Lição 4 - Não Farás Imagens de Esculturas - 1 Parte

 
Lição 4 - Não Farás Imagens de Esculturas - 1 Parte
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
NÃO DEIXE DE LER O ESTUDO SOBRE ALIANÇA - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm



TEXTO ÁUREO
"Portanto, meus amados,  fugi da idolatria." (1 Co 10.14)



VERDADE PRÁTICA
O segundo mandamento proíbe a idolatria, adoração de ídolo, imagem de um deus ou de qualquer objeto de culto



LEITURA DIÁRIA
Segunda - Lv 19.4 DEUS proíbe a fabricação de ídolos e deuses de fundição
Terça - Dt 4.12 A adoração a DEUS deve ser sem imagens e sem figuras
Quarta - Mt 4.10 Somente DEUS deve ser adorado e a Ele devemos servir
Quinta - Jo 4.24 DEUS é ESPÍRITO e deve ser adorado em espírito e em verdade
Sexta - At 17.24,25 DEUS não habita em templo feito por mãos humanas
Sábado - 1 Jo 5.21 O combate à idolatria é mantido pelo apóstolo João

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 20.4-6; Deuteronômio 4.15-19
Êxodo 20.4-6
4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem  em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu DEUS, sou DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem  6 e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos.
Deuteronômio 4.15-19
15 Guardai, pois, com diligência a vossa alma, pois semelhança nenhuma vistes no dia em que o SENHOR, vosso DEUS, em Horebe, falou convosco, do meio do fogo; 16 para que não vos corrompais e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea; 17 figura de algum animal que haja na terra, figura de alguma ave alígera que voa pelos céus; 18 figura de algum animal que anda de rastos sobre a terra, figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; 19 e não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR, teu DEUS, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.

OBJETIVO GERAL
Mostrar que DEUS se revela ao homem sem a necessidade de meras reproduções (figuras, estátuas, imagens, esculturas, desenhos).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.
Explicar a proibição bíblica quanto à idolatria - (Tudo o que é artificial não penetra no reino espiritual - Tudo o que se coloca como objeto de adoração, sendo material, é idolatria).
Apresentar a característica zelosa de DEUS (Juízo sobre o pecado e bênção sobre a obediência).
Conscientizar sobre o verdadeiro culto a DEUS (em ESPÍRITO e em Verdade - Em comunhão com o ESPÍRITO SANTO e dentro do que ensina a Palavra).
Esclarecer quanto à idolatria da teologia romana (A adoração a uma mulher no céu sempre atraiu as pessoas - é pecado terrível quando se coloca alguém no mesmo nível ou superior a JESUS no plano de salvação).

Resumo da Lição 4 - Não Farás Imagens de Esculturas 

I. PROIBIÇÃO À IDOLATRIA
1. Ídolo e imagem.
2. Idolatria.
3. Semelhança ou figura.
II. AMEAÇAS E PROMESSAS
1. O DEUS zeloso.
2. As ameaças.
3. As promessas.
III. O CULTO VERDADEIRO
1. Adoração.
2. DEUS é espírito.
3. DEUS é imanente e transcendente.
IV. AS IMAGENS E O CATOLICISMO ROMANO
1. O que dizem os teólogos católicos romanos?
2. Uma interpretação forçada.
3. O uso de figuras como símbolo de adoração.
4. Mariolatria.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, a devoção às imagens e esculturas, no Brasil, é um fenômeno religioso. Milhares de pessoas, ano a ano, pagam as suas promessas, subindo às mais altas escadarias das catedrais para cultuar a imagens. Mas é importante que expliquemos aos alunos que, por trás da idolatria, há interesses econômicos poderosos. O teólogo Lawrence Richards, comentando o capítulo 19 do livro de Atos, explica com clareza a razão econômica da idolatria praticada em Éfeso: "[...] Em Éfeso, Paulo arruína o negócio daqueles que fabricam e vendem imagens da deusa Ártemis. Demétrio, presidente de um dos sindicatos locais, inicia uma revolta entre os negociantes preocupados. 'Precisamos parar este movimento', clama Demétrio, 'ou todos ficaremos sem emprego'.
A preocupação expressa pelas vítimas desse missionário cristão [ ou seja, Paulo] é verdadeira. Diariamente, os cidadãos americanos gastam mais de 80 milhões de dólares com o ocultismo. Eles visitam cartomantes, com encantos e amuletos, contratam mágicos para curar doenças ou amaldiçoar inimigos. Ora, toda indústria turística americana está baseada nas pessoas visitando cidades como Éfeso, onde há famosos templos e santuários.
Simplesmente falando, o império não pode dar-se ao luxo de tolerar pessoas como Paulo, que pregam contra a feitiçaria e a idolatria. Toda a nossa economia desmoronará se estes fanáticos forem tolerados.
Alguns podem argumentar que a mensagem de Paulo é verdadeira, e que o poder de seu 'ESPÍRITO SANTO' e de 'JESUS' é maior do que o poder dos espíritos dos quais eles dependem. Isso pode ser verdade. Mas, definitivamente, não ousamos nos converter, tornando-nos cristãos. Há muita gente que ganha a vida com o ocultismo. É uma indústria que o império simplesmente precisa apoiar" (RICHARD. Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de  Janeiro: CPAD, p.275).

PARA REFLETIR
A respeito da Idolatria:
É correto afirmar que a idolatria se caracteriza apenas por imagens de esculturas?
Não. A idolatria se caracteriza por tudo aquilo que toma o lugar de DEUS no coração da pessoa.
Com a máxima semítica "terceira e quarta geração", o autor bíblico quer se referir ao número exato de vezes que DEUS castigará a geração? 
Não. O objetivo é contrastar o castigo para "terceira e quarta geração" com o propósito de DEUS de abençoar a milhares de gerações.
Por que não podemos ter uma atitude de adoração ou devoção a Maria?
Em primeiro lugar, Maria, apesar de ser a mãe de JESUS, era uma mulher igual às outras, mas achada graciosa pelo Senhor. E ela jamais aceitaria ser cultuada, pois a glória deve ser dada somente a DEUS.
Ter objetos decorativos em casa é idolatria?
Não. Não há nada na Bíblia que condene ter objetos decorativos em casa.
A Bíblia proíbe as artes?
Não. Temos de ter discernimento para não proibirmos o que a Bíblia não proíbe. Temos de distinguir os ídolos dos objetos meramente decorativos e das artes e esculturas artísticas. DEUS mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35).

VOCABULÁRIO
Imagética: Que revela imaginação. Ocultismo: Crença na ação ou influência dos poderes sobrenaturais.

SUGESTÃO DE LEITURA
Manual do Pentateuco
Neste livro, o autor faz um exame preciso e aprofundado dos cinco primeiros livros da Palavra de DEUS, relacionando suas informações com o contexto sociocultural da época. Excelente para pesquisas, cada capítulo possui bibliografia para enriquecer ainda mais seus estudos.
CRISTO entre outros Deuses
Todas as religiões são iguais? DEUS é o mesmo em todos os cultos? Como JESUS é visto em outras religiões? Todos os caminhos levam a DEUS? Essas e outras questões são abordadas neste livro. Com argumentos irrefutáveis, o autor leva-nos a refletir acerca dos principais temas religiosos.


Comentários de vários autores com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique
INTRODUÇÃO
No preâmbulo do primeiro mandamento DEUS se identifica. O segundo mandamento é muito próximo do primeiro, ambos são de ordem espiritual e afirmam a existência de um DEUS vivo, o único que deve ser adorado. Aqui Javé proíbe a adoração aos ídolos e o culto a qualquer imagem de escultura ou de pintura como objeto de adoração. É nesta forma de idolatria que o presente capítulo pretende focar.
Os patriarcas do Gênesis e os israelitas do deserto sabiam muito pouco sobre os atributos de DEUS. A revelação divina aconteceu de forma gradual ao longo dos séculos, até a manifestação do Filho de DEUS (Hb 1.1). Os dois primeiros mandamentos do Decálogo são os que maior impacto causaram em Israel. DEUS é espírito e invisível (Jo 4.24; Cl 1.15; 1 Tm 1.17) e hoje qualquer cristão sabe disso. Essa verdade é declarada na Confissão de Westminster. No entanto, foi o próprio DEUS que se revelou a si mesmo sobre o seu ser e a sua natureza e nesses mandamentos temos o esboço dessa doutrina.
No primeiro mandamento, Javé se identifica ao seu povo como o DEUS soberano que remiu a Israel da escravidão do Egito. Aqui e no segundo mandamento, DEUS revela a sua espiritualidade e ordena que somente ele deve ser adorado. Javé proíbe o uso de imagem e de qualquer representação, semelhança ou figura do próprio DEUS na adoração. Essa proibição se estende também a toda e qualquer divindade falsa dos pagãos.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 39-40.

O segundo mandamento diz respeito às ordenanças da adoração, ou à maneira segundo a qual DEUS deverá ser adorado, o que é adequado que Ele mesmo indique. Aqui temos:
A proibição. Aqui somos proibidos de adorar até mesmo o DEUS verdadeiro, em imagens, w. 4,5. [1] Os judeus (pelo menos, depois do cativeiro) se julgaram proibidos, por este mandamento, de fazer qualquer imagem ou pintura. Consequentemente as imagens que os exércitos romanos tinham em suas insígnias são chamadas de abominações para eles (Mt 24.15), especialmente quando são colocadas no lugar santo.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 292.

É lógico que o segundo mandamento (Êx 20.4-6) segue o primeiro, desde que era difícil, se não impossível, para a mente pagã apreender a noção de invisibilidade dos deuses que impossibilitava a representação deles em algum material ou forma física. Contudo, é provável que seja um erro supor que os adoradores desses deuses — ou, pelo menos, que os pensadores mais densos entre eles — não vissem, de fato, diferença entre as deidades per se e as formas plásticas que assumiam com o auxílio dos adoradores. Em outras palavras, os ídolos e as imagens, com certeza, eram apenas representações de seres invisíveis, cuja realidade só seria plenamente avaliada por meio de seu ser visível.  Ao mesmo tempo, para muitos dos devotos comuns desses deuses, talvez para a maioria deles, não havia distinção prática entre o visível e o invisível a ponto de considerarem que os objetos de madeira, pedra ou metal possuíam o nome divino e eram adorados como tal.
Mesmo que essa seja uma interpretação acurada da concepção de imagens por Israel, permanece o fato de que essas representações visíveis de poderes invisíveis percebidos eram estritamente proibidas. E se esse era o caso com os falsos deuses, quão mais odioso seria tentar captar o DEUS eterno do céu e da terra em algum objeto feito por mãos humanas! Primeiro, fazer isso era adorar um produto de criação humana ou, pelo menos, um objeto adequado para captar a essência do ser representado. Quão pequeno deve ser um deus para poder ser retratado em alguma forma concebida pela mente humana. Além disso, a tentativa de iconizar o DEUS invisível sugere que ele pode ser localizado, reduzido ao escopo de algo que pode ser manipulado. Na verdade, DEUS torna-se prisioneiro da habilidade do artista, da substância e qualidades da matéria-prima que ele usa e da incapacidade do adorador de imaginá-lo além do que pode ver com os próprios olhos e tocar com as próprias mãos.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 326-327.

I. PROIBIÇÃO À IDOLATRIA
1. ÍDOLO E IMAGEM.
O grande desafio de Israel era vencer a idolatria e manter a fidelidade a Javé, cumprindo o concerto do Sinai. O povo estava saindo de um contexto sociocultural completamente politeísta. Seus ancestrais lhes haviam falado sobre o DEUS de Abraão, de Isaque e de Jacó, mas agora eles mesmos precisavam saber o que significava o compromisso de servir e adorar exclusivamente o DEUS que os libertara da escravidão do Egito. A adoração a Javé devia ser algo completamente diferente dos rituais idólatras. O segundo mandamento declara: Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu DEUS, sou DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos (Êx 20.4-6; Dt 5.8-10).
Os dois termos hebraicos pessel e temunãh dizem respeito à falsa adoração. Da palavra pessel, "imagem", deriva o verbo pãssal, "esculpir, entalhar, lavrar" pedra ou madeira para construir (1 Rs 5.18 [32]), escrever (Êx 34.1, 4; Dt 10.1, 3) e esculpir imagem de divindades (Hc 2.18).
A Septuaginta traduziu o termo por eidõlon, "ídolo". O termo temunãh, "forma, aparência, figura, representação, semelhança", só aparece dez vezes no Antigo Testamento (Êx20.4; Dt4.12,15,16,23,25; 5.8; Nm 12.8; Jó 4.16; Sl 17.15). Cinco vezes aparece em conexão ou paralelamente a pessel e diz respeito à proibição do uso de imagens (Êx 20.4; Dt 4.16, 23, 25; 5.8). Duas vezes é usada para esclarecer que os israelitas ouviram a voz de Javé que falava do meio do fogo no monte Sinai, mas eles só ouviram as palavras por ocasião da revelação do Sinai (Dt 4.12, 15). Três vezes é empregada de maneira independente: Moisés era o único que via a temunat YHWH, a "semelhança de Javé" (Nm 12.8). DEUS falava com ele como alguém fala a um amigo, face a face (Êx 33.11); Elifaz usa o termo para descrever uma revelação noturna (Jó 4.16) e, num paralelismo poético, a palavra é empregada de forma metafórica numa visão de Davi (Sl 17.15).
O segundo mandamento diz que não se deve fazer imagem ou figura de tudo o "que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4; Dt 5.8). Isso envolve todas as espécies de animais, aves, répteis, peixes, aves, corpos celestes, e inclui a imagem do próprio DEUS (Dt 4.12-19). A menção das estátuas de macho e fêmea, "alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea" (Dt 4.16), diz respeito às divindades masculinas e femininas. (Jr 2.27). A madeira era o símbolo da fertilidade feminina; a deusa Aserá era a mãe dos deuses; e a pedra simbolizava a fertilidade masculina na religião dos cananeus (Dt 4.28; Jr 3.9).
As espécies de animais mencionadas aqui (Dt 4.17-19) representavam os deuses na antiguidade (Ez 8.10). Dagom era o deus dos filisteus (Jz 16.23; 1 Sm 5.7), e sua imagem consistia em metade forma de homem e metade forma de peixe. Rá era o deus-sol, dos egípcios, e Sin, o deus-sol dos babilônios. O touro, por exemplo, era um símbolo do Egito: "Por que o deus Ápis fugiu? O seu touro não resistiu" (Jr 46.13, NVI); "Por que foi derribado o teu Touro?" (ARA). Ápis era o boi sagrado do Egito, representação de Ptah, deus da fertilidade de Mênfis. O culto do bezerro no deserto mostra que essa forma de adoração dos egípcios ainda estava no coração do povo (Êx 32.4-6; Sl 106.19, 20). As estátuas de Baal eram colocadas sobre touros. Esse animal era ideal para esses deuses, pois simbolizava força e fertilidade. O touro representava também outros deuses, como Baal. E, durante muito tempo, o povo judeu também se deixou influenciar pelo culto do bezerro (1 Rs 12.28-30; Os 8.5). Esses são alguns dos exemplos de divinização pagã de animais e corpos celestes.
O segundo mandamento divide opiniões ainda hoje, e as interpretações são diversificadas. Os templos católicos romanos estão cheios de imagens de escultura, com fins cúlticos; por outro lado, a comunidade Amish não permite o uso de fotografia nem se deixa fotografar, pois seus membros a interpretam como produção de imagem, o que violaria o segundo mandamento. Contudo, o mandamento aqui não se refere à arte como tal. Essa proibição é específica; refere-se imagem de madeira, pedra ou metal ou forma de algum deus ou deuses das nações com fins de adoração: "Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.5; Dt 5.9).
Essa maneira de entender o segundo mandamento é confirmada ao longo do Antigo Testamento (2 Rs 21.7; Is 40.19, 20; Jr 10.14). Aqui, é uma referência à adoração (Êx 34.13, 17; Dt 27.15). O primeiro verbo tem o sentido de adorar tishthaheweh, ou tishthahãweh, "prostrar-se, encurvar, adorar". A Septuaginta traduz por proskyneo "adorar”, e o termo aparece 60 vezes no Novo Testamento. O segundo verbo é ‘ãvad, "trabalhar, servir". A Septuaginta traduziu por latreuõ, "prestar serviço sagrado, servir, adorar", e é o termo que aparece em Mateus 4.10.
O contexto é religioso e remete à proibição de fazer imagens de escultura ou quaisquer figuras e se prostrar diante delas para as adorar. Este mandamento causou profundo impacto em Israel, de modo que a escultura é uma arte que não se desenvolveu entre os israelitas, mesmo para fins meramente culturais. Os grandes museus, como Louvre em Paris, o museu Britânico em Londres, o Neues em Berlim o Metropolitan em Nova Iorque; o museu do Cairo, entre outros, estão repletos de artes de escultura artística e religiosa, bustos de artistas, pensadores e estadistas do Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Grécia, Fenícia e Roma, além de estátuas e estatuetas de deuses. No entanto, não existe praticamente nada nos acervos judaicos dessa natureza nesses museus.
As galerias de arte estão completamente fora deste contexto. Trata-se de coleções de manifestações artísticas, e não é a respeito disso que fala o segundo mandamento. Os expositores da Bíblia são praticamente unânimes quanto a esta questão. Há no Antigo Testamento diversos indícios que confirmam esta interpretação. DEUS mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35) e mandou Moisés levantar uma serpente de metal no deserto (Nm 21.8). O rei Salomão não encontrava artistas em Israel para a decoração do templo e do seu palácio, de modo que contratou escultores e pintores dentre os fenícios (2 Cr 2.13, 14). Ele mandou esculpir querubins na parede e touros e leões para decorar o templo (1 Rs 6.29; 7.29) e o palácio real (1 Rs 10.19, 20). E, quando a serpente de metal que Moisés levantou no deserto veio a ser objeto de culto com o passar do tempo, o rei Ezequias mandou destruí-la (2 Rs 18.4).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 42-46.

Não farás para ti imagem. O primeiro mandamento proíbe o politeísmo, e a idolatria e o uso de imagens promoviam cultos politeístas. Portanto, o primeiro mandamento também combate o uso de ídolos. Por motivos assim é que muitos intérpretes pensam que os vss. 4-6 deste capítulo fazem parte do primeiro mandamento.
Os vss. 4-6, para a maioria dos grupos protestantes (com a exceção dos luteranos), constituem o segundo mandamento. É proibido o fabrico de qualquer imagem de escultura para fins de adoração. As imagens tendem ou mesmo promovem formas várias de politeísmo, e isso fora estritamente proibido no primeiro mandamento. Além disso, as imagens de escultura, tal como o próprio politeísmo, destroem a natureza ímpar de Yahweh, além de injetarem elementos estranhos no pensamento e na adoração religiosos. Grandes segmentos da cristandade têm uma espécie de subpolíteísmo no uso de imagens e na veneração dos “santos”. Digo aqui “sub-politeísmo” porque, acima do mesmo, reservam uma adoração especial a DEUS. O que temos, nesses casos, é uma forma de sincretismo onde o antigo politeísmo alia-se ao monoteismo, A cristandade, ao entrar em contacto com culturas pagãs, inventou várias formas de sincretismo, pelo que desobedecem de forma crassa o primeiro e o segundo mandamentos.
O primeiro e o segundo mandamentos proibiam qualquer forma de representação idólatra, e a adoração a essas formas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.

“Como o primeiro mandamento afirma a unidade de DEUS e é um protesto contra o politeísmo, assim o segundo afirma sua espiritualidade e é um protesto contra a idolatria e o materialismo.” Embora certas formas de idolatria não sejam materiais — por exemplo, a avareza (Cl 3.5) ou a sensualidade (Fp 3.19) —, o segundo mandamento condena primariamente a fabricação de imagens (4) na função de objetos de adoração. Este tipo de idolatria sempre existiu entre os povos pagãos mais simplórios do mundo. A história de Israel comprova que esta tentação é traiçoeira.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 189.

Os profetas posteriores expõem o mal e a insensatez de adorar a ídolos de formas muitíssimo sarcásticas e até mesmo jocosas. Isaías perguntou: “Com quem vocês compararão DEUS? Como poderão representá-lo?” (Is 40.18). A seguir, esse profeta menciona que as imagens são feitas pelo homem. Elas são feitas em moldes e vestidas com ornamentos de ouro e prata. Se a pessoa fosse muito pobre para fazer um ídolo tão elaborado, ela fazia um de madeira, usando um carpinteiro que modelaria o ídolo de forma a não cair (w. 19,20)! Isso traz à memória a imagem de Dagom, o deus dos filisteus, que caiu do pedestal na presença da arca da aliança e perdeu a cabeça e as mãos (ISm 5.1-5). Dessa forma, ele provou não ter conhecimento nem poder. Isaías, prosseguindo com a idéia da impotência dos ídolos, diz a respeito do artesão que estava temeroso por causa da humilhação do deus que fizera: “[Ele] fixa o ídolo com prego para que não tombe” (Is 41.7). A insensatez da idolatria reflete a insensatez dos que a praticam. Isaías comentou a respeito destes que “todos os que fazem imagens nada são, e as coisas que estimam são sem valor. As suas testemunhas nada vêem e nada sabem, para que sejam envergonhados. Quem é que modela um deus e funde uma imagem, que de nada lhe serve? Todos os seus companheiros serão envergonhados; pois os artesãos não passam de homens” (Is 44.9-11). A seguir, o profeta, com indisfarçável zombaria, refere-se ao processo de confecção do ídolo. Os vários artesãos habilidosos exauriam-se em seu trabalho para produzir um deus diante do qual eles pudessem se prostrar. Eles, ao longo do processo, tinham de preparar suas refeições sobre o fogo alimentado pela mesma madeira com a qual esculpiam as imagens, sem entender que o bloco diante do qual se curvavam era tão frágil e tão passível de ser queimado quanto os pedaços desse bloco de madeira usados como combustível para o fogo. O profeta resume o ridículo em uma nota mordaz: “Ele [o idólatra] se alimenta de cinzas, um coração iludido o desvia; ele é incapaz de salvar a si mesmo ou de dizer: ‘Esta coisa na minha mão direita não é uma mentira?’” (Is 44.20).
Jeremias acrescenta à descrição de Isaías da idolatria e, se nada mais, em termos ainda mais cáusticos. Ele, como Isaías, descreve o fútil processo de manufatura de ídolo (Jr 10.3-9), mas, depois, apresenta a importante conclusão do ponto de vista teológico de que esses “deuses, que não fizeram nem os céus nem a terra, desaparecerão da terra e de debaixo dos céus” (Jr 10.11). Os produtores deles, continua ele, são “estúpidos e ignorantes; cada ourives é envergonhado pela imagem que esculpiu” (v. 14a). Quanto aos ídolos, eles “são uma fraude, el[es] não têm fôlego de vida. São inúteis, são objetos de zombaria.Quando vier o julgamento delas, perecerão” (w. 14b, 15). Em contrapartida, Jeremias declara: “Aquele que é a porção de Jacó nem se compara a essas imagens, pois ele é quem forma todas as coisas, e Israel é a tribo de sua propriedade” (v. 16). Esse é exatamente o ponto dos dois primeiros mandamentos. Não havia nenhum DEUS além do Senhor de Israel, e os ídolos e as imagens que representavam outras deidades eram criações do homem e, portanto, não representavam nada. Para Israel, adorá-las representava cometer um sacrilégio abominável.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 327-328.

2. IDOLATRIA.
A revelação do Sinai aconteceu três meses após a saída dos israelitas do Egito. Aquela geração havia nascido e vivido na terra do Nilo até aquele momento. O Egito era um dos maiores centros de idolatria do mundo. Suas imagens de escultura e seus obeliscos impressionam o espírito humano até hoje. Esse país foi o berço da civilização de Israel, e os hebreus conviveram com a cultura dos egípcios durante muito tempo, razão pela qual deviam estar bem familiarizados com suas práticas religiosas.
O profeta Jeremias menciona os obeliscos e as casas dos deuses do Egito em Heliópolis muitos séculos após a promulgação da lei: "E quebrará as estátuas de Bete-Semes, que está na terra do Egito; e as casas dos deuses do Egito queimará" (Jr 43.13). O principal templo de Heliópolis era o de Rá, deus representado por um homem com cabeça de falcão, cuja supremacia no Egito durou mais de mil anos. Segundo os egípcios, Rá era o pai de uma família de nove deuses. Implícita estava a zoolatria - adoração aos animais pois os egípcios viam neles mais que símbolos ou emblemas; eles os consideravam receptáculos das formas do poder divino.
Bete-Semes aqui é Heliópolis, uma antiga cidade egípcia de Om, seu nome hebraico, e Heliópolis, seu nome grego (Gn 41.45, 50, LXX). Situa-se atualmente 16 km a noroeste do Cairo, onde se localiza o aeroporto internacional. O nome hebraico bêth shemesh significa "casa do sol", e a Septuaginta emprega hêliou póleõs, "cidade do sol" [50.13]. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz como "Heliópolis". Jeremias emprega o termo hebraico matstsêbãh para designar "estátua", que significa "alguma coisa colocada verticalmente, coluna, pilar, estátua". O profeta se refere aos obeliscos, que são próprios do Egito (KOEHLER & BAUMGAR- TNER, vol. 1,2001, p. 621). Trata-se de um bloco de pedra postado para fins memoriais (2 Sm 18.18) ou religiosos (2 Rs 3.2; 10.26; 18.4; 23.14; Os 10.1; Mq 5.13 [12]). Os obeliscos egípcios eram ídolos e também memoriais. Essa prática era proibida em Israel (Dt 16.22).
Hoje, apenas oito desses obeliscos continuam de pé no Egito: três no templo de Carnaque (originalmente, eram dez); um no templo de Luxor (mas havia dois, o outro está na praça da Concórdia); um no Aeroporto Internacional do Cairo, trazido de Ramessés, sua localidade original; um posto em um jardim ao lado da Torre do Cairo, trazido também de Ramessés; um na praça Matariya, no centro do Cairo, trazido das ruínas do templo do sol de Heliópolis; e o último, da 12ª dinastia, está em Fayum, local em que, segundo se diz, Jacó viveu com toda a família, durante a administração de José do Egito. Existem ainda mais de dez obeliscos egípcios espalhados por locais variados na Europa, Vaticano, Istambul, Londres, Paris e em Nova Iorque, nos Estados Unidos, resgatados desde os romanos a partir do ano 31 a.C.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 40-42.

I. Definição e Característica Geral
1. Essa palavra vem do grego, eldolon. «idolo», e latreaeln, «adorar». Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de DEUS, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse sentido mais amplo, todos os homens, com bastante freqüência, se não mesmo continuamente, são idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos totalmente de todas as formas de idolatria.
Paulo, em Colossenses 3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso posto, qualquer desejo ardente, que faça sombra ao amor a DEUS, envolve alguma idolatria.
2. A idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto ou imagem. Esse termo usualmente inclui a idéia da dendrolatria, da litolatria, da necrolatria, da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos idólatras é radicalmente incompatível com a fé monoteísta. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em DEUS, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em vez de se submeterem a DEUS, em algum sentido submetem-se às perversões de valor representadas por aquela imagem».
3. Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe somente a DEUS. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar em deus a alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade.
4. Uma Rua de Mão Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as religiões dos povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para uma forma de fé mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de conceitos que requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo vai-se tornando mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a necessidade de crassas representações materiais. Por outro lado, algumas vezes a idolatria resulta da degeneração de uma fé anteriormente superior. Vemos isso no Novo Testamento, em vários lugares, no tocante a Israel, a certas alturas de sua história. É admirável como a crueza domina essa questão. Em muitos lugares do mundo, da Índia à Sibéria, da Melanésia às Américas, simples toras de madeira têm sido erigidas em memória de pessoas amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa tora de madeira ou pedra torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem que o espírito da pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então desenvolve-se, quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar aquele suposto espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os arqueólogos têm encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos religiosos.
A tendência de atribuir uma residência material a alguma divindade, ou, geralmente, de prestar culto ao espírito, em termos tangíveis é algo tão comum que quase se torna um sinal universal da cultura humana. A idolatria está presente na grande maioria das religiões do mundo, incluindo o hinduísmo e o budismo. Aparentemente, não é proibida pelo zoroastrismo. Mas é proibida pelo islamismo. O relato bíblico do povo de Israel, que adorou o bezerro de ouro, ao pé do monte Sinai, é uma prova de idolatria no judaísmo primitivo. Os mandamentos contra a adoração a outros deuses e contra o fabrico de imagens são injunções especificas contra a idolatria» (AM). Esse autor, que acabamos de citar, deveria ter incluído o fato de que o cristianismo é uma das grandes religiões que, em alguns de seus segmentos, pratica a idolatria. Por que motivo urna imagem de uso cristão seria prova menor de idolatria do que uma imagem venerada no hinduísmo ou no budismo?
5. A Vasta Extensão da Idolatria. O panteão mesopotâmico compunha-se de mais de mil e quinhentos deuses. Os mais conhecidos dentre eles eram Samás, Marduque, Sin e Istar, a qual era a deusa do amor carnal. Nabu era o patrono da ciência e da erudição. Nergal era o deus da guerra e da caça. Quase todas as atividades e aspirações dos homens têm sido representadas por alguma prática idólatra.
6. Natureza Corrompida da Idolatria. Toda idolatria é corrupta. Paulo supunha que os ídolos representam forças demoníacas. Ver I Cor. 10:20. A religião dos cananeus era repleta de corrupções morais, que ameaçavam continuamente a Israel. Havia todos os tipos de abusos sexuais, corno a prostituição sagrada, associados aos cultos de fertilidade, nos quais Baal e Astarte eram adorados, sem falarmos em cultos onde havia orgias de bebidas alcoólicas. Também havia o sacrifício de infantes na fogueira. A radicalidade dessa forma de idolatria foi a razão por detrás do mandamento da eliminação de toda forma de idolatria, com a destruição das imagens, colunas e estátuas, e com a destruição dos lugares altos, onde esses ritos eram efetuados. (Ver Deu. 7:1-5; 12:2,3).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 206-207

Definição
Esta é uma transliteração da palavra gr. eidololatria, cujo significado entendemos ser "a adoração a ídolos; a adoração a imagens como divinas e sagradas". Esse vocábulo gr. é uma composição de dois termos: O primeiro é eido (cf. o latim video), significando "ver" e "saber"; assim ele traz em si o conceito básico de "saber por ver". Com base nesse termo foi formada a palavra eidolon, "imagem", que veio a significar especificamente uma imagem de um deus como um objeto de adoração, ou um símbolo material do sobrenatural como tal objeto. O segundo termo é latreia, significando "culto" ou, mais especificamente, "culto ou adoração aos deuses". Idolatria, então, é prestar honras divinas a qualquer produto de fabricação humana, ou atribuir poderes divinos a operações puramente naturais.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 944.

3. SEMELHANÇA OU FIGURA.
Os egípcios adoravam toda espécie de objetos, como aves, répteis e figuras celestes imaginárias. E não hesitavam em representar tais supostas divindades por meio de imagens. Esse tipo de atividade foi proibida aos filhos de Israel. A tripla designação, “em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”, para os antigos, apontavam para a criação inteira.
A Idolatria de Todos Nós. Para todos nós há certas coisas às quais damos grande atenção, ao ponto de transformá-las em ídolos. Existem ídolos da mente, e não apenas de madeira, de pedra ou de metal. ídolos comuns incluem possessões, dinheiro, sexo, fama, posição social e poder.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.

Esta condenação de imagens claramente inclui imagens do DEUS verdadeiro, pois é bem certo que algum tipo de imagem estivera em uso entre os ancestrais de Israel (até mesmo a tradição judaica ortodoxa admite que Tera, pai de Abraão, era um fabricante de imagens, sem prova bíblica, porém). Os ídolos domésticos (terafim) de Labão poderiam, é verdade, ter mais valor legal do que significado religioso, mas os que Jacó escondeu debaixo do carvalho no “ santuário” em Siquém eram com toda certeza objetos religiosos (Gn 35:2-4). Isto aconteceu antes da doação da lei: mesmo depois disso, imagens não eram algo estranho em Israel (ver Jz 8:27, Gideão; Jz 17:4, Mica; 1 Sm 19:13, Davi). Todavia, a existência de imagens mais tarde em Israel não prova a inexistência de leis contra seu uso.
A arqueologia mostra claramente que a horda que destruiu a maior parte da cultura cananita no século treze A.C. era basicamente “ anicônica” , isto é, não usava imagens em seu culto. Se a fabricação dos querubins (mesmo que o povo não tivesse acesso a eles) fora permitida, então a proibição de imagens se refere apenas à fabricação direta de objetos de culto, não à representação de um objeto ou ser vivo qualquer, conforme se entendeu mais tarde. O judaísmo mais estrito e o islamismo se limitaram exclusivamente a desenhos e padrões abstratos em todas as formas de arte. Além disso, pelo uso de parataxe (a colocação de duas idéias lado a lado, ao invés do uso de uma ligação lógica entre as duas, como em sintaxe) em hebraico, este mandamento deve ser intimamente relacionado ao que o precede imediatamente, de modo que a tradução do sentido da passagem seria “ Não terás outros deuses na minha presença; jamais farás tais imagens” (isto é, de tais deuses). Além dos querubins, a lei ordena o bordado de lírios, romãs e outros objetos naturais nas cortinas do tabernáculo, de modo que não pode ter havido uma proibição completa da representação de objetos naturais em dias primitivos.
Este fato levanta a questão de por que tais imagens-representações do DEUS verdadeiro (mesmo em forma humana) eram proibidas. A provável razão talvez seja o fato de que nenhuma semelhança seria adequada, e que cada tipo de imagem provocaria um novo tipo de falsa compreensão de DEUS. Por exemplo, touro era um símbolo de força, mas também de virilidade e poder sexual: tal associação seria blasfema para o israelita. As nações que retratavam seus deuses em forma humana atribuíam com excessiva rapidez suas próprias fraquezas humanas aos protótipos divinos. Para o israelita, o homem fora criado à imagem de DEUS, à Sua semelhança (Gn 1:26), mas isso não significava enfaticamente que DEUS fosse igual ao homem (Is 55:9). A localização e materialização de DEUS também era outro perigo inerente à idolatria. Mesmo Israel, em dias futuros, viria a crer que a presença de DEUS estava localizada e contida na arca ou no templo; quanto mais o teriam feito se tivesse existido uma imagem? Finalmente, teria havido o perigo das tentativas semi-mágicas de aplacar ou controlar DEUS através da posse de uma certa localização de Sua presença, como podemos ver em relação à arca em 1 Samuel 4:3.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 149-150.

II. AMEAÇAS E PROMESSAS
1. O DEUS ZELOSO.
"Porque eu, o SENHOR, teu DEUS, sou DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êx 20.5b-6; Dt 5.9b-10). O adjetivo hebraico qannã’, "zeloso", aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15), associado ao nome divino e/, "DEUS". As formulações nas cinco passagens diferem em detalhes. Nos dois textos do Decálogo e em Êxodo 34.14, as palavras ’êl qannã ’ são atributos de Javé. A menção dos deuses não acontece em Deuteronômio 4.24; 6.15.
O zelo de Javé consiste no fato de ser ele o único para Israel e não compartilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses. O termo "zeloso" contém noções de paixão e intolerância; exprime a disposição de Javé abençoar Israel e fazê-lo prosperar, não aceitando um coração dividido. Essa linguagem é representada no relacionamento entre marido e esposa no casamento, na fidelidade (Ct 8.6) e na infidelidade (Os 1.2).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 46.

A adoração às imagens de escultura é proibida no segundo mandamento. Adoração somente ao zeloso Yahweh (Êxo. 34.14; Deu. 5.9; 6.15; 32.16,21; Jos. 24.19). O povo de DEUS pertence exclusivamente a Ele, e só deviam prestar-Lhe lealdade, não imitando os povos circunvizinhos, que contavam com extensos panteões. A idolatria e o uso de imagens eram considerados uma tão grave iniquidade que foram ameaçados poderosos juízos de DEUS contra os idólatras, envolvendo até a quarta geração dos mesmos. Os descendentes dos idólatras não podiam escapar ao desprazer de Yahweh, para quem mil anos é como se fosse um dia (II Ped. 3.8; Sal. 90.4). Podemos ter certeza de que os juízos de DEUS são justos, e envolvem os filhos dos idólatras porque geralmente participam dos pecados de seus pais. Mas em casos de inocência, esses juízos eram suspensos. Todavia, persistiam circunstâncias adversas, criadas anteriormente. Ademais, existe aquela genética espiritual que transmite atitudes e costumes de pais para filhos, etc., provocando assim a ira divina.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.

As razões para impor esta proibição (w. 5,6), são:
O zelo de DEUS, no que diz respeito à sua adoração: “Eu, o Senhor, teu DEUS, sou DEUS zeloso” - especialmente em questões desta natureza. Isto indica o cuidado que DEUS tem com as suas próprias instituições, o seu ódio à idolatria e a toda falsa adoração, o seu desprazer com os idólatras e o fato de que Ele se ressente com tudo, na sua adoração, que se pareça com idolatria, ou que conduza a ela, O zelo é perspicaz. Sendo a idolatria um adultério espiritual, como é freqüentemente retratada nas Escrituras, o desprazer de DEUS com ela é, adequadamente, chamado de zelo. Se DEUS é zeloso, nós também devemos ser, temerosos de oferecer qualquer adoração a DEUS de maneira diferente daquela que Ele indicou na sua Palavra.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 293.

O decálogo afirma em termos claros por que Israel deve rejeitar a idolatria. O Senhor é um “DEUS zeloso” (Êx 20.5). Claro que isso não tem nada que ver com a inveja trivial que os seres humanos vivenciam em relação a outros homens que os excedem de uma maneira ou outra. Antes, o termo hebraico (qannã ') transmite a idéia, quando descreve os “sentimentos” ou “emoção” do Senhor, de que ele insiste em estabelecer e em manter sua singularidade em face de todas as outras declarações conflitantes. Para o Senhor, ser zeloso no sentido estrito do termo seria uma tácita admissão de que existiam outros deuses, algo, conforme observamos, já totalmente refutado. Mas se existissem outros deuses, mesmo que na percepção dos que os adoravam, uma falsa suposição dessas, por si mesma, seria um desafio à soberania e à existência exclusiva do Senhor. Por essa razão, não deviam ser feitas imagens, pois elas simbolizavam uma declaração conflitante com a revelação do Senhor para seu povo Israel de que ele, e só ele, era o DEUS deles.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 328.

2. AS AMEAÇAS.
As ameaças sobre as gerações daqueles que aborrecem Javé são para os descendentes que continuam envolvidos no pecado dos pais, as sucessivas gerações que aprenderam os pecados dos seus ancestrais e vivem ainda neles. Este princípio aparece outras vezes no Antigo Testamento além das duas passagens do Decálogo (ÊX34.7; Nm 14.18; Jr 32.18). DEUS não permite que filhos inocentes sejam responsabilizados pela maldade dos pais (Dt 24.16; 2 Rs 14.6; Ez 18.2, 3, 20). O verbo "visitar",pãqad,4i em hebraico, indica uma visita, no sentido de cuidar e também de castigar. O profeta Jeremias emprega esse verbo em ambos os sentidos (Jr 23.2).
A expressão "terceira e quarta geração" indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3, 6, 11, 13; 2.1, 4, 6; Pv 30.15., 18, 21, 29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para a "terceira e quarta geração" com o propósito de DEUS de abençoar a milhares de gerações. Outras máximas aparecem no Antigo Testamento com números diferentes: "dois e três” (Jó 33.29); "seis e sete" (Jó 5.19; Pv 6.16); "sete e oito" (Ec 11.2; Mq 6.5), para expressar que a medida da iniquidade está cheia e não há como suspender a ira divina ou a plenitude de algo positivo.
Os expositores da doutrina conhecida como maldição hereditária costumam usar de maneira isolada uma parte deste mandamento, "visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem", para fundamentar a sua teoria. Afirmam que, se alguém tem problemas com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências suicidas é porque alguém de sua família, no passado, não importa se avós, bisavós ou tataravós, teve esse problema. Nesse caso, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar ao diabo. Uma vez descoberta tal geração, pede-se perdão por ela, e, dessa forma, a maldição de família é desfeita. Uma espécie de perdão por procuração, muito parecido com o batismo pelos mortos, praticado pelos mórmons.
Tal pensamento não se sustenta biblicamente; é um erro crasso. A maldição está sobre quem continuar no pecado dos pais, sobre "aqueles que me aborrecem", pontua com clareza o mandamento. Não é o que acontece com o cristão que ama a DEUS. Se fomos alvejados pela graça de DEUS ainda no tempo da nossa ignorância, quanto mais agora que somos reconciliados com ele? (Rm 5.8-10). Quando alguém se converte a CRISTO, torna-se nova criatura: "as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).
Para finalizar, convém ressaltar que, no discurso de Moisés em Deuteronômio, na revelação do Sinai nenhuma imagem, figura, forma ou representação foi vista pelos israelitas; eles ouviram a voz da Javé vindo do meio do fogo, mas nenhuma representação de figura foi manifestada, unicamente a Palavra (Dt 4.16,23,25). Os ídolos de madeira e de pedra dos cananeus são divindades falsas cuja adoração é terminantemente proibida (Êx 34.13; Dt 12.3; 16.21-22); Javé, entretanto, é real, mesmo que invisível (Cl 1.15; 1 Tm 1.17). "DEUS é espírito" (Jo 4.24). Cultuá-lo com a mediação de imagens é colocá-lo no mesmo nível das falsas divindades, uma afronta ao verdadeiro DEUS.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 46-48.

3. AS PROMESSAS.
Êxo 20.6 Faço misericórdia. Misericórdia para com os obedientes. Ezequiel 18.20 mostra o princípio da justiça. Os justos recebem misericórdia e bênção da parte de DEUS. Mas a misericórdia estende-se a mil gerações, o que mostra que a misericórdia é um princípio muito mais poderoso do que o da aplicação da justiça. Seja como for, não há qualquer contradição, visto que a ira de DEUS é uma medida de disciplina que promove a causa do amor.
Julgamento Temporal. No Pentateuco não há qualquer ensino sobre um juízo divino pós-túmulo, um inferno para os ímpios e um céu para os piedosos. A noção da existência da alma não entrou claramente no pensamento dos hebreus senão já nos Salmos e nos Profetas. Assim sendo, a lei de Moisés nunca ameaça os homens com o julgamento da alma, e nem jamais promete a bem-aventurança celestial para os obedientes. A teologia dos hebreus mostrava-se deficiente quanto a esse particular, deficiência essa que foi corrigida pela doutrina cristã.
Para os antigos hebreus, observar os mandamentos era uma medida doadora de vida. Ver Deu. 5.33. Mas não é prometida qualquer vida além-túmulo. Contudo, mais tarde, o judaísmo acrescentou essa idéia. O cristianismo mostrou a falência total da lei como medida salvatícia. Ver Gál. 3.21. É precisamente aí que temos a grande e fundamental diferença entre o judaísmo e o cristianismo. Qual era o intuito da lei, afinal?
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.

Êxo 20.6 — A misericórdia do Senhor (hb. hesed, amor leal) se estenderia a um número muito maior de gerações das pessoas íntegras. O contraste dos termos terceira e quarta (v. 5) com milhares demonstra que a misericórdia de DEUS é maior do que Sua ira. Os efeitos da idoneidade se prolongariam mais do que as consequências da perversidade. O par de palavras amam e obedecem é também encontrado nos ensinamentos de JESUS (Jo 14.15).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 165.

Êxo 20.6. E faço misericórdia. No hebraico, fyesed, uma palavra característica da aliança (cuja tradução mais exata seria, “amor leal” ). Pelos padrões semitas de linguagem, a ênfase da frase está na segunda parte. É verdade que DEUS punirá os que não se conformam à Sua vontade, mas o aspecto negativo é apenas a moldura para o aspecto positivo. Mais uma vez, o teste do amor é “ guardar os meus mandamentos” , demonstrando ainda mais claramente a Israel que amor/ódio é mais atitude e atividade do que simples emoção. A palavra milhares é usada vagamente, como “miríades” em português, para indicar a extensão ilimitada da misericórdia demonstrada por DEUS.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 150-151.