III - A
CONTINUAÇÃO DOS MANDAMENTOS DIVINOS
1 O quinto
mandamento.
Honra a teu pai
e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o
Senhor, teu DEUS, te dá. (Êx 20.12)
As relações
familiares não foram esquecidas por DEUS, e Ele ordenou que os
filhos honrassem seus pais. Isso pode ser feito quando os filhos
obedecem a seus pais, ajudam a tomar conta deles na terceira
idade e quando ouvem seus pais para a tomada de decisões para a
vida.
Infelizmente, há
filhos que não seguem esse mandamento, desobedecendo àqueles que
os criaram, deram educação, alimento, vestimentas e um nome.
Estão desrespeitando o quinto mandamento e não terão uma vida
abençoada por DEUS. Lembremo-nos de que esse é o primeiro
mandamento com promessa, que mostra a extensão de vida dos que
honram seus genitores. DEUS deixa claro que aprendemos a usar a
honra dentro de nossa própria casa, quando honramos nossos pais.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74.
Honrar aos
próprios progenitores não somente é uma forma de piedade do mais
alto calibre, como também é uma regra social de suprema
importância, pois os conflitos domésticos naturalmente têm
reflexos sobre a sociedade como um todo. Visto que os pais atuam
como representantes de DEUS, ocupando o lugar de DEUS no seio da
família, este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação
dos dois primeiros mandamentos. Assim, honrar a Yahweh implica
em honrar aos pais. A solidariedade familiar jamais poderá
tomar-se um fato nos lugares onde houver filhos desobedientes,
que tentem impingir sua voluntariedade às expensas dos pais.
Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte
vital da existência, tão vital quanto a respiração. Um filho que
ousasse ferir seus pais sofria a pena de morte (Êxo. 21.15).
Idêntico castigo cabia a quem amaldiçoasse qualquer de seus pais
(Êxo. 21.17). Somente os zombadores insensatos rejeitariam esse
princípio de respeito pelos próprios pais, e o fim deles é
triste (Pro. 30.17).
Paulo reitera
esse mandamento em Efésios 6.1-3. Todavia, o apóstolo também
frisou sabiamente a responsabilidade dos pais para com seus
filhos (vs. 4). E lembrou que o quinto mandamento é o primeiro
mandamento que envolve uma promessa, ou seja, que os filhos
obedientes serão abençoados com uma vida longa e feliz (Efé.
6.3). Nesse ponto, Paulo citou o trecho de Deuteronômio 5.16.
(veja Efésios 6.1).
A punição
capital era imposta no caso
de quatro crimes, mencionados em Êxo. 21.12-17. Entre
esses queremos destacar aqui a quebra do sexto mandamento (o
homicídio; Êxo. 21.12,14) e a quebra do quinto mandamento (os
abusos contra os pais; Êxo. 21.17).
Aristóteles
pensava que as relações entre filho e progenitor são análogas
aquelas que existem entre o homem e DEUS (Ethics, Nic. vii.12
par.5). O confucionismo alicerça toda a sua moralidade sobre as
relações entre pais e filhos. Os egípcios enfatizavam a questão
a ponto de ameaçarem a uma má vida pós-túmulo aos filhos que
fossem desobedientes a seus pais (apud Lenormant, Histoire
Ancienne, vs. 1, pág. 343 s.).
Interessante é
notar que se os egípcios prometiam uma boa vida pós-túmulo aos
filhos obedientes, o código mosaico só prometia uma boa vida
neste mundo, uma vida longa e abençoada, mas nenhuma promessa de
vida pós-túmulo, o que é típico no Pentateuco. Se existem alguns
indícios sobre uma vida para além da morte biológica (Gên.
1.26,27), essa doutrina só passou a ser destacada formalmente,
no Antigo Testamento, nos Salmos e nos Profetas.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 392.
O Quinto
Mandamento: Honrar os Pais (20.12)
Honra a teu pai
e a tua mãe é o primeiro mandamento em relação aos homens e rege
o primeiro relacionamento que a pessoa tem com outrem: a relação
dos filhos com os pais. Este mandamento é tão básico que é
amplamente universal. A maioria das sociedades reconhece a
importância de filhos obedientes. A melhor exegese deste
versículo é a exortação de Paulo encontrada em Efésios 6.1-3,
onde ele destaca as responsabilidades de pais e filhos. Com este
mandamento ocorre uma promessa. Quem honra os pais tem a
garantia de vida longa. O propósito desta promessa visava a
nação em sua permanência na Palestina e o indivíduo que obedece.
A promessa ainda vigora: a nação cujos filhos são obedientes
permanece sob a bênção de DEUS, e os indivíduos obedientes aos
pais têm a promessa de vida mais longa. Haverá exceções a esta
regra, mas aqui destacamos sua aplicação geral.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190-191.
Êx 20.12. Honra
a teu pai e a tua mãe. Tal como o versículo 8, este é um
mandamento categórico formulado positivamente. O mesmo princípio
sob outra forma pode ser encontrado em 21:15,17: “Quem
ferir ou amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto”. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice
ocupa lugar de honra podem esperar confiantemente desfrutar do
mesmo lugar algum dia. Tal doutrina não é muito popular em
nossos dias, quando a juventude é adorada, e a velhice temida ou
desprezada. O resultado é a loucura que leva homens e mulheres a
lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo
ser isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral
para com a Velhice em Israel (como símbolo e, idealmente,
personificação da sabedoria prática da vida), elogiada em todo o
Velho Testamento (Lv 19:32), e encontrada em muitos outros povos
antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se
o mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida
sagrada e dom de DEUS, os doadores humanos da vida devem ser
tratados com respeito: talvez um israelita não analisasse o
mandamento deste modo.
Para que se
prolonguem os teus dias. Promessa ligada a um mandamento.
Para aqueles que, até àquela altura,
não tinham conhecimento definido de uma vida futura, “dias
prolongados” significavam possibilidade de continuada comunhão
com DEUS, e eram por isso muito importantes. Este mandamento é o ponto em que
a atenção é desviada do relacionamento para com DEUS e se
concentra no relacionamento com a comunidade que Ele criou.
Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em
duas “palavras” , não uma apenas: amor a DEUS e amor ao nosso
próximo (Dt 6:5; Lv 19:18). Mais uma vez, não há contradição: a
realidade de nosso amor declarado a DEUS é demonstrada pela
realidade de nosso amor expresso para com nossos semelhantes (Jr
22:16).
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
151-152.
2. O sexto
mandamento.
Não matarás. (Êx
20.13)
Este mandamento
refere-se ao respeito pela vida. Esta é dom de DEUS, e não pode
ser retirada por outros homens. Infelizmente, a história da
humanidade apresenta um número imenso de pessoas que
assassinaram outras, quer por motivos fúteis, quer por motivos
políticos. Tais pessoas prestarão contas a DEUS por seus atos.
A cultura
judaica previa exceções apresentadas na Bíblia Sagrada, mas cada
caso deve ser analisado realmente como exceção, e não como uma
regra, observando-se os casos em que eram aplicados na cultura
judaica, como a legítima defesa e a morte acidental.
Em nossas leis,
matar uma pessoa é crime tanto quanto o era no Antigo
Testamento. Como cristãos, não podemos deixar de defender a vida
humana em todos os seus aspectos, e cremos que são atos de
covardia e assassinato o aborto e a eutanásia.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74.
Esse mandamento
proíbe o homicídio.
O Antigo
Testamento justificava, contudo, certas formas de homicídio. Um
escravo podia ser morto sem que seu proprietário fosse punido
(Êxo. 21.21). Quem invadisse uma casa podia ser morto, sem
sanções contra quem lhe tirasse a vida (Êxo. 22.2). O sexto
mandamento não proibia os sacrifícios de animais. Matar alguém,
durante as batalhas, não era considerado um crime (Deu. 20.1-4).
É possível que, em alguns casos, fosse permitida a eutanásia
(segundo nos é sugerido em I Sam. 31.4,5). Presume-se que o
suicídio era proibido, embora não seja especificamente
mencionado. De fato, os trechos de
1 Sam.
17.23 e 31.4,5 até podem ser usados como defesa de alguns casos
de suicídio.
A eutanásia,
quando aprovada, é a mais conspícua exceção ao sexto manda-
mento. A lei proíbe o abuso da propriedade por meio do furto
(Êxo. 20.15, o oitavo mandamento). Ora, a vida de um homem é sua
mais preciosa possessão, bem como o veículo de que ele precisa
para cumprir o desígnio divino em sua vida. Portanto, o
homicídio insulta DEUS, e não somente o homem, porquanto
interfere no propósito de DEUS que se está cumprindo nos homens.
Desde os dias do Antigo Testamento, tem aumentado o respeito
peia vida humana; mas o homem está ainda muito longe de ter um
autêntico respeito pela sacralidade da vida humana. Os homens
chamam de yusías certas guerras. Mas é muito raro que ocorra uma
guerra dessas. Há ocasiões em que se torna imprescindível
guerrear contra os psicopatas, como certamente foi Hitler, a fim
de serem salvas muitas vidas. Mas mesmo assim, multas vítimas
inocentes são ceifadas, até mesmo por parte dos chamados poderes
justos. Ficamos perplexos diante das chamadas matanças justas,
que, presumivelmente, teriam sido impulsionadas por Yahweh.
O trecho de
Mateus 5.21,22 expande o sexto mandamento para que inclua o
ódio, a inveja, a má vontade e o assassinato de caráter. A ira
indevida e pensamentos maliciosos, que se expressem em palavras
ou ações, devem ser compreendidos como implicações desse sexto
mandamento.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 392-392.
O Sexto
Mandamento: Não Matar (20.13)
A vida é a
possessão humana mais estimada e é errado privar alguém da vida
sem justa causa. A história de Israel mostra que este mandamento
não é absoluto. Houve a adição de outras cláusulas, como o
homicídio desculpável (21.13), o homicídio acidental (Nm 35.23)
e o homicídio justificável (22.2). Israel também foi autorizado
a matar os inimigos. Não há exegese racional que condene a pena
de morte ou a guerra simplesmente com base neste mandamento.
JESUS esclareceu
seu significado quando o citou: “Não matarás” (Mt 19.18). Não há
justificativa para a instigação de motins e rebeliões
desnecessárias ou outras condições semelhantes que levem ao
derramamento de sangue. Há responsabilidade evidente pelo
cuidado adequado em viagens, projetos construtivos e jogos
esportivos onde haja perigo. Esforços individuais e comunitários
são necessários para a preservação da vida humana. Mas este
mandamento não requer nem justifica o prolongamento da vida por
meio de remédios e equipamentos auxiliares quando a esperança
pela vida normal se extingue.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.13. Não
matarás. Os três próximos mandamentos são lei apodítica em sua
forma mais concisa. O hebraico emprega apenas duas palavras. O
termo hebraico raçaí} é uma palavra comparativamente rara para
“matar” e normalmente indica o assassinato violento de um inimigo
pessoal (Hyatt): “Não assassinarás” é uma tradução viável. O
mandamento é pronunciado da forma mais geral possível, mas a lei
claramente distinguia entre o assassinato propriamente dito e o
homicídio acidental ou não premeditado (21:12-14). Evidentemente
este mandamento jamais foi entendido pelos israelitas como uma
proibição à pena de morte (21:15), embora esta normalmente seja
expressa por um verbo correspondente a “morrer” , e não pelo
verbo “matar” . Além disso, não havia pacifistas ao tempo do
Velho Testamento. Quer a luz da revelação mais completa no Novo
Testamento exija tais conclusões ou não, estas não podem ser
provadas exclusivamente a partir do Velho Testamento. Como no
versículo 16, a proibição parece ser destinada a evitar o
assassinato do “próximo” , um membro da mesma comunidade da
aliança. Em qualquer caso, a santidade da vida, como dom de
DEUS, é estabelecida: daí a “culpa do sangue” ser uma realidade
terrível, desde o tempo de Caim (Gn 4:10).
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
153-154.
3. O sétimo
mandamento.
Não adulterarás.
(Êx 20.14)
Muito conhecido
em todas as épocas, o sétimo mandamento traz um princípio que
reflete a proteção à família e à fidelidade entre os cônjuges.
Quando DEUS diz que não se pode adulterar, Ele está deixando
claro que somos responsáveis por controlar nossos desejos,
principalmente os pecaminosos.
O desejo sexual
dentro do casamento é licito, mas desejar sexualmente uma pessoa
que não o cônjuge é o começo do adultério, e isso se aplica a
todos os demais pecados na esfera sexual.
JESUS deixou
claro que o adultério começa no coração da pessoa, e não no ato
da conjunção carnal apenas. Para que estejamos livres desse
pecado, é preciso ter uma vida sexual saudável com nossos
cônjuges, buscando a pureza sexual dentro do casamento.
Há perdão para
os adúlteros? Sim, tanto quanto há perdão para os demais pecados
(exceto a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO), mas lembremo-nos
de que o adultério traz consequências que podem perdurar pelo
tempo, como o fim do casamento e a ruptura dos laços familiares.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74-75.
Contra o
adultério. No artigo geral, no Dicionário, intitulado Dez
Mandamentos ofereço notas detalhadas sobre essa questão que
devem ser lidas em conjunto com as deste versículo. Assim como
os filhos devem honrar seus pais (Êxo. 20.12), e como os pais
devem honrar seus filhos (Efé. 6.4), assim também os cônjuges
devem honrar-se mutuamente. Isso faz parte de uma estrutura
social que prospera, pelo que faz parte da segunda tábua dos Dez
Mandamentos. Desse modo fica salvaguardada a solidariedade da
família. A poligamia sempre fez parte da sociedade hebreia, pelo
que ter mais de uma esposa, ou ter uma esposa e várias
concubinas não era algo proibido pelo sétimo mandamento. Antes,
o que era condenado era a sedução da esposa de outro homem, ou
(em casos mais raros) a sedução, por parte de uma mulher, do
marido de outra mulher.
O trecho de
Mateus 5.27 ss. elabora aquilo que constituí o adultério,
mostrando- nos que está envolvido mais do que atos sexuais
ilícitos. Existe aquele adultério da mente, de que nenhum homem
ou mulher escapa. Ver também Heb. 13.4 e Lev. 20.10.
O que está
impolítico no adultério ou no sétimo mandamento? O Grande
Catecismo de Westminster, respondendo à pergunta 139, elabora:
“o adultério, a
formicação, o estupro, o incesto, a sodomia, as paixões
desnaturais, a imaginação impura, a impureza nos propósitos e
nos afetos, a linguagem Imoral, os olha- res sensuais, o
comportamento imodesto, as vestes imodestas, os casamentos
ilegítimos, a tolerância de bordéis ou de qualquer tipo de
prostituição, o indevido adiamento no casamento, o divórcio, a
separação ou deserção do cônjuge, a preguiça, a glutonaria, o
alcoolismo, as gravuras, as danças, as peças teatrais e qualquer
outra coisa que excita ou promova pensamentos impuros”.
Ό sétimo
mandamento trata a família como uma unidade social. Seu real
interes- se é a sacralidade do matrimônio. Somente por
implicação envolve a gama inteira da moralidade sexual” (J.
Edgar Park, in loc.).
“Esse mandamento
adverte contra a ditadura do copo físico” (J. Coert Rylaarsdam,
in loc.).
O código de
Hamurabi (artigo 157) requeria a pena de morte na fogueira para
esse tipo de pecado. O trecho de Levítico 20.10 requeria
execução por apedrejamento.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Sétimo
Mandamento: Não Adulterar (20.14)
A pureza sexual
é o princípio subjacente neste mandamento. Adultério
constituiu-se em relações sexuais ilícitas feitas por alguém
casado. Tratava-se de pecado contra a família. Mas este
mandamento é aplicável a todos os tipos de imoralidade sexual. A
concepção em vigor atualmente que afirma haver exceções a esta
regra não tem justificativa. JESUS deixou claro que o adultério
está no coração e ocorre antes do ato (Mt 5.28). Este mandamento
condena todas as relações sexuais que acontecem fora do laço
matrimonial. Também infere a proibição de atos que precedem e
conduzem ao ato sexual.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.14. Não
adulterarás. A Lei permitia poligamia (talvez uma instituição
social necessária à proteção de mulheres solteiras), mas jamais
permitiu poliandria (caso em que uma mulher tem vários maridos
simultaneamente). O fato de um homem ter relações sexuais com a
esposa de outro homem era considerado um pecado hediondo tanto
contra DEUS como contra o homem, já bem antes da lei, ao tempo
dos patriarcas (Gn 39:9). Talvez este mandamento esteja
relacionado ao “furto” e à “cobiça” proibidos nos dois
mandamentos seguintes, já que a esposa pertencia a outrem.
Talvez isto explique um dos aspectos mais intrigantes para nós
que vivemos sob a nova aliança: apesar de que relações sexuais
com prostitutas não sejam recomendadas, também não são proibidas
(embora fosse proibido aos israelitas o permitir que suas filhas
se entregassem a tais práticas degradantes, Lv 19:29). Talvez
isso não infringisse os direitos de outrem, como no caso de um
adultério. Por outro lado, é claro (ver Mt 19:4-6) que a
monogamia era o plano de DEUS para o homem na criação: e sem
sombra de dúvida, tal como o divórcio, a poligamia e mesmo a
fornicação eram toleradas na economia mosaica devido à dureza do
coração humano (Mt 19:8). Em CRISTO, elas se tornam
absolutamente impensáveis (1 Cor 6:15). Longe de anular este
mandamento, CRISTO o intensificou, incluindo como “adultério”
muito do que não é apenas tolerado, mas justificado por nossa
sociedade permissiva (Mt 5:28). Semelhantemente Ele incluiu os
pensamentos maldosos na proibição de assassinato: os mandamentos
têm como alvo o pensamento e a motivação, não apenas o ato (ver
o comentário do décimo mandamento).
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
154.
4. O oitavo
mandamento.
Não furtarás.
(Êx 20.15)
DEUS abençoa uma
vida produtiva de trabalho, e abençoa os bens trazidos para casa
de forma justa. Por isso, Ele espera que a propriedade seja
preservada de ataques, e para isso proíbe o furto e o roubo. O
furto é a retirada furtiva dos bens de uma pessoa, e o roubo,
geralmente, tem o emprego da intimidação ou da violência. Em
ambos os casos, DEUS condena os bens adquiridos por meios
ilícitos.
Não podemos
tirar vantagens de outras pessoas, pois isso é também é uma
forma de furto. Se desejamos ter bens, que sejam adquiridos de
forma lícita, permitida por DEUS e debaixo da sua bênção.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 75.
Respeito pela
propriedade alheia. O ser humano tem direito possuir coisas. E
uma vez que as possua, não pode ser privado delas por parte de
quem quer que seja. Fica entendido, contudo, que tal ser humano
entrou na possessão de suas coisas de maneira honesta, pois, em
caso contrário, ele já roubou tais coisas de alguém, quebrando
assim o oitavo mandamento. O comunismo oficializou o furto de
propriedade privada, por parte do estado, mediante o decreto de
alguns poucos mandamentos. O ladrão às vezes apenas furta
sub-repticiamente, mas muitas vezes também rouba mediante a
violência, incluindo à mão amada. Neste último caso há violência
física, mas todo furto ou roubo é um ato egoísta.
Por muitas
vezes, as coisas que as pessoas possuem foram adquiridas em
troca de trabalho árduo e longo. E contra a natureza privar um
homem daquilo que ele chegou a possuir mediante trabalho e
sacrifício pessoal. Os impostos, embora decretados oficialmente,
também podem ser exorbitantes e pecaminosos, como modos
ilegítimos de que os governantes se valem para lesar os
governados. Logo, taxas excessivas devem ser classificadas como
quebras do oitavo mandamento. E também há uma maneira passiva de
fazer a mesma coisa. Devemos mostrar-nos generosos,
compartilhando com outros de nossos valores monetários. Se assim
não fizermos, então estaremos furtando o que deveria ser dado a
pessoas menos afortunadas do que nós.
Dificilmente
pode ser mantida uma sociedade estável quando os ladrões fazem o
que bem entendem. A desonestidade, em todas as suas formas, é um
grande mal social, custando aos governos um alto preço na
tentativa de controlá-la. Como já dissemos, há formas violentas
e não-violentas de roubo, como também há formas particulares e
públicas. E também há desonestidades individuais e coletivas.
A sacralidade da
propriedade fica implícita no oitavo mandamento.
Alguns
estudiosos ampliam esse mandamento, por implicação, para o que
envolvem os danos causados pela maledicência e pelos ataques
vertais contra outrem. Boa fama, em
homem ou mulher, É a joia
imediata de suas almas. Quem me furta a
bolsa, furta ninharias, Mas quem me
furta o bom nome, Furta-me daquilo
que não o enriquece,
Mas realmente me
empobrece. (Apud Adam
Clarke, poeta inglês desconhecido)
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Oitavo
Mandamento: Não Furtar (20.15)
Este mandamento
regula o direito da propriedade particular. E errado tomar de
outro o que é legalmente dele. Constitui roubo quando a pessoa
se apossa do que legalmente pertence a uma empresa ou
instituição. Não há justificativa para a “apropriação” mesmo
quando a pessoa sente que o produto lhe é devido. Este
mandamento é quebrado quando a pessoa intencionalmente preenche
a declaração do Imposto de Renda com informações falsas, desta
forma retendo tributos devidos ao governo. Esta prática é
imprópria mesmo que o cidadão desaprove o governo.
Também passa a
ser roubo o ato de tirar vantagens de outrem na venda de
propriedades ou produtos, ou na administração de transações
comerciais. E impróprio pagar salários mais baixos do que devem
receber por direito. O amor do dinheiro é o pecado básico
condenado por este mandamento. A obediência é perfeita somente
com um coração puro.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.15. Não
furtarás. Mais uma vez aqui esta proibição visa preservar a
comunhão da comunidade da aliança. Talvez a proibição original
visasse o rapto com propósito de escravidão (ver a experiência
de José em Gn 37), mas sem dúvida todos os tipos de furto estão
incluídos. O código da aliança esclarece os detalhes (por
exemplo, 22:1-4), de modo que não há necessidade de explicações
aqui. Numa sociedade camponesa onde a vida é árdua, qualquer
roubo pode levar à morte, de modo que o furto se torna um crime
sério. Há uma clara ligação entre este mandamento e o décimo.
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
154.
5. O nono
mandamento.
Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo. (Ex 20.16)
Por meio deste
mandamento, DEUS ordenou que tivéssemos duas atitudes: não
mentir nem falar falsamente das pessoas que nos estão próximas.
Esse mandamento afeta diretamente os hábitos de pessoas que não
controlam o que falam, que falam sem pensar e, pior, pessoas que
sempre caluniam seu próximo.
Caluniar é
atribuir falsamente a outra pessoa a prática de um ato que a lei
considera crime. Se Roberto diz que Mário roubou um carro, sem
que Mário o tenha feito, Roberto está caluniando Mário.
Injuriar é
atribuir a outra pessoa fato que pode ofender sua reputação. Se
Ricardo diz que Jorge foi à igreja bêbado, sem que isso tenha
ocorrido, está ofendendo sua moral e sua dignidade.
Difamar é falar
mal de outra pessoa a uma terceira ou mais pessoas, dando-lhes
uma notícia que fira a moral ou a honra de quem se fala.
Todas essas
formas de falso testemunho são passíveis de condenação penal e
são igualmente condenadas por DEUS.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 75-76.
Parece que o
objetivo central deste mandamento é a proteção ao sistema
judiei- al. Os tribunais seriam inúteis se os homens chegassem
ali para mentir. Se tiver de ser feita uma acusação contra outra
pessoa, e se o acusado tiver de defender-se, a verdade terá de
ser dita por ambas as parles, sob pena da justiça naufragar. Mas
esse mandamento também se aplica a questões individuais. A
sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar
mentiras e calúnias sobre seus semelhantes. O trecho de Êxo.
23.1 condena o falso testemunho em nível pessoal. Ver Deu.
19.16-20 que requeria juízo apropriado contra falsas testemunhas
que perturbavam o sistema judicial. A linguagem e os fatos devem
concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20; Jer. 9,5; Sal.
9.5; 15.2; Pro. 12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita
como tempero do amor (Efé. 4.15). Algumas vezes, as meias
verdades prejudicam mais do que as mentiras francas. O amor,
porém, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das meias
verdades.
A mentira
artística vem sendo aprovada desde os tempos mais antigos,
conforme muitos eruditos supõem. Ver o caso de Labão (Gên.
29.21-27), e o caso um tanto anterior de Jacó (Gên. 27.6-36).
Por outro lado, a luz que brilhou por meio de Moisés por certo
condenava qualquer tipo de mentira ou abuso de linguagem.
Antes de Falar:
Faz tudo passar
diante de três portas de ouro: As portas
estreitas são, a primeira: É Verdade? Em seguida: É
Necessário? Em tua mente Fornece uma resposta veraz. E a próxima
É a última e mais difícil: É Gentil? E se tudo
chegar, afinal, aos teus lábios, Depois de feres
passado por essas três portas, Então poderás
relatar o caso, sem temeres Qual seja o resultado de tuas
palavras. (Beth Day)
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Nono
Mandamento: Não Dar Falso Testemunho (20.16)
Enquanto que o
roubo nos priva da propriedade, a conduta da falsa testemunha
nos rouba da boa reputação. Seja no tribunal ou em outro lugar,
nossa palavra sempre deve ser verdadeira. Não devemos divulgar
um relato até que verifiquemos sua veracidade. A repetição da
fofoca é imoral; antes de falar devemos averiguar a correção do
que dizemos. Há ocasiões em que mesmo a informação verdadeira
não deve ser propagada; não temos a obrigação de anunciar a
todos o que sabemos que é a verdade. Mas quando falarmos, até
onde sabemos, sempre devemos dizer a verdade.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192.
Êx 20.16. Não'
dirás falso testemunho. Já que numa sociedade simples, vivendo
no deserto, quase todos os crimes envolviam penas capitais,“
falso testemunho” bem sucedido seria equivalente a assassinato.
Para evitar tal problema, a testemunha deveria ser também o
executor (Dt 17:7), de modo a incorrer na culpa do sangue se
estivesse mentindo. O falso testemunho assume grandes proporções
no Velho Testamento (1 Rs 21:10, por exemplo), como em qualquer
sociedade em que a extrema pobreza exponha o homem à tentação do
suborno. Não há dúvida de que o mandamento poderia ser
generalizado para incluir a proibição de intrigas e mexericos
(Lv 19:16), especialmente de mexerico falso e maldoso que
prejudicasse o próximo.
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
154-155.
6. O décimo
mandamento.
Não cobiçarás a
casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem
o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento,
nem coisa alguma do teu próximo. (Ex 20.17)
A cobiça é uma
das formas mais tristes de tratarmos aquilo que os outros têm. O
cobiçoso sempre vai desejar aquilo que não possui e será
consumido por esse tipo de sentimento, pois vai se achar sempre
inferior aos outros. Nunca estará contente com o que já possui.
Este mandamento
geralmente é citado em nossos dias como “não cobiçarás a mulher
do teu próximo”, mas DEUS também condena:
Cobiçar a casa —
a habitação da pessoa que me é próxima.
Cobiçar o servo
e a serva — pessoas que trabalham para o meu próximo.
Cobiçar o boi e
o jumento — instrumentos de trabalho ou posse do meu próximo.
Cobiçar coisa
alguma — qualquer outra coisa que meu próximo possua.
O que DEUS
ordena abrange todas as coisas que o próximo possui. Não é meu
dever cobiçar o que meu próximo tem, pois isso nos induz a
querer retirar dele o que ele tem. A cobiça é o princípio de uma
vida insatisfeita, que esquece o que já recebeu de DEUS e fixa
seu olhar naquilo que ainda não se tem.
Esses
mandamentos foram dados para serem seguidos. Ressalvando- se as
particularidades da cultura judaica, os princípios dos Dez
Mandamentos não foram revogados. Portanto, tenhamos cuidado em
dar testemunho nesses quesitos.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 76-77.
Contra todas as
formas de cobiça. De acordo com muitos eruditos, esse é o décimo
dos mandamentos mosaicos. Mas os luteranos e os católicos
romanos pensam que o primeiro mandamento incorpora os vss. 3-6.
E assim, neste ponto, eles fazem o vs. 17 desdobrar-se em dois
mandamentos, para ser conseguido o número dez. Na Septuaginta,
neste versículo e em Deu. 5.21, a esposa é mencionada antes de
casar, para que haja um mandamento específico para que não se
cobice a mulher do próximo, ao passo que fica criado um décimo
mandamento, relativo à cobiça acerca dos bens materiais do
próximo. No Dicionário há um artigo detalhado chamado Cobiça,
que inclui as injunções neotestamentárias sobre a questão. Meu
artigo ali também fornece notáveis exemplos bíblicos de cobiça.
Neste ponto, no tocante ao décimo mandamento, aprendemos que a
lei aplica-se não somente aos atos, mas também aos senti- mentos
e intenções do coração. Em outras palavras, a lei envolvia
sentimentos interiores, e não apenas atos externos. O sétimo
mandamento proíbe o sexo com a mulher de outro homem; e o décimo
mandamento proíbe o desejo disso. Neste ponto, a lei aproxima-se
da abordagem feita por JESUS a respeito, em Mat. 5.21 ss. Todos
os pensamentos devem ser levados ao cativeiro a CRISTO (II Cor.
10.5). Se o oitavo mandamento proíbe o roubo, o décimo proíbe
até mesmo o desejo de roubar.
Por conseguinte,
o décimo mandamento opera como uma espécie de limiar das noções
neotestamentárias sobre essas mesmas questões. O Novo Testamento
repete dez dos mandamentos, deixando de fora aquele atinente ao
sábado. Mas o dia do Senhor ou domingo, embora não seja um
sábado ou descanso, envolve as implicações espirituais do
mandamento relativo ao sábado, enaltecendo e iluminando o
sentido espiritual do sábado.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
O Décimo
Mandamento: Não Cobiçar (20.17)
Este último
mandamento está por baixo dos quatro precedentes, visto que
atinge o propósito do coração. Matar, adulterar, roubar e mentir
são resultados de desejos errados que inflamam nosso ser. E
singular que a lei hebraica inclua este desafio ao nosso
pensamento e intenção. “Os antigos moralistas não reconheciam
esta condição” e não condenavam os desejos maus. Mas é no
coração onde se inicia toda a rebelião, e este mandamento revela
o aspecto interior de todos os mandamentos de DEUS. Paulo
reconheceu este aspecto interior da lei quando se conscientizou
de sua condição pecaminosa (Rm 7.7). Muitas pessoas são
absolvidas de crimes com base em atos exteriores, mas são
condenadas quando levam em conta os pensamentos interiores.
Estes desejos cobiçosos são, por exemplo, pela propriedade ou
pela mulher pertencente ao próximo (17). Tais desejos criminosos
precisam ser purgados pelo ESPÍRITO de DEUS; só assim viveremos
em obediência perfeita à santa lei de DEUS.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192.
Êx 20.17. Não
cobiçarás. O termo hebraico hãmaçl, “desejar” , é em si mesmo
neutro. É apenas quando mal orientado para aquilo que pertence a
outrem que tal “desejo” se torna errado. Alguns consideram que
este é o único dos dez mandamentos a proibir uma atitude mental
e não o simples ato externo; mas fazer tal distinção é,
provavelmente, uma falsa compreensão da mentalidade israelita.
Tal como no caso de “amar” e “odiar” , “desejar” é uma
atividade, quase equivalente a uma tentativa de aquisição. Esta
mesma identificação pode ser vista no comportamento infantil.
Casa indica
família, no sentido antigo da palavra,* e a ideia de esposa é
primária. Isto é explicitamente demonstrado em Deuteronômio
5:21, onde a esposa é mencionada em primeiro lugar.
Boi e jumento
são a riqueza típica do camponês ou semi-nômade da Idade do
Bronze, para quem as perplexidades da sociedade desenvolvida
ainda não haviam surgido. “Escravos” eram a única outra forma
de propriedade móvel. Em última análise, desejar, e tentar obter
a propriedade alheia é estar insatisfeito com o que se recebeu
de DEUS, e assim demonstrar falta de fé em Seu amor. Além do
mais, a inveja estimulada por tal atitude levará mais cedo ou
mais tarde a que se prejudique de alguma maneira o próximo, o
que não se coaduna com o dever essencial do amor.
Alt, citado por
Hyatt, entende o oitavo mandamento como uma proibição ao rapto
de israelitas ao passo que o décimo se referiria a uma proibição
ao rapto de suas esposas ou roubo de suas possessões. Tal
divisão parece forçada: se há alguma distinção a ser feita,
seria melhor fazê-la entre “ato” (oitavo) e “motivo”
(décimo),, embora, como já foi dito acima, mesmo esta distinção
não deva ser exageradamente enfatizada.
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
155.
ELABORADO: Pb
Alessandro Silva.