LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 8.26-40
26 - E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a
banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.
27 - E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de
Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus
tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,
28 - regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. 29 - E
disse o ESPÍRITO a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro. 30 - E,
correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que
lês? 31 - E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E
rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. 32 - E o lugar da
Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e,
como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua
boca.33 - Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem contará a
sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. 34 - E, respondendo o
eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou
de algum outro? 35 - Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta
Escritura, lhe anunciou a JESUS. 36 - E, indo eles caminhando, chegaram ao
pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja
batizado? 37 - E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E,
respondendo ele, disse: Creio que JESUS CRISTO é o Filho de DEUS. 38 - E
mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e
o batizou. 39 - E, quando saíram da água, o ESPÍRITO do Senhor arrebatou a
Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. 40
- E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em
todas as cidades, até que chegou a Cesareia.
Espada Cortante - Atos: o Evangelho do ESPÍRITO SANTO -
Orlando S. Boyer - CPAD
8.4 “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.5
“E, descendo Filipe àcidade de Samaria, lhes pregava a CRISTO. 6 “E as
multidõs unanimemente prestavam atençã ao que Filipe dizia, porque ouviam e
viam os sinais que ele fazia,
Iam por toda a parte, anunciando a palavra
(v.4): Obedeciam à ordem do seu
Mestre: “Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra”, Mt
10.23.
Muitos crentes pensam foram os apótolos que foram dispersos e que iam por
toda parte proclamando a Palavra. Mas os apótolos nã foram dispersos, v.l.
Foram, portanto, todos os discíulos, os leigos, que anunciaram a Mensagem em
toda parte. Qualquer crente, por mais humilde que seja, pode pregar, isso é
anunciar a Mensagem de JESUS. O ministéio da Palavra nã éprivativo ao
púpito. Naturalmente os membros da Igreja Primitiva, tinham de sofrer muito
desprezo em todo lugar onde chegassem, pela razã de terem sido expulsos
dejerusalé. Mas, os fiés, com o coraçã ardendo, testificam em qualquer
situaçã. O maravilhoso crescimento da Igreja Primitiva nã foi fruto da obra
de grandes pregadores, mas de fidelidade de todos os membros em
testificarem, cheios do ESPÍRITO SANTO, para todas as pessoas a seu alcance.
Descendo Filipe à cidade de
Samaria
(v.5): Este não era Filipe, o apóstolo (cap. 1.13), mas Filipe, diácono,
escolhido ao lado de Estêvão, cap.
6.5.
Filipe, naturalmente, tinha de fugir para escapar com a vida, quando Estêvão
foi morto. Filipe foi conhecido depois como “Filipe, o evangelista” (cap.
21.8), servindo como boa ilustração das palavras de Paulo: “Os que servirem
bem como diáonos, adquirirão para si uma boa posiçã, e muita confianç na
féque háem cristo JESUS”, 1 Tm 3.13.
A cidade de Samaria
(v.5): A antiga capital das doze tribos, mas reformada e adornada por
Herodes, o Grande.
Filipe... lhes pregava a CRISTO
(v.5): Qual é o assunto principal do púlpito moderno? E ciência, filosofia,
história, boas obras? Exaltamos cristo, como Filipe, ou a nós mesmos, como
Simão? Salientamos aquilo que CRISTO faz ou o que nós fazemos? Proclamar a
Sua morte e ressurreição, ou pregamos um legalismo - o que devemos e não
devemos fazer? (Lede 1 Co 2.1-5). A pregação que é de lei é só negativa
(contra), e mata. Mas a pregação positiva, no poder do ESPÍRITO, produz
vida. (Vede vers. 5 a 8). Se colocarmos CRISTO no Seu próprio lugar, toda a
doutrina e toda a obra sempre se endireita mesmo como os planetas, todos
continuam na sua própria posição, pela influência do sol. E enquanto existe
o sol, os planetas não se podem desviar de suas próprias órbitas. Um sistema
de doutrinas mortas não evita o desvio dos membros da igreja. Filipe não
discutia com Simão, mas pregava a CRISTO. Os judeus não se comunicavam com
os samaritanos (João 4.9), mas os membros da Igreja Primitiva amavam, em vez
de desprezar, as pessoas de outras raças ou de outras nações.
E as multidões unanimemente...
(w.6-8): A narrativa faz lembrar tanto o ministério de JESUS como o que Ele
predissera: “Aquele que crêem mim també faráas obras que eu faç, e as
farámaiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”, Joã 14.12.
Lembremo-nos, també, que o maravilhoso êito de Filipe foi em um campo
dificíimo. Simã, o mago, ganhara os ouvidos de todo o povo; “ao qual todos
(9
ESPÍRITO SANTO na conversão: os samaritanos e o eunuco atendiam, desde o
mais pequeno até o maior dizendo: Este é a grande virtude de DEUS”, v.10.Havia
grande alegria naquela cidade
(v.8): Se pudéssemos entrar em todas as casas de nossa cidade onde há um pai
subjugado pela embriaguez, um filho tomado pelo vício, uma filha mundana,
uma mãe chorando e inconsolável e levar a todos a conhecerem e amarem ajesus
como Salvador, quão grande seria o gozo da cidade! A Mensagem de CRISTO é a
mais alegre e produz mais felicidade que todas as religiões do mundo.
(Compare cap. 8.39). Quanto mais estamos cheios de CRISTO, tanto mais
alegres estamos. Tinha
iludido agente de Samaria
(v.9): Simão tinha iludido não somente a cidade de Samaria, mas de todo o
território dos samaritanos.
Mas, como cressem...
(v. 12): Satanás tem poder, mas Aquele que está no crente é maior que aquele
que está no mundo, 1 João 4.4. Mesmo como os magos do Egito tinham de
confessar que o poder em Moisés era maior (Ex 8.16-18), assim o poder de
DEUS manifesto em Filipe era maior que o poder do maligno em Simão.
Creu até o próprio Simão
(v.13): Não foi apenas o parecer de Filipe, mas é declaração das Escrituras
que Simão creu. Deve-se, portanto, interpretar a narrativa dos w.18-24 na
luz deste fato. “E, sendo batizado”, batizou-se para
andar em novidade de vida,
Rm 6.4. Isso fez,
ficando de contínuo com Filipe. Pedro e João
(v. 14): Os dois inseparáveis apóstolos. (Vede o comentário sobre o cap.
3.1). Enviaram para lá
Pedro
(v. 14): Toda a idéia do papado está refutada com este versículo. O papa
envia, mas nunca é enviado. Lede, também, o comentário sobre cap. 15.2.
Enviaram para lá Pedro e João
(v. 14): E evidente que Filipe não tinha o ministério de conduzir os
convertidos até o ponto de receberem o batismo com o ESPÍRITO SANTO. Ainda
mais, a nova obra carecia de sábia direção para guardá-la de fanatismo e
engano. A Igreja Primitiva não ficava satisfeita com a gloriosa e grande
obra em Samaria enquanto os convertidos não recebessem o batismo no ESPÍRITO
SANTO. (Compare cap. 19.2). O batismo no ESPÍRITO SANTO é uma bênção tão
definida como a de receber o perdão de pecados. O batismo no ESPÍRITO SANTO
é tão indispensável para servir na Igreja de CRISTO como é receber CRISTO
para a salvação.
Recebemos o ESPÍRITO SANTO
(v. 17): Alguns comentadores chamam a atenção ao fato de não declarar esta
passagem que falaram em língua. Mas como foi que se sabia que os samaritanos
não foram batizados no ESPÍRITO antes da chegada de Pedro e João, e como
chegaram a saber que foram depois de receber o ESPÍRITO? Não foi com o mesmo
sinal exterior, como na casa de Comélio? (Lede cap. 10.45,46).
Simão... ofereceu dinheiro...
(w.19,20): Simão foi tentado no ponto, para ele, mais vulnerável, o de
ganhar dinheiro por meio de maravilhas feitas diante das multidões. A
palavra “simonia” originou-se com esse pecado de Simã, e quer dizer:
Interesse prório dos que se esforçm para ganhar lucro por meio da obra de
CRISTO. Nã sã somente os descrentes, como alguns comentadores julgam Simã,
mas sã, també, muitos dos prórios crentes que fracassam quando tê de
enfrentar essa tentaçã insidiosa.
Mas disse-lhe Pedro
(v.20): Era impossível corromper, com peitas, esse rústico pescador, aquele
que dissera: “Nã tenho prata nem ouro”, cap. 3.6. O ESPÍRITO é domínio do
pecado a que ficava obrigado a se submeter depois de ceder à tentação.
Em muitas aldeias dos
samaritanos anunciaram o evangelho
(v.25): Grande é o poder do ESPÍRITO SANTO para transformar a vida dos
crentes, como se vê no caso dejoão. Este “Filho do Trovã” (Mc 3.17) antes
queria chamar fogo dos cés para consumir os samaritanos. Mas depois de seu
batismo no ESPÍRITO anunciava-lhes a gloriosanova de perdã de seus pecados,
pela Palavra de DEUS.
III. A CONVERSÃO DO EUNUCO, 8.26-40 __
Não há narrativa de conversão mais cativante do que esta do Eunuco,
o mordorruMnor,
secretário da tesouraria de Candace, rainha dos etíopes. Como se diz acerca
dos ricos, é igualmente a verdade acerca dos altos funcionários do governo:
E difiál entrar um estadista no
reino de DEUS.
(Vede Mt 19.23).
8.26 “E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a
banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalé para Gaza, que estádeserto.
27 “E levantou-se e foi. E eis que um homem etípe, eunuco, mordomo-mor de
Candace, rainha dos etípes, o qual era superintendente de todos os seus
tesouros e tinha ido ajerusalé para adoração, 28 “regressava e, assentado no
seu carro, lia o profeta Isaís. 29 “E disse o ESPÍRITO a Filipe: Chega-te e
ajunta-te a esse carro. 30 “E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta
Isaís e disse: Entendes tu o que lê? 31 “E ele disse: Como poderei entender,
se algué me nã ensinar? E rogou
a Filipe que subisse e com ele se assentasse. 32 “E o lugar da Escritura que
lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como estámudo o
cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca. 33 “Na sua
humilhaçã, foi tirado o seu julgamento; e quem contaráa sua geraçã? Porque a
sua vida étirada da terra. 34 “E, respondendo o eunuco a Filipe, disse:
Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro? 35
“Entã, Filipe, abrindo a boca e começndo nesta Escritura, lhe anunciou a
JESUS. 36 “E, indo eles caminhando, chegaram ao péde alguma áua, e
disse o eunuco: Eis aqui áua; que impede que eu seja batizado? 37 “E disse
Filipe: Élíito, se crê de todo o coraçã. E, respondendo ele, disse: Creio
que JESUS CRISTO éo Filho de DEUS. 38 “E mandou parar o carro, e desceram
ambos àáua, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. 39 “E, quando saíam da
áua, o ESPÍRITO do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e,
jubiloso, continuou o seu caminho. 40 “E Filipe se achou em Azoto e, indo
passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, atéque chegou a
Cesaréa.
O
anjo do Senhorfalou a Filipe
(v.26): Os anjos continuavam seu glorioso ministério em favor dos herdeiros
da salvação, Hb 1.14; Atos 5.19; 10.3; 12.10; 23.8.
Ao caminho que desce de
Jerusalém para Gaza
(v.26): Gaza era uma das cinco capitais dos filisteus, na estrada principal
da Mesopotâmia ao Egito.
Que está deserta
(v.26): DEUS usava Filipe para promover um vibrante avivamento em Samaria.
Enormes multidões afluíam para ouvir a Mensagem. Os espíritos imundos saíam
dos endemoninhados, clamando em alta voz. Os paralíticos e coxos eram
curados. Batizavam-se tanto homens e mulheres. Mas certo dia, no meio dessa
abundante colheita de almas, um anjo do Senhor mandou que Filipe fosse a um
lugar deserto.
Levantou-se, e foi
(v.27): Filipe, sem vacilar, obedeceu, deixando o glorioso avivamento e
fazendo a viagem de cerca de noventa quilômetros. Como Abraão, “sendo
chamado, obedeceu... e saiu, sem saber para onde ia”, Hb 11.8. Quando CRISTO
fica impedido na Sua obra de salvar os perdidos, é porque um “Filipe” não
quer ir, e desobedece. Observe-se, contudo, como Filipe, ao obedecer a ordem
de abandonar o avivamento e partir para um lugar deserto, foi em companhia
dos anjos, v.29. E cheio do ESPÍRITO SANTO, nã podia andar triste. DEUS
cuidou tã bem dele como quando ministrava na cidade. Nã foi honrado tanto
emjerusalé, nem em Samaria, sendo convidado a subir e andar com um alto
oficial do governo no seu carro. Quando Elias foi enviado para o deserto, no
tempo da seca, o Senhor mandou corvos alimentáo. Quando Israel andou no
deserto quarenta anos, DEUS mandou o maná Quando a multidã seguiu a JESUS
para o deserto, Ele a alimentou. Atémesmo o Mestre, impelido pela tentaçã no
deserto, foi servido pelos anjos. O crente no deserto, dirigido, lá por
DEUS, serácertamente sustentado pela provisã divina.
Eis que um homem etíope...
(v.27): O nome “etípe”, encontra-se no Novo Testamento
somente neste versíulo. Menciona-se
o paí quarenta vezes no Velho Testamento. Em Gn 2.13 refere-se àregiã perto
do Eufrates, na Áia. Nas outras passagens refere-se a um territóio grande ao
sul do Egito, agora chamado o Sudã. A palavra “etióia” quer dizer, “rosto
torrado”, isto é pelo sol. Os etípes eram morenos mas nã negros. A gloriosa
profecia acerca de a Etióia estender para DEUS as suas mãs (SI 68.31) tinha
cumprimento parcial na salvaçã do Eunuco etípe. A Etióia nã foi representada
entre os povos que assistiam ao grande culto de evangelizaçã no dia de
Pentecostes, mas DEUS nã se esqueceu dela, enviando Filipe com o Evangelho
para o Eunuco. O Senhor JESUS, trabalhando no cé, por meio do ESPÍRITO SANTO
na terra, viu a Etióia implorando com as mãs estendidas. Sim, foi Ele que
mandou o evangelista ao eunuco para que esse, ao seu turno,
levasse a Mensagem para seu povo. “Óprofundidade das riquezas, da sabedoria
e da ciêcia de DEUS!” E evidente que a profecia
acerca de estender a Etióia para DEUS suas mãs, ainda
vai ter pleno cumprimento. (Lede SI 87.4). eunuco
(v.27): Foi vedada aos eunucos entrada na congregação do Senhor, Dt
23.1. E o eunuco etíope estava sob a maldição de DEUS, Gn
9.25. Contudo, foi a tal homem que o Senhor enviou
Seu servo Filipe. (Lede Mt 28.19; Rm 1.16; 2 Pe 3.9;
Ap 7.9). Mordomo^mor de Candace, rainha... (v.27): “Candace”
era um tíulo, como o tíulo “Faraó”. Todas as rainhas dessa
dinastia chamavam-se Candace e reinavam em Meroé no
rio Nilo. Tinha ido a Jerusalém para adoração (v.27): Não
sabemos se este eunuco era um judeu, honrado no estrangeiro
como Daniel em Babilônia, ou se era um prosélito do
judaísmo. Regressava e, assentado no seu carro,
lia o profeta Laias (v. 2 8): O eunuco fizera a
longa e árdua viagem da Etiópia ajerusalém “para adoraçã”. Mas voltava sem a
sua alma ficar saciada. Fora a Cidade Santa, anelando beber
da áua viva, mas voltava ainda com sede. Fora lácom fome pelo pã da
vida, mas ainda estava com fome. Assim, assentado no seu
carro regressando para seu paí, lia a Bília, buscando
paz para seu coraçã. O eunuco era um dos poucos
homens que tinham os recursos suficientes para
adquirir um exemplar das Escrituras. Antes da invençã do prelo, os judeus
guardavam os livros sagrados nas sinagogas. O preç de um
exemplar era mais do que o saláio de um trabalhador por um ano
inteiro. A úica Bília que a grande maioria possuí era apenas
a parte das Escrituras que decoraram e levaram no seu
prório coraçã. (SI 119.11). Assim o eunuco era um homem muito fora do comum,
pois levava a Palavra de DEUS consigo para a Árica.
Estranho que pareç, alguns religiosos baseiam seus
argumentos, para condenar o livre exame das
Escrituras, sobre o caso de Filipe e o eunuco. Alegam que
Filipe nã queria que o eunuco lesse as Escrituras, porque nã
compreendia o que lia. Ao contráio, éevidente que o
eunuco fez bem em ler as Escrituras. Viajara mais de
1.500 quilôetros da Etióia ajerusalé para satisfazer sua fome espiritual.
Lá não encontrou paz para sua alma no formalismo do
judaímo. Foi bom
que recorresse à Escrituras. Foi o
primeiro passo para receber a Mensagem. É exemplo vibrante
das bêçãos que vê aos que levam um exemplar das Escrituras,
ou um Testamento de algibeira, nas suas viagens.
Disse o ESPÍRITO a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse
carro (v.29): Foi então que o ganhador de almas
sabia porque o ESPÍRITO SANTO lhe enviara ao deserto. Rica e
abençoada é a vida do crente que não somente olha para cima
todos os dias, pedindo direção do ESPÍRITO, mas que
guarda o coração e os ouvidos sempre abertos durante
o dia inteiro para ouvir e obedecer a essa voz. (Lede Rm 8.14).
E, correndo Filipe... (v.30): Filipe não corria atrás
desse homem rico e eminente para receber algo dele, mas para
transmitir-lhe a maior dádiva de todas. O carro passava,
Filipe não queria perder a oportunidade e correu com grande gozo para
ganhar uma alma. Como poderei
entender, se alguém não me ensinar? (v.31): O eunuco era homem
inteligente e talentoso. Mas ao confessar sua ignorância é
que se descobre sua verdadeira sabedoria. Os que
sabem tudo são os ignorantes sem esperança. (Compare
a atitude humilde do inteligente Apoio, cap. 18.24-26).
Mão abriu a sua boca (v.32): Compare Mt 26.62,63;
27.12; Mc 15.5; Lc 23.9;
João 19.9. A escritura que lia...
(w .32,33): A citação indica que o eunuco lia a tradução
grega, conhecida como a Septuaginta, isto é, a “Versã dos
Setenta”, feita de 280 a 130 A.C. Assim háuma variaçã
nas palavras entre o que o eunuco lia e o que
encontramos em nossas Bílias, em Isaís 53.7,8, traduzido do hebraico.
Começando nesta Escritura... (v.35): Filipe nos serve
de verdadeiro exemplo em ganhar almas para CRISTO. A
primeira qualificação de ganhar almas para CRISTO é a
de conservar os ouvidos abertos para ouvir, como Filipe, a voz do ESPÍRITO
SANTO, v.29. A segunda qualificação é saber manejar
bem a Palavra (2 Tm 2.15) como Filipe fez. Conhecia
as Escrituras. Usava as Escrituras para levar almas para a
Salvação. Pregava as Escrituras em vez de discutir.
Quando perguntavam a certo eminente pregador o que faria se
o perdido não aceitasse as Escrituras como autoridade
divina, se deixaria de citá-las, o pregador
respondeu: “Se eu tivesse uma espada de dois gumes, e feita do melhor aço,
não a embainharia somente porque o adversáio nã acreditava
que cortava”. Começando nesta Escritura, lhe
anunáou a JESUS (v.35): Se na leitura de um capítulo,
não encontramos CRISTO, convém-nos lê-lo de novo, porque
certamente está lá. JESUS foi a chave necessária para
o eunuco entender a Escritura que lia. JESUS é a
chave que abre para nós todas as Escrituras. (Compare Lc 24.27,44).
Rogo-te, de quem diz isto o profeta? (v.34): O
eunuco, apesar de inteligente, estava perplexo quanto
ao verdadeiro sentido do capítulo cinqüenta e três de Isaías. Depois
de considerar a passagem atentamente não chegara a uma
conclusão certa. Alguns mestres ensinam que Isaías
falava de si mesmo. Apesar de Isaías ser um fiel servo de
DEUS e talvez sofrer martírio, era também um rico, de
posição e inteiramente diferente que o humilde
sofredor de Isaías 53. Outros ensinam que a passagem se refere
a Jeremias, que certamente sofreu
mais que os demais profetas. Contudo Jeremias
abriu a boca várias vezes para lamentar a sua sorte, sendo reprovado pelo
Senhor, J r 12.5; 20.14-18. O rabis atuais ensinam
que o sofredor é o povo judaico, e que apesar de não
mais ter o Templo em Jerusalém, DEUS os aceita por meio de seus próprios
sofrimentos. Mas a passagem fala de um homem sem pecado e
que sofreu, não por si mesmo, nem, por causa de si
mesmo, mas como substituto por outros. Se a mente
natural acha tanta dificuldades em entender a passagem, não é de admirar que
o eunuco africano ficasse perplexo. Contudo o eunuco
tinha algumas qualificações no seu favor que muitas
pessoas, procurando uma explicação humana, não têm. Ele
aceitava instrução, confessava sua ignorância e queria
saber. Eis aqui água (v.36): O viajante na
estrada em que Filipe e o eunuco andavam tem de
atravessar o ribeiro de Elá, o qual Davi atravessou para o encontro com
Golias. Não sabemos se o batismo do eunuco foi efetuado em
um poço desse ribeiro ou se foi em outro ribeiro mais
adiante, agora chamado, Wady el Hasy.
Que impede que eu seja batizado
(v.36): Quando o pregador prega
‘JESUS”, o ouvinte quer deixar a sua religiã e sua vida
velha. E como o eunuco, pede o batismo nas áuas como
sinal exterior do que acontecera no ítimo.
O ESPÍRITO do Senhor arrebatou a
Filipe (v.39): Compare 1
Reis 18.12; 2 Reis 2.16; Ez 3.12-14. Encontra-se a
mesma palavra, “arrebatar” em 2 Co 12.1-4 e em 1 Ts
4.17. Paulo nã sabia se foi arrebatado no corpo ou fora do corpo. Mas Filipe
sabia que ele foi arrebatado no corpo, v.40.
Espada Cortante - Atos: o Evangelho do ESPÍRITO SANTO -
Orlando S. Boyer - CPAD
Atos - Série Cultura Bíblica - I. Howard Marshall -
SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO
RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, Rua Antonio Carlos Taconni, 75 e 79, Cidade
Dutra, São Paulo-SP, CEP 04810 (Com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique)
O evangelho avança até Samaria (8:4-25).
A dispersão dos cristãos levou ao mais significativo avanço na missão
8 2 / As descobertas arqueológicas em Giv’at ha-Mivtar demonstraram este
fato;
ver NIDNTT, I, pág. 393; (em port., vol. I, art. Cruz, CL).
8.3 À luz destas claras referências nos seus próprios escritos a atividade que
somente
podem ter sido realizadas em Jerusalém e nos seus arrebaldes, a declaração
de
Paulo em G1 1 :22 de que “não era conhecido de vista das igrejas da Judéia,
que estavam
em Cristo” cerca de tres anos após a sua conversão, não pode significar que
estas
últimas nunca o viram.
Perseguição
da igreja. Pode-se dizer que ficou sendo necessária a perseguição para
levá-los
a cumprir o mandamento implícito em 1:8. Na medida em que os cristãos
avançavam para novas áreas, descobriram que havia uma resposta imediata
ao evangelho, conforme exemplifica a resposta dada pelo povo da
Samaria. A pregação de Filipe foi acompanhada pelos mesmos tipos de
sinais que já tinham sido vistos no ministério de Jesus e dos apóstolos, e
havia
uma reposta poderosa à chamada ao batismo. Esta resposta era tanto
mais notável porque as pessoas às quais Filipe pregava já tinham estado
sob o fascínio de um charlatão religioso de nome Simão. A missão bemsucedida
levou a uma visita por Pedro e João que descobriram que os convertidos
não tinham recebido o Espirito e que impuseram sobre eles as
mãos a fim de que O recebessem. Até mesmo Simão quis obter alguma
coisa — não meramente o dom do Espírito, mas, sim, o dom de outorgar
aos outros o dom do Espírito; foi, porém, necessário adverti-lo fortemente
contra a atitude pecaminosa e sem arrependimento que revelou no modo
de fazer este pedido.
A história é significativa de dois modos.
Em primeiro lugar, registra
o recebimento do evangelho pelos samaritanos, um povo ao qual os judeus
odiavam intensamente e consideravam como sendo herético; o sentimento
de hostilidade, porém, era mútuo. Embora possamos ser tentados a ver
na missão à Samaria a primeira tentativa da igreja rio sentido de
evangelizar
aos gentios, esta seria uma interpretação errônea. Para os judeus, os
samaritanos
não eram gentios, mas,
sim, cismáticos,-
parte das “ovelhas perdidas
da casa de Israel” (Jervell, págs. 113-132). Para Lucas," eram pessoas
que observavam a lei e que demonstravam mais piedade do que muitos
judeus (Lc 10:33-37; 17:11-19), embora também pudessem mostrar hostilidade
aos discípulos de Jesus (Lc 9:52-56). Por detrás da narrativa, portanto,
podemos muito bem perceber que a hostilidade entre os judeus e os
samaritanos
foi vencida pela fé que os dois grupos tinham em Jesus Cristo, e
é
neste sentido que se pode
encarar esta história como um passo na direção
da solução do problema maior de reunir os judeus e os gentios. Se for
correta
esta idéia, talvez ofereça a chave ao problema inegável apresentado pelo
fato de que
os crentes samaritanos não receberam o Espírito até que os
apóstolos impusessem sobre eles as mãos. Destarte, foram levados à comunhão
com a igreja
inteira,
e não meramente com a seção helenística dela.
Esta explicação é preferível ao ponto de vista de que os samaritanos não
corresponderam plenamente à pregação do evangelho. Outros pontos de
vista, como, por exemplo, aquele que declara que o Espírito não poderia
ser recebido senão pela imposição das mãos apostólicas, são contrários
à tendência geral do quadro que Lucas nos dá em Átos (cf. 9:17).
Em segundo lugar, a história dá destaque a Simão, o mago, que
mais
tarde ficou sendo de má fama como herege gnóstico. Há grande incerteza
quanto a Simão realmente ter sido um gnóstico que sustentava pelo menos
alguns dos conceitos heréticos atribuídos a ele por
escritores posteriores,
ou se foi meramente um mágico e charlatão a cujo nome crenças gnósticas
vieram a ser posteriormente atribuídas. Certamente, é curioso que alguns
dos estudiosos mais radicais do Novo
Testamento (tais quais Haenchen,
págs. 303, 307), que teriam muita cautela em atribuir ao próprio Jesus
qualquer
parte da cristologia da igreja, estejam tão dispostos a acreditar que
crenças gnósticas do século II já eram sustentadas por Simão na primeira
metade do século I. Parece mais provável que certas reivindicações do Simão
histórico tenham cpaacitado seus seguidores posteriores a considerálo
um gnóstico,
embora ele mesmo não tenha chegado àquela etapa.
8.4. A história começa a mostrar como a perseguição da igreja em
Jerusalém acabou surtindo um efeito favorável. Aqueles que foram expulsos
dos seus lares ou que acharam melhor deixá-los pregavam a Palavra
como oas novas enquanto iam de lugar em lugar. E interessante que este
movimento específico não é atribuído a qualquer orientação predsa da parte
do Espírito, tal qual ocorria noutras etapas crudais na expansão da igreja.
Pelo contrário, parece que era considerado coisa natural para os cristãos
viajantes espalharem o evangelho; talvez surgissem naturalmente
oportunidades
para assim fazer, à medida em que as pessoas entre as quais
vieram viver perguntavam a eles por que tinham deixado seus lares.
8.5 Uma das pessoas que foram para a Samaria (8:1)8 5 foi
Filipe
que é claramente aquele membro dos Sete mendonado em 6:5. A sua pregação
acerca do Messias certamente teria despertado o interesse, no mínimo,
dos ouvintes, visto que a expectativa da vinda de um libertador
futuro (conheddo como o
ta’eb ou
“restaurador”) fazia parte firme da
teologia samaritana (Jo 4:25); esta expectativa se baseava em Deuteronômio
18:15 e segs., e a pessoa esperada tinha mais o caráter de um ensinador
e legislador do que de um soberano.
6-8. Havia um movimento em massa entre o povo na medida em que
escutava atentamente à mensagem de Filipe. Sua atenção foi despertada por
aquilo que ouviram e viram. Filipe tinha a mesma capacidade dos apóstolos
para operar sinais
que serviam como confirmação da sua mensagem. Como
Pedro (5:16), podia expulsar
espíritos
maus, e o povo podia escutar os gritos
que saíam das vítimas possessas quando os poderes demoníacos as deixavam
(cf. Lc 4:33; Mc 1:26).8 6 Além disto, o povo podia ver por si mesmo
como as pessoas que tinham sido
paralíticas e coxas
agora conseguiam andar;
mais uma vez, a atividade de Filipe tem correspondência com a de
Pedro (3:1-10) e de Jesus. Estes milagres de cura trouxeram júbilo ao povo.
Por enquanto, porém, nada se diz acerca de o povo passar a realmente crer
no evangelho,t e, embora houvesse alusâío a uma situação em que Jesus não
podia curar onde não havia fé (Mc 6:5-6), sabemos que podia existir a cura
sem a resposta apropriada da fé e da gratidão a Deus (Lc 17:17-19).
8.9-11. Antes, porém, de registrar a conversão do povo, Lucas volta a
atenção dos leitores àquilo que estava acontecendo antes da chegada de
Filipe. Havia na cidade um homem chamado
Simão,
que alegava ser pessoa
de grande importância, e obteve crédito mediante os seus poderes milagrosos.
O povo foi enganado por ele ao ponto de dizer que era
o poder de
Deus, chamado o Grande Poder.
Os fatos acerca de Simão dificilmente se
desentranham das lendas posteriores. Temos informações fidedignas da parte
de Justino Mártir, ele mesmo nativo da Samaria, de que Simão ali vivia
e de que mais tarde mudou para Roma, onde continuou seus atos enganosos.
Mais tarde, Irineu registra que viajou juntamente com uma certa
Helena, ex-escrava, a qual dizia ser uma encarnação do “Pensamento” (um
poder gnóstico). Hipólito, outro escritor que tratava das heresias,
conta uma história acerca de como Simão foi derrotado numa disputa
com Pedro. Finalmente Simão disse “que se fosse enterrado vivo,
ressuscitaria
no terceiro dia. Mandando cavar uma sepultura, ordenou que seus
discípulos empilhassem terra sobre ele. Fizeram como mandara, mas ele
permanece
ali até hoje. Isto porque não era o Cristo” . É difícil aquilatar a
quantidade
de veracidade nestas histórias, e noutras tantas. Certamente, Lucas
A primeira parte de v. 7 se expressa de modo mal ajeitado no texto grego,
como se Lucas tivesse deixado de dar ao texto uma revisão final; o
significado, no
entanto, fica claro.
ATOS 8:11-13
é o
escritor mais antigo que nos dá informações acerca dele, e devemos levar
a sério a alegação que colocou nos lábios de Simão, e que foi confirmada
pelo povo. É difícil ter exata certeza quanto a quem Simão alegava ser, mas
tratava-se, no mínimo, dalgum poder celestial. É improvável que alegasse
ser o Messias. Haenchen (pág. 303), pensa que alegava ser “o Grande Poder,
ou seja: Deus”. K. Haacker
(NDITNTart.
“Samaritano”) argumenta de modo
convincente que “o grande poder” designa a divindade, e “de Deus” é
o acréscimo explanatório de Lucas. É possível, também, pensar no grande
poder de Deus como sendo um ente gnóstico, uma emanação do Deus supremo.
Parece mais provável, no entanto, que Simão alegasse ser divino,
e que os gnósticos posteriores interpretassem esta alegação do modo deles.
De qualquer maneira, Lucas o apresenta como sendo nada mais do que
um mágico que enganava o povo com seus truques, e é o seu papel de mágico
que é desacreditado na história.
12. O efeito da pregação de Filipe foi que o povo prestava atenção
a ele (v. 6), e não a Simão (v. 11).
Deram crédito a Filipe
na medida em
que os
evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo.
Trata-se de uma combinação interessante de temas, o que mostra como
a igreja primitiva via a mensagem de Cristo continuada na sua própria
mensagem, mas, ao mesmo tempo, falava mais e mais acerca
do meio através
do qual o poder real de Deus estava sendo manifestado na época dela,
a saber: através do poderoso nome de Jesus. Alguns deram importância
ao fato de que Lucas diz que o povo deu crédito a Filipe mais do que
acreditar no evangelho ou em Jesus. A construção que se emprega é
pisteuõ
com o dativo, que, segundo Dunn (Batismo,
pág. 65), indica assentimento
intelectual mais do que a dedicação do coração. Mesmo assim,
a construção se emprega em 16:34 e 18:8 para a fé genuína em Deus.
A pergunta, realmente, é se a crença em Filipe enquanto ele pregava o
evangelho
deve ser entendida como fé inadequada. O povo passou a ser batizado,
e esperar-se-ia que Filipe, ao fazer assim, estivesse satisfeito quanto à
sinceridade
dos batizandos; nada há na história para sugerir que ele fosse inadequado
como evangelista. De modo geral, não há qualquer evidência clara
no sentido de o povo ter sido meramente superficial quanto à sua crença.
13. O que se diz de Simão, porém? Ele também
abraçou a fé e foi
batizado.
Depois disto, acompanhava a Filipe (cf. o coxo em 3:11), mas
seu apego a este não estava livre de superstição e assombro: os sinais
milagrosos
que Filipe conseguiu operar deixavam-no assombrado e (conforme
podemos supor, baseados nos w. 18-19), com anseio de possuir a mesma
capacidade. Simão, pois, foi um crente genuíno? Sua crença certamente
deixou muito a desejar; mas é necessário ler o restante da história antes de
aquilatarmos de modo justo a sua profissão.
14. Não se nos diz diretamente qual motivo levou
os apóstolos,
que estavam em Jerusalém,
a enviarem dois de seu grupo ao ouvirem que
a Palavra fora recebida ali de modo favorável. A difusão do evangelho aos
samaritanos,
porém, deve ter sido um passo tão extraordinário que os apóstolos
forçosamente tinham que ir ver o que acontecia, a fim de entrarem
em entendimento com este novo evento na vida da igreja. Mais tarde, a
evangelização bem-sucedida dos gentios em Antioquia levaria ao envio de
Bamabé a partir de Jerusalém para ver o que estava acontecendo (11
'22),
e quando Pedro ajudou na conversão de Comélio, o assunto foi debatido
numa reunião da igreja. Parece que os novos avanços eram examinados
com grande cuidado na igreja em Jerusalém, e certamente temos a impressão
de um grupo conservador que nunca fez novas aventuras por conta
própria.
15-17. Quando os delegados apostólicos chegaram, Pedro e João,
oraram pelos convertidos
para que recebessem o
Espirito Santo, e
lhes
impunham as mãos
com esta finalidade; isto porque, conforme explica
Lucas, o Espírito não havia ainda descido sobre nenhum deles (para esta
expressão, ver 1044; 11:15). Tudo quanto acontecera era que
haviam
sido batizados em o nome do Senhor Jesus.68
Esta é, talvez, a declaração
mais extraordinária em Atos. Noutros trechos, fica claro que o batismo
em nome de Jesus leva ao recebimento do Espírito (238); a situação é
diferente em 19:1-7, onde os doze homens em Éfeso não tinham sido batizados
em nome de Jesus. A imposição das mãos não se menciona em conexão
com o recebimento do Espírito noutro trecho senão em 19:6, também
em circunstâncias algo excepcionais. Do outro lado, o Espírito pode cair
sobre as pessoas
antes
do batismo com a água (10:4448). Fica claro que o
recebimento do Espírito não está fixado ao momento do batismo com água.
Por que, portanto, o Espírito não fora dado nesta ocasião? É totalmente
improvável que um
segundo
recebimento do Espírito fosse transmitido
mediante a imposição das mãos, talvez acompanhado por dons carismáticos
incomuns; o v. 16 exclui completamente esta possibilidade. Nem há
probabilidade de que o Espírito pudesse ser transmitido somente mediante
a imposição das mios apostólicas, pois há outros trechos em que o Espírito
é dado sem mencionar-se a imposição das mãos (2:38) e sem a presença
de qualquer dos doze apóstolos (9:17). Além disto, pode-se supor que o
oficial etíope recebeu o Espírito sem mais cerimônia, quando Filipe o
batizou.
Sobram apenas dois tipos de explicação. A primeira é que Deus reteve
o Espírito até a vinda de Pedro e João a fim de que fosse visto que os
samaritanos
estavam plenamente incorporados na comunidade dos cristãos
de Jerusalém que receberam o Espírito no dia do Pentecoste.89 Este ponto
de vista é confirmado quando Pedro, na ocasião em que Comélio recebeu
o Espírito, testifica explicitamente que o Espírito Santo veio sobre
aquele e sua família exatamente como veio sobre os primeiros cristãos; era
a mesma experiência (11:15-17). O segundo ponto de vista é que a resposta
e a dedicação dos samaritanos eram defeituosas, conforme demonstra
o fato de que ainda não haviam recebido o Espírito (Dunn,
Batismo,
págs. 55-68). Dunn sugere que, entre outras coisas, os samaritanos
precisavam
da certeza de que realmente foram aceitos na comunidade cristã antes
de poderem chegar à fé integral. Entretanto, devemos ressaltar que Lucas
não fala assim em lugar algum. Além disto, não se nos diz nada acerca de
qualquer defeito na fé dos samaritanos que precisasse ser remediado antes
que pudessem receber o Espírito; Pedro e João não pregaram a eles, mas,
sim, oraram para que o Espírito lhes fosse dado. De modo geral, portanto, é
preferível o primeiro ponto de vista.9 0 Deve ser notado que a história
pressupõe
que é possível saber se uma pessoa recebeu o Espírito ou não. Seria
este o caso se fossem incluídos os dons carismáticos, e é possível que
outras
indicações menos espetaculares, tais quais o gozo espiritual, tivessem sido
consideradas como evidências adequadas da presença do Espírito (13:52;
16:34; 1 Ts 1:6).
18-19. Simão percebeu que os apóstolos tinham a capacidade de derramar
o Espírito sobre outras pessoas. O que quis não foi apenas ter ele
mesmo o dom do Espírito, mas, sim, que tivesse o poder para outorgá-lo
a outras pessoas. Não se declara com clareza se os apóstolos impuseram
as mãos sobre Simão e lhe outorgaram o Espírito, embora pudesse ser
subentendido na declaração geral no v. 17. A passagem não se ocupa em
especulações acerca de se Simão estava (na linguagem teológica posterior)
ATOS 8:19-23
“regenerado”. 0 que se ressalta é seu desejo pecaminoso de possuir poder
espiritual por razões erradas e de obter aquele poder pelo método errado.
A possessão de qualquer tipo de autoridade espiritual é uma responsabilidade
solene mais do que um privilégio, e aquele que a possui deve ter consciência
constante da tentação para dominar sobre aqueles por cujo bem-estar
espiritual é responsável; deve também precaver-se contra o perigo de
empregar
sua posição para seus próprios interesses, seja como modo de fazer dinheiro
ou de inchar seu próprio ego (1 Pe 5:2-3). Simão encarava dentro dos
conceitos de magia o poder de outorgar o Espírito, e estava disposto a pagar
pelo privilégio, revelando assim ainda mais malentendidos a respeito de
obter
posições na igreja mediante um pagamento ou a oferta de um suborno;
este pecado recebeu o nome de “simonia” como resultado deste incidente.
20-23. A resposta de Pedro não poderia empregar fraseologia mais
forte. J. B. Phillips traduziu a primeira frase com arrojo: “para o inferno
com o seu dinheiro!” , que talvez soe como linguagem profana, mas é
precisamente
o que diz o texto grego. É o pronunciamento de uma maldição
contra Simão, consignando-o à destruição com o seu dinheiro. É, portanto,
o equivalente à excomunhão da igreja ou, talvez com mais exatidão, tratase
de uma advertência solene dirigida a Simão quanto àquilo que lhe aconteceria
se não mudasse a sua atitude. A própria idéia de obter uma dádiva
divina através dalgum tipo de pagamento revela uma compreensão totalmente
falsa da natureza de Deus e das Suas dádivas. Até certo ponto, é possível,
compreender Simão; tendo saído diretamente do paganismo, facilmente
poderia entender erroneamente a nova religião que o atraíra. Mesmo assim,
era grave o erro, e tinha que ser destruído no nascedouro. Simão, ao pensar
assim, mostrou que suas atitudes estavam fora de harmonia com aquelas
de Deus (cf. SI 78:37), e, portanto, enquanto assim persistia a situaçao,
não tinha parte nem sorte nas bênçãos do evangelho (cf. Dt 12:12, 14:27
para a linguagem empregada). Devia, portanto,
arrepender-se
da sua atitude
maligna e orar que seu mau intento fosse perdoado (cf. SI 78:38). Os
comentaristas têm argumentado se
talvez
subentende a probabilidade ou
improbabilidade de Deus perdoar a Simão. É provável que a lição seja,
simplesmente, que Simão não podia barganhar com a misericórdia de Deus,
tendo-a como garantida. Como comentário final, Pedro acrescenta que é
séria a posição de Simão. Está
em fel de amargura.
Este é um modo hebraico
de dizer “em fel amargo”, e reflete Deuteronômio 29:18, que fala do
perigo de brotar “raiz que produza erva venenosa e amarga” ; aqui, segundo
parece, a frase é metáfora de uma pessoa cuja idolatria e impiedade levassem
a resultados amargos para si mesmo e para as pessoas ás quais engana
ATOS 8:24-25
(cf. Lm 3:15, 19). Pedro, pois, está dizendo que Simão está provocando
amargo juízo para si mesmo, como sói acontecer com uma pessoa firmemente
presa pelo pecado (para a frase, cf. Is 58:6).
24. A resposta de Simão foi pedir que os apóstolos orassem por
ele a fim de que nenhum dos juízos ameaçados lhe sobreviesse. Alguns MSS
têm uma variação do texto que acrescenta o comentário interessante que
Simão chorava continuamente ao fazer seu pedido. Não há qualquer indício
que fosse sincera a sua petição, por muito ou pouco que tenha entendido
de tudo que fora dito. As lendas posteriores retrataram Simão como
opositor persistente do cristianismo e como arqui-herege; não há nada
disto aqui, o que provavelmente sugere que a narrativa em Lucas é mais
antiga do que o quadro posterior de Simão. Diferentemente de Ananias,
Simão recebeu da parte de Pedro uma oportunidade de arrependimento;
é difídl ter certeza qual a diferença que Lucas talvez tenha visto entre os
dois homens, a não ser que pensasse que Ananias teve mais oportunidade
do que Simão para reconhecer a pecaminosidade da sua ação, tendo, portanto,
pecado deliberadamente (cf. Lc 12:4748). Seja qual for o caso, a história
indica que existe a possibilidade do perdão mesmo para um pecado sério
cometido por uma pessoa batizada.
25. A história termina, anotando como os próprios apóstolos pregavam
ao povo e evangelizavam muitas aldeias samaritanas no seu caminho
de volta para Jerusalém. O sujeito do versículo se expressa vagamente,
mas sem dúvida inclui Filipe, preparando, assim, o caminho para a história
que se segue a respeito dele. O comentário é muito geral também, mas visa
mostrar que a missão aos samaritanos, começada por Filipe, foi continuada
pelos líderes da igreja em Jerusalém. Foi assim firmemente endossado
o recebimento dos samaritanos na igreja e, em 9:31, o narrador considera
coisa certa a presença de samaritanos na igreja única.
g. A conversão de um etíope (8:26-40)
Filipe figura também numa segunda história que outra vez diz respeito
à expansão missionária da igreja. Ao passo que a história anterior dizia
respeito à Samaria e a um movimento em massa, aqui se trata de um único
convertido que vem do extremo sul. Na história anterior, não houve
orientação divina especial que levasse à aventura evangelística, mas aqui, a
cada passo, vê-se que o Espírito dirige tudo quanto acontece. A história
diz respeito à conversão de um gentio; não é certo se era prosélito ou não.
Visto, porém, que o homem voltou para a sua própria pátria distante, parece daro que o episódio nSo levantou problemas imediatos para uma igreja
que ainda nío esclarecera sua atitude para com gentios convertidos. As
questões levantadas somente chegaram ao clímax quando uma série posterior
de eventos forçou a igreja a reconhecer o que acontecia, e entrar em
entendimento com eles. A história é incluída aqui tanto por causa de dizer
respeito a Filipe, quanto por causa de formar parte do progresso paulatino
da igreja em direção aos gentios. Historicamente, mostra que os helenistas,
mais do que Pedro, assumiram a liderança em levar aos gentios o evangelho.
A conversão propriamente dita é interessante aqui, pois o etíope foi
levado à fé mediante o reconhecimento de que em Jesus foram cumpridas
as Escrituras proféticas. Filipe conseguiu atuar sem qualquer necessidade
de seus esforços serem suplementados pelos apóstolos.
Tomando pòr certo que a narrativa é histórica, decerto depende das
reminiscências do próprio Filipe. É óbvio, no entanto, que Lucas colocou ò
relato na linguagem dele, ao ressaltar os elementos que considerou ter
significância
especial - o modo de Deus responder àqueles que O temem em
todas as nações (10:34-35), o cumprimento da profeda do Servo de Deus
na Pessoa de Jesus (3:13), e o papel desempenhado pelo Espírito na obra
da evangelização. O modo de ser narrada a história tem certas semelhanças,
quanto à estrutura, com outra história na qual um Estranho acompanhou
dois viajantes e abriu perante eles as Escrituras, participou de um ato
sacramental,
e depois desapareceu de vista (Lc 24:13-35).
26. A história começa a desenrolar-se quando um anjo deu ordem
a Filipe, levando-o para longe do cenário da evangelização bem sucedida e
conduzindo-o para um lugar que decerto parecia totalmente inapropriado
para mais trabalhos cristãos. O emprego do
anjo do Senhor
como mensageiro
relembra seu papel no Antigo Testamento (2 Rs 1:3, 15). Não fica
claro por que o Espírito tomou o lugar do anjo como mensageiro divino
no v. 29 (cf. 5:19; 10:3; 12:7-23; 27:23); no pensamento judaico, parece,
ter havido nítida associação entre ambos (235). O que importa é que, desta
maneira, a viagem de Filipe e a ação subseqüente foram vistas como
tendo sido instigadas por Deus, e, portanto, como parte da intençíío dEle.A igreja nào descobriu “por acidente” a idéia de evangelizar os gentios;
tudo foi feito de acordo com o propósito deliberado deDeus. Filipe
recebeu a ordem de ir
para a banda do sul.
A frase grega, no entanto, pode também ser traduzida “ao meio-dia” .
ATOS 8:26-29
recentes adote esta tradução no seu texto, é possível que seja correta, pois
toma o mandamento divino, dirigido a Filipe, tanto mais in comum e
surpreendente;
ao meio-dia, por causa do calor, o caminho estaria
deserto.
O caminho aqui referido ia para o sul, de Jerusalém para Hebrom, e depois
para o oeste, paxa o litoral em Gaza.
Este se acha deserto é
o comentário
de Lucas que sublinha quão estranho era o
mandamento.
27-28. Filipe, então, fez conforme a ordem recebida; obedeceu
imediatamente e - por estranho que pareça,93 encontrou-se com outro
viajante. O homem provinha do país hoje conhecido como ,o Sudão (e não
a Etiópia moderna) onde era eunuco empregado no serviço da rainha-mãe,
que tinha o título hereditário de Candace, e que, na realidade, exercia o
poderio sobre a nação. O termo
eunuco
normalmente indica alguém que
foi castrado; pela lei judaica, tais pessoas eram proibidas de entrarem no
templo (Dt 23:1), embora Isaías 56:3-8 oferecesse para eles uma situação
melhor no futuro. Se o homem fosse eunuco neste sentido, não poderia
ser um prosélito. Este termo, no entanto, também podia ser empregado para
referir-se simplesmente a um oficial da corte. É possível que este seja
o sentido aqui, mas os termos colecionados na frase dão a entender que a
palavra deva ter algum significado independente juntamente com
superintendente,
e o emprego que Lucas fez da linguagem veterotestamentária sugere
que ele bem pode ter desejado que
seus leitores vissem aqui o cumprimento
de Isaías 56:3-8. Da mesma forma, talvez tenha visto também um
cumprimento do Salmo 68:31. Ressalta-se a alta posição do oficial como
tesoureiro real: não era este um
convertido insignificante! Viera a
Jerusalém
a fim de
adorar
ali; era, portanto, pelo menos um “temente a Deus”
(ver 10:2, nota). Mesmo que não pudesse ser um prosélito de pleno direito,
servia a Deus conforme
suas melhores possibilidades. Provavelmente
tinha estado em Jerusalém na ocasião dalguma das festas peregrinas, e agora
estava de volta para casa, andando, conforme a sua posição social, num
carro;
aproveitava o tempo ao ler de um rolo que continha parte das
Escrituras
judaicas.
29-31. Pela segunda vez nesta história, Filipe recebe uma ordem divina.
Podemos supor que em circunstâncias normais uma pessoa comum não
abordaria um viajante de posição sodal superior e, portanto, Filipe
precisava
de certeza interior quanto àquilo que deveria fazer.
ATOS 8.29-34
do, na realidade, uma carroça de bois, e não teria viajado muito mais
rapidamente
do que o compasso do andar, de tal maneira que Filipe não teria dificuldades
em correr ao lado dela e chamar o ocupante. Ao aproximar-se
do carro, Filipe ouviu a voz de quem lia - seja a de um escravo que lia em
alta voz ao seu senhor, ou a do próprio eunuco.94 Reconheceu aquilo que
estava sendo lido, e passou a perguntar ao eunuco se entendia aquilo que
lia.
Como resposta, o eunuco confessou ter necessidade de um intérprete, e
convidou Filipe a empreender a tarefa. Decerto supôs ser este um judeu
(pelas roupas ou pelo sotaque) e, assim, provavelmente capaz de ajudálo.
O princípio geral que enunda, porém, é de significânda. O Antigo Testamento
não pode ser plenamente compreendido sem interpretação. Era
necessária uma chave para destrancar as portas dos seus ditos misteriosos.
Jesus fornecera aos Seus discípulos uma chave assim (Lc 24:25-27, 4447).
Agora, Filipe estava sendo conclamado a ajudar o eunuco da mesma maneira.
32-33. A passagem que o eunuco estava lendo ofereceu uma oportunidade
de ouro ao evangelista. Na realidade, podemos perceber nesta
narrativa a mão de Deus agindo a cada momento, no modo de Filipe ter sido
guiado para o lugar certo, a fim de encontrar-se com um homem a quem
Deus também estava preparando para este encontro. Não foi, portanto, por
addente que, no exato momento em que Filipe escutou-o, estava lendo de
uma passagem que era idealmente apropriada como ponto de partida para
a mensagem crista. Isaías 53:7-8 pertence a uma passagem profética que
diz respeito a um Servo de Deus que padeceu humilhação de todos os tipos,
e carregou sobre Si o pecado dos outros; desta forma, faz expiação pelos
pecados destes e, finalmente, é glorificado por Deus. Há muito debate quanto
á maneira de.os leitores do século I terem entendido o texto, e é bem
possível que a incerteza do eunuco fosse típica. Os versículos específicos
dtados são obscuros quanto ao seu significado. Descrevem como o Servoguarda
silêndo assim como um cordeiro nâo faz som algum ao ser confrontado
pela faca do açougueiro ou do tosquiador. Não protestou, embora
fosse humilhado, despojado da justiça e, finalmente, trucidado.
34. Parece estranho que o eunuco não pergunte qual o significado
dos vérsículos; começa perguntando se o profeta descreve a sua própria
experiência ou a doutra pessoa. Visto que Jeremias podia descrever seus sofrimentos de modo marcantemente semelhante a este (Jr 11:18-20),
não é surpreendente que alguns estudiosos tenham postulado que neste
caso, também, o profeta se referia à sua própria experiência. E, desde que
Deus, noutras partes deste contexto geral, chamou o povo de Israel de servo
dEle (Is 44:1-2), outra vez não é de se surpreender que alguns tenham dentificado o Servo como sendo Israel, ou parte desta nação, ou o
verdadeiro
Israel conforme a intenção de Deus. Estes dois pontos de vista ocorriam
no judaísmo. O que não fica claro é se o Servo era identificado com
o “Filho de Davi” que se esperava, e que estabeleceria o reino final de
Deus em Israel. Segundo nosso ponto de vista, há alguma probabilidade
de que este passo foi dado por alguns judeus,9 s e que, acima de tudo,
Jesus via a Si mesmo como Aquele que cumpriu o papel do Servo.9 6
A frase “abrir a sua boca” (ARC) é usada quando segue uma declaração
importante. Aqui, pois, está o clímax da conversação, na medida
em que Filipe toma da passagem o seu ponto de partida e declara as boas
novas de Jesus Cristo. É claro que seu primeiro passo era demonstrar que
Jesus
era a pessoa que cumpriu a profecia. Uma descrição do caráter geral
de Jesus e do modo do
Seu sofrimento sem justa causa, e como foi condenado
à morte, comprovaria este argumento. Sem dúvida, Filipe disse
muito mais. Decerto, mostrou como a história de Jesus era boas novas.
Não sabemos se
fez diante do etíope uma exposição do restante de Isaías
cap. 53. Já foi observado que, no que diz respeito ao próprio Lucas, ele
registra
poucas referências â obra de Jesus em carregar sobre Si os pecados
humanos, e em fazer expiação, e alguns tiraram a conclusão de que pouca
importância dava a este aspecto na sua própria teologia. Aqui, também,
conforme alguns têm salientado, é curioso que os versículos de
Isaías
cap. 53 que são citados por extenso falam do sofrimento injusto de Jesus,
mas não do fato de Ele levar sobre Si os pecados dos outros nem do seu
padecimento em prol deles: é relevante este silêncio?
Naturalmente, postular
a pergunta deste modo é supor que a escolha que Lucas fez da citação
foi dele mesmo, ao invés de ser determinada pelos fatos da história
conforme Filipe ou alguma fonte documentária os
transmitiu a ele, e é
duvidosa
semelhante suposição. Visto que, noutros trechos, Lucas se refere ao
sofrimento de Jesus em prol dos outros (20:28; Lc 22:19-20), parece duvidoso
nosso direito de tirar qualquer
conclusão com base no silêncio desta.
ATOS 8:36-39
36. Que Filipe disse muito mais ao eunuco do que se sugere brevemente
no v. 35 toma-se claro pelo fato que, quando os viajantes chegam a
uma corrente o eunuco pediu o batismo. É óbvio,
portanto, que Filipe deve
ter falado segundo o modelo do sermão de Pedro em Atos cap. 2, especialmentev. 38, a respeito da resposta adequada à mensagem cristã. Da
mesma forma, podemos supor que o eunuco deve ter dado a Filipe alguma
evidência da sua fé em Jesus. Não havia, portanto, razão alguma para ele não
ser batizado. Mesmo assim, a falta de qualquer menção clara destas coisas
levou algum escriba
primitivo a preencher o v. 37 conforme aparece entre
colchetes na ARA: “Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração.
E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus!” O
conteúdo do
acréscimo é teologicamente correto, mas o estilo não é o de
Lucas e a evidência em prol do trecho nos MSS mais antigos é fraca.
38. Filipe, satisfeito de que o eunuco estava pronto para o batismo,
concordou com seu pedido. O eunuco mandou parar o carro, e os dois
homens desceram à corrente, onde Filipe o batizou. Não há evidência
suficiente para indicar se o batismo foi pela imersão do eunuco ou mediante
derramar (afusão) de água sobre ele enquanto ficava de pé nas águas
rasas; se o Novo Testamento deixa obscuro o modo preciso do batismo,
talvez não devamos insistir nalgum tipo específico de praxe.
39.
Conforme consta, o texto descreve como
o Espirito
arrebatou
a Filipe quando os dois homens saíram da água. É um término muito
abrupto para a história, e fica consideravelmente aliviado pela forma mais
longa do texto, que diz: “Quando saíram da água, o Espírito
Santo caiu
sobre o eunuco, mas o anjo
do Senhor arrebatou a Filipe . . .” Visto que
na frase grega original a palavra “Santo” vem na ordem conforme a temos
supra, é fácil ver que a totalidade da frase poderia ter acidentalmente
caído
do texto. Neste caso, a forma mais longa do texto pode ter sido a
fraseologia
original e, assim, a história relata explicitamente como o dom do
Espírito seguiu após o batismo do eunuco. Embora seja fraca a evidência
nos MSS em prol do texto mais longo, é possível que fosse o original. A
frase “Espírito do Senhor”, no entanto, ocorre em 55 e Lc 4:18, e o quadro
do Espírito (e não um anjo) que transporta uma pessoa aparece em 1
Reis 18:12; 2 Reis 2:16; Ezequiel 3:14; et al. De qualquer maneira, o fato
de que o eunuco foi seguindo seu caminho para casa
cheio de júbilo
nos
pemite tirar a inferência de que recebeu o Espírito Santo. Ver Marshal, Luke, págs.
169-175. * V. o artigo sobre Batismo no NDITNT, vol. 1.
ATOS 8:40
40. Neste ínterim, Filipe chegou em Azoto,
a próxima cidàde importante
ao norte de Gaza na estrada do litoral. Deste ponto em diante, havia
povoações, e Filipe pregava nelas à medida em que caminhava para o norte,
para
Cesaréia.
Parece que Filipe morava ali; de qualquer modo, na vez seguinte
que aparece em Atos, em data muito posterior, é em Cesaréia que
está estabelecido.