Escrita Lição 9, As Histórias e as Poesias Falam ao Coração, 1Tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

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Lição 9, As Histórias e as Poesias Falam ao Coração
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos
Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão, Brasília, DF)
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique
 
 


    
TEXTO ÁUREO
“Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.” (Sl 119.107)
 

VERDADE PRÁTICA
Os livros históricos e poéticos mostram a soberania e a sabedoria divinas. O relato dessas verdades produz fé e esperança em nossos corações.
 
 
Lição 9, As Histórias e as Poesias Falam ao Coração
 
Vídeo desta lição - https://youtu.be/9F7TUKlavms
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/02/escrita-licao-9-as-historias-e-as.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2022/02/slides-licao-9-as-historias-e-as.html 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Js 21.45 DEUS controla o curso da história humana
Terça - 2 Tm 2.13 DEUS é fiel o tempo todo
Quarta - Jó 28.28 A sabedoria requer ações práticas
Quinta - Pv 31.30 A pessoa temente a DEUS recebe honra
Sexta - Mt 10.29,30 Nada acontece fora da vontade divina
Sábado - Pv 4.23 Do coração procedem as fontes da vida
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Deuteronômio 6.20-25; Salmos 119.105-108
Deuteronômio 6

20 - Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso DEUS vos ordenou?21 - Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o Senhor, com mão forte, nos tirou do Egito;22 - E o Senhor, aos nossos olhos, fez sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito, contra Faraó e toda sua casa;23 - E dali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurara a nossos pais.24- E o Senhor nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos ao Senhor nosso DEUS, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje.25 - E será para nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o Senhor nosso DEUS, como nos tem ordenado.
Salmos 119
105 - Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.106- Jurei, e o cumprirei, que guardarei os teus justos juízos.107 - Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.
108 - Aceita, eu te rogo, as oferendas voluntárias da minha boca, ó Senhor; ensina-me os teus juízos.


PALAVRA-CHAVE - Coração
 
 
Resumo da Lição 9, As Histórias e as Poesias Falam ao Coração
I – AS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO
1. Os livros históricos.
2. As histórias dos Juízes.
3. As histórias dos Reis.
II – OS LIVROS POÉTICOS (E DE SABEDORIA) DO ANTIGO TESTAMENTO
1. Os livros sapienciais e poéticos.
2. Eclesiastes, Provérbios e Jó.
3. Salmos e Cantares de Salomão.
III – UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO
1. Uma mensagem de soberania.
2. Uma mensagem de sabedoria.
3. Uma mensagem de adoração.
 
 
A nossa organização dos livros é diferente da dos judeus.
A tradição textual judaica nunca finalizou a ordem dos livros em Ketuvim. O Talmude Babilônico (Bava Batra 14b — 15a) dá sua ordem como Rut, Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Lamentações, Jeremias, Daniel, Meguilá Ester, Esdras e Crônicas.
Foi escrita entre cerca de 1200 a.C. e 100 a.C., principalmente em hebraico. Ela contém 24 livros divididos em três seções: a Lei, os Profetas e os Escritos. ... Esses cinco livros também são chamados de Torá (pelos judeus) ou Pentateuco (pelos cristãos).
Chama-se também Tanakh, acrônimo lembrando as grandes divisões dos escritos sagrados da Bíblia hebraica que são os Livros da Lei (ou Torá), os livros dos profetas (ou Nevi'im), e os chamados escritos (Ketuvim).
Nós colocamos 39 livros do antigo testamento, os judeus só 24
A organização dos livros é diferente. O cânon é o mesmo. Ou seja, os mesmos escritos reconhecidos por eles como divinos são os que nós também reconhecemos.
 
 

 
LIVROS HISTÓRICOS - RESUMÃO
Josué - Parece que o livro de Josué foi escrito como um registro oficial da providencial liderança de DEUS no triunfo e estabelecimento de Israel na terra que Ele havia prometido a seus antepassados. Portanto, esse registro foi, sem dúvida, acrescentado aos papiros da lei já existentes e guardados na arca no Tabernáculo (Dt 31.9,24-27). Samuel, por exemplo, escreveu o material adicional “num livro” (1 Sm 10.25) e o apresentou ao Senhor. Como parte das Escrituras reconhecidas e aceitas, o livro de Josué deveria ser lido periodicamente nas festas anuais e nas ocasiões especiais da renovação da aliança (por exemplo, Neemias 8-9).
O livro de Josué declara a fidelidade do Senhor para com a aliança que fez com os patriarcas e com a nação, através da mediação de Moisés. DEUS é mostrado como Aquele que mantém todas as suas promessas (Js 21,43- 45). De sua parte, as futuras gerações são encorajadas a renovar o seu compromisso com a aliança e a imitar a fé, a unidade e a elevada moral da era de Josué.
Esboço
 
Juízes - propósito do livro ao apresentar esta história é definitivamente didático - ensinar a retribuição divina sobre um povo pecador, a misericórdia de DEUS sobre o arrependimento, e a futilidade de governos idólatras que são centrados no homem. O ministério de Eli e Samuel, registrado nos primeiros capítulos de 1 Samuel, concluí esta era dos juízes. A religião havia alcançado um profundo declínio e Israel era ameaçado pelos filisteus apesar das proezas de Sansão. Apesar da liderança de Samuel, que serviu como juiz da lei, surgiu um reavivamento de forma que Israel estava suficientemente unificado para resistir aos agressivos ataques e à ocupação dos filisteus.
 
Rute - O principal propósito do autor era enfatizar o cuidado providencial demonstrado pelo Senhor em relação às duas viúvas em condições desesperadoras (Hertzberg) e, dessa forma, mostrar que o aparecimento e a ascensão de Davi, em um período crucial da história de Israel, não foi acidental. Esse tema está maravilhosamente contido nas declarações de Boaz a Rute sobre esse assunto (2.11,12), e está explícito ao longo de todo o livro (cf. 1.8,16,17; 2.3,4,20-23; 3.1-4,7-13; 4.13-15).
 
Samuel – Os três personagens principais são apresentados no relato: Samuel, Saul e Davi. O texto em 1 Samuel 1-7 fala do papel de Samuel como o grande líder, que possibilitou a transação dos juízes (líderes carismáticos) aos reis (reino dinástico). Ao mesmo tempo, como visto em 1 Samuel 8-15, ele levou o ofício profético a um avanço tão significativo, que os reis hebreus eram obrigados a sofrer as severas censuras dos santos profetas de DEUS quando se desviavam. O texto em 1 Samuel 16-31 fala abertamente do reinado de Saul e de seu ódio e de sua neurótica perseguição a Davi, que se tornou um fugitivo. O texto em 2 Samuel relata a história de Davi como rei. Os capítulos 1-4 esboçam a transição da dinastia da linhagem de Saul para Davi. Os demais capítulos de 2 Samuel falam do reinado de Davi. Por exemplo, as suas guerras nos capítulos 10-12, e a rebelião de Absalão e as suas consequências nos capítulos 14­20. O hino real de ação de graças de Davi está registrado em 2 Samuel 22 (e também em Salmo 18), mas sua morte não acontece até 1 Reis 2. O texto em 2 Samuel encerra-se com o episódio da compra da eira de Araúna, o jebuseu, como o local indicado para a edificação de um altar ao Senhor.
 
Reis - A admoestação à fidelidade à aliança é o tema destes dois livros de Reis. A fidelidade de sua aliança com DEUS era essencial para o bem-estar de Israel como uma nação. O autor avaliou cada governante por sua conformidade à lei mosaica. Conquistas seculares extraordinárias dos reis eram frequentemente minimizadas ou omitidas, ao passo que a responsabilidade pela aliança com o Senhor era enfatizada. Começando com os reinados de Davi e Salomão, quando Israel alcançou a eminência de fama e riqueza internacional - um período nunca sobrepujado desde então - o autor procura dar a razão da divisão e do declínio do reino, que terminou com a queda de Jerusalém.
Por todos estes séculos de declínio, profeta após profeta veio lembrar aos reis e cidadãos do seu fracasso em amar e servir a DEUS de todo o coração, e os advertiu sobre o juízo de DEUS por causa de sua injustiça social. Israel é levada cativa para a Assíria e a destruição de Jerusalém com seu Templo reduzido a cinzas,  esse foi o maior juízo sobre o povo de DEUS nos tempos do AT. Desta maneira, a primeira nação de Israel foi extinta.
 
Crônicas - Os livros de Crônicas parecem ter sido escritos como uma parte da cruzada de Esdras para revitalizar a Judá pós-exílio na devoção à lei de Moisés (Ed 7.10). Começando em 458 a.C., Esdras fez uma campanha para restaurar a adoração no Templo (Ed 7.19- 23,27; 8.33,34), para salvar os judeus dos casamentos mistos com os seus vizinhos pagãos (Ed 9-10) e para reconstruir Jerusalém e as suas muralhas (Ed 4,8-16; 9.9). Portanto, os livros de Crônicas consistem nas quatro partes descritas a seguir:
I. Genealogias: Adão até 500 a.C, 1 Crônicas 1-9 - O estabelecimento das descendências das famílias (cf. Ed 2.59)
II. O reino de Davi, 1 Crônicas 10-29 O estado teocrático ideal
III. A glória de Salomão, 2 Crônicas 1-9 Ressaltando o Templo e a sua adoração
IV. A história do reino do sul, 2 Crônicas 10-36. Especialmente as reformas religiosas e as vitórias militares dos reis mais fiéis de Judá Embora sejam paralelos aos eventos de Samuel e de Reis, os anais sacerdotais de Crônicas dão maior ênfase à construção do templo (1 Cr 22 etc.), à arca sagrada, aos sacrifícios mosaicos, aos levitas e aos cantores (1 Cr 13; 15-16). Ao mesmo tempo, eles omitem alguns atos moralistas e pessoais dos reis (2 Sm 9; 1 Reis 3.16-28) e biografias dos profetas (1 Rs 17.1—22.40; 2 Rs 1.1- 8.15). Isto torna adequada a colocação de Crônicas na terceira parte do cânone hebr. (não profética), em contraste com a localização dos livros profeticamente escritos e mais preocupados com a arte de pregar (homilética) que são Samuel e Reis, e que estão na segunda divisão (a profética), finalmente, o Cronista parece ignorar deliberadamente a deterioração do reino de Saul (1 Sm 8-30, exceto a sua morte, cap. 31), a disputada ascensão de Davi, e a sua posterior vergonha (2 Sm 1-4; 11-21), os fracassos de Salomão (1 Rs 11) e toda a história do reino do norte de Israel que esteve fora dos padrões. Os judeus desiludidos e relutantes de 450 a.C. estavam dolorosamente conscientes dos resultados do pecado; o que eles necessitavam era o incentivo e a inspiração das suas antigas vitórias, dadas por DEUS (como em 2 Crônicas 13- 14; 20 e 25).
 
Esdras - 1. Memórias de Esdras (7.27-9.15). Estas foram escritas em primeira pessoa. Podem ter sido um resumo do relato que Esdras teve que fazer à corte persa. 2. Documentos em aramaico (4.7-16; 4.18- 22; 5.7-17; 6.3-12; 7.12-26). Estes incluem cartas e documentos oficiais e semioficiais. 3. Documentos hebraicos (1.2-4; 2.1-70; 8.1- 14; 10.18-44). Estes vêm, sem dúvida, e principalmente, dos arquivos de estado.
Resumo - Retorno, 1.1-2.70; permissão para retornar, 1.1-11; registro dos que retomaram, 2.1- 70; reconstrução do templo, 3.1-6.22; Construção do altar e das fundações do templo, 3.1-13; Empecilhos ao trabalho, 4.1-5,24; Oposição posterior, 4.6-23; atividade de Esdras, 7.1-10.44; missão de Esdras, 7.1-28; chegada de Esdras, 8,1-36; problema dos casamentos mistos, 9.1-10.44.
 
 
Neemias – Resumo- Administração de Judá por Neemias, 1,1-12.47;  Chegada a Jerusalém, 1.1-2.20; Reconstrução do muro, 3.1-7.4; Registro dos que retomaram, 7.5-72; Renovação da aliança, 7.73-10.39; Censo de Jerusalém e da vizinhança, 11.1-36; Relação dos sacerdotes e levitas, 12.1- 26; Consagração do muro, 12.27-47; Segunda Visita de Neemias a Jerusalém e Reformas Finais, 13.1-31..
Memórias de Neemias (1.1,2.20; 4.1-7.5; 10.28-11.2; 12.27; 13.31; 7.73-9.38; 3.1-32; 7.6-73; 2.1-70; aliança (10.1-27; Residentes de Jerusalém e de sua região (11.3-36); registros do Templo ou arquivos do estado.
Sacerdotes, levitas e sumos sacerdotes (12,1-26), dos registros do Templo.
 
Ester - Em uma atmosfera de ódio e oposição, não era sempre conveniente aos judeus mostrar sua religião publicamente. A população gentílica se ressentia da atitude judaica em relação aos ídolos, à religião, aos alimentos e aos casamentos mistos. Assim, sem alardear sua religião, o autor deste livro transmite uma ênfase espiritual.
Mardoqueu é mostrado compartilhando a tradição de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao recusar-se a prestar homenagens a Hamã (Et 3.2ss.). Sua recusa só é compreensível com base em sua estrita adesão ao Decálogo. O jejum é uma indicação adicional da prática religiosa judaica (4.16; 9.31). Et 9.31 fala do clamor dos judeus por ajuda. Ajuda de quem? Mardoqueu expressa sua fé em DEUS dizendo a Ester que, se ela falhar, a ajuda virá de uma outra fonte.
A parte espiritual mais notável é a providência divina. Os judeus aprenderam sob uma aflição permitida por DEUS, aquilo que eles não aprenderiam sob Sua paciência. O autor tece o padrão da providência. Antes de Hamã discutir com Mardoqueu, a deposição de Vasti forneceu a ocasião para Ester, uma judia, ganhar uma posição que lhe permitiu salvar seu povo. Mardoqueu havia ficado em dívida com o rei. Xerxes teve uma noite de insônia no momento certo e leu a porção certa do livro dos registros do governo. Tudo se encaixa. Nenhum judeu poderia ter escrito isto sem a intenção de apresentar a providência de DEUS para poupar seu povo.
 
 
 
POESIA - Dicionário Bíblico Wycliffe
Através da poesia o homem transmite seus mais profundos e elevados pensamentos e emoções. Em suas imagens e ritmos crescentes, ele canta seu amor, adoração, sofrimento, tristeza e esperança. Seria na verdade muito estranho se a Bíblia, que expõe o interior do coração do homem e de DEUS, não fosse também um livro que guardasse uma sublime poesia. A Bíblia, particularmente o AT, é um dos maiores livros poéticos de todos os tempos. Embora a natureza de sua poesia sempre tenha sido obscurecida pela forma com que aparece nas traduções, suas passagens poéticas, além de serem reveladas por DEUS ao homem, são, também, a expressão do amor e da adoração do homem para com Ele.

A Poesia do Antigo Testamento
História da interpretação. 
Até cerca de 200 anos atrás, a maior parte da poesia do AT não havia sido reconhecida como tal. Livros como Jó, Salmos e Provérbios eram obviamente livros de poesia, mas a ignorância do estilo da poesia semítica e o conceito errôneo de que a poesia devia adaptar-se aos cânones da literatura clássica, obscureceu o fato de que mais de um terço do AT era constituído de poesias. Uma grande parte das mensagens dos profetas foi originalmente transmitida sob a forma poética, não só para aumentar seu apelo e brilhantismo, mas para que pudesse permanecer por mais tempo na memória das pessoas. Até nos livros das leis e da história existem passagens poéticas como o cântico de Lameque (Gn 4.23, 24), a bênção de Jacó (Gn 49.2-27), qs cânticos de vitória de Moisés e de Miriã (Ex 15.1-21), as profecias de Balaão (Nm 23.7-10,18- 24; 24.3-9,15-24), o cântico de Débora (Jz 5) e a oração de Ana (1 Sm 2.1-10).
Em 1753, o primeiro grande livro sobre o assunto da poesia bíblica inaugurou a nova era do entendimento da maior parte da Bíblia. Robert Lowth, depois de um estudo cuidadoso, redescobriu a natureza básica das leis da poesia hebraica e publicou suas conclusões em uma obra intitulada De Sacra Poesi Hebraeorum. Desde essa época, foram realizados muitos estudos e surgiram muitos livros notáveis como a obra de Herder, The Spirit of Hebreu! Poetry, e de G. B. Gray, The Forms od Hebreu! Poetry. De particular interesse para o estudo da poesia hebraica foi a descoberta feita pelos arqueólogos de uma vasta literatura da Antiguidade, contemporânea da Bíblia Sagrada. A literatura do Egito, Assíria, Babilônia e Canaã reproduz o cenário dos escritos bíblicos porque fazia parte da mesma cultura e do mesmo mundo conceituai. A descoberta da literatura ugarítica, em Ras Shamra (q.v.), pertencente a uma literatura semítica de uma era muito próxima à de Moisés, veio facilitar enormemente o nosso entendimento das poesias das Escrituras, e a nossa exegese da mensagem bíblica. Podemos imaginar a grande diferença de significado que estaria envolvida se uma frase como: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar” (Is 59.1) fosse entendida sob a forma de uma prosa desapaixonada ao invés de uma imaginação poética!
As tábuas de argila provenientes de Ugarite forneceram dados filológicos que serviram para iluminar muitas expressões obscuras da poesia bíblica. Tanto na poesia ugarítica como na hebraica o princípio dominante era o mesmo; o princípio da harmonia ou da simetria de idéias. Os estudiosos também descobriram uma considerável similaridade de dicção entre os épicos cananeus e a poesia do AT, de tal forma, que foram feitas longas relações de pares fixos de sinônimos ou de palavras relacionadas comuns à literatura ugarítica e aos vários livros da Bíblia (Mi- tcnell Dahood, Psalms I, Anchor Bible, Garden City, Doubleday, 1966, pp. xv-xliii; Psalms II, 1968, pp. xv-xvii).
Características. Podemos encontrar a diferença mais notável que existe entre a poesia hebraica e a poesia ocidental, no fato da rima e da métrica, tão importantes nessa última, serem apenas incidentais ou estarem até mesmo ausentes entre os hebreus. Embora a poesia hebraica tenha o ritmo e a flexibilidade que marcam toda a poesia verdadeira, a sua principal característica de diferenciação é encontrada mais em seu conteúdo do que em sua forma. A poesia hebraica manifesta-se pela correspondência conceituai que aparece em suas linhas sucessivas. Esta característica tem o nome de “paralelismo”, ou simetria de idéias, e revela-se sob diversas variações:
1. Formato de sinônimo - o mesmo pensamento é repetido sob formas ligeiramente diferentes. Por exemplo, Salmo 12.1: “Salva-nos, Senhor, porque faltam os homens benignos; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos homens”.
2. Formato antitético - o pensamento da primeira linha contraria o pensamento da segunda, às vezes por meio de um conceito completamente oposto. Esse aspecto é encontrado mais frequentemente no livro de Provérbios, como por exemplo, Provérbios 1.7: “O temor do Senhor é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”.
3. Formato sintético - a segunda linha prolonga ou complementa o pensamento da primeira. Esse aspecto, às vezes, continua em uma terceira linha e foi classificado por alguns estudiosos como uma outra forma de paralelismo, o climático. Por exemplo, Salmo 92.9: “Pois eis que os teus inimigos, Senhor, eis que os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os que praticam a iniquidade”.
4. Formato de quiasmo - o desenvolvimento do paralelismo básico dos sinônimos, pelo qual as quatro linhas são usadas, sendo que a primeira é paralela à quarta e a segunda paralela à terceira, como por exemplo no Salmo 137.5,6: “Se eu me esquecer de ti, 6 Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-se-me a língua ao paladar se me não lembrar de ti, se não preferir Jerusalém à minha maior alegria”.
O reconhecimento dessas formas, que estão claramente identificadas na maioria das traduções modernas, além de aumentar o prazer e a apreciação na leitura da Bíblia Sagrada, representa ainda uma ajuda notável em relação ao seu entendimento. Uma linha lança luz dobre o significado da outra, por tratar de coisas semelhantes ou opostas, ditas de formas ligeiramente diferentes.
Embora a harmonia de pensamento seja o princípio básico da poesia hebraica, a métrica também aparece, mas em bases diferentes daquelas encontradas nas línguas ocidentais. A métrica é determinada não pelo número de sílabas, mas pela força na entonação ou na pronúncia de palavras importantes, como acontece até certo ponto com a nossa música, e nenhuma tentativa foi feita para produzir um número uniforme de sílabas intermediárias. Embora desde o tempo de Josefo tenha sido declarado que Moisés e Homero haviam escrito sob a forma de hexâmetros, a maioria dos estudiosos atualmente concorda que qualquer ritmo encontrado não acompanha um rígido padrão métrico, Muitos comentários, apresentados por críticos, ficam enfraquecidos pela tentativa de retificar o texto hebraico a fim de adapta-lo a alguma forma métrica.
Também foi levantada a questão das estrofes ou estâncias e parece que os hebreus preferiam usar as divisões das últimas. Como acontece nas linhas individuais, as estrofes eram determinadas pelo conteúdo das palavras, e qualquer mudança ocorrida no pensamento provocava a elaboração de uma nova estrofe. Embora algumas estejam claramente identificadas, como as seções alfabeticamente divididas do grande acróstico que é o Salmo 119, elas não acompanham nenhum padrão aparente e nem sempre podem ser determinadas. A tentativa de estabelecer uma estrutura de estrofes para os vários tipos de poesia foi pouco conclusiva. As retificações e as mudanças conjeturais feitas no texto hebraico para adequá-lo aos supostos padrões, resultaram em uma prática bastante questionável.
A poesia hebraica também representa uma fonte de prazer em certas características que, de certo modo, também são encontradas em nossa literatura. A assonância, isto é, o uso de palavras com som semelhante, é encontrada em muitas passagens. Ela parece ter sido particularmente usada por certos autores, como Isaías, por exemplo, em Isaías 53.1-9. A aliteração, uma sucessão de palavras que começam com o mesmo som, também é frequentemente encontrada.
A linguagem figurada e exaltada, marca da verdadeira poesia, também é encontrada em abundância na Bíblia. Comparações, metáforas, personificações e hipérboles transmitem vida e beleza à literatura. Como a língua hebraica não dispõe de muitas palavras abstratas, sua imagem aparece de forma concreta e muito vivida. Ela excede-se em descrições nas quais emprega todo o mundo à sua volta para expressar a emoção e a paixão do amor, o ódio, a adoração, o louvor, a advertência ou a exortação, Observe a desconcertante ordem dos objetos aos quais os amantes de Cantares de Salomão comparam-se. Isaías, ao invés de dizer que DEUS é onipotente e onisciente, descreve seu poder de criar (40.12ss.). Jó retrata os poderosos seres que DEUS criou (caps. 40-41). Na poesia hebraica, “os céus manifestam a glória de DEUS” (Salmos 19.1) no sentido mais literal possível.

A Poesia do Novo Testamento
Comparativamente, o NT contém pouca poesia e aquela que existe geralmente reproduz uma citação do AT ou é elaborada sobre ela. O Magnificat de Maria (Lc 1.46-55) e o Benedictus de Zacarias (Lc 1.68-79) foram construídos quase completamente a partir de linhas do AT. O Glória (Lc 2.14) e o Nunc Dimittis (Lc 2.29-32) também acompanharam o estilo dos Salmos. Os maravilhosos hinos do livro de Apocalipse são hebraicos, e não gregos, em sua forma e conteúdo. Outras passagens, geralmente não consideradas como poesia quando vistas através de olhos judeus, também poderiam ser relacionadas como tais, como por exemplo, as Beatitudes e a Oração do Senhor (Mt 5.2-10; 6,9-13), o Prólogo do evangelho de João (Jo 1.1-18) e o hino de amor (1 Co 13). Acredita-se que Efésios 5.14; 1Timóteo 3.16, e talvez Filipenses 2.6-11, sejam trechos dos primeiros hinos cristãos.
Encontramos nessas passagens o mesmo estilo geral de paralelismo e de linguagem descritiva que existe no AT. A mudança do hebraico para o grego simplesmente acrescentou um vocabulário muito maior de palavras conceituais. Existem dúvidas de que algum dos escritores do NT tenha observado as leis da prosódia grega. P. C. J
 
 
LIVRO - Dicionário Bíblico Wycliffe
Antigo Testamento. Em hebraico, a palavra usada para “livro” é, geralmente, seper, provavelmente emprestada da língua acadiana - uma língua semítica. Acredita-se que em acádio a raiz significasse “tarefa”, em seguida o documento que descrevia uma tarefa e, depois, o verbo que significava “enviar” o documento. Em todos esses casos, seper significa “livro” ou “carta”. O verbo que se originou significa, “contar” ou “relatar”. O particípio soper designa um escriba ou um oficial que passa em revista as tropas.
Nos tempos do AT, um livro poderia ter várias formas. As “cartas” de 2 Reis 20.12 eram, provavelmente, tábuas de argila iguais às que haviam sido usadas na Mesopotâmia desde a invenção da escrita, antes do ano 3200 a.C. Na Palestina, os hebreus geralmente usavam papiros do Egito, ou, provavelmente, peles de animais como material para escrever. O alfabeto hebraico não se adaptava para ser escrito na argila. O livro hebreu, comp o Livro do Concerto (ou Livro da Aliança; Êx 24.7) eTa sem dúvida um pergaminho’ ou rolo igual aos que são vistos nas gravuras egípcias. Tais rolos (q.v.) eram muito bem adaptados para longas peças literárias. Cinco toIos podiam facilmente acomodar os cinco livros de Moisés. Posteriormente, eles receberam o nome de megilla (Jr 36.28). Os Rolos do mar Morto (q.v.) nos dão muitos exemplos de pergaminhos escritos sobre o couro desde o ano 225 a.C. Todo o livro de Isaías, datado do ano 150 a.C, está em bom estado de conservação.
Muitas vezes, escritas menores eram dobradas ou seladas. Exemplos desse formato são encontrados nos papiros do período de 500 a 400 a.C nas colônias judaicas de Elefantine no Egito. 
Muitos livros são mencionados no AT, alguns conhecidos, outros não. O livro da lei de Moisés é mencionado repetidamente. Josué também escreveu uma seção no livro da lei de DEUS (Js 24.26). Vários profetas fazem referência a seus livros. Daniel, evidentemente, tinha uma coleção de livros sagrados dentre os quais estava o de Jeremias (Dn 9.2; cf. BDB, p. 707).
Os reis da Antiguidade conservavam os registros da corte em livros (Et 6.1; Ed 4.15). Havia também crônicas dos reis de Israel e Judá (1 Rs 14.19,29). Os livros das Crônicas referem-se a livros de sucessivos profetas, como sendo a sua fonte (2 Cr 9.29; 20.34; 32.32 etc.). Por sabemos que essas fontes eram os livros de Samuel e Reis, podemos afirmar que esses livros eram verdadeiramente obra desses profetas. TJma referência enigmática é feita ao Livro de Jasar (on Livro dos Justos, ou Livros do Justo, ou Livro do Reto; Js 10.13; 2 Sm 1.18). Jasar significa “o reto” (ou “o justo”) e a nação de Israel era chamada Jesurum (Dt 32.15; 33,26). Jasar pode ter sido exatamente a crônica da história da nação.
Novo Testamento. A palavra grega para “livro” é biblion ou biblos, de onde provém a palavra Bíblia, o Livro. A palavra grega, por sua vez, parece ter derivado do nome da cidade de Biblos, um porto da Síria através do qual era importado o papiro do Egito para a Palestina e para a Síria, e daí transportado para a Grécia.
No NT, muitas vezes a palavra “livro” refere- se a escritos do AT, que eram evidentemente pergaminhos ou rolos (Lc 4.17). As composições mais curtas de Paulo e de Pedro são chamadas de “epístolas”, Estas, provavelmente, foram dobradas ao invés de serem enroladas, não sendo, portanto, os “rolos” no sentido tradicional. O Apocalipse e o evangelho de João são chamados de “livros” (Ap 22.18; Jo 20,30). O evangelho de Mateus começa da seguinte forma: “Livro da geração de JESUS CRISTO” que nos faz lembrar, imediatamente, da passagem em Gênesis 5.1. Paulo pede os seus livros em 2 Timóteo 4.13.
Geralmente, supõe-se que os apóstolos escreveram em rolos, com exceção das cartas mais resumidas. Mas os fragmentos dos papiros Rylands, do evangelho de João, datados aproximadamente do ano 125 d.C., foram escritos em páginas iguais às de nossos livros, sob uma forma chamada códex. É possível que alguns dos escritos do NT tenham sido, originalmente, confeccionados desta forma. Isso poderia explicar o fato de a primeira coleção dos evangelhos ter sido confeccionada em uma única unidade, e as epístolas de Paulo em outra. A forma atualizada de códex de um livro provavelmente tenha ajudado a propagar o NT como uma unidade e, como resultado, esse uso ampliado do NT provavelmente tenha ajudado na disseminação da adoção dessa forma de livro. Verá Rolo; Escrita. R. L. H.
 
 



RESUMO DOS LIVROS HISTÓRICOS- Dicionário Bíblico Wycliffe
 
JOSUÉ LIVRO DE
O sexto livro do AT, e primeiro dos livros históricos, recebeu o nome de seu principal personagem, Josué. Sob a orientação de DEUS, ele dirigiu a nação de Israel através do Jordão na conquista de Canaã, na ocupação dos territórios das tribos e na renovação do compromisso de sua aliança com o Senhor. Segundo a tradição judaica, esse livro é o primeiro dos Profetas, a segunda maior divisão da Bíblia hebraica, que encabeça a subdivisão conhecida como os Primeiros Profetas ou os Profetas Antigos (Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel e 2 Reis).
Posição no Cânon
Em 1792, Alexander Geddes propôs a teoria de que Josué era o sexto livro de uma coleção judaica posterior que os críticos modernos haviam intitulado de Hexateuco. Desenvolvendo essa opinião junto à teoria documental do Pentateuco (JEDP), alguns estudiosos como Bleek, Knobel e Nõldeke argumentaram que deve haver uma conclusão mais adequada à história dos primórdios de Israel descrita nos cinco primeiros livros do AT, Como a terra que DEUS jurou dar aos patriarcas está mencionada na divina promessa desde Gênesis 12 até Deuteronômio 34, o cumprimento da promessa divina não teria sido possível sem Josué, Aqueles que analisaram as fontes acreditam poder detectar os estilos das supostas fontes pentateucas nesse sexto livro.
Entretanto, não existe qualquer evidência na tradição judaica ou nos manuscritos de que Josué tenha alguma vez formando uma unidade com os cinco livros da lei para constituir o assim chamado Hexateuco. A lei sempre se distinguiu dos outros livros. Josefo declara textualmente que os judeus de sua época tinham cinco livros de Moisés, 13 livros dos profetas que escreveram o que foi feito em sua época, desde a morte e Moisés até o reinado de Artaxerxes, e 4 outros livros que continham hinos a DEUS e preceitos para a vida cotidiana (Josefo, Apion 1.8). Nem qualquer porção de Josué havia sido incluída alguma vez nos sistemas anuais e trienais da interpretação publica da lei.
O argumento mais incisivo contra um Hexateuco é que os samaritanos consideravam como canônicos apenas os cinco livros de Moisés, e jamais o livro de Josué. No entanto, esse livro contém várias características que poderiam ser úteis para a causa dos samaritanos sectários. Tanto o monte Gerizim (Js 8.33), onde os samaritanos posteriormente adoravam, como Siquém (Js 20.7; 24; 1,32), que era o local onde viviam (Josefo, Ant. xi.8.6), são mencionados sem qualquer insinuação de que Jerusalém se tornaria o centro da adoração de Israel. Portanto, como não havia razão para rejeitar o livro de Josué, e muitas razões para conservá-lo, Josué não poderia ter feito parte da Torá na época da separação dos samaritanos (veja G. L. Archer, SOTI, p. 253).
Mais recentemente, Martin Noth (Das Buch Joshua, 1938) e outros afirmaram que existia em Israel uma história teológica que se iniciou com Deuteronômio e continuou através de 2 Reis. Embora existam algumas semelhanças de estilo entre Deuteronômio e Josué, deve-se reconhecer que na história judaica o livro de Deuteronômio sempre foi considerado como parte da Tbrã, como um dos cinco livros da lei. Deuteronômio 24.16 é mencionado em 2 Reis 14.6, indicando um fato que foi “escrito no livro da lei de Moisés”. Tanto o Senhor JESUS como os apóstolos citavam ou se referiam a trechos de Deuteronômio como fazendo parte da lei (cf. Mt 22.36- 38 com Dt 6.5; Mt 19.8 com Dt 24.1-4; Act 3.22 com Dt 18.15; 1 Co 9.9 com Dt 25.4; Hb 10.28 com Dt 17.6; 19.15; Hb 10.30 com Dt 32.35,36). Certamente, ninguém na igreja primitiva duvidava da inspiração do livro de Josué. Em Hebreus 13.5, a passagem em Josué 1.5 é citada como a Palavra de DEUS. Numerosas outras referências podem ser encontradas no NT a pessoas e eventos que constam no livro de Josué, mostrando que os seus registros e acontecimentos são autênticos.
Autoria e Data
Esse livro parece ser uma unidade literária que foi composta por um único autor. Estudiosos e críticos, entretanto, mantêm uma variedade de opiniões que levam à conclusão geral de que é uma obra composta por vários documentos de origem posterior, que depois foram compilados e editados pela escola Deuteronômica. Alguns acreditam encontrar neles traços dos escritores Elohistas (E) e Yahwistas (J), e afirmam que houve uma importante revisão Deuteronômica (D) durante o reinado de Josias, em que Sacerdotes escritores (P) acrescentaram a maioria do conteúdo dos capítulos 13-22 na época de Esdras. Outros estudiosos liberais, como Martin Noth e John Bright (IB, II, 541-548), rejeitam essa análise e reconhecem apenas o estilo deuteronômico nesse livro.
Não resta dúvida de que foram usadas várias fontes nos escritos de Josué. O autor se refere especificamente ao livro de Jasar, também conhecido como Justo(s) ou Reto (Js
10.13), e menciona que Josué havia ordenado que se fizesse a descrição da terra por escrito (18.8,9). O próprio Josué escreveu “no livro da lei de DEUS” as determinações para a renovação da aliança como parte da cerimônia em Siquém (24.25,26).
No entanto, Josué não poderia ter sido o autor final do livro que leva o seu nome, porque ele faz o registro de sua morte (24.29,30).
Além disso, vários eventos foram registrados e, aparentemente, só aconteceram depois de sua morte: a conquista de Hebrom por Calebe (Js 15.136,14; cf. Jz 1.1,10,20), A conquista de Debir por Otniel (Js 15.15-19; cf. Jz 1.1,11-15) e a migração dos danitas para Lesém (Js 15.17; 19.47; 24.31; cf. Jz 1.1,17.18). O nome Horma foi usado para a cidade de Zefate (Js 12.14; 15.30; 19.4), mas ele somente foi mudado na era seguinte (Jz 1.1,17). Mas o autor foi um contemporâneo de Josué e participou da travessia do Jordão (“[nós] passamos”, Js 5.1). Raabe também estava viva na época desses escritos (6.25). O livro dá outras provas de ter sido escrito antes de 1200 a.C., porque os filisteus são raramente mencionados (somente em Josué 13.2,3) e certamente ainda não haviam sido considerados uma ameaça. O autor só os conhecia como habitantes do “sul" do Neguebe, junto com os gesuritas e os aveus, e o território como um todo era considerado cananeu. Ramsés III (1198-1166 a.C.) se vangloriava de ter esmagado uma frustrada invasão do Egito por terra e mar feita pelos filisteus e seus aliados do Egeu em seu oitavo ano de reinado (ANET, pp. 262ss.). Desde essa época, os remanescentes foram obrigados a se instalar na planície costeira da Palestina. Por outro lado, a frase “toda a terra dos heteus” (Js 1.4; e não em Dt 11.24!), ao se referir à Síria e ao Líbano, não teria sido historicamente precisa até que o rei heteu Suppiluliumas (1380-1346 a.C.) esmagasse os Mitanni na Síria, em aprox. 1370 a.C. Além disso, esse termo pode ter sido menos significativo depois do tratado entre Ramsés II e Hattusilis III, em aprox. 1284 a.C. Todo o disseminado controle dos heteus havia desaparecido totalmente do sul da Síria antes de 1200 a.C.
Se o próprio Josué não escreveu a maior parte desse livro, ao qual foi acrescentado um breve apêndice após a sua morte, então um possível autor seria o sumo sacerdote Fineias, a última pessoa a ser mencionada nessa obra (24.33). Ele, ao invés de Josué, seria a pessoa proeminente na resolução da disputa sobre o altar que foi construído pelas duas tribos e meia na fronteira do Jordão (Js 22,10-34). Outra possibilidade seria a de um sacerdote anônimo, intimamente relacionado com Fineias, mas que residia em Judá. A longa relação de fronteiras e cidades de Judá (15.1- 63) pode indicar que ele havia se instalado nesse território. Em comparação, as fronteiras de Efraim e Manassés são descritas apenas brevemente, embora tenham abrigado os importantes centros religiosos de Siló e Siquém (Js 16-17). Pode ser percebido um interesse especial pela cidade de Hebrom (14.6- 15; 15.13-14; 21.11-13) sugerindo, talvez, que eia fosse a cidade onde o autor vivia.
Dados bíblicos, assim como descobertas arqueológicas, fornecem provas com as quais podemos chegar a uma data para o Êxodo e, dessa forma, para a Conquista (Veja Êxodo, O: A Época). Se Moisés liderou os israelitas através do mar Vermelho, em aprox. 1445 a.C., 480 anos antes de Salomão começar a construir o Templo (1 Rs 6.1), então a invasão de Canaã por Josué aconteceu em aprox. 1405 a.C., no final da Idade do Bronze I (1550-1400 a.C.). A divisão da terra começou 45 anos depois de Moisés ter prometido uma herança a Calebe, em Cades-Barnéia (Js 14.1-10), portanto em aprox. 1400 a.C. Depois de fazer a designação às tribos, Josué viveu até 1390-1380, ou até mais tarde. Portanto, é provável que o livro tenha sido escrito no início do período dos juizes, em aprox. 1370-1350 a.C. De acordo com a teoria de uma data posterior do Êxodo e da Conquista, os israelitas devem ter cruzado o Jordão em aprox. 1250-1230 a.C., ou até mesmo após este período. Entretanto, seria difícil conciliar essa opinião com uma data anterior a 1200 a.C. para a época dos escritos de Josué, que parece ser a preferida como foi discutido acima: em aprox. 1200 a.C. os filisteus vieram com toda força sobre a Palestina, e o império dos heteus entrou em colapso.
Propósito
Parece que o livro de Josué foi escrito como um registro oficial da providencial liderança de DEUS no triunfo e estabelecimento de Israel na terra que Ele havia prometido a seus antepassados. Portanto, esse registro foi, sem dúvida, acrescentado aos papiros da lei já existentes e guardados na arca no Tabernáculo (Dt 31.9,24-27). Samuel, por exemplo, escreveu o material adicional “num livro” (1 Sm 10.25) e o apresentou ao Senhor. Como parte das Escrituras reconhecidas e aceitas, o livro de Josué deveria ser lido periodicamente nas festas anuais e nas ocasiões especiais da renovação da aliança (por exemplo, Neemias 8-9).
O livro de Josué declara a fidelidade do Senhor para com a aliança que fez com os patriarcas e com a nação, através da mediação de Moisés. DEUS é mostrado como Aquele que mantém todas as suas promessas (Js 21,43- 45). De sua parte, as futuras gerações são encorajadas a renovar o seu compromisso com a aliança e a imitar a fé, a unidade e a elevada moral da era de Josué.
Esboço
I. Entrada na Terra Prometida, 1.1-5.12
A. A ordem de DEUS a Josué, 1.1-9
B. A mobilização de Josué para cruzar o Jordão, 1,10-18
C. Missão dos espias, 2.1-24
D. A travessia do rio Jordão, 3.1-5,1
E Renovação da circuncisão e a comemoração da Páscoa, 5.2-12 n. Conquista da Terra Prometida, 5.13-12.24
A. Aparição do divino Comandante em Chefe, 5.13-6.5
B. A campanha central, 6.6-8.29
1. Captura de Jericó, 6.6-27
2. Rejeição a Ai por causa do pecado de Acã, 7.1-26
3. Segundo ataque e o incêndio de Ai, 8.1-29
C. Estabelecimento da aliança de Israel como a lei da terra, 8.30-35
D. A campanha do sul, 9,1-10.43
1. Tratado com a tetrápolis gibeonita, 9.1-27
2. Derrota e enforcamento dos cinco reis amorreus, 10.1-27
3. Ataque às cidades e destruição de toda resistência, 10.28-43
E. A campanha do norte, 11.1-15
F. Resumo da conquista, 11.16-23
G. Apêndice; catálogo dos reis derrotados, 12.1-24
III. Distribuição da Terra Prometida, 13.1-22.34
A. A ordem de DEUS para dividir a terra, 13.1-7
B. Território das tribos da Transjordânia, 13.8-33
C. O inicio da divisão de Canaã, 14.1-15
D. O território da tribo de Judá, 15.1-63
E. O território das tribos de José, 16.1-17.18
F. Os territórios das sete tribos restantes, 18.1-19.51
G. A herança de Levi, 20.1-21.42
1. Distribuição das cidades de refugio, 20.1-9
2, Designação das cidades aos levitas, 21.1-42
H. Resumo da conquista e da distribuição, 21.43-45
I. Apêndice; Reconciliação com as tribos da Transjordânia, 22.1-34
IV. Convocação Final à Lealdade à Aliança na Terra Prometida, 23.1-24.33
A. Discurso de despedida de Josué aos líderes de Israel, 23.1-16
B. A grande assembleia para renovação do compromisso da aliança em Siquém, 24.1-28
C. Apêndice: A morte de Josué e a conduta subsequente de Israel, 24.29-33.
Ensinos e Importância
Josué é o primeiro dos livros da história profética que descreve o relacionamento de DEUS com o povo escolhido depois da morte de Moisés, o mediador da aliança do Sinai. Existe um forte senso de continuidade histórica no fato de DEUS, em fidelidade à sua aliança com os patriarcas e as nações teocráticas, conduzir Israel à terra da bênção e estabelecer as tribos em sua terra prometida. Através de atos reais e poderosos de redenção, Ele exibe a sua presença e poder. Esses atos são, ao mesmo tempo, reais e proféticos do segundo Josué, isto é, do Senhor JESUS CRISTO, o nosso Salvador.
A era de Josué representa o ápice da fé conjunta e da fidelidade no AT. E, como tal, ela também é profética em relação à fé dos remanescentes de Israel no final dos tempos, que irão triunfar sobre os seus inimigos no dia do Senhor. Da mesma forma, o livro de Josué ilustra o atual conflito do povo de DEUS contra os poderes malignos - contra os iníquos reis e príncipes do mundo invisível, os governantes cósmicos dessa era de trevas, as hostes espirituais da maldade na esfera sobrenatural - e contra o próprio Satanás (Ef 6.10-18). Essa guerra espiritual é enfrentada quando o crente se esforça fervorosamente para possuir tudo o que DEUS lhe prometeu em CRISTO (Ef 1.3). Como em Josué 10, todas as fortalezas devem ser destruídas e todo pensamento levado cativo à obediência a CRISTO (2 Co 10.4,5), Essa guerra é vencida pela fé na completa obra redentora de CRISTO e em sua autoridade atual (Ef 1.19- 22), da qual os crentes compartilham quando são conjuntamente entronizados com Ele no reino sobrenatural (Ef 2.6). Dessa forma, o livro de Josué está repleto de lições espirituais sobre como o crente pode viver uma vida vitoriosa, e como poderá entrar na terra do repouso de Hebreus 3-4. Nessa passagem ao NT, o repouso em Canaã, das vãs lutas inglórias, é descrito como típico do atual repouso espiritual à medida que os crentes obedecem a CRISTO. Foi Ele que realizou a completa expiação, e está constantemente intercedendo pelo crente para torná-lo capaz de dominar a si mesmo e a Satanás.
O livro de Josué não retrata apenas a fidelidade e o poder salvador miraculoso de DEUS, mas também sua santidade pode ser vista em seu juízo contra os iníquos cananeus, e em sua insistência de que ao fazer uma guerra santa contra estes, Israel deve também lançar fora tudo o que for iníquo em sua própria vida e costumes. O ensino relacionado a herem, ou o “anátema” (Js 6.17-21; Dt 7.2-26), significa que cada pessoa ou coisa hostil à teocracia por estar associada a alguma outra divindade, deve ser dedicada ao Senhor, quer para ser completamente destruída, quer para ser retirada do uso comum e dedicada apenas ao uso sagrado.
Conteúdo e Problemas
Para discussões específicas sobre a carreira de Josué, veja Josué; e sobre os vários problemas arqueológicos, teológicos e exegéticos desse livro, veja Guerra, na parte que trata do extermínio dos cananeus e a guerra santa; Jericó; Ai; Siquém; Hazor; veja a referência a Josué 10.12-14 no tópico Sol. J.R.
 
 

 
 
JUÍZES LIVRO DE
O título é derivado da palavra “juízes” (shopHim, Jz 2.16), uma vez que as atividades dos juízes estão registrados neste livro. Na sequência histórica, ele abrange o período da história de Israel entre Josué e Samuel.
A era dos juízes foi um período no qual os israelitas, como povo da aliança de DEUS, estavam frequentemente precisando dos livramentos divinos. Através de Moisés, os israelitas haviam experimentado a libertação da escravidão egípcia e recebido a revelação divina como está registrado no Pentateuco. Sob a liderança de Josué, a geração seguinte conquistou e ocupou parcialmente a terra de Canaã. Quando as gerações seguintes sucumbiram à apostasia e idolatria que resultaram na opressão, elas rogaram a DEUS por livramento. Mais uma vez os atos poderosos de DEUS foram manifestados quando vários juízes (veja Juiz, O) responderam ao chamado de DEUS para guiar os israelitas em façanhas militares a fim de dispersar as nações opressoras. Estes ciclos religiosos políticos de pecado, dor, súplica e salvação, ocorreram repetidamente, e podem ter sido geograficamente limitados. Ele também podem ter sido cronologicamente sobrepostos.
Propósito
Assim, o propósito do livro ao apresentar esta história é definitivamente didático - ensinar a retribuição divina sobre um povo pecador, a misericórdia de DEUS sobre o arrependimento, e a futilidade de governos idólatras que são centrados no homem.
O ministério de Eli e Samuel, registrado nos primeiros capítulos de 1 Samuel, concluí esta era dos juízes. A religião havia alcançado um profundo declínio e Israel era ameaçado pelos filisteus apesar das proezas de Sansão. Apesar da liderança de Samuel, que serviu como juiz da lei, surgiu um reavivamento de forma que Israel estava suficientemente unificado para resistir aos agressivos ataques e à ocupação dos filisteus.
Esboço
I. Condições Durante o Período dos Juízes, 1.1-3.6
1. Áreas desocupadas, 1.1-2.5
2. Ciclos religiosos políticos, 2.6-3,6
II. Nações Opressoras e Juízes Israelitas, 3.7-16,31
1. Mesopotâmia - Otniel, 3.7-11
2. Moabe - Eúde, 3,12-30
3. Filístia - Sangar, 3.31
4. Canaã (Hazor) - Débora e Baraque, 4.1-5.31
5. Midiã-Gideão, 6.1-8.35
6. Carreira tirânica de Abimeleque, 9.1- 57
7. Tola e Jair, 10.1-5
8. Amom - Jefté, 10.6-12,7
9. Ibsã, Elom e Abdom, 12.8-15
10. Filístia - Sansão, 13,1-16.31
III. Apêndices; Resultados da Apostasia, 17.1-21.25
1. Idolatria de Mica e a migração danita, 17.1-18,31
2. Atrocidade de Gibeá e guerra benjamita, 19.1-21.25
Cronologia
A cronologia do livro de Juizes não é tão simples quanto pode parecer ao leitor casual. Uma simples adição dos anos distribuídos para cada juiz totaliza cerca de 410 anos. Mesmo com uma data antiga (aprox. 1400 a.C.) para Josué, é impossível incluir todos estes anos antes de Davi (aprox. 1000 a.C.) e permitir que haja tempo para Eli, Samuel e Saul. Conseqüentemente, as carreiras destes juizes se sobrepuseram ou podem até ter sido contemporâneas. Entre vários estudos desta cronologia está o de J. B. Payne (An Outline of Hebreu! History, 1954, p. 79), que é responsável por esta era começando com Otniel em 1381 a.C. e terminando com a carreira de Samuel em 1050 a.C. Sansão e Jefté podem ter sido contemporâneos. Os estudiosos que defendem uma data de 1300 a.C. ou mais tarde para Josué, por necessidade comprimem o tempo para os juízes em dois séculos ou menos. As referências em 1 Reis 6.1 e Juízes 11.26 parecem favorecer a data mais antiga para Josué, permitindo um período maior entre a entrada de Israel em Canaã e o estabelecimento do reino.
Arqueologia
A arqueologia tem oferecido informações significativas para as cogitações sobre o desenvolvimento histórico na Palestina durante o período estudado no livro de Juízes. O sucesso inicial de Josué na conquista de Canaã pode ser refletido nas cartas de Tell el- Amarna escritas algumas décadas mais tarde. Várias cidades-estados foram derrotadas e haviam pedido ajuda ao Egito. Este pode ter sido o fator responsável pela captura de cidades como Laquis e Debir por Josué (aprox. 1400 a.C.), sua reocupação pelos cananeus, e sua subsequente destruição pelo fogo (aprox. 1230-1200 a.C.), como indicado pela arqueologia. Débora e Baraque devem ter julgado no século XIII, porque lutaram contra Hazor; a ocupação da imensa cidade baixa e do Nível XIII ao tell terminou na segunda metade daquele século. Abimeleque, o filho de Gideão, queimou Siquém, e esta destruição foi datada do século XII a.C. E muito provável que o Egito tenha continuado a controlar as principais rotas de comércio ao longo da costa da Palestina e através da Galileia adentrando o século XII. Testemunhas disso são as inscrições do nome de Ramessés III (1198-1167 a.C.) em cidades como Bete-Seã e Megido. Garstang, em seu estudo (Joshua-Judges, 1931), sugere um sincronismo entre o controle egípcio e os períodos de descanso como indicado no livro de Juízes.
Autor
O autor deste livro é desconhecido. Evidências internas apontam para os anos posteriores à morte de Sansão e à coroação do rei Saul (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25); mas estas evidências indicam que a obra foi escrita antes da conquista de Jerusalém por Davi (aprox. 1100-1000 a.C.; cf. Jz 1.21; 18.1; 19.1). A afirmação em Juízes 1.29 de que os cananeus ainda estavam no controle de Gezer data estes escritos como anteriores à época em que o rei do Egito conquistou esta cidade (aprox. 970 a.C.) e a deu a Salomão. Parte do conteúdo, como o cântico de Débora, reflete a data da composição como tendo ocorrido na época do evento. É possível que Samuel ou um de seus discípulos tenha compilado a história deste período como apresentado no livro de Juízes. S. J. S.
 
 
RUTE LIVRO DE
A Bíblia Hebraica coloca o livro de Rute na última divisão principal (Escritos) como um dos cinco Megilloth. As Bíblias em Português colocam esse livro depois do livro de Juízes, acompanhando a LXX, a Vulgata e os escritos de Josefo. Não se tem certeza de que esse livro tenha, alguma vez, feito parte do livro de Juízes. Trata-se de uma história breve que contém quatro cenas, e uma concludente genealogia.
Esboço
I. A Peregrinação em Moabe e o Retorno à Pátria, 1.1-22
II. Rute, a Respigadora, 2.1-23
III. O Pedido de Rute a Boaz na Eira, 3.1-18
IV. Boaz Assume as Funções de um Parente Remidor, 4.1-17
V. Genealogia desde Perez até Davi, 4.18-22
Propósito
Os estudiosos têm opiniões muito divergentes sobre o propósito desse livro. Podemos dispensar as opiniões de que: (a) o autor queria simplesmente contar uma história interessante; (o) o livro é uma interpretação não literal de textos bíblicos (midrash) sobre o suposto mito do culto à fertilidade em Belém (Staples); (c) trata-se de um panfleto de propaganda destinado a enfatizar o dever do casamento com um parente próximo (Driver); e (d) o autor deseja exaltar a fidelidade de uma viúva. Alguns estudiosos (por exemplo, R. H. Pfeiffer e G. A. F. Knight) argumentam que o livro de Rute é uma polêmica contra as exigências de Esdras (capítulos 9-10) e de Neemias (13.23- 31) de que os judeus deveriam despedir as suas esposas pagãs. O autor menciona muitas vezes que Rute é uma moabita (Rt 1.4,22; 2.2,6,11-13,21; 4.5,10). Além disso, não existe indicação de que os judeus envolvidos nessa história desaprovassem os casamentos de Quiliom com Onã, de Malom com Rute, e de Boaz com Rute. E também não existem polêmicas no próprio livro de Rute - mesmo em passagens onde ela poderia ser esperada. Poderíamos esperar uma indicação do autor de que o parente próximo teria rejeitado Rute por ser uma mulher de origem pagã, ou de que Boáz se casou com ela apesar de sua origem gentílica, mas nenhuma menção existe a esse respeito (Hertzberg).
Outros estudiosos acreditam que o propósito desse livro estava ligado à ancestralidade de Davi, mas essa opinião não recebeu uma aceitação geral no tocante à intenção do autor. Será que ele desejava preencher uma lacuna que existia nessa época (a árvore genealógica em 4.18-22 também é encontrada em uma forma ampliada em 1 Crônicas 2.5-15) entre Perez e Davi? Ou será que pretendia estabelecer um relacionamento entre a casa de Davi e a de Moabe, talvez para fornecer uma base para a união das duas nações contra um inimigo comum, ou para que Moabe se submetesse a Israel? Esse tipo de relacionamento poderia explicar porque Davi confiou os seus pais aos cuidados do rei de Moabe (1 Sm 22.3,4), embora esse evento também tenha outras explicações plausíveis. Ou será que ele estava tentando negar que Davi deveria ser considerado um moabita, pois ele era um descendente de Boaz (um judeu), a fim de evitar um estigma que poderia ser lançado contra ele por causa do estatuto preservado em Deuteronômio 23.3,4, proibindo que um moabita entrasse na assembleia do Senhor até a décima geração? Parece provável que o autor desse livro estivesse interessado em fornecer informações sobre os antepassados de Davi, mas subordinou essa intenção a um propósito mais grandioso.
O principal propósito do autor era enfatizar o cuidado providencial demonstrado pelo Senhor em relação às duas viúvas em condições desesperadoras (Hertzberg) e, dessa forma, mostrar que o aparecimento e a ascensão de Davi, em um período crucial da história de Israel, não foi acidental (esta também é a opinião de Ringgren). Esse tema está maravilhosamente contido nas declarações de Boaz a Rute sobre esse assunto (2.11,12), e está explícito ao longo de todo o livro (cf. 1.8,16,17; 2.3,4,20-23; 3.1-4,7-13; 4.13-15).
Data
O Talmude (Baba Bathra 145) considera Samuel como autor desse livro, mas isso é improvável. Sua data depende de entendermos o seu propósito. Se fosse uma obra polêmica contra as medidas de Esdras e Neemias, ele deveria pertencer ao período pós-exílico, provavelmente ao século IV a.C. Se, entretanto, o autor pretende enfatizar a providência de DEUS, esse livro certamente seria do período pré-exílico. Sob um cuidadoso escrutínio, as supostas palavras e expressões finais deixam de refutar uma data anterior (veja Driver) e suas expressões aramaicas podem ser tentativas posteriores de esclarecer certas obscuridades do primeiro texto. As semelhanças entre Rute 4.7ss. e Deuteronômio 25.5ss. não exigem uma data posterior à reforma do rei Josias, ocorrida em 621 a.C. (provocada pela descoberta do livro da lei que, presumivelmente, incluía Deuteronômio) porque a tradição em Rute se apoia em códigos legais anteriores, e as circunstâncias subjacentes a essas duas passagens não são verdadeiramente as mesmas. Veja Rute. A sintaxe e o vocabulário hebraicos, as expressões idiomáticas e a pureza do estilo (veja Driver) dão suporte a uma data anterior para o livro. Entendemos que sua forma atual não pode ser anterior à época de Davi (4.18-22). J. T. W.
 
 
SAMUEL LIVROS DE
Os hebreus habitualmente tratavam os livros de 1 e 2 Samuel como um só livro, como pode ser visto no cânon de Josefo (Contra Apion 18), e na nota Massorética em 1 Samuel 28.24, que considera este versículo como precisamente localizado na metade do livro. A tradução grega (Septuaginta ou LXX) e outras versões, chamam 1 e 2 Samuel de  Primeiro e Segundo Livros dos Reinados. A Bomberg Rabbimc Bible, publicada em Veneza em 1516-17, dividiu o livro em 1e 2 Samuel como nas Bíblias hebraicas da atualidade.
Texto
O texto Massorético de Samuel parece ter sofrido alguma breve alteração em sua transmissão, pois a Septuaginta (LXX) traz um adendo que, de acordo com F. M. Cross Jr, tem sido reconhecido, de modo geral, como parte do texto original. O material dos Rolos do mar Morto, contendo numerosos frag­mentos de 1 e 2 Samuel, provou ser de grande valia ao mostrar que o texto em hebraico que está por trás dos livros de Samuel na septuaginta é um texto igualmente importante (The Ancient Library of Qumran and Modern Biblical Studies, Garden City. Dou­bleday, 1958, pp. 133-145).
Autores
Os livros de Samuel não formam uma narrativa ininterrupta em uma ordem cronológica estrita, mas quase todos os estudiosos reconhecem 1 Samuel 1 5 -2 Samuel 5 como uma narrativa contínua de um escritor, e 2 Samuel 9-10 como uma outra narrativa contínua, possivelmente do mesmo escritor. Embora não saibamos ao certo quem escreveu estes livros, existem indicações nas Escrituras de que os profetas Samuel, Natã e Gade foram os autores. O texto em 1 Samuel 10.25 diz que Samuel escreveu um livro, e o colocou perante o Senhor, enquanto 1 Crónicas 29.29 diz que os atos de Davi foram “escritos nas crónicas de Samuel, o vidente, e nas crónicas do profeta Natã, e nas crónicas de Gade, o vidente” (cf. 2 Cr 9.29 - os atos de Salomão).
Não é possível que Samuel tenha sido o responsável por mais do que a parte inicial de 1 Samuel, uma vez que sua morte foi registrada no capítulo 25. O texto em 2 Samuel 5.5 fala do reinado completo de Davi no passado; por esta razão, este texto foi escrito por alguém que sobreviveu a Davi. Os críticos alegam que existiram duas fontes principais para os livros de Samuel. A última tendo o que chamamos de afinidades Deuteronômicas, datadas de aproximadamente 550 a.C. Aqui, os críticos enquadram textos como 1 Samuel 2, 12, 15 e 2 Samuel 7. Estes críticos alegam que os livros de Samuel foram redigidos por muitas mãos, e que chegam a ter relatos aparentemente contraditórios e até mesmo conflitantes. Eles apontam para duas diferentes descrições da origem do reino hebreu. Uma delas consta em 1 Samuel 7, 8 e 12, e considera a instituição do reino como uma deserção em relação a DEUS; a outra, em 1 Samuel 9-11, considera a instituição do reino como uma bênção dada pelo Senhor para o bem do povo. Não é difícil enxergar que não existe qualquer contradição nesses relatos; eles apenas expressam os diferentes aspectos do relaciona­mento de DEUS como seu povo. Os críticos alegam que existem outras contradições, como por exemplo, a questão relacionada à maturidade de Davi como um guerreiro e músico em 16.14-23, e sua apresentação a Saul como um jovem em 17.55. Como nem todo o conteúdo de 1 e 2 Samuel está em ordem cronológica, não existe qualquer contradição nestes registros que, aliás, são bastante precisos. Os livros de Samuel representam a mais recente e verdadeira forma da arte da historiografia. Os antigos reis egípcios e assírios escreveram anais que são documentos históricos importantes, mas que são, claramente, partes de uma propaganda unilateral. Porém na Bíblia Sagrada o herói Davi (por exemplo) é apresentado como um homem completo, capaz de fazer tanto o bem quanto o mal. O estilo literário vigoroso, as análises psicológicas impressionantes, e as situações dramáticas são incomparáveis quando analisadas no contexto da literatura mundial antiga.
Esboço.
A infância e o ministério de Samuel, 1Samuel 1.1-7.14
A. O nascimento e a juventude de Samuel, 1.1-4.lo
B. As guerras com os filisteus, 4.16­7.14
II O ministério de Samuel a Saul, 1 Samuel 7.15-15.35
A. Israel pede um rei 7.15-8.22
B. Saul é escolhido e ungido como rei,9.1-12.25
C. Guerra da independência dos filisteus, 13.1-14.52
D. Guerra santa para destruir Amaleque, 15.1-35
III. Saul e Davi, 1 Samuel 16.1-31.13
A. Davi é ungido para ser o futuro rei,16.1-13
B. Davi é levado à corte de Saul,16.14-19.17
C. Davi como um fugitivo, 19.18-26.25
D. Davi em território filisteu, 27.1­30.31
E. Morte de Saul e Jônatas, 31.1-13
IV. Os primeiros anos do reino de Davi, 2Samuel 1.1-8.18
A. Davi, como rei em Hebrom, 1.1-5.5
B. Jerusalém, a nova capital de todo Israel, 5,6-7.29C. Vitórias posteriores de Davi, 8.1-18
V. A vida do rei Davi em sua corte, 2 Samuel 9.1-20.26
A. O tratamento de Davi para com Mefibosete, 9.1-13
B. A guerra contra Amom e os pecados de Davi, 10.1-12.31
C. A rebelião de Absalão, 13.1-18.33
D. O retorno de Davi e a rebelião de Seba, 19.1-20.26
VI. Apêndices.
Aspectos do reino de Davi,2 Samuel 21.1-24.25
A. A fome, 21.1-14
B. Os sucessos dos guerreiros de Davi,21.15-22
C. Salmo de ação de graças, 22.1-51
D. O testamento de Davi, 23.1-7
E. Lista dos valentes de Davi, 23.8-39
F. O censo e a praga, 24.1-25
Conteúdo
Três personagens principais são apresentados no relato: Samuel, Saul e Davi. O texto em 1 Samuel 1-7 fala do papel de Samuel como o grande líder, que possibilitou a transação dos juízes (líderes carismáticos) aos reis (reino dinástico). Ao mesmo tempo, como visto em 1 Samuel 8-15, ele levou o ofício profético a um avanço tão significativo, que os reis hebreus eram obrigados a sofrer as severas censuras dos santos profetas de DEUS quando se desviavam. O texto em 1 Samuel 16-31 fala abertamente do reinado de Saul e de seu ódio e de sua neurótica perseguição a Davi, que se tornou um fugitivo. O texto em 2 Samuel relata a história de Davi como rei. Os capítulos 1-4 esboçam a transição da dinastia da linhagem de Saul para Davi. Os demais capítulos de 2 Samuel falam do reinado de Davi. Por exemplo, as suas guerras nos capítulos 10-12, e a rebelião de Absalão e as suas consequências nos capítulos 14­20. O hino real de ação de graças de Davi está registrado em 2 Samuel 22 (e também em Salmo 18), mas sua morte não acontece até 1 Reis 2. O texto em 2 Samuel encerra-se com o episódio da compra da eira de Araúna, o jebuseu, como o local indicado para a edificação de um altar ao Senhor.
 
 
REIS - LIVROS DE
Estes dois livros eram originalmente um único livro no rolo em hebraico. A divisão em dois volumes no texto hebraico apareceu primeiro nos manuscritos de meados do século XV, e então na Bíblia de Daniel Bomberg impressa em hebraico em 1516-17 d.C. Porém, uma vez que os textos gregos exigiam duas vezes mais espaço que os hebraicos (no qual as vogais só foram introduzidas depois de 600 d.C.), a tradução do livro de Reis ao grego para a LXX havia precipitado, séculos antes, uma divisão pela qual passou-se a utilizar dois rolos ao invés de um. Os livros de Samuel e Reis, nas Bíblias em grego e latim, são considerados uma história contínua em quatro volumes. Em alguns textos gregos, porém, o final do reinado de Davi (1 Rs 2.11) ou o início do reinado de Salomão (1 Rs 2.46a) marcam a divisão entre os livros de Samuel e Reis. A divisão entre 1 e 2 Reis parece ser bastante artificial.
Embora Josefo considerasse os livros de Samuel e Reis como dois volumes, os judeus alexandrinos os consideravam como livros “de reinos” (basileion) formando quatro livros. A Vulgata Latina os identificou como livros de “reis”, apresentando para este relato histórico a atual designação como 1 e 2 Samuel, e 1 e 2 Reis.
Cronologicamente, os eventos de 1 e 2 Reis abrangem um período de mais de quatro séculos, começando com o reinado de Salomão, em aprox. 971 a.C., até a libertação de Joaquim do cativeiro babilônico, em aprox. 562 a.C. Além de oferecer um estudo contínuo da dinastia davídica, ele também narra os desenvolvimentos contemporâneos no Reino do Norte a partir de seu início, em 931 a.C., até a queda de Samaria em, 722 a.C.
Fontes para a Escrita
Este volume foi obviamente escrito por um autor que usou fontes histéricas. Os documentos citados nominalmente são: o “Livro da História de Salomão” (1 Rs 11.41), o “Livro das Crônicas dos Reis de Judá” (1 Rs 14.29) e o “Livro das Crônicas dos Reis de Israel” (1 Rs 14.19). Além disso, Isaías 36-39 muito provavelmente forneceu a fonte para o relato das relações judaica assírias nos dias de Ezequias e Senaqueribe. Pode bem ser que profetas que viviam na área fronteiriça dos Reinos do Norte e do Sul durante os quatro séculos que se seguiram à morte de Salomão, mantivessem registros que estavam disponíveis ao autor, que fez a composição final pouco depois da queda de Jerusalém.
Autor
A tradição talmúdica (Baba Bathra 15a) afirma que Jeremias foi o autor. A habilidade literária e a perspectiva profética, refletida por todos estes livros, favorecem grandemente a autoria de Jeremias, com o capítulo final provavelmente acrescentado por um morador da Babilônia após a libertação de Joaquim em 562 a.C.
A influência de Deuteronômio, também refletida por todos estes livros, foi usada por alguns estudiosos do AT como a base para atribuir a autoria final aos deuteronomistas que estavam ativos por volta de 550 a.C. Esta teoria presume que o livro de Deuteronômio foi escrito durante a época de Josias. No entanto, se Moisés escreveu Deuteronômio, sua influência como o maior de todos os profetas iria naturalmente permear a subsequente história de Israel, começando com Josué e continuando pelos livros de Juízes, Samuel e Reis.
Esboço
I. O Reino Unido sob Salomão, 1 Reis 1.1- 11.43
A. Salomão estabelecido como rei. 1.1-4.34
B. Templo construído e dedicado, 5.1- 9.25
C. Relações internacionais, 9.26-10.29
D. Apostasia e morte, 11.1-43
II. Tensão e Guerra após a Divisão, 1 Reis 12.1-16.28
A. Roboão e Jeroboão, 12.1-14.31
B. Abias, Asa e os reis do norte, 15.1-16.28
III. A Era da Aliança, 1 Reis 16.29; 2 Reis 8.29
A. Os Reis Acabe e Josafá e o profeta Elias, 16.29-22.53
B. Elias, Eliseu e os reis aliados, 2 Reis 1.1-8.29
IV. A Dinastia de Jeú e os Desenvolvimentos Contemporâneos, 2 Reis 9.1-15.12
A. Revolta de Jeú e remoção do baalismo, 9.1-10.31
B. A reforma de Joás e a ascensão da Síria, 10.32-13.9
C. Israel emerge como o reino mais forte, 13.10-15.12
V. A Era do Domínio Assírio, 2 Reis 15.13-21.26
A. O declínio e queda de Samaria, 15.13-17.41
B. A ameaça de Ezequias, rei de Judá, 18.1- 20.21
C. Os reinados ímpios de Manassés e Amom, 21.1-26
VI. O Declínio e Queda de Judá, 2 Reis 22.1-25.30
A. Reavivamento sob Josias, 22.1- 23.30
B. Conquista pela Babilônia, 23.31-25.26
C. Cativeiro e libertação de Joaquim, 25.27-30
Tema
A admoestação à fidelidade à aliança é o tema destes dois livros de Reis. A fidelidade de sna aliança com DEUS era essencial para o bem-estar de Israel como uma nação. O autor avaliou cada governante por sua conformidade à lei mosaica. Conquistas seculares extraordinárias dos reis eram frequentemente minimizadas ou omitidas, ao passo que a responsabilidade pela aliança com o Senhor era enfatizada. Começando com os reinados de Davi e Salomão, quando Israel alcançou a eminência de fama e riqueza internacional - um período nunca sobrepujado desde então - o autor procura dar a razão da divisão e do declínio do reino, que terminou com a queda de Jerusalém.
Por todos estes séculos de declínio, profeta após profeta veio lembrar aos reis e cidadãos do seu fracasso em amar e servir a DEUS de todo o coração, e os advertiu sobre o juízo de DEUS por causa de sua injustiça social. A destruição de Jerusalém com seu Templo reduzido a cinzas foi seguida do cativeiro de Israel, que foi o maior juízo sobre o povo de DEUS nos tempos do AT. Desta maneira, a primeira nação de Israel foi extinta.
Dificuldades nos Livros
Os problemas de correlacionar os dados estatísticos apresentados nos livros de Reis são muitos. Um avanço acentuado no estudo que oferece uma solução para muitas das dificuldades cronológicas é o livro de E. R. Thiele (cf. bibliografia). Om entendimento adequado dos sistemas de datação usados nos reinos do norte e do sul em várias épocas, e da questão de corregências, tomou possível dar a razão da maioria dos problemas nos relatos bíblicos. Fontes seculares das listas epônimas assírias, abrangendo a história daquele império de 893 a 666 a.C., e o cânon grego de Ptolomeu, informando sobre os reinados de reis babilônios a partir de 747 a.C. até o período greco-romano, fornece uma base de comparação e correlação. Tábuas lidas e publicadas por Donald J. Wiseman têm fornecido informações mais específicas para datar os reis caldeus no período entre 626 e 566 a.C. Consequentemente, as datas para a queda de Samaria em 722 a.C. e a queda de Jerusalém em 586 a.C. são aceitas como datas fixadas com uma variação aproximada de um ano. O ano 931 a.C. como a data para a divisão do reino após a morte de Salomão tem um excelente apoio histórico, de acordo com E. R. Thiele, embora as datas sugeridas por vários estudiosos variem de 937 a 922 a.C. S. J. S.
 
 
CRÔNICAS LIVROS DE
Na Bíblia em hebraico, o livro de Crônicas é chamado dibre kay-yamim, “as palavras (acontecimentos) dos dias”, querendo dizer “os anais" (Cf. 1 Cr 27.24). Outros anais (agora perdidos) são mencionados em Reis (por exemplo, 1 Rs 14.19,29); mas eles não podem ser os livros de 1 e 2 Crônicas da atualidade, que foram escritos um século depois de 1 e 2 Reis. Jerônimo (400 d.C.) foi o primeiro a intitular esses livros como “Crônicas”. Escritas como um único livro, as Crônicas foram divididas em dois livros, 1 e 2 Crônicas na Septuaginta (LXX) em aprox. 180 a.C. Na Bíblia em hebraico, Crônicas conclui o cânone do Antigo Testamento. Portanto, o Senhor JESUS CRISTO (Lc 11.51) se referiu a todos os mártires desde Abel, no primeiro livro (Gn 4), até Zacarias, no último (2 Cr 24).
Autoria
Os livros de Crônicas não afirmam explicitamente quando foram escritos, nem por quem. O último acontecimento registrado é o decreto de Ciro em 53S a.C., libertando os judeus do seu cativeiro na Babilônia (2 Cr 36.22). A genealogia do livro se estende a Pelatias e Jesaías (aprox. 500 a.C., 1 Cr 3.21), dois netos de Zorobabel, o líder dos exilados que retornavam. O estilo e o assunto de Crônicas são, em grande parte, um paralelo a Esdras, que dá prosseguimento ao relato da história dos judeus a partir de Ciro e até o ano 457 a.C. Ambos enfatizam as listas e a genealogia, as atividades dos sacerdotes e o respeito pela lei de Moisés. Além disso, os últimos versículos de 2 Crônicas (36.22,23) reaparecem como os primeiros versículos de Esdras (1.1-3). Alguns estudiosos, como Albright (JBL, 40 [19211,104- 124), portanto, confirmam a antiga tradição hebraica de que Esdras poderia ter escrito tanto as Crônicas como o livro de Esdras. A sua história total teria então terminado em aprox. 450 a.C.
Sua autoria por um “escriba" (Ed 7.6) poderia explicar o repetido reconhecimento das fontes escritas das Crônicas. Estas fontes incluem os registros de Samuel (1 Cr 29.29), Isaías (2 Cr 32.32), e inúmeros outros (2 Cr 9.29; 12.15; 20.34; 33,19), mas, particularmente o “livro da história dos reis de Judá e Israel” (2 Cr 16.11; 25.26 etc.). Esta última fonte não pode ser o nosso livro de Reis, pois alguns versículos, como 1 Crônicas 9.1 e 2 Crônicas 27.7, referem-se a ela com informações detalhadas sobre assuntos dos quais não se diz nada em 1 e 2 Reis. Este deve ter sido um extenso registro da corte, do qual os escritores de Reis e Crônicas extraíram informações antes da sua extinção.
Conteúdo
Os livros de Crônicas parecem ter sido escritos como uma parte da cruzada de Esdras para revitalizar a Judá pós-exílio na devoção à lei de Moisés (Ed 7.10). Começando em 458 a.C., Esdras fez uma campanha para restaurar a adoração no Templo (Ed 7.19- 23,27; 8.33,34), para salvar os judeus dos casamentos mistos com os seus vizinhos pagãos (Ed 9-10) e para reconstruir Jerusalém e as suas muralhas (Ed 4,8-16; 9.9). Portanto, os livros de Crônicas consistem nas quatro partes descritas a seguir:
I. Genealogias: Adão até 500 a.C, 1 Crônicas 1-9
O estabelecimento das descendências das famílias (cf. Ed 2.59)
II. O reino de Davi, 1 Crônicas 10-29 O estado teocrático ideal
III. A glória de Salomão, 2 Crônicas 1-9 Ressaltando o Templo e a sua adoração
IV. A história do reino do sul, 2 Crônicas 10-36.
Especialmente as reformas religiosas e as vitórias militares dos reis mais fiéis de Judá Embora sejam paralelos aos eventos de Samuel e de Reis, os anais sacerdotais de Crônicas dão maior ênfase à construção do templo (1 Cr 22 etc.), à arca sagrada, aos sacrifícios mosaicos, aos levitas e aos cantores (1 Cr 13; 15-16). Ao mesmo tempo, eles omitem alguns atos moralistas e pessoais dos reis (2 Sm 9; 1 Reis 3.16-28) e biografias dos profetas (1 Rs 17.1—22.40; 2 Rs 1.1- 8.15). Isto torna adequada a colocação de Crônicas na terceira parte do cânone hebr. (não profética), em contraste com a localização dos livros profeticamente escritos e mais preocupados com a arte de pregar (homilética) que são Samuel e Reis, e que estão na segunda divisão (a profética), finalmente, o Cronista parece ignorar deliberadamente a deterioração do reino de Saul (1 Sm 8-30, exceto a sua morte, cap. 31), a disputada ascensão de Davi, e a sua posterior vergonha (2 Sm 1-4; 11-21), os fracassos de Salomão (1 Rs 11) e toda a história do reino do norte de Israel que esteve fora dos padrões. Os judeus desiludidos e relutantes de 450 a.C. estavam dolorosamente conscientes dos resultados do pecado; o que eles necessitavam era o incentivo e a inspiração das suas antigas vitórias, dadas por DEUS (como em 2 Crônicas 13- 14; 20 e 25).
Autenticidade
No entanto, estas mesmas ênfases fizeram com que a maioria dos críticos modernos rejeitasse Crônicas como uma mera propaganda levita, sonhos sobre “o que deveria ter acontecido” (IB, III, 341), com inúmeras revisões conflitantes até 250 a.C. (por exemplo, Robert H. Pfeiffer, Adam C. Welch e W. A. L. Elmslie). Os números elevados do livro (por exemplo, um milhão de etíopes invasores, 2 Crônicas 14.9) foram particularmente ridicularizados, apesar dos esclarecimentos de estudiosos fiéis (Veja Edward J. Yonng,
An Introduction to tke Old Testament, pp. 420-421). Mas basta que um escritor liberal negue a origem mosaica do Pentateuco e da religião do Antigo Testamento, como todos eles o fazem, para que se torne impossível uma avaliação das Crônicas com a mente aberta. As validações repetidas das leis do Pentateuco por parte das Crônicas, não deixam alternativa senão a de rejeitar a sua historicidade. Ainda assim, escavações em Ras Shamra, a antiga cidade cananita de Ugarite da época de Moisés, confirmaram a autenticidade de tais práticas religiosas (J. W, Jack, The Ras Shamra Tablets. Their Bearing on the Old Testament, pp. 29ss.). Albright adicionalmente observa que os descobrimentos arqueológicos estabeleceram a historicidade de muitas das afirmações que anteriormente só eram encontradas em Crônicas (BASOR #100 [1945], 18). Embora as Crônicas realmente enfatizem o lado melhor da história de Israel, é um relato que não ignora as derrotas (cf. 1 Crônicas 29.22, sobre a incontestável segunda unção de Salomão, e 2 Crônicas 17.3 sobre os “primeiros caminhos” mais honrosos de Davi), Tanto as calamidades proféticas de Reis quanto as esperanças sacerdotais das Crônicas são verdadeiras e necessárias. Embora os sermões moralizantes de Reis sejam indispensáveis, é a redenção sacrificial das Crônicas que constitui a distinção do cristianismo do Novo Testamento. J. B. P.
 
 
ESDRAS LIVRO DE
O livro que leva o nome de Esdras estava originalmente combinado com o de Neemias, em um único volume. Isto era verdade nos manuscritos hebraicos, até que houve a separação em um manuscrito datado de 1448 d.C. No entanto, os livros eram conhecidos por Orígenes e Jerônimo como obras separadas em algumas versões de manuscritos gregos.
Esboço
I. O primeiro retorno, 1.1-2.70
A. A permissão para retornar, 1.1-11
B. O registro dos que retomaram, 2.1- 70
II. A reconstrução do templo, 3.1-6.22
A. Construção do altar e das fundações do templo, 3.1-13
B. Empecilhos ao trabalho, 4.1-5,24
C. Oposição posterior, 4.6-23
D. Conclusão do templo, 5.1-6.22
III. A atividade de Esdras, 7.1-10.44
A. A missão de Esdras, 7.1-28
B. A chegada de Esdras, 8,1-36
C. O problema dos casamentos mistos, 9.1-10.44
Fontes
A natureza combinada do livro é também evidente, especialmente no Texto Massorético. A alternância dos pronomes pessoais de primeira e terceira pessoas, e o uso alternado do hebraico e do aramaico são facilmente reconhecíveis. O livro fez as seguintes combinações:
1. Memórias de Esdras (7.27-9.15). Estas foram escritas em primeira pessoa. Podem ter sido um resumo do relato que Esdras teve que fazer à corte persa.
2. Documentos em aramaico (4.7-16; 4.18- 22; 5.7-17; 6.3-12; 7.12-26). Estes incluem cartas e documentos oficiais e semioficiais.
3. Documentos hebraicos (1.2-4; 2.1-70; 8.1- 14; 10.18-44). Estes vêm, sem dúvida, e principalmente, dos arquivos de estado.
Autoria
De acordo com o Talmude (Baba Bathra 15a) e outras evidências da tradição hebraica, Esdras escreveu tanto o livro que leva seu nome quanto o livro de Neemias. No entanto, universalmente é praticamente aceito hoje em dia que Crônicas, Esdras e Neemias formavam originalmente um único livro. Como os versículos finais do segundo livro de Crônicas também aparecem no inicio do livro de Esdras, provavelmente a ordem tenha sido invertida. A expressão “o cronista” é normalmente atribuída ao autor de toda a obra. Embora muitos estudiosos reconheçam Esdras como “o cronista”, outros datam o trabalho de compilação desses livros como tendo ocorrido no final do século IV a.C. (aprox. 330 a.C.). No entanto, as grandes semelhanças linguísticas com papiros em aramaico do século V, da comunidade judaica em Elefantina, no Egito, requerem uma data dentro da época de Esdras. K. M. Y.
 
 
NEEMIAS LIVRO DE
O livro que leva o nome de Neemias aparece nos primeiros manuscritos, combinado com o de Esdras, e ambos formam um único livro. Certos manuscritos gregos separaram os dois antes da época de Orígenes e Jerônimo, mas os manuscritos hebraicos combinaram os dois até o ano 1448 d.C. Sua união nos códices mais importantes (Vaticano, Sinaítico e Alexandrino) indica que originalmente formavam apenas um livro na Septuaginta (LXX).
Conteúdo
I. A Administração de Judá por Neemias, 1,1-12.47
A. Chegada a Jerusalém, 1.1-2.20
B. Reconstrução do muro, 3.1-7.4
C. Registro dos que retomaram, 7.5-72
D. Renovação da aliança, 7.73-10.39
E. Censo de Jerusalém e da vizinhança, 11.1-36
F. Relação dos sacerdotes e levitas, 12.1- 26
G. Consagração do muro, 12.27-47
II. Segunda Visita de Neemias a Jerusalém e Reformas Finais, 13.1-31
Fontes
Como no caso do livro de Esdras, várias e distintas fontes podem ser facilmente reconhecidas demonstrando o caráter composto desse livro, da maneira como agora se encontra.
1. Memórias pessoais de Neemias (1.1,2.20; 4.1-7.5; 10.28-11.2; 12.27; 13.31). Essas passagens foram escritas na primeira pessoa.
2. Narrativas na terceira pessoa (7.73-9.38). Essas passagens podem ter sido adaptadas das memórias de Neemias, porém, vieram provavelmente dos registros do Templo.
3. Relações e genealogias.
a. Construtores (3.1-32), das memórias de Neemias.
b. Exilados que retornaram (7.6-73), da mesma fonte de Esdras 2.1-70.
c. Aqueles que selaram a aliança (10.1-27), das memórias de Neemias ou dos registros do Templo.
d. Residentes de Jerusalém e de sua região (11.3-36), dos registros do Templo ou arquivos do estado.
e. Sacerdotes, levitas e sumos sacerdotes (12,1-26), dos registros do Templo.
Autoria
Há muito tempo esse livro tem estado ligado ao nome de Esdras na tradição hebraico- cristã. Seus estreitos laços com os livros de 1 e 2 Crônicas em estilo, linguagem, aspecto e propósito apontam para uma obra que originalmente incluía Crônicas, Esdras e Neemias. O fato de Crônicas ter estado inicialmente como o primeiro livro da série pode ser observado pela repetição dos versos finais de 2 Crônicas no início do livro de Esdras. Provavelmente, os livros de Crônicas foram mais tarde colocados em último lugar em virtude de terem sido aceitos posteriormente pela comunidade judaica. Outros arranjos diferentes são evidentes na LXX, como parte de Neemias 8 ter sido transferido para acompanhar Esdras 10.2. A natureza composta dessas obras, e sua grande semelhança têm dado ao autor ou editor o nome de “Cronista”. O Talmude (Baba Bathra 15a) considera Esdras como o autor principal e Neemias, sem contemporâneo, como aquele que completou os registros.
O fato de Neemias ter feito intenso uso de memórias pessoais torna-o, com toda certeza, um substancial autor do material que agora leva seu nome. Esse material vem de um documento muito parecido com um diário pessoal. Alguns acreditam que ele nunca teve a intenção de publicá-lo por ter registrado os eventos e as emoções a eles associados de forma muito franca e cheia de vida. Essas observações feitas em primeira mão são tremendamente importantes para lançar alguma luz sobre a história política dos judeus durante o período persa. K. M. Y.
 
 
ESTER LIVRO DE
Na Bíblia heb. este livro vem por último em um grupo de cinco livros portando o título de Megilote, após Rute, Cantares de Salomão, Eclesiastes e Lamentações.
Considerações Textuais
São poucos os problemas textuais neste livro. Ester é geralmente aceito como uma unidade. Apenas as passagens 9.20-32 e 10.1-3 são questionadas. Eissfeldt considera 9.2 Os s. uma adição explicando uma mudança de data para Purim; porém o fato desta passagem não mudar a data nega o ponto de vista de Eissfeldt. A natureza sumária de 9.20-32 é responsável por quaisquer diferenças de estilo.
Alguns rejeitam 10.1-3 como um texto cronista e deslocado em um romance histórico. No entanto, sua presença mostra que o livro de Ester é mais do que um romance. Se 10.1- 3 fosse obviamente deslocado, nenhum redator o teria incluído desta forma. Assim, pode ser concluído que no Texto Massorético o livro de Ester está em boa condição textual, e que é uma obra de um único autor.
Data
Todas as evidências apontam para a metade do século V a.C. A passagem em Ester 10.2 indica que ele foi escrito após a compilação dos anais de Assuero (Xerxes, 486-465 a.C.). O autor tinha uma íntima familiaridade com o palácio de Susã; este palácio foi queimado em uma ocasião durante um período de 30 anos após a morte de Assuero (q.v.). Assim, uma data entre 465 e o final do reinado de seu sucessor, Artaxerxes I (464-424 a.C.), parece provável.
Autor
A descrição de Mardoqueu em 10.3 o impede de ser o autor. O escritor foi provavelmente um judeu desconhecido, com conhecimento pessoal de Susã, dos locais e edificações do palácio, e dos costumes persas (veja C. H, Gordon, The World of the Old Testament, Garden City. Doubleday, 1958, pp. 283ss., para a prática iraniana de kitman ou dissimulação em Et 2.10; 8.17). Ele tinha acesso aos escritos de Mardoqueu, anais de governo e decretos reais. Esdras ou Neemias têm sido sugeridos como os possíveis autores, e o estilo hebraico é bastante comparável ao de Esdras, Neemias e Crônicas.
Esboço
I. A Escolha de uma Nova Rainha, Caps. 1-2
A. Vasti é deposta, 1.1-22
B. Ester é feita rainha, 2.1-18
C. Mardoqueu frustra uma trama contra o rei, 2.19-23
II. O Perigo do Povo Judeu, Caps. 3—7
A. Hamã fica furioso com Mardoqueu, 3.1-5
B. Hamã trama destruir os judeus, 3.6- 15
C. Mardoqueu convence Ester a intervir, 4.1-17
D. Ester convida o rei e Hamã para um banquete, 5.1-14
E. O rei faz Hamã honrar Mardoqueu publicamente, 6.1-14
F. Ester revela ao rei a trama de Hamã, 7.1-6
G. Hamã é enforcado e Mardoqueu é promovido, 7.7-8,2
III. A Defesa dos Judeus, Caps. 8-10
A. Um novo edital é emitido permitindo aos judeus defenderem-se, 8.3-17
B. Os judeus matam seus inimigos por toda a terra, 9.1-16
C. A Festa do Purim é inaugurada, 9.17-32
D. Mardoqueu é promovido e estimado por seu próprio povo, 10.1-3
Considerações Históricas
Embora Assuero seja comumente associado com Xerxes I (486-465 a.C.), na LXX o nome Assuero aparece como Artaxerxes. Portanto, no livro de Ester, o rei foi identificado pelos estudiosos como Artaxerxes II (404-359 a.C.). A identificação tradicional parece correta pelas seguintes razões.
Heródoto vii.8 relata que Xerxes convocou uma assembleia de príncipes no terceiro ano de seu reinado para discutir uma campanha grega. Ester 1.3 refere-se a uma reunião principesca naquele ano. Xerxes retornou a Susã vários anos depois das derrotas de 480 e 479 a.C. Heródoto ix.108 declara que ele dedicou-se a assuntos privados. O livro de Ester confirma isto. Ester chegou ao harém no sexto ano (478 a.C.) e tornou-se rainha (2.16) no sétimo (477 a.C.).
O livro de Ester descreve com precisão o território governado por Assuero (1.1,3; 10.1). Nenhum outro governante persa controlou o mesmo domínio.
O caráter de Assuero é corretamente retratado. Ele desfrutava da luxúria e da sensualidade da vida da corte, e às vezes agia com brutalidade e crueldade. Assim, o Assuero do AT é caracterizado de modo semelhante ao Xerxes de Heródoto. Xerxes é conhecido como alguém capaz de tudo que foi atribuído a Assuero na Bíblia. Embora uma lei limitasse o governante persa a uma única esposa, as ruínas do palácio mostram que Dario e Xerxes tinham haréns.
O conhecimento exato do autor das seções da cidade e dos detalhes do palácio com seus acabamentos esplêndidos (1.2,5,6; 2.11,14; 3.15; 5.1; 6.4; 7.7,8) foi confirmado pelos arqueólogos franceses. Veja Susã.
Um comunicado com um ano de antecedência da permissão dada a Hamã por Xerxes para matar os judeus (Et 3.12-14) é historicamente compreensível. É necessário manter o valor depositado nos direitos entre os persas e nas preparações psicológicas e militares. Se for objetado que tanta notoriedade daria aos judeus a oportunidade de fugir, deve ser perguntado, para onde eles fugiriam? Não há evidências de nenhuma migração em massa de judeus durante o século V a.C. para contradizer Et 9.1,2. Eles permaneceram em suas cidades no império persa. Em anos recentes, a precisão histórica da história de Ester tem sido desafiada em várias avaliações: (1) A história secular não sabe nada sobre uma rainha chamada Vasti ou Ester no reinado de Xerxes, mas sim sobre sua esposa Amestris, a filha de um general persa, de acordo com Heródoto (vii.61). (2) Mardoqueu parece ser mencionado (Et 2.5,6) como tendo sido levado cativo para a Babilônia (597 a.C.) por Nabucodonosor. Isto faria com que ele tivesse pelo menos 122 anos de idade quando foi elevado ao poder no décimo segundo ano de Xerxes, enquanto sua jovem prima Ester deveria ter sido no mínimo 100 anos mais jovem. (3) O edital de Xerxes permitindo <!ue os judeus matassem 75.000 de seus súditos em um dia (Et 9.161 parece improvável. Estes, juntamente com outros problemas de natureza mais subjetiva, formam os principais argumentos contra a precisão histórica.
Em resposta a estas questões pode ser observado que. (1) Heródoto omite muitas pessoas e eventos importantes em seu relato. Um exemplo notável disto é a omissão de Belsazar (Dn 5), que recentes descobertas arqueológicas verificaram. (2) A passagem em Ester 2.5,6 pode ser interpretada significando que foi o oisavô de Mardoqueu, Quis, que foi levado cativo por Nabucodonosor. Uma inscrição cuneiforme publicada por A. Ungnad em 1941 leva o nome de Mardukai- a (Mardoqueu), um oficial e conselheiro persa em Susã durante o reinado de Xerxes. Inscrições babilônicas posteriores também revelam a ocorrência frequente do nome Mardoqueu, indicando que era um nome comum deste período. Veja Mardoqueu. (3) A improbabilidade de 75.000 persas serem mortos em um dia não ó uma impossibilidade. A luz da conhecida desconsideração persa pela vida humana, especialmente quando um membro da família real estava envolvido, e a completa força armada dos judeus por toda a província (Et 8.13; 9.5), “não é de forma alguma incrível que os judeus pudessem ter enfrentado e vencido um número tão grande de inimigos” (SOTI, p. 405).
A matança vingativa de 75.000 pessoas tem sido condenada por alguns como imoral. Deve ser lembrado, no entanto, que as leis medo persas não poderiam ser revogadas (cf. Dn 6.8,12,15,17 com Et 1.19; 8.8). Tudo o que Xerxes poderia fazer era tomar providências para que os judeus se defendessem legitimamente. Embora a cidade de Susã tenha se regozijado pela exaltação de Mardoqueu, sua ascensão não poderia diminuir toda o sentimento anti-semita que havia por toda a terra (8.15-17). Em um império de 100 milhões de pessoas, não era excessivo que talvez três milhões de judeus matassem 75.000 inimigos. Oficiais do governo até qju- daram os judeus (9.3). Os judeus também, sem dúvida, sofreram algumas baixas, mas O costume geral do AT de mencionar apenas os mortos dos conquistados parece ter sido seguido (veja Keil, The Books of Ezra, Nehemiah and Esther, KD, pp. 307-310).
A Falta da Menção do Nome de DEUS
Apesar dos acrósticos, DEUS não é mencionado neste livro. Em uma atmosfera de ódio e oposição, não era sempre conveniente aos judeus mostrar sua religião publicamente. A população gentílica se ressentia da atitude judaica em relação aos ídolos, à religião, aos alimentos e aos casamentos mistos. Assim, sem alardear sua religião, o autor deste livro transmite uma ênfase espiritual.
Mardoqueu é mostrado compartilhando a tradição de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao recusar-se a prestar homenagens a Hamã (Et 3.2ss.). Sua recusa só é compreensível com base em sua estrita adesão ao Decálogo. O jejum é uma indicação adicional da prática religiosa judaica (4.16; 9.31). Et 9.31 fala do clamor dos judeus por ajuda. Ajuda de quem? Mardoqueu expressa sua fé em DEUS dizendo a Ester que, se ela falhar, a ajuda virá de uma outra fonte.
A parte espiritual mais notável é a providência divina. Os judeus aprenderam sob uma aflição permitida por DEUS, aquilo que eles não aprenderiam sob Sua paciência. O autor tece o padrão da providência. Antes de Hamã discutir com Mardoqueu, a deposição de Vasti forneceu a ocasião para Ester, uma judia, ganhar uma posição que lhe permitiu salvar seu povo. Mardoqueu havia ficado em dívida com o rei. Xerxes teve uma noite de insônia no momento certo e leu a porção certa do livro dos registros do governo. Tudo se encaixa. Nenhum judeu poderia ter escrito isto sem a intenção de apresentar a providência de DEUS para poupar seu povo. R. B. D.
 
 
RESUMO DOS LIVROS POÉTICOS - Dicionário Bíblico Wycliffe
 
JÓ LIVRO DE
Cenário
Existe uma rica literatura antiga dedicada a investigar o mistério da vida humana e, particularmente, a relação existente entre a fidelidade religiosa e a prosperidade material. O motivo do virtuoso sofredor foi tratado na literatura Sumeriana, desde o ano 2000 a.C. Um texto babilônio, da época dos cassitas (1600-1150 a.C.), com o título “Louvarei o Senhor da Sabedoria” é muitas vezes chamado de “Jó Babilônico”.
Esse tema tem uma presença predominante no livro de Jó e, embora subordinado a um grandioso tema de interesse teocêntrico, é tratado dentro do contexto da realidade histórica do pecado do homem e da dispensação redentora de DEUS, que leva a respostas totalmente diferentes daquelas que são sugeridas nos poemas pagãos.
Data e Autoria
E muito difícil determinar quando o livro de Jó foi escrito. As datas que variam desde o período mosaico até o período persa continuam a encontrar adeptos entre os modernos estudiosos do AT. A escola conservadora tem apresentado a tendência de associar a composição desse livro ao florescimento da Literatura de Sabedoria bíblica da época de Salomão. Embora a maior parte de importantes investigações críticas tenha favorecido uma data anterior ao exílio, uma significativa minoria tem argumentado a favoT de uma origem no segundo milênio a.C.
Grande parte dos estudiosos não acredita que um único autor tenha sido responsável pela elaboração de todo o livro. Há trechos muitas vezes considerados como adições posteriores à obra original: a seção de Eliú, o poema sobre a sabedoria no capítulo 28 e parte dos discursos do Senhor. A integridade do prólogo e do epílogo também são discutidas. Entretanto, as evidências para essas dúvidas são completamente subjetivas. Por outro lado, será compatível com a própria visão das Escrituras reconhecer que o inspirado autor do livro canônico de Jó fez uso de uma tradição (provavelmente bastante extensa) relacionada com a vida do autor, que pode ter sido oral ou escrita.
[Para que esse livro tenha sido aceito como canônico em Israel, seu autor deve ter sido reconhecido como um israelita, segundo a tradição profética. Ele foi um poeta de rara inspiração, com uma alma profundamente sensível. Afim de escrever, da maneira como o fez, ele mesmo deve ter sofrido intensamente. Estava bem familiarizado com o Egito, assim como com os caminhos do deserto e a sabedoria e a erudição do antigo Oriente Próximo. Portanto, desde José até Moisés e Salomão, tem sido sugerido que cada israelita que conhecesse o Egito e possuísse extensos contatos e grande habilidade pessoal seria candidato a autor do livro de Jó. - Ed.]
Esboço
I. Desolação: A Provação da Sabedoria de Jó, 1.1-2.10
II. Queixa: A Perda do Caminho da Sabedoria, 2.11-3.26
III. Juízo: O Caminho da Sabedoria Obscurecido e Iluminado, 4.1-41.34
A. Os veredictos dos homens, 4.1-37.24
1. Primeiro ciclo de debates, 4.1-14.22
2. Segundo ciclo de debates, 15.1- 21.34
3. Terceiro ciclo de debates, 22.1- 31.40
4. Ministério de Eliú, 32.1-37.24
B. A voz de DEUS, 38.1-41.34
IV. Confissão: O Caminho da Sabedoria Recuperado, 42.1-6
V. Restauração; O Triunfo da Sabedoria de Jó, 42.7-17
Propósito
A Literatura de Sabedoria, isto é, a finalidade do livro de Jó, é exaltar a DEUS, o Criador, como o Senhor da Sabedoria e, particularmente, louvar a divina sabedoria revelada no poder redentor pela qual DEUS liberta os escravos do poder do pecado e da falta de esperança da sepultura, e os estabelece como sua propriedade em um triunfante serviço de pura devoção. Como um corolário, o livro inculca o temor a esse DEUS de toda a sabedoria como o verdadeiro caminho do conhecimento para o homem. Veja Literatura de Sabedoria.
Conteúdo
O Prólogo revela como foi concedida uma demonstração do poder salvador de DEUS através de Jó e seus sofrimentos. DEUS declarou que Jó era seu servo, mas Satanás quis contradizer a divina afirmação. Um teste de força revelaria se DEUS ou Satanás teria direito à fidelidade do coração de Jó. Portanto, é nessa terrível tentação que deverá ser encontrado o significado da sua firmeza, na moldura legal desse sofrimento e através da provação estabelecida entre DEUS e o Acusador (Jó 1-2). A doxologia de Jó marcou o início do fim para Satanás, mas antes de seu esmagamento final, Jó deveria ser totalmente subjugado pelo obscuro mistério de sua experiência. A chegada de três amigos, das fileiras dos sábios, precipitou o processo de filosofar que atraiu Jó para longe da simplicidade da fé. Temeroso agora de ter perdido o favor de DEUS, ele começou a se queixar (Jó 3).
Respondendo à sua queixa, Elifaz, Bildade e Zofar procuraram defender a honra de DEUS. Mas seu compromisso com a sabedoria tradicional do mundo, e sua doutrina da proporcionalidade do pecado e do sofrimento nessa vida, resultou na condenação do sofredor e, portanto, na defesa da causa de Satanás. Embora Jó conseguisse silenciar os três filósofos, e, no processo, alcançar novas visões da suprema beatitude daqueles que reconhecem a DEUS como o seu Redentor, a queixa continuou a acompanhar o seu lamento e o seu desejo de uma imediata audiência perante o Grandioso Juiz tornou-se cada vez mais devastador (Jó 4-31).
A tranquilidade do inflamado espírito de Jó devia preceder o desejado julgamento. E esse foi o serviço prestado por Eliú que, antecipando o juízo de DEUS, censurou seus amigos e levou Jó ao silêncio e à humildade apropriada ao seu iminente confronto com DEUS (Jó 32-37).
A voz do Todo-Poderoso convocou Jó para esse julgamento, que se transformou numa nova provação. E era através da vitória nesta questão de Jó que DEUS se propunha a aperfeiçoar o seu triunfo sobre Satanás. A luta com DEUS tomou a forma de um torneio de sabedoria, e Jó se viu incapaz de responder a qualquer uma das perguntas feitas pelo seu Criador (Jó 38.1-41.34).
Em sua confissão de arrependimento, embora ainda sem a insinuação de uma restauração terrena, havia uma confirmação final da veracidade de sua consagração. Dessa forma, Satanás ainda ficou exposto como mentiroso, mas o nome e a palavra de DEUS foram honrados (Jó 42.1-6).
A restauração de Jó, descrita no Epílogo, defende o servo de DEUS contra a despercebida reivindicação do Diabo, e serve como um sinal da validade da esperança da justificação final e da paz a que Jó havia se apegado pela fé (Jó 42.7-17). M. G. K.
 
 
SALMOS LIVRO DE
Nome do Livro
O livro dos Salmos representa uma coleção de cânticos, hinos e poemas hebraicos, oriundos de vários períodos da história de Israel. O próprio livro não tem um título e nenhum título é encontrado em qualquer parte do AT. A abordagem mais próxima a um título é vista no Salmo 72,20, “Findam aqui as ora­ções de Davi, filho de Jessé". Posteriormen­te, os judeus lhe deram o título de sepherfhillim ou “Livro dos Louvores”. A LXX deu- lhe o nome de “Livro dos Salmos”. A palavra grega “psalm” foi usada como tradução da hebraica mizmor e provavelmente significa um hino cantado acompanhado por instru­mentos de corda. É interessante notar que a palavra tshillim aparece no título de um sal­mo (145, feminino pJurai) enquanto a pala­vra mismor é encontrada em 57 títulos. Talvez a razão pela qual a antiga nação de Israel tenha deixado esse livro sem um títu­lo, seja o fato de ser muito difícil encontrar algum nome que lhe fosse apropriado. Um certo autor diz, “Por que chamá-lo de louvo­res? Eles oravam e pediam muito mais do que louvavam; lamentavam e confessavam mais do que agradeciam; e indagavam; quei­xavam-se e, até, maldiziam e replicavam mais do que adoravam” (Samuel Ternen, ThePsalms and Their Meaning for Today, p. 37). Muitas atitudes e disposições diferentes fo­ram expressas nesse livro e um título não poderia ter abrangido todas.
Número e Organização
A Bíblia hebraica contém 150 Salmos sepa­rados. A LXX incluiu um salmo extra (151) que relata como Davi foi escolhido por Samuel, o profeta, em meio a seus irmãos. Embora as versões Massorética e LXX con­tenham essencialmente os mesmos Salmos, eles receberam uma numeração diferente. Na LXX, os Salmos 9 e 10 foram reunidos em um único Salmo, e o mesmo ocorre com os Salmos 114 e 115, enquanto os Salmos 116 e 147 foram divididos em dois Salmos separados, A diferença da numeração entre as versões hebraicas e LXX pode ser vista no seguinte diagrama.
 
Hebraicas
LXX
1-9
1-9.21
10
9.22-39
11-113
10-112
14-115
113
116.1-9
114
116.10-19
115
117-146
116-145
147.1-11
146
147.12-20
147
148-150
148-150
 
 
Na organização atual, os Salmos estão divi­didos em cinco grupos ou livros: 1-41, 42­72, 73-89, 90-106, 107-150. Cada um des­ses livros termina em uma doxologia. E pro­vável que o Salmo 150 tivesse a finalidade de ser uma doxologia para todo o Saltério.
As três primeiras divisões são naturais e marcam os sucessivos estágios do crescimen­to inicial do Saltério. Entretanto, a divisão entre 106 e 107 é arbitrária. Essa quíntupla divisão é anterior à LXX e, de acordo com a tradição judaica, tinha a finalidade de fazer com que essa coleção de Salmos correspon­desse aos cinco livros da Torá. No início de 1956, foi encontrado próximo a Qumran, na Caverna 11, um papiro de Sal­mos feito de couro, escrito em hebraico. Ele foi desenrolado e publicado por J. A. Sanders do Union Seminary, de Nova York. Esse pa­piro, junto com quatro folhas separadas, con­tinha 36 Salmos ou trechos ae Salmos da Bíblia hebraica, além do Salmo 151, conhe­cido anteriormente da LXX. Além desses 37 Salmos, o papiro continha seis outros Sal­mos, dois dos quais já eram conhecidos atra­vés de uma versão siríaca, mas quatro eram completamente novos. Esse papiro também continha uma seção em prosa que dava o número total das composições musicais de Davi como sendo 4.050. Os 36 ou 37 Salmos canónicos não seguem a mesma ordem em que aparecem no texto Massorético. Eles se­guem a seguinte ordem: 105, 146, 148, 121­130, 132, 119, 135, 136, 118, 145, 139, 137, 138, 93, 141, 133, 144, 142, 143, 149, 150, 140,134,151 (Cf. J. A, Sanders, The Psalms Scroii of Qumran Cave II, 1965).
Títulos
Todos os Salmos, exceto o 34, receberam títu­los ou sobrescritos. É geralmente aceito que esses títulos não faziam parte dos Salmos originais e foram acrescentados posteriormen­te por um editor ou colecionador. Esses títu­los são diferentes nas versões hebraica e gre­ga. As versões siríacas não têm nenhum des­ses títulos, mas incluem outros completamen­te diversos que foram criados sob a influên­cia de Teodoro de Mopsuestia (350-428 d.C.). Os títulos contêm inúmeros termos técnicos, cujo significado foi perdido. Eles podem re­presentar: (1) um autor, colecionador ou al­guém a quem o Salmo foi dedicado como Davi, Salomão, Moisés, ou os filhos de Corá; (2) o tipo de Salmo como um cântico, shir; um salmo, mizmor, um salmo de loiworíes), Fhillim', uma oração, Fphillak; um míktam; um maskiT, e shiggayon; (3) alguma mensa­gem musical como “ao músico chefe”, “para os jovens” ou talvez o tom de um hino como “de acordo com a corça da manhã” (22.1); (4) a utilização de alguns dos Salmos no culto pela posterior nação de Israel, como o Sal­mo 30, “um canto para a consagração do Templo”, e o Salmo 92, “um Salmo para o dia de Sábado1’.
Data e Autoria
A data e a autoria dos Salmos canónicos têm sido objeto de pesquisa académica durante séculos. As descobertas dos estudiosos também variaram com o passar dos séculos. Os títulos atribuem 73 Salmos a Davi (88 na versão LXX), 12 Salmos estão relacionados com Asafe, 12 com os filhos de Corá, 2 com Salomão, 1 com Etã, e 1 com Moisés. Entre­tanto, como na melhor hipótese esses títulos representam apenas uma antiga tradição e não podem ser considerados como parte do texto original inspirado, os Salmos foram entendidos como “quadros sem molduras” (cf. Artur Weiser, The Psalms, p. 9). Evidente­mente, muitos judeus da época do NT, a maioria deles tomando como base os títulos, considerava Davi como o autor e o editor da maioria dos Salmos. Seu nome veio a ser identificado com o Saltério, da mesma forma que o nome de Moisés está relacionado com a lei, e o de Sa­lomão com os escritos da Sabedoria. Existe alguma razão para se acreditar que Davi foi um músico notável e provavelmente tenha escrito muitos deles, mas é óbvio que não po­deria ser o autor de Salmos como 74 e 137. Com o desenvolvimento do estudo científico da Bíblia, foi geralmente abandonada a teo­ria de Davi como autor de todos os Salmos e, tomando como base a visão evolucionária da religião de Israel, a maioria deles foi atribu­ída a um período pós-exílico. Julius Wellhau­sen disse: “A questão não é se o saltério contém quaisquer Salmos do período pós-exílico, mas se ele contém qualquer um do período pré-exílico”. T, K, Cheyne afirma que somen­te  partes do Salmo 18 eram pré-exílicas, e Dunm atribui a maioria deles ao período dos macabeus. Entretanto, a tendência moder­na influenciada pela crítica formal é de le­var os Salmos para uma época um tanto an­terior, Engnell, um estudioso escandinavo, disse que apenas um Salmo (137) é do perío­do pós-exílico. 
Classificação
Com a obra de Hermann Gunkel foi inaugu­rada uma nova tendência no estudo dos Sal­mos, com a publicação de seus comentários sobre o Livro dos Salmos em 1926. Ele acre­dita que a maior parte da tradição religiosa de Israel originou-se de seu culto em vários santuários, e que essas tradições foram pre­servadas e repetidas oralmente pelos sacer­dotes e pelo povo. Ao recitar essas tradições, certos conjuntos de formas foram emprega­dos para cada tipo de experiência religiosa. Por exemplo, uma lamentação adquiria uma forma especial, da mesma forma que um hino ou uma ação de graças. Gunkel acreditava que a forma de cada um desses tipos podia ser muito antiga, e que algumas podiam ter sido usadas até durante séculos pelos egípcios, babilónios e cananeus. Devemos reconhecer que formas semelhantes foram encontradas em materiais antigos do Egito, Babilónia e Canaã (Ugaríticos). Mas isso não quer dizer que seu conteúdo seja o mesmo. A forma, e em certo grau o vocabulário, podem ser os mesmos, mas o conteúdo da mensagem é com­pletamente diferente (cf. Ringgren, Faith ofthe Psalmists, pp. 115ss.). Veja Poesia. Baseando-se em sua forma e situação na vida, Gunkel classificou os Salmos canónicos em cinco categorias principais: hinos, lamen­tos comunais, Salmos reais, lamentos indi­viduais e cânticos individuais de ações de graças. Além disso, a essas cinco categorias principais Gunkel tinha algumas classes menores como cânticos de peregrinação, hi­nos comunais de ações de graças, poemas de sabedoria e liturgias.Gunkel foi seguido em seu método de estudo dos Salmos por outros especialistas como Sigmund Mowinckel, Artur Weiser, Hans- Joachim Kraus, Claus Westermann e Elmer Leslie. A maioria desses estudiosos conside­ra algumas das festas religiosas como o ce­nário de muitos desses Salmos. Mowinckel coloca a festa do ano novo, ou a festa da entronização por detrás de muitos deles. Weiser acredita que a festa representa uma renovação da aliança. Kraus acredita que a festa era uma festa literal de Sião para co­memorar da aliança de DEUS com Davi e Je­rusalém. Westermann acredita que esses homens foram longe demais ao reconstruir uma festa, e que os estudiosos precisam di­rigir sua atenção para os próprios Salmos. Portanto, os modernos escritores evangéli­cos insistem que a base mais razoável para a classificação é o caráter das idéias religio­sas encontradas em cada salmo (J. G. S. S. Thomson, “Psalms, Book of’, NBD, p. 1056; R. K. Harrison, Introduction to the Old Tes­tament, pp. 996ss.).Os Salmos geralmente classificados como hinos são: 8,19.1-6; 29,33,65,100,103,105, 136, 145-150. Aqueles que têm como tema a entronização de Jeová como o Senhor do uni­verso são: 47, 93, 96-99; e os que se referem a Jerusalém como a cidade escolhida por DEUS (cânticos de Sião) são: 46, 48, 76, 86. Alguns Salmos parecem ter sido escritos para algum acontecimento especial na vida do rei. Tais Salmos são mencionados como Salmos reais e são: 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 101,110, 132, 144, Uma classificação seme­lhante usada muitas vezes pelos estudiosos evangélicos é a dos Salmos messiânicos que, em seu todo ou em parte, predizem o sofri­mento de um futuro Rei que é simultanea­mente humano e divino. Os Salmos que ge­ralmente recebem essa designação são (pelo menos): 2, 8,16, 22, 40, 45,69, 72,110,118. O próprio testemunho do Senhor JESUS em Lucas 24,44 e as citações desses Salmos pe­los escritores do NT aplicando-as a CRISTO, confirmam essa análise. Os melhores exemplos de lamentos nacionais são os Salmos 44, 74, 79, 80, 137. Os lamen­tos individuais representam o maior núme­ro desse tipo no Saltério. O envolvimento pessoal que eles expressam, provavelmente tem muito a ver com o contínuo apelo dos Salmos até os nossos dias. Os indivíduos, embora se reconhecendo como membros de uma comunidade pactuai, enfrentaram as tribulações das enfermidades, morte iminen­te, falsa acusação, prisão e inimigos pesso­ais. Eles protestaram sua inocência, oraram para que DEUS afligisse seus inimigos, con­fessaram os seus pecados e pediram a DEUS para perdoá-los e purificá-los. Os exemplos mais típicos desses lamentos individuais são os Salmos 3, 5, 7, 13, 22, 42, 43, 51, 54-56, 88, 120, 130, 141, 142.As orações em que os salmistas suplicam que DEUS derrame sua ira são chamadas muitas vezes de Salmos imprecatórios, Devemos nos lembrar de que os salmistas viviam sob a antiga aliança antes que o Senhor JESUS vi­esse para nos ensinar a amar os nossos ini­migos e orar por aqueles que nos maltratam (Lc 6.27-38), e antes da descida do ESPÍRITO SANTO sobre nós. Por outro lado, até mesmo o NT nos ensina a permitir que DEUS seja o nosso Vingador (Rm 12.19,20).Os cânticos de ações de graças são em me­nor número que os lamentos. Os Salmos na­cionais de ações de graças são: 67, 75, 107, 118,124, e os de ações de graças individuais SÃO: 30, 32, 34, 41, 66, 92, 116, 138. Aqueles geralmente classificados como Salmos de sabedoria são: 1,19.7-14; 37,49, 73,112,119, 127,133,139. Os Salmos que têm obviamen­te um uso litúrgico, como se fossem antífonas de vários oradores ou cantores são classifi­cados como liturgias, e seus exemplos são os Salmos 14 (53), 15, 24, 50, 75, 82, 126.
A Teologia dos Salmos
É muito difícil elaborar uma declaração ade­quada sobre a teologia dos Salmos porque eles não representam tratados teológicos sistema­tizados. São apenas a resposta expressa do povo aos atos salvadores ae DEUS ou à falta deles. Novamente dizemos, os Salmos não fo­ram todos escritos por uma só pessoa, ou ao mesmo tempo, mas foram produzidos por so­fredores, suplicantes, religiosos ou homens cheios de sabedoria durante um período de muitos séculos. Entretanto, todos os salmistas eram membros da comunidade da aliança, e depositavam sua confiança no Senhor. Um dos elementos básicos da fé de Israel que todos os salmistas compartilhavam, é que DEUS revela o que Ele é através daquilo que Ele faz. De uma forma geral, as grandes obras e atos de DEUS estão mencionados nos Salmos (cf. 77.11-15; 78,3,4; 103.7; 136.1-26). Existem muito mais coisas ditas nos Salmos sobre a criação do que em qualquer outro li­vro do AT, exceto, provavelmente, em Isaías. As passagens mais importantes dos Salmos, relacionadas com a criação são: 8.3-5; 24.1,2; 36.6; 74.12-17; 89.9-12; 96.5; 102.25; 104.1-30; 115.15,16; 121.2; 124.8; 134.3; 136.5-9; 146.6. Outra doutrina básica e importante dos Sal­mos é a da eleição, junto com a ideia de uma aliança entre DEUS e Israel. DEUS escolheu, de acordo com os Salmos, Abraão (104.6,9), Israel (33.12; 105,6; 106.5; 135.4), aterra de Israel (147.4), Sião (78.68; 132.13), Judá (78.68), Davi (78.70; 89.19), e também Moisés e Arão (105.26; 106.23), Essa eleição representa uma das mais distintas doutri­nas de Israel. Sobre esse fundamento resi­dia toda a vida religiosa dessa nação, pois explicava sua origem, posição e missão. Intimamente relacionada com a doutrina da eleição estava a doutrina da redenção. Isra­el acreditava fazer parte de uma raça peca­dora (51.5), que havia se rebelado contra DEUS (58.1-5). Entretanto, o Senhor havia escolhido e redimido Israel, e havia condu­zido a nação para fora da “terra do Egito” (81,10; cf. 66.6; 68.7-10; 78.13; 8,0.8; 105.37­44). Israel havia sido “salva” no Êxodo e ain­da permanecia em uma relação salvadora por obedecer às condições da aliança. Entre­tanto, muitos dos salmistas estavam consci­entes de que a aliança havia sido quebrada pelo povo como um todo, e também por cada um dos indivíduos (78.8-11,17-20,32,36­37,40-42,56-58). Nos Salmos, a salvação também pode refe­rir-se à libertação dos problemas pessoais e nacionais. Muitos dos lamentos individu­ais clamam por DEUS para salvá-los de seus inimigos. A maioria dos problemas dos salmistas era resultado de seus pecados. Sete dos Salmos (6, 32, 38, 51, 102, 130, 143) fo­ram chamados de penitenciais, mas também foram encontradas referências aos pecados em muitos outros. Para os salmistas, o peca­do era um ato voluntário de rebelião contra a pessoa de DEUS, e acreditavam que Ele, sendo bondoso e misericordioso, perdoaria os pecados (51.1,2; 78.38; 86.15), mas também acreditavam que DEUS é um Juiz que, ao fi­nal, julgará todo o pecado não confessado no céu e na terra (49.3-5,21,22; 58.1,11).Do ponto de vista cristão, a teologia dos Sal­mos é fraca, pelo menos em dois pontos; (1) o conceito da vida após a morte e (2) falta de ênfase na missão de Israel perante as nações. O Seol, ou o abismo, mostra-se nos Salmos (9.17; 18.4,5; 55.15) como a concepção domi­nante da residência dos mortos. Geralmente, acredita-se que o Seol tome a comunhão com DEUS impossível (6.5; 30.9; 88.10-12; 115.17). Entretanto, um salmista insiste na presença de DEUS mesmo no Seol (139,8), Também é possível que alguns salmistas tenham ante­cipado a vida eterna na presença de DEUS (16.10,11; 17.15; 49.15; 73.24).Ao invés de orar pela conversão de seus ini­migos ou dos pagãos, o salmista vingador orava pela vitória sobre estes ou  pela sua destruição (109.6-19; 137,7-9). As passagens “missionárias” mais poderosas dos Salmos podem ser encontradas nos “Salmos de entronização” onde foi proclamado o reino universal de DEUS. Todos os povos foram con­vocados a aplaudir e louvar a DEUS, pois Ele é o “Rei grande sobre toda a terra” (47.1,2). Ele é proclamado o Rei de toda a terra, e fa­lam do tempo em que “os príncipes dos po­vos congregam-se para serem o povo do DEUS de Abraão” (47.9). Davi diz no Salmo 22: “To­dos os limites da terra lembrar-se-ão e converter-se-ão ao Senhor; e todas as gerações das nações adorarão perante a tua face. Por­que o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações” (22.27,28).
O Uso dos Salmos
No período do AT os Salmos eram usados para expressar pedidos, louvor e gratidão por parte dos adoradores de DEUS. No NT eles são citados mais do que qualquer outra obra do AT. Satanás citou o Salmo 91.11 no epi­sódio da tentação de JESUS. É provável que o Senhor JESUS tenha cantado o grande Halel (Sl 118) na Última Ceia. Ele citou os Salmos 22.1 e 35.5 na cruz. Os hinos que Paulo e Silas cantaram na prisão de Filipos eram provavelmente Salmos. A Igreja primitiva os empregava nos cultos públicos e nas casas (Ef 5.19; Cl 3.16; 1 Co 14.26).No século V d.C. os Salmos eram repetidos nos mosteiros pelo menos duas vezes por se­mana. São Patrick, da Irlanda, e São Bene­dito, recitavam os Salmos diariamente. Um conselho da Igreja e os capitulários do impe­rador tomavam os devidos cuidados para que ninguém fosse elevado a qualquer posição eclesiástica se não soubesse recitar os Sal­mos. Eles serviram como um apoio aos már­tires, confortaram os sofredores e fortalece­ram os fracos. Com as palavras dos Salmos nos  lábios, certos homens foram levados à fogueira, outros foram julgados por Conse­lhos, e ainda outros serviram como missio­nários em continentes que estavam em tre­vas. Atualmente os Salmos são lidos, canta­dos e celebrados por um incontável número de pessoas, mais do que qualquer outra obra sagrada.
 
 


    
RESUMO DOS LIVROS DE SABEDORIA - Dicionário Bíblico Wycliffe
PROVÉRBIOS LIVRO DE
O nome desse livro nas Escrituras foi tirado de seu primeiro versículo, “Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel”. A palavra hebraica para provérbio é mashal, que significa comparação, semelhança, representação ou generalização. Portanto, o provérbio bíblico é uma breve, incisiva e dirigida expressão de sabedoria, uma parábola condensada, ou narração alegórica (1 Sm 24.13; Jr 31.29; Ez 18.2; Lc 4.23).
Às vezes, o provérbio era apresentado como uma lição claramente ensinada, mas, às vezes, era elaborado de forma obscura de modo que sua própria dificuldade pudesse estimular o desejo de compreendê-lo e, assim, imprimir a lição mais indelevelmente sobre a mente de cada ouvinte.
O provérbio podia ser oma “expressão obscura”, exigindo uma interpretação. Por exemplo, “O crisol é para a prata, e o ouro, para o forno; mas o Senhor prova os corações” (Pv 17.3). Em Provérbios 1.17, entretanto, o provérbio; “Na verdade, debalde estender-se-ia a rede perante os olhos de qualquer ave”, é expresso sem qualquer interpretação e pode ter muitas aplicações. Veja Provérbio.
Muito antes da época de Salomão, foram encontrados provérbios individuais no AT. A expressão; “Dos ímpios procede a impiedade”, era considerado um “provérbio dos antigos” na época de Saul (1 Sm 24.13). Os guerreiros israelitas sob o comando de Moisés, ouviram por acaso o provérbio sobre Hesbom (Nm 21.27-30). O livro de Jó está repleto de máximas do tipo proverbial, uma das quais se tornou tema do Livro dos Provérbios, “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência” (Jó 28.28), Quando Salomão entrou em contato com os “filhos do oriente” (b‘ne qedem, 1 Rs 4.30), cuja sabedoria revestia-se dessa forma, era bastante natural que ele se expressasse deste modo, e se tornasse o patrono de máximas, preceitos e parábolas condensadas (“Proverb”, UBD, p. 896). Tal literatura de sabedoria que ignorava os limites nacionais era conhecida por todo o antigo Oriente Próximo, desde o Egito até a Mesopotâmia.
Canonicidade
O livro de Provérbios foi incluído em todas as listas escriturais judaicas, e também citado ou mencionado no NT (Pv 1.16 e Rm 3.15; Pv 25.21,22 e Rm 12.20; Pv 3.11,12 e Hb 12.5,6; Pv 3.34 e Tg 4.6; Pv 10.12 e 1 Pe 4.8; Pv 11.31 e 1 Pe 4.18; Pv 3.34 e 1 Pe 5.5; Pv 26.11 e 2 Pe 2.22). Esse livro, juntamente como Jó e Eclesiastes, foi considerado como parte da assim chamada Literatura de Sabedoria do AT.
Autoria e Data
Com base em evidências de natureza interna, a maioria dos Provérbios pode ser atribuída a Salomão (cf. 1.1; 10.1; 25.1). Delitzsch afirma que em Provérbios 1-29 é exibido um cenário histórico que só corresponde às condições do reinado de Salomão. O capítulo 30 de Provérbios é atribuído a Agur, e o 31 ao rei Lemuel, indivíduos sobre os quais não dispomos de informação alguma.
O fato de Salomão ser o autor da maior parte desse livro também está de acordo com os relatos históricos desse homem como a personificação da sabedoria. Em 1 Reis 3—4, foi revelado que ele iniciou seu reinado com uma oração pedindo sabedoria, e que esse pedido foi atendido por DEUS. Também foi registrado que Salomão “disse três mil provérbios” (1 Rs 4.32). Alguns estudiosos supõem que a frase “as palavras dos sábios” em Provérbios 22.17-24.22 foram extraídas de uma obra egípcia, “As Instruções de Amenotep” (ANET, pp. 421-424), por causa de sua íntima semelhança verbal. Mas um estudo cuidadoso dos dois textos revela que a obra egípcia deve ser uma tradução do original hebraico (K. A. Kitchen, “Egypt”, NBD, p. 348; SOTI, pp. 457ss.).
Qualquer discussão sobre a data deve fazer a distinção entre a época da escrita dos Provérbios, e a época em que foram coletados e publicados.
Portanto, podemos admitir a data aproximada de 950 a.C. para essa obra, enquanto os homens de Ezequias “copiaram” ou coletaram e acrescentaram outros provérbios de Salomão por volta do ano 700 a.C, Sem dúvida, as palavras de Agur e Lemuel também foram acrescentadas nessa época. Parece não existir uma razão válida, portanto, para o fato desse livro não estar completo em sua presente forma por volta de 700 a.C.
A presença de um suposto aram ais mo não exige, automaticamente, uma data posterior para o livro de Provérbios. Na verdade, eles podem ser antigas expressões dos semitas do noroeste (K. A. Kitchen, Ancient Oríent and OT, 1966, p. 145). Sabemos agora que a inscrição de Zakír, o rei sírio-heteu de Hamate, foi elaborada pouco depois do ano 800 a.C., em sua maior parte em aramaico antigo, com alguns toques de expressões semitas (cananeias e hebraicas) do noroeste (ANET, pp. 501ss.; VBW, II, 263). Por outro lado, a presença de Provérbios sob uma forma poética conhecida na literatura ugarítica, mas totalmente ausente da literatura da sabedoria aramaica do século VII a.C., assim como foram representados pela obra Sayings of Ahiqar, serve para se atribuir ao conteúdo de Provérbios uma data muito anterior àquele período (Archer, SOTI, pp. 456ss.).
Conteúdo
Como um livro de conteúdo diversificado, Provérbios trata de temas como sabedoria, leviandade, bondade, riqueza, pobreza, língua, orgulho, humilhação, justiça, disputas, glutonaria, amor, luxúria etc. Há uma abrangência tão grande em sua perspectiva, que parece que nenhuma fase do relacionamento humano foi esquecida. Seu tom é definitivamente universalista, e a palavra “Israel” está ausente desse livro. Portanto, seus ensinos podem ser aplicados a todos os homens, em todas as partes do mundo. Entretanto, não se deve negar que essa perspectiva esteja essencial mente de acordo com a ênfase do AT sobre as esperanças terrenas e a prosperidade material.
Esboço
Esse livro é pouco adequado a uma análise formal; entretanto, podemos observar as seguintes divisões:
Prólogo, 1.1-7
I. Provérbios de Salomão Exaltando a Sabedoria, 1.8-9.18
II. Provérbios de Salomão Exaltando a Moralidade Prática, 10.1-24.34
III. Provérbios de Salomão Compilados pelos Escribas de Ezequias, 25.1-29.27
IV. Apêndices: Provérbios de Agur e Lemuel, 30.1-31.9
Epílogo, Poema Alfabético sobre a Esposa Virtuosa, a Personificação da Sabedoria, 31.10-31
O prólogo da introdução (1.1-7) identifica o autor, declara os propósitos do livro e seu tema. A primeira divisão importante (1.8-9.18) contém uma dezena ou mais de alocuções que discutem o caminho da sabedoria. A segunda divisão (10.1-24.34) contém, em sua maior parte, provérbios destacados um a um, muitos dos quais sob forma antitética. A terceira divisão (25.1-29.27) contém os provérbios “copiados" do conjunto de provérbios de Salomão pelos “homens de Ezequias”, incluindo possivelmente Isaías e Miquéias. Eles foram incluídos sistematicamente sob a forma de parelhas de versos.
Os apêndices finais (30.1-31.9) contêm as palavras de Agur, surpreendentes em sua forma e em seu conteúdo, e as palavras do rei Lemuel. O livro termina com uma alegoria que consiste de um acróstico ou poema alfabético que louva a mulher virtuosa, como uma descrição da personificação da própria sabedoria. Veja Sabedoria; Literatura de Sabedoria do AT. D. K. C.
 
 
ECLESIASTES LIVRO DE
Um tratado sobre a filosofia correta de vida, e um excelente exemplo da Literatura de Sabedoria do Antigo Testamento.
Título
O título deste livro chegou até nós através da Vulgata. Na LXX, significa um membro da eclesia, A forma heb. qohelet, que os estudiosos frequentemente transliteram, é um particípio feminino usado de forma idiomática sobre aquele que convoca e discursa em uma assembleia ou escola pública, isto é, o oficial de uma qahal, uma palavra comum para assembleia.
Autor
Será que o escritor reuniu vários provérbios (cf. 1 Rs 4.32)? Em determinadas seções, parece que sim (por exemplo, 7.1-13; 10). Ou será que ele era um orador ou um debatedor? Mas o livro parece ser mais uma reflexão do que uma discussão. A maioria dos estudiosos traduz a palavra como “pregador” (Ec 1.1,2; 12.8-10).
Qoheleth é declarado como sendo “filho de Davi, rei em Jerusalém” (1.1). O escritor do livro é o próprio Salomão, ou alguém que simplesmente menciona um dito de Salomão no v. 2 como tema de seu estudo? Os estudiosos têm opiniões dívidas quanto à autoria de Salomão. Contudo, em 1.12 lê-se: “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém”, ou seja, na ocasião em que o livro foi escrito. O argumento crítico contra a autoria de Salomão é ilógico, porque a declaração acima é natural para quem escreve uma autobiografia. Começando com o cap. 3, Salomão usa provérbios que são baseados em sua experiência. Ele disse, “Sabedoria adquirirei; mas ela ainda estava longe de mim” (7.23; em contraste com 1.16). Foi uma época pobre comparada com dias anteriores (7.10), porque o governo era corrupto próximo ao fim de seu reinado, e os súditos do rei tirano se consideravam oprimidos (3.16; 4.1; 8.9; 10.5-7).
Qoheleth era uma só pessoa ou três pessoas distintas? Alguns modernistas dizem que o pregador escreveu com pessimismo; assim, ele teria sido auxiliado por um homem Sábio conhecedor de provérbios (10.1-11.4), e este por um homem piedoso com mais sentimentos religiosos ortodoxos (2.26). Um apêndice final (12.13ss.) recomenda a prática da religião judaica como o dever de todo homem. Mas não poderia alguém com uma mente perspicaz elaborar um caso, adaptar provérbios e também discutir dúvidas?
Qoheleth nunca é mencionado no Novo Testamento; mas Romanos 8.20, abordando o assunto da criação até a vaidade, pode ter seu tema como base; e a parábola que nosso Senhor contou sobre o rico tolo (Lc 12.16-21) está relacionada à sentença final do livro de Eclesiastes (Ec 12.14).
Embora alguns estudiosos sugiram o contrário, o epílogo é feito pelo próprio pregador. Ele havia questionado se, com a morte, o espírito do homem realmente iria para DEUS (3.21), mas agora ele tem a certeza de um juízo final (12.14; cf. 11.9).
Época em que Foi Escrito
Alguns estudiosos entendem que o livro foi escrito no período Persa (que terminou em 333 a.C.), ou mesmo no período grego que o sucedeu, devido à ocorrência de várias palavras que parecem ser aramaicas ou persas. Porém as referências a acontecimentos históricos específicos parecem ser um tanto indistintas. Salomão teve mais contatos internacionais do que qualquer outro depois dele (veja Archer, SOTI, pp. 462-471).
Tema
O pensamento deites doze capítulos dá voltas, sobe e desce. As vezes, parece pessimista, às vezes otimista. Embora DEUS seja mencionado vinte vezes, vinte e sete fatos preocupam o autor trazendo quatro problemas principais: a vida é injusta (2.12-26); o mundo é impenetrável (8.17); o futuro é incerto (11.2,6,8ss.); a morte é obscura (9.4-6,10). Contudo, parece haver uma progressão nos caps. 1-12 de uma ênfase sobre a vaidade (heb. hebel, “respirar”, névoa”, qualquer coisa transitória, frágil, ilusória, vazia), a uma ênfase sobre a sabedoria e ser sábio.
O texto, “Vaidade de vaidades! É tudo vaidade” (1.2; 12.8), é verdadeiro para o humanismo realista. A vida sem DEUS não tem significado real. O secularismo não pode trazer uma satisfação duradoura. A fé, entretanto, abraça o governo divino. Resumindo, “Afasta, pois, a ira do teu coração e remove da tua came o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade...” (11.10-12.1).
Esboço
O Prólogo, 1.1-11
A vida, embora não seja má em si, é um ciclo sem significado e é vã, enquanto vivida separadamente de DEUS, e não usada para a glória dele.
I. A Vaidade de Todas as Coisas, 1.12-6.12
A. O fracasso de todas as tentativas humanistas de dar significado à existência, 1,12-2.23
B. O contraste de uma vida que é vivida de acordo com as ordens de DEUS, 2.24-3.22
C. Os desencantos da vida terrena, 4.1- 16
D. Os esforços fúteis de uma busca egocêntrica da vida, 5.120־
E. A inadequação dos valores munda nos, 6.1-6
F. Conclusão, Por que discutir com seu Criador? 6.7-12
II. Palavras de Sabedoria para Viver em meio à Vaidade, 7.1-12.8
A. Conselho geral sobre a preservação de valores, 7.1-29
B. Exortação a obedecer aos reis terrenos e temer o Rei Celestial mesmo em situações de dificuldade e perplexidade, 8.1-17
C. Como enfrentar o fato da morte, 9.1- 12
D. A sabedoria é melhor do que a tolice, 9.13-10.20
E. Exortação à benevolência e à alegria apesar dos possíveis problemas, 11.1-8
F. Exortação à juventude. Começar a viver para DEUS enquanto ainaa jovens, antes da velhice chegar, 11.9-12.7
G. Conclusão; Repetição do tema de abertura - tudo é vão e transitório, 12 8
O Epílogo, 12.9-14
Resumo: Temer a DEUS, e obedecer aos seus mandamentos.
W. G. B. e J. R.
 
 RESUMO DOS LIVROS POÉTICOS - Dicionário Bíblico Wycliffe
 
CANTARES LIVRO DE
Este livro, também chamado de Cântico dos Cânticos, ou simplesmente Cantares, é um dos menores, mais encantadores e mais controversos livros do Antigo Testamento.
Canonicidade
Em uma discussão sobre quais escritos “fazem impuras as mãos”, por serem santas, os rabinos se dividiam entre o livro de Cantares e o de Eclesiastes, O Rabino Akiba declarou, “Nenhuma época é digna do dia em que Cantares foi dado a Israel, porque todos os escritos são sagrados, mas Cantares é o mais sagrado entre eles” (Mishnah Yadaim 3.5; cf. M. Eduyoth 5.3; Tosefta Sanhedrin 12.10). Muitos escritores entendem que essas discussões indicam que a canonicidade de Cantares não foi estabelecida antes do Concílio de Jâmnia (aproximadamente no ano 90 d.C.). W. Rudolph, no entanto, afirma que essas discussões na verdade assumem a canonicidade anterior do livro (“Das Hobe Lied ini Kanon”, ZAW, LIX [1943], 195).
Autoria de Salomão
Geralmente se aceita que o fato da autoria de Cantares ter sido atribuída a Salomão, fez com que o livro fosse aceito no Cânon. Alguns escritores conservadores não vêem razão para negar essa tradição (E. J. Young, An Introduction to the Old Testament; M. G. Klíne, ChT, 27 de Abril de 1959, p. 39). Outros conservadores ressaltam que a expressão hebraica no versículo 1.1, lishHomoh pode significar “Para Salomão”, ao invés de “De Salomão” (D. A. Hubbard, NBD, p. 1024; S. Schultz, The Old Testament Speaks, p. 295).
Muitos autores afirmam que o versículo inicial foi um adendo posterior e que Salomão não foi o autor, pelas seguintes razões: (1) O versículo 1.1 de Cantares usa a forma longa do pronome relativo ’asher enquanto a forma curta she. é usada em outros trechos (cf. 3.7). (2) As outras cinco menções ao nome de Salomão (1.5; 3.9,11; 8.11,12) e as três menções da palavra “rei” (1.4,12; 7.5) O vêem mais como o destinatário ou o descrito e não como aquele que fala. Além disso, o nome Salomão não consta no sobrescrito da Peshita Siríaca (Joshua Bloch, “A Criticai Examina- tion of the Text of the Syriac Version of the Song of Songs”, American Journal of Semitic Languages, XXXVIII [19211,108).
Contexto de Salomão
Embora muitos escritores possam questionar que Salomão seja o autor de Cantares, vários estão dispostos a concordar que o contexto da obra está de acordo com a época de Salomão. As referências a muitos lugares no norte da Palestina (especialmente a Tirza em 6.4, que foi abandonada por Onri em 876 a.C., quando ele fez de Samaria sua capital), e as referências ao harém do rei, à mobília, à riqueza dos perfumes e outros bens, e a impressão de uma época de felicidade geral, confirmam essa possibilidade (veja H. M. Segai, “The Song of Songs”, VT, XII 11962], 481ss.; D. A. Bruno, Das Hohe Lied, Das Buch Hiob, pp. 20ss.). Em 1.20,3«; 2.15; 4.8- 12; 5.9; 6.8; 7.1ss.; 8.5-7, W. F. Albright detecta textos que, em sua opinião, conduzem aos séculos XIII a XI a.C., com base no tipo de paralelismo e nas suas referências à mitologia de Canaã (“Archaic Survivals in the Text of Canticles”, Hebréia and Semitic Studies, ed. D. Winton Thomas e W. D. McHardy, pp. 1-7). No entanto, Albright e outros afirmam, com base em algumas características lingüísticas, que a edição final do texto deve ter acontecido no século V ou IV a.C.
Características Linguísticas
O Hvto de Cantares contém algumas palavras e construções de linguagem que são semelhantes às formas usadas no posterior hebraico Mishnaico (Segai, p. 478) e no aramaico (Pouget, pp. 78-81). Este fato levou os estudiosos a atribuírem uma data pós-exílio paia o livro. No entanto, mais recentemente, demonstrou-se que as similitudes ao aramaico são indicativas de uma localização ao norte ao invés de sinais de uma época posterior (cf. A. Hurvitz, '“Aramaísms’ in BiblicaL Hebrew”, 1EJ, XVIII [1968], 236). Além disto, a explicação de uma origem do norte poderia explicar muito bem a predominância, no livro, de lugares ao norte.
Além das similitudes ao aramaico, os estudiosos acreditam ter detectado palavras gregas no texto, Pouget listou quatro delas (p. 82). Mais recentemente, Albright afirmou que “Contrariamente às afirmações do passado, não existe nenhuma única palavra emprestada do grego e, portanto, não existe nenhuma evidência para a data helenística que é frequentemente assumida (isto é, dos séculos III ou II a.C.)” (“Archaic Survivals”, p. 1).
Interpretações
Alegórica: A visão que interpretava Cantares como uma alegoria do amor entre DEUS e Israel, ou entre CRISTO e a igreja, prevaleceu durante séculos, como a interpretação ortodoxa entre os judeus, católicos e protestantes. A paráfrase Targum ou aramaica (século VI d.C.) enxergou na frase “olhos como os das pombas” os homens sábios no Sinédrio, e em “pescoço como a torre de Davi” o líder da academia. Um estudioso judeu do século XII, Saadia Gaon (892-942) viu em Cantares a história completa de Israel, até à vinda do Messias.
O primeiro comentário alegórico da igreja foi o de Hipólito de Roma, no início do século III. Entretanto, o trabalho clássico sobre Cantares foi o de Orígenes (falecido em 254 d.C.). Cantares era o livro favorito de Bernard of Clairvaux, que pregou 86 sermões sobre os dois primeiros capítulos. Lutero viu na noiva a personificação do reino de Salomão.
Nos tempos modernos, a visão alegórica é mantida por alguns católicos - Jouon, Feuillet, Buzy e Robert. A interpretação parabólica ou tipológica adotada por muitos escritores recentes - Ellis, Ambroggi, Weber, Murphy - é diferente da anterior, porque aceita Cantares basicamente como um cântico literal e procura um sentido espiritual, não a partir dos detalhes mas sim das analogias mais gerais entre o amor do homem e o de DEUS.
Narrativa: A primeira proposta de uma visão Literal foi a de Teodoro de Mopsuestia (falecido em 429), que foi condenada pela igreja um século após sua morte por propor uma visão desse tipo. Na época moderna, as interpretações literais começaram com Chatellon em 1544. Ewald (1826) e Delitzsch (1875) popularizaram uma visão dramática de Cantares, Delitzsch afirmou que o amante era Salomão, no duplo papel de rei e pastor; Ewald distinguiu um Salomão voluptuoso e um pastor rústico que estavam disputando a mão da jovem. A lealdade da jovem para com o seu pastor é interpretada como uma lição de fidelidade. Esta visão de três personagens envolve uma tensão mais dramática e. ao mesmo tempo, requer uma ingenuidade mais sofisticada para se realizar do que a visão de dois personagens.
Leroy Waterman oferece uma nova interpretação pela qual Cantares foi projetado como uma polêmica política contra Salomão, em que a descrição da noiva seria, na realidade, um conjunto de caricaturas grotescas (“The Role of Solomon in the Song of Songs”, JBL, XLIV [1925], 171-187).
Lírica·. Muitos escritores dos séculos XVI a XVIII descreveram Cantares como uma coleção de madrigais, idílios ou éclogas. Então, em 1873 Wetzstein publicou as suas observações dos hábitos dos casamentos sírios, que incluíam o cânticos das wasfs ou canções que descrevem a beleza da noiva. Outros, entre eles Teodoro de Mopsuestia, Herder (1778) e na época moderna Haupt, Jastrow, Baumgar- tner, Gottwald, Gordis e Segai sustentam que Cantares era uma coleção ae canções populares de amor. Gordis, por exemplo, percebe 28 canções diferentes que abrangem 5 séculos. Rowley, May e outros objetam que esse tipo de análise não faz justiça ao estilo uniforme e à caracterização da obra.
Religiosa: A mais recente tentativa de esclarecer o significado de Cantares é a litúrgica ou a interpretação de culto a Tammuz. Na década de 1920, Theophile Meek sugeriu que Cantares é uma modificação para Jeová das liturgias de uma seita de fertilidade pré-is- raelíta, semelhante às do culto a Tammuz na Babilônia. Esta opinião conseguiu o apoio de muitos estudiosos, entre eles Snaith, Oesterley, Wittekínd, Margoliouth e Ebeling.
A objeção básica a esse ponto de vista é a improbabilidade das revisões necessárias para introduzir uma liturgia sectária desse tipo no cânone. Para uma crítica sobre essa última interpretação, veja H. H. Rowley, ־'The Song of Songs”'. an Examination of Recent Theroy”, The Journal of the Royal Asiatic Society, Abril de 1938, pp. 251-276; Edwin Yamauchi, “Cultic Clues in Canticles?” BETS, IV (1961), 80-88.
Comparações com Outras Canções de Amor A primeira literatura - que foi a dos sumérios - produziu algumas canções de amor (de aproximadamente 1750 a.C.) associadas ao culto a Tammuz, que apresentam alguns paralelos notáveis (S. N. Kramer, “The Biblical ‘Song of Songs’ and the Sumerian Love Songs”, Expedition, V, pp. 25-31). Uma das objeções à visão dos dois personagens era a de que ela fazia de Salomão tanto um rei quanto um pastor. É digno de nota que nestas canções Dumu- zi, o rei de Ereque que foi posteriormente divinizado, também é mencionado como um pastor. W. G. Lambert recentemente reuniu fragmentos de canções de amor acadianas ide aproximadamente 1000 a.C.) que eram usadas no culto a Tammuz. Comparando-as com Cantares, ele observa: “Os dois tipos são poesias de amor sem uma sequência ou desenvolvimento aparentes. Em ambos existe uma frequente alternância de orador, e às vezes aparece uma narrativa ou um monólogo. Em ambos o cenário muda e os amantes parecem ter deixado o seu ambiente metropolitano” (“Divine Love Lyrics from Babylon”, JSS, IV [1959], pp. 1-15}. As canções de amor dos egípcios (1200 a.C.) em ANET não são religiosas, mas seculares.
Conclusão
Cantares parece muito provavelmente ser composição de um escritor do norte da Palestina, na corte de Salomão (cf. Pv 25.1), falando sobre uma jovem - talvez a sua irmã - celebrando o seu casamento com Salomão. A escolha de Salomão como um pastor poderia ser intencional como uma figura poética, assim como o rei Dumuzi foi semelhantemente mencionado nas letras sumárias. A forma literária de Cantares seria baseada nos modelos acadiano e egípcio da época. No entanto. insistir que dessa forma Cantares deveria ocultar a função cultuai dos modelos pagãos seria tão pouco razoável quanto insistir que as peças de Esquilo conservavam o caráter de Dionísio das tragédias originais.
Esboço
Como a análise de Cantares depende ampla- mente do ponto de vista de quem faz a análise. simplesmente se indicam os oradores envolvidos. Seria útil para o leitor observar que a jovem se dirige ao seu amante como dodi, que os tradutores de várias versões transformam em “meu amado”; o homem se dirige à jovem como ra‘ya,ti, traduzido em algumas versões como “amiga minha” ou “querida minha”.
 
 
A jovem O homem Outro
1.2-4a,5-7 1.8-11
1.46
1.12-14
1.15
 
1.16-2.1
2.2
 
2.3-10a
2.106-14

2.15-3-5

3.6-11
4.16
4.1-15
5.9
5.2a, 3-8.10-16

5.1,26
6.1,10
6.2-3
6.4-9,11,12
7.1-6
7.11-14
8.1-4.56

7.7-10
8.5a
8.6,7,10-12; 8.14
8.13
8.8,9
     

E. M. Y.
 
 
 
 
Lição 1, Conhecendo os livros poéticos, Jovens, Conectar+ 2º Trimestre de 2019 - Betel
Os 5 livros poéticos composto por Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.
Os livros poéticos não são belos simplesmente pelo fato de forma poética mas, principalmente, porque trata da grandeza do DEUS soberano.
Os livros Poéticos contidos na Bíblia são cinco, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.
Estes cinco livros que ficam entre os livros históricos e proféticos são muitos diferentes do que aqueles que vêm antes ou depois deles. Os livros poéticos não são históricos. Os outros livros são históricos: contam a história do povo de Israel. Estes livros são experimentais. Os livros históricos falam de uma nação como tal, da nação hebraica.
Os livros poéticos não tratam da nação de Israel, mas tratam de assuntos individuais do coração. Os livros poéticos falam de indivíduos como tais, do coração humano. Os livros poéticos não são a única poesia encontrada no Velho Testamento. Estes livros são o grupo poético de livros.
Os livros poéticos falam das experiências da vida, da relação do coração com DEUS e da intimidade que o salvo tem com DEUS.
 
Ponto chave
“Paulo diz em sua segunda carta a Timóteo: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;
Para que o homem de DEUS seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.", 2 Tm 3.16-17
 
1 – APRESENTANDO JÓ E SALMOS
Jó e Salmos tratam dos cuidados de DEUS para com sua criação mais sublime, o homem. As circunstâncias podem ser adversas, mas o Senhor continua no controle (Jó 1.1.)
Quem escreveu o livro de Jó? A resposta é: " não se sabe", estudiosos trazem como possibilidade: Moisés, Eliú, Salomão, Esdras e o próprio Jó; são só hipóteses não comprovadas historicamente mas como Paulo diz em sua segunda carta a Timóteo: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;
Para que o homem de DEUS seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.", 2 Tm 3.16-17
Este belo livro conta a história de Jó, um homem reto e temente a DEUS que passa pelas maiores provações que alguém jamais possa imaginar, perde filhos, bens, saúde e é desprezado por seus amigos, porém, tudo isto não é capaz de fazer com que Jó perca sua fé no DEUS Altíssimo. Ele vê tudo o que construiu desmoronar, mas sua convicção no Redentor restitui a ele tudo o que havia perdido.

O livro de Jó:
Escritor: Desconhecido;
Data: cerca de 2000 a.C. (?);
Tema: Por que sofre o justo?
Um Dos mais antigos livros das Escrituras inspiradas! Um livro tido na mais alta estima e muitas vezes citado, todavia muito pouco entendido pela humanidade.
Por que foi escrito este livro, e de que valor é para nós hoje? A resposta é indicada no significado do nome de Jó: “Objeto de Hostilidade.” Sim, este livro trata de duas importantes perguntas: Por que sofrem os inocentes? Por que permite DEUS a iniquidade na terra? Temos o registro do sofrimento de Jó e de sua grande perseverança para considerarmos ao responder a essas perguntas. Tudo foi registrado por escrito, precisamente como Jó pediu. — Jó.19:23, 24.

O livro de Salmos:
Escritor: Davi, Asafe, Moisés, Salomão, filhos de Corá e outros;
Data: Quase todo foi escrito entre os século X a V a.C.;
Tema: Oração e Louvor.
Livro que parece consistir em cinco coleções de cânticos sagrados:
(1) Sl.1-41;
(2) 42-72;
(3) 73-89;
(4) 90-106;
(5) 107-150.
Cada coleção terminando com uma bênção proferida sobre DEUS.
Segundo o seu lugar no livro, os respectivos salmos, desde tempos antigos, evidentemente eram conhecidos por número. Por exemplo, o que é agora chamado de “segundo salmo” também era chamado assim no primeiro século a.C. (At.13:33).
 
1.1 Salmos
Salmos é o maior livro da Bíblia. Foi escrito por Davi (73 Salmos), Asafe (12 Salmos), filhos de Coré (9 Salmos), Salomão (2 Salmos), Etã, Hemã e Moisés (1 Salmo cada), sendo que quarenta e oito Salmos são anônimos.
O livro de Salmos trata, de forma poética, os mais diversos temas como o peso do pecado, sobre a misericórdia de DEUS, a vinda do Messias, a importância de se louvar ao Senhor, e, principalmente, a necessidade de se guardar e vivenciar a Palavra de DEUS.
"Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.
Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.", Sl 119.11-12
 
O livro de Salmos é uma coleção de poemas religiosos.
O título hebraico dos Salmos é “Tehillim”, que significa “Louvores”. O título na Septuaginta (tradução do A.T. do idioma hebraico para o grego) é Psalmoi, que significa “cânticos par serem acompanhados por instrumentos de cordas”. O título em português (Salmos) é derivado da Septuaginta.
Salmos é descrição que se dá costumeiramente ao Saltério (instrumento de cordas dedilháveis) na sua presente forma, como o hinário e livro de oração do templo pós-exílio, certamente não está longe da verdade. Mas, como no caso de todo hinário moderno, o seu conteúdo tem diversas origens.
Ele é dividido em cinco seções ou livros: SI 1—41; 42 — 72; 73 — 89; 90 — 106 e 107 — 150.
Cada livro termina com uma doxologia acrescentada pelos compiladores, e o salmo 150 evidentemente é a doxologia do quinto livro e de todo o Saltério.
Na outra ponta, o salmo 1 provavelmente foi composto, ou ao menos agora funciona, como uma introdução para a coleção inteira. Essa divisão em cinco partes pode ter tido a intenção de ser um eco ou um tributo aos cinco livros do Pentateuco, a base da revelação do A.T.
 
 Para refletir e adorar
 "A Bíblia fala no tom de voz do próprio DEUS". Charles Spurgeon
 
2 – PROVÉRBIOS
O livro de Provérbios tem como características tratar de assuntos referentes a justos e ímpios e também à Sabedoria que vem de DEUS. 
O título provérbios dá nome ao livro tanto em hebraico quanto em português. De Salomão é uma referência a ele como autor principal e maior inspirador desse tipo de literatura em Israel.
O hebraico “mãsãl”, “provérbio”, tem na sua raiz o significado de “comparação” e é usado com referência tanto à alegoria ampliada de Ezequiel 17.2ss quanto ao símile colorido de Provérbios 10.26.
É usado também em relação à frase capciosa de 1º Samuel 24.13 ou até com referência ao escárnio (Is 14.4; Hc 2.6).
A maioria dos ditados desse livro, no entanto, é de “comparações” no sentido de duas declarações que são postas lado a lado em forma de antítese.
Assim como Davi é o manancial da tradição salmódica em Israel, Salomão é o manancial da tradição sapiencial em Israel (Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1 Rs 4.32, Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos. A maioria dos provérbios teve origem no século X a.C., porém a provável data mais antiga para a conclusão deste livro seria o período de reinado de Ezequias (i.e., c. 700 a.C.). A participação dos homens de Ezequias na compilação dos provérbios de Salomão (Pv 25.1 — 29.27) talvez remonte a 715—686 a.C., durante o avivamento espiritual liderado por esse rei temente a DEUS. É possível que os provérbios de Agur, de Lemuel e os outros “sábios” também tenham sido compilados nesse período.
 
2.1. Conhecendo Provérbios
O livro de Provérbios foi quase todo escrito por Salomão, mas houve ajuda de Agur e do rei Lemuel nos capítulos 30 e 31, respectivamente.
Um livro que trata da essência de toda a sabedoria, mas também trata do justo e do ímpio, comparando suas decisões e suas recompensas.
Justo: "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.", Pv 4.18Ímpio: "O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.", Pv 4.19
"Os livros poéticos são mais do que belas poesias, na verdade é a poderosa Palavra do Senhor..."

2.2. O temor do Senhor
"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do SANTO a prudência.", Pv 9.10
Salomão trata da sabedoria como um tesouro inigualável, pois ele sabe que a verdadeira sabedoria se inicia a partir do entendimento de temermos (respeito e obediência) a DEUS.
Salomão teve a oportunidade de pedir qualquer coisa ao Senhor, porém ele percebeu que nada nesta vida valor se a sabedoria de DEUS não estiver sobre ele (1Cr 1.7-12).
Em Provérbio, Salomão trata da importância de se obter sabedoria vinda da parte de DEUS:
"Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.", Pv 2.6

3. ECLESIASTES E CANTARES
Eclesiastes e Cantares são dois livros que tratam respectivamente do tempo de DEUS e do sua controle e também do amor entre o noivo e a noiva, simbolicamente isto nos leva ao amor de CRISTO e a Igreja.

3.1. Conhecendo Eclesiastes
A autoria do livro de Eclesiastes é uma incógnita, porém o significado de Eclesiastes é "Pregador", ao qual os estudiosos atribuem ser Salomão.
O capítulo três traz a essência do livro, onde se trata do tempo determinado para todas as coisas debaixo do céu, ou seja, para o homem, para que ele aprenda que as coisas terrenas estão ligadas ao tempo, diferentemente do céu, onde tudo é atemporal, pois se trata do eterno.

3.2. Entendendo Cantares
Salomão escreveu 1005 cânticos, mas o que escreveu para a sunamita, com certeza é o que mais se destaca.
As declarações contidas neste cântico demonstram um amor intenso e verdadeiro entre os noivos.
CRISTO tem um amor incondicional e puro por sua igreja. Alguns estudiosos não aceitam esta simbologia, mas CRISTO a pôs em prática, amando a sua noiva, entregando-se por ela (Ef 5.24-25).
"Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu;ele apascenta entre os lírios.", Ct 6.3

Conclusão.
Os livros poéticos são mais do que belas poesias, na verdade é a poderosa Palavra do Senhor, que demonstra a glória de um DEUS vivo e soberano e que, acima de tudo, aponta para o CRISTO Todo-Poderoso.
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 9 - CPAD
 
 
SINÓPSE I - As histórias presentes na Bíblia são verdadeiras e dão testemunho da fidelidade e misericórdia divinas.
SINÓPSE II - Os livros poéticos e de sabedoria expressam de forma bela, singela e prática a verdade e a sabedoria de DEUS.
SINÓPSE III - Os sentimentos do coração estão impressos na história, na poesia da Bíblia, que nos ensinam a respeito da verdadeira adoração

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO TOP2
“[Conheça um pouco mais dos Salmos da Bíblia:]
O livro dos Salmos é uma coletânea de poesia hebraica inspirada pelo ESPÍRITO SANTO; descreve a adoração e as experiências espirituais do povo de DEUS no Antigo Testamento. É a parte mais íntima e pessoal deste testamento, pois nos mostra como era o coração dos fiéis naquele tempo, e a sua comunhão com DEUS.
Nos livros históricos da Bíblia, DEUS fala acerca do homem; nos livros proféticos, DEUS fala ao homem, e nos Salmos, o homem fala a DEUS. A alma do crente pode ser comparada a um órgão cujo executor é DEUS. Nos Salmos, percebe-se como DEUS toca todas as emoções da alma piedosa, produzindo cânticos de louvor, confissão, adoração, ações de graças, esperança e instrução. Até hoje, não foi achada linguagem melhor para que nós nos expressemos diante de DEUS. As palavras dos Salmos são a linguagem da alma” (PEARLMAN, Myer. Salmos: adorando a DEUS com os filhos de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.5).
 
 
AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP3
“[O Ensino de Qualidade na Escola Dominical]
O ensino precisa ser centrado no aluno, e não no professor ou no conteúdo. Todas as nossas ações didáticas devem ser elaboradas pensando no aluno, visando à sua aprendizagem. [...] Atualmente sabemos que a aprendizagem é um processo dinâmico que envolve uma infinidade de esquemas mentais. Por isso, o ensino deve ser participativo. É preciso abrir espaço para que os alunos questionem, pesquisem, manipulem, experimentem [...].
É importante que professor compreenda que o aluno chega à classe com um conhecimento prévio do assunto que será estudado. Logo, não podemos ignorar esse conhecimento, mas temos que partir do que eles já sabem a respeito do assunto para depois apresentar novos conteúdos. O ensino deve visar ao contato do aluno direto com a sua realidade, ou seja, deve haver aplicabilidade. Precisamos construir uma ponte entre o conteúdo ensinado e a nossa realidade. Atualmente os cristãos não são mais jogados na cova dos leões como no tempo de Daniel, mas quantos “leões” não temos que enfrentar no nosso dia a dia (desemprego, enfermidades, decepções, etc.). Temos que aplicar o ensino ao nosso tempo e à nossa realidade” (BUENO, Telma. Educação Cristã: Reflexões e Práticas. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.20).
 
 
Hinos Sugeridos: 342, 390, 580 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Estamos prosseguindo em nosso estudo bíblico sobre as Sagradas Escrituras. Nesta lição, temos a finalidade de apresentar uma visão panorâmica dos livros históricos e poéticos.
Os alunos devem compreender que as narrativas presentes nos livros de Josué às Crônicas apresentam a experiência de Israel com o seu DEUS. Nos dilemas, conflitos e milagres veem-se provas do cuidado e da providência de DEUS. Já a literatura poética e sapiencial aponta para a sabedoria e verdade divinas.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Destacar as narrativas de Josué e Juízes e apresentar as histórias dos reis de Israel e Judá; II) Conhecer a estrutura e características da literatura bíblica poética e de sabedoria; III) Mostrar os princípios práticos para a vida cristã.
B) Motivação: É necessário uma postura de submissão diante da mensagem bíblica. As narrativas da experiência do povo de Israel com DEUS nos ensinam a cerca da soberania e sabedoria do Senhor.
C) Sugestão de Método: Elabore no quadro (ou em outro recurso disponível) uma tabela com duas colunas: Livros Históricos e Livros Poéticos. Correlacione todos os livros do Antigo Testamento que se enquadre em cada categoria. A partir dessa exposição explique a diferença entre o texto em prosa e o texto em poesia.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Incentive seus alunos a crer que DEUS é soberano e age na História. Reforce a importância de seguirmos os exemplos da sabedoria divina e não da humana. Desafie-os a desenvolverem um coração adorador.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Conheça um pouco mais dos Salmos da Bíblia" traz uma introdução sobre o livro de Salmos, que lhe ajudará no desenvolvimento do segundo tópico; 2) O texto "O Ensino de Qualidade na Escola Dominical", localizado ao final do terceiro tópico, aponta para o desenvolvimento de um ambiente educacional saudável e de práticas pedagógicas eficientes para a docência cristã.
 

REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que Israel experimentou no período dos livros históricos? Israel experimentou a providência, a proteção e o juízo divino.
2. Para onde as histórias desses livros apontam? Essas histórias apontam para a fidelidade e a misericórdia divina.
3. Cite os cincos livros que são classificados como livros sapienciais ou poéticos. Eclesiastes, Provérbios, Jó, Salmos e Cantares de Salomão.
4. O que acontece quando observamos os princípios divinos? Observar os princípios divinos nos faz pessoas sábias.
5. Quem conservou a nação e preparou o caminho para a vinda do Messias? DEUS.
 

LEITURAS PARA APROFUNDAR
História de Israel no Antigo Testamento, Teologia do Antigo Testamento