Lição
11- O Julgamento e a soberania pertencem a DEUS
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD
- Para jovens e adultos
Tema:
FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr.
Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de
Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS,
FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
TEXTO ÁUREO
"Há só um Legislador
e um Juiz, que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a
outrem?" (Tg 4.12).
VERDADE PRÁTICA
Não podemos estar na
posição de juízes contra as pessoas, pois somente DEUS é o Justo Juiz.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Sl 62.11 O
poder pertence a DEUS
Terça - Gn 17.1 DEUS é o
Todo-Poderoso
Quarta - Pv 21.31 A
vitória vem do Senhor
Quinta - 1 Sm 2.7 A
soberania divina
Sexta - Cl 4.1 O
verdadeiro Senhor
Sábado - Mt 28.18 Todo
poder no céu e na terra
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE - Tiago 4.11-17
11 Irmãos, não faleis
mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal
da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei,
mas juiz. 12 Há só um Legislador e um Juiz, que pode salvar e destruir. Tu,
porém, quem és, que julgas a outrem? 13 Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou
amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e
ganharemos. 14 Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é
a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece. 15
Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos
isto ou aquilo. 16 Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda
glória tal como esta é maligna. 17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o
não faz comete pecado.
OBJETIVOS - Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar os perigos de
se colocar como juiz dos irmãos.
Conscientizar-se da
brevidade da vida.
Mostrar que a arrogância
e a autossuficiência são pecados.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, inicie o
primeiro tópico da lição fazendo a seguinte indagação: "Qual o perigo de se
julgar alguém ou falar mal?" Ouça os alunos com atenção. Explique que falar
mal de um irmão ou julgá-lo é tornar-se juiz. Quando condenamos uma pessoa,
estamos condenando o nosso próximo e aquEle que o criou, o próprio DEUS.
Somente o Todo-Poderoso tem poder para julgar e legislar em favor das suas
criaturas. Diga que o Mestre nos ensinou que antes de julgar o nosso próximo
devemos examinar a nós mesmos. Em seguida leia e discuta com os alunos o
texto de Mateus 7.1-3.
Resumo da
Lição
11- O Julgamento e a soberania pertencem a DEUS
I. O PERIGO DE
COLOCAR-SE COMO JUIZ (Tg 4.11,12)
1. A ofensa gratuita.
2. Falar mal dos
outros e ser juiz da lei (Tg 4.11).
3. O autêntico
Legislador e Juiz pode salvar e destruir (Tg 4.12).
II. A BREVIDADE DA
VIDA E A NECESSIDADE DO RECONHECIMENTO DA SOBERANIA DIVINA (Tg 4.13-15)
1. Planos meramente
humanos (Tg 4.13).
2. A incerteza e a
brevidade da vida (Tg 4.14).
3. O modo bíblico de
abordar o futuro (Tg 4.15).
III. OS PECADOS DA
ARROGÂNCIA E DA AUTOSSUFICIÊNCIA DO SER HUMANO (Tg 4.16,17)
1. Gloriar-se nas
presunções (Tg 4.16a).
2. A malignidade do
orgulho das presunções (Tg 4.16b).
3. Faça o bem (v.17).
SINOPSE DO TÓPICO (1)
Falar mal de um irmão e julgá-lo é pecado, pois só existe um único Juiz e
Legislador entre os crentes, JESUS CRISTO.
SINOPSE DO TÓPICO (2) A
vida do homem é frágil e breve, por isso, precisamos reconhecer que somos
dependentes do Criador.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Que jamais venhamos permitir que a presunção e o orgulho dominem os nossos
corações e que nos faça acreditar que podemos controlar nossa vida.
VOCABULÁRIO
Destilar: Deixar sair,
insinuar, provocar.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro,
CPAD, 2007.
ARRINGTON, French L;
STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento.
Vol. 2. 4. ed. Rio de
Janeiro, CPAD, 2009.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°59, p.41.
Diz um ditado popular:
"Antes de apontar um dedo para alguém, lembre que há quatro apontados para
você". Se esta simples recomendação fosse levada em consideração, muitos mal
entendidos seriam evitados. É impressionante como há pessoas que se julgam
acima do bem e do mal. Com isso não queremos dizer que não temos a
legitimidade de interpretar quando alguém está ou não agindo de maneira
dissimulada. Mas o que está em questão nesta seção bíblica de Tiago
(4.11-17) é o estilo de vida que a pessoa desenvolve sob a perspectiva de
ser superior a outra pessoa.
Nos versículos 13-15,
Tiago lembra-nos da brevidade da vida e da soberania de DEUS sobre ela. Quem
é verdadeiramente o juiz perfeito, senão DEUS? Nós somos simples
assistentes, e muitas vezes, os próprios réus necessitados do perdão divino.
Quanta misericórdia DEUS teve por você, por mim e tantos outros seres
humanos! Torna-se uma tarefa impossível de relatar em alguma folha de papel
tamanha misericórdia e amor. Com a exceção da direção divina, a nossa vida é
incerta e breve. Hoje estamos vivos, mas amanhã podemos estar mortos. Por
isso, quem somos nós para posicionarmo-nos como juízes algozes de alguém?
Caro professor, veja
quanta riqueza de temas práticos podemos trabalhar nesta aula com os nossos
alunos! É imprescindível que os estimulemos a pensarem estas questões
práticas de maneira inteligente e franca. O tema da lição desta semana é
vivenciado por eles a cada dia das suas vidas. Não podemos desperdiçar a
oportunidade de convencermos os nossos alunos à adequarem as suas
consciências à luz da Palavra. Não é normal que as pessoas vivam julgando as
outras, e nunca parem para fazer um exame da própria consciência. Este exame
pode ser feito de maneira bem prática. Basta, no final de um dia, ao chegar
em casa, perguntar-se sinceramente: Hoje magoei alguém com o meu
comportamento? Há dentro de mim algum sentimento que reflete a ambição, o
egoísmo e o prazer sórdido?
Essas perguntas
ajudam-nos a conhecer nós mesmos. Se as fizermos à nossa consciência e
respondermo-las com sinceridade não ficará pedra sobre pedra. Então, nos
conheceremos melhor, desenvolveremos uma autocrítica mais eficaz e teremos
toda a independência para odiar o pecado que tento nos assombra. Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°59, p.41.
COMENTÁRIOS DE DIVERSOS ESCRITORES - INTRODUÇÃO
Neste capítulo,
abordaremos duas questões principais: o perigo de se fazer julgamentos
indevidos contra pessoas e a capacidade de reconhecer os atos de DEUS em
nossos planos. Ambas as questões fazem parte do nosso dia a dia. Quem nunca
emitiu um juízo de valor sobre uma atitude ou sobre a vida de outra pessoa?
E quem nunca fez planos pessoais sem se lembrar de DEUS? É sobre isso que
discorreremos aqui.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 124.
Tiago começa o capítulo
4 falando sobre uma guerra contra o próximo, contra nós mesmos e contra
DEUS. Ele disse que as guerras entre as pessoas são um desdobramento das
tensões que temos dentro de nós mesmos. Ele disse que nessa luta contra DEUS
enfrentamos a sedução do mundo (4.4), as paixões da carne (4.5,6) e as
ciladas do diabo (4.7). Tiago nos versículos 11 e 12 mostra o risco de
declararmos guerra contra os irmãos, usando a língua para falar mal uns dos
outros. Tiago corrige esse grave pecado mostrando algumas coisas:
-Primeiro, como devemos
considerar uns aos outros: como irmãos e como o próximo (v. 11,12).
-Segundo,
somos irmãos, membros da mesma família, e JESUS é o nosso irmão mais velho.
Como próximo, devemos cuidar uns dos outros e não falar mal uns dos outros.
-Terceiro, como devemos considerar a lei: DEUS nos deu a lei para nos
orientar a amar uns aos outros (2.8). Se falamos mal, nós quebramos o
preceito da lei que devíamos obedecer. Se falamos mal, tornamo-nos juízes da
lei e não observadores dela.
-Quarto, como devemos considerar a DEUS: DEUS é
o legislador, o sustentador da vida e o juiz. Quando falamos mal do irmão
pecamos contra DEUS.
-Quinto, como devemos considerar a nós mesmos: quando
falamos mal do irmão, colocamo-nos numa posição de superioridade (4.12).
Tiago, agora, nos
versículos 13-17, vai falar sobre o risco da presunção. A presunção vem de
um entendimento errado de nós mesmos e das nossas ambições. A presunção é
assegurar a nós mesmos que o tempo está do nosso lado e à nossa disposição.
Presunção é fazer os nossos planos como se estivéssemos no total controle do
futuro. Presunção é viver como se nossa vida não dependesse de DEUS.
A presunção é um sério
pecado. Ela envolve tomar em nossas próprias mãos a decisão de planejar e
comandar a vida à parte de DEUS. A presunção olha para a vida como um
contínuo direito e não como uma misericórdia diária. A presunção atinge
várias áreas: toca a vida - hoje, amanhã, um ano. Toca as escolhas - “...
hoje ou amanhã iremos... passaremos um ano, negociaremos e ganharemos”. Toca
a habilidade - “ negociaremos e ganharemos”.
Obviamente Tiago não
está combatendo a questão do planejamento, mas combatendo o planejamento sem
levar DEUS em conta. É claro que a vida é feita de nossas escolhas.
Precisamos ter alvos, planos, sonhos, mas não presunção.
Como nós podemos nos
proteger da presunção?
-Em primeiro lugar, tendo
consciência da nossa ignorância. “No entanto, não sabeis o que sucederá
amanhã” (4.14).
-Em segundo lugar, tendo
consciência da nossa fragilidade. “Que é a vossa vida? Sois um vapor que
aparece por um pouco, e logo se desvanece” (4.14).
-Em terceiro lugar, tendo
consciência da nossa total dependência de DEUS: “Em lugar disso, devíeis
dizer: se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo” (v. 15).
Quais são os perigos da
presunção? A presunção envolve tomar em nossas próprias mãos o nosso destino
(4.16).
Também envolve uma
declarada desobediência ao conhecido propósito de DEUS (4.17).
Podemos afirmar que a
vida humana está em certo aspecto sob o controle humano. Precisamos tomar
decisões e somos um produto das decisões que fazemos na vida: quem queremos
ser, com quem andamos, com quem nos casamos, o que fazemos. Por outro lado,
a vida humana, não está em nosso controle. Nós não conhecemos o nosso futuro
nem sabemos o que é melhor para nós. Devemos procurar saber quais são os
sonhos de DEUS para a nossa vida. A verdade incontroversa é que a vida
humana está sob o controle divino.
Se DEUS quiser iremos,
compraremos, ganharemos.
Tiago passa em seguida a
considerar a sublime questão da vontade de DEUS (4.13-17). Warren Wiersbe
fala sobre as três atitudes que uma pessoa tem diante da vontade de DEUS:
ignorá-la, desobedecê-la ou obedecê-la.
LOPES. Hernandes Dias.
TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 91-93.
A maledicência é
proibida (4.11-12)
A proeminência da “lei”
e do “julgar”, nos versículos 11 e 12,
corresponde ao tema de 2.8-13. Assim como Levítico 19.18 (o “mandamento do
amor”) foi citado ali, da mesma forma Levítico 19.16, que proíbe a calúnia,
pode estar na mente de Tiago aqui; a mudança de “irmão” para “próximo”, no
verso 12, torna isto bastante plausível. Estas várias possibilidades sugerem
que os versículos 11 e 12 devem ser vistos basicamente como uma divisão
independente que retoma alguns dos temas prediletos de Tiago. Mas a
proeminência da tradição que liga o “falar mal” e os pecados da inveja,
contenda e orgulho, que foram o centro de 3.13-4.10, sugere que, de modo
geral, eles pertencem a esta discussão mais ampla. Talvez os versículos 11 e
12 devam ser vistos como uma breve “reprise” da discussão maior acerca dos
pecados da língua, que iniciou a divisão (3.1-12).
Douglas J. Moo. Tiago.
Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 150-151.
Observação minha - Ev. Luiz Henrique - Quando
assumimos o juízo sobre alguém estamos ocupando o lugar de DEUS e de sua lei
que vai julgar essa causa. A lei iria condenar o pecado cometido e DEUS
aplicaria sua graça para perdoar e salvar. Quando nos intrometemos estamos
atrapalhando o curso natural (por que não dizer: espiritual) do julgamento,
condenação e aplicação do amor de DEUS e sua maravilhosa graça. Só DEUS sabe
julgar correta e perfeitamente.
I - O PERIGO DE
COLOCAR-SE COMO JUIZ (Tg 4.11,12)
1. A ofensa gratuita.
Mais uma vez, Tiago
aborda a questão da fala e o cuidado com aquilo que falamos. Sabemos que é
possível falar com as pessoas exortando-as, aconselhando-as e ensinando-as a
serem melhores e estarem mais próximas de DEUS. Mas também é possível falar
mal das pessoas e atrair para si um duro julgamento.
Tiago trata do perigo de
nos colocarmos no lugar de DEUS para exercer juízo contra uma pessoa. Mas de
que forma pode um servo de DEUS aparentemente assumir a posição de juiz?
Quando abre a boca para falar mal de outras pessoas. O apóstolo não entra em
detalhes. Basta a ele apenas dizer que não devemos falar mal uns dos outros,
pois quem fala mal de seu irmão fala mal da lei, e por sua vez, quem fala da
lei não é mais observador, e sim juiz.
Timothy B. Cargal
comenta:
1) Ao condenar os
outros, estamos principalmente condenando a própria lei. Talvez Tiago
acreditasse que esse era o caso porque quando condenamos as pessoas estamos
condenando aqueles que foram “feitos à imagem de DEUS” (3.9), e assim,
implicitamente, estamos condenando o próprio DEUS (Cf. Rm 14.1-8, esp. w 4,
8).
2) Aqueles que julgam
seus semelhantes estão se posicionando como juízes acima da lei, em vez de
submeterem-se a ela (“se tu julgas a lei não és observador da lei, mas
juiz”, Tg 4.11).
Ao condenar os outros,
estamos nós mesmos sendo julgados e condenados pelo próprio DEUS.
Quem pode realmente
criar a lei e aplicá-la? Tiago deixa claro que apenas DEUS pode fazer essas
funções. Apenas Ele tem integridade suficiente para não ser movido por
paixões humanas. Podemos resumir o que Tiago fala da seguinte forma: Apenas
DEUS pode fazer e executar a lei, mas se eu falo mal do meu irmão estou me
colocando no lugar de DEUS (E DEUS não fala mal de seus atos, pois são
perfeitos!). Quem critica seu irmão e fala mal dele vai ter de acertar as
contas com DEUS, pois na prática está se colocando no lugar dEle. Dura é
essa palavra, mas igualmente verdadeira. Quão duro será o julgamento
daqueles que se colocam no lugar de DEUS!
Tiago está dizendo que a
congregação não pode exercer um julgamento objetivo para agir de forma
disciplinar em alguns casos? Não, Tiago não está abordando esse fato. Ele,
como pastor principal em Jerusalém, sabia que a igreja tem o dever de agir
de forma sistemática e direta em alguns momentos. Ananias e Safira foram
julgados duramente por DEUS, por intermédio de Pedro, e Paulo ordenou a
exclusão do crente coríntio que tinha relações sexuais com a mulher do
próprio pai. Há situações em que a igreja precisa ser enfática na forma como
administra os erros de seus membros, sob pena de se igualar ao mundo.
Claro que a disciplina
sempre deve ter os objetivos de corrigir e reabilitar. Não podemos lançar no
mundo uma pessoa que JESUS salvou, mas não podemos também compactuar com um
pecado cometido, como se nada de errado houvesse ocorrido. Portanto, antes
de exercer a disciplina no tocante a um pecado de um membro da congregação,
a igreja deve se certificar de que ensinou àquela pessoa sobre aquele
assunto, se ela entendeu, e posteriormente, se incorre no erro, deve passar
pelo processo de disciplina para ser corrigida e reabilitada na congregação.
Aqui cabe uma
observação. É importante que o novo crente tenha a consciência de que a
igreja como instituição possui normas específicas de comportamento e
convivência para seus membros. Essas normas têm por objetivo fazer com que a
convivência entre os congregados possa ser mais amigável, em clima de
respeito e confraternização, e também para que a liturgia do culto possa ter
uma metodologia que favoreça o respeito pelo sagrado. Um culto em que cada
pessoa faz o que quer acaba se tornando uma bagunça, e como DEUS não é DEUS
de confusão, mas um DEUS ordeiro e que preza pelo culto racional, o nosso
culto deve seguir esse princípio. E as normas da igreja devem ser pautadas
na Palavra de DEUS e no bom senso, pois os costumes variam de povo para
povo, conforme a época e o lugar, mas a Palavra de DEUS é imutável.
É evidente que não é
sobre esse tipo de julgamento que Tiago está falando, e sim sobre o ato de
uma pessoa da congregação emitir de forma gratuita e indevida uma opinião
sobre uma outra pessoa. E isso deve nos levar à reflexão: é correto falar
mal de outra pessoa? Ou invertendo os polos, como eu agiria se soubesse que
meu nome foi citado em uma conversa, sendo mal falado ou tendo minha imagem
denegrida de forma indevida e injusta? Da mesma forma que eu gostaria de ser
tratado, deve igualmente tratar. Se não desejo ver meu nome sendo citado de
forma negativa, devo conter meus lábios para não incorrer no mesmo erro.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 124-128.
Pv 18.19 O irmão
ofendido resiste mais que uma fortaleza. O hebraico original, neste
versículo, é dificílimo de compreender, se não mesmo impossível; por isso
também vários significados têm sido sugeridos, dentre os quais destacamos
dois:
1. Fala-se aqui (tal
como diz a King James Version) de um irmão ofendido. É mais difícil
“conquistá-lo de volta” para a amizade do que capturar uma cidade forte. As
pessoas sentem muito as ofensas e tornam-se duras de coração, não querendo
reconciliar-se.
2. Ou então o irmão é
ajudado (Revised Standard Version), conjectura feita pela Septuaginta sobre
o que este versículo quer dizer. Temos de lembrar que essa versão da
Septuaginta foi traduzida por judeus eruditos de Alexandria, que deveriam
ser excelentes conhecedores do idioma hebraico. Se o significado, realmente,
for o do irmão ajudado, devemos compreender que essa ajuda fará desse homem
um aliado (e não um inimigo), e ele se tornará uma cidade forte. A versão
siríaca e a Vulgata Latina, bem como o Targum, concordam com essa tradução.
Adicione-se a isso a tradução da Imprensa Bíblica Brasileira. Mas a nossa
versão portuguesa — a Atualizada — fica com a primeira possibilidade.
Sinônimo ou Antítese. Se
estiver correta a primeira significação, acima, então a segunda linha do
provérbio fortalece a ideia com uma adição sinônima. As divergências entre
irmãos (amigos) tornam-se como as barras que guardam um castelo e não podem
ser quebradas. Em outras palavras, a disputa nunca será solucionada, e a
alienação tornar-se-á permanente. Mas, se está correto o segundo sentido,
que se vê acima, então a segunda linha métrica forma uma antítese. Em
contraste com a boa união entre irmãos (amigos), haverá a contenda que
separa e aliena, e, como as barras de um castelo, não podem ser quebradas.
“A amargura das querelas entre ex-amigos é proverbial” (Ellicott, in loc.).
A situação ideal é esta:
Irmãos unidos são mais fortes do que um castelo; eles resistem juntos com
maior vigor do que as barras de ferro de proteção de um castelo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 2630.
Observe:
1. Deve-se
tomar grande cuidado para evitar contendas entre parentes, e os que têm
algum compromisso especial, uns com os outros, não somente porque estas
contendas são pouco naturais e totalmente inconvenientes, mas porque entre
estas pessoas as coisas são normalmente ditas e recebidas com muita
crueldade, e os ressentimentos vão longe demais. A sabedoria e a graça, na
verdade, devem fazer com que nos seja fácil perdoar nossos parentes e
amigos, se nos ofendem, porém a corrupção faz com que nos seja muito difícil
perdoá-los; devemos, portanto, tomar cuidado para não afrontar um irmão, ou
alguém que nos seja como um irmão - a ingratidão é uma grande provocação.
2.
Devem ser feitos grandes esforços para decidir as questões que geram
divergências entre os parentes, o mais rapidamente possível, porque é algo
de extrema dificuldade, e, consequentemente, é muito honroso que seja feito.
Esaú foi um irmão ofendido, e parecia mais difícil de conquistar do que uma
cidade forte, mas, por uma obra de DEUS em seu coração, em resposta à oração
de Jacó, ele foi conquistado.
HENRY. Matthew.
Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora
CPAD. pag. 815.
2. Falar mal dos outros
e ser juiz da lei (Tg 4.11).
Tg 4.11 Com uma brusca
mudança de assunto, da descrição de uma atitude apropriada perante DEUS,
Tiago passa para às relações apropriadas entre os crentes. Nós amamos a DEUS
sendo humildes diante dele; nós amamos o nosso próximo recusando-nos a falar
mal uns dos outros. Falar mal é algo que pode ser feito de várias maneiras.
Nós podemos falar a verdade sobre uma pessoa e ainda assim sermos
desagradáveis, ou podemos espalhar mexericos que os outros não precisariam
ficar sabendo.
Podemos estar
questionando a autoridade de alguém, ou anulando as suas boas obras por meio
de calúnias. Isto, obviamente, destrói a harmonia entre os crentes (veja
também Rm 1.29,30; 2 Co 12.20; 1 Pe 2.1). O tempo do verbo no texto grego
revela que Tiago está proibindo uma prática que já está em andamento. As
pessoas já tinham o hábito de criticar umas às outras.
Este versículo inclui a
sexta e a sétima vez em que Tiago menciona a lei de DEUS nesta carta (veja
1.25; 2.8-10,12). Trata-se da lei real - a lei que liberta ou condena, a lei
que deve ser observada. Aqui a lei está sendo atacada. O problema específico
que está sendo confrontado infringe o nono mandamento: “Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16).
Ele também infringe a
lei mais fundamental de CRISTO: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt
22.39; veja também Lv 19.18).
JESUS designou este
mandamento como sendo o segundo maior mandamento (Mc 12.31). Se um crente
fala contra outro crente, ele fala mal da lei e julga a lei, porque não está
mostrando amor e não está tratando os outros como gostaria de ser tratado. A
sua desobediência mostra desrespeito pela lei, pois ele está julgando a sua
legitimidade. Ao fazer isto, ele está se colocando acima de DEUS. Quando
julgamos os outros desta maneira difamadora, estamos claramente deixando de
nos submeter a DEUS.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 687.
Tg 4.11 «...não faleis
mal uns dos outros...» No grego é usado o termo «katalaleo», que quer dizer
«falar mal de», «degradar», «difamar». Esse termo é frequentemente aplicado
ao ato de dizer palavras duras contra os ausentes, os quais, por isso mesmo,
não podem defender-se. No entanto, não temos de entender aqui,
necessariamente, tal elemento. Notemos o imperativo presente. É como se
Tiago tivesse dito: «Não tenhais por hábito, conforme vindes fazendo, de
difamar a outros. A maior parte dessa difamação
provavelmente está vinculada a supostas «criticas pias», daqueles que não
praticavam a «Torah» (a lei), conforme podia esta ser entendida no seio do
cristianismo. Isso proíbe a maledicência e os boatos, que se originam do
ódio e do despeito. Trata-se de um uso impróprio da fala, dando a entender
que quem assim faz busca suplantar a lei, que é o verdadeiro agente
condenador nas mãos de DEUS. (Ver Ef. 5:4; ver também Sl. 101:5; II
Co.12:20; I Pe. 2:1; Rom. 1:30. Quanto à primitiva literatura cristã, ver
Clemente, Rm 30:1,3; 35:5; II Clemente, Rm 4:3;
Hermas, Sim. vi.5:5; viii.7:2; ix.26:7; Mand. <7,2; Barnabé 20; Testamento
dos Doze Patriarcas, Gade, 3:3 e 5:4).
«O que está em foco aqui
é a indulgência daqueles que falam sem gentileza. Nada indica que qualquer
outra coisa está em foco, do que a crítica dura, comum na vida diária da
antiguidade e de nossos dias. Não há aqui um ensino diretamente dirigido
contra os mestres, que se mordiam entre si. Quanto a tal ponto de vista, com
o de Pfleiderer, por exemplo, que pensava ver aqui uma polêmica contra a
atitude de Márciom, que julgava a lei judaica inferior, não há qualquer
confirmação, como também se dá no caso da ideia (esposada por
Schneckenburger), de que há aqui a repreensão contra aqueles que atacavam o
caráter de Paulo por suas costas». (Ropes, in loc.).
«...fala mal da lei...»
De que maneira?
1. Ignorando seus mandamentos contra o tratamento maldoso
contra outros, em que fica ferida a lei do amor. Quem age assim, viola a
régia lei do amor (ver Tg 2:8 e o contexto, vinculado a Lev. 19:18, bem
como aquele versículo que ordena o amor ao próximo). Ele declara que a lei é
«sem valor e sem aplicação», no seu próprio caso, desobedecendo-a e
desconsiderando-a cruelmente.
2. Também fica implícito que a lei não é juiz
suficiente, porque presumia tornar-se juiz, em lugar da lei. Desse modo, tal
indivíduo degradava à lei, como um instrumento nas mãos de DEUS, que
realmente critica e julga.
«...julga a lei...» Tal
indivíduo julga a lei ao «avaliá-la». Ele lhe dava pouco valor, reputando-a
inútil, como as suas ações. É como se ele dissesse: «A lei não serve de
juiz, pelo que tenho de ocupar suas funções». Assim sendo, dá à lei uma
avaliação muito inferior. E também julgava a lei errônea, ao repreender
aqueles que faziam mal ao próximo, como se ele fosse o real juiz das ações
morais corretas. Ainda que tal pessoa não o declarasse, suas ações assim dão
a entender. E talvez não agisse conscientemente, mas suas ações equivaliam à
rejeição consciente da lei como autêntico juiz dos homens. O autor sagrado,
naturalmente, pensava na lei segundo os moldes cristãos, conforme ele faz
por toda esta epístola, o que é perfeitamente óbvio na secção de Tg 2:14 e
ss. Ao julgar a lei de DEUS como algo sem valor, tal indivíduo tomava o
lugar de DEUS como juiz. Mas somente DEUS é um juiz infalível (ver o décimo
segundo versículo e o trecho de I Cor. 4:3-5); mas esse indivíduo presume
negar essa proposição por meio de suas ações. Nesse processo, chega bem
perto da blasfêmia, e certamente se torna um elemento prejudicial na
comunidade religiosa.
«...se julgas a lei, não
és observador da lei...» Todos os homens são chamados para serem observantes
da lei. Porém, quando um homem se exalta tanto que imagina poder julgar à
lei, considerando-a inútil, dificilmente haveria de praticá-la. Sua própria
atitude altiva o torna transgressor da lei; sua presumida auto-exaltação o
torna um transgressor; ele degrada seu irmão, e isso o torna transgressor,
porquanto ignora a principal característica da lei, o «amor». Tornou-se um
homem eivado de preconceitos.
«...mas juiz...», isto
é, juiz acima da lei, como quem substituiu a lei. Já que DEUS se utiliza da
lei em seus juízos morais sobre as ações humanas, esse indivíduo, na
realidade, pensa em suplantar a DEUS. Sua atitude preconcebida, portanto,
perdeu inteiramente o controle. Esse homem pensa que é a fonte do direito e
da bondade, estando qualificado, por conseguinte, a julgar aos outros. Fez
de si mesmo um DEUS falso. É um juiz hostil à lei e ao DEUS da mesma, sendo
o pior tipo de depravado. E também é «juiz» por que «condena à lei», já que
a considera «sem valor», tomando seu lugar. Porém, as outras ideias parecem
mais centrais, já que esse pensamento já havia sido expresso neste
versículo. O versículo seguinte mostra-nos o absurdo de qualquer homem que
se presume um juiz. Só existe um ser que está qualificado a tal trabalho, o
qual possui inteligência e poder divinos. Outrossim, o verdadeiro juiz
também é o «legislador». Em contraste com isso, esse homem nega a lei que
foi dada, tornando-a inútil, ao viver de modo contrário a seus mandamentos,
procurando impor suas ideias a outros.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 68.
O ser humano que se
tornou culpado e que acaba de ser erguido do chão pelo Senhor com sua
clemência e presenteado com seu perdão e todo o seu amor, não pode em
absoluto se arvorar imediatamente em juiz sobre outros (cf. Mt 18.23-34).
Por isso Tiago, no contexto da palavra “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele
vos exaltará”, aborda mais um ponto na vida da igreja, o julgamento sobre
outros.
1 – As más línguas (v.
11)
Tg 4.11 “Irmãos, não
faleis mal uns dos outros”: muito concreta é a tradução de Lutero: “Não
faleis pelas costas”, ou seja: não faleis “por trás” uns dos outros. Alguém
acaba de passar, e nem sequer se distanciou, duas pessoas já começam a
comentar… Quando falamos sobre outros em tom de condenação, corremos o
perigo de rapidamente perder a atitude do v. 10: “Humilhai-vos perante o
Senhor.” Quem julga eleva-se sobre os demais e se arroga o direito de
sentenciá-los, bem como de assumir uma posição especial diante de DEUS.
Assim tornamos a abrir as portas ao espírito falso.
“Não faleis mal uns dos
outros”: nesse aspecto a legislação estatal não concede uma proteção legal
sólida. A propriedade da pessoa é muito mais firmemente protegida pelas leis
penais que seu bom nome. Quando alguém penetra na casa pela janela da sala e
furta um objeto de um armário chaveado ele é perseguido como arrombador. No
entanto, quem dissemina um boato maldoso de maneira intencional e com as
necessárias cautelas, ou seja, quem rouba o bom nome de outra pessoa e assim
o prejudica de forma muito mais grave, não é perseguido pela promotoria (a
possível queixa pessoal constitui uma proteção legal frágil e, em certas
circunstâncias, também dispendiosa). Consequentemente, a difamação possui
grande importância no mundo: dessa maneira é possível neutralizar o rival no
local de trabalho, prejudicar o concorrente comercial e liquidar o
adversário político.
“Não faleis mal uns dos
outros, irmãos”: Tiago dirige-se a cristãos. Talvez eles pensem que já
progrediram muito na obediência da fé, na santificação de sua vida. Não
obstante, esse desvio ainda se conserva neles. Temos de admitir que também
entre nós ainda persistem deficiências. – Podemos nos perguntar por que,
afinal, um ser humano, inclusive um cristão, gosta tanto de dizer e ouvir
maldades sobre outros: o outro se torna o pano de fundo escuro diante do
qual nós nos destacamos de modo bem mais vantajoso. Tranquilizamo-nos em
relação a nossos próprios erros. E quando o outro é um rival, isso nos
proporciona uma posição melhor na corrida. Tudo isso, porém, procede do
espírito falso. Ele praticamente se trai através dessa atitude.
2 – A profissão
usurpada.
“Quem fala mal do irmão
ou julga seu irmão…”: Ou seja, em certas situações nos sentamos na cátedra
do juiz, e nosso irmão deve se assentar no banco dos réus. Contudo, estamos
no lugar errado. Igualmente perseguimos um objetivo errado. A palavra para
“julgar” no grego, krinein, também significa “separar” e “segregar”. No
entanto, ainda não é hora para isso. O próprio DEUS ainda não o faz. Paulo
afirma: “Não julgueis antes do tempo” (1Co 4.5). Agora não é hora de separar
(Mt 13.28-30,47-50), mas de arrebanhar, de evangelizar. Do mesmo modo é
tempo de cuidado pastoral, por meio do qual a pessoa é liberta com paciência
do mal que – se perseverar nele – o separaria eternamente de DEUS (Gl 6.1).
Nosso Senhor cuida pessoalmente dessa obra. Temos o privilégio de sermos
colaboradores de DEUS (1Co 3.9). O crente espera com DEUS em favor do
próximo.
3 – Quem julga critica a
DEUS e seu mandamento.
Quem se propõe a julgar
agora critica a DEUS pelo fato de que ele – conforme acabamos de ver – ainda
tem paciência. – “E julga também a lei”: os mandamentos de DEUS não
representam para a igreja de JESUS CRISTO o dever que lhe cabe cumprir antes
de poder realmente se aproximar de DEUS (cf. o exposto acerca de Tg 2.14). E
tampouco são o meio para excluir dois terços dos membros de nossas igrejas e
congregações. JESUS afirma: “Deixai-os crescer juntos até a colheita” (Mt
13.30). Pelo contrário, o mandamento de DEUS é para nós a vontade santa e
salutar de DEUS, misericordiosamente revelada, a boa e benfazeja ordem
doméstica dos filhos que estavam perdidos e já retornaram ao lar do Pai. No
entanto, quando tentamos usar de outro modo os mandamentos de DEUS, nós
criticamos a eles, e também àquele que os outorgou, bem como aquilo para o
que os está concedendo agora. – Igualmente se exerce “crítica” (a palavra
também se origina do grego krinein – “julgar”, “separar”) quando se faz
diferença entre os mandamentos de DEUS: pretendemos nos empenhar
vigorosamente em favor de um (porque parece se dirigir contra outros), ao
passo que de forma alguma observamos o outro, o Oitavo Mandamento, que fala
contra nós.
Tiago nos obriga a levar
o raciocínio até o fim: logo “não és observador da lei, mas juiz”. O
praticante situa-se sob o mandamento, em obediência, sob o próprio DEUS. Ele
é o humilde, para o qual vale a promessa do v. 10. “Quem se humilha será
exaltado” (Lc 14.11). Quem, porém, posa de juiz da lei de DEUS, criticando-a
(indireta ou diretamente) e colocando arbitrariamente suas ênfases, eleva-se acima dos
mandamentos e daquele que os concedeu. Para esse vale a palavra: “DEUS
resiste aos soberbos” (v. 6). “Quem se exalta será humilhado” (Lc 14.11).
Hoje muitas vezes se exige a crítica, também na igreja. Em certa medida isso
tem razão de ser. Mas de forma alguma poderá evoluir para crítica à palavra
de DEUS e à sua natureza compromissiva. A palavra de DEUS critica a nós, e
não nós, a ela. Do contrário permitimos que o espírito de baixo se instale,
sendo arrastados, à moda do anticristo, para a queda e o orgulho do inimigo.
Fritz Grunzweig.
Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. O autêntico
Legislador e Juiz pode salvar e destruir (Tg 4.12).
Tg 4.12 Há só um
Legislador (a origem da lei) e um Juiz (que faz a lei vigorar). Nós, que
somos responsáveis diante da lei de DEUS, não podemos nos colocar no lugar
de DEUS.
DEUS recompensa aqueles
que obedecem à lei e destrói aqueles que a desobedecem (veja Dt 32.39; 1 Sm
2.6; Sl 68.20; 75.6,7; Mt 10.28).
Tiago também remove
qualquer direito que pudéssemos reivindicar de criticar o nosso próximo. Por
trás do espírito de crítica, está uma atitude que usurpa a autoridade de
DEUS e que está repleta de orgulho. Não deve haver críticas ásperas e
severas no corpo de CRISTO. O princípio, neste versículo, não proíbe a ação
adequada de uma igreja contra um membro que está agindo em flagrante
desobediência a DEUS (1 Co 5.6). Na verdade, Tiago está preocupado com as
palavras críticas que condenam ou julgam as ações dos outros e a sua posição
perante DEUS. Ele está confrontando as pessoas que poderiam ser tentadas a
se colocar como cães de guarda, vigiando os outros crentes.
Podemos pensar que
simplesmente criticar um membro da igreja ou espalhar um mexerico pouco
interessante não seja algo tão grave - especialmente em comparação com
outros pecados. Mas a Bíblia vê isto como um pecado de suma gravidade,
porque infringe a lei do amor e tenta usurpar a autoridade de DEUS. Como
vimos no capítulo 3, a língua é um instrumento de pecado mortal. Não ousemos
minimizar o perigo que ela representa.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 687.
Tg 4.12 «...salvar e
fazer perecer...» O trabalho próprio de um Juiz é algo inteiramente fora da
capacidade do homem, pois aborda a solenidade suprema. Envolve a doação da
vida ou seu contrário, quando é imposta a morte espiritual.
É óbvio que somente o
Ser supremo está qualificado para essa gigantesca tarefa. Mediante tal
argumento, o autor sagrado toma o seu caso invencível contra aqueles que
queriam ser juízes, ou seja, contra a atitude de censura ao próximo,
especialmente quando alguém presume dizer quem é digno ou não do nome de
«discípulo de CRISTO».
«...tu, porém, quem
és... ?»Essa é uma observação ferina. Quem és tu, na realidade, que presumes
possuir tal responsabilidade? Apenas te tornas ridículo! Devemos
sujeitar-nos totalmente a DEUS, porquanto ele é nosso único Juiz, sem haver
outro.
DEUS, o Juiz, é capaz de
salvar ou de condenar, e evidentemente essa era uma maneira comum, na
terminologia judaica, de se referirem os judeus ao Ser Supremo. O N.T. com
frequência atribui a JESUS CRISTO o papel de Juiz, por delegação de DEUS
Pai. (Ver Atos 17:31). O autor sagrado mui provavelmente sabia disso, não se
tendo incomodado, porém, de descer a detalhes da questão. Mas certamente ele
indica aqui que DEUS Pai é quem é o Juiz.
O problema de não
julgar: O texto não é contra a ideia de fazermos juízos morais, de tentar
ajudar a outros a corrigirem os seus caminhos tortuosos. É óbvio que se um
crente não pudesse fazer aquilatações dessa natureza, dizendo, «Irmão, você
está errado nisto ou naquilo», então a instrução cristã se tornaria vaga e
inoperante. Nada existe no texto à nossa frente que tire a severidade da
instrução ou da reprimenda morais. Contudo, quando vemos um irmão em uma
falta flagrante, devemos procurar «restaurá-lo» com amor e paciência (ver
Gál. 6:1). Aquele que age assim, de acordo com o mesmo versículo, compreende
o tempo todo, que ele mesmo poderia cair no mesmo erro, não sendo tão
superior e elevado que esteja acima da mesma forma de tentação. O que o
texto condena, pois, é a atitude de censurar, que degrada a outrem, ao mesmo
tempo que exalta a si mesmo, ou que profere críticas negativas, que não
edificam, mas apenas degradam. Ao mesmo tempo, tais pessoas geralmente
exaltam a si mesmas, desfazendo da realidade do discipulado cristão de
outrem. Toda a censura ou crítica negativa, pois, é atitude condenada.
Algumas vezes, infelizmente, há uma linha divisória muito estreita entre a
critica positiva e a crítica negativa, até onde podemos ver as coisas. DEUS
é quem conhece a diferença. A critica positiva se dá quando um crente, no
espírito de amor, busca ajudar a um outro por aquilo que diz, e aprende a
dizê-lo com gentileza, sem motivo ulterior de auto-exaltação. A crítica
negativa se verifica quando o indivíduo não se importa realmente em ajudar a
outro, mas antes, se aproveita da ocasião para fazer o outro parecer errado,
e ele mesmo, bom, em contraste. Essa forma de crítica ocorre quando o
indivíduo age a fim de prejudicar ou humilhar. Se procuramos prejudicar e
humilhar a outros, embora criticando o que está de acordo com os fatos,
eventualmente seremos prejudicados e humilhados, pelas línguas venenosas de
outros. E assim é verdade aquele declaração: Não basta que o teu
conselho seja verdadeiro; A verdade crua prejudica
mais que a falsidade aberta. (Alexander
Pope, Essay on Criticism).
(Ver também Tg. 3:2 e 6).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 69.
Tg 4:12 Tiago sublinha
sua tese ao afirmar ousadamente: Há um só legislador e juiz. Ensinou-nos
JESUS que só DEUS tem autoridade para julgar (Jo 5:22-23,30), e todo judeu
sabia que foi DEUS quem outorgou a lei. Acrescenta Tiago: aquele que pode
salvar e destruir, isto é, “porque nem do oriente, nem do ocidente, nem do
deserto vem a exaltação. Mas DEUS é o juiz; a um abate, e a outro exalta”
(Sl 75:6-7). Portanto, as duas características seguem juntas. DEUS
outorgou a lei; DEUS faz cumprir sua lei. Sendo soberano único, tem
autoridade sobre a vida e a morte.
Tu, porém, quem és, que
julgas ao próximo? Se foi DEUS quem outorgou a lei, e se só DEUS é juiz,
como ousa alguém estabelecer-se como juiz, mediante sua língua ferina? O
criticismo usurpa a autoridade de DEUS, como diz Paulo: “Quem és tu que
julgas o servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai. Mas
estará firme, pois poderoso é DEUS para o firmar” (Rm 14:4). Portanto,
por detrás do espírito crítico está o orgulho. O crítico orgulhoso, em vez
de humildemente olhar para sua própria necessidade da graça, usurpa o papel
que só cabe a DEUS e instala-se como juiz das outras pessoas, como se seu
julgamento fora idêntico ao julgamento vindo de DEUS, e tivesse grande
valor.
Peter H. Davids.
Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 136-137.
II - A BREVIDADE DA VIDA
E A NECESSIDADE DO RECONHECIMENTO DA SOBERANIA DIVINA (Tg 4.13-15)
1. Planos meramente
humanos (Tg 4.13).
A Carta de Tiago
apresenta outro assunto muito corrente em nossos dias: o fazer planos para o
futuro. Qual é a concepção de Tiago? Ele entende que podemos fazer planos,
desde que dependamos de DEUS para realizá-los.
O apóstolo compara a
vida humana a um vapor ou fumaça, que se desvanece em pouco tempo. Por causa
da brevidade da nossa vida, não somos impedidos de planejar o futuro, mas
sim excluir DEUS dos nossos planos.
Apresentando nossos
planos a DEUS
Tiago escreve: “...Se o
Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo”. Para alguns
pregadores modernos, essas palavras de Tiago deveriam ser retiradas do
texto. Não são poucos os púlpitos de nossas igrejas em que mensagens
empolgantes orientam os crentes a colocarem DEUS contra a parede,
“obrigando” o Eterno a realizar sonhos e desejos de riquezas e poder. Esse
tipo de atitude deturpa o verdadeiro evangelho. Disse certa vez Isael de
Araújo, autor da célebre obra Dicionário do Movimento Pentecostal: “DEUS não
vai julgar o que o evangelho faz conosco, mas vai julgar o que fazemos com o
evangelho”. DEUS não é um escravo à disposição de satisfazer nossos desejos.
Ele é o Senhor, e nós, seus servos. Não podemos tentar constranger DEUS a
realizar nossos desejos e ignorar a vontade divina para nossas vidas.
Tiago chama a atenção de
seus leitores sobre a realidade do fato de que não podemos controlar a nossa
própria vida. Pelo texto, Tiago parece descrever algumas atividades
relacionadas à vida de membros da congregação. São atividades aparentemente
não relacionadas à vida eclesiástica: viajar para determinada localidade, lá
residir por um ano, fazer contratos, estabelecer negócios e ganhar dinheiro.
DEUS preza pelo
trabalho? Sim. Ele espera que com seu fruto possamos angariar recursos para
nossa subsistência e daqueles que dependem de nós. Se ganhamos a vida de
forma honesta, não temos nada a temer.
DEUS condena
planejamentos? Claro que não. Se olharmos para os dias da Criação, veremos
que DEUS planejou primeiro o ambiente em que o homem seria colocado, e
depois de esse ambiente ser criado, DEUS criou o homem. Ele proveu a terra
de todos os recursos para a vida humana, e depois estabeleceu a humanidade.
Ele não fez o caminho inverso. Por isso, tudo em nossa vida precisa de um
direcionamento, um planejamento: onde quero chegar, por qual caminho vou
chegar, quanto tempo levarei para chegar e quais recursos precisarei ter
para essa finalidade.
Tiago, de forma direta,
nos desafia a incluir DEUS em nossos planos, e de forma indireta nos ensina
que isso implica a busca pela vontade de DEUS em nossas vidas. Se temos de
fazer planos, devemos fazê-los de acordo com os projetos de DEUS para nós.
A Bíblia não é um livro
de curiosidades que diz com quem uma pessoa solteira vai se casar, se vai
chover hoje ou amanhã, ou ainda, o tipo de profissão que devo seguir ou
quantos filhos devo ter. Há muitas situações em que DEUS nos permite usar
nosso bom senso, analisar aquilo de que dispomos e seguir uma carreira de
acordo com nossos talentos pessoais, e isso não é pecado. Mas não é certo
deixar de apresentar a DEUS nossos planos. Na prática, isso não significa
que DEUS não saiba o que queremos, pois Ele sabe o que vamos pedir antes
mesmo de orarmos. Porém, nossos planos devem estar sujeitos a DEUS, até
mesmo quando Ele nos diz um necessário “não”.
Lembre-se também de que
a minha obediência a DEUS hoje pode garantir a orientação divina no futuro.
Pensemos no caso do rei Saul. Ele foi escolhido por DEUS, ungido, e até
profetizou, mas com o passar do tempo se tornou um homem rebelde a DEUS e à
sua orientação, e DEUS deixou de falar com ele. No final de sua vida, Saul
foi procurar uma feiticeira para se consultar, porque DEUS não mais falava
com ele. Há uma lógica nesse fato? Sim. Se eu confio na orientação de DEUS e
a obedeço hoje, DEUS certamente continuará a me orientar, pois sabe que eu
não apenas ouço sua voz, mas a obedeço também. De nada adianta buscar a
orientação divina se eu não tenho a menor intenção de obedecê-la.
Outro caso foi o do rei
Josafá, diante de uma batalha, em 2 Crônicas 18. Acabe, o rei ímpio de
Israel, procurou Josafá para que ambos se aliassem em uma batalha, e Josafá
foi consultar ao Senhor. DEUS o respondeu por intermédio do profeta Micaías,
mas Josafá ignorou a Palavra do Senhor. Por ter ouvido a Palavra de DEUS e tê-la ignorado
no tocante à aliança com Acabe, Josafá foi duramente repreendido pelo
Senhor. Na prática, podemos escolher ouvir a Palavra de DEUS e obedecê-la ou
ignorá-la, mas os resultados sempre seguem as pessoas nos dois casos, Acabe
se tornou um rei rebelde e perdeu o reino, além de ter se tornado uma figura
mal vista nas Escrituras. Josafá foi repreendido pelo Senhor, coisa que não
ocorreria se tivesse obedecido a DEUS.
Podemos evitar muitos
problemas em nossas vidas quando decidimos buscar ao Senhor e obedecer-lhe a
voz. DEUS não é contra fazermos planos, mas orienta-nos a que os
apresentemos a Ele. Provérbios 16 nos mostra a melhor forma de lidar com
nossos planos pessoais para o futuro: “Do homem são as preparações do
coração, mas do SENHOR, a resposta da boca.
Todos os caminhos do
homem são limpos aos seus olhos, mas o SENHOR pesa os espíritos. Confia ao
SENHOR as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos” (Pv 16.1-3).
Esses versos nos ensinam basicamente 3 verdades: a) o homem pode preparar
seus planos, mas DEUS é que dá a última palavra; b) nossos projetos podem
estar certos aos nossos olhos, mas ao mesmo tempo serem reprovados por DEUS;
c) quando confiamos ao Senhor nossos planos, dependendo realmente da
aprovação dEle, podemos ter a certeza de que se esses planos forem aprovados
por Ele, eles serão realizados.
DEUS não deseja estar
distante de nossos projetos pessoais. Ele quer participar de cada esfera de
nossa vida, mas quer que confiemos nEle mesmo que precisemos abrir mão de
nossos planos em prol dos dEle. Façamos projetos e invistamos neles dentro
de nossas possibilidades, mas nunca nos esqueçamos de que nossa vida é muito
breve, que não temos controle sobre ela, e que DEUS tem sempre planos
melhores do que os nossos: “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de
vós, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que
esperais” (Jr 29.11).
E fácil render nossos
planos ao Senhor? Claro que não, principalmente quando não confiamos
plenamente nEle ou quando achamos que Ele vai frustrar os nossos planos. Mas
à medida que andamos com Ele, vamos crescendo na comunhão e confiança
naquilo que Ele quer para nós. Quando andamos com DEUS e temos uma confiança
contínua no que Ele está fazendo ou vai fazer, não teremos dificuldades para
confiar nossa vida terrena àquEle que já tem um grande projeto eterno para
todos nós.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 128-132.