Lição 10, Nossa
Segurança Vem de DEUS
Preciso muito da ajuda dos irmãos, mesmo que seja com 10,00. Quem puder
ajudar, envie por uma das contas abaixo, em nome de JESUS.
PIX - 33195781620 meu CPF também (Banco Bradesco, Imperatriz, MA)
Caixa Econômica e Lotéricas - Agência 3151 - poupança 013 - 00056421-6 variação
- 1288 - conta 000859093213-1
Luiz Henrique de Almeida Silva
Bradesco – Agência 2365-5 Conta Corrente 7074-2
Luiz Henrique de Almeida Silva
Banco do Brasil – Agência 4322-2 Conta Poupança 27333-3 variação 51
Edna Maria Cruz Silva
TEXTO ÁUREO
“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de
qualquer não consiste na abundância do que possui.” (Lc 12.15)
VERDADE PRÁTICA
Não podemos colocar a nossa esperança nas riquezas deste mundo, mas sim em
DEUS.
Lição 10, Nossa
Segurança Vem de DEUS
Escrita - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/05/licao-10-nossa-seguranca-vem-de-deus.html
Slides - https://ebdnatv.blogspot.com/2022/05/slides-licao-10-nossa-seguranca-vem-de.html
Lição 10, Nossa Segurança
Vem de DEUS, 2Tr22, Completo, Pr Henrique, EBD NA TV,
Americana, SP - https://youtu.be/I0-Igjg8dhI
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt 6.21 Onde está o vosso coração?
Terça - Fp 4.12,13 Contente em toda situação
Quarta - Mt 6.24 Não se pode servir a DEUS e ao dinheiro
Quinta - Sl 62.10 Não coloque o coração nas riquezas
Sexta - Lc 12.16-18 Rico, mas insensato
Sábado - Ec 5.10 Quem ama o dinheiro nunca se farta
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 6.19-27
19 - Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e
onde os ladrões minam e roubam. 20 - Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a
traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 -
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 22 - A
candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo
o teu corpo terá luz. 23 - Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo
será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão
tais trevas! 24 - Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um
e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a
DEUS e a Mamom. 25 - Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa
vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso
corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o
corpo, mais do que a vestimenta? 26 - Olhai para as aves do céu, que não semeiam,
nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não
tendes vós muito mais valor do que elas? 27 - E qual de vós poderá, com todos
os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
COMENTÁRIOS BEP -
CPAD - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr Henrique.
Mateus 6.24 AS
RIQUEZAS. No original é mamom, um termo aramaico significando dinheiro ou
outros bens terrenos valiosos. JESUS deixou bem claro que uma pessoa não pode
ao mesmo tempo servir a DEUS e às riquezas.
(1) Servir à riqueza
é dar-lhe um valor tão alto que: (a) colocamos nela nossa confiança e fé; (b)
esperamos da parte dela nossa segurança máxima e felicidade; (c) confiamos que
ela garantirá o nosso futuro; e (d) a buscamos mais do que o reino de DEUS e
sua justiça.
(2) Acumular riquezas
é um trabalho tão envolvente, que logo passa a controlar a mente e a vida da
pessoa, até que a glória de DEUS deixa de ter a primazia em nosso ser (Lc
16.13)
6.25 NÃO ANDEIS CUIDADOSOS. JESUS não está dizendo que é errado o cristão tomar
providências para suprir suas futuras necessidades materiais (cf. 2 Co 12.14; 1
Tm 5.8). O que Ele realmente reprova aqui é a ansiedade ou a preocupação
angustiosa da pessoa, revelando sua falta de fé no cuidado e no amor paternais
de DEUS (Ez 34.12; 1 Pe 5.7).
A PROVIDÊNCIA DIVINA - BEP - CPAD
Gn 45.5 “...não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me
haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida, DEUS me enviou
diante da vossa face.”
Depois de o Senhor DEUS criar os céus e a terra (1.1), Ele não deixou o mundo à
sua própria sorte. Pelo contrário, Ele continua interessado na vida dos seus,
cuidando da sua criação. DEUS não é como um hábil relojoeiro que formou o
mundo, deu-lhe corda e deixa acabar essa corda lentamente até o fim; pelo
contrário, Ele é o Pai amoroso que cuida daquilo que criou. O constante cuidado
de DEUS por sua criação e por seu povo é chamado, na linguagem doutrinal, a
providência divina.
ASPECTOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA.
Há, pelo menos, três
aspectos da providência divina.
(1) Preservação. DEUS, pelo seu poder, preserva o mundo que Ele
criou. A confissão de Davi fica clara: “A tua justiça é como as grandes
montanhas; os teus juízos são um grande abismo; SENHOR, tu conservas os homens
e os animais” (Sl 36.6). O poder preservador de DEUS manifesta-se através do
seu filho JESUS CRISTO, conforme Paulo declara em Cl 1.17: CRISTO “é antes de
todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele”. Pelo poder de CRISTO,
até mesmo as minúsculas partículas de vida mantêm-se coesas.
(2) Provisão. DEUS não
somente preserva o mundo que Ele criou, como também provê as necessidades das
suas criaturas. Quando DEUS criou o mundo, criou também as estações (1.14) e
proveu alimento aos seres humanos e aos animais (1.29,30). Depois de o Dilúvio
destruir a terra, DEUS renovou a promessa da provisão, com estas palavras: “Enquanto
a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e
noite não cessarão” (8.22). Vários dos salmos dão testemunho da
bondade de DEUS em suprir do necessário a todas as suas criaturas (e.g., Sl
104; 145). O mesmo DEUS revelou a Jó seu poder de criar e de sustentar (Jó
38—41), e JESUS asseverou em termos bem claros que DEUS cuida das aves do céu e
dos lírios do campo (Mt 6.26-30; 10.29). Seu cuidado abrange, não somente as
necessidades físicas da humanidade, como também as espirituais (Jo 3.16,17).
DEUS só tem bons pensamentos a nosso respeito - "Porque eu bem sei os
pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal,
para vos dar o fim que esperais". (Jeremias 29:11). A Bíblia revela que
DEUS manifesta um amor e cuidado especiais pelo seu próprio povo, tendo cada um
dos seus em alta estima (e.g., Sl 91; ver Mt 10.31). Paulo escreve de modo
inequívoco aos crentes de Filipos: “O meu DEUS, segundo as suas riquezas,
suprirá todas as vossas necessidades em glória, por CRISTO JESUS” (ver Fp
4.19). De conformidade com o apóstolo João, DEUS quer que seu povo tenha saúde,
e que tudo lhe vá bem (ver 3Jo 2).
(3) Governo. DEUS, além de
preservar sua criação e prover-lhe o necessário, também governa o mundo. DEUS,
como Soberano que é, dirige, os eventos da história, que acontecem segundo sua
vontade permissiva e seu cuidado. Em certas ocasiões, Ele intervém diretamente
segundo o seu propósito redentor. Mesmo assim, até DEUS consumar a história,
Ele tem limitado seu poder e governo supremo neste mundo. As Escrituras declaram
que Satanás é “o deus deste século” [mundo] (2Co 4.4) e exerce acentuado
controle sobre a presente era maligna (ver 1Jo 5.19; Lc 13.16; Gl 1.4; Ef 6.12;
Hb 2.14). Noutras palavras, o mundo, hoje, não está submisso ao poder regente
de DEUS, mas, em rebelião contra Ele e escravizado por Satanás. Note, porém,
que essa autolimitação da parte de DEUS é apenas temporária; na ocasião que Ele
já determinou na sua sabedoria, Ele aniquilará Satanás e todas as hostes do mal
(Ap 19—20).
Nós não somos do
mundo para perecermos com o mundo. Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo
está no maligno. 1 João 5:19 Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque
não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. João 17:14
A PROVIDÊNCIA DIVINA E O SOFRIMENTO HUMANO.
A revelação bíblica
demonstra que a providência de DEUS não é uma doutrina abstrata, mas que diz
respeito à vida diária num mundo mal e decaído. (1) Toda pessoa experimenta o
sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta “Por
quê?” (cf. Jó 7.17-21; Sl 10.1; 22.1; 74.11,12; Jr 14.8,9,19). Essas
experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de DEUS.
(2) DEUS permite que os seres humanos experimentem as consequências do pecado
que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva. José, por exemplo, sofreu
muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos. Foi vendido como
escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (37;
39). Vivia no Egito uma vida temente a DEUS, quando foi injustamente acusado de
imoralidade, lançado no cárcere (39) e mantido ali por mais de dois anos
(40.1—41.14). DEUS pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do
próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira
que seja cumprida a sua vontade. Segundo o testemunho de José, DEUS estava
agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida (45.5;
50.20). (3) Não somente sofremos as consequências dos pecados dos outros, como
também sofremos as consequências dos nossos próprios atos pecaminosos. Por
exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério, frequentemente resulta no
fracasso do casamento e da família do culpado. O pecado da ira desenfreada
contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até
mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas. O pecado da cobiça
pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena. (4) O
sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem
permissão para executar a sua obra de cegar as mentes dos incrédulos e de
controlar as suas vidas (2Co 4.4; Ef 2.1-3). O NT está repleto de exemplos de
pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demônios que as atormentavam
com aflição mental (e.g., Mc 5.1-14) ou com enfermidades físicas (Mt 9.32,33;
12.22; Mc 9.14-22; Lc 13.11,16).
Dizer que DEUS permite o sofrimento não significa que DEUS origina o mal que
ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da
vida. DEUS nunca é o instigador do mal ou da impiedade (Tg 1.13). Todavia, Ele,
às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de
cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que
todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis (ver Mt 2.13;
Rm 8.28).
VENCEMOS O MUNDO
PORQUE
Porque todo o que é
nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa
fé. 1 João 5:4
Quem é que vence o
mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 1 João 5:5
Filhinhos, sois de
Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está
no mundo. 1 João 4:4
Por ti venceremos os
nossos inimigos; pelo teu nome pisaremos os que se levantam contra nós. Salmos
44:5
Não te deixes vencer
do mal, mas vence o mal com o bem. Romanos 12:21
Se vós fôsseis do
mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu
vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece. João 15:19
Porque tudo o que há
no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da
vida, não é do Pai, mas do mundo. 1 João 2:16
Tenho-vos dito isso,
para que em mim tenhais paz ;no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu
venci o mundo. João 16:33
O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM A PROVIDÊNCIA DIVINA.
O crente para
usufruir os cuidados providenciais de DEUS em sua vida, tem responsabilidades a
cumprir, conforme a Bíblia revela.
(1) Ele deve obedecer
a DEUS e à sua vontade revelada. No caso de José, por exemplo, fica claro que
por ele honrar a DEUS, mediante sua vida de obediência, DEUS o honrou ao estar
com ele (39.2, 3, 21, 23). Semelhantemente, para o próprio JESUS desfrutar do
cuidado divino protetor ante as intenções assassinas do rei Herodes, seus pais
terrenos tiveram de obedecer a DEUS e fugir para o Egito (ver Mt 2.13). Aqueles
que temem a DEUS e o reconhecem em todos os seus caminhos têm a promessa de que
DEUS endireitará as suas veredas (Pv 3.5-7).
(2) Na sua
providência, DEUS dirige os assuntos da igreja e de cada um de nós como seus
servos. O crente deve estar em constante harmonia com a vontade de DEUS para a
sua vida, servindo-o e ajudando outras pessoas em nome dEle (At 18.9,10; 23.11;
26.15-18; 27.22-24).
(3) Devemos amar a
DEUS e submeter-nos a Ele pela fé em CRISTO, se quisermos que Ele opere para o
nosso bem em todas as coisas (ver Rm 8.28).
Para termos sobre nós o cuidado de DEUS quando em aflição, devemos clamar a Ele
em oração e fé perseverante. Pela oração e confiança em DEUS, experimentamos a
sua paz (Fp 4.6,7), recebemos a sua força (Ef 3.16; Fp 4.13), a misericórdia, a
graça e ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16; ver Fp 4.6). Tal oração de fé,
pode ser em nosso próprio favor ou em favor do próximo (Rm 15.30-32; ver Cl
4.3).
Hinos Sugeridos: 420 da Harpa Cristã
PALAVRA-CHAVE - Ansiedade
Resumo da Lição 10,
Nossa Segurança Vem de DEUS
I – RIQUEZA DO CÉU E RIQUEZA DA TERRA
1. Uma conciliação impossível.
2. Tesouros da terra
e tesouros do céu.
3. O que o cristão
precisa saber sobre os bens materiais?
II – A IDOLATRIA AO
DINHEIRO
1. O coração no lugar certo.
2. Idolatrando a
Mamom.
3. A riqueza
condenada por CRISTO.
III – VIVENDO A
QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS
1. Os males advindos das preocupações.
2. Vivendo sem
inquietação.
3. Vivendo sossegados
em DEUS.
A riqueza pode fazer
o homem se achar autossuficiente e independente de DEUS. Eis aqui o maior
perigo. A riqueza pode passar a ser o deus deste homem.
JESUS explica que
existe escolha entre dois tesouros (onde vamos ajuntá-los), entre duas visões
(onde vamos fixar os nossos olhos) e entre dois senhores (a quem vamos servir).
É uma escolha entre DEUS e Mamom: "Não podeis servir a DEUS e a Mamom"
Mateus 6:19-27 - A
ambição do cristão: não a segurança material, mas a direção de DEUS - A
mensagem do Sermão do Monte - John R. W. Stott - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr
Henrique.
1. A questão do tesouro (vs. 19-21)
19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntai para vós
outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não
escavam nem roubam; 21 porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
Aqui, o ponto para onde JESUS dirige nossa atenção é a durabilidade comparativa
dos dois tesouros. Deveria ser fácil decidir qual dos dois ajuntar, ele dá a
entender, porque tesouros sobre a terra são corruptíveis e, portanto,
inseguros, enquanto tesouros no céu são incorruptíveis e, consequentemente,
seguros. Afinal, se nosso objetivo é ajuntar tesouros, presumivelmente nós nos
concentraremos na espécie que vai durar mais e que pode ser armazenada sem
depreciação ou deterioração.
E importante enfrentar franca e honestamente a questão: o que JESUS estava
proibindo, quando nos disse para não ajuntarmos tesouros para nós mesmos na
terra? Talvez seja melhor começarmos com uma lista do que ele não estava (e não
está) proibindo.
Primeiro, não há maldição
alguma quanto às propriedades em si; as Escrituras não proíbem, em parte
alguma, as propriedades particulares.
Segundo,
"economizar para dias piores" não foi proibido aos cristãos, nem
fazer um seguro de vida, que é apenas uma espécie de economia compulsória
autoimposta. Pelo contrário, as Escrituras louvam a formiga que armazena no
verão o alimento de que vai precisar no inverno, e declara que o crente que não
faz provisão para a sua família é pior do que um incrédulo.
Terceiro, não devemos
desprezar mas, antes, desfrutar as boas coisas que o nosso Criador nos concedeu
abundantemente. Portanto, nem as propriedades, nem a provisão para o futuro,
nem o desfrutar dos dons de um Criador bondoso estão incluídos na proibição dos
tesouros acumulados na terra.
O que está, então? O que JESUS proíbe a seus discípulos é a acumulação egoísta
de bens ("Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra"); uma
vida extravagante e luxuosa, a dureza de coração que não deixa perceber as
necessidades colossais das pessoas menos privilegiadas neste mundo; a fantasia
tola de que a vida de uma pessoa consiste na abundância de suas propriedades; e
o materialismo que acorrenta nossos corações à terra. O Sermão do Monte
repetidas vezes refere-se ao "coração" e, aqui, JESUS declara que o
nosso coração sempre segue o nosso tesouro, quer para baixo para a terra, quer
para o alto para o céu (v. 21). Resumindo, "acumular tesouros sobre a
terra" não significa ser previdente (fazer ajuizadas provisões para o
futuro), mas ganancioso (como o sovina que acumula e os materialistas que
sempre querem mais). Esta é a armadilha contra a qual JESUS nos adverte aqui.
"Sempre que o Evangelho é ensinado", escreveu Lutero, "e as
pessoas procuram viver de acordo com ele, surgem duas terríveis pragas: os
falsos pregadores, que corrompem o ensino, e, então, a Sra. Ganância, que
impede um viver justo."
A riqueza pode fazer
o homem se achar autossuficiente e independente de DEUS. Eis aqui o maior
perigo. A riqueza pode passar a ser o deus deste homem.
O "tesouro na terra", por nós cobiçado, JESUS nos lembra:
"A traça e a ferrugem destroem, e ... os ladrões o arrombam e roubam"
(BLH). A palavra grega para "ferrugem" (brasis) significa
"comer"; pode referir-se à corrosão causada pela ferrugem, mas também
a qualquer peste ou parasita devoradora. Naquele tempo, as traças entravam
facilmente nas roupas das pessoas, os ratos comiam os cereais armazenados,
pestes atacavam o que estivesse debaixo da terra, e os ladrões entravam nos
lares e levavam o que fosse possível. Não havia a menor segurança no mundo
antigo. E para nós, gente moderna, que procuramos proteger os nossos tesouros
com inseticidas, venenos contra ratos, ratoeiras, tintas à prova de ferrugem e
arames contra ladrões, mesmo assim eles se desintegram na inflação ou na
desvalorização ou nos colapsos econômicos. Nos golpes financeiros, nos
assaltos. Na quebra das bolsas. Nas guerras. Mesmo que uma parte permaneça
através desta vida, nada podemos levar conosco para a outra. Jó estava certo:
"Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei."
Mas o "tesouro no céu" é incorruptível. Que tesouro é
esse? JESUS não explica. Mas podemos dizer com toda certeza que "ajuntar
tesouros no céu" é fazer na terra alguma coisa cujos efeitos durem pela
eternidade. JESUS não estava, certamente, ensinando uma doutrina de méritos ou
um "tesouro de méritos" (como a Igreja Católica medieval ensinava),
como se pudéssemos acumular no céu, através de boas obras praticadas na terra,
uma espécie de crédito bancário do qual nós e outros pudéssemos sacar, pois tal
noção grotesca contradiz o Evangelho da graça que JESUS e seus apóstolos
ensinaram coerentemente. E, de qualquer modo, JESUS estava falando a discípulos
que já tinham recebido a salvação de DEUS. São obras do salvo. Obras de Amor
cristão. Além disso pode referir-se a coisas tais como: o desenvolvimento de um
caráter semelhante ao de CRISTO (uma vez que todos nós podemos levá-lo conosco
para o céu); o aumento da fé, da esperança e da caridade, pois todas elas,
segundo Paulo, "permanecem"; o crescimento no conhecimento de CRISTO,
o qual um dia veremos face a face; a tarefa ativa, por meio da oração e do
testemunho, de apresentar outros a CRISTO, para que também possam herdar a vida
eterna (ganhar almas); e o uso de nosso dinheiro nas causas cristãs, missões,
por exemplo, que é um dos investimentos financeiros cujos dividendos são
eternos.
Todas estas atividades são temporais com consequências eternas. Este seria,
então, "o tesouro no céu". Nenhum ladrão pode roubá-lo, e nenhuma
praga pode destruí-lo, pois não há traças, nem ratos, nem assaltantes no céu.
Portanto, o tesouro no céu é seguro. Medidas de precaução para protegê-lo são
desnecessárias. Não precisa de apólices de seguro. É indestrutível. Portanto,
parece que JESUS está nos dizendo: "É um investimento seguro para vocês;
nada poderia ser mais seguro do que isto. E a única apólice de seguro que
jamais perde o seu valor."
Na primeira metade de Mateus 6 (vs. 1-18), JESUS descreve a vida particular do
cristão "no lugar secreto" (contribuindo, orando, jejuando); na
segunda parte (vs. 19-34) ele trata dos nossos negócios públicos no mundo
(questões de dinheiro, de propriedades, de alimento, de bebida, de roupa e de
ambição). Os mesmos contrastes poderiam ser expressos em termos de nossas
responsabilidades "religiosas" e "seculares". Esta
diferença é enganosa, porque não podemos separar estes dois aspectos em
compartimentos herméticos. Na verdade, o divórcio entre o sagrado e o secular
na história da Igreja tem sido desastroso. Se somos cristãos, tudo o que
fazemos, por mais "secular" que possa parecer (como fazer compras,
cozinhar, fazer cálculos no escritório etc.), é "religioso", no
sentido de que é feito na presença de DEUS e de acordo com a sua
vontade. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito com Ele. (1
Coríntios 6:17). Uma ênfase de JESUS neste capítulo é exatamente sobre
este ponto, que DEUS está igualmente preocupado com as duas áreas da nossa
vida: a particular e a pública; a religiosa e a secular. Pois, de um lado,
"teu Pai celeste vê em secreto" (vs. 4, 6, 18) e, de outro,
"vosso Pai celestial sabe que necessitais de alimento, bebida e
roupa" (v. 32).
Ouvimos os mesmos insistentes convites de JESUS, nas duas esferas, o chamado
para sermos diferentes da cultura popular: diferentes da hipocrisia do
religioso (v. 1-18) e, agora, também diferentes do materialismo do irreligioso
(vs. 19-34). Embora no começo do capítulo fossem principalmente os fariseus que
estavam na mente de JESUS, agora é ao sistema de valores dos "gentios"
que ele nos incita a renunciar (v. 32). Na verdade, JESUS coloca alternativas
diante de nós em cada estágio. Há dois tesouros (na terra e no céu, vs. 19-21),
duas condições físicas (luz e trevas, vs. 22, 23), dois senhores (DEUS e as
riquezas, v. 24) e duas preocupações (nosso corpo e o reino de DEUS, vs.
25-34). E não podemos pôr os pés em duas canoas!
Mas, como fazer a escolha? A ambição do mundo nos fascina fortemente. O encanto
do materialismo é difícil de se quebrar. Nesta seção, JESUS nos ajuda a
escolher o melhor. Ele destaca a insensatez do caminho errado e a sabedoria do
certo. Como nas seções anteriores, sobre a piedade e a oração, aqui,
relativamente à ambição, ele coloca o falso e o verdadeiro, um em oposição ao
outro, de tal modo que nos leva a compará-los e examiná-los por nós mesmos.
Este tópico coloca-nos diante da grande urgência da nossa geração. A medida que
a população do mundo continua aumentando assustadoramente e os problemas
econômicos das nações se tornam cada vez mais complexos, os ricos continuam
ficando mais ricos e os pobres, mais pobres. Não podemos mais fechar os olhos
diante dos fatos. A antiga complacência do Cristianismo burguês foi perturbada.
A adormecida consciência social de muitos já foi despertada. Redescobriu-se que
o DEUS da Bíblia está do lado dos pobres e necessitados. Os cristãos
responsáveis sentem desconforto quando pensam na abundância e estão procurando
desenvolver um estilo de vida simples, que seja adequado face às necessidades
do mundo e, por lealdade, de acordo com os ensinamentos e o exemplo do seu
Mestre.
2. A questão da visão
(vs. 22, 23)
22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu
corpo será luminoso; 23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo
estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes
trevas serão!
JESUS passa da comparativa durabilidade dos dois tesouros para o benefício
relativo de duas condições. O contraste agora é entre uma pessoa cega e uma
pessoa que tem visão, e, consequentemente, entre as trevas e a luz em que elas
respectivamente vivem. São os olhos a lâmpada do corpo. Não é literal,
naturalmente, como se fossem uma espécie de janela deixando a luz entrar no
corpo; mas é uma figura de linguagem facilmente inteligível. Quase tudo que o
corpo faz depende de nossa capacidade de ver. Precisamos ver para correr, para
pular, para dirigir um carro, para atravessar uma rua, para cozinhar, para
bordar, para pintar. O olho, pelo que é, "ilumina" o que o corpo faz
com as mãos e os pés. É verdade que os cegos conseguem enfrentar sua situação
maravilhosamente bem, aprendendo a fazer uma porção de coisas sem os olhos, e
desenvolvendo suas demais faculdades para compensar a falta de visão. Mas o
princípio continua: quem vê anda na luz, enquanto o cego permanece nas trevas.
E a grande diferença entre a luz e as trevas do corpo deve-se a esse pequenino
mas complicado órgão, o olho. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo
será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em
trevas. Na cegueira total, as trevas são completas.
Tudo isto é uma descrição de fatos. Mas também é uma metáfora. Com bastante frequência, o "olho" nas Escrituras é equivalente ao
"coração". Isto é, "colocar o coração" e "fixar os
olhos" em alguma coisa são sinônimos. Um exemplo será suficiente, no Salmo
119. No versículo 10 o salmista escreve: "De todo o coração te busquei;
não me deixes fugir aos teus mandamentos" e, no versículo 18:
"Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua
lei." Semelhantemente, aqui no Sermão do Monte, JESUS passa da importância
de se ter o coração no lugar certo (v. 21) para a importância de se ter os
olhos bons e sadios.
A argumentação parece ser esta: exatamente como nossos olhos afetam todo o
nosso corpo, a nossa ambição (onde fixamos nossos olhos e nosso coração) afeta
toda a nossa vida. Exatamente como o olho que vê dá luz ao corpo, uma ambição
nobre e sincera de servir a DEUS e aos homens aumenta o significado da vida e lança
luz sobre tudo que fazemos. Repito: exatamente como a cegueira leva às trevas,
uma ambição desprezível e egoísta (por exemplo, ajuntar tesouros para nós
mesmos sobre a terra) faz-nos mergulhar nas trevas morais. Ficamos
intolerantes, desumanos, grosseiros, despojando a vida de seu principal
significado.
Tudo é uma questão de visão. Se temos visão física, podemos ver o que estamos
fazendo e para onde vamos. Da mesma forma, se temos visão espiritual, se nossa
perspectiva espiritual está devidamente ajustada, então nossa vida fica cheia
de propósito e de incentivo. Mas se a nossa visão se torna anuviada pelos
falsos deuses e pelo materialismo, e nós perdemos nosso senso de valores, então
toda a nossa vida fica em trevas e não podemos ver para onde vamos. Talvez a
ênfase esteja, com muito mais força do que já sugeri, na perda da visão causada
pela ganância, porque, de acordo com o conceito bíblico, um "olho
mau" é um espírito sovina, avarento, e um "olho bom" é o
generoso. De qualquer forma, JESUS acrescenta novos motivos para ajuntarmos um
tesouro no céu. O primeiro é a sua grande durabilidade; o segundo resulta dos
benefícios atuais, aqui na terra, de uma visão assim.
3. A questão das
riquezas (v. 24)
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar
ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a DEUS e
às riquezas.
JESUS explica, agora, que além da escolha entre dois tesouros (onde vamos
ajuntá-los) e entre duas visões (onde vamos fixar os nossos olhos) jaz uma
escolha ainda mais básica: entre dois senhores (a quem vamos servir). É uma
escolha entre DEUS e Mamom: "Não podeis servir a DEUS e a Mamom"
(ERC); isto é, entre o próprio Criador vivo e qualquer objeto de nossa própria
criação que chamamos de "dinheiro" ("Mamom" é uma
transliteração da palavra aramaica para riqueza). Não podemos servir aos dois.
Algumas pessoas discordam destas palavras de JESUS. Recusam-se a ser
confrontadas com uma escolha tão rígida e direta, e não veem a necessidade
dela. Asseguram-nos que é perfeitamente possível servir a dois senhores
simultaneamente, por conseguirem fazer isso muito bem. Diversos arranjos e
ajustes possíveis parecem-lhes atraentes. Ou eles servem a DEUS aos domingos e
a Mamom nos dias úteis, ou a DEUS com os lábios e a Mamom com o coração, ou a
DEUS na aparência e a Mamom na realidade, ou a DEUS com metade de suas vidas e
a Mamom com a outra.
Pois é esta solução popular de comprometimento que JESUS declara ser
impossível: Ninguém pode servir a dois senhores . . . Não podeis servir a DEUS
e às riquezas (observe o "pode" e o "não podeis"). Os
pretensos conciliadores interpretam mal este ensinamento, pois se esquecem da
figura de escravo e dono de escravo que se encontra por trás destas palavras.
Como McNeile disse: "Pode-se trabalhar para dois empregadores, mas nenhum
escravo pode ser propriedade de dois senhores", pois "ter um só dono
e prestar serviço de tempo integral são da essência da escravidão".
Portanto, qualquer pessoa que divide sua devoção entre DEUS e Mamom já a
concedeu a Mamom, uma vez que DEUS só pode ser servido com devoção total e
exclusiva. Isto simplesmente porque ele é DEUS: "Eu sou o Senhor, este é o
meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem." Tentar dividir a
nossa lealdade é optar pela idolatria.
E quando percebemos a profundidade da escolha entre o Criador e a criatura,
entre o DEUS pessoal glorioso e essa coisinha miserável chamada dinheiro, entre
a adoração e a idolatria, parece inconcebível que alguém faça a escolha errada,
pois agora ê uma questão não apenas de durabilidade e benefício comparativos,
mas sim de valor comparativo: o valor intrínseco de um e a intrínseca falta de
valor do outro.
O VERDADEIRO TESOURO
Mateus 6:19-21 - William Barclay - COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Pr
Henrique.
No ordenamento
quotidiano de nossas vidas, a verdadeira sabedoria consiste em buscar obter
somente aquelas coisas que duram. Quer compremos um traje ou um vestido ou um
automóvel ou um tapete ou um jogo de móveis, o sentido comum nos recomenda evitar
a aquisição de produtos malfeitos e perecíveis a curto prazo, e comprar aquelas
coisas que possuem solidez e permanência e estão bem-feitas. Isto é,
exatamente, o que JESUS nos está dizendo nesta passagem: que devemos nos
concentrar nas coisas que duram. JESUS recorre a três imagens, que correspondem
às três grandes fontes de riqueza na Palestina.
(1) Diz-nos que
evitemos tudo o que a traça pode destruir. No Oriente, parte da riqueza de
qualquer homem consistia em roupas custosas e luxuosas. Quando Geazi, o servo
de Eliseu, quis obter clandestinamente algum proveito da cura que seu amo tinha
efetuado na pessoa de Naamã, pediu-lhe um talento de prata e duas mudas de
roupa (2 Reis 5:22). Uma das coisas que tentou Acã a pecar foi um manto
babilônico de boa qualidade (Josué 7:21). Mas, segundo JESUS, era insensato pôr
o coração em tais coisas, pois quando estavam guardadas, as traças as atacavam,
destruindo toda sua beleza e valor. As posses deste tipo careciam de
permanência.
(2) Também aconselha
que se evitem aquelas coisas que a ferrugem corrompe. A palavra traduzida por
"ferrugem" ou "mofo" (H. A.) significa literalmente "o
que come". Em nenhum outro lugar se encontra essa palavra, brosis, com o
significado de "ferrugem" (óxido de ferro). É muito mais provável que
a ideia fosse a seguinte: No Oriente a riqueza de muitos homens enriquecidos
consistia no grão de uma colheita abundante, e que acumulavam em enormes
celeiros. Mas nesses grãos armazenados podiam entrar carunchos ou roedores, e
deste modo se perdia o tesouro. É muito provável que JESUS esteja fazendo
referência à facilidade com que os ratões, os ratos, e distintos tipos de
insetos podem acabar com uma colheita armazenada durante muito tempo. Posses
deste tipo careciam de permanência.
(3) Em terceiro
lugar, JESUS diz que não se deve acumular tesouros que os ladrões possam furtar
mediante uma escavação. Na Palestina a maioria das casas era feita de barro ou
tijolo cru, e os ladrões podiam entrar fazendo um buraco na parede. Esta
referência, evoca a imagem do homem que guardou em sua casa um pequeno tesouro
e um dia, ao ingressar nela, descobre que os ladrões furaram a parede e,
entrando, levaram o ele que tinha. Não é permanente o tesouro que está à mercê
de qualquer ladrão engenhoso. De modo que JESUS alerta aos homens contra três
classes de prazeres e posses: (1) Sua advertência se dirige contra os prazeres
que podem esfumar-se como um vestido velho. A roupa mais bonita do mundo, com
traças ou sem traças, termina por desintegrar-se. Todos os prazeres puramente
físicos, cada um à sua maneira, terminam perdendo o encanto que nos incitou a
buscá-los. Cada vez que desfrutamos de alguma coisa, a excitação é menor.
Necessita-se maior quantidade para que o efeito siga sendo o mesmo. É como uma
droga, que perde seu poder quando consumida normalmente, e se impõe aumentar
gradualmente a dose se tiver que ser efetiva do mesmo modo que no princípio.
Somos insensatos se fizermos com que nosso prazer consista naquelas coisas que
nos oferecerão cada vez menor compensa.
(2) Também nos
adverte contra os prazeres que podem ser corroídos. O silo cheio de cereais é
inevitavelmente o objeto do interesse de roedores que nunca faltam. Há certos
prazeres que inevitavelmente perdem atração para o homem à medida que envelhece.
Possivelmente já não esteja em condições físicas de desfrutá-los; ou pode ser
que, ao maturar sua personalidade, já não encontre neles a alegria que lhe
produziam quando era mais jovem. Na vida ninguém deveria pôr seu coração
naqueles prazeres que podem desaparecer com a idade. Deveríamos ser capazes de
encontrar nosso deleite naquelas coisas diante das quais o tempo, e sua
capacidade de erosão, é totalmente impotente.
(3) Também somos
advertidos contra os prazeres que nos podem ser roubados. Todas as coisas
materiais pertencem a esta categoria; não há nada material que possamos possuir
de maneira totalmente segura. Se construirmos nossa felicidade sobre o fato de
sua posse, estamos edificando sobre alicerces muito frágeis. Suponhamos que
alguém organize sua vida de tal maneira que sua felicidade consiste no dinheiro
que tem; no dia menos imaginado se produz uma crise financeira e nosso amigo
fica completamente arruinado. Junto com sua riqueza, também se esfumou sua
alegria. O homem verdadeiramente sábio é o que constrói sua felicidade sobre
aquelas coisas que nada nem ninguém lhe pode tirar, cuja posse é independente
dos azares e mudanças da vida. Tudo o que faz com que seu prazer dependa de
coisas falazes, está condenado à frustração. Todo homem cujo tesouro está nas
coisas, mais cedo ou mais tarde o perderá, porque as coisas não estão dotadas
de permanência, e não há nada que dure para sempre.
Mateus 6:19-21
(continuação) Os judeus conheciam muito bem a frase tesouros no céu.
Identificavam esses tesouros principalmente com duas coisas.
(1) Diziam que as
ações bondosas que alguém fazia no mundo, transformavam-se em seu tesouro no
céu. Contavam uma famosa lenda sobre um tal rei Monobaz, de Adiabene, que se
converteu ao judaísmo. “Um ano de fome Monobaz distribuiu seu tesouro entre os
pobres. Suas irmãs enviaram mensageiros para lhe dizer: ‘Seus pais reuniram
tesouros, e os acrescentaram aos de seus pais, mas você dissipou os seus e os
deles.’ Monobaz respondeu: ‘Meus pais reuniram tesouros para esta vida, eu
estou acumulando tesouros para a vida eterna; eles armazenaram sua riqueza em
lugares onde a vontade humana pode governar, mas eu os tenho, agora, em um
lugar onde ninguém pode já dispor deles. Meus pais acumularam tesouros que não
dão interesse, os meus sim dão. Meus pais acumularam tesouros de dinheiro, eu
acumulei tesouros de almas. Meus pais acumularam tesouros para outros, eu os
acumulei para mim. Meus pais acumularam tesouros neste mundo, eu os tenho
guardados no mundo vindouro’.” Tanto JESUS como os rabinos judeus sabiam que
tudo o que se acumula egoisticamente mais cedo ou mais tarde se perde. Mas o
que se oferece a outros com generosidade acumula tesouros no céu. Esse mesmo
princípio seria o que teria que seguir a igreja cristã, depois de seu Mestre. A
Igreja Primitiva sempre cuidou carinhosamente dos pobres, dos doentes, dos
desgraçados e de todos aqueles de quem ninguém se ocupava. Nos dias da terrível
perseguição de Décio, em Roma, as autoridades arrasaram uma igreja cristã. Sua
intenção era apoderar-se dos tesouros que imaginavam estariam armazenados nesse
lugar. O prefeito romano ordenou a Laurêncio, o diácono: "Mostre-me
imediatamente o lugar onde vocês guardam seu tesouro." Laurêncio assinalou
as viúvas e os órfãos que estavam comendo, os doentes que estavam sendo
curados, os pobres, cujas necessidades estavam sendo satisfeitas, e disse:
"Estes são os tesouros da Igreja." A Igreja sempre acreditou que
"perdemos o que guardamos, e ganhamos o que gastamos".
(2) Os judeus sempre
relacionaram a expressão tesouros no céu com o caráter. Quando foi perguntado
ao rabino Yose Ben Kisma se aceitaria viver em uma cidade pagã em troca de um
salário muito elevado por seus serviços, respondeu que nunca viveria em lugar
algum que não fosse morada da Lei, "porque no dia em que deva ir deste
mundo", disse, "nem o ouro nem a prata nem as pedras preciosas irão
comigo, mas apenas o conhecimento que tenha da Lei, e minhas boas obras."
Como afirma o bom provérbio espanhol, "as mortalhas não têm bolsos".
A única coisa que podemos levar deste mundo é nosso caráter, o que somos;
quanto melhor seja a personalidade, o caráter que levemos, maior será nosso
tesouro no céu.
(3) JESUS conclui
esta passagem dizendo que onde estiver nosso tesouro ali estará nosso coração.
Se tudo o que valorizamos está na Terra, se nosso coração também está preso à
Terra, não teremos interesse em nenhum outro mundo a não ser este. Se durante
toda nossa vida o nosso olhar está nas coisas eternas, as coisas deste mundo
serão de pouco valor para nós. Se tudo o que verdadeiramente valer para nós
está nesta Terra, no momento de abandoná-la nos sentiremos defraudados e nos
desesperaremos. Se durante a vida pensamos nas coisas celestiais e as
desejamos, abandonaremos este mundo com alegria, porque finalmente podemos ir
para DEUS. Em certa oportunidade o Dr. Johnson estava passeando por um
maravilhoso castelo e os parques que o rodeavam. Quando acabou de ver tudo,
voltou-se para seus acompanhantes e lhes disse: "Estas são as coisas que
nos fazem tão difícil morrer." JESUS nunca afirmou que este mundo
carecesse de importância: mas disse e repetiu, uma e outra vez, que a
importância deste mundo não está nele mesmo, mas sim naquilo para o qual nos
conduz. Este mundo não é o fim de nossas vidas, é somente uma estação no
caminho. Portanto ninguém deve entregar o seu coração a este mundo e a às
coisas que a ele pertencem, pois seus olhos devem estar fixos permanentemente
na meta que nos espera mais além.
A VISÃO DISTORCIDA
Mateus 6:22-23
A idéia que está por
trás desta passagem é de uma simplicidade infantil. O olho é considerado como a
janela por onde entra a luz que ilumina a totalidade do corpo. A cor e o estado
da janela são os que decidem quanta luz receberá uma habitação. Se a janela
estiver limpa, é de cor clara e o vidro não distorce as imagens, a habitação
será inundada por uma luz pura e abundante, que iluminará todos os cantos. Se o
vidro da janela está sujo, ou é de cor escura, ou está chamuscado, ou coberto
pela geada, a luz encontrará obstáculos, entrará distorcida, suja, e a
habitação ficará escura. A qualidade da luz que entra em uma habitação depende
do estado da janela que deva atravessar para fazê-lo. É assim, diz JESUS, como
a luz que penetra no coração e a alma de cada homem depende do estado
espiritual dos olhos que deva atravessar, porque os olhos são a janela do
corpo. O conceito que fazemos das pessoas depende dos olhos com que as olhemos.
Há certos fatores
muito evidentes que nos podem cegar e distorcer a nossa visão.
(1) O preconceito
pode alterar nossa visão. Não há nada que seja tão capaz de destruir nossa
capacidade de julgamento como os preconceitos que tenhamos. Nos impedem de
formar as opiniões claras, razoáveis e lógicas, que são nosso dever. Cega-nos
por igual ante os fatos e o significado destes. Quase todos os novos
descobrimentos tiveram que abrir caminho, lutando contra irracionais
preconceitos estabelecidos. Quando James Simpson descobriu as virtudes do
clorofórmio teve que lutar contra os preconceitos religiosos e médicos de sua
época. Um de seus biógrafos escreve: "O preconceito, a paralisante
determinação de percorrer somente os caminhos conhecidos, levantou-se contra
ele e fez todo o possível para neutralizar os efeitos dessa nova bênção."
"Muitos clérigos sustentaram que o intento de liberar a mulher de sua
maldição primitiva era lutar contra a lei divina." Uma das coisas mais
necessárias na vida é o exame ousado que seja capaz de nos demonstrar quando
atuamos a partir de princípios válidos e quando somos vítimas de nossos
preconceitos irracionais. Qualquer homem que seja miserável por seus
preconceitos tem olhos que obscurecem e distorcem sua visão da realidade.
(2) O ciúme pode
alterar nossa visão. Shakespeare nos deu uma expressão clássica desta paixão na
tragédia de Otelo. Otelo, um mouro, que se tornou famoso por seus atos de
valentia, casa-se com Desdémona. Está o ama com total dedicação e completa
fidelidade. Como general do exército de Veneza, Otelo promove a Cássio em lugar
de promover a Lago. Este é consumido pelo ciúme, e mediante uma meticulosa
tramoia, e distorcendo os fatos para seu próprio benefício, semeia na mente de
Otelo suspeita com respeito à fidelidade de Desdémona. Inventando evidências
para demonstrar suas afirmações, acende em Otelo uma paixão de ciúme tão
desmedida que este termina assassinando a Desdémona, afogando-a com um
travesseiro. A. C. Bradley escreve: "Ciúme como o de Otelo transformam a
natureza humana em um caos, e liberam a besta que todo homem encerra."
Muitos casamentos, muitas amizades, foram destroçados pelo ciúme, que é capaz
de fazer aparecer circunstâncias perfeitamente inocentes como ações culpadas, e
que nos cegam à verdade e à realidade.
(3) O orgulho pode
alterar nossa visão. Em sua biografia de Mark Rutherford, Catherine Macdonald
MacLean inclui uma observação particularmente cáustica com respeito ao John
Chapman, o editor e livreiro de quem em uma época Rutherford fora empregado:
"Belo como um Lorde Byron, de maneiras amáveis, era extremamente atrativo
para as mulheres, e ele se acreditava ainda mais atrativo do que em realidade
era." O orgulho afeta de duas maneiras a visão de qualquer homem, porque
nos torna incapazes de ver a nós mesmos tal como somos em realidade e de ver a
outros como em realidade são. Se estamos convencidos de nossa extraordinária
sabedoria, nunca seremos capazes de perceber nossas tolices; e se formos cegos
para tudo o que não sejam nossas virtudes, nunca perceberemos nossos defeitos.
Sempre que nos comparemos com outros, suporemos uma vantagem em nós. Jamais
estaremos em condições de nos criticar a nós mesmos, e portanto jamais seremos
capazes de melhorar. A luz em que deveríamos ver a nós mesmos e a outros será
total escuridão.
A NECESSIDADE DE OLHOS GENEROSOS
Mateus 6:22-23 (continuação) Mas
aqui JESUS fala de uma virtude em particular que enche de luz os olhos, e de um
defeito que os obscurece. Em nossas versões se qualifica o olho como bom, são
ou simples e mau. E este é o significado literal do grego, mas as palavras bom
e mau são aqui empregadas, em um sentido muito comum no grego do Novo
Testamento, como generoso e generosidade. Tiago diz, com respeito a DEUS, que
ele dá a todos abundantemente (Tiago 1:5), e o advérbio que usa, em grego, é o
mesmo que aparece em nosso texto como adjetivo. Paulo exorta a seus amigos a
ofertar liberalmente. Temos aqui, outra vez, o mesmo vocábulo (Romanos 12:8).
Paulo, também, lembra aos cristãos de Corinto da liberalidade ou generosidade
das Iglesias (igrejas) da Macedônia, e fala de sua própria generosa
beneficência com todos os necessitados (2 Coríntios 9:31). Para obter um texto
mais fiel ao original devemos traduzir aqui generoso em lugar de bom ou
simples. JESUS elogia o olho generoso. Por oposição, prestemos atenção ao nome
do defeito que JESUS condena. Nossas versões dizem mau ou maligno. E este é,
certamente, o significado mais comum da palavra grega que aparece neste lugar
no texto original. Contudo, tanto no Novo Testamento como na Septuaginta, este
vocábulo também significa normalmente miserável ou avaro ou mesquinho.
Deuteronômio nos fala do dever de emprestar ao irmão que necessita. Mas esta
disposição se complica com a lei de que cada sete anos deviam considerar-se
todas as dívidas perdoadas. Era muito provável que se estivesse perto o
"sétimo ano", o avaro se negasse a emprestar, por temor a que seu
devedor se acolhesse ao cancelamento de dívidas com que podia beneficiar-se ao
chegar o momento, e deste modo jamais lhe devolvesse o que tinha recebido. Por
isso a lei estabelece: "Guarda-te não haja pensamento vil no teu coração,
nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus
olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame
contra ti ao SENHOR, e haja em ti pecado" (Deut. 15:9). As palavras
sublinhadas são exatamente as mesmas que aparecem no ensino de JESUS. É
evidente que aqui olhos maus significa com mesquinhez, de modo avaro, com má
vontade. Voltamos a encontrar a expressão em Provérbios 23:6, onde a se diz
literalmente: "Não coma o pão daquele que tem olho mau." Quer dizer
"Não seja hóspede daquele que grunhe por cada bocado que você come."
Assim também em Provérbios 28:22, onde lemos: "O homem que se apressa em
busca da riqueza tem olho maligno" (V.M.), e significa: "O avaro, que
sempre desconfia de outros, busca apropriar-se de tudo o que pode." Para
chegar ao significado exato das palavras de JESUS em vez de "olho
mau" deveríamos traduzir olho avarento. De modo que JESUS afirma:
"Não há nada como a generosidade para nos permitir ver a vida e as pessoas
de maneira correta: e não há nada como a avareza para fazer com que nossa visão
das coisas e das pessoas seja incorreta."
(1) Devemos ser generosos em
nossos julgamentos com respeito a outros. Uma das características da natureza
humana é pensar sempre o pior, e encontrar um prazer maligno em repetir o pior.
Todos os dias vemos assassinar a boa reputação de pessoas perfeitamente
inocentes na fofoca de pessoas cujos juízos estão impregnados de veneno. O
mundo se veria livre de muito sofrimento se buscássemos pensar o melhor e não o
pior com respeito a nosso próximo, e se nossa interpretação de suas ações fosse
sempre "generosa".
(2) Devemos ser generosos em
nossas ações. A pobreza de outros deve nos fazer sofrer mais que a nossa
própria. Chorar com mais amargura por não poder ajudar a algum necessitado.
"Quando começamos a nos sentir assim, é quando podemos ver a outros, e às
coisas, em uma perspectiva correta. É então quando nossos olhos se enchem de
luz. Há três grandes males do espírito pouco generoso, do "olho
maligno".
(1) Faz com que nos seja
impossível viver conosco mesmos. Quem inveja permanentemente o êxito de outros,
diminuindo o seu, apesar de que um pouco de generosidade poderia repartir felicidade
a outros, fechando seu coração frente às necessidades imperiosas de outros,
transforma-se em uma das mais tristes criaturas da Terra – o homem avarento. Em
seu interior crescem uma amargura e um ressentimento que lhe priva de toda
felicidade, que roubam sua paz e destroem sua alegria.
(2) Faz com que nos seja
impossível viver com os demais. O avaro é aborrecido por todos: não há
indivíduo mais desprezado que o de coração miserável. A caridade cobre multidão
de pecados, mas o espírito ambicioso, por outro lado, torna inúteis uma
multidão de virtudes. Por pior que seja o homem generoso, sempre haverá quem o
ame; por melhor que seja o avaro, todos o detestarão.
(3) Faz com que nos seja
impossível viver com DEUS. Não há ninguém tão generoso como DEUS; em última
análise, não pode haver comunhão entre dois seres que fundam sua existência em
princípios diametralmente opostos. Não pode haver comunhão entre o DEUS que
vive inflamado por um profundo amor, e o avaro, cujo coração está congelado
pela mesquinharia. O olho avarento distorce nossa visão; o olho generoso é o
único capaz de ver com clareza, porque é o único que vê como DEUS vê.
SERVIÇO EXCLUSIVO Mateus 6:24
Para alguém criado no mundo
antigo esta afirmação possuía muito mais força e clareza que para nós. Nossas
versões dizem: "Ninguém pode servir a dois senhores." O original
grego é muito mais contundente. A palavra que se utiliza para
"servir" é o verbo duláin, que significa "ser escravo".
Trata-se portanto de ser escravo de dois amos. Além disso, a palavra traduzida
"senhor" é kurios e, em grego, kurios era o amo absoluto, o senhor de
vida e morte. Possivelmente seria mais exato traduzir "Ninguém pode ser
escravo de dois amos". Para compreender tudo o que isto significa e implica,
devemos lembrar duas coisas com respeito à instituição da escravidão no mundo
antigo. Em primeiro lugar, aos olhos da lei o escravo não era uma pessoa, era
uma coisa. Carecia absolutamente de direitos que fossem próprios; seu amo podia
fazer dele absolutamente o que bem quisesse. Para a lei, o escravo era uma
ferramenta viva. Seu amo podia vendê-lo, castigá-lo, descartá-lo e até matá-lo.
Era sua posse de maneira tão completa como o eram seus bens materiais. Em
segundo lugar, o escravo, na antiguidade, carecia completamente de tempo
próprio. Todos os momentos de sua vida pertenciam a seu amo. Sob as condições
de trabalho que regem na atualidade a pessoa trabalha certo número de horas e
fora desse tempo, sua vida lhe pertence e pode fazer o que quiser. De fato, com
frequência é possível que muitos encontrem e desenvolvam seu verdadeiro
interesse vital fora das horas de trabalho. Alguém pode estar empregado em um
escritório, durante o dia, e ser o primeiro violino em uma orquestra, durante a
noite. Pode trabalhar em uma fábrica, ou em uma oficina siderúrgica durante o
dia, e dirigir um clube de jovens durante a noite, ou nos fins de semana. E é
possível que na Música, ou na liderança do grupo juvenil, estes indivíduos
encontrem o verdadeiro deleite e realização de suas vidas. Era muito diferente
com os escravos, na antiguidade. O escravo não possuía, literalmente, tempo
algum que pudesse considerar dele. Todos os seus momentos pertenciam a seu amo
e estava sempre ao seu dispor. Até mesmo seu corpo era propriedade de seu amo.
Eis aqui, pois, nossa relação com DEUS. Com respeito a DEUS não temos direito
algum. DEUS deve ser o amo indisputado de nossas vidas. Nunca podemos nos
perguntar: "O que eu quero fazer?" Sempre, nossa pergunta deve ser:
"O que DEUS quer que eu faça?" Não nos pertence momento algum. Não
podemos dizer, às vezes: "Agora farei o que DEUS quer que eu faça", e
às vezes: "Agora farei o que eu quero fazer." O cristão não deixa
jamais de ser cristão, ele não tem "férias" ou "licença" de
cristão. Em nenhum momento pode pôr entre parêntese a exigência de DEUS sobre
sua vida, como se não estivesse "de serviço". Não basta com uma
obediência parcial ou de vez em quando. Ser cristão é um trabalho de tempo
integral. Em nenhum outro lugar da Bíblia se expressa de maneira tão clara que
DEUS exige de nós um serviço exclusivo. JESUS segue dizendo: "Não podeis
servir a DEUS e às riquezas." Para os rabinos judeus as riquezas não eram,
pelo menos em princípio, uma coisa moralmente imperdoável. Tinham um dito, por
exemplo, que declarava: "Que a riqueza de seu vizinho te seja tão cara a
ti como o é para ele." Quer dizer, que a pessoa deve considerar as posses
materiais do próximo tão sacrossantas como as próprias. Mas com o correr do
tempo, a palavra que significava "riquezas", em hebreu mamom, foi
modificando sutilmente seu significado. Mamom provém de uma raiz que significa
confiar, e a princípio queria dizer aquele dinheiro que confiamos a alguém para
tê-lo seguro. Era a riqueza que se confiava aos cuidados de alguém. Mas com o
passar do tempo chegou a significar não aquilo em que se confia, mas aquilo em
que alguém põe sua confiança. Finalmente se escreveu com M maiúscula e chegou a
ser considerado uma espécie de divindade: Mamom. A história desta palavra
mostra de maneira vívida como as posses materiais podem usurpar um lugar na
vida que nunca lhes pertenceu. Originalmente as riquezas eram algo que se
confiava a outros para que as cuidassem; no final chegaram a considerar-se como
aquilo no qual o homem põe sua confiança. Por certo que não há descrição mais
adequada do deus a quem servimos que dizer que é aquilo em que pomos nossa
confiança. Quando pomos nossa confiança no poder das coisas materiais, estas
deixaram que transformar-se em nosso sustento para passar a ser o nosso deus.
O LUGAR DAS POSSES MATERIAIS
Mateus 6:24 (continuação)
Este dito de JESUS nos obriga a
refletir sobre o lugar que as posses materiais devem ocupar na vida do homem.
Na base do ensino de JESUS sobre as posses materiais, há três princípios
fundamentais:
(1) Em última análise todas as
coisas pertencem a DEUS. A Escritura o coloca de modo claro. "Do Senhor é
a terra e sua plenitude, o mundo e os que nele habitam" (Salmo 24:1).
"Pois são meus todos os animais do bosque e as alimárias aos milhares
sobre as montanhas.... Se eu tivesse fome, não to diria, pois o mundo é meu e
quanto nele se contém" (Salmo 50:10,12). Nos ensinos de JESUS, é o Senhor
quem dá aos servos seus talentos (Mateus 25:15), e o dono é quem arrenda a
vinha aos lavradores (Mateus 21:33). Este princípio tem consequências de longo
alcance. O homem pode vender e comprar as coisas, pode, em certa medida,
modificá-las e reordená-las; mas não pode criar nada. A propriedade última de
tudo o que existe é divina. Não há nada neste mundo em que o homem possa dizer
de modo absoluto: "Isto é meu." Com respeito a todas as coisas só
pode dizer: "Isto pertence a DEUS, e DEUS me confiou isso para que eu
usar." Portanto, surge um princípio fundamental da vida. Não há nada neste
mundo que seja minha de maneira absoluta, e portanto com respeito a nada posso
dizer: "Isto é meu, e portanto posso fazer com isso o que eu quiser."
Com respeito a todas as coisas estão obrigados a dizer: "Isto é de DEUS, e
portanto devo usá-lo tal como seu proprietário quisesse que fosse usado."
Há a história de um menino criado na cidade que pela primeira vez em sua vida
foi levado ao campo e viu um prado coberto de flores silvestres. Voltando-se
para sua professora, disse-lhe: "Você acha que DEUS Se importaria se corto
algumas de suas flores?" Esta é a atitude correta frente à vida e às
coisas neste mundo.
(2) O segundo princípio básico é
que as pessoas sempre são mais importantes que as coisas. Se para adquirir
posses, para adquirir fortunas, para acumular dinheiro, é preciso tratar as pessoas
como coisas, toda a riqueza que consigamos adquirir é essencialmente má. Em
qualquer lugar e quando for preciso esquecer este princípio ou passar por cima
dele, as consequências depois serão desastrosas. Sustentava-se que para manter
baixos os custos é necessário contar com mão de obra barata (como em um grande
país asiático atual que exporta para o mundo todo). "Teem que reduzir o
preço de venda no mercado em uns poucos centavos mantendo o mais baixo possível
a mão de obra; mas isto se faz debilitando a força da nação; desmoralizando
milhares de concidadãos, e semeando o descontentamento entre as classes
sociais. Os produtos industriais que saem dessas fábricas depois de tudo são
muito caros." Existe o que se pode chamar memória racial. Lá no fundo, na
memória inconsciente do povo, fica indelével a lembrança desses dias. Quando se
trata as pessoas como se fossem coisas, como máquinas, como instrumentos para
produzir mercadorias e enriquecer assim a seus empregadores, não se pode
esperar senão desastres, com tanta segurança como a noite sucede ao dia. A
nação que esquece o princípio da importância única e fundamental da pessoa,
acima das coisas, está hipotecando seu futuro.
(3) O terceiro princípio é que a
riqueza sempre é um bem subordinado. A Bíblia não diz que o dinheiro seja o
princípio de todos os males, mas sim "o amor ao dinheiro é a raiz de todos
os males" (1 Timóteo 6:10, BJ). É perfeitamente possível encontrar-se na
posse de bens materiais o que alguns chamaram um "substituto da salvação".
A pessoa pode pensar que porque é rico pode comprar tudo, que pode livrar-se de
qualquer situação. A riqueza pode transformar-se para ele na medida de todas as
coisas, em seu único afã, na única arma para enfrentar a vida. Se alguém deseja
possuir bens materiais para obter uma relativa autonomia, para atender às suas
necessidades familiares e para poder ajudar ao próximo, está perfeitamente bem;
mas se deseja a riqueza somente para desfrutar de prazeres e luxos, se a
riqueza se transformou no objetivo principal de sua vida, a razão pela qual
vive, pode afirmar-se sem vacilação que os bens materiais deixaram que ser um
bem subordinado, para usurpar na vida o lugar que corresponde a DEUS. De tudo
isto surge uma verdade – a posse de riquezas, de dinheiro ou de objetos
materiais não é pecado, mas é uma grave e séria responsabilidade. Se alguém
possuir abundância de dinheiro ou de bens materiais, não deve felicitar-se a si
mesmo, antes ajoelhar-se em oração, para poder usar suas riquezas tal como DEUS
quer que o faça.
DUAS GRANDES PERGUNTAS SOBRE AS
POSSES Mateus 6:24
Há duas grandes perguntas com
respeito às posses materiais, e da resposta que dermos depende tudo.
(1) Como a pessoa fez para obter
as posses de que desfruta? Tem ela feito de maneira tal que se JESUS CRISTO
fosse testemunha de seus "negócios" poderia orgulhar-se, ou o tem
feito de maneira que queria ocultar-lhe? É possível acumular riquezas à custa
da honestidade e da honra. Certo comerciante tinha chegado a ser muito rico. Ao
medir os tecidos que vendia, calculava para não dar a medida exata. Ou seja,
"tirava de sua alma e metia em sua bolsa". É possível engordar a
conta bancária emagrecendo a consciência. Também se pode acumular riquezas
esmagando os competidores mais fracos. Há muitos que baseiam seu êxito no
fracasso de outros. Muitos conseguiram progredir tirando outros do caminho. É
difícil conceber como o que triunfa desse modo pode dormir tranquilo de noite.
Pode-se acumular riquezas descuidando as obrigações superiores.
(2) Como se usam as riquezas que
se chegaram a adquirir? Há vários modos em que se podem usar as riquezas. Pode
não se dar a elas uso algum. Muitos se caracterizam pelo instinto aquisitivo do
avaro, que se deleita simplesmente na posse. Suas posses podem ser
completamente inúteis – e a inutilidade sempre é desastrosa. Pode dar-se a elas
um uso totalmente egoísta. É possível desejar um salário maior simplesmente
porque se quer comprar um automóvel maior, ou um novo televisor, ou umas férias
mais caras. Pode-se pensar nas posses somente em termos do que estas podem
fazer a favor de si mesmos. Pode dar-se a elas um uso maligno. Pode-se usar a
riqueza para persuadir a alguém de que faça algo que não deve, ou vender coisa
que não se tem direito a vender. Muitos jovens foram subornados ou induzidos ao
pecado pelo dinheiro de alguém. A riqueza dá poder, e o homem corrompido pode
usar seu dinheiro para corromper a outros. E isto, aos olhos de DEUS, é um
terrível pecado. Mas também se pode usar a riqueza para obter uma sã medida de
independência pessoal e para a felicidade de outros. Não se necessita muito
dinheiro para assumir esta atitude, porque uma ação generosa não se mede pelo
montante da dádiva. É impossível ser pervertido pelas riquezas se o seu
possuidor as utiliza para fazer outros felizes. Paulo lembra um dito de JESUS
que todos os outros apóstolos tinham esquecido: "Mais bem-aventurado é dar
que receber" (Atos 20:35). Uma das características de DEUS é sua
generosidade, e se dar é para nós mais importante que receber, usaremos de
maneira correta o que possuímos, seja muito ou pouco.
A PREOCUPAÇÃO PROIBIDA Mateus
6:25-34
Devemos começar nosso estudo
desta passagem nos assegurando de que entendemos o que JESUS proíbe e o que
autoriza. O que JESUS proíbe não é a prudência que prevê o futuro a fim de
tomar medidas necessárias para responder, oportunamente, a suas demandas.
Proíbe o afã, o angustiar-se pelo Amanhã antes de saber o que nos trará o Amanhã.
JESUS não recomenda uma atitude displicente, que não faz provisão para o futuro
nem reflete sobre o que o futuro pode significar concretamente em termos de
exigências e possibilidades. Proíbe, sim, o temor ansioso, doentio, que é capaz
de eliminar toda possibilidade de alegria da vida. No original grego se usa o
termo merimnan, que significa preocupar-se ansiosamente. Em uma carta que se
encontrou escrita em um papiro, a esposa diz a seu marido, que está viajando:
"Não posso dormir nem de noite nem de dia, ansiosa (merimnan) como estou
por seu bem-estar". Em outra carta, a mãe, ao inteirar-se da boa saúde e
prosperidade de seu filho, responde-lhe: "Tal é minha oração e ansiedade
(merimnan) todo o tempo." Anacréon, o crente, escreveu: "Quando oro, minhas
preocupações dormem." Em grego, a palavra merimnan denota ansiedade,
preocupação, afã. Os judeus conheciam perfeitamente esta atitude frente à vida.
O ensino dos grandes rabinos era que a atitude de todo crente para com a vida
devia estar constituída principalmente por uma combinação de prudência e
serenidade. Insistiam, por exemplo, em que todo homem devia ensinar um ofício a
seus filhos homens, porque, conforme afirmavam, não lhes ensinar um ofício
significava ensiná-los a roubar. Quer dizer, acreditavam que era necessário dar
todos os passos recomendáveis para um desempenho prudente na vida. Mas, ao
mesmo tempo, diziam: "Aquele que tem um pão em sua cesta e diz: 'O que
comerei amanhã?' é um homem de pouca fé." A lição de JESUS era bem conhecida
por seus concidadãos que se deve combinar a prudência, a antecipação e a
serenidade em nossa atitude diante da vida.
A ANSIEDADE E COMO SE CURA Mateus
6:25-34
Nestes dez versículos JESUS
apresenta sete argumentos contra a ansiedade.
(1) Começa assinalando (v. 25)
que DEUS nos deu a vida, e que se tal foi a magnitude de seu dom, bem podemos
confiar nEle com respeito às coisas menores.
Se DEUS nos deu a vida,
certamente também nos dará o alimento que necessitamos para seu sustento. Se
nos deu corpos, certamente podemos confiar que nos dá também roupa para que nos
cubramos e abriguemos. Se alguém nos der um dom que não tem preço, podemos
confiar que sua generosidade será sempre magnânima, que não será mesquinho nem
surdo ante nossa necessidade. Portanto, o primeiro argumento é que se DEUS nos
deu a vida, podemos confiar em que nos dará todas as coisas que necessitamos
para sustentá-la.
(2) JESUS prossegue falando das
aves (v. 26). Sua vida está desprovida de preocupação.
Nunca armazenam o que podem
chegar a necessitar em um futuro imprevisível; e entretanto seguem vivendo.
Mais de um rabino se sentiu fascinado ante o modo de vida dos animais. O Rabino
Simeão disse: "Jamais em minha vida vi um cervo que tirasse figos, nem um
leão que transportasse cargas, nem uma raposa que fosse comerciante, e
entretanto todos eles se alimentam, sem afã algum. Se eles, que foram criados
para me servir, vivem sem preocupações, quanto mais eu, que fui criado para
servir a meu Criador, deveria viver sem trabalhar em excesso por meu alimento;
mas eu corrompi minha vida, e desse modo, prejudiquei minha substância."
JESUS não quer dar ênfase ao fato de que as aves não trabalham; no que insiste
é em que estão desprovidos de afã ou de preocupações. Não se poderia encontrar
nos animais esse afã do homem por vigiar um futuro que não pode ver; nem
tampouco é característico deles acumular bens a fim de desfrutar de uma certa
segurança para o futuro.
(3) No versículo 27 JESUS
prossegue demonstrando que, de todos os modos, a preocupação é inútil. Este
versículo pode interpretar-se de duas maneiras distintas. Pode significar que
ninguém, por mais que se preocupe, pode aumentar de estatura. Mas a medida que
JESUS usa como exemplo equivale a uns quarenta centímetros. Também pode
significar, por outro lado, que por mais que nos preocupemos não podemos
acrescentar nem um dia à nossa vida, e este significado é mais provável. De
todos os modos, o que JESUS quer dizer é que a preocupação é inútil.
Preocupar-nos ou não, não vai fazer a diferença e sim a fé em DEUS.
(4) JESUS prossegue referindo-se
às flores (vs. 28-30). Os lírios do campo a que faz referência são
provavelmente as papoulas e as anêmonas. Floresciam silvestres, durante um só
dia, nas serranias da Palestina. E entretanto, durante tão breve vida estavam
vestidas de uma beleza que ultrapassava a dos mantos reais. Quando morriam, não
serviam para outra coisa que para ser queimadas. O forno que se usava nos lares
palestinenses era feito de barro. Era uma espécie de cubo de barro que se
colocava sobre o fogo. Quando se desejava elevar a temperatura desses fornos de
modo rápido, adicionavam-se ao fogo molhos de ervas e flores silvestres secas e
uma vez acesos eram postos dentro do forno. As flores do campo viviam um só
dia, e depois somente serviam para ser queimadas e ajudar à mulher que queria
assar algo e tinha pressa. E entretanto, JESUS as vestia de uma beleza que o
homem, em seus melhores intentos, nem sequer pode imitar. Se DEUS outorga tanta
beleza a uma flor, que somente viverá umas poucas horas, quanto mais faz a
favor do homem? Certamente uma generosidade que é tão pródiga com uma flor de
um dia, não deve esquecer do homem, que é a coroa de toda a criação.
(5) JESUS segue propondo um
argumento fundamental contra a ansiedade. A ansiedade, diz Ele, é
característica dos pagãos e não de quem conhece a DEUS tal qual Ele é (v. 32).
A ansiedade é essencialmente desconfiança com respeito a DEUS. Tal desconfiança
é compreensível em um pagão, que acredita em deuses egoístas, caprichosos e
imprevisíveis, porém não se pode aceitar nos que aprenderam a chamar a DEUS com
o nome de Pai. O cristão não pode trabalhar em excesso porque aprendeu a
acreditar no amor de DEUS.
(6) JESUS prossegue sugerindo
dois modos de derrotar a ansiedade. O primeiro é concentrar-se acima de tudo na
busca do Reino de DEUS. Já vimos que procurar o Reino de DEUS e fazer a vontade
de DEUS são a mesma coisa (Mateus 6:10). A aceitação da vontade divina, e o
propósito de pô-la em ação em nossas vidas, é a primeira maneira de derrotar a
preocupação. Sabemos muito bem, por nossa própria experiência, como um grande
amor pode eliminar de nossa mente qualquer outro interesse e preocupação. Tal
amor pode ser capaz de inspirar o trabalho, intensificar o estudo, purificar a
vida, dominar a totalidade do ser. A convicção de JESUS é que quando DEUS se
torna o poder dominante de nossas vidas desaparece toda ansiedade.
(7) Por último, JESUS afirma que
a preocupação pode ser derrotada, aprendendo a arte de viver um dia de cada vez
(V. 34). Os judeus tinham um dito que afirmava: "Não se preocupe com os
males de amanhã, porque você não sabe o que lhe pode trazer no dia de hoje.
Amanhã talvez você não esteja vivo, e então você terá ficado preocupado pelos
males de um mundo que não lhe pertencerá." Se vivermos cada dia tal como
se nos apresenta, se cumprirmos cada tarefa quando é o momento de fazê-lo, a
soma de nossos dias será necessariamente boa. A recomendação de JESUS é que
deveríamos enfrentar cada dia segundo suas próprias exigências, sem
preocupar-se com um futuro que não somos capazes de prever e por coisas que
provavelmente nem sequer aconteçam.
A INSENSATEZ DA ANSIEDADE Mateus
6:25-34
Vejamos, agora, se podemos
sistematizar os argumentos de JESUS contra a ansiedade.
(1) A ansiedade é desnecessária,
inútil e até nociva. Não pode afetar o passado, porque ninguém pode modificar o
que ficou para trás. "O dedo que se move escreve e, tendo escrito,
continua escrevendo; nem toda a sua piedade e imaginação seriam incapazes de
convencê-lo a apagar sequer uma linha. Nem todas as suas lágrimas serão capazes
de apagar sequer uma palavra." O passado passou. Isto não quer dizer que
alguém deva desentender-se de seu passado, mas sim que deveria usá-lo como
incentivo e guia para agir melhor no futuro, e não como objeto de uma ansiedade
em que se atrasa até ficar totalmente imóvel e incapaz de agir. Do mesmo modo,
é inútil trabalhar em excesso pelo futuro. Trabalhar em excesso pelo futuro é
um esforço inútil, e o futuro real nunca é tão desastroso como o futuro de
nossos temores. Mas a ansiedade é pior que inútil; muito frequentemente é
direta e ativamente daninha. As enfermidades típicas da vida moderna são a
úlcera no estômago, a trombose coronária, a ansiedade e a depressão e em muitos
casos ambas procedem da excessiva preocupação. É um fato comprovado pela
medicina que aqueles que riem mais, vivem mais. Também é comprovado que aqueles
que oram mais, vivem muito mais e mais felizes. A ansiedade, que desgasta a
mente, também desgasta o corpo, junto com ela. Afeta a capacidade de julgamento
do homem, diminui seu poder de decisão e o torna progressivamente cada dia mais
incapaz de enfrentar a vida. Que cada qual enfrente o melhor que possa cada
situação – não pode fazer mais que isso – e deixe o resto a DEUS.
(2) A ansiedade é cega. Nega-se a
aprender a lição que lhe oferece a natureza. JESUS nos pede que olhemos às
aves, toda a maravilhosa abundância e riqueza que respalda a natureza, e que
confiemos no amor que nos fala através dessa riqueza. A ansiedade se nega a
aprender a lição que a História lhe oferece. Um salmista se alegrava recordando
os acontecimentos da história de seu povo. "DEUS meu", exclama,
“Sinto abatida dentro de mim a minha alma”, e prossegue dizendo: “Lembro-me,
portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de
Mizar.” (Salmo 42:5, 6, cf. com Deuteronômio 3:9). Quando tudo se fazia
insuportável ele recebia conforto com a memória do que DEUS tinha feito. O
homem que alimenta seu coração com a história do que DEUS tem feito no passado,
nunca temerá pelo futuro. A ansiedade se nega a aprender a lição que a vida lhe
ensina. Seguimos vivendo, e ainda não temos a soga ao pescoço; e entretanto, se
alguém nos dissesse alguma vez que teríamos que passar os maus momentos que
passamos, e superado, nós lhe diríamos que seria impossível. A lição da vida é
que, de algum jeito, fomos capacitados para suportar o insuportável, e para ir
mais à frente do ponto de fratura, sem nos fraturar. A lição da vida é que a
ansiedade é desnecessária.
(3) A ansiedade é uma atitude
essencialmente irreligiosa. Não é consequência de circunstâncias exteriores. Em
uma mesma situação um pode sentir-se totalmente sereno e outro, em troca,
morrer de preocupação. Tanto a preocupação como a paz provêm, não das
circunstâncias exteriores, mas sim do coração. Um dia certo homem se encontrou
com um mendigo. "DEUS lhe dê um bom dia, amigo", disse-lhe. "Dou
graças a DEUS porque todos os meus dias foram bons", respondeu-lhe o
mendigo; "nunca fui infeliz." Surpreso, o homem lhe perguntou:
"O que você quer dizer?" "Quando faz bom tempo", disse o
pobre homem, "dou graças a DEUS; quando chove, dou graças a DEUS; quando
tenho abundância, dou graças a DEUS. E dou graças a DEUS quando passo fome. E
desde que a vontade de DEUS é minha vontade, e tudo o que agrada a DEUS, agrada
a mim também, por que teria que dizer que sou infeliz, quando em realidade não
o sou?" Surpreso, o homem voltou a lhe perguntar: "Quem é você?"
E o mendigo lhe respondeu: "Sou um rei." "Onde está seu
reino?", perguntou. E o mendigo lhe respondeu, muito tranquilo: "Em
meu coração." Isaías já o havia dito, muito tempo antes: "Tu, SENHOR,
conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em
ti" (Isaías 26:3). Como sustentava aquela mulher nórdica da história:
"Sempre sou feliz, e meu segredo é navegar sempre pelos mares, mas deixar
sempre meu coração no porto." É possível que haja pecados piores que a
ansiedade, mas certamente nenhum é tão prejudicial, nenhum tão paralisante.
"Não pensem no Amanhã com ansiedade", é o mandamento de JESUS, e este
é o caminho que há que nos levar não somente à paz, mas também ao poder.
SUBSÍDIOS DA Lição 10, Nossa
Segurança Vem de DEUS - CPAD - 2º TRIMESTRE 2022
SINÓPSE I - A Riqueza
do Céu e a Riqueza da Terra não têm conciliação.
SINÓPSE II - A
idolatria se caracteriza quando o dinheiro se torna o lugar do coração do ser
humano.
SINÓPSE III - As preocupações com as coisas da Terra trazem diversos males e
causam inquietude na alma.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
TOP2
Não perca o Foco
“Se não tivermos cuidado, podemos acabar nos preocupando com problemas mundanos
e perder o foco em DEUS. JESUS sabia o quanto isso nos seria tentador, por
isso, em seu maior sermão registrado, ele se assegurou de que seus seguidores
soubessem que deveriam determinar as prioridades apropriadas. A vida é muito
atarefada para a maioria de nós! Se você tem as preocupações adicionais de
cuidar de outra pessoa com uma doença ou deficiência permanente, a vida pode se
tornar quase um borrão. Muitas vezes, é difícil manter a perspectiva, manter as
prioridades e manter o foco nas coisas que realmente importam.
JESUS quer que seus discípulos de então e de agora saibam que temos uma vantagem
sobre nossos amigos e conhecidos que não têm vida espiritual: um relacionamento
com DEUS através de JESUS. Ele quer que saibamos que podemos manter o foco onde
deve estar – em DEUS. A vantagem que temos é que nosso Pai celestial já conhece
nossas necessidades (6.32). Por causa disso, os seguidores de CRISTO podem
transferir seus fardos para o Pai celestial, que já está ciente de tudo e
pronto para ajudar. Sim, roupa, abrigo e comida são necessidades da vida, mas
essas coisas não precisam ser nosso foco principal, porque temos um Pai
celestial que nos ajudará com isso” (Bíblia Além do Sofrimento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2020, p.1415).
AMPLIANDO O
CONHECIMENTO TOP2
Não andeis cuidadosos
“‘Andar cuidadoso’ [Mt 6.25] é merimnao, estar ansioso, distraído pelos medos.
Em um segundo sentido pode significar simplesmente preocupar-se. A vida é
psuche, uma palavra que reflete o significado da hebraica nephish e chama a
atenção para nossa natureza como seres que vivem no mundo material. Como
existimos em corpos, precisamos de comida, bebida e abrigo, para mantermos a
vida biológica.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento, publicado pela CPAD, pp.33).
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ TOP3
Para o nosso Bem
“Nosso foco principal como crentes é viver para CRISTO e tornar sua prioridade
(o Reino de DEUS) a nossa também. Quando assim fazemos, a vida em todas as suas
ocupações pode ser vivida para a glória de DEUS, o que resulta em nosso bem.
Quando a vida fica difícil e até dolorosa, roupas e alimentos não são sufi
cientes, mas o nosso Pai celestial está sempre pronto para ajudar em nosso
tempo de necessidade (Sl 46.1)” (Bíblia Além do Sofrimento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2020, p.1415).
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
Não podemos colocar a nossa confiança nos bens materiais. A nossa confiança
deve estar em DEUS. O DEUS Todo-Poderoso não concorre com nenhuma outra
divindade. Portanto, Ele deve ser o único Senhor do nosso coração.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Contrastar a Riqueza do Céu com a Riqueza da Terra;
II) Descrever a Idolatria ao Dinheiro; III) Demonstrar a Quietude Espiritual em
DEUS.
B) Motivação: Uma das marcas dos tempos atuais é a ansiedade. A inquietude está
presente em todas as esferas do ser humano. Nesse sentido, compreender a
riqueza do Céu frente a da Terra é a base para viver a quietude espiritual.
C) Sugestão de Método: Para introduzir a lição de hoje, use imagens de
revistas, ou de internet, que mostre uma pessoa estressada ou inquieta, ou
ainda assoberbada com as tarefas; mostre também uma imagem em que a pessoa
esteja num ambiente de ordem e, por isso, mais tranquila e quieta. Assim,
introduza o assunto da presente lição, dizendo que quanto mais apegado às
coisas da terra, mais inquieta e ansiosa a alma estará.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Incentive os alunos a terem equilíbrio na vida. O ensino de hoje
nada tem a ver com não ter responsabilidade com nossas tarefas. Pelo contrário,
viver a quietude em CRISTO significa se tornar mais sábio para solucionar as
questões difíceis que se colocam diante de nós.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz
reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na
edição 89, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final dos tópicos, você encontrará dois auxílios que
darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "Não perca o
Foco", localizado ao final do primeiro tópico, é uma reflexão sobre manter
o foco em DEUS; 2) O texto "Para o nosso Bem", localizado ao final do
segundo tópico, traz é uma reflexão a respeito do cuidado que DEUS tem conosco
mesmo nos momentos difíceis.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que significa a palavra “Mamom”? Mamom designa dinheiro e cobiça.
2. O que Satanás ofereceu a JESUS quando o tentou? Umas das tentações de
Satanás, quando o Senhor JESUS passou pelo processo de tentação (Mt 4. 1-11),
foi o oferecimento dos reinos deste mundo (Mt 4.9).
3. Segundo a lição, o que ocorre se nossos corações não forem purificados pelo
sangue de JESUS? Nossos corações não podem estar apegados às coisas deste
mundo.
4. Como os escribas e fariseus viam as riquezas? Eles davam muita ênfase aos
bens materiais e viam as riquezas como uma amostra da aprovação divina.
5. Onde o crente deve ajuntar tesouros? Segundo JESUS, o crente deve ajuntar
tesouros no céu “onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões
não minam e nem roubam” (v. 20).
VOCABULÁRIO
Efêmero: que é passageiro, temporário, transitório.