Escrita Lição 10, Não dirás Falso Testemunho contra o teu Próximo, Falar a verdade é fundamental para a confiança e integridade nas relações humanas, Com. Extras Pr Henrique, EBD NA TV
EBD, Revista Editora Betel, 4° Trimestre De 2024,
Tema, OS DEZ MANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores
Morais, Sociais e Espirituais Imutáveis para uma Vida Abençoada, Escola
Bíblica Dominical
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ESBOÇO DA LIÇÃO
1- A PROTEÇÃO DA HONRA
1.1. O sistema de justiça do mundo antigo
1.2. O cuidado com as palavras
1.3. O cuidado com o que se ouve
2- AMANDO A VERDADE
2.1. O diabo é mentiroso e pai da mentira
2.2. A verdade vem de DEUS
2.3. CRISTO, a verdade que liberta
3- CONSELHOS PRÁTICOS
3.1. Preservando a boa reputação
3.2. O perigo da violação do mandamento
3.3. A ocupação cristã
TEXTO ÁUREO
“Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para
seres testemunha falsa” Êxodo 23.1
VERDADE APLICADA
Por sermos discípulos de CRISTO, somos chamados e capacitados para
andar, amar, falar e viver na verdade .
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Citar o prejuízo de falar da vida das pessoas.
Expor a verdade como maior requisito da vida cristã.
Mostrar a relevância do nono mandamento.
TEXTOS DE REFERÊNCIA - DEUTERONÔMIO 19.16-20
16 Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para
testificar contra ele acerca de transgressão,
17 Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o
Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias.
18 E os juízes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha,
que testificou falsidade contra seu irmão,
19 Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, tirarás o mal do meio
de ti
20 Para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer tal
mal no meio de ti.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Lv 19.16 Não espalhem calúnias entre o seu povo.
TERÇA | Is 29.20-21 Os que prejudicam os outros desaparecerão.
QUARTA | Jo 7 .24 Não julgueis segundo a aparência.
QUINTA | CI 3.9 Não mintais uns aos outros.
SEXTA | Tg 2.13 A misericórdia triunfa sobre o juízo.
SÁBADO | Tg 4.11 Não faleis mal uns dos outros.
HINOS SUGERIDOS: 231,247, 258
MOTIVO DE ORAÇÃO - Ore por mais cuidado com o que falar e ouvir.
PONTO DE PARTIDA – Devemos ter cuidado com o que falamos e
ouvimos.
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO 10 BETEL
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Dt 17.6 Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas,
será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha não morrerá.
7 As mãos das testemunhas serão primeiro contra ele, para
matá-lo; e depois as mãos de todo o povo; assim tirarás o mal do meio de ti.
Dt 19.15 Uma só testemunha contra alguém não se levantará por
qualquer iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que
cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se
estabelecerá o fato.
16 Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para
testificar contra ele acerca de transgressão,
17 Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se
apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver
naqueles dias.
18 E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha
falsa, que testificou falsamente contra seu irmão,
19 Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás
o mal do meio de ti.
20 Para que os que ficarem o ouçam e temam, e nunca mais
tornem a fazer tal mal no meio de ti.
21 O teu olho não perdoará; vida por vida, olho por olho,
dente por dente, mão por mão, pé por pé.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 11 - Não Darás Falso Testemunho
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 - CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma Sociedade Em
Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida
Silva
TEXTO ÁUREO
"Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio,
para seres testemunha falsa." (Êx 23.1)
VERDADE PRÁTICA
O nono mandamento proíbe a mentira, o mexerico e o testemunho falso
contra o próximo tanto no dia a dia como nos tribunais.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Lv 19.11,16 - O mexerico está incluído no nono mandamento
Terça – Sl 109.2 - O falso testemunho e a mentira são estilo de vida do ímpio
Quarta – Pv 6.16-19 - A falsa testemunha está entre as sete coisas que DEUS
aborrece e abomina
Quinta – Mt 19.18 - O Senhor JESUS ratificou o nono mandamento
Sexta – Rm 13.9 - O apóstolo Paulo reafirma: pecado é dizer falso testemunho
Sábado – 2 Co 12.20 - É dever do cristão permanecer longe de mexericos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 20.16; Deuteronômio 19.15-20
Êxodo 20.16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Deuteronômio 19. 15 Uma só
testemunha contra ninguém se levantará por qualquer iniquidade ou por qualquer
pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela boca de duas ou três
testemunhas, se estabelecerá o negócio. 16 Quando se levantar testemunha falsa
contra alguém, para testificar contra ele acerca de transgressão, 17 então,
aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o SENHOR,
diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. 18 E os juízes bem
inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha, que testificou
falsidade contra seu irmão, 19 far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e,
assim, tirarás o mal do meio de ti, 20 para que os que ficarem o ouçam, e
temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti. 21 O teu olho não
poupará: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.
OBJETIVO GERAL
Apresentar o nono mandamento, ressaltando que DEUS proíbe a mentira, o mexerico
e o testemunho falso contra o próximo, tanto no dia a dia como nos tribunais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Tratar a abrangência e o objetivo do nono mandamento.
Mostrar o que a legislação mosaica diz a respeito do falso testemunho.
Ressaltar que o DEUS verdadeiro deseja tão somente a verdade.
Enfatizar o cuidado que devemos ter com relação à mentira
PONTO CENTRAL - A mentira e a falsidade aborrecem a DEUS e prejudicam o
próximo.
Resumo da Lição 11 - Não Darás Falso Testemunho
I. O NONO MANDAMENTO
1- Abrangência
2- Objetivo
3- Contexto
II. O PROCESSO
1. Responder em juízo.
2. Falso testemunho.
3. O próximo.
III. A VERDADE
1- Antigo Testamento
2- Novo Testamento
3- O que é a verdade
IV. O CUIDADO COM A MENTIRA
1. As testemunhas.
2. Os danos.
3. O pecado da mentira.
PARA REFLETIR
Sobre o nono mandamento:
Contra quem eu não devo mentir?
Não devemos mentir contra ninguém. A Bíblia declara que a mentira é pecado e
que o Diabo é o pai da mentira.
Quais prejuízos um falso testemunho acarretará contra uma pessoa?
Os prejuízos são incontáveis. A reputação de uma pessoa pode ser destruída,
lares desfeitos, carreira profissional arruinada, devido a um falso testemunho.
O que é a verdade para você?
Resposta livre. O professor poderá esclarecer ao aluno que a verdade
corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade. É o conhecimento da
realidade que o ser humano constata.
O desrespeito contra o próximo pode afrontar a DEUS?
Sim. DEUS deseja que venhamos amar e respeitar o nosso próximo.
SUGESTÃO DE LEITURA
Educação Cristã:
Reflexões e Práticas
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal
A Mensagem do Antigo Testamento
NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO
O método é simples: levantar o dolo contra a pessoa, e que esta se
vire para dar maiores explicações. Nada mais desumano quanto usarmos
subterfúgios contra o nosso próximo!
Na obra "Manual do Pentateuco", de Victor P. Hamilton,
sobre a aplicação do nono mandamento, deparamo-nos com o seguinte comentário
"A aplicação original desse mandamento dizia respeito a testemunhos falsos
em juízo ou em transações oficiais e negócios em geral" (p.224). Levantar
acusações contra pessoas sem ter provas legítimas contra elas seria um ato
pecaminoso e monstruoso. Não por acaso Tiago afirma que a língua é um membro
capaz de incendiar uma floresta (Tg 3.7). Com a má língua pode-se destruir reputações
que levaram anos para serem construídas.
"Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar
testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo
18.37). JESUS de Nazaré tinha o compromisso com a verdade. Os fariseus e os
doutores da lei não amavam a verdade e, por isso, não podiam aceitar o
ensinamento de JESUS, embora reconhecessem a honestidade do nazareno (Mt
22.16). Já imaginou? Saber que alguém é da verdade e não assumir tal verdade
porque o sistema religioso de outrora não o permitia? Ora, quem era do Templo
na época de JESUS tinha uma alta reputação social. Passar para o lado de JESUS
significava se colocar contra o Sumo-Sacerdote e perder automaticamente os
privilégios da religião oficial. Não podemos perder a nossa condição de sujeito
em JESUS por causa do poder temporal. O crente deve sempre escolher andar pela
e na verdade em quaisquer lugares. Na família, na escola, no trabalho, nas
amizades ou em todo ambiente onde os seres humanos se relacionam entre iguais.
"E conhecereis a verdade, e a verdade te libertará" (Jo 8.32). A
verdade de JESUS não nos deixa aprisionados, mas livres para sempre! Portanto,
quem é de JESUS não tem outro compromisso que não seja a verdade. A verdade de
quem é, do que fala e faz. Não empreste a sua língua para levantar falso testemunho
contra alguém. O nosso Senhor foi condenado pelos homens através do falso
testemunho de outrem. A vida de JESUS nos ensina o lado que devemos escolher: o
melhor é sempre o da verdade.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N°
61. pag. 41.
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
O nono mandamento tem conexão com o terceiro, visto que ambos
enfocam o falar a verdade. A proibição primária aqui diz respeito a uma
declaração falsa num processo legal. Isso pode ser visto tanto na linguagem e
de maneira mais enfática em alguns dispositivos legais do sistema mosaico, como
veremos no presente estudo. A construção "Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo" é exatamente a mesma nos textos de Êxodo e
Deuteronômio (Êx 20.16; Dt 5.20); no entanto, essas palavras no texto hebraico
apresentam diferença, mas nada que mude o sentido da mensagem que o mandamento
transmite.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 121.
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo (20,16). O
mandamento inclui testemunho dado em tribunal, mas vai além disso. Falso
testemunho é qualquer declaração maliciosa intencionada a degradar ou ferir
outra pessoa, A reputação dos outros, assim como suas propriedades, devem ser
resguardadas por todos.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag.
64.
Parecido com o abuso de um irmão por meio do roubo é desonrá-lo
dando falso testemunho contra ele (Êx 20.16). Embora a proibição possa ser
legitimamente aplicada à mentira em geral, a linguagem técnica (“falso
testemunho”; hebraico, 'edsãqer) sugere um cenário legal ou de corte no qual um
caso concernente a um crime ou contravenção está sendo julgado. As testemunhas
eram (e são) essenciais na determinação da culpa ou da inocência (cf. Dt
17.6,7; 19.15), mas pessoas chamadas para testemunhar devem dizer a verdade
sobre o que viram ou ouviram. Fazer menos que isso e, assim, incriminar uma
parte inocente e sujeitá-la ao malogro da justiça infringiria gravemente a
liberdade, as posses e possivelmente até mesmo a vida dela. Mais uma vez, a
repercussão na estrutura bem ordenada de administração do Reino é óbvia e
prejudicial.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora
Shedd Publicações. pag. 337.
I. O NONO MANDAMENTO
1. ABRANGÊNCIA.
O mandamento não se restringe apenas aos tribunais. O contexto
mostra que ele se refere também às palavras que usamos. Trata-se da
responsabilidade pessoal de cada um falar a verdade. Disse John Stott: Este
mandamento não é somente válido nas cortes de justiça. Se bem que inclui o
perjúrio, também estão implícitas todas as formas de escândalo e maledicência,
toda a conversação ociosa e charlatanice, todas as mentiras e os exageros
deliberados e as meias verdades que distorcem a verdade. Estamos proferindo falso
testemunho quando aceitamos certos rumores maliciosos e logo os transmitimos,
ou quando os usamos para outra pessoa para a prejudicar criando impressões
falsas, ou quando não corrigimos afirmações falsas, tanto por nosso silêncio
como por nosso discurso (Basic Christianity, p. 69; apud NYENHUIS, Gerald &
ECKMAN, James P., 2002, p. 448).
O mandamento condena pelo menos quatro aspectos na vida humana: o
falso testemunho no tribunal, a calúnia pessoal, o falar da vida alheia e a
bajulação. Israel era um estado teocrático e, por não haver separação entre
estado e religião, a ordem "Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo" envolvia todo o aspecto da vida do israelita. Trata-se da
necessidade de cada um falar a verdade (Lv 19.11), pois o Senhor JESUS disse
que o diabo é o pai da mentira (Jo 8.44).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
122-123.
Lev 19.16 Este versículo apresenta ramificações do nono mandamento,
que exige veracidade.
O próximo, contra quem não devemos iniciar nenhuma campanha de
mexericos, é aqui um compatriota hebreu. JESUS, entretanto, ampliou a aplicação
disso a todos os nossos semelhantes (ver Luc. 10.29 ss.). Cf. Êxo. 23.4,5. Nos
vss. 33 e 34 deste capítulo, o conceito de “próximo” inclui os forasteiros.
“Não deve haver campanhas de maledicência (vss. 16-18). Não devemos
tentar fazer o próximo cair em dificuldades. Devemos tratar com ele face a
face, em espírito de boa-vontade. Nunca deveríamos dizer: ‘Sou o guardador de
meu irmão?' conforme fez Caim. Deveríamos estar genuinamente interessados pelo
bem-estar temporal e espiritual de outras pessoas, como se fosse nosso mesmo.
Por quê? Eu sou o Senhor. Essa é, de fato, a ordem sagrada, física e moral, que
deve haver neste mundo” (Nathaniel Micklem, in loc.).
A maledicência geralmente termina em calúnia. Isso torna-se um
hábito extremamente perigoso no caso de certas pessoas, e as mulheres,
especialmente, deleitam-se nesse vício. E assim, vidas inocentes são
destruídas. Ver I Sam. 22.9,18; Ez. 22.9. A versão caldaica, de acordo com o
Targum de Jonathan, diz aqui: “Não seguirás a língua três vezes amaldiçoada,
pois ela é mais fatal do que a espada devoradora de dois fios”.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 552.
Lv 19.16 Nós somos proibidos de fazer qualquer coisa ofensiva ao
bom nome do nosso próximo (v. 16), seja:
1. Nas conversas comuns: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu
povo”. É uma má posição aquela em que o homem se coloca ao divulgar os erros de
seus semelhantes, dando a conhecer aquilo que era segredo, agravando crimes e
usando da pior maneira aquilo que estava errado, com o desejo de destruir a
reputação dos homens e semear a discórdia entre vizinhos. A palavra usada para
“mexeriqueiro” significa vendedor ambulante, ou pequeno vendedor. Os
mexeriqueiros são aqueles que se intrometem nos negócios. Pois eles apanham
histórias perversas em uma casa e as divulgam em outra, e normalmente trocam
calúnias. Veja este pecado condenado, Provérbios 11.13; 20.19; Jeremias 9.4,5;
Ezequiel 22.9.
2. Ao dar testemunho: “Não te porás contra o sangue do teu
próximo”, se o seu sangue for inocente, nem te aliarás com homens sanguinários
como os descritos em Provérbios 1.11,12. Os doutores judeus dão este sentido
adicional: Não deverás ficar assistindo o teu irmão em perigo, mas deverás vir
em seu socorro, embora isto possa representar perigo à sua própria vida, ou a
algum membro do seu corpo. E acrescentam: Aquele que pode, com o seu
testemunho, inocentar alguém que é acusado injustamente, é obrigado, por esta
lei, a fazê-lo. Veja Provérbios 24.11,12.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 411.
Lv 19.16 — O mexeriqueiro não era apenas um fofoqueiro, mas um
caluniador, aquele que almejava destruir a reputação de outrem. Em relação ao
mandamento não te porás contra o sangue do teu próximo, muitos casos podem ser
incluídos aqui. No contexto do julgamento, citado nesta seção, possivelmente
estava em maior evidência o falso juramento, que ocasionaria a morte do
acusado, ou o testemunho que exoneraria o réu.
EarI D. Radmacher:
Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo
Comentário Bíblico Antigo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 241.
2. OBJETIVO.
Em linhas gerais, temos aqui a defesa da honra. Falar a verdade é
para todos os povos e em todas as épocas. Mas, no sistema mosaico, o mandamento
se distingue por ser revelação e por isso mesmo se reveste de autoridade
divina. O mandamento é citado no Novo Testamento e foi resgatado pela graça e
adaptado à graça. A fé cristã leva o tema para além dos tribunais, pois
pertence à esfera espiritual, envolvendo a salvação, ao passo que na lei o seu
aspecto é mais jurídico visando manter o equilíbrio na sociedade.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 122.
Dt 19.20 ... O ouçam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao
incidente (como a família do homem que tinha cometido perjúrio), bem como a
população em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o
crime de perjúrio. E embora isso não eliminasse o mal das testemunhas falsas,
essa prática odiosa ficaria grandemente reduzida.
Dt 17.13 Neste versículo vemos a severidade da lei. Não se hesitava
em executar até mesmo um juiz local, que não cumprisse o que se tinha
considerado reto. Essa execução agiria como uma medida preventiva, capaz de
fazer todo o povo de Israel temer. Em Israel, a justiça era imediata e
terrível. Isso pode ser contrastado com nossos sistemas modernos, que podem
envolver anos para que um simples caso de homicídio seja julgado. “Isso fazia o
império da justiça tornar-se dotado de máxima importância na Terra Prometida,
ajudando a impedir a anarquia” (Jack S. Deere, in Ioc.).
E jamais se ensoberbeça. No hebraico, essa palavra é zadown, que
significa “de maneira arrogante”, “de maneira orgulhosa”. A medida disciplinar
humilharia os homens e fá-los-ia temer.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 830; 822.
Deveria haver grande cuidado no julgamento, v. 18. Deveria ser
feita uma investigação diligente quanto ao caráter das pessoas, e todas as
circunstâncias do caso. Tudo isto devia sei' comparado, para que a verdade
pudesse ser descoberta. Quando a investigação fosse realizada de um modo fiel e
imparcial, eles poderiam esperar que a Providência os auxiliasse.
(5) Se ficasse evidente que um homem tinha, conscientemente e
perversamente, dado falso testemunho contra seu próximo, embora o mal que lhe
desejava não tivesse sido realizado, este deveria sofrer a mesma penalidade à
qual seu próximo estaria sujeito, devido à sua evidência, v. 19. Nec lex
estjustior idla - Nenhuma lei poderia ser mais justa. Se o crime do qual ele
acusasse seu próximo devesse ser punido com a morte, também o homem que deu
falso testemunho deveria ser condenado à morte. Se a punição fosse açoitamento,
ele deveria ser açoitado. Se fosse uma multa financeira, ele deveria ser
multado também. E, como para aqueles que não levassem em consideração a
atrocidade do crime e a necessidade de impedi-lo, pareceria ser uma punição
muito dura, por ter dito algumas palavras, especialmente quando nenhum mal
tinha, realmente, sido feito, aqui está acrescentado: “O teu olho não poupará”,
v. 21. Nenhum homem precisa ser mais misericordioso do que DEUS. O benefício
que resultará, para o público, desta severidade, a recompensará com abundância:
“Para que os que ficarem o ouçam, e temam”, v. 20. Tais punições exemplares
seriam advertências a outros, para que não empreendessem nenhuma maldade deste
tipo, quando vissem como aquele que fez a cova e a escavou havia caído nela.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 619.
Dt 19.16-20. O caso da testemunha maliciosa (lit. “testemunha de
violência”, i.e. seu testemunho levaria a um ato de violência) é agora
discutido. Quando tal testemunha declarava que o acusado era culpado de um ato
errado (lit. “desvio”, i.e. deserção, apostasia ou má conduta moral ou
religiosa), as duas partes em litígio tinham que comparecer perante Javé para
responder aos sacerdotes e juízes que estivessem oficiando na
ocasião. o tribunal localizado no santuário central parece ser o que se tem em
vista nesta passagem (cf. 17: 8-13). Depois de cuidadoso exame
os juízes (provavelmente todo o grupo de sacerdotes e juízes)
dariam o veredito. Se a testemunha fosse falsa receberia o castigo que se
tencionava dar ao acusado. Desta maneira o mal seria “queimado” (exterminado)
de Israel e o perjúrio desestimulado.
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora
Vida Nova. pag.208-209.
3. CONTEXTO.
JUIZ, O Um juiz ou magistrado civil é mencionado pela primeira vez
em Israel sob a liderança de Moisés, quando Jetro sugeriu que juízes fossem
designados para aliviar Moisés em suas responsabilidades administrativas (Êx
18.13-26). Mais tarde, Israel se organizou em unidades dentro de cada tribo com
um homem qualificado como juiz. Estes homens deveriam julgar corretamente,
destemidamente e imparcialmente (Dt 1.16ss.). Somente os casos mais importantes
eram trazidos diante de Moisés (Dt 1.12-18; 21.2). Observe também a organização
de Israel em Números 1-10. Sob a liderança de Josué um plano similar foi
seguido (Dt 16.18-20; 17.2-13; 19.15-20; Js 8.33; 23.2; 24.1; 1 Sm 8.1). A era
que se seguiu à morte de Josué retrata uma situação modificada como é descrito
no livro de Juízes. Aqui os líderes principais, ou juízes do povo, eram aqueles
que tinham primeiramente a missão de livrar os israelitas das nações opressoras
(Jz 2.16). Carismaticamente dotados pelo ESPÍRITO de DEUS, eles eram "libertadores"
(Jz 3.9), capacitados a livrar e preservar Israel (Jz 6.34-36).
O termo heb. corretamente inclui o conceito de líder bem como
o de árbitro. Durante a era entre a conquista e a monarquia em Israel, os
invasores opressores foram sucessivamente mesopotâmios, moabitas, cananeus,
midianitas, amonitas e filisteus. Os notáveis juízes que foram usados para agir
contra estes foram Otniel, Eúde, Débora e Baraque, Gideão e Sansão, conforme
narrado no livro de Juízes. Outros juízes a respeito dos quais pouca informação
está disponível foram Sangar, Abimeleque, Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom.
Alguns dos juízes desta era são mencionados no livro de Hebreus (cap. 11) como
heróis da fé. Os capítulos iniciais de 1 Samuel (cf. 4.18) indicam que Eli
serviu como juiz de Israel por 40 anos. Samuel não só guiou os israelitas em
uma resistência bem-sucedida à opressão dos filisteus, mas também estabeleceu
um organizado tribunal itinerante. Embora ele tenha designado seus filhos
como juízes, as condições em mudança marcaram uma transição para um reino
organizado que trazia a necessidade da unção de um rei (1 Sm 7.15-8.5). Durante
a monarquia, o rei se tornou o supremo juiz em assuntos civis (2 Sm 15.2; 1 Rs
3.9,28). Os casos eram julgados pelo rei no portão do palácio (1 Rs 7.7), mas
os tribunais locais estavam da mesma forma em funcionamento. Davi atribuiu aos
levitas o ofício judicial e designou 6.000 homens como oficiais e juízes (1 Cr
23.4; 26.29). Josafá ampliou o sistema judicial em Judá, designando sacerdotes
e juízes em cidades fortificadas com uma suprema corte em Jerusalém, onde as questões
religiosas estavam sujeitas aos sacerdotes e as questões civis sujeitas ao
príncipe de Judá (2 Cr 19.5-8). Os profetas frequentemente afirmavam que a
justiça estava corrompida pelo suborno e pelos falsos testemunhos (Is 1.23;
5.23; 10.1; Am 5.12; 6.12; Mq 3.11; 7.3). Os reis eram frequentemente injustos
em seu modo de tratar os profetas que falavam da parte de DEUS (1 Rs 22.26,27;
2 Rs 21.16; Jr 36.26). Veja também 1 Reis 21.1-13, onde a lei era
desconsiderada por Acabe e Jezabel e falsas testemunhas eram usadas para trazer
vantagens ao rei.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1112-1113,
JUIZ
1. A palavra hebraica para «juiz» é shaphat. Ocorre por cento e
dezoito vezes no Antigo Testamento, desde Gên. 16 até Miq. 4:3. O termo grego é
kritês. Esse substantivo ocorre por dezoito vezes no Novo Testamento: Mat.
5:25; 12:27; Luc. 11:19; 12:14,58; 18:2,6; Atos 10:42; 13:20; 18:15; 24:10; II
Tim. 4:8; Heb. 12:23; Tia. 2:4; 4:11,12 e 5:9.
Além de designar os indivíduos que tomam decisões sobre questões
civis e religiosas, as palavras envolvidas falam sobre a tentativa de
determinar causas (ver Êxo. 18:13). Entre os povos, as decisões judaicas são
anunciadas de várias maneiras. Os juízes de Israel faziam-no
verbalmente: «Tu és culpado!» ou «Tu és inocente!» Entre os romanos,
marcava-se alguma espécie de material, como um tablete de argila ou um pedaço
de papel, com um A (absolvido) ou com um C (condenado). Entre os gregos havia o
costume de apresentar uma pedra branca ao acusado, para indicar sua inocência,
ou uma pedra negra, para indicar sua culpa.
Outros Significados. Considerar (Atos 16:15); governar (Sal.
58:11); punir, em consequência de julgamento condenatório (Heb.
13:4; Eze. 7:3-8; 22:2); censurar acerbamente (Mat. 7:1).
2. No Antigo Testamento.
a. Yahweh é chamado, antes de todos, de Juiz dos homens. «Não Fará
justiça o Juiz de toda a terra?» (Gên. 18:25). DEUS julga os indivíduos e as
nações com base em sua justiça absoluta (Gên. 3:14 ss; 6:3 ss; 11:5 ss; 15:14;
16:5; 20:3; 31:53).
b. O chefe patriarcal de uma casa, na antiguidade, era o juiz de
seus familiares e de seu clã (Gên. 21, 22 e 27).
c. Moisés era o único juiz da nação de Israel, depois que esta saiu
da servidão, no Egito; mas Jetro, seu sogro, encorajou-o a distribuir tal
responsabilidade escolhendo juízes secundários. Disso resultou a primeira
instituição dos juízes. Ver Êxo. 18:13-17; Deu. 1:9-18.
d. Na codificação que se seguiu, conforme se vê no livro de
Deuteronômio, houve a nomeação de juízes e oficiais, de tal modo que cada
cidade contasse com o seu próprio juiz (Deu. 16:18 ss). Se o caso assim o
exigisse, os sacerdotes podiam ser convocados para atuar como juízes (Deu.
17:8-13).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 636.
Êxo 22.8 Levado perante DEUS. Tal como antes o sentido da frase
deve ser "levado ao santuário”. O homem deve jurar solenemente em nome de
DEUS (ver v.11), declarando sua inocência. Esta espécie de decisão judicial
precisava ser aprovada pelo queixoso (como num julgamento em que o réu tem de
passar por uma prova quase impossível). Se o réu tiver jurado falsamente, a
maldição que ele invocou cairá sobre ele mesmo e assim será suficientemente
punido. Talvez nisso esteja a explicação da frase “ a quem DEUS condena” (v.9).
O homem que sofre os efeitos da maldição fica exposto como culpado pelo próprio
DEUS, e deve pagar em dobro ao queixoso.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 166.
II. O PROCESSO
1. RESPONDER EM JUÍZO.
O verbo "dizer" em "Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo" (Êx 20.16; Dt 5.20) no Antigo Testamento hebraico é
‘ãnãh, "responder, testemunhar, falar", usado também em um processo
jurídico, tanto nos tribunais humanos (Dt 19.16) como no tribunal divino (Is
3.9; 59.12; Jr 14.7). O termo hebraico ‘êd shãqer, "falso testemunho,
falsa acusação", reaparece na literatura sapiencial (S127.12; Pv 6.19;
14.5; 19.5,9; 25.18). A palavra ‘êd, "declaração, testemunho", indica
"alguém com conhecimento de primeira mão acerca de um acontecimento ou que
pode testemunhar com base num relato que ouviu" (HARRIS; ARCHER, JR.;
WALTKE, 1998, p. 1083). Tal pessoa está obrigada a testemunhar (Lv 5.1). E
sheqer, "mentira, falsidade, engano", diz respeito a qualquer
atividade falsa, tudo aquilo que não se baseia em fatos ou realidades. Aqui é a
testemunha na qual não se pode confiar.
Entretanto, no texto paralelo em Deuteronômio, sheqer é substituído
pelo substantivo hebraico shãw‘, que significa "fraude, engano,
inutilidade, inútil, imprestável, falsidade, desonestidade, futilidade,
vacuidade" (Dt 5.20). É o mesmo termo empregado no terceiro mandamento
para "vão" em "Não tomarás o nome do SENHOR, teu DEUS, em vão,
porque o SENHOR não terá por inocente ao que tomar o seu nome em vão" (Êx
20.7; Dt 5.11). Muitos expositores do Antigo Testamento não consideram isso uma
diferença, mas uma forma de ampliar o sentido do mandamento, podendo
aplicar-se tanto no campo jurídico como nos vários aspectos da vida diária.
Sheqer é um termo específico, e shãw ‘ é genérico. As versões antigas não
apresentam também essa diferença. A LXX emprega pseudoma seitareis,
"falso testemunho", nas duas versões do Decálogo. Isso
acontece ainda em outras versões antigas como a Vulgata Latina, que traduz
essas palavras por falsum testimonium, além do Pentateuco Samaritano e o Targum
de Ônquelos.
É no nono mandamento em que o termo "próximo" aparece
pela primeira vez no texto hebraico do Decálogo como berèã ‘chã, "contra
teu próximo". A palavra rêa‘, "amigo, companheiro, outra
pessoa", é usada para designar "vizinho, parceiro". O amigo pode
ser íntimo ou ocasional. O termo ocorre mais três vezes no décimo mandamento:
"... a casa do teu próximo; ... a mulher do teu próximo,... nem coisa
alguma do teu próximo" (Êx 20.17; Dt 5.21) e faz parte do vocabulário
jurídico (Êx 21.14, 35; 22.7- 10; Dt 15.2; 19.4, 5). É a mesma palavra de
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19.18) citada pelo Senhor
JESUS (Mt 19.19). A LXX traduz pela palavra grega plêsíon, "perto,
próximo" ou "perto de, próximo de", que no Novo Testamento grego
aparece como preposição na passagem da mulher samaritana, quando o texto diz
que Sicar era perto da herdade que Jacó tinha dado a José (Jo 4.5). Como
advérbio substantivado, ocorre 12 vezes em relação aos mandamentos do Decálogo
(Mt 5.43; 19.19; 22.39; Mc 12.31, 33; Lc 10.27,29,36; Rm 13.9, 10; G1 5.14; Tg
2.8).
A expressão "teu próximo" era conhecida por qualquer
judeu familiarizado com as Escrituras no período do ministério terreno do
Senhor JESUS, mas parece que havia incerteza quanto a seu exato significado:
"E quem é o meu próximo?"(Lc 10.29), perguntou um doutor da lei a
JESUS. O contexto dos evangelhos deixa claro que os judeus daquela época
consideravam como seus "próximos" apenas os amigos da mesma etnia,
tribo e classe com quem matinha uma relação mútua de afinidade e intimidade.
Mas não é esse o pensamento do Antigo Testamento, que inclui também os
estrangeiros além dos israelitas (Êx 3.22; Lv 19.34). O segundo e grande
mandamento, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", é a palavra final
sobre o assunto. O próximo é qualquer pessoa, independentemente de sua etnia,
status, confissão religiosa ou convicção política e filosófica.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
123-125.
Parece que o objetivo central deste mandamento é a proteção ao
sistema judicial. Os tribunais seriam inúteis se os homens chegassem
ali para mentir. Se tiver de ser feita uma acusação contra outra pessoa, e se o
acusado tiver de defender-se, a verdade terá de ser dita por ambas as partes,
sob pena da justiça naufragar. Mas esse mandamento também se aplica a questões
individuais. A sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar
mentiras e calúnias sobre seus semelhantes. O trecho de Êxo. 23.1 condena o
falso testemunho em nível pessoal. Ver Deu. 19.16-20 que requeria juízo
apropriado contra falsas testemunhas que perturbavam o sistema judicial. A
linguagem e os fatos devem concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20;
Jer. 9,5; Sal. 9.5; 15.2; Pro. 12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita
como tempero do amor (Efé. 4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam
mais do que as mentiras francas. O amor, porém, guarda-nos tanto da mentira
aberta quanto das meias verdades.
A mentira artística vem sendo aprovada desde os tempos mais
antigos, conforme muitos eruditos supõem. Ver o caso de Labão (Gên. 29.21-27),
e o caso um tanto anterior de Jacó (Gên. 27.6-36). Por outro lado, a luz que
brilhou por meio de Moisés por certo condenava qualquer tipo de mentira ou
abuso de linguagem.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
Êx 20.16. Não dirás falso testemunho. Já que numa sociedade
simples, vivendo no deserto, quase todos os crimes envolviam penas capitais,
“falso testemunho” bem-sucedido seria equivalente a assassinato. Para
evitar tal problema, a testemunha deveria ser também o executor (Dt 17:7), de
modo a incorrer na culpa do sangue se estivesse mentindo. O falso
testemunho assume grandes proporções no Velho Testamento (1 Rs 21:10, por
exemplo), como em qualquer sociedade em que a extrema pobreza exponha o homem à
tentação do suborno. Não há dúvida de que o mandamento poderia ser generalizado
para incluir a proibição de intrigas e mexericos (Lv 19:16), especialmente de
mexerico falso e maldoso que prejudicasse o próximo.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 154-155.
O nono mandamento diz respeito ao nosso próprio bom nome, e ao do
nosso próximo: “Não dirás falso testemunho”, v. 16. Isto proíbe:
1. Falar falsamente sobre qualquer assunto, com mentiras, com
equívocos intencionais, e de qualquer maneira planejada para enganar o nosso
próximo.
2. Falar injustamente contra o nosso próximo, para o prejuízo da
sua reputação. E (o que envolve a culpa de ambos):
3. Dar falsos testemunhos contra ele, acusando-o de coisas de que
ele não tem conhecimento, seja judicialmente, sob juramento (com o que são
infringidos o terceiro e o sexto mandamento, além deste). Ou
extrajudicialmente, em conversação comum, caluniando, difamando, inventando
estórias, piorando o que é feito erroneamente e tornando-o pior do que já é, e
de alguma maneira empenhando-se em aumentar a sua própria reputação sobre a
ruína da do seu próximo.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 296.
2. FALSO TESTEMUNHO.
O nono mandamento não se restringe apenas ao aspecto jurídico, ao
perjúrio num tribunal civil ou criminal, mas se aplica também à vida diária,
como o boato e o mexerico (Êx 23.1; Lv 19.16). Estes envolvem a mentira e
trazem implicações profundas na vida humana. DEUS condena tais práticas, e o
ensino bíblico sobre o assunto começa em Moisés e se estende até o Novo
Testamento.
"Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio,
para seres testemunha falsa" (Êx 23.1). A TB traz "Não levantarás um
boato falso"; a ARA e NTLH empregam "notícias falsas". A
expressão hebraica para "falso rumor" aqui é shêma ’ shãw ‘. O termo
shêma ’, "informação, notícia, fama, boato", é um substantivo
derivado do verbo Vtpüi (shãma ‘), "ouvir, escutar, prestar atenção,
obedecer". Essa informação, notícia ou fama pode ser boa ou ruim e diz
respeito ao que se ouve dizer (1 Rs 10.1), diferentemente de um conhecimento
pessoal, de uma experiência direta: "Antes eu te conhecia só por ouvir
falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos" (Jó 42.5). E o
termo shãwque significa "fraude, engano, inutilidade, inútil, imprestável,
falsidade, desonestidade, futilidade, vacuidade", aparece no terceiro
mandamento (Êx 20.7; Dt 5.11) e no nono mandamento na versão de Deuteronômio
(Dt 5.20). O falso boato é a propagação de uma notícia infundada, não oficial e
de fonte desconhecida. O contexto mostra que divulgar informação enganosa é
associação com o ímpio para se tornar falsa testemunha: "E não porás a tua
mão com o ímpio, para seres testemunha falsa" (Êx 23.1b). Mesmo as coisas
triviais do dia a dia podem terminar na justiça, pois elas destroem a reputação
de qualquer pessoa.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
128-129.
Como o mandamento anterior, este ressalta que as relações humanas
devem ser baseadas na honestidade e verdade. Aqui, DEUS pede honestidade com
respeito à reputação de nosso próximo. o falso testemunho (20:16) não se
restringe ao contexto de um tribunal, mas ocorre sempre que difamamos ou
mentimos sobre alguém. Esse tipo de discurso é moralmente errado, pois abala a
integridade do mentiroso e a reputação do indivíduo que é alvo da mentira. As
palavras mentirosas têm consequências sérias; além de destruir relacionamentos
e perspectivas de carreira, podem até resultar em prisão e suicídio. Mais
adiante, DEUS expande esse mandamento: “Não espalharás notícias falsas, nem
darás mão ao ímpio [...] nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a
maioria, para torcer o direito” (23:1-2). Devemos nos lembrar de que
testemunhas falsas foram usadas até no julgamento injusto de nosso Senhor (Mt
26:59-62; Jo 19:12).
Tokunboh Adeyemo. COMENTÁRIO BÍBLICO AFRICANO. Editora
Mundo Cristão. pag. 114.
Embora negativo na forma, pode o nono mandamento apresentar um
conteúdo positivo, levando-nos a não falsear a verdade em todas as afirmações
(13.14; 17.4-6) e a sermos justos nos nossos juízos (17.8-13; 19.15-21). Cf. Mt
18.16. Na esteira do Mestre, deve todo o Cristão dar testemunho da verdade (Jo
18.37). E como será isto possível, senão dando testemunho daquele que é a
própria Verdade?
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Deuteronômio.
pag. 31.
3. O PRÓXIMO.
"Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te porás
contra o sangue do teu próximo. Eu sou o SENHOR" (Lv 19.16). A proibição
consiste em dois preceitos paralelos que expressam a mesma ideia. O termo
hebraico usado aqui como "mexeriqueiro" é rãkTl, "caluniador,
difamador", e aparece apenas seis vezes no Antigo Testamento, indicando
alguém que calunia e revela segredos (Pv 11.13; 20.19; Jr 6.28; 9.4 [3]; Ez
22.9). Com exceção de Ezequiel, em todas elas o substantivo vem acompanhado do
verbo hãlach, "andar, caminhar"; isso indica tratar-se de uma
expressão idiomática para o ato de caluniar. Os léxicos geralmente informam que
rãkil é um termo obscuro. A Septuaginta revela nele nuances que indicam
desonestidade, decepção, duplicidade e falsidade. Assim, o mexeriqueiro aqui é
muito mais que a simples fofoca ou fuxico. Isso se confirma na segunda
cláusula: "Não te porás contra o sangue do teu próximo. O
"sangue" diz respeito à vida: "Não atentarás contra a vida do
teu próximo" (ARA). A proibição nessa segunda parte significa a
responsabilidade pessoal de não colocar em perigo a vida do próximo com o
falso testemunho a fim de declarar o inocente como culpado.
O mexerico corriqueiro é também condenado pela Palavra de DEUS (2
Co 12.20). O cristão nunca deve falar mal de um irmão na igreja (Tg 4.11). O
nono mandamento proíbe toda forma de mentira, tanto aquela que se diz
deliberadamente na vida diária como também sob juramento num tribunal. Tudo
aquilo que se fala com o propósito de prejudicar o bom nome de alguém é pecado
e violação desse mandamento. O Senhor JESUS CRISTO citou este mandamento para o
moço rico, juntamente com outros do Decálogo (Mt 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20). Da
mesma maneira, fez o apóstolo Paulo (Rm 13.9). Mas na graça este mandamento
aparece na esfera espiritual e não jurídica (Ef 4.25; Cl 3.9).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
129-130.
PRÓXIMO
1. Palavras Envolvidas
Precisamos considerar quatro palavras hebraicas e uma grega:
a. Rea, «associado», «companheiro». Pode estar em foco um amigo
íntimo (Pro. 26:10), ou um amante (Can. 5:16), ou o marido de uma mulher (Jer.
3:20). Essa palavra hebraica, pois, destaca como próximo uma pessoa que é
íntima de quem fala, em um relacionamento onde imperam laços de amizade (ver
£Êx. 20:16, 17; Deu. 5:20). Essa palavra hebraica ocorre por cento e oitenta e
nove vezes.
b. Shaken, «concidadão», «vizinho». Está em foco alguém que mora
próximo, e de quem se pode pedir algo emprestado (ver Êxo. 3:22; 12:4; Pro.
27:10).
c. Qarob, «próximo», referindo-se a alguém ou a algum lugar; no
caso de pessoas, significava «parente». Ocorre por setenta e cinco vezes nas
páginas do Antigo Testamento. Alguns exemplos: Exo. 32:27; Jos. 9:16; Sal.
15:3; Eze. 23:5,12; Gên. 19:20; Isa. 13:13; Joel 3:14; Sof. 1:14.
d. Amith, «colega», «igual», «próximo». Essa palavra hebraica
aparece por doze vezes no Antigo Testamento: Zac. 13:7; Lev. 6:2; 18:20;
19:11,15, 17; 25:14,15,17. Essas duas últimas referências mostram que ela pode
ser traduzida em português como «outro», embora dando a entender outro ser
humano, o próximo.
e. Plesíon, «próximo», «vizinho», «concidadão». Essa palavra grega
aparece por dezessete vezes no Novo Testamento: Mat. 5:43 (citando Lev. 19:18);
19:19; 22:39; Mar. 12:31,33; Luc. 10:27,29,36; João 4:5; Atos 7:26; Rom.
13:9,10; 15:2; Gál. 5:14; Efé. 4:25; Tia. 2:8 e 4:12.
2. Ensinamentos Bíblicos Acerca do Próximo
Para um israelita, um outro israelita era o próximo, porquanto era
um irmão, participante, com ele, do mesmo pacto com Abraão (ver Gen. 12:1-3).
Dentro desse contexto foi dado o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo
(ver Lev. 19:18). Esse mandamento foi universalizado no Novo Testamento; ao
passo que no Antigo Testamento era restringido aos participantes do pacto
abraâmico. Assim, a interpretação rabínica dizia que aos israelitas foi
ordenado que amassem ao próximo, e que isso subentendia que eles deveriam odiar
ao não-próximo, ou ao estrangeiro, ou ao inimigo. JESUS referiu-se a essa
interpretação equivocada em Mat. 5:43 ss. E o Senhor reverteu
essa ideia rabínica tão radicalmente que chegou a ordenar que
amássemos aos nossos próprios inimigos, determinando que orássemos em favor
daqueles que nos perseguem (ver Mat. 5:44). É desse modo que um crente chega a
tornar-se um «perfeito» filho do Pai celeste (vss. 45,46] dotado de uma elevada
natureza moral e espiritual. Diz Mat. 5:48: «Portanto, sede vós perfeitos como
perfeito é o vosso Pai celeste». Naturalmente, essa atitude para com o próximo
faz parte da manifestação geral da lei do amor. A prática da lei do amor é
prova da regeneração e da espiritualidade do indivíduo, segundo aprendemos em I
João 4:7 ss.
O Antigo Testamento, de fato, emprega em sentido mais amplo o termo
«próximo», conforme se vê em Êxo. 3:22; 11:2 e Eze. 16:26. Também
poderíamos pensar no livro do profeta Jonas, que é o «João 3:16» do Antigo
Testamento. Entretanto, essa visão mais espiritual não conseguiu capturar a
imaginação da corrente principal do judaísmo, que cada vez mais foi-se tornando
uma fé exclusivista.
A mais significativa passagem neotestamentária sobre a definição de
quem é o nosso «próximo», e o que isso deveria significar para nós, acha-se na
parábola do Bom Samaritano, em Luc. 10:29-37.
O próximo é sempre alguma pessoa em necessidade, ao qual devemos
socorrer, sem importar se essa pessoa vive perto ou longe de nós, sem importar
sua raça ou religião. Do ponto de vista da criação (posto que não do ponto de
vista da regeneração), todos os homens são filhos do mesmo DEUS, e todos eles
são irmãos. Assim, um próximo, nesse amplo sentido, tem direito ao nosso amor.
Ora, esse ensino era totalmente estranho ao judaísmo exclusivista dos dias de
JESUS; mas, embora concorde com a nossa teologia cristã, raramente é observado
na nossa prática. A real lei de DEUS consiste em amarmos ao próximo como a nós
mesmos (ver Tia. 2:8); mas quanto a isso temos pouca experiência, exceto como
uma proposição teológica.
Paulo também mencionou essa lei, no contexto da natureza do amor
cristão (ver Rom. 13:9,10). O amor ao próximo não o prejudica. Antes, cumpre
todos os requisitos da lei, que encoraja o bem e proíbe que se faça mal ao
próximo (ver Gál. 5:14, que reitera esse mandamento). Um amplo ensino
espiritual haverá de ser, finalmente, anunciado entre todos os homens (ver Heb.
8:11), quando então a espiritualidade do ser humano será elevada ao ponto dele
deixar de ser um guerreiro tribal, conforme hoje se vê. Ver o artigo geral
sobre o Amor, e também aquele sobre o Fruto do ESPÍRITO.CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5.
Editora Hagnos. pag. 489.
Lv 19. 18. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Essa é a Regra
Áurea. Cada um deve amar o próximo como a si mesmo. Esse é o segundo grande
mandamento, de acordo com a avaliação do Novo Testamento, que só perde em
importância para o amor a DEUS. JESUS citou este versículo e exaltou os
princípios em que ele está alicerçado. Ver Mar. 12.31. A lei mosaica inteira
repousa sobre esses dois princípios.
A lei do amor é a primeira lei da espiritualidade, e, de fato, a
essência da espiritualidade (I Cor. 13). É fruto da regeneração (I João 4.7).
Teu próximo. De acordo com a definição rabínica, um
compatriota hebreu. Mas notemos que até este capítulo inclui o estrangeiro
(vss. 33 e 34). JESUS falou de modo que entendêssemos que próximo é qualquer
outro ser humano (Luc.10.29 ss.).
Quando de Hillel foi solicitado, por um discípulo em potencial, que
dissesse a essência da lei, estando de pé sobre somente um dos pés (em tempo
breve, portanto), ele apresentou, sob forma negativa, o conceito à nossa
frente: Ό que não quiseres que outros te façam, não faças a outros”. Mas JESUS
apresentou uma versão positiva desse mesmo princípio, em Mat. 7.12: Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a
eles”. Cf. Rom. 13.8-10.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 552.
Lv 19.17-18. A responsabilidade para com o próximo envolve uma
atitude positiva de coração e mente. O ódio é uma resposta emotiva que somente
deve ser empregada contra o mal (Am 5:15), e nunca contra alguém que também é
um membro (“irmão") da comunidade da aliança.
Quando se considera necessária a repreensão, a questão deve ser
discutida abertamente com o transgressor, e não por detrás das suas costas, a
fim de que a ira não levasse ao ressentimento e ao ódio, resultando,
assim, no pecado. Paulo encorajou Timóteo a repreender os membros da
igreja que estavam em erro, com amor e paciência (1 Tm 4:12). Tomar vingança da
maneira de uma inimizade tradicional de sangue meramente perpetua uma
injustiça, e às vezes a aumenta além de todas as proporções.
A vingança como tal pertence somente a DEUS (Dt 32:35; Rm 12:19; Hb
10:30), que pagará no tempo certo. O curso para o cristão seguir em tais casos
foi exemplificado por JESUS CRISTO (1 Pe 2:23). A lei do amor para como o
próximo é enunciada somente aqui e no v. 34, e, segundo parece, abrange membros
da comunidade da aliança (“os filhos do teu povo”) juntamente com os
forasteiros e estrangeiros que viviam entre eles. Na realidade, os termos
“amar” e “próximo” parecem ter sido tão compreensivos no seu escopo naquele
tempo quanto o são agora.
Esta, assim chamada, “regra de ouro” foi citada por CRISTO (Mt
19:19; 22:39; Mc 12:31; Lc 10:27, etc.) como ideal de comportamento altruístico
na sociedade. O sentimento que subjaz este aforismo era sem igual no mundo
antigo, e representa um dos preceitos morais mais destacados do Antigo
Testamento.
R. K. Harrison. Levíticos. Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 183-184.
III. A VERDADE
1. ANTIGO TESTAMENTO.
I. Terminologia Bíblica
No hebraico devemos considerar uma palavra e no grego, também uma,
a saber:
1. Emeth, “verdade”, “constância”. Esse vocábulo hebraico ocorre
por 92 vezes no Antigo Testamento. Há outras formas dessa palavra e outros
vocábulos que ocorrem por algumas poucas vezes, e que também podem ser
traduzidos como “verdade”.
2. Alétheia, “verdade”. Palavra grega que é usada por 110 vezes.
No Antigo Testamento, a palavra emeth e seus cognatos indicam as
idéias de firmeza, estabilidade, fidelidade, alguma base fidedigna de apoio. É
uma qualidade atribuída tanto a DEUS quanto às criaturas. Também é atribuída
não somente às mais diversas afirmações (por exemplo, Rute 3:12), mas também à
conduta (ver Gên. 24:49) e às promessas (II Sam. 7:28). A verdade é associada
na Bíblia à gentileza (Gên. 47:29), à justiça (Nee. 9:13 e Isa. 59:14) e à
sinceridade (Jos. 24:14). Por essas razões, a Septuaginta, com freqüência, a
traduz pelo termo grego pistis, “fé”, “fidelidade”, “convicção”, a fim de
expressar o aspecto moral, em vez de empregar alétheia, “verdade”.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 593.
Dt 32 .4 — Diferente da ineficácia dos deuses pagãos (v. 37), DEUS
dá a vida, a estabilidade e a felicidade ao povo (v. 15,18,30,31). A vida
abundante que Ele concede é baseada em Sua obra perfeita. Como uma Rocha firme
que permanece inabalável diante das águas furiosas de um mar revolto, o Senhor
e Sua obra continuam sólidos perante o caos produzido pelas vidas em pecado. O
Todo-poderoso é a fundação segura de toda verdade num mundo decadente. Além
disso, Ele nunca deixará as mentiras corromperem a justiça (Sf 3.5). Ao
contrário, como um juiz justo e reto, protegerá os oprimidos.
EarI D. Radmacher:
Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo
Comentário Bíblico Antigo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 335.
Dt 32 (4) Ele é um DEUS de verdade, cuja palavra podemos aceitar, e
nela podemos confiar, pois não pode mentir aquele que é fiel a todas as suas
promessas, nem suas ameaças cairão por terra.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 662.
Dt 32.1-4. Acerca do testemunho de céus e terra, cf. Is 1.2; M q
6.1,2. As palavras do cântico lembram a chuva e o orvalho porque refrescam e
renovam os ouvintes, já que aludem ao caráter de Javé. Ele é tão sólido e
confiável como uma rocha.
Bruce; F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo
Testamento. Editora Vida. pag. 386.
2. NOVO TESTAMENTO.
Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu
próximo; porque somos membros uns dos outros" (Ef 4.25). O apóstolo Paulo
mostra que engendrar pensamento falso, falar mentira, propalar falsos rumores
faz parte do estilo de vida do mundo pagão. Os gentios convertidos à fé cristã
tinham pela frente o desafio de mudar o seu padrão de vida; precisavam agora
viver como discípulos de CRISTO. Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em
contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira (Dt 13.14; 17.4; is 43.9).
A mentira é o oposto à verdade; trata-se da prática do engano, da
falsidade e da traição. No contexto bíblico, a mentira vai além da prática
intelectual da desonestidade; é uma distorção do verdadeiro eu e da nossa
relação com DEUS e com o próximo (1 Jo 2.4; 4.20).
A proibição aqui é a divulgação não oficial e de fonte desconhecida
de informação ou notícia no meio do povo de DEUS. A lei que manda amar o
próximo proíbe o discurso nocivo, ainda mais quando o objetivo é destruir a
vida ou a reputação do outro.
A pessoa confiável e de bem guarda segredo e não divulga o que ouve
para não prejudicar o próximo.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 130.
Nas páginas do Novo Testamento, alétheia retém a ênfase moral e
personalista que o termo paralelo hebraico tem no Antigo Testamento, embora a
noção de fidelidade, com mais frequência, seja transmitida através da palavra
grega pistis. Etimologicamente, alétheia sugere que alguma coisa tenha sido
descoberta, revelada, segundo a
sua verdadeira natureza, dando a ideia daquilo que é real
e genuíno, em contraposição com o que é imaginário ou espúrio, ou, então,
daquilo que é veraz, em contraposição com o que é falso. Porém, as referências
neotestamentárias a declarações verazes tomam evidente que o conceito de
verdade cognitiva deriva-se das noções de franqueza ou caráter fidedigno (ver,
por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; João 8:44-46; Rom. 1:25 e Efé. 4:25).
Três Conceitos de Verdade na Bíblia
O uso que a Bíblia faz da palavra verdade, sugere três conceitos
relacionados entre si, a saber:
1. a verdade moral;
2. a verdade ontológica; e
3. a verdade cognitiva.
A base da verdade se encontra em DEUS, que é a fonte
originária e o padrão de 1, a retidão; 2, o ser; e 3, o conhecimento.
1. A Verdade Moral. A verdade é um dos atributos de DEUS. Como tal,
esse vocábulo se refere à integridade, ao caráter digno de confiança e à
fidelidade de DEUS. Um poeta hebreu celebra esse atributo em Salmos 89, e o
profeta Oseias o faz em Osé. 2:19-23. Em ambos os casos, a
verdade divina é combinada com a misericórdia e o amor de DEUS. De acordo com
Deuteronômio 32:4, Salmos 100:5 e 146:6, a fidelidade de DEUS é revelada por
meio da criação; e, no livro de Apocalipse, esse é o atributo de DEUS sobre o
qual repousa a expectação de juízo (ver Apo. 3:7,14; 6:10; 15:3,4; 19:11 e
21:5).
Visto que o caráter divino deve ser imitado pelos homens, a verdade
também deveria ser uma qualidade, virtude ou atributo humano. Por esse prisma,
a verdade importa em honestidade (Sal. 15:2; Efé. 4:25) e justiça civil (Isa.
59:4,14,15). Dizer a verdade, portanto, para o homem constitui uma obrigação,
de tal maneira que a veracidade (verdade cognitiva) seja uma das
características do homem em quem se pode confiar (verdade moral). Entretanto,
espera-se de cada indivíduo que se mostre íntegro diante de DEUS e de seus
semelhantes (Êxo. 18:21; Jos. 24:14). Nesse sentido moral, a verdade não é
algum mero verniz superficial, pelo contrário, parte do próprio coração,
distinguindo o caráter inteiro do homem interior (I Sam. 12:24; Sal. 15:2;
51:6).
2. A Verdade Ontológica. Originando-se no conceito de que o
indivíduo que é inteiramente digno de confiança é veraz, temos aquele outro
conceito do indivíduo que efetivamente é aquilo que se propõe a ser. Isso
significa que tal indivíduo não vive uma ficção, não procura enganar ao
próximo, e nem é um homem que dê um exemplo imperfeito ou negativo. Nesse
sentido, “a verdadeira luz” (João 1:9) é a perfeição que João Batista refletia
em parte, em sua pessoa; “o verdadeiro pão” (João 6:32) faz contraste com o imperfeito
maná de Moisés; e “os verdadeiros adoradores” (João 4:23) fazem contraste com
aqueles que adoravam por mera antecipação, aguardando por quem não conheciam o
Messias. Os crentes tessalonicenses abandonaram seus ídolos a fim de servirem
ao verdadeiro DEUS (I Tes. 1:9). CRISTO é a verdade personificada.
É nesse sentido que falamos sobre “um verdadeiro homem”, “um
verdadeiro erudito” ou “um verdadeiro filho”,
dando a entender alguém que é fiel a algum ideal, que representa
perfeitamente algum padrão de virtude. A teoria grega dos universais via, em
todos os particulares, uma participação, em algum grau, nas formas ideais dos
universais.
3. A Verdade Cognitiva. Um outro fator resultante da verdade moral
é que o indivíduo veraz diz a verdade e não a mentira ou falsidade. Em DEUS, a
verdade origina-se na sua onisciência, de tal modo que o atributo da verdade se
refere, pelo menos em parte, ao seu perfeito conhecimento de todas as coisas
(Jó 28:20-26; 38:39). Visto que DEUS é o Criador, tudo quanto sabemos depende,
em última análise, do Senhor. Toda verdade é uma verdade divina. Nossas
habilidades cognitivas são uma criação de DEUS, e o caráter inteligível da
natureza confirma a sabedoria de DEUS. Por conseguinte, o conhecimento de DEUS
é um conhecimento arquétipo, do qual o nosso conhecimento é parcial, uma
imitação. Aquilo que declaramos verdadeiro, só o é à proporção que concorda com
a verdade, que só se manifesta perfeitamente na pessoa de DEUS. Isso posto, a
verdade terrestre é contingente, dependente, limitada, provisória. É por um
motivo assim que o apóstolo dos gentios explicou que “... agora vemos como em
espelho, obscuramente...”, e que somente na presença imediata de DEUS, quando
estivermos na glória, é que “...veremos face a face ...”. Sim, ainda no dizer
do apóstolo, agora conhecemos apenas parcialmente; no céu conheceremos tal e
qual somos conhecidos. Em contraste com o nosso conhecimento refletido, a
verdade arquétipa é ilimitada, imutável e absoluta. No caso do homem, a verdade
permanece em formação constante; mas, no caso de DEUS, a verdade já é perfeita,
completa.
Isso é expresso através do conceito do Logos, nos escritos de João,
bem como na discussão, na epístola aos Colossenses, sobre o fato de estarem
ocultos, em CRISTO, “...todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento...”
(Col. 2:3). O CRISTO, por intermédio de Quem todas as coisas foram criadas, e
que agora sustenta a tudo em existência, é aquele que empresta, à natureza e à
história, inteligibilidade, boa ordem e propósito. Conhecer a CRISTO é conhecer
a fonte onisciente de toda a verdade, de todo o conhecimento, não a fim de que
possamos saber de tudo quanto ele sabe, mas a fim de podermos compreender como
são possíveis todo o conhecimento e toda a sabedoria. CRISTO é aquele que
garante o caráter fidedigno de qualquer verdade que podemos obter.
Apesar de ser evidente, no Novo Testamento, o conceito cognitivo da
verdade (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; Rom. 1:25), é particularmente
aplicado ali à mensagem anunciada por CRISTO e seus apóstolos (João 5:33;
8:31-47; Rom. 2:8; Gál, 2:5; 5:7; Efé. 1:13; I Tim. 3:15; I João 2:21-27). Um
mensageiro cristão fiel fala a verdade que procede de DEUS; e, correspondendo a
essa verdade de DEUS, o crente confia em DEUS, de quem procede essa verdade. A
fé, pois, consiste tanto no assentimento da verdade como na dependência ao que
DEUS declara. Por isso é que se lê que uma pessoa “pratica a verdade”, quando
dá o seu assentimento à mensagem do evangelho e
confia em CRISTO, em vista de sua “verdade moral” ou fidelidade
(ver I João 1:6-8; 2:4; 3:18,19).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 593-595.
« ...e a verdade...» Quanto a este particular, poderíamos destacar
os pontos seguintes:
1. JESUS é a verdade de DEUS porque, na qualidade de «Logos» eterno
(ver João 1:1), ele é a perfeita revelação de DEUS e de sua verdade, e isso não
meramente para os homens, mas também para todos os seres criados.
2. JESUS é, especialmente, a revelação de DEUS aos homens, no que
concerne à salvação deles. Sua própria pessoa representa realmente essa
verdade, porque nele, segundo os eternos conselhos divinos (ver Efé. 1:3-5),
ele sempre esteve unido a DEUS Pai, e o plano da redenção dessa maneira se
originou dele. Assim sendo, em sua encarnação, ele trouxe essa verdade da
redenção aos homens. Em sua ascensão, ressurreição e glorificação, ele assegura
aos remidos a mais plena participação em toda a sua glória e em sua natureza
divina. Portanto, por esses motivos ele é a verdade metafísica do homem.
3. JESUS é a verdade do caminho pelo qual os homens devem retornar
a DEUS, porquanto ele é o exemplo supremo e o ilustrador desse caminho. Essa é
a verdade envolvida em sua encarnação. Tudo quanto o homem precisa saber está
contido em sua pessoa. JESUS é a verdade ética do homem.
4. Dessa maneira, em sua própria pessoa, CRISTO JESUS combina tudo
quanto os homens precisam saber, crer e ser, tanto no que diz respeito à
natureza de DEUS como no que tange à natureza e à posse da redenção e da glória
eterna.
5. JESUS é a Verdade, em o posição à religião falsa, como o
judaísmo desviado e obstinado. Ele é aquela verdade para a qual apontava a lei
mosaica, e da qual o pacto do A.T. era apenas uma sombra pálida. Ele é a
materialização dá verdade espiritual, e não meramente um profeta de DEUS ou uma
representação parcial polêmica cristã contra os judeus incrédulos, que
rejeitaram ao seu próprio Messias. O autor sagrado queria que tais pessoas
soubessem que tudo aquilo em que confiavam, como uma revelação da parte de
DEUS, nada significava à parte da pessoa de JESUS CRISTO, posto ser ele a
concretização de toda a verdade de DEUS, ao passo que Moisés, a lei e os
profetas meramente apontavam para CRISTO.
6. Em sua própria essência. CRISTO também é a verdade de DEUS,
porquanto ele mesmo é divino, e assim nos tem mostrado qual é a natureza de
DEUS ou a verdadeira forma de vida que ele possui, a qual ele está transmitindo
aos homens através de CRISTO. Essa é justamente a mensagem de um trecho como
Col. 2:9, onde se lê: «...porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude
da divindade...» Ou então do trecho de Col. 1:15: «Ele é a imagem do DEUS
invisível...».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 523.
Ele os traz em segurança ao lar situado lá em cima. CRISTO é a
verdade: Cada palavra sua pode ser confiada implicitamente, pois ela ensina o
conhecimento de DEUS, que aponta o caminho. O caminho que ele ensina é o único
caminho certo, pois ele é a verdade absoluta. CRISTO é a vida: Ele é o
manancial e o doador de toda verdadeira vida, a vida que vivifica a todos
aqueles que creem nele, e que é para ser gozada eternamente no
fim do caminho. Aquele que nele crê tem a vida eterna, no que está na vontade e
intenção de DEUS, está completamente unido a DEUS. Sendo estas coisas
verdadeiras, a conseqüência é que ninguém pode vir ao Pai, ou alcançar o gozo
da bendição eterna, a não ser só por JESUS. Não há outro caminho, sendo que
todos os caminhos que são imaginados pelas pessoas, os caminhos das boas obras
e da justiça própria, são trilhos falsos os quais levam à destruição eterna.
JESUS é o único caminho ao céu. “Creio que isto é a ‘verdade’, que é a segunda
palavra, significa em toda sua simplicidade, a saber, que CRISTO não é somente
o começo do caminho, mas que é o caminho verdadeiro e seguro, que finalmente
permanecerá o caminho ao qual a gente sempre se precisa ater, e não permitir
que o trilho errado nos seduza a buscar algo ao lado de JESUS que nos possa ajudar
na salvação.
KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento. Editora Concordia Publishing House.
3. O QUE É A VERDADE.
« ...Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade?...» A pergunta, feita
ao Senhor JESUS por Pilatos, e que este último não esperou ser respondida.
Por definição filosófica, o ceticismo afirma que não existe
qualquer coisa como uma verdade certa, imutável e eterna, e que, mesmo que tal
coisa exista, os homens ainda não encontraram meios para descobri-la, não sendo
mesmo provável que se possa encontrar esses meios de descoberta ou descrição.
Naturalmente esse parecer dos antigos romanos é o arauto do moderno ceticismo
científico, conforme pode ser visto no positivismo lógico, que decreta que a
descoberta da verdade é impossível para os homens, reduzindo a filosofia a uma
mera tentativa de fornecer algum método científico ao processo do raciocínio.
A pergunta de Pilatos a CRISTO, para a qual não esperou resposta,
equivale a uma declaração sua, como, por exemplo: «Quem se importa com a
verdade? Esse reino de que falas, ó JESUS, é um reino que não pode ferir nossos
interesses ‘romanos’ aqui em Jerusalém. Que tenho eu a ver com províncias e
reinos que não podem render tributo, que não podem produzir qualquer exército
que se revolte contra nós? Não passas de um fanático, e não representas
qualquer ameaça política real».
E assim, com um gesto que deixava ver a sua impaciência, pois não
tinha interesse algum em ouvir mais qualquer coisa sobre o que lhe parecia
especulações teológicas loucas. Voltou Pilatos as costas a JESUS, não querendo
mais ouvi-lo. Não obstante, estava convicto de sua inocência e proclamou essa
opinião francamente à multidão que o esperava ululante lá fora. Declarou que
JESUS não era culpado de crime algum e que suas aspirações à realeza eram
inteiramente diversas daquilo de que vinha sendo acusado.
O vocábulo «...eu...» é enfático dentro da frase: «Eu não acho nele
crime algum». É como se Pilatos houvesse dito à multidão: «Quanto a vós, tendes
encontrado falta nele, mas injustamente, por motivo de ódio e preconceitos
religiosos e por causa dê vossa inveja; mas, quanto a mim, não encontro crime
algum neste homem».
«Pilatos escarneceu tanto da grande Testemunha da Verdade como dos
que aborreciam a verdade. Sua conduta apresenta um lamentável exemplo da
fraqueza moral daquele espírito de poder mundano, que atingiu o seu ponto
culminante no império romano». (Alford, in loc.).
A declaração que Pilatos fez nessa oportunidade, e que coincidia
com a verdade e com a justiça mais pura, não demorou a ser obliterada pelas
maquinações da política, onde parece mais importante preservar a paz do que
salvar a vida de um inocente.
«Não encontro motivo algum para a acusação legal (ver o vs. 33).
Sem importar o que ele ‘JESUS’ seja, não há qualquer prova de traição contra a
majestade de César». (Ellicott, in loc.).
«A finalidade de Pilatos corresponde a uma vida vazia de toda base
de verdade objetiva; de conformidade com as autoridades clássicas, ele terminou
por suicidar-se, em conseqüência de graves infortúnios». (Eusébio, História
Eclesiástica, II.7).
No tocante à verdade do cristianismo, Arthur John Gossip (in loc.)
declara: «Caso Pilatos se tivesse demorado um pouco mais, CRISTO poderia
ter-lhe respondido: ‘Eu sou a verdade...’ Mas até isso, com toda a
probabilidade, pouco ou nada teria significado para aquele altivo romano. No
entanto, isso seria estritamente verdadeiro».
A verdade que conhecemos
1. Sabemos de bem pouco, mas aquilo que sabemos é imensamente
importante.
2. Em contraste com o conhecimento de um historiador, que depende
de pesquisas do passado distante, e isso contando com meios inadequados, a
busca pela verdade religiosa depende da revelação. A revelação depende do
interesse de DEUS pelo mundo, e é evidência do mesmo.
3. A verdade é comprovada nas vidas daqueles que são transformados
segundo a imagem de CRISTO. Ê necessário poder para que isso se concretize, e o
que é bom traz consigo suas próprias evidências.
A verdade é que os homens se vão tornando menos e menos dogmáticos,
à proporção em que envelhecem, reconhecendo cada vez mais a vastidão da
verdade; e isso certamente é o caso da verdade de CRISTO, pois essa é
infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou denominação
religiosa, porquanto é impossível alguém cercar DEUS com uma sebe.
Contra a arrogância
1. A fé não consiste de não crer em algo que não é a verdade. Um
dogma pode servir de obstáculo para a verdade que conhece as coisas.
2. Nenhuma denominação ou fé isolada pode ser guardiã da verdade
divina. Podemos aprender coisas de outros, e as janelas deveriam ser mantidas
abertas, para permitir que a luz entre, para que possa haver crescimento.
Da preguiça que aceita meias-verdades, Da arrogância que pensa
conhecer toda a verdade, O Senhor, livra-nos.
O próprio Paulo exibiu grande confiança: «Sei em quem tenho crido»,
e, no entanto, aludiu a si mesmo como mero principiante na inquirição pela
verdade espiritual. (Ver II Tim. 1:12, em comparação com Fil. 3:10-14. Quanto a
JESUS como «a personificação da verdade», ver João 14:6).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 603-604.
“O que é a verdade?” Pilatos não se dava conta de que a
resposta estava em pé à sua frente.
KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento Editora Concordia Publishing House. 830-831.
Jo 18.37.
O paralelismo sugere que seu reino é o reino da verdade; ou, de
forma mais precisa, o exercício de seu reinado de salvação é praticamente
indistinguível de seu testemunho da verdade.
Nesse contexto, a verdade é interpretada em um sentido mais que
intelectual (cf dela Potterie, 2. 624ss.); ela é apenas a autorrevelação de
DEUS em seu Filho, que é a verdade (14.6). Revelar a verdade de DEUS, da
salvação e do juízo, era o principal meio de fazer súditos, de exercer seu
reinado salvífico (cf. Lagrange, p. 477).
De forma similar, somente aqueles que são corretamente relacionados
com DEUS, com a própria verdade, podem compreender o testemunho que JESUS
fornece da verdade (cf. 3.16-21). Todos os que são da verdade ouvem a JESUS
(cf. 10.3,16,27).
38a. Se o reinado de JESUS é indistinguível de seu testemunho da
verdade, e se seus seguidores são caracterizados por fidelidade a seu
testemunho, e não pela revolução violenta, Pilatos é forçado a reconhecer que
JESUS está sendo vítima de uma conspiração do Sinédrio. Além disso, há um
convite implícito nas palavras de JESUS. O homem no banco dos réus convida o
juiz para ser seu seguidor, para juntar-se àqueles que são “da verdade”. JESUS
não é perigoso; mas ele também pode estar irritando Pilatos. De qualquer forma,
Pilatos abruptamente termina o interrogatório com uma curta e cínica pergunta:
Que é a verdade? - e com a mesma rispidez dá as costas, seja porque ele está
convencido de que não existe uma resposta, seja porque ele não quer ouvi-la, o
que é mais provável. Ele prova, assim, que não está entre aqueles a quem o Pai
deu a seu Filho (cf. Haenchen, 2. 180).
D. A. CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd
Publicações. pag. 595-596.
IV. O CUIDADO COM A MENTIRA
1. AS TESTEMUNHAS.
Sobre o Falso Testemunho (19.15-21)
Dt 19.15 Pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Esse múltiplo
testemunho concorria para a preservação da justiça. A lei mosaica era severa, e
por muitas vezes requeria a punição capital, devido a crimes que na cultura
moderna não seriam castigados tão severamente. Uma testemunha falsa poderia
tentar eliminar um adversário prestando um testemunho falso: “Meu vizinho
estava adorando um ídolo!”. A fim de impedir tão ultrajante conduta, pois, foi
estabelecida a lei das “duas ou mais testemunhas”. Desse modo o perjúrio,
embora não fosse eliminado de todo, pelo menos era grandemente reduzido. Já
vimos essa lei em Deu. 17.6. As notas oferecidas ali aplicam-se também aqui. O
depoimento de testemunhas precisava ser investigado. Os juízes e os
tribunais locais não deveriam aceitar passivamente os caprichos desonestos
dos homens. Juízes inquiririam as teste- munhas. E
as testemunhas falsas deveriam ser executadas (Deu. 19.19). Isso lançaria
o temor no coração de todos, dificultando o pecado de perjúrio.
Ό uso veraz da língua, ao evitar a todo o transe a calúnia e a
acusação falsa, é um dos princípios centrais da ética bíblica, sendo esse
pecado condenado no nono mandamento da lei. Aqui esse princípio foi expresso em
linguagem leal, para uso nos tribunais (cf. Êxo. 23.1; Lev. 19.11-18)" (G.
Ernest Wright, in ioc.).
As testemunhas não podiam prestar seu testemunho por meio de
cartas, nem podiam enviar representantes. Era mister que comparecessem
pessoalmente, a fim de serem inquiridas pelos juízes. E se houvesse 0
envolvimento de algum idioma estrangeiro, não podia haver um intérprete
entre as testemunhas e os juízes. As testemunhas tinham de encarar
os juízes. Cf. Núm. 35.30.
Dt 19.16 Quando se levantar testemunha falsa. É de presumir-se que
os casos complicados fossem submetidos à apreciação da Corte Suprema, que
funciona- va no santuário central, em Jerusalém. Ver Deu. 17.18 ss.. O lugar
determinado por Yahweh como o santuário central também abrigaria o Tribunal
Superior, que julgaria os casos mais difíceis. Israel dispunha de severas leis
de retaliação, como olho por olho e dente por dente (vs. 21), e isso precisava
ser regulamentado com medidas extremas, mediante investigação e depoimento de
testemunhas oculares, para que houvesse sempre julgamentos justos. Leis severas
exigiam uma justiça estrita.
Dt 19.17 Então os dois homens. É provável que tenhamos aqui a
descrição daqueles entre os quais tivesse surgido alguma pendência, no
santuário central; mas, se um concilio local estivesse envolvido, então
deveriam prevalecer as mesmas regras de justiça. O vocábulo no singular,
“juiz”, que ali aparece (vs. 9), talvez seja uma referência ao sumo sacerdote,
que era o juiz supremo em Israel. A passagem de Deuteronômio 17.8-13 aborda a
Corte Suprema, e nas notas expositivas a res- peito, dou informações acerca dos
oficiais que operavam ali, bem como dos tribunais secundários. Ver também Deu.
16.18 ss.. Nesse versículo 18 dou informações específicas sobre a estrutura dos
antigos tribunais de Israel.
Homens. Mulheres não podiam servir de testemunhas. Ver Bartenora,
see. 5. Esse mesmo documento antigo assevera que tanto as testemunhas quanto os
acusados tinham de dar e ouvir o testemunho estando de pé.
Perante o Senhor. Assim foi dito porque o tribunal e suas regras de
ação tinham sido estabelecidos por ordem divina. DEUS era o observador silente
que acompanhava 0 processo inteiro de justiça, e a Sua presença inspiraria
os juízes a impor uma justiça estrita.
O comparecimento pessoal era uma necessidade. Ninguém podia
escrever uma carta ou enviar um seu representante.
Diante dos sacerdotes e dos juízes.
Dt 19.18 Os juízes indagarão bem. Investigações
criteriosas faziam parte do dever dos tribunais, em Israel. Ninguém podia
mostrar-se frívolo, nessas ocasiões. Com frequência, a punição capital era o
fim do julgamento. O Targum de Jonathan refere a um exame e interrogatório
completo das testemunhas. Ver Deu. 17.4, quanto à expressão “indagarás bem”.
Ver também Deu. 13.12-14 e 17.9. O trecho enfatiza a questão. Não se permitia
testemunho por “ouvir dizer”, em Israel.
Dt 19.19 Assim exterminarás o mal do meio de ti. O próprio Yahweh
cuidaria para que os tribunais de justiça de Seu povo não falhassem. Se alguma
testemunha falsa fosse descoberta pelas investigações, então tal indivíduo
sofreria exatamente 0 castigo que tinha esperado infligir sobre seu vizinho ou
conhecido inocente.
A questão era levada “perante o Senhor” (vs. 17), porquanto era 0
tribunal do Senhor e os juízes do Senhor estavam julgando o caso. Sua
presença, invisível mas real, seria garantia absoluta da justiça.
O castigo poderia tomar a forma de uma multa, de açoites, da perda
de um dos membros do corpo, ou então de execução por apedrejamento, estrangula-
mento, execução na fogueira ou morte à espada. As testemunhas falsas seriam
sujeitadas a uma dessas punições, sem importar qual delas tivesse sido
planejada para o homem falsamente acusado.
Dt 19.20 ... o ouçam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao
incidente (como a família do homem que tinha cometido perjúrio), bem como a
população em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o
crime de perjúrio. E embora isso não eliminasse 0 mal das testemunhas falsas,
essa prática odiosa ficaria grandemente reduzida.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 830.
Falsas testemunhas (19: 15-21). A
prática do perjúrio é proibida no decálogo (5 : 20). Para desestimular
o perjúrio, contudo, certas
medidas judiciais foram estabelecidas. Esta breve seção
trata de todo o assunto das testemunhas e, em especial, da falsa testemunha,
que tem sido uma ameaça à sociedade em todas as épocas e entre todos os povos.
Dt 20.15. É perfeitamente provável que Moisés formulasse uma única
lei apodítica com referência ao falso testemunho. Podemos postular tal lei nos
seguintes termos: Uma única testemunha não terá ganho de causa (lit. “ficará de
pé”) contra outrem com respeito a um crime qualquer.
Na explanação subsequente a tal lei aparece a cláusula de que duas
ou três testemunhas são necessárias antes que uma acusação possa ser
sustentada.
Dt 20.16-20. O caso da testemunha maliciosa (lit. “testemunha de
violência”, i.e. seu testemunho levaria a um ato de violência) é agora
discutido.
Quando tal testemunha declarava que o acusado era culpado de um ato
errado (lit. “desvio”, i.e. deserção, apostasia ou má conduta moral ou
religiosa), as duas partes em litígio tinham que comparecer perante Javé para
responder aos sacerdotes e juízes que estivessem oficiando na
ocasiões. O tribunal localizado no santuário central parece ser o que se tem em
vista nesta passagem (cf. 17: 8-13). Depois de cuidadoso exame
os juízes (provavelmente todo o grupo de sacerdotes e juízes)
dariam o veredito.
Se a testemunha fosse falsa receberia o castigo que se tencionava
dar ao acusado. Desta maneira o mal seria “queimado” (exterminado) de Israel e
o perjúrio desestimulado.
Dt 20.21. A penalidade para o falso testemunho estava de acordo com
a lex talionis, ou lei da retaliação (cf Êx 21: 23ss.; Lv 24:17ss.), i.e. olho
por olho, dente por dente, etc.I39 Este princípio é frequentemente mal
entendido. Longe de estimular a vingança, ele limita a vingança e serve como
guia para um juiz ao fixar este a penalidade compatível com a seriedade do
crime. O princípio não era, assim, o de dar margem à vingança, mas o de
garantir a justiça, Lei semelhante era conhecida em outras partes do mundo
semítico. Algumas sociedades faziam uso de compensações monetárias em alguns
casos.141 Basicamente, a lex talionis expressa a opinião de que a vida do
indivíduo é algo sagrado, sem equivalente material (cf. 12:23, 24; 15:9; 21:8;
22:6; 7; 25:11,12). A crítica feita por JESUS a esta lei (Mt 5: 38ss.) surgiu
de seu emprego para regular a conduta entre dois indivíduos. CRISTO não a
rejeitou como princípio de justiça que deveria ser empregado nos tribunais
terrenos. Com respeito a relacionamentos interpessoais Ele propôs o ideal da
fraternidade, princípio marcadamente forte em todo o livro de Deuteronômio.
Estender a lex talionis ao domínio interpessoal equivalia a destruir
a lei de DEUS.
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora
Vida Nova. pag. 208-209.
Os Falsos Testemunhos vv. 14-21
Aqui está um estatuto para impedir fraudes e perjúrios. Pois a lei
divina protege os direitos e as propriedades dos homens. Ela é uma mui grande
amiga da sociedade humana e do interesse civil dos homens.
T Uma lei contra fraudes, v. 14. 1. Aqui está uma instrução
implícita, dada aos primeiros colonizadores de Canaã, para que fixassem marcos,
segundo a distribuição da terra às diversas tribos e famílias. Observe que a
vontade de DEUS é que cada um tenha o que for seu, que todos os bons meios
sejam usados para evitar invasões e conflitos, e que ninguém faça ou receba o
mal. Quando o direito é estipulado, deve-se tomar cuidado para que não seja,
posteriormente, removido. E, se possível, que não haja oportunidades para
disputas. 2. Uma lei expressa à posteridade, para que não removesse estes
marcos que assim tinham sido fixados a princípio, para que um homem,
secretamente, não obtivesse para si aquilo que era de seu vizinho. Este é, sem
dúvida, um preceito moral, e ainda em vigor, e a nós ele proíbe: (1) Invadir o
direito de qualquer pessoa, e tomar para nós aquilo que não nos pertence, por
qualquer artifício ou procedimento fraudulento, como falsificar, ocultar,
destruir ou alterar certificados e escritos (que são os nossos marcos, em
função dos quais são feitas as apelações), ou modificar cercas, marcos e
limites. Embora os marcos fossem colocados pelas mãos do homem, ainda assim,
segundo a lei de DEUS, aquele que os removesse seria um ladrão e um saqueador.
Que cada homem fique satisfeito com a sua própria sorte, e seja justo com seus
vizinhos, e então não teremos nenhum marco removido. (2) Este preceito nos
proíbe de semear a discórdia entre vizinhos, e fazer qualquer coisa que
ocasione disputa e processos judiciais, o que é feito (e muito mal-feito)
confundindo aquelas coisas que deveriam determinar as disputas e decidir as
controvérsias. E: (3) Também nos proíbe de romper a ordem e a constituição
estabelecidas do governo civil, e alterar costumes antigos sem justa causa.
Esta lei sustenta a honra das prescrições. Consuetudo facit jus - O que é
costume deve ser considerado como lei.
Uma lei contra perjúrios, que estabelece duas coisas: 1. Que uma
única testemunha jamais deveria ser aceita para dar evidência em uma causa
criminal, de modo que a sentença fosse proferida com base no seu testemunho, v.
15. Esta lei já foi vista antes, Números 35.30, e neste livro, cap. 17.6. Isto
foi decretado a favor do prisioneiro, cuja vida e honra não deveriam estar à
mercê de uma pessoa particular que tivesse algum ressentimento contra ele, e
por precaução, para que o acusado não dissesse aquilo que não pudesse confirmar
através do testemunho de outra pessoa. Esta lei coloca a humanidade, com
justiça, em uma posição vergonhosa, considerando-a como falsa e indigna de
confiança. Segundo ela, deve-se suspeitar de todos os homens. Porém é uma honra
para a graça de DEUS que o relato que Ele deu, a respeito do seu Filho, seja
confirmado tanto no céu quanto na terra, por três testemunhas, 1 João 5.7.
“Sempre seja DEUS verdadeiro, e todo homem mentiroso”, Romanos 3.4. 2. Que uma
falsa testemunha deveria receber a mesma punição que fosse infligida à pessoa
que ela acusasse, vv. 16-21. (1) O criminoso aqui é uma falsa testemunha, de
quem se diz que “se levanta” contra um homem, não somente porque toda
testemunha se levantava quando apresentava sua evidência, mas porque uma falsa
testemunha, na verdade, se levanta como um inimigo e um assaltante contra
aquele que ela acusou. Se duas, ou três, ou muitas testemunhas, estivessem de
acordo em um falso testemunho, todas estariam sujeitas à acusação, por esta
lei. (2) A pessoa prejudicada ou correndo riscos pelo falso testemunho é
considerada como sendo demandante, v. 17. E se a pessoa fosse levada à morte,
com base nas evidências, e posteriormente se descobrisse que eram falsas,
qualquer outra pessoa, ou os próprios juízes, ex ofício - em virtude do
seu ofício, poderiam exigir que a falsa testemunha se explicasse.
(3) Causas deste tipo, tendo em si uma dificuldade extraordinária,
deviam ser levadas diante da corte suprema, os sacerdotes e juízes, dos
quais se diz que estão perante o Senhor, porque, assim como os
outros juízes ficavam às portas das cidades, também estes, à
porta do santuário, cap. 17.12. (4) Deveria haver grande cuidado no julgamento,
v. 18. Deveria ser feita uma investigação diligente quanto ao caráter das
pessoas, e todas as circunstâncias do caso. Tudo isto devia sei' comparado,
para que a verdade pudesse ser descoberta. Quando a investigação fosse
realizada de um modo fiel e imparcial, eles poderiam esperar que a Providência
os auxiliasse.
(5) Se ficasse evidente que um homem tinha, conscientemente e
perversamente, dado falso testemunho contra seu próximo, embora o mal que lhe
desejava não tivesse sido realizado, este deveria sofrer a mesma penalidade à
qual seu próximo estaria sujeito, devido à sua evidência, v. 19. Nec lex
estjustior idla - Nenhuma lei poderia ser ma is justa. Se o crime do qual ele
acusasse seu próximo devesse ser punido com a morte, também o homem que deu
falso testemunho deveria ser condenado à morte. Se a punição fosse açoitamento,
ele deveria ser açoitado. Se fosse uma multa financeira, ele deveria ser
multado também. E, como para aqueles que não levassem em consideração a
atrocidade do crime e a necessidade de impedi-lo, pareceria ser uma punição
muito dura, por ter dito algumas palavras, especialmente quando nenhum mal
tinha, realmente, sido feito, aqui está acrescentado: “O teu olho não poupará”,
v. 21. Nenhum homem precisa ser mais misericordioso do que DEUS. O benefício
que resultará, para o público, desta severidade, a recompensará com abundância:
“Para que os que ficarem o ouçam, e temam”, v. 20. Tais punições exemplares
seriam advertências a outros, para que não empreendessem nenhuma maldade deste
tipo, quando vissem como aquele que fez a cova e a escavou havia caído nela.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 618-619.
2. OS DANOS.
Êxo 21.23-25 A Lei de Talião. Temos aqui a declaração clássica da
retaliação olho por olho, dente por dente. Nesse caso, a punição era de acordo
com a natureza do crime cometido, de maneira a mais literal possível. Ver
também Lev. 24.19,20 e Deu. 19.21 quanto a notas expositivas sobre essa lei.
Tal lei provia uma retaliação em proporções exatas, evitando-se assim os
exageros.
O termo “dano” (vs. 23), talvez aluda de volta ao vs. 22: um homem,
em briga com outro homem, viria a ferir a mulher grávida deste, que viera em
seu socorro. Se o ferimento não provocasse somente aborto, mas também a morte
da mulher, então a lei determinava “vida por vida”, a primeira declaração geral
da lex talionis. E o culpado era executado. Nesse caso, a palavra “dano” aponta
para a morte da mulher. Embora o culpado tivesse matado a mulher sem intenção
de fazê-lo, visto ter a mulher grávida e seu filho ainda não nascido, o caso se
agravava tanto que passava a ser considerado como assassinato intencional.
Mas há estudiosos que pensam que o vs. 23 dá início a uma nova
seção. Nesse caso, não há qualquer vinculação com o vs. 22. E, assim sendo,
“vida por vida” passa a aludir à ideia de homicídio não intencional,
já discutido nas notas sobre o vs. 12, ideia que seria aqui
considerada de maneira geral. Por conseguinte, a lex talionis começaria
por crimes que merecessem punição capital.
Bons intérpretes têm visto a questão por um ângulo ou por outro.
Mas mesmo que o vs. 22 esteja em pauta, a expressão “vida por vida” deve ser
entendida como uma declaração geral de que o homicídio intencional precisava
ser punido com a execução do culpado!
Alguns estudiosos cristãos pensam que o aborto é um homicídio, pois
pensam que o texto presente indica que o aborto envolvia a punição capital do
culpado. Mas isso dificilmente concorda como vs. 22. Se a mulher não fosse
ferida, então o simples aborto (nesse caso, provocado), era punível mediante
mera muita.
Mas se tem de ser classificado ou não como uma homicídio envolve
uma complicação difícil de resolver.
A lex talionis é mais antiga que a legislação mosaica, e vestígios
dessa antiga lei podem ser encontrados em muitas culturas e em muitos antigos
códigos legais.
Olho por olho...Alex talionis requeria uma retaliação exata. A
vantagem dessa lei é que ela evitava exageros na aplicação da punição. Neste
versículo são enfocadas porções específicas do corpo humano: olho, dente, mão,
pé. Se alguém prejudicasse um dente de outrem, seu dente seria prejudicado; se
prejudicasse um pé, seu pé sofre- ria dano idêntico.
Mas também devemos ver neste versículo um uso metafórico. Os crimes
precisam ser punidos com precisão, e não de forma leniente e nem exagerada.
Tais castigos poderiam nada ter a ver com membros literais do corpo humano.
Este versículo condena a leniência geral que caracteriza nosso moderno sistema
judicial. Os vss. 26 e 27 voltam à questão dos escravos; e nesse caso, não
havia aplicação da lex talionis, porque os escravos eram considerados
propriedades, pelo que a lei era mais branda em seus castigos nos casos de
ferimentos produzidos contra escravos. Os escravos não eram tratados como
iguais e nem possuíam direitos iguais às pessoas livres. Mas entre seres
humanos livres, a lei tinha aplicação estrita.
A lex talionis produziu a mutilação generalizada de muitas pessoas,
porquanto impunha a aplicação da punição em proporções exatas aos danos
causados em alguém. Por essa e outras razões, posteriormente buscaram-se
alternativas para a lex ía/ionis. E, então, a leniência na aplicação das penas
veio a tornar-se a regra geral. Essa leniência, por sua vez, pode tornar-se tão
acentuada que o criminoso nem mais chega a sentir o peso do castigo. De fato,
em alguns países, como em nosso Brasil, chega-se a pensar que os direitos
humanos, evocados em defesa dos culpados, esquece totalmente as vítimas dos
criminosos. Agora, espera-se que 0 pêndulo da justiça comece a pender de novo,
paulatinamente, na direção contrária, e que os direitos das vítimas passem a
ser melhor reconhecidos.
Jarchi e outros intérpretes judeus informam-nos que, quando a pena
imposta era a perda de um olho, tal pena começou a ser substituída por uma
multa correspondente ao preço de um olho.
A lei era regulamentada pelos anciãos que atuavam como juízes. Não
era permitida a retaliação individual, da parte de pessoas particulares. Fica
entendido, embora não seja dito francamente, que tais injúrias tinham sido
infligidas a propósito. Não obstante, é perfeitamente possível que até mesmo
danos infligidos acidentalmente eram cobertos pela lex lalionis. Essa lei,
embora aparentemente uma boa medida para assegurar a justiça, na prática
permitia muitos abusos e absurdos. Como um princípio, entretanto, nos ministra
uma lição necessária.
Queimadura... ferimento... golpe. Qualquer tipo de dano que um
homem possa provocar em outro, deveria ser castigado com um dano similar. Os
Targuns dos judeus de novo pensam que a interpretação deve ser metafórica. Ou
seja, uma justa retaliação deveria ser aplicada por meio de multas, como “o
preço de uma queimadura” (Targum de Jonathan), ou coisa parecida. As Doze
Tábuas da primitiva legislação romana continham itens assim. Favorino objetava
à aplicação literal da retaliação. Como se poderia fazer um ferimento em alguém
que correspondesse, exatamente, ao ferimento que se fizera contra alguém?
(Apud. Gell. Noct. Attic. 1.20 g. 1). Na primitiva sociedade romana, os
castigos eram negociados. Quando não se podia chegar a um acordo, então era
aplicada a literalidade. Josefo falou em dinheiro pago pelo ferimento feito em
um olho (Antiq. 1.4 c. 33,35).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 400.
O cuidado particular que a lei teve com as mulheres grávidas, para
que nenhum mal lhes fosse feito que pudesse provocar o seu aborto. A lei da
natureza nos obriga a sermos muito ternos neste caso, para que a árvore e o
fruto não sejam destruídos ao mesmo tempo, vv. 22,23. As mulheres grávidas, que
desta maneira são tomadas sob a proteção especial da lei de DEUS, se viverem no
temor a Ele, podem, ainda, crer estar sob a proteção especial da providência de
DEUS, e ter esperança de que serão salvas ao darem à luz. Nesta ocasião, é
introduzida aquela lei geral de retaliação à qual o nosso Salvador se refere em
Mateus 5.38: “Olho por olho”. Bem: 1. A execução desta lei não é, com isto,
deixada nas mãos de pessoas individualmente, como se todo homem pudesse vingar-se,
pois isto causaria confusão universal e tornaria os homens como os peixes do
mar. A tradição dos anciãos parece ter colocado este disfarce corrupto sobre a
lei, e em oposição a isto o nosso Salvador nos ordena que perdoemos as ofensas
e não pensemos em vingança, Mateus 5.39. 2. DEUS frequentemente realiza a
vingança no decorrer da sua providência, tornando a punição, em muitos casos,
uma resposta ao pecado, como visto em Juízes 1.7; Isaías 33.1;
Habacuque 2.13; Mateus 26.52. 3. Os magistrados devem ter em mente esta regra
ao punir os criminosos, e fazer justiça àqueles que são ofendidos. Deve-se
considerar a natureza, a qualidade e o grau do mal que é feito, para que possa
haver reparação à parte ofendida, e outros se contenham para não fazer nada
semelhante. Ou olho por olho, ou o olho ferido será redimido por uma soma de
dinheiro. Observe que aquele que causa o dano deve esperar, de uma maneira ou
de outra, uma recompensa de acordo com o dano que causar, Colossenses 3.25. As
vezes, DEUS faz com que as obras violentas dos homens caiam sobre as suas
próprias cabeças (SI 7.16). E os magistrados, quanto a isto, são os ministros
da justiça, pois são vingadores (Rm 13.4) e não trazem debalde a espada.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 300.
3. O PECADO DA MENTIRA.
MENTIRA (MENTIROSO)
1. Definições Básicas
Temos preparado um longo artigo sobre os Vícios, onde é comentado o
vício da mentira. Mentir é fazer declarações propositalmente falsas, meias
verdades que envolvem falsas impressões. Um exagero proposital é um tipo de
mentira, como também o é uma declaração parcial proposital. Até mesmo as
verdades proferidas com o intuito de enganar, naquilo em que visam iludir, não
passam de mentiras. Entretanto, as histórias de ficção, escritas ou filmadas,
embora não correspondam à realidade, não são mentiras, visto que não se propõem
a narrar fatos, mas tão-somente simbolizam fatos e idéias.
2. Palavras Bíblicas Envolvidas
No hebraico encontramos kazab, palavra usada por vinte e nove
vezes, conforme se vê, por exemplo em Juí. 16:10,13; Sal. 40:4; Pro. 6:19;
14:5,25; 19:5,9; Isa. 28:15,17; Eze. 13:8,9,19; Dan. 11:27; Osé. 12:1; Amós
2:4; Sof. 3:13. Também encontramos sheqer, que aparece no Antigo Testamento por
cerca de quarenta e três vezes com o sentido de «falsidade», «mentira»,
(«mentiroso», etc., segundo se vê, para exemplificar, em Jó 13:4; Sal. 63:11;
119:69; Isa. 9:15; 59:3; Jer. 9:3,5; 14:14; 29:21,31; Eze. 13:22; Miq. 6:12;
Hab. 2:18; Zac. 10:2 e 13:3. Ambas as palavras podem indicar «engano»,
«mentira». Outras palavras hebraicas bem menos usadas sãoakzab (Miq. 1:14),
bad, «artifício» (Jó 11:3; Isa. 16:6; Jer. 48:30); kachash, «fingimento» (Osé.
7:3; 10:13; 11:12; Naum 3:1); dabar, «palavra de falsidade» (Pro. 29:12).
No grego encontramos pseüdos, «mentira» «falsidade», palavra
empregada no Novo Testamento por sete vezes: João 8:44; Rom. 1:25; II Tes.
2:11; I João 2:21,27; Apo. 21:27; 22:15. E também pseúsma, «falsidade», em Rom.
3:7.
3. Usos Bíblicos
Os homens mentem, principalmente, a fim de enganar. Essa palavra é
usada nas Escrituras para indicar as declarações falsas dos homens acerca de
DEUS e das realidades espirituais (Jer. 14:14; Eze. 13:9; Rom. 1:25). A verdade
divina é reduzida a uma mentira, pelas idéias e declarações dos homens. As
mentiras dos homens pervertem, portanto, a verdade dita por DEUS. Toda mentira
cria uma falsa certeza (Isa. 28:15). Os resultados da mentira são o erro e a
ilusão (Jer. 23:32). Os padrões morais são solapados pelas mentiras (Rom. 1:26
ss).
DEUS não pode mentir, mas precisa julgar (I Sam. 15:29; Tito 1:2).
Por isso, a mentira nunca é atribuída a DEUS, mas é atribuída aos homens, como
quando prestam falso testemunho (Pro. 6:19). O ato de mentir era proibido pela
lei mosaica (Ex. 20:16; Lev. 19:11). Os crentes deveriam reconhecer que o ato
de mentir é próprio da vida velha, na incredulidade, devendo ser rejeitado pelo
crente como uma roupa indesejável, segundo se vê em Col. 3:9; «Não mintais uns
aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos». O
trecho de João 8:44 apresenta Satanás como o pai da mentira. Os trechos de Apo.
21:27 e 22:15 mostram que os mentirosos habituais (que o fazem devido à sua
natureza corrompida e não regenerada), ficam impedidos da salvação e do lar
celestial.
4. Discussões Filosóficas
Será errada a mentira, em todos os casos? Alguns filósofos
asseveram que há ocasiões em que mentir é melhor do que dizer a verdade. Um meu
professor de filosofia deu um exemplo em classe, baseado na vida real, ocorrido
durante a Segunda Guerra Mundial. Ele falou sobre um sacerdote católico romano
que se viu envolvido no movimento de resistência subterrânea de um pai» debaixo
do poder militar dos nazistas. Vidas dependiam dele. Quando foi apanhado, ele
confessou, e não mentiu, dizendo aos alemães que, de fato, fazia parte daquele
movimento. O resultado foi desastroso. Também poderíamos pensar no caso dos
pacientes terminais. Tais pacientes devem ficar sabendo da verdade, ou, pelo
menos em alguns casos, é melhor enganar o doente? Há pessoas que simplesmente querem
saber seu estado, e a essas deveríamos dizer a verdade. Mas há outras que,
segundo os médicos e seus familiares julgam, sentir-se-iam menos premidas se a
verdade não lhes fosse revelada, pois assim enfrentariam a morte mais
tranquilamente. Isso posto, em tais casos, seria melhor mentir a um paciente
terminal. Se esses casos são exemplos de exceções válidas à regra contra a
mentira, então podemos afirmar que, algumas vezes, a lei do amor é melhor
servida por um engano (cuja intenção é aliviar o sofrimento), do que se dizendo
a verdade chocante e brutal.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 228-229.
«...Não mintais...»
«Sem a honestidade, o fundo cai de todas as outras virtudes. O amor
é aclamado como qualidade suprema da vida cristã; mas Paulo, ao dizer isso
sobre a fé, a esperança e o amor, afirma que a maior delas é o amor, o qual
deve ser sem hipocrisia (ver Rom. 12:9). O amor sem genuinidade é pior que não
ter amor algum. A honestidade é a essência da coragem moral, conforme ficou
demonstrado na vida de JESUS. Uma mentira inocente poderia tê-lo salvado da
cruz, mas ele não a quis proferir, apesar de sua vida estar em perigo. Os
primeiros cristãos deixaram profunda impressão sobre seus contemporâneos, não
meramente por causa do amor que exemplificavam («Vede como esses cristãos se
amam uns aos outros»), mas muito mais pela integridade de suas vidas (ver Tia.
5:12)». (Macleod, in loc.).
Um criminologista norte-americano asseverou que á fraude é a ofensa
criminal mais propagada nos Estados Unidos da América, permeando todos os
níveis da sociedade. Ê justo supormos que o mesmo se dá em muitos outros
países.
Como a sociedade encara sem seriedade a mentira, o que se vê no
grande número de piadas que se centralizam em redor dessa prática. Mas quão
séria é essa questão, no N .T ., por refletir uma natureza desonesta e
pervertida. Paulo adiciona essa maldade à sua pintada de vícios,
conforme se vê no oitavo versículo. Este, tal e qual os outros vícios,
pertence à i natureza antiga, ao homem velho e não remido. Tal vício, tal como
aqueles outros, é incompatível com a nossa nova vida em CRISTO. No entanto, não
é verdade que a maioria das pessoas, dentro e fora da igreja, diz o que pensa
ser-lhes mais vantajoso, sem importar se é uma verdade ou uma mentira, de tal
modo que o teste real da conduta é o teste «pragmático »? Serei beneficiado, se
disser uma mentira? Se a resposta for «sim», então, para essas, pessoas, a
mentira é preferível à verdade. «...vos despistes...» No grego temos o verbo
«apekduomai», o qual, tal como o verbo do versículo anterior, pode significar
«despir uma roupa». Portanto, o quase certo é que Paulo dá prosseguimento à sua
metáfora do «despir-se» e do «vestir-se», tendo empregado apenas um sinônimo.
Como Nos Despimos Do Velho Homem ?
1. Quando aplicam os meios de desenvolvimento espiritual,
desvencilhamo-nos das vestes velhas e sujas que nos caracterizavam antes da
conversão. (Isso é comentado no primeiro versículo deste capítulo).
2. Esse despir-se é realizado por ocasião da conversão (ver João
3:3), e prossegue na santificação (ver I Tes. 4:3). Ambas as coisas fazem parte
da obra do ESPÍRITO.
3. Isso se cumpre através da nossa união com CRISTO, por causa do
que assumimos a sua natureza, e assim nos tornamos um «novo homem». (Ver II
Cor. 5:17 e suas notas, quanto a esse conceito. Ver também as notas, em Rom.
6:3, sob o título «O batismo espiritual»).
4. O trecho de Ef. 4:22 encerra idêntica declaração, e ali são
dadas notas adicionais que .iluminam o tema. O velho homem é representado pelas
vestes velhas. Ele é a natureza antiga, não convertido, egoísta, carnal,
dominado por motivos carnais e temporais. CRISTO é a «nossa vida» (ver o quarto
versículo deste capítulo). Quando isso se toma uma realidade, então nos
tornamos novas criaturas, ou seja, temo-nos vestido de novas vestes,
metaforicamente falando. (Ver o velho homem crucificado, em Rom. 6:6).
«Torna-se perfeito no4ommio próprio aquele que não somente se
abstém dos prazeres do corpo, mas alegra-se por poder fazê-lo; ao passo que
aquele que se abstém mas se entristece com isso, não tem o domínio próprio».
(Aristóteles):
A metáfora do «despojamento» nos leva de volta a todos os vícios
mencionados, não aludindo somente à prática da mentira.
O paralelo a este versículo é a passagem de Ef. 4:25, onde se lê:
«Por isso, deixando a m e n tira, fale cada um a verdade com o seu próximo,
porque somos membros uns dos outros». Quando mentimos para os irmãos, ferimos o
corpo inteiro de CRISTO, distorcendo-o e aleijando os seus membros. O «velho
homem» é a «veste antiga», que deve ser, posta de lado.
O velho homem nos impulsionava a ações que nos degradavam,
incluindo a mentira.
Antes de falares,
Faz tudo passar diante de três portas de ouro:
As portas estreitas são,
a primeira:
‘Ë verdade!’
Em seguida: ‘É necessário?’ Em tua mente Fornece uma resposta
veraz.
E a próxima
É a última e mais difícil:
‘É gentil?’
E se tudo chegar, afinal, aos teus lábios, Depois de ter passado
por essas três portas, Então poderás relatar o caso, sem temeres.
Qual seja o resultado de tuas palavras.
(Beth Day).
A mentira é contrária tanto à lei da verdade como à lei do amor. Ë,
ao mesmo tempo, injusta e sem gentileza, e tende, mui naturalmente, por
destruir a amizade e a boa-fé entre os homens.
«A mentira nos torna semelhantes ao diabo, o pai da mentira, sendo
uma das características principais da imagem do diabo em nossas almas».
(Matthew Henry, in loc., tecendo comentários sobre o trecho de João 8:44).
Referências e idéias, a mentira:
1. A mentira é proibida (ver Lev. 19:11 e Col. 3:9). 2. Ê
abominável a DEUS (ver Pro. 6:16-19). 3. Ë uma abominação, contra DEUS (ver
Pro. 12:22). 4. Ë um obstáculo à oração (ver Isa. 59:2,3). 5. É originada pelo
diabo (ver João 8:44).
6. Os santos devem repelir à mentira (ver Sal. 119:29).
7. Devem evitar essa maldade (ver Isa. 63:8).
8. Devem orar para serem preservados da mesma (ver Sal. 119:29).
9. Os hipócritas são dados à mentira (ver Os. 11:12).
10. Os hipócritas causam a mentira (ver Isa. 57:4).
11. Os ímpios mentem desde a infância (ver Sal. 58:3).
12. Os ímpios amam à mentira (ver Sal. 52:3).
13. Os ímpios buscam a mentira (ver Sal. 4:2).
14. A mentira é uma das características dos apóstatas (ver I I Tes.
2:9 e I Tim. 4:2).
15. A mentira é um vício que exclui dos céus ao indivíduo (ver Apo.
21:27-22:15).
16. O diabo exemplifica a mentira (ver Gên. 3:4).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 139.
A chamada: Não mintais talvez pareça vir como um anticlímax, mas os
efeitos sociais de promessas e compromissos indignos são enormes. Possivelmente
este desafio pertença à tradição, que é usada para completar a lista no v. 8. A
mesma admoestação ocorre em Efésios 4.25.
A exortação parece estar restrita a uma aplicação dentro da
comunidade cristã, de modo que sua seriedade recebe uma referência deliberada.
A mentira leva a um rompimento da comunhão cristã, porque engendra a suspeita e
a desconfiança, e assim destrói a vida em comum no corpo de CRISTO (Rm 12.4)
mediante a qual somos “membros uns dos outros.”
A razão para o abandono dos maus caminhos agora é fornecida. Uma
vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos traduz uma frase que
começa com um particípio grego apekdusamenoi (“tendo despido”). É complementado
por um particípio correspondente no v. 10 (gr. endusamenoi, “tendo vestido”).
Todos os comentaristas concordam que há um tema batismal nestes verbos, tirado
da atividade de despir-se para o ato do batismo, quando o novo cristão entrava
na água, e de vestir-se depois.
A referência em Gálatas 3.27 claramente localiza a experiência como
sendo batismal, embora Paulo enfatize igualmente que todos os leitores das suas
Epístolas devem saber apreciar significado “interior” do ato exterior (cf. Rm
13.12, 14; cf. Ef 4.24).
O problema postulado por estes particípios aoristos, que denotam um
evento passado, é saber se continuam a seqüência das admoestações ou se
relembram o batismo como sendo a ocasião quando o crente fez as renúncias da
sua vida antiga. No primeiro ponto de vista (declarado por Lohse, pág. 141)
Paulo está continuando a linha do seu apelo que começou com a chamada: “Não
mintais,” e ressaltando a obrigação que seus leitores devem enfrentar e agir à
altura para abrir mão dos hábitos que pertencem à sua velha natureza,
despojando 'tudo quanto pertence à sua vida anterior e substituindo-a com um
novo modo de viver. Os particípios têm um sentido imperativo, de acordo com o
uso rabínico e neotestamentário (veja D. Daube: “Participle and Imperative in I
Peter” em E. G. Selwyn: The First Epistle o f St Peter, Londres 1947, págs.
467-88).
O ponto de vista alternativo (compartilhado por Abbott, Masson, C.
Maurer em TDNT vi, pág. 644, e defendido especialmente por J. Jervell, Imago
Dei, Gõttingen, 1960, pág. 236) deve ser preferido como estando mais de
conformidade com o ensino atestado de Paulo. Está chamando os Colossenses de
volta ao seu batismo, e conclamando-os a lembrar-se do seu efeito dinâmico ao
libertá-los do seu antigo modo de vida, como conseqüência da sua união com
CRISTO pela fé, agora confessada. Passa a conclamá-los, nesta expressão
participial, a viver à altura daquela confissão batismal ao ser leal a ela, e a
tomar-se na própria realidade — mediante sua renúncia e sua aceitação da sua
nova vida, dada a eles enquanto foram ressuscitados com CRISTO — aquilo que já
foram declaradamente no seu batismo.
Partes anteriores desta carta — para não irmos mais longe no
assunto da ética paulina (veja V. P. Furnish: Theology and Ethics in Paul,
Nashville, 1968) — confirmam este modo de declarar a intenção de Paulo. Pode
referir-se ao passado, à entrada decisiva dos Colossenses no reino de DEUS, que
transformou as suas vidas (1.3) quando compartilharam do ato de CRISTO em
despir de Si mesmo a tirania dos poderes demoníacos (2.11, 25). Este evento foi
seu batismo (2.12, 13, 20) que inaugurou na união com CRISTO, o Senhor, a sua
posição crista (3.1,3).
Esta interpretação ajuda-nos a apreciar o termo enigmático: velho
homem (ou “velho Adão”) e novo homem (ou “novo Adão”). Parece claro que estes
não são novos termos de individualidade mas, sim, são expressões corpóreas que
denotam uma velha e um nova ordem de existência.
Paulo, portanto, está conclamando seus leitores (como em Rm 6.6-14)
a acabar com seu antigo estilo de vida, com seus hábitos, inclinações e alvos,
e a viver como aqueles que, no começo da sua nova vida em CRISTO, entraram no
novo mundo de uma nova humanidade que está viva para DEUS. Nem devemos
esquecer-nos de que, embora Paulo bem possivelmente esteja utilizando formas
tradicionais de expressão (catequética) que eram moeda corrente nas igreja
primitivas, haveria relevância especial deste ensino para os homens e as
mulheres de Colossos que estavam perplexos no que dizia respeito a diretrizes
rivais para o modo de vida dos cristãos, oferecidas em nome dos falsos mestres
no seu meio (2.16-23). A resposta de Paulo e seu antídoto é uma declaração
simples do senhorio de CRISTO e o que significa viver sob aquela regra. Seus
leitores (conforme os faz lembrar) eram aqueles que tinham professado lealdade
ao Senhor JESUS CRISTO na conversão e na renovação (2.13). Que agora ponham em
prática aquela profissão, procurando ideais éticos cujo padrão é estabelecido
por sua vida no “novo Adão,” o novo segmento da humanidade que obtém sua vida
de CRISTO JESUS.
Ralph P. Martin. Colossenses. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 117-118.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva
(http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/) com
algumas modificações do Pr. Luiz Henrique.
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Falso testemunho – Tudo sobre o art. 342 do CP
Por Césary
Matheus18 de maio de 2021
Com certeza você já ouviu falar em crime de falso testemunho.
Acredito que seja um dos crimes mais comuns e falados na sociedade, tendo em
vista que diariamente alguém próximo de você pode ser testemunho de um
processo.
E é sobre esse crime, presente no artigo 342 do nosso Código Penal que
vamos estudar hoje. Vamos nessa?
Sumário
1. Conceito
Como todo início de estudo, vamos começar com o conceito desse
crime, que nada mais é que o crime de falsa perícia cometido por uma pessoa que
foi intimada em juízo, processos administrativos, inquéritos policiais ou no
curso de um processo arbitral e acaba por fazer afirmações falsas ou nega a
verdade.
Como dito, o artigo 342 do Código Penal dispõe o conceito geral
desse crime.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou
negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
juízo arbitral: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
2. Sujeito ativo e sujeito passivo
Quanto aos sujeitos ativo e passivo temos que o primeiro podem ser
a própria testemunha, o perito, o contador, o tradutor ou o intérprete, beleza?
Por outro lado, o sujeito passivo é o próprio Estado, uma vez que é
a ele dirigido o testemunho em questão.
3. Objeto jurídico e objeto material
De forma bem sucinta, o objeto jurídico é a própria administração
da justiça, enquanto que o objeto material pode ser o tanto o depoimento,
como o laudo, o cálculo ou a tradução.
4. Elementos subjetivos
O elemento subjetivo do crime de falso testemunho é o dolo,
não sendo admissível, portanto, a culpa. Já o elemento subjetivo do tipo
específico é a vontade de prejudicar a administração da
justiça.
5. Classificação
Indo agora para as famosas classificações, nota-se que o crime de
falso testemunho é próprio, ou seja, é necessário um elemento
específico para ser considerado o crime, como visto no sujeito ativo acima.
Além disso, trata-se de um crime formal e de forma
livre, ou seja, pode ser cometido de várias maneiras, sem um determinado
meio específico. Esse tipo de crime pode ser tanto comissivo como
omissivo, irá depender do caso em concreto.
Ademais, sua consumação é de forma imediata, logo,
falamos de um crime instantâneo. Outra classificação importante
dessa espécie de crime é que ele é unissubjetivo, ou seja,
praticado por um único sujeito, e também é um crime unissubsistente,
ou seja, praticado por um único ato.
6. Consumação e tentativa
Quanto a consumação, entendemos que ocorre quando houver a prática
de qualquer uma das condutas previstas no próprio tipo penal, mesmo que não
ocorra, efetivamente, um prejuízo material para o Estado ou até mesmo para
terceiros.
Com relação à tentativa, entende-se que não é admissível.
7. Causas de aumento de pena
No tocante as causas de aumento de pena, o próprio parágrafo único
do artigo em estudo (343), deixa explícito como será o aumento da pena nesse
tipo penal.
Dispõe o parágrafo:
A pena é aumentada de um sexto a um terço, se o crime é praticado
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir
efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direita ou indireta (§1°)
8. Condição negativa de punibilidade
Nesse ponto, tratamos sobre a questão da retratação, ou melhor
dizendo, o ato de “voltar atrás com a palavra”. Mas, é preciso que a verdade
surja antes de ser proferida a sentença no
processo em que o falso testemunho foi proferido.
No caso do procedimento do júri, ocorre na decisão de plenário e
não na pronúncia, que é mero juízo de admissibilidade da acusação.
É necessário que essa mesma retratação seja cabível, e não deixe
margem para dúvidas, além de precisar ser voluntária, apresentando um sincero
arrependimento.
Uma vez apresentada a retratação, irá favorecer eventuais
partícipes, pois a lei considera que o fato deixa de ser punível.
9. Conclusão
Assim, entendemos que o crime de falso testemunho está relacionado
diretamente com o Estado (sujeito passivo), sendo praticado por pessoa
especifica (sujeito ativo), que são em sua maioria, testemunhas.
Ademais, esse tipo de delito pode ter uma ação de retratação, mas
para isso, deve ser apresentado a verdade antes da sentença do processo,
beleza?
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muito grato!
Continue lendo nossos artigos sobre Direito
Penal.
Referência
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de
Direito Penal: Parte geral: Parte especial.
Ed. 2ª. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.
Advogado, pós graduando em direito previdenciário e fundador do
Blog Destrinchando o Direito.
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Responde por falso testemunho quem não se compromissou a dizer a
verdade?
Não se espera, conquanto não seja improvável, que uma testemunha
possa mentir em seu depoimento. Para reforço da exigência ética e legal que se
demanda da fala de qualquer pessoa, uma vez que, naturalmente, ninguém
compactua com a mentira, o Código de Processo Penal brasileiro criou uma
liturgia que é a promessa de dizer a verdade, insculpida no art. 203: “Art.
203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a
verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade,
seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se
é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com
qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua
ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua
credibilidade.”
Neste ato, o juiz, antes da testemunha iniciar suas declarações, dir-lhe-á que
a partir daquele momento não poderá faltar com a verdade ou omiti-la, sob pena
de responder por crime de falso testemunho (CP, art. 342). Estão excluídos
deste compromisso, todavia, os doentes mentais, menores de catorze anos e os
descritos no art. 206 do CPP[1] (CPP,
art. 208).
Assim, poderia se imaginar que, do ponto de vista ontológico, haveria diferença
substancial entre as declarações de quem se compromete em dizer a verdade e
aquele que não o faz, como se somente o primeiro pudesse sofrer as penas do
falso testemunho. Não é assim.
Na verdade, mesmo sem prestar compromisso, a testemunha não está impedida de
mentir, mas terá afetada sua credibilidade de testemunha, ou que, no mínimo,
fará com que o magistrado avalie suas palavras cum grano salis, bem como
poderá sofrer os revezes da lei, como se verá.
Dito isto, vejamos o texto legal do art. 342 do Código Penal: “Art. 342. Fazer
afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
e multa.”
De indagar-se, assim: pode a testemunha descompromissada cometer o
crime de falso testemunho? Em outras palavras, é condição do injusto penal
descrito no art. 342 do CP que a testemunha não tenha prestado compromisso?
Há duas posições. A primeira, afirma não ser necessário o compromisso para a
configuração do crime de falso, “tendo em vista que toda pessoa tem o dever de
dizer a verdade em juízo, não podendo prejudicar a administração da justiça.
Além do mais, a formalidade do compromisso não integra mais o crime de falso,
como ocorria por ocasião do Código Penal de 1890. Nessa esteira: alinham-se
nessa posição: BENTO DE FARIA, HUNGRIA, NORONHA, TORNAGHI, TOURINHO FILHO,
ANTOLISEI, MANZINI, MAGGIORE, RANIERI, MARSICH, CASTILLO, LEVENE, GRIECO e
CANTARANO e LUIZ REGIS PRADO”.[2]
A segunda, que “há necessidade do compromisso, pois sem ele a
testemunha é mero informante, permitindo ao juiz livre valoração de seu
depoimento.” Neste sentido também é a posição de ESPÍNOLA FILHO, MENEGALE,
MAGALHÃES DRUMOND.[3]
A jurisprudência também se divide. A primeira posição é encontrada
aqui: “(…)Comprovando-se que a testemunha devidamente compromissada
deliberadamente fez falsa afirmação em Juízo para o fim de produzir prova em
processo penal, impõe-se a condenação nos termos do artigo 342, § 1º do Código
Penal (TJDF, Rec. 2007.03.1.009077-9, Rel. Des. João Egmont, DJDFTE 13/8/2010,
p. 167)”.
A segunda, aqui: “(…) A testemunha que não presta compromisso
legal, por possuir íntima amizade com o réu, não tem o dever de dizer a
verdade, não podendo, em razão de eventual mentira afirmada em juízo, responder
pelo crime de falso testemunho (TJRS, ACr. 70034672519, Rel. Des. Gaspar
Marques Batista, DJERS 14/7/2010)”.
Há quem acredite tratar-se a promessa de mera simbologia, que
reforça “na consciência do depoente o dever de veracidade”. De mais a mais,
“também objetiva facilitar a tarefa de apreciação da prova pelo juiz,
alertando-o para a duvidosa confiabilidade do depoimento de certas pessoas não
compromissadas.”[4]
Particularmente, entendemos ser incompreensível não se exigir o
compromisso de dizer a verdade de algumas testemunhas, mas ao mesmo tempo
tratar penalmente da mesma forma aquelas que estão compromissadas. Aliás,
dentre as primeiras estão os menores de catorze e até doente mentais. Como
puni-los na redação do art. 342 do CP? Impossível.
Destarte, somente poderão ser processas pelo crime de falso
testemunho aqueles que se comprometeram em dizer a verdade.
[1] Art.
206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho
adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
[2] NUCCI,
Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 17 ed. São Paulo:
Forense, 2017, p. 906, livro digital.
[3] Idem,
ibidem.
[4] GOMES
FILHO, Antonio Magalhães. Código de Processo Penal Comentado. 1
ed. Alberto Zacharias Toron (Coord.), São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018,
p. 448.
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Lição 10 NA ÍNTEGRA
Lição 10: Não dirás Falso Testemunho contra o teu Próximo, Falar a
verdade é fundamental para a confiança e integridade nas relações humanas, Com.
Extras Pr Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida
Silva
EBD, Revista Editora Betel, 4° Trimestre De 2024,
Tema, OS DEZ MANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores
Morais, Sociais e Espirituais Imutáveis para uma Vida Abençoada, Escola
Bíblica Dominical
ESBOÇO DA LIÇÃO 10
1- A PROTEÇÃO DA HONRA
1.1. O sistema de justiça do mundo antigo
1.2. O cuidado com as palavras
1.3. O cuidado com o que se ouve
2- AMANDO A VERDADE
2.1. O diabo é mentiroso e pai da mentira
2.2. A verdade vem de DEUS
2.3. CRISTO, a verdade que liberta
3- CONSELHOS PRÁTICOS
3.1. Preservando a boa reputação
3.2. O perigo da violação do mandamento
3.3. A ocupação cristã
TEXTO ÁUREO
“Não admitirás falso
rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha
falsa” Êxodo 23.1
VERDADE APLICADA
Por sermos discípulos de CRISTO, somos chamados e capacitados para
andar, amar, falar e viver na verdade.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Citar o prejuízo
de falar da vida das pessoas.
Expor a verdade como maior requisito da vida cristã.
Mostrar a relevância do nono mandamento.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
- DEUTERONÔMIO 19.16-20
16 Quando se levantar
testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de
transgressão,
17 Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o
Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias.
18 E os juízes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha,
que testificou falsidade contra seu irmão,
19 Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, tirarás o mal do meio
de ti
20 Para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer tal
mal no meio de ti.
LEITURAS
COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Lv 19.16
Não espalhem calúnias entre o seu povo.
TERÇA | Is 29.20-21 Os que prejudicam os outros desaparecerão.
QUARTA | Jo 7 .24 Não julgueis segundo a aparência.
QUINTA | CI 3.9 Não mintais uns aos outros.
SEXTA | Tg 2.13 A misericórdia triunfa sobre o juízo.
SÁBADO | Tg 4.11 Não faleis mal uns dos outros.
HINOS SUGERIDOS: 231,247, 258
MOTIVO DE ORAÇÃO - Ore
por mais cuidado com o que falar e ouvir.
PONTO DE
PARTIDA – Devemos ter cuidado com o que falamos e ouvimos.
INTRODUÇÃO
O nono
mandamento se estende além de falsos testemunhos acerca de alguém. Ele ressalta
o cuidado que devemos ter com o que ouvimos e, também, com o que iremos dizer.
1- A proteção
da honra
Assim como DEUS
é a verdade, Ele também deseja que sejamos verdadeiros. Precisamos ter cuidado
com tudo aquilo que a nossa boca profere, porque DEUS está atento, também, com
aquilo que sai de nossa boca.
1.1. O sistema
de justiça do mundo antigo
Na Antiguidade,
havia pouca proteção às pessoas acusadas de um crime. Até que se provasse o
contrário, elas eram consideradas culpadas. Como havia poucas normas para a
apresentação de provas, os acusados não tinham sequer chance de montar uma
defesa. Geralmente, os tribunais antigos condenavam pela força de uma única
testemunha. Nesse caso, a vida de um réu sempre corria risco, visto que as
palavras de um falso testemunho poderiam ser fatais. Como esse sistema legal
era sujeito a abusos, DEUS estabeleceu o nono mandamento para
proteger a vida humana [Nm 35.30; Dt 19.15-20}. Ficou estabelecido também que o
acusador deveria atirar a primeira pedra [Dt 17.7] e caso fosse comprovado que
a alegação fosse falsa, o acusador deveria ser punido [Dt 19.18-I9].
Jochem
Douma (Os Dez Mandamentos Manual para a Vida Cristã, Editora CLIRE, 2019):
“Alguém observou, adequadamente, que dois princípios emergem desses
regulamentos: na administração da justiça, o próximo deve ser protegido da
testemunha falsa, e a própria administração da justiça tem de ser
salvaguardada. O que está em questão é a proteção tanto do próximo quanto do
próprio sistema de justiça. O sistema de justiça existe para assegurar o
bem-estar do homem. Yahweh proibiu o homicídio, o adultério e o roubo nos
respectivos mandamentos precedentes; mas, para alcançar esse objetivo, de modo
que a vida, o casamento e a propriedade sejam, realmente, salvaguardados, é
necessário que haja uma boa instituição legal. A testemunha falsa é um grande
mal, mas se todo o sistema de justiça não funcionar mais, e se os juízes forem
corruptos, a situação é ainda pior. Nesse caso, a própria sociedade estará à
beira do colapso [Is 1.17, 23, 26; Jr 7.5-6; Am 5.7; Ec 3.16]. “Ora, destruídos
os fundamentos, que poderá fazer o justo?” [Sl 11.3].”
1.2. O cuidado
com as palavras
O
princípio subjacente desse mandamento é a proibição de todas as
formas de falsidade [Os 4.1-2]. O nono mandamento diz respeito não somente ao
falso testemunho, mas também às mentiras e fofocas que vivemos no dia a dia.
Sendo a mais flagrante, aquela que prejudica diretamente outra pessoa. Quando a
Bíblia condena a fofoca, ela está falando muito mais do que falar casualmente
da vida de alguém. Está falando de prejudicar a reputação de algumas pessoas
através de comentários que não nos dizem respeito. Para DEUS, a boa reputação
tem um valor incalculável [Pv 22.1]. Dizem que a mentira é como um balde de
penas atiradas de uma montanha. Ela fica pairando no ar e jamais se recolhe o
que se espalhou.
Pessoas
que são caluniadas e difamadas, mesmo quando tentam se defender, sempre são
vistas com desconfiança pelos outros. Devemos ter muito cuidado com o que
ouvimos e o que falamos com as pessoas. Devemos considerar como as palavras
podem ser perigosas. A Bíblia está repleta de advertências quanto ao cuidado no
que vamos dizer [2Co 12.20; Gl 5.19-20; Ef 4.31]. Como um incêndio, a língua de
uma pessoa descuidada pode consumir tudo o que encontra pelo caminho.
1.3. O cuidado
com o que se ouve
Um sábio
escreveu certa vez: “Eu nunca ouvi o testemunho de um ex-fofoqueiro”. Às vezes
não temos a dimensão de como o pecado da fofoca é algo tão comum entre as
pessoas. O outro lado da questão é que tão errado quanto dizer algo acerca de
alguém é prestar-se ao serviço de ouvir. Um antigo ditado rabínico diz que a
calúnia mata três: aquele que fala; aquele que ouve e aquele sobre quem está se
falando. O puritano Thomas Watson disse certa vez: “Aquele que gera
uma calúnia carrega o diabo na língua, e aquele que a recebe carrega
o diabo no ouvido” (Pv 11.13; 13.3). É muito comum ouvirmos algo acerca de
alguém e fazermos determinados julgamentos porque ficamos envolvidos nesse
pecado. A fofoca atrai, ela é doce para muitas pessoas [Pv 18.8]. Cuidemos de
nossos ouvidos!
A
preferência em ouvir algo ruim do que algo bom acerca de nosso próximo é um
fenômeno universal. A reputação pode ser roubada rapidamente, mas jamais será
devolvida na mesma velocidade. O que devemos fazer quando alguém desejar nos
dizer algo que sabemos que fere o caráter de DEUS? Simplesmente interromper e
mudar de assunto porque esse tipo de conversa não edifica a vida de ninguém [Pv
13.3].
EU ENSINEI QUE:
Precisamos ter cuidado com tudo aquilo que a nossa boca profere.
2- Amando a
verdade
Vivemos um
tempo em que o certo está errado e o errado para muitas pessoas é realmente o
que é certo. Para nós, cristãos, a verdade é uma questão de caráter e deve
sempre fazer parte de nosso agir e falar.
2.1. O diabo é
mentiroso e pai da mentira
Assim como a
verdade vem de DEUS, a mentira vem do diabo. JESUS aponta o diabo como o pai da
mentira, diz que ele nunca se firmou na verdade e que, quando profere mentira,
ele fala daquilo que lhe é próprio, ou seja, essa é sua essência [Jo 8.44]. Por
trás de toda mentira está o diabo orquestrando a vida daqueles a quem de alguma
maneira se sujeitaram ao seu habilidoso engano. João nos diz que ele é a fonte
de todo engano e pecado, e todo aquele que peca pertence a ele [1Jo 3.8]. Paulo
afirma que a mentira é um traço autêntico do velho homem e que esse novo homem
que está em CRISTO não deve mentir, pois já se despiu dessa velha natureza [Cl
3.9].
Jochem
Douma (Os Dez Mandamentos Manual para a Vida Cristã, Editora CLIRE, 2019):
“Em nossa conversão, devemos nos despojar da velha natureza; no mesmo contexto,
Paulo diz que devemos deixar a mentira e falar a verdade [Ef 4.22-25]. Somente
poderemos fazer isso pela graça da libertação de DEUS. Ao nono mandamento
também se aplica o que diz o Prólogo dos Dez Mandamentos: “Eu sou o Senhor, teu
DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. Isso não é
autorredenção, a qual nos escraviza à mentira; antes, é a libertação feita por
Yahweh, e nos salva da escravidão da mentira. JESUS CRISTO disse: “Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida” [Jo 14.6]. Agora começamos a andar em um novo
caminho. Por meio da redenção em CRISTO, conhecemos a DEUS como Pai e a nosso
próximo na Igreja de CRISTO como irmãos. Não podemos mais mentir; não
precisamos mais mentir.”
2.2. A verdade
vem de DEUS
A Bíblia coloca
a verdade entre os valores humanos mais elevados. A verdade é parte integrante
do caráter de DEUS e de Sua Palavra [Sl 146.6; Is 65.16; Jr 10.10]. Se estamos
em DEUS, a verdade também será parte integrante de nossas vidas. Não podemos
estar em DEUS e viver associados com a mentira e o engano. A razão pela qual
somos chamados a viver em verdade é porque servimos ao DEUS da verdade. Se
DEUS é verdadeiro conosco, temos que viver em verdade diante dEle e, também,
com o nosso próximo [Lv 19.11-12]. Quando a nossa vida está intrinsecamente
ligada ao caráter de DEUS, a honestidade, o amor e tudo o que é correto flui
naturalmente em nossos relacionamentos com as pessoas.
Em um
mundo onde a verdade é relativa devemos estar conscientes de que não estamos
aqui apenas para fugir do inferno. Temos que ser luz onde existem trevas e
brilhar em meio a corrupção que a cada dia torna o mundo mais perdido (Fp
2.15]. Devemos fugir da aparência do mal e uma das maneiras mais práticas de se
fazer isso é não se misturar com aquilo que é errado, não dando ouvidos ao que
não edifica e vivendo a verdade [Cl 3.1-10].
2.3. CRISTO, a
verdade que liberta
JESUS CRISTO
é a verdade no sentido mais absoluto. Tudo o que o entendimento humano anseia
por saber, encontra Nele a sua resposta. Ele é o Criador de tudo que existe,
portanto, conhece tudo perfeitamente e entende seu propósito e funcionamento.
Mas não apenas isso, Ele mesmo é DEUS e pode nos revelar plenamente tudo o que
precisamos saber sobre sua própria natureza e planos. CRISTO é a verdade
absoluta que atende a todas as necessidades da mente humana [Cl 2.3]. É o
caminho completo e suficiente para o Pai porque Ele é Sua plena revelação [Jo
14.7]. JESUS CRISTO é a verdade. Verdade que liberta e santifica [Jo 8.32;
17.17]. Busquemos a cada dia crescer no conhecimento de nosso Senhor e Salvador
JESUS CRISTO [2Pe 3.18].
Uma
palavra recheada de mentiras pode destruir toda uma vida. É nosso dever como
cristãos proteger nossos semelhantes. Por isso precisamos não somente pregar a
verdade, mas vivê-la. Muitas pessoas hoje agem como verdadeiros fariseus,
ensinando tudo o que as pessoas devem fazer, mas vivendo por trás de um
disfarce que mais tarde só lhes trará malefícios. Devemos ter o cuidado de não
nos tornarmos insípidos nessa reta final [Mc 9.50].
EU ENSINEI QUE:
A verdade é uma questão de caráter e deve sempre fazer parte de nosso agir e
falar.
3- Conselhos
práticos
O nono
mandamento tem como objetivo principal defender a honra humana. A mentira e a
falsidade aborrecem a DEUS e prejudicam o próximo.
3.1.
Preservando a boa reputação
A proteção da
honra é fundamental para a convivência social de qualquer comunidade ou nação.
Nenhum homem deseja que sua reputação ou o bom nome de sua família sejam
atingidos. O bom nome e a boa reputação que uma pessoa constrói com tanto
sacrifício e tempo podem ser destruídos em segundos quando o mandamento é
violado. De acordo com a resposta 77 e 78 do Catecismo de Westminster, o
nono mandamento exige a conservação e promoção da verdade entre os homens, e a
manutenção da nossa boa reputação, e a do nosso próximo, especialmente quando
somos chamados a dar testemunho [Ef 4.25; 1Pe 3.16; At 25.10; 3Jo 12; Pv 14.5,
25; Mt 5.37]. Ele proíbe tudo o que é prejudicial à verdade, ou injurioso,
tanto à nossa reputação quanto à do nosso próximo [Cl 3.9; 8.20-21; Sl 15.3;
12.3].
A
mentira é vista na Bíblia como um pecado mortal [Sl 5.6a). O lugar de destino
dos mentirosos é o lago de fogo e enxofre [Ap 21.8]. Aqueles que mentem e
prejudicam a vida de outras pessoas não ficarão impunes, eles sentirão na pele
o que armaram contra seu próximo, isso está muito claro em toda a Escritura [Dt
19.18-20; Pv 26.27].
3.2. O perigo
da violação do mandamento
É muito comum
as pessoas mentirem, principalmente quando buscam o próprio benefício. O
problema é que, quando esse limite é ultrapassado, o perigo é iminente. Já no
Novo Testamento e no tempo da graça, que muitos pregam que DEUS sempre usará de
bondade, aconteceu algo com um casal que combinou entre si uma doação para a
igreja e, querendo obter prestígio entre os apóstolos, usou de mentira,
omitindo parte do valor [At 5.1-2]. Esse não era um pecado de roubo ou cobiça,
mas de engano. O problema não estava no que fizeram, mas no que
disseram. Pedro aponta a presença de Satanás em suas ações e diz que
mentiram ao ESPÍRITO SANTO [At 5.3]. O pecado aqui foi diretamente contra DEUS
[At 5.4]. Ananias e Safira perderam a vida porque mentiram contra DEUS.
O que
vemos aqui é um caso aparentemente simples, mas com um fundo revelador muito
poderoso. “Mentir é um pecado contra DEUS. Essa é a loucura do pecado, as
pessoas acreditam que mentindo contra DEUS sairão ilesas e isso não é verdade.
Toda mentira, seja ela pequena ou grande, vem de Satanás. É por esse motivo que
DEUS a odeia tanto [Pv 6.16-19].
3.3. A ocupação
cristã
Estamos vivendo
um tempo em que as informações chegam numa velocidade gigantesca. Redes como
Facebook, Instagram, X (Twitter), Telegram etc, e até mesmo o jornalismo
de TV, estão recheadas de falsas informações. É nesse tempo que nós, cristãos,
somos chamados a ser revolucionários nessa sociedade pós-verdade. Os efeitos da
falsa informação trazem muitos malefícios para a sociedade, destroem famílias,
arruínam casamentos, implementam falsas teorias. Nossa ocupação deve ser a
Palavra de DEUS. Somente ela pode curar nossa alma pecaminosa, nos capacitar a
viver em amor com nossos semelhantes e impactá-los com nosso testemunho de
salvação [Cl 3.2; Fp 4.8].
I.
Howard Marshall (I e II Tessalonicenses, Introdução e comentário, Vida Nova,
1984, p. 237-238) comenta sobre 2 Tessalonicenses 2.10-12: “A atividade do
homem da iniquidade ocorre com todo engano de injustiça. Há duas consequências
tiradas da descrição de Paulo. A primeira é que o poder enganoso do rebelde é
para os que estão no caminho da destruição (…) A segunda consequência é que os
que perecem são enganados e, portanto,
levados à destruição porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.”
EU ENSINEI QUE:
A mentira e a falsidade aborrecem a DEUS e prejudicam o próximo.
CONCLUSÃO
Considerando
que o mundo jaz no maligno e, consequentemente, a forte campanha de
desconstrução de tantos valores bíblicos cristãos, é crucial que o discípulo de
CRISTO busque e mantenha a mente e o coração cheios da Palavra de DEUS e
procure andar em ESPÍRITO em todo o tempo, para não ser envolvido e
influenciado pela cultura da mentira, do engano e do esfriamento do amor.