Lição 12 - Os Pecados de Omissão e de Opressão LIÇÕES BÍBLICAS - 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos Tema: FÉ E OBRAS - Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica Comentário: Pr. Eliezer de Lira e Silva
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva Questionário NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
TEXTO ÁUREO
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado" (Tg 4.17).
VERDADE PRÁTICA
Os pecados de omissão e opressão são tão repulsivos diante de DEUS quanto às
demais transgressões.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 3.1-24 A queda do ser humano
Terça - Is 59.2 O pecado nos separa de DEUS
Quarta - Jo 1.29 O Cordeiro de DEUS que tira o pecado
Quinta - Hb 9.22 Remissão pelo sangue de JESUS
Sexta - 1 Jo 1.7 O sangue de JESUS purifica de todo pecado
Sábado - 1 Rs 8.46 Não há quem não peque
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Tiago 4.17; 5.1-6
17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado
1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre
vós hão de vir. 2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão
comidas da traça. 3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua
ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne.
Entesourastes para os últimos dias. 4
Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós
foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do
Senhor dos Exércitos. 5 Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos
deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num dia de matança. 6 Condenastes
e matastes o justo; ele não vos resistiu.
INTERAÇÃO
Professor, na lição de hoje estudaremos a respeito dos pecados de omissão e
opressão. Também veremos a exortação de Tiago em relação ao julgamento dos ricos
impiedosos. O meio-irmão do Senhor adverte os ricos, não pela posse de bens
materiais, mais porque estes não eram bons mordomos dos seus bens. Segundo
Tiago, estes ricos exploravam os pobres (Tg 2.5,6). Atitude esta que DEUS
abomina.
O Senhor deseja que venhamos utilizar nossos recursos para ajudar as pessoas
necessitadas, não somente para o nosso deleite e prazer. Que possamos utilizar
nossos bens para promover o Evangelho e ajudar as pessoas, pois "a fé sem obras
é morta". Tiago mostra que os ricos estavam tão absortos em seus deleites que
nem se deram conta do juízo divino e da desgraça que se abateu sobre eles: "As
vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça"
(5.2). Que venhamos utilizar nossos bens com sabedoria.
OBJETIVOS - Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se dos perigos do pecado de omissão.
Mostrar que adquirir bens à custa da exploração alheia é pecado.
Saber que DEUS ouve o clamor dos trabalhadores injustiçados.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o quadro abaixo para os alunos. Utilize-o para mostrar como
a Palavra de DEUS identifica a riqueza. Enfatize que a riqueza não é e jamais
será um sinal de fé ou do favor divino. Explique que JESUS fez duras criticas
aqueles que amam os bens materiais. O Mestre declarou: "Quão dificilmente
entrarão no reino de DEUS os que têm riquezas" (Lc 18.24).
| R I Q U E Z A S | |
| A sua busca insaciável e avarenta é idolatria | Cl 3.5 |
| Segundo JESUS é um obstáculo à salvação | Mt 19.24; 13.22 |
| Transmite um falso senso de segurança, enganam | Lc 12.15-21 |
| Exigem total fidelidade do coração. | Mt 6.21 |
| Levam as pessoas a caírem em tentação. | 1 Tm 6.9 |
| O amor a elas é raiz de muitos males. | 1 Tm 6.10 |
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS - INTRODUÇÃO
Como destacamos no capítulo
10 deste livro, o apóstolo Tiago chama a atenção de seus leitores, mais
especificamente na abertura do capítulo 4, para as consequências trágicas da
omissão dos homens mais abastados em cuidar “dos órfãos e das viúvas” (Tg
1.27) assim como dos membros indigentes da sua comunidade (Tg 2.15,16). Tal
atitude, frisa o apóstolo, estava levando a mortes desnecessárias entre os
mais necessitados, de maneira que Tiago sugere que esses homens ricos que
pecavam por omissão, que pecavam por não atenderem aos mais carentes, eram,
indiretamente, assassinos (Tg 4.3; 5.6). Sim, porque os interesses egoístas
dessas pessoas — e que ficará ainda mais evidenciado no caso da diminuição
do salário devido aos trabalhadores pobres (Tg 5.4) — estavam levando
necessitados à morte. Ao lutarem apenas pelos seus próprios deleites, eles
estavam, na prática, mesmo que indiretamente, combatendo contra seus irmãos
necessitados, porque sua omissão custava a vida destes. Tratava-se,
portanto, de uma omissão criminosa.
Lembremos que a Epístola de
Tiago foi escrita, muito provavelmente, durante a grande fome que abateu a
Judeia por volta do ano 46 d.C. A data mais provável para a composição da
Carta de Tiago é entre 45 e 49 d.C., isto é, exatamente um período que
abrange a época dessa grande fome. Logo, quando Tiago viu que a morte de
alguns irmãos poderia ser poupada se não fosse a omissão dos mais ricos —
ainda mais que os ricos empregadores, motivados apenas por cobiça e egoísmo,
estavam em falta no pagamento dos salários dos seus trabalhadores, salário
este que, se honrado, supriria minimamente as necessidades destes —, o
apóstolo foi tomado de uma ira santa e escreveu as palavras contundentes que
abrem o capítulo 5 de sua carta, sobre as quais meditaremos a seguir.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 137-138.
Lc 6.24 Os três versículos
seguintes contêm expressões de aflição (os “ais”) que expressam o oposto das
“bem-aventuranças” dos versículos anteriores. Embora a maioria das pessoas
do mundo veja os bens como desejáveis e um sinal das bênçãos de DEUS, JESUS
diz o oposto. Provavelmente, JESUS dirigia estes comentários às pessoas em
geral. JESUS não menospreza os bens propriamente ditos, mas sim o seu efeito
sobre as pessoas. Os bens fazem as pessoas se sentirem autossuficientes e
julgarem ter encontrado a felicidade que estavam procurando. Aqueles que
escolhem o conforto presente e não o caminho de DEUS têm a sua consolação
agora. Aqueles que tentam encontrar satisfação por intermédio da riqueza
irão descobrir que a riqueza é a única recompensa que terão e que não
durará.
Lc 6.25 A palavra fartos se
refere àqueles que têm tudo o que este mundo oferece. Nada lhes falta. Os
seus bens materiais e a “segurança” financeira os faz pensar que não
precisam de DEUS. Um dia, entretanto, eles terão fome. Isto pode não
acontecer nesta vida, mas eles irão descobrir que na eternidade, quando isto
realmente importa, eles serão os que irão sofrer. O Evangelho registra mais
adiante uma parábola sobre um homem rico e um pobre que ilustra este mesmo
ponto (veja 16.19-31). Praticamente da mesma maneira, aqueles que riem
descuidadamente um dia se lamentarão e chorarão por toda a eternidade. JESUS
não era contra o riso - na verdade, o riso é uma das maiores dádivas que
DEUS deu ao seu povo. JESUS estava falando da mesma atitude daqueles que são
ricos e satisfeitos nesta vida e reagem com risos superficiais a qualquer
menção a DEUS ou à eternidade.
Eles irão descobrir que
estavam errados, e irão lamentar-se e chorar para sempre.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 360.
Os tormentos (ou os “Ais”)
revelam os pecadores prósperos como pessoas infelizes, embora o mundo os
inveje. Não tivemos isto em Mateus. Pode parecer que a melhor interpretação
desses tormentos comparados com as bênçãos antecedentes seja a parábola do
rico e Lázaro. Lázaro tinha a bem-aventurança daqueles que são pobres, que
têm fome e que choram, e agora, portanto, no seio de Abraão todas as
promessas feitas àqueles que assim viveram, se cumpriram na vida dele. Mas o
homem rico teve os tormentos aqui citados uma vez que ele tinha o caráter
daqueles a quem esses tormentos são infligidos.
1. Aqui está um “ai” para
aqueles que são ricos, isto é, que confiam nas riquezas, que têm abundância
da riqueza terrena, e, ao invés de servirem a DEUS com ela, servem às suas
luxúrias; ai deles, porque já receberam a sua consolação, aquela na qual
depositaram a sua felicidade, e desejaram ficar com ela como herança, v. 24.
Eles já receberam seus
benefícios em vida, o que, em seu julgamento, eram as melhores coisas, e
tudo de melhor que possivelmente poderiam receber de DEUS. “Vocês que são
ricos são tentados a colocar os seus corações em um mundo sorridente, e a
dizer: Alma, descansa’ nos braços dele, ‘Este é o meu repouso para sempre;
aqui habitarei’; então, ‘ai de vós’”.
(1) É a loucura das pessoas
terrenas que fazem das coisas deste mundo - que são concebidas apenas para a
sua conveniência - a sua consolação. Satisfazem-se com elas, orgulham- se
delas, e fazem delas o seu paraíso na terra; e para elas os consolos de DEUS
são pequenos e sem importância.
(2) A sua miséria consiste
em serem despojadas delas, perdendo então a sua consolação. Que saibam, para
seu terror, que quando são separadas dessas coisas, existe um final de todo
o seu consolo, um derradeiro final, e nada restará para eles a não ser
angústia e tormento perpétuos.
2. Eis aqui um “ai” para
aqueles que estão fartos (v. 25), cujos corações superabundam em imaginações
(SI 73.7), que têm seus ventres preenchidos com os tesouros ocultos deste
mundo (SI 17.14), que, quando têm tudo em abundância, acham que têm o
suficiente, e pensam: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho
falta”, Apocalipse 3.17. “Já estais fartos! Já estais ricos!”, 1 Coríntios
4.8. Eles estão cheios de si mesmos, sem DEUS e sem CRISTO. Ai dos tais,
porque eles terão fome, eles brevemente serão despojados e esvaziados de
todas as coisas das quais tanto se orgulham; e, quando deixarem para trás,
neste mundo, todas as coisas que são a sua plenitude, eles levarão consigo
tais desejos e luxúrias, pois o mundo para o qual vão não satisfará as suas
vontades. Porque todos os prazeres dos sentidos, dos quais eles estão
repletos agora, no inferno serão negados, e no céu serão substituídos.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD.
pag. 565.
I - O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4.17)
1. A realidade do pecado.
I. Definição
No grego é amartia, Esse
termo é derivado de uma raiz que indica «errar o alvo», «fracassar».
Trata-se do fracasso em não atingir um padrão conhecido, mas antes,
desviando-se do mesmo. Essa palavra, porém, veio a ter também um significado
geral, indicando o principio e as manifestações de pecado, sem dar qualquer
atenção a seu significado original. O trecho de I João 3:4 usa o vocábulo
anomia, «desregramento», desvio da verdade conhecida, da retidão moral. O
pecado tanto é um ato como é uma condição. É o «estado» dos homens sem
regeneração, que se manifesta na forma de numerosos e perversos atos. Pecar
é afastar-se daquilo que DEUS considera a «conduta ideal», do homem ideal,
exemplificado em JESUS CRISTO. Isso conduz à «impiedade» que consiste na
oposição a DEUS e a seus princípios, em autêntica rebelião da alma. E isso
leva à «parabasis», «transgressão» contra princípios piedosos reconhecidos.
Isso leva o individuo à «paranomia.., a «quebra da lei», o «afastamento» da
lei moral (ver Atos 23:3 e II Pede ?:16)__ Nossos pecados também são «passos
em falso», Isto é, «paraptoma, no grego (ver Mat, 6:14 e Efé. 2).
Propositadamente «caímos para um lado», «desviamo-nos pela tangente», apesar
de estarmos instruídos o bastante para não fazê-lo.
Desse modo, o N.T. descreve
o «pecado» sob boa variedade de modos, cada um dele com uso de um quadro
falado sobre o que isso significa. CRISTO JESUS é a cura de cada uma dessas
manifestações do pecado, pois a sua expiação apaga a divida; e a
santificação em CRISTO transforma o pecador, para que seja um ser santo e
celestial. E DEUS é fiel e justo, conferindo esse imenso beneficio aos
homens que se submetem a ele, isto é, que exercem fé em CRISTO e ao seu
mundo eterno (ver Heb. 11:1).
II Como transgressão da
Lei(I Jo 3:4)
O pecado é a transgressão da
lei. O autor sagrado oferece-nos uma definição possível de «pecado»,
bastante lata, mas não a única possível. O pecado pode ser praticado por
«omissão» (ver Tg. 4: 17); e os pagãos, que não tinham lei - no sentido de
uma legislação divinamente dada mesmo assim pecavam (ver o segundo capítulo
da epístola aos Romanos). A «lei», neste caso, certamente é a «lei mosaica»,
e não a nova lei do ESPÍRITO, revelada no evangelho. Porém, apesar de
poderem ser dadas outras definições de pecado, o autor sagrado não estava
interessado em qualquer delineamento completo do que pode ser o pecado. Para
o seu argumento, bastava que o chamasse de «transgressão da lei». O
«desregramento» dos gnósticos era ato condenado peremptoriamente na
legislação mosaica, pelo que o conceito de pecado como «transgressão da lei»
servia de instrumento adequado para ser usado contra os falsos mestres. E
possível que essa definição de pecado tenha sido escolhida porque os mestres
gnósticos negavam a autoridade do A.T. O autor afirma, por conseguinte, a
despeito do que os gnósticos asseveravam em contrário, que a lei de DEUS,
revelada no A.T., os condenava. Os gnósticos desconsideravam o sétimo
mandamento, além de outros similares.
Julgavam-se acima da lei. No
entanto, a lei os condenava. -É como se então o autor advertisse a seus
leitores: «Cuidai para que não sejais numerados entre eles. Corinto deve ser
confrontado com Moisés".
«A gravidade do pecado ou de
atos pecaminosos é salientada pela identificação dos mesmos com o
'desregramento'. termo que parece indicar o pecado em toda a sua enormidade
e blasfêmia, a julgar pela caracterização do anticristo, em 2 Ts. 2:7,8,
como o 'iníquo' , e suas atividades como o 'mistério da iniquidade'. O
trecho de Mt. 24:12 também cita o aumento da iniquidade como um dos sinais
da tribulação messiânica. Os cismáticos iluminados e jubilosos talvez dessem
excessiva importância ao fato de que não estavam acima de toda a lei, sem
apreciarem que não estavam 'sem lei para com DEUS, mas sob a lei de CRISTO'
(I Co. 9:21). Irineu aludiu aos hereges, que supunham que 'devido à nobreza
de sua natureza, em grau algum podiam contrair polução, sem importar o que
comessem ou fizessem' (Contra Heresias, 11. 14:5); e em outra oportunidade
fala daqueles para quem o bem e o mal são apenas questões de opinião humana
(op. cit., 11.32.1) ».
III A Natureza do Pecado.
1. O pecado é cósmico em sua
natureza. Nenhum ser humano peca sozinho. O pecado sempre fará parte de uma
rebelião cósmica contra DEUS e contra a retidão. I João 3:8 enfaticamente
assevera que aquele que «pratica o pecado" é do diabo. Esse ser maligno é
intitulado «o deus deste mundo» (ver 2 Cor. 4:4), e muitos são seus súditos
e escravos. Será necessária uma providência cósmica para remover o pecado, e
o julgamento tomará conta disso.
2. Mas o pecado também é
pessoal. Embora as forças satânicas forneçam a agitação (ver Ef. 6:11 e 55),
o individuo é responsável pelas suas ações, e, portanto, ele é convocado a
arrepender-se. O homem não pode alterar o quadro cósmico, mas pode ser
pessoalmente redimido.
3. Sem importar se cósmico
ou pessoal, o fato é que o pecado é, definidamente, uma questão de rebeldia.
O pecado tem por escopo
destruir uma alma eterna (ver I Pe. 2:1). O pecado é algo muito mais sério
do que aquilo que gostamos de pensar a seu respeito.
4. Foi preciso a missão de
CRISTO para dar solução ao problema do pecado (ver Rm. 5: 1; CI. 1:20 e Ef.
1:10).
IV. Como é que Todos Pecaram
Rm. 5:12
1. Alguns intérpretes dizem:
«Em Adão, isto é, todos os homens participaram, em Adão, do pecado original,
e contra esse pecado é que o juízo foi proferido. Essa ideia é frisada por
causa da analogia com o ato isolado de justiça que nos outorgou a
justificação. A expiação de CRISTO foi exatamente esse ato, mediante o qual
somos justificados, e não mediante inúmeros atos de justiça que porventura
pratiquemos. Por semelhante modo, somos julgados por causa de um único ato -
o pecado de Adão – do qual todos participamos. Há evidências rabínicas em
favor dessa ideia.
2. Outros afirmam que Rm.
5:12 fala de pecados individuais (e essa opinião é esposada pela maioria dos
intérpretes). Também há evidências rabínicas quanto a esse ponto de vista.
3. Talvez seja melhor
misturar esses dois pontos de vista. O homem nasce com o pecado original.
Ele pecou em Adão. Mas cada individuo também tem seu próprio pecado. E ambas
as modalidades o condenam. Isso está em consonância com os princípios
ensinados em Rm 2:6, o de que cada um será finalmente julgado de acordo com
suas próprias obras. O pecado de Adão é a raiz; os pecados da humanidade são
os ramos; e os pecados individuais são os frutos. A sentença de julgamento
recai sobre a árvore inteira, e não apenas sobre uma parte da mesma.
Como ilustração do que Paulo
procurava dizer aqui, podemos usar uma árvore, com suas raízes, com seu
desenvolvimento acima do solo e com seus frutos. A realidade de tudo quanto
uma árvore é, se origina de suas raízes. Uma árvore, entretanto, é bem mais
do que apenas as suas raízes; pois também consiste no grande tronco que se
eleva da superfície do chão.
Também inclui até mesmo os
seus frutos. Ora, outro tanto sucede no caso do pecado. A raiz é o pecado de
Adão, e o juízo divino foi pronunciado contra a raiz. Mas o pecado também
desenvolveu o seu tronco, visível para todos, o que representa o principio
do pecado, que opera neste mundo. Finalmente, o pecado tem os seus frutos, o
que significa os atos individuais de todos os homens. Ora, tais atos também
produzem o julgamento, determinando a intensidade do mesmo, porquanto a
declaração bíblica, frequentemente repetida, é que os homens serão julgados
de acordo com as suas obras. Portanto, para dizermos toda a verdade, o
pronunciamento original do julgamento foi contra a transgressão de Adão, de
cujo julgamento todos os homens são apresentados como participantes.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag.
145-146.
PECADO
Definição
O pecado é iniquidade, diz 1
João 3.4. A lei contra a qual se estima o pecado não é simplesmente a lei
mosaica, mas sim toda e qualquer revelação de DEUS durante todos os tempos.
Isto inclui os mandamentos específicos da Bíblia (tanto os negativos quanto
os positivos), os princípios bíblicos de conduta (por exemplo, 1 Co 10.31) e
leis que não se mencionam especificamente na Bíblia Sagrada, mas que podem
ser consideradas diretrizes dadas pelos líderes indicados por DEUS (por
exemplo, Hb 13.17; Ef 6.1). Portanto, o pecado não é somente alguma coisa
contrária ao que DEUS disse que o homem não deveria fazer, mas é também algo
contrário ao que DEUS não quer que o homem faça, com base nos princípios
revelados. Dessa forma, uma definição completa e inclusiva do pecado seria:
o pecado é tudo o que é contrário ao caráter de DEUS. Como a glória de DEUS
é a revelação do seu caráter, o pecado é uma insuficiência do homem em
relação à glória ou ao caráter de DEUS (Rm 3.23).
Os teólogos da Reforma
ressaltam que o caráter de DEUS está revelado na lei de DEUS. Eles ensinam
que isto é apresentado tanto positivamente, e de uma maneira geral nos Dez
Mandamentos, que ordenam o amor a DEUS e o amor aos homens (cf. Rm 13.8-10);
e negativamente (exceto para o quarto e o quinto mandamento) em uma forma
mais específica nas oito proibições contidas nas duas tábuas da lei. Com
base nisto é que o catecismo curto de Westminster define o pecado como "não
querer conformar-se a, ou transgredir, a lei de DEUS". No Sermão do monte, o
Senhor JESUS CRISTO estabelece as duas promulgações da lei, a negativa e a
positiva, como a base da vida cristã e o padrão da semelhança que DEUS
deseja para seus filhos (Mt 5.17,21,22,27,28,43-48);
A Origem do Pecado
Em nenhum lugar foi dito que
DEUS é o autor, ou o criador responsável pelo pecado. Ele não tenta a
ninguém para fazer o mal (Tg 1.13). Quando DEUS diz: "Eu... crio o mal" (Is
45.7) Ele está falando de desgraças ou de calamidades. Não é aceitável
nenhum ponto de vista em que de alguma maneira se faça DEUS o autor do
pecado, mesmo no sentido de que Ele é incapaz de evitar sua ocorrência ou
aparição.
A Bíblia indica que o pecado
originou-se em Satanás, em sua rebelião contra DEUS. Tudo o que o Antigo
Testamento dá a entender sobre a responsabilidade de Satanás é que "se achou
iniquidade" no rei de Tiro (Ez 28.15), uma evidente alusão ao diabo. Em seu
orgulho, ele tentou tornar-se semelhante ao Altíssimo (Is 14.12-14; cf. 1 Tm
3.6). Na experiência humana, o pecado originou-se na tentação de Adão e Eva
no Éden, quando eles rebelaram-se contra DEUS ao dar ouvidos à voz de
Satanás (Gn 3.1-6).
O
efeito do pecado de Adão na vida moral dos seus descendentes é o problema
envolvido no chamado "pecado original" e é o tema de diferentes pontos de
vista.
A Extensão do Pecado
A
Bíblia ensina o fato e a universalidade do pecado (1 Rs 8.46; Pv 20.9; Ec
7.20; Rm 3.23; 5.13,19; Ef 2.1-3; Tg 3.2; 1 Jo 1.8,10). Isto é o que
significa a depravação total ou a total incapacidade - a falta de mérito do
homem aos olhos de DEUS. O termo depravação refere-se à corrupção ou
contaminação da natureza humana como resultado do pecado de Adão. Segundo o
catecismo curto de Westminster, o pecado de Adão e Eva consiste tanto da
culpa do primeiro pecado de Adão quanto da consequente corrupção de toda a
sua natureza.
A depravação total está
relacionada com a penetração da maldade no homem, e em tudo o que ele faz,
resultando na impossibilidade por parte do homem de realizar o que é
verdadeiramente e espiritualmente bom aos olhos do santíssimo DEUS. No
entanto, isto não significa que o homem seja totalmente mau, de qualquer
modo, e que ele não consiga fazer boas coisas. Ele pode admirar e imitar
muitas coisas que são nobres e realizar o bem, como atos de justiça civil e
social. Mas todo esse bem não tem a capacidade de obter os favores de DEUS.
O homem é incapaz de agir com motivos completamente isentos de egoísmo,
somente para glorificar seu Criador, e em seu estado de pecado ele é
totalmente incapaz de reconciliar-se com o justo Governante do universo.
Esta doutrina apoia-se sobre
afirmações claras da Bíblia Sagrada. Em Gn 6.5 está declarado que "viu o
Senhor que a maldade do homem multiplicara-se sobre a terra e que toda
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente", e Gn
8.21 complementa: "porque a imaginação do coração do homem é má desde sua
meninice". Estes versículos revelam a natureza interior do pecado do homem -
no "coração"; sua constância - "continuamente"; sua abrangência - só "má"; e
sua totalidade - toda a "imaginação". Isaías confessa que todas as nossas
boas obras são como trapo da imundícia (64.6), ensinando que o homem não
consegue realizar nenhuma boa obra que seja realmente aceitável aos olhos de
DEUS. O homem tem a tendência de pecar desde seu nascimento, desde o momento
da concepção (Salmos 5.15) e seu "coração" (sua natureza interior) é mais
enganosa e trapaceira do que qualquer outra coisa, e é desesperadamente
corrupta, incuravelmente enferma (Jr 17.9).
Em Rm, Paulo dedica a
primeira parte (1.18-3.20) à prova das proposições de que "todos pecaram e
destituídos estão da glória de DEUS" (3.23). Ele argumenta que os pagãos não
têm desculpa (1.18-32), o homem moral e justo permanece condenado por causa
da desobediência à sua consciência (2.1-16) e os judeus religiosos infringem
todas as leis escritas de que eles se vangloriam (2.17-3.8). O apóstolo
conclui que todos são completamente depravados, porque nenhum é justo,
nenhum faz o bem, são todos inúteis e os membros dos seus corpos são
instrumentos da iniquidade (3.9-20). João conclui que o mundo inteiro,
exceto os filhos regenerados de DEUS, permanecem (impotentes) sob o
poder do maligno (1 Jo 5.19).
Terminologia
São inúmeros os termos que
denotam o pecado e o mal em hebraico. Na verdade, existem mais palavras para
o mal do que para o bem. Há pelo menos oito palavras básicas: (1) Heb. ra',
"terrível" ou "temível" (Gn 28.17), "mau", é usada para denotar alguma coisa
nociva ou prejudicial e não se restringe a coisas moralmente más. (2) Heb.
rasha', "maldade" (Êx 2.13), que é sempre usada no sentido de uma culpa
moral resultante da confusão de uma vida sem regras. (3) Heb. 'asham,
"culpa" (Gn 26.10), quase sempre limitada ao ritual relacionado com o
Tabernáculo e com o Templo em Levítico, Números e Ezequiel. (4) Heb. hata',
hattat (Êx 20.20), que literalmente significa "errar o caminho", "errar o
alvo" (Jz 20.16; Jó 5.24; Pv 8.36), e inclui o conceito de cometer um erro
deliberadamente - e não simplesmente um engano inocente. (5) Heb. 'awon,
"iniquidade" (1 Sm 3.13), que frequentemente significa "culpa", estando os
dois conceitos - de iniquidade e de culpa - intimamente relacionados. Tem a
conotação de desonestidade, ou de afastar-se intencionalmente do caminho
correto da justiça de DEUS. (6) Heb. shagag, shaga, "errar" (Is 28.7),
quando usado em relação à lei, claramente implica que o pecador, na sua
ignorância, é responsável por conhecer a lei (Lv 5.18; cf. 4.3,13). (7) Heb.
ía'o, "andar errado"(Ez 48.11), indica que o erro é sempre deliberado e não
acidental. (8) Heb. pasha', "rebelar-se" (2 Rs 3.5,7; Is 1.2), que é
normalmente traduzido como "prevaricar" (1 Rs 8.50; Jr 2.8,29). O uso dessas
palavras conduz a algumas conclusões relativas à doutrina do pecado como
revelada no Antigo Testamento: (1) A ideia de pecado é a de algo que é
fundamentalmente uma desobediência a DEUS. (2) Embora a desobediência
envolva tanto aspectos positivos quanto negativos, a ênfase está
definitivamente na aceitação positiva do mal e não simplesmente na omissão
negativa do bem. Em outras palavras, o pecado não é simplesmente errar o
alvo (como tantas vezes é definido), mas sim atingir o alvo errado
deliberadamente, e com conhecimento. (3) O pecado toma formas variadas, e os
israelitas tinham pleno conhecimento da forma particular que seu pecado
tomava, pela disponibilidade de tantas palavras variadas.
O Novo Testamento usa 13
palavras básicas para descrever o pecado: (1) Gr. kakos, "mau" (Rm 13.3),
denota o mal moral, embora em algumas ocasiões seja usada para denotar o mal
físico. (2) Gr. poneros "iniquidade" (Mt 5.45), que com duas exceções é
usada referindo-se à iniquidade moral. (3) Gr. asebes, "impiedoso" (Rm
1.18), que é o oposto de ensebes, "piedoso", e, frequentemente, aparece com
outras palavras para pecado como em 1 Timóteo 1.9. (4) Gr. enochos,
"culpado" (Tg 2.10; Mt 26.66), normalmente denota uma culpa que é merecedora
da morte. (5) Gr. hamartia, "prostituição" ou "impureza" (1 Co 6.13),
qualquer afastamento do caminho da justiça; é a palavra mais abrangente para
pecado. (6) Gr. adikia, "injustiça" (1 Co 6.9), significa qualquer
comportamento injusto no sentido mais amplo. (7) Gr. anomos, "transgressor"
(1 Tm 1.9), que significa o desrespeito à lei, algumas vezes traduzida como
iniquidade. (8) Gr. parabates, "transgressor" (Tg 2.9,11), normalmente
refere-se à transgressão da lei mosaica e sempre a alguma lei específica.
(9) Gr. agnoeo, "ser ignorante", algumas vezes usada para descrever a
ignorância inocente (Rm 1.13), e algumas vezes a ignorância culpável (Rm
10.3; Ef 4.18). (10) Gr. planao, "desviar-se" (1 Pe 2.25), que sempre
significa errar com culpa ou ser enganado (por exemplo, Tt 3.3), com a
possível exceção de Tiago 5.19. (11) Gr. paraptoma, "uma ofensa" (Gl 6.1),
que na maior parte das referências é uma transgressão deliberada. (12) Gr.
hypocrites, "hipocrisia" (1 Tm 4.2). (13) Gr. parapipto, "recair" ou
"desviar-se" (Hb 6.6), que implica uma deliberada apostasia (q.v.). Algumas
conclusões podem ser obtidas a partir do uso dessas palavras, com respeito à
doutrina do pecado no Novo Testamento: (1) Sempre existe um padrão claro,
contra o qual se comete o pecado. (2) Em última análise, qualquer pecado é
uma rebelião contra DEUS e uma transgressão dos seus padrões.
(3) O mal pode assumir
múltiplas formas.
(4) A responsabilidade do
homem é definida e claramente compreendida.
Punição e Remédio
A Bíblia Sagrada afirma que
a punição do pecado é a morte - tanto física quanto espiritual (Ez 18.4,20;
Rm 5.12; 6.16,21,23; Tg 1.15). Depois do pecado, Adão e Eva acabaram
morrendo fisicamente (Gn 2.17; 3.19), mas eles imediatamente viveram a morte
espiritual, a separação de DEUS (Gn 3.8-10; cf. Ef 2.1,5,12; 4.18). O
remédio para o pecado consta de duas partes: (1) o perdão (q.v.), que apaga
a culpa do pecado; e, (2) a justificação (q.v.) que é uma declaração da
justiça positiva imputada por DEUS sobre o crente. Tudo isto se baseia na
obra de CRISTO, em sua morte expiatória (Rm 3.24-26), e é assegurado pela fé
nele.
O pecado nunca será
erradicado do crente nesta vida (1 Jo 1.8-10); O ESPÍRITO SANTO é dado para
que o crente possa impedir que o pecado reine em seu corpo (Rm 6.1-13;
8.1-4). Seus inimigos, no entanto, são poderosos e persistentes. As
tentações deste mundo, o Diabo e a carne somente podem ser enfrentados
através da utilização da provisão de DEUS (Gl 5.16,24; Ef 6.10ss.). O pecado
persistente na vida do cristão traz o castigo (Hb 12.6) e algumas vezes a
morte física (1 Co 11.30). A intercessão de CRISTO garante a segurança da
salvação do crente (Hb 7.25; 1 Jo 2.1), embora seja necessária a confissão
para a restauração da comunhão (1 Jo 1.9). As recompensas podem ser perdidas
se a comunhão não for mantida (1 Co 3.15).
PFEIFFER .Charles F.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1484-1487.
2. O pecado de comissão (Gn 3.17-19).
A Ordem
que Fixou Limites (2.15-17)
Quando DEUS colocou o homem
no jardim (15), Ele lhe deu duas tarefas: para lavrá-lo e o guardar. Em
contexto agrícola, lavrar significa cultivar, ação que inclui o ato de podar
videiras.
Quando ordenou o SENHOR DEUS
ao homem (16), Ele deixou claro sua relação soberana com o homem e a relação
subordinada do homem com Ele. DEUS tinha este direito, porque Ele é o
Criador e o homem é a criatura.
Para expressar proibição,
aqui é empregada a maneira mais forte possível em hebraico para colocar a
árvore da ciência do bem e do mal (17) fora da alçada do homem. Visto que o
discurso direto é inerentemente pessoal, a ordem: Não comerás, é pessoal e a
qualidade do negativo hebraico a coloca em negação permanente. A importância
da ordem é aumentada pela severidade do castigo. Isto é muito forte na
sintaxe hebraica, sendo que a força é um tanto quanto mantida na tradução
com a palavra certamente.
George Herbert Livingston,
B.D., Ph.D. Comentário Bíblico Beacon Vol. 1 Gênesis a Deuteronômio. pag.
37-38.
I - A autoridade de DEUS
sobre o homem, como uma criatura que tinha razão e liberdade de decisão. O
Senhor DEUS ordenava que o homem, que agora era uma pessoa pública, o pai e
representante de toda a humanidade, recebesse a lei, assim como tinha
recentemente recebido uma natureza, para si mesmo e para todos os seus. DEUS
ordenava a todas as criaturas, de acordo com a sua capacidade. O curso
definido da natureza é uma lei, Salmos 148.6; 104.9. As feras têm seus
respectivos instintos, mas o homem foi criado capaz de desempenhar um
serviço racional, e portanto recebeu, não somente as ordens de um Criador,
mas as ordens de um Príncipe e um Mestre. Embora Adão fosse um homem
grandioso, um homem muito bom e um homem muito feliz, ainda assim o Senhor
DEUS lhe deu ordens. E o mandamento não representou nenhum menosprezo à sua
grandeza, nem reprovação à sua bondade, nem alguma diminuição de alguma
forma à sua felicidade. Devemos reconhecer o direito que DEUS tem de nos
governar, e de que nossas próprias obrigações sejam governadas por Ele. E
nunca permitir que nenhuma vontade própria nossa entre em contradição ou em
competição com a santa vontade de DEUS.
II - A declaração particular
desta autoridade, ao prescrever ao homem o que ele deveria fazer, e em que
termos deveria estar com o seu Criador. Aqui temos:
1. Uma confirmação da sua
atual liberdade, com a concessão. “De toda árvore do jardim comerás
livremente”. Isto era não somente uma concessão de liberdade a ele, de tomar
os deliciosos frutos do paraíso como recompensa pelos seus cuidados e
esforços para lavrá-lo e guardá-lo (1 Co 9.7,10), mas, além disto, uma
garantia de vida para ele, vida imortal, desde que houvesse a sua
obediência. Pois, estando a árvore da vida colocada no meio do jardim (v.
9), como o seu coração e a sua alma, DEUS a visava particularmente com esta
concessão. E, por isto, quando, depois da sua rebelião, esta concessão é
cancelada, não se sabe de nenhuma outra árvore do jardim sendo proibida a
ele, exceto a árvore da vida (cap. 3.22), da qual está escrito que ele
poderia ter comido e vivido eternamente, isto é, nunca ter morrido, nem
perdido jamais a sua felicidade. “Permaneça santo como você é, em
conformidade com a vontade do seu Criador, e permanecerá feliz como é,
desfrutando do favor do seu Criador, seja neste paraíso ou em outro melhor”.
Assim, mediante a condição da obediência pessoal perfeita e perpétua, Adão
teria assegurado o paraíso a si mesmo e aos seus herdeiros, para sempre.
2. Um teste à sua
obediência, com a dor da perda de toda a sua felicidade: Mas da outra
árvore, que está muito próxima à árvore da vida (pois está escrito que ambas
estão no meio do jardim), e que é chamada de árvore da ciência do bem e do
mal, dela não comerás. Porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás. Como se Ele tivesse dito: “Saiba, Adão, que agora você depende do
seu próprio bom comportamento, você foi colocado no paraíso em teste. Seja
submisso, seja obediente, e viverá para sempre. Caso contrário, você será
tão infeliz como agora é feliz”. Aqui:
(1) Adão é ameaçado com a
morte, em caso de desobediência: “Certamente morrerás” - o que denota uma
sentença segura e terrível, da mesma forma como, na primeira parte deste
concerto, “Comerás” indica uma concessão livre e plena. Observe que: [1] Até
mesmo Adão, em inocência, foi intimidado com uma ameaça. O medo é um dos
instrumentos da alma, pelo qual ela é dominada e controlada. Se até ele,
então, precisou desta barreira, muito mais precisamos nós, agora. [2] A
punição contida na ameaça é a morte: “Morrerás”, isto é: A árvore da vida
lhe será proibida, junto com todo o bem que ela representa, junto com toda a
felicidade que você tem, seja em posses ou em expectativas. E você ficará
sujeito à morte, e a todas as misérias que a antecipam e acompanham. [3]
Isto foi ameaçado como a consequência imediata do pecado: “No dia em que
dela comeres, certamente morrerás”, isto é: “Você se tornará mortal, e
passível de morrer. A concessão da imortalidade será revogada, e aquela
defesa será removida de você. Você se tornará odioso até à morte, como um
malfeitor condenado que está morto na lei” (Adão só recebeu um indulto
porque deveria ser a raiz da humanidade). “Na verdade, os arautos e
precursores da morte imediatamente o dominarão, e a sua vida, a partir de
então, será uma vida agonizante: e isto, certamente; é uma regra definida,
pois: A alma que pecar, essa morrerá’”.
(2) Adão é tentado com um
mandamento positivo: não comer o fruto da árvore da ciência. Agora, era
muito adequado testar a sua obediência com um mandamento como este: [1]
Porque a razão deste mandamento se originava puramente na vontade do
Legislador. Adão tinha, na sua natureza, uma aversão àquilo que era mau por
si só, e, portanto, ele só é tentado em algo que era mau porque era
proibido. E, sendo uma questão pequena, era mais adequada para testar a sua
obediência. [2] Porque esta restrição está colocada sobre os desejos da
carne e da mente, que, na natureza corrupta do homem, são as duas grandes
fontes de pecado. Esta proibição controlava tanto o seu apetite aos deleites
sensoriais quanto a sua ambição de conhecimento curioso, para que o seu
corpo pudesse ser governado pela sua alma, e a sua alma, pelo seu DEUS.
O homem tinha toda esta
tranquilidade e felicidade no estado de inocência, tendo tudo o que o
coração pudesse desejar para torná-lo tranquilo e feliz. Como DEUS foi bom
para ele! Quantos favores Ele acumulou sobre ele! Como eram fáceis as regras
que Ele lhe deu! Como era generoso o concerto que Ele fez com o homem! Ainda
assim, o homem, uma criatura com honra, não compreendeu os seus próprios
interesses, mas logo se tornou como os animais que perecem.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag.
15-16.
3. O pecado de omissão (Tg 4.17).
Os
pecados de omissão serão julgados por DEUS tanto quanto os demais pecados
cometidos. Como afirma Matthew Henry, “aquele que não faz o bem que ele sabe
que deve fazer e aquele que faz o mal que ele sabe que não deve fazer serão
condenados”.
Em segundo lugar, a partir
do contexto desse enunciado do apóstolo Tiago, entendemos que ele está
afirmando aqui também que “pecados de omissão podem facilmente se tornar
pecados de comissão”.
Ou seja, além de ser um mal
em si mesmo, o pecado de omitir-se deliberadamente ainda pode ser praticado
de forma a colaborar conscientemente para outros males, de maneira que ele
é, nesses casos, também um pecado de comissão.
A frase ao final do texto
sobre a falibilidade dos projetos humanos (Tg4.13-16). Diz Tiago ao final
desta passagem: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete
pecado” (Tg 4.17). Não que essa frase não possa ter alguma relação com o
tema da falibilidade dos projetos humanos, mas ele está mais relacionado com
o tema que vem a seguir. Antes, porém, de adentrarmos no tema dos versículos
1 a 6 do capítulo 5, é preciso destacar algumas lições que estão implícitas
no enunciado do apóstolo sobre o pecado de omissão.
Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
Editora CPAD. pag. 138-139.
Tg 4.17 Somos ensinados a
viver à altura das nossas convicções em toda a nossa conduta, e, não importa
se estamos tratando com DEUS ou com os homens. Que nos empenhemos em nunca
agir contra o nosso próprio conhecimento (v. 17): “Aquele, pois, que sabe
fazer o bem e o não faz comete pecado”. E o pecado agravado; é pecado com
testemunha; e significa ter a pior testemunha contra a sua própria
consciência. Observe:
1. Isso está imediatamente
conectado com a lição clara de dizer: “Se o Senhor quiser, e se vivermos,
faremos isto ou aquilo”. Eles talvez estejam dispostos a dizer: “Isso é uma
coisa muito óbvia; quem não sabe que todos dependemos do DEUS Todo-poderoso
para viver, para respirar e para todas as coisas?” Se você de fato sabe
isso, então sempre que você agir de forma contrária a essa dependência,
lembre-se disto:
“Aquele, pois, que sabe
fazer o bem e o não faz comete pecado”.
2. Os pecados de omissão
serão julgados, assim como os pecados cometidos. Aquele que não faz o bem
que ele sabe que deve fazer e aquele que faz o mal que ele sabe que não deve
fazer serão condenados. Que então nos empenhemos para que a consciência seja
corretamente informada, e que então seja fiel e continuamente obedecida.
Pois, “...se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com DEUS”
(1 Jo 3.21); mas se “...dizeis: Vemos (e não agimos de acordo com nossa
vista), por isso, o vosso pecado permanece” (Jo 9.41).
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora
CPAD. pag. 846.
Tg 4:17 A fim de resumir seu
pensamento, Tiago acrescenta um provérbio conclusivo que alguns supõem
poderia ter sido um ensino de JESUS, por causa do tom e do tema: Aquele,
pois, que sabe o bem que deve fazer e não o faz, comete pecado.
Aparentemente, apenas reprova o pecado da omissão: Quando uma pessoa sabe o
que deveria fazer (e.g., dar algo a um pobre), mas negligencia esse ato de
caridade, não desperdiçou apenas uma oportunidade de obedecer — tal pessoa
pecou. No entanto, o contexto levanta esse ensino da arena da verdade
genérica e coloca-o nas vidas desses negociantes. Há claramente algo que
eles “sabem” que “devem” fazer e pelo que são responsáveis (Lucas 12:47-48),
que é obedecer a DEUS e segui-lo nos negócios. Entretanto, seus interesses
comerciais com frequência os induzem a planejar segundo os padrões do mundo,
e a acumular bens, à semelhança do rico louco (Lucas 12:13-21). Nas
Escrituras, fazer o bem frequentemente é praticar atos de caridade (Tiago
1:21-25 e Gálatas 6:9). Portanto, Tiago pode estar sugerindo que eles
planejam segundo o mundo porque são motivados pelo mundo, visto que DEUS tem
seu próprio modo de investir dinheiro: dá-lo aos pobres (Mateus 6:19-21). Se
levassem a DEUS em consideração, não estariam, com certeza, tentando
melhorar seu padrão de vida; DEUS os conduziria ao alívio dos que sofrem ao
seu redor, isto é, a fazer o bem.
Tendo falado a cristãos
cujos corações estavam sendo seduzidos pelo mundo, Tiago dirige a atenção, a
seguir, aos incrédulos ricos. Tiago os condena sem rebuços, com linguagem
parecida à do Senhor JESUS (Lucas 6:20-26), a fim de desviar os cristãos da
sedução das riquezas, e prepará-los para suportar o teste do sofrimento nas
mãos dos ricos.
Peter H. Davids. Comentário
Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 148.
Tg 4.17 Aparecem com
frequência as oportunidades de fazermos bem aos outros, especialmente no
suprimento de suas necessidades físicas (ver Tia. 2:14 e ss.; 1:27, como
parte da definição do autor do que é a fé religiosa), simplesmente porque
tal necessidade é universal. Na história intitulada a Bela Lenda, vê-se um
crente ocupado na contemplação de uma visão de CRISTO; então surge a
oportunidade de distribuir pão aos famintos, que interromperia o seu êxtase.
Aquele crente todavia, tinha uma ideia bem esclarecida de seus deveres
religiosos; e assim, de pronto deixou de lado sua visão mística a fim de
alimentar aos famintos. Ao retornar, encontrou CRISTO no mesmo lugar, que
aprovou o que ele fez, dizendo-lhe: se tivesses ficado, eu me teria ido
embora.
O autor sagrado vê
claramente essa lição. Nossa fé religiosa não pode ser guardada dentro de
nós. Trata-se de uma experiência mística e deve continuar como tal, pois
temos contato com o ESPÍRITO SANTO no nível da alma, mas deve ser algo
prático, generoso, altruísta. Em outras palavras, deve ser uma expressão de
amor, tal como DEUS é amor e «deu» seu Filho a um mundo necessitado. O
trecho de Mat. 25:35 e ss. ensina a importante lição que amamos a DEUS
amando a outros, dando o necessário para eles, ajudando-os em suas
necessidades físicas. Poucos homens podem amar a DEUS diretamente, mediante
a contemplação da alma, mas todos podem amá-lo indiretamente, amando ao
próximo. É nesse ponto que deve começar o amor de DEUS. Este comentário
provê várias notas longas sobre o amor, com poesias ilustrativas. Ver João
3:16 quanto ao «amor de DEUS»; ver João 14:21 e 15:10 quanto ao amor como
«norma diretiva na família de DEUS»; ver Gál. 5:22 quanto ao amor como um
dos aspectos do «fruto do ESPÍRITO»; e ver o décimo terceiro capítulo da
epístola aos Coríntios quanto ao «elogio ao amor».
O autor sagrado, pois, como
que dizia: «Aquele que sabe que deve amar, porém, não ama, está pecando».
Consideremos, ainda, os seguintes pontos a respeito:
1. Tal indivíduo talvez seja
um bom teólogo teórico; mas não é um bom discípulo de CRISTO, pois ele é o
padrão de como todos nós devemos amar, e ele «foi por toda a parte, fazendo
o bem» (ver Atos 10:38). Se falharmos nesse ponto, ainda não teremos
avançado muito em nossa transformação moral segundo a sua imagem, que
resulta do desenvolvimento espiritual. À fé devemos acrescentar a «gentileza
fraternal» (ver II Ped. 1:6,7).
2. Para o autor sagrado, as
boas obras são realizações dos exercícios religiosos apropriados, bem como o
cuidado com a santidade pessoal (obras feitas no tocante a DEUS) e práticas
de bondade em favor de outros (ver Tg. 2:14). Portanto, neste lugar, o autor
sagrado pode ter querido incluir a ideia que um homem deve ter cuidado com a
natureza e a qualidade de suas práticas religiosas, e certamente
incluiríamos a santificação prática (ver I Ts. 4:3). Porém, sua preocupação
principal é a expressão do amor fraternal. Não fazer isso, é pecar.
3. Fica subentendido, embora
não seja uma interpretação direta, que ele quis ensinar que cada crente tem
uma missão sem-par a cumprir, sendo um instrumento ímpar nas mãos de DEUS
(ver Ap. 2:17). Tudo quanto faz parte de sua existência diária, como seja, a
sua expressão religiosa, etc., deveria ter por alvo o cumprimento dessa
missão. Ele deveria ocupar-se em cumprir sua missão com grande intensidade
de propósitos, realizando seu trabalho específico, levando-o à perfeição; e
isso para seu próprio benefício e para beneficio de seus semelhantes. Mas,
se vier a falhar nesse particular, estará pecando contra DEUS, que lhe
conferiu vida e lhe dá muitas oportunidades para cumprir a sua missão.
4. JESUS falou de coisas
«deixadas por fazer», mas que são mais urgentes e eticamente vitais do que
outras (ver Mt. 25:41-45). Assim é que com frequência nos ocupamos de
atividades que são legítimas, embora secundárias, esquecendo-nos das
questões primárias. Isso também é pecado, embora não estejam sendo cometidos
atos abertos de pecado. Mas há um desperdício das energias da vida, que são
desviadas para coisas de valor secundário, quando nossas vidas deveriam ser
dedicadas à realização de boas obras.
5. Assim também a passagem
de I Sm. 12:23 mostra que o deixar de orar por alguém, que também está em
grande necessidade, é um pecado de omissão. Esse princípio geral tem muitas
aplicações possíveis. Um professor, preguiçoso na realização de seus
deveres, comete pecado contra aqueles a quem deveria estar ajudando mais
conscienciosamente. O pastor que negligencia seus deveres e se contenta em
apenas pregar no domingo, também está pecando. Outro tanto faz o pastor ou
mestre evangélico que se recusa a aprimorar-se, mas antes, se torna
espiritual e intelectualmente preguiçoso, prejudicando seu povo; esses
estarão pecando porque seu povo fica estagnado em sua vida espiritual, por
falta da instrução e do encorajamento apropriados.
6. O homem que pode melhorar
a vida espiritual de outros, impedindo que caiam em pecado, se não o fizer,
será culpado em parte desses pecados. «Todo aquele que estiver em posição de
impedir que sejam cometidos pecados por parte de membros de sua casa, mas se
refreia em fazê-lo, torna-se culpado dos pecados daqueles» (Shabbath 54b).
7. Alguns estudiosos pensam
que o pecado aqui focalizado não é o pecado de omissão, mas antes, que é o
pecado de alguém que sabe obviamente as coisas boas que devem ser feitas, em
qualquer dada situação, mas, ao invés disso, praticam as coisas erradas.
Porém, a maioria dos intérpretes prefere continuar com a idéia do «pecado de
omissão», como aquela falha aqui em foco.
8. O pecado contra a luz
(não corresponder à mesma) deve ser incluído na aplicação deste versículo.
9. O pecado de não se
aproximar de DEUS, por motivo de orgulho e de egocentrismo, é um pecado
básico de omissão.
10. Este versículo não é
passagem estritamente legalista, que repreende aos judeus cristãos por não
estarem cumprindo as leis cerimoniais. Mas trata-se de passagem elevadamente
ética em sua natureza, e mui ampla em sua aplicação. - «Embora a asserção
possa parecer descabida entre nós, provocando comentários contraditórios,
não me cansarei de asseverar que cada um de nós deveria fazer mais bem do
que faz: e, portanto, nos devemos humilhar ao extremo, por termos praticado
tão pouco bem no mundo» (Woods, in loc.).
«Aqueles que se dedicam a
bons planos, e que observam devidamente suas oportunidades de praticar o
bem, usualmente percebem que suas "oportunidades para tanto crescem de modo
admirável. E quando uma pedra é lançada em uma poça, um círculo segue-se a
outro, estendendo-se quem sabe até onde!» (Cotton Mather).
«Aquele servo, porém, que
conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua
vontade, será punido com muitos açoites» (Luc. 12:47).
Quanto melhor instruídos
ficamos, como crentes, tanto maior será a nossa responsabilidade. «Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me» (Mat.
16:24). Geralmente aceitamos essa responsabilidade mui superficialmente. De
fato, dificilmente a aquilatamos conforme devemos fazê-lo. Na moderna igreja
evangélica, temos visto pouquíssimo interesse pelas qualidades espirituais
dos membros, mas muito interesse pelo número deles.
«Por longo tempo, as táticas
têm visado induzir o maior número possível, todos quantos for possível, para
que entrem no cristianismo.
(Kierkegaard,
citado por P.T. Forsyth, Positive Preaching and Modem Mind, introdução).
O trecho de Rm. 1:21
mostra-nos que a grande rebelião dos pagãos contra DEUS começou pelo pecado
de omissão. Eles conheciam a DEUS, mas não o glorificaram como tal. Não
demoraram a fazer do «eu» o seu deus, tornando-se vãos em suas imaginações.
E não passou muito tempo para fazerem imagens de feras, de pássaros, etc., a
fim de adorá-las.
CHAMPLIN, Russell Norman, O
Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol.
6. pag. 72.
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