Escrita Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV

Escrita Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV

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ESBOÇO DA LIÇÃO

I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1. Na Bíblia Hebraica

2. Na Bíblia Cristã

3. Autoria e data

II – O CONTEXTO HISTÓRICO

1. No tempo dos juízes

2. Secularismo, hedonismo e idolatria

3. Opressão, clamor e livramento

III – PROPÓSITO E MENSAGEM

1. O cetro de Judá

2. Amor e redenção

3. Fidelidade e altruísmo

 

TEXTO ÁUREO

“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.”  (Rt 1.1)

 

VERDADE PRÁTICA

Servir a DEUS não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Rt 1.1; 4.21,22 O contexto do Livro de Rute remete aos Juízes

Terça - Jz 1.7-19 Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu

Quarta - Jz 2.7-13; 3.5-7 Israel atraído à idolatria dos cananeus

Quinta - Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4 Longanimidade e misericórdia de DEUS

Sexta - Gn 49.10 O cetro não se afastará da tribo de Judá

Sábado - cf. Ef 2.11-16 Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Rute 1.1-5

1 - E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. 

2 - E  era  o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali. 

3 - E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, 

4 - os quais tomaram para si mulheres moabitas;  e era  o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. 

5 - E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher  desamparada  dos seus dois filhos e de seu marido.

 

HINOS SUGERIDOS: 33, 459, 511 da Harpa Cristã

 

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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO

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LIVRO DE RUTE – BEP - CPAD

Autor: Anônimo

Pode ter a participação de Samuel e de Davi.

Tema: Amor Que Redime

Data: Século X a.C.

 

Considerações Preliminares

Historicamente, o livro de Rute descreve eventos na vida de uma família israelita durante o tempo dos Juízes (1.1; c. 1375—1050 a.C.). Geograficamente, o contexto é a terra de Moabe, a leste do mar Morto. (1) O restante do livro transcorre em Belém de Judá e sua vizinhança. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (lit. “Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na estação da colheita, era costume ler este livro na Festa da Colheita (Pentecoste).

Considerando que a lista dos descendentes de Rute não vai além do rei Davi (4.21,22), o livro foi provavelmente escrito durante o reinado de Davi. Desconhece-se o autor humano do livro, mas a tradição judaica (e.g., o Talmude) atribui essa autoria a Samuel.

 

Propósito

O livro de Rute foi escrito a fim de mostrar como, através do amor altruísta e do devido cumprimento da lei de DEUS, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada, veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para perpetuar uma história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma família piedosa cuja fidelidade na adversidade contrasta fortemente com o generalizado declínio espiritual e moral em Israel, naqueles tempos.

Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos. Juízes 17:6

Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos. Juízes 21:25

 

Visão Panorâmica

Esta história do amor que redime inicia quando Elimeleque parte de Judá e passa a residir com sua família em Moabe por causa de uma fome (1.1,2). O sofrimento continuou a flagelar Elimeleque, pois ele e seus dois filhos morreram em Moabe (1.3-5), o que resultou em três viúvas. Quatro episódios principais vêm a seguir.

(1) Noemi (viúva de Elimeleque) e sua devotada nora moabita, Rute, voltaram a Belém de Judá (1.6-22).

(2) Na providência divina, Rute veio a conhecer Boaz, um parente rico de Elimeleque (cap. 2).

(3) Seguindo as instruções de Noemi, Rute deu a entender a Boaz o seu interesse na possibilidade de um casamento segundo a lei do parente-remidor (cap. 3).

(4) Boaz, como parente-remidor, comprou as propriedades de Noemi e casou-se com Rute, e tiveram um filho chamado Obede — avô de Davi (cap. 4).

Embora o livro comece com tremendos reveses, termina com um final sobremodo feliz — para Noemi, para Rute, para Boaz e para Israel.

 

Características Especiais

Seis características principais assinalam o livro de Rute.

(1) É um dos dois livros da Bíblia que leva o nome de uma mulher (sendo o outro o de Ester).

(2) Este livro, escrito, tendo ao fundo o horizonte ominoso da infidelidade e apostasia de Israel durante o período dos juízes, descreve as alegrias e pesares de uma família piedosa de Belém durante aqueles tempos caóticos.

(3) Ilustra o fato de que o plano divino da redenção incluía os gentios que, durante os tempos do AT, foram enxertados no povo de Israel mediante o arrependimento e a fé no Senhor.

(4) A redenção é um tema central, do começo ao fim do livro, sendo o papel de Boaz, como parente-remidor, uma das ilustrações ou tipos mais claros do ministério mediador de JESUS CRISTO.

(5) O versículo mais conhecido deste livro consiste nas palavras que Rute dirigiu a Noemi, quando ainda estava em Moabe: “Aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS” (1.16).

(6) Traça um retrato realista da vida, com seus contratempos, mas também mostra como a fé e fidelidade de pessoas piedosas ensejam a DEUS a oportunidade de converter a tragédia em triunfo e a derrota em bênção.

(Obs.: Boaz era filho de Raabe, a ex-prostituta).

 

Paralelismo do Livro de Rute com o NT

Este livro declara quatro verdades do NT.

(1) Transtornos humanos dão oportunidade a DEUS para realizar seus grandes propósitos redentores (Fp 1.12).

(2) A inclusão de Rute no plano da redenção demonstra que a participação no reino de DEUS independe de descendência física, mas pela conformação da nossa vida à vontade de DEUS, mediante a “obediência da fé” (Rm 16.26; cf. Rm 1.5,16).

(3) Rute como partícipe da linhagem de Davi e de JESUS (ver Mt 1.5) significa que pessoas de todas as nações farão parte do reino do grande “Filho de Davi” (Ap 5.9; 7.9).

(4) Boaz, como o parente-remidor, é uma prefiguração do grande Redentor, JESUS CRISTO (Mt 20.28; ver Rt 4.10).

 

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Providência

“As obras da providência de DEUS representam sua mais santa, sábia e poderosa preservação e governo de todas as suas criaturas, e de todos os seus atos” (Shorter Catechism). Momento a momento, o mundo continua porque CRISTO sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3) e porque “todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17; cf. Ne 9.6). Ao mesmo tempo, DEUS não apenas sustenta, mas governa todo o mundo e a humanidade; as nações (Sl 47.7; Dn 2.21; 4.25; Is 10.5-7), os indivíduos (1 Sm 2.6-9; Is 45.5; Pv 16,9; Sl 75,6,7; At 27.24), e o livre arbítrio dos homens (Pv 16.1; 21.1). A providência não é uma continuação da criação, mas a preservação e o proposital direcionamento de tudo o que DEUS fez inicialmente. Será muito importante entender que somente depois do término da criação o pecado entrou no universo criado por DEUS, pois isso impede que sejamos levados a uma conclusão posterior errônea. Qualquer teoria que ensine que DEUS está constantemente recriando o mundo torna-o o renovador do bem e do mal e, dessa forma, o autor não só da retidão, mas também da iniquidade.

Além de estabelecer a diferença entre a providência e a criação, precisamos ter cuidado para que a doutrina da providência elimine os seguintes aspectos:

Panteísmo. Este aceita a absorção do mundo e do homem em DEUS (Spinoza) ou considera ambos como participando, de alguma maneira, diretamente do Ser do próprio DEUS (Tillich).

Deístno. Este considera DEUS sob a analogia de um relógio e seu fabricante (Ele deu a corda e deixou que o relógio funcionasse), e isso o afasta inteiramente do mundo que criou. As Escrituras respondem com passagens como Salmo 33.13,15; Isaías 45.7; Atos 17.24-28.

Dualismo. DEUS é apenas um de dois princípios ou poderes, um bom e outro mau. Este pensamento leva à conclusão de que DEUS é finito. As Escrituras ensinam que somente DEUS existia no começo, que só Ele é o Criador, e que tudo que Ele criou era bom (Gn 1.4,10,12,18,21,25,31); que o pecado e a iniquidade moral foram originados pelas criaturas (Ez 28.15; Gn 3.1-7).

Interdeterminismo. Esta corrente de pensamento afirma que não existe qualquer controle planejado de coisa alguma.

Determinismo. Considera o controle absoluto de tudo o que acontece, e que o homem foi roubado em seu livre arbítrio e responsabilidade.

Casualidade. Considera qualquer força controladora como irracional.

Destino. Vê os acontecimentos como incontroláveis e inteiramente desprovidos de qualquer elemento de propósito benevolente.

 

A Demonstração da Soberania de DEUS

A doutrina da providência reside na divina soberania de DEUS, e na revelação de que Ele reina sobre tudo e a tudo governa de acordo com sua vontade. Entretanto, sua vontade está inteiramente sujeita ao seu caráter; portanto, ela deve ser descrita não como arbitrária, mas como perfeita e sagrada.

1. A providência e a ordem natural.

A providência inclui todas as coisas, quer grandes (Sl 145.9-17; Is 41.2-4) quer pequenas, como por exemplo o curso de uma flecha (1 Rs 22.34), os pássaros no ar (Mt 6.26), um sonho (Mt 27.19), pequenos pássaros que são vendidos (Mt 10.29; cf. Lc 12.6,7), um boato (At 23.16), e o resultado de se lançar sortes (Pv 16.33).

Os atos da providência, com a finalidade de uma análise posterior, podem ser divididos em gerais, isto é, aqueles que se aplicam ao mundo e à humanidade indistintamente; e os particulares, isto é, aqueles que acontecem tanto a indivíduos ainda não salvos e à nação escolhida por DEUS, como àqueles que Ele escolheu para redimir. Então, sob essa especial providência encontra-se a nação de Israel (Am 3.1; Ml 1.2; At 15.14-16; Rm 11. 26-29), a Igreja (Ef 5.25-27) e os crentes individualmente (Salmos 91.11; 147.9,20; Mt 6.26; At 14.16,17; Rm 8.28,39).

2. A providência e a história.

DEUS controla e comanda todo o curso da história desde o início até o final. Ele escolheu uma nação, Israel (Am 3.2) e fez dela o meio de sua revelação, deu-lhe sua Palavra que está registrada nas Escrituras do AT, prometeu-lhe o Messias através delas (Dt 18.15-19; cf. At 3.22,23; 2 Sm 7.8-16; Is 7.14; Mq 5.2) e estabeleceu com ela uma aliança para preservá-la e conduzi-la em meio a todas as tribulações até seu reino milenial (Dt 30.1-10; 2 Sm 7.16; Is 65.66; Os 1.10,11; 2.16-23; Jl 3.17- 21; Am 9.11-15; Zc 14.1-21).

Ao mesmo tempo, Ele derrubou a barreira que existia entre judeus e gentios (Ef 2.14) quando revelou o mistério da expansão da sua Igreja (Ef 3.1-11) que, através da morte de CRISTO, iria incluir a ambos. O tema de toda a Bíblia é o plano de DEUS para salvar seus eleitos e estabelecer seu reino, na primeira fase do reinado milenial de CRISTO (Ap 5.10; 20.4-6), e em sua segunda fase, a fase final, na Nova Jerusalém (Ap 21-22). Nada poderá impedir a consumação final do plano de DEUS (Is 40.15; Sl 2.4; At 4.25-28).

3. A providência e a experiência pessoal.

DEUS promete prosperar o justo (Lv 26.3-13; Dt 28.1-14). Por que, então, exclama o crente, os iníquos também prosperam? Por que tantas vezes eles não são castigados? O salmista apresenta duas respostas inspiradas; a riqueza dos ímpios é apenas temporária, e ao final DEUS irá julgar a iniquidade deles e defender sua própria santidade como Senhor (Salmos 37.16-22; 73; 91.8; Ml 3.13-4.3). Ao mesmo tempo, DEUS adia seu castigo para que o iníquo possa ter a oportunidade de se arrepender (Rm 2.4; 2 Pe 3.9; Ap 2.21).

Mas por que o crente precisa sofrer tantas adversidades e tribulações? (o) Pode ser para seu próprio desenvolvimento (Salmos 94.12; Pv 3.11; Hb 12.56) ;(1-3) elas podem servir como um teste antes da abertura de grandes campos de serviço (1 Co 16.9; Tg 1.2-12); (c) trazem glória a DEUS se forem suportadas com dignidade (Jó 1; 2; 42); e, (d) fazem parte da vocação da Igreja cristã (Mt 10.24ss.; Jo 15.18; 16.33; At 9.16; 14.22; Rm 5.3-5; Fp 3.10; 1 Pe 4.12-19).

4. A providência e a liberdade pessoal.

DEUS governa sobre os corações e as ações de todos (Pv 21.1), embora estes não tenham, necessariamente, conhecimento ou consciência disto (Gn 45.5-8; 50.20; Is 10.5-12; 44.28—45.4; Jo 11.49-52; At 2.23; 13.27-29). No entanto, ele o faz de tal maneira que suas ações são as de agentes livres; portanto, eles permanecem responsáveis por tudo que fazem (Is 10.12; Rm 1.24-32). Dessa forma, o Senhor permite que os iníquos ajam de acordo com sua própria natureza (Salmos 81.12ss.; Rm 1.24ss.; At 14.16), mas no final Ele os punirá (Lc 22.22; At 3.13-19). Ao mesmo tempo, Ele leva os seus a colocar em prática os mandamentos que lhes deu (Fp 3.12,13), embora isso só seja possível através da presença e do poder do ESPÍRITO SANTO que habita em cada um de nós (Rm 8.3,4; Gl 5.22,23).

Bibliografia. L. Berkhof, Systematic Tkeology, Grand Rapids. Eerdmans, 1949, pp. 165-178. G. C. Berkouwer, The Providence of God, Grand Rapids. Eerdmans, 1952. Charles Hodge, Systematic Theology, Grand Rapids. Eerdmans, 1952,1, 575-616. R. A. K. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD

 

 

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A Bíblia Hebraica coloca o livro de Rute na última divisão principal (Escritos) como um dos cinco Megilloth. As Bíblias em Português colocam esse livro depois do livro de Juizes, acompanhando a LXX, a Vulgata e os escritos de Josefo. Não se tem certeza de que esse livro tenha, alguma vez, feito parte do livro de Juizes. Trata- se de uma história breve que contém quatro cenas, e uma concludente genealogia.

Esboço

I.        A Peregrinação em Moabe e o Retorno à Pátria, 1.1-22

II.       Rute, a Respigadora, 2.1-23

III.      O Pedido de Rute a Boaz na Eira, 3.1-18

IV.      Boaz Assume as Funções de um Parente Remidor, 4.1-17

V.       Genealogia desde Perez até Davi, 4.18-22

Propósito

Será que o propósito desse livro desejava preencher uma lacuna que existia nessa época (a árvore genealógica em 4.18-22 também é encontrada em uma forma ampliada em 1 Crônicas 2.5-15) entre Perez e Davi? Ou será que pretendia estabelecer um relacionamento entre a casa de Davi e a de Moabe, talvez para fornecer uma base para a união das duas nações contra um inimigo comum, ou para que Moabe se submetesse a Israel? Esse tipo de relacionamento poderia explicar porque Davi confiou os seus pais aos cuidados do rei de Moabe (1 Sm 22.3,4), embora esse evento também tenha outras explicações plausíveis. Ou será que ele estava tentando negar que Davi deveria ser considerado um moabita, pois ele era um descendente de Boaz (um judeu), a fim de evitar um estigma que poderia ser lançado contra ele por causa do estatuto preservado em Deuteronômio 23.3,4, proibindo que um moabita entrasse na assembleia do Senhor até a décima geração? Parece provável que o autor desse livro estivesse interessado em fornecer informações sobre os antepassados de Davi, mas subordinou essa intenção a um propósito mais grandioso.

O principal propósito do autor era enfatizar o cuidado providencial demonstrado pelo Senhor em relação às duas viúvas em condições desesperadoras (Hertzberg) e, dessa forma, mostrar que o aparecimento e a ascensão de Davi, em um período crucial da história de Israel, não foi acidental (esta também é a opinião de Ringgren). Esse tema está maravilhosamente contido nas declarações de Boaz a Rute sobre esse assunto (2.11,12), e está explícito ao longo de todo o livro (cf. 1.8,16,17; 2.3,4,20-23; 3.1-4,7-13; 4.13-15).

Data

O Talmude (Baba Bathra 145) considera Samuel como autor desse livro, mas isso é improvável. Sua data depende de entendermos o seu propósito. Se fosse uma obra polêmica contra as medidas de Esdras e Neemias, ele deveria pertencer ao período pós-exílico, provavelmente ao século IV a.C. Se, entretanto, o autor pretende enfatizar a providência de DEUS, esse livro certamente seria do período pré-Exílico. Sob um cuidadoso escrutínio, as supostas palavras e expressões finais deixam de refutar uma data anterior (veja Driver) e suas expressões aramaicas podem ser tentativas posteriores de esclarecer certas obscuridades do primeiro texto. As semelhanças entre Rute 4.7ss. e Deuteronômio 25.5ss. não exigem uma data posterior à reforma do rei Josias, ocorrida em 621 a.C. (provocada pela descoberta do livro da lei que, presumivelmente, incluía Deuteronômio) porque a tradição em Rute se apoia em códigos legais anteriores, e as circunstâncias subjacentes a essas duas passagens não são verdadeiramente as mesmas. A sintaxe e o vocabulário hebraicos, as expressões idiomáticas e a pureza do estilo (veja Driver) dão suporte a uma data anterior para o livro. Entendemos que sua forma atual não pode ser anterior à época de Davi (4.18-22).

Bibliografia. Stephen Bertman, “Sym- metrical Design in the Book of Ruth”, JBL, LXXXTV (1965), pp. 165-168. John J. Davies, Conquest and Crisis. Studies in Joshua, Judges and Ruth, Grand Rapids. Baker, 1969, pp. 155- 170. S. R. Driver, An Introduction to the Litemture of the Old Testament, Nova York. Scribneris, 1893, pp. 453-456. J. Vernon McGee, In a Barley Field, Glendale. G/L Publications, 1968. Leon Morris, Ruth, Londres. IVCF, 1968. Charles F. Pfeiffer, “Ruth”, WBC, pp. 267-272. W. E. Staples, “The Book of Ruth״, AJSL, LIII (1937), 145-157. Veja também Juizes, Livro de. J. T. W. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD

 

 

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Rute

Uma moabita que teve a distinção única de se casar com dois fazendeiros judeus. Malom (Rt 4.10), um dos filhos de Elimeleque (4.3) e Noemi (1.2); e Boaz, um parente de Elimeleque (4.3).

Ao endossar entusiasticamente esses casamentos, a família de Elimeleque ignorou o estatuto preservado em Deuteronômio 23.3,4 que proibia que os judeus aceitassem moabitas em sua comunidade, ou então não estava ciente dessa proibição.

Rute foi notável em sua disposição de renunciar ao seu próprio meio em troca de outro que lhe era estranho, e se parece um pouco com Abraão ao se aventurar em uma terra que nunca tinha visto (Gn 12. lss. cf. Rt 2.11). Ela resistiu à tentação - sem dúvida muito forte - de sua cunhada (Orfa) de retornar ao seu povo. Por causa de seu amor por Noemi, Rute desejava permanecer com sua sogra, tornar-se uma judia, trocar o seu deus (provavelmente Quemos, Nm 21.29; 1 Rs 11.7,33) pelo DEUS de Noemi (O Senhor, cf. Rt 2.12,13) e ser sepultada no mesmo local de Noemi (Rt 1.14-17). A devoção de Rute transcendia o pessimismo de Noemi, que atribuía seu completo “vazio” ao DEUS Todo-Poderoso, e insistia que as mulheres de Belém a chamassem de Mara (“amarga”, 1.19-21).

Embora não estivesse sob nenhuma obrigação, Rute imediatamente tirou proveito da época do ano em Belém (era a colheita da cevada - desde a metade até o final de maio, precedendo a colheita do trigo) para vislumbrar um meio de sustentar a si e sua sogra. Os trabalhadores israelitas ficaram impressionados com sua dedicação e contaram a Boaz (2.11) que lhe concedeu privilégios especiais (2.14ss.).

O auge da devoção de Rute reflete-se na obediência à sugestão de Noemi de que deveria ir ao debulhador à noite, quando Boaz estava dormindo, para tentar persuadi-lo a aceitar a responsabilidade de se tomar um parente remidor. Ele consentiu, e quando o parente mais próximo desistiu de sua oportunidade, Boaz, voluntariamente, assumiu o seu lugar. Comprou a propriedade de Elimeleque, Quiliom e Malom e se casou com Rute (4.712־). Ele obedeceu ao costume do levirato (q.v.), a lei contida em Deuteronômio 25.5-10, embora não fosse irmão de Malom, mas apenas um parente próximo. No devido tempo, nasceu Obede (“servo”), filho de Boaz e Rute. A “amargura” de Noemi foi amenizada por sua alegria pela criança, que se tornou um ancestral de Davi (4.18-22)      e do Messias. Rute foi uma das quatro mulheres especificamente mencionadas por Mateus na genealogia do Senhor JESUS (1.5). Todas essas mulheres eram gentias, e a intenção de Mateus era, aparentemente, enfatizar a dimensão universal dos ancestrais de JESUS. J. T. W. - Dicionário Bíblico Wycliffe – CPAD

 

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Moabitas

Os moabitas procedem do incesto de Ló com sua filha mais velha (Gn 19.37). Praticamente Moabe começou em Zoar (Gn 19.20-22), onde Ló e suas filhas, por permissão de DEUS, se refugiaram após a destruição de Sodoma. Segundo a versão grega Septuaginta (ou LXX), Moabe significa: “É de meu pai”. O estudioso francês Édouard Paul Dhorme acha que significa: “água de meu pai” ou “semente do pai”

 

 

Moabe

Moabe se limitava a leste com o deserto siro-arábico, região conhecida como “deserto de Moabe”; ao sul com o ribeiro Zerede, hoje chamado uádi el-Hesa; ao ocidente com o mar Morto e o curso inferior do Jordão, e ao norte com os filhos de Amom.

No seu maior esplendor, Moabe contou com um grande território de 96,5 km de comprimento (norte-sul) por 57 km de largura (leste-oeste). O território dividia-se em três partes:

 1. Terra de Moabe — entre o Arno e Jaboque (Dt 1.5).

 2. Campos de Moabe — ao sul do Arno (Rt 1.2).

 3. Planície de Moabe — região do Jordão inferior, defronte a Jericó (Nm 22.1).

Suas terras são férteis, bem irrigadas e de grande produção, como declara o livro de Rute.

Quando Ló chegou a estas paragens para habitar, encontrou um povo de gigantes chamados emins, conhecidos também como refains ou enaquins (Dt 2.10,11).

Escavações arqueológicas nas terras de Moabe e Amom revelaram a presença de um grande povo nessa região, civilização que floresceu do século XXIII ao XX, sendo interrompida por alguns séculos, voltando depois ao progresso.

Os moabitas construíram grandes cidades. As principais foram: Mispa de Moabe (1Sm 22.3), Kir Moabe, Dibom (que se tornou célebre pela famosa Pedra Moabita ou Estela de Mesa, encontrada em seu território), Bete-Peor (Dt 34.6), em cujas proximidades Moisés foi sepultado. E outras como Hesbom, Medeba, Quiriataim, Aroer, Jazer, Ramote-Baal.

O idioma era bem parecido com o falado pelos filhos de Israel.

A religião era de grosseira idolatria. Camos era o deus principal. Seu nome aparece na estela de Balvan, de parceria com Astarote. Praticavam a prostituição sagrada. Junto ao monte Nebo foram encontradas imagens dos deuses da fertilidade e outros objetos de culto. Nos montes Abarim existiu um templo dedicado a Baal-Peor. A Estela de Mesa é um canto a esse deus. O rei de Moabe havia sido derrotado por Israel; por isso, ele ofereceu seu filho primogênito sobre os muros em holocausto ao deus Camos (2Rs 3.26,27). Em inscrições cuneiformes do segundo milênio aparece a palavra Camos como nome de Nergal, o senhor do mundo subterrâneo. Camos, portanto, pertence aos arquivos gerais semitas.

Moabe está muito relacionada com a Bíblia. Além de Gênesis, que narra sua origem, aparece em outros livros da Palavra de DEUS, como podemos comprovar:

 1. Num cântico de Moisés, junto com Seom, rei de Hesbom, condenada pelo Senhor DEUS (Nm 21.21-30).

 2. Nas célebres predições de Balaão (Nm 22, 23 e 24). Estando Israel em Sitim, as filhas das moabitas convidaram os filhos de Jacó para seus deuses; portanto, para a prostituição (Nm 25). Por causa da infidelidade ao Senhor, 24 mil israelitas morreram (Nm 25.8).

 3. Eglom, rei de Moabe feriu Israel (Jz 3.12-31).

 4. Rute era moabita e casou-se com Malom (1.4), filho de Noemi, e depois com Boaz, de cujo matrimônio veio Obede, que gerou a Jessé, que gerou a Davi, de onde veio o Senhor JESUS, quanto à carne (Rm 1.3).

 5. Saul derrotou os moabitas (1Sm 14.47).

 6. Davi também os feriu (2Sm 8.2).

 7. Isaías e Sofonias cantam as ruínas de Moabe, pelo mal que causou a Israel (Is 25.10-12; Sf 2.8-11).

 8. Por fim, o profeta Jeremias vaticina terror e destruição para Moabe (Jr 48).

 

Geografia das Terras Santas e Bíblicas - Enéas Tognini – Hagnos

 

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LIÇÃO 2 NA ÍNTEGRA

 

 

Lição 2, O Livro De Rute, Pr Henrique, EBD NA TV

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1. Na Bíblia Hebraica

2. Na Bíblia Cristã

3. Autoria e data

II – O CONTEXTO HISTÓRICO

1. No tempo dos juízes

2. Secularismo, hedonismo e idolatria

3. Opressão, clamor e livramento

III – PROPÓSITO E MENSAGEM

1. O cetro de Judá

2. Amor e redenção

3. Fidelidade e altruísmo

 

 

TEXTO ÁUREO

“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.”  (Rt 1.1)

 

VERDADE PRÁTICA

Servir a DEUS não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.

 

 

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Rt 1.1; 4.21,22 O contexto do Livro de Rute remete aos Juízes

Terça - Jz 1.7-19 Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu

Quarta - Jz 2.7-13; 3.5-7 Israel atraído à idolatria dos cananeus

Quinta - Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4 Longanimidade e misericórdia de DEUS

Sexta - Gn 49.10 O cetro não se afastará da tribo de Judá

Sábado - cf. Ef 2.11-16 Boaz e Rute: o prenúncio da derrubada da parede de separação

 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Rute 1.1-5

1 - E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. 

2 - E  era  o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali. 

3 - E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, 

4 - os quais tomaram para si mulheres moabitas;  e era  o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. 

5 - E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher  desamparada  dos seus dois filhos e de seu marido.

 

HINOS SUGERIDOS: 33, 459, 511 da Harpa Cristã

 

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO

O Livro de Rute conta uma história muito bonita entre nora e sogra. Rute, a nora, amou singelamente a sua sogra, Noemi. Após o falecimento do esposo de Rute, filho de Noemi, esta orientou a sua nora a retornar à terra nativa, Moabe. Rute, a moabita, não concordou em deixar a sua sogra, de modo que a seguinte declaração mostra a profundidade do compromisso dela com a mãe de seu saudoso esposo: "O teu povo é o meu povo, o teu DEUS é o meu DEUS" (Rt 1.16). Nesse contexto, contemplamos a maneira que DEUS preserva a história de pessoas que permanecem fiéis apesar das circunstâncias. Por isso, nesta lição, temos o objetivo de apresentar um panorama do Livro de Rute e seus principais temas.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição: I) Fazer a análise da organização do Livro de Rute; II) Remontar o contexto histórico do Livro de Rute; III) Apresentar o propósito e a mensagem do Livro de Rute.  

B) Motivação: A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal traz um relato que serve de motivação para a aula desta semana: "Quando conhecemos Rute, ela é uma viúva sem perspectiva de vida. Acompanhamos sua união com o povo de DEUS, a colheita no campo e o risco de sua honra na eira de Boaz. Finalmente a vemos tornar-se esposa dele. Um retrato de como chegamos a CRISTO. Começamos sem esperança e somos estrangeiros rebeldes sem parte no reino de DEUS. Então [...] DEUS nos salva, perdoa, reconstrói nossa vida. [...] A redenção de Rute através de Boaz é um retrato da nossa remissão através de CRISTO".   

C) Sugestão de Método: Para introduzir esta aula, apresente o esboço do Livro de Rute. Explique que o livro está estruturado nos seguintes pontos: 1) A Adversidade de Noemi (1.1-5); 2) Noemi e Rute (1.6-22); 3) Rute conhece Boaz no campo (2.1-23); 4) Rute vai até Boaz na eira (3.1-18); 5) Boaz se casa com Rute (4.1-13); 6) A bênção e realização de Noemi (4.14-17); 7) A história da família - de Perez a Davi (4.18). Você pode reproduzir esse esboço no datashow, na lousa ou até mesmo em Cartolina. Pode também, por meio das Bíblias de Estudo, Pentecostal ou Aplicação Pessoal, aprofundar a sua pesquisa e apresentar um quadro mais completo do livro aos alunos. O ponto aqui é que você esteja consciente da necessidade de apresentar a estrutura do livro por meio de esboço com o objetivo de sua classe compreender melhor o desenvolvimento da história sagrada de Rute. 

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: O Livro de Rute nos apresenta um quadro grandioso de superação de uma mulher diante de uma situação desoladora. Com o livro aprendemos que não importa quão devastadora ou desafiadora possa ser a nossas circunstâncias, pois a nossa esperança está centrada em DEUS que tem os recursos infinitos para nos disponibilizar.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que ajudarão aprofundar a reflexão sobre o tema. 1) O texto "Rute", localizado depois do primeiro tópico, destaca o significado do seu nome e o propósito espiritual da obra; 2) O texto "Compromisso com a Aliança", ao final do terceiro tópico, demonstra como os conceitos de aliança, concerto e fidelidade estão presentes no livro de Rute.

 

 

PALAVRA-CHAVE - Providência

 

 

COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO

O livro de Rute se destaca não apenas por sua beleza literária mas, principalmente, pela profundidade espiritual de sua mensagem. Fonte de inspiração para judeus e cristãos ao longo dos séculos, o livro narra uma história de amizade, amor e redenção. Uma extraordinária demonstração de como o Todo-poderoso trabalha em meio às crises para cumprir seus desígnios eternos. Ele transforma tristeza em alegria, perdas em ganhos, derrotas em vitórias. Rute nos apresenta Jeová-Jireh, o DEUS que provê (Gn 22.14).

 

 

I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1. Na Bíblia Hebraica

O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica, que é composta apenas dos livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. Essa terceira seção é chamada Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos). A primeira seção é a Torá (Pentateuco) e a segunda é a Neviim (Profetas) (Lc 24.44). Dentre os Escritos, que são onze livros, estão os Megillot (cinco rolos), livros curtos lidos publicamente nas festas judaicas anuais: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Em função de narrar fatos ocorridos durante a colheita, a leitura litúrgica de Rute era tradicionalmente feita durante o Shavu’ot (Pentecoste), a festa da colheita.

 

 

2. Na Bíblia Cristã

Enquanto a Bíblia Hebraica está dividida em três seções (Pentateuco, Profetas e Escritos), o Antigo Testamento da Bíblia Cristã é composto de quatro: Pentateuco, Poéticos, Históricos e Proféticos. Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo. Mas é identificado também por sua extraordinária beleza poética. Empregando estilo e linguagem próprios do hebraico clássico, o autor expõe aspectos subjetivos da vida dos personagens (Rt 1.12-21; 2.13,20; 3.1; 4.16). A obra está organizada em quatro capítulos, somando 85 versículos.

 

3. Autoria e data

Há uma diversidade de opiniões entre os eruditos acerca da autoria e data do Livro de Rute. Samuel é o autor mais provável. O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi, parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17). Além disso, as características gerais da obra indicam uma atmosfera própria do início do período da monarquia de Israel. Sendo assim, o livro teria sido escrito no século X a.C.

 

 

SINÓPSE I - Rute está categorizado como um livro histórico por causa do seu evidente gênero narrativo.

 

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO - “RUTE

O livro de Rute traz o nome de uma das principais personagens do livro. Rute era viúva de Malom, nora de Noemi e, por fim, esposa de Boaz. A etimologia de seu nome não é clara, embora alguns tentem ligar o nome a “amizade” (heb. re‘ut) ou a “associando-se com ou vendo” (heb. ra’ah). Apesar de Rute ser mencionada (com frequência especificamente como “a moabita”) várias vezes nas páginas desse livro e mais uma vez na genealogia do Messias (Mt 1.5), é surpreendente que esse livro notável traga seu nome no título. Rute não era israelita; como moabita, era de uma nação que odiava Israel.

Alguns não consideram Rute a personagem principal do livro; contudo, os eventos do livro focam definitivamente na redenção ilustrada primeiro em sua rejeição dos deuses pagãos de Moabe a fim de se comprometer com Iavé, o DEUS de Israel. A história continua através da união com Boaz, o parente remidor, pondo-a na genealogia do rei Davi — o maior rei de Israel. Ela, por intermédio de Davi, passou a fazer parte da linhagem de JESUS CRISTO, o futuro “Filho de Davi” que, por fim, redimiria seu povo. A graciosa redenção de DEUS foi desvelada, e sua fiel providência e libertação foram reveladas na história de Rute. O livro traz seu nome ao longo das gerações, e sua história resolve sem sombra de dúvida a preocupação amorosa de DEUS com as mulheres e seu compromisso absoluto de santificar o casamento e a proeminência da família” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.469).

 

 

II – O CONTEXTO HISTÓRICO

1. No tempo dos juízes

Não há uma data precisa para os fatos narrados em Rute. O que sabemos é que ocorreram três gerações antes de Davi, nos dias dos juízes (Rt 1.1; 4.21,22). Esse período (dos juízes) durou mais três séculos. Começou depois da morte de Josué (por volta de 1375 a.C.) e se estendeu até o início da monarquia de Israel, com a ascensão de Saul ao trono (1050 a.C.). Foi marcado por uma grande anarquia e uma profunda apostasia e infidelidade do povo hebreu (Jz 1.7-19). Uma frase que identifica bem aquela época sombria é: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6). Sem uma sábia direção, o povo perece (Pv 11.14).

 

 

2. Secularismo, hedonismo e idolatria

Depois da morte de Josué e dos demais líderes de seu tempo, levantou-se uma geração que não tinha uma profunda comunhão com DEUS e não conhecia o que Ele havia feito ao povo hebreu. Israel cedeu ao estilo de vida pecaminoso dos cananeus e foi atraído à adoração dos seus deuses (Jz 2.7-13; 3.5-7). Secularismo e hedonismo sempre levam a grandes tragédias morais e espirituais. O pervertido culto a Baal (o deus da chuva) e a Astarote (a deusa do sexo e da guerra) passou a ser praticado pela nação hebreia, em um degradante nível de imoralidade e idolatria. A falta de uma liderança espiritualmente madura e temente a DEUS causa prejuízos incalculáveis ao povo. No Reino de DEUS, não basta ter carisma para liderar; é preciso ter caráter aprovado (1 Tm 3.2-13; 2 Tm 2.15; Tt 2.7,8).

 

 

3. Opressão, clamor e livramento

A apostasia tornou Israel presa fácil de seus inimigos, que atacavam e saqueavam suas cidades e terras, e mantinham o povo sob domínio opressor por longos períodos (Jz 3.7-9; 12-14; 4.1-3; 6.1-6).  Afligida, a nação clamava a DEUS, e o Senhor levantava juízes para libertar o seu povo. Esses juízes (heb. shophetim) não eram magistrados civis, como os que conhecemos hoje, que julgam em fóruns e tribunais. Eram libertadores – geralmente líderes militares, como Otniel, Baraque e Gideão (Jz 3.9-11; 4.10-15; 7.16-25) –, poderosamente usados por DEUS para “julgar” a causa de Israel, livrando-o de seus opressores. Apesar dos repetidos ciclos de infidelidade da nação, DEUS ouvia o gemido do seu povo em seus momentos de dor e aflição (Jz 2.18). O Senhor é longânimo e cheio de misericórdia (Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4; Lm 3.22). Ele ouve os que a Ele clamam (Jr 29.12,13; Is 55.6).

 

 

SINÓPSE II - Os fatos narrados em Rute têm como contexto maior os dias dos juízes, caracterizados pela frase: “cada um fazia o que bem queria”.

 

 

III – PROPÓSITO E MENSAGEM

1. O cetro de Judá

Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22). Gênesis 49.10 diz: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. Embora Rúben fosse o primogênito de Jacó, seu ato de desonra ao leito do pai, deitando-se com sua concubina, fez com que perdesse a primogenitura – a posição de liderança (Gn 35.22; 49.4). A promessa feita a Abraão seguia, agora, pela descendência de Judá. Sendo Samuel o autor do livro de Rute, o propósito de registrar a genealogia de Davi ganha ainda mais sentido, já que naquele tempo o rei de Israel era Saul, um benjamita (1 Sm 9.1,2; 25.1). A ancestralidade de Davi o legitimava para o trono.

 

 

2. Amor e redenção

A mensagem principal de Rute é o amor de DEUS e seu plano de redenção da humanidade. Como representantes de judeus e gentios, respectivamente, Boaz e Rute prenunciam a derrubada da parede de separação (Ef 2.11-16). A redenção é vista, no livro, nos sentidos literal e tipológico. Boaz é o parente remidor que preservou a descendência de Elimeleque, mas é, também, um tipo de CRISTO, nosso Redentor (Is 59.20; Lc 1.68; Ef 1.7; Tt 2.14).

 

 

3. Fidelidade e altruísmo

O livro de Rute abre uma janela que nos permite ver que nem tudo eram trevas nos dias dos juízes. Havia um remanescente fiel, que temia a DEUS e foi usado por Ele para cumprir seus propósitos (Jó 42.2). Em um mundo de crescente iniquidade, o justo vive pela fé (Hc 2.4; cf. Mt 24.12,13). Outra eloquente mensagem do livro é o valor do altruísmo em que predominava o egoísmo. Nos dias dos juízes, a maioria vivia segundo os seus próprios padrões e interesses (Jz 21.25). Noemi e Rute destoaram dessa máxima individualista. Sogra e nora não pensavam em si mesmas. O amor não é egoísta (1 Co 13.5).

 

 

SINÓPSE III - O Cetro de Judá, o Amor, a redenção, a fidelidade e o altruísmo são temas que se destacam ao longo do livro.

 

 

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO - “COMPROMISSO COM A ALIANÇA

DEUS demonstrou sua lealdade à aliança ao derramar sua benevolência (heb. chesed, uma palavra que engloba amor, gentileza, benevolência, misericórdia, graça, lealdade e fidelidade; veja 1.8; 2.20; 3.10) não só para com Noemi de Belém, mas também para com Rute, a moabita. Boaz também demonstrou lealdade à aliança em sua disposição de ser o parente remidor de Rute e Noemi. O ‘concerto’, ou aliança, embora não seja mencionado no livro, está subjacente a tudo, começando com o compromisso de Rute com o DEUS de Noemi (1.16,17). A lealdade amorosa, o serviço fiel e o espírito obediente de Rute são fundamentais para o compromisso. Todavia, ainda mais importante é o fato de que Iavé — DEUS, sempre fiel, jamais se esquece das promessas feitas a Israel” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.472).

 

 

CONCLUSÃO

O livro de Rute nos ensina que, a despeito da incredulidade e dos pecados do homem, DEUS sempre trabalha para cumprir os seus desígnios. Sem violar o princípio do livre-arbítrio humano, o Todo-poderoso conduz a história e executa seu plano eterno de redenção. O livro também nos mostra como a fidelidade de DEUS se aplica às circunstâncias comuns da vida. Em tudo Ele é fiel (Is 64.4).

 

 

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Como o livro de Rute é classificado na Bíblia Hebraica?

O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica: Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos).

2. Como e por que o livro é categorizado na Bíblia Cristã?

Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo.

3. Que evidências apontam para a autoria de Samuel?

O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17).

4. Qual o contexto histórico de Rute?

O tempo dos juízes.

5. Qual a principal mensagem do livro?

Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18-22).