Escrita Lição 12, CPAD, O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia, 4Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
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TEXTO ÁUREO
“E, servindo eles
ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo
para a obra a que os tenho chamado.” (At 13.2)
VERDADE PRÁTICA
A ação do ESPÍRITO SANTO
é a garantia do sucesso de toda a obra missionária.
Segunda - At 11.19,20 A igreja em Antioquia da Síria era estratégica para missões
Terça - At 8.1 A dispersão em Jerusalém contribuiu para a fundação da igreja em Antioquia
Quarta - 1 Co 12.28; Ef 4.11 Os dons espirituais e ministeriais servem à obra missionária
Quinta - At 13.2,3 O jejum e a oração são necessários para o envio missionário
Sexta - At 14.8-28 Missões em diversas cidades e países não alcançados
Sábado - Sl 126.5,6 Na obra missionária quem planta com lágrimas colhe com alegria
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 11.19-26; 13.1-5
Atos 11.19 - E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus.
20 - E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor JESUS.
21 - E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.
22 - E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia,
23 - o qual, quando chegou e viu a graça de DEUS, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.
24 - Porque era homem de bem e cheio do ESPÍRITO SANTO e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25 - E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia.
26 - E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.
Atos 13.1 E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
Hinos Sugeridos: 230, 272, 378 da Harpa Cristã
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E
CARACTERÍSTICAS
1. Antioquia da Síria
2. A igreja em Antioquia
3. Uma obra de leigos
II – UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO
1. “Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1)
2. Uma liderança servidora (v.2)
3. “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v.2)
III – O SERVIÇO DE MISSÕES
1. O início das missões cristãs
2. Roteiro da viagem e atividades missionárias
3. Prestando contas
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SUBSÍDIOS EXTRAS
PARA A LIÇÃO
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Atos
11.19-26 BEP - CPAD
11.18
OUVINDO ESTAS COISAS. O discurso de Pedro silenciou todas as objeções (vv.
4-18). Deus tinha batizado os gentios no Espírito Santo (At 10.45), e este ato
foi acompanhado da evidência convincente do falar noutras línguas pelo Espírito
(At 10.46). Era esse o único sinal necessário a ser aceito sem mais dúvidas.
11.23
QUE... PERMANECESSEM NO SENHOR. Os discípulos do NT não aceitavam o ensino que
aquele que recebesse a graça de Deus permaneceria automaticamente leal ao
Senhor, visto que o pecado, o mundo e as tentações de Satanás podiam levar um
novo crente a desviar-se do caminho da salvação em Cristo. Barnabé nos oferece
um exemplo de como os novos convertidos devem ser tratados: que nosso interesse
principal seja ajudá-los e animá-los a permanecerem na fé, no amor e na
comunhão com Cristo e com sua At igreja (cf. 13.43; 14.22).
11.26 OS
DISCÍPULOS... CHAMADOS CRISTÃOS. A palavra cristão (gr. christianos) ocorre
somente três vezes no NT (At 11.26; 26.28; 1 Pe 4.16). Originalmente, era um
termo que denotava um servo e seguidor de Cristo. Hoje tornou-se termo geral,
destituído do significado original que tinha no NT. A nós, este termo deve
sugerir o nome do nosso Redentor (Rm 3.24), a ideia do profundo relacionamento
do crente com Cristo (Rm 8.38,39), o
pensamento de que o recebemos como nosso Senhor (Rm 5.1), e a causa da nossa
salvação (Hb 5.9). Reivindicar o nome de cristão significa que Cristo e a sua
palavra revelada nas Escrituras são a autoridade suprema e a única fonte da
esperança futura (Cl 1.5,27).
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Atos
13.1-5 BEP - CPAD
13.2
SERVINDO... E JEJUANDO. O cristão cheio do Espírito é muito sensível ao que o
Espírito Santo comunica durante a oração e o jejum (ver Mt 6.16). Aqui, a
comunicação da parte do Espírito Santo provavelmente foi uma palavra profética
(cf. v. 1).
13.2 PARA A
OBRA A QUE OS TENHO CHAMADO. Paulo e Barnabé foram chamados à obra missionária
e enviados pela igreja de Antioquia. As características dessa obra estão
descritas em At 9.15; 13.5; 22.14,15,21 e At
26.16-18. (1) Paulo e Barnabé foram chamados para pregar o evangelho e conduzir
homens e mulheres à salvação em Cristo. As Escrituras não indicam em lugar
nenhum que os missionários do NT foram enviados aos campos para realizarem
trabalhos sociais ou políticos, i.e., propagar o evangelho e fundar igrejas
mediante o exercício de todos os tipos de atividades sociais ou políticas para
o bem da população do Império Romano. O alvo dos missionários era conduzir
pessoas a Cristo (At 16.31; 20.21), livrá-las do poder de Satanás (At 26.18),
levá-las a receber o Espírito Santo (At 19.6) e organizá-las em igrejas. Nesses
novos cristãos, o Espírito Santo veio habitar e manifestar-se através do amor;
Ele deu dons espirituais (1 Co 12.1-14.40) e transformou esses fiéis de tal
maneira que suas vidas glorificavam ao seu Salvador. (2) Os missionários do
evangelho de hoje devem ter a mesma atividade prioritária: ser ministros e
testemunhas do evangelho, que levem outros a Cristo, livrando-os do domínio de
Satanás (At 26.18), fazendo-os discípulos, motivando-os a receber o Espírito
Santo e os seus dons (At 2.38; 8.17) e ensinando-os a observar tudo quanto
Cristo ordenou (Mt 28.19,20). Isto deve ser acompanhado de sinais e prodígios,
cura de enfermos e libertação de oprimidos pelos demônios (At 2.43; 4.30; 8.7; 10.38; Mc 16.17,18). Esta
tarefa suprema de pregar o evangelho, no entanto, deve também incluir atos
pessoais de amor, de misericórdia e de bondade para com os necessitados (cf. Gl
2.10). Deste modo, todos que são chamados a dar testemunho do evangelho
servirão na causa divina segundo o modelo de Jesus (ver Lc 9.2).
13.3 OS
DESPEDIRAM. Com estas palavras começa o grande movimento missionário da igreja
até aos confins da terra (1.8). Os princípios missionários vistos no capítulo
13 são um modelo para todas as igrejas que enviam missionários. (1) A atividade
missionária é originada pelo Espírito Santo, através de líderes espirituais que
estão profundamente dedicados ao Senhor e ao seu reino, buscando-o com oração e
jejum (v. 2). (2) A igreja deve estar atenta ao ministério e atividade
proféticos do Espírito Santo e sua orientação (v. 2). (3) Os missionários que
são enviados, devem fazê-lo segundo a chamada e a vontade específicas do
Espírito Santo (v. 2b). (4) Mediante a oração e o jejum, a igreja buscando
constantemente estar em harmonia com a vontade do Espírito Santo (vv. 3,4),
confirma a chamada divina de determinadas pessoas à obra missionária. O
propósito é que a igreja envie somente aqueles que forem da vontade do Espírito
Santo. (5) Pela imposição de mãos e o envio de missionários, a igreja indica
que se compromete a sustentar e assistir os que saem à obra. A responsabilidade
da igreja que envia missionários inclui demonstrar amor e cuidado para com eles
de um modo digno de Deus (3 Jo 6), orar por eles (v. 3; Ef 6.18,19) e
sustentá-los financeiramente (Lc 10.7; 3 Jo 6-8). Isso inclui ofertas especiais
de amor para necessidades específicas deles (Fp 4.10, 14-18). O missionário é
uma projeção do propósito, interesse e missão da igreja que os envia. Essa
igreja fica sendo, portanto, uma cooperadora da verdade (Fp 1.5; 3 Jo 8). (6)
Aqueles que saem como missionários devem estar dispostos a expor a vida pelo
nome de nosso Senhor Jesus Cristo (At 15.26).
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A Missão de Paulo e Barnabé - Com.
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
(COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr.
Henrique)
Atos 13:1-3
Temos aqui a autorização e comissão
divinas dada a Barnabé e Saulo para irem pregar o evangelho entre os gentios e
a sua ordenação a esse ministério pela imposição de mãos, com jejum e oração.
Aqui está:
I
Um relato do estado em que se encontrava a
igreja que estava em Antioquia (v. 1), que foi plantada no capítulo 11.20.
1. Como a igreja em Antioquia estava
bem provida de bons ministros. Havia alguns profetas e doutores (v. 1), homens
notáveis por dons, graça e utilidade. Jesus, quando subiu ao céu, deu uns [...]
para profetas [...] e doutores (ou “mestres”, versão RA; Ef 4.11). Ali estavam
homens que tinham esses ofícios: profetas e doutores. Ágabo, pelo visto, era
profeta e não doutor, e muitos eram doutores que não eram profetas.
Antioquia era uma grande cidade com
muitos cristãos, de forma que não podiam se reunir todos num mesmo lugar.
Fazia-se necessário que tivessem muitos doutores e profetas para presidirem
suas respectivas reuniões e apresentarem os propósitos de Deus ao povo. Na
lista, Barnabé é citado em primeiro lugar, provavelmente ainda era o mais velho
e discipulador ou mentor do próprio Saulo. Mas depois o último se tornou o
primeiro e Saulo foi mais célebre na igreja, se tornando o maior evangelista da
bíblia. Mais três nomes são citados. (1) Simeão (v. 1), que, com vistas a
distingui-lo de outros do mesmo nome, era chamado Níger, “o Negro”
(provavelmente por ser africano). (2) Lúcio (v. 1), de Cirene (Líbia). (3)
Manaém (v. 1), indivíduo de certa dignidade porque foi criado com Herodes, o
tetrarca, o que quer dizer que se alimentaram do mesmo leite, muito
provavelmente por ser mãe uma ama de leite ou funcionária que teria amamentado
também a Herodes, talvez por uma deficiência de leite de sua mãe ou pela morte
da mesma quando amamentava). Manaém abandonou todas as esperanças palacianas por
amor a Cristo. Foi como Moisés que, sendo já grande, recusou ser chamado filho
da filha de Faraó (Hb 11.24). Tivesse ele se unido a Herodes, com quem fora
criado, ele poderia ter tido o lugar de Blasto e sido camareiro do rei. Mas é
melhor ser companheiro de sofrimentos com um santo do que ser companheiro de
perseguições com um tetrarca.
2. Como os bons ministros da igreja
em Antioquia eram bem usados: Eles serviam ao Senhor e jejuavam (v. 2).
Observe: (1) Os doutores (ou mestres) e profetas fiéis e diligentes estão, na
verdade, servindo ao Senhor. Os que ensinam os cristãos estão servindo a
Cristo. Eles realmente o honram e promovem os interesses do Reino. Os que
servem à igreja ensinando, pregando, jejuando e orando (essas funções estão
inclusas aqui), estão servindo ao Senhor, pois eles são os servos da igreja por
amor a Cristo. Em seus serviços eles têm de olhar para Ele, e as suas
recompensas, eles as receberão dele. (2) Servir ao Senhor, de um modo ou de
outro, tem de ser o negócio declarado das igrejas e seus doutores (ou mestres)
e seus profetas. Devemos separar tempo para esta obra e passar uma parte do dia
nela. O que mais temos de fazer como cristãos e ministros senão servir a
Cristo, o Senhor? (Cl 3.24; Rm 14.18). (3) O jejum é de utilidade em nosso
serviço ao Senhor como sinal de nossa humilhação e como meio de nossa
mortificação. Esse exercício religioso não foi praticado pelos discípulos de
Jesus, enquanto o esposo estava com eles (Mc 2.19,20), sendo explícito que o
fariam após a morte e ressurreição de JESUS. Os discípulos de João Batista e
fariseus o praticavam regularmente. Depois que o esposo foi tirado, os
discípulos jejuaram muitas vezes como
pessoas que aprenderam muito bem a negar a si mesmo e suportar as dificuldades.
II
As ordens que o Espírito Santo deu para
separar Barnabé e Saulo, no meio de um culto em que os ministros da igreja na
cidade se uniram em um jejum solene ou dia de oração e adoração a DEUS: Disse o
Espírito Santo (v. 2), muito provavelmente através de um dos profetas
presentes: “Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”.
Quanto a Saulo, fora-lhe dito especificamente que tinha de levar o nome de
Cristo diante dos gentios (Atos 9.15), que ele seria enviado aos gentios (Atos
22.21). A questão fora resolvida entre eles em Jerusalém antes deste dia. Ficou
resolvido que Pedro, Tiago e João se disporiam entre os da circuncisão, para
que Saulo e Barnabé fossem para os gentios (Gl 2.7-9). É provável que Barnabé
soubesse que fora escolhido para fazer o mesmo serviço que Saulo. Contudo, eles
não se atirariam a esta colheita, ainda que copiosa e produtiva, até que
recebessem ordens específicas do Senhor da colheita: Lança a tua foice e sega!
[...], porque já a seara da terra está madura (Ap 14.15). As ordens eram:
Apartai-me a Barnabé e a Saulo. Observe aqui: 1. Cristo, pelo seu Espírito,
nomeia os seus ministros (Ef 4.11). É pelo ESPÍRITO SANTO que são qualificados e
capacitados sobrenaturalmente para os serviços, inclinados a isso.
“Separai-os”. 2. Os ministros de Cristo são separados para ele e para o
Espírito Santo: “Separai-os para mim” (v. 2, versões NTLH e RA). Eles devem ser
empregados na obra de Cristo e sob a orientação e capacitação do ESPÍRITO SANTO,
para a glória de Deus Pai. 3. Todos que são separados para Cristo como seus
ministros são separados para trabalhar. Jesus não tem servos para ficarem à
toa. Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja (1 Tm 3.1). É para
isso que eles são separados: trabalhar na palavra e na doutrina (1 Tm 5.17).
Eles são separados para labutar, não para vadiar. 4. A obra dos ministros de
Cristo, à qual eles são separados, é obra especial e específica de JESUS
CRISTO.
III
A ordenação de Barnabé e Saulo correspondente
às ordens que o Espírito Santo deu para separá-los: Não foi para o ministério
em geral (há muito que Barnabé e Saulo já eram ministros), mas para um serviço
em particular no ministério. Era algo peculiar e que exigia novo
comissionamento. Deus considerou que o momento era oportuno para transmitir
essa ordem por meio das mãos desses profetas e doutores a fim de que a igreja
recebesse estas orientações. Tanto os ministérios de profetas quanto o de
Mestres continuam na Igreja como registrado na Bíblia, são profetas e mestres
da Igreja. Os profetas que profetizaram a vinda do Messias prevaleceram até
joão Batista; de lá para cá temos os profetas da Igreja, assim como os demais
ministérios, como apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef
4.11). Aqueles a quem foram confiadas as
palavras de Cristo devem, para o benefício da posteridade, confiá-las a homens
fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros (2 Tm 2.2). Assim,
aqui, Simeão, Lúcio e Manaém, sendo alguns profetas ou sendo doutores (não
sabemos) da igreja que estava em Antioquia, tendo jejuado e orado e posto sobre
[Barnabé e Saulo] as mãos, os despediram (v. 3), de acordo com as orientações
recebidas.
Observe: 1. Simeão, Lúcio e Manaém
oraram por Barnabé e Saulo (v. 3). Quando bons homens são enviados para fazer a
boa obra devem receber as orações solenes e particulares da igreja,
especialmente dos irmãos que são companheiros de trabalho e companheiros de
armas. 2. Simeão, Lúcio e Manaém uniram o jejum às orações, como fizeram em
suas outras ministrações (v. 3). 3. Simeão, Lúcio e Manaém puseram as mãos
sobre Barnabé e Saulo (v. 3). Com esse gesto: (1) Eles lhes abençoavam em nome
de JESUS e lhes transmitia unção do ESPÍRITO SANTO para a tarefa que iriam
realizar (2) Eles rogaram a bênção sobre Barnabé e Saulo no empreendimento que
assumiam, pediram que Deus estivesse com eles e lhes desse sucesso. E para que
conseguissem isso, oraram para que eles fossem cheios do Espírito Santo na obra
a fazer. É a mesma coisa que está explicada no capítulo 14.26, onde fala, em
relação a Paulo e Barnabé, que de Antioquia, eles tinham sido recomendados à
graça de Deus para a obra que já haviam cumprido. Assim como era a mostra da
humildade de Barnabé e Saulo o fato de se submeterem à imposição das mãos dos
seus colegas, ou mais propriamente, subordinados, assim também era a mostra do
bom temperamento dos outros doutores o fato de eles não invejarem Barnabé e
Saulo pela honra de terem sido escolhidos, mas de alegremente terem lhes
confiado esta honra com orações sinceras e vigorosas por eles. Eles os
despediram com a máxima urgência por pura preocupação pelas regiões em que eles
iam desbravar terras não evangelizadas.
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Lição 1, O Mundo do
Apóstolo Paulo
Lições Bíblicas -
4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo
Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de
CRISTO
Comentário: Pr.
Elienai Cabral
Complementos,
ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Escrita
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Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/09/slides-licao-1-o-mundo-do-apostolo.html
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE - Atos 26.1-7
1 - Depois, Agripa
disse a Paulo: Permite-se-te que te defendas. Então, Paulo, estendendo a mão em
sua defesa, respondeu: 2 - Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante
ti me haja, hoje, de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus,
3 - mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões
que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência. 4 - A
minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o princípio, em
Jerusalém, entre os da minha nação, todos os judeus a sabem. 5 - Sabendo de
mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa
seita da nossa religião, vivi fariseu. 6 - E, agora, pela esperança da promessa
que por DEUS foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado, 7 - à qual as
nossas doze tribos esperam chegar, servindo a DEUS continuamente, noite e dia.
Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
Resumo da Lição 1,
O Mundo do Apóstolo Paulo
I – O MUNDO DE
PAULO NO IMPÉRIO ROMANO
1. Entendendo a
origem de Paulo.
2. A geografia do
mundo de Paulo.
3. Paulo, chamado
para os gentios.
II – O MUNDO
CULTURAL DE PAULO
1. A língua mundial
daqueles dias era o grego.
2. O mundo cultural
do apóstolo Paulo.
3. A influência da
filosofia grega.
III – O MUNDO
RELIGIOSO DE PAULO
1. Paulo se
identifica como judeu.
2. Paulo foi criado
dentro da fé judaica.
3. O mundo: palco
da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
INTRODUÇÃO
Estudaremos neste
trimestre sobre o apóstolo aos gentios. PAULO.
Veremos nesta
lição1 o mundo de Paulo no império romano, sua origem, a geografia do mundo de
Paulo, seu chamado para os gentios.
Veremos o mundo
cultural de Paulo, a língua mundial daqueles dias era o grego, o mundo cultural
do apóstolo Paulo, a influência da filosofia grega.
O mundo religioso
de Paulo, ele se identifica como judeu, ele foi criado dentro da fé judaica, o
mundo, palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
Paulo de Tarso, da
tribo de Benjamim, Judeu, que falava Hebraico, Aramaico, Grego e latim (na
minha opnião, pois era a língua falada pelos romanos).
Paulo, o maior
imitador de CRISTO. Também chamado "Paulo, o velho" (Fm 1:9), "O
prisioneiro de CRISTO" (Fm 1:9).
Paulo escreveu mais
da metade dos livros do NT.
Considero Hebreus
escrito por Paulo.
Paulo influenciou a
escrita do evangelho de Lucas.
Paulo era usado em
todos os dons do ESPÍRITO SANTO
Pedro abriu a
porta, mas quem percorreu todos os cômodos da casa e se instalou nela foi
Paulo.
Foi Paulo usado por
DEUS para transformar a "seita dos nazarenos" em Igreja de CRISTO.
Paulo usava
escrituras, livros e pergaminhos.
Anotava sempre o
que ia recebendo de DEUS.
É o maior
instrumento do ESPÍRITO SANTO para nossos ensino, sempre baseado nos ensinos de
JESUS CRISTO.
No tempo de JESUS e
de Paulo (eram contemporâneos, com diferença de idade entre 9 e 12 anos) o
Império romano se impõe como reino que não tem adversário a altura.
Politicamente e
belicamente não havia concorrentes.
A cultura grega
dominava, mas prevalecia a autoridade Romana.
Império romano
governava desde a Inglaterra até a Persia.
Entre anos 60 e
150, o governo romano experimentou seu apogeu e a Pax romana, com estradas
ligando todo o império, possibilitando assim a intercomunicação e o comércio
entre todos os países do império.
Mar mediterrâneo e
norte da África também eram dominados pelo império romano.
Atos 26
1. Veja aqui qual
era sua religião em sua juventude: Sua vida, todos os judeus a sabem (vv. 4,5).
Na verdade, ele não nasceu em sua própria nação, mas foi criado entre eles em
Jerusalém. Embora ele tivesse nos últimos anos tido contatos com os gentios (o
que havia causado grande ofensa aos judeus), contudo, em suas viagens pelo
mundo, ele estava intimamente ligado com a nação judaica, e agia inteiramente
em seu benefício. Sua formação não era nem estranha nem obscura; estava entre
sua própria nação em Jerusalém, onde a religião e a instrução floresciam. Todos
os judeus a conheciam, tudo isso poderia ser lembrado por muito tempo, porque
Paulo tornou-se notável ainda moço. Aqueles que o conheciam desde o princípio
poderiam testificar por ele que ele era fariseu, que ele era não somente da
religião judaica, e um observador de todas as ordenanças dela, mas que ele era
da mais severa seita da daquela religião, mais exigente e exato em observar por
si mesmo as suas instituições, e mais rígido e crítico ao impô-las a outros.
Ele não somente era chamado de fariseu, mas ele viveu fariseu. Todos que o
conheceram sabiam muito bem que nunca qualquer fariseu se conformou mais
pontualmente às regras de sua ordem do que ele. E ainda mais, ele era do melhor
tipo de fariseu; porque ele fora educado aos pés de Gamaliel, que foi um rabino
eminente da escola ou casa de Hillel, que era de muito maior reputação para a
religião do que a escola ou casa de Shamai. Sendo assim, se Paulo era fariseu,
e viveu como fariseu: (1) Então ele era um erudito, um homem instruído, e não
um ignorante, iletrado; os fariseus conheciam a lei e eram bem versados nela, e
nas suas exposições tradicionais. Havia uma censura aos outros apóstolos por
não terem tido uma formação acadêmica, mas tinham sido treinados como
pescadores (Atos 4.13). Portanto, para que os judeus descrentes pudessem ser
deixados sem desculpa, aqui está um apóstolo destacado que havia se assentado
aos pés de seus doutores mais eminentes. (2) Então ele era um moralista, um
homem de virtude, e não um jovem dissoluto ou pervertido. Se ele viveu como
fariseu, não era nenhum bêbado ou fornicador; e, sendo um jovem fariseu,
podemos esperar que ele não fosse nenhum extorquidor, nem tinha ainda aprendido
as artes que os velhos fariseus astutos e cobiçosos praticavam de devorar as
casas das viúvas pobres; mas era, segundo a justiça que há na lei,
irrepreensível. Ele não era culpado de nenhum exemplo de vício e profanação
conhecidos; e, portanto, como não se podia considerá-lo desertor de sua religião
por não conhecê-la (pois ele era um homem instruído), também não se podia
considerar que ele desertara dela porque não a amava, ou não tinha afeição às
suas obrigações, pois ele era um homem virtuoso, e não era inclinado a nenhuma
imoralidade. (3) Então ele era ortodoxo, são na fé, e não um deísta ou cético,
ou um homem de princípios corruptos que levam à infidelidade. Ele era fariseu,
em oposição aos saduceus; ele aceitava aqueles livros do Antigo Testamento que
os saduceus rejeitavam, acreditava num mundo de espíritos, na imortalidade da
alma, na ressurreição do corpo e nas recompensas e castigos do estado futuro,
tudo que os saduceus negavam. Eles não podiam dizer: Ele abandonou sua religião
por falta de um princípio, ou por falta do devido respeito para com a revelação
divina; não, ele sempre tivera uma veneração pela antiga promessa feita por
DEUS aos pais, e construíra sua esperança sobre ela.
Ora, embora Paulo
soubesse muito bem que tudo isso não o justificava diante de DEUS, nem era
justificação para ele, ele sabia que isso valia por sua reputação entre os
judeus, e um argumento ad hominem – como Agripa deveria sentir, que ele não era
um homem tal qual eles o fizeram parecer. Embora ele considerasse tudo isso
como perda para que pudesse ganhar a CRISTO, ainda o mencionava quando podia
servir para honrar a CRISTO. Ele sabia muito bem que em todo esse tempo ele era
um estranho à natureza espiritual da lei divina, e à religião do coração, e que
a menos que sua justiça excedesse isso, ele jamais iria para o céu; no entanto,
ele reflete sobre isso com alguma satisfação de que antes da sua conversão não
tinha sido um ateu, profano ou corrupto, mas, de acordo com a luz que ele
possuía, tinha andado diante de DEUS com toda a boa consciência.
2. Veja aqui o que
é sua religião. Na verdade, ele não tem grande zelo pela lei cerimonial como
ele teve em sua juventude. Os sacrifícios e ofertas designados por essa lei,
ele pensa, são superados pelo grande sacrifício que eles tipificavam; ele não
leva mais em consideração as contaminações e suas purificações cerimoniais, e
pensa que o sacerdócio levítico foi nobremente absorvido pelo sacerdócio de
CRISTO; mas quanto aos princípios fundamentais de sua religião, ele é tão
zeloso por eles como sempre, e mais ainda, ele está pronto a viver e morrer por
eles.
(1) Sua religião é
edificada sobre a promessa feita por DEUS aos pais. Está edificada sobre a
revelação divina, que ele recebe e crê, e na qual arrisca sua alma; ela está
edificada sobre a graça divina, a graça manifestada e transmitida pela
promessa. A promessa de DEUS é o guia e a base de sua religião, a promessa
feita aos pais, que era mais antiga do que a lei cerimonial, essa aliança que
foi confirmada diante de DEUS em CRISTO, e que a lei, que veio quatrocentos e
trinta anos depois, não invalida, de forma a abolir a promessa (Gl 3.17).
CRISTO e o céu são as duas grandes doutrinas do evangelho – que DEUS nos deu a
vida eterna e essa vida está em seu filho. Sendo assim, essas duas são a
substância da promessa feita aos pais. Ela pode remontar até a promessa feita
ao pai Adão, a respeito da semente da mulher, e aquelas descobertas de um
estado futuro em cuja fé os primeiros patriarcas agiram, e foram salvos por
aquela fé; mas ela diz respeito principalmente à promessa feita ao pai Abraão,
de que por sua semente todas as famílias da terra seriam abençoadas, e que DEUS
seria um DEUS para ele e para sua semente depois dele: a primeira quer dizer
CRISTO, a última, o céu; porque, se DEUS não tivesse preparado uma cidade para
eles, Ele teria se envergonhado de chamar a si mesmo de seu DEUS (Hb 11.16).
(2) A sua religião
consiste nas esperanças dessa promessa. Ele não a estabelece, como eles
fizeram, em comidas e bebidas, e na observação de mandamentos carnais (DEUS tem
muitas vezes mostrado quão pouco Ele se importa com eles), mas na dependência
confiante da graça de DEUS na aliança, e na promessa, que foi a grande carta
régia pela qual a igreja foi inicialmente fundada. [1] Ele tinha esperança em
CRISTO como a semente prometida; ele esperava ser abençoado nele, para receber
a bênção de DEUS e ser verdadeiramente abençoado. [2] Ele tinha esperanças do
céu; isso é expressamente afirmado, como aparece na comparação com o capítulo
24.15: de que há de haver ressurreição de mortos. Paulo não confia na carne,
mas em CRISTO; nenhuma expectativa de grandes coisas deste mundo, mas de coisas
do outro mundo maiores do que qualquer uma que este mundo possa almejar; ele
tem seu olhar voltado para um estado futuro.
(3) Nisso, ele
concordava com todos os judeus piedosos; sua fé não estava só de acordo com as
Escrituras, mas de acordo com o testemunho da igreja, que era um apoio para
ela. Embora eles o pusessem como um marco ele não era singular: “nossas doze
tribos, o corpo da igreja judaica, continuamente servindo a DEUS noite e dia,
esperavam atingir essa promessa, isto é, o bem prometido”. O povo de Israel é
chamado de doze tribos, porque assim eles eram no início; e, embora nós não
leiamos do retorno das dez tribos em um corpo, ainda assim podemos pensar em
muitas pessoas em particular, mais ou menos de cada tribo, que retornaram à sua
terra; talvez, gradualmente, a maior parte daqueles que foram levados cativos.
CRISTO fala das doze tribos (Mt 19.28). Ana era da tribo de Aser (Lc 2.36).
Tiago endereça sua epístola às doze tribos que andam dispersas (Tg 1.1).
“Nossas doze tribos, que formam o corpo de nossa nação, à qual eu e outros
pertencemos. Ora, todos os israelitas professam crer nessa promessa, tanto de
CRISTO quanto do céu, e esperam alcançar os benefícios delas. Todos eles
esperam por um Messias futuro, e nós que somos cristãos esperamos em um Messias
que já veio; de maneira que todos nós concordamos em edificar sobre a mesma
promessa. Eles esperam pela ressurreição dos mortos e a vida do mundo vindouro,
e isso é o que eu espero também. Por que eu deveria ser visto como tendo
apresentado algo perigoso e heterodoxo, ou como um apóstata da fé e do culto da
igreja judaica, quando concordo com eles nesse artigo fundamental? Eu espero
por fim chegar ao mesmo céu a que eles esperam chegar; e, se nós esperamos nos
encontrar de maneira tão feliz em nosso fim, por que deveríamos nos desentender
de forma tão infeliz no caminho?” E mais, a igreja judaica não somente esperava
alcançar essa promessa, mas, na esperança dela, eles estão servindo a DEUS
continuamente, noite e dia. O serviço do templo, que consistia em uma série
contínua de deveres religiosos, manhã e tarde, dia e noite, do início ao fim do
ano, e era mantido pelos sacerdotes e levitas, e pelos homens fixos, como eram
chamados, que continuamente assistiam ali para pôr suas mãos sobre os
sacrifícios públicos, como os representantes de todas as doze tribos, esse
serviço baseava-se na profissão de fé na promessa da vida eterna, e, na
expectativa dela, Paulo insistentemente serve a DEUS dia e noite no evangelho
de seu Filho. As doze tribos por meio de seus representantes fazem o mesmo com
relação à lei de Moisés, mas ele e elas o fazem na esperança da mesma promessa:
“Por isso, eles não deveriam me olhar como um desertor de sua igreja, já que eu
me sustento pela mesma promessa pela qual eles se sustentam”. Muito mais
deveriam os cristãos, que esperam pelo mesmo JESUS, pelo mesmo céu, embora
diferindo nos modos e cerimônias de culto, esperar o melhor uns dos outros, e
viverem juntos em santo amor. Ou isso pode ser uma referência a pessoas
particulares que continuaram na comunhão da igreja judaica e foram muito
devotas a seu modo, servindo a DEUS com grande intensidade e forte aplicação da
mente, e constantes nisso, noite e dia, como Ana, que não saía do templo, mas
servia a DEUS (a mesma palavra é usada aqui) com jejuns e orações de noite e de
dia (Lc 2.37). “Nesse caminho eles esperavam alcançar a promessa, e eu espero que
eles a alcancem.” Note: Só podem esperar com bons motivos a vida eterna aqueles
que são diligentes e constantes no serviço de DEUS; e a boa esperança dessa
vida eterna deveria nos estimular à diligência e constância em todos os
exercícios religiosos. Nós devemos continuar com nossa obra tendo o céu em
nossa mira. E devemos julgar de maneira caridosa aqueles que insistentemente
servem a DEUS noite e dia, ainda que não do nosso jeito. O problema deles era a
pedra fundamental, a de esquina, JESUS, a quem não reconheciam como o Messias
profetizado.
(4) E isso era pelo
que ele agora estava sofrendo – por pregar essa doutrina que eles mesmos, caso
eles a entendessem corretamente, deveriam reconhecer: eu sou julgado pela
esperança da promessa feita aos pais. Ele se prendia à promessa, contra a lei
cerimonial, enquanto seus acusadores se prendiam à lei cerimonial contra a
promessa: “Por essa esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus –
porque eu faço aquilo que eu me considero obrigado a fazer pela esperança dessa
promessa”. É comum aos homens odiar e perseguir em outros o poder daquela
religião da qual eles, não obstante, se orgulham na forma. A esperança de Paulo
era o que esses mesmos também esperam (Atos 24.15), e, no entanto, eles
estavam, desse modo, enfurecidos contra ele por agir de acordo com aquela
esperança. Contudo, era uma honra que quando ele sofria como cristão ele sofria
pela esperança de Israel (Atos 28.20).
(5) Isso era o que
ele deveria persuadir a adotar todos que o ouviam cordialmente (v. 8): Julga-se
coisa incrível entre vós que DEUS ressuscite os mortos? Isso parece vir de
maneira um tanto brusca; mas é provável que Paulo tenha dito muito mais do que
está aqui relatado, e que ele tenha explicado a promessa feita aos pais como
sendo a promessa da ressurreição e vida eterna, e provado que estava no caminho
certo na busca de sua esperança daquela felicidade porque ele acreditava em
CRISTO, que tinha ressuscitado dos mortos, o que era um penhor e garantia
daquela ressurreição pela qual os pais esperavam. Paulo está, portanto, certo
de conhecer a virtude da ressurreição de CRISTO, que por ela ele podia chegar à
ressurreição dos mortos; veja Fp 3.10,11. Agora, muitos de seus ouvintes eram
gentios, a maioria deles talvez, Festo particularmente, e nós podemos supor que
quando eles o ouviram falar tanto da ressurreição de CRISTO quanto da
ressurreição dos mortos, pela qual as doze tribos esperavam, eles zombaram, como
fizeram os atenienses, que começaram a rir e a murmurar uns com os outros que
coisa absurda era aquela, o que levou Paulo, desse modo, a argumentar com eles.
Pois quê? Julga-se coisa incrível entre vós que DEUS ressuscite os mortos?
Assim pode ser lido. Se isso for maravilhoso aos olhos do resto deste povo,
será também maravilhoso aos meus olhos? Diz o Senhor dos exércitos (Zc 8.6). Se
estiver acima do poder da natureza, contudo, não está acima do poder do DEUS da
natureza. Note: Não há razão por que nós devamos pensar ser incrível que DEUS
ressuscite os mortos. Não somos obrigados a acreditar em nada que seja
inacreditável, qualquer coisa que implique uma contradição. Há motivos de
credibilidade suficientes para nos sustentar em todas as doutrinas da religião
cristã, e de maneira especial isso vale para a ressurreição dos mortos. Acaso
DEUS não tem poder infinito, para o qual nada é impossível? Não criou Ele o
mundo com apenas sua palavra? Não formou Ele nossos corpos a partir do barro e
soprou em nós o sopro de vida? E não pode o mesmo poder formá-los novamente a
partir de seu próprio barro e pôr vida neles novamente?
III
Ele reconhece que
enquanto continuava fariseu, era inimigo amargo dos cristãos e do cristianismo,
e ele pensava que deveria ser assim, e continuou assim até o momento em que
CRISTO operou essa maravilhosa mudança nele. Isso ele menciona:
1. Para mostrar que
o fato de se tornar cristão e pregador não era o produto e resultado de nenhuma
disposição ou inclinação prévia a esse movimento, ou qualquer avanço gradual de
pensamento a favor da doutrina cristã; ele não se convenceu a favor do cristianismo
por uma sequência de argumentos, mas foi introduzido no grau mais elevado de
certeza dele, imediatamente do mais alto grau de preconceito contra ele, pelo
que parecia que ele foi feito cristão e pregador por um poder sobrenatural; de
maneira que sua conversão de tal modo miraculoso não era somente para ele, mas
para outros também, uma prova convincente da verdade do cristianismo.
2. Talvez ele
pretenda com isso uma desculpa a seus acusadores, como CRISTO fez pelos seus,
quando Ele disse: Eles não sabem o que fazem. O próprio Paulo uma vez pensou
que fez o que deveria fazer quando perseguia os discípulos de CRISTO, e ele
caridosamente considera que eles agiam sob o mesmo engano. Observe:
(1) Quão tolo ele
era em sua opinião (v. 9): Ele pensava consigo mesmo que contra o nome de
JESUS, o Nazareno, devia praticar muitos atos, tudo que estava em seu poder,
contrário à sua doutrina, sua honra e seu interesse. Esse nome não fez nenhum
mal, contudo, porque ele não concordava com a noção que ele tinha do reino do
Messias, ele estava pronto para fazer tudo que pudesse contra esse nome. Ele
pensava prestar um bom serviço a DEUS ao perseguir aqueles que invocavam o nome
de JESUS CRISTO. Note: É possível que os que estão evidentemente no caminho
errado estejam confiantes de que estão no caminho certo; e que os que estão
voluntariosamente persistindo no maior dos pecados pensem que estão fazendo o
seu dever. Aqueles que odiavam seus irmãos e os expulsavam, diziam: O Senhor
seja glorificado (Is 66.5). Sob o disfarce e pretexto de religião, as vilanias
mais bárbaras e desumanas têm sido não apenas justificadas, mas santificadas e
exaltadas (Jo 16.2).
(2) Com que fúria
ele agia (vv. 10,11). Não há um princípio mais violento no mundo do que a
consciência mal informada. Quando Paulo considerava ser seu dever fazer tudo
que pudesse contra o nome de CRISTO, ele não poupava esforços nem custo nessa
tarefa. Ele dá um relato do que fez nesse sentido, e o agrava como algo pelo
qual estava verdadeiramente arrependido: fui blasfemo, e perseguidor (1 Tm
1.13). [1] Ele encheu as celas com cristãos, como se eles fossem os piores
criminosos, cogitando por esse meio não somente aterrorizá-los, mas torná-los
odiosos ao povo. Ele era o diabo que lançava alguns deles na prisão (Ap 2.10),
os levava sob custódia, para que fossem processados. Encerrei muitos dos santos
nas prisões (v. 10), tanto homens como mulheres (Atos 8.3). [2] Ele
tornou-se o agente dos principais sacerdotes. Deles recebeu poder, como um
oficial inferior, para pôr suas leis em execução, e orgulhava-se muito de que
era um homem com autoridade para esse propósito. [3] Ele era muito solícito
para se manifestar, mesmo que não solicitado, a favor da entrega dos cristãos à
morte, particularmente Estêvão, em cuja morte Saulo consentiu (Atos 8.1), e
assim tornou-se particeps criminis – cúmplice no crime. Talvez ele tenha, por
seu grande zelo, embora jovem, se tornado um membro do sinédrio, e ali votado
pela condenação dos cristãos à morte; ou, depois que eles eram condenados, ele
justificava o fato, e o celebrava, tornando-se assim culpado ex post facto –
depois de cometido o ato, como se ele tivesse sido um juiz ou jurado. [4] Ele
os punia com castigos de uma natureza inferior, nas sinagogas, onde eles eram
castigados como transgressores das regras da sinagoga. Ele teve participação no
castigo de muitos; mais ainda, parece que as mesmas pessoas eram por seus meios
castigadas muitas vezes, como ele mesmo foi cinco vezes (2 Co 11.24). [5] Ele
não somente os punia pela religião deles, mas, orgulhando-se de triunfar sobre
a consciência das pessoas, ele as forçava a abjurar de sua religião,
entregando-as à tortura: “Os obriguei a blasfemar contra CRISTO, e a dizer que
Ele era um enganador e que eles haviam sido enganados por Ele – compelia-os a
negar seu Mestre, e a renunciar a suas obrigações para com Ele”. Nada será mais
pesado sobre os acusadores do que forçar a consciência dos homens, por mais que
eles possam agora triunfar pelos prosélitos que eles fizeram pela violência.
[6] Sua fúria cresceu tanto contra os cristãos e o cristianismo que a
própria Jerusalém tornou-se um palco muito estreito para ele agir, e assim, ele
declara: E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os
persegui. Ele estava furioso contra eles, para ver o quanto eles tinham a
dizer a favor de si mesmos, não obstante tudo que ele fazia contra eles,
enfurecido por vê-los se multiplicar ainda mais por serem afligidos. Ele estava
enfurecido demasiadamente; e o rio de sua fúria não admitiria nenhuma margem,
nenhum limite, contudo ele era um terror tão grande para si mesmo como era para
eles, tamanho era seu tormento dentro de si mesmo pelo fato de não poder
vencer, como era grande também sua indignação contra eles. Perseguidores são
homens enfurecidos, e alguns deles demasiadamente enfurecidos. Paulo estava
irritado por ver que aqueles em outras cidades não eram tão violentos contra os
cristãos, e por isso se ocupou onde ele não tinha obrigações, e perseguiu os
cristãos até mesmo em cidades estrangeiras. Não há um princípio mais incansável
do que fazer o mal, especialmente aquele que aparenta consciência.
Esse era o caráter
de Paulo, e essa a sua maneira de viver no início de sua carreira; e por isso
não se poderia presumir que ele fosse cristão por educação ou costume, ou que
tivesse sido atraído pela esperança de promoção, porque todas as objeções exteriores
imagináveis estavam contra ele ser cristão.
A Vida e a Época do
Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - BALa A Vida e a
Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro:
Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia.
2. História Bíblica.
OS PORTOES DO
OCIDENTE
A província da
Cilícia estendia-se numa estreita faixa de terra a nordeste do mar
Mediterrâneo. Medindo apenas 112 quilômetros de norte a sul, alongava-se do
ocidente para o oriente da Panfília, indo até as montanhas da Síria. As águas
azuis do Mediterrâneo banhavam as costas ao sul, formadas de planícies férteis
e montanhas onduladas, até chegar aos sombrios montes Tauros.
Os rochedos, dos
três lados da Cilícia, isolavam-na completamente de seus vizinhos, exceto por
duas conhecidas passagens nas montanhas.
As passagens eram
fáceis de serem vigiadas, pois, através delas, só podia transitar um veículo de
cada vez e, mesmo assim, com dificuldade. Em todo o Oriente eram mui afamadas
como as guardiãs do único acesso, por terra, entre a Síria e o Ocidente.
Na estrada para
Antioquia, em direção ao sul, ficava a passagem conhecida como o Portão da
Síria. Todo o trânsito procedente da Ásia e do Sul tinha de ser feito por mar
ou pelas estradas montanhosas da Cilícia. Na extremidade ocidental da Cilícia,
cruzando os rochedos escarpados em direção às longínquas Grécia e Europa,
encontrava-se a outra passagem estreita, chamada Portão da Cilícia ou
Ciliciano.
Durante séculos,
comerciantes e viajores entraram e saíram por esses portões. Sua localização
estratégica proporcionou imensos lucros à Cilícia. Entretanto, por esses mesmos
portões marcharam também os exércitos imperiais; e, em caso de guerra, vencia a
batalha o comandante que primeiro dominasse as estradas das montanhas. A
Cilícia fora conquistada e reconquistada muitas vezes. Disputada por gregos e
romanos, agora pertencia a Roma. Não obstante, o idioma falado nas ruas das
cidades continuou a ser o grego.
Se esses portões
pudessem contar sua história, que formidável narrativa não seria!
Conquistadores e cruzados, soldados e mendigos, peregrinos e ladrões - todos
passavam por eles em suas viagens entre a Europa e a Ásia. Na verdade, ali
estava o portão de saída para o Ocidente.
O rio Cnido,
nascido nas rochas de um vale profundo, ia saltando de saliência em saliência
até chegar às terras baixas do Sul. Ao longo do percurso, reuniam-se-lhe outros
rios menores, cada um transbordando com a neve derretida das altas serranias
dos montes Tauros. Assim aumentado, alargava-se e percorria preguiçosamente seu
caminho em direção ao mar.
Pequenas aldeias,
fazendas e cabanas de barro escuro salpicavam a planície. Para o ocidente, a
terra era ondulada e menos fértil. Por não se prestar ao cultivo, era usada
como pastagem para o rebanho. Na direção leste, porém, o solo era rico e as colheitas
boas. Aninhada entre os picos altaneiros, cobertos de neve, e o mar azul e
quente, a Cilícia era um lugar mui agradável.
Tarso, a Cidade
Natal de Paulo
Tarso, onde Paulo
nasceu e foi criado, era a capital e principal cidade da Cilícia. Era uma das
maiores cidades do Império Romano. Hoje, não passa de uma insignificante
cidadezinha turca. Alguns de seus largos muros de proteção ainda existem, mas
em completa ruína, com flores e mato crescendo pelas frestas.
Fora da atual Tarso
encontra-se uma ponte sob cujos arcos o rio Cnido correra no passado. (Se essas
pedras pudessem falar!) Hoje só podemos olhar as ruínas e os registros
históricos da cidade que abrigou Paulo em sua juventude, e imaginar a
influência que suas escolas, academias e ginásios exerceram sobre ele.
Apesar de sua
grandeza, Tarso não se destacava por sua antigüidade. Embora fundada antes de
Atenas e Roma, se comparada a Damasco, ou a Jerusalém, não passava de uma
criança. Ela experimentou suas primeiras glórias nos dias de Alexandre, o
Grande, quando muitos gregos abastados construíram ali suas residências e
palácios. A fama lhe proveio principalmente de seu entusiasmo pela cultura.
Suas escolas atraíam filósofos e professores de renome internacional. A
afirmação de que ofuscava qualquer cidade como centro cultural era bem
justificada.
Uma Cidade Famosa
Bem antes dos dias
de Paulo, os filósofos e eruditos de Tarso já ensinavam retórica, matemática,
ética, gramática e música. Paulo ainda não brincava nas ruas da cidade, quando
grandes poetas, médicos, oradores e filósofos, treinados nas escolas de Tarso,
levavam-lhe o nome para outras terras. Era tão grande a reputação da cidade que
César Augusto, ele mesmo educado por Atenodoro de Tarso, escolheu Nestor, outro
educador da cidade, como mestre de seu filho.
Tarso possuía
inúmeros prédios públicos além de palácios e casas humildes. Havia ali um
enorme teatro ao ar livre, construído para acomodar milhares de pessoas, num
grande espaço aberto, aos pés de uma encosta, com fileiras e fileiras de bancos
de mármore dispostos num largo semicírculo. Peças gregas eram encenadas no
palco central, atraindo multidões. Ali também se apresentava a música da moda e
liam-se poesias. O teatro ocupava um lugar importante na vida de ricos e
pobres.
Marco Antônio,
famoso general romano, morara em Tarso. Gostava tanto da cidade, que lhe deu
autonomia; isto é, permitiu que seus cidadãos fizessem suas próprias leis sem
qualquer interferência de Roma e sem lhes cobrar quaisquer impostos. O
imperador Augusto, por sua vez, ficou tão impressionado com a cultura da cidade
que lhe permitiu ter seus próprios tribunais e nomear seus magistrados. Tarso
tornou-se um centro favorecido, despertando a inveja das cidades vizinhas.
Sua fama não lhe
provinha apenas da cultura. Tarso era também um centro financeiro. As rotas
comerciais davam-lhe proeminência. Nos dias de Paulo, o rio Cnido era tão largo
que navios de grande porte subiam por seu leito, cerca de 19 quilômetros, e
descarregavam suas mercadorias nos desembarcadouros da cidade. O cais era um
espetáculo pitoresco. Transitavam por aqui egípcios de rosto acobreado, e
africanos negros e fortes. Navios de Creta, Chipre, Rodes e Jope carregavam em
seu bojo uma estranha mistura de marinheiros alegres que exaltavam a grandeza e
o cosmopolitismo de Tarso.
Homens desciam o
rio Cnido em balsas e barcos rústicos, transportando as mercadorias de suas
fazendas e oficinas. Eram os fardos transportados para os navios e trocados por
grãos, peles, lã, e barris de óleo e vinho. Os portos eram uma confusão de
homens e longas fileiras de jumentos, mulas e cavalos. Quando o navio
finalmente acabava de ser carregado, os gritos dos marinheiros e estivadores
enchiam o ar à medida que as cordas eram desamarradas e o barco abria caminho
no mar cintilante. Esse era o cotidiano no porto de Tarso.
O Barco Dourado de
Cleópatra
O mais esplêndido
navio que já aportara em Tarso era, agora, apenas uma lembrança, mas ainda
perdurava a profunda impressão que deixara. Ficou conhecido como o barco
dourado de Cleópatra, a lendária rainha do Egito. Ela fora encontrar-se ali com
Marco Antônio para seduzi-lo com os seus encantos. Tinha os lábios pintados de
vermelho e as unhas de um amarelo brilhante, cor de açafrão. Por toda parte
corria a fama de sua beleza.
Naquele dia
longínquo, pessoas ansiosas ajuntavam-se às margens do rio, procurando
vislumbrar a belíssima rainha. O dia estava ensolarado e alegre, e o céu, azul.
No alto do mastro, uma grande vela de seda vermelha flutuava ao sabor da brisa;
flâmulas amarelas, carmesins, azuis e brancas esvoaçavam no mastro principal da
embarcação. Um espírito festivo permeava a cidade enquanto o barco subia o rio.
Os espectadores podiam ver a sua popa incrustada de ouro e coberta por um
dossel dourado. Sob o dossel, num divã, entre macias almofadas, reclinava-se
Cleópatra, enfeitada de jóias resplendentes.
Os largos remos,
revestidos de prata, rebrilhavam, enquanto feriam aquelas águas. Aquele fora um
dia inesquecível. Sem dúvida, a história do seu esplendor seria contada e
recontada no decorrer dos anos.
Os Jogos
Os gregos e romanos
gostavam de competições atléticas. Apreciavam tanto o jovem que se destacava
nas corridas quanto o homem que vencia uma batalha. De seus heróis e campeões,
erguiam estátuas e monumentos. A pista de corrida era um lugar enorme, aberto,
como um teatro. De um lado, enfileiravam-se as arquibancadas, construídas em
forma de estádio para as multidões que iam assistir aos jogos e corridas.
Milhares de jovens treinavam para os jogos, e sua maior ambição era a conquista
dos prêmios.
A leste da cidade,
na encosta de um monte, um grande prédio erguia-se em toda a sua magnificência.
Era o ginásio - lugar onde os meninos aprendiam a ser ágeis e fortes. Dos 16
aos 18 anos, os rapazes nada aprendiam além de atletismo. Outras áreas da sua educação
seriam cuidadas mais tarde. Afinal, o que mais importava para os gregos e
romanos era o condicionamento físico. Os meninos aprendiam a correr, saltar,
lutar e nadar. Havia ali banhos quentes e frios. Depois dos jogos, eles
banhavam-se e esfregavam o corpo com óleo de oliva.
O ginásio era um
lugar animado; ressoava com os gritos e risos de centenas de rapazinhos. O
edifício era majestoso, com enormes pilares e estátuas esculpidas em mármore,
representando grandes mestres, filósofos e homens vigorosos. Os meninos ficavam
então cercados de exemplos de homens cultos e fortes - os líderes da sua época.
A Grandeza de Paulo
De todos os homens
ilustres de Tarso, produtos do ginásio e das famosas escolas, ninguém foi maior
que Paulo. Ele galgou alturas superiores a todos os demais. Todos foram
esquecidos e, apesar de tanta grandeza, deixaram apenas uma pequena marca na
história. O grande apóstolo de CRISTO, porém, cativou de tal forma o coração de
milhões de pessoas em todas as eras, e alçou-se a tal proeminência, que a
própria Tarso é lembrada, não por suas escolas e comércio, mas porque Paulo ali
viveu.
O Mundo de Paulo
Naqueles dias, toda
a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo. Todas as grandes civilizações
desenvolveram-se junto ao mar cujo nome aludia ao centro da terra. A palavra
Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que, juntos, significam "o meio da
terra". Todos os interesses da vida humana achavam-se concentrados numa
estreita faixa que se estendia pela costa sul da Europa, pela costa norte da
África e pelas costas ocidentais da Síria e Palestina. Além dessa fronteira,
havia regiões inexploradas, onde viviam povos bárbaros, que só entrariam na
corrente da civilização anos mais tarde.
Três nações da
época foram suficientemente grandes e fortes para deixar sua marca sobre as
demais: Roma, Grécia e Israel.
ROMA
Os romanos
governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela força dos seus exércitos.
Eles possuíam o dom da colonização e do governo (sua pequena espada, gladium,
fez sucesso e era eficiente), as estratégias de guerra era infalível para as
conquistas de seus exércitos.
Devido ao poder de
suas legiões estacionadas em todas as colônias, eram os donos do mundo. Embora
poderosos, não se aproveitavam dos povos conquistados; pelo contrário,
procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes um lugar de honra.
Roma enviou grandes
construtores e arquitetos, que edificaram magníficas estradas e levantaram
prédios e templos por toda parte. As leis e instituições políticas romanas eram
famosas por sua justiça, garantindo o direito de todos os cidadãos. Paulo apelou
a esta lei, quando se tomou evidente o preconceito dos tribunais da Judéia
contra si.
O cenário, porém,
não era inteiramente luminoso. Com o aumento do poder e da riqueza, Roma
tornou-se corrupta e frívola, presa à sensualidade, ao pecado e ao luxo. Em consequência,
o povo fez-se dolente e fraco. O império de que tanto se orgulhavam
desmoronou-se diante dos bárbaros vindos do Norte, que o invadiram e saquearam.
Mesmo nos dias de seu maior poderio, não tinham força espiritual; deleitavam-se
em prazeres vulgares e brutais, como as lutas de gladiadores. Durante os
feriados, os lutadores combatiam até a morte nas arenas. No reinado de Trajano,
dez mil gladiadores lutaram num período de apenas seis meses. Lutavam entre si
como tigres e leões, e milhares de espectadores aplaudiam-nos enquanto
mutuamente se matavam. Multidões acorriam ao Coliseu de Roma para assistir à
morte de cristãos devorados pelas feras.
Tanto por sua
grandiosidade quanto por sua fraqueza, os romanos deixaram na história a sua
marca indelével. A seu favor deve ser dito que construíram o maior império que
o mundo já viu.
Grécia
Se os romanos foram
os líderes mundiais no tocante à lei e ao governo, os gregos lideraram na
cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e a literatura desenvolveram-se
mais na Grécia que em qualquer outra parte. Embora o império fosse romano, a
língua grega foi reconhecida como o idioma empregado pelas pessoas cultas. Os
eruditos de todas as nações orientais falavam e escreviam o grego. Essa é a
razão de o Antigo Testamento ter sido traduzido para o grego muito antes do
nascimento de CRISTO, e das cópias mais antigas do Novo Testamento estarem em
grego.
Os gregos eram um
povo genial. Guiados por Alexandre, o Grande, conquistaram o mundo e procuraram
helenizá-lo. Desempenharam tão bem sua tarefa que, mesmo após a morte de
Alexandre e a divisão de seu império, uma porção da arte e da literatura gregas
permaneceu em cada nação. Os professores e filósofos gregos eram os
intelectuais reconhecidos da época. Eles divulgaram, em todas as nações, a
literatura, arquitetura e pensamento científico de seu país.
Muitos judeus, nos
dias de Paulo, liam as Sagradas Escrituras na tradução grega - a Septuaginta
(Até mesmo JESUS usou suas citações) - pois o hebraico estava se tornando
rapidamente uma língua morta.
Quando o
Cristianismo surgiu, toda praça de mercado tinha seu grupo de eruditos gregos
que se deleitavam em discutir palavras e frases, e cujo talento degenerava em
confusão. A balbúrdia era às vezes tão grande que milhares de pessoas, tanto
conquistadores como conquistados, abandonavam a crença em seus deuses e
sistemas filosóficos. As religiões pagãs achavam-se à beira de um completo
colapso, decadência e corrupção. Essa era a situação cultural do mundo, quando
JESUS e Paulo nasceram.
ISRAEL
A nação, porém, que
mais marcou a civilização mundial foi Israel. Sua marca jamais se apagará.
Embora os judeus não tivessem poderio militar, destacaram-se por sua religião.
Dispersos por todas as terras, construíam sinagogas para adorar a DEUS.
Estrabão, um dos grandes historiadores da época de CRISTO, escreveu: "E
difícil encontrar um único lugar na terra que não haja admitido essa tribo de
homens e sido por ela influenciado".
Isso se dera devido
ao fato de a Assíria, Babilônia e Roma terem invadido a Palestina, e levado
daqui milhares de judeus para o cativeiro. Onde quer que fosse, o povo
escolhido levava consigo as Sagradas Escrituras e as profecias de um Messias
vindouro.
Eram homens
orgulhosos e exclusivistas, envolvendo-se em seus mantos de justiça enquanto
voltavam as costas ao grande propósito para o qual haviam sido chamados:
representar a DEUS entre os demais povos. Escrevendo aos Romanos, Paulo resume
o lugar de Israel no mundo, e aponta suas falhas em palavras contundentes:
Eis que tu que tens
por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em DEUS; e sabes a sua
vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; e confias que
és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos néscios, mestre de
crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; tu, pois, que
ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve
furtar, furtas?... Porque, como está escrito, o nome de DEUS é blasfemado entre
os gentios por causa de vós (Rm 2.17-21,24).
Embora seja
penosamente óbvio o fracasso dos judeus em executar os planos divinos, eles
estabeleceram sinagogas desde a longínqua Babilônia até a cidade de Roma. Na
história do Pentecostes, os judeus que voltaram a Jerusalém, abrangiam
conterrâneos de todas as províncias do império romano:
Partos e medos,
elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia.
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros
romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes (At 2.9-11).
Lucas faz um
resumo, dizendo que os judeus eram de "todas as nações que estão debaixo
do céu" (At 2.5).
Onde quer que os
judeus construíssem suas sinagogas e cumprissem seus rituais, estabeleciam um
centro para a adoração do DEUS Único e Verdadeiro.
Sua presença no
Império Romano foi de grande ajuda, servindo de porta para o programa futuro da
Igreja. Quando Paulo viajava para um novo local, sempre procurava a sinagoga
para pregar, e isso geralmente dava início a uma nova igreja.
O Plano de DEUS
Eis aí um vislumbre
do mundo em que Paulo nasceu. O cenário era de confusão, conflito, insatisfação
e necessidade - necessidade que não podia ser satisfeita pela lei romana,
erudição grega ou religião judaica.
Entretanto, DEUS
decidiu enviar a este mundo um homem que, pelos seus dons naturais, pôde
cativar toda classe de pessoas. Com seus antecedentes e preparo, estava apto a
falar com autoridade aos romanos, gregos e hebreus. DEUS separou esse homem,
mudou todo o curso de sua vida e usou-o para fortalecer a Igreja de maneira
milagrosa. Saulo de Tarso, o escolhido de DEUS, tornou-se um dos maiores
pensadores e, certamente, o maior líder e teólogo da Igreja.
O LAR EM TARSO
Jamais foi escrita
uma biografia completa do apóstolo Paulo. Essa tarefa é simplesmente impossível
por nos faltarem o início e o fim de sua história. Nosso registro de suas
atividades começa em sua juventude, pouco antes de ele iniciar o apostolado.
Foi aí que Lucas o conheceu e incluiu-o em sua história da Igreja Primitiva.
Além disso, só temos algumas notas pessoais nas 13 epístolas eclesiásticas e
pastorais escritas por ele em diferentes partes do Império Romano. Apesar das
muitas lacunas desses registros, temos o suficiente para tornar o relato um dos
mais emocionantes da História.
Está claro que não
houve monotonia na vida de Paulo. Sumariando esse período, ele menciona
vividamente alguns episódios:
Recebi dos judeus
cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma
vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no
abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores,
em perigos dos da. minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade,
em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos. Em
trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas
vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Em lugar algum,
porém, esta história é inteiramente contada. Além do breve relato de um
naufrágio, os outros não são mencionados. Não há nenhuma narrativa da noite e
do dia terríveis passados em alto mar, agarrado talvez a um destroço. Nem é
feita a descrição dos assaltos nas passagens montanhosas, onde os ladrões
tornaram-se tão ameaçadores para os viajantes, que estes tinham de se organizar
em caravanas. A seguir vieram os rios caudalosos e as enchentes, com apenas
algumas pontes para cruzá-los. Para os de viva imaginação, essas aventuras são
verdadeiramente estimulantes!
Embora não haja
registro da infância de Paulo, uma história muito interessante pode ser montada
a partir das informações colhidas da história, da tradição e das notas pessoais
nos escritos paulinos.
O Nascimento de
Paulo
O grande apóstolo
nasceu por volta do ano três de nossa era, no lar de um piedoso casal, no
bairro judeu de Tarso. As ruas eram estreitas e as casas pobres, mas aquele dia
foi de imensa felicidade para a família. Contemplaram o rosto do filho, e
sentiram-se satisfeitos e orgulhosos.
Embora vivessem
numa cidade gentia, seus pais resolveram dedicá-lo ao serviço de DEUS, e fazer
tudo o que estivesse ao seu alcance para educá-lo como um verdadeiro israelita.
O pai pertencia à
tribo de Benjamim e gabava-se disso sempre que os vizinhos mencionavam suas
árvores genealógicas. Todos sabiam que Saul, o primeiro rei de Israel, era
benjamita.
Apesar de morar em
Tarso, a família considerava as montanhas orientais da Palestina o seu
verdadeiro lar como o faziam os judeus piedosos. Para eles, Jerusalém era a
cidade mais bela do mundo, pois ali estava a Casa de DEUS. Eles enviavam
ofertas para os reparos do Templo, e a cada ano planejavam visitar a Cidade
Santa por ocasião da Páscoa.
Oito dias após o
nascimento do menino, os pais deram-lhe um nome. A cerimônia foi seguida de uma
ceia, para a qual todos os amigos e parentes foram convidados, e cada um levou
o seu presente. Ele recebeu o bom nome hebreu de Saulo. Esse era um nome mui querido
de todos os descendentes de Benjamim porque assim se chamava o primeiro rei de
Israel. Mas como viviam no mundo romano, usaram também a forma latina do nome —
Paulo.
Nos negócios, ele
era Paulo, porque isso impressionava os gentios. Mas a mãe sempre o chamava de
Saulo, pois esse nome agradava-lhe o coração.
Primeiros
Ensinamentos em Casa
O pai de Saulo era
muito severo. Sendo fariseu, acreditava que os mandamentos de Moisés, como
interpretados pelos rabinos e escribas, deveriam ser observados à risca.
Uma caixa metálica
brilhante, medindo 2x7 centímetros, ficava pendurada no batente de sua porta.
Quando os visitantes chegavam, ou saíam, tocavam-na e beijavam os dedos,
resmungando algumas palavras da Escritura. Dentro da caixa, escritos num pedaço
de pergaminho, estavam versículos da lei de Moisés, começando com aquelas
palavras tão familiares: "Ouve, Israel, o Senhor nosso DEUS é o único
Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu poder" (Dt 6.4-5). Esta caixa era chamada de
mezuzah. Antes de o pequeno Saulo ter idade suficiente para falar,
provavelmente já imitava os outros. Do colo da mãe, esticava o bracinho roliço
para tocar a caixa brilhante, beijando em seguida a mão como vira outros
fazerem. Prazenteira, a mãe sorria, acariciando-lhe a cabecinha.
À medida que Saulo
crescia, aprendeu a ajoelhar-se com o rosto voltado à distante Jerusalém e, com
as mãos cruzadas à frente, já fazia uma oração pela manhã e outra à noite. Quando
perguntou a razão de ter de olhar para Jerusalém, foi-lhe dito que o SANTO
Templo estava ali, e que no Lugar SANTO, por trás da grande cortina púrpura,
DEUS habitava no meio de seu povo. O menino não compreendia tudo, mas ficava
impressionado porque a voz da mãe tornava-se solene, e ela curvava a cabeça
todas as vezes que falava de DEUS.
Ela também
contava-lhe como o profeta Daniel, quando exilado numa nação gentia, jamais se
esquecera de abrir as janelas em direção à Cidade Santa, e falar com o seu
DEUS. Instado a não mais orar, recusou-se a obedecer o edito do rei e, como
castigo, foi lançado à cova dos leões. Mas as feras não lhe fizeram mal algum,
porque DEUS fechara-lhes a boca.
A mãe de Saulo
contou-lhe as histórias de seu povo. Falou da opressão do Egito e de como DEUS
libertara o povo das mãos de Faraó, fazendo-o atravessar em triunfo o mar
Vermelho. Ela nunca se cansava de mencionar Saul, o rei de quem o filho levava
o nome, e como ele fora o mais alto, belo e majestoso de todos os homens de
Israel. Enfatizava repetidamente o fracasso dos juizes e a humildade de Saul, o
primeiro rei de Israel. "Por causa de sua humildade", repetia-lhe a
mãe, "ele foi honrado por DEUS".
Mas o fim trágico
de Saul ficou gravado para sempre no coração de seu jovem homônimo, numa
advertência de como DEUS rejeita o que dEle se desvia para buscar a própria
glória. A mãe de Saulo costumava concluir seus ensinamentos, citando a
Escritura: "Aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão
envilecidos" (1 Sm 2.30). De igual modo, contou a Saulo sobre Abraão, o
pai do seu povo; Moisés, o grande legislador; Gideão, Sansão e a rainha Ester,
filha de judeus pobres. Os heróis da nação judaica tornaram-se parte dos seus
pensamentos e da sua conversa diária. Suas histórias preferidas eram as de
aventuras e combates.
Quando o sol enorme
e quente descia por trás dos morros da Panfília e as estrelas surgiam no céu
púrpura, era a hora de todo menino dormir. Saulo e a irmã sentavam-se, então,
nos joelhos da mãe e ouviam-na falar de Davi, o pastorzinho que matara um urso e
um leão que tentaram devorar-lhe as ovelhas. Ela contava também sobre o grande
rei Salomão, cuja glória maravilhava o mundo inteiro; falava ainda sobre a
rainha de Sabá que fora a Israel verificar se era verdade tudo o que se dizia
sobre a sabedoria e riqueza do rei Salomão.
Uma das histórias
favoritas de Saulo era a do profeta Elias, que se escondera numa caverna e fora
alimentado pelos corvos. Num dia glorioso, no monte Carmelo, com todos os
profetas de Baal contra si, Elias pediu fogo do céu, e mostrou ao povo quem era
verdadeiramente o DEUS Todo-Poderoso.
Aos poucos, mas
solidamente, foi-se desenvolvendo no menino a consciência de que pertencia a um
grande povo. Orgulhava-se de que, embora minoria em Tarso, os judeus tinham
Jeová por DEUS, que sempre os abençoava quando eles o reverenciavam.
Nas longas noites
de inverno em Tarso, com os postigos e portas bem fechados para impedir a
entrada dos ventos frios do Norte, a família reunia-se ao redor da lâmpada de
óleo que brilhava. A mãe tecia o pano para fazer um casaco para o pequeno
Saulo. Enquanto seus dedos guiavam os fios, contava aos filhos sobre a túnica
que Jacó dera a José, e como este, despertando os ciúmes dos irmãos, fora por
eles vendido ao Egito. Mas DEUS estava com José, que se tornou o primeiro -
ministro no governo de Faraó, rei do Egito. José foi o meio usado para salvar o
seu povo da grande fome que sobreviera à terra de Canaã.
Mãe alguma tinha
uma reserva tão grande de histórias, nem jamais as contara com tanto orgulho e
convicção.
A Sinagoga
A mãe de Saulo
levou-o à sinagoga quando ele atingiu a idade apropriada. Ao chegar, lavaram os
pés empoeirados e depois sentaram-se na seção das mulheres e crianças, separada
da dos homens adultos por uma treliça de pedra. Através da treliça, ele podia ver
o pai sentado no chão com os homens, ouvindo enquanto o rabino lia a Lei, e
dirigia-se à congregação.
Ouve, Israel, o
Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu DEUS de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E essas palavras, que
hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas
falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e
levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras
entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas
(Dt 6.4-9).
O pequeno Saulo não
compreendia muita coisa do que se passava na sinagoga. Mas a mãe achava que ele
deveria conhecê-la desde a mais tenra idade para, mais tarde, sentir-se
estimulado a frequentá-la regularmente. Ela podia imaginá-lo dentro de poucos
anos, sentado com os outros homens, discutindo os caminhos de DEUS e, depois,
como rabino, explicando as Escrituras. Seu coração estremecia com o privilégio
de educar um filho de Israel que frequentasse a sinagoga de Tarso durante toda
a sua vida.
Durante aqueles
primeiros anos, a mãe de Saulo foi sua única professora. Olhos puros fitavam
olhos confiantes. E, assim, Saulo passou a viver conforme o padrão escolhido
pela mãe. Ela sabia que era seu dever levar o filho a conhecer e a amar as
Escrituras conforme ensinara Moisés:
Quando teu filho te
perguntar pelo tempo adiante, dizendo: Quais são os testemunhos, e estatutos e
juízos que o Senhor nosso DEUS vos ordenou? Então dirás a teu filho: Éramos
servos de Faraó no Egito, porém o Senhor nos tirou com mão forte do Egito
(Dt 6.20,21).
Os Ensinamentos do
Pai
Os rabinos da antiguidade
diziam que as lições em casa deviam começar aos cinco anos. O pai seria o
principal professor nesse período, cuidando da educação do filho. A escola
começou então oficialmente para Saulo nessa idade. Depois disso, o aprendizado
não se baseava tanto nas histórias, mas na memorização de versículos do Antigo
Testamento e dos cânticos da sinagoga. Os salmos de Davi eram usados como hinos
de adoração, e cada menino tinha de aprendê-los, juntamente com os mandamentos
de Moisés e as tradições dos grandes rabinos.
Grande parte da
educação resumia-se em decorar textos. Para Saulo, este exercício iniciou-se
aos cinco anos e continuou até os trinta. Os judeus não precisavam estudar
outros livros didáticos. As Escrituras continham todos os conhecimentos
relativos à vida. As histórias do seu povo eram o seu único prazer, e extrair
conhecimento de quaisquer outras fontes era desencorajado e visto com
desconfiança.
A primeira lição de
Saulo, baseada num versículo de Deuteronômio, foi-lhe transmitida em grego. Ele
a repetiu várias vezes até decorá-la: "O que o Senhor requer de mim, senão
adorá-lo e andar em seus caminhos, amá-lo e servi-lo de todo o meu coração e
alma, e guardar os mandamentos que DEUS ordena neste dia para o meu bem?"
Depois disso, Saulo
decorou verso após verso das muitas promessas divinas, pois os seus pais
acreditavam que, se um judeu fosse bom e adorasse a DEUS, o Senhor abençoaria
sua casa, campos e negócios. Mas, se não amasse e adorasse ao Senhor,
certamente DEUS o castigaria, retirando-lhe sua bênção. Desde a infância, Saulo
foi levado a crer em tudo o que a Escritura dizia. Mais tarde, não teve
dificuldade em aceitar tudo o que ensinava o rabino.
Aos seis anos, seus
pais o levaram pela mão à escola de rabinos. Com um olhar de medo e saudade, o
menino largou a mão da mãe, que o entregou ao professor. O ambiente não era tão
confortável como sua casa. O mestre era um estranho barbudo. O pai ficou ali
mais algum tempo, observando o filho sentar-se de pernas cruzadas na companhia
de outros trinta garotos, que olhavam fixamente à face severa do mestre.
Os pais voltaram
para casa experimentando uma mistura de sentimentos. Orgulhavam- se pelo fato
de o menino estar crescendo, mas entristeciam-se porque o tempo de seu
aprendizado no lar chegara ao fim. Todavia, sentiam-se satisfeitos porque o
filho ia ser educado como um verdadeiro hebreu, embora estivesse numa cidade
grega e distante do Templo de Jerusalém.
Diferentemente das
escolas gregas, não havia na escola da sinagoga nem aula de desenho nem de
pintura. Traçar a figura de um homem, pássaro ou animal era proibido pela Lei.
Os jogos e esportes gregos também não tinham espaço nas escolas rabínicas; eram
costumes pagãos desprezados pelos eruditos judeus.
Em casa e na
escola, Saulo aprendeu que a maior coisa do mundo era adorar a DEUS de todo o
coração e obedecer aos mandamentos de Moisés.
Não havia
necessidade de carregar livros, pois nem o professor os possuía. Em voz alta e
monótona, este repetia as lições aos alunos até que tudo lhes ficasse gravado
na memória. Era repetir, repetir e repetir.
Como todos os
meninos, Saulo fazia inúmeras perguntas. Seus pais encorajavam-no a isso,
especialmente no que dizia respeito aos rituais religiosos. Saulo devia
perguntar por que a mãe varria a casa e acendia a lâmpada, entregando esta
depois ao pai a fim de procurar migalhas em todos os aposentos. Por que comiam
pão sem fermento, com as cabeças cobertas, como se estivessem prontos a fugir
do inimigo? Por que a mãe acendia uma vela a cada noite, até que, depois de
oito noites, a casa ficasse toda iluminada? Por que esperavam tão ansiosamente
a lua nova? Ele perguntava todas essas coisas e muitas outras. O pai, muito
orgulhoso, explicava-lhe o significado de cada uma delas: como eles celebravam
os grandes dias de sua história, e como DEUS lhes ordenara que essas datas
fossem lembradas. Os judeus eram diferentes de todos os povos do mundo; nessa
diferença, repousava o seu orgulho e alegria.
A seguir, veio o
aprendizado do alfabeto, tanto hebraico quanto grego. Se na sinagoga, o
hebraico era falado e lido, em casa e nas ruas, até os judeus falavam o grego.
Saulo teve, portanto, de aprender ambos os idiomas. O pai retirava os rolos
sagrados da caixa, entregava-os ao filho, e punha-se a contemplá-lo satisfeito,
enquanto o menino fazia a leitura na amada língua hebraica.
O Dia de Sábado
Como as escolas não
funcionavam aos sábados, as crianças judaicas esperavam ansiosas por esse dia.
Os cidadãos de Tarso não guardavam o sábado, e odiavam os judeus por serem tão
diferentes. O pai suspendia o trabalho mais cedo na sexta-feira, e parecia contente
ao ver a casa varrida e arrumada, os filhos vestidos com as melhores roupas e a
refeição da noite sobre a mesa. O dia de descanso começava com o pôr-do-sol na
sexta-feira e ia até o fim do sábado.
Quando a escuridão
descia sobre a cidade, o som da trombeta era ouvido do alto da sinagoga. Os pais
de Saulo inclinavam-se juntos. Em seguida, o chefe de família impetrava a
bênção sobre o lar. Ato contínuo, lavava as mãos numa bacia de água e colocava
um pouco de vinho na taça. Reunidos em volta da mesa, todos provavam do cálice.
Então o pai dizia algumas palavras a respeito do Senhor e, mergulhando um naco
de pão no sal, oferecia-o a cada membro da família.
Esse era o começo
do melhor dia da semana.
Eles sentavam-se
para uma refeição composta de peixe, sopa, pão e frutas. Era o dia de descanso
solene e não se avistava nenhuma fumaça evolando-se das casas judias, pois DEUS
ordenara fosse o sábado um dia de repouso. Nenhum fogo era aceso; nenhum alimento,
cozido; e o pai declarava gravemente que quem desobedecesse devia ser morto.
Moisés não condenara à morte o homem flagrado colhendo gravetos para acender o
fogo no sábado?
Nesse dia, todos
iam à sinagoga. Por trás da treliça que separava as mulheres e crianças da
parte principal do prédio, Saulo podia ver o pai no grande salão onde ardia o
castiçal de sete hastes. O pai removia os sapatos e amarrava filactérios nos
braços e na testa; colocava um xale azul na cabeça, e voltava-se em direção a
Jerusalém, para orar com os outros homens.
As portas eram
então fechadas e, de algum ponto, uma voz cantava: "Bendito o Senhor, o
Rei do universo, que fez a luz e as trevas, que envia a paz e cria todas as
coisas e quem, na sua misericórdia, dá luz à terra; quem, na sua bondade,
renova dia a dia as obras da criação". Podia se ouvir dos lábios dos
ouvintes um "amém" em voz baixa, enquanto todas as cabeças
mantinham-se inclinadas.
Enquanto observava,
Saulo viu um dos homens pegar um rolo grande de pergaminho e fazer a leitura em
hebraico. Era a lei de Moisés. Cada sentença era repetida em grego a fim de que
todos pudessem entender. A seguir, um dos principais da sinagoga comentava o
trecho lido. Às vezes, argumentava acaloradamente, citando opiniões dos grandes
rabinos. Eles também faziam perguntas difíceis e procuravam respondê-las
demonstrando grande autoridade.
Depois das
perguntas, uma breve bênção despedia o povo que saía em silêncio. Às vezes,
reuniam-se nas casas, mas nunca passeavam a pé, já que era proibido andar mais
de §00 metros nesse dia. Quando o sol se punha, o pai reunia a família e orava
por cada um em particular, pedindo a bênção de DEUS sobre o dia que terminava.
O Rigor dos
Fariseus
Todas as regras que
Saulo aprendia na escola eram seguidas rigorosamente pelo pai; este era
meticuloso até na forma de lavar as mãos. No lar de Saulo, havia mais rigor e
disciplina que na maioria dos de seus amigos. Seu pai era fariseu e decidira
que o filho também o seria. Ser fariseu significava pertencer a mais importante
seita do Judaísmo.
Os saduceus
pertenciam à classe alta e rica; eram a aristocracia; ocupavam a maioria dos
altos cargos, mas não se importavam com a fé nem com a moral. Aceitavam as
Escrituras de modo geral, mas não acreditavam no céu, nem nos anjos, ou na vida
após a morte. Os fariseus apiedavam-se deles; achavam que o desejo de ser
modernos virara-lhes a cabeça.
Por seu turno, os
fariseus não só aceitavam integralmente as Escrituras, como também as tradições
orais dos rabinos. Diziam que as tradições originavam-se da Palavra de DEUS.
Eles estavam continuamente brigando e discutindo com os saduceus, por acharem ter
alcançado uma posição superior à de qualquer outra classe. Orgulhosos e
intolerantes, agradeciam a DEUS por não serem como os demais.
Andar uma milha,
carregar um graveto, ou acender o fogo no sábado era considerado ofensa grave
por Saulo e seu pai. Até mesmo comer um ovo posto por uma galinha no sábado era
considerado pecado. Saulo pensava, trabalhava e crescia segundo os ensinamentos
do farisaísmo. Preparou-se gradualmente para liderar outros nessa tradição, sem
jamais sonhar que, um dia, des-pojar-se-ia dela como de algemas pesadas,
liberto que seria por CRISTO.
Influências Gentias
Ao norte da cidade
ficava a pista onde eram disputadas as provas de atletismo. A cidade inteira
comparecia para apreciar tais eventos. Menino algum que crescesse em Tarso
poderia fugir à influência desse lugar. Os jovens da Grécia e de Roma gostavam
tanto de correr, e davam a isso tamanha importância, que um vencedor tornava-se
herói nacional, e tinha uma estátua erguida em sua honra.
Saulo foi tão
influenciado por essa pista de corrida que, mais tarde, em seus escritos,
comparou a vida cristã a uma prova atlética. Considerou que a vida em CRISTO
tem um ponto de partida, uma pista e um alvo. O cristão não é alguém sem rumo;
tem um alvo diante de si e concentra-se na busca do prêmio. À medida que a vida
de Saulo aproximava-se do fim, sua mente voltava à pista. E ele escreveu a
Timóteo: "Completei a carreira" (2 Tm 4.7).
Saulo provavelmente
nunca teve permissão para assistir a esses jogos. Era um passatempo gentio e
impróprio para um bom judeu, principalmente se fosse fariseu. Não obstante, ele
via os jovens gregos treinando para as corridas, e não podia deixar de se interessar
pelo vencedor.
O teatro também
atraía milhares de pessoas cultas; o melhor no campo da música, poesia e drama
era apresentado ali. Os judeus, porém, não apreciavam tais frivolidades. O pai
de Saulo considerava-as supérfluas e inadequadas ao filho de um fariseu.
Quando permitia que
Saulo fosse ao ginásio ver os rapazes saltar, correr e praticar todo tipo de
esportes, dizia-lhe que o exercício físico era necessário à formação de bons
soldados, mas o jovem que estudasse a lei de Moisés seria um homem melhor.
O Filho da Lei
Quando Saulo
completou 13 anos, sua vida passou para um estádio totalmente novo. Aos poucos
foi tomando consciência das responsabilidades da vida pessoal e comunitária.
Conforme ensinavam os rabinos, ao chegar aos 13 anos, o jovem torna-se
responsável por seus atos e já pode ser admitido na seção masculina da
sinagoga. A fim de marcar tal mudança, Saulo foi levado à sinagoga para uma
cerimônia conhecida atualmente como bar mitzvah.
O pai disse-lhe que
até então ele estivera aprendendo a Lei, mas chegara a hora de obedecê-la.
Chegara a hora da responsabilidade. Como bons pais, tinham feito o possível
para educá-lo na pureza da fé. Agora, achava-se ele por conta própria aos olhos
da Lei Mosaica; se deixasse de obedecê-la, poderia ser castigado pelo tribunal
da sinagoga como qualquer outro judeu.
Depois de submetido
a um exame solene, Saulo foi declarado apto para ter o filactério amarrado no
braço, como sinal de haver adentrado a idade adulta. Na sinagoga mal iluminada,
os amigos da família reuniram-se enquanto o pai apresentava o filho ao rabino.
Este prendeu a pequena caixa preta na parte superior do braço de Saulo, e
recomendou-lhe que nunca entrasse na sinagoga sem ela. A seguir, pela primeira
vez em público, ele procedeu à leitura da Tora, mostrando ter sido educado como
um verdadeiro hebreu. Depois disso, o rabino - seu velho amigo e professor
fez-lhe um discurso, no qual resumiu muitas das lições que lhe ensinara. Com
palavras de conselho, o líder espiritual acolheu-o na comunhão da sinagoga.
Na audiência, por
trás da treliça, a mãe de Saulo ouviu seu menino ser declarado filho da Lei.
Seus olhos encheram-se de lágrimas. Nunca mais ele se sentaria ao seu lado na
sinagoga. Ela suspirou e chorou. Saulo tornara-se repentinamente um homem, e
mãe alguma está preparada para tal mudança.
Na caixa presa ao
braço de Saulo, havia trinta versículos da Escritura, escritos em pergaminho,
começando com a admoestação:
E te será por sinal
sobre tua mão, e por lembrança entre teus olhos; para que a lei do Senhor
esteja em tua boca: porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito.
Portanto, tu guardarás este estatuto (Êx 13 9,10).
Veio a seguir a
festa em casa; os amigos levaram presentes e deram-lhe os parabéns. Era a
aceitação pública de Saulo como homem. Ele passou assim da infância para a
idade adulta aos olhos de seu povo. Não era mais um simples escolar, e sim um
estudante. Não abandonou os estudos; só mudou a maneira de estudar.
Fabricante de
Tendas
Afirma o ditado
rabínico: "O homem que não ensina um ofício ao filho quer que ele se tome
ladrão, pois quem não trabalha para ganhar o próprio pão come o de
outrem". Sabendo disso, o pai de Saulo desejava que o filho tivesse uma
profissão. Ele era fabricante de tendas e fora morar em Tarso atraído pela fama
de seus tecelões. Essa reputação devia-se ao fato de o cilicium, um tipo
especial de tecido, ser um produto da província. Era fabricado com o fio
comprido do pêlo das cabras que pasciam nos montes da Cilícia, a oeste e ao
norte da cidade. O cilicium era considerado o melhor material para tendas,
pois, de tão duro, tornava-se quase impermeável. Também era empregado nas velas
dos barcos e trajes externos dos pescadores e marinheiros.
Havia uma pequena
oficina nos fundos da casa de Saulo. Era um barracão comprido e baixo, aberto
numa das extremidades, contendo um tear, rodas para tecer o fio, caldeirões
para tingir o pelo de cabra, e um banco para cortar o couro e costurar as
tendas. Fardos de peles de cabra amontoavam-se num canto, do jeito que haviam
saído das mãos do pastor.
Várias vezes ao
ano, o pai de Saulo viajava para as montanhas distantes, a fim de comprar
peles. Ele sabia onde encontrar os pastores que vendiam as peles de pelo mais
longo e resistente de toda a Cilícia. Completadas as compras, carregava os
jumentos com sua mercadoria e voltava à oficina. O pelo tinha de ser então
penteado e preparado para ser tecido. Uma parte era tingida de vermelho, outras
de amarelo, roxo e verde, para atrair os mercadores. O fio era depois enrolado
em fusos e preparado para as lançadeiras e o grande tear manual.
Preparado o tecido,
vinha a fabricação da tenda. Saulo observava o pai cortar o material em tiras e
costurá-lo com um fio bem forte e uma grande agulha de bronze. O segredo era
costurar tão bem e tão apertado, que nem uma gota de chuva pudesse atravessar,
ou vento algum rasgar o material. Não era fácil fazer uma boa tenda. Era
preciso prepará-la, enrolar a corda, fazer as estacas e colocar ilhoses e
ganchos de couro para pendurar caldeirões, panelas e arreios. A seguir vinham
as decorações. Algumas tendas eram coloridas com largas faixas amarelas,
vermelhas ou azuis. Mas o tipo comum não tinha faixas, era sempre preto ou
cinza.
Com o passar do
tempo, Saulo tornou-se um perito na profissão e podia fabricar tendas tão
fortes e boas quanto as de seu pai. Ele nunca se esqueceu do seu ofício e, anos
mais tarde, voltou a praticá-lo em muitas das cidades que visitou, pois não
aceitava dinheiro das igrejas para o seu sustento. Um fabricante de tendas de
Tarso era sempre bem recebido. Sua habilidade nessa profissão foi reconhecida
em todo o mundo.
Todavia, seus pais
queriam que ele fosse um professor da Lei de Moisés, um rabino. Naqueles dias,
todo rabino tinha um ofício, pois não era costume aceitar dinheiro pelo ensino.
Não use a Lei como
enxada para cavar - disse um dos mais famosos.
Faça qualquer tipo
de trabalho - disse outro. - Nem que seja tirar a pele de um cavalo à beira da
estrada; e não diga para justificar-se: "Sou um sacerdote".
Os Feriados Judeus
A semana mais
importante do ano era a da Páscoa. Era uma grande data nacional; tinha um
profundo significado religioso. A Páscoa celebrava a libertação dos israelitas
do cativeiro no Egito. É claro que havia outros feriados, tal como o da Festa
dos Tabernáculos, quando as crianças iam ao campo com os pais, e cortavam ramos
para construir uma cabana em cima da casa, na parte plana do teto. Isso era
feito para que se lembrassem da época distante, quando os judeus, ao deixarem o
Egito, passaram a morar em tendas. Sem uma habitação permanente, vaguearam
entre as rochas do deserto.
Havia também a
Festa da Colheita, o Purim e o Dia da Expiação. Para cada grande dia, vários
peregrinos piedosos deixavam Tarso e voltavam a Jerusalém. Saulo era ainda
muito jovem para ir; mas, desde que Tarso ficava junto à estrada principal, ele
se acostumara a ver centenas de judeus descansando ali, à noite, na longa
viagem para o Sul. Por várias vezes, tios, primos e outros parentes haviam
pernoitado em sua casa. Saulo lembrava-se de como, pelo menos uma vez ao ano,
seu pai juntava-se a esses grupos de viajantes. Ele embrulhava suas melhores
roupas a fim de vesti-las quando chegasse a Jerusalém, e depois arreava um
jumento e partia alegre pela estrada que o levaria através das montanhas até o
SANTO Templo.
Após meses de
ausência, o pai voltava admirado, cheio de histórias de grandes aventuras, que
entreteriam a família durante semanas. O menino, que nunca estivera em
Jerusalém, ouvia extasiado as descrições entusiasmadas do pai e pensava que a
grande cidade deveria estar logo abaixo do céu em glória e grandeza. O pai
falava do toque das trombetas dos sacerdotes, ao iniciar-se o dia de adoração
no Templo, e dos coros dos levitas, vestidos de branco, cantando os grandes
salmos nos degraus de mármore.
As ruas ficavam
cheias de multidões alegres; turistas de todas as partes do mundo. Costumes
interessantes podiam ser vistos em toda parte, e línguas estrangeiras eram
ouvidas quando os grupos se juntavam nos pontos de reunião. O jovem Saulo ouvia
essas histórias até sua mente ficar repleta de sonhos e visões. Quando ele
também poderia ir a Jerusalém?
- Seja paciente,
meu filho, não falta muito para você poder ir com seu pai - dizia-lhe a
mãe.
De fato, na última
viagem, o pai fizera alguns planos. Ele sempre esperara e ambicionara tirar o
filho da cidade gentia de Tarso, dando-lhe a vantagem de uma escola em
Jerusalém. Todo bom rabino fora treinado ali. Para ser bom professor era
necessário ter contato com os grandes rabinos do templo.
Desde que a mãe
concordara com o plano, não havia mais dúvidas. Os negócios na fábrica de
tendas tinham sido bons e, para o filho, não queria nada menos que o melhor.
Enquanto estivera em Jerusalém, só se falava do grande Gamaliel. Muitos o
procuraram durante os feriados para ouvir-lhe a sabedoria. Não se tratava de um
simples boato. Seus discursos eram poderosos, pois ele falava com autoridade.
Ficou então decidido que Saulo iria para a Cidade Santa, e talvez retornasse
mais tarde como um dos grandes rabinos de Israel.
NA ESCOLA DE
GAMALIEL
A sinagoga de Tarso
muito se orgulhou ao saber que um de seus rapazes iria estudar com os grandes
rabinos de Jerusalém. Muitos dos vizinhos tinham amigos ou parentes nesta
cidade, e ofereceram-se para escrever-lhes contando sobre a ida de Saulo, e
pedindo-lhes que o acolhessem. Todos queriam ser úteis, e na ceia, oferecida em
sua homenagem, levaram-lhe presentes, apresentaram-lhe as congratulações e até
lhe ofereceram alguns conselhos. Todos sabiam que Saulo era um bom estudante e
dele esperavam grandes coisas. Foram unânimes em afirmar que, um dia, ele
voltaria para falar, e talvez ensinar, em sua própria sinagoga.
Semanas antes da
viagem, a mãe de Saulo ocupou-se fazendo-lhe roupas novas e arrumando as coisas
que ele deveria usar na cidade grande. Ter várias mudas de roupas era sinal de
riqueza e boa educação, e ela queria que o filho tivesse um bom começo. Medo e
alegria subiam e desciam pelos corredores de sua alma, perseguindo-se
mutuamente, quando pensava no filho saindo de casa e no grande vazio que lhe
ficaria; mas ao mesmo tempo, pensava na honra e privilégio de sacrificar-se,
como é dever de toda mãe, Para que o filho convivesse com os poderosos de
Israel. O pai mantinha-se silencioso e distante, mas um brilho de orgulho
surgia em seus olhos quando imaginava seu menino na escola de Gamaliel.
Muitas vezes Saulo
observara as caravanas carregadas com todo tipo de mercadorias, partindo de
manhã bem cedo, para aproveitar ao máximo a luz do dia. Houve ocasiões em que
olhara para aquelas caravanas com inveja; agora iria partir com elas, e talvez
permanecesse fora durante vários anos. Uma sensação de medo e solidão o
envolvera. Era a primeira vez que ficaria longe de casa. E o mundo, agora, lhe
parecia tão grande. Todavia, não estava triste, pois eram tidos como
bem-aventurados os que podiam fazer a viagem. Nem todos tinham tais
oportunidades ou um futuro assim promissor.
Para o leste, numa
faixa branca e estreita, a estrada estendia-se pela vasta planície e
desaparecia nos montes distantes. Um grito alegre elevou-se da caravana,
enquanto os peregrinos acenavam com ramos verdes àqueles que tinham ido à sua
despedida.
A Despedida
Saulo juntou-se à
estranha caravana de velhos e jovens, ricos e pobres que, vagarosamente, iam
deixando Tarso para trás. Seus olhos encheram-se de lágrimas enquanto,
repetidas vezes, voltava-se para acenar aos pais, até que a longa estrada fez
com que estes e a cidade desaparecessem de vista. O pequeno grupo continuou
marchando lentamente, rindo, conversando e trocando histórias. Mas o coração de
Saulo estava tão pesado que ele mal disse uma palavra o dia inteiro. Pensava em
sua casa e em seus pais. Como tinham sido bons, e quão cuidadosamente
protegeram-lhe a vida contra tudo que fosse errado! Agora, porém, estava por
conta própria, e sua ambição era fazer com que os pais se orgulhassem dele.
Jamais esqueceria as lágrimas da mãe em sua despedida.
O sol já se punha
quando os peregrinos se aproximaram da cidade de Adana, a cerca de 32
quilômetros de casa, e armaram as tendas para passar a noite. Alguns mais ricos
foram até a estalagem de Adana, mas a maioria acampou fora dos muros da cidade.
A estalagem era um simples espaço aberto, cercado por um muro. No meio do
cercado havia um poço, e ao longo do muro alinhavam-se pequenos pórticos em
forma de arco, onde os viajantes se deitaram a fim de passar a noite. Não havia
qualquer tipo de mobília. Cada um desenrolava sua esteira, preparando o próprio
leito; todos levavam panelas e potes para cozinhar. Pelo menos estavam a salvo
de ladrões.
Aquele era um bando
interessante de viajores. Havia um velho mendigo com seu bordão e roupas em
frangalhos. Fizera a viagem muitas vezes e nada mais o surpreendia. Havia
também o menino de olhos vivazes, que viajava com o pai. Montavam cavalos e
mantinham-se longe dos outros, pois eram ricos. E o mercador gordo, de turbante
que, com uma faca na cinta, andava ao lado de suas mulas carregadas. Parecia
desconfiar das pessoas e não falava muito. Em sua maioria, porém, os viajantes
eram alegres e tagarelas, e os dias iam-se passando rapidamente. Cheios de
expectativas, os viajantes pensavam no fim da jornada.
Atravessando Terras
Históricas
Viajaram dia após
dia, armando as tendas e levantando acampamento. As pedras que pavimentavam a
estrada eram lisas e gastas, pois os exércitos de várias nações haviam marchado
sobre elas. Mercadores com seus camelos caminhavam por essa estrada. Levas de
escravos cansados, presos uns aos outros com correntes, tinham sido impelidos
como gado ao longo desse mesmo caminho, até que seus pés sangrassem feridos. No
quarto dia, os viajantes aproximar-se-iam do litoral, pois a estrada passava
por uma larga baía de águas azuis, na extremidade oriental do Mediterrâneo. Em
breve, voltar-se-iam para o sul, nas fronteiras da Cilícia.
A sua frente,
levantavam-se as serranias da Síria. A estrada serpenteava pelos morros,
subindo de saliência em saliência, até chegar a uma passagem estreita e
difícil, que marcava a fronteira entre a sua província e a Síria. Era o Grande
Portão da Síria. Depois de atravessar essa passagem, Saulo estaria do outro
lado das montanhas que haviam sido a fronteira do seu mundo.
A velha cidade de
Antioquia ficava logo adiante, estranha e diferente com seus muros maciços,
parecendo uma fortaleza no alto de um morro. Antioquia era a capital da Síria.
Seus teatros e templos eram mais esplêndidos que os de Tarso. Herodes, o
Grande, de Jerusalém, pavimentara a rua principal e a enfeitara com pilares de
mármore. A cidade era belíssima, e ainda mais rica que Tarso.
De Antioquia, eles
seguiram para a estrada elevada de Damasco e depois pelas montanhas, até
aproximarem-se da Terra Prometida. As neves do Monte Hermom brilhavam à
distância, muito claras ao sol; e as florestas do Líbano, com suas lindas
árvores de cedro, fizeram-no lembrar dos salmos que conhecia e tanto amava.
Chegaram a Nazaré,
uma cidade de hospedadas, onde as caravanas sempre pernoitavam. Mas não passava
de uma cidadezinha e não tinha boa reputação. Os viajantes apressaram-se por
chegar ao rio Jordão. Aí, finalmente, Saulo estava chegando às terras que a história
dos judeus tornara famosas. Ele pensou em Josué que, muitos anos antes, guiara
os israelitas para uma terra que manava leite e mel. O monte Tabor, com suas
densas florestas, fora onde Débora e Baraque reuniram dez mil homens e
derrotaram Sísera com seus carros de ferro.
Ao sul do Tabor
ficava o vale de Jezreel, salpicado de vilarejos e campos verdejantes. Grandes
batalhas travaram-se ali. À distância adivinhava-se o monte Gilboa, onde o rei
Saul jogara-se contra a própria espada, depois de perder uma difícil batalha.
O povo de Samaria
era hostil aos judeus. Por isso, evitando atravessar a região, os viajantes que
iam para a Cidade Santa passavam para a margem leste do rio Jordão, entrando em
Decápolis e Peréia. Deixando rapidamente Samaria, Saulo e seus companheiros chegaram
ao lugar onde, mil anos antes, os israelitas haviam cruzado o Jordão. O grupo
entrou alegremente nas águas frias, como fazem os viajantes judeus até hoje.
Atravessaram para o outro lado, e Saulo pôde, enfim, pisar pela primeira vez a
terra tão amada pelos benjamitas. Aqui ficava a cidade que fora inexpugnável
-Jerico - mas cujos muros caíram ao som das trombetas de Josué. Aqui também
localizava-se Gilgal, onde o povo reunira-se para coroar Davi. Cada pedra,
ribeiro, vale e colina tinha alguma história preciosa ao coração do judeu. E
Saulo viu, pela primeira vez, a terra onde seu povo tornara-se grande e mui
poderoso.Para além de Jerico, a terra tomava-se mais inóspita e a planície
estreitava-se num vale cercado por montes íngremes e próximos. A estrada
mostrava-se sinuosa como uma serpente, e eles corriam o risco de se depararem
com bandos de salteadores. A subida era íngreme e os viajantes estavam
cansados, mas alegravam-se com a perspectiva de poderem ver, dentro em breve, o
monte das Oliveiras e a cidade mais bela da terra.
A Cidade de DEUS
Finalmente, do alto
da estrada, avistaram a Cidade de DEUS, construída sobre um monte mais baixo
que o das Oliveiras. Do outro lado do vale profundo, seus muros, torres e
prédios abobadados apresentaram-se magníficos à luz dourada do sol poente.
Entusiasmados, os peregrinos entreolharam-se com olhos úmidos. Experimentaram o
mesmo ímpeto de alegria e orgulho pela grandeza da sua terra nativa. Algumas
das cúpulas e torres eram revestidas de puro ouro. Do alto da montanha, Saulo
contemplou o outro lado do vale do Cidrom e viu o pátio do templo; do ponto
mais elevado, avistou também o prédio onde, sob as asas estendidas dos
querubins de ouro, habitara Jeová.
Enquanto apreciava
com interesse e reverência o cenário, o grupo de peregrinos começou a cantar um
dos salmos que, através dos séculos, os viajantes entoavam ao aproximar- se dos
muros de Jerusalém:
De bela e alta
situação, alegria de toda terra é o monte Sião aos lados do norte, a cidade do
grande Rei. Dai voltas a Sião, ide ao redor dela; contai as suas torres. Notai
bem os seus antemuros, percorrei os seus palácios, para que tudo narreis à
geração seguinte. Porque este DEUS é o nosso DEUS para todo o sempre; ele será
nosso guia até a morte (SI 48.2,12-14).
O Templo
Na manhã seguinte,
quando o sol surgiu no céu oriental, as ruas já estavam coalhadas de gente.
Três toques de trombeta soaram dentro dos muros do Templo, proclamando o
amanhecer de um novo dia de adoração. Eram necessários vinte homens para abrir
os portões do templo. Quando as portas maciças giraram nos gonzos, a multidão
invadiu os pátios externos. Saulo achou-se pela primeira vez no Templo do
Senhor, e a primeira coisa que viu foi o sacrifício matutino queimando sobre o
altar. Erguendo os olhos à cobertura dourada do Lugar SANTO, ele fez as orações
matinais com uma sensação de força e proximidade que nunca antes experimentara.
Naquele lugar, os
hinos de Israel pareciam ganhar um novo significado:
Quão amáveis são os
teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma está anelante e desfalece
pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo DEUS vivo!
Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si e para sua prole junto
dos teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e DEUS meu. Bem-aventurados os
que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente (Sela). Porque vale mais um
dia nos teus átrios do que em outra parte, mil. Preferiria estar à porta da
Casa do meu DEUS, a habitar nas tendas da impiedade... Alegrei-me quando me
disseram: Vamos à Casa do Senhor (SI 84.1-4,10; 122.1).
O grande pátio
externo era calçado com pedras coloridas, e muitos adoradores de países
estrangeiros encontravam-se ali. Junto aos muros havia redis e gaiolas de
madeira, onde se vendiam ovelhas e pombos para os sacrifícios diários. Havia
também cambistas trocando moedas romanas e gregas pelo dinheiro de Israel, pois
só a moeda hebraica era aceita como oferta no Templo. Ali comprava-se e
vendia-se, pechinchava-se e enganava-se, pois os vendedores de animais não
partilhavam a mesma reverência dos visitantes.
Saulo jamais vira
pilares tão esplêndidos, nem um piso de tamanha magnificência; ajuntamentos de
sacerdotes vestidos de branco, e tantas pilhas de dinheiro. Na extremidade do
pátio, uma longa fileira de degraus levava a um terraço superior.
Quando Saulo
aproximou-se deles, leu em grego e latim estas palavras: "O estrangeiro
não deve subir estes degraus, sob pena de morte".
Ele subiu ao pátio
interno. Nem sonhava que um dia, exatamente ali, sua vida seria ameaçada. As
mulheres não podiam ir além desse segundo pátio, mas Saulo cruzou-o
rapidamente, subiu um segundo lance de escadas e passou pela Porta de Nicanor,
feita de prata e ouro puros, entrando no pátio dos homens e dos sacerdotes.
Ali, no centro do
pavimento, estava o grande altar onde o fogo nunca se apagava. Suas pedras eram
rústicas, pois nunca martelo ou cinzel as tocara. Ele viu as mesas onde as
ovelhas eram mortas, e as longas filas de adoradores que carregavam ovelhas ou
pombos, esperando a sua vez, enquanto os sacerdotes ofereciam os sacrifícios um
a um.
A seguir, noutro
terraço ainda mais alto, ficava o magnífico Lugar SANTO. Suas pedras eram
revestidas de ouro. Grandes pilares brancos sustentavam o teto. Do lado de
dentro havia uma porta de ouro puro, coberta por uma cortina externa tecida de
azul e escarlate, roxo e branco. Por trás da cortina e da porta de ouro, onde
ninguém podia entrar, exceto o sumo sacerdote uma vez ao ano, havia coisas tão
sagradas que Saulo teve até medo de olhar para aquele lado. Ajoelhou-se com os
olhos fechados e o rosto no chão, profundamente comovido, orando ao Senhor DEUS
que habitava no Lugar SANTO.
Saulo sabia que a
construção do Templo iniciara-se 40 anos antes, mas ainda não havia sido
concluída. Havia casas para os sacerdotes e os guardas; era uma cidade dentro
da cidade. O número de sacerdotes chegava a vinte mil e o de levitas e guardas
era ainda maior. Cada homem tinha de servir apenas duas semanas no ano;
portanto, não ficavam sobrecarregados, exceto nas grandes festas, quando todos
deviam estar presentes. Os levitas eram cantores, músicos ou porteiros.
Essa não era uma
simples sinagoga, mas o centro cultural de uma grande nação. O tesouro do
Templo era o lugar mais seguro do mundo para se guardar ouro e jóias. Ricos
presentes de judeus abastados, pratos de ouro de príncipes estrangeiros, e
pilhas de artigos preciosos, enviados de todas as terras, achavam-se aí
custodiados. As ofertas diárias dos adoradores, recolhidas dos gazofilácios,
eram também depositadas na sala do tesouro.
No pátio externo,
havia muitos pórticos com colunatas onde multidões se aglomeravam para ouvir os
rabinos. Ouviam um deles por algum tempo e depois iam ouvir outro. Algumas
vezes, o rabino falava com voz clara e forte, outras, com voz baixa e fraca.
Alguns eram oradores, atraindo grandes multidões; outros tinham apenas pequenos
grupos, atraídos mais por sua sabedoria que por seu timbre de voz. Enquanto
passava de um para outro, Saulo não ouviu nada de novo. Era praticamente a
mesma coisa que aprendera em Tarso. Nada questionou, pois nunca duvidara do
conhecimento desses grandes homens. Fora ali para adorar aos seus pés. Só
quando o sol já descambava no horizonte e o sacrifício noturno terminava, é que
ele deixou os pátios. Aquela era, para ele, a Casa de DEUS. Chegara finalmente
ao templo dourado.
Passou dias e dias
nos pátios do Senhor, aprendendo tudo sobre a adoração a DEUS. Impressionava-se
cada dia mais com a beleza e o esplendor do lugar. Chegaria a hora quando
poderia dizer que conhecia e amava cada pedra do Templo. Enquanto Saulo adorava
diante do altar, sua ambição de ensinar a Lei de DEUS foi tornando-se cada vez
mais forte. Muitas vezes imaginava-se como um rabino famoso, sentado num dos
alpendres fechados, interpretando a Lei de DEUS ao povo, mostrando que dominava
perfeitamente o conhecimento de todas as eras.
A Escola de
Gamaliel
Dentre os muitos
rabinos de Jerusalém, o pai de Saulo escolhera Gamaliel. Em primeiro lugar
porque, sendo fariseu, advertiria Saulo contra os saduceus; em segundo, pela
grande reputação de sua sabedoria e bondade; e, em terceiro, porque era filho
do rabino Simeão, e neto do rabino mais culto que já houvera em Israel. O avô
Hillel morrera há muito tempo, mas todas as opiniões modernas ainda baseavam-se
no que ele dissera ou escrevera. Ser neto de um mestre tão ilustre dava a
Gamaliel um prestígio que ninguém mais possuía.
Gamaliel era um
homem de meia-idade, forte e vigoroso. O povo o considerava tanto que o chamava
de raban. Embora fosse um fariseu severo, era justo e mais tolerante que a
maioria de seus pares. Anos mais tarde, quando o apóstolo Pedro fosse julgado
perante o Sinédrio por falar de JESUS, Gamaliel aconselharia seus colegas a
deixá-lo em paz: "Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os;
porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de
DEUS, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados
lutando contra DEUS" (At 5-38-39).
É certo que
Gamaliel seguiu os passos do pai e do avô em sua tolerância; havia, porém,
rabinos mais severos e inflexíveis. O rabino Shammai era tão estreito de mente
que foi chamado de "o Presilha". Ele prendia seus seguidores com
tantas regras, que a religião tornara-se-lhes enorme fardo. Hillel, por outro
lado, como fosse bondoso, generoso e tolerante, recebeu o título de "o
Afrouxador". Ele iniciara como porteiro, carregando fardos pesados nas
costas, e fora tão pobre nos tempos de estudante, que não podia sequer comprar
roupas quentes.
Gamaliel olhou para
o jovem Saulo e, com um amável bem-vindo, recebeu-o em sua escola. Logo
Gamaliel descobriu que Saulo era um aluno dedicado e obediente. Em pouco tempo,
já demonstrava grande simpatia pelo novo aluno, esperando deste grandes
resultados. Percebeu no rapaz reais possibilidades de liderança. Saulo era tão
sincero em seu aprendizado que cativou o coração do professor. Mais que isso,
os pais de Saulo haviam cuidado para que o filho considerasse a religião o
ponto mais importante de sua vida. Alguns estudantes não nutriam um verdadeiro
amor pela cultura e adoração. Mas em Saulo havia um sentimento quase fanático,
que o levava a ser piedoso não só nos dias de festas, mas em todo o tempo.
Paulatinamente, o Zelo de Saulo foi-se fortalecendo. Ele descobriu que a vida
em Jerusalém era diferente da de Tarso. Aqui ninguém ria nem perseguia os
judeus. Não havia nada que lhe prejudicasse o desenvolvimento. Não havia
influência gentia; só encorajamento para mergulhar cada vez mais fundo nos
mistérios do Judaísmo.
Durante os meses
que se seguiram, o rapazinho transformou-se num homem independente. Gamaliel
alegrou-se com seu progresso. Passado um ano, os pais de Saulo viajaram a
Jerusalém para festejar a Páscoa, mas o principal motivo era ver o filho.
Aquele foi um grande dia! Ficaram observando orgulhosos, enquanto Saulo
discutia vários aspectos da Páscoa. Julgaram ouvir uma nota de autoridade em
sua voz, ao ouvi-lo discorrer sobre as coisas que aprendera de Gamaliel,
provando-as com passagens das Escrituras. Ele sabia até apresentar argumentos
contra os saduceus. Concluíram que Saulo sempre soubera raciocinar e argumentar
com lógica, mas agora isso estava sendo trazido à superfície. Que satisfação
lhes dava o filho!
Predição do Messias
Vindouro
Quando analisado, o
Judaísmo parecia uma simples religião de promessas e esperanças. Em seu âmago,
a tristeza mesclava-se com o esplendor. Todo judeu sentia pesadamente o jugo de
Roma; ansiava e orava pelo dia em que a nação seria liberta, e os exércitos de
Roma, expulsos. Os mesmos peregrinos que se gloriavam no Templo também choravam
amargamente em suas casas, clamando ao Senhor por livramento. Todos os
sacrifícios e cerimônias perderiam o significado se os judeus tivessem de
continuar sob o jugo de um rei estrangeiro. Certamente, um dia DEUS haveria de
livrar e abençoar o seu povo, como fizera no passado.
Havia um grupo
organizado de judeus patriotas, conhecidos como zelotes, que realizavam
reuniões secretas e planejavam uma revolta contra Roma. As autoridades romanas
mantinham-se ocupadas em procurá-los e castigá-los. Mas a sociedade trabalhava
ocultamente, mantendo viva a esperança de que, um dia, DEUS enviaria um
libertador poderoso como Moisés, que tiraria seu povo do cativeiro e novamente
o exaltaria sobre todas as nações.
Havia uma coisa que
Gamaliel ensinava com grande convicção. Não era um simples raio de esperança.
Tratava-se do ensinamento dos antigos profetas sobre a vinda de um líder
enviado por DEUS. Ele reuniria o povo de todas as partes do mundo para expulsar
os romanos, e reinaria em Jerusalém para todo o sempre. Essa era a promessa que
DEUS fizera a Davi: seu trono jamais desapareceria, por mais negro que o céu se
tornasse. Esse grande Redentor, que traria a salvação a Israel, era o Messias.
Saulo sabia que a
vinda do Messias tinha sido mencionada pelos profetas há mais de mil anos. E
Gamaliel falava disso mais que qualquer rabino de Tarso, pois o esperava a
qualquer momento. O sábio professor lia passagem após passagem sobre o CRISTO
nos profetas, e até descobria promessas de sua vinda na Tora. Contava como
seria o Messias e como julgaria todas as nações. Ele esmagaria o mal e reinaria
com justiça.
Todo judeu sabia
que o Messias pertenceria a tribo real de Judá, e nasceria em Belém, pois o
profeta Miquéias predissera-o claramente. O professor de Saulo contou-lhe que,
quando Ele viesse, ficaria oculto por algum tempo. A seguir, reuniria o povo e
marcharia sobre Jerusalém, para dispersar os romanos e reinar para sempre pelo
poder de DEUS.
Duas Opiniões
O que Saulo não
sabia, até então, é que os rabinos estavam divididos em suas opiniões sobre o
Messias. Alguns liam que Ele seria um príncipe poderoso, livrando seu povo pela
guerra, e que as montanhas seriam tingidas de vermelho com o sangue dos seus
inimigos. Certos rabinos chegavam a afirmar que chamas sairiam de sua boca para
destruir os opositores.
Havia um grupo
menor, porém, que estava muito confuso com certas passagens, como o capítulo 53
de Isaías e o Salmo 22. Esses versículos deixavam claro que o Messias muito
sofreria. Ao mesmo tempo, ninguém podia negar que Ele viria para reinar com
poder. Portanto, cresceu a idéia de que haveria dois Messias - um sofredor; e o
outro, um rei triunfante. Nas sinagogas e nos alpendres fechados do Templo,
essa diferença era discutida e defendida com grande eloqüência pelos eruditos.
Saulo começou a ver
muito claramente que as esperanças da nação dependiam desse Salvador vindouro.
Passou então a procurar zelosamente um líder e guerreiro, que reunisse grandes
exércitos para lutar contra Roma. Os rabinos contavam muitas histórias sobre o
Messias que estava para vir. Algumas delas não passavam de sonhos absurdos e
tolos. Outras eram fantásticas e irreais, não se baseando de modo algum nas
promessas de DEUS. As últimas eram produto da imaginação de um povo oprimido,
que não compreendia os caminhos de DEUS. Alguns dos rabinos odiavam tanto os
romanos, que descreviam o Messias fazendo toda sorte de crueldades contra
estes, a fim de vingar os judeus.
Os anos gastos por
Saulo nos estudos foram cheios de reverência, mas, até certo ponto, também de
rotina e monotonia. Não havia incentivo para desenvolver qualquer coisa
original; o estudo servia apenas para aumentar a capacidade de sua memória. Com
esse treinamento, não é de surpreender que a vida de Saulo se tornasse cada vez
mais estreita.
Os fariseus eram a
sua única companhia e, pouco a pouco, achou-se ele mergulhado cada vez mais nas
regras humanas. Seu gosto pela discussão fez com que se transformasse no centro
de muitas disputas. Sempre que surgia a oportunidade de defender os sacerdotes
ou rabinos, ou o sistema de adoração do Templo contra os estrangeiros, Saulo
entrava na arena com a língua afiada e o espírito em chamas.
A Volta de Saulo a
Tarso
Exigia-se que os
professores estudassem dez anos para que fossem considerados aptos a lecionar.
Depois disso, ainda era necessário muito tempo para se construir boa reputação
e falar com autoridade. Antes de chegar aos 25 anos, Saulo voltou para sua casa
em Tarso.
Seus dias de estudo
e aprendizado jamais terminariam. Como porém estivera bastante tempo com
Gamaliel, já possuía um amplo e profundo conhecimento das opiniões dos grandes
rabinos. Sentiu então que já podia firmar-se sobre os próprios pés. Aprendera e
vira muita coisa. Conhecera pessoas de todo o mundo e tornara-se um excelente
aluno de sua história, especialmente em relação ao Império Romano. Chegara a
hora de deixar Jerusalém e os grandes rabinos, e retornar a Tarso levando o
conhecimento e a experiência que adquirira. Voltaria a fabricar tendas com o
pai, na esperança de que sua cultura o tornasse conhecido e procurado como
rabino em Tarso.
De uma coisa tinha
certeza - a única esperança para sua nação era a vinda do Messias. Entre os
judeus piedosos, esse era o tópico principal das conversas. Em cada coração
havia um anseio profundo. Alguns até achavam que Ele já tivesse descido à
terra, e estivesse apenas aguardando o momento marcado por DEUS para se
apresentar à nação.
Início da Convicção
de Saulo
Saulo enfrentava
uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado os nazarenos de Jerusalém,
recebeu diversos relatórios de que estes continuavam espalhando seus
ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e mais. Ele então
começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não baldado ao
fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao dizer que, se
a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um poderoso exército
iria detê-la?
Seria realmente uma
obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS? É certo que fora derrotado na
discussão com os nazarenos, pois estes conheciam as Escrituras e fizeram-no
calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os perseguidores, pois na hora
de sua execução, um estranho poder o possuíra, impressionando profundamente a
Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte com uma expressão de vitória
estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel acertara: A perseguição só
ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se
sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação farisaica e em todas as
regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as, receberia a vida eterna. Mas
agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto aos ensinamentos rabinicos,
não seriam suficientes sem a esperança do Messias. Neste ponto, Saulo
surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse logo.
Tinha certeza de
que os nazarenos pregavam um falso messias. Todavia, tinha a sensação de que o
grande e misterioso poder que nEle se achava viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou a
si mesmo porque tais homens, a quem condenara à morte, estavam dispostos a
morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que as pessoas defendiam
coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a espada era posta em
suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os seguidores de JESUS
agarravam-se à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora estivesse
colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta. Irritado com
a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde, segundo ouvira
falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da perseguição
desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a CRISTO nas várias
sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os seguidores de
JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa de guardas do
Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando ameaças e mortes. A
distância até Damasco era de aproximadamente 240 quilômetros. Apesar de a
estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas do mundo, o propósito de
Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a Igreja de CRISTO.
A região achava-se
repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Elieser, o damasceno,
tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã passara
por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria pensar
nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os cristãos e
levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem julgados e condenados pelo
Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote aos rabinos de
Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era o
representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia quando
eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se um
vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo. Lá
estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas encostas,
eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente abrigavam-se sob
essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força. Em sua
impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga, todos
já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se
lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a idéia
de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam
separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Haviam porém decidido manter-se
fiéis a CRISTO não importando as conseqüências.
O meio-dia
encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As
estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a
sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda
aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas do Templo que
o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação.
O pequeno grupo
aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao
sol. Segundo o poeta, Damasco era "um punhado de pérolas numa taça de
esmeralda".
A Aparição de
CRISTO
Ao descerem o
monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor, veio
subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era tanta que o sol pareceu
enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e caíram por terra; alguns, de
bruços para protegerem-se da luz, e outros com as mãos cobrindo os olhos,
temendo aqueles raios.
Admirados,
entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que houvera. Foi então que
viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em que montara,
mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas eles não viam
o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe compreendiam as palavras.
Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos estendidas à sua frente
como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés.
Deitado no chão,
sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava: "Saulo, Saulo, por que
me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões" (At 26.14).
Perturbado com
todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a morte de Estêvão,
temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?" (At 26.15).
"Eu sou JESUS,
a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do
amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve mui claramente: "Eu sou
JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De repente, brota-lhe na alma a
terrível compreensão de que estava errado. De fato, toda a sua vida fora um
erro.
O torvelinho que
sentira, as perguntas que iam surgindo, a crescente convicção de que estivera
lutando contra DEUS - todos esses pensamentos pairavam diante de si com súbita
clareza e, de tal forma, que não podia mais suportá-los.
Todo o orgulho de
sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e toda a arrogância advinda de
sua reputação como o principal perseguidor do Cristianismo desmoronaram
enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua visão física lhe fora tirada
para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava pensando nas palavras:
"Por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os
aguilhões".
Tais palavras eram
próprias da vida campestre. Saulo vira muitas vezes o boi escoiceando o
aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de obedecer a quem o dirigia e
submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas varas que o dono usava para
estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da vida de Saulo. Ele estivera
fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil! Saíra para caçar os seguidores
de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que estava sendo caçado por JESUS, a
quem perseguia.
Essa foi a grande
crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face com o Messias, e viu-se
forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: JESUS era o
CRISTO.
Naquele momento,
toda a sua luta cessou. Uma grande revolução, maior do que qualquer outra que
já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido nas mãos
daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa. Sua alma estava
finalmente em paz.
A voz do céu era
clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém
fazer" (At 9.6).
A Transformação
Tudo acabara em
poucos instantes, mas foi a maior experiência de Saulo. Nela, pensaria até o
dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o dominara, mudando-lhe por completo a
vida. Nenhuma dúvida nem interrogação ser-lhe-iam possíveis a partir daquele
instante. Pois não tivera uma simples visão de JESUS; fora, de fato, uma
aparição do CRISTO, não mais com a glória velada, como nos dias de seu
ministério terreno, mas com tamanha plenitude de glória que o homem não podia
suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria disso
mais tarde como a última das aparições de JESUS aos seus seguidores após a
ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma experiência no Monte Sinai,
quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe como um fogo devorador. Foi
isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o ministério. Essa foi também
a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da Transfiguração. Foi o que João
viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí a seus pés como morto"
(Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida uma entrevista com o CRISTO
ressurreto.
Posteriormente,
alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando que ele jamais vira o
Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que recebera a sua
comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por
isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto
como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo e dos
gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os
converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim de que recebam a remissão
dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim (At 26.16-18).
Quando seus
companheiros, já recuperados dos efeitos da visão, foram ajudá-lo a pôr-se em
pé, descobriram que ele estava cego, por isso tiveram de conduzi-lo pela mão à
cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido um orgulhoso fariseu, cavalgando
com pompa e autoridade, cheio de indignação e soberba. Mas, num momento, foi
transformado num servo trêmulo, que tateava, humilde e quebrantado,
agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu destino. Ao chegar a
Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua chamada Direita, e pediu
que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar.
Já afastado do
mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente ordenar seus pensamentos.
Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu nem
bebeu durante três dias. Estava por demais absorvido em seus pensamentos. Todo
o passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo do pai ao educá-lo como
fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de como as palavras dos rabinos
haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do Templo e de todas as suas belas e
agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se das multidões dos adoradores
entregando os sacrifícios aos sacerdotes.
Agora, porém, nada
disso lhe tinha importância. O Messias aparecera e fora crucificado exatamente
pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida de Saulo parecia estar
desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando contra DEUS. Cego por seu
farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia, ei-lo quebrantado aos pés
do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força dessa colisão com o
CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o Sinédrio haviam cometido
um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém, terminaram; o futuro devia ser
ocupado na proclamação dessas grandes descobertas.
Quando prendia os
nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança e ira. Era o inimigo mortal
deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não havia vingança nem ira. Se em
seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor o levantou e dele tomou posse.
Saulo começa a compreender como Estêvão pôde orar pelos inimigos mesmo quando
as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO, encontrou uma paz até então
desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo,
jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das estranhas experiências que
tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado Ananias, vinha vê-lo a fim
de lhe restaurar a visão.
As Visões de Saulo
e Ananias
Nessa mesma
ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse Saulo. Ananias fora,
certa vez, destacado, em sua sinagoga, como um homem piedoso e que obedecia à
Lei de Moisés com o rigor de um fariseu.
Mas desde que se
tornara cristão, os judeus passaram a suspeitar dele. Alguns diziam que Saulo
tinha ido a Damasco especialmente para prender Ananias, pois os nazarenos
haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa visão, o Senhor ordenou a
Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de
Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando, e
numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a
mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias
imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco tinham medo de Saulo
por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além disso, haviam sido
informados que ele estava na cidade a fim de que, como representante do sumo
sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e os conduzisse a
Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os livrasse? Quando
chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a DEUS. Era a
resposta à sua oração.
Mas, agora,
ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um vaso escolhido para
levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos de Israel" (At
9.15).
Sem mais duvidar,
Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou por Saulo, o rabino de
Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com o jovem e terrível
fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito que se desenrolava
em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois havia atravessado
águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem como nunca pensara
ser possível.
Ananias atravessou
o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão sobre a sua cabeça, disse-lhe
em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS que te apareceu no caminho por
onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO"
(9.17).
Um nazareno o
chamara de "irmão"! E pensar que ele, Saulo, viera justamente prender
um homem como esse que, agora, estendia-lhe a destra da comunhão! Dissipadas as
trevas, Saulo vê o homem que o procurara como mensageiro de DEUS.
Ele acabara de
receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada de Damasco. Como não
render-se ao CRISTO? Por um momento, Saulo duvida: como ser perdoado pela
perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz de Ananias lhe dá
plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que o
batismo era o sinal nazareno do arrependimento. Era uma forma de mostrar
publicamente que havia mudado, invocando o nome daquEle a quem antes odiara,
porém agora, além deste batismo nas águas, recebe o batismo no ESPÍRITO SANTO,
fato totalmente desconhecido para ele (cheio do ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava
pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia dúvida em seu coração.
Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora uma criança,
confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de JESUS e
invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A seguir,
Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
Vivendo para CRISTO
Saulo saíra das
trevas para a luz. Morrera para a velha vida, sob a Lei, e fora cheio do
ESPÍRITO. Desejava, agora, provar o seu arrependimento através de uma vida de
serviço a CRISTO. Essa perspectiva dava-lhe grande alegria. Depois de ter-se
alimentado, levantou-se com um zelo tão intenso por CRISTO que excedia de muito
sua antiga dedicação ao Judaísmo.
Ananias voltou para
anunciar aos cristãos de Damasco que o perigo passara. Saulo não só havia
desistido de persegui-los, como também fora batizado, invocando o nome de
CRISTO. Era agora um nazareno. Eles receberam-no, pois, com grande alegria;
acolheram-no como a um irmão.
Os cristãos de
Damasco fortaleciam a Saulo diariamente com a cordialidade de sua comunhão, e
doutrinavam-no acerca de JESUS. Ele se mostrava mais que atento. Os irmãos
falaram-lhe do Salvador, de sua vida e de sua obra. Ficaram surpresos ao ver o
conhecimento que ele tinha das Escrituras e como constatava rapidamente, agora,
que todas elas apontavam para JESUS. Sua erudição deixou-os admirados. Ele
parecia encontrar argumentos fortes e favoráveis a CRISTO que antes lhe haviam
escapado. Seus corações encheram-se de alegria ao compreender que ele também
viria a ser um grande mestre das doutrinas enunciadas pelo Senhor JESUS.
Durante o curto
período em que permaneceu em Damasco - somente alguns dias - Saulo cresceu
espiritualmente e já ansiava por testemunhar da grandiosa experiência que
tivera na estrada de Damasco. Junto com Ananias e outros nazarenos, visitou a
sinagoga e pregou a CRISTO. Ele era hábil em rebater todos os argumentos dos
fariseus. Como tivesse o dom da oratória, causou grande impressão sobre o povo.
Embora não pudesse dizer muito a respeito dos ensinamentos de JESUS, sabia
apelar para a Lei, os Profetas e os Salmos. Ele sentia-se mui à vontade nesses
tópicos.
A primeira vez que
Saulo visitou a sinagoga, que se achava repleta, foi um grande dia para os
nazarenos. Ali estava um jovem, destemido e forte, que tivera o privilégio de
ser educado na escola de Gamaliel. A maioria dos judeus sabia de seu ódio a
CRISTO, e alguns que suspeitavam dos nazarenos, achavam que a sua missão em
Damasco era necessária.
Inicialmente, Saulo
contou-lhes a história de sua ida a Damasco e do incidente na estrada: como
encontrara a JESUS de Nazaré e O
contemplara com os próprios olhos, aquEle a quem vinha perseguindo, e
como, desde então, toda a sua vida se transformara. Ele cria agora que JESUS
era o CRISTO. Com sua habilidade de rabino, citou passagem após passagem do
Antigo Testamento para provar a messianidade de JESUS. Ao terminar o discurso,
confessou publicamente o seu pecado em perseguir os seguidores de JESUS, e
descreveu a nova vida que nele havia por meio da habitação interior do ESPÍRITO
SANTO.
Ninguém podia
acreditar no que estava ouvindo: "Não é este o que em Jerusalém perseguia
os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos
principais sacerdotes?" (At 9.21).
Ao verem-no abjurar
as antigas crenças, ficaram indignados. O primeiro discurso de Saulo como
nazareno foi respondido pelos rabinos da sinagoga, que o tacharam de falso
mestre e traidor da nação. Negaram o uso que o novo discípulo de CRISTO fazia
das Escrituras, discutindo acaloradamente com ele sobre o correto significado
destas. Mas não puderam refutar-lhe os argumentos, nem a sua experiência na
estrada de Damasco. Quando a congregação retirou-se, todos estavam comovidos
com o que ouviram. Alguns creram, mas a maioria achava que Saulo merecia ser
expulso da sinagoga e açoitado publicamente. O inimigo declarado e
preconceituoso de CRISTO mudara rápida e drasticamente, transformando-se num
cristão inabalável, com a determinação de entregar sua vida ao serviço do
Senhor. Ao cair diante de sua glória, tornara-se de JESUS um servo para todo o
sempre. Saulo vira-o ressurreto, e tinha plena certeza disso. E, sobre esta
certeza, construiu todas as suas esperanças na eternidade. Foi ainda esta
certeza que o levou a pregá-lo com toda a autoridade (1 Co 9.1).
O EVANGELHO DE
SAULO
Quando alguém se
converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical quanto Saulo, passa a sentir
de imediato um forte desejo de partilhar sua experiência com todos. Diante de
um testemunho como o seu não há como disfarçar as emoções. A experiência de um
homem que viu a glória divina nos aquece o coração.
Saído de um
ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que Saulo recebeu foi
enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que ele precisava de
tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado, observar lógica e
tranqüilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a que DEUS o chamara.
O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO diante dos gentios,
dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um
pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem antes raciocinar e pesar as
conseqüências. Algumas pessoas a tudo analisam; outras, não se preocupam com
nada. A mente de Saulo era analítica; teve necessidade de refletir para
ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura existencial.
Ao despedir-se dos
cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim de concentrar-se nesta nova
etapa de sua vida.
Na Epístola aos
Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão, não se dirigiu aos
apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de se inteirar do
Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado diretamente por
DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto, longe
do burburinho da vida urbana, com as rochas e areias ardentes durante o dia, e
as estrelas silentes à noite, despojou-se Saulo das amarras de uma vida
inteira, libertando-se da Lei e da tradição judaicas. Na quietude da Arábia,
andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo as grandes verdades que viriam a
ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui também que reestudou as Escrituras, e
meditou sobre as grandes doutrinas que iria em breve ensinar em todas as
igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com DEUS, tornando-se-lhe sensível à
vontade.
Foi no deserto que
Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo Monte na Arábia onde Paulo agora
estava a ter um encontro pessoal com JESUS (Monte Horebe). E foi num momento de
desespero, que Elias procurou a quietude do deserto. No deserto, o maná alimentou
o povo de DEUS por quarenta anos. Que lugar seria mais propício para Saulo
reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia ser alimentado diariamente pelo pão
do céu senão aqui?
É impossível saber
os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de uma coisa não temos dúvida:
Saulo deixou o deserto plenamente convicto e preparado para apresentar as
razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento em que abrisse os lábios na
sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, tachando-o de hipócrita,
traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar tanto a sua
defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da fé,
seria imprescindível que tivesse idéias muito claras acerca da salvação
oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é simples, mas debater com os
filósofos e defensores de outras religiões exige um conhecimento bem definido e
pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte de CRISTO conforme predita
nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso foi necessário e por que
DEUS o exigiu.
Ao pensar no
propósito da vida e na felicidade de que ora desfrutava, Saulo concluiu: o que
aprendera na escola rabínica era de fato uma poderosa verdade. O supremo
propósito do ser humano é receber o favor divino. Mas a única maneira de se
obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS. Somente Ele pode conceder-nos
a paz.
Entendendo o Dom da
Justiça de DEUS
A história do homem
sempre foi o relato do desvio da justiça divina e do deliberado afastamento de
DEUS. Muitos são os que, embora se julguem justos e condenem os outros, jamais
sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os judeus, dependem de sua obediência
à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu desse modo até encontrar a JESUS.
Mas agora, podia ver quão vazia era a vida dos judeus: por não haverem recebido
a JESUS, achavam-se na mesma condição dos gentios.
Os gentios falharam
em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja se ocultado deles, pois Ele
lhes dera suficiente conhecimento para que viessem a ser conduzidos pela
justiça. Eles porém não quiseram seguir a luz; tentaram extingui-la. E já que
não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira. Quanto aos judeus,
gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo. Embora possuíssem a
Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa
diante de DEUS não é saber o que é certo, mas praticar o que é justo. Antes,
Saulo acreditava que guardar a Lei era a única maneira de se agradar a DEUS.
Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado satisfação espiritual. Por outro
lado, estava ciente de que, como depositário da Lei de DEUS, tinha mais
responsabilidades espirituais do que os gentios. Agora, contudo, já não podia
ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam falhado na busca da justiça
divina; encontravam-se ambos expostos à ira de DEUS.
Nem os judeus nem
os gentios eram bons, por haverem ambos herdado a natureza pecaminosa de Adão.
Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser justa. A Lei, por descrever
claramente o pecado, teria sido um precioso guia para conduzir-nos à vida santa.
Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo que queremos fazer, não o
fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos. DEUS outorgou a Lei com o
propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua justiça.
Todos esses
pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que o Senhor lhe transmitia
gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as igrejas. Seu dia mais
ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de salvação que não
dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que jamais alcançaria a
justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar dos
dias, Saulo começou a entender mais claramente todo o quadro da salvação
oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na Arábia, foi mencionada
repetidamente por ele como "o meu evangelho". Saulo não a obteve
mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum. Foi diretamente e
pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao conhecimento de tais fatos.
O Verdadeiro
Significado da igreja
O retrato completo
da Igreja apareceu mais vividamente a Saulo, durante sua estada no deserto. Ele
foi o primeiro apóstolo a compreender que a Igreja não era uma seita judaica,
mas uma irmandade universal que se estendia a todas as raças e nações. Tempos
depois, travaria muitas batalhas com os que não estavam dispostos a admitir os
gentios na Igreja.
Saulo considerava a
Igreja um edifício, cujas pedras todas achavam-se bem ajustadas, tendo a CRISTO
como a pedra angular. A seguir, viu-a como um corpo bem coordenado. E os
membros todos desse corpo - braços, pernas, pés, dedos, olhos e ouvidos - eram
os cristãos em particular que, ligados uns aos outros, constituíam-se num só
organismo, tendo a CRISTO por cabeça. A figura ajudou-o a compreender a unidade
da Igreja e a sua dependência em relação ao Senhor JESUS. Saulo passou a
compreender que cada um de nós somos templo do ESPÍRITO SANTO, morada de DEUS
na Terra. Passou a conhecere a pessoa do ESPÍRITO SANTO, fato vedado ao judeu
tradicional sem CRISTO.
Saulo fora chamado
por CRISTO para deixar de lado as regras, tradições e todo o passado do qual
tanto se gloriara. Outros já o haviam feito e tiveram de enfrentar oposição. O
futuro não lhe seria fácil. Ele pensa em Estêvão e como fora este poderoso no Evangelho.
Se Saulo tivesse aberto os olhos antes, quantas centenas de crentes não teriam
sido poupadas! Mas ele tomaria o lugar de Estêvão, e quem sabe, faria para
CRISTO uma obra ainda maior. Uma vez mais Saulo delibera ser fiel à visão
celestial, e passar o resto de sua vida pregando o Evangelho aos judeus e
gentios.
O Mundo, um Campo
Missionário
Saulo começa a
refletir sobre o mundo que o rodeava. Embora só o conhecesse parcialmente,
sabia que o Império Romano estendia-se para além dos Portões da Cilícia, em
direção ao ocidente. Em suas fronteiras, havia milhões de pessoas.
Que mundo de trevas
era aquele!
Os ídolos eram
adorados por toda a parte. As cidades encontravam-se repletas de estátuas,
altares e templos. Tateando, as pessoas andavam à procura de algo real. Seus
corações estavam vazios; seus olhos, voltados para os grandes blocos de granito
e mármore. Se os gentios pudessem enxergar o vazio de seus templos! Se
soubessem que somente CRISTO podia satisfazê- los!
Saulo compreende
que será mais fácil convencer os gentios do que os judeus. Ele alegra-se por
ter sido escolhido pelo Senhor para levar o Evangelho da graça salvadora de
DEUS aos gentios.
Ao fazer um
retrospecto de sua vida, Saulo percebe que deveria estar louco e cego ao
imaginar que o seu ódio e crueldade pudessem reconduzir os convertidos ao
Judaísmo. Na Arábia, DEUS forçou-o a abandonar os seus métodos e a aprender um
pouco do grande ESPÍRITO que estava em Estêvão, quando este orava por seus
inimigos.
Não se sabe quanto
tempo Paulo permaneceu na Arábia. Sabemos, porém, que passou três anos em
Damasco a sua conversão e a sua volta a Jerusalém. Paulo tivera tempo de
organizar seus pensamentos, e agora estava pronto a pregar o Evangelho com
todas as suas forças, pois sentia- se em débito para com os judeus e gregos.
De qualquer forma,
Saulo achava-se melhor preparado para, sinceramente, lutar pela fé. Em cada
sinagoga, os fariseus se lhe opunham, zombando de sua mudança de vida e
chamando-o de mentiroso. Ele era obrigado a, todo o instante, a defender o
Evangelho a que se habituara a chamar de "meu evangelho", não por ser
diferente do de Pedro, ou de qualquer outro dos discípulos, mas porque JESUS o
entregara diretamente a ele.
Mais tarde, Saulo
aprenderia mais de Pedro e dos demais apóstolos o verdadeiro significado das
declarações e ensinamentos do Senhor. Mas, por ora, já sabia o suficiente para
começar a pregar a JESUS como o CRISTO das Escrituras, por cujo intermédio
podia-se alcançar a justiça divina.
Com as palavras do
Senhor no coração, avançaria e estabeleceria igrejas em todas as partes. Se em
sua ignorância prendera e até matara, agora ofereceria a sua vida por CRISTO.
Afinal, JESUS não vencera a morte levantando-se da sepultura? Sua mente já estava
apaziguada e cultivada pelos ministérios de DEUS.
O REGRESSO A
DAMASCO
Saulo foi
cordialmente recebido pelos irmãos de Damasco. Todos ansiavam por sua volta,
pois somente ele poderia enfrentar os judeus que se opunham ao Evangelho.
Lembravam-se todos de como Saulo silenciara os rabinos antes de partir para a
Arábia. Com um poder muito maior, Saulo retoma o trabalho nas sinagogas. A
oposição judaica contra si já se havia transformado em ódio. A sua determinação
de pregar a JESUS CRISTO, contudo, em nada diminuíra.
Durante o período
em que esteve em Damasco com os nazarenos, homens e mulheres aceitavam
diariamente a CRISTO ao ouvir-lhe a pregação. O conselho da sinagoga fez o
máximo para tapar os ouvidos de seus congregados. Mas como a mensagem de Saulo
tivesse como base as próprias Escrituras, ninguém era capaz de resistir-lhe as
palavras. Até os rabinos temiam proibir o acesso de alguém com tamanho
conhecimento da Torá na sinagoga.
A cada discussão
com Saulo os rabinos mais se enfureciam. E já instigavam o conselho da sinagoga
contra Saulo, pois mais de uma vez ele os sobrepujara. Em seu ódio, queriam
fazer dele um exemplo público. E tanto fizeram, que vieram a conseguir o seu
intento. Açoitaram-no diante da porta da sinagoga com 39 chibatadas. Enquanto o
chicote rasgava-lhe as costas, Saulo experimentava uma estranha sensação de
alegria por ser considerado digno de sofrer pela causa de CRISTO. Não fora
exatamente isso o que ele havia feito com os que seguiam a esse mesmo JESUS?
O corpo de Saulo
fica marcado para sempre; com orgulho exibiria essas marcas por haverem-no
introduzido numa comunhão mais profunda com o CRISTO e com os que foram
chamados a sofrer pela fé.
Finalmente, ele foi
expulso da sinagoga. Todavia, encontrando-se secretamente com os judeus de
Damasco, ganhou a muitos deles para CRISTO. Os rabinos vieram a compreender,
então, que ninguém poderia deter a propagação do Cristianismo. O que fazer?
Ordenaram-lhe pois que deixasse a cidade, mas Saulo não lhes acatou a ordem.
Pelo contrário: agora, pregava a CRISTO com mais vigor e intensidade. O
conselho reuniu-se então em segredo, e chegaram a esta conclusão: "Só há
um meio de calar a Saulo - tirar-lhe a vida".
Os judeus
favoráveis aos nazarenos, alertaram a Saulo sobre a decisão do conselho. Ele
pois escondeu-se de modo a que não pudessem encontrá-lo. Cada sinagoga era
vigiada, mas o acusado não aparecia. Seus inimigos finalmente descobriram que
ele sabia da conspiração. E para que Saulo não fugisse disfarçado de mercador,
ou viajante, resolveram ir ao governador e fizeram uma acusação formal contra o
desafeto, dizendo que este era um perturbador da ordem pública, pois incitava
os judeus a se amotinarem. O governador prontamente enviou as ordens para a
prisão de Saulo. Imediatamente, os soldados passaram a vigiar os portões da
cidade, observando as caravanas que saíam de Damasco. Como a cidade só
possuísse quatro portões, os rabinos julgavam que, em breve, o prenderiam.
Sempre atentos a
qualquer movimento, os judeus pretendiam acabar com a seita que os perturbava,
livrando-se de seu novo líder. Diante disso, os amigos de Saulo perceberam que
só havia um meio de salvar-lhe a vida: tirá-lo da cidade.
Os velhos muros
eram tão largos em determinados lugares que casas haviam sido construídas sobre
eles. Numa dessas casas, com janelas salientes, morava um nazareno. Quando a
noite caiu sobre a cidade, Saulo foi levado a essa casa. Então, amarraram uma
corda a um grande cesto que foram baixando pelo muro até que pousasse em
segurança. Ato contínuo, o passageiro deixou rapidamente o cesto,
embrenhando-se na escuridão.
A viagem de Saulo a
Jerusalém
Saulo ganhara a
liberdade. Não foi senão depois de muitos dias que as autoridades da sinagoga
foram informadas de que ele encontrava-se em Jerusalém, perturbando o povo de
lá como o fizera em Damasco. Fazia pouco mais de três anos desde que deixara
Jerusalém com uma guarnição e uma ordem de prisão contra os nazarenos. Nessa
época, representava o Templo, os sacerdotes e os fariseus em toda a sua
oposição a CRISTO. Agora, representava a JESUS, e estava voltando justamente
para dar testemunho do Salvador. Saulo encontrara a CRISTO - o Caminho, a
Verdade e a Vida - e estava mui feliz.
A permanência de
Saulo em Jerusalém foi curta. Depois de duas semanas, o vigor de sua mensagem
irritou tanto aos judeus que estes procuraram matá-lo. Quando Saulo retornou à
Cidade Santa, esta não o recebeu como antes, com amizade e esplendor. Agora,
mostrava-se fria e nada acolhedora. Não teve permissão para visitar a escola de
Gamaliel ou o palácio do sumo sacerdote. Era agora conhecido e odiado nas
sinagogas, e a única coisa que pode fazer foi procurar os nazarenos. Saulo
sabia que numerosos discípulos reuniam-se na casa de Maria, mãe de Marcos, e
foi então para lá, esperando ter notícias dos demais cristãos de Jerusalém. Na
casa de Maria, Barnabé, Primo de Marcos, imediatamente o reconheceu e acolheu.
Barnabé era um
judeu originário da ilha de Chipre. Homem rico, dono de grandes propriedades,
fora também um levita do Templo. Em virtude de sua formação, tornou-se um dos
líderes da igreja em Jerusalém, um apóstolo (At 14:14).
Ouvindo a história
de Saulo, Barnabé comoveu-se. De imediato, ofereceu-lhe a destra, tratando-o de
irmão. Mas os outros nazarenos agiram de modo diferente; suspeitavam de alguma
traição; não podiam acreditar na conversão de Saulo. E se fosse mentira? Aquele
homem perseguira de tal forma a Igreja, que muitos crentes haviam sido expulsos
da cidade; famílias haviam sido separadas por sua causa. Embora friamente
recepcionado, Saulo aceitou a tudo graciosamente. Pelo menos, tinha a Barnabé
por amigo.
O respeitado líder
levou-o aos apóstolos que, ao lhe ouvirem a história, creram e receberam-no
como um deles. Quando Pedro soube que Saulo havia ido a Jerusalém especialmente
para vê-lo, acolheu-o em sua casa. Durante duas semanas, Paulo, que sentara aos
pés de Gamaliel, agora achava-se aos pés do pescador que, nesse curto espaço de
tempo, lhe ensinaria mais sobre as Palavras da Vida do que todo o tempo em que
fora aluno do afamadíssimo rabino.
Cada vez que Pedro
falava em JESUS, seus olhos brilhavam. Ele descreveu-lhe o CRISTO sem pecado
que pregara como homem algum jamais o fizera. Os detalhes da vida do Salvador
eram vivos e recentes para Pedro. Pois fazia agora seis anos que JESUS havia
sido crucificado no Calvário.
Pedro discorreu-lhe
sobre os grandes milagres e ensinos de JESUS. Discorreu-lhe ainda acerca do
Reino de DEUS e como os homens, em toda parte, jamais haviam conseguido opor-se
à sabedoria do Rei. Contou-lhe como JESUS fora rejeitado, traído e crucificado,
e como o maior de todos os milagres ocorrera três dias após a crucificação - o
milagre da ressurreição de CRISTO. Pedro também falou-lhe, em termos exaltados,
a respeito das muitas vezes em que o Salvador aparecera aos discípulos, e
especialmente da ocasião em que Ele, chamando-o à parte, conversou consigo
depois da ressurreição.
"A cada dia,
Pedro desenhava-lhe uma figura diferente do CRISTO que, viajando pela Galiléia,
ensinava as multidões. Agora, Saulo já se sentia tão seguro do seu conhecimento
acerca de JESUS, que tinha a impressão de haver convivido pessoalmente com o
Salvador. Ele já tinha, pois, plenas condições de anunciar o Evangelho às mais
distantes regiões.
A Perseguição de
Saulo em Jerusalém
Embora haja ficado
apenas duas semanas em Jerusalém, Saulo, à semelhança de Estevão, foi às
sinagogas helenísticas e, ali, declarou corajosamente a todos que era agora um
nazareno. Muitos lembravam-se dele como o perseguidor dessa seita. Mas agora
estavam surpresos ao ouvi-lo conclamar os judeus ao arrependimento por haverem
rejeitado a JESUS.
Entre outras
coisas, disse-lhes que a vida eterna não é conquistada obedecendo à Lei, mas
confiando no Filho de DEUS que, graciosamente, nos concede o dom da salvação.
Homens de grande zelo e habilidade rabínica opunham-se-lhe e o debate ficava a
cada dia mais acalorado. Em Jerusalém, os rabinos lançaram-lhe em rosto os
argumentos que antes ele usara para combater os nazarenos. O próprio Saulo não
dissera que JESUS era um impostor e que havia merecido a morte?
A batalha foi
breve. Saulo tinha agora tantos inimigos, que um movimento surgiu para livrar a
religião judaica dessa maldição. Por que não fazer com ele o que haviam feito
com Estêvão? Ele merecia morrer; era um impostor, um blasfemador e um traidor!
Pior ainda, fora treinado como rabino, mas passara a odiar o sistema que o
nutrira.
O Chamado para
Pregar aos Gentios
Certo dia, Saulo
achava-se no Templo para orar, e enquanto suplicava a orientação e a sabedoria
do Senhor em relação ao seu futuro e quanto à abertura de uma porta a fim de
que pregasse aos judeus ali, no centro de sua adoração, teve ele uma
experiência que lhe determinaria o caminho a ser tomado. Numa visão, o Senhor
lhe disse: "Dá-te pressa e sai apressadamente de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho acerca de mim" (At 22.18). Saulo respondeu
imediatamente:
Senhor, eles bem
sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. E
quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava
presente, e consentia na sua morte, e guardava as vestes dos que o matavam (At
22. 19,20)
Saulo tinha
consciência de sua dívida. Por isso, em profunda agonia, confessava
repetidamente o seu pecado ao Senhor por haver perseguido a Igreja. Mas JESUS
falou-lhe novamente numa visão: "Vai, porque hei de enviarte aos gentios
de longe" (At 22.21).
A visão desapareceu
com a mesma rapidez com que surgira. Saulo volta a si. Embora sua mente
estivesse tomada pelo mistério, de uma coisa tinha certeza: DEUS o guiava e
tinha um grande propósito para si - não entre o seu povo, mas em terras
distantes. Pensando já nos vastos países que ficavam a oeste dos Portões da
Cilícia, resignou-se a deixar Jerusalém.
Sabendo dos planos
para silenciar a Saulo, seus amigos, disfarçados por causa da segurança,
conduziram-no a salvo para fora dos muros da cidade. A Jerusalém dos seus
sonhos acabara por ser-lhe uma decepção. Muitos de seus velhos amigos agora o
odiavam e teriam-no apedrejado em nome da Lei de Moisés. Até os nazarenos, seus
novos amigos, mostravam-se reservados quanto à sua conversão. Barnabé e Pedro,
contudo, aceitaram-no abertamente. Eles viam em Saulo de Tarso um defensor da
fé, e alguém que nos anos vindouros seria usado por DEUS para defender o
Evangelho.
Saulo deixou
Jerusalém apenas quinze dias depois de sua chegada. De volta para casa, tomou a
estrada costeira em direção a Cesaréia, capital romana da Palestina.
A Volta de Saulo a
Tarso
Em Cesaréia, Saulo
foi para o porto, e procurou um navio, entre os muitos que ali se achavam
ancorados, que o levasse para Tarso.
Como as coisas
haviam mudado desde a época em que tinha poder e achava-se armado com a
autoridade do sumo sacerdote! Não passava agora de um fugitivo, expulso de
cidade em cidade, perseguido e odiado, tendo de disfarçar-se, e quase sem
amigos. Mas, no seu coração, havia uma leveza e alegria que não conhecera
antes. Era a alegria de CRISTO.
A PRIMEIRA VIAGEM
MISSIONÁRIA
Em seu
regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por alguns. Mas os que sabiam de
sua mudança logo sentiram que a sua presença causaria confusão, pois ele,
agora, acreditava no impostor JESUS. A confirmação veio de seus próprios
lábios. Todos estavam desapontados e enfurecidos. Como um fariseu erudito,
cuidadosamente criado e educado por hebreus, e que logo se tornaria rabino,
pôde tomar semelhante atitude?
Não se sabe de que
forma os pais de Saulo receberam o duro golpe. Como não estivessem preparados,
sentiram-se envergonhados por seu filho: justamente ele havia oferecido fogo
estranho no altar.
Quando relatou sua
experiência em Damasco - seu encontro com o CRISTO ressurreto - houve admiração
e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra, mas nenhuma pôde calar-lhe os
lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que não lhe importava se o mundo
fosse contrário à sua mensagem; continuaria a pregá-la fielmente. Em Tarso,
Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do Sinédrio, e sendo um hábil
orador, é provável que multidões se reunissem para ouvir-lhe os sermões. Alguns
podem ter-se rejubilado com cada palavra e se tornado abertamente nazarenos.
Os rabinos mais
velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o advertiram a não falar contra
as regras. É possível que em Tarso, diante da porta de sua própria sinagoga,
haja sido chicoteado em público, fato que, mais tarde, haveria de mencionar (2
Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu intermédio, o Evangelho abriu os olhos
aos cegos e levou a esperança a muitos corações. Nada o deteria. Não lhe
dissera o Senhor que se tornaria apóstolo para os gentios?
Obscuridade e
Fabricação de Tendas
Apesar de sua
confiança e do chamado divino, Saulo entra num período de inatividade. Durante
sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele. Mas aqueles foram anos de espera,
disciplina e paciência. Saulo talvez necessitasse desse tempo para
fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar pacientemente no Senhor. Ele
tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de DEUS,
para quem o tempo não existe, aquele período haveria de amainar o rancor dos
rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em Tarso, enfrentando a oposição e
sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS completasse mais um grande
estágio na história da Igreja. Nesse interregno, Pedro e os demais apóstolos
foram se conscientizando de que a Igreja não era exclusivamente para os judeus.
O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros e impuros, preparando-o para
evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que foi admitido na Igreja sem ter
de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um passo que revolucionou toda a
perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa ocasião, Saulo haja se
irritado e resmungado contra a demora em seu ministério. Mas acabaria por
aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada sai errado em
seu cronograma.
Enquanto isso,
Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja pregado não apenas em Tarso,
mas também na zona rural que visitara quando menino para comprar pêlo de cabra.
Sempre que viajava pelas estradas e trilhas de camelos, através das florestas e
vales, procurava seus conterrâneos. Falava-lhes de JESUS, o Messias, e
convidava-os a procurar nEle a justificação pela fé.
Dispersão da Igreja
de Jerusalém
A Igreja de
Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a perseguição aumentou, os nazarenos
viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até saíram da Palestina, e procuraram
refúgio noutras terras. Grande número dirigiu-se a Damasco. Outros foram até
Antioquia, a linda capital romana da Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte
de Jerusalém. Em Antioquia, muitos judeus estrangeiros haviam se tornado
seguidores de JESUS. Eles eram mais liberais, e o medo do sumo sacerdote não os
constrangia. Alguns haviam nascido na Grécia, outros na costa africana de
Cirene, e outros em Chipre. À medida que o Evangelho lhes era pregado, grande
número veio a crer. E o ESPÍRITO de DEUS atuava na pregação levando também
muitos gentios de Antioquia a se converterem. E isso muito aborreceu aos
cristãos hebreus, pois estavam certos de que JESUS CRISTO pertencia somente a
eles, e a única maneira de tornar-se nazareno seria tornar- se, primeiro, um
prosélito da sinagoga.
Barnabé em
Antioquia
O movimento de
Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi enviado à igreja-mãe. Em
Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua mente aberta e esclarecida,
foi enviado a fim de investigar a autenticidade das proclamadas conversões dos
gentios.
Barnabé ouvira os
argumentos dos judeus de mente estreita e também dos judeus oriundos de Chipre.
Vira igualmente as multidões de gentios que haviam abandonado seus ídolos, e
agora professavam alegremente a CRISTO. Barnabé não podia negar a realidade daquelas
conversões. Essas pessoas também haviam sofrido por CRISTO; algumas, apesar de
desprezadas por sua própria gente, regozijavam-se por sua salvação.
Barnabé,
impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não criticou os gentios,
nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem instruídos no Judaísmo. Pelo
contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS estendia-se além das fronteiras
de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a JESUS, mesmo em face das
perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas palavras alegraram os ouvintes;
houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor acrescentava diariamente os que
iam sendo salvos.
O Chamado para
Antioquia
Ao perceber a obra
esplêndida que se poderia realizar em Antioquia, Barnabé só pôde pensar num
único homem - alguém que encontrara em Jerusalém, que fora criado numa cidade
gentia, e que possuía muitas das qualificações exigidas para uma grande
liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no coração o ministério para
os gentios.
A imagem de Saulo
de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos atrás, vira-o arder com a missão
de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo pudesse ir a Antioquia com seu
fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais delongas,
Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto de Selêucia. Encontrou aí um
barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio Cnido, onde as velas foram
amadas e os compridos remos o levaram corrente acima, até o porto de Tarso.
Será que
encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou, ambos se abraçaram.
Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e Saulo prestou
atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita em Antioquia,
e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em partir
imediatamente.
Saulo em Antioquia
Com meio milhão de
habitantes, Antioquia da Síria era a terceira maior metrópole do Império
Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as suas ruínas ainda podem ser
visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O monte Silpio levantava-se no
centro da cidade, e achava-se coalhado de barracas, onde aquartelavam-se os
soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis haviam
despendido grandes somas para tornar Antioquia ainda mais bela. Ali havia
jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes adornara uma de suas ruas com
colunas de mármore, numa extensão de cerca de três quilômetros. Fora da cidade,
encontrava-se um grande anfiteatro onde eram realizados jogos e corridas.
O povo de Antioquia
adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja honra tinham construído majestosos
templos. No lado oposto da cidade, o grande escultor Licos modelara uma enorme
cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a num grande bloco de pedra que se
projetava do solo. A figura tornou-se o símbolo de Antioquia, assim como a
Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo da América. Até hoje ela pode ser
vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o
império era intensa a busca pelo prazer e ociosidade. Antioquia não fugia à
regra. Da porta de Dafne, uma estrada estendia-se por oito quilômetros, até o
bosque de Dafne e o templo de Apolo, pontilhada pelas casas e jardins dos mais
abastados. O bosque, um dos lugares mais aprazíveis de toda a região, era palco
de orgias tão desenfreadas que até os próprios romanos delas se escandalizavam.
Visitantes chegavam a Antioquia, vindos de todas as partes do mundo: africanos,
gregos, romanos, persas, egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num
espírito de permanente feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais
interessante e animado do mundo.
Saulo foi levado à
cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em alguns corações e o poder do
ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios igualmente. Apesar de toda a sua
grandeza, Antioquia continuava faminta e necessitada.
Barnabé levou o
amigo a reunião da igreja. Era uma assembleia quase tão forte quanto a de
Jerusalém. Saulo conheceu vários líderes da igreja, entre os quais Manaém, que
fora criado com Herodes Antipas (o que havia matado João Batista). Ele era um
homem de alta posição em Antioquia. Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de
Cirene e tantos estrangeiros de rincões desconhecidos que Saulo foi levado a
regozijar-se em seu meio.
Em Jerusalém e em
todos os outros lugares, os seguidores de JESUS eram chamados de nazarenos, mas
em Antioquia receberam outro nome. O povo chamou-os de "cristãos"
para zombar deles. O nome outrora pronunciado em tom de desprezo nos é hoje
motivo de orgulho. Como qualquer rabino em Israel, Saulo estabeleceu-se em seu
ofício, pois os fabricantes de tendas sempre encontravam trabalho. Dessa forma,
ganhava seu sustento, mas a principal razão de sua presença em Antioquia era
ajudar a Igreja a fortalecer-se na fé.
Saulo visitava
diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes ficava à beira da estrada
enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele chamava a todos ao
arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS. Dizia-lhes que JESUS de
Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém e ressuscitara ao
terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS enviado ao mundo
para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os do
vazio da idolatria para a plenitude da vida cristã. Os amantes do prazer,
mercadores, turistas, e mulheres da sociedade - ninguém podia ignorar a eloquência
de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo. Não Podiam deixar de admirar-lhes a
coragem e o zelo, mesmo em face da multidão escarnecedora. Pelo menos não havia
sumo sacerdote ali para levantar a mão contra eles. O ministério do Evangelho
estava desimpedido e a Igreja crescia rapidamente; cada cristão era uma
incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano,
Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante cidade. Falava com empenho, e o
Senhor tornava produtivos o seu ensino e pregação. Não demorou muito, e
Antioquia já era um centro cristão mais forte que Jerusalém, pois a igreja,
aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras Perseguições
aos Cristãos
Quando o imperador
Calígula foi assassinado, Herodes Agripa achava-se em Roma. Por ter ajudado o
novo imperador, foi ele honrado com o governo das terras de seu avô, Herodes, o
Grande. Houve júbilo em Jerusalém quando ele passou a reinar, pois sabia-se ter
sido ele fariseu; a rigidez da religião judaica não lhe era estranha.
Seu primeiro ato
como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de sumo sacerdote, e indicar
Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso parecia promissor aos fariseus,
que se alegraram ao ver surgir um defensor de sua causa. Todavia, quando Agripa
desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o manto farisaico, passando a viver
abertamente como um romano irrefletido e profano.
Como Herodes Agripa
quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a perseguir os cristãos. Ordenou que
se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de João. Tiago foi o primeiro dos
apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito se agradara disso, e estimulado
com o crescimento de sua popularidade, Herodes ordenou ainda a detenção de
Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo depois da Páscoa. No entanto, um
anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere, soltou o apóstolo.
Presentes para os
Cristãos de Jerusalém
No auge da
perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava em Jerusalém, visitou
Antioquia. Levantando-se na assembleia, deu a entender, pelo ESPÍRITO do
Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o império. Isso significava que
tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente aconteceu no tempo de
Cláudio César (At 11:28). Ato contínuo, os cristãos de Antioquia levantaram
ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Despedindo-se da
igreja de Antioquia, partiram ambos para Jerusalém, levando Tito consigo. Nos
anos seguintes, viria este a ser um excelente líder, sendo o encarregado de
supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante não
deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as provisões diante dos irmãos
de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam sido enviadas por homens e
mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles eram gentios!
A Grande
Controvérsia
A questão dos
gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo pretendia resolver em sua
estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não foi pregar nas sinagogas.
Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de fazê-los entender que os
gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem ter de se submeter aos
ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que Saulo
veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os próprios cristãos, pois alguns
achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma real experiência com o Senhor.
Na igreja-mãe, havia também alguns fariseus que alegavam ser seguidores de JESUS,
mas não passavam de traidores; sua presença na Igreja prejudicava o crescimento
do Evangelho. Eram espiões do inimigo, e faziam o máximo para levar os
nazarenos de volta ao Judaísmo.
Saulo os enfrentou,
provando-lhes que a graça de DEUS se havia estendido também aos gentios. Ele
animou-se ao ver que Pedro, João e outros discípulos o aprovavam. Estes
concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem pregar aos gentios, e os
admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos judaicos.
Mas a questão ainda
não fora resolvida; alguns continuavam a ensinar que a Lei de Moisés era
necessária; outros diziam que não. Preocupados, Barnabé e Saulo deixaram a
igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa viagem de volta a Antioquia.
A casa de Maria,
parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos líderes cristãos. Saulo e
Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade durante a viagem, e sentiram-se
especialmente atraídos por seu filho, Marcos. Apesar de ser ainda um rapazinho,
Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando criança, conhecera o Senhor e,
mediante a pregação de Pedro e João, passara a ser um fiel nazareno.
Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem; Saulo também
impressionou-se com sua dedicação. Ambos persuadiram-no a acompanhá-los até
Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares distantes. O chamado
da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a
Antioquia
A igreja de
Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos, alegrando-se com as
notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus presentes serviram
para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia estava
tornando-se rapidamente o centro das atividades da Igreja. O braço da
perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à sombra do Templo. A
igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da sinagoga, até que
outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a liderança.
Muitos dos cristãos
de Antioquia procediam de lares gentios. Eles lembravam-se naturalmente de seus
parentes dispersos por todo o império, e achavam que o Evangelho também lhes
deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora chamado pelo Senhor para ministrar
aos gentios, esses cristãos concluíram que se deveria formar um grupo
missionário, e enviá-lo aos países vizinhos.
A Primeira Viagem
Missionária
Depois de várias
reuniões de jejum e muita oração, os líderes da igreja entenderam que era a
vontade de DEUS que enviassem Barnabé e Saulo nessa missão, Isso foi decidido e
comunicado a eles pelo ESPÍRITO SANTO. Quem seria mais bem qualificado para
ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a ideia de que os gentios
deviam ser participantes da promessa juntamente com os judeus. Haviam ambos
viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam capacitados a
representar a CRISTO; para isto haviam sido chamados. Os líderes, levantando-se
numa reunião de jejum e oração da igreja, ouviram o chamado do ESPÍRITO SANTO a
respeito de barnabé e Saulo e impuseram as mãos sobre eles, abençoando-os e
encarregando-os solenemente da tarefa missionária.
Com as mochilas
cheias de provisões e presentes oferecidos pelos membros da igreja, Barnabé e
Saulo partiram numa jornada que os manteria longe de casa por mais de dois
anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles
em suas orações.
Os missionários
levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera chegou aos montes da Síria,
os três partiram; muitos irmãos estavam lá pra se despedirem deles. Os
missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que os levaria ao porto
de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes chegavam e partiam
para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de pequeno porte,
levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113 quilômetros, navegavam
regularmente pela estreita faixa de água azulada, num percurso de seis horas,
com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles certamente seriam bem
acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns cristãos que tinham sido
expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.
Paulo, um NOVO
Homem
Movimentando-se
entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de Paulo, pois essa era a forma
romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e mesmo depois de tornar-se
cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas esse nome era israelita, e
de certa forma representava tudo o que ele fora como judeu e fariseu. O nome
Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho. Enquanto permaneceu entre os
gentios das províncias, foi se tornando cada vez mais conhecido como Paulo. Com
o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o nome romano para assinar todas
as suas cartas.
A Caminho de Perge
Em Chipre, as
circunstâncias eram favoráveis a Paulo, Barnabé e Marcos. Sem que o
percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não haviam planejado
passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita terminara, quando os três
despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de dois dias para a província da
Panfília, no continente. Esta ficava somente a 160 quilômetros a oeste da casa
de Paulo, em Tarso, sendo porém uma porta de saída para as cidades gentias da
Ásia Menor.
O pequeno barco foi
navegando pela costa rochosa da Panfília, procurando encontrar a foz do rio
Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram à cidade de Perge. As velas foram
baixadas e os compridos remos levaram o barco finalmente ao molhe. Ali, na encosta
do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de corridas e o templo de Diana.
As casas eram
semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande beleza. Naquela época do
ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas montanhas, que levavam à
cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos, porém, desanimou. As
montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens infestadas de assaltantes.
Plínio fizera um discurso grandioso contra a pirataria em mar aberto, diante do
tribunal de Roma, e o resultado foi uma campanha para expulsar dos mares os
navios piratas. Os meliantes retiraram-se, então, para as montanhas,
tornando-se ladrões de estrada, molestando freqüentemente os viajores. É
possível que, pensando nessas coisas e nos animais selvagens à espera nos
desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E, pensando nas possíveis conseqüências,
decidiu voltar para casa.
Após a partida de
Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas trilhas montanhosas, seguindo
o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram íngremes e o caminho estreito;
outras, viajavam por vastas planícies onde o sol tostava as pastagens. Levaram
uma semana para chegar às terras altas e frias, onde era mais saudável viver.
Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de Antioquia florescia, com
fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em
Antioquia da Pisídia
Antioquia da
Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia Menor. Fora antes uma
cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana. Os prédios de mármore
branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza singular. Os judeus sempre
eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e Paulo e Barnabé encontraram
um bom local para estabelecer-se. Fabricante de tendas, Paulo gostava de ganhar
seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser pesado à Igreja. Além disso, seus
contatos com mercadores e suas viagens às lojas para vender as mercadorias,
davam-lhe muitas oportunidades de falar de JESUS.
Aos sábados, Paulo
e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram convidados pelos líderes a tomar parte
na adoração e falar aos presentes. Havia sempre orações seguidas por leituras
da Lei e dos Profetas. A reunião terminava com um discurso ou um debate entre os
principais membros da sinagoga sobre alguma passagem das Escrituras. Quando os
líderes perceberam que Paulo e Barnabé eram homens cultos, e pareciam ser
portadores de uma mensagem, disseram-lhes: "Varões irmãos, se tendes
alguma palavra de consolação para o povo, falai" (At 13-15).
Um Importante
Sermão de Paulo
Havia um bom número
de pessoas presentes, tanto judeus como prosélitos (gentios convertidos ao
Judaísmo). Barnabé reconheceu que a experiência de Paulo qualificava-o como
mensageiro. Olhou para ele com um sorriso que dizia: "Essa é a sua
oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava
pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto. Como de costume, os judeus
estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os xales de oração sobre os
ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou a falar lentamente:
Varões israelitas,
e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS desse povo de Israel escolheu a nossos
pais, e exaltou o povo sendo eles estrangeiros na terra do Egito, e com braço
poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes no deserto por espaço de
quase quarenta anos; e destruindo a sete nações na terra de Canaã, deu-lhes por
sorte a terra deles. E, depois disso, por quase quatrocentos e cinqüenta anos,
lhes deu juizes, até o profeta Samuel.
E depois pediram um
rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a Saul, filho de Quis, varão da tribo
de Benjamim.
E, quando esse foi
retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e disse:
Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda
a minha vontade (At 13.16-22).
Esse retrospecto da
história era familiar aos judeus, que o acompanharam com grande interesse e
aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao recapitular tais fatos era
apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência
desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS para Salvador de Israel;
Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel,
o batismo do arrependimento. Mas João, quando completava carreira, disse: Quem
pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO; mas eis que após mim vem aquele a
quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés.
Varões irmãos,
filhos da geração de Abraão e os que dentre vós temem a DEUS, a vós vos é
enviada a palavra dessa salvação. Por não terem conhecido a este, os que
habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as
vozes dos profetas que se lêem todos os sábados. E embora não achassem alguma
causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E havendo eles cumprido
todas as coisas que deles estavam escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no na
sepultura (At 13 23-29).
Paulo preparava-se
para a parte principal do sermão. As palavras saíam-lhe mais rápidas. Sua voz
elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual ao exclamar triunfante:
Mas DEUS o
ressuscitou dos mortos; E ele por muitos dias, foi visto pelos que subiram com
ele da Galiléia a Jerusalém, e são suas testemunhas para com o povo. E nós vos
anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a cumpriu a nós, seus
filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no salmo segundo: Meu
filho és tu, hoje eu te gerei.
Seja-vos, pois,
notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia remissão dos pecados. E de
tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é
justificado, todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de Paulo
terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era um pregador corajoso e todos
sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre os
principais da congregação começaram a murmurar, mas grande número de judeus e
gentios saíram naquele dia indagando-se: "Será que isso é verdade? Será
mesmo verdade?"
Quando Paulo e
Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos seguiam-nos pela rua estreita
pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino. Ansiosos, queriam saber tudo a
respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol se pôs e as velas foram acesas
em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o coração aberto ao Salvador e os
olhos voltados ao céu.
No dia seguinte, o
discurso de Paulo era o tema das conversas nos lares judeus. Os gentios também
souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que repetisse o sermão no sábado
seguinte.
No dia marcado,
pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga sombria, com uma única lâmpada
acesa, estava repleta como nunca. Muita gente teve de ficar do lado de fora.
Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta que quase a cidade inteira se
reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo repetiu o sermão e o povo escutou.
Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO, vozes elevaram-se contra ele.
Alguns judeus, movidos pela inveja, contradisseram-no publicamente. Era costume
interromper o orador na sinagoga. Paulo acostumara-se a isso, e não esperava
outra coisa.
De repente, os
líderes judeus puseram-se a gritar. A violência cresceu. Já agora atacavam
selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com maldições e blasfêmias. Os
dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto, chamando os ouvintes à
razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez mais alto, na tentativa de
calar Paulo.
Dirigindo-se aos
líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que a vós se vos pregasse
primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e vos não julgais dignos
da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios" (At 13.46).
O Ministério de
Paulo É Abençoado
A multidão bloqueava
a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir falar da vida eterna. Paulo e Barnabé
deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e maldições dos judeus, mas na porta
foram saudados por um brado de alegria. Os gentios, cansados de sua religião
vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez de JESUS, da ressurreição e da
vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os apóstolos. Quando a noite chegou,
estavam cansados, mas alegres por tantas almas salvas naquela cidade gentia.
Durante toda a
semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam foram invadidas por pessoas
de todas as classes sociais. Queriam saber mais de CRISTO, que lhes havia
preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a maior necessidade da vida:
a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma nova igreja. Quando o
inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS era dado diariamente
nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de cuidar de seus negócios,
os crentes aproveitavam para contar as boas novas de como nossos pecados eram
perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a Palavra de DEUS estava sendo
pregada em toda a região, e muitos grupos de cristãos reuniam-se no Dia do
Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da vida eterna.
Com a chegada da
primavera, as estradas nas passagens das montanhas foram abertas e o comércio
ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de estrangeiros vindos de lugares
distantes. Os pregadores não descansavam em seus esforços por ganhar homens e
mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam aborrecidos com o sermão de Paulo,
e opunham-se vigorosamente à formação de igrejas cristãs em sua cidade. Não
conseguiríam descansar enquanto não dessem fim àquele movimento.
A adoração no
templo de Baco e nos templos do deus-lua era exclusivamente para satisfazer aos
homens. As mulheres sofriam quando seus maridos entregavam-se às orgias e
bebedeiras em honra a Baco. A adoração paga, portanto, nunca foi popular entre
as mulheres. Em vista disso, muitas delas começaram a freqüentar a sinagoga,
tornando-se prosélitas da religião judaica, pois encontravam ali algo
infinitamente melhor que tudo quanto haviam conhecido. Os líderes das sinagogas
instigaram essas mulheres - principalmente as casadas com cidadãos importantes
de Antioquia - a convencer os maridos de que deviam proibir a pregação dos
discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé
Forçados a DeIxar Antioquia
Paulo e Barnabé
foram intimados a comparecer perante os magistrados, e receberam ordens para
deixar a cidade. As autoridades cuidaram para que as ordens fossem obedecidas.
Enviaram um guarda para acompanhar os apóstolos até bem longe dos portões de
Antioquia, advertindo-os a que saíssem da província e jamais voltassem. Os
líderes dos judeus acompanharam os guardas, contentes por se verem livres
daqueles mestres cristãos. Seguindo a recomendação do Senhor, os viajantes
tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó de Antioquia da Pisídia, como sinal
de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante, antes
de partirem, haviam reunido os líderes da nova igreja e insistido a que
permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as torres de Antioquia
desapareceram na distância, um sentimento de alegria inundou o coração dos
deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não fora em vão. DEUS abençoara
sua obra ali, e centenas de crentes estavam testemunhando de CRISTO na cidade,
nas aldeias e povoados de toda a região. O ESPÍRITO de DEUS certamente os
guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para o
leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada; era a principal rota
comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos em
Icônio
Icônio era a
capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96 quilômetros. Paulo e
Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada que prosperara com a
fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era tensa, pois passava por
um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de Icônio
podiam ser vistos a quilômetros de distância, enquanto a caravana descia as
montanhas. A região era rica, e a primavera mostrava-se em toda a sua plenitude
nos vinhedos e jardins.
Os principais
ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um belo jovem, amado pela
mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma caçada. Cibele, filha de
Arano, era representada sobre um trono ladeado por enormes leões. Segundo a
lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando passar
algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram um alojamento e voltaram a
praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam em Icônio, por isso foi
fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era fazer o mesmo que
haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à sinagoga e
aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao de
Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo
divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente
que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da Igreja em
Icônio
A princípio, os
líderes da sinagoga não se opuseram a Paulo e a Barnabé. pois interessava-lhes
aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem quantos da sua congregação creram e
quantos gentios estavam aceitando a CRISTO, aborreceram-se com a pregação. Proibiram
então os discípulos de freqüentar a sinagoga, mas não puderam impedir que
falassem nas ruas. O Senhor abençoou tanto o trabalho em Icônio que grande
número de pessoas veio a crer. Estava iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a
oposição, tanto mais ousadamente os discípulos falavam. A opinião do povo
dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento; outros não queriam saber
dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se abertamente, e várias vezes
os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja firmara-se na fé e Paulo sabia que,
quando partissem, os irmãos não voltariam aos ídolos. Adônis perdera. Quem
reinava agora nos corações era CRISTO! Ao serem informados por alguns crentes
de que os inimigos planejavam apedrejá-los até a morte, os missionários
despediram-se dos cristãos e deixaram rapidamente a cidade. Seguiram pela
estrada pavimentada até Listra e Derbe, cidades da grande planície, a cerca de
29 quilômetros ao sul.
O Milagre em Listra
Mal haviam chegado
a Listra e arranjado acomodações, surgiram oportunidades para pregar em cada
esquina. Na praça do mercado e em qualquer lugar onde as pessoas se
aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o Filho de DEUS, e da vida
cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as orgias do templo pagão, a
que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande templo
dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O poeta Ovídio conta que há
muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra disfarçados de viajantes.
Procuraram alojamento e alimentação de porta em porta, mas foram repetidamente
escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa humilde, onde vivia um casal
idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os dois e os alimentaram com
seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os estranhos revelaram que
eram deuses e concederam ao casal vida longa como guardiães de um templo
sagrado.
Os moradores de
Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto estes pregavam a CRISTO, e
muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde, quando
Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro, viu entre a multidão um homem
paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão comoveu o homem, e Paulo sentiu
que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo poderosamente. De repente, Paulo virou-se
para o aleijado e ordenou em alta voz: "Levanta-te direito sobre os teus
pés!" (At 14.10).
Todos os olhos
fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em pé e começou a andar e a
saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Os Apóstolos são
Recebidos como Deuses
Uma exclamação de
surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir na multidão. O povo
presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua oficial, na intimidade do
lar, todos falavam o licaônico. Vendo o paralítico andar, maravilharam-se de
tal forma que abandonaram por um instante o grego e gritaram no dialeto nativo:
"Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós" (At
14.11).
A notícia
espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os discípulos. A lenda de Júpiter e
Mercúrio estava se repetindo diante de seus olhos, confirmando a sua religião.
Enquanto os observava, o povo chamou Barnabé de Júpiter, por causa da sua
altura e porte atlético. A Paulo chamaram de Mercúrio, por ser o portador da
palavra.
Quando os
sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à cidade, ouviram falar disso,
trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa onde os discípulos estavam
hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas ruas, contando a todos que
os deuses tinham descido até eles. Uma grande multidão, guiada pelos
sacerdotes, adentrou os portões para oferecer sacrifícios aos deuses
recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam. Grinaldas de flores foram
colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um grande dia para Listra!
Quando ficou
evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria adorá-los, ambos perturbaram-se
imensamente. Só de pensar, sentiam-se repugnados! De acordo com o costume
oriental, eles rasgaram as vestes em sinal de grande angústia e correram
gritando em meio a multidão.
Os gongos e
címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os "deuses" estavam
falando!
Varões, por que
fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos as mesmas
paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao DEUS vivo, que
fez o céu e a terra, o mar e tudo o quanto há neles; o qual, nos tempos
passados, deixou andar todos os povos em seus próprios caminhos; contudo, não
se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dan-do-vos
chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria o vosso
coração" (At 14.15-17).
Não foi sem razão
que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos deuses. A oratória que o povo
ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito superior a qualquer outra que
já tivessem ouvido.
As multidões
debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes voltaram com os touros aos
estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o povo comentou o episódio
durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres foram conhecendo a JESUS
CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A igreja em Listra começava a
crescer.
Timóteo e Seu Lar
Um dos novos
crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua avó, Eunice, viviam em
Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e Barnabé passaram bastante
tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os ouvia contar repetidamente a
história de CRISTO, descobriu que também queria ser pregador do Evangelho. Seu
coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO de DEUS usava os discípulos.
Porém, era
inevitável que judeus de Antioquia e Icônio visitassem amigos em Listra, ou
fossem ali vender suas mercadorias. A história de Paulo e Barnabé continuava
viva em suas mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de gentios em suas
cidades ainda machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos porque ambos
continuavam pregando o que, para eles, era uma religião falsa. Decidiram
deliberadamente acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus de Listra
contra os discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas, fizeram brotar
tamanho ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir por conta
própria e matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Apedrejamento de
Paulo
Certo dia, estando
Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo de judeus de Icônio e Antioquia
aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às verdades pregadas. Agitavam-se
enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes usando a mesma Escritura. Até que,
aos berros, aqueles homens correram em meio aos ouvintes procurando
dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito: "Apedrejem-no! Ele
merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei de Moisés é um traidor.
Apedrejem-no!"
As pedras zumbiam
no ar, vindas de todas as direções. Paulo continuou firme onde estava,
suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa altura, já se achava ferido e
sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do povo. Finalmente, um homem
atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do apóstolo. Sangrando e
inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e pôs-se a chutá-lo.
Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade, e abandonaram-no
em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de Paulo!", pensaram
satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo de
amigos ficara indefeso ante a multidão. Acompanharam a turba que arrastava o
corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de um grande apóstolo fora silenciada.
Já tinham visto muita gente morrer assim, mas... quem sabe ainda estivesse
vivo!
Fora da cidade, é
possível que Barnabé, com seus braços fortes, tenha recolhido e levado o corpo
de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém deve ter ido buscar água a fim
de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos amigos foi aliviada quando viram
o apóstolo abrir os olhos, recuperando a consciência. Alguém glorificou:
"Louvado seja DEUS, que poupou o seu servo, livrando-o dos nossos
inimigos".
Os corações dos
crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a levantar-se e o levaram até a casa
de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a
se recuperar.
Ao amanhecer, antes
que os mercadores enchessem as ruas com suas mercadorias e gritos, dois vultos
saíram pelo portão sul da cidade. O mais baixo mancava e apoiava-se no braço de
seu alto companheiro. Eles seguiram pela estrada pavimentada e depois por um
caminho secundário, que passava por uma região montanhosa. Esse era o caminho
para as Portas da Cilícia, que Paulo chamava de lar. A cidade aonde estavam
indo, porém, era Derbe, distante cerca de quarenta quilômetros ao sul. Era um
posto alfandegário, onde Roma recolhia os impostos sobre todas as mercadorias
embarcadas.
O Inverno em Derbe
Não havia sinagoga
em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de Paulo. Como ele falasse com a
autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no de boa vontade. O inverno
chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve. Nas montanhas, as
passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém viajaria até a volta da
primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé
permaneceram tranqüilamente em Derbe, durante todo o inverno. Paulo fez e
vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa ou nos lares que se lhe
ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma forte igreja foi
fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino, convertendo-se
dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois discípulos
estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a JESUS, e o
Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve derreteu-se
nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A igreja de Derbe já estava forte
e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo. Fazia mais de dois anos que a igreja
da Síria enviara os dois missionários; sementes haviam sido plantadas e cresceriam
para a vida eterna. O caminho fora difícil, mas o Senhor estivera com eles e
honrara-lhes o trabalho.
A Volta para Casa
A viagem de
regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e pelas portas da Cilícia
até Tarso, passando depois por terreno muito familiar até chegar à Síria.
Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra, Icônio e Antioquia.
Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso; mas, e as igrejas
recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da perseguição? Teriam
crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis? Estava claro que ele
deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos na fé. Eram seus
amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles, mencionando-os pelo nome.
E se essa visita resultasse realmente em perseguição? O Senhor não os protegera
sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar pelo mesmo caminho.
Em Listra, as cenas
eram familiares; já sabiam onde encontrar os cristãos. Foram até à casa de
Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo de DEUS continuava firme,
apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se confiantes; os cristãos de
Listra estavam suficientemente fortes para se organizarem. Portanto, em cada
igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar espiritualmente a família
cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram para Icônio.
Depois de alguns
meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro progresso e achava-se também
pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram isso e continuaram o caminho
de volta para casa.
Ao chegarem aos
portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos alguns meses antes,
lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o Evangelho. Foram
recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que os cristãos de
Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo pregou-lhes
novamente e, antes de partir com Barnabé, nomearam homens de confiança,
provados durante a perseguição, para dirigir a igreja.
A primavera já
estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar ao porto de Perge antes que
aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias e noites quentes quando
chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das montanhas em sua viagem a
Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão chegara em toda a sua
força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo pregando em Perge,
decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após dia foram usados por
DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto pregavam,
esperavam por um navio que os levasse para casa. Havia barcos de muitos
lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia. Despediram-se dos crentes e
continuaram a viagem pela planície até o mar, e depois ao longo da estrada
costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos de todo o império. Atália
era grande e importante, e, como em qualquer outra cidade dessa região, havia
nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam ansiosos por encontrar um navio
que os levasse de volta, e seguiram imediatamente para o porto. Sua busca teve
sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e pequenos, oriundos de terras
estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a
passagem e, quando se levantaram os ventos matutinos, as velas foram
desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa rochosa até Selêucia.
Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas montanhas da Panfília
elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam passado dois invernos
naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto os morros
desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de como o
Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas um ano,
viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as noites,
enquanto navegavam e oravam sob as estrelas, Barnabé e Paulo lembravam-se de
cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e entregando-os ao seu cuidado. Até que
a viagem chegou ao fim.
A GRANDE
CONTROVÉRSIA
Paulo e Bamabé
animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto de Antioquia, protegido
pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à casa paterna; estar
naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma igreja forte; maior
que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos de Antioquia da
Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam aberto o coração aos
gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de Abraão no Reino de
DEUS.
Os missionários mal
tinham posto os pés no portão da cidade, e a notícia de sua chegada já se
espalhara. Naquela noite, uma grande multidão reuniu-se à volta deles. Dois
anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado Paulo e Barnabé até o navio que
os levaria em sua primeira viagem missionária. Agora estavam de volta, e todos
queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante. Jovens e velhos sentaram-se no
chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos discorrer sobre a atuação do poder de
DEUS em cada cidade.
É provável que
tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e depois Paulo. Ninguém se
cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao saber dos caminhos de DEUS
para os gentios. Os missionários falaram da viagem até Chipre; de Sérgio Paulo
em Pafos; do calor de Perge e da deserção de Marcos, que muito os desapontara.
Descreveram seu primeiro inverno passado na outra Antioquia, e como muitos ali
haviam se tornado cristãos. As fugas para Icônio e Listra, onde Paulo tinha
sido apedrejado, foram contadas rapidamente. Por último veio a história do
segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as
cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas sinagogas; mas na praça
do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade e, deixando os ídolos,
haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o coração para JESUS! Em
cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja havia sido estabelecida.
Importância da
Primeira Viagem Missionária
Enquanto os
cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias, grande alegria
inundava-lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de pregar o
Evangelho até os confins da terra estava se cumprindo com tremendo sucesso. Em
toda parte, apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para brilhar e
dissipar as trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só em
Jerusalém e Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava
crescendo e produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma
reunião de oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e
regozijavam-se por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e
mulheres de suas vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para
a vida eterna.
Paulo ficou vários
meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e comércio de tendas, enquanto
expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava especialmente da justiça de
DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei, mas recebida como um dom da
sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a ver que todas as suas
esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS CRISTO, o Salvador.
Crescentes
Dissensóes na Igreja
Até essa época, a
oposição encontrada por Paulo na pregação do Evangelho viera de uma única
fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido com o ensino cristão,
tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo fato de Paulo ter
sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos nazarenos. Todo
judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de Moisés, e por causa
disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia como se sentiam e
simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes de sua conversão?
Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava um privilégio
argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema, porém,
surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus cristãos, de mente estreita, não
haviam aberto o coração aos gentios. Queriam que a Igreja fosse uma seita
judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em Israel. Não concordavam em
receber os gentios, a não ser que se submetessem primeiro às cerimônias da
sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam tornar-se prosélitos, e manter
as leis judaicas referentes aos alimentos, festas, abluções e ofertórios.
Pedro era amigo de
Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os gentios também faziam parte do
seu plano e o guiara até o gentio Cornélio, tornara-se ele favorável ao
posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida congregação de Antioquia,
decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de Pedro
Paulo recebeu Pedro
com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história da primeira viagem missionária à
Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o abençoara, juntamente com Barnabé, na
pregação aos gentios. O coração do velho pescador aqueceu-se com cada palavra.
Comoveu-se com a fraternidade que observou em Antioquia. Judeus e gentios
reuniam-se ao redor da mesma mesa, compartilhando as refeições como membros de
uma única família. Isso seria algo inconcebível em Jerusalém; proibido pela Lei
Mosaica. E, infelizmente, os crentes em CRISTO ainda levavam em conta tal
proibição.
Encontrar e ouvir
Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS pessoalmente e que podia descrever
as histórias ocorridas em seu ministério terreno, foi uma experiência memorável
para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava vendo
e experimentando uma liberdade em CRISTO que nunca antes conhecera. Em
Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos. Um escravo e seu senhor
eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e gentio, desde que ambos
tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na igreja. Estavam unidos por um
laço mais forte que qualquer outra coisa neste mundo.
A Propagação da
Discórdia
Pedro alegrou-se
com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros autonomeados chegaram a
Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo sobre Barnabé e Paulo, e
a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara. Resolveram então ir a
Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios à Igreja. Por serem da
igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de autoridade. Com ousadia,
advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a não ser que se submetessem
primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos israelitas.
Pedro ouviu falar
deles, e reconheceu tratarem-se dos fariseus que criam em JESUS, mas não
conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam muitos de seus
conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os gentios era
suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa. Pedro não
concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em Jerusalém,
decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios. Isso lhe
pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande influência na
igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta os
Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem os
visitantes da Judéia tinham qualquer idéia da grande força e convicção de
Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles e sabia exatamente quais
eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve piedade; lutou com todas
as forças contra aqueles homens que estavam tentando destruir a liberdade
desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles afirmavam não haver
salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo formidável, pois até Barnabé
ficou impressionado e, por um momento, começou a duvidar se agira corretamente
ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa
assembléia da igreja, os visitantes falaram tão convicta-mente, que uma sombra
de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à
plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora de colocar aqueles
perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido muitos dos gentios
cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não compreendiam a graça de DEUS,
ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se insinuam para espalhar o
rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos judeus
por natureza e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é
justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos crido em
JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO e não pelas obras da
lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Pois, se nós, que
procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos também somos achados
pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque
se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor.
Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para DEUS. Já estou
crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo
continuava argumentando, Barnabé compreendeu que errara ao dar ouvidos aos
visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS movera o coração dos gentios
em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo tinha razão, e agradeceu ao
Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos falsos mestres.
A resposta era
clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão definitiva sobre a questão dos
gentios. A controvérsia não poderia ser resolvida em Antioquia, mas apenas em
Jerusalém, onde muitos queriam que a Igreja continuasse como mera seita
judaica.
O Apelo a Jerusalém
Embora o argumento
de Paulo tivesse vencido temporariamente, e todos tivessem ficado felizes na
igreja de Antioquia, eles compreendiam que, para o futuro da Igreja, alguma
norma definitiva tinha de ser estabelecida. O conselho concordou então que
Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde deliberariam com os apóstolos
e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e os
barcos costeiros permaneceriam ancorados até a primavera. Portanto, teriam de
viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra. Isso significava seis longas
semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse novidade para Paulo, ele achou
mais seguro viajar em caravana.
Providos de
alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja, Paulo e Barnabé partiram
pela estrada do litoral. O céu estava carregado e cinzento, mas os cristãos de
Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do caminho. Após a despedida, os
crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela segurança dos amigos e para
que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia, os
três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios tinham se tornado caudalosos
com as chuvas, mas havia pontes de pedra para atravessá-los. Ao cair da noite,
apressavam-se para chegar a algum vilarejo onde encontrar abrigo. No pátio da estalagem,
armavam a tenda e acomodavam-se para passar a noite.
Os apóstolos
pararam em muitas aldeias por toda a província da Fenícia, e quando chegaram a
Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando vários grupos de crentes e
confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para ouvidos atentos, a história da
sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os cristãos agradeceram a DEUS, e
animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o Senhor protegesse o grupo que
se dirigia a Jerusalém com o propósito de resolver a questão dos gentios.
Em Samaria havia
muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos contaram a história do seu
trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos de Samaria ficaram contentes
com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às regras dos rabinos de
Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que aceitaram a CRISTO,
alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua jornada, com a esperança
de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram
avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do Senhor estavam realmente
completando outra viagem missionária, pois haviam fortalecido e confirmado as
igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade Santa. Fazia seis anos que
Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos santos de Antioquia. Mas dessa
vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo e aos cristãos gentios dos
ataques dos falsos mestres, que procuravam destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe de
Marcos, encontraram vários líderes da igreja. Esses homens os receberam
cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de como DEUS operara por
meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou sabendo que os falsos
mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia, não haviam sido
enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram líderes desta.
Diante de uma
grande platéia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as suas viagens e sobre o
poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam ídolos. Mesmo assim, houve
quem se levantasse e declarasse que todos esses estrangeiros não eram cristãos
de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés. Estavam até comendo carne que
não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto esses homens estreitavam as
portas do reino, Paulo argumentava que a retidão jamais seria conferida a
qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim pela fé no Senhor JESUS,
que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da Grande
Controvérsia
A solução não foi
encontrada de imediato. Após muita disputa e acirradas discussões, os apóstolos
e presbíteros convocaram uma reunião para considerarem as várias opiniões e
chegarem a uma decisão. Participaram da reunião representantes dos dois
partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis que a amargura insinuou-se no
debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão do Senhor, e líder reconhecido
da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir, Pedro, o
discípulo que falara com JESUS exatamente sobre o assunto, e que conhecera a
vontade de DEUS através de uma visão repetida três vezes, levantou-se e exigiu
atenção de todos:
Varões irmãos, bem
sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem
da minha boca a palavra do Evangelho e cressem. E DEUS, que conhece os
corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o ESPÍRITO SANTO, assim como também a
nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração
pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que
seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles também (At 157-11).
Pedro sentou-se e a
multidão ficou em silêncio. Todos os olhos voltaram-se a Barnabé e Paulo,
esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo já dera sua opinião e só lhe
restava confirmá-la, descrevendo os sinais e prodígios operados por DEUS quando
ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras distantes.
Depois disso,
ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente a Paulo não puderam mais
defender sua posição. Alguns ainda não se achavam inteiramente convencidos, mas
não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns minutos
de silêncio, Tiago, respeitado por todos como irmão do Senhor, resumiu os
pensamentos colhidos na reunião:
"Varões
irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com grande dignidade. Os
ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele era o seu chefe e
diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos,
ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS visitou os gentios, para tomar
deles um povo para o seu nome. E com isso concordam as palavras dos profetas,
como está escrito: Pelo que julgo que nào se deve perturbar aqueles, dentre os
gentios, que se convertem a DEUS, mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e,
cada sábado, é lido nas sinagogas (At 15.1315,19-21).
A Primeira Carta
Circular as Igrejas
Para tornar oficial
a decisão, Tiago e os outros discípulos escreveram uma carta para ser lida e
explicada na igreja de Antioquia. Judas e Silas foram escolhidos para a levar o
documento até lá. Era tão importante a decisão do primeiro concilio, que eles
enviaram seus principais membros como portadores das notícias; homens
revestidos da maior dignidade aos olhos da igreja.
Essas foram
palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e presbíteros concordaram.
Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de todo o mundo, de qualquer
procedência, poderiam ser cristãos sem prestar obediência à lei judaica.
Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja estender-se-ia ao mundo todo. Os
cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a primeira
das cartas circulares às igrejas. O próprio Paulo, em anos posteriores, usaria
esse método de escrever às igrejas, assim como Pedro e João.
Paulo e Barnabé
viajaram para casa com o coração leve. Seu entusiasmo não conhecia limites!
Agora, podiam fazer um relatório alegre a todas as congregações. A Igreja dera
finalmente um grande passo e removera suas cadeias para sempre. Que imensurável
satisfação para os crentes gentios!
Retornando a
Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a fim de comunicar- lhes o
resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou quando Judas e Silas foram
apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na igreja de Jerusalém, e os
crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em recebê-los.
Os dois contaram
sobre as reuniões em Jerusalém e do debate acalorado com respeito aos gentios.
A seguir mostraram a carta assinada por Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e os
anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia,
Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto ouvimos
que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a
vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), pareceu- nos bem, reunidos
concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos amados Barnabé e
Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do nosso Senhor JESUS CRISTO.
Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos anunciarão também o
mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a nós não vos impor maior
encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada, e da fornicação;
dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At 15.23-29).
A congregação
louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais fervorosamente que nunca, propagara
mensagem da salvação por JESUS CRISTO a todo o mundo gentio - até à própria
Roma!
Embora para os
discípulos a grande disputa houvesse terminado, muitos em Jerusalém não estavam
plenamente convencidos. Com o passar dos anos, em diversas igrejas por todo o
império, Paulo os encontraria pregando seus padrões farisaicos. Alguns
argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco e que a obra de CRISTO
estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos tinham liberdade para
pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na Igreja.
A SEGUNDA VIAGEM
MISSIONÁRIA
Paulo permaneceu em
Antioquia durante todo o inverno. As estradas das montanhas estavam cobertas de
neve e os barcos ancorados no cais, onde permaneceriam até que as brisas da
primavera enchessem o ar. A oficina onde Paulo fabricava suas tendas era um ponto
de comércio e local de encontro para os cristãos, que gostavam de levar os
amigos não convertidos para ouvirem-no falar de JESUS. Barnabé era o amigo e
companheiro constante de Paulo. Com eles, a igreja tinha uma liderança leal e
criara novas forças.
Além de Paulo e
Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam posições de liderança em
Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um deles, chegado
recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja de Antioquia,
Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na Síria, onde
poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de
Paulo e Barnabé
Quando o clima se
tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que deveria visitar outra vez as
igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas; precisavam ser orientadas. Paulo
carregava no coração um peso constante por esses cristãos novos, e à medida que
o plano foi-se-lhe formando na mente, procurou o amigo Barnabé, na esperança de
viajarem juntos outra vez.
Tornemos a visitar
nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor,
para ver como estão (At 15-36).
Barnabé concordou,
e imediatamente tiveram início os preparativos para a partida. Todavia, Barnabé
achou que deveriam levar João Marcos, seu primo, para ajudar no trabalho. Mas
Paulo recusou terminantemente. Marcos tivera a sua oportunidade e os abandonara
nas montanhas da Panfília, justamente quando mais precisavam dele. Desde que
Marcos optara pela segurança da cidade, Paulo não estava disposto a repetir a
experiência. Certamente, a mão de DEUS não estivera na primeira associação de
Marcos com os dois apóstolos. Por que haveriam de supor que as coisas fossem
diferentes agora?
Barnabé, porém,
estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso do empreendimento. Sua
determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e houve discussão entre
ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras trocadas foram tão
ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser cancelados. Um motivo
tão insignificante serviu para separar os amigos que juntos haviam enfrentado
tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão, e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente
transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos foram formados. Barnabé
navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo Marcos, enquanto Paulo
convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi
violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar dos anos, Marcos
justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo alegrar-se-ia em
recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro. Prevaleceria o amor de
DEUS, e o sentimento provocado pela disputa dissipar-se-ia ante a necessidade
de espalhar o Evangelho.
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BÍBLIA DA LIDERANÇA
CRISTÃ - ATOS DOS APÓSTOLOS
Os seguidores de
JESUS se transformam em líderes
Resumo
Atos dos Apóstolos
é um livro de ação. Observe bem que ele é chamado de "atos" ou
"ações" e não de "reações". Ele relata a iniciativa e a
ação do ESPÍRITO SANTO na vida dos discípulos, que até pouco antes eram
covardes, inseguros e ignorantes. Esses homens, que, durante três anos,
aprenderam a seguir JESUS, agora estavam aprendendo a serem líderes!
Neste livro, que é
uma sequência de seu Evangelho, Lucas relata que aqueles primeiros discípulos
mobilizaram a Igreja de maneira tão eficiente a ponto de alcançarem cidades
inteiras (At 9.35) e fartaram todas as terras com o evangelho (At 19.10).
A ação descrita
neste livro revela como DEUS delegou poder a homens e mulheres que decidiram
ser representantes de DEUS pelo poder do ESPÍRITO SANTO. Eles se determinaram a
ser pessoas de influência. Apesar de suas carências em atributos humanos, eles
começaram a ter influência na sociedade. DEUS concretizou isso por meio de
pessoas comuns, com um mínimo de instrução, de vivência política ou prestígio (1
Co 1.26).
Pedro, o pescador,
tornou-se o Líder da igreja em Jerusalém. Filipe tornou-se o primeiro
missionário para grupos transculturais. Estêvão tomou partido contra os falsos
líderes religiosos de seus dias e, com isso, tornou-se o primeiro mártir.
Barnabé e Paulo ajudaram a primeira comunidade da Antioquia a preparar, enviar
e também liderar uma equipe missionária.
Esses líderes
realizaram muito, porque eles estavam sendo governados pelas prioridades de
DEUS, encarnavam o poder de DEUS, estavam motivados pelos propósitos de DEUS,
permaneciam dependentes das provisões de DEUS e preparavam o povo de DEUS.
Todos estavam envolvidos nessa tarefa. Líderes equipam seus seguidores e
encorajam a Igreja, enquanto ela se adentra nessas culturas. Os milagres se
espalhavam. A comunidade tinha todo cuidado com as necessidades que iam
aparecendo no meio do povo.
Na medida em que
você for lendo o livro, note quantos líderes surgiram do meio da Igreja. Muitos
deles não eram apóstolos. Nós deveríamos prestar atenção no povo leigo. Agora,
todo mundo parece estar comprometido com a visão de causar um impacto no mundo
em favor de CRISTO.
O papel de DEUS em
Atos
DEUS encheu essas
pessoas comuns com o ESPÍRITO SANTO e ordenou-lhes que influenciassem o mundo
todo. Os milagres iam acontecendo, e DEUS ia confirmando sua palavra seguida de
sinais (Mc 16.17-18). JESUS apareceu pessoalmente a Paulo de Tarso, a fim de chamá-lo
para tornar-se seu apóstolo (At 9.1-9). O ESPÍRITO SANTO fundou a primeira
Igreja sustentada na pureza, de maneira que ele pôde capacitá-la sem
impedimentos. DEUS confia seu poder aos puros. Observe esta seqüência:
primeiro, a pureza: depois, o poder; depois, a proclamação e, finalmente, o
poder de influenciar a sociedade.
Líderes em Atos dos
Apóstolos
Pedro e os
primeiros apóstolos, Gamaliel e o Sinédrio, Estêvão, Filipe, Áqüila e Priscila,
Paulo, Barnabé, Festo, Apoio, Silas
Outras pessoas de
influência em Atos
O principal grupo
de pessoas que estavam no Cenáculo, Lídia, Lucas, Timóteo, os negociantes de
Efeso, a família da igreja de Antioquia
Lições de liderança
• O poder do
ESPÍRITO SANTO mais a liderança obediente são iguais ao crescimento da igreja.
• DEUS levanta
líderes com o intuito de levar todas as pessoas para si.
• Líderes quebram
barreiras e unem as coisas familiares e não-familiares.
• Quanto mais
líderes a Igreja tiver, mais ela terá seguidores.
• Não há sucesso
sem sacrifício.
• A força viva vem
como resultado da unidade.
• Líderes passam a
prosperar quando não têm de lutar pela sobrevivência.
Destaque de
liderança em ATOS
CARISMA: Pedro foi
um ímã (2.1-41)
PEDRO: O líder mais
hábil no improviso e na capacidade de dar reviravoltas (3.1-26)
GENEROSIDADE:
Ananias e Safira apenas fingiram (5.1-11)
PEDRO E A LEI DAS
PRIORIDADES: Líderes compreendem que atividade não significa cumprimento
(6.1-7)
COMPROMETIMENTO:
Estêvão sabia o que tinha valor e o que não tinha (7.2-60) — p. 948 FILIPE: Um
homem comum, resultados extraordinários (8.5-8)
BARNABÉ E A LEI DA
DELEGAÇÃO DO PODER: Somente líderes seguros delegam poder a outros (9.27)
CARÁTER: Herodes
teve falta dele e perdeu tudo (12.1-23)
EDUCABILIDADE:
Apoio aprendeu e cresceu (18.24-28)
ÁQÜILA E PRISCILA:
Líderes que prepararam mais líderes (18.24-28)
FÉLIX, FESTO E
AGRIPA: Líderes que cometeram falhas (23.23—26.32)
PAULO: O líder mais
influente da Igreja primitiva (26.1-33)
O PRINCÍPIO DE
PARETO
Vinte por cento de
suas prioridades lhe darão oitenta por cento de sua produção
21 Qualidades
Comprometimento - Estêvão sabia o que tinha valor e o que não tinha
(At 7.2-60)
Estêvão, primeiro
mártir cristão, tinha alcançado bastante influência junto ao povo (At 6.8).
Temendo perder sua influência, os líderes religiosos judeus cercaram esse líder
e o levaram diante de Concilio.
Em sua defesa,
Estêvão revelou ter um inabalável comprometimento com suas convicções. Diante
das autoridades que tinham o poder de executá-lo, ele sustentou e expressou
aquilo que ele cria ser a verdade, tanto sobre CRISTO quanto sobre a obstinação
de coração dos líderes judeus. Isso o levou para o apedrejamento (At 7.58-60).
Seu modo franco deixou os líderes religiosos sem argumentos; só lhes restou
jogarem pedras nele. Mas nem mesmo isso o abalou. Ele morreu, fitando os olhos
nos céus, pedindo que DEUS perdoasse seus assassinos.
De onde vem o
comprometimento?
Vamos ver a fonte
do comprometimento de Estêvão reparando em suas palavras e sentindo sua
atitude:
1. Ele tinha a
presença de DEUS em sua vida (At 6.8,15);
2. Ele baseava seu
comprometimento em fundamentos bíblicos (At 7.2-38);
3. Ele percebeu o
erro do pensamento anterior (At 7.39-41);
4. Ele atingiu o
ponto de resistência dos líderes religiosos (At 7.51-53);
5. Ele manteve seus
olhos sobre JESUS, a verdade (At 7.55);
6. Ele conservou
sua perspectiva (At 7.60).
O comprometimento
leva para além das emoções e da razão e vai direto para a vontade. Os antigos
chineses diziam que a vontade de um homem é igual a uma carroça puxada por dois
cavalos: a emoção e a razão. Você precisa manter os dois cavalos puxando para a
mesma direção para conseguir pôr a carroça em movimento. O comprometimento vem
quando sua razão e sua emoção o levam para frente, seja qual for o preço.
Os líderes não
devem esperar que seus seguidores tenham comprometimento mais profundo do que
aquele que eles mesmos demonstram ter. Para desenvolvermos nosso nível de
comprometimento, nós precisamos compreender as seguintes verdades:
1. Comprometimento
começa no coração.
O comprometimento
vem antes da ação. Procure dentro de si: onde está o comprometimento de seu
coração
2. Comprometimento
é avaliado pela ação.
A única maneira
real de medir o nível de comprometimento é a ação. Falar é fácil; fazer tem um
alto preço.
3. Comprometimento
abre as portas para o cumprimento da missão.
Uma vez que você
está comprometido, todas as coisas virão a seu encontro no sentido de
favorecê-lo a obter o sucesso.
4. Comprometimento
pode ser medido.
Os líderes devem
poder avaliar seu calendário e agendas para medirem seu comprometimento.
5. Comprometimento
capacita um líder a tomar decisões.
Líderes precisam
decidir qual é a coisa mais digna, pela qual se deva morrer; e tomam isso como
base para suas decisões.
6. Comprometimento
floresce com demonstração pública de sua responsabilidade.
Façam a pessoas
verem o quanto você está comprometido, e, assim, você terá incentivo para
prosseguir.
Perfil de Liderança
- FELIPE - Um homem comum, resultados extraordinários.
(At 8.5-8)
E extraordinário o
que pode acontecer para e através de um homem comum quando DEUS põe um pouco de
dificuldade e o poder do SANTO ESPÍRITO na mistura.
Os crentes da
igreja de Jerusalém começaram a abandonar a cidade em grande número por causa
das ondas de perseguição por causa do testemunho que estavam dando a respeito
de JESUS CRISTO. Mas aquilo que os inimigos do evangelho pensavam ser mal DEUS
usava como sendo bom, tal qual os crentes da Dispersão, que, ao fugirem de
Jerusalém, levaram consigo a mensagem da salvação por meio de JESUS CRISTO.
Filipe deixou
Jerusalém e foi até Samaria, onde, comprometido com a pregação do evangelho,
liderou a salvação de multidões. Quando Filipe realizou milagres, expulsando
demônios e curando muitos, o povo passou a ouvir as palavras de Filipe a
respeito do Messias, que o capacitou a realizar esses feitos maravilhosos.
Um homem comum, uma
pequena perseguição e um toque da parte do ESPÍRITO de DEUS conduziram à
conversão de massas na cidade de Samaria. Tal como JESUS havia predito, a
mensagem do evangelho fez o seu caminho, começando por Jerusalém e indo até os
confins da terra (At 1.8).
Filipe ilustra bem
o que um líder, com a capacitação dada pelo ESPÍRITO SANTO e com a autoridade
de JESUS CRISTO, pode fazer para mudar o mundo.
DISCERNIMENTO:
LÍDERES FAZEM UMA LEITURA DA REALIDADE ANTES DE LIDERAR
(At 8.26-40)
Filipe ilustra a
importância de um líder que tem capacidade de se adaptar a uma nova situação
para resolver um problema. Flexibilidade é o nome do jogo.
Filipe estava
pregando e orando pelos doentes em Samaria. Aconteceu que, em meio a um
reavivamento, um anjo lhe disse que fosse ao Sul, para o caminho de Gaza.
Filipe teve de manobrar suas velas e rever o curso de sua viagem. Quando estava
no caminho de Gaza, ele compreendeu a situação. Um importante oficial do
tesouro real da Etiópia havia parado para ler a Escrituras. Filipe percebeu que
ele tinha ali uma oportunidade para introduzir aquele homem na fé em CRISTO.
Como os líderes
podem ter uma leitura de situações semelhantes? Uma liderança cheia do ESPÍRITO
envolve...
1. Compreender suas
responsabilidades (v. 25).
Filipe já estava
fazendo que ele sabia fazer;
2. Renunciar seus
direitos (vs. 26-28).
Filipe não ficou
discutindo sobre o caminho que ele havia escolhido, mas foi flexível. Ele
deixou para trás um momento de reavivamento e foi para um deserto.
3. Sentir a
revelação (vs. 29-30).
Filipe ouviu o
ESPÍRITO. DEUS pode falar por meio de pessoas, das Escrituras ou intuição
espiritual.
4. Compartilhar seu
relacionamento (vs. 31-34).
Filipe aproximou-se
de uma situação de necessidade tendo uma perspectiva de relacionamento e não
somente uma perspectiva de resultado.
5. Mostrar sua
relevância (v. 35).
Filipe começou a
interagir onde o eunuco estava e permaneceu interagindo com ele naquele lugar.
6. Assegurar uma
resposta (vs. 36-39).
Filipe conduziu o
homem até o ponto de uma tomada de decisão e viu resultados.
LIDERANÇA: ESCOLHA
DELIBERADA VERSUS ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA
(At 9.1-20)
Saulo de Tarso
havia iniciado sua viagem para se tornar o Apóstolo Paulo na estrada de
Damasco. DEUS sabia que Saulo era perfeitamente apropriado para a tarefa.
Primeiramente,
Paulo era hebreu e um fariseu. Ninguém poderia acusá-lo de indiferença ou de
insegurança para estabelecer um padrão. Ele havia estudado com Gamaliel, de
maneira que nenhum judeu poderia acusá-lo de ignorante das Escrituras. Ele
cresceu em Tarso, o que lhe dava a cidadania romana e lhe dava passagem livre
pelos caminhos do mundo. Ele tinha muita facilidade de comunicação, o que fazia
dele uma pessoa perfeita para escrever perto de dois terços dos escritos do
Novo Testamento. Ele buscava a perfeição com ardor, uma paixão que o ajudou a
alcançar a Ásia Menor.
DEUS elege líderes
específicos para cumprirem uma missão. Ele não o faz por meio do voto popular.
Se ele o tivesse feito, nenhum dos cristãos da Antigüidade teria votado nele.
No entanto, DEUS viu as qualidades de Saulo e o chamou tanto para seguir CRISTO
como para guiar pessoas a ele.
21 LEIS - BARNABÉ E
A LEI DA DELEGAÇÃO DO PODER - Somente líderes seguros delegam poder a outros
(At 9.27)
Somente pessoas
capacitadas podem alcançar seu potencial. Quando um líder não pode ou não quer
capacitar outras pessoas, ele cria barreiras dentro da organização que as
pessoas não conseguirem superar. Se as barreiras permanecerem por muito tempo,
as pessoas desistem ou mudam para outros lugares onde poderão maximizar seu
potencial.
Se você deseja ser
um líder de sucesso, você deve se tornar um capacitador. Theodore Roosevelt
afirmou que "o melhor executivo é aquele que tem a sensibilidade
suficiente para escolher bons homens, para que eles façam coisas que ele deseja
que aconteçam e que têm suficiente auto-resignação para guardar-se de não
interferirem enquanto eles estão fazendo o que lhes foi solicitado."
A verdade é que o
único caminho para que você possa se fazer indispensável é você se fazer
dispensável. Em outras palavras, se você tem a capacidade de sempre delegar
poder e capacitar outras pessoas e ajudá-las a desenvolverem seu potencial de
maneira que se tornem capazes de realizar sua tarefa, você se tornará tão
valioso para a organização que você se tornará indispensável.
Será que eu posso
pegar uma carona?
Definitivamente,
Barnabé foi um líder que sabia como animar as pessoas. Isso é visto quando ele
não deixa passar nenhuma oportunidade de acrescentar coisas boas para os
outros. E sua grande e simples contribuição no que diz respeito à delegação de
poder pode ser vista em sua interação com Paulo.
1. Ele acreditou em
Paulo antes de qualquer outra pessoa.
É muito fácil dar
uma opinião a favor de um assunto ou pessoa controvertida diante de líderes que
dão apoio a essa pessoa. Outra coisa é você levantar-se e falar diante de
outros que não o fazem. Mas foi isso o que Barnabé fez. Ele não esperou que os
outros apóstolos apoiassem Paulo para poder acreditar nele. Na verdade, ele
acreditou em Paulo, enquanto Pedro e os outros tinham medo dele.
Para ser um líder
capaz de encorajar outros, você precisa estar disposto a dar oportunidades às
pessoas. Você deve ser capaz de perceber o potencial que há nelas e
encorajá-las a acreditar em si mesmas. Isso pode ser arriscado porque elas
podem não corresponder. Mas, se elas corresponderem, o retorno pode ser imenso.
Você pode tor-nar-se o responsável por inspirar um líder a pôr em prática
coisas que ele nunca tinha pensado que fosse possível. E os líderes nunca
esquecem a primeira pessoa que acredita neles.
2. Ele defendeu a
liderança de Paulo diante dos outros.
As Escrituras dizem
que Barnabé tomou a Paulo e levou até aos apóstolos. E ele lhes declarou a
respeito de como tinha visto o Senhor no caminho e aquilo que ele lhe tinha
falado e de como ele tinha pessoalmente pregado a respeito de CRISTO em Damasco
(At 9.27). Você pode imaginar como essas coisas teriam acontecido em Jerusalém
naqueles dias? Certa vez, quando Paulo chegou à cidade, uma palavra chegou aos
apóstolos de que ele estava dizendo que era um pregador de JESUS CRISTO. Eles
devem ter pensado de que se tratava de um truque. Tratava-se da mesma pessoa
que tinha estado diante de Estêvão, primeiro mártir, e aprovado seu
apedrejamento. Barnabé deve ter aparecido com Paulo a uma das reuniões dos
apóstolos na cidade. Um silêncio desconfortável sem dúvida, deve ter caído
sobre as pessoas que estavam reunidas quando elas souberam da identidade
daquele que acompanhava Barnabé. Então, Barnabé passou a contar a história de
Paulo. Paulo não precisou dizer uma única palavra. Todos os cristãos conheciam
Barnabé. Eles sabiam de sua reputação e integridade. Foi isso que Barnabé fez
As Escrituras dizem: "Estava com eles em Jerusalém, entrando e
saindo" (At 9.28). A Igreja tinha aceitado Paulo
3. Ele delegou
poder a Paulo para alcançar seu potencial.
A ligação entre
Barnabé e Paulo não terminou em Jerusalém. Depois que o endosso de Barnabé
possibilito que Paulo se movimentasse livremente em Jerusalém, ensinando as
pessoas e debatendo as verdades das Escrituras não demorou muito para que Paulo
se tornasse um inimigo dos que não criam no evangelho. Os apóstolos, então
sabiamente, enviaram Paulo de volta a Tarso, para sua segurança pessoal.
Mais tarde, no
entanto, quando Barnabé foi designado para dar assistência às igrejas da
Antioquia, ele encontrou Paulo e o leyou em sua companhia. Essa ação delegou a
Paulo o poder de ter seu primeiro serviço como um lider.
Isso também
conduziu à parceria de Paulo e Barnabé como missionários, o papel para o qual
DEUS estava destinando Paulo.
Para ser um líder
capacitado, você precisa mais do que acreditar em líderes que estão surgindo.
Você precisa dar passos adiante para ajudá-los a se tornarem líderes de acordo
com o potencial que eles têm para desenvolver. Você precisa investir neles se você
os quiser tornar capazes para darem o seu melhor. Capacitar pessoas requer um
investimento pessoal. Isso requer tempo e energia, mas vale a pena. Se você o
fizer bem feito, terá o privilégio de ver alguém subir para o nível mais
elevado. E, como um bônus adicional, ao delegar poder e capacitar outros, você
estará aumentando o poder de sua organização.
CORNÉLIO: O
PARADIGMA DE PEDRO SE EXPANDIU
(At 10.1-35)
Missiologistas o
teriam chamado de etnocêntrico. Apesar de que Pedro sabia que JESUS lhe tinha
dito para ir ao mundo e pregar o evangelho, ele ainda tinha dificuldade para
falar com o centurião romano chamado Cornélio. Por causa disso, DEUS
providenciou uma visão nova para ele. O escritor Steve Moore fez anotações a
respeito da seqüência da construção da visão que DEUS levou a Pedro:
1. Revelação
sobrenatural (vs. 9-16)
DEUS ampliou os
horizontes de Pedro e o ajudou a sair da caixa, educação que o conduziu a uma
nova convicção.
2. Convite
sobrenatural (vs. 17-23)
DEUS enviou pessoas
associadas a Cornélio para convidarem Pedro para ingressar em uma nova forma de
ministrar aos gentios, exposição que lhe deu uma compaixão nova.
3. Confirmação
sobrenatural (vs. 24-35)
DEUS confirmou esta
visão ampliada com Cornélio receptivo e com sinais concretos confirmando sua
conversão, uma experiência que o levou a um novo comprometimento.
Quando DEUS quer
conquistar uma nova obediência de um servo seu, ele quase sempre faz uma nova
revelação. Foi exatamente o que aconteceu com Pedro.
EDUCABILIDADE: O
NOVO EMPREENDIMENTO DE PEDRO FOI ACEITO PELOS LÍDERES DA IGREJA
(At 11. 1-18)
JESUS devia estar
falando sério quando ele disse à Igreja que fossem até os gentios. Pedro
relatou a seus pares como DEUS o havia guiado até um público completamente
novo. Quando eles ouviram essa história, renderam glórias a DEUS pelo novo
ministério. Eles continuavam aprendendo. No momento em que você parar de
estudar e aprender, você pára de liderar.
SER PRESTATIVO:
NENHUM TRABALHO É SEM IMPORTÂNCIA
(At 11.22-24)
Se um líder da
Igreja antiga pode ser chamado de servo, este é Barnabé. Ele tomou a iniciativa
e fez tudo quanto achou que pudesse aumentar o ânimo, número de pessoas ou
dinheiro. Ele liderou com clareza e exemplo, tornando-se servo. Ele não
considerava nenhuma tarefa sem importância. O que permitiu a Barnabé demonstrar
um estilo de vida como este? Ele...
1. Não tinha nada a
provar.
Ele não estava ali
para brincar. Ele nunca procurou notoriedade. Quando ele orientou Paulo, ele
alegremente permitiu que esse apóstolo emergente o superasse. Ele não sentia a
necessidade de projetar sua própria dignidade ou provar a si mesmo para quem quer
que fosse.
2. Não tinha nada a
perder.
Barnabé não tinha
preocupação de preservar sua reputação ou que o medo pudesse fazer perder sua
popularidade. Ele veio para servir e não par ser servido. Isso permitiu pôr seu
foco em dar e não em receber. Como servo, ele não tinha direitos a perder.
3. Não tinha nada a
esconder.
Barnabé não
precisava manter uma fachada ou imagem. Ele permaneceu autêntico, vulnerável e
transparente. Ele podia alegrar-se com a vitória dos outros (At 11.23) e nunca
se maravilhou com sua própria fama.
Se DEUS chamasse
você para ser um novo Barnabé para outro novo Paulo, se você soubesse que esse
novo e emergente líder iria rapidamente colocá-lo em sombras, você aceitaria
este chamado? Em outras palavras, você é mesmo um servo? Você deve amar mais as
pessoas que sua posição.
21 Qualidades
Caráter - Herodes teve falta dele e perdeu tudo
(At 12.1-23)
O ego dirigia a
vida de Herodes dos dias de Paulo, do mesmo jeito que havia guiado seu pai e
seu avô. Todos eles tinham uma irremediável falta de caráter. Herodes era o
sobrenome da família de reis que sustentava o poder com a permissão do Império
romano. Herodes o Grande, governou nos dias do nascimento de JESUS. Foi ele que
mandou matar todos os meninos de até dois anos em Belém. Herodes Antipas foi
quem ordenou a decapitação de João Batista. O Herodes de Atos 12 é Herodes
Agripa 1, o filho mais velho de Herodes, o Grande. A falta de caráter de
Herodes nos dá muitos exemplos a respeito do que não se deve fazer como líder:
1. Ele maltratava
seus próprios cidadãos (v. I).
Ele, injustamente
ordenou a prisão de cristãos judeus a fim de fustigá-los.
2. Ele executou
pessoas inocentes (v. 2).
Ele mandou matar
Tiago à espada, embora Tiago não tivesse cometido crime nenhum.
3. Ele tomou
decisões, preocupado com sua popularidade (v. 3).
Quando ele percebeu
que os judeus ficaram satisfeitos com a morte de Tiago, mandou pôr Pedro na
prisão também.
4. Ele agia de modo
irracional em tempos de dificuldade (v. 19).
Ele mandou matar
todos os 16 guardas que cuidavam da prisão no dia em Pedro fugiu de lá.
5. Ele alimentou
ódio por outros (v. 20).
Ele permaneceu
irado contra grupos étnicos de fora e procurou meios de subjugá-los.
6. Ele procurou
poder para compensar sua insegurança (v. 20).
Ele gostava de
controlar os outros e, especialmente, gostava bastante de poder ter pessoas
debaixo de sua misericórdia.
7. Ele projetava a
imagem de ser infalível (vs. 21-22).
Ele amava vestir
sua roupa real e ser reverenciado.
8. Ele se deixava
cegar pelo seu ego (v. 23).
Ele vivia em um
mundo irreal e não conseguia ver que seu ego estava sabotando sua liderança.
Como você pode
evitar as armadilhas de Herodes?
A fim de melhorar
seu caráter e construir uma base sólida para a sua liderança, você deve:
1. Procurar suas
falhas.
Preste atenção nas
principais áreas de sua vida. Identifique quais são os pontos fracos ou em
quais delas você costuma tomar atalhos;
2. Procurar
parceiros.
Ainda há alguma
fraqueza? Parceiros podem ajudá-lo a diagnosticar falhas no caráter.
3. Encarar a
realidade.
O reparo das falhas
de caráter inicia quando você as encara e quando você defende aquelas em que
você a enganou.
4. Permanecer
pronto para aprender e rever as coisas.
Uma vez que você
enfrenta o passado, crie um plano para fortalecer-se internamente.
A LEI DO
CRESCIMENTO EXPLOSIVO: ANTIOQUIA COMISSIONOU LÍDERES
(At 13.1-3)
Pelo meio do Livro
de Atos, vemos que três igrejas enviaram líderes missionários: Cirene, Chipre e
Jerusalém. Infelizmente, esses esforços parecem ter sido fatos isolados. Em
Atos 13, o cuidado de DEUS levou mudanças para a igreja de Antioquia. Por quê? Porque
ela continuava comprometida com os efeitos globais do evangelho, ocupada em
fazer surgir líderes que viessem a se tornar agentes de mudança para o mundo
todo. Jerusalém tinha deixado de ser o centro das atividades de DEUS. Na
verdade, ela tornou-se uma igreja com grandes necessidades, necessitando do
socorro das igrejas da Ásia e Grécia.
Antioquia floresceu
por causa de sua boa visão de enviar líderes pelo mundo. Ela enviava seus
líderes como se fossem uma equipe, pessoas com dons que se complementavam e com
visão compartilhada. Isso os capacitou a ficarem ligados com as pessoas e a
conseguirem bons resultados em quase todos os lugares aos quais iam.
DEUS fez o seu
trabalho ao enviar equipe de líderes. JESUS enviou uma equipe de doze (Lc 9.1
-6), e essas parcerias tiveram continuidade em Atos. A maioria dessas equipes
de líderes veio da igreja de Antioquia:
1. Pedro e João (At
3);
2. Filipe, Pedro e
João (At 8);
3. Pedro e alguns
irmãos (At 10);
4. Homens de Chipre
e Cirene (At II);
5. Paulo e Barnabé
(At 13 e 14);
ó. Judas, Silas e
Paulo (At 15);
7. Barnabé e Marcos
(At 15);
8. Timóteo, Paulo e
Silas (At 16);
9. Paulo, Áqüila e
Priscila (At 18);
10. Timóteo e
Erasto (At 19).
RESPONSABILIZAÇÃO:
A EQUIPE PERMANECEU RESPONDENDO PARA A IGREJA
(Atos 14.26-28)
Embora os líderes
não requeiram uma posição formal para fazer a diferença, DEUS, raramente, os chama
para agirem sozinhos. DEUS, normalmente, os chama para fazerem parte de uma
equipe e os envia por meio de uma organização, como uma igreja local, por
exemplo. Alguns líderes enviam, outros vão. Cada um deve dar suporte ao outro.
A LEI DA INTUIÇÃO:
PEDRO PROPÔS UMA MUDANÇA MAIOR DAS COISAS ANTIGAS
(At 15.7-11)
Pedro sugeriu
mudanças para o modo como a igreja fazia as coisas. Deveria haver um novo
paradigma para o pensamento e a fé. Ele persuadiu os líderes a mudarem por meio
de uma comunicação convincente das coisas que DEUS estava fazendo. Pedro viu a
necessidade de mudanças antes dos demais. Sua percepção, associada a sua
credibilidade, fez a Igreja continuar indo para frente.
ALEI DA INFLUÊNCIA:
O CONCÍLIO DA IGREJA LIBERTOU OS GENTIOS
(At 15.22-29)
Por meio de um
documento, a igreja de Jerusalém libertou os cristãos de qualquer localidade de
terríveis encargos e culpas potenciais que lhes poderiam ser atribuídas pela
lei dos judeus. Eles usaram a sua influência e mudaram o curso da história da
igreja. Nem sempre o poder é mal. O Concilio da igreja de Jerusalém exerceu uma
influência positiva em seu tempo. Nós também podemos.
RECRUTANDO
VOLUNTÁRIOS
(At 15.32-35)
Organizações
mantidas por meio de voluntários requerem liderança muito maior sobre o grupo.
Tais organizações precisam de bons líderes, porque o único incentivo que os
voluntários têm vem da visão de sua liderança. Essas organizações não pagam
salários, não oferecem benefícios nem ostentação.
Na verdade, apenas
uma pequena percentagem dos voluntários realmente trabalha. Em muitas igrejas,
cerca de vinte por cento das pessoas fazem oitenta por cento do trabalho. Por
que isso ocorre? Por que mais pessoas não se envolvem?
1. Ninguém lhes
pediu nada.
Com receio de se
intrometerem em território alheio, eles esperam ser convidados para ajudar.
2. Elas têm medo de
assumir responsabilidades.
Receosos de que
sejam cobrados a se comprometerem além do que desejam ou podem, eles hesitam em
fazer alguma coisa.
3. Elas sofrem com experiências
passadas.
Tendo passado de
"pilares" para "meros ouvintes", elas sentem a necessidade
de descansar e de serem alimentados.
4. Eles se sentem
intimidadas por obreiros atuais.
"Pilares"
que não estão abertos para mudanças acabam por manterem os outros inúteis.
5. Elas desconhecem
as diretrizes bíblicas para o ministério.
Muitas igrejas não
estabelecem um padrão para o sacerdócio dos crentes ou para a verdade exposta
em Ef 4.11-12.
6. Elas estão muito
preocupadas com seus próprios compromissos e ocupações.
A maioria das
pessoas se esquiva de novas tarefas por causa de compromissos que já assumiram,
e as coisas que podem ser feitas depois perdem para as que precisam ser feitas
agora.
7. Elas se sentem
despreparadas, mal equipadas ou desprovidas de dons.
Muitas pessoas,
equivocadamente, pensam que apenas pessoas que têm certos dons e são treinadas
podem servir e, visto que não têm estes dons especiais ou não foram treinadas,
elas não estão qualificados para servir.
8. Elas não têm
consciência das opções de trabalho que lhes estão disponíveis.
A maioria dos
líderes, erroneamente, pensa que as pessoas sabem das vastas possibilidades de
serviços que estão à sua disposição.
9. Elas não se
"apropriaram" da causa.
Muitas pessoas só
aceitam participar do ministério se elas puderem ter a visão de todo o quadro
da missão. 10. Elas são egoístas, preguiçosas ou indiferentes.
Algumas não vão se
envolver, simplesmente porque não se preocupam com nada mais além de si mesmas.
Dessa forma, o que
pode ser feito para mobilizar voluntários? Tente o seguinte:
1. Agende
entrevistas com novos membros para expor-lhes as oportunidades;
2. Ofereça
treinamento para cada cargo ou função; dê modelo de como servir;
3. Associe os dons
espirituais com as oportunidades de trabalho;
4. Seguidamente,
anuncie as opções de serviço disponíveis;
5. Faça o
envolvimento no ministério partir do processo de recepção de membros;
6. Crie vários
níveis de responsabilidades para os novos membros, que se sentem apreensivos;
7. Ensine e exponha
a visão do sacerdócio universal dos crentes; todos têm um dom com o qual podem
participar;
8. Desenvolva
séries de compromissos realistas para que as pessoas possam dividir as
responsabilidades;
9. Promova o
rodízio entre os líderes, tanto quanto possível, para criar espaço para novas
pessoas;
10. Seguidamente,
elogie servos simples que acabam fazendo diferença.
DISCERNIMENTO:
PAULO MUDOU SEUS PLANOS ASSIM QUE TEVE O DISCERNIMENTO DAS NECESSIDADES
(At 16.1-13)
Todos os líderes
precisam ter discernimento. Paulo o tinha e o usava para escolher novos
líderes, para escolher as palavras que iria dizer diante de uma corte e para
saber onde deveria ir em seguida em suas viagens missionárias.
Quando a equipe de
Paulo viajava através da Ásia, ele deveria ter estado a ouvir o ESPÍRITO SANTO
em seus momentos de silêncio. DEUS o proibiu de falar certa vez na Ásia e o
compeliu a ir adiante. Em seguida, o ESPÍRITO proibiu Paulo de evangelizar na
Ásia e na Bitínia. Em Trôade, ele teve a visão na qual um homem o suplicava
para visitar a Macedônia.
Assim era a
dinâmica da liderança de DEUS. Líderes com discernimento, usualmente, repartem
alguns traços em comum. Esses são:
• bons ouvintes;
• intuitivos e
perceptivos;
• bem conectados;
• flexíveis;
• otimistas.
RESUMOS DAS LIÇÕES
- CPAD - https://www.cpad.com.br/revista-licoes-biblicas-aluno-4-tri-950004/p
O Apóstolo Paulo:
Lições da Vida e Ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de CRISTO
Subsídios das
lições deste trimestre foi escrito por Marcelo Oliveira, chefe do Setor de
Educação Cristã; bacharel em Teologia, licenciado em Letras; pós-graduado em
Educação, Gestão e Docência.
Lição 1 - O Mundo
do Apóstolo Paulo
Neste trimestre,
estudaremos a vida e o ministério do apóstolo Paulo. O mundo em que viveu, os
processos pelos quais passou, os oponentes contra a sua mensagem que enfrentou,
enfim, as diferentes circunstâncias na vida do apóstolo configuram uma série de
lições edificantes para a nossa caminhada cristã. Temas como perseguição,
conversão, vocação, poder no ESPÍRITO, plantação de igrejas, discipulado,
liderança, dentre outros, serão objetos de nosso estudo. Nesse sentido, ao
longo deste quarto trimestre, temos a oportunidade de aprender com o apóstolo
dos gentios.
O assunto desta
primeira lição é sobre o mundo em que o apóstolo viveu. Temos como objetivo
geral refletir sobre como o mundo de hoje pode ser uma porta aberta para a
pregação do Evangelho. Para atingir esse objetivo, estudaremos o mundo do
apóstolo Paulo no Império Romano, na cultura grega e na religião judaica.
Resumo da lição
A respeito do
império romano, estudaremos seu desdobramento político e geográfico. Esse
desdobramento impactou o ministério do apóstolo. Por meio da “pax romana”, um
ambiente de relativa paz no império, de suas malhas viárias e seus meios de
transportes, o apóstolo teve uma boa oportunidade para realizar suas diversas
viagens missionárias.
A respeito da
cultura grega, o grego koinê mostrou-se relevante na difusão dos escritos
apostólicos, além de a filosofia grega abrir oportunidades para novos
pensamentos e ideias. Esse fenômeno linguístico e cultural trouxe grandes
oportunidades para o ministério do apóstolo no mundo gentílico.
A respeito da
religião judaica, o apóstolo era perito em seus ensinamentos. A religião
judaica também influenciava determinadas áreas do império por meio das
sinagogas. A moral judaica como fruto da Lei de Moisés trouxe grande
contribuição ao ministério do apóstolo. Esse contexto ajudou na comunicação do
Evangelho pelo ministério do apóstolo.
Aplicação
É muito importante
que façamos o seguinte exercício reflexivo: a exemplo do apóstolo Paulo,
devemos conscientizar-nos do que há no mundo hoje que seja possível ser útil
para a propagação do Evangelho. Às vezes a nossa profissão pode abrir a porta
do Evangelho. Uma viagem pode abrir a porta do Evangelho. O uso de uma
tecnologia ou de uma arte pode abrir a porta do Evangelho.
Lição 2 - Saulo de
Tarso, o Perseguidor
Nesta lição,
estudaremos sobre as características que constituíam a personalidade
persecutória de Saulo. O nosso objetivo geral com este estudo é conscientizar
os irmãos de nossas classes acerca do problema da perseguição religiosa que
milhares de cristãos espalhados pelo mundo sofrem. A perseguição aos cristãos é
um problema neste século e, infelizmente, por causa de pensamento ideológico ou
por puro preconceito, é solenemente ignorada pela ONU, pela imprensa
internacional e, principalmente, pelas organizações de Direitos Humanos
espalhadas pelo globo.
Resumo da lição
Para fazer essa
conscientização, estudaremos as características persecutórias de Saulo no
primeiro tópico. Ali, há traços na personalidade de Saulo que mostram como ele
perseguia os cristãos. Primeiro, blasfemava contra eles, insultando-os como
heréticos do judaísmo. Segundo lugar, ele os perseguia nas casas, nas praças,
intentando sempre a envergonhá-los. Terceiro, os oprimia com violência,
açoites, sem qualquer respeito ao ser humano que professava a fé cristã.
Um segundo objetivo
específico é mostrar no segundo tópico a perseguição à igreja de Atos por meio
de um caráter mais amplo e sistemático. Ora, a igreja não era perseguida apenas
por um indivíduo, mas também por uma religião (o judaísmo), sob o auspício de
um império (o romano). Nesse sentido, por trás de Saulo, havia o mecanismo da
religião oficial e do poder imperial.
E, finalmente, o
último objetivo específico é mostrar como esse sistema religioso e político
operava contra a igreja. Havia ali prisões deliberadas e corroboradas pelo
império romano. Havia açoites oficiais, confabulações entre a religião oficial
com o império romano. Toda a estrutura religiosa e estatal estava a disposição
para perseguir a igreja que nascia e crescia em Jerusalém.
Aplicação
Busque informações
especializadas acerca da realidade persecutória da igreja contemporânea. O site
da Missão Portas Abertas é um dos que tem credibilidade em dados. É uma das
maiores instituições de apoio à igreja perseguida no mundo.
Converse com alunos
a respeito de milhares de cristãos vivendo a mesma realidade concreta dos
crentes em Atos dos Apóstolos. Eles são perseguidos pela religião oficial do
país em que estão, bem como pelo poder político.
Lição 3 - A
Conversão de Saulo de Tarso
Na lição desta
semana, falaremos sobre a maravilhosa graça de DEUS na vida de Saulo, o
perseguidor, e, ao mesmo tempo, sua resposta em arrependimento e fé ao Senhor
JESUS. O nosso objetivo nesta lição é asseverar que o nosso Senhor nos salva
pela graça mediante a fé, mas, ao mesmo tempo, devemos responder a esse chamado
com arrependimento e fé. Assim ocorre a verdadeira conversão, o novo
nascimento.
Resumo da lição
O primeiro tópico
apresenta a conversão de Saulo como um ato da graça de DEUS. Ali, percebemos
que a iniciativa de se revelar a Saulo foi do nosso Senhor. Ele se revelou ao
futuro apóstolo. Saulo viu o Senhor ressurreto por meio de uma experiência
sobrenatural.
O segundo tópico
relaciona a conversão de Saulo a doutrina bíblica da conversão, mostrando que a
obra de conversão no ser humano começa no arrependimento e perpassa uma vida de
transformação. Arrepender-se é a condição básica para a verdadeira conversão.
O terceiro tópico
elenca três faculdades interiores do ser humano que são afetadas com a
verdadeira conversão: intelecto, emoção e vontade. A verdadeira conversão faz
com que o ser humano todo seja regenerado, então, ele pode agora pensar,
desejar e fazer o que é do alto.
Aplicação
Este estudo nos
mostra que a verdadeira conversão traz uma nova maneira de pensar, sentir e
agir. Vivemos num tempo de profunda confusão existencial. Pessoas pensam uma
coisa, desejam outra e fazem outra coisa completamente diferente do que pensam
e desejam. A conversão bíblica harmoniza coração do crente. Agora é possível
pensar nas coisas do céu, desejá-las e executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). Assim,
somos celestialmente coerentes, pois pensamos, sentimos e agimos segundo o
ESPÍRITO SANTO que habita em nós.
Num contexto de
confusão espiritual, a presente lição destaca a importância de cada seguidor de
JESUS apresentar uma coerência existencial como resultado de uma verdadeira
conversão. Isso implica crente que não têm dúvidas a quem pertencem. Essa
convicção exige uma atitude destemida de viver o Evangelho de maneira clara,
coerente e profunda. Nós pertencemos ao Senhor, não há como voltar ao antigo
modo de vida. A única alternativa que a Palavra de DEUS nos dá é avançar,
seguir em frente. Jamais retroceder. Portanto, não retroceda. Avance!
Lição 4 - Paulo, a
Vocação para Ser Apóstolo
A lição desta
semana tem como tema a vocação. Nela, através da vida e do ministério do
apóstolo Paulo, perceberemos como DEUS vocaciona pessoas para a sua obra. Por
isso, estudaremos sobre o ponto de partida para a vocação de Paulo; a
efetivação da vocação do apóstolo Paulo por meio do seu encontro com o CRISTO
Ressurreto; e o aprendizado de Paulo no deserto para exercer a sua vocação.
Resumo da lição
O primeiro tópico
salienta que a presciência divina e a pessoa do ESPÍRITO SANTO são o ponto de
partida para a vocação do apóstolo Paulo. DEUS o chamou para uma grande obra
para viver na plenitude do ESPÍRITO. A vocação de Paulo tinha sido gestada em
DEUS e confirmada no ESPÍRITO SANTO como agente impulsionador do apóstolo.
O segundo tópico
enfatiza a experiência gloriosa do apóstolo com o CRISTO Ressurreto que
fundamentou sua vocação apostólica. Paulo viu o esplendor glorioso do CRISTO
Ressurreto por meio de uma experiência sobrenatural que mudou completamente sua
vida e ministério. Essa experiência gloriosa mudou definitivamente a vida do
apóstolo.
O terceiro tópico
relaciona a vocação de Paulo com o aprendizado no deserto. Este aperfeiçoou a
vocação do apóstolo em que sua vida foi tremendamente trabalhada por DEUS para
fazer a obra divina. As lições do deserto confrontaram as convicções de Paulo e
o prepararam para a sua mais nova etapa de vida. O apóstolo foi forjado pelo
ESPÍRITO SANTO.
Aplicação
A presente lição
nos ensina que a vocação de DEUS traz experiências profundas. Muitas vezes o
ESPÍRITO SANTO usará circunstâncias em nossas vidas para nos ensinar a respeito
de coisas que servirão lá na frente para nos trazer esperança com base na
experiência. É preciso aprender com as lições do “deserto” da vida ministerial.
Os desafios são muitos. Os obstáculos são grandes. Todavia, o aprendizado é
muito maior para nos tornarmos maduros na fé. Por isso devemos aproveitar as
lições dos “desertos” que enfrentamos.
É tempo de confiar
inteiramente em DEUS e em sua soberania. Quando Ele nos chama, faz com que a
nossa vida seja conduzida sempre em direção ao nosso chamado. Muitas vezes não
nos damos conta disso. Entretanto, é DEUS trabalhando em nosso favor e nos levando
ao centro de sua vontade. Que sejamos sensíveis à voz do ESPÍRITO SANTO.
Ouçamos o Senhor!
Lição 5 - “JESUS
CRISTO, e Este Crucificado” – A Mensagem do Apóstolo
O objetivo desta
lição é ressaltar o centro da mensagem cristã: JESUS, e este crucificado. O
apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO Ressurreto e, como consequência,
fez de sua missão de vida pregar o Evangelho por meio do Crucificado aos
gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da mensagem apostólica. Logo,
a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter esse mesmo propósito e firme
compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para desenvolver o
propósito da lição, o primeiro tópico destaca a centralidade da pregação de
Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com o CRISTO Crucificado, por
isso ela é considerada loucura da pregação entre judeus e gentios. É uma
mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para si mesmo e peça
misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo tópico
elenca as expressões-chave na pregação de Paulo. Expressões como “Evangelho de
CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO Ressurreto” são trabalhadas de modo a
resumir o conteúdo da mensagem do apóstolo dos gentios. Podemos dizer que o
Evangelho de CRISTO pode ser sintetizado no “CRISTO Crucificado” e no “CRISTO
Ressurreto”.
O terceiro tópico
pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses efeitos se revelam no crente
por meio de uma vida no poder de DEUS, na humildade e na dependência do
ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma mensagem de poder. A mensagem da
cruz nos constrange a viver de maneira humilde. E, finalmente, a mensagem da
cruz nos ensina a depender exclusivamente do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente lição
nos ensina que não podemos deixar de pregar mensagem da cruz ao pecador. É uma
mensagem de poder. Somos instados pelo ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com
autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a viver de maneira humilde, pois a
mensagem da cruz nos constrange a uma atitude singela e abnegada.
É uma mensagem que
nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente, somos estimulados a viver na
dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da proclamação do Evangelho. Sem
o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da cruz
nos faz depender menos de nós mesmos e mais do ESPÍRITO SANTO. Essa mensagem
traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos, portanto, a mensagem da cruz e
a proclamemos até a morte!
Lição 6 - Paulo no
Poder do ESPÍRITO
O ponto mais
importante desta lição é que o aluno, após estudá-la, esteja consciente a
respeito da necessidade de viver na plenitude do ESPÍRITO para fazer a obra de
DEUS. Nesse sentido, os demais tópicos colaborarão para que o aluno tenha essa
consciência. Não podemos deixar de reconhecer que é a dependência do ESPÍRITO
SANTO que garante a eficácia da evangelização e o crescimento saudável da
Igreja de CRISTO.
Resumo da lição
O primeiro tópico
da lição procura expor a verdade de que CRISTO deve ser pregado no poder do
ESPÍRITO. No ministério de Paulo, observamos o quanto o apóstolo era movido
pelo ESPÍRITO SANTO. Todo o seu caminho percorrido na exposição da Palavra de
DEUS tinha o ESPÍRITO SANTO como agente confirmador e sustentador. Pelo
ESPÍRITO, Paulo não tinha outra missão, senão, a de pregar CRISTO JESUS no
poder do alto.
O segundo tópico
tem como objetivo identificar o argumento de Paulo sobre a plenitude do
ESPÍRITO. O que o apóstolo quer dizer com essa expressão? Para isso, o texto
bíblico (At 18) mostra como Paulo agiu para que Apolo fosse doutrinado acerca
do ESPÍRITO SANTO. Apolo era um pregador habilidoso, mas não havia
experimentado ainda o poder do ESPÍRITO. Ou seja, além de nascer de novo, o
seguidor de JESUS pode e deve ter uma experiência sobrenatural por intermédio
do Batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência das línguas estranhas.
Terceiro tópico
apresenta as fontes de Paulo para a experiência no ESPÍRITO SANTO. Em primeiro
lugar, sem dúvida, eram as Escrituras Sagradas. Embora a Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade não aparecesse de maneira clara no Antigo Testamento, era
possível percebê-la e confirmá-la com a revelação em CRISTO JESUS que o
apóstolo acabara de tomar contato. Em segundo, a experiência do Pentecostes foi
algo marcante que chegou ao apóstolo, embora este não estivesse participado
daquele evento.
Aplicação
Assim, fica claro
que o Batismo no ESPÍRITO SANTO é uma capacitação indispensável para a
eficiência da obra de DEUS e o melhor exercício de uma vocação. É preciso que
os vocacionados se encham do ESPÍRITO SANTO para fazer a obra de DEUS com
poder. Um poder que vem do alto, que vem de DEUS. Deixe claro que não é vontade
divina viver uma vida espiritual sem experimentar uma dimensão mais profunda do
ESPÍRITO SANTO.
Lição 7 - Paulo, o
Plantador de Igrejas
A Igreja de CRISTO
tem a sua dimensão visível na igreja local. Para se estabelecer uma igreja
local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que tiveram uma experiência com
CRISTO, para plantar igrejas. Nesse sentido, a lição desta semana tem como
propósito motivar a igreja local, especificamente pessoas vocacionadas, a
plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu porque houve crentes
dispostos que ouviram a voz do ESPÍRITO SANTO para abrir suas casas como um
ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a esse
propósito, o tópico primeiro mostra que o apóstolo Paulo foi um desbravador do
Evangelho sob uma gloriosa obrigação de pregar o Evangelho de CRISTO. Não há
dúvidas de que o apóstolo foi o grande desbravador do Evangelho no mundo gentílico.
Ele plantou igrejas em lugares que pessoas nunca haviam tido contato com o nome
de JESUS. Essa disposição era vista pelo apóstolo como uma gloriosa obrigação a
ser cumprida. E ele a cumpriu com alegria.
O tópico segundo
procura sinalizar Antioquia como um lugar estratégico para o crescimento da
Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja missionária. Dela, muitas outras
igrejas foram geradas no Reino de DEUS. Isso lembra muito o crescimento das
igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma igreja numa determinada
localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram gestadas no país. Uma
igreja referência cumpre uma função estratégica para plantar novas igrejas. Ela
desempenha esse papel formando, capacitando e enviando novos obreiros.
O terceiro tópico
procura pontuar as características de um plantador de igreja. Uma dessas
primeiras características está na motivação do plantador. No ministério de
Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de sua experiência gloriosa com
CRISTO. Essa experiência faz com que o plantador de igrejas tenha um senso de
urgência no mundo a respeito da evangelização. Além, claro, de esse plantador
ser experimentado nos obstáculos da caminhada e perseverar na plantação de
igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos
ensina que é preciso ter experiência com CRISTO. Quem tem essa experiência
verdadeira tem tudo para buscar a vocação missionária. É preciso também ser
compromissado com a Palavra de DEUS, a Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e
prática da igreja local.
Lição 8 - Paulo, o
Discipulador de Vidas
Pregar e ensinar
são uma missão integral da Igreja de CRISTO. É necessário pregar o Evangelho,
mas também é preciso formar pessoas segundo o Evangelho de nosso Senhor. Para
isso existe o discipulado cristão. O ministério de Paulo nos ensina que, ao
plantar igrejas, o apóstolo procurava sempre as confirmar, ou seja, averiguar
conforme elas estavam progredindo na fé em CRISTO.
Resumo da lição
O objetivo geral da
lição é revelar a missão integral da igreja no discipulado: pregar e ensinar.
Para isso, o primeiro tópico relaciona o ministério do apóstolo Paulo com o
discipulado cristão. Nele, o discipulado aparece como ordem do Senhor JESUS na
Grande Comissão (Mt 28.19,20). Assim, o apóstolo observou essa ordenança com
fidelidade à medida que pregava o Evangelho e discipulava os nascidos de novo.
Seu método era simples: pregação, plantação de igrejas e formação dos novos
crentes.
O segundo tópico
salienta a integralidade da missão da Igreja: pregar e ensinar. Em Paulo, vemos
que a pregação é o ponto de partida. Já o discipulado é o processo formativo a
partir das minúcias do Evangelho. Assim, a Palavra de DEUS deixa claro que a igreja
local deve ser um local de pregação com autoridade do Evangelho e, ao mesmo
tempo, uma agência que ensina a Bíblia de maneira sistemática e didática a todo
crente. Pregar e ensinar: eis a nobre e integral missão da Igreja de CRISTO.
O terceiro tópico
pondera a respeito do discipulado com pessoas de culturas diferentes. O
ministério de Paulo enfrentou o desafio de ensinar pessoas de diferentes
culturas. Por exemplo, a Carta aos Romanos mostra que o público-alvo era
constituído de judeus e gentios cristãos. Por isso, no capítulo 14 da carta, o
apóstolo trabalha a ideia da tolerância em que esses grupos devem praticar
entre eles. O desafio era cuidar da unidade no que era essencial. O processo do
discipulado nos traz desafios em que o choque de culturas aparecerá
inevitavelmente. Isso aconteceu em Romanos, aos coríntios, aos tessalonicenses.
O discipulado cristão traz desafios culturais.
Aplicação
É necessário
capacitar pessoas para exercer com zelo e piedade o discipulado cristão.
Enfrentemos o desafio de chamar os pecadores e, posteriormente, formá-los
segundo o Evangelho que apresentamos. Estejamos prontos para o desafio de
comunicar o Evangelho aos outros.
Lição 9 - Paulo e
sua Dedicação aos Vocacionados
Além de pregar,
plantar igrejas, formar discípulos, o apóstolo dos gentios se dedicava ao
máximo aos novos obreiros. É tocante como ele trata obreiros novos, como
Timóteo e Tito, em suas cartas pastorais. O ESPÍRITO SANTO inspirou o apóstolo
a registrar em cartas tal preocupação para que essa também fosse a preocupação
das lideranças contemporâneas. Formar novas lideranças e cuidá-las são
responsabilidades das lideranças mais antigas. A vida e o ministério de Paulo
nos mostram que esse zelo é um aspecto importante de uma liderança sábia.
Resumo da lição
Neste propósito, o
primeiro tópico aponta a cidade de Éfeso como ponto de partida dos
vocacionados. A história da Igreja mostra que dali grandes obreiros se
desenvolveram na seara do mestre. A despedida carinhosa de Paulo com os anciões
de Éfeso mostra o quanto esse cuidado paulino era reconhecido entre os efésios.
Não por acaso, a igreja de Éfeso ficou conhecida como a igreja que se destacava
no zelo doutrinário. Ou seja, seus obreiros eram muito bem formados.
Com o objetivo de
assinalar o legado doutrinário de Paulo para os novos líderes, o segundo tópico
destaca advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos em
relação à saúde espiritual da igreja. O apóstolo expôs ao longo de seu
ministério o quanto era incompatível com a mensagem pura do Evangelho os
ensinos dos judaizantes e dos gnósticos. O legado de Paulo nos mostra que
salvação é mediante a graça de DEUS (advertência contra os judaizantes), mas
que essa graça não pode ser banalizada nem profanada (advertência contra os
gnósticos).
O terceiro tópico
apela aos líderes a respeito do desprendimento material do obreiro para fazer a
obra de DEUS, sobre o cuidado pessoal do obreiro e quanto às ameaças dos “lobos
cruéis”. A vida e o ministério do apóstolo dos gentios ensinam esse modo virtuoso
de agir na obra de DEUS. É preciso aprender a estar satisfeito com o que DEUS
nos dá; precisamos nos apresentar a DEUS aprovados; é nosso dever agir com
prudência em relação aos falsos obreiros.
Aplicação
Há muitos entre nós
que se sentem vocacionados por DEUS para uma obra. O ministério de Paulo nos
ensina que a igreja local, por meio de seus líderes mais maduros, deve cuidar
dessas novas vocações com zelo e cuidado. Não se pode deixar essa chama se apagar.
Lição 10 - Paulo e
seu Amor pela Igreja
Algo que se destaca
com clareza no ministério de Paulo é o seu amor pela Igreja de CRISTO. Podemos
dizer que todo o seu ministério foi desenvolvido sob o prisma do amor pela
Noiva de CRISTO. Por isso, na lição desta semana, nosso objetivo principal é
compreender e estimular os alunos a amar a Igreja de CRISTO. A relevância desta
se lição está no contexto atual em que se tornou muito comum, e de maneira
mórbida, criticar a igreja. Assim, nosso objetivo é olhar de maneira positiva
sobre a importância da igreja local.
Resumo da lição
Para atingir esse
objetivo, o primeiro tópico é um estímulo a amar a igreja local. Ele destaca o
amor de Paulo pela Igreja. Nesse tópico, o apóstolo compara o seu amor pela
Igreja como o de um pai para com o seu filho. Suas admoestações, exortações e
conselhos tinham como base fundamental o amor. Um amor motivado pela causa do
Evangelho. Um amor que norteava toda a vida do apóstolo. Esse amor era visível
na igreja em Tessalônica e, da mesma forma que esse amor era visível na igreja
do primeiro século, pode ser visível na igreja contemporânea.
O segundo tópico
relaciona o amor com a fé na Igreja. Na igreja em Tessalônica a fé se
relacionava com o amor, ou seja, a fé em CRISTO estimulava a vivência no amor.
Uma das coisas mais extraordinária na vida cristã é quando o fervor espiritual
estimula o amor fraternal, isto é, o desenvolvimento do fruto do ESPÍRITO que
só pode ser amadurecido no relacionamento com o próximo. Nesse sentido, em
Efésios, o apóstolo Paulo nos diz: “Enchei-vos do ESPÍRITO” (Ef 5.18). Assim, o
resultado desse enchimento é visível na dimensão prática do amor na relação do
crente com o cônjuge, com os filhos, com o patrão e com os funcionários (Ef
5.22 – 6.9).
O terceiro tópico
elenca três virtudes visíveis na igreja em Tessalônica: fé, amor e esperança. A
virtude da fé nos fala de nossa devoção ao Senhor, de nossa fé conforme a sã
doutrina entregue pelos antigos. A virtude do amor diz respeito ao sentimento muito
profundo que se manifesta na prática concreta ao próximo: carinho, atenção,
suprir necessidade, cuidado, zelo. E, finalmente, a terceira virtude é a
esperança. Esta é uma “irmã gêmea” da fé. Quem espera, persevera e, como
consequência, tem esperança.
Aplicação
Nesta lição, somos
chamados a amar a Igreja e, ao mesmo tempo, cultivar a fé e a esperança na
igreja local.
Lição 11 - O Zelo
do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
O objetivo geral
desta semana é asseverar o zelo da Igreja pela Sã Doutrina. Recebemos uma
herança doutrinária dos apóstolos. Estes receberam-na do próprio Senhor JESUS.
Por isso, o nosso desafio é perseverar nesse santo ensinamento e praticá-lo com
todo zelo. Não podemos renunciar ao verdadeiro Evangelho. Num contexto em que
há muitas falsificações, urge estar alertas quanto à pureza da preciosa
doutrina.
Resumo da lição
Para desenvolver
esse assunto, o primeiro tópico conceitua e relaciona os termos Ortodoxia e
Heterodoxia. No sentido de mostrar o que queremos dizer com “zelo doutrinário”,
é importante conhecer o que é ortodoxo e heterodoxo. Assim, ortodoxo é todo
ensinamento que está de acordo com o que JESUS CRISTO ensinou e os apóstolos
transmitiram aos novos seguidores de CRISTO. E heterodoxo é todo ensino que
escapa a ordem e o contexto do que JESUS e seus apóstolos ensinaram.
O segundo tópico
adverte para o perigo da corrupção doutrinária. Ou seja, qualquer ensino que
escapa ao que JESUS e os apóstolos ensinaram. Na época apostólica, ensinamentos
espúrios ameaçavam as igrejas locais. Filosofias pagãs eram disseminadas com
vestimentas de ensinamento cristão. O apóstolo Paulo advertiu sobre isso em
suas cartas, mostrando que a igreja local deve ter cautela e prudência,
rejeitando sempre qualquer ensinamento que manche a pureza do santo Evangelho.
Finalmente, o
terceiro tópico apresenta a Igreja como a guardiã da Sã Doutrina por
excelência. Assim, o Senhor levantou ministros, pessoas chamadas para zelar
pela Palavra de DEUS, bem como sua inerrância e suficiência, a fim de que o
povo de DEUS seja edificado de maneira saudável. Logo, a Igreja de CRISTO deve
exercer o seu papel de “coluna e firmeza da verdade”.
Aplicação
A lição nos ensina
que há uma doutrina verdadeira, legada pelo Senhor JESUS CRISTO e seus
apóstolos. É a nossa herança de fé. É um legado que não podemos abrir mão. É
preciso mergulhar nesse legado.
A lição também
adverte que há um perigo real de corrupção doutrinária. Muitos, infelizmente,
dividiram igrejas por causa de modismos e vãos ensinamentos. É preciso não
ignorar o perigo de um falso ensinamento. Finalmente, como Igreja de CRISTO,
que é “coluna e firmeza da verdade”, devemos perseverar na Sã Doutrina. Aquela
doutrina legada pelo Senhor e seus apóstolos.
Lição 12 - A
Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Ter coragem diante
da morte. A Bíblia também nos ensina a respeito de como o crente deve lidar com
a morte. Por isso, a lição desta semana é uma oportunidade de conscientizar a
classe sobre ter coragem diante da morte a partir da vida no ESPÍRITO e da esperança
cristã. Quando a nossa consciência tem uma imagem vívida da bendita esperança,
somos motivados a perseverar diante do sofrimento, conforme as palavras do
salmista: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal
algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” (Sl
23.4).
Resumo da lição
Para conscientizar
a classe acerca desse importante ensinamento, o primeiro tópico mostra a
consciência de Paulo quanto a padecer por CRISTO. A narrativa bíblica de Atos
21 apresenta a reação do apóstolo diante de uma profecia que afirmava que ele
seria entregue nas mãos dos gentios (At 21.11). A resposta de Paulo revela a
sua consciência profunda a respeito da esperança cristã: “[...] Estou pronto
não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS”
(At 21.13). O ESPÍRITO SANTO enchia o apóstolo da esperança em CRISTO para que
ele fizesse o caminho voluntário do martírio.
O tópico segundo
aponta essa coragem apostólica para enfrentar as ameaças de morte. Ele revela
que o ESPÍRITO SANTO era a fonte de sua coragem para morrer pela causa do
Evangelho. Como estudamos em lições anteriores, o ESPÍRITO SANTO impulsionava o
ministério apostólico de Paulo. Ele enchia o apóstolo e falava-lhe ao coração
para fazer a vontade divina, mesmo que isso significasse correr riscos fatais
pela causa do Evangelho.
O terceiro tópico
destaca as acusações e prisões de Paulo no Templo. Essas acusações mentirosas
implicaram a prisão do apóstolo. Entretanto, mesmo preso, o apóstolo foi muito
produtivo na causa do Evangelho. Muitas de suas cartas foram escritas na prisão.
O ministério de Paulo mostra-nos uma das verdades mais consoladora e
encorajadora da fé cristã: quem vive na liberdade do ESPÍRITO, ainda que esteja
fisicamente preso, continua experimentando a verdadeira liberdade em CRISTO.
Aplicação
O ESPÍRITO SANTO
por meio da bendita esperança cristã nos encoraja e nos enche de confiança
quanto ao padecimento por amor à causa de CRISTO. O ESPÍRITO faz isso por nós e
em nós. Vivamos no ESPÍRITO! Tenhamos esperança!
Lição 13 - A
Gloriosa Esperança do Apóstolo
Chegamos ao final
de mais um trimestre. Esta última lição coroa o estudo sobre a vida e o
ministério do apóstolo Paulo. A Palavra de DEUS mostra que o apóstolo cultivava
a esperança cristã em sua vida e que ela cumpriu um papel importante diante de
circunstâncias das mais difíceis na vida do apóstolo. Nesse sentido, com base
na esperança apostólica, esta última lição tem como objetivo enfatizar a
gloriosa esperança dos cristãos.
Resumo da lição
O primeiro tópico
ressalta a consciência de Paulo diante de morte. Uma das coisas mais
importantes na caminhada cristã é estar consciente diante do enfrentamento que
se trava. O apóstolo estava preso e estava consciente de que a sua saída da
cela era para a morte. Mas o que enchia o apóstolo de esperança era a herança
espiritual que lhe esperava. O apóstolo já estava completamente desapegado da
Terra, seu alvo era apenas ser participante da glória celestial que breve
estaria diante dele.
O segundo tópico
apresenta a doutrina bíblica de Paulo sobre a volta do Senhor. O tópico mostra
que a volta de CRISTO se dará em duas fases: a primeira, visível somente aos
santos do Senhor; a segunda, visível a todos os homens. A primeira fase é o
Arrebatamento da Igreja e a segunda é vinda gloriosa e triunfal do Senhor JESUS
com sua Noiva.
O terceiro tópico
expõe sobre os tempos e estações até a volta do Senhor. Esse tópico ressalta
que não cabe a nós adivinhar os tempos e as estações de que todas essas coisas
acontecerão. O precisamos cultivar é uma vida no ESPÍRITO, com vigilância,
aguardando que o Senhor venha a qualquer momento.
Aplicação
Com Paulo
aprendemos que a esperança cristã lida com a morte de uma maneira concreta. A
morte existe e não podemos evitá-la. Entretanto, é possível enfrentá-la de
maneira gloriosa e sublime, pois a morte não é o fim, mas o início de uma nova
etapa da vida cristã. Devemos nos preparar para essa etapa da vida cristã: o
Arrebatamento da Igreja. Essa preparação envolve vigilância espiritual,
santidade na vida e cultivo da verdadeira esperança. Nossos olhos devem estar
voltados para esse grande acontecimento.
O nosso objetivo,
portanto, não é adivinhar o dia e a hora da vinda do Senhor, mas viver a vida
cristã na dimensão do ESPÍRITO SANTO e na dimensão do porvir. Nosso Senhor
breve virá!
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO
1 - CPAD
OBJETIVO GERAL -
Saber como o mundo de hoje é uma porta aberta para o Evangelho.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Apresentar o mundo
de Paulo no império romano;
Discorrer sobre o
mundo cultural de Paulo;
Descrever o mundo
religioso de Paulo.
INTERAGINDO COM O
PROFESSOR
Mais um ano está
chegando ao fim. Neste último trimestre, estudaremos a vida e o ministério de
um grande homem usado por DEUS: o apóstolo Paulo. É uma oportunidade para
aprender e colocar em prática princípios eternos que nortearam a vida desse mui
digno homem de DEUS.
Nesta primeira
lição, você pode propor uma reflexão aos alunos a respeito das circunstâncias
que o mundo de hoje nos oferece para pregar o Evangelho. À luz do mundo
político, cultural e religioso do apóstolo dos gentios, reflita com os alunos
as portas abertas para o Evangelho no mundo atual.
Apresente o
comentarista do trimestre, o pastor Elienai Cabral, escritor, conferencista e
consultor doutrinário e teológico da CGADB/CPAD.
PONTO CENTRAL - O
mundo de hoje é uma porta aberta para o Evangelho
SÍNTESE DO TÓPICO I
- A “pax romana”, a geografia e os meios de transporte urbanos e do campo do
império romano contribuíram para a propagação do Evangelho.
SÍNTESE DO TÓPICO
II - O grego koinê era a principal língua do tempo do apóstolo e, como mola
propulsora da cultura grega, ela contribuiu para a propagação da mensagem
escrita do Evangelho.
SÍNTESE DO TÓPICO
III - O apóstolo Paulo se identifica como judeu, pois ele foi criado dentro da
fé judaica.
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
TOP1
Esta lição nos
mostra os três “mundos” do apóstolo Paulo: o romano, o grego e o judeu. O
apóstolo teve certa liberdade para peregrinar dentro do império. Ele também se
comunicou na língua predominante da época, o grego koiné, bem como fez uso da
vasta literatura de seu tempo. Paulo também era judeu. A moral judaica estava
presente em algumas partes do império por meio das sinagogas. A soma de tudo
isso serviu ao ESPÍRITO SANTO para que a vida do apóstolo fosse usada
integralmente para a causa do Evangelho no mundo gentílico.
Por isso, sugerimos
que você introduza o assunto desta lição perguntando aos alunos acerca da
contribuição cultural, política e religiosa que o mundo atual nos dá para
pregar o Evangelho. Quais as necessidades que o mundo de hoje apresenta? Como o
Evangelho pode preenchê-las?
SUBSÍDIO PENSAMENTO
CRISTÃO TOP2
“À medida que o
cristianismo se expandia no mundo romano, a Igreja Primitiva enfrentava muitas
questões e desafios novos. Os pais escreveram e ensinaram, individualmente e em
reuniões de concílios, no esforço de responder a essas questões. Muitas de suas
soluções ainda formam um fundamento essencial para a reflexão teológica, a
organização da igreja e a vida cristã.
Entre as
contribuições da Igreja Primitiva para a formação de uma cosmovisão cristã,
quatro áreas foram particularmente importantes: 1) autodefinição, quer dizer, a
compreensão do que significa ser cristão em referência ao judaísmo, 2) a
relação do cristianismo com a cultura não-cristã [grega], segundo reflexões
feitas pelos apologistas ou defensores da fé, 3) a visão cristã de DEUS e de
JESUS CRISTO nos primeiros concílios ecumênicos, e 4) a relação do cristianismo
com o governo”(PALMER, Michael D. (Ed). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001, p.113).
CONHEÇA MAIS TOP2
*O Evangelho no
mundo gentílico
“O Evangelho já
havia sido pregado em Jerusalém, Judeia e Samaria. Desarraigado pela mão feroz
de Saulo, o perseguidor, estabeleceu-se na grande cidade de Antioquia. O
propósito do Evangelho era ser transplantado. Antioquia, que veio a ser um
centro missionário, foi o ponto de partida para Paulo.” Para ler mais, consulte
a obra “Atos: E a Igreja se Fez Missões”, editada pela CPAD, p.145.
SUBSÍDIO PENSAMENTO
CRISTÃO TOP3
“Desde o princípio,
a Igreja recém-nascida achou-se num mundo multicultural. Seu contexto imediato
e seus primeiros membros eram quase exclusivamente judeus. Uma preocupação
inicial que a comunidade de crentes enfrentou dizia respeito à sua relação com
o judaísmo do século I. O indivíduo tinha de se tornar judeu para ser
verdadeiro seguidor de JESUS? A identificação com a comunidade de crentes
livrava a pessoa de todas as expectativas tradicionais dos judeus? E as
Escrituras dos judeus? Elas foram substituídas em todo ou em parte por JESUS
CRISTO?
Estas preocupações
estavam em primeiro lugar na mente dos autores neotestamentários, especialmente
de Paulo. Como ‘apóstolo aos gentios’, Paulo estava particularmente preocupado
que fossem permitidos tanto aos gregos, aos bárbaros (os não-gregos), aos judeus
e aos gentios, terem uma posição igual na comunidade de fé (Gálatas 3.28;
Colossenses 3.11).” (PALMER, Michael D. (Ed). Panorama do Pensamento Cristão.
Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.113).
PARA REFLETIR - A
respeito de “O Mundo do Apóstolo Paulo”, responda:
Paulo era natural
de qual cidade? Tarso, capital da Cilícia.
O que Atos 9
mostra? Atos 9 mostra que, em sua infinita sabedoria e presciência, DEUS
separou Paulo e o chamou a partir de uma experiência espiritual sobrenatural,
bem diferente dos demais apóstolos, para levar o nome de JESUS ao mundo
gentílico (At 9.15).
Qual era a língua
mundial nos dias de Paulo? O grego koiné.
Como Paulo declara
a sua defesa em Atos 22.3? Em Atos 22.3, Paulo declara a sua defesa assim: “Eu
sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia”.
A quem se
restringia o mundo missionário dos primeiros apóstolos? O mundo missionário dos
apóstolos de JESUS restringia-se, numa visão inicialmente limitada, apenas ao
povo judeu (At 11.19).
CONSULTE - Revista
Ensinador Cristão - CPAD, nº 87, p. 36.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Escrita Lição 12, CPAD, O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia,
4Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
Para me ajudar PIX
33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
TEXTO ÁUREO
“E, servindo eles
ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo
para a obra a que os tenho chamado.” (At 13.2)
VERDADE PRÁTICA
A ação do ESPÍRITO SANTO
é a garantia do sucesso de toda a obra missionária.
Segunda - At 11.19,20 A igreja em Antioquia da Síria era estratégica para missões
Terça - At 8.1 A dispersão em Jerusalém contribuiu para a fundação da igreja em Antioquia
Quarta - 1 Co 12.28; Ef 4.11 Os dons espirituais e ministeriais servem à obra missionária
Quinta - At 13.2,3 O jejum e a oração são necessários para o envio missionário
Sexta - At 14.8-28 Missões em diversas cidades e países não alcançados
Sábado - Sl 126.5,6 Na obra missionária quem planta com lágrimas colhe com alegria
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 11.19-26; 13.1-5
Atos 11.19 - E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus.
20 - E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor JESUS.
21 - E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.
22 - E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia,
23 - o qual, quando chegou e viu a graça de DEUS, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.
24 - Porque era homem de bem e cheio do ESPÍRITO SANTO e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25 - E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia.
26 - E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.
Atos 13. 1 E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
Hinos Sugeridos: 230, 272, 378 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
O modelo de Missões da primeira igreja formada por gentios é o objeto de nosso
estudo nesta semana. A igreja de Antioquia é um modelo poderoso do Novo
Testamento para a prática missionária contemporânea. Essa igreja foi
estabelecida dentro de um contexto de diversidade, pois seus líderes vinham de
origens diversas como vemos ao longo da lição.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a natureza e as características da Igreja
de Antioquia; II) Expor sua a natureza missionária; III) Enfatizar o serviço de
Missões em Antioquia.
B) Motivação: A lição desta semana, dentre muitos ensinamentos, nos ensina a
natureza espiritual da obra de missões. O jejum e a oração eram disciplinas
essenciais para selecionar e enviar os missionários para a evangelização do
mundo.
C) Sugestão de Método: Para introduzir o terceiro tópico, a partir da Bíblia de
Estudo Pentecostal Edição Global, sugerimos que você reproduza a primeira
viagem missionária de Paulo e Barnabé por meio de mapa. Aqui, é muito
importante reconstruir o itinerário missionário a partir da igreja de Antioquia
da Síria, mostrando o quanto que a primeira viagem missionária era complexa e
desafiadora.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Estimule a sua classe a reproduzir o início das missões em
Antioquia, o roteiro da viagem missionária e a prestação de contas que o
apóstolo fez. Faça isso por meio de perguntas reflexivas, solicitando que eles
expliquem como podemos reproduzir esse modelo hoje.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz
reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas
Adultos. Na edição 95, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta
lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão
suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Ser Cristão", ao final
do primeiro tópico, amplia a reflexão a respeito da identidade cristão
mencionada a respeito dos cristãos de Antioquia; 2) O texto "A Função do
Missionário", localizado depois do segundo tópico, aprofunda a reflexão a
respeito da a tarefa do missionário à luz da seleção e do envio missionários em
Atos 13.
ESBOÇO DA LIÇÃO
I – A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E
CARACTERÍSTICAS
1. Antioquia da Síria
2. A igreja em Antioquia
3. Uma obra de leigos
II – UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO
1. “Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1)
2. Uma liderança servidora (v.2)
3. “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v.2)
III – O SERVIÇO DE MISSÕES
1. O início das missões cristãs
2. Roteiro da viagem e atividades missionárias
3. Prestando contas
COMENTÁRIO – INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a respeito da primeira
igreja cristã formada por gentios: a igreja de Antioquia. Veremos a sua
fundação e formação, sua vida ministerial e de comunhão, como foram os
resultados produzidos da prática missionária da igreja. Teremos, portanto, uma
amostra clara de que nessa igreja havia uma dinâmica simples, porém, profunda:
jejum e oração para pedir orientação ao ESPÍRITO SANTO; jejum e oração para
executar a orientação do ESPÍRITO SANTO (fazer missões); uma prática
missionária na dependência do ESPÍRITO SANTO.
PALAVRA-CHAVE – Modelo
I – A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E
CARACTERÍSTICAS
1. Antioquia da Síria
Antioquia da Síria era conhecida como “A rainha do
Oriente”. A cidade tinha uma população estimada de 500 mil habitantes.
Antioquia era constituída de diversas nacionalidades e, por isso, dizia-se ser
possível conhecer os costumes do mundo inteiro pela mistura de povos que
frequentavam suas praças. Não por acaso, essa cidade tornou-se “a segunda
capital do Cristianismo”, depois de Jerusalém, e a sede de Missões da Igreja
Cristã. Por isso, o evangelista Lucas altera o foco de sua narrativa, outrora
centralizada em Jerusalém, para o ministério aos gentios, a partir de Antioquia
da Síria, e a subsequente disseminação da igreja pelo mundo (At 11.19).
Outrossim, não se deve confundir essa cidade com Antioquia da Pisídia,
mencionada em Atos 13.14.
2. A igreja em Antioquia
Após a perseguição que sucedeu por causa da morte
de Estevão, que fez os membros da igreja de Jerusalém se dispersarem para a
Judeia e Samaria (At 8.1), o ESPÍRITO SANTO dirigiu os passos dos primeiros
cristãos dispersos para os confins da Terra, chegando, portanto, à Antioquia da
Síria (At 11.22,23). Nessa cidade, após uma série de conversões, ocorreu a
fundação da primeira igreja gentílica (At 11.26). Essa igreja tornou-se o
centro da obra missionária de Paulo, o apóstolo dos gentios. É importante
ressaltar que havia apenas duas cidades mais importantes do que Antioquia da
Síria: Roma e Alexandria. Portanto, o Evangelho pregado a partir de Antioquia
para outras regiões do mundo era espiritualmente estratégico.
3. Uma obra de leigos
Não foram os apóstolos ou obreiros, mas os leigos,
os discípulos e os crentes em geral, outrora dispersos por causa da perseguição
em Jerusalém, que anunciaram o Evangelho aos gentios e, consequentemente,
fundaram a igreja em Antioquia (At 11.19). Por causa do anúncio do Evangelho, a
mão do Senhor estava sobre os crentes dispersos em Antioquia, o que fez com que
muita gente se convertesse a CRISTO. Essa notícia chegou a Jerusalém, a ponto
de os apóstolos enviarem Barnabé para verificar de perto o que estava
acontecendo. Barnabé viajou mais de 400 quilômetros, de Jerusalém até
Antioquia. Ao chegar à cidade, ele se alegrou ao constatar que a graça de DEUS
havia alcançado muita gente e exortou a todos que permanecessem firmes no
Senhor. Nessa oportunidade, pela primeira vez, os discípulos da igreja em
Antioquia foram chamados de cristãos (At 11.26).
SINÓPSE I
A igreja de Antioquia foi fundada por leigos e,
consequentemente, por cristãos gentílicos.
Auxílio Bibliológico
SER CRISTÃO
“A palavra ‘cristão’ (gr. christianos) ocorre
apenas três vezes no Novo Testamento (11.26; 26.28; 1Pe 4.16). Originalmente
era um termo que descrevia servos e seguidores devotos de CRISTO que não tinham
medo de se separarem da impiedade, da corrupção e da imoralidade na sociedade,
a fim de se identificarem com CRISTO. Hoje o termo se tornou um nome genérico
aplicado a quase todos os que afirmam crer em JESUS CRISTO. Como resultado, o
termo foi quase esvaziado do significado original do Novo Testamento. O termo
deveria sugerir [...] a ideia da nossa relação pessoal profunda e da nossa
devoção a CRISTO (Rm 8.38-39)” (Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1962).
II – UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO
1. “Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1)
A igreja em Antioquia tinha uma boa liderança
exercendo a vocação. Nessa igreja, DEUS estabeleceu profetas e doutores (1 Co
12.28; Ef 4.11). Os profetas eram pessoas que exerciam o dom de transmitir a
mensagem DEUS sob inspiração do ESPÍRITO SANTO e de maneira espontânea. Os
doutores, ou mestres, eram cheios do ESPÍRITO SANTO e ensinavam a Palavra de DEUS
com autoridade e sabedoria do alto; não eram, portanto, homens orgulhosos e
cheios de sabedoria meramente humana.
2. Uma liderança servidora (v.2)
A liderança da igreja de Antioquia era constituída
sem barreiras raciais ou espirituais, por exemplo: Barnabé – consolador,
misericordioso; Simeão – negro, africano; Lúcio – cireneu, africano; Manaém –
irmão de criação ou de leite de Herodes, o Tetrarca (Herodes Antipas), que
matou João Batista; Saulo – fariseu, ex-perseguidor da Igreja. Essa profunda
comunhão de adoração, oração e serviço na diversidade de pessoas salvas trazia
uma convicção de trabalho em favor das multidões não alcançadas da Ásia Menor e
da Europa.
3. “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v.2)
Nesse ambiente de sensibilidade espiritual, o ESPÍRITO
SANTO ordenou que separassem Barnabé e Saulo. Em seguida, eles foram enviados
para o campo. Note que, antes de receberem a orientação do ESPÍRITO SANTO, a
liderança (profetas, mestres) e toda a igreja estavam no propósito de jejum e
oração (v.2). Após receberem a orientação do ESPÍRITO e, antes de enviarem
Barnabé e Saulo ao campo missionário, profetas, mestres e toda a igreja
continuavam jejuando e orando (v.3). A lição aqui é muito clara: na obra
missionária, e em qualquer projeto na obra de DEUS, devemos entrar num
propósito de jejum e oração para receber a orientação do ESPÍRITO, bem como
para executar a orientação do ESPÍRITO. Sem dúvida, essa era a base do sucesso
missionário da igreja em Antioquia.
SINÓPSE II
Profetas e doutores constituíam uma liderança
servidora, estabelecida sem barreiras raciais ou espirituais.
Auxílio Bibliológico
“A FUNÇÃO DO MISSIONÁRIO”
“Os missionários cristãos hoje devem se dedicar ao
mesmo tipo de atividade: serem ministros (isto é, servos) de CRISTO e
mensageiros do seu evangelho (isto é, ‘boas-novas’). Embora os missionários
também possam servir a muitas necessidades práticas (particularmente em
culturas que estão fechadas à pregação pública do evangelho), o propósito
principal deles ainda deve ser apresentar as pessoas a CRISTO; Ele é o único
que pode resgatá-las das consequências finais do pecado e da rebelião contra DEUS,
e do poder de Satanás (26.18). Além disso, a obra de um missionário envolve
disciplinar novos crentes (isto é, treiná-los nas disciplinas práticas de
seguir a CRISTO e aprender de sua Palavra diariamente). Isto inclui
incentivá-los a receber o ESPÍRITO SANTO e seus dons (2.38; 8.17) e ensiná-los
a obedecer tudo o que CRISTO mandou (Mt 28.19-20)” (Bíblia de Estudo
Pentecostal Edição Global. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1965).
III – O SERVIÇO DE MISSÕES
1. O início das missões cristãs
A narrativa de Lucas, que denominamos de primeira
viagem missionária de Paulo, começa em Antioquia com a escolha de Barnabé e
Paulo, pelo ESPÍRITO SANTO, para uma obra especial. João Marcos, autor do
Evangelho que leva o seu nome, permaneceu em Jerusalém até ser levado para
Antioquia por Barnabé (seu primo) e Paulo, que regressavam de uma missão de
socorro a Jerusalém (At 12.25). Quando partiram para Chipre, na sua primeira
viagem missionária, levaram João Marcos em sua companhia (At 13.5). Porém, ao
chegarem a Perge, na Ásia Menor, Marcos os deixou e regressou para Jerusalém
(At 13.5).
2. Roteiro da viagem e atividades missionárias
Nos capítulos 13 e 14 de Atos, encontramos diversas
localidades onde a atividade deles foi desenvolvida: Missões em Chipre (At
13.4-13); Missões em Antioquia da Pisídia (At 13.14-52); Missões em Icônio (At
14.1-7); Missões em Listra (At 14.8-20a); Missões em Derbe (At 14.20b-21b);
Missões em lugares antigos e novos (At 14.21b-28); Regresso à Antioquia da
Síria (At 14.27). Basicamente, nessas regiões, a obra missionária foi
caracterizada por uma variedade de estratégias de evangelização, visitas a
cidades e países em que o Evangelho não havia chegado, perseguição e oposição
ao Evangelho, batismo no ESPÍRITO SANTO, separação de líderes para igrejas
plantadas, contatos e revisões das igrejas plantadas e muitas outras atividades
missionárias. Havendo cumprida essas e outras tarefas, os missionários voltaram
a Antioquia da Síria, cheios de alegria, ansiosos para contar o que DEUS havia
feito entre os gentios (At 14.24-28). Eles poderiam dizer, de sã consciência:
“Missão Cumprida”.
3. Prestando contas
Ao final de cada uma das viagens missionárias,
Paulo e sua equipe prestavam contas à igreja que os havia recomendado. A
despeito das fortes perseguições que sofreram no cumprimento da nobre tarefa
missionária, Paulo e a equipe que estava com ele evidenciaram a manifestação do
poder de DEUS na primeira viagem missionária. Muitos gentios e judeus creram e
aceitaram JESUS como Salvador, muitas igrejas foram fundadas, curas divinas e
libertação ocorreram. A obra do ESPÍRITO SANTO foi notória nessa jornada missionária.
Assim, o grande legado missionário deixado pela igreja de Antioquia foi a porta
da fé que DEUS abriu aos gentios (At 14.27). Aqui, aprendemos algumas lições
preciosas. Primeira, a ideia “missionários independentes”, que respondem
“somente ao Senhor” não é bíblica; o apóstolo Paulo não deixava de relatar a
atividade missionária à sua igreja de origem (14.27-28). Segunda, teremos
oposição e obstáculos na obra missionária, mas também teremos resultados que
glorificarão o Senhor que nos chamou. E finalmente, não esqueça de que, na obra
missionária, quem “leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem
dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126.6).
SINÓPSE III
Zelo e ensino pela verdade são duas das principais
armas da Igreja do DEUS vivo. A primeira viagem missionária de Paulo começa em
Antioquia com a escolha e envio de Paulo e Barnabé por meio do ESPÍRITO SANTO.
CONCLUSÃO
À luz desta lição, podemos afirmar que a igreja cristã cumpre o seu
propósito quando a cultura de missões faz parte da sua rotina. Uma das provas
de que o ESPÍRITO SANTO age na igreja é o investimento em Missões. Assim, é
nossa a tarefa de evangelizar, participar dos projetos missionários de nossa
igreja local, orar e jejuar por missões, contribuir e se colocar à disposição
para ir ao encontro de quem precisa ouvir de JESUS. Quando o ESPÍRITO SANTO
encontra pessoas despojadas e sedentas por almas, Ele as capacita com talentos
e dons espirituais para que se lancem inteiramente na mais sublime missão:
ganhar vidas para o Reino de DEUS.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como a Antioquia da Síria era conhecida?
Antioquia da Síria era conhecida como “A rainha do
Oriente”.
2. Quem anunciou o Evangelho e, depois, fundou a
igreja em Antioquia?
Não foram os apóstolos ou obreiros, mas os leigos,
os discípulos e os crentes em geral, outrora dispersos por causa da perseguição
em Jerusalém, que anunciaram o Evangelho e,
consequentemente, fundaram a igreja em Antioquia
(At 11.19).
3. Quem eram os líderes da igreja em Antioquia?
Barnabé – consolador, misericordioso; Simeão –
negro, africano; Lúcio – cireneu, africano; Manaém – irmão de criação ou de
leite de Herodes o Tetrarca (Herodes Antipas), que matou João Batista; Saulo –
fariseu, ex-perseguidor da Igreja.
4. Qual lição podemos aprender em relação ao jejum
e à oração?
A lição aqui é muito clara: na obra missionária, e
em qualquer projeto na obra de DEUS, devemos entrar num propósito de jejum e
oração para receber a orientação do ESPÍRITO, bem como para executar a
orientação do ESPÍRITO.
5. Cite uma lição preciosa que podemos aprender com
a experiência missionária da igreja em Antioquia.
A ideia “missionários independentes”, que respondem “somente ao Senhor” não é
bíblica; o apóstolo Paulo não deixava de relatar a atividade missionária à sua
igreja de origem (14.27-28).
CONCLUSÃO
Diante dos ataques de desconstrução da fé, a Igreja do DEUS vivo precisa ser
vigilante (1 Co 16.13). Ela é a guardiã da única verdade que liberta (Jo 8.36).
A mensagem da cruz não pode ser ressignificada. CRISTO morreu e ressuscitou por
amor à Igreja e a requer santa, pura e irrepreensível (Ef 5.27). Portanto, a
Noiva de CRISTO não pode macular suas vestes. Seu papel abarca o ensino e a
defesa com todo o zelo da integridade da verdade revelada (1 Tm 4.16).
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que a Bíblia
assegura?
A Bíblia assegura
que a Igreja do DEUS vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15b).
2. Em quem a verdade do Evangelho está
personificada?
A verdade do Evangelho é personificada em CRISTO (Jo 14.6).
3. Segundo a lição,
o que é o ato de santificação?
A santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do
Senhor (1 Pe 1.15; Hb 12.14).
4. Qual é o alvo da santificação?
A santificação tem
como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27).
5. Cite pelo menos duas imagens que simbolizam a responsabilidade da Igreja.
Os dois servos e
servo vigilante.