de perto, não fazem diferença: ambas as visões farão que DEUS seja, no melhor dos cenários, moralmente ambíguo e, no pior dos cenários, um monstro moral (apesar das alegações dos calvinistas do contrário!). Mais uma vez desejo enfatizar que não é o livre-arbítrio que me preocupa, exceto o livre-arbítrio que é necessário para proteger o caráter de DEUS de ser impugnado. O que me preocupa, e eu deixarei explicitamente claro, é o ensino bíblico de que “DEUS é amor” (1 João 4.16).
Por favor, não rejeite isso como sendo superficial demais; irei descompactar minha alegação de que o calvinismo rígido, o calvinismo que afirma a maioria ou todos os pontos da TULIP, contradiz diretamente que DEUS é amor. Estou bastante consciente das objeções calvinistas de que o amor de DEUS é diferente de nosso tipo de amor. Já ouvi isso inúmeras vezes. Enquanto há certa verdade nesta afirmação, ela é exagerada pela maioria dos calvinistas. Se o amor de DEUS é absolutamente diferente de nossas mais elevadas e melhores noções de amor na medida em que as extraímos da própria Escritura (principalmente de JESUS CRISTO), então o termo é simplesmente sem sentido quando em relação à DEUS. Alguém pode também dizer que “DEUS é creech-creech” - uma afirmação vazia de sentido.
Conforme espero demonstrar, alguns calvinistas concordam comigo acerca da analogia entre a bondade e amor de DEUS e nossas melhores e mais elevadas idéias de bondade e amor. Paul Hem, por exemplo, rejeita qualquer ideia de que a bondade e ao amor de DEUS seja qualitativamente diferente do nosso (uma vez que o nosso seja derivado da Escritura, claro). Entretanto, argumentarei, que até mesmo os que concordam comigo não podem explicar adequadamente como a descrição sua descrição da soberania de DEUS, principalmente em relação ao pecado, mal e reprovação, é consistente com a bondade ou amor.
Mais uma vez, eu sou contra o quê? Ao dizer “contra o calvinismo” eu quero dizer que me oponho a toda e qualquer sistema de crença que inclua o "U”,o “L” e o 7”da TULIP. O “U” e o “I” sempre aparecem juntos mesmo quando o “L” é rejeitado. Eu me oponho mais energicamente ao “L”, mas penso que ele seja necessariamente consequência do “U” e do “1”, então eu concordo com aqueles calvinistas que defendem que é inconsistente deixar o “L” de fora. A “flor”, por assim dizer, é danificada e fica irreconhecível ou irrecuperável ao tirar dela essa pétala!
Acredito também que a afirmação da eleição incondicional necessariamente implica na afirmação da reprovação, apesar da negação de alguns calvinistas. A reprovação é a “consequência lógica e necessária” da eleição incondicional a menos que alguém afirme a salvação universal. (Um exemplo disto é o grande teólogo reformado Karl Barth, que, acredito eu, afirmava o universalismo). Como não posso afirmar a salvação universal, julgo que a eleição incondicional seja, com sua necessária correlata, a reprovação, inaceitável pelo fato de ela impugnar o caráter de DEUS como incondicionalmente bom.
A graça irresistível faz a mesma coisa. Ela impugna a bondade de DEUS. Se DEUS chama e atrai pecadores irresistivelmente para si de maneira que eles escapam do inferno por que ele os domina e os regenera sem qualquer ato de livre-arbítrio da parte deles, então um DEUS bom faria o mesmo para todos! Não estou contente em deixar a pergunta do “por quê” na esfera do mistério. Reconheço o mistério na revelação, mas não o que exige crença em uma vontade escondida ou secreta de DEUS que faz dele um monstro moral. Somente um monstro moral recusaria salvar pessoas quando a salvação é absolutamente incondicional e unicamente um ato de DEUS que não depende do livre-arbítrio.
Quando digo que sou contra o calvinismo, então, me refiro às crenças principais do calvinismo geral, calvinismo puro e simples, na medida em que tais crenças são levadas às suas conclusões lógicas. Percebo que nem todos os calvinistas as levam a sua conclusão lógica; em
vários estágios, no processo de raciocínio, certos caivinistas param e apelam ao mistério e recusam ser logicamente consistentes ao afirmar as consequências lógicas e necessárias de seu sistema de crença. sou contra eles ou ao seu calvinísmo altamente modificado e atenuado! (E isto é provavelmente o caso com a maioria das pessoas que eu conheço que se consideram caivinistas).
Todavia, dentro do movimento jovem, incansável e reformado do ne-ocalvinismo e entre seus mentores (as pessoas que eles leem e escutam e os consideram seus heróis), a maioria deles, em minha experiência, tem levado o calvinísmo às suas conclusões lógicas - ou pelo menos caminharam bastante nesta direção. Há uma ousadia e até mesmo agressividade entre eles que eu não encontro entre a maioria dos caivinistas das gerações mais velhas. Eu sou contra qualquer calvinísmo (e qualquer teologia) que impugne a bondade de DEUS em favor da soberania absoluta, levando à conclusão que o mal, pecado e todos os horrores da história humana são planejados e tornados certos por DEUS.
E a “teologia reformada radical”? O que eu quero dizer com isso e por que a reputação de DEUS precisa ser resgatada dela? Por teologia reformada radical eu quero dizer o mesmo que o calvinísmo consistente descrito acima. Quero dizer o calvinísmo extremado tão evidente em alguns palestrantes e escritores caivinistas e seus ávidos seguidores que inevitavelmente acabam por fazer de DEUS o autor do pecado e do mal, ainda que a linguagem (ex. “autor”) seja ou não utilizada. O fato de John Piper preferir dizer que DEUS “projeta” e “governa” o mal, não faz diferença quando o contexto necessariamente implica que DEUS quer que tal aconteça e o torna certo - principalmente quando se diz que isso é necessário para sua plena glorificação.
Para ser direto e sem rodeios, conforme diz o ditado, meu problema é primeira e principalmente com o determinismo divino que leva a reprovação incondicional de DEUS de certas pessoas para o sofrimento eterno no inferno para sua glória. Me oponho a qualquer ideia que, conforme o velho ditado calvinista diz: “aqueles que se encontram sofrendo no inferno podem, ao menos, se confortar com o fato de que eles estão lá para uma maior glória de DEUS”. Eu reconheço e livremente admito que poucos calvinistas diriam isso. Mas meu argumento é que eles deveríam encontrar a coragem de dizer isso, pois isto está necessariamente implícito pelo o que eles, de fato, falam. Explicarei e defenderei essa alegação em todo esse livro.
A teologia reformada radical, então, é qualquer teologia que faz afirmações acerca de DEUS que necessária e logicamente implicam que DEUS é menos do que perfeitamente bom no mais elevado sentido de bondade encontrado no Novo Testamento e, principalmente, em JESUS CRISTO, a mais completa revelação de DEUS para nós. É o infralapsaria-nismo ou supralapsarianismo consistente, quer seja hipercalvinista ou o calvinismo normal, puro e simples.
Então, qual é a teologia reformada a qual não sou contra? Acho que terei de dizer que a única teologia reformada que não sou contra é a teologia reformada revisionista - o tipo que encontro em Sell, Berkhof, Daane e Kõnig (embora eu possa não concordar com tudo o que qualquer um deles ensine). É a teologia reformada que explicitamente rejeita um decreto divino de reprovação e que a usa de embasamento para corajosamente rejeitar outras alegações calvinistas que necessariamente exijam a reprovação divina. É a teologia reformada que explicitamente rejeita o determinismo divino de cada evento único, sem exceção, não deixando espaço para o livre-arbítrio, e que utiliza isso como base para afirmar uma autolimitação divina e amorosa tal que DEUS não é, de maneira alguma, responsável pelo sofrimento de inocentes no holocausto ou horrores semelhantes da história.
Creio que seja possível encontrar teologia reformada não radical comumente entre pessoas reformadas e até mesmo entre alguns que se consideram calvinistas. Eles apelam ao mistério e não para decretos divinos que governam todos os eventos, incluindo a queda. Eles afirmam a soberania de DEUS sem estendê-la ao pecado e ao mal exceto à medida em que DEUS os permite (sem aquela permissão desejosa positiva falada por calvinistas consistentes e o teólogo reformado radical que fala acerca de DEUS os tornado certos). Eles afirmam a eleição como a escolha graciosa e incondicional de um povo para o serviço sem a determinação incondicional dos destinos eternos das pessoas, incluindo algumas para o inferno. Eles são pessoas reformadas que concordam com Adrio Kõnig, ele próprio sendo de linhagem reformada, que escreveu:
Qualquer um que nivela em vagas generalizações ao tentar explicar tudo e todas as possíveis circunstâncias como a vontade de DEUS sempre acaba na impossível situação de que há mais exceções do que regras, mais coisas que são inexplicáveis e que tais colidirão com o retrato de DEUS que nos é dado em sua palavra, do que há confirmações confortantes de que ele está dirigindo tudo... Qualquer um que tentar utilizar a onipotência e providência de DEUS para propor um plano divino preparado e meticuloso que está se desenrolando na história do mundo (L. Boettner) será sempre deixado com o problema que outros crentes podem não ser capazes de discernir o DEUS de amor no atual curso dos eventos do mundo... Deve ser afirmado enfaticamente que... as Escrituras não apresentam o futuro como algo que materializa [sic] de acordo com um “plano”, mas de acordo com o pacto... Há muitas coisas angustiantes que acontecem na terra que não são a vontade de DEUS (Lucas 7.30 e todos outros pecados mencionados na Bíblia), que são contra sua vontade, e que se originam do pecado incompreensível e sem sentido no qual nós nascemos, no qual a maior parte da humanidade vive, e no qual Israel persistiu e contra a qual até mesmo ‘os mais santos homens’ lutaram todos os seus dias... Tentar interpretar todas estas coisas por meios do conceito de um plano de DEUS, cria dificuldades intoleráveis e dá surgimento á mais exceções do que a regularidades. Mas a objeção mais importante é que a ideia de um plano é contra a mensagem da Bíblia uma vez que o próprio DEUS se torna implausível, se o que ele com poder combate, e pelo qual ele sacrificou seu próprio Filho, foi, contudo, de algum jeito, parte e parcela de seu conselho eterno 1 2.
ALTERNATIVAS A TEOLOGIA REFORMADA / RADICAL
Um motivo pelo qual muitos jovens (e talvez outros) abracem o novo calvinismo que é de longe a teologia reformada radical que acabou de ser descrita é porque eles estão convencidos que ele seja a única teologia bíblica e intelectualmente séria que esteja disponível. É verdade, conforme alguns calvinistas defendem, que muitas igrejas evangélicas estadunidenses estão quase que totalmente desprovidas de teologia. Tenho lecionado teologia para milhares de alunos em três universidades cristãs há mais de 30 anos. Durante esta época eu percebi que há uma tendência de baixa em termos da consciência bíblica e teológica nos alunos cristãos.
Também percebi essa tendência nas igrejas que frequentei. Considerando que há 30 anos e antes disso a maioria das igrejas evangélicas ensinava histórias bíblicas e realizava alguma espécie de catequese com jovens, a maioria das igrejas passou a adotar o mais insípido “estudo” de questões éticas e morais - geralmente substituindo a discussão da possível interpretação espiritual de filmes para o ensino bíblico e o estudo de doutrinas "Q.
Muitas igrejas e organizações cristãs de jovens simplesmente abdicaram de sua responsabilidade de ensinar as crenças básicas cristãs de sorte que o cristianismo, para muitos cristãos jovens, parece uma religião raza de autorealização com o auxílio de DEUS. Isso é o que o intelectual calvinista Michael Horton chama de “Cristianismo sem CRISTO” 1 e eu concordo com ele. Isto está simplesmente difundido na vida eclesiástica estadunidense. Então, quando jovens intelectualmente curiosos que estão convencidos que de que deve haver algo a mais em sua fé do que a religião popular que eles receberam, eles encontram o calvinismo pela primeira vez (geralmente sob o nome de teologia reformada), e eles geralmente ficam tão impressionados e, ás vezes, totalmente arrebatados por ele. Em minha experiência, isto se dá parcialmente sob a influência de sermões extremamente apaixonados pregados por popularizadores eruditos do calvinismo que pregam em conferências de jovens (os sermões sendo transmitidos via podcast para que possam ser ouvido outras vezes), como se a teologia pregada fosse a única que verdadeiramente honra a DEUS.
Descobri que muitos dos novos calvinistas simplesmente não estão conscientes de que há outras alternativas viáveis para sua recém descoberta fé doutrinai. Através da leitura de livros de seus pastores e professores favoritos, muitos deles estão convencidos que todas as alternativas - e, principalmente o temido “arminianismo” - são centradas no homem, sem fundamentação bíblica ou intelectualmente débeis. Quase todas as alternativas ao calvinismo são agrupadas juntas como arminianismo ou semipelagianismo ou ambos (muitos calvinistas, tais como Sproul, igualam as duas coisas). Em seu sermão acerca de “Por quem CRISTO Morreu?”, Piper ataca o arminianismo como uma teologia da salvação própria. Ele diz: “A fim de que CRISTO tenha morrido por todos os homens da mesma forma, o arminiano deve limitar a expiação para uma oportunidade impotente para os homens de salvarem a si mesmos da terrível má situação da depravação” 2.
Isto é, claro, uma caricatura do arminianismo, como demonstrei em Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. Alguém precisa imaginar o que o Piper estava pensando quando ele tirou conclusões errôneas acerca do arminianismo desta forma. A teologia arminiana não diz que as pessoas salvam a si mesmas ou que a expiação é impotente. A teologia arminiana tradicional diz que na cruz e através da cruz de CRISTO o pecado de Adão herdado por todos foi perdoado (Romanos 5) de maneira que as pessoas só são condenáveis por seus próprios pecados. A cruz remove completamente todo obstáculo para a salvação de todo ser humano, exceto sua resistência à graça de DEUS livremente ofertada, que é dada a todos em certa medida, mas principalmente através da pregação da palavra. Acredito que o Piper saiba isso, pois nós nos comunicamos a esse respeito e ele me disse que já foi arminiano!3
O que Piper e quase todos os críticos calvinistas do arminianismo (e outras teologias alternativas da soberania de DEUS e salvação) geralmente deixam de mencionar duas coisas que são cruciais: (1) qualquer limitação da soberania de DEUS é uma autolimitação voluntária porque DEUS é soberano acerca de sua soberania, e (2) se alguém vem a CRISTO com arrependimento e fé, é apenas porque foram capacitados pela graça “preveniente” de DEUS para que assim agissem. Eu raramente encontro calvinistas que descrevam a doutrina arminiana da graça preveniente de maneira justa ainda que ela seja central e crucial à teologia arminiana.
Então, o que é o arminianismo ou a teologia arminiana? É a muito caluniada, mas inocente, principal alternativa evangélica ao calvinismo. Para dar suporte à apresentação do arminianismo que darei aqui quero que os leitores leiam o livro Teologia Arminiana,que contem centenas de citações de apoio dos principais teólogos arminianos, remontando do próprio Jacó Armínio, que atribuiu toda a salvação à graça de DEUS e que negou calorosamente que ele tenha atribuído qualquer parte da obra da salvação ao “homem” (a pessoa humana que se arrepende e crê para a salvação). Contrária às deturpações de muitos críticos calvinistas, o arminianismo não “limita a soberania de DEUS” ou atribui mérito ao “homem” na salvação.
A teologia arminiana clássica, tal como a de João Wesley (1703 -1791), afirma a depravação total dos seres humanos e sua total incapacidade de até mesmo exercer uma boa vontade para com DEUS em separado da graça sobrenatural e auxiliadora de DEUS. Ela atribui a habilidade do pecador de responder ao evangelho com arrependimento e fé à graça preveniente - o poder iluminador, convincente, capacitador e convidativo do ESPÍRITO SANTO na alma do pecador e tornando o pecador livre para escolher a graça salvífica (ou para rejeitá-la). Esta é a interpretação arminiana para as “atrações” de DEUS mencionada no evangelho de João. DEUS não atrai irresistivelmente, mas persuasivamente, deixando os humanos capazes de dizer não.
A teologia arminiana realmente afirma a eleição divina, mas ela a interpreta como corporativa e não como individual. Romanos 9, a passagem alicerce do calvinismo rígido, é interpretada, assim como os primeiros pais da igreja fizeram - como se referindo ao serviço de Israel e os crentes gentios no plano de DEUS, não aos destinos eternos de indivíduos. Arminianos afirmam a predestinação, interpretando-a com Romanos 8como a presciência de DEUS da fé. Eles rejeitam a reprovação, exceto na medida em que ela é livremente escolhida pelas pessoas que vivem contrariamente à vontade de DEUS revelada em natureza e na lei escrita em seus corações (Romanos 1 - 2)
Acima de tudo os arminianos insistem que DEUS é um DEUS bom e amável, que verdadeiramente deseja a salvação de todas as pessoas. Observem 1 Timóteo 2.3-4: “Isso é bom e agradável perante DEUS, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”; e 2 Pedro 3.9: “O Senhor não demora em cumprir sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”. Os arminianos consideram estas e outras passagens bíblicas semelhantes a estas como clara e inequivocamente apontando para o desejo universal de DEUS para a salvação de todas as pessoas. O versículo de 1 Timóteo 2.4, na língua grega, não pode ser interpretado de qualquer outra forma além de se referir a todas as pessoas, sem limite. Alguns calvinistas interpretam 2 Pedro 2.4 como se referindo apenas aos eleitos, mas à luz de 1 Timóteo 2.4, tal interpretação dificilmente funciona.
Os arminianos acreditam que qualquer limitação da intenção de DEUS para a salvação de todos, incluindo a “expiação limitada”, necessária e intrinsecamente impugna o caráter de DEUS até mesmo onde os calvinistas insistem o contrário. Os arminianos não alegam que os calvinistas dizem que DEUS não é bom ou amável; eles dizem que o calvinismo implica isso necessariamente, então que os calvinistas deveríam dizer isso a fim de serem consistentes com eles mesmos.
A principal alternativa ao calvinismo é o arminianismo clássico (que é diferente do que, às vezes, vai sob esse rótulo!) conforme descrito brevemente acima. Mais uma vez, eu encorajo os leitores que estão interessados em explorar o tema um pouco mais, que leiam o livro Teologia Arminiana e outros livros escritos por arminianos acerca do arminianismo - assim como eu e muitos arminianos lemos as Institutas de Calvino e muitos livros acerca do calvinismo escrito por calvinistas. Você não deve acreditar no que os calvinistas dizem acerca do arminianismo sem averiguar o fato por si mesmo ao ler as fontes primárias 4.
A teologia arminiana é bíblica e intelectualmente respeitável? É uma séria concorrente do calvinismo? Claro que só poderão ter certeza disso as pessoas que analisarem o arminianismo profunda e imparcialmente a partir das fontes primárias. Mas meu argumento é que a única razão que isto é levado em conta é em virtude das repetidas calúnias contra o arminianismo que foram levantadas pelos calvinistas através dos anos; a maioria do que os calvinistas dizem acerca do arminianismo é simplesmente inverídico ou, no mínimo, apenas parcialmente verdadeiro. Um dos principais ofensores é Sproul, que iguala o arminianismo à heresia de semipelagianismo5, heresia esta que foi condenada no Segundo Concilio ou Sínodo de Orange em 529 dC (que também condenou qualquer crença que DEUS predestinou o pecado). Praticamente todo livro de um calvinista que expõe a teologia calvinista que eu li (e li dezenas deles) acabam por disseminar uma forte crítica contra o arminianismo como uma mensagem rasa de salvação própria, se não heresia real.
Eu conclamo aos jovens, incansáveis e novos calvinistas reformados que pensem por eles mesmos acerca das alternativas ao calvinismo, incluindo e, principalmente, o arminianismo. Mas eu também recomendo a investigação em teólogos reformados não calvinistas, tais como Berkhof, Kõnig e Daane, mas talvez, acima de tudo, o grande teólogo reformado holandês G. C. Berkouwer que publicou muitos volumes de teologia sistemática nas décadas de 1950 e 1960. Alguns podem considerá-lo um calvinista, mas ele definitivamente não era no sentido de ser “calvinista rígido” e/ou que adota toda a TULIP, principalmente pelo fato de rejeitar qualquer noção de reprovação divina como inclusa na soberania de DEUS 6. Outras alternativas protestantes são o lutera-nismo, que rejeita a expiação limitada e a perseverança incondicional e a teologia anabatista, que foca principalmente em discipulado em vez da teologia sistemática, mas que claramente inclui a crença na liberdade da vontade concedida por DEUS e que rejeita a TULIP quase em sua totalidade. (Alguns anabatistas aceitam a depravação total).
Por fim, espero que as alternativas ao calvinismo justifiquem uma séria análise em virtude dos sérios enigmas apresentados pela extensão lógica do calvinismo clássico, ao qual este livro agora se dedica.
Acredito que uma análise estatística não seja necessária, pois o fenômeno é visto universalmente como desta maneira pelas pessoas que ensinam estudos bíblicos e teológicos em faculdades e universidades cristãs. Poucos estudantes conhecem quaisquer hinos, e os hinos eram uma forma que a fé cristã era passada de geração à geração. A música cristã contemporânea é notoriamente rasa no que diz respeito à doutrina e à teologia (com algumas exceções, claro). Encontrei alunos que cresceram em lares e igrejas cristãs e até mesmo filhos de pastores e missionários que alegaram jamais ter ouvido acerca da ressurreição do corpo como uma fé cristã. Poucos sequer podem apresentar uma breve explicação da trindade ou deidade e humanidade de JESUS além de slogans da religião popular, tais como JESUS era “DEUS em pele humana” - uma expressão popular da heresia antiga do apolinarianismo.
As visões dos calvinistas posteriores da providência de DEUS são, em grande parte, consistentes com a de Zuínglio e de Calvino. Em outras palavras, no geral, o calvinismo rígido de Zuínglio a Calvino, de Calvino a Edwards, de Edwards a Boettner, de Boettner a Sproul e de Sproul até o Piper, constitui determinismo divino, apesar das fortes objeções de alguns calvinistas à essa terminologia.
1. Qualquer outra visão da soberania de DEUS que não seja a visão calvinista diminui a glória de DEUS; apenas “as doutrinas da graça” honram e sustentam plenamente a glória de DEUS.
Tudo depende do significado de “Glória de DEUS”. Se ele significa poder, então talvez a afirmação esteja correta. Mas o poder não é glorioso exceto quando guiado pela bondade e amor. Hitler era poderoso, mas obviamente, não glorioso. JESUS CRISTO revelou DEUS como “nosso Pai” e, portanto, como bondoso e amoroso. Na verdade, o calvinismo rígido (TULIP), erroneamente rotulado como “as doutrinas da graça” pelos calvinistas, diminui a glória de DEUS ao representá-lo como perverso e arbitrário. Além do mais, se o calvinismo estiver correto, nada pode “diminuir a glória de DEUS”, pois DEUS preordenou tudo para a sua glória.
2. As teologias não calvinistas da salvação, tal como o arminianismo, tornam a salvação dependente das boas obras, pois a decisão do pecador de aceitar a CRISTO torna-se o fator decisivo em sua salvação.
Parece mais o caso que o calvinismo torna a salvação dependente das boas obras ou de algo bom acerca das pessoas eleitas para a salvação, senão, como é que DEUS as escolhe dentre a massa de pessoas destinadas ao inferno? Ou é algo que DEUS vê nessas pessoas senão a escolha de DEUS destas pessoas é arbitrária e caprichosa. Além do mais, a teologia arminiana não torna a salvação dependente das boas obras; toda a “obra” de salvação é de DEUS. O pecador é capacitado a se arrepender e a crer pela graça preveniente de DEUS e a mera decisão de aceitar a salvação de DEUS não é uma boa obra; ela é simplesmente a aceitação de um dom da graça. Em caso nenhum a aceitação de um presente é considerada o “fator decisivo” para que o presente seja usufruído.
3. Apenas o calvinismo pode explicar como DEUS garantiu que CRISTO morrería sua morte expiatória na cruz. A menos que DEUS tenha preordenado que certos homens pecadores o crucificariam, DEUS não podería ter assegurado a crucificação.
Supor isso é totalmente desnecessário. Certamente que DEUS, em sua sabedoria e poder, pode garantir que certo evento aconteça sem precisar manipular certas pessoas para que pequem. Sim, DEUS preordenou a cruz de CRISTO, mas ele não fez com que certos homens (ou “garantiu” que eles) pecassem. Uma alternativa é a de que, no momento certo, JESUS CRISTO entrou em Jerusalém em sua “entrada triunfal”, sabendo que isso provocaria sua crucificação. Não havia necessidade de manipular certos indivíduos para que pecassem.
4. A menos que o calvinismo seja verdadeiro, não podemos confiar que a Bíblia seja inerrante. A Bíblia só pode ser a Palavra de DEUS caso DEUS tenha anulado o livre-arbítrio do autor.
Nem o arminianismo ou quaisquer teologias não calvínistas dizem que DEUS jamais anula o livre-arbítrio de uma pessoa. O que elas dizem é que DEUS jamais preordena ou torna certo o pecado ou a escolha de aceitar a graça de DEUS. DEUS faz pressão nas pessoas para que façam o bem, incluindo receber a CRISTO, mas jamais as influencia para que façam o mal ou anula o livre-arbítrio na questão da salvação.
5. Só o calvinismo pode explicar a soberania de DEUS sobre a natureza e história; a menos que DEUS preordene e controle cada evento, até os mínimos detalhes da existência e até cada pensamento e intenção da mente e coração, DEUS não pode ser soberano.
Este não é o significado de “soberania” em nenhum contexto humano. Uma pessoa soberana está no comando, mas não no controle do que acontece em seu domínio. DEUS pode guiar o curso da natureza e história para seu objetivo planejado e garantir que a natureza e história cheguem ao fim desejado sem controlar tudo. DEUS é como o mestre de xadrez que sabe como responder a cada jogada que seu oponente faz. Não há perigo de que a vontade final divina não seja feita. Na verdade, o calvinismo não consegue explicar a Oração do Pai Nosso que nos ensina a orar “seja feita sua vontade, assim na terra como no céu”, que sugere que a vontade de DEUS não é sempre realizada na terra. De acordo com o calvinismo, ela é!
6. Só o calvinismo pode explicar passagens tais como Romanos 9, que diz que DEUS tem misericórdia de quem ele quer ter misericórdia.
Vista de maneira descontextualizada de todo o livro de Romanos, o capítulo 9 pode parecer apresentar um problema para a crença no livre-arbítrio. Todavia, a interpretação calvinista, que ensina a escolha incondicional e até arbitrária de pessoas, por parte de DEUS, de sorte que algumas são salvas e outras condenadas, jamais foi ouvida antes de Agostinho, e isso no século V. Toda a patrística grega interpretava Romanos 9 de maneira diferente. Uma interpretação alternativa perfei-tamente sensata diz que a passagem de Romano 9 não está se referindo à indivíduos ou à salvação pessoal, mas à grupos e ao serviço. DEUS é soberano em escolher Israel e então a igreja gentia para que cumpram seus respectivos papéis em seu plano de redenção.
7. A teologia reformada, calvinismo, é a única base para a teologia cristã bíblica ortodoxa. Todas as demais abordagens, tal como o armi-nianismo, uma teologia centrada no homem, levam inevitavelmente à teologia liberal.
O arminianismo não é uma “teologia centrada no homem”, mas uma teologia centrada em DEUS. Ele é movido total e exclusivamente por uma visão da bondade e amor incondicionais de DEUS. A principal razão pela qual os arminianos e outros não calvinistas acreditam no livre-arbítrio é para preservar e proteger a bondade de DEUS de maneira a não fazer dele o autor do pecado e do mal. O calvinismo dificulta traçar uma diferença entre DEUS e o diabo, exceto no sentido de que o diabo quer que todos vão para o inferno e DEUS quer que alguns vão para o inferno. A teologia arminiana não leva à teologia liberal. Na verdade, o calvinismo leva. Frie-drich Schleiermacher, o pai da teologia liberal moderna, era calvinista! Ele jamais sequer considerou o arminianismo; ele foi do calvinismo rígido e conservador direto para o universalismo enquanto que manteve a providência meticulosa divina até mesmo sobre o pecado. A maioria dos teólogos liberais do século XIX eram ex-calvinistas que vieram a abominar sua visão de DEUS e desenvolveram a teologia liberal sem qualquer ajuda do arminianismo clássico. O arminianismo clássico foi preservado por muitos fundamentalistas, cristãos pentecostais, de movimentos de santidade e batistas livres, nenhum dos quais podendo ser considerados liberais.
8. DEUS tem o direito de fazer o que quiser com suas criaturas e, principalmente, com os pecadores que merecem a condenação. Sua bondade é mostrada em seu resgate misericordioso de alguns pecadores; ele não deve nada a ninguém. As pessoas que Ele ignora merecem o inferno.
Enquanto pode ser verdadeiro que todos mereçam o inferno, embora até mesmo muitos calvinistas hesitem em dizer isso acerca das crianças, DEUS é um DEUS de amor que genuinamente deseja que todas as pessoas sejam salvas, conforme o Novo Testamento claramente testifica em 1 Timóteo 2.4: “que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. Não há como fugir do fato de que “todos os homens” signifique todas as pessoas, sem exceção. A questão não é imparcialidade, mas amor. Um DEUS que poderia salvar a todos porque ele sempre salva incondicionalmente, mas escolhe salvar apenas alguns não seria um DEUS bom ou amável. Ele certamente não seria o DEUS de 1 Timóteo 2.4 e de passagens semelhantes.
9. Se DEUS conhece de antemão o que acontecerá no mundo que ele irá criar, incluindo a queda e todas as suas consequências, isto é o mesmo que preordenar tudo, incluindo o pecado e o mal.
DEUS conhece previamente porque algo vai acontecer; ele não conhece previamente porque ele preordena. Em outras palavras, de acordo com a Escritura, tradição e a razão, o pecado de Adão é o que fez com que DEUS o conhecesse. DEUS não previu o pecado de Adão e então decidiu criar o mundo no qual Adão pecaria. A diferença jaz na intenção de DEUS. O calvinista deve acreditar que DEUS teve por intenção que Adão pecasse e tornou o pecado certo, fazendo de DEUS o autor do pecado. Arminianos e outros não calvinistas acreditam que DEUS jamais teve por intenção que Adão pecasse ainda que soubesse que isso aconteceria. O pecado não foi sua vontade. O calvinismo faz do pecado a vontade de DEUS.
10. Teologias não calvinistas minimizam a segurança e a confiança da salvação porque elas tornam a salvação dependente das decisões humanas. Só o calvinismo proporciona conforto e segurança, pois ele diz que tudo é de DEUS, incluindo os dons de arrependimento e fé.
Na verdade, o calvinismo enfraquece o conforto e a segurança ao tornar DEUS arbitrário e moralmente ambíguo. Um DEUS que predestinaria muitas pessoas ao inferno quando poderia salvá-las, uma vez que sua escolha sempre é incondicional, não é confiável. E mais, como que as pessoas podem saber, com certeza, que são eleitas? Muitos calvinistas duvidaram de suas eleições. Os calvinistas falam de ‘‘sinais de graça” que provam que alguém é eleito, mas e se a pessoa não tiver certeza ou não mostrar sinais de graça suficientes? O calvinismo não proporciona mais conforto e segurança do que o arminianismo ou teologias não calvinistas que garantem que as pessoas são salvas se confiarem unicamente em CRISTO.
11. As teologias não calvinistas, tal como o arminianismo, acreditam que o livre-arbítrio libertário, crença de que decisões e ações livres simplesmente não vêm de lugar nenhum, seja impossível. O calvinismo e outras teologias, assim como muitos filósofos, sabem que o “livre-arbítrio” simplesmente significa fazer o que você quer fazer e as pessoas sempre são controladas por seus motivos mais fortes, então, ser capaz de fazer o contrário - livre-arbítrio libertário, é uma ilusão.
Se “livre-arbítrio” só significa fazer o que você quer fazer ainda que não possa fazer o contrário, como é que alguém é responsável por aquilo que faz? Se um assassino, por exemplo, não pode fazer outra coisa senão matar, então um juiz ou um júri deve declará-lo inocente - talvez por razão de insanidade. A responsabilidade moral, prestação de contas e a culpa dependem da habilidade de fazer o contrário - liberdade libertária. A visão calvinista de “livre-arbítrio” não é, de fato, livre, de maneira nenhuma.
Outrossim, se não existe tal coisa como o livre-arbítrio libertário, então DEUS também não o tem, e isso faz com que criação de DEUS do mundo seja necessária e não escolhida livremente, neste caso, não pela graça, mas pela necessidade. A visão calvinista de “livre-arbítrio” rouba tanto a habilidade de DEUS quanto a das pessoas de fazerem o contrário e, consequentemente, suas ações e decisões não são louváveis e nem culpáveis. O que é, é, e o que será, será. Isso caminha na contramão de nossos instintos e intuições acerca da responsabilidade moral e a liberdade transcendente de DEUS de criar ou não criar.
Contra o Calvinismo - Roger Olson - Editora Reflexão
AJUDA BIBLIOGRÁFICA
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Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD
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O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
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STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
AS GRANDES DEFESAS DO CRISTIANISMO - CPAD - Jéfferson Magno Costa
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas
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SOTERIOLOGIA - AS GRANDES DOUTRINAS DA BÍBLIA - Pr. Raimundo de Oliveira - CPAD
Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe
Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD
A TENTAÇÃO E A QUEDA - Comentário Neves de Mesquita
Bíblia The Word.
TERMOS BÍBLICOS PARA SALVAÇÃO - BEP - SALVAÇÃO
Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida
CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Contra o Calvinismo - Roger Olson - Editora Reflexão