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ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL / JOVENS E ADULTOS - Lição 1 / ANO 2- N° 6
ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL / JOVENS E ADULTOS -
Lição 1 / ANO 2- N° 6
Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2025/07/escrita-licao-1-central-gospel-tiago_2.html
Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2025/07/slides-licao-1-central-gospel-tiago.html
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM LÍDER SERVIL E SUA
MISSÃO APOSTÓLICA
1.1. Quem foi Tiago - 1.2. Os destinatários da carta
2. ATRAVESSANDO PROVAÇÕES COM MATURIDADE ESPIRITUAL
2.1. Alegria e paciência - 2.2. Sabedoria e fé - 2.3. Humildade e serviço
2.4. Firmeza - 2.4.1. Tentação ou provação? - 2.5. Confiança no caráter
imutável de DEUS
3. PRATICANTES DA VERDADE
3.1. Ouçam mais, falem menos - 3.2. Abandonem a ira - 3.3. Pratiquem a religião
pura e verdadeira - 3.4. Não façam acepção de pessoas
4. A FÉ E AS OBRAS
4.1. O testemunho da fé - 4.2. A fé sem vida - 4.3. A fé sem frutos - 4.4. A fé
que salva - 4.5. A integração entre fé e obras
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Tiago 1.1,5,6,12,16,23; Tiago 2.1-3,18
Tiago 1.1,5,6,12,16,23
1- Tiago, servo de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO, às doze tribos que
andam dispersas: saúde.
5- E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a DEUS, que a todos dá
liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada.
6- Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que dúvida é semelhante à onda
do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.
12- Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
16- Não erreis, meus amados irmãos.
23- Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao
varão que contempla ao espelho o seu rosto natural.
Tiago 2.1-3,18
1- Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor JESUS CRISTO, Senhor da
glória, em acepção de pessoas.
2- Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo,
com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta,
3- e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu
aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te
abaixo do meu estrado.
18- Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem
as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
TEXTO ÁUREO
Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que
sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. Tiago
1.4
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Tiago 1.1 Saudação de Tiago às doze tribos dispersas
3ª feira - 1 Pedro 1.24,25 A palavra do Senhor permanece
eternamente
4ª feira - Tiago 1.14,15 Desejo gera pecado, e o pecado, morte
5ª feira - Tiago 1.22-24 Seja praticante da Palavra, não
apenas ouvinte
6ª feira - Tiago 2.1-8 Não discrimine; ame ao próximo como a
si mesmo
Sábado - Tiago 2.14-18 A fé sem obras é morta e sem valor
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno
deverá:
· compreender que
é impossível alcançar a maturidade cristã sem atravessar o caminho das
provações;
· entender que
a obediência às recomendações apostólicas é o caminho mais curto para a vitória
sobre as provações;
· reconhecer que
perseverar nas provas, buscar sabedoria em oração e praticar a Palavra de DEUS
são atitudes que nos livram do engano e asseguram o progresso na vida
espiritual.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, esta primeira lição abre a série dedicada às
Epístolas Universais, conduzindo-nos a um entendimento prático e enriquecedor
da vida cristã.
Ao ministrar a aula, priorize um ambiente de diálogo e
reflexão. Incentive os alunos a perceberem as provações como etapas
necessárias para o crescimento espiritual, relacionando os ensinamentos
bíblicos com situações reais. Destaque o valor da obediência às
orientações apostólicas, evidenciando como a perseverança, a busca por
sabedoria em oração e a prática da Palavra resultam em progresso e
fortalecimento da fé. Enfatize a relevância de aplicar esses princípios no
cotidiano, promovendo aprendizado colaborativo e inspiração mútua.
Boa aula!
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO
AJUDA DE REVISTAS ANTIGAS E LIVROS
LEIA TUDO E ESTARÁ APTO A DAR EXCELETE AULA
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Revista antiga CPAD
Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos - 3º Trimestre de 2014
Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 1: Tiago — A fé que se mostra pelas obras
“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg
2.17).
A nossa fé tem de produzir frutos verdadeiros de amor, do contrário, ela
se apresenta falsa.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.14-26.
14 - Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não
tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
15 - E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de
mantimento cotidiano,
16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e
fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito
virá daí?
17 - Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 - Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me
a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 - Tu crês que há um só DEUS? Fazes bem; também os demônios o
creem e estremecem.
20 - Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é
morta?
21 - Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas
obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?
22 - Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas
obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 - e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em DEUS, e
foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de DEUS.
24 - Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não
somente pela fé.
25 - E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada
pelas obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho?
26 - Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim
também a fé sem obras é morta.
INTERAÇÃO
“Fé e obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica” é o tema
deste trimestre! Portanto, estudaremos a Epístola de Tiago. O comentarista é o
pastor Eliezer de Lira e Silva, conferencista de Escolas Bíblicas e diretor do
projeto missionário Ide Ensinai em Moçambique, África.
Ao ler a Epístola Universal de Tiago chegamos à conclusão de que o Evangelho
não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática.
A nossa fé deve ser confirmada através das obras. Caro professor, de maneira
profunda, estude esta epístola, pois, temos um grande desafio: convencer os
nossos alunos de que vale a pena levar estes ensinamentos até as últimas
consequências.
Tiago é classificada como “epístola universal” porque foi originalmente escrita
para uma comunidade maior que uma igreja local. A saudação: “Às doze tribos que
andam dispersas” (1.1), juntamente com outras referências (2.19,21), indicam
que a epístola foi escrita inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da
Palestina. É possível que os destinatários fossem os primeiros convertidos em
Jerusalém, que, após a morte de Estêvão, foram dispersos pela perseguição (At
8.1) até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At 11.19).
Palavra-Chave
Fé: Confiança absoluta em alguém. A primeira das três virtudes
teologais: fé, esperança e amor
COMENTÁRIO -INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a mensagem de DEUS entregue aos santos irmãos
do primeiro século por intermédio de Tiago, o irmão do Senhor. Assim pode ser
resumida a Epístola universal de Tiago: uma carta de conselhos práticos para
uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de DEUS. A espiritualidade
superficial, a ausência de integridade, a carência de perseverança e a
insuficiência da compaixão para com o próximo são características que permeiam
o caminho de muitos crentes dos dias modernos. O estudo dessa epístola é
relevante para os nossos dias, pois contempla a oportunidade de aperfeiçoarmos
o nosso relacionamento com DEUS e com o próximo, levando-nos a compreender que
a fé sem as obras é morta (Tg 2.17).
I. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)
1. Autoria. Em primeiro lugar, é preciso destacar o fato
de que há, em o Novo Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de
Tiago: Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16); Tiago, filho de
Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At.
1.13; 12.2); Tiago, filho de Alfeu, um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18;
15.40; Lc 6.15; At 1.13) e, finalmente, Tiago, o autor da epístola, que era
filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20). Após firmar os
passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de DEUS, o irmão do Senhor
liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado
apóstolo (Gl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o autor não poderia ser
outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém.
2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e
mais especificamente Jerusalém, como local mais indicado de produção da
epístola, tal informação é desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período
antigo da era cristã, sempre será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de
Estudo Pentecostal data a produção da carta de Tiago entre os anos 45 a 49
d.C., aproximadamente.
3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há
muito a estrutura política de Israel perdera a configuração de divisão em
tribos. Assim, em o Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso
linguístico que faz alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt
19.28; At 26.7; Ap 21.12). Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na
verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas
estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de DEUS espalhado pelo
mundo.
II. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa
espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são relevantes e
pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a DEUS como a prática
concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano (engano,
falsidade, egoísmo etc.) e amar o próximo. Assim, através de orientações
práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos, exortando-os acerca
da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com DEUS a qual
é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b) não fazer acepção de
pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27).
2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o
como divindade, significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos
foram impiedosamente perseguidos, humilhados e mortos. Entretanto, a despeito
de perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se
mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para
as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11).
3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram
explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar
de a Palavra de DEUS condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente,
ela ainda é muito atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1Ts 4.6). A Epístola de Tiago não
foge à tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo
divino contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não
desanimarem na fé, pois há um DEUS que contempla as más atitudes do injusto e
certamente cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador
não tardará (Tg 5.1-3).
III. ATUALIDADE DA EPÍSTOLA
1. Num tempo de superficialidade espiritual. Outro propósito da
epístola é levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com DEUS e com o
próximo. A carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova de que o
autor está em plena concordância com o ensino de JESUS CRISTO. Tiago chama a
atenção para a verdade de que se as orientações de JESUS não forem praticadas,
o leitor estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de DEUS. Portanto, a
Igreja do Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para desenvolver uma
espiritualidade sadia e profunda.
2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. O
leitor desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o apóstolo
Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos apostólicos,
falsos mestres torceram a doutrina da salvação pela graça proclamada pelo
apóstolo dos gentios (2Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4). Entretanto, a Epístola de
Tiago evidencia que não se pode fazer separação entre a fé e as obras. Apesar
de as obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da
experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24).
3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser discípulos de CRISTO,
mas estão distantes das virtudes bíblicas. Estes não evidenciam sua fé por
intermédio de suas atitudes. Os pseudodiscípulos visam os seus interesses
particulares e não a glória de DEUS. Precisamos urgentemente priorizar o Reino
de DEUS e a sua justiça (Mt 6.33). Tiago nos ensina, assim como João Batista
(Lc 3.8-14), que precisamos produzir frutos dignos de arrependimento.
CONCLUSÃO
Como em toda a Escritura Sagrada, a Epístola de Tiago é um farol acesso e
permanentemente atual. Ela nos alerta contra a mediocridade da vida
supostamente cristã e nos exorta a fazer das Escrituras o nosso pão diário.
JESUS CRISTO sempre foi zeloso pelo bem-estar do seu rebanho (Jo 10.10). Em
todas as épocas Ele é o bom pastor que cuida das suas ovelhas (Jo 10.11). É do
interesse do Mestre que os discípulos vivam em harmonia e amor mútuo, afim de
não trazerem escândalo aos de dentro e, muito menos, aos de fora (1Co 10.32). E
não nos esqueçamos: A religião pura e imaculada é a fé que se mostra através de
nossas práticas e obras.
VOCABULÁRIO
Compatriota: Que se origina da mesma terra.
Dispersa: Espalhada, separada. Imaculada: Pura, sem qualquer
mancha.
Pseudodiscípulos: Falsos discípulos.
Dispersa: Espalhada, separada. Imaculada: Pura, sem qualquer
mancha.
Pseudodiscípulos: Falsos discípulos.
EXERCÍCIOS
1. Quem é o autor da Epístola de Tiago?
R. Tiago, filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor.
2. Quem são os destinatários da Epístola de Tiago?
R. Os cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas
estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de DEUS espalhado pelo
mundo.
3. Segundo a lição, quais são os propósitos da Epístola de Tiago?
R. Orientar, consolar e fortalecer a Igreja de CRISTO.
4. O que provam as várias citações do Sermão da Montanha na
Epístola de Tiago?
R. Que o autor está em plena concordância com o ensino de JESUS
CRISTO.
5. Por que não podemos fazer separação entre a fé e as obras?
R. Porque apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua
manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg
2.24).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Bibliológico
“Deve ser observado que existem resultados mais abençoados e reais quando um
indivíduo realmente confia no Senhor JESUS CRISTO. Há não apenas uma mudança de
posição diante de DEUS (justificação), mas há o início da obra redentora e
santificadora de DEUS. Embora a transformação da vida não seja a base da
salvação, ela é a evidência da salvação. E sem tal evidência (em maior ou menor
grau) deve ser levantada uma questão quanto à autenticidade da fé do indivíduo.
[...]
As boas obras de um cristão são o resultado e a evidência da autenticidade da
sua fé. É o entendimento deste fato que resolverá o problema de alguns quanto a
uma alegada discrepância entre Paulo e Tiago. Paulo certamente relaciona as boas
obras com a fé (Ef 2.8-10). Fica claro que Tiago está falando da justificação
diante dos homens (Tg 2.18 — ‘mostra-me’, ‘te mostrarei’; v.22 - ‘bem vês’;
v.24 - ‘vedes’; v.26), e que a fé é provada pelas obras (v.22)” (PFEIFFER,
Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ:
CPAD, 2009, pp.779,80).
Tiago — Fé que se mostra pelas obras
O tema deste trimestre é “Fé e Obras: Ensino de Tiago para uma vida cristã
autêntica”. Por isso, ao professor não poderá faltar algumas obras literárias
para o bom desenvolvimento do trabalho educativo, como, por exemplo, várias
versões da Bíblia (pelo menos quatro); um bom Dicionário Bíblico; um Dicionário
Teológico e um Comentário Bíblico.
Por que usarmos diferentes versões bíblicas para interpretar cuidadosamente as
Escrituras? Ora, apesar de boas e fieis ao original do texto bíblico, algumas
versões apresentam, por exemplo, problemas de linguagem arcaica, que não se
adequa à contemporaneidade da língua portuguesa (cf. Caridade / Amor — 1 Co
13). Quando comparamos as várias versões da epístola de Tiago, podemos
compreender os textos de razoável dificuldade interpretativa. Por isso é que
sugerimos ao menos quatro das muitas versões disponíveis em língua portuguesa:
a ARC (Almeida Revista Corrigida); a ARA (Almeida
Revista Atualizada); a NVI (Nova Versão Internacional); e
outra (poder ser até mesmo uma tradução católica da Bíblia, como TEB —
Tradução Ecumênica da Bíblia — ou a Bíblia de Jerusalém).
O Dicionário Bíblico lhe auxiliará para a compreensão de algum termo das
Escrituras. Por exemplo, a carta de Tiago cita a palavra “obra”. Mas a que
Tiago se refere ao usar o termo “obra”? Às Obras da Lei ou à “Ação de
Misericórdia”? Os artigos de um bom Dicionário Bíblico (sugerimos o Dicionário
Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD) desenvolvem a exaustão os termos bíblicos
dessa natureza.
Para compreendermos a linguagem teológica de uma palavra contextualizada à
doutrinas bíblicas, o Dicionário Teológico muito lhe ajudará (sugerimos o
Dicionário Teológico, editado pela CPAD). Dominarmos os conceitos doutrinários
de Salvação, Lei, Graça etc., e os seus desdobramentos, é de grande relevância
para quem estuda a Epístola de Tiago. Ademais, não podemos confundir os
conceitos teológicos que, ao mesmo tempo, aparecem na carta de Tiago e nas de
Paulo.
Por último, um bom Comentário da Epístola de Tiago (sugerimos O Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento, editado pela CPAD) para remontarmos o
contexto histórico, social, cultural, econômico e exegese da epístola. Mas,
antes de tudo, sugiro-lhe ler as treze lições do trimestre em uma única
leitura. Este processo lhe ajudará a desenvolver o panorama do assunto de
maneira mais eficaz. Faço votos de que você e a sua classe cresçam no estudo
desta belíssima carta que é a Epístola de Tiago!
INTRODUÇÃO
Durante três meses iremos estudar a carta de Tiago que difere das outras
cartas do Novo Testamento pelo seu estilo, conteúdo e apresentação. A carta
demorou a ser incluída no cânon do Novo Testamento. Martinho Lutero
descreveu-a como uma epístola de palha. Mas todos, que confiando em sua
inspiração divina e no fato de que é a Palavra de DEUS, serão ricamente
compensados pela meditação e aplicação à vida de suas palavras. Agostinho
confessou para DEUS: “O que tuas Escrituras dizem, tu dizes!”. Kierkegaard
tinha Tiago como sua Escritura predileta.
A carta de Tiago é um dos livros mais atuais e necessários para a igreja
contemporânea. Tiago é comparado ao Sermão do Monte. Ele tem princípios
práticos. Ele tange os grandes temas da vida cristã de forma clara, direta e
rica. Tiago está preocupado com a prática do Cristianismo.
Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa; é preciso
viver de forma digna de DEUS.
O estudo deste livro desafiará você a fazer um balanço de sua vida, um
diagnóstico de sua experiência cristã. É impossível colocar-se diante do
espelho deste livro sem identificar a necessidade de sermos corrigidos por
DEUS.
I. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)
1. Autoria. O prefácio indica que o autor da Epístola de Tiago foi
Tiago, servo de DEUS, e do Senhor JESUS CRISTO. Mas quem era esse Tiago? Dos
quatro principais indivíduos que tinham esse nome no Novo Testamento, só dois
foram apresentados como possíveis autores desta epístola — Tiago, filho de
Zebedeu, e Tiago, o irmão do Senhor. O primeiro é um candidato improvável.
Sofreu o martírio em 44 A.D., e não há nenhuma evidência de que ocupasse
posição de liderança na igreja, que lhe desse a autoridade de escrever esta
carta geral. Embora Isidoro de Sevilha e Dante achassem que ele foi o autor do
livro, esta identidade não tem sido largamente aceita em nenhum período da
igreja.
A opinião tradicional identifica o autor como sendo Tiago, o irmão do Senhor. A
semelhança da linguagem da epístola com as palavras de Tiago em Atos 15, a
forte dependência do escritor da tradição judia, e a consistência do conteúdo
de sua carta com as notícias históricas que o Novo Testamento dá em relação a
Tiago, o irmão do Senhor, tudo tende a apoiar a autoria tradicional.
2. Local e data. Muitas são as opiniões prevalecentes sobre a data
de Tiago. Aqueles que aceitam a autoria tradicional costumam datá-la entre o
meio dos anos quarenta e o começo de sessenta (exatamente antes da morte de
Tiago). Já foi datada tardiamente, como 150 A.D., por aqueles que defendem a
teoria do “Tiago desconhecido” ou de um pseudônimo.
Embora não possamos ser dogmáticos a respeito da época em que foi escrita, um
número de fatores apontam para uma data mais precoce. As condições sociais
reveladas na epístola, especialmente a separação aguda existente entre os ricos
e os pobres, sugere uma data antes da destruição de Jerusalém. A escatologia
revelada também aponta para uma data precoce. A expectativa da volta do Senhor
aumenta de intensidade com o que foi encontrado em I e II Tessalonicenses.
A passagem mais difícil para datar o livro é a famosa passagem que fala da fé e
das obras (Tg 2.14-26). Para entender estes versículos o leitor deve se
familiarizar com certas fórmulas paulinas; por isso é difícil crer que o autor
de 2.14-26 estivesse refutando Paulo. Isto envolveria uma quase inconcebível má
interpretação da doutrina paulina da justificação pela fé. A passagem se
explica melhor como ocasionada por uma má interpretação de Paulo, não da parte
do autor da epístola, mas da parte dos seus leitores. Tal má interpretação
teria mais provavelmente surgido bem no início do ministério de pregação
pública de Paulo. De acordo com o livro de Atos, a primeira pregação pública
mais extensa de Paulo aconteceu em Antioquia (Atos 11.26). O ministério de um
ano aconteceu antes da visita por ocasião da fome em Jerusalém em cerca de 46
(cf. At 11.27-29; Gl 2.1-10) e a perseguição herodiana em 44. Quanto tempo se
passou até que a má interpretação e a aplicação errônea da doutrina da
justificação pela fé apresentada por Paulo chamasse a atenção de Tiago, não
sabemos. A vista do fato dos judeus, cristãos e não cristãos, de todo o mundo
mediterrâneo, estarem constantemente se movimentando para Jerusalém e fora
dela, provavelmente não foi muito tempo depois. Uma data em cerca de 44 para a
epístola, durante ou imediatamente à perseguição herodiana, se encaixaria
melhor em todos os fatores conhecidos.
Embora um número de sugestões opostas tenham sido apresentadas de vez em
quando, poucas são as dúvidas de que Tiago a escreveu na Palestina.
Especialmente pelo colorido sugerido, o escritor indica que ele é um
palestiniano (cf. 1.10,11; 3.11,12; 5.7).
3. Destinatário. Essa carta foi dirigida às “doze tribos dispersas”
entre as nações (literalmente “na dispersão / Diáspora”; 1.1). Essa referência
é claramente simbólica, se considerarmos que a estrutura tribal de Israel havia
cessado de ser um conjunto literal de doze tribos desde pelo menos a conquista
Assíria do Reino do Norte em 722 a.C. A questão que se apresenta, então, é: Até
que ponto Tiago estende aos seus leitores os elementos metafóricos de sua
designação?
A interpretação mais “literal” da saudação é que cópias dessa carta foram
enviadas aos judeus (às “doze tribos”) que estavam vivendo fora da Palestina
(“dispersos entre os gregos”; cf. Jo 7.35). No entanto, levando em conta que a
carta obviamente não representa um tratado evangelístico destinado a converter
os judeus ao cristianismo, esse entendimento pode ser rapidamente excluído. Os
destinatários são apresentados como já possuindo a fé em JESUS CRISTO (2.1) e,
sendo assim, a linguagem a respeito das “doze tribos” é geralmente aceita como
simbolizando a crença de que os cristãos são agora o povo de DEUS, e formam o novo
Israel ou o Israel espiritual.
Como deveríamos compreender a descrição literária de estarem “dispersos”?
Sabemos que alguns dos primeiros cristãos consideravam-se como o povo escolhido
de DEUS, que havia sido “disperso” ou “espalhado” através de um mundo mau, e
que ansiavam retornar ao seu lar espiritual ao lado de DEUS (1Pe 1.1; cf. Fp
3.20; Hb 11.13; 13.14). Embora Tiago estivesse preocupado com as diferenças
entre o que é “terreno” e o “que vem do alto” (3.15), ele não desenvolve
especificamente essa imagem dos cristãos como alienígenas espirituais em um
mundo cruel. Consequentemente, alguns intérpretes que adotam a opinião
tradicional sobre a sua autoria sugeriram que a carta foi enviada de Jerusalém
aos cristãos que haviam sido dispersos pela perseguição (cf. At 8.1; 11.19,20).
Novamente, porém, a história da demora na aceitação da carta
no cânon não vem em apoio a essa conclusão que, desde o início, foi
amplamente divulgada.
Nossos comentários adotam a posição de que Tiago não só se referiu a seus leitores
como uma “Diáspora” no sentido metafórico, mas que nessa carta ele também
desenvolveu a metáfora de uma forma bastante particular. Tiago acreditava que
seus leitores haviam se tornado “dispersos” por terem se “desviado da verdade”
(5.19). Porém, como Tiago tinha conhecimento e preocupações muito especiais a
respeito dos destinatários, é provável que a carta tenha sido dirigida a uma
única congregação, com a qual mantinha um relacionamento pessoal.
As evidências já discutidas em relação à origem e à data da carta sugerem que
essa congregação estava localizada em algum lugar da região da Palestina. Em
vista da variedade das questões discutidas nessa breve carta — inclusive
assuntos relacionados à classe rica, pobre e de mercadores (2.1-9,15,16;
4.13-15; 5.1-6) — a Igreja parece ter abrangido um significativo âmbito da
sociedade, pelo menos em seus contatos, se não também no tocante a seus
membros. Pode, inclusive, ter havido algumas tensões dentro da congregação a
respeito de assuntos relacionados à posição social e autoridade (3.1,2;
4.1,11,12).
II. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Orientar. Tiago observa que a fé precisa crescer juntamente com a
estatura física do cristão. Não é possível que uma fé cresça sem que ela seja
alimentada ao longo da vida pois, ao contrário, vai ficando subnutrida e
raquítica com o mínimo de alimento que lhe é oferecida, ou até, chega a
desfalecer no coração. Por isso esta carta traz verdadeiras orientações
espirituais a fim de que os cristãos primitivos pudessem crescer a cada dia. Da
mesma forma que, para chegar a uma faculdade é preciso cursar o Ensino
Fundamental e Médio, a fim de que tenhamos conhecimentos básicos para
acompanhar um curso superior, assim também acontecia com a vida daqueles
cristãos, eles precisavam de ensinos básicos sobre o cristianismo e
aprofundamento da fé, como veremos nas lições seguintes.
2. Consolar. A palavra “consolar”, aqui, (gr. paraklesis),
significa colocar-se ao lado de uma pessoa, encorajando-a e ajudando-a em
tempos de aflição. Tiago aqui desempenha esse papel, pois Ele envia esta
epístola trazendo-lhes palavras de consolo. O apóstolo aprendeu, nas suas
muitas aflições, que nenhum sofrimento, por severo que seja, poderá separar o
crente dos cuidados e da compaixão do seu Pai celeste. DEUS, às vezes, permite
que haja aflições em nossa vida, a fim de que, tendo experimentado seu consolo,
possamos também consolar outros nas suas aflições. Nosso sofrimento não é
primeiramente motivado por desobediência, mas constantemente causado por Satanás,
pelo mundo e pelos falsos crentes, à medida que participamos da causa de
CRISTO.
No Salmo 119.143, o salmista nos ensina que a palavra de DEUS sempre é mais
forte que a angústia: “Sobre mim vieram tribulação e angústia, todavia os teus
mandamentos são o meu prazer”. A angústia está presente, mas a alegria na
palavra de DEUS é maior. Uma outra tradução diz: “Fiquei cercado por sofrimento
e desespero, mas os teus mandamentos foram a minha grande alegria”. O poder de
DEUS também sempre é maior do que a angústia: “Se ando em meio à tribulação, tu
me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos, e a tua
destra me salva” (Sl 138.7). No Novo Testamento, Paulo confirma essa gloriosa
verdade: “Quem nos separará do amor de CRISTO? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Porque eu estou bem
certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do
presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de DEUS, que está em CRISTO
JESUS nosso Senhor” (Rm 8.35,38,39).
3. Fortalecer. Nos tempos do Império Romano, o culto aos deuses
pagãos e ao imperador fazia parte da vida de todo o mundo. Dois problemas
surgiam disto. Primeiro, porque eles não participavam dos rituais pagãos, mas
tendiam a se isolar, os cristãos eram considerados anti-sociais. Quando a
polícia imperial interessou-se por eles, eles se tornaram mais reservados, o
que acrescentou ainda mais combustível à fogueira. Eles foram associados
aos collegia — clubes ou sociedades secretas — e os líderes suspeitavam
desses grupos, devido à ameaça de sedição. Em segundo lugar, visto como os
cristãos não queriam participar das atividades religiosas que, conforme se
acreditava, aplacavam os deuses, eles tornaram-se uma ameaça à própria
felicidade da comunidade. Diante de tudo isso as perseguições começaram a
surgir.
Uma das partes mais difíceis da vida cristã é o fato de que se tornar um
discípulo de CRISTO não nos torna imunes a provações e tribulações da vida. As
provações e tribulações que Ele permite em nossas vidas fazem parte de tudo que
coopera para o nosso bem. Portanto, para o crente, todas as provações e
tribulações devem ter um propósito divino. O apóstolo escrevia a sua epístola
também com o propósito de conscientizá-los desta verdade afim de que eles
tivessem a sua fé fortalecida.
III. ATUALIDADE DA EPÍSTOLA
1. Num tempo de superficialidade espiritual. Parece que Tiago via a
assustadora superficialidade espiritual do chamado povo de DEUS em relação ao
que está acontecendo no meio da Igreja Evangélica dos dias atuais. Num passado
não muito distante, o crente era conhecido pelo seu vocabulário, pela forma de
se vestir e pela sua postura ética. Hoje o que vemos é um grande número de
pessoas dizendo-se cristãs, mas vivendo sem nenhum compromisso com DEUS,
interessadas apenas em seu bem estar, correndo atrás da prosperidade, não para
abençoar outros irmãos, mas porque estão pensando apenas em si mesmas.
Escândalos após escândalos relacionados a dinheiro e sua gestão no ambiente da
chamada “fé” aumenta o buraco da indiferença, do cinismo, da mornidão
espiritual, do deboche, do escárnio, da irreverência, da falta de amor, da
omissão e muitas vezes traz a morte da esperança.
A Igreja atual está cheia de um povo sem fidelidade a DEUS, um povo sem Bíblia,
sem compromisso com a verdade. O que muitos levam para a igreja é uma sacola
contendo garrafa de água ou roupa de alguém para “benzer”. Consequentemente a
igreja formada por este tipo de pessoas torna-se uma instituição sem doutrina,
sem raízes, caracterizada pela rotatividade dos membros. A porta dos fundos
acaba sendo maior que a da frente.
Infelizmente o que vemos são pessoas que sequer são religiosas, mas possuem uma
ética comportamental melhor que a de muitos cristãos. O que vemos são
empresários cristãos, dignos, evitando contratar seus “irmãos em CRISTO”, em
razão do mau testemunho que apresentam.
JESUS disse que o joio cresceria no meio do trigo. Tem joio demais na igreja de
hoje. A liderança precisa tomar uma posição, voltar a refletir o temor de DEUS.
A liderança precisa voltar a profetizar “assim diz o Senhor” e não o que temos
ouvido de muitos, “assim dizem os senhores”, grandes dizimistas ou detentores
de algum tipo de poder natural.
Boa parte da liderança e crentes de hoje, estão trocando seu direito de
primogenitura por um prato de lentilhas. São os vendilhões do templo, trocam o
eterno pelo passageiro. A igreja está adoecida, em razão de sua própria
promiscuidade e superficialidade espiritual.
Precisamos devolver o lugar da Bíblia na Igreja. Mas Bíblia pura; precisamos
voltar à Palavra, precisamos de líderes que tenham coragem de dizer: isto é
pecado! A Igreja precisa ser uma igreja pura, que reflita o amor de DEUS.
Formada por verdadeiros redimidos, por gente comprometida com DEUS, que ama
mais a CRISTO que a própria vida e não mais a própria vida que CRISTO.
2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. As
escrituras ensinam claramente que somos salvos (justificados) pela fé em CRISTO
e o que Ele fez na cruz. Somente essa fé nos salva. Porém, não podemos parar
aqui sem averiguar o que Tiago diz em Tiago 2.24: “Vedes então que é pelas
obras que o homem é justificado, e não somente pela fé”.
Tiago começa essa parte usando um exemplo de alguém que diz ter fé, mas não tem
obras. “Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver
obras? Porventura essa fé pode salvá-lo?” (Tg 2.14). Em outras palavras, Tiago
está tratando de uma fé morta, uma fé que não é nada mais do que um
pronunciamento verbal, uma confissão pública vinda da mente, que não vem do
coração. É vazia, sem vida e sem ação. Ele começa com essa negação, e demonstra
o que uma fé vazia significa (versículos 15-17, palavras sem ações).
Em suma, Tiago está examinando dois tipos de fé: uma que leva a obras de DEUS,
e uma que não leva. Uma é verdadeira, outra é falsa. Uma é morta, outra é viva;
daí “a fé sem as obras é estéril” (Tg 2.20). Porém, ele não está contradizendo
os versículos acima que dizem que salvação e justificação são alcançadas
somente pela fé.
Além disso, note que Tiago cita o mesmo versículo que Paulo cita em Romanos 4.3
juntamente com vários outros versículos que lidam com justificação pela fé.
Tiago 2.23 diz: “E creu Abraão a DEUS, e isso lhe foi imputado como justiça, e
foi chamado amigo de DEUS”. Se Tiago estivesse tentando ensinar uma doutrina
sobre fé e obras que estivesse em contradição com os outros escritores do Novo
Testamento, ele não teria usado Abraão como exemplo. Logo, podemos ver que
justificação é somente pela fé, e que Tiago estava falando a respeito de uma fé
falsa, e não de uma fé verdadeira, quando ele diz que não somos justificados
somente pela fé.
3. Uma fé posta em prática. A mensagem de Tiago é direta, objetiva
e acima de tudo prática. Diferente das epístolas de Paulo, Pedro e João, a
carta de Tiago não inclui saudações pessoais. As exortações começam no segundo
versículo e continuam até o último.
Os temas abordados nos cinco capítulos de Tiago são diversos, todos focando a
importância de viver a prática da fé:
• Capítulo 1: Enfatiza as
atitudes certas diante de provações e tentações e chama os leitores a serem
praticantes, e não apenas ouvintes, da palavra do Senhor.
• Capítulo 2: Aborda dois
assuntos: (1) a condenação de preconceitos socioeconômicos na igreja e (2) a
necessidade de obras que demonstram a autenticidade da fé.
• Capítulo 3: Apresenta uma das
advertências mais fortes do Novo Testamento sobre o uso errado da língua e nos
chama a buscar a sabedoria divina.
• Capítulo 4: Condena várias
atitudes carnais que atrapalham o serviço a DEUS.
• Capítulo 5: Encerra a
epístola com várias instruções que exigem uma perspectiva eterna e espiritual,
e não materialista e carnal.
Encontramos em Tiago instruções simples, diretas e valiosas. Tratando das
provações, ele disse: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o
passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança” (Tg 1.2-3). Sobre a obediência à palavra de
DEUS, Tiago escreveu: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22). E para combater a noção de
salvação pela fé sem a obediência, acrescentou: “Verificais que uma pessoa é
justificada por obras e não por fé somente... Porque, assim como o corpo sem
espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2.24,26).
Tiago mostrou sua preocupação com o perigo de alguém abandonar a fé em CRISTO,
e encerrou a carta com orientações sobre o resgate dos desviados: “Meus irmãos,
se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que
aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma
dele e cobrirá multidão de pecados” (Tg 5.19-20).
Do começo ao fim, o livro de Tiago apresenta instruções práticas que podem e
devem ser aplicadas em nossas vidas a cada dia.
CONCLUSÃO
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxPara
a fé funcionar, devemos deixar DEUS obrar a sua verdade dentro de nós! Não é o
suficiente saber o que o Senhor diz e concordar com Ele. Um campo inculto é
aquele em que não há lavoura, nem plantio, ou colheita, e DEUS não deixa que
Seus campos permaneçam vazios.
Fé em ação é um como a terra que está sendo lavrada, plantada e colhida pela
Palavra e pelo ESPÍRITO de DEUS. Para a fé funcionar, devemos estar dispostos a
entrar em ação. DEUS tem uma grande colheita, mas poucos trabalhadores. O
Senhor da seara está à procura de pessoas que estão dispostas a testar a sua fé
por sair para o campo e trabalhar com Ele. E não nos esqueçamos: A religião
pura e imaculada é a fé que se mostra através de nossas práticas e obras, pois
fé é um encontro com JESUS CRISTO, com DEUS, e dali nasce e leva ao testemunho.
É isso que o Apóstolo quer dizer: uma fé sem obras, que não envolva, que não
leve ao testemunho, não é fé. São palavras e nada mais que palavras.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Revista antiga CPAD
Lição 7 - A Fé Se Manifesta Em Obras
LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica
Comentário: Pr. Eliezer de Lira e Silva
TEXTO ÁUREO
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.16).
VERDADE PRÁTICA
Uma vez salvos em CRISTO, o amor, materializado por meio das boas obras,
torna-se a nossa identidade cristã.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Ts 1.3 A fé e as obras são inseparáveis
Terça - 2 Ts 1.11 A oração precede a ação
Quarta - Hb 11.17 As obras da fé abrangem a ação
Quinta - Ap 2.19 O Senhor conhece as nossas obras
Sexta - 2 Tm 4.6-8 A esperança fortalecida pelas obras
Sábado - At 7.60 Uma fé a toda prova
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tiago 2.14-26
14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as
obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? 15 E, se o irmão ou a irmã estiverem nus
e tiverem falta de mantimento cotidiano, 16 e algum de vós lhes disser:
Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias
para o corpo, que proveito virá daí? 17 Assim também a fé, se não tiver as
obras, é morta em si mesma. 18 Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as
obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas
minhas obras. 19 Tu crês que há um só DEUS? Fazes bem; também os demônios o
crêem e estremecem. 20 Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras
é morta? 21
Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando
ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? 22 Bem vês que a fé cooperou
com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada, 23 e
cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em DEUS, e foi-lhe isso imputado
como justiça, e foi chamado o amigo de DEUS. 24 Vedes, então, que o homem é
justificado pelas obras e não somente pela fé. 25 E de igual modo Raabe, a
meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários
e os despediu por outro caminho? 26 Porque, assim como o corpo sem o espírito
está morto, assim também a fé sem obras é morta.
INTERAÇÃO
Imagine um presidente que não governa? Um juiz que não julga? Um advogado
que não advoga? Um médico que não clinica? Um policial que não protege? Um
professor que não ensina? Um cientista que não pesquisa? Um arquiteto que não
desenha? Um filósofo que não filosofa? Imaginou? Assim é o crente que não
produz boas obras. Que não ama! E como estudamos na epístola de Tiago, as boas
obras são obras de misericórdia, isto é, ações encharcadas no amor. A carta de
Paulo aos Romanos nos diz que "quem ama aos outros cumpriu a lei",
pois "o amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor" (13.8,10).
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Destacar que a fé e as obras são relacionais.
Apontar os exemplos de fé com obras no Antigo Testamento.
Compreender a metáfora do corpo sem espírito proposta por Tiago.
Resumo da Lição 7 - A Fé Se Manifesta Em Obras
I. DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras.
2. O cristão e a caridade.
3. A "morte" da fé.
II. EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1. Não basta "crer".
2. Abraão.
3. Raabe.
III. A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg
2.26)
1. Uma analogia do corpo sem espírito.
2. Da mesma maneira:
SINOPSE DO TÓPICO (1) Tiago nos mostra que diante de uma necessidade do
próximo, o crente não pode espiritualizar a sua necessidade material, antes deve
supri-la. Do contrário, não há fé.
SINOPSE DO TÓPICO (2) As ações de Abraão e Raabe são dois grandes exemplos do
Antigo Testamento quanto à fé compromissada com as obras
SINOPSE DO TÓPICO (3) Assim como o corpo sem o espírito não tem vida, a fé sem
as obras é morta.
VOCABULÁRIO
Antagonismo: Princípio ou tendência contrária; oposição.
Distinta: Que não é igual; diferente
Imolar: Matar em sacrifício a DEUS.
Ignomínia: Grande desonra infligida por um julgamento público; degradação
social; opróbrio.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
STOTT, John. Cristianismo Equilibrado. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.39.
Como chegar ao lar de uma pessoa que se encontra em necessidades materiais
e apenas orarmos por ela dizendo "DEUS está no controle de tudo"? Tal
atitude é a que Tiago chama de fé sem obras. A fé vivida apenas no campo da
mera especularização espiritual é uma fé sem vida, encanto e compromisso com o
outro. A verdadeira fé consiste em amar a DEUS acima de todas as coisas, com
toda a nossa força, de todo o nosso entendimento, de toda a nossa alma e de
todo o nosso coração (Mc 12.30,31). Uma fé simples, entretanto, de uma
implicação inimaginável.
A fé do Evangelho está diametralmente entrelaçada ao amor. Não a toa ela
aparece como uma das três virtudes teologais, juntamente com o amor (1 Co
13.13). Deste, o apóstolo Paulo diz: "porque quem ama aos outros cumpriu a
lei [...] e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás
ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o
cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.8-10). Contra o amor não há lei. A
vontade de DEUS é que o ser humano viva a vida sem que a determine, pois quem
ama não pode fazer outra coisa senão o bem (Jr 31.33).
Quando Tiago fala de boas obras sabemos que ele se refere às ações concretas de
misericórdias. Então, remetemo-nos logo ao tema da salvação pelas boas obras.
Talvez pelo medo de relacionar boas obras à salvação, muitos em nossas igrejas
vêm ignorando o mandamento de JESUS para fazermos alguma coisa em favor dos
pobres. Além disso, precisamos ponderar com os nossos alunos que não são as
obras que salvam, mas, por outro lado, são elas que revelam se de fato somos
salvos ou não (Ef. 2.8- 10). E um dia, todos seremos julgados, pelas obras que
realizamos em relação a outro ser humano cujo Senhor, JESUS, pode ser
encontrado em cada estado de necessidade (Mt 25.31-46).
Use o espaço desta lição, professor, para ensinar que não se pode fazer
dicotomia entre a fé e a ação. Do contrário, a fé se mostrará morta como um
corpo que sem o fôlego de vida. Dê uma olhada em volta da sua igreja local.
Talvez ela se situe em meio a uma comunidade carente. Uma pergunta pode ser
feita à sua classe: o que podemos fazer de ação social pela nossa comunidade?
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS - INTRODUÇÃO
Essa seção tem levantado dúvidas na mente dos leitores da Bíblia porque parece
contradizer o ensinamento do apóstolo Paulo referente à questão de fé e obras.
Nas suas epístolas aos Romanos e Gálatas, Paulo ensina que não podemos ser
salvos pelas obras; recebemos a salvação somente pela graça de DEUS mediante a
fé. Nessa passagem, Tiago afirma que somente a fé não é suficiente para a
salvação. Para que ocorra a salvação, a fé precisa estar acompanhada de obras.
A contradição é apenas aparente. Os estudantes da Bíblia concordam que os dois
autores inspirados estavam dando significados diferentes às mesmas palavras.
Quando Tiago usa a palavra fé, ele se refere a um consentimento meramente
intelectual. Quando Paulo fala de fé, ele se refere à convicção que traz
consigo o consentimento da vontade. Quando Paulo fala de obras, ele se refere
às obras da lei, i.e., as obras do legalismo judaico que nunca podem salvar a
alma. Quando Tiago fala das obras ele se refere às boas ações que fluem
naturalmente de um coração cheio de amor para com DEUS e o próximo.
E evidente que Paulo concorda substancialmente com os ensinos de Tiago, porque
ele também enfatiza que o conhecimento sem ação é inútil. Ele escreve: “Porque
os que ouvem a lei não são justos diante de DEUS, mas os que praticam a lei hão
de ser justificados” (Rm 2.13). Tem sido argumentado que o ensino de Paulo de
que a salvação é somente pela fé e o de Tiago que inclui também as obras, não
estão face a face, lutando um contra o outro, mas de costas um para o outro,
combatendo inimigos opostos; os dois ensinamentos estão do mesmo lado, embora
possa parecer que sejam contrários.
Nessa seção, Tiago trata da interação da fé com as obras na vida cristã. Sua
tese básica é a seguinte: se alguém declara ter fé, mas esta fé não vem
acompanhada de obras, ela é inútil. Essa seção, semelhantemente a 2.1-13, é uma
apresentação meticulosamente argumentada. A tese é explicada nos versículos
14-17; nos versículos 18-20, Tiago responde a uma objeção; nos versículos
21-25, ele fornece provas bíblicas e, no versículo 26, apresenta um resumo.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD.
Vol. 10. pag. 169-170.
O capítulo 2 da Carta de Tiago é um dos textos mais importantes da Bíblia.
Muitos estudiosos não conseguiram entendê-lo. Lutero pensou que Tiago estivesse
contradizendo Paulo (Rm 3.28 - Tg 2.24; Rm 4.2-3 - Tg 2.21). Logo, Lutero
chamou Tiago de carta de palha e sentiu que a carta de Tiago não tinha o peso
do Evangelho.
Mas será que Tiago está contradizendo Paulo? Absolutamente não. Eles se
complementam. Paulo falou que a causa da salvação é a justificação pela fé
somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé. Paulo olha
para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a consequência da
salvação e fala das obras. Paulo deixa isso claro: “Porque pela graça sois salvos,
por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS; não vem das obras, para
que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em CRISTO JESUS para
boas obras, as quais DEUS antes preparou para que andássemos nelas” (Ef
2.8-10).
Calvino diz que a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora não vem só. Ela se
evidencia pelas obras. A questão levantada por Paulo era: “Como a salvação é
recebida?”
A resposta é: “Pela fé somente”. A pergunta de Tiago era: “Como essa fé
verdadeira é reconhecida?” A resposta é: “Pelas obras!” Assim, Tiago e Paulo
não estão se contradizendo, mas se completando. Somos justificados diante de
DEUS pela fé, somos justificados diante dos homens pelas obras. DEUS pode ver a
nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas obras.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora
Hagnos. pag. 45-46.
Talvez alguém objetasse contra o anteriormente exposto: Tiago, será que não
criticas exageradamente o fato de um homem “em posição de destaque” ser alvo de
um pouco mais de atenção que um escravo? Pois isso é algo ínfimo em comparação
a, p. ex.,uma profunda percepção espiritual! – Tiago responde no presente
bloco: Não, é justamente no comportamento prático que as coisas decisivas se
revelam: está em jogo se tua fé realmente é fé.
Tiago de forma alguma deprecia a fé, mas, como Paulo, a tem em altíssima
consideração: a) Ninguém entre nós produz a justiça própria. Em algum lugar
todos temos deficiências. E não podemos “compensar” nada. Dependemos da
misericórdia de DEUS. Confiamo-nos a ela (Tg 2.10-13). b) Tiago convoca para
saudarmos até mesmo a tribulação, por ser meio de aprovação da fé (Tg 1.2). c)
Ensina a oração com fé, que certamente será atendida (Tg 1.5-8). d) Ensina o
irmão humilde a crer que a graça de DEUS o torna rico (Tg 1.9; 2.5). e) A nova
vida não é criada pelo próprio cristão. É obra da graça de DEUS. Através da
palavra da verdade ela foi depositada em nós (Tg 1.18; etc.). – Tiago não
expressa o que declara no presente bloco da carta por considerar a fé
secundária, em contraposição a Paulo. Pelo contrário, justamente porque a
considera de importância decisiva, como Paulo, ele quer que a fé realmente seja
e continue sendo fé.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora
Evangélica Esperança.
I- DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras
Caracterizando a verdadeira fé.
Falar sobre fé implica diversos fatores. Ela precisa ter um conjunto de valores
que estejam conjugados de forma doutrinária, um modelo de culto e uma forma de
interação entre as pessoas que dessa fé participam. Mas a fé também precisa ser
prática, ou seja, precisa ser demonstrada no dia a dia de seus crentes. E a fé
cristã não pode ser resumida em um conjunto de preceitos sem prática, ou será
morta aos olhos daqueles que nos observam.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago
para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 85-86.
Tg 2.1 Tiago suaviza sua exortação ao identificar-se com seus leitores. Ele
escreve aos meus irmãos (v. 14). A fé que Tiago rejeita não é reconhecida por
ele como fé verdadeira. Ela é uma confissão ou declaração, mas não uma
realidade. Que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras?
Porventura, a fé pode salvá-lo? Phillips apresenta o sentido correto da segunda
pergunta: “Porventura esse tipo de fé poderia salvar a alma de alguém?”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD.
Vol. 10. Pag. 169.
Tg 2.14 Esta pessoa que afirma que tem fé obviamente pensa que somente a sua
fé, sem nenhuma boa obra (realizada em obediência a DEUS), seja satisfatória
aos olhos de DEUS.
No entanto, a fé que não é acompanhada pelas obras não tem valor para a
salvação. Qualquer pessoa pode dizer que tem fé, mas, se o seu estilo de vida
continua sendo egoísta e mundano, então de que adianta esta fé? Trata-se
meramente de uma fé a respeito de JESUS, e não de uma fé em JESUS. Este tipo de
fé não salva ninguém. Na verdade, a fé que salva é a fé que fica evidente nos
atos que ela produz.
Duas imagens nos ajudam a recordar a importância da fé genuína:
1. Em um lado, estão pessoas que aparentam ter a confiança de estar na presença
de DEUS, mas que não mostram evidências de que a sua fé afeta qualquer um de
seus atos. Elas podem até mesmo se orgulhar do fato de poderem crer naquilo que
quiserem e de que ninguém tem o direito de desafiar a sua fé. Afinal, elas
parecem dizer: “Só DEUS pode realmente saber”.
2. No outro lado, estão pessoas cujas vidas demonstram uma agitação tão
frenética, que elas literalmente não têm tempo de pensar ou falar sobre a sua
fé. Estas pessoas, cujas vidas, a princípio, exibiam as características de
alguém que crê, acabam tendo dúvidas verdadeiras. Elas duvidam da aceitação de
DEUS e se sentem obrigadas a trabalhar arduamente com a esperança de obter
aquela aceitação. Mas o esforço para obter méritos na presença de DEUS pode se
tornar um substituto da fé. Tiago nos ajuda a enxergar que a fé genuína sempre
combinará uma profunda confiança em DEUS com ações coerentes no mundo.
Aquele que é salvo não é o que afirma ter fé, mas aquele que verdadeiramente
tem fé.
Alguém poderia perguntar: “Mas, se a fé genuína nunca tiver uma oportunidade
real de ser demonstrada em ação?” Um exemplo de fé genuína ao qual se dedicou
pouco tempo é o caso do ladrão na cruz, que creu em JESUS (Lc 23.32-43). Diante
da morte, este homem reconheceu JESUS como sendo o CRISTO. Será que a fé deste
homem, genuína e de curta duração, o levou a uma ação verdadeira? Com certeza!
O ladrão moribundo disse algumas palavras de profunda eloquência: “Senhor,
lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino” (Lc 23.42).
O ladrão não tinha sequer ideia de quantas vezes o seu simples testemunho de
confiança, durante a sua derradeira agonia, daria esperanças a outras pessoas
que se sentiriam como se estivessem além do alcance do auxílio de DEUS.
A maioria de nós tem muito mais tempo do que o ladrão na cruz. A nossa vida tem
sido um testemunho tão positivo quanto foi o daquele homem? Será que nós
declaramos a nossa fé e então demonstramos a sua vitalidade na nossa vida?
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol
2. pag. 674-675.
Tg 2.14 “De que adianta, meus irmãos, se alguém diz ter (somente) fé, mas não
tem obras?” Tiago não quer dizer que isso de fato existe: fé sem obras. Fala
apenas de alguém que assevera que tem “fé”, que é “crente”. Contudo, não tem
obras. Não existe outra fé senão aquela que é ativa no amor.
1 – Que significa “crer”, em grego pisteúein?
A palavra grega significa: “confiar em alguém”. Tem em vista um relacionamento
pessoal com outro ser humano. O mesmo também acontece com nosso termo “crer”.
Está ligado à ideia de “prometer”, “amar”, e tem o sentido de “confiar” em
alguém, “confiar-se” a ele. No NT “crer” significa: viver com DEUS, com JESUS
CRISTO em comunhão pessoal no convívio diário e confiante.
JESUS compara a fé com a ligação intrínseca entre ramo e videira (Jo 15.4s).
Paulo escreve: “Sede radicados nele” (Cl 2.7). Não é diferente o entendimento
de Tiago acerca da fé aprovada na tribulação (Tg 1.2), que não se deixa separar
de seu Senhor por ninguém e por nada.
2 – Que significam aqui as “obras”, em grego: érga?
a) O sentido não é de “obras da lei”, das quais Paulo declara que não
justificam o ser humano (Rm 3.20,28). “Lei” nessa acepção é o dever imposto ao
ser humano, ou melhor, que ele mesmo se impõe com a finalidade de construir a
própria salvação pelo respectivo cumprimento. Constitui informação inequívoca
de todo o NT que o ser humano não pode nem deve criar assim sua salvação.
Tiago, que no v. 13 diz que a misericórdia triunfa sobre o juízo, de forma
alguma representa uma exceção nesse caso.
“As obras da lei”: é como se na parábola do filho pródigo (Lc 15.11ss) o Pai
tivesse estendido um bilhete pela fresta da porta ao filho que retorna, com as
condições prévias para tornar a aceitá-lo na casa paterna: primeiro tornar-se
novamente uma pessoa decente, voltar a conquistar um bom nome e reunir um
patrimônio! Isso jamais teria levado à volta do filho!
b) Aqui em Tiago, porém, se fala das “obras” da fé, do fruto do agraciamento e
da volta do ser humano para casa. A aparência de um contraste entre Tiago e
Paulo surgiu não por último pelo fato de que Tiago chama de “obras” o que em
outras partes do NT é chamado de “fruto”. Novamente nos termos da parábola do
filho pródigo: o que a pessoa agraciada fizer na sequência não será premissa
nem condição prévia de sua volta para casa, mas consequência e o fruto de sua
acolhida. O que fizer será feito por amor e gratidão. Isso se tornou possível
porque agora vive com o Pai e respira o ar da casa do Pai. O filho não teria
retornado de fato se não trabalhasse com o Pai como filho na casa. Com outras
palavras: do contrário, a fé não seria fé. – Tiago não entende por “obras” o
mesmo a que Paulo se refere em Rm 3.28, mas o que ele cita em Rm 12.1ss.
Inicia, por assim dizer, sua carta apenas em Rm 12. O anterior é pressuposto
por Tiago, ele se respalda nisso. A carta de Tiago não é pregação da lei, mas
pregação da nova obediência, pregação de santificação. Precisamente assim é que
Tiago se move integralmente nas balizas do NT: “Persegui a santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). No dia da revelação do justo juízo DEUS
dará a cada um conforme suas obras (Rm 14.10; 2Co 5.10). A fé, que também Paulo
prega, atua por intermédio do amor (Gl 5.6). Rm 12ss não constitui apenas um
apêndice da grande descrição do agir salvador de DEUS, mas a comunicação do que
esse agir visa alcançar em nossa vida, das decorrências que precisam acontecer
hoje em nós: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de DEUS, que
apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a DEUS, que é
o vosso culto racional” (Rm 12.1ss).
Principalmente o próprio JESUS salientou a importância da nova obediência (Mt
7.21; etc.). O que Tiago diz, ele aprendeu de seu Mestre, mais uma vez,
sobretudo das palavras do Sermão do Monte.
3 – Tiago pergunta: “Que utilidade tem que alguém diga (apenas) que tem fé, mas
não tem obras?” Nossa fé precisa apresentar um produto (v. 14).
a) Para DEUS. No momento em que Paulo descreve seu ministério, ele afirma:
“Recebemos graça e apostolado por amor do seu nome, para estabelecer a
obediência da fé entre todos os gentios” (Rm 1.5). Esse é o fruto que ele
deseja produzir (Rm 1.13; Fp 1.22). Como resultado de seu agir salvador DEUS
quer ter filhos que lhe obedecem. À pergunta: “Porventura perseveraremos no
pecado?” Paulo responde: “Jamais!” (Rm 6.1s). E JESUS afirma que o “viticultor”
divino retira os ramos que não dão fruto (Jo 15.2). Não existe obra agradável a
DEUS sem a fé, não existe fruto sem raiz. Mas tampouco existe fé sem obras, bem
como nenhuma raiz saudável sem fruto.
A humanidade deturpada pelo pecado se equipara a um campo de espinhos. A roça
do ser humano produz cardos e abrolhos (Gn 3.18), porque a lavoura de DEUS, que
é o mundo humano (Mt 13.38), lhe produziu “cardos e abrolhos”. Agora DEUS
lavrou e continua lavrando “algo novo”, fazendo com que seja semeada a
semeadura de sua palavra (Lc 8.11), com a finalidade de uma colheita para ele
(Mt 13.23,39; Ap 14.16). Em última análise, DEUS deitou uma semente na lavoura
do mundo, seu Filho amado (Jo 12.24). Passando pela morte, ela dará “muito
fruto”, ou seja, pessoas: filhos de DEUS serão configurados segundo a natureza
do Filho unigênito (Rm 8.29). Sua natureza, porém, é a obediência perfeita. Ela
pensa e atua com o Pai: “Eu não procuro a minha própria glória…” (Jo 8.50).
“Agrada-me, Senhor, realizar a tua vontade” (Sl 40.8). “Minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou” (Jo 4.34). “Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também” (Jo 5.17). As obras por fé são um fruto para DEUS. As “obras
das trevas”, no entanto, são “infrutíferas” (Ef 5.11), imprestáveis para DEUS,
atraindo o fogo do juízo (Mt 13.30).
b) Para nós mesmos. “Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo”, se na verdade não é
fé? (Na realidade deveríamos colocar a palavra “fé” entre aspas). Igualmente
faz parte da fé, da comunhão de vida com JESUS, que permaneçamos em sua
comunhão quando ele quer nos levar consigo para servir. A desobediência fica em
débito com JESUS e lhe nega o discipulado. Essa é atitude do rei Saul, a
respeito do qual DEUS declarou: “Ele se voltou contra mim” (1Sm 15.11). Dessa
forma a vida de uma pessoa acaba em catástrofe. Unicamente quem persiste na fé
obediente em JESUS será salvo.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora
Evangélica Esperança.
2. O cristão e a caridade.
Somos chamados para a prática de boas obras, e essas boas obras devem ser
manifestas às pessoas próximas de mim. O exemplo apresentado por Tiago traz um
homem ou uma mulher que estão padecendo necessidades básicas, como falta de
roupas e falta de alimentação. A questão é: podemos dizer a uma pessoa nessas
condições: “Vá para sua casa, se aqueça e coma bastante”, sem que possamos lhes
dar o necessário para o seu corpo, como roupas e comidas? Parece ilógico que um
cristão faça isso com outro irmão, mas ao que parece, era isso que estava
acontecendo.
Talvez aqueles crentes que dissessem isso como se esperassem que DEUS
interviesse de forma sobrenatural na vida dos necessitados, enviando maná e
codornizes, ou quem sabe, trazendo água, carne e pão. E DEUS age dessa forma?
Claro que não. Pensemos nos contextos bíblicos apresentados. DEUS mandou o maná
no deserto para o povo de Israel, e eles não apenas usufruíram daquele presente
divino, mas aprenderam a lidar com ele de acordo com as orientações de DEUS.
Mas lembremo-nos de que esse povo estava saindo do Egito, estavam em um deserto
e dependeram unicamente de DEUS para sua provisão. Para Elias, DEUS mandou
carne por meio de corvos, e a água que o profeta precisava consumir vinha do
ribeiro de Querite. Mas DEUS ordenara a Elias que se dirigisse àquele lugar
depois de desafiar o rei Acabe. Elias não foi para lá porque quis. Em ambos os
casos, DEUS mesmo proveu o necessário para um grupo imenso de pessoas, e depois
para um único profeta.
DEUS pode fazer esses milagres hoje? Sim, pode, mas já deixou claro orientações
para que sejamos misericordiosos com os menos favorecidos e os auxiliemos. DEUS
é sim DEUS do impossível, mas não é DEUS do absurdo. O que eu e você devemos
fazer Ele não vai fazer, pois espera que o obedeçamos e façamos a nossa parte.
A caridade é uma forma de demonstração da fé cristã. Essa forma de demonstração
jamais nos permitirá ser indiferentes à pessoas que estão necessitadas de
recursos.
Tiago não nos ordena a que falemos de JESUS às pessoas. Ele não nos manda curar
enfermos ou profetizar para demonstrar nossa fé. Ele não nos manda ser
ortodoxos em relação à teologia. Todas essas coisas são importantes, mas não
mais que um irmão necessitado que espera socorro de DEUS, socorro este que será
feito por um outro irmão em nome de DEUS.
Acredito que muitos cristãos pensam que fazer boas obras e caridade são
atributos de outros grupos religiosos, e que DEUS se preocupa muito mais com a
salvação de almas do que com o restante dos dias dessas almas salvas. Esse é um
pensamento errado. Há pessoas religiosas que praticam boas obras porque
acreditam que por elas serão salvas. Há outras pessoas que utilizam as boas
obras para se tornarem pessoas melhores nesta vida, ou para que purguem pecados
supostamente praticados em “outras vidas” por meio da caridade. Em ambos os
casos, o equívoco é claro. Boas obras não podem salvar uma pessoa por mais
devota quer ela seja, nem mesmo atenuar para um futuro próximo atitudes ruins
que teriam sido praticadas em uma suposta vida anterior.
Aqui está o problema. Muitos salvos em CRISTO veem com indiferença as boas
obras, por acharem que elas são a marca registrada de pessoas que querem ser
salvas sem aceitar a JESUS. Mas só porque esses grupos de pessoas praticam boas
obras, essas boas obras não atingem os mais necessitados, mesmo que não
proporcione aos praticantes, a salvação? Sim, os mais necessitados são
contemplados pelas boas obras que eles fazem e nós não fazemos.
As boas obras desses grupos não são inválidas, mesmo que não lhes dê a
salvação. E nossa fé, como pode ser considerada se estiver divorciada de boas
obras? Será que aos olhos de DEUS ganhamos pontos extras com nossa indiferença
para com os mais necessitados?
Tiago não conclui ainda seu pensamento. Para ele, mostrar a imagem de uma
pessoa necessitada utiliza um recurso extremo para ilustrar seu pensamento: a
fé em DEUS apenas sem as práticas não nos torna melhores pessoas. Os demônios
com certeza possuem um grande conhecimento sobre DEUS, sabem de sua existência
e estremecem. Mas nem por isso eles deixam de cumprir as ordens de Satanás.
Eles sabem que DEUS existe e o odeiam. Seu conhecimento de DEUS os leva a
manifestações cada vez mais rebeldes. Saber da existência de DEUS e não
praticar obras que coincidam com a mentalidade bíblica é, ressalvadas as
devidas proporções, comparável à crença que os demônios têm. Saber da
existência de DEUS é apenas um processo. A prática de boas obras é a
complementação desse processo.
Que DEUS nos ajude a não apresentar ao mundo uma fé cristã morta, indiferente
às necessidades de pessoas de nossas igrejas. Que eu não imagine que minha
posição de conforto, onde estou saciado de necessidades básicas, me foi dada
por DEUS por ser eu um filho mais digno que outros filhos. Os mais necessitados
da congregação são tão ou mais dignos, pois a estes, DEUS deseja abençoar
usando a minha vida como um canal. O socorro de DEUS para essas pessoas está no
bolso dos mais abastados. E que a caridade cristã seja um diferencial na nossa
vida e na vida das pessoas que vamos socorrer, lembrando-nos de que nós mesmos
poderíamos estar no lugar deles, e que se isso ocorresse, gostaríamos de
receber a ajuda que daremos.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago
para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 86-88.
Tg 15-16 Têm sido descritos como uma “pequena parábola” com a aplicação dada no
versículo 17. João usa um argumento similar: “Ora, aquele que possuir recursos
deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração,
como pode permanecer nele o amor de DEUS?” (1 Jo 3.17, ARA). A intolerância de
Tiago com a fé sem prática aparece de forma aguda na seguinte paráfrase: “Se
vocês tiverem um amigo que está necessitado de alimento e vestuário, e lhe
disserem: ‘Bem, adeus, e que DEUS o abençoe; aqueça-se e coma bem’, e depois
não lhe derem roupas ou alimentos, que bem faz isso?” (A Bíblia Viva). Clarke
comenta: “Ao falar isso para eles, sem lhes dar nada, o proveito deles será
igual à sua fé professada. Sem essas obras, que são os frutos genuínos da
verdadeira fé, qual será o seu proveito no dia em que DEUS virá sentar e julgar
a sua alma?
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD.
Vol. 10. pag. 169.
Tg 2.15 Tiago dá o exemplo de uma pessoa hipotética que pode ter sido alguém
que fazia parte da comunhão da igreja — um irmão ou uma irmã — que estava
realmente em necessidade. Não ter comida ou roupas significa estar em uma
situação desesperadora, mas muito comum. Hoje, dificilmente há uma igreja na
qual não haja pessoas que vivam sem alimento ou abrigo adequados.
Tg 2.16 Alguma coisa podia ser feita por esta pessoa necessitada. Havia
abundância de roupas e alimentos entre aqueles que estavam em comunhão
suficientes para cuidar desta pessoa, porém ela se foi de mãos vazias, com uma
oração, mas sem roupas sobre o seu corpo ou alimentos no seu estômago.
Com excessiva frequência, nós, que fazemos parte de uma igreja, oferecemos
meras palavras - orações, conselhos, estímulo - quando somos chamados a agir. A
necessidade é óbvia, e há recursos. Mas a ajuda não é dada. “Que proveito virá
daí?”, pergunta Tiago. A fé que não resulta em ações não é mais eficaz do que
uma oração piedosa pelo pobre que precisa ser aquecido e alimentado. As
palavras sem as ações não realizam nada.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol
2. pag. 675.
Tg 2.15s Para nossos semelhantes.
c.1) “Que utilidade teria?”: Nossa vida cristã precisa render algo para
DEUS, para nós mesmos e não por último para nosso ambiente. Temos de significar
algo para ele. Nos dias em que viveu na terra nosso Senhor tinha, pela ação do
ESPÍRITO SANTO, um corpo humano para seu serviço ao mundo. Com ele cumpriu a
tarefa que o Pai lhe atribuiu: como “missionário e médico” (David Livingstone).
Agora tem para esse serviço, pela ação do ESPÍRITO SANTO, novamente um corpo
humano, um corpo feito de seres humanos, sua igreja. E também ela precisa ser
simultaneamente ambas as coisas, missionária e médica. Nem somente missionária,
nem tampouco – o que hoje requer ser salientado – apenas médica. Unicamente
assim nossa existência cristã traz o “proveito” necessário aos nossos
semelhantes.
c.2) Na seqüência Tiago fornece um exemplo das interações humanas (que não
precisa ter sido real), para que a idéia se torne concreta e palpável e não
encalhe na teoria: “Qual é o proveito se um irmão ou uma irmã estiverem
carecidos” (v. 15 – Também hoje existem por toda parte carências, mais
numerosas e diversificadas do que imaginamos). “…e qualquer dentre vós lhes
disser: Ide em paz… sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo?” Em vista
de várias necessidades ficamos tão perplexos e impotentes que de fato não
conseguimos fazer mais do que orar pelas pessoas e abençoá-las. Isso não é vão,
mas um grande serviço. Só que nossa fé não pode ser indiferente (cf. Is 53.6a)
nem mera amabilidade inativa para com nossos semelhantes. Somos “cooperadores
de DEUS” (1Co 3.9), membros do corpo de JESUS, suas ferramentas. Quando
suplicamos a DEUS é preciso que também nos deixemos transformar em instrumentos
da ajuda de DEUS e façamos o que está ao nosso alcance. Não apenas colocamos em
risco a nossa própria redenção quando nos separamos da obediência e por isso da
comunhão de nosso Senhor, mas também permanecemos devedores de nossos
semelhantes em questões decisivas para o corpo e para a alma.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora
Evangélica Esperança.
3. A “morte” da fé.
Tg 2.17 Interiormente morta, bem como exteriormente inoperante. Ela não é
apenas infrutífera, mas não tem uma vitalidade própria capaz de produzir frutos
de justiça. Essa fé é morta em si mesma, ou seja, não há obras que a
acompanham.
A menção específica de irmã (v. 15) é entendida por Ross como uma evidência
contra a teoria defendida por alguns, de que temos em Tiago um documento
pré-cristão de origem judaica. Ele escreve: “Irmãs’ devem receber um tratamento
igualitário em relação aos irmãos na Igreja dEle, onde não há homem nem mulher
(G1 3.28)”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD.
Vol. 10. pag.169.
COMENTÁRIOS
BEP-CPAD
A FÉ SEM AS
OBRAS É MORTA. (1) A verdadeira fé salvífica é tão vital que não poderá deixar
de se expressar por ações, e pela devoção a JESUS CRISTO. As obras sem a fé são
obras mortas. A fé sem obras é fé morta. A fé verdadeira sempre se manifesta em
obediência para com DEUS e atos compassivos para com os necessitados (ver v.
22; Rm 1.5). (2) Tiago objetiva seus ensinos contra os que na igreja
professavam fé em CRISTO e na expiação pelo seu sangue, crendo que isso por si
só bastava para a salvação. Eles também achavam que não era essencial no
relacionamento com CRISTO obedecer-lhe como Senhor. Tiago diz que semelhante fé
é morta e que não resultará em salvação, nem em qualquer outra coisa boa (vv.
14-16,20-24). O único tipo de fé que salva é "a fé que opera por
caridade" (Gl 5.6). (3) Não devemos, por outro lado, pensar
que mantemos uma fé viva, exclusivamente por nossos próprios esforços. A graça
de DEUS, o ESPÍRITO SANTO que em nós habita e a intercessão sacerdotal de
CRISTO (ver Hb 7.25) operam em nossa vida, capacitando-nos a
obedecer a DEUS pela fé, do começo ao fim (cf. Rm 1.17). Se deixarmos de ser receptivos à graça
de DEUS e à direção do ESPÍRITO SANTO, nossa fé sucumbirá
2.21 ABRAÃO... FOI JUSTIFICADO PELAS OBRAS. As obras pelas quais Abraão foi
justificado não eram "obras da lei" (Rm 3.28), mas da fé e do amor. Sua disposição de
sacrificar Isaque foi uma expressão da sua fé em DEUS e da sua dedicação a Ele
(ver Gn 15.6; 22.1). Tiago usa o exemplo de Abraão
para refutar a crença de que pode haver fé sem dedicação e amor a DEUS. O
apóstolo Paulo usa o exemplo da fé de Abraão para anular o conceito errôneo de
que a salvação depende do mérito das nossas próprias obras e não da graça de
DEUS (Rm 4.3; Gl 3.6).
2.22 A FÉ COOPEROU COM AS SUAS OBRAS. Tiago não está dizendo que a fé e as
obras nos salvam. Isso seria separar a fé das obras. Tiago argumenta, pelo
contrário, sobre a fé em ação. Isto é, a fé e as obras nunca poderão estar
separadas uma vez que as obras procedem naturalmente da fé (ver Gl 5.6).
Tg 2.17 Uma convicção ou crença
intelectual que se recusa a obedecer aos mandamentos de CRISTO não é proveitosa
- é morta. As boas obras são o fruto da fé viva. Se não há ações positivas,
então a fé professada, na realidade, não é fé — é morta e inútil. As ações
corretas provam que a nossa fé é uma fé verdadeira. Crer envolve a fé
acompanhada das ações. Se aqueles que estão ao nosso redor observarem as nossas
ações, eles deverão ser levados a conhecer a fé que motiva tais ações. Se
outros nos ouvirem falar de fé, eles também deverão nos ver agir de acordo com
esta fé.
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 675.
Tg 2.17 “Assim, também a fé, se não
tiver obras, é morta em si mesma”: obras são sinal de vida da fé. Se no verão
um galho não tiver folhas, é necessário supor que está seco e morto. Se um ser
humano não se mexe mais, não respira nem denota mais pulsação, faltam os sinais
vitais. Está morto. Será que hoje não deveria ser dito também, em vista de
muitos pretensos crentes: “Tens o nome de que vives, mas estás morto” (Ap 3.1)?
É infinitamente importante darmos espaço ao convívio pessoal com nosso Senhor
na atenção à sua palavra e no diálogo com ele. Assim também perceberemos seu
sinal para agir e para esperar e, se sempre lhe obedecermos imediatamente, o
perceberemos cada vez melhor. Essa posição debaixo da condução do ESPÍRITO e na
obediência prática são os “sinais vitais” da fé. Por isso Paulo escreve: “Os
que são impelidos (guiados) pelo ESPÍRITO de DEUS são filhos de DEUS” (Rm
8.14), ou seja, são crentes.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança
Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
II- EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE
FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1* Não basta “crer”.
Tg 2.19 Algumas versões colocam a
primeira parte do versículo 19 em forma de pergunta (como ocorre na ARC): Tu
crês que há um só DEUS?. Tiago responde: Fazes bem (v. 19). Até aqui, tudo bem
— mas isso não é suficiente: também os demônios (daimonia) crêem e estremecem.
Apenas fé — no sentido de reconhecer DEUS sem responder a Ele em ação obediente
— é uma religião que mesmo os demônios professam (cf. Mt 8.29; Mc 1.24). Mas
essa fé não é uma fé salvadora; eles apenas estremecem (“tremem”, NVI). “A fé
que eles têm é mostrada pelo seu terror, uma emoção de interesse próprio, mas
isso não os salva”.3 João Wesley comenta acerca daqueles que têm uma fé tão
limitada: “Isso prova somente que vocês têm a mesma fé dos demônios [...] eles
[...] tremem com a expectativa terrível do tormento eterno. Essa fé certamente
não pode justificá-los nem os salvar”.
Tg 2.20 A expressão: queres tu
saber? (v. 20, lit., você gostaria de saber?), introduz esse novo rumo na
argumentação. A pergunta parece inferir uma relutância que beira a perversidade
no homem questionado. O sentido correto seria: “Você realmente quer uma prova
irrefutável?”. O homem vão significa “insensato” (NVI) ou “de cabeça vazia”.
Trench diz que esse tipo de homem “é alguém em quem a sabedoria superior não
encontrou espaço, mas que está inchado com uma vaidade vã do seu próprio
discernimento”.5 Tiago repete aqui sua premissa básica de que a fé sem as obras
é morta (“inútil”, NVI; lit., sem obras, inativa). Essa fé sem vida não produz
nada de importante.
A. F. Harper. Comentário
Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 171.
A fé dos demônios (Tg 2.19)
A fé morta é uma fé que atinge
apenas o intelecto. A fé dos demônios atinge o intelecto e também as emoções.
Os demônios têm um estágio mais avançado de fé que muitos crentes. A fé dos
demônios não é apenas intelectual, mas também emocional. Eles creem e tremem!
Crer é tremer não é uma experiência salvadora. Você não conhece uma pessoa
salva pelo conhecimento que adquire nem pelas emoções que demonstra, mas pela
vida que vive (Tg 2.18).
No que os demônios creem? Warren
Wiersbe responde a essa pergunta, dizendo: em primeiro lugar, os demônios creem
que DEUS é um só. Os demônios creem na existência de DEUS. Eles não são nem
ateístas nem agnósticos. Eles creem na “shemma” judaica: “Ouve ó Israel, o
Senhor nosso Como saber se minha fé é verdadeira ou falsa DEUS é o único
Senhor”. Mas essa crença dos demônios não pode salvá-los.
Em segundo lugar, os demônios creem
na divindade de CRISTO. Os demônios corriam para ajoelhar-se diante de CRISTO
para adorá-lo (Mc 3.11,12). Eles sabiam quem era JESUS. Eles se prostravam aos
pés do Senhor JESUS.
Em terceiro lugar, os demônios creem
na existência de um lugar de penalidades eternas. Eles sabem que o inferno foi
criado para o diabo e seus anjos. Eles sabem que o inferno é destinado para
todos aqueles cujos nomes não forem encontrados no Livro da Vida. Eles não
negam a existência do inferno (Lc 8.31). Eles creem nas penalidades eternas.
Em quarto lugar, os demônios creem
que CRISTO é o suprem o Juiz que os julgará. Os demônios sabem que terão de
comparecer diante de CRISTO, o supremo juiz. Eles creem no julgamento final.
Eles creem que todo joelho se dobrará diante de CRISTO. Entretanto, os demônios
estão perdidos, eternamente perdidos. Uma fé meramente intelectual e emocional
coloca-nos apenas no patamar dos demônios.
A fé salvadora (Tg 2.20-26)
A fé salvadora pode ser sintetizada
em três palavras: notitia (conteúdo), assensus (concordância), fiducia
(confiança): conteúdo, concordância e confiança. A fé verdadeira inclui o
intelecto, as emoções e a vontade. O conteúdo da fé é a verdade de DEUS. Eu
recebo essa verdade e confio nela e por ela sou transformado.
Como Tiago descreve a fé verdadeira?
Warren Wiersbe responde a esta questão oferecendo vários pontos.
Em primeiro lugar, a fé salvadora
está baseada na Palavra de DEUS. James Boyce diz que o primeiro elemento da fé
salvadora é o conteúdo intelectual expresso como doutrinas básicas do
cristianismo. Tiago cita dois exemplos; Abraão e Raabe. Duas pessoas totalmente
diferentes;
Abraão, o amigo de DEUS; Raabe,
membro dos inimigos de DEUS. Abraão, piedoso; Raabe, prostituta. Abraão, judeu;
Raabe, gentia. O que tinham em comum? Ambos confiaram na Palavra de DEUS. A
questão não é a fé, mas o objeto da fé. Não é fé na fé. Não é fé nos ídolos.
Não é fé nos ancestrais. Não é fé na confissão positiva. Não é fé nos méritos.
E fé em DEUS e em Sua Palavra. A fé está baseada em um conjunto de verdades. A
fé está estribada em DEUS e em Sua Palavra. Não é fé em subjetividades, mas fé
na Palavra.
Em segundo lugar, a fé salvadora
envolve todo o ser humano. A fé morta toca apenas o intelecto. A fé dos
demônios toca o intelecto e também as emoções. Mas a fé salvadora atinge o
intelecto, as emoções e também a vontade. A mente entende a verdade, o coração
deseja a verdade, e a vontade age com base na verdade.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 51-53.
Tg 2.19 A aceitação de um credo
(mesmo que seja verdadeiro) não é suficiente para salvar ninguém. Os demônios
têm uma convicção completa e absoluta de que há só um DEUS, mas eles se
aterrorizam diante desta verdade. Eles crêem em DEUS somente para odiá-lo e
resistir a Ele de todas as maneiras possíveis.
A sua “fé” os leva a ações
negativas, ao passo que a fé de alguns dos leitores de Tiago não é
suficientemente verdadeira para fazê-los tremer. Os demônios estremecem de
terror e demonstram que a sua “fé” é verdadeira, ainda que mal direcionada.
Tg 2.20 Tiago dirige-se à sua pessoa
hipotética que tinha as opiniões acima e a chama de homem vão, literalmente um
“homem vazio”. Se a fé ao redor da qual construímos a nossa vida resultar
vazia, nós verdadeiramente somos pessoas vazias. “Queres tu saber que a fé sem
as obras é morta?” Há ocasiões em que nós precisamos de mais ensino ou
compreensão para responder às orientações de DEUS. Mas frequentemente sabemos o
que deve ser feito, contudo não estamos dispostos a agir. Quando se trata de
colocar em prática o que sabemos, você tem o hábito de obedecer a DEUS?
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 675.
Tg 2.19 “Crês, tu, que há um (único)
DEUS? Fazes bem. Mas também os demônios creem isso e tremem”: O monoteísmo
bíblico, a fé no DEUS único era a riqueza de Israel diante de seu entorno
gentílico. Constituía a confissão diária do judeu devoto: “Ouve, Israel: O
Senhor, nosso DEUS, é o único DEUS” (Dt 6.4). Contudo não basta tê-lo por
verdadeiro.
“Crer que…” ainda não é uma fé viva.
Podemos ser muito “ortodoxos” e apesar disso não crer corretamente. Podemos ter
uma teologia impecável na prancheta, mas apesar disso não ser salvos. Tiago
afirma: “Também os demônios „creem‟ isso” – reconheceram a verdade, como
evidenciam também diversos relatos nos evangelhos (Mt 8.29; etc.). Mas lhe
negam a obediência. “Reconhecer a verdade e não lhe obedecer é diabólico”
(Walter Warth). – “E tremem”: isso vale também para o ser humano. Enquanto se
limitar a ter conhecimento sobre DEUS, mas buscar se afirmar contra ele, a
mensagem de DEUS não constitui para ele alegria, mas pavor (não surpreende que
a muitas pessoas se possa apresentar de tudo, menos a palavra de DEUS!).
Somente depois que a pessoa abrir mão de toda a resistência, capitular perante
DEUS, entregar a vida na mão de DEUS “para o que der e vier” e se deixar
engajar por ele, a fé se torna alegria e beatitude. Em contraposição, o inferno
é “crer e apavorar-se”. – É assim que Tiago responde aos que pensam que tudo em
sua vida está em ordem, que creem corretamente e têm uma teologia correta, e
que no entanto não vivem com JESUS e em seu discipulado.
Tg 2.20 “Queres, pois, (finalmente)
compreender, ó homem insensato, que a fé sem as obras é ineficaz?”: o ser
humano natural não consegue reconhecer o que a palavra de DEUS ordena, porque
não quer admitir a DEUS, não capitular diante dele nem lhe ser obediente.
O ser humano sempre busca viver sua
própria vida contrariando a DEUS. Esse é seu pecado original. É tolice
persistir nesses pensamentos autocráticos contra DEUS. “Os insensatos dizem no
coração: Não há DEUS” (Sl 14.1). “Falta de senso” é o adjetivo que Tiago dá a
tal pessoa: de forma inconsciente ou pouco consciente ela persiste em sua
conduta. A atitude básica do ser humano carnal, de oposição a DEUS (Rm 7.14;
8.7), constantemente se exterioriza em sua conduta prática.
O ser humano natural sempre tenta
preservar sua vida autônoma de DEUS, não apenas quando está afastado de DEUS,
mas também quando lhe parece próximo: a) Ele pode ser como “estranho na casa”,
calculando perante DEUS seus feitos, o cumprimento de seu de dever e dos
extras: “Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que ganho” (Lc
18.12). Nesse caso ele é como um filho que por um lado trabalha junto do Pai,
mas que apresenta suas reivindicações como um estranho e computa suas horas
extras, enquanto na realidade o Pai declara: “O que é meu, é teu” (Lc 15.31).
Foi contra esse descaminho que se voltou principalmente Paulo. Ainda que por
esse caminho o ser humano fosse capaz de cumprir sua obrigação, isso certamente
não seria condizente com um filho e com o amor. b) O ser humano retornado para
DEUS também pode ser como um estrangeiro e um corpo estranho na casa por ser
apático, não-interessado e inativo na obra que o Pai está realizando. É
primordialmente contra isso que Tiago se volta. Paulo e Tiago prestam um ao
outro um serviço de complementação mútua. No contexto da mensagem do NT não
podemos abrir mão de nenhuma dessas duas testemunhas.
Fritz Grunzweig. Comentário
Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. Abraão.
Abraão é considerado o pai da fé.
Isso não significa que ele foi o primeiro homem a ter a fé em DEUS, pois outros
homens são destacados na Bíblia como sendo pessoas que criam e obedeciam a DEUS
antes de Abraão. Entretanto, a Palavra de DEUS dá um destaque ao patriarca,
pois Abraão creu em DEUS e foi considerado um homem justo. E que momento da
vida de Abraão é destacado por Tiago? Justamente o momento em que o patriarca
vai oferecer seu único filho em holocausto ao Senhor. Aqui destacamos duas
coisas: Abraão ouviu a voz de DEUS quando Ele ordenou que o patriarca
oferecesse seu filho em holocausto, mas tambem obedeceu a DEUS quando Ele
enviou seu anjo e ordenou a Abraão que não estendesse sua mão contra o moço,
para o sacrificar. Foi sem dúvida uma prova difícil, mas Abraão confiou que
DEUS iria fazer o melhor, pois Ele mesmo havia prometido que faria de Abraão
uma grande nação.
Ainda apresentando Abraão, Tiago diz
que “...o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé” (Tg 2.24).
Como lidar então com essa declaração de Tiago? As obras seriam um complemento
para a fé salvífica?
Tiago busca a praticidade da fé na
vida cristã. Ele não declara em momento algum que as obras salvam, se não a fé
em JESUS seria incompleta. Nem está colocando em cheque os ensinos de Paulo
sobre a salvação pela fé. O que ele está argumentando é que a fé precisa ser
demonstrada em atitudes. Matthew Henry coloca esse assunto assim:
Quando Paulo diz que “o homem é
justificado pela fé, sem as obras da lei” (Rm 3.28), ele claramente fala de um
outro tipo de obras do que Tiago tem em mente. Paulo fala em obras realizadas
em obediência à lei de Moisés, e antes de os homens abraçarem a fé evangélica.
E ele estava lidando com aqueles que se valorizavam tanto por conta das obras
que rejeitavam o evangelho (como Romanos 10 declara expressamente no início);
mas Tiago fala de obras realizadas em obediência ao evangelho, e como efeito e
frutos apropriados e necessários da sólida fé em JESUS CRISTO.
Ambos estão interessados em exaltar
a fé do evangelho, como aquele que somente pode nos salvar e justificar; mas
Paulo o exalta ao mostrar a insuficiência de quaisquer obras da lei antes da
fé, ou em oposição à doutrina da justificação por JESUS. Tiago exalta a mesma
fé, ao mostrar que são as realizações e os produtos genuínos e necessários
dela.
Ainda dentro desse enfoque, Matthew
Henry continua:
Paulo não somente fala de obras
diferentes daquelas em que Tiago insiste, mas ele fala em um uso completamente
diferente que era feito das boas obras daquele que aqui é instado e
intencionado. Paulo estava lidando com aqueles que dependiam de suas obras aos
olhos de DEUS, e Ele poderia muito bem torná-los sem valor. Tiago estava
tratando com aqueles que exaltavam a fé, mas não permitiam que as obras fossem
usadas nem como evidência; eles dependiam de uma mera profissão de fé, como
suficiente para justificá-los; e com esses ele bem teria de reforçar a
necessidade e a grande importância das boas obras.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 89-90.
Tg 2.21-24 O Argumento de Abraão
O versículo 21 fala de Abraão como
sendo justificado pelas obras. Isso parece estar em contradição direta com
Paulo, que escreveu: “Creu Abraão [tinha fé] em DEUS, e isso lhe foi imputado
como justiça” (Rm 4.3; cf. G1 3.6). Tanto Tiago quanto Paulo recorrem à verdade
em Gênesis 15.6 para suportar seus argumentos. A reconciliação pode ser
encontrada nos eventos específicos na vida de Abraão à qual Paulo e Tiago se
referem; também no sentido em que usaram o termo justificado (v. 21).
Paulo refere-se à fé do patriarca
Abraão no tempo em que DEUS prometeu dar-lhe um filho (Gn 15.1-6). A sua fé era
uma fé que aceitava a promessa de DEUS sem ter provas concretas. Tiago, por
outro lado, referiu-se à fé do patriarca quando ofereceu sobre o altar o seu
filho (Gn 22.1-19). “Tiago não está falando da imputação original de justiça a
Abraão em virtude da sua fé, mas da prova infalível [...] de que a fé que
resultou nessa imputação era uma fé real. Ela se expressava em uma obediência
tão completa a DEUS que 30 anos mais tarde Abraão estava pronto, em submissão à
vontade divina, para oferecer o seu filho Isaque. O termo justificado nesse
versículo significa na verdade ‘revelado para ser justificado’”.
A interação inseparável entre a fé
cristã e a ação é deixada clara em uma tradução mais recente do versículo 22:
“Você pode ver que tanto a fé como as obras estavam atuando juntas, e a fé foi
aperfeiçoada pelas obras” (NVI). Se aceitarmos a evidência de Tiago, devemos
aceitar sua conclusão: “Vocês vêem, portanto, que um homem é salvo pelo que ele
faz, tanto como pelo que ele crê” (v. 24, A Bíblia Viva).
A expressão Abraão, o nosso pai (v.
21) é, às vezes, usada para apoiar o argumento de que os receptores dessa
epístola eram judeus ou pelo menos de origem judaica. Mas o conceito de Abraão
como o “pai dos fiéis” — gentios e judeus — era um conceito cristão do primeiro
século (cf. Rm 4.16; G1 3.7-9).
Em apoio à realidade da justiça de
Abraão, Tiago ressalta que ele foi chamado o amigo de DEUS (v. 23). Em 2
Crônicas 20.7, Abraão é chamado de “amigo [de DEUS], para sempre”; e em Isaías
41.8, DEUS chama Israel de “semente de Abraão, meu amigo”. Essa expressão
“amigo de DEUS” parece significar “que DEUS não escondeu de Abraão o que propôs
fazer (veja Gn 17.17). Abraão foi privilegiado em ver alguma coisa do grande
plano que DEUS estava realizando na história. Ele exultou em ver o dia do
Messias (veja Jo 8.56)”.
A. F. Harper. Comentário
Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag.171-172.
A fé salvadora conduz à ação. Tiago
cita dois exemplos de fé que produziram ação; primeiro, o exemplo de Abraão.
Gênesis 15.6 diz que Abraão creu e isso lhe foi imputado para justiça. Gênesis
22.1-19 mostra a obediência de Abraão ao oferecer o seu filho para DEUS, crendo
que DEUS poderia ressuscitá-lo (Hb 11.19). Abraão não foi salvo por obedecer a
esse difícil mandamento. Sua obediência provou que ele já era salvo. Abraão não
foi salvo pela fé mais as obras, mas pela fé que produz obras.
Como, então, Abraão foi justificado
pelas obras, uma vez que já tinha sido justificado pela fé (Gn 15.6; Rm 4.2,3)?
Pela fé, ele foi justificado diante de DEUS, e sua justiça foi declarada. Pelas
obras, ele foi justificado diante dos homens, e sua justiça foi demonstrada. A
fé do patriarca Abraão foi demonstrada por suas obras.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 53-54.
Tg 2.21 Tiago passa agora deste caso
de estudo para os personagens históricos do Antigo Testamento, os quais ele
espera que confirmem o que ele esteve ensinando a respeito da importância da fé
ativa. Abraão era um dos personagens do Antigo Testamento mais reverenciado
pelos judeus (veja Gn 11.27-25.11, para a biografia de Abraão). A obediência
admirável de Abraão, a ponto de estar disposto a sacrificar o seu filho
mediante uma ordem de DEUS, era a evidência das obras pelas quais Abraão foi
justificado.
O que Abraão estava fazendo quando
ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Ele estava confiando em DEUS. A
lição que podemos tirar da vida de Abraão não é uma comparação entre os seus
sacrifícios e os nossos. Nós podemos esperar que, de uma forma ou de outra, a
nossa fé tenha que crescer de uma confiança interior às obras exteriores. No
final, como Abraão, nós também teremos que responder a esta pergunta: “Será que
eu confio verdadeiramente em DEUS?”
Tg 2.22 Abraão tinha uma grande fé
em DEUS (Gn 15.6), mas Tiago destaca que a fé de Abraão era muito mais do que a
simples fé no único DEUS - o fruto da grande fé de Abraão estava nas suas
obras: pelas obras, a fé foi aperfeiçoada.
A sua fé produziu as suas obras, e
as suas obras aperfeiçoaram a sua fé, o que significa que elas a “melhoraram”
ou a “amadureceram”. Crentes amadurecidos e completos são produzidos por meio
da perseverança em meio às dificuldades; a fé amadurecida e completa é
produzida por meio de obras de obediência a DEUS. A fé e as obras não devem ser
confundidas entre si, tampouco devem ser separadas.
Tg 2.23 Abraão tinha fé em DEUS, de
modo que DEUS deu a Abraão o status de um relacionamento correto com Ele - e
isto aconteceu antes das obras admiráveis de Abraão (tais como a sua disposição
de sacrificar Isaque), antes mesmo que Abraão fosse circuncidado (veja as
palavras de Paulo em Romanos 4.1-17). As Escrituras às quais Tiago se refere
aqui constam em Gênesis 15.6; “E creu Abraão em DEUS, e foi-lhe isso imputado
como justiça”.
Tiago mostrou que a justiça de
Abraão era a base e a razão de todas aquelas obras. Devido à grande fé e
obediência de Abraão, ele teve o status privilegiado de ser chamado “o amigo de
DEUS” (veja também 1 Cr 20.7; Is 41.8). Demonstrar a nossa confiança em DEUS
nos levará à comunhão com Ele, como aconteceu no caso de Abraão.
Tg 2.24 O homem é justificado pelas
obras e não somente pela fé. Muitos disseram que esta declaração contradiz a
opinião de Paulo, que escreveu: “O homem é justificado pela fé, sem as obras da
lei” (Rm 3.28). Na verdade, se tanto Tiago como Paulo tivessem usado a palavra
“justificado” da mesma maneira, este versículo contradiria o ensino de Paulo
sobre a justificação somente pela fé. Mas, para Tiago, ser “justificado”
refere-se ao veredicto final de DEUS sobre toda a nossa vida cristã, segundo o
qual somos declarados justos por termos vivido uma vida que foi fiel até o
final. Para Paulo, ser “justificado” refere-se à concessão inicial da justiça
depois que uma pessoa aceita CRISTO. Para Tiago, “obras” (aquilo que fazemos)
são os produtos naturais da fé verdadeira; para Paulo, “obra” (“obedecer à
lei”) é aquilo que as pessoas estão tentando fazer para ser salvas. Para Tiago,
a fé sozinha é uma crença superficial em um conceito; não há nenhum
comprometimento ou transformação de vida.
Para Paulo, a fé é a fé salvadora -
a fé que propicia uma união íntima com CRISTO e que resulta na salvação e na
obediência. Paulo deixou claro que uma pessoa só entra no reino de DEUS pela
fé; Tiago deixou claro que DEUS exige boas obras daqueles que estão no reino.
Uma pessoa só recebe a salvação pela
fé, e não realizando obras de obediência. Mas uma pessoa salva realiza obras de
obediência por causa daquela fé. Para as pessoas que confiam na sua “ocupação”
religiosa para a sua salvação ou para o seu mérito diante de DEUS, as palavras
de Paulo são cruciais – estas obras sozinhas não podem fazer nada para
salvá-las. Para as pessoas que confiam na sua concordância intelectual com uma
crença, apenas com um comprometimento verbal, as palavras de Tiago são cruciais
- a sua fé sozinha não pode fazer nada para salvá-las.
Duas perguntas breves que nos ajudam
a monitorar a nossa saúde espiritual são: Em quem estou confiando? E: Por que
estou trabalhando? Se nós confiamos em alguém (inclusive em nós mesmos) além de
CRISTO como a fonte e o provedor da nossa justificação, estamos perdidos. Se
nós estamos agindo por qualquer razão que não seja a obediência e a ação de
graças a CRISTO por tudo o que Ele fez por nós, estamos perdidos. E somente em
CRISTO que podemos encontrar verdadeiramente a nossa salvação. Da nossa
confiança nele é que surgirão as obras.
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag.
675-677.
Tg 2.21 “Não foi nosso Pai, Abraão,
justificado por obras, quando ofertou Isaque, seu filho, sobre o altar?”: Js
24.2 afirma que também Abraão teria servido “a outros deuses além do rio
Eufrates”. DEUS o chamou por liberdade e graça, e não porque Abraão tivesse
sido uma “categoria especial” em termos morais ou religiosos. Abraão creu nessa
escolha misericordiosa de DEUS para um serviço especial, também por meio do
povo que descenderia dele (a despeito de todas as evidências). Em virtude dessa
fé DEUS justificou Abraão (Gn 15.6; Rm 4.3; Gl 3.6).
Contudo, ao mesmo tempo a fé de
Abraão também foi ação. Isso se evidencia particularmente no começo e no final
de sua trajetória de fé: na partida (Gn 12.4) e ao se dirigir ao monte Moriá,
onde deveria sacrificar o filho (Gn 22). Do contrário DEUS não o teria usado
para seus objetivos, e sua fé não teria sido aprovada. A fé de Abraão,
portanto, foi também um renovado ato de fé. Não teria bastado se Abraão tivesse
permanecido em sua tenda, imerso em reflexões devotas. Constantemente tinha de
pôr-se a caminho. Também hoje a fé, para ser genuína, precisa pôr-se a caminho
regularmente, rumo à terra desconhecida, a tarefas complexas e a sacrifícios.
Tg 2.22 “Aí vês como a fé operava
juntamente com as suas obras”: fé e obras não podem ser separadas, assim como
acontece com raiz e fruto. Juntas constituem o todo.
“A fé foi aperfeiçoada por meio das
obras”: uma macieira fértil é macieira durante o ano todo, no sentido pleno,
porém, ela ainda não é macieira no inverno, mas apenas no outono, quando de
fato está coberta de frutos maduros. Nesse sentido é somente o fruto que
plenifica a fé. – Outro aspecto é que o fruto também tem repercussões para a
própria fé. Abraão não retornou do Monte Moriá da forma como foi para lá:
experimentara um grande fortalecimento e incremento em sua fé. Não os teria
obtido se tivesse permanecido em casa e se negado a obedecer. Atualmente é
frequente a busca por fórmulas para estimular as pessoas na fé, e chega-se às
mais exóticas respostas. Aqui nos é dito singelamente: viva a obediência da fé,
dê passos de fé, sirva com fé, sofra pela fé, e ela se fortalecerá e será
aperfeiçoada! Obediência e conhecimento estão interligados. JESUS afirma: “Se
alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é
de DEUS ou se eu falo por mim mesmo” (Jo 7.17). Em contraposição, o conhecimento
já obtido se dissipa e desaparece em decorrência da obediência negada. Também
nesse caso vale: “Ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt 25.29).
Tg 2.23 “É assim que se cumpre a
palavra da Escritura (Gn 15.6)”: Pelo fato de que DEUS escolheu a Abraão sem
mérito e dignidade e de ele o aceitar e se deixar engajar por isso, ele é
correto para DEUS, ou melhor, DEUS o declara justo. Passou a ser chamado “amigo
de DEUS”, amado e íntimo (cf. Is 41.8; também Êx 33.11). Quem vive na comunhão
com nosso Senhor JESUS CRISTO, quem aceita sua graça e se encontra no
discipulado e na obediência dele torna-se amigo dele (Jo 15.15). E JESUS
declara: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14.9).
Tg 2.24 “Vedes que uma pessoa é
justificada por causa de suas obras e não simplesmente da fé”: Tiago chega a
essa conclusão geral. Paulo, porém, escreve: “Concluímos, pois, que o homem é
justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3.28). Não sabemos
qual carta foi escrita antes, a carta aos Romanos ou a carta de Tiago. Tampouco
sabemos – na hipótese de que a carta aos Romanos seja a mais antiga – se Tiago
viu uma das cópias da carta de Paulo, que certamente eram raras. Com suas
palavras poderia ter-se dirigido apenas contra um Paulo mal interpretado,
contra a opinião de que a graça seria como uma poltrona confortável. No mais os
dois “trens” não colidem, porque não andam sobre os mesmos trilhos. Em Rm 3.28
está em jogo a questão de como, afinal, acontece a aceitação do pecador por
DEUS (na parábola de Lc 15.11ss: o filho pródigo aceito pelo pai). Paulo diz:
não por “obras da lei”, ou seja, não quando o filho cumpre quaisquer condições
prévias, mas unicamente pela aceitação confiante da bondade do Pai. Tiago,
porém, tem em vista outra questão: como o filho aceito misericordiosamente
passa a se conduzir na casa do pai; a aceitação da bondade do pai tem de ser
sucedida pela disposição de se deixar engajar por essa bondade. DEUS nos acolhe
assim como somos, mas ele não nos deixa permanecer como somos.
Fritz Grunzweig. Comentário
Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. Raabe.
Raabe é trazida como um exemplo de
fé na Carta de Tiago. Primeiro o apóstolo fala de Abraão, o pai da nação
israelita, mas depois apresenta uma mulher igualmente de fé. A origem de ambos
é diferente, mas a Bíblia apresenta no texto os atos de cada um relacionados
com suas crenças.
Raabe era uma prostituta de Jericó.
Ela ganhava a vida oferecendo seu corpo para saciar a lascívia dos homens. Ela
não conhecia ao Senhor, mas depois que soube o que DEUS fez com Israel, abrindo
o rio Jordão na época da cheia, seu coração se encheu de temor e fé no DEUS dos
hebreus. Sua fé foi de tal forma impressionante que ela escondeu em sua casa os
espiões que Josué mandou para verem a cidade, e além de os esconder, orientou
que fossem por um caminho diferente do caminho de seus perseguidores.
Esse foi sem dúvida um ato de fé.
Ela colocou sua própria vida em risco para proteger os espiões de Israel, mas
por sua fé, por crer que DEUS realmente iria destruir aquela cidade, ela não
apenas protegeu os emissários de Josué, como também pediu por sua própria vida
e pela vida de seus parentes.
Aqui cabe uma observação.
Dentro dessa mesma narrativa
associada à queda de Jericó, em que uma mulher ímpia aprendeu a ter fé em DEUS,
vemos o caso de Acã, um homem do povo de DEUS que não pensou duas vezes para
roubar aquilo que DEUS disse que não deveria servir de despojo de guerra.
E uma conclusão triste, mas real. E
possível encontrar em nossos templos pessoas que congregam conosco mas que
perderam o temor ao que DEUS ordena, mas também podemos encontrar fora da
igreja pessoas que terão mais fé naquilo que DEUS falou.
Tiago usa as figuras de Abraão e de
Raabe como exemplo de que não basta apenas ter uma fé, e sim que é preciso
colocá-la em prática. Fé não pode ser um conceito doutrinário pronto apenas
para ser apresentado e ensinado, mas acima de tudo, vivido. E essa fé pode ser
manifesta de diversas formas. Abraão tinha uma promessa de DEUS para sua vida,
a de que seria pai de uma grande multidão de pessoas. Raabe não tinha nenhuma
promessa, mas confiou em DEUS mesmo assim, com base no que ela ouviu sobre o
que o Eterno tinha feito, e foi salva junto com sua família.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 90-92.
Tg 2.25 Tiago escolheu Raabe, a
meretriz (v. 25) para seguir o exemplo de Abraão, o fiel, em sua exposição de
provas do Antigo Testamento, de que a fé não funciona sem obras. Nesse caso,
recebe o apoio do autor aos Hebreus (cf. Hb 11.17-19, 31). Tiago parece
enfatizar que o princípio que ele tem defendido é universal e que não há espaço
para exceções. Ele cita Raabe, que era “gentia, mulher e prostituta”.
Em Hebreus, o autor ressalta que a
ação de Raabe era “por fé”. Tiago não nega isso, mas insiste que ela foi
justificada pelas obras, no sentido de que suas ações eram uma prova da sua fé.
“Ela cria em DEUS e evidenciou a sua fé pelo transtorno que enfrentou ao
receber os espiões e auxiliá-los a escapar, arriscando a sua própria vida.
Certamente, essa não era uma fé comum!”
A. F. Harper. Comentário
Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 172.
Segundo, o exemplo de Raabe. Ela
creu e agiu. Ela ouviu a Palavra de DEUS e reconheceu que estava em uma cidade
condenada. Ela não somente entendeu a mensagem, mas seu coração foi tocado (Js
2.11), e assim fez alguma coisa: protegeu os espias (Hb 11.31). Ela arriscou
sua própria vida para proteger os espias. Mais tarde ela fez parte do povo de
DEUS (Mt 1.5) e tornou-se membro da genealogia de CRISTO. Isso é graça que
opera a fé salvadora.
O apóstolo Paulo diz que do mesmo
jeito que somos destinados para a salvação, somos também destinados para as
boas obras. Se a ordenação é determinativa no caso da salvação, também o é no
caso das boas obras. A salvação é só pela fé, mas por uma fé que não está só.
Uma fé viva se expressa por obras, ou seja, uma vida que traz glória a JESUS.
Paulo ainda nos exorta a um
autoexame; “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós
mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que JESUS CRISTO está em vós? Se não
é que já estais reprovados” (2Co 13.5). A fé salvadora precisa ser examinada;
houve um tempo em que, sinceramente, reconheci meu pecado diante de DEUS? Houve
um tempo em que meu coração desejou fortemente fugir da ira vindoura? Houve um
tempo em que compreendi que CRISTO morreu pelos meus pecados e já confessei que
não posso salvar-me a mim mesmo? Houve um tempo em que sinceramente eu me
arrependi de meus pecados? Houve um tempo em que realmente depositei minha
confiança no Senhor JESUS? Houve um tempo em que de fato houve mudança em minha
vida? Desejo viver para a glória de DEUS, pregar a salvação para os outros e
ajudar os necessitados? Tenho prazer na intimidade com DEUS? Se você pode
responder a essas perguntas positivamente, então os sinais da fé verdadeira
estão presentes na sua vida.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 54-55.
Tg 2.25 Da mesma maneira, até mesmo
Raabe, a meretriz, foi também justificada pelas obras. O julgamento final sobre
a vida de uma pessoa leva em consideração a justiça que esta pessoa mostra por
meio de suas obras. Mas, por que Tiago menciona Raabe? Depois de falar da
grande fé de Abraão, o patriarca de Israel, Tiago citou o exemplo de Raabe, uma
mulher pagã que tinha uma má reputação (veja Js 2.1-24; 6.22-25).
Porém, estas duas pessoas, por mais
opostas que fossem, consolidaram o argumento de Tiago – as duas tinham sido
justificadas com base nas obras que resultaram da sua fé. O contraste não é
entre a fé e as obras, mas entre a fé genuína e a falsa.
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 677.
III- A METÁFORA DO CORPO SEM O
ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)
1. Uma analogia do corpo sem
espírito.
Um dos pressupostos do cristianismo
é que a vida é um dom de DEUS, e esse presente é fruto da junção da parte
material do ser humano (o corpo) e a parte imaterial (alma e espírito). Isso
significa que se alguma dessas duas partes se separar, a vida se extingue. A
morte separa essas partes. Nesses casos, não resta nada ao corpo a não ser
sepultado, para que se decomponha.
Tiago apresenta esse recurso
comparativo para mostrar o quanto uma fé sem prática é ineficaz. Um corpo sem
espírito pode ser completo, mas está morto. Ele possui coração, pulmões,
cérebro, membros, sistemas digestivo, nervoso, respiratório e circulatório, mas
nada disso funciona porque nele não há vida. Uma vez morto, o corpo se
degenera, exala mau cheiro e se torna repugnante para as pessoas. Para esse ser
que antes estava vivo, nada mais resta senão ser sepultado, ou contaminará o
ambiente dos que estão vivos.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 92.
Tg 2.26ª Este versículo se parece
com o décimo sétimo versículo, onde a ideia é amplamente comentada, exceto que
ali há a pequena ilustração do corpo, que é morto se não tiver espírito. O
autor sagrado exibe, incidentalmente, sua crença na inseparabilidade entre o
corpo e a alma, dando a entender a imortalidade desta última.
Este versículo, que declara que a fé
pode estar morta como um cadáver, se não for acompanhada por suas obras, é uma
conclusão apropriada para a secção inteira; e esse pensamento já foi expresso,
nos versículos dezessete e vinte, de maneira levemente diversa. Apesar de que
poderíamos esperar que a fé fosse representada pelo espírito, e que as obras
representassem o corpo, o autor sagrado reverte isso. O fato que as obras são
equiparadas ao espírito, que dá vida ao corpo, mostra que o autor sagrado sob
hipótese alguma elevava a fé acima das obras. Antes, ele deixa claro que formam
uma união perfeita, igualmente necessárias para a justificação do crente.
No dizer de Ropes (m loc.): «...para
Tiago, a fé e as obras cooperam para garantir a justificação; e pelas obras a
fé é mantida viva. Assim, pois, o corpo e o espírito cooperam para garantir a
continuação da vida. e, pelo espírito, o corpo é conservado em vida. Quando se
dá ao vigésimo segundo versículo o seu sentido verdadeiro, pode-se perceber que
o paralelo é melhor do que geralmente se pensa».
«...espírito...» O espírito imortal
está em foco, e não a "respiração". O judaísmo helenista chegou a
rejeitar o pensamento do judaísmo mais antigo sobre a natureza metafísica do
homem. No Pentateuco, o homem é visto meramente como um ser físico animado,
devido à ação do "sopro" de DEUS sobre ele. Porém, ali não há
qualquer doutrina declarada de um espírito imortal; pois, ao morrer o homem,
não se espera que o ser essencial sobreviva. A imortalidade da alma foi uma
doutrina desenvolvida fora da cultura judaica, em vários lugares do Oriente; e
sua primeira declaração formal foi feita por Platão, embora haja declarações na
filosofia grega anteriores a ele quanto a isso. Porém, o judaísmo helenista
veio a aceitar essa doutrina, e normalmente cria que a alma é preexistente em
relação ao corpo, não sendo criada por ocasião do nascimento (criacionismo), e
nem surgindo como parte da reprodução (traducionismo). Era natural, pois que
muitos rabinos, especialmente fariseus, tivessem aceitado a reencarnação como
uma verdade da experiência humana comum. Julgar que Tiago usa a palavra
«espírito», neste caso, apenas como «respiração», «hálito», e não como o homem
essencial, é supor que ele rejeitava a teologia comum a seus dias tendo voltado
à teologia mais primitiva, o que é altamente improvável.
Seria coisa desnatural e impossível
um corpo humano existir vivo sem o espírito. Assim também a fé é desnatural, e
está morta, quando não é acompanhada por suas obras. E isso envolve qualquer
tipo de fé, mesmo tão genuína como a de Abraão, contanto que não seja fingida.
Nossa fé pode aceitar todos os conceitos ortodoxos, e podemos confiar
verdadeiramente em DEUS; mas, se ela não for acompanhada por obras de fé, isto
é, a obediência à sua lei, então tal fé será morta, não servindo mais para a
justificação ou para a obtenção da aprovação divina. Porém, a fé e suas obras,
se permanecerem juntas, serão vivas, conseguindo a aprovação de DEUS; e é disso
que consiste a salvação.
CHAMPLIN, Russell Norman, O
Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 5. pag. 51-52.
Tg 2.26ª E agora, o apóstolo
chega à conclusão de toda a questão: “Porque, assim como o corpo sem o espírito
está morto, assim também a fé sem obras é morta” (v. 26). Essas palavras são
lidas de diferentes formas; alguns as leem assim: Assim como o corpo sem
respiração está morto, assim é a fé sem obras. E então eles mostram que as
obras acompanham a fé, assim como a respiração acompanha a vida. Outros as leem
assim: Assim como o corpo sem a alma está morto, assim a fé sem obras está
morta também. E então eles mostram que assim como o corpo não tem ação, nem
beleza, mas se torna uma carcaça repugnante, depois que a alma se foi, assim
uma mera profissão sem obras é inútil, aliás, repugnante e ofensiva.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora
CPAD. pag. 837.
Finalmente, Tiago usa a ilustração
do corpo (v. 26) que sem espírito está morto, para mostrar a conclusão que
deseja confirmar. Um corpo sem espírito não passa de um cadáver, inerte, sem
possibilidade de se movimentar, pensar agir ou mostrar qualquer sinal de vida.
Boas obras não podem ser realizadas por pedras; nem um corpo morto pode
produzir ações. Igualmente impossível seria que a fé transformadora deixasse de
produzir manifestações dessa fé. A fé como a própria vida mostra que existe por
suas ações.
O autor de Hebreus também concorda
com esse ensinamento de Tiago. “A terra, que absorve a chuva que cai
frequentemente, e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a
bênção do Senhor. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e
logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada” (Hb 6.7,8). Fé morta, como terra
cheia de espinhos e ervas daninhas, produz apenas “obras mortas” (Hb 9.16),
isto é, atos que não revelam um relacionamento vivo com DEUS por meio do
ESPÍRITO SANTO. Se um cristão professo não nasceu de novo (Jo 3.3,5), suas
obras devem ser enterradas como o são os cadáveres!
Russell P.
Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição
De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora
Shedd Publicações.
2. Da mesma maneira: fé sem obras é
morta.
A fé sem obras é igualmente passível
de ser extinta, de ser apenas um movimento intelectual. Pode haver teologia,
mas sem prática da fé cristã demonstrada nas obras, a teologia será apenas um
pensamento distante, mesmo que ortodoxo.
Já vimos que Tiago e Paulo não se
chocam quando tratam de fé e obras. Eles escrevem sobre o mesmo assunto de
forma diferente para públicos e situações diferentes. “A justificação de que
Paulo fala é diferente da tratada por Tiago; uma fala de nossa pessoa ser
justificada diante de DEUS, a outra fala da nossa fé ser justificada diante dos
homens.”
O apelo de Tiago é para que os
cristãos demonstrem suas obras como uma representação de sua fé. Trata-se de um
desafio diário, não um momento estanque e único na vida de uma pessoa.
Timothy B. Cargal informa que há um
jogo de palavras na sentença de Tiago: “A fé sem as obras (ergon) é morta
{arge, isto é, a + ergon, sem efeito). Sabemos que uma pessoa recebe a salvação
pela fé, mas deve demonstrar sua fé por meio das obras. A fé correta faz o
crente agir de forma correta.
Assim completamos este estudo. A fé
deve nos mover em prol de boas ações, não para ser salvos, mas para demonstrar
que somos salvos, que nossa fé não é estática, e que DEUS pode usar nossas
ações para fazer apresentar a fé pura e imaculada.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 92-93.
Tg 2.26 A fé e as boas obras são
muito importantes uma para a outra, assim como o corpo é importante para o
espírito. As boas obras não são acrescentadas à fé; na verdade, o tipo certo de
fé é a fé que realiza “obras”, que resulta em boas obras. Se não fosse assim, o
cristianismo não seria nada mais do que um conceito.
Ninguém é levado a agir se não tiver
fé; a fé de uma pessoa não será real a menos que a leve à ação. A ação é a
obediência a DEUS. Isto nos leva de volta às palavras de Tiago na primeira
parte deste capítulo, a respeito do cuidado pelos outros. O crente deve fazer o
que DEUS o chama para fazer - servir a seus irmãos e irmãs em CRISTO,
recusar-se a discriminá-los, e ajudá-los com boas obras.
Entender como a fé e as obras
trabalham juntas ainda não quer dizer que a nossa vida será diferente. Tiago
está a ponto de continuar com uma série de situações de vida que todos nós
iremos encontrar. É nestes eventos cotidianos que nós demonstramos se a nossa
fé está viva ou morta. De tempos em tempos, precisamos checar a nossa pulsação
espiritual, verificando se a nossa vida está de acordo com a Palavra de DEUS.
Mas nós também precisamos ter pessoas ao nosso redor, o corpo de CRISTO, a quem
possamos perguntar: “Como você me vê colocando em ação a minha fé em CRISTO?”
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 677.
Tg 2.26b O erro combatido por Tiago:
«Algumas pessoas imaginam que podem agradar a DEUS se o acolherem no coração e
na mente, mas pouco fizerem por ele com suas ações; e que, por isso mesmo,
podem cometer pecados sem fazer violência à fé e sem temor; ou, em outras
palavras, que podem ser adúlteros, mas, ao mesmo tempo, ser castos, que podem
envenenar seus pais, e, contudo, ser piedosos! A julgar por tal raciocínio,
aqueles que pecam, mas são piedosos, podem ser lançados no inferno, e, contudo,
serem perdoados! Mas ideias como essas são produzidas pela hipocrisia de amigos
declarados do Maligno.
Uma oração: Então a controvérsia
ruge entre os legalistas e paulinistas. Mas Senhor enalteça minha
espiritualidade acima das contradições onde uma teologia ataca outra, onde um
homem, com expressão de sábio em sua face, odeia outro por suas opiniões serem
diferentes. Que possa minha alma ao invés disto clamar. Quanto de CRISTO tem-se
formado em mim? Se sou obrigado a responder - pouco, de que vale minha
teologia? Que valor pode possuir opinião certa para mim se o ESPÍRITO não tiver
controle sobre meu espírito, se outros à minha volta, cheios de necessidades,
ouvem minhas trivialidades, mas por minha vida deparam-se com o nada.
Oh espírito meu! Compre o campo onde
o tesouro precioso enterrado está. Oh alma minha! Dê toda a vida para encontrar
aquela única Pérola de Grande Valor!
E afasta de ti aquela praia onde as
ondas violentas da controvérsia teológica batem e tornam a bater
incessantemente, onde homens sussurram e mutilam-se por línguas afiadas pelo
sectarismo.
CHAMPLIN, Russell Norman, O
Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 5. pag. 52.
Tg 2.26. Tiago conclui esta
passagem, reafirmando seu tema central: a fé sem obras é morta. Do mesmo modo
que o corpo sem seu espírito vivificante, ou “fôlego de vida” (Gn 2.7), não
passa de um cadáver, assim também a fé, sem as obras que lhe dão vitalidade, é
morta. Novamente percebemos que Tiago está preocupado não com que as obras
sejam “acrescentadas” à fé, mas, sim, com que se possua o tipo certo de fé, uma
fé operante. Sem este tipo de fé, o cristianismo torna-se uma ortodoxia estéril
e perde todo o direito de ser chamado de fé.
Um tanto quanto ironicamente,
ninguém mais do que Lutero captou com tanta força a mensagem básica de Tiago
2.14-26 (em seu prefácio a Romanos):
“Oh! esta fé é uma coisa poderosa,
sempre ativa e viva. Para ela, é impossível não praticar coisas boas sem
cessar. Ela não pergunta se as boas obras devem ser praticadas, mas, antes que
a pergunta seja feita, ela já as praticou e está constantemente a realizá-las.
Portanto, qualquer pessoa que não pratica tais obras é uma descrente. Ela
tateia e olha ao redor em busca de fé e boas obras, mas não sabe o que é a fé
nem o que são as boas obras. Mas, mesmo assim, ela vive falando, usando muitas
palavras, acerca de fé e boas obras”.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução
e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 116-117.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva com
algumas modificações minhas - Pr. Luiz Henrique
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO 1, CENTRAL GOSPEL, TIAGO, A
EPÍSTOLA DA FÉ NA ÍNTEGRA COMO NA REVISTA
Escrita Lição 1, Central Gospel,
Tiago, a Epístola da Fé, 3Tr25, Com. Extras Pr. Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 99 99152-0454
(Tel) Luiz Henrique de Almeida Silva
ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL /
JOVENS E ADULTOS - Lição 1 / ANO 2- N° 6
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM LÍDER SERVIL E SUA MISSÃO APOSTÓLICA
1.1. Quem foi Tiago - 1.2. Os
destinatários da carta
2. ATRAVESSANDO PROVAÇÕES
COM MATURIDADE ESPIRITUAL
2.1. Alegria e paciência - 2.2.
Sabedoria e fé - 2.3. Humildade e serviço
2.4. Firmeza - 2.4.1. Tentação ou
provação? - 2.5. Confiança no caráter imutável de DEUS
3. PRATICANTES DA VERDADE
3.1. Ouçam mais, falem menos - 3.2.
Abandonem a ira - 3.3. Pratiquem a religião pura e verdadeira - 3.4. Não façam
acepção de pessoas
4. A FÉ E AS OBRAS
4.1. O testemunho da fé - 4.2. A fé
sem vida - 4.3. A fé sem frutos - 4.4. A fé que salva - 4.5. A integração entre
fé e obras
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Tiago
1.1,5,6,12,16,23; Tiago 2.1-3,18
Tiago 1.1,5,6,12,16,23
1- Tiago, servo de DEUS e do Senhor
JESUS CRISTO, às doze tribos que andam dispersas: saúde.
5- E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a DEUS, que a todos dá
liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada.
6- Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que dúvida é semelhante à
onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.
12- Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
16- Não erreis, meus amados irmãos.
23- Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao
varão que contempla ao espelho o seu rosto natural.
Tiago 2.1-3,18
1- Meus irmãos, não tenhais a fé de
nosso Senhor JESUS CRISTO, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
2- Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo,
com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta,
3- e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu
aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te
abaixo do meu estrado.
18- Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem
as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
TEXTO ÁUREO
Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais
perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. Tiago
1.4
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Tiago 1.1 Saudação de Tiago às doze tribos dispersas
3ª feira - 1 Pedro
1.24,25 A palavra do Senhor permanece
eternamente
4ª feira - Tiago 1.14,15 Desejo gera pecado, e o pecado, morte
5ª feira - Tiago 1.22-24 Seja praticante da Palavra, não apenas ouvinte
6ª feira - Tiago 2.1-8 Não discrimine; ame ao próximo como a si mesmo
Sábado - Tiago 2.14-18 A fé sem obras é morta e sem valor
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
· compreender que
é impossível alcançar a maturidade cristã sem atravessar o caminho das
provações;
· entender que
a obediência às recomendações apostólicas é o caminho mais curto para a vitória
sobre as provações;
· reconhecer
que perseverar nas provas, buscar sabedoria em oração e praticar a Palavra de
DEUS são atitudes que nos livram do engano e asseguram o progresso na vida
espiritual.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, esta
primeira lição abre a série dedicada às Epístolas Universais, conduzindo-nos a
um entendimento prático e enriquecedor da vida cristã.
Ao ministrar a
aula, priorize um ambiente de diálogo e reflexão. Incentive os alunos a
perceberem as provações como etapas necessárias para o crescimento
espiritual, relacionando os ensinamentos bíblicos com situações reais. Destaque
o valor da obediência às orientações apostólicas, evidenciando como a
perseverança, a busca por sabedoria em oração e a prática da Palavra
resultam em progresso e fortalecimento da fé. Enfatize a relevância de
aplicar esses princípios no cotidiano, promovendo aprendizado colaborativo e
inspiração mútua.
Boa aula!
COMENTÁRIO -
Palavra introdutória
Ao
longo deste trimestre serão abordadas as Epístolas Universais, que compreendem
Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2, 3 João e Judas. Esta porção do Novo Testamento trata
da conduta do cristão diante das adversidades da vida, encorajando-o a batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3). O estudo inicia-se com a
epístola de Tiago, cujo tema central é a maturidade cristã. O autor apresenta
orientações para alcançá-la, corrigindo equívocos sobre o propósito das
provações e destacando que muitas incompreensões na jornada de fé decorrem da
falta de crescimento espiritual.
1. UM LÍDER SERVIL E SUA MISSÃO APOSTÓLICA
Reconhecendo
JESUS não apenas como o Messias (o CRISTO de DEUS; cf. Lc 9.20), Tiago
demonstra plena submissão e dedicação ao serviço divino ao apresentar-se como
servo de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO (Tg 1.1), sem mencionar seu parentesco
com o Salvador (Mt 13.55; Gl 1.19). Essa omissão parece intencional, talvez por
considerar mais digno destacá-lo como seu Senhor.
1.1. Quem foi
Tiago
Apesar
da incredulidade inicial dos irmãos de JESUS (Mc 6.3), Tiago tornou-se um
fervoroso apóstolo (Gl 1.19). Sua transformação provavelmente ocorreu ao
testemunhar a paixão e ressurreição de CRISTO, obedecendo à ordem de permanecer
em Jerusalém (Lc 24.49; At 1.13). Reconhecido como líder da igreja em
Jerusalém, foi ele quem presidiu o primeiro concílio da Igreja (At
15.1-30).
_________________________________
O
termo "dispersão" (diáspora, no original) carrega a ideia de
"espalhar sementes", refletindo a condição dos destinatários em meio
a tensões sociais e econômicas ocasionadas pela expansão do Império Romano.
A epístola,
escrita entre 45-49 d.C., é frequentemente comparada ao Livro de Provérbios,
devido ao seu caráter prático e ensino moral.
_________________________________
1.2. Os
destinatários da carta
Tiago dirige sua carta às doze tribos na Diáspora, aludindo aos cristãos
judeus que viviam fora da Palestina. Ele utiliza o termo "irmãos"
dezenove vezes ao longo da epístola, não apenas para se referir a seus
compatriotas, mas também para enfatizar que foram gerados por DEUS e fazem
parte de Sua família (Tg 1.18).
2. ATRAVESSANDO PROVAÇÕES COM MATURIDADE ESPIRITUAL
Tiago apresenta princípios fundamentais para que o cristão lide com as adversidades
da vida, demonstrando que as provações podem ser oportunidades para o processo
de santificação e para o fortalecimento do caráter.
2.1. Alegria e
paciência
Tiago ensina que enfrentar tribulações com alegria é uma oportunidade
para o crescimento espiritual, pois as dificuldades promovem o desenvolvimento
de virtudes indispensáveis à maturidade, dentre elas a paciência (Tg 1.2,3; cf.
Rm 5.3-5).
A paciência - definida como a "capacidade de tolerar
contrariedades, dissabores, infelicidades ou incômodos com resignação";
"sofrimento em pontos de honra" (Priberam) - surge como fruto
das provações, revelando uma fé testada e aprovada (Tg 1.4). Essa
qualidade, também traduzida como perseverança (ARA), é essencial para a vida
cristã, capacitando o salvo a enfrentar desafios com resiliência e fortalecendo
seu caráter diante de DEUS.
2.2. Sabedoria
e fé
Nos versículos seguintes, Tiago apresenta a sabedoria como a virtude
essencial no enfrentamento das provações (Tg 1.5,6). A sabedoria, que capacita
o cristão a lidar com as adversidades de forma equilibrada e prudente, é
derramada generosamente por DEUS entre aqueles que a pedem com fé.
A dúvida, de outro lado, enfraquece a conexão com o Altíssimo, bloqueando
Suas ações de socorro, tornando o cristão vacilante em sua
confiança. Tiago compara o que dúvida à instabilidade das ondas do mar,
levadas de um lado para outro pelo vento (Tg 1.6; cf. Hb 11.6).
2.3. Humildade
e serviço
O irmão do Senhor aborda a relação entre o pobre e o rico, destacando a
inversão de valores no Reino de DEUS. Enquanto o pobre é honrado na esfera
espiritual, o rico deve lembrar-se do caráter efêmero das riquezas e da
importância da humildade (Tg 1.9-11; cf. 1 Pe 1.24).
2.4. Firmeza
Aqueles que perseveram nas tentações - ou provações (Tg 1.12 ARA) - são
considerados bem-aventurados e receberão a coroa da vida, prometida aos que
amam e permanecem fiéis ao Senhor (cf. Ap 2.10; 1 Co 9.25).
2.4.1. Tentação
ou provação?
Tiago esclarece que DEUS não é o autor da tentação, mas permite provações
com o objetivo de fortalecer a fé do crente (Tg 1.13). Enquanto as provações
são oportunidades para aproximar o fiel do Senhor, as tentações que provêm do
mal, buscam afastar o cristão da comunhão divina.
Tiago
expõe a dinâmica do processo de tentação, mostrando que seu desfecho pode ser
destrutivo. Inicialmente, o indivíduo é atraído por sua própria cobiça, que
gera o pecado, e este, quando consumado, resulta na morte espiritual (Tg
1.14,15). Enquanto a tentação é externa, a concupiscência é uma
inclinação interna. Em contraste, JESUS, ao ser tentado pelo diabo no
deserto, não cedeu porque não alimentava desejos pecaminosos, anulando
assim o efeito da tentação (Mt 4.1-11). Tiago destaca que, quando a tentação
externa encontra a concupiscência interna, o pecado é concebido, trazendo
consequências graves (Tg 1.16).
______________________________
O saudoso irmão Emílio Conde (1901-1971), proeminente escritor,
compositor, tradutor e evangelista pentecostal brasileiro, definiu a provação
como "um convite para a intimidade com DEUS, enquanto a tentação é um
convite para o mal, ou para a sedução do pecado".
______________________________
2.5. Confiança
no caráter imutável de DEUS
Por fim, para atravessar as provações com maturidade, é essencial confiar
no caráter imutável do Altíssimo. Sua invariabilidade, mencionada por Tiago,
revela um Ser pleno e constante, fonte de toda boa dádiva e dom perfeito (Tg
1.17; cf. 1 Jo 1.5). Tiago utiliza imagens antropomórficas para ilustrar o
relacionamento de DEUS com os salvos. Ele o descreve como o Pai das luzes (Tg
1.17), simbolizando Sua autoridade e constância; e como aquele que nos gerou
espiritualmente pela palavra da verdade (Tg 1.18). Esse nascimento espiritual
contrasta com a morte gerada pelo pecado, reforçando que DEUS, inabalável em
Seu caráter, é a fonte de vida e renovação.
3. PRATICANTES
DA VERDADE
A ênfase desta seção está na importância de vivenciar a Palavra de DEUS
de maneira prática e coerente com os ensinamentos das Escrituras, enfatizando
aspectos como a fala, a ira, a verdadeira religião e a igualdade entre os
irmãos na fé (Tg 1.19-2.13).
3.1. Ouçam
mais, falem menos
A prática da Palavra começa com a disposição de ouvir, pois acolher com
atenção é mais valioso do que falar (Tg 1.19). Contudo, a escuta verdadeira
exige ação: quem ouve sem praticar engana a si mesmo, esquecendo-se rapidamente
do que aprendeu, como alguém que, ao olhar-se no espelho, não se lembra da
própria aparência (Tg 1.22-24). Tiago exalta a Palavra, considerando-a a
lei perfeita da liberdade (Tg 1.25), que traz bênçãos àqueles que a vivem em
obediência.
3.2. Abandonem
a ira
A ira humana jamais produz a justiça de DEUS (Tg 1.20). Para Tiago, o
cristão maduro é paciente e evita essa emoção destrutiva, pois compreende que
ela não reflete o caráter divino. O Senhor realiza Sua justiça por meio da
graça e da paciência, e não por meio da raiva ou da violência (Tg 1.4).
3.3. Pratiquem
a religião pura e verdadeira
A religião pura
e imaculada, descrita por Tiago, transcende a rituais e palavras; ela é prática
e transformadora. No plano horizontal, consiste em cuidar dos órfãos e das
viúvas em suas necessidades e manter-se puro diante de DEUS, evitando a
corrupção do mundo (Tg 1.26,27; cf. 2 Pe 1.4). Quem controla a
própria língua, ajuda os necessitados, preserva a santidade pessoal e, assim,
dá provas de uma fé genuína, agradável e aceita por DEUS.
3.4. Não façam
acepção de pessoas
A acepção de pessoas é a parte mais importante desta seção (Tg 2.1-13;
cf. Dt 1.17). Tiago denuncia a discriminação como incompatível com a fé em
CRISTO (Tg 2.1). Ele critica o tratamento diferenciado dado aos ricos em
detrimento dos pobres, destacando que este é um pecado grave (Tg
2.9). JESUS, modelo perfeito de humildade, ensina que todos são iguais
diante de DEUS (Mt 23.8; cf. Fp 2.3-11); por essa razão Ele foi chamado de
amigo de pecadores e de publicanos (Mt 11.19).
Em razão da sua humildade, os pobres são os preferidos de DEUS. Cabe,
portanto, à Igreja de JESUS, maior percepção para notar que os desfavorecidos
são os verdadeiramente ricos na fé e herdeiros do Reino (Tg 2.5). Já a
arrogância dos abastados faz deles pessoas difamadoras do bom nome com que os
crentes são conhecidos (Tg 2.7 cf. At 11.26).
3.4.1. Cumpram
a lei do amor
Tiago conclama seus leitores à prática da lei régia, a lei do amor,
fundamentada em Levítico 19.18 e confirmada por JESUS (Mt 22.39; Jo
13.34). O amor ao próximo elimina a parcialidade e guia o comportamento
cristão. A lei de DEUS é monolítica: quem falha em um ponto compromete toda a
obediência (Tg 2.10,11). Embora a misericórdia triunfe sobre o juízo,
aqueles que desobedecem à lei da liberdade - que é a lei do amor - enfrentarão
severo julgamento: porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem
não foi misericordioso (Tg 2.12,13 NVI).
4. A
FÉ E AS OBRAS
A relação entre fé e obras é um tema fundamental abordado por Tiago, que
enfatiza que a fé verdadeira se manifesta por meio de ações.
Longe de contradizer Paulo e/ou a doutrina da justificação pela fé (Rm
3.28), Tiago complementa o entendimento de que as obras são uma evidência
prática de uma fé legítima, tornando-a viva e eficaz (Tg 2.14-26).
4.1. O
testemunho da fé
Tiago inicia sua argumentação demonstrando que a fé precisa ser
evidenciada por atos concretos. Apenas palavras não bastam para suprir as
necessidades básicas de alguém. Declarar "Ide em paz" a quem carece
de alimento e vestuário, sem lhe oferecer o mínimo necessário à subsistência, é
um exemplo de fé inoperante e sem proveito (Tg 2.15,16). A fé verdadeira é
prática e transforma a maneira como cuidamos do próximo, especialmente em suas
necessidades vitais (cf. 1 Jo 3.18).
4.2. A fé sem
vida
Uma fé que não resulta em obras é morta, estéril e inútil. Tiago condena
aqueles que a professam, mas não a demonstram por meio de atos de amor. Ele
reforça essa ideia ao afirmar, por três vezes, que a fé sem obras está morta
(Tg 2.17,20,26). As obras mencionadas são os atos de amor que cumprem o
mandamento divino, como ajudar irmãos em necessidades essenciais, evitando a
superficialidade ou negligência.
4.3. A fé sem
frutos
Tiago faz uma ilustração impactante ao mencionar os demônios, que creem
em DEUS e tremem diante dele (Tg 2.19). Essa crença, embora reconheça a
existência do Altíssimo, não resulta em obediência nem em transformação. Assim,
Tiago expõe que uma fé sem atitudes concretas não tem relevância, pois é
incapaz de gerar frutos espirituais ou impactar a vida do próximo.
4.4. A fé que
salva
Para demonstrar que a fé verdadeira é comprovada pelas obras, Tiago cita
dois personagens opostos: Abraão, o patriarca de Israel, e Raabe, uma mulher
pagã e meretriz (Tg 2.21,25). Ambos, apesar de suas diferenças, expressaram uma
certeza viva que se manifestou em atos concretos. Abraão demonstrou sua fé ao
obedecer ao Senhor, e Raabe mostrou confiança em DEUS ao proteger os espias.
Isso revela que a fé salvadora transcende origens, status ou circunstâncias,
sendo evidenciada por ações.
4.5. A
integração entre fé e obras
As obras são o reflexo natural de uma fé genuína. O segundo capítulo da
epístola de Tiago termina com uma analogia poderosa: assim como o corpo sem o
espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta (Tg 2.26). Atos
concretos de amor e cuidado com o próximo tornam a fé visível e relevante,
evidenciando uma vida cristã autêntica que glorifica a DEUS.
CONCLUSÃO
As provações são caminhos que DEUS usa para nos moldar e conduzir à
maturidade espiritual. Perseverar, buscar sabedoria em oração e viver em
obediência à Palavra fortalece nossa esperança, afasta o engano e nos leva à
vitória. Ao enfrentarmos desafios confiando no Senhor, nosso testemunho se
torna uma expressão viva de Sua misericórdia, inspirando outros a glorificarem
Seu nome. Que nossa fé prática seja marcada por compaixão e amor, transformando
nossa existência e alcançando todos aqueles que nos cercam. A fidelidade
cristã haverá de ser cobrada de todos os que professam o nome do Altíssimo, por
meio de ações que a confirmem.
ATIVIDADE PARA
FIXAÇÃO
1. Qual a
relação humana entre Tiago e o Senhor JESUS?
R.: Eram irmãos
por parte de mãe.
2. Em quais
sentidos a palavra "tentação" é aplicada em Tiago 1?
R.: Como
exposição ao pecado e como provação da nossa fé.
Fonte: Revista
Central Gospel