Lição 3 - Não Terás Outros deuses 2 parte
A RELIGIÃO EGÍPCIA
A. Os deuses dos egípcios.
Fundamentalmente a religião egípcia estava bem situada em suas práticas e
horizontes. Os egípcios em cada distrito tendiam a adorar as suas deidades
locais, principalmente, ao invés de algumas grandes figuras de importância
nacional ou cósmica.
À luz disto, o monoteísmo
revelado do AT não precisava esperar até depois do exílio babilônico para
ser manifestado ou formulado. No Período Posterior,
a fama externa de Amon de Tebas cresceu com o eclipse do Império, Ptá
similarmente reiniciou o papel principal de artíficies locais — deus de
Mênfis, e Rá continuou tradicionalmente como parte da teologia real — Osíris
e Isis com seu filho Hórus ganharam uma maior popularidade geral, enquanto
que os deuses e deusas do Delta receberam mais proeminência com a aquisição
das cidades do Delta sob o governo dos reis do Egito Baixo nas dinastias
posteriores.
Finalmente, o próprio Faraó
deve ser reconhecido entre os deuses. Ele era seu representante na terra, e
entre os egípcios era um homem que mexia com o mundo dos deuses. O rei vivo
era tido como Hórus, e o morto como Osíris; um novo rei recebia um direito
de sucessão que não se podia desafiar, ao menos parcialmente por virtude de
dar-se o apropriado enterro ao seu predecessor de modo filial como fez Hórus
por Osíris.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 332-335.
3. Como Israel preservou o
monoteísmo de Abraão?
A IDOLATRIA DO MUNDO ANTIGO
Abraão nasceu em Ur dos
caldeus, cidade da Mesopotâmia (Gn 11.27-31). Seus ancestrais serviam a
outros deuses (Js 24.2,15). A localização geográfica é a Mesopotâmia, entre
os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque. Os babilônios adoravam a diversos
deuses, que eram personificações da natureza, como Sin, o deus-sol de Ur e
Harã; Istar, a deusa do amor e da guerra; e Enlil, deus do vento e da terra.
Bel era o nome de outra divindade (do acádico, belo, "senhor"), equivalente
a Baal, deus dos cananeus. Com o tempo, Bel veio a ser identificado como
Marduque ou Merodaque, o patrono da cidade de Babilônia, que se tornou o
principal deus no panteão babilônico (Is 46.1; Jr 51.44). Os assírios
adoravam, entre outros deuses, a Adrameleque e a Nisroque (2 Rs 17.31;
19.37; Is 37.38).
Os textos hieroglíficos das
pirâmides enumeram cerca de duzentos deuses e relatos mitológicos. Os
antigos egípcios empregavam o termo Ta Neteru, "terra dos deuses", para o
seu país. Havia uma proliferação de deuses e templos no Egito, e cada grande
cidade contava com suas tríades de acordo com as dinastias: em Ábidos,
Osíris, ísis e Hórus; em Mênfis, Ptah, Sekhmet e Nefertum, e, em Tebas,
Amom, Mut e Khonsu. O templo do sol, bêth shemeshp em hebraico, "casa do
sol" ür 43.13), é termo traduzido por "Heliópolis" na LXX, vindo do grego,
hêliou póleõs,24 "cidade do sol". Não confundir com a cidade de Bete-Semes,
em Judá (2 Rs 14.11). Aqui se trata da antiga cidade egípcia de Om, seu nome
hebraico, ou Heliópolis, em grego (Gn 41.45, 50 LXX). A cidade era dedicada
ao deus-sol, conhecido também como Rá; é a atual Tell el Hisn, 16 km ao
nordeste do Cairo.
Os cananeus adoravam a Baal
(Jz 6.31), Baal-Berite (Jz 8.33). Seu plural é baalim. Baal era também
conhecido pelas cidades onde eram cultuados: Baal-Peor, da cidade de Peor
(Dt 4.3; Os 9.10), Baal-Meom, da cidade de Meom (Nm 32.38; Ez 25.9) e
Baal-Zefom (Nm 33.7). Astarote ou Astarte (Jz 10.6), identificada em nossas
versões como "postes sagrados", deusa Cananéia da fertilidade" era deusa
nacional dos sidônios (1 Rs 11.5, 33). Aparece como "bosque" na Versão
Almeida Corrigida, "poste-ídolo" na Atualizada, e "Aserins" na Tradução
Brasileira. São os ídolos de madeira e de pedras (Jr 3.9; Dt 4.28). A
madeira simbolizava a fertilidade feminina, a deusa Aserá, mãe dos deuses
cananeus; e a pedra representava a fertilidade masculina na religião dos
cananeus.
Quemos ou Camos era o deus
nacional dos moabitas (Nm 21.29; Jz 11.24; I Rs 11.7, 33; II Rs 23.13; Jr
48.7, 13, 46). Malcam ou Milcom (I Rs 11.33) era o deus nacional dos
amonitas. Milcom, em hebraico milkom, e Moloque, molech, em hebraico, seriam
dois deuses ou nomes diferentes do mesmo deus? (I Rs 11.5, 7, 33). Parecem
ser nomes alternativos. O termo malkãm significa "seu rei", mas a
Septuaginta, a Vulgata Latina e a Peshita traduzem esta palavra como nome
próprio. É uma questão
de vocalização da palavra. As
consoantes hebraicas aqui são exatamente as mesmas - mlkm) e o texto antigo
era consonantal. Dagom e Baal-Zebube eram deuses dos filisteus (Jz 16.23-24;
II Rs 1.2-3, 6,16).
Os gregos do período do Novo
Testamento tinham vários deuses: Zeus, o pai dos deuses; Hermes, o deus
mensageiro; Afrodite, a deusa do amor; Dionísio, o deus do vinho; Atenas, ou
Pala Atenas, nascida da cabeça de Zeus, deusa padroeira da cidade de Atenas.
Hesíodo, em sua obra Teogonia, a Origem dos Deuses, apresenta uma lista
interminável deles. Para os romanos, o pai dos deuses era Júpiter; o deus
correspondente a Hermes era Mercúrio (At 14.11-13); Afrodite era similar a
Vênus e assim por diante.
Esses deuses da mitologia
greco-romana apresentavam os mesmos vícios e as mesmas características dos
humanos: ódio, inveja, ciúme, imperfeições... eles comiam, bebiam etc. Era
muito comum um homem ter o seu deus devocional, prestando-lhes cultos em
particular, além de oferecer libações a outros deuses. Por isso havia nas
casas romanas os penates ou nichos, espécies de altar com uma representação
do deus adorado naquele lar. Em Éfeso, a deusa Diana, Ártemis para os
romanos, era cultuada no templo daquela cidade, que era uma das sete
maravilhas do mundo antigo. Mas os seus adoradores também tinham miniaturas
da imagem de Diana em seus penates. Demétrio, de Éfeso, era fabricante de
nichos (At 19.24). Os mesmos adoradores desses deuses participavam também do
culto do imperador.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
29-31.
Panteões Nacionais
O Antigo Testamento
frequentemente menciona os deuses das várias nações vizinhas a Israel em
termos gerais. Aqui podemos encontrar praticamente todas as nações com as
quais Israel teve
contato. Normalmente a palavra "panteão" é usada na lista e na discussão dos
deuses de qualquer grupo étnico ou político. No entanto, este é um
anacronismo ilusório. A expressão semita significa "a assembleia dos
deuses". Este conclave deve ser visto como uma reunião para tomada de
decisões ou ações (por exemplo, o senado de alguns países pode se reunir sem
a presença de todos os senadores) e não como um catálogo formal e metódico
das divindades adoradas por um povo em particular. Com esta distinção em
mente, podemos observar os seguintes panteões mencionados na Bíblia.
1. Os deuses dos amonitas (Jz
10.6). O principal deus era Moloque ou Milcom.
2. Os deuses dos amorreus (Js
24.2,15; Jz 6.10; 1 Rs 21.26; 2 Rs 21.11). Como pouca literatura dos amorreus chegou até nós, precisamos depender de fontes secundárias e
inferências para o nosso conhecimento desse panteão. Evidentemente, era
parecido com o panteão cananeu posterior. O templo de Ishtar em Mari e o
templo de Dagom na Babilônia eram, provavelmente, santuários dos amorreus.
Dagom, Hadade e Anate parecem ter sido divindades dos amorreus, impostas por
estes aos cananeus, quando invadiram a região do médio Eufrates, como se
pode inferir das descobertas em Ras Shamra (Oldenburg, The Conflict Between
El and Baal, pp. 146-163).
3. Os deuses dos assírios (Na
1.14) passaram a fazer parte da jurisdição do Antigo Testamento entre os
séculos IX a VII a. C. O principal deus deste panteão era Assur, substituindo
o sumério Ea. O panteão assírio era parecido com o da Babilônia. Nas duas
localidades, as divindades semitas substituíram os antigos deuses sumérios,
em alguns casos absorvendo as suas supostas funções e os seus títulos.
4. Os deuses dos babilônios
(Is 21.9; Ed 1.7) foram importantes para Israel nos séculos finais do
período dos reis e durante o exílio. Existiam mais de 700 divindades
listadas na Babilônia. Os conquistadores semitas dos sumérios aceitaram os
deuses nativos e adicionaram os seus próprios. Esta situação foi
posteriormente complicada pelo fato de que cada cidade-estado passou a ter o
seu próprio panteão.
Em Lagash, nos tempos
antigos, Anu, o deus do paraíso, era adorado juntamente com Antu, a sua
esposa. Em Eridu, o deus principal era Enlil, deus da terra, que mais tarde
foi sucedido por Merodaque. A esposa de Enlil era Damkina, e o seu filho era
Merodaque. Essas figuras (exceto Merodaque) eram todas sumárias. Outros
deuses da Babilônia incluíam Sin (a suméria Nanna), o deus-lua; Shamash, o
deus-sol e filho de Sin; Ningal, a esposa de Sin; Ishtar (a suméria Innina),
a deusa da fertilidade, e o seu esposo Tamuz; Allatu (a suméria Ereshkigal),
a deusa do inferno; Namtar, o mensageiro do deus da morte; Irra, o deus das
pestes; Kingsu, a deusa do caos; Apsu, o deus das profundezas do mar; Nabu,
o santo patrono da ciência e do aprendizado; e Nusku, o deus do fogo. Veja
Babilônia.
5. Os deuses dos cananeus (q.v.) são mencionados juntamente com
os dos demais habitantes de Canaã, em uma relação com a conquista da terra
pelos hebreus. Outras tribos mencionadas em Êxodo 23.23; 34.11-17; Juízes
3.5ss., e outras passagens, incluem os amorreus, os heteus, os ferezeus, os
heveus e os jebuseus. Exceto para os heteus, e possivelmente os heveus
(talvez os horeus, ou hurrianos; cf. a versão grega de Genesis 34.2; Josué
9.7), as demais tribos eram fortes aliadas dos cananeus e provavelmente
adoravam as mesmas divindades. O mesmo era verdade sobre os sírios
mencionados em Juízes 10.6, mas provavelmente houve alguma mudança naquele
panteão nos últimos tempos. O panteão cananeu é o mais conhecido dos textos
mitológicos de Ras Shamra, embora outras informações venham de Filo de
Byblos e de fontes bíblicas, assim como de curtos textos literários em
aramaico e em fenício. O principal deus e criador era El. Seu filho (às
vezes chamado de seu neto) Baal era o deus das tempestades e da vegetação.
Ele era chamado de "aquele que predomina", "o exaltado, deus da terra". Na
mitologia, Baal é entronizado em uma montanha no norte. Durante o reinado de
Acabe, ele tornou-se o principal deus de Israel. Aserá era a esposa de El e
a mãe de 70 deuses. Nos textos de Ras Shamra, a deusa Anate é a irmã, e
frequentemente, a esposa de Baal, mas, no Antigo Testamento, Astarote (isto
é, Aserá) é normalmente a sua esposa. Em Tiro, a pátria de Jezabel, Aserá é
a esposa de Baal (1 Rs 15.13; 18.19; 2 Rs 21.7; 23.4). Outros deuses
cananeus proeminentes eram Dagom, Moloque, Resefe e Rimom (veja abaixo), e
Mot (a morte).
6. Os deuses do Egito são mencionados na história
pré-monárquica antiga dos hebreus, e novamente no período entre os séculos
VII e VI a. C.(Êx 12.12; Js 24.14; Jr 43.12,13; 46.25). Como os deuses do
Egito estavam em constante modificação, fusão e sincretismo, dependendo
parcialmente da sorte política da província ou cidade onde uma divindade em
particular era soberana, é difícil fornecer uma breve pesquisa do "panteão"
egípcio. No entanto, o principal deus era conhecido por diferentes nomes em
diferentes lugares e épocas. Em Heliópolis ele era conhecido como
Aten-Re-Khepri; em Elefantina, como Khnum-Re; em Tebas, como Amon-Re (veja
abaixo); e em Amarna (q.v.), como Aton-Re. Re, o deus-sol, era assim fundido
com o deus local da província. Observam-se tríades de deuses principais em
várias épocas: Ptah, Sekhmet, Nefer Tem; Amon-Re, Mut e Khonsu; Osíris, Isis
e Horus. Todas estas são tríades pai-mãe-filho.
Segundo os textos das
pirâmides, o Livro dos Mortos, e outros exemplares da literatura egípcia
antiga, existiam mais de 1200 divindades conhecidas pelos egípcios. As
principais eram as seguintes: Apis, o touro de Mênfis (Êx 32; 1 Rs 12.25-33
podem se referir à sua adoração); Hapi, o deus do Nilo; Hator, a deusa do
amor e da beleza; Ma'at, o deus da justiça e da ordem; Sotis, a estrela do
cão; Sihor, o deus do inferno; Shu, o deus do ar; Thot, o deus escrivão.
7. Os deuses dos edomitas
são, às vezes, mencionados como os deuses de Seir (2 Cr 25.14; cf. versículo
20).
8. Os deuses dos heteus,
embora não mencionados pelo nome no Antigo Testamento, têm uma referência
indireta em Êxodo 23.23,24; 34.11-15; Juízes 3.5,6. O principal deus heteu,
Teshub, era um deus das tempestades, grosseiramente equivalente a Baal.
Portanto, é possível que os heteus tenham adorado as divindades dos cananeus
como um resultado de seu contato com este povo, embora os nomes
idolatria (Ex 20.3-5;
32.35; Nm 25.1-9; Dt 5.7-9). Por trás do terrível julgamento de Joel 1.4-20
estava a queda de Israel na idolatria (cf. Jl 2.12ss.). O cativeiro é
representado como sendo o resultado da adoração a outros deuses (2 Rs
22.17).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe.
Editora CPAD. pag. 761-764.
Observação do Ev. Luiz Henrique - Embora rodeado por todos
esses deuses Israel procurou se manter fiel à crença de seu patriarca maior,
Abraão. Abraão, desde seu inicio, procurou crer mais nos ensinos dos antigos
conhecidos de DEUS (semitas - de Noé, Sem até Naor) do que nos religiosos de sua época que adoravam a vários
deuses. Chamado por DEUS Abraão recebeu de DEUS a incumbência de ser pai de
uma multidão de filhos que professariam a mesma fé que ele tivera em um
único DEUS. Abraão se tornou amigo de DEUS e assim ensinou a seus empregados
e descendentes a também o serem. A intimidade de Abraão com DEUS era algo
notório a todos os que o conheciam, inclusive a seus conhecidos e seus
inimigos. Abrão se manteve por toda sua vida fiel às suas convicções de que
só havia um DEUS e que esse DEUS era um DEUS presente e mais poderoso do que
qualquer outro ser existente. Abraão era homem de fé.
III. EXEGESE DO PRIMEIRO
MANDAMENTO
A Palavra. Esse termo vem do
grego, ex, «fora», e agein, «guiar», ou seja, «liderar» ou «explicar". A
palavra portuguesa exegese é usada para indicar «narrativa», «tradução» ou
«interpretação». Dentro do contexto teológico, a ênfase recai sobre a
interpretação de modos formais de explicação que podem ser aplicados a algum
texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem técnica, a
exegese aponta para a interpretação de alguma passagem literâria especifica,
ao mesmo tempo em que os princípios gerais aplicados em tais interpretações
são chamados hermenêutica.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 617.
1. Outros deuses.
Estudos de críticos
conservadores mostram que a ideia de henoteísmo (crêr em um DEUS supremo e
admitir que existe outros deuses) no primeiro mandamento não
se sustenta. Esse mandamento é considerado o mais genérico e o menos
detalhado do Decálogo. O rabino Benno Jacob se pronunciou sobre o assunto da
seguinte forma: "Nós não podemos ajudar, mas responder porque este
mandamento não era usado para prover uma lição dogmática final acerca das
falsas deidades, mas isto foi precisamente o que o Decálogo procurou evitar"
(JACOB, 1992, p. 546). Ele explica. É que no Sinai só existiam Javé e
Israel, e nada havia a ser dito sobre as nações e seus deuses, portanto
o rabino acrescenta: "Não existia outro deus para o Decálogo". A mais
rudimentar regra da hermenêutica diz que nunca se deve interpretar um texto
isoladamente, fora do seu contexto. Aqui, esse contexto mostra a proibição
de sacrificar e servir a outros deuses é absoluta e sem concessão, o que
remete ao monoteísmo (Êx 22.20; 23.13; 34.14; Dt 6.4, 14; 13.2). É assim que
essas e outras passagens do Pentateuco explicam o primeiro mandamento.
Existe um só DEUS e DEUS é um só; esse pensamento permeia a Bíblia inteira
(2 Rs 19.15; Jo 17.3).
Os ídolos, de fato, não são
deuses (Dt 32.21; Gl 4.8). Apenas são chamados assim por existirem na mente
dos seus adoradores (1 Co 8.5), mas não reais de fato. O objeto de adoração
dos gentios são representações demoníacas; os pagãos adoram os próprios
demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 1 Co 10.20). Não existe DEUS além de Javé (Is
44.6; 45.5, 6). Os cristãos devem manter distância dos ídolos (1 Co 10.14; 1
Jo 5.21).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
35-36.
Gn 1.26 - “Façamos o homem à nossa imagem." Por que DEUS
utiliza a forma plural? Um ponto de vista alega que esta é uma referência à
Trindade — DEUS PAI, JESUS CRISTO e o ESPÍRITO SANTO - as três pessoas - um só DEUS. Outra
visão explica que a finalidade da palavra no plural é denotar majestade. Os
reis tradicionalmente usam a forma plural ao referir-se a si mesmos. Em Jó
33.4 e Salmos 104.30, sabemos que o ESPÍRITO de DEUS esteve presente na
criação. Em Colossenses 1.16, vemos que CRISTO, Filho de DEUS, estava
trabalhando na criação.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 6.
Gn 1.26 DISSE DEUS FAÇAMOS.
Esta expressão contém uma referencia primeva ao DEUS trino e uno. O uso da
primeira pessoa no plural [“nós”, oculto] indica que há pluralidade em DEUS
(Sl 2.7; Is 48,16). A revelação da característica trina e una de DEUS só se
torna clara, porém, quando chegamos ao Novo Testamento (Lc 3.21-22).
STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal:
Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Êxo 20.3 Não terás outros
deuses. Neste ponto, o monoteísmo substitui todas as outras possíveis noções
de DEUS. Todavia, não basta acreditar na existência de um DEUS. Esse DEUS
único precisa ser reconhecido e obedecido como a autoridade moral de todos
os atos humanos. Também só há um DEUS no atinente à questão da adoração e do
serviço espirituais. O DEUS único merece toda honra. Isso labora contra o
panteísmo e todo o seu caos.
A nação de Israel estava
cercada por povos que eram leais a um número impressionante de divindades.
As pragas do Egito tinham mostrado que só Yahweh é DEUS (ver Êxo. 5.2 e
6.7). Há uma profunda verdade na idéia que um homem só pode adorar a um
DEUS. JESUS abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas
coisas que lhes parecem importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses
externos e internos. Mas todos eles são deuses falsos.
Os vss. 4-6 descrevem e
ampliam o primeiro mandamento. Os católico-romanos e os luteranos (e também
muitos intérpretes judeus) pensam que esses versículos formam,
conjuntamente, o primeiro mandamento. Mas a maioria dos outros grupos
protestantes e evangélicos fazem desses versículos um mandamento distinto.
Yahweh é um DEUS zeloso que
não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos nisso uma linguagem
antropomórfica. Divindades rivais seriam algo contrário ao caráter único de
DEUS. E um deus que não é único não é o verdadeiro DEUS. Ver os vss. 22,23.
A desobediência ao primeiro mandamento foi a principal razão dos cativeiros,
finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
Êxo 20.3 — Não terás outros deuses. O Senhor não deveria ser
visto por Israel como um deus qualquer entre todos os outros, e nem como o
melhor deles. Ele era e é o único DEUS vivo. Ele, e somente Ele, deveria ser
adorado, obedecido e louvado pelos israelitas. A história bíblica apresenta a crença em um único DEUS
desde o começo da história de Israel como uma nação. O primeiro mandamento é
uma comprovação disso. E tal fato não foi uma realização de Israel. Este
povo foi apenas o receptor das revelações divinas.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo
Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais.
Editora Central Gospel. pag. 164-165.
2. O ponto de discussão.
Diante de mim (3) significa
“lado a lado comigo ou além de mim”. DEUS não esperava que Israel o
abandonasse; Ele sabia que o perigo estava na tendência de prestar submissão
igual a outros deuses. Este mandamento destaca o monoteísmo do judaísmo e do
cristianismo.
“O primeiro mandamento proíbe
todo tipo de idolatria mental e todo afeto imoderado a coisas terrenas e que
podem ser percebidas com os sentidos.” Não existe verdadeira felicidade sem
DEUS, porque Ele é a Fonte de toda a alegria. Quem busca alegria em outros
lugares quebra o primeiro mandamento e acaba na penúria e em meio a
acontecimentos trágicos.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag. 189.
Diante de mim. Literalmente “à minha face” . Esta frase vagamente incomum também parece ser usada em
relação ao ato de tomar uma segunda esposa enquanto a primeira ainda
estivesse viva. Tal uso, de uma quebra de um relacionamento pessoal
exclusivo, ajuda a explicar o seu significado aqui. A frase está relacionada
à descrição de YHWH como um “ DEUS zeloso” , no versículo 5. Alguns
comentaristas modernos sugerem que “ diante de YHWH” ou “ a presença de
YHWH” no restante da Torah são referências ao altar de YHWH (23:17). Vêem,
portanto, uma referência ao culto israelita: nenhum outro deus pode ser
adorado simultaneamente com YHWH num santuário comum, como era de praxe, por
exemplo, na religião cananita. Não há dúvida de que isto é verdade, mas
parece ser uma explicação inadequada. Seja qual for, porém, a maneira de
encararmos os detalhes da passagem, seu sentido principal é claro: por causa
da natureza de YHWH e do que YHWH fez por Israel, Ele não dividirá Seu
louvor com quem quer que seja: Ele é único.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 148.
3. O politeísmo.
São três as principais formas
de adoração no paganismo do Antigo Oriente Médio: politeísmo, henoteísmo e
monolatria. Foi nesse contexto que viveram os patriarcas do Gênesis e em que
a nação de Israel foi formada.
O politeísmo é a crença em
muitos deuses. O termo deriva de duas palavras gregas, polys, "muito", e
theos, "DEUS". Era a religião dos antigos mesopotâmios, egípcios, gregos,
romanos e do atual hinduísmo. O henoteísmo é uma forma primitiva de religião
que admite a existência de muitos deuses; no entanto, apenas um deles tem a
supremacia. O termo, aplicado em 1881 por F. Max Muller, historiador alemão
das religiões, significa literalmente "um DEUS", do grego heis/hen, o
numeral "um", e theos, "DEUS". A forma henoteísta deve ser definida como uma
crença em um DEUS, mas admitindo a existência de outros deuses, como ocorre
à doutrina das atuais testemunhas de Jeová.
A palavra monolatria vem de
monos, "único", e latreia, "serviço sagrado, culto". O termo surgiu com o
orientalista alemão Julius Wellhausen (1844-1918). Define-se como adoração
ou culto "de uma deidade única para cada grupo étnico-político
(clã, tribo, povo),
não para toda a humanidade, de sorte que se admitem tantos deuses legítimos
como povos" (GUERRA, 2001, p. 613). Assim, o henoteísmo deve ser entendido
como uma forma de crença do qual a monolatria é o tipo correspondente de
adoração. A ideia de henoteísmo e monolatria formarem um estágio
intermediário entre politeísmo e monoteísmo não tem sustentação bíblica,
visto que a religião original da raça humana era monoteísta. Não se conhecia
a idolatria antes do dilúvio. A Bíblia afirma que todas essas formas falsas
de adoração são uma degeneração do monoteísmo original (Rm 1.21-25).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
28-29.
POLITEÍSMO. Essa palavra vem
do grego, poli, -muitos-, e theóe, "deus.., ou seja, a crença de que existem
muitos deuses. Isso contrasta com o monoteísmo, a crença na existência de um
único DEUS, e com o henoteísma, a crença de que apesar de existirem muitos
deuses, somos responsáveis diante de um só DEUS.
Só as três grandes fés: a do
judaísmo, a do cristianismo e a do islamismo têm adotado uma forte posição
monoteísta. Contudo, os judeus e os maometanos vêem o conceito trinitariano
cristão como uma forma velada de monoteísmo. Dentro do cristianismo moderno,
os mórmons defendem um politeísmo teórico. De acordo com o mormonismo, na
verdade existiriam muitos deuses; mas, na prática, eles promovem um
triteismo: haveria três deuses com os quais temos algo a tratar, o Pai, o
Filho e o ESPÍRITO SANTO, que seriam pessoas separadas e deuses distintos
uns dos outros, e não meras hipóstases (vide) de uma única essência divina.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 321.
IV. O MONOTEÍSMO
1. Os mandamentos, os
estatutos e os juízos.
Dt 6.1 Mandamentos...
estatutos... juízos. Temos aqui a tríplice designação da legislação mosaica,
conforme já tínhamos visto em Deu. 5.31. Estatutos e juízos figuram como que
formando um par em Deu. 4.1,5,8,14,45 e 5.1. E Deu. 6.20 reitera essa tripla
designação. Talvez não devamos
estabelecer distinções muito nítidas entre esses três termos, pois parecem
ser apenas uma referência múltipla aos muitos preceitos baixados por Moisés.
Alguns estudiosos têm sugerido que os “mandamentos'' são os dez mandamentos,
e os outros dois vocábulos apontam para desenvolvimentos e ampliações
posteriores do núcleo original da lei. O que fica claro, contudo, é que está
em pauta a complexa legislação mosaica, referida por meio de vários termos.
Toda essa grande complexidade precisava ser ensinada (Deu.
5.31), conhecida e observada (5.31-33), para que então houvesse vida (4.1 e
5.33).
... se te ensinassem. A idéia
de instrução é reiterada aqui. Ver Deu. 5.31.
Para que os cumprisses na
terra. Ou seja, na Terra Prometida, dada a Israel por meio do Pacto
Abraãmico (Gên. 15.18). Os três discursos de
Moisés (que perfazem o volume maior de Deuteronômio) exortavam o povo de
Israel para que obedecesse à lei, como meio de conquista e de vida boa e
longa na Terra Prometida. Os filhos de Israel precisavam instruir à geração
mais jovem quanto aos seus deveres na Terra Prometida. Por motivo de
desobediência, a geração anterior havia perecido no deserto, com as exceções
únicas de Calebe e Josué (ver Deu. 1.34 ss.).
A lei destinava-se a todas as
“gerações” dos filhos de Israel (ver Êxo. 29.42; 31.16). Esses estatutos
eram “perpétuos” (Êxo. 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 16.29). Os hebreus não
antecipavam um fim para o seu sistema religioso. Mas ele terminou, e isso
serviu de instrumento para o começo do cristianismo. Todos os sistemas
terminam e assim tornam-se instrumentos de avanço. Essa evolução é que é
“perpétua”. A epístola aos Hebreus mostra como e por qual motivo o Antigo
Pacto terminou, a fim de que o Novo Pacto pudesse tomar o lugar daquele e
percorrer o seu próprio curso.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 781, 784.
MONOTEÍSMO (Antigo
Testamento Interpretado - Comentário de Champlin AT V.7)
Definição
Essa palavra vem do grego mónos, «único», e théos,
«DEUS». Portanto, ela indica aquele ensino de que só existe um DEUS.
Isso pode ser contrastado com o henoteísmo, que admite uma
pluralidade de deuses, embora afirme ter relações somente com um deles,
que merece a nossa adoração e obediência.
Distinções
1. Conforme acabamos de notar, deve-se fazer a distinção
entre o monoteísmo e o henoteísmo.
2. Deve-se distinguir o monoteísmo das várias formas do
teísmo. O ensino do teísmo é que DEUS (ou deuses) está interessado nos
homens, intervindo em sua história, recompensando ou punindo, dependendo
dos méritos de cada um. O monoteísmo ensina que só existe um DEUS que
tem interesse pelo homem.
3. Deve-se distinguir o monoteísmo do deísmo
(Deus que não se comunica com suas criaturas). Apesar do
deísmo poder ser monoteísmo, difere deste ao asseverar que DEUS não se
interessa pelos homens, pois deixou o mundo ser governado por leis
naturais, ao abandonar a sua criação. DEUS também não intervém, não
recompensa e nem castiga. E apesar do deísmo poder ser monoteísta,
usualmente o monoteísmo envolve a idéia teísta de que DEUS continua
interessado pela sua criação, intervindo, etc.
4. Deve-se distinguir entre o monoteísmo e o politeísmo.
Ambas as posições ensinam que DEUS (ou deuses) tem interesse pelo homem,
mas o politeísmo postula a existência de muitos deuses. O triteísmo é
uma forma de politeísmo que tem sido defendida por alguns cristãos que
não aceitam a doutrina da Trindade. Os mórmons de nossos dias são
triteístas práticos, embora sejam politeístas teóricos.
5. Alguns distinguem o monoteísmo do trinitarismo, pois
pensam que, apesar de todas as tentativas e «contorções», o caso do
trinitarismo está longe de estar provado. Para eles, o trinitarismo é
apenas uma forma velada e sofisticada de triteísmo.
6. Deve-se distinguir o monoteísmo do panteísmo. De
acordo com os padrões cristãos, o panteísmo é uma forma de ateísmo,
porque apesar de falar acerca de DEUS, faz tudo ser parte de DEUS, e
assim destrói a distinção entro DEUS e a sua criação, quanto à questão
de essência. O panteísmo propõe a existência de uma única essência, a
divina, e todas as coisas seriam, finalmente, parte da essência divina.
Idéias Usualmente Associadas ao Monoteísmo
1. DEUS como um Ser absoluto e infinito usualmente é um
conceito associado ao monoteísmo. Pelo menos os teólogos cristãos
referem-se ao DEUS único dessa maneira. Nenhuma das coisas alistadas
nesta seção, entretanto, é absolutamente necessária como corolário do
monoteísmo. Os mórmons acreditam em um DEUS finito, que tem os seus
próprios problemas. A idéia de um único DEUS finito ocasionalmente
aparece entre os teólogos cristãos.
2. DEUS é dotado de vida necessária e independente. DEUS
não pode deixar de existir e a sua vida não depende de qualquer causa
externa ou fator sustentador. Ele é a sua própria causa e sustentador.
3. DEUS como criador. O DEUS único criou tudo. A idéia de
DEUS como arquiteto ou organizador, entretanto, é uma forma possível de
monoteísmo. Nesse caso, a matéria é considerada etema. Sua forma seria
modificada por DEUS, manipulando materiais já existentes. O mesmo
poderia ter-se dado com o ESPÍRITO, por ocasião da formação do mundo
espiritual.
4. Personalidade: o DEUS pessoal. Usualmente, o monoteísmo assevera que DEUS ê uma pessoa,
e não alguma força cósmica impessoal
5. Moralidade. DEUS põe em vigor aquilo que é correto,
sendo ele a origem do que é certo. Ele castiga o mal. Tem DEUS muitas
virtudes morais que os homens precisam emular, especialmente a virtude
do amor, que é a base onde florescem todas as demais virtudes.
6. DEUS é tanto imanente quanto transcendente. DEUS
faz-se presente, mas em um outro sentido. DEUS está completamente acima
de nossa experiência e conhecimento. Usualmente, o monoteísmo assevera
que DEUS pode ser conhecido, mas limita isso em consonância com os
homens finitos. Se DEUS pode ser conhecido, então, o agnosticismo labora
em erro. Podemos ter um conhecimento válido de DEUS, e não precisamos
dizer: «Não sabemos se DEUS existe ou não». DEUS, como alguém que pode
ser conhecido também nega a avaliação negativa do ateísmo bem como as
limitações do positivismo lógico, posições que querem fazer-nos
acreditar que qualquer proposição sobre um ser divino é destituída de
sentido.
7. O DEUS único é Pai. Essa é a
proposição mais consoladora da religião. Porquanto garante para o homem um
teísmo baseado no amor. DEUS cuida de nós como o faria um pai.
Monoteísmo na Bíblia
1. Os capítulos primeiro e segundo do livro do Gênesis, a
história da criação, indicam uma única operação divina. Pode ser
verdade, conforme dizem muitos teólogos, que a fé religiosa original dos
hebreus fosse henoteista, e não monoteísta. Mas o relato da criação foi
escrito em uma época da história de Israel em que o monoteísmo já estava
bem firmado. Seções posteriores do Antigo Testamento talvez reflitam uma
fé religiosa mais primitiva. O trecho de Deu. 4:7 poderia ser um reflexo
do henoteísmo. Outras nações tinham deuses, mas não defendiam os seus
adoradores, como o DEUS dos hebreus fazia em favor deles.
Posteriormente, todos os outros deuses foram tidos por falsos. Como é
óbvio, esse ponto é intensamente disputado, sendo inconclusivas as
evidências em prol de um período mais remoto. É inegável que os
antepassados de Abraão eram politeístas (ver Gên. 35:2; Jos. 24:2).
Permanece em dúvida quanto desse politeísmo entrou nas vidas dos
patriarcas. A história dos ídolos do lar que Raquel ocultou e que,
posteriormente, Jacó sepultou, antes de retornar à Terra Prometida,
indica definidamente um tempo em que o monoteísmo ainda não havia
prevalecido totalmente. Ver Gênesis 31 e 32. O trecho de Gên. 35:2 ss
registra o fato de que Jacó desfez-se dos «deuses estranhos». Sem dúvida
isso indicou uma definida preferência pelo monoteísmo, e não que o
monoteísmo só se estabeleceu relativamente tarde na história do povo de
Israel, embora ainda dentro do período dos patriarcas.
2. Os Dez Mandamentos.
Essas leis encerravam provisões em favor de um monoteísmo
prático, mesmo que não de um monoteísmo absolutamente teórico. «Não
terás outros deuses diante de mim», declarou Yahweh (Êxo. 20:3). E é
interessante que essas palavras são ligadas ao fato (mencionado no vs.
2) de que foi esse o DEUS que tirou Israel da terra do Egito.
3. O conflito de Elias com os profetas de Baal não afirma
claramente o monoteísmo, mas o fato de que pôs a ridículo os deuses de
seus adversários, com toda a idolatria envolvida, mostra um provável
monoteísmo teórico, e, certamente, um monoteísmo prático. Ver I Reis
2:8-24.
4. Os Profetas. Durante esse período da história de
Israel, do século VIII a. C. em diante, encontramos um claro monoteísmo
teórico e prático. O trecho de Isa. 46:9 é enfático a esse respeito:
«Lembrai- vos das cousas passadas da antiguidade; que eu sou DEUS e não
há outro, eu sou DEUS, e não há outro semelhante a mim». O trecho de
Salmos 115:4-8, que ridiculariza a idolatria, é uma forte afirmação em
favor do monoteísmo.
5. O judaísmo do período intertestamental contava com um
intransigente monoteísmo.
6. No Novo Testamento. Paulo, no primeiro capítulo de
Romanos, escreve alicerçado sobre o monoteísmo.
Antigo Testamento Interpretado
- Comentário de Champlin AT V.7
2. O maior de todos os
mandamentos.
Dt 6.4 Temos aqui a
introdução ao maior de todos os mandamentos, o amor (vs. 5).
Os versículos 4 e 5
fazem
parte do que chamamos Shema (hb. “ouve”). Este é o credo do judaísmo. O
SENHOR, nosso DEUS, é o único SENHOR ou “O Senhor é o nosso DEUS, o
Senhor é
um” são traduções válidas. Os judeus consideram a palavra hebraica
Yahweh
muito sagrada para ser pronunciada e, por isso, a substituem pela
palavra Adonai, “meu Senhor”. Yahweh quer dizer, literalmente, “Ele é”
ou “Ele se
toma, Ele vem.
ARC traduz por “JEOVÁ” ou
“SENHOR” (assim, em letras maiúsculas) todas as vezes que, no original,
ocorre a palavra hebraica Yahweh. (N. do T.) a ser”. Moffatt a traduz por “o
Eterno”. Os dizeres do versículo 4 declaram que o Senhor é o DEUS de Israel,
que ele é o único DEUS e que ele é o mesmo em todos os lugares. Esta
descrição estava em oposição aos deuses das nações circunvizinhas,
particularmente a Baal que era adorado de diferentes formas e com diferentes
ritos em diversas localidades.
A palavra único não é
incompatível com a doutrina cristã da Trindade, ou seja, três Pessoas da
mesma substância em uma deidade. Com efeito, a palavra DEUS está, via de
regra, na forma plural nas Bíblias hebraicas como também neste versículo.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora
CPAD. pag. 433-434.
Dt 6.4. Ouve Israel. Israel é
convidado a responder a Javé com a mesma plenitude de amor demonstrada por
Javé em favor de Seu povo. No Novo Testamento o versículo 5 é apresentado
por JESUS como o primeiro e grande mandamento (Mt 22: 36-38. Cf. Mc 12:
29-34; Lc 10: 27, 28).
Esta breve passagem (4-9) tem
sido conhecida pelos judeus durante séculos como o Shema (sPma', ouve em
hebraico) e é recitada junto com Deuteronômio 11: 13—21 e Números 15: 37-41
como oração diária. A referência à colocação das leis de DEUS como frontal
entre os olhos é comentada em 6: 8. A prescrição do versículo 4 tem sido
considerada como uma maneira positiva de enunciar as ordens negativas dos
dois primeiros mandamentos do Decálogo (5: 7-10). Esta confissão central da
fé israelita consiste de apenas quatro palavras, Javé, nosso DEUS, Javé, Um.
A expressão tem sido entendida de várias maneiras. Traduções possíveis são:
Javé nosso DEUS, Javé é um”, “Javé é nosso DEUS, Javé é um”, “Javé é nosso
DEUS, Javé somente”. Seja qual for a tradução escolhida, o significado
essencial é claro. Javé deveria ser o único objeto da adoração, lealdade e
amor de Israel. A palavra “um” ou “Único” implica em monoteísmo, mesmo que
não o afirme com todas as sutilezas da formulação teológica.
O monoteísmo bíblico tinha
uma expressão prática e existencial que levaria ao abandono de pontos de
vista como a monolatria. Mesmo que alguém em Israel admitisse a existência
de outros deuses, a afirmação de que somente Javé era Soberano e único
objeto da obediência de Israel fazia soar o toque fúnebre para quaisquer
posições inferiores ao monoteísmo.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 50-51.
3. A Trindade na unidade.
O monoteísmo é instituído
como confissão de fé na lei de Moisés, e o Decálogo introduz esta doutrina.
O monoteísmo é a crença em um só DEUS, como sugere a própria palavra: monos,
"único", e theos, "DEUS". O termo é usado para designar a crença em um e
somente um DEUS. A ênfase nesta unidade contrasta de maneira visível com o
henoteísmo e a monolatria, além do politeísmo. Os patriarcas do Gênesis,
Abraão, Isaque e Jacó, eram monoteístas e instruíram seus descendentes nessa
crença (Dt 13.6; 28.64; Jr 19.4).
O DEUS de Israel revelado no
Antigo Testamento é o mesmo DEUS do cristianismo (Mc 12.29-32). O Senhor
JESUS não somente ratificou o monoteísmo judaico do Antigo Testamento, como
também afirmou que o DEUS Javé de Israel, mencionado em Deuteronômio
6.4-6, é o mesmo DEUS que ele veio revelar à humanidade (Jo 1.18). O
monoteísmo cristão é trinitário porque a sua base é de um só DEUS que
subsiste em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO (Mt
28.19). O monoteísmo judaico é chamado de monoteísmo ético, pois Javé é um
DEUS com propósito ético e a afirmação de um só DEUS é feita com base ética.
Os Dez Mandamentos são chamados de "Decálogo Ético". A doutrina de
DEUS é
uma "questão de vida ou morte", pois, JESUS disse: "E a vida eterna é esta:
que conheçam a ti só por único DEUS verdadeiro e a JESUS CRISTO, a quem
enviaste" (Jo 17.3).
O apóstolo Paulo anunciava
aos gentios o mesmo DEUS de seus antepassados: "O DEUS de nossos pais de
antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo, e
ouças a voz da sua boca" (At 22.14). Veja o que ele ensina nas epístolas:
"Todavia para nós há um só DEUS, o Pai, de quem é tudo e para quem nós
vivemos; e um só Senhor, JESUS CRISTO, pelo qual são todas as coisas, e nós
por ele" (1 Co 8.6); "Ora, o medianeiro não o é de um só, mas DEUS é um" (Gl
3.20); "Um só DEUS e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em
todos vós" (Ef 4.6). A fé cristã não admite a existência de outro DEUS além
do DEUS de Israel (Mc 12.32). É o monoteísmo judaico-cristão.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
36-37.
TRINDADE
A igreja primitiva,
oposta ao politeísmo, com o AT ensinando que há um só DEUS, foi logo forçada
a questionar: Quem é JESUS CRISTO? Era Ele apenas um homem? É Ele um anjo?
Ou é Ele um DEUS? E se Ele é um DEUS, existem dois Deuses? Próximo ao início
do século IV, um forte grupo na Igreja, sob a liderança de Ario, afirmava
que CRISTO era um anjo criado. Atanásio comandava a ortodoxia e garantiu a
condenação do Arianismo no Concílio de Nicéia em 325 d. C. A decisão foi
repetida e o Credo de Nicéia recebeu sua forma final no Concílio de
Constantinopla em 381 d. C. O debate no concílio centrou-se no significado do
título Filho de DEUS. Os arianos sustentaram que o Filho nem sempre tinha
existido; o Filho ou Palavra é uma criatura, uma obra, não o mesmo, em
essência, com o Pai e, portanto, não era o verdadeiro DEUS.
Atanásio, ao contrário, criou
uma distinção entre a filiação moral, no sentido de que todo crente é um
filho de DEUS, e uma filiação natural, como Isaque era filho de Abraão.
Então, se CRISTO fosse Filho apenas no sentido moral, Ele não seria
diferente de nós e não seria o único Filho de DEUS. A isso, os arianos
respondiam que CRISTO é o único Filho de DEUS porque Ele veio a ser
unicamente através do Pai, enquanto todos os outros são gerados pelo Pai
através do Filho. Mas essa construção, alegava Atanásio, nos tornaria filhos
de CRISTO ao invés de filhos de DEUS. CRISTO, então, nos separaria de DEUS
ao invés de nos unir a Ele. O debate se aprofundou em detalhes. Ario usou
Provérbios 8.22, "O Senhor DEUS me criou antes de tudo, antes das suas obras
mais antigas" (RSV), para provar que CRISTO era uma criatura. Atanásio
referenciou o verso à natureza humana de CRISTO. O concílio, por fim,
rejeitou a afirmativa de Ario de que o Filho é como o Pai, assim como o
estanho se assemelha à prata, e adotou o
Credo de Nicéia para o qual o
Filho é dito ser um em essência com o Pai. Alguns críticos ridicularizam a
teologia e o concílio por ter discutido tão violentamente a respeito da
importância da letra "i". O ponto em debate era se JESUS CRISTO era da
"mesma essência" (homoousios) do Pai (e, portanto, DEUS por inteiro) ou de
"essência similar" (homoiousios) ao Pai (e, portanto, alguém menor do que
DEUS). A diferença que a letra "i" faz é bem maior do que a existente entre
prata e estanho; é a diferença entre DEUS e uma criatura.
A doutrina da Trindade também
é acusada de ter introduzido na cristandade temas pagãos da filosofia grega.
Nada poderia estar mais longe da verdade. Em primeiro lugar, os argumentos
de Atanásio não utilizam nem a linguagem, tampouco os conceitos da filosofia
grega; eles são completamente bíblicos. Segundo, foi Ário e não Atanásio
quem utilizou argumentos pagãos ao permitir que honras fossem prestadas a um
ser que ele considerava inferior a DEUS. E terceiro, o Credo de Nicéia
removeu elementos pagãos que haviam aparecido em Orígenes e outros teólogos
anteriores.
A doutrina da eterna geração
do Filho, por exemplo, indicada nas palavras do Credo de Nicéia, "Unigênito
de Seu Pai antes de todos os mundos", evita o erro de que o Logos, ao invés
de ser um Filho eterno seja uma criação voluntária pela qual DEUS se isola
da contaminação da criação do mundo. Como a ênfase na eterna geração evita
esse erro, a ênfase na geração eterna mostra que o Filho não é um passo em
uma série descendente de emanações, e que embora a filiação por geração seja
uma relação necessária, a criação é um ato voluntário. Para os cristãos
ativos hoje, a questão da Trindade muitas vezes toma a forma da defesa da
divindade de CRISTO e a da personalidade do ESPÍRITO SANTO. Esta defesa é
requerida em dois casos. A teologia liberal tende a um CRISTO puramente
humano e as Testemunhas de Jeová ressuscitam o arianismo ao fazer de CRISTO
um anjo criado. O material escritural é o mesmo, independente de qual grupo
seja considerado, embora as Testemunhas de Jeová sejam mais propensas a dar
atenção às Escrituras do que os liberais.
O primeiro versículo do
Evangelho de João é frequentemente citado pelas Testemunhas de Jeová. Elas
inevitavelmente sustentam que a tradução correta é: "No princípio era o
Verbo e o Verbo estava com DEUS e o Verbo era um deus". A resposta do
cristão começa com o próprio versículo. Aqui encontramos uma expressão
idiomática grega particular, o uso anarthous do nome, isto é, o uso do nome
sem o artigo definido. Em grego, quando o narrador queria indicar ou
designar uma pessoa ou objeto, ele usava o artigo; mas quando queria reforçar uma
qualidade ou natureza dos mesmos, ele excluía o artigo. Portanto, a tradução
literal de João 1.1 seria: "E o Verbo era da mesma natureza ou qualidade de
DEUS" (cf. a mesma expressão idiomática em Hebreus 1.2, onde algumas versões
trazem corretamente a expressão "seu Filho", embora o texto grego traga
simplesmente o termo "filho"). A evidência adicional para provar que João
não poderia ter ensinado que CRISTO era uma criatura a quem foi concedido o
título honorífico de "DEUS" é claramente encontrada nos versos imediatamente
seguintes a João 1.1. Outras passagens declaram diretamente a divindade de
CRISTO, como Hebreus 1.5-8, "A qual dos anjos disse jamais: Tu és meu
Filho?... Mas, do Filho, diz: Ó DEUS, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos" (cf. Tt 2.13). Outro verso nesse sentido, cujas duas partes os
liberais tentaram separar, inserindo um ponto final entre eles é: "CRISTO...
o qual é sobre todos, DEUS bendito eternamente" (Rm 9.5). Outras bem
conhecidas afirmações da divindade de CRISTO estão contidas na bênção
apostólica (2 Co 13.13 e 13.14 em algumas versões) e na fórmula batismal (Mt
28.19). Referências adicionais selecionadas entre um grande número de
referências disponíveis são: Mateus 11.27; João 5.23; Atos 10.36; 20.28;
Romanos 10.9; Colossenses 2.9; 1 Tessalonicenses 3.11; 1 Pedro 1.2.
O fato de o termo Senhor ser
a tradução, em grego, do termo Jeová utilizado no AT é, em si mesmo, uma
evidência da divindade de CRISTO e também nos convida a comparar passagens
do AT e do NT; por exemplo, Isaías 40.3 com Mateus 3.3; Salmo 24.7,10 com 1
Coríntios 2.8; Jeremias 23.5,6 com 1 Coríntios 1.30; e Provérbios 16.4 com
Colossenses 1.16.
Pode-se também supor que o AT
antecipa a doutrina da Trindade ao utilizar um termo no plural, Elohim, em
Genesis 1.26, e mais claramente quando se trata do Anjo do Senhor em Genesis
16; 18; 19. No caso do ESPÍRITO SANTO, não é tanto sua divindade que é
questionada, mas sua personalidade distinta. O ESPÍRITO SANTO é uma pessoa;
este é um fato que pode ser plenamente entendido. Embora o nome ESPÍRITO
seja do gênero neutro em grego, os pronomes relativos ao ESPÍRITO são
masculinos (ao contrário da tradução de Romanos 8.16 na versão KJV em
inglês). Vários textos deixam bastante claro que Ele é uma pessoa distinta
tanto do Pai como do Filho: Mateus 3.16; Lucas 4.18; João 15.26; 16.7; Atos
5.32; Hebreus 9.14 etc.
Alguns, às vezes, rejeitam a
doutrina da Trindade por pensar que ela não está explicitamente declarada
nas Escrituras (1 Jo 5.7 não consta em alguns textos gregos). Mas esta
doutrina está claramente implícita no
testemunho dado pelas
Escrituras quanto à verdadeira e completa divindade do Pai, do Filho e do
ESPÍRITO SANTO, mantendo uma distinção de pessoas; em outras palavras, há
três pessoas em um único DEUS.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe.
Editora CPAD. pag. 1966-1968.
Definição. Os crentes comuns, e até mesmo a maioria dos
mestres cristãos, se fossem solicitados a definir a trindade, apresentariam
uma definição "triteísta", e não uma definição "trinitária", Diriam haver
três pessoas divinas, Pai, Filho e ESPÍRITO SANTO, e que são uma só pessoa.
Porém, se fossem pressionados a explicar melhor suas idéias, diriam que
essas três pessoas são "distintas".
A doutrina trinitária, entretanto, não contempla pessoas
distintas. Se assim fosse, tudo se reduziria ao "triteismo". Em outras
palavras, haveria três pessoas e, por conseguinte, três deuses, pois
cada
pessoa é vista dotada de existência separada das outras duas. A maioria
dos
argumentos apresentados em favor do "trinitarianismo", na realidade dá
apoio
ao "triteismo", No trinitarianismo, fala-se da essência de DEUS, como
algo
que está sujeito à distinção em três pessoas, mas sem qualquer divisão
que
permita a distinção em três pessoas diversas. Não há "três deuses", e
nem
meramente três modos de manifestação divina. Antes, todas as pessoas
são co-extensivas, co-iguais e co-eternas. Contudo, sem importar que
tipo de
analogia ou argumento usemos, a fim de demonstrar essa doutrina, em
algum
ponto não conseguiremos explicar-nos devidamente, pois simplesmente não
sabemos como pode haver três, e, ao mesmo tempo, um só, porquanto a
mente
dos homens terrenos não se presta muito bem para entender a matemática
celeste. Por conseguinte, as analogias e explanações invariavelmente se
inclinam por apoiar o "triteísrno", e não o "trinitarianisrno". Até
mesmo as
explicações antigas, que falavam de três "hipóstases" de "uma só
substância", chegavam perigosamente perto do triteismo, se é que não
eram
expressões dessa posição. A palavra trindade significa a "união de três
partes ou expressões em uma só". Porém, se postularmos três pessoas
separadas, teremos caído no triteísmo, mesmo que digamos que essas três
pessoas possuem o mesmo tipo de natureza. Muitos homens existem;
compartilham do mesmo "tipo de natureza"; mas não perfazem "um" único
individuo.
Se dissermos que DEUS é um só, em seu ser essencial, mas que
a essência divina existe em três formas ou modos de ser, cada forma
constituindo uma pessoa, embora participem da mesma essência, ainda assim
teremos caído no triteísmo, se porventura estivermos concebendo três pessoas
distintas, com existências individuais. Agostinho falava da trindade em
termos de "relações internas", ou seja, aspectos de um único ser divino. Em
DEUS não há qualquer divisão, mas tão-somente simplicidade e unidade
perfeitas. Aceitando essa forma de definição, que é verdadeiramente
trinitária, encontramos dificuldade em harmonizar essas idéias com as
descrições dadas pelo NT, acerca das pessoas e das obras das três pessoas
divinas. O que isso significa e que, sem importar qual definição
apresentemos sobre a "trindade", nossas mentes permanecem insatisfeitas,
porquanto simplesmente não podemos aprender o conceito "trinitário",já que
não temos qualquer experiência sobre algo que seja, ao mesmo tempo, três e
um. Portanto, nossas mentes não podem entender o conceito trinitariano,
quando é apresentado realmente como tal, e não como forma velada do
triteísmo.
Não obstante, o NT ensina que só há um DEUS, e que há três
pessoas divinas. Como isso pode ser, não sabemos dizê-lo. Tomás de Aquino
estava com a razão, ao asseverar que algumas doutrinas cristãs transcendem à
razão e à percepção dos sentidos estão sujeitas à apreensão exclusiva da fé.
O fato de que a mente humana não é capaz de entender uma doutrina não
significa que tal doutrina não seja veraz. Por conseguinte, afirmamos a
verdade da idéia trinitariana, porquanto certas passagens do NT, quando
consideradas em seu conjunto, exigem essa idéia, ainda que as nossas
explicações a respeito fiquem muito aquém de nos satisfazer plenamente.
Também aceitamos a divindade e a humanidade de CRISTO, mescladas no homem
JESUS de Nazaré, mas não há maneira de explicar tal coisa, acerca de como
ela pode ser verdadeira. Isso envolve uma dimensão do conhecimento e da
verdade que as nossas mentes ainda não conseguiram atingir. Por que
haveríamos de pensar que não há "mistérios" presentes em qualquer sistema de
conhecimento que envolva considerações sobre a realidade última? A
verdadeira definição e compreensão sobre a trindade continua sendo um
mistério para nós; no entanto, possuímos excelentes indicações, nas páginas
do NT, de que isso representa a verdade sobre a natureza e a pessoa de DEUS,
e que o l';IT, não procura nos ensinar o ''triteismo''.
História. É verdade, naturalmente, que o termo "trindade" não
se acha no NT, e nem em qualquer documento há uma definição clara de
"trindade". Rejeitamos enfaticamente a germinidade do trecho de I João 5:7a,
Bb, conforme o mostram as notas expositivas acima, em favor de cuja rejeição
há evidências irresistíveis. Contudo, o "conceito" da "trindade" é algo que
se faz necessário pelo aspecto "total" da divindade, segundo esta é exposta
nas páginas do N. T.
O vocábulo "trindade" evidentemente foi pela primeira vez
usado por Tertuliano, na última década do século II d. C., mas não encontrou
lugar na teologia formal da Igreja até o século IV d. C. Essa doutrina
recebeu ampla expressão, pela primeira vez, em resultado da obra de pais
capadócios da Igreja (meados do século IV d. C. e mais tarde), a saber,
Basílio, Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno. Eles formularam as idéias
de distinção hipostática e de unidade substancial; mas algumas de suas
explicações são claramente triteístas, e não trinitárias, o que se verifica
sempre quando alguém tenta explanar. O que está em foco. A doutrina da
trindade recebeu declaração formal na carta sinodal do concílio realizado em
Constantinopla, em 382 d. C. (preservado por Teodoreto, História
Eclesiástica, v.9). Ainda antes, tal como no credo de Nicéia, em 325 d. C; e
nos escritos dos pais da Igreja Inácio, Irineu, Tertuliano e Orígenes, podem
ser encontradas fórmulas trinitárias. O conceito da trindade, pois, é quase
tão antigo como o "cânon" do próprio NT, tendo surgido na história
eclesiástica quase tão prontamente quanto qualquer teologia formal.
Tertuliano falava de "uma substância, três pessoas".
Após o século IV d. C., a posição trinitária se tornou o
padrão da Igreja, ainda que, periodicamente, tivesse sofrido ataques e
negações. Os principais desses ataques foram o monoteísmo hebreu, o
arianismo, o sabelianismo, o socinianismo e o unitarismo. A heresia gnóstica,
naturalmente, antes disso, já vinha assediando a Igreja por cento e
cinquenta anos, desde os próprios dias apostólicos; essa heresia não tinha o
conceito trinitário (ver CoL 2.18 no NTI).
É verdade, naturalmente, que os primitivos cristãos, sem
teologia sofisticada, não formularam qualquer "conceito trinitário". Somente
muitas décadas de reflexão desenvolveram esse pensamento. Tal "reflexão",
porém, foi frutífera, deixando transparecer certas verdades que a Igreja
primitiva não possuía e nem descreveu de modo formal.
Crentes individuais têm negado, duvidado ou ignorado essa
verdade, a qual não deve tornar-se base de nossa comunhão uns com os outros.
É crente o indivíduo que reconhece a JESUS CRISTO como Salvador (Col. 2:
19). Um homem pode fazer isso sem mostrar-se sofisticado em sua teologia ao
ponto de formular um conceito trinitário.
Significação e importância da doutrina da trindade. Essa
doutrina nos é revelada nas Escrituras por uma razão, não por mera
curiosidade. Sugerimos os seguintes aspectos importantes dessa doutrina:
a. Confere-nos a compreensão acerca da natureza de DEUS e,
por conseguinte, da nossa própria, pois o homem também é uma espécie de
trindade, formada de corpo, alma e ESPÍRITO. Desse modo aprendemos, uma vez
mais, que o homem foi criado segundo a imagem de DEUS; e esse é o
significado da existência toda, porquanto DEUS é o alvo da vida, a saber,
DEUS Pai (ver Cor. 8:6) e o Filho (ver o primeiro capítulo da epístola aos
Efésios, sobretudo o vigésimo terceiro versículo, e o trecho de Cal. 1:16).
b. Assim como DEUS é triúno, mas cada pessoa divina tem sua
função e propósito, mas todas concordam em um único propósito, assim também
o homem, apesar de ser um ser extremamente complexo, pois combina aspectos
espirituais e materiais, tem um grande propósito na existência.
c. O
conceito da trindade ensina-nos como DEUS opera em sua criação: DEUS Pai é o
planejador de todas as coisas, incluindo a redenção humana; o Filho é o
agente em tudo, criador tanto da antiga como da nova criação; e o ESPÍRITO
SANTO é o enviado de ambos, procurando realizar a missão do Filho durante
sua ausência, especialmente a transformação dos homens remidos segundo a
imagem e a natureza do Filho, que é a redenção mesma da humanidade. Todas as
doutrinas cristãs, pois, têm alguma relação com o conceito da trindade. A
redenção humana está a ela vinculada.
d. O conceito da trindade tira da idéia de estagnação o
conceito de DEUS agora e por toda a eternidade. DEUS é dinâmico, pois nele
existe plenitude de vida, sendo Ele a sua própria fonte originaria.
e. Esse conceito nega o "deísmo" (Deus que não se
comunica com suas criaturas - DEUS longe do ser humano), que é a doutrina que
DEUS é
tão transcendental que não pode e não tem qualquer coisa a ver com sua
criação; bem pelo contrário, o "Filho" subentende que haverá outros filhos
de DEUS. Ele veio em busca dos homens para concretizar esse ideal; o
ESPÍRITO SANTO, na qualidade de "paracleto" e agente de CRISTO, de seu alter
ego (ou alterego - do latim
alter = outro egus = eu - coisas que estão no Ego de uma determinada
pessoa), mostra que DEUS sempre está com os homens, com o propósito de
conduzi-los ao seio da família divina, para que sejam irmãos do Filho de
DEUS (ver 11 Cor. 3:18 e Rom. 8:29). Por conseguinte, o conceito da trindade
subentende o "teísmo", ou seja, que DEUS está conosco e visa o nosso
beneficio.
f. O conceito da trindade subentende unidade na diversidade;
e essa é uma lição objetiva concernente ao mundo como DEUS trata com sua
criação. CRISTO é o centro de tudo (unidade), mas os homens, uma vez
remidos, não perdem a sua individualidade, embora assumam a imagem e
natureza de CRISTO e venham a compartilhar de toda a plenitude de DEUS (Ver
Efé. 3: 19 e Col. 2: 10). O dualismo não se acha no coração central do
Universo, embora agora se manifeste, por causa da presença do pecado.
g. O trinitarianistrio limita os "rivais" ao poder de DEUS.
Chama de "falsos", a todos os demais supostos deuses. DEUS, na qualidade de
benevolência suprema, portanto, garante o triunfo do bem em todo o Universo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag.496-498.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva (http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/)
com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique.
Veja
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm