Lição 12, BETEL, O sofrimento do Servo, sua morte e ressurreição, 1Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
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COMENTÁRIOS
BEP – CPAD
Mc
14.9 EVANGELHO. Evangelho (gr. euaggelion) significa "boas novas".
São as boas-novas de que DEUS proveu à salvação dos perdidos, e isto através da
encarnação, morte e ressurreição de JESUS CRISTO (Jo 3.16; Lc 4.18-21; 7.22).
Sempre que as boas-novas são proclamadas no poder do ESPÍRITO (1 Co 2.4; Gl
1.11), elas: (1) têm autoridade de CRISTO (Mt 28.18-20); (2) revelam a justiça
de DEUS (Rm 1.16,17); (3) demandam arrependimento (1.15; Mt 3.2; 4.17); (4)
convencem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8; cf. At 24.25); (5)
originam fé (Fp 1.27; Rm 10.17); (6) trazem salvação, vida e o dom do ESPÍRITO SANTO
(Rm 1.16; 1 Co 15.22; 1 Pe 1.23; At
2.33, 38,39);
(7) libertam do domínio do pecado e de Satanás (Mt 12.28; At 26.18; Rm 6); (8)
trazem esperança (Cl 1.5,23), paz (Ef
2.17; 6.15) e imortalidade (2 Tm 1.10); (9)
advertem sobre o juízo (Rm 2.16); e (10) trazem condenação e morte eterna
quando rejeitadas (Jo 3.18).
14.9
PARA SUA MEMÓRIA. Ver Mt 26.13
Mt
26.13 PARA MEMÓRIA SUA. O Senhor ordenou que este ato de Maria (vv. 6-13) fosse
sempre mencionado na pregação do evangelho, porque ela constitui o maior
exemplo de devoção para os seguidores de CRISTO. Seu ato expressou a sua
devoção e seu amor profundo pelo Mestre. A fé cristã consiste primeiramente em
servir a CRISTO. Desta passagem aprendemos que o entranhável afeto e amor a JESUS
CRISTO é o aspecto mais valioso do nosso relacionamento com Ele (ver Jo
21.15).
Mc
14.14 A PÁSCOA Ver Mt 26.2
Mt
26.2 A PÁSCOA - A Páscoa (gr. pascha) era uma festa sagrada da primavera, que
relembrava o fato histórico da saída do povo de Israel do Egito. Ela comemorava
a passagem do anjo destruidor pelas casas dos judeus sem lhes causar dano,
devido ao sangue do cordeiro aspergido nos portais e no batente superior das
portas das casas (ver Êx 12.7; Sl 78.49). A crucificação de CRISTO ocorreu no
dia da preparação da Páscoa (Jo 19.14). Ele é a nossa Páscoa... sacrificado por
nós (1 Co 5.7)
Mc
14.21 Não HAVER NASCIDO. JESUS sempre julga e avalia a vida de uma perspectiva
espiritual e eterna. Ele afirma que seria melhor a pessoa nunca ter nascido do
que entrar neste mundo e não aceitar JESUS como seu Senhor e Salvador, e, por
conseguinte, padecer eternamente no inferno (ver Jo 6.6).
Mc
14.22 PÃO... MEU CORPO. Ver Lc 22.20; 1 Co 11.24,25,27.
Lc
22.20 O NOVO TESTAMENTO NO MEU SANGUE. Com as palavras: o Novo Testamento no
meu sangue, JESUS anuncia o novo concerto ou testamento, firmado mediante a sua
morte sacrificial (cf. Mt 26.28; 1 Co 11.25; ver Jr 31.31). A nova aliança
tornou-se eficaz somente pela morte de CRISTO (Hb 9.15-18). Os discípulos
ingressaram na nova aliança quando foram regenerados pelo ESPÍRITO SANTO, que
passou a neles habitar na tarde do dia da ressurreição de JESUS. Depois, foram
batizados com o ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste (ver At 2.4).
1
Co 11.24,25 MEU CORPO... MEU SANGUE. Estas palavras se referem ao corpo de CRISTO,
ofertado mediante sua morte, bem como seu sangue derramado como sacrifício na
cruz. CRISTO, ao falar do pão, "isto é o meu corpo", quis dizer que o
pão representava o seu corpo. O "cálice" representava o seu sangue
derramado no Calvário para a ratificação do "Novo Testamento" (v.
25). Comer o pão e beber o cálice significam proclamar e aceitar os benefícios
da morte sacrificial de CRISTO (v. 26).
1
Co 11.27 COMER... BEBER... INDIGNAMENTE. Comer indignamente é participar da
mesa do Senhor com um espírito indiferente, egocêntrico e irreverente, sem
qualquer intenção ou desejo de abandonar os pecados conhecidos e de aceitar o
concerto da graça com todas as suas promessas e deveres. Quem participa assim
indignamente, peca terrivelmente contra o Senhor. É culpado de crucificar de
novo a CRISTO e torna-se imediatamente sujeito a juízo e retribuição
específicos (vv. 29-32). Ser "culpado do corpo e do sangue do Senhor"
significa ser considerado responsável pela sua morte.
Mc
14.24 SANGUE DO NOVO TESTAMENTO. CRISTO derramou o seu sangue em nosso favor
para prover o perdão dos nossos pecados e a salvação. A sua morte na cruz
estabeleceu um novo concerto entre DEUS PAI e todos quantos recebem a seu Filho
JESUS CRISTO como Senhor e Salvador (ver Jr 31.31-34). Aqueles que se arrependem dos seus pecados
e se voltam para DEUS mediante a fé em CRISTO serão perdoados, libertos do
poder de Satanás, receberão nova vida espiritual, serão feitos filhos de DEUS,
serão batizados no ESPÍRITO SANTO, e terão acesso a DEUS em todos os momentos,
para receberem misericórdia, graça, força e ajuda (ver Mt
26.28; ver Hb 4.16; 7.25).
Mt
26.28 REMISSÃO DOS PECADOS. O perdão é uma necessidade porque todos pecaram,
destruíram o seu relacionamento com DEUS e estão sob condenação (Rm
1.18-32). O perdão é o meio pelo qual esse relacionamento é
restaurado (Ef 1.7; Cl
2.13). (1) As palavras hebraicas e gregas para perdão exprimem o
conceito de cobrir, perdoar, anular, despedir. O perdão de DEUS abrange: não
levar em conta o pecado cometido (Mc
2.5; Jo 8.11); salvar os pecadores do castigo
eterno (Rm 5.9; 1 Ts 1.10); aceitá-los (Lc
15.20ss); libertá-los do domínio do pecado e levá-los para o reino
de CRISTO (Cl 1.13); renovar a pessoa na sua
totalidade e garantir-lhe a vida eterna (Lc
23.43; Jo 19.14b). (2) Para receber o perdão de DEUS
deve haver arrependimento, fé e confissão dos pecados (Lc
17.3,4; At
2.38; 5.31; 20.21;
1
Jo 1.9). Para que DEUS pudesse perdoar o pecado era preciso
derramamento de sangue vicário (Hb 9.22). Daí, o nosso perdão depender da
morte de JESUS na cruz (v. 28; Jo 1.29; 3.16;
Rm
8.32). O perdão divino é uma necessidade permanente para o crente
(pois ainda somos pecadores), para que mantenhamos nosso relacionamento
salvífico com DEUS (Mt 6.12,14,15;
1
Jo 1.9).
Hb
4.16 CHEGUEMOS POIS COM CONFIANÇA AO TRONO DA GRAÇA. Porque CRISTO se compadece
das nossas fraquezas (v. 15), podemos chegar com confiança ao trono celestial,
sabendo que nossas orações e petições são bem acolhidas e ouvidas por nosso PAI
celestial (cf. 10.19,20). É chamado o "trono da graça", porque dele
fluem o amor, o socorro, a misericórdia, o perdão, o poder divino, o batismo
com o ESPÍRITO SANTO, os dons espirituais, o fruto do ESPÍRITO SANTO e tudo de
que precisamos em todas as circunstâncias. Uma das maiores bênçãos da salvação
é que CRISTO, agora, é nosso sumo sacerdote, conduzindo-nos até a sua presença
pessoal, de modo que sempre podemos buscar a ajuda de que carecemos.
Hb
7.25 VIVENDO SEMPRE PARA INTERCEDER. CRISTO vive no céu, na presença do PAI
(8.1), intercedendo por todos os seus seguidores, individualmente, de acordo
com a vontade do PAI (cf. Rm 8.33,34;
1
Tm 2.5; 1 Jo 2.1). (1) Pelo ministério da
intercessão de CRISTO, experimentamos o amor e a presença de DEUS e achamos
misericórdia e graça para sermos ajudados em qualquer tipo de necessidade
(4.16), tentação (Lc 22.32), fraqueza (4.15; 5.2), pecado (1
Jo 1.9; 2.1) e provação (Rm
8.31-39). (2) A oração de CRISTO como sumo sacerdote em favor do seu
povo (Jo
17), bem como sua vontade de derramar o ESPÍRITO SANTO sobre todos
os crentes (At 2.33), nos ajudam a compreender o
alcance do seu ministério de intercessão (ver Jo 17.1). (3) Mediante a
intercessão de CRISTO, aquele que se chega a DEUS (i.e., se chega continuamente
a DEUS, pois o particípio no grego está no tempo presente e salienta a ação
contínua), pode receber graça para ser salvo "perfeitamente". A
intercessão de CRISTO, como nosso sumo sacerdote, é essencial para a nossa
salvação. Sem ela, e sem sua graça, misericórdia e ajuda que nos são outorgadas
através daquela intercessão, nos afastaríamos de DEUS, voltando a ser escravos
do pecado e ao domínio de Satanás, e incorrendo em justa condenação. Nossa
única esperança é aproximar-nos de DEUS por meio de CRISTO, pela fé (ver 1
Pe 1.5). (4) Note que CRISTO não permanece como advogado e
intercessor dos que se recusam a confessar e abandonar o pecado e que se
apartam da comunhão com DEUS (cf. 1
Jo 1.5-7,9; 3.10).
Sua intercessão para salvar "perfeitamente" é somente para aqueles
que "por Ele se chegam a DEUS" (7.25). Não há segurança nem garantia
para quem deliberadamente peca e deixa de se chegar a DEUS por Ele (Hb 10.21-31; ver 3.6). (5) Posto que CRISTO é nosso
único mediador e intercessor no céu, qualquer tentativa de ter anjos ou santos
falecidos como mediadores e de oferecer orações ao PAI através deles, é tanto
inútil quanto antibíblico
Mc
14.32 GETSÊMANI... ENQUANTO EU ORO. As medidas aqui tomadas por JESUS nos
oferecem um exemplo do que o crente deve fazer em tempos de grande angústia ou
pesar. (1) Voltar-se para DEUS em oração (vv. 32,35,36,39). (2) Buscar o apoio
dos amigos (vv. 33,34,42). (3) Afirmar de coração que DEUS é o PAI celestial
que cuida de nós (v. 36). (4) Confiar em DEUS e entregar-se à sua vontade (v.
36). Ver Mt 26.37ss.
14.35
PASSASSE DELE AQUELA HORA. Ver Mt 26.39.
Mt
26.39 PASSE DE MIM ESTE CÁLICE. O que CRISTO quis dizer com este cálice tem
sido objeto de muita discussão. (1) É duvidoso que CRISTO estivesse orando para
ser poupado da morte física, pois Ele estava decidido a morrer pelo pecado da
raça humana (cf. Mc 10.33,34;
Lc
9.51; Jo 12.24,27;
Hb 10.5-9). (2) É mais provável que Ele
estivesse pedindo a isenção do castigo da separação do PAI, a pena máxima pelo
pecado do mundo, que Ele tomaria sobre si. CRISTO pediu que sua morte física
fosse aceita como resgate total pelo pecado da humanidade pecadora. Todavia,
Ele disse ao PAI: Não seja como eu quero, mas como Tu queres. A seguir, Ele
entregou-se para sofrer, tanto a morte física como a separação espiritual de
seu PAI celestial, para assim obter a salvação de toda a humanidade (cf.
27.46). Sua oração foi ouvida, pois o PAI o fortaleceu mediante os anjos, para
beber o cálice que lhe estava destinado (Lc 22.42; ver Hb 5.7)
14.37
VIGIAR UMA HORA. Pedro e os demais apóstolos negligenciaram a única coisa que
poderia livrá-los do fracasso na hora da provação (v. 50): vigilância constante
e oração.
Nossa
vida cristã fracassará com certeza se não orarmos (ver At 10.9, sobre a
importância de orar por uma hora).
14.46
O PRENDERAM. Ver Mt 26.57, para a ordem dos eventos da
prisão de CRISTO à sua crucificação.
Mt
26.57 PRENDERAM JESUS. Um estudo dos acontecimentos que vão da prisão de CRISTO
à sua crucificação é de grande proveito. A ordem dos eventos é a seguinte: (1)
a prisão (Mt 26.47-56, Mc 14.43-52; Lc 22.47-53; Jo
18.2-12); (2) o julgamento religioso perante Anás (Jo 18.12-14, 19-24) e perante Caifás (Mt
26.57,59-68; Mc
14.53, 55-65; Lc
22.54, 63-65; Jo
18.24); (3) a negação de Pedro (26.58, 69-75; Mc
14.54, 67-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27); (4) a condenação pelo sinédrio (27.1; Mc
15.1; Lc 22.66-71); (5) o suicídio de Judas
(27.3-10); (6) o julgamento civil perante Pilatos (27.2, 11-14; Mc
15.2-5; Lc 23.1-5; Jo
18.28 38); (7) o julgamento perante Herodes (Lc
23.27-30), que o devolveu a Pilatos (27.11-26; Mc 15.6-15; Lc 23.11-25; Jo
18.28 19.1, 4-16); (8) o escárnio no palácio do governador
(27.27-30; Mc 15.16-19; Jo
19.2,3), depois disso Ele foi açoitado e a
seguir conduzido para ser crucificado (27.31); (9) a caminhada até o Gólgota
(27.32-34; Mc 15.20-23; Lc 23.26-33; (10) a crucificação (27.35).
14.50
DEIXANDO-O, TODOS FUGIRAM. Nunca devemos comparar o fracasso de Pedro e dos
outros discípulos quando JESUS foi preso com os fracassos espirituais e morais
de pastores ou líderes depois da morte e ressurreição de CRISTO. Isto se baseia
nas seguintes razões: (1) Pedro e os discípulos, na ocasião do seu fracasso,
ainda não pertenciam ao Novo Concerto, que só entrou em vigor quando CRISTO derramou
o seu sangue na cruz (Hb 9.15-20). (2) Pedro e os discípulos
ainda não tinham experimentado o novo nascimento, a regeneração no ESPÍRITO SANTO
no sentido pleno do NT. O ESPÍRITO SANTO lhes foi concedido com sua presença
santificadora habitando neles a partir do dia da ressurreição de CRISTO,
quando, então, Ele "assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o ESPÍRITO SANTO"
(Jo
20.22). O fracasso dos discípulos foi mais um ato de fraqueza do que
de iniquidade. (3) Quando Pedro e os outros discípulos abandonaram a CRISTO,
não tinham a vantagem de quem está consciente do significado moral da morte
expiatória de CRISTO na cruz (ver Rm
6), nem tinham o suporte da fé inspirada pela sua ressurreição
dentre os mortos. Noutras palavras, esse trecho bíblico não deve ser usado como
justificativa para restaurar ao ministério um líder que, por causa dos seus
próprios pecados e relaxamento moral, deliberadamente repudiou, na sua vida
particular e espiritual, as qualificações necessárias para o ministério pastoral.
14.65
A DAR-LHES PUNHADAS. Ver Mt 26.67. CUSPIRAM-LHE... DAVAM MURROS
14.71
IMPRECAR E A JURAR. Pedro afirmou com juramento aquilo que estava dizendo, e
invocou contra si mesmo a maldição divina, caso suas declarações fossem falsas.
15.1
O... ENTREGARAM A PILATOS. Ver Mt 27.2.
Mt
27.2 O ENTREGARAM A PILATOS. Os sofrimentos de CRISTO, terceira fase. De manhã,
JESUS, açoitado e exausto, é conduzido através de Jerusalém para ser
interrogado por Pilatos. Soltam a Barrabás (v. 20). JESUS é novamente açoitado
e entregue para ser crucificado (v. 26). (Para a quarta fase dos sofrimentos de
CRISTO, ver 27.26).
Mt
27.3 ENTÃO JUDAS... ARREPENDIDO. Judas ficou sabendo que suas ações pecaminosas
levariam à morte de JESUS. Da mesma forma, nossas ações inevitavelmente afetam
os outros, para o bem ou para o mal. Muitos atos que iniciamos não poderão mais
ser sustados e seus resultados nocivos e destrutivos nos afetarão, bem como a
outras pessoas. É da máxima importância que evitemos qualquer ação ou plano que
possa ter consequências danosas em potencial.
Mt
27.5 RETIROU-SE E FOI-SE ENFORCAR. Mateus declara que Judas foi-se enforcar. At
1.18 registra que ele morreu ao cair. O que Judas provavelmente fez foi
lançar-se sobre uma estaca pontiaguda, ou tenha caído sobre uma, após a corda
com que estava se enforcando, se arrebentar. Naqueles tempos, o indivíduo
morria pendurado, por crucificação ou empalação.
Mt
27.9 O PROFETA JEREMIAS. Nesta citação, Mateus reúne e resume elementos do
simbolismo profético, um de Jeremias (Jr 32.6-9) e outro de Zacarias (Zc 11.12,13).
A seguir, Mateus menciona o profeta mais antigo e mais destacado como sendo o
autor da profecia, costume esse comum na alusão de passagens dos profetas.
Mt
27.24 PILATOS.O maior pecado de Pilatos foi transigir no que ele sabia que era
verdadeiro e correto, por causa do seu cargo, nível social e proveito pessoal.
Pilatos sabia que CRISTO era inocente; isto ele declarou várias vezes (v. 18; Jo
19.4,6).
15.15
AÇOITADO JESUS. Ver Mt 27.26.
Mt
27.26 E TENDO MANDADO AÇOITAR A JESUS. Os sofrimentos de CRISTO, quarta fase.
(1) No açoitamento romano, a vítima era despida e presa a uma coluna, ou então
ela curvava-se sobre um tronco, com as mãos atadas nele. O instrumento de
tortura consistia num curto cabo de madeira no qual estavam presas várias tiras
de couro com pequenos pedaços de ferro ou osso, presos nas pontas. Os golpes
eram aplicados às costas da vítima por dois algozes, um de cada lado da vítima.
Os cortes eram tão profundos que apareciam as veias, as artérias, e, às vezes,
até certos órgãos internos. Muitas vezes, a vítima morria durante o açoitamento
ou flagelação. (2) A flagelação era uma tortura pavorosa. O fato de JESUS não
poder levar a cruz deve ter sido por causa do seu horrível sofrimento,
resultante desse castigo (v. 32; Lc
23.26; Is 52.14). Mas ele foi ferido pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras fomos sarados (Is
53.5; 1 Pe 2.24). (Para a quinta fase dos
sofrimentos de CRISTO, ver v. 28).
15.17
COROA DE ESPINHOS. Ver Mt 27.28,29.
Mt
27.28,29 UMA CAPA DE ESCARLATE... UMA COROA DE ESPINHOS. Os sofrimentos de CRISTO,
quinta fase. Desamarraram as mãos de JESUS e o puseram em meio à tropa romana
(v. 27). Os soldados colocam uma capa sobre Ele, põem um caniço em sua mão e
uma coroa de espinhos na sua cabeça (v. 29). Os soldados escarnecem dEle e
batem no seu rosto e na cabeça, fazendo penetrar profundamente os espinhos no
couro cabeludo (v. 30). (Para a sexta fase dos sofrimentos de CRISTO).
15.20
O LEVARAM PARA FORA A FIM DE O CRUCIFICAREM. Ver Mt 27.31.
Mt
27.31 O LEVARAM PARA SER CRUCIFICADO. Os sofrimentos de CRISTO, sexta fase.
Levando a pesada cruz no ombro, CRISTO lentamente inicia a caminhada para o
Gólgota. O peso da cruz somado ao seu esgotamento físico o faz cair. Esforça-se
para levantar-se, porém não consegue. Obrigam a Simão de Cirene a levar a cruz.
(Para a sétima fase dos sofrimentos de CRISTO, ver v. 35).
15.24
HAVENDO-O CRUCIFICADO. Ver Mt 27.35.
Mt
27.35 HAVENDO-O CRUCIFICADO. Os sofrimentos de CRISTO, sétima fase. No Gólgota,
põem a cruz no solo e deitam JESUS sobre ela. Estendem seus braços ao longo dos
braços da cruz e pregam um cravo de ferro, quadrado e pesado, que atravessa sua
mão, primeiro a mão direita, e, em seguida, a esquerda. Os cravos penetram
também na madeira. A seguir, estendem seus pés e os cravam na cruz, com cravos
maiores do que os das mãos. (Para a oitava fase dos sofrimentos de CRISTO, ver
v. 39).
15.29
BLASFEMAVAM DELE. Ver Mt 27.39.
Mt
27.39 BLASFEMAVAM DELE. Os sofrimentos de CRISTO, oitava fase. Agora, JESUS,
cheio de ferimentos e coberto de sangue, é um espetáculo patético para o povo
que assiste ao ato. As dores são atrozes em todo o seu corpo, ficando naquela
posição horrível, por várias horas; os braços estão afadigados; sente grandes
cãimbras nos músculos e rasga-se a pele das suas costas. Começa outra agonia
uma dor insuportável no peito, causada pela compressão dos fluidos no coração.
Sente uma sede abrasadora (Jo 19.28) e está consciente do sofrimento e
do escárnio dos que passam junto à cruz (vv. 39-44). (Para a nona fase dos
sofrimentos de CRISTO, ver v. 46).
15.34
POR QUE ME DESAMPARASTE? Ver Mt 27.46.
Mt
27.46 POR QUE ME DESAMPARASTE? Os sofrimentos de CRISTO, nona fase. Este brado
de CRISTO assinala o ponto culminante dos seus sofrimentos pelo mundo perdido.
Seu brado em aramaico (DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?) testemunha
que Ele experimentou a separação de DEUS PAI, ao tornar-se substituto do
pecador. Esta é a pior tristeza, angústia e dor que Ele sente. Está ferido
pelas transgressões dos seres humanos (Is
53.5) e se dá em resgate de muitos (20.28; 1
Tm 2.6). Aquele que não conheceu pecado, DEUS o fez pecado pela
humanidade inteira (2 Co 5.21). Ele morre abandonado, para que
nunca sejamos abandonados (cf. Sl 22). Assim, mediante seus sofrimentos, CRISTO
redime a raça humana (1 Pe 1.19). (Para a décima fase dos
sofrimentos de CRISTO, ver v. 50).
15.36
VINAGRE. Ver Jo 19.29.
Jo
19.29 VINAGRE. O termo grego traduzido por "vinagre" é oxos, que quer
dizer vinho azedo. Nossa palavra "vinagre" vem do francês vin
(=vinho) e aigre (=azedo), i.e., "vinho azedo". O vinagre vem do
álcool pela formação de ácido acético. JESUS ao tomar vinagre, cumpriu a
profecia de Sl 69.21: "na minha sede me deram a beber vinagre".
15.37
EXPIROU. Ver Mt 27.50.
Mt
27.50 JESUS, CLAMANDO OUTRA VEZ. Os sofrimentos de CRISTO, décima fase. CRISTO profere
suas últimas palavras, bradando alto: Está consumado (Jo
19.30). Este brado significa o fim dos seus sofrimentos e a
consumação da obra da redenção. Foi paga a dívida do pecado humano, e o plano
da salvação cumprido. Feito isto, Ele faz uma oração final: PAI, nas tuas mãos
entrego o meu espírito (Lc 23.46).
Mt
27.51 O VÉU... SE RASGOU. O véu do templo (cf. Êx
26.31-33; 36.35) rasgado mostra que o caminho para a
presença de DEUS foi aberto. A cortina que fazia separação entre o Santo Lugar
e o Santo dos Santos vedava o caminho à presença de DEUS. Mediante a morte de CRISTO,
a cortina foi removida e aberto ficou o caminho para o Santo dos Santos (i.e.,
a presença de DEUS), para todos quantos crerem em CRISTO e na sua Palavra
salvífica (cf. Hb 9.1-14; 10.19-22).
Mt
27.52 SANTOS... FORAM RESSUSCITADOS. O significado deste evento é o prenúncio
profético de que a morte e a ressurreição de CRISTO garantem a nossa
ressurreição gloriosa na sua vinda. A ressurreição de CRISTO foi a derrota da morte
(ver 1 Co 15.50-58; 1
Ts 4.14).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
MARCOS
14 (Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT)
JESUS
É Ungido em Betânia. Judas Compromete-se para Trair a CRISTO
Aqui
temos exemplos:
I
Da bondade dos amigos de CRISTO, e das
providências tomadas por respeito e honra a Ele. JESUS tinha alguns amigos, até
mesmo em Jerusalém e nas proximidades, que o amavam, e nunca pensaram que
poderiam fazer o suficiente por Ele. Entre esses amigos – embora Israel não
esteja entre eles – o Senhor JESUS é e sempre será glorioso.
1.
Havia um amigo que foi tão gentil a ponto de convidar JESUS para jantar com
ele; e JESUS foi gentil a ponto de aceitar o convite (v. 3). Embora Ele tivesse
a perspectiva da sua morte que se aproximava, ainda assim Ele não se entregou a
um afastamento melancólico, evitando qualquer companhia, mas conversava com os
seus amigos tão livremente como sempre.
2.
Havia uma mulher que foi tão gentil a ponto de ungir a sua cabeça com um unguento
muito valioso, quando Ele se sentou para comer. Essa foi uma extraordinária
demonstração de respeito, prestada por uma mulher que pensou que nada seria
suficientemente bom para oferecer a JESUS CRISTO, e para honrá-lo. Assim se
cumpriam as Escrituras: “Enquanto o rei está assentado à sua mesa, dá o meu
nardo o seu cheiro” (Ct 1.12). Devemos ungir a JESUS CRISTO como
nosso Amado, beijá-lo com um beijo afetuoso; e ungi-lo como nosso Soberano, e
beijá-lo com um beijo leal. Ele derramou a sua alma na morte por nós, e vamos
julgar que algum vaso de unguento é precioso demais para derramar sobre Ele?
Pode-se notar que ela tomou cuidado especial em derramar todo o unguento sobre
a cabeça de JESUS; ela quebrou o vaso (é o que está escrito); mas, uma vez que
se tratava de um “vaso de alabastro”, que não quebra facilmente, nem era
necessário que fosse quebrado para extrair o unguento, alguns interpretam que
ela agitou o vaso, ou o jogou no chão, para desprender o seu conteúdo, para que
pudesse ser extraído com mais facilidade. Ela também pode ter esfregado e
raspado tudo o que estava preso a ele. JESUS deve ser honrado com tudo o que
tivermos, e nós não devemos pensar em reter nada. Será que damos a Ele o unguento
precioso do nosso melhor afeto? Que Ele tenha tudo; devemos amá-lo “de todo o
coração”.
Agora:
(1) Houve aqueles que atribuíram a essa atitude tão bela um significado que não
estava à altura do que ela merecia. Eles a classificaram como um “desperdício
de unguento” (v. 4). Por não terem podido encontrar, em seus corações, a
coragem de ter uma despesa tão elevada para honrar a CRISTO, eles pensaram que
aquela que o fez, fosse rica. Observe que “ao louco nunca mais se chamará nobre;
e do avarento nunca mais se dirá que é generoso” (Is
32.5); de modo que o nobre e o generoso não sejam chamados de
esbanjadores. Eles imaginaram que o unguento poderia ter sido vendido, e dado
aos pobres (v. 5). Mas assim como um ato piedoso relacionado ao Corbã não
isenta de uma caridade especial a um pai ou mãe pobres (Mc
7.11), também uma caridade comum aos pobres não isenta de um ato
especial de piedade ao Senhor JESUS. “Tudo quanto te vier à mão para fazer [que
for bom], faze-o conforme as tuas forças”.
(2)
O nosso Senhor JESUS atribuiu a esse ato um significado maior do que, pelo que
parece, havia sido tencionado por aquela que o praticou. Provavelmente, ela não
tinha outra intenção além de mostrar a grande honra que ela lhe dedicava diante
de todo o grupo, e de completar a sua recepção. Mas JESUS o transforma em um
ato de grande fé, assim como de grande amor (v. 8): Ela “antecipou-se a ungir o
meu corpo para a sepultura” como se previsse que a minha ressurreição evitaria
que ela fizesse isto depois. Esse rito funerário era um tipo de presságio, ou
prelúdio, para a sua morte que se aproximava. Era uma mulher atrás de perdão. Veja
como o coração de JESUS estava cheio de pensamentos sobre a sua morte, como
tudo tinha uma referência a ela, e com que familiaridade Ele falava dela em
todas as ocasiões. É usual que aqueles que estão condenados à morte mandem
preparar os seus caixões, e outras providências sejam tomadas para o sepultamento
deles, enquanto ainda estão vivos. O Senhor JESUS CRISTO encarou a realidade. A
morte e o sepultamento de JESUS foram os patamares mais baixos da sua
humilhação; portanto, embora Ele se submetesse de bom ânimo a eles, ainda assim
Ele teria algumas marcas de honra para acompanhá-los, que poderiam ajudar a
remover “o escândalo da cruz”, e que seriam uma indicação de quão “preciosa é à
vista do Senhor a morte dos seus santos”. JESUS nunca entrou em Jerusalém com o
triunfo de um rei humano (mas sim com o do Messias); Ele foi lá para sofrer;
Ele nunca teve a sua cabeça ungida, exceto para o seu sepultamento.
(3)
Ele elogiou esse ato de piedade heroica como sendo digno do aplauso da igreja
em todos os tempos: “Em todas as partes do mundo onde este evangelho for pregado,
também o que ela fez será contado para sua memória” (v. 9). Observe que a honra
que acompanha as boas ações, mesmo neste mundo, é suficiente para
contrabalançar a reprovação e o desprezo lançados sobre elas. “A memória do
justo é abençoada”, e aqueles que “experimentaram escárnios e açoites”, ainda
“alcançaram testemunho” (Hb 11.6,39).
Assim, essa mulher foi recompensada pelo seu vaso de unguento: Nec oleum
perdidit nec operam – Ela não desperdiçou nem o seu azeite, nem o seu trabalho.
Ela conseguiu, com esse ato, aquele “bom nome” que é melhor do que o “unguento
precioso” (Ec 7.1, versão TB). Aqueles que honram a CRISTO
serão honrados por Ele. “Ela ungiu os pés de JESUS e saiu com a cabeça e os
cabelos perfumados (Pr. Henrique)”.
II
Da malícia dos inimigos de JESUS, e dos
arranjos que eles fizeram para lhe fazer mal.
1.
Os principais dos sacerdotes, inimigos declarados de JESUS, planejavam como o
condenariam à morte (vv. 1,2). A Festa da Páscoa estava próxima, e Ele devia
ser crucificado nessa festa: (1) Para que a sua morte e os seus sofrimentos
fossem mais públicos, e que todo Israel, mesmo os da dispersão, que vinham de
todas as partes para a festa, pudessem ser testemunhas da sua morte e das
maravilhas que a acompanharam. (2) Para que o antítipo – um modelo de algo
futuro – pudesse corresponder àquilo que estava tipificando. JESUS CRISTO, a
nossa Páscoa, foi crucificado por nós e nos libertou da escravidão ao mesmo
tempo em que o cordeiro pascal era sacrificado, e a saída de Israel do Egito
era comemorada.
Veja
então: [1] Como eram malévolos os inimigos de JESUS. Eles não julgaram que
seria suficiente expulsá-lo, ou aprisioná-lo, pois eles desejavam não apenas
silenciá-lo, e interromper o seu progresso para o futuro, mas vingar-se dele
por todo o bem que Ele tinha feito. [2] Como eles eram sutis. “Não no dia da
Festa”, quando o povo está reunido. Eles não dizem: Para que não sejam
perturbados nas suas devoções, e afastados delas; mas: “Para que, porventura,
se não faça alvoroço entre o povo” (v. 2); para que o povo não se levante e o
liberte, e não se lance sobre aqueles que tentarem algo contra Ele. Aqueles que
não desejavam nada além do louvor dos homens temiam, acima de tudo, a ira e o
desprazer dos homens.
2.
Judas, o inimigo oculto de JESUS, fez um acordo com “os principais dos sacerdotes”
para traí-lo (vv. 10,11). Judas é tido como um dos doze que compunham o grupo de
apóstolos de JESUS. Era alguém íntimo dele, treinado para o serviço do reino; e
ele foi ter com os principais dos sacerdotes para prestar os seus serviços
nessa questão.
(1)
O que Judas lhes propôs foi que trairia a JESUS, entregando-o a eles,
avisando-os onde e quando poderiam encontrá-lo e prendê-lo, sem causar nenhum
alvoroço entre a multidão, que era o que eles temiam se o prendessem quando Ele
aparecesse em público, em meio aos seus admiradores. Será que Judas sabia,
então, que ajuda eles queriam, e em que ponto eles teriam sido impedidos de
prosseguir com as suas idéias? É provável que ele não o soubesse, pois os
debates eram realizados secretamente. Eles sabiam que ele tinha a intenção de
servi-los e que, ao mesmo tempo, queria adular JESUS. Não, eles não podiam
imaginar que qualquer daqueles que eram íntimos do Mestre pudesse ser tão vil;
mas Satanás, que entrou em Judas, conhecia a oportunidade que eles tinham para
ele, e podia dirigi-lo para que ele se tornasse o guia daqueles que estavam
tramando para prender JESUS. Note que o espírito que opera em todos os filhos
da desobediência sabe como fazer com que eles se ajudem uns aos outros em um
projeto iníquo, e como torná-los insensíveis, crendo na fantasia de que a
Providência os favorecerá.
(2)
O que Judas propôs a si mesmo era conseguir dinheiro em troca de entregar o
Senhor. Ele teve o que desejava quando eles prometeram dar-lhe dinheiro. A
cobiça era a principal luxúria de Judas, a sua própria iniquidade, e que o
levou ao pecado de trair ao seu Mestre. O diabo adequou a tentação a isso, e
dessa maneira, o conquistou. Não está escrito: “Eles lhes prometeram uma
promoção” (ele não tinha ambição disso), mas “prometeram dar-lhe dinheiro”.
Veja a necessidade que nós temos de dobrar a nossa guarda contra o pecado que
mais “de perto nos rodeia”. Talvez tenha sido a ambição de Judas que o levou,
no início, a seguir a CRISTO, tendo a promessa de que ele seria o tesoureiro,
ou contador, do grupo, e ele amava profundamente manusear dinheiro; e agora que
tinha a possibilidade de obter dinheiro do outro lado, ele estava tão disposto
a trair JESUS quanto tinha estado disposto a segui-lo. Observe que quando o
princípio da profissão religiosa dos homens é carnal e mundana, estando a
serviço de um interesse secular, o mesmo princípio, quando o vento mudar, será
a raiz amarga de uma apostasia vil e escandalosa.
(3)
Tendo assegurado o dinheiro, ele se dedicou a cumprir a sua parte no trato. Ele
procurou uma maneira de poder traí-lo convenientemente, “buscava como o
entregaria em ocasião oportuna”, de modo a satisfazer a intenção daqueles que o
tinham contratado. Veja a necessidade que temos de nos precaver para que não
nos envolvamos em compromissos pecaminosos. Se, em alguma ocasião, estivermos
enredados com as palavras da nossa boca, nós devemos nos preocupar em nos
livrar rapidamente (Pv 6.1-5). É uma regra na nossa lei, assim
como na nossa religião, que um compromisso de fazer algo mau é nulo e vazio;
isto deve levar ao arrependimento, e não à realização de um ato iníquo. Veja
como o caminho do pecado é descendente – quando os homens estão nele, parecem
estar anestesiados; e os instrumentos iníquos que muitos utilizam para colocar
em prática os seus desejos pecaminosos, para planejar convenientemente os seus
desígnios, no final se mostrarão comprovadamente enganosos.
A
Instituição da Ceia do Senhor
Nesses
versículos, temos:
I
A refeição da Páscoa que CRISTO fez com os
seus discípulos na noite anterior à sua morte – com as alegrias e os consolos
dessa cerimônia Ele se preparou para as suas tristezas vindouras, cuja
perspectiva não o indispunha a essa solenidade. Observe que nenhuma apreensão
de dificuldade, que já tenha vindo ou que estejam por vir, deve nos impossibilitar
de comparecer às cerimônias sagradas, quando tivermos oportunidade de
participar delas.
1.
JESUS fez a refeição da Páscoa na mesma ocasião em que os outros judeus o
faziam, como o Dr. Whitby tinha explicado bem, e não, como o Dr. Hammond
interpreta, na noite anterior. Foi no primeiro dia daquela Festa, que
(considerando todos os oito dias da festa) era chamada de Festa dos Pães Asmos,
“quando sacrificavam a Páscoa” (v. 12).
2.
Ele instruiu os seus discípulos sobre como encontrar o lugar onde Ele pretendia
comer a Páscoa; e assim deu outra prova do seu infalível conhecimento das
coisas distantes e futuras (que para nós às vezes parecem completamente
improváveis), como já tinha feito quando lhes deu instruções para encontrar a
jumenta na qual Ele entrou triunfante (Mc
11.6): “Ide à cidade (pois a refeição de Páscoa devia ser feita em
Jerusalém), e um homem que leva um cântaro de água vos encontrará (um servo
enviado para buscar água, para limpar os cômodos da casa do seu amo); segui-o.
E, onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa”, peçam para falar com “o
senhor da casa” (v. 14), e peçam que ele lhes mostre um “aposento”. Sem dúvida,
os habitantes de Jerusalém tinham aposentos adequados para alugar nessa ocasião
àqueles que vinham de fora para passar a Páscoa, e um deles foi usado por JESUS;
não a casa de algum amigo, nem alguma casa que Ele tivesse frequentado
anteriormente, pois nesse caso Ele teria dito: “Vão a tal amigo”, ou “Vocês
sabem onde nós costumávamos ficar, vão para lá e preparem tudo”. Provavelmente
Ele foi aonde não o conheciam, para que pudesse ficar com os seus discípulos
sem ser incomodado. Talvez Ele tenha utilizado um sinal, para ocultá-lo de
Judas, para que ele não soubesse onde era o lugar, até que ali chegasse; e com
tal sinal o Senhor dava a entender que Ele estará no coração puro, isto é,
limpo, como água pura. Onde Ele desejar ir, um cântaro de água deverá ir diante
dele (veja Is 1.16-18).
3.
Ele comeu a refeição da Páscoa em um grande “cenáculo mobiliado”, estromenon –
coberto com tapetes (segundo o Dr. Hammond). Deve ter sido uma sala de jantar
muito bonita. JESUS estava longe de desejar qualquer coisa que parecesse suntuosa
quando fazia as suas refeições normais; ao contrário, Ele escolhia o que era
caseiro, e sentava-se sobre a relva. Mas quando Ele devia observar uma Festa
sagrada, como uma forma de honrá-la Ele providenciaria o melhor lugar possível.
DEUS não olha para a pompa exterior, mas sim para os sinais e para as
expressões da reverência interior a uma instituição divina – e isto deve ser
temido. Uma atitude como essa faltava àqueles que, para economizar, negavam a
si mesmos o decoro e o esforço para fazer o melhor possível na adoração a DEUS.
4.
Ele comeu com os doze, que eram a sua família, para ensinar àqueles que têm
família, não somente família de filhos, mas família de servos, ou família de
alunos, a manterem a religião pura entre si mesmos, e a adorarem a DEUS em
conjunto. Se CRISTO veio com os doze, então Judas estava com eles, embora ele
estivesse, nessa ocasião, planejando trair o seu Mestre; e isto fica claro pelo
que está escrito mais adiante (v. 20), que ele estava ali. Ele não faltou, para
que não fosse alvo de suspeitas; se o seu lugar estivesse vazio nessa festa,
eles poderiam ter dito, como Saul disse, a respeito de Davi: “Não está limpo;
certamente, não está limpo” (1 Sm 20.26). Os hipócritas, embora saibam
que estão correndo riscos, ainda assim comparecem às cerimônias especiais, para
conservar a sua reputação, e encobrir a sua maldade secreta. JESUS CRISTO não o
excluiu da festa, embora conhecesse a sua maldade, pois ela ainda não tinha se
tornado pública e escandalosa. Desejando colocar as chaves do Reino dos céus
nas mãos dos homens, que podem julgar somente pela aparência externa, CRISTO ordena
e ao mesmo tempo incentiva que venham à sua mesa, para que possam apresentar
uma profissão de fé justificável, porque eles não conseguirão discernir a “raiz
de amargura” até que ela brote.
II
O sermão de JESUS aos seus discípulos,
enquanto comiam a refeição da Páscoa. É provável que eles tivessem falado, de
acordo com o costume nessa festa, sobre a libertação de Israel, saindo do
Egito, e a preservação dos primogênitos, e possivelmente estava tão agradável
como costumava ser quando eles estavam juntos, até que JESUS lhes disse aquilo
que faria com que o estremecimento deles estivesse mesclado com uma grande
alegria.
1.
Eles estavam alegres com a companhia do seu Mestre; mas Ele lhes diz que muito
em breve eles o perderiam: “... um de vós... há de trair-me”; e eles sabiam
disso, pois Ele sempre lhes dizia aquilo que viria a seguir – se Ele for
traído, a próxima notícia que vocês terão dele é que Ele foi crucificado e está
morto. DEUS PAI determinou isto para Ele, e Ele concorda com isto: “O Filho do
Homem vai, como dele está escrito” (v. 21). Estava escrito nos desígnios de DEUS,
e estava escrito nas profecias do Antigo Testamento, e nem um jota ou um til de
nenhum deles cairá por terra.
2.
Eles estavam satisfeitos com a companhia uns dos outros, mas as palavras de JESUS
fizeram com que essa alegria cessasse, ao dizer-lhes: “Um de vós, que comigo
come, há de trair-me” (v. 18). É provável que o Senhor JESUS tenha dito isso,
de certa maneira, para despertar a consciência de Judas, tentando fazer com que
se arrependesse da sua iniquidade, e se afastasse (pois ainda não era tarde
demais) da beira do poço. Mas, aparentemente, aquele que era o maior
interessado no aviso, era o menos preocupado com ele. Todos os demais foram
afetados por esse aviso. (1) “E eles começaram a entristecer-se”. Assim como a
recordação dos nossos primeiros pecados, também o medo de fazer as mesmas
coisas novamente frequentemente amarga o consolo das nossas festas espirituais,
e sufocam a nossa alegria. Aqui estavam as ervas amargas, com as quais eles
comeram essa refeição de Páscoa. (2) Eles começaram a suspeitar de si mesmos.
Eles diziam, “um após outro: Porventura, sou eu, Senhor? E outro: Porventura,
sou eu, Senhor?” Eles devem ser elogiados pela sua caridade, porque estavam
suspeitando mais de si mesmos do que uns dos outros. Esta é a lei da caridade:
esperar pelo melhor (1 Co 13.5-7). Mas em virtude do
conhecimento que temos, podemos, com razão, suspeitar mais do mal do que os
nossos irmãos. Eles também devem ser elogiados por acatar o que JESUS disse;
eles confiaram mais nas palavras dele do que nos seus próprios corações; e,
portanto, não dizem: “Eu tenho certeza de que não sou eu”, mas: “Sou eu,
Senhor?”. Senhor, veja se existe tal caminho ímpio em nós, tal raiz de
amargura, e revele-a para nós, para que possamos extirpar esta raiz e
interromper este procedimento vil.
Então,
em resposta à pergunta deles, CRISTO lhes diz: [1] Aquilo que os deixaria tranquilos.
Não é você, nem você. “É um dos doze, que mete comigo a mão no prato”; o
adversário e inimigo é este iníquo, chamado Judas. [2] Aquilo que, poderíamos
pensar, deixaria Judas intranquilo. Se ele prosseguisse na sua empreitada,
andaria sobre o fio da espada, pois “Ai daquele homem por quem o Filho do Homem
é traído!”; ele está destruído, destruído para sempre; o seu pecado em breve o
descobrirá; e seria melhor para ele que nunca tivesse nascido, e não tivesse
tido uma existência tão miserável como deve ter tido. É muito provável que
Judas se incentivasse com o pensamento de que o seu Mestre sempre dissera que deveria
ser traído; e, se isso deveria ser feito, certamente DEUS não acharia nada
errado naquele que o fizesse, pois quem resiste à sua vontade? Este é o
argumento daquele que faz objeções (Rm
9.19). Mas JESUS lhe diz que isso não será desculpa ou refúgio para
ele: “Na verdade o Filho do Homem vai, como dele está escrito”, como um
cordeiro ao matadouro; “mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é
traído!” A decisão de DEUS de permitir que os homens pequem, e de glorificar a
si mesmo através de cada um deles, não exige que eles pequem, nem determina um
procedimento específico que eles deverão ter; eles não terão qualquer desculpa
para o pecado, nem qualquer alívio para a punição. JESUS foi entregue, na
verdade, “pelo determinado conselho e presciência de DEUS”; mas, apesar disso,
Ele foi crucificado e morto pelas mãos de injustos (At
2.23).
III
A instituição da Ceia do Senhor.
1.
Ocorreu no final da ceia, quando eles já tinham sido suficientemente
alimentados com o cordeiro pascal, para mostrar que na Ceia do Senhor não se
tem a intenção de alimentar o corpo; antecedê-la com algo assim é reviver a
época de Moisés. Mas trata-se de alimento para a alma somente, e, portanto, é
uma pequena parte daquilo que é para o corpo, o suficiente para servir de
sinal. Foi no final da ceia de Páscoa que esse rito passou a fazer parte do
Evangelho, porém de uma forma que superou a celebração antiga e a colocou de
lado. Grande parte da doutrina e do dever da Ceia do Senhor nos são
exemplificados pelo cordeiro da Páscoa (Êx
12); pois as instituições do Antigo Testamento, embora não nos
obriguem, nos instruem, e nos conduzem ao Evangelho. E o fato de que essas duas
cerimônias são ali apresentadas tão próximas, pode ser bom para compará-las, e
observar o quanto a Ceia do Senhor é mais curta e simples, em comparação com a
Páscoa do Antigo Testamento. O jugo de CRISTO é suave e o seu fardo é leve em
comparação com os da lei cerimonial, e as suas ordenanças são mais espirituais.
2.
A Ceia do Senhor foi instituída através do exemplo do próprio JESUS; não com a
cerimônia e a solenidade de uma lei, como o ritual do batismo, depois da
ressurreição de CRISTO (Mt 28.19), e que está em vigor pela
autoridade supramencionada, pelo poder que foi dado a CRISTO “no céu e na
terra”; mas pelo procedimento do nosso próprio Mestre, porque se destinava
àqueles que já eram seus discípulos, e que tinham uma aliança com Ele. Porém é
necessário ter bem claro que a Ceia do Senhor é uma obrigação de cada cristão,
e deverá continuar em pleno vigor, poder, e virtude até a sua segunda vinda.
3.
Ela foi instituída com bênçãos e ações de graças: Os dons da providência
considerada “comum” devem ser recebidos com ações de graça (1
Tm 4.4,5), como também os dons da graça especial.
O Senhor JESUS abençoou (v. 22), e deu graças (v. 23). Em outras refeições o
Senhor estava acostumado a abençoar e dar graças (Mc
6.41; 8.7) de maneira tão notável, que Ele foi
reconhecido por isto (Lc 24.30,31).
E Ele fez o mesmo nessa refeição.
4.
A instituição foi feita em memória da sua morte; e assim Ele partiu o pão para
mostrar como agradava ao Senhor feri-lo; e Ele chamou o vinho, que é o sangue
da uva, de “sangue do Novo Testamento”. A morte que JESUS CRISTO teve foi uma
morte sangrenta, e é feita menção frequente ao sangue, o sangue precioso, como
o orgulho da nossa redenção; pois o sangue é a vida, e que fará expiação pela
alma (Lc 17.11-14). O derramar do sangue era a
indicação mais perceptível do derramamento da sua alma (Is
53.12). O sangue tem voz (Gn
4.10); e, por isso, o sangue é tão frequentemente mencionado, porque
ele falava (Hb 12.24). E é chamado de “sangue do Novo
Testamento”, pois o concerto da graça tornou-se um Testamento, que entrou em
vigor pela morte de JESUS CRISTO, o testador (Hb
9.16). Está escrito que ele é derramado por muitos, para justificar
a muitos (Is 53.11), para trazer muitos filhos à
glória (Hb 2.10). Foi suficiente para muitos, e
tinha um valor infinito; foi útil para muitos – nós lemos sobre uma grande
multidão, a qual ninguém podia contar, na qual todos lavaram as suas vestes e
as branquearam no sangue do Cordeiro (Ap
7.9-14); e é uma fonte ainda aberta. Como é consolador para os
pobres pecadores arrependidos, que o sangue de CRISTO tenha sido derramado por
muitos! E, se é por muitos, por que não por mim? Se é pelos pecadores, os
pecadores gentios, os principais pecadores, então por que não por mim?
5.
Foi instituída para ser uma ratificação do concerto feito conosco nele, e um
símbolo da transmissão desses benefícios a nós, benefícios que foram comprados
por nós pela sua morte; e por isso Ele partiu o pão para eles (v. 22), e disse:
“Tomai, comei”. Ele lhes deu o cálice, e ordenou que bebessem (v. 23). Apliquem
a vós mesmos a doutrina do CRISTO crucificado, e que ela seja alimento e bebida
para as vossas almas, e alívio para vós, e sustento e consolo para a vossa vida
espiritual.
6.
Ela foi instituída visando a felicidade no céu, para ser desfrutada como um
adiantamento, um gozo antecipado, das delícias do céu, e, desta forma, para
fazer com que as nossas bocas deixem de gostar de todos os prazeres e delícias
dos sentidos (v. 25): “Não beberei mais do fruto da vide” – como algo
refrescante para o corpo. Já não quero mais isto. Ninguém, tendo provado as
delícias espirituais, continua desejando as sensoriais, pois Ele disse, o que é
espiritual, é melhor (Lc 5.39); mas todo aquele que provou as
delícias espirituais, deseja continuamente as eternas, pois Ele disse: Estas
são melhores ainda; e, portanto, que eu não beba mais do fruto da vide; ele
está morto e sepultado para aqueles que beberam do rio dos prazeres de DEUS;
mas, Senhor, apresse o dia em que o beberei novo, no Reino de DEUS – onde ele
será sempre novo e perfeito.
7.
Ela se encerrou com um hino (v. 26). Embora CRISTO estivesse no meio dos seus inimigos,
ainda assim Ele não omitiu, por temor a eles, este doce dever de cantar salmos.
Paulo e Silas cantavam, enquanto os prisioneiros os ouviam. Esse era um cântico
evangélico, e os tempos do Evangelho são frequentemente mencionados no Antigo
Testamento como tempos de alegria, e o louvor é expresso ao cantar. Esse foi o
“canto do cisne” de JESUS, que Ele cantou pouco tempo antes de iniciar a sua
agonia; provavelmente se trate do cântico que era normalmente entoado por
ocasião da Páscoa (Sl 113–118).
IV
O sermão de JESUS aos seus discípulos, quando
retornavam a Betânia à luz do luar. “Tendo cantado o hino, saíram”. Agora era
quase hora de dormir, mas o nosso Senhor JESUS estava tão concentrado no seu
sofrimento, que não conseguiria entrar na tenda em que habitava, nem subir ao
leito em que dormia; não dar sono aos seus olhos, nem repouso às suas
pálpebras, quando essa obra ainda estava por realizar (Sl
132.3,4). Os israelitas eram proibidos de sair
das suas casas na noite em que comiam a refeição da Páscoa, por temerem a
espada do anjo destruidor (Êx 12.22,23).
Mas como CRISTO, o grande Pastor, devia ser ferido, Ele saiu, propositadamente,
para expor-se à espada, como um vencedor; eles fugiram do destruidor, mas CRISTO
o derrotou, e trouxe a destruição a um fim perpétuo.
1.
Aqui JESUS prediz que durante os seus sofrimentos Ele seria abandonado por
todos os seus discípulos: “Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim” (v.
27). Eu sei disto. E o que Eu lhes digo agora, não é nada além do que as
Escrituras já lhes disseram antes: “Ferirei o pastor, e as ovelhas se
dispersarão”. CRISTO sabia disso de antemão, e ainda assim os recebeu à sua
mesa. Ele vê as falhas e os defeitos dos seus discípulos, e ainda assim não os
rejeita. Tampouco devemos nos desestimular de participar da Ceia do Senhor,
pelo medo de recair no pecado mais tarde; mas, quanto maior o perigo que
corrermos, mais necessidade teremos de nos fortalecer pelo uso consciente e
diligente dos rituais sagrados. JESUS lhes diz que eles se escandalizariam
nele, começariam a questionar se Ele era ou não o Messias, quando o vissem
subjugado pelos seus inimigos. Até então, eles tinham permanecido com Ele nas
suas tentações. Embora às vezes o tivessem ofendido, não tinham se
escandalizado nele, nem lhe tinham dado as costas; mas agora a tempestade seria
tão mais intensa, que todos eles soltariam as suas âncoras, e estariam correndo
risco de um naufrágio. Algumas tentações são mais particulares (como Ap
2.10: “O diabo lançará alguns de vós na prisão”); mas outras são
mais genéricas, como, por exemplo, uma “hora da tentação que há de vir sobre
todo o mundo” (Ap 3.10). O ato de ferir o pastor frequentemente
consiste em dispersar as ovelhas. Se os magistrados, os ministros, e os chefes
de famílias forem como devem ser, pastores para aqueles que estão sob os seus
cuidados, quando algo lhes acontece todo o rebanho sofre, e corre perigo.
Mas
CRISTO os incentiva com a promessa de que eles se reencontrarão outra vez,
retornarão para o seu dever e também para o seu consolo (v. 28): Depois de
ressuscitar, “buscarei as minhas ovelhas; e as farei voltar de todos os lugares
por onde andam espalhadas” (Ez 34.12). “Depois que eu houver
ressuscitado, irei adiante de vós para a Galileia”. Verei os nossos amigos, e
nos alegraremos juntos.
2.
Ele prediz que Pedro, em particular, o negaria. Quando eles saíram para ir ao
monte das Oliveiras, nós podemos supor que Judas não estava mais com eles (ele
teria saído furtivamente), e como consequência os demais discípulos começaram a
ter pensamentos elogiosos a respeito de si próprios, pois eles tinham ficado
com o seu Mestre, enquanto Judas o tinha abandonado. Mas JESUS lhes diz que,
embora eles estivessem protegidos – pela sua graça – da apostasia de Judas,
ainda assim não tinham nenhum motivo para se orgulhar da sua fidelidade.
Observe que embora DEUS nos impeça de ser tão maus quanto os piores, ainda
assim podemos ficar envergonhados ao pensar que não somos tão bons quanto
deveríamos ser.
(1)
Pedro está confiante de que não procederia tão mal quanto os demais discípulos
poderiam proceder (v. 29): “Ainda que todos se escandalizem” – todos aqui
presentes – “nunca, porém, eu”. Ele supõe que não apenas é mais forte que os
outros, mas que é muito mais forte, a ponto de conseguir receber o choque de
uma tentação e resistir a ela, sozinho; resistir, embora não tenha ninguém ao
seu lado. Pensar bem a nosso respeito, e confiar nos nossos próprios corações,
é algo que faz parte de nosso ser.
(2)
CRISTO diz a Pedro que ele fará algo pior que qualquer um dos outros. Todos
eles o abandonarão, mas Pedro o negará; não uma, mas três vezes; e dentro de
pouco tempo: “Hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes
me negarás”; você negará que me conheceu, ou que se relacionou comigo, como
alguém envergonhado e temeroso de reconhecer-me.
(3)
Pedro reforça o que disse: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de
modo nenhum te negarei”. Ou, em outras palavras, eu ficarei contigo, ainda que
isto custe a minha própria vida; e, sem dúvida, ele dizia o que pensava. Judas
não disse nada parecido com isso, quando JESUS lhe disse que ele o trairia.
Judas pecou intencionalmente, mas Pedro pecou pela surpresa; Judas intentou a iniquidade
(Mq
2.1), enquanto Pedro foi surpreendido nessa ofensa (Gl
6.1). Pedro fez mal em contradizer ao seu Mestre. Se ele tivesse
dito, com temor e tremor: “Senhor, dê-me a graça para impedir que eu o negue,
não me conduza a esta tentação, liberte-me deste mal”, isto poderia ter sido
evitado; mas eles estavam todos muito confiantes; aqueles que tinham
perguntado: “Sou eu, Senhor?”, agora diziam: Nunca serei eu. Tendo sido
absolvidos do seu medo de trair a CRISTO, agora eles estavam seguros. Mas
aquele que pensa que está em pé, deve aprender a prestar atenção para não cair;
e aquele que se compromete com o Salvador, não se orgulhe como se já tivesse
chegado ao céu.
A
Agonia no Jardim
Aqui
JESUS inicia os seus sofrimentos, começando com aqueles que foram os mais
amargos de todos os seus sofrimentos – os que afligiam a sua alma. Nós o vemos
aqui em sua agonia. Já vimos essa história melancólica no Evangelho de Mateus;
essa agonia na alma eram o absinto e o fel da sua aflição e do seu pranto (Lm
3.19); e parece que a tristeza não lhe era forçada, mas Ele a
aceitava espontaneamente.
I
Ele se afastou para orar. Ele disse aos seus
discípulos: “Assentai-vos aqui, enquanto eu oro”. Ele tinha orado com eles
havia pouco tempo (Jo 17); e agora Ele lhes diz que fiquem um
pouco afastados enquanto Ele se dirige ao seu PAI, para orar sobre a sua
tarefa. Observe que as nossas orações com as nossas famílias não são desculpa
para que negligenciemos a adoração em particular. Quando Jacó iniciou a sua
agonia, primeiramente ele fez passar tudo o que tinha pelo ribeiro, e ficou só,
e então “lutou com ele um varão” (Gn
32.23,24), embora ele tivesse orado antes (v. 9),
provavelmente com a sua família.
II
Até mesmo para esse isolamento Ele levou
“consigo a Pedro, e a Tiago, e a João” (v. 33), três testemunhas competentes
dessa parte da sua humilhação. Os grandes homens não se preocupam por alguns
conhecerem alguma coisa sobre as suas agonias; assim, Ele não se envergonhou de
que eles o vissem naquela ocasião. Esses três tinham se gloriado da sua capacidade
e desejado sofrer com Ele. Pedro, aqui, neste capítulo, e Tiago e João, em Marcos
10.39; e por isso JESUS os leva para que estejam com Ele, e vejam
que luta Ele travou com o batismo de sangue e o cálice amargo, para
convencê-los de que eles não sabiam o que estavam dizendo. É adequado que
aqueles que são mais confiantes sejam, primeiramente, postos à prova, para que
possam perceber a sua própria tolice e fraqueza.
III
Ele passou por uma tremenda agitação ali (v.
33). Ele “começou a ter pavor e a angustiar-se” – ekthambeisthai, uma palavra
que não foi usada por Mateus, mas que é muito significativa; ela indica algo
como o “grande espanto e grande escuridão” que caíram sobre Abraão (Gn
15.12), ou melhor, alguma coisa muito pior e muito mais assustadora.
Os terrores de DEUS se colocaram em fila contra JESUS CRISTO, e Ele se permitiu
a intensa contemplação deles. Nunca houve tristeza como a que Ele suportou
nessa ocasião; e ninguém teve as experiências que Ele teve com as graças
divinas da eternidade, e, portanto, ninguém teve, ou poderia ter, a percepção
que Ele tinha das graças divinas. E ainda assim não havia a mínima desordem ou
irregularidade nessa comoção do seu estado de espírito; os seus sentimentos
surgiam de maneira não tumultuada, mas controlada, e como se fossem chamados,
pois Ele não tinha uma natureza corrupta para misturar com esses sentimentos,
como é o nosso caso. Se a água tem um sedimento no fundo – embora possa parecer
clara quando está parada – quando agitada, ela fica lamacenta; assim também
acontece com os nossos sentimentos: somente a água pura em um copo limpo
permanece limpa, por mais que seja agitada; e assim era JESUS CRISTO. O Dr.
Lightfoot julga muito provável que o diabo tenha aparecido agora ao nosso
Salvador de uma forma visível, na sua própria forma e na “cor adequada”, para
aterrorizá-lo e amedrontá-lo, e para remover a sua esperança em DEUS PAI (o que
ele esperou conseguir quando perseguiu Jó, um precursor de CRISTO, para fazê-lo
amaldiçoar a DEUS, e morrer), e para dissuadi-lo de prosseguir com a sua
missão. JESUS CRISTO considerava tudo que tentasse afastá-lo da sua missão como
tentações vindas de Satanás (Mt 16.23). Está escrito que quando o diabo
tentou a JESUS no deserto, ele “ausentou-se dele por algum tempo” (Lc
4.13), com a intenção de travar outra batalha com Ele, e de outra
maneira; vendo que não conseguiria, com as suas adulações, atraí-lo para o
pecado, ele tentaria, com os seus terrores, assustá-lo, e assim levá-lo ao
pecado, anulando o seu desígnio.
IV
Na sua agitação Ele proferiu uma triste
queixa. Ele disse: “A minha alma está profundamente triste”. 1. Ele se fez
pecado por nós, e por isto estava tão profundamente triste. O Senhor JESUS
conhecia perfeitamente quão malignos eram os pecados pelos quais deveria
sofrer; e Ele tinha o maior amor a DEUS, que foi ofendido por eles, e o maior
amor pelos homens, que estavam destruídos e em perigo por causa deles. Agora
que eles se apresentavam diante dele, não é de admirar que a sua alma estivesse
profundamente triste. Ele veio a este mundo para levar sobre si mesmo os nossos
pecados, e, portanto, estava enfraquecido pelas nossas iniquidades. 2. Ele se
fez maldição por nós; as maldições da lei foram transferidas a Ele, como nosso
fiador e representante, não como se estivesse originalmente ligado a nós, mas
como alguém que é a própria garantia de uma ação. E quando a sua alma estava
assim tão profundamente triste, Ele, de certa maneira, rendeu-se às tristezas,
e colocou-se sob a carga, até que, pela sua morte, tivesse satisfeito os
requisitos para levar sobre si os nossos pecados. E, dessa maneira, tivesse
abolido para sempre a maldição. Ele agora provava a morte (como está escrito
que faria, Hb 2.9), uma expressão que não é atenuante,
como se Ele apenas a experimentasse, como se apenas sentisse o seu gosto. Não,
Ele bebeu até a escória do cálice (Is
51.17,22); a expressão é, na verdade, exacerbada;
isso não foi absorvido por atacado, mas Ele provou todo o seu amargor. Esse é
aquele temor de que fala o apóstolo (Hb
5.7), um medo natural da dor e da morte, com o qual é natural que a
natureza humana se assuste.
A
consideração dos sofrimentos de CRISTO na sua alma e a sua tristeza por nós
devem nos ser úteis:
(1)
Para amargar os nossos pecados. Será que podemos vir a ter um pensamento
favorável, ainda que seja ligeiro, sobre o pecado, quando vemos a impressão que
o pecado (embora apenas imputado) causou sobre o Senhor JESUS? Pode assentar-se
levemente sobre as nossas almas aquilo que veio de uma forma tão pesada sobre a
alma dele? JESUS CRISTO passou tal agonia pelos nossos pecados, e será que nós
nunca sentiremos uma agonia por causa deles? Como devemos considerar aquele a
quem nós oprimimos, a quem perfuramos, e lamentar e amargurar-nos! É
conveniente que estejamos profundamente tristes pelo pecado, porque CRISTO assim
esteve, e nunca zombou dele. Se JESUS CRISTO sofreu assim pelo pecado, nós
devemos nos armar com o mesmo estado de espírito.
(2)
Para adoçar as nossas tristezas. Se as nossas almas, em alguma ocasião,
estiverem profundamente tristes devido às aflições do nosso tempo presente,
devemos nos lembrar de que o nosso Mestre também esteve assim antes de nós, e
“não é o discípulo mais do que o mestre”. Por que nós devemos desejar afastar a
tristeza, quando CRISTO, por nós, a recebeu, e submeteu-se a ela, e dessa
maneira não somente removeu o seu espinho, tornando-a tolerável, mas também a
tornou vantajosa (pois “com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”), e
colocou doçura nela, e tornou-a consoladora. O bendito apóstolo Paulo era um
homem triste, mas, apesar disso, estava sempre se regozijando. Se estivermos
profundamente tristes, o pior estado a que poderemos chegar será estarmos
tristes até à morte; e este será o fim de todas as nossas tristezas, se
tivermos a CRISTO; quando os nossos olhos se fecharem, todas as nossas lágrimas
serão enxutas.
V
Ele ordenou aos seus discípulos que ficassem
com Ele, não porque precisasse da ajuda deles, mas porque desejava que eles o
considerassem e recebessem instruções. Ele lhes disse: “Ficai aqui e vigiai”.
Ele não tinha dito nada aos outros discípulos, exceto: “Assentai-vos aqui” (v.
32); mas a esses três Ele pede que fiquem e vigiem, como se esperasse mais
deles do que dos outros.
VI
Ele se dirigiu a DEUS em oração (v. 35): Ele
“prostrou-se em terra; e orou”. Foi pouco antes disso que, em oração, Ele
levantou os olhos ao céu (Jo 17.1); mas aqui, estando em agonia, Ele
“prostrou-se em terra”, adequando-se à sua atual humilhação, e ensinando-os,
dessa maneira, a humilhar-nos diante de DEUS. Convém que sejamos humildes
quando estivermos na presença do Altíssimo. 1. Como Homem, Ele protestava
contra os seus sofrimentos, pedindo que, se fosse possível, passasse dele àquela
hora (v. 35). Se possível, que a salvação do homem seja realizada sem essa
curta, porém aguda, aflição, que nesta hora vou suportar. Nós temos as suas
próprias palavras (v. 36): “Aba, PAI”. A palavra siríaca que CRISTO usou aqui,
e que significa PAI, é conservada para indicar a ênfase que o nosso Senhor JESUS,
em sua tristeza, coloca sobre ela, e deseja que nós também coloquemos. É com o
mesmo objetivo que o apóstolo Paulo conserva a palavra, colocando-a na boca de
todos aqueles que possuem o “espírito de adoção”; eles são ensinados a clamar:
“Aba, PAI” (Rm 8.15; Gl
4.6). “PAI, todas as coisas te são possíveis”. Observe que devemos
crer que DEUS é capaz de fazer até mesmo aquilo que não podemos esperar que
seja feito por nós – e quando nos sujeitamos à sua vontade, e recorremos à sua
sabedoria e misericórdia, devemos fazê-lo com um reconhecimento e fé no seu
poder, entendendo que todas as coisas lhe são possíveis. 2. Como Mediador, Ele
concordou com a vontade de DEUS a respeito dos seus sofrimentos: “Não seja,
porém, o que eu quero, mas o que tu queres”. Eu sei que o assunto está
definido, e não pode ser alterado; devo sofrer e morrer, dando as boas-vindas
ao sofrimento.
VII
Ele despertou os seus discípulos, que tinham
adormecido enquanto Ele estava orando (vv. 37,38). Ele voltou para cuidar
deles, uma vez que eles não cuidaram dele; e “achou-os dormindo”, tão pouca era
a preocupação deles com as suas tristezas, as suas queixas e orações. Essa
despreocupação dos discípulos era um presságio da ofensa posterior com que
feririam a JESUS quando o abandonassem; e o fato de Ele ter, tão pouco tempo
atrás, elogiado os seus discípulos por permanecerem com Ele nas suas tentações,
embora não deixassem de ter falhas, era uma agravante. Estaria Ele tão disposto
a obter o máximo deles, e eles estariam tão indiferentes quanto a conseguir
agradá-lo? Há pouco tempo, eles tinham prometido não se escandalizarem nele; e
se importavam tão pouco com Ele? Ele repreendeu a Pedro em particular, pela sua
sonolência: “Simão, dormes?” Kai sy teknon – “E tu, meu filho? Tu, que
prometeste tão categoricamente que não me negarias, me desprezas assim? De ti, eu
esperava algo melhor. ‘Não podes vigiar uma hora?’” JESUS não tinha pedido que
Pedro vigiasse com Ele toda a noite, mas apenas durante uma hora. Agrava a
nossa debilidade e inconstância a serviço de CRISTO o fato de Ele não nos
sobrecarregar de tarefas, não nos fatigar (Is
43.23). Ele não coloca sobre nós nenhuma outra carga que devamos
carregar até que Ele venha (Ap 2.24,25);
e eis que Ele vem sem demora (Ap 3.11).
Assim
como JESUS CRISTO repreende aqueles a quem ama, quando eles agem mal, também
aconselha e consola aqueles que repreende. 1. Foi um conselho muito prudente e
leal, este que JESUS deu aos seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação” (v. 38). Já era algo ruim dormir quando JESUS estava
passando pela sua agonia, mas agora eles estariam entrando em mais tentações, e
se não estivessem alertas, e não estivessem, pela oração, com a graça e a força
de DEUS, eles poderiam fazer algo ainda pior; e realmente fizeram, quando todos
eles o abandonaram e fugiram. 2. Foi uma desculpa muito gentil e terna a que JESUS
deu, por eles: “O espírito, na verdade, está pronto”. Eu sei que está pronto,
está disposto. Vocês estariam despertos, de bom grado, mas não conseguem. Isso
pode ser interpretado como uma razão para aquela exortação: “Vigiai e orai”;
pois, embora o espírito esteja pronto, Eu sei disso (vocês se determinaram, com
sinceridade, a nunca se escandalizarem em mim), a carne é fraca, e se vocês não
vigiarem e orarem, e não perseverarem, vocês serão oprimidos. A consideração da
fraqueza e debilidade da nossa carne deve nos estimular e motivar a vigiarmos e
orarmos quando estivermos passando por tentações.
VIII
JESUS voltou a se dirigir ao seu PAI (v. 39):
“E foi outra vez e orou”, dizendo a mesma palavra, ou o mesmo assunto, ou
negócio. Ele falou com o mesmo objetivo, e fez isso ainda uma terceira vez.
Isto nos ensina que os homens devem orar, e não desfalecer (Lc
18.1). Mesmo que as respostas às nossas orações não venham
rapidamente, nós devemos renovar os nossos pedidos, e continuar em oração.
Porque a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não
mentirá (Hc 2.3). Paulo, quando foi esbofeteado por
um mensageiro de Satanás, orou ao Senhor três vezes, assim como CRISTO aqui,
antes de obter uma resposta de paz (2
Co 12.7,8). Pouco tempo antes disso, quando JESUS,
com a alma perturbada, orou: “PAI, glorifica o teu nome”, recebeu uma resposta
imediata, por uma voz do céu: “Já o tenho glorificado e outra vez o
glorificarei”; mas agora Ele precisa voltar uma segunda vez, e uma terceira,
pois as visitas da graça de DEUS, em resposta à oração, vêm, mais cedo, ou mais
tarde, de acordo com a sua vontade, para que possamos continuar confiantes.
IX
JESUS repetiu as suas visitas aos seus
discípulos. Ele deu assim uma amostra do seu cuidado contínuo pela sua igreja,
na terra. Mesmo quando ela está meio adormecida, e não inteiramente preocupada
consigo mesma, Ele está sempre intercedendo por ela ao seu PAI no céu. Veja
como, de modo adequado a um Mediador, Ele vai e volta, entre os dois lados
mediados. Ele veio pela segunda vez para junto dos seus discípulos, e “achou-os
outra vez dormindo” (v. 40). Veja como as debilidades dos discípulos de CRISTO retornam
sobre eles, a despeito das suas determinações, e os dominam, apesar da sua resistência;
e veja como os nossos corpos guerreiam contra as nossas almas, o que deveria
nos fazer esperar ansiosamente por aquele estado bendito no qual eles não serão
mais obstáculos para nós. Nessa segunda vez, Ele falou com eles, como antes,
mas eles não souberam o que responder; eles estavam envergonhados da sua
sonolência, e não tinham nada para dizer como desculpa. Também é possível que
estivessem tão dominados por ela que, estando entre o sono e um estado
desperto, não sabiam onde estavam, nem o que diziam. Mas, na terceira vez, eles
tiveram a permissão de dormir, se quisessem (v. 41): “Dormi agora e descansai”.
Eu não preciso mais que vocês vigiem agora; podem dormir, se quiserem. “Basta”.
O Evangelho de Mateus não inclui essas palavras. Vocês tiveram avisos
suficientes para vigiar, e não os seguiram; e agora vocês verão que têm poucos
motivos para se sentirem seguros. Apekei, eu os libero de qualquer outra ajuda;
assim alguns interpretam isto. “É chegada a hora”, em que, Eu sei, todos vocês
me abandonarão, e até mesmo fugirão. Assim como o Senhor disse a Judas: “O que
fazes, faze-o depressa” (Jo 13.27). “Eis que o Filho do Homem vai
ser entregue nas mãos dos pecadores”, os principais dos sacerdotes e anciãos;
estes eram os piores pecadores, porque faziam uma profissão de santidade.
“Levantai-vos, vamos”; não fiquem cochilando aí. Vamos encontrar o inimigo,
pois “eis que está perto o que me trai”; e Eu não devo pensar em fugir. Quando
vemos os problemas que se aproximam, precisamos estar despertos e preparados
para enfrentá-los.
A
Traição de Judas
Nesse
trecho temos a prisão do nosso Senhor JESUS pelos guardas dos principais dos
sacerdotes. Era isso que os seus inimigos desejaram por tanto tempo. Eles
sempre quiseram prendê-lo, mas Ele escapava das suas mãos, porque a sua hora
não era chegada; nem poderiam tê-lo prendido agora, se Ele não tivesse se
entregado livremente. Ele começou a sofrer, primeiro, na sua alma, mas depois,
sofreu no seu corpo, para que pudesse compensar o pecado, que começa no
coração, mas depois faz dos membros do corpo “instrumentos de iniquidade”.
I
Aqui está um grupo de rudes canalhas,
empregados para tomar o nosso Senhor JESUS e fazer dele um prisioneiro: “Uma
grande multidão com espadas e porretes”. Não existe maldade tão grande e
prejudicial, nem vilania tão horrível, que não possa ser encontrada entre os
filhos dos homens como uma ferramenta adequada a ser utilizada, e os homens não
terão escrúpulos em empregá-la; quão miseravelmente depravada e viciada é a
humanidade. À frente dessa gentalha está Judas, que era um dos doze, um
daqueles que tinha, durante tanto anos, conversado intimamente com o nosso
Senhor JESUS, tinha profetizado em seu nome, e em seu nome tinha expulsado
demônios; e ainda assim, o traiu. Não é novidade que uma profissão de fé muito
bonita e plausível termine em uma apostasia vergonhosa e fatal. “Como caíste do
céu… filho da alva!” (Is 14.12). Em outras palavras: Quão baixo
você desceu, Lúcifer!
II
Homens não menos importantes que os principais
dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos, que fingiam esperar o Messias e
estar preparados para dar-lhe as boas-vindas, enviaram essa multidão, e os
puseram a trabalhar. Mas, quando JESUS veio, e deu provas irrefutáveis de que
Ele é Aquele que deveria vir, decidiram destruí-lo sem um julgamento justo nem
um exame imparcial, por não os ter adulado, nem permitido ou apoiado a sua
pompa e grandeza, por não ter aparecido como um príncipe temporal, mas tendo
estabelecido um reino espiritual, pregando o arrependimento, a transformação, e
uma vida santa, direcionando os pensamentos, os desejos e os objetivos dos
homens para um outro mundo.
III
Judas o traiu com um beijo; abusando da
liberdade que JESUS costumava permitir aos seus discípulos, de beijar o seu
rosto quando voltassem, depois de terem ficado algum tempo ausentes. Ele o
chamou: “Rabi, Rabi. E beijou-o” (v. 45); ele disse: “Rabi, rabi”, como se
estivesse sendo mais respeitoso agora a Ele do que nunca. Para remover para
sempre a arrogância de alguém, é suficiente chamá-lo de “Rabi, Rabi” (Mt
23.7), uma vez que esta foi a saudação com a qual CRISTO foi traído.
Ele ordenou que o prendessem, e o levassem com segurança. Alguns pensam que
Judas disse isso com ironia, sabendo que eles não podiam levá-lo com segurança,
a menos que Ele assim o desejasse, sabendo que este “Sansão” poderia quebrar as
vergas de vimes, como se quebra o fio da estopa ao cheiro do fogo, e escapar.
Então Judas teria o dinheiro, e JESUS a honra, e nenhum mal seria feito; e eu
pensaria, além disso, que Satanás entrou em Judas, de modo que o objetivo dessa
ação foi o pior que se poderia imaginar. Na verdade, ele sempre tinha ouvido o
seu Mestre dizer que, sendo traído, deveria ser crucificado, e não tinha razão
para pensar de outra maneira.
IV
Eles o prenderam, e o fizeram seu prisioneiro
(v. 46): “E lançaram-lhe as mãos” – rudes e violentas – “e o prenderam”;
triunfantes, provavelmente por terem feito o que tinha sido tentado antes, em
vão.
V
Pedro agiu em defesa do seu Mestre, e feriu a
um dos agressores, estando, nesse momento, consciente da sua promessa, de
arriscar a sua vida pelo seu Mestre. Ele foi um dos que ficaram próximos
daqueles que estavam com Ele (é o que a palavra significa), um dos três
discípulos que estavam com o Senhor no Jardim; ele puxou a espada e atacou,
provavelmente com o objetivo de cortar a cabeça, mas errou o golpe, cortando a
orelha de um servo do sumo sacerdote (v. 47). É mais fácil lutar por CRISTO do
que morrer por Ele; mas os bons soldados de JESUS CRISTO vencem, não tirando a
vida das pessoas, mas oferecendo a sua própria (Ap
12.11).
VI
JESUS discute com aqueles que vieram para
prendê-lo, e lhes mostra como era absurda a conduta que tiveram contra Ele.
1. Vieram contra Ele como contra um salteador, quando Ele era
inocente de qualquer crime. Ele ensinava todos os dias no templo, e se Ele
tivesse qualquer intenção malévola, em alguma ocasião isto teria sido
descoberto; na verdade, esses guardas dos principais dos sacerdotes, sendo
protetores do templo, supostamente teriam ouvido os seus sermões ali (“Todos os
dias estava convosco ensinando no templo”); e Ele não tinha lhes ensinado uma
doutrina excelente, mesmo se tratando dos seus inimigos e juízes? Não eram
todas as palavras da sua boca sobre a justiça? Havia alguma coisa tortuosa ou
perversa nela? (Pv 8.8). Pelos seus frutos, Ele era
sabidamente uma boa árvore; por que, então, eles vinham prendê-lo como a um
salteador? 2. Vieram para levá-lo assim, de forma privada, quando Ele não tinha
vergonha nem medo de aparecer publicamente no templo. Ele não era nenhum
daqueles malfeitores que odeiam a luz, e não vêm para a luz (Jo
3.20). Se os seus mestres tinham algo a dizer-lhe, eles podiam
encontrá-lo todos os dias no templo, onde Ele estaria pronto para responder a
todos os desafios, a todas as acusações; e ali eles podiam fazer o que
desejassem com Ele, pois os sacerdotes tinham a custódia do templo, e o comando
dos guardas dali: mas vir buscá-lo assim, à meia-noite, e no lugar onde Ele
estava retirado, era vil e covarde. Era agir como o inimigo de Davi, que nos
lugares ocultos mata o inocente (Sl
10.8). Mas isso não era tudo. 3. Vieram “com espadas e porretes”,
como se Ele estivesse armado contra o governo, e eles devessem ter a posse
comitatus para limitá-lo. Não houve necessidade de usar essas armas; mas eles
causaram essa comoção: (1) Para proteger-se da ira de alguns; eles vieram
armados, porque tinham medo do povo; assim, “se acharam em grande temor, onde
temor não havia” (Sl 53.5). (2) Para expô-lo à ira de outros.
Vindo “com espadas e porretes” para prendê-lo, eles o apresentavam, para o povo
(que se impressionava com isso), como um homem perigoso e turbulento, e assim
conseguiam incitá-los contra Ele, e fazê-los clamar: “Crucifica-o,
crucifica-o”, não tendo outra maneira de obter o que queriam.
VII
Ele se resignou de todo esse tratamento
injurioso, desonroso, fazendo referência às predições do Antigo Testamento
sobre o Messias. Eu não estou acostumado nem o mereço, mas me submeto a isto,
“para que as Escrituras se cumpram” (v. 49). 1. Veja aqui a consideração que JESUS
tinha pelas Escrituras. Ele suportaria qualquer coisa, para que nem um jota ou
til da Palavra de DEUS deixasse de se cumprir; e Ele visava as Escrituras,
tanto nos seus sofrimentos, quanto na sua glória; pois o que JESUS CRISTO está
fazendo no comando do mundo, a não ser cumprir as Escrituras? 2. Veja o uso que
nós devemos fazer do Antigo Testamento: Nós devemos procurar por CRISTO, o
verdadeiro tesouro escondido naquele campo – assim como a história do Novo
Testamento explica as profecias do Antigo, também as profecias do Antigo
Testamento exemplificam a história do Novo.
VIII
Todos os discípulos de JESUS, nessa ocasião,
abandonaram-no (v. 50): “Deixando-o, todos fugiram”. Eles tinham muita
confiança de que ficariam com Ele; mas mesmo os homens bons não sabem o que
farão, até que sejam postos à prova. Se tinha sido um grande consolo para Ele,
como tinha dado a entender recentemente, o fato de que, até então, eles tinham
permanecido com Ele nas suas provações menores (Lc
22.28), podemos imaginar que tristeza representou para Ele quando
eles o abandonaram agora, na sua pior provação, quando eles poderiam tê-lo
ajudado de alguma maneira – quando Ele foi maltratado, protegendo-o, e quando foi
acusado, testemunhando a favor dele. Que aqueles que sofrem por CRISTO não
estranhem se forem abandonados dessa maneira, e se todos os animais fugirem do
cervo ferido; eles não são melhores do que o seu Mestre, nem podem esperar ser
tratados de maneira diferente pelos seus inimigos, ou pelos seus amigos. Quando
o apóstolo Paulo estava em perigo, ninguém ficou ao seu lado, todos o
desampararam (2 Tm 4.16).
IX
O barulho deve ter perturbado a vizinhança, e
alguns dos vizinhos devem ter corrido riscos devido ao tumulto (vv. 51,52).
Esta passagem da história não é apresentada por nenhum dos outros evangelistas.
Aqui há um relato de certo jovem, que, aparentemente, não era discípulo de JESUS,
nem, como alguns imaginaram, um servo da casa onde JESUS tinha passado a
Páscoa, e o seguia para saber o que iria acontecer com Ele (como os filhos dos
profetas, quando perceberam que Elias seria levado ao alto, foram vê-lo à
distância – 2 Rs 2.7). Ele deveria ser algum jovem que
vivia próximo ao Jardim, talvez na casa à qual pertencia ao Jardim. A respeito
desse jovem, observe:
1.
Como ele saiu da sua cama para testemunhar os sofrimentos de JESUS CRISTO. Uma
multidão como essa, tão armada, e vindo com tanta fúria, na calada da noite,
numa aldeia tranquila, não poderia deixar de causar uma grande comoção; esse
jovem estava tão assustado que talvez tenha pensado na possibilidade de haver
algum tumulto ou revolta na cidade, algum alvoroço entre o povo, e teve a
curiosidade de ir e ver o que estava acontecendo, e sentia tanta pressa de
informar-se, que não pôde esperar para vestir-se, mas cobriu-se com um lençol,
como se desejasse aparecer como um fantasma, em roupas de túmulo, para assustar
aqueles que o tinham assustado, e correu entre a multidão, com a seguinte
pergunta: O que vai acontecer aqui? Depois que lhe disseram, ele sentiu vontade
de ver o acontecimento, tendo, sem dúvida, ouvido falar muito sobre a fama
desse JESUS; e, por isso, depois que todos os seus discípulos o tinham
abandonado, ele continuou a segui-lo, desejoso de ouvir o que Ele iria dizer, e
ver o que Ele iria fazer. Alguns opinam que o fato de ele não vestir nada, além
desse lençol sobre o seu corpo nu, sugere que ele era um daqueles judeus que
faziam uma grande profissão de piedade perante os outros, e, como símbolo
disto, entre outros exemplos de austeridade e mortificação do corpo, não usavam
roupas, exceto um lençol, que, embora com o objetivo de ser suficientemente
modesto, era fino e frio. Mas eu penso que não era isso o que o jovem vestia
regularmente.
2.
Veja como ele voltou assustado para a sua cama, quando estava em risco de
compartilhar dos sofrimentos de JESUS CRISTO. Os seus próprios discípulos o
tinham abandonado; e esse jovem, não tendo conhecimento dele, embora
seguramente pudesse ajudá-lo, é visto completamente desarmado, uma vez que não
estava sequer vestido. Porém os jovens soldados romanos, que foram chamados
para ajudar, lançaram-lhe as mãos, pois estavam dispostos a tudo. Talvez eles
agora estivessem irritados, porque terem permitido que os discípulos fugissem,
e como eles estavam fora do seu alcance, eles decidiram prender o primeiro em
quem pudessem colocar as suas mãos. Embora esse jovem fosse, talvez,
pertencente à seita mais rígida da congregação judaica, ainda assim os soldados
romanos não tiveram escrúpulos em maltratá-lo nessa ocasião. Encontrando-se em
perigo, ele largou o lençol que estava nas mãos dos soldados, e fugiu nu. Essa passagem
está registrada para mostrar como esse grupo era bárbaro, pois foi enviado para
prender a JESUS CRISTO, e que os discípulos escaparam de cair nas mãos deles
por milagre, pois nada poderia ter impedido isto, exceto o cuidado do seu
Mestre por eles: “Se… me buscais a mim, deixai ir estes” (Jo
18.8). Isso também dá a entender que não existe posse ou controle
sobre aqueles que são movidos apenas pela curiosidade, e não pela fé e pela
consciência, que são qualidades comuns daqueles que seguem a CRISTO.
CRISTO
É Levado à Presença do Sumo Sacerdote
Aqui
temos a prisão, o julgamento, a acusação e a condenação de CRISTO, no tribunal
eclesiástico, diante do grande Sinédrio, do qual o sumo sacerdote era o
presidente, ou o juiz do tribunal; o mesmo Caifás que, recentemente, tinha
declarado que o Senhor JESUS deveria morrer, fosse culpado ou inocente (Jo
11.50). Portanto, esse homem não poderia presidir o julgamento, por
ser parcial.
I
CRISTO é levado rapidamente à casa do sumo
sacerdote, ao “pátio” da sua casa, como é chamado, que era a condição em que
ele vivia. E ali, no entanto, na calada da noite, todos “os principais dos
sacerdotes, e os anciãos, e os escribas” estavam em segredo, reunidos, prontos
para receber a presa; tal era a certeza que tinham disso.
II
“Pedro o seguiu de longe”; que era o grau de
covardia a que a sua recente coragem havia sido reduzida (v. 54). Mas quando
ele chegou à casa do sumo sacerdote, furtivamente foi se assentar com os
servidores, para que não se suspeitasse que ele pertencia a JESUS. A
proximidade do fogo do sumo sacerdote não era um lugar adequado, nem os seus
servos eram a companhia adequada para Pedro, mas foi assim que ele entrou em
tentação.
III
Houve grande empenho em procurar, por amor ou
por dinheiro, falso testemunho contra CRISTO. Eles o tinham prendido como a um
salteador, e agora que Ele estava preso, eles não tinham uma acusação contra
Ele, nenhum crime do qual acusá-lo, mas procuravam testemunhos contra Ele.
Sondando com perguntas traiçoeiras a alguns, oferecendo subornos a outros, caso
o acusassem, e empenhando-se em amedrontar a outros, caso não o fizessem (vv.
55,56). Os principais dos sacerdotes e anciãos eram, segundo a lei,
encarregados de acusar e punir as testemunhas falsas (Dt
19.16,17); ainda assim, eram agora os líderes do
grupo, e estavam praticando um crime que era, de fato, uma opressão a toda a
justiça. E é o momento de gritar: Socorro, Senhor (Sl
12.1, versão RA), quando os médicos de um lugar são os que o
perturbam, e quando aqueles que deveriam ser os conservadores da paz e da
justiça são os que corrompem a ambas.
IV
Ele foi demoradamente acusado de coisas ditas
alguns anos atrás, que, da maneira como eram apresentadas aqui, pareciam ameaçar
o templo, que era para eles como um ídolo (vv. 57,58). “Mas os testemunhos não
eram coerentes” (v. 59), pois um jurava que Ele tinha dito: “Eu posso derribar
o templo de DEUS e reedificá-lo em três dias” (conforme Mt
26.61). Outro jurava que Ele tinha dito: “Eu derribarei este templo,
construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por
mãos de homens”; esses dois testemunhos diferiam muito entre si; oude ise en he
martyria – o seu testemunho não era suficiente, nem equivalente à acusação de
um crime digno de morte, segundo o Dr. Hammond. Eles não o acusaram de nada em
que pudessem basear uma sentença de morte, nem mesmo aplicando o máximo alcance
da lei.
V
Ele foi convidado a ser o seu próprio acusador
(v. 60): “Levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio, perguntou a JESUS,
dizendo: Nada respondes?”. Isto ele disse sob a desculpa de um tratamento justo,
mas, na verdade, com um desejo de armar-lhe uma cilada, para que pudessem
acusá-lo (Lc 11.53,54;
20.20).
Nós bem podemos imaginar com que ar de altivez e desprezo esse orgulhoso sumo
sacerdote fez tal questionamento ao nosso Senhor JESUS: “Prisioneiro do
tribunal, você ouviu o que foi dito e jurado contra você; o que você tem a
dizer em sua defesa?” Satisfeito de pensar que parecia ter silenciado aquele
que, com tanta frequência, tinha silenciado aqueles que o provocavam. Mas JESUS
CRISTO não respondeu nada, para poder nos dar um exemplo: 1. De paciência sob
calúnias e falsas acusações: “Quando o injuriavam, não injuriava” (1
Pe 2.23). E: 2. De prudência, quando um homem se torna um criminoso
por uma palavra (Is 29.21), e a nossa defesa se torna a nossa
acusação. É realmente uma ocasião difícil aquela em que os prudentes mantêm
silêncio (para que as coisas não piorem); o melhor que temos a fazer nesses
casos é entregar a nossa causa àquele que julga com justiça. Mas:
VI
Quando lhe perguntaram se Ele era o CRISTO,
Ele confessou, e não negou, que era (vv. 61,62). O sumo sacerdote perguntou a JESUS:
“És tu o CRISTO, Filho do DEUS Bendito?”, pois, como observa o Dr. Hammond , os
judeus, quando citavam a DEUS, em geral acrescentavam a expressão “Bendito eternamente”;
e consequentemente, Bendito é o título de DEUS, um título peculiar, e aplicado
a CRISTO (Rm 9.5). E para provar que é o Filho de DEUS,
JESUS os compromete legalmente à sua segunda vinda: “Vereis o Filho do Homem
assentado à direita do Todo-poderoso”. A este Filho do Homem que agora parece
tão indigno e desprezível, que vocês olham e atormentam (Is
53.2,3), vocês irão olhar e tremer, em breve.
Alguém poderia pensar que essas palavras, que o nosso Senhor JESUS parece ter
proferido com grandeza e majestade não coerentes com a sua aparência atual
(pois através da mais espessa nuvem da sua humilhação alguns raios de glória
ainda se arremessavam), teriam estarrecido o tribunal; e, pelo menos na opinião
de alguns deles, teria resultado em uma objeção, ou uma suspensão do
julgamento, e que eles teriam atrasado o processo até que o tivessem considerado
melhor. Quando Paulo, no tribunal, falou sobre o Juízo vindouro, o juiz tremeu
e adiou o julgamento (At 24.25). Mas esses principais dos
sacerdotes estavam tão desgraçadamente cegos pela maldade e pela ira que, como
o cavalo correndo para a batalha, zombaram do medo e não se assustaram, nem
creram que esse era o som da buzina (Jó 39.19-22,24.
Veja também Jó 15.25,26).
VII
O sumo sacerdote, a partir da confissão de CRISTO,
condenou-o por “blasfêmia” (v. 63): Ele “rasgou as suas vestes” – chitonas
autou. Alguns pensam que isso se refere às vestes pontifícias, que, para maior
pompa, ele teria vestido, embora fosse noite, para essa ocasião. Assim como
anteriormente, na sua inimizade contra JESUS CRISTO, ele tinha se comportado
como se não soubesse nada (Jo 11.51,52),
também agora ele agia como quem não sabia o que tinha a obrigação de saber. Se
o ato de Saul de rasgar a capa de Samuel tinha a finalidade de significar que o
reino se rasgava dele (1 Sm 15.27,28),
muito mais o ato de Caifás – de rasgar as suas próprias vestes – significou que
o sacerdócio se rasgava dele. O véu rasgado, no momento da morte de JESUS CRISTO,
significou o fim da antiga dispensação. As vestes de JESUS, mesmo quando Ele
foi crucificado, foram conservadas intactas, e não foram rasgadas. O sacerdócio
levítico foi rasgado em pedaços e destruído, porém o sacerdócio de CRISTO “permanece
eternamente”, ele é um “sacerdócio perpétuo”.
VIII
Eles concordaram que Ele era culpado de
“blasfêmia”, e, como tal, devia ser condenado à morte (v. 64). A questão
parecia ser proposta de maneira justa: “Que vos parece?” Mas na realidade era
prejulgada, pois o sumo sacerdote tinha dito: “Vós ouvistes a blasfêmia”. O
sumo sacerdote judeu expressou o seu julgamento primeiro; porém, como
presidente do tribunal, ele deveria ter votado por último. Assim, “todos o
consideraram culpado de morte”; os amigos que o Senhor JESUS tinha no grande
Sinédrio não estavam presentes; é bem provável que não tivessem sido avisados
de que esse julgamento seria realizado, mesmo por que não foi obedecido um protocolo
de convocação e horários para a realização desse julgamento.
IX
Eles começaram a maltratá-lo, e, como os
filisteus tinham feito com Sansão, divertiram-se com Ele (v. 65).
Aparentemente, alguns dos próprios sacerdotes que o tinham condenado esqueceram-se
da dignidade, e das obrigações da sua posição, e a seriedade que lhes convinha
ter, e ajudaram os seus servos a ridicularizar um prisioneiro condenado. Eles
se divertiram assim, enquanto esperavam pelo amanhecer, para completar as suas
vilanias. Da noite das observâncias (como era chamada a noite da Páscoa), eles
fizeram uma noite festiva. Se eles não pensavam que o fato de maltratarem a CRISTO
os envilecia, será que poderíamos pensar
que aquilo que fazemos para honrá-lo pode nos envilecer?
A
Queda de Pedro
Aqui
temos a história da negação de JESUS por Pedro.
1.
Ela começou quando Pedro manteve distância do Senhor. Pedro tinha seguido o
Senhor de longe (v. 54), e agora estava “embaixo, no átrio” da casa do sumo
sacerdote. Há um grupo que está muito próximo de negar a CRISTO: São aqueles
que têm vergonha de CRISTO, que têm vergonha de atender às ordenanças sagradas,
que se afastam da comunhão com os outros crentes, e que não gostam de se
posicionar abertamente a favor da santidade, do temor e da obediência ao
Senhor.
2.
Ela foi ocasionada pela sua proximidade com os servos do sumo sacerdote, por
estar assentado entre eles. Aqueles que pensam que é perigoso estar na
companhia dos discípulos de CRISTO, porque podem ser levados a sofrer por Ele,
irão achar muito mais perigoso estar na companhia dos seus inimigos, porque
podem ser levados a pecar contra Ele.
3.
Ele foi posto à prova com a acusação de ser um discípulo de CRISTO: “Tu também
estavas com JESUS, o Nazareno” (v. 67). “Este é um dos tais” (v. 69).
“Verdadeiramente, tu és um deles, porque és também galileu” (v. 70). Ele não
estava, aparentemente, sendo desafiado, ou correndo perigo de ser processado
como um criminoso por isso, mas estava apenas sendo provocado, e em risco de
ser ridicularizado por isso. Enquanto os principais dos sacerdotes estavam
atormentando o Mestre, os servos estavam atormentando os discípulos. Às vezes a
causa de CRISTO parece estar situada no lado perdedor, pois todos têm uma pedra
para atirar contra ela, e até mesmo os abjetos se congregam contra ela (veja Sl
35.15). Quando Jó estava numa situação deplorável, ele foi
ridicularizado por aqueles que eram “filhos de gente sem nome” (Jó
30.8). Considerando tudo, a prova não podia ser chamada de
formidável; era apenas uma criada que casualmente olhou para Pedro e,
aparentemente, sem nenhum desejo de causar-lhe qualquer problema, disse: “Tu és
um deles”; e a isto ele não precisava ter respondido nada, ou poderia ter dito:
“e se eu for, eu espero que isto não seja traição”.
4.
O pecado foi muito grave. Ele negou a JESUS diante dos homens, em uma ocasião
em que ele deveria tê-lo confessado e honrado, e ter comparecido ao tribunal
para testemunhar a seu favor. JESUS sempre procurou avisar os seus discípulos
sobre os seus próprios sofrimentos; ainda assim, quando esses sofrimentos
chegaram, eles foram para Pedro uma surpresa e um terror tão grande como se ele
nunca tivesse ouvido falar deles anteriormente. JESUS sempre lhes disse que
eles deviam sofrer por Ele, deviam tomar as suas cruzes, e segui-lo; mas Pedro
sente um medo tão terrível do sofrimento que, com o primeiro alarme, ele irá
mentir e jurar, e fazer qualquer coisa para evitá-lo. Quando JESUS era admirado
e as multidões o seguiam, Pedro era capaz de reconhecer o Senhor prontamente;
mas agora que JESUS está abandonado, e desprezado, e aparentemente destruído,
Pedro se envergonha dele, e não consegue declarar que o conhece e que o ama.
5.
O seu arrependimento foi muito rápido. Por três vezes Pedro repetiu a sua
negação, e a terceira foi a pior delas, pois foi então que ele imprecou e
jurou, para confirmar a sua negação; e esse terceiro golpe, que, poderíamos
pensar, deveria tê-lo abalado e derrubado, o atemorizou e estimulou. Foi então
que o galo cantou pela segunda vez, fazendo com que Ele se lembrasse das
palavras do seu Mestre, do aviso que Ele tinha lhe dado, com referência a essa
situação do galo cantar duas vezes. Ao lembrar-se disso, Pedro se deu conta do
seu pecado, e das suas complicações. E quando refletiu sobre isso, ele chorou.
Alguns dizem que Marcos, que escreveu, como crêem alguns, sob a orientação do
apóstolo Pedro, fala tão integralmente sobre o pecado de Pedro como qualquer
outro, mas fala menos da sua tristeza. Pois Pedro, com modéstia, não desejaria
ver a sua tristeza exaltada, e porque ele pensava que jamais haveria uma
tristeza suficientemente grande para compensar um pecado tão terrível. O seu
arrependimento é expresso aqui desta maneira: epibalon eklaie, que é quando
algo deve ser oferecido. Segundo alguns, ele aumentou o choro, tornando a
expressão um hebraísmo; ele chorou, e quanto mais pensava no assunto, mais
chorava; ele continuou chorando; ele se retirou dali, e chorou; rompeu em
lágrimas; lançou-se ao chão, e chorou; cobriu o seu rosto e chorou, segundo
alguns; cobriu a cabeça com as roupas, para que não pudessem vê-lo chorar. Ele
olhou para o seu Mestre, que se virou e olhou para ele. Esta é a suposição do
Dr. Hammond, e parece uma hipótese provável. Outra possibilidade, de acordo com
a maneira como interpretamos essa frase, é a seguinte: lembrando-se das
palavras de CRISTO, ele chorou. Não será suficiente um pensamento passageiro
daquilo que é humilhante – nós devemos manter este pensamento. Essas palavras
também podem significar que Pedro tomou uma carga sobre si mesmo, trazendo
sobre si a perplexidade. Ele fez como o publicano que batia no peito,
lamentando-se pelo pecado (Lc 18.13), e isto resultou no seu pranto
amargurado.
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MARCOS
15 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
JESUS
É Trazido à Presença de Pilatos
Nessa
passagem, temos:
I
Uma reunião realizada pelo grande Sinédrio,
para fazer a acusação efetiva do nosso Senhor JESUS. Eles se reuniram logo ao
amanhecer para decidir isso, e formaram um grande comitê, para descobrir
maneiras de levá-lo à morte; eles não perderam tempo, mas prosseguiram com o
seu golpe com grande ansiedade, para que não houvesse um tumulto entre o povo.
O empenho incansável das pessoas más em fazer o que é iníquo deve nos
envergonhar pela nossa indolência e preguiça em fazer o que é bom. Aqueles que
combatem a CRISTO e as nossas almas, se levantam cedo. “Ó preguiçoso, até quando
ficarás deitado?”
II
A entrega de JESUS, como prisioneiro, a
Pilatos. Eles o amarraram. Ele deveria ser o grande sacrifício, e os
sacrifícios devem ser atados com cordas (Sl
118.27). JESUS estava amarrado para nos acostumar aos grilhões, e
para nos capacitar, como Paulo e Silas, a cantar acorrentados. É bom que sempre
nos lembremos do Senhor JESUS amarrado, e que nos prendamos àquele que foi
preso por nós. Eles o conduziram pelas ruas de Jerusalém, para expor ao
desprezo Aquele que, enquanto ensinava
no templo, apenas um ou dois dias antes, era considerado com veneração; e bem
podemos imaginar que triste aparência Ele teria, depois de uma noite de maus
tratos como tinha tido; esbofeteado, cuspido, esmurrado e açoitado. O fato de o
entregarem às autoridades romanas era um presságio da ruína da congregação
judaica, que eles mereceram, e atraíram sobre si mesmos; isto queria dizer que
a promessa, o concerto e os oráculos de DEUS e da congregação judaica visível,
que eram a glória de Israel, e que tinham, durante muito tempo, pertencido a
ela, agora seriam entregues aos gentios. Ao entregarem o Rei, eles, na verdade,
entregaram o Reino de DEUS, que é, digamos, por seu consentimento, retirado
deles e entregue a outra nação. Se eles tivessem entregado a JESUS para
satisfazer os desejos dos romanos, ou para satisfazer qualquer inveja deles a
respeito dele, o assunto teria sido diferente; mas eles conspiraram
voluntariamente contra Aquele que era a coroa de Israel, entregando-o àqueles
que eram o jugo de Israel.
III
O interrogatório de Pilatos (v. 2): “Tu és o
Rei dos judeus?” Você realmente pretende ser aquele Messias a quem os judeus
esperam como a um príncipe temporal? – Sim, disse JESUS, é como você está dizendo:
Eu sou aquele Messias, mas não alguém como eles esperam. O Senhor JESUS é o Rei
que governa e protege o seu Israel segundo o espírito (aqueles que são judeus
interiormente pela circuncisão do espírito), e o Rei que irá reprimir e punir
os judeus carnais que persistem na incredulidade.
IV
As acusações apresentadas contra o Senhor JESUS,
e o seu silêncio diante delas. Os principais dos sacerdotes esqueceram a
dignidade da sua posição, quando se converteram em delatores e, pessoalmente,
acusaram a JESUS CRISTO de muitas coisas (v. 3) e testemunharam contra Ele (v.
4). Muitos dos profetas do Antigo Testamento acusavam os sacerdotes da sua
época de grande iniquidade, com o que profetizaram acertadamente sobre esses
sacerdotes (veja Ez 22.26; Os
5.1; 6.9; Mq
3.11; Sf 3.4; Ml
1.6; 2.8). A destruição de Jerusalém pelos
caldeus ocorreu devido à iniquidade dos sacerdotes que derramaram o sangue dos
justos (Lm 4.13). Observe que os sacerdotes iníquos
são, em geral, os piores homens. Quanto melhor alguma coisa é, pior ela fica,
depois de corrompida. Os perseguidores leigos sempre foram considerados mais
misericordiosos do que os eclesiásticos. Esses sacerdotes eram muito fervorosos
e alvoroçados na sua acusação; mas JESUS nada respondia (v. 3). Quando Pilatos
insistiu para que o Precioso JESUS mostrasse que era inocente, e desejava que
Ele o fizesse (v. 4), ainda assim Ele permaneceu calado (v. 5), nada mais
respondeu, algo que Pilatos considerou muito estranho. Ele deu a Pilatos uma
resposta direta (v. 2), mas não responderia aos acusadores e às testemunhas,
porque as coisas que eles afirmavam eram notoriamente falsas, e Ele sabia que o
próprio Pilatos estava convencido de que o eram. Observe que o Senhor JESUS CRISTO
despertava admiração tanto quando falava, como também quando mantinha silêncio.
V
A proposta que Pilatos fez ao povo, de
libertar o Senhor JESUS, pois no dia da festa costumava soltar-lhes um preso
qualquer que eles pedissem. O povo esperava e exigia que ele fizesse como
sempre lhes tinha feito (v. 8). Esse não era um mau costume, e eles queriam que
fosse conservado. Pilatos percebeu que os principais dos sacerdotes tinham
entregado JESUS por inveja, porque Ele tinha tanta reputação junto ao povo que
eclipsava a reputação deles (v. 10). Era fácil perceber, comparando o
entusiasmo dos acusadores com a debilidade das provas, que o que os provocava
não era que JESUS tivesse alguma culpa, mas a sua bondade. O Senhor JESUS não
tinha em si nada prejudicial ou escandaloso, mas somente méritos e glória.
Portanto, tendo sabido o quanto a multidão gostava dele, Pilatos pensou que
poderia, com segurança, apelar ao povo, que se sentiria orgulhoso de libertá-lo
das mãos dos sacerdotes. E assim, Pilatos propôs um meio para que isso fosse
feito sem que houvesse o perigo de tumulto: Se eles exigissem que Ele fosse
libertado, Pilatos estaria pronto a fazê-lo, e calaria a boca dos sacerdotes
com um argumento patente – com o fato de que o povo insistia na sua libertação.
Na verdade, havia outro prisioneiro, um homem chamado Barrabás, que era muito
querido e que teria alguns votos; mas Pilatos não tinha dúvidas de que JESUS o
derrotaria nessa escolha.
VI
Os clamores unânimes e vergonhosos do povo,
para condenar JESUS à morte, e, particularmente, para crucificá-lo. Foi uma
grande surpresa para Pilatos, quando percebeu que as pessoas estavam tão
influenciadas pelos sacerdotes, a ponto de todas concordarem em pedir que
Barrabás fosse libertado (v. 11). Pilatos opôs-se a isto o quanto pôde: Que
quereis, pois, que faça daquele a quem chamais Rei dos judeus? Não desejais que
eu o liberte também? (v. 12). Não, disseram eles, “crucifica-o”. Os sacerdotes
tinham colocado esta palavra na boca do povo, que insistia nisso; quando
Pilatos objetou: “Mas que mal fez?” (uma pergunta muito importante em um caso
como esse), eles não tiveram nenhuma intenção de responder, mas clamaram ainda
mais, como se estivessem cada vez mais instigados e irritados pelos sacerdotes:
“Crucifica-o, Crucifica-o”. Os sacerdotes, que estavam muito ocupados
misturando-se com a multidão, juntamente com os seus servos, com a finalidade
de manter o clamor, entendiam que isso forçaria Pilatos a condená-lo, de duas
maneiras: 1. Isso poderia levá-lo a pensar que JESUS era culpado, por haver um
clamor tão generalizado contra Ele. “Certamente”, poderia pensar Pilatos, “Ele
deve ser um homem mau, de quem todo o mundo está cansado”. Então ele poderia
concluir que tinha sido mal-informado, quando tinha ouvido falar do quanto o
povo gostava de JESUS, e que na realidade as coisas não eram assim. Mas os
sacerdotes tinham corrido tanto com a acusação, que podemos supor que aqueles
que eram amigos de JESUS, e que teriam se oposto a esse clamor, estavam do
outro lado da cidade, e nada sabiam a respeito disso. Observe que sempre foi um
artifício comum de Satanás, o de colocar a CRISTO e à sua religião sob uma má
reputação, tentando, desta maneira, destruí-los. Como essa seita – como eles a
chamavam – vem a ser combatida em todos os lugares, embora sem razão, então
deve-se considerar isso como causa suficiente para condená-la; mas julguemos as
pessoas e as coisas pelos seus méritos e pelos padrões da Palavra de DEUS, e
não prejulguemos segundo a fama comum e o clamor de uma nação. 2. Isso poderia
levá-lo a condenar a JESUS para agradar ao povo, e, na verdade, por temor de
desagradar ao povo. Embora Pilatos não fosse tão fraco a ponto de ser
controlado pela opinião do povo, a ponto de crer que o Senhor JESUS fosse
culpado, ainda assim ele era tão iníquo a ponto de ser manejado pela indignação
deles, chegando a condenar alguém que ele mesmo julgava inocente. Pilatos era,
portanto, induzido por razões de Estado, e pela sabedoria do mundo. O nosso
Senhor JESUS, ao morrer como um sacrifício pelos pecados de muitos, foi vítima
da ira de muitos.
JESUS
É Insultado e Condenado
Vemos
aqui que:
I
Pilatos, para satisfazer a maldade dos judeus,
entrega JESUS para ser crucificado (v. 15). Desejando satisfazer a multidão –
fazer o suficiente para eles (é esse o significado da palavra) – e deixá-los tranquilos,
para que ele pudesse acalmá-los, soltou-lhes Barrabás, que era o escândalo e a
praga da nação deles, e entregou JESUS – aquele que era a glória e a benção da
nação deles – para que fosse crucificado. Embora Pilatos tivesse mandado
açoitá-lo anteriormente, esperando que isto satisfizesse a multidão, que não
desejaria crucificá-lo, ainda assim ordenou os açoites novamente; pois não é de
admirar que aquele que pôde ser persuadido a castigar alguém que era inocente (Lc
23.16), pudesse, gradativamente, ser persuadido a crucificá-lo.
CRISTO
foi crucificado, pois esta morte era: 1. Uma morte sangrenta, e sem
derramamento de sangue não há remissão (Hb
9.22). O sangue é a vida (Gn
9.4); é o condutor dos espíritos animais, é o que conecta a alma ao
corpo, de modo que o esvaziamento do sangue é o esvaziamento da vida. JESUS CRISTO
deveria dar a sua vida por nós, e, portanto, era necessário derramar o seu
sangue. É o sangue que fará expiação pela alma (Lv
17.11), e, portanto, em todos os sacrifícios de propiciação, havia
os cuidados especiais para o derramamento do sangue, e que este fosse esparzido
diante do Senhor. JESUS CRISTO derramou o seu sangue para que pudesse cumprir toda
a tipologia que lhe dizia respeito. 2. Uma morte dolorosa; as dores eram
intensas e agudas, pois a morte atacava os órgãos vitais a partir das partes
externas, que respondem mais rápido aos sentidos. JESUS morreu de uma maneira
que Ele pudesse sentir que estava morrendo, porque Ele deveria ser, ao mesmo
tempo, o sacerdote e o sacrifício. Ele precisava estar ativo ao morrer; porque
Ele deveria fazer, da sua vida, uma oferenda pelo pecado. Tully chama a
crucificação de Teterrimum supplicium – A punição mais tremenda: CRISTO encontraria
a morte no seu maior grau de terror, e assim a derrotaria. 3. Uma morte
vergonhosa, a morte dos escravos e dos piores malfeitores; assim ela era
considerada entre os romanos. A cruz e a vergonha são colocadas lado a lado. Como
DEUS tinha sido ofendido em sua honra, pelo pecado do homem, é em sua honra que
JESUS CRISTO faz a compensação, não somente renunciando às honras devidas à sua
natureza divina, e despojando-se delas, mas submetendo-se à maior censura e
ignomínia que a natureza humana era capaz de suportar. Mas isso ainda não era o
pior. 4. Uma morte amaldiçoada; assim era considerada pela lei judaica (Dt
21.23); o pendurado é maldito de DEUS, está sob uma marca peculiar
do desprazer de DEUS. Esse foi o tipo de morte à qual foram condenados os
filhos de Saul, quando a culpa pela casa sanguinária do seu pai foi expiada (2
Sm 21.6 – os enforcados e os crucificados eram considerados como
“dependurados”). Hamã e seus filhos foram enforcados (Et
7.10; 9.13). Não lemos que nenhum dos profetas do
Antigo Testamento tenha sido enforcado; mas agora que JESUS se submeteu a ser
pendurado em um madeiro, a censura e a maldição desse tipo de morte estão
eliminadas, de modo que não haveria nenhum impedimento ao consolo daqueles que
morrem, inocente ou penitentemente, nem haveria nenhuma diminuição; mas, na
verdade, um acréscimo à glória daqueles que morrerem como mártires por JESUS CRISTO,
se forem, como Ele foi pendurado em um madeiro.
II
Pilatos, para satisfazer o desejo de zombaria
dos soldados romanos, entregou-o a eles, para que o maltratassem, enquanto eram
feitos os preparativos para a execução. Eles convocaram toda a coorte – o
regimento que estava em serviço – e levaram-no para dentro do palácio, onde
insultaram de maneira vil o nosso Senhor JESUS, chamando-o de rei, da mesma maneira
como, na casa do sumo sacerdote, os servos tinham zombado dele, chamando-o de
profeta e salvador. 1. Os reis vestem túnicas de cor púrpura ou escarlate? Eles
o vestiram de púrpura. Este insulto feito a JESUS CRISTO na sua aparência devia
ser uma indicação aos cristãos, para que não fizessem das vestes os seus
adornos (1 Pe 3.4). Será que uma túnica púrpura ou
escarlate – que foi motivo de escárnio e vergonha para JESUS CRISTO – poderia
ser motivo de orgulho para um cristão? 2. Os reis usam coroas? Tecendo uma
coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça. Uma coroa de palha, ou de junco,
já teria sido brincadeira suficiente; mas isto também era dor. Ele usou a coroa
de espinhos que nós merecemos, para que pudéssemos usar a coroa de glória que
Ele merece. Nós devemos aprender com esses espinhos, como Gideão ensinou os
homens de Sucote a odiarem o pecado, a não ficarem à mercê do pecado, nem
sujeitos ao pecado. Devemos permanecer apaixonados por JESUS CRISTO, que é aqui
um lírio entre espinhos. Se, em alguma ocasião, nós sofrermos com um espinho na
carne, que o nosso consolo seja a lembrança de que o nosso Sumo Sacerdote sente
as nossas fraquezas, porque conheceu pessoalmente o que significam espinhos na
carne. 3. Os reis são saudados por aclamações dos seus súditos, que dizem:
“Longa vida ao rei?” Também isto é imitado; eles o saudaram, dizendo: “Salve,
Rei dos judeus”; tal príncipe e tal povo eram adequados um ao outro. 4. Os reis
têm cetros em suas mãos, símbolos de domínio, assim como a coroa é um símbolo
de dignidade; para imitar isto, eles colocaram uma cana na sua mão direita.
Aqueles que desprezam a autoridade de JESUS CRISTO, como algo que não deve ser
observado e obedecido, que não consideram nem os preceitos da sua Palavra nem
as ameaças da sua ira, colocam, realmente, uma cana na sua mão; e, na verdade,
como esses soldados que o ferem na cabeça com ela, que é a indignidade que os
desobedientes lhe fazem. 5. Os súditos, quando juravam lealdade, tinham o
hábito de beijar o seu soberano; e isto eles se ofereceram para fazer, mas, em
vez de beijá-lo, cuspiram nele. 6. É costume ficar de joelhos diante do rei; e
isto também eles incluíram na zombaria, pois, postos de joelhos, simulavam uma
adoração; isto eles fizeram em zombaria, para se divertirem. Pelo pecado nós
nos tornamos merecedores da vergonha e do desprezo eternos; e para nos libertar
deles, o nosso Senhor JESUS se submeteu a essa vergonha e a esse desprezo, por
nós. Assim Ele foi ridicularizado, não nas suas próprias roupas, mas nas de
outros, significando que Ele não sofria pelo seu próprio pecado; o crime era
nosso, mas a vergonha era dele. Aqueles que fingem se submeter a JESUS CRISTO,
mas que, ao mesmo tempo, se entregam ao serviço do mundo e da carne, na
realidade, estão fazendo a mesma coisa que esses soldados fizeram, quando se
ajoelharam diante do Senhor JESUS em uma vil zombaria, e o insultaram, dizendo:
“Salve, Rei dos judeus”, quando na realidade diziam: Não temos rei, senão o
César (Jo 19.15). Aqueles que dobram os joelhos
diante de JESUS CRISTO, mas não dobram a alma, que se aproximam dele com
palavras e o honram com os seus lábios, mas seus corações estão longe dele,
fazem-lhe a mesma ofensa que esses soldados lhe fizeram.
III
Os soldados, à hora indicada, levaram-no do
tribunal de Pilatos ao lugar da execução (v. 20), como uma ovelha ao matadouro.
Ele foi conduzido pelos obreiros da iniquidade, embora não tivesse pecado. Mas
para que a sua morte, sob o peso da cruz que Ele devia carregar, não impedisse
as próximas crueldades que eles tinham em mente, constrangeram um certo Simão
Cireneu a levar a cruz por Ele. Simão passava por ali, vindo do campo, sem
sequer imaginar a situação que logo o envolveria. Observe que não devemos achar
estranho se cruzes nos aparecerem de repente, e nos surpreenderem. A cruz era
uma carga realmente incômoda e penosa: mas aquele que a carregou alguns minutos
teve a honra de ter o seu nome registrado no Evangelho, e, se não fosse isso,
seria uma pessoa obscura. Onde quer que o Evangelho for pregado, essa passagem
será mencionada como um memorial para Simão Cireneu. Da mesma maneira, embora
nenhuma aflição e nenhuma cruz, no presente, tragam alegria, mas tristeza, no
futuro a cruz trará uma coroa de glória àqueles que nela forem exercitados.
A
Crucificação
Aqui
temos o relato da crucificação do nosso Senhor JESUS.
I
O lugar onde Ele foi crucificado. Tinha o nome
de Gólgota – o lugar da Caveira: alguns pensam que esse nome se devia às cabeças
dos malfeitores que ali eram cortadas. Era o lugar usual de execução, conforme
Tyburn, pois o Senhor JESUS foi, em todos os aspectos, incluído entre os
transgressores. Eu não sei como admitir isso, mas muitos dos antigos mencionam,
como uma tradição corrente, que nesse lugar foi sepultado o nosso primeiro pai,
Adão, e eles julgam que é altamente coerente que CRISTO fosse crucificado ali;
pois assim como em Adão todos morrem, em CRISTO todos viverão. Tertuliano,
Orígenes, Crisóstomo e Epifânio (grandes nomes) observam isso; na verdade,
Cipriano acrescenta: Creditur a piis – Muitas pessoas boas crêem que o
sangue de CRISTO crucificado gotejou sobre o esqueleto de Adão, que foi
enterrado no mesmo lugar. Uma tradição com um pouco mais de credibilidade diz
que este monte Calvário era aquele monte na terra de Moriá (e na terra de Moriá
certamente era, pois assim era chamada a região ao redor de Jerusalém), na qual
Isaque deveria ser apresentado como uma oferta; e foi feita a oferta de um
carneiro em seu lugar; e assim Abraão se referia a essa época de CRISTO, quando
chamou o lugar de Jeová-jiré – o Senhor proverá, esperando que assim ocorresse
no monte do Senhor.
II
A hora em que Ele foi crucificado: “E era a
hora terceira” (v. 25). Ele tinha sido trazido diante de Pilatos
aproximadamente à hora sexta (Jo 19.14), de acordo com o sistema romano
de horas, que João utiliza, cuja correspondência com o nosso sistema atual
indica que eram seis horas da manhã; e então, à hora terceira, segundo o
sistema judeu de horas, isto é, aproximadamente às nove horas da manhã, ou
pouco tempo depois, eles o crucificaram. Dr. Lightfoot opina que a hora
terceira é aqui mencionada para indicar uma agravante à maldade dos sacerdotes:
eles estavam aqui, conduzindo JESUS CRISTO à morte, embora já tivesse passado a
hora terceira, quando deveriam estar em serviço no templo, fazendo as ofertas
pacíficas. Era o primeiro dia da festa dos Pães Asmos, quando deveria haver uma
congregação geral. Naquela mesma hora, quando deveriam estar, de acordo com o
dever da sua posição, presidindo as devoções públicas, eles estavam aqui
expelindo a sua maldade contra o Senhor JESUS; e esses eram os homens que
pareciam tão zelosos pelo templo, e condenaram a JESUS por pensarem que falou
contra ele. Há muitos que fingem estar do lado da igreja, mas não se preocupam
com a frequência com que vão à Casa de DEUS, a igreja.
III
As indignidades que lhe foram feitas, quando
estava pregado na cruz. Como se já não houvesse afrontas suficientes, eles
acrescentaram várias outras coisas à sua ignomínia.
1.
Como era costumeiro dar vinho às pessoas que eram condenadas à morte, eles o
misturaram com mirra, que era amarga e o tornava enjoativo. Ele o provou, mas
não o tomou. O Senhor estava disposto a reconhecer que era amarga, mas não
queria nenhum benefício daquela bebida.
2.
Como as roupas daqueles que eram executados – assim como acontece na nossa
época – eram o pagamento dos executores, os soldados lançaram sortes sobre as
suas vestes (v. 24), com dados (como os nossos soldados fazem hoje):
divertindo-se, dessa maneira, com a sua infelicidade, e jogando enquanto Ele
estava suspenso em dor.
3.
Eles colocaram uma inscrição acima da sua cabeça, pela qual pretendiam
reprová-lo, mas, na verdade, essa lhe dava honra e justiça: “O Rei dos judeus”
(v. 26). Ali não era declarado nenhum crime, somente se reconhecia a sua
soberania. Talvez Pilatos desejasse provocar a infelicidade de CRISTO como um
rei frustrado, ou a dos judeus, que, pela sua impertinência o tinham forçado,
contra a sua consciência, a condenar JESUS, como um povo que não merecia ter um
rei melhor do que Ele parecia ser. No entanto, DEUS pretendia que ela fosse a
proclamação do Rei de Israel, do próprio CRISTO sobre a cruz; porém Pilatos não
sabia a profundidade daquilo que tinha escrito, assim como Caifás não sabia o
que tinha dito (Jo 11.51). O CRISTO crucificado é o Rei da
sua Igreja, o seu Israel espiritual; e mesmo quando Ele estava suspenso na
cruz, Ele estava atuando como um Rei, derrotando os seus inimigos, e os do seu
povo, e deles triunfou em si mesmo (Cl
2.15). Ele estava escrevendo as suas leis com o seu próprio sangue,
e preparando os favores que concederia aos seus súditos. Quando nós olhamos
para o CRISTO crucificado, devemos nos lembrar da inscrição que foi colocada acima
da sua cabeça: Ele é um Rei, e nós devemos renunciar a nós mesmos para sermos
seus súditos, como verdadeiros israelitas.
4.
Eles crucificaram dois salteadores com Ele, um à sua direita, outro à sua
esquerda, e Ele no centro, como o pior dos três (v. 27); tal era o grau de
desonra que eles lhe conferiam dessa maneira. E, sem dúvida, esses também o
perturbaram. Alguns que foram aprisionados nos cárceres comuns, por terem
testemunhado a respeito de JESUS, reclamaram mais da companhia de prisioneiros
que amaldiçoavam e praguejavam, do que de qualquer outro sofrimento que tenham
vivido na prisão. Junto a esse tipo de pessoas o nosso Senhor JESUS foi
crucificado; enquanto viveu, Ele tinha se relacionado com pecadores, quando
houve oportunidade, para fazer-lhes bem; e agora, quando estava morrendo, Ele
era, com o mesmo objetivo, reunido a eles, pois Ele veio ao mundo e saiu dele
para salvar os pecadores, até mesmo os maiores. Mas Marcos chama a atenção, em
particular, para o cumprimento das Escrituras através desse evento (v. 28).
Naquela famosa predição dos sofrimentos de CRISTO (Is
53.12), estava predito que Ele seria contado com os malfeitores,
porque Ele se fez pecado por nós.
5.
Os espectadores, isto é, a maioria deles, em vez de se apiedarem de JESUS em
meio a essa desgraça, aumentaram-na, insultando-o. Certamente, nunca houve um
exemplo de desumanidade tão bárbara, nem mesmo para o pior dos malfeitores: mas
assim o demônio exibia a sua máxima fúria, e assim o Senhor se submetia às
maiores desonras que lhe podiam ser feitas.
(1)
Até mesmo aqueles que passavam, que não tinham nada a ver com o caso,
blasfemavam dele (v. 29). Mesmo que os seus corações estivessem tão
insensíveis, a ponto da sua compaixão não ser despertada por tal espetáculo,
ainda assim eles deveriam ter se contentado em ter a sua curiosidade
satisfeita; mas isto não foi suficiente; como se eles não somente estivessem
despidos de toda a humanidade, mas fossem demônios sob a forma humana, eles o
ridicularizavam, e se expressavam com grande ódio a Ele, e lhe arremessavam as
suas flechas, as palavras mais amargas. Os principais dos sacerdotes, sem
dúvida, colocavam esse sarcasmo nas bocas: “Tu que derribas o templo e, em três
dias, o edificas! Salva-te a ti mesmo e desce da cruz”. Eles comemoraram como
se, agora que Ele estava sobre a cruz, não houvesse o perigo de que Ele
destruísse o templo; ao passo que Ele estava destruindo o templo do qual
falava, e realmente o edificou em três dias; e o templo do qual eles falavam,
Ele realmente destruiu, por meio dos homens, que eram a sua espada e a sua mão,
poucos anos depois. O perigo está mais pronto a cercar os pecadores justamente
quando se sentem mais seguros e tranquilo, pensando que já não estão mais
correndo nenhum risco. O dia do Senhor virá como o ladrão para aqueles que
negam a sua vinda, e dizem: Onde está a promessa da sua vinda? E muito mais
sobre aqueles que desafiam a sua vinda, dizendo: Apressa-te e conclua a tua
obra.
(2)
Os principais dos sacerdotes que, tendo sido escolhidos entre os homens, e
ordenados para servir aos homens, deveriam ter compaixão até mesmo daqueles que
não seguem o caminho correto. Eles deveriam se compadecer ternamente daqueles
que estão sofrendo e morrendo (Hb 5.1,2),
porém derramavam vinagre, em vez de óleo, nas suas feridas, e conversavam sobre
a dor Daquele a quem DEUS feriu (Sl
69.26); zombavam Dele, e diziam: “Salvou os outros” – curou e ajudou
os outros, e agora parece que não o fazia pelo seu próprio poder – “e não pode
salvar-se a si mesmo”. Eles o desafiavam a descer da cruz, se pudesse (v. 32).
Disseram que se vissem apenas isso, acreditariam. Porém não creram quando Ele
lhes deu um sinal ainda mais convincente do que esse, quando saiu da sepultura.
Esses principais dos sacerdotes podiam agora encontrar outro trabalho: se eles
não desejavam cumprir o seu dever no templo, ainda assim poderiam estar
trabalhando em algo que não fosse estranho à sua profissão de fé. Embora não
oferecessem nenhum conselho ou consolo ao Senhor JESUS, poderiam ter prestado
algum auxílio aos ladrões nos seus últimos momentos (os monges e os sacerdotes
nos países papistas são muito obsequiosos para com os criminosos mortos na
roda, um tipo de morte muito semelhante à morte na cruz); mas eles não acharam
que essa fosse uma função deles.
(3)
Até mesmo aqueles que estavam crucificados com o Senhor JESUS o ofendiam (v.
32); um deles o fez, mostrando quão miseravelmente endurecido estava o seu
coração, até mesmo quando estava nas profundezas da miséria, e às portas da
eternidade.
A
Crucificação
Aqui
temos uma narrativa da morte de CRISTO, da maneira como os seus inimigos o
maltrataram, e como DEUS o honrou na sua morte.
I
Houve trevas sobre toda a terra (alguns crêem
que houve trevas sobre todo o planeta), durante três horas, desde o meio-dia até
as três horas da tarde. Então se cumpriam as Escrituras (Am
8.9): “Farei que o sol se ponha ao meio-dia e a terra se entenebreça
em dia de luz”; e Jeremias 15.9: “Pôs-se o seu sol sendo
ainda de dia”. Os judeus frequentemente exigiam de JESUS CRISTO um sinal do
céu; e agora eles tinham um sinal, mas um sinal que significava o cegar dos
seus olhos. Foi um sinal das trevas que sobrevieram sobre a sinagoga e a nação
judaicas. Eles estavam fazendo tudo o que podiam para extinguir o Sol da
justiça, que agora se punha, e cujo renascer eles nunca reconheceriam; e então,
o que poderia ser esperado, entre eles, a não ser algo pior do que a escuridão
no Egito? Isto queria lhes dizer que as coisas que pertenciam à sua paz estavam
agora ocultas dos seus olhos, e que era chegado o Dia do Senhor, que seria para
eles um dia de trevas e tristeza (Jl
2.1,2). Era sob o poder das trevas que eles se
encontravam agora, eram as obras das trevas que eles realizavam agora; e assim
ocorreria, com razão, a perdição daqueles que preferiam as trevas à luz.
II
Quase no final dessas trevas, o nosso Senhor JESUS,
na agonia da sua alma, exclamou: “DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?”
(v. 34). As trevas significavam a nuvem sob a qual a alma humana de CRISTO se
encontrava então, quando Ele fazia de si mesmo uma oferta pelo pecado. O Sr.
Fox, em sua obra Acts and Monuments (vol. 3, p. 160), fala de um certo Dr.
Hunter, um mártir na época da rainha Maria, da Inglaterra, que, amarrado a uma
estaca, onde seria queimado vivo, proferiu esta curta oração: “Filho de DEUS,
brilhe sobre mim”; e imediatamente o sol no firmamento brilhou através daquela
nuvem escura, atingindo o seu rosto tão em cheio, que ele foi forçado a olhar
para o outro lado, e isto lhe foi um grande consolo. Mas ao nosso Senhor JESUS,
ao contrário, foi negada a luz do sol, quando Ele estava em meio a esses
sofrimentos, para representar a retirada da luz do rosto de DEUS. E disso Ele
se queixa, mais do que de qualquer outra coisa. Ele não se queixou quando os
seus discípulos o abandonaram, mas quando o seu PAI o fez: 1. Porque este
abandono feriu o seu espírito; e isto é muito difícil de suportar (Pv
18.14). Foi algo que trouxe as águas à sua alma (Sl
69.1-3). 2. Porque com isso, particularmente, Ele se fez pecado por
nós; as nossas iniquidades tinham merecido a indignação e a ira sobre a alma (Rm
2.8), e, portanto, JESUS CRISTO, tendo se tornado um sacrifício,
padeceu o quanto foi capaz; e realmente não poderia deixar de suportar o máximo
Aquele que tinha estado no seio do PAI desde a eternidade, e que era sempre a
sua luz. Esses sintomas da ira divina, à qual CRISTO se submetia nos seus
sofrimentos, eram como aquele fogo celestial que tinha sido enviado algumas
vezes, em casos extraordinários, para consumir os sacrifícios (como em Lv
9.24; 2 Cr 7.1; 1
Rs 18.38), e que era sempre um sinal da aceitação de DEUS. O fogo
que teria caído sobre o pecador, se DEUS não tivesse sido acalmado, caiu sobre
o sacrifício, como um sinal de que a sua ira foi realmente aplacada. Por isso
agora caía sobre CRISTO, e arrancava dele esse clamor amargo. Quando Paulo ia
ser oferecido como sacrifício pelo serviço da fé dos santos, ele pôde
alegrar-se e regozijar-se (Fp 2.17); mas é algo diferente ser
oferecido como um sacrifício pelos pecados dos pecadores. Então, à hora sexta,
e até à nona, o sol se escureceu por um eclipse extraordinário. E se for
verdade, como calculam alguns astrônomos, no entardecer desse dia em que CRISTO
morreu houve um eclipse da lua, que era natural e esperado, com o qual 7/12 da
lua se escureceram. Ele continuou das cinco horas da tarde até às sete. Isto é
notável, e ainda mais representativo da escuridão que houve então. O sol se
escureceu, e a lua não deu a sua luz.
III
A oração de JESUS foi ridicularizada por
aqueles que estavam ali (vv. 35,36); por Ele ter exclamado: Eli, Eli, ou
(conforme o texto de Marcos, de acordo com o dialeto aramaico) “Eloí, Eloí”,
eles disseram: “Eis que chama por Elias”, embora soubessem muito bem o que Ele
tinha dito, e que queria dizer: “DEUS meu, DEUS meu”. Assim quiseram sugerir
que Ele orava aos santos, ou porque Ele tinha abandonado a DEUS, ou porque DEUS
o tinha abandonado; e com isso eles o tornariam ainda mais detestado pelo povo.
Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e a levou até Ele, numa cana:
Vamos deixar que Ele refresque a boca com isto, que é uma bebida
suficientemente boa para Ele (v. 36). A intenção de quem fez isso era causar
mais uma afronta a Ele; e quem quer que tentasse deter aquele que fez isso,
somente pioraria a ofensa: Deixe-o em paz; Ele chamou Elias; vamos ver se Elias
virá tirá-lo daí; e, se isto não acontecer, nós poderemos concluir que ele
também o abandonou.
IV
JESUS CRISTO novamente exclamou, e assim
entregou o seu espírito (v. 37). Ele entregava então a sua alma nas mãos do seu
PAI; e embora DEUS não se comova com nada físico, esse grande brado representou
a grande força e a fervorosa afeição com que Ele o expressou. Tudo isso nos
ensina que em tudo o que estivermos relacionados com DEUS, reunamos as nossas
forças ao máximo, realizando todas as obrigações da religião, particularmente a
renúncia a nós mesmos, com todo o nosso coração e com toda a nossa alma. E então,
mesmo que não tenhamos voz para poder exclamar com grande voz, como CRISTO fez,
ainda assim que DEUS seja a força do coração, que não falhará. CRISTO real e
verdadeiramente morreu, pois Ele entregou o seu espírito; a sua alma humana
partiu para o mundo dos espíritos, e deixou o seu corpo como um corpo físico
feito da terra, sem vida.
V
Exatamente nesse instante em que JESUS CRISTO morreu
no Calvário, o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo (v. 38). Isto
evidenciava muitas coisas: 1. Sobre o terror dos judeus incrédulos; pois esse
era um presságio da destruição total da sua sinagoga e nação, que aconteceu
pouco tempo depois disso. Foi como uma separação total do cajado e da beleza
(pois esse véu era extraordinariamente esplêndido e glorioso, Êx
26.31), e que aconteceu ao mesmo tempo em que mataram Aquele por
quem pagaram trinta moedas de prata (Zc
11.10,12), quebrando a aliança que Ele tinha
feito com esse povo. Agora era o momento de gritar Icabô – foi-se a glória de
Israel. Alguns pensam que a história relatada por Josefo, de que a porta do
templo se abriu de per si, com aquelas palavras: Vamos embora daqui, alguns
anos antes da destruição de Jerusalém, é a mesma história relatada aqui; mas
isto não é provável; no entanto, esta tinha o mesmo significado daquela (Os
5.14): “Eu despedaçarei e ir-me-ei embora”. 2. Isso evidencia uma
grande dose de consolo a todos os cristãos fiéis, pois significa a consagração
e a abertura, para nós, de um caminho novo e vivo até o Santo dos Santos por
meio do sangue de JESUS.
VI
O centurião que comandava o destacamento
encarregado de supervisionar a execução se convenceu, e confessou que esse JESUS
era o Filho de DEUS (v. 39). Uma coisa que o surpreendeu foi que Aquele que
exclamou e entregou o espírito tenha sido capaz de bradar dessa maneira estando
prestes a morrer. Isso foi algo muito surpreendente. Em todos os tristes
espetáculos desse tipo, o centurião nunca tinha observado nada semelhante; e o
fato de alguém que tinha forças para gritar dessa maneira, imediatamente
entregar o espírito, o fez pensar; e ele disse, para a honra de CRISTO, e a
vergonha daqueles que o tinham maltratado e assassinado: “Verdadeiramente, este
homem era o Filho de DEUS”. Mas que razão tinha ele para dizer isso? Eu
respondo o seguinte: 1. O centurião tinha várias razões para dizer que o Senhor
JESUS tinha sofrido injustamente, e que muitas coisas erradas tinham sido
feitas contra Ele. Observe que Ele sofreu por dizer que era o Filho de DEUS; e
era verdade, Ele realmente o disse. Então, como Ele sofreu injustamente – algo
que ficou claro através de todas as circunstâncias do seu sofrimento – logo, o
que Ele dizia era verdade, e Ele era de fato o Filho de DEUS. 2. O Senhor JESUS
tinha razão de dizer que era o favorito do céu, e alguém com quem o
Todo-Poderoso tinha um envolvimento especial, tendo em vista a maneira como o
Céu o honrou na sua morte, e desaprovou aqueles que o perseguiram.
“Certamente”, pensa o centurião, “esta deve ser alguma pessoa divina, muito
amada por DEUS”. Ele expressa isso com palavras que indicam a eternidade do
Senhor JESUS CRISTO, como DEUS, e a sua indicação especial para o cargo de
Mediador, embora ele não quisesse dizer isto. O nosso Senhor JESUS, até mesmo
nas profundezas dos seus sofrimentos e humilhação, era o Filho de DEUS, e assim
foi confirmado com poder.
VII
Ali estavam alguns dos seus amigos,
especialmente as boas mulheres, que o ajudavam (vv. 40,41). Havia mulheres
olhando de longe: os homens não se atreveram a ser vistos, pois a multidão
estava excessivamente furiosa. Currenti cede furori – Abrir caminho para a
torrente furiosa, pensaram eles, é o melhor conselho agora. As mulheres não
ousaram aproximar-se, mas ficaram à distância, dominadas pela dor. Algumas
dessas mulheres são mencionadas pelo nome. Maria Madalena era uma delas; ela
tinha sido abençoada pelo Senhor JESUS, e devia todo o seu conforto ao seu
poder e à sua bondade, pois Ele a libertou da possessão de sete demônios, e,
como gratidão por isto, ela achava que nunca poderia fazer nada suficientemente
bom por Ele. Maria também estava ali, a mãe de Tiago, o menor, Jacobus parvus,
é a palavra; provavelmente ele era assim chamado porque era, como Zaqueu,
baixo, tinha pouca altura. Esta Maria era a esposa de Cleopas ou Alfeu, irmã de
Maria de Nazaré. Estas mulheres tinham seguido a JESUS desde a Galiléia, embora
não fossem obrigadas a comparecer à Festa, como eram os homens; mas é provável
que elas tenham vindo, na expectativa de que o seu reino temporal iria se
estabelecer dentro de pouco tempo, e com muitas esperanças de promoção para si mesmas
e para os seus parentes, através dele. Está claro que esta era a esperança da
mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20.21). E agora, ver sobre a cruz aquele
que elas pensavam que veriam sobre um trono, não podia deixar de ser um grande
desapontamento para elas. Observe que aqueles que seguem a JESUS CRISTO esperando
grandes coisas neste mundo, através dele, e da profissão da sua religião,
provavelmente viverão para se sentirem desapontados e tristes.
O
Sepultamento de CRISTO
Chegamos
então ao sepultamento de nosso Senhor JESUS CRISTO, um funeral solene e
pesaroso. Oh! Possamos nós, pela graça, ser sepultados de maneira semelhante!
Observe:
I
Como se pediu o corpo de JESUS. Ele estava,
como os cadáveres dos malfeitores, à disposição do governo. Aqueles que o
levaram apressadamente até à cruz, desejavam que Ele tivesse o seu sepulcro
juntamente com os iníquos e maus; mas DEUS determinou que Ele o tivesse com os
ricos (Is 53.9), e assim foi feito. Aqui, vemos:
1.
Quando foi pedido o corpo de JESUS, para o seu sepultamento, e por que houve
tanta pressa para o enterro. Era chegada à noite, e “era o Dia da Preparação,
isto é, a véspera do Sábado” (v. 42). Os judeus eram mais rígidos na
observância do sábado do que de qualquer outra festa; portanto, embora esse dia
fosse um dia festivo, ainda assim eles o observavam da maneira mais religiosa,
porque era a véspera do sábado. Era naquele dia que eles preparavam as suas
casas e mesas para a cerimônia esplêndida e alegre do sábado. Considere que a
véspera do sábado deveria ser um dia de preparação para o sábado, não das
nossas casas e mesas, mas dos nossos corações, que, tanto quanto possível,
deveriam estar livres das preocupações e dos negócios do mundo, e determinados e
dispostos para servirmos a DEUS e desfrutarmos a sua preciosa presença. Há
tanto trabalho para ser feito, e tantos são os benefícios que são obtidos no
sábado, que é necessário que nos preparemos para ele no dia anterior; ou
melhor, toda a semana deveria ser dividida entre o aproveitamento do sábado
anterior e a preparação para o sábado seguinte.
2.
Quem pediu o corpo, e cuidou para que o Senhor tivesse um enterro decente, foi
José de Arimatéia, que aqui é chamado de senador honrado (v. 43), uma pessoa de
caráter e distinção, que ocupava um cargo público de confiança; alguns
acreditam que ele trabalhava no governo, e que era um dos conselheiros
particulares de Pilatos. Porém outros entendem que o seu cargo deve ter sido na
sinagoga; ele era um dos membros do grande Sinédrio dos judeus, ou um dos
membros do conselho do sumo sacerdote. Ele era euschemon bouleutes – um
conselheiro que se comportava de uma forma adequada a alguém que tivesse a sua
posição. São verdadeiramente honrados aqueles, e somente aqueles, que estando
em uma posição de poder e confiança, têm consciência do seu dever, e cujo
comportamento está de acordo com a sua posição de destaque. Mas aqui está uma
característica mais esplendorosa daquele homem; ele era alguém que também
esperava o Reino de DEUS, o reino da graça na terra, e da glória no céu, o
reino do Messias. Observe que aqueles que esperam o Reino de DEUS, e esperam
participar dos seus privilégios, devem mostrar, pelo seu entusiasmo, que
reconhecem a causa de DEUS, mesmo quando ela parece ser esmagada e destruída.
Note que até mesmo em meio aos senadores honoráveis havia alguns – ou pelo
menos um – que esperavam o Reino de DEUS, e cuja fé condenará a incredulidade
de todos os demais. DEUS chamou esse homem para esse serviço necessário, quando
nenhum dos discípulos de CRISTO poderia – ou ousaria – realizá-lo, não tendo
nem dinheiro, nem interesse, nem coragem para isso. José foi a Pilatos com
ousadia; embora ele soubesse o quanto isso iria irritar os principais dos
sacerdotes, que o tinham censurado tanto. Eles não suportariam ver alguma honra
feita ao Senhor JESUS, mas ainda assim ele se encheu de coragem; talvez, no
início, ele estivesse um pouco temeroso, mas ousadamente – enchendo-se de coragem, ele determinou que
demonstraria esse respeito pelos restos mortais do Senhor JESUS, assumindo até
mesmo o risco de sofrer o pior da parte dos inimigos do Senhor.
3.
Que surpresa foi, para Pilatos, descobrir que Ele já estava morto (talvez
Pilatos esperasse que Ele tivesse se salvado, e tivesse descido da cruz).
Saber, especialmente, que já estava morto Aquele que parecia ter mais do que um
vigor normal; que tão cedo tinha se entregado à morte. Todas as circunstâncias
da morte de JESUS CRISTO são maravilhosas; pois do princípio ao fim, o seu nome
foi chamado Maravilhoso. Pilatos duvidou (assim entendem alguns) de que Ele já
estivesse morto, temendo que pudesse ser pressionado, e o corpo fosse descido
da cruz ainda com vida, e se recuperasse, quando a sentença era a de ficar
suspenso até que o corpo estivesse morto. Por isso, ele chamou o centurião, o
seu próprio oficial, e perguntou a ele se já havia muito que tinha morrido (v.
44), se fazia algum tempo desde a última vez que tinham notado algum sinal de vida
nele, alguma respiração ou algum movimento, para que pudessem concluir que Ele
estava irremediavelmente morto. O centurião pôde assegurar-lhe isso, pois tinha
observado, particularmente, como o Senhor JESUS entregou o espírito (v. 39).
Havia uma Providência especial nisso, no fato de Pilatos ser tão rigoroso ao
certificar-se desse fato, para que não houvesse a desculpa de dizer que Ele
tinha sido sepultado vivo, o que removeria a veracidade da sua ressurreição; e
a verificação foi tão completa e rigorosa, que nunca houve tal objeção. Assim,
a verdade de CRISTO é, algumas vezes, confirmada até mesmo pelos seus inimigos.
II
Como é que o corpo de JESUS foi sepultado.
Pilatos deu a José de Arimatéia permissão para descer o corpo da cruz, e fazer
o que quisesse com ele. É de admirar que os principais dos sacerdotes não
fossem mais rápidos do que ele, e não pedissem antes dele o corpo a Pilatos, e
não o expusessem e arrastassem pelas ruas, mas este resto da sua ira DEUS
refreou, e deu esse privilégio inestimável a José, que saberia valorizá-lo; e
os corações dos sacerdotes estavam tão influenciados, que não se opuseram a
isso. Sit divus, modo non sit vivus – Nós não nos incomodamos que Ele seja
adorado, desde que não possa reviver.
1.
José comprara um lençol fino para nele envolver o corpo do Senhor, embora em um
caso como esse, um lençol velho, que já tivesse sido usado, tivesse sido
julgado suficiente. Ao prestarmos os nossos respeitos a CRISTO, convém que
sejamos generosos, e que o sirvamos com o melhor que puder ser obtido, não com
o que puder ser obtido a bom preço.
2.
Ele desceu o corpo, ferido e torturado como estava, e o envolveu no lençol,
como um tesouro de grande valor. O nosso Senhor JESUS se dispôs a ser entregue
por nós de uma forma sacramental na ordenança da Ceia do Senhor, que nós
devemos receber da maneira que melhor expresse o nosso amor por aquele que nos
amou e morreu por nós.
3.
Ele o depositou em um sepulcro de sua propriedade, em um lugar particular. Às
vezes vemos na história dos reis de Judá algo que é como uma mancha na memória
dos reis iníquos: o fato de não serem sepultados nos sepulcros dos reis. Embora
o único mal que o nosso Senhor JESUS fez foi fazer somente o bem, e a Ele tenha
sido dado o trono do seu pai Davi, ainda assim foi sepultado no sepulcro das
pessoas comuns, pois não é neste mundo – mas no outro – que o seu descanso
seria glorioso. O sepulcro pertencia a José de Arimatéia. Quando Abraão não
tinha outra posse na terra de Canaã, tinha ao menos um sepulcro; mas CRISTO não
teve sequer isso neste mundo. Esse sepulcro era lavrado numa rocha, pois CRISTO
morreu para fazer do túmulo um refúgio e um abrigo aos santos; e sendo lavrado
numa rocha, é um refúgio forte. Ó, para que vocês me esconderiam no sepulcro! O
próprio CRISTO é um esconderijo para o seu povo, ou seja, Ele é como um abrigo
em uma grande rocha.
4.
Ele revolveu uma pedra para a porta do sepulcro, pois esta era a maneira de os
judeus serem sepultados. Quando Daniel foi lançado na cova dos leões, uma pedra
foi posta sobre a boca da cova, para mantê-lo ali. Assim, o mesmo ocorre aqui,
no caso da porta do sepulcro de CRISTO; mas nenhuma dessas pedras pôde impedir
as visitas dos anjos aos prisioneiros.
5.
Algumas das boas mulheres compareceram ao sepultamento, e observaram onde o
puseram, para que pudessem vir, depois do sábado, para ungir o corpo, porque
não tinham tido tempo de fazê-lo antes. Quando Moisés – o mediador e legislador
da nação judaica – foi sepultado, foi tomado um cuidado especial para que
nenhum homem soubesse a localização da sua sepultura (Dt
34.6), porque o respeito que o povo tinha por ele os levaria a
morrer com ele. Mas quando o nosso grande Mediador e Legislador foi sepultado,
o lugar da sua sepultura foi observado de maneira especial, porque Ele deveria
ressuscitar; e os cuidados com o seu corpo evidenciam o cuidado que Ele mesmo
teria com o seu corpo, a Igreja. Mesmo que ela venha a se parecer – em algumas
situações – com um cadáver e um vale cheio de ossos, ela será preservada para
uma ressurreição; assim também o serão os corpos dos santos, com cujos restos
existe um concerto em vigor, que não será esquecido. As nossas reflexões sobre
o sepultamento de CRISTO deveriam nos levar a pensar no nosso próprio
sepultamento, ajudando-nos a nos familiarizar com o sepulcro. Isto tornaria
confortável essa cama que, dentro de pouco tempo, nós teremos na escuridão da
morte. As reflexões freqüentes sobre a morte não somente afastam o terror, mas
nos estimulam a nos prepararmos para a sepultura, uma vez que ela está
permanentemente preparada para nós (Jó
17.1).
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MARCOS
14
EBD Pecc (Programa de Educação Cristã Continuada) | 4°
Trimestre De 2022 | Tema: MARCOS – O Evangelho do Servo JESUS | Escola Bíblica Dominical | Lição 11: MARCOS 14 – Traição e Prisão do Servo
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Em
Marcos 14 há 72 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes,
Marcos 14.27-52 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura
complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Querido(a) professor(a),
esta lição trata da prisão do nosso Senhor. As autoridades judaicas tramaram
contra o próprio Messias alegando zelo religioso. Para conseguir a cumplicidade
romana, alegaram que JESUS ameaçava a ordem pública.
Maria
o adorou de modo incondicional, mas houve quem o traísse de modo covarde. Entre
uma atitude e outra, JESUS institui conosco uma Nova Aliança. Durante a ceia ou
enquanto agonizava no Getsêmani, JESUS nos amou; abandonado por todos,
continuou nos amando. Vamos falar disso, da radicalidade do amor Cristão, o
mesmo que devemos praticar. Devemos amar ao invés de punir ou desprezar; tomar
a decisão de amar sob qualquer circunstância, como fez JESUS.
OBJETIVOS
• Adorar de
forma prática, servindo a JESUS na pessoa do próximo.
• Testemunhar a eficácia da Nova Aliança que nos deu salvação.
• Testemunhar diariamente que somos discípulos de JESUS.
PARA
COMEÇAR A AULA
Professor(a),
começa sua aula reforçando a certeza de que o padrão ético de JESUS não mudou.
Se realmente quisermos viver como ele, é preciso fazer de nossas vidas um
serviço ativo dedicado aos irmãos. Não somos chamados a julgar quem merece ou
não a nossa ajuda, mas a estender a mão; não nos cabe a violência nem a
vingança, mas o perdão e a renúncia. Nosso desafio é grande, mas somos guiados
pelo ESPÍRITO SANTO, que nos capacita a viver de um modo estranho ao mundo, mas
fiel a JESUS.
LEITURA
ADICIONAL
“Algo
aconteceu no Getsêmani – JESUS viu, sentiu, percebeu algo –, e isso abalou o
inabalável Filho de DEUS. O que foi isso? Ele estava enfrentando algo que ia
além do tormento físico, além da morte física – algo tão pior que essas coisas
pareciam picadas de pulga em comparação. Ele estava sufocado pelo simples sopro
do que iria enfrentar na cruz.
Ele
não sabia que iria morrer? Sim, mas não estamos falando de informação aqui. É
claro que ele sabia; ele mesmo havia dito isso aos discípulos por várias vezes.
Mas agora ele estava começando a provar o que ele iria experimentar na cruz e
isso era algo que ia muito além da tortura e da morte física.
Mas
o que era assim tão terrível? Está no próprio cerne da oração que JESUS faz
aqui. Ele diz: ‘Afasta de mim este cálice’. Lembre-se que, nas Escrituras
Hebraicas, o ‘cálice’ é uma metáfora para a ira de DEUS em razão da maldade
humana. (…) Por toda sua vida, por causa da eterna dança de JESUS com o PAI e o
ESPÍRITO, sempre que ele voltava para o PAI, o ESPÍRITO o inundava com amor.
O
que aconteceu de forma visível e audível no batismo e na transfiguração de JESUS
acontecia de forma invisível e inaudível toda vez que JESUS orava. Mas, no
jardim do Getsêmani, JESUS se volta para o PAI e tudo o que consegue ver diante
de si é a ira, o abismo, a separação do cálice. DEUS é a fonte de todo amor, toda
vida, toda luz, toda coerência.
Portanto,
ser excluído de DEUS é ser excluído da fonte de todo amor, toda vida, toda luz,
toda coerência. Ali JESUS começou a experimentar a desintegração espiritual,
cósmica e infinita que aconteceria quando ele se separasse do PAI na cruz. JESUS
começou a experimentar uma mera antecipação disso e cambaleou.
(…)
Para JESUS, naquele momento ainda seria possível abortar sua missão e deixar
que perecêssemos. Mas ele não considera isso como uma opção. Ele suplicou ao PAI
que cumprisse a missão de outra forma, mas jamais pediu que desistisse dela por
completo.
Por
quê? Porque, por mais terrível que fosse o cálice, JESUS sabia que seu desejo
imediato (ser poupado) deveria curvar-se diante de seu desejo supremo (nos
poupar). (…) JESUS não nega suas emoções e não evita o sofrimento. Ele ama
sofrendo. Em meio ao sofrimento, ele obedece, por amor ao PAI – e por amor a
nós”.
Livro:
A cruz do Rei (KELLER, Timothy. Tradução de Marisa Lopes. São Paulo: Vida Nova,
2012, pp. 205-206 e 210-211).
TEXTO
ÁUREO
“E
dizia: Aba, PAI, tudo te é possível: passa de mim este cálice; contudo, não
seja o que eu quero e sim o que tu queres.” Mc 14.36
LEITURA
BÍBLICA PARA ESTUDO
Marcos 14.27-52
VERDADE
PRÁTICA
O
cristão fiel, diariamente, sacrifica a própria vontade em prol da vontade de DEUS.
INTRODUÇÃO
I- ADORAÇÃO Mc 14.1-11
1– Ódio Mc 14.1
2– Amor Mc 14.3
3– Reconhecimento Mc 14.9
II- TRAIÇÃO Mc 14.12-31
1– Traição em meio à comunhão Mc 14.18
2– Comunhão em meio à traição Mc 14.23
3– Abandono em meio à crise Mc 14.27
III- PRISÃO Mc 14.32-72
1– Angústia no Getsêmani Mc 14.34
2– Beijo de Judas e o jovem desnudo Mc 14.45,52
3– A deserção de Pedro Mc 14.71
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL
DIÁRIO
Segunda –
Marcos 14.6
Terça – Marcos 14.7
Quarta – Marcos 14.16
Quinta – Marcos 14.21
Sexta – Marcos 14.22
Sábado – Marcos 14.24
Hinos da Harpa: 296- – 12
INTRODUÇÃO
O
capítulo 14 é o mais extenso do evangelho de
Marcos e continua a revelar o jogo de contrastes típico desse evangelista,
instigando o leitor a se posicionar diante de JESUS. Adoração ou traição?
Perante CRISTO, não há neutralidade. Temos
outra exclusividade do evangelho de Marcos: no alvoroço da fuga, um jovem
anônimo deixa sua capa (“lençol”) para trás e corre desnudo (v. 51-52).
I-
ADORAÇÃO (Mc 14.1-11)
1-
Ódio (Mc 14.1)
E
os principais sacerdotes e escribas procuravam como o prenderiam, à traição, e
o matariam.
Era
véspera da Páscoa (v. 1), quando o povo judaico celebra a libertação do Egito (Dt 26.5-9). A Páscoa dava
início à festa dos pães sem fermento, com duração de uma semana (v. 1; Ex
12.15-20). Multidões vinham de todos os lugares até Jerusalém para participar
de uma semana de festejo.
Euforia
para os judeus, mas grande tensão para os romanos: temendo motins, enviavam
tropas especiais a Jerusalém e mesmo o governador vinha de Cesareia para ficar
disponível, caso surgissem problemas. Também havia ódio: há muito, autoridades
tramavam a prisão e morte de JESUS (Mc 3.6).
A
menção de Marcos aos “principais sacerdotes e os escribas” (v. 1), aliada à
exposição de Mateus de que “os anciãos do povo” também integravam o complô
(26.3), demonstram que, de fato, a resolução de matar JESUS foi uma decisão
mais das lideranças judaicas que do povo. Por isso, a opção por articulações
secretas não se dava por questão de escrúpulos, mas por temor de “tumulto entre
o povo” (v. 2), que tinha grande estima por JESUS (Mc 12.37b).
2-
Amor (Mc 14.3)
Veio
uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo
puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de JESUS.
Eis
outro exemplo da famosa técnica de “sanduíche”, característica de Marcos: uma
linda declaração de amor (v. 3-9) está encravada entre registros de ódio e
traição (v. 1-2 e 10-11). Como de costume, a história do meio provê a chave de
compreensão do todo: Marcos faz um oportuno contraste entre a traição dos
líderes judaicos e de Judas e o gesto de fidelidade de Maria.
Só
João relata que se tratava de Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro (Jo
12.2-3). Seu amor por JESUS é escancarado: em todas as três vezes em que é
mencionada nos Evangelhos, Maria está aos pés do Servo (Lc 10.39; Jo 11.32 e
12.3). Desta feita, o fato se dá na casa de Simão, o leproso (v. 3). O que
ocorreu foi que Maria, surpreendendo a todos, quebra um vaso com preciosíssimo
perfume de nardo puro e o derrama sobre a cabeça (v. 3) e os pés de JESUS (Jo
12.3).
Nardo
era um óleo aromático caríssimo, importado da Índia. A quantidade usada foi
equivalente a trezentos denários (v. 4): salário de um ano de trabalho. Radical
em sua adoração, Maria não usa parte do unguento; prefere quebrar o frasco,
dedicando tudo a CRISTO.
3-
Reconhecimento (Mc 14.9)
Onde
for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez,
para memória sua.
O
gesto de Maria gera escândalo e murmuração, sendo tido como desperdício de
dinheiro, em especial diante dos pobres (v. 4-5). JESUS, porém, elogia-o (v.
6), revelando que Maria antecipou-se a ungi-lo para a sepultura (v. 8), ou
seja, discerniu que o mistério do Evangelho é revelado no sofrimento e morte de
JESUS (Is 53.3-7; Mc 8.31 e 10.45).
Maria
reconhece o valor incomparável de JESUS, ao contrário do jovem rico (Mc 10.22).
Reconhecendo a elogiável percepção espiritual e a incomum intensidade da
adoração de Maria, JESUS disse que seu gesto seria lembrado onde fosse pregado
o Evangelho (v. 9). Para Judas Iscariotes, porém, JESUS não tinha tanto valor
assim (v. 10-11).
II-
TRAIÇÃO (Mc 14.12-31)
1-
Traição em meio à comunhão (Mc 14.18)
O
que come comigo me trairá.
Após
o anúncio de que JESUS seria traído por alguém de seu círculo próximo (v. 10),
Marcos narra os preparativos para um cenário familiar: a ceia de Páscoa.
Novamente (Mc 11.1-6), JESUS comissiona uma dupla de discípulos e demonstra
presciência divina: discípulos seguem um homem carregando um cântaro de água (algo
incomum para a cultura da época, pois era tarefa típica de mulheres) e obtêm do
dono da casa permissão para realizarem a ceia de Páscoa em um “espaçoso
cenáculo mobiliado e pronto” (v. 12-16).
A
Páscoa deveria ser comida à noite, após o sacrifício do cordeiro, em ambiente
de celebração familiar, reunindo uma ou duas famílias para partilharem a
refeição (Êx 12.3-4 e 8). No Oriente, repartir o pão com alguém expressava
aliança íntima. Portanto, culturalmente, trair pessoa com quem se tenha comido
do mesmo prato (v. 17-20) era ato horrendo. No caso, espiritualmente, também
era cumprimento profético (Sl 41.9).
2-
Comunhão em meio à traição (Mc 14.23)
Tomai,
isto é o meu corpo.
Mesmo
sabendo que havia um traidor entre os discípulos (v. 18) e que, ao final, todos
o abandonariam (v. 50), JESUS prossegue com sua missão de amor (Jo 3.16):
institui a Ceia do Senhor, dando novo simbolismo ao pão e ao vinho (v. 22-25;
1Co 11.17-34). Não pretende romper laços; antes, deseja estreitar comunhão com
os discípulos. JESUS entrega sua vida não pelos justos, mas pelos doentes e
pecadores (Mc 2.17; Rm 5.8).
A
palavra grega para “corpo” (v. 22b) não é sarx (“carne”), mas sõma (“corpo” ou
“ser”), indicando que JESUS está falando de si mesmo como uma dádiva total e
sem reservas (Gl 1.4; Tt 2.14). Já a referência ao “cálice” como “meu sangue”
remete à sua própria vida (Lv 17.11), derramada em favor de muitos (v. 23-24).
Quanto à afirmada “nova aliança” (v. 24), significa que, através da obra da
cruz, JESUS derramaria o seu sangue precioso para remissão dos nossos pecados
(Mc 10.45; Ef 1.7), assumindo-se como o verdadeiro Cordeiro Pascal (Jo 1.29;
1Co 5.7; 1Pe 1.19).
Assim,
JESUS, imolado de uma vez por todas, substituiria o modelo sacrificial
anterior, baseado no derramar reiterado de sangue de animais e cuja eficácia
frente ao pecado era apenas provisória e parcial (Lv 1–7; Hb 9.6; 10.18).
3-
Abandono em meio à crise (Mc 14.27)
Todos
vós vos escandalizareis…
O
gesto amoroso de JESUS ganha contorno mais impressionante diante da dolorosa
profecia: todos, sem exceção, irão abandoná-lo em meio à crise (v. 27 e 50).
Pode haver apenas um traidor direto (Judas Iscariotes), mas, ao amanhecer, a
verdade é que todos os discípulos “trairiam” o Servo, seja por cobiça (v
10-11), fraqueza (v. 37-42), medo (v. 50-52) ou covardia (v. 66-72).
Todavia,
como pastor preocupado com suas ovelhas, JESUS se apressa em ministrar palavras
de esperança: reafirma que ressuscitará dos mortos e, em breve, irá para a
Galileia a fim de se reencontrar com eles (v. 28). O Reino de DEUS se
estabelecerá pela soberana vontade do Senhor e não com base no acerto ou
desacerto do ser humano (Mt 6.10).
III-
PRISÃO (Mc 14.32-72)
1-
Angústia no Getsêmani (Mc 14.34)
A
minha alma está profundamente triste até à morte.
JESUS
está no Getsêmani (do hebraico, “prensa de azeite”). Ali, JESUS teve sua alma
“prensada”, em uma das cenas mais impactantes da Bíblia: a vivência de um
conflito espiritual que, de tão terrivelmente angustiante e traumático, faria o
Servo suar profusamente como que gotas de sangue (v. 33-34; Lc 22.44).
Esse
episódio só pode ser compreendido à luz daquilo que estava prestes a acontecer
na cruz: ele carregaria em seus ombros os pecados de toda a humanidade (Is
53.4-6; 1Pe 2.24), tomaria sobre si a maldição da Lei (Gl 3.13) e, por
consequência – e mais apavorante –, experimentaria o tenebroso vazio da total
separação de DEUS (Is 59.2; Mc 15.34). Esse era o “cálice” da ira de DEUS que
Ele haveria de beber (Jo 18.11).
A
dilaceração do corpo no Gólgota foi precedida do esmigalhar da alma no
Getsêmani. Sendo também plenamente humano, JESUS busca a companhia de amigos
(v. 33) e põe-se a se derramar diante do PAI, em fervorosa e insistente oração
(v. 32, 35 e 39), pedindo que, se possível, passasse dele tamanha tragédia, mas
reconhecendo, expressamente, sua completa rendição à soberana vontade do PAI
(v. 36).
Apesar
de seu explícito pedido de ajuda (v. 32), JESUS, por três vezes, encontra
Pedro, Tiago e João dormindo (v. 41), certamente antecipando as três negações
por vir de Pedro (v. 30). O alerta é claro: obedecer a DEUS demanda luta
incessante contra o pecado que tenazmente nos assedia (v. 38; 1Co 9.27; Hb
12.1).
2-
Beijo de Judas e o jovem desnudo (Mc 14.45,52)
E,
logo que chegou, aproximando- -se, disse-lhe: Mestre! E o beijou (Mc 14.45).
Por
singelas trinta moedas de prata (Mt 26.15), valor equivalente a um escravo (Êx
21.32), Judas aceita trair JESUS e liderar grupo fortemente armado para
prendê-lo em secreto, no jardim do Getsêmani (v. 41-43). Como era tarde da
noite e alguns não conheciam a JESUS pessoalmente, combinou um sinal que
serviria para identificá-lo: um beijo no rosto (v. 44).
Ao
encontrar-se com o Servo, Judas não apenas o beija, mas o beija calorosamente,
sem reservas. O termo grego para a palavra “beijo” no verso 45 é kataphilein,
remetendo a beijos longos e apaixonados. Puro cinismo e zombaria. A rendição
não violenta de JESUS prova o exagero das armas usadas para prendê-lo (“espadas
e porretes” – v. 43). Ao ser tratado como criminoso (v. 48), mais uma profecia
se cumpre (Is 53.12).
Com
sua prisão, todos fogem (v. 50). Neste ponto, outra exclusividade do evangelho
de Marcos: Um jovem fugiu nu, abandonando sua veste (14.51-52). A fuga desse
jovem é motivo de inúmeros comentários, pois não temos como saber se era João
Marcos ou um seguidor anônimo. Provavelmente, a resposta mais acertada é que se
trata do próprio escritor e que esta é sua maneira de dizer: “Eu, ainda jovem,
estive ali”, sem mencionar o seu nome.
O
acontecimento retrata o quão vergonhoso foi o fato de os discípulos terem
abandonado JESUS. Falamos com frequência do sofrimento físico de JESUS durante
Sua paixão, mas costumamos não tratar do sofrimento emocional decorrente da
traição por Judas e do abandono por Seus amigos mais chegados, na hora de Sua
maior necessidade. Durante todo o tempo em que JESUS sofreu na cruz e
permaneceu morto na sepultura, eles haviam se escondido atrás de portas
fechadas!
3-
A deserção de Pedro (Mc 14.71)
Não
conheço esse homem de quem falais!
Pedro
fora elogiado por JESUS quando o reconheceu como Filho do DEUS vivo (Mt
16.16-17). Testemunhou inúmeras curas e milagres – inclusive de sua sogra (Mc
1.30- 31) – e experienciou a transfiguração de nosso Senhor (Mc 9.2). Até foi
salvo por JESUS de morrer afogado no Mar da Galileia (Mt 14.28- 32), integrando
seu seleto grupo de mais próximos (v. 33), afirmando-se inclusive como espécie
de líder (Mc 9.5).
Pedro
desfrutou de momentos inesquecíveis e privilégios especiais, chegando a jurar
fidelidade absoluta a JESUS (v. 29). Porém, naquela mesma noite, Pedro nega a JESUS
não uma, mas três vezes (v. 68, 70 e 71). Não apenas nega, mas jura e até
pragueja que não conhecia “esse homem” (v. 71) – o mesmo “homem” que estivera,
lado a lado, por cerca de três anos (Mc 1.16-18). Confrontado com sua trágica
pecaminosidade, Pedro “desatou a chorar” (v. 72).
Marcos encerra o
capítulo 14 nos impondo tocante reflexão: pode haver um “Judas” em cada um de
nós. Aquele que pensa estar em pé, cuide para que não caia (1Co 10.12). Vigiai
e orai (v. 38)!
APLICAÇÃO
PESSOAL
Em
momentos decisivos, o melhor a fazer é prostrar-se aos pés do PAI, em oração, na busca de
força e sabedoria. Assim fazendo, nossas ações e reações realizarão mais a
vontade de DEUS que a nossa.
RESPONDA
1)
Em termos de dinheiro, quanto valia o vaso repleto de preciosíssimo perfume
importado que Maria de Betânia consagrou a JESUS? R. Cerca de trezentos
denários (1 ano de salário).
2) Segundo a lição, que referência do Antigo Testamento contém a profecia de
que JESUS seria traído por alguém que lhe era muito próximo? R. Salmos
41.9.
3) Quais discípulos JESUS convidou para estarem com ele no Jardim do
Getsêmani? R. Pedro, Tiago e João (Mc 14.33)
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
MARCOS
15
EBD Pecc (Programa
de Educação Cristã Continuada) | 4° Trimestre De
2022 | Tema: MARCOS – O Evangelho do Servo JESUS | Escola Bíblica
Dominical | Lição 12: MARCOS 15 – Sofrimento e Morte do Servo
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Em
Marcos 15 há 47 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes,
Marcos 15.22-47 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura
complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Olá, professor(a)!
Trataremos do sacrifício perfeito do Senhor e dos episódios que o antecedem. JESUS
silencia diante das acusações porque sabia que precisava destruir a serpente,
como prometido (Gn 3.15) e para cumprir a profecia que dizia: Ele foi oprimido,
mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a
ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Isaías 53:7; Atos
8:32
Para
cumprir o que o PAI determinou, ele suportou um açoite brutal, submeteu-se ao
escárnio de torturadores e acusadores e à morte mais indigna imposta pelos
romanos. Cada detalhe do sacrifício de JESUS deve estar vivo na nossa memória
para que saibamos quanto ele é SANTO e quanto somos indignos. Fomos
justificados com sangue para que o véu do lugar santo se abrisse e pudéssemos
ter acesso a DEUS. O mínimo a fazer é testemunhar a misericórdia e o amor que
recebemos para nossa salvação.
OBJETIVOS
• Testemunhar que
só há salvação para os que creem em JESUS.
• Compreender que o sacrifício de JESUS foi cumprimento profético.
• Testemunhar que estamos sob a Nova Aliança, celebrada através do
sacrifício de JESUS.
PARA
COMEÇAR A AULA
Professor(a),
um tema importante a ser discutido nesta lição é a infalibilidade do sacrifício
de CRISTO. Nenhum de nós deve cultivar a vaidade de acreditar que há algo a ser
feito. Somos discípulos de JESUS e, como tais, precisamos compreender que o
nosso Senhor cumpriu, por amor, o que estava determinado em nosso favor. Tudo
que precisamos é crer, servir aos irmãos como ele nos serviu e confessá-lo como
Salvador. JESUS nos abriu passagem de volta para casa; o guia para o caminho é
o Evangelho.
LEITURA
ADICIONAL
“…
vemos JESUS sendo alvo de zombarias, enquanto morria, como se fosse algum
impostor, como se não fosse capaz de salvar a si mesmo. Mas por que isso lhe
sucedeu? A fim de que nós, em nossos últimos momentos de vida, mediante a fé em
CRISTO, tenhamos forte consolação. Todas essas coisas aconteceram a CRISTO a
fim de que desfrutássemos uma inabalável segurança, sabendo em quem temos crido
e podendo descer ao vale da sombra da morte sem temer mal algum.
Deixemos
essa passagem com um profundo senso de dívida que todos os crentes têm para com
CRISTO. Tudo que os crentes são, têm e esperam deve-se à vida e à morte do
Filho de DEUS. Por meio da condenação dele, os crentes têm absolvição; por meio
de seus sofrimentos, eles desfrutam paz; por meio do opróbrio que ele sofreu,
eles irão à glória; e, mediante a sua morte, recebemos vida. Os pecados deles
foram lançados na conta de CRISTO. A retidão dele lhes foi imputada. (…). Pelas
suas feridas fomos sarados (Is 53.5; 1Pe 2.24). Ele levou nossas maldições
sobre Ele (Gl 3.13).
Deixemos
essa passagem com o mais profundo senso do indizível amor de CRISTO por nossas
almas. Lembremos aquilo que éramos: corruptos, vis e miseráveis. Recordemos
quem é o Senhor JESUS: o eterno Filho de DEUS, o Criador de todas as coisas.
Então, não esqueçamos que foi por nossa causa que JESUS suportou,
voluntariamente, a mais dolorosa, horrível e desgraçada morte.
Certamente,
quando pensamos nesse amor, isso deveria constranger-nos a viver diariamente
não para nós mesmos, mas para CRISTO. Isso deveria tornar-nos dispostos e
desejosos de apresentar nossos corpos como um sacrifício vivo àquele que viveu
e morreu por nós (2Co 5.14; Rm 12.1).
Que
a cruz de CRISTO esteja sempre em nossas mentes! Corretamente compreendido, é
possível que nenhum outro assunto, em todo o cristianismo, tenha um efeito tão
santificador e consolador para nossas almas”. Livro: Meditações no Evangelho
de Marcos (RYLE, John Charles. 2. ed., São José dos Campos, SP: Editora
Fiel, 2018, p. 288).
TEXTO
ÁUREO
“O
centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse:
Verdadeiramente, este homem era o Filho de DEUS.” Mc 15.39
LEITURA
BÍBLICA PARA ESTUDO - Marcos 15.22-47
E
levaram-no ao lugar do Gólgota, que se traduz por lugar da Caveira. E deram-lhe
a beber vinho com mirra, mas ele não o tomou. E, havendo-o crucificado,
repartiram as suas vestes, lançando sobre eles sortes, para saber o que cada um
levaria. E era a hora terceira, e o crucificaram. E, por cima dele, estava
escrita a sua acusação: O Rei dos Judeus. E crucificaram com ele dois
salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. E cumpriu-se a Escritura que
diz: E com os malfeitores foi contado. E os que passavam blasfemavam dele,
meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que derribas o templo e, em três dias, o
edificas! Salva-te a ti mesmo e desce da cruz. E da mesma maneira também os
principais dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros,
zombando: Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo. O CRISTO, o Rei de
Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Também os que
com ele foram crucificados o injuriavam. E, chegada a hora sexta, houve trevas
sobre toda a terra até à hora nona. E, à hora nona, JESUS exclamou com grande
voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: DEUS meu, DEUS
meu, por que me desamparaste? E alguns dos que ali estavam, ouvindo isso,
diziam: Eis que chama por Elias. E um deles correu a embeber uma esponja em
vinagre e, pondo- a numa cana, deu-lhe a beber, dizendo: Deixai, vejamos se
virá Elias tirá-lo. E JESUS, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo
se rasgou em dois, de alto a baixo. E o centurião que estava defronte dele,
vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o
Filho de DEUS. E ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais
também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé, as
quais também o seguiam e o serviam, quando estava na Galileia; e muitas outras
que tinham subido com ele a Jerusalém. E, chegada à tarde, porquanto era o Dia
da Preparação, isto é, a véspera do sábado, chegou José de Arimatéia, senador
honrado, que também esperava o Reino de DEUS, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu
o corpo de JESUS. E Pilatos se admirou de que já estivesse morto. E, chamando o
centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se
certificado pelo centurião, deu o corpo a José,
o qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o
depositou num sepulcro lavrado numa rocha, e revolveu uma pedra para a porta do
sepulcro. E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham. Marcos
15:22-47
VERDADE
PRÁTICA
O
propósito divino de salvação se cumpre na morte de JESUS. A fé no Servo
Sofredor é garantia de vida eterna.
INTRODUÇÃO
I- JULGAMENTO Mc 15.1-20
1– Pilatos enrascado Mc 15.1
2– Barrabás solto Mc 15.15
3– Soldados cruéis Mc 15.19
II- CRUCIFICAÇÃO Mc 15.21-32
1– Rumo ao Gólgota Mc 15.22
2– Sofrimento horripilante Mc 15.24
3– Insultos e escárnios Mc 15.30
III- MORTE Mc 15.33-47
1- Trevas Mc 15.33
2– JESUS expira Mc 15.37
3– Sepultamento Mc 15.46
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL
DIÁRIO
Segunda –
Marcos 15.5
Terça – Marcos 15.14
Quarta – Marcos 15.28
Quinta – Marcos 15.34
Sexta – Marcos 15.38
Sábado – Marcos 15.39
Hinos da Harpa: 291 – 191
INTRODUÇÃO
JESUS
segue firme em seu propósito de ser “obediente até à morte e morte de cruz” (Fp
2.8). Neste capítulo 15, Marcos relata a submissão de JESUS à cruel engrenagem
de perseguição romana: da astuta sentença de Pôncio Pilatos, passando pelas
mãos de soldados abusivos, até chegar à selvageria da morte por crucificação.
I-
JULGAMENTO (Mc 15.1-20)
1-
Pilatos enrascado (Mc 15.1)
E
amarrando a JESUS, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
Cedo
da manhã, encerrada a reunião do Sinédrio, os líderes judaicos entregam JESUS a
Pôncio Pilatos (v. 1), governador romano da Judeia. O Sinédrio não tinha
autoridade para aplicar pena de morte (Jo 18.31). No tribunal judaico, o Servo
sofrera acusação religiosa (blasfêmia – Mc 14.64). Agora, sofrerá acusação
política: sedição e traição contra o império romano (Lc 23.2).
Pilatos
fica maravilhado com o silêncio de JESUS diante de seus acusadores (v. 4-5; Is
53.7) e intui a verdadeira razão do alvoroço – inveja (v. 10) –, declarando sua
percepção inicial de inocência de JESUS (Lc 23.14). Todavia, falta-lhe coragem
para manter sua decisão. Político sagaz, percebe um potencial de rebelião no
conflito (Mt 27.24). Depois de frustrada tentativa de transferir sua
responsabilidade para Herodes (Lc 23.6-12), Pilatos se convence de que terá que
julgar essa complicadíssima causa.
2-
Barrabás solto (Mc 15.15)
Então,
Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar
a JESUS, entregou-o para ser crucificado.
Pilatos
vê uma oportunidade de transferir novamente suas responsabilidades, inclusive
com ganhos políticos junto à multidão, aplicando o costume da época. Ele propôs
ao povo a libertação de um preso: JESUS ou Barrabás, este um assassino e
revolucionário (v. 6-7). Pilatos tinha autoridade para perdoar qualquer
criminoso. A estratégia não vinga: apesar de sugestionar, insistentemente, o
nome de JESUS (v. 9; Lc 23.20), o povo segue a orientação das autoridades religiosas
judaicas e escolhe Barrabás (v. 11).
Preocupado
com um repentino e intrigante alerta de sua esposa (Mt 27.19), Pilatos continua
a insistir na absolvição de JESUS (Lc 23.22), todavia o povo já se agitava,
gritando pela crucificação do Servo (v. 13-14). Desejando evitar rebelião,
Pilatos lava suas mãos, astutamente, e entrega JESUS à multidão para morte de
cruz, com açoitamento prévio (v. 15; Mt 27.24-26).
3-
Soldados cruéis (Mc 15.19)
Davam-lhe
na cabeça com um caniço, cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o adoravam.
Um
severo açoitamento costumava preceder a crucificação. O criminoso era despido e
amarrado a um poste para ser flagelado com chicotes de couro com pedaços
afiados de ferro e ossos costurados em suas tiras. O açoitamento lacerava a
pele e arrancava pedaços, abrindo feridas profundas que, não raro, expunham
ossos e entranhas. Os golpes eram tão brutais que alguns prisioneiros morriam
antes de chegar à cruz.
Mas
o açoitamento de JESUS tem acréscimos pavorosos: sua notória fragilidade física,
o incomum alvoroço social e os especiais componentes políticos e religiosos do
caso instigam a cultura abusiva dos soldados romanos. De fato, ao
colocarem-lhe, jocosamente, veste de púrpura e coroa de espinhos (púrpura e
coroa são típicos símbolos de realeza), os soldados zombam dele como rei dos
judeus (v. 17-18). Ao golpearem sua cabeça com um caniço, cuspirem-no e
ajoelharem- -se para “adorá-lo”, escarnecem de JESUS como Filho de DEUS (v.
19).
Esse
chocante sofrimento fora predito com detalhes pelo profeta Isaías (50.6 e 53.7)
e pelo próprio JESUS (Mc 10.33-34). O propósito do Servo está se cumprindo com
perfeição (Mc 10.45).
II-
CRUCIFICAÇÃO (Mc 15.21-32)
1-
Rumo ao Gólgota (Mc 15.22)
E
levaram JESUS para o Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
O
lugar da crucificação era o Gólgota (“caveira”, em hebraico) (v.
22), fora dos muros da cidade (Lv 24.14; Hb 13.12-13). A crucificação era um aterrorizante
espetáculo público: o condenado era obrigado a carregar sua cruz (ou, mais
comumente, a barra horizontal) até o local da execução. Não espanta, porém, que
tenham faltado forças para JESUS cumprir essa penosa tarefa: havia sido surrado
e humilhado, impiedosamente, já por duas vezes (v. 17- 20; Mc 14.65).
Simão,
da cidade de Cirene (norte da África), foi obrigado pelos soldados
romanos a carregar- -lhe a cruz (v. 21). Oficiais romanos podiam impor a
qualquer cidadão que lhes prestasse serviços, o que desagradava aos judeus (Mt
5.41). Os leitores de Marcos provavelmente conheciam os filhos de Simão
Cireneu, Alexandre e Rufo (v. 21), pois este último integrava a igreja de Roma
(Rm 16.13).
2-
Sofrimento horripilante (Mc 15.24)
Então,
o crucificaram e repartiram entre si as vestes dele, lançando- -lhes sorte,
para ver o que levaria cada um.
A
crucificação é uma das formas mais abomináveis de execução já criadas pelo
homem. Remonta aos medos e persas, no século 7 a.C., mas essa prática se
espalhou pelo leste do Mediterrâneo no século 4 a.C., por meio de Alexandre, o
Grande. O império romano a adotou como forma dominante de execução até 337
d.C., quando foi proibida por Constantino. Na crucificação, a morte era lenta,
dolorosa e humilhante.
Chegando
ao local da execução, o sentenciado era deitado de costas no chão, seus braços
eram esticados e depois amarrados ou pregados à barra horizontal. No caso de JESUS,
grossos cravos atravessaram-lhe os ossos das mãos ou pulsos (Jo 20.25-27; Cl
2.14). Em seguida, a barra era levantada junto com o crucificado e presa ao
poste vertical, já fixado ao solo. Por vezes despido, o condenado permanecia
exposto ao público em infindável vergonha e com dores lancinantes, emitindo
gemidos tenebrosos.
Enquanto
estendia os braços e puxava as pernas para respirar, sofria incontáveis ataques
agudos, desmaiando em exaustão. Alguns sobreviviam por dias, sujeitando-se a
sol e chuva, calor e frio; não raro, corvos e cães devoravam o corpo antes
mesmo do falecimento. Para evitar morte rápida por asfixia, comumente um
suporte para os pés ou um assento era colocado no poste vertical. A morte
acontecia pela perda expressiva de sangue, asfixia por exaustão, desidratação
crônica ou por parada cardíaca – ou uma combinação dessas causas.
3-
Insultos e escárnios (Mc 15.30)
Salva-te
a ti mesmo, descendo da cruz!
Segundo
Marcos, JESUS foi crucificado à hora terceira (v. 25), ou seja, às 9h da manhã.
Os judeus calculavam as horas das seis da manhã às seis da tarde. Contrariando
as autoridades judaicas, Pilatos colocou na placa de acusação de JESUS: “O Rei
dos Judeus” (v. 26) – em hebraico, latim e grego (Jo 19.19-22). Era comum
pessoas oferecerem ao condenado substâncias narcóticas que ajudavam a minorar a
dor (Pv 31.6). JESUS recusou essa oferta (v. 23).
Desejava
manter-se plenamente sóbrio no cumprimento de sua missão de beber o cálice da
ira de DEUS (Mc 10.38 e 14.36). Os quatro Evangelhos registram que os soldados
romanos dividiram entre si as roupas de JESUS (v. 24; Mt 27.35; Lc 23.34; Jo
19.23- 24), dando cumprimento à profecia (Sl 22.18). A crucificação entre dois
criminosos também é cumprimento profético (v. 27-28; Is 53.12), bem como transeuntes
meneando a cabeça (v. 29; Lm 2.15). Interessante: em geral, ao retratar o
sofrimento de JESUS, Marcos enfatiza mais a ridicularização que seu sofrimento
físico.
Aqui,
todos escarnecem do Servo: transeuntes (v. 29-30), principais sacerdotes e
escribas (v. 31) e mesmo quem com ele fora crucificado (v. 32). Escarnecem
também quanto a tudo: como Profeta (v. 29), como Salvador (v. 31) e como Rei
(v. 32).
III-
MORTE (Mc 15.33-47)
1-
Trevas (Mc 15.33)
Chegada
a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.
Todos
os nossos pecados estavam sobre os ombros de JESUS naquela cruz (1Pe 2.24),
gerando forçosa separação com DEUS (Is 59.1), a verdadeira fonte de luz e vida
(Sl 36.9). O próprio sol ocultou sua face. Por isso, em pleno meio-dia (“hora
sexta”), miraculosa escuridão cobriu a terra, fenômeno que durou três horas (v.
33). Ao fim desse tempo (“hora nona”), JESUS angustiou-se, pois vivenciava o
momento mais aflitivo de sua caminhada: o afastamento do PAI (v. 34; Sl 22.1).
As
trevas cobriram não apenas a terra, mas também o coração do povo (v. 35-36).
Certamente, alguns judeus lembraram da primeira Páscoa: a nona praga do Egito
foi uma escuridão total que durou três dias, seguida da última praga: morte dos
primogênitos (Êx 10.22; 11.9). A escuridão no Calvário anunciava que o Filho
Primogênito de DEUS estava prestes a entregar sua vida pelos pecados do mundo
(Mc 1.11; Cl 1.15-18).
2-
JESUS expira (Mc 15.37)
Mas
JESUS, dando um grande brado, expirou. Marcos trata da morte de JESUS com
impressionante simplicidade (v. 37).
A
morte do Autor da vida (At 3.15) veio de forma repentina, por volta das três da
tarde (“hora nona” – v. 34), ou seja, hora em que a oferta regular do final da
tarde era oferecida no Templo. Pilatos admirou-se pela rapidez da morte de JESUS
(v. 44) – talvez pela severidade dos açoites que recebeu. A morte do Servo não
representou um fim trágico. Pelo contrário, trata-se do retumbar triunfante de
uma nova história para a humanidade, já que, com sua morte, o Filho de DEUS
abriu um novo e vivo caminho de acesso ao PAI (Hb 10.19-20), pondo fim ao
antigo sistema sacrificial (Lv 1–7).
Para
demonstrar essa realidade, o próprio DEUS rasga o véu do Templo em duas partes,
do céu para a terra (“de alto a baixo” – v. 38). Marcos registra outro exemplo
prático desse novo tempo espiritual: um centurião (oficial romano responsável
por cem soldados) reconhece, publicamente, que aquele homem morto e
desfigurado, pendurado em uma cruz, era o Filho de DEUS (v. 39). Tamanha
confissão indica que, por revelação divina, foi-lhe descortinada ao coração a
fé salvífica em JESUS (Mt 16.17; Ef 2.8).
Uma
fé viva e sincera, a mesma que inspirava corajosas mulheres a continuar
seguindo ao Servo (v. 40-41). Judeus e gentios, homens e mulheres, libertos e
escravos: todos poderão agora estar reunidos na mesma fé em CRISTO (Gl 3.28).
3-
Sepultamento (Mc 15.46)
Este,
baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em
um túmulo que tinha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do
túmulo.
O
sábado começaria com o pôr do sol, poucas horas depois da morte de JESUS,
quando não se poderia realizar trabalho (Êx 31.15). No caso, esse seria um
sábado especial, por causa da Páscoa (Jo 19.31). Era importante, pois, que o
local fosse liberado rapidamente. Eram comuns negativas de sepultamento a
crucificados. Em regra, seus corpos eram lançados em campos abertos para cães e
abutres ou jogados em grandes lixões.
Era
preciso muita coragem para pedir ao governador o corpo de um homem executado
como inimigo de Roma. Mesmo assim, ousadamente, José de Arimatéia, sujeito rico
e influente, membro do Sinédrio e seguidor secreto do Servo, conseguiu
audiência com Pilatos fora do horário de expediente e obteve autorização para
remover o corpo de JESUS. Com a ajuda de Nicodemos, sepultou-o a tempo e com
dignidade (v. 42-46; Mt 27.57- 60; Jo 19.38-42). Mais uma profecia se cumpre
(Is 53.9).
APLICAÇÃO
PESSOAL
JESUS
sofreu uma morte dolorosa e humilhante para que pudéssemos ter vida em abundância.
Portanto, cumpre-nos viver para CRISTO, que nos amou e a si mesmo se entregou
por nós.
RESPONDA
1)
Segundo a lição, quando submetido a Pôncio Pilatos, de que crimes JESUS foi
acusado? R. Sedição e traição contra o Império Romano
2) Qual o nome do homem que foi obrigado pelos soldados romanos a carregar a
cruz de JESUS? R. Simão, da cidade de Cirene.
3) A morte de JESUS aconteceu em que horário do dia? R. Por Volta da “hora
nona” (três da tarde).
Lição
13: MARCOS 16: Glória e Triunfo do Servo | 4° Trimestre de 2022 | EBD Revista
PECC
SUPLEMENTO
EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora
o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e
mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Em
Marcos 16 há 20 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes,
Marcos 16.1-20 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura
complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Amado(a) professor(a), o
cumprimento de tudo que JESUS profetizou e o testemunho dos apóstolos nos dão a
certeza de que Ele está vivo.
Nosso
desafio é crer sem ter visto, pois é de a natureza humana crer apenas no que a
visão percebe, por isso as imagens – digitais, inclusive – são tão idolatradas
hoje quanto na antiga Babilônia. Mas, é pela fé que devemos ver aquele que
somente pelo Evangelho está revelado. Também pela fé devemos cumprir a comissão
que nos foi ordenada, pois aquele que ordenou em breve cobrará frutos.
Sejamos
empenhados e diligentes em testemunhar; ligeiros em ensinar e dinâmicos em
anunciar a mensagem que transformou nossas vidas.
OBJETIVOS
• Proclamar o
Evangelho da salvação até que JESUS nos arrebate.
• Proclamar a certeza de que JESUS, assim como subiu ao céu, em breve
voltará.
• Adorar intimamente o Sacerdote Eterno, que está à direita de DEUS.
PARA
COMEÇAR A AULA
Esta
lição deve ser ministrada com desejo apostólico de cumprir o que nos foi
comissionado. A fé que nos move é uma dádiva imerecida concedida pelo ESPÍRITO
à Igreja, mas os dons não devem ser guardados. Devemos agir na vida dos irmãos
que ainda não creem, pois eles estão sob nossa responsabilidade. Se não formos
a cada pessoa para pregar o Evangelho, como elas poderão crer? O mover do ESPÍRITO
é ativo, como no Pentecostes. Não é pela emoção que se reconhece uma igreja
fiel, mas pela evangelização.
LEITURA
ADICIONAL
“…
Tendo assentado JESUS na esfera celestial depois de ressuscitá-lo dos mortos, DEUS
também assentou os fiéis nesse lugar de autoridade a fim de demonstrar a
realidade da graça divina (Ef 1.20; 2.6-7). (…) O assentar de JESUS denota
posição de autoridade sobre outras autoridades; de modo semelhante, nosso
assentar sugere que não somos mais obrigados a aceitar a autoridade de outros
poderes. Podemos resistir a eles (Ef 6.12).
(…)
Assim, a ressurreição de JESUS significa que os fiéis continuam a usufruir de
vida física, mas também se relacionam com esse outro reino. Eles também não
foram apenas ressuscitados – ou mesmo ressuscitados apenas a uma nova forma de
vida terrena –, mas ressuscitados a uma vida celestial. Seu espírito está nos
céus, embora seu corpo esteja na terra. Por isso, os discípulos devem buscar as
coisas do alto, focar a mente nas coisas de cima (Cl 3.1-2).
(…)
Foco celestial não quer dizer que a vida atual e terrena das pessoas não
importe. O corpo na terra e o espírito nas regiões celestiais englobam uma
única pessoa. O próprio JESUS promete coisas aos discípulos na esfera do
material e do exterior, como herança territorial, comida e vestimenta, embora
lhes diga para não se preocuparem com isso (Mt 5.5; 6.25-34). Ressaltar o céu
revoluciona a vida das pessoas na terra em vez de privá-las de significado.
É
à luz do fato de ter ressuscitado com JESUS que os fiéis devem matar (nekroõ)
práticas terrenas como imoralidade sexual, ganância (que é idolatria), ira,
malícia, engano e instinto de divisão (judeu e gentio, nós e eles, escravo e
livre), fazendo distinções cuja importância foi abolida para aqueles que se
despiram do velho homem e se revestiram do novo (Cl 3.5-11).
No
lugar disso, devem cultivar práticas que refletem realidades celestiais, como
compaixão, humildade, gentileza, paciência, perdão e paz – tudo que, como
princípio global, expressa cuidado por outras pessoas. Fiéis devem revestir-se
de características de sua natureza celestial (Cl 3.12-15)”.
Livro: Teologia
Bíblica: o DEUS das Escrituras Cristãs (GOLDINGAY, John. Rio de
Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, pp. 386-387).
TEXTO
ÁUREO
“Ele,
porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a JESUS, o Nazareno, que foi
crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham
posto.” Mc 16.6
LEITURA
BÍBLICA PARA ESTUDO
Marcos
16.1-20
VERDADE
PRÁTICA
Ser
cristão é seguir as pegadas do CRISTO ressurreto, confiando naquele que tem
todo o poder nos céus e na terra.
INTRODUÇÃO
I- RESSURREIÇÃO Mc 16.1-8
1- Amor transbordante Mc 16.2
2– CRISTO vive Mc 16.6
3– Primeiras testemunhas Mc 16.7
II- APARIÇÕES Mc 16.9-14
1– Transformação Mc 16.9
2– Incredulidade Mc 16.11
3– Diversas aparições Mc 16.12
III- ASCENSÃO Mc 16.15-20
1- Grande Comissão Mc 16.15
2– À destra de DEUS Mc 16.19
3– Sinais Mc 16.20
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL
DIÁRIO
Segunda –
Marcos 16.3
Terça – Marcos 16.4
Quarta – Marcos 16.5
Quinta – Marcos 16.10
Sexta – Marcos 16.14
Sábado – Marcos 16.17
Hinos da Harpa: 183 – 545
INTRODUÇÃO
No
último capítulo do Evangelho de Marcos, o Servo Sofredor rompe os grilhões da
morte, restaura a comunidade de discípulos e assenta-se, triunfante, à destra
do PAI. A narrativa demonstra que JESUS vive e reina para todo o sempre, tendo
toda autoridade nos céus e na terra.
I-
RESSURREIÇÃO (Mc 16.1-8)
1-
Amor transbordante (Mc 16.2)
E,
muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo.
Todos
os discípulos abandonaram JESUS (Mc 14.50). Mas existiam mulheres de fidelidade
exemplar: serviram-no durante todo o seu dinâmico ministério e também se
dispuseram a acompanhar tanto a agonia da cruz quanto o silêncio do
sepultamento (Mc 15.40-41 e 47). Como ato de devoção, antes do funeral, os
judeus ungiam os corpos com óleo misturado com mirra e aloés. Sabendo que José
de Arimatéia e Nicodemos cuidaram às pressas do corpo de JESUS (Jo 19.38-42),
Maria Madalena, Salomé e Maria (mãe de Tiago) compraram essências aromáticas
(v. 1) e, logo cedo, no domingo, foram ao sepulcro para perfumar o corpo do
Senhor (v. 2). Últimas a saírem do Calvário; primeiras a chegarem ao sepulcro.
Amor transbordante pelo Servo: na alegria e na tristeza.
2-
CRISTO vive (Mc 16.6)
Ele,
porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a JESUS, o Nazareno, que foi
crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham
posto.
Para
impedir a entrada de ladrões ou animais, os jazigos eram fechados com rochas
circulares. Logo, como de costume, seria necessário um grupo de homens fortes
para rolar a pedra e abrir o sepulcro. Recorde-se que os discípulos de CRISTO estavam
escondidos (Jo 20.19). Por isso, ao longo da caminhada, aquelas piedosas
mulheres indagavam-se: “Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?” (v.
3).
Marcos
é o único que registra esse diálogo. Mas, ao chegarem, surpreendem-se: a pedra
“já estava removida” (v. 4). Em Marcos, a menção de que a pedra “era muito
grande” (v. 4) implica que a rolagem da rocha foi obra divina, percepção
confirmada e detalhada por Mateus, inclusive relatando o desmaio dos guardas
que vigiavam o sepulcro de JESUS (Mt 28.2-4).
Focando
em apenas um dos anjos (Lc 24.4), Marcos anuncia, com extrema simplicidade, o
evento chave do cristianismo (1Co
15.14): “ele ressuscitou, não está mais aqui” (v. 6). A morte não tem poder
para vencer a vida (Jo 11.25). DEUS o ressuscitou (At 2.24 e 32; 1Co 6.14). JESUS
é o Filho de DEUS, Salvador e Senhor (Rm 1.4).
3-
Primeiras testemunhas (Mc 16.7)
Mas
ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a
Galileia; lá o vereis, como ele vos disse.
Afirmada
a ressurreição de CRISTO, o anjo convida as mulheres a ver o sepulcro vazio (v.
6) e, em seguida, proclama palavra cheia de encorajamento: “ide, dizei a seus
discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia” (v. 7). O
pecado entrou no mundo pela mulher (Gn 3.6); mas, por ela, vieram o Salvador
(Gn 3.15; Lc 1.30-31) e a propagação primeira da ressurreição. Estonteante
sabedoria divina (Rm 11.33).
No
mais, tudo muito familiar: JESUS havia dito que, após a ressurreição, os
reencontraria na Galileia (Mc 14.28). Também já havia afirmado que a essência
do discipulado consistia em seguir as suas pegadas (Mc 1.20; 8.34; 10.21 e 52).
A referência específica a Pedro é de uma riqueza espiritual comovente: mesmo
sua chocante deserção (Mc 14.72) não impediu que o primeiro movimento do JESUS
ressurreto fosse um explícito e restaurador ato de perdão, colocando em prática
seus ensinamentos (Mc 11.25).
Todavia,
a missão de testemunhar a ressurreição encontraria sérios obstáculos:
a) psicologicamente,
as mulheres ficaram atordoadas com aquela experiência sobrenatural (v. 5);
b) culturalmente,
à época, o testemunho de mulheres era menos confiável que o de homens;
c) espiritualmente,
ao que parece, mesmo a visitação de anjos no sepulcro vazio falhou em estimular
fé. O resultado? Medo, fuga e desobediência (v. 8).
II-
APARIÇÕES (Mc 16.9-14)
1-
Transformação (Mc 16.9)
Havendo
ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a
Maria Madalena, da qual expelira sete demônios.
Depois
de algum tempo de reflexão, Maria Madalena é a única que consegue romper esses
duros limitadores e correr para contar a Pedro e João o que havia descoberto
(Jo 20.2-10), demorando-se um pouco no túmulo depois que eles partem. Nesse
instante, o próprio Senhor aparece, propiciando-lhe encontro memorável. Maria
Madalena é a primeira a encontrar-se com o JESUS ressurreto (Jo 20.11-18) –
sim, justamente ela, de quem o Servo outrora havia expelido sete demônios (v.
9; Lc 8.2).
Eis
o milagre da transformação: aquela que um dia aninhou dentro de si diversos
seres malignos, agora portará as boas-novas da ressurreição de CRISTO. O
Evangelho não é uma ideia nem filosofia, mas o poder de DEUS para a salvação de
todo aquele que crê (Rm 1.16). Mais tarde, as demais mulheres também teriam seu
próprio encontro pessoal e restaurador com o JESUS ressurreto (Mt 28.9-10).
2-
Incredulidade (Mc 16.11)
Estes,
ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram…
A
postura ousada de Maria Madalena contrasta com a reação insistentemente cética
dos discípulos (v. 10; Mc 14.50; Jo 20.19). Desprezaram o testemunho de Maria
Madalena (v. 10-11) e das demais mulheres (Lc 24.10-11). Também não creram no
testemunho da dupla que encontrou com o Senhor no caminho de Emaús (v. 12-13;
Lc 13.34). JESUS, enfim, aparece e censura-lhes a dureza de coração,
confirmando os testemunhos anteriores (v. 14) – e, mesmo assim, não sem antes
muita resistência em aceitar que verdadeiramente o próprio CRISTO estava entre
eles (Lc 24.36-43).
O
testemunho da Igreja a respeito da ressurreição de JESUS é o testemunho do
próprio Senhor ressurreto (At 9.1-5). Impressiona a indisposição dos discípulos
em crer naquilo que tantas testemunhas relatavam com convicção, que as
Escrituras sinalizavam com clareza (Sl 16.9- 10; Is 26.19; Os 6.1-2; 1Co 15.3-4)
e que o próprio Servo – prévia, expressa e reiteradamente – já havia dito que
aconteceria (Mc 8.31; 9.31; 10.33-34).
Não
importa quantas experiências espirituais tenhamos vivido. A fraqueza de fé
desses privilegiados homens que andaram lado a lado com JESUS constitui um
eloquente alerta para permanecermos vigilantes na luta contra a catástrofe de
incredulidade (Hb 3.7–4.13; 2Co 13.4-5).
3-
Diversas aparições (Mc 16.12)
Depois
disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o
campo.
Após
ressurreto, aconteceram, registrados na Bíblia, pelo menos, onze eventos de
aparição de JESUS antes de sua ascensão. Confira-se: à Maria Madalena (Jo
20.14-18), ao grupo de mulheres (Mt 28.9-10), a Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5), aos
dois discípulos no caminho para Emaús (Lc 24.13- 35), aos discípulos em
Jerusalém (Lc 24.36-43; Jo 20.19-23), a Tomé e aos outros (Jo 20.24-29), aos
sete junto ao lago (Jo 21.1- 23), aos discípulos no monte (Mt 28.16-20), a
quinhentos seguidores (1Co 15.6), a Tiago (1Co 15.7) e aos discípulos, quando
da ascensão (Lc 24.44-53; At 1.1-12).
As
aparições de CRISTO foram centrais para a pregação na Igreja primitiva (At
2.32; 3.15; 10.41; 13.31) e para seu ensino (1Co 15.5-8). JESUS promoveu essas
aparições durante um período de quarenta dias (At 1.3).
III-
ASCENSÃO (Mc 16.15-20)
1-
Grande comissão (Mc 16.15)
E
disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
Uma
vez cumprido seu ministério terreno (Mc 1.14-15 e 10.45), não havia mais razões
para JESUS permanecer fora de casa (Jo 14.2-3). Antes, porém, o Senhor restaura
a comunidade de discípulos, bem como sua chamada missionária (Mc 6.7-13),
constituindo-os, enfim, como seus genuínos embaixadores nesta terra (Is 61.1-3;
2Co 5.20; 1Pe 2.9). Com efeito, a palavra deve ser pregada a todas as criaturas
e em todo o mundo (v. 15).
Discípulos
de todas as nações deverão ser formados e batizados em nome do PAI, do Filho e
do ESPÍRITO SANTO (Mt 18.18-19). É certo que a Palavra de DEUS é espada de dois
gumes: gera vida, mas também sentencia com a morte (v. 16; Jo 3.18; Hb 4.12).
Entretanto, como afirma Dewey Mulholland, para a Igreja, optar pelo silêncio é
um perigo maior que a perseguição e a morte: o Evangelho só será boas novas se
for compartilhado (Rm 10.14-17).
Logo,
não podemos ser tímidos ou negligentes na tarefa de, com amor e sabedoria,
pregar o Evangelho a todos, em qualquer lugar e a qualquer tempo (2Tm 4.1-2).
Antes, pelo contrário, devemos estar sempre preparados para ser boca de DEUS
(2Tm 2.15), com a firme convicção de que JESUS está conosco (Dt 31.6; Mt 28.20)
e garantirá a eficácia de Sua Palavra por meio de sinais que acompanharão os
que creem (v. 17-18; Is 55.10-11).
2-
À destra de DEUS (Mc 16.19)
De
fato, o Senhor JESUS, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e
assentou-se à destra de DEUS.
As
aparições e desaparições de JESUS depois da ressurreição foram instantâneas (Jo
20.19); a ascensão, porém, foi gradual (At 1.6-11). Sua partida da terra deu-se
com uma lenta e emocionante subida – assim como sua entrada ao mundo foi uma
“descida” (Ef 4.9-10). Igualmente, como sua entrada no mundo foi sobrenatural
(Lc 1.35 e 2.13-14), assim também o foi sua partida.
A
ascensão de JESUS marcou a conclusão de seu ministério na terra e o começo de
seu ministério no céu, agora como Sumo Sacerdote e
Advogado de seu povo (Hb 7–10; 1Jo 2.1-3). Importante lembrar que, para os
judeus, não haveria novidade em um grande herói ascender visivelmente aos céus,
como ocorrera com Elias (2Rs 2.11).
Mas
JESUS não só subiu, como também foi recebido nas alturas “e assentou-se à
destra de DEUS” (v. 19), ou seja, lugar de suprema honra e autoridade (Sl
110.1; Mc 12.36), tanto no céu quanto na terra (Mt 28.18; 1Pe 3.22). Jamais
houve alguém cujo nome fosse digno de tamanha exaltação (Fp 2.9-11; Ap
5.11-14). Todas as coisas do universo estão debaixo dos pés do CRISTO exaltado
(Ef 1.20-23).
3-
Sinais (Mc 16.20)
E
eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e
confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam.
Diante
de tão imensa glória, poder e autoridade, não nos espanta saber que, com a obediência
dos discípulos em pregar o Evangelho por toda a parte, o Senhor tenha cooperado
fielmente com eles, confirmado a palavra por meio de sinais (v. 20; Mt 11.5).
Até hoje, quando a Igreja proclama a mensagem de DEUS, o próprio DEUS se
encarrega de confirmar essa mensagem com a manifestação de seu poder (Jo 14.12;
At 1.8-9; 1Co 2.4; 1Ts 1.5).
APLICAÇÃO
PESSOAL
Temos
o mais poderoso Senhor e a mais poderosa mensagem. Portanto, deixando de lado
todo medo ou timidez, preguemos com ousadia o Evangelho de CRISTO a tantos
quantos estiverem ao nosso alcance.
RESPONDA
1)
Culturalmente, qual o problema para que mulheres testemunhassem a respeito da
ressurreição de JESUS? R. Seu testemunho era considerado menos confiável.
2) Segundo a lição, qual a primeira pessoa que se encontrou com o JESUS
ressurreto? R. Maria Madalena (Mc 16.9; Jo 20.11-18).
3) Depois da ressurreição, durante quantos dias JESUS promoveu aparições antes
de ser elevado às alturas (At 1.9)? R. Durante quarenta Dias (At 1.3).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Revista
Betel 1tr23 na íntegra
Lição
12, BETEL, O sofrimento do Servo, sua morte e ressurreição, 1Tr23, Pr
Henrique, EBD NA TV
Para
me ajudar – PIX 33195781620 - CPF Luiz Henrique de Almeida Silva
ESBOÇO
DA LIÇÃO
1-
O sofrimento do Servo
1-1-
A unção do Servo Para a sepultura.
1-2-
O Servo traído.
1-3-
O corpo do Servo está prestes a ser oferecido
2-
O Servo está prestes a ser ferido.
2-1-
O Servo no Getsêmani.
2-2-
O Servo a preso.
2-3-
O julgamento a condenação do Servo.
3-
A crucificação e ressurreição do Servo.
3-1-
A crucificação do Servo.
3-2-
O sepultamento do Servo.
3-3-
A ressurreição do Servo.
TEXTO AUREO
“Porém ele disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a JESUS,
o nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o
lugar onde o puseram." Marcos 16.6
VERDADE APLICADA
Ao ser preso, passar pelo sofrimento, morrer na cruz e
ressuscitar ao terceiro dia, o Servo estava cumprindo o glorioso e perfeito plano
de DEUS.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
- Mostrar que Judas foi um discípulo desonesto.
- Pontuar as aflições sofridas pelo nosso Senhor.
- Evidenciar a importância da ressurreição de JESUS.
TEXTOS DE REFERÊNCIA - MARCOS 15.43-47
43. Chegou José de Arimatéia, senador honrado, que também
esperava o reino de DEUS, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de JESUS.
44. E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E,
chamando o centurião, perguntou-lhe se havia muito que tinha morrido.
45. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a
José,
46. 0 qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz,
o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha, e revolveu uma
pedra para a porta do sepulcro.
47. E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam
onde o punham.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA Mc 14.56 Testemunharam falsamente acerca do
Servo.
TERÇA Mc 14.72 Pedro nega ser amigo do Servo.
QUARTA Mc 15.20 Zombaram do Servo na hora da crucificação.
QUINTA Mc 15.28 O Servo e colocado entre os malfeitores.
SEXTA Mc 16.2 JESUS ressuscitou no primeiro dia da
semana.
SÁBADO Mc 16.9 O Servo aparece a Maria Madalena.
HINOS SUGERIDOS- 282, 291, 465
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que nunca esqueçamos o propósito
da ressurreição de JESUS.
INTRODUÇÃO
O
evangelho de Marcos também registra JESUS passando zombaria, escárnio, açoites,
aflição, sendo morto na cruz a ressuscitando ao terceiro dia. Porém, tais situações
não foram acidentais ou surpresa, pois o próprio Servo já tinha revelado aos
Seus discípulos [Mc 8.31; 10.33-34]. Estava cumprindo o perfeito plano divino.
1-
O sofrimento do Servo
A
leitura do evangelho de Marcos 14.1-2 deixa transparecer a trama dos principais
dos sacerdotes e os
escribas
que buscavam ocasião para ver como o prenderiam com engano e matariam JESUS em segredo.
1-1-
A unção do Servo Para a sepultura.
Marcos
nos mostra a devoção de uma mulher de Betânia que estava presente na casa de Simão,
o leproso, na mesma oportunidade que o Servo. Esta mulher trazia um vaso de
alabastro, com unguento de nardo puro, de muito valor. Sem se importar com preço,
esta mulher quebrou o vaso e derramou sobre a cabeça do Filho de DEUS. Contudo,
esse gesto irritou os presentes grandemente: "E alguns houve que em si
mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício de
unguento?" [Mc 14.4]. Em seu discurso alegavam que o perfume derramado era
um desperdício, pois possuía um alto valor e poderia ser vendido para dar aos
pobres. Esse pensamento era um equívoco por parte de todos os presentes, pois eles
não conseguiam compreender que aquela mulher, consciente ou não, estava ungindo
previamente o corpo do Servo para o Seu sepultamento que estava se aproximando
[Mc 14.8].
1-2-
O Servo traído.
Judas
Iscariotes é o modelo do crente que caminha com
o
Servo, mas seu coração está longe dEle. Marcos diz que Judas foi ter com os principais
dos sacerdotes para entregar o Mestre, e estes, ouvindo isto, alegraram-se e prometeram
dar-lhe dinheiro. Dispostos a ganhar as suas moedas, então Judas buscava como
entregar o
Servo
em um momento oportuno [Mc 14.10-11]. O evangelista João nos faz saber que
Judas tinha uma ocupação muito importante entre os doze discípulos, sendo ele o
responsável em gerir as finanças do grupo que andava com JESUS [Jo 12.6]. A preocupação
exacerbada de Judas com o perfume gasto por Maria ao ungir JESUS, já
demonstrava seu apego pelo dinheiro em demasia [Jo 12.4-5]. Não podemos
esquecer que João também diz que ele era ladrão por se apropriar das ofertas [Jo
12.6]. Foi a inclinação ao dinheiro que fez com que Judas entregasse JESUS aos
principais dos sacerdotes.
1-3-
O corpo do Servo está prestes a ser oferecido vicariamente em favor dos
pecadores.
É oportuno
lembrar que a festa da Páscoa era uma das mais importantes para o povo judeu, possuindo
um grande valor simbólico entre este povo. Essa festa lembrava a libertação do
povo hebreu do cativeiro egípcio. Foi na noite que antecedeu a Sua morte, que JESUS
a os Seus discípulos comeram a última Páscoa, quando o Mestre institui a Santa
Ceia, pois Ele possuía o entendimento de que o Seu fim estava próximo. O Filho
do Homem, que se fez Servo, estaria assim como no Egito, desprendendo o Seu povo
não mais de uma escravidão humana, entretanto do cativeiro das astúcias de Satanás.
2-
O Servo está prestes a ser ferido.
JESUS,
sabedor que era chegada a Sua hora, preocupou-se em dar as últimas instruções e
conselhos
aos
Seus discípulos. Marcos registra a advertência que JESUS fez em particular a
Pedro, dizendo que antes que o galo cantasse duas vezes ele o negaria três
vezes
[Mc
14.27-30]. Palavras estas que não foram muito bem aceitas por Pedro.
2-1-
O Servo no Getsêmani.
Marcos
narra que, na noite em que seria preso, JESUS orou três vezes no Jardim do Getsêmani
[Mc 14.37, 40-41]. O evangelista relata que, no espaço entre uma oração e
outra, o Filho de DEUS achou os Seus discípulos dormindo. O que nos chama atenção
é que isso ocorreu enquanto o Servo angustiava-se em oração profunda, rogando ao
PAI que se fosse possível passasse dEle este cálice. Foi nesse ambiente que JESUS
fez a seguinte explanação: "(...) Basta, é chegada a hora. Eis que o Filho
do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores." [Mc 14.41].
2-2-
O Servo a preso.
Marcos
pronuncia que, enquanto o Servo ainda falava, veio Judas Iscariotes, que era um
dos doze discípulos, ao Getsêmani, acompanhado dos principais sacerdotes, dos
escribas e dos anciãos e com eles
vieram
uma grande multidão com espadas e varapaus. Judas acertou com a liderança
judaica que aquele que ele beijasse esse seria o CRISTO. Ao se aproximar do
Servo, disse: Rabi, Rabi e saudou-o com um beijo no rosto, sendo o Mestre preso
nesta hora [Mc 14.45-46]. Aquelas pessoas foram prendê-lo como se Ele fosse um
delinquente [Mc 14.48]. Entretanto, a verdadeira identidade do Filho de DEUS
estava muito próxima de ser conhecida por todos aqueles que o haviam prendido
injustamente.
2-3-
O julgamento a condenação do Servo.
As
circunstâncias do julgamento de JESUS mostram o que há de mais perverso no coração
do homem. Marcos narra que os principais entre os judeus o levaram casa do sumo
sacerdote, buscaram algum testemunho contra Ele, para matá-lo, e não acharam
[Mc 14.55]. Estava tudo armado naquele julgamento para que sua condenação
acontecesse. Ao ser interrogado pelo sumo sacerdote e revelar a Sua identidade
como Filho
de
DEUS [Mc 14.62], o sumo sacerdote considera tal declaração do Servo uma blasfêmia
e todos concordam que Ele deve morrer [Mc 14.63-65].
3-
A crucificação e ressurreição do Servo.
Quando
os principais dos judeus acusaram o Servo de dizer ser o Rei dos judeus, o
levaram até Pilatos para
que
este o condenasse a morte. Após Pilatos interrogar JESUS E não achar nEle
nenhuma culpa e, sendo costume no dia da festa soltar um preso, Pilatos deu a
escolher ao povo entre a morte de JESUS e a libertação de Barrabás, preso com
outros amotinadores, que tinha num motim cometido uma morte [Mc 15.7]. Que
triste ao
ler
Marcos narrar que o povo escolheu Barrabás [Mc 15.11]. Pilatos, querendo
agradar a multidão, soltou
Barrabás
e entregou JESUS para ser crucificado [Mc 15.15].
3-1-
A crucificação do Servo.
Para
nos fazer compreender o caminho traçado por JESUS antes da crucificação, Marcos
narra que a preparação para o ato foi um momento de aflição e amargura, onde CRISTO
teve que enfrentar a chacota e a desonra [Mc 15.17]. Nesta ordem de ideias
lemos que após a condenação à morte por Pilatos [Mc 15.15], os soldados romanos
usaram de ações impiedosas [Mc 15.19]. Diante de tanta crueldade o Servo ficou
muito
combalido,
sendo Simão, o cireneu, obrigado a ajudá-lo a carregar a cruz [Mc 15.21]. Ao
chegar ao Seu destino e ser exposto no madeiro o Servo dando um grande brado,
expirou [Mc 15.37].
3-2-
O sepultamento do Servo.
Marcos
narra que um senador honrado por todos, por nome José de Arimatéia, que
aguardava o Reino de DEUS, se dirigiu ousadamente a Pilatos e sem hesitar pediu
o corpo do Servo [Mc 15.43]. O evangelista João destaca que José de Arimatéia
era um "discípulo de JESUS, mas ocultamente, por medo dos judeus" [Jo
19.38]. Diante de tal pedido, a postura adotada por Pilatos segundo Marcos foi de
maravilhar-se ao saber que JESUS havia morrido [Mc 15.44]. A aceitação de
Pilatos em ceder o corpo do nosso Senhor se deu após perguntar ao centurião e
confirmar a informação. Diante da ratificação, Pilatos aceitou dar o corpo a
José [Mc 15.45]. No diagnóstico alcançado por Marcos, assistimos que José
comprou um lençol de linho, envolveu o corpo de JESUS e depositou num sepulcro
lavrado em uma rocha. O que José de Arimatéia não
sabia
a que o túmulo novo brevemente já estaria vazio.
3-3-
A ressurreição do Servo.
Pela
manhã de domingo, mesmo preocupadas acerca de como removeriam a pedra do
sepulcro, as mulheres foram ao túmulo. Marcos descreve que estas mulheres
presenciaram um jovem sentado à direita, vestido com uma roupa branca comprida
e ficaram espantadas [Mc 16.5]. Nesta hora o anjo do Senhor disse as palavras
mais doces e belas para todo cristão: o Servo ressuscitou [Mc 16.6].
CONCLUSÃO
O nosso Senhor JESUS CRISTO venceu a morte! Ele está vivo! Conforme nos afirma a Sua Palavra, Ele ressuscitou e cumprirá a Sua promessa e voltará para nos buscar.