Escrita Lição 8, A Lei e os Evangelhos Revelam JESUS, 1Tr22, Pr Henrique, EBD NA TV

Lição 8, A Lei e os Evangelhos Revelam JESUS
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos
Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão, Brasília, DF)
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique





Lição 8, A Lei e os Evangelhos Revelam JESUS
 

TEXTO ÁUREO
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único Senhor.” (Dt 6.4)
 

VERDADE PRÁTICA
A Lei não salva, mas esboça o plano da redenção em CRISTO confirmado nos Evangelhos.
 

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ne 10.29 A Lei do Senhor foi dada pelo ministério de Moisés
Terça - Gl 3.13 A obra de CRISTO na Cruz do Calvário nos resgatou da maldição da Lei
Quarta - Gl 1.8 O Evangelho de CRISTO é a única mensagem divinamente inspirada
Quinta - Lc 18.18-24 A mera observância de códigos não salva
Sexta - Mc 16.16 É preciso crer e estar em CRISTO para ser salvo
Sábado - Jo 3.16 Os Evangelhos ensinam que o amor de DEUS é a base da salvação
 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Deuteronômio 6.4-9; Lucas 1.1-4
Deuteronômio 6. 4 - Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único Senhor. 5 - Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. 6 - E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; 7 - E as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. 8 - Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. 9 - E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Lucas 1. 1 - Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, 2 - Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, 3 - Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; 4 - Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.
 
 
  ESTUDOS BEP - CPAD
6.4-9 OUVE, Ó ISRAEL. Este trecho é comumente chamado "o Shema" (do hb. shama?, "ouvir"). Os judeus dos tempos de JESUS eram afeitos a esse trecho, por ser recitado diariamente pelos judeus devotos, e também regularmente nos cultos da sinagoga. O "Shema" é a declaração clássica do cunho monoteísta de DEUS. Ao "Shema" segue-se um duplo preceito para Israel:
(1) amar a DEUS de todo o coração, alma e forças (vv. 5,6); e
(2) ensinar diligentemente aos seus filhos sobre a sua fé (vv. 7-9).
6.4 O SENHOR, NOSSO DEUS, É O ÚNICO SENHOR. Este versículo juntamente com os versículos 5-9; 11.13-21; Nm 15.37-41 - ensina o monoteísmo. Esta doutrina afirma que DEUS é o único DEUS verdadeiro, e não uma teogonia ou grupo de diferentes deuses; que é onipotente entre todos os seres e espíritos do mundo (Êx 15.11). Este DEUS deve ser o objeto exclusivo do amor e obediência de Israel (vv. 4,5). Esse aspecto de "unicidade" é a base da proibição da adoração a outros deuses (Êx 20.2). O ensino de 6.4 não contradiz a revelação no NT, de DEUS como um ser trino, que sendo uno em essência, é manifesto como Pai, Filho e ESPÍRITO SANTO (ver Mt 3.17, e Mc 1.11 natureza trina e una de DEUS).
6.5 AMARÁS... O SENHOR, TEU DEUS. DEUS anela comunhão com seu povo e lhe dá esse único e indispensável mandamento, que vincula esse povo a Ele mesmo.
(1) Retribuindo o seu amor com amor, gratidão e lealdade (4.37), os israelitas o conhecerão, e nEle se deleitarão pelas provisões do concerto.
(2) Deste mandamento, "o primeiro e grande mandamento", juntamente com o segundo mandamento: amar ao próximo (cf. Lv 19.18), depende toda a lei e os profetas (Mt 22.37-40).
(3) A verdadeira obediência a DEUS e aos seus mandamentos somente é possível quando brota da fé em DEUS e do seu amor (cf. 7.9; 10.12; 11.1,13,22; 13.3; 19.9; 30.6,16,20; ver Mt 22.39; Jo 14.15; 21.16; 1Jo 4.19).
6.6 ESTAS PALAVRAS... ESTARÃO NO TEU CORAÇÃO. O firme propósito de DEUS é que sua Palavra esteja no coração do seu povo (cf. Sl 119.11; Jr 31.33). Paulo declara explicitamente: "A palavra de CRISTO habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria" (Cl 3.16; cf. 2 Tm 3.15-17). Esse preceito somente pode ser cumprido se, diária e continuamente, examinarmos as Escrituras (Sl 119.97-100; Jo 8.31,32). Uma maneira de fazer isso é ler o NT todo duas vezes por ano, e o AT uma vez por ano (cf. Is 29.13; ver Tg 1.21)
6.7 E AS INTIMARÁS AOS TEUS FILHOS. Uma forma vital de expressar amor a DEUS (v. 5) é cuidar do bem-estar espiritual dos filhos e esforçar-nos para levá-los a um real relacionamento com DEUS.
(1) O ensino da Palavra de DEUS aos filhos deve ser uma tarefa altamente prioritária dos pais (cf. Sl 103.13; ver Lc 1.17; 2 Tm 3.3).
(2) O ensino das coisas de DEUS deve partir do lar, e nisso, tanto o pai como a mãe deve participar. Cultuar a DEUS no lar não é uma opção; pelo contrário, é um mandamento direto do Senhor (vv. 7-9; Êx 20.12; Lv 20.9; Pv 1.8; 6.20; cf. 2 Tm 1.5).
(3) O propósito da instrução bíblica pelos pais é ensinar os filhos a temer ao Senhor, a andar em todos os seus caminhos, a amá-lo e ser-lhe grato e a servi-lo de todo o coração e alma (10.12; Ef 6.4).
(4) O crente deve proporcionar sabiamente aos seus filhos uma educação teocêntrica, em que tudo se relacione com DEUS e às suas coisas (cf. 4.9; 11.19; 32.46; Gn 18.19; Êx 10.2; 12.26,27; 13.14-16; Is 38.19)
 
 
Precauções e Preceitos - Deuteronômio 6. 4-9 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Aqui temos: Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de todo o entendimento..
I
Um breve resumo da religião, contendo os primeiros princípios de fé e obediência, vv. 4,5. Esses dois versículos que os judeus consideram como um dos melhores trechos das Escrituras: eles os escrevem em seus filactérios, e se acham não apenas obrigados a recitá-los pelo menos duas vezes todos os dias, mas muito felizes por serem obrigados a isso, tendo esse provérbio entre si: Abençoados somos nós, que a cada manhã e a cada entardecer dizemos: Ouve, Israel, o Senhor, nosso DEUS, é o único Senhor. Porém mais abençoados seremos se ponderarmos e aproveitarmos devidamente:
1. O que aqui somos ensinados a crer com relação a DEUS: que Iavé, o nosso DEUS, é um único SENHOR.
(1) Que o DEUS a quem servimos é Iavé, um Ser infinita e eternamente perfeito, que existe por si só, e que é autossuficiente.
(2) Que Ele é o DEUS vivo, o único e verdadeiro; apenas Ele é DEUS, e Ele é único. A firme convicção desta verdade evidente por si só, efetivamente os protegeria contra toda idolatria que fosse introduzida através daquele erro fundamental, de que existem muitos deuses. É incontestável que existe um só DEUS, e que não há outro além dele, Marcos 12.32. Que não tenhamos, então, nenhum outro, nem desejemos ter qualquer outro. Alguns pensaram que existe aqui um claro indício da trindade de pessoas na unidade da Divindade. Pois aqui está o nome de DEUS três vezes, e ainda assim em todas elas é declarado ser um. Felizes aqueles que têm esse único Senhor como seu DEUS. Pois eles têm apenas um Senhor para agradar, apenas um benfeitor para buscar. É melhor ter uma fonte do que mil cisternas; é muito melhor ter um único DEUS capaz, do que mil deuses incapazes. TEMOS UM DEUS ONISCIENTE, ONIPOTENTE E ONIPRESENTE, O QUE NOS BASTA.
2. O que nos é ensinado aqui com respeito aos deveres que DEUS exige do homem. Está tudo resumido nisso como seu principio: Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração. Ele havia se encarregado (v. 2) de ensiná-los a temer a DEUS. E, de acordo com a sua tarefa Ele aqui os ensina a amá-lo, pois quanto mais fervoroso for o nosso afeto por Ele, maior será a nossa veneração a Ele. O filho que honra os seus pais, sem dúvida os ama. Algum príncipe já criou uma lei para que os seus súditos o amassem? Mesmo assim, tal é a condescendência da graça divina, que esse é tornado o primeiro e grande mandamento da lei de DEUS, que o amemos, e que cumpramos todas as outras partes de nosso dever para com Ele a partir de um principio de amor. Dá-me, filho meu, o teu coração. Devemos estimá-lo profundamente, estarmos felizes por existir tal Ser, contentes por todos os seus atributos e ligações conosco: o nosso desejo deve ser dirigido a Ele. O nosso deleite deve estar nele; a nossa dependência deve estar nele, e a Ele devemos ser inteiramente devotados. Deve ser um prazer constante para nós pensar nele, ouvir falar dele, falar com Ele, e servi-lo. Devemos amá-lo:
(1) Como o Senhor, o melhor dos seres, o mais esplêndido e bondoso por si só.
(2) Como o nosso DEUS, um DEUS em concerto conosco, o nosso Pai, e o mais amável e generoso de nossos amigos e benfeitores. Também nos é ordenado que amemos a DEUS com todo o nosso coração, e alma, e forças. Isto é, devemos amá-lo:
[1] Com um amor sincero. Não apenas com palavras, da boca para fora, dizendo que o amamos, quando os nossos corações não estão com ele. Mas interiormente, e em verdade, nos consolando nele.
[2] Com um amor intenso. O coração deve ser dirigido a Ele com grande fervor, e um forte sentimento de afeição. A partir disso, alguns pensavam que deveríamos evitar dizer (como nos expressamos geralmente) que vamos fazer isso ou aquilo com todo o nosso coração, pois não devemos fazer nada com todo o nosso coração exceto amar a DEUS. E que essa frase, sendo usada aqui com respeito ao fogo sagrado, não deveria ser profanada. Aquele que é tudo para nós deve ser o dono de tudo o que tivermos. Ninguém mais, a não ser Ele.
[3] Com um amor superlativo. Devemos amar a DEUS acima de qualquer criatura, e não amar nada além dele, a não ser o que amamos por Ele, e em obediência a Ele.
[4] Com um amor inteligente. Pois assim é explicado: Marcos 12.33. Amá-lo com todo o coração, e de todo o entendimento. Nós devemos conhecê-lo, e então amá-lo como aqueles que vêem bons motivos para amá-lo.
[5] Com um amor completo. Ele é único, e assim os nossos corações devem estar unidos nesse amor, e todo fluxo de nossas afeições deve fluir para Ele. Ó, que esse amor a DEUS possa transbordar em nossos corações!

II
Aqui são recomendados meios para a manutenção e a preservação da religião em nossos corações e em nossos lares, para que ela não possa enfraquecer e entrar em decadência. E são estes:
1. Meditação: Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração, v. 6. Embora palavras apenas, sem as ações, não nos façam nenhum bem, ainda assim corremos o risco de deixar escapar o mais importante, se negligenciarmos as palavras através das quais normalmente a luz divina e o poder divino são conduzidos ao coração. As palavras de DEUS devem ser armazenadas em nosso coração para que nossos pensamentos possam estar familiarizados e ocupados com elas diariamente, e com isso a alma inteira seja levada a obedecer e a agir sob a influência e o efeito delas. Isso decorre diretamente da lei de amar a DEUS com todo o coração. Pois aqueles que agem assim, guardarão a sua palavra em seus corações tanto como uma evidência quanto como uma consequência daquele amor, e como um meio de preservá-la e fazer com que ela seja abundante em sua vida. Aquele que ama a DEUS ama a sua Bíblia.
2. A educação religiosa dos filhos (v. 7): Tu as intimarás diligentemente a teus filhos. E ao transmitir o teu conhecimento, tu o aumentarás. Aqueles que amam o Senhor DEUS devem fazer tudo o que puderem para atrair a Ele as afeições de seus filhos, e assim conservar o vínculo da religião em suas famílias e impedir que seja cortado. Tu as estimularás em teus filhos, assim alguns o interpretam. Repita frequentemente essas coisas a eles, e tente por todos os meios incuti-las na mente deles, e fazê-las penetrar em seus corações; assim como, ao afiar uma faca, ela é afiada, primeiro, em um lado e depois no outro. Seja cuidadoso e preciso ao ensinar teus filhos. E visa, assim como na afiação, a avivá-los e colocar neles um gume. Ensine-as aos teus filhos, não apenas àqueles que forem teus filhos carnais (dizem os judeus), mas a todos aqueles que estiverem, de qualquer forma, sob os teus cuidados e ensinos. Moisés considerava a lei tão clara e natural, que todo pai poderia ser capaz de instruir nela os seus filhos, e cada mãe, as suas filhas. Portanto, esta preciosidade que nos é confiada, nós devemos transmitir cuidadosamente para aqueles que vêm depois de nós, para que possa ser perpetuada.
3. O sermão piedoso. “Tu falarás dessas coisas, com a reverência e a seriedade devidas em beneficio não apenas dos filhos, mas também dos outros que estão em tua casa, de teus amigos e companheiros. Falarás enquanto tu te assentares em tua casa para trabalhar ou para comer, ou para descansar, ou para receber visitas. Nos momentos de diversão ou em conversas, ou em viagens, quando à noite tu estás te despedindo da família para ir dormir, e quando pela manhã te levantares e retornares novamente ao convívio com a tua família”. Aproveite todas as ocasiões para discorrer sobre as coisas divinas com aqueles que estiverem à tua volta. Não sobre mistérios não revelados, ou questões de discussão duvidosa, mas sobre as claras verdades e as leis de DEUS, e as coisas que dizem respeito à nossa paz. Fazer delas tema de nossas discussões familiares está tão longe de ser considerado depreciativo para a honra das coisas sagradas, que nos é recomendado que falemos delas. Pois quanto mais nos familiarizarmos com elas mais as admiraremos e seremos influenciados por elas, e poderemos, com isso, ser úteis para transmitir a luz e o calor divinos.
4. A leitura frequente da Palavra: Ser-te-ão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas, vv. 8,9. É provável que naquele tempo existissem poucas cópias escritas da lei inteira, somente nas festas dos tabernáculos eram lidas para as pessoas. E então DEUS lhes ordenou, pelo menos por ora, a escreverem em suas paredes algumas frases selecionadas da lei, que eram mais importantes e abrangentes, ou em rolos de pergaminhos para serem usados em seus pulsos. E alguns pensam que por essa razão o uso dos filactérios, tão comum entre os judeus, aumentou. CRISTO culpa os fariseus, não por usá-los, mas por quererem mostrar que eram mais largos do que os das outras pessoas, querendo dizer que sabiam mais do que os outros. Mateus 23.5. Mas quando as Bíblias passaram a ser comuns entre eles, havia menos oportunidades para esse expediente. Foi prudente e religiosamente determinado pelos primeiros reformadores da igreja inglesa que, naquela época quando as Bíblias eram raras, algumas partes selecionadas da Escritura deviam ser escritas nas paredes e nos pilares das igrejas, com as quais as pessoas se familiarizariam. Isto estaria em conformidade com essa instrução, que parece ter sido obrigatória para os judeus de acordo com o significado literal. Ela é obrigatória para nós em sua intenção, que é que nos esforcemos através de todos os meios possíveis para tornar a Palavra de DEUS conhecida a todos, para que possamos tê-la disponível em todas as ocasiões, para evitar que venhamos a pecar, conduzindo-nos em direção ao nosso dever, realçando o nosso entusiasmo em relação a ele. Ela deve ser como algo que esteja gravado nas palmas das nossas mãos, sempre diante dos nossos olhos. Veja Provérbios 7.1-3. Também é ordenado que nunca nos envergonhemos de nossa própria religião, nem de estarmos sob o controle e o comando dela. Que ela esteja escrita em nossas portas, e que todo aquele que passar por elas possa ler que cremos que Iavé é o único DEUS, e que o amamos de todo o nosso coração.
 
Lucas 1. 1 - Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, 2 - Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, 3 - Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; 4 - Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.
 

O Prefácio do Evangelista - Lucas 1. 1-4
 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Prefácios e dedicatórias de saudação, a linguagem da adulação e o alimento e o combustível do orgulho, são com razão condenados pelos prudentes e bons, mas isto não necessariamente significa que aqueles que são úteis e instrutivos devam ser desvalorizados; este é o caso, pois aqui Lucas dedica o seu Evangelho ao seu amigo Teófilo, não na qualidade de seu benfeitor, embora ele fosse um homem de honra, para proteger este texto, mas na qualidade de seu aluno, para estudá-lo, e agarrar-se a ele. Não se sabe ao certo quem era este Teófilo; o nome quer dizer "amigo de DEUS"; alguns pensam que não se refere a nenhuma palavra em particular, mas a todos os que são amigos de DEUS; o Dr. Hammond menciona que alguns dos antigos mantêm para si esta interpretação; e então isto nos ensina, que aqueles que são verdadeiros amigos de DEUS receberão de todo coração o Evangelho de CRISTO, cujo desígnio e tendência é conduzir-nos a DEUS. Mas deve-se entender que se trata de uma pessoa em particular, provavelmente um magistrado, pois Lucas lhe atribui o mesmo título de respeito com que Paulo se dirigiu a Festo, o governador, kratiste (At 26.25), que ali é traduzido como “potentíssimo Festo”, e aqui como “excelentíssimo Teófilo”. Observe que o Evangelho não destrói a civilidade e as boas maneiras, mas nos ensina, de acordo com os costumes no nosso país, a honrar aqueles a quem a honra é devida.
Observe aqui:
I
Por que Lucas escreveu este Evangelho. É certo que ele foi levado pelo ESPÍRITO SANTO, não somente às Escrituras, mas a escrever este precioso Evangelho. Mas, nos dois casos, ele foi conduzido como uma criatura racional, e não como uma mera máquina. Assim Lucas considerou:
1. Que as coisas sobre as quais ele escrevia eram coisas em que certamente todos os cristãos acreditavam, e, portanto, eram coisas sobre as quais eles deveriam ser instruídos, para que pudessem conhecer aquilo em que acreditavam, e eram coisas que seriam transmitidas à posteridade (pois então haveria tanto interesse nelas quanto agora); e, para tanto, tinham que estar registradas por escrito, que é a maneira mais segura de transmissão para as gerações futuras. Ele não escreveu sobre questões de controvérsias duvidosas, coisas sobre as quais os cristãos podem facilmente divergir uns dos outros e hesitar, mas sobre as coisas que são e devem ser cridas com segurança, pragmata peplerophoremena – as coisas que foram realizadas (segundo alguns), que CRISTO e os seus apóstolos realizaram, e em circunstâncias tais de modo a fornecer uma garantia total de que foram realmente realizadas, de modo que alcançaram uma credibilidade estabelecida e duradoura. Observe que embora não seja a fundação da nossa fé, é uma base dela o fato de que os assuntos do nosso credo são coisas em que se crê há muito tempo. A doutrina de CRISTO é algo pelo que milhares dos homens mais sábios e mais generosos arriscaram as suas almas com a maior certeza e satisfação.
2. Que era necessário que houvesse uma declaração ordenada destas coisas; que a história da vida de CRISTO fosse organizada e colocada por escrito, para a maior certeza da sua transmissão. Quando as coisas estão organizadas, nós sabemos melhor onde encontrá-las para nosso próprio uso, e como conservá-las para benefício de outras pessoas.
3. Que havia muitos que se dedicaram a publicar narrativas sobre a vida de CRISTO, muitas pessoas bem intencionadas, que tinham bons propósitos e agiam bem, e o que elas publicaram tinha sido bom, embora não tivesse sido feito sob inspiração divina, nem tão bem feito como poderia ter sido, e nem destinado à perpetuidade. Observe:
(1) A obra dos outros no Evangelho de CRISTO, se fiel e honesta, deve ser elogiada e incentivada, e não desprezada, ainda que possa ser acusada de muitas deficiências.
(2) O serviço dos outros a CRISTO não deve ser considerado como excedente ao nosso, mas deve ser estimulado.
4. Que a verdade das coisas sobre as quais ele escrevesse, fosse confirmada pelo testemunho de concordância daqueles que eram testemunhas competentes e irrepreensíveis. Aquilo que já tinha sido publicado por escrito, e o que ele iria publicar agora, estava de acordo com aquilo que fora transmitido oralmente, repetidas vezes, por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e “ministros da palavra”, v. 2. Observe:
(1) Os apóstolos eram ministros da palavra de CRISTO, que é a Palavra (assim alguns o interpretam), ou da doutrina de CRISTO; eles, tendo-a recebido pessoalmente, ministravam-na a outros, 1 João 1.1. Eles não tinham um Evangelho para criar como mestres, mas um Evangelho para pregar como ministros.
(2) Os ministros da palavra foram testemunhas oculares das coisas que pregavam, e, inclusive, testemunhas auditivas. Eles mesmos ouviram a doutrina de CRISTO, e viram os seus milagres, e não os conheceram por informações, de segunda mão; e, portanto, eles não podiam deixar de contar, com a maior certeza, as coisas que tinham visto e ouvido, Atos 4.20.
(3) Eles eram testemunhas desde o princípio do ministério de CRISTO, v. 2. JESUS tinha os seus discípulos ao seu lado quando realizou o seu primeiro milagre, João 2.11. Eles o acompanharam todo o tempo em que Ele entrou e saiu entre eles (At 1.21), de modo que não somente ouviram e viram tudo o que bastava para lhes confirmar a sua fé, mas, se houvesse alguma coisa que a perturbasse, eles teriam tido oportunidade para descobrir.
(4) O Evangelho escrito, que nós temos até os nossos dias, concorda exatamente com o Evangelho que foi pregado nos primeiros dias da igreja.
(5) Que ele mesmo tinha uma perfeita compreensão das cosias sobre as quais escreveu, desde o início, v. 4. Alguns pensam que aqui está uma reflexão tácita sobre aqueles que tinham escrito antes dele, pelo fato de que eles não tinham uma compreensão perfeita das coisas que tinham escrito e, portanto, “Eis-me aqui, envia-me a mim” – facit indignatio versum – a minha ira impele a minha pena; ou, sem refletir sobre eles, Lucas assevera a sua própria capacidade para esta missão: “Pareceu-me também a mim conveniente… havendo-me já informado minuciosamente de tudo”, anothen – do alto; assim eu penso que deve ser traduzido; pois se ele tivesse querido dizer a mesma coisa com “desde o princípio” (v. 2), como a nossa tradução dá a entender, ele teria usado a mesma palavra.
[1] Ele tinha diligentemente investigado estas coisas, tinha se “informado minuciosamente” (esta é a palavra), assim como se diz que os profetas do Antigo Testamento “inquiriram e trataram diligentemente”, 1 Pedro 1.10. Ele não tinha aceitado as coisas tão facilmente e superficialmente como outros que escreveram antes dele, mas dedicara-se a se informar sobre os detalhes.
[2] Ele tinha recebido seu conhecimento, não somente por tradição, como outros, mas por revelação, confirmando a tradição, e assegurando que ele estaria livre de qualquer erro ou engano no seu registro. Ele buscou o conhecimento no alto (é o que a palavra dá a entender), e de lá ele o obteve; assim, como Eliú, que “de longe” buscou o seu “conhecimento” (veja Jó 36.3, versão RA). Ele escreveu sua história da mesma maneira como Moisés escreveu a dele, sobre as coisas transmitidas pela tradição, mas confirmadas pela inspiração.
[3] Portanto, uma vez que ele havia se “informado minuciosamente”, ele tinha uma perfeita compreensão destas coisas. Ele as conhecia akribos – com precisão, com exatidão. “Tendo recebido o conhecimento do alto, me pareceu conveniente transmiti-lo”, pois um talento como este não deve ser enterrado.

II
Observe por que Lucas enviou o Evangelho a “Teófilo”: Eu lhe escrevi estas coisas não para que você possa dar reputação ao trabalho, mas para que você possa ser edificado por ele, (v. 4): “Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.”
1. Está implícito que Teófilo fora instruído sobre estas coisas, antes do seu batismo, ou logo depois, ou ambas as hipóteses, de acordo com a lei, Mateus 28.19,20. Provavelmente Lucas, ou outro obreiro, o batizara, e sabia o quão instruído ele estava; peri hon katechethes – a respeito daquilo com que você foi catequizado; esta é a palavra; os cristãos de maior conhecimento começavam sendo catequizados (ou discipulados). Teófilo era uma pessoa de qualidade, talvez de família nobre; e mais esforços devem ser empreendidos com tais pessoas quando são jovens, para ensiná-las os princípios dos oráculos de DEUS, para que possam ser fortalecidas contra as tentações, e capacitadas para as oportunidades, sim, aos que têm uma elevada condição no mundo.
2. A intenção era que ele conhecesse a certeza destas coisas, compreendendo-as mais claramente e crendo mais firmemente. Existe uma certeza no Evangelho de CRISTO, existe algo sobre o que podemos edificar; e aqueles que são bem instruídos nas coisas de DEUS quando são jovens, mais tarde devem procurar diligentemente conhecer a certeza de tais coisas – conhecer não somente aquilo em que cremos, mas saber por que cremos nisto, para que possam ser capazes de dar “a razão da esperança” que há em nós.
Também é possível que Teófilo tenha encomendado e sustentado Lucas nesse empreendimento de escrever tanto o evangelho quanto o livro de Atos.
 
 

PALAVRA-CHAVE - Revelar
   

 

   

Resumo da Lição 8, A Lei e os Evangelhos Revelam JESUS
I – O PENTATEUCO: A LEI DE DEUS
1. Os cinco livros da Lei.
2. A grandeza da Lei.
3. A Lei e a fé cristã.
II – OS EVANGELHOS: A MENSAGEM DE CRISTO
1. O conceito de Evangelho.
2. A mensagem do Reino de DEUS.
3. A mensagem da Salvação.
III – UMA MENSAGEM TRANSFORMADORA
1. A transformação do caráter.
2. A restauração da família.
3. A regeneração da sociedade.
 
 
LEI -  תורה towrah ou תרה torah (Strong Português)
1) lei, orientação, instrução
1a) instrução, orientação (humana ou divina)
1a1) conjunto de ensino profético
1a2) instrução na era messiânica
1a3) conjunto de orientações ou instruções sacerdotais
1a4) conjunto de orientações legais
1b) lei
1b1) lei da oferta queimada
1b2) referindo-se à lei especial, códigos de lei
1c) costume, hábito
1d) a lei deuteronômica ou mosaica
 
 


 
A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO
Êx 20.1,2 “Então, falou DEUS todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR, teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”

Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de DEUS através do seu líder, Moisés. A Lei Mosaica (hb. torah, que significa “ensino”), admite uma tríplice divisão: (a) a lei moral, que trata das regras determinadas por DEUS para um santo viver (20.1-17); (b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1 — 23.33); e a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 — 31.18).
Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo Testamento.
A lei foi dada por DEUS em virtude do concerto (aliança) que Ele fez com o seu povo. Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer por lealdade ao Senhor DEUS, a quem eles pertenciam. Os israelitas aceitaram formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8 - CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS ).
A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de DEUS e na sua libertação do povo (19.4).
A lei revelava a vontade de DEUS quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1—24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com DEUS (20.2). Antes, pela lei DEUS ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de DEUS a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20).
Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em DEUS e na sua Palavra (Gn 15.6), e o amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento para a guarda dos seus mandamentos. Israel fracassou exatamente nesse ponto, pois constantemente aquele povo não fazia da fé em DEUS, do amor para com Ele de todo o coração e do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de cumprirem a sua lei. Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa, porque “não foi pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).
A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a DEUS, partindo de um coração cheio de amor (ver Gn 2.9; Dt 6.5) levaria a uma vida feliz e rica de bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16; Dt 4.1,40; 5.33; 81; Sl 119.45; Rm 8.13; 1Jo 1.7).
A lei expressava a natureza e o carácter de DEUS, i.e., seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a lei moral de DEUS, pois foram criados à sua imagem (Lv
19.2).
A salvação no AT jamais teve por base a perfeição mediante a guarda de todos os mandamentos. Inerente no relacionamento entre DEUS e Israel, estava o sistema de sacrifícios, mediante os quais, o transgressor da lei obtinha o perdão, quando buscava a misericórdia de DEUS, com sinceridade, arrependimento e fé, conforme a provisão divina expiatória mediante o sangue. A justificação, a salvação tanto no AT quanto no NT se dá pela fé em DEUS.
A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava como um tutor temporário para o povo de DEUS até que CRISTO viesse (Gl 3.22-26). O antigo concerto agora foi substituído pelo novo concerto, no qual DEUS revelou plenamente o seu plano de salvação mediante JESUS CRISTO (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19 - a natureza e função da lei no AT).
A lei foi dada por DEUS e acrescentada à promessa “por causa das transgressões” (Gl 3.19); i.e., tinha o propósito (a) de prescrever a conduta de Israel; (b) definir o que era pecado; (c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente de transgredir a vontade de DEUS e de praticar o mal, e (d) despertar neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divinas (Rm 3.20; 5.20; 82).
 
 
LEI - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
A palavra lei foi usada para traduzir a palavra hebraica tora (que significa instrução), e a palavra grega nomos (que significa hábito estabelecido). Veja Torá. Fundamentalmente, as duas indicam alguma regra, ou regulamento, impostos sobre o homem ou a natureza por um poder superior. O legislador reserva-se ao direito de punir toda desobediência.
As forças invisíveis que residem na natureza, produzem a ordem e determinam o destino do universo são geralmente chamadas de leis da natureza. A Bíblia Sagrada raramente fala sobre tais leis de forma abstrata, e muitas vezes a razão oferecida é que ela não é um livro de ciências. Entretanto, apesar disso, a Bíblia tem muito a dizer sobre as leis científicas como reveladoras da natureza de DEUS. Verbos como “fazer” (Jó 36.27- 33), “dirigir” (37.3), “mandar” (37.12; 38.12), “causar” (37.13,15; 38.26,27), “guiar” (38.32), e substantivos como “caminho” (38.24), “ordenanças” (38.33) e “tempo” (39.1ss.) indicam, em uma linguagem não técnica, o controle de DEUS sobre a natureza por meio de leis que Ele estabeleceu. Será impossível pressupor a existência de um verdadeiro conflito entre essas leis da natureza e as leis que DEUS estabeleceu em outros reinos de seu poder universal.
Em um outro nível encontramos as leis de DEUS escritas no coração dos homens. Nesse caso devemos fazer duas distinções: de um lado, as leis de DEUS estão escritas no coração dos homens como resultado da imagem de DEUS plantada no homem no momento da criação (Gn 1.26ss.). Essas leis, tão definitivas como a cor da pele, fazem com que até os pagãos “façam naturalmente as coisas que são da lei [mosaica]” (Rm 2.14). A evidência de tais leis se manifesta na consciência (2.15) e é confirmada pela natureza (Rm 1.26ss.; 1 Co 11.14). Veja Consciência. Por outro lado, as leis de DEUS estão escritas no coração dos crentes pela nova aliança (Jr 31.31-33; Ez 11.19ss.; 36.25-27; 2 Co 3.3,7,8). Essas leis, implantadas pela “nova criação” (2 Co 5.17), são evidenciadas pelo fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22ss,), e confirmadas pelo “verdadeiro amor” (1 Jo 4.17ss.).
Ainda em um outro nível estão as leis do estado, instituídas como agentes de DEUS na sociedade humana (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-15. Para uma coleção de leis e documentos legais da antiga Mesopotâmia, Egito e Ásia Menor, veja ANET, pp. 159-198, 212-222). Existem épocas, entretanto, em que o estado, inspirado por uma satânica hostilidade para com a verdade de DEUS, elabora leis que devem ser desobedecidas pelos verdadeiros filhos de DEUS (Dn 3.8-30; 6.1-28; At 5.26-29,40-42). Leis injustas promulgadas no reino do Anticristo trarão perseguição e morte aos seguidores do Cordeiro (Ap 13.1-17; 20.4). A suprema demonstração de obediência do crente deverá ser sempre dirigida a DEUS e não ao homem (Atos 5.29; Ap 1.9; 12.11).
Em um nível mais elevado estão aquelas leis instituídas por DEUS para o presente estágio da existência humana. Elas podem ser classificadas como judiciais e rituais. As judiciais se baseiam principalmente nos Dez Mandamentos (q.v.) e tratam do relacionamento dentro da sociedade onde restrições devem ser impostas sobre as inclinações pecaminosas da natureza humana (Rm 7.6; Gl 3.19). Essas leis ainda eram válidas na Era dos evangelhos, pelo fato de representarem os relacionamentos básicos da vida onde estão envolvidos o pecado e a justiça. As leis rituais, entretanto, têm o propósito divino de serem representações tipológicas das verdades dos evangelhos embutidas no AT. Agora que CRISTO já cumpriu toda a tipologia por sua morte na crua, elas perderam a validade (Mt 27.51; Gl 5.1-9; Hb 9.1-28; 10.1-22).
Em um nível superior a todas as leis, estão as leis morais de DEUS resumidas nos Des Mandamentos. Essas leis são eternamente válidas porque estão baseadas na imutável natureza divina. O crente, finalmente, entrará em um reino de glória onde a desobediência às leis divinas será não só inadmissível como impossível. Essas leis Divinas, enunciadas nos Dez Mandamentos e reinterpreta- das em termos de absoluto amor a DEUS e ao próximo (Mt 22.36-40; Rm 13.8-11; Gl 5.14), encontram o seu cumprimento presente na vida do crente, e o seu cumprimento final quando este for viver na cidade celestial, desfrutando a eternidade junto com o Senhor. Resumindo, podemos fazer as seguintes distinções; (1) As leis feitas por DEUS (Êx 20.1- 17) e as leis feitas pelo homem (Dn 6.6-9); (2) as leis de importância temporal (Hb 10.1- 4) e as leis que terão uma duração eterna (2 Sm 7.12-26; Sl 1-4); (3) as leis escritas em tábuas de pedra (Dt 5.22) e as leis escritas no coração dos homens (Hb 8.10; cf. 2 Co 3.3); (4) as leis dirigidas apenas aos judeus (At 15.1,10) e as leis destinadas a toda humanidade (Gn 1.28; 9.5-7). W. B.
 



 
A Explicação da Lei de Moisés - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Os vários aspectos da Lei de Moisés podem ser descritos pelas seguintes distinções:
(1) Algumas partes da lei estabelecem ordens como imperativos categóricos (Exemplo: os Dez Mandamentos, Ex 20.1-17); outras, tratam de casos específicos e geralmente são introduzidas por “se” (como em Ex 21-22). A primeira estabelece os princípios básicos de toda a lei (leis irrefutáveis e categóricas); e a última, aplica esses princípios, juntamente com as leis da consciência e da sociedade, a casos específicos (casuística ou jurisprudência). Essa é a forma dominante da lei conhecida na Antiguidade do Oriente Próximo (veja ANET, pp. 159-198).
(2) As mudanças introduzidas nas leis originalmente outorgadas no Êxodo, como encontramos em Deuteronômio, levantaram um problema para muitos. As diferenças que existem entre as leis do Sinai e aquelas que foram renovadas por Moisés, 40 anos mais tarde nas planícies de Moabe, e encontradas em Deuteronômio, devem ser explicadas pelas mudanças ocorridas nas circunstâncias e, consequentemente, nas leis especificas necessárias quando Israel passou da vida nômade no deserto, menos complexa e mais simples, para as condições mais difíceis que acompanhavam a residência fixa na Terra Prometida. Devemos, também, dar atenção ao que parece para muitos ser uma diferença entre a atitude em relação à lei de Moisés nos Sinóticos e no evangelho de João. Elas têm um aspecto legal - “Faze isso e viverás” (Lc 10.28), enquanto o evangelho de João é considerado cheio de amor e bondade. Esse problema fica resolvido quando observamos que a lei está expressa de duas maneiras nas Escrituras: negativamente nos Dez Mandamentos, pois foi distribuída a pessoas rebeldes; e, positivamente nos dois grandes mandamentos da lei, “Amarás, pois, o Senhor, teu DEUS, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5; cf. Mt 22.37) e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19.18; cf. Mt 22,39). Nos Sinóticos, o aspecto negativo da lei é mais acentuado. Em João, prevalece o positivo. Está evidenciado que ambos não devem ser considerados mutuamente excludentes, quando vemos CRISTO reuni-los, ao fazer um resumo dos mandamentos das duas tábuas da lei e dizer: “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.40).
(3) Uma distinção muito comum foi estabelecida entre as legislações moral, cível (ou judiciária) e cerimonial incluídas no Pentateuco. A lei moral está resumida nos Dez Mandamentos. A cível é encontrada nas muitas aplicações ou amplificações da lei moral a casos específicos (como em Êx 21-22). E a cerimonial está contida nos numerosos ritos relativos ao sacerdócio e aos sacrifícios (como em Êx 25.1-31.17; 35-40, em todo o livro de Levítico e Números 1.1-10.10; 15; 17-19; 28-36). Essa distinção recebe uma análise mais completa abaixo sob o título, “O Cristão e a Lei de Moisés”.
(4) Podemos fazer uma distinção entre as leis que se originam à parte de um caso específico (como na entrega dos Dez Mandamentos), e as leis que se originam claramente de uma situação específica (como em Nm 27.1- 11; 36.1-12).
(5) Outra diferença pode ser vista nas leis anteriores ao Sinai, como a circuncisão (Gn
17.9-27) e a Páscoa (Êx 12.1-28) e, por outro lado, nas leis que se originaram no Sinai como regulamentos completamente novos (como a legislação cerimonial mencionada acima).
(6) Também podemos ver uma diferença entre as leis que tratam principal mente de gentios, geralmente chamados de “estrangeiros” ou “forasteiros” (gerím, Ex 23.9; Lv 19.10 etc.), e as leis que tratam principalmente dos israelitas, como em Êxodo 20-23.
(7) Final mente, pode ser feita uma distinção entre leis que tratam quase exclusivamente de sacerdotes e levitas (como em Levítico 1.10), e leis que tratam de toda a nação de Israel (como em Dt 19.26). Não devemos supor, entretanto, que qualquer das diferenças mencionadas acima esteja incluindo contradições ou uma autoria que não seja mosaica.
A Importância dos Dez Mandamentos
A lei moral outorgada a Moisés no monte Sinai assume um lugar muito importante na revelação bíblica: (1) Esta lei foi especifica- mente escrita pela mão de DEUS; portanto, foi recebida por Israel como o fundamento de sua teocracia (Êx 24.12; 31.18; 32.15,16; Dt 5,22; 9.10,11). (2) Essa lei foi colocada na arca do testemunho onde continuamente representou a base da aliança entre DEUS e Israel (Dt 10.1-5; 1 Rs 8.9). (3) Provavelmente, essa parte da lei foi mencionada naquelas passagens que retratam o prazer que o justo sente pela lei de DEUS (Sl 1 e 119). (4) Essa parte da lei estava provavelmente na mente dos profetas quando falavam sobre a lei de DEUS escrita sobre o coração do homem na nova aliança (Jr 31.31-34; Ez 11.17-20; 36.25- 27; 37.24-28).
(5) Nas questões e controvérsias sobre a lei de DEUS, os Dez Mandamentos (q.v.) são citados como o receptáculo da essência de sua lei (Mt 19.16-20; Lc 10.25-28; Rm 2.17-23; 7.7; 13.9,10; 1Tm 1.7-10). (6) Este é o componente da lei que Paulo descreve como: “santo, justo e bom” (Rm 7.12), e “espiritual” (7.14). Essa é a lei que revela o pecado do homem (7.7). (7) CRISTO tinha em mente, em primeiro lugar, os Dez Mandamentos em sua restauração do verdadeiro propósito da lei quando exigiu a obediência do coração ao invés de unicamente a conformidade exterior (Mt 5.21-48; cf, Rm 13.9,10).
Contraste entre as Opiniões Crítica e Conservadora da Lei de Moisés
Aproximadamente no final do século XIX, a opinião tradicional ou conservadora sobre a autoria mosaica da lei recebeu a oposição da comumente chamada opinião crítica. As diferenças radicais entre essas duas opiniões podem ser estabelecidas da seguinte maneira: (1) Os conservadores afirmam que a legislação do Sinai (Êx 10-Nm 9) e das planícies de Moabe (Deuteronômio) originaram-se na época histórica de Moisés; porém, os críticos liberais negam que tenha sido nessa época, insistindo, antes, que ela foi produzida por autores ou escolas (geralmente chamadas J, E, D, e P) no decorrer da história que se estende desde o retomo do exílio na Babilônia. (2) Os conservadores acreditam na historicidade dos acontecimentos relatados no Pentateuco, enquanto os críticos questionam ou negam os eventos dessa história, incluindo, com bastante firmeza, que esses eventos foram embelezados e exaltados por autores tendenciosos de uma era posterior.
(3) Os conservadores aceitam, sem questionar, os acontecimentos miraculosos da era mosaica, ao contrário dos críticos liberais que sutilmente insinuam que esses milagres se devem mais à invenção de um autor ou de autores posteriores do que ao sóbrio relato de um historiador contemporâneo, (4; Finalmente, os conservadores afirmam a superioridade e singularidade da legislação mosaica sobre todas as outras leis que se originaram na Antiguidade (como o famoso Código de Hamurabi, ANET, pp. 163-180), enquanto os estudiosos liberais, admitindo, muito a contra gosto, certa superioridade, procuram “distribuir" as leis de Israel ao longo de seus predecessores ou contemporâneos pagãos a ponto de asseverarem com audácia que certos ritos foram na verdade emprestados dos cananeus e de outros povos não israelitas. Veja Cânon das Escrituras - AT; Aliança; Pentateuco.
A Lei na História de Israel
A difundida prevalência da legislação mosaica na história de Israel será prontamente reconhecida no breve resumo que fizemos abaixo: (1) As provisões da lei foram escrupulosamente elaboradas por Josué na geração seguinte à de Moisés (Js 1.13-18; 4.10;
8.30-35; 11.12,15,20,23; 14.1-4; 17.4; 20.2; 21.2,8; 22.2,4,5,9; 23.6). (2) As injunções da lei que conclamavam Israel à obediência são citadas em importantes ocasiões (1 Rs 2.1-3; 1 Cr 22.11-13; 28.8,9; 29.19). (3) A função legislativa da lei é insistentemente mencionada em ocasiões específicas (2 Rs 14.6 [cf. Dt 24.161; 1 Cr 15.15 (cf. Nm 4.1-15; 7.9]; 1 Cr 23.13 [cf. Êx 28.1; 29.33-37,44;. 30.6-10; Nm 6.23-27; 18.3-8]; 2 Cr 8.13 [cf. Ex 23.14- 17; Lv 23.37]; 2 Cr 23.18 [cf Nm 28.1-31]; 2 Cr 24.6-9 [cf Êx 30.12-14); 2 Cr 30.16-20 [cf. Nm 9.1-14]; Ed 3.1-4 [cf. Nm 29.16; Dt 12.5-7] ; Ed 6.18-22 [cf. Nm 3.6-13; 8.6-19]; Ed 9.11,12 [cf Lv 18.24-30; Dt 7.3]; Ne 13.1-3 [cf Dt 23.3-5]. (4) Os castigos relacionados com a desobediência à lei são citados e executados em acontecimentos da história de Israel (2 Rs 18.11,12 [cf. Dt 29.24-28); 2 Rs 21.8-15; 2 Cr 34.24,25,30-32 [cf Dt 28.15- 68]; Ne 1.7-9 [cf Dt 30.1-6]; Ne 9.13-18; Dn9.11-13 [cf. Dt 32.15-43]. (5) Ao longo de toda a história do AT a lei é sempre atribuída a Moisés (Js 1.7; 22.5; 23.6; Jz 3.4; 1 Rs 2.3; 2 Rs 18.6,12; 2 Cr 8.13; 34.14; Ed 6.18; 7.6,10; Ne 1.7,8; 9.14; Ml 4.4). As instituições de Israel (como o sábado e a adoração no Tabernáculo) são atribuídas à era mosaica (1 Cr 21.29; 2 Cr 1.3; Ne 9.14). Os profetas são considerados confirmadores do testemunho da lei (2 Rs 17.13,23; Dn 9.10-14).
A Latente Espiritualização da Lei no AT
Até para o leitor ocasional do AT torna-se evidente que a lei de Moisés não é um fim em si mesma, nem a suprema adoração por parte do homem, O breve resumo abaixo mostra como a lei, corretamente entendida, preparou o caminho para a revelação do NT.
(1) A legislação mosaica contém referências mostrando que a lei só pode ser cumprida devido a uma mudança radical da natureza da pessoa (Dt 10.16; 30.6; cf. Jr 6.10; 9.25,26). (2), Na história e nas profecias do Antigo Testamento, a obediência a DEUS é descrita de maneira muito mais importante do que a obediência aos ritos e às cerimônias (1 Sm 15.21-23; Sl 40.6-8; Is 1.11-17; Os 6.6). (3) A incapacidade humana de cumprir a lei toma-se, muitas vezes, uma obrigação nas confissões do povo de DEUS (Ne 9.13-38; Sl 51.1-9; Dn 9.4-19). (4) A obediência exterior à lei tornou-se tão deturpada que muitas vezes os profetas faziam o contraste entre a forma exterior e a obediência interior (Is 1.11-17; Jr 7.21-28; Am 5.21-24; Mq 6.6-8). (5) A incapacidade da lei de justificar é expressa tacitamente no exemplo de Abraão (Gn 15.6 [cf. Rm 4.1-25; Gl 3.9-29]), na afirmação de Davi (Sl 32.1,2), e nas declarações e símbolos dos profetas (Is 53.11,12; 60.21; 62.1,2; Jr 33.15,16; Hb 2.4; Zc 3.1-10). Dessa forma, o “evangelho” foi preparado antes da outorga da lei (cf. Gl 3.6-8). (6) Consequentemente, os profetas estão aguardando o momento em que a lei será escrita nos corações regenerados e não em tábuas de pedra (Jr 31.31,33; Ez 11.19,20; 36.24). (7) Tão extensa e precursora é a antecipação profética relacionada com a vinda do Messias, que eles antevêem uma completa transformação da adoração. O Templo de Jerusalém será restaurado na vinda do Messias (Ez 40-48), e dele os gentios participarão e oferecerão sacrifícios de louvor (Is 2.1-4; 56.3-8; Zc 6.13, 15; Ml 1.11; cf. Em 15.9-12; Ef 2.11-22). (8) Com uma esperança tão gloriosa à sua frente, os profetas falam sobre uma lei que irá surgir em Jerusalém, e que, à luz ao NT, deverá ser o evangelho propagado em todo o mundo pelos renascidos em CRISTO (cf. Is 2.3; 51.4,5 com Lc 24.47; At 1.8; 13.46-48; Rm 10.18). Dessa forma, a lei introduz o evangelho (cf. Gl 3.19-25).
JESUS e a Lei de Moisés
As inúmeras relações de CRISTO com a legislação mosaica podem ser sucintamente descritas da seguinte maneira; (1) “Nascido sob a lei* (Gl 4.4). Aqui a palavra “sob" indica que Ele estava sujeito a obedecer às cerimônias da lei (Lc 2.21-27), que observava os rituais básicos da lei (Mt 1.21; 14.12), e ensinava os outros a obedecer a esses rituais (Lc 5.14; 17.14). Esses ritos e cerimônias foram válidos até a crucificação (Mt 27.51). (2) O Purificador da lei. JESUS purificou a lei moral das perversões que a ela foram anexadas pelos judeus (Mt 5.27-48) e purificou a lei cerimonial das mesmas perversões (Mt 15.1-11). Isso estava de acordo com a missão dele, que havia sido prevista (Ml 3.1-4). (3) O Defensor da lei. JESUS ensinou que a lei tinha autoridade divina (Mt 5.18; Lc 16.17). Ele colocou a lei no mesmo nível de suas próprias palavras (João 5.45-47). Ele mostrou que a lei tinha previsões a seu respeito (Lc 24.27,44; Jo 5.45,46).
O Intérprete da lei. JESUS resumiu a lei no absoluto amor a DEUS e ao próximo (Mt 7.12;
22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-37).
(5) O Cumpridor da lei. JESUS cumpriu a lei cerimonial ao observar os seus ritos (Lc 2.21-
27). Ele praticou a lei cível (ou judicial) ao observar a lei romana (Mt 17.24-27; 22.17- 22), e praticou a lei moral ao obedecer perfeitamente os mandamentos de DEUS. Por essa obediência, Ele se tornou a perfeita justiça do pecador que infringiu a lei (Dn 9.24; Mt 3.15; Rm 10.3,4; 2 Co 5.21; Gl 4,4,5). (6) Aquele que aboliu a lei cerimonial. A morte de CRISTO na cruz aboliu a legislação cerimonial (Mt 27.51); porém, mesmo antes desse acontecimento, CRISTO havia feito declarações que prepararam o caminho para uma adoração simplificada na Era dos evangelho (Mc 7.15,19; Lc 11.41; Jo 4.23,24; cf. At 10.15; 11.9; Rm 14.1-12; Cl 2.16; Hb 13.9-16).
A Lei e o Evangelho
O relacionamento entre a lei e o evangelho deu margem a inúmeros erros e falsas interpretações no ensino, e na prática cristã, desde a época dos apóstolos até hoje. Portento, seria bom descrever alguns aspectos desse relacionamento à luz de toda a revelação de DEUS na Bíblia.
(1) A lei outorgada no Sinai não alterou a promessa da graça dada a Abraão (Gn 12,3; 18.18,19; 22.18; 26,4,5; At 3.25,26; Rm 4.11- 18; Gl 3.5-9,16-18). A lei foi dada para mostrar com mais clareza o pecado humano contra o cenário da graça de DEUS (Rm 7.7-11; Gl 3.19-25). Devemos sempre nos lembrar de que, tanto Abraão como Moisés, assim como os outros santos do AT, todos foram salvos exclusivamente pela fé (Hb 11.1-40).
(2) A lei, dentro de sua natureza essencial foi escrita no coração dos homens no momento da criação e, ali, permanece para esclarecer a consciência humana (Rm 2.14). O evangelho, entretanto, só foi revelado ao homem depois que ele havia pecado (Gn 3.15; Jo 3.16; Rm 16.25,26; Ef 3.3-9). A lei leva a CRISTO, mas somente o evangelho pode salvar (Gl 3.19-25).
(3) A lei declara o homem pecador com base em sua desobediência (Rm 3.19,20; 5.20), e o evangelho declara o homem como justo com base em sua fé em JESUS CRISTO (Is 45.24,25; 54.17; Jr 23.6; 33.16; Rm 3.22-28; 4.6-8; 22-24; 5.19. 1 Co 1.30; 2 Co 5.21; Fp 3.9). (4) A lei promete a vida em termos de uma perfeita obediência (Lv 18.5; Lc 10.28; Rm 10.5; Gl 3.10,12; Tg 2.10), um requisito agora impossível ao homem (At 13.39; Rm 3.20; Gl 2.16), enquanto o evangelho promete a vida em termos da fé na perfeita obediência a JESUS CRISTO (Is 53.10-12; Dn 9.24; Rm 5.18,19; Fp 2.8; Tt 3.4-7; Ap 7.9-17).
(5) A lei é uma ministração da morte (Rm 7.9-11; 2 Co 3.6-9; Hb 12.18-21); o evangelho é a ministração da vida (Jo 10.10,28; 17.2,3; 20.31; Rm 5.21; 6.23; 1 Jo 5.11-13,20). A lei conduz o homem à escravidão (At 15.10; Rm 8.15; Gl 4,1-7,9-11,21-31); o evangelho conduz o homem à liberdade em CRISTO (Jo 8.36; 2 Co 3.17; Gl 2.4; 3.23-26; 5.1,13).
(7) A lei escreve os mandamentos de DEUS em tábuas de pedra (Êx 24.12; 34.1,4,28); o evangelho coloca os mandamentos de DEUS no coração do crente (Jr 31.31, 33; Ez 11.19, 20; 36.24-27; Rm 7.6; 8,1-10; 2 Co 3.3; 7.12; Gl 5,22,23; Hb 8.10; 10.16). (8) Alei estabelece para o homem um perfeito padrão de conduta, mas não fornece os meios pelos quais esse padrão pode ser alcançado (Rm 7,21-25); o evangelho fornece os meios pelos quais o padrão divino de justiça pode ser conquistado pelo crente por meio da fé em CRISTO (Mt 5.10; Rm 8.1-4; 10.3-10; Gl 2.21; Fp 3.9). (9) A lei coloca o homem sob a ira de DEUS (Rm 2.1-29; 3,19; 4,15); o evangelho livra o homem da ira de DEUS (1 Ts 1,10; 5.10; Ef 2.3-6). Veja evangelho.
O Cristão e a Lei de Moisés
Qual seria o relacionamento mais adequado entre o cristão atual e a lei de Moisés? Essa é uma questão que pode ser debatida interminavelmente. Posições opostas e extremas já foram adotadas e a solução de um dos lados poderá ser rejeitada pelo outro. Entretanto, nenhuma delas seria adequada sem considerar globalmente toda a legislação mosaica sem qualquer distinção, Como indicamos acima sob o título “A Explicação da Lei de Moisés”, existe uma diferença válida entre as legislações moral, cível ou judicial e a legislação cerimonial recebida por intermédio de Moisés. Essa tríplice diferença leva certas questões a um foco mais apropriado.
Lei moral. A atitude do cristão em relação a essa parte da lei de Moisés pode ser resumida da seguinte maneira; (1) Ninguém pode ser salvo apenas obedecendo aos Dez Mandamentos. Esse fato não só é explicado claramente no NT (At 13.39; Rm 3.20; Gl 2.16), como também é aceito pela maioria dos cristãos. (2) Entretanto, esses mandamentos ainda estão válidos porque levam o cristão a descobrir a natureza e o poder do pecado. Essa verdade é ensinada por Paulo (Rm 3.20; 5.20; 7.7; Gl 3.19) e é universalmente reconhecida pelos cristãos. (3) Como a lei é “santa” (Rm 7.12), ela é uma fonte de prazer espiritual para os filhos de DEUS. Essa abordagem da lei moral, ainda válida para o cristão de nossos dias, é magnificamente descrita no Salmo 119.97, “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (4) Ela também representa uma norma para a vida cristã porque quase todos os Dez Mandamentos são repetidos especificamente em um princípio aplicável ao crente (Mt 5.21-48; Rm 7.7; 13.9; 1 Co 8.1-6; 10.14-22; Ef 5.3-5; 6.1-3). No NT, sé está faltando o mandamento referente à guarda do sábado. Assim sendo, a lei moral do AT funciona como um guia para conhecer a vontade de DEUS, e faz parte do padrão de nossa santificação. Ao mesmo tempo, os requisitos da lei s&o exercidos apenas pelo ESPÍRITO SANTO quando Ele opera no interior e por meio de cada crente (Rm 8.3,4).
Lei cível ou judicial. E difícil explicar o relacionamento da vida cristã com essa legislação. Por exemplo, até que ponto iria um cristão atual, se desejasse observar as leis relativas às restrições alimentares (Dt 14.1- 21), ao vestuário (22.5), à mistura das sementes (22.9-11), e ao serviço militar (24.5)? Se tais leis fossem extensões ou aplicações dos Dez Mandamentos, em princípio elas ainda seriam válidas.
O apelo de Paulo à lei da natureza em um caso semelhante (1 Co 11.14) irá certamente justificar a obediência a Deuteronômio 22.5 em nosso mundo moderno. O discernimento espiritual do qual o NT está impregnado irá guiar o cristão sincero e protegê-lo contra os extremos, tanto do legalismo como da licenciosidade.
Devemos nos lembrar que essas leis específicas foram outorgadas principalmente à nação de Israel da Antiguidade, e a sua aplicação à vida cristã atual deve ser governada pelos princípios básicos estabelecidos no NT. Lei Cerimonial, Aqui o cristão deverá observar certas verdades facilmente percebidas à luz do NT. (1) Os ritos e as cerimônias levitas eram válidos até a morte de CRISTO (Mt 27.51), mas desde esse momento perderam essa validade na vida cristã (Gl 5.1-12; Cl 2.16-23). Esses ritos haviam sido impostos a Israel como exemplos da futura salvação por meio do Messias (Hb 9.9,10); porém agora, pela morte do Senhor JESUS CRISTO, eles são completamente retirados e já não servem mais como instrumentos de adoração (Hb 10.8-10). Recorrer a tais coisas (como é feito por Roma no vestuário de seu clero) é algo totalmente contrário à espiritualidade da adoração do NT (Jo 4.23,24; Fp 3.3).
E que podemos dizer sobre o retomo aos prenunciados sacrifícios de animais, se admitirmos literalmente Ezequiel 40-48 para uma era futura (Ez40.39-43; 42.13; 43.19-27; 45.15- 25; 46.2-24; Zc 14.21)? Muitos afirmam que estas passagens devem ser consideradas de forma figurada. Certamente as palavras de Hebreus 10.18 devem ser cuidadosamente consideradas e, de forma alguma ignoradas: “Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado”. Duas respostas seriam possíveis; Talvez a passagem em Ezequiel 40- 48 devesse ser considerada em sentido figurado. Entretanto, muitos acreditam que um ato tão drástico seria desnecessário.
DEUS pode ter escolhido, em sua infinita sabedoria, reinstituir o sacrifício de animais durante o reino milenial de CRISTO. Se assim for, este é um privilégio exclusivo do Senhor e, além de estar certo, deve ser absolutamente respeitado. No entanto, podemos certamente concluir, a partir de Hebreus 10.18, que este seria um ato meramente comemorativo. (2) O cristão não deve negligenciar o vasto significado espiritual e típico da legislação levítica. Ele irá compreender que CRISTO é o verdadeiro Cordeiro Pascal (Jo 1.29; 1 Co 5.7) e que o crente, como um sacerdote (1 Pe 2.5,9; Ap 1.8) agora oferece ״sacrifícios” aceitáveis a DEUS (Ml 1.11; Rm 12.1; Fp 4.18; Hb 13.15,16). W.B.




PENTATEUCO - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Esta designação derivada de duas palavras gregas, pente, cinco; e teuchos, volumes ou livros, é aplicada aos primeiros cinco livros da Bíblia Sagrada. Mais tarde, os judeus designaram estes livros como “os cinco quintos da lei". Há evidências de que esta divisão seja tão antiga quanto Filo e Josefo. Esta é uma divisão natural e, provavelmente, deriva do seu autor original, Moisés. No AT hebraico, o Pentateuco é designado como Torá (Lei), um termo que enfatiza o elemento legal que forma uma grande parte da obra.
Conteúdo
O propósito do Pentateuco é recontar a graça de DEUS ao transformar Israel em uma nação, e ao dar a ela sua lei. Assim, a obra começa com a criação do mundo, e traça a história da humanidade enfatizando a formação da nação teocrática, e relatando sua história até o ponto em que esteve pronta a entrar na Terra Prometida.
Em um sentido amplo, o Pentateuco pode ser dividido em duas partes: Gênesis 1 a Êxodo 19 é um trecho histórico. Reconta as várias fases pelas quais Israel foi levada ao ponto em que poderia ser constituída a teocracia. Êxodo 20 a Deuteronômio 34 é relativo à lei. Contém os Dez Mandamentos e a legislação relacionada ao Tabernáculo, sacrifícios, sacerdócio. A primeira seção é uma preparação óbvia para a segunda. Era necessário que o povo de DEUS fosse primeiro separado do mundo a fim de que, como uma teocracia organizada, pudesse receber as leis do governo divino. Veja também a introdução a Gênesis. Gênesis relata a criação do mundo e do homem, a queda do homem no pecado e sua expulsão do paraíso, além da rápida expansão do pecado que exigiu a destruição do homem pelo dilúvio. Em Noé, a raça mante- ve-se viva, e houve um novo começo. Mais uma vez, entretanto, a corrupção e a fraqueza tornaram-se poderosas, de forma que era necessário que DEUS chamasse seu povo para ficar separado do mundo pecador. Isto foi feito na chamada de Abraão para deixar Ur dos Caldeus e ser o pai da fé. Gênesis relata sua obediência e suas peregrinações, mostrando que até com os fracos DEUS permanece fiel à sug promessa de salvação.
O livro do Êxodo começa com os descendentes de Jacó no Egito, e como foram libertados poderosamente, sob a liderança de Moisés. Relata como DEUS os constituiu uma nação no monte Sinai, dando os Dez Mandamentos e ratificando a aliança. Foram ordenados os detalhes para o levantamento do Tabernáculo, para que DEUS pudesse, então, habitar no meio do seu povo.
Levítico mostra as várias leis que requisitavam adoração. Os sacrifícios foram exigidos, porque a corrupção que separa o homem de DEUS deve ser removida, e a comunhão entre DEUS e o homem deve ser restaurada.
Números relata as disposições do acampamento, os preparativos para a partida e as peregrinações do povo do Sinai às planícies de Moabe com a menção de vários incidentes que ocorreram no caminho.
Deuteronômio possui os últimos discursos de Moisés à nação e prepara o povo para a entrada em Canaã. O livro é distribuído na forma de um documento da aliança, e em um sentido formal é disposto de forma similar aos tratados de suserania dos hititas. O Pentateuco inteiro é uma unidade, e contém um tema essencial.
Autoria
A visão das Escrituras de que Moisés era o autor humano do Pentateuco é sustentada pelas evidências. Há seis passagens no Pentateuco que declqram especificamente a autoria de Moisés (Ex 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm 33.1,2; Dt 31.9,24-26; 31.22,30-32.43). Três dessas referências estão ligadas às partes legislativas, e três às partes históricas. Estas 6 partes são partes integrais do seu contexto, de forma que as referências citadas provavelmente atribuem a Moisés a autoria de uma boa parte do contexto em que elas ocorrem.
Com relação a Gênesis, nenhuma declaração específica de autoria é encontrada no livro. Mas Gênesis é uma parte integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a acontecimentos relatados em Êxodo, e sem ela o Êxodo não seria compreensível. O Êxodo pressupõe claramente Gênesis; de fato, sua primeira palavra hebraica we, normalmente traduzida como *e”, mostra que deve ser conectada com o que precede em Gênesis. Se Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do Pentateuco, também foi o autor de Gênesis. Ao longo dos últimos 4 livros do Pentateuco, Moisés foi o personagem principal. Ele era o mediador pelo qual DEUS falava à nação ao transmitir sua lei. DEUS deu a este patriarca as instruções para a construção do Tabernáculo, e lhe revelou as leis com relação à adoração. Cada vez mais, lemos sentenças como “Então, disse o Senhor a Moisés”, "Como o Senhor ordenava a Moisés” etc. Quando chegamos a Deuteronômio, estamos na mesma atmosfera. O livro começa com “Estas são as palavras que Moisés falou,..” Em todo o livro de Deuteronômio, Moisés aparece como a figura central.
Nos demais livros e passagens do AT, o Pentateuco é uniformemente considerado como obra de Moisés. É correto dizer que a única lei autorizada que é reconhecida no AT é a lei de Moisés; o mesmo é verdade em relação ao NT. Citações feitas do Pentateuco atribuem sua autoria a Moisés (cf. Mt 19.8; Mc 10.3-5; Lc 24.27,44; Jo 5.46,47; 7.19; Act 3.22; Ap 15.3 etc.). Tanto o AT como o NT consideram Moisés como o autor humano da lei. No século XVIII, surgiu a visão de que o Pentateuco não era inteiramente uma obra de Moisés. Pensou-se que a presença de diferentes nomes divinos em Gênesis fosse uma marca de diferentes autores. Finalmente, assumiu-se que Gênesis consistia de três documentos principais, que foram finalmente reunidos por um redator. Pensou-se que estes 3 documentos, ou partes deles, tivessem sido encontrados também em Êxodo, Levítico e Números, sendo que Deuteronômio foi atribuído a uma fonte diferente. No entanto, a hipótese documentária, como é chamada, embora sustentada por muitos estudiosos, destrói a verdadeira unidade e harmonia do Pentateuco. E uma teoria que não tem o suporte dos fatos e, portanto, deve ser abandonada. Veja Gênesis.
Propósito
O Pentateuco é a base sobre a qual as Escrituras foram construídas. Ele contém a lei básica da teocracia na qual os profetas baseiam suas mensagens. Ele fala de Moisés, o grande legislador, a maior figura do AT que foi testemunha do futuro, até mesmo do CRISTO, o Filho de DEUS.
Magnes Press, 1968 (rejeição à teoria documentária). E. J. Y.





EVANGELHO - UBERABA – MG – Filemom Escola Superior de Teologia - Os Evangelhos - Pr. Mateus Duarte
 
PREPARAÇÃO...No Antigo Testamento, COMEÇANDO NO PENTATEUCO, DEUS prepara o mundo para a vinda do Messias.
MANIFESTAÇÃO...Nos 4 Evangelhos, CRISTO entra no mundo, morre pelo mundo, ressuscita e funda a sua Igreja cheia do ESPÍRITO SANTO.
APROPRIAÇÃO... Em Atos e nas Epístolas, são apresentadas maneiras pelas quais o Senhor JESUS foi recebido, apropriado e aplicado à vida das pessoas.
CONSUMAÇÃO... No Apocalipse revela-se o resultado do plano perfeito de DEUS. O que é o Evangelho Às boas-novas a respeito de JESUS CRISTO, o Filho de DEUS são-nos apresentadas por quatro autores: Mateus, Marcos, Lucas e João, embora exista só um Evangelho, a bela história da salvação por JESUS CRISTO, nosso Senhor.
A palavra “Evangelho” nunca é usada no Novo Testamento para referir-se a um livro. Significa sempre “boas-novas”. Quando falamos do Evangelho de Lucas, devemos compreender que se trata das boas-novas de JESUS CRISTO conforme foram registradas por Lucas. Entretanto, desde os tempos antigos o termo, “evangelho,” tem sido usado com referência a cada uma das quatro narrativas da vida de CRISTO. Originalmente essas boas-novas eram transmitidas pela palavra falada. Os homens iam de lugar em lugar, contando a velha história. Depois de algum tempo fez-se necessário um registro escrito. Mais de uma pessoa tentou fazê- lo, mais sem êxito. Veja o que Lucas diz: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o principio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de a curada investigação de tudo desde a sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas perfeita certeza das verdades em que foste instruído” (Lc 1.1-4).
“Evangelho” é uma palavra de origem grega que significa “boa notícia”. Do ponto de vista da fé cristã, só há um evangelho: o de JESUS CRISTO. Porque ele mesmo, o Filho de DEUS encarnado na natureza humana (Jo 1.14) e autor da vida e da salvação (At 3.15; Hb 2.10; 12.2), é a boa notícia que constitui o coração do Novo Testamento o fundamenta a pregação da Igreja desde os tempos apostólicos até os nossos dias.
No entanto, visto que toda notícia supõe a comunicação de uma mensagem, chamamos também de “evangelho” o conjunto dos livros do Novo Testamento, que, sob a inspiração do ESPÍRITO SANTO, foram escritos para comunicar a boa notícia da vinda de CRISTO e, com ele, a do Reino eterno de DEUS (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.1,14-15; Lc 2.10; Rm 1.1-6,16-17). Nesse mesmo sentido, o apóstolo Paulo gosta de falar do “meu evangelho”, fazendo assim referência ao anúncio da graça divina que ele proclamava, se baseando na Palavra de DEUS (Rm 1.1,9,16; 16.25; 1Co 15.1; Gl 2.7; 2Tm 2.8): uma mensagem que já antes fora escutada em Israel (Is 35; 40.9-11; 52.7; 61.1-2a), mas que agora se estende ao mundo inteiro, a quantos, por meio da fé, aceitam CRISTO como Senhor e Salvador (cf., entre outros, Rm 1.5; 5.1; 6.14,22-23). Num terceiro sentido, o uso tem generalizado a aplicação do termo “evangelho” a cada um dos livros do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João) que nos têm transmitido praticamente a totalidade do que sabemos acerca de JESUS: da sua vida e atividade, da sua paixão e morte, da sua ressurreição e glorificação.
Da perspectiva da fé cristã, a palavra “evangelho” contém, pois, uma tríplice referência: em primeiro lugar, a JESUS CRISTO, cuja vinda é o acontecimento definitivo da revelação de DEUS ao ser humano; em segundo lugar, à pregação oral e à comunicação escrita da boa notícia da salvação pela fé; e, por último, aos quatro livros do Novo Testamento que desde o séc. II se conhecem pela designação genérica de “os Evangelhos”.
Evangelhos e Evangelistas Tradicionalmente, os autores dos quatro primeiros livros do Novo Testamento recebem o nome de “evangelistas”, título que na Igreja primitiva correspondia às pessoas a quem, de modo específico, se confiava a função de anunciar a boa nova de JESUS CRISTO (At 21.8; Ef 4.11; 2Tm 4.5. cf. At 8.12,40).
Durante os anos que se seguiram à ascensão do Senhor, a pregação apostólica foi, sobretudo, verbal como vemos na leitura de Atos. Mais tarde, quando começaram a desaparecer aqueles que haviam conhecido JESUS em pessoa, a Igreja sentiu a necessidade de fixar por escrito a memória das palavras que haviam ouvido dele e dos seus atos que haviam presenciado. Durante certo tempo, circularam entre as comunidades cristãs de então numerosos textos referentes a JESUS, que, na maioria dos casos, eram simples apontamentos dispersos e sem conexão. Apesar do seu caráter fragmentário, porém, aqueles breves relatos representaram a passagem da tradição oral à escrita, passagem que presidiu o nascimento dos nossos quatro Evangelhos.
O propósito principal dos evangelistas não foi oferecer uma história detalhada das circunstâncias que rodearam a vida do nosso Senhor e dos eventos que a marcaram; tampouco se propuseram a reproduzir ao pé da letra os seus discursos e ensinamentos, nem as suas discussões com as autoridades religiosas dos judeus. Há, consequentemente, muitos dados relativos ao homem JESUS de Nazaré que nunca nos serão conhecidos, embora, por outro lado, não reste dúvida de que DEUS já revelou por meio dos evangelistas (cf. Jo 20.30; 21.25) tudo o que não devemos ignorar. Na realidade, eles não escreveram para nos transmitir uma completa informação de gênero biográfico, mas, como disse João, “para que creiais que JESUS é o CRISTO, o Filho de DEUS, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). Os Evangelhos contêm, pois, um conjunto de narrações centradas na pessoa de JESUS de Nazaré e escritas com um propósito testemunhal, para a edificação da Igreja e para a comunicação da fé. Mas isso não significa que os evangelistas manejaram sem cuidado os dados, as palavras e os fatos que recompilaram e que foram os seus elementos de informação. Pois, se bem que é certo que eles não trataram de escrever nenhuma biografia (ao menos no sentido específico que hoje damos ao termo), igualmente é que os seus escritos respondem com fidelidade ao discurso histórico tal e como era elaborado então, seja por haverem conhecido pessoalmente a JESUS, ou seja, por terem sido companheiros dos apóstolos que viveram junto dele. A obra dos evangelistas nutriu-se especialmente das memórias que, em relação ao Senhor, eram guardadas no seio da Igreja como um depósito precioso. Essas memórias transmitiram-se no culto, no ensinamento e na atividade missionária, isto é, na pregação oral, que, durante longos anos e com perspectiva escatológica, foi o meio idôneo para reviver, desde a fé e em benefício da fé, o acontecimento fundamental do CRISTO ressuscitado.
Os Evangelhos Sinóticos
A simples leitura dos Evangelhos conduz logo a uma primeira classificação, que é resultante da constatação, de um lado, de que existe uma ampla coincidência da parte de Mateus, Marcos e Lucas quanto aos temas de que tratam e quanto à disposição dos elementos narrativos que introduzem; e por outro, o Evangelho de João, cuja aparição foi posterior à dos outros três, parece ter sido escrito com o propósito de suplementar os relatos anteriores com uma nova e distinta visão da vida de JESUS. Porque, de fato, com exceção dos acontecimentos que formavam a história da paixão de JESUS, apenas três dos fatos referidos por João (1.19-28; 6.1-13 e 6.16-21) encontram-se também consignados nos outros Evangelhos.
Daí se conclui que, assim como o Evangelho Segundo João requer uma consideração à parte, os de Mateus, Marcos e Lucas estão estreitamente relacionados. Seguindo vias paralelas, oferecem nas suas respectivas narrações três enfoques diferentes da vida do Senhor. Por causa desse paralelismo, pelas muitas analogias que aproximam esses Evangelhos tanto na matéria exposta como na forma de dispô-la, vêm sendo designados desde o séc. XVIII como “os sinóticos”, palavra tomada do grego e equivalente a “visão simultânea” de alguma coisa. Os sinóticos começaram a aparecer provavelmente em torno do ano 70. Depois da publicação do Evangelho segundo Marcos, escreveu-se primeiro o de Mateus e depois o de Lucas. Ambos serviram-se, em maior ou menor medida, da quase totalidade dos materiais incorporados em Marcos, relembrando-os e ampliando-os com outros. Por essa razão, Marcos está quase integralmente representado nas páginas de Mateus e de Lucas. Quanto aos novos materiais mencionados, isto é, os que não se encontram em Marcos, uma parte foi aproveitada simultaneamente por Mateus e Lucas, e a outra foi usada por cada um deles de maneira exclusiva. Apesar de que os autores sinóticos tenham redigido textos paralelos, fizeram-no de pontos de vista diferentes e contribuindo cada qual com a sua própria personalidade, cultura e estilo literário. Por isso, a obra dos evangelistas não surge como o produto de uma elaboração conjunta, mas como um feito singular desde seus delineamentos iniciais até a sua realização definitiva. Sempre obedecendo à inspiração do ESPÍRITO SANTO os evangelistas escreveram os 4 evangelhos. Quanto aos objetivos, também são diferentes em cada caso: enquanto Mateus contempla a JESUS de Nazaré como o Messias anunciado profeticamente, como rei dos judeus, Marcos o vê como a manifestação do poder de DEUS e como servo humilde, e Lucas, como o Salvador de um mundo perdido por causa do pecado, revelando sua humanidade. Já João, em seu evangelho, procura provar que JESUS  é DEUS.
Por quê quatro Evangelhos?
A pergunta que naturalmente surge é a seguinte: Por que quatro? Não teria bastado uma só narrativa direta e contínua? Não teria sido mais simples e claro? Isso não nos teria poupado algumas das dificuldades surgidas em torno do que alguns têm chamado de narrativas divergentes? A resposta é simples: Uma ou duas pessoas não nos teriam dado um retrato completo da vida de CRISTO. “Suponhamos que quatro testemunhas comparecessem perante um juiz para depor sobre certo acontecimento e cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz provavelmente, concluiria, não que o testemunho delas era de valor excepcional, mas que a única coisa certa, sem sombra de dúvida, é que haviam concordado em contar a mesma história. Todavia, se cada uma tivesse contado o que tinha visto e como o tinha visto, aí então a prova seria digna de crédito. E quando temos os quatro Evangelhos, não é exatamente isso que acontece? Os quatro evangelistas contaram a mesma história, cada qual a seu modo. Há quatro ofícios distintos de CRISTO apresentados nos Evangelhos. Ele é apresentado como: Rei em Mateus, Servo em Marcos, Filho do homem em Lucas e Filho de DEUS em João. É verdade que os quatro Evangelhos têm muita coisa em comum. Todos eles tratam do ministério terreno de JESUS, sua morte e ressurreição, seus ensinos e milagres, porém cada Evangelho tem suas diferenças. É fácil ver que cada um dos autores procura apresentar um quadro diferente de nosso único Salvador. Mateus, de propósito, acrescenta à sua narrativa o que Marcos omite. Nenhum dos Evangelhos contém a narração completa da vida de CRISTO. João diz em 21.25: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que JESUS fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos”. Existem vazios propositados que nenhum dos evangelistas pretendeu preencher. Por exemplo: todos omitem um registro de dezoito anos da vida de CRISTO, entre os doze e os trinta anos. Embora sejam completos em si mesmo, cada um registrou aquilo que era relevante ao seu tema. Cada um deles apresenta um aspecto diferente da vida terrena de nosso Senhor. Juntos dão-nos um retrato completo. Ele era Rei, mas era também o Servo Perfeito, Ele era homem, mas também DEUS. Há quatro Evangelhos, mas um CRISTO, quatro narrativas com um propósito e quatro esboços de uma mesma Pessoa.
 
Praticamente, os evangelhos são compostos de metade de sua escrita a respeito dos ensinos e pregações de JESUS e a outra metade é composta de relatos de seus feitos milagrosos, sinais, prodígios e maravilhas.
 
Evangelho de Mateus
Os profetas do Antigo Testamento predisseram e ansiaram pela vinda do Ungido que entraria na história para trazer redenção e livramento. O primeiro versículo de Mateus anuncia aquele evento há muito esperado: “Livro da genealogia de JESUS CRISTO, filho de Davi, filho de Abraão”. Mateus fornece a ponte essencial entre o Antigo e o Novo Testamento. Através de uma série cuidadosamente selecionada de citações do Antigo Testamento, Mateus documenta a reivindicação de JESUS CRISTO de ser o Messias, JESUS possui as credenciais do Messias, ministra no modelo predito do Messias, prega mensagens que somente o Messias poderia pregar, e finalmente morre a morte que somente o Messias poderia morrer.
 
Evangelho de Marcos
Marcos, o mais breve e mais simples dos quatro Evangelhos, apresenta um relato conciso e de cenas rápidas da vida de CRISTO. Com pequenos comentários, Marcos deixa a narrativa falar por si só, quando conta a história do servo que está constantemente em movimento, ao pregar, curar, ensinar e, por fim, morrer pelos pecadores. Seu ministério começa com as massas, logo restringindo-se aos doze discípulos, e por fim culmina na cruz. Ali o Servo que “não veio para ser servido, mas para servir” faz o supremo sacrifício de serviçal, dando “sua vida em resgate de muitos” (10.45). E esse padrão de serviço altruísta se torna o modelo para aqueles que seguem os passos do Servo.
 
Evangelho de Lucas
Lucas, um médico gentio, elabora sua narrativa evangélica em torno de uma apresentação histórica e cronológica da vida de JESUS. Lucas é o mais extenso e abrangente dos quatro Evangelhos, apresentando JESUS CRISTO como o Homem Perfeito que veio buscar e salvar os pecadores. Fé crescente e oposição crescente se desenvolvem lado a lado. Os que crêem em suas reivindicações são desafiados a assumir o preço do discipulado; os que se opõem a ele não ficarão satisfeitos até que o Filho do Homem penda sem vida numa cruz. A Ressurreição, porém, assegura que seu ministério de buscar e salvar os perdidos continue na pessoa de seus discípulos, uma vez que estejam equipados com seu poder.
JESUS, como homem, nos mostra como um homem na terra, cheio do ESPÍRITO SANTO, pode seguir seus passos, ser seu imitador, e ser usado pelo ESPÍRITO SANTO para ganhar milhões de almas para DEUS.
 
  
Evangelho de João
O Evangelho de João é singular. Mateus, Marcos e Lucas são chamados Evangelhos Sinóticos porque, a despeito de suas ênfases individuais, descrevem muitos dos mesmos eventos da vida de JESUS de Nazaré. João se volta principalmente para eventos e discursos não comuns aos outros evangelhos, com intuito de provar a seus leitores que JESUS é DEUS na carne, a eterna Palavra vinda à terra, que nasceu para morrer como sacrifício oferecido a DEUS para tirar o pecado humano. Sete sinais miraculosos provam que “JESUS é o CRISTO, o Filho de DEUS, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). Jamais se escreveu um tratado evangélico mais excelente que a narrativa inspirada que João elaborou sobre a vida, morte e ressurreição de CRISTO.
Destaque especial para a morte e ressurreição de Lázaro após 4 dias de sepultado.
 
 
EVANGELHO - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Uma palavra usada somente no NT para denotar a mensagem de CRISTO. O termo gr. euangelwn, significando “boas novas”, tornou-se um termo técnico para a mensagem essencial da salvação, Ela ê modificada por várias frases descritivas, tais como, “o evangelho de DEUS” (Mc 1.14; Rm 15.16), “o evangelho de JESUS CRISTO” (Mc 1.1; 1 Co 9.12), “o evangelho de seu Filho” (Rm 1.9), “o evangelho do Reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14), ״o evangelho da graça de DEUS” (At 20.24), “o evangelho da glória de CRISTO” (2 Co 4.4), “o evangelho da paz” (Ef 6.15), “evangelho eterno” (Ap 14.6). Embora aspectos distintos da mensagem sejam indicados por vários modificadores, o Evangelho é essencialmente um. Paulo fala de “um outro evangelho" que não é um equivalente, pois o Evangelho de DEUS é sua revelação, e não o resultado da descoberta (Gl 1.6-11).
O conteúdo do Evangelho é claramente definido no NT. É a mensagem proclamada e aceita da igreja cristã, pois foi recebida por todos os crentes, defendida por seu raciocínio, e constitui uma parte vital de sua experiência. É histórica em seu conteúdo, bíblica em seu significado, e transformadora em seu efeito. “CRISTO morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras... foi sepultado, e... ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras... foi visto por Cefas...”, são as palavras descritivas de Paulo (1 Co 15.1-6).
O Evangelho não é uma adição imprecisa de lendas antigas a respeito de JESUS, mas um conjunto bem organizado de ensinos sobre sua vida e seu significado, pregado por líderes da igreja primitiva na primeira geração após sua morte. Embora Ele não estivesse reduzido a uma formulação “catequética”, era suficientemente uniforme para ser refletido nos escritos de Mateus, Marcos e Lucas, agora chamados de Evangelhos Sinóticos. Uma forma diferente da mesma pregação aparece no Evangelho de João. Por causa da qualidade e conteúdo únicos da mensagem, os escritos que o formam foram chamados de “Evangelhos”. É provável, porém, que o uso técnico deste termo não apareça nas passagens narrativas do NT. Quando ele é usado, refere-se, invariavelmente, ao conteúdo ao invés do veículo; a aplicação do termo “Evangelho” à obra escrita é posterior ao século I d.C.
A verdade central do Evangelho é que DEUS forneceu um modo de salvação para os homens ao dar seu Filho para o mundo. Ele sofreu como um sacrifício pelo pecado, venceu a morte, e agora oferece a oportunidade de compartilharmos seu triunfo; esta bênção está disponível a todos aqueles que o aceitarem. O Evangelho é uma boa nova porque é uma dádiva de DEUS, e não algo que deva ser ganho por penitência ou por meio de alguma melhoria pessoal (Jo 3.16; Rm 5.8- 11; 2 Co 5.14-19; Tt 2.11-14). O Evangelho apresenta CRISTO como o mediador entre DEUS e os homens, que foi ordenado por DEUS para trazer uma humanidade desviada e pecadora de volta a si. M. C. T.
 
 
 
EVANGELHO - ευαγγελιον euaggelion
1) recompensa por boas notícias
2) boas novas
2a) as boas novas do reino de DEUS que acontecerão em breve, e, subsequentemente, também de JESUS, o Messias, o fundador deste reino. Depois da morte de CRISTO, o termo inclui também a pregação de (sobre) JESUS CRISTO que, tendo sofrido a morte na cruz para obter a salvação eterna para os homens no reino de DEUS, mas que restaurado à vida e exaltado à direita de DEUS no céu, dali voltará em majestade para consumar o reino de DEUS
2b) as boas novas da salvação através de CRISTO
2c) a proclamação da graça de DEUS manifesta e garantida em CRISTO
2d) o evangelho
2e) quando a posição messiânica de JESUS ficou demonstrada pelas suas palavras, obras, e morte, a narrativa da pregação, obras, e morte de JESUS CRISTO passou a ser chamada de evangelho ou boas novas.
 
 
 
"EVANGELHO" O Novo Testamento aperfeiçoa o Antigo Testamento e o cumpre.
 
Referências Bíblicas
em ordem alfabética
   Versículos do Novo Testamento que citam a palavra evangelho
Mateus 24:14
E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.
1 Coríntios 15:1
Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis;
1 Coríntios 9:14
Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.
1 Coríntios 9:16
Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!
1 Coríntios 9:18
Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de CRISTO, para não abusar do meu poder no evangelho.
1 Coríntios 9:23
E eu faço isso por causa do evangelho, para ser também participante dele.
1 Timóteo 1:11
conforme o evangelho da glória do DEUS bem-aventurado, que me foi confiado.
2 Coríntios 10:16
para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós e não em campo de outrem, para nos não gloriarmos no que estava já preparado.
2 Coríntios 11:7
Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de DEUS?
2 Coríntios 2:12
Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de CRISTO e abrindo-se-me uma porta no Senhor,
2 Coríntios 4:3
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto,
2 Coríntios 8:18
E com ele enviamos aquele irmão cujo louvor no evangelho está espalhado em todas as igrejas.
2 Tessalonicenses 2:14
para o que, pelo nosso evangelho, vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor JESUS CRISTO.
2 Timóteo 2:8
Lembra-te de que JESUS CRISTO, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho;
Atos 14:21
E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia,
Atos 14:7
e ali pregavam o evangelho.
Atos 16:10
E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho.
Atos 8:25
Tendo eles, pois, testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e, em muitas aldeias dos samaritanos, anunciaram o evangelho.
Atos 8:40
E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesareia.
Colossenses 1:5
por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já, antes, ouvistes pela palavra da verdade do evangelho,
Efésios 3:6
a saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em CRISTO pelo evangelho;
Efésios 6:15
e calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
Efésios 6:19
e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,
Filemom 1:13
Eu bem o quisera conservar comigo, para que, por ti, me servisse nas prisões do evangelho;
Filipenses 1:12
E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho.
Filipenses 1:16
uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;
Filipenses 1:27
Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de CRISTO, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
Filipenses 1:5
pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora.
Filipenses 2:22
Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai.
Gálatas 1:11
Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens,
Gálatas 1:6
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de CRISTO para outro evangelho,
Gálatas 1:7
o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de CRISTO.
Gálatas 2:5
aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
Gálatas 2:7
antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão
Gálatas 4:13
E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne.
Lucas 9:6
E, saindo eles, percorreram todas as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda a parte.
Marcos 1:1
Princípio do evangelho de JESUS CRISTO, Filho de DEUS.
Marcos 1:14
E, depois que João foi entregue à prisão, veio JESUS para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de DEUS
Marcos 1:15
e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de DEUS está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.
Marcos 16:15
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
Mateus 11:5
Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
Mateus 4:23
E percorria JESUS toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
Romanos 1:1
Paulo, servo de JESUS CRISTO, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de DEUS,
Romanos 1:15
E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.
Romanos 1:9
Porque DEUS, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,
Romanos 10:16
Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?
Romanos 11:28
Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.
Romanos 15:20
E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde CRISTO houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;
Romanos 15:29
E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de CRISTO.
Romanos 2:16
no dia em que DEUS há de julgar os segredos dos homens, por JESUS CRISTO, segundo o meu evangelho.
 
 
 
EVANGELHOS SINÓTICOS - Tesouro de Conhecimentos Bíblicos - Emílio Conde - CPAD

- Evangelho vem do grego “euaggelion” (“eu”, bem, e “aggellõ”, anunciar) e significa boa-nova; do hebraico “besôrã”, especialmente anúncio de vitória (1 Sm 18.20-22). O verbo “eu-aggelizomai”, anunciar uma boa-nova, não citado por Marcos e Mateus, é frequente em Lucas e Paulo.
Os livros chamados evangelhos constituem um gênero literário único; assemelham-se ao gênero histórico, consolidando as tradições variadas que circulavam pela igreja, já durante trinta ou quarenta anos antes de serem reunidos num livro.
Quais são os evangelhos a que se determinou chamar de sinóticos? Que significa sinótico? Por que a classificação de sinóticos dada a alguns dos evangelhos? Essas e outras perguntas acerca dos evangelhos que se convencionou chamar de sinóticos serão esclarecidas nesse comentário. Os sinóticos são os de Mateus, Marcos, e Lucas; a razão por que são chamados assim é o fato de apresentarem grandes semelhanças na narração dos acontecimentos da vida e do ministério de JESUS CRISTO. O Evangelho de João não figura entre os sinóticos por haver ele incluído em seu livro eventos da vida de JESUS que os três sinóticos não descrevem.
De uma comparação entre esses três evangelhos, observamos o seguinte:
Nas narrativas dos evangelistas Mateus e Lucas, há uma grande diferença nas partes que tratam da vida de JESUS antes do ministério público. Quando eles narram a história do ministério público, concordam plenamente entre si e com o Evangelho de Marcos. Quando termina essa parte semelhante entre os três, há divergência entre Lucas e Mateus novamente. A ordem estabelecida pelos três evangelistas é mais ou menos a mesma; quando há divergência na ordem dos eventos, é Mateus ou Lucas que discordam. Quando Mateus e Lucas narram um fato comum, que não aparece em Marcos, há plena concordância entre eles. Cada um dos três apresenta fatos peculiares não narrados pelos outros dois. Com exceção de dois milagres (Mc 7.31-37; 8.22-26 - A cura de um surdo e gago e a cura de um cego); uma parábola (Mc 4.26-29 - A parábola da semente), e alguns versículos isolados; quase todo o Evangelho de Marcos está incluído nas narrativas de Mateus e Lucas. Há semelhanças também entre os três no uso da linguagem, quando os três narram o mesmo episódio ou quando Mateus e Lucas narram.
Para explicar essas semelhanças, há quatro hipóteses: a tradição oral, a interdependência dos autores; um documento original, como fontes dos três evangelhos; muitos documentos, como fontes originais das três narrativas.
A explicação final pode perfeitamente ser esta: Marcos foi o primeiro Evangelho a ser escrito e por isso foi utilizado pelos outros dois como fonte de informação; a Lógia de Marcos, feita no hebraico (aramaico) foi um documento utilizado por Lucas e Mateus para a confecção de seus evangelhos; é provável que houvesse outros documentos utilizados pelos evangelistas, além dos testemunhos de pessoas que participaram dos acontecimentos.
O Evangelho de Mateus aparece em primeiro lugar na ordem cronológica dos sinóticos. O autor desse Evangelho era um publicano, cobrador de impostos, que morava na cidade de Cafarnaum, o qual, nos evangelhos de Marcos e Lucas aparece como Levi, mas no que tem o seu nome, aparece como Mateus (Mt 9.9). A opinião é unânime em aceitar o primeiro sinótico como sendo Mateus; essa ordem vem sendo seguida desde os tempos primitivos, em todas as traduções. É o que possui provas mais evidentes de que foi escrito para os judeus, sem incluir os demais povos; considerando-se que os judeus eram os que estavam mais próximos de JESUS, por ser Ele do povo judeu; eram os mais necessitados do momento e para eles foi escrito especialmente a mensagem por Mateus, um judeu. Mateus quis mostrar, através de suas narrativas, a prova de que JESUS era o Messias, na vida de quem se cumpriram as profecias do Antigo Testamento e a exclusão que os judeus sofreriam do povo de DEUS, se rejeitassem esse Messias. Mateus, através de seu Evangelho, ajudava os judeus cristãos a se defenderem nas polêmicas com os demais judeus. O Evangelho foi escrito em arameu, porque a língua hebraica, no tempo de JESUS, era entendida somente pelos eruditos. O Evangelho escrito em grego coincide plenamente com o escrito em arameu. Mateus está muito bem escrito e ordenado; Mateus soube selecionar o material existente e agrupá-lo; ele reuniu acontecimentos e palavras com relação entre si, sem contudo manter uma ordem cronológica dos fatos.
Marcos é o sinótico que figura em segundo lugar no cânon do Novo Testamento. A conclusão mais plausível é que Marcos é o Evangelho mais antigo. Se o livro de Atos foi completado enquanto Paulo ainda vivia, entre 63 e 65 d.C., e o Evangelho de Lucas antes de Atos, Marcos foi produzido entre 48 e 55 d.C. De acordo com o que afirmam os antigos historiadores, Marcos escreveu o seu Evangelho sob a influência vibrante do apóstolo Pedro. As informações relativas à ascendência de Pedro sobre o escritor do segundo Evangelho foram registradas na história eclesiástica.
Diz o historiador Pápias que Marcos, tendo-se feito intérprete de Pedro, escreveu com exatidão, se bem que sem respeitar a ordem dos fatos, e sim de acordo com o que se lembrava das coisas que o Senhor disse e fez. Marcos não acompanhou o Senhor, nem o ouviu falar, porém mais tarde, ele acompanhou a Pedro, o qual lhe dava as suas instruções conforme as circunstâncias o exigiam, sem cogitar da ordem sistemática dos ensinos do Senhor.
Uma coisa tinha Marcos em vista: “Era não deixar de escrever nenhuma das coisas que ele tinha ouvido e escrevê-las com exatidão” (Euzébio - História Eclesiástica). Alguns afirmam que o Evangelho de Marcos foi escrito na Itália, porém não há certeza desse fato. O segundo sinótico foi escrito para os gentios. Nele aparece a Pessoa de CRISTO como profeta divino, poderoso em palavras e obras. O conteúdo de Marcos foi construído segundo o conhecido esquema sinótico; possui três partes principais, precedidas por uma breve introdução (Mc 1.1-13): o período galileu da atividade pública de JESUS, até Mc 9.50; o período da Judéia e de Jerusalém e o apocalipse sinótico, até Mc 13; a história da paixão e o relato sobre o sepulcro vazio, seguido da conclusão, até Mc 16.20.
0 terceiro sinótico é o Evangelho de Lucas, o qual além de bom escriba também era médico. Não há dúvida quanto ao autor do terceiro sinótico. Contudo, há dúvidas quanto à data e ao lugar em que foi escrito. Parece haver sido o terceiro na ordem cronológica de publicação. Uma coisa é certa: o Evangelho de Lucas foi escrito antes do livro de Atos dos Apóstolos, pois a primeira declaração desse livro (At 1.1) é uma referência ao terceiro sinótico. "Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que JESUS começou, não só a fazer, mas a ensinar”. O primeiro tratado a que Lucas se refere é o Evangelho que tem o seu nome.
Se Marcos escreveu o segundo sinótico apoiado na palavra e na experiência de Pedro, também é certo que Lucas escreveu o terceiro sob a influência e a eloquência de Paulo; pelo menos o estilo dos escritos de Paulo aparece no que Lucas escreveu. Lucas tem 84 palavras comuns com Paulo; há também afinidade de idéias: como Paulo, Lucas chama a JESUS de Senhor; acentua o universalismo da mensagem de saúde, a igualdade entre judeus e gentios, a vocação dos gentios depois da reprovação dos judeus, etc. É impressionante a semelhança entre o relato da Ceia por Lucas e por Paulo (Lc 22.19-23 e 1 Co 11.23-26).
Podemos resumir o Evangelho nesses tópicos:
Depois de algumas informações sobre a infância de JESUS, sua genealogia, suas tentações e sobre João, o Batista, o Evangelho propriamente dito é dividido em quatro partes:
Atividades de JESUS na Galileia (Lc 4.14-9.50).
Atividades de JESUS durante sua viagem a Jerusalém (Lc 9.51-18.14).
Atividades de JESUS na Judéia e em Jerusalém (Lc 18.31-21.38).
História da paixão e outras informações posteriores (Lc 22.1-24.53).
Apesar de o Evangelho ser dirigido a Teófilo, também se destinava aos cristãos que antes eram gentios, por isso Lucas passa por alto pelas questões que somente tinham valor para os judeus cristãos e enfatiza aquelas que se relacionam mais com os gentios cristãos.
Mateus põe em relevo a JESUS como Rei; Marcos o enfatiza como o Servo do Senhor; Lucas mostra JESUS como o Filho do homem e João detém-se na mensagem de JESUS como o Filho de DEUS.
O quarto Evangelho tem características peculiares, focalizando fatos que os três primeiros não mencionam, isto é, o quarto Evangelho que João escreveu, por isso mesmo, não foi incluído entre os sinóticos, exatamente por ter forma e características diferentes dos outros.
Sinóticos são os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. A razão por que são chamados assim é o fato de apresentarem grandes semelhanças na narração dos acontecimentos da vida e do ministério, de JESUS CRISTO
 
 
 
EVANGELHOS - Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
 
Os quatro primeiros livros do cânon do NT - Mateus, Marcos, Lucas e João - são chamados de Evangelhos porque são os registros escritos das primeiras pregações das boas novas a respeito de CRISTO. Eles constituem um tipo distinto de literatura. Não são biografias completas, pois não tentam narrar todos os fatos da carreira de JESUS; nem são apenas histórias; nem são sermões, embora incluam pregações e discursos; também não são apenas relatos de notícias. Todos esses elementos aparecem neles, combinados em uma nova forma de organização que aparece apenas nos escritos cristãos. Estes escritos tinham a finalidade de expressar a mensagem básica dos primeiros pregadores cristãos que foi escrita para instruir os crentes na certeza de sua fé.
Os primeiros três, por causa de sua semelhança tão próxima uns com os outros em conteúdo e em pontos de vista, são chamados de Evangelhos Sinóticos. Embora sejam diferentes em muitos aspectos, eles seguem a mesma ordem geral de eventos, e lidam grandemente com o ministério de JESUS na Galileia. João, o quarto Evangelho, contém uma seleção diferente de eventos, narra principalmente a obra de JESUS na Judéia, e interpreta sua vida sob um ponto de vista mais teológico do que os outros.
Desde o período inicial da igreja cristã os Evangelhos foram reconhecidos como registros válidos da vida de JESUS, O primeiro escritor a mencioná-los pelo nome foi Pápias de Hierápolis, que viveu no primeiro terço do século II. De acordo com o registro mostrado na obra Historia Ecclesiae de Eusébio (iii.39), de 350 d.C., Pápias relatou que “Mateus compôs sua história no dialeto hebreu...”, e que “Marcos, sendo o intérprete de Pedro, registrou tudo com grande exatidão, porém não na ordem em que as palavras foram faladas ou na ordem em que as obras foram realizadas pelo Senhor...”. Justino Mártir (aprox. 150 d.C.), mencionou “as memórias dos apóstolos, que são chamadas de Evangelhos”, “compostas pelos apóstolos e por aqueles que os seguiram" (I Apology 66-67; Dialogue with Trypho, 10, 100, 103). Tatiano, um escritor gnóstico da metade do século II, combinou os quatro Evangelhos em uma harmonia. Eles elevem, portanto, ter sido conhecidos e aceitos como uma obra de reconhecida autoridade antes do início do século II. Outras obras do início do século II, como o Didache, a Epístola de Inácio e a Epístola de Barnabé, contém alusões que podem ser identificadas como provenientes do Evangelho, principalmente do relato de Mateus. A recente descoberta do Evangelho Segundo Tomé, contendo exemplos muito antigos das palavras de JESUS, simplesmente confirma a existência prévia dos escritos básicos do Evangelho.

A Origem dos Evangelhos
A igreja cristã não começou seu evangelismo pela distribuição de literatura, mas pela pregação pública. O testemunho dos apóstolos estava centralizado na morte e ressurreição de JESUS CRISTO (At 4.10), que, de acordo com Paulo, “por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação״ (Rm 4.25). Aonde quer que os primeiros discípulos fossem, eles proclamavam a vinda de JESUS como o Messias prometido do AT, e contavam a história de sua vida e obras. Os eventos progressivos de sua paixão constituíram a mensagem inicial pregada em qualquer localidade estabelecida. Paulo lembrou os Coríntios de que ele lhes havia declarado, “primeiramente”, que “CRISTO morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e que foi visto,,.״ (1 Co 15.3-5). Sem dúvida alguma, porém, os apóstolos não se restringiram a estes poucos fatos, pois os seus ouvintes teriam desejado mais informações a respeito de JESUS, Os eventos significativos de sua vida devem ter sido narrados em ordem, trazendo um relato que geralmente corresponde ao conteúdo dos Evangelhos existentes.
Por causa do grande número de testemunhas e da ampla variedade de discursos, parábolas e episódios atribuídos a JESUS, deve ter havido muitas versões da história do Evangelho. Os fatos principais, porém, estavam bem claros e fixados nas mentes e nos corações, e, consequentemente, a tradição do Evangelho, como esta pregação oral pode ser chamada, tendia a ser uniforme em conteúdo.
Desde o início, os novos discípulos foram instruídos formalmente no “ensino dos apóstolos” (At 2.42), que deve ter contido a história e a interpretação da vida, morte e ressurreição do Senhor JESUS. Sem tal ensino, a igreja cristã teria perdido sua mensagem distinta. Embora a pregação oral possa não ter se tornado estereotipada, a constante repetição e uso do material na instrução dos crentes, provavelmente deram a ela uma forma relativamente estabelecida. Lucas faz alusão a tal procedimento ao escrever a seu amigo Teófilo: "... para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado...” (do grego, catequisado; Lc 1.4). Este termo grego sugere a comunicação de conhecimento pela palavra falada, e pode referir-se ao ensino formal. Teófilo já havia sido informado oralmente sobre o conteúdo geral do Evangelho; Lucas fez um relato escrito deste material, para confirmar os fatos que já conhecia.
Uma vez que os novos crentes precisavam constantemente de instrução, e visto que as testemunhas originais estavam gradualmente tornando-se indisponíveis, seja por causa da dispersão ou por causa da morte, foi necessário ter um registro mais permanente. A transição da pregação para a literatura não foi preservada de nenhum relato único, e deve ser derivada por inferência das sugestões que sobrevivem nos Evangelhos existentes e em outros escritos antigos. Várias teorias foram apresentadas para explicar a origem dos Evangelhos, particularmente os Sinóticos, que apresentam a questão peculiar de semelhanças verbais próximas em algumas partes, e de conteúdo largamente diferente em outras. A existência destas similaridades e diferenças originou o “problema Sinótico”. Se estes três Evangelhos foram compostos independentemente, por que se assemelham de maneira tão próxima? Se não são independentes, por que diferem uns dos outros? Veja também Evangelhos Sinóticos. Tradição oral. Os apóstolos de JESUS que haviam se associado intimamente com Ele durante os anos de seu ministério, teriam uma vasta riqueza de reminiscências das quais poderiam extrair o perfil de sua vida e as ilustrações de seus ensinos. Uma vez que seria impossível narrar em uma única mensagem tudo o que Ele fez e disse, os fatos teriam qne ser selecionados para que apenas os mais significativos fossem usados. Ao pregarem, eles tendiam a repetir os eventos e ensinos essenciais, tais como o Sermão da Montanha, ou o relato da paixão, e omitir os eventos menores que pareciam de menor importância. Esta constante repetição cristalizava a mensagem de forma a tornar-se uniforme com variações ocasionais. Ao escrever, cada escritor repetiu a narrativa principal, tentando reproduzi-la de acordo com as necessidades de seu público e com seu propósito divinamente concedido. Os fatos gerais e seus respectivos significados seriam assim os mesmos para todos; a organização e as ilustrações seriam diferentes. As semelhanças nos Evangelhos dessa forma repetem os fatos comuns a todas as pregações da mensagem pela igreja; as diferenças são o resultado de uma seleção variada de episódios e pronunciamentos ajustados para o propósito do autor.
As teorias interdependentes. A explicação das semelhanças e diferenças nos Sinóticos pela reprodução de várias partes da tradição oral, algumas idênticas e algumas diferentes, não satisfez os estudiosos do final do século XVIII. Estes e seus sucessores mostraram que as semelhanças eram muito próximas para serem explicadas pela transmissão puramente verbal. Eles argumentaram que os Evangelhos devem ser dependentes uns dos outros. Todas as trocas de ordem possíveis foram sugeridas, mas nenhuma pôde provar um caso conclusivo. A interdependência tem sido geralmente abandonada como uma explicação do problema Sinótico.
As teorias documentárias. Uma teoria mais recente propõe que os Sinóticos basearam- se em duas fontes primárias; o Evangelho de Marcos e uma coleção hipotética das palavras e parábolas de JESUS chamada “Q”, do alemão Quelle significando “fonte”. A teoria deve sua origem à observação de que quase todo o conteúdo de Marcos está embutido em Lucas e Mateus, e que embora Marcos e Mateus possam harmonizar-se contra Lucas, ou Lucas e Marcos contra Mateus, Mateus e Lucas nunca se harmonizam contra Marcos. “Q” foi presumi dam ente reconstruído a partir do material de discurso comum existente em Mateus e Lucas que não ocorre em Marcos. De acordo com esta teoria de “dois documentos”, Marcos incorporou os fatos principais da vida de JESUS como foram correntemente pregados e ensinados na igreja. *Q” era composta por palavras e atos de JESUS que se tornaram conhecidos por proclamação, mas não era uma narrativa organizada. B. H. Streeter (The Four Gospels, 1936) estendeu sua hipótese para incluir duas outras “fontes”, “M” para o material peculiar de Mateus, e “L” para a contribuição específica de Lucas.
Uma defesa plausível para a hipótese documentária geral pode ser oferecida com base em que quase toda a narrativa de Marcos está incorporada em Mateus e Lucas, e que se sabe que existiram coleções semelhantes a “Q”. Fragmentos em papiro das palavras de JESUS foram descobertos em montes de entulho no Egito (veja B. P. Grenfell e A. S. Hunt, The Logia of JESUS, e R. M. Grant, The Secret Sayings of JESUS, Nova York. Doubleday, 1960).
Tal teoria, porém, levanta sérias dúvidas a respeito da independência e exatidão de Mateus e Lucas. Se os escritores destes documentos incorporaram Marcos na íntegra, ou com modificações e acréscimos quando consideraram ser adequado, eles produziram obras que podem ser classificadas com a dele por sua autoridade e importância? Além disso, nenhum traço de “Q” jamais foi encontrado. Sua existência é puramente conjectural, baseada na pressuposição de que Mateus e Lucas devem ter tido uma única fonte para seu material “não-marcosiano” comum. A construção da teoria é totalmente subjetiva, e há um desacordo entre os seus proponentes com relação à afirmação de que porções do texto do Evangelho podem ou não pertencer a *Q”. E. F. Scott, que aceita a hipótese documentária, admite que “Q” não representa um único documento, mas uma série de coleções das palavras de JESUS que podem ter existido em muitas cópias ou edições (E. F. Scott, Literature of the New Testament, p. 41).
Embora seja possível que os escritores dos Evangelhos tenham usado fontes escritas, não há motivo para que eles não pudessem ter dependido grandemente do conhecimento direto ou de informações orais diretas para a redação da parte mais volumosa de seu material; e há pouca evidência convincente para o apoio das teorias que colocam a época da produção dos Evangelhos no final do século I ou no início do século II. Os próprios escritores poderiam ter fornecido a maior parte do material creditado às “fontes". A teoria de Streeter não necessita de duas fontes adicionais; ele simplesmente atribuiu as cartas aos próprios autores.
Formgeschichte. A teoria da Formgesckichte, uma palavra alemã que significa “história da forma” (cujo título em inglês é Form Criticism) foi proposta por Martin Dibelius em 1919, que tentou penetrar na tradição oral que está por trás das “fontes”. Ele sugeriu que o material do qual os Evangelhos foram redigidos originalmente circulou como curtos relatos independentes que poderíam ser classificados por sua forma literária, para os quais ele propôs uma série de títulos: “A História da Paixão” quando se trata do final da vida de JESUS; “Paradigmas”, ou histórias das obras de JESUS que foram usadas como ilustrações de sua mensagem; “Contos”, ou eventos miraculosos que foram narrados por trazerem prazer aos ouvintes; “Lendas”, ou histórias aa vida de homens santos, citados como exemplos; “Palavras”, pronunciamentos epigramáticos de JESUS que foram usados em exortações. De acordo com esta teoria, a partir da variada série de citações e ilustrações, os primeiros sermões foram compostos e mais tarde editados nos Evangelhos. Embora não seja impossível que palavras e atos separados de JESUS possam ter sido citados e registrados nos Evangelhos, podemos ter dúvidas ao considerarmos se um processo tão complicado realmente ocorreu. Cada um dos Evangelhos possuí marcas de uma organização intencional ao invés de ser um acúmulo acidental da tradição circulante.
A evidência mais clara disponível a respeito da origem dos Evangelhos Sinóticos pode ser compilada a partir da introdução de Lucas. O escritor reconhece logo de início que outros tentaram produzir narrativas da vida de JESUS (1.1), mas havia duas possibilidades: (a) ele não as considerava confiáveis, ou (b) não estavam disponíveis aos seus destinatários. A sua declaração, “Igualmente a mim me pareceu bem... dar-te por escrito uma exposição em ordem* (1.3), mostra que ele presumiu ter um direito igual ao dos outros de redigir um documento a respeito da vida de JESUS, e que ele possuía informações que eram superiores em qualidade. A essência de seu relato não seria um romance, mas dizia respeito aos fatos que entre eles se realizaram (fatos que já estavam totalmente estabelecidos; 1.1). Lucas tinha como certo que eles foram aceitos pela igreja como um todo, e afirmou que lhe haviam sido transmitidos por homens "que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra* (1.2). A palavra “ministro” é idêntica à palavra usada em Atos 13.5 para descrever João Marcos que era o auxiliar de Barnabé e Paulo no início de seu ministério. Visto que Lucas não estava com eles naquele momento, ele pode ter obtido de Marcos parte da informação contida em seu Evangelho - um fato que poderia explicar até certo ponto a identidade da redação. Qualquer que seja o caso, Lucas foi cuidadoso e utilizou informantes autorizados. Além disso, ele foi contemporâneo ao curso geral dos acontecimentos (1.3), alerta e consciencioso tanto na coleta quanto na transmissão da informação. Embora os outros dois escritores dos Evangelhos Sinóticos não expliquem seus procedimentos com uma clareza similar, a ordem e conteúdo gerais de suas narrativas revelam igual exatidão.
As palavras que concluem o quarto Evangelho vertem uma luz adicional sobre esta questão de composição. O escritor declara que 1'Jesus... operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais...” (Jo 20.30,31). João foi seletivo, tomando do grupo de fatos sobre a vida e o ensino de JESUS somente os itens que serviriam para seu propósito. Seu Evangelho tem um objetivo específico, e ele usou apenas os materiais que o capacitaram a atingir seu alvo. Uma vez que os Evangelhos não pretendiam ser exaustivos, não se deveria esperai que fornecessem um relato completo de tudo o que JESUS disse e fez, nem deveriam ser considerados imprecisos por diferirem entre si.
Talvez a melhor explicação do processo de escrita seja que cada um dos quatro autores tentou apresentar a mensagem central sobre JESUS ao seu próprio leitor, e consequentemente usou e organizou os materiais de forma independente. Por outro lado, a mensagem havia sido tão frequentemente repetida que grande parte dela já estava fixa quanto à forma, e assim seria expressa em uma fraseologia idêntica por qualquer pessoa que a utilizasse. Além disso, não é impossível que os três autores, Mateus, Marcos e Lucas, possam ter se encontrado em um ou outro momento em suas carreiras, e trocado observações. A possibilidade de contato pessoal é ao menos tão válida quanto a da dependência documentária.
 

O Evangelho de Mateus
Mateus é o Evangelho que se conhece há mais tempo, e o mais largamente usado dentre os demais Evangelhos. Como observado anteriormente, Eusébio, um historiador do século IV d.C., citou Pápias que disse que “Mateus compôs sua história no dialeto hebraico, e todos a traduziram como puderam” (Eusébio, Historia Ecclesiae, iii.39). Uma vez que Eusébio não citou tudo o que Pápias disse, o significado é incerto. Por “hebraico” Pápias poderia querer dizer aramaico, que era falado de forma corrente na Palestina judaica. Ele sugere que Mateus contribuiu com alguma informação clara a respeito de JESUS, que precedeu a expansão gentílica da igreja, e que consequentemente deve ter sido conhecida antes de 50 d.C. As citações ou alusões do Evangelho no Didache (125 d.C.), na Epístola de Barnabé (150 d.C.), na Epístola de Inácio aos Esmirnianos (118 d.C.), e no Dialogue with Trypho, xlix (aprox.140 d.C.) de Justino Mártir, está mais de acordo com Mateus do que com qualquer outro Sinótico. O Evangelho deve ter estado em circulação no final do século I, e provavelmente em uma data bastante anterior. Pouco é conhecido sobre o autor tradicional. Mateus (Levi, como os Evangelhos o chamam) era um cobrador de impostos, nas proximidades de Cafarnaum (Mt 9.9,10). Ele recebeu JESUS em um jantar em sua casa, e abandonou sua profissão para tornar-se um discípulo, Não ná nenhuma outra menção dele exceto na lista geral de apóstolos (Mc 2.14; Lc 6.15; At 1.13). Ele deve ter sido culto, pois deve ter sido obrigado a cuidar de registros e contabilidade quando serviu ao governo. Veja Mateus.
À data do Evangelho de Mateus é desconhecida, mas seu silêncio quanto à destruição de Jerusalém, seu interesse pela profecia judaica, e sua consciência do sentimento judaico (Mt 28.15) apontam para uma origem não muito posterior a 50 d.C. Visto que o Evangelho atual existe somente em grego, pode ser que seu largo uso entre os cristãos gentios tenha começado com a dispersão de Antioquia, e que tenha sido extensivamente circulado pela primeira vez ali entre 50 e 65 d.C. Irineu (aprox. 180 d.C.) declarou que ׳Mateus também foi o autor de um Evangelho escrito entre os hebreus em seu próprio dialeto” (Against Heresies iii, 1,1), confirmando a declaração de Pápias. Talvez o Evangelho de Mateus tenha sido o primeiro a incorporar, em um único relato, os ensinos de JESUS que Mateus havia transcrito, e os atos de JESUS que formavam o ponto central da pregação apostólica, como proclamado por Pedro e mais tarde sintetizado por Marcos.
Este pode ter sido o relato escrito mais antigo usado na transição da igreja aramaica de Jerusalém para a igreja grega da missão gentílica.
O tema do Evangelho é a apresentação de JESUS CRISTO como o Messias, um tópico proeminente na pregação apostólica primitiva. A genealogia de abertura mostra que JESUS é o herdeiro das promessas feitas a Abraão e Davi, Por seis vezes nos primeiros quatro capítulos (Mt 1.22,23; 2.5,6,15,17,18; 3.3; 4,14! os eventos em sua vida estão ligados ao cumprimento de profecias. O Sermão do Monte enfatiza a relação de JESUS com a lei (5.17-20). Ele reivindicou ser um profeta maior do que Jonas, e um rei maior do que Salomão (12.41,42). Ele aceitou e elogiou a confissão de Pedro de que Ele era o Messias (16,13-20), e confirmou esta reivindicação estando sob juramento diante do sumo sacerdote (26.63,64).
O tratamento que Mateus dá ao Evangelho é predominantemente tópico. Ao invés de narrar as atividades de JESUS através de episódios curtos, como Marcos o faz, ele prefere usar grandes blocos de texto, cada um dos quais é dedicado a algum aspecto da vida e do ensino de CRISTO. Os primeiros quatro capítulos dizem respeito, pincipalmente, à relação do AT com a vinda do Messias. O Sermão do Monte (caps. 5-7) é uma amostra da pregação de JESUS que afirma seus princípios éticos essenciais, e resume o principal conteúdo do seu ensino. Um outro conjunto de textos, de 8.1 a 11.1, forma uma lista de milagres de vários tipos. Todos ilustrando o poder de JESUS sobre a natureza, a enfermidade e a morte. O capítulo 13 contém oito parábolas do Reino, retratando tanto os seus aspectos internos como externos. O conflito de JESUS com seus adversários ocupa os caps. 19- 25, incluindo o famoso Discurso no Monte das Oliveiras (24—25). O restante do Evangelho é dedicado à narrativa da paixão.
A estrutura segue geralmente o padrão cronológico dos outros Sinóticos. Na sequência biográfica não se diferencia deles grandemente, embora contenha algum material que lhes falta. As duas maiores seções do livro são marcadas pela frase “desde então” ou “desde esse tempo/daí por diante” (4,17; 16.21), que introduzem em primeiro lugar o início do ministério público popular de JESUS, e, em segundo, a etapa que culminou com a crucificação, Mateus combina todas estas situações na carreira de JESUS com sua manifestação messiânica.
Várias características do Evangelho de Mateus não são duplicadas nos outros Evangelhos, O sonho de José (1.20-24), a visita dos magos (2.1-12), a fuga para o Egito (2.13- 15), a matança dos meninos em Belém (2.16), o sonho da esposa de Pilatos (27.19), o suicídio de Judas (27.3-10), a ressurreição dos santos mortos por ocasião da crucificação (27.52), o suborno dos guardas (28.12-15), e a responsabilidade batismal (28,19,20) não aparecem em nenhuma outra passagem. Dez parábolas são relatadas somente por Mateus, a do joio (13.24-30,36-43), a do tesouro escondido (13.44), a da pérola (13.45,46), a da rede (13.47-50), a do credor incompassivo (18.23-35), a dos trabalhadores ua vinha (20.1-16), a dos dois filhos (21.28-32), a das bodas do filho do rei (22.1-13), a das dez virgens (25.1-13), e a dos talentos (25.14-30).
Este Evangelho enfatiza discursos e ensino. Sete discursos importantes são registrados, a pregação de João (3.1-12), o Sermão do Monte (5,1-7.29), a incumbência dos discípulos (10.1-42), as parábolas do reino (13.1- 52), o significado do perdão (18.1-35), advertência e predição do fim (23.1-25.46), e a Grande Comissão (28.18-20). A ênfase está colocada muito mais no ensino do que na ação ou no desenvolvimento do caráter.
Este Evangelho é o único no qual a igreja é mencionada (16.18; 18,17). A inclusão das referências de JESUS à igreja indica que o autor estava interessado na ascensão e no crescimento da instituição. Talvez ele tivesse em mente o desenvolvimento da igreja em Antioquia.
 

O Evangelho de Marcos
Começando com Pápias, os primeiros escritores da igreja unanimemente atribuem o segundo Evangelho a João Marcos, um jovem companheiro do grupo apostólico. A tradição corrente do século II foi bem resumida por Irineu (aprox. 180 d.C.): “Depois de sua partida [de Pedro e de Paulo], Marcos, o discípulo e intérprete de Pedro, também nos entregou por escrito o que havia sido pregado por este apóstolo” (Against Heresies iii. 1.1). Esta declaração é repetida em essência por Orígenes de Alexandria (aprox. 250 d.C.), por Tertuliano de Cartago (aprox. 200 d.C.) e por Jerônimo (aprox. 400 d.C.) o tradutor da Vulgata Latina. Nem em bases internas ou externas há qualquer boa razão para desafiar a autoria tradicional. A narrativa direta e simples de Marcos combina bem com o caráter conhecido de Pedro, e com o tipo de pregação que era empregada na Era Apostólica.
De acordo com os registros do NT, João Marcos era filho de uma mulher chamada Maria que possuía uma casa em Jerusalém, e era suficientemente próspera para ter servos (At
12.12,13). É possível que o “cenáculo” (salão construído em cima do andar térreo de uma casa) da última ceia tenha sido em sua casa, e que a reunião de oração pré-pentecostal tenha ocorrido ali. João Marcos devia ser conhecido de todos os apóstolos, e devia estar familiarizado com sua pregação. É provável que possa ter visto JESUS durante a última semana de sua vida, se não antes. Ele era primo de Barnabé, que o levou a Antioquia para trabalhar na igreja consigo e Paulo (At 12.25). Ele acompanhou Barnabé e Paulo em sua primeira viagem missionária (13.5), mas os deixou em Perge (13.13). Paulo recusou-se a levá-lo na segunda viagem missionária (15.36-39), mas Marcos continuou em serviço com Barnabé. Ele evidentemente teve êxito, pois nas cartas posteriores de Paulo, Marcos é recomendado como um obreiro cristão (Cl 4.10; 2 Tm 4.11), Veja Marcos.
Marcos estava qualificado a escrever uma narrativa da vida de JESUS, porque ele era conhecido pessoalmente do grupo apostólico, havia participado do ministério evangelístico da igreja, e pode ter sido testemunha ocular das últimas cenas da carreira do Senhor JESUS. Duas referências no Evangelho aparentemente apontam para Marcos. Uma faz alusão a um jovem que estava no jardim do Getsêmani quando JESUS foi capturado, e que escapou acanhadamente das garras do grupo que procurava prender os cristãos (Mc 14.51,52). O episódio não ocorre nos outros relatos, e é irrelevante para o ensino principal da passagem. Ele só assume um significado se for uma experiência do escritor, que fala a partir de um conhecimento direto. Talvez Marcos, curioso sobre o destino de JESUS, tenha ido ao jardim para investigar, e quase tenha sido envolvido na captura. Ele pode ter sido a única testemunha da oração que o Senhor fez naquela ocasião. A outra referência diz respeito a Simão, o Cireneu, que carregou a cruz de JESUS. Marcos informa ao leitor que Simão era pai de Alexandre e de Rufo (15.21). Não teria havido nenhum motivo para esta declaração se o autor não esperasse que os dois homens fossem conhecidos de seus leitores. Evidentemente ele era contemporâneo da geração que se seguiu imediatamente à geração de JESUS. Embora esta alusão não o identifique definitivamente como Marcos, ela o coloca no período e círculo ao qual Marcos pertencia.
O local da escrita é incerto, mas a tradição geral liga a publicação do Evangelho de Marcos com Roma. O estilo claro, conciso e elegante recorreria ao pensamento prático romano, pois ele enfatiza a ação ao invés do ensino. No texto grego há mais latinismos aqui do que nos outros Evangelhos, tais como as palavras “censo” para “tributo” (12.14); “especulador” para “executor” (6.27); phrageüoun para o latim flagellare, *açoitar* (15.15); e centúria para “centurião” (15.39), onde Mateus e Lucas empregam um equivalente grego. Se Marcos não estivesse escrevendo para um público romano, ele pode ter sido influenciado pot um ambiente romano. Possivelmente ele tenha composto a essência do Evangelho na Palestina e terminado em Roma. Pode ter sido escrito como um resumo da pregação apostólica para os gentios, para fornecer uma síntese da fé cristã para os primeiros convertidos.
O conteúdo do Evangelho é breve, mas inclusivo, Ele contém um mínimo de material de discurso e um máximo de ação, comprimido em uma série de episódios de retratos tirados de forma indiscreta e informal. Cada um apresenta JESUS em alguma apresentação ou ação, e Sequer uma reação pessoal por parte do leitor. Em muitos casos a reação do público a JESUS faz parte da narrativa.
Os últimos 12 versículos do Evangelho estão faltando nos manuscritos mais antigos do NT, o Códice Vaticanus e o Códice Sinaiticus, ambos do século IV. Várias outras cópias ou os omite, ou os marcam com um asterisco para indicar que eles não estão contidos em todas as fontes conhecidas ao escriba, e vários dos patriarcas da igreja primitiva nunca os citam. Na tradição ao manuscrito existente há três finais diferentes: o final mais longo familiar à maioria dos leitores, e dois mais curtos que são obviamente tentativas de preencher uma lacuna. E possível que Marcos pretendesse concluir seu Evangelho em 16.8, como R. H. Lightfoot argumenta (Locality and Doctrine in the Gospels, pp. 1-23), mas o final é tão abrupto que alguns estudiosos consideram provável que tenha havido algum dano no manuscrito original. O final mais longo, que está impresso na maioria das traduções, pode datar ao século II, e representa um resumo muito antigo dos eventos pós ressurreição, seja de Marcos ou não.
O Evangelho de Marcos tem certas características hem definidas. Ele enfatiza a ação ao invés do ensino. Pouquíssimos discursos ou parábolas de JESUS são relatados, mas Marcos narra mais milagres do que qualquer dos outros escritores dos Evangelhos em proporção à sua extensão. Ele usa o tempo verbal presente histórico 151 vezes para tornar a história vivida. A sua linguagem é sucinta, porém ilustrativa: “Viu os céus abertos" (1.10); “A manada [de porcos] precipitou-se por um despenhadeiro no mar” (5.13); “E riam-se dele" (5.40); “Tinham também uns poucos peixinhos” (8.7). As palavras em itálico ilustram a qualidade concisa e vigorosa da escrita de Marcos. A narrativa move-se rapidamente, e está mais preocupada em mudar as cenas do que com a continuidade do raciocínio. Entretanto, este Evangelho transmite um quadro claro de JESUS, e, a partir da variedade de seus atos, compõe um retrato unificado de uma Pessoa sobrenatural que pode perdoar pecados, alimentar multidões famintas, curar os doentes, e debater com êxito com os intelectuais mais brilhantes de sua nação.
Marcos especializa-se em retratar JESUS através das reações populares que ele evocou. Ele observa repetidamente que as multidões ou discípulos “se admiraram” (1.27), ofendidos por suas reivindicações (2.7), queixosos sobre seu comportamento (2.16), temerosos de seu poder (4.41), “admirados״ por seu ensino (10.26; 11,18), surpresos por sua sabedoria (12.34). Há 23 expressões de sentimento como estas que refletem as impressões que JESUS deixou sobre aqueles que o conheceram. Marcos não tenta fazer uma avaliação geral de JESUS; ele simplesmente registra as reações populares, e deixa que o leitor forme os seus próprios julgamentos.
O propósito deste Evangelho parece ser evangelístico. Ele contém menos ensino do que Mateus e é menos apologético do que Lucas. O estilo é o de um pregador de rua, que tenta manter o interesse de seus ouvintes por historietas vividas, sentenças interessantes, e aplicações pungentes da verdade. Marcos faz com que os seus leitores sintam que ele testemunhou as cenas descritas no Evangelho, e evoca deles a resposta que o próprio Senhor JESUS teria criado.
 

O Evangelho de Lucas
Existem mais informações a respeito da composição do terceiro Evangelho do que sobre a origem de Mateus e Marcos, pois o autor forneceu uma breve introdução (Lc 1.1-4) que explica seu método e propósito ao escrever. Este prefácio é uma cnave para o livro, que propicia ao leitor entender os motivos que levaram à escrita do Evangelho e as circunstâncias sob as quais ele foi produzido. Uma comparação desta introdução com a do livro de Atos mostra que os dois documentos foram escritos pelo mesmo homem, pois ambos foram dirigidos a Teófilo; e a introdução de Atos (1.1-5) fala de um “primeiro tratado” contendo a vida e as obras de JESUS. Uma vez que o vocabulário e o estilo das duas obras são estreitamente parecidos, não pode haver nenhuma dúvida de que eles tiveram um autor em comum.
Este autor foi sem dúvida alguma Lucas, um companheiro de Paulo, que é mencionado nas epístolas como “o médico amado” (Cl 4.14). O local de seu nascimento é desconhecido, embora possa ter sido Antioquia da Síria, com o qual ele parecia estar familiarizado. Ele juntou-se ao grupo de Paulo em Trôade, por ocasião de sua segunda viagem (At
16.10), e viajou com ele a Filipos, onde provavelmente permaneceu como pastor da igreja até Paulo retomar em sua terceira viagem (At 20.6ss.). Por todo o resto do itinerário de Paulo, Lucas foi um companheiro constante, exceto que ele parece ter estado em liberdade durante o aprisionamento de Paulo em Cesaréia, pois não é mencionado no relato. Ele juntou-se novamente a Paulo na viagem a Roma (At 27.1,2 ss.) e permaneceu com ele pelo resto de sua vida (2 Tm 4.11).
Veja Lucas.
A tradição antiga unanimemente credita esta obra a Lucas. Justino Mártir (140 d.C.) definitivamente citou Lucas 23.46, e fez constar sua citação nas “memórias” (Dialogue with Trypho cv). O Fragmento Muratoriano (170 d.C.) atribuiu o terceiro Evangelho a Lucas. Tatiano (140-150 d.C.) o incluiu em sua obra Diatessaron. Márcion, o gnóstico (140 d.C.), aceitava Lucas como o único Evangelho em seu cânon, embora ele tenha alterado seu texto consideravelmente. Irineu (170 d.C.) o citou extensivamente e reconheceu Lucas explicitamente como seu autor (Against Heresies iii.1.1).
A opinião tradicional é apoiada pela evidência interna, pois Lucas é o único dos companheiros de Paulo que poderia ter escrito o livro de Atos e, consequentemente, este Evangelho. A linguagem de ambos os livros mostra o interesse de um médico pelos enfermos, e parte do seu vocabulário é o que um médico empregaria e não um leigo. Marcos (1.30), ao descrever a enfermidade da sogra de Pedro, diz que ela achava-se acamada com febre, mas Lucas (4.38) diz que ela achava-se enferma com “muita febre”. Marcos (1.40) fala de um leproso; Lucas (5,12) diz que ele estava “cheio de lepra”. Marcos (3.1), ao descrever um paralítico, diz que ele tinha uma mão mirrada; Lucas (6.6) observa que sua mão direita estava afetada. Marcos (5.25,26) diz que a mulher com o fluxo de sangue não foi ajudada pelos médicos, pelo contrário, piorou; Lucas (8.43,44) sugere que ela era um caso incurável.
Cadbury tinha a opinião de que a linguagem de Lucas não é um jargão técnico de um médico porque não havia nenhum nos dias do NT (The Style and Lüerary Method of Luke, em Harvard Theological Studies, VI, 39ss.). Cadbury pode estar certo ao pensar que os médicos gregos não tinham uma terminologia médica separada no século I, mas seu argumento não muda o fato de que o vocabulário de Lucas demonstra interesses e pontos de vista de um médico.
Além disso, o escritor parece ter tido acesso a alguns informantes que estariam disponíveis somente a uma pessoa que frequentasse tanto os círculos oficiais como os primeiros companheiros de JESUS e os apóstolos, Os dois primeiros capítulos contêm fatos que só poderiam ser obtidos junto à família de JESUS. O autor conhecia alguns dos apóstolos; entre as mulheres ele menciona Maria Madalena, e Joana, a mulher de Cuza, o procurador de Herodes, que teria conhecido a corte de Herodes; e é possível que ele tenha se tornado conhecido de algumas das pessoas mencionadas neste Evangelho, tais como Zaqueu, o publicano de Jericó (19.2), e Cleopas, um dos dois que viajaram para Emaús no dia da ressurreição (24.13,18). Algumas destas testemunhas, por causa de suas convicções, haviam se tornado cooperadores ativos na igreja, “ministros da palavra1.2) ״). Tanto por sua experiência como por sua posição, elas seriam uma fonte adequada de informações confiáveis. Lucas afirma que ele havia sido contemporâneo destes homens (“Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram״) por um período considerável, e que ele estava, portanto, qualificado para escrever sobre seu testemunho.
A introdução de Lucas sugere que vários relatos da vida de JESUS já estavam em circulação quando ele compôs seu Evangelho (1.1). Não está muito claro se ele declarou este fato unicamente para justificar seu direito de produzir um outro relato, ou se estava insatisfeito com o alcance e a precisão daqueles que já haviam sido escritos. Seja qual for o caso, algumas tentativas de escrever os fatos a respeito de JESUS já haviam sido feitas, para que a igreja não ficasse desprovida de literatura. Este Evangelho pressupõe uma demanda para tais obras, e o uso de documentos para propagar a fé.
O conteúdo do Evangelho de Lucas, de acordo com seu próprio testemunho, consiste “dos fatos que entre nós se cumpriram” (1.1). Uma nota na margem da versão ASV em inglês traz a expressão “estabelecido totalmente”, e esta significa “os fatos geralmente aceitos como estabelecidos”. Lucas não estava tentando introduzir um novo ensino, mas estava transcrevendo a história geral da vida de JESUS como havia sido confirmado por sua própria investigação, ou pelo relato de testemunhas confiáveis. Estes fatos não eram novidades ao seu leitor, pois ele havia sido “instruído” neles. A palavra “instruído” significa literalmente, “ser informado através da palavra falada”, e pode conotar um curso normal de instrução ou discipulado, Evidentemente Lucas não se restringiu a repetir o ensino da igreja, mas ele aparenta transmitir a essência da instrução oral comum fortalecida pela informação que ele havia adquirido, e motivado pela consciência de que ele possuía a autoridade da verdade.
Lucas não especificou se por “ordem” ele quis dizer sequência cronológica, continuidade lógica, ou procedimento homilético. Em geral, sua narrativa seguiu a mesma ordem de Marcos e Mateus, com algumas inserções. Talvez Lucas tenha combinado a sequência biográfica ou homilética da pregação corrente com seu próprio propósito didático, pois organizou o Evangelho que traz seu nome e o livro de Atos em torno do ministério do ESPÍRITO SANTO na vida de CRISTO e da igreja primitiva. O propósito dominante deste Evangelho era produzir certeza no raciocínio de seus leitores. O autor não poderia ter atingido este fim se tivesse construído sua narrativa sobre uma ficção ou sobre uma lenda.
Embora a data da produção não possa ser fixada com precisão, é mais provável que o Evangelho tenha sido escrito antes de 62 d.C. Como a primeira metade da obra de dois volumes de Lucas-Atos, ele deve ter sido escrito antes de Atos. O segundo foi provavelmente concluído enquanto Paulo ainda estava vivo, muito provavelmente no final de seu primeiro aprisionamento romano. Se o autor sabia mais a respeito do destino de Paulo do que o livro de Atos registra, seria improvável que ele tivesse terminado sua narrativa sem revelar os fatos. Provavelmente ele não tenha escrito mais por não haver mais o que contar. Os dois anos que Paulo passou em Roma devem ter terminado por volta de 62 d.C. Neste caso, a coleta de material para o Evangelho e sua composição provavelmente precederam esta época. Lucas teria tido ampla oportunidade de entrevistar as testemunhas da vida de JESUS e visitar as cenas de seu ministério durante a prisão de dois anos de Paulo em Cesaréia. Mesmo uma crítica tão radical quanto a de Hamack argumentou que o Evangelho de Lucas não seria posterior a 80 d.C. (veja Adolf Hamack, Luke the Pkysician, p. 163). Pode ser que ele represente de alguma forma o Evangelho que Paulo e outros membros da missão gentílica pregavam.
O local da publicação não está claro. Embora o Evangelho possa ter sido composto durante a primeira parte da prisão de Paulo, ele pode ter sido enviado em particular a Teófilo. Após o término de Atos, ambos podem ter sido dados às igrejas gentílicas gregas. Ambos foram provavelmente publicados antes da destruição de Jerusalém, pois não há nenhuma referência a este acontecimento em suas páginas.
O destinatário está claramente indicado na introdução. O Evangelho foi dedicado ao “excelentíssimo Teófilo” (Lc 1.3). “Excelentíssimo” era um epíteto geral mente reservado para a realeza e a nobreza (At 23.26; 24.3; 26.25). Teófilo era certamente um homem de elevada posição e cultura, provavelmente um oficial do governo, que havia se tornado amigo de Lucas e que era um novo cristão. Talvez a instrução que ele havia recebido na igreja conflitasse com os boatos a respeito de JESUS que lhe haviam sido familiares como um oficial do governo, e ele estava desejoso de certificar-se da verdade da questão. Lucas lhe escreveu como um amigo pessoal que poderia dirimir as suas dúvidas e levá-lo a uma fé inteligente.
O Evangelho de Lucas é o mais literário dos quatro. Sua introdução está intimamente de acordo com a forma literária clássica empregada para os livros. A genealogia, o nascimento, a juventude, e a introdução de JESUS em seu ministério público são descritos com mais detalhes do que nos outros Evangelhos. Na seção do Evangelho que é peculiarmente semelhante aos escritos de Lucas (9.51- 18.14), há várias parábolas e ilustrações que são singulares, e que revelam o discernimento e o arranjo de um artista literário. As parábolas da ovelha perdida, da dracma perdida, e dos dois filhos em Lucas 15 são histórias curtas de alta qualidade. Levando-se em conta o fato de que elas foram originalmente proferidas por JESUS, sua transcrição mostra a mão de um hábil artífice que sabia como escrever eficazmente.
Lucas apresenta CRISTO como o Salvador dos homens, que está interessado nos pobres e oprimidos, e que veio para lhes trazer livramento.
Por causa de seu desejo de tornar a mensagem de CRISTO convincente a Teófilo, ele enfatiza o aspecto histórico do Evangelho. Explica totalmente o ambiente de onde JESUS veio, fornece sua genealogia pela descendência natural ao invés que traçar a linhagem real como faz Mateus, e coloca toda a narrativa em um cenário cronológico que tem relação com a corrente contemporânea dos assuntos do mundo (Lc 2.1,2; 3.1,2). Embora sua abordagem seja menos didática do que a de Mateus, ele inclui uma grande quantidade dos ensinos de JESUS de forma que seu pensamento seja adequadamente representado. Lucas lida mais com as personalidades do que os outros escritores Sinóticos, tanto nos contatos com as pessoas, como nas características literárias de suas parábolas. A ligação do Evangelho com Atos revela sua perspectiva histórica, pois ele estava considerando a vida de JESUS não como uma unidade por si só, mas como uma primeira parte do ministério, que teve sua continuidade através dos líderes da igreja que, finalmente, levaram o Evangelho de Jerusalém, o centro do mundo judeu, para Roma, o centro do mundo gentílico. Ele enxergou no cristianismo a manifestação do plano de DEUS para o mundo, e não simplesmente a origem de uma seita.
A tradição católica romana diz que Lucas foi um artista que pintou um quadro de Maria. Ele foi, seguramente, um artista nas palavras. Somente ele dentre os escritores dos Evangelhos preserva os quatro cânticos: o Magnificat (1.46-55), o Benedictus de Zacarias (1.68-79), o Gloria in Excelsis dos anjos no nascimento de CRISTO (2.14), e o Nune Dimittis de Simeão (2.29-32). Seu vocabulário é variado e colorido. Sua reprodução das parábolas de JESUS, particularmente na seção peculiar a Lucas (9.51- 18.14), revela uma habilidade literária de altíssima qualidade.
O Evangelho é universal em seu apelo. Ele apresenta JESUS como o Filho do Homem, que pertence a toda a humanidade e que se compadece de todos. Somente Lucas relata a parábola do Bom Samaritano, que mostra que o próximo não é determinado pela raça ou pela cultura, mas pelo amor. As mulheres e as crianças obtêm um maior reconhecimento em seu Evangelho do que em qualquer outro. Ele amplia o ministério de JESUS entre os pobres e oprimidos. O Magnificat (1.53) diz:
“Encheu de bens os famintos, despediu vazios os ricos”.
As primeiras palavras de JESUS na sinagoga em Nazaré eram uma citação de Isaías 61.1. “O ESPÍRITO do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres...” (Lc 4.18). Nas parábolas do rico tolo (12.16-21), da grande ceia (14.15-24), e do homem rico e Lázaro (16.19-31), Lucas refletiu a preocupação de JESUS pela difícil situação dos pobres. Lucas enfatiza particularmente dois temas teológicos. A oração é nm dos seus tópicos mais proeminentes. Ele observa a oração de JESUS em seu batismo (3.21), em sua retirada para o deserto (5.16), antes da escolha dos doze discípulos (6.12), antes da predição de sua morte (9.18), antes de ensinar os seus discípulos (11,1), em uma intercessão especial por Simão Pedro (22,32), na oração no Getsêmani (22.41), e na cruz (23.34,46). Um segundo tema é o ESPÍRITO SANTO, que é mencionado mais vezes do que em Mateus e Marcos juntos. Lucas indica que tudo na vida de JESUS foi vivido pelo ESPÍRITO. O ESPÍRITO criou seu corpo (1.35); Ele foi batizado com o ESPÍRITO (3.22), provado pelo ESPÍRITO (4.1), comissionado pelo ESPÍRITO para a obra de sua vida (4.14,18), encoraja apelo ao ESPÍRITO em sua obra (10.21), e Ele ordenou que os seus discípulos aguardassem o ESPÍRITO antes que se incumbissem de seus trabalhos (24.49). Todos estes temas são mencionados pelo livro de Atos, que mostra que eles representam o interesse do autor, e também têm a finalidade de ser os fatos históricos.
O conteúdo doutrinário não é tão pronunciado quanto o de Mateus ou o de João, mas é suficiente para revelar a subcorrente da teologia cristã. Lucas apresenta CRISTO como o Filho de DEUS, cuja filiação é atestada pelos anjos (1.35), pelos demônios (4.41) e por DEUS Pai (9.35). O conceito de salvação é declarado nas próprias palavras de JESUS: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (19.10). No capítulo final, Lucas enfatiza a verdade de que JESUS é o Messias predito pelas Escrituras do AT: “Assim convinha que o CRISTO padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos: e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações...” (24.46,47). O clímax de seu ensino cumpre seu propósito declarado de conferir a certeza espiritual ao seu leitor.
 

O Evangelho de João
O quarto Evangelho difere fortemente dos Sinóticos em conteúdo e organização. A diferença é tão radical que alguns estudiosos têm desafiado sua autenticidade, dizendo que os relatos Sinóticos e os de João a respeito da vida de CRISTO não podem ser ambos verdadeiros. O Evangelho de João não contém parábolas, poucas das palavras epigramáticas de JESUS que são tão comuns nos Sinóticos, apenas sete milagres, cinco dos quais os Sinóticos não registram, e vários discursos longos e argumentativos relacionados com a pessoa de JESUS que os Sinóticos não duplicam. O Evangelho de João é organizado mais como um sermão do que como uma biografia, e lida com a vida de JESUS como um incentivo à fé ao invés de ser uma tentativa de resumir as ocorrências históricas. A autoria de João tem sido negada pelos críticos do século XIS, a partir de Bretschneider (1820), até escritores mais recentes como James Moffatt (Introduction to the Literature ofthe New Testament, pp. 566-619) e Pierson Parker (“John the Son of Zebedee and the Forth Gospel״, JBL, LXXXI [1962], 35-43).
A tradição de que João o filho de Zebedeu foi o escritor é antiga, e é apoiada por consideráveis evidências. O Fragmento Rylands, um pequeno pedaço de papiro contendo em seus dois lados algumas palavras de João, data do primeiro quarto do século II, e demonstra que o Evangelho foi copiado provavelmente em 125 d.C. Há alusões na Epístola de Barnabé (125 d.C.), na Epístola de Inácio (110 d.C.), e na de Justino Mártir (140 d.C.) que parecem ter tido sua origem neste Evangelho. Heracleon, um gnóstico que pertencia a uma escola de pensamento que surgiu entre 140 e 180 d.C., escreveu um comentário sobre o quarto Evangelho. Tatiano (140 d.C.) o utilizou em sua obra Diatessaron, e assim não pode haver nenhuma dúvida de sua existência antes da metade do século II. A partir da época de Irineu (170-180 d.C.) o testemunho dos patriarcas é qnase unânime mostrando que o quarto Evangelho é uma obra autêntica de João, o discípulo amado. O próprio Evangelho contém marcas de sua autoria. O escritor era familiarizado com os costumes e tradições judaicas, e conhecia o AT. Ele era familiarizado com os locais da Palestina, e havia vivido em Jerusalém e seus arredores. Ele professou ter visto JESUS, pois observou que viu “sua glória...” (1.14), e de ter estado presente na crucificação (19.35). Ele registrou a hora em que JESUS sentou-se perto do poço de Sicar (4.5,6), o número e tamanho das talhas de pedra no casamento em Caná (2.6), a relva no lugar onde o Senhor alimentou de mais de 5.000 pessoas (6.10), os vários detalhes a respeito da morte e sepultamento de JESUS (caps. 18- 19), O capítulo final do livro o identifica com o anônimo “discípulo amado” que foi o companheiro de Pedro na expedição de pesca após a ressurreição (21.7) e também na investigação do túmulo (20.2). Ele deve ter sido um companheiro íntimo de JESUS, pois se reclinou perto dele na última ceia. Os discípulos de JESUS que são mencionados pelo nome - Pedro, André, Filipe, ou Natanael - não podem preencher os requisitos e assim ser identificados como este discípulo amado, uma vez que são mencionados na terceira pessoa. Tiago e João, os filhos de Zebedeu, estavam presentes nas ocasiões mencionadas acima, mas Tiago não poderia ter sido o autor uma vez que foi martirizado em uma data anterior, provavelmente por volta de 44 d.C. (At 12.2). Pelo processo simples de eliminação, João, o filho de Zebedeu, é o candidato mais provável à autoria deste livro.
A objeção de que ele era “sem letra e indouto” (At 4.13), de que era galileu e não judeu, e de que seu caráter conhecido não está de acordo com o temperamento do autor, como deduzido a partir dos escritos, não é válida. Falava-se grego na Galileia, e embora João possa não ter sido um homem culto, ele pode ter aprendido a expressar-se em grego simples, porém bom, como se vê no quarto Evangelho. Se o livro fosse escrito no final de sua vida, ele teria tido ampla oportunidade tanto de melhorar sua linguagem como seu conhecimento teológico. A linguagem do quarto Evangelho mostra que seu autor possuía um temperamento ardente que havia sido disciplinado pelo contato com o mundo, e que ele escreveu sob a perspectiva de alguém que passou muitos anos no ministério de CRISTO. A explicação das palavras de JESUS a respeito da sua longevidade (Jo 21.22,23) sugere que ele deva ter sobrevivido até uma idade avançada, ou que não teria sido necessário que o autor incluísse a explicação.
As diferenças entre o conteúdo de seu Evangelho e o dos Sinóticos, podem ser explicadas, em grande parte, presumindo que o autor estava familiarizado com a tradição sinótica, o relato da vida de JESUS correntemente pregado e incorporado em Mateus, Marcos e Lucas, e que ele estava tentando, conscientemente, acrescentar um suplemento ao Evangelho, enquanto integrava, por meio deste e simultaneamente, uma nova avaliação da vida de JESUS. Algumas dificuldades cronológicas, tais como colocar a purificação do templo no início do ministério de JESUS (2.13-22), e a sequência das últimas horas da vida de JESUS, ainda não foram perfeitamente resolvidas. O Evangelho é, porém, uma história autêntica, e não deve ser descartada como se fosse uma mera “teologizaçâo”.
Comparativamente pouco é conhecido a respeito de João, filho de Zebedeu. Seu pai era um próspero pescador galileu, que possuía barcos, e havia contratado empregados (Mc
1.19,20). Sua mãe era Salomé, que pode ter sido a irmã mais velha de Maria, mãe de JESUS !Mt 27.56; Mc 15.40; Jo 19.25), João era sócio no negócio da pesca com seu irmão Tiago, com Pedro e André (Lc 5.10). Os quatro homens provavelmente estavam entre os primeiros discípulos de João Batista; talvez João fosse o segundo membro dos dois que primeiro seguiram a JESUS (Jo 1.35-37). Se assim for, ele testemunhou o casamento em Caná (2.2), e mais tarde abandonou o negócio de pesca para seguir JESUS.
Mais tarde, durante o ministério, ele participou da pregação geral dos doze (Mt 10.1,2). Tanto ele como seu irmão eram tão agressivos que foram chamados de “filhos do trovão* (Mc 3.17), mas a censura de JESUS disciplinou o temperamento precipitado destes homens (Lc 9.49-55). João assumiu a responsabilidade pela mãe de JESUS por ocasião da crucificação (Jo 19.26,27), e foi um dos primeiros a perceber o significado da ressurreição (20.8). Tanto por seu conhecimento íntimo de CRISTO como por sua longa experiência espiritual, ele estava bastante qualificado para escrever um Evangelho interpretativo. Veja João.
A data do quarto Evangelho tem sido colocada em vários intervalos de 40 a 140 d.C. Goodenough e Albright argumentam, por diferentes razões, que João pode ter escrito em 40 d.C. (Erwin R. Goodenough, “John a Primitive Gospel”, JBL, LXIV [1945], 145- 182; W. F. Albright, “Recent Discoveries in Palestine and the Gospel of John* em Davies e Daube, ed., The Background of the New Testament and Its Eschatology, pp. 153171־). Uma data mediana aceitável seria 85 d.C., uma época em que a tradição geral do Evangelho teria se cristalizado, e quando a interpretação e as controvérsias doutrinárias requereriam uma apresentação autorizada do significado da carreira de JESUS.
O local da produção é desconhecido. Várias hipóteses têm sido sugeridas: Palestina, A- lexandria e outros. Irineu declara (Against Heresies iii. 1.1) que João publicou este Evangelho durante sua residência em Éfeso, na Asia. Foi provavelmente escrito para uma igreja que havia amadurecido, e que estava confrontando a oposição da filosofia pagã. A explicação de frases e costumes judaicos (1.38; 2.6,13; 4.9; 9.22; 18.28 etc.) indica que ele pretendeu alcançar um público gentílico. É muito provável que o Evangelho e as epístolas tinham sido destinados à igreja grega na Asia.
O quarto Evangelho é cuidadosamente organizado, com divisões literárias e cronológicas bem definidas. Embora o autor tenha seguido a sequência do ministério de JESUS pelas sucessivas Páscoas, ele prestou menos atenção ao detalhe biográfico do que à interpretação da personalidade. Seu objetivo declarado era criar fé em JESUS como o Messias, e conduzir os seus leitores a uma nova vida à medida que cressem. Para este fim seu material ilustrativo e o progresso de seu argumento são dirigidos. O tema é a vida eterna, a vida de DEUS manifestada entre os homens, e é desenvolvido de uma maneira sistemática apresentando episódios selecionados da vida de JESUS que ilustram seu significado.
O prólogo do Evangelho de João apresenta a pessoa de CRISTO como a Palavra Eterna, a expressão do Pai, que se tornou carne a fim de manifestar a vida eterna aos homens. O plano do Evangelho é declarado desde o início nas palavras: “a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam [ou prevaleceram]” (1.5). A manifestação da vida, como luz, enfrentou as trevas, e um conflito seguiu-se imediatamente. A história deste conflito espiritual é o plano de interpretação para a vida de JESUS, Duas alternativas são apresentadas: crença, que significa receber a luz (1.11,12), e incredulidade, que significa rejeitar a luz (1.10,11). Nos episódios que se seguem através da narrativa, a crença e a incredulidade, com seus sintomas e consequências, são graficamente ilustradas.
A base da crença consiste de sete milagres ou “sinais” selecionados de JESUS. (1) a transformação da água em vinho (2.1-11); (2) a cura ao filho do nobre (4.46-54); (3) a cura do homem aleijado (5.1-9); (4) a alimentação de mais de 5.000 pessoas (6.1-14); (5) a caminhada sobre as águas (6.16-21); (6) a cura do homem cego de nascença (9.1-41); (7) a ressurreição de Lázaro (11.1-44). Cada um dos sinais representa o poder soberano de CRISTO em alguma área específica da necessidade humana, e mostram cumulativamente sua competência para enfrentar as forças que deprimem e degradam a vida humana. Cada milagre foi uma resposta à fé dos principais envolvidos, e pelo menos cinco deles foram realizados para educar os discípulos. João disse especificamente que estes sinais foram selecionados com o propósito de promover a crença de que JESUS é o Messias (20.30,31).
Neste Evangelho a pessoa de CRISTO é mais importante do que as suas ações. As suas reivindicações estão declaradas em sete usos principais da frase, “Eu sou”. Ele disse, “Eu sou” o pão da vida (6.35), a luz do mundo (8.12; 9.5), a porta das ovelhas (10.7), o bom pastor (10.11,14), a ressurreição e a vida (11.25), o caminho, e a verdade, e a vida (14.6), a videira verdadeira (15.1). Cada uma destas declarações o equipara figurativamente a um objeto comum que indica uma de suas funções. Como o pão, Ele é o alimento dos homens; como a luz, Ele é o guia dos homens; como a porta; Ele provê o acesso à segurança; como o pastor, Ele garante a proteção; como a ressurreição e a vida, Ele alcança a vitória sobre a morte; como o caminho, a verdade e a vida, Ele confere a certeza; como a videira verdadeira, Ele provê a vitalidade necessária para a frutificação.
Mais entrevistas pessoais são relatadas em João do que em qualquer dos outros Evangelhos. Umas são breves, como o diálogo com o nobre. Outras são longas, como o julgamento diante de Pilatos. Quase todas ilustram a tentativa de JESUS de evocar na pessoa com quem Ele estava conversando, a fé nele.
O vocabulário de João é tão distinto que trechos deste Evangelho são facilmente identificáveis. “Palavra”, “vida”, “carne”, “hora”, “sinal”, “levantado”, “obras”, “amor” (duas palavras gregas diferentes), “glória”, “glorificar”, “habitar”, “perecer”, “Consolador”, “o Pai” contêm conceitos que são exclusivamente de João e que criam uma nova representação da verdade.
O Evangelho enfatiza a divindade de JESUS CRISTO, tanto nas reivindicações do próprio Evangelho, como nas confissões verbais de seus personagens. A introdução o chama de o Verbo de DEUS (1.1,2); João Batista declarou que Ele é o Filho de DEUS (1.34); Ele desceu do céu (3.13); Ele foi enviado por DEUS (3.34); os samaritanos o chamaram de Salvador do mundo (4.42); Ele reivindicou ter a mesma honra que o Pai (5.23), e afirmou possuir o mesmo tipo de vida (5.26); os oficiais enviados para prendê-lo retomaram de mãos vazias, dizendo, “Nunca homem algum [em contraste com DEUS] falou assim como este homem” (7.46). As suas declarações, “antes que Abraão existisse, eu sou” (8.58) e “Eu e o Pai somos um” (10.30), eram entendidas por seus inimigos como reivindicações de divindade. Ao mesmo tempo, sua humanidade é enfatizada. Ele “se fez carne” (1.14); ficou cansado (4.6), exasperado (4.48), repreendeu os insensatos (8.44), ficou comovido (11.33), agitado (12.27), mostrou-se afetuoso (13.1), generoso (18.8), leal aos laços de família (19.26). João retrata a perfeição de DEUS manifestadas na perfeita humanidade de CRISTO.
Os personagens são numerosos e variados. Entre os discípulos, o escritor caracteriza por alguns rápidos golpes de sua pena o Pedro impulsivo, André o tranquilo, Filipe o materialista, Natanael o aluno, Tomé o cético, Judas Iscariotes o egoísta, e “o discípulo amado”, o confidente de JESUS. Entre aqueles a quem JESUS encontrou em seu ministério estavam: Nicodemos, o mestre instruído de Israel; a perspicaz, mas espontânea mulher samaritana; o nobre desesperado de Cana; o irmão soberbo e incrédulo; a dedicada Maria de Betânia; o indiferente Pilatos e o leal José de Arimatéia. Estes e muitos outros de menor importância constituem a assembleia de homens e mulheres cuja fé ou incredulidade refletiu a influência que JESUS teve sobre eles.
A linguagem de João é simples, direta, e às vezes repetitiva por causa dos termos técnicos constantemente recorrentes que ele usa. A estrutura do grego mostra que o autor tinha um bom domínio de vocabulário e gramática, mas ele possivelmente pensou em aramaico. A introdução tem a forma de poesia hebraica, lembrando um pouco os Salmos em sua estrutura. O uso frequente de “e” como um conectivo, o uso ocasional de nomes aramaicos tais como Cefas (1.42), e a reiteração de proposições em uma redação ligeiramente diferente (5.26,27) podem indicar uma origem semítica, embora não haja provas de que o Evangelho tenha sido escrito originalmente em aramaico.
A seleção a respeito da mulher surpreendida em pleno adultério (7.53-8.11) não é encontrada nos manuscritos mais antigos. Alguns a incluem, mas indicam que há controvérsias sobre sua autenticidade, porém um grupo de manuscritos a fixa após Lucas 21.38. Várias versões latinas antigas, três do siríaco antigo, o Cóptieo, gótico, e a versão armeniana mais antiga também a omitem; também não está contida no recém descoberto Papiro Bodmer do início do século III. Nenhum dos primeiros patriarcas da igreja a citam, embora tenha sido reconhecida a partir do século V. A. T. Robertson disse. *Considero que ela não é uma parte genuína do Evangelho de João” (An Introduction to the Textual Criticism of the New Testament, p. 210). Ela pode, entretanto, ser um episódio genuíno na vida de JESUS, que foi incluído neste texto porque se encaixava no contexto da narrativa. Sua introdução mostra que ela era anteriormente parte de uma narrativa maior, e parece estranho que esta breve história deva sobreviver à perda de seu contexto, se não foi aceita como verdadeira. Entendemos que ela é verídica.
Veja João, Evangelho de.
Cada Evangelho deste quarteto é necessário para que tenhamos um retrato perfeito de CRISTO. Mateus o retrata como o Messias que cumpre as profecias do AT e realiza o propósito redentor de DEUS. Marcos o apresenta como o homem de autoridade, que pode vencer a enfermidade, o pecado e a morte, e que é Senhor de todas as coisas. Lucas o retrata como o humanitário perfeito, interessado em cada aspecto dos assuntos humanos. João declara que Ele é divino, verdadeiramente homem e verdadeiramente DEUS. Portanto, embora possam diferir em abordagem e detalhes, os quatro Evangelhos concordam quanto à identidade da pessoa de CRISTO, e juntos testemunham sobre seu caráter sobrenatural. M.C.T.
 
 
EVANGELHOS SINÓTICOS
Como o termo Sinótico sugere (de sin, “junto com”, e tíííco, “uma visão”; assim, “uma visão conjunta”}, Mateus, Marcos e Lucas fornecem uma apresentação de JESUS e de seu ministério que têm muito em comum. Estas características os separam do Evangelho de acordo com João, no qual a maior parte do material é peculiar a si mesmo. Nos Sinóticos, o ministério público de JESUS é precedido pela obra preparatória de João Batista, o batismo e a tentação de nosso Senhor. O ministério em si é retratado como ocorrendo principalmente na Galileia, consistindo das atividades de JESUS de ensino e cura, geralmente em termos de grandes aglomerações de pessoas, enquanto caminhava por vários lugares na companhia de seus discípulos. O clímax acontece na viagem a Jerusalém e nos eventos da paixão e ressurreição.
O Problema Sinótico
Quando estes três Evangelhos são considerados separadamente de João e em relação uns aos outros, são reveladas certas concordâncias e diferenças que por sua vez levantam questões quanto à origem destes escritos. Eles surgiram independentemente uns dos outros, ou seus autores fizeram uso dos escritos uns dos outros até certo ponto? Se eles fizeram uso uns dos outros, isto pode ajudar a explicar as concordâncias, mas pela mesma prova as diferenças serão as mais intrigantes.
À medida de concordância entre os Sinóticos é na verdade bem surpreendente, em vista do fato de que JESUS esteve envolvido por um período de aproximadamente três anos em um ministério quase que contínuo por palavra e ação. A quantidade de material disponível deve ter sido tremenda. Embora hiperbólico, o texto em João 21.25 é a afirmação de que o mundo em si não poderia conter os livros que seriam escritos se todos os atos de JESUS tivessem sido registrados. A clara intenção é mostrar que os relatos que temos em nossos Evangelhos são bastante fragmentados. Tudo o que temos é uma seleção.
O problema Sinótico, assim chamado, está relacionado às relações mútuas nos relatos. Como as similaridades e também as diferenças nestes três Evangelhos podem ser explicadas? Antes que qualquer tipo de resposta possa ser tentada, é necessário examinar mais de perto o fenômeno dos Sinóticos.
Os Dados
Em primeiro lugar, quanto à concordância entre os Sinóticos, deve-se considerar o conteúdo ou o assunto em questão. A análise de Westcott, embora apenas aproximada, é suficientemente precisa para o nosso propósito. Em Marcos, encontram-se 93% do material em comum com Mateus e/ou Lucas; apenas 7% é peculiar a este Evangelho. Mateus tem 58% em comum com os outros Sinóticos e 42% que não aparece nos outros dois. Lucas tem 41% em comum com os outros dois e 59% é peculiar a este Evangelho. Para declarar as coincidências de forma diferente, quase dois terços do material de Marcos ê encontrado tanto em Mateus como em Lucas, e quase um terço mais em Mateus ou Lucas. Marcos tem apenas trinta ou quarenta versículos que não aparecem em um ou outro dos dois Sinóticos restantes.
Quanto à ordem ou sequência do material, a disposição de Marcos é geralmente compartilhada tanto por Mateus como por Lucas. Onde este não é o caso, um ou outro concorda com Marcos. Mateus e Lucas não se unem contra Marcos. Quando a ordem “marcosiana” é compartilhada pelos outros, ela é geralmente compartilhada do início ao final da narrativa.
Com relação à linguagem e ao estilo, alguém que esteja em posição de estudar uma sinopse grega onde os relatos são colocados lado a lado pode melhor apreciar a situação, mas uma harmonia irá fornecer informações consideráveis. Uma boa passagem para testar, uma que contenha a tripla tradição (Mateus, Marcos, Lucas), é o relato da cura do paralítico (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc 5.17-26). Embora haja alguma variação, especialmente nas declarações de abertura e encerramento, a parte principal da narrativa mostra uma notável concordância no vocabulário empregado pelos três escritores. O mais admirável é a preservação de uma construção secionada no relato da realização do milagre; ־'Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo. Levanta-te, e toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mc 2.10,11).
Com relação às diferenças, deve ser observado que quanto ao conteúdo, Marcos tem pouco a relatar sobre a didache ou ao ensino de JESUS, ao passo que Mateus e Lucas contêm muitas parábolas e considerável material de discurso que não é parabólico. O texto em Lucas 9.51-18.14 tem grande parte do material que aparece apenas neste Evangelho. Vários detalhes da crucificação e das aparições após a ressurreição apresentam- se somente eia um único registro. O relato de Mateus sobre o Sermão do Monte é muito mais extensivo do que o de Lucas. A ordem dos acontecimentos na tentação de JESUS varia entre Mateus e Lucas. O episódio da visita de JESUS à sinagoga em Nazaré é colocado antes na narrativa de Lucas, quando se compara a ordem deste livro com a dos outros dois Evangelhos. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, incluindo o uso de termos sinônimos ao invés de palavras idênticas em relatos paralelos.
Explicação
Embora várias tentativas tenham sido feitas para explicar a relação entre eles, nenhuma solução para o fenômeno dos Evangelhos Sinóticos ganhou, até o momento, a aceitação universal.
1. Tradição oral. B. F. Westcott e Arthur Wright sugeriram que a tradição oral foi a influência decisiva, visto que várias décadas passaram-se antes que nossos Evangelhos começassem a ser escritos. Durante este período, presume-se que a parte central do material tenha se tomado um tanto fixa devido à constante repetição da história. Esta poderia ser a razão das concordâncias nos Sinóticos, que foram escritas para preservar esta tradição oral. As diferenças poderiam então ser atribuídas aos interesses especiais dos escritores individuais bem como às necessidades específicas das pessoas para quem eles escreveram.
Esta opinião, porém, tem as suas dificuldades. É difícil ver como a tradição poderia ter sido suficientemente protegida de alterações ao ser difundida nas regiões largamente separadas daquelas onde os Evangelhos escritos surgiram. Além disso, é difícil entender como Marcos, dependendo desta tradição comum, juntamente com Mateus e Lucas, poderia ter utilizado tão pouco do ensino de nosso Senhor. Ademais, esperar-se-ia maior uniformidade nos relatos do que aquilo que JESUS disse ao instituir a ceia de sua nova aliança. Deve ser admitido, porém, que a tradição oral deve ter desempenhado um papel importante, se não exclusivo, na preservação do material dos Evangelhos, e até na escolha de materiais escritos por cada escritor.
2. Dependência literária direta. As muitas concordâncias em conteúdo, em sequência, e em construção (linguagem e estilo) são mais bem explicadas em termos de algum tipo de dependência literária (lembre-se especialmente de Marcos 2.10,11 e passagens paralelas). Pode haver pouca dúvida de que Marcos seja a fonte do material de Mateus, e que Lucas também esteja de acordo com ele. Aqui é especialmente impressionante observar como os outros evangelistas seguiram a sequência habitual de Marcos. A conclusão da prioridade de Marcos é apoiada pelo fato de que Mateus e Lucas contêm alterações de material em relação a Marcos, às vezes devido ao interesse da suavidade gramatical. Em outras palavras, o relato de Marcos parece ser o mais primitivo. Vale a pena notar, também, que onde os três Evangelhos têm o mesmo material, as narrativas de Marcos são geralmente mais longas e mais gráficas. Mateus e Lucas devem ter abreviado Marcos em tais casos a fim de deixar espaço para o material não derivado de Marcos. Os autores antigos precisavam ter cuidado para que seus livros, que eram em forma de rolos, não se tornassem pesados demais para os seus leitores, o que prejudicaria sua utilização.
Nos primeiros séculos da igreja houve pessoas como Agostinho, que ensinaram que Marcos abreviou o trabalho de Mateus. Se este fosse o caso, seria difícil conceber como Marcos poderia ter omitido tantos ensinos de JESUS, tais como aquele que está contido no Sermão do Monte. Assim, não tem sido possível sustentar esta opinião.
3. Hipótese de dois documentos. Fica claro, porém, que Mateus e Lucas poderiam não ter dependido de Marcos para tudo, uma vez que estes Evangelhos contém muito material que está ausente em Marcos. Há uma forte possibilidade de que eles dependessem de uma fonte, seja oral ou escrita, que se especializou nas palavras de JESUS. Estudiosos modernos frequentemente se referem a tal fonte pela designação “Q” derivada da primeira letra da palavra alemã para fonte (Quelle). Admite-se que a existência objetiva de tal fonte não possa ser demonstrada historicamente, mas é sentido que os dados de Mateus e Lucas apontam para a necessidade de tal fonte. O possível apoio para esta teoria pode ser encontrado na declaração de Pápias, citada por Eusébio, de que “Mateus reuniu os oráculos (logia) na linguagem hebraica, e cada um os interpretou da melhor maneira que pôde*. Porém não há nenhuma evidência clara de que Mateus tenha recorrido a Lucas ou vice- versa. Eles parecem ter escrito independente mente um do outro.
Conclusão
Se Marcos e Q foram fontes para Mateus e Lucas, a maior parte do material nos últimos dois Evangelhos deve-se a estes, mas não todo. Julgando pelas suas narrativas de natividade e paixão, bem como outras características, cada um deles deve ter tido acesso às informações que não faziam parte da tradição central da igreja primitiva. Parte deve ter sido adquirido por investigação pessoal. A partir da introdução de Lucas (1.1-4) fica evidente que ele tinha disponível o testemunho oral das testemunhas oculares, mais os relatos daqueles que haviam escrito antes dele mesmo incumbir-se de seu Evangelho. A introdução nos informa que ele fez algumas investigações por conta própria. Assim, as possíveis fontes de materiais do Evangelho devem ter sido muitas e variadas. Aparentemente não havia preconceito contra o uso de fontes, e isto é bastante natural, visto que grande parte do material histórico no AT foi escrito com a ajuda de registros mais antigos (cf. Reis, Crônicas). Seria um erro, porém, considerar os autores humanos dos Evangelhos como meros editores. Cada um deles teve uma influência de moldagem, sujeitos a DEUS, sobre os materiais usados, de forma que é possível detectar uma rara individualidade impressa em cada Evangelho.
A busca por fatores humanos que entraram na composição dos Evangelhos pode vir somente até este ponto. Além da esfera deste tipo de investigação reside a misteriosa e poderosa inspiração ou influência do ESPÍRITO SANTO sobre os escritores, levando-os à seleção e à utilização de seu material. Isto é o que dá à sua obra a autoridade que é reconhecida pela igreja. E. F. Har.


 
O REINO DE DEUS - Estudos Doutrinários BEP - CPAD

Mt 12.28: “Mas, se eu expulso os demônios pelo ESPÍRITO de DEUS, é conseguintemente chegado a vós o Reino de DEUS.”
A NATUREZA DO REINO. O reino de DEUS (ou dos céus), no presente, significa DEUS intervindo e predominando no mundo, para manifestar seu poder, sua glória e suas prerrogativas contra o domínio de Satanás e a condição atual deste mundo. Trata-se de algo além da salvação ou da igreja; é DEUS revelando-se com poder na execução de todas as suas obras.
O reino é antes de tudo uma demonstração do poder divino em ação. DEUS inicia seu domínio espiritual na terra, nos corações do seu povo e no meio deste (Jo 14.23; 20.22). Ele entra no mundo com poder (Is 64.1; Mc 9.1; 1Co 4.20). Não se trata de poder no sentido material ou político, e sim, espiritual. O reino não é uma teocracia relígio-política; ele não está vinculado ao domínio social ou político sobre as nações ou reinos deste mundo (Jo 18.36). DEUS não pretende atualmente redimir e reformar o mundo através de ativismo social ou político, da força, ou de ação violenta (26.52; ver Jo 18.36). O mundo, durante a presente era, continuará inimigo de DEUS e do seu povo (Jo 15.19; Rm 12.1,2; Tg 4.4; 1Jo 2.15-17; 4.4). O governo de DEUS mediante o juízo direto e à força só ocorrerá no fim desta era (Ap 19.11-21).
Quando DEUS se manifesta com poder sobre o mundo, este entra em crise. O império do diabo fica totalmente alarmado (12.28,29; Mc 1.23,24), e todos encaram a decisão de submeter-se ou não ao governo de DEUS (3.1,2; 4.17; Mc 1.14,15). A condição necessária e fundamental para se entrar no reino de DEUS é: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15).
O fato de DEUS irromper no mundo com poder, abrange: (a) seu poder divino sobre o governo e domínio de Satanás (12.28; Jo 18.36); a chegada do reino é o começo da destruição do domínio de Satanás (Jo 12.31; 16.11) e do livramento da humanidade das forças demoníacas (Mc 1.34,39; 3.14,15; At 26.18) e do pecado (Rm 6); (b) poder para operar milagres e curar os enfermos (4.23;_ 9.35; At 4.30; 8.7; ver o estudo A CURA DIVINA); (c) a pregação do evangelho, que produz a convicção do pecado, da justiça e do juízo (11.5; Jo 16.8-11; At 4.33); (d) a salvação e a santificação daqueles que se arrependem e crêem no evangelho (ver Jo 3.3; 17.17; At 2.38-40; 2Co
18; ver o estudo A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE); e (e) o batismo no ESPÍRITO SANTO, com poder, para testemunhar de CRISTO (ver At 1.8; 2.4).
Uma evidência máxima de que a pessoa está vivendo o reino de DEUS é viver uma vida de “justiça, e paz, e alegria no ESPÍRITO SANTO” (Rm 14.17).
O reino de DEUS tem um aspecto tanto presente como futuro. É uma realidade presente no mundo hoje (Mc 1.15; Lc 18.16,17; Cl 1.13; Hb 12.28), mas o governo e o poder de DEUS não predominam plenamente em todos e em tudo. A obra e a influência de Satanás e dos homens maus continuarão até o fim desta era (1Tm 4.1; 2Tm 3.1-5; Ap 19.19 — 20.10). A manifestação futura da
glória de DEUS e do seu poder e reino ocorrerá quando JESUS voltar para julgar o mundo (24.30; Lc 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6). O estabelecimento total do reino virá, quando CRISTO finalmente triunfar sobre todo o mal e oposição e entregar o reino a DEUS Pai (1Co 15.24-28; Ap 20.7-21.8; Mc 1.15 manifestações do reino na história da redenção).
O PAPEL DO CRENTE NO REINO. O NT contém abundante ensino sobre a missão do crente no reino de DEUS, na sua presente manifestação.
É responsabilidade do crente buscar incessantemente o reino de DEUS, em todas as suas manifestações, tendo fome e sede pela presença e pelo poder de DEUS, tanto na sua vida como no meio da sua comunidade cristã (ver 5.10; 6.33).
Em 11.12, JESUS revela novos fatos sobre a natureza dos membros do reino. Ali Ele disse que somente quem se esforça apodera-se do reino de DEUS. Os tais, movidos por DEUS, resolvem romper com as práticas pecaminosas e imorais do mundo e seguem a CRISTO, a sua Palavra e seus justos caminhos. Não importando o preço a pagar, esses, resolutamente, buscam o reino com todo o seu poder. Noutras palavras, pertencer ao reino de DEUS e desfrutar de todas as suas bênçãos requer esforço sincero e constante — um combate de fé, aliado a uma forte vontade de resistir a Satanás, ao pecado e à sociedade perversa em que vivemos.
Não conhecerão o reino de DEUS aqueles que raramente oram, que transigem com o mundo, que negligenciam a Palavra e que têm pouca fome espiritual. É para crentes como José (Gn 39.9), Natã (2Sm 12.7), Elias (1Rs 18.21), Daniel e seus três amigos (Dn 1.8; 3.16-18), Mardoqueu (Et 3.4,5), Pedro e João (At 4.19,20), Estêvão (At 6.8; 7.51) e Paulo (Fp 3.13,14); inclusive mulheres como Débora (Jz 4.9), Rute (Rt 1.16-18), Ester (Et 4.16), Maria (Lc 1.26-35), Ana (Lc 2.36-38) e Lídia (At 16.14,15,40).
 
 
 
SINÓPSE I - A Lei esboça o plano da redenção em CRISTO. Pelos méritos da cruz de CRISTO, fomos resgatados da maldição da Lei.
SINÓPSE II - Os Evangelhos são as Boas-Novas que proclamam o Reino de DEUS e a mensagem de salvação em JESUS CRISTO.
SINÓPSE III - A observância dos preceitos da Lei não salva, mas por meio da ação do ESPÍRITO, a obediência ao Evangelho muda as vidas.
 
 
AUXÍLIO TEOLÓGICO TOP1
“Leis e mandamentos
Na Bíblia uma grande seção, de Gênesis a Deuteronômio, é chamada de ‘Lei’. A ‘Lei’ pode, também, se referir ao Antigo Testamento como um todo (Jo 10.34; 12.34; 15,25; 1 Co 14.21 referem-se à Lei, mas indicam outra parte do Antigo Testamento). Porém, normalmente, a Lei é associada com Êxodo 20–Deuteronômio 33. Dentro desta seção, não encontramos outros materiais, senão leis. Todavia, visto que há mais de seiscentos mandamentos e leis, encontrados em Gênesis–Deuteronômio, estes cinco livros normalmente são denominados de ‘A Lei’. (Gênesis, por sua vez, não contém nenhum material sobre a lei, mas é parte da Lei, porque serve como uma introdução a Êxodo– Deuteronômio e porque se aceita que Moisés escreveu todos os livros. De fato, porém, a maioria destes cinco livros, chamada de ‘Pentateuco’, consiste em narrativas)” (STEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia: Interpretando conforme as regras. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.207-08).
 
 
AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP2
“Os Ensinamentos de JESUS sobre a Lei
[...] Nos dias de JESUS, os fariseus se concentravam especialmente na maneira como o povo judeu estava vivendo a lei, e suas discussões com JESUS sobre o assunto, algumas vezes degeneravam em divergências acaloradas e até mesmo conflitos perigosos. Então perguntei a Craig [Blomberg] sobre como deveríamos ler e entender o ensinamento de JESUS sobre a lei no Antigo Testamento. [...] Ele respondeu medindo cuidadosamente as palavras: ‘Ao lermos o Sermão da Montanha, em Mateus 5.17-20, vemos que JESUS aborda essa questão com mais clareza. Ele o faz em uma fase de seu ministério em que já havia sido tão contracultural que o povo perguntava: ‘Este é o homem que, de alguma maneira, subjugará a autoridade da lei de DEUS que é sagrada, perfeita, eterna e imutável’ JESUS começa dizendo: "Não cuides que vim destruir a lei ou os profetas’; mas logo a seguir Ele diz: ‘não vim ab-rogar, mas cumprir’ (note que Ele não usa palavras que seriam o oposto natural de ‘ab-rogar’, como ‘preservar sem mudar’)” (GUTHRIE, George. Lendo a Bíblia Para a Vida: Seu Guia para Entender e Viver a Palavra de DEUS. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.172).
 

VOCABULÁRIO
Aio: Encarregado da educação doméstica das crianças de famílias nobres ou ricas; um “pedagogo”.
 
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A Lei esboça o plano de redenção em CRISTO confirmado pelos Evangelhos. Por isso que o Pentateuco e os Evangelhos têm relação profunda na revelação da pessoa de JESUS CRISTO. Quando o cristão lê o Antigo Testamento, ele tem o Novo Testamento como base, principalmente nos Evangelhos, para compreender a Lei. Por isso, compreendemos que toda a Bíblia tem como tema principal a pessoa bendita de JESUS CRISTO.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apontar que a Lei era transitória e esboçava o plano da redenção em CRISTO; II) Afirmar que os Evangelhos são boas-novas do Reino de DEUS e da salvação em CRISTO; III) Ressaltar que a Lei não salva, mas a obediência ao Evangelho transforma as vidas.
B) Motivação: Os princípios e valores que norteiam a Lei do Antigo Testamento são os mesmos que estão presentes nos Evangelhos. Ambos se concentram em JESUS e revelam o Filho de DEUS.
C) Sugestão de Método: Antes de iniciar a lição, recorde a lição 4 que diz respeito à estrutura da Bíblia. Rememore a composição do Pentateuco e dos Evangelhos. Mostre o quanto é importante possuir tanto uma visão global (estrutura da Bíblia) quanto uma visão específica (Lei e Evangelho) a respeito da Palavra de DEUS.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A Bíblia toda é a Palavra de DEUS. Portanto, não devemos nos relacionar com a Bíblia de maneira excludente, como se o Antigo Testamento não servisse mais por causa do Novo. Este, no entanto, confirma aquele.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula: 1) O auxílio teológico "Leis e mandamentos" aprofunda o primeiro tópico a respeito da revelação de JESUS na Lei; 2) O auxílio de educação cristã "Os Ensinamentos de JESUS sobre a Lei" contribui para o aprofundamento do segundo tópico, em que os Evangelhos e a mensagem de JESUS se destacam.
 

REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual o sentido dos cinco volumes denominados de Torá? No texto hebraico, e pelos judeus ainda hoje, esses volumes são denominados de “Torá” com o sentido de “instrução, ensino, direção”.
2. Como a totalidade do Pentateuco é identificada? A totalidade do Pentateuco é identificada, nas páginas da Bíblia Sagrada, como a “Lei” (Êx 24.12; Mt 5.17); a “Lei de Moisés” (Js 8.31,32; At 13.39); a “Lei de DEUS” (Ne 8.8; Rm 7.22); e a “Lei do Senhor” (Ne 10.29; Lc 2.22,23).
3. Segundo a lição, qual a distinção marcada pela geografia entre os Evangelhos Sinóticos e o Evangelho de João? Os sinóticos registram, especialmente, o ministério de JESUS na Galileia. O quarto Evangelho, João, tem peculiaridades próprias e enfatiza o ministério de CRISTO na Judeia.
4. O que os Evangelhos indicam quanto às profecias messiânicas? Os Evangelhos indicam que as profecias messiânicas se cumpriram em CRISTO (Lc 4.18-21).
5. Em quais ações o sistema mosaico está resumido, segundo o ensinamento de JESUS? O Senhor JESUS ensinou que todo o sistema mosaico – a Lei e os Profetas – está resumido em duas ações: amar a DEUS e amar o próximo (Mt 22.37-40).