Lição 3 - Não Terás Outros deuses 1 Parte
Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2015 -
CPAD - Para adultos
Tema: OS DEZ MANDAMENTOS - Valores Imutáveis Para Uma
Sociedade Em Constante Mudança
Comentários: Pr. Esequias Soares
Complementos,
ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS
MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
NÃO DEIXE DE LER O ESTUDO SOBRE ALIANÇA -
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm
TEXTO ÁUREO
"Ouve, Israel, o SENHOR, nosso DEUS, é o único SENHOR." (Dt 6.4)
VERDADE PRÁTICA
O primeiro mandamento do Decálogo é muito mais que uma apologia ao
monoteísmo; trata-se da soberania de um DEUS que libertou?Israel da
escravidão do Egito.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 2 Rs 19.15 O rei Ezequias introduz a sua oração com uma
expressão monoteísta
Terça - Ne 9.6 Neemias ressalta o monoteísmo na sua oração retrospectiva
Quarta - Mc 12.28-30 O Senhor JESUS ensina que DEUS é único, o Criador dos
céus e da terra
Quinta - Jo 17.3 A unidade de DEUS não contradiz a divindade de JESUS
Sexta - Ef 4.4-6 O monoteísmo judaico-cristão não contradiz a doutrina da
Trindade
Sábado - 1 Co 8.6 O cristianismo é uma religião monoteísta
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Deuteronômio
5.6,7; 6.1-6
Deuteronômio 5.6,7
6 Eu sou o SENHOR, teu DEUS, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão. 7 Não terás outros deuses diante de
mim.
Deuteronômio 6.1-6
1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos
e os juízos que mandou o SENHOR, vosso DEUS, para se vos ensinar, para que
os fizésseis na terra a que passais a possuir; 2 para que temas ao SENHOR,
teu DEUS, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno,
tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que
teus dias sejam prolongados. 3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os
guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o
SENHOR, DEUS de teus pais, na terra que mana leite e mel. 4 Ouve, Israel, o
SENHOR, nosso DEUS, é o único SENHOR. 5 Amarás, pois, o SENHOR, teu DEUS, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. 6 E estas
palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração;
OBJETIVO GERAL
Amar a DEUS, temê-lo e adorá-lo de todo o coração e sinceridade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve
atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
Explicar a autoridade da Lei.
Informar que o primeiro mandamento explicitava o anúncio de que havia um
único DEUS.
Mostrar a exegese do primeiro mandamento.
Apresentar a relação entre monoteísmo e os mandamentos.
Resumo da Lição 3 - Não Terás Outros deuses
I. A
AUTORIDADE DA LEI
1. A fórmula introdutória do
Decálogo.
2. As partes do concerto.
3. O Senhor do universo.
4. A libertação do Egito.
II. O
PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Um código monoteísta.
2. Idolatria do Egito.
3. Como Israel preservou o
monoteísmo de Abraão?
III.
EXEGESE DO PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Outros deuses.
2. O ponto de discussão.
3. O politeísmo.
IV. O
MONOTEÍSMO
1. Os mandamentos, os
estatutos e os juízos.
2. O maior de todos os
mandamentos.
3. A Trindade na unidade.
Comentários de vários autores com algumas modificações do
Ev. Luiz Henrique
¶ Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der,
não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua
filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro;
Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico,
nem quem consulte os mortos;
Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas
abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.
Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.
Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os
adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa.
Deuteronômio 18:9-14
Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus
te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua
filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem
quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao
Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de
ti.Perfeito serás, como o Senhor teu Deus. Porque estas nações, que hás de
possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor
teu Deus não permitiu tal coisa. Deuteronômio 18:9-14
Revista
ensinador.
Editora CPAD. pag. 37
Quando lemos o primeiro e grande mandamento do Decálogo,
qual sentido ele nos traz?
Será que se refere à questão
meramente racional e religiosa, como a quantidade exata das divindades no
céu? Ou apenas se refere a se podemos ou não ter estátuas em casa,
fotografias, artes plásticas de alguma pessoa? Ou se trata apenas de um
texto apologético contra as imagens de esculturas refletidas hoje nos
"santos da igreja romana"?
O primeiro mandamento está interligado ao segundo, e
pode-se dizer que ambos estão divididos em três partes:
(1) "Não terás
outros deuses diante de mim."
(2) "Não farás para ti imagem de
escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em
baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra."
(3)
"Não te encurvarás a elas nem as servirás." Essa é uma informação importante
para nos esclarecer a respeito do porquê desse mandamento ser tão
especial ao povo judeu.
Não por acaso, DEUS constituiu o Shemá Israel,
isto é, o "Ouve ó Israel, o SENHOR, nosso DEUS, é o único SENHOR"; a
profissão de fé do monoteísmo judeu. O medo de cair na idolatria faz com
que as pessoas preocupem-se em jogar fora as esculturas de artes de
casa, fotografias de familiares ou simplesmente passar longe de alguém
que professa outra tradição religiosa. Mas não é bem isso que o primeiro
mandamento nos ensina. DEUS abomina que as pessoas atribuam a uma
imagem, que tenta ser uma representação dEle, a adoração que é devida só
a Ele; e também que usem a sua imagem para fins equivocados, como ganhar
dinheiro ou fazer, em nome dEle, o mal, a perversidade. A nação de
Israel não poderia também reproduzir outras divindades, como a de Faraó,
seus pressupostos religiosos e culturais, pois a nação havia sido
libertada para sempre. Por isso JESUS repete o mesmo mandamento: "Nenhum
servo pode servir a dois senhores" e "Não podeis servir a DEUS e a Mamom
(Lc 16.13).
O dinheiro e o poder estão entre os "deuses" deste
século. Mamom foi o único "deus" que o nosso Senhor chamou pelo nome.
Muitos são os elementos produzidos por Mamom: o "deus" dinheiro, a
competição, o "deus" televisão, o "deus" internet, o consumismo etc. O
problema hoje quanto à idolatria não se dá no campo do politeísmo, pois
a maioria da população, ao menos no Brasil, não acredita nos deuses
antigos. Mas se a questão for analisada do ponto de vista dos "deuses"
que disputam a atenção da nossa mente e coração, então a coisa muda de
figura. Portanto, o convite de DEUS para o seu povo é o de amá-IO de
todo coração, com toda a força do pensamento e de toda a alma. Ele é o
único e eterno DEUS das nossas vidas!
Revista
ensinador.
Editora CPAD. pag. 37
O DECÁLOGO (Revista CPAD - Lição 6 -
06 de Agosto de 1944 - 3º Trimestre - A História de Israel - Moisés - A
Divisão do Reino - COMENTADAS POR ADALBERTO ARRAES
E GUSTAVO KESSLER.
Êx. 20:1-26
20:1 — ENTÃO falou DEUS todas estas
palavras, dizendo: 2 — Eu sou o Senhor teu DEUS, que te tirei da terra
do Egito, da casa da servidão. 3 —- Não terás outros deuses diante de
mim (1). 4 — Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do
que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra (2). 6 — Não te encurvarás a elas nem as ser virás: porque eu, o
Senhor teu DEUS, sou DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos
filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem. 6 — E
faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus
mandamentos. 7 — Não tomarás o nome do Senhor teu DEUS em vão (3): porque o
Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. 8 —
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar (4). 9 — Seis dias
trabalharás, e farás toda a tua obra, 10 — Mas o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu DEUS: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas. 11 — Porque em seis dias
fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo
dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o
santificou. 12 — Honra a teu pai e a tua mãe (5), para que se prolonguem os
teus dias na terra que o Senhor teu DEUS te dá. 13 — Não matarás (6). 14 —
Não adulterarás (7). 15 — Não furtarás (8). 16 — Não dirás falso testemunhos
contra o teu próximo (9). 17 — Não cobiçarás a casa do teu próximo, não
cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem
o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo (10).
Identificação nossa dos de mandamentos ( )
Observareis todos os meus estatutos, e todos
os meus juízos, e os cumprireis" — Lev. 19:37.
Como introdução a presente lição, façamos
algumas considerações sobre a lei no Novo Testamento:
Para os judeus resumia-se em amar a DEUS de
todo o coração, de toda a alma, de todas as forças e de todo o
entendimento, e ao próximo como a si mesmo. (Luc. 10:27; Mat. 22:36-40),
coisa que ninguém podia, nem pode cumprir, tornando-se assim todos
malditos. (Tia. 2:10; Deut. 27:26), da qual maldição CRISTO nos remiu.
(Gal. 3:13). Para nós, crentes na dispensação da graça, a lei resume-se
em AMOR. (Rorn. 13:10; Gal. 5:14; Tia. 2:8; Gal. 6:2;
Roma. 13:8b.)
Só os observadores da lei serão salvos,
(Roma. 2:3), os quais entretanto nunca existiram; o que a lei diz, o
diz aos que estão debaixo
dela: Rom. 3:9, não o diz a nós, pois não estamos debaixo da lei: Rom:
6:14 antes estamos mortos à ela: Rom. 7:4; Gal. 2:19 e desligados
dela.
Rom. 7:6. Para nós, CRISTO é o fim da lei. (Rom.
10:4). As obras da lei não justificam, mas quem
justifica é a fé em JESUS: Rom. 3:20,27,28,; Gal. 2:16; 3:11. Não
temos recebido o ESPÍRITO SANTO pelas
obras da lei e sim pela fé; Gal. 3:2. Os que se querem justificar pela
lei, estão
separados de CRISTO; caíram da graça. (Gal. 5:4). A lei é simples
SOMBRA. (Heb. 10:1). Não estamos sem lei. Temos lei da fé (Rom.
3:27); do ESPÍRITO da vida. (Rom. 8:2); da justiça (9:31); da
liberdade
(Tia. 2:12).
Finalmente, se formos buscar a justiça da
lei, então estaremos admitindo que CRISTO morreu era vão. (Gal. 2:21).
I- DEUS apresentou-Se como o DEUS do povo de
Israel em particular, visto considerá-lo seu povo peculiar. Abraão havia
sido chamado pelo Senhor para constituir esse povo. Com grande interesse
DEUS acompanhou a sua formação desde os patriarcas. Israel foi chamado
dentre um povo idolatra; nada tendo assim a gloriar-se na sua origem
(Eze. 16:3-8), tudo o que agora era devia-o a Jeová. Acabavam de
experimentar uma série de milagres que culminaram com a passagem, a
seco, do mar vermelho. A história de então não registrava fato idêntico.
Jeová não era como os deuses dos povos e isto que Ele quer gravar na
mente do Seu povo, ao apresentar-se no monte fumegante:
— Eu Sou o Senhor teu DEUS que te amei a
ponto de tirar-te da terra da escravidão, apesar de saber que és povo
rebelde; compreende a minha graça para contigo e Me teme.
Nós também não éramos povo, e agora o somos
(I. Pedro 2:10). DEUS nos amou quando éramos ainda pecadores. (Rom.
5:8).
II- Se Jeová era o Todo Poderoso, não podia
admitir diante dEle outros deuses. É provável que alguns povos de então
cressem em Jeová, por tradições recebidas de Abraão; mesmo povos mais
antigos creram no DEUS verdadeiro, por tradições recebidas de Sem. Disto vemos exemplos em
Melquisedeque que era sacerdote do DEUS Altíssimo (Gen. 14:18), e em
Balaão, que conhecia a DEUS (Num. 22:12). Mas esses povos conheciam a
Jeová como um DEUS e não como o ÚNICO DEUS, pois admitiam a existência
de outros deuses e lhes rendiam culto. Isto era o que Israel não poderia
fazer como povo peculiar de Jeová.
Uma melhor tradução de verso 3 diz: "Não
terás outros deuses acrescentados a mim". Isto é o que DEUS não quer que
nós, o seu povo peculiar, façamos.
Quantos há em nossos dias que se ofenderiam
se fossem chamados politeístas, e no entanto, o são, pois acrescentam ao
DEUS verdadeiro uma multidão de deuses. Em milhares de Igrejas que se
dizem cristãs afileram-se centenas de falsos deuses, como grave ofensa
ao Todo Poderoso!
III- Em franca oposição ao que preceitua
Apo. 22:19, a Igreja Romana omite no seu catecismo o segundo mandamento
e divide o décimo em dois para completar o decálogo. Foi imperativa e
solene a ordem de Jeová a Israel: "Não farás para ti imagem" "Não te
curvarás a elas" DEUS é DEUS zeloso e visita a maldade. Uma das maiores
maldades do homem é a idolatria: adoram deuses feitos por suas próprias
mãos. (Vede Isa. 44:9-17). Lembremo-nos de que devemos nos guardar,
afim de não construirmos ídolos e nos curvarmos a eles. Muitos são os
ídolos que os crentes podem fazer e adorar sem o perceberem: esposa,
filhos, fortunas, empregos, amigos, atores, cantores, TV, Internet,
Celular, etc......., podem tornar-se para nós em ídolos perigosos!
Êxodo 20 (BEP - CPAD)
20.1,2 OS DEZ MANDAMENTOS. Os Dez Mandamentos, aqui registrados (cf. Dt
5.6-21), foram escritos pelo próprio DEUS em duas tábuas de pedra e
entregues a Moisés e ao povo de Israel (31.18; 32.16; Dt 4.13; 10.4).
A guarda dos mandamentos proveu um meio de Israel procurar viver em
retidão diante de DEUS, agradecido pelo seu livramento do Egito; ao
mesmo tempo, tal obediência era um requisito para os israelitas
habitarem sempre na terra prometida (Dt 41.14). (1) Os dez mandamentos são o
resumo da lei moral de DEUS para Israel, e descrevem as obrigações para
com DEUS e o próximo.
CRISTO e os apóstolos afirmam que, como
expressões autênticas da santa
vontade de DEUS, eles permanecem obrigatórios para o crente do NT (Mt
22.37-39; Mc 12.28-34; Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.14; Lv 19.18; Dt 6.5;
10.12;30.6). Conforme esses trechos do NT, os dez mandamentos resumem-se
no amor a DEUS e ao próximo; guardá-los não é apenas uma questão de
práticas externas, mas também requer uma atitude do coração (ver
Dt 6.5). Logo, a lei demanda uma justiça espiritual interior que se
expressa em retidão exterior e em santidade. (2) Os preceitos civis e
cerimoniais do AT, que regiam o culto e a vida social de Israel já não
são obrigatórios para o crente do NT. Eram tipos e sombras de coisas
melhores vindouras, e cumpriram-se em JESUS CRISTO (Hb 10.1; Mt 7.12;
22.37-40; Rm 13.8; Gl 5.14; 6.2).
Mesmo assim, contêm sabedoria e princípios espirituais aplicáveis a
todas as gerações (ver Mt 5.17)
20.3 NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE
DE MIM. Este mandamento proíbe o
politeísmo que caracterizava todas as religiões do antigo Oriente
Próximo. Israel não devia adorar, nem invocar nenhum dos deuses
doutras nações. DEUS lhe ordenou a temer e a servir somente a Ele (Dt
32.29; Js 24.14,15). Esse mandamento aplicado aos crentes do NT,
importa
pelo menos três coisas. (1) A adoração do crente deve ser dirigida
exclusivamente a DEUS. Não deve haver jamais adoração ou oração a
quaisquer outros deuses , espíritos ou pessoas falecidas, nem se
permite
buscar orientação e ajuda da parte deles (Lv 17.7; Dt 6.4; 34.17; Sl
106.37; 1 Co 10.19,20). O primeiro mandamento trata, principalmente,
da proibição
da adoração aos espíritos (i.e., demônios) através do espiritismo,
adivinhação, ocultismo e outras formas de idolatria (Dt 18.9-22). (2) O
crente deve totalmente consagrar-se a DEUS. Somente DEUS, mediante sua
vontade
revelada e sua Palavra inspirada, pode guiar a vida do crente (Mt
4.4).
(3) O crente deve ter como seu propósito na vida, buscar e amar a DEUS
de todo o coração, de toda a alma e de todas as suas forças, confiando
nEle para conceder-lhe aquilo que é bom para a sua vida (Dt 6.5; Sl
119.2; Mt 6.33; Fp 3.8; ver Mt 22.37; Cl 3.5).
Resumo do capítulo. A
lista crítica dos mandamentos básicos morais e espirituais é introduzida:
“Falou DEUS todas estas palavras”. Esses princípios para viver um
focalizado, harmonioso relacionamento com DEUS e com o seu próximo não são
meras invenções humanas. Embora eles estabeleçam um padrão moral para todos,
são especialmente dirigidos para a comunidade em aliança: para homens e
mulheres que partilham um relacionamento com DEUS (20.1-17). O
impressionante tremor do fumegante monte Sinai sublinha o fato de que é o
próprio DEUS que fala do céu a Israel (v. 18-22) e que a nenhum deus
fictício de invenção humana terá lugar ao lado do Senhor (v. 23). O
Todo-Poderoso também diz a Israel que use somente altares simples para
sacrifício, para posteriormente separar a sua adoração da adoração pagã (w.
24-26).
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor
da Bíblia. Uma análise de
Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.
Editora CPAD. pag. 63.
A ordem dos Dez Mandamentos é
relevante do ponto de vista teológico. Dos dez, os dois primeiros, os que
têm que ver com a singularidade e incomparabilidade de DEUS, são os mais
importantes, pois a menos que eles sejam observados e até que o sejam, todos
os outros não têm verdadeira relevância.
O fundamento da obra
redentora de DEUS no êxodo era sua graça e poder soberanos; e, de forma
recíproca, o êxodo e os sinais e maravilhas que o precederam apresentaram
testemunho eloqüente do fato de que ele é DEUS e, mais especificamente, o
Senhor de Israel. Ele já demonstrara que sua vitória no Egito não fora
apenas sobre o faraó e seus exércitos, mas, na verdade, fora sobre os deuses
deles (Êx 12.12). Até mesmo os conselheiros do faraó foram obrigados a
admitir que não podiam duplicar nem desviar os terríveis sinais e maravilhas
que caíram sobre o Egito, nos quais se percebia a ação do “dedo de DEUS” (Êx
8.19). O Senhor, por meio de seus atos poderosos, deixou claro que ele é o
único DEUS sem igual.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento.
Editora Shedd Publicações. pag. 324.
I. A
AUTORIDADE DA LEI
1. A fórmula introdutória do Decálogo.
A fórmula introdutória
"Então, falou DEUS todas estas palavras, dizendo..." (êx 20.1) é
característica única do Decálogo, como explicou o rabino e erudito bíblico
Benno Jacob: "Nós não temos um segundo exemplo de tal sentença introdutória"
(JACOB, 1992, p. 543). Nem mesmo na passagem paralela, a fórmula é repetida,
mas aparece de maneira reduzida ao "mínimo absoluto" (CHILDS, 1976, p. 593)
para se ajustar à estrutura da narrativa (Dt 5.5). No entanto, os outros
códigos do sistema mosaico são introduzidos com um discurso de DEUS a Moisés
como no Código da Aliança: "Então, disse o SENHOR a Moisés"(Êx 20.22; 34.32;
Levítico 17.1; Deuteronômio 6.1). Fraseologia similar é usada para designar
os Dez Mandamentos: "Estas palavras falou o SENHOR a toda a vossa
congregação no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande
voz, e nada acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra e a mim mas
deu"(Dt 5.22), mas ela não introduz o Decálogo. Tudo isso revela a origem e
a autoridade divina da lei.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
31-32.
Êxo 20.1 Então falou DEUS.
Ele foi o poder revelador. A legislação mosaica é oriunda da inspiração
divina. DEUS é um DEUS teísta, ou seja, Ele não abandonou a Sua criação.
Antes, faz-se presente na mesma, recompensando ou castigando e fazendo
conhecida a Sua vontade.
Uma outra versão dos Dez
Mandamentos aparece em Deu. 5.6-21, com diferenças mínimas. Ver outra versão
em Êxo. 34.10-29. A ordem dos mandamentos difere em diferentes textos e
versões. Os Dez Mandamentos não eram novos, e, sim, uma seleção inspirada e
apta, dentre uma grande massa de ensinos morais e espirituais,
compartilhados por muitos povos. Essa seleção foi divinamente inspirada e
guiada. Essa seleção é uma breve síntese de ensinos espirituais e morais
essenciais, em relação a DEUS e em relação aos homens.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
DEUS falou com o povo do
monte em chamas. O texto em Deuteronômio declara nitidamente que DEUS “no
monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz” (Dt 5.22)
deu estes mandamentos para a assembleia. Não sabemos como DEUS falou em voz
audível, mas Israel entendia que a voz que ouviam era de DEUS. Esta era “uma
voz audível e terrível, a voz de Jeová, soando como trombeta pela multidão
(19.16: 20.18)”. Este modo de descrever o evento não indica que DEUS tenha
cordas vocais como o homem, mas assevera que DEUS criou um som audível que,
de forma inteligível, enunciava suas palavras para o homem. Depois que
ouviram aquela voz, preferiram que Moisés (19) lhes falasse.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag. 187
2. As partes do concerto. (DEUS e povo de Israel - cabeças de
aliança - Israel representado por Moisés, como mediador)
Após a fórmula introdutória,
vem o que é considerado o prefácio de toda a lei: "Eu sou o SENHOR, teu
DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20.2). O
relato da criação em Gênesis e o relato do dilúvio, por exemplo, falam por
si sós sobre a soberania de Javé em todo o universo como Senhor do céu e da
terra.
Desde os tempos antigos,
discute-se se esta declaração faz parte do primeiro mandamento. A
autorrevelação de DEUS aqui é significativa. Javé já se havia revelado a
Moisés antes (Êx 3.14,15; 6.2, 3), mas aqui se trata de um relacionamento
entre o humano e o divino, DEUS e Israel. Na declaração "Eu sou o SENHOR,
teu DEUS", apesar do uso na segunda pessoa, ele se dirige à nação inteira de
Israel. O nome divino está vinculado ao resgate dos israelitas da terra do
Egito, a grande libertação das garras de Faraó. Esta redenção é o tema do
livro de Êxodo. A "casa da servidão" é o símbolo da opressão social. O Egito
era uma terra boa e abençoada, como o jardim do Éden (Gn 13.10; Dt 10.11);
no entanto, passou para a história como uma caserna ou quartel de escravos.
Por isso, é lembrado nas páginas da Bíblia como a "casa da servidão" (Dt
5.6; 6.12; 7.8; 8.14; 13.5, 10; Js 24.17; Jz 6.8; Mq 6.4). Os judeus
consideram Êxodo 20.2 ou Deuteronômio 5.6 como parte do primeiro mandamento.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
32-33.
Êxo 20.2 teu DEUS. A
reivindicação de DEUS vem em primeiro lugar. Israel era dele por direito de
criação e de redenção. Os mandamentos pactuais do Senhor foram dados àqueles
a quem ele já atraíra a si mesmo, tirando-os da escravidão no Egito (19.4).
embora não da escravidão do pecado (caps. 32-34).
Bíblia de Estudo de Genebra.
Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 102.
O texto do tratado
apresentava os detalhes da nova relação entre o suserano (o rei poderoso) e
seu vassalo (a nação mais fraca). O suserano impunha deveres e tributos,
além de exigir obediência e lealdade incondicionais. Por vezes, esses
acordos incluíam regras específicas para garantir a proteção do suserano de
futuros ataques. No entanto, embora a forma e a estrutura da aliança
estabelecida por DEUS com Israel fosse semelhante à de tratados políticos
humanos, seu conteúdo é bem diferente de qualquer acordo desse tipo.
Como nos demais tratados,
este começa com uma explanação dos vínculos históricos entre as duas partes:
Eu sou o Senhor teu DEUS, que te tirei da terra do Egito, da casa de
servidão (20:1-2). No entanto, continua com declarações
sucintas que revelam a
natureza de DEUS e expressam sua vontade para seu povo. DEUS assumiu um
compromisso com eles e agiu de modo a cumprir as promessas que fez aos
patriarcas, esperando do povo uma contrapartida. Deseja que seu povo sirva
de modelo, transmitindo as verdades divinas às nações. A fim de cumprir essa
responsabilidade e viver como um exemplo daquilo que o reino de DEUS pode
ser na terra, os israelitas deveriam aprender a obedecer exclusivamente ao
Senhor, seu libertador, adorá-lo corretamente e distingui-lo dos ídolos.
Também deveriam aprender a amar os outros membros da comunidade liberta e
resgatada. Os Dez Mandamentos são uma declaração daquilo que seria
necessário para tal.
Tokunboh Adeyemo. COMENTÁRIO BÍBLICO AFRICANO. Editora
Mundo Cristão. pag. 111-112.
3. O Senhor do universo.
SOBERANIA DE DEUS
O termo soberania, denota uma
situação em que uma pessoa, com base em sua dignidade e autoridade, exerce o
poder supremo, sobre qualquer área, em sua província, que esteja sob a sua
jurisdição. Um "soberano" pois, exerce plena autonomia e desconhece
imunidades rivais.
Quando é aplicado a DEUS, o
termo indica o total domínio do Senhor sobre toda a sua vasta criação. Como
Soberano que é, DEUS exerce de modo absoluto a sua vontade, sem ter de
prestar contas a qualquer vontade finita. Conforme se dá com outras idéias
teológicas, o termo não figura nas páginas da Bíblia, embora o conceito seja
reiterado por inúmeras vezes. Para tanto, as Escrituras apelam para a
metáfora de "governante e súditos". Embora expresse essa idéia de outras
maneiras, é principalmente nas doxologias ou atribuições de louvor que
aparece o conceito. Poderíamos citar aqui uma passagem do Antigo e uma do
Novo Testamentos, como prova disso. " ... até que conheças que o Altíssimo
tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer" (Dan. 4:25).
"Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, DEUS único, honra e glória pelos
séculos dos séculos. Amém" (I Tim. 1:25).
A soberania de DEUS consiste
em sua onipotência, expressa em relação ao mundo criado, mormente no tocante
à responsabilidade moral das criaturas diante dele. Visando a um fim
benfazejo, e executando o seu plano eterno para a criação inteira e para os
homens DEUS exerce autoridade absoluta, amoldando todas as coisas e todos os
acontecimentos à semelhança do que o oleiro faz com o mesmo monte de barro
amassado. Ver Rom. 9: 19 ss. Embora, erroneamente, quanto aos seus motivos,
o suposto objetar, postulado por Paulo, expressou uma verdade inconteste:
Pois quem jamais resistiu à sua (de DEUS) vontade?" (vs. 19). Além de mandar
na sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões divinas, a Bíblia
nos ensina que essa soberania é exercida tendo em vista galardoar a piedade
e castigar a rebeldia. E o que se vê em trechos como o de Romanos 2 :22, que
diz: "Considerai, pois, a bondade e a severidade de DEUS; para com os que
caíram, severidade; mas para contigo, a bondade de DEUS, se nela
permaneceres; doutra sorte também tu serás cortado". Isso nos permite chegar
à conclusão de que DEUS não age arbitrariamente, movido pelo capricho,
quando determina todas as coisas segundo os ditames de sua soberana vontade.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos.
pag. 242.
O teísmo reivindica possuir
conhecimento; em outras palavras, declara que há evidencias conclusivas em
favor da existência de DEUS, suficientemente positivas para permitir-nos uma
declaração em prol de sua existência. Essas evidências nos chegam através da
observação meramente empírica da grandiosidade e do desígnio aparentes neste
mundo, através da intuição, através da razão e, sobretudo, através das
experiências místicas, Outrossim, nossa experiência, física e espiritual,
confirma para nós que DEUS jamais abandonou ao seu universo, mas antes,
continua bem próximo de nós, mantendo assim constante contato com os homens,
no que visa o beneficio e o proveito eternos deles.
O trecho de Atos 17:24-31
apresenta elevadas expressões teistas. DEUS, pois, é a fonte originária de
toda a vida física e espiritual, e é o poder sustentador de ambos esses
tipos de vida. DEUS é a fonte de toda a forma de consciência. Ele é a origem
de todas as idéias morais, como também de todos os valores humanos. DEUS é
imanente em sua natureza, e não absolutamente transcendental. Ele é quem
preserva todo o valor e a dignidade humanos. Finalmente, DEUS é o Salvador e
o Redentor do homem, aquele que se oferece para elevar o homem à vida
divina, por intermédio de CRISTO. Além disso, DEUS é o Juiz de todas as suas
criaturas inteligentes, morais, que as recompensa ou pune, de conformidade
com a retidão ou a maldade de suas ações. DEUS é o alvo de toda a
existência. :E: a própria razão para continuarmos vivendo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 100.
4. A libertação do Egito.
Êxo 20.2 Yahweh foi o autor
do livramento de Israel da servidão ao Egito. O autor sacro alude à
informação dada antes, nos capítulos primeiro a décimo sétimo, ou seja, os
destrutivos prodígios das dez pragas, além do livramento no mar de Juncos
(Êxo. 13.22). O DEUS libertador também era o legislador. O povo de Israel,
agora livre, entrava em um novo pacto, o pacto mosaico. O pacto mosaico foi
o quinto dos pactos. Esse pacto deu início à quinta dispensação, a era
durante a qual Israel tornou-se uma nação distintiva por causa de seu código
legal superior e divinamente inspirado. Quanto à idéia que a lei mosaica
exprime o caráter moral de DEUS, cf. Lev. 11.44,45; 19.2.
Israel era o filho
primogênito de DEUS (Êxo. 4.22), e um filho precisa ter a mesma natureza
moral de seu pai. Cf. a declaração de JESUS em Mateus 5.48: “Portanto, sede
vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. A Gratidão Requer
Obediência. O povo libertado de Israel deveria reconhecer o ato libertador
de Yahweh, correspondendo a isso mediante a obediência à lei mosaica. Vemos
o mesmo conceito em Romanos 2.4, onde lemos que a bondade de DEUS leva os
homens ao arrependimento. Alguns intérpretes judeus faziam deste segundo
versículo o primeiro mandamento.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
Que te tirei da terra do
Egito. Nos tratados de suserania do Oriente Próximo antigo, grande atenção
era dada aos atos beneficentes do rei para com o vassalo. Desta forma, não é
de se admirar que o pacto do Sinai fosse proclamado tendo este prólogo
histórico que proclama a atividade redentora de DEUS. Esta declaração é
fundamental para numerosos aspectos do pensamento e da adoração israelita.
O êxodo foi a chave para a
autocompreensão de Israel como povo, o seu conceito do DEUS redentor, a
concepção teocêntrica da História, bem como a sua vida contínua de adoração.
Comentário Bíblico Broadman.
Editora JUERP. Vol i. pag. 486.
Te tirei da terra do Egito, e
por isto mesmo provaram-me a ser superior a todos os deuses, ilimitado em
poder, e mais gracioso, bem como temível em operação. Este é o prefácio ou
introdução, mas não devem ser separados da ordem.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de
Adam Clarke.
II. O PRIMEIRO MANDAMENTO
O Decálogo é monoteísta e
introduz essa doutrina no sistema mosaico que influenciou o pensamento
teológico dos antigos hebreus, vindo a se culminar com a manifestação do
Filho de DEUS. O monoteísmo aqui era uma inovação, visto que as nações da
época eram politeístas. A Mesopotâmia é o berço da civilização humana e o
centro irradiador da idolatria. A terra do Nilo foi grandemente afetada por
essa idolatria. E Israel e seus ancestrais tiveram vínculos com as culturas
mesopotâmica e egípcia.
Abraão veio da Mesopotâmia e
a nação de Israel se formou no Egito. Como nação, Israel seguia em direção à
Terra Prometida, onde estavam os cananeus, idólatras como todos os seus
vizinhos. A idolatria era a cultura predominante na época. Esse era o mundo
religioso do Oriente Médio de então, com cultos envolvendo sacrifício de
crianças e prostituição.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
27-28.
MONOTEÍSMO.
O judaísmo, o islamismo e o cristianismo são os três grandes expoentes dessa
idéia da divindade. Segundo essa posição, existe apenas um único DEUS, em
sentido absoluto, não querendo isso dizer que ele é o nosso deus e que
existem outros deuses de outros povos. Antes, somente um ser é o possuidor
da divindade autêntica. É interessante observarmos que esse ensino foi
antecipado ou mesmo parcialmente duplicado dentro da filosofia platônica, em
seu conceito de bondade universal, como também no conceito do «intelecto
puro», de Aristóteles. Essa doutrina é ensinada francamente na idéia de
«Yahweh», segundo o judaísmo posterior, segundo a qual DEUS é o DEUS de
todos, e não meramente da nação israelita. Na realidade, ele é o DEUS de
todos os universos, de tudo quanto existe, sem importar se pertence à
categoria terrena ou celestial, humana ou angelical, material ou espiritual.
Ordinariamente as seguintes
idéias são vinculadas ao monoteísmo:
a. DEUS é um ser infinito ou
absoluto. Daí a origem da introdução do vocábulo «omnis», em «onipotente»,
«onipresente» e «onisciente». Isso nos leva à suposição de que DEUS é, em
grau infinito, aquilo que experimentamos apenas em pequena medida.
Naturalmente os conceitos
sobre a infinitude na realidade são negativos, porquanto não possuímos
qualquer experiência sobre qualquer coisa infinita. Assim que alguém começa
a tentar descrever o «infinito», por motivo de suas próprias descrições já
começou a reduzir o infinito à mera finitude. Não obstante, temos fé
suficiente para crer que apesar de nada realmente sabermos sobre a
infinitude, e apesar
de não possuirmos linguagem
capaz de descrevê-la, podemos atribuir a qualidade da infinitude a DEUS,
supondo que aquilo que possuímos, de forma finita, ele possui em grau
infinito.
b. Além disso declaramos que
esse DEUS possui tanto a vida necessária como a vida independente. Em outras
palavras, DEUS possui aquela forma de imortalidade verdadeira, que não pode
deixar de existir. Esse é um dos pontos doutrinários mais exaltados do
evangelho de João, onde há comentários nos trechos de João 5:26 e 6:57 no
NTI. Todos os demais seres possuem uma vida que não é necessária, isto é,
aquela variedade de vida que pode deixar de existir. No entanto, o ensino do
evangelho de João é que DEUS outorgou essa vida necessária a JESUS CRISTO,
como homem — e através dele, a todos os seres humanos que nele vierem a
crer; e assim o homem pode tornar-se possuidor da imortalidade verdadeira, o
mesmo tipo de vida que DEUS tem e que caracteriza agora a vida do Senhor
JESUS. Mas a vida de DEUS é igualmente «independente», isto é, uma vida que
existe por si mesma, sem depender de outra qualquer, para sua origem e
continuação. Ora, os remidos, por intermédio de CRISTO, por semelhante modo
tornar-se-ão possuidores dessa «vida independente», que também caracteriza a
verdadeira imortalidade.
c. Ordinariamente, o conceito
do monoteísmo inclui a idéia de que DEUS é o criador de todas as coisas, que
somente ele existiu desde a eternidade, e que todo o resto da existência,
sem importar se pertence à natureza física ou à natureza espiritual, se
deriva dele. O conceito da criação, conforme aparece como idéia filosófica,
não requer a introdução de um início absoluto; ou, em outras palavras, pode
ser encarado no mesmo sentido em que dizemos que um objeto físico «cria» uma
sombra quando exposto à luz. Nesse caso, a sombra realmente co-existe com o
objeto, mas este último é a «causas» da sombra, ou seja, o «criador» da
sombra. Por semelhante modo, no conceito da emanação (conforme ensinado pelo
panteísmo estóico), embora a criação seja vista como parte integrante do
criador, e, por isso mesmo, co-eterna com ele, contudo, ainda assim
poderíamos falar em criação, pois DEUS teria criado tudo emanando a si
mesmo.
Não obstante, tanto o
judaísmo como o cristianismo ensinam que os mundos físicos, juntamente com
tudo quanto existe, tiveram início em um ponto do tempo, deixando somente
DEUS como eterno. Isso tem criado, para alguns, o pseudoproblema que indaga:
«E o que DEUS estava fazendo quando somente ele existia?» Orígenes, para
resolver esse problema, supôs que a criação seria um ato eterno de DEUS, de
tal forma que nunca teria havido um tempo em que DEUS esteve inativo. Mas
outros estudiosos da Bíblia ensinam que o tempo pertence somente à criação,
e que, por isso mesmo, antes da criação, não havia tempo. Ainda outros
intérpretes, em busca da solução para esse problema, têm sugerido que a
criação é eterna apenas como um conceito de DEUS, isto é, existente na mente
de DEUS desde a eternidade. Todavia, a idéia ordinária, aceita pela maioria
dos teólogos cristãos, é que DEUS criou todas as coisas em um ponto
inicial do tempo,
mediante a sua própria energia, como que «do nada»; embora a criação,
através da própria energia divina, com a qual DEUS teria formado a matéria,
baseado em princípios espirituais, não é realmente uma criação do nada.
ver Heb. 11:3 e João
1:1-3 no NTI.
d. Como parte usual da
teologia monoteísta avulta o conceito de que DEUS é um ser pessoal, e não
alguma força cósmica impessoal. DEUS é um ser inteligente; e podemos saber
algo a seu respeito mediante o exame do ser humano, — que foi criado à sua
imagem. Mais perfeitamente ainda, podemos saber sobre DEUS através do Senhor
JESUS CRISTO, que refletiu a sua glória, DEUS é ESPÍRITO, no que faz
contraste com a matéria, ainda que não saibamos no que consiste um
«ESPÍRITO», exceto que não pode ser compreendido em termos das coisas
materiais. Além disso, DEUS possui natureza emocional. DEUS tem vontade e
razão, de uma maneira infinita, ainda que, até certo ponto, o homem seja um
reflexo dessas verdades, possuindo tais propriedades mais ou menos da mesma
maneira que DEUS as possui, posto que em grau muito menor. Por conseguinte,
somos levados à conclusão de que DEUS não é alguma força cósmica, remota,
impessoal, sem qualquer consciência da existência do homem. Pelo contrário,
é um ser vivo que tem todo o conhecimento dos homens, que os guia, que os
castiga ou galardoa, segundo as suas ações, e que determina os eventos e o
destino de cada ser humano. Ora, essa é a posição do «teísmo».
e. Ao DEUS único, o DEUS
apresentado pelo monoteísmo, também atribuímos a qualidade da moralidade.
DEUS é bom, amoroso e santo, sendo o grande despenseiro da justiça. O seu
amor, entretanto, não é da qualidade do «eros» ou amor erótico, sensual, e,
sim. é «agape». um amor sem causa, sem começo e puro em seu princípio,
consistindo em um interesse genuíno e eterno pelo bem-estar de todas as suas
criaturas. Esse amor, outrossim, é independente, ou seja, não é criado ou
mantido por qualquer coisa existente no objeto amado; pelo contrário, devido
à sua suprema natureza amorosa, DEUS é quem dá corpo ao princípio da bondade
e da justiça, não precisando indagar, de quem quer que seja, o que seria bom
e o que não o seria. Assim, pois, DEUS é o padrão final de todos os valores
morais.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
4122-4123.
Êxo 3.3 Não terás outros
deuses. Temos aqui a regra do monoteismo Neste ponto, o monoteismo substitui
todas as outras possíveis noções de DEUS. Todavia, não basta acreditar na
existência de um DEUS. Esse DEUS único precisa ser reconhecido e obedecido
como a autoridade moral de todos os atos humanos. Também só há um DEUS no
atinente à questão da adoração e do serviço espirituais. O DEUS único merece
toda honra. Isso labora contra o panteísmo e todo o seu caos. Ver Êxo.
23.13.
A nação de Israel estava
cercada por povos que eram leais a um número impressionante de divindades.
As pragas do Egito tinham mostrado que só Yahweh é DEUS (ver Êxo. 5.2 e
6.7). Há uma profunda verdade na idéia que um homem só pode adorar a um
DEUS. JESUS abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas
coisas que lhes parecem importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses
externos e internos. Mas todos eles são deuses falsos.
Yahweh é um DEUS zeloso que
não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos nisso uma linguagem
antropomórfica. Divindades rivais seriam algo contrário ao caráter único de
DEUS. E um deus que não é único não é o verdadeiro DEUS. Ver os vss. 22,23.
A desobediência ao primeiro mandamento foi a principal razão dos cativeiros
que, finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
O primeiro mandamento: “Não terás outros deuses além de mim”
(Êx 20.3), tem força especial contra esse pano de fundo e tudo que Moisés
recontou dos tempos primevos e dos patriarcas. Esse mandamento não é tanto
(nem mesmo principalmente) um argumento pelo monoteísmo, mas uma
reivindicação do Senhor de exclusividade sobre Israel como o único DEUS de
Israel.” Sem dúvida, mesmo nessa época, a fé monoteísta fazia parte do dogma
normativo hebraico (cf. Êx 9.14; Dt 4.35,39; 32.12,39), mas a intenção da
proibição aqui era garantir que Israel dedicasse submissão integral ao
Senhor em contraposição a todos as outras deidades reais ou imaginárias. O
sentido literal do texto é: “Que não haja para você outros deuses em meu
lugar”. Se as nações do mundo queriam crer em outras deidades e adorá-las,
que fosse assim, mas Israel devia reconhecer só o Senhor como seu DEUS.
Pode-se achar que fosse desnecessário dar essa ordem a Israel
naquele momento decisivo de redenção e de concessão da aliança, mas isso
seria interpretar erroneamente a predileção congênita da nação (e nossa) de
procurar e adorar deuses inventados pelo homem. Os ancestrais patriarcais
tinham lutado com essa questão (Gn 31.34; 35.2-5), e Israel não se
comprometeria tão rápido com a aliança em vista aqui quanto se comprometeu
com a construção de um bezerro de ouro, atribuindo a este a maravilhosa
libertação do êxodo (Êx 32.4). Dessa época em diante — pelo menos até o
retorno do exílio babilônio — Israel e Judá sucumbiram quase continuamente
às lisonjas da idolatria pagã, assunto que documentaremos com detalhes.
Sem apresentar desculpas para Israel, é importante entender
alguma coisa do ambiente cultural e religioso em que a nação veio à
existência. As grandes civilizações do mundo do Oriente Próximo da
Antiguidade, sem exceção, estavam mergulhadas em uma visão de mundo que
explicava todos os fenômenos, naturais e sobrenaturais, como manifestações
aleatórias de incontáveis deuses e deusas, os quais tinham de ser
apaziguados a fim de que não descarregassem sua vingança sobre a humanidade
ou deviam ser induzidos por vários meios a trazer fortuna e bem-estar para o
homem.
Abundância ou necessidade, saúde ou doença, paz ou guerra, vida ou
morte — todos dependiam do capricho de seres poderosos que, de alguma
maneira, deviam ser invocados ou apaziguados a fim de que a vida trouxesse
alguma satisfação. Israel vivia nesse mundo, tendo chegado a algum sentido
de um DEUS verdadeiro e vivo só por meio da graça deste em afastar Abraão do
paganismo sumério e em pôr a ele e seus descendentes para amadurecer em uma
relativa incubação em uma Canaã muitíssimo desabitada e em uma parte isolada
do Egito. Mas a remoção total daquele mundo era impossível, e Israel viu-se
presa nas contra-correntes da vida cultural e religiosa da época e, mais uma
vez, levada ao limiar do desastre espiritual até que, por fim, foi para o
exílio assírio exatamente por causa de sua infidelidade à aliança em seguir
outros deuses (2Rs 17.7-22).
Não obstante, Israel ter experimentado a provisão de DEUS de
proteção e do êxodo redentor, seria imensa a tentação da nação em um mundo
largamente governado pela ligação de causa e efeito na atribuição de bênção
por parte dos deuses da natureza. Portanto, o mandamento para não ter outros
deuses não é um princípio teológico enunciado nos seguros limites da
abstração acadêmica, mas afeta a vida e o pensamento diários. Ater-se a esse
mandamento exigiria recursos que estavam além da capacidade de meros seres
humanos; desobedecer- lhe, por sua vez, provocaria a mais severa punição;
pois ter outro deus que não o Senhor seria um ato, da mais alta magnitude,
de infração e de deslealdade com a aliança.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento.
Editora Shedd Publicações. pag. 324-326.
2. Idolatria do Egito.
As Religiões do Egito
1. História envolvida e
caracterização geral. A história da religião, no antigo Egito, começa
paralelamente à sua história secular, ou seja, em 3000 A.C., e, então,
continua até o advento do islamismo (após 642 D.C.). Somente então podemos
falar em termos do Egito medieval e do Egito moderno. Talvez somente na
época do monoteísmo de Aquenaton (1372-1354) tenha havido qualquer coisa
parecida com um movimento unificador na religião; mas, mesmo assim, foi um
esforço de pouca duração, imposto de cima para baixo. Em tudo o mais, a
religião egípcia era pluralista, estando envolvida em desenvolvimentos e
práticas de cunho local, pois cada localidade tinha seu próprio deus, seu
sacerdócio e seu culto religioso.
2. Características mais
antigas. Muitas culturas seguem as mesmas diretrizes gerais. As primeiras
divindades são sempre personificações das forças da natureza, como o sol, as
estrelas, certos animais como o touro, o falcão, o crocodilo, ou então o
trovão, o relâmpago, os poderes infernais (estes últimos sugeridos pelas
atividades vulcânicas), a força das tempestades, dos ventos, da chuva, etc.
Depois disso aparecem os espíritos dos mortos ou outros espíritos, que
inspiram o terror nos homens, e os levam a adorá-los. A necessidade das
colheitas, para a continuação da vida, fornecem aos homens seus deuses e
deusas da fertilidade, e o desejo pelos prazeres é a inspiração dos deuses e
deusas da alegria e da fertilidade. Acrescente-se a isso a inevitável
atividade antropomórfica, que faz deuses e deusas serem concebidos em termos
de seres humanos, embora ampliados, mas que têm virtudes e vícios melhores e
piores do que as virtudes e vícios dos homens.
3. Divindades protetoras.
Antes que Menes unificasse o Egito sob o seu governo, o país estava dividido
em dois reinos (o Alto e o Baixo Egitos). Subsequentemente, foi dividido em
distritos, bem como em
um certo tipo de
cidades-estados. Cada cidade ou distrito contava com seu deus protetor ou
patrono. Alguns dos deuses mais importantes eram os seguintes:
Anúbis, de Cinópolis, um deus
com cabeça de chacal, que era o deus dos mortos. Atom, de Heliópolis, mais
tarde identificado com o deus-sol Rá. Bastete, a deusa-gata de
Bubástis. Hator, a deusa- vaca de Denderá e de Afroditópolis.
Horus, o deus-sol, em forma de falcão, de Bedete. Edfu, o deus real do
Egito. Khnum, o deus com cabeça de carneiro de Elefantina, que também era
adorado sob a forma da catarata existente na região. Khonsu, o deus-lua de
Tebas. Min, o deus-peixe fálico de Cóptos. Akhmim, um deus agrícola. Montu,
o deus da guerra de Hermontis e que tinha cabeça de milhafre. Amom, o deus
do carneiro sagrado, que substituiu a Montu, em Tebas. Neite, a deusa de
Sais e de Esna. Necbete, a deusa corvo de El-Kab. Ptá, o deus-boi de Mênfis,
que era considerado o patrono especial dos artistas. Sebeque, o
deus-crocodilo de Fayum e de Kom Ombo. Tote, o deus com cabeça de
íbis de Mermúpolis, que, supostamente, teria inventado a arte da escrita e
que era o santo patrono da erudição e que era também representado pelo
babuíno!
Os deuses animais patronos,
no Egito. Além de adorarem deuses que eram representados por seres
animalescos, os egípcios também adoravam diretamente a certos animais.
Assim, havia ápis, um touro negro com manchas brancas, adorado em
Mênfis Mnevis, um boi de cor clara, que era o deus de Heliópolis. Havia
ainda outros deuses-boi, relacionados a outras localidades egípcias. Outros
animais sagrados, formando uma lista difícil de nela acreditarmos, incluíam
o babuíno, o musaranho, o cão, o lobo, o chacal, o gato, o leão, o
hipopótamo, o carneiro, a vaca e vários pássaros, como o abutre, o gavião e
o ganso. Também não nos devemos esquecer da serpente, considerada uma
divindade em muitos lugares do Egito. Até mesmo insetos, como o escaravelho,
vieram a fazer parte do panteão egípcio. É curioso, todavia, que a adoração
direta a certos animais não garantia aos mesmos uma longa vida, conforme se
dá na índia, no caso da vaca sagrada, que ninguém toca. Muito pelo
contrário, os egípcios comiam o boi sagrado.
Apesar desse costume, os
túmulos dos bois sagrados, em Sacara, encontram-se entre os mais
impressionantes túmulos do Egito. O gato, por sua vez, era um animal
considerado sagrado e muitos gatos mumificados têm sido encontrados naquele
país.
O deus-chacal, Anúbis, tinha
a tarefa especial de proteger os espíritos dos mortos que vagueavam, no
após-vida. Também havia cães de guarda para os vivos e o grande Cão de
Guarda para os mortos! A imaginação dos homens mostra-se ridícula, para
dizermos o mínimo.
Deuses que eram forças da
natureza. Entre esses havia Rá, o sol; Hapi, o rio Nilo; Num, o oceano; Sou,
o ar; Tefnute, o orvalho; e Gebe, a terra.
4. Movimento de unificação da
V Dinastia e outras unificações. Os teólogos de Heliópolis, nesse tempo
(2560-2420 A.C.), identificaram sua divindade local, Atom, com o deus-sol,
Rá. Isso deu origem a uma espécie de religião nacional, embora não tivessem
sido eliminados os muitos deuses locais, o que se evidencia pelas muitas
divindades descritas antes. Antes mesmo desse tempo, porém, tinha havido
outras unificações, como quando Sete e Ombos tornaram-se divindades
especiais no Alto Egito, e Horus tornou-se outro tanto, no Baixo Egito. Em
uma outra ocasião, a deusa corvo, Necbete, do Alto Egito, obteve
proeminência maior que a de outros deuses, e o deus-serpente, Buto,
tornou-se muito importante no Baixo Egito. Posteriormente, Horus foi
identificado com Atom-Rá-Haracte, de Heliópolis. E foi então que se tornou a
divindade real dos Faraós, conferindo-lhe grande proeminência no panteão
egípcio.
5. Amenopofis IV (Icnaton,
1375-1358 A.C.), da XVIII Dinastia, promoveu a causa do monoteísmo, tendo
negado o poder de deuses solares, como Amon,
que haviam recebido a lealdade de cidades como Tebas. Esse Faraó opôs-se
abertamente à casta sacerdotal de Amom, fazendo com que Atom-Rá-Haracte se
tornasse o único deus-sol do Egito. Os estudiosos referem-se a Aten como o
nome do deus que resultou dessa consolidação. Outros deuses foram proscritos
no Egito, embora, aparentemente, continuassem sendo reconhecidos como
entidades. Portanto, temos então muito mais o fenômeno do henoteísmo do que
o fenômeno do monoteísmo dos hebreus, e também diferente do fenômeno do
politeísmo pagão, embora, na prática, tivesse sido estabelecido no Egito, um
monoteísmo de breve duração. Todavia, essa adoração unificada não contava
com qualidades morais especiais, conforme se verificou no monoteísmo hebreu.
Aten era retratado como um criador benévolo, como sustentador da vida. É
curioso que Aquenaton tenha se casado com a sua própria filha, embora isso
não tivesse resultado de qualquer convicção religiosa, pois outros Faraós
haviam feito a mesma coisa. Esse Faraó é que tem sido visto, nas visões de
místicos modernos, como o progenitor do anticristo (biológico ou
espiritualmente, ou ambas as coisas?)
6. Osiris.
a. Pano de fundo.
Os primórdios desse culto podem ser encontrados no Antigo Reino Egípcio,
bastante anterior à época de Abraão e dos patriarcas de Israel. Toda uma
família de deuses desenvolveu-se em torno de Osiris, o que incluía um culto
muito elaborado. No entanto, nos primeiros dias do Reino Antigo, essa
família divina ainda não havia sido imaginada. Ao que parece, o próprio
Osiris a princípio fora o deus Nilo de Busiris, no Delta. Em tempos remotos,
Osiris, ísis, Horus e Sete tinham sido divindades tribais independentes.
Horus acabou sendo adorado em companhia dela, considerado seu filho. Sete
era adorado como uma espécie de figura divina igual a Horus. Osiris, quando
unido a essa família, tornou-se o esposo de ísis. Com a passagem do tempo, —
Sete deixou de ser igual a Horus, e acabou sendo o irmão mau de Osiris.
Então Osiris tornou-se o pai bom, Horus tornou-se o filho bom, e ambos
faziam oposição a Sete. É deveras curioso que alguns teólogos mórmons supõem
que Satanás é um irmão desviado do Filho e que tanto o Filho quanto o Pai
agora se opõem a Satanás. Assim, apesar das relações serem diferentes, a
idéia é idêntica: uma família de deuses na qual um dos membros erra e sofre
oposição. Além disso, Osiris veio a ser imaginado como irmão de ísis, que se
casou com ela, de acordo com um antigo costume entre os egípcios. Sete
também tinha uma irmã, chamada Nebate, que se casou com ele. Mas, em algumas
representações, Osiris teria uma segunda esposa, essa mesma Nebate, que
tinha um filho divino, Anpu, ou Anúbis.
b. Osiris era o deus dos
mortos, o que explica a grande proeminência dessa divindade na teologia
egípcia. Para uma egípcia, a felicidade eterna dependia de ser ela
favorecida e transformada por Osiris. Seu nome veio a tornar-se um sinônimo
virtual de bem-aventurado. O reino de Osiris era descrito em termos vagos e
indistintos; mas, antropomorficamente, de tal modo que o após-vida era
visto essencialmente como uma existência análoga à do mundo presente. O
famoso Livro dos Mortos, até hoje existente em várias traduções, era o
roteiro para alguém chegar ao reino de Osiris. Uma cópia desse livro com
freqüência era deixada nos túmulos, a fim de guiar os mortos e servir-lhes
como uma espécie de amuleto. Osiris atuava como um juiz. Cada alma era
pesada em comparação com a verdade e era submetida a um longo questionário
referente, principalmente, àquilo que alguns chamariam de pecados mortais.
Se uma alma fosse aprovada entrava na felicidade eterna. Se fosse rejeitada,
ela seria expulsa sob a forma de um porco, para alguma sorte desconhecida.
c. Osiris e a ressurreição.
Os mitos que circundavam essa família de deuses inclui a idéia de que Osiris
foi assassinado por Sete. Horus, porém, conseguiu reunir os pedaços de seu
corpo
desmembrado, para restaurar o seu corpo à vida. Portanto,
temos aí a curiosa doutrina do filho que ressuscitou ao pai, o contrário da
ressurreição de JESUS CRISTO, no Novo Testamento. Naturalmente, outras
religiões antigas também contavam com histórias de ressurreições, pelo que
não há nenhuma conexão direta entre Osíris e o Novo Testamento, excetuando
aquela esperança que os homens sempre tiveram de que a morte, de alguma
maneira, pode ser derrotada mediante algum ato divino. No relato da
ressurreição de Osíris, também há o paralelo com o cristianismo de que essa
mesma vida pode ser dada aos homens, sob a condição deles seguirem pela
vereda espiritual. Em algumas versões, quem ressuscita a Osíris, após seu
assassinato, não é o filho dele, Horus, e, sim, a sua esposa, ísis.
d. O submundo e o céu .
Osíris, antes de tudo, era o deus do submundo, das regiões infernais. Em
tempos posteriores, entretanto, ele passou a ser imaginado como um habitante
dos lugares celestiais, onde se encontraria sentado em um trono, para julgar
todas as coisas.
e. Faraó e Osíris. Isso
envolve uma doutrina de filiação, visto que o Faraó era tido como filho de
Osiris, ou seja, divino por seu próprio direito. O conceito do rei divino
exercia grande poder sobre a política e a religião do Egito.
f. A imortalidade obtida por
Osíris. Um aspecto da teologia egípcia que circunda a figura de Osíris diz
que ele mesmo obteve a imortalidade mediante obras piedosas, e através de
ritos religiosos apropriados. Quão parecido com a doutrina católica romana!
O sacerdócio que servia a Osíris é retratado como os preservadores da
fórmula para a obtenção da imortalidade. Eles exortavam os homens a seguirem
o exemplo deixado pelo próprio Osiris, para poderem obter o mesmo tipo de
vida que ele teria obtido. Há nisso, igualmente, um curioso paralelo com a
doutrina mórmon, que diz que o próprio DEUS, no passado distante, foi um
homem como qualquer outro, mas obteve a sua augusta posição e natureza
através da obediência perfeita às leis divinas superiores.
g. Adaptações romanas. Nos
tempos dos romanos, Osíris e ísis foram unidos como as divindades protetoras
de certa religião misteriosa que falava sobre um deus que morrera, mas foi
trazido de volta à vida.
h. Proeminência de Osiris e
Isis. A adoração que circundava Osiris e a sua família tornou-se tão
dominante nos tempos helênicos que os visitantes gregos do Egito, como
Heródoto (ver II.42), tinham a impressão de que Osíris e Isis eram as únicas
divindades nacionais do Egito. Os estudiosos das religiões do mundo supõem
que essa popularidade devia-se à ênfase sobre a imortalidade alcançável que
esse culto prometia aos homens. De fato, a maioria das pessoas tem a
esperança de sobreviver à morte, encontrando uma vida imortal melhor do que
a vida atual.
i. Unificações. Quando Osíris
se tornou o fator principal da fé egípcia, esse deus começou a incorporar em
si mesmo as funções e poderes de outras divindades locais. Ele absorveu
deuses anteriores do submundo, como Khentamentiu, o deus com cabeça de cão
de Abidos, Ptá-Socar, de Mênfis, e Gebe. Visto que os mitos afirmavam que
seu corpo fora desmembrado, vários santuários afirmavam possuir algum pedaço
de seu corpo. Entretanto, sua cabeça estaria guardada em um certo túmulo, em
Abidos. Ali, esse alegado túmulo era exibido aos visitantes, pelo que o
local tornou-se um dos principais centros desse culto. O paralelo católico
romano, que envolve relíquias e ossos de santos, nem precisa ser comentado.
O deus Anúbis, com cabeça de chacal (um dos filhos de Osíris), era quem
teria a tarefa de dar as boas vindas às almas, levando-as ao trono de
julgamento.
7. Algumas Formas religiosas.
— Essas formas variavam de uma região para outra. A descrição sob o terceiro
ponto, Deuses Protetores, sugere a grande variedade de formas de adoração do
Egito. Antes de tudo, temos uma fantástica idolatria, que representava as
divindades sob uma variedade quase interminável de figuras.
Em segundo lugar, havia
castas religiosas que cuidavam dos templos, com ritos os mais elaborados. Os
deuses eram servidos com libações (líquidos) e com alimentos sólidos. A vida
após-túmulo era retratada como um estado onde as pessoas trabalhavam, pelo
que pessoas proeminentes teriam escravos, os quais eram mortos e sepultados
juntamente com eles, para garantir que continuariam sendo servidos do outro
lado da existência. Alguns eruditos pensam que sacrifícios humanos eram
comuns no Egito, embora as evidências quanto a isso não sejam conclusivas.
Em tempos posteriores, em vez de serem sepultados pessoas reais, bastavam
estátuas representando as mesmas, pelo que a morte só envolvia os mortos.
Amuletos e encantamentos. Não
havia fim desses objetos entre os egípcios, que chegaram até nós desde os
tempos mais remotos. Os amuletos incluíam objetos como olhos sagrados de
cavalos, imagens de deuses, cabeças de chacal, vespas e outros insetos,
todos os quais teriam propriedades mágicas e divinas.
O culto a Osíris oferecia
alguns fatores interessantes. A adoração efetuada nos grandes templos
incluía a veneração pessoal dos deuses. Uma parte dessa veneração incluía o
ato de alimentá-los (simbolicamente, através de sacrifícios). Além disso, os
ídolos que os representavam eram grandemente ornamentados. Esses serviços
pessoais usualmente cabiam aos sacerdotes de cada culto. Em dias de festa
religiosa ou de observância cúltica, a imagem do deus (escondida por algum
véu ou cortina, para dar uma aura de mistério à coisa) era transportada em
uma procissão. Quando surgiu o cristianismo, o paganismo, com suas antigas
formas religiosas, sofreu um retrocesso; mas, com o tempo, o paganismo
ressurgiu, sob a forma de doutrinas e cerimônias, primeiramente fora da
cristandade, até 390 d. C., mas, pouco a pouco, como parte do culto cristão.
Nos dias de Teodósio I, foram fechados os grandes e antigos templos pagãos.
A religião pagã havia percorrido um longo caminho no Egito, e agora uma nova
fase da história da religião haveria de começar.
8. A natureza e o destino da
alma. A grande pluralidade envolvida na religião, no Egito, naturalmente
produziu muitos conceitos sobre a alma. Alguns aspectos são dignos de
menção, embora tudo quanto se diga não represente uma doutrina unificada. Um
corpo embalsamado presumivelmente poderia ressuscitar, tornando-se,
novamente, um veiculo da alma. O ká, ou seja, o congênere do corpo físico,
ou o seu fantasma, teria início quando do nascimento do corpo, era imortal e
ficava a vaguear após a morte do corpo físico. Não se pode duvidar que essa
doutrina foi inspirada por experiências com fantasmas e formas espirituais,
que, algumas vezes, podem ser vistas, até com certa freqüência, por algumas
pessoas. O ká era associado a um outro elemento formativo do complexo
humano, chamado de khaib ou «sombra», simbolizado pela sombra da pessoa à
luz do sol. Esses dois elementos, segundo se concebia, estariam vinculados
ao corpo material e mesmo em algum sentido também material. Todavia, também
haveria elementos imateriais no complexo humano, que incluíam o bá, a
verdadeira alma, simbolizada por uma ave com cabeça humana e que voaria para
dentro e para fora do túmulo da pessoa morta. Naturalmente, a ave é um
símbolo universal da imortalidade, um dos arquétipos do ESPÍRITO, dentro da
psique humana. O bá dos monarcas era simbolizado pelo falcão. Também haveria
o khu, ou glória, que seria o ESPÍRITO, representado pelo pássaro de crista.
E também haveria o ab, simbolizado por um coração. Igualmente havia o
sekhem, ou força; e, finalmente, o ran, ou nome. Porém, exatamente como
esses diversos elementos se combinavam ao bá, de acordo com o pensamento
egípcio, e até que ponto seriam meros sinônimos de uma mesma coisa, não é
muito claro.
Relação entre e Ká e o Bá.
Esse é um ponto interessante, porquanto os estudos mais recentes demonstram
a existência de um fantasma aparentemente semimaterial, ou vitalidade, em
contraste com o corpo físico, que é verdadeiramente material. Isso posto, o
homem seria composto, pelo menos, de três níveis de energia: o corpo físico
(material); a vitalidade (semimaterial); e o ESPÍRITO, ou alma (imaterial).
Também há provas incipientes de que o homem real
é o superego, um ser
semelhante ao anjo guardião do pensamento cristão. Nesse caso, o verdadeiro
ser humano seria um poder elevadíssimo (semelhante aos anjos, abaixo dos
quais os espíritos humanos foram postos, temporariamente, conforme se vê em
Salmos 8:5 e Hebreus 2:7), capaz de manipular tanto a alma quanto o corpo,
quando se trata de aprender alguma coisa. Seja como for, o contraste entre o
ká e o bá também pode ser observado em alguns escritores gregos, embora não
com esses nomes e nem de forma sistemática e coerente. Mas, pelo menos, fica
esclarecido que o ká é o responsável por algumas formas de aparições
fantasmagóricas e, talvez, das manifestações de poitergeist.
Também pode estar por detrás de certos fenômenos associados às sessões
espíritas ou de mediunidade. Já o bá, ou alma verdadeira, é uma outra
questão; e, algumas vezes, tem contacto com os homens mortais.
Idéias Simples. De acordo com
os egípcios, após a morte física, a alma ficaria pairando por sobre o túmulo
da pessoa sepultada, exigindo alimentos e bebidas, uma idéia compartilhada
por muitos outros povos antigos. Isso deu origem a vários ritos religiosos,
mediante os quais homens mortais cuidariam de almas imortais. Em tempos
posteriores, oferendas reais foram substituídas por ofertas simbólicas, sob
a forma de desenhos ou pinturas, nos túmulos. Se esses sacrifícios não
fossem realizados, a alma tinha de depender da deusa árvore, a fim de
receber nutrição. Essa deusa viveria nas árvores existentes nos cemitérios e
nas áreas onde havia túmulos, pelo que sempre havia tal deusa, com esse
propósito. Por qual motivo os homens gostam de sepultar seus mortos em áreas
arborizadas, até em nossos próprios dias? Porventura alguma memória antiga
da raça chegou até nós? Ou simplesmente associamos a árvore à vida física,
pelo que sentimos um certo consolo, ao depositarmos os corpos de nossos
mortos sob a sombra das árvores? O bá, segundo os egípcios, podia entrar ou
sair de um túmulo, à sua vontade.
Em tempos posteriores e mais
sofisticados, os egípcios supunham que a alma iria a juízo, na presença de
Osíris, podendo participar de sua bem-aventurança, se fosse aprovada por
ele. Da mesma maneira que Osíris conseguira atingir uma feliz imortalidade,
outro tanto poderia ser feito pela alma. E, visto que um rei podia tornar-se
divino, é seguro supormos que o ensino egípcio posterior dizia que as almas
humanas que são aprovadas em juízo, passam a participar da natureza divina,
embora eu esteja especulando quanto a isso. O que é inegável é que a
imortalidade era um aspecto importante da adoração a Osíris, tendo sido o
elemento responsável, pelo menos parcialmente, pela popularidade que o culto
a Osíris contava entre as massas populares do Egito.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4196-4199.
Lição 3 - Não Terás Outros deuses 2 parte
A RELIGIÃO EGÍPCIA
A. Os deuses dos egípcios.
Fundamentalmente a religião egípcia estava bem situada em suas práticas e
horizontes. Os egípcios em cada distrito tendiam a adorar as suas deidades
locais, principalmente, ao invés de algumas grandes figuras de importância
nacional ou cósmica.
À luz disto, o monoteísmo
revelado do AT não precisava esperar até depois do exílio babilônico para
ser manifestado ou formulado. No Período Posterior,
a fama externa de Amon de Tebas cresceu com o eclipse do Império, Ptá
similarmente reiniciou o papel principal de artíficies locais — deus de
Mênfis, e Rá continuou tradicionalmente como parte da teologia real — Osíris
e Isis com seu filho Hórus ganharam uma maior popularidade geral, enquanto
que os deuses e deusas do Delta receberam mais proeminência com a aquisição
das cidades do Delta sob o governo dos reis do Egito Baixo nas dinastias
posteriores.
Finalmente, o próprio Faraó
deve ser reconhecido entre os deuses. Ele era seu representante na terra, e
entre os egípcios era um homem que mexia com o mundo dos deuses. O rei vivo
era tido como Hórus, e o morto como Osíris; um novo rei recebia um direito
de sucessão que não se podia desafiar, ao menos parcialmente por virtude de
dar-se o apropriado enterro ao seu predecessor de modo filial como fez Hórus
por Osíris.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 332-335.
3. Como Israel preservou o
monoteísmo de Abraão?
A IDOLATRIA DO MUNDO ANTIGO
Abraão nasceu em Ur dos
caldeus, cidade da Mesopotâmia (Gn 11.27-31). Seus ancestrais serviam a
outros deuses (Js 24.2,15). A localização geográfica é a Mesopotâmia, entre
os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque. Os babilônios adoravam a diversos
deuses, que eram personificações da natureza, como Sin, o deus-sol de Ur e
Harã; Istar, a deusa do amor e da guerra; e Enlil, deus do vento e da terra.
Bel era o nome de outra divindade (do acádico, belo, "senhor"), equivalente
a Baal, deus dos cananeus. Com o tempo, Bel veio a ser identificado como
Marduque ou Merodaque, o patrono da cidade de Babilônia, que se tornou o
principal deus no panteão babilônico (Is 46.1; Jr 51.44). Os assírios
adoravam, entre outros deuses, a Adrameleque e a Nisroque (2 Rs 17.31;
19.37; Is 37.38).
Os textos hieroglíficos das
pirâmides enumeram cerca de duzentos deuses e relatos mitológicos. Os
antigos egípcios empregavam o termo Ta Neteru, "terra dos deuses", para o
seu país. Havia uma proliferação de deuses e templos no Egito, e cada grande
cidade contava com suas tríades de acordo com as dinastias: em Ábidos,
Osíris, ísis e Hórus; em Mênfis, Ptah, Sekhmet e Nefertum, e, em Tebas,
Amom, Mut e Khonsu. O templo do sol, bêth shemeshp em hebraico, "casa do
sol" ür 43.13), é termo traduzido por "Heliópolis" na LXX, vindo do grego,
hêliou póleõs,24 "cidade do sol". Não confundir com a cidade de Bete-Semes,
em Judá (2 Rs 14.11). Aqui se trata da antiga cidade egípcia de Om, seu nome
hebraico, ou Heliópolis, em grego (Gn 41.45, 50 LXX). A cidade era dedicada
ao deus-sol, conhecido também como Rá; é a atual Tell el Hisn, 16 km ao
nordeste do Cairo.
Os cananeus adoravam a Baal
(Jz 6.31), Baal-Berite (Jz 8.33). Seu plural é baalim. Baal era também
conhecido pelas cidades onde eram cultuados: Baal-Peor, da cidade de Peor
(Dt 4.3; Os 9.10), Baal-Meom, da cidade de Meom (Nm 32.38; Ez 25.9) e
Baal-Zefom (Nm 33.7). Astarote ou Astarte (Jz 10.6), identificada em nossas
versões como "postes sagrados", deusa Cananéia da fertilidade" era deusa
nacional dos sidônios (1 Rs 11.5, 33). Aparece como "bosque" na Versão
Almeida Corrigida, "poste-ídolo" na Atualizada, e "Aserins" na Tradução
Brasileira. São os ídolos de madeira e de pedras (Jr 3.9; Dt 4.28). A
madeira simbolizava a fertilidade feminina, a deusa Aserá, mãe dos deuses
cananeus; e a pedra representava a fertilidade masculina na religião dos
cananeus.
Quemos ou Camos era o deus
nacional dos moabitas (Nm 21.29; Jz 11.24; I Rs 11.7, 33; II Rs 23.13; Jr
48.7, 13, 46). Malcam ou Milcom (I Rs 11.33) era o deus nacional dos
amonitas. Milcom, em hebraico milkom, e Moloque, molech, em hebraico, seriam
dois deuses ou nomes diferentes do mesmo deus? (I Rs 11.5, 7, 33). Parecem
ser nomes alternativos. O termo malkãm significa "seu rei", mas a
Septuaginta, a Vulgata Latina e a Peshita traduzem esta palavra como nome
próprio. É uma questão
de vocalização da palavra. As
consoantes hebraicas aqui são exatamente as mesmas - mlkm) e o texto antigo
era consonantal. Dagom e Baal-Zebube eram deuses dos filisteus (Jz 16.23-24;
II Rs 1.2-3, 6,16).
Os gregos do período do Novo
Testamento tinham vários deuses: Zeus, o pai dos deuses; Hermes, o deus
mensageiro; Afrodite, a deusa do amor; Dionísio, o deus do vinho; Atenas, ou
Pala Atenas, nascida da cabeça de Zeus, deusa padroeira da cidade de Atenas.
Hesíodo, em sua obra Teogonia, a Origem dos Deuses, apresenta uma lista
interminável deles. Para os romanos, o pai dos deuses era Júpiter; o deus
correspondente a Hermes era Mercúrio (At 14.11-13); Afrodite era similar a
Vênus e assim por diante.
Esses deuses da mitologia
greco-romana apresentavam os mesmos vícios e as mesmas características dos
humanos: ódio, inveja, ciúme, imperfeições... eles comiam, bebiam etc. Era
muito comum um homem ter o seu deus devocional, prestando-lhes cultos em
particular, além de oferecer libações a outros deuses. Por isso havia nas
casas romanas os penates ou nichos, espécies de altar com uma representação
do deus adorado naquele lar. Em Éfeso, a deusa Diana, Ártemis para os
romanos, era cultuada no templo daquela cidade, que era uma das sete
maravilhas do mundo antigo. Mas os seus adoradores também tinham miniaturas
da imagem de Diana em seus penates. Demétrio, de Éfeso, era fabricante de
nichos (At 19.24). Os mesmos adoradores desses deuses participavam também do
culto do imperador.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
29-31.
Panteões Nacionais
O Antigo Testamento
frequentemente menciona os deuses das várias nações vizinhas a Israel em
termos gerais. Aqui podemos encontrar praticamente todas as nações com as
quais Israel teve
contato. Normalmente a palavra "panteão" é usada na lista e na discussão dos
deuses de qualquer grupo étnico ou político. No entanto, este é um
anacronismo ilusório. A expressão semita significa "a assembleia dos
deuses". Este conclave deve ser visto como uma reunião para tomada de
decisões ou ações (por exemplo, o senado de alguns países pode se reunir sem
a presença de todos os senadores) e não como um catálogo formal e metódico
das divindades adoradas por um povo em particular. Com esta distinção em
mente, podemos observar os seguintes panteões mencionados na Bíblia.
1. Os deuses dos amonitas (Jz
10.6). O principal deus era Moloque ou Milcom.
2. Os deuses dos amorreus (Js
24.2,15; Jz 6.10; 1 Rs 21.26; 2 Rs 21.11). Como pouca literatura dos amorreus chegou até nós, precisamos depender de fontes secundárias e
inferências para o nosso conhecimento desse panteão. Evidentemente, era
parecido com o panteão cananeu posterior. O templo de Ishtar em Mari e o
templo de Dagom na Babilônia eram, provavelmente, santuários dos amorreus.
Dagom, Hadade e Anate parecem ter sido divindades dos amorreus, impostas por
estes aos cananeus, quando invadiram a região do médio Eufrates, como se
pode inferir das descobertas em Ras Shamra (Oldenburg, The Conflict Between
El and Baal, pp. 146-163).
3. Os deuses dos assírios (Na
1.14) passaram a fazer parte da jurisdição do Antigo Testamento entre os
séculos IX a VII a. C. O principal deus deste panteão era Assur, substituindo
o sumério Ea. O panteão assírio era parecido com o da Babilônia. Nas duas
localidades, as divindades semitas substituíram os antigos deuses sumérios,
em alguns casos absorvendo as suas supostas funções e os seus títulos.
4. Os deuses dos babilônios
(Is 21.9; Ed 1.7) foram importantes para Israel nos séculos finais do
período dos reis e durante o exílio. Existiam mais de 700 divindades
listadas na Babilônia. Os conquistadores semitas dos sumérios aceitaram os
deuses nativos e adicionaram os seus próprios. Esta situação foi
posteriormente complicada pelo fato de que cada cidade-estado passou a ter o
seu próprio panteão.
Em Lagash, nos tempos
antigos, Anu, o deus do paraíso, era adorado juntamente com Antu, a sua
esposa. Em Eridu, o deus principal era Enlil, deus da terra, que mais tarde
foi sucedido por Merodaque. A esposa de Enlil era Damkina, e o seu filho era
Merodaque. Essas figuras (exceto Merodaque) eram todas sumárias. Outros
deuses da Babilônia incluíam Sin (a suméria Nanna), o deus-lua; Shamash, o
deus-sol e filho de Sin; Ningal, a esposa de Sin; Ishtar (a suméria Innina),
a deusa da fertilidade, e o seu esposo Tamuz; Allatu (a suméria Ereshkigal),
a deusa do inferno; Namtar, o mensageiro do deus da morte; Irra, o deus das
pestes; Kingsu, a deusa do caos; Apsu, o deus das profundezas do mar; Nabu,
o santo patrono da ciência e do aprendizado; e Nusku, o deus do fogo. Veja
Babilônia.
5. Os deuses dos cananeus (q.v.) são mencionados juntamente com
os dos demais habitantes de Canaã, em uma relação com a conquista da terra
pelos hebreus. Outras tribos mencionadas em Êxodo 23.23; 34.11-17; Juízes
3.5ss., e outras passagens, incluem os amorreus, os heteus, os ferezeus, os
heveus e os jebuseus. Exceto para os heteus, e possivelmente os heveus
(talvez os horeus, ou hurrianos; cf. a versão grega de Genesis 34.2; Josué
9.7), as demais tribos eram fortes aliadas dos cananeus e provavelmente
adoravam as mesmas divindades. O mesmo era verdade sobre os sírios
mencionados em Juízes 10.6, mas provavelmente houve alguma mudança naquele
panteão nos últimos tempos. O panteão cananeu é o mais conhecido dos textos
mitológicos de Ras Shamra, embora outras informações venham de Filo de
Byblos e de fontes bíblicas, assim como de curtos textos literários em
aramaico e em fenício. O principal deus e criador era El. Seu filho (às
vezes chamado de seu neto) Baal era o deus das tempestades e da vegetação.
Ele era chamado de "aquele que predomina", "o exaltado, deus da terra". Na
mitologia, Baal é entronizado em uma montanha no norte. Durante o reinado de
Acabe, ele tornou-se o principal deus de Israel. Aserá era a esposa de El e
a mãe de 70 deuses. Nos textos de Ras Shamra, a deusa Anate é a irmã, e
frequentemente, a esposa de Baal, mas, no Antigo Testamento, Astarote (isto
é, Aserá) é normalmente a sua esposa. Em Tiro, a pátria de Jezabel, Aserá é
a esposa de Baal (1 Rs 15.13; 18.19; 2 Rs 21.7; 23.4). Outros deuses
cananeus proeminentes eram Dagom, Moloque, Resefe e Rimom (veja abaixo), e
Mot (a morte).
6. Os deuses do Egito são mencionados na história
pré-monárquica antiga dos hebreus, e novamente no período entre os séculos
VII e VI a. C.(Êx 12.12; Js 24.14; Jr 43.12,13; 46.25). Como os deuses do
Egito estavam em constante modificação, fusão e sincretismo, dependendo
parcialmente da sorte política da província ou cidade onde uma divindade em
particular era soberana, é difícil fornecer uma breve pesquisa do "panteão"
egípcio. No entanto, o principal deus era conhecido por diferentes nomes em
diferentes lugares e épocas. Em Heliópolis ele era conhecido como
Aten-Re-Khepri; em Elefantina, como Khnum-Re; em Tebas, como Amon-Re (veja
abaixo); e em Amarna (q.v.), como Aton-Re. Re, o deus-sol, era assim fundido
com o deus local da província. Observam-se tríades de deuses principais em
várias épocas: Ptah, Sekhmet, Nefer Tem; Amon-Re, Mut e Khonsu; Osíris, Isis
e Horus. Todas estas são tríades pai-mãe-filho.
Segundo os textos das
pirâmides, o Livro dos Mortos, e outros exemplares da literatura egípcia
antiga, existiam mais de 1200 divindades conhecidas pelos egípcios. As
principais eram as seguintes: Apis, o touro de Mênfis (Êx 32; 1 Rs 12.25-33
podem se referir à sua adoração); Hapi, o deus do Nilo; Hator, a deusa do
amor e da beleza; Ma'at, o deus da justiça e da ordem; Sotis, a estrela do
cão; Sihor, o deus do inferno; Shu, o deus do ar; Thot, o deus escrivão.
7. Os deuses dos edomitas
são, às vezes, mencionados como os deuses de Seir (2 Cr 25.14; cf. versículo
20).
8. Os deuses dos heteus,
embora não mencionados pelo nome no Antigo Testamento, têm uma referência
indireta em Êxodo 23.23,24; 34.11-15; Juízes 3.5,6. O principal deus heteu,
Teshub, era um deus das tempestades, grosseiramente equivalente a Baal.
Portanto, é possível que os heteus tenham adorado as divindades dos cananeus
como um resultado de seu contato com este povo, embora os nomes
idolatria (Ex 20.3-5;
32.35; Nm 25.1-9; Dt 5.7-9). Por trás do terrível julgamento de Joel 1.4-20
estava a queda de Israel na idolatria (cf. Jl 2.12ss.). O cativeiro é
representado como sendo o resultado da adoração a outros deuses (2 Rs
22.17).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe.
Editora CPAD. pag. 761-764.
Observação do Ev. Luiz Henrique - Embora rodeado por todos
esses deuses Israel procurou se manter fiel à crença de seu patriarca maior,
Abraão. Abraão, desde seu inicio, procurou crer mais nos ensinos dos antigos
conhecidos de DEUS (semitas - de Noé, Sem até Naor) do que nos religiosos de sua época que adoravam a vários
deuses. Chamado por DEUS Abraão recebeu de DEUS a incumbência de ser pai de
uma multidão de filhos que professariam a mesma fé que ele tivera em um
único DEUS. Abraão se tornou amigo de DEUS e assim ensinou a seus empregados
e descendentes a também o serem. A intimidade de Abraão com DEUS era algo
notório a todos os que o conheciam, inclusive a seus conhecidos e seus
inimigos. Abrão se manteve por toda sua vida fiel às suas convicções de que
só havia um DEUS e que esse DEUS era um DEUS presente e mais poderoso do que
qualquer outro ser existente. Abraão era homem de fé.
III. EXEGESE DO PRIMEIRO
MANDAMENTO
A Palavra. Esse termo vem do
grego, ex, «fora», e agein, «guiar», ou seja, «liderar» ou «explicar". A
palavra portuguesa exegese é usada para indicar «narrativa», «tradução» ou
«interpretação». Dentro do contexto teológico, a ênfase recai sobre a
interpretação de modos formais de explicação que podem ser aplicados a algum
texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem técnica, a
exegese aponta para a interpretação de alguma passagem literâria especifica,
ao mesmo tempo em que os princípios gerais aplicados em tais interpretações
são chamados hermenêutica.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 617.
1. Outros deuses.
Estudos de críticos
conservadores mostram que a ideia de henoteísmo (crêr em um DEUS supremo e
admitir que existe outros deuses) no primeiro mandamento não
se sustenta. Esse mandamento é considerado o mais genérico e o menos
detalhado do Decálogo. O rabino Benno Jacob se pronunciou sobre o assunto da
seguinte forma: "Nós não podemos ajudar, mas responder porque este
mandamento não era usado para prover uma lição dogmática final acerca das
falsas deidades, mas isto foi precisamente o que o Decálogo procurou evitar"
(JACOB, 1992, p. 546). Ele explica. É que no Sinai só existiam Javé e
Israel, e nada havia a ser dito sobre as nações e seus deuses, portanto
o rabino acrescenta: "Não existia outro deus para o Decálogo". A mais
rudimentar regra da hermenêutica diz que nunca se deve interpretar um texto
isoladamente, fora do seu contexto. Aqui, esse contexto mostra a proibição
de sacrificar e servir a outros deuses é absoluta e sem concessão, o que
remete ao monoteísmo (Êx 22.20; 23.13; 34.14; Dt 6.4, 14; 13.2). É assim que
essas e outras passagens do Pentateuco explicam o primeiro mandamento.
Existe um só DEUS e DEUS é um só; esse pensamento permeia a Bíblia inteira
(2 Rs 19.15; Jo 17.3).
Os ídolos, de fato, não são
deuses (Dt 32.21; Gl 4.8). Apenas são chamados assim por existirem na mente
dos seus adoradores (1 Co 8.5), mas não reais de fato. O objeto de adoração
dos gentios são representações demoníacas; os pagãos adoram os próprios
demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 1 Co 10.20). Não existe DEUS além de Javé (Is
44.6; 45.5, 6). Os cristãos devem manter distância dos ídolos (1 Co 10.14; 1
Jo 5.21).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
35-36.
Gn 1.26 - “Façamos o homem à nossa imagem." Por que DEUS
utiliza a forma plural? Um ponto de vista alega que esta é uma referência à
Trindade — DEUS PAI, JESUS CRISTO e o ESPÍRITO SANTO - as três pessoas - um só DEUS. Outra
visão explica que a finalidade da palavra no plural é denotar majestade. Os
reis tradicionalmente usam a forma plural ao referir-se a si mesmos. Em Jó
33.4 e Salmos 104.30, sabemos que o ESPÍRITO de DEUS esteve presente na
criação. Em Colossenses 1.16, vemos que CRISTO, Filho de DEUS, estava
trabalhando na criação.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 6.
Gn 1.26 DISSE DEUS FAÇAMOS.
Esta expressão contém uma referencia primeva ao DEUS trino e uno. O uso da
primeira pessoa no plural [“nós”, oculto] indica que há pluralidade em DEUS
(Sl 2.7; Is 48,16). A revelação da característica trina e una de DEUS só se
torna clara, porém, quando chegamos ao Novo Testamento (Lc 3.21-22).
STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal:
Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Êxo 20.3 Não terás outros
deuses. Neste ponto, o monoteísmo substitui todas as outras possíveis noções
de DEUS. Todavia, não basta acreditar na existência de um DEUS. Esse DEUS
único precisa ser reconhecido e obedecido como a autoridade moral de todos
os atos humanos. Também só há um DEUS no atinente à questão da adoração e do
serviço espirituais. O DEUS único merece toda honra. Isso labora contra o
panteísmo e todo o seu caos.
A nação de Israel estava
cercada por povos que eram leais a um número impressionante de divindades.
As pragas do Egito tinham mostrado que só Yahweh é DEUS (ver Êxo. 5.2 e
6.7). Há uma profunda verdade na idéia que um homem só pode adorar a um
DEUS. JESUS abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas
coisas que lhes parecem importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses
externos e internos. Mas todos eles são deuses falsos.
Os vss. 4-6 descrevem e
ampliam o primeiro mandamento. Os católico-romanos e os luteranos (e também
muitos intérpretes judeus) pensam que esses versículos formam,
conjuntamente, o primeiro mandamento. Mas a maioria dos outros grupos
protestantes e evangélicos fazem desses versículos um mandamento distinto.
Yahweh é um DEUS zeloso que
não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos nisso uma linguagem
antropomórfica. Divindades rivais seriam algo contrário ao caráter único de
DEUS. E um deus que não é único não é o verdadeiro DEUS. Ver os vss. 22,23.
A desobediência ao primeiro mandamento foi a principal razão dos cativeiros,
finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
Êxo 20.3 — Não terás outros deuses. O Senhor não deveria ser
visto por Israel como um deus qualquer entre todos os outros, e nem como o
melhor deles. Ele era e é o único DEUS vivo. Ele, e somente Ele, deveria ser
adorado, obedecido e louvado pelos israelitas. A história bíblica apresenta a crença em um único DEUS
desde o começo da história de Israel como uma nação. O primeiro mandamento é
uma comprovação disso. E tal fato não foi uma realização de Israel. Este
povo foi apenas o receptor das revelações divinas.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo
Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais.
Editora Central Gospel. pag. 164-165.
2. O ponto de discussão.
Diante de mim (3) significa
“lado a lado comigo ou além de mim”. DEUS não esperava que Israel o
abandonasse; Ele sabia que o perigo estava na tendência de prestar submissão
igual a outros deuses. Este mandamento destaca o monoteísmo do judaísmo e do
cristianismo.
“O primeiro mandamento proíbe
todo tipo de idolatria mental e todo afeto imoderado a coisas terrenas e que
podem ser percebidas com os sentidos.” Não existe verdadeira felicidade sem
DEUS, porque Ele é a Fonte de toda a alegria. Quem busca alegria em outros
lugares quebra o primeiro mandamento e acaba na penúria e em meio a
acontecimentos trágicos.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag. 189.
Diante de mim. Literalmente “à minha face” . Esta frase vagamente incomum também parece ser usada em
relação ao ato de tomar uma segunda esposa enquanto a primeira ainda
estivesse viva. Tal uso, de uma quebra de um relacionamento pessoal
exclusivo, ajuda a explicar o seu significado aqui. A frase está relacionada
à descrição de YHWH como um “ DEUS zeloso” , no versículo 5. Alguns
comentaristas modernos sugerem que “ diante de YHWH” ou “ a presença de
YHWH” no restante da Torah são referências ao altar de YHWH (23:17). Vêem,
portanto, uma referência ao culto israelita: nenhum outro deus pode ser
adorado simultaneamente com YHWH num santuário comum, como era de praxe, por
exemplo, na religião cananita. Não há dúvida de que isto é verdade, mas
parece ser uma explicação inadequada. Seja qual for, porém, a maneira de
encararmos os detalhes da passagem, seu sentido principal é claro: por causa
da natureza de YHWH e do que YHWH fez por Israel, Ele não dividirá Seu
louvor com quem quer que seja: Ele é único.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 148.
3. O politeísmo.
São três as principais formas
de adoração no paganismo do Antigo Oriente Médio: politeísmo, henoteísmo e
monolatria. Foi nesse contexto que viveram os patriarcas do Gênesis e em que
a nação de Israel foi formada.
O politeísmo é a crença em
muitos deuses. O termo deriva de duas palavras gregas, polys, "muito", e
theos, "DEUS". Era a religião dos antigos mesopotâmios, egípcios, gregos,
romanos e do atual hinduísmo. O henoteísmo é uma forma primitiva de religião
que admite a existência de muitos deuses; no entanto, apenas um deles tem a
supremacia. O termo, aplicado em 1881 por F. Max Muller, historiador alemão
das religiões, significa literalmente "um DEUS", do grego heis/hen, o
numeral "um", e theos, "DEUS". A forma henoteísta deve ser definida como uma
crença em um DEUS, mas admitindo a existência de outros deuses, como ocorre
à doutrina das atuais testemunhas de Jeová.
A palavra monolatria vem de
monos, "único", e latreia, "serviço sagrado, culto". O termo surgiu com o
orientalista alemão Julius Wellhausen (1844-1918). Define-se como adoração
ou culto "de uma deidade única para cada grupo étnico-político
(clã, tribo, povo),
não para toda a humanidade, de sorte que se admitem tantos deuses legítimos
como povos" (GUERRA, 2001, p. 613). Assim, o henoteísmo deve ser entendido
como uma forma de crença do qual a monolatria é o tipo correspondente de
adoração. A ideia de henoteísmo e monolatria formarem um estágio
intermediário entre politeísmo e monoteísmo não tem sustentação bíblica,
visto que a religião original da raça humana era monoteísta. Não se conhecia
a idolatria antes do dilúvio. A Bíblia afirma que todas essas formas falsas
de adoração são uma degeneração do monoteísmo original (Rm 1.21-25).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
28-29.
POLITEÍSMO. Essa palavra vem
do grego, poli, -muitos-, e theóe, "deus.., ou seja, a crença de que existem
muitos deuses. Isso contrasta com o monoteísmo, a crença na existência de um
único DEUS, e com o henoteísma, a crença de que apesar de existirem muitos
deuses, somos responsáveis diante de um só DEUS.
Só as três grandes fés: a do
judaísmo, a do cristianismo e a do islamismo têm adotado uma forte posição
monoteísta. Contudo, os judeus e os maometanos vêem o conceito trinitariano
cristão como uma forma velada de monoteísmo. Dentro do cristianismo moderno,
os mórmons defendem um politeísmo teórico. De acordo com o mormonismo, na
verdade existiriam muitos deuses; mas, na prática, eles promovem um
triteismo: haveria três deuses com os quais temos algo a tratar, o Pai, o
Filho e o ESPÍRITO SANTO, que seriam pessoas separadas e deuses distintos
uns dos outros, e não meras hipóstases (vide) de uma única essência divina.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 321.
IV. O MONOTEÍSMO
1. Os mandamentos, os
estatutos e os juízos.
Dt 6.1 Mandamentos...
estatutos... juízos. Temos aqui a tríplice designação da legislação mosaica,
conforme já tínhamos visto em Deu. 5.31. Estatutos e juízos figuram como que
formando um par em Deu. 4.1,5,8,14,45 e 5.1. E Deu. 6.20 reitera essa tripla
designação. Talvez não devamos
estabelecer distinções muito nítidas entre esses três termos, pois parecem
ser apenas uma referência múltipla aos muitos preceitos baixados por Moisés.
Alguns estudiosos têm sugerido que os “mandamentos'' são os dez mandamentos,
e os outros dois vocábulos apontam para desenvolvimentos e ampliações
posteriores do núcleo original da lei. O que fica claro, contudo, é que está
em pauta a complexa legislação mosaica, referida por meio de vários termos.
Toda essa grande complexidade precisava ser ensinada (Deu.
5.31), conhecida e observada (5.31-33), para que então houvesse vida (4.1 e
5.33).
... se te ensinassem. A idéia
de instrução é reiterada aqui. Ver Deu. 5.31.
Para que os cumprisses na
terra. Ou seja, na Terra Prometida, dada a Israel por meio do Pacto
Abraãmico (Gên. 15.18). Os três discursos de
Moisés (que perfazem o volume maior de Deuteronômio) exortavam o povo de
Israel para que obedecesse à lei, como meio de conquista e de vida boa e
longa na Terra Prometida. Os filhos de Israel precisavam instruir à geração
mais jovem quanto aos seus deveres na Terra Prometida. Por motivo de
desobediência, a geração anterior havia perecido no deserto, com as exceções
únicas de Calebe e Josué (ver Deu. 1.34 ss.).
A lei destinava-se a todas as
“gerações” dos filhos de Israel (ver Êxo. 29.42; 31.16). Esses estatutos
eram “perpétuos” (Êxo. 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 16.29). Os hebreus não
antecipavam um fim para o seu sistema religioso. Mas ele terminou, e isso
serviu de instrumento para o começo do cristianismo. Todos os sistemas
terminam e assim tornam-se instrumentos de avanço. Essa evolução é que é
“perpétua”. A epístola aos Hebreus mostra como e por qual motivo o Antigo
Pacto terminou, a fim de que o Novo Pacto pudesse tomar o lugar daquele e
percorrer o seu próprio curso.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 781, 784.
MONOTEÍSMO (Antigo
Testamento Interpretado - Comentário de Champlin AT V.7)
Definição
Essa palavra vem do grego mónos, «único», e théos,
«DEUS». Portanto, ela indica aquele ensino de que só existe um DEUS.
Isso pode ser contrastado com o henoteísmo, que admite uma
pluralidade de deuses, embora afirme ter relações somente com um deles,
que merece a nossa adoração e obediência.
Distinções
1. Conforme acabamos de notar, deve-se fazer a distinção
entre o monoteísmo e o henoteísmo.
2. Deve-se distinguir o monoteísmo das várias formas do
teísmo. O ensino do teísmo é que DEUS (ou deuses) está interessado nos
homens, intervindo em sua história, recompensando ou punindo, dependendo
dos méritos de cada um. O monoteísmo ensina que só existe um DEUS que
tem interesse pelo homem.
3. Deve-se distinguir o monoteísmo do deísmo
(Deus que não se comunica com suas criaturas). Apesar do
deísmo poder ser monoteísmo, difere deste ao asseverar que DEUS não se
interessa pelos homens, pois deixou o mundo ser governado por leis
naturais, ao abandonar a sua criação. DEUS também não intervém, não
recompensa e nem castiga. E apesar do deísmo poder ser monoteísta,
usualmente o monoteísmo envolve a idéia teísta de que DEUS continua
interessado pela sua criação, intervindo, etc.
4. Deve-se distinguir entre o monoteísmo e o politeísmo.
Ambas as posições ensinam que DEUS (ou deuses) tem interesse pelo homem,
mas o politeísmo postula a existência de muitos deuses. O triteísmo é
uma forma de politeísmo que tem sido defendida por alguns cristãos que
não aceitam a doutrina da Trindade. Os mórmons de nossos dias são
triteístas práticos, embora sejam politeístas teóricos.
5. Alguns distinguem o monoteísmo do trinitarismo, pois
pensam que, apesar de todas as tentativas e «contorções», o caso do
trinitarismo está longe de estar provado. Para eles, o trinitarismo é
apenas uma forma velada e sofisticada de triteísmo.
6. Deve-se distinguir o monoteísmo do panteísmo. De
acordo com os padrões cristãos, o panteísmo é uma forma de ateísmo,
porque apesar de falar acerca de DEUS, faz tudo ser parte de DEUS, e
assim destrói a distinção entro DEUS e a sua criação, quanto à questão
de essência. O panteísmo propõe a existência de uma única essência, a
divina, e todas as coisas seriam, finalmente, parte da essência divina.
Idéias Usualmente Associadas ao Monoteísmo
1. DEUS como um Ser absoluto e infinito usualmente é um
conceito associado ao monoteísmo. Pelo menos os teólogos cristãos
referem-se ao DEUS único dessa maneira. Nenhuma das coisas alistadas
nesta seção, entretanto, é absolutamente necessária como corolário do
monoteísmo. Os mórmons acreditam em um DEUS finito, que tem os seus
próprios problemas. A idéia de um único DEUS finito ocasionalmente
aparece entre os teólogos cristãos.
2. DEUS é dotado de vida necessária e independente. DEUS
não pode deixar de existir e a sua vida não depende de qualquer causa
externa ou fator sustentador. Ele é a sua própria causa e sustentador.
3. DEUS como criador. O DEUS único criou tudo. A idéia de
DEUS como arquiteto ou organizador, entretanto, é uma forma possível de
monoteísmo. Nesse caso, a matéria é considerada etema. Sua forma seria
modificada por DEUS, manipulando materiais já existentes. O mesmo
poderia ter-se dado com o ESPÍRITO, por ocasião da formação do mundo
espiritual.
4. Personalidade: o DEUS pessoal. Usualmente, o monoteísmo assevera que DEUS ê uma pessoa,
e não alguma força cósmica impessoal
5. Moralidade. DEUS põe em vigor aquilo que é correto,
sendo ele a origem do que é certo. Ele castiga o mal. Tem DEUS muitas
virtudes morais que os homens precisam emular, especialmente a virtude
do amor, que é a base onde florescem todas as demais virtudes.
6. DEUS é tanto imanente quanto transcendente. DEUS
faz-se presente, mas em um outro sentido. DEUS está completamente acima
de nossa experiência e conhecimento. Usualmente, o monoteísmo assevera
que DEUS pode ser conhecido, mas limita isso em consonância com os
homens finitos. Se DEUS pode ser conhecido, então, o agnosticismo labora
em erro. Podemos ter um conhecimento válido de DEUS, e não precisamos
dizer: «Não sabemos se DEUS existe ou não». DEUS, como alguém que pode
ser conhecido também nega a avaliação negativa do ateísmo bem como as
limitações do positivismo lógico, posições que querem fazer-nos
acreditar que qualquer proposição sobre um ser divino é destituída de
sentido.
7. O DEUS único é Pai. Essa é a
proposição mais consoladora da religião. Porquanto garante para o homem um
teísmo baseado no amor. DEUS cuida de nós como o faria um pai.
Monoteísmo na Bíblia
1. Os capítulos primeiro e segundo do livro do Gênesis, a
história da criação, indicam uma única operação divina. Pode ser
verdade, conforme dizem muitos teólogos, que a fé religiosa original dos
hebreus fosse henoteista, e não monoteísta. Mas o relato da criação foi
escrito em uma época da história de Israel em que o monoteísmo já estava
bem firmado. Seções posteriores do Antigo Testamento talvez reflitam uma
fé religiosa mais primitiva. O trecho de Deu. 4:7 poderia ser um reflexo
do henoteísmo. Outras nações tinham deuses, mas não defendiam os seus
adoradores, como o DEUS dos hebreus fazia em favor deles.
Posteriormente, todos os outros deuses foram tidos por falsos. Como é
óbvio, esse ponto é intensamente disputado, sendo inconclusivas as
evidências em prol de um período mais remoto. É inegável que os
antepassados de Abraão eram politeístas (ver Gên. 35:2; Jos. 24:2).
Permanece em dúvida quanto desse politeísmo entrou nas vidas dos
patriarcas. A história dos ídolos do lar que Raquel ocultou e que,
posteriormente, Jacó sepultou, antes de retornar à Terra Prometida,
indica definidamente um tempo em que o monoteísmo ainda não havia
prevalecido totalmente. Ver Gênesis 31 e 32. O trecho de Gên. 35:2 ss
registra o fato de que Jacó desfez-se dos «deuses estranhos». Sem dúvida
isso indicou uma definida preferência pelo monoteísmo, e não que o
monoteísmo só se estabeleceu relativamente tarde na história do povo de
Israel, embora ainda dentro do período dos patriarcas.
2. Os Dez Mandamentos.
Essas leis encerravam provisões em favor de um monoteísmo
prático, mesmo que não de um monoteísmo absolutamente teórico. «Não
terás outros deuses diante de mim», declarou Yahweh (Êxo. 20:3). E é
interessante que essas palavras são ligadas ao fato (mencionado no vs.
2) de que foi esse o DEUS que tirou Israel da terra do Egito.
3. O conflito de Elias com os profetas de Baal não afirma
claramente o monoteísmo, mas o fato de que pôs a ridículo os deuses de
seus adversários, com toda a idolatria envolvida, mostra um provável
monoteísmo teórico, e, certamente, um monoteísmo prático. Ver I Reis
2:8-24.
4. Os Profetas. Durante esse período da história de
Israel, do século VIII a. C. em diante, encontramos um claro monoteísmo
teórico e prático. O trecho de Isa. 46:9 é enfático a esse respeito:
«Lembrai- vos das cousas passadas da antiguidade; que eu sou DEUS e não
há outro, eu sou DEUS, e não há outro semelhante a mim». O trecho de
Salmos 115:4-8, que ridiculariza a idolatria, é uma forte afirmação em
favor do monoteísmo.
5. O judaísmo do período intertestamental contava com um
intransigente monoteísmo.
6. No Novo Testamento. Paulo, no primeiro capítulo de
Romanos, escreve alicerçado sobre o monoteísmo.
Antigo Testamento Interpretado
- Comentário de Champlin AT V.7
2. O maior de todos os
mandamentos.
Dt 6.4 Temos aqui a
introdução ao maior de todos os mandamentos, o amor (vs. 5).
Os versículos 4 e 5
fazem
parte do que chamamos Shema (hb. “ouve”). Este é o credo do judaísmo. O
SENHOR, nosso DEUS, é o único SENHOR ou “O Senhor é o nosso DEUS, o
Senhor é
um” são traduções válidas. Os judeus consideram a palavra hebraica
Yahweh
muito sagrada para ser pronunciada e, por isso, a substituem pela
palavra Adonai, “meu Senhor”. Yahweh quer dizer, literalmente, “Ele é”
ou “Ele se
toma, Ele vem.
ARC traduz por “JEOVÁ” ou
“SENHOR” (assim, em letras maiúsculas) todas as vezes que, no original,
ocorre a palavra hebraica Yahweh. (N. do T.) a ser”. Moffatt a traduz por “o
Eterno”. Os dizeres do versículo 4 declaram que o Senhor é o DEUS de Israel,
que ele é o único DEUS e que ele é o mesmo em todos os lugares. Esta
descrição estava em oposição aos deuses das nações circunvizinhas,
particularmente a Baal que era adorado de diferentes formas e com diferentes
ritos em diversas localidades.
A palavra único não é
incompatível com a doutrina cristã da Trindade, ou seja, três Pessoas da
mesma substância em uma deidade. Com efeito, a palavra DEUS está, via de
regra, na forma plural nas Bíblias hebraicas como também neste versículo.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag. 433-434.
Dt 6.4. Ouve Israel. Israel é
convidado a responder a Javé com a mesma plenitude de amor demonstrada por
Javé em favor de Seu povo. No Novo Testamento o versículo 5 é apresentado
por JESUS como o primeiro e grande mandamento (Mt 22: 36-38. Cf. Mc 12:
29-34; Lc 10: 27, 28).
Esta breve passagem (4-9) tem
sido conhecida pelos judeus durante séculos como o Shema (sPma', ouve em
hebraico) e é recitada junto com Deuteronômio 11: 13—21 e Números 15: 37-41
como oração diária. A referência à colocação das leis de DEUS como frontal
entre os olhos é comentada em 6: 8. A prescrição do versículo 4 tem sido
considerada como uma maneira positiva de enunciar as ordens negativas dos
dois primeiros mandamentos do Decálogo (5: 7-10). Esta confissão central da
fé israelita consiste de apenas quatro palavras, Javé, nosso DEUS, Javé, Um.
A expressão tem sido entendida de várias maneiras. Traduções possíveis são:
Javé nosso DEUS, Javé é um”, “Javé é nosso DEUS, Javé é um”, “Javé é nosso
DEUS, Javé somente”. Seja qual for a tradução escolhida, o significado
essencial é claro. Javé deveria ser o único objeto da adoração, lealdade e
amor de Israel. A palavra “um” ou “Único” implica em monoteísmo, mesmo que
não o afirme com todas as sutilezas da formulação teológica.
O monoteísmo bíblico tinha
uma expressão prática e existencial que levaria ao abandono de pontos de
vista como a monolatria. Mesmo que alguém em Israel admitisse a existência
de outros deuses, a afirmação de que somente Javé era Soberano e único
objeto da obediência de Israel fazia soar o toque fúnebre para quaisquer
posições inferiores ao monoteísmo.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 50-51.
3. A Trindade na unidade.
O monoteísmo é instituído
como confissão de fé na lei de Moisés, e o Decálogo introduz esta doutrina.
O monoteísmo é a crença em um só DEUS, como sugere a própria palavra: monos,
"único", e theos, "DEUS". O termo é usado para designar a crença em um e
somente um DEUS. A ênfase nesta unidade contrasta de maneira visível com o
henoteísmo e a monolatria, além do politeísmo. Os patriarcas do Gênesis,
Abraão, Isaque e Jacó, eram monoteístas e instruíram seus descendentes nessa
crença (Dt 13.6; 28.64; Jr 19.4).
O DEUS de Israel revelado no
Antigo Testamento é o mesmo DEUS do cristianismo (Mc 12.29-32). O Senhor
JESUS não somente ratificou o monoteísmo judaico do Antigo Testamento, como
também afirmou que o DEUS Javé de Israel, mencionado em Deuteronômio
6.4-6, é o mesmo DEUS que ele veio revelar à humanidade (Jo 1.18). O
monoteísmo cristão é trinitário porque a sua base é de um só DEUS que
subsiste em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO (Mt
28.19). O monoteísmo judaico é chamado de monoteísmo ético, pois Javé é um
DEUS com propósito ético e a afirmação de um só DEUS é feita com base ética.
Os Dez Mandamentos são chamados de "Decálogo Ético". A doutrina de
DEUS é
uma "questão de vida ou morte", pois, JESUS disse: "E a vida eterna é esta:
que conheçam a ti só por único DEUS verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem
enviaste" (Jo 17.3).
O apóstolo Paulo anunciava
aos gentios o mesmo DEUS de seus antepassados: "O DEUS de nossos pais de
antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo, e
ouças a voz da sua boca" (At 22.14). Veja o que ele ensina nas epístolas:
"Todavia para nós há um só DEUS, o Pai, de quem é tudo e para quem nós
vivemos; e um só Senhor, JESUS CRISTO, pelo qual são todas as coisas, e nós
por ele" (1 Co 8.6); "Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um" (Gl
3.20); "Um só DEUS e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em
todos vós" (Ef 4.6). A fé cristã não admite a existência de outro DEUS além
do DEUS de Israel (Mc 12.32). É o monoteísmo judaico-cristão.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
36-37.
TRINDADE
A igreja primitiva,
oposta ao politeísmo, com o AT ensinando que há um só DEUS, foi logo forçada
a questionar: Quem é JESUS CRISTO? Era Ele apenas um homem? É Ele um anjo?
Ou é Ele um DEUS? E se Ele é um DEUS, existem dois Deuses? Próximo ao início
do século IV, um forte grupo na Igreja, sob a liderança de Ario, afirmava
que CRISTO era um anjo criado. Atanásio comandava a ortodoxia e garantiu a
condenação do Arianismo no Concílio de Nicéia em 325 d. C. A decisão foi
repetida e o Credo de Nicéia recebeu sua forma final no Concílio de
Constantinopla em 381 d. C. O debate no concílio centrou-se no significado do
título Filho de DEUS. Os arianos sustentaram que o Filho nem sempre tinha
existido; o Filho ou Palavra é uma criatura, uma obra, não o mesmo, em
essência, com o Pai e, portanto, não era o verdadeiro DEUS.
Atanásio, ao contrário, criou
uma distinção entre a filiação moral, no sentido de que todo crente é um
filho de DEUS, e uma filiação natural, como Isaque era filho de Abraão.
Então, se CRISTO fosse Filho apenas no sentido moral, Ele não seria
diferente de nós e não seria o único Filho de DEUS. A isso, os arianos
respondiam que CRISTO é o único Filho de DEUS porque Ele veio a ser
unicamente através do Pai, enquanto todos os outros são gerados pelo Pai
através do Filho. Mas essa construção, alegava Atanásio, nos tornaria filhos
de CRISTO ao invés de filhos de DEUS. CRISTO, então, nos separaria de DEUS
ao invés de nos unir a Ele. O debate se aprofundou em detalhes. Ario usou
Provérbios 8.22, "O Senhor DEUS me criou antes de tudo, antes das suas obras
mais antigas" (RSV), para provar que CRISTO era uma criatura. Atanásio
referenciou o verso à natureza humana de CRISTO. O concílio, por fim,
rejeitou a afirmativa de Ario de que o Filho é como o Pai, assim como o
estanho se assemelha à prata, e adotou o
Credo de Nicéia para o qual o
Filho é dito ser um em essência com o Pai. Alguns críticos ridicularizam a
teologia e o concílio por ter discutido tão violentamente a respeito da
importância da letra "i". O ponto em debate era se JESUS CRISTO era da
"mesma essência" (homoousios) do Pai (e, portanto, DEUS por inteiro) ou de
"essência similar" (homoiousios) ao Pai (e, portanto, alguém menor do que
DEUS). A diferença que a letra "i" faz é bem maior do que a existente entre
prata e estanho; é a diferença entre DEUS e uma criatura.
A doutrina da Trindade também
é acusada de ter introduzido na cristandade temas pagãos da filosofia grega.
Nada poderia estar mais longe da verdade. Em primeiro lugar, os argumentos
de Atanásio não utilizam nem a linguagem, tampouco os conceitos da filosofia
grega; eles são completamente bíblicos. Segundo, foi Ário e não Atanásio
quem utilizou argumentos pagãos ao permitir que honras fossem prestadas a um
ser que ele considerava inferior a DEUS. E terceiro, o Credo de Nicéia
removeu elementos pagãos que haviam aparecido em Orígenes e outros teólogos
anteriores.
A doutrina da eterna geração
do Filho, por exemplo, indicada nas palavras do Credo de Nicéia, "Unigênito
de Seu Pai antes de todos os mundos", evita o erro de que o Logos, ao invés
de ser um Filho eterno seja uma criação voluntária pela qual DEUS se isola
da contaminação da criação do mundo. Como a ênfase na eterna geração evita
esse erro, a ênfase na geração eterna mostra que o Filho não é um passo em
uma série descendente de emanações, e que embora a filiação por geração seja
uma relação necessária, a criação é um ato voluntário. Para os cristãos
ativos hoje, a questão da Trindade muitas vezes toma a forma da defesa da
divindade de CRISTO e a da personalidade do ESPÍRITO SANTO. Esta defesa é
requerida em dois casos. A teologia liberal tende a um CRISTO puramente
humano e as Testemunhas de Jeová ressuscitam o arianismo ao fazer de CRISTO
um anjo criado. O material escritural é o mesmo, independente de qual grupo
seja considerado, embora as Testemunhas de Jeová sejam mais propensas a dar
atenção às Escrituras do que os liberais.
O primeiro versículo do
Evangelho de João é frequentemente citado pelas Testemunhas de Jeová. Elas
inevitavelmente sustentam que a tradução correta é: "No princípio era o
Verbo e o Verbo estava com DEUS e o Verbo era um deus". A resposta do
cristão começa com o próprio versículo. Aqui encontramos uma expressão
idiomática grega particular, o uso anarthous do nome, isto é, o uso do nome
sem o artigo definido. Em grego, quando o narrador queria indicar ou
designar uma pessoa ou objeto, ele usava o artigo; mas quando queria reforçar uma
qualidade ou natureza dos mesmos, ele excluía o artigo. Portanto, a tradução
literal de João 1.1 seria: "E o Verbo era da mesma natureza ou qualidade de
DEUS" (cf. a mesma expressão idiomática em Hebreus 1.2, onde algumas versões
trazem corretamente a expressão "seu Filho", embora o texto grego traga
simplesmente o termo "filho"). A evidência adicional para provar que João
não poderia ter ensinado que CRISTO era uma criatura a quem foi concedido o
título honorífico de "DEUS" é claramente encontrada nos versos imediatamente
seguintes a João 1.1. Outras passagens declaram diretamente a divindade de
CRISTO, como Hebreus 1.5-8, "A qual dos anjos disse jamais: Tu és meu
Filho?... Mas, do Filho, diz: Ó DEUS, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos" (cf. Tt 2.13). Outro verso nesse sentido, cujas duas partes os
liberais tentaram separar, inserindo um ponto final entre eles é: "CRISTO...
o qual é sobre todos, DEUS bendito eternamente" (Rm 9.5). Outras bem
conhecidas afirmações da divindade de CRISTO estão contidas na bênção
apostólica (2 Co 13.13 e 13.14 em algumas versões) e na fórmula batismal (Mt
28.19). Referências adicionais selecionadas entre um grande número de
referências disponíveis são: Mateus 11.27; João 5.23; Atos 10.36; 20.28;
Romanos 10.9; Colossenses 2.9; 1 Tessalonicenses 3.11; 1 Pedro 1.2.
O fato de o termo Senhor ser
a tradução, em grego, do termo Jeová utilizado no AT é, em si mesmo, uma
evidência da divindade de CRISTO e também nos convida a comparar passagens
do AT e do NT; por exemplo, Isaías 40.3 com Mateus 3.3; Salmo 24.7,10 com 1
Coríntios 2.8; Jeremias 23.5,6 com 1 Coríntios 1.30; e Provérbios 16.4 com
Colossenses 1.16.
Pode-se também supor que o AT
antecipa a doutrina da Trindade ao utilizar um termo no plural, Elohim, em
Genesis 1.26, e mais claramente quando se trata do Anjo do Senhor em Genesis
16; 18; 19. No caso do ESPÍRITO SANTO, não é tanto sua divindade que é
questionada, mas sua personalidade distinta. O ESPÍRITO SANTO é uma pessoa;
este é um fato que pode ser plenamente entendido. Embora o nome ESPÍRITO
seja do gênero neutro em grego, os pronomes relativos ao ESPÍRITO são
masculinos (ao contrário da tradução de Romanos 8.16 na versão KJV em
inglês). Vários textos deixam bastante claro que Ele é uma pessoa distinta
tanto do Pai como do Filho: Mateus 3.16; Lucas 4.18; João 15.26; 16.7; Atos
5.32; Hebreus 9.14 etc.
Alguns, às vezes, rejeitam a
doutrina da Trindade por pensar que ela não está explicitamente declarada
nas Escrituras (1 Jo 5.7 não consta em alguns textos gregos). Mas esta
doutrina está claramente implícita no
testemunho dado pelas
Escrituras quanto à verdadeira e completa divindade do Pai, do Filho e do
ESPÍRITO SANTO, mantendo uma distinção de pessoas; em outras palavras, há
três pessoas em um único DEUS.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe.
Editora CPAD. pag. 1966-1968.
Definição. Os crentes comuns, e até mesmo a maioria dos
mestres cristãos, se fossem solicitados a definir a trindade, apresentariam
uma definição "triteísta", e não uma definição "trinitária", Diriam haver
três pessoas divinas, Pai, Filho e ESPÍRITO SANTO, e que são uma só pessoa.
Porém, se fossem pressionados a explicar melhor suas idéias, diriam que
essas três pessoas são "distintas".
A doutrina trinitária, entretanto, não contempla pessoas
distintas. Se assim fosse, tudo se reduziria ao "triteismo". Em outras
palavras, haveria três pessoas e, por conseguinte, três deuses, pois
cada
pessoa é vista dotada de existência separada das outras duas. A maioria
dos
argumentos apresentados em favor do "trinitarianismo", na realidade dá
apoio
ao "triteismo", No trinitarianismo, fala-se da essência de DEUS, como
algo
que está sujeito à distinção em três pessoas, mas sem qualquer divisão
que
permita a distinção em três pessoas diversas. Não há "três deuses", e
nem
meramente três modos de manifestação divina. Antes, todas as pessoas
são co-extensivas, co-iguais e co-eternas. Contudo, sem importar que
tipo de
analogia ou argumento usemos, a fim de demonstrar essa doutrina, em
algum
ponto não conseguiremos explicar-nos devidamente, pois simplesmente não
sabemos como pode haver três, e, ao mesmo tempo, um só, porquanto a
mente
dos homens terrenos não se presta muito bem para entender a matemática
celeste. Por conseguinte, as analogias e explanações invariavelmente se
inclinam por apoiar o "triteísrno", e não o "trinitarianisrno". Até
mesmo as
explicações antigas, que falavam de três "hipóstases" de "uma só
substância", chegavam perigosamente perto do triteismo, se é que não
eram
expressões dessa posição. A palavra trindade significa a "união de três
partes ou expressões em uma só". Porém, se postularmos três pessoas
separadas, teremos caído no triteísmo, mesmo que digamos que essas três
pessoas possuem o mesmo tipo de natureza. Muitos homens existem;
compartilham do mesmo "tipo de natureza"; mas não perfazem "um" único
individuo.
Se dissermos que DEUS é um só, em seu ser essencial, mas que
a essência divina existe em três formas ou modos de ser, cada forma
constituindo uma pessoa, embora participem da mesma essência, ainda assim
teremos caído no triteísmo, se porventura estivermos concebendo três pessoas
distintas, com existências individuais. Agostinho falava da trindade em
termos de "relações internas", ou seja, aspectos de um único ser divino. Em
DEUS não há qualquer divisão, mas tão-somente simplicidade e unidade
perfeitas. Aceitando essa forma de definição, que é verdadeiramente
trinitária, encontramos dificuldade em harmonizar essas idéias com as
descrições dadas pelo NT, acerca das pessoas e das obras das três pessoas
divinas. O que isso significa e que, sem importar qual definição
apresentemos sobre a "trindade", nossas mentes permanecem insatisfeitas,
porquanto simplesmente não podemos aprender o conceito "trinitário",já que
não temos qualquer experiência sobre algo que seja, ao mesmo tempo, três e
um. Portanto, nossas mentes não podem entender o conceito trinitariano,
quando é apresentado realmente como tal, e não como forma velada do
triteísmo.
Não obstante, o NT ensina que só há um DEUS, e que há três
pessoas divinas. Como isso pode ser, não sabemos dizê-lo. Tomás de Aquino
estava com a razão, ao asseverar que algumas doutrinas cristãs transcendem à
razão e à percepção dos sentidos estão sujeitas à apreensão exclusiva da fé.
O fato de que a mente humana não é capaz de entender uma doutrina não
significa que tal doutrina não seja veraz. Por conseguinte, afirmamos a
verdade da idéia trinitariana, porquanto certas passagens do NT, quando
consideradas em seu conjunto, exigem essa idéia, ainda que as nossas
explicações a respeito fiquem muito aquém de nos satisfazer plenamente.
Também aceitamos a divindade e a humanidade de CRISTO, mescladas no homem
JESUS de Nazaré, mas não há maneira de explicar tal coisa, acerca de como
ela pode ser verdadeira. Isso envolve uma dimensão do conhecimento e da
verdade que as nossas mentes ainda não conseguiram atingir. Por que
haveríamos de pensar que não há "mistérios" presentes em qualquer sistema de
conhecimento que envolva considerações sobre a realidade última? A
verdadeira definição e compreensão sobre a trindade continua sendo um
mistério para nós; no entanto, possuímos excelentes indicações, nas páginas
do NT, de que isso representa a verdade sobre a natureza e a pessoa de DEUS,
e que o l';IT, não procura nos ensinar o ''triteismo''.
História. É verdade, naturalmente, que o termo "trindade" não
se acha no NT, e nem em qualquer documento há uma definição clara de
"trindade". Rejeitamos enfaticamente a germinidade do trecho de I João 5:7a,
Bb, conforme o mostram as notas expositivas acima, em favor de cuja rejeição
há evidências irresistíveis. Contudo, o "conceito" da "trindade" é algo que
se faz necessário pelo aspecto "total" da divindade, segundo esta é exposta
nas páginas do N. T.
O vocábulo "trindade" evidentemente foi pela primeira vez
usado por Tertuliano, na última década do século II d. C., mas não encontrou
lugar na teologia formal da Igreja até o século IV d. C. Essa doutrina
recebeu ampla expressão, pela primeira vez, em resultado da obra de pais
capadócios da Igreja (meados do século IV d. C. e mais tarde), a saber,
Basílio, Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno. Eles formularam as idéias
de distinção hipostática e de unidade substancial; mas algumas de suas
explicações são claramente triteístas, e não trinitárias, o que se verifica
sempre quando alguém tenta explanar. O que está em foco. A doutrina da
trindade recebeu declaração formal na carta sinodal do concílio realizado em
Constantinopla, em 382 d. C. (preservado por Teodoreto, História
Eclesiástica, v.9). Ainda antes, tal como no credo de Nicéia, em 325 d. C; e
nos escritos dos pais da Igreja Inácio, Irineu, Tertuliano e Orígenes, podem
ser encontradas fórmulas trinitárias. O conceito da trindade, pois, é quase
tão antigo como o "cânon" do próprio NT, tendo surgido na história
eclesiástica quase tão prontamente quanto qualquer teologia formal.
Tertuliano falava de "uma substância, três pessoas".
Após o século IV d. C., a posição trinitária se tornou o
padrão da Igreja, ainda que, periodicamente, tivesse sofrido ataques e
negações. Os principais desses ataques foram o monoteísmo hebreu, o
arianismo, o sabelianismo, o socinianismo e o unitarismo. A heresia gnóstica,
naturalmente, antes disso, já vinha assediando a Igreja por cento e
cinquenta anos, desde os próprios dias apostólicos; essa heresia não tinha o
conceito trinitário (ver CoL 2.18 no NTI).
É verdade, naturalmente, que os primitivos cristãos, sem
teologia sofisticada, não formularam qualquer "conceito trinitário". Somente
muitas décadas de reflexão desenvolveram esse pensamento. Tal "reflexão",
porém, foi frutífera, deixando transparecer certas verdades que a Igreja
primitiva não possuía e nem descreveu de modo formal.
Crentes individuais têm negado, duvidado ou ignorado essa
verdade, a qual não deve tornar-se base de nossa comunhão uns com os outros.
É crente o indivíduo que reconhece a JESUS CRISTO como Salvador (Col. 2:
19). Um homem pode fazer isso sem mostrar-se sofisticado em sua teologia ao
ponto de formular um conceito trinitário.
Significação e importância da doutrina da trindade. Essa
doutrina nos é revelada nas Escrituras por uma razão, não por mera
curiosidade. Sugerimos os seguintes aspectos importantes dessa doutrina:
a. Confere-nos a compreensão acerca da natureza de DEUS e,
por conseguinte, da nossa própria, pois o homem também é uma espécie de
trindade, formada de corpo, alma e ESPÍRITO. Desse modo aprendemos, uma vez
mais, que o homem foi criado segundo a imagem de DEUS; e esse é o
significado da existência toda, porquanto DEUS é o alvo da vida, a saber,
DEUS Pai (ver Cor. 8:6) e o Filho (ver o primeiro capítulo da epístola aos
Efésios, sobretudo o vigésimo terceiro versículo, e o trecho de Cal. 1:16).
b. Assim como DEUS é triúno, mas cada pessoa divina tem sua
função e propósito, mas todas concordam em um único propósito, assim também
o homem, apesar de ser um ser extremamente complexo, pois combina aspectos
espirituais e materiais, tem um grande propósito na existência.
c. O
conceito da trindade ensina-nos como DEUS opera em sua criação: DEUS Pai é o
planejador de todas as coisas, incluindo a redenção humana; o Filho é o
agente em tudo, criador tanto da antiga como da nova criação; e o ESPÍRITO
SANTO é o enviado de ambos, procurando realizar a missão do Filho durante
sua ausência, especialmente a transformação dos homens remidos segundo a
imagem e a natureza do Filho, que é a redenção mesma da humanidade. Todas as
doutrinas cristãs, pois, têm alguma relação com o conceito da trindade. A
redenção humana está a ela vinculada.
d. O conceito da trindade tira da idéia de estagnação o
conceito de DEUS agora e por toda a eternidade. DEUS é dinâmico, pois nele
existe plenitude de vida, sendo Ele a sua própria fonte originaria.
e. Esse conceito nega o "deísmo" (Deus que não se
comunica com suas criaturas - DEUS longe do ser humano), que é a doutrina que
DEUS é
tão transcendental que não pode e não tem qualquer coisa a ver com sua
criação; bem pelo contrário, o "Filho" subentende que haverá outros filhos
de DEUS. Ele veio em busca dos homens para concretizar esse ideal; o
ESPÍRITO SANTO, na qualidade de "paracleto" e agente de CRISTO, de seu alter
ego (ou alterego - do latim
alter = outro egus = eu - coisas que estão no Ego de uma determinada
pessoa), mostra que DEUS sempre está com os homens, com o propósito de
conduzi-los ao seio da família divina, para que sejam irmãos do Filho de
DEUS (ver 11 Cor. 3:18 e Rom. 8:29). Por conseguinte, o conceito da trindade
subentende o "teísmo", ou seja, que DEUS está conosco e visa o nosso
beneficio.
f. O conceito da trindade subentende unidade na diversidade;
e essa é uma lição objetiva concernente ao mundo como DEUS trata com sua
criação. CRISTO é o centro de tudo (unidade), mas os homens, uma vez
remidos, não perdem a sua individualidade, embora assumam a imagem e
natureza de CRISTO e venham a compartilhar de toda a plenitude de DEUS (Ver
Efé. 3: 19 e Col. 2: 10). O dualismo não se acha no coração central do
Universo, embora agora se manifeste, por causa da presença do pecado.
g. O trinitarianistrio limita os "rivais" ao poder de DEUS.
Chama de "falsos", a todos os demais supostos deuses. DEUS, na qualidade de
benevolência suprema, portanto, garante o triunfo do bem em todo o Universo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag.496-498.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/)
com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
Veja
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm