15 dezembro 2021

Escrita Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo, 4tr21, Pr Henrique, EBD NA TV

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Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo

Escrita

https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-13-gloriosa-esperanca-do.html  

Slides

https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-13-gloriosa-esperanca-do.html

Vídeo

https://youtu.be/Ob6EL76x2qE

https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-13-a-gloriosa-esperana-do-apstolo-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv

 
Ajuda -
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao3-ftc-1tr16-esperando-a-volta-de-jesus.htm
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao4-ftc-1tr16-esteja-alerta-e-vigilante-jesus-voltara.htm
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao5-ftc-1tr16-o-arrebatamento-da-igreja.htm 
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao6-ftc-1tr16-o-tribunal-de-cristo-e-os-galardoes.htm
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao7-ftc-1tr16-as-bodas-do-cordeiro.htm
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao8-ftc-1tr16-a-grande-tribulacao.htm
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao9-ftc-1tr16-a-vinda-de-jesus-em-gloria.htm
 
 
TEXTO ÁUREO
“Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação.” (1 Ts 5.8)
 
 
VERDADE PRÁTICA
A esperança gloriosa da volta de JESUS traz sobriedade para as nossas vidas, e disposição para exercer a fé e o amor em esperança.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Ts 4.13-18 Não podemos ser ignorantes quanto à volta do Senhor
Terça - 2 Co 5.8; Fp 1.23 O desejo de partir para estar com CRISTO
Quarta - 1 Ts 4.15,16 A vinda de CRISTO para a sua Igreja
Quinta - Ap 1.7 Quando todo olho verá a vinda do Filho do Homem
Sexta - At 1.6,7 Não nos compete a saber sobre os tempos e as estações
Sábado - At 1.8,11 A promessa do ESPÍRITO SANTO e da vinda de nosso Senhor

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Timóteo 4.6-8; 1 Tessalonicenses 5.1-11
2 Timóteo 4. 6 - Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. 7 - Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 8 - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
1 Tessalonicenses 5. 1 - Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; 2 - porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como ladrão de noite. 3 - Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão. 4 - Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão; 5 - porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. 6 - Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios. 7 - Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. 8 - Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação. 9 - Porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor JESUS CRISTO, 10 - que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. 11 - Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.

COMENTÁRIOS BEP - CPAD
2 Timóteo 4.
4.7 COMBATI O BOM COMBATE. Ao passar em revista a sua vida dedicada a DEUS, Paulo reconhece agora que a sua morte é iminente (v. 6), e descreve sua vida cristã nos seguintes termos. (1) Considera a vida cristã como um "bom combate"; ela é a única luta que vale a pena. Lutou contra Satanás (Ef 6.12); contra os erros religiosos dos judeus e dos pagãos (3.1-5; Rm 1.21-32; Gl 5.19-21); contra o judaísmo (At 14.19; 20.19; Gl 5.1-6); contra o antinomismo e a imoralidade na igreja (2Tm 3.5; 4.3; Rm 6; 1 Co 5.1; 6.9,10; 2 Co 12.20,21); contra os falsos mestres (vv.3-5; At 20.28-31; Rm 16.17,18); contra a deturpação do evangelho (Gl 1.6-12); contra o mundanismo (Rm 12.2); e contra o pecado (Rm 6; 8.13; 1 Co 9.24-27). (2) Completou a sua carreira em meio a provações, dificuldades e tentações, e permaneceu fiel ao seu Senhor e Salvador durante toda a sua vida (cf. 2.12; Hb 12.1,2; 10.23; 11). (3) Conservou lealmente a fé, em tempos de severas provações, de grande desalento e de muitas aflições, não somente quando era abandonado pelos amigos, mas também quando teve de enfrentar a oposição dos falsos mestres. Nunca cedeu terreno no tocante à verdade original do evangelho (2Tm 1.13,14; 2.2; 3.14-16; 1 Tm 6.12).
4.8 A COROA DA JUSTIÇA. Por ter Paulo permanecido fiel ao seu Senhor e ao evangelho que lhe foi confiado, o ESPÍRITO lhe testificou que a aprovação amorosa de DEUS e a "coroa da justiça" o aguardavam no céu. DEUS tem reservado no céu galardões para todos que conservam a fé com justiça (cf. Mt 19.27-29; 2 Co 5.10). A recompensa será no Tribunal de CRISTO (Rm 14:10; 2 Co 5:10).
4.8 OS QUE AMAREM A SUA VINDA. Os cristãos do NT anelavam grandemente a volta do Senhor para levá-los daqui, para ficarem com Ele para sempre (ver 1 Ts 4.13-18; cf. Fp 3.20,21; Tt 2.13). Uma marca distintiva dos fiéis de DEUS é que eles se sentem fora do seu lugar, neste mundo, e já daqui eles aguardam o seu lar celestial (cf. Hb 11.13-16).
1 Tessalonicenses 5.
5.1 DOS TEMPOS E DAS ESTAÇÕES. Tendo falado a respeito da volta de CRISTO a fim de arrebatar os seus seguidores (v.v. 13-18), Paulo agora passa ao assunto do derradeiro juízo divino contra os que rejeitaram a salvação em CRISTO, nesse tempo terrível chamado "o Dia do Senhor" (5. 2). O arrebatamento dos crentes (v. 17) deve ser simultâneo com o início do "Dia do Senhor", para que a volta de CRISTO seja iminente e inesperada, como Ele ensinou (ver Mt 24.42,44).
5.2 O DIA DO SENHOR. O "Dia do Senhor" refere-se, normalmente, não a um dia de 24 horas, mas a um extenso período de tempo durante o qual os inimigos de DEUS são derrotados (Is 2.12-21; 13.9-16; 34.1-4; Jr 46.10; Jl 1.15-2.11,28; 3.9,12-17; Am 5.18-20; Zc 14.1-3), vindo a seguir o reino terrestre de CRISTO (Sf 3.14-17; Ap 20.4-7).
(1) Esse "Dia" começa quando o juízo e tribulação divinos e diretos, caírem sobre o mundo, no fim desta era (v. 3). O período da grande tribulação está incluso no "Dia do Senhor" (Ap 6.19; ver 6.1). Essa ira de DEUS culmina com a vinda de CRISTO para destruir todos os ímpios (Jl 3.14; ver Ap 16.16; Ap 19.11-2.1).
(2) Segundo parece, o Dia do Senhor começa num momento em que as pessoas estão confiantes na paz e na segurança (v. 3).
(3) O "Dia" não surpreenderá os crentes como um ladrão de noite, porque eles foram destinados à salvação, e não à ira, e estão alertas, espiritualmente vigilantes e vivendo na fé, no amor e na justiça (vv. 4-9).
(4) Os crentes serão livres da "ira futura" (1Ts 1.10) pelo Senhor JESUS CRISTO (v. 9), quando Ele vier nas nuvens para arrebatar sua igreja e levá-la ao céu (cf. 4.17; ver Jo 14.3; Ap 3.10).
(5) O Dia do Senhor terminará depois do reino milenar de CRISTO (Ap 20.4-10), na ocasião da criação do novo céu e da nova terra (cf. 2 Pe 3.13; Ap 21.1).
5.2 COMO O LADRÃO DE NOITE. A metáfora sobre o ladrão de noite significa que o tempo do início do Dia do Senhor é incerto e imprevisto. Não há maneira de prever a sua data (ver Mt 24.42-44).
5.3 PAZ E SEGURANÇA. São os incrédulos que estarão dizendo: "Há paz e segurança". Isso talvez signifique que o mundo estará numa expectativa e esperança de paz. O "Dia do Senhor", trazendo tribulação mundial, lhes sobrevirá repentinamente, destruindo qualquer esperança de paz e segurança.
5.4 VÓS, IRMÃOS, JÁ NÃO ESTAIS EM TREVAS. Os crentes não vivem em pecado e rebelião contra DEUS. Pertencem ao dia, e não experimentarão a noite da ira determinada por DEUS (vv. 8,9)
5.6 VIGIEMOS. "Vigiar" (gr. gregoreo) significa "manter-se acordado e alerta". O contexto (vv. 4-9) indica que Paulo não está exortando seus leitores a ficarem à espera do "Dia do Senhor" (v. 2), mas a estarem espiritualmente preparados para escapar da ira do Dia do Senhor (cf. 2.11,12; Lc 21.34-36).
 (1) Se quisermos escapar da ira de DEUS (v. 3), devemos permanecer espiritualmente acordados e moralmente alertas, e devemos continuar na fé, no amor e na esperança da salvação (vv. 8,9; ver Lc 21.36; Ef 6.11).
(2) Visto que os fiéis serão protegidos da ira de DEUS, por meio do arrebatamento (ver v. 2), não devem temer o "Dia do Senhor", mas "esperar dos céus a seu Filho... JESUS, que nos livra da ira futura" (1.10)
5.6 SEJAMOS SÓBRIOS. A palavra "sóbrio" (gr. nepho) tinha dois significados nos tempos do NT.
(1) O significado primário e literal, conforme explicam vários léxicos do grego, é "um estado de abstinência de vinho", "não beber vinho", "abster-se de vinho", "estar totalmente livre dos efeitos do vinho" ou "estar sóbrio, abstinente de vinho". A palavra tem um segundo sentido, metafórico, de alerta, vigilância ou domínio próprio, i.e., estar espiritualmente alerta e controlado, exatamente como alguém que não toma bebida alcoólica.
(2) O contexto deste versículo deixa ver que Paulo tinha em mente o significado literal. As palavras "vigiemos e sejamos sóbrios" são contrastadas com as palavras do versículo seguinte: "os que se embebedam embebedam-se de noite" (v. 7). Sendo assim, o contraste que Paulo fez entre nepho e a embriaguez física indica que ele tinha em mente o sentido literal: "abstinência do vinho". Compare com a declaração de JESUS a respeito dos que comem e bebem com os ébrios, e assim são apanhados desprevenidos na sua volta (Mt 24.48-51). O que não deixa de alertar para a sobriedade espiritual (sem envolvimento com seitas e heresias).
5.9 DEUS NÃO NOS DESTINOU PARA A IRA. Uma razão por que a esperança da volta de CRISTO é tão grande consolo para os crentes (1Ts 4.17,18) é que Ele nos livra da terrível ira de DEUS, i.e., os juízos do Dia do Senhor (vv. 2,3; cf. Ap 6.16,17; 11.18; 14.10,19; 15.1,7; 16.1,19; 19.15).
5.10 VIVAMOS JUNTAMENTE COM ELE. Paulo identifica nosso livramento do dia da ira de DEUS, bem como nossa esperança da salvação, com a morte sacrificial de CRISTO e seu retorno para nos levar à vida eterna juntamente com Ele.


OBJETIVO GERAL - Enfatizar a gloriosa esperança dos cristãos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Ressaltar a consciência de Paulo diante da morte;
Apresentar a doutrina bíblica de Paulo sobre a volta do Senhor;
Expor sobre os tempos e as estações até a volta do Senhor.
 

Resumo da Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Uma morte como oferta de sacrifício (2 Tm 4.6).
2. “Combati o bom combate” (2 Tm 4.7).
3. Gratidão e esperança (2 Tm 4.7,8).
II – A DOUTRINA BÍBLICA DE PAULO SOBRE A VOLTA DO SENHOR
1. A volta do Senhor em 1 Tessalonicenses.
2. As duas fases dessa vinda.
3. Sobre a Grande Tribulação.
III – DOS TEMPOS E DAS ESTAÇÕES ATÉ A VOLTA DO SENHOR
1. Uma atenção à expressão “dos tempos e das estações”.
2. Uma dimensão do ESPÍRITO; uma dimensão do porvir.
3. ESPÍRITO e Porvir: temas da nossa pregação.

  
 
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv-1trim2016.htm
 
 
Os Deveres Ministeriais. A Expectativa Alegre do Apóstolo - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas modificações do Pr. Henrique)
2 Timóteo 4:1-8
Observe:
I
Quão solenemente essa ordem é introduzida (v. 1): Conjuro-te, pois, diante de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino. Observe: Os melhores homens precisam ter um grande temor na execução do seu dever. O trabalho de ministro não é uma coisa indiferente, mas absolutamente necessária. Ai daquele que não anunciar o evangelho (1 Co 9.16). Para levá-lo à fidelidade, ele deve considerar: 1. Que o olho de DEUS PAI e de JESUS CRISTO estava sobre ele: Conjuro-te diante de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO; isto é, “como tu guardas o favor de DEUS e JESUS CRISTO; como tu buscas ser aprovado por DEUS e por JESUS CRISTO, tanto pelas obrigações da religião natural quanto da religião revelada; como tu darás retorno ao DEUS que te criou e ao Senhor JESUS CRISTO te redimiu”. 2. Ele o conjura já que terá de responder a isso no grande dia, lembrando-o do julgamento vindouro, que é confiado ao Senhor JESUS, no Tribunal de CRISTO. Isso interessa a todos, tanto aos ministros quanto às pessoas. Ele aparecerá; Ele virá a segunda vez, na primeira fase, no arrebatamento; será uma aparição misteriosa, como a palavra epifaneia indica. (3) E nós estaremos para sempre com o Senhor (1 Ts 4.17) na Nova Jerusalém (Jo 14.3).
O assunto da conjuração (vv. 2-5).
1. Ele é conjurado a pregar a palavra. Essa é a função dos ministros: uma revelação é confiada a eles. Não são as suas próprias idéias e concepções que devem pregar, mas a pura e clara Palavra de DEUS; e eles não a devem corromper, mas com sinceridade falam de CRISTO, como de DEUS na presença de DEUS (2 Co 2.17) e CRISTO crucificado e resurreto..
2. Ele é conjurado a instar o que pregava e a instilar a Palavra com toda seriedade nos seus ouvintes: “Insta a tempo e fora de tempo, redargúe, repreende, exorta; faz esse trabalho com todo fervor de espírito. Insiste com aqueles que estão debaixo da tua responsabilidade a tomarem cuidado com o pecado e a cumprirem o seu dever: insiste para que se arrependam, creiam e vivam uma vida santa, a tempo e fora de tempo. A tempo, quando estiverem livres para ouvir a ti, quando alguma oportunidade especial se apresentar de falar a eles. Não somente isso, mas faze-o fora de tempo, mesmo quando não há a aparente probabilidade para despertá-los para o evangelho, porque tu não sabes, mas o ESPÍRITO de DEUS pode fazer isso neles; porque o vento sopra onde quer; e pela manhã, semeamos a nossa semente e, à tarde, não retiramos a nossa mão” (Ec 11.6). Devemos fazê-lo a tempo, isto é, não deixar escapar a oportunidade; e fazê-lo fora de tempo, isto é, não esquivar-nos do dever, com o pretexto de que é fora de tempo.
3. Ele deve falar às pessoas a respeito das suas faltas: “Redargúe, repreende. Convence as pessoas perversas do mal e do perigo dos seus caminhos perversos. Procura esforçar-te, lidando claramente com elas, para levá-las ao arrependimento. Repreende-as com seriedade e autoridade, em nome de CRISTO, para que tomem o seu desagrado como uma indicação do desagrado de DEUS”.
4. Ele deve orientar, encorajar e estimular aqueles que começaram bem. “Exorta (persuada a permanecer firme e perseverar até o fim) com toda a longanimidade e doutrina”. (1) Ele deve fazê-lo com muita paciência: com toda a longanimidade. “Se você não vir o resultado dos seus esforços no presente, não entregue os pontos; não se dê o luxo de ficar cansado e desanimado em falar com eles”. Enquanto DEUS mostra a eles toda longanimidade, os ministros devem exortar com toda longanimidade. (2) Ele deve fazê-lo racionalmente, não com paixão, mas com doutrina, ou seja: “Para submetê-los às boas práticas, instile neles bons princípios. Ensine-os a verdade em JESUS, submeta-os a uma fé firme. Isso será um meio de tirá-los do mal e trazê-los para o bem”. Observe: [1] O trabalho do ministro tem várias partes: ele deve pregar a palavra, redargüir, repreender e exortar. [2] Ele deve ser muito diligente e cuidadoso. Ele deve instar a tempo e fora de tempo. Ele não deve poupar esforços, mas deve ser insistente com eles para cuidar da alma e dos interesses eternos deles.
5. Ele deve ser sóbrio em tudo. “Procure uma oportunidade para fazer-lhes o bem; não deixe escapar a oportunidade, por meio da sua negligência. Esteja atento ao seu trabalho. Esteja atento contra as tentações de Satanás, para não ser distraído. Zele pelas almas daqueles que foram confiados a você”.
6. Ele deve contar com as aflições, suportá-las e tirar o máximo proveito delas. Kakopatheson, suporta com paciência. “Não desanime diante das dificuldades, mas suporte-as com uma serenidade de espírito. Habitue-se às privações”.
7. Ele deve conservar na memória o seu ofício e realizar as suas tarefas: Faze a obra de um evangelista. O ofício dos evangelistas era, como ministros de CRISTO (Ef 4.11), pregar o evangelho com poder a todos os povos. Eles não eram pastores estabelecidos, mas evangelizavam de casa em casa e instruiam aos crentes quanto às coisas espirituais. Esse era o trabalho de Timóteo.
8. Ele deve cumprir o seu ministério: Cumpre o teu ministério (Efésios 4.11 - Havia uma grande confiança depositada nele, e, portanto, ele deve corresponder a essa confiança e realizar todas as partes do seu ofício com diligência e cuidado. Desperte o Dom que há em ti (2 Tm 1.6). Observe: (1) Um ministro deve contar com aflições no cumprimento fiel do seu dever. (2) Ele deve suportá-las com paciência, como um herói cristão. (3) Essas aflições não devem desanimá-lo em seu trabalho, porque ele deve fazer o seu trabalho, e cumprir o seu ministério. (4) A melhor maneira de cumprir o nosso ministério é realizá-lo integralmente, em todas as suas partes com o trabalho apropriado.

III
Os motivos para reforçar a ordem.
1. Porque erros e heresias estavam sendo introduzidos na igreja, por meio dos quais a mente de muitos cristãos professos seria corrompida (vv. 3,4): “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina. Portanto, aproveita o tempo presente, quando suportarão a sã doutrina. A igreja em seu início é mais propícia a ouvir a sã doutrina e praticá-la; com o tempo aparecem os falsos mestres e falsos pastores e falsos obreiros e falsos irmãos. Procura esforçar-se agora, porque é época de plantio; quando os campos estão brancos para a colheita, lança a foice, porque o vento presente da oportunidade logo acabará. Não sofrerão (suportarão) a sã doutrina. Haverá aqueles que amontoarão para si doutores e desviarão os ouvidos da verdade; portanto, segura tantos quantos puderes, para que, quando essas tempestades e tumultos surgirem, eles estejam bem firmados e a apostasia deles seja impedida”. As pessoas devem ouvir, e ministros devem pregar, para o tempo futuro, e guardá-los das injúrias que provavelmente surgirão no futuro, embora ainda não tenham surgido. Eles desviarão os ouvidos da verdade. Eles se cansarão do verdadeiro evangelho de CRISTO, e, então, se voltarão às fábulas e terão prazer nelas, e DEUS os entregará à operação do erro, porque não receberam a verdade em amor (2 Ts 2.11,12). Observe: (1) Esses doutores foram amontoados por eles e não foram enviados por DEUS, mas eles os escolheram para satisfazer as suas concupiscências e as cócegas dos seus ouvidos. (2) As pessoas agem assim quando não suportam a sã doutrina, a pregação perscrutadora, clara e com propósito e aí escolhem seus próprios doutores. (3) Há uma grande diferença entre a Palavra de DEUS e a palavra desses doutores; uma é a sã doutrina, a palavra da verdade, a outra é formada apenas de fábulas. (4) Esses que se voltam às fábulas, primeiro afastam seus ouvidos da verdade, porque não conseguem ouvir e prestar atenção nas duas coisas, da mesma forma que não podem servir a dois senhores. Por isso, lemos: voltando às fábulas. DEUS, de maneira justa, permite que aqueles que se cansaram da verdade se voltem às fábulas e os entrega para que sejam desviados da verdade pelas fábulas.
2. Porque Paulo, da sua parte, quase tinha concluído o seu trabalho: cumpre o teu ministério [...], porque eu já estou sendo oferecido etc. (v. 6).
(1) “Portanto, haverá tantas oportunidades a mais para você”. Quando os trabalhadores são tirados da vinha, não é hora de perderem tempo aqueles que ficam no trabalho, mas de dobrar a sua diligência. Quanto menos mãos houver para trabalhar tanto mais laboriosas devem ser as mãos daqueles que estão no trabalho.
(2) “Cumpri o trabalho dos meus dias e da minha geração. Faça o mesmo nos seus dias e na sua geração”.
(3) O conforto e alegria de Paulo, na medida em que a sua partida se aproximava, deveriam encorajar Timóteo a esforçar-se ao máximo em ser diligente e sério no seu trabalho. Paulo era um velho soldado de JESUS CRISTO, Timóteo tinha sido recentemente alistado. “Venha”, diz Paulo, “tenho visto que o nosso Senhor é amável e a sua obra é boa. Posso olhar para trás para a minha batalha com uma boa parte de prazer e satisfação; e, portanto, não tema as dificuldades que precisa enfrentar. A coroa da vida é tão certa como se já estivesse na sua cabeça; e, portanto, suporte as aflições, e cumpra plenamente o seu ministério”. A coragem e conforto de santos e ministros que estão morrendo são uma grande confirmação da verdade da religião cristã e um grande encorajamento para os santos e ministros vivos em relação ao seu trabalho. Aqui o apóstolo volta seu olhar para sua morte iminente: já estou sendo oferecido. O ESPÍRITO SANTO revelava de cidade em cidade que prisões e tribulações o esperavam (At. 20.23). Ele estava agora em Roma e é provável que tenha recebido um claro toque do ESPÍRITO de que ali ele deveria selar a verdade com o seu sangue, e ele entende que esse momento estava se aproximando: já estou sendo derramado; assim está no original: ede spendomai, isto é, já sou um mártir nos meus sentimentos. Isso alude à oferta de libação; porque o sangue dos mártires, embora não fosse um sacrifício de expiação ou propiciação, era um sacrifício de gratidão para a honra da graça de DEUS e de suas verdades. Paulo era um imitador de CRISTO em tudo, até mesmo na morte por perseguição e inveja de seus opositores. Observe:
[1] O prazer que ele tem em falar da morte. Ele a chama de sua partida; embora seja provável que tenha antevisto que teria uma morte violenta e sangrenta, mesmo assim a chama de sua partida ou sua libertação. A morte para um homem justo é a sua libertação da prisão deste mundo e sua partida para o gozo do outro mundo: ele não deixa de existir, mas é apenas removido de um mundo para outro.
[2] O prazer com que ele olha para a vida que tinha vivido (v. 7): Combati o bom combate, acabei a carreira etc. Ele não temia a morte, porque tinha o testemunho da sua consciência de que pela graça de DEUS ele tinha, em alguma medida, correspondido às expectativas do propósito da vida. Como cristão, como ministro, ele tinha combatido o bom combate. Ele tinha realizado o serviço, passado pelas dificuldades da sua batalha e tinha sido um instrumento ao levar avante as gloriosas vitórias do Redentor exaltado sobre os poderes das trevas. Sua vida foi uma carreira, e ele a tinha concluído. Como sua batalha tinha sido cumprida, assim sua corrida tinha acabado. “Guardei a fé. Guardei as doutrinas do evangelho e nunca neguei nenhuma delas”. Note que, em primeiro lugar, a vida de um cristão, mas especialmente de um ministro, é um combate e uma corrida, às vezes comparada a um ou ao outro nas Escrituras. Em segundo lugar, esse é um bom combate, uma boa milícia. A causa é boa, e a vitória é certa, se continuarmos fiéis e corajosos. Em terceiro lugar, devemos combater esse bom combate, devemos concluí-lo e terminar nossa carreira. Não devemos parar até que sejamos mais do que vencedores por aquele que nos amou (Rm 8.37). Em quarto lugar, é um grande consolo para um santo moribundo quando ele pode olhar para trás e dizer com o nosso apóstolo: “Combati etc. Guardei a fé, a doutrina da fé e a graça da fé”. Se pudermos falar da mesma maneira, ao nos aproximar do final dos nossos dias, sentiremos um consolo inexprimível. Portanto, precisamos continuar nos esforçando, contando com a graça de DEUS, para que possamos terminar nossa carreira com alegria (At 20.24).
[3] O prazer com que ele olha para a vida futura (v. 8): Desde agora, a coroa da justiça me está guardada etc. Ele havia sofrido perda por CRISTO, mas estava certo de que ganharia a CRISTO (Fp 3.8). Que isso possa servir de ânimo para Timóteo para suportar as dificuldades como um bom soldado de JESUS CRISTO, que há uma coroa da vida para ele, a glória e a alegria que abundantemente compensarão todas as dificuldades e privações do combate presente. Observe: Ela é chamada de coroa da justiça, porque será a recompensa dos nossos serviços, que o Senhor não esquecerá, porque não é injusto para esquecer, e porque a nossa santidade e justiça serão aperfeiçoadas e serão a nossa coroa. DEUS a dará como justo juiz e não permitirá que alguém se desvie. Essa coroa da justiça não era somente para Paulo, como se pertencesse somente aos apóstolos, aos ministros famosos e aos mártires, mas par a todos os que amarem a sua vinda. Observe: A natureza de todos os santos é amar a vinda de JESUS CRISTO: eles amaram a sua primeira vinda, quando Ele apareceu para tirar o pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb 9.26). Eles têm prazer em refletir a respeito dela. Eles aguardam ansiosos pela segunda vinda de CRISTO naquele grande Dia. Eles a amam e a aguardam com ansiedade. Em relação àqueles que amam a vinda de JESUS CRISTO, Ele virá para a alegria deles. Existe uma coroa de justiça reservada para eles, que na segunda vinda de JESUS CRISTO será dada a eles (Hb 9.28). Disso, podemos aprender que, em primeiro lugar, o Senhor é o Juiz justo, porque seu julgamento é de acordo com a verdade. Em segundo lugar, a coroa dos crentes é uma coroa de justiça, comprada pela justiça de CRISTO e guardada como recompensa pela justiça dos santos. Em terceiro lugar, essa coroa, que os crentes deverão usar, é depositada para eles. Eles não a têm na era presente, porque aqui eles são somente herdeiros. Ela não é deles como uma posse, e, mesmo assim, ela é certa, porque foi depositada para eles. Em quarto lugar, o justo Juiz a dará a todos que amam a sua vinda, se preparam para ela e anelam por ela. Certamente, cedo venho. Amém! Ora, vem, Senhor JESUS! (veja Ap 22.20).
 
 
 
 
TRIBUNAL DE CRISTO
E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. 1 Coríntios 3:12-15
Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Romanos 14:10-12.
Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal. 2 Coríntios 5:10
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao6-ftc-1tr16-o-tribunal-de-cristo-e-os-galardoes.htm
 
 
 
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao8-ftc-1tr16-a-grande-tribulacao.htm
 
 
A Vinda de CRISTO  - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Primeira fase da segunda vinda - arrebatamento
Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. 1 Tessalonicenses 4:13-18
 
1 Tessalonicenses 5:1-5
Nestas palavras, observe:
I
O apóstolo deixa claro aos Tessalonicenses que era desnecessário perguntar acerca do tempo específico da vinda de CRISTO: acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva (v. 1). CRISTO certamente virá, e há um tempo específico decretado para a sua vinda; mas não havia a necessidade de o apóstolo escrever a este respeito, e, portanto, não há dia marcado e revelado para qualquer ser humano. Nem eles nem nós deveríamos perguntar acerca desse segredo, que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (veja At 1.7). Daquele Dia e hora ninguém sabe (veja Mt 24.36). O próprio CRISTO não revelou a hora quando esteve na terra; não fazia parte da sua comissão como o grande profeta da Igreja: Ele também não o revelou aos seus apóstolos; não havia necessidade disso. Há tempos e estações para fazermos nosso trabalho: o nosso dever e interesse é conhecer e observar; mas não sabemos os tempos e estações quando devemos prestar contas, nem é necessário que o saibamos. Observe: Existem muitas coisas que a nossa vã curiosidade deseja saber em que não há necessidade para tal, e o nosso conhecimento a respeito delas não nos faria bem algum. Estejamos todos prontos todos os dias, esperando a volta de JESUS para nos buscar. Isso é o correto.
II
Ele relata que a vinda de CRISTO será súbita e uma grande surpresa para a maioria das pessoas (v. 2). E isso eles sabiam perfeitamente, ou deveriam saber, porque nosso Senhor assim havia dito: o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis (Mt 24.44). Lemos também em Marcos 13.35,36: Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E, sem dúvida, o apóstolo tinha anunciado a eles acerca da vinda de CRISTO, bem como da sua vinda súbita, que é o significado da sua vinda como o ladrão de noite (veja Ap 15.15). Como o ladrão geralmente vem no tempo tranqüilo da noite, quando ele é menos esperado, assim será o Dia do Senhor; tão súbita e surpreendente será a sua aparição. A compreensão disso será mais útil do que saber o tempo exato, porque isso deveria nos despertar para levantar e vigiar, para estarmos prontos quando Ele chegar.
 
Na segunda fase da segunda vinda de JESUS, quando Ele virá em glória e com a Igreja, juízos acontecerão. O dia do Senhor. Após a Grande Tribulação.

III
Ele deixa claro quão terrível a vinda de CRISTO será para os incrédulos (v. 3). O Dia do Senhor significará a destruição deles. O DEUS justo trará ruína para os seus inimigos e os inimigos do seu povo. E essa destruição será total e final, de modo que: 1. Ela será súbita. Ela os surpreenderá, e cairá sobre eles, no meio da sua segurança e animação carnal, quando dizem em seu coração: Há paz e segurança, quando sonham de felicidade e se deleitam com diversões vãs das suas fantasias e paixões, e não pensam nisso – como as dores de parto sobrevirão àquela que está grávida, no tempo devido, mas talvez a vinda não seja esperada naquele momento, muito menos temida. 2. Ela também será uma destruição inevitável: de modo nenhum escaparão; eles de modo nenhum escaparão. Não haverá meios possíveis para evitar o terror nem o castigo daquele dia. Não haverá lugar onde se escondam os que praticam a iniqüidade (veja Jó 34.22), nem abrigo da tempestade, nem sombra do calor abrasador que consumirá os ímpios.
IV
Ele descreve quão confortador esse dia será para os justos (vv. 4,5). Observe aqui: 1. A posição e o privilégio deles. Eles não estão em trevas; eles são filhos da luz etc. Essa era a condição bem-aventurada dos Tessalonicenses, como é o caso de todos os cristãos verdadeiros. Eles não estavam em um estado de pecado e ignorância como o mundo pagão. Eles, noutro tempo, eram trevas, mas, agora, foram feitos luz no Senhor (veja Ef 5.8). Eles foram favorecidos com a divina revelação das coisas que são invisíveis e eternas, especialmente em relação à vinda de CRISTO, e às conseqüências disso. Eles eram filhos do dia, porque a estrela d’alva tinha aparecido sobre eles; sim, o Sol da justiça tinha aparecido sobre eles com cura sob suas asas. Eles não estavam mais debaixo das trevas do paganismo, nem debaixo das sombras da lei, mas debaixo do evangelho, que traz vida e incorrupção à luz (2 Tm 1.10). 2. O grande benefício deles: que aquele Dia não os surpreenda como um ladrão (v. 4). Pelo menos seria culpa deles próprios se fossem surpreendidos por aquele Dia. Eles receberam um aviso claro e ajuda suficiente para precaver-se contra aquele Dia e podem aguardar com conforto e confiança diante do Filho do homem. Isso seria um tempo de refrigério pela presença do Senhor, que aparecerá sem pecado, aos que o esperam para a salvação, e virá a eles como amigo durante o dia, não como ladrão à noite.
 
 
Vigilância e Sobriedade - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
1 Tessalonicenses 5:6-10
De acordo com o que tinha sido dito, o apóstolo apresenta exortações adequadas a diversas obrigações necessárias.
I
Vigilância e sobriedade (v. 6). Essas obrigações são distintas, mas se complementam mutuamente. Porque, enquanto somos rodeados por tantas tentações à intemperança e excesso, não permaneceremos sóbrios, se não estivermos atentos, e, se não permanecermos sóbrios, não vigiaremos por muito tempo.
1. Então, não durmamos... como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios; não devemos estar despreocupados e descuidados, nem tolerar indolência espiritual e preguiça. Não devemos estar de guarda baixa, mas continuamente vigiar contra o pecado e as tentações. A maioria das pessoas é descuidada demais em relação às suas obrigações e desatenta em relação aos seus inimigos espirituais. Elas dizem: Há paz e segurança, quando estão em grande perigo, desperdiçam os preciosos momentos dos quais depende a eternidade, alimentando sonhos inúteis, e não se preocupam mais com o outro mundo do que as pessoas que estão dormindo. Ou eles não se preocupam nem um pouco com as coisas do outro mundo, porque estão dormindo, ou não pensam nelas da forma correta, porque estão sonhando. Mas nós precisamos agir como pessoas que estão acordadas e que estão vigiando. 2. Que também sejamos sóbrios, ou controlados e moderados. Que mantenhemos nossos desejos e apetites naturais em relação às coisas deste mundo dentro dos devidos limites. A sobriedade geralmente se opõe ao excesso de alimento e bebida, e, nesse caso, ela se opõe à embriaguez. Mas ela também se estende a todas as outras coisas temporais. Assim, nosso Salvador advertiu seus discípulos a olhar por eles, para que não aconteça que o seu coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre eles de improviso aquele dia (Lc 21.34). Nossa eqüidade então, como para todas as coisas temporais, deve ser notória a todos os homens, porque perto está o Senhor (veja Fp 4.5). Além disso, vigilância e sobriedade são bastante convenientes ao caráter e privilégio cristãos, pelo fato de serem filhos do dia; porque os que dormem dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de noite (v. 7). É uma coisa bastante vergonhosa dormir durante o dia, que foi feito para trabalhar e não para dormir, estar embriagado durante o dia, quando tantos olhos estão voltados para eles, para observar sua vergonha. Não seria tão estranho se esses que não tinham o benefício da revelação divina se deixassem embalar no sono da segurança carnal pelo Diabo, e se eles colocassem as rédeas ao redor do pescoço dos seus apetites e se deixassem levar por toda forma de confusão e excessos; porque para eles era noite. Eles não estavam conscientes do perigo, portanto dormiam; eles não estavam cientes das suas obrigações, portanto estavam embriagados: mas para os cristãos isso seria tremendamente prejudicial. E como! Acaso os cristãos, que têm a luz do evangelho bendito brilhando em seus rostos, seriam negligentes acerca de sua alma e descuidados em relação ao outro mundo? Esses que têm tantos olhos voltados para si próprios deveriam conduzir-se com uma decência peculiar.
II
Estar bem armado e vigilante: colocar toda a armadura de DEUS. Isso é necessário para que essa sobriedade seja uma preparação para o Dia do Senhor, porque nossos inimigos espirituais são muitos, poderosos e malignos. Eles seduzem muitos para os seus interesses, e os mantêm neles, ao torná-los descuidados, seguros e presunçosos, ao torná-los ébrios – ébrios de orgulho, ébrios de paixão, ébrios e tontos de presunção, ébrios com as gratificações dos sentidos. Por isso precisamos nos preparar contra essas investidas, ao vestir a couraça espiritual para proteger o coração, e o capacete espiritual para guardar a cabeça; e essa armadura espiritual consiste de três grandes graças dos cristãos: fé, amor e esperança (v. 8). 1. Devemos viver pela fé, e isso nos manterá vigilantes e sóbrios. Se cremos que os olhos de DEUS (ESPÍRITO) estão sempre sobre nós, que temos inimigos espirituais com os quais devemos lutar, que existe um mundo de espíritos que devemos enfrentar, veremos motivos para vigiar e estar sóbrios. A fé será nossa melhor defesa contra os assaltos dos nossos inimigos. 2. Devemos ter um coração inflamado de amor; e essa também será a nossa defesa. Um amor verdadeiro e fervoroso por DEUS e pelas coisas de DEUS nos manterá vigilantes e sóbrios e impedirá a nossa apostasia em tempos de dificuldades e tentações. 3. Devemos tornar a salvação a nossa esperança. Devemos ter uma esperança viva a esse respeito. Essa boa esperança, por meio da graça, de vida eterna, será como um capacete para defender nossa cabeça e impedir que sejamos intoxicados com os prazeres do pecado, que são por pouco tempo. Se temos uma esperança viva em relação à salvação, tomemos cuidado para não fazermos coisas que ponham em risco a nossa esperança, ou nos tornem indignos ou desqualificados para a grande salvação pela qual esperamos. Tendo mencionado a salvação e a esperança dela, o apóstolo mostra quais fundamentos e motivos os cristãos têm para esperar por essa salvação; no entanto, ele não diz nada que os façam merecê-la. Não, a doutrina do nosso merecimento está em completo desacordo com as Escrituras; não há fundamento para esse tipo de doutrina. Mas nossas esperanças devem estar fundamentadas: (1) No destino de DEUS: porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação (v. 9). Se remontássemos a nossa salvação à primeira causa, seria o desígnio de DEUS. Aqueles que vivem e morrem na escuridão e ignorância, que dormem e estão embriagados como na noite, são claramente destinados para a ira; mas quanto aos que são do dia, se vigiarem e permanecerem sóbrios, é evidente que são destinados para a aquisição da salvação. E a certeza e a firmeza do destino divino são o grande apoio e encorajamento da nossa esperança. Se obtivéssemos a salvação por mérito ou poder próprios, teríamos pouca ou nenhuma esperança dela; mas quando reconhecemos que a obtemos pela virtude do desígnio de DEUS, que certamente não pode ser abalado (para que o propósito de DEUS, segundo a eleição, ficasse firme), nisso edificamos uma esperança inabalável, especialmente quando consideramos que: (2) O mérito e a graça vêm de CRISTO, e que a salvação é pelo nosso Senhor JESUS CRISTO, que morreu por nós. Portanto, nossa salvação e nossas esperanças estão fundamentadas na redenção de CRISTO, e, como devemos pensar no desígnio e propósito graciosos de DEUS, também devemos pensar na morte e sofrimento de CRISTO, para esse fim, para que, quer vigiemos, quer durmamos (quer vivamos ou morramos, porque a morte não passa de um sono para os crentes, como o apóstolo tinha anunciado anteriormente), vivamos juntamente com CRISTO, vivamos em união e em glória com Ele para sempre. E, como é a salvação que os cristãos esperam para estarem para sempre com o Senhor, assim o fundamento da esperança deles é a sua união com Ele. E se eles estão unidos com CRISTO, e vivem nele, e vivem para Ele, aqui, a morte não será nenhum prejuízo para a vida espiritual, muito menos para a vida de glória no futuro. Pelo contrário, CRISTO morreu por nós para que, em vida ou na morte, sejamos dele; para que possamos viver para Ele enquanto estivermos aqui, e viver com Ele quando sairmos daqui.
 
 
 
Várias Exortações. O Dever em relação aos Companheiros Cristãos - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
1 Tessalonicenses 5:11-15
Nestas palavras, o apóstolo exorta os Tessalonicenses a realizarem diversos deveres.
I
Em relação àqueles que estavam intimamente ligados uns aos outros. Isso deveria consolá-los, ou exortar um ao outro e edificar um ao outro (v. 11). 1. Eles devem confortar ou exortar a si mesmos e uns aos outros; porque a palavra original pode ser traduzida das duas maneiras. E podemos observar: As pessoas que sabem confortar-se são capazes e aptas a confortar os outros; assim, o modo de confortar-nos a nós mesmos, ou prover conforto aos outros, é sujeitar-nos à exortação da palavra. Observe: Não deveríamos apenas ser cuidadosos acerca do nosso conforto e bem-estar, mas também promover o conforto e bem-estar aos outros. Foi Caim que disse: Sou eu guardador do meu irmão? Devemos levar as cargas uns dos outros e assim cumprir a lei de CRISTO. 2. Eles devem edificar uns aos outros, ao seguir as coisas que servem... para a edificação de uns para com os outros (Rm 14.19). Uma vez que os cristãos são pedras vivas que se unem e formam uma casa espiritual, eles devem se empenhar em fomentar o bem de toda a igreja ao promover a obra da graça uns nos outros. É nosso dever estudar aquilo que serve para a edificação daqueles com quem nos conectamos, para agradar a todos para o verdadeiro proveito deles. Devemos transmitir nosso conhecimento e experiência uns aos outros. Devemos nos unir em oração e louvor uns com os outros. Devemos ser um bom exemplo uns para com os outros. E é o dever, especialmente daqueles que moram na mesma vizinhança e família, confortar e edificar uns aos outros; essa é a melhor vizinhança, o melhor meio de cumprir a finalidade da sociedade. Como as pessoas que estão intimamente ligadas têm as maiores oportunidades, assim elas estão debaixo de maior obrigação, de fazer o bem umas às outras. Foi isso que os Tessalonicenses fizeram (como também o fazeis), e é isso que eles são exortados a continuar fazendo cada vez mais. Observe: Aqueles que fazem o que é bom precisam de mais exortação para estimulá-los a fazer o bem, e a fazer ainda mais, além de continuar fazendo o que já estão fazendo.
 
 
A segunda prisão de Paulo em Roma e seu martírio - Comen. Expo. H. D. Lopes (com odificaçoes do Pr Henrique)
(2Tm 4.6-22)
A primeira prisão de Paulo foi por motivação religiosa; a segunda, por moti­vos políticos. A primeira prisão estava ligada à perseguição judaica; a segunda, vinculada ao decreto do imperador. Da primeira prisão, Paulo saiu para dar continuidade à obra missionária; da segunda, Paulo saiu para o martírio.
Em 49 d.C., o imperador Cláudio expulsou de Roma todos os judeus (Atos 18.2). Muitos deles, a essa altura, já eram cristãos. Mas, em 64 d.C., houve um terrível incêndio em Roma, e o imperador Nero lançou a culpa dessa tragédia sobre os judeus e os cristãos.
Nero chegou ao poder em outubro de 54 d.C. Insano, pervertido e mau, era filho de Agripina, mulher promíscua e perversa. Na noite de 17 de julho de 1964, um catastrófico incêndio estourou em Roma. O fogo durou seis dias e sete noites. Dez dos quatorze bairros da cidade foram destruídos pelas chamas vorazes.
Segundo alguns historiadores, o incêndio foi provocado pelo próprio Nero, que assistiu ao horrendo espetáculo do topo da torre Mecenas, no cume do Paladino, vestido como um ator de teatro, tocando sua lira e cantando versos acerca da destruição de Troia. Pelo fato de dois bairros em que havia grande concentração de judeus e cristãos não terem sido atingidos pelo incêndio, Nero encontrou uma boa razão para culpar os cristãos pela tragédia.
A partir daí, a perseguição contra os cristãos tornou­-se insana e sangrenta. Faltou madeira na época para fazer cruz, tamanha a quantidade de cristãos crucificados. Os crentes eram amarrados em postes e incendiados vivos para iluminar as praças e os jardins de Roma. Outros, segundo o historiador Tácito, foram jogados nas arenas enrolados em peles de animais, para que cães famintos os matassem a dentadas. Outros ainda foram lançados no picadeiro para que touros enfurecidos os pisoteassem e esmagassem. A loucura de Nero só não foi mais longe porque, em 68 d.C., boa parte do império se rebelou contra ele, e o senado romano o depôs. Desesperado, sem ter para onde ir, Nero se suicidou.
No tempo em que explodiu essa brutal perseguição, Paulo estava fora de Roma, visitando as igrejas. Por ser o líder maior do cristianismo, tornou-se alvo dessa ensandecida cruzada de morte. Possivelmente quando estava em Trôade, na casa de Carpo, foi preso pelos agentes de Nero e levado a Roma para ser jogado numa masmorra úmida, fria e insalubre. Foi dessa prisão que Paulo escreveu essa carta a Timóteo. E digno de destaque que nessa carta Paulo não pede oração para sair da prisão nem expressa expectativa de prosseguir em seu trabalho missionário. O idoso apóstolo está convencido de que a hora de seu martírio havia chegado.
Como Paulo encerra a sua carreira? Que avaliação faz de sua vida? Se esse veterano apóstolo fosse examinado pelas lentes da teologia da prosperidade, seria um fracasso. O maior pregador, missionário, teólogo e plantador de igrejas da história do cristianismo está velho, jogado numa masmorra, pobre, cheio de cicatrizes, abandonado no corredor da morte. O grande apóstolo dos gentios está sozinho num calabouço romano, sem dinheiro, sem amigos, sem roupas para enfrentar o inverno, sofrendo as mais amargas privações. Como esse homem se sente? Como ele avalia seu passado, seu presente e seu futuro?
Destacamos a seguir alguns pontos fundamentais acerca da atitude desse bandeirante da fé no momento em que se viu no corredor da morte.
A vida não é simplesmente viver; a morte não é simplesmente morrer (2Tm 4.6-8)
Em 2Timóteo 4.6-8, Paulo faz uma profunda análise do seu ministério e, antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito a seu passado, presente e futuro. Acompanhemos sua análise.
Em primeiro lugar, Paulo olhou para o passado com gratidão. Combatí o bom combate, completei a carreira, guardei a fé (4.7). O que fora um propósito, ou seja, completar a carreira (At 20.24), era agora um retrospecto. Paulo está passando o bastão para o seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra, como havia sido sua vida: um duro combate. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido. Hans Burki diz que Paulo lutou contra poderes sombrios da maldade; contra Satanás; contra vícios judaicos, cristãos e gentílicos; contra hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto; contra fanáticos e desleixados em Tessalônica; contra gnósticos e judaizantes em Efeso e Colossos; e, não por último - no poder do ESPÍRITO SANTO -, contra o velho ser humano dentro de si mesmo, tribulações externas e temores internos. Acima de tudo e em todas as coisas, porém, lutou em prol do evangelho, a grande luta de sua vida, seu bom combate. O apóstolo podería morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o que lhe importava (At 20.24). Mas ele também deixa claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e a morte é mais do que morrer.
Em segundo lugar, Paulo olhou para o presente com serenidade. Quanto a mim, estou sendo oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegadoif.G) O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que tirará a vida; é ele quem vai oferecê-la. E ele não vai oferecê-la a Roma, mas a DEUS. Stott diz que Paulo compara sua vida com um sacrifício e uma oferta para DEUS.215 John N. D. Kelly explica que essa metáfora vivida é tirada do costume litúrgico judaico de derramar, como o ritual preliminar da oferenda diária no templo e de certos sacrifícios, uma libação (oferta de bebida) de vinho ao pé do altar (Ex 29.40; Nm 28.7).216 Hans Burki acrescenta que a libação, feita de vinho forte, não era o sacrifício propriamente dito. Pelo contrário, era derramada sobre o animal a ser sacrificado (Nm 15.1-10). Paulo, portanto, entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da igreja (Fp 2.17) e derramada no mais verdadeiro sentido sobre o holocausto [sacrifício total] do Messias JESUS (Rm 8.32).
Paulo se refere à sua morte como uma partida. John N. D. Kelly diz corretamente que Paulo usa a palavra partida como um eufemismo para a morte, evocando o quadro de um navio levantando âncora ou de um soldado ou viajante levantando acampamento. Para Calvino, a palavra partida contém um testemunho da imortalidade da alma, pois a morte é apenas uma separação da alma do corpo. Assim, a morte não é outra coisa senão a partida da alma quando se separa do corpo. Para o apóstolo Paulo, a morte dos crentes equivale a partir para estar com CRISTO, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23); é deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.8); é lucro (Fp 1.21). A Bíblia diz que a morte dos santos é preciosa aos olhos do Senhor (SI 116.15); é bem-aventurança (Ap 14.13), pois é ser levado para o seio de Abraáo (Lc 16.22), ir ao paraíso (Lc 23.43) e ir para a casa do Pai (Jo 14.2).
A palavra grega analysis, partida, era usada em quatro circunstâncias. O primeiro significado se relaciona a aliviar alguém de uma carga. A morte é descansar das fadigas (Ap 14.13). O segundo refere-se a soltar um prisioneiro. Paulo vislumbrava sua libertação, não sua execução. Matthew Henry diz que a morte para um homem justo é sua liberta­ção da prisão deste mundo e sua partida para o gozo do outro mundo: ele não deixa de existir, mas é apenas removido de um mundo para outro. O terceiro significado é levantar acampamento e deixar a tenda temporária para voltar para o lar. A morte para Paulo significava mudar de endereço.
Era deixar este mundo e ir para a casa do Pai. Era deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.8). Era partir e estar com CRISTO, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). E o quarto significado é desatar o barco e singrar as águas do rio e atravessar para o outro lado. A morte para Paulo significava fazer a última viagem da vida, rumo à Pátria celestial. A morte não o intimidava. Ele sabia em quem havia crido e para onde estava indo. Ele mesmo chegou a afirmar: Para mim o viver é CRISTO e o morrer é lucro (Fp 1.21).
Em terceiro lugar, Paulo olhou para o futuro com esperança. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda (4.8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de JESUS, dava a Paulo uma agradável expectativa do futuro. Mesmo que o imperador o condenasse à morte e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz revogaria o veredito de Nero, considerando-o sem culpa e dando-lhe a coroa da justiça. Como num brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama: Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz me dará naquele Dia! Carl Spain destaca que a coroa de Paulo não era um símbolo de sua justiça, nem uma recompensa por ele merecida. CRISTO era a sua recompensa (Fp3.8,13,14). Concordo com Stott quando ele escreve:
Nosso DEUS é o DEUS da história. DEUS está executando o seu propósito ano após ano. Um obreiro pode cair, mas a obra de DEUS continua. A tocha do evangelho é transmitida de geração em geração. Ao morrerem líderes da geração anterior, é da maior urgência que se levantem aqueles da geração seguinte e com coragem tomem os seus lugares. O coração de Timóteo deve ter sido profundamente tocado por essa exortação do velho guerreiro Paulo, que o levara a CRISTO.
 


SUBSÍDIOS DA Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo - 4TR21-CPD
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Esta aula é uma oportunidade ímpar para falar da esperança cristã. Todo verdadeiro cristão tem uma esperança latente em sua caminhada com CRISTO no mundo: o dia do encontro com o seu Senhor. O apóstolo Paulo cultivava diariamente essa esperança. Seu desejo era estar com CRISTO para sempre. Que a lição desta semana nos ajude a priorizar a esperança cristã em nossa caminhada com CRISTO. Uma das bençãos mais extraordinária é preservar a esperança cristã diante das experiências difíceis no mundo.

PONTO CENTRAL - A volta do Senhor é a gloriosa esperança dos cristãos.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - O apóstolo Paulo pensava na sua morte como uma oferta de sacrifício.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A volta de CRISTO se dará em duas fases: primeira, somente para os santos; segunda, para todos os homens.
SÍNTESE DO TÓPICO III - A mensagem pentecostal traz consigo o poder do ESPÍRITO e a esperança no porvir.

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO TOP1
Inicie esta lição relembrando a lição passada, onde tratamos da coragem do apóstolo diante da morte. Mostre aos alunos que a coragem de Paulo diante da morte tinha como base a esperança cristã no porvir. Se cultivarmos diariamente essa esperança, tendemos a perder o medo que paralisa. Quem perde esse medo é capaz de fazer coisas extraordinárias. Por isso, afirme que se cultivarmos uma verdadeira esperança no porvir, lidaremos melhor com as coisas presentes. Quanto mais ligados ao futuro celestial, melhor lidaremos com o presente material. É tempo de aprofundar essa certeza imaterial cristã, para viver num mundo materialista e anticristão. Atentemos para essência do que JESUS nos ensinou: “o meu Reino não é deste mundo” (Jo 18.36).
 

SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP2
“A Bíblia indica dois aspectos da Segunda Vinda de CRISTO. Por um lado, Ele virá como Preservador, Libertador ou Protetor ‘da ira vindoura’ (1 Ts 1.10). ‘Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira’ (Rm 5.9). Devemos manter-nos espiritualmente vigilantes, viver a vida sóbria, equilibrada com domínio próprio, e usar a armadura do Evangelho: a fé, o amor e a esperança da salvação, ‘porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor JESUS CRISTO, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros’ (1 Ts 5.9-11).
[...] Por outro lado, a justiça de DEUS será vindicada ‘quando se manifestar o Senhor JESUS desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a DEUS e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor JESUS CRISTO... quando vier para ser glorificado nos seus santos e para se fazer admirável, naquele dia, em todos os que creem’ (2 Ts 1.7,8,10)” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.632,33).

CONHEÇA MAIS TOP2
*Sobre as Duas Fases da Segunda Vinda
“Arrebatamento. [Se dará] nos ares, CRISTO vem para aqueles que lhe pertencem.
Manifestação Gloriosa. CRISTO vem à terra com aqueles que lhe pertencem.” Para ler mais, consulte a Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica, editada pela CPAD, p.415
 

SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP3
“O desejo do apóstolo Paulo não era estar com Abraão, mas, sim, com o Senhor. Indicou que tão logo se ausentasse do corpo (ao morrer), estaria presente com o Senhor (2 Co 5.6-9; Fp 1.23). Essa foi a promessa de JESUS ao ladrão moribundo na cruz: ‘Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso’ (Lc 23.43). Numa visão, Paulo foi arrebatado ao terceiro céu, que também chama de Paraíso (2 Co 12.1-5). JESUS diz que se trata de um lugar preparado, onde há bastante espaço (Jo 14.2). É um lugar de grande alegria, de comunhão com CRISTO e com os irmãos na fé, que ressoa adorações e cânticos (Ap 4.10,11; 5.8-14; 14.2,3; 15.2-4).
[...] Paulo ansiava pelo corpo ressurreto que será imortal, que não estará sujeito à morte nem à decadência” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.622).
 

PARA REFLETIR - A respeito de “A Gloriosa Esperança do Apóstolo”,, responda:
Como o apóstolo via o seu martírio iminente? O apóstolo via o seu martírio iminente como uma oferta apresentada sobre o altar do sacrifício.
Que combate devemos combater? Resposta pessoal.
Qual assunto é tratado nos capítulos 4 e 5 de 1 Tessalonicenses? O capítulo 5 é a continuidade acerca do assunto da parousia, ou seja, a volta do nosso Senhor, iniciado no capítulo 4.
A Igreja passará pela Grande Tribulação? Não passaremos pelo período do juízo divino, denominado de a Grande Tribulação. A Igreja de nosso Senhor será retirada antes do período de derramamento do santo juízo.
O que as Escrituras mostram sobre a relação do Batismo no ESPÍRITO SANTO com os últimos dias? As Escrituras Sagradas mostram que o derramamento do ESPÍRITO SANTO em Pentecoste anuncia os últimos dias (At 1.5; cf. Jl 2.30).

CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 87, p. 42.

12 dezembro 2021

Escrita Lição 12, A Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte, 4tr21, Pr Henrique, EBD NA TV

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Lição 12, A Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 12, A Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
https://youtu.be/KsB81-v5Dxs Vídeo desta Lição
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-12-coragem-do-apostolo.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-12-coragem-do-apostolo.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-12-a-coragem-do-apstolo-paulo-diante-da-morte-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
 
 
TEXTO ÁUREO
“E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de JESUS, para que a vida de JESUS se manifeste também em nossa carne mortal.” (2 Co 4.11)
 
VERDADE PRÁTICA
O ESPÍRITO SANTO nos prepara para sofrer por JESUS CRISTO e suportar as angústias e aflições na obra de DEUS.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - At 9.15 É preciso padecer pelo nome de JESUS
Terça - At 20.24 Não devemos tomar nossa vida por preciosa
Quarta - At 21.13,14 Não se pode impedir a vontade de DEUS
Quinta - At 20.17-38 O encorajamento de Paulo aos anciãos
Sexta - At 21.27,28 Acusações contra o apóstolo Paulo
Sábado - 2 Co 4.17 Uma leve e momentânea tribulação
 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 21.7-15
7 - E nós, concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida; e, havendo saudado os irmãos, ficamos com eles um dia. 8 - No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesareia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que um dos sete, ficamos com ele. 9 - Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam. 10 - E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judeia um profeta, por nome Ágabo; 11 - e, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo e, lingando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o ESPÍRITO SANTO; Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o entregarão nas mãos dos gentios. 12 - E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém. 13 - Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS. 14 - E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor! 15 - Depois daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém.
 
 
Comentários da BEP - CPAD (com algumas modificações do Pr. Henrique)
21.9 FILHAS...QUE PROFETIZAVAM. A igreja pode receber o dom espiritual de profetizar (i.e., um dos dons de manifestação do ESPÍRITO) cf. 1 Co 11.5; 12.10,11. Entretanto, nos escritos do NT não consta que uma mulher exercesse o ministério de profeta. O versículo em apreço diz que as quatro filhas de Filipe profetizavam (gr. propheteusai - 1 Co 12.4), mas não são chamadas profetizas. Por outro lado, somente homens, como é o caso de Ágabo, em At 21.10, são chamados profetas; isto quanto ao dom ministerial de profeta (ver Ef 4.11).
21.10 UM PROFETA, POR NOME ÁGABO. Ágabo, um dos profetas da igreja que predisseram a fome de 46 d.C. (At 11.27,28), agora prediz que Paulo será preso e encarcerado. Quanto mais perto de Jerusalém Paulo se aproximava, tanto mais claras e específicas ficaram as revelações sobre a sua ida (v. 11). A profecia de Ágabo não dizia que Paulo não fosse a Jerusalém, mas somente o que lhe aguardava se fosse. Note que, em nenhum incidente registrado no NT, o dom de profecia foi usado para dirigir pessoas em casos que pudessem ser resolvidos pelos princípios bíblicos. As decisões no tocante à moralidade, compra e venda, ao casamento, ao lar e à família devem ser tomadas mediante a aplicação e obediência aos princípios da Palavra de DEUS e não meramente à base de uma profecia . No NT, expressões vocais proféticas visavam, em primeiro lugar, à edificação, exortação e consolação da igreja (1 Co 14.3), e freqüentemente à orientação no cumprimento de missão (ver 16.16). Fica evidente que um profeta pode ser usado por DEUS para trazer uma mensagem diretamente de DEUS sobre o futuro (dom Palavra de Sabedoria) ou uma revelação sobrenatural do passado ou do presente (dom Plavra de Conhecimento).
21.13 MAS PAULO RESPONDEU. Este trecho demonstra que a vontade da maioria, ou até mesmo o desejo unânime de crentes genuínos e sinceros, nem sempre significa a vontade de DEUS. Paulo não estava indiferente à imploração e às lágrimas dos seus amigos; mesmo assim, não podia alterar seu propósito resoluto em sofrer encarceramento e até mesmo morrer por amor ao nome do Senhor JESUS, pois para isto mesmo foi chamado.
21.14 FAÇA-SE A VONTADE DO SENHOR. Muitos discípulos (v. 4), bem como o profeta Ágabo (v. 11), profetizaram dos sofrimentos que Paulo passaria se fosse a Jerusalém. Estes cristãos interpretaram a palavra profética como uma orientação pessoal a Paulo para que ele não fosse a Jerusalém (vv. 4,12). Paulo, embora reconhecesse a veracidade da revelação (v. 11), não aceitou a sincera interpretação que os discípulos deram à profecia (v. 13). Confiava na orientação pessoal do ESPÍRITO SANTO e na Palavra de DEUS aplicada pessoalmente a si para tomar uma decisão tão importante (At 23.11; ver At 21.4). No tocante ao nosso ministério futuro, devemos esperar numa palavra pessoal de DEUS, e não meramente depender da palavra dos outros. Os irmãos agiram sentimentalmente, enquanto Paulo agiu espiritualmente.
Na casa de Filipe, o evangelista, em Cesareia, estavam agora três ministros de CRISTO - três ministérios da igreja reunidos. Apóstolo (Paulo), Profeta(Ágabo) e Evangeista (Filipe). E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Efésios 4:11.
 

OBJETIVO GERAL - Conscientizar a respeito da coragem diante da morte.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mostrar a consciência de Paulo quanto à padecer por JESUS;
Apontar a coragem para enfrentar as ameaças de morte;
Destacar as acusações e prisão de Paulo no Templo.
 

Resumo da Lição 12, A Coragem do Apóstolo
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
1. A insistência de Paulo em ir a Jerusalém.
2. De Mileto para Tiro.
3. Passando por Cesareia.
II – A CORAGEM PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
1. A coragem do apóstolo pela voz do ESPÍRITO.
2. A chegada em Jerusalém.
3. Paulo se depara com seus oponentes judeus.
III – ACUSAÇÕES E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
1. As acusações mentirosas contra Paulo.
2. A prisão do apóstolo e o enfrentamento contra seus algozes.
3. Paulo dialoga com Lísias (At 21.37-40).
 
 
 
 
 
Resumo geral da Lição
INTRODUÇÃO
Muitas vezes nosso chamado requer de nós até mesmo a morte, por isso precisamos de coragem para enfrentar tudo o quevier a nos confrontar, mesmo que seja um confronto do bem, ou seja, de parentes e amigos.
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
JESUS já havia revelado a Ananias que Paulo haveria de padecer pelo seu nome.
Através das várias revelações de DEUS a seus profetas da Igreja, Paulo discerniu que era a vontade de Deus que ele enfrentasse prisões e açoites pelo nome de JESUS, em Jerusalém.
O apóstolo decidiu, em seu coração, que deveria ouvir a voz do ESPÍRITO SANTO e partir para seu destino de um gloriosos fim de ministério. Nem mesmo os filhos da fé que ele fizera para Cristo e seus mais íntimos amigos o poderiam deter.
Os discípulos em Tiroconselharam Paulo a não ir a Jerusalém, pois enfrentaria muitas ameaças, mas Paulo estava decidido a dar até mesmo sua vida para que JESUS fosse conhecido e reconhecido como filho de DEUS.
Passando por Cesareia Paulo encontrou Filipe, um dos diáconos eleitos em Jerusalém, que se tornara um evangelista inflamado pelo ESPÍRITO SANTO.
Filipe era homem espiritual, cheio do ESPÍRITO SANTO e muito usado em dons do Mesmo e suas quatro filhas donzelas eram usadas em dom de profecia (At 21.8,9).
Paulo passou oito dias em Cesareia desfrutando da companhia de irmãos como Filipe e quem sabe, até de Cornélio e sua família que haviam se convertido quando Pedro os visitou. Cesareia seria a morada de Paulo por pouco mais de dois anos mais tarde, quando de sua prisão e testemunho diante de governadores e rei.
II – A CORAGEM PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
Depois de insistirem para Paulo não ir a Jerusalém e diante de sua recusa em ouvi-los, os irmãos lhe disseram: “Faça-se a vontade do Senhor” (At 21.14).
A recepção de Pailo em Jerusalém foi feita de muito boa vontade pelos irmãos da igreja (At 21.17).
Acontecia ali a festa tradicional de Pentecostes que comemorava as colheitas e a promugação da lei..
Paulo encontrou-se com os anciãos e Tiago, o irmão do Senhor, um dos principais líderes da igreja em Jerusalém (At 21.18; Gl 2.9), agora apóstolo da igreja do segundo colegiado (Gl 1.19), assim como Paulo e Barnabé (At 14.14).
Quando os líderes ouviram do apóstolo o que Deus estava fazendo na vida dos gentios e os milagres em seu ministério (At 21.19) glorificaram a Deus pelas maravilhas que Ele havia feito por intermédio do seu servo (At 21.20).
Os judaizantes queriam um cristianismo judaizante, com costumes e ritos, tais como a circuncisão, a guarda do sábado, entre outros. Porém nem a liderança da igreja em Jerusalém e nem Paulo concordavam com isto.
III – ACUSAÇÕES E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
As principais acusações dos judaizantes contra o apóstolo Paulo eram de que ensinava que os judeus entre os gentios deviam se apartar da lei de Moisés; ensinava que eles não deveriam circuncidar os filhos; e ensinava que não deviam andar segundo a lei de Moisés (At 21.21).
Tiago e os anciãos da igreja, procurando promover a paz na Igreja formada por judeus e gentios apresentaram sugestões para o apóstolo Paulo:, dentre elas: Levar quatro homens que fizeram voto de nazireu; pagar as despesas deles; raspar a própria cabeça como demonstração de que praticava a lei (At 21.23,24).
A maioria dos judeus da Ásia, que veio para a Festa de Pentecoste ao ver Paulo no Templo começou a alvoroçar todo o povo, lançando mão ao apóstolo, acusando-o de inimigo de Moisés e profanador do Templo (At 21.27,28).
Os judeus que ouviram esses incitadores agarraram o apóstolo e o arrastaram para fora do Templo, fechando suas portas (At 21.30). Essa gente começou a pedir o linchamento (ou apedrejamento) de Paulo e essa notícia chegou ao comandante chamado Claudio Lísias.
O comandante Claudio Lísias investigou o problema, prendeu e algemou o apóstolo, levando-o ao quartel–general que ficava na Torre Antônia, onde eram colocados seus presos (At 21.33).
Paulo se declarou cidadão romano ao comandante Claudio Lísias.
O apóstolo padecia pelo nome de JESUS porque desejava proclamar o Evangelho para as pessoas que o odiassem.
CONCLUSÃO
A visão que Paulo tinha da missão evangelizadora o fazia enfrentar toda e qualquer oposição e sofrimento.
 
 
 
Atos 21:7 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com algumas modificações do Pr. Henrique)
A chegada deles a Ptolemaida, que não era distante de Tiro (v. 7): E nós (...) viemos a Ptolemaida, que alguns pensam que é o mesmo local de Aco, que nós encontramos na tribo de Aser (Jz 1.31). Paulo rogou que o deixassem desembarcar ali, para saudar os irmãos, para saber da situação deles, e testemunhar sua boa vontade para com eles; embora não pudesse ficar muito tempo, mesmo assim ele não passaria por ali sem fazer uma visita de cortesia, e ficou com eles um dia, talvez fosse o dia do Senhor; melhor uma breve estadia do que nenhuma visita. 
 
 
A Profecia de Ágabo em Cesareia. A Fidelidade de Paulo à sua Resolução de Visitar Jerusalém
Atos 21:8-14 
Nós temos aqui Paulo e seus companheiros por fim chegados a Cesaréia, onde ele pretendia se demorar, sendo este o local onde o evangelho foi primeiramente pregado aos gentios, e onde caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que ouviam a palavra (Atos 10.1,44 - E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus. Atos 10:1,2).
Agora aqui nos é dito: 
I
Quem acolheu Paulo e seus companheiros em Cesaréia. Ele raramente tinha a oportunidade de ficar em uma hospedaria, mas, sempre que chegava, um amigo ou outro o recebia e dava-lhe as boas vindas. Note: Aqueles que navegaram juntos se separaram quando a viagem foi concluída, conforme suas ocupações. “Aqueles que eram responsáveis pela carga permaneceram onde estava o navio a fim de este ser descarregado (v. 3); outros, quando chegaram a Ptolemaida, seguiram seu caminho de acordo com suas tarefas; mas nós que éramos da companhia de Paulo íamos aonde ele ia, e chegamos a Cesaréia.” Aqueles que viajam juntos por este mundo se separarão na morte, e então aparecerá quem pertence ao grupo de Paulo e quem não pertence. Agora, em Cesaréia:
1. Eles foram acolhidos por Filipe, antes diácono em Jerusalém, agora, o evangelista, a quem DEUS enviou a Cesaréia muitos anos atrás, depois que ele tinha batizado o eunuco (Atos 8.40), e ali nós agora o encontramos.
(1) Originariamente, ele era diácono, um dos sete que foram escolhidos para servir às mesas (Atos 6.5).
(2) Ele agora, e já por muito tempo, era evangelista, alguém que trata de plantar e cuidar de igrejas, como os apóstolos fizeram e se dedicaram à palavra e oração; desse modo, ao servir bem como diácono adquiriu para si uma boa posição; e tendo sido fiel sobre o pouco, foi colocado sobre muito.
Filipe esteve fazendo uma grande obra para DEUS em Samaria, onde foi tremendamente usado por DEUS em sinais, prodígios e maravilhas. Depois enviado a pregar etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração (Atos 8:27) e depois foi transportado milagrosamente para Azoto e depois chegou a Cesaréia (E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesareia. Atos 8:40).
(3) Ele tinha uma casa em Cesaréia, capaz de abrigar a Paulo e a toda sua companhia, e recebeu a ele e aos outros muito bem. E entrando em casa de Filipe, o evangelista, ficamos com ele. Assim convém aos que se tornaram cristãos e ministros, de acordo com suas capacidades, ser hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações (1 Pe 4.9).
2. Este Filipe tinha quatro filhas donzelas, que profetizavam (v. 9). Isso dá a entender que elas eram usadas em dom de profecia (para edificação, consolação e exortação - portanto, não com capacidade de prever o futuro sobre os problemas que Paulo teria em Jerusalém).
Por onde Paulo passou, com em Tiro, outros profetas da igreja haviam avisado a Paulo sobre seu futuro, mas nenhum deles o dissuadiram de partir. Paulo sabia das dificuldades que ele teria pela frente.
II
Uma predição clara e completa dos sofrimentos de Paulo, por um profeta conhecido. Ágabo já havia sido usado pelo ESPÍRITO SANTO para profetizar sobre acontecimento futuro e sua predição se cumpriu (E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. Atos 11:28).
1. Paulo e sua companhia demoraram-se muitos dias em Cesaréia, talvez Cornélio ainda vivesse ali, e (embora Filipe lhes desse alojamento) ainda podia ser de muitos modos agradável a eles, e induzi-los a ficar mais tempo. Que motivo Paulo viu para demorar-se tanto tempo ali, e se apressar tão pouco na parte final de sua viagem a Jerusalém, quando parecia ter tanta pressa no início dela, nós não sabemos dizer; mas estamos certos de que ele não ficou ali ou em qualquer outro lugar por preguiça; ele media seu tempo em dias, e os contava.
2. Chegou da Judéia um profeta por nome Ágabo; este era aquele de quem nós lemos anteriormente, que foi de Jerusalém a Antioquia, para predizer uma fome geral (Atos 11.27,28). Veja como DEUS dispensa seus dons de maneira variada. A Paulo foram dados pelo ESPÍRITO SANTO vários dons, como dons de curar, de milagre, discernimentos de espíritos, etc.... Paulo tinha o ministério de apóstolo (Ef 4.11).
 Ágabo era ministro de CRISTO como profeta (Ef 4.11), e as filhas de Filipe tinham dom de profecia pelo ESPÍRITO (1 Co 12.10) – a predição de coisas futuras não é dada ao dom de profecia, mas, sim ao profeta.
 Temos a impressão de que Ágabo foi enviado pelo ESPÍRITO SANTO a Cesaréia, para encontrar Paulo com essa mensagem profética. Creio que o ESPÍRITO SANTO queria a confirmação de Paulo de que ele estaria disposto a perder sua vida pelo evangelho.
3. Ágabo predisse as prisões de Paulo em Jerusalém:
(1) Por um sinal, como os profetas antigos faziam, Isaías (Atos 20.3), Jeremias (Atos 13.1; 27.2), Ezequiel (Atos 4.1; 12.3), e muitos outros. Ágabo tomou a cinta de Paulo, quando ele a tirou, ou talvez a tomou da cintura dele, e com ela ligando-se os seus próprios pés e mãos amarrando suas mãos e pés juntos, proclamou sua profecia; isso foi planejado tanto para confirmar a profecia (era tão certo ocorrer como se já tivesse ocorrido) quanto para afetar, com isso, aqueles ao seu redor, porque aquilo que nós vemos normalmente nos causa uma maior impressão do que aquilo que nós apenas ouvimos.
(2) Por uma explicação do sinal: Isso diz o ESPÍRITO SANTO - Assim ligarão os judeus em Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e, como eles trataram o seu Mestre (Mt 20.18,19), o entregarão nas mãos dos gentios, como os judeus em outros lugares tinham sempre se esforçado em fazer, acusando-o diante dos governadores romanos. Paulo recebeu esta advertência expressa acerca das suas dificuldades, para que pudesse se preparar para elas, e para que quando elas viessem, não fossem nenhuma surpresa nem terror para ele; o aviso geral de que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de DEUS deve ter a mesma função para nós (Atos 14.22). 
III
A grande importunação que os seus amigos usaram para com ele para dissuadi-lo de ir adiante a Jerusalém (v. 12).
“Não só os daquele lugar, mas nós que éramos da companhia de Paulo, e entre os demais o próprio Lucas, que tinha ouvido isso muitas vezes antes, e, todavia, visto a resolução de Paulo, rogamos com lágrimas que ele não subisse a Jerusalém, mas continuasse seu curso por algum outro caminho.” Sendo assim:
1. Aqui apareceu uma afeição louvável para com Paulo, e um apreço por ele, por conta de sua grande utilidade na igreja. Homens bons que às vezes são muito ativos precisam ser dissuadidos de se sobrecarregarem e homens bons que são muito corajosos às vezes precisam ser dissuadidos de se exporem muito. O Senhor é para o corpo, e assim nós devemos ser.
2. Porém, havia uma certa fraqueza, especialmente naqueles da companhia de Paulo que sabiam que ele empreendia esta viagem por orientação divina, e tinham visto com que resolução ele havia antes vencido semelhante oposição. Mas nós vemos neles a fraqueza comum a todos nós; quando vemos dificuldade a uma certa distância, e temos apenas uma visão geral dela, não damos importância; mas quando se aproxima de nós, começamos a encolher e a recuar. E tocando-te a ti, te perturbas (Jó 4.5). Paulo era mais forte espiritualmente do que sentimentalmente.
IV
A santa coragem e intrepidez com que Paulo persistiu em sua resolução (v. 13).
1. Ele os reprova por tentar dissuadi-lo. Aqui há uma disputa de amor de ambos os lados, e afeições muito sinceras e fortes que colidem entre si. Eles o amam afetuosamente, e por isso se opõem à sua resolução; ele os ama do mesmo modo, e por isso os repreende por se oporem a ela: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Eles foram um tropeço para ele, como Pedro foi para CRISTO, quando, em um caso semelhante, ele disse: Mestre, poupa-te a ti mesmo. O lamento deles partiu seu coração. (1) Era uma tentação para ele, mas não o abalou. “Eu sei que estou designado a sofrer, e vocês deveriam me animar e encorajar, e dizer algo que fortaleça meu coração; mas vocês, com suas lágrimas, partem meu coração, e tentam me desencorajar. O que vocês pretendem com isso? Nosso Mestre não nos disse que levemos nossa cruz? E vocês querem evitar que eu tome a minha?” (2) Era uma dificuldade para ele que eles o pressionassem tão seriamente naquilo que ele não os podia satisfazer sem prejudicar sua consciência. Paulo era de um espírito muito terno. Como ele mesmo estava em muitas lágrimas, assim ele teve uma consideração compassiva para com as lágrimas dos seus amigos. Mas agora isso parte seu coração, quando ele tem de negar o pedido dos seus amigos em lágrimas. Era uma bondade indelicada, uma piedade cruel, de modo a atormentá-lo com suas dissuasões, e a acrescentar aflição à aflição dele. Quando nossos amigos são convocados para sofrimentos, nós devemos mostrar nosso amor confortando-os e não chorando por eles. Mas observe: Esses cristãos em Cesaréia, se eles pudessem ter previsto os particulares daquele evento, o aviso geral do qual eles receberam com tanto pesar, teriam aceitado melhor a ele por causa de si mesmos; porque, quando Paulo foi feito prisioneiro em Jerusalém, ele foi logo enviado a Cesaréia, o mesmo lugar onde ele estava agora (Atos 23.33), e lá ele continuou por pelo menos dois anos (Atos 24.27) como um prisioneiro em regime aberto, como parece (Atos 24.23), sendo dadas ordens de que ele deveria ter liberdade para ir até seus amigos, e seus amigos de vir a ele; de forma que a igreja em Cesaréia teve muito mais da companhia e ajuda de Paulo quando ele estava preso do que eles poderiam ter se ele estivesse em liberdade. Aquilo a que nós nos opomos, pensando operar muito contra nós, pode ser reordenado pela providência de DEUS para trabalhar a favor de nós, que é uma razão por que deveríamos seguir a providência, e não temê-la.
2. Todavia, ele repete sua resolução de ir adiante: “Que fazeis vós, chorando desse modo? Eu estou pronto para sofrer tudo que está designado para mim. Eu estou completamente determinado a ir, não importa o que aconteça, e, portanto, é em vão que vós vos oponhais a isso. Eu estou disposto a sofrer, e então por que vós não quereis que eu sofra? Não estou eu mais próximo de mim mesmo, e mais capaz de julgar por mim mesmo? Se a dificuldade me pegasse desprevenido, isso realmente seria uma dificuldade, e vós poderíeis lamentar muito ao pensardes nela. Mas, louvado seja DEUS, esse não é o caso. Ela é muito bem-vinda a mim, e, portanto, não deveria ser um terror para vós. De minha parte, eu estou pronto”, etoimos echo – eu me mantenho em prontidão, como um soldado para o combate. “Eu espero dificuldades, eu conto com elas, não serão nenhuma surpresa para mim. Foi-me dito uma vez quanto eu devo padecer” (Atos 9.16). “Eu estou preparado para isso, por uma clara consciência, uma confiança firme em DEUS, um desprezo santo pelo mundo e o corpo, uma fé viva em CRISTO, e uma alegre esperança de vida eterna. Eu posso dar-lhe boas vindas, como nós fazemos a um amigo por quem esperamos, e fazer os preparativos. Eu posso, pela graça, não só suportá-la, mas alegrar-me com ela.” Sendo assim: (1) Veja até onde vai sua resolução: O ESPÍRITO SANTO disse que eu vou ser preso em Jerusalém, e vocês querem me manter longe por medo disso. Eu digo a vocês: “Eu não só estou pronto para ser preso, mas, se a vontade de DEUS for essa, estou pronto para morrer em Jerusalém; não só perder minha liberdade, mas perder minha vida.” É nossa prudência pensar no pior que pode nos acontecer, e nos preparar de acordo, para que possamos nos manter perfeitos e consumados em toda a vontade de DEUS. (2) Veja o que é que o domina assim, que o faz querer sofrer e morrer: é pelo nome do Senhor JESUS. Tudo aquilo que um homem tem ele dará por sua vida; mas a própria vida Paulo dará pelo serviço e honra do nome de CRISTO. 
V
A aquiescência paciente dos seus amigos sobre sua resolução (v. 14). 1. Eles se entregaram à sabedoria de um bom homem. Eles tinham levado o assunto até onde puderam com decência; mas: “E como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos. Paulo conhece melhor sua própria mente, e o que ele tem de fazer, e é melhor deixar que ele resolva isso, e não censurá-lo pelo que ele faz, nem dizer que ele é precipitado, obstinado e petulante, e tem um espírito de contradição, como algumas pessoas gostam de julgar aqueles que não agem da maneira que elas gostariam. Sem dúvida, Paulo tem uma boa razão para ficar firme em sua resolução, embora ele tenha motivos para manter isso para si, e DEUS tem finalidades graciosas a atingir ao confirmá-lo nela.” É falta de educação pressionar aqueles que em suas próprias tarefas não serão persuadidos. 2. Eles se submeteram à vontade de um bom DEUS: Nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor! Eles não aprovaram sua resolução por sua teimosia, mas por sua voluntariedade em sofrer, e é a vontade de DEUS que ele sofra. Pai nosso que estás nos céus, seja feita a tua vontade, não só é uma regra para nossas orações e para nossa prática, como é para nossa paciência. Isso pode se referir: (1) À firmeza presente de Paulo; ele é inflexível, e não pode ser persuadido, e nisso eles vêem a vontade do Senhor. “Foi Ele quem forjou essa firme resolução nele, e então nós consentimos com ela.” Note: Na mudança dos corações de nossos amigos ou ministros, deste ou daquele modo (e pode ser um modo bem diferente do que nós poderíamos desejar), nós devemos ver a mão de DEUS, e nos submeter a ela. (2) Aos sofrimentos que se aproximam: “Se não há como evitar que Paulo enfrente a prisão, a vontade do Senhor JESUS seja feita. Nós fizemos tudo aquilo que nós poderíamos fazer de nossa parte para impedi-lo, e agora nós o deixamos com DEUS, nós o deixamos com CRISTO, a quem o Pai confiou todo julgamento, e então nós fazemos, não como queremos, mas como Ele quer. Note: Quando nós vemos a dificuldade se aproximando e de maneira particular a de nossos ministros ao serem silenciados ou afastados de nós, nos convém dizer: Faça-se a vontade do Senhor! DEUS é sábio, e sabe como fazer tudo contribuir para o bem, e portanto “bem-vinda seja sua santa vontade”. Não apenas: “A vontade do Senhor deve ser feita, e não há como evitar”; mas: “Que a vontade do Senhor seja feita, porque a sua vontade é a sua sabedoria, e Ele faz tudo de acordo com o conselho dela; que Ele, portanto, faça conosco e com os nossos como parecer bem aos seus olhos”. Quando surge uma dificuldade, isso deve acalmar nossas aflições, para que a vontade do Senhor seja feita; quando nós a virmos se aproximando, isso deve silenciar nossos medos para que se faça a vontade do Senhor, à qual nós devemos dizer: Amém, assim seja.
 
 
 
A Visita de Paulo a Jerusalém. A Conformidade de Paulo com a Lei Judaica - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com algumas modificações do Pr. Henrique)
Atos 21:15-26 
Nesses versículos, nós temos: 

I
A viagem de Paulo a Jerusalém desde Cesaréia, e a comitiva que foi junto com ele.
1. Eles levaram suas carruagens, suas bolsas e bagagens, e como parece, semelhantes a viajantes pobres ou soldados, eram seus próprios carregadores; eles tinham poucas mudas de roupa. Omnia mea mecum porto – Tudo que tenho levo comigo. Alguns pensam que eles tinham consigo o dinheiro que foi coletado nas igrejas da Macedônia e Acaia para os santos pobres em Jerusalém. Se eles tivessem persuadido Paulo a ir a algum outro lugar, eles teriam ido alegremente junto com ele; mas se, não obstante sua dissuasão, ele vai para Jerusalém, eles não dizem: “Então que ele vá sozinho!”; mas, como Tomé em um caso semelhante, quando CRISTO poderia correr perigo em Jerusalém: Vamos nós também, para morrermos com ele (Jo 11.16). A sua intenção de acompanhar Paulo era semelhante à de Itai de acompanhar Davi (2 Sm 15.21): que no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, aí certamente estará também o teu servidor. Assim a coragem de Paulo os incentivou.
2. Alguns dos discípulos de Cesaréia foram com eles. Se eles já haviam planejado ir de qualquer forma, e aproveitaram esta oportunidade de ir com essa boa comitiva, ou se eles foram com o propósito de ver se poderiam prestar a Paulo qualquer serviço e se possível evitar a sua dificuldade, ou pelo menos apoiá-lo na ocasião, não fica claro. Quanto menos tempo é provável que Paulo desfrute de sua liberdade tanto mais eles se esforçam em aproveitar toda oportunidade de conversação com ele. Eliseu manteve-se perto de Elias quando soube que o tempo se aproximava, e que Elias deveria ser levado. 3. Eles trouxeram consigo um velho e honesto cavalheiro que tinha uma casa própria em Jerusalém na qual ele alegremente acolheria Paulo e sua comitiva: Mnasom, natural de Chipre (v. 16), com quem havíamos de hospedar-nos. Havia tamanha multidão de pessoas para a festa que era difícil conseguir alojamentos; as hospedarias seriam tomadas por aqueles de classe mais alta, e era visto como uma coisa escandalosa para os que tinham casas particulares alugar seus quartos vazios nessas ocasiões, mas eles deviam acomodar de bom grado os estrangeiros. Cada um então escolhia seus amigos para serem seus convidados, e Mnasom levou Paulo e sua comitiva para serem seus hóspedes; ainda que ele tenha ouvido dos problemas que Paulo provavelmente enfrentará, e dos problemas que poderão ter os que o acolherem também, ele o receberá, não importa o resultado. Este Mnasom é chamado um discípulo antigo – um discípulo desde o princípio; alguns pensam ser um dos setenta discípulos de CRISTO, ou um dos primeiros convertidos depois do derramar do ESPÍRITO, ou um dos primeiros que foram convertidos através da pregação do evangelho em Chipre (Atos 13.4). De qualquer modo, parece que ele era cristão havia muito tempo, e estava agora em idade avançada. Note: É uma coisa honrosa ser um discípulo antigo de JESUS CRISTO, ter sido capacitado pela graça de DEUS a continuar por muito tempo no curso do dever, firme na fé, e se tornando cada vez mais prudente e experimentado até uma boa velhice. E com esses discípulos antigos é que se deve hospedar; pois a multidão dos seus anos ensina sabedoria. 
II
O acolhimento de Paulo em Jerusalém.
1. Muitos dos irmãos ali o receberam de muito boa vontade (v. 17). Assim que eles tiveram notícia de que ele tinha vindo à cidade, foram para o seu alojamento na casa de Mnasom, e o cumprimentaram por sua chegada segura, e disseram que estavam felizes em vê-lo, e convidaram-no a ir a suas casas, considerando uma honra serem conhecidos de tão eminente servo de CRISTO. Streso observa que a palavra aqui usada com relação ao acolhimento que eles deram aos apóstolos, menos apodechein, é usada com relação ao acolhimento da doutrina dos apóstolos (Atos 2.41). Eles de bom grado receberam a sua palavra. Nós pensamos que se tivéssemos Paulo entre nós, nós deveríamos recebê-lo alegremente; mas é uma questão saber se nós o faríamos ou não, tendo sua doutrina, se nós não recebemos a esta alegremente.
2. Eles fizeram uma visita a Tiago e aos anciãos da igreja, em uma reunião da igreja (v. 18): “No dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago (irmão de JESUS), nos levou com ele, pois éramos seus companheiros, para nos apresentar e nos tornar conhecidos da igreja em Jerusalém”. Tiago estava agora no cargo de líder da Igreja como apóstolo da igreja do segundo colegiado como Paulo e Barnabé eram fora de Jerusalém, e todos os anciãos ou presbíteros que eram os pastores ordinários da igreja, tanto para pregar como para governar, estavam presentes. Paulo saudou a todos, mostrou sua consideração por eles, perguntou sobre seu bem-estar e lhes deu a mão direita da comunhão. E havendo-os saudado, isto é, desejou-lhes toda a saúde e felicidade, e orou a DEUS para abençoá-los. O próprio significado de saudação é “querer a salvação para você”: salve, ou salus tibi sit; como “a paz esteja contigo”. E essas saudações mútuas, ou votos de felicidade, são muito adequadas aos cristãos, como símbolo do amor de uns para com os outros e união diante de DEUS.
III
O relato que eles tiveram dele sobre o seu ministério entre os gentios, e a satisfação deles nisso.
1. Ele lhes fez um relato do sucesso do evangelho nos países onde ele tinha atuado, sabendo que seria muito aceitável a eles ouvir falar do crescimento do reino de CRISTO: Ele contou-lhes minuciosamente o que por seu ministério DEUS fizera entre os gentios, sinais, prodígios e maravilhas (v. 19). Observe como ele fala modestamente, não que coisas ele tinha feito (ele era apenas o instrumento), mas o que DEUS tinha feito pelo seu ministério. Não eu, mas a graça de DEUS que estava comigo. Ele plantou e regou, mas DEUS deu o crescimento. Ele declarou isso de maneira enfática, para que a graça de DEUS pudesse aparecer o mais distinta possível nas circunstâncias do seu sucesso. Assim Davi conta a outros o que DEUS fez por sua alma (Sl 66.16), como Paulo conta o que DEUS fez por sua mão, e ambos para que seus amigos possam ajudá-los a serem gratos.
2. Então eles aproveitaram a ocasião para louvar a DEUS (v. 20): E ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor. Paulo atribuiu tudo a DEUS, e a DEUS eles louvaram. Eles não irromperam em grandes encômios a Paulo, mas deixaram que seu Mestre lhe dissesse: Muito bem! Servo bom e fiel; mas eles deram glória à graça de DEUS que foi estendida aos gentios. Note: A conversão de pecadores deve ser motivo de nossa alegria e louvor como é dos anjos. DEUS honrou a Paulo mais do que a qualquer um deles, fazendo sua utilidade mais extensa, contudo eles não o invejaram, nem ficaram ciumentos de sua crescente reputação, mas, pelo contrário, glorificaram ao Senhor. E eles não poderiam fazer mais para encorajar Paulo a continuar alegremente em seu trabalho do que glorificar a DEUS por seu sucesso; pois, se DEUS é louvado, Paulo está contente.
IV
O pedido de Tiago e dos anciãos da igreja em Jerusalém a Paulo, ou antes o seu conselho, para que ele satisfizesse os convertidos judeus mostrando alguma condescendência para com a lei cerimonial, e aparecesse publicamente no templo para oferecer sacrifício, o que não era em si uma coisa pecaminosa; pois a lei cerimonial, embora não devesse de forma alguma ser imposta aos pagãos convertidos (como os falsos mestres queriam, e por isso se esforçaram em subverter o evangelho), ainda não havia se tornado ilegítima para aqueles que tinham sido criados na sua observância, mas estavam longe de esperar justificação por ela. Estava morta, mas não enterrada; morta, mas ainda não era mortífera. E, não sendo pecaminosa, eles pensaram que seria prudente da parte de Paulo conformar-se até esse ponto. Observe o conselho que eles dão sobre isso a Paulo, não como tendo autoridade sobre ele, mas como afeto para com ele.
1. Eles queriam que ele tivesse conhecimento do grande número de judeus convertidos: Vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem. Eles o chamaram de irmão, porque o consideravam um colaborador na obra do evangelho. Embora eles fossem da circuncisão, e ele o apóstolo dos gentios, embora eles fossem conformistas, e ele um não-conformista, contudo, eles eram irmãos, e reconheciam essa ligação. Tu tens estado em algumas de nossas assembléias, e viste quão numerosos eles são: quantos milhares de judeus há que crêem. A palavra na verdade significa mais do que milhares, dez milhares. Até mesmo entre os judeus, que eram os maiores adversários do evangelho, havia grandes multidões que o receberam; pois a graça de DEUS pode desfazer os laços mais fortes de Satanás. O número dos nomes era no princípio apenas cento e vinte, contudo, agora muitos milhares. Portanto, que ninguém menospreze o dia das coisas pequenas; pois, embora o começo seja pequeno, DEUS pode fazer o fim aumentar grandemente. Por isso parecia que DEUS não havia abandonado totalmente o seu povo, os judeus, pois entre eles havia um remanescente, uma eleição, que ainda vigorava (veja Rm 11.1,5,7): muitos milhares que crêem. E este relato que eles puderam dar a Paulo do sucesso do evangelho entre os judeus era, sem dúvida, tão agradável a Paulo como o relato que ele lhes fez da conversão dos gentios era para eles; pois o desejo de seu coração e oração a DEUS pelos judeus era que eles pudessem ser salvos.
2. Eles o informaram de uma fraqueza que prevalecia entre esses judeus crentes da qual eles ainda não tinham sido curados: Eles todos são zelosos da lei. Eles acreditam em CRISTO como o verdadeiro Messias, eles descansam em sua justiça e se submetem ao seu governo; mas eles sabem que a lei de Moisés era de DEUS, eles acharam benefício espiritual em sua observância e em suas instituições, e, portanto, eles não podem de jeito nenhum pensar em abandoná-la, não, nem ficar indiferentes a ela. E talvez eles argumentem que o fato de CRISTO ter nascido sob a lei, e tê-la observado (o que devia significar nossa libertação da lei), seja uma razão para continuarem debaixo dela. Isso era uma grande fraqueza e equívoco, ser assim apaixonado pelas sombras quando a substância tinha aparecido, manter o pescoço debaixo de um jugo de escravidão quando CRISTO tinha vindo fazê-los livres. Mas veja: (1) O poder da educação e do uso continuado, e especialmente de uma lei cerimonial. (2) A permissão caridosa que deve ser feita em atenção a isso. Esses judeus convertidos não foram, portanto, renegados e rejeitados como não-cristãos porque eles eram apegados à lei, na verdade, eram zelosos por ela, enquanto isso se limitava a sua prática pessoal, e eles não a impunham a outros. O fato de serem zelosos pela lei capacitava a lei a uma boa construção, que a caridade poria sobre ela; e daria uma boa desculpa, considerando as coisas a que eles foram expostos, e as pessoas entre quem eles viviam.
3. Eles lhe deram a entender que esses judeus, que eram tão zelosos da lei, tinham sido indispostos contra ele (v. 21). O próprio Paulo, embora tão fiel como nenhum outro servo que CRISTO jamais teve, ainda não conseguia ser bem falado por todos que pertenciam à família de CRISTO: “Já acerca de ti foram informados (e formaram uma opinião a seu respeito de acordo com isso) que tu não só não ensinas os gentios a observar a lei, como gostariam que fizesse (nós os convencemos a abandonar isso), mas ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos nem andar segundo o costume de nossa nação, que eram de ordenança divina, até onde podem ser observados mesmo entre os gentios, longe do templo, nem observar os jejuns e festividades da congregação, nem usar seus filactérios, nem se abster de carne impura.” Ora:
(1) Era verdade que Paulo pregava a anulação da lei de Moisés, ele ensinava que era impossível ser justificado por ela, e que, portanto, nós não estamos mais obrigados à sua observância. Mas:
(2) Era falso que ele lhes ensinava a abandonar Moisés; porque a religião que ele pregava não tendia a destruir a lei, mas cumpri-la. Ele proclamava a CRISTO (o fim da lei para a justiça), e arrependimento e fé, no exercício dos quais nós devemos fazer grande uso da lei. Os judeus entre os gentios a quem Paulo ensinou estavam tão distantes de abandonar Moisés que eles nunca o entenderam tão bem, nem mesmo o abraçaram tão sinceramente como agora quando eles foram ensinados a fazer uso dele como um aio, para os conduzir a CRISTO. Mas até mesmo os judeus convertidos, tendo recebido essa noção de Paulo de que ele era um inimigo de Moisés, e talvez dando valor exagerado aos judeus descrentes também, ficaram muito exasperados contra ele. Seus ministros, os anciãos aqui presentes, o amaram e honraram, e aprovaram o que ele fez, e o chamaram de irmão, contudo, o povo dificilmente poderia ser induzido a ter um pensamento favorável sobre ele; pois é certo que os menos judiciosos são os maiores censuradores, os cabeças-ocas são os cabeças-quentes. Eles não puderam identificar a doutrina de Paulo como deveriam ter feito, e então condenaram-na como um todo, por ignorância.
4. Portanto, eles desejavam de Paulo que, agora que ele tinha vindo a Jerusalém, pudesse por algum ato público fazer parecer que a acusação contra ele era falsa, e que ele não ensinava o povo a abandonar Moisés e a romper com os costumes da igreja judaica, porque ele mesmo mantinha a prática deles.
(1) Eles concluem que algo desse tipo deve ser feito: “Que faremos pois? O que deve ser feito? Porque terão ouvido que já és vindo”. Essa é uma inconveniência que atinge pessoas famosas, que suas idas e vindas são conhecidas mais que de outras pessoas, e são comentadas, por alguns com boa vontade e por outros com má vontade. “Quando eles ouvirem que tu vieste, é necessário que a multidão se ajunte, eles esperarão que nós os chamemos, para tomar conselho com eles se nós devemos admitir-te para pregar entre nós como um irmão ou não; ou, eles se reunirão por si mesmos esperando ouvir a ti.” Sendo assim, algo deve ser feito para os convencer de que Paulo não ensina o povo a abandonar Moisés, e eles pensam que isso é necessário: [1] Por causa de Paulo, para que sua reputação seja limpa, e para que um homem tão bom não fique sob qualquer suspeita, nem um homem tão útil trabalhe sob qualquer desvantagem que possa obstruir sua utilidade. [2] Por causa do povo, para que eles não continuem preconceituosos contra um homem tão bom, nem percam o benefício de seu ministério por causa desses preconceitos. [3] Por causa de si mesmos, pois desde que sabiam que era seu dever reconhecer a Paulo, esse ato não devia se tornar motivo de repreensão entre aqueles que estavam sob sua responsabilidade.
(2) Eles deram uma boa oportunidade para que Paulo pudesse se esclarecer: “Faze pois isso que te dizemos, segue nosso conselho neste caso. Nós temos quatro varões, judeus, de nossas próprias igrejas, que crêem, e eles fizeram voto, um voto de nazireado durante um certo tempo; o tempo deles agora expirou (v. 23), e eles devem fazer suas ofertas de acordo com a lei, quando eles raspam a cabeça em sinal de separação, apresentam um cordeiro como oferta queimada, uma ovelha como oferta pelo pecado, e um carneiro como oferta pacífica, com outras ofertas pertinentes a eles (Nm 6.13-20)”. Muitos costumavam fazer isso juntos, quando seus votos expiravam ao mesmo tempo, ou para maior presteza ou para maior solenidade. Agora que Paulo tinha até aqui agido de acordo com a lei a ponto de fazer um voto de nazireado e demonstrar a expiração do voto raspando a cabeça em Cencréia (Atos 18.18), de acordo com o costume daqueles que viviam longe do templo, eles queriam que ele fosse um pouco mais longe, e se unisse com esses quatro oferecendo os sacrifícios de um nazireu: “Santifica-te com eles de acordo com a lei; e dispõe-te não somente a sofrer essa dificuldade, mas a ser responsável por eles, comprando sacrifícios para essa ocasião solene, e te unindo com eles no sacrifício.” Isso, eles pensam, fechará efetivamente a boca de calúnia, e todo mundo ficará convencido de que o relatório era falso, que Paulo não era o homem que diziam ser, não ensinava os judeus a abandonar Moisés, mas que ele mesmo, sendo originariamente um judeu, caminhava ordenadamente, e guardava a lei; e então tudo ficaria bem.
5. Eles declaram solenemente que isso não será nenhuma infração do decreto há pouco anunciado a favor dos convertidos pagãos, nem eles pretendem com isso de forma alguma diminuir a liberdade permitida a eles (v. 25): “Quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito e achado por bem, e resolvemos cumprir isso, que nada disso observem; nós não vamos fazer que sejam amarrados pela lei cerimonial de forma alguma, mas somente que eles se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado, e da prostituição; mas que não sejam amarrados aos sacrifícios e purificações judaicos, nem a nenhum dos seus ritos e cerimônias.” Eles sabiam quão zeloso era Paulo pela preservação da liberdade dos gentios convertidos, e por isso expressamente se comprometem com ela. Até aqui essa é a proposta deles.
V
Aqui está a condescendência de Paulo com isso. Ele estava disposto a agradá-los nessa questão. Embora ele não tivesse sido persuadido a não ir a Jerusalém, contudo, quando ele estava lá, foi persuadido a fazer como faziam ali (v. 26). Então, Paulo, tomando consigo aqueles varões, como aconselharam, e logo no dia seguinte [...], já santificado com eles, e não em ajuntamentos, nem com alvoroços, como ele mesmo alega (Atos 24.18), ele entrou [...] no templo, como outros judeus devotos que vinham com tais incumbências faziam, para demonstrar o cumprimento dos dias de purificação aos sacerdotes; desejando que o sacerdote designasse uma ocasião em que a oferta fosse feita para cada um deles, uma para cada um. Ainsworth, comentando Números 6.18, cita de Maimônides uma passagem que lança alguma luz sobre isso: Se um homem diz: Em mim esteja metade das oblações de um nazireu, ou: Em mim esteja metade da raspagem de um nazireu, então ele traz metade das ofertas pelas quais ele será nazireu, e aquele nazireu paga suas ofertas daquela que é sua. Assim Paulo fez aqui; ele contribuiu com o que ele prometeu com voto para as ofertas desses nazireus, e alguns pensam que ligou-se à lei de nazireado, e ao comparecimento no templo com jejuns e orações durante sete dias, não pretendendo que a oferta fosse apresentada até então, que foi o que ele demonstrou ao sacerdote. Agora, muitos perguntam se Tiago e os anciãos fizeram bem em dar a Paulo esse conselho, e se ele fez bem em recebê-lo.
1. Alguns acusaram essa conformidade ocasional de Paulo de ser condescendente demais com os judeus em sua adesão à lei cerimonial, e um desencorajamento para aqueles que estavam firmes na liberdade com a qual CRISTO os tinha feito livres. Não era bastante para Tiago e os anciãos de Jerusalém serem condescendentes com esse engano nos próprios judeus convertidos, mas deviam ainda persuadir com lisonjas a Paulo para apoiá-los nisso? Não teria sido melhor, quando eles tinham falado para Paulo quão zelosos os convertidos judeus eram pela lei, se eles tivessem desejado que ele, a quem DEUS tinha dotado com tais excelentes dons, se esforçasse com seu povo para os convencer do seu erro, e mostrar-lhes que eles estavam livres da lei pelo seu matrimônio com CRISTO? (Rm 7.4). Insistir com ele para que os encoraje nisso por seu exemplo parece ter em si mais de sabedoria carnal que da graça de DEUS. Seguramente Paulo sabia o que ele tinha que fazer melhor do que eles poderiam ensiná-lo. Mas:
2. Outros pensam que o conselho foi prudente e bom, e que o ato de Paulo de segui-lo foi bastante justificável, dada a situação. Esse era o princípio declarado de Paulo: E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus (1 Co 9.20). Ele tinha circuncidado a Timóteo, para agradar os judeus; embora ele não observasse constantemente a lei cerimonial, contudo, para ter uma oportunidade de fazer o bem, e mostrar até que ponto ele poderia condescender, ele iria ocasionalmente ao templo e participaria ali dos sacrifícios. Aqueles que são fracos na fé devem ser tolerados, ao passo que aqueles que arruínam a fé devem ser confrontados. É verdade que essa condescendência de Paulo acelerou o mal contra ele, porque essa mesma coisa com a qual ele esperava pacificar os judeus apenas os provocou, e lhe trouxe problemas; contudo, isso não é uma base suficiente para condená-lo: Paulo pode fazer o bem, e ainda sofrer por isso. Mas talvez o DEUS sábio tenha governado tanto o conselho deles quanto a complacência de Paulo para servir a um propósito melhor do que o que era pretendido; porque nós temos razão de pensar que quando os judeus crentes, que tinham se empenhado em seu zelo pela lei para se recomendar à boa opinião daqueles que não acreditavam, viram quão barbaramente eles usaram Paulo (que se esforçou para agradá-los), eles ficaram por isso mais alienados da lei cerimonial do que eles poderiam ter estado pelos discursos mais argumentativos ou apaixonados. Eles viram que era inútil pensar em agradar a homens que não seriam agradados com nada menos que a extirpação do cristianismo. É provável que a integridade e retidão nos preservem mais do que a condescendência servil. E quando nós consideramos que grande problema deve necessariamente ter sido para Tiago e os presbíteros, ao refletirem sobre isso, descobrir que por seu conselho colocaram Paulo em dificuldade, isso deve ser uma advertência para nós não pressionarmos os homens a nos agradar fazendo qualquer coisa contrária à sua própria vontade.
 
 
 
A saga de Paulo em Jerusalém - (Atos 21) - Comen. Expo. H. D. Lopes (com algumas modificações do Pr. Henrique)
Paulo está de malas prontas para viajar rumo a Jerusalém. Será a última vez que o velho apóstolo colocará os pés na cidade de Davi. Embora um dos propósitos da sua viagem seja levar uma oferta colhida entre os crentes gentios para os crentes judeus, ele sabe que as curvas do futuro lhe reservam cadeias e tribulações. Paulo não nutre esperanças falsas; sabe que será preso. Não caminha na direção dos holofotes, mas rumo à prisão e à morte. Paulo chega a pedir oração à igreja de Roma para não ser morto pelos rebeldes judeus nessa arriscada viagem a Jerusalém (Rm 15.30,31).
De Mileto, depois Tiro e Cesareia o apóstolo viajou para Jerusalém, onde seria preso, encarcerado, sujeitado a vários processos e finalmente despachado a Roma para comparecer diante do Imperador. Werner de Boor, por sua vez, não considera o caminho do sofrimento de Paulo sinônimo de perturbação e interrupção, mas o auge de sua atuação.
Os capítulos 21 e 22 relatam a saga do apóstolo Paulo nessa viagem, bem como sua prisão em Jerusalém. Destacamos seis pontos para reflexão.
A viagem de Paulo de Mileto a Tiro (21.1-6)
As estações da viagem paulina são fáceis de identificar no mapa. Não havia ligações marítimas diretas para o fluxo de passageiros. As pessoas viajavam em navios mercantes cujo roteiro era estabelecido pelo destino da carga.
Logo que Paulo zarpou de Mileto, porto nas proximida­des de Éfeso, viajou até Cós, pequena ilha ao sul de Mileto; no dia seguinte, partiu para Rodes, ilha maior a sudeste, e, dali seguiu para Pátara, a leste de Rodes (21.1). Prosseguiu viagem de Pátara para a Fenícia, numa longa viagem de 650 km (21.2), bordejando a ilha de Chipre e navegando direto para Tiro, onde o navio deveria ser descarregado
. Em Tiro, a principal cidade da Fenícia, Paulo se encontrou com os discípulos e permaneceu ali sete dias. Nessa cidade, Paulo recebeu uma profecia, alertando-o a não ir a Jerusalém (21.4). Após uma semana entre os crentes de Tiro, Paulo se despediu em clima de profunda emoção e cordialidade, prosseguindo sua viagem rumo a Jerusalém (21.5,6).

A viagem de Paulo de Tiro a Cesareia (Atos 21)
Após deixar a cidade de Tiro rumo a Cesareia, Paulo chegou a Ptolemaida, onde saudou os irmãos, permanecendo com eles por um dia (21.7). De Ptolemaida, o apóstolo viajou direto para a cidade de Cesareia, cerca de 64 km ao sul. Ali se hospedou na casa de Filipe, o evangelista, um dos sete diáconos da igreja de Jerusalém, cujas filhas eram virgens e que profetisavam (21.8,9 - dom de profecia). Filipe se estabelecera na cidade havia cerca de vinte anos (8.40). Desde então, sua família crescera (21.9).
A magnífica cidade de Cesareia fora construída por Herodes, o Grande, para servir como porto para Jerusalém. Paulo se hospedou na casa de Filipe, que fugira de Jerusalém por causa da perseguição, quando Estêvão, seu companheiro, foi morto com a participação de Saulo. No passado Filipe teve de fugir do perseguidor Saulo. Agora os dois estão juntos como irmãos, o perseguidor como hóspede na casa do perseguido. Um apóstolo e outro evangelista conforme Efésios 4.11.
Enquanto Paulo estava em Cesareia, Agabo, conhecido profeta da igreja em Jerusalém, desceu da Judeia e profetizou a prisão de Paulo em Jerusalém, acrescentando que os judeus o entregariam nas mãos dos gentios (Atos 21.10,11). Cerca de quinze anos antes, Paulo e Ágabo haviam trabalhado juntos levantando uma oferta para as vítimas da grande fome que assolou a Judeia (Atos 11.27-30). Agora estavam reunidos um Apóstolo (Paulo), um Profeta (Ágabo) e um Evangelista (Filipe) - Ministérios dados por CRISTO a Igreja conforme Efésios 4.11.
A mensagem do Profeta Ágabo. Ele tomou o cinto de Paulo, ligando com ele seus próprios pés e mãos. Esta é mais uma das profecias que o ESPÍRITO SANTO dissera a Paulo (Atos 21.23,24). Paulo rejeitou abertamente o pedido dos discípulos de não ir a Jerusalém e seguiu resoluto para lá, mesmo sabendo que acabaria sendo preso.
Assim como os cristãos de Tiro, os cristãos de Cesareia imploraram a Paulo que não fosse a Jerusalém. Tanto a equipe que acompanhava Paulo como os discípulos de Cesareia tentaram demover o apóstolo de ir a Jerusalém, mas este os calou e respondeu com firmeza: Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS (21.13). Não conseguindo dissuadir o apóstolo de sua firme resolução de ir a Jerusalém, os irmãos se curvaram à vontade do Senhor (Atos 21.14). Depois dos preparativos, então, Paulo e sua comitiva subiram para Jerusalém (Atos 21.15,16). Devemos admirá-lo por sua decisão inabalável.
Vale ressaltar que, em Mileto, Paulo disse aos presbíteros de Efeso que estava indo a Jerusalém obedecendo ao ESPÍRITO SANTO (20.22, BLH), apesar das cadeias e tribulações. Lucas narra o acontecimento assim: E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá senão que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações (Atos 20.22,23). A grande questão é como conciliar essa convicção de Paulo com as profecias recebidas em Tiro (21.4) e Cesareia, pois em ambas o ESPÍRITO SANTO é evocado. Em Tiro, as pessoas que falaram foram movidas pelo ESPÍRITO e em Cesareia Agabo afirma: Isto diz o ESPÍRITO SANTO. Paulo prosseguiu rumo a Jerusalém (21.14) sabendo que o ESPÍRITO SANTO apenas o estava preparando para tudo o que haveria de contecer em breve.
Com certeza, Agabo apenas predisse que Paulo seria amarrado e entregue aos gentios (21.11); os apelos subsequentes a Paulo não são atribuídos ao ESPÍRITO e podem ter sido deduções falíveis feitas por homens, por causa da profecia do ESPÍRITO. Pois se Paulo tivesse ouvido os apelos de seus amigos, a profecia de Agabo não seria cumprida. Para Warren Wiersbe, os pronunciamentos proféticos po­dem ser entendidos como avisos (Prepare-se”), não como proibições (“Você não deve ir”).
O propósito de Lucas é mostrar que, à semelhança de JESUS, Paulo manifestou no seu rosto a intrépida resolução de ir a Jerusalém, mesmo sabendo o que lhe esperava nessa cidade. Em vez de considerarmos que Paulo se recusou a obedecer uma profecia, devemos admirá-lo por sua coragem e perseverança, pois não recuou nem mesmo diante da profecia de seu sofrimento. Paulo agiu como alguns soldados da Guerra Civil Espanhola: “Prefiro morrer de pé a viver de joelhos”.
Nessa mesma linha de raciocínio, Warren Wiersbe aconselha que, em vez de acusarmos Paulo de ter transigido, devemos louvá-lo por sua coragem, pois, ao ir a Jerusalém, ele tomou a vida nas próprias mãos, a fim de resolver o problema mais premente da igreja: a fenda cada vez mais larga entre os judeus legalistas da “extrema-direita” e os cristãos gentios. Os problemas começaram a se formar na assembléia de Jerusalém (Atos 15), e os legalistas passaram a seguir Paulo e a tentar tomar seus convertidos. A situação era séria, e Paulo sabia que fazia parte não apenas do problema, mas também da solução. No entanto, não podia resolver nada à distância, por meio de representantes; teria de ir a Jerusalém pessoalmente. Hoje sabemos quem prevaleceu - A igreja dos gentios se multiplicou e a dos judeus definhou.
A viagem de Paulo de Cesareia a Jerusalém (Atos 21.17-26)
Paulo chega a Jerusalém depois de uma longa viagem. Destacamos quatro fatos importantes de sua estada.
Em primeiro lugar, uma acolhida calorosa (Atos 21.17). Quando Paulo chegou a Jerusalém com sua comitiva, foi acolhido pelos irmãos com alegria. Sua recepção foi efusiva. Não havia tensão entre Paulo e os líderes da igreja de Jerusalém. Tanto Gálatas 2 quanto Atos 15 revelam essa unidade da igreja judaica e gentílica. A tensão estava na mente dos judaizantes que rejeitavam a ideia de gentios se tornarem cristãos antes de se fazerem judeus.
Em segundo lugar, um encontro com a liderança
No dia seguinte à chegada a Jerusalém, Paulo foi encontrar-se com Tiago, o líder da igreja, ocasião em que os presbíteros se reuniram para ouvirem o apóstolo. Nesse tempo era provável que Pedro e João não estivessem mais em Jerusalém. Uma vez que a igreja de Jerusalém havia crescido e agora tinha em seu rol dezenas de milhares de membros, seria necessário grande número de presbíteros para pastoreá-la.
Em terceiro lugar, um testemunho minucioso (Atos 21.19,20). Paulo relata minuciosamente, aos líderes da igreja de Jerusalém o que DEUS fizera entre os gentios por seu ministério (lCo 15.10). Ao ouvirem o relatório missionário, todos deram glória a DEUS e também contaram sobre as dezenas de milhares de judeus convertidos que se mantinham ainda zelosos da lei. John Stott diz que não se ouviu na igreja de Jerusalém nenhum murmúrio de desaprova­ção. Assim como na conversão de Cornélio (Atos 11.18), na evangelização dos gregos em Antioquia (Atos 11.22,23) e na primeira viagem missionária (Atos 14.27; 15.12), a evidência da graça de DEUS para com os gentios era indiscutível, e a única resposta adequada era a adoração. O louvor de Tiago e dos presbíteros não era forçado, mas espontâneo e genuíno.
Em quarto lugar, uma ação preventiva (Atos 21.21-26). Tiago estava preocupado com a chegada de Paulo a Jerusalém. Sabia que os boatos a seu respeito ainda não haviam sido dissipados. Circulava em Jerusalém uma falsa notícia de que Paulo ensinava os crentes judeus a apostatarem de Moisés, deixando de circuncidar seus filhos e de observar a lei de Moisés. Para prevenir o apóstolo de qualquer dissabor e também calar a boca dos críticos, Paulo foi aconselhado a purificar-se, segundo a tradição dos judeus, fazendo o voto de nazireu e raspando a cabeça  juntamento com 4 judeus. Tiago relembra aos gentios que acompanhavam Paulo a necessidade de manterem decisões estabelecidas no Concilio de Jerusalém, abstendo-se de coisas sacrificadas aos ídolos, sangue, carne de animais sufocados e relações sexuais ilícitas.
Concordo com William Barclay quando ele escreve: “Há um momento em que fazer concessões não denota fraqueza, mas força”. Warren Wiersbe tem razão em dizer que a mesma graça que dava aos gentios a liberdade de se abster, também dava aos judeus a liberdade de observar seus costumes. Tudo o que DEUS pedia deles era que aceitassem uns aos outros sem criar problemas nem divisões. Marshall acrescenta que não havia nenhuma transigência em Paulo ao fazer essas concessões, especialmente porque a respectiva oferta não lhe parecia irreconciliável com a oferta que JESUS fez de si mesmo como sacrifício pelo pecado. Citando F. F. Bruce, Marshall observa: “Um espírito verdadeiramente emancipado, tal qual aquele de Paulo, não é escravizado à sua própria emancipação.

Mais uma vez John Stott nos ajuda a entender esse problema da convivência harmoniosa entre os convertidos judeus (Atos 21.20) e gentios (Atos 21.25). Qual era a preocupação de Tiago?
a) Não era o caminho da salvação (Tiago e Paulo concordavam que este era através de CRISTO, e não da lei); não era o que Paulo ensinava aos gentios convertidos (ele ensinava que a circuncisão era desnecessária, e Tiago e o Concilio de Jerusalém haviam dito a mesma coisa); e não era a lei moral (Paulo e Tiago concordavam que o povo de DEUS deve levar uma vida santa de acordo com os mandamentos de DEUS), mas eram os costumes dos judeus (21.21).
Tiago e Paulo estavam de acordo em termos doutrinários e éticos. A tensão entre eles era de natureza exclusivamente cultural. A solução a que chegaram, portanto, não sacrificava nenhum princípio doutrinário ou moral, apenas fazia uma concessão prática. Desta forma, Paulo cede em favor da evangelização e também da solidariedade judaico-gentia. Por outro lado, Tiago manifesta atitude similar ao louvar a DEUS pela missão entre os gentios e ao aceitar a oferta das igrejas gentias.
A prisão de Paulo em Jerusalém (Atos 21.27-40)
Era a Festa de Pentecostes, e havia milhares de judeus em Jerusalém de todas as partes do mundo. Os judeus incrédulos vindos da Ásia, ao verem Paulo no templo, o acusaram de introduzir Trófimo, de Éfeso no templo (Atos 21:29) e movidos pelo preconceito inflexível e pela violência fanática, numa atitude completamente diferente dos líderes da igreja de Jerusalém, alvoroçaram o povo e espancaram Paulo com violência.
John Stott explica que, após as três épicas viagens missionárias, Lucas descreve os cinco julgamentos enfrentados por Paulo. O primeiro foi diante de uma multidão de judeus na área do templo (capítulo 22); o segundo, diante do supremo conselho dos judeus em Jerusalém (capítulo 23); o terceiro e o quarto em Cesareia, diante dos governadores Félix e Festo (capítulos 24 e 25); e o quinto, também em Cesareia, diante do rei Herodes Agripa II (capítulo 26).
Cinco fatos devem ser aqui destacados.
Em primeiro lugar, um alvoroço medonho (Atos 21.27). Os judeus foram os grandes adversários de Paulo e os grandes opositores do evangelho. Essa foi a principal tese de Lucas no livro de Atos (Atos 4.1—5.42; 7.54-60; 8.1-4; 9.23-25; 21.27­36; 23.12-21). Foram os judeus que por todos os cantos provocaram tumultos e agora mais uma vez alvoroçam a multidão. Nesse clima de motim, os judeus agarraram e prenderam Paulo.
Em segundo lugar, uma acusação falsa (Atos 21.28-30). Esses judeus asiáticos espalharam boatos sobre Paulo. Os boatos normalmente não se baseiam em fatos; antes, alimentam­se de meias-verdades, preconceitos e mentiras. Esses críticos de plantão levantaram três acusações contra Paulo: acusaram-no de ensinar a todos a serem contra o povo, contra a lei e contra o templo.
Com respeito à lei, ainda que Paulo pregasse que CRISTO era o fim da lei, ou seja, o objetivo da lei era mostrar o pecado para que buscassem por JESUS para a salvação (Rm 10.4), não há evidência de que a atividade persuadisse os cristãos judeus a abandonar a circuncisão dos filhos ou os costumes judaicos. Romanos 14—15; 2 Coríntios 8—10 mostram que Paulo estava considerando a existência de judeus (os irmãos fracos) que tinham diferenças com os gentios quanto ao que podiam comer, e Paulo defendia o direito de cada grupo ter seus próprios pontos de vista, e a necessidade de cada um demonstrar tolerância para com o outro. Em Corinto, parece que Paulo defendeu os hábitos judaicos a respeito das mulheres que deviam ter a cabeça coberta no culto (ICo 11.2-16). Já vimos que Paulo mandou circuncidar Timóteo (Atos 16.3), e, conforme Atos 18.18, ele mesmo fez um voto judaico. A acusação, portanto, não tinha substância.
Os judeus radicais pensaram que Paulo havia profanado o templo, introduzindo Trófimo, o efésio, no recinto sagrado. As acusações foram tidas por verdadeiras e a multidão se arremeteu contra Paulo com ensandecida violência. Na verdade, Paulo não estava profanando o templo, mas passando pela cerimônia de purificação, exatamente para não cometer profanação. Marshall diz que é irônico que esta fosse a acusação num período em que o próprio Paulo estava passando pela purificação a fim de não profanar o templo.
Havia no templo um muro que separava o pátio dos gentios das demais áreas, e os gentios não tinham permissão de ir além do muro (Ef 2.14). Uma inscrição solene no muro dizia: “Nenhum forasteiro pode ultrapassar esta barreira que cerca o santuário e seus recintos. Qualquer intruso pego em flagrante será o único culpado pela sua morte”. William Barclay afirma que essa lei era tão respeitada que os romanos davam aos judeus autorização para matar sumariamente quem a desobedecesse. Os judeus da diáspora gritavam por socorro, como se o pior sacrilégio estivesse sendo perpetrado diante de seus olhos. “O templo foi profanado!”. Esse foi o grito que alvoroçou a multidão: a crença profundamente enraizada no coração dos judeus de que não se podia derramar sangue no recinto do templo. Por isso arrastaram Paulo para fora. Imediatamente foram fechadas as portas. E, no pátio externo do templo, a multidão tentou linchar Paulo.
Em terceiro lugar, uma decisão fatídica (21.31a). Antes de investigar a veracidade das acusações e antes de oferecer ao acusado chance de defesa, os judeus deliberaram matá­-lo. Embora não haja como comparar os sofrimentos de CRISTO (que foram vicários) com os sofrimentos de Paulo, Lucas coteja o que CRISTO enfrentou em Jerusalém com os sofrimentos de Paulo. Ambos foram rejeitados pelo povo e presos sem motivo; ambos foram acusados injustamente e prejudicados por testemunhas falsas; ambos apanharam no rosto diante do tribunal; ambos foram vítimas de planos secretos dos judeus; ambos ouviram o barulho aterrorizante de uma multidão que gritava: Mata-o, ambos foram sujeitados a uma série de cinco julgamentos — por Anás, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes Antipas e duas vezes por Pilatos, no caso de JESUS; pela multidão, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes Agripa II e por dois procuradores, Félix e Festo, no caso de Paulo. Em tudo Paulo imitava JESUS.
Em quarto lugar, uma intervenção providencial (Atos 21.31 b-36). O comandante Cláudio Lísias foi informado do motim e imediatamente se dirigiu à praça do templo com sua soldadesca, abortando a intenção dos judeus. Marshall diz que não levaria muito tempo para a notícia do distúrbio chegar à guarnição romana na cidade. Localizada na fortaleza Antônia, quartel-general da força de ocupação romana, ao noroeste do templo, era suficientemente alta para manter vigilância constante sobre os distúrbios embaixo, e dois lances de escadas a ligavam com o átrio dos gentios. A guarnição em Jerusalém era uma coorte, que tinha nominalmente 760 soldados da infantaria e 240 da cavalaria, todos comandados por um oficial romano.
Os judeus cessaram de espancar Paulo quando o comandante mandou acorrentá-lo, para saber quem era e o que havia feito o prisioneiro. Nesse ínterim a multidão ensandecida gritava de forma desordenada sem saber por que vociferava contra o apóstolo. Por essa razão o comandante mandou recolher Paulo à fortaleza para não ser despedaçado pela multidão tresloucada, que clamava pela sua morte.
 A multidão gritava mata-o, da mesma forma que, quase trinta anos antes, outra multidão gritara contra outro prisioneiro (Lc 23.18).
Lucas apresenta as autoridades romanas como amigos do evangelho, não como inimigos. O primeiro gentio a se converter foi Cornélio, um centurião romano (Atos 10.1-48). O primeiro convertido das viagens missionárias de Paulo foi Sérgio Paulo, o procônsul romano de Chipre (Atos 13.12). Em Filipos os magistrados romanos até pediram desculpas a Paulo e Silas pelo espancamento e pela prisão (Atos 16.35­-40). Em Corinto, Gálio, o procônsul da Acaia, recusou-se a ouvir as acusações dos judeus contra Paulo (18.12-17). Em Efeso, o escrivão da cidade declarou inocentes os líderes cristãos (Atos 19.35-41). Agora, em Jerusalém e Cesareia, Cláudio Lísias, o comandante militar, coloca Paulo sob sua proteção.
Voltando ao paralelo entre JESUS e Paulo, tanto Pilatos no julgamento de JESUS como Cláudio Lísias no julgamento de Paulo consideraram-nos inocentes. Assim como Lucas dedicou grande parte de seu evangelho para tratar da prisão e morte de JESUS, também dedicou boa parte de Atos para narrar a prisão e a defesa de Paulo. O livro de Atos termina mostrando Paulo preso em Roma. Dessa primeira prisão Paulo foi solto e declarado inocente. De acordo com John Stott, Lucas faz questão de demonstrar que, aos olhos da lei romana, JESUS e Paulo eram inocentes, dirigindo a atenção para o antecedente que estabeleceu a legalidade da fé cristã, como resultado de seus julgamentos.
Em quinto lugar, um esclarecimento necessário (21.37-­40). Com esta seção, começa a narrativa longa da prisão e dos julgamentos de Paulo, tanto em Jerusalém como em Cesareia, e da sua viagem para Roma, a fim de enfrentar o tribunal supremo. Ao ser levado para a fortaleza, Paulo pede permissão para falar à multidão amotinada. O comandante imaginava que Paulo fosse o egípcio que havia aliciado quatro mil sicários. Paulo responde declarando ser um judeu natural de Tarso, importante província do Império romano. A multidão silencia, e Paulo dirige-se a seu povo em língua hebraica.
 
 

Questionário da Lição 12, A Coragem do Apóstolo

 

INTRODUÇÃO
O que muitas vezes nosso chamado requer de nós? Cite duas coisas necessárias.
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
1- O que JESUS disse por meio da resposta a Ananias sobre o futuro de Paulo?
2- O que Paulo discerniu que era a vontade de Deus que ele enfrentasse?
3- O apóstolo decidiu, em seu coração, que deveria ouvir a voz do Espírito e partir (At 20.17-38; 21.1-6). O que não o prenderia e impediria de enfrentar seu destino?
4- O que os discípulos em Tiro, aconselharam Paulo?
5- Passando por Cesareia a quem Paulo encontrou?
6- Qual era a situação espiritual de Filipe e de sua família?
7- Quanto tempo Paulo passou em Cesareia?
II – A CORAGEM PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
8- Depois de insistirem para Paulo não ir a Jerusalém e diante de sua recusa em ouvi-los, o que os irmãos lhe disseram?
9- Como foi a recepção de Paulo em Jerusalém?
10- Qual era a festa que acontecia em Jerusalém neste período?
11- Com quem Paulo se encontrou em sua chegada em Jerusalém?
12- O que fizeram os líderes ao ouvirem do apóstolo o que Deus estava fazendo na vida dos gentios (At 21.19)?
13- O que queriam os judaizantes?
III – ACUSAÇÕES E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
14- Quais eram as acusações contra o apóstolo Paulo, pelos judaizantes?
15- Quais as sugestões de Tiago e os anciãos da igreja para o apóstolo
16- O que fez a maioria dos judeus da Ásia, que veio para a Festa de Pentecoste ao ver Paulo no Templo?
17- O que fizeram os homens que ouviram esses incitadores?
18- O que fez o comandante Claudio Lísias?
19- No diálogo com Lísias, como Paulo se apresenta?
20- Qual a razão de o apóstolo padecer pelo nome de JESUS?
CONCLUSÃO
21- Qual era a visão de Paulo?
 
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 12 - CPAD
 
 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O nosso tempo é marcado pelo imediatismo. Pouco de nós se prepara a morte. Aliás, só de ouvir a palavra "morte", muda o humor, a tristeza domina o ambiente. A vida e o ministério de Paulo mostram que a coragem diante da morte não é escapismo, mas resultado concreto da dimensão profunda da fé que domina a vida do cristão. Essa dimensão salvífica mudou o olhar do apóstolo para o que faz sentido na vida concreta. Dessa forma, ter de escolher entre estar com CRISTO e permanecer na Terra, o apóstolo não tinha dúvida: escolheria estar com CRISTO. Para Paulo, permanecer neste mundo só se justificaria se fosse para desgastar-se pela causa do Evangelho.

PONTO CENTRAL - Tenha coragem diante da morte.
 
 
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - O apóstolo Paulo tinha plena consciência acerca da inevitabilidade de padecer por CRISTO.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A coragem do apóstolo Paulo para enfrentar a morte tinha como fonte o ESPÍRITO SANTO.
SÍNTESE DO TÓPICO III - As acusações mentirosas contra Paulo implicaram sua prisão.
 
 
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO TÓPICO I
Inicie a aula desta semana com a seguinte pergunta: Você tem medo da morte? Deixe os alunos refletirem e responderem. Em seguida, procure relacionar na lousa, os motivos que os alunos alegam mais temer a morte. Geralmente, há motivos de caráter familiar, profissional, planejamentos futuros. À luz das respostas dos alunos, exponha este primeiro tópico, destacando a consciência que o apóstolo Paulo tinha a respeito da inevitabilidade de seu padecimento por CRISTO. Ele sabia do perigo que corria, mas algo muito maior imperava em sua consciência e não o permitia retroceder no propósito de pregar o Evangelho.
 
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TÓPICO II
“[...] Para o crente cujos pecados foram perdoados, a morte já não tem nenhum aguilhão. A morte é ganho, não perda (Fp 1.21,23). Além disso, o pecado e a lei estão intimamente associados, pois ‘pela lei vem o conhecimento do pecado’ (Rm 3.20; cf. 7.7-11). Mas CRISTO nos redimiu da maldição da lei (Gl 3.13). A morte, juntamente com os inimigos que trouxeram a morte a todos (o pecado e a lei), foram vencidos pela ressurreição (Fee, 805). Em louvor, Paulo exclama: ‘Mas graças a DEUS, que nos dá a vitória [sobre a morte] por nosso Senhor JESUS CRISTO’ (v.57). DEUS ‘dá’, não ‘dará’, a vitória. Os crentes participam na vitória de CRISTO mesmo durante sua existência terrena, já que a morte perdeu seu poder aterrorizador. A morte, embora continue sendo um inimigo, está ‘incapacitada’, porque CRISTO a venceu (Bruce, 156-57)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Romanos – Apocalipse. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.252).
 
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TÓPICO III
Paulo sofreu acusações de todos os tipos, mas sua consciência não o acusava. “A consciência é a percepção interior que testifica junto à nossa personalidade no tocante ao certo ou errado das nossas ações. Uma boa consciência diante de DEUS dá o veredito de que não temos ofendido nem a Ele, nem à sua vontade. A declaração de Paulo (provavelmente com referência à sua vida pública diante dos homens) é sincera; note Fp 3.6, onde ele declara: ‘segundo a justiça que há na lei, irrepreensível’. Antes da sua conversão, ele chegou a crer que praticava a vontade de DEUS ao perseguir os crentes (26.9). A dedicação de Paulo a DEUS, sua total resolução em agradá-lo e sua vida ‘irrepreensível’ até mesmo antes de sua conversão a CRISTO, deixam envergonhados e julgados os crentes professos que se desculpam de sua infidelidade a CRISTO, alegando que todos pecam e que é impossível viver diante de DEUS com uma boa consciência” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p.1682).
 
 
PARA REFLETIR - A respeito de “A Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte”, responda:
O que Paulo discerniu pelo ESPÍRITO SANTO? Por meio do ESPÍRITO SANTO, Paulo discerniu a vontade de DEUS para enfrentar prisões e açoites pelo nome de JESUS.
O que havia na despedida de Paulo em Mileto? Nesse lugar havia bálsamo misturado à tristeza da despedida.
A quem Paulo procurou ouvir após a mensagem profética de risco de morte que enfrentaria em Jerusalém? Paulo procurou ouvir a voz do ESPÍRITO ao seu coração.
Com quem Paulo se encontrou ao chegar em Jerusalém? Paulo foi para Jerusalém acompanhado por alguns discípulos de Cesareia (At 21.16).
Quais eram as acusações contra o apóstolo Paulo? As acusações contra o apóstolo Paulo eram as seguintes: que os judeus entre os gentios deviam se apartar da lei de Moisés; eles não deveriam circuncidar os filhos; nem andar segundo a lei de Moisés (At 21.21).


CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 87, p. 42.