Lição
4 – Gerados Pela Palavra da Verdade
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD
- Para jovens e adultos
Tema:
FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr.
Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de
Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
TEXTO ÁUREO
"Sendo de novo gerados,
não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de DEUS, viva
e que permanece para sempre" (1 Pe 1.23).
VERDADE PRÁTICA
Somente aqueles que foram
gerados pela Palavra da Verdade são guiados pelo ESPÍRITO SANTO.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Pe 4.12,13 -
Alegrai-vos com a provação
Terça - Lm 5.21 - Nossa
oração pelo perdão
Quarta - Jo 3.3 - Novo
nascimento e Reino de DEUS
Quinta - 1 Jo 5.4 - A
vitória sobre o mundo
Sexta - 2 Co 6.2 - Hoje é
dia de salvação
Sábado - 1 Tm 2.4 - DEUS a
todos quer salvar
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
- Tiago 1.9-11,16-18
Tg 1.9 Mas glorie-se o irmão abatido na
sua exaltação, 10 e o rico, em seu abatimento, porque ele passará como a
flor da erva. 11 Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor
cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o
rico em seus caminhos.
Tg 1.16 Não erreis, meus amados irmãos. 17 Toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem
sombra de variação. 18 Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da
verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.
INTERAÇÃO
DEUS pode fazer o mal? O
contexto da epístola de Tiago mostra que Ele é bom e, portanto, a sua
sabedoria só pode fazer o bem, jamais o mal. Nele, não há variação de
bondade e malignidade; de luz ou trevas. O nosso Pai Celestial decidiu de
uma vez por todas, em JESUS, fazer o bem para reconciliar o mundo consigo
mesmo. Por isso, a sabedoria de DEUS é pura, bondosa, benigna, humilde,
cordata, temperante, etc. Porque Ele é bom! Prezado professor, que a bondade
de DEUS inunde a sua vida e a dos seus alunos. Que eles decidam amar o
próximo como o nosso Pai o ama.
OBJETIVOS - Após a aula,
o aluno deverá estar apto a:
Analisar a relação entre os
pobres e os ricos da igreja.
Defender a verdade que DEUS
só faz o bem.
Compreender que os filhos de
DEUS são as primícias dentre as criaturas.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para
concluir o primeiro tópico da lição sugerimos mais uma leitura dos
versículos 9-11 do primeiro capítulo de Tiago. Logo em seguida, explique aos
alunos que à luz das Escrituras, apesar de o pobre ser marginalizado pela
sociedade cuja cultura predominante é a de "ter" e não de "ser", ele é
convidado a gloriar-se em CRISTO pela sua nova posição de filho de DEUS.
Enquanto o rico, no encontro com o Evangelho de CRISTO, é convidado por
CRISTO a se humilhar para compreender a natureza passageira da sua riqueza.
Sabendo assim acerca da sua missão de suprir o pobre necessitado. Conclua o
tópico afirmando que DEUS é o Senhor dos pobres e dos ricos.
Resumo da Lição 4 -
Gerados Pela Palavra da Verdade
I. A RELAÇÃO ENTRE OS
POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do
primeiro século.
2. Os ricos na Igreja
Antiga.
3. Perante DEUS, pobres e
ricos são iguais.
II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg
1.16,17)
1. Não erreis (v.16).
2. Todo dom e boa dádiva
vêm de DEUS.
3. A origem de tudo o que
é bom está no Pai das Luzes.
III. PRIMÍCIAS DE DEUS
ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)
1. Algo que somente DEUS
faz.
2. A Palavra da verdade.
3. O propósito de DEUS.
SINOPSE DO TÓPICO (1) Na
igreja do primeiro século, pobres e ricos eram acolhidos em amor.
SINOPSE DO TÓPICO (2) Tudo o
que é bom vem de DEUS, pois nEle não há momento de bondade e maldade. Ele é
sempre bom!
SINOPSE DO TÓPICO (3) A
partir da promessa da salvação, DEUS colhe as suas primícias (os salvos)
dentre as criaturas.
Minhas observações - Ev. Luiz Henrique
Teologia da Prosperidade - Opção pelos ricos,
sem problemas financeiros e de saúde física.
Teologia da Libertação - Opção pelos pobres, em detrimento dos ricos e
conformidade com as doenças.
Teologia Bíblica - Sem acepção de pessoas, DEUS
ama a todos indistintamente e JESUS morreu por todos. Passamos por
problemas, aflições, doenças, tentações e provações. DEUS passa junto
conosco por esses problemas e nos livra de todos.
Causa da pobreza na época de Tiago:
a- Mecanismos legais, que suprimem o direito
daqueles que se endividaram (Tg. 2.1-12);
b- Ganância, que prima pela ostentação (Tg.
4.-13-17)
c- Opressão, através da retenção dos salários
dos mais pobres (Tg. 5.4).
As pessoas se divertem e alcançam prazer em
oprimir umas as outras, em nossos dias (Tg. 1.18,21; 4.6; 5.19,20).
O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I
Tm. 6.10).
Os ricos que são gerados pela palavra de Deus,
são crentes, não colocam o coração nas riquezas terrenas, sabem que nada
trouxeram para este mundo, e que nada também levarão (I Tm. 6.7).
Não se deve colocar nas riquezas o coração (Sl.
62.10).
A igreja está passando por uma crise de
identidade, não sabe se está no reino de DEUS ou dos homens. As obras
realizadas pela igreja, em nossos dias, são feitas para serem vistas e
aplaudidas pelo mundo e não por amor a DEUS e a nosso próximo.
“Assim, não sois mais
estrangeiro, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos.”
No Antigo Testamento, as
nações foram formadas pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. No livro de
Atos, vemos essas três famílias unidas em CRISTO. Em Atos 8, um descendente
de Cam é salvo, o ministro da fazenda da Etiópia. Em Atos 9, um descendente
de Sem é salvo no caminho de Damasco, Saulo de Tarso, o qual se tornou o
apóstolo Paulo. Em Atos 10, um descendente de Jafé é salvo, Cornélio. O
pecado dividiu a humanidade, mas CRISTO faz dela uma nova nação. Todos os
crentes das diferentes nacionalidades formam a nação santa que é a igreja.
Francis Foulkes diz que em relação ao povo da aliança de DEUS, os gentios
eram xenoi e paraikos, “estrangeiros” e “imigrantes”, isto é, pessoas que,
ainda que vivessem no mesmo país, tinham, contudo, os mais superficiais
direitos de cidadania. Essa era a situação anterior, mas, de agora em
diante, já não o é. Nas palavras do apóstolo, agora são “concidadãos dos
santos”.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PFEIFFER, Charles F.; VOS,
Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2007.
SAIBA MAIS pela Revista
Ensinador Cristão CPAD - nº 59, p.38.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.38.
Inicie a aula descrevendo as
classes sociais da Igreja do Primeiro Século. Ricos e os pobres
da igreja. Apesar de sua posição, nem sempre os ricos se
aproveitavam das oportunidades para demonstrar a preocupação de DEUS por
aqueles que estavam necessitados (2.14-17). Já se orgulhavam de sua elevada
posição, talvez por se considerarem 'ricos', moralmente superiores, mesmo
quando se identificavam com as armadilhas das posições elevadas e do poder.
Até mesmo pensavam a respeito de sua salvação utilizando a imagem da sua
posição social, isto é, a coroa da vida" (p.1665).
Um desastre que pode ocorrer
ao crente economicamente bem sucedido é quando ele interpreta as ocorrências
cotidianas da vida como "acontecimentos espirituais". Ele faz uma teologia
particular sem se importar com os outros ao redor.
É preciso explicar o mal que uma teologia individualista, como a da
prosperidade, pode causar a uma igreja local. Não podemos ignorar o ensino
da Palavra: a de que o rico deve suprir o necessitado, e este, deve se
alegrar por se achar o filho escolhido por DEUS.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO - VÁRIOS LIVROS TEOLÓGICOS
A Epístola de Tiago
apresenta também como tema a forma como
o cristão deve encarar a pobreza e a riqueza. Essas condições sociais são
enfatizadas pelo apóstolo como circunstâncias transitórias da vida, como
situações passageiras, porquanto terrenas, e também como conjunturas em meio
às quais o cristão deve aprender a estar sempre satisfeito (Tg 1.9-11).
Outro tema abordado é
DEUS como a fonte de todo bem verdadeiro (Tg 1.16,17); e, na sequência desse
assunto, o apóstolo fala do maior de todos os dons que o Senhor nos concede:
o de sermos gerados de novo pelo poder da Palavra de DEUS (Tg 1.18).
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 47.
VERDADE
Do heb. 'emuna,
"firmeza, estabilidade, verdade"; 'emet, "firmeza, verdade"; gr. aletheia,
"verdade".
Carnell afirma que "a
verdade é uma propriedade do julgamento que coincide com o pensamento de
DEUS" {An introduction to Christain Apologetics, p. 47). Através da expressão
consistência sistemática, ele quer dizer que uma afirmação deve:
primeiramente satisfazer sem dificuldade as leis da lógica, ou seja, ser
horizontalmente consistente - que é o teste da verdade formal; em segundo
lugar, estar de acordo com os fatos, ou seja, concordar verticalmente com
todos os fatos, que é o teste da verdade material.
Aspectos da Verdade
Em uma definição
satisfatória de verdade, como esta que foi apresentada acima, estão
incluídos três aspectos e elementos da verdade.
1. Verdade ontológica ou
metafísica.
Esta expressa o supremo relacionamento da verdade e da natureza,
bem como o relacionamento da verdade religiosa e moral em particular com o
próprio caráter, vontade e pensamento de DEUS. A verdade religiosa e moral é
o que DEUS é, e está de acordo com o seu caráter. A verdade científica e
social é o que DEUS deseja e está, também, em consistência com seu caráter.
DEUS é a verdade em sua própria pessoa (Dt 32.4; SI 31.5; Is 65.16), e este
fato é particularmente revelado em JESUS CRISTO (Jo 1.14,17; 14.6). Sua
Palavra revelada é a verdade (1 Rs 17.24; Jo 17.17); sua lei moral é a
verdade (SI 119.142,151).
2. Verdade lógica.
Dois extremos ocorrem: (a)
Alguns aplicam a lógica e negam a revelação. Ele mostra que o lógico
positivista assume as proposições básicas da moralidade e da ética, e as
utiliza sem exigir provas, (b) Outros tentam aceitar a revelação, embora
negando à lógica sua função própria. DEUS é racional e lógico e a Bíblia prova não estar cheia de
paradoxos e contradições quando aceita, pela fé e da maneira como foi
escrita. O Senhor forneceu evidências verossímeis da verdade e da
infalibilidade de sua Palavra. Esta conclusão é o testemunho dos crentes dos
dois Testamentos (SI 108.4; Jo 20.30,31; 1 Jo 1.1-3).
3. Verdade factual. A
verdade tem de condizer com os fatos da vida e da existência. Isto significa
ter uma correspondência proposicional com a realidade. A verdade não pode
satisfazer-se com universalidades e generalidades, por mais úteis que possam
ser, nem com meras individualidades e particularidades, mas tem de condizer
verticalmente com os fatos enquanto os organiza corretamente através do uso
de universalidades.
Atitudes para com a
Verdade
Ouvindo e sendo a
verdade. Pode-se ouvir a verdade, acreditar que é verdadeira, até ensiná-la
e ainda assim recusar-se ou falhar em agir de acordo com ela. Isto
corresponde a ouvir a verdade e não ser a verdade. A verdade conhecida, no
sentido de acreditar e agir de acordo com ela, satisfaz, então, a três
testes: consistência lógica, consistência factual e consistência prática.
Os
dois primeiros foram discutidos acima nos itens verdade lógica e verdade
factual. O terceiro é mencionado pelo Senhor JESUS CRISTO como a base da
salvação, isto é, experimentar a verdade ao agir de acordo com ela (Jo
8.32). Isto acarreta um conhecimento do conteúdo sobre o qual a ação
apoia-se. As Escrituras dão aos três seu lugar adequado. Elas esperam que a
fé seja baseada em evidências razoáveis, e que a ação siga o recebimento de
uma revelação clara e autoconsistente.
Muitos teólogos modernos
das escolas neo-ortodoxa e liberal negam que a verdade seja absoluta. Paul
Tillich, por exemplo, a vê como, necessariamente, relativa, argumentando
que, se fosse absoluta e imutável, isso tornaria DEUS - que é o Supremo e o
Absoluto - relativo. Tal visão, de fato, nega a possibilidade da verdade
autêntica, substituindo-a pela verdade kairotic ou temporária - as coisas
podem ser verdadeiras hoje, mas erradas amanhã. A resposta cristã destaca
vários fatos.
1. Se a verdade depende
de DEUS, e DEUS é a verdade em pessoa, então a verdade absoluta não limita,
ao contrário, revela DEUS. DEUS é amor, mas o amor não rouba, não mente,
etc.., e os mandamentos apenas expressam estas verdades que já existem no
caráter de DEUS. Elas não estão limitando, mas revelando afirmações que têm
sua base na natureza de DEUS.
2. Pelo fato de DEUS ser
a verdade, CRISTO é a verdade tanto em sua pessoa como em sua revelação (Jo
1.14,17; 14.6). Seu caráter e suas palavras complementam-se, e seu ensino
revela tanto seu caráter santo quanto o do Pai (Mt 5.43-48). Os teólogos
existencialistas tentavam reforçar a importância de ser a verdade, enquanto
negavam que a verdade tivesse um conteúdo proposicional, isto é, um conteúdo
que está compreendido nas afirmações reveladas nas Escrituras. Sua tentativa
fracassa quando se percebe que CRISTO, usando uma linguagem de sala de aula,
sustenta em João 8 que seu testemunho é verdadeiro. Ele ensina somente o que
ouviu (w. 26,40), viu (v. 38) e o que lhe foi ensinado pelo Pai (v. 28). Ele
pode confirmar o que diz, porque o Pai jamais o deixou só (v. 29). Em João
14, onde CRISTO declara que Ele mesmo é a verdade (v. 6), Ele mais uma vez
refere-se ao conteúdo de seu ensino, mostrando que Ele não é somente a
verdade em pessoa, mas que também ensina a verdade proposicional.
Isto faz parte do
contexto de João 8, quando, como visto acima, Ele defende a verdade de seus
ensinos ao dizer: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (v.
32). Isto torna claro que Ele não está falando de um conhecimento místico
dele mesmo que salvará o homem, mas de um conhecimento cujo conteúdo é
composto por aquilo que Ele ensina.
PFEIFFER .Charles F.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1990-1991.
TERMINOLOGIA BÍBLICA
No hebraico devemos
considerar uma palavra e no grego, também uma, a saber:
I. Emeth, "verdade",
"constância". Esse vocábulo hebraico ocorre por 92 vezes no Antigo
Testamento, conforme se vê, para exemplificar, em Gên. 24:27; 42:16; Êxo,
18:21; Deu. 13:14; Jos. 24:14; Juí. 9:15; I Sam. 12:24; II Sam. 2:6; I Reis
2:4; II Reis 20:3,19; II Crô. 18: 15; Esl. 9:30; Sal. 15:2; 25:5,10; 30:9;
31:5; 40:10,11; 43:3; 51:6; 57:10; 61:7; 71:22; 91:4; 145:18; 146:6; Pro.
3:3; 8:7; 12:19; 23:23; Ecl. 12:10; lsa. 10:20; 16:5; 38:18,19; Jer. 4:2;
9:5; Dan. 8:12; 9:13; Osé. 4:1; Miq. 7:20; Zac. 8:3,8,16,19; Mal. 2:6. Há
outras formas dessa palavra e outros vocábulos que ocorrem por algumas
poucas vezes, e que também podem ser traduzidos como "verdade".
2. Alétheia, "verdade".
Palavra grega que é usada por 110 vezes: Mal. 22:16; Mar. 5:33; 12:14,32;
Luc. 4:25; 20:21; 22:59; João 1:14,17; 3:21; 4:23,24; 5:33; 8:32,40,44-46;
14:6,17; 18:37,38; Atos 4:27; 10:34; Rom. 1:18,25; 2:2,8,20; I Cor. 5:8;
13:6; II Cor. 4:2; 6:7; 13:8; Gál. 2:5,14; 5:7; Efé. 1:13; 4:21 ,24,25; 5:9;
6: 14; Fil. 1:18; Col. 1:5,6; II Tes. 2:10,12,13; I Tim. 2:4,7; 3:15; 4:3;
6:5; II Tim. 2:15,18,25; 3:7,8; 4:4; Tito 1:1,14; Heb. 10:26; Tia. 1: 18;
3:14; 5: 19; I Ped. I: 22; li Ped. 1:12; 2:2; I João 1:6,8; 2:4,21; 3:
18,19; 4:6; 5:6; 11 João 1-4; III João 1,3,4,8,12.
No Antigo Testamento, a
palavra emeth e seus cognatos indicam as idéias de firmeza, estabilidade,
fidelidade, alguma base fidedigna de apoio. É uma qualidade atribuída tanto
a DEUS quanto às criaturas. Também é atribuída não somente às mais diversas
afirmações (por exemplo, Rute 3:12), mas também à conduta (ver Gên. 24:49) e
às promessas (li Sam. 7:28). A verdade é associada na Bíblia à gentileza
(Gên. 47:29), à justiça (Nee. 9: 13 e Isa. 59:14) e à sinceridade (Jos.
24:14). Por essas razões, a Septuaginta, com frequência, a traduz pelo termo
grego plstts, "fé", "fidelidade", "convicção", a fim de expressar o aspecto
moral, em vez de empregar alétheia, "verdau Je " .
Nas páginas do Novo
Testamento, alétheia retém a ênfase moral e personalista que o termo
paralelo hebraico tem no Antigo Testamento, embora a noção de fidelidade,
com mais frequência, seja transmitida através da palavra grega pistis.
Etimologicamente, alétheia sugere que alguma coisa tenha sido descoberta,
revelada, segundo a sua verdadeira natureza, dando a ideia daquilo que é
real e genuíno, em contraposição com o que é imaginário ou espúrio, ou,
então, daquilo que é veraz, em contraposição com o que é falso. Assim, lemos
a respeito do "verdadeiro DEUS" e da "verdadeira vinha", tal como o Credo
Niceno fala sobre "o vero DEUS do vero DEUS". O adjetivo grego, a léthinos.
aparece em contextos assim, ao passo que alethés é palavra empregada como um
predicado (ver Mal. 22:16; João 3:33, etc.). A julgar pelo uso que esses
dois adjetivos têm no Novo Testamento, não se pode averiguar qualquer
diferença essencial no significado fundamental desses dois termos, Porém, as
referências neotestarnentárias a declarações verazes tornam evidente que o
conceito de verdade cognitiva deriva-se das noções de franqueza ou caráter
fidedigno (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; João 8:44-46; Rom. 1:25 e
Efé. 4:25).
O conceito cognitivo é
mais explícito no Novo Testamento do que no Antigo Testamento. A verdade
está ligada não somente à fidelidade e à justiça, mas também ao conhecimento
e à revelação. A
maneira de pensar dos escritores sagrados era mais diretamente moldada pelos
conceitos veterotestamentários e acima de tudo, pela crença de que o
verdadeiro DEUS, o DEUS alethinôs, não vive oculto, mas antes, age e fala
com uma franqueza totalmente digna de confiança (alethés).
A VERDADE QUE CONHECEMOS
1. Sabemos bem pouco,
mas aquilo que sabemos é imensamente importante.
2. Em contraste com o
conhecimento de um historiador, que depende de pesquisas do passado
distante, e isso contando com meios inadequados, a busca pela verdade
religiosa depende da revelação. A revelação depende do interesse de DEUS
pelo mundo, e é evidência do mesmo.
3. A verdade é
comprovada nas vidas daqueles que são transformados segundo a imagem de
CRISTO. Poder é necessário para que isso se concretize, e o que é bom traz
consigo suas próprias evidências.
A sabedoria não é
finalmente testada nas escolas, A sabedoria não pode
passar de quem a tem para quem não a tem, A sabedoria da alma não
é suscetível de prova, é sua própria prova.
(Walt Whitman, Canção da
Estrada Aberta).
Conforme disse
Aristóteles (Retórica 11.13), a verdade é que os homens se vão tornando
menos e menos dogmáticos, à proporção que envelhecem, reconhecendo cada vez
mais a vastidão da verdade, e isso certamente é o caso da verdade de CRISTO,
pois é infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou
denominação religiosa, porquanto é impossível alguém cercar DEUS com uma
sebe.
Contra a Arrogância
a. A fé não consiste em
não crer em algo que não é a verdade. Um dogma pode servir de obstáculo para
a verdade.
b. Nenhuma denominação ou fé isolada pode ser guardiã da verdade
divina. Podemos aprender coisas de outros, e as janelas deveriam ser
mantidas abertas, para permitir que a luz entre, para que possa haver
crescimento.
Da preguiça que aceita
meias verdades, Da arrogância que pensa
conhecer toda a verdade. Ó Senhor, livra-nos. (Arthur Ford)
O próprio Paulo exibiu
grande confiança: "Sei em quem tenho crido", e, no entanto, aludiu a si
mesmo como mero principiante na inquirição pela verdade espiritual. (Ver II
Tim. 1:12, em comparação com Fil. 3: 10-14. Quanto a JESUS como a
personificação da "verdade", ver João 14:6).
Descrições e Elementos
da Verdade
DEUS é o DEUS da verdade
(Deu. 32:4; Sal. 31 :5).
CRISTO é a verdade (João
14:6 com João 7:18).
CRISTO estava repleto de
verdade (João 1: 14).
CRISTO falou a verdade
(João 8:45).
O ESPÍRITO SANTO é o
ESPÍRITO da verdade (João 14: 17).
O ESPÍRITO SANTO nos
guia a toda verdade (João 16: 13).
A Palavra de DEUS é a
verdade (Dan. 10:21; João 17: 17).
DEUS encara a verdade
favoravelmente (Jer. 5:3).
Os juízos divinos são
segundo a verdade (Sal. 96:13; Rom.12).
Os santos deveriam:
Adorar a DEUS na verdade
(João 4:24 com SaI.145:18).
Servir a DEUS na verdade
(Jos. 24: 14; 1 Sam. 12:24).
Andar diante de DEUS na
verdade (I Reis 2:4; 11 Reis 20:3).
Observar as festividades
religiosas na verdade (I Cor.5:8)
Estimar a verdade como
preciosíssima (Pro. 23:23).
Regozijar-se na verdade
(I Cor. 13:6).
Falar a verdade uns com
os outros (Zac. 8:16; Efé. 4:25).
Meditar sobre a verdade
(Fil. 4:8).
Escrever a verdade sobre
as tábuas do coração (Pro.3:3).
DEUS deseja a verdade no
coração (Sal. 51:6).
O Fruto do ESPÍRITO se
verifica na verdade (Efé. 5:9).
Os ministros deveriam:
Falar a verdade (lI Cor.
12:6; Gál. 4: 16).
Ensinar a verdade (1
Tim. 2:7).
Ser aprovados pela
verdade (11 Cor. 4:2; 6:7,8; 7: 14).
Os magistrados deveriam
ser homens caracterizados pela verdade (Êxo. 18:21).
Os reis são preservados
pela verdade (Pro. 20:28).
Os que dizem a verdade:
Exibem a retidão (Pro.
12: 17).
Serão firmados (Pro.
12:19).
São deleitáveis para
DEUS (Pro. 12:22).
Os ímpios:
São destituídos da
verdade (Osé. 4: 1).
Não dizem a verdade
(Jer. 9:5).
Não sustentam a verdade
(Isa. 59:14,15).
Não pleiteiam pela
verdade (Isa. 59:4).
Não são corajosos em
defesa da verdade (Jer. 9:3).
Serão punidos por não
terem a verdade (ler. 9:5,9; Osé, 4: 1).
O evangelho, como a
verdade:
Veio por meio de CRISTO
(João 1:17).
CRISTO dá testemunho da
verdade (João 18:37).
Ela se acha em CRISTO
(Rom. 9: 1; 1Tim. 2:7).
João deu testemunho da
verdade (João 5:33).
Ela é segundo a piedade
(Tito 1:1).
Ela é santificadora
(João 17: 17,19).
Ela é purificadora (I
Ped. 1:22).
Ela faz parte da
armadura cristã (Efé. 6:14).
Ela é revelada
abundantemente aos santos (Jer. 33:6).
Ela permanece com os
santos (11 João 2).
Ela deveria ser
reconhecida (11 Tim. 2:25).
Ela deveria ser crida
(11 Tes. 1:12, 13; 1 Tim. 4:3).
Ela deveria ser
obedecida (Rom. 2:8; Gál. 3: 1).
Ela deveria ser amada
(11 Tes. 2: la).
Ela deveria ser
corretamente manuseada (11 Tim. 2: 15).
Os ímpios se afastam da
verdade (11 Tim. 4:4).
Os ímpios resistem à
verdade (11 Tim. 3:8).
Os ímpios estão
destituídos da verdade (I Tim. 6:5).
A igreja é a coluna e o
baluarte da verdade (1 Tim. 3: 15).
O diabo é despido de
verdade (João 8:44).
TRÊS CONCEITOS DE
VERDADE NA BÍBLIA
O uso que a Bíblia faz
da palavra verdade, sugere três conceitos relacionados entre si, a saber:
1.
a verdade moral;
2. a verdade ontológica; e
3. a verdade cognitiva.
Naturalmente, os conceitos 2 e 3 dependem, logicamente, do conceito 1; e o
conceito 3 depende, logicamente, dos conceitos 1 e 2. Em cada um desses
casos, entretanto, a base da verdade se encontra em DEUS, que é a fonte
originária e o padrão de 1, a retidão; 2, o ser; e 3, o conhecimento.
1. A Verdade Moral.
A
verdade é um dos atributos de DEUS. Como tal, esse vocábulo se refere à
integridade, ao caráter digno de confiança e à fidelidade de DEUS. Um poeta
hebreu celebra esse atributo em Salmos 89, e o profeta Oséias o faz em Osé.
2:19-23. Em ambos os casos, a verdade divina é combinada com a misericórdia
e o amor de DEUS. De acordo com Deuteronômio 32:4, Salmos 100:5 e 146:6, a
fidelidade de DEUS é revelada por meio da criação; e, no livro de
Apocalipse, esse é o atributo de DEUS sobre o qual repousa a expectação de
juízo (ver Apo. 3:7,14; 6:10; 15:3,4; 19:11 e 21:5).
Visto que o caráter
divino deve ser imitado pelos homens, a verdade também deveria ser uma
qualidade, virtude ou atributo humano. Por esse prisma, a verdade importa em
honestidade (Sal. 15:2; Efé. 4:25) e justiça civil (Isa. 59:4,14,15). Dizer
a verdade, portanto, para o homem constitui uma obrigação, de tal maneira
que a veracidade (verdade cognitiva) seja uma das características do homem
em quem se pode confiar (verdade moral).
Entretanto, espera-se de
cada indivíduo que se mostre íntegro diante de DEUS e de seus semelhantes
(Êxo. 18:21; Jos. 24:14). Nesse sentido moral, a verdade não é algum mero
verniz superficial, pelo contrário, parte do próprio coração, distinguindo o
caráter inteiro do homem interior (I Sam, 12:24; Sal. 15:2; 51:6).
2. A Verdade Ontológica.
Originando-se no conceito de que o indivíduo que é inteiramente digno de
confiança é veraz, temos aquele outro conceito do indivíduo que efetivamente
é aquilo que se propõe a ser. Isso significa que tal individuo não vive uma
ficção, não procura enganar ao próximo, e nem é um homem que dê um exemplo
imperfeito ou negativo. Nesse sentido, "a verdadeira luz" (João 1:9) é a
perfeição que João Batista refletia em parte, em sua pessoa; "o verdadeiro
pão" (João 6:32) faz contraste com o imperfeito maná de Moisés; e "os
verdadeiros adoradores" (João 4:23) fazem contraste com aqueles que adoravam
por mera antecipação, aguardando por quem não conheciam o Messias. Os
crentes tessalonicenses abandonaram seus ídolos a fim de servirem ao
verdadeiro DEUS (1Tes. 1:9).
E nesse sentido que
falamos sobre "um verdadeiro homem", "um verdadeiro erudito" ou "um
verdadeiro filho", dando a entender alguém que é fiel a algum ideal, que
representa perfeitamente algum padrão de virtude. A teoria grega dos
universais via, em todos os particulares, uma participação, em algum grau,
nas formas ideais dos universais.
Pensadores cristãos como
Agostinho, Anselmo e Tomás de Aquino equipararam essas formas com as ideias
e os decretos divinos (verdades eternas), tendo atribuído uma "verdade
ontológica" aos objetos naturais que dão corpo a essas idéias e decretos.
Entretanto, essa noção não se originou dos ensinamentos bíblicos, mas pela
combinação das teorias gregas sobre a forma com o conceito bíblico de um
Criador que faz todas as coisas em consonância com a sua perfeita vontade.
3. A Verdade Cognitiva.
Um outro fator resultante da verdade moral é que o individuo veraz diz a
verdade e não a mentira ou falsidade. Em DEUS, a verdade origina-se na sua
onisciência, de tal modo que o atributo da verdade se refere, pelo menos em
parte, ao seu perfeito conhecimento de todas as coisas (1ó 28:20-26; 38:39).
Visto que DEUS é o Criador, tudo quanto sabemos depende, em última análise,
do Senhor. Toda verdade é uma verdade divina. Nossas habilidades cognitivas
são uma criação de DEUS, e o caráter inteligível da natureza confirma a
sabedoria de DEUS. Por conseguinte, o conhecimento de DEUS é um conhecimento
arquétipo, do qual o nosso conhecimento é parcial, uma imitação. Aquilo que
declaramos verdadeiro, só o é à proporção que concorda com a verdade, que só
se manifesta perfeitamente na pessoa de DEUS. Isso posto, a verdade
terrestre é contingente, dependente, limitada, provisória. É por um motivo
assim que o apóstolo dos gentios explicou que"... agora vemos como em
espelho, obscuramente...", e que somente na presença imediata de DEUS,
quando estivermos na glória, é que " ...veremos face a face ...". Sim, ainda
no dizer do apóstolo, agora conhecemos apenas parcialmente; no céu
conheceremos tal e qual somos conhecidos. Em contraste com o nosso
conhecimento refletido, a verdade arquétipo é ilimitada, imutável e
absoluta. No caso do homem, a verdade permanece em formação constante; mas,
no caso de DEUS, a verdade já é perfeita, completa.
Isso é expresso através
do conceito do Logos, nos escritos de João, bem como na discussão, na
epístola aos Colossenses, sobre o fato de estarem ocultos, em CRISTO,
" ... todos os tesouros
da sabedoria e do conhecimento..." (Col. 2:3). O CRISTO, por intermédio de
Quem todas as coisas foram criadas, e que agora sustenta a tudo em
existência, é aquele que empresta, à natureza e à história,
inteligibilidade, boa ordem e propósito. Conhecer a CRISTO é conhecer a
fonte onisciente de toda a verdade, de todo o conhecimento, não a fim de que
possamos saber de tudo quanto ele sabe, mas a fim de podermos compreender
como são possíveis todo o conhecimento e toda a sabedoria. CRISTO é aquele
que garante o caráter fidedigno de qualquer verdade que podemos obter.
Apesar de ser evidente,
no Novo Testamento, o conceito cognitivo da verdade (ver, por exemplo, Mar.
5:33; 12:32; Rom. 1:25), é particularmente aplicado ali à mensagem anunciada
por CRISTO e seus apóstolos (João 5:33; 8:31-47; Rom. 2:8; Gál, 2:5; 5:7;
Efé. 1:13; I Tim. 3: 15; I João 2:21-27). Um mensageiro cristão fiel fala a
verdade que procede de DEUS; e, correspondendo a essa verdade de DEUS, o
crente confia em DEUS, de quem procede essa verdade. A fé, pois, consiste
tanto no assentimento da verdade como na dependência ao que DEUS declara.
Por isso é que se lê que uma pessoa "pratica a verdade", quando dá o seu
assentimento à mensagem do evangelho e confia em CRISTO, em vista de sua
"verdade moral" ou fidelidade (ver I João 1:6-8; 2:4; 3:18,19).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos.
pag. 593-595.
I - A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do primeiro século.
Gl 2.10 Muito esforço
seria necessário para promover a unidade no nível das raízes entre os
cristãos de origem judaica e os gentios. Os apóstolos perceberam que uma
maneira imediata e prática de transpor esta possível brecha seria
lembrarem-se de ajudar aos pobres. Paulo assegurou que pretendia fazer isto
com diligência. Ele nunca se esqueceu desta ideia. Ele continuava ansioso
por ajudar os crentes pobres de Jerusalém. Nas suas viagens missionárias
(especialmente na terceira), Paulo arrecadou fundos para ajudar os crentes
de origem judaica que eram pobres e que viviam em Jerusalém (veja At 24.17;
Rm 15.25-28; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8-9).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 268-269.
O compromisso de Paulo
(Gl 2.10)
O apóstolo Paulo passa
das considerações teológicas acerca do conteúdo e da defesa do evangelho
para os aspectos práticos — o auxílio aos pobres. Doutrina e prática andam
juntas. A teologia cristã precisa desembocar na prática do amor cristão. A
salvação é só pela fé, independentemente das obras, mas a fé salvadora não
vem só, ela produz obras. A fé sem obras é morta. A fé opera pelo amor. A fé
é a fonte; as obras, o fluxo que corre dessa fonte. A fé é a raiz; as obras,
os frutos. A fé a causa; as obras, a consequência. Não somos salvos pelas
obras, mas para as obras. O mesmo evangelho que liberta do pecado, também
assiste os necessitados.
Duas verdades são aqui
destacadas.
Em primeiro lugar, não
há conflito entre fé e obras.
“Recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres...” (2.10). O evangelho da graça é
integral. Ele provê salvação para a alma e redenção para o corpo. É
transcendental e ao mesmo tempo assistencial. Não existe conflito entre
evangelização e ação social. Fé e obras não se excluem; completam-se. Quando
o coração está aberto para DEUS, está também franqueado para o próximo. A
conversão do coração passa também pela generosidade do bolso. Quem ama a
DEUS também serve ao próximo. Quem adora a DEUS também socorre o
necessitado.
Em segundo lugar, não há
conflito entre evangelização e ação social. “... o que também me esforcei
por fazer” (2.10b). Não há conflito entre a pregação do evangelho e o
cuidado dos pobres. Paulo foi um homem que se afadigou na Palavra. Ele se
gastou pelo evangelho. Pregou com senso de urgência e também com lágrimas.
Ao mesmo tempo, porém, esforçou-se para socorrer os pobres. Foi a Jerusalém
duas vezes com o propósito de levar ofertas aos necessitados (At 11.29,30;
21.17). Compromisso assumido, compromisso cumprido. A pobreza dos crentes da
Judeia despertou a simpatia das igrejas gentias (Rm 15.25-27; I Co 16.1-4;
2Co 8—9). Evangelização sem ação social gera um pietismo alienado; ação
social sem evangelização produz um assistencialismo humanista. Ao longo dos
séculos o evangelho de CRISTO tem sido o vetor inspirador para as maiores
obras sociais do mundo, criando hospitais, escolas, asilos e dezenas de
instituições que cuidam do ser humano de forma integral. Concluímos esta
exposição com a perspectiva de William Hendriksen. Ele diz que ajudar os
pobres é requerido na lei de DEUS (Êx 23.10,11; 30.15; Lv 19.10; Dt
15-7-11), na exortação dos profetas (Jr 22.16; Dn 4.27; Am 2.6,7) e no
ensino de JESUS (Mt 7.12; Lc 6.36,38; Jo 13.29). É fruto da gratidão do
crente pelos benefícios recebidos. Aqueles que recebem misericórdia
tornam-se misericordiosos. Paulo diz que aqueles que recebem benefícios
espirituais devem retribuir com benefícios materiais (Rm 15.26,27). JESUS é
o maior exemplo de generosidade (2Co 8.9). O homem generoso receberá grande
recompensa (Mt 25.31-40).
LOPES, Hernandes
Dias. GÁLATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 90-92.
Gl 2.10 De conformidade
com a doutrina farisaica, as três grandes colunas sobre as quais se apoia o
mundo espiritual, seriam as esmolas, o serviço no templo e o estudo da
Torah. As condições econômicas da época, em muitas comunidades judaicas, mas
sobretudo em Jerusalém, tornavam a prática das esmolas extremamente
importante. Jerusalém parece ter
sido sempre uma parasita econômica, dependente das rendas do templo, que
vinham de outras regiões de Israel e até mesmo de países estrangeiros.
Com base nos fundos dos tesouros do templo de Jerusalém e das milhares de
sinagogas é que eram sustentadas as viúvas e outros pobres, sendo dali
também tirados fundos para ajudar aos desempregados. Ao mesmo tempo,
entretanto, líderes gananciosos se enriqueciam mediante o uso pessoal dos
fundos destinados à comunidade. Estêvão selou a sua condenação ao indicar,
em seu sermão, que o templo de Jerusalém estava obsoleto, e não era mais
essencial para a verdadeira adoração. Ao menos por razões financeiras,
discursos dessa natureza não poderiam mesmo ser tolerados entre os judeus
antigos. (Ver Atos 7:49 e ss.).
Falando sobre dinheiro,
ninguém deseja contribuir, hoje em dia, para a manutenção do ministério e
para a ereção de escolas. Mas quando se trata do estabelecimento da
idolatria e da adoração falsa, nenhum custo é poupado. A verdadeira religião
sempre padecerá da falta de fundos suficientes, ao passo que as religiões
falsas são sustentadas pelas riquezas materiais». (Martinho Lutero, in
loc.).
«...dos pobres...» Estes
deveriam ser relembrados e servidos. Provavelmente apelaram a Paulo, para
que os ajudasse, e a coleta foi feita, pelo menos em parte, como resposta a
esse apelo. Naturalmente que isso não foi apresentado como «condição» para a
aceitação de Paulo por parte dos demais apóstolos; antes, foi a única coisa
que veio a ser solicitada dele, no tocante a quaisquer sugestões adicionais
que os apóstolos tinham a respeito dos labores de Paulo. Os «pobres», em
geral, devem ser incluídos nessa ideia, ainda que parece ter havido uma
preocupação especial como os pobres de Jerusalém e das cercanias.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 4. pag. 454.
2. Os ricos na Igreja Antiga.
A pobreza e a riqueza na
vida do cristão
A não ser em casos
específicos em que a condição espiritual da pessoa a leva a comportamentos
que acabam afetando negativamente a sua vida financeira, ou em casos também
muito específicos em que o juízo de DEUS sobre alguém, afeta a sua vida
financeira, ser pobre ou rico materialmente não tem nada a ver com a
condição espiritual. Há ímpios pobres e há ímpios muito ricos, assim como há
servos de DEUS ricos e pobres, servos de DEUS ricos que empobreceram e
servos de DEUS pobres que enriqueceram. Por exemplo: Abraão foi rico; Isaque
também foi rico; Jacó nasceu em uma família rica, depois foi ganhar a vida
como empregado de seu tio Labão até que DEUS o fez enriquecer sem precisar
da ajuda de seus pais; o rico Jó era um homem justo e reto diante de DEUS,
mas se tornou pobre e depois voltou a ser rico; Jeremias era pobre,
permaneceu assim e morreu assim; os profetas Sofonias e Isaías foram
aristocratas palacianos, mas o profeta Amós foi um simples camponês; o pobre
Lázaro da história contada por JESUS em Lucas 16, e que morreu pobre e na
miséria, era um homem justo; a Bíblia diz que um profeta que realmente
“temia ao Senhor” e auxiliava no ministério do profeta Eliseu morreu pobre e
endividado (1 Rs 4.1), mas sua esposa acabou prosperando após um milagre de
DEUS (1 Rs 4.7); etc.
O que a Bíblia
classifica como mal não é a riqueza, mas o amor às riquezas, a confiança
depositada nelas. Isso está mais do que claro em várias passagens das
Escrituras. A Bíblia nos diz que, no que tange a bens materiais, passamos a
ser ímpios quando:
1) Passamos a amar as
riquezas, o que é o princípio do fim, porque “o amor ao dinheiro é a raiz de
toda espécie de males” (l Tm 6.10).
2) A riqueza passa a ser
senhora de nossas vidas e não nossa serva: “Náo podeis servir a DEUS e a
Mamom” (Mt 6.24).
3) Tornamo-nos
avarentos, isto é, apegados demasiadamente, e de forma repugnante, ao
dinheiro (Lc 12.15a).
4) Passamos a medir a
qualidade da nossa vida pela abundância do que possuímos (Lc 12.15b).
5) Passamos a colocar a
nossa prioridade nas riquezas (Mt 6.19-21).
6) Passamos a colocar a
nossa esperança nas riquezas (l Tm 6.17b).
7) Tornamo-nos altivos,
soberbos e arrogantes por causa das riquezas (l Tm 6.17a).
8) Praticamos a usura
(SI 15.5).
9) Somos possuídos pela
cobiça (l Tm 6.10), as riquezas se tornam uma obsessão em nossa vida (l Tm
6.9).
10) Nossos bens são
“bens mal adquiridos”, ou seja, conquistados desonestamente, seja
ilegalmente (Hc 2.9) ou não (Pv 28.20), pois nem sempre o que é legal é
moral. O pagamento de salários injustos é um desses casos, inclusive
mencionado pelo apóstolo Tiago (Tg 5.4).
Como vemos, no que diz
respeito às riquezas, o pecado está em mantermos uma relação imoral com
elas. Bons exemplos de homens de DEUS ricos são Jó e Abraão (Gn 13.2; Jó
1.3; 42.10,12). Eles enriqueceram dentro do sistema econômico
de suas épocas e não eram avarentos. Eles eram generosos, desapegados às
suas riquezas e colocavam seus bens a serviço da obra de DEUS, ajudando o
próximo (leia com atenção Jó 31.14-41). O próprio apóstolo Tiago cita Abraão
como grande exemplo de verdadeira piedade, de fé com obras (Tg 2.21-23).
JESUS criticou a avareza, o amor ao dinheiro, e não o desejo simples (que
não deve ser confundido com desejo obsessivo) de prosperar financeiramente
(Mt 6.19-21,24). JESUS não pregou a pobreza como uma virtude. Ser rico e ser
pobre não têm nada a ver com caráter ou qualidade de vida espiritual.
Quando JESUS citou a
metáfora do camelo no fundo da agulha, estava falando não da impossibilidade
de um rico entrar no Reino de DEUS, mas da dificuldade (Mt 19.23,24), porque
o ser humano tendente a valorizar o material mais do que o espiritual. JESUS
não estava ensinando, e nunca ensinou, que, para nos mantermos firmes
espiritualmente, devemos ser avessos a qualquer tipo de desejo de prosperar
financeiramente. Tanto é que JESUS conclui sua ilustração dizendo que DEUS
salvará, sim, ricos (Mt 19.26). A metáfora é só um alerta para não se apegar
às riquezas, o que JESUS já havia feito em seu Sermão da Montanha (Mt 6.24).
Na mesma linha do Mestre, o apóstolo Paulo não dá recomendações aos cristãos
ricos para que deixem de ser ricos, mas para que sejam bênção como ricos (l
Tm 6.17-19), e assevera que o dinheiro não é a raiz de todos os males, mas,
sim, “o amor ao dinheiro” (l Tm 6.10).
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 49-51.
Lc 18.24,25 Com o
discipulado lhe tendo sido oferecido, o homem decidiu voltar às suas posses.
JESUS tristemente mostrou aos seus discípulos que muito dificilmente
entrarão no Reino de DEUS os que têm riquezas. Isto era contrário à
sabedoria convencional. Muitos judeus acreditavam que a riqueza era um sinal
da bênção de DEUS sobre o povo. Aqui, JESUS explicou que as riquezas
frequentemente podem provar ser um obstáculo. As pessoas ricas
frequentemente não sentem a profunda necessidade espiritual de procurar e
encontrar a DEUS. Elas podem usar o seu dinheiro para obter posses, viagens
e pessoas que lhes servem, para que não sintam nenhuma necessidade em suas
vidas. Com todas as suas vantagens e influência, os ricos com frequência
acham difícil ter a atitude da humildade, da submissão, e de serviço exigida
por JESUS. Como o dinheiro representa poder e sucesso, os ricos
frequentemente deixam de perceber o fato de que o poder e o sucesso na terra
não podem trazer a salvação eterna. Mesmo que usem o seu dinheiro para
ajudar causas boas e nobres, ainda assim podem perder a oportunidade de
fazer parte do reino de DEUS.
JESUS usou um conhecido
provérbio judaico para descrever a dificuldade enfrentada pelos ricos; ele
disse: “é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar
um rico no Reino de DEUS”. A palavra grega se refere a uma agulha de
costura. O camelo, o maior animal da Palestina, poderia passar pelo furo de
uma agulha de costura mais facilmente do que uma pessoa rica poderia entrar
no reino de DEUS. Estas realmente são palavras preocupantes para aqueles
cujos bens e dinheiro são extremamente importantes.
18.26,27 Como o povo
judeu via as riquezas como um sinal de bênçãos especiais de DEUS, as pessoas
ficaram atônitas quando JESUS disse que na verdade as riquezas impediam que
as pessoas se encontrassem com DEUS. Então, perguntaram: “Logo, quem pode
salvar-se?” JESUS respondeu que as coisas que são impossíveis aos homens são
possíveis a DEUS. As pessoas não podem salvar a si mesmas, não importa
quanto poder, autoridade ou influência possam comprar. A salvação vem
somente de DEUS. Tanto os ricos quanto os pobres podem ser salvos, e as
coisas humanamente impossíveis são divinamente possíveis. Os ricos devem
deixar de se apegar às suas riquezas, lembrando-se de que todos os centavos
vêm de DEUS. E devem usar voluntariamente o que DEUS lhes deu para ajudar no
avanço do seu Reino. Isto não é fácil para ninguém, seja rico ou pobre. O
dinheiro pode ser um obstáculo imenso, mas DEUS pode modificar todas as
pessoas.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 437.
Lc 18.25-26. Esse
acontecimento levou JESUS a fornecer aos seus um ensinamento sobre o perigo
da riqueza. Um rico dificilmente entra no reino de DEUS, porque o coração
pecaminoso se apega demais à propriedade terrena. A fim de incutir mais
firmemente essa verdade em seus ouvintes, o Senhor acrescenta ao que foi
dito até agora um provérbio: “É mais fácil que um camelo passe pelo fundo de
uma agulha do que um rico entrar no reinado de DEUS.” O ponto de comparação
desse provérbio é o humanamente impossível. Com certeza não é condizente
imaginar aqui a pequena entrada no muro de Jerusalém pela qual um camelo
carregado passava apenas com dificuldade.
A declaração do Senhor
ensinou os ouvintes a lançar um olhar sincero para seu próprio coração.
Consternados eles perguntam quem, então, poderá ser salvo? A pergunta não é
“que pessoa rica pode tornar-se bem-aventurada?”, como consta no título do
livrinho de Clemente de Alexandria, mas: “que pessoa realmente pode
tornar-se bem-aventurada?”
Não obstante, tornar-se
bem-aventurado, ser salvo, algo impossível a partir do ser humano, pode ser
viabilizado por DEUS. Nenhuma pessoa é capaz de transformar seu coração por
força própria, para não se apegar mais às coisas terrenas. A onipotência da
graça de DEUS, porém, consegue renovar o coração, para que abra mão de tudo
o que é terreno por causa do reino de DEUS, para que busque, ao invés de
bens terrenos, o tesouro celestial.
Fritz Rienecker.
Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
Lc 18.25-26. O Senhor quer dizer que é impossível que um rico
faça ou encontre por suas próprias forças um caminho para o reino de DEUS.
Quão poderosa é a resistência que a riqueza exerce no coração do homem
natural! Ele é violentamente retido por seu fascinante charme e é assim
impedido de cultivar uma atitude de coração e mente necessária para entrar
no reino de DEUS. Veja Lucas 16.13; cf. 1 Timóteo 6.10. É preciso observar
que JESUS fala deliberadamente em termos absolutos. Há pouco usamos a
expressão por suas próprias forças. Embora diante do versículo 27 não se faz
necessário retrair esse qualificativo, deve-se advertir que aqui no
versículo 25 JESUS não qualifica assim sua afirmação.
Ele fala em termos
absolutos a fim de gravar ainda mais claramente na mente dos discípulos que
a salvação, do princípio ao fim, não é uma “realização” humana. Quanto ao
fato de que “o extremo do homem é a oportunidade de DEUS”, fica reservado
para mais adiante.
A surpreendente
observação de JESUS teve o efeito desejado. Abalou tanto os que o ouviam,
que exclamaram: “Então, quem pode ser salvo?” Provavelmente arrazoaram deste
modo: o que JESUS diz com respeito aos ricos vale para todos, porque, embora
nem todos sejam ricos, contudo os pobres aspiram a ser ricos. Em relação a
isso, note também que o rico havia inquirido sobre herdar a vida eterna (v.
18). JESUS havia respondido em termos de entrar no reino de DEUS (v. 25). E
os ouvintes - em sua maioria discípulos, provavelmente (veja vs. 15, 28) -
haviam interpretado a resposta de seu Senhor como uma indicação de que
ninguém poderia ser salvo (v. 26). Portanto, é evidente que as três
designações são sinônimas; todas descrevem a mesma bênção, porém cada uma
focaliza um ponto de vista diferente.
HENDRIKSEN. William.
Comentário do Novo Testamento. Lucas. Vol 2. Editora Cultura Cristã. pag.
401-402.
Tg 1.11 Tiago descreveu
um acontecimento comum no Oriente Médio. A manhã é frequentemente recebida
por flores coloridas do deserto, que se abrem após o frio da noite. A sua
morte é repentina com o ardor do sol. Este murchar e morrer, no caso das
pessoas ricas, é tão repentino quanto a morte das flores silvestres. A morte
sempre se intromete. A vida é incerta. O desastre é possível a qualquer
momento.
O pobre deve ficar feliz
porque as riquezas não significam nada para DEUS; caso contrário, as pessoas
pobres seriam consideradas sem valor. O rico deve ficar feliz porque a
prosperidade não significa nada para DEUS, porque a prosperidade é
facilmente perdida. Nós encontramos a verdadeira riqueza quando
desenvolvemos a nossa vida espiritual, e não os bens materiais. Tiago inicia
a sua carta certificando-se de que os crentes, tanto os pobres como os
ricos, se vejam sob a mesma luz diante de DEUS (veja Gl 3.28; Cl 3.11).
Tiago convoca os seus
leitores a encontrarem esperança nas promessas eternas de DEUS.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 665.
Tg 1.11 Essa metáfora é
acolhida por Tiago para explicitar a transitoriedade daquilo que torna
alguém rico: “O sol se levanta com seu ardente calor, e faz secar o capim,
sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto. Assim também
definhará o rico em seus caminhos”: na hora da morte os bens ficam para trás
(Lc 12.20s). Com frequência eles já se desfazem antes em crises econômicas,
especulações equivocadas, guerras com suas consequências, ou por causa da
desonestidade de pessoas. A pessoa rica não se livra das preocupações. Boas
posições podem-nos ser tiradas rapidamente pela idade, enfermidade, mudança
da conjuntura, golpes políticos. A beleza pode murchar depressa, acuidade
intelectual pode se perder em acidentes ou doenças. Nada é mais seguro para
nós do que isto: “Assim também definhará o rico em seus caminhos.”
Isso, pois, é visto por
Tiago como motivo para alegrar-se. O rico deve “gloriar-se” de sua
insignificância (v. 10), ou seja, deve gostar de lembrar e falar disso. Como
isso deve ser entendido e realizado na prática? “Têm como se não tivessem”
(1Co 7.29-31). Não prendem a tudo isso o coração (Mt 6.19-24). Com o que
possuem são administradores de DEUS. São bens que lhes foram confiados (cf.
Mt 25.14ss). Levam a sério sua administração e têm o propósito de ser fiéis.
Alegram-se quando os recebem, e
estão dispostos a devolvê-los novamente (Jó 1.21b). Por isso estão isentos
das inquietas e medrosas preocupações que com freqüência atormentam tanto os
ricos neste mundo. Não estão agarrados à propriedade. Algo diferente
deixa-os alegres e confiantes na vida e na morte, no tempo e na eternidade:
“Em mim e minha vida não há nenhum valor; por CRISTO é concedida a luz ao
pecador” (Paul Gerhardt [1607-1676 – HPD 160,3]). Isso coloca no mesmo nível
os membros da igreja socialmente diferentes e os posiciona muito perto uns
dos outros. A pobreza não humilha, a riqueza não exalta. – Quando a questão
da riqueza não parece mais tão terrivelmente importante, estão asseguradas
também as premissas para a harmonização social. Ela acontece sem que se faça
grande alarde disso. Pessoas renovadas geram uma realidade nova. Dessa
maneira a riqueza também passa a não ser mais tentação e perigo. Sabe-se que
ela não é nada em comparação com a graça de DEUS, concedida igualmente a
todos. Perante DEUS somos todos mendigos e todos regiamente presenteados.
Nesse contexto
igualmente será bom lembrar que também os dons (em grego charismata) e
serviços (cargos) específicos na igreja não exaltam uma pessoa sobre a
outra. Aliás, isso contrariaria a maneira de JESUS (Mt 18.1-4; 20.25-28). Os
dons espirituais não são pedestal para alçar os detentores nem condecorações
por uma conduta especial, mas meros equipamentos para determinados serviços
(1Co 12.7). Não devemos nos deixar fascinar pelo que conseguimos realizar
por meio do dom de DEUS, mas nos alegrar com o presente imerecido que nos
foi dado pela filiação divina (Lc 10.20). Também nesse caso vale de
forma especial: “Em mim e minha vida não há nenhum valor; por CRISTO é
concedida a luz ao pecador” [Paul Gerhard, HPD 160,3] “Pela graça de DEUS
sou o que sou” (1Co 15.10). Por fim, o dom (1Co 13.8) e a incumbência
somente nos foram atribuídos provisoriamente. No grande dia de nosso Senhor
precisamos contar com uma redistribuição (Lc 19.17).
Fritz Grünzweig.
Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Tg 1:11 - O quadro que
Tiago usa a fim de imprimir essa idéia na mente de seus leitores é o de um
fenômeno dramático, observado na Palestina. As anêmonas e as ciclamens
florescem maravilhosamente pela manhã, mas, à medida que o sol vai subindo e
o dia se torna mais quente, elas vão pendendo, murcham e acabam morrendo. No
final da tarde as flores que havia pouco estavam em pleno viço agora não
mais existem, e não renascerão. É provável que esse quadro tenha sido tirado
de Isaías 40:6-8 (também é empregado em 1 Pedro 1:24), mas o sentido é
singularmente de Tiago. O rico é a flor cuja aparência é tão impressionante.
Contudo, da perspectiva dos céus, a situação desse rico é precária na
verdade. Logo sobrevirá algum problema, alguma doença, e onde estará depois
o rico? Em face da morte, as riquezas são absolutamente insignificantes (cf.
Jó 15:30; Provérbios 2:8; Salmos 73; Mateus 6:19-21). O rico murchará também
enquanto vai andando em seus caminhos. A memória que dos ricos restará não
será eterna, cheia de glória, como imaginavam que fosse, mas dissolver-se-á
no pó, à semelhança de qualquer mortal, e logo seus monumentos e a própria
lembrança deles se desfarão, desaparecendo no esquecimento. Isso era tudo
que o rico teve, visto que, diferentemente do pobre, que havia sido
“levantado” e, dessa maneira, veio a gozar de um lugar eterno junto a DEUS,
o rico recebeu toda sua consolação aqui na terra, pelo que mergulhou para
sempre nas trevas e no esquecimento, cortado bem no meio de seus caminhos.
Nesse momento Tiago
inicia a segunda parte da sua declaração de abertura. Embora verse sobre os
mesmos temas, não é repetitivo, pois cada tema é ampliado. Trata-se aí das
causas interiores do fracasso nas provações e não dos benefícios gerais
advindos da provação. Debate-se a boa dádiva de DEUS em relação ao problema
do diálogo e não em relação à oração e à sabedoria. Agora focaliza-se a
prática da fé (que significa repartir com generosidade), e não o debate da
situação real do rico e do pobre. Todos esses temas acabarão por fundir-se
nos debates de maior monta da conclusão.
Peter H. Davids.
Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 50.