Lição 6 – A Verdadeira Fé Não Faz Acepção De Pessoas - 1 parte

Lição 6 – A Verdadeira Fé Não Faz Acepção De Pessoas - 1 Parte
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr. Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
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TEXTO ÁUREO
"Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores" (Tg 2.8,9).
 
 
VERDADE PRÁTICA
Não podemos fazer acepção de pessoas, pois o Senhor não fez conosco.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Dt 1.17 Diante de DEUS, somos iguais
Terça - At 2.44 Uma igreja solidária
Quarta - Jó 5.16 Esperança para o pobre
Quinta - 1 Co 1.28 O paradoxo divino
Sexta - Fp 2.5-8 Nosso referencial de humildade
Sábado - 1 Pe 2.9 Das trevas para a luz
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tiago 2.1-13
1 Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor JESUS CRISTO, Senhor da glória, em acepção de pessoas.  2 Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta,  3 e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado,  4 porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?  5 Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu DEUS aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?  6 Mas vós desonrastes o pobre. Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais?  7 Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?  8 Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.  9 Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores. 10 Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos. 11 Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei. 12 Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. 13 Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Destacar o ensino de Tiago de que a fé não faz acepção.
Apontar a escolha de DEUS pelos pobres aos olhos do mundo.
Distinguir a Lei Mosaica das Leis Real e da Liberdade
 
 
 
Resumo da Lição 6 – A Verdadeira Fé Não Faz Acepção De Pessoas
I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
1. Em CRISTO a fé é imparcial.
2. O amor de DEUS tem de ser manifesto na igreja local.
3. Não sejamos perversos (v.4).
II. DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
1. A soberana escolha de DEUS.
2. A principal razão para não desonrar o pobre (v.6).
3. Desonraram o Senhor.
III. A LEI REAL, A LEI MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg 2.8-13)
1. A Lei Real.
2. A Lei Mosaica.
3. A Lei da Liberdade.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - Em CRISTO, o crente não pode se mostrar parcial e, por isso, o amor de DEUS deve ser manifestado na igreja local através dele. O crente não pode ter um coração perverso
SINOPSE DO TÓPICO (2) - As Escrituras mostram a principal razão para o crente não desonrar os pobres: DEUS os escolheu aos olhos do mundo.
SINOPSE DO TÓPICO (3) A Lei Mosaica destaca-se da Real e da Liberdade. Estas representam a nova aliança de DEUS com a humanidade; enquanto aquela, a antiga
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
EDREDEG, John. Um Mestre Fora da Lei: Conhecendo a surpreendente, perturbadora e extravagante personalidade de JESUS. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
HENRY, Matthew.  Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
  
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.39.
Imagine a hora do culto vespertino! O coral se apresenta de maneira solene e, de repente, adentra ao recinto um mendigo; sujo, bêbado, gritando. Qual seria a tua reação? O exemplo ora citado é extremo. Mas passível de acontecer em qualquer igreja. Todavia, o público o qual Tiago está se referindo não diz respeito apenas aos mendigos, mas às pessoas economicamente menos abastadas. Para Tiago, o pobre não é apenas o mendigo, mas quaisquer pessoas que em um dado momento da vida precisa de algo necessário à sua subsistência.
 
Professor, aqui, é necessário fazer uma reflexão. Será que não tem algum aluno na classe que se sinta discriminado na igreja? Seja pela cor da pele ou aparência física ou classe social? Prepare esta lição com cuidado e respeito, pois quando ministrada, ela pode revelar sentimentos diversos de pessoas vítimas de discriminação até mesmo na igreja local. Mesmo que inconscientemente!
Tendemos a pensar que certas coisas não acontecem na igreja, pois ela é um lugar santo. Sim, é santa, mas, todavia, composta de santos humanos. É possível perceber certos comportamentos na igreja que um professor secular, por exemplo, lida todo o instante em sala de aula. Certas atitudes do mundo secular acontecem em nossos espaços sacros e, por isso, precisamos estar capacitados para se deparar com estas realidades e agirmos com a sabedoria do alto.
Portanto, professor, trabalhe o tema central da presente lição abordando a sua tese principal: a de que é inadmissível a discriminação na igreja. A Palavra diz que "noutros tempos, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que, naquele tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS no mundo. Mas, agora, em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de cristo chegaste perto. Porque ele é a nossa paz, [...] e, pela cruz, [...] matando com ela as inimizades" (Ef 2.11-16). Não podemos reconstruir a parede que uma vez o próprio Senhor a derribou! Boa aula!
 
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Um dos pecados mais comuns, até mesmo entre alguns ditos cristãos, tem sido a acepção de pessoas, isto é, a discriminação de uma pessoa por causa da sua condição financeira, da sua posição social ou da sua aparência. A acepção de pessoas trata-se de uma atitude absolutamente anticristã, como veremos com detalhes neste capítulo. Tiago 2.1-13 enfatiza que nenhum cristão pode-se dizer verdadeiramente um cristão se vive favorecendo ou desprezando as pessoas devido à condição social delas.
Há vários textos na Bíblia que ressaltam esse pecado, porém, sem dúvida alguma, a passagem bíblica mais marcante e enfática sobre esse assunto é a que abre o capítulo 2 da Epístola de Tiago. Ao ser lida hoje, a referida passagem chama a atenção pela sua contundência, porém é preciso frisar que, na época em que Tiago a escreveu, ela soou ainda mais contundente do que hoje. Isso porque, nós, ocidentais, apesar do processo cada vez mais avançado de descristianização da sociedade ocidental, ainda podemos perceber o horror de tal atitude. Só que, nos tempos de Tiago, a cultura era totalmente outra, bem distinta da nossa.
O mundo, na época de Tiago, era caracterizado por profundas divisões sociais que eram aceitas normalmente pela maioria esmagadora da sociedade. Naquela época, agir com humildade era manifestação de fraqueza, não de virtude; e fazer distinção de pessoas por aparência ou por condições físicas ou socioeconômicas era visto como algo absolutamente natural. Logo, a mensagem cristã, ao ser proclamada, teria um impacto enorme na sociedade de então, porque ela batia fortemente de frente com toda essa cultura, ao pregar a humildade, o perdão, a misericórdia, a igualdade entre os seres humanos etc.
O Cristianismo nivela todas as pessoas, e o faz inicialmente com a afirmação de que “todos pecaram e destituídos estão da glória de DEUS” (Rm 3.23). Além disso, ele também ordena que amemos o nosso próximo incondicionalmente, independente de sua condição social, econômica, física, etc (Lv 19.18; Mt 22.39). Aliás, se hoje há menos discriminação do que houve no passado, isso se deve à influência do Cristianismo na história. Se o Ocidente mantivesse intacta a cultura pagã da Antiguidade, que, por exemplo, discriminava deficientes e pobres, com certeza a acepção de pessoas ainda seria vista hoje como a ordem do dia em vez de uma aberração moral, como realmente é. Sim, é verdade que houve falhas morais no passado nessa área — e hoje eventualmente ainda há — entre aqueles que professam a fé cristã, mas mesmo os mais críticos do Cristianismo não podem deixar de afirmar que esse não é o ensino do Cristianismo e que o mundo seria moralmente pior se não se deixasse impregnar minimamente pelos valores judaico-cristãos. Devemos o conceito de igualdade e de direitos humanos que temos hoje no mundo a esses valores.
Dito isso, vejamos a seguir, com detalhes, as razões bíblicas, apresentadas pelo apóstolo Tiago no capítulo 2 de sua epístola, pelas quais a acepção de pessoas é totalmente rejeitada pelos cristãos.
 
OBSERVAÇÃO MINHA - Ev. Luiz Henrique - No Brasil podemos perceber várias classes sociais - A,B,C,D e E, mas no contexto de Tiago, as classes sociais praticamente se resumiam em A e E. Praticamente não existia classe social média, ou se era pobre ou se era rico, ou pelo menos de posição social ou religiosa alta. A maioria esmagadora era da classe pobre.
Não podemos nos esquecer também dos diplomados, ricos e de classe social destacada que são desprezados em nossas igrejas por isso. A acepção de pessoas tanto atinge pobres como pode atingir ricos. É pecado do mesmo jeito fazer acepção de pessoas.
 
A comunidade cristã
Imagine, em uma época como a de Tiago, quando o mundo era marcado por divisões sociais profundas, surgir uma comunidade em que não havia acepção de pessoas, onde o pobre convivia com o rico, onde o servo convivia com o seu senhor e onde tanto judeus quanto gentios adoravam a DEUS juntos e com alegria. Essa era a comunidade cristã, que impactou a Antiguidade durante o período do Império Romano.
Urge que mantenhamos esse modelo bíblico da Igreja Primitiva em nossos dias, um modelo que influenciou cristãos na História a lutar contra a discriminação racial ou étnica, contra a discriminação por classes sociais e econômicas, e contra a discriminação de deficientes. Essa foi uma marca, inclusive, nos grandes avivamentos da História: foi assim, por exemplo, no Avivamento Wesleyano no século XVIII, na Inglaterra, e no início do Movimento Pentecostal Moderno, como no caso do Avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, Estados Unidos, no início do século XX. Segundo os jornais norte-americanos da época, o Avivamento da Rua Azusa causava repulsa em alguns e admiração em outros pelo fato de que aquele galpão, onde ocorriam as reuniões sob a direção do líder negro pentecostal William Joseph Seymour (1870-1922), reunia tanto negros quanto brancos, e gente de todos os extratos sociais, que se prostravam juntos em adoração a DEUS. Em sua obra The Charismatic Century: The Enduring Impact of the Azusa Street Revival (Warner Faith, 2006, EUA), Jack Hayford e Davi Moore registram relatos da época de críticas ao movimento porque “homens e mulheres, brancos e negros, se ajoelhavam juntos” e “se abraçavam” em momentos de quebrantamento; e o jornalista John Sherrill, em sua obra They Speak in Other Tongues (“Eles Falam em Outras Línguas”), conta que “ricos e pobres, igualmente, vinham ver o que ali acontecia”. E ele continua: “Vinham pessoas das cidades circunvizinhas, mas também do meio-oeste norte-americano, dos estados de Nova Inglaterra, do Canadá, da Grã-Bretanha. Havia ali brancos e negros, idosos e jovens, educados e iletrados”.
Em CRISTO, não há pobre nem rico, homem nem mulher, negros nem brancos, amarelos ou pardos, gentio nem judeu. Todos são um em CRISTO: “Porque todos sois filhos de DEUS pela fé em CRISTO JESUS; porque todos quantos fostes batizados em CRISTO já vos revestistes de CRISTO. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em CRISTO JESUS. E se sois de CRISTO, então sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa” (G1 3.26-29). Aleluia!
Confusões pós-modernas sobre o sentido correto da não acepção de pessoas à luz da Bíblia.
É importante destacarmos ainda que, infelizmente, devido ao relativismo moral que está grassando na nossa sociedade nas últimas décadas, muitos têm distorcido maquiavelicamente o sentido real e original dos direitos humanos, da igualdade à luz dos valores judaico-cristãos, e passado a combater, como se acepção de pessoas fosse, aquilo que na verdade não o é. Por exemplo: em nome da não acepção de pessoas, há quem defenda o homossexualismo como uma prática que deve ser aceita por todos normalmente, inclusive pelos cristãos, e ainda criam leis para punir quem não concorde com essa prática, mesmo que os cristãos tratem respeitosamente todos os homossexuais. Para quem defende isso, não aceitar a prática homossexual significa acepção de pessoas.
Ora, acepção de pessoas não é isso. Acepção de pessoas é favoritismo com base em condições sociais, é desamor, é desprezo. E não fazer acepção de pessoas é tratar todas as pessoas da mesma forma, isto é, com respeito e amor. Não tem nada a ver com concordância com práticas erradas.
Além disso, não fazer acepção de pessoas também não tem nada a ver com desprezar as diferenças naturais, como querem fazer crer, por exemplo, as feministas. Justamente porque não faz acepção de pessoas, o cristão respeita as diferenças naturais, não procurando confrontar ou forçar a diferença de uma pessoa sobre a outra. Simplesmente, ele apenas rejeita aquilo que é pecaminoso, não despreza o que é natural e respeita todos, crentes ou não, tratando-os com respeito.
Há feministas que citam Gálatas 3.28, que diz que em CRISTO “não há macho nem fêmea” para sustentar que não deve haver diferença de funções entre homens e mulheres. Trata-se de um erro grotesco, pois o referido texto, como o seu próprio contexto denota, não quer dizer nada disso. Como afirma Donald Stamps a respeito de Gálatas 3.28, Paulo aqui está removendo “todas as distinções étnicas, raciais, nacionais, sociais e sexuais no que diz respeito ao nosso relacionamento espiritual com JESUS CRISTO”. Ele está dizendo que “todos os que estão em CRISTO são igualmente herdeiros da graça divina (1 Pe 3.7), do ESPÍRITO prometido (G1 3.14; 4.6) e da restauração à imagem de DEUS (Cl 3.10,11)”. E, “por outro lado, dentro do contexto de igualdade espiritual, os homens permanecem homens e as mulheres, mulheres (Gn 1.27). Os papéis que DEUS lhes atribuiu no casamento e na sociedade permanecem imutáveis (1 Pe 3.1-4; Ef 5.22,23)”.
Em época de significados distorcidos, clarificação de ideias se torna um dever constante. Logo, como o conceito de tolerância no cristianismo ou mesmo de tolerância em termos democráticos está sendo cada vez mais distorcido, urge fechar este capítulo explicitando seu significado.
Antes de tudo, o cristão bíblico, obviamente, defende fervorosamente a tolerância; porém, não qualquer tipo de tolerância. E que tipo de tolerância ele defende e qual ele não defende? Ele defende a tolerância legal e a tolerância social, mas não a tolerância acrítica. Como assim?
O cristão bíblico defende o direito que cada pessoa tem de acreditar em qualquer crença (ou em nenhuma) que se queira acreditar. Ele defende, por exemplo, que ninguém deve ser coagido a crer no que ele, cristão, crê. Isto é, o verdadeiro cristão defende e promove a liberdade religiosa. Isso se chamada tolerância legal.
O cristão bíblico também defende o respeito a todas as pessoas, mesmo que discorde frontalmente de suas religiões ou ideias. Ele defende a paz entre os indivíduos, entre os diferentes. Isso é tolerância social.
E com base na tolerância legal e na tolerância social que temos de fato a chamada liberdade religiosa.
Entretanto, o cristão bíblico não defende a tolerância acrítica. Muito ao contrário: ele defende que a tolerância em uma democracia, assim como a tolerância cristã à luz da Bíblia, não é sinônimo de ser acrítico, de não poder expressar, defender e pregar os valores bíblicos. Agora, em tudo, deve haver sempre o amor e o respeito.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 71-73; 80-83.
 
Lc 12.15 E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça (ou avareza); porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
A advertência necessária que CRISTO aproveitou para fazer aos seus ouvintes. Embora o Senhor não tenha vindo para ser um repartidor dos bens dos homens, Ele veio para ser um guia de suas consciências em relação aos bens. O Senhor deseja que todos tomem cuidado para não abrigarem este princípio corrupto que eles viam que era, nos outros, a raiz de tantos males.
Aqui está:
1. A advertência em si (v. 15): Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, horate - “observai-vos a vós mesmos, mantende um olho extremamente cuidadoso sobre os vossos próprios corações, para que princípios avarentos não entrem neles furtivamente; e phylassesthe - preservai-vos a vós mesmos, mantende uma atadura severa sobre os vossos próprios corações, para que os princípios avarentos não os dominem, nem estabeleçam sua lei neles. A avareza é um pecado contra o qual precisamos vigiar constantemente. Portanto, precisamos ser frequentemente alertados contra ela.
2. O motivo dela, ou um argumento para reforçar esta advertência: “Porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”; isto é, “a nossa felicidade e conforto não dependem de termos uma grande quantidade da riqueza deste mundo”.
(1) A vida da alma, sem dúvida alguma, não depende dela, e a alma é o homem. As coisas do mundo não se ajustarão à natureza de uma alma, nem suprirão suas necessidades, nem satisfarão seus desejos, nem durarão tanto quanto ela.
(2) A vida do corpo e a felicidade deste não consistem na abundância destas coisas. Porque muitos que vivem contentes e tranquilos, e atravessam o mundo muito confortavelmente, possuem apenas um pouco da riqueza dele (um jantar de ervas com amor santo é melhor do que um banquete de coisas gordurosas).
Por outro lado, muitos que vivem miseravelmente, possuem uma quantidade muito grande das coisas deste mundo; estes possuem abundância, no entanto não têm nenhum conforto; eles privam a sua alma do bem, Eclesiastes 4.8. Muitos que possuem abundância estão descontentes e desassossegados, como Acabe e Hamã. E que bem a sua abundância lhes proporciona?
3. A ilustração disto através de uma parábola, sendo que sua importância é mostrar a loucura das coisas carnais deste mundo enquanto vivem, e sua miséria quando morrem. Também há o propósito não só de censurar aquele homem que veio até CRISTO com um pedido a respeito de seus bens, enquanto não tinha nenhum cuidado com a sua alma e com o outro mundo, mas de reforçar esta advertência necessária a todos nós, para nos guardarmos da avareza. A parábola nos mostra a vida e a morte de um homem rico, e deixa que julguemos se este homem era feliz.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 622.
 
Lc 12.15 E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça (ou avareza); porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
Não era incumbência do Senhor nem finalidade de sua vinda ajudar o pedinte a alcançar sua justa herança, mas curá-lo de sua mazela principal. “E disse-lhes: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza!” Ele advertiu todos os ouvintes, porque quase todas as pessoas sofrem desse mal fundamental.
Os dois imperativos “vede” e “tende cuidado” no v.15a poderiam ser vistos como recomendação: “Mantenham bem abertos os olhos contra a avareza!” Contudo a tradução mais correta talvez seja: “Vede este homem que acaba de dirigir-se a mim com uma demanda legal, e cuidai-vos!” O termo grego, traduzido por avareza, designa mais precisamente “a avidez de ter cada vez mais”, e não o desejo de conservar aquilo que já se possui. Esse último aspecto, porém, faz parte do primeiro. Esse duplo anseio está baseado numa confiança supersticiosa em bens terrenos, cuja posse é equiparada à felicidade.
A complexa construção do texto básico no v. 15b, não obstante diversas obscuridades do significado, aponta para a tolice da avareza no seguinte sentido: “Ainda que alguém tenha em abundância, não conquistará vida por meio de seus bens”. Provavelmente seja esse o significado dessa frase de difícil formulação.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
 
Lc 12.15 E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça (ou avareza); porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
Essa é uma advertência muito séria. Que cada ouvinte a leve a sério. Que comece fazendo um inventário. Que ele tome como uma séria tarefa fazer a si mesmo e reiteradamente a pergunta: “Sou, porventura, um homem cobiçoso? Experimento a alegria de dar para as boas causas? Ou porventura sou uma pessoa egoísta? Sinto uma paixão desordenada pelas possessões materiais? De ter honra e prestígio? Poder e posição? Em suma, sou cobiçoso?
A palavra grega que é traduzida por cobiça é muito descritiva. Literalmente, significa: A sede de ter mais, de ter sempre mais e mais e ainda mais. É como se um homem que tem sede tomasse um copo de água salgada para saciá-la, uma vez que tem à disposição unicamente essa água. Isso faz com que ele tenha ainda mais sede. De modo que continua tomando mais e mais até que sua sede o mata. Em relação a isso, pense também em uma das palavras alemãs que significa cobiça: die Habgier, cf. a palavra holandesa: hebzucht, a paixão descontrolada de ter ... ter ... ter ... mais ... e mais ... e ainda mais.
JESUS disse a essas pessoas - e diz a nós hoje - que não nos deixemos escravizar por esse demônio da cobiça, e acrescenta: porque a vida de um homem [a vida que realmente importa] não consiste na abundância de suas possessões, seus bens terrenos.
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas II. Editora Cultura Cristã. pag. 179-180.
 
I - A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
1- Em CRISTO a fé é imparcial.
Tg 2.1 Os irmãos e irmãs eram membros da igreja e da família de Tiago na fé cristã. O relacionamento familiar que Tiago está descrevendo está limitado àqueles que têm a fé de nosso Senhor JESUS CRISTO. Devido à sua posição no grupo de crentes, os leitores de Tiago deviam seguir as instruções que ele lhes daria.
Os crentes que iriam receber esta carta já eram culpados por tratar as pessoas de modo diferente. Aparentemente, os crentes estavam avaliando as pessoas com base somente em aspectos externos - aparência física, status, riqueza, poder. Como resultado, eles estavam fazendo concessões a pessoas que representavam estas posições de prestígio e sendo influenciados por elas.
A recomendação de Tiago continua sendo importante para as igrejas de hoje. Frequentemente, nós tratamos uma pessoa bem vestida e elegante melhor do que uma pessoa que parece ser pobre. Nós fazemos isto porque preferimos nos identificar com pessoas de sucesso do que com fracassos aparentes. A ironia, Tiago nos lembra, é que os supostos vitoriosos podem ter conseguido o seu estilo de vida impressionante às nossas custas. As nossas igrejas não devem mostrar nenhuma parcialidade com respeito à aparência exterior, à riqueza, ou ao poder de uma pessoa. A lei do amor deve governar todas as nossas atitudes com relação aos outros. E muito frequente que se dê tratamento preferencial aos ricos ou poderosos quando há posições na igreja que precisara ser ocupadas. É muito frequente que uma igreja não demonstre interesse pelas sugestões dos seus membros mais humildes ou pobres, favorecendo as ideias dos ricos. Este tipo de discriminação não deve ter lugar nas nossas igrejas.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 670-671.
 
OBSERVAÇÃO MINHA - Ev. Luiz Henrique - A doutrina da predestinação como os calvinistas a entendem é acepção de pessoas, a teologia da prosperidade pregada por neopentecostais é acepção de pessoas, a justificação pura e simples pelas obras pregada pelo catolicismo católico é acepção de pessoas.
 
O Mandamento (Tg 2.1)
O versículo 1 deveria ser lido como um mandamento para estar em concordância com a natureza imperativa da epístola. Tiago começa sua palavra de repreensão onde toda repreensão eficaz deve começar — ele identifica-se com aqueles que repreende. Ele escreve aos meus irmãos (v. 1) e “meus amados irmãos” (v. 5). Como um sábio líder de igreja, Tiago pede aos seus leitores que avaliem a conduta deles em relação à sua lealdade cristã suprema — a fé de nosso Senhor JESUS CRISTO. A expressão não tenhais a fé é uma referência à fé que eles cultivavam e à forma em que deveriam fazê-lo. Tiago estava escrevendo a homens e mulheres cristãos. Eles estavam bem cientes do significado da fé cristã — a religião que CRISTO tinha trazido ao mundo. Acepção de pessoas significa parcialidade; a exortação é: “Não mostrem nenhum tipo de preconceito e de parcialidade” (NT Ampl.). Phillips coloca a exortação de maneira ilustrativa: “Meus irmãos, jamais procurem misturar esnobismo com fé em nosso glorioso Senhor JESUS CRISTO!”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 165.
 
“Acepção de pessoas”: os antigos tinham outro entendimento de “pessoa” que nós. Não se referiam tanto à personalidade individual de cada um, mas antes ao rótulo que alguém tinha. Um era “escravo”, outro “cidadão”, outro “comerciante”, um “general”, outro “príncipe”.
A expressão “acepção da pessoa” = “ser partidário” ocorre particularmente na tradução grega do AT, na Septuaginta [LXX]. Já no AT é rigorosamente proibido que o juiz seja parcial em sua sentença (Lv 19.15; Dt 1.17; Sl 82.2). O juiz não podia pensar: “Essa pessoa é líder de um clã, por isso tenho de fechar um olho.” Ou: “Esse é um escravo estrangeiro; aqui posso estabelecer um exemplo de dureza.” Ser juiz significava encontrar e promulgar o direito por incumbência e em lugar de DEUS. E a Bíblia atesta incessantemente que perante DEUS não existe acepção da pessoa. Não considera o rótulo nem a categoria humana, mas o próprio ser humano, fazendo justiça a cada um (Dt 10.17; Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25).
Nenhuma acepção de pessoas: agora Tiago diz que fé e acepção de pessoas não combinam. Importa que não creiamos em nossos papéis, nos rótulos, mas em DEUS. Não são posses, posições ou “vestimenta gloriosa” que conferem glória, mas unicamente o “Senhor da glória”.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
Dissensões na Ceia do Senhor, 1 Co 11.17-34
O problema da modéstia feminina, em relação ao culto público, representava um assunto de pouca importância quando comparado a alguns problemas que haviam surgido na prática da Ceia do Senhor. A rejeição de uma cobertura para a cabeça das mulheres pode ter se originado de falta de conhecimento ou de um mal-entendido sobre a natureza da liberdade cristã. Mas a deliberada perversão do sagrado serviço da Ceia do Senhor revelou uma indiferença pelos ensinamentos cristãos básicos. Dessa forma, Paulo adotou um tom severo ao denunciar a gula e as discussões associadas a esse símbolo de fraternidade.
1. Uma Rigorosa Censura (11.17-22)
Porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. Ao invés de edificar a vida espiritual, a Ceia do Senhor havia se tornado, para aquela igreja, um momento de declínio espiritual.
a) Dissensões na igreja (11.18-19). Paulo escreve: Ouço que... há entre vós dissensões (18). A palavra para dissensões (schismata) foi usada anteriormente (1.10) para descrever o espírito que estava dividindo a igreja. Quando as pessoas se reuniam para adorar a DEUS elas revelavam um espírito de divisão e de exclusividade, até mesmo no ritual cristão mais sagrado.
b) Abusos na Ceia do Senhor (11.20-21). Em Corinto, a Ceia do Senhor não era simplesmente um símbolo da ingestão de alimentos e bebidas. Era uma verdadeira refeição. Aparentemente, cada membro levava alimentos ao culto. Nas festas religiosas das religiões pagãs, a divisão dos alimentos era muito comum, e recebia o nome de eranio. Na Igreja Primitiva, seus membros aparentemente também participavam, em certas ocasiões, de uma refeição comum que recebia o nome de festa (ou banquete) do amor, ou agape (2 Pe 2.13; Jd 12). Entretanto, em Corinto essa refeição não representava o amor cristão, e nem mesmo a aparente boa vontade das festas pagãs. A esse respeito, Paulo escreve: Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se (21).
Na Santa Ceia de Corinto parece que cada pessoa colocava o alimento à sua frente e começava a comer sua própria ceia. O quadro é de briga e gula para comer as provisões antes que fosse possível “fazer uma distribuição geral dos alimentos, para não precisar dividi-lo com os demais irmãos”.13 Como consequência, os pobres que não podiam levar muito, ou aqueles que nada podiam levar ou chegavam tarde, sairiam com fome. Dessa forma, um tem fome, e outro embriaga-se. O verbo embriaga-se (methuein) geralmente significa “ficar intoxicado”. Mas também significa comer e beber até à completa satisfação, e este pode ser o seu significado aqui. De qualquer maneira, os coríntios haviam deturpado completamente o significado da Santa Ceia. A Ceia do Senhor é o símbolo do sacrifício, do amor e da fraternidade. Mas em Corinto representava egoísmo, intemperança e indiferença às necessidades dos outros.
Através do egoísmo deles, os membros mais abonados perturbavam e humilhavam os pobres entre os crentes.
2. O Significado da Ceia do Senhor (11.23-26)
A Ceia representava a inauguração de um novo pacto de graça, e deveria ser observada como um memorial. Tanto o “corpo partido” quanto o “sangue derramado” deveriam ser considerados como símbolos e não como referências literais ao corpo de CRISTO. As afirmações: Fazei isto em memória de mim e Anunciais a morte do Senhor, até que venha (26) confirmam a ideia de que a Ceia é uma lembrança espiritual ou um símbolo da morte de CRISTO.
3. Celebração da Ceia do Senhor (11.27-34)
A Ceia do Senhor é uma recordação espiritual do ato de redenção de nosso Senhor, e um testemunho público da nossa fé em JESUS CRISTO. A atitude de uma pessoa pode não estar equilibrada com a importância da ocasião. Se ela participar da Ceia do Senhor de forma frívola e descuidada, sem respeito ou gratidão, ou mesmo se estiver em pecado ou manifestando amargura contra outro irmão crente, estará participando indignamente.
Participar indignamente é ser culpado do corpo e do sangue do Senhor. O crente deve comparecer “na fé, e com o devido comportamento em relação a tudo aquilo que é apropriado a este ritual solene”.
Exame espiritual (11.28). Antes de participar desse serviço sagrado, examine-se o homem por meio de uma análise rigorosa. O crente deverá examinar seus motivos e seus atos. O ensino de Paulo é totalmente positivo. Ele não diz que alguém deva fazer um auto-exame, e deixar a mesa do Senhor em uma situação de desespero. Pelo contrário, ele aconselha o homem a examinar seu coração e, em seguida, cheio de uma fé sincera, coma deste pão, e beba deste cálice.
Os perigos da irreverência (11.29-30). A versão ARA traduz o versículo 29 da seguinte forma: “Quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si”.
O apóstolo indica que como resultado do abuso da Ceia do Senhor... há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem (30). Paulo adverte que o castigo de DEUS poderia acontecer, trazendo enfermidades e até a morte física.
Participação reverente (11.31-34)
A maneira de evitar o castigo de DEUS é nos julgarmos a nós mesmos de modo voluntário e sincero (31).
Se um homem estiver com fome, coma em casa. A finalidade da Ceia é lembrar aos crentes a obra redentora de CRISTO e despertar na igreja um espírito de unidade e amor.
Para os cristãos existe “Força Através das Ordenanças”. 1) Elas foram instituídas pelo Senhor, 23a; 2) Elas são memoriais do sacrifício de CRISTO, 236-26; 3) Elas exigem um auto-exame, 27-29; 4) Elas produzem a preocupação pelos outros, 33-34.
Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 327-331.
 
I Cor 11.17-34 — Esta passagem diz respeito às atividades impróprias que estavam ocorrendo quando a igreja se reunia para participar da celebração da eucaristia ou ceia do Senhor.
I Cor 11.18 — Dissensões. E tentador compararmos as dissensões aqui com os problemas que aparecem no capítulo 1, mas parece que as dissensões, nesse versículo, estão relacionadas aos eventos que aconteciam quando a igreja se reunia para a ceia do Senhor. E possível que as dificuldades estivessem acima de distinções referentes a classes de ricos e pobres, ou judeus e gentios. Quando a Igreja se reúne, todos devem se ajuntar como irmãos, mas, ao que parece, não era isso que acontecia em Corinto. Em vez da união recomendada por Paulo em 1 Coríntios 11.17 e enfatizada novamente nos capítulos 12—14, havia divisão entre os cristãos.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 431-432.
 
Problemas com respeito à Ceia do Senhor (11.17-34)
Há quatro grandes verdades que vamos destacar nesta exposição:
Em primeiro lugar, as repreensões do apóstolo Paulo à igreja (11.17-22). O apóstolo Paulo acabara de fazer um elogio à igreja de Corinto (11.2). Agora, porém, traz uma séria exortação: “Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior” (11.17).
O que estava acontecendo? Mais uma vez divisão na igreja de Corinto. As divisões na igreja haviam chegado a proporções alarmantes. Além do culto à personalidade em torno de alguns líderes (1.12), agora Paulo mostra que os crentes estavam indo à igreja e voltando para casa piores (11.17). O culto na igreja estava desembocando em certo esnobismo perverso e odioso por parte dos ricos. Eles estavam desprezando os pobres. Os ricos estavam desprezando a Igreja de DEUS e envergonhando os pobres. “Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague” (11.2). A Ceia era precedida pela Festa do Amor, a festa do Ágape.
A Bíblia fala dessa festa em Judas 12. No dia em que a Ceia do Senhor era celebrada servia-se uma refeição completa. Os crentes comiam, bebiam, repartiam, se confraternizavam e depois, num clima de comunhão, celebravam a Ceia do Senhor. Essa foi uma prática da igreja apostólica que se perdeu na História.
A Festa do Agape era não apenas um tempo de comunhão, mas, também, e, sobretudo, um ato de amor aos membros mais pobres da igreja. Era uma oportunidade para os cristãos ricos repartirem um pouco de seus bens materiais com os pobres. Uma vez que todos traziam de casa alguma coisa para comer e faziam uma espécie de ajunta-prato, os pobres poderiam participar de uma boa refeição pelo menos uma vez na semana. Depois desse banquete, então, eles celebravam a Ceia.
Em segundo lugar, a deturpação da Festa do Amor (11.17-22,33,34). Na igreja de Corinto, durante a Festa do Amor, os ricos se isolavam e comiam à vontade as finas iguarias dos próprios banquetes que traziam de casa, e bebiam a ponto de se embriagarem. Do outro lado, porém, ficavam os pobres, que não tinham condições de trazer alimentos de casa e passavam fome. Depois de toda essa atitude odiosa de preconceito e desamor, eles se reuniam e celebravam a Ceia do Senhor. E nesse contexto que Paulo os reprova, dizendo-lhes que estavam se reunindo para pior. Essa não é a Ceia do Senhor que eles estavam participando. A atitude deles não era compatível com a celebração da Ceia do Senhor. Agindo dessa forma eles estavam desprezando a Igreja de DEUS.
Eles eram esnobes e orgulhosos (11.21). Os ricos, de um lado, comiam os melhores churrascos e bebiam os melhores vinhos até a embriaguez enquanto os pobres ficavam do outro lado passando fome. De um lado estavam os pobres com fome e do outro estavam os ricos bêbados. Depois dessa feira de vaidades, os ricos ainda tinham a petulância de dizer: “Agora nós vamos celebrar a Ceia do Senhor”. Agindo assim, feriam a comunhão, humilhavam os irmãos pobres e desonravam a DEUS. E importante ressaltar que a atitude egoísta dessas pessoas estava em flagrante contraste com a oferta altruísta e sacrificial de CRISTO que deu Sua vida para o resgate dos pecadores. A Ceia que eles celebravam apontava para a oferta sacrificial de CRISTO e eles a celebravam com gestos de egoísmo e não de amor altruísta.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios Como resolver conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pag. 210-220.
 
 
2- O amor de DEUS tem de ser manifesto na igreja local.
A cena imoral descrita por Tiago
Nos versículos de 2 a 4, Tiago descreve uma cena que, muito provavelmente, não se trata de uma mera hipótese ou conjectura, como aparenta ser à primeira vista, mas de algo que o próprio apóstolo deve ter presenciado em algum ajuntamento de crentes da Igreja Primitiva em seus dias, para seu imenso desgosto e indignação. Vamos ler atentamente a descrição que Tiago faz dessa cena e, em seguida, vejamos alguns detalhes elucidativos que encontramos nela:
“Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar algum pobre com sórdida vestimenta, e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?”
O primeiro detalhe que nos chama a atenção nessa passagem é o vocábulo grego traduzido aqui por “ajuntamento”. Ele é o mesmo utilizado para referir-se às sinagogas judaicas: Synagoge. Curiosamente, como lembra o teólogo A. F. Harper, “esse é o único texto do Novo Testamento em que uma congregação cristã é chamada de sinagoga”. O uso do termo “sinagoga” aqui sugere o óbvio: que Tiago está falando a cristãos judeus, isto é, a judeus convertidos ao Cristianismo, os quais ainda se reuniam por essa época em ajuntamentos ao estilo judaico e, por isso, muito provavelmente, ainda traziam consigo práticas das sinagogas de seus dias que se chocavam com o espírito do Evangelho. Tais práticas haviam, inclusive, já sido alvo da repreensão de JESUS, como podemos ver em Mateus 23.6. Inclusive, os escribas e fariseus, que JESUS censura nessa passagem por terem, dentre outros muitos comportamentos pecaminosos, o hábito de amarem “os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas”, eram, segundo o relato do evangelista Lucas, homens bem aquinhoados financeiramente e — conforme ele mesmo os define expressamente — “avarentos” (Leia Lucas 16.9- 15). A narrativa dos evangelhos dá a entender, por exemplo, que os fariseus Nicodemos e Simão, simpáticos a JESUS, eram ricos (Jo 3.1; Lc 7.36-50). Isso não quer dizer, claro, que todos os fariseus eram ricos. Só uma parte o era. Acredita-se que a maioria era de classe média. Os saduceus é que, provavelmente, eram, em sua maioria, ricos.
Na época de JESUS e Tiago, era comum homens de elevada posição social, política ou religiosa serem bajulados nas sinagogas, enquanto os mais pobres eram geralmente preteridos, desprezados. Durante o seu ministério terreno, JESUS chamou a atenção para esse comportamento mais de uma vez, condenando-o, como podemos ver em passagens como Mateus 12.41-44 e 23.6.
Mas, outro detalhe importante dessa cena descrita por Tiago é que ele não necessariamente se refere a crentes que costumeiramente frequentavam essas sinagogas cristãs, esses ajuntamentos de crentes em CRISTO. É mais provável que ele esteja aludindo a ricos e pobres que apenas visitavam essas reuniões e não a membros regulares. Quanto a se eram crentes em CRISTO ou não, como afirma Harper, “há divergência de opinião” entre os comentaristas bíblicos “se esses eram visitantes cristãos ou não cristãos”; mas, seja como for, “a verdade espiritual do texto não muda”, ela não é alterada pelo fato de os visitantes serem crentes ou não. A maioria, porém, acredita que Tiago se refira a visitantes ricos crentes, devido ao contexto da Epístola, que traz também repreensões voltadas exclusivamente para cristãos ricos que agiam como ímpios, como podemos ver no capítulo 5 desta Epístola.
Mais um detalhe a ser considerado é a descrição “com anel de ouro no dedo e com vestes preciosas” (Tg 2.2). Explica Harper que “o anel de ouro indicava que esse homem era do Senado ou um nobre romano”, pois “durante os primeiros anos do Império [Romano], somente homens nessa posição tinham o direito de usar esse tipo de anel”. Já “vestes preciosas” é uma referência a belas togas brancas, que eram uma vestimenta “usada frequentemente por candidatos a um oficio político”.
A expressão “abaixo do meu estrado” (Tg 2.3) é uma alusão ao fato de que, em uma sinagoga, “pessoas de uma posição inferior ficavam em pé ou sentavam no chão”. Logo, “abaixo do meu estrado” deve ser compreendido como “aos meus pés”. Isto é, enquanto as cadeiras das sinagogas e os demais assentos do ajuntamento eram reservados para os anciãos, escribas, fariseus e saduceus, e a qualquer outra pessoa na congregação que fosse detentora de privilegiada posição social, os pobres ficavam no pé ou no chão. E o mesmo estava ocorrendo nos ajuntamentos dos cristãos judeus, denuncia e repreende Tiago, que declara contundentemente: “Porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?” (Tg 2.4).
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 74-77.
 
Tg 2.2,3 Tiago nos propõe um vivido caso hipotético de estudo. Dois homens estavam entrando em uma reunião da igreja. Nós podemos supor que estes dois homens fossem visitantes, uma vez que são descritos somente pela aparência. Um dos homens era rico, como se observa por suas vestes preciosas e por seu anel de ouro no dedo. O outro era pobre e com sórdida vestimenta. Neste cenário, o homem rico é tratado com deferência e recebe um lugar de honra. Os crentes ficaram impressionados com ele. Ele tornou-se objeto de um serviço e de uma deferência especiais.
O homem pobre, no entanto, pode somente ficar em pé ou se sentar no chão (versão NTLH). Não lhe dão nem dignidade nem conforto. Tiago manifesta-se contra isto. É o nosso relacionamento com CRISTO que nos dá dignidade, e não a nossa profissão ou as nossas posses. Quando nos reunimos para adorar, devemos estar conscientes de que, mesmo que conheçamos a todos os que estão no recinto. CRISTO está presente, Se houver dois ou três de nós reunidos em seu nome, Ele está ali (Mt 18.20). Antes de adorar, devemos reconhecer a presença de DEUS. Não podemos supor que Ele segue o seu próprio conselho? Quando JESUS se reúne conosco, Ele assume um lugar de honra ou compete pela nossa atenção? Ou imaginamos que JESUS ocupa o lugar de maior humildade entre nós e espera ser reconhecido como Senhor? Quando negligenciamos ou ignoramos os pobres ou desamparados, nós também estamos ignorando a CRISTO.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 671.
 
Tg 2.2s
“Mas vem também um pobre em trajes sujos”: provavelmente também ele seja alguém que não faz parte da igreja. Talvez o dirigente fique um pouco irritado porque chegou tão tarde. Usa um traje sujo. Por sua origem e educação talvez nem mesmo esteja acostumado a cuidar muito da aparência. Talvez também seja um escravo que apenas naquele instante teve permissão de sair do trabalho, não tendo mais tempo para se lavar e trocar de roupa. De forma alguma será conduzido para fora. Anunciam-lhe que no canto, ao lado da porta, ainda existe espaço para ficar em pé e, se quiser, também poderá vir à frente e se sentar nos degraus do estrado elevado.
Talvez esses cristãos nem mesmo notassem algo. Tiago não critica a cortesia dos dirigentes da igreja para com o novo participante, nem as possibilidades modestas oferecidas pela sala de reuniões. O foco de sua crítica é a diferença que se faz. É sobejamente sabido que isso acontece no mundo. Afinal, o mundo não conhece outra nobreza do ser humano do que aquela obtida pela posição na sociedade. Isso porém não pode acontecer de jeito nenhum na igreja de JESUS. Na verdade o evangelho não nos concede nem o direito nem o dever de mudar as condições sociais pela revolução. Porém as diferenças sociais se mostram mínimas diante da dádiva preparada por DEUS para o ser humano: “glória”. Tiago ensina a arcar com as consequências práticas do fato de que a glória concedida pelo “Senhor da glória” pesa infinitamente mais que a “glória” proporcionada por bens, posição, estudo e “vestes esplendorosas”.
Tiago praticamente nos obriga a encarar a pergunta sobre as nossas deficiências atuais nessa questão. É fácil criticar as condições sociais da Antiguidade ou dizer que há cem anos a igreja fracassou na questão social. Facilmente nos tornamos “cegos funcionais” em vista dos erros da nossa geração. Talvez façamos irrefletidamente o que mais tarde seremos forçados a reconhecer como falha grosseira.
a) Não sabemos se a velhinha que se assenta nos fundos sem alarde e ora pelos outros não realiza mais em prol dos frutos da reunião do que o famoso evangelista no púlpito. Por isso também nesse aspecto não devemos fazer acepções! b) Sejamos gratos pelo membro abastado da igreja que com seus auxílios e doações financia boa parte do trabalho. Mas por isso não devemos lhe dar preferência sobre outros (Mc 12.41-44). A alegria pelo renomado cientista que colabora na igreja tem toda a razão de ser, porém não deve levar a idolatrar essa pessoa. Colocaríamos o próprio em risco. c) Nosso objetivo é envolver os jovens nas responsabilidades das igrejas e congregações, onde existem, mas não de forma que os idosos passem a sentir-se desvalorizados. d) Operários estrangeiros e pessoas de cor de forma alguma podem ser tratados como pessoas de segunda categoria entre os cristãos. e) Não queremos tratar com desprezo pessoas moralmente problemáticas, viciadas etc. Se por um lado não podemos aprovar tudo isso, por outro não sabemos que circunstâncias e aflições as levaram a essa dependência e quantas lutas enfrentam. Seja como for: nosso Senhor está pronto para acolhê-las. Logo também nós queremos fazer o mesmo. f) Um ídolo de cunho especial é hoje a realização. Uma pessoa é classificada de acordo com o que é capaz de produzir. Por isso precisa existir um lugar em que essa regra cruel não vigore: a igreja de JESUS. Nela o ser humano, amado por DEUS, tem valor em si. g) Observemos a nós mesmos: com que diferenciação na atitude interior eventualmente vamos ao encontro de pessoas, para quem levantamos o olhar, e para quem pensamos poder olhar de cima para baixo (em geral sem fundamento real)?
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
 
3- Não sejamos perversos (v.4).
O que quer dizer a expressão “juízes de maus pensamentos”? Trata-se de uma referência a juízes que julgam com base em pensamentos errados, equivocados, ou seja, tendo como fundamentos, padrões absolutamente equivocados, critérios iníquos.
Harper entende que a melhor tradução aqui seria “juízes com mais pensamentos”, que é a utilizada em inglês pela Revised Standard Version. Ele apresenta ainda um preciso resumo dos padrões errados desses cristãos que honravam os nobres e preteriam os pobres na congregação. Vejamos esse resumo:
Que tipo de pensamentos maus esses cristãos mal orientados estavam tendo?
1) Que a vestimenta fina era a marca de homens finos e que roupa comum significava caráter comum.
2) Que a riqueza é um marco do valor das pessoas.
3) Que a posição financeira fazia diferença na aceitação na igreja.
4) Que “sistemas de castas” sociais e econômicas são aceitáveis para CRISTO e apropriadas para sua Igreja.
Ainda hoje, infelizmente, há pessoas que se deixam guiar por esses critérios iníquos. Isso só revela o quão distante os seus corações estão ainda do verdadeiro Evangelho. Como afirma Matthew Henry, “a deformidade do pecado nunca é verdadeira e totalmente discernida até que o mal dos nossos pensamentos seja revelado; e é isso que agrava extremamente as faltas do nosso temperamento e da nossa vida, que ‘toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente’ (Gn 6.5)”. Que DEUS nos livre de cairmos nesse mesmo pecado! Que em nossas igrejas e no nosso dia a dia tratemos a todos com honra, amor e respeito, independente da condição social de cada um.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 77-78.
 
Tg 2.4 Este tipo de distinção mostra que os crentes estão sendo dirigidos por motivos errados. Tiago condenou o seu comportamento, porque CRISTO os tinha tornado um só (Gl 3.28). Por que é errado julgar uma pessoa com base na sua situação econômica? A riqueza pode ser um sinal de inteligência, de decisões sábias, e de trabalho árduo. Por outro lado, ela pode querer dizer simplesmente que a pessoa teve a boa sorte de nascer em uma família rica. Ela também pode até ser um sinal de avareza, desonestidade, e egoísmo. Quando honramos uma pessoa apenas porque ela se veste bem, estamos considerando a aparência como algo mais importante do que o caráter.
Outra suposição falsa que às vezes influencia o nosso tratamento dos ricos é a interpretação equivocada do relacionamento de DEUS com a riqueza. É fácil, porém enganoso, acreditar que as riquezas são um sinal da bênção e da aprovação de DEUS.
Mas DEUS não nos promete recompensas ou riquezas terrenas; na verdade, CRISTO nos convoca para que estejamos dispostos a sofrer por Ele e desistir de tudo para nos agarrarmos à vida eterna (Mt 6.19-21; 19.28-30; Lc 12.14-34; 1 Tm 6.17-19). Teremos riquezas incalculáveis na eternidade se formos fiéis na nossa vida atual (Lc 6.35; Jo 12.23-25; Gl 6.7-10; Tt 3.4-8).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 671.
 
Tg 2.4 “Porventura não caístes em contradição convosco mesmos?”: “Tendes a nobreza divina eterna e usais como parâmetro as pequenas coisas transitórias, aplicando-as uns aos outros! Isso não é inconsequente? Como nosso comportamento muitas vezes corresponde pouco à nossa percepção cristã correta! Com que facilidade nos metemos nos sulcos costumeiros de nossa atitude anterior e de nosso entorno!
“Vós vos tornastes juízes com (segundo) pensamentos perversos”: O termo grego ponerós = “mau” é usado no NT como substantivo que designa o maligno, o inimigo. Ele visa destruir a obra que DEUS realiza em nós e através de nós: a) a “veste gloriosa”, os bens, o nível social se tornam um ídolo. Ele é levado mais a sério do que aquilo que DEUS dá e faz, e até mesmo do que o próprio DEUS. b) Em razão disso a igreja de JESUS sofre divisão. O amor esfria. Pessoas são magoadas. Eventualmente elas se distanciam da igreja e até mesmo de seu próprio Senhor. c) Debilita-se a eficácia da igreja em termos missionários, naquilo que ela diz, faz e é, tanto através daquilo que o ambiente mostra, como também em vista da autoridade interior perante DEUS.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.