Escrita Lição 7, CG, Paulo, um Legado de Fé, Dedicação e Graça,
2Tr25, Com. Extra Pr Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM CIDADÃO DO MUNDO
1.1. Tarso: berço de um ministério global
1.2. Hebreu de origem, zeloso por sua herança
1.3. Cidadania romana: um privilégio estratégico
2. UM FARISEU SALVO PELA GRAÇA
2.1. O fariseu zeloso: perseguidor e defensor da Lei
2.2. O encontro com a Luz: transformação
e chamado
3. UM APÓSTOLO SINGULAR
3.1. A mensagem de Paulo: proclamando
CRISTO com ousadia
3.2. As cartas de Paulo: fundamentos para a fé cristã
4.1. Zelo e dedicação: lições de comprometimento
4.2. Coragem e honestidade: exemplos de integridade cristã
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 9.1-6
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos
do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote
2- e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de
que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse
presos a Jerusalém.
3- E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente
o cercou um resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por
que me persegues?
5- E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça?
E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém
fazer.
TEXTO ÁUREO
Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com
alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho
do evangelho da graça de DEUS. Atos 20.24
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno
deverá:
- reconhecer que Paulo priorizou o chamado divino
acima de quaisquer aspirações pessoais;
- explorar os principais feitos ministeriais e a
essência dos ensinamentos paulinos;
- identificar as características da personalidade de
Paulo, que servem como exemplo para a vida cristã.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Professor, o apóstolo Paulo é um dos personagens mais destacados do
Novo Testamento, mencionado amplamente nas Escrituras, sendo superado apenas por
JESUS. No entanto, por ser frequentemente abordado em estudos e sermões, seus alunos
podem não demonstrar grande interesse inicial pela lição. O de- safio é mostrar
que Paulo foi o instrumento divino para revelar a plenitude da graça, que salva
tanto judeus quanto gentios (Ef 2.8,9; Rm 1.16). Para isso, explore aspectos menos
conhecidos de sua vida e ministério, avaliando o que os alunos já sabem. Utilize
mapas das viagens missionárias para ilustrar sua trajetória descrita em Atos 13-28.
Boa aula!
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SUBSÍDIOS EXTRAS
REVISTAS ANTIGAS E LIVROS
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Escrita Lição 12, Central Gospel, Paulo, um Líder Eficaz, 2Tr23, Pr
Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO
1- UMA BREVE BIOGRAFIA DE PAULO, O
APÓSTOLO
1-1- Saulo, perseguidor da Igreja
1-2- Saulo, pregador do evangelho
1-3- Paulo, missionário às nações
1-4- Paulo, arquiteto da Igreja
2- CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
2-1- Paulo é julgado e mandado para Roma
2-1-1- Paulo é apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa.
2-1-2- Paulo enfrenta os primeiros percalços
2-2- O grande líder vislumbra o futuro
2-3- O grande líder é encorajador
2-4- O grande líder preocupa-se com as necessidades alheias
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 27.1,4,7,9-11,21,22
1 - Como se determinou que havíamos de navegar para a Itália,
entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião por nome Júlio, da
Coorte Augusta.
4 - E, partindo dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os
ventos eram contrários.
7 - E, como por muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo
chegado apenas defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante,
navegamos abaixo de Creta, junto de Salmona.
9 - Passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois
também o jejum já tinha passado, Paulo os admoestava,
10 - dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda
e com muito dano, não só para o navio e a carga, mas também para a nossa vida.
11 - Mas o centurião cria mais no piloto e no mestre do que no que
dizia Paulo.
21 - Havendo já muito que se não comia, então, Paulo, pondo-se em
pé no meio deles, disse: Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a
mim e não partir de Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perdição.
22 - Mas, agora, vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não
se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio.
TEXTO ÁUREO
(...) Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos
gentios. 2 Timóteo 1.11
SUBSÍDIOS DIVERSOS
Lição 1, O Mundo do Apóstolo Paulo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Escrita
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Slides
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 26.1-7
1 - Depois, Agripa disse a Paulo: Permite-se-te que te defendas.
Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu: 2 - Tenho-me por
venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas
as coisas de que sou acusado pelos judeus, 3 - mormente sabendo eu que tens
conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que
te rogo que me ouças com paciência. 4 - A minha vida, pois, desde a mocidade,
qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos
os judeus a sabem. 5 - Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem
testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
6 - E, agora, pela esperança da promessa que por DEUS foi feita a nossos pais,
estou aqui e sou julgado, 7 - à qual as nossas doze tribos esperam chegar,
servindo a DEUS continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa,
eu sou acusado pelos judeus.
Resumo da Lição 1, O Mundo do Apóstolo Paulo
I – O MUNDO DE PAULO NO IMPÉRIO ROMANO
1. Entendendo a origem de Paulo.
2. A geografia do mundo de Paulo.
3. Paulo, chamado para os gentios.
II – O MUNDO CULTURAL DE PAULO
1. A língua mundial daqueles dias era o grego.
2. O mundo cultural do apóstolo Paulo.
3. A influência da filosofia grega.
III – O MUNDO RELIGIOSO DE PAULO
1. Paulo se identifica como judeu.
2. Paulo foi criado dentro da fé judaica.
3. O mundo: palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico.
Veremos nesta lição1 o mundo de Paulo no império romano, sua
origem, a geografia do mundo de Paulo, seu chamado para os gentios.
Veremos o mundo cultural de Paulo, a língua mundial daqueles dias
era o grego, o mundo cultural do apóstolo Paulo, a influência da filosofia
grega.
O mundo religioso de Paulo, ele se identifica como judeu, ele foi
criado dentro da fé judaica, o mundo, palco da mensagem de Paulo ao povo
gentílico.
Paulo de Tarso, da tribo de Benjamim, Judeu, que falava Hebraico,
Aramaico, Grego e latim (na minha opnião, pois era a língua falada peos
romanos).
Paulo, o maior imitador de CRISTO. Também chamado "Paulo, o
velho" (Fm 1:9), "O prisioneiro de CRISTO" (Fm 1:9).
Paulo escreveu mais da metade dos livros do NT.
Considero Hebreus escrito por Paulo.
Paulo influenciou a escrita do evangelho de Lucas.
Paulo era usado em todos os dons do ESPÍRITO SANTO
Pedro abriu a porta, mas quem percorreu todos os cômodos da casa e
se instalou nela foi Paulo.
Foi Paulo usado por DEUS para transformar a "seita dos
nazarenos" em Igreja de CRISTO.
Paulo usava escrituras, livros e pergaminhos.
Anotava sempre o que ia recebendo de DEUS.
É o maior instrumento do ESPÍRITO SANTO para nossos ensino, sempre
baseado nos ensinos de JESUS CRISTO.
No tempo de JESUS e de Paulo (eram contemporâneos, com diferença de
idade entre 9 e 12 anos) o Império romano se impõe como reino que não tem
adversário à altura.
Politicamente e belicamente não havia concorrentes.
A cultura grega dominava, mas prevalecia a autoridade Romana.
Império romano governava desde a Inglaterra até a Persia.
Entre anos 60 e 150, governo romano experimentou seu apogeu e a Pax
romana, com estradas ligando todo o império, possibilitando assim a
intercomunicação e o comércio entre todos os países do império.
Mar mediterrâneo e norte da África também eram dominados pelo
império romano.
COMENTÁRIOS DE LIVROS A RESPEITO DO ASSUNTO
A Quinta Defesa de Paulo - Atos 26:1-11 - Comentário Bíblico -
Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Agripa era a pessoa mais ilustre na assembleia, tendo o título de
rei que lhe fora concedido, embora sob outros aspectos tivesse somente o poder
dos outros governadores sob o imperador e, mesmo não sendo superior aqui, era
veterano em relação a Festo; e por isso, depois de Festo ter aberto a sessão,
Agripa, como o orador da corte, concede a Paulo licença para que se defenda (v.
1). Paulo ficou em silêncio até que tivesse conseguido essa liberdade; porque
não são os mais dispostos a falar que são os mais preparados para falar e falam
melhor. Esse era um favor que os judeus não lhe dariam, ou não sem dificuldade;
mas Agripa de bom grado o dá a ele. E a causa de Paulo era tão boa que ele não
queria mais que ter a liberdade de falar por si mesmo; ele não precisava de
advogado, de nenhum Tértulo para falar por ele. Seu gesto é registrado: Ele
estendeu sua mão, como alguém que não estava em nada consternado, mas tinha
perfeita liberdade e domínio de si mesmo; e isso também dá a entender que ele
estava falando sério e esperava a atenção deles enquanto respondia por si.
Observe: Ele não insistiu em seu apelo a César como uma desculpa para ficar em
silêncio, ele não disse: “Eu não mais serei examinado até que eu vá ao
imperador em pessoa”; mas amavelmente abraçou a oportunidade de honrar a causa
pela qual ele sofria. Se nós devemos estar sempre preparados para responder com
mansidão e temor a qualquer que nos pedir a razão da esperança que há em nós,
muito mais a cada homem de autoridade (1 Pe 3.15). Sendo assim, nessa última
parte do discurso:
I
Paulo dirige-se com um respeito muito particular a Agripa (vv.
2,3). Ele respondeu amavelmente diante de Félix, porque ele sabia que tinha
sido por muitos anos juiz para aquela nação (Atos 24.10). Mas sua opinião
quanto a Agripa vai mais além. Observe: 1. Sendo acusado pelos judeus, e tendo
muitas coisas desprezíveis postas em sua acusação, ele está contente que tenha
uma oportunidade de se esclarecer; tão longe está ele de imaginar que por ser
um apóstolo estaria isento da jurisdição dos poderes civis. A magistratura é
uma ordenança de DEUS, da qual todos nós nos beneficiamos, e, portanto, todos
devem estar sujeitos a ela. 2. Visto que é forçado a responder por si mesmo,
ele está contente em estar diante do rei Agripa, que, sendo ele mesmo um
prosélito da religião judaica, entendia todas as questões relativas a ela
melhor do que os outros governadores romanos: Eu sei que tens conhecimento de
todos os costumes e questões que há entre os judeus. Parece que Agripa era um
erudito, e era particularmente versado no ensino judaico, que era perito nos
costumes da religião judaica, e conhecia a natureza deles, e que eles não
estavam designados a serem universais ou perpétuos. Ele também era perito nas
questões que surgiam sobre aqueles costumes, determinando que os próprios
judeus não pensavam todos da mesma forma. Agripa era bem versado nas escrituras
do Antigo Testamento, e, portanto, podia fazer, mais do que outros, um
julgamento melhor sobre a controvérsia entre ele e os judeus a respeito de
JESUS poder ser o Messias. É um encorajamento para um pregador ter ouvintes que
são inteligentes e que podem discernir coisas que diferem entre si. Quando
Paulo diz: julgai vós mesmos o que digo, ele está falando como a sábios (1 Co
10.15). 3. Ele, portanto, roga que ele o ouça pacientemente, makrothymos – com
longo ânimo. Paulo planeja um longo discurso, e implora que Agripa o ouça por
completo, e não fique entediado; ele planeja um discurso claro, e roga que o
ouça com mansidão, e não fique furioso. Paulo tem uma certa razão em temer que,
como Agripa, sendo judeu, era bem versado nos costumes judeus, e por isso um
juiz tanto mais competente de sua causa, ele fosse também influenciado em
alguma medida pelo fermento judeu, e, portanto, podia carregar um preconceito
contra Paulo como o apóstolo dos gentios; ele portanto diz isso para
abrandá-lo: eu rogo a ti que me ouças pacientemente. Com certeza, o mínimo que
podemos esperar, quando pregamos a fé em CRISTO, é sermos ouvidos pacientemente.
II
Ele declara que embora fosse odiado e estigmatizado como apóstata,
ainda assim aderia a todo aquele bem no qual fora educado e instruído no
início; sua religião sempre foi construída sobre a promessa de DEUS feita aos
pais; e sobre isso ele ainda construía.
1. Veja aqui qual era sua religião em sua juventude: Sua vida,
todos os judeus a sabem (vv. 4,5). Na verdade, ele não nasceu em sua própria
nação, mas foi criado entre eles em Jerusalém. Embora ele tivesse nos últimos
anos tido contatos com os gentios (o que havia causado grande ofensa aos
judeus), contudo, em suas viagens pelo mundo, ele estava intimamente ligado com
a nação judaica, e agia inteiramente em seu benefício. Sua formação não era nem
estranha nem obscura; estava entre sua própria nação em Jerusalém, onde a
religião e a instrução floresciam. Todos os judeus a conheciam, tudo isso
poderia ser lembrado por muito tempo, porque Paulo tornou-se notável ainda
moço. Aqueles que o conheciam desde o princípio poderiam testificar por ele que
ele era fariseu, que ele era não somente da religião judaica, e um observador
de todas as ordenanças dela, mas que ele era da mais severa seita da nossa
religião, mais exigente e exato em observar por si mesmo as suas instituições,
e mais rígido e crítico ao impô-las a outros. Ele não somente era chamado de
fariseu, mas ele viveu fariseu. Todos que o conheceram sabiam muito bem que
nunca qualquer fariseu se conformou mais pontualmente às regras de sua ordem do
que ele. E ainda mais, ele era do melhor tipo de fariseu; porque ele fora
educado aos pés de Gamaliel, que foi um rabino eminente da escola ou casa de
Hillel, que era de muito maior reputação para a religião do que a escola ou
casa de Shamai. Sendo assim, se Paulo era fariseu, e viveu como fariseu: (1)
Então ele era um erudito, um homem instruído, e não um ignorante, iletrado; os
fariseus conheciam a lei e eram bem versados nela, e nas suas exposições
tradicionais. Havia uma censura aos outros apóstolos por não terem tido uma
formação acadêmica, mas tinham sido treinados como pescadores (Atos 4.13).
Portanto, para que os judeus descrentes pudessem ser deixados sem desculpa,
aqui está um apóstolo destacado que havia se assentado aos pés de seus doutores
mais eminentes. (2) Então ele era um moralista, um homem de virtude, e não um
jovem dissoluto ou pervertido. Se ele viveu como fariseu, não era nenhum bêbado
ou fornicador; e, sendo um jovem fariseu, podemos esperar que ele não era
nenhum extorquidor, nem tinha ainda aprendido as artes que os velhos fariseus
astutos e cobiçosos praticavam de devorar as casas das viúvas pobres; mas era,
segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Ele não era culpado de nenhum
exemplo de vício e profanação conhecidos; e, portanto, como não se podia
considerá-lo desertor de sua religião por não a conhecer (pois ele era um homem
instruído), também não se podia considerar que ele desertara dela porque não a
amava, ou não tinha afeição às suas obrigações, pois ele era um homem virtuoso,
e não era inclinado a nenhuma imoralidade. (3) Então ele era ortodoxo, são na
fé, e não um deísta ou cético, ou um homem de princípios corruptos que levam à
infidelidade. Ele era fariseu, em oposição aos saduceus; ele aceitava aqueles
livros do Antigo Testamento que os saduceus rejeitavam, acreditava num mundo de
espíritos, na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo e nas recompensas
e castigos do estado futuro, tudo que os saduceus negavam. Eles não podiam
dizer: Ele abandonou sua religião por falta de um princípio, ou por falta do
devido respeito para com a revelação divina; não, ele sempre tivera uma
veneração pela antiga promessa feita por DEUS aos pais, e construíra sua
esperança sobre ela.
Ora, embora Paulo soubesse muito bem que tudo isso não o
justificava diante de DEUS, nem era justificação para ele, ele sabia que isso
valia por sua reputação entre os judeus, e um argumento ad hominem – como
Agripa deveria sentir, que ele não era um homem tal qual eles o fizeram
parecer. Embora ele considerasse tudo isso como perda para que pudesse ganhar a
CRISTO, ainda o mencionava quando podia servir para honrar a CRISTO. Ele sabia
muito bem que em todo esse tempo ele era um estranho à natureza espiritual da
lei divina, e à religião do coração, e que a menos que sua justiça excedesse
isso, ele jamais iria para o céu; no entanto, ele reflete sobre isso com alguma
satisfação de que antes da sua conversão não tinha sido um ateu, profano ou
corrupto, mas, de acordo com a luz que ele possuía, tinha andado diante de DEUS
com toda a boa consciência.
2. Veja aqui o que é sua religião. Na verdade, ele não tem grande
zelo pela lei cerimonial como ele teve em sua juventude. Os sacrifícios e
ofertas designados por essa lei, ele pensa, são superados pelo grande
sacrifício que eles tipificavam; ele não leva mais em consideração as
contaminações e suas purificações cerimoniais, e pensa que o sacerdócio
levítico foi nobremente absorvido pelo sacerdócio de CRISTO; mas quanto aos
princípios fundamentais de sua religião, ele é tão zeloso por eles como sempre,
e mais ainda, ele está pronto a viver e morrer por eles.
(1) Sua religião é edificada sobre a promessa feita por DEUS aos
pais. Está edificada sobre a revelação divina, que ele recebe e crê, e na qual
arrisca sua alma; ela está edificada sobre a graça divina, a graça manifestada
e transmitida pela promessa. A promessa de DEUS é o guia e a base de sua
religião, a promessa feita aos pais, que era mais antiga do que a lei
cerimonial, essa aliança que foi confirmada diante de DEUS em CRISTO, e que a
lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não invalida, de forma a
abolir a promessa (Gl 3.17). CRISTO e o céu são as duas grandes doutrinas do
evangelho – que DEUS nos deu a vida eterna e essa vida está em seu filho. Sendo
assim, essas duas são a substância da promessa feita aos pais. Ela pode
remontar até a promessa feita ao pai Adão, a respeito da semente da mulher, e
aquelas descobertas de um estado futuro em cuja fé os primeiros patriarcas
agiram, e foram salvos por aquela fé; mas ela diz respeito principalmente à
promessa feita ao pai Abraão, de que por sua semente todas as famílias da terra
seriam abençoadas, e que DEUS seria um DEUS para ele e para sua semente depois
dele: a primeira quer dizer CRISTO, a última, o céu; porque, se DEUS não
tivesse preparado uma cidade para eles, Ele teria se envergonhado de chamar a
si mesmo de seu DEUS (Hb 11.16).
(2) A sua religião consiste nas esperanças dessa promessa. Ele não
a estabelece, como eles fizeram, em comidas e bebidas, e na observação de
mandamentos carnais (DEUS tem muitas vezes mostrado quão pouco Ele se importa
com eles), mas na dependência confiante da graça de DEUS na aliança, e na
promessa, que foi a grande carta régia pela qual a igreja foi inicialmente
fundada. [1] Ele tinha esperança em CRISTO como a semente prometida; ele
esperava ser abençoado nele, para receber a bênção de DEUS e ser verdadeiramente
abençoado. [2] Ele tinha esperanças do céu; isso é expressamente afirmado, como
aparece na comparação com o capítulo 24.15: de que há de haver ressurreição de
mortos. Paulo não confia na carne, mas em CRISTO; nenhuma expectativa de
grandes coisas deste mundo, mas de coisas do outro mundo maiores do que
qualquer uma que este mundo possa almejar; ele tem seu olhar voltado para um
estado futuro.
(3) Nisso, ele concordava com todos os judeus piedosos; sua fé não
estava só de acordo com as Escrituras, mas de acordo com o testemunho da
igreja, que era um apoio para ela. Embora eles o pusessem como um marco ele não
era singular: “nossas doze tribos, o corpo da igreja judaica, continuamente
servindo a DEUS noite e dia, esperavam atingir essa promessa, isto é, o bem
prometido”. O povo de Israel é chamado de doze tribos, porque assim eles eram
no início; e, embora nós não leiamos do retorno das dez tribos em um corpo,
ainda assim podemos pensar em muitas pessoas em particular, mais ou menos de
cada tribo, que retornaram à sua terra; talvez, gradualmente, a maior parte
daqueles que foram levados cativos. CRISTO fala das doze tribos (Mt 19.28). Ana
era da tribo de Aser (Lc 2.36). Tiago endereça sua epístola às doze tribos que
andam dispersas (Tg 1.1). “Nossas doze tribos, que formam o corpo de nossa
nação, à qual eu e outros pertencemos. Ora, todos os israelitas professam crer
nessa promessa, tanto de CRISTO quanto do céu, e esperam alcançar os benefícios
delas. Todos eles esperam por um Messias futuro, e nós que somos cristãos
esperamos em um Messias que já veio; de maneira que todos nós concordamos em
edificar sobre a mesma promessa. Eles esperam pela ressurreição dos mortos e a
vida do mundo vindouro, e isso é o que eu espero também. Por que eu deveria ser
visto como tendo apresentado algo perigoso e heterodoxo, ou como um apóstata da
fé e do culto da igreja judaica, quando concordo com eles nesse artigo fundamental?
Eu espero por fim chegar ao mesmo céu a que eles esperam chegar; e, se nós
esperamos nos encontrar de maneira tão feliz em nosso fim, por que deveríamos
nos desentender de forma tão infeliz no caminho?” E mais, a igreja judaica não
somente esperava alcançar essa promessa, mas, na esperança dela, eles estão
servindo a DEUS continuamente, noite e dia. O serviço do templo, que consistia
em uma série contínua de deveres religiosos, manhã e tarde, dia e noite, do
início ao fim do ano, e era mantido pelos sacerdotes e levitas, e pelos homens
fixos, como eram chamados, que continuamente assistiam ali para pôr suas mãos
sobre os sacrifícios públicos, como os representantes de todas as doze tribos,
esse serviço baseava-se na profissão de fé na promessa da vida eterna, e, na
expectativa dela, Paulo insistentemente serve a DEUS dia e noite no evangelho
de seu Filho. As doze tribos por meio de seus representantes fazem o mesmo com
relação à lei de Moisés, mas ele e elas o fazem na esperança da mesma promessa:
“Por isso, eles não deveriam me olhar como um desertor de sua igreja, já que eu
me sustento pela mesma promessa pela qual eles se sustentam”. Muito mais
deveriam os cristãos, que esperam pelo mesmo JESUS, pelo mesmo céu, embora
diferindo nos modos e cerimônias de culto, esperar o melhor uns dos outros, e
viverem juntos em santo amor. Ou isso pode ser uma referência a pessoas
particulares que continuaram na comunhão da igreja judaica e foram muito
devotas a seu modo, servindo a DEUS com grande intensidade e forte aplicação da
mente, e constantes nisso, noite e dia, como Ana, que não saía do templo, mas
servia a DEUS (a mesma palavra é usada aqui) com jejuns e orações de noite e de
dia (Lc 2.37). “Nesse caminho eles esperavam alcançar a promessa, e eu espero que
eles a alcancem.” Note: Só podem esperar com bons motivos a vida eterna aqueles
que são diligentes e constantes no serviço de DEUS; e a boa esperança dessa
vida eterna deveria nos estimular à diligência e constância em todos os
exercícios religiosos. Nós devemos continuar com nossa obra tendo o céu em
nossa mira. E devemos julgar de maneira caridosa aqueles que insistentemente
servem a DEUS noite e dia, ainda que não do nosso jeito.
(4) E isso era pelo que ele agora estava sofrendo – por pregar essa
doutrina que eles mesmos, caso eles a entendessem corretamente, deveriam
reconhecer: eu sou julgado pela esperança da promessa feita aos pais. Ele se
prendia à promessa, contra a lei cerimonial, enquanto seus acusadores se
prendiam à lei cerimonial contra a promessa: “Por essa esperança, ó rei Agripa,
eu sou acusado pelos judeus – porque eu faço aquilo que eu me considero
obrigado a fazer pela esperança dessa promessa”. É comum aos homens odiar e
perseguir em outros o poder daquela religião da qual eles, não obstante, se
orgulham na forma. A esperança de Paulo era o que esses mesmos também esperam
(Atos 24.15), e, no entanto, eles estavam, desse modo, enfurecidos contra ele
por agir de acordo com aquela esperança. Contudo, era uma honra que quando ele
sofria como cristão ele sofria pela esperança de Israel (Atos 28.20).
(5) Isso era o que ele deveria persuadir a adotar todos que o
ouviam cordialmente (v. 8): Julga-se coisa incrível entre vós que DEUS
ressuscite os mortos? Isso parece vir de maneira um tanto brusca; mas é
provável que Paulo tenha dito muito mais do que está aqui relatado, e que ele
tenha explicado a promessa feita aos pais como sendo a promessa da ressurreição
e vida eterna, e provado que estava no caminho certo na busca de sua esperança
daquela felicidade porque ele acreditava em CRISTO, que tinha ressuscitado dos
mortos, o que era um penhor e garantia daquela ressurreição pela qual os pais
esperavam. Paulo está, portanto, certo de conhecer a virtude da ressurreição de
CRISTO, que por ela ele podia chegar à ressurreição dos mortos; veja Fp
3.10,11. Agora, muitos de seus ouvintes eram gentios, a maioria deles talvez,
Festo particularmente, e nós podemos supor que quando eles o ouviram falar
tanto da ressurreição de CRISTO quanto da ressurreição dos mortos, pela qual as
doze tribos esperavam, eles zombaram, como fizeram os atenienses, que começaram
a rir e a murmurar uns com os outros que coisa absurda era aquela, o que levou
Paulo, desse modo, a argumentar com eles. Pois quê? Julga-se coisa incrível
entre vós que DEUS ressuscite os mortos? Assim pode ser lido. Se isso for
maravilhoso aos olhos do resto deste povo, será também maravilhoso aos meus
olhos? Diz o Senhor dos exércitos (Zc 8.6). Se estiver acima do poder da
natureza, contudo, não está acima do poder do DEUS da natureza. Note: Não há
razão por que nós devamos pensar ser incríveis que DEUS ressuscite os mortos.
Não somos obrigados a acreditar em nada que seja inacreditável, qualquer coisa
que implique uma contradição. Há motivos de credibilidade suficientes para nos
sustentar em todas as doutrinas da religião cristã, e de maneira especial isso
vale para a ressurreição dos mortos. Acaso DEUS não tem poder infinito, para o
qual nada é impossível? Não criou Ele o mundo do nada, com apenas uma palavra?
Não formou Ele nossos corpos a partir do barro e soprou em nós o sopro de vida?
E não pode o mesmo poder formá-los novamente a partir de seu próprio barro e
pôr vida neles novamente? Não vemos um tipo de ressurreição na natureza, na
volta de cada primavera? O sol tem uma força semelhante de ressuscitar plantas
mortas, e deveria parecer incrível para nós que DEUS ressuscitasse corpos
mortos?
III
Ele reconhece que enquanto continuava fariseu, era inimigo amargo
dos cristãos e do cristianismo, e ele pensava que deveria ser assim, e
continuou assim até o momento em que CRISTO operou essa maravilhosa mudança
nele. Isso ele menciona:
1. Para mostrar que o fato de se tornar cristão e pregador não era
o produto e resultado de nenhuma disposição ou inclinação prévia a esse
movimento, ou qualquer avanço gradual de pensamento a favor da doutrina cristã;
ele não se convenceu a favor do cristianismo por uma sequência de argumentos,
mas foi introduzido no grau mais elevado de certeza dele, imediatamente do mais
alto grau de preconceito contra ele, pelo que parecia que ele foi feito cristão
e pregador por um poder sobrenatural; de maneira que sua conversão de tal modo
miraculoso não era somente para ele, mas para outros também, uma prova
convincente da verdade do cristianismo.
2. Talvez ele pretenda com isso uma desculpa a seus acusadores,
como CRISTO fez pelos seus, quando Ele disse: Eles não sabem o que fazem. O
próprio Paulo uma vez pensou que fez o que deveria fazer quando perseguia os
discípulos de CRISTO, e ele caridosamente considera que eles agiam sob o mesmo
engano. Observe:
(1) Quão tolo ele era em sua opinião (v. 9): Ele pensava consigo
mesmo que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia praticar muitos atos, tudo
que estava em seu poder, contrário à sua doutrina, sua honra e seu interesse.
Esse nome não fez nenhum mal, contudo, porque ele não concordava com a noção
que ele tinha do reino do Messias, ele estava pronto para fazer tudo que
pudesse contra esse nome. Ele pensava prestar um bom serviço a DEUS ao
perseguir aqueles que invocavam o nome de JESUS CRISTO. Note: É possível que os
que estão evidentemente no caminho errado estejam confiantes de que estão no
caminho certo; e que os que estão voluntariosamente persistindo no maior dos
pecados pensem que estão fazendo o seu dever. Aqueles que odiavam seus irmãos e
os expulsavam, diziam: O Senhor seja glorificado (Is 66.5). Sob o disfarce e
pretexto de religião, as vilanias mais bárbaras e desumanas têm sido não apenas
justificadas, mas santificadas e exaltadas (Jo 16.2).
(2) Com que fúria ele agia (vv. 10,11). Não há um princípio mais
violento no mundo do que a consciência mal-informada. Quando Paulo considerava
ser seu dever fazer tudo que pudesse contra o nome de CRISTO, ele não poupava
esforços nem custo nessa tarefa. Ele dá um relato do que fez nesse sentido, e o
agrava como algo pelo qual estava verdadeiramente arrependido: fui blasfemo, e
perseguidor (1 Tm 1.13). [1] Ele encheu as celas com cristãos, como se eles
fossem os piores criminosos, cogitando por esse meio não somente
aterrorizá-los, mas torná-los odiosos ao povo. Ele era o diabo que lançava
alguns deles na prisão (Ap 2.10), os levava sob custódia, para que fossem
processados. Encerrei muitos dos santos nas prisões (v. 10), tanto homens como
mulheres (Atos 8.3). [2] Ele tornou-se o agente dos principais sacerdotes.
Deles recebeu poder, como um oficial inferior, para pôr suas leis em execução,
e orgulhava-se muito de que era um homem com autoridade para esse propósito.
[3] Ele era muito solícito para se manifestar, mesmo que não solicitado, a
favor da entrega dos cristãos à morte, particularmente Estêvão, em cuja morte
Saulo consentiu (Atos 8.1), e assim tornou-se particeps criminis – cúmplice no
crime. Talvez ele tenha, por seu grande zelo, embora jovem, se tornado um
membro do sinédrio, e ali votado pela condenação dos cristãos à morte; ou,
depois que eles eram condenados, ele justificava o fato, e o celebrava,
tornando-se assim culpado ex post facto – depois de cometido o ato, como se ele
tivesse sido um juiz ou jurado. [4] Ele os punia com castigos de uma natureza
inferior, nas sinagogas, onde eles eram castigados como transgressores das
regras da sinagoga. Ele teve participação no castigo de muitos; mais ainda,
parece que as mesmas pessoas eram por seus meios castigadas muitas vezes, como
ele mesmo foi cinco vezes (2 Co 11.24). [5] Ele não somente os punia pela
religião deles, mas, orgulhando-se de triunfar sobre a consciência das pessoas,
ele as forçava a abjurar de sua religião, entregando-as à tortura: “Os obriguei
a blasfemar contra CRISTO, e a dizer que Ele era um enganador e que eles haviam
sido enganados por Ele – compelia-os a negar seu Mestre, e a renunciar a suas
obrigações para com Ele”. Nada será mais pesado sobre os acusadores do que
forçar a consciência dos homens, por mais que eles possam agora triunfar pelos
prosélitos que eles fizeram pela violência. [6] Sua fúria cresceu tanto contra
os cristãos e o cristianismo que a própria Jerusalém se tornou um palco muito
estreito para ele agir, e assim, ele declara: E, enfurecido demasiadamente
contra eles, até nas cidades estranhas os persegui. Ele estava furioso contra
eles, para ver o quanto eles tinham a dizer a favor de si mesmos, não obstante
tudo que ele fazia contra eles, enfurecido por vê-los se multiplicar ainda mais
por serem afligidos. Ele estava enfurecido demasiadamente; e o rio de sua fúria
não admitiria nenhuma margem, nenhum limite, contudo ele era um terror tão
grande para si mesmo como era para eles, tamanho era seu tormento dentro de si
mesmo pelo fato de não poder vencer, como era grande também sua indignação
contra eles. Perseguidores são homens enfurecidos, e alguns deles
demasiadamente enfurecidos. Paulo estava irritado por ver que aqueles em outras
cidades não eram tão violentos contra os cristãos, e por isso se ocupou onde
ele não tinha obrigações, e perseguiu os cristãos até mesmo em cidades
estrangeiras. Não há um princípio mais incansável do que fazer o mal,
especialmente aquele que aparenta consciência.
Esse era o caráter de Paulo, e essa a sua maneira de viver no
início de sua carreira; e por isso não se poderia presumir que ele fosse
cristão por educação ou costume, ou que tivesse sido atraído pela esperança de
promoção, porque todas as objeções exteriores imagináveis estavam contra ele
ser cristão.
Atos 26:1-7 - Comentário - NVI (F.F.Bruce)
Alcançamos o zénite desse ministério especial no que concerne à
Palestina. Após as apresentações feitas por Festo, Agripa assumiu a sessão
e, imediatamente, deu oportunidade a Paulo para que falasse em sua
defesa (26.1).
4) A defesa de Paulo diante de Agripa e Festo (26.2-23)
O conteúdo e o estilo da defesa. Essa fala não é uma defesa e um
testemunho improvisado, como foi a sua mensagem à multidão no cap. 22, pois
Paulo tinha tido tempo suficiente para o preparo e percebeu a importância
da ocasião. Por isso, o discurso é tão rico em conteúdo doutrinário,
histórico e apologético e, portanto, muito difícil de ser resumido em
espaço limitado. Alguns estudiosos nos informam que Paulo lembrou das suas
lições em retórica que tinha aprendido em Tarso, visto que nessa ocasião
dá atenção especial ao estilo, embora a língua seja, evidentemente, grego
helenístico, e não clássico. Outros, no entanto, consideram extremamente
duvidoso que ele tenha estudado em uma escola grega em Tarso,
interpretando At 22.3 como significando que Jerusalém foi a cidade da sua
adolescência e juventude.
O preâmbulo (v. 2,3). O preâmbulo era obrigatório nessas
“apologias” diante de juízes distintos, e mais uma vez Paulo soube como
combinar polidez e verdade, podendo de fato considerar-se feliz em expor
os seus argumentos diante de um soberano profundamente versado em questões
judaicas, e não ignorante acerca do início do cristianismo.
Saulo, o fariseu (v. 4,5). Paulo gostaria que a sua conversão e
ministério cristão fossem vistos contra o pano de fundo da sua história inicial
como judeu ortodoxo, adepto do partido mais rigoroso, o dos fariseus.
Embora fosse nativo de Tarso, cidade de gentios, a sua vida tinha
sido vivida entre os de seu povo, embora isso não excluísse influências
gregas.
Paulo entregou-se à esperança de Israel (v. 6-8). Ele não era
nenhum separatista perigoso, mas se apegava firmemente à esperança que se
originava nas promessas fundamentais dadas à nação (Gn 12—15) e
que tiveram seu cumprimento na ressurreição; pois desde o início
Abraão tinha aprendido a confiar no DEUS que dá vida aos mortos (Rm
4.16-25). A nação ideal das 12 tribos (naquele momento representada pelo
remanescente fiel) nunca tinha aberto mão dessa esperança no desenrolar da
sua adoração a DEUS, e a ressurreição dos mortos é incrível somente
para os que não conhecem DEUS.
Saulo, o perseguidor (v. 9-11). Paulo volta à sua história e mostra
que não somente era fariseu, mas o grande líder da
primeira perseguição geral da igreja em Jerusalém.
Podemos observar os detalhes vívidos daquele período trágico e da
sua fúria contra eles, os cristãos. E difícil entender a relutância de alguns
estudiosos em admitir que a afirmação e quando eles eram condenados
à morte eu dava o meu voto contra eles signifique que Saulo, apesar
de muito jovem, era membro do Sinédrio, pois cortes inferiores não podiam
sentenciar a pena de morte.
A Vida e a Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball.
Charles Ferguson - Bala A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles
Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS,
1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no
Novo Testamento, principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa
narrativa envolvente, Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a
vida do grande apóstolo dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca
prováveis detalhes em suas pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o
registro bíblico.
OS PORTÕES DO OCIDENTE
A província da Cilícia estendia-se numa estreita faixa de terra a
nordeste do mar Mediterrâneo. Medindo apenas 112 quilômetros de norte a sul,
alongava-se do ocidente para o oriente da Panfília, indo até as montanhas da
Síria. As águas azuis do Mediterrâneo banhavam as costas ao sul, formadas de
planícies férteis e montanhas onduladas, até chegar aos sombrios montes Tauros.
Os rochedos, dos três lados da Cilícia, isolavam-na completamente
de seus vizinhos, exceto por duas conhecidas passagens nas montanhas.
As passagens eram fáceis de serem vigiadas, pois, através delas, só
podia transitar um veículo de cada vez e, mesmo assim, com dificuldade. Em todo
o Oriente eram mui afamadas como as guardiãs do único acesso, por terra, entre
a Síria e o Ocidente.
Na estrada para Antioquia, em direção ao sul, ficava a passagem
conhecida como o Portão da Síria. Todo o trânsito procedente da Ásia e do Sul
tinha de ser feito por mar ou pelas estradas montanhosas da Cilícia. Na
extremidade ocidental da Cilícia, cruzando os rochedos escarpados em direção às
longínquas Grécia e Europa, encontrava-se a outra passagem estreita, chamada
Portão da Cilícia ou Ciliciano.
Durante séculos, comerciantes e viajores entraram e saíram por
esses portões. Sua localização estratégica proporcionou imensos lucros à
Cilícia. Entretanto, por esses mesmos portões marcharam também os exércitos
imperiais; e, em caso de guerra, vencia a batalha o comandante que primeiro
dominasse as estradas das montanhas. A Cilícia fora conquistada e reconquistada
muitas vezes. Disputada por gregos e romanos, agora pertencia a Roma. Não
obstante, o idioma falado nas ruas das cidades continuou a ser o grego.
Se esses portões pudessem contar sua história, que formidável
narrativa não seria! Conquistadores e cruzados, soldados e mendigos, peregrinos
e ladrões - todos passavam por eles em suas viagens entre a Europa e a Ásia. Na
verdade, ali estava o portão de saída para o Ocidente.
O rio Cnido, nascido nas rochas de um vale profundo, ia saltando de
saliência em saliência até chegar às terras baixas do Sul. Ao longo do
percurso, reuniam-se lhe outros rios menores, cada um transbordando com a neve
derretida das altas serranias dos montes Tauros. Assim aumentado, alargava-se e
percorria preguiçosamente seu caminho em direção ao mar.
Pequenas aldeias, fazendas e cabanas de barro escuro salpicavam a
planície. Para o ocidente, a terra era ondulada e menos fértil. Por não se
prestar ao cultivo, era usada como pastagem para o rebanho. Na direção leste,
porém, o solo era rico e as colheitas boas. Aninhada entre os picos altaneiros,
cobertos de neve, e o mar azul e quente, a Cilícia era um lugar mui agradável.
Tarso, a Cidade Natal de Paulo
Tarso, onde Paulo nasceu e foi criado, era a capital e principal
cidade da Cilícia. Era uma das maiores cidades do Império Romano. Hoje, não
passa de uma insignificante cidadezinha turca. Alguns de seus largos muros de
proteção ainda existem, mas em completa ruína, com flores e mato crescendo
pelas frestas.
Fora da atual Tarso encontra-se uma ponte sob cujos arcos o rio
Cnido correra no passado. (Se essas pedras pudessem falar!) Hoje só podemos
olhar as ruínas e os registros históricos da cidade que abrigou Paulo em sua
juventude, e imaginar a influência que suas escolas, academias e ginásios
exerceram sobre ele.
Apesar de sua grandeza, Tarso não se destacava por sua antiguidade.
Embora fundada antes de Atenas e Roma, se comparada a Damasco, ou a Jerusalém,
não passava de uma criança. Ela experimentou suas primeiras glórias nos dias de
Alexandre, o Grande, quando muitos gregos abastados construíram ali suas
residências e palácios. A fama lhe proveio principalmente de seu entusiasmo
pela cultura. Suas escolas atraíam filósofos e professores de renome
internacional. A afirmação de que ofuscava qualquer cidade como centro cultural
era bem justificada.
Uma Cidade Famosa
Bem antes dos dias de Paulo, os filósofos e eruditos de Tarso já
ensinavam retórica, matemática, ética, gramática e música. Paulo ainda não
brincava nas ruas da cidade, quando grandes poetas, médicos, oradores e
filósofos, treinados nas escolas de Tarso, levavam-lhe o nome para outras
terras. Era tão grande a reputação da cidade que César Augusto, ele mesmo
educado por Atenodoro de Tarso, escolheu Nestor, outro educador da cidade, como
mestre de seu filho.
Tarso possuía inúmeros prédios públicos além de palácios e casas
humildes. Havia ali um enorme teatro ao ar livre, construído para acomodar
milhares de pessoas, num grande espaço aberto, aos pés de uma encosta, com
fileiras e fileiras de bancos de mármore dispostos num largo semicírculo. Peças
gregas eram encenadas no palco central, atraindo multidões. Ali também se
apresentava a música da moda e liam-se poesias. O teatro ocupava um lugar
importante na vida de ricos e pobres.
Marco Antônio, famoso general romano, morara em Tarso. Gostava
tanto da cidade, que lhe deu autonomia; isto é, permitiu que seus cidadãos
fizessem suas próprias leis sem qualquer interferência de Roma e sem lhes
cobrar quaisquer impostos. O imperador Augusto, por sua vez, ficou tão
impressionado com a cultura da cidade que lhe permitiu ter seus próprios
tribunais e nomear seus magistrados. Tarso tornou-se um centro favorecido,
despertando a inveja das cidades vizinhas.
Sua fama não lhe provinha apenas da cultura. Tarso era também um
centro financeiro. As rotas comerciais davam-lhe proeminência. Nos dias de
Paulo, o rio Cnido era tão largo que navios de grande porte subiam por seu
leito, cerca de 19 quilômetros, e descarregavam suas mercadorias nos
desembarcadouros da cidade. O cais era um espetáculo pitoresco. Transitavam por
aqui egípcios de rosto acobreado, e africanos negros e fortes. Navios de Creta,
Chipre, Rodes e Jope carregavam em seu bojo uma estranha mistura de marinheiros
alegres que exaltavam a grandeza e o cosmopolitismo de Tarso.
Homens desciam o rio Cnido em balsas e barcos rústicos,
transportando as mercadorias de suas fazendas e oficinas. Eram os fardos
transportados para os navios e trocados por grãos, peles, lã, e barris de óleo
e vinho. Os portos eram uma confusão de homens e longas fileiras de jumentos,
mulas e cavalos. Quando o navio finalmente acabava de ser carregado, os gritos
dos marinheiros e estivadores enchiam o ar à medida que as cordas eram
desamarradas e o barco abria caminho no mar cintilante. Esse era o cotidiano no
porto de Tarso.
O Barco Dourado de Cleópatra
O mais esplêndido navio que já aportara em Tarso era, agora, apenas
uma lembrança, mas ainda perdurava a profunda impressão que deixara. Ficou
conhecido como o barco dourado de Cleópatra, a lendária rainha do Egito. Ela
fora encontrar-se ali com Marco Antônio para seduzi-lo com os seus encantos.
Tinha os lábios pintados de vermelho e as unhas de um amarelo brilhante, cor de
açafrão. Por toda parte corria a fama de sua beleza.
Naquele dia longínquo, pessoas ansiosas ajuntavam-se às margens do
rio, procurando vislumbrar a belíssima rainha. O dia estava ensolarado e
alegre, e o céu, azul. No alto do mastro, uma grande vela de seda vermelha
flutuava ao sabor da brisa; flâmulas amarelas, carmesins, azuis e brancas
esvoaçavam no mastro principal da embarcação. Um espírito festivo permeava a
cidade enquanto o barco subia o rio. Os espectadores podiam ver a sua popa
incrustada de ouro e coberta por um dossel dourado. Sob o dossel, num divã,
entre macias almofadas, reclinava-se Cleópatra, enfeitada de joias
resplendentes.
Os largos remos, revestidos de prata, rebrilhavam, enquanto feriam
aquelas águas. Aquele fora um dia inesquecível. Sem dúvida, a história do seu
esplendor seria contada e recontada no decorrer dos anos.
Os Jogos
Os gregos e romanos gostavam de competições atléticas. Apreciavam
tanto o jovem que se destacava nas corridas quanto o homem que vencia uma
batalha. De seus heróis e campeões, erguiam estátuas e monumentos. A pista de
corrida era um lugar enorme, aberto, como um teatro. De um lado,
enfileiravam-se as arquibancadas, construídas em forma de estádio para as
multidões que iam assistir aos jogos e corridas. Milhares de jovens treinavam
para os jogos, e sua maior ambição era a conquista dos prêmios.
A leste da cidade, na encosta de um monte, um grande prédio
erguia-se em toda a sua magnificência. Era o ginásio - lugar onde os meninos
aprendiam a ser ágeis e fortes. Dos 16 aos 18 anos, os rapazes nada aprendiam
além de atletismo. Outras áreas da sua educação seriam cuidadas mais tarde.
Afinal, o que mais importava para os gregos e romanos era o condicionamento
físico. Os meninos aprendiam a correr, saltar, lutar e nadar. Havia ali banhos
quentes e frios. Depois dos jogos, eles banhavam-se e esfregavam o corpo com
óleo de oliva.
O ginásio era um lugar animado; ressoava com os gritos e risos de
centenas de rapazinhos. O edifício era majestoso, com enormes pilares e
estátuas esculpidas em mármore, representando grandes mestres, filósofos e
homens vigorosos. Os meninos ficavam então cercados de exemplos de homens
cultos e fortes - os líderes da sua época.
A Grandeza de Paulo
De todos os homens ilustres de Tarso, produtos do ginásio e das
famosas escolas, ninguém foi maior que Paulo. Ele galgou alturas superiores a
todos os demais. Todos foram esquecidos e, apesar de tanta grandeza, deixaram
apenas uma pequena marca na história. O grande apóstolo de CRISTO, porém,
cativou de tal forma o coração de milhões de pessoas em todas as eras, e
alçou-se a tal proeminência, que a própria Tarso é lembrada, não por suas
escolas e comércio, mas porque Paulo ali viveu.
O Mundo de Paulo
Naqueles dias, toda a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo.
Todas as grandes civilizações desenvolveram-se junto ao mar cujo nome aludia ao
centro da terra. A palavra Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que,
juntos, significam "o meio da terra". Todos os interesses da vida
humana achavam-se concentrados numa estreita faixa que se estendia pela costa
sul da Europa, pela costa norte da África e pelas costas ocidentais da Síria e
Palestina. Além dessa fronteira, havia regiões inexploradas, onde viviam povos
bárbaros, que só entrariam na corrente da civilização anos mais tarde.
Três nações da época foram suficientemente grandes e fortes para
deixar sua marca sobre as demais: Roma, Grécia e Israel.
ROMA
Os romanos governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela força
dos seus exércitos. Eles possuíam o dom da colonização e do governo (sua
pequena espada, gladium, fez sucesso e era eficiente), as estratégias de guerra
era infalível para as conquistas de seus exércitos.
Devido ao poder de suas legiões estacionadas em todas as colônias,
eram os donos do mundo. Embora poderosos, não se aproveitavam dos povos
conquistados; pelo contrário, procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes
um lugar de honra.
Roma enviou grandes construtores e arquitetos, que edificaram
magníficas estradas e levantaram prédios e templos por toda parte. As leis e
instituições políticas romanas eram famosas por sua justiça, garantindo o
direito de todos os cidadãos. Paulo apelou a esta lei, quando se tomou evidente
o preconceito dos tribunais da Judéia contra si.
O cenário, porém, não era inteiramente luminoso. Com o aumento do
poder e da riqueza, Roma tornou-se corrupta e frívola, presa à sensualidade, ao
pecado e ao luxo. Em consequência, o povo fez-se dolente e fraco. O império de
que tanto se orgulhavam desmoronou-se diante dos bárbaros vindos do Norte, que
o invadiram e saquearam. Mesmo nos dias de seu maior poderio, não tinham força
espiritual; deleitavam-se em prazeres vulgares e brutais, como as lutas de
gladiadores. Durante os feriados, os lutadores combatiam até a morte nas
arenas. No reinado de Trajano, dez mil gladiadores lutaram num período de
apenas seis meses. Lutavam entre si como tigres e leões, e milhares de
espectadores aplaudiam-nos enquanto mutuamente se matavam. Multidões acorriam
ao Coliseu de Roma para assistir à morte de cristãos devorados pelas feras.
Tanto por sua grandiosidade quanto por sua fraqueza, os romanos
deixaram na história a sua marca indelével. A seu favor deve ser dito que
construíram o maior império que o mundo já viu.
Grécia
Se os romanos foram os líderes mundiais no tocante à lei e ao
governo, os gregos lideraram na cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e
a literatura desenvolveram-se mais na Grécia que em qualquer outra parte.
Embora o império fosse romano, a língua grega foi reconhecida como o idioma
empregado pelas pessoas cultas. Os eruditos de todas as nações orientais
falavam e escreviam o grego. Essa é a razão de o Antigo Testamento ter sido
traduzido para o grego muito antes do nascimento de CRISTO, e das cópias mais
antigas do Novo Testamento estarem em grego.
Os gregos eram um povo genial. Guiados por Alexandre, o Grande,
conquistaram o mundo e procuraram helenizá-lo. Desempenharam tão bem sua tarefa
que, mesmo após a morte de Alexandre e a divisão de seu império, uma porção da
arte e da literatura gregas permaneceu em cada nação. Os professores e
filósofos gregos eram os intelectuais reconhecidos da época. Eles divulgaram,
em todas as nações, a literatura, arquitetura e pensamento científico de seu
país.
Muitos judeus, nos dias de Paulo, liam as Sagradas Escrituras na
tradução grega - a Septuaginta (Até mesmo JESUS usou suas citações) - pois o
hebraico estava se tornando rapidamente uma língua morta.
Quando o Cristianismo surgiu, toda praça de mercado tinha seu grupo
de eruditos gregos que se deleitavam em discutir palavras e frases, e cujo
talento degenerava em confusão. A balbúrdia era às vezes tão grande que
milhares de pessoas, tanto conquistadores como conquistados, abandonavam a
crença em seus deuses e sistemas filosóficos. As religiões pagãs achavam-se à
beira de um completo colapso, decadência e corrupção. Essa era a situação
cultural do mundo, quando JESUS e Paulo nasceram.
ISRAEL
A nação, porém, que mais marcou a civilização mundial foi Israel.
Sua marca jamais se apagará. Embora os judeus não tivessem poderio militar,
destacaram-se por sua religião. Dispersos por todas as terras, construíam
sinagogas para adorar a DEUS. Estrabão, um dos grandes historiadores da época
de CRISTO, escreveu: "É difícil encontrar um único lugar na terra que não
haja admitido essa tribo de homens e sido por ela influenciado".
Isso se dera devido ao fato de a Assíria, Babilônia e Roma terem
invadido a Palestina, e levado daqui milhares de judeus para o cativeiro. Onde
quer que fosse, o povo escolhido levava consigo as Sagradas Escrituras e as
profecias de um Messias vindouro.
Eram homens orgulhosos e exclusivistas, envolvendo-se em seus
mantos de justiça enquanto voltavam as costas ao grande propósito para o qual
haviam sido chamados: representar a DEUS entre os demais povos. Escrevendo aos
Romanos, Paulo resume o lugar de Israel no mundo, e aponta suas falhas em
palavras contundentes:
Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te
glorias em DEUS; e sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo
instruído por lei; e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em
trevas, instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência
e da verdade na lei; tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo?
Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?... Porque, como está escrito, o
nome de DEUS é blasfemado entre os gentios por causa de vós (Rm 2.17-21,24).
Embora seja penosamente óbvio o fracasso dos judeus em executar os
planos divinos, eles estabeleceram sinagogas desde a longínqua Babilônia até a
cidade de Roma. Na história do Pentecostes, os judeus que voltaram a Jerusalém,
abrangiam conterrâneos de todas as províncias do império romano:
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia,
e Capadócia, Ponto e Ásia. E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto
a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e
árabes (At 2.9-11).
Lucas faz um resumo, dizendo que os judeus eram de "todas as
nações que estão debaixo do céu" (At 2.5).
Onde quer que os judeus construíssem suas sinagogas e cumprissem
seus rituais, estabeleciam um centro para a adoração do DEUS Único e
Verdadeiro.
Sua presença no Império Romano foi de grande ajuda, servindo de
porta para o programa futuro da Igreja. Quando Paulo viajava para um novo
local, sempre procurava a sinagoga para pregar, e isso geralmente dava início a
uma nova igreja.
O Plano de DEUS
Eis aí um vislumbre do mundo em que Paulo nasceu. O cenário era de
confusão, conflito, insatisfação e necessidade - necessidade que não podia ser
satisfeita pela lei romana, erudição grega ou religião judaica.
Entretanto, DEUS decidiu enviar a este mundo um homem que, pelos
seus dons naturais, pôde cativar toda classe de pessoas. Com seus antecedentes
e preparo, estava apto a falar com autoridade aos romanos, gregos e hebreus.
DEUS separou esse homem, mudou todo o curso de sua vida e usou-o para
fortalecer a Igreja de maneira milagrosa. Saulo de Tarso, o escolhido de DEUS,
tornou-se um dos maiores pensadores e, certamente, o maior líder e teólogo da
Igreja.
O LAR EM TARSO
Jamais foi escrita uma biografia completa do apóstolo Paulo. Essa
tarefa é simplesmente impossível por nos faltarem o início e o fim de sua
história. Nosso registro de suas atividades começa em sua juventude, pouco
antes de ele iniciar o apostolado. Foi aí que Lucas o conheceu e incluiu-o em
sua história da Igreja Primitiva. Além disso, só temos algumas notas pessoais
nas 13 epístolas eclesiásticas e pastorais escritas por ele em diferentes
partes do Império Romano. Apesar das muitas lacunas desses registros, temos o
suficiente para tornar o relato um dos mais emocionantes da História.
Está claro que não houve monotonia na vida de Paulo. Sumariando
esse período, ele menciona vividamente alguns episódios:
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes
fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma
noite e um dia passei no abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios,
em perigos de salteadores, em perigos dos da. minha nação, em perigos dos
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em
perigos entre os falsos irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas
vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Em lugar algum, porém, esta história é inteiramente contada. Além
do breve relato de um naufrágio, os outros não são mencionados. Não há nenhuma
narrativa da noite e do dia terríveis passados em alto mar, agarrado talvez a
um destroço. Nem é feita a descrição dos assaltos nas passagens montanhosas,
onde os ladrões tornaram-se tão ameaçadores para os viajantes, que estes tinham
de se organizar em caravanas. A seguir vieram os rios caudalosos e as
enchentes, com apenas algumas pontes para cruzá-los. Para os de viva
imaginação, essas aventuras são verdadeiramente estimulantes!
Embora não haja registro da infância de Paulo, uma história muito
interessante pode ser montada a partir das informações colhidas da história, da
tradição e das notas pessoais nos escritos paulinos.
O Nascimento de Paulo
O grande apóstolo nasceu por volta do ano três de nossa era, no lar
de um piedoso casal, no bairro judeu de Tarso. As ruas eram estreitas e as
casas pobres, mas aquele dia foi de imensa felicidade para a família.
Contemplaram o rosto do filho, e sentiram-se satisfeitos e orgulhosos.
Embora vivessem numa cidade gentia, seus pais resolveram dedicá-lo
ao serviço de DEUS, e fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para educá-lo
como um verdadeiro israelita.
O pai pertencia à tribo de Benjamim e gabava-se disso sempre que os
vizinhos mencionavam suas árvores genealógicas. Todos sabiam que Saul, o
primeiro rei de Israel, era benjamita.
Apesar de morar em Tarso, a família considerava as montanhas
orientais da Palestina o seu verdadeiro lar como o faziam os judeus piedosos.
Para eles, Jerusalém era a cidade mais bela do mundo, pois ali estava a Casa de
DEUS. Eles enviavam ofertas para os reparos do Templo, e a cada ano planejavam
visitar a Cidade Santa por ocasião da Páscoa.
Oito dias após o nascimento do menino, os pais deram-lhe um nome. A
cerimônia foi seguida de uma ceia, para a qual todos os amigos e parentes foram
convidados, e cada um levou o seu presente. Ele recebeu o bom nome hebreu de
Saulo. Esse era um nome mui querido de todos os descendentes de Benjamim porque
assim se chamava o primeiro rei de Israel. Mas como viviam no mundo romano,
usaram também a forma latina do nome — Paulo.
Nos negócios, ele era Paulo, porque isso impressionava os gentios.
Mas a mãe sempre o chamava de Saulo, pois esse nome agradava-lhe o coração.
Primeiros Ensinamentos em Casa
O pai de Saulo era muito severo. Sendo fariseu, acreditava que os
mandamentos de Moisés, como interpretados pelos rabinos e escribas, deveriam
ser observados à risca.
Uma caixa metálica brilhante, medindo 2x7 centímetros, ficava
pendurada no batente de sua porta. Quando os visitantes chegavam, ou saíam,
tocavam-na e beijavam os dedos, resmungando algumas palavras da Escritura.
Dentro da caixa, escritos num pedaço de pergaminho, estavam versículos da lei
de Moisés, começando com aquelas palavras tão familiares: "Ouve, Israel, o
Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu DEUS de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder" (Dt 6.4-5). Esta
caixa era chamada de mezuzah. Antes de o pequeno Saulo ter idade suficiente
para falar, provavelmente já imitava os outros. Do colo da mãe, esticava o
bracinho roliço para tocar a caixa brilhante, beijando em seguida a mão como
vira outros fazerem. Prazenteira, a mãe sorria, acariciando lhe a cabecinha.
À medida que Saulo crescia, aprendeu a ajoelhar-se com o rosto
voltado à distante Jerusalém e, com as mãos cruzadas à frente, já fazia uma
oração pela manhã e outra à noite. Quando perguntou a razão de ter de olhar
para Jerusalém, foi-lhe dito que o SANTO Templo estava ali, e que no Lugar
SANTO, por trás da grande cortina púrpura, DEUS habitava no meio de seu povo. O
menino não compreendia tudo, mas ficava impressionado porque a voz da mãe
tornava-se solene, e ela curvava a cabeça todas as vezes que falava de DEUS.
Ela também lhe contava como o profeta Daniel, quando exilado numa
nação gentia, jamais se esquecera de abrir as janelas em direção à Cidade
Santa, e falar com o seu DEUS. Instado a não mais orar, recusou-se a obedecer
ao edito do rei e, como castigo, foi lançado à cova dos leões. Mas as feras não
lhe fizeram mal algum, porque DEUS fechara-lhes a boca.
A mãe de Saulo contou-lhe as histórias de seu povo. Falou da
opressão do Egito e de como DEUS libertara o povo das mãos de Faraó, fazendo-o
atravessar em triunfo o mar Vermelho. Ela nunca se cansava de mencionar Saul, o
rei de quem o filho levava o nome, e como ele fora o mais alto, belo e
majestoso de todos os homens de Israel. Enfatizava repetidamente o fracasso dos
juizes e a humildade de Saul, o primeiro rei de Israel. "Por causa de sua
humildade", repetia-lhe a mãe, "ele foi honrado por DEUS".
Mas o fim trágico de Saul ficou gravado para sempre no coração de
seu jovem homônimo, numa advertência de como DEUS rejeita o que dEle se desvia
para buscar a própria glória. A mãe de Saulo costumava concluir seus
ensinamentos, citando a Escritura: "Aos que me honram honrarei, porém os
que me desprezam serão envilecidos" (1 Sm 2.30). De igual modo, contou a
Saulo sobre Abraão, o pai do seu povo; Moisés, o grande legislador; Gideão,
Sansão e a rainha Ester, filha de judeus pobres. Os heróis da nação judaica tornaram-se
parte dos seus pensamentos e da sua conversa diária. Suas histórias preferidas
eram as de aventuras e combates.
Quando o sol enorme e quente descia por trás dos morros da Panfília
e as estrelas surgiam no céu púrpura, era a hora de todo menino dormir. Saulo e
a irmã sentavam-se, então, nos joelhos da mãe e ouviam-na falar de Davi, o
pastorzinho que matara um urso e um leão que tentaram devorar-lhe as ovelhas.
Ela contava também sobre o grande rei Salomão, cuja glória maravilhava o mundo
inteiro; falava ainda sobre a rainha de Sabá que fora a Israel verificar se era
verdade tudo o que se dizia sobre a sabedoria e riqueza do rei Salomão.
Uma das histórias favoritas de Saulo era a do profeta Elias, que se
escondera numa caverna e fora alimentado pelos corvos. Num dia glorioso, no
monte Carmelo, com todos os profetas de Baal contra si, Elias pediu fogo do
céu, e mostrou ao povo quem era verdadeiramente o DEUS Todo-Poderoso.
Aos poucos, mas solidamente, foi-se desenvolvendo no menino a
consciência de que pertencia a um grande povo. Orgulhava-se de que, embora
minoria em Tarso, os judeus tinham Jeová por DEUS, que sempre os abençoava
quando eles o reverenciavam.
Nas longas noites de inverno em Tarso, com os postigos e portas bem
fechados para impedir a entrada dos ventos frios do Norte, a família reunia-se
ao redor da lâmpada de óleo que brilhava. A mãe tecia o pano para fazer um
casaco para o pequeno Saulo. Enquanto seus dedos guiavam os fios, contava aos
filhos sobre a túnica que Jacó dera a José, e como este, despertando os ciúmes
dos irmãos, fora por eles vendido ao Egito. Mas DEUS estava com José, que se
tornou o primeiro - ministro no governo de Faraó, rei do Egito. José foi o meio
usado para salvar o seu povo da grande fome que sobreviera à terra de Canaã.
Mãe alguma tinha uma reserva tão grande de histórias, nem jamais as
contara com tanto orgulho e convicção.
A Sinagoga
A mãe de Saulo levou-o à sinagoga quando ele atingiu a idade
apropriada. Ao chegar, lavaram os pés empoeirados e depois sentaram-se na seção
das mulheres e crianças, separada da dos homens adultos por uma treliça de
pedra. Através da treliça, ele podia ver o pai sentado no chão com os homens,
ouvindo enquanto o rabino lia a Lei, e dirigia-se à congregação.
Ouve, Israel, o Senhor nosso DEUS é o único Senhor. Amarás pois o
Senhor teu DEUS de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
poder. E essas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as
intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão e
te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua
casa, e nas tuas portas (Dt 6.4-9).
O pequeno Saulo não compreendia muita coisa do que se passava na
sinagoga. Mas a mãe achava que ele deveria conhecê-la desde a mais tenra idade
para, mais tarde, sentir-se estimulado a frequentá-la regularmente. Ela podia
imaginá-lo dentro de poucos anos, sentado com os outros homens, discutindo os
caminhos de DEUS e, depois, como rabino, explicando as Escrituras. Seu coração
estremecia com o privilégio de educar um filho de Israel que frequentasse a
sinagoga de Tarso durante toda a sua vida.
Durante aqueles primeiros anos, a mãe de Saulo foi sua única
professora. Olhos puros fitavam olhos confiantes. E, assim, Saulo passou a
viver conforme o padrão escolhido pela mãe. Ela sabia que era seu dever levar o
filho a conhecer e a amar as Escrituras conforme ensinara Moisés:
Quando teu filho te perguntar pelo tempo adiante, dizendo: Quais
são os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso DEUS vos ordenou?
Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito, porém o Senhor nos
tirou com mão forte do Egito
(Dt 6.20,21).
Os Ensinamentos do Pai
Os rabinos da antiguidade diziam que as lições em casa deviam
começar aos cinco anos. O pai seria o principal professor nesse período,
cuidando da educação do filho. A escola começou então oficialmente para Saulo
nessa idade. Depois disso, o aprendizado não se baseava tanto nas histórias,
mas na memorização de versículos do Antigo Testamento e dos cânticos da
sinagoga. Os salmos de Davi eram usados como hinos de adoração, e cada menino
tinha de aprendê-los, juntamente com os mandamentos de Moisés e as tradições
dos grandes rabinos.
Grande parte da educação resumia-se em decorar textos. Para Saulo,
este exercício iniciou-se aos cinco anos e continuou até os trinta. Os judeus
não precisavam estudar outros livros didáticos. As Escrituras continham todos
os conhecimentos relativos à vida. As histórias do seu povo eram o seu único
prazer, e extrair conhecimento de quaisquer outras fontes era desencorajado e
visto com desconfiança.
A primeira lição de Saulo, baseada num versículo de Deuteronômio,
foi-lhe transmitida em grego. Ele a repetiu várias vezes até decorá-la: "O
que o Senhor requer de mim, senão adorá-lo e andar em seus caminhos, amá-lo e
servi-lo de todo o meu coração e alma, e guardar os mandamentos que DEUS ordena
neste dia para o meu bem?"
Depois disso, Saulo decorou verso após verso das muitas promessas
divinas, pois os seus pais acreditavam que, se um judeu fosse bom e adorasse a
DEUS, o Senhor abençoaria sua casa, campos e negócios. Mas, se não amasse e
adorasse ao Senhor, certamente DEUS o castigaria, retirando-lhe sua bênção.
Desde a infância, Saulo foi levado a crer em tudo o que a Escritura dizia. Mais
tarde, não teve dificuldade em aceitar tudo o que ensinava o rabino.
Aos seis anos, seus pais o levaram pela mão à escola de rabinos.
Com um olhar de medo e saudade, o menino largou a mão da mãe, que o entregou ao
professor. O ambiente não era tão confortável como sua casa. O mestre era um
estranho barbudo. O pai ficou ali mais algum tempo, observando o filho
sentar-se de pernas cruzadas na companhia de outros trinta garotos, que olhavam
fixamente à face severa do mestre.
Os pais voltaram para casa experimentando uma mistura de
sentimentos. Orgulhavam- se pelo fato de o menino estar crescendo, mas
entristeciam-se porque o tempo de seu aprendizado no lar chegara ao fim.
Todavia, sentiam-se satisfeitos porque o filho ia ser educado como um
verdadeiro hebreu, embora estivesse numa cidade grega e distante do Templo de
Jerusalém.
Diferentemente das escolas gregas, não havia na escola da sinagoga
nem aula de desenho nem de pintura. Traçar a figura de um homem, pássaro ou
animal era proibido pela Lei. Os jogos e esportes gregos também não tinham
espaço nas escolas rabínicas; eram costumes pagãos desprezados pelos eruditos
judeus.
Em casa e na escola, Saulo aprendeu que a maior coisa do mundo era
adorar a DEUS de todo o coração e obedecer aos mandamentos de Moisés.
Não havia necessidade de carregar livros, pois nem o professor os
possuía. Em voz alta e monótona, este repetia as lições aos alunos até que tudo
lhes ficasse gravado na memória. Era repetir, repetir e repetir.
Como todos os meninos, Saulo fazia inúmeras perguntas. Seus pais
encorajavam-no a isso, especialmente no que dizia respeito aos rituais
religiosos. Saulo devia perguntar por que a mãe varria a casa e acendia a
lâmpada, entregando esta depois ao pai a fim de procurar migalhas em todos os
aposentos. Por que comiam pão sem fermento, com as cabeças cobertas, como se
estivessem prontos a fugir do inimigo? Por que a mãe acendia uma vela a cada
noite, até que, depois de oito noites, a casa ficasse toda iluminada? Por que
esperavam tão ansiosamente a lua nova? Ele perguntava todas essas coisas e
muitas outras. O pai, muito orgulhoso, explicava-lhe o significado de cada uma
delas: como eles celebravam os grandes dias de sua história, e como DEUS lhes
ordenara que essas datas fossem lembradas. Os judeus eram diferentes de todos
os povos do mundo; nessa diferença, repousava o seu orgulho e alegria.
A seguir, veio o aprendizado do alfabeto, tanto hebraico quanto
grego. Se na sinagoga, o hebraico era falado e lido, em casa e nas ruas, até os
judeus falavam o grego. Saulo teve, portanto, de aprender ambos os idiomas. O
pai retirava os rolos sagrados da caixa, entregava-os ao filho, e punha-se a
contemplá-lo satisfeito, enquanto o menino fazia a leitura na amada língua
hebraica.
O Dia de Sábado
Como as escolas não funcionavam aos sábados, as crianças judaicas
esperavam ansiosas por esse dia. Os cidadãos de Tarso não guardavam o sábado, e
odiavam os judeus por serem tão diferentes. O pai suspendia o trabalho mais
cedo na sexta-feira, e parecia contente ao ver a casa varrida e arrumada, os
filhos vestidos com as melhores roupas e a refeição da noite sobre a mesa. O
dia de descanso começava com o pôr-do-sol na sexta-feira e ia até o fim do
sábado.
Quando a escuridão descia sobre a cidade, o som da trombeta era
ouvido do alto da sinagoga. Os pais de Saulo inclinavam-se juntos. Em seguida,
o chefe de família impetrava a bênção sobre o lar. Ato contínuo, lavava as mãos
numa bacia de água e colocava um pouco de vinho na taça. Reunidos em volta da
mesa, todos provavam do cálice. Então o pai dizia algumas palavras a respeito
do Senhor e, mergulhando um naco de pão no sal, oferecia-o a cada membro da
família.
Esse era o começo do melhor dia da semana.
Eles sentavam-se para uma refeição composta de peixe, sopa, pão e
frutas. Era o dia de descanso solene e não se avistava nenhuma fumaça
evolando-se das casas judias, pois DEUS ordenara fosse o sábado um dia de
repouso. Nenhum fogo era aceso; nenhum alimento, cozido; e o pai declarava
gravemente que quem desobedecesse devia ser morto. Moisés não condenara à morte
o homem flagrado colhendo gravetos para acender o fogo no sábado?
Nesse dia, todos iam à sinagoga. Por trás da treliça que separava
as mulheres e crianças da parte principal do prédio, Saulo podia ver o pai no
grande salão onde ardia o castiçal de sete hastes. O pai removia os sapatos e
amarrava filactérios nos braços e na testa; colocava um xale azul na cabeça, e
voltava-se em direção a Jerusalém, para orar com os outros homens.
As portas eram então fechadas e, de algum ponto, uma voz cantava:
"Bendito o Senhor, o Rei do universo, que fez a luz e as trevas, que envia
a paz e cria todas as coisas e quem, na sua misericórdia, dá luz à terra; quem,
na sua bondade, renova dia a dia as obras da criação". Podia se ouvir dos
lábios dos ouvintes um "amém" em voz baixa, enquanto todas as cabeças
mantinham-se inclinadas.
Enquanto observava, Saulo viu um dos homens pegar um rolo grande de
pergaminho e fazer a leitura em hebraico. Era a lei de Moisés. Cada sentença
era repetida em grego a fim de que todos pudessem entender. A seguir, um dos
principais da sinagoga comentava o trecho lido. Às vezes, argumentava
acaloradamente, citando opiniões dos grandes rabinos. Eles também faziam
perguntas difíceis e procuravam respondê-las demonstrando grande autoridade.
Depois das perguntas, uma breve bênção despedia o povo que saía em
silêncio. Às vezes, reuniam-se nas casas, mas nunca passeavam a pé, já que era
proibido andar mais de §00 metros nesse dia. Quando o sol se punha, o pai
reunia a família e orava por cada um em particular, pedindo a bênção de DEUS
sobre o dia que terminava.
O Rigor dos Fariseus
Todas as regras que Saulo aprendia na escola eram seguidas
rigorosamente pelo pai; este era meticuloso até na forma de lavar as mãos. No
lar de Saulo, havia mais rigor e disciplina que na maioria dos de seus amigos.
Seu pai era fariseu e decidira que o filho também o seria. Ser fariseu
significava pertencer a mais importante seita do Judaísmo.
Os saduceus pertenciam à classe alta e rica; eram a aristocracia;
ocupavam a maioria dos altos cargos, mas não se importavam com a fé nem com a
moral. Aceitavam as Escrituras de modo geral, mas não acreditavam no céu, nem
nos anjos, ou na vida após a morte. Os fariseus apiedavam-se deles; achavam que
o desejo de ser modernos virara-lhes a cabeça.
Por seu turno, os fariseus não só aceitavam integralmente as
Escrituras, como também as tradições orais dos rabinos. Diziam que as tradições
se originavam da Palavra de DEUS. Eles estavam continuamente brigando e
discutindo com os saduceus, por acharem ter alcançado uma posição superior à de
qualquer outra classe. Orgulhosos e intolerantes, agradeciam a DEUS por não
serem como os demais.
Andar uma milha, carregar um graveto, ou acender o fogo no sábado
era considerado ofensa grave por Saulo e seu pai. Até mesmo comer um ovo posto
por uma galinha no sábado era considerado pecado. Saulo pensava, trabalhava e
crescia segundo os ensinamentos do farisaísmo. Preparou-se gradualmente para
liderar outros nessa tradição, sem jamais sonhar que, um dia, despojar-se-ia
dela como de algemas pesadas, liberto que seria por CRISTO.
Influências Gentias
Ao norte da cidade ficava a pista onde eram disputadas as provas de
atletismo. A cidade inteira comparecia para apreciar tais eventos. Menino algum
que crescesse em Tarso poderia fugir à influência desse lugar. Os jovens da
Grécia e de Roma gostavam tanto de correr, e davam a isso tamanha importância,
que um vencedor se tornava herói nacional, e tinha uma estátua erguida em sua
honra.
Saulo foi tão influenciado por essa pista de corrida que, mais
tarde, em seus escritos, comparou a vida cristã a uma prova atlética.
Considerou que a vida em CRISTO tem um ponto de partida, uma pista e um alvo. O
cristão não é alguém sem rumo; tem um alvo diante de si e concentra-se na busca
do prêmio. À medida que a vida de Saulo se aproximava do fim, sua mente voltava
à pista. E ele escreveu a Timóteo: "Completei a carreira" (2 Tm 4.7).
Saulo provavelmente nunca teve permissão para assistir a esses
jogos. Era um passatempo gentio e impróprio para um bom judeu, principalmente
se fosse fariseu. Não obstante, ele via os jovens gregos treinando para as
corridas, e não podia deixar de se interessar pelo vencedor.
O teatro também atraía milhares de pessoas cultas; o melhor no
campo da música, poesia e drama era apresentado ali. Os judeus, porém, não
apreciavam tais frivolidades. O pai de Saulo considerava-as supérfluas e
inadequadas ao filho de um fariseu.
Quando permitia que Saulo fosse ao ginásio ver os rapazes saltar,
correr e praticar todo tipo de esportes, dizia-lhe que o exercício físico era
necessário à formação de bons soldados, mas o jovem que estudasse a lei de
Moisés seria um homem melhor.
O Filho da Lei
Quando Saulo completou 13 anos, sua vida passou para um estádio
totalmente novo. Aos poucos foi tomando consciência das responsabilidades da
vida pessoal e comunitária. Conforme ensinavam os rabinos, ao chegar aos 13
anos, o jovem torna-se responsável por seus atos e já pode ser admitido na
seção masculina da sinagoga. A fim de marcar tal mudança, Saulo foi levado à
sinagoga para uma cerimônia conhecida atualmente como bar mitzvah.
O pai disse-lhe que até então ele estivera aprendendo a Lei, mas
chegara a hora de obedecê-la. Chegara a hora da responsabilidade. Como bons
pais, tinham feito o possível para educá-lo na pureza da fé. Agora, achava-se
ele por conta própria aos olhos da Lei Mosaica; se deixasse de obedecê-la,
poderia ser castigado pelo tribunal da sinagoga como qualquer outro judeu.
Depois de submetido a um exame solene, Saulo foi declarado apto
para ter o filactério amarrado no braço, como sinal de haver adentrado a idade
adulta. Na sinagoga mal iluminada, os amigos da família reuniram-se enquanto o
pai apresentava o filho ao rabino. Este prendeu a pequena caixa preta na parte
superior do braço de Saulo, e recomendou-lhe que nunca entrasse na sinagoga sem
ela. A seguir, pela primeira vez em público, ele procedeu à leitura da Tora,
mostrando ter sido educado como um verdadeiro hebreu. Depois disso, o rabino -
seu velho amigo e professor fez-lhe um discurso, no qual resumiu muitas das
lições que lhe ensinara. Com palavras de conselho, o líder espiritual acolheu-o
na comunhão da sinagoga.
Na audiência, por trás da treliça, a mãe de Saulo ouviu seu menino
ser declarado filho da Lei. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Nunca mais ele
se sentaria ao seu lado na sinagoga. Ela suspirou e chorou. Saulo tornara-se
repentinamente um homem, e mãe alguma está preparada para tal mudança.
Na caixa presa ao braço de Saulo, havia trinta versículos da
Escritura, escritos em pergaminho, começando com a admoestação:
E te será por sinal sobre tua mão, e por lembrança entre teus
olhos; para que a lei do Senhor esteja em tua boca: porquanto com mão forte o
Senhor te tirou do Egito. Portanto, tu guardarás este estatuto (Êx 13 9,10).
Veio a seguir a festa em casa; os amigos levaram presentes e
deram-lhe os parabéns. Era a aceitação pública de Saulo como homem. Ele passou
assim da infância para a idade adulta aos olhos de seu povo. Não era mais um
simples escolar, e sim um estudante. Não abandonou os estudos; só mudou a
maneira de estudar.
Fabricante de Tendas
Afirma o ditado rabínico: "O homem que não ensina um ofício ao
filho quer que ele se tome ladrão, pois quem não trabalha para ganhar o próprio
pão come o de outrem". Sabendo disso, o pai de Saulo desejava que o filho
tivesse uma profissão. Ele era fabricante de tendas e fora morar em Tarso
atraído pela fama de seus tecelões. Essa reputação devia-se ao fato de o
cilicium, um tipo especial de tecido, ser um produto da província. Era
fabricado com o fio comprido do pelo das cabras que pasciam nos montes da Cilícia,
a oeste e ao norte da cidade. O cilicium era considerado o melhor material para
tendas, pois, de tão duro, tornava-se quase impermeável. Também era empregado
nas velas dos barcos e trajes externos dos pescadores e marinheiros.
Havia uma pequena oficina nos fundos da casa de Saulo. Era um
barracão comprido e baixo, aberto numa das extremidades, contendo um tear,
rodas para tecer o fio, caldeirões para tingir o pelo de cabra, e um banco para
cortar o couro e costurar as tendas. Fardos de peles de cabra amontoavam-se num
canto, do jeito que haviam saído das mãos do pastor.
Várias vezes ao ano, o pai de Saulo viajava para as montanhas
distantes, a fim de comprar peles. Ele sabia onde encontrar os pastores que
vendiam 3s peles de pelo mais longo e resistente de toda a Cilícia. Completadas
as compras, carregava os jumentos com sua mercadoria e voltava à oficina. O
pelo tinha de ser então penteado e preparado para ser tecido. Uma parte era
tingida de vermelho, outras de amarelo, roxo e verde, para atrair os
mercadores. O fio era depois enrolado em fusos e preparado para as lançadeiras
e o grande tear manual.
Preparado o tecido, vinha a fabricação da tenda. Saulo observava o
pai cortar o material em tiras e costurá-lo com um fio bem forte e uma grande
agulha de bronze. O segredo era costurar tão bem e tão apertado, que nem uma
gota de chuva pudesse atravessar, ou vento algum rasgar o material. Não era
fácil fazer uma boa tenda. Era preciso prepará-la, enrolar a corda, fazer as
estacas e colocar ilhoses e ganchos de couro para pendurar caldeirões, panelas
e arreios. A seguir vinham as decorações. Algumas tendas eram coloridas com
largas faixas amarelas, vermelhas ou azuis. Mas o tipo comum não tinha faixas,
era sempre preto ou cinza.
Com o passar do tempo, Saulo tornou-se um perito na profissão e
podia fabricar tendas tão fortes e boas quanto as de seu pai. Ele nunca se
esqueceu do seu ofício e, anos mais tarde, voltou a praticá-lo em muitas das
cidades que visitou, pois não aceitava dinheiro das igrejas para o seu
sustento. Um fabricante de tendas de Tarso era sempre bem recebido. Sua
habilidade nessa profissão foi reconhecida em todo o mundo.
Todavia, seus pais queriam que ele fosse um professor da Lei de
Moisés, um rabino. Naqueles dias, todo rabino tinha um ofício, pois não era
costume aceitar dinheiro pelo ensino.
Não use a Lei como enxada para cavar - disse um dos mais famosos.
Faça qualquer tipo de trabalho - disse outro. - Nem que seja tirar
a pele de um cavalo à beira da estrada; e não diga para justificar-se:
"Sou um sacerdote".
Os Feriados Judeus
A semana mais importante do ano era a da Páscoa. Era uma grande
data nacional; tinha um profundo significado religioso. A Páscoa celebrava a
libertação dos israelitas do cativeiro no Egito. É claro que havia outros
feriados, tal como o da Festa dos Tabernáculos, quando as crianças iam ao campo
com os pais, e cortavam ramos para construir uma cabana em cima da casa, na
parte plana do teto. Isso era feito para que se lembrassem da época distante,
quando os judeus, ao deixarem o Egito, passaram a morar em tendas. Sem uma
habitação permanente, vaguearam entre as rochas do deserto.
Havia também a Festa da Colheita, o Purim e o Dia da Expiação. Para
cada grande dia, vários peregrinos piedosos deixavam Tarso e voltavam a
Jerusalém. Saulo era ainda muito jovem para ir; mas, desde que Tarso ficava
junto à estrada principal, ele se acostumara a ver centenas de judeus
descansando ali, à noite, na longa viagem para o Sul. Por várias vezes, tios,
primos e outros parentes haviam pernoitado em sua casa. Saulo lembrava-se de
como, pelo menos uma vez ao ano, seu pai juntava-se a esses grupos de viajantes.
Ele embrulhava suas melhores roupas a fim de vesti-las quando chegasse a
Jerusalém, e depois arreava um jumento e partia alegre pela estrada que o
levaria através das montanhas até o SANTO Templo.
Após meses de ausência, o pai voltava admirado, cheio de histórias
de grandes aventuras, que entreteriam a família durante semanas. O menino, que
nunca estivera em Jerusalém, ouvia extasiado as descrições entusiasmadas do pai
e pensava que a grande cidade deveria estar logo abaixo do céu em glória e
grandeza. O pai falava do toque das trombetas dos sacerdotes, ao iniciar-se o
dia de adoração no Templo, e dos coros dos levitas, vestidos de branco,
cantando os grandes salmos nos degraus de mármore.
As ruas ficavam cheias de multidões alegres; turistas de todas as
partes do mundo. Costumes interessantes podiam ser vistos em toda parte, e
línguas estrangeiras eram ouvidas quando os grupos se juntavam nos pontos de
reunião. O jovem Saulo ouvia essas histórias até sua mente ficar repleta de
sonhos e visões. Quando ele também poderia ir a Jerusalém?
- Seja paciente, meu filho, não falta muito para você poder ir com
seu pai - dizia-lhe a
mãe.
De fato, na última viagem, o pai fizera alguns planos. Ele sempre
esperara e ambicionara tirar o filho da cidade gentia de Tarso, dando-lhe a
vantagem de uma escola em Jerusalém. Todo bom rabino fora treinado ali. Para
ser bom professor era necessário ter contato com os grandes rabinos do templo.
Desde que a mãe concordara com o plano, não havia mais dúvidas. Os
negócios na fábrica de tendas tinham sido bons e, para o filho, não queria nada
menos que o melhor. Enquanto estivera em Jerusalém, só se falava do grande
Gamaliel. Muitos o procuraram durante os feriados para ouvir-lhe a sabedoria.
Não se tratava de um simples boato. Seus discursos eram poderosos, pois ele
falava com autoridade. Ficou então decidido que Saulo iria para a Cidade Santa,
e talvez retornasse mais tarde como um dos grandes rabinos de Israel.
NA ESCOLA DE GAMALIEL
A sinagoga de Tarso muito se orgulhou ao saber que um de seus
rapazes iria estudar com os grandes rabinos de Jerusalém. Muitos dos vizinhos
tinham amigos ou parentes nesta cidade, e ofereceram-se para escrever-lhes
contando sobre a ida de Saulo, e pedindo-lhes que o acolhessem. Todos queriam
ser úteis, e na ceia, oferecida em sua homenagem, levaram-lhe presentes,
apresentaram-lhe as congratulações e até lhe ofereceram alguns conselhos. Todos
sabiam que Saulo era um bom estudante e dele esperavam grandes coisas. Foram
unânimes em afirmar que, um dia, ele voltaria para falar, e talvez ensinar, em
sua própria sinagoga.
Semanas antes da viagem, a mãe de Saulo ocupou-se fazendo-lhe
roupas novas e arrumando as coisas que ele deveria usar na cidade grande. Ter
várias mudas de roupas era sinal de riqueza e boa educação, e ela queria que o
filho tivesse um bom começo. Medo e alegria subiam e desciam pelos corredores
de sua alma, perseguindo-se mutuamente, quando pensava no filho saindo de casa
e no grande vazio que lhe ficaria; mas ao mesmo tempo, pensava na honra e
privilégio de sacrificar-se, como é dever de toda mãe, Para que o filho
convivesse com os poderosos de Israel. O pai mantinha-se silencioso e distante,
mas um brilho de orgulho surgia em seus olhos quando imaginava seu menino na
escola de Gamaliel.
Muitas vezes Saulo observara as caravanas carregadas com todo tipo
de mercadorias, partindo de manhã bem cedo, para aproveitar ao máximo a luz do
dia. Houve ocasiões em que olhara para aquelas caravanas com inveja; agora iria
partir com elas, e talvez permanecesse fora durante vários anos. Uma sensação
de medo e solidão o envolvera. Era a primeira vez que ficaria longe de casa. E
o mundo, agora, lhe parecia tão grande. Todavia, não estava triste, pois eram
tidos como bem-aventurados os que podiam fazer a viagem. Nem todos tinham tais
oportunidades ou um futuro assim promissor.
Para o leste, numa faixa branca e estreita, a estrada estendia-se
pela vasta planície e desaparecia nos montes distantes. Um grito alegre
elevou-se da caravana, enquanto os peregrinos acenavam com ramos verdes àqueles
que tinham ido à sua despedida.
A Despedida
Saulo juntou-se à estranha caravana de velhos e jovens, ricos e
pobres que, vagarosamente, iam deixando Tarso para trás. Seus olhos encheram-se
de lágrimas enquanto, repetidas vezes, voltava-se para acenar aos pais, até que
a longa estrada fez com que estes e a cidade desaparecessem de vista. O pequeno
grupo continuou marchando lentamente, rindo, conversando e trocando histórias.
Mas o coração de Saulo estava tão pesado que ele mal disse uma palavra o dia
inteiro. Pensava em sua casa e em seus pais. Como tinham sido bons, e quão
cuidadosamente protegeram-lhe a vida contra tudo que fosse errado! Agora,
porém, estava por conta própria, e sua ambição era fazer com que os pais se
orgulhassem dele. Jamais esqueceria as lágrimas da mãe em sua despedida.
O sol já se punha quando os peregrinos se aproximaram da cidade de
Adana, a cerca de 32 quilômetros de casa, e armaram as tendas para passar a
noite. Alguns mais ricos foram até a estalagem de Adana, mas a maioria acampou
fora dos muros da cidade. A estalagem era um simples espaço aberto, cercado por
um muro. No meio do cercado havia um poço, e ao longo do muro alinhavam-se
pequenos pórticos em forma de arco, onde os viajantes se deitaram a fim de
passar a noite. Não havia qualquer tipo de mobília. Cada um desenrolava sua
esteira, preparando o próprio leito; todos levavam panelas e potes para
cozinhar. Pelo menos estavam a salvo de ladrões.
Aquele era um bando interessante de viajores. Havia um velho
mendigo com seu bordão e roupas em frangalhos. Fizera a viagem muitas vezes e
nada mais o surpreendia. Havia também o menino de olhos vivazes, que viajava
com o pai. Montavam cavalos e mantinham-se longe dos outros, pois eram ricos. E
o mercador gordo, de turbante que, com uma faca na cinta, andava ao lado de
suas mulas carregadas. Parecia desconfiar das pessoas e não falava muito. Em
sua maioria, porém, os viajantes eram alegres e tagarelas, e os dias iam-se
passando rapidamente. Cheios de expectativas, os viajantes pensavam no fim da
jornada.
Atravessando Terras Históricas
Viajaram dia após dia, armando as tendas e levantando acampamento.
As pedras que pavimentavam a estrada eram lisas e gastas, pois os exércitos de
várias nações haviam marchado sobre elas. Mercadores com seus camelos
caminhavam por essa estrada. Levas de escravos cansados, presos uns aos outros
com correntes, tinham sido impelidos como gado ao longo desse mesmo caminho,
até que seus pés sangrassem feridos. No quarto dia, os viajantes
aproximar-se-iam do litoral, pois a estrada passava por uma larga baía de águas
azuis, na extremidade oriental do Mediterrâneo. Em breve, voltar-se-iam para o
sul, nas fronteiras da Cilícia.
A sua frente, levantavam-se as serranias da Síria. A estrada
serpenteava pelos morros, subindo de saliência em saliência, até chegar a uma
passagem estreita e difícil, que marcava a fronteira entre a sua província e a
Síria. Era o Grande Portão da Síria. Depois de atravessar essa passagem, Saulo
estaria do outro lado das montanhas que haviam sido a fronteira do seu mundo.
A velha cidade de Antioquia ficava logo adiante, estranha e
diferente com seus muros maciços, parecendo uma fortaleza no alto de um morro.
Antioquia era a capital da Síria. Seus teatros e templos eram mais esplêndidos
que os de Tarso. Herodes, o Grande, de Jerusalém, pavimentara a rua principal e
a enfeitara com pilares de mármore. A cidade era belíssima, e ainda mais rica
que Tarso.
De Antioquia, eles seguiram para a estrada elevada de Damasco e
depois pelas montanhas, até aproximarem-se da Terra Prometida. As neves do
Monte Hermom brilhavam à distância, muito claras ao sol; e as florestas do
Líbano, com suas lindas árvores de cedro, fizeram-no lembrar dos salmos que
conhecia e tanto amava.
Chegaram a Nazaré, uma cidade de hospedadas, onde as caravanas
sempre pernoitavam. Mas não passava de uma cidadezinha e não tinha boa
reputação. Os viajantes apressaram-se por chegar ao rio Jordão. Aí, finalmente,
Saulo estava chegando às terras que a história dos judeus tornara famosas. Ele
pensou em Josué que, muitos anos antes, guiara os israelitas para uma terra que
manava leite e mel. O monte Tabor, com suas densas florestas, fora onde Débora
e Baraque reuniram dez mil homens e derrotaram Sísera com seus carros de ferro.
Ao sul do Tabor ficava o vale de Jezreel, salpicado de vilarejos e
campos verdejantes. Grandes batalhas travaram-se ali. À distância adivinhava-se
o monte Gilboa, onde o rei Saul jogara-se contra a própria espada, depois de
perder uma difícil batalha.
O povo de Samaria era hostil aos judeus. Por isso, evitando
atravessar a região, os viajantes que iam para a Cidade Santa passavam para a
margem leste do rio Jordão, entrando em Decápolis e Peréia. Deixando
rapidamente Samaria, Saulo e seus companheiros chegaram ao lugar onde, mil anos
antes, os israelitas haviam cruzado o Jordão. O grupo entrou alegremente nas
águas frias, como fazem os viajantes judeus até hoje. Atravessaram para o outro
lado, e Saulo pôde, enfim, pisar pela primeira vez a terra tão amada pelos
Benjamitas. Aqui ficava a cidade que fora inexpugnável -Jerico - mas cujos
muros caíram ao som das trombetas de Josué. Aqui também se localizava Gilgal,
onde o povo reunira-se para coroar Davi. Cada pedra, ribeiro, vale e colina
tinha alguma história preciosa ao coração do judeu. E Saulo viu, pela primeira
vez, a terra onde seu povo tornara-se grande e mui poderoso. Para além de
Jerico, a terra tomava-se mais inóspita e a planície estreitava-se num vale
cercado por montes íngremes e próximos. A estrada mostrava-se sinuosa como uma
serpente, e eles corriam o risco de se depararem com bandos de salteadores. A
subida era íngreme e os viajantes estavam cansados, mas alegravam-se com a
perspectiva de poderem ver, dentro em breve, o monte das Oliveiras e a cidade
mais bela da terra.
A Cidade de DEUS
Finalmente, do alto da estrada, avistaram a Cidade de DEUS,
construída sobre um monte mais baixo que o das Oliveiras. Do outro lado do vale
profundo, seus muros, torres e prédios abobadados apresentaram-se magníficos à
luz dourada do sol poente. Entusiasmados, os peregrinos entreolharam-se com
olhos úmidos. Experimentaram o mesmo ímpeto de alegria e orgulho pela grandeza
da sua terra nativa. Algumas das cúpulas e torres eram revestidas de puro ouro.
Do alto da montanha, Saulo contemplou o outro lado do vale do Cedrom e viu o
pátio do templo; do ponto mais elevado, avistou também o prédio onde, sob as
asas estendidas dos querubins de ouro, habitara Jeová.
Enquanto apreciava com interesse e reverência o cenário, o grupo de
peregrinos começou a cantar um dos salmos que, através dos séculos, os
viajantes entoavam ao aproximar- se dos muros de Jerusalém:
De bela e alta situação, alegria de toda terra é o monte Sião aos
lados do norte, a cidade do grande Rei. Dai voltas a Sião, ide ao redor dela;
contai as suas torres. Notai bem os seus ante muros, percorrei os seus
palácios, para que tudo narreis à geração seguinte. Porque este DEUS é o nosso
DEUS para todo o sempre; ele será nosso guia até a morte (SI 48.2,12-14).
O Templo
Na manhã seguinte, quando o sol surgiu no céu oriental, as ruas já
estavam coalhadas de gente. Três toques de trombeta soaram dentro dos muros do
Templo, proclamando o amanhecer de um novo dia de adoração. Eram necessários
vinte homens para abrir os portões do templo. Quando as portas maciças giraram
nos gonzos, a multidão invadiu os pátios externos. Saulo achou-se pela primeira
vez no Templo do Senhor, e a primeira coisa que viu foi o sacrifício matutino
queimando sobre o altar. Erguendo os olhos à cobertura dourada do Lugar SANTO,
ele fez as orações matinais com uma sensação de força e proximidade que nunca
antes experimentara.
Naquele lugar, os hinos de Israel pareciam ganhar um novo
significado:
Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A
minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a
minha carne clamam pelo DEUS vivo! Até o pardal encontrou casa, e a andorinha
ninho para si e para sua prole junto dos teus altares, SENHOR dos Exércitos,
Rei meu e DEUS meu. Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão
continuamente (Sela). Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra
parte, mil. Preferiria estar à porta da Casa do meu DEUS, a habitar nas tendas
da impiedade... Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor (SI
84.1-4,10; 122.1).
O grande pátio externo era calçado com pedras coloridas, e muitos
adoradores de países estrangeiros encontravam-se ali. Junto aos muros havia
redis e gaiolas de madeira, onde se vendiam ovelhas e pombos para os
sacrifícios diários. Havia também cambistas trocando moedas romanas e gregas
pelo dinheiro de Israel, pois só a moeda hebraica era aceita como oferta no
Templo. Ali comprava-se e vendia-se, pechinchava-se e enganava-se, pois os
vendedores de animais não partilhavam a mesma reverência dos visitantes.
Saulo jamais vira pilares tão esplêndidos, nem um piso de tamanha
magnificência; ajuntamentos de sacerdotes vestidos de branco, e tantas pilhas
de dinheiro. Na extremidade do pátio, uma longa fileira de degraus levava a um
terraço superior.
Quando Saulo aproximou-se deles, leu em grego e latim estas
palavras: "O estrangeiro não deve subir estes degraus, sob pena de
morte".
Ele subiu ao pátio interno. Nem sonhava que um dia, exatamente ali,
sua vida seria ameaçada. As mulheres não podiam ir além desse segundo pátio,
mas Saulo cruzou-o rapidamente, subiu um segundo lance de escadas e passou pela
Porta de Nicanor, feita de prata e ouro puros, entrando no pátio dos homens e
dos sacerdotes.
Ali, no centro do pavimento, estava o grande altar onde o fogo
nunca se apagava. Suas pedras eram rústicas, pois nunca martelo ou cinzel as
tocara. Ele viu as mesas onde as ovelhas eram mortas, e as longas filas de
adoradores que carregavam ovelhas ou pombos, esperando a sua vez, enquanto os
sacerdotes ofereciam os sacrifícios um a um.
A seguir, noutro terraço ainda mais alto, ficava o magnífico Lugar
SANTO. Suas pedras eram revestidas de ouro. Grandes pilares brancos sustentavam
o teto. Do lado de dentro havia uma porta de ouro puro, coberta por uma cortina
externa tecida de azul e escarlate, roxo e branco. Por trás da cortina e da
porta de ouro, onde ninguém podia entrar, exceto o sumo sacerdote uma vez ao
ano, havia coisas tão sagradas que Saulo teve até medo de olhar para aquele
lado. Ajoelhou-se com os olhos fechados e o rosto no chão, profundamente
comovido, orando ao Senhor DEUS que habitava no Lugar SANTO.
Saulo sabia que a construção do Templo se iniciara 40 anos antes,
mas ainda não havia sido concluída. Havia casas para os sacerdotes e os
guardas; era uma cidade dentro da cidade. O número de sacerdotes chegava a
vinte mil e o de levitas e guardas era ainda maior. Cada homem tinha de servir
apenas duas semanas no ano; portanto, não ficavam sobrecarregados, exceto nas
grandes festas, quando todos deviam estar presentes. Os levitas eram cantores,
músicos ou porteiros.
Essa não era uma simples sinagoga, mas o centro cultural de uma
grande nação. O tesouro do Templo era o lugar mais seguro do mundo para se
guardar ouro e joias. Ricos presentes de judeus abastados, pratos de ouro de
príncipes estrangeiros, e pilhas de artigos preciosos, enviados de todas as
terras, achavam-se aí custodiados. As ofertas diárias dos adoradores,
recolhidas dos gazofilácios, eram também depositadas na sala do tesouro.
No pátio externo, havia muitos pórticos com colunatas onde
multidões se aglomeravam para ouvir os rabinos. Ouviam um deles por algum tempo
e depois iam ouvir outro. Algumas vezes, o rabino falava com voz clara e forte,
outras, com voz baixa e fraca. Alguns eram oradores, atraindo grandes
multidões; outros tinham apenas pequenos grupos, atraídos mais por sua
sabedoria que por seu timbre de voz. Enquanto passava de um para outro, Saulo
não ouviu nada de novo. Era praticamente a mesma coisa que aprendera em Tarso.
Nada questionou, pois nunca duvidara do conhecimento desses grandes homens.
Fora ali para adorar aos seus pés. Só quando o sol já descambava no horizonte e
o sacrifício noturno terminava, é que ele deixou os pátios. Aquela era, para
ele, a Casa de DEUS. Chegara finalmente ao templo dourado.
Passou dias e dias nos pátios do Senhor, aprendendo tudo sobre a
adoração a DEUS. Impressionava-se cada dia mais com a beleza e o esplendor do
lugar. Chegaria a hora quando poderia dizer que conhecia e amava cada pedra do
Templo. Enquanto Saulo adorava diante do altar, sua ambição de ensinar a Lei de
DEUS foi tornando-se cada vez mais forte. Muitas vezes imaginava-se como um
rabino famoso, sentado num dos alpendres fechados, interpretando a Lei de DEUS
ao povo, mostrando que dominava perfeitamente o conhecimento de todas as eras.
A Escola de Gamaliel
Dentre os muitos rabinos de Jerusalém, o pai de Saulo escolhera
Gamaliel. Em primeiro lugar porque, sendo fariseu, advertiria Saulo contra os
saduceus; em segundo, pela grande reputação de sua sabedoria e bondade; e, em
terceiro, porque era filho do rabino Simeão, e neto do rabino mais culto que já
houvera em Israel. O avô Hillel morrera há muito tempo, mas todas as opiniões
modernas ainda se baseavam no que ele dissera ou escrevera. Ser neto de um
mestre tão ilustre dava a Gamaliel um prestígio que ninguém mais possuía.
Gamaliel era um homem de meia-idade, forte e vigoroso. O povo o
considerava tanto que o chamava de raban. Embora fosse um fariseu severo, era
justo e mais tolerante que a maioria de seus pares. Anos mais tarde, quando o
apóstolo Pedro fosse julgado perante o Sinédrio por falar de JESUS, Gamaliel
aconselharia seus colegas a deixá-lo em paz: "Agora vos digo: Dai de mão a
estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens,
perecerá; mas, se é de DEUS, não podereis destruí-los, para que não sejais,
porventura, achados lutando contra DEUS" (At 5-38-39).
É certo que Gamaliel seguiu os passos do pai e do avô em sua
tolerância; havia, porém, rabinos mais severos e inflexíveis. O rabino Shammai
era tão estreito de mente que foi chamado de "o Presilha". Ele
prendia seus seguidores com tantas regras, que a religião tornara-se lhes
enorme fardo. Hillel, por outro lado, como fosse bondoso, generoso e tolerante,
recebeu o título de "o Afrouxador". Ele iniciara como porteiro,
carregando fardos pesados nas costas, e fora tão pobre nos tempos de estudante,
que não podia sequer comprar roupas quentes.
Gamaliel olhou para o jovem Saulo e, com um amável bem-vindo,
recebeu-o em sua escola. Logo Gamaliel descobriu que Saulo era um aluno
dedicado e obediente. Em pouco tempo, já demonstrava grande simpatia pelo novo
aluno, esperando deste grandes resultados. Percebeu no rapaz reais
possibilidades de liderança. Saulo era tão sincero em seu aprendizado que
cativou o coração do professor. Mais que isso, os pais de Saulo haviam cuidado
para que o filho considerasse a religião o ponto mais importante de sua vida. Alguns
estudantes não nutriam um verdadeiro amor pela cultura e adoração. Mas em Saulo
havia um sentimento quase fanático, que o levava a ser piedoso não só nos dias
de festas, mas em todo o tempo. Paulatinamente, o Zelo de Saulo foi-se
fortalecendo. Ele descobriu que a vida em Jerusalém era diferente da de Tarso.
Aqui ninguém ria nem perseguia os judeus. Não havia nada que lhe prejudicasse o
desenvolvimento. Não havia influência gentia; só encorajamento para mergulhar
cada vez mais fundo nos mistérios do Judaísmo.
Durante os meses que se seguiram, o rapazinho transformou-se num
homem independente. Gamaliel alegrou-se com seu progresso. Passado um ano, os
pais de Saulo viajaram a Jerusalém para festejar a Páscoa, mas o principal
motivo era ver o filho. Aquele foi um grande dia! Ficaram observando
orgulhosos, enquanto Saulo discutia vários aspectos da Páscoa. Julgaram ouvir
uma nota de autoridade em sua voz, ao ouvi-lo discorrer sobre as coisas que
aprendera de Gamaliel, provando-as com passagens das Escrituras. Ele sabia até
apresentar argumentos contra os saduceus. Concluíram que Saulo sempre soubera
raciocinar e argumentar com lógica, mas agora isso estava sendo trazido à
superfície. Que satisfação lhes dava o filho!
Predição do Messias Vindouro
Quando analisado, o Judaísmo parecia uma simples religião de
promessas e esperanças. Em seu âmago, a tristeza mesclava-se com o esplendor.
Todo judeu sentia pesadamente o jugo de Roma; ansiava e orava pelo dia em que a
nação seria liberta, e os exércitos de Roma, expulsos. Os mesmos peregrinos que
se gloriavam no Templo também choravam amargamente em suas casas, clamando ao
Senhor por livramento. Todos os sacrifícios e cerimônias perderiam o
significado se os judeus tivessem de continuar sob o jugo de um rei
estrangeiro. Certamente, um dia DEUS haveria de livrar e abençoar o seu povo,
como fizera no passado.
Havia um grupo organizado de judeus patriotas, conhecidos como
zelotes, que realizavam reuniões secretas e planejavam uma revolta contra Roma.
As autoridades romanas mantinham-se ocupadas em procurá-los e castigá-los. Mas
a sociedade trabalhava ocultamente, mantendo viva a esperança de que, um dia,
DEUS enviaria um libertador poderoso como Moisés, que tiraria seu povo do
cativeiro e novamente o exaltaria sobre todas as nações.
Havia uma coisa que Gamaliel ensinava com grande convicção. Não era
um simples raio de esperança. Tratava-se do ensinamento dos antigos profetas
sobre a vinda de um líder enviado por DEUS. Ele reuniria o povo de todas as
partes do mundo para expulsar os romanos, e reinaria em Jerusalém para todo o
sempre. Essa era a promessa que DEUS fizera a Davi: seu trono jamais
desapareceria, por mais negro que o céu se tornasse. Esse grande Redentor, que
traria a salvação a Israel, era o Messias.
Saulo sabia que a vinda do Messias tinha sido mencionada pelos
profetas há mais de mil anos. E Gamaliel falava disso mais que qualquer rabino
de Tarso, pois o esperava a qualquer momento. O sábio professor lia passagem
após passagem sobre o CRISTO nos profetas, e até descobria promessas de sua
vinda na Tora. Contava como seria o Messias e como julgaria todas as nações.
Ele esmagaria o mal e reinaria com justiça.
Todo judeu sabia que o Messias pertenceria a tribo real de Judá, e
nasceria em Belém, pois o profeta Miquéias predissera-o claramente. O professor
de Saulo contou-lhe que, quando Ele viesse, ficaria oculto por algum tempo. A
seguir, reuniria o povo e marcharia sobre Jerusalém, para dispersar os romanos
e reinar para sempre pelo poder de DEUS.
Duas Opiniões
O que Saulo não sabia, até então, é que os rabinos estavam
divididos em suas opiniões sobre o Messias. Alguns liam que Ele seria um
príncipe poderoso, livrando seu povo pela guerra, e que as montanhas seriam
tingidas de vermelho com o sangue dos seus inimigos. Certos rabinos chegavam a
afirmar que chamas sairiam de sua boca para destruir os opositores.
Havia um grupo menor, porém, que estava muito confuso com certas
passagens, como o capítulo 53 de Isaías e o Salmo 22. Esses versículos deixavam
claro que o Messias muito sofreria. Ao mesmo tempo, ninguém podia negar que Ele
viria para reinar com poder. Portanto, cresceu a ideia de que haveria dois
Messias - um sofredor; e o outro, um rei triunfante. Nas sinagogas e nos
alpendres fechados do Templo, essa diferença era discutida e defendida com
grande eloquência pelos eruditos.
Saulo começou a ver muito claramente que as esperanças da nação
dependiam desse Salvador vindouro. Passou então a procurar zelosamente um líder
e guerreiro, que reunisse grandes exércitos para lutar contra Roma. Os rabinos
contavam muitas histórias sobre o Messias que estava para vir. Algumas delas
não passavam de sonhos absurdos e tolos. Outras eram fantásticas e irreais, não
se baseando de modo algum nas promessas de DEUS. As últimas eram produto da
imaginação de um povo oprimido, que não compreendia os caminhos de DEUS. Alguns
dos rabinos odiavam tanto os romanos, que descreviam o Messias fazendo toda
sorte de crueldades contra estes, a fim de vingar os judeus.
Os anos gastos por Saulo nos estudos foram cheios de reverência,
mas, até certo ponto, também de rotina e monotonia. Não havia incentivo para
desenvolver qualquer coisa original; o estudo servia apenas para aumentar a
capacidade de sua memória. Com esse treinamento, não é de surpreender que a
vida de Saulo se tornasse cada vez mais estreita.
Os fariseus eram a sua única companhia e, pouco a pouco, achou-se
ele mergulhado cada vez mais nas regras humanas. Seu gosto pela discussão fez
com que se transformasse no centro de muitas disputas. Sempre que surgia a
oportunidade de defender os sacerdotes ou rabinos, ou o sistema de adoração do
Templo contra os estrangeiros, Saulo entrava na arena com a língua afiada e o
espírito em chamas.
A Volta de Saulo a Tarso
Exigia-se que os professores estudassem dez anos para que fossem
considerados aptos a lecionar. Depois disso, ainda era necessário muito tempo
para se construir boa reputação e falar com autoridade. Antes de chegar aos 25
anos, Saulo voltou para sua casa em Tarso.
Seus dias de estudo e aprendizado jamais terminariam. Como, porém,
estivera bastante tempo com Gamaliel, já possuía um amplo e profundo
conhecimento das opiniões dos grandes rabinos. Sentiu então que já podia
firmar-se sobre os próprios pés. Aprendera e vira muita coisa. Conhecera
pessoas de todo o mundo e tornara-se um excelente aluno de sua história,
especialmente em relação ao Império Romano. Chegara a hora de deixar Jerusalém
e os grandes rabinos, e retornar a Tarso levando o conhecimento e a experiência
que adquirira. Voltaria a fabricar tendas com o pai, na esperança de que sua
cultura o tornasse conhecido e procurado como rabino em Tarso.
De uma coisa tinha certeza - a única esperança para sua nação era a
vinda do Messias. Entre os judeus piedosos, esse era o tópico principal das
conversas. Em cada coração havia um anseio profundo. Alguns até achavam que Ele
já tivesse descido à terra, e estivesse apenas aguardando o momento marcado por
DEUS para se apresentar à nação.
OS INÍCIOS DA IGREJA
Saulo deixou Jerusalém e voltou a Tarso provavelmente em 26 A.D.
Não era ainda um rabino, pois não tinha idade suficiente para ocupar tal
posição. Mas tomou lugar junto aos homens da sinagoga, sentando-se nas
principais cadeiras. Foi reconhecido por todos como um culto e jovem judeu,
pois retornava da fonte do conhecimento. À medida que crescesse em idade e
experiência, poderia ser aceito como rabino; mas até lá, dedicar-se-ia ao
comércio de tecelão, costurando tendas e vendendo-as no mercado.
Saulo morou em Tarso durante nove ou dez anos, aumentando o seu
zelo por Israel e ganhando o respeito dos amigos. Todos estavam certos de que
ele viria a ser o seu líder um dia. Na sinagoga, seus argumentos já eram
ouvidos com maior interesse que os do rabino. Era uma voz nova Que surgia, e
seu contato com o grande Gamaliel dera-lhe uma fama que poucos poderiam
alcançar. Tudo que precisava agora era da autoridade conferida pela vida
adulta; dentro de poucos anos, seria um líder destacado em Tarso.
Alvorada da Era Cristã
Enquanto Saulo aguardava pacientemente em Tarso, um evento da maior
importância teve lugar na Palestina. JESUS, da pequena cidade de Nazaré,
reunira ao redor de si um grupo de amigos; a maioria, seguidores de João
Batista. Este de tal maneira havia pregado que milhares de pessoas o aceitaram
como profeta de DEUS, talvez comparável a Isaías ou a Jeremias. Ele tinha
muitos discípulos e o seu ministério era conhecido em toda a zona rural. Quando,
porém, apareceu JESUS, João saiu de cena, apontando o Nazareno como o Messias
há muito esperado. Durante algum tempo, houve grande entusiasmo, e alguns se
perguntavam se JESUS os guiaria na revolta contra Roma. Mas em vez disso, Ele
reuniu alguns discípulos e retirou-se para o campo a fim de ensiná-los sobre o
reino dos céus.
Três meses mais tarde, JESUS foi ao Templo de Jerusalém e,
contemplando-o em toda a sua beleza, ousou contradizer grande parte dos
ensinamentos dos rabinos. Falara com tanta segurança que ofendeu os sacerdotes.
De fato, deixara-os tão zangados que todas as sinagogas foram instruídas para
que não o recebessem em suas reuniões. Os sacerdotes e rabinos tentaram
desesperadamente apanhá-lo em alguma contradição com respeito ao sábado a fim
de condená-lo à morte.
Ao conhecer os rabinos do SANTO Templo, Saulo passou a nutrir por
eles o maior respeito. A interpretação que faziam das Escrituras era para ele
algo inquestionável, divino. Isso não aconteceu com JESUS. A cada passo, Ele
entrava em conflito com as tradições dos homens e, quando falava, era com a
autoridade de DEUS. Os líderes religiosos estavam irados porque JESUS afirmava
ser DEUS, e confirmava tal alegação com prodígios, sinais e maravilhas. Alguns
diziam que o Nazareno merecia a morte pois, corajosamente, os havia desafiado a
destruir o Templo que levara 49 anos para ser construído. Ouviram-no dizer
claramente que o reconstruiria em três dias.
Era fácil para alguns ignorá-lo, acreditando-o louco. Mas a questão
era que muitos dentre o povo ouviram-no pregar, e agora testemunhavam que Ele
alimentara mais de cinco mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixinhos.
Milhares criam que Ele era o Messias prometido, e dispunham-se a lutar contra
Roma, sob a sua liderança. Alguns diziam que JESUS só conseguia atrair a
escória - publicanos, pecadores e indivíduos de reputação duvidosa. Mas era
sabido que diversas autoridades e rabinos também o haviam procurado em segredo;
muitos destes foram transformados e saíram a pregar que JESUS era, de fato, o
Messias de Israel.
Os Ensinamentos de JESUS
Chegou então a hora! JESUS fez um grande discurso, proclamando os
princípios do seu reino. O sermão era revolucionário; colocava a palavra de
JESUS acima da de Moisés. Para o judeu isso era inconcebível e tão pecaminoso
quanto uma blasfêmia. Não havia dúvidas: Ele merecia morrer! Infringira o
sábado, afirmara perdoar pecados e, diante dos fariseus, admitira ser o
Messias, o Filho de DEUS!
JESUS repreendeu repetidamente os fariseus e saduceus, usando uma
linguagem contundente e enérgica. Em certa ocasião, chamou-os de
"sepulcros caiados" e "raça de víboras" (Mt 23.27,33).
Disse-lhes que não eram filhos de DEUS, mas do diabo (Jo 8.44). Não é de
surpreender que os rabinos o odiassem tanto; não podiam se sentir confortáveis
em sua presença. Quando o viam, desmanchavam-se em ódio por não suportarem a
luz de sua sabedoria. Em seus conselhos, eles já o haviam condenado à morte.
Os rabinos diziam que homem algum podia ensinar antes de haver
passado muitos anos na escola de Jerusalém. Saulo fora educado desse modo. Mas
ali estava o Homem da Galileia. Ele falava com mais autoridade que todos os
rabinos, e era capaz de curar todo tipo de enfermidade. Alguns tinham visto
Lázaro depois de ressurreto, e não podiam negar um fato por demais notório e
evidente. Mas como JESUS jamais frequentara tal escola, acusaram-no de estar
ensinando sem autorização. Os sacerdotes ordenaram ao povo que não mais desse
ouvido aos seus ensinamentos.
Quando, porém, os coxos passavam a andar, e os cegos a enxergar,
regra alguma, mesmo as estabelecidas pelo sumo sacerdote, era capaz de manter
os necessitados longe de JESUS. Estes chegavam aos milhares, e retornavam para
suas casas curados de todas as suas enfermidades, proclamando a todos que
haviam encontrado o Messias. E Ele os curara!
Durante três maravilhosos anos, JESUS andou pelos campos, pregando
na Judéia, Samaria, Decápolis, Galileia e Peréia. Sua fama espalhara-se por
toda a terra, e os líderes de Israel já não sabiam o que fazer. Chegou então o
dia quando Ele entrou em Jerusalém sob a aclamação do povo. Gritavam para quem
quisesse ouvir que o seu rei chegara. Essa seria talvez a centelha que levaria
o povo a revoltar-se contra Roma.
JESUS, entretanto, foi direto ao Templo, e escandalizou
deliberadamente os sacerdotes. Fazendo um chicote de cordas trançadas, passou a
açoitar os vendedores de pombas e ovelhas que se achavam nos pátios do
santuário. Com um grito de indignação, derrubou as mesas dos cambistas, fazendo
as moedas rolarem pelo pavimento multicolorido. O povo ficou ali parado, com
medo, pois ninguém jamais ousara perturbar o SANTO Templo daquela maneira. Os
sacerdotes e rabinos encheram-se de horror e indignação. Os adoradores haviam
assistido a uma demonstração de autoridade que jamais esqueceriam. Muitos dos
israelitas sentiam-se incomodados com os redis de ovelhas e gaiolas de pombas
que profanavam a Casa de DEUS. Há muito que os sacerdotes já deveriam ter
endireitado as coisas. Mas ninguém tivera coragem.
A raiva dos sacerdotes transbordou. Quiseram pegá-lo, mas temiam a
multidão, pois a maioria considerava-o profeta. Em toda a história dos judeus,
ninguém jamais pronunciara palavras tão cortantes. JESUS acusou os líderes de
colocarem pesados fardos sobre o povo; fardos estes que eles nem ao menos se
dignavam a mover com o dedo mínimo. Faziam obras para serem vistos pelos
homens; desejavam sempre os primeiros lugares na sinagoga, e gostavam de ser
chamados de rabinos.
Com o fogo do céu rebrilhando nos olhos, JESUS pronunciou
infortúnios sobre os escribas e fariseus, chamando-os de hipócritas. Eles
fechavam o reino dos céus aos homens; não entravam e ainda serviam de obstáculo
aos que o desejavam. Chamou-os ainda de guias cegos, pois limpavam o lado de
fora do copo enquanto o seu interior continuava sujo; eram tão estreitos de
visão, que coavam o mosquito, mas engoliam o camelo.
A Crucificação
Não é de admirar que os sacerdotes e rabinos hajam se reunido no
palácio de Caifás, para planejar furtivamente a prisão e morte de JESUS, antes
que o povo se amotinasse. Foi nessa ocasião que Judas fez um trato com eles
para entregar-lhes o Senhor por trinta moedas de prata.
No Getsêmani, o Messias orava ajoelhado, enquanto os discípulos
dormiam. Os inimigos chegaram em meio à oração. Guiados por Judas, entraram no
horto com espadas e porretes. O traidor sabia que JESUS ia sempre orar no
Getsêmani. A multidão estava decidida a levá-lo à força ao sumo sacerdote.
O Sinédrio foi convocado no palácio do sumo sacerdote. Não queriam
deixar a reunião para o dia seguinte, temendo que o povo viesse a sabê-lo e
exigisse a soltura de JESUS. Agora que as autoridades o tinham em seu poder,
cuidariam para que nada os detivesse. O tribunal reuniu-se então à noite, e a
sentença foi lida: "Morte ao Nazareno!"
Porém, segundo a lei romana, nenhum tribunal judaico tinha
competência jurídica para aplicar a pena morte. Por conseguinte, era necessário
levar JESUS a Pilatos. No entanto, ao saber que JESUS era galileu, o governador
romano, para livrar-se daquela responsabilidade, enviou-o a Herodes,
representante de César em toda a Galileia. O rei Herodes, porém, mandou-o de
volta a Pilatos que, procurando agradar os judeus, entregou-lhes o Senhor para
que fosse crucificado. A execução se deu num monte chamado Calvário (ou
Caveira), não muito longe dos muros da cidade.
Com a morte de JESUS, os sacerdotes e rabinos suspiraram aliviados.
O problema estava finalmente resolvido. O povo não mais seria perturbado pelo
falso CRISTO. Isso seria o fim do pequeno grupo que o seguia. Por sentirem-se
desanimados e derrotados, seus discípulos retornaram à vida antiga mais
mistificados que nunca; o coração pesava-lhes de tristeza pela forma como tudo
terminara.
A RESSURREIÇÃO E A ASCENSÃO
No primeiro dia da semana, findo o sábado, o pequeno e abatido
grupo ganhou vida com o maior milagre já ocorrido: JESUS saíra da sepultura e
aparecera aos discípulos! Eles experimentaram então o sabor da vitória. Esta
certeza jamais os abandonaria; levaria-os a preferir a morte a negar o que
tinham visto com os próprios olhos.
Durante quarenta dias, o Salvador encontrou-se com os discípulos,
provando-lhes a realidade de sua ressurreição, e fortalecendo-lhes a fé. Mas
veio o dia em que Ele os deixou, pois tinha de retomar o seu lugar na glória do
Pai. Diante deles, JESUS subiu aos céus até ser ocultado por uma nuvem.
Antes de deixá-los, porém, prometera-lhes que, em breve, receberiam
o dom do ESPÍRITO SANTO que os habilitaria a pregar o Evangelho a partir de
Jerusalém até alcançar os confins da terra.
O Pentecostes
O pequeno grupo de crentes reuniu-se em Jerusalém para orar e
esperar o dom prometido. Certa manhã, chegada à festa de Pentecostes,
reuniram-se eles novamente para orar. De súbito, o poder de DEUS sacudiu o
lugar, e o ESPÍRITO SANTO desceu sobre eles. A experiência foi tão tremenda Que
os discípulos gritaram de alegria. E era tão forte o poder de DEUS, que eles o
louvam em línguas estranhas. Esse milagre era outra evidência de que o Senhor
continuava no meio deles, cumprindo sua promessa.
Diante do milagre, uma multidão reuniu-se à volta dos discípulos.
Alguns diziam que estes pareciam tão felizes que deviam estar embriagados. A
fim de justificar o estranho evento, Pedro pôs-se de pé e começou a pregar para
aquela enorme audiência.
Ele explicou-lhes que a vinda do ESPÍRITO SANTO era um cumprimento
da profecia. Em seguida, acusou-os de haverem matado o Messias. Contou-lhes
também como DEUS ressuscitara a JESUS em cumprimento às palavras de Davi. Pedro
terminou o sermão, dizendo que todos os seguidores de JESUS eram testemunhas de
sua ressurreição. E, agora, anunciavam o Evangelho com a total aprovação do
céu.
Quando Pedro terminou o sermão, muitos dos presentes, profundamente
comovidos, perguntaram-lhe o que deveriam fazer.
"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
JESUS CRISTO" foi a resposta (At 2.38). Eles arrependeram-se, deixando-se
convencer pelo ESPÍRITO de DEUS quanto à veracidade das palavras do apóstolo.
Aquele foi um grande dia para os seguidores de JESUS. Era o início da Igreja.
Em poucas frases, Lucas faz uma bela descrição da alegria e júbilo que tomaram
conta dos primeiros cristãos.
Esse não foi o único milagre a fortalecer a fé dos primeiros
cristãos. Pedro e os demais discípulos saíram a pregar, e muitos prodígios e
sinais eram feitos por seu intermédio em nome de JESUS. Os inimigos
empenharam-se ao máximo para anular o testemunho da Igreja. Os sacerdotes e
rabinos opunham-se lhes violentamente. Mas em vão. Pois os adeptos da
"nova seita", como eram chamados, inclusive já se reuniam no primeiro
dia da semana, e não aos sábados, pois fora num domingo que o Senhor ressuscitara
dentre os mortos.
A Vida dos Primeiros Cristãos
A vida dos primeiros cristãos era marcada pela simplicidade e amor.
Eles procuravam viver como JESUS vivera. Havia entre si um laço tão forte,
unindo-os fraternalmente, que o seu coração transbordava de alegria. Sua vida
era uma oração contínua, levando-os testemunhar zelosamente de CRISTO onde quer
que fossem.
A Igreja crescia diariamente à medida que o povo ouvia o Evangelho.
Os discípulos falavam de CRISTO no Templo e nas casas. No trabalho, continuavam
a dar testemunho da graça salvadora. O poder de DEUS acompanhava suas palavras
de modo que, em toda parte, homens e mulheres eram atraídos a CRISTO mediante o
contato com estes homens simples, mas convictos.
Os discípulos tinham agora uma mensagem para pregar. Mensagem esta
que lhes transformara as vidas e dera-lhes não só esperança para esta vida como
também a promessa de ressurreição depois da morte.
Onde quer que fossem, saudavam-se com a palavra maranatha: "O
Senhor Vem". A vinda do Senhor era a sua única esperança, pois JESUS
prometera voltar. E enquanto o observavam subir ao céu, foram consolados pelos
entes angelicais com estas palavras: "Varões galileus, por que estais
olhando para as alturas? Esse JESUS que dentre vós foi assunto ao céu, assim
virá do modo como o vistes subir" (At 1.11).
A Igreja vivia cada dia como se o Salvador fosse voltar a qualquer
hora, pois a promessa de sua volta causara-lhes profunda impressão,
purificando-os e afastando-os deste mundo. A promessa encheu o horizonte de
suas vidas, levando-os a se dedicarem a CRISTO.
Mas nem tudo andava bem com os membros da Igreja Primitiva. Eram
olhados com desconfiança e ódio pelos fariseus e saduceus e por todos os
líderes de Israel. Os inimigos de JESUS continuavam a ser inimigos de sua
Igreja, e empenhavam-se em esmagar os que eram do "Caminho".
OS MINISTÉRIOS DE PEDRO E JOÃO
Certo dia, quando Pedro e João subiam ao Templo na hora da oração,
um mendigo, coxo de nascença, achava-se sentado à porta do santuário, pedindo
esmolas. Era seu costume mendigar todos os dias, e tudo que esperava era uma
ajuda para sustentar-se. Mas Pedro, movido pelo poder de DEUS, curou o homem
daquela enfermidade.
Imediatamente, formou-se um grande ajuntamento em volta dos
discípulos, pois todos estavam cheios de assombro e admiração. Pedro
aproveitou-se da oportunidade e, colocando-se num dos pórticos do pátio
externo, onde os rabinos geralmente ensinavam, pregou-lhes um sermão. O tema do
seu discurso era JESUS, o Messias.
Pedro deixou bem claro ao povo que o poder de curar não era dele,
mas do Senhor. E continuou a falar, mostrando-lhes que o DEUS de Abraão, Isaque
e Jacó glorificara a seu Filho, JESUS, a quem havia entregado a Pilatos, e
condenado à morte. Contou-lhes como DEUS levantara a JESUS da sepultura e o
levara para o céu, onde permaneceria até que as profecias fossem cumpridas.
Então, Ele voltará para o seu povo, trazendo juízo sobre todos os seus
inimigos. Em seguida, Pedro convidou o povo a arrepender-se e a converter-se,
para que os seus pecados fossem apagados. Através desse testemunho, cerca de
cinco mil pessoas creram. E, assim, a Igreja crescia com espantosa rapidez.
Os sacerdotes, as autoridades do Templo e os saduceus, que não
criam na vida além-túmulo, enfureceram-se com o atrevimento daqueles homens
que, embora não fossem rabinos, pregavam a ressurreição de JESUS. Por isso,
enviaram os guardas do Templo para suspender a reunião e prender ambos os
discípulos.
No dia seguinte, os discípulos foram levados diante do conselho,
composto de setenta membros, que lhes perguntou com que autoridade faziam tais
coisas. Eles responderam que ensinavam e curavam em nome do Senhor JESUS.
Pedro, que jamais perdia uma oportunidade, pregou o Evangelho de CRISTO diante
do Sinédrio. Ao ouvir-lhes a declaração, o Conselho percebeu que, embora
indoutos, falavam corajosamente. Maravilhados, disseram entre si que tal
coragem devia-se ao fato de eles haverem estado com JESUS. A autoridade com que
JESUS falava permanecia em sua lembrança. Resolveram, pois, adverti-los a que
não mais testemunhassem em nome de JESUS. Em seguida, libertaram-nos. Pois
sabiam que o coxo era conhecido, e condenar os que haviam operado tão grande
milagre poderia provocar a ira da multidão.
Novos crentes iam sendo acrescentados à Igreja. O poder do ESPÍRITO
que operava nos discípulos, juntamente com o exemplo destes, levou grande
número de pessoas a converter-se. A sua fé era confirmada por muitos milagres.
Os saduceus fizeram uma segunda tentativa de extinguir a nova fé.
Lançaram os apóstolos na prisão. Mas ficaram abalados ao saber que um anjo os
libertara, e que já se encontravam na companhia dos outros discípulos.
Crescimento Contínuo da Igreja Perseguida
Quanto mais os líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais
atiçavam-lhe a chama. A ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a
segurança que antes não existiam. Todos os anseios de Israel, profecias,
sacrifícios e esperanças foram cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a
sua maior oportunidade, rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para
milhões de cristãos, estava apenas brotando no coração dos judeus.
Com a pregação do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira
vez, o cumprimento de suas esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos
foram reconduzidos ao Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem
de não pregar. Pedro colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa,
proclamou de novo a ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do
Conselho pela sua morte.
Ofendidos com tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos.
Finalmente poderiam acabar com aquela seita, silenciando-lhe os principais
pregadores e líderes. Com calma e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que
instruíra a Saulo de Tarso, advertiu o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora
DEUS levantara profetas que, embora rejeitados pelo povo, haviam cumprido
fielmente a sua missão. Aconselhou-os, pois, a soltarem os discípulos. Se a
mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o Sinédrio poderia destruí-la; e se
não o fosse, a seita desapareceria como tantas outras no passado. Sua conclusão
foi tão amorosa quanto sábia. Após açoitar os discípulos, o Conselho os deixou
ir com uma advertência.
À medida que a Igreja crescia e a perseguição aumentava, também se
elevava o número de necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não
lhes sobrava tempo para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim
de terem mais tempo para a pregação e o ensino, indicaram sete diáconos para
atender aos pobres. Esse foi o início da organização do ministério
eclesiástico. DEUS abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a para
fortalecer o seu povo.
O Ódio do mundo
Como nunca foi popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de
JESUS passaram a ser odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de
seus empregos e tinham dificuldade em garantir o seu o sustento. Como sempre
houvesse necessitados, agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem
mutuamente. Naqueles primeiros dias, o amor e o desprendimento eram tão reais,
que muitos vendiam seus bens e traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de
socorrer os menos afortunados.
Ondas de ódio e perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns
membros eram tão fracos em suas convicções que, pensando apenas na segurança e
conforto pessoais, voltaram para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu
sólida como as rochas em dias de tempestade.
Cada vez que o braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava
outros heróis para levar adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a
Igreja, mandou que se degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinguido
para sempre o trabalho do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em
Atos, encerra-se com esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor
crescia e se multiplicava" (At 12.24).
Quanto maior a perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas
vezes, os cristãos tiveram de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam.
Quando algum pregador era preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor
sempre lhes ouvia as orações, abençoava o seu povo, e usava as dificuldades
para fortalecer a Igreja.
O Cristianismo, contudo, não ficou restrito a Jerusalém. Os que
ouviram a pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império
Romano. E levaram as boas novas do Evangelho aonde quer que fossem.
LUTANDO CONTRA DEUS
Quando ainda estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre
JESUS. Algumas eram fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se
quando transmitidas oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido
as festas em Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua
volta, Saulo e os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de
Nazaré, e ficaram enfurecidos com a ideia de que alguém havia tido a coragem de
profanar os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal
homem não tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos.
Todavia, todos que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de
tanta sabedoria - nem mesmo os grandes rabinos.
Ficou evidente para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter
acusado os doutores da Lei, opondo-se às suas regras. Ouvira dizer também que
JESUS ensinava o povo a desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumulto
nas sinagogas que todo o verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de
Israel.
Quando chegaram as notícias de que JESUS fora preso, julgado e
crucificado, todos agradeceram a DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado.
Ficava provado, pois, que Ele não passava de mais um falso messias, que tudo
fizera para conturbar a religião judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram
a crucificação de JESUS. Não podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia
chamado de víboras e hipócritas.
Saulo não se considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu
melhor e obedecer a todas as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa
era a única maneira de se agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga
ordem merecia morrer. Foi com um grande alívio que os principais da sinagoga de
Tarso ouviram que JESUS fora finalmente tirado do caminho, e os seus
ensinamentos interrompidos de vez. Segundo diziam, a justiça divina havia sido
feita.
Sua indignação, porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que
os seguidores do Nazareno não haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos
grupos para adorar a JESUS, declarando ter Ele ressurgido dos mortos.
Resolveram então fazer o possível para lutar contra a perigosa seita. Notícias
chegadas de Jerusalém davam conta de que alguns fariseus haviam deixado a
verdade e se juntado aos nazarenos. Membros da seita podiam ser encontrados
também pregando abertamente nos pátios do Templo e nas sinagogas, convencendo a
todos de que JESUS era o Messias. E milhares criam neles. Isso tornara-se uma
grande ameaça, pois até alguns sacerdotes estavam abandonando a velha ordem
para seguir a JESUS. De igual modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade,
conversando com o povo em suas casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
Saulo sentia raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus
líderes haviam sido apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado
abertamente no Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se
complacente e até recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se
irritado com Gamaliel. Como poderiam manter pura a religião de Israel se
permitisse que qualquer um alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os
seguidores de JESUS mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para
sempre tal ameaça.
A Perseguição dos Nazarenos
Com tais pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar
a Jerusalém. Estava tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a
seita dos nazarenos. Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola,
ofereceu seus préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se
opusessem ao Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome se
tornou o terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e
cruel. Com a sua eloquência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no
Templo. Rápido em suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais.
Lançou homens e mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira
e tão pronto para esmagar os seguidores de JESUS, que se achava disposto a
extirpar de dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao
Senhor. Com essas idéias fervilhando-lhe na mente e com o olhar brilhante de um
fanático, decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos.
Estêvão Confunde Saulo
Um dos sete escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se
dos pobres era Estevão, o mais capaz e ativo dos diáconos. grandes sinais e pródigos
se realizavam através de Estêvão. Ele não nascera em Jerusalém e até recebera
um nome grego. Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles. As suas
palavras eram irresistíveis e cativantes como as de JESUS. Em suas prédicas,
afirmava que a salvação era obtida por meio de JESUS, o Messias, e não pela
obediência à Lei de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas onde os
judeus de diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma para outra,
pregando o Evangelho e discutindo com os líderes.
A sinagoga alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações
de Cirene e da Cilícia conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra
ele, pois Estêvão persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em JESUS.
É provável que tenha sido na sinagoga da Cilícia que Saulo tenha
encontrado Estêvão pela primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo
assim, pôde sentir quão atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão
achava-se possuído de um zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino.
Quando Estêvão falou da ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que
essa esperança era a doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os
saduceus quem mais se opunham a esta crença.
Saulo desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a
questão da ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse
homem. Mas ele falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes
estabelecidos pelos rabinos. Era, portanto, necessário silenciar-lhe a voz.
O jovem fariseu confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado
ao descobrir que, apesar de todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os
argumentos de Estêvão. Seu orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era
um ódio cada vez maior. Achava-se, pois, decidido a se lhe opuser com todas as
forças. Foi então de sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de
JESUS se encontravam em toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os
nazarenos deviam ser silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus
ensinos eram contrários à Lei. E quando diziam que JESUS era o CRISTO,
blasfemavam contra DEUS. Mas percebeu que até os analfabetos da seita sabiam
citar as Escrituras, e conheciam a história judia tanto quanto ele.
Como Estêvão parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos,
decidiu persegui-lo e expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de
Moisés, ou dissesse que o Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado
como blasfemo! Onde quer que fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal
advertência. Estava cansado dos enganadores que desviavam o povo da Lei. E
sendo Estêvão um dos piores agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande
serviço a DEUS livrando-se dele.
Quanto mais pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia,
tanto mais agitado ficava. Sua raiva transformou-se finalmente em claro
preconceito - não podia mais discutir com aquelas pessoas baseado nas
Escrituras. Seu único desejo era exterminá-las. Por acaso não foi exatamente
isto que DEUS ordenara a Saul? (1 Sm 15).
Estêvão Diante do Sinédrio
Quando chegaram as notícias de que Estêvão fora preso e devia agora
comparecer perante o Sinédrio, Saulo sentiu que o líder fora para sempre
silenciado, e que seria apenas uma questão de tempo até que todos os cristãos
fossem apanhados.
Naquele dia, Saulo compareceu à reunião do Sinédrio. Queria estar
lá quando seu oponente chegasse ao tribunal. Ele não era o único; centenas
tinham ido assistir ao interrogatório. Os saduceus achavam-se ali sorrindo
zombeteiramente. Aquele era o dia tão esperado. Os fariseus também compareceram,
juntamente com os sacerdotes, escribas e uma grande multidão que ouvira Estêvão
e admirara-se da sua coragem. Saulo tomou seu lugar, e sorriu enquanto
esperava.
Aquele era o mesmo Conselho que condenara JESUS. Anás e Caifás,
ambos jubilados do sumo sacerdócio, achavam-se presentes. Jônatas, o atual
pontífice, era o presidente do Conselho. Também entre eles encontrava-se
Gamaliel. o sábio e bondoso fariseu. Todos estavam cansados dessas
interferências.
Desde a reunião em que JESUS fora condenado, os membros do Sinédrio
haviam tido problemas com Pedro e João. Não bastasse, a cada dia apareciam
outros; a nova seita mostrava- se incansável em sua blasfema propagação. Embora
houvessem recebido repetidas ordens para que se mantivessem silenciosos em
relação a JESUS, sempre desobedeciam. Aliás, os nazarenos haviam se tornado de
tal forma atrevidos, que chegaram ao cúmulo de acusar o Conselho de haver
matado o Messias.
Agora chegara a vez de Estêvão, o mais ousado de todos.
Quando Estêvão entrou no tribunal, todos os olhares voltaram-se à
sua direção. Algumas cabeças curvaram-se de medo, pois o seu rosto era calmo e
sereno como a face de um anjo. Chamadas as testemunhas, confirmaram terem-no
ouvido falar contra o Templo e os anciãos. Além disso, ensinava a todos que
JESUS era o Messias. Quando lhe deram a oportunidade de responder às acusações,
voltou-se à multidão silenciosa, procurando um rosto amigo. Não encontrando
ninguém, entregou-se à misericórdia do Senhor. E, mostrando uma radiância
celeste em sua fisionomia, pôs-se a falar.
Começando com Abraão, Estêvão referiu-se à história judaica para
mostrar que os homens podiam adorar a DEUS em outros lugares além do Templo.
Ele traçou os caminhos de DEUS com o seu povo desde Abraão até Moisés, e provou
que este profetizara sobre o CRISTO: "O Senhor, vosso DEUS, vos levantará
dentre vossos irmãos um profeta como eu"(At 7.37).
Contou como Moisés recebera a planta do Tabernáculo e como Salomão
construíra o SANTO Templo. Em seguida, citou o profeta Isaías a fim de provar
que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas: "O céu é o
meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o
Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura, não foi, a minha mão que
fez todas estas coisas?" (Is 7.49,50).
Enquanto prosseguia, os ouvintes encaravam-no com ódio sombrio. No
final, chegando ao ponto alto de seu discurso, declarou corajosamente ao
Sinédrio o que vinha dizendo ao povo em cada sinagoga:
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós
sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos
profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente
anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas;
vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes (7.51-53).
Houve um espoucar de vozes no salão, pois as palavras de Estevão
queimavam como fogo e cortavam como afiadas lâminas. Acusações insultuosas!
Desafiadoras! De repente, ele se cala. No terrível silêncio que se segue, sua
fronte ergue-se para o céu e um sorriso amoldara-lhe a face como se houvera
tido uma visão do alto. E Estêvão declara: "Eis que vejo os céus abertos e
o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS" (7.56).
Não lhe foi permitido dizer mais nada. Alguns fariseus taparam os
ouvidos para não ouvir outras blasfêmias. Outros tentaram agarrar o
prisioneiro. Estêvão, então, foi rapidamente levado para fora do tribunal antes
que a multidão o linchasse. Nunca tinham ouvido palavras tão atrevidas e
cortantes!
O Apedrejamento de Estêvão
Depois de o prisioneiro ter sido arrastado para fora, o veredicto
foi rapidamente concluído. Na opinião de todos, ele era culpado de morte. A Lei
de Moisés deixava isso bem claro: Aquele que blasfemar o nome do Senhor,
certamente morrerá; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o
natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto (Lv 24.16).
Saulo ficou mui comovido com o julgamento, pois acompanhara cada
palavra de Estêvão. Gloriou-se na história de seu povo e impressionou-se pela
forma como Estêvão a contara. Jamais conhecera alguém com tamanho conhecimento
da Escritura. Pensou ainda nos rabinos e nas suas disputas. Como pareciam
mesquinhos! Considerou sua própria opinião sobre o Messias e o que Gamaliel lhe
ensinara. Enfim, compreendeu que os fariseus, embora cressem na ressurreição,
nunca haviam podido demonstrá-la. Mas ali estava uma demonstração plausível -
se ao menos fosse verdade! E como o rosto de Estêvão irradiava êxtase! Era como
se estivera vivendo num outro mundo. E as suas palavras finais? E se ele
tivesse realmente visto JESUS à mão direita de DEUS?
Não, isso era coisa de fanático. Estevão era um impostor. Aquelas
últimas palavras sobre a hipocrisia dos rabinos eram imperdoáveis. O homem era
um inimigo da Lei Divina. Morte aos inimigos de DEUS! Que seja apedrejado!
Saulo ficou tão convencido de que o julgamento fora justo que estava pronto a
ajudar na execução da sentença. As palavras insultuosas de Estêvão ainda lhe
soavam aos ouvidos.
Cercado pelos guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas
da cidade até um lugar perto dos muros. De repente, o grito: "Morte ao
blasfemo! Morte ao nazareno!" A Lei de Moisés ordenava que a primeira
pedra fosse atirada pelas testemunhas que, despindo-se de seus mantos,
empilharam-nos aos pés de Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as
roupas não fossem roubadas.
Estêvão ajoelhou-se e, ignorando a multidão, orou: "Senhor
JESUS, recebe o meu espírito!" (At 7.59). As pedras foram atiradas,
fazendo-o sangrar mortalmente. Mas antes que sua alma deixasse a morada
terrena, partindo para as mansões celestes, clamou em alta voz: "Senhor,
não lhes imputes este pecado" (At 7.60). Estava tudo acabado. Sua alma já
se encontrava com JESUS.
A Difusão do Cristianismo
Saulo deixa a cena em silêncio. Testemunhara algo que jamais
houvera visto. Não podia negar que ficara grandemente abalado. Ouvira a oração
de Estêvão. Quem jamais orara por seus algozes? O ódio de Saulo era amenizado
por um estranho sentimento de piedade. Mas isso durou apenas alguns segundos.
Ele não permitiria que suas emoções o empolgassem. Estêvão merecia morrer! Sua
execução desanimaria outros, e quem sabe, acabasse de vez com a seita dos
nazarenos. Todavia, os eventos daquele dia ficariam para sempre em sua memória.
Depois da morte de Estêvão, Saulo passou a comandar a perseguição à
Igreja. Ele percebeu que a sua morte não tinha afetado os cristãos. Pelo
contrário: tornara-os mais audaciosos e fortes. Depois de consultar o Sinédrio
e os principais sacerdotes, concluiu que a melhor maneira de acabar com a
ameaça ao Judaísmo seria visitar cada sinagoga, descobrir quem se inclinava a
crer em JESUS e levar os infratores a julgamento.
Tendo em vista seus precedentes, Saulo cumpriu zelosamente a nova
missão. Em breve, tornou-se conhecido em toda a Judéia como o mais feroz
inimigo de CRISTO. Ele caçava os cristãos, atirando-os nas celas e
ordenando-lhes a execução. Sua indignação ardia como fogo, e seu grito soava
amedrontador: "Repudie a fé em JESUS ou morra!"
A perseguição tornou-se tão severa que os cristãos se viram
forçados a deixar seus domicílios. Os de Jerusalém espalharam-se por toda a
Judéia e Samaria. Isso contudo não teve o efeito que Saulo e o Sinédrio
desejavam, pois onde quer que os discípulos fossem, contavam a história de
CRISTO. Em vez de uma grande Igreja em Jerusalém, muitos pequenos grupos de
crentes passaram a reunir-se secretamente nas casas. Os esforços de Saulo só
fizeram com que o fogo se espalhasse e se tornasse inextinguível.
Infelizmente, alguns preferiam abandonar a Igreja a enfrentar a
perseguição e as privações decorrentes desta. Outros foram compelidos a
blasfemar o nome de JESUS.
Muitos seguiram para o norte, em direção a Samaria, onde Paulo não
tinha qualquer jurisdição. Entre estes encontrava-se Filipe, um dos sete
diáconos da igreja de Jerusalém. Colaborador de Estêvão, teve de fugir para
salvar a vida. O povo de Samaria recebeu-o alegremente, pois lembrava-se de
JESUS e de seu ministério entre eles.
Samaria ficava ao norte de Jerusalém. Era habitada por um povo
mestiço, parte dele oriental e a outra parte de origem hebreia. As dez tribos
de Israel habitaram ali, mas os assírios levaram-nas para o cativeiro, deixando
apenas um remanescente na terra. Milhares de estrangeiros contraíram casamentos
mistos com aqueles judeus, resultando numa raça mestiça. Por isso, todo judeu
de sangue puro olhava para os samaritanos com desprezo. Filipe, contudo, pregou
a CRISTO livremente em Samaria, e DEUS abençoou o seu testemunho. Muitos foram
os que se fizeram seguidores do Senhor, porque viam e ouviam os sinais que
Filipe fazia.
Quando os apóstolos ouviram falar que uma grande obra estava sendo
realizada em Samaria, enviaram para lá Pedro e João para ver se era ou não
autêntica. Pois ainda não estavam convencidos de que alguém pudesse ser um
verdadeiro cristão sem primeiro ser judeu. Mas foi justamente ali, naquela
terra odiada, que os apóstolos descobriram que o ESPÍRITO SANTO também estava
sendo derramado sobre os samaritanos, quando lhes impuseram a mãos. Antes de
partirem, Pedro e João pregaram nas aldeias. E assim a igreja em Samaria
cresceu sem que fosse incomodada pela perseguição.
Início da Convicção de Saulo
Saulo enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado
os nazarenos de Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam
espalhando seus ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e
mais. Ele então começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não
baldado ao fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao
dizer que, se a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um
poderoso exército iria detê-la?
Seria realmente uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS?
É certo que fora derrotado na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam
as Escrituras e fizeram-no calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os
perseguidores, pois na hora de sua execução, um estranho poder o possuíra,
impressionando profundamente a Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte
com uma expressão de vitória estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel
acertara: A perseguição só ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação
farisaica e em todas as regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as,
receberia a vida eterna. Mas agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto
aos ensinamentos rabínicos, não seriam suficientes sem a esperança do Messias.
Neste ponto, Saulo surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse
logo.
Tinha certeza de que os nazarenos pregavam um falso messias.
Todavia, tinha a sensação de que o grande e misterioso poder que nEle se achava
viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à
morte, estavam dispostos a morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que
as pessoas defendiam coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a
espada era posta em suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os
seguidores de JESUS se agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa
que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira
continuar a luta. Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a
Damasco, onde, segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por
causa da perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente
a CRISTO nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente
os seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma
tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos
antes, Eliezer, o damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela
mesma estrada. Naamã passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas
Saulo não queria pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio.
Planejara caçar os cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem
julgados e condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo
sacerdote aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a
assistência, pois era o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À
sua frente, estendia-se um vale bem irrigado e protegido por densas florestas
com árvores de todo tipo. Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o
álamo. Os vinhedos, nas encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os
viajantes geralmente abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava
no auge de sua força. Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga, todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto
aos nazarenos, ainda se lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por
isso tremiam com a ideia de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava
que famílias seriam separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia,
porém, decidido manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em
direção a ela. As estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia
procurado a sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor.
Apesar de toda aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas
do Templo que o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer
observação.
O pequeno grupo aproximou-se do alto de um monte de onde se podia
ver os prédios rebrilhando ao sol. Segundo o poeta, Damasco era "um
punhado de pérolas numa taça de esmeralda".
A Aparição de CRISTO
Ao descerem o monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em
todo o seu esplendor, veio subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era
tanta que o sol pareceu enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e
caíram por terra; alguns, de bruços para protegerem-se da luz, e outros com as
mãos cobrindo os olhos, temendo aqueles raios.
Admirados, entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que
houvera. Foi então que viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em
que montara, mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas
eles não viam o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe
compreendiam as palavras. Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos
estendidas à sua frente como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés.
Deitado no chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava:
"Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os
aguilhões" (At 26.14).
Perturbado com todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a
morte de Estêvão, temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?"
(At 26.15).
"Eu sou JESUS, a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve
mui claramente: "Eu sou JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De
repente, brota-lhe na alma a terrível compreensão de que estava errado. De
fato, toda a sua vida fora um erro.
O torvelinho que sentira, as perguntas que iam surgindo, a
crescente convicção de que estivera lutando contra DEUS - todos esses
pensamentos pairavam diante de si com súbita clareza e, de tal forma, que não
podia mais suportá-los.
Todo o orgulho de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e
toda a arrogância advinda de sua reputação como o principal perseguidor do
Cristianismo desmoronaram enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua
visão física lhe fora tirada para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava
pensando nas palavras: "Por que me persegues? Dura coisa te é
recalcitrares contra os aguilhões".
Tais palavras eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas
vezes o boi escoiceando o aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de
obedecer a quem o dirigia e submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas
varas que o dono usava para estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da
vida de Saulo. Ele estivera fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil!
Saíra para caçar os seguidores de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que
estava sendo caçado por JESUS, a quem perseguia.
Essa foi a grande crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a
face com o Messias, e viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os
nazarenos, certos: JESUS era o CRISTO.
Naquele momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução,
maior do que qualquer outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava
quebrantado e abatido nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição
foi completa. Sua alma estava finalmente em paz.
A voz do céu era clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te
será dito o que te convém fazer" (At 9.6).
A Transformação
Tudo acabara em poucos instantes, mas foi a maior experiência de
Saulo. Nela, pensaria até o dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o
dominara, mudando-lhe por completo a vida. Nenhuma dúvida nem interrogação
ser-lhe-iam possíveis a partir daquele instante. Pois não tivera uma simples
visão de JESUS; fora, de fato, uma aparição do CRISTO, não mais com a glória
velada, como nos dias de seu ministério terreno, mas com tamanha plenitude de
glória que o homem não podia suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria disso mais tarde como a última das aparições de JESUS
aos seus seguidores após a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma
experiência no Monte Sinai, quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe
como um fogo devorador. Foi isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o
ministério. Essa foi também a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da
Transfiguração. Foi o que João viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí
a seus pés como morto" (Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida
uma entrevista com o CRISTO ressurreto.
Posteriormente, alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando
que ele jamais vira o Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que
recebera a sua comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto
das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda;
livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires
os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim
de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em
mim (At 26.16-18).
Quando seus companheiros, já recuperados dos efeitos da visão,
foram ajudá-lo a pôr-se em pé, descobriram que ele estava cego, por isso
tiveram de conduzi-lo pela mão à cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido
um orgulhoso fariseu, cavalgando com pompa e autoridade, cheio de indignação e
soberba. Mas, num momento, foi transformado num servo trêmulo, que tateava,
humilde e quebrantado, agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu
destino. Ao chegar a Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua
chamada Direita, e pediu que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar.
Já afastado do mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente
ordenar seus pensamentos. Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia
usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu nem bebeu durante três dias. Estava por demais
absorvido em seus pensamentos. Todo o passado descortinava-se diante de si.
Pensou no zelo do pai ao educá-lo como fariseu. Lembrou-se do rigor da escola
em Tarso e de como as palavras dos rabinos haviam lhe marcado a vida.
Recordou-se do Templo e de todas as suas belas e agradáveis cenas. Como poderia
esquecer-se das multidões dos adoradores entregando os sacrifícios aos
sacerdotes.
Agora, porém, nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera
e fora crucificado exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida
de Saulo parecia estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando
contra DEUS. Cego por seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia,
ei-lo quebrantado aos pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força
dessa colisão com o CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o
Sinédrio haviam cometido um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém,
terminaram; o futuro devia ser ocupado na proclamação dessas grandes
descobertas.
Quando prendia os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança
e ira. Era o inimigo mortal deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não
havia vingança nem ira. Se em seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor
o levantou e dele tomou posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde
orar pelos inimigos mesmo quando as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO,
encontrou uma paz até então desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo, jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das
estranhas experiências que tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado
Ananias, vinha vê-lo a fim de lhe restaurar a visão.
As Visões de Saulo e Ananias
Nessa mesma ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse
Saulo. Ananias fora, certa vez, destacado, em sua sinagoga, como um homem
piedoso e que obedecia à Lei de Moisés com o rigor de um fariseu.
Mas desde que se tornara cristão, os judeus passaram a suspeitar
dele. Alguns diziam que Saulo tinha ido a Damasco especialmente para prender
Ananias, pois os nazarenos haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa
visão, o Senhor ordenou a Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada
Direita, e pergunta em casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois
eis que ele está orando, e numa visão ele viu que entrava um homem chamado
Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco
tinham medo de Saulo por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além
disso, haviam sido informados que ele estava na cidade a fim de que, como
representante do sumo sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e
os conduzisse a Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os
livrasse? Quando chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a
DEUS. Era a resposta à sua oração.
Mas, agora, ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um
vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos
de Israel" (At 9.15).
Sem mais duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou
por Saulo, o rabino de Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com
o jovem e terrível fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito
que se desenrolava em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois
havia atravessado águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem
como nunca pensara ser possível.
Ananias atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão
sobre a sua cabeça, disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS
que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e
sejas cheio do ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o chamara de "irmão"! E pensar que ele,
Saulo, viera justamente prender um homem como esse que, agora, estendia-lhe a
destra da comunhão! Dissipadas as trevas, Saulo vê o homem que o procurara como
mensageiro de DEUS.
Ele acabara de receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada
de Damasco. Como não se render ao CRISTO? Por um momento, Saulo dúvida: como
ser perdoado pela perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz
de Ananias lhe dá plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que o batismo era o sinal nazareno do arrependimento.
Era uma forma de mostrar publicamente que havia mudado, invocando o nome
daquEle a quem antes odiara, porém agora, além deste batismo nas águas, recebe
o batismo no ESPÍRITO SANTO, fato totalmente desconhecido para ele (cheio do
ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia
dúvida em seu coração. Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora
uma criança, confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de
JESUS e invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A
seguir, Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
Vivendo para CRISTO
Saulo saíra das trevas para a luz. Morrera para a velha vida, sob a
Lei, e fora cheio do ESPÍRITO. Desejava, agora, provar o seu arrependimento
através de uma vida de serviço a CRISTO. Essa perspectiva dava-lhe grande
alegria. Depois de ter-se alimentado, levantou-se com um zelo tão intenso por
CRISTO que excedia de muito sua antiga dedicação ao Judaísmo.
Ananias voltou para anunciar aos cristãos de Damasco que o perigo
passara. Saulo não só havia desistido de persegui-los, como também fora
batizado, invocando o nome de CRISTO. Era agora um nazareno. Eles receberam-no,
pois, com grande alegria; acolheram-no como a um irmão.
Os cristãos de Damasco fortaleciam a Saulo diariamente com a
cordialidade de sua comunhão, e doutrinavam-no acerca de JESUS. Ele se mostrava
mais que atento. Os irmãos falaram-lhe do Salvador, de sua vida e de sua obra.
Ficaram surpresos ao ver o conhecimento que ele tinha das Escrituras e como
constatava rapidamente, agora, que todas elas apontavam para JESUS. Sua
erudição deixou-os admirados. Ele parecia encontrar argumentos fortes e
favoráveis a CRISTO que antes lhe haviam escapado. Seus corações encheram-se de
alegria ao compreender que ele também viria a ser um grande mestre das
doutrinas enunciadas pelo Senhor JESUS.
Durante o curto período em que permaneceu em Damasco - somente
alguns dias - Saulo cresceu espiritualmente e já ansiava por testemunhar da
grandiosa experiência que tivera na estrada de Damasco. Junto com Ananias e
outros nazarenos, visitou a sinagoga e pregou a CRISTO. Ele era hábil em
rebater todos os argumentos dos fariseus. Como tivesse o dom da oratória,
causou grande impressão sobre o povo. Embora não pudesse dizer muito a respeito
dos ensinamentos de JESUS, sabia apelar para a Lei, os Profetas e os Salmos.
Ele sentia-se mui à vontade nesses tópicos.
A primeira vez que Saulo visitou a sinagoga, que se achava repleta,
foi um grande dia para os nazarenos. Ali estava um jovem, destemido e forte,
que tivera o privilégio de ser educado na escola de Gamaliel. A maioria dos
judeus sabia de seu ódio a CRISTO, e alguns que suspeitavam dos nazarenos,
achavam que a sua missão em Damasco era necessária.
Inicialmente, Saulo contou-lhes a história de sua ida a Damasco e
do incidente na estrada: como encontrara a JESUS de Nazaré e O contemplara com os próprios olhos, aquEle a
quem vinha perseguindo, e como, desde então, toda a sua vida se transformara.
Ele cria agora que JESUS era o CRISTO. Com sua habilidade de rabino, citou
passagem após passagem do Antigo Testamento para provar a messianidade de
JESUS. Ao terminar o discurso, confessou publicamente o seu pecado em perseguir
os seguidores de JESUS, e descreveu a nova vida que nele havia por meio da
habitação interior do ESPÍRITO SANTO.
Ninguém podia acreditar no que estava ouvindo: "Não é este o
que em Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui,
para os levar presos aos principais sacerdotes?" (At 9.21).
Ao verem-no abjurar as antigas crenças, ficaram indignados. O
primeiro discurso de Saulo como nazareno foi respondido pelos rabinos da
sinagoga, que o tacharam de falso mestre e traidor da nação. Negaram o uso que
o novo discípulo de CRISTO fazia das Escrituras, discutindo acaloradamente com
ele sobre o correto significado destas. Mas não puderam reputar-lhe os
argumentos, nem a sua experiência na estrada de Damasco. Quando a congregação se
retirou, todos estavam comovidos com o que ouviram. Alguns creram, mas a
maioria achava que Saulo merecia ser expulso da sinagoga e açoitado
publicamente. O inimigo declarado e preconceituoso de CRISTO mudara rápida e
drasticamente, transformando-se num cristão inabalável, com a determinação de
entregar sua vida ao serviço do Senhor. Ao cair diante de sua glória,
tornara-se de JESUS um servo para todo o sempre. Saulo vira-o ressurreto, e
tinha plena certeza disso. E, sobre esta certeza, construiu todas as suas esperanças
na eternidade. Foi ainda esta certeza que o levou a pregá-lo com toda a
autoridade (1 Co 9.1).
O EVANGELHO DE SAULO
Quando alguém se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical
quanto Saulo, passa a sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua
experiência com todos. Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar
as emoções. A experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o
coração.
Saído de um ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que
Saulo recebeu foi enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que
ele precisava de tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado,
observar lógica e tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a
que DEUS o chamara. O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO
diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem
antes raciocinar e pesar as consequências. Algumas pessoas a tudo analisam;
outras, não se preocupam com nada. A mente de Saulo era analítica; teve
necessidade de refletir para ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura
existencial.
Ao despedir-se dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim
de concentrar-se nesta nova etapa de sua vida.
Na Epístola aos Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão,
não se dirigiu aos apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de
se inteirar do Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado
diretamente por DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu
recebi do Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto, longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e
areias ardentes durante o dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se
Saulo das amarras de uma vida inteira, libertando-se da Lei e da tradição
judaicas. Na quietude da Arábia, andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo
as grandes verdades que viriam a ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui
também que reestudou as Escrituras, e meditou sobre as grandes doutrinas que
iria em breve ensinar em todas as igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com
DEUS, tornando-se-lhe sensível à vontade.
Foi no deserto que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo
Monte na Arábia onde Paulo agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS
(Monte Horebe). E foi num momento de desespero, que Elias procurou a quietude
do deserto. No deserto, o maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que
lugar seria mais propício para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia
ser alimentado diariamente pelo pão do céu senão aqui?
É impossível saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de
uma coisa não temos dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e
preparado para apresentar as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento
em que abrisse os lábios na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente,
taxando-o de hipócrita, traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de
apresentar tanto a sua defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito
claras acerca da salvação oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é
simples, mas debater com os filósofos e defensores de outras religiões exige um
conhecimento bem definido e pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte
de CRISTO conforme predita nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso
foi necessário e por que DEUS o exigiu.
Ao pensar no propósito da vida e na felicidade de que ora
desfrutava, Saulo concluiu: o que aprendera na escola rabínica era de fato uma
poderosa verdade. O supremo propósito do ser humano é receber o favor divino.
Mas a única maneira de se obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS.
Somente Ele pode conceder-nos a paz.
Entendendo o Dom da Justiça de DEUS
A história do homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina
e do deliberado afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem
justos e condenem os outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os
judeus, dependem de sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu
desse modo até encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida
dos judeus: por não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos
gentios.
Os gentios falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja
se ocultado deles, pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem
a ser conduzidos pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram
extingui-la. E já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira.
Quanto aos judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo.
Embora possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa diante de DEUS não é saber o que é certo, mas
praticar o que é justo. Antes, Saulo acreditava que guardar a Lei era a única
maneira de se agradar a DEUS. Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado
satisfação espiritual. Por outro lado, estava ciente de que, como depositário
da Lei de DEUS, tinha mais responsabilidades espirituais do que os gentios.
Agora, contudo, já não podia ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam
falhado na busca da justiça divina; encontravam-se ambos expostos à ira de
DEUS.
Nem os judeus nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a
natureza pecaminosa de Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser
justa. A Lei, por descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia
para conduzir-nos à vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo
que queremos fazer, não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos.
DEUS outorgou a Lei com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua
justiça.
Todos esses pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que
o Senhor lhe transmitia gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as
igrejas. Seu dia mais ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de
salvação que não dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que
jamais alcançaria a justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar dos dias, Saulo começou a entender mais claramente
todo o quadro da salvação oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na
Arábia, foi mencionada repetidamente por ele como "o meu evangelho".
Saulo não a obteve mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum.
Foi diretamente e pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao
conhecimento de tais fatos.
O Verdadeiro Significado da igreja
O retrato completo da Igreja apareceu mais vividamente a Saulo,
durante sua estada no deserto. Ele foi o primeiro apóstolo a compreender que a
Igreja não era uma seita judaica, mas uma irmandade universal que se estendia a
todas as raças e nações. Tempos depois, travaria muitas batalhas com os que não
estavam dispostos a admitir os gentios na Igreja.
Saulo considerava a Igreja um edifício, cujas pedras todas
achavam-se bem ajustadas, tendo a CRISTO como a pedra angular. A seguir, viu-a
como um corpo bem coordenado. E os membros todos desse corpo - braços, pernas,
pés, dedos, olhos e ouvidos - eram os cristãos em particular que, ligados uns
aos outros, constituíam-se num só organismo, tendo a CRISTO por cabeça. A
figura ajudou-o a compreender a unidade da Igreja e a sua dependência em
relação ao Senhor JESUS. Saulo passou a compreender que cada um de nós somos
templo do ESPÍRITO SANTO, morada de DEUS na Terra. Passou a conhecer a pessoa
do ESPÍRITO SANTO, fato vedado ao judeu tradicional sem CRISTO.
Saulo fora chamado por CRISTO para deixar de lado as regras,
tradições e todo o passado do qual tanto se gloriara. Outros já o haviam feito
e tiveram de enfrentar oposição. O futuro não lhe seria fácil. Ele pensa em
Estêvão e como fora este poderoso no Evangelho. Se Saulo tivesse aberto os
olhos antes, quantas centenas de crentes não teriam sido poupadas! Mas ele
tomaria o lugar de Estêvão, e quem sabe, faria para CRISTO uma obra ainda
maior. Uma vez mais Saulo delibera ser fiel à visão celestial, e passar o resto
de sua vida pregando o Evangelho aos judeus e gentios.
O Mundo, um Campo Missionário
Saulo começa a refletir sobre o mundo que o rodeava. Embora só o
conhecesse parcialmente, sabia que o Império Romano se estendia para além dos
Portões da Cilícia, em direção ao ocidente. Em suas fronteiras, havia milhões
de pessoas.
Que mundo de trevas era aquele!
Os ídolos eram adorados por toda a parte. As cidades encontravam-se
repletas de estátuas, altares e templos. Tateando, as pessoas andavam à procura
de algo real. Seus corações estavam vazios; seus olhos, voltados para os
grandes blocos de granito e mármore. Se os gentios pudessem enxergar o vazio de
seus templos! Se soubessem que somente CRISTO podia satisfazê-los!
Saulo compreende que será mais fácil convencer os gentios do que os
judeus. Ele alegra-se por ter sido escolhido pelo Senhor para levar o Evangelho
da graça salvadora de DEUS aos gentios.
Ao fazer um retrospecto de sua vida, Saulo percebe que deveria
estar louco e cego ao imaginar que o seu ódio e crueldade pudessem reconduzir
os convertidos ao Judaísmo. Na Arábia, DEUS forçou-o a abandonar os seus
métodos e a aprender um pouco do grande ESPÍRITO que estava em Estêvão, quando
este orava por seus inimigos.
Não se sabe quanto tempo Paulo permaneceu na Arábia. Sabemos,
porém, que passou três anos em Damasco a sua conversão e a sua volta a
Jerusalém. Paulo tivera tempo de organizar seus pensamentos, e agora estava
pronto a pregar o Evangelho com todas as suas forças, pois sentia- se em débito
para com os judeus e gregos.
De qualquer forma, Saulo achava-se mais bem preparado para,
sinceramente, lutar pela fé. Em cada sinagoga, os fariseus se lhe opunham,
zombando de sua mudança de vida e chamando-o de mentiroso. Ele era obrigado a
todo o instante, a defender o Evangelho a que se habituara a chamar de
"meu evangelho", não por ser diferente do de Pedro, ou de qualquer
outro dos discípulos, mas porque JESUS o entregara diretamente a ele.
Mais tarde, Saulo aprenderia mais de Pedro e dos demais apóstolos o
verdadeiro significado das declarações e ensinamentos do Senhor. Mas, por ora,
já sabia o suficiente para começar a pregar a JESUS como o CRISTO das
Escrituras, por cujo intermédio podia-se alcançar a justiça divina.
Com as palavras do Senhor no coração, avançaria e estabeleceria
igrejas em todas as partes. Se em sua ignorância prendera e até matara, agora
ofereceria a sua vida por CRISTO. Afinal, JESUS não vencera a morte
levantando-se da sepultura? Sua mente já estava apaziguada e cultivada pelos
ministérios de DEUS.
O REGRESSO A DAMASCO
Saulo foi cordialmente recebido pelos irmãos de Damasco. Todos
ansiavam por sua volta, pois somente ele poderia enfrentar os judeus que se
opunham ao Evangelho. Lembravam-se todos de como Saulo silenciara os rabinos
antes de partir para a Arábia. Com um poder muito maior, Saulo retoma o
trabalho nas sinagogas. A oposição judaica contra si já se havia transformado
em ódio. A sua determinação de pregar a JESUS CRISTO, contudo, em nada
diminuíra.
Durante o período em que esteve em Damasco com os nazarenos, homens
e mulheres aceitavam diariamente a CRISTO ao ouvir-lhe a pregação. O conselho
da sinagoga fez o máximo para tapar os ouvidos de seus congregados. Mas como a
mensagem de Saulo tivesse como base as próprias Escrituras, ninguém era capaz
de resistir-lhe as palavras. Até os rabinos temiam proibir o acesso de alguém
com tamanho conhecimento da Torá na sinagoga.
A cada discussão com Saulo os rabinos mais se enfureciam. E já
instigavam o conselho da sinagoga contra Saulo, pois mais de uma vez ele os
sobrepujara. Em seu ódio, queriam fazer dele um exemplo público. E tanto
fizeram, que vieram a conseguir o seu intento. Açoitaram-no diante da porta da
sinagoga com 39 chibatadas. Enquanto o chicote raspava-lhe as costas, Saulo
experimentava uma estranha sensação de alegria por ser considerado digno de
sofrer pela causa de CRISTO. Não fora exatamente isso o que ele havia feito com
os que seguiam a esse mesmo JESUS?
O corpo de Saulo fica marcado para sempre; com orgulho exibiria
essas marcas por haverem-no introduzido numa comunhão mais profunda com o
CRISTO e com os que foram chamados a sofrer pela fé.
Finalmente, ele foi expulso da sinagoga. Todavia, encontrando-se
secretamente com os judeus de Damasco, ganhou a muitos deles para CRISTO. Os
rabinos vieram a compreender, então, que ninguém poderia deter a propagação do
Cristianismo. O que fazer? Ordenaram-lhe, pois, que deixasse a cidade, mas
Saulo não lhes acatou a ordem. Pelo contrário: agora, pregava a CRISTO com mais
vigor e intensidade. O conselho reuniu-se então em segredo, e chegaram a esta
conclusão: "Só há um meio de calar a Saulo - tirar-lhe a vida".
Os judeus favoráveis aos nazarenos, alertaram a Saulo sobre a
decisão do conselho. Ele, pois, escondeu-se de modo a que não pudessem
encontrá-lo. Cada sinagoga era vigiada, mas o acusado não aparecia. Seus
inimigos finalmente descobriram que ele sabia da conspiração. E para que Saulo
não fugisse disfarçado de mercador, ou viajante, resolveram ir ao governador e
fizeram uma acusação formal contra o desafeto, dizendo que este era um
perturbador da ordem pública, pois incitava os judeus a se amotinarem. O
governador prontamente enviou as ordens para a prisão de Saulo. Imediatamente,
os soldados passaram a vigiar os portões da cidade, observando as caravanas que
saíam de Damasco. Como a cidade só possuísse quatro portões, os rabinos
julgavam que, em breve, o prenderiam.
Sempre atentos a qualquer movimento, os judeus pretendiam acabar
com a seita que os perturbava, livrando-se de seu novo líder. Diante disso, os
amigos de Saulo perceberam que só havia um meio de salvar-lhe a vida: tirá-lo
da cidade.
Os velhos muros eram tão largos em determinados lugares que casas
haviam sido construídas sobre eles. Numa dessas casas, com janelas salientes,
morava um nazareno. Quando a noite caiu sobre a cidade, Saulo foi levado a essa
casa. Então, amarraram uma corda a um grande cesto que foram baixando pelo muro
até que pousasse em segurança. Ato contínuo, o passageiro deixou rapidamente o
cesto, embrenhando-se na escuridão.
A viagem de Saulo a Jerusalém
Saulo ganhara a liberdade. Não foi senão depois de muitos dias que
as autoridades da sinagoga foram informadas de que ele se encontrava em
Jerusalém, perturbando o povo de lá como o fizera em Damasco. Fazia pouco mais
de três anos desde que deixara Jerusalém com uma guarnição e uma ordem de
prisão contra os nazarenos. Nessa época, representava o Templo, os sacerdotes e
os fariseus em toda a sua oposição a CRISTO. Agora, representava a JESUS, e
estava voltando justamente para dar testemunho do Salvador. Saulo encontrara a
CRISTO - o Caminho, a Verdade e a Vida - e estava mui feliz.
A permanência de Saulo em Jerusalém foi curta. Depois de duas
semanas, o vigor de sua mensagem irritou tanto aos judeus que estes procuraram
matá-lo. Quando Saulo retornou à Cidade Santa, esta não o recebeu como antes,
com amizade e esplendor. Agora, mostrava-se fria e nada acolhedora. Não teve
permissão para visitar a escola de Gamaliel ou o palácio do sumo sacerdote. Era
agora conhecido e odiado nas sinagogas, e a única coisa que pode fazer foi
procurar os nazarenos. Saulo sabia que numerosos discípulos se reuniam na casa
de Maria, mãe de Marcos, e foi então para lá, esperando ter notícias dos demais
cristãos de Jerusalém. Na casa de Maria, Barnabé, Primo de Marcos,
imediatamente o reconheceu e acolheu.
Barnabé era um judeu originário da ilha de Chipre. Homem rico, dono
de grandes propriedades, fora também um levita do Templo. Em virtude de sua
formação, tornou-se um dos líderes da igreja em Jerusalém, um apóstolo (At
14:14).
Ouvindo a história de Saulo, Barnabé comoveu-se. De imediato,
ofereceu-lhe a destra, tratando-o de irmão. Mas os outros nazarenos agiram de
modo diferente; suspeitavam de alguma traição; não podiam acreditar na
conversão de Saulo. E se fosse mentira? Aquele homem perseguira de tal forma a
Igreja, que muitos crentes haviam sido expulsos da cidade; famílias haviam sido
separadas por sua causa. Embora friamente recepcionado, Saulo aceitou a tudo
graciosamente. Pelo menos, tinha a Barnabé por amigos.
O respeitado líder levou-o aos apóstolos que, ao lhe ouvirem a
história, creram e receberam-no como um deles. Quando Pedro soube que Saulo
havia ido a Jerusalém especialmente para vê-lo, acolheu-o em sua casa. Durante
duas semanas, Paulo, que sentara aos pés de Gamaliel, agora achava-se aos pés
do pescador que, nesse curto espaço de tempo, lhe ensinaria mais sobre as
Palavras da Vida do que todo o tempo em que fora aluno do afamadíssimo rabino.
Cada vez que Pedro falava em JESUS, seus olhos brilhavam. Ele
descreveu-lhe o CRISTO sem pecado que pregara como homem algum jamais o fizera.
Os detalhes da vida do Salvador eram vivos e recentes para Pedro. Pois fazia
agora seis anos que JESUS havia sido crucificado no Calvário.
Pedro discorreu-lhe sobre os grandes milagres e ensinos de JESUS.
Discorreu-lhe ainda acerca do Reino de DEUS e como os homens, em toda parte,
jamais haviam conseguido opor-se à sabedoria do Rei. Contou-lhe como JESUS fora
rejeitado, traído e crucificado, e como o maior de todos os milagres ocorrera
três dias após a crucificação - o milagre da ressurreição de CRISTO. Pedro
também lhe falou, em termos exaltados, a respeito das muitas vezes em que o
Salvador aparecera aos discípulos, e especialmente da ocasião em que Ele,
chamando-o à parte, conversou consigo depois da ressurreição.
"A cada dia, Pedro desdenhava-lhe uma figura diferente do
CRISTO que, viajando pela Galileia, ensinava as multidões. Agora, Saulo já se
sentia tão seguro do seu conhecimento acerca de JESUS, que tinha a impressão de
haver convivido pessoalmente com o Salvador. Ele já tinha, pois, plenas
condições de anunciar o Evangelho às mais distantes regiões.
A Perseguição de Saulo em Jerusalém
Embora haja ficado apenas duas semanas em Jerusalém, Saulo, à
semelhança de Estevão, foi às sinagogas helenísticas e, ali, declarou
corajosamente a todos que era agora um nazareno. Muitos lembravam-se dele como
o perseguidor dessa seita. Mas agora estavam surpresos ao ouvi-lo conclamar os
judeus ao arrependimento por haverem rejeitado a JESUS.
Entre outras coisas, disse-lhes que a vida eterna não é conquistada
obedecendo à Lei, mas confiando no Filho de DEUS que, graciosamente, nos
concede o dom da salvação. Homens de grande zelo e habilidade rabínica
opunham-se-lhe e o debate ficava a cada dia mais acalorado. Em Jerusalém, os
rabinos lançaram-lhe em rosto os argumentos que antes ele usara para combater
os nazarenos. O próprio Saulo não dissera que JESUS era um impostor e que havia
merecido a morte?
A batalha foi breve. Saulo tinha agora tantos inimigos, que um
movimento surgiu para livrar a religião judaica dessa maldição. Por que não
fazer com ele o que haviam feito com Estêvão? Ele merecia morrer; era um
impostor, um blasfemador e um traidor! Pior ainda, fora treinado como rabino,
mas passara a odiar o sistema que o nutrira.
O Chamado para Pregar aos Gentios
Certo dia, Saulo achava-se no Templo para orar, e enquanto
suplicava a orientação e a sabedoria do Senhor em relação ao seu futuro e
quanto à abertura de uma porta a fim de que pregasse aos judeus ali, no centro
de sua adoração, teve ele uma experiência que lhe determinaria o caminho a ser
tomado. Numa visão, o Senhor lhe disse: "Dá-te pressa e sai apressadamente
de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho acerca de mim" (At
22.18). Saulo respondeu imediatamente:
Senhor, eles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas
sinagogas os que criam em ti. E quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se
derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava as
vestes dos que o matavam (At 22. 19,20)
Saulo tinha consciência de sua dívida. Por isso, em profunda
agonia, confessava repetidamente o seu pecado ao Senhor por haver perseguido a
Igreja. Mas JESUS falou-lhe novamente numa visão: "Vai, porque hei de
enviar-te aos gentios de longe" (At 22.21).
A visão desapareceu com a mesma rapidez com que surgira. Saulo
volta a si. Embora sua mente estivesse tomada pelo mistério, de uma coisa tinha
certeza: DEUS o guiava e tinha um grande propósito para si - não entre o seu
povo, mas em terras distantes. Pensando já nos vastos países que ficavam a
oeste dos Portões da Cilícia, resignou-se a deixar Jerusalém.
Sabendo dos planos para silenciar a Saulo, seus amigos, disfarçados
por causa da segurança, conduziram-no a salvo para fora dos muros da cidade. A
Jerusalém dos seus sonhos acabara por ser-lhe uma decepção. Muitos de seus
velhos amigos agora o odiavam e teriam-no apedrejado em nome da Lei de Moisés.
Até os nazarenos, seus novos amigos, mostravam-se reservados quanto à sua
conversão. Barnabé e Pedro, contudo, aceitaram-no abertamente. Eles viam em
Saulo de Tarso um defensor da fé, e alguém que nos anos vindouros seria usado
por DEUS para defender o Evangelho.
Saulo deixou Jerusalém apenas quinze dias depois de sua chegada. De
volta para casa, tomou a estrada costeira em direção a Cesaréia, capital romana
da Palestina.
A Volta de Saulo a Tarso
Em Cesaréia, Saulo foi para o porto, e procurou um navio, entre os
muitos que ali se achavam ancorados, que o levasse para Tarso.
Como as coisas haviam mudado desde a época em que tinha poder e
achava-se armado com a autoridade do sumo sacerdote! Não passava agora de um
fugitivo, expulso de cidade em cidade, perseguido e odiado, tendo de
disfarçar-se, e quase sem amigos. Mas, no seu coração, havia uma leveza e
alegria que não conhecera antes. Era a alegria de CRISTO.
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
Em seu regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por
alguns. Mas os que sabiam de sua mudança logo sentiram que a sua presença
causaria confusão, pois ele, agora, acreditava no impostor JESUS. A confirmação
veio de seus próprios lábios. Todos estavam desapontados e enfurecidos. Como um
fariseu erudito, cuidadosamente criado e educado por hebreus, e que logo se
tornaria rabino, pôde tomar semelhante atitude?
Não se sabe de que forma os pais de Saulo receberam o duro golpe.
Como não estivessem preparados, sentiram-se envergonhados por seu filho:
justamente ele havia oferecido fogo estranho no altar.
Quando relatou sua experiência em Damasco - seu encontro com o
CRISTO ressurreto - houve admiração e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra,
mas nenhuma pôde calar-lhe os lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que
não lhe importava se o mundo fosse contrário à sua mensagem; continuaria a
pregá-la fielmente. Em Tarso, Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do
Sinédrio, e sendo um hábil orador, é provável que multidões se reunissem para
ouvir-lhe os sermões. Alguns podem ter-se rejubilado com cada palavra e se
tornado abertamente nazarenos.
Os rabinos mais velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o
advertiram a não falar contra as regras. É possível que em Tarso, diante da
porta de sua própria sinagoga, haja sido chicoteado em público, fato que, mais
tarde, haveria de mencionar (2 Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu
intermédio, o Evangelho abriu os olhos aos cegos e levou a esperança a muitos
corações. Nada o deteria. Não lhe dissera o Senhor que se tornaria apóstolo
para os gentios?
Obscuridade e Fabricação de Tendas
Apesar de sua confiança e do chamado divino, Saulo entra num
período de inatividade. Durante sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele.
Mas aqueles foram anos de espera, disciplina e paciência. Saulo talvez
necessitasse desse tempo para fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar
pacientemente no Senhor. Ele tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de DEUS, para quem o tempo não existe, aquele período
haveria de amainar o rancor dos rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em
Tarso, enfrentando a oposição e sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS
completasse mais um grande estágio na história da Igreja. Nesse interregno,
Pedro e os demais apóstolos foram se conscientizando de que a Igreja não era
exclusivamente para os judeus. O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros
e impuros, preparando-o para evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que
foi admitido na Igreja sem ter de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um
passo que revolucionou toda a perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa
ocasião, Saulo haja se irritado e resmungado contra a demora em seu ministério.
Mas acabaria por aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada
sai errado em seu cronograma.
Enquanto isso, Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja
pregado não apenas em Tarso, mas também na zona rural que visitara quando
menino para comprar pelo de cabra. Sempre que viajava pelas estradas e trilhas
de camelos, através das florestas e vales, procurava seus conterrâneos.
Falava-lhes de JESUS, o Messias, e convidava-os a procurar nEle a justificação
pela fé.
Dispersão da Igreja de Jerusalém
A Igreja de Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a
perseguição aumentou, os nazarenos viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até
saíram da Palestina, e procuraram refúgio noutras terras. Grande número
dirigiu-se a Damasco. Outros foram até Antioquia, a linda capital romana da
Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte de Jerusalém. Em Antioquia, muitos
judeus estrangeiros haviam se tornado seguidores de JESUS. Eles eram mais
liberais, e o medo do sumo sacerdote não os constrangia. Alguns haviam nascido
na Grécia, outros na costa africana de Cirene, e outros em Chipre. À medida que
o Evangelho lhes era pregado, grande número veio a crer. E o ESPÍRITO de DEUS
atuava na pregação levando também muitos gentios de Antioquia a se converterem.
E isso muito aborreceu aos cristãos hebreus, pois estavam certos de que JESUS
CRISTO pertencia somente a eles, e a única maneira de tornar-se nazareno seria
tornar- se, primeiro, um prosélito da sinagoga.
Barnabé em Antioquia
O movimento de Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi
enviado à igreja-mãe. Em Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua
mente aberta e esclarecida, foi enviado a fim de investigar a autenticidade das
proclamadas conversões dos gentios.
Barnabé ouvira os argumentos dos judeus de mente estreita e também
dos judeus oriundos de Chipre. Vira igualmente as multidões de gentios que
haviam abandonado seus ídolos, e agora professavam alegremente a CRISTO.
Barnabé não podia negar a realidade daquelas conversões. Essas pessoas também
haviam sofrido por CRISTO; algumas, apesar de desprezadas por sua própria
gente, regozijavam-se por sua salvação.
Barnabé, impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não
criticou os gentios, nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem
instruídos no Judaísmo. Pelo contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS
estendia-se além das fronteiras de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a
JESUS, mesmo em face das perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas
palavras alegraram os ouvintes; houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor
acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.
O Chamado para Antioquia
Ao perceber a obra esplêndida que se poderia realizar em Antioquia,
Barnabé só pôde pensar num único homem - alguém que encontrara em Jerusalém,
que fora criado numa cidade gentia, e que possuía muitas das qualificações
exigidas para uma grande liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no
coração o ministério para os gentios.
A imagem de Saulo de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos
atrás, vira-o arder com a missão de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo
pudesse ir a Antioquia com seu fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais delongas, Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto
de Selêucia. Encontrou aí um barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio
Cnido, onde as velas foram amadas e os compridos remos o levaram corrente
acima, até o porto de Tarso.
Será que encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou,
ambos se abraçaram. Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e
Saulo prestou atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita
em Antioquia, e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em
partir imediatamente.
Saulo em Antioquia
Com meio milhão de habitantes, Antioquia da Síria era a terceira
maior metrópole do Império Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as
suas ruínas ainda podem ser visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O
monte Silpio levantava-se no centro da cidade, e achava-se coalhado de
barracas, onde aquartelavam-se os soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis haviam despendido grandes somas para tornar Antioquia
ainda mais bela. Ali havia jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes
adornara uma de suas ruas com colunas de mármore, numa extensão de cerca de
três quilômetros. Fora da cidade, encontrava-se um grande anfiteatro onde eram
realizados jogos e corridas.
O povo de Antioquia adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja
honra tinham construído majestosos templos. No lado oposto da cidade, o grande
escultor Licos modelara uma enorme cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a
num grande bloco de pedra que se projetava do solo. A figura tornou-se o
símbolo de Antioquia, assim como a Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo
da América. Até hoje ela pode ser vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o império era intensa a busca pelo prazer e
ociosidade. Antioquia não fugia à regra. Da porta de Dafne, uma estrada
estendia-se por oito quilômetros, até o bosque de Dafne e o templo de Apolo,
pontilhada pelas casas e jardins dos mais abastados. O bosque, um dos lugares
mais aprazíveis de toda a região, era palco de orgias tão desenfreadas que até
os próprios romanos delas se escandalizavam. Visitantes chegavam a Antioquia,
vindos de todas as partes do mundo: africanos, gregos, romanos, persas,
egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num espírito de permanente
feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais interessante e animado do
mundo.
Saulo foi levado à cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em
alguns corações e o poder do ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios
igualmente. Apesar de toda a sua grandeza, Antioquia continuava faminta e
necessitada.
Barnabé levou o amigo a reunião da igreja. Era uma assembleia quase
tão forte quanto a de Jerusalém. Saulo conheceu vários líderes da igreja, entre
os quais Manaém, um parente de Herodes Antipas. Ele era um homem de alta
posição em Antioquia. Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de Cirene e tantos
estrangeiros de rincões desconhecidos que Saulo foi levado a regozijar-se em
seu meio.
Em Jerusalém e em todos os outros lugares, os seguidores de JESUS
eram chamados de nazarenos, mas em Antioquia receberam outro nome. O povo
chamou-os de "cristãos" para zombar deles. O nome outrora pronunciado
em tom de desprezo nos é hoje motivo de orgulho. Como qualquer rabino em
Israel, Saulo estabeleceu-se em seu ofício, pois os fabricantes de tendas
sempre encontravam trabalho. Dessa forma, ganhava seu sustento, mas a principal
razão de sua presença em Antioquia era ajudar a Igreja a fortalecer-se na fé.
Saulo visitava diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes
ficava à beira da estrada enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele
chamava a todos ao arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS.
Dizia-lhes que JESUS de Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém
e ressuscitara ao terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS
enviado ao mundo para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os do vazio da idolatria para a plenitude da vida
cristã. Os amantes do prazer, mercadores, turistas, e mulheres da sociedade -
ninguém podia ignorar a eloquência de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo.
Não Podiam deixar de admirar-lhes a coragem e o zelo, mesmo em face da multidão
escarnecedora. Pelo menos não havia sumo sacerdote ali para levantar a mão
contra eles. O ministério do Evangelho estava desimpedido e a Igreja crescia
rapidamente; cada cristão era uma incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano, Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante
cidade. Falava com empenho, e o Senhor tornava produtivos o seu ensino e
pregação. Não demorou muito, e Antioquia já era um centro cristão mais forte
que Jerusalém, pois a igreja, aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras Perseguições aos Cristãos
Quando o imperador Calígula foi assassinado, Herodes Agripa
achava-se em Roma. Por ter ajudado o novo imperador, foi ele honrado com o
governo das terras de seu avô, Herodes, o Grande. Houve júbilo em Jerusalém
quando ele passou a reinar, pois sabia-se ter sido ele fariseu; a rigidez da
religião judaica não lhe era estranha.
Seu primeiro ato como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de
sumo sacerdote, e indicar Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso
parecia promissor aos fariseus, que se alegraram ao ver surgir um defensor de
sua causa. Todavia, quando Agripa desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o
manto farisaico, passando a viver abertamente como um romano irrefletido e
profano.
Como Herodes Agripa quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a
perseguir os cristãos. Ordenou que se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de
João. Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito
se agradara disso, e estimulado com o crescimento de sua popularidade, Herodes
ordenou ainda a detenção de Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo
depois da Páscoa. No entanto, um anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere,
soltou o apóstolo.
Presentes para os Cristãos de Jerusalém
No auge da perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava
em Jerusalém, visitou Antioquia. Levantando-se na assembleia, deu a entender,
pelo ESPÍRITO do Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o império.
Isso significava que tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente
aconteceu no tempo de Cláudio César (At 11:28). Ato contínuo, os cristãos de
Antioquia levantaram ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de
Barnabé e Saulo.
Despedindo-se da igreja de Antioquia, partiram ambos para
Jerusalém, levando Tito consigo. Nos anos seguintes, viria este a ser um
excelente líder, sendo o encarregado de supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante não deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as
provisões diante dos irmãos de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam
sido enviadas por homens e mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles
eram gentios!
A Grande Controvérsia
A questão dos gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo
pretendia resolver em sua estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não
foi pregar nas sinagogas. Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de
fazê-los entender que os gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem
ter de se submeter aos ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que Saulo veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os
próprios cristãos, pois alguns achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma
real experiência com o Senhor. Na igreja-mãe, havia também alguns fariseus que
alegavam ser seguidores de JESUS, mas não passavam de traidores; sua presença
na Igreja prejudicava o crescimento do Evangelho. Eram espiões do inimigo, e
faziam o máximo para levar os nazarenos de volta ao Judaísmo.
Saulo os enfrentou, provando-lhes que a graça de DEUS se havia
estendido também aos gentios. Ele animou-se ao ver que Pedro, João e outros
discípulos o aprovavam. Estes concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem
pregar aos gentios, e os admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos
judaicos.
Mas a questão ainda não fora resolvida; alguns continuavam a
ensinar que a Lei de Moisés era necessária; outros diziam que não. Preocupados,
Barnabé e Saulo deixaram a igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa
viagem de volta a Antioquia.
A casa de Maria, parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos
líderes cristãos. Saulo e Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade
durante a viagem, e sentiram-se especialmente atraídos por seu filho, Marcos.
Apesar de ser ainda um rapazinho, Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando
criança, conhecera o Senhor e, mediante a pregação de Pedro e João, passara a
ser um fiel nazareno. Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem;
Saulo também se impressionou com sua dedicação. Ambos o persuadiram a
acompanhá-los até Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares
distantes. O chamado da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a Antioquia
A igreja de Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos,
alegrando-se com as notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus
presentes serviram para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia estava tornando-se rapidamente o centro das atividades da
Igreja. O braço da perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à
sombra do Templo. A igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da
sinagoga, até que outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a
liderança.
Muitos dos cristãos de Antioquia procediam de lares gentios. Eles
lembravam-se naturalmente de seus parentes dispersos por todo o império, e
achavam que o Evangelho também lhes deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora
chamado pelo Senhor para ministrar aos gentios, esses cristãos concluíram que
se deveria formar um grupo missionário, e enviá-lo aos países vizinhos.
A Primeira Viagem Missionária
Depois de várias reuniões de jejum e muita oração, os líderes da
igreja entenderam que era a vontade de DEUS que enviassem Barnabé e Saulo nessa
missão, Isso foi decidido e comunicado a eles pelo ESPÍRITO SANTO. Quem seria mais
bem qualificado para ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a ideia
de que os gentios deviam ser participantes da promessa juntamente com os
judeus. Havia ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam
capacitados a representar a CRISTO; para isto haviam sido chamados. Os líderes,
levantando-se numa reunião de jejum e oração da igreja, impuseram as mãos sobre
Barnabé e Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da tarefa
missionária.
Com as mochilas cheias de provisões e presentes oferecidos pelos
membros da igreja, Barnabé e Saulo partiram numa jornada que os manteria longe
de casa por mais de dois anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais
haveria de se esquecer deles em suas orações.
Os missionários levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera
chegou aos montes da Síria, os três partiram; muitos irmãos estavam lá para se
despedirem deles. Os missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que
os levaria ao porto de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes
chegavam e partiam para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de
pequeno porte, levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113
quilômetros, navegavam regularmente pela estreita faixa de água azulada, num
percurso de seis horas, com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles
certamente seriam bem acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns
cristãos que tinham sido expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.
A Ilha de Chipre
O pequeno navio bordejou a ilha, e navegando junto à costa escura e
rochosa, chegou à principal cidade, Salamina, na foz do rio. A atividade no
porto era enorme. Dois grandes diques de pedra estendiam-se como braços
protetores para o belíssimo azul das águas, convidando os navios de todo o
globo a ancorarem ali. As ruas da cidade comparavam-se às de Tarso. Em toda
parte, avistava-se santuários de ídolos e templos erigidos aos deuses gregos. O
prédio mais popular da cidade era o templo de Afrodite, a deusa que
representava a beleza feminina, e cuja adoração era acompanhada por ritos
vergonhosos e pecaminosos.
Os sacerdotes desse templo costumavam contar como, há muito tempo,
a bela Afrodite surgira dentre a espuma das ondas e, vendo as areias macias da
praia, fizera de Chipre sua residência permanente. Essa, segundo eles, era a
razão de as mulheres de Chipre serem tão altas e belas. O aniversário de
Afrodite era celebrado com um festival.
A vida na ilha era fácil e despreocupada; o povo tinha como
principal objetivo a busca do prazer. Com certeza, Barnabé conhecia muito bem a
essa gente. Depois de visitar os amigos e parentes, passou a frequentar as
sinagogas. Enquanto isso, Saulo anunciava o Evangelho, afirmando que CRISTO
cumprira as promessas feitas a Israel, e viera para ser o seu Messias.
Como houvesse várias sinagogas em Salamina, Barnabé e Saulo
narraram a história de JESUS de modo que todo judeu pudesse ouvi-la. Sem
dúvida, Saulo contou que fora educado para ser rabino e fariseu, e que passara
anos perseguindo os cristãos antes de encontrar o Senhor ressurreto na estrada
de Damasco - o encontro que lhe mudara a vida. Não se sabe se alguém foi levado
a CRISTO em Salamina. Depois de haverem passado algum tempo ali, os três
obreiros viajaram a pé de uma ponta à outra da ilha.
Eles pregavam a CRISTO sempre que tinham oportunidade. É possível
que o fizessem nas minas de cobre, nas salinas, nos pomares, nas fábricas, ou
onde quer que houvesse grupos de pessoas. É certo que visitaram as sinagogas
nas aldeias, e finalmente, depois de várias semanas, entraram no vale que
descia para o mar ocidental e a cidade de Pafos. Aqui, na praia beijada pelo
sol, achava-se o lugar onde, supostamente, Afrodite saíra das ondas. Seu
templo, com grandes pilares de mármore, marcava o local onde chegara à praia, e
que era considerado sagrado. Pafos era a capital de Chipre.
Como na maioria das cidades, havia ali um bairro judeu. E Saulo e
Barnabé, acompanhados por Marcos, conseguiram descobri-lo. De acordo com o seu
costume, Saulo pregou CRISTO à sua gente. Alguns creram; outros sentiram-se
insultados.
Sérgio Paulo, o governador enviado por Roma à ilha, era um homem
culto e que se interessava pela ciência da sua época. Uma ciência, porém,
estranhamente misturada à feitiçaria e à astrologia. Sérgio Paulo, embora
estivesse acostumado aos deuses e deusas de Roma, continuava procurando algo
que lhe satisfizesse a alma.
Quando o governador soube da chegada de Saulo e Barnabé, mandou
chamá-los; queria ouvir a nova doutrina. Essa era a grande oportunidade de
Saulo, e ele a encarou como se fora uma porta aberta para o Evangelho. Com
humildade, mas cheio de entusiasmo, foi encontrar-se com o ilustre romano e sua
mulher. Outros religiosos e supersticiosos também se achavam ali, querendo
conhecer a nova crença.
Como Saulo também era romano, começou a falar desenvolta e
habilmente. Expôs o amor romano à verdade e à justiça, e sua aceitação e
tolerância com todas as religiões. A seguir contou, um a um, os grandes fatos
do Evangelho - a vinda de JESUS CRISTO, a rejeição de seu próprio povo, sua
crucificação e, finalmente, sua ressurreição. Recapitulou sua experiência
pessoal como opositor do Cristianismo, e como certo dia o Senhor o cativara e
transformara-lhe completamente a vida.
Sérgio Paulo ficou impressionado. As palavras de Saulo
agradaram-lhe os ouvidos. Seu coração inclinou-se para DEUS e a luta por sua
alma já estava quase ganha. Mas Barjesus, um mágico e feiticeiro da corte,
também chamado de Elimas, negava vigorosamente as palavras de Saulo. Barjesus
era judeu e estava vivendo em oposição à Lei de Moisés, pois esta condenava a
feitiçaria. Todavia, diante da pregação de Saulo, seu judaísmo veio à tona;
seus argumentos tornaram-se fortes.
Paulo discutiu com ele, e vendo que se vendera a Satanás e estava
agora obstruindo a palavra de DEUS, clamou contra ele:
Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia,
inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do
Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver
o sol por algum tempo. No mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre
ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão (At 13.8-12).
Enquanto Sérgio Paulo observava, os olhos de Elimas embaçaram e a
escuridão caiu sobre si. O homem estendeu desesperadamente a mão, tateando para
encontrar o caminho, e teve de ser guiado através do aposento.
O governador romano vira a poderosa mão de DEUS sobre uma alma
rebelde, e deixou- se convencer. Levantou-se do divã; não pôde mais resistir ao
Evangelho. Creu e foi contado entre os cristãos. Esse foi um grande avanço.
DEUS honrara o ministério de Saulo, dando-lhe o homem mais importante da ilha.
Paulo, um NOVO Homem
Movimentando-se entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de
Paulo, pois essa era a forma romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e
mesmo depois de tornar-se cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas
esse nome era israelita, e de certa forma representava tudo o que ele fora como
judeu e fariseu. O nome Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho.
Enquanto permaneceu entre os gentios das províncias, foi se tornando cada vez
mais conhecido como Paulo. Com o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o
nome romano para assinar todas as suas cartas.
A Caminho de Perge
Em Chipre, as circunstâncias eram favoráveis à Paulo, Barnabé e
Marcos. Sem que o percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não
haviam planejado passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita
terminara, quando os três despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de
dois dias para a província da Panfília, no continente. Esta ficava somente a
160 quilômetros a oeste da casa de Paulo, em Tarso, sendo, porém, uma porta de
saída para as cidades gentias da Ásia Menor.
O pequeno barco foi navegando pela costa rochosa da Panfília,
procurando encontrar a foz do rio Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram
à cidade de Perge. As velas foram baixadas e os compridos remos levaram o barco
finalmente ao molhe. Ali, na encosta do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de
corridas e o templo de Diana.
As casas eram semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande
beleza. Naquela época do ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas
montanhas, que levavam à cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos,
porém, desanimou. As montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens
infestadas de assaltantes. Plínio fizera um discurso grandioso contra a
pirataria em mar aberto, diante do tribunal de Roma, e o resultado foi uma
campanha para expulsar dos mares os navios piratas. Os meliantes retiraram-se,
então, para as montanhas, tornando-se ladrões de estrada, molestando
frequentemente os viajores. É possível que, pensando nessas coisas e nos
animais selvagens à espera nos desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E,
pensando nas possíveis consequências, decidiu voltar para casa.
Após a partida de Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas
trilhas montanhosas, seguindo o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram
íngremes e o caminho estreito; outras, viajavam por vastas planícies onde o sol
tostava as pastagens. Levaram uma semana para chegar às terras altas e frias,
onde era mais saudável viver. Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de
Antioquia florescia, com fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em Antioquia da Pisídia
Antioquia da Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia
Menor. Fora antes uma cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana.
Os prédios de mármore branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza
singular. Os judeus sempre eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e
Paulo e Barnabé encontraram um bom local para estabelecer-se. Fabricante de
tendas, Paulo gostava de ganhar seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser
pesado à Igreja. Além disso, seus contatos com mercadores e suas viagens às
lojas para vender as mercadorias, davam-lhe muitas oportunidades de falar de
JESUS.
Aos sábados, Paulo e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram
convidados pelos líderes a tomar parte na adoração e falar aos presentes. Havia
sempre orações seguidas por leituras da Lei e dos Profetas. A reunião terminava
com um discurso ou um debate entre os principais membros da sinagoga sobre
alguma passagem das Escrituras. Quando os líderes perceberam que Paulo e
Barnabé eram homens cultos, e pareciam ser portadores de uma mensagem,
disseram-lhes: "Varões irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para
o povo, falai" (At 13-15).
Um Importante Sermão de Paulo
Havia um bom número de pessoas presentes, tanto judeus como
prosélitos (gentios convertidos ao Judaísmo). Barnabé reconheceu que a
experiência de Paulo o qualificava como mensageiro. Olhou para ele com um
sorriso que dizia: "Essa é a sua oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto.
Como de costume, os judeus estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os
xales de oração sobre os ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou
a falar lentamente:
Varões israelitas, e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS desse povo
de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo sendo eles estrangeiros na
terra do Egito, e com braço poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes
no deserto por espaço de quase quarenta anos; e destruindo a sete nações na
terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois disso, por quase
quatrocentos e cinquenta anos, lhes deu juizes, até o profeta Samuel.
E depois pediram um rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a
Saul, filho de Quis, varão da tribo de Benjamim.
E, quando esse foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual
também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o
meu coração, que executará toda a minha vontade (At 13.16-22).
Esse retrospecto da história era familiar aos judeus, que o
acompanharam com grande interesse e aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao
recapitular tais fatos era apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS
para Salvador de Israel; Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado
a todo o povo de Israel, o batismo do arrependimento. Mas João, quando
completava carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO;
mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as sandálias
dos pés.
Varões irmãos, filhos da geração de Abraão e os que dentre vós
temem a DEUS, a vós vos é enviada a palavra dessa salvação. Por não terem
conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes,
condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se leem todos os
sábados. E embora não achassem alguma causa de morte, pediram a Pilatos que ele
fosse morto. E havendo eles cumprido todas as coisas que deles estavam
escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no na sepultura (At 13 23-29).
Paulo preparava-se para a parte principal do sermão. As palavras
saíam-lhe mais rápidas. Sua voz elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual
ao exclamar triunfante:
Mas DEUS o ressuscitou dos mortos; E ele por muitos dias, foi visto
pelos que subiram com ele da Galileia a Jerusalém, e são suas testemunhas para
com o povo. E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a
cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no
salmo segundo: Meu filho és tu, hoje eu te gerei.
Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia
remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser
justificados, por ele é justificado, todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de Paulo terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era
um pregador corajoso e todos sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre os principais da congregação começaram a murmurar,
mas grande número de judeus e gentios saíram naquele dia indagando-se:
"Será que isso é verdade? Será mesmo verdade?"
Quando Paulo e Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos
seguiam-nos pela rua estreita pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino.
Ansiosos, queriam saber tudo a respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol
se pôs e as velas foram acesas em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o
coração aberto ao Salvador e os olhos voltados ao céu.
No dia seguinte, o discurso de Paulo era o tema das conversas nos
lares judeus. Os gentios também souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que
repetisse o sermão no sábado seguinte.
No dia marcado, pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga
sombria, com uma única lâmpada acesa, estava repleta como nunca. Muita gente
teve de ficar do lado de fora. Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta
que quase a cidade inteira se reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo
repetiu o sermão e o povo escutou. Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO,
vozes elevaram-se contra ele. Alguns judeus, movidos pela inveja,
contradisseram-no publicamente. Era costume interromper o orador na sinagoga.
Paulo acostumara-se a isso, e não esperava outra coisa.
De repente, os líderes judeus puseram-se a gritar. A violência
cresceu. Já agora atacavam selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com
maldições e blasfêmias. Os dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto,
chamando os ouvintes à razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez
mais alto, na tentativa de calar Paulo.
Dirigindo-se aos líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que
a vós se vos pregasse primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e
vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os
gentios" (At 13.46).
O Ministério de Paulo É Abençoado
A multidão bloqueava a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir
falar da vida eterna. Paulo e Barnabé deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e
maldições dos judeus, mas na porta foram saudados por um brado de alegria. Os
gentios, cansados de sua religião vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez
de JESUS, da ressurreição e da vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os
apóstolos. Quando a noite chegou, estavam cansados, mas alegres por tantas
almas salvas naquela cidade gentia.
Durante toda a semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam
foram invadidas por pessoas de todas as classes sociais. Queriam saber mais de
CRISTO, que lhes havia preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a
maior necessidade da vida: a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma
nova igreja. Quando o inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS
era dado diariamente nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de
cuidar de seus negócios, os crentes aproveitavam para contar as boas novas de
como nossos pecados eram perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a
Palavra de DEUS estava sendo pregada em toda a região, e muitos grupos de
cristãos reuniam-se no Dia do Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da
vida eterna.
Com a chegada da primavera, as estradas nas passagens das montanhas
foram abertas e o comércio ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de
estrangeiros vindos de lugares distantes. Os pregadores não descansavam em seus
esforços por ganhar homens e mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam
aborrecidos com o sermão de Paulo, e opunham-se vigorosamente à formação de
igrejas cristãs em sua cidade. Não conseguiram descansar enquanto não dessem
fim àquele movimento.
A adoração no templo de Baco e nos templos do deus-lua era
exclusivamente para satisfazer aos homens. As mulheres sofriam quando seus
maridos se entregavam às orgias e bebedeiras em honra a Baco. A adoração paga,
portanto, nunca foi popular entre as mulheres. Em vista disso, muitas delas
começaram a frequentar a sinagoga, tornando-se prosélitas da religião judaica,
pois encontravam ali algo infinitamente melhor que tudo quanto haviam
conhecido. Os líderes das sinagogas instigaram essas mulheres - principalmente
as casadas com cidadãos importantes de Antioquia - a convencer os maridos de
que deviam proibir a pregação dos discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé Forçados a Deixar Antioquia
Paulo e Barnabé foram intimados a comparecer perante os
magistrados, e receberam ordens para deixar a cidade. As autoridades cuidaram
para que as ordens fossem obedecidas. Enviaram um guarda para acompanhar os
apóstolos até bem longe dos portões de Antioquia, advertindo-os a que saíssem
da província e jamais voltassem. Os líderes dos judeus acompanharam os guardas,
contentes por se verem livres daqueles mestres cristãos. Seguindo a
recomendação do Senhor, os viajantes tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó
de Antioquia da Pisídia, como sinal de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante, antes de partirem, haviam reunido os líderes da nova
igreja e insistido a que permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as
torres de Antioquia desapareceram na distância, um sentimento de alegria
inundou o coração dos deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não foram
em vão. DEUS abençoara sua obra ali, e centenas de crentes estavam
testemunhando de CRISTO na cidade, nas aldeias e povoados de toda a região. O
ESPÍRITO de DEUS certamente os guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para o leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada;
era a principal rota comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos em Icônio
Icônio era a capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96
quilômetros. Paulo e Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada
que prosperara com a fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era
tensa, pois passava por um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de Icônio podiam ser vistos a quilômetros de distância,
enquanto a caravana descia as montanhas. A região era rica, e a primavera
mostrava-se em toda a sua plenitude nos vinhedos e jardins.
Os principais ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um
belo jovem, amado pela mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma
caçada. Cibele, filha de Arano, era representada sobre um trono ladeado por
enormes leões. Segundo a lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando passar algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram
um alojamento e voltaram a praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam
em Icônio, por isso foi fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era
fazer o mesmo que haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à
sinagoga e aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao
de Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo
divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente
que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da Igreja em Icônio
A princípio, os líderes da sinagoga não se opuseram à Paulo e a
Barnabé. pois interessava-lhes aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem
quantos da sua congregação creram e quantos gentios estavam aceitando a CRISTO,
aborreceram-se com a pregação. Proibiram então os discípulos de frequentar a
sinagoga, mas não puderam impedir que falassem nas ruas. O Senhor abençoou
tanto o trabalho em Icônio que grande número de pessoas veio a crer. Estava
iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a oposição, tanto mais ousadamente os discípulos
falavam. A opinião do povo dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento;
outros não queriam saber dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se
abertamente, e várias vezes os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja
firmara-se na fé e Paulo sabia que, quando partissem, os irmãos não voltariam
aos ídolos. Adônis perdera. Quem reinava agora nos corações era CRISTO! Ao
serem informados por alguns crentes de que os inimigos planejavam apedrejá-los
até a morte, os missionários despediram-se dos cristãos e deixaram rapidamente
a cidade. Seguiram pela estrada pavimentada até Listra e Derbe, cidades da
grande planície, a cerca de 29 quilômetros ao sul.
O Milagre em Listra
Mal haviam chegado a Listra e arranjado acomodações, surgiram
oportunidades para pregar em cada esquina. Na praça do mercado e em qualquer
lugar onde as pessoas se aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o
Filho de DEUS, e da vida cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as
orgias do templo pagão, a que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande templo dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O
poeta Ovídio conta que há muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra
disfarçados de viajantes. Procuraram alojamento e alimentação de porta em
porta, mas foram repetidamente escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa
humilde, onde vivia um casal idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os
dois e os alimentaram com seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os
estranhos revelaram que eram deuses e concederam ao casal vida longa como
guardiães de um templo sagrado.
Os moradores de Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto
estes pregavam a CRISTO, e muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde, quando Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro,
viu entre a multidão um homem paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão
comoveu o homem, e Paulo sentiu que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo
poderosamente. De repente, Paulo virou-se para o aleijado e ordenou em alta
voz: "Levanta-te direito sobre os teus pés!" (At 14.10).
Todos os olhos fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em
pé e começou a andar e a saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Os Apóstolos são Recebidos como Deuses
Uma exclamação de surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir
na multidão. O povo presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua
oficial, na intimidade do lar, todos falavam o lacônico. Vendo o paralítico
andar, maravilharam-se de tal forma que abandonaram por um instante o grego e
gritaram no dialeto nativo: "Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens,
e desceram até nós" (At 14.11).
A notícia espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os
discípulos. A lenda de Júpiter e Mercúrio estava se repetindo diante de seus
olhos, confirmando a sua religião. Enquanto os observava, o povo chamou Barnabé
de Júpiter, por causa da sua altura e porte atlético. A Paulo chamaram de
Mercúrio, por ser o portador da palavra.
Quando os sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à
cidade, ouviram falar disso, trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa
onde os discípulos estavam hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas
ruas, contando a todos que os deuses tinham descido até eles. Uma grande
multidão, guiada pelos sacerdotes, adentrou os portões para oferecer
sacrifícios aos deuses recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam.
Grinaldas de flores foram colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um
grande dia para Listra!
Quando ficou evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria
adorá-los, ambos perturbaram-se imensamente. Só de pensar, sentiam-se
repugnados! De acordo com o costume oriental, eles rasgaram as vestes em sinal
de grande angústia e correram gritando em meio a multidão.
Os gongos e címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os
"deuses" estavam falando!
Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como
vós, sujeitos as mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas
vaidades ao DEUS vivo, que fez o céu e a terra, o mar e tudo o quanto há neles;
o qual, nos tempos passados, deixou andar todos os povos em seus próprios
caminhos; contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá
do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de
alegria o vosso coração" (At 14.15-17).
Não foi sem razão que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos
deuses. A oratória que o povo ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito
superior a qualquer outra que já tivessem ouvido.
As multidões debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes
voltaram com os touros aos estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o
povo comentou o episódio durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres
foram conhecendo a JESUS CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A
igreja em Listra começava a crescer.
Timóteo e Seu Lar
Um dos novos crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua
avó, Eunice, viviam em Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e
Barnabé passaram bastante tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os
ouvia contar repetidamente a história de CRISTO, descobriu que também queria
ser pregador do Evangelho. Seu coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO
de DEUS usava os discípulos.
Porém, era inevitável que judeus de Antioquia e Icônio visitassem
amigos em Listra, ou fossem ali vender suas mercadorias. A história de Paulo e
Barnabé continuava viva em suas mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de
gentios em suas cidades ainda machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos
porque ambos continuavam pregando o que, para eles, era uma religião falsa.
Decidiram deliberadamente acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus
de Listra contra os discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas,
fizeram brotar tamanho ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir
por conta própria e matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Apedrejamento de Paulo
Certo dia, estando Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo
de judeus de Icônio e Antioquia aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às
verdades pregadas. Agitavam-se enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes
usando a mesma Escritura. Até que, aos berros, aqueles homens correram em meio
aos ouvintes procurando dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito:
"Apedrejem-no! Ele merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei
de Moisés é um traidor. Apedrejem-no!"
As pedras zumbiam no ar, vindas de todas as direções. Paulo
continuou firme onde estava, suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa
altura, já se achava ferido e sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do
povo. Finalmente, um homem atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do
apóstolo. Sangrando e inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e
pôs-se a chutá-lo. Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade,
e abandonaram-no em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de
Paulo!", pensaram satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo de amigos ficara indefeso ante a multidão.
Acompanharam a turba que arrastava o corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de
um grande apóstolo fora silenciada. Já tinham visto muita gente morrer assim,
mas... quem sabe ainda estivesse vivo!
Fora da cidade, é possível que Barnabé, com seus braços fortes,
tenha recolhido e levado o corpo de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém
deve ter ido buscar água a fim de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos
amigos foi aliviada quando viram o apóstolo abrir os olhos, recuperando a
consciência. Alguém glorificou: "Louvado seja DEUS, que poupou o seu
servo, livrando-o dos nossos inimigos".
Os corações dos crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a
levantar-se e o levaram até a casa de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide
trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a se recuperar.
Ao amanhecer, antes que os mercadores enchessem as ruas com suas
mercadorias e gritos, dois vultos saíram pelo portão sul da cidade. O mais
baixo mancava e apoiava-se no braço de seu alto companheiro. Eles seguiram pela
estrada pavimentada e depois por um caminho secundário, que passava por uma
região montanhosa. Esse era o caminho para as Portas da Cilícia, que Paulo
chamava de lar. A cidade aonde estavam indo, porém, era Derbe, distante cerca
de quarenta quilômetros ao sul. Era um posto alfandegário, onde Roma recolhia
os impostos sobre todas as mercadorias embarcadas.
O Inverno em Derbe
Não havia sinagoga em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de
Paulo. Como ele falasse com a autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no
de boa vontade. O inverno chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve.
Nas montanhas, as passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém
viajaria até a volta da primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé permaneceram tranquilamente em Derbe, durante todo
o inverno. Paulo fez e vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa
ou nos lares que se lhe ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma
forte igreja foi fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino,
convertendo-se dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois
discípulos estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a
JESUS, e o Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve derreteu-se nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A
igreja de Derbe já estava forte e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo.
Fazia mais de dois anos que a igreja da Síria enviara os dois missionários;
sementes haviam sido plantadas e cresceriam para a vida eterna. O caminho fora
difícil, mas o Senhor estivera com eles e honrara-lhes o trabalho.
A Volta para Casa
A viagem de regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e
pelas portas da Cilícia até Tarso, passando depois por terreno muito familiar
até chegar à Síria. Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra,
Icônio e Antioquia. Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso;
mas, e as igrejas recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da
perseguição? Teriam crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis?
Estava claro que ele deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos
na fé. Eram seus amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles,
mencionando-os pelo nome. E se essa visita resultasse realmente em perseguição?
O Senhor não os protegera sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar
pelo mesmo caminho.
Em Listra, as cenas eram familiares; já sabiam onde encontrar os
cristãos. Foram até à casa de Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo
de DEUS continuava firme, apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se
confiantes; os cristãos de Listra estavam suficientemente fortes para se
organizarem. Portanto, em cada igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar
espiritualmente a família cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram
para Icônio.
Depois de alguns meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro
progresso e achava-se também pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram
isso e continuaram o caminho de volta para casa.
Ao chegarem aos portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos
alguns meses antes, lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o
Evangelho. Foram recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que
os cristãos de Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo pregou-lhes novamente e, antes de partir com Barnabé,
nomearam homens de confiança, provados durante a perseguição, para dirigir a
igreja.
A primavera já estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar
ao porto de Perge antes que aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias
e noites quentes quando chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das
montanhas em sua viagem a Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão
chegara em toda a sua força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo
pregando em Perge, decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após
dia foram usados por DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto pregavam, esperavam por um navio que os levasse para casa.
Havia barcos de muitos lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia.
Despediram-se dos crentes e continuaram a viagem pela planície até o mar, e
depois ao longo da estrada costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos
de todo o império. Atália era grande e importante, e, como em qualquer outra
cidade dessa região, havia nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam
ansiosos por encontrar um navio que os levasse de volta, e seguiram imediatamente
para o porto. Sua busca teve sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e
pequenos, oriundos de terras estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a passagem e, quando se levantaram os ventos
matutinos, as velas foram desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa
rochosa até Selêucia. Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas
montanhas da Panfília elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam
passado dois invernos naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto
os morros desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de
como o Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas
um ano, viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as noites, enquanto navegavam e oravam sob as estrelas,
Barnabé e Paulo lembravam-se de cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e
entregando-os ao seu cuidado. Até que a viagem terminou.
A GRANDE CONTROVÉRSIA
Paulo e Barnabé animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto
de Antioquia, protegido pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à
casa paterna; estar naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma
igreja forte; maior que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos
de Antioquia da Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam
aberto o coração aos gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de
Abraão no Reino de DEUS.
Os missionários mal tinham posto os pés no portão da cidade, e a
notícia de sua chegada já se espalhara. Naquela noite, uma grande multidão
reuniu-se à volta deles. Dois anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado
Paulo e Barnabé até o navio que os levaria em sua primeira viagem missionária.
Agora estavam de volta, e todos queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante.
Jovens e velhos sentaram-se no chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos
discorrer sobre a atuação do poder de DEUS em cada cidade.
É provável que tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e
depois Paulo. Ninguém se cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao
saber dos caminhos de DEUS para os gentios. Os missionários falaram da viagem
até Chipre; de Sérgio Paulo em Pafos; do calor de Perge e da deserção de
Marcos, que muito os desapontara. Descreveram seu primeiro inverno passado na
outra Antioquia, e como muitos ali haviam se tornado cristãos. As fugas para
Icônio e Listra, onde Paulo tinha sido apedrejado, foram contadas rapidamente.
Por último veio a história do segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas
sinagogas; mas na praça do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade
e, deixando os ídolos, haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o
coração para JESUS! Em cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja
havia sido estabelecida.
Importância da Primeira Viagem Missionária
Enquanto os cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias,
grande alegria inundava lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de
pregar o Evangelho até os confins da terra estava se cumprindo com tremendo
sucesso. Em toda parte, apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para
brilhar e dissipar as trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só
em Jerusalém e Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava
crescendo e produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma
reunião de oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e
regozijavam-se por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e
mulheres de suas vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para
a vida eterna.
Paulo ficou vários meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e
comércio de tendas, enquanto expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava
especialmente da justiça de DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei,
mas recebida como um dom da sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a
ver que todas as suas esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS
CRISTO, o Salvador.
Crescentes Dissensões na Igreja
Até essa época, a oposição encontrada por Paulo na pregação do
Evangelho viera de uma única fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido
com o ensino cristão, tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo
fato de Paulo ter sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos
nazarenos. Todo judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de
Moisés, e por causa disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia
como se sentiam e simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes
de sua conversão? Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava
um privilégio argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema, porém, surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus
cristãos, de mente estreita, não haviam aberto o coração aos gentios. Queriam
que a Igreja fosse uma seita judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em
Israel. Não concordavam em receber os gentios, a não ser que se submetessem
primeiro às cerimônias da sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam
tornar-se prosélitos, e manter as leis judaicas referentes aos alimentos,
festas, abluções e ofertórios.
Pedro era amigo de Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os
gentios também faziam parte do seu plano e o guiara até o gentio Cornélio,
tornara-se ele favorável ao posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida
congregação de Antioquia, decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de Pedro
Paulo recebeu Pedro com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história
da primeira viagem missionária à Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o
abençoara, juntamente com Barnabé, na pregação aos gentios. O coração do velho
pescador aqueceu-se com cada palavra. Comoveu-se com a fraternidade que
observou em Antioquia. Judeus e gentios reuniam-se ao redor da mesma mesa,
compartilhando as refeições como membros de uma única família. Isso seria algo
inconcebível em Jerusalém; proibido pela Lei Mosaica. E, infelizmente, os
crentes em CRISTO ainda levavam em conta tal proibição.
Encontrar e ouvir Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS
pessoalmente e que podia descrever as histórias ocorridas em seu ministério
terreno, foi uma experiência memorável para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava vendo e experimentando uma liberdade em CRISTO que
nunca antes conhecera. Em Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos.
Um escravo e seu senhor eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e
gentio, desde que ambos tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na
igreja. Estavam unidos por um laço mais forte que qualquer outra coisa neste
mundo.
A Propagação da Discórdia
Pedro alegrou-se com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros
autonomeados chegaram a Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo
sobre Barnabé e Paulo, e a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara.
Resolveram então ir a Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios
à Igreja. Por serem da igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de
autoridade. Com ousadia, advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a
não ser que se submetessem primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos
israelitas.
Pedro ouviu falar deles, e reconheceu tratar-se dos fariseus que
criam em JESUS, mas não conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam
muitos de seus conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os
gentios era suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa.
Pedro não concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em
Jerusalém, decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios.
Isso lhe pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande
influência na igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta os Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem os visitantes da Judéia tinham qualquer ideia da
grande força e convicção de Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles
e sabia exatamente quais eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve
piedade; lutou com todas as forças contra aqueles homens que estavam tentando
destruir a liberdade desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles
afirmavam não haver salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo
formidável, pois até Barnabé ficou impressionado e, por um momento, começou a
duvidar se agira corretamente ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa assembleia da igreja, os visitantes falaram tão
convictamente, que uma sombra de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora
de colocar aqueles perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido
muitos dos gentios cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não
compreendiam a graça de DEUS, ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se
insinuam para espalhar o rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios.
Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS
CRISTO, temos crido em JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO
e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada.
Pois, se nós, que procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos
também somos achados pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De
maneira nenhuma. Porque se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a
mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver
para DEUS. Já estou crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual
me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo continuava argumentando, Barnabé compreendeu que
errara ao dar ouvidos aos visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS
movera o coração dos gentios em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo
tinha razão, e agradeceu ao Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos
falsos mestres.
A resposta era clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão
definitiva sobre a questão dos gentios. A controvérsia não poderia ser
resolvida em Antioquia, mas apenas em Jerusalém, onde muitos queriam que a
Igreja continuasse como mera seita judaica.
O Apelo a Jerusalém
Embora o argumento de Paulo tivesse vencido temporariamente, e
todos tivessem ficado felizes na igreja de Antioquia, eles compreendiam que,
para o futuro da Igreja, alguma norma definitiva tinha de ser estabelecida. O
conselho concordou então que Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde
deliberariam com os apóstolos e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e os barcos costeiros permaneceriam ancorados até a
primavera. Portanto, teriam de viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra.
Isso significava seis longas semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse
novidade para Paulo, ele achou mais seguro viajar em caravana.
Providos de alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja,
Paulo e Barnabé partiram pela estrada do litoral. O céu estava carregado e
cinzento, mas os cristãos de Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do
caminho. Após a despedida, os crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela
segurança dos amigos e para que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia, os três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios
tinham se tornado caudalosos com as chuvas, mas havia pontes de pedra para
atravessá-los. Ao cair da noite, apressavam-se para chegar a algum vilarejo
onde encontrar abrigo. No pátio da estalagem, armavam a tenda e acomodavam-se
para passar a noite.
Os apóstolos pararam em muitas aldeias por toda a província da
Fenícia, e quando chegaram a Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando
vários grupos de crentes e confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para
ouvidos atentos, a história da sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os
cristãos agradeceram a DEUS, e animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o
Senhor protegesse o grupo que se dirigia a Jerusalém com o propósito de
resolver a questão dos gentios.
Em Samaria havia muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos
contaram a história do seu trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos
de Samaria ficaram contentes com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às
regras dos rabinos de Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que
aceitaram a CRISTO, alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua
jornada, com a esperança de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do
Senhor estavam realmente completando outra viagem missionária, pois haviam
fortalecido e confirmado as igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade
Santa. Fazia seis anos que Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos
santos de Antioquia. Mas dessa vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo
e aos cristãos gentios dos ataques dos falsos mestres, que procuravam
destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe de Marcos, encontraram vários líderes da igreja.
Esses homens os receberam cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de
como DEUS operara por meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou
sabendo que os falsos mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia,
não haviam sido enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram
líderes desta.
Diante de uma grande plateia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as
suas viagens e sobre o poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam
ídolos. Mesmo assim, houve quem se levantasse e declarasse que todos esses
estrangeiros não eram cristãos de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés.
Estavam até comendo carne que não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto
esses homens estreitavam as portas do reino, Paulo argumentava que a retidão
jamais seria conferida a qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim
pela fé no Senhor JESUS, que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da Grande Controvérsia
A solução não foi encontrada de imediato. Após muita disputa e
acirradas discussões, os apóstolos e presbíteros convocaram uma reunião para
considerarem as várias opiniões e chegarem a uma decisão. Participaram da
reunião representantes dos dois partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis
que a amargura se insinuou no debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão
do Senhor, e líder reconhecido da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir, Pedro, o discípulo que falara com JESUS exatamente sobre
o assunto, e que conhecera a vontade de DEUS através de uma visão repetida três
vezes, levantou-se e exigiu atenção de todos:
Varões irmãos, bem sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre
vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e
cressem. E DEUS, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o
ESPÍRITO SANTO, assim como também a nós. E não fez diferença alguma entre eles
e nós, purificando o seu coração pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS,
pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos
suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles
também (At 157-11).
Pedro sentou-se e a multidão ficou em silêncio. Todos os olhos
voltaram-se a Barnabé e Paulo, esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo
já dera sua opinião e só lhe restava confirmá-la, descrevendo os sinais e
prodígios operados por DEUS quando ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras
distantes.
Depois disso, ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente
a Paulo não puderam mais defender sua posição. Alguns ainda não se achavam
inteiramente convencidos, mas não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns minutos de silêncio, Tiago, respeitado por todos como
irmão do Senhor, resumiu os pensamentos colhidos na reunião:
"Varões irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com
grande dignidade. Os ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele
era o seu chefe e diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos, ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS
visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isso
concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Pelo que julgo que não
se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a DEUS, mas
escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição,
do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em
cada cidade quem o pregue e, cada sábado, é lido nas sinagogas (At 15.1315,19-21).
A Primeira Carta Circular as Igrejas
Para tornar oficial a decisão, Tiago e os outros discípulos
escreveram uma carta para ser lida e explicada na igreja de Antioquia. Judas e
Silas foram escolhidos para a levar o documento até lá. Era tão importante a
decisão do primeiro concilio, que eles enviaram seus principais membros como
portadores das notícias; homens revestidos da maior dignidade aos olhos da
igreja.
Essas foram palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e
presbíteros concordaram. Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de
todo o mundo, de qualquer procedência, poderiam ser cristãos sem prestar
obediência à lei judaica. Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja
estender-se-ia ao mundo todo. Os cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a primeira das cartas circulares às igrejas. O próprio
Paulo, em anos posteriores, usaria esse método de escrever às igrejas, assim
como Pedro e João.
Paulo e Barnabé viajaram para casa com o coração leve. Seu
entusiasmo não conhecia limites! Agora, podiam fazer um relatório alegre a
todas as congregações. A Igreja dera finalmente um grande passo e removera suas
cadeias para sempre. Que imensurável satisfação para os crentes gentios!
Retornando a Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a
fim de comunicar- lhes o resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou
quando Judas e Silas foram apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na
igreja de Jerusalém, e os crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em
recebê-los.
Os dois contaram sobre as reuniões em Jerusalém e do debate
acalorado com respeito aos gentios. A seguir mostraram a carta assinada por
Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os
gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram
com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento),
pareceu- nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com
os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do
nosso Senhor JESUS CRISTO. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca
vos anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a
nós não vos impor maior encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos
abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada,
e da fornicação; dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At
15.23-29).
A congregação louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais
fervorosamente que nunca, propagara mensagem da salvação por JESUS CRISTO a
todo o mundo gentio - até à própria Roma!
Embora para os discípulos a grande disputa houvesse terminado,
muitos em Jerusalém não estavam plenamente convencidos. Com o passar dos anos,
em diversas igrejas por todo o império, Paulo os encontraria pregando seus
padrões farisaicos. Alguns argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco
e que a obra de CRISTO estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos
tinham liberdade para pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na
Igreja.
A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo permaneceu em Antioquia durante todo o inverno. As estradas
das montanhas estavam cobertas de neve e os barcos ancorados no cais, onde
permaneceriam até que as brisas da primavera enchessem o ar. A oficina onde
Paulo fabricava suas tendas era um ponto de comércio e local de encontro para
os cristãos, que gostavam de levar os amigos não convertidos para ouvirem-no
falar de JESUS. Barnabé era o amigo e companheiro constante de Paulo. Com eles,
a igreja tinha uma liderança leal e criara novas forças.
Além de Paulo e Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam
posições de liderança em Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um
deles, chegado recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja
de Antioquia, Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na
Síria, onde poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de Paulo e Barnabé
Quando o clima se tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que
deveria visitar outra vez as igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas;
precisavam ser orientadas. Paulo carregava no coração um peso constante por
esses cristãos novos, e à medida que o plano foi-se-lhe formando na mente,
procurou o amigo Barnabé, na esperança de viajarem juntos outra vez.
Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já
anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão (At 15-36).
Barnabé concordou, e imediatamente tiveram início os preparativos
para a partida. Todavia, Barnabé achou que deveriam levar João Marcos, seu
primo, para ajudar no trabalho. Mas Paulo recusou terminantemente. Marcos
tivera a sua oportunidade e os abandonara nas montanhas da Panfília, justamente
quando mais precisavam dele. Desde que Marcos optara pela segurança da cidade,
Paulo não estava disposto a repetir a experiência. Certamente, a mão de DEUS
não estivera na primeira associação de Marcos com os dois apóstolos. Por que
haveriam de supor que as coisas fossem diferentes agora?
Barnabé, porém, estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso
do empreendimento. Sua determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e
houve discussão entre ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras
trocadas foram tão ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser
cancelados. Um motivo tão insignificante serviu para separar os amigos que
juntos haviam enfrentado tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão,
e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos
foram formados. Barnabé navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo
Marcos, enquanto Paulo convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar
dos anos, Marcos justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo
alegrar-se-ia em recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro.
Prevaleceria o amor de DEUS, e o sentimento provocado pela disputa
dissipar-se-ia ante a necessidade de espalhar o Evangelho.
A Segunda Viagem Missionária
Barnabé e Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram
por terra ao longo da estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias
de Listra. O zelo demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e
dera-lhe a certeza de que DEUS honraria o seu testemunho onde quer que fosse.
Silas, como Paulo, era cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar
grandes coisas para DEUS, enquanto visitavam as cidades gentias.
Com as mochilas às costas, e os jumentos carregados de provisões,
despediram-se dos irmãos e partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo
viajara quando criança para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e
ele tinha a sensação de conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em
grupos, juntando-se aos mercadores e peregrinos.
Provavelmente, Paulo conhecia bem a Síria e a Cilícia. Bem pode ser
que tenha pregado em muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava
o chamado de DEUS em Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto
da estrada, e Paulo pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as
a manter firme lealdade a CRISTO.
As igrejas precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo
Testamento para orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição
eram enormes. Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da
igreja-mãe, e ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de
grande ajuda.
Na Cilícia
Paulo e Silas viajaram por estradas acidentadas e trilhas
pedregosas. Foram de cidade em cidade, algumas vezes seguindo o curso do rio,
outras, subindo as trilhas das montanhas. Mas seguiam conscientes da presença
de DEUS e de que seu povo carecia de encorajamento. Onde chegavam, encontravam
amigos que lhes ofereciam hospitalidade e convidavam outros crentes para
conhecerem os apóstolos. Atravessaram assim a passagem elevada da montanha, que
levava à Cilícia. As estradas eram íngremes nos Montes Amanos, e havia poucas
cidades na parte ocidental da província. Essa era a terra natal de Paulo, e ele
estivera muitas vezes em cada vilarejo, vendendo suas tendas. Mais tarde,
pregara o Evangelho nessa região. Agora, portas amigas abriam-se para eles em
todos os lugares. Os cristãos reuniam-se com os apóstolos e ouviam Silas ler a
carta de Jerusalém. Também se compraziam com a pregação de Paulo.
No Lar em Tarso
Finalmente, deixaram o desfiladeiro e os rochedos escarpados,
descendo à vasta planície no vale do Cnido. Tarso continuava sendo o lar de
Paulo, embora seus pais já houvessem falecido. Havia uma igreja em Tarso, e
muitos amigos que Paulo conhecera na sinagoga faziam agora parte dela. Eles
alegraram-se com a sua volta e o acolheram juntamente com Silas. Era um
privilégio conhecer aqueles homens a quem DEUS escolhera para levar o Evangelho
ao mundo. A igreja havia prosperado e contava com muitos gentios entre seus
membros. Não havia diferenças na comunhão; amavam-se como membros de uma mesma
família.
A carta de Tiago foi lida aos cristãos de Tarso. Paulo advertiu-os
a que se mantivessem firmes na liberdade cristã, sem se contaminarem com a
idolatria.
Na Licaônia
Paulo e Silas pretendiam visitar as igrejas recém-estabelecidas.
Portanto, despedindo-se dos cristãos de Tarso, juntaram-se ao fluxo constante
de mercadores na importante estrada que seguia para a província da Licaônia,
atravessando os Portões da Cilícia, no lado norte do Monte Tauro. Apenas um ano
se passara desde que Paulo e Barnabé haviam deixado Derbe. Quando a cidade
surgiu à sua frente, animaram-se com a expectativa de uma recepção amigável.
Lembranças dos santos de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da
Pisídia inundaram a mente de Paulo. Lembrou-se da disposição com que receberam
o Evangelho e de seu zelo face à perseguição. O coração do apóstolo aqueceu-se
com a ideia de revê-los. Estariam todos lá, ou alguns teriam voltado aos
ídolos?
Os dois homens alegraram-se ao ver a fidelidade desses irmãos em
CRISTO. Como ficaram felizes por rever Paulo! Mas este não pôde demorar muito
em qualquer desses lugares. Sua missão não era fundar igrejas. Isso já fora
feito e ele notou que, desde sua primeira visita, a Igreja crescera em cada
cidade. Isto foi um grande incentivo a Paulo. Depois de falarem sobre a decisão
do concilio de Jerusalém e lerem a carta de Tiago, Paulo e Silas partiram
apressados, desejosos de chegar a novos lugares.
Não enfrentaram perseguição nessa viagem, porque não fazia parte de
seus planos pregar nas praças do mercado. Isto estava sendo feito por outros, e
o Senhor vinha acrescentando diariamente à igreja os que aceitavam a CRISTO.
Em Listra, Paulo visitou a casa de Timóteo, recordando a bondade de
Lóide e Eunice, especialmente quando fora apedrejado e jogado quase morto numa
vala fora da cidade. O testemunho de Timóteo agradou tanto a Paulo e Silas, que
ambos pensaram em convidar o jovem a acompanhá-los na jornada. Ele substituiria
João Marcos, que desertara na primeira viagem.
Listra e Timóteo
No ano em que Paulo e Barnabé ali estiveram, Timóteo trabalhara tão
fielmente na igreja que os membros mais velhos tinham muitos elogios a
fazer-lhe. Timóteo era filho de pai grego e mãe judia. Seu pai, como muitos
gregos cultos da época, talvez não tivesse encontrado qualquer satisfação em
seus deuses pagãos. Ele aparentemente concordara, de boa vontade, que sua
esposa ensinasse ao menino a religião judaica. Timóteo ouvira desde a infância
as histórias do Antigo Testamento, e podia descrever os tratos de DEUS com seu
povo e sua promessa do Messias. No correr do tempo, a mãe de Timóteo, Eunice,
ouvira o Evangelho. Assim como o jovem Timóteo, ela e sua mãe idosa, Lóide,
creram em JESUS como o CRISTO e foram recebidas na igreja.
Agora, de boa vontade, Eunice entregava a DEUS o rapazinho,
deixando que acompanhasse os missionários numa viagem a terras distantes -
talvez ao estrangeiro - levando as Boas Novas. Paulo amava o rapaz, chegando
até a chamá-lo de filho. Orgulhosa por um de seus jovens estar sendo convocado
por DEUS, a igreja de Listra fez uma reunião especial. Os presbíteros, com
Paulo e Silas, impuseram as mãos sobre Timóteo, em oração solene, separando-o
para o ministério.
A Mensagem de Icônio
A cidade de Icônio ficava a apenas quarenta quilômetros de
distância, e os cristãos de lá souberam da chegada de Paulo. Quando o pequeno
grupo de viajantes se aproximou, a notícia correu, e muitos crentes foram
cumprimentar Paulo. Eles lembravam-se de sua primeira visita e dos muitos
milagres que operara naquela ocasião. Aqueles cristãos amavam o apóstolo Paulo;
deviam a salvação ao seu esforço incansável na pregação do Evangelho. Silas leu
a carta de Tiago aos cristãos judeus e gentios, que se rejubilaram ao saber que
eram um só em CRISTO e membros do mesmo corpo. Não era sempre que podiam ouvir
homens como aqueles, por isso ficaram até tarde fazendo perguntas e tirando as
dúvidas que tinham em seu primeiro ano de vida como igreja. Paulo teve prazer
em ajudá-los e fortalecê-los com palavras de exortação, animando-os a
manterem-se firmes na fé em CRISTO JESUS e a pregar acerca dEle, aonde quer que
fossem.
Em Antioquia da Pisídia
A mesma advertência foi repetida em Antioquia, e o coração dos
cristãos animou-se com a visita e as notícias das outras igrejas. Em toda
parte, houve júbilo com o conteúdo da carta de Tiago. Era como se um grande
fardo tivesse sido removido dos ombros dos cristãos gentios. Antes, sentiam-se
infelizes pela incerteza da sua posição. A própria igreja sentia-se inquieta ao
pensar que alguns discípulos de Jerusalém não admitiriam gentios em sua
comunhão. Mas agora, tudo fora resolvido e a igreja desfrutou de grande paz.
Sensibilidade à Liderança divina
Paulo, Silas e o novo companheiro, Timóteo, gostaram das visitas,
mas queriam seguir para um território onde o Evangelho ainda não tivesse
penetrado. Sentindo que já haviam ficado o suficiente em Antioquia da Pisídia,
despediram-se dos amigos. Juntando-se a um grupo de viajantes, seguiram na
direção nordeste, para a província da Galácia. Sua ideia era ir até as colônias
judaicas do mar Negro. A estrada era boa, não muito íngreme nem perigosa. Saía
dos montes Sultão e estendia-se por planícies cobertas de matas, passando por
vales aprazíveis e chegando ao mar distante. Viajar sozinhos, porém, não era
recomendável, pois os lobos, leopardos e leões eram comuns no planalto, para
além das montanhas. As feras não molestavam os grupos grandes; os que viajavam
sozinhos, porém, jamais chegavam ao seu destino.
Depois de percorrerem cerca de 160 quilômetros, chegaram às
exuberantes florestas da Bitínia, onde as encostas desciam suavemente até o mar
Negro. Estavam aproximando-se do seu objetivo, e a viagem parecia convidativa.
Mas, de repente, Paulo compreendeu que DEUS não queria que fossem à Bitínia.
Quer tivesse sonhado ou tido uma visão, ficou cada vez mais claro que deveriam
voltar. Paulo vivia bem perto do Senhor, e era sensível à sua orientação;
jamais começava qualquer viagem sem primeiro colocar seus planos diante de
DEUS. De alguma forma, tornou-se evidente que deveria desistir daquela viagem e
seguir noutra direção.
Paulo Adoece na Galácia
Consultando-se entre si, decidiram ir para a Ásia, pregando ao
longo do caminho. Mas o ESPÍRITO de DEUS falou-lhes claramente que não deveriam
se demorar pregando na Ásia. Ficaram perplexos, imaginando aonde DEUS
finalmente os levaria. Voltando pela estrada em direção ao ocidente, Paulo
adoeceu e o grupo teve de parar em uma das cidades da Galácia. Prosseguir era
impossível; Paulo estava fraco e precisava descansar. Os irmãos daquela igreja
cuidaram bondosamente dele e fizeram o possível para que se restabelecesse.
Trataram-no como a "um anjo de DEUS".
Bem mais tarde, Paulo escrever-lhes-ia, recapitulando toda a
história:
E vós sabeis que primeiro vos anunciei o Evangelho estando em
fraqueza na carne. E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma
tentação na minha carne; antes, me recebestes como a um anjo de DEUS, como
JESUS CRISTO mesmo. Qual é, logo, a vossa bem- aventurança? Porque vos dou
testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daria (Gl
4.13-15).
Podemos supor que Paulo sempre tenha tido problemas com os olhos, e
sua enfermidade talvez tivesse sido uma recidiva que provocou uma inflamação.
Considerando isto um obstáculo ao seu ministério, orou ao Senhor, em três
ocasiões, rogando que lhe removesse a doença. Embora DEUS ouvisse e atendesse
às orações de Paulo, sua resposta foi um não. Em vez de curá-lo, DEUS
concedeu-lhe forças para vencer e provar que o sofrimento e a fraqueza podem
ser suportados com dignidade.
Em Trôade
Com a ajuda de DEUS, Paulo recuperou-se o suficiente para continuar
viagem. Sem saber o que o Senhor lhes reservava, os três viajaram para o Oeste,
e atravessaram a província de Mísia, onde não tiveram oportunidade de pregar.
Certo dia, encontraram-se no porto de Trôade, à beira das águas azuis do mar
Egeu. Trôade era um porto famoso. Era a Tróia* da conhecida poesia de Homero e
palco de muitas batalhas. A história do cavalo de Tróia desperta hoje o mesmo
interesse que despertava nos dias de Homero.
Paulo, porém, não tinha tempo para pensar no passado; ele refletia
sobre o presente e o futuro. Do alto dos montes que circundavam a cidade,
podia-se ver as ilhas gregas estendendo- se como degraus para que um gigante
atravessasse o mar a seco. Os viajantes sabiam que além delas achava-se o
grande continente europeu, que abrangia as extremidades das terras conhecidas,
pelo homem. Ali encontrava-se o abismo da ignorância paga, e também o centro da
cultura grega; para além, a grande cidade de Roma, a terra dos Césares.
Essa era uma civilização rica em estátuas, templos e palácios
senhoriais. O povo adorava nos santuários da lascívia e do prazer, rendendo
homenagens a Júpiter, Saturno e Juno, assim como a um exército de deuses
menores.
Paulo e Silas permaneceram ali, perguntando-se aonde o Senhor
desejaria levá-los. Ansiavam por envolver-se na pregação do Evangelho. Estavam
perplexos por DEUS não lhes ter aberto uma porta em quaisquer cidades ou
metrópoles do norte da Ásia Menor. Agora encontravam-se em Trôade, uma
cidade-fortaleza romana. Seria esse o lugar escolhido por DEUS, ou teriam de
continuar viajando?
Enquanto esperavam dia após dia, travaram conhecimento com um
pequeno grupo de cristãos. Paulo não lhes ministrou, mas encontrou entre eles
aquele que veio a ser seu melhor amigo: Lucas. O médico amado, escritor do
Evangelho que lhe leva o nome e do livro de Atos, juntou-se aos três viajantes
em Trôade. Ele já era cristão e, apesar de muito respeitado como médico, estava
disposto a passar a vida curando almas.
*Há divergências quanto à nomenclatura utilizada. Trôade não deve
ser confundida com a Tróia dos relatos de Homero.
O Chamado para a Macedônia
Certa noite, DEUS falou a Paulo num sonho. Paulo podia ver as ilhas
da Grécia estendendo-se como uma ponte sobre o mar Egeu, até as ilhas
distantes... Um homem da Macedônia, de pé, com os braços estendidos,
suplicava-lhe que cruzasse o mar e fosse ajudá-lo e a seus conterrâneos. O
chamado há tanto esperado chegara afinal. O suspense terminara. Pela manhã,
Paulo contou o sonho a Silas, Timóteo e Lucas, e todos concordaram que o Senhor
queria que fossem à Europa. Não havia tempo a perder. Naquela mesma manhã, com
suas bagagens às costas, saíram à procura de um navio que fosse para o
Ocidente. Quando a fresca da noite desceu sobre a cidade e o vento sul
assoprou, o navio desfraldou as velas iniciando a jornada de 160 quilômetros,
que levaria os apóstolos até Filipos, na Macedônia.
No dia seguinte, alcançaram a ilha de Samotrácia; à noite,
desembarcaram em Neápolis. Após uma noite de descanso, fizeram uma viagem
curta, pegando a estrada pavimentada que seguia o rio para o interior, até a
cidade de Filipos.
A Obra de Paulo em Filipos
"Passa à Macedônia e ajuda-nos!" tinha sido o grito do
macedônio. É claro que a ajuda de que precisavam não se tratava de instrução.
Pois eles tinham escolas muito melhores que as da Judéia. Tão pouco
necessitavam ajuda para se tornarem fortes ou ricos. Filipos tinha riqueza, e
aqueles quatro homens nada poderiam lhes acrescentar. O que nem os romanos nem
os gregos possuíam era a felicidade verdadeira. Os prazeres eram abundantes,
mas sem CRISTO não havia como serem saciados. Filipos tinha sido capturada anos
antes por Roma, e muitos cidadãos romanos vieram morar na cidade. Ela
tornara-se parte do grande Império Romano que se estendia por toda a terra,
desde a Bretanha até a Palestina. Era agora uma colônia livre de impostos, e
tinha entre seus habitantes muitos romanos de alta categoria.
Não havia sinagoga na cidade, porque o número de judeus era
pequeno. Os poucos que havia reuniam-se todos os sábados para orar num lugar
afastado, fora da cidade, às margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em
sua maioria de mulheres. Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a
idolatria, haviam encontrado na religião de Israel algo infinitamente melhor.
Lídia, a Vendedora de Púrpura
Os quatro homens destacavam-se entre as mulheres. E quando Paulo
começou a pregar, o coração de uma determinada gentia comoveu-se grandemente.
Tratava-se de Lídia, comerciante de Tiatira, do outro lado do mar. Lídia era
uma viúva que se vira forçada a manter o próprio negócio, como vendedora de
tecidos feitos de púrpura. Tiatira era conhecida pela sua tinta de púrpura, e
Lídia enriquecera vendendo suas mercadorias às mulheres romanas da cidade.
O coração de Lídia sensibilizou-se com o sermão. Ela cria no DEUS
dos hebreus e, como eles, esperava o Messias. Paulo pregou. O ESPÍRITO de DEUS
abriu o coração dessa mulher especial, e ela recebeu JESUS. As margens do rio,
tendo as outras mulheres por espectadoras, Lídia foi batizada. E toda a sua
casa seguiu-lhe o exemplo!
Grande hospitaleira, Lídia insistiu que Paulo e seus companheiros
ficassem em sua casa. A princípio eles rejeitaram o oferecimento para não a
constranger. O plano de Paulo fora sempre sustentar-se com a fabricação de
tendas, mas Lídia não aceitou qualquer desculpa e obrigou-os a acatar o
convite.
No decorrer das semanas, os quatro homens não perderam qualquer
oportunidade de dar testemunho de CRISTO. Todos os sábados, reuniam-se no lugar
de oração dos judeus, junto ao rio, e falavam aos presentes sobre as riquezas
insondáveis do Evangelho. Só algumas mulheres se tornaram cristãs. Evódia e
Síntique creram, juntamente com dois homens - Epafrodito e Clemente - e alguns
outros cujos nomes constam do Livro da Vida. Ainda que os resultados fossem
pequenos, eram reais. Paulo animou-se a ficar e pregar não só perto do rio, mas
também nos bazares e praças.
A ESCRAVA (Ptonisa)
Tudo parecia ir bem, quando a oposição surgiu de fonte inesperada.
Havia uma jovem escrava possuída por um espírito maligno, que fazia
adivinhações. As pessoas procuravam-na para conhecer o futuro, e seus donos
muito lucravam com o preço das consultas. Ela atraía homens inseguros que não
se aventuravam a fazer negócios, ou resolver casos de amor, sem primeiro
consultar um médium que afirmasse manter contato com o mundo espiritual.
Da mesma forma que o espírito maligno reconhecera JESUS como o
Filho de DEUS, o espírito nessa moça percebeu que os apóstolos eram enviados do
Senhor. Seguindo-os diariamente pelas ruas e na praça do mercado, a escrava
gritava aos passantes: "Esses homens, que nos anunciam o caminho da
salvação, são servos do DEUS Altíssimo" (At 16.17). Seus donos ficaram
aborrecidos, mas ela não se importou porque na verdade os odiava. A mensagem de
Paulo cativara-a de tal forma, que ela esperava todos os dias na rua até que os
apóstolos aparecessem.
Paulo, no entanto, não se agradou do testemunho dos demônios.
Indignado com aquela importunação diária, voltou-se à escrava e ordenou, em
nome do Senhor JESUS, que o espírito a deixasse. A moça ficou parada, atônita;
estava finalmente livre, senhora de suas faculdades.
A Prisão de Paulo e Silas
Vendo seu meio de vida ser tirado por aqueles judeus, os donos da
escrava ficaram furiosos. Enraivecidos, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram
pelas ruas, gritando aos que passavam. Uma grande multidão os acompanhou,
pensando tratar-se de algum ladrão. Paulo e Silas foram levados à praça do
mercado, sob a acusação de haverem perturbado a paz. Foi fácil colocar o povo
contra eles, uma vez que os judeus eram muito odiados. O imperador Cláudio não
mandara banir todos os judeus de Roma?
Numa extremidade da praça, dois magistrados romanos estavam
sentados numa plataforma elevada, sob um dossel que os abrigava do sol. A
tarefa deles era ouvir e julgar as queixas do povo. Esse foi o primeiro
tribunal de justiça. Arrastando os apóstolos pelas vestes e pelos cabelos, os
perseguidores levaram-nos aos magistrados.
"Esses homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade."
Acusaram-nos aos berros. "E nos expõem costumes que nos não é lícito
receber nem praticar, visto que somos romanos" (At 16.20-21). A multidão
gritava: "Fora com eles! Fora com os judeus!"
Os magistrados deixaram-se convencer. Não permitiram aos
prisioneiros qualquer julgamento ou defesa. Se soubessem que Paulo era cidadão
romano, sem dúvida o tratariam com respeito, mas nada lhe perguntaram. Os
juizes deram ordens para que fossem publicamente açoitados. Depois de
descobrirem as costas dos presos, os pretores avançaram e levantaram as varas.
Enquanto os apóstolos encolhiam-se de dor sob os açoites, a plebe gritava:
"Prendam os judeus!"
Machucados e sangrando, Paulo e Silas foram levados à prisão e
entregues ao carcereiro, com instruções para guardá-los com toda a segurança.
Os dois foram então levados para um cárcere interior, onde ficaram com os pés
presos ao tronco. Ao deixá-los naquele lugar úmido e frio, o carcereiro ficou
imaginando o porquê daqueles homens que não pareciam marginais serem julgados
tão perigosos.
Na casa de Lídia, Timóteo e Lucas passaram uma noite angustiosa, e
oraram em companhia da dona da casa e de outros cristãos. Mas não foram os
únicos a orar: Paulo e Silas também não conseguiam dormir. Suas costas
continuavam doendo por causa dos açoites e o tronco tornava o sono impossível.
Entretanto, podiam orar, e foi o que fizeram. A paz caiu sobre eles, e
começaram a cantar alguns dos salmos que conheciam desde a infância - salmos de
louvor a DEUS. "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?
O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?" (SI 27.1).
A Conversão do Carcereiro
Aqueles sons no meio da noite eram sem dúvida estranhos. Os outros
prisioneiros estavam acostumados com gemidos e maldições, mas jamais tinham
ouvido algo assim. O que poderia ser? Estavam escutando os cânticos em silêncio
quando, de repente, um som baixo e ameaçador fez-se ouvir. Aquilo que a
princípio parecia um trovão à distância foi aumentando cada vez mais. O chão
começou a tremer. Um terremoto! O chão balançava, subindo e descendo; as portas
foram arrancadas dos batentes e as cadeias dos prisioneiros abriram-se,
libertando-os.
O carcereiro acordou com o choque. Saltando da cama, seu primeiro
pensamento foi para os prisioneiros sob seus cuidados. Teria algum escapado? Em
caso afirmativo, como se explicaria com Roma? Ao primeiro olhar, viu que as
portas estavam escancaradas. Lá estava a pesada porta de madeira, arrancada dos
gonzos. Com uma tocha na mão, apressou-se pelo corredor.
As celas interiores estavam danificadas; suas portas, completamente
abertas. O homem puxou rapidamente a espada. Era melhor acabar logo com tudo,
escapando ao horror de um julgamento e da execução pública. Paulo viu quando
ele pôs a espada na garganta para suicidar- se. Uma voz alta e clara, saída da
escuridão, assustou o carcereiro: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui
estamos" (At 16.28).
Trêmulo, ele pegou a tocha e entrou na cela, onde caiu prostrado
aos pés de Paulo e Silas. O homem sentia-se tremendamente perplexo. Não
conseguia entender porque não haviam escapado. Paulo explicou-lhe que eram
cidadãos romanos e não tinham necessidade de fugir; além disso, eram servos do
Senhor DEUS e levavam a mensagem de salvação aos gentios.
Encontrado o caminho que procurara durante toda a vida, o
carcereiro exclamou: "Senhores, que é necessário que eu faça para me
salvar?" (16.30).
Sem hesitar, Paulo respondeu: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e
serás salvo, tu e a tua casa" (16.31).
No pátio da prisão, com a poeira do terremoto ainda pesando no ar e
o ruído da confusão nas ruas escuras lá fora, Paulo pregou as boas-novas de
grande alegria, e explicou o significado de crer. Imediatamente, o brutal
carcereiro passou das trevas para a luz.
Solícito, levou os apóstolos para sua casa, onde se achavam sua
esposa e filhos. Ali, lavou-lhes as costas doloridas. Depois de limpar o
sangue, esfregou unguento nas feridas abertas pelas varas dos pretores. Naquela
noite Paulo contou-lhes tudo sobre JESUS e, antes do dia amanhecer, uma família
inteira tornou-se cristã e foi batizada.
Quando raiou o dia, mensageiros dos magistrados bateram à porta da
prisão. Traziam uma mensagem amedrontada dos seus senhores: "Soltai
aqueles homens" (v. 35).
Na mente dos magistrados estava claro que a catástrofe fora um
castigo de DEUS por terem colocado dois de seus servos na prisão. Entretanto,
quando o carcereiro levou a Paulo e Silas a notícia da sua liberdade, estes não
a receberam de bom grado.
Diga a seus senhores - declarou Paulo - que somos romanos e eles
não podem encobrir sua injustiça, livrando-se de nós às ocultas.
Paulo conhecia os direitos da cidadania romana; podia apelar à
própria Roma, se quisesse. Sabia que os magistrados estavam agora à sua mercê.
Diga aos seus senhores que venham pessoalmente e nos ponham em
liberdade.
Os orgulhosos magistrados, com medo de perderem o cargo, viram que
não havia outra opção senão atender ao desejo dos prisioneiros. Sem perda de
tempo, apresentaram suas humildes desculpas em pessoa, suplicando aos apóstolos
que nada dissessem sobre o erro cometido, e deixassem a cidade o mais rápido
possível. Eles levaram Paulo e Silas para a rua e, publicamente, os libertaram.
Os apóstolos não deixaram imediatamente a cidade. Procuraram a paz
e tranquilidade da casa de Lídia, até que suas feridas sarassem e pudessem
viajar. Receberam os cuidados de Timóteo e do doutor Lucas, e foram visitados
pelos poucos que haviam levado a CRISTO.
A Primeira Igreja na Europa
Durante aqueles dias de restabelecimento, Paulo e Silas tiveram a
alegria de acolher na nova igreja de Filipos ao homem que lhes prendera os pés
ao tronco, assim como todos os de sua casa. Mediante sofrimento e fidelidade, o
pequeno grupo cresceu até tornar-se uma das mais fortes igrejas.
Quando Paulo e Silas sentiram-se suficientemente curados para
deixar Filipos, despediram-se dos crentes e partiram para Tessalônica, a
capital da Macedônia. Lucas e Timóteo ficaram em Filipos por algum tempo, a fim
de fortalecer a igreja.
A estrada que os dois apóstolos escolheram era a melhor da
província, pavimentada com blocos de mármore. Depois de cerca de 169
quilômetros, chegaram a Anfípolis, uma cidade maior que Filipos. Ansiosos, não
ficaram ali; prosseguiram para o sul e para o oeste, passando por Apolônia e
descendo a grande Via Inácia, até a cidade que Alexandre, o Grande, chamara de
Tessalônica, em homenagem à sua irmã.
Paulo em Tessalônica
Ao sair da região montanhosa, eles contemplaram as águas azuis do
golfo e entraram na cidade passando por um enorme arco de mármore, esculpido
com cinco cabeças de touros enfeitadas de guirlandas. Esse monumento era uma
lembrança perpétua de que Otávio e Antônio haviam ganho a batalha de Filipos.
Tessalônica, por ter apoiado os generais conquistadores, tornara-se uma cidade
livre. Isto significava que podia escolher seus próprios magistrados, livrar-se
das guarnições romanas, e não se sujeitar de forma alguma ao governador romano
da Macedônia.
Os apóstolos hospedaram-se na casa de Jasom, parente de Paulo, e
testemunharam na sinagoga durante três sábados. Paulo começava com as profecias
do Antigo Testamento, explicando aos conterrâneos que elas foram cumpridas em
JESUS de Nazaré. Alguns murmuraram depois de seus apelos veementes, e os
líderes da sinagoga opuseram-se à sua doutrina, proclamando que era falsa.
Todavia, outros creram e tornaram-se amigos de Paulo, seguindo-o por toda parte
e encorajando-o em sua pregação. A maioria dos convertidos era formada por
prosélitos gregos e esposas de oficiais, que haviam abandonado os ritos imorais
da adoração aos ídolos. Elas haviam encontrado no Judaísmo uma religião onde a
mulher era respeitada.
Paulo e Silas não se limitaram a pregar apenas na sinagoga, mas
aproveitavam todas as oportunidades para dar testemunho de JESUS. Em três
semanas, conseguiram reunir um número suficiente de cristãos para formar uma
igreja. Não perderam tempo. Os cristãos reuniam-se todas as noites com Paulo e
Silas, que lhes explicavam as verdades do Evangelho. À medida que outros
enxergavam a luz, também eram recebidos na congregação. Estabelecer uma igreja
em três semanas era uma tarefa colossal, mas foi o que Paulo e Silas fizeram,
não só levando os convertidos a CRISTO como também instruindo-os na fé. Antes
dessas breves semanas terminarem, Paulo falou-lhes sobre a volta do Senhor e os
sinais dos tempo. Advertiu-os sobre o abandono da fé, que precederia a vinda do
anticristo.
Paulo É Obrigado a Deixar Tessalônica
Paulo era um trabalhador incansável, capaz de formar uma comunidade
forte de cristãos quase da noite para o dia. Mas, como de costume, os judeus
incrédulos levantaram-se contra ele. Instigaram um grande grupo de malfeitores,
que rodearam a casa de Jasom atirando pedras no pátio e exigindo que Paulo e
Silas lhes fossem entregues. Enfurecidos, derrubaram a porta e procuraram em
cada aposento, descobrindo que os dois não se encontravam na casa. Jasom
providenciara em tempo a fuga de ambos, mas ele mesmo não escapou. A turba
agarrou-o, como também a outros cristãos, e arrastou-os até a praça do mercado,
onde as autoridades mantinham seu tribunal:
Esses que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui, os quais
Jasom recolheu. Todos esses procedem contra os decretos de César, dizendo que
há outro rei, JESUS (At 17.6,7).
A acusação era grave e não podia ser ignorada. Os magistrados
tomaram nota e ficaram muito perturbados; o assunto poderia acabar em desastre.
Ordenaram que Jasom e seus amigos pagassem fiança e voltassem no dia do
julgamento.
Como Jasom era homem de posses, a fiança foi paga e todos tiveram
permissão de voltar para casa. Naquela mesma noite, depois de conferenciarem,
os irmãos procuraram Paulo e Silas e explicaram como seriam prejudicados se
eles ficassem. Então, enquanto a cidade dormia, os dois saíram disfarçados
pelos portões, e dirigiram-se ao sul, para a cidade de Beréia.
A Acolhida em Beréia
Timóteo juntou-se a Paulo e Silas em Beréia. Ele chegara de
Filipos, onde ficara com Lucas para fortalecer a igreja, e encontrou-os na
sinagoga. Timóteo sabia que era costume de Paulo procurar a casa de adoração
dos judeus, portanto esperou lá por ele. Quando os apóstolos chegaram,
ensinaram na sinagoga que JESUS era o CRISTO e provaram isso pelas Escrituras.
Paulo ficou surpreso e contente ao ver que os judeus o ouviam sem fazer
oposição. De fato, mostraram verdadeiro interesse, devorando cada palavra pregada.
A seguir, foram buscar os grandes rolos guardados numa caixa por trás da
cortina azul, e examinaram diligentemente as palavras de Isaías, de outros
profetas e da Lei de Moisés, traçando a história do Messias até no seu livro de
hinos. Não aceitariam a mensagem até provarem pelas Escrituras a sua
autenticidade. Ao descobrirem que as citações de Paulo não continham qualquer
erro, receberam alegremente a mensagem e creram em JESUS.
Tudo ia bem até que as notícias chegaram a Tessalônica, levadas por
algum judeu ingênuo, que não pretendia fazer mal. Uma onda de oposição rebentou
quase que imediatamente sobre a igreja recém-formada. Um bando de judeus
zelosos precipitou-se de Tessalônica e, com mentiras, incitaram os membros da
sinagoga contra Paulo. Principal alvo do ataque maldoso, Paulo achou melhor
seguir o conselho dos irmãos e deixou a cidade.
Atenas, uma Cidade Idolatra
Um grupo de cristãos conduziu Paulo ao porto de Dio, onde ele
embarcou para Atenas, a maior cidade da Grécia. Seus amigos acompanharam-no até
chegar a Atenas, mas deixaram- no ali e regressaram.
Silas e Timóteo ficaram em Beréia para fortalecer os cristãos.
Quando terminassem o trabalho, iriam encontrar-se com Paulo em Atenas. Ambos
permaneceram com relativa segurança em Beréia, pois os inimigos achavam que,
sendo Paulo o chefe, não precisavam preocupar-se com eles.
Depois da retirada dos amigos, Paulo ficou absolutamente só em uma
das cidades mais belas do mundo: Atenas - a "Mãe da Grécia". A cidade
era dominada pela Acrópole, um monte com a parte superior plana e rochosa, que
servia de base a vários templos. Quinhentos anos antes, Atenas estivera no
apogeu da sua glória, mas desde que fora saqueada pelos romanos, encontrava-se
sob o seu domínio. Paulo estivera em muitas cidades, mas nunca visitara um
lugar tão belo e cheio de esculturas de mármore brilhando ao sol. Os edifícios
em estilo clássico eram elegantes e graciosos. O povo era culto e orgulhava-se
de sua liberdade de pensamento. Arquitetura, pintura, escultura e grandes
bibliotecas podiam ser encontradas em toda parte. Ao longo de cada rua, e em
cada praça, havia estátuas e altares - santuários construídos para a adoração
de muitos deuses. Paulo ficou surpreso ao ler as inscrições. Seu coração
acelerou-se ao admirar o esplendor das estátuas, algumas feitas por Fídias, o
maior de todos os artífices em mármore. Mas também se apiedou ao pensar na
cegueira do povo ateniense.
Naquelas mesmas ruas e naquela mesma praça ao pé da Acrópole,
Sócrates ensinara ao povo; Platão instruíra seus seguidores naquele mesmo
lugar; Demóstenes, o grande orador, era uma lembrança do passado. A marca de
todos eles foram deixada na cultura daquele povo altivo. Abaixo dos templos da
Acrópole, ficava o teatro de Dionísio com seus assentos de mármore
estendendo-se sobre o vale. Todas as noites as multidões aglomeravam-se nele
para assistir às importantes peças teatrais. Não havia dúvida de que aquele
povo era o mais inteligente, refinado e complacente que Paulo já encontrara.
O apóstolo alojou-se perto da sinagoga e decidiu ficar ali até a
chegada de Silas e Timóteo. Porém não estava satisfeito. Aqueles ídolos e seus
templos não lhe suscitaram admiração, mas preocupação e piedade. Gostaria que
todos fossem derrubados e, ao invés da confusão dos deuses, o povo pudesse ver
o DEUS vivo e verdadeiro. Todas aquelas estátuas desonravam ao Senhor, e Paulo
queria ver em Atenas uma igreja que apagasse cada ídolo do coração de seus
habitantes.
No sábado, ele foi pregar o Evangelho aos seus conterrâneos na
sinagoga, mas não conseguiu ganhar nenhum deles. Desanimado, saiu de lá e
começou a pregar nas ruas e praças. Muita gente dispôs-se a ouvi-lo; havia nas
ruas um grande número de pessoas que apreciavam uma discussão. Elas passavam o
dia indo de um filósofo a outro, à procura de alguma doutrina nova que pudesse
tornar-se moda em Atenas.
Em toda parte, havia sinais de idolatria. Queimavam incenso diante
de cada imagem. Num altar próximo, Paulo viu mulheres levantando as crianças
até o ídolo, num oferecimento. O apóstolo sentiu o coração confranger-se ao ver
a cidade completamente entregue à idolatria.
Certo dia, descobriu numa única rua os templos de Atena, Artemis e
Afrodite. Ao lado deles havia altares dedicados à Guerra, Fama, Piedade e
Modéstia. Em toda a cidade havia três mil estátuas e altares onde os atenienses
ofereciam sua adoração vazia. Paulo leu muitas inscrições enquanto caminhava
pelas ruas, e ficou imaginando como um povo tão religioso poderia ser tão cego.
Sondou as faces das pessoas e percebeu que estavam cansadas dos seus deuses.
Alguns filósofos, estóicos e epicureus, encontraram Paulo numa
praça e indagaram: Que quer dizer esse paroleiro?... Parece que é pregador de
deuses estranhos... Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos, pois, saber o que vem a
ser isso (At 17.18-20).
O Sermão da Colina de Marte (Areópago)
Logo depois do mercado barulhento, na metade do caminho que levava
aos templos da Acrópole, ficava um semicírculo rochoso, conhecido como a colina
de Marte. Paulo foi conduzido a esse lugar para contar sua história.
Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que
estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o
conhecendo, é o que eu vos anuncio
(At 17.22,23).
Imediatamente interessada, a plateia inclinou-se à escuta. Com um
olhar para o conjunto de templos no topo do monte, e ao próprio Parthenon -
edifício mais perfeito do mundo - Paulo continuou:
O DEUS que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da
terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido
por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é
quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. E de um só fez toda a
geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os
tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem ao
Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de
cada um de nós. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também
alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.
Sendo nós, pois, geração de DEUS, não havemos de cuidar que a
divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por
artifício e imaginação dos homens" (At 27.24-29).
A audiência agradou-se do discurso e, animada, ficou à espera de
mais. Sem dúvida, ali estava alguém de grande cultura. Era judeu, mas conhecia
os poetas gregos. E Paulo então continuou:
Mas DEUS, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora
a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem
determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão
que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At
1730-31).
Um cascatear de risos ouviu-se entre o povo, quando ele falou em
ressurreição. "Esse homem deve estar louco para pregar tais
asneiras!" E não quiseram mais ouvi-lo.
Alguns mais educados sugeriram que o ouviriam noutra ocasião, mas
Paulo percebeu tratar-se de uma desculpa amável para se livrarem dele.
O apóstolo já encontrara todas as formas de oposição, mas aquela
era a primeira vez que alguém ria de suas palavras. Isso silenciou-o mais que
os insultos e pedradas. Com um sentimento de fracasso, deixou a colina de
Marte; desceu às praças logo abaixo e perdeu-se na multidão. Enquanto lutava
com a crescente sensação de desânimo, ouviu passos às suas costas. Voltando-se,
deparou com um pequeno grupo de homens e mulheres que se apressava para
alcançá-lo. Seus rostos eram amigáveis; queriam fazer mais perguntas sobre a
nova doutrina. Dionísio, um membro do conselho da sinagoga de Atenas, e uma
mulher chamada Damaris, além de outros atenienses não nomeados, creram em suas
palavras e receberam a JESUS CRISTO.
Paulo começou a inquietar-se em Atenas. Pensava nos cristãos de
Beréia, onde Silas e Timóteo se encontravam, e imaginava a razão de não ter
notícias de lá. Sentiu-se tentado a viajar novamente para o norte e até
planejou voltar a Tessalônica, mas as circunstâncias o impediram. Será que o
longo silêncio significava oposição? Teriam os judeus de Tessalônica continuado
a perseguir Silas e Timóteo? Paulo temia pela igreja de Tessalônica. A
perseguição ali fora penosa, e ele ficava a pensar se a fé dos irmãos resistiria
à prova. Ele só estivera com aqueles crentes durante três semanas...
Paulo em Corinto
Não mais suportando a longa espera, Paulo enviou um cristão
ateniense para indagar sobre o bem-estar dos crentes de Tessalônica, e deixou
uma mensagem avisando que ia para Corinto. Se Timóteo e Silas chegassem,
deveriam ir à capital, onde ele os esperaria.
Com uma sensação de liberdade, deixou para trás Atenas e seus
templos de mármore. A lembrança dos risos no dia em que pregou sobre o CRISTO
ressurreto ainda queimava-lhe no peito. Perguntava-se porque o Senhor não lhe
dera mais almas naquela cidade.
Com o espírito abatido, Paulo encontrou um navio que ia para
Corinto, capital da Acaia. Sabendo que seu dinheiro estava acabando, começou a
questionar o significado exato da visão sobre o homem da Macedônia. Até então,
só tivera uma série de decepções; fugira de cada cidade a fim de salvar a vida,
deixando aos companheiros de viagem a tarefa de estabelecer a nova igreja.
Áquila e Priscila
Embora desanimado, Paulo procurou um local onde pudesse usar a arte
que aprendera em Tarso. Encontrou uma rua onde os fabricantes de tendas tinham
suas lojas, e entrou na oficina de Áquila. O Senhor parecia tê-lo encaminhado
justamente àquele lugar, pois Áquila era um refugiado judeu banido de Roma pelo
imperador Cláudio. Ele e sua mulher, Priscila, haviam se estabelecido no
negócio de tendas em Corinto, poucas semanas antes da chegada de Paulo.
Áquila gostou da ajuda extra, e Priscila, ao saber que Paulo era
judeu, acolheu-o de bom grado. Bastaram alguns dias de trabalho para que Áquila
apreciasse ainda mais a habilidade de Paulo na fabricação de tendas. Enquanto
costurava o couro, Paulo contava as maravilhosas experiências que tivera; como
DEUS o protegera das dificuldades e o livrara da prisão. O casal ficou
espantado por aquele artesão ter sido um rabino, e haver perseguido
ardentemente a seita dos nazarenos. Pouco a pouco, abriram seus corações a
CRISTO e foram salvos.
A antiga Corinto, mais velha que Atenas, tivera tantas batalhas
travadas em suas ruas que só restaram ruínas. Reconstruída por Júlio César, era
agora uma bela cidade e, durante cem anos, ocupara na Grécia uma posição de
proeminência. Grande centro comercial, atraiu logo os judeus da região. A
adoração à Afrodite, deusa do amor, também se centralizava ali. Famosa por suas
riquezas e inclinação aos prazeres e vida fácil, Corinto tornou-se símbolo do
pecado. Marinheiros e mercadores do mundo inteiro levavam a história de Corinto
às suas terras, aumentando-lhe a fama de pecado e encanto.
Paulo foi apresentado na sinagoga como um judeu que freqüentara o
templo de Jerusalém, e recebeu permissão para falar. Mas discursou com um
sentimento de fraqueza. Embora houvesse argumentado, provado e persuadido tanto
judeus quanto gregos, teve de lutar contra o crescente desânimo que começara a
envolvê-lo.
SILAS, TIMÓTEO E PAULO EM CORINTO
Silas e Timóteo finalmente chegaram. Tinham estado em Atenas e
souberam que Paulo havia partido para Corinto. Que alívio os ver e ouvir as
notícias! Agora Paulo sabia que não estavam presos e que tudo ia bem. E as
igrejas de Beréia e Tessalônica? Tinham notícias de Lucas em Filipos? Os
cristãos estavam firmes?
Sim, as notícias eram boas. As igrejas em toda parte continuavam
firmes na fé. E mais: estavam testemunhando em toda a Macedônia e muitos haviam
se rendido a CRISTO nas últimas semanas. DEUS estava operando nas igrejas e
abençoando o testemunho de seus seguidores. Os irmãos não haviam esquecido
Paulo; lembravam-se diariamente dele em suas orações, do mesmo modo que este se
lembrava deles. Como demonstração do seu amor, tinham enviado uma oferta em
dinheiro para o seu sustento; assim, em vez de trabalhar, Paulo poderia
dedicar-se integralmente ao ministério. O coração do apóstolo alegrou-se
grandemente ao ouvir essas notícias. Seu desânimo desapareceu como a neblina da
manhã ao nascer do sol. O antigo zelo voltou, e com grande vigor, deu início a
uma campanha para a conversão dos coríntios.
Quando, porém, os judeus se lhe opuseram, blasfemando contra o
Senhor, Paulo os abandonou, advertindo-os de que o sangue deles cairia sobre as
suas próprias cabeças.
"Desde agora parto para os gentios" (At 18.6).
E foi o que fez. Como resultado, muitos coríntios creram e foram
batizados. Todavia, antes de partir, teve a grande alegria de ganhar Crispo, o
principal da sinagoga. Seu coração aqueceu-se ao vê-lo ser batizado com a
mulher e os filhos!
Depois da chegada de Timóteo e Silas, a casa de Áquila ficou
pequena para abrigar todos eles. Foram então alojar-se ao lado da sinagoga, na
casa de um cristão chamado Justo. Paulo, porém, continuou trabalhando sempre
que necessário.
Com o passar dos dias, a enorme tarefa de testemunhar àquela cidade
sem CRISTO começou a pesar-lhe nos ombros. Enquanto refletia no assunto, um
temor sorrateiro foi tomando conta de seu coração. Corinto era,
indiscutivelmente, a cidade mais perversa do mundo, e Paulo perguntava a si
mesmo se haveria ali qualquer esperança de sucesso.
Certa noite, deitado em seu leito na casa de Justo, Paulo teve uma
visão. O Senhor disse-lhe palavras semelhantes às que DEUS dissera a Josué,
muitos anos atrás, quando o coração dele se acovardara:
Não temas, mas fala e não te cales. Porque eu sou contigo, e
ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nessa cidade
(At 18.9,10).
Isso era tudo o que Paulo precisava saber. Lembrou-se então do dia
em que estivera face a face com JESUS, na estrada de Damasco, e pôde ouvir
novamente as palavras do Senhor repetidas por Ananias:
Esse é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos
gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve
padecer pelo meu nome (At
9.15,16).
Paulo passou a pregar com zelo renovado. Os missionários
trabalharam durante um ano e meio, procurando converter homens e mulheres,
tanto judeus quanto gentios. Empregavam todos os esforços para trazê-los das
trevas do pecado para a família de DEUS. Muitos vieram a conhecer a verdade e
separaram-se da sua antiga e corrupta religião, ganhando uma nova vida em
CRISTO.
A Primeira Epístola Aos Tessalonicenses
Paulo ficou tão comovido com a oferta de Tessalônica e o relatório
positivo a respeito daquela igreja, que resolveu escrever-lhes uma carta. Esta
pode ter sido a sua primeira carta. Era dirigida a todos os discípulos de
Tessalônica, e elogiava-os por sua firmeza na fé, mesmo em face à perseguição.
Agradecido pela ajuda, Paulo escreveu-lhes uma carta de conselhos paternais,
recordando-lhes os ensinamentos que lhes ministrara, e insistindo para que
crescessem na graça e andassem como verdadeiros filhos de DEUS. Deveriam ser
cada vez mais profícuos no testemunho e no viver diário, atentos à aproximação
da volta do Senhor para buscar os salvos - tanto os mortos como os vivos. Era
uma linda carta, expressando o afeto do apóstolo por seus filhos na fé.
Paulo e seus amigos demoraram-se bastante em Corinto, e seu ensino
teve maior sucesso ali que em qualquer outro lugar. A igreja aumentava a cada
dia, à medida que o povo mais humilde se tornava cristão. Mas nem tudo foi
fácil e bem-sucedido; alguns judeus detestaram a mensagem de Paulo, e ficaram à
espera de uma oportunidade para dar vazão ao seu ódio. Certo dia, conforme
planejado, eles incitaram um grupo de ociosos a agarrarem o apóstolo enquanto
este pregava. Paulo foi levado diante do tribunal de Gálio, o procônsul romano.
Gálio era um homem bondoso; recebera o cargo porque o imperador Cláudio
conhecia a sua sabedoria e capacidade. Diante de Gálio, os judeus não sabiam
como apresentar uma acusação válida contra aquele prisioneiro que não oferecia
resistência. A única acusação que podiam formular era fraca aos seus próprios
ouvidos. Não podiam culpar o apóstolo de perturbar a paz ou instigar uma
revolta, e disseram contrafeitos: "Esse persuade os homens a servir a DEUS
contra a lei" (At 18.13).
Enquanto Paulo preparava-se para responder à acusação, Gálio
levantou-se e declarou:
Se houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos
sofreria. Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós
há, vede-o vós mesmos; porque eu não quero ser juiz dessas coisas (At
18.14,15).
Impaciente e irado, expulsou-os do tribunal. Muitos gregos que
haviam testemunhado a cena ressentiram-se contra os judeus. Ofendidos,
agarraram Sóstenes, o principal da sinagoga, e espancaram-no diante do
tribunal. Gálio ficou sentado calmamente, sem aplaudir nem censurar. Desde que
a raiva deles não fosse dirigida a Roma, tudo o mais lhe era indiferente.
Depois de vários meses, o homem que levara a primeira carta de
Paulo a Tessalônica voltou e contou como a epístola fora recebida. Ela
resolvera algumas das dificuldades dos tessalonicenses, mas aparentemente
suscitara outras, especialmente com respeito à volta de CRISTO. Alguns
entenderam que o tempo era tão curto, que deveriam parar de trabalhar e viver
do que haviam poupado, pois em questão de dias, seriam recebidos nos céus para
estar com o Senhor.
A Segunda Epístola aos Tessalonicenses
Paulo discutiu o problema com Silas e Timóteo e decidiu enviar uma
segunda carta. Elogiou os tessalonicenses por sua paciência na tribulação e
suplicou-lhes que não se deixassem perturbar com palavras de homens ou cartas
falsas, que julgavam ser dele. Alguém lhes forjara uma carta em nome de Paulo,
afirmando que a volta de CRISTO aconteceria naqueles dias, e que talvez até já
houvesse acontecido. Paulo recordou-lhes o grande plano de DEUS; lembrou-os de
que nos últimos dias muitos se desviariam do Senhor, e o homem da iniquidade
viria para se opor a tudo o que era de DEUS. Assegurou-lhes ainda de que as
perseguições que estavam sofrendo não eram, absolutamente, a Grande Tribulação:
Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram
ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E vós, irmãos, não vos
canseis de fazer bem. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por essa
carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe (2 Ts
2.15; 3.13-14).
A Volta de Paulo a Antioquia da Síria
Pouco depois desses acontecimentos, Paulo admitiu que a igreja de
Corinto já estava suficientemente forte; podia deixá-la e dedicar-se a outro
trabalho. De algum modo, sentiu-se impelido a voltar a Antioquia da Síria.
Queria igualmente visitar Jerusalém por ocasião da festa. Áquila e Priscila
estavam indo para Éfeso, e Paulo decidiu ir com eles. Silas e Timóteo não os
acompanharam; permaneceram em Corinto para continuar o trabalho.
A viagem marítima para Cencréia, porto de Corinto, foi agradável e
sem incidentes. O navio permaneceu em Éfeso o tempo suficiente para Paulo
visitar a sinagoga, onde discutiu com os judeus e mostrou-lhes JESUS, o CRISTO
das Escrituras. Os judeus não se opuseram ao apóstolo dos gentios, nem à sua
mensagem. Ao contrário, pediram-lhe que ficasse mais tempo. Não sendo possível,
Paulo prometeu visitá-los em breve. Deixando Áquila e Priscila testemunhando em
Éfeso, voltou ao navio que o levou em segurança para Cesaréia, o porto mais
próximo de Jerusalém.
Não se demorou na cidade santa. Sua principal preocupação ali era
visitar outra vez a igreja-mãe. A época era de festa e as ruas estavam repletas
de peregrinos. Paulo cumprimentou os cristãos e renovou sua amizade com Tiago,
Pedro e os demais discípulos que se reuniam na casa de Maria. Depois voltou a
Antioquia, a igreja que o enviara em todas as suas viagens.
A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
Já fazia um ano que Paulo prometera aos judeus de Éfeso voltar e
continuar ali o seu ministério. O apóstolo pensava muito neles e em Áquila e
Priscila que lá ficaram testemunhando. Durante todo o inverno, e até fins do
verão seguinte, ele permaneceu em Antioquia. Sabia que se tivesse de viajar
para a Ásia Menor, seria necessário partir antes que as neves do inverno
bloqueassem as passagens das montanhas.
A Terceira Viagem Missionária
Quando os cristãos de Antioquia souberam que o apóstolo Paulo
estava planejando uma terceira viagem, não ficaram surpresos. Entristeceram-se,
porém, ao despedir-se dele mais uma vez. Já haviam compreendido que DEUS
preparara Paulo, melhor que qualquer outro, para levar o Evangelho às terras
distantes. Numa reunião de despedida, entregaram-no aos cuidados de DEUS;
depois de lhe darem dinheiro e provisões para o caminho, levaram-no até os
portões da cidade. Ficaram então olhando e acenando em despedida até que
desaparecesse numa curva da montanha. Não sabiam eles que esse fora o último
adeus. O rosto de Paulo não mais seria visto na amada igreja de Antioquia.
Aproximava-se o momento em que o apóstolo dos gentios encerraria suas viagens.
Pela terceira vez, Paulo encaminhou-se aos Portões da Cilícia, que
o levariam a Tarso e Derbe, Listra e Icônio. As coisas tinham mudado com o
passar do tempo. Em cada cidade havia agora igrejas estabelecidas; milhares
haviam sido atraídos a CRISTO.
Foi grande a alegria do apóstolo ao ver o progresso dos cristãos.
Ele pensou naqueles primeiros dias, quando não havia uma única voz levantada
para o Senhor em todas as cidades. Ao deixar cada lugar, Paulo elevava o
coração em fervoroso agradecimento por cada igreja e cada crente.
Visitando Novamente as Primeiras Igrejas
O trabalho não era mais uma questão de plantar a semente, mas de
arrancar o mato. Muitas vozes ergueram-se para desviar os cristãos da pureza da
fé. Eles foram especialmente perturbados pelos pregadores itinerantes que, com
os seus ensinos, tentaram perverter o Evangelho da graça e levar os crentes
gentios de volta à lei mosaica. Onde quer que Paulo fosse, tinha de lutar
contra essa influência. Em muitos casos, os falsos mestres haviam solapado o
seu ministério, lançando dúvidas sobre o seu apostolado e depreciando-lhe a
autoridade. Em Derbe, Icônio e em todas as regiões da Galácia, onde estivera
com Silas na segunda viagem, Paulo admoestou:
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou
à graça de CRISTO para outro Evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que
vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de CRISTO. Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho
anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, e agora de novo vo-lo
digo, se alguém anunciar outro Evangelho além do que já recebestes, seja
anátema (Gl 1.6-9).
Paulo tornou a visitar todas as primeiras igrejas, resolvendo suas
dificuldades, respondendo suas perguntas, rebatendo os falsos mestres,
advertindo, censurando, encorajando e confirmando. Esse era o ministério de que
precisavam para se manterem firmes na fé.
Apolo, um NOVO Missionário
Ao mesmo tempo em que Paulo continuava seu paciente ministério nas
cidades do interior, um judeu chamado Apoio chegou a Éfeso. Ele nascera em
Alexandria, na embocadura do Nilo, e era culto e eloquente. Seu conhecimento
das Escrituras era comparável ao de Paulo, pois fora cuidadosamente ensinado
por seus pais hebreus. Mas agora, com os olhos abertos para JESUS, o Messias,
ele empenhava-se em divulgar a Verdade em toda parte.
Apoio nunca vira JESUS, nem falara com qualquer dos discípulos. Mas
ouvira falar de João Batista e de como ele anunciara que JESUS era o CRISTO, em
cumprimento das profecias. Dominado por esses fatos, partiu com o coração cheio
da mensagem, ansioso por anunciá-la aos seus conterrâneos.
Áquila e sua esposa foram ouvi-lo na sinagoga de Éfeso e
maravilharam-se com a sua capacidade. Apoio era poderoso nas Escrituras. O
casal compreendeu imediatamente que, se aquele jovem com tanto saber viesse a
conhecer o Evangelho pleno, como Paulo lhes ensinara, seria um dos maiores
homens da igreja. Que instrumento para DEUS!
Amavelmente, convidaram-no a visitá-los, e ele aceitou. Com
bondade, e sem ofendê-lo, repassaram alguns tópicos de seu sermão, elogiando-o,
mas mostrando-lhe que o ensino de João sobre o arrependimento não era o
Evangelho em sua plenitude. Fizeram-no ver também que o batismo de João não era
aquele ordenado por CRISTO.
Dia após dia, o brilhante orador sentou-se com o fabricante de
tendas e sua mulher e, passo a passo, inteirou-se dos aspectos mais profundos
da fé. Com genuína humildade cristã, o grande orador do Egito ouviu as verdades
divinas e alegrou-se nelas. A cada dia, sua mensagem na sinagoga foi-se
tornando mais forte. Áquila e sua fiel esposa oravam para que o Senhor enchesse
aquele vaso com grande poder.
Armado de uma verdade que antes não possuía, Apoio foi a Corinto,
aquela importante cidade da Acaia, a fim de pregar com todo o fervor e
intrepidez da sua juventude. Assim, enquanto os judeus farisaicos de Jerusalém
procuravam por todos os meios combater a Paulo e ao Evangelho, outro judeu
estava visitando algumas das igrejas fundadas pelo apóstolo e atraindo homens e
mulheres para CRISTO.
Organização da Igreja de Éfeso
Paulo chegou a Éfeso e ouviu falar de Apoio, poucos dias depois
desse ter ido para Corinto. A primeira providência de Paulo foi procurar seu
velho amigo Aquila, o fabricante de tendas, e inteirar-se de tudo o que
acontecera desde que deixara a cidade. Conheceu alguns crentes convertidos pela
pregação de Apoio e, ao descobrir que esse os batizara no batismo de João,
perguntou a 12 deles:
Vocês receberam o batismo do ESPÍRITO SANTO quando creram? Os 12
cristãos fitaram- no surpresos e responderam:
Nem mesmo ouvimos que existe o ESPÍRITO SANTO.
Havia, evidentemente, muita coisa a ser corrigida, e Paulo
ofereceu-se bondosamente para realizar a tarefa.
Depois de tê-los ensinado, batizou-os novamente, tanto homens como
mulheres, em nome do Senhor JESUS, e impôs as mãos sobre eles. Uma nova igreja
foi fundada naquele dia, composta de cristãos que, como os do Pentecostes,
foram batizados no ESPÍRITO SANTO.
Durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga de Éfeso e pregou
ousadamente que JESUS era o Filho de DEUS. Mas surgiram disputas tão acirradas
quanto à sua mensagem, que o pequeno grupo de cristãos perdeu a esperança de
obter quaisquer novos frutos na sinagoga. Semana após semana, os judeus tinham
ouvido o Evangelho de CRISTO dos lábios de Áquila e Apoio, e agora de Paulo.
Mas não só se recusaram a crer, como também endureceram os corações contra
JESUS e depreciaram a Paulo, advertindo o povo de que o Cristianismo era
antagônico aos judeus.
Saulo afastou-se triste da sinagoga, para jamais pisar nela. A fim
de continuar seus ensinamentos, ele alugou o salão de palestras da escola
pertencente a Tirano. Esse homem era professor de retórica e filosofia, e dava
aulas todas as manhãs. Paulo reunia seus seguidores à tarde, argumentando com
eles diariamente. Não só discutia as reivindicações de JESUS, como também
respondia às muitas perguntas relativas ao Cristianismo e à vida paga.
Provavelmente tratou de assuntos como casamento, divórcio, escravidão e
alimento oferecido aos ídolos - temas que voltaria a abordar mais tarde em suas
cartas. No espaço de dois anos, a igreja de Éfeso cresceu e floresceu, e o
Evangelho de JESUS CRISTO foi pregado em toda a Ásia romana.
Combatendo a Adoração aos Ídolos
Éfeso era o centro de uma grande província. O templo de Diana, ou
Artemis, fora levantado ali havia mil anos. Quando nasceu Alexandre, o Grande,
o templo queimara completamente e os asiáticos reuniram ouro e prata para
reconstruí-lo. Cada família da província deu a sua contribuição, e o novo
templo ficou tão magnífico que veio a ser considerado uma das sete maravilhas
do mundo. No dia da sua inauguração, um príncipe persa atirou uma flecha de sua
torre mais alta e declarou: "Aquele que ultrapassar essa distância, ao
aproximar-se desse edifício, encontrará aqui um santuário e ficará livre da
perseguição".
O imenso prédio era de mármore, com fileiras duplas de colunas
entalhadas. Em toda a volta havia 14 degraus de mármore, subindo em camadas
como as de um bolo de noiva, e na base de cada coluna, profundamente esculpidas
na rocha, havia figuras de homens e mulheres em tamanho natural. No centro do
grande templo havia uma câmara formada por pilares de jaspe verde. Das paredes
pendiam caros presentes, enviados por todas as províncias vizinhas, e perto da
entrada, encontrava-se um altar esculpido por Praxíteles. Uma grande cortina
púrpura descia do teto e, detrás dela, havia uma estátua de madeira em forma de
mulher, escurecida pelo tempo. Era Diana, a deusa dos efésios, que, segundo
diziam, caíra do céu. O ídolo era hediondo; mas, oculto pela cortina mística, tornara-se
objeto de adoração para milhões de pessoas.
Pequenas cópias da imagem tinham sido feitas de bronze ou prata, e
algumas vezes de ouro, mostrando Diana como uma linda mulher, usando na cabeça
uma coroa. Em cada casa havia uma dessas estatuetas, pois segundo acreditavam,
a deusa era poderosa para afastar o mal.
O templo de Diana tornara-se o centro da vida de Éfeso. Peregrinos
do mundo inteiro iam visitá-lo. Mercadores deixavam seu dinheiro com os
sacerdotes, acreditando ser o tesouro do templo o lugar mais seguro do mundo.
Grande número de artesãos ganhava a vida explorando a superstição do povo e
fabricando imagens para serem usadas como talismãs.
O Poder de DEUS
Nessa cidade de mágicos e idolatras, Paulo e seus companheiros
anunciaram a CRISTO, levando centenas de pessoas a abandonarem a idolatria.
Através do apóstolo, DEUS realizou muitos milagres em Éfeso. Aquele povo, que
tanto gostava de prodígios, viu que o poder do Altíssimo era maior que a magia
de Diana ou de quaisquer dos seus seguidores. Assim como Moisés superara os
mágicos de Faraó no Egito, pelo poder de DEUS, Paulo, o servo do Senhor,
recebeu autoridade para curar. Sem necessidade de talismãs, contas, ou
pergaminhos contendo fórmulas mágicas, Paulo demonstrou que o imenso poder de
DEUS fluía dele para as pessoas. Os milagres não aconteciam só pela sua
pregação, mas em alguns casos, por meio de artigos pessoais, como o avental que
ele usava na fábrica de tendas, ou o lenço com que enxugava a testa.
Em um lugar assim, existiam sempre impostores que ganhavam a vida
com as superstições do povo. Numa família judaica, sete irmãos, filhos do
sacerdote Ceva, rebaixaram- se a ponto de ganhar dinheiro, afirmando curar por
meio de talismãs e fórmulas mágicas. Certo dia, eles viram Paulo expulsar o
espírito maligno de um homem e aprenderam rapidamente as palavras usadas pelo
apóstolo. Na primeira oportunidade, tentaram imitá-lo.
"Esconjuro-vos por JESUS, a quem Paulo prega" (At 19.13).
Mas o poder de DEUS não estava nas palavras deles e, em vez de ser liberto da
possessão demoníaca, o endemoninhado revidou: "Conheço a JESUS e bem sei
quem é Paulo, mas vós, quem sois?" (At 19.15). E com força sobrenatural,
atirou-se sobre os sete mágicos, rasgando-lhes as roupas, batendo e ferindo- os
furiosamente.
As notícias espalharam-se depressa. Muita gente presenciara o
incidente e não mais acreditava no poder dos mágicos. Muitos dos que haviam
praticado artes mágicas levaram seus livros de magia, amuletos e talismãs, e os
queimaram em praça pública. Aquela foi uma tremenda demonstração, pois os
objetos queimados valiam uma grande soma.
Agora que se haviam tornado cristãos, DEUS enchera-lhes os corações
com um novo poder. E diante do poder divino, os truques de Satanás perderam o
valor.
Os Ajudantes de Paulo em Éfeso
A obra do Senhor prosperou, e o testemunho da igreja de Éfeso
tornou-se conhecido em toda a Ásia. Timóteo chegou da Europa e juntou-se
novamente a Paulo. Erasto, outro crente, seguiu os passos de Timóteo e
tornou-se um dos ajudantes de Paulo em Éfeso. De fato, essa igreja veio a ser o
centro da divulgação do Evangelho.
Existia uma via direta de comércio entre Éfeso e Corinto, e os
mercadores iam e vinham; os crentes em JESUS também faziam freqüentes visitas
às outras igrejas. Através de um desses viajantes, ou talvez de Apoio, Paulo
recebeu notícias perturbadoras de Corinto. Muitos cristãos tinham voltado ao
mundanismo da vida paga, e a impureza penetrara na igreja, sendo aceita
passivamente.
A Visita a Corinto
Paulo decidiu visitar pessoalmente os coríntios e corrigir o erro,
antes que o nome do Senhor fosse desonrado. Sua visita foi triste e penosa,
pois ao chegar, descobriu que as coisas eram ainda piores do que supunha.
Sentiu-se humilhado ao ver que tantos dos seus convertidos estavam vivendo em
desacordo com a vida cristã.
A permanência de Paulo foi breve, e ele usou cada momento para
advertir os crentes de Corinto contra toda forma de impureza. Lembrou-lhes que
o propósito do batismo era demonstrar que haviam morrido para o pecado e
ressuscitado para uma vida de justiça. Ameaçou-os com a exclusão da Igreja, se
não deixassem de profaná-la. Repreendeu-os como um pai; advertiu-os de que, se
não melhorassem, retornaria e não os pouparia. Como fizesse tudo com amor,
doçura e humildade, logo após sua partida para Éfeso, os coríntios
interpretaram sua atitude como fraqueza, achando que Paulo os temia.
Continuaram no pecado, desafiando o Senhor e seu apóstolo.
A Primeira Epístola aos Coríntios
Pouco tempo depois, Estéfanas, Fortunato e Acaico, três convertidos
de Paulo, chegaram a Éfeso com um relatório completo sobre a igreja de Corinto.
As notícias eram péssimas; o mundanismo crescera na igreja.
A seguir, alguns membros da casa de Cloé, uma família cristã
importante de Corinto, chegaram a Éfeso com mais informações. Os crentes
haviam-se dividido em quatro partidos, conforme a preferência que cada um dava
aos pregadores locais. Havia muita contenda entre os grupos; a igreja inteira
fervia de inquietação. A imoralidade, tal como nos templos pagãos, era tolerada
sem pudor. Era comum os cristãos apresentarem queixas, uns contra os outros,
nos tribunais seculares. Até a Ceia do Senhor transformara-se em ocasião para
excessos; havia bebedeira e glutonaria.
Paulo escreveu imediatamente uma carta severa aos coríntios,
ordenando que se afastassem dos desobedientes e os excluísse da comunhão. Essa
carta, ou epístola, é conhecida como Primeira aos Coríntios.
Então Paulo esperou para ver como receberiam sua carta. Queria
dar-lhes tempo para que se arrependessem, antes de visitá-los uma terceira vez.
Paulo julgou necessário enviar Timóteo e Erasto para verificar como
iam as coisas. Mais tarde, escreveu uma outra carta severa aos coríntios,
censurando-lhes o comportamento e corrigindo os males que enfraqueciam o
testemunho cristão. Essa carta (que não chegou até nós) foi levada por Tito,
O jovem que anos antes o acompanhara a Jerusalém.
A indignação de Paulo não era apenas pela desordem na igreja de
Corinto; ouvira também que muitas igrejas da Galácia estavam esquecendo as
verdades simples do Evangelho, e aderindo à ideia de que o caminho da salvação
passava pela sinagoga e pela lei de Moisés.
O Novo INIMIGO
Como se já não houvesse problemas suficientes, um novo inimigo
surgiu em Éfeso. O Evangelho fora pregado eficazmente em todas as cidades e
povoados perto de Éfeso, e houve centenas de convertidos. Resultado: os
artesãos que vendiam imagens de prata de Diana começaram a sentir o declínio em
seu comércio. Alarmados, fizeram uma reunião. O principal orador, Demétrio, era
ourives e comprava suas imagens dos artífices. Em seu discurso, Demétrio
explicou aos membros da corporação o motivo do declínio nas vendas e
instigou-lhes a ira, sugerindo que o próprio templo corria perigo. Inflamados
pelo discurso, os negociantes agarraram a Gaio e a Aristarco, dois fiéis amigos
de Paulo, e arrastaram-nos até o teatro ao ar livre, considerado o maior do
mundo.
Atraída pela gritaria, uma grande multidão ajuntou-se. Sem nem
saber o que estava acontecendo, todos começaram a correr pelas ruas, gritando a
plenos pulmões: "Grande é a Diana dos efésios!" (At 19.28).
As ruas encheram-se de gente que se dirigia apressada ao teatro,
querendo saber o porquê de tamanha excitação. Paulo escapou da multidão e,
quando quis entrar no teatro para juntar-se aos amigos, os discípulos o
retiveram. Até alguns líderes políticos da Ásia aconselharam-no a ficar longe
dos ourives.
Engrossando a multidão estavam alguns judeus que fariam tudo para
silenciar a Paulo, a quem consideravam um inimigo da sinagoga. Aproveitando-se
do tumulto no teatro, um deles, Alexandre, levantou a mão para ser ouvido. Sua
intenção era pedir a prisão de Paulo, esperando assim dar um golpe na Igreja.
Mas quando o povo reconheceu seus traços e vestimentas judias, não quis
ouvi-lo. Em vez disso, gritaram mais alto: "Grande é a Diana dos efésios!
(At 19.34).
Alexandre deu-se por feliz em ter a vida poupada; sem perda de
tempo, misturou-se à multidão.
O tumulto durou cerca de duas horas. O poder de Diana fora posto em
dúvida e os seus seguidores estavam enfurecidos. Aquele episódio foi uma
demonstração de como os efésios se sentiam em relação à sua deusa e ao seu
templo. Quando os gritos e vozes cessaram, o escrivão da cidade apazigou-lhes a
ira e mandou-os de volta para casa.
Varões efésios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos
efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana e da imagem que desceu
de Júpiter? Ora, não podendo isso ser contraditado, convém que vos aplaqueis e
nada façais temerariamente. Porque esses homens que aqui trouxestes nem são
sacrílegos nem blasfemam da vossa deusa. Mas, se Demétrio e os artífices que
estão com ele têm alguma coisa contra alguém, há audiências e há pro cônsules;
que se acusem uns aos outros. Mas, se alguma outra coisa demandais,
averiguar-se-á em legítimo ajuntamento. Na verdade, até corremos perigo de que,
por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo causa alguma com que
possamos justificar esse concurso (At 1935-40).
Paulo Volta à Macedônia
Naquela mesma noite Paulo convocou a igreja e contou que iria à
Macedônia. Enquanto a poeira baixava, seria melhor para a igreja de Éfeso que
ele não estivesse presente. O apóstolo pregou seu sermão de despedida e, depois
de abraçar cada irmão, seguiu para o norte, pela estrada que levava a Trôade.
Paulo esperava encontrar Tito ali, voltando da Grécia, talvez com
notícias da igreja de Corinto. Mas em Trôade, ficou desapontado: Tito não
chegara. Esperou alguns dias, e embora a população de Trôade lhe mostrasse
sincera amizade, ele ansiava por partir. A preocupação com a igreja de Corinto
pesava-lhe grandemente, além de que, pretendia visitar todas as igrejas da
Macedônia. Com essa meta, embarcou para a Macedônia e chegou a Filipos, onde
podia contar com amigos sinceros.
A casa de Lídia recebeu-o cordialmente. Aquele dia foi gasto
visitando cristãos que há muito não via, mas que sempre tinham sido lembrados
em suas orações. O encontro foi uma alegria a Paulo e a seus filhos na fé. O
carcereiro e sua família continuavam firmes em CRISTO. Também se encontrou
novamente com Timóteo e soube do seu sucesso na pregação do Evangelho.
Mas os cristãos coríntios não lhe saíam da mente, e embora
apreciasse a estada entre os filipenses, ficou inquieto até que Tito chegou de
Corinto trazendo boas notícias. A carta enviada por Paulo, juntamente com o
ministério de Tito, havia transformado a situação. Os coríntios castigaram o
pecador que estava vivendo em cabal contradição aos mandamentos do Senhor, e
purificaram suas vidas dos pecados específicos que Paulo lhes apontara. Até a
divisão da igreja tinha melhorado; em vez de quatro partidos havia agora só
dois - os que eram a favor de Paulo e os que eram contra. Os inimigos do
apóstolo duvidavam de seu apostolado e até criticavam-lhe as palavras e
aparência pessoal. Os amigos, porém, tinham sido despertados e, genuinamente,
se arrependido.
A Segunda Epístola aos Coríntios
Incomodado com o relatório trazido por Tito, o apóstolo Paulo
escreveu a mais pessoal de todas as suas cartas - a Segunda Epístola aos
Coríntios. Nela, demonstrou toda a sua preocupação com aqueles crentes. Para
eliminar a dúvida que eles tinham sobre o seu apostolado, repetiu-lhes grande
parte de suas experiências, pensamentos, temores e vida particular. Tinha muito
a dizer sobre seus sofrimentos e empenho na causa de CRISTO. Contou de suas
várias prisões; das cinco ocasiões em que foi publicamente açoitado; e dos três
naufrágios que sofrerá, ficando certa vez na água durante 24 horas.
Essa carta é, em certo sentido, uma autobiografia de Paulo e uma
firme defesa do seu ministério e convocação superiores. Ele escreveu:
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes
fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma
noite e um dia passei no abismo; Em viagens, muitas vezes; em perigos de rios,
em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em
perigos entre os falsos irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas
vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez (2 Co 11.2427).
Esta Carta aos Coríntios foi uma mescla de louvor e condenação
-louvor aos fiéis e condenação aos rebeldes.
Paulo, Missionário em Terras Estrangeiras
Tito ofereceu-se para voltar com a carta. Lucas, o médico amado,
acompanhou-o na viagem. Mas Paulo permaneceu em Filipos, fazendo dessa cidade o
centro de suas viagens por toda a província. Aonde quer que fosse, exortava os
cristãos a uma vida diferente dos moldes do mundo. Viajou pelas montanhas, a
oeste de Filipos, pregando o Evangelho em aldeias e cidades onde CRISTO nunca
havia sido proclamado. Paulo havia dito que nunca desejara construir sobre os
alicerces lançados por outro; portanto, procurou visitar os lugares onde o
Evangelho era desconhecido. Ele foi verdadeiramente um missionário em terras
estrangeiras; fazia um trabalho pioneiro e, aonde quer que fosse, o Senhor o
acompanhava, operando sinais e prodígios, e atraindo a si tanto gregos como
judeus.
Indo de cidade em cidade, Paulo percebeu a terrível condição das
pessoas afastadas de DEUS. Embora habitassem em lindas cidades, com templos
cuja glória maravilhava o mundo, viviam nas trevas. Desde essa época, Paulo já
pensava em visitar Roma; planejava pregar o Evangelho no coração do Império
Romano e, talvez, prosseguir até a Espanha. Depois de algumas semanas na
Macedônia, ele foi para o sul, à Acaia. Queria verificar pessoalmente o estado
da igreja de Corinto. Essa igreja precisava novamente dele, e além disso, como
Corinto fosse a capital da Acaia, poderia fazer dela a sua base para pregar nas
cidades vizinhas. Permaneceu ali três meses trabalhando com Tito, que se
apegara aos cristãos coríntios e vinha demonstrando ser um ministro
verdadeiramente sábio, capaz de lidar com situações difíceis.
Durante esse período, Paulo encontrou tempo para visitar todos os
crentes e conversar pessoalmente com eles, fortalecendo-os na fé e
advertindo-os contra os falsos mestres. Assim, passou-se o inverno.
A Epístola aos romanos
Paulo escreveu a carta à igreja de Roma exatamente durante esse
inverno. Ele nunca visitara os crentes romanos, mas o desejo de fazê-lo
crescia-lhe na alma. Roma era a maior cidade do mundo, e pregar a mensagem da
salvação aos seus habitantes seria de fato um privilégio. Ele também já tinha
vários amigos ali, pois a essa altura, crentes de todas as cidades que visitara
haviam se estabelecido em Roma.
Paulo já era cristão há mais de 24 anos. Durante esse tempo,
passara por muitas experiências e grandes decepções. Sua mente, porém,
abrira-se para JESUS como uma flor se abre ao sol. Amadurecera na vida cristã,
e o Evangelho de CRISTO era-lhe, mais que nunca, uma preciosa realidade.
Em sua carta, Paulo decidiu proclamar o Evangelho em sua plenitude.
Suas palavras, ditadas a Tércio, visavam convencer os romanos de que todos,
gentios ou judeus, precisavam da salvação provida por DEUS em seu Único Filho.
DEUS a oferecia como um dom; bastava ao homem recebê-la de graça. Homem algum
pode, por esforço próprio, ser reto e aceitável a DEUS.
"Não há um justo, nem um sequer" (Rm 3.10).
Nem mesmo guardando a Lei o indivíduo pode ser justo. A Lei foi
dada para provar que o mundo todo é culpado diante de DEUS. Pelas obras da Lei
ninguém pode ser justificado (Rm 3.20). A retidão de DEUS é revelada em JESUS
CRISTO, e pela Sua graça todos podem crer. Somos justificados pela fé no que
DEUS fez por nós, e não pelas boas obras que possamos fazer (Rm 3.28).
A maior carta de Paulo continuou sendo escrita dia a dia,
estabelecendo as verdades fundamentais da fé cristã. Assim, quando os falsos
mestres chegassem a Roma - o que sem dúvida aconteceria - os crentes de lá
estariam fortalecidos. Paulo preocupava-se com os romanos, embora nunca os
tivesse visto pessoalmente.
Dos altos cumes das doutrinas superiores, Paulo desceu às campinas
da vida prática e rotineira, e conversou com eles sobre o viver diário, o
pagamento de impostos e seu relacionamento com as autoridades. Terminou a carta
com saudações pessoais a vários homens e mulheres em Roma, a quem citou pelo
nome. Depois de colocado o selo, o rolo foi embrulhado numa proteção de pano e
entregue a Febe, uma mulher de Cencréia, porto de Corinto, que viajava a Roma
para negócios.
A Decisão de Paulo de Voltar para Casa
Passados três meses, Paulo resolveu embarcar para a Síria. Seus
inimigos não ousaram perturbá-lo enquanto se achava em Corinto, mas ao tomarem
conhecimento da sua ida a Cencréia, conspiraram para matá-lo. Longe da igreja
onde os amigos o defendiam, certamente conseguiriam seu intento. O plano
ardiloso, porém, falhou. Um amigo inteirado do segredo avisou imediatamente a
Paulo, que mudou o itinerário. Enquanto os inimigos vigiavam a estrada
litorânea, ele seguiu por terra para a Macedônia.
Quando Paulo chegou a Filipos, Lucas juntou-se ele. O médico
permaneceria na companhia do apóstolo até o dia da sua morte, participando de
todas as suas aventuras e registrando cada uma delas no livro de Atos.
Sete homens, escolhidos em diferentes cidades, propuseram-se a
acompanhar Paulo na sua viagem de volta a casa. Cada um levava uma oferta
especial, que lhes fora confiada pelas diversas igrejas, e destinada aos irmãos
carentes de Jerusalém. O próprio Paulo levava a oferta de Corinto. Esses sete
homens foram enviados na frente, de navio, para Trôade, enquanto Paulo e Lucas
permaneceram em Filipos para a Festa dos Pães Asmos. Essa festa era a mais
importante para Paulo e para todo cristão, pois marcava o dia em que o Salvador
ressuscitara dentre os mortos.
Cinco dias mais tarde, eles chegaram a Trôade e reuniram-se aos
sete homens que os esperavam. Esses irmãos não haviam ficado ociosos. Tinham
procurado todos os cristãos da cidade e lhes contado que o grande apóstolo
estava vindo visitá-los.
Na chegada de Paulo, os crentes reuniram-se para celebrar a Ceia do
Senhor e ouvir a doutrina cristã. O coração de Paulo pulava de alegria quando se
levantou para falar. Veio-lhe à mente a noite em que recebera, naquela cidade,
a visão da Macedônia, e como, em sua pressa de partir, ofendera os irmãos; mais
recentemente, em sua ânsia e temor pelos coríntios, tornara a partir às
pressas, apesar das súplicas da igreja para que ficasse.
O SERMÃO EM TRÔADE
Paulo fez novos planos, devendo viajar no barco que partiria no dia
seguinte. Como dizer tudo o que pretendia àquelas pessoas tão queridas, numa só
noite? Ele as exortou durante muitas horas, pregando com a alma; respondeu-lhes
as perguntas e fortaleceu-as na fé. O ambiente, no terceiro andar, estava
superlotado e aquecido pelas muitas lâmpadas acesas. Pretendendo enxergar
melhor por cima da multidão, um jovem chamado Êutico subiu numa janela e
sentou-se ali. Paulo continuava pregando. De repente, um grito aterrador
seguido de um ruído surdo interrompeu abruptamente o sermão. Êutico adormecera
e, perdendo o equilíbrio, despencara lá de cima.
A confusão reinou no aposento; ao olharem pela janela, as pessoas
viram o corpo sem vida caído na rua. Todos correram para lá. Lucas, o médico,
foi sem dúvida o primeiro a chegar. Talvez tenha olhado para a forma imóvel e
encolhido os ombros, como se dissesse: "Não adianta, está morto".
Paulo abriu caminho entre o povo. Como o profeta Elias, estendeu
seu corpo sobre o do jovem e abraçou-o, orando a DEUS para que tudo acabasse
bem. A seguir, levantando-se, disse aos espectadores abalados: "Não vos
perturbeis, que a sua alma nele está" (At 20.10).
Enquanto observavam, a cor voltou às faces pálidas de Êutico. Paulo
entregou-o aos seus entes queridos, e subiu novamente ao cenáculo, onde os fiéis,
cheios de gratidão, reuniram- se para ouvir mais.
Quando o alvor da manhã banhou a grande planície a leste de Trôade,
Paulo ainda pregava. E os crentes ouviam! Essa era a sua grande oportunidade e
eles não perderam uma só palavra. Mas, com a chegada do dia, os homens tinham
de voltar ao trabalho; e Lucas e os sete cristãos fiéis precisavam chegar cedo
ao navio.
A Viagem a Jerusalém
Paulo, entretanto, planejava seguir a pé para Assôs, distante cerca
de 32 quilômetros, e tomar ali o mesmo navio. Ele precisava desse passeio para
ficar a sós com os seus pensamentos e tomar algumas decisões. Não se sentia
muito feliz com seu retorno a Jerusalém. Seu espírito não se sentia livre a
respeito; havia premonições de problemas. Paulo nunca se sentiu bem- vindo em
Jerusalém, nem mesmo na igreja cristã. Seu trabalho era definitivamente entre
os gentios. Portanto, seu espírito achava-se turbado. Mas não era covarde, e se
tivesse de ser preso em Jerusalém, essa não seria a sua primeira prisão. O
Senhor não estivera com ele na cadeia? Decidiu então, naquela caminhada
solitária, que voltaria sem se importar com o que o aguardasse. Seus amigos nas
igrejas que deixara talvez estivessem enganados quando o aconselharam a
afastar-se de Jerusalém. Mas o aviso fora tão insistentemente repetido que não
podia deixar de preocupá-lo. Ele ficou imaginando se estava, quem sabe,
negligenciando a voz do ESPÍRITO de DEUS.
Em Assôs tomou o navio que, depois de carregado, rumou para a ilha
de Lesbos, impelido pelo vento norte.
Navegaram todo o dia seguinte entre as ilhas do mar Egeu, passando
por Quios e, mais tarde, pela grande baía onde fora construída a cidade de
Éfeso. O comandante do navio não tinha de aportar em Éfeso, mas o teria feito
se Paulo lho pedisse. Este, no entanto, estava ansioso por chegar a Jerusalém a
tempo para a Festa de Pentecostes, e insistiu com o comandante que não se
detivesse na cidade.
Pregando aos Amados Efésios
Em Mileto, a cerca de quarenta quilômetros ao sul de Éfeso, o navio
ficou mais tempo ancorado. Descarregaram ali diversas mercadorias e receberam
novas cargas para o restante da viagem. Paulo enviou uma mensagem aos seus
amigos de Éfeso, contando que estava em Mileto e queria vê-los. A sensação de
que esse seria seu último encontro com eles cresceu-lhe no íntimo. Não tinha
sido avisado de que algemas o esperavam em Jerusalém? Pois então era melhor
aproveitar cada oportunidade.
Os cristãos foram-lhe imediatamente ao encontro, especialmente os
presbíteros da igreja, pois lembravam-se dos três anos que Paulo passara com
eles, e amavam-no mais que a todos os outros. O encontro foi alegre, mas tenso;
todos sentiam que era uma despedida final. As últimas palavras são sempre
cheias de solenidade e importância, e Paulo conversou como alguém que
amadurecera na fé. Insistiu para que se mantivessem firmes e se fortalecessem,
não importando o que lhes sobreviesse no futuro.
Com grande eloquência, recapitulou seus três anos com eles,
lembrando os dias de sol e de sombras:
E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o
reino de DEUS, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos
protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos
anunciar todo o conselho de DEUS. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho
sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja
de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que,
depois de minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não
perdoarão o rebanho. E que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão
coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai,
lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar
com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à
palavra da sua graça; a Ele que é poderoso para vos edificar e dar herança
entre todos os santificados (At 20.25-32).
Sua voz interrompeu-se e sua cabeça grisalha pendeu. O silêncio era
total. Ninguém sentiu vontade de abrir a boca e parecia que a única coisa a
fazer era orar. Paulo mencionou cada presbítero pelo nome, pedindo que o
Salvador o mantivesse leal, sincero e forte no dia da tentação. Quando se
levantaram, todos tinham lágrimas nos olhos. Eles estavam vendo, pela última
vez, o grande guerreiro que os guiara bravamente na batalha. Como a mãe-pássaro
desfaz o ninho, Paulo estava agora entregando-lhes toda a responsabilidade,
deixando-os por conta própria. Com os corações entristecidos, eles o
acompanharam até o navio e observaram até que o barco desaparecesse de vista.
A Visita a Tiro
Dois dias mais tarde, depois de costear a ilha de Cós e aportar em
Rodes, os nove viajantes foram até Pátara na Lícia. Aquele era o último porto
em que o navio ancoraria. Porém tiveram sorte, e logo encontraram outra
embarcação de partida para a Síria. Com um vento favorável, encaminharam-se
para o alto mar, em direção à grande cidade de Tiro. Essa era uma cidade
gentia, e como sempre houvesse um local onde os cristãos se reunissem, Paulo e
seus amigos procuraram por ele. Durante sete dias estiveram com os irmãos de
Tiro, pregando o reino de DEUS e encorajando-os com as histórias do que DEUS
fizera em cidades distantes.
Foi ali que Paulo recebeu um aviso de certos discípulos de que o
perigo o aguardava em Jerusalém. Isso confirmou-lhe os sentimentos, mas não lhe
abalou o propósito. Muitas eram as razões que o levavam a Jerusalém. Tinha um
grande relatório para apresentar aos discípulos sobre a divulgação do
Evangelho. Além disso, levava dinheiro para os santos da cidade, o presente da
igreja de Corinto, e queria entregá-lo pessoalmente.
Quando a semana passou e o navio já estava prestes a partir, Paulo
e seus amigos suspiraram aliviados por terem chegado à última etapa da viagem.
Em Ptolemaida, deixaram o navio que prosseguiu em sua rota. Como ainda
faltassem quatorze dias para a grande festa em Jerusalém, passaram um dia com
os cristãos nesse porto.
A Profecia de Ágabo
Depois de saudarem os irmãos, eles seguiram para Cesaréia pela
estrada costeira. Paulo visitara frequentemente o lugar, por isso sentia-se em
casa. O evangelista Filipe morava ali, e Paulo estava certo de que seriam bem
recebidos.
Durante a sua estada com Filipe, o profeta Ágabo - o mesmo que
previra a grande fome nos dias do imperador Cláudio - chegou da Judéia. Ágabo
conhecia a família de Filipe. As quatro filhas do evangelista eram conhecidas
por terem o dom da profecia, e ele foi procurá-los.
Ao chegar à casa em que Paulo se hospedava, Ágabo reconheceu o
apóstolo e, conhecedor do sentimento que havia em Jerusalém contra ele,
aconselhou-o a não ir para lá. Como faziam os profetas do Antigo Testamento,
Ágabo ilustrou sua advertência: tomando o cinto de Paulo, abaixou-se e amarrou
com ele os próprios pés e mãos. Enquanto os presentes o observavam em silêncio,
ele profetizou: "Isto diz o ESPÍRITO SANTO: Assim ligarão os judeus em
Jerusalém, o varão de quem é essa cinta e o entregarão nas mãos dos
gentios" (At 21.11).
O grupo inteiro, inclusive Timóteo e Lucas, rogou a Paulo que
desistisse dos planos de ir a Jerusalém. Com lágrimas nos olhos, suplicaram;
mas suas palavras eram como ondas batendo num penhasco. Paulo estava decidido.
As palavras dos amigos o entristeceram; seus protestos eram bem-intencionados e
pretendiam poupá-lo de danos físicos, mas não era isso o que ele temia. Já
enfrentara tais coisas antes, e o Senhor o livrara. Disse-lhes então: "Que
fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque estou pronto não só a ser
ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS"
(21.13).
Em face de tal determinação, eles aquiesceram: "Faça-se a
vontade do Senhor!" (21.14).
Embora soubesse dos perigos que o aguardavam, Paulo reuniu seus
pertences e seguiu para Jerusalém. Vários cristãos de Cesaréia acompanharam-no;
entre eles, Mnasom, um dos primeiros convertidos. Mnasom tinha uma casa em
Jerusalém, e Paulo poderia hospedar-se nela, ficando a salvo do perigo.
A ÚLTIMA VISITA A JERUSALÉM
Jerusalém preparava-se para o Dia de Pentecostes; já estava cheia
de judeus provenientes de todo o império. Paulo e seus amigos abrigaram-se na
casa de Mnasom. Era uma residência senhorial, rodeada por um muro alto, e os
cristãos que gozavam da hospitalidade do seu proprietário tinham todo conforto.
Na casa de Maria, Paulo encontrou alguns dos líderes da igreja.
Tiago, o irmão de JESUS, era um deles. Ele havia envelhecido e seu cabelo
branco e encaracolado chegava-lhe aos ombros, à moda nazarena. Paulo saudou a
igreja, e contou-lhe a história da sua terceira viagem. Ele atravessara os
Portões da Cilícia para a Galácia, e depois de visitar todas as igrejas dali,
fora para Éfeso, onde permanecera três anos. Viajara depois para a Europa e
pregara aos santos de Filipos, testemunhando de CRISTO nas regiões interioranas
do Ilírico. Chegara finalmente a Corinto, e iniciara uma campanha que o levou a
muitas outras cidades da Grécia. A história de quatro anos de trabalho foi
apresentada em rápidas pinceladas.
Os crentes de Jerusalém ficaram também conhecendo a igreja rebelde
de Corinto, e como esta se arrependera e afastara-se do mal. A seguir, como se
para confirmar suas palavras, Paulo apresentou um saco pesado de dinheiro,
dizendo ser uma contribuição dos coríntios à igreja-mãe. Aquela oferta era um
socorro aos irmãos reduzidos à pobreza por causa da fé em CRISTO.
Presentes à Igreja-mãe
Quando Paulo entregou o presente, seus companheiros de viagem que
tinham vindo com o mesmo propósito também entregaram os seus. Lucas, de
Filipos; Timóteo, de Listra; Sópatro, de Beréia; Aristarco e Segundo, de
Tessalônica; Gaio, de Derbe; Tíquico e Trófimo, de Éfeso - todos eles cristãos
de cidades distantes e frutos do ministério de Paulo - trouxeram sacolas
pesadas de dinheiro e entregaram-nas aos irmãos, para que socorressem os santos
da Judéia.
O relatório de Paulo foi grandioso. Contudo, enquanto dava as
informações, pôde sentir a estreiteza mental dos crentes de Jerusalém. É claro
que todos louvaram a DEUS pelo maravilhoso crescimento do reino e por todo
gentio que se juntara a eles. No entanto, Paulo sentia que nem todos eram como
os crentes de Antioquia. Até mesmo a gloriosa história de heroísmo que contara
foi recebida com certa desconfiança.
Como líder do grupo, Tiago levantou-se para receber os presentes e
agradecer por eles. Tiago sempre fora um tanto formal, e Paulo e seus amigos
notaram isso naquele momento. Paulo percebeu também que os presbíteros de
Jerusalém haviam discutido sobre ele, e não estavam ainda convencidos de que
sua posição fora determinada por DEUS. Histórias sobre a pregação de Paulo
haviam chegado a Jerusalém, e os presbíteros estavam contrafeitos com o que
ouviram. Quando Paulo falou-lhes do trabalho entre os gentios, dizendo que
diante de DEUS não havia diferença, e que o gentio cristão fazia parte da
Igreja da mesma forma que o judeu cristão, as suspeitas deles foram
confirmadas.
O sentimento do grupo aflorou quando Tiago, o porta-voz, expôs:
Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos
são zeladores da lei. E já acerca de ti foram informados que ensinas todos os
judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não
devem circuncidar os filhos, nem andar segundo o costume da lei. Que faremos
pois? em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido
que já és vindo. Faze, pois, isto que te dizemos:
Temos quatro varões que fizeram voto. Toma estes contigo, e
santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e
todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti,
mas que também tu mesmo andas guardando a lei (At 21.20-24).
Paulo ouviu o conselho e o analisou. Como ansiasse por unir os
partidos contrários, dispôs-se a ceder nos detalhes de pouca importância.
Costumava explicar que estava preparado para ser tudo para com todos os homens,
a fim de ganhar alguns. Essa era a sua oportunidade de promover a paz. Se
aquilo era importante para o seu testemunho entre os judeus, ele podia atender
ao pedido sem qualquer dano pessoal.
O apóstolo aceitou a sugestão na esperança de conseguir que
houvesse paz entre os dois partidos. Levando os quatro homens ao Templo,
anunciou que estavam prestes a começar os sete dias de purificação, e pagou,
para cada um, dois carneiros, uma ovelha, um cesto de bolos sem fermento e uma
medida de vinho.
Rebelião no Templo
Um grupo de judeus da Ásia Menor reuniu-se no Templo para ouvir um
rabino discursando sobre a Lei. De repente, um deles puxou a roupa do amigo, e
perguntou: Aquele não é Paulo, o líder cristão? O que faz ele no Templo?
O pequeno grupo virou-se rapidamente para identificar o homem a
quem se haviam oposto tão amargamente quando pregara CRISTO na sua sinagoga.
Lembravam-se muito bem de que a pregação dele havia perturbado a sinagoga e
dividido as famílias judias. Ele falara contra a adoração nacional e os
costumes judaicos. Sim, esse era o mesmo homem que havia expulsado da cidade, e
aqui estava ele de volta ao Templo.
Alguém se lembrou de tê-lo visto antes com Trófimo, o efésio, e em
breve todos o culpavam de haver profanado o santuário, ao introduzir nele um
gentio. Correndo em direção a Paulo, gritaram:
Israelitas, acudi! Esse é o homem que por todas as partes ensina a
todos, contra o povo e contra a lei, e contra esse lugar; e demais disto,
introduziu também no templo os gregos, e profanou esse santo lugar (At 21.28).
Já agora, havia gente afluindo de todas as direções. A multidão
ajuntou-se e os boatos corriam livremente. Fora dos muros do Templo,
espalharam-se as notícias de que um traidor de Israel havia sido apanhado e
seria morto. As ruas ficaram cheias de pessoas que corriam ao Templo, querendo
presenciar os acontecimentos.
No Templo, a plebe amotinada agarrara a Paulo e, batendo nele com
varas e socos, arrastara-o para a rua, onde preparava-se para matá-lo.
O socorro, porém, estava próximo. As tropas romanas que vigiavam a
cidade durante as festas religiosas logo notaram a comoção diante do Templo. O
comandante Lísias não perdeu tempo. Com uma companhia de soldados, apressou-se
para o lugar onde o povo espancava a Paulo. Com a chegada dos soldados romanos,
a multidão afastou-se.
A Defesa de Paulo
Ao ver que Paulo era o centro de toda a confusão, o comandante
romano supôs que fosse um criminoso e ordenou que o acorrentassem. A seguir,
perguntou à multidão-. "Quem é esse homem e que mal ele fez?"
Um rugido brotou da garganta de milhares de judeus, e na confusão
Lísia nada conseguia entender. Ele detestava aqueles judeus rebeldes e suas
escaramuças religiosas. Pareciam ser o único povo conquistado do império que
precisava ficar sob constante observação, pois em cada festa religiosa
colocavam em risco a paz romana. Agora, em meio à confusão daquela cena, cada
um gritava uma coisa.
Não conseguindo entender aqueles gritos selvagens, Lísias fez um
gesto impaciente, dando um sinal aos seus homens. Imediatamente eles cercaram a
Paulo e recolheram-no à fortaleza. O povo mostrou-se desafiador; os gritos e
caçoadas aumentaram. Os amotinados aproximaram-se tanto do prisioneiro que os
soldados tiveram de levantá-lo e literalmente carregá-lo. Pelas vozes e atitude
do povo, Lísias julgou ter capturado o agitador egípcio que, dias antes, havia
reunido uma multidão no Monte das Oliveiras e ameaçado derrubar os muros de
Jerusalém.
Ao chegarem aos degraus, tendo deixado a multidão enfurecida lá
embaixo, Paulo voltou-se respeitosamente ao seu captor e indagou em grego:
"É-me permitido dizer-te alguma coisa?" (At 21.37).
Lísias ficou espantado ao ver o cativo "egípcio"
dirigir-se a ele no idioma grego.
Paulo explicou: "Na verdade que sou um homem judeu, cidadão de
Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia; rogo-te, porém, que me permitas
falar ao povo" (At 21.39).
Lísias ficou impressionado ao ver a calma de Paulo diante do perigo
e, com evidente admiração, permitiu que falasse. Enquanto os soldados guardavam
os degraus, Paulo levantou a mão à multidão zangada, como sinal de que queria
dirigir-lhe a palavra. Sua coragem fez com que se dispusessem a ouvi-lo. Na sua
própria língua, Paulo começou o discurso.
Abaixo dele havia um mar de rostos fechados. Aqui, um fariseu com
seu manto branco; ali, um rabino em trajes talares; e por toda parte, olhos
ardendo de ódio.
Suas palavras foram diferentes das usuais, pois aquela gente não
estava disposta a ouvir sermões.
Varões, irmãos e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós (At
22.1).
O povo vibrou. Aquela era a sua amada língua hebraica.
Quanto a mim, sou varão judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas
criado nesta cidade aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de
nossos pais, zeloso de DEUS, como todos vós hoje sois (At 22.3).
Paulo aprendera que, como orador, devia prender a atenção da
plateia dizendo-lhe as coisas que esta gostava de ouvir.
Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em prisões,
tanto homens como mulheres. Como também o sumo sacerdote me é testemunha, e
todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a
Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a
fim de que fossem castigados (At 22.4,5).
A seguir, contou-lhes a respeito da luz que brilhara sobre ele ao
entrar na cidade de Damasco, e da voz e aparição do Senhor. Falou igualmente de
Ananias, da recuperação da sua vista e da comissão divina para ir e pregar
CRISTO ao mundo. Devido à sua súbita transformação de perseguidor em discípulo,
os judeus de Jerusalém haviam se recusado a ouvi-lo. Certo dia, enquanto estava
no Templo, caíra em transe. Ouvira a voz do Senhor, ordenando que deixasse
Jerusalém e fosse pregar aos gentios.
A multidão ouviu em silêncio até esse ponto, mas quando o nome gentio
- termo tão odiado - foi dito, sentiu-se ferida em seu orgulho religioso.
Cheios de raiva, recomeçaram a gritar. O ruído transformou-se subitamente num
clamor enfurecido: "Tira da terra um tal homem, porque não convém que
viva" (At 22.22).
Despindo-se, lançaram pó ao ar. Era a expressão evidente do seu
desagrado, pedindo a morte de Paulo.
Lísias não pôde entender a defesa de Paulo, porque não conhecia o
idioma hebraico. Ao ver que o povo redobrava a fúria, mandou que o apóstolo
fosse recolhido à segurança da fortaleza. Depois ordenou aos soldados que o
açoitassem e obtivessem a verdade mediante tortura. Quando estavam atando Paulo
com as correias, este perguntou ao oficial encarregado: "É-vos lícito
açoitar um romano, sem ser condenado?" (At 22.25).
Surpreso com a pergunta, o oficial ordenou aos soldados que
interrompessem o castigo, e foi procurar Lísias. Repetindo as palavras de Paulo
ao comandante, aconselhou-o: "Vê o que vais fazer, porque esse homem é
romano" (At 22.26).
Lísias foi com o homem até ó poste, aonde Paulo estava acorrentado
e com as costas nuas. "Dize-me, és tu romano?" (At 22.27).
Quando Paulo afirmou que sim, Lísias mandou que o desamarrassem.
Ele quase cometera um grande erro.
Voltou-se então a Paulo e disse: "Eu, com grande soma de
dinheiro alcancei o direito de cidadão".
Ao que Paulo replicou: "Mas eu sou-o de nascimento" (At
22.28).
Os soldados receberam ordens para devolver as roupas de Paulo e
ajudá-lo a vestir-se. O apóstolo foi então levado a uma cela de pedra, da qual
esperava ser libertado no dia seguinte. Mas, ele passara pela porta de uma
prisão romana, e em certo sentido, jamais seria verdadeiramente livre outra
vez.
Paulo Diante do Sinédrio
Em vez de solto, Paulo foi levado por uma tropa de soldados ao
grande salão do Templo. Suas correntes haviam sido removidas e ele encontrou-se
face a face com o Sinédrio. O grupo imponente fora convocado por Lísias; ele
queria ouvir as acusações dos judeus para chegar a uma decisão sobre o
prisioneiro. Ao entrar no pátio exterior do Templo, Paulo sentou- se entre os
guardas, no mesmo salão onde ele próprio estivera tantas vezes como acusador,
opinando contra os discípulos de JESUS.
Examinando os homens do conselho, Paulo sabia que alguns deles
haviam estado presentes, um quarto de século antes, num falso julgamento,
quando JESUS encontrava-se naquele mesmo lugar.
Da última vez em que Paulo estivera naquele grupo do conselho, seu
coração ardia de ódio. Ele costumava assistir a todas as reuniões do Sinédrio e
votar contra os cristãos. Mas agora, era diferente. Seu coração estava cheio da
paz de DEUS, e seu desejo era falar de um modo que testemunhasse eficazmente de
seu Salvador.
Lísias deu-lhe permissão. Com a habilidade de um grande orador,
Paulo começou seu discurso.
Varões irmãos, até ao dia de hoje tenho andado diante de DEUS com
toda a boa consciência (At 23.1).
Os membros do Sinédrio tinham certeza de que isso era mentira.
Consideravam-no um traidor da sua causa e aquela declaração os espantou.
Ananias, o sumo sacerdote, exaltou-se: "Guardas, batam-lhe na boca!"
Paulo ficou irado com essa ordem maldosa e, voltando os olhos
míopes ao sumo sacerdote, replicou:
"DEUS te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado
para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir?" (At 23.3).
Muitas vozes elevaram-se e alguém gritou: "Injurias o sumo
sacerdote de DEUS?" (At 23.4).
Houve, imediatamente, uma acusação formal contra Paulo. Este
compreendeu que cometera um erro e desculpou-se na mesma hora: "Não sabia,
irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do
príncipe do teu povo" (At 23.5).
Paulo continuou seu discurso e, sabendo que o conselho era formado
por fariseus e saduceus, gritou: "Varões irmãos, eu sou fariseu, filho de
fariseu! No tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!"
(At 23.6).
Tinha certeza de que essas palavras dividiriam o Sinédrio. Desde
que os fariseus criam na ressurreição dos mortos, e os saduceus a negavam,
surgiu uma grande controvérsia no conselho. De pé, com o dedo em riste, homens
de ambos os partidos trocavam palavras contundentes. Por fim, os fariseus
lembraram-se da recomendação de Gamaliel, de que se um espírito ou anjo falara
realmente a Paulo, eles não estavam em posição de lutar contra DEUS.
Portanto, esquecendo suas reclamações contra o apóstolo, admitiram:
"Nenhum mal achamos nesse homem" (At 23.9).
Os saduceus, porém, não aceitaram essa decisão e o tumulto
aumentou. Desgostoso, Lísias observava-os. Que cena típica das contendas
religiosas judias! Gritos e maldições eram atirados de um partido contra o
outro, enquanto cada um reivindicava o direito de decisão a respeito de Paulo.
Alguns tentaram pôr as mãos sobre o apóstolo e arrastá-lo à morte, mas os
soldados armados, a uma ordem do comandante, rodearam Paulo e livraram-no de
ser feito em pedaços. Lísias ordenou rapidamente que os guardas reconduzissem o
apóstolo à fortaleza.
A Visão Noturna de Paulo
Naquela noite, deitado na cama de palha, Paulo tentava dormir, mas
estava apreensivo e inquieto. Na sua agonia, viu o Senhor de pé ao seu lado,
encorajando-o: "Tem ânimo; porque, como de mim testificaste em Jerusalém,
assim importa que testifiques também em Roma" (At 23.11).
O espírito de Paulo reanimou-se; ele sentiu-se confortado. Não
sabia como esta promessa se cumpriria, mas bastava que DEUS o soubesse. Paulo
ficou feliz. O anseio do seu coração seria respondido. DEUS não terminara ainda
seu propósito com ele.
Antes que findasse o dia seguinte, um jovem entrou na fortaleza
pedindo para ver o prisioneiro. Afirmou ser um parente, e deixaram-no entrar.
Ao vê-lo, Paulo reconheceu o filho de sua irmã. Na juventude de Paulo, em
Tarso, sua irmã casara-se com um habitante de Jerusalém e fora viver nessa
cidade, criando uma família leal à sinagoga.
O Aviso
- Tio Paulo - segredou o rapaz -, vim avisar o senhor de que há uma
conspiração entre os judeus para matá-lo. Mais de quarenta deles fizeram um
juramento de que não vão comer nem beber até que o liquidem. Amanhã, os
principais sacerdotes vão pedir a Lísias que o leve novamente diante do
Sinédrio, alegando que querem lhe fazer certas perguntas. Mas o grupo de
quarenta ficará à espreita e, no momento em que os guardas o entregarem às
autoridades do Templo, eles o atacarão e o matarão.
Paulo estava acorrentado ao guarda, mas pediu ao centurião que
levasse seu sobrinho até Lísias e o avisasse da conspiração. O comandante ouviu
cada palavra e fez o jovem prometer que manteria sigilo sobre o assunto.
Lísias compreendeu, porém, que a única maneira de manter a paz era
fazendo Paulo sair de Jerusalém. Um plano formava-se em sua mente. Ele enviaria
o prisioneiro a Félix, o governador de Cesaréia. Esta cidade era a capital
romana da Judéia, e o perigo de rebelião seria menor numa cidade distante, com
uma guarnição romana maior. Depois de fazer planos para escapulir com Paulo
naquela mesma noite, ele sorriu ao pensar no desgosto dos judeus, quando
descobrissem que o preso se fora. Riu também quando lembrou que os quarenta
teriam de quebrar a promessa de jejum ou morrer de fome.
Naquela noite, uma escolta de duzentos soldados, sob o comando de
dois centuriões, juntamente com setenta cavaleiros e duzentos lanceiros,
dirigiu-se para Cesaréia com o prisioneiro. O grupo era grande porque Lísias
temia um levante dos judeus. Além disso, a guarnição de Jerusalém fora
aumentada durante a Festa do Pentecostes, mas agora que essa terminara e os
peregrinos já haviam retomado às suas casas, muitos dos soldados iam ser
deslocados aos seus postos anteriores.
Em Antipatris, os soldados de infantaria deixaram Paulo aos
cuidados dos cavalarianos, certos de que não havia mais perigo por parte dos
judeus.
Lísias enviara uma carta a Félix, descrevendo o caso de Paulo e
concluindo: "Nada encontrei contra o prisioneiro que mereça morte ou
prisão, mas estou dizendo aos acusadores que façam suas acusações diante do seu
tribunal".
A carta dava a impressão de que Lísias salvara a Paulo dos judeus
por ser ele romano.
Quando Félix a leu, notou que Paulo era cidadão romano e indagou
qual a sua província. Quando soube que era da Cilícia, ordenou que fosse
mantido em segurança e que o julgamento ocorresse depois que seus acusadores
chegassem a Jerusalém.
Paulo, no entanto, caíra nas mãos de um homem fraco, que tinha por
hábito adiar as coisas, e que para proteger sua autoridade, era inescrupuloso e
injusto. Nos dois anos seguintes, a vida de Paulo passou-se dentro dos muros da
prisão de Cesaréia. A situação era desanimadora; em todo caso, ele tinha a
promessa de DEUS de que pregaria o Evangelho em Roma.
Antônio Félix fora nomeado para o governo pelo imperador Cláudio,
em 52 A.D. Ele casara-se com uma judia, Drusila, filha de Agripa, depois de
fazê-la abandonar o marido. O pecado tornou-o infeliz, apesar da sua elevada
posição. Antes, fora escravo; depois de solto, recebeu um alto cargo, para o
qual não estava capacitado. Seu governo destacava-se por atos de vingança e
crueldade, e pela corrupção evidente, aceitando e pagando subornos. Os súditos
o odiavam, e seu único remédio para as desordens na Judéia era a força bruta.
O Julgamento perante Félix
Cinco dias após a chegada de Paulo a Cesaréia, o sumo sacerdote
Ananias e os anciãos de Jerusalém compareceram para acusá-lo. Como não
conhecessem a lei romana, levaram em sua companhia um advogado astuto de nome
Tértulo. Dessa vez, não iriam perder! De pé, diante do tribunal de Félix, o
orador começou seu discurso elogiando o governador e criticando o comandante
Lísias:
Visto como, por ti, temos tanta paz, e, por tua prudência, se fazem
a este povo muitos e louváveis serviços, sempre e em todo lugar, ó potentíssimo
Félix, com todo o agradecimento o queremos reconhecer. Mas, para que te não
detenha muito, rogo-te que, conforme a tua equidade, nos ouças por pouco tempo
(At 24.2-4).
A seguir, apontando o dedo comprido ao apóstolo sentado à frente da
tribuna, sob a guarda de um soldado, continuou:
Temos achado que esse homem é uma peste e promotor de sedições
entre todos os judeus, por todo o mundo, e o principal defensor da seita dos
nazarenos. O qual intentou também profanar o templo; e por isso o
prendemos...examinando-o, poderás entender tudo o de que o acusamos (At 2.5-8).
Virando-se aos seus empregadores com um voltear eloquente da mão,
Tértulo perguntou-lhes se os fatos não eram exatamente aqueles. Enquanto Félix
observava-lhes a fisionomia, todos concordaram com a cabeça.
As acusações eram graves, especialmente a de incitar motins entre
os judeus. Se havia algo que os romanos vigiavam, era o traidor que perturbava
a paz de Roma. Enquanto ouvia o discurso, Paulo notou os pontos fracos que ele
continha e, quando teve permissão para defender- se, rapidamente os apontou.
A Defesa de Paulo
No momento em que Paulo pôs-se de pé diante do tribunal, Félix
inclinou-se para escutá-lo atentamente. Ele ouvira falar dos nazarenos e do seu
zelo, e desde que sua esposa era judia, tinha algum interesse em saber mais a
respeito desse JESUS, que, segundo diziam, levantara-se dentre os mortos.
Tértulo era um bom orador, mas Paulo ouvira os homens de Atenas e
DEUS lhe dera um dom de oratória, que superava o de qualquer de seus
contemporâneos. Quando chegou a sua vez de falar ao nobre Félix, começou:
Porque sei que já vai para muitos anos que desta nação és juiz, com
tanto melhor ânimo respondo por mim (At 24.10).
Iniciando a sua defesa sem mais delongas, negou cada uma das
acusações feitas, descrevendo com grande simplicidade os eventos que levaram à
sua prisão.
Pois bem podes saber que não há mais de doze dias que subi a
Jerusalém a adorar. E não me acharam no templo falando com alguém, nem
amotinando o povo nas sinagogas, nem na cidade. Nem tão pouco podem provar as
coisas de que agora me acusam. Mas confesso-te que, conforme aquele Caminho que
chamam seita, assim sirvo ao DEUS de nossos pais, crendo tudo quanto está
escrito na lei e nos profetas. Tendo esperança em DEUS, como estes mesmos
também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, tanto dos justos
como dos injustos. E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa,
tanto para com DEUS como para com os homens.
Ora, muitos anos depois, vim trazer à minha nação esmolas e
ofertas. Nisto me acharam já santificado no templo, não em ajuntamentos, nem
com alvoroços, uns certos judeus da Ásia, os quais convinha que estivessem
presentes perante ti, e me acusassem, se alguma coisa contra mim tivesse. Ou
digam estes mesmos, se acharam em mim alguma iniquidade, quando compareci
perante o conselho (At 24.11-20).
Paulo olhou para todos eles e houve silêncio. Félix sentiu no
coração que ele era inocente. Aquele não fora o seu primeiro encontro com a
inveja e maldade judaicas. Mas, se uma voz lhe dizia para desconsiderar o caso,
outra tentava-o a esperar, até descobrir que lado deveria apoiar em vantagem
própria.
Paulo Mantido na Prisão
A menção de dinheiro para os irmãos de Jerusalém o fez pensar em
uma boa soma que poderia ser-lhe paga pela liberdade do apóstolo. De qualquer
modo, valia a pena tentar! Se a igreja quisesse a libertação do seu líder, sem
dúvida levantaria fundos para obtê-la. Decidiu adiar sua decisão. Não seria má
ideia manter Paulo por perto durante algum tempo; havia muitas coisas sobre os
nazarenos que o interessavam e queria ter uma conversa particular com o
prisioneiro.
Com um aceno impaciente, Félix encerrou a sessão do tribunal,
prometendo ouvi-los de novo quando Lísias chegasse de Jerusalém. Paulo foi
mantido em custódia militar, acorrentado a um guarda, mas livre para receber
seus amigos e conhecidos. Os meses passaram-se e Lísias nunca chegou. Ananias e
os anciãos, decepcionados com a fraqueza do governador, voltaram irados a
Jerusalém.
Durante os dias que se seguiram, Paulo teve muitos encontros
privados com Félix. Certa ocasião, Félix levou a esposa, Drusila. Ela era uma
princesa belíssima e com menos de vinte anos. Félix falara-lhe de Paulo e,
sendo judia, quis ver esse conterrâneo que se convertera ao Cristianismo.
Drusila compreendeu a diferença entre Paulo e os judeus que o acusavam, e
tentou explicá-la ao marido. Seria interessante ver o homem e ouvir-lhe as
palavras. Félix deu ordens para que Paulo fosse levado ao palácio.
Cercado por guardas, Paulo entrou no grande salão, onde Félix e sua
jovem esposa reclinavam-se em sofás de seda. Ela era bela e ambiciosa, e com um
sorriso curioso, voltou a atenção ao conterrâneo envelhecido, de quem tanto
ouvira falar. Drusila tinha antecedentes religiosos, mas, uma vez entregue à
vida de iniquidade para conseguir poder e posição, não se preocupava tanto com
a entrevista, estando apenas um pouco curiosa.
Félix provavelmente não tinha religião. Como a maioria dos de sua
classe, tinha um medo supersticioso do desconhecido e, ao ouvir Paulo, ficou
fascinado por sua convicção e autoridade. Temeu que Paulo estivesse certo no
que dizia. Era possível que houvesse realmente um DEUS vivo, que guardava o
futuro em suas mãos, e talvez esse DEUS castigasse os perversos. Caso fosse
verdade, qual seria a sua posição?
O grande apóstolo não poupou palavras. Falou com destemor sobre
viver em pureza e retidão e sobre o domínio das paixões.
A vida de Félix tinha sido indisciplinada e absolutamente egoísta.
Ele satisfizera todos os seus sentimentos de ódio, vingança e desejo. Mas
agora, as palavras de Paulo assustavam-no, e ele tremeu ao pensar no futuro.
Drusila arqueou as lindas sobrancelhas e deu um sorriso vago, ao qual Félix não
conseguia resistir. Compreendeu também que, se permitisse que suas emoções o
dominassem a ponto de ceder à atração de Paulo, teria de desistir dessa mulher
bela e pecadora que era a luz de sua vida lasciva.
Uma sensação de medo o tomou, e disfarçando tudo, como se estivesse
muito ocupado com questões oficiais, fez sinal com a mão de que a entrevista
terminara. "Por agora vai-te, e tendo oportunidade, te chamarei" (At
24.25).
Quando se retirava do aposento, Paulo ouviu o riso alegre da jovem
princesa enquanto ela e o marido ocupavam-se rapidamente de outras coisas.
Félix mandou chamar Paulo repetidas vezes depois disso, pois
gostava de conversar com ele sobre a eternidade e, além do mais, ainda
entretinha a esperança de que os cristãos lhe oferecessem uma soma de dinheiro
pela liberdade do líder. Mas, o dinheiro não chegou. A cada dia Félix rejeitava
o Evangelho; a cada dia seu coração endurecia-se mais. Paulo voltou à sua vida
na prisão, mantendo conversações diárias com os crentes que o visitavam.
Ávida em Cesaréia continuou rotineira. Paulo passou dois longos
anos acorrentado a um guarda romano, com o seu ministério suspenso e seu caso
sem solução. Seus inimigos, no entanto, não dormiam, e pediram a Félix que o
mantivesse preso. Para fazer um favor aos judeus, o governador deixou que ele
permanecesse encarcerado. Quando os amigos de Paulo fizeram petições, ele
prometeu apressar as coisas e continuar o julgamento depois da chegada das
testemunhas. Tanto os amigos como os inimigos de Paulo suplicaram ao governador
que tomasse uma decisão. Mas ele não atendeu; não mandou matá-lo nem o libertar.
Félix foi subitamente chamado de volta à Roma. Durante seu termo de
serviço, houvera muitos levantes dos zelotes, que ele havia subjugado pela
força, mas que em breve voltavam à carga noutra região. Relatórios sobre esses
fatos chegaram aos ouvidos de César, que não tolerava a desordem em seu
império. Félix foi então removido, e outro governador, Festo, enviado com
instruções para manter a paz romana.
Paulo Diante de Festo
Nem bem Festo chegara ao palácio de Herodes e tomara as rédeas da
autoridade, os judeus viram outra chance de conseguir a morte de Paulo. Quando
Festo fez sua primeira visita oficial a Jerusalém, o sumo sacerdote e alguns
dos seus homens esperavam por ele, e suplicaram que Paulo fosse levado a
julgamento nessa cidade. O plano deles era assassiná-lo em algum ponto da
estrada. Mas, excederam-se em sua ansiedade, e Festo adivinhou que algo se
escondia por trás de tanto interesse.
- Não é costume dos romanos - asseverou ele -, castigar alguém
antes de uma acareação com os acusadores, e de dar oportunidade ao acusado para
defender-se. Ele está sendo mantido em Cesaréia, e quando eu voltar, em breve,
que os poderosos entre vocês me acompanhem e acusem o homem, se é que ele
cometeu algo errado.
Esse governador não era como Félix. Ele cumpriu sua palavra e, no
dia seguinte ao seu retorno a Cesaréia, Paulo foi levado diante da corte para
enfrentar os mesmos acusadores que pediram seu sangue nos dias de Félix. Festo
não entendia das leis judaicas e surpreendeu-se com o zelo daqueles homens de
Jerusalém, que tanto se esforçavam para conseguir uma sentença de morte. Ouviu
pacientemente as acusações e argumentos. Parecia ser uma disputa sobre
religião, que ele jamais poderia resolver.
Estava ansioso para começar bem o seu governo e ganhar o favor de
seus governados. Tendo ouvido muitas testemunhas da parte deles, voltou-se a
Paulo e perguntou: "Queres tu subir a Jerusalém e ser julgado acerca
destas coisas em minha corte?"
O Apelo a César
Paulo lembrou-se do ódio do Sinédrio, e compreendeu que em
Jerusalém estaria no meio dos inimigos. Tomou rapidamente uma decisão e apelou:
Estou perante o tribunal de César, onde convém que seja julgado;
não fiz agravo algum aos judeus, como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo,
ou cometi alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas, se nada há das
coisas de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles. Apelo para
César (At 25 10 11).
Festo ficou atônito. Jamais ouvira um apelo desses antes, mas sabia
que, pela lei romana, não podia ser negado, pois Paulo era um cidadão livre, e
esse era o seu mais nobre direito como romano. Depois de conversar às pressas
com o conselho, levantou-se e fez o seu pronunciamento em tom grave:
"Apelaste para César? Para César irás" (At 25.12).
O dado estava lançado. A causa do Cristianismo deveria comparecer
diante da mais alta corte do mundo. Festo tinha de preparar um relatório para o
imperador, mas teve dificuldade em escrevê-lo. Nada tinha de definido a
declarar contra o homem; o relatório, porém, era imprescindível.
Enquanto Festo refletia, recebeu hóspedes das províncias e cidades
vizinhas, que foram cumprimentá-lo pelo seu novo cargo e dar-lhe as boas-vindas
na Judéia. Entre eles encontrava-se o rei Herodes Agripa II, da Galileia e da
região próxima ao Jordão. Ele era irmão da jovem e bela Drusila e tataraneto de
Herodes o Grande.
Todos os Herodes gostavam de espetáculos, e Festo fez o máximo para
alimentar a vaidade do hóspede e cotejar-lhe o favor. No curso da conversa, ele
contou ao rei sobre o seu estranho prisioneiro, pedindo conselho sobre como
preparar a carta de apelo ao imperador.
Paulo Diante de Agripa
O rei pediu para ouvir pessoalmente o apóstolo, prometendo que
depois de escutá-lo ajudaria Festo a preparar seu relatório para César. O
cunhado de Agripa tivera muito contato com Paulo, e essa seria uma boa
oportunidade para ouvir o famoso orador, enquanto falava sobre um assunto que
perturbava Israel.
O pedido foi aceito. No dia seguinte, Agripa compareceu em real
esplendor, acompanhado de Berenice, adornada com todas as suas joias. Para
agradar ao rei, Festo convidara os oficiais do seu regimento e os principais da
cidade. Era um falso julgamento, pois nada ia ser resolvido, mas Agripa o
solicitara.
Com todo aparato, o grupo entrou no pretório, sentando-se nas
cadeiras douradas que Festo mandara colocar para os visitantes. Junto às
paredes, os lictores postavam-se atentos, e o prisioneiro foi colocado no
centro, com uma corrente prendendo-lhe os pés.
Festo apresentou o caso segundo seus conhecimentos. A seguir,
Agripa pediu a Paulo que se defendesse, e recostou-se na cadeira para ouvi-lo.
Com um movimento eloquente da mão, Paulo dominou a cena e começou sua defesa:
Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja,
hoje, de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus. Mormente
sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre
os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência (At 26.2,3).
Agripa foi devidamente homenageado e sua atitude era amigável.
Paulo fizera um bom começo, e continuou. Seu testemunho, encontrado em Atos 26,
foi essencialmente o seguinte:
A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o
princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos os judeus a sabem.
Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a
mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu. E agora, pela esperança da
promessa que por DEUS foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. A qual
as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a DEUS continuamente, noite e
dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus. Pois quê?
julga-se coisa incrível entre vós que DEUS ressuscite os mortos?
Bem tinha eu imaginado que contra o nome de JESUS, o nazareno,
devia eu praticar muitos atos. O que também fiz... E, enfurecido demasiadamente
contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
Sobre o que, indo, então a Damasco, com poder e comissão dos
principais dos sacerdotes, ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu,
que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam
comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua
hebraica, dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é
recalcitrar contra os aguilhões.
E disse eu: Quem és, Senhor?
E ele respondeu: Eu sou JESUS, a quem tu persegues. Mas levanta-te
e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e
testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te
aparecerei ainda. Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio.
Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de
Satanás a DEUS; a fim de que recebam a remissão dos pecados, e sorte entre os
santificados pela fé em mim.
Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.
Antes, anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por
toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a
DEUS, fazendo obras dignas de arrependimento. Por causa disto os judeus
lançaram mão de mim no templo e procuraram matar-me. Mas, alcançando socorro de
DEUS, ainda até ao dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos
como a grandes, não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés
disseram que devia acontecer. Isto é, que o CRISTO devia padecer, e, sendo o
primeiro da ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos
gentios (At 27.4-23).
Festo estivera ouvindo atentamente, com crescente espanto. Ele
conhecia JESUS pelos registros romanos. Sabia que Ele fora crucificado sob o
governo de Pôncio Pilatos; agora isso era história. Mas, esse prisioneiro
falava calmamente da sua ressurreição e de tê-lo visto, e falado com Ele desde
esse acontecimento. Que tolice! O homem devia estar louco.
Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar - exclamou
Festo.
Paulo respondeu:
Não deliro, ó potentíssimo Festo; antes digo palavras de verdade e
de um são juízo. Porque o rei, diante de quem falo com ousadia, sabe estas
coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em
qualquer canto. Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? (At 26.25-27).
Ele inclinou-se para ouvir a resposta. Agripa hesitou e não disse
nada. Ele não apreciara a pergunta, pois qualquer fosse a sua resposta, seria
apanhado. Paulo viu sua hesitação e acrescentou rapidamente:
Bem sei que crês.
-O rei ficou comovido, mas também muito embaraçado diante do seu
séquito.
Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!
Rápido como um esgrimista que avança para matar, Paulo respondeu
prontamente: "Prouvera a DEUS que, ou por pouco ou por muito, não somente
tu, mas também todos quantos hoje me estão ouvindo se tornassem tais qual eu
sou" e acrescentou então três palavras curtas que revelavam tudo o que o
Cristianismo fizera por ele, "exceto estas cadeias" (26.29).
Alguns anos antes, Paulo deleitara-se em prender homens e mulheres
e lançá-los na prisão, mas agora não colocaria uma algema em ninguém.
Agripa não quis ouvir mais nada, e levantou-se. Berenice e Festo
acompanharam-no para um lado do aposento. Ficaram conversando alguns minutos e
concordaram que Paulo nada fizera digno de morte ou prisão. "Bem podia
soltar-se este homem, se não houvera apelado para César" (At 26.32).
Festo sentou-se para fazer seu relatório e Paulo foi levado de
volta à cela, a fim de esperar o dia da viagem para Roma.
A VIAGEM PARA ROMA
O outono estava no fim quando Festo reuniu um grupo de prisioneiros
e enviou-os a Roma. Em sua maioria, eram presos políticos que, por terem
desafiado alguma lei romana, eram chamados de criminosos. Estavam sendo
enviados à corte suprema, e se condenados, teriam de lutar com as feras no
Coliseu e morrer diante da multidão insensível, num feriado.
A maior parte dos navios com destino a Roma haviam sido carregados
mais cedo e seguido para o mar ocidental. Todo marinheiro sabia que os ventos
equinociais tornavam perigosas as longas viagens e, em breve, os barcos seriam
forçados a lançar âncora durante o inverno. Festo não conseguiu encontrar um
navio para Roma, mas querendo livrar-se dos prisioneiros, colocou-os numa
pequena embarcação que fazia viagens comerciais pela costa, do Egito até
Adramítio, um porto da Mísia, perto da cidade de Trôade.
Os prisioneiros, a cargo de um centurião de nome Júlio e de uma
escolta de soldados, iriam até onde fosse possível com o navio, na expectativa
de encontrarem, em algum porto da Ásia, outro barco com destino a Roma. Festo
deu instruções completas a Júlio, encarregando-o de guardar os homens como sua
própria vida e entregá-los a Roma.
O centurião sabia que Paulo não era perigoso, pois Festo lhe
contara que o levavam para Roma a seu próprio pedido. Tratava-se de uma questão
religiosa sobre a qual estava sendo julgado. Júlio o tratou com grande respeito
e bondade, chegando até a conceder-lhe privilégios em certos portos em que
desembarcaram.
Lucas acompanhou Paulo como assistente e companheiro. Aristarco, um
crente de Tessalônica, que levara uma oferta à igreja de Jerusalém, estava
também entre os passageiros.
Quando o vento forte soprou do Ocidente, as cordas foram retiradas
e os longos remos levaram a embarcação para além do quebra-mar, em direção ao
mar alto. Os marinheiros desfraldaram a vela branca; o capitão estabeleceu o
curso, e navegaram por entre as ondas na direção norte, para o porto de Sidom.
O Porto de Mirra
Em Sidom, o navio recebeu carregamento para as cidades da Ásia, e
Paulo teve permissão para descer, porém acorrentado a um guarda. Ele passou o
tempo visitando os irmãos e confirmando-os na fé. Era a sua última palavra para
eles e quis adverti-los quanto aos perigos que a Igreja enfrentava. Alertou-os
quanto aos inimigos de CRISTO, sempre a postos. Depois de carregado o navio, os
amigos de Paulo acompanharam-no de volta à nave, acenando enquanto as velas
eram desfraldadas e a proa virava para o oeste, em direção à bela ilha de
Chipre.
Os ventos frios do inverno já começavam a soprar e o mar
mostrava-se agitado. O navio teve de mudar o curso; por segurança, ficou
próximo à costa, ao abrigo do continente. Navegando em águas tempestuosas,
passaram pela amada Tarso, a oeste da Panfília, avançando quando os ventos eram
favoráveis e ancorando quando mostravam-se contrários. Finalmente chegaram ao
porto de Mirra, na costa da Lícia.
Júlio ordenou que seus homens deixassem a embarcação, e enquanto
esta preparava-se para retornar ao seu porto de origem, ao norte, ele procurou
entre os navios ancorados algum que os levasse a Roma. Finalmente, encontrou um
que trabalhava para os cerealistas egípcios, carregado de grãos, pronto a
partir para a Itália, onde permaneceria durante o inverno.
Já havia muitos passageiros, mas o capitão abriu espaço para o
grupo, esperando ser bem pago porque Júlio estava em missão imperial. Ao todo,
havia 276 homens a bordo quando o navio se fez ao mar. O peso extra era-lhe
favorável e o capitão levou-o para onde havia vento e águas encapelados,
esperando dar tempo de chegar ao seu destino.
Era outubro, e o céu tinha a cor de chumbo. Depois de o navio haver
deixado Mirra, um vento forte tirou-os da rota. Costearam a ilha de Rodes, e
durante muitos dias fizeram pouco progresso, a sota-vento das ilhas do Egeu,
sendo levados pela correnteza para o norte até Cnido, e para o sul, até Creta.
Dentro de um mês, não haveria mais navios no mar; as tempestades de inverno
dominariam solitárias. Era prudente apressar-se.
Bons Portos
Com dificuldade e rangendo, o navio abriu caminho contra o vento,
aproximando-se do Cabo Salmone e costeando a ilha de Creta. Chegaram a Bons
Portos e ancoraram na baía. Bons Portos não passavam de um porto pequeno,
inteiramente inadequado para se passar o inverno. Depois de uma mudança do
vento, fizeram uma tentativa para chegar a Fênix, a sudoeste da ilha.
Qualquer um que conhecesse o mar teria noção do perigo. Parecia que
chegar a Roma estava agora fora de questão. Tudo o que restava era procurar um
porto abrigado e passar ali o inverno. O conselho de Paulo foi que
permanecessem em Bons Portos. Com sua experiência do mar, onde já naufragara
três vezes, aprendera a ser cauteloso. Dirigindo-se ao piloto e ao mestre,
aconselhou: "Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda e com muito
dano, não só para o navio e carga, mas também para a nossa vida" (At 27.10).
O piloto do navio pensava outra coisa; e os homens, desejando
invernar numa cidade maior, concordaram em seguir para Fênix, distante cerca de
quarenta milhas a oeste. Uma mudança súbita do vento decidiu a questão. A
tempestade do Norte abrandou e vieram ventos suaves do Sul, remanescentes de
Alexandria e de um clima mais quente. Era tudo que desejavam. Nas águas calmas,
os homens levantaram âncora e desfraldaram as velas, pretendendo costear Creta
até alcançar Fênix.
A Tempestade
Os planos dos navegantes, porém, foram rapidamente destroçados.
Quando ainda se achavam há poucas milhas de Bons Portos, o vento mudou
subitamente de direção, do Sul para o Nordeste, e soprou com tamanha violência
das montanhas cretenses que transformou-se em tempestade. O mastro rangeu
quando o navio se inclinou ao primeiro ataque da tormenta. Não houve sequer
tempo para puxar o batei preso por uma corda na popa. Grandes ondas ergueram-
se por trás do barco, como se por um golpe de mágica, e nada restou aos
marinheiros senão correr adiante do temporal.
A frente deles estava o continente da África e a Baía de Sirte.
Todo marinheiro temia esse lugar, pois não havia ali portos; só praias rasas
onde os bancos de areia mudavam conforme os ventos e tornavam-se o túmulo de
muitas embarcações. Todavia, a pequena ilha de Cauda achava-se ainda diante
deles, que agradecidos, esconderam-se ao abrigo de seus penhascos. Ali ganharam
tempo para levantar o batei cheio d'água e preparar o navio para o que talvez
ainda tivessem de enfrentar. Grandes cordas foram passadas por sob o barco e
bem amarradas para proteger a armação e mantê-la firme, especialmente se
acabassem encalhando num banco de areia.
Até o abrigo inadequado de Cauda era-lhes suspeito. Encalhar na
areia e ser despedaçados contra a praia era pior que a tempestade em mar
aberto. O vento levou-os então para longe da ilha, e tendo feito tudo que
podiam para salvar suas vidas, prenderam a grande verga ao convés e navegaram
com o mastro nu. Tudo o que lhes restava fazer agora era manter- se em alto mar
até que a tempestade passasse.
Trabalharam a noite inteira temendo o pior, mas esperando que o
amanhecer trouxesse alguma ajuda. Na manhã seguinte, porém, o temporal não
melhorara. E entrara tanta água pelo madeirame do navio, que este afundara
ainda mais. O capitão ordenou que toda a bagagem pessoal fosse lançada ao mar,
para aliviar a embarcação. À medida que o navio fazia água e afundava cada vez
mais nas ondas, a carga teve de ser também lançada ao mar. A seguir, até a
mobília, a vela grande e a verga foram atiradas, junto com todos os aprestos
que podiam ser dispensados.
Dia e noite, os marinheiros lutaram arduamente contra as ondas. O
navio subia e descia como uma rolha; as ondas batendo no convés e a água
salgada escorrendo pelos lados. Seguiram-se dias e noites de terror, durante os
quais só se via o céu cinzento; não havia sol, nem lua, nem estrelas. Ao redor
deles, ondas negras assobiavam. Num momento, as águas eram como uma montanha
caindo sobre o navio; no outro, um vale se abria, e eles afundavam.
Marinheiros e passageiros já havia, há muito, perdido a esperança.
Já não lutavam para salvar o navio; apenas agarravam-se às cordas e mastros.
Sentiam que cada movimento do convés, afundando entre os vagalhões, seria o
último. Ninguém pensava em comer; estavam certos de que a morte se aproximava.
A Visão de Paulo
Paulo confiava na promessa de DEUS: viveria para ver Roma. Durante
um dos momentos em que adormeceu, ao deitar-se exausto abaixo do convés, teve
uma visão do Senhor. Ao seu lado estava um anjo de DEUS, trazendo-lhe a
seguinte mensagem: não só ele seria salvo, como nenhum passageiro a bordo
perderia a vida.
Quando o desânimo deles era grande, Paulo os encorajou:
Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim e não
partir de Creta, e assim, evitariam este incômodo e está perdição. Mas, agora,
vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de
vós, mas somente o navio. Porque, esta mesma noite, o anjo de DEUS, de quem eu
sou e a quem sirvo esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! Importa que sejas
apresentado a César, e eis que DEUS te deu todos quantos navegam contigo.
Portanto, ó varões, tende bom ânimo! Porque creio em DEUS que há de acontecer
assim como a mim me foi dito. E, contudo, necessário irmos dar numa ilha (At
27.21-26).
No final da segunda semana, cerca da meia-noite, pareceu aos
marinheiros experimentados que estavam se aproximando da terra. Encontravam-se
em algum ponto do Mar Adriático. Um grito do vigia rasgou os ares e alarmou os
corações: "Arrebentação! Arrebentação!"
Os marinheiros ouviram e acreditaram escutar o som das ondas nas
rochas. O prumo foi baixado e descobriram que a água tinha vinte braças de
profundidade. Depois de avançarem um pouco, tornando a lançar o prumo, acharam
quinze braças. Isto significava que o mar estava ficando mais raso e havia o
risco de rochas ou bancos de areia. Como estivesse escuro como breu, lançaram
quatro âncoras para segurá-los e esperaram impacientes pelo nascer do dia.
A Conspiração dos Marinheiros
Na proa do barco, tramava-se uma conspiração. Alguns marinheiros
planejavam fugir com o bote salva-vidas içado ao convés. Pretendiam baixar o
bote e subir nele, como se quisessem lançar âncoras pela proa. Escapariam para
a terra e abandonariam os amigos à fúria do mar. Paulo apercebeu-lhes o intento
e chamou rapidamente o centurião e seus soldados. "Se estes não ficarem no
navio, não podereis salvar-vos" (At 27.31).
Júlio entrou em ação. A uma ordem sua um soldado dirigiu-se à
lateral do navio com a espada desembainhada e cortou o cabo do bote. A pequena
embarcação desapareceu nas trevas. Foi uma atitude imprudente; sem um bote,
estavam ainda mais indefesos. Porém a conspiração terminou, e os marinheiros
frustrados reuniram-se em grupos, tremendo sob a chuva gelada, até que o
primeiro raio de luz aparecesse no leste. Então viram as rochas baixas e
escuras da terra firme.
Ninguém sabia que terra era aquela, mas os 276 que estavam a bordo,
subiram ao convés para ter um vislumbre dela. Com a confiança renovada, Paulo
insistiu que todos comessem; precisariam de forças se quisessem sobreviver.
Eles haviam jejuado durante 14 dias, pois o perigo fora tão grande que ninguém
pensara em alimentar-se. Tomando o pão, Paulo inclinou a cabeça e, na presença
dos soldados e marinheiros pagãos, deu graças a DEUS e começou a comer. Sua
animação foi contagiosa. As esperanças reavivaram-se, e todos se alimentaram.
Com as energias renovadas, decidiram lutar por suas vidas.
Já que o navio tinha de perder-se e encalhar na praia, que chegasse
o mais próximo possível da terra! Puseram mãos ao trabalho e a embarcação,
aliviada da carga, boiou sobre as ondas. Isso os levaria mais perto da praia.
O que lhes dava um raio de esperança era a linha rochosa da costa,
quebrada por uma pequena enseada e uma praia arenosa. O capitão julgou poder
aproar o navio na direção da embocadura da enseada e encalhá-lo ali. Tiraram as
amarras do leme; as cordas das âncoras foram cortadas; uma vela leve foi içada
no mastro e o navio cambaleante dirigiu-se à praia. Não foram, porém, muito
longe. Desconheciam a costa, e num lugar onde duas correntes se encontravam, o
barco encalhou num banco de areia. Com um ruído forte, a proa imobilizou-se.
O NAUFRÁGIO
A água batia fortemente na proa. Não havia jeito de desencalhar a
embarcação. As ondas continuavam furiosas e o madeirame já se soltava do barco.
Na proa, os soldados romanos, sabendo que perderiam a vida se os prisioneiros
fugissem, foram falar com o comandante: "Senhor, não podemos mais
responsabilizar-nos pelos prisioneiros. Ninguém pode nadar nessas águas
agitadas acorrentado a outro. Não seria melhor matá-los todos?"
Mas Júlio, depois de conhecer melhor a Paulo, passara a gostar
dele. Por sua causa, ordenou que tirassem as correntes dos presos, e todos
poderiam nadar até a praia. Os que não sabiam nadar pularam ao mar agarrados a
tábuas ou pedaços de madeira, deixando que as ondas os levassem à terra firme.
Era um grupo lastimável aquele reunido na praia. Os homens fracos e
exaustos ficaram olhando o navio ser despedaçado pela força das ondas
gigantescas. Mas estavam todos ali; machucados, abatidos, quase afogados, e
tremendo sob a chuva, porém salvos.
A tragédia atraíra os nativos à praia, e muitos correram para
ajudar os estranhos, acendendo fogueiras para aquecê-los. Foi então que os
náufragos souberam onde estavam. Tinham chegado à ilha de Malta.
Os habitantes de Malta eram de descendência egípcia, e durante
muitos séculos foram homens do mar. Com grande simpatia, haviam observado o
navio em perigo e os esforços para salvá-lo. Ao ver os homens chegarem à praia,
um a um, os nativos de Malta maravilharam-se. Estavam certos de que muitos
morreriam no naufrágio.
A Vingança dos Deuses
Na praia, Paulo juntou-se aos outros para apanhar gravetos. Com uma
braçada deles, aproximou-se do fogo e colocou-os nas chamas. De repente, uma
víbora que estivera escondida na lenha, fugindo do calor, agarrou-se lhe à mão.
Por um segundo, ela permaneceu ali, enquanto um grito de terror elevou-se dos
espectadores. Com um movimento rápido, Paulo sacudiu-a, fazendo-a cair no fogo.
O pensamento geral foi: ali estava um prisioneiro que escapara do
mar, mas a vingança dos deuses o seguira, e sua hora chegara. Os ilhéus sabiam
que a víbora tinha um veneno mortal, de ação rápida. Esperavam ver Paulo
adoecer e cair morto em questão de minutos. Com o horror estampado nos
semblantes, ficaram a observá-lo. Ele certamente havia cometido algum crime
terrível para encontrar a morte assim tão de repente.
Mas, Paulo não tinha tais pensamentos. Não temia, porque confiava
em DEUS e acreditava que pregaria o Evangelho em Roma, como lhe fora prometido.
Tranquilamente, o apóstolo atiçou o fogo e aproximou-se dele para secar as
roupas e aquecer o corpo. Quanto mais os minutos passavam, mais crescia o
espanto dos observadores. Paulo não empalidecera, nem parecia um homem em
agonia.
Um a um, os ilhéus supersticiosos menearam as cabeças e concluíram
que ele fosse um deus disfarçado. O acontecimento, combinado com o que houve
nas semanas seguintes, deu a Paulo a oportunidade de pregar o Evangelho. Pôde
falar do DEUS Único e Verdadeiro, que tem poder para livrar seus servos do mal.
A Cura do Pai do Governador
Os ilhéus levaram os náufragos à casa de Públio, o governador
romano de Malta, que morava próximo à cena do desastre. Sua residência era
grande e seu coração ainda maior. Ele hospedou a todos durante três dias.
Públio tinha um pai idoso que morava com ele, e que se achava doente, com
febre. Quando Paulo soube, pediu para vê-lo. Recebida a permissão, impôs as
mãos sobre o homem e orou. Com os olhos levantados ao céu, clamou
fervorosamente por um milagre. A cura daquele homem seria um testemunho do
poder de DEUS e da verdade do Evangelho.
O Senhor atendeu-lhe a oração, e o pai do governador ficou bom.
Públio ouviu as boas- novas, assim como muitos doentes de Malta. Os enfermos da
ilha iam à procura de Paulo, esperando que este também os curasse. Durante os
três meses de inverno, enquanto Júlio e seus prisioneiros aguardavam que o mar
se tornasse novamente navegável, Paulo e seus amigos, Lucas e Aristarco,
pregaram o Evangelho de CRISTO. E DEUS confirmava com milagres as suas
palavras. Honras especiais foram concedidas a Paulo e a seus companheiros. Eles
haviam conquistado o amor e a confiança dos ilhéus. Ricos e pobres tinham
presenciado o grande poder de DEUS, e alguns creram.
RUMO A SIRACUSA
Os três meses passaram-se rapidamente. Com as primeiras brisas
mornas da primavera, os comandantes dos navios ancorados no porto começaram a
reunir os tripulantes, preparando- se para partir. Júlio estava ansioso para
seguir viagem. Fez arranjos com o proprietário de outro navio graneleiro de
Alexandria, e os soldados e seus prisioneiros prepararam-se para ir embora. A
essa altura, Paulo já tinha muitos amigos e esses entristeceram-se com a
despedida. Numa demonstração de amor, levaram presentes e provisões, e reunidos
no cais, disseram adeus ao apóstolo. A pesada embarcação foi levada à baía
pelos remadores, com as velas içadas. Ventos brandos sopraram. Depois de um dia
agradável sob um céu ensolarado, e cercados por águas azuis, chegaram à velha
cidade de Siracusa, aninhada num lindo golfo da Sicília.
Durante três dias, Paulo e seus companheiros, escoltados por um
guarda romano, visitaram a cidade, cujo povo muito se orgulhava da sua
habilidade em corridas de carros. Ali, à sombra do templo branco de Diana, com
os sacerdotes pagãos que matavam quatrocentos bois por ano sobre o altar dessa
deusa, Paulo provavelmente falou de JESUS. Embora o tempo fosse curto e os
ouvintes poucos, a semente de uma igreja fiel pode ter sido plantada.
O navio, porém, prosseguiu em sua rota. Na proa que cortava as
ondas havia figuras dos irmãos gêmeos Castor e Pólux, que na mitologia antiga
eram filhos de Zeus. Os marinheiros orgulhavam-se de servir nesse navio, pois
esses gêmeos celestiais eram tidos como protetores dos navegantes.
A Cintilante Baía de Nápoles
Na direção oeste, enquanto abriam caminho para o continente, eles
podiam ver a montanha de fogo, cinzenta durante o dia e iluminada à noite. O
Etna era um marco para todo viajante a caminho de Roma. Nos apertados estreitos
de Messina, tocaram o primeiro porto italiano. No bonito porto de Régio,
protegido pelos altos montes da Sicília e pelo continente, o vento cessou e o
navio permaneceu imóvel um dia inteiro. Mas, pela manhã, o vento sul soprou.
Com as velas desfraldadas à brisa, o navio deixou o estreito para trás. Durante
todo aquele dia e noite navegaram contra o vento e, na manhã seguinte, chegaram
a um dos grandes portos de Roma. Era a cidade de Putéolos, na Baía de Nápoles.
Rodeando toda a baía, ficavam os balneários da moda, dos abastados cidadãos romanos.
À distância, erguia-se o Monte Vesúvio. Aos seus pés, encontravam-se as
prósperas cidades de Pompéia e Herculano.
Por causa de seu magnífico cenário e clima agradável, a Baía de
Nápoles era a praia favorita dos nobres de Roma. O imperador tinha a sua vila
nessa baía, a mais bela do mundo. Na cidade de Putéolos, os grandes navios
descarregavam suas cargas e os passageiros desembarcavam, seguindo a Estrada de
Ápio até Roma. Nesse mesmo porto, havia algum tempo, Calígula, enlouquecido
pelo poder, gabara-se de que poderia andar de carro até a sua vila por sobre a
baía brilhante. Cumprindo suas ordens, barcos foram amarrados uns aos outros e
uma estrada de quatro quilômetros construída por cima deles para que pudesse
dizer que dominava o mar.
Em Putéolos, os pés de Paulo tocaram o solo italiano pela primeira
vez. Júlio permaneceu durante algum tempo nessa cidade e Paulo teve permissão
para encontrar-se livremente com os amigos. Agora havia cristãos por toda
parte, e quando souberam da presença de Paulo, muitos foram vê-lo e pedir-lhe
que ficasse mais tempo entre eles.
Durante a parada de sete dias, os cristãos tiveram oportunidade de
enviar a Roma notícias da chegada de Paulo. Os crentes romanos sentiram-se
felizes por ver o homem que passara a vida a serviço de CRISTO. Haviam lido e
decorado a carta recebida do apóstolo. Reuniam-se todos os domingos para a
confraternização cristã, e liam partes dessa carta, alegrando-se na sua
salvação. Muitos decidiram ir ao encontro de Paulo na estrada, pelo prazer de
acompanhá-lo até Roma. Alguns viajaram 64 quilômetros e o encontraram na praça
de Ápio; outros, 48 quilômetros, indo até as Três Tavernas.
Quando Paulo viu os amigos da igreja de Roma, seu coração
comoveu-se. Pensou no julgamento que o aguardava e na possível condenação, mas
ao sentir o amor e dedicação daqueles amigos a CRISTO, agradeceu a DEUS e
recobrou ânimo. Entre os crentes dali estavam seus antigos companheiros, Áquila
e Priscila.
Os Portões de Roma
Roma estava logo adiante. Roma, a dona do mundo! A cidade de
templos e palácios! O centro da terra! O trono do imperador!
Os portões agora estavam à vista. Júlio reuniu os prisioneiros no
centro da escolta de soldados e fez com que marchassem pelas ruas até os
alojamentos imperiais, onde foram entregues a Barros, conselheiro-chefe do
imperador. Esse velho e honesto soldado, que perdera uma das mãos na batalha,
ouviu com interesse e bondade, enquanto Júlio falava-lhe sobre cada homem. E
quando mencionou Paulo, obteve um favor especial - um quarto privado onde
pudesse morar com o soldado que o guardava, e permissão para ver os amigos
sempre que quisesse.
PRISIONEIRO EM ROMA
Três dias após a chegada de Paulo a Roma, seu quarto estava cheio
de visitas. Ele enviara mensagens às principais autoridades das sinagogas,
convidando-as a visitá-lo e ouvir sua história. Ávida do judeu em Roma sempre
fora difícil. Durante o governo de Cláudio, todos eles haviam sido expulsos da
cidade, mas agora houvera um relaxamento das leis. Tantos judeus tinham voltado
a Roma que sete sinagogas foram construídas. Separados dos romanos, eles viviam
na margem ocidental do rio Tibre.
Compreendendo o quanto seus conterrâneos haviam sofrido nas mãos do
imperador romano, e que a inimizade dos cidadãos podia ser despertada ao menor
pretexto, Paulo temia que sua presença em Roma trouxesse mais problemas aos
judeus. Seu apelo a César poderia ser interpretado como uma tentativa de
promover mais perseguição aos judeus, por chamar a atenção sobre suas disputas
religiosas.
Quando os líderes judeus atenderam ao convite de Paulo, este
explicou-lhes que havia decidido fazer o apelo a César apenas por não haver
outro meio de obter a liberdade. Eles ouviram e não se mostraram hostis.
Varões irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra
os ritos paternos, vim, contudo, preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos
romanos. Os quais, havendo-me examinado, queriam soltar-me, por não haver em
mim crime algum de morte. Mas, opondo-se os judeus, foi-me forçoso apelar para
César, não tendo, contudo, de que acusar a minha nação. Por esta causa vos
chamei, para vos ver e falar; porque pela esperança de Israel estou com esta
cadeia (At 28.17-20).
Eles sabiam que Paulo era seguidor de JESUS, e tinham ouvido de
suas visitas a muitas sinagogas no império. Entretanto mostraram-se amáveis,
pois compreendiam que qualquer demonstração contrária poderia provocar a
inimizade de Roma.
Nós não recebemos acerca de ti qualquer carta da Judéia, nem veio
aqui irmão algum, que nos anunciasse ou dissesse de ti algum mal. No entanto
bem quiséramos ouvir de ti o que sentes; porque, quanto a esta seita, notório
nos é que em toda a parte se fala contra ela (At 28.21,22).
Pregando em Roma
Num determinado dia, abriu-se finalmente a porta para o velho
guerreiro pregar sobre seu tema favorito: JESUS CRISTO. De manhã até a noite,
Paulo conversou com os judeus que haviam comparecido em grande número para
ouvi-lo falar do Messias. A luz do Evangelho brilhava-lhe nos olhos, e sua voz
inflamava-se com o fogo santo, enquanto fazia os ouvintes examinarem as suas
próprias Escrituras. Tudo o que aprendera na escola de Gamaliel estava sendo
útil, e ele citou passagem após passagem dos rolos sagrados. Usou as palavras
de Moisés e dos profetas para mostrar que a única esperança de Israel estava no
Messias. As Escrituras deles continham tudo isso; se pelo menos cressem!
Quando o dia terminou, havia divisão entre os ouvintes. Alguns
creram e foram embora com a esperança no coração e uma nova vida no íntimo;
outros mostraram desprezo.
Paulo, porém, continuou enquanto saíam:
Bem falou o ESPÍRITO SANTO a nossos pais pelo profeta Isaías,
dizendo: Vai a este povo, e dize: De ouvido, ouvireis, e de maneira nenhuma
entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira nenhuma percebereis...Seja-vos,
pois, notório que esta salvação de DEUS é enviada aos gentios, e eles a ouvirão
(At 28.25,26,28).
Com estas palavras soando-lhes nos ouvidos, os judeus partiram
irados.
A Órbita da Atividade Cristã
Não muito depois disso, a igreja de Filipos, sabendo da prisão de
Paulo, reuniu e enviou dinheiro para o sustento do apóstolo em Roma. Foi um
presente tão grande e abençoado, que ele pôde, com o consentimento de seus
captores e a ajuda de alguns cristãos de Roma, mudar-se para uma casa alugada,
onde morou durante dois anos, esperando o dia de seu julgamento pelo tribunal
de Nero.
Durante sua prisão Paulo foi tratado com grande benevolência,
embora continuasse sempre acorrentado a um guarda. Aonde quer que fosse, o
soldado o acompanhava. Depois de dois anos dessa vida, vários guardas já tinham
ouvido o Evangelho e alguns deles se converteram. Paulo não era um cristão
oculto; através de seus amigos crentes, fez saber a todos que explicaria o
Evangelho a quem o procurasse em sua residência. Muitos aceitaram o convite, e
sua casa em Roma veio a tornar-se um centro de testemunho cristão.
Crentes de várias cidades iam e vinham procurando os conselhos de
Paulo sobre assuntos da fé cristã e levando suas cartas às igrejas do Leste.
Listra e Derbe, Corinto e Éfeso, Colossos e Tessalônica, e até a igreja de
Beréia enviaram seus representantes para trabalhar sob a direção de Paulo.
Orientados por ele, divulgaram o Evangelho nas cidades onde CRISTO não era
conhecido. Alguns deles testemunhavam nas ruas movimentadas de Roma, e ao mesmo
tempo ministravam ao apóstolo. Sua casa tornou-se um centro de atividades, de
onde os mensageiros da Cruz partiam para todo o império. Depois de cada viagem,
como os cometas em sua órbita, voltavam ao ponto de partida.
Paulo passou a amar os soldados que o guardavam. Eram homens
corajosos e fiéis, e não demorou muito para que um pequeno grupo de crentes se
formasse entre a guarda pretoriana e os homens da casa de César. Ao serem
convencidos da Verdade, esses homens levavam a mensagem aos familiares, bem
como a todos os militares nos quartéis. Cada vez que o velho apóstolo refletia
sobre sua prisão, um sorriso aflorava-lhe aos lábios e ele agradecia a DEUS.
Suas cadeias, em vez de prejudicar o Cristianismo, tinham-no ajudado!
Enquanto os amigos iam e vinham, Paulo esperava por notícias do
julgamento. Com a morte de Cláudio, Nero subira ao trono. Ele não era filho de
Cláudio, mas sua mãe viúva incentivou-o e fez com que fosse coroado imperador
aos dezessete anos. Britânico, seu meio- irmão, era o herdeiro legítimo; mas
pelas manobras da mãe, Nero foi o escolhido. Antes de completar um ano no
poder, ele mandou envenenar Britânico. Com o passar do tempo, veio a odiar a
mãe e ordenou que seus amigos a matassem. Eles agarraram-na no meio da noite e
tentaram afogá-la; não conseguindo, acabaram por apunhalá-la. Nero casou-se com
a gentil Otávia, filha de Cláudio, a quem passou também a odiar. Quando Paulo
chegou a Roma, o jovem Nero, então com 24 anos, estava planejando matar Otávia
e casar-se com Pompéia.
Inteiramente entregue a uma vida de paixões e perversidade, Nero
não tinha a menor intenção de perder tempo com um prisioneiro judeu. Portanto,
Paulo ficou esperando sob os cuidados de um guarda, enquanto o imperador
prosseguia em sua vida devassa.
A Chegada de Timóteo
Paulo sentiu-se reanimado quando seu jovem e fiel amigo Timóteo
chegou a Roma. O rapaz queria estar perto de seu pai espiritual e ser dirigido
por ele no trabalho do Senhor. Quatro anos haviam se passado desde que Paulo e
Timóteo viajaram juntos para pregar a CRISTO na Europa. Tinham ido a Filipos e
plantado o Evangelho na Macedônia, começando numa reunião de oração. Naquele
dia, Lídia, a vendedora de púrpura, abrira não somente o coração a CRISTO, como
também sua casa aos cultos. Os pensamentos de Paulo voltaram àquele dia.
Lembrou-se de como havia sido publicamente açoitado na praça do mercado e
finalmente preso. Recordou- se do carcereiro que se tornara cristão com toda a
família, e de como a igreja de Filipos cuidara das suas necessidades quando
fora a Tessalônica. Duas vezes enviaram-lhe dinheiro. E agora, ouvindo falar de
suas cadeias em Roma, mandaram novamente dinheiro por Epafrodito, que ficou
para ajudar Paulo e trabalhar para CRISTO sob a orientação do apóstolo.
Sem dúvida, foi Lídia, a rica mercadora, quem instigou a igreja de
Filipos a ajudar o homem de DEUS. Como foi animador ouvir dos lábios de
Epafrodito que a igreja filipense continuava firme na fé! Que encorajamento
para Paulo saber que um de seus membros fora ter com ele para ser seu
companheiro no trabalho!
A Epístola aos Filipenses
Epafrodito pregou o reino de DEUS com tanto zelo e fervor, a ponto
de não se importar com a própria saúde. Nas ruas estreitas de Roma, ajuntava
uma multidão e falava-lhes de JESUS. Depois de alguns meses, uma grave doença
interrompeu-lhe o ministério, confinando-o ao leito, onde esteve à beira da
morte durante várias semanas. Aos poucos começou a melhorar, mas estava fraco e
incapaz de voltar ao trabalho. Paulo percebeu que o amigo tinha saudades de
casa, e resolveu mandá-lo de volta a Filipos.
Com a ajuda de Timóteo, Paulo começou a ditar uma carta. Seu
pensamento retrocedeu alguns anos e ele lembrou-se vividamente de cada membro
da igreja.
Dou graças ao meu DEUS todas as vezes que me lembro de vós.
E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram
contribuíram para maior proveito do evangelho. De maneira que as minhas prisões
em CRISTO foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais
lugares. E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões,
ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor (Fp 1.3,12-14).
Paulo falou do seu julgamento, sem muita certeza quanto ao futuro.
Ele não tinha meios de saber o que aconteceria. O jovem imperador dava pouco
valor à vida, e Paulo não sabia se seria poupado. De fato, pensara com agrado
na possibilidade de morrer, pois isso significaria estar com CRISTO. Todavia,
teve alguns vislumbres de esperança de que seria solto. Viver significaria
trabalhar mais para JESUS; morrer seria lucro e uma gloriosa entrada no céu. As
palavras subiram-lhe do coração:
Porque para mim o viver é CRISTO, e o morrer é ganho. Mas, se o
viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher.
Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com
CRISTO, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor
de vós, ficar na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e
permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé. Para que a vossa
glória aumente por mim em CRISTO JESUS, pela minha nova ida a vós.
Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de
CRISTO.
E espero no Senhor JESUS que em breve vos mandarei Timóteo, para
que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios..., Mas confio
no Senhor que também eu mesmo, em breve, irei ter convosco (At 1.23-28;
2.19,24).
Ele escreveu sobre Epafrodito, o valoroso cooperador que adoecera e
ficara muitas semanas entre a vida e a morte:
Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito
angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve
doente, e quase à morte, mas DEUS se apiedou dele, e não somente dele, mas
também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, vo-lo
enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha
menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor, com todo o gozo, e tende-o em
honra. Porque, pela obra de CRISTO, chegou até bem próximo da morte, não
fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço (Fp
2.26-30).
A carta foi escrita e selada. Epafrodito levou-a consigo à cidade
natal. Paulo tinha agora um companheiro a menos, mas Timóteo e Lucas
permaneceram ao seu lado, mantendo-o em contato com os cristãos de Roma.
Marcos, Tíquico, Aristarco, Demas, Trófimo e Tito colocaram-se à disposição de
Paulo; passavam os dias indo de uma igreja a outra, levando as mensagens do
apóstolo.
A Epístola aos Colossenses
Epafras tinha sido o missionário por meio de quem os colossenses
ouviram pela primeira vez o Evangelho e se converteram ao Cristianismo. Ele
encontrava-se agora em Roma, trabalhando para o Senhor como um dos
colaboradores de Paulo. A igreja de Colossos enviara seu mais importante líder
para pregar o Evangelho na maior cidade do mundo.
Sendo um dos companheiros de Paulo, Epafras passou muitas horas com
ele. Faziam planos e discutiam a respeito das várias igrejas sobre as quais
Paulo mantinha vigilância. Todos os dias oravam juntos por cada igreja,
lembrando sua fidelidade e pedindo a DEUS que as fortalecesse. Sempre que
orava, os pensamentos de Epafras voltavam à sua amada congregação em Colossos,
e ele intercedia por aqueles cristãos; que o Senhor os aperfeiçoasse e os
completasse conforme a sua vontade. Paulo nunca vira a igreja de Colossos, mas
Epafras referia-se constantemente a ela por lhe ser tão cara ao coração. Falava
de cada crente; contou que a congregação se reunia em casa de Filemom, e
Arquipo ficara encarregado de prosseguir com a obra.
Ao falar de sua amada igreja, Epafras revelou uma profunda
preocupação com um judeu, que de maneira muito sutil, estava desviando o povo
para duas formas de erro. A primeira era uma espécie de ascetismo, ensinando
que as pessoas tinham de negar a si mesmas para obter a salvação. Enfatizava a
observância de certos dias, e sua pregação era cheia de proibições. Segundo
seus ensinamentos, somente pela autonegação alguém se tornava digno da vida
eterna. O segundo erro era uma filosofia mística que despojava CRISTO da sua
posição como Filho de DEUS e Salvador dos homens.
Era o velho erro, que Paulo tantas vezes combatera, surgindo outra
vez e prejudicando a mensagem cristã. Quem estava mais bem preparado para
advertir os colossenses contra tal heresia? Paulo decidiu escrever-lhes uma
carta. Com Timóteo ao seu lado, anotando-lhe os pensamentos enquanto os ditava,
começou a missiva.
Falou primeiro de seu afeto pelos colossenses e de como tivera
notícias deles através de Epafras. Quanto às coisas básicas, só tinha elogios a
fazer. Elogiou-lhes a fé em CRISTO, o amor por todos os cristãos, e sua
esperança no céu. A seguir, passando à admoestação doutrinária, advertiu-os
contra o perigo da falsa filosofia e do ensino judaico que solapava a divindade
do Senhor:
Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de
filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo e não segundo CRISTO. Porque nele habita corporalmente toda
a plenitude da divindade.
Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por
causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das
coisas futuras, mas o corpo é de CRISTO (Cl 2.8,9,16,17).
Paulo não podia terminar a carta sem acrescentar alguns conselhos
práticos à vida cristã.
Revesti-vos, pois, como eleitos de DEUS, santos, e amados, de
entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade.
Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver
queixa contra outro: assim como CRISTO vos perdoou, assim fazei vós também.
E a paz de DEUS, para a qual também fostes chamados em um corpo,
domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de CRISTO habite em
vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns
aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com
graça em vosso coração (3.12,13,15,16).
Terminada a carta, Paulo tomou-a das mãos de Timóteo e escreveu,
ele mesmo, uma saudação final, assinando-a a fim de que não tivessem dúvidas
sobre o remetente. Depois de reler a missiva, para ver se nada esquecera,
ordenou a Tíquico que a levasse à igreja de Colossos; ficasse ali algum tempo,
e depois voltasse com notícias.
A Conversão de Onésimo
Tíquico foi acompanhado na viagem por um homem chamado Onésimo, que
fora escravo na casa de Filemom, em Colossos. Certo dia, rebelando-se contra a
escravidão, Onésimo roubara roupas e dinheiro de seu dono, e fugira, imaginando
que poderia esconder-se nas ruas movimentadas de Roma e começar uma nova vida.
Mas em Roma, sob a influência do apóstolo Paulo, acabou convertido. Quando
conheceu JESUS e seu amor, a gratidão e reverência encheram-lhe o coração.
Onésimo compreendeu que JESUS morrera para salvá-lo. A ele, um escravo fugitivo
e ladrão! Enquanto crescia na graça e no conhecimento de DEUS, entendeu que,
aos olhos do Senhor, o escravo e o livre são iguais.
Que diferença entre o tratamento que recebia de Paulo, como crente,
e a antiga vida que conhecera em Colossos! Ao confessar seu pecado a DEUS,
Onésimo fez uma entrega completa. Tão genuína foi a sua conversão, que estava
disposto a contar as Boas Novas a todo mundo. Então Paulo dirigiu-o a ganhar
outros para CRISTO. Metade da população de Roma era composta de escravos, e
Onésimo poderia alcançar muitos deles que, de outra forma, não ouviriam o
Evangelho.
Entretanto, conhecendo a injustiça que Onésimo fizera a Filemom,
Paulo o fez compreender que o único curso de ação era voltar e confessar tudo
ao antigo dono. Isso significava castigo. Embora Filemom e sua mulher, Afia,
fossem bondosos e justos, o supervisor da casa certamente o açoitaria. Ele vira
os sofrimentos infligidos a escravos que tinham sido temerários e desleais, e
calculou que voltar não seria agradável, especialmente agora que era um homem
livre em CRISTO e útil ao grande apóstolo.
Todavia, desde que se tornara cristão, queria endireitar todos os
seus erros, tanto aos olhos de DEUS quanto aos dos homens. Esse era o único
caminho para a paz e serviço. Decidiu então que, por causa do Senhor, voltaria
a ser escravo, corrigindo seu erro.
A Epístola a Filemom
A fim de abrandar a dificuldade da volta, Paulo escreveu uma breve
carta pessoal a Filemom. Este senhor fora um dos seus convertidos; entregara-se
a CRISTO durante a longa estada de Paulo em Éfeso. Agora, com zelo pelo seu
Senhor, Filemom revelava grande hospitalidade à igreja de Colossos. Os membros
reuniam-se todas as semanas em sua bela casa, sob o ministério de Arquipo.
Movido por forte sentimento cristão, Paulo escreveu um ousado,
porém discreto, apelo ao seu amigo.
Todavia, peço-te, antes, por caridade, sendo eu tal como sou,
Paulo, o velho, e também agora prisioneiro de JESUS CRISTO. Peço-te por meu
filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.
Eu bem o quisera conservar comigo, para que, por ti, me servisse
nas prisões do evangelho. Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu
benefício não fosse como por força, mas voluntário. Porque bem pode ser que ele
se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre. Não
já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de
mim e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?
Assim, pois, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo.
E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta...eu o
pagarei.
E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas
vossas orações vos hei de ser concedido (Fm 9,10,13-19,22).
A Epístola aos Efésios
Enquanto Tíquico e Onésimo preparavam-se para a viagem, Paulo dava
as últimas pinceladas na carta que vinha escrevendo cuidadosamente havia
semanas. Era uma carta geral; não se destinava a corrigir quaisquer erros em
particular. Devia ser passada entre as várias igrejas, a fim de fortalecer-lhes
a fé, encorajá-las na vida cristã e conscientizá-las de sua posição e
privilégios em CRISTO JESUS.
Ele começou com um hino de louvor às três pessoas da Santíssima
Trindade - o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO. A seguir, com mão de mestre,
pintou um quadro da igreja como o templo de DEUS, construído sobre o fundamento
de CRISTO. Todas as grandes doutrinas da fé foram mencionadas nessa belíssima
carta. A maturidade cristã do apóstolo é evidente em cada linha. Não foram
feitas referências pessoais, nem saudações às famílias locais ou colaboradores.
Se a carta fosse destinada apenas aos efésios, Paulo teria enviado cumprimentos
a muitos, segundo o seu costume, pois trabalhara três anos entre eles - mais
tempo que em qualquer outra cidade. Em vez disso, pretendia que ela fosse uma
admoestação final a várias igrejas. Ele era agora Paulo, o velho, e seus dias de
missivista logo terminariam. O apóstolo ansiava por incluir em uma carta
circular a plenitude do Evangelho e o encorajamento que enriqueceria e firmaria
cada membro do corpo de CRISTO. Tal carta aplicar-se-ia a todas as igrejas que
fundara. Escreveu então:
E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que,
noutro tempo, andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das
potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência...
Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com
CRISTO (pela graça sois salvos)... Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isto não vem de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie.
Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na
carne... que, naquele tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de
Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS
no mundo (Ef 2.1,2,4,5,8,9,11,12).
Numa transição rápida e precisa, desceu dos altos picos para os
vales profundos da vida comum: "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que
andeis como é digno da vocação com que fostes chamados" (Ef 4.1).
Enquanto ditava o último capítulo de sua obra-prima, Paulo
procurava algum exemplo que fixasse para sempre suas palavras à mente dos
leitores. À sua frente estava sentando o jovem a quem amava como a um filho.
Timóteo, com a pena na mão, ouvia e anotava atentamente cada palavra saída dos
lábios de seu mentor. Ao seu lado, encontrava-se o sempre presente guarda
romano, magnífico na armadura do império, e orgulhoso por estar entre os
escolhidos de Nero. Os olhos de Paulo fitaram o soldado e um sorriso surgiu-lhe
nos lábios. Voltando-se a Timóteo, ditou:
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu
poder. Revesti-vos de toda a armadura de DEUS, para que possais estar firmes
contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e
o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais
resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes,
tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça.
E calçados os pés na preparação do Evangelho da paz (Ef 6.10-15).
Com mais uma olhadela ao equipamento do guarda, acrescentou:
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos
os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada
do ESPÍRITO, que é a palavra de DEUS. Orando em todo o tempo com toda a oração
e súplica no ESPÍRITO e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por
todos os santos... Paz seja com os irmãos, e caridade com fé da parte de DEUS
Pai e da do Senhor JESUS CRISTO. A graça seja com todos os que amam a nosso
Senhor JESUS CRISTO em sinceridade. Amém (Ef 6.1618,23,24).
O Evangelho Difundido mediante o Cativeiro
As cartas foram enviadas e Paulo voltou à rotina diária de ensinar
os que iam à sua casa, fortalecendo-os nas coisas divinas. Durante os anos do
seu cativeiro, para surpresa dos amigos e dele mesmo, o Evangelho fora
promovido. Foram tempos calmos e úteis aqueles. A indulgência do Império Romano
contribuiu para que a prisão forçada não trouxesse tristezas. Sua mente estava
livre de cuidados pessoais; em seu coração crescia cada vez mais a esperança de
ser libertado após o julgamento. Essas palavras foram escritas da sua casa:
Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos (Fp
4.4).
O COMBATE, A CORRIDA E O DEPÓSITO
O tão esperado julgamento aconteceu finalmente no ano 63 D.C.,
depois de Paulo haver permanecido dois anos em prisão domiciliar.
Tudo que ele esperava e previra aconteceu. A carta favorável de
Festo e o relatório de Júlio fizeram a balança pender a seu favor. Após aqueles
longos meses, e com os acusadores tão distantes, a oposição judaica diminuíra.
Em razão de os judeus serem olhados com suspeita, a corte dispensou rapidamente
as acusações contra Paulo, e ele foi posto em liberdade.
Pouco se sabe das atividades do apóstolo depois da sua libertação,
mas é fácil imaginar quais foram. Ao voltar para casa e dar-se conta de que,
pela primeira vez em quatro anos, estava sem a companhia de um guarda, deve
ter, imediatamente, iniciado algum plano. Não ficaria inativo; tiraria o máximo
proveito do tempo que lhe restava. Sempre quisera visitar a extremidade
ocidental do império. Anos antes, ao escrever à igreja de Roma, falara-lhes de
sua intenção de ir à Espanha. Seu pensamento estava sempre com as igrejas, e
desejava visitar muitas delas na Ásia e na Grécia. Desde que escrevera a
Filemom, e ouvira a história da igreja de Colossos por intermédio de Epafras,
alimentava a esperança de visitá-la. Essa era a sua oportunidade. A seguir,
escrevera à sua igreja favorita - a de Filipos. A perspectiva de ver os irmãos
que cuidaram dele durante a prisão em Roma aqueceu-lhe o coração.
Tudo decidido, não perdeu tempo. Encontrou um navio que ia para a
Espanha e navegou para o Ocidente, a fim de conhecer novas pessoas e
testemunhar de seu Salvador. Aquela foi, no entanto, uma curta visita. Depois
de encorajar os poucos cristãos dali e fortalecer- lhes a fé em CRISTO JESUS,
Paulo tomou um navio para sua amada terra. Depois de vários dias, chegou
finalmente a Éfeso e, acompanhado por Lucas, seu fiel companheiro de prisão,
dirigiu- se por terra a Colossos.
Em Colossos
Pela primeira vez Paulo viu a igreja fundada por Epafras, e a quem
escrevera uma carta. Foi recebido cordialmente. Os cristãos reverenciaram-no
como o grande líder do Cristianismo; Filemom, que o conhecera em Éfeso,
acolheu-o em sua vasta mansão, onde reunia-se a igreja de Colossos. Porém não
houve acolhida mais cordial e sincera que a do sorridente Onésimo. O escravo
fugido tornara-se um dos troféus do ministério de Paulo em Roma.
Paulo não pôde permanecer muito tempo em Colossos, mas a igreja
aproveitou cada minuto de sua companhia. Quando chegou o momento da despedida,
ele já tinha recapitulado tudo que dissera na carta. Lembrara-os novamente de
como DEUS viera à terra na pessoa de seu Único Filho; recordara-lhes que JESUS
era verdadeiramente DEUS e que a vida eterna só era obtida através dEle. Também
os advertira contra os falsos mestres que queriam negar a doutrina de CRISTO e
sua divindade. Depois de lhes haver enriquecido a fé, Paulo partiu para Éfeso.
Ministrando aos Efésios
Em Éfeso, o apóstolo sentia-se em casa. A igreja havia prosperado e
mantinha-se fiel. Os membros tinham-se guardado das doutrinas falsas e zelado
pela pureza do seu púlpito. Ninguém era convidado a pregar, a não ser que fosse
sólido na fé, reconhecendo a divindade de JESUS CRISTO e o Evangelho da graça
redentora.
Os efésios ficaram felizes por ver novamente o seu pastor. Havia
algum tempo, os presbíteros de Éfeso tinham chorado ao ver o navio de Paulo
afastar-se do cais em Mileto; acharam que nunca mais lhe veriam o rosto.
Contudo, depois de tantos meses, ele voltara! O rigor dos anos o envelhecera.
Desaparecera-lhe o brilho dos olhos, bem como o andar rápido e decidido. Paulo
sofrerá muito desde que pregara em Éfeso sua última mensagem. Os sulcos em seu
rosto santo contavam dos fardos que tivera de carregar.
Ele não apenas estivera na prisão, naufragara e fora açoitado, como
sentira no espírito a solidão e sofrerá com a dureza de coração das pessoas.
Sobre seus velhos ombros pesava o cuidado por todas as igrejas. Sempre que um
companheiro enfrentava dificuldades, Paulo sofria com ele. Sempre que alguém
era lançado na prisão, seu espírito sentia-se também aprisionado. Paulo
identificava-se com os irmãos na fé; era como se um laço familiar os unisse e
os tornasse um só.
O tempo, porém, era curto. Ansiando por visitar a Macedônia, Paulo
planejou viajar pelo mar Egeu até Filipos e Tessalônica, e para muitas aldeias
onde houvera plantado a bandeira da cruz. Mas Éfeso precisava de um líder. A
igreja era forte, mas sendo a cidade uma das mais importantes da Ásia Menor,
era necessário manter ali um testemunho que contrabalançasse as forças de
Diana.
Paulo alegrava-se ao pensar na igreja de Éfeso; os crentes haviam
agido bem. Entretanto, ele notava que o mundanismo da cidade grande
dificultava, a alguns cristãos, a conservação do primeiro amor. A oposição era
grande, e a cidade atraía muitos professores de religião que tentavam destruir
a pureza da igreja e confundi-la com teorias e lendas sem fim.
Durante sua permanência em Éfeso, Paulo aproveitou para advertir a
igreja quanto a essas coisas, aconselhando os cristãos a serem mais vigilantes.
Recomendou-lhes que afastassem da comunhão qualquer um que aparecesse com
doutrinas falsas.
Paulo achou que a situação era suficientemente séria para deixar
Timóteo em Éfeso, pedindo que supervisionasse essa importante igreja e fizesse
dela uma fortaleza para o Evangelho puro. Com o coração apertado, o apóstolo
despediu-se de seu querido amigo, orando para que ele fosse um servo fiel e que
a sua presença ali enriquecesse a igreja com toda sorte de bênçãos espirituais.
A Epístola a Timóteo
Do outro lado da estreita faixa de mar, no continente Europeu, os
pensamentos de Paulo continuavam com Timóteo. Ele ministrou aos santos em
várias cidades da Macedônia, encorajando, fortalecendo e advertindo-os, mas não
conseguia tirar da mente o jovem em Éfeso e seu trabalho estratégico.
Pensou outra vez nos falsos mestres e como já haviam invadido
certas igrejas, especialmente na província da Galácia. Ele estava certo de que
Éfeso era a chave para toda a Ásia.
Com a pena na mão e o pergaminho à sua frente, Paulo começou a
escrever a Timóteo:
Paulo, apóstolo de JESUS CRISTO, segundo o mandato de DEUS, nosso
Salvador, e do Senhor JESUS CRISTO, esperança nossa, a Timóteo, meu verdadeiro
filho na fé; graça, misericórdia e paz, da parte de DEUS, nosso Pai, e da de
CRISTO JESUS, nosso Senhor.
Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em
Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se deem a
fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que
edificação de DEUS, que consiste na fé (1 Tm 1.1-4).
A carta prosseguiu cheia de instruções. Perguntas sobre a
organização e o governo da igreja precisavam ser respondidas, e Paulo achou que
seu amigo tiraria grande proveito de tais instruções e encorajamento:
Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações,
orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens. Pelos reis, e por
todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada,
em toda a piedade e honestidade...
Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de JESUS
CRISTO, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas
rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade.
Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é
proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.
Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na
palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler,
exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi
dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério...
Mando-te diante de DEUS, que todas as coisas vivificam, e de CRISTO
JESUS, que diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão, que
guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor
JESUS CRISTO (1 Tm 2.1,2.4.6-8,12-14; 6.13,14).
Rumo a Trôade, Éfeso e Mileto
Paulo mencionou na carta a esperança de visitar novamente Timóteo o
mais breve possível. Esse desejo foi realizado; depois de deixar a Macedônia e
visitar Trôade, onde trocou idéias com os líderes da igreja que se reuniam na
casa de Carpo, o apóstolo viajou para o sul e depois para Éfeso.
De fato, Paulo estava tão apressado, que chegou a deixar seus
preciosos livros e material para escrever, bem como sua capa, pretendendo
buscá-los antes do inverno.
Depois de uma visita satisfatória a Timóteo, ele despediu-se com
lágrimas nos olhos e tomou a estrada que levava a Mileto, a cerca de 48
quilômetros da costa.
Chegaria o dia em que todas as cidades teriam uma igreja cristã. O
quadro passara por grande transformação durante a vida de Paulo. Poucos anos
antes, havia somente alguns cristãos, mas o Evangelho fora anunciado tão
destemidamente, que agora todos os crentes tinham o seu lugar de culto. E
aquele porto marítimo não era exceção.
Paulo e Tito
Durante várias semanas Paulo esteve com os irmãos em Mileto. Depois
de consolá-los, estabelecendo-os na fé, embarcou para Creta na companhia de
Tito, seu fiel colaborador. A igreja dali era desorganizada. Havia muitos
crentes, mas para que seu testemunho fosse efetivo, algumas coisas precisavam
ser mudadas. Era necessário que os crentes se unissem sob a direção de anciãos
e bispos que zelassem por suas almas.
Tito, um dos convertidos de Paulo, era grego. Ele acompanhara o
grande apóstolo a Jerusalém, à conferência relativa à admissão dos gentios na
igreja, e Paulo tinha plena confiança nele. Decidiu deixá-lo em Creta,
encarregando-o da organização das igrejas em cada cidade da ilha. Era uma
tarefa colossal; mas, com a ajuda do Senhor, Tito a cumpriria.
Enquanto Tito adaptava-se à nova responsabilidade, Paulo foi para
Corinto e exerceu um breve ministério junto a essa grande igreja. Ele ficou
alegre ao constatar que os males de Corinto, sobre os quais escrevera alguns
anos antes, haviam sido corrigidos. Seu encontro com os discípulos dali foi
cordial e proveitoso. Os cristãos de toda a cidade foram ouvi-lo. Apesar de
idoso, o servo do Senhor parecia não se cansar de exaltar a CRISTO e confirmar
a fé dos seguidores.
Paulo pensou também em Tito, que estava em Creta, e escreveu-lhe
uma carta similar à que enviara a Timóteo, descrevendo as qualificações para os
líderes da igreja. Como Éfeso e Creta, Corinto também precisava de um
representante digno. O escolhido por Paulo foi seu Erasto, seu fiel
colaborador. Deixou-o com a responsabilidade de ajudar os crentes de Corinto e
seguiu para Nicópolis, na costa oeste da Grécia.
Prisão de Paulo em Nicópolis
Sentindo que sua vida se achava perto do fim, Paulo fazia arranjos
para deixar obreiros de confiança em pontos estratégicos. O tempo era curto e
ele sentia a necessidade de apressar-se de cidade em cidade. Nicópolis era um
centro importante para o trabalho missionário e Paulo planejava passar ali o
inverno. Aquela cidade nunca fora visitada antes, e a perspectiva de iniciar um
novo trabalho em curtíssimo tempo era fascinante. Acompanhado de cinco
colaboradores, entrou na cidade e começou a pregar.
As suas esperanças, porém, foram de curta duração. Era o ano 67
D.C., e três anos antes, um grande incêndio queimara a cidade de Roma,
desabrigando milhares de pessoas. Ninguém sabia como o fogo começara. Alguns
diziam que o próprio Nero incendiara a cidade durante uma bebedeira, esperando
na sua loucura que uma Roma nova e melhor se levantasse, como um monumento ao
seu reinado.
Mas outro clamor ergueu-se, afirmando que os cristãos haviam
incendiado a cidade. O ódio da população subiu mais alto que as chamas, e
começaram-se as perseguições mais cruéis que a igreja já enfrentara. Os
cristãos eram atirados aos leões no Coliseu, espancados até a morte,
mergulhados em piche e incendiados nos jardins de Nero, como tochas para
iluminar a noite.
Todos os que tinham condições fugiram de Roma. Áquila e Priscila
foram para Éfeso. A igreja teve de esconder-se. Em todo o império, cristãos
eram presos e perseguidos sem misericórdia. Histórias terríveis de tortura
chegaram aos ouvidos de Paulo e seus cinco assistentes. Eles próprios haviam
escapado por pouco em algumas ocasiões, mas agora uma nuvem mais negra parecia
pairar sobre eles. Os missionários temiam ser inevitavelmente presos. Nero e
seus homens estavam dispostos a acabar com o testemunho cristão.
Em meio à crise, Demas abandonou Paulo, partindo para Tessalônica.
Era uma negativa da fé, e o apóstolo ficou profundamente magoado. Demas,
entretanto, não foi o único a desertar. Crescente partiu para a Galácia; e até
Tito, a quem Paulo confiara tão grande tarefa, pressionado pela perseguição,
partiu para as montanhas da Dalmácia.
Só Lucas e Tíquico permaneceram com Paulo, e esse último foi
enviado a ficar com Timóteo e ajudá-lo em tudo. Então o golpe abateu-se sobre
eles. Um oficial romano, reconhecendo Paulo como líder das forças cristãs,
prendeu-o enquanto pregava o Evangelho de CRISTO em praça pública. Julgando que
Nero se agradaria de ter nas mãos um líder cristão, enviou-o a Roma.
O Primeiro Julgamento
Desta vez Paulo não foi tratado com respeito e tolerância. Era um
prisioneiro famoso, e qualquer um que lhe demonstrasse amizade seria
distinguido como um dos acusados de incendiar Roma. Pouca gente visitou o
apóstolo, mas Lucas, o médico amado, ia vê-lo todos os dias.
Paulo foi mantido numa cela logo abaixo da rua. Não havia qualquer
saída, exceto uma abertura estreita para escoamento da água no pavimento. As
paredes eram frias e úmidas, e o frio cortante do inverno já se fazia*sentir. A
solidão da cela o deprimia, mas a ideia de ter sido abandonado era ainda mais
difícil de suportar.
O efésio Onesíforo foi um dos que tentaram ajudá-lo. Ele mostrou
ser muito diferente de tantos amigos da Ásia. Todos haviam esquecido o idoso
apóstolo, mas Onesíforo não se envergonhou das cadeias de Paulo. Depois de uma
longa busca, descobriu onde o prisioneiro se encontrava e passou a visitá-lo
com frequência, levando-lhe ânimo e objetos de uso pessoal.
Chegou então o dia do julgamento. Segundo o costume romano, todos
deviam ter um julgamento justo. Paulo ficou sozinho diante do tribunal. A sala
estava cheia, mas em todo aquele mar de rostos não havia um que lhe parecesse
amigável. Nenhuma voz se levantou a seu favor. O velho apóstolo começou sua
própria defesa com um vigor vindo da certeza de que o Senhor estava ao seu
lado. CRISTO era tão real naquele dia como o fora na estrada de Damasco, tantos
anos antes.
Seu discurso foi eloquente. Todo o antigo fogo ainda queimava nele.
Toda a lógica e poder do Evangelho estavam-lhe à disposição. Suas sentenças
começaram vagarosas, mas à medida que contava a história do Evangelho, ganharam
velocidade. Seus olhos brilhavam de convicção. Ele estava pregando para obter
um veredicto, e seus argumentos caíam em pesados golpes nos corações dos
ouvintes. Esse seria seu último sermão na terra.
Alexandre, o latoeiro, era a principal testemunha contra Paulo.
Esse homem levantou-se e identificou-o como líder da igreja cristã e centro de
tanta controvérsia. Afirmou que aonde Paulo ia, formava uma comunidade de
cristãos fiéis a JESUS de Nazaré, e que a lealdade dessas pessoas ao imperador
era questionável. Apesar do testemunho de Alexandre, a corte impressionou-se
com as palavras ardentes do grande apóstolo; o caso foi suspenso até um novo
interrogatório.
Paulo escapou dos dentes do leão para ser enviado de volta à cela
sombria, onde aguardaria o lento girar das rodas da justiça romana. Tratava-se
de uma vitória temporária. Ele, porém, já podia visualizar o final à distância,
e esperava que o julgamento viesse rapidamente. O apóstolo dos gentios só tinha
um último desejo: ver Timóteo antes de morrer.
A Segunda Epístola a Timóteo
Paulo receava os dias de ócio forçado na cela desconfortável.
Pensou na capa que deixara em Trôade, com os livros e pergaminhos. Se
estivessem agora em suas mãos! Pediu uma pena, tinta e pergaminho, e obteve
permissão para escrever ao amado amigo Timóteo, em Éfeso:
Por este motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS que existe
em ti pela imposição das minhas mãos... Portanto, não te envergonhes do
testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes,
participa das aflições do evangelho, segundo o poder de DEUS...
Mas não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido, e estou
certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia...
Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em CRISTO
JESUS... Procura apresentar-te a DEUS aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2 Tm 1.6,8,12; 2.1,15).
Paulo advertiu o jovem pregador sobre a maldade dos homens e o
perigo da falsa doutrina. Encarregou-o solenemente de pregar a Palavra de DEUS
e jamais perder o sentimento de urgência:
Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências. E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu
sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra dum evangelista, cumpre o teu
ministério.
Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o
tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos os que amarem a sua vinda.
Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando
o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para Galada. Tito para
Dalmácia. Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é
muito útil para o ministério. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade,
em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague
segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às
nossas palavras.
Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me
desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e
fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação, e todos os gentios
a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão. E o Senhor me livrará de toda a má
obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o
sempre. Amém... Procura vir antes do inverno (2 Tm 4.3-11,13-18,21).
Essa foi a sua última carta.
O Segundo Julgamento
O segundo julgamento de Paulo seguiu-se logo após o primeiro. Não
havia ninguém para defendê-lo ou apoiá-lo. Ele fora acusado de ser o líder dos
cristãos, contra quem o ressentimento público era grande. Alexandre, o
latoeiro, e os demais acusadores venceram. Sob os olhos desatentos de Nero, foi
feita a votação. Era uma sentença de morte. Por ser um cidadão romano, Paulo
não seria crucificado, mas decapitado.
Com o rosto pálido, porém de cabeça erguida, o apóstolo foi levado
para fora dos muros da cidade. Ali, em meio a uma multidão hostil, ávida pela
execução, o velho missionário da cruz levantou os olhos para orar. Muitas e
muitas vezes o Senhor o livrara de um momento como aquele. Contudo, muitos
outros santos haviam enfrentado a morte, e a graça de DEUS seria suficiente a
Paulo também. O Senhor JESUS sofrerá uma morte vergonhosa fora dos muros de
Jerusalém; mas pela sua vitória, tornou a morte gloriosa a todo cristão.
Enquanto Paulo pensava na ressurreição, um riso de triunfo dançou-lhe nos olhos
e brincou-lhe nos cantos da boca. Sua face estava radiante, brilhando com a luz
de um outro mundo.
NOS Braços de JESUS
O capitão da guarda ordenou que parassem. O ar frio do inverno
esfriara o cepo junto ao qual Paulo ajoelhou-se. Combati o bom combate, acabei
a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada. A
lâmina da espada brilhou ao sol. Paulo fechou os olhos para a multidão ruidosa,
e quando os abriu de novo, estava na presença de JESUS de Nazaré, onde há
plenitude de alegria, e em cuja destra há prazeres eternos (SI 16.11).
FIM
Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
O apóstolo Paulo foi, certamente, o maior evangelista, o maior
teólogo, o maior missionário e o maior plantador de igrejas de toda a história
do cristianismo. Plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e
Ásia Menor. Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização.
Nenhum escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e
comentadas quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e
externas, não deixou jamais sua alma ficar amargurada.
Paulo foi o maior bandeirante do cristianismo, seu expoente mais
ilustre, seu arauto mais eloquente, seu embaixador mais conspícuo. Pregou com
zelo aos gentios e aos judeus, nas escolas, cortes, palácios, sinagogas,
praças e prisão. Com a mesma motivação, pregou quando tinha fartura
e também quando passava por privações. Ele enriqueceu muitos, sem nada
possuir. Embora tenha experimentado fome e frio, suportado cadeias e
tribulações, passado os últimos dias numa masmorra e enfrentado o martírio
por ordem de um imperador insano, sua vida ainda inspira milhões
de pessoas em todo o mundo.
Sua conversão extraordinária foi um divisor de águas não só em sua
vida, mas também na história da humanidade. Antes dessa insólita experiência,
foi o maior perseguidor do cristianismo; depois dela, tornou-se seu maior
arauto. Sua vida foi vivida sempre com grande ardor e paixão. Antes de sua
conversão, seu zelo sem entendimento o levou a perseguir implacavelmente os
cristãos. Depois de sua conversão, seu zelo pela glória de DEUS o fez
gastar-se sem reservas pelos cristãos.
Convido você, leitor, a acompanhar comigo a vida desse gigante de
DEUS. Enquanto o veterano apóstolo nos toma pela mão e nos guia pelas veredas
de suas variadas experiências, é necessário termos os olhos abertos e o
coração disposto para aprender com ele preciosas e ricas lições. Que DEUS
nos ajude nessa gloriosa aventura! Hernandes Dias Lopes
Capítulo 01 - Um religioso memorável
(Quem era esse homem que provocava verdadeiras revoluções por onde
passava? Quais eram suas credenciais? Quem eram seus pais? Onde nasceu? Como
foi educado? Que convicções religiosas lhe nortearam os passos? Convido
você a fazermos uma viagem rumo ao passado, entrando pelos corredores do
tempo, a fim de descobrirmos essas respostas. Nossa fonte primária é a
Sagrada Escritura. Dela, emanam as informações mais importantes sobre a
vida, o ministério e a morte desse gigante do cristianismo. É tempo de
começarmos essa viagem!
Em primeiro lugar, Paulo era judeu por nascimento. Em sua defesa em
Jerusalém, após sua dramática prisão, teve a oportunidade de se dirigir à
multidão alvoroçada, dizendo: “Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia...”
(Atos 22.3). Seus pais eram judeus. O sangue que corria em suas veias era
o mesmo que corria nas veias do patriarca Abraão. Ao combater a ideia errada
dos falsos mestres judaizantes, que nutriam uma falsa confiança na sua
linhagem judaica, Paulo responde: “Bem que eu poderia confiar também na carne.
Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
de hebreus...” (Fp 3.4,5). Paulo era um judeu puro sangue. Um judeu da
gema. Procedia da mais importante tribo israelita, a de Benjamim.
Em segundo lugar, Paulo foi criado dentro da fé judaica. Paulo
nasceu em Tarso da Cilícia. Seus pais o educaram na fé judaica, uma vez que foi
circuncidado ao oitavo dia (Fp 3.5). Desde sua infância, bebeu o leite da
piedade e aprendeu os preceitos da lei de DEUS. Jamais foi um
jovem devasso. O zelo sempre ardeu em seu peito. Seu propósito em servir a
DEUS foi o vetor que governou sua vida. Dominava com grande desenvoltura o
conhecimento da lei e as opiniões mais importantes dos grandes mestres de
sua época. Ele se destacava dentro do judaísmo. Chegou mesmo a declarar:
“E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da
minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl
1.14).
Em terceiro lugar, Paulo foi educado em Jerusalém aos pés de
Gamaliel. Perante grande multidão em Jerusalém, Paulo dá seu testemunho: “...
criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a
exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com DEUS,
assim como todos vós o sois no dia de hoje” (Atos 22.3). Jerusalém era a
cidade santa. Lá estavam os escribas e doutores da lei. Lá estavam o
templo e os sacrifícios. Lá estavam a lei e as cerimônias. Lá estavam os
sacerdotes e os rabinos. Lá estava o sinédrio. Essa cidade transpirava
religião. Tudo girava em torno do sagrado. Na cidade de Davi, Paulo foi
instruído aos pés de Gamaliel, o maior e o mais ilustre rabino daquela
época, homem culto, sábio e piedoso. Ele foi instruído segundo a exatidão
da lei dos seus antepassados. Conhecia bem de perto as tradições do seu povo.
Sabia de cor as inúmeras regras e preceitos criados pelos anciãos. A
tradição oral, fruto da interpretação meticulosa e extravagante dos
escribas, era observada cuidadosamente por esse jovem brilhante.
Em quarto lugar, Paulo tinha uma vasta cultura secular. Paulo era
um erudito. Seu conhecimento transcendia o campo religioso. Estava
familiarizado com o conhecimento mais refinado de sua época. Paulo era um
poliglota, ou seja, falava vários idiomas. Trafegava com desenvoltura
pelos corredores do passado e citava com precisão os grandes pensadores e
filósofos dos tempos antigos. Quando pregou na capital intelectual do
mundo, a Atenas de Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles, não hesitou
em citar alguns poetas atenienses (Atos 17.28). Quando escreveu a Tito,
na ilha de Creta, fez referência a Epimênides, um filósofo cretense, do
século 6 o a.C (Tt 1.12). Paulo tinha uma cultura enciclopédica. Festo,
mesmo fazendo troça do apóstolo, precisou se curvar à realidade
insofismável de que Paulo era um homem de muitas letras (Atos 26.24). O próprio
apóstolo Pedro faz referência à sabedoria de Paulo, dizendo que ele
escreveu coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam
para sua própria destruição (2Pe 3.15,16).
Em quinto lugar, Paulo era fariseu, membro da seita mais rigorosa
dos judeus. Escrevendo aos filipenses, descreveu sua vida pretérita nestes
termos: “... quanto à lei, [eu era] fariseu...” (Fp 3.5). Diante do rei
Agripa, quando estava sendo acusado, em Cesareia, disse: “... porque vivi
fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião” (Atos 26.5). Como
fariseu, Paulo era zeloso da lei. Como fariseu, era extremamente zeloso
das tradições de seus pais (Gl 1.14). Como fariseu, frequentava
assiduamente a sinagoga. Como fariseu, dava o dízimo criteriosamente e
jejuava regularmente. Ele chega a afirmar que, quanto à justiça que há na
lei, era irrepreensível (Fp 3.6). Os fariseus eram os separados. Eles
compunham o grupo religioso mais ortodoxo de Israel. Os fariseus estavam
do lado oposto dos saduceus, grupo religioso que negava a ressurreição e
a existência dos anjos.
Em sexto lugar, Paulo era membro do sinédrio judaico. Paulo era o
maior embaixador do sinédrio judaico no sentido de promover a fé de seus pais.
Por outro lado, era o braço estendido desse mesmo sinédrio para
neutralizar ou desbaratar qualquer nova vertente religiosa que colocasse em
risco sua tradição religiosa. O sinédrio era o concílio maior dos judeus,
composto de setenta homens maduros, cuja função principal era legislar e
julgar a vida religiosa e moral do povo judeu. Governado especialmente
pelos sacerdotes, da seita dos saduceus, tinha nos fariseus seus
membros mais zelosos da lei (Atos 23.6). Ser membro do sinédrio era ser
considerado um dos principais dos judeus (Jo 3.1). Esse posto de honra
dava-lhe projeção e grande destaque na sociedade. Era um homem respeitado
pelo seu conhecimento, pela sua religiosidade e pelo zelo com que se devotava
à causa do seu povo.
Em sétimo lugar, Paulo era um cidadão romano. Paulo, mesmo sendo
filho de judeus, era cidadão romano (Atos 22.27), pois nasceu numa província
romana, em Tarso da Cilícia. Recebeu o título de cidadão romano não
mediante o pagamento de grande soma de dinheiro (Atos 22.28a), mas
por direito de nascimento (Atos 22.28b). Um cidadão romano gozava de
certos privilégios. Ele não podia ser açoitado (Atos 22.25). Paulo não
hesitou em lançar mão desse privilégio sempre que necessário. Pelo menos
duas vezes essa credencial de Paulo o livrou das mãos das autoridades. A
primeira vez, na cidade de Filipos, colônia romana, onde Paulo foi
açoitado e preso ilegalmente. Quando os pretores, as autoridades locais,
souberam que Paulo era romano, ficaram cheios de temor e precisaram se
desculpar com o apóstolo (Atos 16.35-40). A segunda vez, quando Paulo foi preso
em Jerusalém e estava sendo amarrado, para ser interrogado sob açoites, em
vista do alvoroço da multidão tresloucada, Paulo pergunta: “... Ser-vos-á,
porventura, lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?” (Atos
22.25). Paulo não fazia propaganda de suas prerrogativas, mas
jamais deixou de usá-las quando isso se fazia necessário. Humildade não é
se esconder. Os humildes não tocam trombeta fazendo alarde de seu
conhecimento, poder ou influência. Os humildes não querem ser menos do que
são; mas jamais deixam de afirmar o que são, quando isso contribui para
a promoção do bem.
Capítulo 02 - Um perseguidor implacável
O zelo sem entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos
crimes hediondos têm sido praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi
diferente. Ele foi um perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência
e força para esmagar os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a
religião de CRISTO (Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o mais severo perseguidor da igreja em seus albores.
Olhando pelo retrovisor, fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a
Timóteo: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e
insolente...” (1Tm 1.13). Ele feria os cristãos com a língua e com os punhos.
Fazia isso com arrogância e soberba. Usava os instrumentos legais e também
a truculência física.
Paulo é visto como perseguidor
Ressaltamos, aqui, alguns pontos importantes: Paulo via a si mesmo
como perseguidor. Ao escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o
menor dos apóstolos e até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez
que havia perseguido a igreja de DEUS (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas,
testemunha: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo,
como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13).
Diante do povo de Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte,
prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Diante do
rei Agripa, ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas
cousas deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e assim procedi
em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
CRISTO o viu como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia
para Damasco com o propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de
CRISTO para Jerusalém a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe,
de maneira gloriosa, na estrada de Damasco, perguntando-lhe: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os
aguilhões” (Atos 26.14). Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir
os membros do Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é
perseguir o Noivo. Paulo não estava apenas se levantando contra homens, mas
contra o próprio DEUS. Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina
dos olhos de DEUS.
O povo de Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento
pode levar um homem a fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos.
Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de
muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos
teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais
sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14).
O mesmo aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo
foi imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é
este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para
aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais
sacerdotes?” (Atos 9.21).
Os discípulos de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo
fugiu de Damasco e foi para Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos
discípulos, eles não acreditaram nele. Pensaram que se tratava de mais um
estratagema para perseguir os cristãos. Lucas relata esse fato assim:
“Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos,
porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Paulo é um perseguidor cruel e resistente
Duas descrições metafóricas ilustram a crueldade das perseguições
de Paulo aos cristãos.
Primeiro, ele é visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém
foi duramente perseguida, e muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos
8.1-4). Alguns deles foram para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando
ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco
para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que professavam
o nome de CRISTO (Atos 9.1,2). Ele queria destruir os crentes em
Jerusalém, por isso os caçava por toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém
e ali os exterminar.
Essa expressão “respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma
para descrever uma fera selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma
presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador
(Atos 9.21). Paulo era um monstro celerado, um carrasco impiedoso, um
perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos primitivos.
A expressão “respirando ainda ameaças e morte” era também uma
alusão ao arfar e ao bufar dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal
selvagem do que um homem. Em suas próprias palavras, ele estava
“demasiadamente enfurecido” (Atos 26.11). Nada é mais perigoso do que
o radicalismo religioso sem entendimento. Muitas “guerras santas” já foram
declaradas por causa dessa atitude ensandecida. Milhares de pessoas já
morreram em nome de DEUS para sustentar essa causa inglória. Muito sangue
já foi derramado para satisfazer os caprichos desses religiosos dominados
pelo zelo sem entendimento.
A expressão “respirando ameaças e morte” descreve também uma fera
selvagem saltando sobre a presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem,
uma ameaça concreta para todos aqueles que confessavam o nome de JESUS.
Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a
morte (Atos 22.4). Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome
de JESUS, o Nazareno (Atos 26.9). Ele estava determinado a banir da terra
o cristianismo. Não podia aceitar que um nazareno, crucificado como um
criminoso, pudesse ser o Messias prometido de DEUS. Não podia aceitar que
os cristãos anunciassem a ressurreição daquele que havia sido dependurado
numa cruz. Não podia crer que uma pessoa pregada na cruz e,
consequentemente, considerada pecadora e maldita pudesse ser o Salvador do
mundo.
Segundo ele é visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo
sendo perseguido por Paulo, não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo
nome de JESUS, o Nazareno, não anulou o propósito eletivo de DEUS, que
escolheu Paulo antes mesmo de ele nascer e o separou para o ministério.
Paulo mesmo testemunhou esse fato: “Quando, porém, ao que me separou antes de
eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim...”
(Gl 1.15,16). Um touro bravo é amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a
ferroar sua consciência, ao mostrar como aqueles discípulos presos,
torturados e mortos morriam com serenidade. O algoz estava furioso, mas as
vítimas morriam cantando e orando.
Quando Estêvão foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu
sangue, Paulo consentia em sua morte e guardava as vestes daqueles que o
apedrejavam (Atos 22.20). Paulo, porém, recusava-se a ceder mesmo diante
desses aguilhões. Como uma fera selvagem, dirigiu-se a Damasco.
Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu prazer era matar em nome de DEUS
aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS então aparece-lhe em refulgente
glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão e lhe pergunta: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra
os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim, estava no chão, subjugado,
manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do que seu ódio entrou em seu
peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele a quem ele
perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu
coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o
Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
Paulo é um perseguidor violento
A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para
perseguir os discípulos de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da
lei. Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de
cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em
prisões e matar os cristãos (Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de
legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da lei
religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos
de CRISTO as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que
é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei
permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei
para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que,
despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se
abastecerem e oprimirem o pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas
e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos.
Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos
religiosos. Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em
Jerusalém, bem como por cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de
jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas
avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria
(Atos 9.1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os
judeus se congregavam para estudar a lei e orar. Ali também os cristãos se
reuniam para adorar CRISTO e cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num
palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de
perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com
isso estar prestando um serviço a DEUS.
Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica. A
perseguição impetrada por essa fera selvagem e por esse boi bravo não consistia
apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não
apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo
testemunha: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26.11). Ele era blasfemo (1Tm 1.13)
e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo
da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as
prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26.10). A tortura psicológica
é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram
esse artifício maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a
tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para
arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que
se quer condenar.
Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física. Em sua carta aos
Coríntios, Paulo diz que perseguiu a igreja de DEUS (1Co 15.9). Aos crentes da
Galácia, seu relato é ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi o
meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja
de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários métodos:
Ele caçava os crentes por todas as partes. Paulo era um caçador
implacável (Atos 9.2; 22.5; 26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os
cristãos em Jerusalém; caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora,
escoltado por uma soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da
Síria, para prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos
9.2). Seu propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para
Jerusalém e puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS
havia ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os
cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas
contra CRISTO. Ele testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas
coisas deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9).
Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro
tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO.
Por isso, quando JESUS aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo,
Saulo, por que me persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu,
Senhor?”. E a resposta foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu
persegues” (Atos 9.5). Diante do sinédrio, Paulo disse: “Persegui este
Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres”
(Atos 22.4). O povo de Damasco, ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois
da sua conversão, reafirma como Paulo perseguiu de forma implacável os
crentes: “... Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o
nome de JESUS e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos
principais sacerdotes?” (Atos 9.21).
Ele manietava os crentes. Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas
dava ordem de prisão aos crentes, mas os amarrava e os levava assim aos
principais sacerdotes (Atos 9.21). Ele corrobora: “... e ia para Damasco,
no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá
estivessem, para serem punidos” (Atos 22.5).
Ele encerrava os crentes em prisões. O propósito de Paulo em ir a
Damasco era descobrir lá alguns crentes a fim de levá-los presos para Jerusalém
(Atos 9.2). Ele diz ao povo de Jerusalém: “Persegui este Caminho até à
morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos
22.4). Depois de sua conversão, quando DEUS o mandou sair de Jerusalém,
Paulo tentou argumentar com DEUS, dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que
eu encerrava em prisão [...] os que criam em ti” (Atos 22.19).
Ele açoitava os crentes. Paulo não somente acorrentava e prendia os
cristãos, mas também os castigava fisicamente (Atos 22.5). Ele disse: “...
Senhor, eles bem sabem que eu [...] açoitava os que criam em ti” (Atos
22.19). Diante de Agripa, Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas
as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido
contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.11). Paulo
era um carrasco, um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado
em seu zelo ensandecido.
Ele matava os crentes. Paulo não apenas caçava os crentes como uma
fera selvagem caça a sua presa, como também os devorava. Ele não apenas os
acorrentava, prendia e açoitava, mas também os matava. Ele devastava a
igreja. Sempre que o sinédrio deliberava sobre a morte dos
crentes encerrados em prisão, Paulo dava seu voto para que fossem mortos.
Diz ele: “e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização
dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra
estes dava o meu voto, quando os matavam” (Atos 26.10). Diante da
multidão amotinada de Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o
sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia
nisso e até guardei as vestes dos que o matavam” (Atos 22.20).
Capítulo 03 - Um touro indomável
A conversão de Paulo foi a mais importante da história. Talvez
nenhum fato seja mais marcante na história da igreja depois do Pentecostes.
Nenhum homem exerceu tanta influência no cristianismo. Nenhum homem foi tão
notório na história da humanidade. Lucas ficou tão impressionado com a
importância da conversão de Paulo que ele a relata três vezes em Atos (Atos
9, 22, 26). Destacamos alguns pontos sobre a conversão de Paulo.
Paulo não se converteu; ele foi convertido
A causa da conversão de Paulo foi a graça soberana de DEUS. Ele não
se decidiu por CRISTO; estava perseguindo CRISTO. Na verdade, foi CRISTO quem
se decidiu por ele.
Paulo estava caçando os cristãos para prendê-los, e CRISTO estava
caçando Paulo para salvá-lo (Atos 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a
JESUS; era JESUS quem estava buscando a Paulo. A salvação de Paulo não foi
iniciativa dele; foi iniciativa de JESUS. Não foi Paulo quem clamou
por JESUS; foi JESUS quem chamou pelo nome de Paulo. A salvação é obra
exclusiva de DEUS. Não é o homem que se reconcilia com DEUS; é DEUS quem
está em CRISTO reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
Paulo não é salvo por seus méritos; ele era uma fera selvagem, um
perseguidor implacável, um assassino insensível. Seus predicados religiosos,
nos quais confiava (circuncidado, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de
Benjamim), ele considerou como esterco (Fp 3.8, ARC). A nossa justiça
aos olhos de DEUS não passa de trapo de imundícia (Is 64.6).
Paulo era um touro bravo que resistiu aos aguilhões
A conversão de Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De
acordo com a própria narrativa de Paulo, JESUS lhe disse: “... Dura cousa é
recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). JESUS comparou Paulo a um
touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo, a um fazendeiro que
usa aguilhões para domá-lo.
DEUS já estava trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render
no caminho de Damasco. Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os
aguilhões (Atos 26.14). JESUS já estava ferroando sua consciência quando
ele viu Estêvão sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para
perdoar seus algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo.
JESUS estava ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os
cristãos e dava seu voto para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse
boi selvagem não amansou com as ferroadas, JESUS apareceu a ele, o
derrubou ao chão e o subjugou totalmente no caminho de Damasco. Isso
nos prova que a eleição de DEUS é incondicional, que a graça de DEUS é
irresistível, e que seu chamado é irrecusável. Paulo precisou ser jogado
ao chão e ficar cego para se converter. Nabucodonosor precisou ir para o
campo comer capim com os animais para se dobrar. Até quando você vai resistir
à voz do ESPÍRITO de DEUS?
A conversão de Paulo no caminho de Damasco era o clímax repentino
de um longo processo em que o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço.
Curvou-se a dura cerviz autossuficiente. O touro estava domado.
Paulo era um intelectual que resistiu à lógica divina (Atos 9.4-8)
Se a conversão de Paulo não foi repentina, também não foi
compulsiva. CRISTO falou com ele em vez de esmagá-lo. CRISTO o jogou ao chão,
mas não violentou sua personalidade. Sua conversão não foi um transe
hipnótico. JESUS apelou para sua razão e para seu entendimento.
JESUS perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Paulo
respondeu: “Quem és tu, Senhor?”. JESUS respondeu: “Eu sou JESUS, a quem tu
persegues”. JESUS ordenou: “Mas levanta-te”, e Paulo prontamente obedeceu!
A resposta e a obediência de Paulo foram racionais, conscientes e livres.
A soberania de DEUS não anula a responsabilidade humana. JESUS
picou a mente e a consciência de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se
revelou através da luz e da voz, não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A
graça de DEUS não aprisiona. É o pecado que prende. A graça liberta!
Paulo foi um homem completamente transformado (Atos 9.3-20)
Destacamos três fatos benditos sobre essa súbita conversão de
Paulo:
Em primeiro lugar, uma gloriosa manifestação de JESUS (Atos 9.3-6).
Três coisas aconteceram a Paulo:
Paulo viu uma luz (Atos 22.6,11). Subitamente, uma grande luz do
céu brilhou ao seu redor. Aquilo não foi uma miragem, um êxtase, uma visão
subjetiva. Foi uma grande luz do céu tão forte que lhe abriu os olhos da
alma e tirou-lhe a visão física. Ele ficou cego por causa do fulgor
daquela luz (Atos 22.11). Não foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas
o próprio JESUS (Atos 9.17). Aquela luz era a glória do próprio Filho de
DEUS ressurreto.
Paulo caiu por terra (Atos 22.7). O touro furioso, selvagem e
indomável estava subjugado. Aquele que prendia estava preso. Aquele que
encerrava em prisão estava dominado. Aquele que se achava detentor de todo
o poder para perseguir estava prostrado ao chão, impotente. O Senhor
quebrou todas as suas resistências.
Paulo ouviu uma voz (Atos 22.7). O mesmo JESUS que ferroara sua
consciência com aguilhões troveja, agora, aos seus ouvidos, desde o céu: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os
aguilhões” (Atos 26.14). A voz do Senhor é poderosa. Ela despede chamas
de fogo. Faz tremer o deserto. É irresistível. Paulo então perguntou: “...
quem és tu, Senhor? Ao que JESUS respondeu: “... Eu sou JESUS, o Nazareno,
a quem tu persegues” (Atos 22.8). O mesmo Paulo que perseguia a JESUS
(Atos 26.9) chama, agora, JESUS de Senhor. Ele se curva. Ele se prostra. O
boi selvagem foi subjugado! Não há salvação sem que o pecador se renda aos
pés do Senhor JESUS.
Em segundo lugar, uma humilde entrega de Paulo (Atos 22.8,10). Três
coisas devem ser destacadas:
Paulo reconhece que JESUS é o Senhor (Atos 22.8). Aquele a quem ele
resistira e perseguira é de fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou
dentre os mortos. Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de DEUS.
Aquela luz brilhou na sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos
seus olhos espirituais (2Co 3.16).
Paulo reconhece que é pecador (Atos 22.8). Paulo toma conhecimento
de que seu zelo religioso não agradava a DEUS. Na verdade, estava perseguindo o
próprio Filho de DEUS. Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores.
Reconhece que está perdido e precisa da salvação.
Paulo reconhece que precisa ser guiado pelo Senhor (Atos 22.10). A
autossuficiência de Paulo acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “...
que farei, Senhor?...” (Atos 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a
obedecer. Ele que esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho
e bravura, como um autoconfiante adversário de CRISTO, estava sendo guiado
por outros, humilhado e cego, capturado pelo CRISTO a quem se opunha. O
Senhor ressurreto aparecera a ele. A luz que viu era a glória de CRISTO, e
a voz que ouviu era a voz de CRISTO. CRISTO o capturou antes que ele
pudesse capturar qualquer crente em Damasco.
Em terceiro lugar, uma evidência incontestável da conversão de
Paulo (Atos 9.10-20). Três verdades nos provam essa tese:
Paulo evidencia sua conversão pela vida de oração (Atos 9.10,11). A
prova que DEUS deu a Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um
perseguidor, é que ele estava orando. Quem nasce de novo tem prazer de
clamar “Aba Pai”. Quem é salvo tem prazer na comunhão com o Pai. Paulo
é convertido e logo começa a orar!
Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do ESPÍRITO SANTO
(Atos 9.17). Ananias impõe as mãos sobre ele, e ele recebe o ESPÍRITO e fica
cheio do ESPÍRITO SANTO. Charles Spurgeon disse que é mais fácil você
convencer um leão a ser vegetariano do que uma pessoa ser convertida sem a ação
do ESPÍRITO SANTO.
Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do batismo (Atos
9.18). Não é o batismo que salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um
testemunho da salvação. Uma pessoa que crê precisa ser batizada e
integrada na igreja. Ananias chamou Paulo de irmão. Ele entrou para a família
de DEUS.
Capítulo 04 - Uma pedra bruta lapidada
Depois de convertido, logo Paulo se transforma em pregador do
evangelho. Em vez de perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de
tapar a boca dos cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS.
Destaco três mudanças radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de
sua conversão:
Em primeiro lugar, de agente de morte a pregador do evangelho.
Paulo tornou-se um embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente
após sua conversão (Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o
evangelho aos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com
saúde ou doente. Pregou nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas
praças, na praia, no navio, nos salões governamentais, nas escolas. Paulo
pregou com senso de urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele
pregava não apenas usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do
ESPÍRITO e de poder (1Co 2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas.
DEUS encorajou Ananias a ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as
seguintes palavras: “... Vai, porque este é para mim um instrumento
escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante
os filhos de Israel” (Atos 9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o
maior evangelista, o maior missionário, o maior pastor, o maior pregador,
o maior teólogo e o maior plantador de igrejas da história do
cristianismo. Ele plantou igrejas na região da Galácia, nas províncias da
Macedônia, Acaia e Asia Menor. Não apenas plantou igrejas, mas
pastoreou-as com intenso zelo, com profundo amor e com grave senso de
responsabilidade. Pesava sobre ele a preocupação com todas as igrejas (2Co
11.28).
Em terceiro lugar, de receptor de cartas para prender e matar a
escritor de cartas para abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos
cristãos, Paulo pedia cartas para prender, amarrar e matar os crentes
(Atos 9.2,14). Mas, depois de convertido, ele escreve cartas para abençoar.
Paulo foi o maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas.
Suas cartas são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na
história da humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões
de crentes em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão
que alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo
ESPÍRITO SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os
dias!
Vejamos, agora, como DEUS trabalhou na vida de Paulo até
transformá-lo no apóstolo que foi. Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e
radical, seu amadurecimento foi progressivo.
Pregando em Damasco
Logo após ser curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o
ESPÍRITO, Paulo começou a pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de
DEUS (Atos 9.20). Sua pregação consistia apenas numa declaração de que
aquele a quem ele perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação
causou espanto nos damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador
dos que invocavam o nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos
9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o
Filho de DEUS (Atos 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia
e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o
CRISTO (Atos 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar
cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma
investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio
da afirmação para o segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos
responde, mas encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua
conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos,
mas rumou para as regiões da Arábia, onde permaneceu três anos, fazendo um
seminário intensivo com o próprio Senhor JESUS. O próprio Paulo registra
esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim
anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de
homem algum, mas mediante revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois de passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo
Testamento, ele descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo
narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que
me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar
seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não
consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram
apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei,
outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17).
Pregação mais precisa em Damasco
Ao voltar das regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora,
não apenas afirma, mas demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido
(Atos 9.22).
Em vez de sua pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo
contrário, severa
resistência. Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto
muralha abaixo para salvar a vida. Depois de três anos de sua conversão, de
Damasco ele vai a Jerusalém (Gl 1.18).
Rejeição e acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa.
Os discípulos não acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele
estava blefando e armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa
rejeição, possivelmente, foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda
nos albores da sua caminhada. Estava colhendo os frutos de sua semeadura.
Eis o relato de Lucas: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou [Paulo]
juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que
ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o filho da consolação, viu Paulo com outros olhos.
Acreditou nele e investiu em sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé,
tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o
Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco
pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos 9.27). Barnabé foi o
instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na comunidade cristã de
Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé que agora pregava (Gl
1.23).
Uma exagerada confiança em si mesmo
Uma vez acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta
fúria os cristãos, Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela,
a fim de pregar aos judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa
desenvoltura não alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui
Paulo ainda estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu
ministério. Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o
relato de Lucas: “Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando
ousadamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas
eles procuravam tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso
nessa mesma cidade de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não
foi apenas rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra
pelo próprio DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz:
“Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me
um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de
Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos
22.17,18).
Em vez de DEUS mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de
mudar e sair da cidade. Paulo não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a
discutir com DEUS. Pensa que DEUS está cometendo um erro estratégico ao
tirá-lo desse campo. Ele pensa ser o homem certo para essa empreitada. Mas
DEUS não cede; é Paulo que tem de arrumar as malas e ir embora. Vejamos
a argumentação de Paulo com DEUS: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu
encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando
se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava
presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam. Mas
ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios” (Atos
22.19-21). Como Paulo reluta em sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo,
porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e
dali o enviaram para Tarso” (Atos 9.30).
O jovem Paulo sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma
as malas e vai embora de Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se
resolvem: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e
Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do
ESPÍRITO SANTO, crescia em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o
orgulho de um pastor do que sair da igreja e ver que após sua saída todos
os problemas dela se resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali
ficou não pouco tempo no anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse
longo período de sua vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos
sonhos, e nutrindo na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está,
agora, sozinho, esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na
verdade, DEUS está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos.
Vida com DEUS precede trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é
fazer a obra de DEUS, mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais
importante do que a obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na
obra não vinha dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga
aliança para a nova aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e
nada, de DEUS; na nova aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se
quisermos fazer a obra de DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos.
Se dependermos apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa
suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de
treinamento. O deserto é a escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina
seus líderes mais importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não
é um acidente em nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva
para o deserto. Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do
palco. Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção.
DEUS nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar.
O deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS
não tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos
numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas
os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o
estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante
quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único
dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com
30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser
poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser liderado antes de poder liderar
A evangelização do mundo estava a todo vapor, e isso sem a
contribuição de Paulo. Não há pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas
cooperadores, e não os agentes da obra. O evangelho chegou a Antioquia, a
terceira maior cidade do mundo daquela época. A igreja de Jerusalém
enviou para lá o mesmo Barnabé que havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao
chegar ali, alegrou-se ao ver a obra de DEUS prosperando e lembrou-se de
Paulo. Foi atrás dele e o buscou para engrossar fileiras no ministério da
evangelização e do ensino naquela cidade metropolitana.
Durante um ano, eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A
igreja era multicultural e multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava
e jejuava. Foi nesse tempo que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo
para a grande obra missionária, enviando-os para uma viagem
missionária transcultural. É digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO
separou Barnabé e Paulo, e não Paulo e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele
precisava aprender a ser liderado antes de poder liderar. Ele precisava
estar sob a autoridade de alguém antes de poder exercer autoridade sobre
alguém. Ele precisava aprender a ser reserva antes de ocupar o lugar de
titular.
Mais uma vez, estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando
na vida de Paulo, ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si
mesmo. DEUS estava esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa
pedra, aparando suas arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta, possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a
Paulo em sua trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O
mesmo apóstolo compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua
segunda carta aos Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma
vida vitoriosa: otimismo indestrutível, sucesso constante, impacto
inesquecível, integridade irrefutável e realidade inegável (2Co 2.14-17;
3.1-3). Contudo, a grande questão é: “... Quem, porém, é suficiente para
estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo
no capítulo seguinte, quando escreve: “... a nossa suficiência vem de
DEUS” (2Co 3.5). Só depois de aprender esse princípio, Paulo está pronto
para ser o grande líder, o grande missionário, o homem poderosamente usado
nas mãos de DEUS para levar o evangelho aos mais distantes rincões
do mundo.
Capítulo 05 - Semeando com lágrimas, colhendo com júbilo
A primeira viagem missionária de Paulo foi marcada por muitos
incidentes e acidentes. Ele enfrentou oposição, perseguição e até
apedrejamento. A jornada foi tão dura que o jovem João Marcos desistiu da
viagem no meio do caminho.
A direção do ESPÍRITO SANTO na obra missionária
A igreja prega e ensina a Palavra (Atos 13.1), mas quem a dirige na
obra missionária é o ESPÍRITO SANTO (Atos 13.2). O ESPÍRITO SANTO é livre e
soberano na condução dos destinos da igreja. A orientação do ESPÍRITO é
segundo a Palavra, e não à parte dela. O ESPÍRITO se manifesta a uma
igreja centralizada na Palavra e a uma igreja que ora e jejua (Atos
13.2,3). O ESPÍRITO SANTO não age à parte da igreja, mas em sintonia com
ela. É a igreja que jejua e ora. É a igreja que impõe as mãos e despede,
mas é o ESPÍRITO quem envia os missionários (Atos 13.3,4).
Não podemos fazer a obra de DEUS sem a direção do ESPÍRITO SANTO.
Ele nos foi enviado para estar para sempre conosco. Ele nos guia a toda a
verdade. Precisamos do ESPÍRITO SANTO. Dependemos do ESPÍRITO SANTO. A
igreja não pode ver sequer uma conversão sem a obra do ESPÍRITO SANTO. Os
pregadores não terão virtude e poder para pregar sem a ação do ESPÍRITO SANTO.
Usando pontes de contato
Paulo anunciava a Palavra de DEUS (Atos 13.4,5), mas empregava os
melhores métodos e os meios mais adequados de fazê-lo (Atos 13.5). Paulo não
ousava mudar a mensagem, mas era sempre audacioso em usar os melhores
métodos. Em Salamina, eles anunciam a Palavra de DEUS nas sinagogas
judaicas (Atos 13.5). Nesse lugar, judeus e gentios prosélitos se reuniam para
estudar a lei. Ali havia pessoas tementes a DEUS e piedosas. Essas pessoas
já estavam preparadas para receber a revelação de DEUS por meio do
evangelho.
Precisamos de pontes de contato para atingir com eficácia as
pessoas. Precisamos ler a Bíblia e ler o povo. Precisamos conhecer o texto e o
contexto. Precisamos ler a Escritura e também a cultura. É sábio
aproveitar as portas abertas da cultura religiosa para anunciar o evangelho.
Onde alguém se abre para o evangelho, o diabo cria uma resistência
Quando os missionários Barnabé, Paulo e João Marcos chegaram a
Pafos, o procônsul Sérgio Paulo, homem inteligente, demonstrou interesse em
ouvir a Palavra de DEUS. Mas, imediatamente, certo judeu, mágico, falso
profeta, de nome Barjesus, opôs-se a eles. Esse mensageiro do
diabo envidou todos os esforços para afastar da fé o procônsul. É nesse
momento que Paulo assume o comando da obra missionária e repreende com
autoridade esse embaixador do engano com estas palavras: “Ó filho do diabo,
cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não
cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor? Pois, agora, eis aí está
sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo.
No mesmo instante, caiu sobre ele névoa e escuridade, e, andando à roda,
procurava quem o guiasse pela mão” (Atos 13.10,11). O resultado foi que o
procônsul, ao ver o ocorrido, creu, maravilhado com a doutrina do Senhor (Atos
13.12).
Desistência no meio do caminho
Ao saírem de Pafos para Perge da Panfília, o jovem João Marcos
desiste da viagem missionária e retorna para sua casa em Jerusalém (Atos
13.13). Longe de esse fato trazer aos dois veteranos da caravana, Paulo e
Silas, qualquer desestímulo, eles prosseguiram rumo a Antioquia da Pisídia,
onde encontraram uma larga porta aberta para o evangelho.
Por que João Marcos desistiu dessa primeira viagem missionária? O
texto não nos responde. Porém, temos pelo menos duas sugestões. A primeira
delas é que João Marcos era primo de Barnabé, e, quando saíram de
Antioquia da Síria, Barnabé era o líder da caravana; porém, a partir de
Pafos, Paulo assumiu essa liderança. Possivelmente, isso trouxe constrangimento
e até insegurança na vida desse jovem.
A segunda razão é que a viagem missionária tomou um rumo
inesperado, ao dirigir-se às regiões continentais em vez de concentrar-se
apenas nas cidades costeiras. Isso implicava maiores riscos e mais
dificuldades de uma retirada. O jovem João Marcos, possivelmente, julgou um
preço muito alto a pagar e, inexplicavelmente, desistiu da viagem e voltou
para casa.
Uma porta aberta para o testemunho
Em Antioquia da Pisídia, os missionários foram convidados a dar uma
palavra de exortação ao povo reunido na sinagoga (Atos 13.15). Havia fome de
DEUS naquela cidade. Paulo e Barnabé aproveitaram essa oportunidade.
O sermão de Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia é uma síntese
extraordinária da história de Israel (Atos 13.1641). Paulo se dirige aos
israelitas e aos prosélitos tementes a DEUS (Atos 13.16), começando sua
narrativa com o chamado dos patriarcas, o cativeiro no Egito e a peregrinação
de seus descendentes pelo deserto. Nesse tempo, DEUS suportou os maus
costumes do povo israelita durante quarenta anos no deserto. De forma
miraculosa, DEUS destruiu sete nações poderosas dessa terra e a deu a
Israel por herança. Depois de instalá-los nessa terra, deu-lhes juízes para
liderá-los, mas o povo, desejando imitar as nações pagãs ao redor, queria
um rei. Então lhes foi dado Saul. Por este não ser reto diante de DEUS, o
Senhor levantou Davi, homem segundo o coração de DEUS (Atos 13.22). Da
descendência de Davi, DEUS trouxe a Israel o Salvador do mundo, que é JESUS.
Paulo dirige-se aos judeus e prosélitos da sinagoga, fazendo uma
poderosa aplicação da sua mensagem. Mostra que o povo de Jerusalém e as
autoridades judaicas não conheceram JESUS nem entenderam a mensagem dos
profetas, que era lida todos os sábados em suas sinagogas, pois condenaram
o Messias que lhes fora prometido. Entretanto, ao condenarem JESUS, cumpriram
tudo aquilo que acerca dele estava escrito. Então Paulo foca sua mensagem
na morte, no sepultamento e na ressurreição de CRISTO, mostrando que esse
era o núcleo do evangelho que ele lhes anunciava. Paulo ainda afirma que é
por meio de JESUS, e não mediante a lei de Moisés, que eles tinham
a remissão de pecados e a justificação. O apóstolo termina sua exposição
alertando sobre o perigo de desprezar essa mensagem salvadora.
Um poderoso despertamento e uma cruel perseguição
A mensagem de Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia foi tão
impactante que surtiu de imediato dois resultados. O primeiro deles é que os
líderes da sinagoga pediram uma repetição da mesma mensagem para o sábado
seguinte (Atos 13.42). O segundo resultado foi que muitos dos judeus e
prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, aos quais estes persuadiram a
perseverar na graça de DEUS (Atos 13.43).
Durante aquela semana, algo extraordinário aconteceu na cidade. O
evangelho produziu um impacto tal nas pessoas que mal elas podiam esperar o
sábado seguinte para irem ao encontro dos homens de DEUS na sinagoga. O
historiador Lucas relata: “No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade
para ouvir a palavra de DEUS” (Atos 13.44). Chamamos isso de um avivamento!
Nenhum milagre é relatado na cidade, mas a Palavra de DEUS foi pregada com
fidelidade e poder, e uma cidade inteira foi despertada a ouvir a mensagem
evangélica.
O despertamento espiritual foi seguido imediatamente de implacável
e cruel perseguição. Os judeus, tomados de inveja, com blasfêmia contradiziam o
que Paulo falava. Nesse momento, Paulo e Barnabé, com toda a ousadia, ao
verem os judeus rejeitarem a vida eterna, voltam-se para os gentios (Atos
13.46,47). Os gentios muito se alegram e glorificam a Palavra do Senhor. E
Lucas relata: “... e creram todos os que haviam sido destinados para a
vida eterna” (Atos 13.48). Mesmo onde se manifestou rejeição, os eleitos
creram e foram salvos.
Os judeus, não dando o braço a torcer, manipularam as mulheres
piedosas da alta sociedade e as autoridades locais e, perseguindo Paulo e
Barnabé, expulsaram-nos do seu território. Os missionários sacudiram o pó
de seus pés e foram adiante rumo a Icônio. Os discípulos de CRISTO, porém,
transbordavam de alegria e do ESPÍRITO SANTO (Atos 13.50-52).
Pregando aos ouvidos e aos olhos
Paulo e Barnabé chegam a Icônio e ali demoram muito tempo, mesmo
debaixo de tensão e perseguição. Na sinagoga de Icônio, Paulo e Barnabé falam
com tal poder que uma grande multidão, composta de judeus e gregos, creu
no Senhor (Atos 14.1).
Os missionários não pregaram apenas aos ouvidos, mas também aos
olhos. Não apenas falaram, mas também demonstraram. Somos informados de que
eles falavam com ousadia no Senhor, o qual confirmava a palavra da sua
graça, concedendo que por mãos deles se fizessem sinais e prodígios (Atos
14.3).
Os milagres não são o evangelho, mas abrem portas para o evangelho.
Os milagres não são realizados pelos missionários, mas por DEUS, pela
intermediação dos missionários. A pregação do evangelho precisa ser em
demonstração do ESPÍRITO e de poder. Precisamos pregar não apenas
aos ouvidos, mas também aos olhos.
Uma orquestração contra os obreiros de DEUS
Se em Antioquia da Pisídia os judeus lideraram a perseguição contra
Paulo (Atos 13.50), em Icônio os judeus incrédulos incitaram o ânimo dos
gentios contra Paulo e Barnabé, bem como contra os novos convertidos (Atos
14.2). A sanha dos adversários foi tão virulenta que o povo da cidade
se dividiu, uns se posicionando a favor dos judeus, e outros se colocando
ao lado dos apóstolos (Atos 14.4). Vendo os adversários que a cidade estava
dividida, usaram a arma do tumulto, e assim, judeus e gentios,
associando-se com as autoridades, planejaram ultrajar e apedrejar Paulo e
Barnabé (Atos 14.5,6).
Confiança em DEUS não dispensa prudência
Ao saber da trama armada contra eles, Paulo e Barnabé fogem para
Listra e Derbe, onde anunciam o evangelho (Atos 14.6,7). Eles não ignoraram os
perigos. Não desafiaram a fúria e a astúcia dos adversários. Não nutriram
uma confiança irresponsável, ignorando os perigos. Não enfrentaram de
peito aberto as ameaças. Antes, fugiram para outras cidades. Eles prosseguiram
fiéis ao mesmo ideal e labutaram na mesma obra. Continuaram pregando o
evangelho, mas mudaram de rota. Isso é prudência!
Confiança em DEUS não dispensa prudência e cuidado. DEUS age por
meio do bom senso. O contrário seria tentar DEUS. O Senhor nos deu entendimento
e sabedoria para serem usados. Esses recursos são dádivas de DEUS e devem
ser usados em favor da obra, e não contra ela. Se Paulo e Silas tivessem
teimado em permanecer naquelas plagas, poderiam ter sido silenciados
precocemente, e a obra de DEUS teria sofrido severas consequências.
Quando o céu se manifesta, o inferno se enfurece
Quando Paulo e Barnabé chegaram a Listra, um milagre logo
aconteceu. Um homem aleijado, paralítico desde o nascimento, que jamais pudera
andar, ao ouvir a mensagem de Paulo, tendo fé, foi curado imediatamente. O
homem cujos ossos e músculos deviam estar atrofiados começa a saltar e a
andar (Atos 14.8-10). A falta de discernimento espiritual dos licaônios os
levou a pensar que Paulo e Silas fossem deuses; e, imediatamente,
começaram a gritar e sacrificar animais a eles (Atos 14.1113). Os embaixadores
de DEUS então rasgaram suas roupas e saltaram no meio da multidão
idólatra, fazendo cessar tais sacrifícios. Asseveraram que eram homens
semelhantes a eles. Em vez de aceitarem a exaltação pagã, Paulo e Silas
aproveitam o ensejo para lhes anunciar o evangelho, exortando-os a
abandonar suas crenças vãs e colocarem sua confiança no DEUS criador do céu,
da terra e do mar, o DEUS da providência (Atos 14.14-18).
Se o milagre do paralítico foi obra do céu, o alvoroço idólatra foi
ação do inferno. Onde DEUS realiza um prodígio, o diabo causa um tumulto. Onde
o poder de DEUS se manifesta, a fúria do inferno se faz sentir. Aquela
bajulação pagã era uma tentativa de desviar o foco da multidão de Listra,
da mensagem do evangelho, para os obreiros do evangelho. Sempre que o vaso
chama mais atenção do que o tesouro nele contido, algo está errado. Os
obreiros que gostam da bajulação da multidão roubam a glória que pertence somente
a DEUS.
Os milagres abrem portas para o evangelho e também atraem
perseguição
A cura do paralítico em Listra abriu portas para o testemunho do
evangelho naquela cidade pagã, mas também despertou ferrenha oposição dos
judeus de Antioquia e Icônio. Eles, não se contentando apenas em expulsar
Paulo e Barnabé de suas cidades, perseguiram-nos até Listra. Tomados de
inveja e zelo sem entendimento, instigaram a multidão e se arremeteram contra
Paulo, para apedrejá-lo. O mesmo milagre que abriu portas ao testemunho do
evangelho trouxe ao apóstolo o duro golpe do apedrejamento. Os sofrimentos
de ordem emocional agora se transformam em agonias físicas. Talvez, Paulo
sentisse no corpo o que infligiu a Estêvão, o protomártir do cristianismo.
Talvez começasse a sentir na pele o que DEUS dissera em Damasco havia mais
de dez anos: “pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”
(Atos 9.16). Por providência divina, Paulo se recupera das feridas e,
longe de reclamar ou queixar-se de DEUS, partiu com Silas para Derbe, onde
anunciou o evangelho e fez muitos discípulos (Atos 14.19-21).
Coragem e zelo pela igreja
Depois que Paulo e Barnabé anunciaram o evangelho em Derbe, tomaram
a decisão de voltar para o seu quartel-general, em Antioquia da Síria. Nessa
volta, não se afastam dos redutos de tensão. Ao contrário, passam pelas
mesmas cidades onde foram perseguidos, Listra, Icônio e Antioquia
da Pisídia, e fazem isso por quatro razões:
Em primeiro lugar, para fortalecer a alma dos discípulos (Atos
14.22). Paulo e Barnabé não eram apenas missionários itinerantes, mas também
pastores do rebanho. Eles não apenas geravam filhos espirituais, mas
também cuidavam desses neófitos. Sabiam que aqueles novos
convertidos precisavam de encorajamento para viver a vida cristã numa
sociedade pagã e hostil.
Em segundo lugar, exortar os discípulos a permanecerem firmes na fé
(Atos 14.22). Se os novos convertidos não forem ensinados e exortados,
facilmente podem ser enganados pelos falsos mestres ou desanimarem diante
das provações. Paulo tinha plena consciência da imperiosa necessidade
do discipulado. Diante das lutas, perseguições e ataques do adversário,
precisamos ser exortados a permanecer firmes na fé. Muitos se enfraquecem
ao lidar com a fúria do mundo ou com sua sedução.
Em terceiro lugar, mostrar que a vida cristã não é uma colônia de
férias (Atos 14.22). A vida cristã não é ausência de luta. Somos salvos não da
tribulação, mas na tribulação. Importa-nos entrar no reino de DEUS por
meio de muitas tribulações. Não há amenidades no cristianismo. Ele não é
uma redoma de vidro. Estamos expostos à fraqueza da nossa natureza
decaída, a este mundo tenebroso e à fúria de Satanás. As tribulações não
nos podem destruir nem nos afastar do amor de DEUS. Elas não são castigo
de DEUS, mas instrumentos para o nosso aperfeiçoamento.
Em quarto lugar, fazer a eleição de presbíteros nas igrejas (Atos
14.23). Paulo entendia que a igreja é um organismo e também uma organização.
Toda comunidade precisa de uma liderança. Essa liderança é coletiva. Paulo
promovia a eleição de presbíteros em cada igreja, e não a nomeação de um
chefe. Esses presbíteros deveriam pastorear o rebanho de DEUS. Eles eram
pastores que deviam ensinar a verdade e proteger o rebanho dos lobos
vorazes. Essa eleição não devia ser feita sem oração e jejum. Os líderes
da igreja devem ser escolhidos na total dependência de DEUS. É DEUS quem
dá pastores à igreja. É o ESPÍRITO quem constitui bispos para apascentar a
igreja de DEUS, que ele comprou com o seu próprio sangue.
Conta as muitas bênçãos, dize quantas são1
É hora de voltar para casa. É hora de recarregar as baterias. É
hora de testemunhar os grandes feitos de DEUS na obra missionária. Paulo e
Barnabé voltam para Antioquia da Síria, a igreja que os comissionara e
enviara à obra missionária (Atos 14.24-26). Esses bravos missionários fizeram
três coisas importantes ao chegar à igreja:
Em primeiro lugar, eles relataram as intervenções extraordinárias
de DEUS em sua vida (Atos 14.27). O testemunho é algo legítimo e necessário
para encorajar a igreja. A igreja estava reunida para ouvir as notícias
desse primeiro avanço missionário. Paulo e Barnabé relatam cuidadosamente não o
que fizeram por DEUS, mas o que DEUS fizera com eles e por eles. Não
testemunharam para exaltar a si mesmos. Não testemunharam para se colocar
sob os holofotes nem buscaram glórias para eles mesmos. A ênfase deles
está nos feitos de DEUS, e não nas suas realizações.
Em segundo lugar, eles relataram como DEUS abriu aos gentios a
porta da fé (Atos 14.27). O sucesso da obra missionária não foi devido ao poder
inerente dos missionários nem de seus métodos. Foi DEUS quem abriu aos
gentios a porta do evangelho. Foi DEUS quem abriu o coração dos pagãos para
a verdade. Foi DEUS quem invadiu as trevas do paganismo com a luz da
verdade. A obra de DEUS é feita por DEUS, mas mediante instrumentos
humanos. É DEUS quem opera nos evangelistas e também naqueles que recebem
o evangelho.
Em terceiro lugar, eles permaneceram muito tempo com os discípulos
(Atos 14.28). Não há trabalho missionário desconectado da igreja local. Não há
ministério itinerante sem a ligação com a igreja. Paulo e Barnabé precisam
da igreja, e a igreja precisa dos missionários. Eles se abastecem
na comunhão da igreja e também encorajam a igreja a ser ainda mais
comprometida com a obra missionária.
Capítulo 06 - Uma agenda estabelecida no céu
Depois do concílio de Jerusalém, onde as estacas da liberdade
cristã foram fincadas e o jugo do judaísmo foi sacudido, era hora de alçar voos
para uma nova jornada missionária. As querelas religiosas levantadas pelos
judaizantes, vindos da Judeia, impondo aos gentios a necessidade
da circuncisão para a salvação, haviam sido respondidas com firmeza pelos
apóstolos e presbíteros. A fé em CRISTO é a única condição para a
salvação. A mensagem que devia ser anunciada aos gentios é que a graça de
CRISTO é absolutamente suficiente para a salvação.
Lançadas as estacas da verdade, é hora de estender o toldo da obra
missionária. A agenda missionária deveria contemplar os confins da terra. Novos
horizontes precisavam ser alcançados.
A iniciativa da segunda viagem missionária é de Paulo (Atos 15.36).
Seu zelo pastoral o constrange a voltar à mesma região da primeira viagem antes
de alargar a tenda para outros rincões (Atos 15.36). A lição fica clara:
os neófitos precisam ser confirmados, confortados e acompanhados. Paulo tem
o cuidado de evangelizá-los no seu primeiro contato, depois os visita
novamente no retorno de sua viagem rumo a Antioquia da Síria e agora,
antes de iniciar a segunda viagem missionária, toma a decisão de
visitá-los uma terceira vez.
Uma desavença entre os missionários
A obra de DEUS é perfeita; mas os seus obreiros, não. Barnabé quer
dar uma segunda chance ao jovem João Marcos, seu primo, que havia abandonado a
primeira viagem missionária; e, Paulo, de forma intransigente e radical,
não achou justo levá-lo depois de uma experiência fracassada. Barnabé,
coerente com seu nome, cujo significado é “filho da consolação” prefere
indispor-se com Paulo a desistir de João Marcos. Houve tal desavença entre
Paulo e Barnabé que não puderam caminhar juntos na segunda viagem
missionária.
A providência de DEUS é maior do que nossos fracassos, e a graça de
DEUS, maior que os nossos pecados. Por causa dessa desavença, em vez de uma
caravana missionária, temos duas. Os obreiros podem errar, mas os
propósitos de DEUS jamais podem ser frustrados. Barnabé e João
Marcos avançam na direção de Chipre (Atos 15.39), e Paulo escolhe Silas.
Encomendados pelos irmãos da Síria à graça do Senhor, passam pela Síria e
Cilícia, confirmando as igrejas.
Mais um missionário se junta à equipe de Paulo
Quando Paulo retornou a Derbe e Listra, Timóteo, filho de pai grego
e mãe judia (Atos 16.1), ensinado nas Escrituras desde a infância por sua mãe
Eunice e sua avó Loide (2Tm 1.5; 3.14,15), mas convertido a CRISTO pelo
ministério de Paulo (1Tm 1.2), agrega-se à caravana missionária. Timóteo
vem a se tornar um dos maiores colaboradores de Paulo no ministério. Timóteo
recebeu o leite da piedade desde sua infância. Cresceu sob a égide da
Palavra de DEUS. Por meio de seu contato com o apóstolo Paulo, em sua primeira
viagem missionária, demonstrou um crescimento notável, uma vez que, tendo
se convertido, logo demonstrou maturidade espiritual, pois dele davam bom
testemunho tanto os irmãos de Listra como os de Icônio (Atos 16.2). Seu caráter
provado era uma hipoteca moral de seu trabalho. Quando Paulo escreveu aos
filipenses, disse que não tinha ninguém igual a Timóteo para enviar-lhes.
Olhando pelas lentes dessa carta paulina, destacaremos alguns atributos
desse jovem missionário:
Timóteo, um homem cooperador (Fp 2.19,23). Timóteo era filho na fé
do apóstolo Paulo (1Tm 1.2), cooperador de Paulo (Rm 16.21) e mensageiro de
Paulo às igrejas (1Ts 3.6; 1Co 4.17; 16.10,11; Fp 2.19). Ele esteve preso
com Paulo em Roma (Fp 1.1; Hb 13.23). Cuidava dos interesses de CRISTO (Fp
2.21) e da igreja de CRISTO (Fp 2.20).
Timóteo, um homem singular (Fp 2.20a). Havia muitos cooperadores de
Paulo, mas Timóteo ocupava um lugar especial no coração do velho apóstolo. Ele
era um homem singular pela sua obediência e submissão a CRISTO e ao
apóstolo como um filho a um pai. Ele tinha o mesmo sentimento de Paulo, ou
seja, era do mesmo estofo. A palavra grega que Paulo usa para
“igual sentimento” só aparece aqui em todo o Novo Testamento. É a palavra
grega isopsychos, que significa “da mesma alma”. Esse termo foi usado no
Antigo Testamento como “meu igual” e “meu íntimo amigo” (Sl 55.13, LXX).
Timóteo, um homem que cuida dos interesses dos outros (Fp 2.20b).
Timóteo aprendeu o princípio ensinado por Paulo de buscar os interesses dos
outros (Fp 2.4). Esse mesmo princípio foi exemplificado por CRISTO (Fp
2.5) e pelo próprio apóstolo Paulo (Fp 2.17). Timóteo, de igual modo, vive
de forma altruísta, pois o centro da sua atenção não está em si mesmo, mas na
igreja de DEUS. Ele não busca riqueza nem promoção pessoal. Não está no
ministério em busca de vantagens; ele tem um alvo: cuidar dos interesses da
igreja.
Timóteo, um homem que cuida dos interesses de CRISTO (Fp 2.21). Só
existem dois estilos de vida: aqueles que vivem para si mesmos (Fp 2.21) e
aqueles que vivem para CRISTO (Fp 1.21). Estamos em Filipenses 1.21 ou
então estaremos em Filipenses 2.21. Timóteo queria cuidar dos interesses
de CRISTO, e não dos seus próprios. Sua vida estava centrada em CRISTO (Fp
2.21) e nos irmãos (Fp 2.20b), e não no seu próprio eu (Fp 2.21).
Timóteo, um homem de caráter provado (Fp 2.22). Timóteo tinha bom
testemunho antes de ser missionário (Atos 16.1,2) e, agora, quando Paulo está
para lhe passar o bastão, como continuador da sua obra, este dá testemunho
de que ele continua tendo um caráter provado (Fp 2.22). É lamentável que
muitos líderes religiosos que são grandes em fama e riqueza sejam anões em
caráter. Vivemos uma crise de integridade avassaladora no meio evangélico
brasileiro. Precisamos urgentemente de homens íntegros, provados, que sejam
modelo do rebanho.
Timóteo, um homem disposto a servir (Fp 2.22b). É digno de nota que
Timóteo serviu ao evangelho. Ele serviu com Paulo, e não a Paulo. Embora a
relação entre Paulo e Timóteo fosse de pai e filho, ambos estavam
engajados no mesmo projeto.
A agenda missionária é traçada no céu, e não na terra
A equipe missionária estava planejando avançar em direção à Asia,
mas o ESPÍRITO de JESUS não o permitiu (Atos 16.6,7). Durante a noite, Paulo
teve uma visão, na qual um varão macedônio lhe rogava ajuda. Discernindo ser
essa a vontade de DEUS, imediatamente Paulo e os demais membros da caravana
partiram para aquele destino (Atos 16.8-10). DEUS não apenas chama e envia os
missionários, mas norteia-lhes os passos. A agenda da obra missionária deve ser
estabelecida no céu, e não na terra. O campo é o mundo, mas as prioridades do
campo são estabelecidas por DEUS.
Devemos seguir a direção de DEUS, e não a nossa. Nossos planos
devem estar subalternos aos planos de DEUS. A vontade dele deve prevalecer
sobre a nossa. Essa mudança de rumo na obra missionária tem um reflexo profundo
na história da humanidade. DEUS deslocou o eixo do cristianismo do Oriente para
o Ocidente, da Asia para a Europa. Os resultados dessa guinada na direção
missionária são a razão principal de o Ocidente ser o berço evangélico do
mundo. Se Paulo tivesse entrado na Ásia, e não na Europa, nessa viagem,
possivelmente o Oriente, e não o Ocidente, teria sido o reduto mais
evangelizado do mundo. Talvez, hoje, o Ocidente estivesse mergulhado nas
densas trevas do paganismo. Devemos tributar a DEUS nossa gratidão por nos
enviar o evangelho desde essas priscas eras.
DEUS aponta o rumo, e o homem escolhe os melhores métodos
DEUS apontou o rumo da ação missionária, impedindo Paulo de entrar
na Ásia e direcionando seus passos para a Europa. Mas Paulo, ao entrar na
Macedônia, escolheu a cidade mais estratégica para pregar o evangelho. Não
podemos mudar o evangelho nem engessar os métodos. A mensagem precisa ser
fiel, mas também relevante. Paulo era um obreiro estratégico. Ele tinha
o cuidado de usar os obreiros, o tempo e os recursos de forma racional. Em
virtude da exiguidade do tempo, dava preferência às cidades estratégicas,
de onde o evangelho pudesse alcançar com mais rapidez outras regiões. Por
essa razão, passou batido em algumas cidades e fixou-se em outras.
Se DEUS nos dá a mensagem e a direção, devemos escolher os melhores
métodos e as estratégias mais sábias. Precisamos otimizar tanto os recursos de
DEUS como os obreiros de DEUS. Precisamos escolher os melhores métodos
para atingirmos os melhores fins.
Filipos, a porta de entrada da Europa
Por que Paulo passou batido por Samotrácia e Neápolis e fixou-se em
Filipos? Porque essa era uma colônia romana. Essa cidade ficava no
entroncamento entre o Oriente e o Ocidente. Filipos era estratégica tanto
histórica como geograficamente. Uma colônia romana era uma espécie de Roma
em miniatura. Seus cidadãos viviam sob os auspícios da capital do império. Ali
se falava a língua de Roma. Ali se cultivavam os costumes de Roma. Ali
imperavam as leis de Roma.
Paulo entendeu que, se o evangelho alcançasse Filipos, dali se
espalharia tanto para o Ocidente como para o Oriente. Aquela cidade se tornaria
uma ponte para estender para horizontes mais longínquos as boas-novas do
evangelho.
O sucesso da evangelização em Filipos não foi sem dor. O evangelho
agiu livremente, mas os obreiros foram açoitados e presos. O sucesso da obra
passou pelo sofrimento dos obreiros.
A igreja de Filipos tornou-se um exemplo vivo da eficácia e
universalidade do evangelho. Três pessoas de diferentes classes sociais são
alcançadas pelo evangelho. A primeira delas foi Lídia, uma empresária,
vendedora de púrpura, oriunda de Tiatira, cidade da Asia Menor. A segunda
pessoa foi uma escrava, uma jovem sem quaisquer direitos sociais. A
terceira pessoa foi o carcereiro, um servidor público, da classe média.
Essas três pessoas representavam também diferentes convicções
religiosas. Se Lídia era uma mulher temente a DEUS, que frequentava uma reunião
de oração, a jovem vivia sob o cativeiro do diabo e de seus senhores,
enquanto o carcereiro tinha como deus o próprio imperador romano, a quem
servia como guardador de presos.
Essas três pessoas ainda tiveram experiências legítimas, porém
muito distintas. Lídia foi convertida num ambiente espiritual, numa reunião de
oração, quando ouvia a exposição da Palavra de DEUS. Ali mesmo, DEUS abriu
seu coração, e ela creu. A jovem escrava foi liberta num
ambiente profundamente carregado, quando estava tomada por espíritos
enganadores. O carcereiro, por sua vez, foi salvo nas ruínas de uma prisão
abalada por um terremoto e à beira do suicídio.
Quando os homens pensam que estão no controle e se interpõem no
caminho de DEUS para impedir sua obra, DEUS reverte as circunstâncias e revela
sua soberania. Paulo e Silas foram açoitados e lançados na prisão numa
tentativa de silenciá-los e impedir naquela cidade o avanço do evangelho,
mas os obreiros não se calaram. O evangelho não ficou amordaçado. O mesmo
DEUS que abriu o coração de Lídia, numa reunião de oração, também abriu as
portas da cadeia por meio de um terremoto e quebrou todas as resistências
do coração do carcereiro.
Lídia foi batizada com toda a sua casa. O carcereiro também foi
batizado com toda a sua família. Os obreiros foram embora da cidade, mas no
coração daquela colônia romana foi fincada a bandeira tremulante do
evangelho. Aquela igreja haveria de se tornar uma das maiores parceiras
no ministério de Paulo. Enviaria recursos para o apóstolo em Tessalônica,
Corinto e Roma, além de socorrer os pobres da Judeia.
Paulo em Tessalônica, a capital da província da Macedônia
O grande bandeirante do cristianismo saiu de Filipos com vergões no
corpo, mas com entusiasmo na alma. Longe de retroceder diante dos perigos,
marchou resoluto para alcançar a capital da província da Macedônia. Nesse
propósito, passou por Anfípolis e Apolônia e chegou a Tessalônica (Atos
17.1).
Na capital da província, Paulo buscou uma ponte de conexão para a
pregação do evangelho. Por isso, durante três sábados seguidos, foi a uma
sinagoga de judeus, onde arrazoou com eles sobre as Escrituras. O
propósito do apóstolo não era falar sobre prosperidade, curas ou milagres, mas
expor e demonstrar a necessidade da morte e ressurreição de CRISTO. Paulo
era um pregador cristocêntrico. Ele não era um mestre de banalidades. Sua
mensagem tocava o âmago da questão. O CRISTO deveria padecer e depois
ressurgir dentre os mortos. Paulo não anunciava um JESUS apenas de milagres,
mas o JESUS da cruz e do túmulo vazio.
Essa mensagem trouxe uma verdadeira revolução em Tessalônica (Atos
17.4). Alguns judeus, uma multidão de gregos e diversas senhoras da alta
sociedade se uniram a Paulo. A oposição foi imediata. Movidos pela inveja,
os líderes judeus reuniram alguns agitadores e alvoroçaram a população
contra os missionários. Jasom, hospedeiro de Paulo e Silas, foi preso e levado
às autoridades. Somente depois de pagar fiança, conseguiu se livrar de
suas mãos. Os judeus invejosos formularam uma acusação contra Paulo e
Silas: “... Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui” (Atos
17.6). Afirmaram ainda que tanto os missionários como o próprio Jasom
estavam agindo contra os decretos de César (Atos 17.7). Essa afirmação
provocou apreensão na cidade, uma vez que Tessalônica perderia seus
privilégios de capital da província caso houvesse ali qualquer insurreição
ou oposição ao imperador romano (Atos 17.8). Paulo e Silas não puderam
permanecer em Tessalônica, mas a Palavra de DEUS continuou lá operando
maravilhas nos tessalonicenses e por meio deles (1Ts 1.5-10). A obra de
DEUS é maior do que seus obreiros. Os obreiros podem ser expulsos, mas a
Palavra de DEUS não pode ser banida. Os missionários podem ser presos, mas
a Palavra não pode ser algemada. Os pregadores podem ser perseguidos,
enxotados e mortos, mas a Palavra não pode ser detida.
Paulo em Bereia
Confiança em DEUS e prudência não são coisas antagônicas. Diante do
alvoroço em Tessalônica, Paulo e Silas foram retirados da cidade à noite, sem
alarde, com absoluta discrição (Atos 17.10). Levados para Bereia, não se
intimidaram nem mudaram sua agenda. Procuraram imediatamente uma sinagoga
para ensinarem a Palavra de DEUS. Os bereanos demonstraram ser mais nobres
que os tessalonicenses, pois não apenas ouviram, mas também evidenciaram
um vívido interesse, dedicando-se ao estudo diário das Escrituras e conferindo
na Palavra tudo que Paulo dizia (Atos 17.11). O resultado foi extraordinário.
Novamente uma multidão creu e engrossou as fileiras da igreja nascente
(Atos 17.12).
O sucesso da obra de DEUS incomodou novamente os adversários. Os
judeus invejosos, ao saberem dos resultados extraordinários da pregação de
Paulo em Bereia, rumaram para lá a fim de causar alvoroço e instigar a
população (Atos 17.13). Os irmãos bereanos, sem tardança, tiraram Paulo da
cidade e o enviaram ao litoral, enquanto Silas e Timóteo continuaram na cidade
consolidando o trabalho (Atos 17.14,15).
Paulo em Atenas
Paulo chega a Atenas, a capital intelectual do mundo, a cidade de
Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles. O veterano apóstolo pisa na terra dos
grandes corifeus da filosofia, dos homens que encheram bibliotecas com sua
erudição.
Atenas era o berço da filosofia e das artes. Ao mesmo tempo, ali
ficava o Partenon, templo de muitos deuses. Atenas estava eivada de deuses.
Havia mais de 30 mil estátuas dedicadas aos deuses naquela meca da
filosofia. Havia uma divindade para cada monumento e pórtico daquela
cidade. Era mais fácil encontrar um deus em Atenas do que um homem. Ao
chegar à cidade, Paulo ficou revoltado com a idolatria reinante. O mesmo
povo bafejado pelo mais refinado conhecimento filosófico estava também
entregue à mais tosca idolatria. Cultura não é sinônimo de
discernimento espiritual. O povo tinha a luz do conhecimento, mas estava
cego espiritualmente. Tinha muitos deuses, mas não conhecia o DEUS
verdadeiro.
Paulo percorreu e agitou a cidade. Diagnosticou suas mazelas
espirituais. Conversou com o povo na praça e discutiu com os filósofos
epicureus e estoicos. Sua presença em Atenas tornou-se notória. O povo não
falava de outra coisa senão das últimas novidades que Paulo pregava. Arrastado
ao Areópago, para dar explicações de sua pregação, o veterano apóstolo fez
um dos mais extraordinários discursos da história, falando para os
atenienses acerca do DEUS desconhecido.
Destacamos quatro coisas importantes nessa passagem de Paulo em
Atenas:
Em primeiro lugar, o que ele viu em Atenas (Atos 17.16). Paulo não
chegou a Atenas como um turista, admirado da beleza de seus monumentos. Ele não
ficou entusiasmado com seus templos nem com a multiplicidade de suas
imagens. Paulo olhou para toda aquela arte esculpida no mármore ou
adornada pelo marfim como uma manifestação de idolatria. Os muitos deuses
do panteão ateniense eram uma afronta ao DEUS verdadeiro. A religiosidade
dos atenienses bafejados de cultura não passava de tosca ignorância
espiritual.
Em segundo lugar, o que ele sentiu em Atenas. Paulo não apenas viu
a idolatria, mas também ficou indignado. Seu espírito se revoltou diante da
idolatria. A idolatria de Atenas era uma afronta ao DEUS vivo. Era uma
violação do segundo mandamento da lei de DEUS. Era uma perversão
do verdadeiro culto. A revolta de Paulo estava no fato de ver o nome de
DEUS sendo escarnecido no meio de uma religiosidade profusa, mas sem
discernimento.
Em terceiro lugar, o que Paulo fez (Atos 17.17). Paulo não apenas
viu e se indignou; ele aproveitou seu tempo em Atenas para ensinar, pregar e
arrazoar com os atenienses acerca do evangelho. Paulo pregou JESUS e a
ressurreição. Paulo foi proativo. Não apenas fez o diagnóstico certo, mas deu
o remédio correto. Não apenas constatou o problema, mas também apontou a
solução.
Em quarto lugar, o método que Paulo usou. Paulo ficou revoltado com
a idolatria da cidade, mas dirigiu-se aos atenienses com cortesia. Disse-lhes
que eles eram acentuadamente religiosos. Chegou até mesmo a citar o
filósofo Aratos, criando uma ponte cultural para levar-lhes o evangelho.
Paulo não ficou preso a questões periféricas; ao contrário, falou aos
atenienses acerca da pessoa de DEUS.
Paulo ergue sua voz para falar sobre o DEUS criador do universo na
capital intelectual do mundo. O mundo não veio de uma geração espontânea nem de
uma explosão cósmica. O mundo não deu à luz a si mesmo. Ele não é produto
do acaso nem de uma evolução de milhões e milhões de anos. DEUS criou
todas as coisas pela Palavra de seu poder. Paulo também apresenta aos
atenienses o DEUS da providência. Nele, nós vivemos, nos movemos e
existimos. Ele é quem enche a terra de fartura, alimenta as aves dos céus,
veste os lírios do campo e nos dá o pão de cada dia. O DEUS desconhecido
dos atenienses é o governador das nações. Ele está assentado num alto e
sublime trono. Ele reina. Ele levanta reis e depõe reis. Não há um
centímetro desse vasto universo do qual ele não seja Senhor. O DEUS
desconhecido dos atenienses é o DEUS salvador, que se fez carne e entrou
no mundo para morrer e ressuscitar. Os atenienses não conhecem DEUS como o
Senhor absoluto do universo, diante de quem todo joelho deve se dobrar. O
DEUS desconhecido dos atenienses exige arrependimento de todos os homens,
uma vez que os julgará com justiça.
Ao terminar sua prédica, seu auditório se dividiu em três grupos:
uns escarneceram, outros disseram que o ouviriam em outra ocasião e alguns
creram. Embora não haja registro de multidões se convertendo como
aconteceu em Tessalônica e Bereia, a bandeira do evangelho foi fincada
no topo da montanha do mais tosco paganismo.
Paulo em Corinto
De Atenas, Paulo foi para a cidade de Corinto, a capital da
província da Acaia. Essa era uma cidade estrategicamente importante, uma vez
que em suas cercanias ficava o porto de Cencreia. Corinto era banhada pelo
mar Jônico e também pelo mar Egeu. Era uma cidade cosmopolita. Caravanas
do mundo inteiro passavam pela cidade. Navios procedentes de diversas partes
do mundo ancoravam todos os dias naquela febricitante cidade. Os Jogos
Ístmicos de Corinto só perdiam em importância para os Jogos Olímpicos de
Atenas. A cidade tinha uma economia forte, uma atividade esportiva
invejável e também uma intensa agenda religiosa. Ali ficava o templo
de Afrodite, a deusa do amor. Na acrópole da cidade, estava o templo dessa
deusa, onde mais de mil prostitutas cultuais exerciam sua atividade
religiosa, promovendo a mais aviltante promiscuidade sexual do mundo de
então. Essas mesmas prostitutas desciam à noite para o cais, e a cidade
se tornava o palco da mais deslavada imoralidade. O homossexualismo era
uma prática comum e até incentivada em Corinto.
Paulo chega a essa cidade e ali permanece dezoito meses, ensinando
a Palavra e pregando na virtude do ESPÍRITO SANTO (1Co 2.4). Em Corinto, Paulo
planta uma igreja vibrante, mas também uma igreja que vai trazer muitas
lágrimas ao apóstolo. Nenhuma igreja recebeu mais do apóstolo quanto
Corinto, mas também nenhuma o fez sofrer tanto quanto ela.
Em Corinto, Paulo foi perseguido. Foi chamado de impostor. A igreja
não pagou seu salário. Ele precisou trabalhar, fazendo tendas, e receber ajuda
das igrejas pobres da Macedônia para pastorear essa igreja.
De Corinto, Paulo escreveu as cartas aos Gálatas, aos
Tessalonicenses e aos Romanos. Nessa cidade, ele enfrentou as maiores pressões.
Muitas pessoas da igreja duvidaram das suas motivações, questionaram seu
caráter, atacaram sua honra e macularam seu nome.
A igreja de Corinto, embora fosse um canteiro fértil, onde
floresciam todos os dons espirituais, era desprovida de maturidade. A igreja
estava dividida em vários grupos e partidos. Havia imoralidade tal dentro
da igreja que nem mesmo no mundo se via coisa semelhante. Os crentes,
em vez de disciplinarem o faltoso e chorar por causa de sua prática
ensandecida, aplaudiam seu pecado. Havia brigas e contendas entre os
crentes, e, em vez de esses conflitos serem resolvidos domesticamente, eram
levados aos tribunais seculares, produzindo enfraquecimento do
testemunho da igreja na sociedade. A igreja de Corinto revelava a
fragilidade dos relacionamentos familiares e não sabia administrar com
sabedoria a liberdade cristã. A igreja havia feito alguns avanços espirituais,
mas ainda estava tímida no progresso da generosidade. Era uma igreja remissa
quanto à prática da comunhão interna e do amor externo. Tinha um coração
trancado para amar e o bolso fechado para contribuir. Se não bastasse tudo
isso, a igreja ainda cometia muitos desvios na sua maneira de cultuar
DEUS. Havia deficiências na sua teologia, bem como na sua liturgia.
Os filhos que mais fizeram o apóstolo sofrer foram os mais amados.
Paulo muitas vezes regou o solo duro com suas lágrimas. Mas suas lágrimas não
foram em vão. Em Corinto, Paulo deixou uma igreja que irradiou sua
influência para muitos outros recantos do Império Romano. Como a
cidade era um corredor do mundo, dali o evangelho se espalhou por vários
rincões tanto da Acaia quanto de horizontes mais distantes.
De Corinto, Paulo passou em Éfeso, deixando na capital da Asia
Menor, Priscila e Aquila. Dali, foi a Jerusalém, retornou à sua base em
Antioquia da Síria e, oportunamente, partiu dessa cidade para a sua
terceira viagem missionária, atravessando os territórios da Galácia e da
Frígia, confirmando todos os discípulos (Atos 18.18-23).
Paulo em Éfeso
Em sua terceira viagem missionária, Paulo fixou-se em Éfeso,
capital da Ásia Menor. Essa era uma das maiores cidades do mundo. Ali ficava o
templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Era uma cidade
idólatra, um centro de magia, um canteiro fértil para a evangelização.
Nessa cidade, Paulo passou três anos, ensinando tanto a judeus como
a gregos, pregando tanto acerca do arrependimento como da fé. Paulo tanto
evangelizava como ensinava. Ele era um evangelista e um mestre. Em Éfeso,
Paulo enfrentou feras, tribulações maiores que suas forças. Em Éfeso, o
evangelho desbancou a idolatria. Em Éfeso, vários sinais de um poderoso
avivamento podem ser constatados.
Em primeiro lugar, os novos convertidos recebem um derramamento do
ESPÍRITO (Atos 19.1-7). Aqueles que haviam recebido apenas o batismo de João,
ao ouvirem sobre o ESPÍRITO SANTO, foram batizados em nome de JESUS,
receberam o ESPÍRITO SANTO e tanto profetizaram como falaram em línguas.
A mesma experiência que já havia acontecido em Jerusalém e Samaria agora
acontecia também em Éfeso. Era a dispensação da graça estendendo seus
horizontes para um campo totalmente gentílico. Jerusalém era a cidade dos
judeus. Samaria era uma cidade mista, em território palestino. Éfeso,
por sua vez, era uma cidade cosmopolita, essencialmente gentílica. O
evangelho de CRISTO é multirracial, multicultural e internacional.
Em segundo lugar, os que vivem distantes ouvem a Palavra de DEUS
(Atos 19.8-10). A partir de Éfeso, o evangelho espalhou-se por toda a Asia
Menor. Em face da perseguição, Paulo deixou a sinagoga e foi para uma escola,
e, dali o evangelho penetrou pelos corredores da Asia Menor, a tal ponto que
todos os seus habitantes, tanto judeus como gregos, ouviram a Palavra de DEUS.
Um avivamento que não transpira para fora dos portões não é genuíno.
Quando a igreja é impactada com o poder do ESPÍRITO SANTO, ela sai das
quatro paredes e, como fermento, penetra em todos os setores da sociedade.
Em terceiro lugar, os enfermos são curados (Atos 19.11,12). O
evangelho em Éfeso chegou não apenas em palavras, mas, sobretudo, em poder.
Paulo pregou tanto aos ouvidos quanto aos olhos. Não apenas as pessoas
foram perdoadas e salvas, mas também curadas e libertas. É
importante ressaltar que a fonte do poder para curar não estava em Paulo.
O milagre não era feito pelo poder inerente de Paulo. Não era o apóstolo o
agente do poder. O evangelista Lucas diz que DEUS, pelas mãos de Paulo,
fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e
aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam, e os
espíritos malignos se retiravam (Atos 19.11,12).
Em quarto lugar, os cativos são libertos (Atos 19.13-17). Paulo era
um homem conhecido tanto no céu como no inferno (Atos 19.15). Até os demônios
sabiam quem era ele. Os falsos exorcistas, filhos de Ceva, foram expostos
à vergonha pública ao tentarem libertar um homem
endemoninhado, esconjurando os demônios por JESUS, a quem Paulo pregava.
Esses homens foram subjugados pelos demônios, e não lhes restou outra
opção senão fugir, nus e feridos. Esse fato produziu grande temor sobre
todos os efésios, e o nome de JESUS era mais e mais engrandecido.
Em quinto lugar, os crentes confessavam e denunciavam publicamente
suas obras (Atos 19.18). Onde há avivamento, há confissão de pecados. Onde o
pecado é encoberto, as chuvas do céu são retidas. Onde o pecado é
escondido, o derramamento do ESPÍRITO não é revelado. Aqueles que
creem verdadeiramente em CRISTO são os que confessam publicamente suas
obras más e as abandonam. Os efésios convertidos a CRISTO não se ocuparam
de denunciar os pecados dos outros; eles denunciavam suas próprias obras,
e isso de forma pública.
Em sexto lugar, os laços com o ocultismo foram decisivamente
rompidos (Atos 19.19). Muitos dos efésios convertidos a CRISTO vieram dos
redutos do ocultismo, tão abundantes em Éfeso. Eles não apenas denunciaram
suas obras más, mas também queimaram em praça pública seus livros de
artes mágicas. Não há compatibilidade entre a fé cristã e o ocultismo. Não
há ligação entre CRISTO e os demônios. Não há sintonia entre o santuário
de DEUS e os ídolos. Não há comunhão entre a luz e as trevas.
Em sétimo lugar, a Palavra do Senhor crescia e prevalecia
poderosamente (Atos 19.20). O crescimento da igreja e o crescimento da Palavra
são coisas semelhantes. São termos correspondentes. Quando a Palavra
cresce, a igreja cresce. É possível a igreja crescer numericamente sem o
crescimento da Palavra. Mas esse não é o crescimento que vem de DEUS. Esse
não é o crescimento saudável. Nem todo crescimento da igreja exalta a
CRISTO. Nem sempre um grande ajuntamento ou uma grande congregação
expressa o verdadeiro crescimento da igreja. Não podemos mudar a mensagem
para agradar o gosto e a preferência das pessoas. Não podemos transigir
com os absolutos de DEUS para atrair as multidões. Não podemos oferecer ao
povo um caldo venenoso para mitigar-lhe a fome. Precisamos dar às
multidões trigo verdadeiro, e não palha. Precisamos saciar as pessoas com o
Pão vivo que desceu do céu. Estava fechado o ciclo da terceira viagem
missionária. Era tempo de o bandeirante do cristianismo retornar novamente
à sua base.
Em oitavo lugar, uma perseguição implacável (Atos 19.2140). Sempre
que a obra de DEUS avança, o diabo contra-ataca. Na mesma medida em que a
igreja crescia em Éfeso e a partir de Éfeso, uma implacável perseguição
movida por interesses religiosos e financeiros se instalou na
cidade, capitaneada por Demétrio, o ourives fabricante das estatuetas de
Diana. A cidade ficou totalmente alvoroçada. Uma grande multidão se
ajuntou para gritar o nome da deusa Diana a ponto de a maioria nem saber
exatamente o que estava acontecendo na cidade. Não fora a intervenção
do escrivão da cidade, aquele tumulto teria se transformado numa perigosa
sedição, provocando grandes desastres para os crentes efésios e, quiçá,
para o próprio apóstolo Paulo.
Capítulo 07 - Uma despedida regada de emoções
Depois de três anos de frutífero ministério em Éfeso, a capital da
Asia Menor, onde Paulo enfrentou lutas maiores do que suas forças e teve de
travar encardida luta com feras humanas e demoníacas, resolve fazer uma
viagem a Jerusalém para levar as ofertas recolhidas entre as igrejas da
Macedônia, Acaia e Ásia Menor para os pobres da Judeia. Antes de direcionar seu
ministério aos gentios, conforme propósito divino, Paulo assumiu um
compromisso com os líderes da igreja de Jerusalém de que não se esqueceria
dos pobres (Gl 2.10). Em cumprimento a essa promessa, esse bandeirante da
fé ruma para Jerusalém com essas generosas ofertas, mesmo sabendo que à
frente encontraria tribulação e cadeias.
Antes de partir para a sua última visita a Jerusalém, onde fora
criado aos pés de Gamaliel, chamou os presbíteros de Éfeso para se encontrarem
com ele no porto de Mileto. Ali, sob a abóbada celeste, tangidos pela
brisa do mar, o veterano apóstolo, num clima regado de profunda emoção, dá
suas últimas instruções aos líderes da igreja de Éfeso, a quem ele mesmo havia
levado a CRISTO e exortado diariamente com lágrimas. Após essas palavras
de despedida, eles se ajoelham na praia e oram com Paulo, abraçando-o e beijando-o
afetuosamente.
Nesse exponencial sermão, Paulo fala sobre sete compromissos que
assumiu: Vamos, aqui, examiná-los mais detidamente:
Em primeiro lugar, o compromisso de Paulo com DEUS (Atos 20.19). O
primeiro compromisso de Paulo não é com a obra de DEUS, mas com o DEUS da obra.
Relacionamento com DEUS precede trabalho para DEUS. O primeiro chamado de
Paulo é para andar com DEUS e, como resultado dessa caminhada, fazer a
obra de DEUS. Ele serve a DEUS ministrando aos homens. Quem serve a
DEUS não busca projeção pessoal. Quem serve a DEUS não anda atrás de
aplausos e condecorações. Quem serve a DEUS não depende de elogios nem
desanima com as críticas. Quem serve a DEUS não teme ameaças nem se
intimida diante de perseguições. Quem teme a DEUS não teme os homens, nem
o mundo, nem mesmo o diabo. O líder espiritual deve servir a DEUS com
senso de profunda humildade. Muitos batem no peito, arrogantemente,
dizendo que são servos de DEUS. Outros, besuntados de orgulho, fazem
propaganda de seu próprio trabalho. Outros, ainda, servem a DEUS, mas
gostam dos holofotes. Há aqueles que fazem do serviço a DEUS um palco onde se
apresentam como os atores ilustres sob as luzes da ribalta. Um servo não
busca glória para si mesmo. Fazer a obra de DEUS sem humildade é construir
um monumento para si mesmo. É levantar outra modalidade da torre de Babel.
Mas o líder não deve esperar facilidades pelo fato de estar servindo a
DEUS. Quem serve a DEUS com humildade e integridade desperta
animosidade e muita hostilidade no arraial do inimigo. Paulo servia a DEUS com
lágrimas. A vida ministerial não lhe foi amena. Em vez de ganhar aplausos
do mundo, recebeu ameaças, açoites e prisões. Paulo manteve
sua consciência pura diante de DEUS e dos homens, mas os judeus tramaram
ciladas contra ele. Viveu num campo minado. Enfrentou inimigos reais,
porém, às vezes, ocultos. Nem sempre DEUS nos poupa dos problemas. Às vezes,
ele nos treina nos desertos mais tórridos e nos vales mais profundos e
escuros.
Em segundo lugar, o compromisso de Paulo com ele mesmo (Atos
20.18,28a). O apóstolo Paulo mostra a necessidade de o líder espiritual ter um
sério compromisso consigo mesmo. O líder precisa cuidar de si mesmo antes
de cuidar do rebanho de DEUS. A vida do líder é a vida da sua liderança.
Há muitos obreiros cansados da obra e na obra porque procuraram cuidar dos
outros sem cuidar de si mesmos. Antes de liderar os outros, precisamos
liderar a nós mesmos. Antes de exortar os outros, precisamos exortar a nós
mesmos. Antes de confrontarmos os pecados dos outros,
precisamos confrontar os nossos próprios pecados. O líder não pode ser um
homem inconsistente. O líder espiritual também precisa cuidar de si mesmo
para não praticar o que condena. A posição de liderança não é uma apólice
de seguro contra o fracasso espiritual. O líder espiritual ainda
precisa cuidar de si mesmo para não cair em descrédito. A integridade do
líder é o fundamento sobre o qual ele constrói seu trabalho. Sem vida íntegra,
não existe liderança eficaz.
Em terceiro lugar, o compromisso de Paulo com a Palavra de DEUS
(Atos 20.20-27). Paulo anunciou todo o conselho de DEUS (Atos 20.27). O líder
espiritual precisa ensinar só a Bíblia e toda a Bíblia. Ele não pode
aproximar-se das Escrituras com seletividade. Toda a Escritura é inspirada por
DEUS e útil para o ensino e a correção. A única maneira de o líder
espiritual cumprir esse desiderato é pregar a Palavra expositivamente. Não
pregar suas próprias ideias, mas a Palavra. Não entregar a sua mensagem,
mas a de DEUS. A mensagem deve emanar das Escrituras. DEUS não tem
nenhum compromisso com a palavra do pregador, mas apenas com a sua
Palavra. Paulo pregou para a salvação (Atos 20.21). Ele pregou
arrependimento e fé. Ele também ensinou com fidelidade a Palavra (Atos
20.20). Paulo não apenas evangelizava; ele também ensinava. Ele não apenas
gerava filhos espirituais, mas também os nutria com o alimento. O líder é
um discipulador. Ele deve mentorear seus discípulos. O líder espiritual é
um mestre. A ele cabe o privilégio de ensinar as verdades benditas do
evangelho ao povo de DEUS. O líder espiritual tem alegria de ensinar tanto as
multidões como os pequenos grupos (Atos 20.20). Paulo ensinava de casa em
casa e também publicamente. Há líderes que são loucos pelo glamour da
multidão, mas não se entusiasmam em falar para pequenos grupos. Há
pregadores que só pregam para grandes auditórios. Sentem-se importantes demais
para pregar numa pequena congregação ou numa reunião de grupo familiar. Esses
indivíduos pensam que são mais importantes do que o apóstolo Paulo. O
apóstolo pregava de casa em casa. JESUS pregou seus mais esplêndidos
sermões para uma única pessoa. Quem não se dispõe a pregar para um pequeno
grupo não está credenciado a pregar para um grande auditório. Nossa motivação
não deve estar nas pessoas, mas em DEUS.
Em quarto lugar, o compromisso de Paulo com os valores do
ministério (Atos 20.24). O apóstolo sintetiza o seu ministério em três verdades
sublimes. Ele diz aos presbíteros de Éfeso: “Porém em nada considero a
vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e
o ministério que recebi do Senhor JESUS para testemunhar o evangelho da
graça de DEUS” (Atos 20.24). Paulo fala sobre três verdades: vocação,
abnegação e paixão. Paulo diz que recebeu seu ministério do Senhor JESUS.
Ele não se lançou no ministério por conta própria. Ele foi chamado, vocacionado
e separado para esse trabalho. Paulo não se tornou um pastor porque
buscava vantagens pessoais. Não entrou para as lides ministeriais buscando
segurança, emprego ou lucro financeiro. Não entrou no ministério com
motivações erradas. Paulo não tinha apenas convicção de sua vocação,
mas também consciência das implicações desse chamado. Era imperativo
exercer uma boa dose de abnegação. Paulo diz que não considerava a vida
preciosa para ele mesmo desde que cumprisse o seu ministério. O coração de
Paulo não estava nas vantagens auferidas do ministério. Ele não estava no
ministério cobiçando prata ou ouro. Não estava numa corrida desenfreada em
busca de prestígio ou fama. Seu propósito não era ser aplaudido pelos
homens ou ganhar prestígio entre os homens. Na verdade, ele estava pronto
a trabalhar com as próprias mãos para ser pastor. Estava pronto a sofrer
toda sorte de perseguição e privação para pastorear. Estava disposto a ser
preso, a sofrer ataques externos e temores internos para pastorear a
igreja de DEUS. Estava pronto a dar a própria vida para cumprir cabalmente
seu ministério. Finalmente, Paulo diz que no seu coração ardia uma grande
paixão. A grande paixão de Paulo era testemunhar o evangelho da graça de DEUS.
A pregação enchia o peito do velho apóstolo de entusiasmo. Ele sabia que o
evangelho é o poder de DEUS para salvação de todo que crê. Sabia que a
justiça de DEUS se revela no evangelho. Sabia que a mensagem do evangelho
de CRISTO é a única porta aberta por DEUS para a salvação do
pecador. Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um
pregador, um ministro da reconciliação. Sua mente estava totalmente
voltada para a pregação. Seu tempo era todo dedicado à pregação. Mesmo
quando estava preso, entendia que a Palavra não estava algemada.
Em quinto lugar, o compromisso de Paulo com a igreja de DEUS (Atos
20.28-32). Assim como Paulo se gastou no evangelho para cuidar da igreja de
DEUS, o líder espiritual deve cuidar de todo o rebanho, e não apenas das
ovelhas mais dóceis (Atos 20.28). Há ovelhas dóceis e ovelhas indóceis. Há
ovelhas que obedecem ao comando do pastor e ovelhas que se rebelam e fogem
de sob o cajado do pastor. Há ovelhas que escoiceiam o pastor e aquelas
que são o deleite do pastor. Há um grande perigo de o pastor cuidar apenas
das ovelhas amáveis e deixar de lado as outras. A ordem divina é que o
pastor deve cuidar de todo o rebanho, e não apenas de parte dele. O líder
precisa saber que ele não é o dono do rebanho, mas servo dele (Atos
20.28). A igreja é de DEUS, e não do líder. JESUS é o único dono da
igreja. O Senhor nunca nos deu uma procuração para nos apossarmos da sua
igreja. Na igreja de DEUS, não existem chefes, caudilhos e donos. Na
igreja, todos nós somos nivelados no mesmo patamar, somos servos. Aqueles
que se arvoram em donos da igreja e tratam-na como uma empresa particular,
buscando abastecer-se das ovelhas em vez de servi-lhes e pastoreá-las, estão
em aberta oposição ao propósito divino. Todo líder precisa ter também um
claro entendimento do valor da igreja aos olhos de DEUS (Atos 20.28). A
igreja é a noiva do Cordeiro, a menina dos olhos de DEUS. Ele a comprou
com o sangue de JESUS. Tocar na igreja de DEUS é ferir a noiva do Cordeiro.
DEUS tem zelo pelo seu povo. Perseguir a igreja é perseguir o
próprio Senhor da igreja. Finalmente, o líder precisa proteger o rebanho de
DEUS dos ataques externos e internos (Atos 20.29,30). Paulo diz que
existem lobos do lado de fora buscando uma oportunidade para entrar no meio do
rebanho e devorar as ovelhas, e lobos travestidos de ovelhas dentro do
rebanho buscando uma oportunidade para arrebatar as ovelhas. O pastor deve
ser o guardião e o protetor do rebanho. Como Davi, ele precisa declarar
guerra aos ursos e leões, protegendo o rebanho de seus dentes assassinos.
Há muitos falsos mestres, com suas perniciosas heresias, tentando entrar
na igreja. O perigo, porém, não vem apenas de fora, mas também de dentro.
Há aqueles que se levantam no meio da igreja declarando coisas perniciosas
e arrastando após si as ovelhas. Há falsos mestres enrustidos que buscam
uma ocasião para se manifestar e provocar um estrago no arraial de DEUS. O
líder espiritual precisa ser zeloso no ensino, não dando guarida nem
oportunidade aos oportunistas que se infiltram no meio da igreja para
disseminar suas heresias.
Em sexto lugar, o compromisso de Paulo com a honestidade financeira
(Atos 20.33-35). Paulo não era amante do dinheiro. O líder espiritual não pode
ser possuído pelo dinheiro. O dinheiro não pode ser seu patrão. Aqueles
que se curvam diante de Mamom jamais se levantarão de forma íntegra
na presença dos homens. Aqueles que amam o lucro jamais servirão ao
rebanho, mas se abastecerão dele. O líder espiritual é aquele que trabalha
na obra de DEUS não para auferir lucro, mas com abnegação, apesar do
sacrifício pessoal. A regra áurea da economia do reino de DEUS é que é
mais bem-aventurado dar do que receber. O líder é alguém que faz a obra de
DEUS sem ser motivado pelo dinheiro (Atos 20.33). Paulo não foi a Éfeso
para cobiçar prata ou ouro das pessoas, mas para levar a elas as riquezas
espirituais. O dinheiro jamais foi o vetor do ministério de Paulo. Ele diz
que não cobiçou dinheiro nem vestes. Sua alegria no ministério não era
receber benefícios da igreja, mas dar sua vida pela igreja. O líder
espiritual é alguém que se dedica à obra mesmo quando lhe falta o dinheiro
(Atos 20.34). Paulo trabalhou com suas próprias mãos para continuar o
ministério. Ele não abandonou o ministério para trabalhar na fabricação de
tendas nem jamais se empolgou com a fabricação de tendas a ponto de
diminuir seu entusiasmo com o ministério. Quando as igrejas lhe pagavam o
que lhe era devido, Paulo concentrava-se integralmente no ministério, mas, se
as igrejas sonegavam seu salário, ele continuava exercendo o ministério,
ainda que precisasse trabalhar para isso. O líder espiritual é alguém que
entende que mais feliz é aquele que dá dinheiro do que quem recebe
dinheiro (Atos 20.35). Paulo cita uma expressão de JESUS: “... Mais
bem-aventurado é dar que receber”. A visão do líder espiritual não deve
ser a de um homem egoísta e avarento. Ele precisa ser um homem de coração
generoso, mãos dadivosas e bolso aberto.
Em sétimo lugar, o compromisso de Paulo com a afetividade (Atos
20.36-38). Os presbíteros de Éfeso e Paulo se abraçaram, beijaram-se e choraram
num lugar público. Paulo havia passado três anos em Éfeso, e esse tempo
foi suficiente para eles formarem fortes elos de amizade. Agora,
eles demonstram a intensidade desse afeto nessa despedida. Nós somos seres
afetivos (Atos 20.37). O amor precisa ser verbalizado e demonstrado.
Nossas emoções precisam refletir nosso amor. Os presbíteros de Éfeso
abraçaram e beijaram Paulo numa praia, um lugar público. Eles não
negaram, não camuflaram nem esconderam suas emoções. A mídia empapuçada de
violência está minando as nossas emoções. Estamos ficando secos como um
deserto. Não conseguimos mais chorar nem expressar emoções. Uma senhora da
igreja, depois do culto, disse-me entre lágrimas: “Pastor, eu valorizo
muito o seu abraço na porta da igreja, porque é o único abraço que eu recebo na
semana”. Há momentos em que a maior necessidade de uma pessoa na igreja
não é de ouvir o coral, mas de receber um abraço de um irmão. Nós
precisamos demonstrar nosso afeto pelas pessoas que amamos (Atos 20.37).
Há muitos líderes que não conseguem expressar seus sentimentos nem verbalizar
seu amor pelos seus liderados. Precisamos aprender a declarar o nosso amor
pelas pessoas. Precisamos aprender a valorizar as pessoas enquanto elas
estão conosco. Precisamos demonstrar nosso apreço por elas enquanto elas
podem ouvir nossa voz. Nós precisamos entender a força terapêutica
da afetividade (Atos 20.36-38). O amor é o elo de perfeição que une as
pessoas. O amor é o cinturão que mantém unidas as demais peças da virtude
cristã. Uma pessoa não permanece numa igreja onde ela não tem amigos. A
comunhão e a evangelização são temas profundamente conectados. Onde
há união entre os irmãos, ali DEUS ordena sua bênção e a vida para sempre.
Certa feita, uma irmã da igreja me telefonou, informando-me de que estava
pretendendo transferir-se para uma igreja mais próxima de sua casa. Eu,
carinhosamente, lhe disse: “O problema é que você é tão importante para a
nossa igreja que não podemos abrir mão de sua presença”. Essa mulher começou a
chorar ao telefone e disse: “Pastor, na verdade eu não queria ir para
outra igreja. Era isso que eu precisava ouvir. Muito obrigada” e desligou
o telefone. As pessoas são carentes afetivamente, e os pastores precisam
compreender que o amor verbalizado e demonstrado tem um grande poder
terapêutico.
Capítulo 08 - Uma saraivada de problemas
A vida cristã não é um mar de rosas, mas uma tempestade na qual não
faltam as nuvens pardacentas e os trovões aterradores. Os covardes e medrosos,
que têm medo de decidir, não entrarão no reino de DEUS. A vida cristã não é
feita de amenidades, mas tecida por lutas renhidas. Não é uma viagem
através de águas calmas, mas uma navegação turbulenta em mares revoltos
e encapelados.
Um leitor desatento pensará que o relato de Paulo em 2Coríntios
6.4-10 é uma coletânea de experiências sem nenhuma conexão. Porém, uma
observação mais detalhada do texto provará que Paulo fez um cuidadoso e
lógico arranjo de 27 categorias, dividido em três grupos de nove cada.
Nos versículos 4 e 5, seus pensamentos são sobre suas provações; nos
versículos 6 e 7, sobre a divina provisão; e nos versículos 8 a 10, acerca
da vitória sobre as circunstâncias adversas.
O apóstolo Paulo começa esse catálogo de provas com uma das
virtudes mais robustas da vida cristã, a paciência triunfante (2Co 6.4). A
palavra grega usada, hupomone, não pode ser traduzida ao pé da letra. Ela
não descreve o tipo de mentalidade que se assenta com as mãos cruzadas e a
cabeça baixa até que passe a tormenta de problemas, numa resignação
passiva. Descreve, ao contrário, a habilidade de alguém suportar as coisas
de uma maneira tão triunfante que as transforma profundamente. Crisóstomo,
o maior pregador do Oriente, chama hupomone de a raiz de todo o bem, a mãe
da piedade, o fruto que não se seca jamais, a fortaleza que nunca pode ser
conquistada, o porto que não conhece tormentas. Para Crisóstomo, hupomone
é a rainha das virtudes, fundamento de todas as ações justas, paz no meio
da guerra, calma na tempestade, segurança nos tumultos.
Essa paciência não é uma capacidade natural de suportar algumas
dificuldades da vida, mas um corajoso triunfo, que recebe todas as pressões da
vida e sai delas com um brado de alegria. Não somente essa pessoa não se
deixa abater pelas dificuldades, mas mostra-se até grata pela oportunidade
de passar por elas, sabendo que isso trará glória a DEUS.
A “paciência” aqui é o cabeçalho geral de nove elementos que Paulo
relaciona a fim de recomendar seu ministério. Vamos examinar o texto em apreço
sob quatro perspectivas.
Quando a vida parece um mar tempestuoso
Escrevendo sua segunda carta aos Coríntios (2Co 6.3-5), sua
epístola mais pessoal, Paulo aborda
três grupos, cada um composto de três situações, em que a paciência
é aplicada.
Em primeiro lugar, os conflitos internos da vida cristã (2Co 6.4).
O apóstolo Paulo menciona três conflitos internos que a paciência triunfante
nos capacita a vencer. Esse primeiro grupo expressa termos genéricos, a
que todos os cristãos estão sujeitos.
As aflições. A palavra grega que Paulo usa é thlipsis, que
significa pressão física, aflição ou tribulação. Representam aquelas situações
que são fardos para o coração humano, aquelas desilusões que podem
destroçar a vida.
As privações. A palavra grega anagké significa literalmente as
necessidades da vida. Essa palavra é usada no sentido de sofrimento, muito
possivelmente torturas. São aqueles fardos inevitáveis da vida que
retratam necessidades materiais, emocionais e até físicas.
As angústias. A palavra grega que Paulo utiliza, stenochoria,
significa um lugar muito apertado. Essa palavra era usada para descrever a
condição de um exército encurralado num desfiladeiro estreito e rochoso
sem lugar para escapar.
Em segundo lugar, as tribulações externas da vida cristã (2Co 6.5).
Mais uma vez, o apóstolo Paulo menciona três circunstâncias difíceis que ele
enfrentou. Esse segundo grupo apresenta exemplos particulares.
Os açoites. O sofrimento de Paulo não era apenas espiritual, mas
também físico. Paulo foi açoitado várias vezes, fustigado com varas e até
apedrejado. É exatamente por que os cristãos primitivos enfrentaram as
fogueiras, as feras e toda sorte de castigos físicos que hoje recebemos o
legado do cristianismo. O próprio Paulo dá seu testemunho: “Cinco vezes
recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes
fustigado com varas; uma vez, apedrejado...” (2Co 11.24,25). Esses açoites
lhe deixaram cicatrizes, pelo que escreveu: “Quanto ao mais, ninguém me
moleste; porque eu trago no corpo as marcas de JESUS” (Gl 6.17).
As prisões. Paulo foi preso várias vezes. O livro de Atos registra
sua prisão em Filipos, Jerusalém, Cesareia e Roma. Paulo passou vários anos do
seu ministério no cárcere. Ele terminou os seus dias numa masmorra romana,
de onde saiu para ser decapitado. Ao longo dos séculos, um séquito
de crentes em CRISTO suportou prisões e esteve disposto a abandonar sua
liberdade em vez da fé.
Os tumultos. Paulo não enfrentou apenas a severidade da lei judaica
e romana por onde passou, mas também a violência da multidão tresloucada. A
palavra grega usada por Paulo, akatastasia, significa instabilidade,
multidões em rebelião e desordens civis (Atos 13.50; 14.19; 16.19;
19.29). Esses tumultos referem-se àqueles perigos criados pelos homens. Em
quase toda cidade por onde passou, Paulo enfrentou multidões enfurecidas,
incitadas principalmente pelos judeus. Em Antioquia da Pisídia, os judeus
incitaram as mulheres de alta posição e os principais da cidade
para expulsarem Paulo de seu território (Atos 13.49-52). Em Icônio, houve
um complô para apedrejar Paulo, e ele precisou sair da cidade (Atos
14.5,6). Em Listra, uma ensandecida multidão apedrejou Paulo (Atos 14.19).
Em Filipos, uma multidão alvoroçada prendeu Paulo e Silas, açoitando-os
e lançando-os na prisão (Atos 16.22,23). Em Tessalônica, uma turba,
procurando Paulo, alvoroçou a cidade e arremeteu-se contra Jasom e sua casa
(Atos 17.5). Em Éfeso, houve um grande tumulto, e os amigos de viagem de
Paulo foram presos (Atos 19.23-40). Mesmo durante o ministério de Paulo em
Corinto, ele também foi preso, e procuraram levá-lo diante do
governador (Atos 18.12-17). Simon Kistemaker diz que o pior caso de agitação
civil ocorreu em Jerusalém. Ali o povo, amotinado, procurou matar Paulo
(Atos 21.30-32). Por todo lugar onde Paulo pregou o evangelho, ele
se defrontou com multidões tresloucadas.
Em terceiro lugar, as tribulações naturais da vida cristã (2Co
6.5b). As três provas que Paulo passa a mencionar não vieram de fora nem de
dentro, mas foram abraçadas voluntariamente por ele. Trata-se de provações
assumidas voluntariamente por ele.
Os trabalhos. A palavra grega kopos, usada por Paulo, é muito
sugestiva, pois descreve o trabalho que leva ao esgotamento, o tipo de tarefa
que exige todas as forças que o corpo, a mente e o espírito do homem podem
dar. O termo kopos implica trabalhar até fatigar-se, o cansaço que segue após
o uso das forças ao máximo. Paulo chega a declarar que trabalhou mais do
que todos os outros apóstolos (1Co 15.10).
As vigílias. Algumas vezes, Paulo passava noites em oração, e
outras vezes não conseguia dormir em virtude dos tumultos e perseguições, quase
sem trégua, que vinham a ele de todos os lados. A palavra grega agrupnia,
“vigílias”, refere-se àquelas ocasiões em que Paulo voluntariamente
ficava sem dormir ou encurtava suas horas de sono a fim de devotar mais
tempo ao seu trabalho evangélico, a seu cuidado de todas as igrejas e à
oração. Paulo seguiu o exemplo de JESUS (Mc 1.35; Lc 6.12), passando
muitas horas da noite e da madrugada em oração.
Os jejuns. Os jejuns referidos por Paulo podem ser tanto os
voluntários como os involuntários. A palavra grega nesteía, “jejuns”, refere-se
ao jejum voluntário a fim de poder realizar mais trabalhos. Contudo, esses
jejuns podem também se referir àqueles momentos em que Paulo passou
privações (2Co 11.9) e até fome (2Co 11.27; 1Co 4.11; Fp 4.12).
Quando a vida parece cheia de contradições
Ainda na segunda carta aos coríntios (2Co 6.8-10), o apóstolo Paulo
menciona nove paradoxos e antíteses da vida cristã. Trata-se de uma série de
contrastes profundos. Aqui está clara a profunda diferença que existe
entre a perspectiva de DEUS e a perspectiva dos homens. O crente
constitui-se num enigma para os outros, uma perpétua contradição para os
que não os compreendem, pois, sua vida consiste numa série de paradoxos.
Esses paradoxos falam dos dois lados opostos da vida de um homem de
DEUS - o lado secular e o lado espiritual. O lado visto pelo homem, e o lado
visto por DEUS. Essa passagem contrasta como DEUS avaliou o ministério de
Paulo com a maneira pela qual seus críticos o avaliaram. O
verdadeiro discípulo experimenta tanto o topo da montanha como as regiões
mais baixas dos vales mais profundos. Ele oscila entre a honra e a
desonra, entre a infâmia e a boa fama, entre a vida e a morte. Vamos considerar
esses paradoxos.
Honra e desonra. Aos olhos do mundo, Paulo era um homem despojado
de toda honra. Era considerado o lixo do mundo e a escória de todos (1Co 4.13),
mas aos olhos de DEUS era mui honrado. A palavra grega atimia, usada para
desonra, significa a perda dos direitos de cidadão, a privação dos
direitos civis. Ainda que Paulo tivesse perdido todos os direitos como cidadão
do mundo, tinha recebido a maior de todas as honras. Ele era cidadão do
reino de DEUS. Tombou como mártir na terra, decapitado num patíbulo, mas levantou-se
como príncipe no céu (2Tm 4.68).
Infâmia e boa fama. Os opositores de Paulo criticavam cada uma de
suas ações e palavras, além de odiá-lo com ódio consumado. Além disso, Paulo
sofria infâmia de seus próprios filhos na fé. Embora Paulo e seu
ministério obtivessem o reconhecimento de muitos crentes coríntios
(1Co 16.15-18), outros o desonravam e falavam dele pelas costas (2Co
10.10; 11.7; 1Co 4.10-13,19). Porém, a despeito de ser difamado na terra,
recebeu certamente boa fama no céu.
Enganador e sendo verdadeiro. Os críticos de Paulo o consideravam
um charlatão ambulante e um impostor. Para eles, Paulo não era um autêntico
apóstolo. Contudo, sua vida, sua conduta e seu ministério irrepreensíveis
refutaram peremptoriamente as acusações levianas de seus inimigos. Paulo
andou com consciência limpa diante de DEUS e dos homens. Ele estava convicto de
que sua mensagem era a verdade do próprio DEUS.
Desconhecido, entretanto bem conhecido. Os judeus que o caluniavam
diziam que Paulo era um joão-ninguém, a quem faltava autoridade apostólica e a
quem podiam denegrir à vontade. Mas, para seus filhos na fé, Paulo era
conhecido e amado. O apóstolo Paulo foi, sem sombra de dúvida, o
maior apóstolo, o maior teólogo, o maior evangelista, o maior missionário
e o maior plantador de igrejas da história. A palavra grega agooumenoi,
traduzida por “desconhecidos”, traz a ideia de ser ignorante. Refere-se a
“não valer nada”, sem as credenciais adequadas. Paulo não
recebeu reconhecimento do mundo de seu tempo porque o mundo, a literatura,
a política e a erudição não se preocupavam com ele e não faziam dele fonte
de conversas diárias, nem o procuravam como grande orador. Porém, Paulo é
hoje mais conhecido do que qualquer imperador romano. Importa mais receber
reconhecimento de DEUS do que dos homens. Importa mais ser amado pelos cristãos
do que odiado pelo mundo.
Morrendo, contudo, vivendo. Paulo viveu sob constante ameaça de
morte. Foi apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, enfrentou feras em Éfeso
e foi atacado por uma multidão furiosa em Jerusalém. O poder divino que
ressuscitou JESUS dos mortos impediu que Paulo sofresse uma morte
prematura. Sua vida despertou fúria no inferno e tumulto na terra. Paulo,
porém, viveu para completar sua carreira e cumprir cabalmente seu
ministério (Atos 20.24; 2Tm 4.6-8). A julgar pelos padrões mundanos, a
carreira de Paulo foi miserável. Ele esteve continuamente exposto a perigos de
morte, sempre perseguido por multidões enfurecidas e pelas autoridades
civis, mas DEUS livrou-o vezes sem conta. Portanto, contra todas as
expectativas, enquanto o propósito de DEUS não se concretizou nele, ele
escapou da morte sem ser assassinado.
Castigado, porém não morto. Muitas vezes, Paulo enfrentou açoites,
cadeias, prisões, tumultos e até apedrejamento. DEUS, porém, o preservou da
morte a fim de que ele cumprisse o propósito de levar o evangelho até os
confins da terra. Os cristãos não devem entender suas aflições como indicação
da reprovação divina, mas, sim, regozijar-se nelas como oportunidades
graciosamente oferecidas para glorificarem o nome do Senhor. DEUS não
castiga seu povo por quem CRISTO morreu, pois nossa punição pelo pecado
foi colocada sobre CRISTO. Seu Filho sofreu em nosso lugar para
que pudéssemos ser absolvidos. Portanto, é incorreto dizer que os crentes
sofrem a ira de DEUS. O castigo mencionado aqui pelo apóstolo é medidas
corretivas de DEUS que têm o objetivo de nos levar para mais perto dele.
Entristecido, mas sempre alegre. As tristezas de Paulo vinham das
circunstâncias; sua alegria emanava de sua comunhão com DEUS. Ele se alegrava
não nas circunstâncias, mas apesar delas (Atos 16.19-26). Sua alegria não era
nem presença de coisas boas nem ausência de coisas ruins. Sua alegria era
uma Pessoa. Sua alegria era JESUS. A fonte da sua alegria não estava na terra,
mas no céu; não nos homens, mas em DEUS.
Pobre, mas enriquecendo a muitos (2Co 6.10). Paulo não era como os
falsos apóstolos que ganhavam dinheiro mercadejando a Palavra. Paulo era pobre.
A palavra ptokós, usada por Paulo, significa extremamente pobre,
miserável, indigente, destituído. Descreve a pobreza abjeta de quem não
tem, literalmente, nada e que está num perigo real e iminente de
morrer de fome. A palavra ptokós significa penúria completa, como
aquela de um mendigo. Ele não tinha dinheiro, mas tinha um tesouro mais
precioso do que todo o ouro da terra, o bendito evangelho de CRISTO. Ele
enriquecia as pessoas não com coisas materiais, mas com
bênçãos espirituais.
Nada tendo, mas possuindo tudo. Paulo não possuía riquezas
terrenas, mas era herdeiro daquele que é o dono de todas as coisas. O ímpio tem
posse provisória, mas o cristão é dono de todas as coisas que pertencem ao
Pai. Somos herdeiros de DEUS e coerdeiros com CRISTO. O ímpio pode ter
tudo aqui, mas nada levará. Nós, nada tendo aqui, possuímos tudo.
Quando sofremos pela igreja de DEUS
O apóstolo Paulo, em 2Coríntios 11.23-33, destaca seis aspectos do
seu sofrimento:
Em primeiro lugar, trabalhos extenuados. "... em trabalhos,
muito mais...” (2Co 11.23). Paulo foi imbatível nesse item. Não apenas
suplantou em muito os falsos apóstolos nesse particular, mas trabalhou até
mesmo mais do que os legítimos apóstolos de CRISTO (1Co 15.10). O ministério
de Paulo não teve pausa. Ele trabalhou diuturnamente, sem intermitência,
com saúde ou doente; em liberdade ou na prisão; na fartura ou passando
necessidades. Jamais deixou de trabalhar pela causa de CRISTO.
Em segundo lugar, castigos físicos extremados. "... muito mais
em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco
vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes
fustigado com varas; uma vez, apedrejado...” (2Co 11.23-25). Destacamos aqui
os vários castigos sofridos por Paulo.
As prisões. Paulo foi preso várias vezes. O livro de Atos relata
sua prisão em Filipos, em Jerusalém, em Cesareia e em Roma. Paulo passou boa
parte da sua atividade apostólica preso. Ele podia estar encarcerado, mas
a Palavra de DEUS não estava algemada. Era um embaixador em cadeias.
Jamais se sentiu prisioneiro de homens, mas sempre prisioneiro de CRISTO.
Os açoites. Não foram poucas as ocasiões em que Paulo foi açoitado.
O livro de Atos não é exaustivo nesses relatos. Temos informação de que ele foi
açoitado em Filipos, mas, em muitas outras vezes, seu corpo foi surrado a
ponto de ele dizer aos gálatas que trazia no corpo as marcas de CRISTO (Gl
6.17). Cinco vezes recebeu dos judeus 39 açoites. Esse castigo era tão severo
que muitos não resistiam. Os açoites eram o método judaico, baseado em
Deuteronômio 25.25. A pessoa tinha as suas duas mãos presas a um poste, e
suas roupas eram removidas, de modo que seu peito ficava descoberto. Com
um chicote feito de uma correia de couro de bezerro e duas de couro de
jumento, ligadas a um longo cabo, a pessoa recebia um terço das 39
chicotadas no tórax e dois terços nas costas.
Os perigos de morte. O ministério de Paulo foi turbulento. Não teve
folga nem descanso. Aonde ele chegava, havia um tumulto para matá-lo. Foi
perseguido em Damasco, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos,
escorraçado de Tessalônica, enxotado de Bereia, levado ao tribunal
em Corinto, perturbado em Éfeso, preso em Jerusalém, acusado em Cesareia,
picado por uma víbora em Malta e decapitado em Roma.
O flagelo de ser fustigado com varas. Se a quarentena de açoites
era um castigo judaico (Dt 25.1-3), fustigar com varas era um castigo romano.
Paulo sofreu castigo tanto de judeus quanto de gentios. O livro de Atos só
relata os açoites que Paulo sofreu em Filipos. Mas aqui ele nos informa que
três vezes foi fustigado com varas.
O apedrejamento. Paulo foi apedrejado em Listra e arrastado da
cidade como morto. DEUS o levantou milagrosamente para dar prosseguimento a seu
trabalho missionário. A vida de Paulo é um milagre; seu sofrimento, um
monumento; suas cicatrizes, seu vibrante testemunho.
Em terceiro lugar, viagens perigosas. “... em naufrágio, três
vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes;
em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios,
em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto,
em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos” (2Co 11.25,26). As
viagens de Paulo foram aventuras épicas, cercadas sempre de muitos
perigos. O livro de Atos só relata o naufrágio que Paulo enfrentou em sua
viagem para Roma, e obviamente, quando Paulo escreveu essa carta,
ela ainda não havia ocorrido. Portanto, Paulo enfrentou quatro naufrágios.
Não sabemos onde nem quando, mas um dia e uma noite ficaram à deriva, na
voragem do mar. Nas suas andanças, enfrentou perigos nos mares, nos rios,
nas cidades e no deserto. Enfrentou perigos entre judeus e
gentios. Enfrentou perigos no meio dos pagãos e também entre falsos
irmãos.
Em quarto lugar, privações e necessidades dolorosas. “em trabalhos
e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes;
em frio e nudez” (2Co 11.27). Paulo trabalhava não só na obra, mas também
para seu sustento, e isso com fadiga. Dormia pouco e trabalhava
muito. Tinha senso de urgência. Nas suas jornadas a pé ou de navio, passou
fome e sede muitas vezes. Não poucas vezes, a situação era tão grave que,
mesmo tendo pão, preferia jejuar. Nem sempre tinha roupas suficientes e
adequadas para as estações geladas do inverno. Enfrentou frio e também nudez.
Em quinto lugar, preocupação com todas as igrejas. “Além das cousas
exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as
igrejas” (2Co 11.28). A atitude de Paulo em relação aos falsos apóstolos
era gritantemente diferente. Enquanto eles se abasteciam das igrejas, Paulo
se desgastava por amor a elas, e isso diariamente. Enquanto Paulo usava
sua autoridade para fortalecer as igrejas, eles usavam as igrejas para
fortalecer sua autoridade. Enquanto Paulo trabalhava para servir às
igrejas, eles se abasteciam das igrejas. Enquanto eles esbofeteavam os crentes
no rosto, Paulo carregava os fardos dos crentes no coração. As outras
experiências haviam sido exteriores e ocasionais, mas o peso das igrejas
era interior e constante.
Em sexto lugar, fuga ignominiosa. “Em Damasco, o governador
preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender;
mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha abaixo, e
assim me livrei das suas mãos” (2Co 11.32,33). No auge da narrativa
de seus sofrimentos, Paulo fala da experiência humilhante em Damasco.
Paulo descreve de forma vívida a primeira situação de sofrimento após sua
conversão. Entrou na cidade de Damasco para prender os crentes, e ele
agora é quem estava preso. Os judeus resolveram tirar-lhe a vida
e vigiaram os portões da cidade (Atos 9.23,24) para ele não fugir,
enquanto o governador gentio também montava guarda na porta para o prender
(2Co 11.32). O livramento de Paulo não teve nada de espetacular. Ele
escapou de forma humilhante. Para Paulo, essa fuga clandestina de Damasco
era o pior dos açoites. O valente Paulo precisa fugir de forma inusitada na
calada da noite. Essa fuga ignominiosa de Damasco que Paulo narra contém
pouquíssimos elementos de que ele pudesse vangloriar-se. É o primeiro de
muitos “perigos de morte” que ele experimentou. Esses primeiros
acontecimentos o marcam profundamente. E precisamente essa imagem da
recordação revela de forma singular sua “fraqueza”.
Paulo conclui essa listagem de sofrimento, jogando uma pá de cal na
presunção de seus oponentes. Enquanto eles se gloriavam em suas virtudes e
realizações, Paulo diz: “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz
respeito à minha fraqueza” (2Co 11.30). Paulo sabia que sua autoridade não
vinha de suas habilidades, mas de seu chamado (Rm 1.1,5); não de sua força, mas
de sua fraqueza; não de seus feitos, mas de suas cicatrizes.
Quando nosso sofrimento é bênção, e não castigo
No início de 2Coríntios 12, Paulo descreve seu arrebatamento ao
terceiro céu e sua visão gloriosa. Viu coisas que não é lícito ao homem
referir. Depois da glória, porém, vem a dor; depois do êxtase, vem o
sofrimento. Em 2Coríntios 12.7-10, Paulo faz uma transição das visões
celestiais para o espinho na carne. DEUS sabe equilibrar em nossa vida as
bênçãos e os fardos, o sofrimento e a glória. Que contraste gritante entre
as duas experiências do apóstolo! Passou do paraíso à dor, da glória ao
sofrimento. Provou a bênção de DEUS no céu e sentiu os golpes de Satanás na
terra. Paulo passou do êxtase do céu à agonia da terra. Vamos examinar
alguns pontos importantes.
Em primeiro lugar, o sofrimento é inevitável. Paulo dá seu
testemunho: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações,
foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me
esbofetear, a fim de que não me exalte” (2Co 12.7). Não há vida indolor.
É impossível passar pela vida sem sofrer. O sofrimento é inevitável. O
sofrimento de Paulo é tanto
físico quanto espiritual. Elencamos aqui dois aspectos do
sofrimento do apóstolo.
O espinho na carne. O que seria esse espinho na carne de Paulo? Há
muitas ideias e nenhuma resposta conclusiva. Calvino acreditava que o espinho
na carne eram as tentações espirituais. Lutero achava que eram as
perseguições dos judeus. A palavra grega skolops, “espinho”, só aparece aqui
em todo o Novo Testamento. Trata-se de qualquer objeto pontiagudo. Era a
palavra usada para estaca, lasca de madeira ou ponta do anzol. O que era
esse espinho na carne de Paulo? Muitas respostas têm sido dadas. Vejamos
algumas delas:
- Perturbações espirituais. Calvino acreditava
que o espinho na carne de Paulo consistia nessas tentações que o afligiam.
Trata-se das limitações de uma natureza corrompida pelo pecado,
os tormentos da tentação, ou a opressão demoníaca.
- Perseguição e oposição. Lutero pensava que o
espinho na carne de Paulo eram as muitas e variadas perseguições sofridas
tanto nas mãos dos judeus, como nas mãos dos gentios.
- Enfermidades físicas. A lista abrange desde a
epilepsia, gagueira, enxaqueca, ataques de malária até deficiência visual.
A maioria dos estudiosos concorda que esse termo skolops deve
ser interpretado literalmente, isto é, Paulo suportava dor física.
Pessoalmente sou inclinado a pensar que esse espinho na carne era uma
deficiência visual de Paulo (Atos 9.9; Gl 4.15; 6.11; Rm 16.22; At 23.5).
A oração não atendida. Assim como JESUS orou três vezes no
Getsêmani para DEUS afastar-lhe o cálice e o Pai não o atendeu, mas enviou um
anjo para o consolar, Paulo orou também três vezes para DEUS remover o
espinho de sua carne, mas a resposta de DEUS não foi a remoção do
espinho, mas a força para suportá-lo. DEUS nem sempre nos livra do
sofrimento, mas nos dá graça para enfrentá-lo vitoriosamente. Paulo orou
na aflição: orou ao Senhor, orou com insistência e especificamente, e mesmo
assim DEUS lhe disse não.
Em segundo lugar, o sofrimento é indispensável. Assim como JESUS
aprendeu pelas coisas que sofreu, também aprendemos pelo sofrimento. Por que o
sofrimento é indispensável?
Para evitar a soberba. O espinho na carne impediu que Paulo
inchasse ou explodisse de orgulho diante das gloriosas visões e revelações do
Senhor. O sofrimento nos põe em nosso devido lugar. Ele quebra nossa
altivez e esvazia toda nossa pretensão de glória pessoal. É o próprio DEUS
quem nos matricula na escola do sofrimento. O propósito de DEUS não é
nossa destruição, mas nossa qualificação para o desempenho do ministério.
O fogo da prova não pode chamuscar sequer um fio de cabelo da nossa
cabeça; ele só queima nossas amarras. O fogo das provas nos livra das amarras,
e DEUS nos livra do fogo.
O apóstolo Paulo diz que o espinho na carne era um mensageiro de
Satanás. Ao mesmo tempo que o mensageiro de Satanás infligia sofrimento ao
apóstolo, esbofeteando-lhe com golpes fulminantes, DEUS tratava com seu
servo, usando essa estranha providência, para o manter humilde. O campo de
atuação de Satanás é delimitado por DEUS. Satanás intenciona esbofetear Paulo;
DEUS intenciona aperfeiçoar o apóstolo.
Para gerar dependência constante de DEUS. “Por causa disto, três
vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim” (2Co 12.8). O sofrimento levou
Paulo à oração. O sofrimento nos mantém de
joelhos diante de DEUS para nos colocar de pé diante dos homens.
Paulo sabe que DEUS está no controle, não Satanás. Se Satanás realizasse seu
desejo, ele teria preferido que o apóstolo Paulo fosse orgulhoso em vez de
humilde. Os interesses de Satanás seriam muito mais bem servidos se
Paulo fosse se tornar insuportavelmente arrogante.
Para mostrar a suficiência da graça. “Então, ele me disse: A minha
graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois,
mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de
CRISTO” (2Co 12.9). A graça de DEUS é melhor do que a vida. A graça
de DEUS é que nos capacita a enfrentar vitoriosamente o sofrimento. A
graça de DEUS é o tônico para a alma aflita, o remédio para o corpo
frágil, a força que põe de pé o caído. A graça de DEUS é a provisão de
DEUS para tudo de que precisamos, quando precisamos. A graça nunca está em
falta. Ela está continuamente disponível. Não devemos orar por vida fácil.
Devemos orar para sermos homens e mulheres capacitados pela graça. Não
devemos orar por tarefas iguais ao nosso poder, mas orar por poder igual
às nossas tarefas.
Para trazer fortalecimento de poder. O poder de DEUS se aperfeiçoa
na fraqueza. Quando somos fracos, aí é que somos fortes. Esse é o grande
paradoxo do cristianismo. A força que sabe que é forte, na verdade é
fraqueza, mas a fraqueza que sabe que é fraca, na verdade é força. O poder
de DEUS revela-se nos fracos. Paulo pediu para DEUS substituição, mas DEUS
lhe deu transformação. DEUS não removeu sua aflição, mas lhe deu
capacitação para enfrentá-la vitoriosamente. DEUS não deu explicações a
Paulo; fez-lhe promessas: “A minha graça te basta”. Não vivemos de
explicações; vivemos de promessas. Nossos sentimentos mudam, mas as
promessas de DEUS são sempre as mesmas.
O poder de DEUS é suficiente para o cansaço físico. Paulo suportou
toda sorte de privações físicas: fome, sede e nudez. Suportou todo tipo de
perseguição: foi açoitado, apedrejado, fustigado com varas e preso.
Enfrentou todo tipo de perigos: de rios, de mares, de desertos, no campo, na
cidade, entre estrangeiros, entre patrícios e até no meio de falsos
irmãos. Enfrentou toda sorte de pressões emocionais: preocupava-se dia e
noite com as igrejas. Mas o poder de DEUS o sustentou em todas essas
circunstâncias.
Em terceiro lugar, o sofrimento é pedagógico. A vida é a professora
mais implacável: primeiro, dá a prova e, depois, a lição. C. S. Lewis disse que
“DEUS sussurra em nossos prazeres e grita em nossas dores”. A dor sempre
tem um propósito, mais que uma causa. DEUS não desperdiça sofrimento na vida
de seus filhos. Se DEUS não remove o espinho é porque ele está trabalhando em
nós, para depois trabalhar por meio de nós.
Vejamos algumas lições importantes destacadas por Charles Stanley
em seu livro Como lidar com o sofrimento1:
Há um propósito divino em cada sofrimento. Há um propósito divino
no sofrimento. No começo dessa carta, Paulo diz que o nosso sofrimento e a
nossa consolação são instrumentos usados por DEUS para abençoar outras
pessoas (2Co 1.3). Na escola da vida, DEUS está nos preparando para sermos
consoladores. Quando DEUS não remove “o espinho”, é porque tem uma razão.
DEUS sempre tem um propósito no sofrimento. O propósito é de não nos
ensoberbecermos.
E possível que DEUS resolva revelar-nos o propósito do nosso
sofrimento. No caso de Paulo, DEUS decidiu revelar-lhe a razão de ser do
“espinho”: evitar que o apóstolo ficasse orgulhoso. Quando Paulo orou, nem
perguntou por que estava sofrendo; apenas pediu a remoção do sofrimento. Não
é raro DEUS revelar as razões do sofrimento. Ele revelou a Moisés a razão
por que não lhe seria permitido entrar na terra prometida. Disse a Josué
por que ele e seu exército haviam sido derrotados em Ai. O nosso
sofrimento tem por finalidade nos humilhar, nos aperfeiçoar, nos burilar e nos
usar. É possível também que DEUS não nos dê explicações diante do
sofrimento. Foi o que aconteceu com o patriarca Jó. Ele perdeu seus bens,
seus filhos, sua saúde, o apoio de sua mulher e de seus amigos, e, diante
de seus questionamentos, nenhuma explicação lhe foi dada. DEUS restaurou sua
sorte, mas não lhe deu a razão de seu sofrimento.
DEUS nunca nos repreende se perguntarmos por que sofremos, ou se
pedirmos que ele remova o sofrimento. Não há evidência de que DEUS tenha
repreendido Paulo pelo fato de ele ter-lhe pedido que removesse o espinho.
DEUS entende nossa fraqueza. Espera que clamemos quando
estivermos passando por sofrimento. DEUS nos manda lançar sobre ele toda a
nossa ansiedade.
O sofrimento pode ser um dom de DEUS. Temos a tendência de pensar
que o sofrimento é algo que DEUS faz contra nós, e não por nós. Jacó disse:
“... Tendes-me privado de filhos: José já não existe, Simeão não está
aqui, e ides levar a Benjamim! Todas estas cousas me sobrevêm” (Gn 42.36).
O espinho de Paulo era uma dádiva, porque, por meio desse incômodo, DEUS
protegeu Paulo daquilo que ele mais temia - ser desqualificado
espiritualmente (1Co 9.27). Ele sabia que o orgulho destrói. Viu-o como
algo que DEUS fez a seu favor, e não contra ele.
Satanás pode ser o agente do sofrimento. Espere um pouco: é Satanás
ou DEUS quem está por trás do espinho na carne de Paulo? Como é que um
mensageiro de Satanás pode cooperar para o bem de um servo de DEUS? Parece
uma contradição total. A inferência é que DEUS, na sua soberania, usa
os mensageiros de Satanás na vida dos seus servos. As bofetadas de Satanás
não anulam os propósitos de DEUS, mas contribuem para eles. Até mesmo os
esquemas satânicos podem ser usados em nosso benefício e no avanço do
reino de DEUS. O diabo intentou contra Jó para afastá-lo de DEUS, mas
só conseguiu colocá-lo mais perto do Senhor.
DEUS nos conforta em nossas adversidades. A resposta que DEUS deu a
Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, mas era a que ele
precisava. DEUS respondeu a Paulo que ele não o havia abandonado. Não
sofria sozinho. DEUS estava no controle da sua vida e operava nele
com eficácia.
A graça de DEUS é suficiente nas horas de sofrimento. DEUS não deu
a Paulo o que ele pediu; deu-lhe algo melhor, melhor que a própria vida, a sua
graça. A graça de DEUS é melhor que a vida; pois por ela enfrentamos o
sofrimento vitoriosamente. O que é graça? É a provisão de DEUS para cada
uma das nossas necessidades. O nosso DEUS é o DEUS de toda a graça (1Pe
5.10).
Pode ser que DEUS decida que é melhor não remover o sofrimento. De
todos os princípios, esse é o mais difícil. Quantas vezes já pensamos e
falamos: “Senhor por que estou sofrendo? Por que desse jeito? Por que até
agora? Por que o Senhor ainda não agiu?”. Joni Eareckson ficou tetraplégica e
numa cadeira de rodas dá testemunho de JESUS. Fanny Crosby ficou cega com
42 dias e morreu aos 92 anos sem jamais perder a doçura. Escreveu mais de
4 mil hinos. Dietrich Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de abril de 1945 numa
prisão nazista. Se DEUS não remover o sofrimento, ele nos assistirá em
nossa fraqueza, nos consolará com sua graça e nos assistirá com seu poder.
Nossa alegria não se baseia na natureza de nossas circunstâncias. O
que determina a vida de um indivíduo não é o que lhe acontece, mas como reage
ao que lhe acontece. Não é o que as pessoas lhe fazem, mas como responde a
essas pessoas. Há pessoas que são infelizes tendo tudo; há outras que são
felizes não tendo nada. A felicidade não está fora, mas dentro de nós. Há
pessoas que pensam que a felicidade está nas coisas: casa, carro,
trabalho, renda. Mas Paulo era feliz mesmo passando por toda sorte de
adversidades (2Co 11.24-27). Mesmo passando por todas essas lutas, é capaz
de afirmar: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de CRISTO. Porque,
quando sou fraco, então é que sou forte” (2Co 12.10). O mesmo Paulo
comenta em sua carta aos filipenses: “Digo isto, não por causa da pobreza,
porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar
humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias,
já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância
como de escassez” (Fp 4.11,12).
A chave para crescermos nos sofrimentos é vê-los em função do amor
por CRISTO. Paulo sofria por amor a CRISTO. Sua razão de viver era glorificar
CRISTO. O que importava era agradar a CRISTO, servir a CRISTO, tornar
CRISTO conhecido. Jim Elliot, o missionário mártir entre os índios aucas,
disse: “Não é tolo perder o que não se pode reter, para ganhar o que não
se pode perder”. DEUS pode usar até o nosso sofrimento para sua glória.
Paulo diz aos filipenses que as coisas que lhe aconteceram contribuíram
para o progresso do evangelho (Fp 1.12).
Em quarto lugar, o sofrimento é passageiro. O sofrimento deve ser
visto à luz da revelação do céu, do paraíso. O sofrimento do tempo presente não
é para se comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós (Rm
8.18). A nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória
(2Co 4.14-16). Aqueles que têm a visão do céu são os que triunfam diante do
sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis do paraíso são os que
não se intimidam com o rugido do leão.
DEUS mostrou a glória da herança antes do fogo do sofrimento. DEUS
abriu as cortinas do céu antes de apontar as areias esbraseantes do deserto. O
sofrimento é por breve tempo; o consolo é eterno. A dor vai passar; o céu
jamais! A caminhada pode ser difícil. O caminho pode ser estreito. Os
inimigos podem ser muitos. O espinho na carne pode doer. Mas a graça de CRISTO
nos basta. Só mais um pouco, e nós estaremos para sempre com o Senhor.
Então o espinho será tirado, as lágrimas serão enxutas, e não haverá mais
pranto, nem luto, nem dor.
1. STANLEY, Charles. Como lidar com o sofrimento. Belo Horizonte:
Betânia, 1995.
Capítulo 09 - Um homem sob ataque
O mesmo Paulo que já havia enfrentado prisões e açoites enfrentará
agora uma série de solavancos existenciais: prisão, acusação e conspiração.
Neste capítulo, vamos examinar a prisão de Paulo em Jerusalém e Cesareia.
Não espere gratidão, mas cadeias e tribulações
Paulo estava indo a Jerusalém para levar as ofertas levantadas
entre as igrejas gentílicas para os pobres da Judeia. Seu coração estava cheio
de amor, e suas mãos, cheias de dádivas. Sua motivação era a mais pura, e
seu propósito, o mais elevado. Porém, os judeus pagaram o bem com o mal.
Em vez de alegrarem-se com sua generosidade, conspiraram contra Paulo para
matá-lo.
Paulo testemunha aos presbíteros de Éfeso, na cidade de Mileto, que
não sabia o que aconteceria em Jerusalém, mas o ESPÍRITO SANTO lhe assegurava
que de cidade em cidade cadeias e tribulações o esperavam (Atos 20.22,23).
Ao despedir-se dos presbíteros de Éfeso, Paulo tem o pressentimento de que
não mais veriam o seu rosto (Atos 20.38). Ao chegar a Cesareia, foi fortemente
alertado por um profeta judeu, chamado Agabo, de que seria preso em Jerusalém e
entregue nas mãos dos gentios (Atos 21.10,11). Diante dessa profecia, Lucas e
os irmãos que estavam em Cesareia tentaram demover Paulo de prosseguir
viagem para Jerusalém (Atos 21.12), mas este respondeu: “... Que
fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para
ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS”
(Atos 21.13). Diante da irredutibilidade de Paulo, os irmãos se
conformaram e capitularam ante a vontade de DEUS (Atos 21.14).
Paulo e sua comitiva partiram, pois, de Cesareia para Jerusalém.
Ali chegando, foram recebidos com alegria pelos irmãos da igreja (Atos
21.16,17). Depois de dar um minucioso relatório do quanto DEUS fizera por
seu intermédio à liderança da igreja, foi alertado de que os judeus de
Jerusalém nutriam informações distorcidas do seu trabalho missionário. Um
boato circulava entre esses judeus de que Paulo estaria engajado numa
missão anti-Moisés, pervertendo a lei e os costumes judaicos (Atos
21.18-26).
Os judeus vindos da Ásia, ao ver Paulo no templo com seus
companheiros de viagem, alvoroçaram todo o povo e o agarraram, gritando: “...
Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a
serem contra o povo, contra a lei e contra este lugar; ainda
mais, introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado”
(Atos 21.28). Paulo foi arrastado com violência de dentro do templo para
fora, as portas foram fechadas, e a cidade de Jerusalém se amotinou. O
intento dos judeus era matar o apóstolo. Já o espancavam quando o comandante e
seus soldados desfizeram o levante ensandecido. Arrebatado das mãos da
multidão sanguissedenta, Paulo foi acorrentado e passou a ficar sob
custódia do comandante e sua escolta (Atos 21.29-33).
Diante do vozerio ensurdecedor da multidão amotinada, que gritava
infrene: “Mata-o! Mata-o!”, Paulo foi recolhido à fortaleza. Enquanto era
carregado para a fortaleza, pediu permissão para falar ao povo. Da escada
da fortaleza, dirigiu-se à multidão, que silenciosamente o escutou (Atos
21.34-40).
Paulo então dá o seu testemunho, narrando sua trajetória desde o
seu nascimento em Tarso da Cilícia. Falou sobre seus estudos aos pés de
Gamaliel em Jerusalém e de sua implacável disposição de sufocar e
exterminar a religião cristã, ainda no seu nascedouro. Paulo disse à multidão
furiosa que um dia também odiou a religião do Caminho com todas as forças
da sua alma. Disse que prendeu e lançou em cárceres homens e mulheres.
Contou que entrava nas sinagogas para prender e açoitar os que criam em
CRISTO. Declarou que esteve por trás do assassinato do primeiro mártir
do cristianismo, o diácono Estêvão. Contou, de forma vívida, como saíra de
Jerusalém rumo a Damasco para prender e levar manietados os discípulos de
CRISTO para Jerusalém. Porém, antes de prender os cristãos, foi capturado
por JESUS, ao ver uma luz aurifulgente e ouvir uma voz poderosa. Ali,
enquanto seus olhos foram cegados, os olhos da sua alma se abriram, e
compreendeu que aquele a quem estava perseguindo era o próprio Senhor, o
Filho de DEUS.
Paulo dirige-se à multidão dizendo que, ao estar em Jerusalém,
pregando e ensinando, foi dispensado pelo próprio DEUS de seu trabalho. DEUS
lhe fechava a porta em Jerusalém, mas abria-lhe uma janela para o mundo. DEUS
encerrava seu ministério entre os patrícios, mas o enviava para longe, aos
gentios (Atos 22.1-21). Os judeus ouvem o discurso de Paulo até o momento em
que ele faz referência aos gentios. Então novamente a multidão se
alvoroça, a ponto de gritar e arrojar de si suas capas, atirando poeira
para os ares. Por questão de segurança, Paulo foi recolhido à fortaleza.
O comandante, perplexo diante da situação, mandou que Paulo fosse açoitado
para saber os detalhes de tão inflamada oposição. Nesse momento, o velho
apóstolo valeu-se de seu direito de cidadão romano e evitou que sofresse
mais uma surra (Atos 22.22-30).
Um cordeiro no meio de lobos
Quando o comandante descobriu que Paulo era cidadão romano, passou
a tratá-lo com deferência e convocou os principais sacerdotes e todo o sinédrio
a fim de que Paulo pudesse se explicar. Agora, o mesmo apóstolo que já se
havia defendido diante da multidão alvoroçada, dirige-se ao sinédrio
enraivecido. Bastou que Paulo abrisse a boca para afirmar que estava servindo a
DEUS com boa consciência para que levasse uma bofetada no rosto por ordem
do sumo sacerdote. Os representantes e fiscais da lei quebravam a lei em
nome da lei (Atos 23.1-5).
Com refinada sagacidade, Paulo tirou proveito da divisão interna do
sinédrio. Sabendo que esse egrégio concílio era formado de saduceus e fariseus;
sabendo que os saduceus eram teólogos progressistas e liberais que não
acreditavam na ressurreição nem na existência dos anjos e de espíritos,
posicionou-se como fariseu e disse que estava sendo perseguido por causa das
crenças defendidas pelos fariseus. Essa atitude atraiu imediata simpatia
do grupo dos fariseus, e os dois grupos começaram a se desentender no meio
da reunião. A estratégia de Paulo funcionou. O grupo que estava ali para
ouvi-lo engalfinhou-se em tal celeuma que o comandante resolveu tirar Paulo
do alvoroço e recolhê-lo à fortaleza (Atos 23.6-10).
Uma conspiração ameaçadora
Enquanto quarenta judeus se reuniam para jurar Paulo de morte (Atos
23.12-15), DEUS se revelou a ele a fim de lhe dar forças e descortinar-lhe
novos horizontes. Na noite seguinte ao alvoroço do sinédrio, recolhido
ainda à fortaleza, o Senhor pôs-se ao lado de Paulo e lhe disse: “...
Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em
Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos 23.11).
A conspiração dos judeus para matar Paulo foi feita com juramento
de que não comeriam nem beberiam e seriam considerados malditos enquanto não
assassinassem Paulo. Esse pacto foi selado e comunicado aos principais
sacerdotes e anciãos. O comandante deveria trazer Paulo novamente
ao sinédrio para uma investigação mais detalhada. Antes de Paulo chegar à
reunião, eles o atacariam e o matariam (Atos 23.12-15).
Por providência divina, um sobrinho de Paulo descobriu a trama em
tempo oportuno, entrou na fortaleza e avisou a Paulo o que estava acontecendo
nos sórdidos bastidores do sinédrio. Paulo enviou seu sobrinho ao
comandante, e este foi avisado do plano traiçoeiro. Diante das pressões
da massa, da conspiração dos judeus radicais e da parcialidade do
sinédrio, o comandante resolveu enviar Paulo ao governador Félix, sob
forte proteção, livrando o bandeirante do cristianismo de uma morte prematura
(Atos 23.16-25).
A prisão de Paulo em Cesareia
Cláudio Lísias escreve uma carta ao governador Félix e, sob a
proteção de uma escolta, envia Paulo a Cesareia, não sem antes dar seu parecer
de que Paulo era inocente e não merecia nem mesmo estar preso, quanto mais
ser alvo de uma conspiração de morte. Lísias informa a Félix que os judeus
estavam determinados a matar Paulo pela engenhosidade da traição por questões
puramente religiosas. E, porque esse velho missionário era cidadão romano,
não o podia entregar ao alvitre de uma turba tão alvoroçada e sanguinária.
Ao chegar a Cesareia, lida a carta de Cláudio Lísias, Félix ouve
Paulo e, sabedor de que ele era da província da Cilícia, recolhe-o à prisão até
que seus acusadores apresentem contra ele a peça de acusação.
Cinco dias depois, o sumo sacerdote Ananias, acompanhado de alguns
anciãos e aparelhado de um orador profissional chamado Tértulo, viaja para
Cesareia e comparece diante do governador para apresentar o libelo
acusatório contra Paulo. Tecendo elogios rasgados ao governador,
Tértulo tenta ganhá-lo para seu lado. Com retórica rebuscada, esse
profissional da oratória, profere acusações pesadas e levianas contra o
apóstolo, chamando-o de peste. Conspurca-lhe o caráter, denigre-lhe o
nome, lança sobre sua honra os mais aviltantes insultos. Desprovido
de conhecimento, na contramão dos fatos, Tértulo falseia a verdade ao
dizer que Paulo promovia sedições entre os judeus dispersos por todo o
mundo. Maliciosamente, estadeia diante do governador a acusação de que
Paulo era o principal agitador da seita dos nazarenos. Ainda acusa Paulo
de profanar o templo, razão pela qual os judeus o prenderam para julgá-lo
diante do sinédrio. Em seu discurso tendencioso, eivado de mentiras
escabrosas, Tértulo ainda alfineta o comandante Cláudio Lísias, dizendo
que este havia arrebatado Paulo de suas mãos com grande violência
para enviá-lo a Cesareia.
Cessada a verborragia desse paladino da mentira, Paulo tem a
oportunidade de fazer sua defesa. Com palavras breves, com refinada retórica, o
bandeirante do cristianismo põe por terra o discurso de Tértulo,
desmantelando ponto por ponto todas as acusações assacadas contra ele. Paulo
ressalta que o propósito de sua visita a Jerusalém não foi profanar o
templo, mas trazer generosas ofertas aos pobres da Judeia, levantadas
entre as igrejas gentílicas. Também afirmou que estava sendo acusado pelo
sinédrio exatamente pelas mesmas convicções que os fariseus, membros do
sinédrio, defendiam, qual seja, a doutrina da ressurreição dos mortos.
O governador interessou-se por conhecer um pouco mais o
cristianismo, chamado de religião do Caminho. Mantendo Paulo preso e tratando-o
com urbanidade, aguardou a chegada do comandante Cláudio Lísias para
prosseguir com o julgamento. Nesse ínterim, Félix, acompanhado de sua
mulher, uma judia chamada Drusila, resolve ouvir Paulo particularmente acerca
da fé em CRISTO JESUS. Sem perder a oportunidade, Paulo disserta para o
governador e sua mulher acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo
vindouro. Essa mensagem contundente deixa Félix amedrontado. Em vez de
curvar-se ao poder do evangelho, Félix dribla sua consciência, tapa
os ouvidos à voz de DEUS e busca novas oportunidades para receber alguma
propina de Paulo, uma vez que ele havia trazido das províncias da
Macedônia e Acaia grandes somas de dinheiro para os pobres da Judeia.
A prisão de Paulo estendeu-se por dois anos em Cesareia, e nenhuma
decisão foi tomada a seu respeito. Ao cabo desse tempo, o governador Félix foi
substituído por Pórcio Festo. Por interesses pessoais, buscando alcançar o
favor dos judeus, Félix manteve Paulo preso nesses dois anos. A justiça
negada a Paulo em Jerusalém nas mãos dos judeus também lhe foi negada em
Cesareia nas mãos dos romanos. Se Paulo estava sendo alvo de uma
conspiração de morte por parte dos judeus por motivos religiosos, ele
estava prestes a ser entregue à morte pelos romanos por motivos
políticos e financeiros. A justiça estava ausente em ambos os tribunais,
judaico e romano.
Ao assumir o governo da província, três dias depois, Festo subiu de
Cesareia a Jerusalém, permanecendo lá cerca de oito a dez dias, tempo
suficiente para os judeus tentarem aliciar o governador, rogando-lhe que
enviasse Paulo a Jerusalém, com a intenção firme de armar ciladas contra
ele para matá-lo. Não cedendo de imediato ao desiderato dos judeus, Festo
instruiu aos requerentes da pugna que descessem com ele a Cesareia a fim
de apresentarem contra Paulo, no tribunal, suas acusações. Assim foi
feito. Os judeus apresentaram contra Paulo muitas e graves acusações,
todas, porém, sem a evidência de provas. Paulo se defende dizendo que jamais
havia cometido qualquer pecado contra a lei dos judeus, contra o templo ou
mesmo contra César.
Os interesses políticos novamente suplantaram a justiça. Festo,
buscando ganhar o favor dos judeus, disse a Paulo: “... Queres tu subir a
Jerusalém e ser ali julgado por mim a respeito destas cousas?” (Atos
25.9). Os judeus, os governadores romanos (Félix e Festo), bem como Paulo
sabiam que a intenção de o levar a Jerusalém não era seu julgamento pelo
critério da verdade, mas a sua morte promovida por uma cilada judaica. Sem
titubear, Paulo responde ao covarde e tendencioso governador romano: “...
Estou perante o tribunal de César, onde convém seja eu julgado;
nenhum agravo pratiquei contra os judeus, como tu muito bem sabes. Caso,
pois, tenha eu praticado algum mal ou crime digno de morte, estou pronto
para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras as cousas de que me
acusam, ninguém, para lhes ser agradável, pode entregar-me a eles. Apelo
para César” (Atos 25.10,11). A resposta de Paulo é uma reprovação severa à
postura frouxa, covarde e tendenciosa do governador e um aguilhão na
consciência dos judeus. Paulo estava pronto para morrer, mas não sem antes
defender os seus direitos. Estava pronto para morrer, mas não para servir
aos interesses escusos de homens que vendiam sua consciência por vantagens
imediatas.
Diante da impossibilidade de Festo lograr alguma vantagem ou favor
político por parte dos judeus no julgamento de Paulo, o governador atende à
solicitação do apóstolo e decide enviá-lo a Roma (Atos 25.12).
Uma vez que a querela dos judeus contra Paulo não alcançara seu
propósito, Paulo foi guardado na prisão até ocasião oportuna de enviá-lo a
Roma. Nesse ínterim, chegam a Cesareia o rei Agripa e sua mulher Berenice
para saudarem o novo governador romano na província de
Cesareia. Compartilhando com eles o embate dos judeus contra Paulo e
reconhecendo que os judeus não fizeram nenhuma acusação de peso contra o
réu, senão aquelas ligadas à sua religião, Agripa demonstrou interesse em
ouvir também esse prisioneiro que estava causando tanto reboliço.
Numa audiência onde não faltou pompa e luxo, Paulo é trazido à
presença de Agripa. A intenção de Festo era encontrar alguma informação que lhe
pudesse servir de base para construir a peça de acusação contra esse judeu
de cidadania também romana. Paulo então tem permissão para falar. Com
brilhantismo, eloquência e poder, num discurso rebuscado de rara beleza, Paulo
abre o coração para narrar o que JESUS havia feito em sua vida.
Paulo relembra sua vida pregressa quando andava na ignorância e nas
trevas. Naquele tempo, era um carrasco, um perseguidor implacável, um monstro
celerado, pois perseguia com fúria incessante e rigor desmesurado os
cristãos. Seu intento era banir da terra a religião do Caminho, a
chamada seita dos nazarenos, insurgindo-se contra o nome de CRISTO e seus
fiéis seguidores. Para alcançar seu propósito, andou por todas as
sinagogas de Israel e nações vizinhas, açoitando os crentes, manietando-os,
forçando-os a blasfemar e os levando prisioneiros à cidade de Jerusalém. Foi
com esse específico desiderato que, como embaixador do sinédrio judaico,
foi a Damasco.
Diante de um auditório atento, Paulo prossegue seu discurso,
narrando sua dramática experiência
no caminho de Damasco. Diz ele que estava ainda no caminho, na
entrada de Damasco, quando subitamente, uma luz aurifulgente caiu sobre ele,
uma voz como de trovão ribombou das alturas e o jogou ao chão, e ele,
caído, vencido, domado, ouviu aquela voz fuzilando seu coração: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os
aguilhões” (Atos 26.14). Já transformado e convertido, perguntou: “...
Quem és tu, Senhor?...”. E Senhor respondeu: “... Eu sou JESUS, a quem tu
persegues” (Atos 26.15).
De forma vívida, Paulo mostrou ao seu seleto auditório como JESUS o
havia tirado das trevas para a luz e o havia enviado aos gentios para
abrir-lhes os olhos da alma, anunciando-lhes a luz de CRISTO. Em seu
discurso, Paulo deu testemunho da ressurreição de CRISTO, deixando claro que o
mesmo JESUS que havia vencido a morte também transformara sua vida e o
comissionara a ser um instrumento para a salvação dos gentios. Nesse
momento, o governador Festo o interrompeu em alta voz: “... Estás louco,
Paulo! As muitas letras te fazem delirar” (Atos 26.24). Mas Paulo
respondeu com firmeza: “... Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo
contrário, digo palavras de verdade e bom senso” (Atos 26.25).
Então Paulo volta-se para o rei Agripa, encurrala-o dentro das
cercas da sua própria consciência e pergunta-lhe: “Acreditas, ó rei Agripa, nos
profetas? Bem sei que acreditas” (Atos 26.27). Agripa, que era testemunha
de todas aquelas verdades, tentando escapar, procurando fugir do cerne
da questão e livrar-se das mãos do DEUS Todo-Poderoso, hesita, atalha,
contorna, fica em cima do muro e diz: “... Por pouco me persuades a me
fazer cristão” (Atos 26.28).
Agripa sente-se comovido. Na verdade, o testemunho de Paulo era
verdadeiro. Agripa está cônscio de que CRISTO é o Salvador do mundo, mas,
movido pelo orgulho, não abre seu coração. Com medo de perder seu
prestígio político, abafa a voz da consciência, envergonhado de
render-se à verdade. Agripa perde a grande oportunidade de sua vida e
rejeita o evangelho. Ao recusar-se a crer em JESUS, fechou atrás de si a
única porta da salvação e deixou de colocar os pés no único caminho que
poderia reconciliá-lo com DEUS. Agripa ficou no quase, e o quase o deixou
imerso nas trevas mais espessas.
A audiência terminou, os convidados se dispersaram, e a opinião de
Agripa é a de que Paulo poderia ter sido solto caso não tivesse apelado para
César. Ir a Roma não era apenas um desejo de Paulo, mas também um
propósito de DEUS. E para lá é que o apóstolo dos gentios deve ir.
Capítulo 10 - A viagem de Paulo a Roma
Nós escolhemos o destino da nossa viagem, mas não a maneira de
chegarmos lá. Planejamos as coisas, mas não temos o poder de garantir sua
execução. Muitas vezes, planejamos uma coisa e acontece outra. Fazemos planos,
mas a resposta certa vem do Senhor. O sonho de Paulo era ir a Roma, mas
ele chega à cidade de Roma preso, depois de um naufrágio, após perder tudo.
A nossa vida é como uma viagem, às vezes tempestuosa. Muitos
escritores têm retratado a vida como uma viagem. Homero, em seu livro
Odisseia1, descreve a vida como uma viagem. John Bunyan, em seu livro O
peregrino2, descreve a vida do cristão como a caminhada de um homem pelos
perigos até chegar ao Paraíso. Na jornada da vida, passamos por caminhos cheios
de espinhos, despenhadeiros íngremes, pântanos lodacentos, pinguelas
estreitas e desertos causticantes.
Essa viagem de Paulo a Roma não é uma alegoria, mas uma dramática
realidade, com muitas lições oportunas.
Mesmo quando estamos fazendo a vontade de DEUS e a nossa,
encontramos tempestades pela frente. O sonho de Paulo era ir a Roma e, dali, à
Espanha (Rm 1.14-16 ; 15.28). Quando Paulo foi preso em Jerusalém, DEUS
lhe disse que queria que ele desse testemunho também em Roma (Atos 23.11).
Portanto, era da expressa vontade de DEUS que Paulo fosse a Roma.
Mas, quando ele embarcou para Roma, enfrentou uma terrível tempestade. Nem
sempre estaremos na contramão da vontade de DEUS quando enfrentarmos
tempestades. Quando estivermos passando por tempestades, DEUS estará nos
guiando. Quando nossos olhos estiverem embaçados pelas brumas espessas e
pelo nevoeiro denso da tempestade, podemos ter a garantia de que a mão de DEUS
ainda estará nos dirigindo. DEUS enxerga no escuro. A tempestade pode
arrancar o leme das nossas mãos, e o nosso navio pode estar fora do nosso
controle, mas não fora do controle de DEUS. Podemos chegar como náufragos
em uma ilha, tendo apenas a vida como despojo, mas DEUS ainda estará
nos guiando para realizarmos seus soberanos propósitos (Atos 27.26). Este
texto nos apresenta quatro verdades importantes: Em primeiro lugar, nas
tempestades da vida precisamos estar atentos às placas de sinalização de
DEUS (Atos 27.9-20). A segurança de uma viagem depende da obediência à
sinalização no caminho. Desobedecer à sinalização é entrar em rota de
colisão e enveredar-se por caminhos de morte. Há quatro fatos dignos de
nota neste texto:
A advertência (Atos 27.10). Quando Paulo e seus companheiros de
viagem embarcaram para Roma, a viagem parecia segura e tranquila. Era um bom
barco. Havia um comandante e marinheiros experientes. Os passageiros
estavam em segurança. Mas, logo que começaram a viagem, começaram a soprar
os ventos contrários (Atos 27.4). Chegou a um ponto que Paulo os
admoestava, dizendo: “... vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e
muito prejuízo, não só da carga e do navio, mas também da nossa vida”
(Atos 27.10).
Eles não ouviram o conselho de Paulo, e logo veio um tufão e tirou
o navio da mão deles. A maioria dos acidentes é provocado por pessoas que
transgridem as leis, não observando as placas e as advertências à beira do
caminho. Dessa maneira, elas põem em risco a sua vida e a dos outros. Um
carro pode ser uma arma mortal se o seu condutor não atentar para as placas de
sinalização.
Em dezembro do ano 2000, fiz uma viagem de carro com a família, de
Jackson, Mississippi, à cidade de Boston, Massachusetts. Naquela semana, os
noticiários alertavam para o perigo das estradas. Estava chovendo e também
nevando. Preocupado com a longa viagem de mais de 2 mil quilômetros,
pensei em desistir. Mas, não desejando frustrar o grande amigo pastor Dalzir da
Silva, que me havia convidado para pregar em sua igreja, resolvi iniciar a
viagem. Saímos bem cedo e, por volta do meio-dia, paramos para almoçar já
no Estado de Alabama. Por volta das 13h30, reiniciamos a viagem. A
temperatura estava abaixo de zero, e uma chuva fina caía no asfalto.
De repente, entrei numa longa ponte e avistei que no final dela havia uma
aglomeração de pessoas. Segundos depois, percebi que o carro estava sem
controle. Não havia aderência, estávamos em cima de uma fina crosta de
gelo. O carro, desgovernado, girava sobre a ponte, fazendo piruetas,
enquanto clamávamos, aflitos, pela intervenção de DEUS. Em questão de
segundos, atravessamos a ponte, e o carro bateu de lado no para-choque de
uma picape, que também havia se desgovernado, e foi parar numa vala, entre
as duas pistas. O automóvel arrebentou-se todo, mas, pela providência
divina, fomos poupados da morte. Naquele dia, pude compreender que não é
seguro viajar sem observar os sinais de perigo.
O descrédito (Atos 27.11). A Bíblia diz: “Mas o centurião dava mais
crédito ao piloto e ao mestre do navio do que ao que Paulo dizia”. O centurião
deve ter pensado: esse Paulo pode saber alguma coisa de Bíblia, mas não
entende nada de mar. Assim, o centurião desprezou a advertência de Paulo
e prosseguiu viagem. Não é seguro seguir pelas estradas da vida sem
observar os sinais.
A voz da maioria nem sempre é a voz de DEUS (Atos 27.12). A maioria
deles era de opinião que partissem e não ouvissem o conselho de Paulo. A
maioria nem sempre está com a razão. A maioria nem sempre discerne a
vontade de DEUS. Seguir a cabeça da maioria pode nos colocar em
grandes encrencas.
Quem não escuta conselho, escuta coitado (Atos 27.13-20). O
insensato tapa os ouvidos aos conselhos e colhe os frutos amargos da sua
desobediência. Há cinco resultados colhidos dessa indisposição de ouvir a
advertência.
Primeiro, a aparente segurança (Atos 27.13). Logo que zarparam de
Creta, em desobediência à advertência de Paulo, perceberam que soprava um vento
brando, e o mar estava esmaltado por águas tranquilas. Certamente, deve
ter havido um buchicho dentro do navio, zombando dos conselhos de Paulo. O
vento brando faz muita gente confundir as circunstâncias da vida. Por
um momento, parecia que Paulo estava errado e a maioria, certa.
Segundo o perigo (Atos 27.14). Depois do vento brando,
repentinamente a circunstância mudou, e surgiu um tufão. A crise chegou. O mar
se revoltou. Sempre que deixamos de observar as placas de DEUS ao longo da
estrada da vida, corremos o risco de sérios acidentes. De repente, o tufão
chega, a vida se transtorna, e tudo vira de cabeça para baixo. Os
acidentes acontecem repentinamente. Eles surgem inesperadamente. Basta
seguir no caminho sem observar as placas que mais cedo ou mais tarde o
acidente acontecerá.
Terceiro, a impotência (Atos 27.15). A fúria dos ventos era tão
rigorosa que eles perderam o controle do navio. O navio já não obedecia mais ao
comando. O leme já não estava mais nas mãos daqueles que conduziam o
batel. O navio ficou à deriva. As coisas fugiram do controle, e a
vida ficou de ponta-cabeça.
Quarto, o prejuízo (Atos 27.18,19). Precisaram aliviar o navio e
jogar seus bens fora para salvar a vida. Houve um grande prejuízo e muitas
perdas financeiras. O caminho da desobediência é um caminho de muitos
desastres, inclusive financeiro. Singrar as águas para a viagem da vida
sem atender às advertências de DEUS é candidatar-se ao naufrágio.
Quinto, a desesperança (Atos 27.20). Diz o historiador Lucas que
“dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento”. O centurião, os
marinheiros, a tripulação e os 276 prisioneiros que estavam embarcados
naquele navio perderam completamente a esperança de sobrevivência. A morte
parecia inevitável. Eles haviam chegado ao fim da linha, ao fundo do poço, ao
desespero fatal.
Em segundo lugar, nas tempestades da vida precisamos olhar para
DEUS, e não para as circunstâncias (27.21-44). O desânimo é epidêmico; ele é
capaz de tirar o oxigênio da esperança de todos em questão de segundos.
Apenas dez espias incrédulos levaram toda uma nação ao fracasso no
deserto. O relato pessimista de dez homens provocou a morte de mais de 1
milhão de pessoas e transformou o deserto do Sinai no maior cemitério da
história. A história de Israel seria muito diferente se apenas os dois
espias confiantes em DEUS, Josué e Calebe, tivessem relatado os acontecimentos
à nação. Vejamos algumas verdades sublimes:
Na tempestade, precisamos encorajar as pessoas (Atos 27.21,22).
Quando toda a esperança se dissipou, Paulo se posicionou como um agente da
vida. Ele não ficou dizendo: Eu avisei, benfeito! Agora estamos perdidos.
Agora vamos morrer todos. Agora vocês se virem. É fácil pisar em quem já está
caído. É fácil esmagar a cana quebrada. É fácil atar mais um fardo de
culpa sobre aquele que já está derrotado pelas circunstâncias da vida.
Paulo procurou uma alternativa para mudar a crise. Na tempestade, não
procure culpados; procure solução. Todo problema traz uma semente de vitória!
Na tempestade, abandone o medo (Atos 27.22). No fragor da
tempestade, quando todos estavam desesperados, Paulo disse: “...já agora, vos
aconselho bom ânimo”. Paulo não está tomado de medo; ele está tomado de
fé. O medo é inimigo da fé. O medo aumenta a sensação de perigo, drena
suas forças e embaça os seus olhos.
Na tempestade, abra seus olhos para a intervenção de DEUS (Atos
27.23-26). Lembre-se, quando você estiver na sua noite mais escura, pensando
que está sozinho, DEUS está com você. Ele é DEUS Emanuel, que não vai
embora na hora da sua crise. Na jornada da fé, tem tempestade, mas
também tem DEUS conosco. Tem fornalha ardente, mas tem o quarto Homem. Tem
cova de leões, mas tem
o anjo do Senhor fechando a boca dos leões. DEUS não desampara
você. Ele está com você. Paulo disse: “Porque, esta mesma noite, um anjo de
DEUS, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não
temas! [...] Portanto, senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em DEUS
que sucederá do modo por que me foi dito” (Atos 27.23-25).
Na tempestade, precisamos lançar nossas âncoras (Atos 27.29). Na
hora das nossas lutas, precisamos lançar as nossas âncoras. Eles lançaram
quatro âncoras. Quais são essas âncoras?
Primeiro, a âncora da fé. Na tempestade, creia que DEUS está no
controle. Ele ainda não completou a obra na sua vida. O último capítulo da sua
vida ainda não foi escrito. Edméia Williams, uma grande amiga e irmã,
pregadora das mais ilustradas, tem um ministério social de
grande envergadura no morro Santa Marta, no Rio de Janeiro. Ela construiu
um barraco de tábuas nesse morro para cuidar de crianças carentes. Um dia,
caiu um grande temporal, e o barraco desabou. Lá estava a imprensa e muita
gente questionando por que o único barraco que havia caído era o barraco
da Missão Evangélica. Edméia chorou e perguntou: “DEUS, como vai ficar a tua
honra?”. DEUS então segredou ao seu coração: “Para construir um edifício
de três andares, eu preciso derrubar esse barraco de tábuas”. Edméia
construiu um prédio de três andares no lugar em que estavam os escombros
daquele barraco de tábuas. Quando as coisas parecem confusas, perdidas e
olhamos para a vida e vemos um montão de escombros, DEUS pode levantar
desses escombros um projeto maior e mais seguro. Em lugar de um barraco,
DEUS pode lhe dar um prédio!
Segundo a âncora da esperança. Uma coisa é lançar a âncora da
esperança quando tudo dá certo; outra coisa é esperar em DEUS quando tudo
parece errado. A Bíblia diz que Abraão esperou contra a esperança. Ele
empurrou um carrinho de bebê aos 99 anos, mesmo sabendo que sua mulher nongentésima
era estéril. Ele creu e esperou em DEUS apesar das circunstâncias, e DEUS o fez
pai de grandes multidões. Em vez de lamentar e murmurar, espere em DEUS.
Aquiete a sua alma, e saiba que DEUS é poderoso para o guardar da fúria
dessa tempestade.
Terceiro, a âncora da oração (Atos 27.29). Quando os recursos da
terra acabam, os recursos de DEUS continuam ilimitados. Quando o homem
trabalha, o homem trabalha; mas, quando o homem ora, DEUS trabalha. Eles
começaram a orar para o dia romper. Ore para o seu dia romper. Ore para
que a luz chegue. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela
manhã. Quando o dia amanheceu (Atos 27.39), eles chegaram a uma ilha. Eles
perderam tudo, mas se agarraram à vida como o maior patrimônio. DEUS nos
leva para onde nós nunca esperamos, para a realização de seus planos
soberanos.
Quarto, a âncora da certeza (Atos 27.26). Paulo disse aos
náufragos: “... é necessário que vamos dar a uma ilha”. Existem coisas que são
necessárias. Era necessário dar a uma ilha (Atos 27.26), porque ali DEUS
tinha um campo missionário para o apóstolo Paulo. É necessário passar pela
tempestade. Esse necessário de DEUS levou Paulo para uma ilha como
sobrevivente, como náufrago, sem nada. Às vezes, as pessoas pensam que
vamos sair da tempestade ricos e abastados, mas Paulo saiu dessa tempestade
só com a vida, e foi a partir daí que DEUS começou um novo projeto em sua
história!
Em terceiro lugar, nas tempestades da vida precisamos nos
distinguir dos demais (Atos 28.1-6). A tempestade é como uma encruzilhada: uns
tomam o caminho certo, outros seguem pelas veredas da morte. A crise
sempre revela quem somos: ela aponta os vencedores e denuncia os covardes. É
do ventre da crise que surgem os maiores líderes. O texto em apreço
ensina-nos quatro preciosas lições.
Aproxime-se da fogueira (Atos 28.1,2). Quando chegaram à ilha de
Malta, estava chovendo e fazendo frio (Atos 28.2). Os bárbaros malteses
cuidaram daqueles tripulantes e de 276 prisioneiros com singular
humanidade, acendendo uma fogueira para eles. Na tempestade, precisamos lutar
pela vida. Não adianta ficar revoltado com a crise, perder o ânimo de
continuar lutando. Não adianta desesperar-se nem se revoltar contra DEUS.
Há pessoas que, quando começam a ter lutas, procuram se afastar da luz,
fecham o coração para DEUS, endurecem a cerviz e se unem com gente ainda
mais amargurada. A luta não é um ponto final, mas uma escada para você ir
de fé em fé, de força em força e de glória em glória. Na tempestade,
volte-se para DEUS. Mantenha seu coração aquecido pela devoção. Não
desista de lutar pela vida, glorifique a DEUS. Aproxime-se do calor.
Cate gravetos para alimentar a fogueira (Atos 28.3). O centurião,
os marinheiros e os presos estavam todos apenas desfrutando do calor da
fogueira. Eles só estavam pensando em resolver o problema imediato e nada
fizeram para alimentar aquela fogueira. Paulo, porém, buscou gravetos para
jogar na fogueira. Ele disse: eu vou ajudar, vou arranjar mais combustível
para esse fogo. Você precisa fazer investimento para o futuro. Você
precisa de azeite na sua candeia. Você precisa de combustível para
alimentar as chamas que o aquecem.
As víboras estão soltas; cuidado com elas (Atos 28.3). As víboras
se manifestarão quando você estiver buscando aquecer sua vida. Quando Paulo
estava jogando um feixe de gravetos na fogueira, uma víbora grudou na mão
dele. Então os malteses disseram: “... Certamente, este homem é assassino, porque,
salvo do mar, a Justiça não o deixa viver” (Atos 28.4). Os malteses, sem saber,
estavam desenterrando o passado de Paulo. De fato, ele tinha sido um
assassino. Ele foi um cruel perseguidor da igreja. Quando o sinédrio apedrejou
o diácono Estêvão, os algozes depositaram suas vestes aos pés de Paulo.
Quando, porém, o diabo vier lembrar a você o seu passado, lembre-o
do futuro dele. O seu passado já foi resolvido na cruz. Lá seus pecados
foram cancelados. Mas o futuro do diabo é o lago de fogo, onde será
atormentado eternamente.
Jogue a víbora no fogo (Atos 28.5). Paulo balançou a mão e jogou a
víbora no fogo. Ele tirou o veneno da sua vida. Use o escudo da fé e apague
esses dardos inflamados do diabo. Não abra brechas em sua vida para essas
investidas do inimigo. A especialidade do inimigo é lançar veneno. O diabo
é a antiga serpente. Essa serpente é sagaz, sedutora e mortífera. Precisamos
lançar a víbora no fogo e sacudir de nós esse veneno!
Em quarto lugar, nas tempestades da vida precisamos ser
fortalecidos pelas promessas de DEUS (Atos 28.2-10). O texto em apreço tem
quatro promessas preciosas que são tônicos para o coração e lenitivo para
a alma.
DEUS pode levantar pessoas desconhecidas para ajudar você (Atos
28.2). DEUS levantou os bárbaros para ajudar Paulo e seus companheiros de
viagem. DEUS pode levantar os ímpios, seus parentes, gente de longe, para
abençoar você, para ajudá-lo em sua crise. DEUS pode fazer coisas inusitadas
para socorrê-lo em sua aflição. Quando os seus recursos acabam, os
celeiros de DEUS ainda continuam abarrotados. Ponha sua confiança no
provedor, mais do que na provisão.
DEUS é poderoso para o proteger de todo o mal (Atos 28.6). “mas
eles esperavam que ele viesse a inchar ou a cair morto de repente...”. O poder
do livramento de DEUS é maior do que o veneno da víbora. Maior é aquele
que está em nós do que aquele que está no mundo. DEUS é o nosso escudo. Ele é
o nosso protetor. Estamos escondidos com CRISTO em DEUS. Ele é a nossa
cidade-refúgio. Estamos seguros nos braços do Eterno.
Aqueles que rotularam você terá de mudar de parecer a seu respeito
(Atos 28.6). As mesmas pessoas que disseram que Paulo era um assassino, que
esperavam que ele fosse inchar e cair morto, mudaram de parecer acerca
dele. Quando você cuida do seu caráter, DEUS cuida da sua reputação. Quando
você anda de forma irrepreensível, os críticos terão de se render à
verdade incontroversa de que você é de DEUS e terão de mudar de parecer a
seu respeito.
A ilha do seu naufrágio pode ser a terra da sua oportunidade (Atos
28.10). Paulo chegou a Malta como um prisioneiro e um náufrago, depois de
perder tudo. Mas ele ora pelo pai de Públio, o homem principal da ilha, e
ele é curado (Atos 28.8). À vista disso, os demais enfermos da ilha vieram, e
foram curados (Atos 28.9). Então abastecem Paulo de tudo o que ele
precisava para sua viagem a Roma. Agora, podemos entender por que Atos
27.26 diz que era necessário a Paulo dar a uma ilha. A ilha de Malta não
era um acidente, mas uma agenda. Não foi a tempestade que os levou a Malta, mas
a mão providente de DEUS. A ilha de Malta estava nos planos de DEUS.
Quando você vir as coisas fugindo de controle e sua vida à deriva, saiba
que a mão de DEUS pode estar conduzindo o barco da sua vida para que você
cumpra propósitos mais elevados. Quando você olhar para o cenário da
vida e só enxergar escuridão e não conseguir mais enxergar a luz do céu
nem o brilho das estrelas, saiba que DEUS enxerga no escuro e ele está
dirigindo você para o centro da sua soberana vontade. Um milagre de DEUS
está a caminho, na sua direção. O que é dificuldade para você é oportunidade
para DEUS. Glorifique o Senhor!
1. HOMERO. Odisseia. Rio de Janeiro: Ediouro,
2000.
2. BUNYAN, John. O peregrino. São Paulo: Mundo
Cristão, 2000.
Capítulo 11 - A primeira prisão em Roma
Paulo desejou ir a Roma várias vezes, mas sempre foi impedido de
realizar seu sonho (Rm 1.1-13). Queria chegar à capital do império e visitar os
crentes com alegria para recrear-se no meio deles (Rm 15.32). Tinha convicção
de que chegaria à igreja de Roma na plenitude da bênção de CRISTO (Rm
15.29). Também desejava fazer da igreja de Roma seu novo quartel general, sua
base missionária para chegar à Espanha, última fronteira do império do
lado ocidental (Rm 15.24,28).
O tempo de DEUS não é o nosso. Paulo foi impedido de ir a Roma no
tempo que queria ir e da forma que desejava. Porque não pôde visitar a igreja
de Roma dentro desse tempo planejado por ele, acabou escrevendo à igreja.
Se Paulo tivesse visitado a igreja, talvez fôssemos privados desse grande
tesouro que é sua carta aos Romanos. Quando nossos caminhos parecem fechados,
DEUS está abrindo-nos uma porta maior. Os propósitos de DEUS não podem ser
frustrados. Os caminhos de DEUS são mais altos do que os nossos. Os
impedimentos de DEUS estavam na agenda de DEUS para um benefício maior,
não apenas da igreja de Roma, mas de todos os cristãos, de todos
os tempos.
Contudo, a visita de Paulo a Roma não era apenas sonho de Paulo;
era também projeto de DEUS. Quando Paulo foi preso em Jerusalém, ao testemunhar
ousadamente perante o sinédrio judaico, o próprio DEUS apareceu a ele numa
visão e lhe disse: “... Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a
meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos
23.11).
Diante da pusilanimidade do rei Festo, que estava inclinado a ceder
à pressão e sedução dos judeus para entregar Paulo nas mãos de seus patrícios,
este apelou para ser julgado em Roma (Atos 25.10), no que foi imediatamente
atendido (Atos 25.12).
Como vimos no capítulo anterior, sua viagem para Roma foi
tumultuada e cheia de percalços. Paulo chegou a Roma como um prisioneiro depois
de enfrentar um terrível naufrágio. Durante dois anos, ficou detido numa
prisão domiciliar em Roma (Atos 28.30), na companhia de um soldado
da guarda pretoriana, que o guardava (Atos 28.16; Fp 1.13). Nessa prisão
domiciliar, numa casa alugada por ele mesmo, tinha liberdade para receber
as pessoas e instruí-las (Atos 28.23). Nesse tempo, pregou o reino de DEUS
com toda a intrepidez, e sem nenhum impedimento ensinava as
coisas referentes ao Senhor JESUS CRISTO (Atos 28.31).
Paulo, um escritor prolífico
Paulo foi o maior escritor da nova dispensação. Escreveu treze dos
27 livros do Novo Testamento. De Corinto, escreveu suas duas cartas à igreja de
Tessalônica, nas quais fez uma sublime abordagem sobre a escatologia, a
doutrina das últimas coisas, e a carta aos gálatas, uma consistente e
robusta defesa da fé cristã. De Éfeso, escreveu suas duas cartas a Corinto. A
primeira carta para resolver sérios problemas que estavam minando a
igreja, como divisões, intrigas, imoralidade, desvios quanto à liberdade
cristã, à doutrina da ceia, dos dons e da ressurreição. Na segunda carta,
a missiva mais pessoal do apóstolo, ele faz uma defesa contundente do
seu apostolado. No fim da terceira viagem missionária, antes de viajar
para Jerusalém, possivelmente de Corinto, escreveu sua carta aos romanos,
o maior tratado teológico do Novo Testamento.
De sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu quatro cartas:
Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. A carta aos efésios é o maior
tratado eclesiológico do Novo Testamento. A carta aos colossenses foca sua
atenção na doutrina de CRISTO, sendo um robusto compêndio de cristologia.
A carta a Filemom é uma epístola pessoal do apóstolo, dirigida a um crente
de Colossos, cuja igreja se reunia em sua casa. Paulo escreve a Filemom
para realçar a necessidade de ele perdoar o seu escravo fugitivo, Onésimo,
agora convertido e filho na fé do velho apóstolo. Sua última carta da
primeira prisão foi Filipenses. Esta é a missiva da alegria. Nessa carta,
Paulo testemunha que as coisas que lhe aconteceram contribuíram para o
progresso do evangelho (Fp 1.12). Que coisas aconteceram a Paulo? Ele foi
perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém, esquecido em Tarso,
apedrejado em Listra, açoitado e preso em Filipos, escorraçado de
Tessalônica, enxotado de Bereia, chamado de tagarela em Atenas e de
impostor em Corinto. Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém,
acusado em Cesareia. Enfrentou um naufrágio na viagem para Roma e foi picado
por uma cobra em Malta. Chegou a Roma preso e algemado. Estava, agora, na antessala
do martírio, no corredor da morte, com o pé na sepultura e a cabeça na
guilhotina de Roma. Mas olhava para essas circunstâncias pelos óculos da
providência divina, dizendo que elas, longe de destruí-lo, contribuíram
para o progresso do evangelho.
Paulo, um embaixador em cadeias
Paulo jamais se considerou prisioneiro de César, mas prisioneiro de
CRISTO. Jamais murmurou atribuindo a Satanás suas cadeias. Embora Satanás tenha
intentado contra ele, nunca Paulo o considerou como o agente de seus
sofrimentos. Quem estava no comando de sua agenda não era o inimigo, mas
DEUS. Paulo não acreditava em casualidade nem em determinismo. Ele sabia que
a mão da Providência o guiava até mesmo na prisão. Ele foi perseguido,
odiado, caluniado, açoitado, enclausurado, mas jamais viu os seus adversários
como agentes autônomos nessa empreitada. Ele sempre olhou para os
acontecimentos na perspectiva da soberania e do propósito de
DEUS. Considerava-se embaixador em cadeias. Estava preso, mas a Palavra de
DEUS estava livre. Paulo considerava o evangelho mais importante que o
evangelista; a obra, mais importante que o obreiro. A divulgação do
evangelho é mais importante que o mensageiro. Por isso, na prisão Paulo foca
sua atenção na proclamação do evangelho, e não em si mesmo. Não importa se
o obreiro vive ou morre, desde que o evangelho seja anunciado (Fp 1.20). Porque
ele estava preso, três coisas maravilhosas aconteceram:
Em primeiro lugar, a igreja tornou-se mais ousada para pregar. Eis
o testemunho do veterano apóstolo: “e a maioria dos irmãos, estimulados no
Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de
DEUS” (Fp 1.14). A perseguição não pode destruir a obra de DEUS. Pelo
contrário, ela a promove. A igreja de DEUS jamais foi destruída por tribulações
e cadeias. As cadeias de Paulo foram um tônico para a igreja, combustível
para alimentar a evangelização.
Em segundo lugar, toda a guarda pretoriana conheceu o evangelho.
Paulo faz o seguinte registro: “de maneira que as minhas cadeias, em CRISTO, se
tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” (Fp
1.13). A guarda pretoriana era corporação de elite do palácio do imperador. Era
a guarda de escol do império, a guarda imperial de Roma. Era a tropa de elite
instalada no palácio do imperador. Tratava-se de soldados que transitavam
no palácio e cuidavam da proteção do próprio imperador. Foi instituída por
Augusto e compreendia um corpo de 10 mil soldados escolhidos. Augusto a
havia mantido dispersa por toda a Roma e aldeias. Tibério a concentrou
em Roma, em um edifício especial com um campo fortificado. Vitélio
aumentou o número dessa guarda para 16 mil. Ao final de dezesseis anos de
serviço, esses soldados recebiam a cidadania romana. Essa guarda passou a
ser quase o corpo de guarda privado do imperador. Nos dois anos em que
Paulo ficou preso em Roma, aproveitou o ensejo para evangelizar cada
soldado encarregado de sua segurança. O rodízio dessa guarda era um
verdadeiro campo missionário para o embaixador em cadeias. Ao cabo de dois
anos, toda a guarda pretoriana e todos os demais ouviram as boas-novas
do evangelho. Dia e noite, durante dois anos, Paulo era preso a um soldado
dessa guarda por uma algema. Visto que cada soldado cumpria um turno de
seis horas, a prisão de Paulo abriu caminho para a pregação do evangelho
no regimento mais seleto do exército romano, a guarda imperial. Paulo, no
mínimo, podia pregar para quatro homens todos os dias. Toda a guarda pretoriana
sabia a razão pela qual Paulo estava preso, e muitos desses soldados foram
alcançados pelo evangelho. O resultado é que Paulo encontrou um campo
aberto para a evangelização dentro do próprio palácio. Quando escreveu sua
carta aos filipenses, ao remeter saudações à igreja de Filipos, os crentes
de Roma enviam saudações àquela igreja coirmã, e Paulo assim escreve:
“Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César” (Fp 4.22).
Em terceiro lugar, Paulo escreveu cartas que abençoam o mundo.
Porque Paulo estava preso, impedido de visitar as igrejas, escreveu cartas.
Porque ele era prisioneiro de CRISTO (Ef 3.1; 4.1) e embaixador em cadeias
(Ef 6.20), pastoreou as igrejas a distância por meio de suas missivas.
Essas epístolas (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom) são
verdadeiros tesouros que têm edificado a igreja e fortalecido os cristãos
ao longo dos séculos. Certamente o que mais contribuiu para o progresso do
evangelho foram essas cartas que Paulo escreveu da prisão. Elas são luzeiros a
brilhar. Têm sido instrumento para levar milhões de pessoas a CRISTO e
edificar o povo de DEUS ao longo dos séculos.
Dessa prisão, Paulo saiu. E, ao sair, visitou as igrejas, deixando
Timóteo em Éfeso, Tito em Creta, e percorrendo outras regiões, sempre levando a
edificação ao povo de DEUS. Alguns escritores pensam que nesse tempo Paulo
também visitou a Espanha.
No espaço entre sua primeira e segunda prisões, Paulo escreveu duas
cartas pastorais: a primeira carta a Timóteo e a carta a Tito, nas quais
orientou seus cooperadores como proceder na igreja de DEUS.
O velho apóstolo era como uma vela acesa: brilhava com a mesma
intensidade até acabar. Paulo era um homem incansável, um espírito irrequieto,
um evangelista superlativo, um pregador incomparável. Depois de plantar igrejas
nas quatro províncias romanas - Galácia, Macedônia, Acaia e Asia Menor -, deixa
também sua marca na igreja de Roma, ainda que recolhido a uma prisão.
Paulo não granjeou riquezas, mas enriqueceu muitos. Paulo não tinha
nada, mas possuía tudo. Paulo não teve filhos naturais, mas gerou milhares de
filhos espirituais. Paulo não se casou, mas orienta em suas cartas milhões
de casais ainda hoje. Suas cartas inspiradas são monumentos da graça. Seu
exemplo, um legado para a igreja em todos os tempos. Suas cadeias, fonte de
inspiração para todos os cristãos. Sua morte, uma oferta de libação ao
Senhor.
Capítulo 12 - A segunda prisão em Roma e o martírio
A primeira prisão de Paulo foi por motivação religiosa; a segunda,
por motivos políticos. A primeira prisão estava ligada à perseguição judaica; a
segunda, vinculada ao decreto do imperador. Da primeira prisão, Paulo saiu
para dar continuidade à obra missionária; da segunda prisão, para
o martírio.
No ano 49 d.C., o imperador Cláudio expulsou de Roma todos os
judeus (Atos 18.2). Muitos deles, a essa altura, já eram cristãos. Mas no ano
64 d.C. houve um terrível incêndio em Roma, e o imperador Nero pôs a culpa
dessa tragédia nos judeus e cristãos.
Nero chegou ao poder em outubro do ano 54. Insano, pervertido e
mau, era filho de Agripina, mulher promíscua e perversa. Na noite de 18 de
julho de 64, um incêndio catastrófico estourou em Roma. O fogo durou seis
dias e sete noites. Dez dos quatorze bairros da cidade foram
destruídos pelas chamas vorazes.
Segundo alguns historiadores, o incêndio foi provocado pelo próprio
Nero, que assistiu a ele do topo da torre de Mecenas, no cume do Paladino,
vestido como um ator de teatro, tocando sua lira e cantando versos acerca
da destruição de Troia. Pelo fato de dois bairros onde havia
grande concentração de judeus e cristãos não terem sido atingidos pelo
incêndio, Nero encontrou uma boa razão para culpar os cristãos pela
tragédia.
Daí em diante, eclodiu uma sangrenta perseguição contra os
cristãos. No governo de Nero, o apóstolo Paulo foi preso e decapitado. Muitas
foram as atrocidades e crimes bárbaros que foram perpetrados contra os
cristãos nessa época.
Milhares foram amarrados em postes e incendiados vivos, para
iluminar as praças e os jardins de Roma à noite. Outros, segundo o historiador
Tácito, foram jogados nas arenas, enrolados em peles de animais, para que
cães famintos os matassem a dentadas. Outros, ainda, foram lançados
no picadeiro para que touros enfurecidos os pisoteassem e esmagassem. A
loucura de Nero só não foi mais longe porque em 68 boa parte do império se
rebelou contra ele, e o senado romano o depôs. Desesperado, sem ter para
onde ir, suicidou-se.
No tempo em que explodiu essa brutal perseguição, Paulo estava fora
de Roma, visitando as igrejas. Por ser o líder maior do cristianismo, tornou-se
alvo dessa ensandecida cruzada de morte. Possivelmente, quando estava em
Trôade, na casa de Carpo, Paulo foi preso pelos agentes de Nero e levado a
Roma para ser lançado numa masmorra úmida, fria e insalubre. Dessa prisão,
ele escreveu sua última missiva, a segunda carta a Timóteo. Nessa
epístola, ele não pede orações para sair da prisão nem tem qualquer
expectativa de prosseguir em seu trabalho missionário. O velho
apóstolo está convencido de que a hora de seu martírio havia
chegado.
Ele está agora fechando as cortinas da vida, fazendo um balanço da
sua jornada. Pelas lentes do antropocentrismo idolátrico, Paulo encerra a
carreira numa grande depressão. Ele que se havia entregado de corpo e alma
à causa do evangelho, estava agora sozinho numa masmorra romana, sem
dinheiro, sem amigos e passando privações.
Destacaremos alguns pontos fundamentais acerca das atitudes desse
bandeirante da fé quando ele estava no corredor da morte.
A vida não é simplesmente viver; a morte não é simplesmente morrer
Em 2Timóteo 4.6-8, Paulo faz uma profunda análise do seu ministério
e, antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com
respeito ao seu passado, presente e futuro. Acompanhemos sua análise:
Em primeiro lugar, Paulo olhou para o passado com gratidão (2Tm
4.7). Paulo está passando o bastão a seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar
o martírio, relembra-o de como havia sido sua vida: “Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé”. A vida para Paulo não foi
uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido.
O apóstolo pode morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e
isso era tudo o que lhe importava (Atos 20.24). Mas também deixa claro que
nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem
não vive bem. A vida é mais do que viver, e morrer é mais do que morrer.
Em segundo lugar, Paulo olhou para o presente com serenidade (2Tm
4.6). O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai lhe tirar
a vida; é ele quem vai oferecê-la a DEUS. Assim escreve Paulo: “Quanto a
mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida
é chegado”. Numa linguagem eufêmica, Paulo fala da sua morte como uma
partida. A palavra grega analyses, “partida”, era usada em três
circunstâncias: Primeira, significa aliviar alguém de uma carga. A morte
para Paulo era descansar de suas fadigas (Ap 14.13). Segunda, significa
levantar acampamento e deixar a tenda temporária para voltar para casa. A
morte para Paulo era mudar de endereço. Era deixar o corpo e habitar com o
Senhor (2Co 5.8). Era partir e estar com CRISTO, o que é incomparavelmente
melhor (Fp 1.23). Terceira, significa desatar o barco e singrar as águas
do rio e atravessar para o outro lado. A morte para Paulo era fazer a
última viagem da vida, e esta rumo à Pátria celestial. A morte não
intimidava Paulo. Ele chegou a afirmar: “... para mim, o viver é CRISTO, e
o morrer é lucro” (Fp 1.21).
Em terceiro lugar, Paulo olhou para o futuro com esperança (2Tm
4.8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava
indo para a presença de JESUS, dava a Paulo uma gostosa expectativa do
futuro. Mesmo que Nero o condenasse e o tribunal de Roma o considerasse
culpado, o reto e justo Juiz o consideraria inocente e lhe daria a coroa da
justiça. Como que num brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama:
“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz,
me dará naquele Dia...” (2Tm 4.8).
A vitória não é ausência de lutas, mas triunfo apesar delas
O céu não é aqui. Aqui não pisamos tapetes aveludados nem
caminhamos em ruas de ouro, mas cruzamos vales de lágrimas. Aqui não recebemos
os galardões, mas bebemos o cálice da dor. Paulo certamente foi a maior
expressão do cristianismo. Viveu de forma superlativa e maiúscula.
Pregador incomum, teólogo incomparável, missionário sem precedentes,
evangelista sem igual. Viveu perto do Trono, mas, ao mesmo tempo, foi
açoitado, preso, algemado e degolado. Tombou como mártir na terra, mas levantou-se
como príncipe no céu. Ele não foi poupado dos problemas, mas triunfou no
meio deles. Que tipo de luta Paulo enfrentou na antessala do seu martírio?
Em primeiro lugar, Paulo enfrentou a solidão (2Tm 4.9,11,21). Paulo
estava numa cela fria, precisando de um ombro amigo. Sua espiritualidade não
anula sua humanidade. Ele roga a Timóteo que venha depressa ao seu
encontro. Pede a seu filho na fé para vir antes do inverno e trazer também
João Marcos. O gigante do cristianismo está precisando de gente amada ao seu
lado, antes de caminhar para o patíbulo. Sua comunhão com DEUS não o
tornava um super-homem. Dentro do seu peito, batia um coração sedento por
relacionamento.
Em segundo lugar, Paulo enfrentou o abandono (2Tm 4.10). Paulo
passou a vida investindo na vida das pessoas, e, na hora que mais precisou de
ajuda, foi abandonado e esquecido na prisão. Caminhou sozinho para o
Getsêmani do seu martírio, assistido apenas pela graça de DEUS.
Em terceiro lugar, Paulo enfrentou a ingratidão (2Tm 4.16). Paulo
se arriscou pelos outros; mas ninguém compareceu em sua primeira defesa para
estar do seu lado ou falar em seu favor. Mais perturbador do que o frio
gelado que se avizinhava pela chegada do inverno, era a geleira
da ingratidão que Paulo tinha de suportar no apagar das luzes de sua
jornada na terra.
Em quarto lugar, Paulo enfrentou a perseguição (2Tm 4.14).
Alexandre, o latoeiro, causou-lhe muitos males, resistindo a ele e à sua
mensagem. Os historiadores dizem que foi esse Alexandre que delatou Paulo,
resultando em sua segunda prisão e consequente martírio na cidade de
Roma. Alexandre tornou-se inimigo do mensageiro e da mensagem.
Em quinto lugar, Paulo enfrentou as privações (2Tm 4.13). Paulo
precisava de amigos para a alma, livros para a mente e a capa para o corpo. Ele
tinha necessidades físicas, mentais e emocionais. As prisões romanas eram
frias, insalubres e escuras. Os prisioneiros morriam de lepra e outras
doenças contagiosas. O inverno se aproximava, e Paulo precisava de uma
capa quente para enfrentá-lo. Paulo também precisava de livros e dos
pergaminhos. Paulo estava no corredor da morte, mas queria aprender mais.
Paulo precisava de amigos, roupa e livros. Precisava de provisão para a
alma, a mente e o corpo.
Abandonado pelos homens, mas assistido por DEUS
O apóstolo dos gentios não está encerrando, frustrado, a carreira.
Não está com a alma amargurada. As agruras da terra não empalidecem as glórias
do céu. A ingratidão dos homens não enfraquece a assistência abundante de
DEUS. A graça de DEUS assistiu Paulo na hora da morte.
Quatro verdades devem ser aqui destacadas:
Em primeiro lugar, Paulo foi abandonado pelos homens, mas assistido
por DEUS (2Tm 4.17). Paulo foi vítima do abandono dos homens, mas foi acolhido
e assistido por DEUS. Assim como JESUS foi assistido pelos anjos no
Getsêmani quando seus discípulos dormiram, Paulo também foi assistido por
DEUS na hora da sua dor mais profunda. DEUS não nos livra do vale, mas caminha
conosco no vale. DEUS não nos livra da fornalha, mas nos livra na
fornalha. DEUS não nos livra da cova dos leões, mas nos livra na cova dos
leões. Às vezes, DEUS nos livra da morte; outras vezes, DEUS nos livra
através da morte. Em toda e qualquer situação, DEUS é o nosso refúgio.
Em segundo lugar, Paulo não foi poupado das provas, mas recebeu
poder para suportá-las (2Tm 4.17). DEUS revestiu Paulo de forças para que
continuasse pregando até o fim. Paulo foi preso, mas a Palavra estava
livre e espalhou-se para todos os gentios. Paulo foi levado ao patíbulo e
decapitado, mas sua voz ainda ecoa nos ouvidos da história. Suas cartas
são luzeiros no mundo.
Em terceiro lugar, DEUS não livrou Paulo da morte, mas na morte
(2Tm 4.18). Paulo não foi poupado da morte, mas libertado através da morte. A
morte para ele não foi castigo, perda ou derrota, mas vitória. O aguilhão
da morte foi tirado. Morrer é lucro, é precioso, é bem-aventurança, é ir
para a Casa do Pai, é entrar no céu e estar com CRISTO.
Em quarto lugar, Paulo não termina a vida com palavras de decepção,
mas com um tributo de glória ao Salvador (2Tm 4.18b). Paulo foi perseguido,
rejeitado, esquecido, apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado,
condenado à morte, degolado, mas, em vez de fechar as cortinas da vida
com pessimismo, amargura e ressentimento, termina erguendo ao céu um
tributo de louvor ao Senhor.
Posso imaginar a cena... O carrasco recebe um pedaço de couro com o
nome de um prisioneiro. Munido de uma tocha de fogo e com um pesado molho de
chaves, atravessa longos corredores escuros e gelados. Abre uma pesada
porta de ferro e grita com voz cavernosa: “Prisioneiro Paulo! Prisioneiro
Paulo! Prisioneiro Paulo!”. Do fundo da cela, o velho apóstolo, que trazia as
marcas de CRISTO no corpo e uma paz transcendente na alma, responde com
firmeza: “Sou eu, estou aqui!”. Paulo é acorrentado e sai da masmorra, atravessando
o corredor da morte. Depois de uma longa caminhada, chegam ao lugar do
patíbulo. Antes de colocar a cabeça de Paulo num tosco cepo de madeira
para decepá-la com a guilhotina romana, o capataz da morte lhe dá a chance de
proferir suas últimas palavras. Esperando que o velho prisioneiro soltasse
algum gemido de dor ou algum grito de revolta ou desespero, Paulo, de
forma imperturbável, com alegria na alma, ergue ao céu sua última
doxologia: “A ele, [o Senhor JESUS CRISTO] glória pelos séculos dos séculos.
Amém” (2Tm 4.18b). A guilhotina afiada, impiedosa e implacável faz tombar
na terra esse príncipe de DEUS. Sua morte, entretanto, não calou sua voz.
Suas cartas ainda falam. Sua voz póstuma é poderosa. Milhões de pessoas
são abençoadas ainda hoje pela sua vida e pelo seu legado. Cabe-nos,
tão-somente, agora, imitar esse homem como ele imitou CRISTO (1Co 11.1).
Sua opinião é importante para nós.- Por gentileza envie seus
comentários pelo e-mail editorial@hagnos.com.br - hagnos - Visite nosso site:
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BILBIA DA LIDERANÇA CRSTÃ - ATOS DOS APOSTOLOS
Os seguidores de JESUS se transformam em líderes
Resumo
Atos dos Apóstolos é um livro de ação. Observe bem que ele é
chamado de "atos" ou "ações" e não de "reações".
Ele relata a iniciativa e a ação do ESPÍRITO SANTO na vida dos discípulos, que
até pouco antes eram covardes, inseguros e ignorantes. Esses homens, que,
durante três anos, aprenderam a seguir JESUS, agora estavam aprendendo a serem
líderes!
Neste livro, que é uma sequência de seu Evangelho, Lucas relata que
aqueles primeiros discípulos mobilizaram a Igreja de maneira tão eficiente a
ponto de alcançarem cidades inteiras (At 9.35) e fartaram todas as terras com o
evangelho (At 19.10).
A ação descrita neste livro revela como DEUS delegou poder a homens
e mulheres que decidiram ser representantes de DEUS pelo poder do ESPÍRITO
SANTO. Eles se determinaram a ser pessoas de influência. Apesar de suas
carências em atributos humanos, eles começaram a ter influência na sociedade.
DEUS concretizou isso por meio de pessoas comuns, com um mínimo de instrução,
de vivência política ou prestígio (1Co 1.26).
Pedro, o pescador, tornou-se o Líder da igreja em Jerusalém. Filipe
tornou-se o primeiro missionário para grupos transculturais. Estêvão tomou
partido contra os falsos líderes religiosos de seus dias e, com isso, tornou-se
o primeiro mártir. Barnabé e Paulo ajudaram a primeira comunidade da Antioquia
a preparar, enviar e liderar uma equipe missionária.
Esses líderes realizaram muito, porque eles estavam sendo
governados pelas prioridades de DEUS, encarnavam o poder de DEUS, estavam
motivados pelos propósitos de DEUS, permaneciam dependentes das provisões de
DEUS e preparavam o povo de DEUS. Todos estavam envolvidos nessa tarefa.
Líderes equipam seus seguidores e encorajam a Igreja, enquanto ela se adentra
nessas culturas. Os milagres se espalhavam. A comunidade tinha todo cuidado com
as necessidades que iam aparecendo no meio do povo.
Na medida em que você for lendo o livro, note quantos líderes
surgiram do meio da Igreja. Muitos deles não eram apóstolos. Nós deveríamos
prestar atenção no povo leigo. Agora, todo mundo parece estar comprometido com
a visão de causar um impacto no mundo em favor de CRISTO.
O papel de DEUS em Atos
DEUS encheu essas pessoas comuns com o ESPÍRITO SANTO e
ordenou-lhes que influenciassem o mundo todo. Os milagres iam acontecendo, e
DEUS ia confirmando sua palavra seguida de sinais (Mc 16.17-18). JESUS apareceu
pessoalmente a Paulo de Tarso, a fim de chamá-lo para tornar-se seu apóstolo
(At 9.1-9). O ESPÍRITO SANTO fundou a primeira Igreja sustentada na pureza, de
maneira que ele pôde capacitá-la sem impedimentos. DEUS confia seu poder aos
puros. Observe esta sequência: primeiro, a pureza: depois, o poder; depois, a
proclamação e, finalmente, o poder de influenciar a sociedade.
Líderes em Atos dos Apóstolos
Pedro e os primeiros apóstolos, Gamaliel e o Sinédrio, Estêvão,
Filipe, Áquila e Priscila, Paulo, Barnabé, Festo, Apoio, Silas
Outras pessoas de influência em Atos
O principal grupo de pessoas que estavam no Cenáculo, Lídia, Lucas,
Timóteo, os negociantes de Éfeso, a família da igreja de Antioquia
Lições de liderança
• O poder do ESPÍRITO SANTO mais a liderança obediente são iguais
ao crescimento da igreja.
• DEUS levanta líderes com o intuito de levar todas as pessoas para
si.
• Líderes quebram barreiras e unem as coisas familiares e
não-familiares.
• Quanto mais líderes a Igreja tiver, mais ela terá seguidores.
• Não há sucesso sem sacrifício.
• A força viva vem como resultado da unidade.
• Líderes passam a prosperar quando não têm de lutar pela
sobrevivência.
Destaque de liderança em ATOS
CARISMA: Pedro foi um ímã (2.1-41)
PEDRO: O líder mais hábil no improviso e na capacidade de dar
reviravoltas (3.1-26)
GENEROSIDADE: Ananias e Safira apenas fingiram (5.1-11)
PEDRO E A LEI DAS PRIORIDADES: Líderes compreendem que atividade
não significa cumprimento (6.1-7)
COMPROMETIMENTO: Estêvão sabia o que tinha valor e o que não tinha
(7.2-60) — p. 948 FILIPE: Um homem comum, resultados extraordinários (8.5-8)
BARNABÉ E A LEI DA DELEGAÇÃO DO PODER: Somente líderes seguros
delegam poder a outros (9.27)
CARÁTER: Herodes teve falta dele e perdeu tudo (12.1-23)
EDUCABILIDADE: Apoio aprendeu e cresceu (18.24-28)
ÁQÜILA E PRISCILA: Líderes que prepararam mais líderes (18.24-28)
FÉLIX, FESTO E AGRIPA: Líderes que cometeram falhas (23.23—26.32)
PAULO: O líder mais influente da Igreja primitiva (26.1-33)
VISÃO: OS LÍDERES COMUNICAM SUA VISÃO PARA DELEGAR PODER E
DIRECIONAR
(At 1.4-8)
O Livro de Atos começa com uma explosão. JESUS fala suas últimas
palavras para seus discípulos antes de subir aos céus. Embora eles, agora, já
fossem líderes, mais do apenas seguidores, eles perguntaram a JESUS quando o
seu Reino seria instaurado (At 1.6). JESUS não lhes respondeu, mas lhes
comunicou uma visão de como eles poderiam alcançar o mundo todo (At 1.8). Seus
homens queriam ficar na defensiva, JESUS os provocou para que pensassem na
ofensiva.
JESUS os instruiu para que ficassem em Jerusalém até que recebessem
o poder de que necessitavam. Então, eles deveriam sair, crescendo passo a
passo. Eles deveriam começar por Jerusalém, depois ir para o restante da Judéia
e até aos confins da terra. Esta não era uma visão revelada por algum ser
humano, mas por DEUS. Veja quais são as diferenças:
LÍDERES QUALIFICADOS DEVEM SER SELECIONADOS
(At 1.20-26)
Os apóstolos escolheram Matias para substituir Judas, que traiu
JESUS e cometeu suicídio logo em seguida. Preste atenção em duas coisas.
Primeira, eles não fizeram uma eleição. O Presbitério da Igreja
nunca é determinado por democracia no Novo Testamento. Os líderes eram
selecionados e não votados.
Segunda, os apóstolos lançaram sorte várias vezes para descobrir
qual era a escolha de DEUS para a posição, um método comum nos tempos bíblicos
para receber a orientação do Senhor. Hoje, os cristãos recebem a orientação por
meio do Novo Testamento (2Tm 3.16; Tt 1.5-9) e do testemunho do ESPÍRITO SANTO
(Rm 8.14-16). Presbíteros sãos líderes escolhidos por DEUS e confirmados pela
Igreja.
O Livro de Atos faz dezoito referências a presbíteros, dez
diretamente relacionadas ao ministério do Presbitério da Igreja. As diversas
palavras gregas usadas para descrever a liderança são, frequentemente,
traduzidas por palavras como "presbítero", "bispo" e
"diácono". Todas elas dizem respeito à responsabilidade, à supervisão
espiritual, à inspeção, ao serviço e ao ministério.
DELEGAÇÃO DE PODER: LÍDERES PRECISAM, ANTES, SER CAPACITADOS PARA,
DEPOIS, PODEREM CAPACITAR
(At 2.1-4)
Líderes jamais poderão capacitar qualquer pessoa se, antes, eles
não tiverem sido capacitados de modo sobrenatural. A frase "ficaram cheios
do ESPÍRITO SANTO" é usada cinco vezes no Novo Testamento (At 2.4; 4.8,31;
9.17; 13.9). Toda vez que alguém fica cheio do ESPÍRITO SANTO, alguma coisa
acontece. Líderes capacitados transmitem o poder de DEUS e, então, capacitam a
outros.
21 Qualidades Carisma - Pedro foi um ímã
(At 2.1-41)
Atos 2 é um marco do Novo Testamento. Cento e vinte homens e
mulheres constituem os membros fundadores da Igreja quando ela nasceu em uma
sala do andar superior, em algum lugar de Jerusalém. Ainda ao final desse
capítulo, a Igreja tem uma explosão de crescimento e eleva o número seus
membros para mais de três mil pessoas.
Depois que o ESPÍRITO SANTO desceu sobre os que criam (At 2.1-4),
as pessoas que visitavam Jerusalém ficaram maravilhadas de como aqueles
discípulos de JESUS conseguiam falarem tantas línguas (At 2.5-13). Ao passo que
alguns achavam que eles estivessem bêbados, muitos outros se sentiam confusos.
O caos perecia estar reinando.
Era isso que parecia, até que Pedro resolveu tomar a palavra e
falar. Este mesmo Pedro que havia fugido de medo na noite do julgamento de
JESUS, agora falava sobre ele abertamente. Em poucos minutos, ele havia
conseguido a atenção de todos com suas palavras instigantes. A multidão aceitou
suas palavras alegremente. Por quê? Ele tinha carisma. Por meio da combinação
da ligação divina e do dom do ESPÍRITO SANTO, esse líder cativou e motivou três
mil pessoas a seguirem CRISTO.
Quais são os traços de um líder carismático?
Muitas pessoas pensam que carisma é uma coisa mística, quase
indefinível. Eles pensam que o carisma nasce com a pessoa ou ela nunca o terá.
Mas isso não é verdade. Carisma é a habilidade de conduzir as pessoas para si
mesmo e para sua causa. Algumas pessoas possuem isso com mais naturalidade.
Mas, da mesma forma como outros traços de caráter, carisma pode ser aprendido.
Veja o que fez de Pedro um carismático (At 2.14-40).
1. Confiança
Pedro demonstrou a postura e otimismo de um animado comunicador.
2. Convicção
Ele sabia para onde estava indo e o que deveria dizer. Ele falou
com a força de seu coração.
3. Ligação
Ele não pôs o foco sobre si mesmo, mas sobre os outros. Ele
ligou-se como um ímã aos seus ouvintes.
4. Compaixão
Ele mostrou-se cordial e amoroso. Ele deu repostas práticas às
necessidades das pessoas.
Quando ele concluiu sua mensagem, todos perguntaram: "Que
faremos?" (At 2.37) Eles se sentiram motivados e prontos para agir. DEUS
usou o carisma de Pedro com um ímã.
Como nós podemos nos tornar carismáticos?
O que você diz de você mesmo? Você tem carisma? A fim de você se
tornar o tipo de pessoa que atrai as outras para si, siga os seguintes passos
em sua vida:
1. Ame a vida. Celebre, não se queixe. Aprecie sua jornada.
2. Dê nota dez a todas as pessoas. Espere o melhor das pessoas e
trate-as bem.
3. Dê esperança às pessoas. Todos querem ter esperança. Os líderes
administram bem isso.
4. Doe-se aos outros. Seja sensível e verdadeiro. Compartilhe seu
coração, sabedoria e recursos.
A LEI DO MAGNETISMO: LÍDERES APAIXONADOS SÃO ATRAENTES PARA OS
OUTROS
(At 2.7-21)
Quando Pedro se pôs em pé para pregar, sem dúvida, a multidão viu
nele os dons do poder e do propósito de DEUS, mas, antes disso, eles viram o
dom da paixão que DEUS tinha lhe dado. A paixão fez com que a falta de dons
naturais ou a falta de instrução de Pedro pudessem ser superadas. Visto que
Pedro se tornou um ímã para três mil pessoas se juntaram à Igreja naquele dia.
Paixão atrai paixão.
DEMONSTRAÇÃO + PROCLAMAÇÃO = CREDIBILIDADE
(At 3.1-26)
Imediatamente após o Pentecostes, o movimento dos cristãos recebeu
grande energia. Dois de seus líderes. Pedro e João, encontraram um homem
aleijado quando estavam indo para o templo. Quando, em nome de JESUS, curaram
aquele homem, eles, imediatamente, ganharam credibilidade para pregar o
evangelho. Em outras palavras, uma vez que eles fizeram sua parte, conquistaram
um público para que pudessem falar. Veja como Atos 3 descreve esses líderes:
1.EIes fizeram com confiança o que sabiam que deveriam fazer (v.
I);
2. Eles pararam o que estavam fazendo e foram sensíveis para
resolveram uma necessidade que se lhes apresentou (v. 3);
3. Eles tiveram coragem de encarar os problemas (v. 4);
4. Outros se anteciparam, recebendo soluções dadas por eles (v. 5);
5. Eles, naturalmente, admitiram sua falta de recursos materiais
(v. 6);
6. Eles usaram sua autoridade dada por DEUS ser qualquer temor (v.
6);
7. Eles deram, generosamente, de seus recursos espirituais (v. 6);
8. Eles solucionaram problemas práticos (vs. 7-81
9. Eles ganharam credibilidade por meio da demonstração, não apenas
pela proclamação (vs. 9-10
10. A demonstração de Pedro deu-lhe uma base ir -ciai e um
argumento convincente (vs. 11-26)
Perfil de Liderança
PEDRO
O líder mais hábil no improviso e na capacidade de dar
reviravoltas.
(At 3.1-26)
O apóstolo Pedro é, no Novo Testamento, possivelmente, o líder mais
capaz de dar reviravoltas.
Pedro, o mesmo homem que havia prometido seguir jesus mesmo que
isso significasse morrer, mas que morreu de medo quando uma empregada
insignificante o identificou como um dos seguidores de JESUS (Lc 22.56-57),
agora gritava o nome de CRISTO a todo pulmão e com autoridade e sem medo das
possíveis consequências.
Pedro sabia do perigo que corria ao falar sobre JESUS. Ele sabia da
hostilidade que ele poderia provocar. Ele sabia que, por estar fazendo a
vontade de DEUS e pregando a CRISTO, estava entregando sua vida nas mãos de
DEUS. No entanto, ele não tinha escolha. Ele tinha de pregar. Ele tinha de
falar o nome de JESUS. E como ele tinha dito às autoridades que não podia fazer
nada diferente disso. Depois de todas as coisas que ele tinha visto e ouvido,
depois do poderoso toque que ele havia recebido do ESPÍRITO SANTO, se sentiu
impelido a pregar o evangelho (At 4.19-20).
Pedro pregou assim ... e o mundo todo ficou de pernas para o ar.
Esse é o tipo de reviravolta que acontece na vida de alguém que é
tocado pelo ESPÍRITO SANTO de DEUS. Quando nós temos um encontro genuíno com
JESUS, quando ele transforma nosso coração e mente, quando nos capacita e
encoraja, nós ficamos sem escolha: nós temos de pregar o evangelho, nós temos
de falar a Palavra de DEUS.
CORAGEM: UMA PESSOA COM CORAGEM SE TORNA UMA MAIORIA
(At 4.10-13)
Em Atos 4, nós podemos ver a coragem na tela da vida de Pedro e
João. Esses dois líderes foram jogados na prisão por estarem pregando o
evangelho e por terem realizado um milagre (vs. 1-4). Quando seus algozes os
inquiriram a respeito de seu ministério, Pedro, pessoalmente, afirmou que o
nome de JESUS, não seus próprios talentos, havia curado o aleijado (v. 10). Ele
também explicou que a salvação vem por meio de nenhum outro nome que não o de
JESUS (v. 12). O que lhe assegurava tanta coragem? Não era sua instrução, mas
sua experiência com JESUS (v. 13).
Liderança requer coragem. Todos os líderes precisam de coragem
para:
1. Buscar a verdade
Você nunca se encontrará, a menos que você encontre a verdade.
2. Mudar
Coragem é o poder para deixar a zona de conforto para trás.
3. Expressar convicções
As convicções nos ajudam a ficar sós. O teste de coragem vem quando
você faz parte da minoria.
4. Superar obstáculos
Tudo quanto você fizer, alguém vai pensar que você está errado.
Espere por problemas. Projete sua coragem.
5. Aprender e crescer
Você ainda não aprendeu até que você tenha tentado. Corra riscos e
faça algo diferente.
6. Tomar a via principal
Depois do segundo quilômetro, não há engarrafamento.
7. Liderar outros
Liderança é a expressão de coragem que impulsiona os outros a
fazerem a coisa certa.
21 Qualidades Generosidade - Ananias e Safira apenas fingiram
(At 5.1-11)
Líderes dão de si mesmo liberalmente; pelo menos no Novo Testamento
eles fizeram assim. Toda a Igreja desfrutava de unidade e generosidade, e tudo
tinha seu início no exemplo que vem de cima. O exemplo dos apóstolos espalhou
um espírito de generosidade no meio de toda a Igreja. No entanto, um casal
fingido, desafortunadamente, Ananias e Safira, vendeu certa propriedade e deu
parte do valor aos apóstolos, dizendo-lhes que eles tinham dado todo o dinheiro
da venda para a Igreja. DEUS revelou sua mentira para Pedro, e ele os chamou
para conversar. Seu pecado não foi falta de generosidade, mas falta de
honestidade. Eles mentiram acerca do que tinham feito. Eles queriam ser tidos
por generosos sem terem pagado o preço para tanto. Ele retirou este câncer da
igreja de modo cirúrgico, ao tirar dos dois a vida deles. "E sobreveio
grande temor a toda a Igreja e a todos quantos ouviam a notícia destes
acontecimentos" (At 5.11).
Vamos olhar para esse problema um pouco mais de perto e
especificá-lo. Ananias e Safira...
1. Apegaram-se às suas posses;
2. Concordaram em mentir sobre sua oferta;
3. Fingiram ser uma coisa que não eram;
4. Pensaram que poderiam passar apenas pela aparência de
generosidade;
5. Estavam mais preocupados com sua imagem do que com seu
relacionamento com DEUS.
Muitos líderes lutam com essas mesmas questões. Nós não apenas
vivemos em um mundo materialista, como também estamos inseridos neste mundo
dominado por interesses econômicos. Nós pensamos que, se nos apegarmos e nos
prendermos às nossas posses materiais com nossa inteligência, nós seremos,
eventualmente, capazes. A economia de DEUS é radicalmente diferente. Ele é o
Senhor extravagante, que dá com muita generosidade a todas as pessoas que têm
alguma necessidade. Ele se alegra em satisfazer as necessidades de seus
seguidores, direta e indiretamente. Ele não dá apenas de seus recursos; ele dá
de si mesmo.
Cultivando a generosidade em sua vida
Nada fala mais aos outros ou lhes é mais útil do que a generosidade
do líder. Na verdade, os líderes conseguem recursos alheios e os administram
para outros. Considere alguns meios para cultivar a generosidade em sua vida:
1. Seja agradecido por tudo que você tem;
2. Ponha as pessoas em primeiro lugar;
3. Não permita que a ganância o domine;
4. Considere o dinheiro como um recurso;
5. Pratique o hábito de fazer doações e ofertas.
Algumas vezes, nós nos apegamos às nossas posses porque temos medo
de passar por dificuldades. A vida parece ser muito dura. Mas, quando nós
cremos que dar generosamente é modo de viver, nós iremos produzir mais no
futuro. A vida parece ser abundante. Essa é a vida que JESUS tinha em mente
para nós (Jo 10.10).
CRESCIMENTO: SETE SINAIS DE LIDERANÇA NA IGREJA PRIMITIVA
(At 5.1-42)
A liderança na Igreja primitiva produziu-lhe um crescimento
natural. Os líderes não perseguiam crescimento, mas eram obedientes,
comprometidos, com relacionamentos saudáveis e fé. Crescimento é uma
consequência natural.
Esse é o sinal de uma liderança saudável. Em Atos 5, nós vemos os
ingredientes que permitem à Igreja que ela cresça:
1. Pureza (vs. I-II)
Os líderes não tinham nenhuma das coisas, senão sua integridade.
2. Poder (vs. 12-16)
Os líderes procuravam ter um poder sobrenatural, que lhes
permitiriam resolver as necessidades humanas.
3. Perseguição (vs. 17-18)
A oposição serviu para fortalecer os líderes e suas convicções.
4. Proclamação (vs. 19-28)
Os líderes proclamaram sua mensagem com avidez.
5. Prioridades (vs. 29-32)
Os líderes, claramente, definiam quais eram suas primeiras
prioridades, e isso lhes permitia tomar decisões mais facilmente.
6. Oração (v. 41)
Em meio à adversidade, os líderes mantinham uma atitude de gratidão
e louvavam a DEUS por todas as coisas.
7. Perseverança (v. 42)
Os líderes conseguiam influenciar outros porque vivenciavam suas
convicções e não seus medos.
LÍDERES DEVEM SER DETERMINADOS E DESENVOLVIDOS
(At 6.3)
A boa liderança responde efetivamente à necessidade de mais líderes
e trabalhadores. Na Igreja primitiva, ninguém tinha o voto para determinar qual
qualidade que identificaria tais pessoas. Os apóstolos tinham em mente
qualificações bem específicas para os líderes que eles queriam junto de si.
Eles escolhiam pessoas que:
1. Eram conhecidas dentre seu círculo de influência -
"procurem alguém dentre vocês";
2. Pudessem trabalhar em equipe - "sete homens";
3. Tivessem crédito entre as pessoas - "de boa
reputação";
4. Fossem capacitadas para a tarefa - "cheios do ESPÍRITO
SANTO";
5. Competentes e inteligentes - "cheios de sabedoria";
6. Responsáveis - "a quem podemos confiar essa tarefa".
21 Qualidades Pedro e a Lei Das Prioridades - Líderes compreendem
que atividade não significa cumprimento
(At 6.1-7)
Líderes nunca alcançarão o lugar que eles não elegem como
prioridade. Os bons líderes elegem prioridades, não importa se estão conduzindo
um pequeno grupo, pastoreando uma igreja, empreendendo um pequeno negócio ou
mesmo um negócio de bilhões de dólares.
As coisas que trazem as maiores recompensas fazem brilhar o fervor
na vida de um líder. Nada traz mais energia a uma pessoa do que a paixão. Tim
Redmond admitiu: "Há muitas coisas que podem prender meus olhos, mas muito
poucas são capazes de prender meu coração."
Tome algum tempo para repensar as prioridades de sua liderança.
Você está se fazendo presente por todos os lugares' Ou você está focado em
poucas coisas que podem lhe trazer grandes recompensas? O maior sucesso só virá
quando você focar as pessoas no que realmente vale a pena.
Aguçando seu foco para alargar sua visão
Talvez você seja parecido com Pedro: ele começou cheio de paixão,
mas com falta de direção. A boa notícia é que você já tem a metade da equação.
A má notícia é que, se você não sabe para onde está indo, você pode acabar
ficando no meio do caminho ou ainda pior: você pode ficar anos trilhando uma
direção equivocada.
Quando você sabe para onde vai, as suas prioridades se tornam
claras, e suas ações passam a fazer sentido. A equação vai se parecer com isso:
Uma grande paixão + visão clara = ação focada
Quando os judeus da Grécia foram levar-lhe suas queixas, Pedro
reconheceu que ele poderia expandir sua missão se ele resolvesse o problema
deles. Mas ele também reconheceu que havia sido chamado para focar as
necessidades mais profundas das pessoas: ouvir a verdade da Palavra de DEUS. Ao
invés de tentar fazer isso tudo sozinho, ele delegou a tarefa de solucionar as
queixas para sete pessoas competentes para fazê-lo. Como resultado, a Igreja,
pode cuidar dos dois problemas.
Ao examinar a situação de Pedro, nós aprendemos bastantes coisas
sobre manter-se focado nas prioridades porque não se perdeu de vista o grande
quadro da visão. Pedro demonstrou que, quando surge uma necessidade os líderes
focados...
1.Avaliam o valor da necessidade.
Líderes fortes, rapidamente, percebem quando o curso de uma ação
precisa ser adotado e, prontamente, consideram como deixar o trabalho
resolvido. Pedro sabia que a igreja poderia perder a oportunidade se ela não
atendesse as necessidades apontadas pelos judeus gregos. Mais do que tentar
resolver o problema por si mesmo (como muitos líderes fazem), ele imaginou
outro meio de fazê-lo.
Como você reage quando seu povo lhe traz uma necessidade legítima?
Você pára de fazer o que você está fazendo e, imediatamente, tenta atender seu
pedido? Você movimenta sua cabeça como quem está interessado, depois a põe para
o outro lado como quem quer esquecer-se disso? Ou, como Pedro, você pára, olha
para sua grande missão e determina-se a agir de acordo com suas prioridades?
2. Procure uma oportunidade de liderança.
Mesmo quando uma necessidade real não se enquadre em suas
prioridades, isso pode lhe ser uma grande oportunidade para alguém de seu
grupo. Pedro, rapidamente, percebeu que ele e os outros discípulos tinham
necessidade de continuarem pregando ao invés de ficarem distribuindo alimentos.
Mas ele também reconheceu nisso uma oportunidade de desenvolver alguns líderes
que estavam surgindo.
As pessoas estão na lista de suas grandes prioridades ? Antes de
você colocar algo sob sua responsabilidade, verifique ela se compatibiliza com
as responsabilidades de uma ou mais pessoas que estão com você. Os líderes mais
eficientes põem seu foco em algumas poucas coisas. Eles acreditam que outras
pessoas serão capazes de fazer o restante
3. Delegue a tarefa para pessoas competentes.
Líderes se valem da delegação do poder como uma ferramenta básica.
Usando-a de modo certo, ela pode levar sua eficiência a um padrão completamente
novo. Pedro e os discípulos escolheram uma equipe de sete pessoas
cuidadosamente, a quem eles consideravam ser maduras e capazes de suportar a
tarefa.
Será sempre sua a responsabilidade de delegar poder às pessoas
certas. Não há nada mais constrangedor do que ter de rever uma tarefa, porque
ela foi designada para uma pessoa incompetente. Isso diminui sua eficiência e
pode manchar sua credibilidade. Por isso, antes de delegar uma tarefa, esteja
certo das qualidades e habilidades das pessoas de sua equipe.
4. Comissione e confirme as pessoas a quem delegou poder
publicamente.
Pedro e os discípulos colocaram sua equipe de trabalho para que
fossem bem-sucedidos. Eles não apenas estavam certos de que seriam capazes de
dar conta da tarefa como também os apresentaram aos outros como líderes dignos.
Ao fazerem assim, eles deram a esses sete homens confiança e crédito.
Para você o mais importante é fazer coisas ou fazer coisas
corretamente? Muitos líderes apenas delegam certas tarefas para poderem constar
em sua lista de projetos feitos que a tarefa foi executada. Eles usam a
delegação de tarefas para distraírem a atenção e não para alcançarem
eficiência. Contudo, os grandes líderes compreendem que sua. eficiência depende
do sucesso de seus delegados. Por isso, faz parte de suas prioridades ajudá-los
a vencer.
Tal qual todo líder eficiente, Pedro compreendeu a diferença entre
ativismo e realização. Primeiro, ele percebeu uma necessidade por meio da maior
de todas as lentes, sua missão. Em seguida, focou a atenção ao que deveria ser
feito, tanto por ele mesmo, como por meio de outros. Como resultado, as
Escrituras relatam que o número de cristãos crescia sem parar sob sua
liderança.
O PRINCÍPIO DE PARETO
Vinte por cento de suas prioridades lhe darão oitenta por cento de
sua produção
21 Qualidades Comprometimento - Estêvão sabia o que tinha valor e o
que não tinha
(At 7.2-60)
Estêvão, primeiro mártir cristão, tinha alcançado bastante
influência junto ao povo (At 6.8). Temendo perder sua influência, os líderes
religiosos judeus cercaram esse líder e o levaram diante de Concilio.
Em sua defesa, Estêvão revelou ter um inabalável comprometimento
com suas convicções. Diante das autoridades que tinham o poder de executá-lo,
ele sustentou e expressou aquilo que ele cria ser a verdade, tanto sobre CRISTO
quanto sobre a obstinação de coração dos líderes judeus. Isso o levou para o
apedrejamento (At 7.58-60). Seu modo franco deixou os líderes religiosos sem
argumentos; só lhes restou jogarem pedras nele. Mas nem mesmo isso o abalou.
Ele morreu, fitando os olhos nos céus, pedindo que DEUS perdoasse seus
assassinos.
De onde vem o comprometimento?
Vamos ver a fonte do comprometimento de Estêvão reparando em suas
palavras e sentindo sua atitude:
1. Ele tinha a presença de DEUS em sua vida (At 6.8,15);
2. Ele baseava seu comprometimento em fundamentos bíblicos (At
7.2-38);
3. Ele percebeu o erro do pensamento anterior (At 7.39-41);
4. Ele atingiu o ponto de resistência dos líderes religiosos (At
7.51-53);
5. Ele manteve seus olhos sobre JESUS, a verdade (At 7.55);
6. Ele conservou sua perspectiva (At 7.60).
O comprometimento leva para além das emoções e da razão e vai
direto para a vontade. Os antigos chineses diziam que a vontade de um homem é
igual a uma carroça puxada por dois cavalos: a emoção e a razão. Você precisa
manter os dois cavalos puxando para a mesma direção para conseguir pôr a
carroça em movimento. O comprometimento vem quando sua razão e sua emoção o
levam para frente, seja qual for o preço.
Os líderes não devem esperar que seus seguidores tenham
comprometimento mais profundo do que aquele que eles mesmos demonstram ter.
Para desenvolvermos nosso nível de comprometimento, nós precisamos compreender
as seguintes verdades:
1. Comprometimento começa no coração.
O comprometimento vem antes da ação. Procure dentro de si: onde
está o comprometimento de seu coração
2. Comprometimento é avaliado pela ação.
A única maneira real de medir o nível de comprometimento é a ação.
Falar é fácil; fazer tem um alto preço.
3. Comprometimento abre as portas para o cumprimento da missão.
Uma vez que você está comprometido, todas as coisas virão a seu
encontro no sentido de favorecê-lo a obter o sucesso.
4. Comprometimento pode ser medido.
Os líderes devem poder avaliar seu calendário e agendas para
medirem seu comprometimento.
5. Comprometimento capacita um líder a tomar decisões.
Líderes precisam decidir qual é a coisa mais digna, pela qual se
deva morrer; e tomam isso como base para suas decisões.
6. Comprometimento floresce com demonstração pública de sua
responsabilidade.
Façam a pessoas verem o quanto você está comprometido, e, assim,
você terá incentivo para prosseguir.
Perfil de Liderança - FELIPE - Um homem comum, resultados
extraordinários.
(At 8.5-8)
E extraordinário o que pode acontecer para e através de um homem
comum quando DEUS põe um pouco de dificuldade e o poder do SANTO ESPÍRITO na
mistura.
Os crentes da igreja de Jerusalém começaram a abandonar a cidade em
grande número por causa das ondas de perseguição por causa do testemunho que
estavam dando a respeito de JESUS CRISTO. Mas aquilo que os inimigos do
evangelho pensavam ser mal DEUS usava como sendo bom, tal qual os crentes da
Dispersão, que, ao fugirem de Jerusalém, levaram consigo a mensagem da salvação
por meio de JESUS CRISTO.
Filipe deixou Jerusalém e foi até Samaria, onde, comprometido com a
pregação do evangelho, liderou a salvação de multidões. Quando Filipe realizou
milagres, expulsando demônios e curando muitos, o povo passou a ouvir as
palavras de Filipe a respeito do Messias, que o capacitou a realizar esses
feitos maravilhosos.
Um homem comum, uma pequena perseguição e um toque da parte do
ESPÍRITO de DEUS conduziram à conversão de massas na cidade de Samaria. Tal
como JESUS havia predito, a mensagem do evangelho fez o seu caminho, começando
por Jerusalém e indo até os confins da terra (At 1.8).
Filipe ilustra bem o que um líder, com a capacitação dada pelo
ESPÍRITO SANTO e com a autoridade de JESUS CRISTO, pode fazer para mudar o
mundo.
DISCERNIMENTO: LÍDERES FAZEM UMA LEITURA DA REALIDADE ANTES DE
LIDERAR
(At 8.26-40)
Filipe ilustra a importância de um líder que tem capacidade de se
adaptar a uma nova situação para resolver um problema. Flexibilidade é o nome
do jogo.
Filipe estava pregando e orando pelos doentes em Samaria. Aconteceu
que, em meio a um reavivamento, um anjo lhe disse que fosse ao Sul, para o
caminho de Gaza. Filipe teve de manobrar suas velas e rever o curso de sua
viagem. Quando estava no caminho de Gaza, ele compreendeu a situação. Um
importante oficial do tesouro real da Etiópia havia parado para ler a
Escrituras. Filipe percebeu que ele tinha ali uma oportunidade para introduzir
aquele homem na fé em CRISTO.
Como os líderes podem ter uma leitura de situações semelhantes? Uma
liderança cheia do ESPÍRITO envolve...
1. Compreender suas responsabilidades (v. 25).
Filipe já estava fazendo que ele sabia fazer;
2. Renunciar seus direitos (vs. 26-28).
Filipe não ficou discutindo sobre o caminho que ele havia
escolhido, mas foi flexível. Ele abandonou um momento de reavivamento e foi
para um deserto.
3. Sentir a revelação (vs. 29-30).
Filipe ouviu o ESPÍRITO. DEUS pode falar por meio de pessoas, das
Escrituras ou intuição espiritual.
4. Compartilhar seu relacionamento (vs. 31-34).
Filipe aproximou-se de uma situação de necessidade tendo uma
perspectiva de relacionamento e não somente uma perspectiva de resultado.
5. Mostrar sua relevância (v. 35).
Filipe começou a interagir onde o eunuco estava e permaneceu
interagindo com ele naquele lugar.
6. Assegurar uma resposta (vs. 36-39).
Filipe conduziu o homem até o ponto de uma tomada de decisão e viu
resultados.
LIDERANÇA: ESCOLHA DELIBERADA VERSUS ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA
(At 9.1-20)
Saulo de Tarso havia iniciado sua viagem para se tornar o Apóstolo
Paulo na estrada de Damasco. DEUS sabia que Saulo era perfeitamente apropriado
para a tarefa.
Primeiramente, Paulo era hebreu e um fariseu. Ninguém poderia
acusá-lo de indiferença ou de insegurança para estabelecer um padrão. Ele havia
estudado com Gamaliel, de maneira que nenhum judeu poderia acusá-lo de
ignorante das Escrituras. Ele cresceu em Tarso, o que lhe dava a cidadania
romana e lhe dava passagem livre pelos caminhos do mundo. Ele tinha muita
facilidade de comunicação, o que fazia dele uma pessoa perfeita para escrever
perto de dois terços dos escritos do Novo Testamento. Ele buscava a perfeição
com ardor, uma paixão que o ajudou a alcançar a Ásia Menor.
DEUS elege líderes específicos para cumprirem uma missão. Ele não o
faz por meio do voto popular. Se ele o tivesse feito, nenhum dos cristãos da
Antiguidade teria votado nele. No entanto, DEUS viu as qualidades de Saulo e o
chamou tanto para seguir CRISTO como para guiar pessoas a ele.
21 LEIS - BARNABÉ E A LEI DA DELEGAÇÃO DO PODER - Somente líderes
seguros delegam poder a outros
(At 9.27)
Somente pessoas capacitadas podem alcançar seu potencial. Quando um
líder não pode ou não quer capacitar outras pessoas, ele cria barreiras dentro
da organização que as pessoas não conseguirem superar. Se as barreiras
permanecerem por muito tempo, as pessoas desistem ou mudam para outros lugares
onde poderão maximizar seu potencial.
Se você deseja ser um líder de sucesso, você deve se tornar um
capacitador. Theodore Roosevelt afirmou que "o melhor executivo é aquele
que tem a sensibilidade suficiente para escolher bons homens, para que eles
façam coisas que ele deseja que aconteçam e que têm suficiente auto resignação
para guardar-se de não interferirem enquanto eles estão fazendo o que lhes foi
solicitado."
A verdade é que o único caminho para que você possa se fazer
indispensável é você se fazer dispensável. Em outras palavras, se você tem a
capacidade de sempre delegar poder e capacitar outras pessoas e ajudá-las a
desenvolverem seu potencial de maneira que se tornem capazes de realizar sua
tarefa, você se tornará tão valioso para a organização que você se tornará
indispensável.
Será que eu posso pegar uma carona?
Definitivamente, Barnabé foi um líder que sabia como animar as
pessoas. Isso é visto quando ele não deixa passar nenhuma oportunidade de
acrescentar coisas boas para os outros. E sua grande e simples contribuição no
que diz respeito à delegação de poder pode ser vista em sua interação com
Paulo.
1. Ele acreditou em Paulo antes de qualquer outra pessoa.
É muito fácil dar uma opinião a favor de um assunto ou pessoa
controvertida diante de líderes que dão apoio a essa pessoa. Outra coisa é você
levantar-se e falar diante de outros que não o fazem. Mas foi isso o que
Barnabé fez. Ele não esperou que os outros apóstolos apoiassem Paulo para poder
acreditar nele. Na verdade, ele acreditou em Paulo, enquanto Pedro e os outros
tinham medo dele.
Para ser um líder capaz de encorajar outros, você precisa estar
disposto a dar oportunidades às pessoas. Você deve ser capaz de perceber o
potencial que há nelas e encorajá-las a acreditar em si mesmas. Isso pode ser
arriscado porque elas podem não corresponder. Mas, se elas corresponderem, o
retorno pode ser imenso. Você pode tornar-se o responsável por inspirar um
líder a pôr em prática coisas que ele nunca tinha pensado que fosse possível. E
os líderes nunca esquecem a primeira pessoa que acredita neles.
2. Ele defendeu a liderança de Paulo diante dos outros.
As Escrituras dizem que Barnabé tomou a Paulo e levou até aos
apóstolos. E ele lhes declarou a respeito de como tinha visto o Senhor no
caminho e aquilo que ele lhe tinha falado e de como ele tinha pessoalmente
pregado a respeito de CRISTO em Damasco (At 9.27). Você pode imaginar como
essas coisas teriam acontecido em Jerusalém naqueles dias? Certa vez, quando
Paulo chegou à cidade, uma palavra chegou aos apóstolos de que ele estava
dizendo que era um pregador de JESUS CRISTO. Eles devem ter pensado de que se
tratava de um truque. Tratava-se da mesma pessoa que tinha estado diante de
Estêvão, primeiro mártir, e aprovado seu apedrejamento. Barnabé deve ter
aparecido com Paulo a uma das reuniões dos apóstolos na cidade. Um silêncio
desconfortável sem dúvida, deve ter caído sobre as pessoas que estavam reunidas
quando elas souberam da identidade daquele que acompanhava Barnabé. Então,
Barnabé passou a contar a história de Paulo. Paulo não precisou dizer uma única
palavra. Todos os cristãos conheciam Barnabé. Eles sabiam de sua reputação e
integridade. Foi isso que Barnabé fez As Escrituras dizem: "Estava com
eles em Jerusalém, entrando e saindo" (At 9.28). A Igreja tinha aceitado
Paulo
3. Ele delegou poder a Paulo para alcançar seu potencial.
A ligação entre Barnabé e Paulo não terminou em Jerusalém. Depois
que o endosso de Barnabé possibilito que Paulo se movimentasse livremente em
Jerusalém, ensinando as pessoas e debatendo as verdades das Escrituras não
demorou muito para que Paulo se tornasse um inimigo dos que não criam no
evangelho. Os apóstolos, então sabiamente, enviaram Paulo de volta a Tarso,
para sua segurança pessoal.
Mais tarde, no entanto, quando Barnabé foi designado para dar
assistência às igrejas da Antioquia, ele encontrou Paulo e o levou em sua
companhia. Essa ação delegou a Paulo o poder de ter seu primeiro serviço como
um líder.
Isso também conduziu à parceria de Paulo e Barnabé como
missionários, o papel para o qual DEUS estava destinando Paulo.
Para ser um líder capacitado, você precisa mais do que acreditar em
líderes que estão surgindo. Você precisa dar passos adiante para ajudá-los a se
tornarem líderes de acordo com o potencial que eles têm para desenvolver. Você
precisa investir neles se você os quiser tornar capazes para darem o seu
melhor. Capacitar pessoas requer um investimento pessoal. Isso requer tempo e
energia, mas vale a pena. Se você o fizer bem-feito, terá o privilégio de ver
alguém subir para o nível mais elevado. E, como um bônus, ao delegar poder e
capacitar outros, você estará aumentando o poder de sua organização.
CORNÉLIO: O PARADIGMA DE PEDRO SE EXPANDIU
(At 10.1-35)
Missiologistas o teriam chamado de etnocêntrico. Apesar de que
Pedro sabia que JESUS lhe tinha dito para ir ao mundo e pregar o evangelho, ele
ainda tinha dificuldade para falar com o centurião romano chamado Cornélio. Por
causa disso, DEUS providenciou uma visão nova para ele. O escritor Steve Moore
fez anotações a respeito da sequência da construção da visão que DEUS levou a
Pedro:
1. Revelação sobrenatural (vs. 9-16)
DEUS ampliou os horizontes de Pedro e o ajudou a sair da caixa,
educação que o conduziu a uma nova convicção.
2. Convite sobrenatural (vs. 17-23)
DEUS enviou pessoas associadas a Cornélio para convidarem Pedro
para ingressar em uma nova forma de ministrar aos gentios, exposição que lhe
deu uma compaixão nova.
3. Confirmação sobrenatural (vs. 24-35)
DEUS confirmou esta visão ampliada com Cornélio receptivo e com
sinais concretos confirmando sua conversão, uma experiência que o levou a um
novo comprometimento.
Quando DEUS quer conquistar uma nova obediência de um servo seu,
ele quase sempre faz uma nova revelação. Foi exatamente o que aconteceu com
Pedro.
EDUCABILIDADE: O NOVO EMPREENDIMENTO DE PEDRO FOI ACEITO PELOS
LÍDERES DA IGREJA
(At 11. 1-18)
JESUS devia estar falando sério quando ele disse à Igreja que
fossem até os gentios. Pedro relatou a seus pares como DEUS o havia guiado até
um público completamente novo. Quando eles ouviram essa história, renderam
glórias a DEUS pelo novo ministério. Eles continuavam aprendendo. Quando você
parar de estudar e aprender, você pára de liderar.
SER PRESTATIVO: NENHUM TRABALHO É SEM IMPORTÂNCIA
(At 11.22-24)
Se um líder da Igreja antiga pode ser chamado de servo, este é
Barnabé. Ele tomou a iniciativa e fez tudo quanto achou que pudesse aumentar o
ânimo, número de pessoas ou dinheiro. Ele liderou com clareza e exemplo,
tornando-se servo. Ele não considerava nenhuma tarefa sem importância. O que
permitiu a Barnabé demonstrar um estilo de vida como este? Ele...
1. Não tinha nada a provar.
Ele não estava ali para brincar. Ele nunca procurou notoriedade.
Quando ele orientou Paulo, ele alegremente permitiu que esse apóstolo emergente
o superasse. Ele não sentia a necessidade de projetar sua própria dignidade ou
provar a si mesmo para quem quer que fosse.
2. Não tinha nada a perder.
Barnabé não tinha preocupação de preservar sua reputação ou que o
medo pudesse fazer perder sua popularidade. Ele veio para servir e não par ser
servido. Isso permitiu pôr seu foco em dar e não em receber. Como servo, ele
não tinha direitos a perder.
3. Não tinha nada a esconder.
Barnabé não precisava manter uma fachada ou imagem. Ele permaneceu
autêntico, vulnerável e transparente. Ele podia alegrar-se com a vitória dos
outros (At 11.23) e nunca se maravilhou com sua própria fama.
Se DEUS chamasse você para ser um novo Barnabé para outro novo
Paulo, se você soubesse que esse novo e emergente líder iria rapidamente
colocá-lo em sombras, você aceitaria este chamado? Em outras palavras, você é
mesmo um servo? Você deve amar mais as pessoas que sua posição.
21 Qualidades Caráter - Herodes teve falta dele e perdeu tudo
(At 12.1-23)
O ego dirigia a vida de Herodes dos dias de Paulo, do mesmo jeito
que havia guiado seu pai e seu avô. Todos eles tinham uma irremediável falta de
caráter. Herodes era o sobrenome da família de reis que sustentava o poder com
a permissão do Império romano. Herodes o Grande, governou nos dias do
nascimento de JESUS. Foi ele que mandou matar todos os meninos de até dois anos
em Belém. Herodes Antipas foi quem ordenou a decapitação de João Batista. O
Herodes de Atos 12 é Herodes Agripa 1, o filho mais velho de Herodes, o Grande.
A falta de caráter de Herodes nos dá muitos exemplos a respeito do que não se
deve fazer como líder:
1. Ele maltratava seus próprios cidadãos (v. I).
Ele, injustamente ordenou a prisão de cristãos judeus a fim de
fustigá-los.
2. Ele executou pessoas inocentes (v. 2).
Ele mandou matar Tiago à espada, embora Tiago não tivesse cometido
crime nenhum.
3. Ele tomou decisões, preocupado com sua popularidade (v. 3).
Quando ele percebeu que os judeus ficaram satisfeitos com a morte
de Tiago, mandou pôr Pedro na prisão também.
4. Ele agia de modo irracional em tempos de dificuldade (v. 19).
Ele mandou matar todos os 16 guardas que cuidavam da prisão no dia
em Pedro fugiu de lá.
5. Ele alimentou ódio por outros (v. 20).
Ele permaneceu irado contra grupos étnicos de fora e procurou meios
de subjugá-los.
6. Ele procurou poder para compensar sua insegurança (v. 20).
Ele gostava de controlar os outros e, especialmente, gostava
bastante de poder ter pessoas debaixo de sua misericórdia.
7. Ele projetava a imagem de ser infalível (vs. 21-22).
Ele amava vestir sua roupa real e ser reverenciado.
8. Ele se deixava cegar pelo seu ego (v. 23).
Ele vivia em um mundo irreal e não conseguia ver que seu ego estava
sabotando sua liderança.
Como você pode evitar as armadilhas de Herodes?
A fim de melhorar seu caráter e construir uma base sólida para a
sua liderança, você deve:
1. Procurar suas falhas.
Preste atenção nas principais áreas de sua vida. Identifique quais
são os pontos fracos ou em quais delas você costuma tomar atalhos;
2. Procurar parceiros.
Ainda há alguma fraqueza? Parceiros podem ajudá-lo a diagnosticar
falhas no caráter.
3. Encarar a realidade.
O reparo das falhas de caráter inicia quando você as encara e
quando você defende aquelas em que você a enganou.
4. Permanecer pronto para aprender e rever as coisas.
Uma vez que você enfrenta o passado, crie um plano para
fortalecer-se internamente.
A LEI DO CRESCIMENTO EXPLOSIVO: ANTIOQUIA COMISSIONOU LÍDERES
(At 13.1-3)
Pelo meio do Livro de Atos, vemos que três igrejas enviaram líderes
missionários: Cirene, Chipre e Jerusalém. Infelizmente, esses esforços parecem
ter sido fatos isolados. Em Atos 13, o cuidado de DEUS levou mudanças para a
igreja de Antioquia. Por quê? Porque ela continuava comprometida com os efeitos
globais do evangelho, ocupada em fazer surgir líderes que viessem a se tornar
agentes de mudança para o mundo todo. Jerusalém tinha deixado de ser o centro
das atividades de DEUS. Na verdade, ela tornou-se uma igreja com grandes
necessidades, necessitando do socorro das igrejas da Ásia e Grécia.
Antioquia floresceu por causa de sua boa visão de enviar líderes
pelo mundo. Ela enviava seus líderes como se fossem uma equipe, pessoas com
dons que se complementavam e com visão compartilhada. Isso os capacitou a
ficarem ligados com as pessoas e a conseguirem bons resultados em quase todos
os lugares aos quais iam.
DEUS fez o seu trabalho ao enviar equipe de líderes. JESUS enviou
uma equipe de doze (Lc 9.1 -6), e essas parcerias tiveram continuidade em Atos.
A maioria dessas equipes de líderes veio da igreja de Antioquia:
1. Pedro e João (At 3);
2. Filipe, Pedro e João (At 8);
3. Pedro e alguns irmãos (At 10);
4. Homens de Chipre e Cirene (At II);
5. Paulo e Barnabé (At 13 e 14);
6. Judas, Silas e Paulo (At 15);
7. Barnabé e Marcos (At 15);
8. Timóteo, Paulo e Silas (At 16);
9. Paulo, Áquila e Priscila (At 18);
10. Timóteo e Erasto (At 19).
RESPONSABILIZAÇÃO: A EQUIPE PERMANECEU RESPONDENDO PARA A IGREJA
(Atos 14.26-28)
Embora os líderes não requeiram uma posição formal para fazer a
diferença, DEUS, raramente, os chama para agirem sozinhos. DEUS, normalmente,
os chama para fazerem parte de uma equipe e os envia por meio de uma
organização, como uma igreja local, por exemplo. Alguns líderes enviam, outros
vão. Cada um deve dar suporte ao outro.
A LEI DA INTUIÇÃO: PEDRO PROPÔS UMA MUDANÇA MAIOR DAS COISAS
ANTIGAS
(At 15.7-11)
Pedro sugeriu mudanças para o modo como a igreja fazia as coisas.
Deveria haver um novo paradigma para o pensamento e a fé. Ele persuadiu os
líderes a mudarem por meio de uma comunicação convincente das coisas que DEUS
estava fazendo. Pedro viu a necessidade de mudanças antes dos demais. Sua
percepção, associada a sua credibilidade, fez a Igreja continuar indo para
frente.
ALEI DA INFLUÊNCIA: O CONCÍLIO DA IGREJA LIBERTOU OS GENTIOS
(At 15.22-29)
Por meio de um documento, a igreja de Jerusalém libertou os
cristãos de qualquer localidade de terríveis encargos e culpas potenciais que
lhes poderiam ser atribuídas pela lei dos judeus. Eles usaram a sua influência
e mudaram o curso da história da igreja. Nem sempre o poder é mal. O Concilio
da igreja de Jerusalém exerceu uma influência positiva em seu tempo. Nós também
podemos.
RECRUTANDO VOLUNTÁRIOS
(At 15.32-35)
Organizações mantidas por meio de voluntários requerem liderança
muito maior sobre o grupo. Tais organizações precisam de bons líderes, porque o
único incentivo que os voluntários têm vem da visão de sua liderança. Essas
organizações não pagam salários, não oferecem benefícios nem ostentação.
Na verdade, apenas uma pequena percentagem dos voluntários
realmente trabalha. Em muitas igrejas, cerca de vinte por cento das pessoas faz
oitenta por cento do trabalho. Por que isso ocorre? Por que mais pessoas não se
envolvem?
1. Ninguém lhes pediu nada.
Com receio de se intrometerem em território alheio, eles esperam
ser convidados para ajudar.
2. Elas têm medo de assumir responsabilidades.
Receosos de que sejam cobrados a se comprometerem além do que
desejam ou podem, eles hesitam em fazer alguma coisa.
3. Elas sofrem com experiências passadas.
Tendo passado de "pilares" para "meros
ouvintes", elas sentem a necessidade de descansar e de serem alimentados.
4. Eles se sentem intimidadas por obreiros atuais.
"Pilares" que não estão abertos para mudanças acabam por
manterem os outros inúteis.
5. Elas desconhecem as diretrizes bíblicas para o ministério.
Muitas igrejas não estabelecem um padrão para o sacerdócio dos
crentes ou para a verdade exposta em Ef 4.11-12.
6. Elas estão muito preocupadas com seus próprios compromissos e
ocupações.
A maioria das pessoas se esquiva de novas tarefas por causa de
compromissos que já assumiram, e as coisas que podem ser feitas depois perdem
para as que precisam ser feitas agora.
7. Elas se sentem despreparadas, mal equipadas ou desprovidas de
dons.
Muitas pessoas, equivocadamente, pensam que apenas pessoas que têm
certos dons e são treinadas podem servir e, visto que não têm estes dons
especiais ou não foram treinadas, elas não estão qualificadas para servir.
8. Elas não têm consciência das opções de trabalho que lhes estão
disponíveis.
A maioria dos líderes, erroneamente, pensa que as pessoas sabem das
vastas possibilidades de serviços que estão à sua disposição.
9. Elas não se "apropriaram" da causa.
Muitas pessoas só aceitam participar do ministério se elas puderem
ter a visão de todo o quadro da missão. 10. Elas são egoístas, preguiçosas ou
indiferentes.
Algumas não vão se envolver, simplesmente porque não se preocupam
com nada mais além de si mesmas.
Dessa forma, o que pode ser feito para mobilizar voluntários? Tente
o seguinte:
1. Agende entrevistas com novos membros para expor-lhes as
oportunidades;
2. Ofereça treinamento para cada cargo ou função; dê modelo de como
servir;
3. Associe os dons espirituais com as oportunidades de trabalho;
4. Seguidamente, anuncie as opções de serviço disponíveis;
5. Faça o envolvimento no ministério partir do processo de recepção
de membros;
6. Crie vários níveis de responsabilidades para os novos membros,
que se sentem apreensivos;
7. Ensine e exponha a visão do sacerdócio universal dos crentes;
todos têm um dom com o qual podem participar;
8. Desenvolva séries de compromissos realistas para que as pessoas
possam dividir as responsabilidades;
9. Promova o rodízio entre os líderes, tanto quanto possível, para
criar espaço para novas pessoas;
10. Seguidamente, elogie servos simples que acabam fazendo
diferença.
DISCERNIMENTO: PAULO MUDOU SEUS PLANOS ASSIM QUE TEVE O
DISCERNIMENTO DAS NECESSIDADES
(At 16.1-13)
Todos os líderes precisam ter discernimento. Paulo o tinha e o
usava para escolher novos líderes, para escolher as palavras que iria dizer
diante de uma corte e para saber onde deveria ir em seguida em suas viagens
missionárias.
Quando a equipe de Paulo viajava através da Ásia, ele deveria ter
estado a ouvir o ESPÍRITO SANTO em seus momentos de silêncio. DEUS o proibiu de
falar certa vez na Ásia e o compeliu a ir adiante. Em seguida, o ESPÍRITO
proibiu Paulo de evangelizar na Ásia e na Bitínia. Em Trôade, ele teve a visão
na qual um homem o suplicava para visitar a Macedônia.
Assim era a dinâmica da liderança de DEUS. Líderes com
discernimento, usualmente, repartem alguns traços em comum. Esses são:
• bons ouvintes;
• intuitivos e perceptivos;
• bem conectados;
• flexíveis;
• otimistas.
A LEI DA LIGAÇÃO: PAULO FOI MUITO EFICIENTE EM ATENAS
(At 17.22-34)
Pedro, Paulo e Estêvão se valeram da Lei da Ligação em todos os
quatro sermões que deles Lucas registra (At 2.14-36; 7.2-53; 13.16-41;
17.22-31). Esse que Paulo pronunciou, registrado em Atos 17, é uma obra-prima.
Ele conseguiu estabelecer uma ligação brilhante com o povo de uma cultura
diferente, mostrando e compreendendo ambos, a sociedade grega e a necessidade
humana. Leia esta mensagem e veja um mestre da comunicação em ação:
1. Ele iniciou com uma afirmação (v. 22);
2. Ele fez uma ponte de seu assunto com o que era familiar aos
gregos (v. 23);
3. Ele ampliou a visão que eles tinham de DEUS (vs. 24-25);
4. Ele usou uma linguagem inclusiva (v. 26);
5. Ele lhes deu encorajamento e esperança (v. 27);
6. Ele se identificou com um dos poetas deles (v. 28);
7. Ele lhes ofereceu passos específicos de ação (vs. 29-31).
Líderes efetivos conseguem uma ligação antes que eles esperem.
Somente quando Paulo conseguiu levantar pontes de relacionamento com as pessoas
que ele conseguiu um claro chamamento ao arrependimento. A ligação precede a
decisão. E o que foi que aconteceu? De acordo com o texto, cada um agiu. Uns
riram de Paulo, outros lhe disseram que o ouviriam em outra ocasião, e outros o
seguiram de imediato (vs. 32-34).
21 Qualidades Educabilidade Apoio aprendeu e cresceu
(At 18.24-28)
O Livro de Atos apresenta Apoio como um excelente professor. DEUS o
usou grandemente em várias culturas, ele tornou-se o braço direito do apóstolo.
O que mais impressiona a respeito de Apoio, contudo, é sua
educabilidade. Ele nunca pensou que tivesse aprendido tanto, que pudesse
improvisar o que fazia. Lucas aponta alguns fatos sobre esse homem:
1. Sua origem é de uma cidade culta (v. 24);
2. Ele era um homem de boa educação (v. 24);
3. Ele conhecia muito bem as Escrituras (v. 24);
4. Ele tinha sido instruído na fé cristã (v. 25);
5. Ele tinha um dom natural (v. 25);
6. Ele ensinava a verdade com denodo (v. 25);
7. Ele ensinava a verdade com paixão (v. 26).
A história da Igreja nos conta que Apoio foi era um professor tão
bom, que muitas pessoas queriam ouvir ma s ele do que ao apóstolo Paulo. Isso
era mesmo uma pena em seu chapéu! Isso pode nos fazer assumir que ele tinha
tido todas as coisas juntas. No entanto, Apoio tinha conhecido "apenas o
batismo de João" (At 18.25). Ele sabia o quanto era arrependimento. Ele
compreendia o que ele significava para a redenção de DEUS. Mas ele não estava
familiarizado com as verdades mais profundas do discipulado ou de uma vida na
plenitude do ESPÍRITO. Assim, Áquila e Priscila se tornaram seus mentores,
tomaram tempo para ouvi-lo, avaliá-lo, para relatar-lhe coisas e expor-lhe
"o caminho para DEUS" (At 18.26).
Líderes enfrentam o perigo do contentamento por causa de seu
'status quo'. Principalmente, se um líder já possa influência e já alcançou um
bom nível de respeito, que razão mais ele tem para querer crescer?
1. Seu crescimento determina quem você é.
2. Quem você é determina a quem você atrai.
3. Quem você atrai determina o sucesso de sua organização.
Líderes devem permanecer prontos para aprender. Observe estas cinco
orientações para se cultivar uma atitude de aprendizado:
1. Cure a doença de seu destino.
A falta de capacidade de aprender está enraizada no ativismo. Se
você parar de crescer, você pára de liderar
2. Supere seu sucesso.
O sucesso, frequentemente, impede educabilidade. Não fique olhando
para os troféus que já ganhou e, sim para as metas a serem alcançadas.
3. Prometa não mais usar atalhos.
Todas as coisas mensuráveis têm um preço. A maior distância entre
dois pontos é um atalho.
4. Desfaça-se do orgulho.
Admita que não sabe todas as coisas, mesmo a respeito daquelas que
você sabe alguma coisa.
5. Nunca pague o preço duas vezes pelo mesmo erro.
O crescimento implica em se cometerem erros, mas você precisa
aprender com cada um deles.
Perfil de Liderança - ÁQÜILA E PRISCILA - Líderes que prepararam
mais líderes.
(At 18.24-28)
Liderança não significa exatamente conseguir outras pessoas para
serem seguidores. Liderança também significa equipar e preparar líderes para
guiarem o povo de DEUS. A responsabilidade de Áquila e sua esposa Priscila, do
apóstolo Paulo e Apoio ilustram esse princípio.
Aquila e Priscila, que, como Paulo, eram cristãos judeus e
fabricantes de tendas, tinham ido a Corinto de Roma quando o Imperador Cláudio
ordenou que todos os judeus abandonassem a cidade. Quando Paulo chegou a
Corinto, ele permaneceu com esse casal e, evidentemente, lhes ensinou muito a
respeito das coisas de DEUS. Eles levaram esses ensinamentos a sério, pois,
quando eles viajaram para Éfeso, eles instruíram um ministro chamado Apoio a
respeito do evangelho de JESUS CRISTO.
Apoio tinha ouvido e crido numa parte da mensagem cristã e, com
grande eloquência, estava ensinando vigorosamente o que tinha conhecido. Mas,
quando Aquila e Priscila o ouviram pregar, eles perceberam que ele não tinha
recebido toda a mensagem, de maneira que o levaram para um lugar à parte e lhe
expuseram de modo mais completo. Depois disso, Apoio pôde pregar com muito mais
eficiência.
Quando nós vamos a CRISTO para a salvação, DEUS está nos chamando
para "irmos e fazermos discípulos" (Mt 28.19). Do mesmo modo, quando
DEUS nos chama para sermos líderes, ele nos orienta a ajudar equipar outros
para que possam liderar de modo mais eficiente.
A LEI DO CRESCIMENTO EXPLOSIVO: O SEMINÁRIO DE PAULO ALCANÇOU A
ÁSIA
(At 19.8-10)
Paulo deu início a uma miniatura de seminário em Éfeso para ensinar
a estudantes os pró e os contra do evangelho. Durante dois anos, ele reuniu
jovens e os treinou na Escola de Tirano. Sem dúvida, a educação requer
aplicação prática, pondo as mãos na massa, experimentando, pois Lucas diz que
todos na Ásia Menor ouviram a pregação do evangelho durante estes dois anos (At
19.10).
Como ele estava orientando estudantes, Paulo permaneceu
comprometido com o povo, com o processo e com o propósito. Seu treinamento
sempre resultou em atividades de um grande comissionamento. Paulo
comprometeu-se pessoalmente em desenvolver líderes. Vamos ver como nós também
podemos fazer ao treinarmos líderes:
1. Conheça-se a si mesmo; fique familiarizado com suas fraquezas e
fortalezas.
2. Conheça a pessoa que você quer desenvolver.
3. Defina, claramente, os objetivos e as atribuições.
4. Ensine os "porquês" depois das atribuições.
5. Discuta o processo de crescimento deles comparado com o seu.
6. Tome tempo para conviver com eles.
7. Permita-lhes observar você servindo e liderando.
8. Dê-lhes dos recursos de que você mesmo necessita.
9. Encoraje-os a fazerem registros durante o processo.
10. Tenha-os por responsáveis em seu trabalho.
11. Dê-lhes a liberdade de errar.
12. Avalie e confirme-os regularmente.
PAULO: O CORAÇÃO DE UMA LIDERANÇA EFICIENTE
(At 20.18-24)
O que você é advém do que você faz! Liderança é "ser"
antes de "fazer".
Enquanto Paulo falou aos efésios, ele descrevia os ingredientes
para alguém ser um líder efetivo. Paulo guiava de alma. Ele fez apelos, até
chegou a chorar na frente das pessoas. Mas uma coisa é certa: a liderança
começa com o coração. Paulo tinha um coração que era...
1. Consistente - ele viveu com serenidade enquanto esteve entre
eles (v. 18);
2. Contrito - ele agiu de modo humilde e voluntariamente revelou
suas fraquezas (v. 19);
3. Corajoso - ele não se abalava por fazer as coisas de modo
correto (v. 20);
4. Convicto - ele falava pessoalmente sobre suas convicções (v.
21);
5. Comprometido - ele deixou Jerusalém, desejoso de morrer por
CRISTO (vs. 22-23);
6. Cativo - ele mostrou que uma pessoa que se rende a DEUS não
precisa sobreviver (v. 24).
COMUNICAÇÃO: PAULO ADAPTA E COMPARTILHA SUA HISTÓRIA PARA CONVENCER
(At 22.1-21; 26.4-23)
Por três vezes o Livro de Atos conta a história da conversão de
Paulo. Por duas vezes ele conta sua história diante de autoridades do governo.
Em ambos os casos, ele adapta sua história e enfatiza a parte que vai atender
às necessidades de sua plateia.
Líderes efetivos sabem não apenas o que dizer, mas também como
dizer, de maneira a tornar sua mensagem com poder de impacto maior diante de
seus ouvintes. Quando eles falam, eles levam em conta o impacto que isso vai
causar, não a impressão. Eles avaliam a sua plateia e lhe comunicam de modo que
se obtenha a melhor ligação com os ouvintes. Em seguida, eles os ajudam a fazer
aplicações práticas de sua mensagem.
Tente um pequeno exercício. Leia o testemunho de Paulo em Atos 22 e
26, com a perspectiva de comparar e diferenciar os dois em seus interesses. Que
diferenças você notou? Quais são as semelhanças? Por que ele deu uma ênfase tal
a uma plateia e outra diferente para a segunda? O que você aprendeu com Paulo a
respeito de se dar uma forma especial para cada grupo diferente de ouvintes?
FELIX, FESTO E AGRIPA - Líderes que cometeram falhas
(At 23.23—26.32)
Quando esteve diante de dois homens poderosos, o Governador romano
Festo e o Rei Agripa, esse homem apareceu esfarrapado e algemado. Agora, Paulo,
que esteve na prisão mais de dois anos e que estava tendo de encarar a
possibilidade de sofrer sentença de morte, falou destemidamente sobre a
ressurreição de CRISTO.
Festo havia herdado essa questão de seu antecessor, Félix, que
aprisionou Paulo sob a acusação de estar incitando tumultos entre judeus e
encorajando rebeliões contra Roma. Ambos, Félix e Festo, estavam mais
preocupados em agradar os judeus do que em fazer o que é certo. Quando Festo
falou ao rei Agripa, que o visitava, a respeito do problema de Paulo, o rei lhe
deu a oportunidade de uma audiência. Paulo aproveitou essa oportunidade para
apresentar suas experiências com CRISTO, mas, quando Agripa as ouviu, elas
pareceram a Festo como algo a respeito do que nunca tinha ouvido nada.
Ambos os governantes tiveram, naquele dia, a oportunidade de se
converterem a CRISTO. Mas eles não aceitaram o convite. E por que não?
Aparentemente, sua posição de poder e de liderança lhes era mais valiosa do que
a condição de sua alma.
Líderes de DEUS sabem que a busca de um profundo conhecimento (ou
obediência) de JESUS é mais importante do que qualquer outra coisa, incluindo a
obtenção do poder ou a proteção que vem dele. O poder não somente corrompe; ele
também dispersa, diferentemente do genuíno caráter que podemos obter através da
submissão a CRISTO.
PAULO - O líder mais influente da Igreja primitiva
(At 26.1-23)
Desde o início de tudo, a vida de Paulo em CRISTO influenciou
grandemente a todos que estavam à sua volta.
Esse perseguidor da Igreja, agora feito apóstolo, esteve diante de
reis, governadores e de todas as estruturas de poder religioso de sua época.
Seus inimigos o acusavam, o aprisionaram, maltrataram e o ameaçaram com a
morte. Ele viajou milhares de quilômetros e ainda sobreviveu a um naufrágio. Em
meio a todas essas coisas, Paulo nunca deixou de defender e pregar com coragem
e com vigor o evangelho de JESUS CRISTO.
Paulo não se tornou um líder influente por causa de sua eloquência
ou por possuir algum dom muito especial que os outros não possuíam. Paulo
conseguiu influência porque, apesar das circunstâncias, se ele esteve em
algemas durante qualquer outro interrogatório, se ele estivesse lançado em
alguma prisão fria e úmida ou se ele pudesse andar livremente para fazer seu
trabalho, ele estaria comprometido a uma única coisa: pregar o nome de JESUS
CRISTO.
Sem questionamento, Paulo tornou-se o mais influente líder da
primeira Igreja. Nós continuamos a sentir ainda hoje o poder de sua influência.
Pelos padrões do mundo, então e agora, Paulo deve ter parecido um
fanático. Mas tudo o que ele fez foi obedecer ao chamado de DEUS para
influenciar o mundo à sua volta. Líderes sábios gostariam muito de poderem
seguir o exemplo de Paulo ao, propositadamente, falarem a Palavra de DEUS tanto
para o Corpo de CRISTO, como para o mundo descrente.
PERSUASÃO: LÍDERES FALAM PARA TRANSFORMAR E NÃO APENAS INFORMAR
(At 26.1-29)
Em uma de suas falas públicas mais instigantes, Paulo quis atingir
o rei Agripa. Quando você estiver lendo este capítulo, tente sentir a
estratégia de Paulo. Paulo acreditava que a melhor defesa seria uma boa forma
de atacar e rapidamente converter o rei Agripa. Observe como este líder tentou
convencer seu ouvinte:
1. Ele apareceu tranquilo, embora usasse gestos bem animados (v.
I);
2. Ele, humildemente, agradeceu ao rei lhe ter concedido a palavra
(v. 2);
3. Ele reconheceu o conhecimento e habilidade do rei (v. 3);
4. Ele admitiu que sua vida era um livro aberto (v. 4);
5. Ele lhe recordou que sua vida passada era conhecida deles (v.
5-8);
6. Ele identificou que a oposição que ele enfrentava estava
relacionada à nova vida que ele tinha assumido (vs. 9-11);
7. Ele usou uma narrativa para defender a mudança de sua vida (vs.
12-18);
8. Ele descreveu que seus motivos eram puros e edificantes (vs.
18);
9. Ele admitiu que estava obedecendo a uma visão divina (vs.
19-20);
10. Ele expôs que a causa de seu sofrimento era por causa de sua
obediência a DEUS (v. 21);
11. Ele mostrou como DEUS lhe foi favorável durante sua vida (v.
22);
12. Ele afirmou que estava pregando as palavras das Escrituras (vs.
22-23);
13. Ele os desafiou com fatos verificáveis e racionais (v. 25);
14. Ele admitiu que o rei conhecia esses fatos (v. 26);
15. Ele confrontou diretamente o rei com uma questão (v. 27);
16. Ele pediu a eles que obedecessem a DEUS (v. 29).
VISÃO: A VISÃO DE PAULO O GUIOU PARA A VITÓRIA
(At 26.12-29)
A visão de Paulo no caminho de Damasco tornou-se a força que o
mantinha cativo ao seu sucesso O apóstolo nos ensina sobre o poder de uma visão
A visão que DEUS deu a Paulo realizou uma série de coisas:
I . Ela o parou (vs. 12-15).
A visão nos permite que vejamos a nós mesmos Nós vemos coisas não
como elas são, mas como nós somos.
2. Ela o enviou (vs. 16-18).
A visão nos permite ver os outros. Ela nos compele a agir.
3. Ela o fortaleceu (vs. 20-23).
A visão nos capacita a prosseguirmos apesar das lutas e de nossa
falta de recursos.
4. Ela lhe deu maior alcance (vs. 24-29).
A visão lhe deu poder para ficar em pé, confiança para falar e
compaixão para dividir.
5. Ela o satisfez (v. 19).
A obediência a essa visão motivou Paulo a agir Isso o satisfez.
A LEI DE E. F. HUTTON: UM ACOMPANHANTE ASSUME O COMANDO
(At 27.1-44)
Como era um acompanhante em um navio-prisão virtual, Paulo, de
início, não teve influência
(At 27.11). Ao final da viagem, contudo, todos o estavam ouvindo,
inclusive o centurião. Veja como foi que esse líder conseguiu ser influente:
1. Ele conquistou a confiança (v. 3).
Júlio havia dado privilégios especiais a Paulo, percebendo sua
probidade.
2. Ele tomou a iniciativa (vs. 9-10).
Mesmo sem permissão ou posição, Paulo tomou a dianteira e agiu.
3. Ele possuía boa opinião (v. 10).
A fala de Paulo revelava sabedoria e experiência.
4. Ele falava com autoridade e credibilidade (v. 21).
Sem constrangimento, Paulo falava para a tripulação que ele tinha
tido razão antes.
5. Ele era otimista e confiante (vs. 22-24).
Paulo falava cara a cara.
6. Ele deu encorajamento (v. 25).
Paulo deu esperança de sobrevivência e salvação.
7. Ele era honesto (v. 26).
Paulo falou com ternura à tripulação que eles deveriam enfrentar o
problema.
8. Ele não se comprometeu em absoluto (vs. 27-32).
Paulo não quis jamais se afastar das instruções de DEUS.
9. Ele não perdeu seu foco (vs. 33-34).
Ele pôs seu foco em seus objetivos e não nos obstáculos.
10 . Ele liderou por meio do exemplo (vs. 35-38).
Paulo liderou ao dar um modelo de atitude correta.
11. Ele, finalmente, obteve sucesso (vs. 39-44).
Paulo, em consequência, realizava aquilo que ele se determinava a
fazer.
A LEI DA BASE SÓLIDA: PAULO CONQUISTOU O DIREITO DE SER OUVIDO
(At 28.3-6)
Como Paulo permaneceu vivo depois que uma cobra o havia picado, os
moradores daquela ilha o proclamaram um deus (At 28.6). A credibilidade vem em
uma dessas maneiras: alguém pode lhe emprestar a sua ou você pode conquistá-la
da vida que você leva. As pessoas dão credibilidade aos líderes que concluem
seu trabalho.
________________________________________
Comentário Esperança
Atos 26:1-7
– O DISCURSO DE PAULO PERANTE FESTO E AGRIPA- Atos 26.1-32
1 – A seguir, Agripa, dirigindo-se a Paulo, disse: É permitido que
uses da palavra em tua defesa. Então, Paulo, estendendo a mão, passou a
defender-se nestes termos:
2 – Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, pelo privilégio de, hoje, na
tua presença, poder produzir a minha defesa de todas as acusações feitas contra
mim pelos judeus;
3 – mormente porque és versado em todos os costumes e questões que
há entre os judeus; por isso, eu te peço que me ouças com paciência.
4 – Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o
princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a conhecem;
5 – pois, na verdade, eu era conhecido deles desde o princípio, se
assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa
da nossa religião.
6 – E, agora, estou sendo julgado por causa da esperança da
promessa que por DEUS foi feita a nossos pais,
7 – a qual as nossas doze tribos, servindo a DEUS fervorosamente de
noite e de dia, almejam alcançar; é no tocante a esta esperança, ó rei, que eu
sou acusado pelos judeus.
8 – Por que se julga incrível entre vós que DEUS ressuscite os
mortos?
9 – Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas deviam eu
praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno;
10 – e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização
dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra
estes dava o meu voto, quando os matavam.
11 – Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia.
Agripa não responde pessoalmente ao discurso de abertura do
governador. Por meio dela considera-se transformado em dirigente da reunião,
cortesmente concedendo a palavra a Paulo. Consequentemente, ouvimos, pela
última vez, o apóstolo num grande discurso. É um discurso de defesa, sendo
também expressamente designado como tal por Lucas. No entanto, ele se torna um
ataque evangelístico pessoal ao rei, porém igualmente aos ouvintes dessa hora
singular.
2/3 Novamente Paulo inicia o discurso com uma captatio
benevolentiae, como corresponde à natureza da questão e se esperava claramente
na arte retórica. Contudo também nesse ponto sua palavra não é artificial, mas
objetivamente acertada. Paulo pode se justificar perante um homem do judaísmo
que não está perplexo como Félix ou Festo diante “dos costumes e questões que
há entre os judeus”, mas que os conhece, e que apesar disso não está de antemão
fechado contra sua palavra através do ódio, como os sumo sacerdotes e anciãos.
Paulo sabe apreciar essa feliz conjuntura. Aqui ele pode falar com insistência
e, não obstante, contar com ser “ouvido com paciência”.
4/5 Sua justificativa não reside em determinadas opiniões, não em
provas fundamentais e correlações lógicas, mas reside única e exclusivamente em
sua história.546 Por isso ela é relatada mais uma vez, assim como Israel não se
cansava de recordar sua história com DEUS. Grande peso recai sobre seu rigoroso
passado judaico. Tarso já nem é mais mencionada. De antemão deve-se evitar
qualquer desconfiança de que Paulo seja um “judeu da diáspora”, para quem seria
relativamente fácil renegar a fé. Foi isso que ele também enfatizou no
retrospecto de Fp 3.5: “hebreu de hebreus”, ou seja, um israelita genuíno e
pleno apesar do nascimento em Tarso. Ele poderia trazer muitas testemunhas
desse fato. Contudo, esse passado não representa simplesmente um contraste com
sua atual condição de cristão.547 O verdadeiro fariseu não apenas olhou para a
lei e seu cumprimento rigoroso, mas precisamente desse modo visava o futuro, a
vinda do Messias. Nisso Paulo continuou sendo um “fariseu” é nisso que via o
ponto em comum.
6/7 Nesse sentido, com máxima seriedade, todo o serviço de Paulo
tem como base “a esperança da promessa que por DEUS foi feita a nossos pais, a
qual as nossas doze tribos, servindo548 (a DEUS) fervorosamente de noite e de
dia, almejam alcançar”. Sem dúvida havia nesse “serviço para DEUS”, que visa
aproximar a vinda do Messias, todo o “desconhecimento” da “justiça própria”
diante de DEUS. Contudo, apesar de toda a clareza e contundência do julgamento,
também em Rm 10.2s Paulo teve de falar com respeito pessoal desse “zelo” por
DEUS. Por que não haveria de enfatizar outra vez, naquela hora diante do rei de
seu povo, o que o ligava a Israel e ao grupo fariseu em Israel? “Os dons e a
vocação de DEUS são irrevogáveis” (Rm 11.29). A incredulidade de Israel não consegue
anular a fidelidade de DEUS (Rm 3.3). As promessas emitidas a nossos pais
continuam em vigor. Essa sempre foi a convicção de Paulo, que lhe confere agora
uma formulação especial pelo fato de que, apesar das dez tribos do reino do
Norte, desaparecidas no exílio, continuam sendo “nossas doze tribos”. É capaz
de afirmá-lo honestamente, sem qualquer diplomacia inautêntica: “É por causa
desta esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus.”
8 No entanto, parece que o rei fez um gesto de desaprovação ou pelo
menos de dúvida. “Paulo, não estás querendo afirmar que estás sendo odiado e
acusado pelos judeus por ser um fariseu rigoroso e sustentar a esperança
messiânica de Israel!” “Não, meu rei”, respondeu Paulo, “mas porque anuncio o
verdadeiro cumprimento da esperança de Israel pela ressurreição de JESUS dentre
os mortos!549 Para mim ela se transformou, de mero dogma e expectativa incerta,
em atualidade viva pelo agir de DEUS. Isso, porém, as pessoas não querem
ouvir!” Afinal, por que não? “Por que se julga incrível entre vós que DEUS
ressuscite os mortos?”
9 Paulo fala a partir da mesma situação em que também hoje muitos
crentes ainda prestam seu testemunho: simplesmente não conseguem conceber
porque as pessoas rejeitam a preciosa e libertadora mensagem de JESUS – e no
passado elas mesmas fizeram parte dos que a rejeitaram energicamente! É por
isso que Paulo está lembrando precisamente agora: “De minha parte, eu tinha na
verdade julgado que deveria combater por todos os meios o nome de JESUS, o
nazareno” [TEB]. Em parte alguma ele descreve sua atividade de perseguição de
forma tão radical e concreta.
10/11 Não fala apenas de aprisionamentos, como em At 8.3 e 9.2, mas
também de sentenças de morte, para as quais “dava seu voto” favorável.550 Sim,
agora ele revela suas recordações mais graves: “Muitas vezes, os castiguei por
todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar.” Com que sentimentos ele pode
ter suportado pessoalmente os cinco flagelos nas sinagogas (2Co 11.24),
lembrando-se das pessoas que amavam a JESUS e que ele tentava forçar pelos
açoites a blasfemar contra o precioso nome de JESUS!551 Paulo fornece um dado
especial também a respeito da extensão de sua luta contra a igreja de JESUS:
“E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estrangeiras os
perseguia.” De acordo com a narrativa de At 8 e 9, poderíamos ter a impressão
de que Paulo escolheu Damasco como primeira localidade estrangeira após sua
atividade em Jerusalém. Na verdade, isso seria estranho e inverossímil. Agora
somos informados de que Paulo ampliou cada vez mais a área em que exercia a
perseguição.
RESUMOS DAS LIÇÕES - CPAD -
https://www.cpad.com.br/revista-licoes-biblicas-aluno-4-tri-950004/p
O Apóstolo Paulo: Lições da Vida e Ministério do Apóstolo dos
Gentios para a Igreja de CRISTO
Subsídios das lições deste trimestre foi escrito por Marcelo
Oliveira, chefe do Setor de Educação Cristã; bacharel em Teologia, licenciado
em Letras; pós-graduado em Educação, Gestão e Docência.
Lição 1 - O Mundo do Apóstolo Paulo
Neste trimestre, estudaremos a vida e o ministério do apóstolo
Paulo. O mundo em que viveu, os processos pelos quais passou, os oponentes
contra a sua mensagem que enfrentou, enfim, as diferentes circunstâncias na
vida do apóstolo configuram uma série de lições edificantes para a nossa
caminhada cristã. Temas como perseguição, conversão, vocação, poder no
ESPÍRITO, plantação de igrejas, discipulado, liderança, dentre outros, serão
objetos de nosso estudo. Nesse sentido, ao longo deste quarto trimestre, temos
a oportunidade de aprender com o apóstolo dos gentios.
O assunto desta primeira lição é sobre o mundo em que o apóstolo
viveu. Temos como objetivo geral refletir sobre como o mundo de hoje pode ser
uma porta aberta para a pregação do Evangelho. Para atingir esse objetivo,
estudaremos o mundo do apóstolo Paulo no Império Romano, na cultura grega e na
religião judaica.
Resumo da lição
A respeito do império romano, estudaremos seu desdobramento
político e geográfico. Esse desdobramento impactou o ministério do apóstolo.
Por meio da “pax romana”, um ambiente de relativa paz no império, de suas
malhas viárias e seus meios de transportes, o apóstolo teve uma boa
oportunidade para realizar suas diversas viagens missionárias.
A respeito da cultura grega, o grego koinê mostrou-se relevante na
difusão dos escritos apostólicos, além de a filosofia grega abrir oportunidades
para novos pensamentos e ideias. Esse fenômeno linguístico e cultural trouxe
grandes oportunidades para o ministério do apóstolo no mundo gentílico.
A respeito da religião judaica, o apóstolo era perito em seus
ensinamentos. A religião judaica também influenciava determinadas áreas do
império por meio das sinagogas. A moral judaica como fruto da Lei de Moisés
trouxe grande contribuição ao ministério do apóstolo. Esse contexto ajudou na
comunicação do Evangelho pelo ministério do apóstolo.
Aplicação
É muito importante que façamos o seguinte exercício reflexivo: a
exemplo do apóstolo Paulo, devemos conscientizar-nos do que há no mundo hoje
que seja possível ser útil para a propagação do Evangelho. Às vezes a nossa
profissão pode abrir a porta do Evangelho. Uma viagem pode abrir a porta do
Evangelho. O uso de uma tecnologia ou de uma arte pode abrir a porta do
Evangelho.
Lição 2 - Saulo de Tarso, o Perseguidor
Nesta lição, estudaremos sobre as características que constituíam a
personalidade persecutória de Saulo. O nosso objetivo geral com este estudo é
conscientizar os irmãos de nossas classes acerca do problema da perseguição
religiosa que milhares de cristãos espalhados pelo mundo sofrem. A perseguição
aos cristãos é um problema neste século e, infelizmente, por causa de
pensamento ideológico ou por puro preconceito, é solenemente ignorada pela ONU,
pela imprensa internacional e, principalmente, pelas organizações de Direitos
Humanos espalhadas pelo globo.
Resumo da lição
Para fazer essa conscientização, estudaremos as características
persecutórias de Saulo no primeiro tópico. Ali, há traços na personalidade de
Saulo que mostram como ele perseguia os cristãos. Primeiro, blasfemava contra
eles, insultando-os como heréticos do judaísmo. Segundo lugar, ele os perseguia
nas casas, nas praças, intentando sempre a envergonhá-los. Terceiro, os oprimia
com violência, açoites, sem qualquer respeito ao ser humano que professava a fé
cristã.
Um segundo objetivo específico é mostrar no segundo tópico a
perseguição à igreja de Atos por meio de um caráter mais amplo e sistemático.
Ora, a igreja não era perseguida apenas por um indivíduo, mas também por uma
religião (o judaísmo), sob o auspício de um império (o romano). Nesse sentido,
por trás de Saulo, havia o mecanismo da religião oficial e do poder imperial.
E, finalmente, o último objetivo específico é mostrar como esse
sistema religioso e político operava contra a igreja. Havia ali prisões
deliberadas e corroboradas pelo império romano. Havia açoites oficiais,
confabulações entre a religião oficial com o império romano. Toda a estrutura
religiosa e estatal estava a disposição para perseguir a igreja que nascia e
crescia em Jerusalém.
Aplicação
Busque informações especializadas acerca da realidade persecutória
da igreja contemporânea. O site da Missão Portas Abertas é um dos que tem
credibilidade em dados. É uma das maiores instituições de apoio à igreja
perseguida no mundo.
Converse com alunos a respeito de milhares de cristãos vivendo a
mesma realidade concreta dos crentes em Atos dos Apóstolos. Eles são
perseguidos pela religião oficial do país em que estão, bem como pelo poder
político.
Lição 3 - A Conversão de Saulo de Tarso
Na lição desta semana, falaremos sobre a maravilhosa graça de DEUS
na vida de Saulo, o perseguidor, e, ao mesmo tempo, sua resposta em
arrependimento e fé ao Senhor JESUS. O nosso objetivo nesta lição é asseverar
que o nosso Senhor nos salva pela graça mediante a fé, mas, ao mesmo tempo,
devemos responder a esse chamado com arrependimento e fé. Assim ocorre a
verdadeira conversão, o novo nascimento.
Resumo da lição
O primeiro tópico apresenta a conversão de Saulo como um ato da
graça de DEUS. Ali, percebemos que a iniciativa de se revelar a Saulo foi do
nosso Senhor. Ele se revelou ao futuro apóstolo. Saulo viu o Senhor ressurreto
por meio de uma experiência sobrenatural.
O segundo tópico relaciona a conversão de Saulo a doutrina bíblica
da conversão, mostrando que a obra de conversão no ser humano começa no
arrependimento e perpassa uma vida de transformação. Arrepender-se é a condição
básica para a verdadeira conversão.
O terceiro tópico elenca três faculdades interiores do ser humano
que são afetadas com a verdadeira conversão: intelecto, emoção e vontade. A
verdadeira conversão faz com que o ser humano todo seja regenerado, então, ele
pode agora pensar, desejar e fazer o que é do alto.
Aplicação
Este estudo nos mostra que a verdadeira conversão traz uma nova
maneira de pensar, sentir e agir. Vivemos num tempo de profunda confusão
existencial. Pessoas pensam uma coisa, desejam outra e fazem outra coisa
completamente diferente do que pensam e desejam. A conversão bíblica harmoniza
coração do crente. Agora é possível pensar nas coisas do céu, desejá-las e
executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). Assim, somos celestialmente coerentes, pois
pensamos, sentimos e agimos segundo o ESPÍRITO SANTO que habita em nós.
Num contexto de confusão espiritual, a presente lição destaca a
importância de cada seguidor de JESUS apresentar uma coerência existencial como
resultado de uma verdadeira conversão. Isso implica crente que não têm dúvidas
a quem pertencem. Essa convicção exige uma atitude destemida de viver o
Evangelho de maneira clara, coerente e profunda. Nós pertencemos ao Senhor, não
há como voltar ao antigo modo de vida. A única alternativa que a Palavra de
DEUS nos dá é avançar, seguir em frente. Jamais retroceder. Portanto, não
retroceda. Avance!
Lição 4 - Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
A lição desta semana tem como tema a vocação. Nela, através da vida
e do ministério do apóstolo Paulo, perceberemos como DEUS vocaciona pessoas
para a sua obra. Por isso, estudaremos sobre o ponto de partida para a vocação
de Paulo; a efetivação da vocação do apóstolo Paulo por meio do seu encontro
com o CRISTO Ressurreto; e o aprendizado de Paulo no deserto para exercer a sua
vocação.
Resumo da lição
O primeiro tópico salienta que a presciência divina e a pessoa do
ESPÍRITO SANTO são o ponto de partida para a vocação do apóstolo Paulo. DEUS o
chamou para uma grande obra para viver na plenitude do ESPÍRITO. A vocação de
Paulo tinha sido gestada em DEUS e confirmada no ESPÍRITO SANTO como agente
impulsionador do apóstolo.
O segundo tópico enfatiza a experiência gloriosa do apóstolo com o
CRISTO Ressurreto que fundamentou sua vocação apostólica. Paulo viu o esplendor
glorioso do CRISTO Ressurreto por meio de uma experiência sobrenatural que
mudou completamente sua vida e ministério. Essa experiência gloriosa mudou
definitivamente a vida do apóstolo.
O terceiro tópico relaciona a vocação de Paulo com o aprendizado no
deserto. Este aperfeiçoou a vocação do apóstolo em que sua vida foi
tremendamente trabalhada por DEUS para fazer a obra divina. As lições do
deserto confrontaram as convicções de Paulo e o prepararam para a sua mais nova
etapa de vida. O apóstolo foi forjado pelo ESPÍRITO SANTO.
Aplicação
A presente lição nos ensina que a vocação de DEUS traz experiências
profundas. Muitas vezes o ESPÍRITO SANTO usará circunstâncias em nossas vidas
para nos ensinar a respeito de coisas que servirão lá na frente para nos trazer
esperança com base na experiência. É preciso aprender com as lições do
“deserto” da vida ministerial. Os desafios são muitos. Os obstáculos são
grandes. Todavia, o aprendizado é muito maior para nos tornarmos maduros na fé.
Por isso devemos aproveitar as lições dos “desertos” que enfrentamos.
É tempo de confiar inteiramente em DEUS e em sua soberania. Quando
Ele nos chama, faz com que a nossa vida seja conduzida sempre em direção ao
nosso chamado. Muitas vezes não nos damos conta disso. Entretanto, é DEUS
trabalhando em nosso favor e nos levando ao centro de sua vontade. Que sejamos
sensíveis à voz do ESPÍRITO SANTO. Ouçamos o Senhor!
Lição 5 - “JESUS CRISTO, e Este Crucificado” – A Mensagem do
Apóstolo
O objetivo desta lição é ressaltar o centro da mensagem cristã:
JESUS, e este crucificado. O apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO
Ressurreto e, como consequência, fez de sua missão de vida pregar o Evangelho
por meio do Crucificado aos gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da
mensagem apostólica. Logo, a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter
esse mesmo propósito e firme compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para desenvolver o propósito da lição, o primeiro tópico destaca a
centralidade da pregação de Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com
o CRISTO Crucificado, por isso ela é considerada loucura da pregação entre
judeus e gentios. É uma mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para
si mesmo e peça misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo tópico elenca as expressões-chave na pregação de Paulo.
Expressões como “Evangelho de CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO
Ressurreto” são trabalhadas de modo a resumir o conteúdo da mensagem do
apóstolo dos gentios. Podemos dizer que o Evangelho de CRISTO pode ser
sintetizado no “CRISTO Crucificado” e no “CRISTO Ressurreto”.
O terceiro tópico pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses
efeitos se revelam no crente por meio de uma vida no poder de DEUS, na
humildade e na dependência do ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma
mensagem de poder. A mensagem da cruz nos constrange a viver de maneira
humilde. E, finalmente, a mensagem da cruz nos ensina a depender exclusivamente
do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente lição nos ensina que não podemos deixar de pregar
mensagem da cruz ao pecador. É uma mensagem de poder. Somos instados pelo
ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a
viver de maneira humilde, pois a mensagem da cruz nos constrange a uma atitude
singela e abnegada.
É uma mensagem que nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente,
somos estimulados a viver na dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da
proclamação do Evangelho. Sem o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da cruz nos faz depender menos de nós mesmos e mais do
ESPÍRITO SANTO. Essa mensagem traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos,
portanto, a mensagem da cruz e a proclamemos até a morte!
Lição 6 - Paulo no Poder do ESPÍRITO
O ponto mais importante desta lição é que o aluno, após estudá-la,
esteja consciente a respeito da necessidade de viver na plenitude do ESPÍRITO
para fazer a obra de DEUS. Nesse sentido, os demais tópicos colaborarão para
que o aluno tenha essa consciência. Não podemos deixar de reconhecer que é a
dependência do ESPÍRITO SANTO que garante a eficácia da evangelização e o
crescimento saudável da Igreja de CRISTO.
Resumo da lição
O primeiro tópico da lição procura expor a verdade de que CRISTO
deve ser pregado no poder do ESPÍRITO. No ministério de Paulo, observamos o
quanto o apóstolo era movido pelo ESPÍRITO SANTO. Todo o seu caminho percorrido
na exposição da Palavra de DEUS tinha o ESPÍRITO SANTO como agente confirmador
e sustentador. Pelo ESPÍRITO, Paulo não tinha outra missão, senão, a de pregar
CRISTO JESUS no poder do alto.
O segundo tópico tem como objetivo identificar o argumento de Paulo
sobre a plenitude do ESPÍRITO. O que o apóstolo quer dizer com essa expressão?
Para isso, o texto bíblico (At 18) mostra como Paulo agiu para que Apolo fosse
doutrinado acerca do ESPÍRITO SANTO. Apolo era um pregador habilidoso, mas não
havia experimentado ainda o poder do ESPÍRITO. Ou seja, além de nascer de novo,
o seguidor de JESUS pode e deve ter uma experiência sobrenatural por intermédio
do Batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência das línguas estranhas.
Terceiro tópico apresenta as fontes de Paulo para a experiência no
ESPÍRITO SANTO. Em primeiro lugar, sem dúvida, eram as Escrituras Sagradas.
Embora a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade não aparecesse de maneira clara
no Antigo Testamento, era possível percebê-la e confirmá-la com a revelação em
CRISTO JESUS que o apóstolo acabara de tomar contato. Em segundo, a experiência
do Pentecostes foi algo marcante que chegou ao apóstolo, embora este não
estivesse participado daquele evento.
Aplicação
Assim, fica claro que o Batismo no ESPÍRITO SANTO é uma capacitação
indispensável para a eficiência da obra de DEUS e o melhor exercício de uma
vocação. É preciso que os vocacionados se encham do ESPÍRITO SANTO para fazer a
obra de DEUS com poder. Um poder que vem do alto, que vem de DEUS. Deixe claro
que não é vontade divina viver uma vida espiritual sem experimentar uma
dimensão mais profunda do ESPÍRITO SANTO.
Lição 7 - Paulo, o Plantador de Igrejas
A Igreja de CRISTO tem a sua dimensão visível na igreja local. Para
se estabelecer uma igreja local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que
tiveram uma experiência com CRISTO, para plantar igrejas. Nesse sentido, a
lição desta semana tem como propósito motivar a igreja local, especificamente
pessoas vocacionadas, a plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu
porque houve crentes dispostos que ouviram a voz do ESPÍRITO SANTO para abrir
suas casas como um ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a esse propósito, o tópico primeiro mostra que o
apóstolo Paulo foi um desbravador do Evangelho sob uma gloriosa obrigação de
pregar o Evangelho de CRISTO. Não há dúvidas de que o apóstolo foi o grande
desbravador do Evangelho no mundo gentílico. Ele plantou igrejas em lugares que
pessoas nunca haviam tido contato com o nome de JESUS. Essa disposição era
vista pelo apóstolo como uma gloriosa obrigação a ser cumprida. E ele a cumpriu
com alegria.
O tópico segundo procura sinalizar Antioquia como um lugar
estratégico para o crescimento da Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja
missionária. Dela, muitas outras igrejas foram geradas no Reino de DEUS. Isso
lembra muito o crescimento das igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma
igreja numa determinada localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram
gestadas no país. Uma igreja referência cumpre uma função estratégica para
plantar novas igrejas. Ela desempenha esse papel formando, capacitando e
enviando novos obreiros.
O terceiro tópico procura pontuar as características de um
plantador de igreja. Uma dessas primeiras características está na motivação do
plantador. No ministério de Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de
sua experiência gloriosa com CRISTO. Essa experiência faz com que o plantador
de igrejas tenha um senso de urgência no mundo a respeito da evangelização.
Além, claro, de esse plantador ser experimentado nos obstáculos da caminhada e
perseverar na plantação de igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos ensina que é preciso ter experiência com CRISTO.
Quem tem essa experiência verdadeira tem tudo para buscar a vocação
missionária. É preciso também ser compromissado com a Palavra de DEUS, a
Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e prática da igreja local.
Lição 8 - Paulo, o Discipulador de Vidas
Pregar e ensinar são uma missão integral da Igreja de CRISTO. É
necessário pregar o Evangelho, mas também é preciso formar pessoas segundo o
Evangelho de nosso Senhor. Para isso existe o discipulado cristão. O ministério
de Paulo nos ensina que, ao plantar igrejas, o apóstolo procurava sempre as
confirmar, ou seja, averiguar conforme elas estavam progredindo na fé em
CRISTO.
Resumo da lição
O objetivo geral da lição é revelar a missão integral da igreja no
discipulado: pregar e ensinar. Para isso, o primeiro tópico relaciona o
ministério do apóstolo Paulo com o discipulado cristão. Nele, o discipulado
aparece como ordem do Senhor JESUS na Grande Comissão (Mt 28.19,20). Assim, o
apóstolo observou essa ordenança com fidelidade à medida que pregava o
Evangelho e discipulava os nascidos de novo. Seu método era simples: pregação,
plantação de igrejas e formação dos novos crentes.
O segundo tópico salienta a integralidade da missão da Igreja:
pregar e ensinar. Em Paulo, vemos que a pregação é o ponto de partida. Já o
discipulado é o processo formativo a partir das minúcias do Evangelho. Assim, a
Palavra de DEUS deixa claro que a igreja local deve ser um local de pregação
com autoridade do Evangelho e, ao mesmo tempo, uma agência que ensina a Bíblia
de maneira sistemática e didática a todo crente. Pregar e ensinar: eis a nobre
e integral missão da Igreja de CRISTO.
O terceiro tópico pondera a respeito do discipulado com pessoas de
culturas diferentes. O ministério de Paulo enfrentou o desafio de ensinar
pessoas de diferentes culturas. Por exemplo, a Carta aos Romanos mostra que o
público-alvo era constituído de judeus e gentios cristãos. Por isso, no
capítulo 14 da carta, o apóstolo trabalha a ideia da tolerância em que esses
grupos devem praticar entre eles. O desafio era cuidar da unidade no que era
essencial. O processo do discipulado nos traz desafios em que o choque de
culturas aparecerá inevitavelmente. Isso aconteceu em Romanos, aos coríntios,
aos tessalonicenses. O discipulado cristão traz desafios culturais.
Aplicação
É necessário capacitar pessoas para exercer com zelo e piedade o
discipulado cristão. Enfrentemos o desafio de chamar os pecadores e,
posteriormente, formá-los segundo o Evangelho que apresentamos. Estejamos
prontos para o desafio de comunicar o Evangelho aos outros.
Lição 9 - Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
Além de pregar, plantar igrejas, formar discípulos, o apóstolo dos
gentios se dedicava ao máximo aos novos obreiros. É tocante como ele trata
obreiros novos, como Timóteo e Tito, em suas cartas pastorais. O ESPÍRITO SANTO
inspirou o apóstolo a registrar em cartas tal preocupação para que essa também
fosse a preocupação das lideranças contemporâneas. Formar novas lideranças e
cuidá-las são responsabilidades das lideranças mais antigas. A vida e o
ministério de Paulo nos mostram que esse zelo é um aspecto importante de uma
liderança sábia.
Resumo da lição
Neste propósito, o primeiro tópico aponta a cidade de Éfeso como
ponto de partida dos vocacionados. A história da Igreja mostra que dali grandes
obreiros se desenvolveram na seara do mestre. A despedida carinhosa de Paulo
com os anciões de Éfeso mostra o quanto esse cuidado paulino era reconhecido
entre os efésios. Não por acaso, a igreja de Éfeso ficou conhecida como a
igreja que se destacava no zelo doutrinário. Ou seja, seus obreiros eram muito
bem formados.
Com o objetivo de assinalar o legado doutrinário de Paulo para os
novos líderes, o segundo tópico destaca advertência de Paulo a respeito dos
judaizantes e dos gnósticos em relação à saúde espiritual da igreja. O apóstolo
expôs ao longo de seu ministério o quanto era incompatível com a mensagem pura
do Evangelho os ensinos dos judaizantes e dos gnósticos. O legado de Paulo nos
mostra que salvação é mediante a graça de DEUS (advertência contra os
judaizantes), mas que essa graça não pode ser banalizada nem profanada
(advertência contra os gnósticos).
O terceiro tópico apela aos líderes a respeito do desprendimento
material do obreiro para fazer a obra de DEUS, sobre o cuidado pessoal do
obreiro e quanto às ameaças dos “lobos cruéis”. A vida e o ministério do
apóstolo dos gentios ensinam esse modo virtuoso de agir na obra de DEUS. É
preciso aprender a estar satisfeito com o que DEUS nos dá; precisamos nos
apresentar a DEUS aprovados; é nosso dever agir com prudência em relação aos
falsos obreiros.
Aplicação
Há muitos entre nós que se sentem vocacionados por DEUS para uma
obra. O ministério de Paulo nos ensina que a igreja local, por meio de seus
líderes mais maduros, deve cuidar dessas novas vocações com zelo e cuidado. Não
se pode deixar essa chama se apagar.
Lição 10 - Paulo e seu Amor pela Igreja
Algo que se destaca com clareza no ministério de Paulo é o seu amor
pela Igreja de CRISTO. Podemos dizer que todo o seu ministério foi desenvolvido
sob o prisma do amor pela Noiva de CRISTO. Por isso, na lição desta semana,
nosso objetivo principal é compreender e estimular os alunos a amar a Igreja de
CRISTO. A relevância desta se lição está no contexto atual em que se tornou
muito comum, e de maneira mórbida, criticar a igreja. Assim, nosso objetivo é
olhar de maneira positiva sobre a importância da igreja local.
Resumo da lição
Para atingir esse objetivo, o primeiro tópico é um estímulo a amar
a igreja local. Ele destaca o amor de Paulo pela Igreja. Nesse tópico, o
apóstolo compara o seu amor pela Igreja como o de um pai para com o seu filho.
Suas admoestações, exortações e conselhos tinham como base fundamental o amor.
Um amor motivado pela causa do Evangelho. Um amor que norteava toda a vida do
apóstolo. Esse amor era visível na igreja em Tessalônica e, da mesma forma que
esse amor era visível na igreja do primeiro século, pode ser visível na igreja
contemporânea.
O segundo tópico relaciona o amor com a fé na Igreja. Na igreja em
Tessalônica a fé se relacionava com o amor, ou seja, a fé em CRISTO estimulava
a vivência no amor. Uma das coisas mais extraordinária na vida cristã é quando
o fervor espiritual estimula o amor fraternal, isto é, o desenvolvimento do
fruto do ESPÍRITO que só pode ser amadurecido no relacionamento com o próximo.
Nesse sentido, em Efésios, o apóstolo Paulo nos diz: “Enchei-vos do ESPÍRITO”
(Ef 5.18). Assim, o resultado desse enchimento é visível na dimensão prática do
amor na relação do crente com o cônjuge, com os filhos, com o patrão e com os
funcionários (Ef 5.22 – 6.9).
O terceiro tópico elenca três virtudes visíveis na igreja em
Tessalônica: fé, amor e esperança. A virtude da fé nos fala de nossa devoção ao
Senhor, de nossa fé conforme a sã doutrina entregue pelos antigos. A virtude do
amor diz respeito ao sentimento muito profundo que se manifesta na prática
concreta ao próximo: carinho, atenção, suprir necessidade, cuidado, zelo. E,
finalmente, a terceira virtude é a esperança. Esta é uma “irmã gêmea” da fé.
Quem espera, persevera e, como consequência, tem esperança.
Aplicação
Nesta lição, somos chamados a amar a Igreja e, ao mesmo tempo,
cultivar a fé e a esperança na igreja local.
Lição 11 - O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
O objetivo geral desta semana é asseverar o zelo da Igreja pela Sã
Doutrina. Recebemos uma herança doutrinária dos apóstolos. Estes receberam-na
do próprio Senhor JESUS. Por isso, o nosso desafio é perseverar nesse santo
ensinamento e praticá-lo com todo zelo. Não podemos renunciar ao verdadeiro
Evangelho. Num contexto em que há muitas falsificações, urge estar alertas
quanto à pureza da preciosa doutrina.
Resumo da lição
Para desenvolver esse assunto, o primeiro tópico conceitua e
relaciona os termos Ortodoxia e Heterodoxia. No sentido de mostrar o que
queremos dizer com “zelo doutrinário”, é importante conhecer o que é ortodoxo e
heterodoxo. Assim, ortodoxo é todo ensinamento que está de acordo com o que
JESUS CRISTO ensinou e os apóstolos transmitiram aos novos seguidores de
CRISTO. E heterodoxo é todo ensino que escapa a ordem e o contexto do que JESUS
e seus apóstolos ensinaram.
O segundo tópico adverte para o perigo da corrupção doutrinária. Ou
seja, qualquer ensino que escapa ao que JESUS e os apóstolos ensinaram. Na
época apostólica, ensinamentos espúrios ameaçavam as igrejas locais. Filosofias
pagãs eram disseminadas com vestimentas de ensinamento cristão. O apóstolo
Paulo advertiu sobre isso em suas cartas, mostrando que a igreja local deve ter
cautela e prudência, rejeitando sempre qualquer ensinamento que manche a pureza
do santo Evangelho.
Finalmente, o terceiro tópico apresenta a Igreja como a guardiã da
Sã Doutrina por excelência. Assim, o Senhor levantou ministros, pessoas
chamadas para zelar pela Palavra de DEUS, bem como sua inerrância e
suficiência, a fim de que o povo de DEUS seja edificado de maneira saudável.
Logo, a Igreja de CRISTO deve exercer o seu papel de “coluna e firmeza da
verdade”.
Aplicação
A lição nos ensina que há uma doutrina verdadeira, legada pelo
Senhor JESUS CRISTO e seus apóstolos. É a nossa herança de fé. É um legado que
não podemos abrir mão. É preciso mergulhar nesse legado.
A lição também adverte que há um perigo real de corrupção
doutrinária. Muitos, infelizmente, dividiram igrejas por causa de modismos e
vãos ensinamentos. É preciso não ignorar o perigo de um falso ensinamento.
Finalmente, como Igreja de CRISTO, que é “coluna e firmeza da verdade”, devemos
perseverar na Sã Doutrina. Aquela doutrina legada pelo Senhor e seus apóstolos.
Lição 12 - A Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Ter coragem diante da morte. A Bíblia também nos ensina a respeito
de como o crente deve lidar com a morte. Por isso, a lição desta semana é uma
oportunidade de conscientizar a classe sobre ter coragem diante da morte a
partir da vida no ESPÍRITO e da esperança cristã. Quando a nossa consciência
tem uma imagem vívida da bendita esperança, somos motivados a perseverar diante
do sofrimento, conforme as palavras do salmista: “Ainda que eu andasse pelo
vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua
vara e o teu cajado me consolam” (Sl 23.4).
Resumo da lição
Para conscientizar a classe acerca desse importante ensinamento, o
primeiro tópico mostra a consciência de Paulo quanto a padecer por CRISTO. A
narrativa bíblica de Atos 21 apresenta a reação do apóstolo diante de uma
profecia que afirmava que ele seria entregue nas mãos dos gentios (At 21.11). A
resposta de Paulo revela a sua consciência profunda a respeito da esperança
cristã: “[...] Estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em
Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS” (At 21.13). O ESPÍRITO SANTO enchia o
apóstolo da esperança em CRISTO para que ele fizesse o caminho voluntário do
martírio.
O tópico segundo aponta essa coragem apostólica para enfrentar as
ameaças de morte. Ele revela que o ESPÍRITO SANTO era a fonte de sua coragem
para morrer pela causa do Evangelho. Como estudamos em lições anteriores, o
ESPÍRITO SANTO impulsionava o ministério apostólico de Paulo. Ele enchia o
apóstolo e falava-lhe ao coração para fazer a vontade divina, mesmo que isso
significasse correr riscos fatais pela causa do Evangelho.
O terceiro tópico destaca as acusações e prisões de Paulo no
Templo. Essas acusações mentirosas implicaram a prisão do apóstolo. Entretanto,
mesmo preso, o apóstolo foi muito produtivo na causa do Evangelho. Muitas de
suas cartas foram escritas na prisão. O ministério de Paulo mostra-nos uma das
verdades mais consoladora e encorajadora da fé cristã: quem vive na liberdade
do ESPÍRITO, ainda que esteja fisicamente preso, continua experimentando a
verdadeira liberdade em CRISTO.
Aplicação
O ESPÍRITO SANTO por meio da bendita esperança cristã nos encoraja
e nos enche de confiança quanto ao padecimento por amor à causa de CRISTO. O
ESPÍRITO faz isso por nós e em nós. Vivamos no ESPÍRITO! Tenhamos esperança!
Lição 13 - A Gloriosa Esperança do Apóstolo
Chegamos ao final de mais um trimestre. Esta última lição coroa o
estudo sobre a vida e o ministério do apóstolo Paulo. A Palavra de DEUS mostra
que o apóstolo cultivava a esperança cristã em sua vida e que ela cumpriu um
papel importante diante de circunstâncias das mais difíceis na vida do
apóstolo. Nesse sentido, com base na esperança apostólica, esta última lição
tem como objetivo enfatizar a gloriosa esperança dos cristãos.
Resumo da lição
O primeiro tópico ressalta a consciência de Paulo diante de morte.
Uma das coisas mais importantes na caminhada cristã é estar consciente diante
do enfrentamento que se trava. O apóstolo estava preso e estava consciente de
que a sua saída da cela era para a morte. Mas o que enchia o apóstolo de
esperança era a herança espiritual que lhe esperava. O apóstolo já estava
completamente desapegado da Terra, seu alvo era apenas ser participante da
glória celestial que breve estaria diante dele.
O segundo tópico apresenta a doutrina bíblica de Paulo sobre a
volta do Senhor. O tópico mostra que a volta de CRISTO se dará em duas fases: a
primeira, visível somente aos santos do Senhor; a segunda, visível a todos os
homens. A primeira fase é o Arrebatamento da Igreja e a segunda é vinda
gloriosa e triunfal do Senhor JESUS com sua Noiva.
O terceiro tópico expõe sobre os tempos e estações até a volta do
Senhor. Esse tópico ressalta que não cabe a nós adivinhar os tempos e as
estações de que todas essas coisas acontecerão. O precisamos cultivar é uma
vida no ESPÍRITO, com vigilância, aguardando que o Senhor venha a qualquer
momento.
Aplicação
Com Paulo aprendemos que a esperança cristã lida com a morte de uma
maneira concreta. A morte existe e não podemos evitá-la. Entretanto, é possível
enfrentá-la de maneira gloriosa e sublime, pois a morte não é o fim, mas o
início de uma nova etapa da vida cristã. Devemos nos preparar para essa etapa
da vida cristã: o Arrebatamento da Igreja. Essa preparação envolve vigilância
espiritual, santidade na vida e cultivo da verdadeira esperança. Nossos olhos
devem estar voltados para esse grande acontecimento.
O nosso objetivo, portanto, não é adivinhar o dia e a hora da vinda
do Senhor, mas viver a vida cristã na dimensão do ESPÍRITO SANTO e na dimensão
do porvir. Nosso Senhor breve virá!
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-2-saulo-de-tarso-o.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-2-saulo-de-tarso-o-perseguidor-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
Vídeo desta Lição https://www.youtube.com/watch?v=SJ3_EPof0ek
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 8.1-3; 22.4,5; 26.9-11
Atos 8
1 - E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se,
naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e
todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2 - E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande
pranto. 3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando
homens e mulheres, os encerrava na prisão.
Atos 22
4 - Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em
prisões, tanto homens como mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é
testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os
irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali
estivessem, a fim de que fossem castigados.
Atos 26
9 - Bem tinha eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno,
devia eu praticar muitos atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo
recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas
prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E,
castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E,
enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
BEP - CPAD –
8.1 UMA GRANDE PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da
primeira perseguição em grande escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1),
perseguição essa intensa e severa. Homens e mulheres eram encerrados na prisão
(v. 3) e açoitados (At 22.19), e muitos foram mortos (At 22.20; 26.10,11).
DEUS, porém, transformou essa perseguição em início da grande obra missionária
da igreja (v. 4).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Elencar as características persecutórias de Saulo;
Expor a respeito da perseguição contra a igreja em Atos;
Esclarecer a respeito de um sistema contra a Igreja.
PONTO CENTRAL - No mundo de hoje há perseguição contra os cristãos.
Resumo da Lição 2, Saulo de Tarso, o Perseguidor
I – SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL
1. Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1
Tm 1.13).
2. As ameaças de Saulo de Tarso.
3. Por que Saulo perseguia os cristãos?
II – A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO
1. Contra os seguidores de JESUS.
2. Saulo de Tarso e Estevão.
3. Uma intolerância religiosa e política contra a igreja atual.
III – QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
1. Como era a perseguição contra os primeiros discípulos?
2. Perseguição, tortura e método.
3. Perseguição aos pentecostais.
INTRODUÇÃO
VEREMOS NESTA LIÇÃO SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL, que
se descreve a si mesmo como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13),
faz ameaças aos cristãos e os persegue por zelo religioso.
A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO é contra os seguidores de
JESUS e o próprio JESUS. Saulo de Tarso assiste e apoia o julgamento e o
apedrejamento de Estevão (Atos 7) que se defende e pede a JESUS que não os
julgue e condene e ainda tem uma visão celestial quando morre. Hoje, ainda
vemos uma intolerância religiosa e política contra a igreja.
Paulo via a si mesmo como perseguidor (1Co 15.9; Gl 1.13; Atos 22.4; Atos 26.9-11).
CRISTO o viu como perseguidor (Atos 26.14). O povo de Damasco o viu como
perseguidor (Atos 9.13,14; 21). Os discípulos de Jerusalém o viram como
perseguidor (Atos 9.26).
QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
A perseguição contra os primeiros discípulos foi ferrenha e
orquestrada por Saulo. A perseguição, tortura e método eram meticulosamente
estudadas e colocadas em prática como atualmente.
A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para
perseguir os discípulos de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da
lei (Atos 26.10). Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos
religiosos (Atos 9.1,2; 26.11).
Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica (Atos
26.10, 11; 1Tm 1.13. Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física (1Co
15.9; Gl 1.13; Atos 9.2,4,21; 22.5; 26.9; 1Tm 1.13). Em quinto lugar Ele
manietava os crentes (Atos 9.21; 22.5). Em sexto lugar Ele encerrava os crentes
em prisões (Atos 9.2; 22.4; 19). Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes (Atos
22.5; 19; 26.11). Em oitavo Ele matava os crentes (Atos 22.20; 26.10).
A perseguição aos pentecostais continua por parte não só de
"igrejas" como dos sistemas religiosos e políticos, principalmente,
islamismo e comunismo (incluindo aqui o socialismo, que é a iniciação ao
comunismo).
Paulo era judeu por Nascimento, era grego porque Tarso era cidade
que antes pertencia ao império grego e cidadão romano, pois o império Romano
assim decretou todos que ali nasceram, pois muitos tribunos, generais romanos e
políticos romanos ali fizeram morada.
O nome Saulo é proveniente da transliteração grega do nome hebraico
Shaul, que é Saulos.
Em Latim é Paullus e em português Paulo.
Seu nome não foi mudado por DEUS.
παυλος - Saulus - Paulos - Paullus
Paulo = “pequeno ou menor”
Paulo era o mais famoso dos apóstolos e escreveu boa parte do NT,
as 14 epístolas paulinas (incluindo Hebreus)
Paulo era Fariseu - Dicionário Bíblico Wycliffe
Acredita-se que o termo fariseu deriva do verbo hebraico parask,
isto é, “dividir ou separar”. Portanto, os fariseus eram “o povo separado”.
Porém, tanto a origem desse grupo judeu como do nome que recebeu ainda são
incertos. A “separação” da qual o nome está falando poderia referir-se a uma
separação geral das impurezas ou do mundo, ou poderia estar ligada a alguma
situação histórica em particular. Por exemplo, os fariseus poderiam ter surgido
como a expressão de uma rígida abstenção dos costumes pagãos na época de Esdras
e de Neemias (ç.u.), ou da recusa de adotar costumes gregos mesmo sob a ameaça
de morte na época de Antíoco Epifânio (q.v.), ou da ruptura que aconteceu em
165 a.C, após a reconquista do Templo, entre os macabeus (q.v) e os “piedosos”
ou Chasidim, que estavam dispostos a lutar pela liberdade religiosa, mas não
pela independência política. Todas essas possibilidades foram levantadas como
teorias, e todas podem ser consideradas como a personificação de alguns
aspectos do espírito farisaico; mas as evidências não são conclusivas para
nenhuma delas.
A primeira referência aos fariseus, como um grupo existente em
Israel, foi feita durante o reinado de João Hircano (135-104 a.C.). De acordo
com Josefo, nessa época eles exerciam grande influência junto às massas.
Hircano foi um de seus discípulos, mas por causa de desentendimentos ele
separou-se e juntou-se aos saduceus (Ant. xiii.10. 5. f.). Em uma observação
repleta de presságios, Josefo acrescenta: “Por causa disso, naturalmente,
cresceu o ódio das massas por ele e seus filhos” (ibid). Consta, também, que
Hircano deixou de observar certos “regulamentos” que os fariseus haviam
estabelecido para o povo. Josefo explica que “os fariseus haviam transmitido ao
povo certos regulamentos (nomima) herdados das gerações anteriores, mas que não
haviam sido registrados na lei de Moisés (ttonwi) ׳, por essa razão eles foram rejeitados pelo
grupo saduceu” (10. xiii.6).
Esse relato serve para realçar o principal fator que existe em
qualquer definição do farisaísmo - o conceito da tradição, de uma contínua
expansão da lei oral. Ele também indica que, na época de Hircano, o farisaísmo
já era um florescente movimento com grande influência sobre a população. Além
disso, a referência à transmissão de regulamentos que haviam sido herdados das
gerações anteriores sugere alguma continuidade com o passado. Portanto, aqueles
que têm procurado acompanhai os fariseus desde os Chasidim, que lutaram ao lado
de Judas Macabeu, até a nova dedicação do Templo (1 Mac 2.42ss.; 7.13ss.; 2 Mac
14.6) podem ter chegado muito próximo da verdade. Embora algumas de suas
características tenham raízes que se estendem até tempos remotos, o farÍ8aísmo que
conhecemos a partir de fontes disponíveis parece ter se originado como uma
resposta judaica ao desafio da cultura grega no início do segundo século a.C.
Em uma época bastante posterior, quando o farisaísmo já havia se
tornado a expressão normativa do judaísmo, os hiatos históricos foram
preenchidos de forma a fazer crer que a lei oral havia sido estabelecida pelo
próprio Moisés, via Josué, os anciãos, os profetas, os homens da Grande
Sinagoga fundada por Esdras, e também por homens como Simeão, o Justo, e
Antígono de Socho (séculos IV e III a.C.) até os “pares” (zugoth) de mestres
investidos de autoridade (por exemplo, Semaías e Abtalion, Hilel e Shammai) e o
rabinos que vieram depois deles (veja o tratado de Mishna, conhecido como
PirkeAboth, capítulo 1), Vale a pena notar que a origem dos “pares” coincide
aproximadamente com o momento em que os fariseus começaram a constar em nossas
fontes. É muito provável que a era dos macabeus tenha marcado o seu verdadeiro
aparecimento, embora eles afirmassem que seus ancestrais espirituais haviam
sido homens como Esdras, que haviam confirmado e explicado a Torá. Eles podem
até ter possuído algumas tradições orais que remontavam até o início da época
posterior ao Exílio.
Depois da ruptura com a casa real hasmoneana, representada por João
Hircano, o destino político dos fariseus sofreu algumas flutuações. Eles
tornaram-se os líderes de uma contínua oposição popular ao seu sucessor,
Alexandre Janeu (10376־ a.C.), de forma que em seu leito de morte,
impressionado pela influência que exerciam sobre as massas, Alexandre insistiu
com sua esposa Salomé Alexandra (76-67 a.C.) que trabalhasse mais próxima deles
(Josefo, Ant. xiii. 15.5.). Os tradicionais regulamentos herdados “dos pais”
foram restabelecidos, e os fariseus tornaram-se o poder por detrás do trono,
livres para vingar as injustiças que acreditavam ter sido feitas contra eles
por Alexandre (ibid., xiii. 16.1; cf. Wars i.5. 2. f.). Na luta pelo poder que
se seguiu à morte de Alexandra, parece que os fariseus se tornaram um terceiro
partido que não apoiava nenhum de seus dois filhos; eles requisitaram aos
romanos que abolissem o reinado judaico (que os sacerdotes haviam usurpado
depois da revolta dos macabeus) e o retomo ao antigo tipo de regulamento
sacerdotal (Ant. xiv. 3.2). Essa expectativa não se realizou, mas os romanos
realmente puseram um ponto final a essa disputa entre facções quando Pompeu
capturou o Templo, invadiu o santuário, exilou um dos filhos de Alexandra e
indicou o outro (Hircano II) como sumo sacerdote e representante do rei. A
independência política, conquistada de maneira tão nobre no século anterior,
foi novamente perdida quando o povo judeu passou a sofrer o domínio romano em
63 a.C.
Os Salmos de Salomão representam a expressão mais refinada da
piedade farisaica pré-cristã. A data da sua autoria corresponde ao período
tumultuado que se seguiu à conquista de Pompeu, pois articulavam a ira piedosa
dos fariseus contra os “pecadores^ de Israel, cujos atos haviam provocado o
terrível castigo de DEUS (isto é, os últimos governantes da casta sacerdotal
dos hasmoneus e os saduceus que os apoiaram), e contra os gentios que haviam
invadido os limites impostos por DEUS sobre eles ao castigar o seu próprio povo
(Salmos de Salomão 2.16-29). O desconhecido autor desses Salmos delineou
claramente a situação (“Nações estrangeiras ascenderam ao teu altar, eles
orgulhosamente pisotearam sobre ele com suas sandálias”, 2.2), e se mostrou
jubiloso com a subsequente morte violenta de Pompeu em 48 a.C. (“DEUS me
mostrou o insolente assassinado nas montanhas do Egito”, 2.30). Os fariseus
encontravam nestes versos a ilustração de um de seus temas clássicos, o
conceito da retribuição; DEUS vingando os *justos” (isto é, os próprios
fariseus) e punindo os “pecadores”. A doutrina de uma futura ressurreição, tão
uniformemente atribuída aos fariseus (cf. At 23.6ss.; Josefo, Ant. XVIII. 1.3ss.
Wars ii.8.
14), é simplesmente o produto da consistente aplicação de seu
princípio da retribuição (cf. Salmos de Salomão 3.16).
A esperança messiânica dos fariseus foi estabelecida de uma forma
bela na última parte do Salmo de Salomão 17. O Senhor “levantará entre eles o
seu rei, o filho de Davi” (17.23) que “destruirá as nações Ímpias com a palavra
de sua boca” (v. 27).
Sobre Davi diziam: “Será um rei justo sobre eles, ensinado por
DEUS, e não haverá injustiças nesses dias em seu meio, pois todos serão santos
e seu rei será o ungido do Senhor” (w. 35ss.). Embora o rei e o reino que os
fariseus estavam buscando fossem terrenos, eles também eram espirituais e não
seriam alcançados “pela confiança no cavalo, no cavaleiro e no arco” (v. 37).
Depois da conquista de Pompeu, os fariseus, em sua maior parte,
tomaram-se politicamente conformados. Embora houvesse alguns zelotes
destacando-se entre eles, os fariseus formavam um grupo que procurava evitar
conflitos com Roma, e somente depois de muita relutância foram finalmente
arrastados para a malograda revolta do ano 70 d.C. Depois da destruição de
Jerusalém, foram os fariseus que se incumbiram de recolher os fragmentos da fé
e da vida judaica e reconstruir o judaísmo que conhecemos por meio dos escritos
dos rabinos. A situação era análoga àquela que havia prevalecido após o exílio
na Babilônia; não havia uma nação judaica e a unidade do povo expressava-se
através da lei, da sinagoga e das boas obras. A esperança escatológica não
estava ligada à atividade revolucionária, mas à intervenção divina, e isso em
seu momento oportuno. Dessa forma, desde o ano 70 d.C. o judaísmo tomou-se o
rebento daquilo que previamente havia sido apenas um grupo entre vários outros
— os fariseus.
Se os Salmos de Salomão mostram o farisaísmo sob o seu melhor
aspecto, o NT mostra o que de pior havia nele. Na época de JESUS, parece que os
fariseus formavam um grupo de laicos (isto é, homens que não eram sacerdotes),
em que alguns de seus membros haviam sido especialmente treinados no estudo das
Escrituras. Havia os escribas, e foi contra estes e contra os fariseus que o
Senhor JESUS dirigiu algumas de suas mais severas denúncias. O Senhor não
contestava categoricamente aquilo que aqueles homens ensinavam na sinagoga: “Na
cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus” (Mt 23.2ss.); seus
ensinos deveriam ser seguidos. Mas eles eram hipócritas porque não viviam de
acordo com seus elevados padrões de justiça. Colocavam sobre o povo um jugo que
eles próprios não estavam dispostos a suportar (Mt 23.4) e faziam uso da
casuística para fugir ao espírito da lei, enquanto exigiam que ela fosse
cumprida à risca (Mt 23.16-22; cf. Mc 7.9-13). Os fariseus gloriavam-se em sua
justiça própria e só faziam boas obras para serem vistos pelos homens (cf. Mt
23.5-12; 6.1-6,16-18; Lc 18.9-14). João Batista havia chamado os fariseus de
“raça de víboras” que se apoiavam de forma complacente sobre a filiação deles à
Abraão (Mt 3.7ss.). O Senhor JESUS confirmou esse veredicto (Mt 23.33)
acrescentando que eram como “sepulcros caiados” (23.27) e filhos, não dos
“profetas e dos justos”, para quem haviam construído túmulos bem elaborados,
mas daqueles que haviam assassinado esses mesmos profetas e homens justos,
desde Abel até Zacarias (23.29-36). Eram “condutores cegos” de outros cegos,
que procuravam encontrar muitos prosélitos, mas na realidade deixavam os homens
fora do Reino dos céus (Mt 15.14; 23.13-15).
Esse pensamento do NT é bem conhecido, mas não devemos nos esquecer
de que naquela ocasião os fariseus eram vistos sob uma luz um pouco mais
favorável (por exemplo, Lc 7.36ss.; 13.3 lss.). Foram atribuídas a Gamaliel
(.q.v.) algumas das boas qualidades que Josefo encontrou nos fariseus -
moderação, renúncia a castigos severos, consciência da soberania divina e da
responsabilidade humana (At 5.33-39; cf. Josefo, Ant. xiii. 5.9; 10.6; Wars
ii.8.14). Paulo tinha sido um fariseu antes de sua conversão e aparentemente
considerava esse grupo como a mais elevada expressão da “justiça que há na lei”
(Fp 3.4-6; cf. Gl 1.14). Também não devemos nos esquecer de que mesmo
sendo denunciados por JESUS, os fariseus eram capazes de pesquisar e de fazer
uma rigorosa autocrítica. O Talmude descreve, de forma jocosa, sete classes de
fariseus. Entre eles existiam os “fariseus de ombro” que levavam as suas boas
obras em seus ombros, para que pudessem ser vistos pelos homens; os “fariseus
pilão”, cuja cabeça era curvada como o pilão em um almofariz como um sinal de
falsa humildade. Porém, existiam aqueles que verdadeiramente amavam a DEUS, e
que eram como Abraão (veja, por exemplo, Ber. 9,14b; Sot. 5,20c; Sot. 22b,
explicados de forma muito conveniente na obra de C. G. Montefiore e H. Loewe A
Rabbinic Anthology, p. 1385).
Uma definição do farisaísmo poderia começar insistindo que ele era
legal, mas não literal. Era uma religião que “construiu uma cerca em volta da
lei” (Pirke Aboth 1.1), selecionando os regulamentos legais do AT, muitos dos
quais eram dirigidos aos sacerdotes levitas e tornando-os relevantes e
aplicáveis a cada judeu. Isso foi feito através de seu sistema de interpretação
oral da tradição. Eles levaram a lei ao alcance de cada homem, de forma que em
um sentido diferente de Martinho Lutero, o farisaísmo representou o *sacerdócio
do crente”. Para o fariseu sincero, a lei não representava uma “letra morta”,
como havia sido explicada e interpretada pelos escribas, mas a sua própria
vida.
Então, por que o Senhor JESUS denunciou o farisaísmo? Em parte por
causa da hipocrisia de alguns de seus representantes, que “diziam, mas não
praticavam” (Mt 23.3), e em parte porque o farisaísmo, em sua honesta tentativa
de adaptar a eterna lei de DEUS às mutáveis condições humanas, havia
comprometido a justa e absoluta exigência divina (Mt 15.3). Ao aplicarem a si
mesmos e a seus seguidores certos deveres exteriores, eles haviam realmente
dado uma forma mais fácil à justiça, um objetivo que seria alcançável através
de uma certa obediência, para que quando esses atos fossem realizados os
fariseus pudessem pensar que haviam feito tudo o que deles era exigido. Contra
essa atitude, JESUS disse que mesmo quando tais exigências tivessem sido
cumpridas, o servo de DEUS ainda não poderia permanecer seguro. A exigência
ética ainda estava presente; ele ainda seria um “servo inútil” (Lc 17.10).
Portanto, JESUS disse aos seus discípulos: “Se a vossa justiça não exceder a
dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20).
J. R. M. - Dicionário Bíblico Wycliffe
PAULO - Visão Geral - Dicionário Bíblico Wycliffe
Os estudos modernos sobre Paulo mais uma vez enfatizam a presença
da sua “judaicidade”. Esta impressão fica clara em várias nuances do seu
ambiente cultural. Alguns
escritores - como W. D. Davies, Paul and Rabbinic Judaism (1948); J, Munck,
Paul and the Salvatíon of Mankind (1959); H. J. Schoeps, Paul. The Theology of
the Apostle in the Light of Jewish Religious History (1961); e R. N.
Longeneeker, Paul. Apostle of Liberty (1964) - contribuíram para
os trabalhos eruditos, e acabaram por estabelecer esta tese para o presente. (A
situação até 1960 foi brevemente pesquisada em E. E. Ellis, Paul and His Recent
Interpreters).
O próprio testemunho de Paulo, certamente, aponta para esta
direção. Um israelita circuncidado da tribo de Benjamin, que falava a língua
aramaica em sua casa, herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador
das exigências da Torá, e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos,
era o primeiro e o mais proeminente entre OS judeus (Fp 3.5,6; Gl 1.14). Estas
qualidades estavam tão enraizadas na sua alma, que até mesmo quase no final de
sua vida, ele falaria com um honesto apreço daquela herança. Mais de 20 anos
depois de sua conversão cristã, ele dizia: “Eu sou fariseu, filho de fariseu!
No tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!” (At 23.6). Mesmo
depois desta afirmação, ele declarou: “Sirvo ao DEUS de nossos pais, crendo tudo
quanto está escrito na Lei e nos Profetas” (At 24.14).
Contudo, ele era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso da
Cilícia, um lugar que não era insignificante (At 21.39), Quando criança viveu
no meio da cultura grega, um lugar de educação e comércio. “Era a cidade cujas
instituições reuniam melhor e mais completamente, o caráter oriental e
ocidental” (Ramsay, Cities, p. 88).
Tal ambiente provavelmente acarretou alguns problemas para um
judeu. Primeiro, ele seria membro de uma minoria, e até certo ponto, um grupo
desprezado. Sua lealdade obstinada às idéias da sua religião incitaria o povo
de Tarso aos insultps (cf. Schonfield, The Jew of Tarsus, p. 33). E fácil
admitir que a defesa altamente desenvolvida de Paulo, tão evidente nas
epistolas, teve suas raízes nestes dias. Segundo um judeu seria confrontado com
o problema do relacionamento social com os gentios. Entre os judeus,
principalmente os fariseus eram sensíveis, embora não necessariamente hostis a
tais contatos. Toda esta área de sua vida tão enfatizada nas cartas, deve ter
sido, eventual mente, pensada por Paulo com muito cuidado. E é mérito seu ter
desenvolvido um espírito de parentesco com estes ״estranhos'’. Ele aprendeu a entendê- los a ponto de poder dizer:
“Fiz-me tudo para todos” (1 Co 9.22).
A ideia que se tem, é que Paulo teve uma vida bastante comum neste
ambiente, até pelo menos sua adolescência antes de ir para Jerusalém e ser
educado por Gamaliel (At 22.3). Mas nos últimos anos, esta conjectura levou um
sério golpe segundo o estudo cuidadoso de Unnik, Tarsus or Jerusalém. The City
of PauTs Youth (1962). De acordo com este trabalho, a tríade das palavras: (1)
“nascido”, (2) “criado” e (3) "instruído” (At 22.3) era uma ordem
literária única (veja também Atos 7.20- 22i, indicando que enquanto o lugar de
nascimento de Paulo foi Tarso, sua criação, tanto em casa como na escola, foi
em Jerusalém. Sustentando esta conclusão com muitas evidências vindas da
literatura antiga, van Unnik arrisca a hipótese de que a mudança de Tarso
“ocorreu bem cedo na vida de Paulo, aparentemente antes que ele começasse a
espiar pela fechadura e, certamente, antes de perambular pelas ruas” (p. 54).
Será que tudo isso significa que Paulo teve poucas oportunidades de
realmente aprender do mundo grego em que nasceu? De modo algum; isto significa
que algumas atitudes básicas em relação à vida ficaram, bem cedo, impregnadas
em sua mente. Depois de sua conversão, Paulo passou um período de 8 a 10 anos
na Síria e Cilícia (veja Gl 1.21—2.1; cf. At 9.30) enquanto adulto, e assim
tornou-se profundamente consciente da cultura do mundo em que vivia. Estes
foram anos de preparação para aquele ministério em que ficou conhecido como o
“apóstolo dos gentios”.
Além destes aspectos da sua vida, um outro está enfatizado
diretamente em Atos, e está implícito nas epístolas. Ele era um cidadão romano
(At 16.37-39; 22.25-28), e esta foi uma posse premiada, porque se estimava que
um a dois terços da população do império romano era da classe dos escravos e,
portanto, sem cidadania romana. Paulo reconheceu o valor de ambas as
cidadanias, a de Tarso (At 21.39) e a romana (At 22.2528־). É interessante notar a
diferença na estimativa destas respectivas cidadanias aos olhos do capitão
romano Cláudio Lísias. A primeira apenas estabeleceu o fato de que Paulo não
era um egípcio (At 21.38); a segunda lhe deu uma imunidade aos açoites.
Paulo aparentemente herdou sua cidadania romana de seu pai: “Eu na
verdade nasci (um cidadão)”. O pai do apóstolo deve ter recebido sua cidadania
por ter prestado algum serviço relevante ao governo romano. Alguns dos
privilégios contidos nesta cidadania eram: (1) a garantia do julgamento
(perante César, se exigido, cf. Atos 25.11) nos casos de acusação; (2)
imunidade legal dos açoites antes da condenação (ao contrário do caso do Senhor
JESUS, Mt 27.24-26); e (3) imunidade em relação à crucificação, a pior forma de
pena de morte, no caso de condenação.
Nestas epístolas, Paulo não só defendeu fortemente a manutenção da
lei e da ordem (o fundamento do governo romano), mas também se referiu
frequentemente à cidadania. Os crentes em CRISTO já não são “estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos” (Ef
2,19). Sua cidadania era do céu (Fp 3.20). A palavra aparece novamente em
Filipenses 1,27, e poderia ser literalmente traduzida da seguinte forma:
“Cumpram suas obrigações como cidadãos” (Lightfoot). Tal ênfase era
particularmente significativa aos destinatários da carta aos filipenses, porque
a cidade era uma colônia romana (At 16.12); e eles, sem dúvida, lembravam-se de
que Paulo havia ali apelado para sua cidadania romana.
Conversão
Em sua carta aos Gálatas, Paulo referiu-se a seu modo de vida
anterior no judaísmo, e como “sobremaneira perseguia a Igreja de DEUS e a
assolava” (Gl 1.13). Naquela hora ele acreditava que ao seguir aquele caminho,
estava servindo a DEUS e mantendo a pureza da lei. A passagem em Gaiatas 1.15
não mostra nenhuma indicação de ter havido um intervalo neste esforço de
agradar a DEUS durante a época da sua conversão. E em Filipenses 3.6 ele
mostrava sua “perfeição quanto à justiça que há na lei”.
Enquanto as narrativas em Atos, assim como as notas nas cartas,
parecem indicar sua “súbita” conversão, alguns argumentam que certas
experiências devem tê-lo preparado previamente. Seu consentimento na morte de
Estêvão (At 7.58-8.1), e o fervor da sua campanha de casa em casa contra
aqueles do Caminho (At 8.3; 9.1,2; 22.4; 26.10,11) dificilmente não o
afetariam; sua furiosa jornada em direção a Damasco representou o clímax dos
seus esforços.
De qualquer modo, há dois elementos na história que são claros: (1)
Paulo estava convencido de que tinha visto o Senhor ressurrecto; e, (2) Sua
vida foi radicalmente mudada daquele dia em diante. A base da sua afirmação
para o apostolado reside naquela experiência. Mais uma vez ele insiste nisso
(veja 1 Co 9.1; 15.8-15; Gal 1.15-17; cf At 9.3-8; 22.6-11; 26.12-18). Visto
que ele não era um dos doze discípulos, e não tinha nem um chamado do Senhor
JESUS, e tinha perseguido seus seguidores, a necessidade da revelação pessoal
de CRISTO para Paulo parece visível.
LUTANDO CONTRA DEUS - A VIDA E OS TEMPOS DO APÓSTOLO PAULO - A
Vida E Os Tempos Do Apostolo Paulo Charles Ferguson Ball
Crescimento Contínuo da Igreja Perseguida
Quanto mais os líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais
atiçavam-lhe a chama. A ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a
segurança que antes não existiam. Todos os anseios de Israel, profecias,
sacrifícios e esperanças foram cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a
sua maior oportunidade, rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para
milhões de cristãos, estava apenas brotando no coração dos judeus.
Com a pregação do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira
vez, o cumprimento de suas esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos
foram reconduzidos ao Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem
de não pregar. Pedro colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa,
proclamou de novo a ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do
Conselho pela sua morte.
Ofendidos com tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos.
Finalmente poderiam acabar com aquela seita, silenciando-lhe os principais
pregadores e líderes. Com calma e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que
instruíra a Saulo de Tarso, advertiu o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora
DEUS levantara profetas que, embora rejeitados pelo povo, haviam cumprido
fielmente a sua missão. Aconselhou-os, pois, a soltarem os discípulos. Se a
mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o Sinédrio poderia destruí-la; e se
não o fosse, a seita desapareceria como tantas outras no passado. Sua conclusão
foi tão amorosa quanto sábia. Após açoitar os discípulos, o Conselho os deixou
ir com uma advertência.
À medida que a Igreja crescia e a perseguição aumentava, também se
elevava o número de necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não
lhes sobrava tempo para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim
de terem mais tempo para a oração, pregação e o ensino (doutrina), indicaram
sete diáconos para atender aos pobres. Esse foi o início da organização do
ministério eclesiástico. DEUS abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a
para fortalecer o seu povo.
O Ódio do mundo
Como nunca foi popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de
JESUS passaram a ser odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de
seus empregos e tinham dificuldade em garantir o seu sustento. Como sempre
houvesse necessitados, agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem
mutuamente. Naqueles primeiros dias, o amor e o desprendimento eram tão reais,
que muitos vendiam seus bens e traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de
socorrer os menos afortunados. Barnabé se destacou como lado positivo e Ananias
e Safira como lado negativo, neste tão importante negócio.
Ondas de ódio e perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns
membros eram tão fracos em suas convicções que, pensando apenas na segurança e
conforto pessoais, voltaram para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu
sólida como as rochas em dias de tempestade.
Cada vez que o braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava
outros heróis para levar adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a
Igreja, mandou que se degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinguido
para sempre o trabalho do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em
Atos, encerra-se com esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor
crescia e se multiplicava" (At 12.24).
Quanto maior a perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas
vezes, os cristãos tiveram de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam.
Quando algum pregador era preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor
sempre lhes ouvia as orações, abençoava o seu povo, e usava as dificuldades
para fortalecer a Igreja (como o caso da
prisão de Pedro e sua soltura milagrosa).
O Cristianismo, contudo, não ficou restrito a Jerusalém. Os que
ouviram a pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império
Romano. E levaram as boas novas do Evangelho aonde quer que fossem.
LUTANDO CONTRA DEUS
Quando ainda estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre
JESUS. Algumas eram fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se
quando transmitidas oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido
as festas em Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua
volta, Saulo e os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de
Nazaré, e ficaram enfurecidos com a ideia de que alguém havia tido a coragem de
profanar os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal
homem não tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos.
Todavia, todos que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de
tanta sabedoria - nem mesmo os grandes rabinos.
Ficou evidente para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter
acusado os doutores da Lei, opondo-se às suas regras. Ouvira dizer também que
JESUS ensinava o povo a desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumultos
nas sinagogas que todo o verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de
Israel.
Quando chegaram as notícias de que JESUS fora preso, julgado e
crucificado, todos agradeceram a DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado.
Ficava provado, pois, que Ele não passava de mais um falso messias, que tudo
fizera para conturbar a religião judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram
a crucificação de JESUS. Não podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia
chamado de víboras e hipócritas.
Saulo não se considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu
melhor e obedecer a todas as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa
era a única maneira de se agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga
ordem merecia morrer. Foi com um grande alívio que os principais da sinagoga de
Tarso ouviram que JESUS fora finalmente tirado do caminho, e os seus
ensinamentos interrompidos de vez. Segundo diziam, a justiça divina havia sido
feita. Imagina quantos bullying's Arimatéia e Nicodemus suportaram!
Sua indignação, porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que
os seguidores do Nazareno não haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos
grupos para adorar a JESUS, declarando ter Ele ressurgido dos mortos.
Resolveram então fazer o possível para lutar contra a perigosa seita. Notícias
chegadas de Jerusalém davam conta de que alguns fariseus haviam deixado a
verdade e se juntado aos nazarenos. Membros da seita podiam ser encontrados
também pregando abertamente nos pátios do Templo e nas sinagogas, convencendo a
todos de que JESUS era o Messias. E milhares criam neles. Isso tornara-se uma
grande ameaça, pois até alguns sacerdotes estavam abandonando a velha ordem
para seguir a JESUS. De igual modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade,
conversando com o povo em suas casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
Saulo sentia raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus
líderes haviam sido apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado
abertamente no Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se
complacente e até recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se
irritado com Gamaliel. Como poderiam manter pura a religião de Israel se
permitisse que qualquer um alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os
seguidores de JESUS mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para
sempre tal ameaça. Se o Messias havia chegado, por que Roma continuava a
escravizá-los?
A Perseguição dos Nazarenos
Com tais pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar
a Jerusalém. Estava tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a
seita dos nazarenos. Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola,
ofereceu seus préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se
opusessem ao Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome se
tornou o terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e
cruel. Com a sua eloquência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no
Templo. Rápido em suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais.
Lançou homens e mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira
e tão pronto para esmagar os seguidores de JESUS, que se achava disposto a
extirpar de dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao
Senhor. Com essas idéias fervilhando-lhe na mente e com o olhar brilhante de um
fanático, decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos.
Estêvão Confunde Saulo
Um dos sete escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se
dos pobres era Estevão, o mais capaz e ativo dos diáconos. Grandes sinais e
pródigos se realizavam através de Estêvão. Ele não nascera em Jerusalém e até
recebera um nome grego. Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles.
As suas palavras eram irresistíveis e cativantes como as de JESUS. Em suas
prédicas, afirmava que a salvação era obtida por meio de JESUS, o Messias, e
não pela obediência à Lei de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas
onde os judeus de diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma
para outra, pregando o Evangelho e discutindo com os líderes.
A sinagoga alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações
de Cirene e da Cilícia conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra
ele, pois Estêvão persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em JESUS.
É provável que tenha sido na sinagoga da Cilícia que Saulo tenha
encontrado Estêvão pela primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo
assim, pôde sentir quão atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão
achava-se possuído de um zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino.
Quando Estêvão falou da ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que
essa esperança era a doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os
saduceus quem mais se opunham a esta crença.
Saulo desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a
questão da ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse
homem. Mas ele falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes
estabelecidos pelos rabinos. Era, portanto, necessário silenciar-lhe a voz.
O jovem fariseu confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado
ao descobrir que, apesar de todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os
argumentos de Estêvão. Seu orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era
um ódio cada vez maior. Achava-se, pois, decidido a se lhe opuser com todas as
forças. Foi então de sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de
JESUS se encontravam em toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os
nazarenos deviam ser silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus
ensinos eram contrários à Lei. E quando diziam que JESUS era o CRISTO,
blasfemavam contra DEUS. Mas percebeu que até os analfabetos da seita sabiam
citar as Escrituras, e conheciam a história judia tanto quanto ele.
Como Estêvão parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos,
decidiu persegui-lo e expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de
Moisés, ou dissesse que o Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado
como blasfemo! Onde quer que fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal
advertência. Estava cansado dos enganadores que desviavam o povo da Lei. E
sendo Estêvão um dos piores agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande
serviço a DEUS livrando-se dele.
Quanto mais pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia,
tanto mais agitado ficava. Sua raiva transformou-se finalmente em claro
preconceito - não podia mais discutir com aquelas pessoas baseado nas
Escrituras. Seu único desejo era exterminá-las. Por acaso não foi exatamente
isto que DEUS ordenara a Saul? (1 Sm 15).
Estêvão Diante do Sinédrio
Quando chegaram as notícias de que Estêvão fora preso e devia agora
comparecer perante o Sinédrio, Saulo sentiu que o líder fora para sempre
silenciado, e que seria apenas uma questão de tempo até que todos os cristãos
fossem apanhados.
Naquele dia, Saulo compareceu à reunião do Sinédrio. Queria estar
lá quando seu oponente chegasse ao tribunal. Ele não era o único; centenas
tinham ido assistir ao interrogatório. Os saduceus achavam-se ali sorrindo
zombeteiramente. Aquele era o dia tão esperado. Os fariseus também compareceram,
juntamente com os sacerdotes, escribas e uma grande multidão que ouvira Estêvão
e admirara-se da sua coragem. Saulo tomou seu lugar, e sorriu enquanto
esperava.
Aquele era o mesmo Conselho que condenara JESUS. Anás e Caifás,
ambos jubilados do sumo sacerdócio, achavam-se presentes. Jônatas, o atual
pontífice, era o presidente do Conselho. Também entre eles encontrava-se
Gamaliel. o sábio e bondoso fariseu. Todos estavam cansados dessas
interferências.
Desde a reunião em que JESUS fora condenado, os membros do Sinédrio
haviam tido problemas com Pedro e João. Não bastasse, a cada dia apareciam
outros; a nova seita mostrava- se incansável em sua blasfema propagação. Embora
houvessem recebido repetidas ordens para que se mantivessem silenciosos em
relação a JESUS, sempre desobedeciam. Aliás, os nazarenos haviam se tornado de
tal forma atrevidos, que chegaram ao cúmulo de acusar o Conselho de haver
matado o Messias.
Agora chegara a vez de Estêvão, o mais ousado de todos.
Quando Estêvão entrou no tribunal, todos os olhares voltaram-se à
sua direção. Algumas cabeças curvaram-se de medo, pois o seu rosto era calmo e
sereno como a face de um anjo. Chamadas as testemunhas, confirmaram terem-no
ouvido falar contra o Templo e os anciãos. Além disso, ensinava a todos que
JESUS era o Messias. Quando lhe deram a oportunidade de responder às acusações,
voltou-se à multidão silenciosa, procurando um rosto amigo. Não encontrando
ninguém, entregou-se à misericórdia do Senhor. E, mostrando uma radiância
celeste em sua fisionomia, pôs-se a falar.
Começando com Abraão, Estêvão referiu-se à história judaica para
mostrar que os homens podiam adorar a DEUS em outros lugares além do Templo.
Ele traçou os caminhos de DEUS com o seu povo desde Abraão até Moisés, e provou
que este profetizara sobre o CRISTO: "O Senhor, vosso DEUS, vos levantará
dentre vossos irmãos um profeta como eu"(At 7.37).
Contou como Moisés recebera a planta do Tabernáculo e como Salomão
construíra o SANTO Templo. Em seguida, citou o profeta Isaías a fim de provar
que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas: "O céu é o
meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o
Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura, não foi, a minha mão que
fez todas estas coisas?" (Is 7.49,50).
Enquanto prosseguia, os ouvintes encaravam-no com ódio sombrio. No
final, chegando ao ponto alto de seu discurso, declarou corajosamente ao
Sinédrio o que vinha dizendo ao povo em cada sinagoga:
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós
sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos
profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente
anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas;
vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes (7.51-53).
Houve um espoucar de vozes no salão, pois as palavras de Estevão
queimavam como fogo e cortavam como afiadas lâminas. Acusações insultuosas!
Desafiadoras! De repente, ele se cala. No terrível silêncio que se segue, sua
fronte ergue-se para o céu e um sorriso emoldura-lhe a face como se houvera
tido uma visão do alto. E Estêvão declara: "Eis que vejo os céus abertos e
o Filho do homem, que está em pé à mão direita de DEUS" (7.56).
Não lhe foi permitido dizer mais nada. Alguns fariseus taparam os
ouvidos para não ouvir outras blasfêmias. Outros tentaram agarrar o
prisioneiro. Estêvão, então, foi rapidamente levado para fora do tribunal antes
que a multidão o linchasse. Nunca tinham ouvido palavras tão atrevidas e
cortantes!
O Apedrejamento de Estêvão
Depois de o prisioneiro ter sido arrastado para fora, o veredicto
foi rapidamente concluído. Na opinião de todos, ele era culpado de morte. A Lei
de Moisés deixava isso bem claro: Aquele que blasfemar o nome do Senhor,
certamente morrerá; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o
natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto (Lv 24.16).
Saulo ficou mui comovido com o julgamento, pois acompanhara cada
palavra de Estêvão. Gloriou-se na história de seu povo e impressionou-se pela
forma como Estêvão a contara. Jamais conhecera alguém com tamanho conhecimento
da Escritura. Pensou ainda nos rabinos e nas suas disputas. Como pareciam
mesquinhos! Considerou sua própria opinião sobre o Messias e o que Gamaliel lhe
ensinara. Enfim, compreendeu que os fariseus, embora cressem na ressurreição,
nunca haviam podido demonstrá-la. Mas ali estava uma demonstração plausível -
se ao menos fosse verdade! E como o rosto de Estêvão irradiava êxtase! Era como
se estivera vivendo num outro mundo. E as suas palavras finais? E se ele
tivesse realmente visto JESUS à mão direita de DEUS?
Não, isso era coisa de fanático. Estevão era um impostor. Aquelas
últimas palavras sobre a hipocrisia dos rabinos eram imperdoáveis. O homem era
um inimigo da Lei Divina. Morte aos inimigos de DEUS! Que seja apedrejado!
Saulo ficou tão convencido de que o julgamento fora justo que estava pronto a
ajudar na execução da sentença. As palavras insultuosas de Estêvão ainda lhe
soavam aos ouvidos.
Cercado pelos guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas
da cidade até um lugar perto dos muros. De repente, o grito: "Morte ao
blasfemo! Morte ao nazareno!" A Lei de Moisés ordenava que a primeira
pedra fosse atirada pelas testemunhas que, despindo-se de seus mantos,
empilharam-nos aos pés de Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as
roupas não fossem roubadas.
Estêvão ajoelhou-se e, ignorando a multidão, orou: "Senhor
JESUS, recebe o meu espírito!" (At 7.59). As pedras foram atiradas,
fazendo-o sangrar mortalmente. Mas antes que sua alma deixasse a morada
terrena, partindo para as mansões celestes, clamou em alta voz: "Senhor,
não lhes imputes este pecado" (At 7.60). Estava tudo acabado. Sua alma já
se encontrava com JESUS.
A Difusão do Cristianismo
Saulo deixa a cena em silêncio. Testemunhara algo que jamais
houvera visto. Não podia negar que ficara grandemente abalado. Ouvira a oração
de Estêvão. Quem jamais orara por seus algozes? O ódio de Saulo era amenizado
por um estranho sentimento de piedade. Mas isso durou apenas alguns segundos.
Ele não permitiria que suas emoções o empolgassem. Estêvão merecia morrer! Sua
execução desanimaria outros, e quem sabe, acabasse de vez com a seita dos
nazarenos. Todavia, os eventos daquele dia ficariam para sempre em sua memória.
Depois da morte de Estêvão, Saulo passou a comandar a perseguição à
Igreja. Ele percebeu que a sua morte não tinha afetado os cristãos. Pelo
contrário: tornara-os mais audaciosos e fortes. Depois de consultar o Sinédrio
e os principais sacerdotes, concluiu que a melhor maneira de acabar com a
ameaça ao Judaísmo seria visitar cada sinagoga, descobrir quem se inclinava a
crer em JESUS e levar os infratores a julgamento.
Tendo em vista seus precedentes, Saulo cumpriu zelosamente a nova
missão. Em breve, tornou-se conhecido em toda a Judéia como o mais feroz
inimigo de CRISTO. Ele caçava os cristãos, atirando-os nas celas e
ordenando-lhes a execução. Sua indignação ardia como fogo, e seu grito soava
amedrontador: "Repudie a fé em JESUS ou morra!"
A perseguição tornou-se tão severa que os cristãos se viram
forçados a deixar seus domicílios. Os de Jerusalém espalharam-se por toda a
Judéia e Samaria. Isso contudo não teve o efeito que Saulo e o Sinédrio
desejavam, pois onde quer que os discípulos fossem, contavam a história de
CRISTO. Em vez de uma grande Igreja em Jerusalém, muitos pequenos grupos de
crentes passaram a reunir-se secretamente nas casas. Os esforços de Saulo só
fizeram com que o fogo se espalhasse e se tornasse inextinguível.
Infelizmente, alguns preferiam abandonar a Igreja a enfrentar a
perseguição e as privações decorrentes desta. Outros foram compelidos a
blasfemar o nome de JESUS.
Muitos seguiram para o norte, em direção a Samaria, onde Paulo não
tinha qualquer jurisdição. Entre estes encontrava-se Filipe, um dos sete
diáconos da igreja de Jerusalém. Colaborador de Estêvão, teve de fugir para
salvar a vida. O povo de Samaria recebeu-o alegremente, pois lembrava-se de
JESUS e de seu ministério entre eles.
Samaria ficava ao norte de Jerusalém. Era habitada por um povo
mestiço, parte dele oriental e a outra parte de origem hebreia. As dez tribos
de Israel habitaram ali, mas os assírios levaram-nas para o cativeiro, deixando
apenas um remanescente na terra. Milhares de estrangeiros contraíram casamentos
mistos com aqueles judeus, resultando numa raça mestiça. Por isso, todo judeu
de sangue puro olhava para os samaritanos com desprezo. Filipe, contudo, pregou
a CRISTO livremente em Samaria, e DEUS abençoou o seu testemunho. Muitos foram
os que se fizeram seguidores do Senhor, porque viam e ouviam os sinais que
Filipe fazia.
Quando os apóstolos ouviram falar que uma grande obra estava sendo
realizada em Samaria, enviaram para lá Pedro e João para ver se era ou não
autêntica. Pois ainda não estavam convencidos de que alguém pudesse ser um
verdadeiro cristão sem primeiro ser judeu. Mas foi justamente ali, naquela
terra odiada, que os apóstolos descobriram que o ESPÍRITO SANTO também estava
sendo derramado sobre os samaritanos, quando lhes impuseram a mãos. Antes de
partirem, Pedro e João pregaram nas aldeias. E assim a igreja em Samaria
cresceu sem que fosse incomodada pela perseguição.
Início da Convicção de Saulo
Saulo enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado
os nazarenos de Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam
espalhando seus ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e
mais. Ele então começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não
baldado ao fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao
dizer que, se a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um
poderoso exército iria detê-la?
Seria realmente uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS?
É certo que fora derrotado na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam
as Escrituras e fizeram-no calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os
perseguidores, pois na hora de sua execução, um estranho poder o possuíra,
impressionando profundamente a Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte
com uma expressão de vitória estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel
acertara: A perseguição só ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação
farisaica e em todas as regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as,
receberia a vida eterna. Mas agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto
aos ensinamentos rabínicos, não seriam suficientes sem a esperança do Messias.
Neste ponto, Saulo surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse
logo.
Tinha certeza de que os nazarenos pregavam um falso messias.
Todavia, tinha a sensação de que o grande e misterioso poder que nEle se achava
viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à
morte, estavam dispostos a morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que
as pessoas defendiam coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a
espada era posta em suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os
seguidores de JESUS se agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa
que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira
continuar a luta. Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a
Damasco, onde, segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por
causa da perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente
a CRISTO nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente
os seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma
tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos
antes, Elieser, o damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela
mesma estrada. Naamã passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas
Saulo não queria pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio.
Planejara caçar os cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem
julgados e condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo
sacerdote aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a
assistência, pois era o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À
sua frente, estendia-se um vale bem irrigado e protegido por densas florestas
com árvores de todo tipo. Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o
álamo. Os vinhedos, nas encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os
viajantes geralmente abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava
no auge de sua força. Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga, todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto
aos nazarenos, ainda se lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por
isso tremiam com a ideia de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava
que famílias seriam separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia,
porém, decidido manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em
direção a ela. As estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia
procurado a sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor.
Apesar de toda aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas
do Templo que o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer
observação.
O pequeno grupo aproximou-se do alto de um monte de onde se podia
ver os prédios rebrilhando ao sol. Segundo o poeta, Damasco era "um
punhado de pérolas numa taça de esmeralda".
Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
Capítulo 02 - Um perseguidor implacável
O zelo sem entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos
crimes hediondos têm sido praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi
diferente. Ele foi um perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência
e força para esmagar os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a
religião de CRISTO (Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o mais severo perseguidor da igreja em seus albores.
Olhando pelo retrovisor, fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a
Timóteo: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e
insolente...” (1Tm 1.13). Ele feria os cristãos com a língua e com os punhos.
Fazia isso com arrogância e soberba. Usava os instrumentos legais e a
truculência física.
Paulo é visto como perseguidor
Ressaltamos, aqui, alguns pontos importantes:
Paulo via a si mesmo como perseguidor. Ao escrever à igreja de
Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e até não era digno de
ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a igreja de DEUS (1Co
15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha: “Porque
ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira
perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Diante do povo de
Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e
metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Diante do rei Agripa,
ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas deviam eu
praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e assim procedi em
Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
CRISTO o viu como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia
para Damasco com o propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de
CRISTO para Jerusalém a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe,
de maneira gloriosa, na estrada de Damasco, perguntando-lhe: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os
aguilhões” (Atos 26.14). Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir
os membros do Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é
perseguir o Noivo. Paulo não estava apenas se levantando contra homens, mas
contra o próprio DEUS. Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina
dos olhos de DEUS.
O povo de Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento
pode levar um homem a fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos.
Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de
muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos
teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais
sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14).
O mesmo aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo
foi imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é
este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para
aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais
sacerdotes?” (Atos 9.21).
Os discípulos de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo
fugiu de Damasco e foi para Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos
discípulos, eles não acreditaram nele. Pensaram que se tratava de mais um
estratagema para perseguir os cristãos. Lucas relata esse fato assim:
“Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos,
porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Paulo é um perseguidor cruel e resistente
Duas descrições metafóricas ilustram a crueldade das perseguições
de Paulo aos cristãos.
Primeiro, ele é visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém
foi duramente perseguida, e muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos
8.1-4). Alguns deles foram para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando
ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco
para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que professavam
o nome de CRISTO (Atos 9.1,2). Ele queria destruir os crentes em
Jerusalém, por isso os caçava por toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém
e ali os exterminar.
Essa expressão “respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma
para descrever uma fera selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma
presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador
(Atos 9.21). Paulo era um monstro celerado, um carrasco impiedoso, um
perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos primitivos.
A expressão “respirando ainda ameaças e morte” era também uma
alusão ao arfar e ao bufar dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal
selvagem do que um homem. Em suas próprias palavras, ele estava
“demasiadamente enfurecido” (Atos 26.11). Nada é mais perigoso do que
o radicalismo religioso sem entendimento. Muitas “guerras santas” já foram
declaradas por causa dessa atitude ensandecida. Milhares de pessoas já
morreram em nome de DEUS para sustentar essa causa inglória. Muito sangue
já foi derramado para satisfazer os caprichos desses religiosos dominados
pelo zelo sem entendimento.
A expressão “respirando ameaças e morte” descreve também uma fera
selvagem saltando sobre a presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem,
uma ameaça concreta para todos aqueles que
confessavam o nome de JESUS. Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu
a religião do Caminho até a morte (Atos 22.4). Estava determinado a
praticar muitas coisas contra o nome de JESUS, o Nazareno (Atos 26.9). Ele
estava determinado a banir da terra o cristianismo. Não podia aceitar que
um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser o Messias prometido
de DEUS. Não podia aceitar que os cristãos anunciassem a ressurreição
daquele que havia sido dependurado numa cruz. Não podia crer que uma
pessoa pregada na cruz e, consequentemente, considerada pecadora e maldita
pudesse ser o Salvador do mundo.
Segundo ele é visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo
sendo perseguido por Paulo, não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo
nome de JESUS, o Nazareno, não anulou o propósito eletivo de DEUS, que
escolheu Paulo antes mesmo de ele nascer e o separou para o ministério.
Paulo mesmo testemunhou esse fato: “Quando, porém, ao que me separou antes de
eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim...”
(Gl 1.15,16). Um touro bravo é amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a
ferroar sua consciência, ao mostrar como aqueles discípulos presos,
torturados e mortos morriam com serenidade. O algoz estava furioso, mas as
vítimas morriam cantando e orando.
Quando Estêvão foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu
sangue, Paulo consentia em sua morte e guardava as vestes daqueles que o
apedrejavam (Atos 22.20). Paulo, porém, recusava-se a ceder mesmo diante
desses aguilhões. Como uma fera selvagem, dirigiu-se a Damasco.
Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu prazer era matar em nome de DEUS
aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS então aparece-lhe em refulgente
glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão e lhe pergunta: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra
os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim, estava no chão, subjugado,
manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do que seu ódio entrou em seu
peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele a quem ele
perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu
coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o
Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).
Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da
lei.
Paulo é um perseguidor violento
A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para
perseguir os discípulos de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.
Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se
de cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em
prisões e matar os cristãos (Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de
legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da lei
religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos
de CRISTO as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que
é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei
permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei
para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que,
despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se
abastecerem e oprimirem o pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas
e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos.
Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos
religiosos.
Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em
Jerusalém, bem como por cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de
jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas
avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria
(Atos 9.1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os
judeus se congregavam para estudar a lei e orar. Ali também os cristãos se
reuniam para adorar CRISTO e cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num
palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de
perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com
isso estar prestando um serviço a DEUS.
Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica.
A perseguição impetrada por essa fera selvagem e por esse boi bravo
não consistia apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os
castigava não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo
testemunha: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26.11). Ele era blasfemo (1Tm 1.13)
e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo
da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as
prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26.10). A tortura psicológica
é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram
esse artifício maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a
tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para
arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que
se quer condenar.
Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física.
Em sua carta aos Coríntios, Paulo diz que perseguiu a igreja de
DEUS (1Co 15.9). Aos crentes da Galácia, seu relato é ainda mais
contundente: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo,
como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13).
Nessa perseguição, usou vários métodos:
Ele caçava os crentes por todas as partes. Paulo era um caçador
implacável (Atos 9.2; 22.5; 26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os
cristãos em Jerusalém; caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora,
escoltado por uma soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da
Síria, para prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos
9.2). Seu propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para
Jerusalém e puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS
havia ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os
cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas
contra CRISTO. Ele testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas
coisas deviam eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9).
Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro
tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO.
Por isso, quando JESUS aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo,
Saulo, por que me persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu,
Senhor?”. E a resposta foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu
persegues” (Atos 9.5).
Diante do sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à
morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). O
povo de Damasco, ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua
conversão, reafirma como Paulo perseguiu de forma implacável os
crentes: “... Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o
nome de JESUS e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos
principais sacerdotes?” (Atos 9.21).
Em quinto lugar Ele manietava os crentes.
Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos
crentes, mas os amarrava e os levava assim aos principais sacerdotes (Atos
9.21). Ele corrobora: “... e ia para Damasco, no propósito de trazer
manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos”
(Atos 22.5).
Em sexto lugar Ele encerrava os crentes em prisões.
O propósito de Paulo em ir a Damasco era descobrir lá alguns
crentes a fim de levá-los presos para Jerusalém (Atos 9.2). Ele diz ao povo de
Jerusalém: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em
cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Depois de sua conversão, quando
DEUS o mandou sair de Jerusalém, Paulo tentou argumentar com DEUS,
dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão [...] os que
criam em ti” (Atos 22.19).
Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes.
Paulo não somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os
castigava fisicamente (Atos 22.5). Ele disse: “... Senhor, eles bem sabem que
eu [...] açoitava os que criam em ti” (Atos 22.19). Diante de Agripa,
Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas,
obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo
por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.11). Paulo era um carrasco,
um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo
ensandecido.
Em oitavo Ele matava os crentes.
Paulo não apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a
sua presa, como também os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e
açoitava, mas também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o
sinédrio deliberava sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo
dava seu voto para que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi
em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes,
encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto,
quando os matavam” (Atos 26.10). Diante da multidão amotinada de
Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão,
tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei
as vestes dos que o matavam” (Atos 22.20).
Atos 8
1 - E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se,
naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e
todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2 - E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande
pranto. 3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando
homens e mulheres, os encerrava na prisão.
A Perseguição Sofrida pela Igreja - Atos 8:1-3 - Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Nestes versículos, temos:
I
Mais informações sobre Estêvão e sua morte. Como as pessoas
reagiram a estes acontecimentos: de diferentes formas, como geralmente se dá em
tais casos, de acordo com os diferentes sentimentos que as pessoas têm das
coisas. Quando JESUS estava prestes a deixar os discípulos, ele lhes disse: Em
verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se
alegrará (Jo 16.20, versão RA). Em conformidade com isto, aqui está: 1. A morte
de Estêvão alegrou muitas pessoas, mas uma em particular: Saulo (v. 1), que
mais tarde foi chamado Paulo. Ele consentiu na morte de Estevão, syneudokon –
ele consentiu nisso com prazer (este é o significado da palavra). Ele ficou
contente com isso. Ele alimentou os olhos com este espetáculo sangrento na
esperança de que acabaria com o crescimento do cristianismo. Temos razões para
deduzir que Paulo ordenou que Lucas inserisse esta informação para sua vergonha
e glória da graça livre. Portanto, ele se confessa culpado do sangue de Estêvão
e o agrava com o dado de que ele não o fez com pesar e relutância, mas com
prazer e muita satisfação, como os que não somente as fazem, mas também aprovam
os que assim procedem (Rm 1.32, versão RA). 2. A morte de Estêvão é pranteada
por uns varões piedosos (v. 2). Alguns eruditos entendem que essa nomenclatura
(varões piedosos) se refere aos prosélitos, entre os quais o próprio Estêvão
provavelmente se encontrava. Ou, pode ser considerada em sentido mais amplo. Os
varões piedosos eram certos membros da igreja que eram mais devotos e zelosos
que os demais. Eles foram recolher o cadáver contundido e abatido de Estevão e
lhe deram um sepultamento decente, provavelmente no Campo de Sangue que há
pouco tempo fora comprado para a sepultura dos estrangeiros (Mt 27.7,8). Eles o
enterraram solenemente e fizeram sobre ele grande pranto. Embora sua morte lhe
fosse muito benéfica e de grande serventia para a igreja, eles o lamentaram
como perda geral. Ele era muito bem qualificado para o serviço e utilíssimo
tanto como diácono quanto como defensor da fé. Quando pessoas desse nível
morrem, é mau sintoma não lhe serem prestados os respeitos devidos. Esses
varões piedosos fizeram as últimas homenagens a Estêvão: (1) Para mostrar que
eles não tinham vergonha da causa pela qual Estêvão sofreu e que também não
estavam com medo dos que se opunham a essa causa. Embora os inimigos tivessem
triunfado, a causa é causa justa e, no fim, será vitoriosa. (2) Para mostrar o
grande valor e estima que acolhiam por Estêvão, fiel servo de JESUS CRISTO, o
primeiro mártir do evangelho, cuja memória para sempre lhes será preciosa,
apesar da infâmia da sua morte. Eles visam a honrar aquele a quem DEUS honrou.
(3) Para testemunhar a crença e esperança que eles tinham da ressurreição dos
mortos e da vida no mundo vindouro.
II
Um relato da perseguição que a igreja sofreu a partir do martírio
de Estêvão. Quando a fúria dos judeus se desencadeou com tamanha violência e
intensidade contra Estêvão, ela não pôde ser rapidamente contida ou exaurida.
As Escrituras dizem que os sanguinários têm sede de sangue, porque quando
provam sangue têm ainda mais sede de sangue. O leitor pensaria que as orações e
consolações de Estêvão na hora da morte teriam comovido os perseguidores,
levando-os a ter uma opinião melhor dos cristãos e do cristianismo; mas isso
não ocorreu. A perseguição continuou, porque ficaram mais exasperados quando
viram que não poderiam sair vitoriosos. E, como se esperassem ser muito
veementes em favor do próprio DEUS, resolveram prosseguir com a perseguição.
Talvez porque ninguém caiu morto por apedrejar Estêvão, o coração tenha ficado
mais firme para fazer o mal. Pode ser também que os discípulos se animaram a
debater com eles ao observarem o testemunho de Estevão, no final da vida. São
possibilidades que os incentivariam a ser fiéis a DEUS nesta grande
perseguição. Observe:
1. Contra quem foi feita esta grande perseguição: contra a igreja
que estava em Jerusalém (v. 1) que, no mesmo instante da sua implantação, foi
perseguida, como JESUS afirmou que surgiriam tribulação e perseguição por causa
da palavra (Mt 13.21). JESUS predissera especificamente que logo Jerusalém
ficaria muito perigosa para os seus seguidores, pois esta cidade era famosa por
matar os profetas e apedrejar os que lhe eram enviados (Mt 23.37). Pelo visto,
nesta grande perseguição, muitos foram mortos, pois Paulo reconhece que nessa
época ele perseguiu este Caminho até à morte (Atos 22.4) e, quando matavam os
cristãos, ele punha seu voto contra eles (Atos 26.10).
2. Quem foi enérgico nesta grande perseguição. Ninguém foi tão
zeloso, tão vigoroso, quanto Saulo (v. 3), o jovem fariseu. Quanto a Saulo (já
mencionado neste texto, e agora, outra vez, como perseguidor notório), ele
assolava a igreja. Ele fez de tudo para prejudicá-la e arruiná-la. Ele não se
importava com o dano que causava aos discípulos de JESUS, e nem mesmo sabia
quando parar. Seu objetivo era não menos que extirpar de Israel o evangelho,
para que não houvesse mais memória do seu nome (Sl 83.4). Ele era a ferramenta
mais adequada que os principais dos sacerdotes poderiam ter para servir aos
seus propósitos. Ele era o informante-geral contra os discípulos, o mensageiro
do grande conselho a ser empregado para vasculhar as reuniões e prender todos
que fossem suspeitos de serem a favor do Caminho. Tendo estudado desde pequeno,
Saulo era um erudito, um cavalheiro, mas mesmo assim não pensou que fosse
indigno ser empregado no trabalho mais vil daquele tipo. (1) Saulo entrava
pelas casas (v. 3), não tendo dificuldade em arrombar portas, de noite ou de
dia, pois com esta finalidade era assistido por uma força policial. Ele entrava
em toda casa onde os discípulos de JESUS faziam reuniões, ou em toda casa onde
houvesse algum cristão, ou que ele pensasse haver. Ninguém estava seguro em sua
própria casa, ainda que fosse um castelo. (2) Saulo puxava à força, com o maior
desprezo e crueldade, homens e mulheres (v. 3), arrastando-os pelas ruas, sem a
mínima consideração pelo sexo mais fraco. Ele se rebaixou ao ponto de tomar
conhecimento do mais insignificante que se corrompera com o evangelho; e isso
de tão extremamente fanático que era. (3) Saulo [...] os encerrava na prisão
(v. 3) para serem julgados e mortos a menos que renunciassem a JESUS. Alguns
talvez tenham sido forçados por ele a blasfemar (Atos 26.11).
3. Qual foi o efeito desta grande perseguição: Todos foram
dispersos (v. 1), não todos os crentes, mas todos os pregadores, que foram mais
visados e contra quem foram emitidos mandados de prisão para prendê-los. Eles,
lembrando-se da regra de nosso Mestre (quando, pois, vos perseguirem nesta
cidade, fugi para outra, Mt 10.23), se dispersaram por comum acordo pelas
terras da Judéia e da Samaria. Não tanto por medo dos sofrimentos (pois Judéia
e Samaria não ficavam muito longe de Jerusalém, mas se eles aparecessem
publicamente nesta cidade, como estavam determinados a fazer, as tropas
policiais dos perseguidores logo os localizariam), mas porque entenderam que
essa grande perseguição era indicação da Providência para que eles se
espalhassem. Eles fizeram um trabalho muito bom em Jerusalém, e agora estava na
hora de pensar nas necessidades de outros lugares. O Mestre lhes dissera que
seriam suas testemunhas primeiramente em Jerusalém, e depois em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.8). Eles observaram este método. A
perseguição não nos afasta de nosso trabalho, mas pode ser sugestão da
Providência para trabalharmos em outro lugar. Todos os pregadores foram
espalhados, exceto os apóstolos, que, provavelmente, foram dirigidos pelo
ESPÍRITO a permanecer em Jerusalém por mais algum tempo. Os apóstolos foram,
pela providência especial de DEUS, escondidos da tempestade, e, pela graça
especial de DEUS, foram capacitados a enfrentar a tempestade. Eles permaneceram
em Jerusalém para que estivessem preparados para ir aonde sua ajuda fosse
necessária, pois os outros pregadores foram enviados para abrir caminho. JESUS
ordenou que os discípulos fossem para os lugares onde Ele planejava ir (Lc
10.1). Os apóstolos continuaram muito mais tempo juntos em Jerusalém do que se
imagina, tendo em vista a ordem e a comissão que receberam de ir por todo o
mundo e fazer discípulos de todas as nações (Mc 16.15; Mt 18.19, versão RA;
veja Atos 15.6; Gl 1.17). Mas o que foi feito pelos evangelistas que eles
enviaram foi considerado como se tivesse sido feito por eles.
Comentário - NVI (F.F.Bruce)
PERSEGUIÇÃO E EXPANSÃO (8.1— 3)
1) O segundo estágio do testemunho cristão (8.1b-25)
Os evangelistas anônimos (8.1b-4).
Jerusalém havia sido intensamente evangelizada sob a proteção do
Nome, mas a Palestina estava para ouvir a palavra pelos lábios daqueles que
foram espalhados por toda essa região em virtude da cruel perseguição
que assolava Jerusalém. Assim, “DEUS é fiel e se cumpre” de muitas
maneiras e realiza seus propósitos por meio da ira dos homens. Atingimos o
segundo estágio do programa de 1.8: “toda a Judéia e Samaria”.
E impossível destacar demais a importância do testemunho individual
na difusão do evangelho. Filipe é mencionado posteriormente como mensageiro de
DEUS a Samaria, mas os que haviam sido dispersos pregavam a palavra
por onde quer que fossem (v. 4). Centenas de evangelistas anônimos estavam
pregando o evangelho a milhares de almas, e a mensagem se tornou conhecida
em toda a região. Quando a pregação da palavra é “profissionalizada”,
perde-se uma grande parte da vitalidade do testemunho cristão.
Uma perseguição severa (8.1b-4). A perseguição, provavelmente,
afetou os cristãos helenistas muito mais do que os discípulos de fala
aramaica, fiéis a todos os “costumes”. Os apóstolos eram respeitados,
provavelmente porque parte da sua aura de popularidade como realizadores
de milagres ainda persistia. A forte declaração Todos [...] foram
dispersos (v. lb) seria, provavelmente, modificada se pudéssemos ver
a imagem na mente do autor. Os Doze, dificilmente, teriam permanecido se não
tivesse havido rebanho para ser cuidado, e encontramos muitos cristãos
hebreus em Jerusalém mais tarde.
Saulo [...] devastava a igreja (v. 3) com a energia cruel de um
exército destruidor. Os detalhes de 8.1,3 deveriam ser suplementados pelas
afirmações futuras de Paulo que revelaram um incômodo na consciência que
o seu serviço posterior nunca silenciou completamente: 22.4; 26.9-11; 1Co
15.9; G1 1.13; Ef 3.8; 1Tm 1.13.
Os homens piedosos (v. 2) que sepultaram o corpo de Estêvão eram,
provavelmente, judeus piedosos que sabiam apreciar o poder da vida e do
testemunho do mártir.
Atos 22
4 - Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em
prisões, tanto homens como mulheres, 5 - como também o sumo sacerdote me é
testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os
irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali
estivessem, a fim de que fossem castigados.
A Primeira Defesa de Paulo - Atos 22:3-5 - Comentário Bíblico
- Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Paulo aqui faz um discurso tão bom que não só poderia servir para
convencer o tribuno de que ele não era aquele egípcio que o tribuno pensou que
ele fosse, mas também os judeus de que ele não era aquele inimigo de sua igreja
e nação, de sua lei e templo, que eles pensavam que ele fosse, e que o que ele
fez ao pregar CRISTO, e particularmente ao pregar aos gentios, ele o fez por
uma comissão divina. Ele aqui os faz entender:
I
Quais eram sua ascendência e formação.
1. Ele era da própria nação deles, da linhagem de Israel, da
semente de Abraão, um hebreu de hebreus, não de alguma família obscura, ou um
renegado de alguma outra nação: “Não, quanto a mim, sou varão judeu, aner
Ioudaios – um homem judeu; eu sou um homem, e, portanto, não devo ser tratado
como um animal; um homem que é judeu, não um bárbaro; eu sou um amigo sincero
de vossa nação, porque eu pertenço a ela, e macularia meu próprio ninho se eu o
defraudasse, se eu depreciasse injustamente a honra de vossa lei e de vosso
templo.”
2. Ele nasceu em um lugar respeitável, em Tarso, da Cilícia, e era
por seu nascimento um homem livre daquela cidade. Ele não nasceu em servidão,
como alguns dos judeus da dispersão provavelmente tinham nascido; mas ele tinha
nascido como um cavalheiro, e talvez pudesse mostrar o certificado de sua
liberdade naquela antiga e honrosa cidade. Isso, na verdade, era apenas uma
questão pequena para fazer alarde, e, no entanto, foi necessário que se
mencionasse nessa ocasião para aqueles que o trataram com insolência, como se
ele devesse ser classificado com os filhos de loucos, sim, com os filhos de
gente sem nome (Jó 30.8).
3. Ele teve uma educação culta e liberal. Ele não era somente um
judeu, e um cavalheiro, mas um erudito. Ele foi criado em Jerusalém, a sede
principal da instrução judaica, e aos pés de Gamaliel, que todos sabiam ser um
eminente doutor da lei judaica, da qual o próprio Paulo era destinado a ser um
mestre; e, portanto, ele não poderia ser ignorante da lei, nem se poderia
imaginar que a depreciasse por não a conhecer. Seus pais haviam-no levado muito
jovem para essa cidade, querendo que ele se tornasse fariseu; e alguns pensam
que o fato de ter sido criado aos pés de Gamaliel mostra não somente que ele
era um de seus discípulos, mas que ele era, mais que qualquer outro, diligente
e frequentador de suas palestras, observador e obsequioso para com ele, em tudo
que ele dizia, como Maria, a qual, assentando-se também aos pés de JESUS, ouvia
a sua palavra.
4. Ele foi no início de sua carreira um zeloso e eminente professor
da religião dos judeus; seus estudos e ensino eram todos direcionados nesse
sentido. Ele estava tão longe de ser iniciado em sua juventude em qualquer
desafeto com relação aos costumes religiosos dos judeus que não havia nenhum
jovem entre eles que tivesse uma veneração maior e mais completa por esses
costumes do que ele, que fosse mais rigoroso em observá-los por si mesmo, ou
mais impetuoso em forçá-los aos outros.
(1) Ele era um professor inteligente de sua religião, e possuía uma
mente esclarecida. Ele estava atento às suas ocupações aos pés de Gamaliel e
era ali instruído conforme a verdade da lei de nossos pais. Os desvios que ele
teve de fazer da lei não foram devidos a quaisquer noções confusas ou
equivocadas dela, pois ele a entendia a fundo, kata akribeian – de acordo com o
método mais preciso e exato. Ele não foi treinado nos princípios dos
latitudinários, não tinha nada de saduceu, mas era daquela seita que era mais
aplicada à lei, mantinha-se mais perto dela, e, para torná-la mais estrita do
que era, acrescentava-lhe as tradições dos anciãos, a lei dos pais, a lei que
lhes foi dada, e que eles deram a seus filhos, e assim foi passada a nós. Paulo
tinha tanta consideração pela Antiguidade, a tradição e a autoridade da igreja
judaica quanto qualquer um deles; e jamais houve um judeu dentre eles que
entendesse sua religião melhor do que Paulo, ou que pudesse melhor explicá-la
ou fundamentá-la.
(2) Ele era um professor ativo de sua religião, e tinha um coração
fervoroso: Eu fui zeloso para com DEUS, como todos vós hoje sois. Muitos que
são bastante informados na teoria da religião preferem deixar a sua prática
para outros, mas Paulo era tanto um entusiasta quanto um rabi. Ele era zeloso
contra tudo que a lei proibia, e a favor de tudo que a lei ordenava; e isso era
zelo para com DEUS, porque ele pensava que era para a honra de DEUS e a serviço
de seus interesses; e aqui ele elogia seus ouvintes com uma opinião franca e
caridosa sobre eles, de que todos eles foram nesse dia zelosos para com DEUS;
ele dá testemunho deles (Rm 10.2) de que eles têm zelo por DEUS, mas não com
entendimento. Ao odiá-lo e expulsá-lo, eles disseram: Que o Senhor seja glorificado
(Is 66.5), e, embora isso não justifique de modo algum a fúria deles, ainda
assim, capacitou aqueles que oraram: Pai perdoa-lhes, a alegar, como fez
CRISTO: Porque eles não sabem o que fazem. E quando Paulo confessa que tinha
sido zeloso por DEUS na lei de Moisés, como vós hoje sois, ele declara sua
esperança de que eles possam ser zelosos por DEUS, em CRISTO, como ele era
agora.
II
Que perseguidor impetuoso e furioso ele tinha sido da religião
cristã no início de sua carreira (vv. 4,5).
Ele menciona isso para fazer com que pareça tanto mais claro e
evidente que a mudança operada nele, quando ele foi convertido à fé cristã, era
puramente o efeito do poder divino; pois ele estava tão longe de ter quaisquer
inclinações prévias a ela, ou opiniões favoráveis a ela, que imediatamente
antes que essa mudança repentina ocorresse, ele tinha a mais extrema antipatia
imaginável ao cristianismo, e estava cheio de raiva contra ele ao último grau.
E talvez ele mencione isso para justificar DEUS em sua presente dificuldade;
por mais injustos que fossem aqueles que o perseguiam, DEUS era justo, que os
permitia fazer isso, pois houve um tempo em que ele tinha sido um perseguidor;
e ele pode ter uma visão mais profunda disso para convidar e encorajar aquelas
pessoas a se arrependerem, porque ele mesmo tinha sido um blasfemador e um
perseguidor, e ainda assim obteve misericórdia. Vejamos o quadro que Paulo
pinta de si mesmo quando ele era um perseguidor. 1. Ele odiava o cristianismo
com inimizade mortal: eu persegui esse Caminho até a morte, isto é: “Eu tinha
por objetivo, se possível, levar à morte aqueles que andavam nesse caminho.”
Ele respirava ameaças contra eles (Atos 9.1). Quando eles eram entregues à
morte, ele dava seu voto contra eles (Atos 26.10). Mais ainda, ele perseguia
não somente aqueles que andavam nesse caminho, mas o próprio caminho, o
cristianismo, que era estigmatizado como um desvio, uma seita; ele queria
persegui-lo até à morte, ser a ruína dessa religião. Ele o perseguiu até à
morte, isto é, ele poderia entregar-se a si mesmo para morrer em sua oposição
ao cristianismo, como alguns o entendem. Ele teria perdido sua vida com prazer,
e ainda teria pensado estar fazendo a coisa certa, em defesa das leis e
tradições dos pais. 2. Ele fez tudo que podia para espantar o povo desse
movimento, e para fora dele, prendendo e metendo em prisão tanto homens como
mulheres; ele encheu as cadeias de cristãos. Agora que ele mesmo se encontrava
preso, ele salienta de maneira particular essa parte de sua acusação contra si,
de que ele tinha atado os cristãos e os levado à prisão; ele igualmente reflete
sobre isso com tristeza especial por ter aprisionado não somente os homens, mas
as mulheres, o sexo mais frágil, que deveriam ser tratadas com especial ternura
e compaixão. 3. Ele foi empregado pelo grande sinédrio, o sumo sacerdote, e
todo o conselho dos anciãos, como um agente para suprimir essa nova seita; tudo
isso ele já tinha registrado como sinal de seu zelo contra a seita (v. 5). O
sumo sacerdote pode testemunhar que ele estava pronto para ser empregado em
qualquer serviço contra os cristãos. Quando eles ouviram que muitos dos judeus
em Damasco tinham abraçado a fé cristã, para impedir outros de fazer o mesmo
eles resolveram proceder contra eles com a mais extrema severidade, e não
podiam pensar em uma pessoa mais adequada para ser empregada nessa tarefa, nem
alguém com mais probabilidade de executá-la do que Paulo. Por isso, eles o
enviaram, e as cartas levadas por ele, aos judeus em Damasco, aqui chamados os
irmãos, porque todos eles descendiam de um mesmo tronco comum, e eram de uma
família também na religião, ordenando a eles que auxiliassem a Paulo na captura
dos que entre eles tinham se tornado cristãos e em levá-los como prisioneiros a
Jerusalém, para serem punidos como desertores da fé e do culto do DEUS de
Israel; e dessa maneira pudessem ser compelidos a se retratar, ou ser entregues
à morte para terror dos demais. Desse modo, Saulo assolava a igreja, e, se ele
tivesse continuado mais um pouco, estava na direção de arruiná-la e extirpá-la.
“É assim”, diz Paulo, “que eu fui no início, exatamente como vocês são agora,
eu conheço o coração de um perseguidor, e por isso tenho pena de vocês, e oro
para que vocês possam conhecer o coração de um convertido, como DEUS logo me
fez conhecer. E quem era, então, eu para que pudesse resistir a DEUS?”
III
De que maneira ele foi convertido, e se tornou o que ele era agora.
Não foi por quaisquer causas naturais ou externas; ele não mudou sua religião
por gostar de novidade, pois ele era então tão bem afeito à Antiguidade como
sempre tinha sido; nem foi isso resultado de descontentamento porque estava
desapontado com seu cargo, pois ele estava na ocasião, mais do que nunca, no
caminho da promoção na igreja judaica; muito menos poderia ser resultado da
cobiça ou ambição, ou qualquer esperança de melhorar de vida no mundo ao
tornar-se cristão, pois ia se expor a todo tipo de desgraça e dificuldade; nem
teve ele qualquer conversa com os apóstolos ou quaisquer outros cristãos, por
cuja sutileza ou sofisma ele pudesse ter sido convencido para essa mudança.
Não, isso foi obra do Senhor, e as circunstâncias de sua obra foram suficientes
para justificá-lo na mudança, a todos aqueles que crêem que há um poder
sobrenatural; e ninguém pode condená-lo por isso, sem refletir sobre aquela
força divina pela qual ele foi dominado nisso. E ele relata aqui a história de
sua conversão em detalhes, como nós já lemos (Atos 9), tentando mostrar que ela
foi puramente uma obra de DEUS.
Comentário - NVI (F.F.Bruce)
A história de Paulo como líder judaico (v. 3-5). A geração mais
nova de judeus da
Palestina sabia pouco ou nada de Saulo de Tarso, embora Paulo
pudesse apelar à memória do sumo sacerdote ou do Sinédrio (v. 5). Há uma
óbvia conveniência no fato de ele destacar a sua antiga identificação
completa com o judaísmo zeloso e fanático, sua educação aos pés de
Gamaliel e sua liderança na perseguição aos do Caminho cristão. Ninguém
poderia entender melhor do que ele as paixões religiosas agora suscitadas
em oposição a ele e sua mensagem.
Atos 26
9 - Bem tinha eu imaginado que contra o nome de JESUS, o Nazareno,
devia eu praticar muitos atos, 10 - o que também fiz em Jerusalém. E, havendo
recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas
prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. 11 - E,
castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E,
enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
Atos 26:9-11 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo)
AT e NT
(1) Quão tolo ele era em sua opinião (v. 9): Ele pensava consigo
mesmo que contra o nome de JESUS, o Nazareno, devia praticar muitos atos, tudo
que estava em seu poder, contrário à sua doutrina, sua honra e seu interesse.
Esse nome não fez nenhum mal, contudo, porque ele não concordava com a noção
que ele tinha do reino do Messias, ele estava pronto para fazer tudo que
pudesse contra esse nome. Ele pensava prestar um bom serviço a DEUS ao
perseguir aqueles que invocavam o nome de JESUS CRISTO. Note: É possível que os
que estão evidentemente no caminho errado estejam confiantes de que estão no
caminho certo; e que os que estão voluntariosamente persistindo no maior dos
pecados pensem que estão fazendo o seu dever. Aqueles que odiavam seus irmãos e
os expulsavam, diziam: O Senhor seja glorificado (Is 66.5). Sob o disfarce e
pretexto de religião, as vilanias mais bárbaras e desumanas têm sido não apenas
justificadas, mas santificadas e exaltadas (Jo 16.2).
(2) Com que fúria ele agia (vv. 10,11). Não há um princípio mais
violento no mundo do que a consciência mal-informada. Quando Paulo considerava
ser seu dever fazer tudo que pudesse contra o nome de CRISTO, ele não poupava
esforços nem custo nessa tarefa. Ele dá um relato do que fez nesse sentido, e o
agrava como algo pelo qual estava verdadeiramente arrependido: fui blasfemo, e
perseguidor (1 Tm 1.13).
[1] Ele encheu as celas com cristãos, como se eles fossem os piores
criminosos, cogitando por esse meio não somente aterrorizá-los, mas torná-los
odiosos ao povo. Ele era o diabo que lançava alguns deles na prisão (Ap 2.10),
os levava sob custódia, para que fossem processados. Encerrei muitos dos santos
nas prisões (v. 10), tanto homens como mulheres (Atos 8.3).
[2] Ele tornou-se o agente dos principais sacerdotes. Deles recebeu
poder, como um oficial inferior, para pôr suas leis em execução, e orgulhava-se
muito de que era um homem com autoridade para esse propósito.
[3] Ele era muito solícito para se manifestar, mesmo que não
solicitado, a favor da entrega dos cristãos à morte, particularmente Estêvão,
em cuja morte Saulo consentiu (Atos 8.1), e assim tornou-se particeps criminis
– cúmplice no crime. Talvez ele tenha, por seu grande zelo, embora jovem, se
tornado um membro do sinédrio, e ali votado pela condenação dos cristãos à
morte; ou, depois que eles eram condenados, ele justificava o fato, e o
celebrava, tornando-se assim culpado ex post facto – depois de cometido o ato,
como se ele tivesse sido um juiz ou jurado.
[4] Ele os punia com castigos de uma natureza inferior, nas
sinagogas, onde eles eram castigados como transgressores das regras da
sinagoga. Ele teve participação no castigo de muitos; mais ainda, parece que as
mesmas pessoas eram por seus meios castigadas muitas vezes, como ele mesmo foi
cinco vezes (2 Co 11.24).
[5] Ele não somente os punia pela religião deles, mas,
orgulhando-se de triunfar sobre a consciência das pessoas, ele as forçava a
abjurar de sua religião, entregando-as à tortura: “Os obriguei a blasfemar
contra CRISTO, e a dizer que Ele era um enganador e que eles haviam sido
enganados por Ele – compelia-os a negar seu Mestre, e a renunciar a suas
obrigações para com Ele”. Nada será mais pesado sobre os acusadores do que
forçar a consciência dos homens, por mais que eles possam agora triunfar pelos
prosélitos que eles fizeram pela violência.
[6] Sua fúria cresceu tanto contra os cristãos e o cristianismo que
a própria Jerusalém se tornou um palco muito estreito para ele agir, e assim,
ele declara: E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades
estranhas os persegui. Ele estava furioso contra eles, para ver o quanto eles
tinham a dizer a favor de si mesmos, não obstante tudo que ele fazia contra
eles, enfurecido por vê-los se multiplicar ainda mais por serem afligidos. Ele
estava enfurecido demasiadamente; e o rio de sua fúria não admitiria nenhuma
margem, nenhum limite, contudo ele era um terror tão grande para si mesmo como
era para eles, tamanho era seu tormento dentro de si mesmo pelo fato de não
poder vencer, como era grande também sua indignação contra eles. Perseguidores
são homens enfurecidos, e alguns deles demasiadamente enfurecidos. Paulo estava
irritado por ver que aqueles em outras cidades não eram tão violentos contra os
cristãos, e por isso se ocupou onde ele não tinha obrigações, e perseguiu os
cristãos até mesmo em cidades estrangeiras. Não há um princípio mais incansável
do que fazer o mal, especialmente aquele que aparenta consciência.
Esse era o caráter de Paulo, e essa a sua maneira de viver no
início de sua carreira; e por isso não se poderia presumir que ele fosse
cristão por educação ou costume, ou que tivesse sido atraído pela esperança de
promoção, porque todas as objeções exteriores imagináveis estavam contra ele
ser cristão.
Comentário - NVI (F.F.Bruce)
Saulo, o perseguidor (v. 9-11). Paulo volta à sua história e mostra
que não somente era fariseu, mas o grande líder da
primeira perseguição geral da igreja em Jerusalém.
Podemos observar os detalhes vívidos daquele período trágico e da
sua fúria contra eles, os cristãos. E difícil entender a relutância de alguns
estudiosos em admitir que a afirmação e quando eles eram condenados
à morte eu dava o meu voto contra eles signifique que Saulo, apesar
de muito jovem, era membro do Sinédrio, pois cortes inferiores não podiam
sentenciar a pena de morte.
BEP - CPAD
8.1 UMA GRANDE PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da
primeira perseguição em grande escala contra a igreja (vv. 1-3; 9.1),
perseguição essa intensa e severa. Homens e mulheres eram encerrados na prisão
(v. 3) e açoitados (22.19), e muitos foram mortos (22.20; 26.10,11). DEUS,
porém, transformou essa perseguição em início da grande obra missionária da
igreja (v. 4).
8.5-24 DESCENDO FILIPE À ... SAMARIA. Note a sequência de eventos
nesse registro do derramamento do ESPÍRITO SANTO nos crentes samaritanos.
(1) Filipe pregou o evangelho do reino, e DEUS confirmou a Palavra
com sinais e prodígios (vv. 5-7).
(2) Muitos samaritanos receberam a Palavra de DEUS (v. 14), creram
em JESUS (v. 12), foram curados e libertos de espíritos imundos (v. 7), e
batizados nas águas (vv. 12,13). Assim, experimentaram a salvação, a obra
regeneradora do ESPÍRITO SANTO e o poder do reino de DEUS (ver v. 12).
(3) O ESPÍRITO SANTO, porém, não tinha descido sobre nenhum deles
depois da sua conversão a CRISTO e batismo em água (v. 16).
(4) Alguns dias depois da conversão dos samaritanos, Pedro e João
chegaram a Samaria e oraram para os novos crentes receberem o ESPÍRITO SANTO
(vv. 14,15). Houve um definido intervalo entre a conversão deles e o
recebimento do batismo no ESPÍRITO SANTO (vv. 16,17; cf. 2.4). Este caso dos
samaritanos segue o padrão da experiência idêntica dos discípulos no dia de
Pentecoste.
(5) Sem dúvida houve manifestação externa neste caso de recebimento
do ESPÍRITO SANTO, a saber: línguas e profecia (ver v. 18)
8.6 OS SINAIS QUE ELE FAZIA. A promessa de CRISTO no sentido de
operar sinais e milagres para confirmar a pregação da Palavra não se limitava
aos apóstolos (Mc 16.15-18). Ele prometeu que os convertidos por seus
discípulos (os que crerem na palavra deles) operarão milagres em nome de JESUS,
tais como expulsar demônios (Mc 16.17) e curar os enfermos (Mc 16.18). Foi
exatamente o que Filipe fez (vv. 6,7)
Atos - Introdução e Comentário - I. Howard Marshall - Série Cultura
Bíblica - edições 1985,1988, 1991, 1999 e 2001 - Sociedade Religiosa Edições
Vida Nova - SP
Estêvão se entregou ao JESUS a quem vira na visão. É um exemplo
marcante de uma fórmula de palavras aplicáveis originalmente ao Pai, sendo
endereçadas ao Filho, e demonstra como os cristãos primitivos colocavam JESUS
no mesm9 nível que o Pai. Depois, Estêvão orou, pedindo perdão por seus
algozes, ecoando, mais uma vez, as palavras de JESUS (Lc 23:34), suas palavras
se contrastam, de modo marcante, com a sua atitude de denúncia no discurso, e
ilustram como o cristão, embora denunciasse o pecado e a desobediência a DEUS a
fim de levar ao arrependimento os seus ouvintes, deve ter por eles preocupação
pastoral, e orar no senti40 de serem eles perdoados. Dizendo assim, adormeceu
(cf. 1 Ts 4:14-15), o primeiro cristão a morrer por amor a JESUS.
Ainda assim, pelo menos um homem ficou sem comover-se, e não ficou
triste ao vê-lo morrer. Não fica claro neste ponto se Saulo era membro do
Sinédrio, mas 26:10 é mais bem interpretado neste sentido. Não seria tarefa
fácil converter semelhante homem; Lucas está dando uma indicação prévia do
caráter extraordinário da transformação subsequente de Saulo.
e. A sequela à morte de Estêvão (8:1b-3).
Este breve parágrafo termina. a história de Estêvão ao mencionar o
seu enterro, mas, sobretudo, prepara o caminho para o desenvolvimento da
narrativa ao indicar como a morte de Estêvão levou à dispersão dos cristãos e à
consequente divulgação do evangelho "(8:4-40; 11 :19-30); e, também, ao
sublinhar o nome de Saulo, o perseguidor da igreja, prepara os leitores para a
maravilha de sua reviravolta (9 :1-31). As várias lições vinculam-se de modo
não muito estreito: os eventos no v. 2 provavelmente antecederam os do v. 1', e
o v. 3 é realmente uma expansão do v. 1, talvez deliberadamente retido para
fazer forte contraste com o v. 2.
lb. O ataque bem-sucedido contra Estêvão ficou sendo o sinal para
um ataque em escala maior como da igreja em Jerusalém, sem dúvida instigado
pelo mesmo grupo que atacara àquele. Esta é a primeira ocorrência da palavra
perseguição em Atos (excetuando-se o emprego do verbo em 7 :52). Conforme seu
emprego aqui, significa oprimir alguém a fim de persuadi-lo ou forçá-lo a
rejeitar a sua religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos.
Os cristãos mantiveram a sua fé e preservaram a sua vida ao fugirem para
lugares onde os perseguidores não se dariam o trabalho de alcançar. Bastou-lhes
fugir para a zona campestre da Judéia e da Samaria a fim de escaparem às
opressões. É de significância que alguns cristãos se dispuseram a permanecer na
Samaria e que ali não passaram por perseguições. Pode-se supor que a oposição
em Jerusalém adviesse principalmente dos opositores de Estêvão e que se
dirigisse principalmente contra os associados dele dentro da igreja. Supõe-se
que os apóstolos fossem deixados em paz; o fato de poderem continuar em
Jerusalém (sem dúvida em companhia dalguns outros cristãos) confirma a ideia
que fora mormente o grupo de Estêvão que estava sendo perseguido.
2. A despeito do perigo que havia nisto (e é esta a razão de
colocar o v. 2 depois do v. 1), havia homens piedosos na igreja que estavam
dispostos a dar a Estêvão um sepultamento apropriado. Era normal sepultar
criminosos executados, mas a codificação posterior da lei feita pelos judeus
proibiu o pranto público por eles; se esta proibição estava em vigor durante o
século I, os pranteadores estavam, na realidade, fazendo um protesto público
contra a execução de Estêvão, e assim se exporiam a riscos consideráveis. A
palavra piedoso se emprega noutros lugares para judeus piedosos (2:5; Lc 2:25),
mas mais tarde se emprega para descrever Ananias, reconhecidamente como
"piedoso conforme a lei" (22:12), embora fosse um cristão. Pode-se
supor que aqui há alusão a cristãos.
3. Tipo diferente de zelo religioso foi aquele demonstrado por
Sau10 que assumiu um papel de liderança na perseguição da igreja. Ia de casa em
casa entre os cristãos e os arrastou para o cárcere, nem sequer poupando as
mulheres. A atividade de Saulo é plenamente confirmada em termos gerais pelo
seu próprio testemunho insuspeito (1" Co 159; Gl 1 :13, 22-23, Fp 3:6; 1
Tm 1:13).83 Sem dúvida, as autoridades romanas eram coniventes com o que
acontecia; de qualquer forma, não é necessário que o ataque tenha durado muito
tempo (períodos longos de perseguição tendem a ser raros), e é possível que
muitos cristãos tivessem voltado quietamente a Jerusalém uma vez arrefecido o
primeiro calor dos ataques.
f. O evangelho avança até Samaria (8:4-25).
A dispersão dos cristãos levou ao mais significativo avanço na
missão.
8.2 As descobertas arqueológicas em Giv'at ha-Mivtar demonstraram
este fato; ver NIDNTI, I, pág. 393; (em port., vol. I, art. Cruz, CL).
8.3 À luz destas claras referências nos seus próprios escritos a
atividade que somente podem ter sido realizadas em Jerusalém e nos seus
arrabaldes, a declaração de Paulo em GI 1 :22 de que "não era conhecido de
vista das igrejas da Judéia, que estavam em CRISTO" cerca de três anos
após a sua conversão, não pode significar que estas últimas nunca o viram da
igreja. Pode-se dizer que ficou sendo necessária a perseguição para levá10s a
cumprir o mandamento implícito em 1 :8. Na medida em que os cristãos avançavam
para novas áreas, descobriram que havia uma resposta imediata ao evangelho,
conforme exemplifica a resposta dada pelo povo da Samaria. A pregação de Filipe
foi acompanhada pelos mesmos tipos de sinais que já tinham sido vistos no
ministério de JESUS e dos apóstolos, e havia uma reposta poderosa à chamada ao
batismo. Esta resposta era tanto mais notável porque as pessoas às quais Filipe
pregava já tinham estado sob o fascínio de um charlatão religioso de nome
Simão. A missão bem-sucedida levou a uma visita por Pedro e João que
descobriram que os convertidos não tinham recebido o ESPÍRITO e que impuseram
sobre eles as mãos a fim de que O recebessem. Até mesmo Simão quis obter alguma
coisa - não meramente o dom do ESPÍRITO, mas, sim, o dom de outorgar aos outros
o dom do ESPÍRITO; foi, porém, necessário adverti-lo fortemente contra a
atitude pecaminosa e sem arrependimento que revelou no modo de fazer este
pedido.
A história é significativa de dois modos. Em primeiro lugar,
registra o recebimento do evangelho pelos samaritanos, um povo ao qual os
judeus odiavam intensamente e consideravam como sendo herético; o sentimento de
hostilidade, porém, era mútuo. Embora possamos ser tentados a ver na missão à
Samaria a primeira tentativa da igreja rio sentido de evangelizar aos gentios,
esta seria uma interpretação errônea. Para os judeus, os samaritanos não eram
gentios, mas, sim, cismáticos; parte das "ovelhas perdidas da casa de
Israel" (Jervell, págs. 113-132). Para Lucas, eram pessoas que observavam
a lei e que demonstravam mais piedade do que muitos judeus (Lc 10:33-,37;
17:11-19), embora também pudessem mostrar hostilidade aos discípulos de JESUS
(Le 9:52-56). Por detrás da narrativa, portanto, podemos muito bem perceber que
a hostilidade entre os judeus e os samaritanos foi vencida pela fé que os dois
grupos tinham em JESUS CRISTO, e é neste sentido que se pode encarar esta
história como um passo na direção da solução do problema maior de reunir os
judeus e os gentios. Se for correta esta ideia, talvez ofereça a chave ao
problema inegável apresentado pelo fato de que os crentes samaritanos n[o
receberam o ESPÍRITO até que os apóstolos impusessem sobre eles as mãos. Destarte,
foram levados à comunhão com a igreja inteira, e n[o meramente com a seção
helenística dela. Esta explicação é preferível ao ponto de vista de que os
samaritanos n[o corresponderam plenamente à pregação do evangelho. Outros
pontos de vista, como, por exemplo, aquele que declara que o ESPÍRITO n[o
poderia ser recebido sendo pela imposição das mãos apostólicas, são contrários
à tendência geral do quadro que Lucas nos dá em Atos (cf. 9 :17).
Em segundo lugar, a história dá destaque a Simão, o mago, que mais
tarde ficou sendo de má fama corno herege gnóstico. Há grande incerteza quanto
a Simão realmente ter sido um gnóstico que sustentava pelo menos alguns dos
conceitos heréticos atribuídos a ele por escritores posteriores, ou se foi
meramente um mágico e charlatão a cujo nome crenças gnósticas vieram a ser
posteriormente atribuídas.84 Certamente, é curioso que alguns dos estudiosos
mais radicais do Novo Testamento (tais quais Haenchen, págs. 303, 307), que
teriam muita cautela em atribuir ao próprio JESUS qualquer parte da cristologia
da igreja, estejam tão dispostos a acreditar que crenças gnósticas do século 11
já eram sustentadas por Simão na primeira metade do século I. Parece mais
provável que certas reivindicações do Simão histórico tenham capacitado seus
seguidores posteriores a considerá10 um gnóstico, embora ele mesmo não tenha
chegado àquela etapa.
4. A história começa a mostrar corno a perseguição da igreja em
Jerusalém acabou surtindo um efeito favorável. Aqueles que foram expulsos dos
seus lares ou que acharam melhor deixá-los regavam a Palavra corno boas novas
enquanto iam de lugar em lugar. interessante que este movimento específico não
é atribuído a qualquer orientação precisa da parte do ESPÍRITO, tal qual
ocorria noutras etapas cruciais na expansão da igreja. Pelo contrário, parece
que era considerado coisa natural para os cristãos viajantes espalharem o
evangelho; talvez surgissem naturalmente oportunidades para assim fazer, à
medida em que as pessoas entre as quais vieram viver perguntavam a eles por que
tinham deixado seus lares.
5. Uma das pessoas que foram para a Samaria (8:1-5) foi Filipe que
é claramente aquele membro dos Sete mencionado em 6:5. A sua pregação acerca do
Messias certamente teria despertado o interesse, no mínimo, dos ouvintes, visto
que a expectativa da vinda de um libertador futuro (conhecido como o
"restaurador") fazia parte firme das promessas proféticas da Bíblia.
Samaria - Os MSS têm "à cidade de Samaria" (ARA),
que GNB parafraseia como sendo "a cidade principal da Samaria". Se o
último texto é o certo, a fraseologia é um pouco estranha, e a tradução de GNB
não é totalmente satisfatória como tentativa para tratar do problema. As
cidades possivelmente em mira são Sebaste (o novo nome que Herodes Magno deu à
Samaria do Antigo Testamento), Siquém, ou possivelmente Gita, onde Simão
nasceu. Seja qual for a identificação, não influencia a história propriamente
dita. Na
teologia samaritana (Jo 4:25); esta expectativa se baseava em
Deuteronômio 18:15 e segs., e a pessoa esperada tinha mais o caráter de um
Ensinador e legislador do que de um soberano.
6-8. Havia um movimento em massa entre o povo na medida em que
escutava atentamente à mensagem de Filipe. Sua atenção foi despertada por
aquilo que ouviram e viram. Filipe tinha a mesma capacidade dos apóstolos para
operar sinais que serviam como confirmação da sua mensagem. Como Pedro (5 :16),
podia expulsar espíritos maus, e o povo podia escutar os gritos que saíam das
vítimas possessas quando os poderes demoníacos as deixavam (cf. Lc 4:33; Mc 1
:26).86 Além disto, o povo podia ver por si mesmo como as pessoas que tinham
sido paralíticas e coxas agora conseguiam andar; mais uma vez, a atividade de
Filipe tem correspondência com a de Pedro (3:1-10) e de JESUS. Estes milagres
de cura trouxeram júbilo ao povo. Por enquanto, porém, nada se diz acerca de o
povo passar a realmente crer no evangelho. e, embora houvesse alusão a uma
situação em que JESUS não podia curar onde não havia fé (Mc 6:5-6), sabemos que
podia existir a cura sem a resposta apropriada da fé e da gratidão a DEUS (Lc
17:17-19).
9-11. Antes, porém, de registrar a conversão do povo, Lucas volta a
atenção dos leitores àquilo que estava acontecendo antes da chegada de Filipe.
Havia na cidade um homem chamado Simão, que alegava ser pessoa de grande
importância, e obteve crédito mediante os seus poderes milagrosos. O povo foi
enganado por ele ao ponto de dizer que era o poder de DEUS, chamado o Grande
Poder. Os fatos acerca de Simão dificilmente se desentranham das lendas
posteriores. Temos informações fidedignas da parte de Justino Mártir, ele mesmo
nativo da Samaria, de que Simão ali vivia e de que mais tarde mudou para Roma,
onde continuou seus atos enganosos. Mais tarde, Irineu registra que viajou
juntamente com uma certa Helena, escrava, a qual dizia ser uma encarnação do
"Pensamento" (um poder gnóstico). Hipólito, outro escritor que
tratava das heresias, conta uma história acerca de como Simão foi derrotado
numa disputa com Pedro. Finalmente Simão disse "que se fosse enterrado
vivo, ressuscitaria no terceiro dia. Mandando cavar uma sepultura, ordenou que
seus discípulos empilhassem terra sobre ele. Fizeram como mandara, mas ele
permanece ali até hoje. Isto porque não era o CRISTO". É difícil aquilatar
a quantidade de veracidade nestas histórias, e noutras tantas. Certamente, Lucas
Espada Cortante 2 - Orlando S. Boyer - CPAD - Rio de Janeiro - RJ
Com o martírio de Estêvão findou a primeira etapa da Igreja
Primitiva, a de pregar o Evangelho em Jerusalém, cap. 1.8. Foi somente com a
"grande perseguição contra a Igreja (8.1) que obedeceram à ordem divina de
proclamar a Mensagem "em toda a Judéia e Samaria..."Ainda havia
grande número dos habitantes de Jerusalém não evangelizados, a obra crescia
cada vez mais e havia grande gozo do ESPÍRITO em todos os membros da Igreja.
Qual a razão de alguém sair de Jerusalém em demanda de outro campo? Contudo foi
a Vontade divina que assim fizessem, e os que não fizeram primeiramente de
livre vontade, depois foram obrigados a fazer.
I. OS DISCÍPULOS EM JERUSALÉM DISPERSOS, 8.1-3.
8.1 "E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele
dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava
em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da
Samaria, exceto os apóstolos. 2 "E uns varões piedosos foram enterrar
Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto. 3"E Saulo assolava a igreja,
entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
E também Saulo consentia (v.l): Saulo não presenciou o martírio de
Estêvão, penalizado pelo horror de ver um homem justo assim sofrer. Ao
contrário, a palavra traduzida "consentia" dá a entender que não
apenas apoiava o ato, mas se regozijava em ver um membro da desprezada
"seita" morrer.
Fez-se naquele dia uma grande perseguição (v.l): Seria natural
supor que, com o derramamento do sangue de Estêvão, as autoridades sentissem
remorso e resolvessem adotar outros planos. Mas sentiram sede se sangue - sede
que podiam estancar só derramando o sangue de outros discípulos. (v.3; cap.
26.10). Ficaram determinados a matar até acabar com a "seita".
Contra a igreja em Jerusalém (v. 1 ): Compare com as palavras que
CRISTO predisse acerca desta cidade, Mt 23.37-39.
Todos foram dispersos (v.l): Muito grande foi a multidão que,
abandonando seus lares e o lugar onde se converteram, fugiu de Jerusalém para
toda a parte. Depois de mencionar "três mil" membros (2.41), e
"cinco mil" (4.4), diz que o número "crescia cada vez mais"
(5.14); e, por fim, que "se multiplicava muito o número" (6.7).
Com essa perseguição a Igreja perdeu, mais ou menos, a visão de
Jerusalém terrestre e começou a olhar mais para a Jerusalém celestial, Hb
12.22. Quando a Igreja está governada de Jerusalém, de Roma, ou de qualquer
outro ponto da terra, ela sempre fica embaraçada e limitada na sua visão
celestial.
Uns varões Piedosas foram enterrar a Estêvão (v.2): Estes homens
foram membros da Igreja que, mais fervorosos do que os demais, levantaram, com
ternura, o corpo esmagado do amado Estêvão, para enterrá-lo? Ou, lembrados de
José de Arimatéia e de Nicodemos, julgamos que fossem judeus piedosos, que
desejavam honrar um homem tão nobre como Estêvão? Não sabemos quem foram, mas é
certo que não se envergonharam da causa pela qual Estêvão sofrera e nem temiam
a ira dos inimigos dela.
Fizeram sobre ele grande pranto (v.2): Estêvão era um homem bom,
uma bênção para a Igreja e membro poderoso na obra. Quando foi arrebatado,
pelos inimigos. do meio dos irmãos, sentiram grande falta dele e o prantearam.
Saulo assolava a igreja, arrastando homens e mulheres (v.3): Saulo
julgava que nisto fazia serviço a DEUS, Atos 26.9-11; Fp 3.4-6. Mas o que lhe
dava grande prazer (v. 1), depois se tornou motivo de grande remorso, 1 Co
15.9; 1 Tm 1.12,13.
II- O EVANGELHO É LEVADO A SAMARIA, 8.4-25.
O grande vento de perseguição em Jerusalém dispersou, por toda a
parte, a boa semente do Reino de DEUS, a qual nasceu produzindo uma nova e
gloriosa colheita de almas. "O sangue dos mártires é a semente da
Igreja."
Com o martírio de Estêvão, as autoridades determinaram acabar de
uma vez com o cristianismo, caçando e matando a todos, tanto mulheres como
homens, que criam em CRISTO. Mas se enganavam, pensando que matar os que crêem
no Evangelho é acabar com o Evangelho. O cristianismo é CRISTO e ninguém pode
destruir a CRISTO. Os discípulos foram mortos, mas CRISTO continuava a viver, e
continuava a suscitar outros discípulos.
Iam por toda a parte, anunciando a palavra (v.4): Obedeciam à ordem
do seu Mestre: “Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para
outra", Mt 10.23.
Muitos crentes pensam foram os apóstolos que foram dispersos e que
iam por toda parte proclamando a Palavra. Mas os apóstolos não foram dispersos,
v.1. Foram, portanto, todos os discípulos, os leigos, que anunciaram a Mensagem
em toda parte. Qualquer crente, por mais humilde que seja, pode pregar, isso é,
anunciar a Mensagem de JESUS. O ministério da Palavra não é privativo ao
púlpito. Naturalmente os membros da Igreja Primitiva, tinham de sofrer muito
desprezo em todo lugar onde chegassem, pela razão de terem sido expulsos de
Jerusalém. Mas, os fiéis, com o coração ardendo, testificam em qualquer
situação. O maravilhoso crescimento da Igreja Primitiva não foi fruto da obra
de grandes pregadores, mas de fidelidade de todos os membros em testificarem,
cheios do ESPÍRITO SANTO, para todas as pessoas a seu alcance.
Descendo Filipe à cidade de Samaria (v.5): Este não era Filipe, o
apóstolo (cap. 1.13), mas Filipe, diácono, escolhido ao lado de Estêvão, cap.
6.5. Filipe, naturalmente, tinha de fugir para escapar com a vida, quando
Estêvão foi morto. Filipe foi conhecido depois como "Filipe, o
evangelista" (cap. 21.8), servindo como boa ilustração das palavras de
Paulo: "Os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa
posição, e muita confiança na fé que há em cristo JESUS", 1 Tm 3.13.
À cidade de Samaria (v.5): A antiga capital das doze tribos, mas
reformada e adornada por Herodes, o Grande.
Filipe... lhes pregava a CRISTO (v.5): Qual é o assunto principal
do púlpito moderno? É ciência, filosofia, história, boas obras? Exaltamos
cristo, como Filipe, ou a nós mesmos, como Simão? Salientamos aquilo que CRISTO
faz ou o que nós fazemos? Proclamar a Sua morte e ressurreição, ou pregamos um
legalismo - o que devemos e não devemos fazer? (Lede 1 Co 2.1-5). A pregação
que é de lei é só negativa (contra), e mata. Mas a pregação positiva, no poder
do ESPÍRITO, produz vida. (Vede verso 5 a 8). Se colocarmos CRISTO no Seu
próprio lugar, toda a doutrina e toda a obra sempre se endireitam mesmo como os
planetas, todos continuam na sua própria posição, pela influência do sol. E
enquanto existe o sol, os planetas não se podem desviar de suas próprias
órbitas. Um sistema de doutrinas mortas não evita o desvio dos membros da
igreja. Filipe não discutia com Simão, mas pregava a CRISTO.
Os judeus não se comunicavam com os samaritanos (João 4.9), mas os
membros da Igreja Primitiva amavam, em vez de desprezar, as pessoas de outras
raças ou de outras nações.
E as multid5es unanimemente... (vv.6-8): A narrativa faz lembrar
tanto o ministério de JESUS como o que Ele predissera: "Aquele que crê em
mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu
vou para meu Pai - João 14.12.
Lembremo-nos, também, que o maravilhoso êxito de Filipe foi em um
campo dificílimo. Simão, o mago, ganhara os ouvidos de todo o povo; "ao
qual todos atendiam, desde o menor até o maior dizendo: Este é a grande virtude
de DEUS", v.10. Havia grande alegria naquela cidade (v.8): Se pudéssemos
entrar em todas as casas de nossa cidade onde há um pai subjugado pela
embriaguez, um filho tomado pelo vício, uma filha mundana, uma mãe chorando e
inconsolável e levar a todos a conhecerem e amarem a JESUS como Salvador, quão
grande seria o gozo da cidade! A Mensagem de CRISTO é a mais alegre e produz
mais felicidade que todas as religiões do mundo. (Compare cap. 8.39). Quanto mais
estamos cheios de CRISTO, tanto mais alegres estamos.
EXEMPLOS DE PERSEGUIÇÃO HOJE EM DIA:
1- NO MÊS DE JANEIRO DE 2011, Líderes do catolicismo
tradicionalista, uma mistura de catolicismo romano e rituais nativos,
expulsaram 32 cristãos em uma vila no estado de Hidalgo e outros 25 de uma
cidade em Oaxaca, NO MÉXICO. Nos dois casos, os evangélicos foram retirados de
suas propriedades por se recusarem a participar de festivais de embriaguez e
adoração a ícones católicos.
2- Radicais muçulmanos ameaçam cristão de morte
O homem é Andreas Sanau, 29 anos, acusado juntamente com Henry
Sutanto pela Frente de Defesa Islâmica (FPI) e organizar batismos em massa. A
FPI é um grupo radical muçulmano conhecido por sua violência contra as minorias
religiosas, principalmente cristãos.
Por anos, os extremistas muçulmanos perseguiram os cristãos,
acusando a "classe" de tentar "cristianizar" a cidade. Nos
primeiros meses de 2010, os grupos muçulmanos radicais interromperam cultos e
impediram os cristãos de entrar em suas igrejas.
3- Ore pelos pastores indianos, vítimas de ataques frequentes
A organização Release International (RI) relatou em uma matéria
recente que dois pastores, Shidu Kurialose e Nithya Vachanam, da Igreja
Assembleia de DEUS Betel, foram gravemente feridos e carros foram queimados por
causa de acusações de conversão forçada.
Os pastores foram feridos quando homens os atacaram com barras de
ferro em Chandapura, Karnataka, os acusando de converter pessoas ao
cristianismo à força. Depois do ataque, eles foram levados para um hospital.
4- Extremismo por trás de ataques a igrejas indonésias.
Mais de 300 membros do fórum de extremistas islâmicos (FUI) e a
frontaria dos defensores islâmicos (FPI) romperam a barricada formada por
policiais e feriram pelo menos uma dúzia de pessoas durante o culto aberto de
domingo. A igreja tem enfrentado ataques desde novembro de 2000, quando
construíam o prédio.
5- Chines é condenado a 15 anos de prisão por professar sua fé.
Em 20 de abril de 2010, a esposa e dois filhos de Alim o viram pela
primeira vez em mais de dois anos. Mal reconhecendo o pai, o menino de quatro
anos só pode olhar para ele por uma parede de vidro.
Quatro “máquinas globais de perseguição” no mundo atual
(http://igrejaperseguida.forumpratodos.com/):
1- o nacionalismo religioso;
2- o extremismo muçulmano;
3- a insegurança totalitária;
4- intolerância secular.
OS DEZ PAÍSES QUE MAIS PERSEGUEM A
IGREJA (http://www.portasabertas.org.br/artigos/artigo.asp?ID=5918)
1. Coreia do Norte (Diz-se que os cristãos têm sido usados como
testes para armas biológicas e químicas).
2. Irã (A maior parte dos presos foi maltratada na prisão - O islã
é a religião oficial no Irã).
3. Arábia Saudita (A apostasia - converter-se a outra religião - é
punível com morte se o acusado não se retratar.
4. Somália (O grupo extremista al-Shabaab está caçando os cristãos,
e recebemos relatórios de ao menos 11 assassinatos).
5. Maldivas (A legislação proíbe a prática de qualquer religião
exceto o islamismo).
6. Afeganistão (O Talibã ameaçou imigrantes, agentes sociais
cristãos e a igreja local).
7. Iêmen (Cidadãos iemenitas não podem se converter a qualquer
religião. Ex-muçulmanos podem sofrer pena de morte se forem descobertos).
8. Mauritânia (Prisão de 35 cristãos mauritanos no mesmo mês; e a
detenção de um grupo de 150 cristãos subsaarianos em agosto, por realizar seu
próprio culto).
9. Laos (Cristãos são detidos - sofrem abuso físico e emocional
para renunciar a nova fé. Em 2009, dois cristãos foram mortos; outros 21 foram
detidos sem julgamento.
10. Uzbequistão (Invasões a cultos cristãos e confisco de livros.
Muitos cristãos presos e multados, líderes foram interrogados e sofreram abuso
físico e mental).
Quem deve utilizar a Apologia:
Embora muitos cristãos pensem que a apologética seja de uso estrito
aos intelectuais, ela deve ser utilizada por todo cristão verdadeiro. Neste
sentido escreveu Charles Colson:
“A responsabilidade pela apologética não é limitada aos pastores
cristãos ou aos intelectuais. Quando desafio pessoas a aprenderem a defesa da
fé e “pensar como cristãos” , frequentemente respondem: “Oh, eu não estou
pronto para isso”, ou: “É muito profundo para mim”. Mas DEUS criou cada um de
nós com uma mente, com a capacidade de estudar, pensar e fazer perguntas.
Ninguém é expert em toda as áreas, mas cada um de nós pode dominar os assuntos
nos quais tem alguma experiência.”
“Procura apresentar-te a DEUS aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. 2 Timóteo 2:15
E Hank Hanegraaf:
“Um número demasiadamente grande de pessoas acredita que a
apologética é do domínio exclusivo dos eruditos e teólogos. Não é verdade ! A
defesa da fé não é algo opcional; é um treinamento básico par todo crente. ”
Isto posto, vislumbramos a necessidade do uso da apologia para a
defesa do evangelho, como pressuposto básico de ganhar almas, pois quem o faz
sábio é!
O próximo passo será analisar os argumentos lógicos que dão base ao
pensamento cristão.
Valmir Nascimento Milomem Santos.
Não Nos Esqueçamos Da Pior Perseguição Que Existe: As Heresias. Foi
Através De Heresias Que Toda A Igreja Da Turquia Se Tornou Islâmica E Inimiga
Do Evangelho. Igrejas Fundadas Por Paulo, E Dirigidas Pelo Apóstolo João,
Timóteo E Barnabé.
LEIS ESTÃO SENDO ELABORADAS AOS MONTES PARA TENTAREM ABAFAR A
PALAVRA DE DEUS SOBRE O PECADO.
Nós vivemos num país onde temos total liberdade de culto, mas
devemos ficar atentos pois essa nova lei a pl-122/2006, que coloca o
homossexual acima de qualquer crítica, com a aprovação dessa lei alguns trechos
da bíblia que abordam o assunto podem ser proibidos de serem lidos durante os
cultos e pastores que lerem ou expressarem publicamente sua opinião sobre este
tema podem ser presos pegando de 5 a 8 anos de cadeia.
A partir daí vêm outras absurdas leis que tentam impedir a pregação
da Bíblia.
EM QUE CREMOS? (DOUTRINAS BÁSICAS DE NOSSA FÉ QUE DEVEM SER
PREGADAS SEMPRE).
1 - Em um só DEUS, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai,
o filho e o ESPÍRITO SANTO, Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29.
2 - Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível
de fé normativa para a vida e o caráter cristão, 2 Tm 3.14-17.
3 - No nascimento virginal de JESUS, em sua morte vicária e
expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão
vitoriosa aos céus, Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9.
4 - Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de DEUS, e
que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de JESUS
CRISTO é que o pode restaurar a DEUS, Rm 3.23; At 3.19.
5 - Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em CRISTO e
pelo poder atuante do ESPÍRITO SANTO e da palavra de DEUS, para tornar o homem
digno do reino dos céus, Jo 3.3-8.
6 - No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na
eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de DEUS pela fé no
sacrifício efetuado por JESUS CRISTO em nosso favor, At 10.43; Rm 10.13;
3.24-26; Hb 7.25; 5.9.
7 - No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só
vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do ESPÍRITO SANTO, conforme determinou
o Senhor CRISTO, Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12.
8 - Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa
mediante a obra expiatória e redentora de JESUS no Calvário, através do poder
regenerador, inspirador e santificador do ESPÍRITO SANTO, que nos capacita a
viver como fiéis testemunhas do poder de CRISTO, Hb 9.14; 1 Pe 1.15.
9 - No batismo bíblico com o ESPÍRITO SANTO que nos é dado por DEUS
mediante a intercessão de CRISTO, com a evidência inicial de falar em outras
línguas, conforme a sua vontade, At 1.5;2.4; 10.44-46; 19.1-7.
10 - Na sua atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo
ESPÍRITO SANTO à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade, 1
Co 12. 1-12.
11 - Na segunda vinda premilenial de CRISTO, em duas fases
distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da
terra, antes da grande tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja
glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos, 1 Ts 4.16,17; 1 Co
15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14.
12 - Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de CRISTO,
para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de CRISTO na terra,
2 Co 5.10.
13 - No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os
infiéis, Ap 20.11-15. E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de
tristeza e tormento para os infiéis, Mt 25.46.
EPICUREUS E ESTOICOS (Filosofias prevalescentes na época de Paulo)
Ao lermos At 17:16-34 que fala de DEUS DESCONHECIDO dos gregos,
deparamos com filósofos epicureus e estoicos que contendiam com o apóstolo
Paulo.
QUEM ERAM OS EPICUREUS E ESTOICOS?
(https://gloria-aleluia.org.br/epicureus-e-estoicos/)
Epicureus eram seguidores de Epicuro, um filósofo grego, que foi
mestre em Atenas desde o ano 307 a.C. Segundo o seu sistema, o grande fim da
vida é uma vida de prazer. Admitia a existência de seres divinos, mas não
acreditava que eles tivessem qualquer comunicação com os homens. Estes entes
existiam num estado de perfeita pureza, tranquilidade e felicidade. Com
respeito à vida do homem, ensinava Epicuro que uma vida tranquila, livre de
males e rica de prazeres, é o principal bem da vida humana. Sustentava os seus
sectários que o mundo não tinha sido formado por DEUS, nem com qualquer
desígnio, mas por um concurso fortuito de átomos. Negavam imortalidade da alma.
A felicidade que eles procuravam era a obtida pelo gozo da vida. Segundo
Epicuro, a vida do homem constava de prazer e dor, portanto era um verdadeiro
filósofo aquele que podia encontrar a alegria da vida e diminuir as situações
contrárias.
Os estoicos formavam uma seita de filósofos gregos, discípulos de
Zenon (229 a.C). As principais doutrinas dos estoicos eram: que DEUS não
procede de nenhuma causa; é incorruptível e eterno; é possuidor de infinita
sabedoria e bondade; é causa e preservador de todas as coisas e qualidades; que
a matéria nos seus primitivos elementos é, também, sem precedência e eterna.
Acreditavam na existência da alma depois da morte, supunham que ela ia para as
regiões celestes dos deuses, onde permaneceria até que todas as almas, tanto
dos homens como as dos deuses, fossem absorvidas na divindade. Admitiam uma
espécie de purgatório. Ensinavam que um homem sábio e virtuoso podia ser feliz
no meio da tortura, e que todas as coisas externas eram para ele indiferentes.
Se um homem estava satisfeito consigo mesmo, isso era suficiente.
Possivelmente, Paulo e outros apóstolos confrontaram com tais
filósofos em muitas cidades por onde pregaram. Cuidado, irmãos, porque no mundo
de hoje também, existem filosofias parecidíssimas com essas dos gregos.
Portanto, a Bíblia diz:
“Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas […]” (Hb
13:9)
“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e
não segundo CRISTO” (Cl 2:8)
“Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não tem valor
algum contra a sensualidade.” (Cl 2:23)
“[…] Filhos da desobediência; entre os quais também todos nós
andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da
carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os
demais.” (Ef 2:2-3).
E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia
em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na
sinagoga com os judeus e religiosos e, todos os dias, na praça, com os que se
apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele.
Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de
deuses estranhos. Porque lhes anunciava a JESUS e a ressurreição. Atos 17:16-18
A seguir, alguns pensamentos incompatíveis com as Palavras de DEUS
que devem ser abandonados:
DEUS é amor, por isso não condena ninguém (cf. 2 Ts 1:8-9);
Todos são bons (cf. Hb 11:6);
Fui educado na religião (cf. Mt 3:7-9);
Todos serão salvos (cf. Mc 16:16);
Cada um se salvará segundo seu próprio caminho (cf. Is 55:7-8);
Tenho coração bom (cf. Jr 17:9)
Paulo, fariseu da diáspora - APOSTOLO PAULO, VIDA, OBRA E TEOLOGIA
- Editora Academia Cristã Ltda - J. Becker
Para determinar o ponto de vista teológico de Paulo como judeu, faz
sentido utilizar, como fio condutor, a única indicação do Apóstolo a respeito
de si mesmo acerca desse tema. Não há nenhum motivo que possa levar a suspeitar
de sua autodesignação como ex-fariseu, nem mesmo de vê-la como alternativa a um
Paulo apocalíptico, por mais certeza que se tenha de que a cosmovisão de Paulo
também tenha traços apocalípticos, como ainda será demonstrado. Analisando as
fontes judaicas a respeito do farisaísmo contemporâneo a Paulo, portanto, do
farisaísmo que se estende do tempo de Herodes até a época da conquista de
Jerusalém por Tito em 70/71 d.C., a curiosidade histórica ficará mais
decepcionada do que satisfeita. O rabinismo, mais tarde, não só limitou
drasticamente a tradição, como também a elaborou a partir da ótica dos
vencedores. Assim, o rabinismo, mais tarde, compreendeu a si mesmo como sendo a
única ortodoxia judaica e, por isso mesmo, desqualificou, consequentemente,
todas as outras correntes judaicas, sufocando grande parte dessas tradições.
Ele também apresentou a sua pré-história farisaica de tal modo que ela,
posteriormente, desembocasse diretamente na ortodoxia até dissipar em boa
medida o pluralismo, visível ainda esporadicamente no farisaísmo anterior. Por
fim, o rabinismo nem mesmo reconheceu essa história como continuidade e
desenvolvimento, conservando apenas antigas controvérsias e antigos episódios
que lhe pareciam importantes para a interpretação da Lei. Mas qual era a
importância e quanto eram típicas para aquela época tais tradições, supondo que
se lhes atribua confiabilidade histórica? Quem refletir sobre isso não se
surpreenderá acerca da diversidade e contradição presentes nas apresentações
mais recentes do farisaísmo. Mesmo assim, algumas linhas mestras podem ser
reconhecidas: tal qual os essênios, também os fariseus têm sua origem no
movimento hassídico do séc. II a.C. Na época de Paulo, eles já há muito tempo
estavam reunidos em corporações, com a finalidade de colocar o povo todo sob a ação
santificadora da Torá, mediante a observação da Lei. Embora a eles também
pertencessem sacerdotes e escribas, com certeza a maioria dos membros, contudo,
era composta por leigos, que eram mais ou menos dependentes da interpretação da
Torá feita pelos escribas. Indícios mostram que a uniformização da mentalidade
farisaica é um produto tardio da história. Há para isso diversas indicações: na
época herodiana, Hillel e Shammai, ambos com suas escolas, estavam em
controvérsia com uma interpretação da Lei que, por um lado, era monística e,
por outro, orientada para a historicidade da vida. Parece ainda que uma parte
dos fariseus de orientação radical político nacional agiu, ao modo dos zelotes,
entre Herodes e Tito, contra tudo o que fosse estrangeiro, embora a maioria,
provavelmente, tenha se restringido somente à observância religiosa da Lei. Na
diáspora, por sua vez, alguns fariseus, entre outros grupos, devem ter
multiplicado o número de simpatizantes das sinagogas, i.e., os assim chamados
"tementes a DEUS", que eram adeptos do monoteísmo judaico, mas que
praticavam a circuncisão, bem como os prosélitos (Mt 23.25). Todas essas
variações, mesmo assim, reconciliam-se na linha básica de orientação na Lei
como única norma de vida para todo o Israel. A compreensão da Lei, porém,
também passou por uma evolução histórica, dentro da história geral do
farisaísmo. Isso tem a ver com a compreensão fundamental da Lei, com a
interpretação da promessa de vida da Torá e, enfim, com as ponderações legais.
Quanto ao primeiro ponto, a Lei, através da marcha vitoriosa do pensamento
sapiencial no judaísmo antigo, também para os fariseus havia sido identificada
com a sabedoria preexistente (Eclesiástico): A Torá era, pois, "o
instrumento, por meio do qual o mundo foi criado" (Aboth 3,14). Como tal,
tornou-se a lei interior de toda a criação e da história, bem como norma de
vida de cada existência humana: a Lei, entendida sapiencialmente, conduz ao
temor de DEUS (1.3) que devia ser realizado mediante o cumprimento da Lei
(1.17), sendo a Lei uma grandeza unitária, na qual todos os mandamentos eram,
no mesmo grau, expressão da vontade da única majestade divina (2.1). De forma
velada, essa concepção pode ser reconhecida em Paulo, por exemplo, em Rm
1.18-3.20. A Lei, por sua vez, prometia vida a quem a cumprisse. Os saduceus e
os essênios concebiam ainda essa vida prometida, na época do cristianismo
primitivo, como vida terrena do homem; enquanto o farisaísmo, ao contrário,
ensinava, provavelmente desde o séc. I anterior à era cristã, que esta vida
teria uma continuação no mundo vindouro, no início da qual haveria recompensa e
castigo para o comportamento humano em relação à Torá no mundo atual (Mc
12.18-27 par.; At 23.6-8; Aboth 2.1,7,16; 3.14-16). Com isso, uma concepção
fundamental da apocalíptica judaica antiga havia se tornado também parte da
visão farisaica. Desde então, não só ocorreu a união entre farisaísmo e
teologia sapiencial, como também entre farisaísmo e apocalíptica. Também Paulo
mostra viver numa compreensão da realidade segundo a qual essa mesma realidade
será substituída por outra, vindoura e eterna, sendo o juízo divino a porta de
entrada para a salvação final (cf. infra). Percebe-se, nessas duas opções
decisivas do farisaísmo, a sua capacidade de abrir-se, na sua orientação
fundamentalmente legal, para a mudança histórica da época. Assim, certamente
terá também assumido uma abertura intelectual para o helenismo e, em
consequência disso, terá assimilado a situação de diáspora do judaísmo. Um bom
exemplo para isso é o historiador judeu Josefo (ca. de 37/38 até final do séc.
I d.C.): oriundo da nobreza sacerdotal saduceia, na juventude adere aos
fariseus e toma parte da guerra judaica na Galileia, tornando-se prisioneiro
romano, para, a partir de então, ao lado de Tito, acompanhar o final da guerra,
habitando depois em Roma, com direito à cidadania romana e a uma renda anual.
Sua obra literária dedica-se à tentativa de conciliar judaísmo e cultura
helenístico-romana, a partir de uma base judaica. A Lei, porém, continha mandamentos
diversificados, que deviam ser levados em conta na prática. Aqui, novas
pesquisas têm demonstrado que os fariseus se empenhavam de modo especialmente
intenso nisso, no sentido de que as leis de pureza deviam ser observadas na
vida diária de todo o povo, não se reduzindo simplesmente ao papel de Torá
sacerdotal. Com isso, estava estabelecida a santificação ritual do quotidiano,
como programa para todo o povo de Israel. Na medida em que esse objetivo também
foi assumido na diáspora helenista, estava claramente demarcada a separação em
relação a todos os não-judeus. Uma vez que a santificação, como preservação -
igualmente ritual - da própria identidade como povo da aliança, constituía o
motor da prática farisaica, torna-se compreensível porque Paulo agiu de modo
tão agressivo contra judeu-cristãos em Damasco, enquanto estes viam essa
fronteira com mais tolerância (cf. eap. 4.2). Com essas observações gerais a
respeito do farisaísmo, limitamo-nos a caracterizar o marco que condicionaria a
consciência do judeu Paulo. Deve-se especificar mais? Para isso, deve-se
utilizar as outras cartas paulinas de um modo mais consequente do que se
costuma fazer. Isso quer dizer que quem procura por materiais tradicionais e
conceitos judaicos em Paulo, não deve ver nisso apenas conhecimentos gerais
cristãos a respeito do judaísmo, mas deveria interrogar, até que ponto tais
afirmações descrevem o próprio Paulo, relativamente à sua antiga mentalidade
judaica. É improvável que Paulo tenha desenvolvido sua visão a respeito do judaísmo
apenas após sua conversão. E bem mais provável que seu juízo cristão do
judaísmo, que sua descrição cristã do mesmo, bem como a utilização de materiais
judaicos, tenha suas raízes no período judaico do Apóstolo. É praticamente
impossível imaginar que ele tenha adquirido uma visão do judaísmo somente após
sua conversão. Antes, quando Paulo caracteriza o judaísmo, basicamente está em
jogo o seu próprio passado judaico. Aqui, aparece uma diferença fundamental
entre a análise das cartas de Paulo e a tradição sinótica: nessa última, a
história da tradição ocorreu em meio a um crescimento anônimo; nas cartas
paulinas, pode-se identificar um portador individual da tradição. Nessa
colocação do problema, é possível identificar, no próprio Paulo, alguns
aspectos claros de sua doutrina farisaica. Esses aspectos se poderão atribuir
ao judeu Paulo, com maior ou menor fundamento, segundo seu grau de
verificabilidade em fontes judaicas. Antes de qualquer discussão específica,
convém lembrar que as indicações contidas nos escritos paulinos estão a nosso
dispor em grego. Em nenhuma passagem, podemos comprovar claramente, mediante a
simples tradução para o aramaico, que Paulo houvesse efetuado só posteriormente
- sendo já cristão - uma transformação grega. Isso leva à suposição de que
Paulo tenha formulado essas afirmações em grego, ainda quando era judeu. O que
é mais um indício de que Paulo era fariseu da diáspora. Isso também é confirmado
pelo tema carregado de polêmica, a respeito do qual a sinagoga da diáspora
altercava o monoteísmo estrito, que aparecia como um elemento único no mundo da
religião romano-helenista, com a atitude sincera e tolerante do helenismo. O
único DEUS verdadeiro, como criador e juiz, está em confronto com os deuses (Rm
1.18s; 1Ts 1.9). Os deuses carecem de realidade e não possuem nenhuma
significação positiva. Eles são enquadrados como potências que perderam seu
poder, portanto, como demônios que, por exemplo, são venerados como deuses, mas
que nenhum culto merece (1Co 8.4s; 10.18-22). Este culto é justamente o pecado
dos gentios, expressão de sua desobediência ao DEUS único. Isso leva,
decididamente, à pecaminosa perversão humana, que demonstra que o mundo dos
deuses pagãos não traz nenhuma salvação aos homens, mas segundo o parecer
judaico, está sob o juízo de DEUS (Rm 1.18ss). Daí que, quanto a esse tema,
seja impossível qualquer acordo entre judaísmo e helenismo. Pelo contrário,
deve ser evitada toda atitude pagã na religião e na conduta moral. "Não
tenhas nada em comum com um pecador" diz um imperativo fundamental em
Aboth 1.7. O fariseu comum - o acima mencionado Josefo constitui uma exceção -
vive conforme um modelo de desqualificação polêmica, segundo o qual Israel
representa a verdadeira religião, enquanto todo o paganismo deve ser evitado,
porquanto considerado desvio pecaminoso. Se avaliarmos bem o casus belli de
Damasco entre Paulo e os cristãos (cf. cap. 4.2 e 4.3), ele terá representado
coerentemente o ideal farisaico de pureza, condenando todo e qualquer culto
gentio. “Tu és santo e teu nome é terrível, e não há nenhum DEUS além de
ti", deve ter orado também Paulo, conforme a terceira petição da oração
das dezoito petições. Essa oração inicia com "Louvado sejas tu... DEUS de
Abraão, DEUS de Isaque e DEUS de Jacó, ... DEUS altíssimo, criador dos céus e
da terra, nosso escudo e escudo de nossos pais...". Com isso, duas coisas
são ditas: a faceta cósmica do DEUS criador, criador do mundo e da humanidade,
e a faceta particular, na linha da história sagrada, através da fé que começa
com os patriarcas de Israel. Não sendo mero acaso o fato da oração iniciar com
a proclamação histórico-salvífica de DEUS. Conforme G1 2.15, Paulo apresenta
uma situação inicial diferente para os judeus e gentios na passagem para o
cristianismo, e o faz tão obviamente, a ponto de distinguir entre judeus de
nascimento e os povos pecadores. A tematização do futuro destino de Israel em
Rm 9-11 somente é compreensível à luz dessa diferenciação entre o povo eleito e
outros povos. Por causa desse princípio fundamental da fé judaica (cf. Aboth
1.7; 3.14; 4 Esd 6.55s), Paulo vê-se obrigado a demonstrar com o exemplo do
primeiro representante da eleição de Israel, Abraão, até que ponto este, agora
na perspectiva cristã, é pai de todos os crentes (G1 3; Rm 4). 1 Tessalonicenses
é prova de como Paulo transforma e reformula, do ponto de vista cristão, esse
artigo de fé tão fundamental para a autocompreensão de Israel e de sua eleição
(cf. cap. 6.2). A conclusão inevitável é a desqualificação dos povos gentios
como idólatras, culpáveis e não-eleitos. (cf. Rm 1.18ss; G1 4.8): também Paulo
é capaz de designar os povos, para caracterizar a diferença em relação ao
cristianismo, em continuidade com o juízo judaico, como "geração má e
pervertida" (Fl 2.15), aplicando Dt 32.5 - seguindo, nisso, claramente o
antigo costume farisaico. Transparece também, claramente, a posição pré-cristã
de Paulo, quando ele proíbe os cristãos de conduzirem processos diante de
"injustos", i.e., diante de gentios (1Co 6.1ss). Já a sinagoga havia
instaurado uma jurisdição própria, para que não se dependesse (somente) da
jurisdição dos gentios. Paulo faz a transposição para a relação entre cristãos
e gentios. Por outro lado, podem-se salientar os privilégios de Israel, isso é:
a eleição de Israel, mediante o pacto da aliança com os pais, que deu a Israel
a filiação divina; a legislação, como dom, para a identificação da vontade do
DEUS da aliança, para, por meio de suas ordens, alcançar a vida; o culto que,
unicamente, agrada a DEUS, como meio de expiação dos pecados de Israel; enfim,
as promessas, antes de qualquer coisa, de que Israel terá parte na salvação
final e que DEUS não voltará atrás quanto ao que prometeu (Rm 3.1s; 11.2,28s).
Em Rm 9.4, Paulo formulou, de maneira habilidosa, numa estrutura articulada em
duas linhas de três membros, os predicados que pertencem a Israel: a filiação a
glória de DEUS as alianças a Lei o culto as promessas Ambas as linhas se
interpretam reciprocamente: filiação e Torá também em Aboth, 3.14 estão juntas.
A glória (terrena de DEUS) habita no templo, onde Israel realiza o culto. As
alianças (patriarcas, Moisés) direcionam-se, preferencialmente, às promessas a
respeito do futuro de Israel. Consciente de estar caracterizando acertadamente
o judeu, o ex-fariseu Paulo assim o interpela em Rm 2.17ss: í. a) ele se
denomina judeu, b) apoia-se na Lei, c) gloria-se em DEUS, d) conhece a vontade
(de DEUS), e) prova o que pode ser distinguido, instrui a partir da Lei. Em
paralelismo com este juízo sobre suas relações com DEUS, segue a comparação com
os gentios: 2. a) O judeu está convencido de ser guia de cegos, b) luz para os
que vivem nas trevas, c) instrutor de ignorantes d) mestre de crianças (menores,
que não sabem ), e) possuidor do saber e da verdade elaborados na Lei. Ambos os
textos falam, não por acaso, da posição destacada da Torá, de sua observância e
de sua universal imposição. E de conhecimento geral que isso é exatamente o
judaísmo de interpretação farisaica. Consequência significativa é que Paulo se
tenha compreendido como judeu fariseu. Garantia dessa conclusão é mais uma vez
Fl 2.15s, que é muito esclarecedor. Nesse texto, Paulo transfere as pretensões
e a consciência judaica para a comunidade cristã. Assim, ele espera que os
cristãos sejam "irrepreensíveis e puros". Não deve ser assim também o
verdadeiro judeu (Rm 2.10,13; Fl 3.6)? Eles devem também ser "filhos de
DEUS imaculados" (cf. a filiação judaica, Rm 9.4), em meio a uma
"geração má e perversa" (cf. Rm 2.19s), "como luzes brilhando no
mundo" (cf. Rm 2.19) e "mantendo a palavra da vida" (cf. Rm
9.4). Acerca dessa transposição de uma comunidade a outra, advém a observação
adicional de que Paulo mesmo se classifica dentro do quadro dessas
prerrogativas judaicas, quando ele se descreve como ex-fariseu (Fl 3.4-6).
Corresponder a essa situação de eleição, i.e., observar a Torá como revelação
da vontade divina e garantir-lhe o devido valor na vida de cada israelita, era
o interesse fundamental do farisaísmo (cf. apenas Aboth 1.12; 2.7,12). Uma vida
consagrada à Lei, para a honra de DEUS. Paulo julga a sua própria prática de
vida nessa Lei como princípio supremo e se considera irrepreensível e justo (Fl
3.6; G1 1.14). Não podemos, sem mais nem menos, condenar essa atitude como
autojustificação, como mostra a parábola do fariseu e do publicano (Lc
18.11ss). Deve-se ver, em primeiro lugar, que Paulo relaciona a vida e o
destino humano não à consciência de seu próprio valor, mas ao julgamento do
divino juiz (1Co 4.3-5), o que também era a posição típica dos fariseus (Aboth
2.1,14s; 3.1). "Justo" significa fiel à Torá segundo o juízo de DEUS.
Que, a partir dessa base, também, entre outras coisas, houvesse a possibilidade
de, mediante paciente realização de boas obras, procurar alcançar por si só a
vida eterna (cf. Rm 2.7), ou mesmo apresentar' ao juiz as próprias boas obras
(Lc 18.11s), deveria estar fora de discussão. A fidelidade a Torá supõe-se o
cumprimento da Lei como dever para toda a vida e a disposição para a penitência
pelos pecados cometidos, como a própria impõe a obediência e a expiação: A
confiança (verdade) dos justos está no Senhor seu salvador. Na casa do justo
não se acumula pecado sobre pecado. O justo vigia continuamente a sua casa,
para poder eliminar a injustiça cometida, causa de sua transgressão. Ele expia
pecados involuntários por meio de jejum, humilhando sua alma. O Senhor purifica
todo homem piedoso bem como sua casa. Assim descreve SISal 3.6-8 o justo,
colocando-o em contraste com o pecador que, em sua vida, acumula pecado sobre
pecado (3.9s). Aquele que é fiel à Lei sabe que vive da misericórdia divina,
que cabe a ele, o justo, sabendo que até a morte deverá estar preparado para a
penitência e conversão (Aboth 2.2,8,12; 3.1,15; 4.11). Nesse sentido, também se
deverá entender as afirmações paulinas em Fl 3.6; G1 1.14. Paulo certamente não
negará a nenhum judeu que, nesse sentido, ele possa ser justificado. Por causa
do conhecimento de JESUS CRISTO, contudo, ele julgaria isso como não tendo
valor (Fl 3.7ss e cap. 12.4). Uma vida consagrada à Lei significa para o
fariseu Paulo: obediência ao Criador e Juiz. Todas as pessoas devem essa
obediência por causa de sua condição de criaturas. Israel, por sua vez, tem o
privilégio de conhecer a vontade de DEUS por meio da Lei. Essa situação humana
de dívida encontra sua expressão mais clara na ideia de juízo final. Paulo não
só se ateve como cristão à ideia de juízo (p.ex. 1Co 3.5-17; 2Co 5.10; Rm
14.10-12), como antes, em Rm 2.2ss, tratou, de forma discursiva, uma visão
judeu-helenista da ideia de juízo, que hoje, com razão, classificamos entre os
conteúdos "pré-paulinos". O cristão Paulo, nessa passagem, dirige as
afirmações contra a concepção judaica de uma forma insuportável para o judeu.
Isso acontece, porém, porque ele parte de uma base comum a ele e ao lado
judaico (v. 2: "sabemos que..."), considerando o judeu justamente a
partir de tal consenso, como sendo inescusável no julgamento divino. Disso
conclui-se que, abstraindo desse recrudescimento polêmico, deverá aparecer, em
linhas gerais, a visão tradicional de juízo. Pois Paulo não só usou,
esporadicamente, um vocábulo helenístico-judaico sem raiz, (p.ex., "justo
julgamento" no v. 5), antes, tais observações linguísticas assinalam uma
visão de conjunto, a partir da qual Paulo pensa e na qual ele entende estar em
conformidade com o judeu. Isso significa que a visão de conjunto a respeito do
juízo, acerca da qual Paulo e o judaísmo estão em acordo, é típica para Paulo,
caso não tenha, contrariamente, criado para si uma visão do judaísmo após
ter-se tornado cristão. Como é essa concepção geral? A resposta a essa pergunta
deve ocorrer de tal modo que, ao longo do texto paulino, apresentem-se as
respectivas analogias judaicas. Todas as criaturas vivem na perspectiva do
juízo vindouro. Ninguém lhe pode escapar (Rm 2.2s; 9.18-24; cf. Aboth 2.1;
3.1). Um tempo ou data para o juízo ou mesmo um tempo aproximado para o juízo,
está fora de cogitação. A questão não é quando será o dia do juízo, mas
decisivo é que a observância ou rejeição da Torá terá consequências no juízo
(cf. Aboth 2.1,15; 3.1). O juízo está posto a serviço da torálogia. Inculca-se
não ser possível ignorar impunemente a vontade de DEUS: DEUS não deixa zombar
de si (G1 6.7), portanto, sê observante da Torá (cf. Aboth 1.16; 2.8). O tempo
da "riqueza de sua bondade, paciência e longanimidade" pretende levar
as pessoas "à penitência", dura até o juízo. Quem não aproveita esse
tempo é de dura cerviz e atrai para si a ira divina (Rm 2.4s; cf. Aboth 2.1, 8,
10, 12). A história é entendida, portanto, como a possibilidade concedida por
DEUS de conduzir uma vida conforme a Torá, sendo, simultaneamente, compreendida
consequentemente em função do juízo final. Também os povos, aos quais a Torá
escrita é desconhecida, não estão dispensados de realizar a vontade de DEUS,
pois - um pensamento estóico agora é transposto - as exigências da Lei são
conhecidas por eles "a partir da natureza", pois, como a sua
consciência atesta, a Lei lhes "foi gravada em seus corações" (Rm
2.14s). O juízo final tem caráter forense e escatológico. Ele se realiza
"conforme a verdade" (Rm 2.2; Aboth 3.16), i.e., "sem acepção de
pessoas" (Rm 2.11; cf. Aboth 4.22: SISal 2.18 etc.) como manifestação do
"justo juízo de DEUS" (Rm 2.5; TestLevi 3.2:15.2), com o que foi
utilizada uma nova formulação helenística, que Paulo não utiliza. As três
afirmações expressam a incorruptibilidade do juiz, que não dá preferência a
ninguém, que julga severa e inexoravelmente conforme as ações de cada pessoa
(Rm 2.6) e que também julga "os segredos dos homens" (Rm 2.16). O
julgamento de DEUS é justo enquanto atribui a cada um a sua sorte definitiva
(justiça retributiva), correspondendo "à verdade", i.e., à
realidade da criatura humana. Assim, em Rm 2.6, Paulo pode citar o SI 62.13
(cf. Pv 24.12): DEUS "retribuirá a cada um segundo suas obras".
Originalmente, essa afirmação tinha em mente a estreita relação entre o agir e
a sua consequência, recaindo, conforme isso, a consequência de uma ação imediatamente
sobre o seu autor, sendo DEUS aquele que garante esta relação. Agora, porém,
essa afirmação deve ser lida no contexto dos três princípios sobre o juízo,
adquirindo assim o significado de "retribuição" escatológica: DEUS
faz justiça mediante um ato de julgamento, enquanto ele recompensa os que
realizam boas obras, i.e., creditando-lhes recompensa "conforme o
devido" (Rm 4.2, 4), ao passo que, aos que praticam o mal, proporcionará
"ira e indignação" (2.8ss). Da mesma forma, fala Aboth acerca da
"retribuição" divina (1.7), querendo com isso indicar a escatológica
"distribuição de salário" (2.1; 4.2) na qual DEUS, igual a um patrão,
distribui o salário pelo trabalho realizado (2.16). Isso ocorre com base no
fato de que todas as ações das pessoas estão registradas num "livro"
(2.1), devendo elas "prestar contas" (3.1) e, inversamente, DEUS tudo
lhes "credita" (2.2; 3.8). Semelhante linguagem de direito
trabalhista e comercial pode encontrar sua descrição diretamente na imagem do
comerciante e do banqueiro (3.16). O "acúmulo" de ira (Rm 2.5) deve
ser compreendido a partir desse pano de fundo. Trata-se da ideia de que DEUS,
no juízo final, ratifica a concluída história humana mediante seu ajuste de
contas. Ele reage às ações humanas mediante seu juízo. Nesse sentido, desde a
perspectiva do juízo, tais ações possuem um significado de salvação e perdição.
Para Rm 2, é fundamental que recompensa e castigo não são quantificados. Uma
vez que só há justos e pecadores, também só haverá vida ou sofrimento final:
"glória, honra e eternidade" (novamente, um conceito helenístico). “Glória,
honra e paz” (2.7,10) equivalem ao que é "vida eterna" (Paulo define,
em sentido cristão e novo, essas expressões em 1Ts 4.17; 5.10). Inversamente,
"ira e indignação" (Rm 2.8) são qualificações do estado de condenação
definitiva. É necessário, para isso, recordar-se das exposições de Paulo sobre
o ser justo sob a Lei: justo significa ser fiel à Torá. Essas afirmações
descrevem, com clareza, os desenlaces paralelos da vida. Em 1Ts 4.13-5.11, o
cristão Paulo não mostrará mais nenhum interesse na sorte dos incrédulos: ele
ainda está interessado somente na salvação da comunidade escatológica. O
interesse judaico na justiça compensatória no fim do mundo, contudo, exige esse
duplo aspecto (p.ex., SISal 3.6-12 etc.). Paulo, como cristão, nesse ponto,
estará em conformidade com a visão farisaica, enquanto também ele conhece
somente uma qualificação fundamental no juízo final e, naquele momento, haverá
um único estado de salvação. Essa ideia de juízo contém, nas entrelinhas,
também a sua afirmação acerca da antropologia: o farisaísmo pressupõe que o
imperativo "tu deves" atinge a pessoa a qual é apropriado o "tu
podes". O pecado é ação falha por falta de possível engajamento da pessoa
e não reflexo de uma qualificação negativa da pessoa que age. Em outras
palavras, o livre arbítrio é doutrina farisaica (cf., p.ex., Aboth 3.15). Pelo
fato de a pessoa, em princípio, ser livre quanto ao bem e ao mal, não sendo,
portanto, dominada pelo pecado (Rm 7.14s), basta olhar para as suas obras, não
necessitando ela de nenhuma renovação fundamental antes de poder ser alguém que
realiza o bem. Aqui, Paulo, após sua vocação, pensará de outro modo, quando ele
muda sua avaliação da pessoa como criatura nova (cf. cap. 14.3). Olhando, após
essas elaborações de Paulo acerca do juízo final, para o judaísmo helenista,
percebe-se que este, não sempre, mas certamente em alguns casos, apropriou-se
de afirmações análogas sobre o juízo final, extraídas da apocalíptica. Isso é
testemunhado, por exemplo, pelos Test XII, pelos OrSib e HenEsl. Sobretudo,
porém, LibAnt, redigido por um autor que, ao menos, estava próximo ao
pensamento farisaico, mostra o uso que fez o farisaísmo do pensamento
apocalíptico para a interpretação da Lei. Aqui encontramos uma nova versão da
história de Israel que amplia o relato do dilúvio universal, tomando-o como
sinal da ira de DEUS (cf. Rm 1.18ss antes de 2.1ss), mas também acrescenta que,
no final dos tempos, DEUS ressuscitará todos os mortos e "retribuirá a
cada um segundo suas obras" (Rm 2.5s). Os que se salvam serão os
"justificados" e viverão em uma "morada eterna" (LibAnt
3.9-10). O fato de o farisaísmo ter conseguido aproximar-se da concepção
apocalíptica de juízo final, enquanto considerava esse como elemento integrante
de sua compreensão da Lei, interpretando, portanto, o anúncio da Torá a
respeito da vida como vida escatológica, ainda não fazia com que os fariseus
fossem apocalípticos. O fariseu Paulo não era um apocalíptico, assim como o
autor de LibAnt, os oradores de SISal, e os mestres de Israel, que ocorrem em
Aboth, não o eram. A apocalíptica, por sua vez, quer justamente ser enquadrada
nas grandes figuras da história, mediante eventos extraordinários de revelação,
e não granjear o simples reconhecimento nas verdades contidas na lei judaica. A
apocalíptica quer, justamente ao lado de Moisés e para além dele,
estabelecer-se como autoridade (cf., p.ex., 4Esd 14.37-48), para verdades
complementares. Um fariseu conhece somente a autoridade de Moisés: unicamente a
Lei basta para obter a vida. Desse modo, a resposta dada ao homem rico, em Lc
16.27ss, ao seu pedido de que se concedesse a seus irmãos uma revelação
especial, é tipicamente farisaica: "Eles têm Moisés e os profetas, que os
ouçam... Se não escutam nem a Moisés nem aos profetas, mesmo que alguém
ressuscite dos mortos, não se convencerão". Por essa razão, o fariseu
também não fala anônima ou pseudonimamente, antes, ele ensina com a autoridade
de Moisés. Para ele, nenhum antepassado como Enoque ou Esdras, reivindica
revelações especiais que, em si, estão escondidas e apenas ao visionário são
reveladas, ele somente conhece a revelação da Lei de DEUS no Sinai e sua
interpretação por meio da tradição oral (Aboth 1,1). A revelação especial a que
se refere a apocalíptica é, geralmente, expressão da atmosfera de crise, que
compreende a história do mundo como história de perdição, na qual a visão a
respeito da ação divina, criadora de sentido, está em geral escondida ou foi
perdida. A perplexidade e a situação sem saída da apocalíptica, no sentido
global da história e em seu sentido cósmico, devem ser superadas mediante tal
revelação especial, a qual ensina não só que o mundo e a história estão
submetidos a uma ordem e periodização secreta, como também a conexão do tempo
presente e da história cósmica com o tempo final. O fariseu, ao contrário,
descreve a história como tempo da paciência de DEUS, em que cada indivíduo tem
a chance e a tarefa de cumprir a Torá, para um dia, quanto a isso, poder
prestar contas a DEUS. Ele não necessita de nenhuma periodização secreta da
história, nem de visões cósmicas especiais acerca do mundo e do final dos
tempos. O juízo final, para ele, concentra-se no sentido antropológico da
recompensa e do castigo de cada pessoa no que diz respeito aos mandamentos da
Torá. O que Paulo, também como cristão, manterá formalmente (Rm 14.10; 2Co 5.10
etc.). Da época em que Paulo era fariseu, procede esta tradição (Aboth 3.1):
"Observa com atenção três coisas e não cairás em poder do pecado. Sabe de
onde vieste e para onde vais e diante de quem terás que prestar contas. Donde
vieste? De uma gota malcheirosa. Para onde vais? Para larvas e vermes. Diante
de quem haverás de prestar contas? Diante do rei de todos os reis...".
Para o fariseu, o indivíduo sempre pode apoiar-se na confiabilidade da vida,
pois a esperança da retribuição divina é constante e inabalável. Tudo se decide
em cada indivíduo e em sua obediência a Torá. Ele, e somente ele, precisa
superar o juízo vindouro. Mais do que isso, ele não necessita saber na vida.
Esse conhecimento fundamental, contudo, é seguramente garantido por Moisés.
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Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
Vídeo da Lição = https://youtu.be/uARvjTf69OA
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-3-conversao-de-saulo-de.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-3-conversao-de-saulo-de.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 9.1-9
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos
do Senhor, dirigiu-se ao sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco,
para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer
homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um
resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo,
por que me persegues? 5 - E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu
sou JESUS, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6 - E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe
o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém
fazer. 7 - E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas
não vendo ninguém. 8 - E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não
via a ninguém. E guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9 - E esteve três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.
OBJETIVO GERAL - Asseverar que a salvação é por meio da graça,
acompanhada de arrependimento e fé do pecador como resposta à salvação.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar a conversão de Saulo como ato da graça de DEUS;
Relacionar a conversão de Saulo com a doutrina bíblica da
conversão;
Elencar três faculdades interiores que são transformadas na
conversão
RESUMO DA Lição 3, A Conversão de Saulo de Tarso
I – A CONVERSÃO DE SAULO: UM ATO DA GRAÇA DE DEUS
1. A conversão de Saulo e sua experiência sobrenatural.
2. A iniciativa de JESUS para transformar a mente de Saulo.
3. A graça salvadora se manifestou a Saulo.
II – SAULO E A DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO
1. A conversão começa no arrependimento.
2. A conversão de Saulo promoveu uma transformação pessoal.
3. A conversão faz parte da doutrina bíblica da Salvação.
III – AS TRÊS FACULDADES INTERIORES TRANSFORMADAS NA CONVERSÃO
1. Faculdade intelectual.
2. Faculdade das emoções.
3. Faculdade da vontade.
INTRODUÇÃO
Vamos estudar nesta lição sobre a conversão de Saulo de Tarso
(Paulo).
Conversão é instantânea e acontece em fração de segundos quando se
tem um encontro com JESUS, ou seja, quando se ouve o evangelho e crê.
A salvação se dá no mesmo instante da conversão.
Graça é JESUS nascendo como homem aqui na terra e levando sobre Ele
nossos pecados, doenças, enfermidades e maldições, e morrendo por nós na cruz e
ressuscitando.
Porque a graça de DEUS se há manifestado, trazendo salvação a todos
os homens, Tito 2:11
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de
vós; é dom de DEUS. Efésios 2:8
A fé exigida por DEUS na obra de JESUS é nossa, por isso mesmo
existem diversas formas e tamanhos de fé. Se fosse DEUS quem desse a fé para a
salvação seria injusta por dar a uns mais do que a outros.
Exemplos de tamanho de fé:
Então, respondeu JESUS e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé.
Seja isso feito para contigo, como tu desejas. E, desde aquela hora, a sua
filha ficou sã. Mateus 15:28
E logo JESUS, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de
pequena fé, por que duvidaste? Mateus 14:31
E JESUS lhes disse: Por causa da vossa pequena fé; porque em
verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este
monte: Passa daqui para acolá — e há de passar; e nada vos será impossível.
Mateus 17:20
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que
aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe e que é galardoador dos que
o buscam. Hebreus 11:6
Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com DEUS por nosso
Senhor JESUS CRISTO; Romanos 5:1
De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de DEUS.
Romanos 10:17
em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa; Efésios 1:13 (Primeiro ouve o
evangelho, depois crê e depois recebe o ESPÍRITO SANTO - Este é processo da Salvação).
Para resolver questões difíceis vamos ver dois pontos:
1- Para mim Paulo estava a cavalo.
esta era a maneira de se viajar nesta época - Exemplo: E, chamando
dois centuriões, lhes disse: Aprontai para as três horas da noite duzentos
soldados, e setenta de cavalo, e duzentos lanceiros para irem até Cesareia; e
aparelhai cavalgaduras, para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo ao
governador Félix. Atos 23:23,24
2- Para mim os acompanhantes de Paulo viram a luz, mas não viram
JESUS. Ouviram a voz, mas não a entenderam.
E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram
muito; mas não ouviram a voz daquele que falava comigo. Atos 22:9
E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz,
mas não vendo ninguém. Atos 9:7
Conversão - επιστροφη epistrophe
conversão - dos gentios da idolatria para o DEUS verdadeiro - Das
trevas para a Luz.
para lhes abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do
poder de Satanás a DEUS, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte
entre os santificados pela fé em mim. Atos 26:18
Converterem - שוב shuwb
1) retornar, voltar
1a) (Qal)
1a1) voltar, retornar; 1a1a) voltar; 1a1b) retornar, chegar ou ir
de volta; 1a1c) retornar para ir de volta, voltar; 1a1d) referindo-se à morte;
1a1e) referindo-se às relações humanas (fig.); 1a1f) referindo-se às relações
espirituais (fig.); 1a1f1) voltar as costas (para DEUS), apostatar; 1a1f2)
afastar-se (de DEUS); 1a1f3) voltar (para DEUS), arrepender; 1a1f4) voltar-se
(do mal); 1a1g) referindo-se a coisas inanimadas
1a1h) em repetição
1b) (olel)
1b1) trazer de volta; 1b2) restaurar, renovar, reparar (fig.); 1b3)
desencaminhar (sedutoramente); 1b4) demonstrar afastamento, apostatar;
1c) (Pual) restaurado (particípio)
1d) (Hifil) fazer retornar, trazer de volta
1d1) trazer de volta, deixar retornar, pôr de volta, retornar,
devolver, restaurar, permitir voltar, dar em pagamento; 1d2) trazer de volta,
renovar, restaurar; 1d3) trazer de volta, relatar a, responder; 1d4) devolver,
retribuir, pagar (como recompensa); 1d5) voltar ou virar para trás, repelir,
derrotar, repulsar, retardar, rejeitar, recusar; 1d6) virar (o rosto),
voltar-se para; 1d7) voltar-se contra; 1d8) trazer de volta à memória; 1d9)
demonstrar afastamento; 1d10) reverter, revogar
1e) (Hofal) ser devolvido, ser restaurado, ser trazido de volta
1f) (ulal) trazido de volta
CONVERSÃO
Esta palavra significa literalmente “fazer a volta ou “mudar de
direção”, e é usada para traduzir a palavra heb. shub, e a palavra gr. strepho
e seus derivados, especialmente epistrepho. Estas palavras são às vezes usadas
na Bíblia em um sentido literal de virar-se fisicamente para algo (cf. Mt 9.22;
At 9.40). O significado primário e, espiritual denota uma revolução espiritual.
E usada no mau sentido de converter-se do certo para o errado em duas passagens
(Gl 4.9; 2 Pe 2.21). No entanto, o bom significado de voltar-se do indesejável
para o desejável é o usual. Neste sentido, é usada tanto em relação a
incrédulos como a cristãos.
Quando usada com relação a incrédulos, ela denota a mudança de
coração ou de pensamento (relacionado ao arrependimento e à fé) que permite que
alguém receba a graça de DEUS na salvação (cf. At 3.19). Embora se pense na
conversão como sendo o ato de um homem, em contraste com a justificação e a
regeneração que são atos exclusivos de DEUS, a implicação está sempre presente
de forma que a conversão completa só pode ser conquistada com a ajuda do ESPÍRITO
SANTO. A conversão implica em um completo repúdio ao pecado e uma fiel rendição
a CRISTO como Senhor.
Quando usada com relação a crentes, ela denota um retorno ao
correto relacionamento com DEUS, que pode ter estado rompido por um fracasso
moral (como no caso de Pedro, em Lucas 22.32) ou devido ao abandono da doutrina
verdadeira (cf. Tg 5.19,20). O uso espiritual desta palavra ilustra o fato de
que o vocabulário cristão, a princípio, era primeiramente figurativo. A
necessidade de expressar conceitos espirituais sem um vocabulário determinado,
levou os apóstolos a adotarem muitas palavras comuns e convertê-las aos seus
próprios usos.
Bibliografia. Georg Bertram. “Strephoetc”, TDNT, VII, 714-729. F.
L. F. - Dicionário Bíblico Wycliffe.
- [Do hb. sub, voltar atrás; do gr. metanoeõ, voltar; e, do lat.
conversionem, transformação] Mudança que DEUS opera na vida do que aceita a
CRISTO como seu Salvador pessoal, modificando-lhe radicalmente a maneira de
ser, pensar e agir desde que o mesmo esteja de acordo.
A conversão é o lado objetivo e externo do novo nascimento. Por
intermédio dela, o pecador arrependido mostra ao mundo a obra que CRISTO operou
em seu interior: a regeneração.
Em suma: o novo nascimento tem dois lados: um subjetivo e outro
objetivo. O subjetivo é conhecido como a regeneração; somente DEUS pode
aferi-lo. E, o objetivo, conforme já o dissemos, é a conversão: pode ser
constatado por todos. Dicionário Teológico - Claudionor Correia de Andrade.
Palavra portuguesa que traduz o verbo grego “epistrefo” (voltar)
(Mt 12,44; 24,18; Lc 2,39) e o substantivo “metanoia” (metanoeõ - mudança de
mentalidade).
A tradução desses termos por “penitência” conduz a conclusões
errôneas, porque a conversão implica não em dor pelo passado, mas uma mudança
de vida de quem se dispõe a abandonar a vida anterior e aceitar JESUS e sua
obra como messias e Senhor, moldando sua própria existência aos seus
ensinamentos. O chamado à conversão é parte essencial da pregação de JESUS (Mc
1,14-15) e aparece simbolizado em relatos como o do filho pródigo (Lc 15) ou em
similares, como o do doente que precisa do médico (Mc 2,16-17). Toda a
humanidade deve converter-se, pois sem conversão a única expectativa é a da
condenação (Lc 13,1). A razão disso reside no fato de que todos os homens são
pecadores, todos estão perdidos e todos necessitam receber, pela fé, a salvação
realizada por JESUS para alcançar a vida eterna (Jo 3,16). É exatamente a
conversão que permite ascender à condição de filho de DEUS (Jo 1,12) e obter a
vida eterna (Jo 5,24). E, por ser imprescindível o momento em que se decide o
destino eterno do homem, DEUS se alegra com a conversão (Lc 15,4-32) e JESUS
considera o chamado a ela como núcleo central e irrefutável de seu evangelho
(Lc 24,47). Dicionário de JESUS e Evangelhos.
Como o Crente Deve tratar Com o Pecado?
Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda
que o crente deve:
- Reconhecê-lo (Sl 51.3)
- Evitá-lo (1 Tm 5.22)
- Detestá-lo (Jd v.23)
- Resiste a ele com confiança em DEUS (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo (1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo (Pv 28.13).
O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos
escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto
ao Pai, JESUS CRISTO, o Justo” (1Jo 2.1).
BEP - CPAD
Jo 3.3: “JESUS respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de DEUS.”
Em 3.1-8, JESUS trata de uma das doutrinas fundamentais da fé
cristã: a regeneração (Tt 3.5), ou o nascimento espiritual. Sem o novo
nascimento, ninguém poderá ver o reino de DEUS, i.e., receber a vida eterna e a
salvação mediante JESUS CRISTO. Apresentamos a seguir, importantes fatos a
respeito do novo nascimento.
A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2;
Ef 4.23,24), efetuadas por DEUS e o ESPÍRITO SANTO (3.6; Tt 3.5) e o crente
arrependido se submetendo a DEUS numa nova vida de santificação no espírito, na
lama e no corpo. Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio DEUS é
outorgada ao crente (3.16; 2Pe 1.4; 1Jo 5.11), e este se torna um filho de DEUS
(1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). Já não se
conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo DEUS “em verdadeira
justiça e santidade” (Ef 4.24).
A regeneração é necessária porque, à parte de CRISTO, todo ser
humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a DEUS e
de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1Co 2.14).
A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados,
volta-se para DEUS (Mt e coloca a sua fé pessoal em JESUS CRISTO como seu
Senhor e Salvador (ver 1.12).
A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova
vida de obediência a JESUS CRISTO (2Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que
realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado (ver 8.36; Rm
6.14-23), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a DEUS e de
seguir a direção do ESPÍRITO (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo, ama
aos demais crentes (1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9; 5.18) e não
ama o mundo ( 1Jo 2.15,16).
Quem é nascido de DEUS não pode fazer do pecado uma prática
habitual na sua vida (ver 1Jo 3.9). Não é possível permanecer nascido de novo
sem o desejo sincero e o esforço vitorioso de agradar a DEUS e de evitar o mal
(1Jo 2.3-11, 15-17, 24-29; 3.6-24; 4.7,8, 20; 5.1), mediante uma comunhão
profunda com CRISTO (ver 15.4) e a dependência do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.2-14).
Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos
pecaminosos do mundo, seja qual for a religião que professam, demonstram que
ainda não nasceram de novo (1Jo 3.6,7).
Assim como uma pessoa nasce do ESPÍRITO ao receber a vida de DEUS,
também pode extinguir essa vida ao enveredar pelo mal e viver em iniquidade. As
Escrituras afirmam: “se viverdes segundo a carne, morrereis” (Rm 8.13). Ver
também Gl 5.19-21, atentando para a expressão “como já antes vos disse” (v.
21).
O novo nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico,
pois o relacionamento entre DEUS e o salvo é questão do espírito e não da carne
(3.6). Logo, embora a ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser
desfeita, o relacionamento de pai para filho, que DEUS quer manter conosco, é
voluntário e dissolúvel durante nosso período probatório na terra (ver Rm
8.13). Nosso relacionamento com DEUS é condicionado pela nossa fé em CRISTO
durante nossa vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor
sinceros (Hb 5.9; 2Tm 2.12).
Atos 9.1-9
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos
do Senhor, dirigiu-se ao sumo-sacerdote, 2 - e pediu-lhe cartas para Damasco,
para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer
homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 - E, indo no
caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um
resplendor de luz do céu.
4 - E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo,
por que me persegues? 5 - E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu
sou JESUS, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6 - E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe
o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém
fazer. 7 - E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas
não vendo ninguém. 8 - E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não
via a ninguém. E guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco. 9 - E esteve três
dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.
A Conversão de Saulo - Atos 9:1-9 - Comentário Bíblico - Matthew
Henry (Exaustivo) AT e NT (com algumas aliterações e adições do Pr. Henrique)
Encontramos na história de Estêvão duas ou três menções a Saulo,
pois o escritor sagrado desejava chegar à história de Paulo. Agora que isso foi
feito, não deixamos Pedro de lado já que daqui em diante ele é associado
principalmente com Paulo, o apóstolo dos gentios, como Pedro era o apóstolo da
circuncisão. Em hebraico, seu nome era Saulo – desejado. O nome romano que ele
usava entre os cidadãos de Roma era Paulo. Nasceu em Tarso, cidade da Cilícia,
cidade livre dos romanos, sendo ele mesmo homem livre daquela cidade (possuía
cidadania romana, portanto). Seu pai e mãe eram ambos judeus nativos; por isso
ele se chama hebreu de hebreus (Fp 3.5). Ele era da tribo de Benjamim que
permaneceu fiel à tribo de Judá (mesma tribo do rei Saul). Sua formação
educacional foi primeiramente nas escolas de Tarso, que era uma pequena Atenas
para a aprendizagem. Lá ele estudou os primeiros rudimentos da Torah na
sinagoga e em casa, com seus pais e também, na escola secular, deve ter se familiarizado com a filosofia e a poesia dos
gregos. De lá, ele foi enviado para a universidade em Jerusalém a fim de
estudar teologia e a lei judaica. O seu tutor era Gamaliel, fariseu eminente.
Possuía extraordinários talentos naturais e se dedicou bastante ao estudo dos
ensinamentos propagados pelos fariseus. Ele tinha um comércio de habilidades
manuais (fizeram-no aprender a profissão de fazedor de tendas), que era comum
entre os judeus que desde pequeno estudavam para ser eruditos (como disse o Dr.
Lightfoot), a fim de ganharem o próprio sustento e evitarem o ócio. Este é o
jovem em quem a graça de DEUS operou esta mudança maravilhosa aqui registrada
cerca de um ano depois da ascensão de CRISTO ou um pouco mais. (Os judeus
estudam e se formam em alguma profissão intelectual, mas também se formam em
alguma profissão braçal - faltando uma, a outra a cobre para seu sustento).
I
Como Saulo agiu mal antes da sua conversão.
Ele era inimigo inveterado do cristianismo e fez o que pôde para
erradicá-lo, perseguindo todos que o aceitassem. Sob outros aspectos, Saulo era
muito bom. Era, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível (Fp 3.6), homem
de bons costumes, mas blasfemo de CRISTO, perseguidor dos cristãos e
prejudicial a ambos (1 Tm 1.13). Sua consciência estava tão mal-informada que
ele pensava que deveria fazer o que fez contra o nome de CRISTO (At 26.9) e que
estava na verdade servindo a DEUS com este procedimento, como fora predito (Jo
16.2). Aqui temos:
1. A inimizade e fúria geral de Saulo contra a religião cristã: E
Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (v. 1).
Os perseguidos eram os discípulos do Senhor. Só por terem essa característica,
ele os odiava e os perseguia. O tema da perseguição era ameaças e mortes. Há
perseguição nas ameaças (At 4.17,21). Elas aterrorizam e quebrantam o espírito.
Embora se diga que as pessoas ameaçadas vivam muito, as pessoas que Saulo
ameaçava, se ele não fosse bem-sucedido em fazê-las fugir com medo de CRISTO,
as matava e as perseguia até à morte (At 22.4). O fato de ele respirar ameaças
e mortes dá a entender que isso lhe era natural e fazia parte de sua atividade
constante. Ele até se sentia bem nesse meio, respirando seus elementos com
naturalidade. Ele respirava com fúria e veemência. Sua própria respiração, como
a de algumas criaturas venenosas, era pestilenta. Ele respirava morte contra os
cristãos por onde quer que fosse. Em seu orgulho, ele assoprava para eles (Sl
12.4,5). Em sua raiva, ele cuspia seu veneno neles. Essa respiração de Saulo
também dá a entender: (1) Que Saulo persistia ainda mais nisso. Não satisfeito
com o sangue de quem tinha matado, ele ainda clamava: Dá, Dá (Pv 30.15). (2)
Que Saulo em breve pertenceria a outro meio. Por enquanto, ele respirava
ameaças e mortes, mas não tinha de viver essa vida por muito tempo. Essa
respiração logo cessará.
2. O desígnio particular de Saulo acerca dos cristãos em Damasco.
Fazia pouco tempo que o evangelho chegara ali levado pelos cristãos que fugiram
da perseguição causada pela morte de Estêvão. Eles pensavam que estavam seguros
e sossegados nessa cidade e tinham a tolerância daqueles que estavam no poder.
Mas Saulo não ficava sossegado se soubesse que um cristão se encontrasse em
paz. Ouvindo que os cristãos em Damasco estavam em paz, ele resolve
perturbá-los. Para isso, ele solicita uma procuração ao sumo sacerdote (v. 1)
para ir a Damasco (v. 2). O sumo sacerdote não precisava ser levado a perseguir
os cristãos, pois ele sempre estava disposto a fazê-lo. Mas parece que o jovem
perseguidor foi mais vigoroso em seus esforços que o idoso perseguidor. Os
líderes no pecado são os piores pecadores. Os prosélitos que os escribas e
fariseus fazem se mostram sete vezes mais filhos do inferno que eles (Mt
23.15). Saulo disse que esta procuração foi dada por todo o conselho dos
anciãos (At 22.5). Por isso, este homem fanático e furioso estava bastante
orgulhoso de ter uma procuração dada exclusivamente a ele com o selo do grande
Sinédrio. A procuração o autorizava a investigar entre as sinagogas ou
congregações dos judeus que estavam em Damasco, a existência de alguém que
pertencesse àqueles que se inclinavam a favor desta nova seita ou heresia,
aqueles que criam em CRISTO. Se ele achasse um dos tais, quer homens, quer
mulheres, devia levá-los prisioneiros para Jerusalém a fim de que fosse
instaurado inquérito contra eles de acordo com a lei pelo grande conselho.
Observe: (1) Os cristãos aqui são chamados alguns daquela seita (v. 2), “alguns
que eram do Caminho” (versão RA), conforme o original. Talvez os cristãos às
vezes se chamassem assim: de CRISTO, “o Caminho”. Ou porque eles se
consideravam que estavam apenas no caminho, não tendo ainda chegado ao lar; ou
porque os inimigos os representavam estar longe por si mesmo, um caminho
retirado, pouco frequentado, um partido, uma facção.
(2) O sumo sacerdote e o Sinédrio requeriam o direito de exercer
poder sobre os judeus em todos os países. E todas as sinagogas, mesmo aquelas
que não estivessem na jurisdição do governo civil da nação judaica, prestavam
deferência respeitosa a estas autoridades em questões de religião. Hoje, o
pontífice romano reivindica tal soberania como então fizera o pontífice
judaico, embora ele não tenha muito o que mostrar.
(3) Por esta procuração, todos que adorassem a DEUS do modo que o
sumo sacerdote e o Sinédrio considerassem heresia, embora concordassem
exatamente com os institutos originais até da igreja judaica, quer fossem
homens ou mulheres, seriam processados. Até o sexo frágil, que num caso desta
natureza poderia ficar isento, ou pelo menos sob compaixão, não receberá de
Saulo nada menos do que receberam dos perseguidores papistas.
(4) Saulo recebeu a ordem de levar todos esses indivíduos para
Jerusalém amarrados como criminosos de primeira magnitude. Este procedimento
visava a amedrontar os prisioneiros e engrandecer Saulo, na qualidade de
comandante da força policial que fora buscá-los e pela oportunidade de respirar
ameaças e morte. Saulo foi usado quando a graça de DEUS operou essa grande
mudança nele. Não nos desesperemos da graça renovadora em prol da conversão dos
maiores pecadores, nem desistamos da misericórdia perdoadora de DEUS a favor do
maior pecado, pois o próprio Paulo obteve misericórdia para que ele fosse um
exemplo notável (1 Tm 1.13).
II
Como foi súbita e extraordinária a mudança maravilhosa ocasionada
em Saulo, não por meio de expedientes comuns, mas por milagre. A conversão de
Saulo é uma das maravilhas da igreja. Aqui está:
1. O lugar e a hora da conversão de Saulo:
Indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco (v. 3),
JESUS o encontrou.
(1) Saulo estava indo no caminho (v. 3) em sua viagem. Ele não
estava no templo, nem na sinagoga, nem na reunião dos cristãos, mas indo no
caminho. Os pensamentos são tão livres e há boa oportunidade de refletir com
nosso próprio coração na estrada quanto na cama. Lá, o ESPÍRITO pode começar
sua obra em nós, pois esse vento assopra onde quer (Jo 3.8). Saulo já havia
ouvido e visto o testemunho de Estêvão (ouvido sua sabedoria e suas palavras de
amor, visto sua coragem e fé).
(2) Saulo estava perto de Damasco (v. 3), quase no fim da viagem,
prestes a entrar na cidade, a principal da Síria. Alguns eruditos observam que
ele, que seria o apóstolo dos gentios, converteu-se à fé de CRISTO em um país
gentio. Outrora Damasco fora infame por perseguir o povo de DEUS: seus
habitantes trilharam a Gileade com trilhos de ferro (Am 1.3). Agora, era
provável que o mesmo acontecesse de novo.
(3) Saulo estava prosseguindo no mau caminho, cumprindo seu
desígnio contra os cristãos em Damasco e se agradando com o pensamento de que
lá devoraria esta criança recém-nascida do cristianismo. Veja que às vezes a
graça de DEUS opera nos pecadores quando eles estão no pior e fervorosamente
empenhados em seus mais desesperados interesses pecaminosos, os quais são para
a glória da piedade e do poder de DEUS.
(4) O edito e decreto cruel que Saulo trazia consigo estava perto
de ser posto em execução. Mas felizmente foi impedido, fato que pode ser
considerado:
[1] Como grande bondade para com os pobres santos em Damasco, que
ficaram sabendo da ida de Saulo, segundo deduzimos do que Ananias disse (vv.
13,14), e estavam apreensivos diante do perigo que ele representava para eles,
tremendo como fracos cordeiros diante do ataque de um lobo voraz. A conversão
de Saulo foi, por ora, a segurança dos santos damascenos. JESUS tem muitas
maneiras de livrar da tentação os piedosos. Às vezes, Ele livra mudando o
caráter dos perseguidores, quer lhes contendo o espírito colérico (Sl 76.10) e
o apaziguando durante certo tempo, como fez com o rei Saul que mais de uma vez
apiedou-se de Davi (1 Sm 24.16; 26.21), quer renovando-lhes o espírito e
fixando nele impressões duráveis, como fez com Saulo.
[2] Mostrando bastante misericórdia para com o próprio Saulo, não o
deixando executar seu desígnio mau. Caso tivesse ido em frente, talvez tivesse
alcançado o preenchimento da medida da sua iniquidade. Veja que será valorizado
como sinal notável do favor divino se DEUS, quer pela operação interior da sua
graça, quer pelas ocorrências exteriores da sua providência, nos impedir de
prosseguir e executar um propósito pecaminoso (1 Sm 25.32).
2. A aparição de JESUS na sua glória a Saulo.
Aqui, somos informados somente que subitamente o cercou um
resplendor de luz do céu (v. 3). Mas pelo que se segue (v. 17), concluímos que
o Senhor JESUS estava nesta luz e lhe apareceu desta maneira. Ele viu o Justo
(Atos 22.14) e viu uma luz (Atos 26.13). Quer ele o tenha visto a distância,
como Estêvão o viu nos céus, quer o visse mais próximo no ar não sabemos com
certeza. Não é incompatível com a escritura que diz que o céu contém JESUS até
ao fim dos tempos (At 3.21) supor que Ele, em tal ocasião extraordinária, fez
uma visita pessoal e brevíssima a esta terra. A fim de que Paulo fosse apóstolo
era necessário que ele visse o Senhor, e ele o viu (1 Co 9.1; 15.8). (1) Esta
luz (v. 3) brilhou sobre Saulo subitamente – exaiphnes, quando ele sequer
pensava em tal coisa e sem aviso prévio. As manifestações de JESUS para as
pessoas são muitas vezes súbitas e muito surpreendentes, e Ele as antecipa com
as bênçãos da sua bondade. Foi o que sucedeu com os discípulos que JESUS chamou
para si. Antes de eu o sentir (Ct 6.12). (2) Era uma luz do céu (v. 3), a fonte
da luz, do DEUS do céu, o Pai das luzes. Era uma luz mais intensa que o brilho
do sol (Atos 26.13), pois foi visível ao meio-dia e excedia o esplendor do sol
na sua força e fulgor meridiano (Is 24.23). (3) A luz cercou [...] Saulo, não
só em torno do rosto, mas do corpo inteiro. De qualquer lado que se virasse,
ele estava rodeado com a manifestação do milagre. O propósito disso era não só
sobressaltá-lo e despertar-lhe a atenção (para ouvir bem quando visse algo tão
extraordinário assim), mas também dar a entender a iluminação do seu
entendimento com o conhecimento de CRISTO. O diabo entra na alma nas densas
trevas. Deste modo, ele obtém e mantém a posse da alma. Mas JESUS entra na alma
à plena luz, pois Ele próprio é a luz do mundo, brilhante e gloriosa para nós,
como a luz. A luz é primeira coisa nesta nova criatura, como é na criação do
mundo (2 Co 4.6). Por conseguinte, todos os cristãos são filhos da luz e filhos
do dia (1 Ts 5.5).
3. A detenção de Saulo e sua separação:
Ele caiu em terra (v. 4). É provável que ele estivesse a cavalo,
como Balaão que montava uma jumenta quando foi amaldiçoar Israel, e talvez
cavalgasse melhor que ele, pois Saulo estava em função oficial, tinha pressa e
a viagem era longa, de forma que não é provável que ele estivesse viajando a
pé.
Vemos que esta é a hipótese mais aceita, pois assim era o
comportamento padrão. A pessoa mais importante viajava a cavalo.
"E, chamando dois centuriões, lhes disse: Aprontai para as
três horas da noite duzentos soldados, e setenta de cavalo, e duzentos
lanceiros para irem até Cesareia; aparelhai cavalgaduras, para que, pondo nelas
a Paulo, o levem salvo ao governador Félix". Atos 23:23,24
A luz súbita amedrontaria o cavalo no qual ele montava e o
derrubaria. Foi a boa providência de DEUS que o corpo de Saulo não se
machucasse com a queda. Pelo visto, todos que estavam com ele também caíram por
terra (Atos 26.14), mas o alvo era ele. Isto pode ser considerado:
(1) Como o efeito da aparição de JESUS para Saulo e da luz do céu
que o cercou.
Veja que a manifestação de JESUS para os pecadores visa a
humilhá-los. Esse fenômeno miraculoso os rebaixa, fazendo-os pensar vilmente
sobre si e submeter-se humildemente à vontade de DEUS. Agora te veem os meus
olhos, disse Jó. Por isso, me abomino (Jó 42.4,5); Eu vi ao Senhor, disse
Isaías, assentado sobre um alto e sublime trono. [...] Então eu disse: ai de
mim, que vou perecendo! (Is 6.1,5); E, estando ele falando comigo, caí com o
meu rosto em terra, adormecido; ele, pois, me tocou e me fez estar em pé.
Daniel 8:18; E levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava
ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto.
Ezequiel 3:23.
(2) Como um degrau para este avanço planejado.
O propósito era que Saulo fosse não só cristão e ministro, mas
também apóstolo, grande apóstolo. Portanto, ele precisava ser subjugado desta
forma. Veja que aqueles a quem JESUS escolhe para receber as maiores honras são
primeiramente humilhados. Aqueles a quem JESUS quer dar conhecimento e graça
sobejamente são em primeiro lugar humilhados para que sintam a própria
ignorância e pecaminosidade. Aqueles a quem DEUS vai usar são primeiramente
golpeados com o senso da própria indignidade em serem usados.
4. A acusação de Saulo. Sendo pela queda levado em custódia e como
se estivesse num tribunal, ele ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por
que me persegues? (v. 4). Essa voz era nítida somente para ele, pois os demais
ouviam apenas um som (v. 7), não distinguindo as palavras (Atos 22.9). Observe
aqui:
(1) Saulo viu uma luz do céu e ouviu uma voz do céu (v. 4).
Sempre que a glória de DEUS foi vista, a palavra de DEUS foi ouvida
(Êx 20.18) por Moisés (Nm 7.89) e pelos profetas. As manifestações de DEUS
nunca foram exibições mudas, porque Ele engrandece sua palavra acima de todo o
seu nome. O que foi visto sempre teve o propósito de abrir caminho ao que foi
dito. Saulo [...] ouviu uma voz. Veja que a fé vem pelo ouvir a Palavra de
DEUS. Por conseguinte, o ESPÍRITO é recebido pelo ouvir da fé (Rm 10.17; Gl
3.2). A voz que ele ouviu era a voz de JESUS. Quando ele viu aquele Justo,
ouviu a voz da sua boca (Atos 22.14). Veja que a palavra que ouvimos tem maior
probabilidade de nos beneficiar quando a ouvimos como a voz de JESUS (1 Ts
2.13). Esta é a voz do meu amado (Ct 2.8). É somente a voz dele que pode
alcançar o coração. Ver e ouvir são dois métodos de aprendizagem. JESUS entrou
no coração de Saulo por ambas estas portas.
(2) O que Saulo ouviu era muito estimulante.
[1] Saulo foi chamado por nome e duas vezes: Saulo, Saulo (v. 4).
Certos estudiosos são de opinião de que, ao chamá-lo de Saulo, JESUS dá a
entender o terrível perseguidor de Davi cujo nome era semelhante – Saul. Ele
foi de fato um segundo Saul, grande inimigo do Filho de Davi como o outro fora
para Davi. Chamá-lo pelo nome indica a consideração especial que JESUS tinha
por ele (Is 45.4; veja Êx 33.12). Chamá-lo pelo nome convenceu-o e não lhe
deixou dúvida de quem era a voz que lhe falava (como Ele saberia seu nome se
não fosse DEUS?). Veja que o que DEUS fala em geral tem maior probabilidade de
nos fazer bem quando aplicamos o que ouvimos a nós mesmos e inserimos nosso
nome nos preceitos e promessas expressos de modo geral, como se Ele nos
chamasse pelo nome. Quando disse: Ó vós todos (Is 55.1), Ele dissera: Ó fulano
(Rt 4.1): Samuel, Samuel (1 Sm 3.10); Saulo, Saulo. Chamar duplamente: Saulo,
Saulo, indica, em primeiro lugar, o sono profundo em que Saulo se encontrava.
Ele precisava ser chamado muitas vezes, como ocorre em Jeremias 22.29: Ó terra,
terra, terra! Em segundo lugar, a preocupação amorosa que o santo JESUS tinha
por Saulo e por sua recuperação. Ele fala como alguém que é sincero. É como
Marta, Marta (Lc 10.41), ou Simão, Simão (Lc 22.31), ou Jerusalém, Jerusalém
(Mt 23.37). Ele fala com ele como com alguém que está em perigo iminente, à
beira da cova, prestes a cair: “Saulo, Saulo, tu não sabes para onde estás
indo. Ou: O que tu estás fazendo?”
[2] A acusação apresentada contra Saulo é: Por que me persegues?
(v. 4). Observe aqui, em primeiro lugar, que antes de Saulo se tornar santo,
ele tem de se ver pecador, um grande pecador, um pecador contra JESUS. Agora
ele vê esse mal nele que ele nunca vira antes. O pecado reviveu e ele morreu.
Veja que a convicção humilde de pecado é o primeiro passo para a conversão
salvadora do pecado. Em segundo lugar, que Saulo é convencido de um pecado em
particular, do qual ele era mais notoriamente culpado, no qual tinha se
justificado e por meio do qual é convencido de todos os outros pecados. Em
terceiro lugar, que o pecado do qual Saulo é convencido é perseguição: Por que
me persegues? (v. 4). Trata-se de uma repreensão muito afetuosa, o suficiente
para derreter um coração de pedra. Observe: 1. A pessoa que pecou:
“És tu. Tu, que não és um da multidão ignorante, rude e irracional,
que destruirá qualquer coisa que ouve com um nome ruim. Mas és tu que tiveste
uma educação culta e liberal, tens talentos, dons e conhecimento das
Escrituras, os quais, se devidamente considerados, te mostrariam a loucura
disto. É pior em ti do que em outro”.
2. A pessoa contra quem pecou:
“Sou Eu, que nunca te fez mal, que veio do céu para a terra fazer o
bem, que não faz muito tempo que foi crucificado por ti. E não foi o bastante,
mas devo Eu ser crucificado mais uma vez por ti?”
3. O tipo e persistência do pecado:
perseguição e, naquele momento, Saulo estava engajado nisso: “Tu
não só tens perseguido, mas tu persegues e persistes nessa ação”. Naquele
momento, ele não estava arrastando alguém para a prisão, nem estava matando-o.
Mas era esta a missão na qual ele estava indo a Damasco. Era este seu intento,
o qual lhe agradava o pensamento. Note que os que intentam causar dano já
estão, na conta de DEUS, causando danos.
4. A pergunta que JESUS fez para Saulo: “Por que tu fazes isso?”
(1) É linguajar de queixa. “Por que tu ages assim injustamente,
assim indelicadamente, com os meus discípulos?” JESUS nunca reclamou tanto
daqueles que o perseguiram em pessoa como Ele reclamou aqui daqueles que o
perseguiram nos seus seguidores. Ele reclama como se fosse o pecado de Saulo:
“Por que tu és tal inimigo de ti mesmo, do teu DEUS?” Note que os pecados dos
pecadores são cargas muito dolorosas ao Senhor JESUS. Ele se condói dessas
cargas (Mc 3.5); Ele é pressionado sob essas cargas (Am 2.13).
(2) É linguajar convincente: “Por que tu ages assim? Tu podes me
dar uma boa razão para isso?” Veja que é bom nos perguntarmos por que agimos
desta ou daquela maneira, para que nos demos conta de quão irracional é o
pecado. De todos os pecados nenhum é tão irracional, tão irresponsável, quanto
o pecado de perseguir os discípulos de JESUS, sobretudo quando descobrimos que
estamos, como certamente estão perseguindo JESUS. Não tem conhecimento quem
persegue o povo de DEUS (Sl 14.4). Por que me persegues? Ele pensava que estava
perseguindo somente um grupo de pessoas pobres, fracas e tolas, que eram uma
afronta e ofensiva de se olhar para os fariseus, sem imaginar que com tudo isso
ele estava insultando uma pessoa no céu. Com toda a certeza, se tivesse sabido
disso, ele não teria perseguido o Senhor da glória. Veja que os que perseguem
os santos perseguem o próprio JESUS. O que é feito contra eles Ele recebe como
se tivesse sido feito contra si mesmo, e o julgamento no grande Dia será feito
em conformidade com isso (Mt 25.45).
5. A pergunta de Saulo na sua acusação e a resposta (v. 5).
(1) Saulo faz perguntas acerca de JESUS: Quem és, Senhor? (v. 5).
Ele não responde diretamente à indagação de JESUS, mas a própria
consciência e procedimento o acusavam. Quando DEUS nos faz ver nossos pecados,
não podemos justificar um entre mil, especialmente quando se trata de
perseguição. As convicções de pecado, quando atingem com poder a consciência,
calam todas as desculpas e justificações. Ainda que eu fosse justo, lhe não
responderia (Jó 9.15). Mas Saulo deseja saber quem é o seu juiz. A interpelação
é respeitosa: Senhor. Ele, que fora blasfemo do nome de JESUS, agora fala com
Ele como o seu Senhor. A pergunta é apropriada: Quem és...? Isso dá a entender
o seu desconhecimento de JESUS. Ele não conhecia a voz de JESUS como as suas
ovelhas a conhecem, mas desejava se familiarizar com ela. A luz que o envolve o
convence de que é alguém do céu que lhe fala, e ele respeita aquilo que lhe
parece vir do céu. Quem és, Senhor? Qual é o teu nome? (Jz 13.17; Gn 32.29).
Observe que as pessoas se enchem de esperança quando começam a perguntar por
JESUS CRISTO.
(2) Saulo recebe uma resposta imediatamente, na qual temos:
[1] A revelação graciosa e pessoal de JESUS para Saulo. Ele sempre
está pronto a responder as perguntas investigativas e sérias daqueles que
desejam conhecê-lo: Eu sou JESUS, a quem tu persegues (v. 5). Na certa Paulo
agora ouve o mesmo nome que ouviu da boca de Estêvão - E apedrejaram a Estêvão,
que em invocação dizia: Senhor JESUS, recebe o meu espírito. Atos 7:59. Então
Estevão realmente estava vendo e falando com Ele? O nome de JESUS não lhe era
desconhecido. Seu coração se revoltara contra esse nome muitas vezes, e com
alegria ele o faria cair no esquecimento. Ele sabia que era o nome que ele
perseguia, mas nem imaginava que o ouviria do céu, ou em meio à tamanha glória
que agora o cercava. Perceba que JESUS traz as pessoas para comunhão com Ele se
manifestando pessoalmente a elas. Ele disse, em primeiro lugar: Eu sou JESUS, o
Salvador. Eu sou JESUS, o Nazareno (At 22.8). Saulo o chamava assim quando
contra Ele blasfemava: “Eu sou aquele mesmo JESUS a quem tu acostumavas chamar
com desprezo ‘JESUS, o Nazareno’”. Ele mostraria que agora que Ele está na sua
glória não se envergonha da sua humilhação. Em segundo lugar: “Eu sou JESUS, a
quem tu persegues. Portanto, o risco é teu se tu persistires em continuar neste
curso mau”. Não há nada mais eficaz para despertar e humilhar os pecadores do
que eles verem o pecado que cometem contra JESUS, sendo uma afronta para Ele e
uma contradição aos seus desígnios.
[2] A reprovação gentil de JESUS: Duro é para ti recalcitrar contra
os aguilhões (v. 5) – dar soco em ponta de faca. Retornar atrás quando espetado
por um ferrão de ponta aguda como nos carros de boi. É duro, é em si mesmo uma
coisa absurda e má, e será de consequência fatal para aquele que o fizer. Essas
recalcitrações contra os aguilhões que abafam e sufocam as convicções da
consciência, que se rebelam contra as verdades e leis de DEUS, que brigam com
as providências divinas e que perseguem e se opõem aos seus ministros, porque
eles as reprovam, e as suas palavras são como pontas de ferro (aguilhões) e
pregos. Aqueles que se revoltam cada vez mais quando são atingidos pela palavra
ou vara de DEUS, que se enfurecem com as reprovações e insultam os reprovadores,
recalcitram contra os aguilhões e terão muito a prestar contas.
6. Por fim, a rendição de Saulo ao Senhor JESUS (v. 6). Veja aqui:
(1) A disposição mental e temperamento nos quais Saulo estava
quando JESUS estivera tratando dele.
[1] Saulo tremia (v. 6) como alguém que estava com muito medo.
Observe que as convicções fortes, dadas pelo bendito ESPÍRITO, farão o
pecador-alvo tremer. Esses indivíduos não têm escolha senão tremer ao verem que
o DEUS eterno foi provocado contra eles, que a criação inteira está em guerra
com eles e que a própria alma se encontra à beira da ruína! [2] Saulo ficou
atônito (v. 6), muito surpreso e espantado, como alguém que é levado a um país
estrangeiro, que não sabe em que ambiente está. Note que a obra convincente e
convertedora de JESUS é surpreender o pecador e enchê-lo de admiração. “O que é
isto que DEUS está fazendo comigo? O que mais Ele vai fazer?”
(2) As palavras de Saulo para JESUS, quando aquele estava nesta
disposição mental e temperamento: Senhor, que queres que faça? (v. 6). Podemos
considerar esta pergunta: [1] Como um pedido sério de Saulo pelos ensinamentos
de CRISTO: “Senhor (v. 6), eu percebo que até aqui tenho estado fora dos teus
caminhos. Tu tens me mostrado meus erros, corrigindo-me. Tu descobriste os meus
pecados, descubra-me também o caminho do perdão e da paz”. É igual a: Que
faremos, varões irmãos? (At 2.37). Observe que o desejo sério de ser instruído
por JESUS no caminho da salvação é prova clara de que a boa obra começou na
alma. Ou: [2] Como uma resignação sincera de Saulo à direção e governo do
Senhor JESUS. Esta foi a primeira palavra que a graça comunicou a Saulo, e
assim começou uma vida espiritual: Senhor [JESUS], que queres que eu faça? (v.
6). A grande mudança na conversão é operada na vontade, que consiste em sua
resignação à vontade de JESUS. A conversão trás desejo de trabalhar para JESUS.
(3) A orientação geral que JESUS deu a Saulo em resposta à pergunta
feita:
Levanta-te e entra na cidade (v. 6) de Damasco, que está
perto de ti, e lá te será dito o que te convém fazer. É muito animador ter a
promessa de mais instruções, mas: [1] Saulo não receberá mais instruções agora.
Em breve lhe será dito o que ele tem de fazer. Por ora, ele tem de permanecer
no que lhe foi dito e se aperfeiçoar nisso. Ele deve refletir no que fez
perseguindo JESUS, humilhar-se muitíssimo por isso, para que então lhe seja
dito o que mais ele tem de fazer. [2] Saulo não receberá mais instruções por
este meio, por uma voz do céu, pois está claro que ele não suportará. Ele está
tremendo e atônito (v. 6). Mais tarde sim voltará a ouvir e ver JESUS. Agora um
homem como ele lhe dirá o que ele tem de fazer, cujo terror não o deixará
amedrontado, nem sua mão lhe será pesada, que era o que Israel desejou no monte
Sinai. Ou é indicação de que levaria certo tempo para outras e maiores
manifestações de JESUS para Saulo, quando ele tivesse se recomposto e este
espanto tivesse acabado. JESUS se manifesta aos seus por etapas. Tanto o que
Ele faz quanto o que Ele quer que eles façam, embora não saibam agora, saberão
depois.
7. Até que ponto os companheiros de viagem de Saulo foram afetados
pelo episódio miraculoso e que impressão isso lhes causou.
Eles caíram em terra, a seu exemplo, mas se levantaram sem a
necessidade de receberem ordem, ao passo que ele ficou caído em terra e só se
levantou quando recebeu a ordem: Levanta-te (v. 6). É que ele ficou debaixo de
uma carga mais pesada que os outros. Mas, quando os varões, que iam com
[Saulo], se levantaram (v. 7): (1) Eles pararam espantados, confusos, e isso
era tudo. Eles estavam na mesma missão má em que Saulo estava, e talvez, no
melhor de suas forças, eram tão rancorosos quanto ele. Não somos informados se
algum deles se converteu, embora tivessem visto a luz, caíssem em terra e
ficassem espantados pelo episódio. Não há meio externo que, por si só, ocasione
a mudança na alma, sem que operem o ESPÍRITO e a graça de DEUS, que distinguem
uns dos outros. Dentre este grupo que viajava junto, um é tomado, e os outros
são deixados. Eles pararam espantados, ou “emudecidos” (versão RA). Nenhum
deles disse: Quem és, Senhor? ou: Senhor, que queres que faça? como fez Saulo.
Nenhum dos filhos de DEUS nasce emudecido. (2) Eles ouviam a voz, mas não
nitidamente, não viam ninguém. Eles ouviam Saulo falar, mas não viam com quem
falava, nem ouviam claramente o que lhe era dito. Isto se harmoniza com a
descrição deste mesmo episódio registrada no capítulo 22.9: Os que estavam
comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito (o medo era
compreensível, pois eles não viam ninguém na luz como Saulo via), e que eles
não ouviram a voz daquele que falava com Saulo, para que entendessem o que Ele
dizia, embora ouvissem um ruído confuso. Assim, os varões que seriam
instrumentos da raiva de Saulo contra a igreja servem de testemunhas do poder
de DEUS que caiu sobre ele. Assim também quando DEUS falou com JESUS no batismo
nas águas, os que ali se encontravam não entenderam o que a voz dizia. Só João
Batista e JESUS entenderam. Ora, a multidão que ali estava e que a tinha ouvido
dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou. Joao 12:29
8. Em que condição Saulo ficou depois do episódio miraculoso (vv.
8,9).
(1) Saulo levantou-se da terra (v. 8), quando JESUS o ordenou, mas
provavelmente não sem ajuda. A visão o deixou tão abatido e fraco, não direi
como Belsazar, quando as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos
bateram um no outro (Dn 5.6), mas como Daniel, quando por causa da visão que
teve ele ficou sem força alguma (Dn 10.16,17).
(2) Saulo [...], abrindo os olhos (v. 8), descobriu que ficara
cego. Ele não via a ninguém, a nenhum dos varões que o acompanhavam na missão,
que imediatamente passaram a ocupar-se com ele. Não foi tanto esta luz
brilhante que, deslumbrando os seus olhos, os escureceram – nimium sensibile
loedit sensum, pois então os que estavam com ele também teriam perdido a visão.
Foi a visão de JESUS, que os demais não tiveram, que causou este efeito em
Saulo. A visão cristã da glória de DEUS na face de CRISTO deslumbra os olhos de
todas as coisas aqui da terra. JESUS, para dar outras e maiores revelações de
si e do seu evangelho para Saulo, tirou-lhe a visão de outras coisas, das quais
ele tinha de desviar o olhar, para que visse JESUS e tão-somente Ele.
(3) Os companheiros de viagem de Saulo, guiando-o pela mão, o
conduziram a Damasco (v. 8). Sabemos que Paulo ficou hospedado em uma casa de
alguém da mesma cidade natal dele - Tarso - seu nome era Judas (Atos 9.11).
Aquele que pensava conduzir os discípulos de JESUS prisioneiros e cativos para
Jerusalém foi ele mesmo conduzido prisioneiro e cativo a JESUS para Damasco.
Ele aprendeu que precisava da graça de JESUS para conduzir a sua alma (sendo
naturalmente cego e passível de erro) em toda a verdade.
(4) Saulo fica sem ver (v. 9) e em jejum por três dias, pois não
comeu, nem bebeu. Durante todo esse tempo ele esteve sofrendo os terrores de
DEUS pelos seus pecados, que agora eram colocados em fila diante dele. Ele
estava na escuridão concernente ao seu próprio estado espiritual. o jejum era a
melhor opção para quem desejava se humilhar diante de seu salvador - nem comida
nem bebida experimentou por três dias. Sua comida agora era fazer a vontade de
DEUS.
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A conversão e o chamado de Saulo (9.1-30) - Comentário -
NVI (F.F.Bruce)
Saulo e seu chamado. A mensagem cristã estava se espalhando por
toda a Palestina, e não muito tempo depois Pedro estaria pregando o
evangelho na casa de um gentio, abrindo a porta do Reino para os
incircuncisos, ou gentios. Nesse momento, o Senhor põe a mão sobre o
inquisidor-mor, que, segundo os desígnios de DEUS, seria o apóstolo aos
gentios. Anos passariam até que Barnabé e Saulo saíssem para o que foi
chamado de “primeira viagem missionária”, mas DEUS comissionou o seu servo
a tempo para que pudesse ser treinado em segredo antes de ser
reconhecido como o apóstolo que completaria a obra ao mundo gentílico.
Muito tempo depois, Paulo falou da condução providencial de DEUS
nele já a partir do seu nascimento (G1 1.15) para que, nascido hebreu, filho de
pais hebreus, formado na melhor tradição do judaísmo e mesmo assim um
cidadão de Tarso e do império, com trânsito completamente livre também com
a cultura helenística, estivesse ele idealmente preparado para fazer
a ponte entre o Oriente e o Ocidente, carregando a mensagem preparada e
nutrida em Israel até os confins da terra. A sua rara dotação intelectual
foi energizada por meio de um forte temperamento que não conhecia nada de
meias-medidas. Como perseguidor, era terrível, mas, uma vez tendo se
entregue a JESUS CRISTO, a sua lealdade foi absoluta, e o seu serviço,
transbordante. Esse era um vaso escolhido de DEUS, o grande apóstolo mestre,
comissionado pelo Senhor glorificado para marcar as linhas da estratégia
missionária e para ser o mordomo principal do mistério de CRISTO e de sua
igreja (Ef 2; 3; Cl 1.24—2.7; 1Tm 1.12-17; 2Tm 1.8-12; At 26.16-20).
Os relatos da conversão. Lucas destaca o apostolado de Paulo ao
apresentar a história da sua conversão três vezes em Atos: aqui, como
parte da história geral; em 22.3-16, como testemunho de Paulo diante dos
judeus; em 26.9-10, como o elemento principal na sua defesa diante de Agripa
II. Diferentes propósitos determinam as leves diferenças nos detalhes,
principalmente devidas ao grau de condensação.
Uma extensão de perseguição é proposta (v. 1,2). Saulo respirava
ameaças contra os nazarenos segundo a suposta maneira de dragões cuspidores de
fogo (v. 1) e viu o perigo da propagação da “doença” entre os judeus
da Dispersão, onde a influência do Sinédrio era mais fraca. Essa
assembleia certamente tinha poderes extraterritoriais sobre as sinagogas
no exterior, e a extradição de judeus para julgamento não era
desconhecida. Em Damasco, cerca de 10 mil judeus se encontravam nas muitas
sinagogas, e a notícia da presença de nazarenos entre eles tinha chegado a
Jerusalém.
A raiva de Saulo era inflamada ainda mais profundamente pelos
impulsos da sua consciência pesada, que é a única explicação para a
expressão “resistir ao aguilhão” (26.14). Conversões como essa não são
produzidas num vácuo psicológico. Acerca de outras referências à fé cristã
como o Caminho, v. 18.26; 19.9; 22.4; 24.14,22.
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A Vida e a Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia -
Ball. Charles Ferguson - Bela A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali,
Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de
DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no
Novo Testamento, principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa
narrativa envolvente, Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a
vida do grande apóstolo dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca
prováveis detalhes em suas pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o
registro bíblico.
Início da Convicção de Saulo
Saulo enfrentava uma nova dificuldade. Embora houvesse dispersado
os nazarenos de Jerusalém, recebeu diversos relatórios de que estes continuavam
espalhando seus ensinamentos. A Igreja, em vez de diminuir, crescia mais e
mais. Ele então começou a se perguntar se todo o seu trabalho estava ou não
baldado ao fracasso. Será que o seu velho professor Gamaliel tinha razão ao
dizer que, se a seita dos nazarenos fosse de DEUS, nem o Sinédrio nem um
poderoso exército iria detê-la?
Seria realmente uma obra divina? Estaria Saulo lutando contra DEUS?
É certo que fora derrotado na discussão com os nazarenos, pois estes conheciam
as Escrituras e fizeram-no calar-se na sinagoga. Estêvão certamente vencera os
perseguidores, pois na hora de sua execução, um estranho poder o possuíra,
impressionando profundamente a Saulo. E os cristãos que seguiam para a morte
com uma expressão de vitória estampada no rosto? Até aquele ponto Gamaliel
acertara: A perseguição só ajudara a propagar o novo ensinamento.
As cenas se sucediam na mente de Saulo. Ele pensou em sua educação
farisaica e em todas as regras que aprendera. Acreditava que, seguindo-as,
receberia a vida eterna. Mas agora tinha de admitir: sua vida era vazia. Quanto
aos ensinamentos rabínicos, não seriam suficientes sem a esperança do Messias.
Neste ponto, Saulo surpreendeu-se pensando no Messias; desejava que Ele viesse
logo.
Tinha certeza de que os nazarenos pregavam um falso messias.
Todavia, tinha a sensação de que o grande e misterioso poder que nEle se achava
viera sobre homens como Estêvão.
Saulo perguntou a si mesmo porque tais homens, a quem condenara à
morte, estavam dispostos a morrer pela nova religião. Ele sempre acreditara que
as pessoas defendiam coisas falsas enquanto lucrassem com isso; mas, quando a
espada era posta em suas gargantas, desistiam imediatamente. Mas por que os
seguidores de JESUS se agarravam à sua fé como se esta lhes fosse mais preciosa
que a própria vida?
O PONTO CRÍTICO
Embora estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira
continuar a luta. Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a
Damasco, onde, segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por
causa da perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente
a CRISTO nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente
os seguidores de JESUS se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma
tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando
ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240
quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas
do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a
Igreja de CRISTO.
A região achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos
antes, Elieser, o damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela
mesma estrada. Naamã passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas
Saulo não queria pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio.
Planejara caçar os cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém para que fossem
julgados e condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo
sacerdote aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a
assistência, pois era o representante legal das autoridades judaicas.
O sol ardia quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À
sua frente, estendia-se um vale bem irrigado e protegido por densas florestas
com árvores de todo tipo. Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o
álamo. Os vinhedos, nas encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os
viajantes geralmente abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava
no auge de sua força. Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar.
Na sinagoga, todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto
aos nazarenos, ainda se lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por
isso tremiam com a ideia de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava
que famílias seriam separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Havia,
porém, decidido manter-se fiéis a CRISTO não importando as consequências.
O meio-dia encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em
direção a ela. As estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia
procurado a sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor.
Apesar de toda aquela calmaria, Saulo não parara a fim de descansar. Os guardas
do Templo que o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer
observação.
O pequeno grupo aproximou-se do alto de um monte de onde se podia
ver os prédios rebrilhando ao sol. Segundo o poeta, Damasco era "um
punhado de pérolas numa taça de esmeralda".
A Aparição de CRISTO
Ao descerem o monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em
todo o seu esplendor, veio subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era
tanta que o sol pareceu enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e
caíram por terra; alguns, de bruços para protegerem-se da luz, e outros com as
mãos cobrindo os olhos, temendo aqueles raios. Outros foram derrubados por
terra pelos cavalos assustados. Admirados, entreolharam-se como que pedindo uma
explicação do que houvera. Foi então que viram o seu chefe caído por terra,
enquanto o animal, em que montara, mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo
falava com alguém, mas eles não viam o seu interlocutor. Embora parecesse uma
voz, não lhe compreendiam as palavras. Agora os lábios de Saulo se moviam;
tinha ele as mãos estendidas à sua frente como se estivesse cego. Saulo tremia
da cabeça aos pés.
Deitado no chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava:
"Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os
aguilhões" (At 26.14).
Perturbado com todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a
morte de Estêvão, temeroso, ousou perguntar: "Quem és tu, Senhor?"
(At 26.15).
"Eu sou JESUS, a quem tu persegues" (At 26.15).
Na linguagem do amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve
mui claramente: "Eu sou JESUS". Seria este o JESUS que morrera? De
repente, brota-lhe na alma a terrível compreensão de que estava errado. De
fato, toda a sua vida fora um erro.
O torvelinho que sentira, as perguntas que iam surgindo, a
crescente convicção de que estivera lutando contra DEUS - todos esses
pensamentos pairavam diante de si com súbita clareza e, de tal forma, que não
podia mais suportá-los.
Todo o orgulho de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e
toda a arrogância advinda de sua reputação como o principal perseguidor do
Cristianismo desmoronaram enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua
visão física lhe fora tirada para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava
pensando nas palavras: "Por que me persegues? Dura coisa te é
recalcitrares contra os aguilhões".
Tais palavras eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas
vezes o boi escoiceando o aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de
obedecer a quem o dirigia e submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas
varas que o dono usava para estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da
vida de Saulo. Ele estivera fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil!
Saíra para caçar os seguidores de JESUS; mas, em vez disso, descobriu que
estava sendo caçado por JESUS, a quem perseguia.
Sabia agora que era um assassino e descumprira o mandamento - Não
matarás. Essa foi a grande crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face
com o Messias, e viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos,
certos: JESUS era o CRISTO. Estêvão era um Mártir.
Naquele momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução,
maior do que qualquer outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava
quebrantado e abatido nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição
foi completa. Sua alma estava finalmente em paz.
A voz do céu era clara: "Levanta-te e entra na cidade, e lá te
será dito o que te convém fazer" (At 9.6).
A Transformação
Tudo acabara em poucos instantes, mas foi a maior experiência de
Saulo. Nela, pensaria até o dia da sua morte. Naquele momento, JESUS o
dominara, mudando-lhe por completo a vida. Nenhuma dúvida nem interrogação
ser-lhe-iam possíveis a partir daquele instante. Pois não tivera uma simples
visão de JESUS; fora, de fato, uma aparição do CRISTO, não mais com a glória
velada, como nos dias de seu ministério terreno, mas com tamanha plenitude de
glória que o homem não podia suportar-lhe o brilho.
Saulo falaria disso mais tarde como a última das aparições de JESUS
aos seus seguidores após a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma
experiência no Monte Sinai, quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe
como um fogo devorador. Foi isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o
ministério. Essa foi também a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da
Transfiguração. Foi o que João viu em Patmos e depois de tê-lo visto, "caí
a seus pés como morto" (Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida
uma entrevista com o CRISTO ressurreto.
Posteriormente, alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando
que ele jamais vira o Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que
recebera a sua comissão diretamente de JESUS que lhe dissera:
Te apareci por isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto
das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda;
livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires
os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a DEUS, a fim
de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em
mim (At 26.16-18).
Quando seus companheiros, já recuperados dos efeitos da visão,
foram ajudá-lo a pôr-se em pé, descobriram que ele estava cego, por isso
tiveram de conduzi-lo pela mão à cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido
um orgulhoso fariseu, cavalgando com pompa e autoridade, cheio de indignação e
soberba. Mas, num momento, foi transformado num servo trêmulo, que tateava,
humilde e quebrantado, agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu
destino. Ao chegar a Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua
chamada Direita, e pediu que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar e
privacidade para jejuar por três dias.
Já afastado do mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente
ordenar seus pensamentos. Sentou-se no escuro, imaginando como DEUS poderia
usar um cego em sua obra.
Saulo não comeu nem bebeu durante três dias. Agora, absorvido em
seus pensamentos, todo o passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo
do pai ao educá-lo como fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de
como as palavras dos rabino Gamaliel haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do
Templo e de todas as suas belas e agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se
das multidões dos adoradores entregando os sacrifícios aos sacerdotes.
Agora, porém, nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera
e fora crucificado exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida
de Saulo parecia estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando
contra DEUS. Cego por seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia,
ei-lo quebrantado aos pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força
dessa colisão com o CRISTO. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o
Sinédrio haviam cometido um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém,
terminaram; o futuro devia ser ocupado na proclamação dessas grandes
descobertas.
Quando prendia os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança
e ira. Era o inimigo mortal deles. Mas quando JESUS de Nazaré o prendeu, não
havia vingança nem ira. Se em seu poder, DEUS o derrubou por terra, em seu amor
o levantou e dele tomou posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde
orar pelos inimigos mesmo quando as pedras o atingiam mortalmente. Em CRISTO,
encontrou uma paz até então desconhecida para ele, o implacável fariseu.
Enquanto Saulo, jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das
estranhas experiências que tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado
Ananias, vinha vê-lo a fim de lhe restaurar a visão.
As Visões de Saulo e Ananias
Nessa mesma ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse
Saulo.
Alguns diziam que Saulo tinha ido a Damasco inclusive para prender
Ananias, pois os nazarenos haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa
visão, o Senhor ordenou a Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada
Direita, e pergunta em casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois
eis que ele está orando, e numa visão ele viu que entrava um homem chamado
Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco
tinham medo de Saulo por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além
disso, haviam sido informados que ele estava na cidade a fim de que, como
representante do sumo sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e
os conduzisse a Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os
livrasse? Quando chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a
DEUS. Era a resposta à sua oração.
Mas, agora, ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um
vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos
de Israel" (At 9.15).
Sem mais duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou
por Saulo, o rabino de Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com
o jovem e terrível fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito
que se desenrolava em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois
havia atravessado águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem
como nunca pensara ser possível.
Ananias atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão
sobre a sua cabeça, disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS
que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e
sejas cheio do ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o chamara de "irmão"! E pensar que ele,
Saulo, viera justamente prender um homem como esse que, agora, estendia-lhe a
destra da comunhão! Dissipadas as trevas, Saulo vê o homem que o procurara como
mensageiro de DEUS.
Ele acabara de receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada
de Damasco. Como não se render ao CRISTO? Por um momento, Saulo duvida: como
ser perdoado pela perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz
de Ananias lhe dá plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que o batismo era o sinal nazareno do arrependimento.
Era uma forma de mostrar publicamente que havia mudado, invocando o nome
daquEle a quem antes odiara, porém agora, além deste batismo nas águas, recebe
o batismo no ESPÍRITO SANTO, fato totalmente desconhecido para ele (cheio do
ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia
dúvida em seu coração. Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora
uma criança, confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de
JESUS e invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A
seguir, Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
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Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
Um touro indomável
A conversão de Paulo foi a mais importante da história. Talvez
nenhum fato seja mais marcante na história da igreja depois do Pentecostes.
Nenhum homem exerceu tanta influência no cristianismo. Nenhum homem foi tão
notório na história da humanidade. Lucas ficou tão impressionado com a
importância da conversão de Paulo que ele a relata três vezes em Atos (Atos
9, 22, 26). Destacamos alguns pontos sobre a conversão de Paulo.
Paulo não se converteu; ele foi convertido
A causa da conversão de Paulo foi a graça soberana de DEUS. Ele não
se decidiu por CRISTO; estava perseguindo CRISTO. Na verdade, foi CRISTO quem
se decidiu por ele.
Paulo estava caçando os cristãos para prendê-los, e CRISTO estava
caçando Paulo para salvá-lo (Atos 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a
JESUS; era JESUS quem estava buscando a Paulo. A salvação de Paulo não foi
iniciativa dele; foi iniciativa de JESUS. Não foi Paulo quem clamou
por JESUS; foi JESUS quem chamou pelo nome de Paulo. A salvação é obra
exclusiva de DEUS. Não é o homem que se reconcilia com DEUS; é DEUS quem
está em CRISTO reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18).
Paulo não é salvo por seus méritos; ele era uma fera selvagem, um
perseguidor implacável, um assassino insensível. Seus predicados religiosos,
nos quais confiava (circuncidado, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de
Benjamim), ele considerou como esterco (Fp 3.8, ARC). A nossa justiça
aos olhos de DEUS não passa de trapo de imundícia (Is 64.6).
Paulo era um touro bravo que resistiu aos aguilhões
A conversão de Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De
acordo com a própria narrativa de Paulo, JESUS lhe disse: “... Dura cousa é
recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). JESUS comparou Paulo a um
touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo, a um fazendeiro que
usa aguilhões para domá-lo.
DEUS já estava trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render
no caminho de Damasco. Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os
aguilhões (Atos 26.14). JESUS já estava ferroando sua consciência quando
ele viu Estêvão sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para
perdoar seus algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo.
JESUS estava ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os
cristãos e dava seu voto para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse
boi selvagem não amansou com as ferroadas, JESUS apareceu a ele, o
derrubou ao chão e o subjugou totalmente no caminho de Damasco. Isso
nos prova que a eleição de DEUS é incondicional, que a graça de DEUS é
irresistível, e que seu chamado é irrecusável. Paulo precisou ser jogado
ao chão e ficar cego para se converter. Nabucodonosor precisou ir para o
campo comer capim com os animais para se dobrar. Até quando você vai resistir
à voz do ESPÍRITO de DEUS?
A conversão de Paulo no caminho de Damasco era o clímax repentino
de um longo processo em que o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço.
Curvou-se a dura cerviz autossuficiente. O touro estava domado.
Paulo era um intelectual que resistiu à lógica divina (Atos 9.4-8)
Se a conversão de Paulo não foi repentina, também não foi
compulsiva. CRISTO falou com ele em vez de esmagá-lo. CRISTO o jogou ao chão,
mas não violentou sua personalidade. Sua conversão não foi um transe
hipnótico. JESUS apelou para sua razão e para seu entendimento.
JESUS perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Paulo
respondeu: “Quem és tu, Senhor?”. JESUS respondeu: “Eu sou JESUS, a quem tu
persegues”. JESUS ordenou: “Mas levanta-te”, e Paulo prontamente obedeceu!
A resposta e a obediência de Paulo foram racionais, conscientes e livres.
A soberania de DEUS não anula a responsabilidade humana. JESUS
picou a mente e a consciência de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se
revelou através da luz e da voz, não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A
graça de DEUS não aprisiona. É o pecado que prende. A graça liberta!
Paulo foi um homem completamente transformado (Atos 9.3-20)
Destacamos três fatos benditos sobre essa súbita conversão de
Paulo:
Em primeiro lugar, uma gloriosa manifestação de JESUS (Atos 9.3-6).
Três coisas aconteceram a Paulo:
Paulo viu uma luz (Atos 22.6,11). Subitamente, uma grande luz do
céu brilhou ao seu redor. Aquilo não foi uma miragem, um êxtase, uma visão
subjetiva. Foi uma grande luz do céu tão forte que lhe abriu os olhos da
alma e tirou-lhe a visão física. Ele ficou cego por causa do fulgor
daquela luz (Atos 22.11). Não foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas
o próprio JESUS (Atos 9.17). Aquela luz era a glória do próprio Filho de
DEUS ressurreto.
Paulo caiu por terra (Atos 22.7). O touro furioso, selvagem e
indomável estava subjugado. Aquele que prendia estava preso. Aquele que
encerrava em prisão estava dominado. Aquele que se achava detentor de todo
o poder para perseguir estava prostrado ao chão, impotente. O Senhor
quebrou todas as suas resistências.
Paulo ouviu uma voz (Atos 22.7). O mesmo JESUS que ferroara sua
consciência com aguilhões troveja, agora, aos seus ouvidos, desde o céu: “...
Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os
aguilhões” (Atos 26.14). A voz do Senhor é poderosa. Ela despede chamas
de fogo. Faz tremer o deserto. É irresistível. Paulo então perguntou: “...
quem és tu, Senhor? Ao que JESUS respondeu: “... Eu sou JESUS, o Nazareno,
a quem tu persegues” (Atos 22.8). O mesmo Paulo que perseguia a JESUS
(Atos 26.9) chama, agora, JESUS de Senhor. Ele se curva. Ele se prostra. O
boi selvagem foi subjugado! Não há salvação sem que o pecador se renda aos
pés do Senhor JESUS.
Em segundo lugar, uma humilde entrega de Paulo (Atos 22.8,10). Três
coisas devem ser destacadas:
Paulo reconhece que JESUS é o Senhor (Atos 22.8). Aquele a quem ele
resistira e perseguira é de fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou
dentre os mortos. Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de DEUS.
Aquela luz brilhou na sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos
seus olhos espirituais (2Co 3.16).
Paulo reconhece que é pecador (Atos 22.8). Paulo toma conhecimento
de que seu zelo religioso não agradava a DEUS. Na verdade, estava perseguindo o
próprio Filho de DEUS. Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores.
Reconhece que está perdido e precisa da salvação.
Paulo reconhece que precisa ser guiado pelo Senhor (Atos 22.10). A
autossuficiência de Paulo acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “...
que farei, Senhor?...” (Atos 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a
obedecer. Ele que esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho
e bravura, como um autoconfiante adversário de CRISTO, estava sendo guiado
por outros, humilhado e cego, capturado pelo CRISTO a quem se opunha. O
Senhor ressurreto aparecera a ele. A luz que viu era a glória de CRISTO, e
a voz que ouviu era a voz de CRISTO. CRISTO o capturou antes que ele
pudesse capturar qualquer crente em Damasco.
Em terceiro lugar, uma evidência incontestável da conversão de
Paulo (Atos 9.10-20). Três verdades nos provam essa tese:
Paulo evidencia sua conversão pela vida de oração (Atos 9.10,11). A
prova que DEUS deu a Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um
perseguidor, é que ele estava orando. Quem nasce de novo tem prazer de
clamar “Aba Pai”. Quem é salvo tem prazer na comunhão com o Pai. Paulo
é convertido e logo começa a orar!
Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do ESPÍRITO SANTO
(Atos 9.17). Ananias impõe as mãos sobre ele, e ele recebe o ESPÍRITO e fica
cheio do ESPÍRITO SANTO. Charles Spurgeon disse que é mais fácil você
convencer um leão a ser vegetariano do que uma pessoa ser convertida sem a ação
do ESPÍRITO SANTO.
Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do batismo (Atos
9.18). Não é o batismo que salva, mas o salvo deve ser batizado. O batismo é um
testemunho da salvação. Uma pessoa que crê precisa ser batizada e
integrada na igreja. Ananias chamou Paulo de irmão. Ele entrou para a família
de DEUS.
Capítulo 04 - Uma pedra bruta lapidada
Depois de convertido, logo Paulo se transforma em pregador do
evangelho. Em vez de perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de
tapar a boca dos cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS.
Destaco três mudanças radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de
sua conversão:
Em primeiro lugar, de agente de morte a pregador do evangelho.
Paulo tornou-se um embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente
após sua conversão (Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o
evangelho aos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com
saúde ou doente. Pregou nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas
praças, na praia, no navio, nos salões governamentais, nas escolas. Paulo
pregou com senso de urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele
pregava não apenas usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do
ESPÍRITO e de poder (1Co 2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas.
DEUS encorajou Ananias a ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as
seguintes palavras: “... Vai, porque este é para mim um instrumento
escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante
os filhos de Israel” (Atos 9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o
maior evangelista, o maior missionário, o maior pastor, o maior pregador,
o maior teólogo e o maior plantador de igrejas da história do
cristianismo. Ele plantou igrejas na região da Galácia, nas províncias da
Macedônia, Acaia e Asia Menor. Não apenas plantou igrejas, mas
pastoreou-as com intenso zelo, com profundo amor e com grave senso de
responsabilidade. Pesava sobre ele a preocupação com todas as igrejas (2Co
11.28).
Em terceiro lugar, de receptor de cartas para prender e matar a
escritor de cartas para abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos
cristãos, Paulo pedia cartas para prender, amarrar e matar os crentes
(Atos 9.2,14). Mas, depois de convertido, ele escreve cartas para abençoar.
Paulo foi o maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas.
Suas cartas são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na
história da humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões
de crentes em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão
que alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo
ESPÍRITO SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os
dias!
Vejamos, agora, como DEUS trabalhou na vida de Paulo até
transformá-lo no apóstolo que foi. Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e
radical, seu amadurecimento foi progressivo.
Pregando em Damasco
Logo após ser curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o
ESPÍRITO, Paulo começou a pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de
DEUS (Atos 9.20). Sua pregação consistia apenas numa declaração de que
aquele a quem ele perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação
causou espanto nos damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador
dos que invocavam o nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos
9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o
Filho de DEUS (Atos 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia
e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o
CRISTO (Atos 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar
cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma
investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio
da afirmação para o segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos
responde, mas encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua
conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos,
mas rumou para as regiões da Arábia, onde permaneceu três anos, fazendo um
seminário intensivo com o próprio Senhor JESUS. O próprio Paulo registra
esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim
anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de
homem algum, mas mediante revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois de passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo
Testamento, ele descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo
narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que
me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar
seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não
consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram
apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei,
outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17).
Pregação mais precisa em Damasco
Ao voltar das regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora,
não apenas afirma, mas demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido
(Atos 9.22).
Em vez de sua pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo
contrário, severa
resistência. Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto
muralha abaixo para salvar a vida. Depois de três anos de sua conversão, de
Damasco ele vai a Jerusalém (Gl 1.18).
Rejeição e acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa.
Os discípulos não acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele
estava blefando e armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa
rejeição, possivelmente, foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda
nos albores da sua caminhada. Estava colhendo os frutos de sua semeadura.
Eis o relato de Lucas: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou [Paulo]
juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que
ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o filho da consolação, viu Paulo com outros olhos.
Acreditou nele e investiu em sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé,
tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o
Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco
pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos 9.27). Barnabé foi o
instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na comunidade cristã de
Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé que agora pregava (Gl
1.23).
Uma exagerada confiança em si mesmo
Uma vez acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta
fúria os cristãos, Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela,
a fim de pregar aos judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa
desenvoltura não alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui
Paulo ainda estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu
ministério. Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o
relato de Lucas: “Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando
ousadamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas
eles procuravam tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso
nessa mesma cidade de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não
foi apenas rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra
pelo próprio DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz:
“Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me
um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de
Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos
22.17,18).
Em vez de DEUS mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de
mudar e sair da cidade. Paulo não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a
discutir com DEUS. Pensa que DEUS está cometendo um erro estratégico ao
tirá-lo desse campo. Ele pensa ser o homem certo para essa empreitada. Mas
DEUS não cede; é Paulo que tem de arrumar as malas e ir embora. Vejamos
a argumentação de Paulo com DEUS: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu
encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando
se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava
presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam. Mas
ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios” (Atos
22.19-21). Como Paulo reluta em sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo,
porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e
dali o enviaram para Tarso” (Atos 9.30).
O jovem Paulo sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma
as malas e vai embora de Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se
resolvem: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e
Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do
ESPÍRITO SANTO, crescia em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o
orgulho de um pastor do que sair da igreja e ver que após sua saída todos
os problemas dela se resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali
ficou não pouco tempo no anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse
longo período de sua vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos
sonhos, e nutrindo na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está,
agora, sozinho, esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na
verdade, DEUS está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos.
Vida com DEUS precede trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é
fazer a obra de DEUS, mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais
importante do que a obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na
obra não vinha dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga
aliança para a nova aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e
nada, de DEUS; na nova aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se
quisermos fazer a obra de DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos.
Se dependermos apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa
suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de
treinamento. O deserto é a escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina
seus líderes mais importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não
é um acidente em nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva
para o deserto. Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do
palco. Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção.
DEUS nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar.
O deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS
não tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos
numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas
os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o
estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante
quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único
dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com
30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser
poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser liderado antes de poder liderar
A evangelização do mundo estava a todo vapor, e isso sem a
contribuição de Paulo. Não há pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas
cooperadores, e não os agentes da obra. O evangelho chegou a Antioquia, a
terceira maior cidade do mundo daquela época. A igreja de Jerusalém
enviou para lá o mesmo Barnabé que havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao
chegar ali, alegrou-se ao ver a obra de DEUS prosperando e lembrou-se de
Paulo. Foi atrás dele e o buscou para engrossar fileiras no ministério da
evangelização e do ensino naquela cidade metropolitana.
Durante um ano, eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A
igreja era multicultural e multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava
e jejuava. Foi nesse tempo que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo
para a grande obra missionária, enviando-os para uma viagem
missionária transcultural. É digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO
separou Barnabé e Paulo, e não Paulo e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele
precisava aprender a ser liderado antes de poder liderar. Ele precisava
estar sob a autoridade de alguém antes de poder exercer autoridade sobre
alguém. Ele precisava aprender a ser reserva antes de ocupar o lugar de
titular.
Mais uma vez, estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando
na vida de Paulo, ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si
mesmo. DEUS estava esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa
pedra, aparando suas arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta, possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a
Paulo em sua trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O
mesmo apóstolo compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua
segunda carta aos Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma
vida vitoriosa: otimismo indestrutível, sucesso constante, impacto
inesquecível, integridade irrefutável e realidade inegável (2Co 2.14-17;
3.1-3). Contudo, a grande questão é: “... Quem, porém, é suficiente para
estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo
no capítulo seguinte, quando escreve: “... a nossa suficiência vem de
DEUS” (2Co 3.5). Só depois de aprender esse princípio, Paulo está pronto
para ser o grande líder, o grande missionário, o homem poderosamente usado
nas mãos de DEUS para levar o evangelho aos mais distantes rincões
do mundo.
De DEUS
No homem
Ele regenera
Na faculdade intelectual
Ele justifica
Na faculdade emocional
Ele santifica
Na faculdade da vontade
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 4, Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Vídeo desta Lição -
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/video-completo-licao-4-paulo-vocacao.html
Slides desta Lição -
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-4-paulo-vocacao-para-ser.html
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 9.15-22; Gálatas 1.11-18
Atos 9
15 - Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um
vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos
filhos de Israel. 16 - E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17
- E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo,
o Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que
tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO. 18 - E logo lhe caíram dos olhos
como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19
- E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os
discípulos que estavam em Damasco. 20 - E logo, nas sinagogas, pregava a JESUS,
que este era o Filho de DEUS. 21 - Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam:
Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso
veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22 - Saulo, porém, se esforçava muito mais e
confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o CRISTO.
Gálatas 1
11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
anunciado não é segundo os homens, 12 - porque não o recebi de homem algum, mas
pela revelação de JESUS CRISTO. 13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a
minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a
assolava. 14 - E, na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade,
sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. 15 - Mas, quando aprouve
a DEUS, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça,
16 - revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não
consultei carne nem sangue, 17 - nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já
antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
18 - Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e
fiquei com ele quinze dias.
PONTO CENTRAL - DEUS chama para a sua obra.
Lição 4, Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo
I – O PONTO DE PARTIDA PARA A VOCAÇÃO DE PAULO
1. Chamada e presciência divina.
2. Um ministério na plenitude do ESPÍRITO.
3. DEUS mudou o nome de Saulo para Paulo?
II – UMA VOCAÇÃO EFETIVADA PELO CRISTO RESSURRETO
1. Saulo viu o esplendor glorioso do CRISTO ressurreto (At 9.3-6).
2. Uma vocação inevitável para o apostolado entre os gentios.
3. A vocação mudou o rumo da vida de Saulo.
III – VOCAÇÃO DE PAULO E O APRENDIZADO NO DESERTO
1. A ida para o deserto.
2. As lições do deserto.
3. Mais lições do deserto.
Observações Iniciais:
O apóstolo Paulo não passou 3 anos na Arábia. Foi a Arábia, muito provavelmente
ao Monte Horebe, que ficava na cadeia montanhosa do Sinai, do lado Árabe, na
Terra de Midiã, onde viveu e se casou Moisés, tendo ali também recebido a Lei.
Paulo disse que saiu de Damasco, foi a Arábia e depois voltou a Damasco. Três
anos depois disto foi a Jerusalém, onde passou 15 dias com Pedro e viu também a
Tiago, irmão de JESUS, que agora também era apóstolo. Paulo, na certa, pensou:
Se Moisés falou com DEUS no Monte Horebe, na Arábia, então eu também vou até lá
falar com DEUS. E falou mesmo. Ali JESUS lhe revelou várias coisas, como por
exemplo, sobre a Santa Ceia: Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei: que o Senhor JESUS, na noite em que foi traído, tomou o pão; 1
Coríntios 11:23.
Aqui, o texto Bíblico.
nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram
apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco. Depois,
passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze
dias.
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do
Senhor. Gálatas 1:17-19
Existem apóstolos hoje na
Igreja, só naõ são reconhecidos e mantidos adequadamente. São aqueles que
desbravam lugares onde nunca ouviram a pregação do evangelho legítimo, abrem
igrejas e as coordenam instituindo líderes para cada uma delas. Estes apóstolos
também instruem e doutrinam seus membros. São homens cheios do ESPÍRITO SANTO
com sinais, prodígios e maravilhas acontecendo em seus ministérios.
O apóstolo Paulo deu dica de como saber se alguém é apóstolo: Os
sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência,
por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12.
Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós;
porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor. 1 Coríntios 9:2
CHAMAR
Embora a palavra “chamar” tenha muitas aplicações comuns nas
Escrituras, sua principal importância é a de ser um termo especificamente
teológico. A forma verbal (kaleo), quando usada tecnicamente, se refere à
chamada de DEUS aos homens para participar da bênção da redenção. Seus
benefícios podem ser descritos como a chamada de DEUS à sua glória (1 Pe 5.10;
2 Pe 1.3); à vida eterna (1 Tm 6.12); à comunhão com o seu Filho (1 Co 1.9) e
das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).
A chamada depende do propósito de DEUS (Gl 1.15), estabelecido
através da dádiva de sua graça (Gl 1.6,15) e alcança os homens através da
proclamação do Evangelho (2 Ts 2.14) tornando-se, dessa maneira, a única
esperança de salvação para a humanidade (Ef 4.4). A chamada está dirigida não
só à salvação do homem como também ao seu comportamento. Assim, os cristãos são
chamados não só à pureza, mas à santificação (1 Ts 4.7), à liberdade (Gl 5.13)
e a viver em paz (Fl 4.7).
O termo “chamada”, como substantivo, (klesis), aparece no NT
exclusivamente em um sentido técnico. O convite é para entrar no reino de DEUS,
para recebê-lo como uma dádiva e um bem. Incluída nesse convite está uma
decisiva ênfase na soberana iniciativa de DEUS que nos enviou seu filho para
dar a vida por nós. "que quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade". 1 Timóteo 2:4
“Porque a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a
fraqueza de DEUS é mais forte do que os homens.
Porque vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios
segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados. Mas DEUS escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as
sábias; e DEUS escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.
E DEUS escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são
para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas
vós sois dele, em JESUS CRISTO, o qual para nós foi feito por DEUS sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se
gloria, glorie-se no Senhor. (1 Coríntios 1:25-31” cf. Ef 4.4). Mas essa Divina
chamada exige, da mesma forma, uma resposta do homem. “Portanto, irmãos, procurai
fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto,
nunca jamais tropeçareis” (2 Pe 1.10). "Pelo que também rogamos sempre por
vós, para que o nosso DEUS vos faça dignos da sua vocação e cumpra todo desejo
da sua bondade e a obra da fé com poder"; 2 Tessalonicenses 1:11.
A chamada pode ser considerada como vinda do céu! (Hb 3.1) e uma
luta santa, desejando a vida celestial (Fp 3.14). É, também, um santo convite -
"que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas
obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em CRISTO
JESUS, antes dos tempos dos séculos, e que é manifesta, agora, pela aparição de
nosso Salvador JESUS CRISTO, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a
incorrupção, pelo evangelho, para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e
doutor dos gentios; por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho,
porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar
o meu depósito até àquele Dia". 2 Timóteo 1:9-12 - que está aberto a toda raça humana, mas
exige fé daqueles que ouvem o evangelho (Ef 1.13 e 2.8 - Ouvir o evangelho e crer
para receber o ESPÍRITO SANTO, ou seja, a salvação - A fé é exigida - em quem
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o
ESPÍRITO SANTO da promessa; Efésios 1:13 - Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8,9).
O adjetivo verbal “chamado” (kletos) é usado de duas maneiras. Na
maioria dos casos ele tem em vista o chamado à salvação (como em Rm 1.6,7; 1 Co
1.24; Jd 1; Ap 17.14).
O termo Apóstolo aparece com nova dimensão em Romanos 1.1 e em 1
Coríntios 1.1 onde a chamada se torna efetiva em termos de um ofício - “chamado
para ser apóstolo” - αποστολος - apóstolos - 1) um delegado, mensageiro, alguém
enviado com ordens - 1a) Primeiro colegiado apostólico especificamente aplicado
aos doze apóstolos de CRISTO - 1b) num sentido mais amplo aplicado a outros
apóstolos da igreja que surgiram após os primeiros apóstolos - cristãos
eminentes 1b1) Barnabé; 1b2 Paulo; 1b3) Tiago, irmão de JESUS; 1b4
Andronico; 1b5 Júnia,; 1b46 Timóteo e 1b7 Silvano. Veja e confira nas passagens
bíblicas a seguir:
Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas
vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando Atos 14:14
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do
Senhor. Gálatas 1:19
Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em DEUS,
nosso Pai, e no Senhor JESUS CRISTO: 2 Tessalonicenses 1:1
Paulo, apóstolo de JESUS CRISTO, pela vontade de DEUS, e o irmão
Timóteo, Colossenses 1:1
para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos
gentios; 2 Timóteo 1:11
Rm 16:7 Saudai a Andrónico e a Júnia, meus parentes e meus
companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram
antes de mim em CRISTO.
1Corintios cap. 15 e vers. 5 diz: e foi visto por Cefas e depois
pelos DOZE, e no versículo 8 Paulo diz que JESUS apareceu a ele próprio por
último (fazendo distinção dos 12), indicando que JESUS apareceu primeiro aos 12
no verso 5.
A quem Paulo se referiu em respeito aos 12?
Paulo aparece no verso 8 como distinto dos 12, então a resposta é
óbvia, não era Judas Iscariotes pois ele não viu o CRISTO ressurreto e se
perdeu, suicidando-se, portanto, Matias viu, e quando Paulo fala que os 12
viram, já haviam feito a substituição de Judas por Matias, pelo motivo de se
referir aos 12 e não aos 11, Paulo reconheceu ser Matias dos 12.
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Efésios 4:11
E a parábola de Mateus sobre a festa de casamento (“porque muitos
são chamados [kletos], mas poucos escolhidos [eklektoi]״ Mt 22.14) que encerra o
texto com maior dificuldade. Ao contrário da prática encontrada em outras
situações (veja especialmente Ap 17.14 e também Rm 8.28ss), os eleitos são aqui
diferenciados daqueles que são chamados. A despeito da advertência de K. L.
Schmidt, de que desconhecemos as palavras escritas em aramaico que estão por
trás deste texto (TWNT, III, 496), o contexto fornece um claro suporte a essa
distinção. A tensão dialética da qual o verso está falando, não pode ser
situada no fato de que em alguns casos muitos serão chamados, enquanto em
outros casos apenas alguns poucos o serão, como afirma Schmidt. E mais provável
que muitos serão convidados, mas poucos serão aceitos. O que o texto está
afirmando é que DEUS, por ser aquele que está convidando, tem a especial
prerrogativa de qualificar os que podem comparecer. O propósito dessa elocução
não é proporcionar conforto aos poucos que foram escolhidos. Nessa parábola, o
chamado a muitos foi estendido e recusado. Aqueles que serão reunidos foram homens
originalmente deixados de lado. Mas nem estes ficarão isentos de julgamento.
Cada um deve ter as suas vestes de casamento para ser aceito (escolhido).
Essa parábola é uma advertência. Ela reitera o que já foi dito
anteriormente em Mateus (cf. Mt 5.20) e, particularmente, o que faz parte do
contexto imediato. Na parábola da vinha, que a precedeu, a conclusão é que ele
“arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu tempo, lhe deem os frutos...
Portanto, eu vos digo que o Reino de DEUS vos será tirado e será dado a uma
nação que dê os seus frutos” (Mt 21.41,43).
Em Mateus 23.3, esse tema contínua na condenação que o Senhor JESUS
proferiu contra os fariseus que pregavam a justiça, mas não a praticavam. O
mérito consiste não em ser um dos poucos, mas em possuir uma justiça que seja
aceitável a DEUS.
Dicionário Bíblico Wycliffe (com alguns acréscimos do Pr. Henrique)
ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO (BEP - CPAD)
Ef 1.4,5 “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo,
para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos
predestinou para filhos de adoção por JESUS CRISTO, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade.”
ELEIÇÃO. A escolha por DEUS daqueles que crêem em CRISTO é uma
doutrina importante (ver Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts
2.13; Tt 1.1). A eleição (gr. eklegoe) refere-se à escolha feita por DEUS, em
CRISTO, de um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis
diante dEle (cf. 2Ts 2.13). Essa eleição é uma expressão do amor de DEUS, que
recebe como seus todos os que recebem seu Filho JESUS (Jo 1.12). A doutrina da
eleição abarca as seguintes verdades:
A eleição é cristocêntrica, i.e., a eleição de pessoas ocorre
somente em união com JESUS CRISTO. DEUS nos elegeu em CRISTO para a salvação
(1.4; ver v. 1). O próprio CRISTO é o primeiro de todos os eleitos de DEUS. A
respeito de JESUS, DEUS declara: “Eis
aqui o meu servo, que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1Pe 2.4). Ninguém é
eleito sem estar unido a CRISTO pela fé.
A eleição é feita em CRISTO, pelo seu sangue; “em quem [CRISTO]...
pelo seu sangue” (1.7). O propósito de DEUS, já antes da criação (1.4), era ter
um povo para si mediante a morte redentora de CRISTO na cruz. Sendo assim, a
eleição é fundamentada na morte sacrificial de CRISTO, no Calvário, para nos
salvar dos nossos pecados (At 20.28; Rm 3.24-26).
A eleição em CRISTO é em primeiro lugar coletiva, i.e., a eleição
de um povo (1.4,5, 7, 9; 1Pe 1.1;
. Os eleitos são chamados “o seu [CRISTO] corpo” (1.23; 4.12),
“minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por DEUS (1Pe 2.9) e a “noiva” de
CRISTO (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva e abrange o ser humano como
indivíduo, somente à medida que este se identifica e se une ao corpo de CRISTO,
a igreja verdadeira (1.22,23; ver Robert Shank, Elect in the Son (Eleitos no
Filho). É uma eleição como a de Israel no AT (ver Dt 29.18-21; 2Rs 21.14).
A eleição para a salvação e a santidade do corpo de CRISTO são
inalteráveis. Mas individualmente a certeza dessa eleição depende da condição
da fé pessoal e viva em JESUS CRISTO, e da perseverança na união com Ele. O
apóstolo Paulo demonstra esse fato da seguinte maneira: (a) O propósito eterno
de DEUS para a igreja é que sejamos “santos e irrepreensíveis diante dele”
(1.4). Isso se refere tanto ao perdão dos pecados (1.7) como à santificação e
santidade. O povo eleito de DEUS está sendo conduzido pelo ESPÍRITO SANTO em
direção à santificação e à santidade (ver Rm 8.14; Gl 5.16-25). O apóstolo
enfatiza repetidas vezes o propósito supremo de DEUS (ver 2.10; 3.14-19; 4.1-3,
13,14; 5.18). (b) O cumprimento desse propósito para a igreja como corpo não
falhará: CRISTO a apresentará “a si mesmo igreja gloriosa... santa e
irrepreensível” (5.27). (c) O cumprimento desse propósito para o crente como
indivíduo dentro da igreja é condicional. CRISTO nos apresentará “santos e
irrepreensíveis diante dele” (1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia
mostra isso claramente: CRISTO irá “vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e
inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos
moverdes da esperança do evangelho” (Cl 1.22,23).
A eleição para a salvação em CRISTO é oferecida a todos (Jo
3.16,17; 1Tm 2.4-6; Tt 2.11; Hb
, e torna-se uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio
arrependimento e fé, ao aceitar o dom da salvação em CRISTO (2.8; 3.17; cf. At
20.21; Rm 1.16; 4.16). Mediante a fé, o ESPÍRITO SANTO admite o crente ao corpo
eleito de CRISTO (a igreja) (1 Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos.
Daí, tanto DEUS quanto o homem têm responsabilidade na eleição (ver Rm 8.29;
2Pe 1.1-11).
A PREDESTINAÇÃO. A predestinação (gr. proorizo) significa “decidir
de antemão” e se aplica aos propósitos de DEUS inclusos na eleição. A eleição é
a escolha feita por DEUS, “em CRISTO”, de um povo para si mesmo (a igreja
verdadeira). A predestinação abrange o que acontecerá ao povo de DEUS (todos os
crentes genuínos em CRISTO).
DEUS predestina seus eleitos a serem: (a) chamados (Rm 8.30);
justificados (Rm 3.24; 8.30); (c) glorificados (Rm 8.30); (d) conformados à
imagem do Filho (Rm 8.29); (e) santos e inculpáveis (1.4); (f) adotados como
filhos (1.5); (g) redimidos (1.7); (h) participantes de uma herança (1.14); (i)
para o louvor da sua glória (1.12; 1Pe 2.9); (j) participantes do ESPÍRITO
SANTO (1.13; Gl 3.14); e (l) criados em CRISTO JESUS para boas obras (2.10).
A predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo
de CRISTO (i.e., a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quando
inclusos neste corpo mediante a fé viva em JESUS CRISTO (15, 7, 13; cf. At
2.38-41; 16.31).
RESUMO. No tocante à eleição e predestinação, podemos aplicar a
analogia de um grande navio viajando para o céu. DEUS escolhe o navio (a
igreja) para ser sua própria nau. CRISTO é o Capitão e Piloto desse navio.
Todos os que desejam estar nesse navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva
em CRISTO. Enquanto permanecerem no navio, acompanhando seu Capitão, estarão
entre os eleitos. Caso alguém abandone o navio e o seu Capitão, deixará de ser
um dos eleitos. A predestinação concerne ao destino do navio e ao que DEUS
preparou para quem nele permanece. DEUS convida todos a entrar a bordo do navio
eleito mediante JESUS CRISTO.
O termo grego apostolos vem do verbo apostellein, “enviar”,
“remeter”. O substantivo e o verbo são usados pela LXX para traduzir o hebraico
shalah e seus derivativos. Estas palavras gregas e hebraicas são ocasionalmente
usadas para mensageiros com ênfase naquele que envia, de forma que o agente se
toma uma extensão da personalidade e da influência do mestre (Gn 45.4-8; 1 Rs
14.6). K. H. Rengstorf, T. W. Manson e outros tentaram rastrear a palavra do NT
e chegar ao termo judaico shaliah (usado em relação a um representante cujas
funções não podem ser transferidas; representante da autoridade religiosa, seja
de um indivíduo ou de um grupo; agente de DEUS). A palavra Apostolos, usada
para “mensageiro” ou “agente”, também é encontrada no grego clássico (Heródoto
i.21; v. 38; cf. Eurípedes, Iphigeneia in Aulis, 688). No NT a palavra
“apóstolo” é usada tanto em um sentido amplo quanto estrito. Todo apostolado é
centrado em JESUS, que é o Apóstolo (Hb 3.1-6) enviado por DEUS para ser o
Salvador do mundo (1 Jo 4.14). Embora João não use o substantivo, ele
frequentemente usa o verbo e descreve as funções do Senhor JESUS como o
Apóstolo de DEUS. Ele foi enviado por DEUS (Jo 7.28,29; 8.42) para falar as
palavras de DEUS (3.34), para fazer as obras (5.36; 6.29) e a vontade (6.38) de
DEUS, para revelar a DEUS (5.37-47), para dar a vida eterna (17.2,3). Todo o
apostolado subsequente tem seu centro em DEUS através de JESUS CRISTO (Jo
17.18-26; 20.21-23) e é mediador de CRISTO em palavra e pessoa (Mt 10.40; Lc
10.16).
Mateus e Marcos usam o termo “apóstolo” apenas uma vez para se
referirem aos doze que foram enviados em uma viagem missionária (Mt 10.2; Mc
6.30). Aqui, este termo designa uma função ao invés de uma posição. Durante o
ministério de JESUS, os doze não eram, a princípio, mensageiros, mas, homens
selecionados que foram iniciados no reino vindouro e, portanto, consideravam
seu dever conclamar o povo de Israel ao arrependimento e, em última análise,
julgá-lo (Mt 19.28-30).
Lucas, frequentemente, e quase que exclusivamente, chama os doze de
“apóstolos” (Lc 6.13; 9.10; 17.5; 22.14; 24.10; At 1.26; 2.43; 4.35,37;
5.2,12,18; 8.1. Exceções: Lc 11.49; At 14.4,14). Os apóstolos foram testemunhas
oculares das atividades de JESUS na terra e consequentemente testificaram que
JESUS era o Senhor ressurrecto (Lc 24.45-48; 1 Jo 1.1- 3). Os pré-requisitos
para a substituição apostólica nesta função única são dados em At 1.21,22. A
lista de apóstolos de Lucas (Lc 6.14- 16; At 1.13) corresponde à lista dos doze
dadas em Mateus 10.2-4 e Marcos 3.16-19.
Mateus lista os discípulos aos pares, supostamente como enviados
por JESUS, Tadeu (em Mateus e Marcos) era idêntico a Judas o filho de Tiago (em
Lucas). Pedro, Tiago e João formavam um círculo íntimo dentre os doze, e
estavam presentes no episódio da transfiguração (Mt 17,1-9; Mc 9.2-10; Lc
9.28-36) e no Getsêmani (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46). Os doze foram
selecionados para ser os companheiros de JESUS e proclamar o Evangelho (Mc
3.14). Durante o ministério de JESUS, os doze serviram como seus representantes,
uma função compartilhada por outros (Lc 10.1).
Aparentemente, a posição dos apóstolos não foi fixada
permanentemente antes da ressurreição (Mt 19.28-30; Lc 22.28-34; cf. Jo 21.15-
18). O CRISTO ressurrecto fez deste grupo seleto de testemunhas do seu
ministério e ressurreição, apóstolos e testemunhas permanentes de que Ele é o
Senhor, os comissionou como missionários, os instruiu a ensinar e batizar (Mt
28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.46- 48), e completou o processo com o envio do
ESPÍRITO SANTO no Pentecostes (Lc 24.49; At 1.1-8; 2.1-13). No período inicial,
os 12 apóstolos eram os únicos ensinadores e líderes da igreja, e outros
ofícios foram derivados deles (At 6.1-6; 15.4). O apostolado não implicava em
uma liderança permanente. Embora Pedro tenha iniciado missões aos judeus (Atos
2) e aos gentios (At 10.1-11.18), Tiago o substituiu como líder entre os
judeus, e Paulo como líder entre os gentios.
Paulo usa o termo “apóstolo” em um sentido amplo para um mensageiro
ou agente (2 Co 8.23; Fp 2.25; e possivelmente em Rm 16.7). Este uso mais amplo
tornou possível falar de falsos apóstolos (Ap 2.2). Geralmente, porém, Paulo
usa a palavra para um grupo de testemunhas que havia visto o Senhor ressurrecto
e que havia recebido um chamado específico para um apostolado. Este grupo era
maior que os doze (At 15.5,6). Incluído neste grupo estava Tiago, o irmão do
Senhor (At 15.13; Gl 1.19), Paulo (Rm 1.1; 1 Co 1.1; 9.1,2; 15.8-10; Gl 2.7,8),
provavelmente Barnabé (1 Co 9.1-6; Gl 2.9; cf. At 14.4.14), e possivelmente
outros (Rm 16.7). No entanto, o Senhor ressurrecto, de quem Paulo se tornou uma
testemunha é idêntico ao JESUS histórico de quem os doze também testemunharam.
Consequentemente, a proclamação de Paulo deve ser idêntica à dos doze (1 Co
15.11; Gl 1.18; 2.7-10; cf. At 15).
João enfatiza a obra do ESPÍRITO que testemunha através das
palavras dos apóstolos (Jo 15.26,27). Através da pregação do Evangelho, JESUS
CRISTO, o Senhor ressurrecto, é contemporâneo aos ouvintes, e os coloca no
mesmo patamar das testemunhas oculares (cf. 1 Co 3.21-23).
Os membros da igreja são sacerdotes, reis, servos de DEUS e santos
que usam seus dons para a edificação da igreja como um todo (1Co 12.1-11; 1 Pe
2.9; Ap 1.6; 5.8,10; 7.3) e, como os apóstolos, são mediadores de CRISTO Mt
25.40,45; Mc 9.37; Lc 9.48) e reinarão com Ele (Ap 3.21).
Os apóstolos, porém, através do testemunho de sua palavra, sempre
serão a norma e os arautos do fundamento sobre o qual CRISTO edifica a sua
igreja (Ef 2.20; Ap 18.20; 21.14). Os apóstolos são as primeiras dádivas de
CRISTO para a sua igreja (Ef 4.11) e os ministros estabelecidos por DEUS na
igreja (1 Co 12.28,29).
Para detalhes sobre os doze, veja os tópicos que trazem o nome de
cada um, incluindo Matias. Dicionário Bíblico Wycliffe
Atos 9
15 - Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um
vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos
filhos de Israel. 16 - E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17
- E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo,
o Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que
tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO. 18 - E logo lhe caíram dos olhos
como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19
- E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os
discípulos que estavam em Damasco. 20 - E logo, nas sinagogas, pregava a JESUS,
que este era o Filho de DEUS. 21 - Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam:
Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso
veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22 - Saulo, porém, se esforçava muito mais e
confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o CRISTO.
JESUS não aceita a objeção de Ananias (vv. 15,16): “Tu não precisas
me dizer como Saulo foi mau, pois Eu o conheço muito bem. Mas vai por teu
caminho a toda pressa e lhe dá toda ajuda que puderes, porque este é para mim
um vaso, ou “instrumento” (versão RA), escolhido (v. 15). Eu tenho confiança
nele, portanto não há necessidade de teres medo dele”. Ele era um vaso no qual
o tesouro-evangelho deveria se instalar para servir de veículo para muitos. Era
um vaso de barro (2 Co 4.7), mas um vaso escolhido. O vaso que DEUS usa, Ele
mesmo escolhe. É justo que Ele mesmo escolha os instrumentos que Ele usa: Não
me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo 15.16). Ele é um vaso de
honra, e não deve ser negligenciado em atual penúria, nem jogado fora como um
vaso quebrado e imprestável ou um vaso no qual não há prazer. Saulo é nomeado:
(1) Para prestar serviços eminentes: Levar o meu nome diante dos gentios (v.
15). Ele será o apóstolo dos gentios, levando o evangelho às nações pagãs. O
nome de JESUS é o padrão pelo qual as almas devem ser reunidas e sob o qual
devem ser registradas, e Saulo é o portador-padrão. Ele tem de levar o nome de
JESUS para testemunhar de JESUS perante reis, o rei Agripa e o próprio César, e
perante os filhos de Israel, embora muitos já estivessem ocupados trabalhando
entre eles. (2) Para ter sofrimentos eminentes: Eu lhe mostrarei quanto deve
padecer pelo meu nome (v. 16). Aquele que fora perseguidor agora ele mesmo será
perseguido. O fato de JESUS mostrar isso para Saulo dá a entender, talvez, que
Ele o conduzirá a estas provações, como diz Salmos 60.3: Fizeste ver ao teu
povo duras coisas. Ou Ele o avisa sobre estes acontecimentos futuros para que
ele não se surpreenda quando acontecerem. Note que os que levam o nome de JESUS
terão de levar a cruz pelo seu nome. Os que fazem mais por JESUS são chamados a
padecer mais por Ele. Saulo tem de padecer grandes coisas (subentendido na
palavra quanto). Há quem pense que estas palavras eram um consolo vazio para um
recém-convertido. Mas é o mesmo que dizer a um soldado de espírito corajoso e
valente, quando ele se alista, que em breve ele entrará em ação no campo de
batalha. Os sofrimentos de Saulo por CRISTO redundarão muitíssimo para a honra
de CRISTO e para o serviço da igreja. Serão sofrimentos muito bem equilibrados
com as consolações espirituais e recompensados com a glória eterna, que de modo
nenhum lhe é desanimador ficar sabendo de antemão quanto ele tem de sofrer pelo
nome de CRISTO.
III
Comissionado por JESUS para encontrar-se com Saulo, Ananias parte
imediatamente e obtém bons resultados. Ele levantara objeções para encontrar-se
com ele, mas, quando cada uma delas lhe foi respondida, retira-as e não insiste
mais nelas. Quando as dificuldades são afastadas, o que temos de fazer é
continuar o nosso trabalho e não ficar presos a objeções.
1. Ananias entregou sua mensagem para Saulo (v. 17). Provavelmente
o achou na cama e o tratou como paciente. (1) Ananias impôs as mãos sobre Saulo
(v. 17). Conforme a promessa de JESUS, um dos sinais que seguiriam os que
cressem era que eles poriam as mãos sobre os enfermos e os curariam (Mc
16.17,18). Foi com essa intenção que Ananias impôs as mãos sobre ele. Saulo foi
a Damasco para pôr mãos violentas sobre os discípulos de JESUS, mas aqui um
discípulo de JESUS põe mãos curadoras e ajudadoras sobre ele. Os homens
sanguinários aborrecem aquele que é sincero, mas os retos procuram o seu bem
(Pv 29.10). (2) Ananias chamou Saulo de irmão (v. 17), porque ele foi feito
participante da graça de DEUS, embora ainda não fosse batizado. Sua prontidão
em reconhecê-lo como irmão lhe deu a entender a prontidão de DEUS em
reconhecê-lo como filho, mesmo que ele tivesse sido blasfemo de DEUS e
perseguidor dos seus filhos. (3) Ananias realiza sua missão da mesma mão que
agarrara Saulo no caminho e que agora o mantinha em custódia. “Aquele mesmo
Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas (v. 17) e te convenceu
do pecado de persegui-lo, me enviou agora para te consolar.” Una eademque manus
vulnus opemque tulit – A mão que feriu cura. “Sua luz te deixou cego, mas Ele
me enviou a ti para que tornes a ver, pois o propósito não era cegar teus
olhos, mas os encantar para que visses as coisas por outra luz. Aquele que pôs
barro em teus olhos me enviou para que tu os lavasses a fim de que eles sejam
curados.” Ananias poderia entregar sua mensagem a Saulo muito apropriadamente
nas palavras do profeta Oséias: Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele
despedaçou e nos sarará, fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos dará
a vida; ao terceiro dia, nos ressuscitará, e viveremos diante dele (Os 6.1,2).
Não serão mais aplicados agentes corrosivos, mas agentes lenitivos. (4) Ananias
garante a Saulo que ele não só terá sua visão restabelecida, mas será cheio do
ESPÍRITO SANTO (v. 17). Já que ele será apóstolo, não deve em nada ficar atrás
do principal dos apóstolos. Ele tem de receber o ESPÍRITO SANTO imediatamente,
e não, como os outros, pela interposição dos apóstolos. O fato de Ananias impor
as mãos sobre ele, antes de ele ser batizado, tem como alvo conceder o ESPÍRITO
SANTO.
2. Ananias viu de dois modos os bons resultados da sua missão. (1)
No favor de JESUS para com Saulo. Pela palavra de Ananias, Saulo foi liberado
da prisão através do restabelecimento da visão. A missão de JESUS de abrir a
prisão aos presos (Is 61.1) é explicada pela doação de visão aos cegos (Lc
4.18; Is 42.7). A missão de JESUS é abrir os olhos dos cegos e tirar os
prisioneiros da prisão. Saulo é libertado do espírito de escravidão pelo
recebimento da visão, que foi representado pela queda imediata e instantânea de
umas escamas dos seus olhos (v. 18). A cura foi súbita para mostrar que foi
milagrosa. Isto significava sua recuperação: [1] Da escuridão do seu estado não
convertido. Quando Saulo perseguia a igreja de DEUS e andava no espírito e
caminho dos fariseus, ele era cego. Ele não via o significado da lei ou do
evangelho (Rm 7.9). JESUS disse muitas vezes aos fariseus que eles eram cegos e
que não podia conscientizá-los disso. Eles diziam: Vemos (Jo 9.41). Saulo é
salvo da sua cegueira farisaica, conscientizando-se dela. Note que a graça
convertedora abre os olhos da alma e faz as escamas caírem, abrindo os olhos
dos homens e os tirando das trevas para a luz (Atos 26.18). Com essa
finalidade, Saulo foi enviado aos gentios, para a pregação do evangelho; por
isso, ele tem de experimentá-lo primeiro. [2] Da escuridão dos seus terrores
presentes, sob o medo da culpa que lhe pesava a consciência, e sob a ira de
DEUS contra ele. Essa situação o deixou totalmente aturdido durante os três
dias que ficou cego, como Jonas durante os três dias que ficou no ventre do
inferno. Mas agora umas escamas caíram dos seus olhos (v. 18), as nuvens se
dispersaram e o Sol da justiça nasceu em sua alma, trazendo-lhe cura debaixo
das suas asas (Ml 4.2). (2) Na sujeição de Saulo a JESUS. Ele foi batizado e,
desse modo, submeteu-se ao governo de CRISTO e se dispôs na graça de CRISTO.
Assim ele entrou na escola de CRISTO, passou a fazer parte de sua família,
alistou-se sob sua bandeira e se uniu a Ele incondicionalmente. A guerra foi ganha:
acabou. Agora Saulo é discípulo de JESUS, que não só deixa de lhe fazer
oposição, mas se dedica inteiramente ao seu serviço e honra.
IV
A boa obra começada em Saulo é continuada maravilhosamente. Este
cristão recém-nascido, embora parecesse um nascido fora de tempo (1 Co 15.8,
versão RA), em pouco chegará à maturidade.
1. Saulo recebeu sua força física (v. 19). Ele jejuara por três
dias, o que, somado ao grande peso que por todo aquele tempo estava sobre seu
espírito, o deixara muito fraco. Mas, tendo comido, ficou confortado (v. 19),
ou “depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido” (versão RA). O Senhor é
para o corpo (1 Co 6.13), por isso devemos cuidar do corpo e mantê-lo em boas
condições. Assim, ele será adequado para servir à alma que serve a DEUS, e
CRISTO será nele engrandecido (Fp 1.20).
2. Saulo se associou com os discípulos que estavam em Damasco,
entrou em contato com eles, conviveu com eles, participou de suas reuniões e
esteve em comunhão com eles. Recentemente, respirara ameaças e mortes contra
eles, mas agora respira amor e afeto. Agora morará o lobo com o cordeiro, e o
leopardo com o cabrito se deitará (Is 11.6). Note que os que recebem DEUS por
seu DEUS recebem o seu povo por seu povo. Saulo se associou com os discípulos,
porque agora via amabilidade e excelência neles, porque os amava e achava que
aumentou em conhecimento e graça convivendo com eles. Desse modo, fez confissão
da sua fé cristã e abertamente se declarou discípulo de CRISTO, associando-se
com os que eram os seus discípulos.
3. Saulo pregou JESUS [...] nas sinagogas (v. 20). Ele teve um
chamado extraordinário e uma qualificação ímpar para pregar JESUS, pois DEUS
lhe revelou seu Filho imediatamente para que ele o pregasse (Gl 1.15,16). Ele
estava tão cheio do próprio CRISTO que o ESPÍRITO em seu interior o constrangia
(Jó 32.18) a pregar aos outros, e, como Eliú, a falar para se desafogar (Jó
32.20, versão RA). Observe: (1) Onde Saulo pregava: Ele pregava [...] nas
sinagogas dos judeus (v. 20), porque o evangelho tinha de ser oferecido
primeiramente aos judeus. As sinagogas eram lugares de encontro, onde eles se
reuniam. Lá costumavam pregar contra CRISTO e castigar seus discípulos. O
próprio Saulo os castigara muitas vezes por todas as sinagogas (Atos 26.11).
Justamente por isso, ele teria de enfrentar os inimigos de JESUS lá, onde
seriam mais ousados – e confessaria abertamente o cristianismo onde teria maior
oposição. (2) O que Saulo pregava: Ele pregava a JESUS (v. 20). Quando começou
a ser pregador, ele fixou esta máxima por seu princípio ao qual se manteve
firme desde então: Não nos pregamos a nós mesmos, mas a CRISTO JESUS, o Senhor
(2 Co 4.5); nada mais que JESUS CRISTO e este crucificado (1 Co 2.2). Ele
pregava CRISTO, o Filho de DEUS, seu Filho amado, em quem Ele se comprazia. (3)
Como as pessoas foram afetadas pela conversão de Saulo: “Todos os que o ouviam
estavam atônitos e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que
invocavam este nome? (v. 21). Agora é ele que invoca este nome, persuade outros
a invocá-lo e fortalece as mãos dos que o fazem”. Quantum mutatus ab illo – Oh!
Que mudança! Está também [Saulo] entre os profetas? (1 Sm 10.11). Mas ele não
veio até aqui com este propósito: prender todos os cristãos que encontrar para
os levar cativos aos principais dos sacerdotes? (v. 21). Sim, veio. Quem teria
imaginado que ele algum dia pregaria JESUS CRISTO? Indubitavelmente, muitos
viam como forte confirmação da verdade do cristianismo o fato de alguém, que
fora perseguidor notório do evangelho, tornar-se, de uma hora para outra,
pregador inteligente, estrênuo e pleno do evangelho. Este milagre no espírito
de tal homem excedia em magnitude os milagres no corpo físico. Dar a um homem
semelhante coração diferente era mais que dar aos homens o dom de falar em
outras línguas.
4. Saulo rebateu e confundiu os que eram contra a doutrina de
CRISTO (v. 22). Ele se tornou notável não só no púlpito, mas também nas escolas
e se mostrou sobrenaturalmente habilitado para pregar a verdade, mantê-la e
defendê-la, quando a pregava. (1) Saulo aumentou em força. Ele se tornou mais
estreitamente familiarizado com o evangelho de CRISTO, e os seus sentimentos
piedosos se fortaleceram. Ele se tornou ainda mais corajoso, ousado e resoluto
na defesa do evangelho: Ele se esforçava muito mais (v. 22) por causa das críticas
que lhe lançavam (v. 21). Seus novos amigos o censuraram por ter sido
perseguidor, e seus velhos amigos o censuravam por agora ser um renegado. Mas
Saulo, em vez de se desanimar por causa dessas observações sobre sua conversão,
deixava-se incentivar ainda mais, achando que eram recursos imediatos mais do
que suficientes para responder o que dissessem dele. (2) Saulo venceu seus
antagonistas e confundiu os judeus que habitavam em Damasco (v. 22). Ele os
silenciou e os envergonhou, respondendo plenamente suas objeções para o
contentamento de todas as pessoas indiferentes, e os assediou com argumentos
para os quais eles não sabiam o que responder. Ao mesmo tempo, em todos os
discursos com os judeus, ele provava que esse JESUS era o CRISTO, o Ungido de
DEUS, o verdadeiro Messias prometido aos pais. Ele estava provando, symbibazon
– afirmando e confirmando, ensinando com persuasão. Temos razão em pensar que
ele foi o instrumento para converter muitos à fé cristã e para edificar a
igreja em Damasco, para onde ele fora com o propósito de causar dano. Assim, do
comedor saiu comida, e doçura saiu do forte (Jz 14.14).
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Gálatas 1
11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
anunciado não é segundo os homens, 12 - porque não o recebi de homem algum, mas
pela revelação de JESUS CRISTO. 13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a
minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a
assolava. 14 - E, na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade,
sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. 15 - Mas, quando aprouve
a DEUS, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça,
16 - revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não
consultei carne nem sangue, 17 - nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já
antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
18 - Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e
fiquei com ele quinze dias.
Acerca da maneira como recebeu o evangelho que pregou a eles. Ele
lhes assegura (vv. 11,12) que não o tinha recebido de outros, mas pela
revelação do céu. Uma coisa peculiar na posição de um apóstolo era ter sido
chamado e instruído para esse ofício diretamente por CRISTO. E ele prova a
autenticidade do seu ofício, independentemente do que seus inimigos alegavam.
Em ministros comuns, quando recebem o chamado para pregar o evangelho, isso
ocorre pela mediação de outros. Eles recebem seu conhecimento pela instrução e
auxílio deles. Mas Paulo os informa que recebera seu conhecimento do evangelho,
bem como sua autoridade para pregá-lo, diretamente do Senhor JESUS. O evangelho
que pregava “...não é segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de
homem algum”, mas pela inspiração imediata, ou revelação de CRISTO. Ele
procurou deixar isso claro, para provar que era apóstolo. Para esse propósito:
1. Ele descreve a sua instrução, e o que fazia (vv. 13,14). De um
modo especial, ele lhes diz que foi criado na religião judaica, e que “...na
minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente
zeloso das tradições...” dos anciãos, doutrinas e costumes que tinham sido
inventados pelos “...meus pais”, e transmitidos de uma geração a outra. Seu
zelo era tão grande que “...sobremaneira perseguia a igreja de DEUS e a
assolava”. Ele não só tinha sido alguém que rejeitava a religião cristã, apesar
das diversas provas quanto à sua origem divina, mas também tinha sido um
perseguidor dela, e tinha buscado destruir os adeptos dela com violência e
fúria. Paulo menciona esse aspecto com frequência, por causa da grandiosidade
dessa graça livre e preciosa que o tornou um penitente sincero, transformando-o
de um perseguidor furioso em um apóstolo. Era muito oportuno mencionar isso
aqui, porque ficava claro que ele não tinha sido levado ao cristianismo, como
foi o caso de muitos outros, puramente pelo ensino, uma vez que tinha sido
criado em aversão e oposição a essa doutrina. Assim, eles podem sensatamente
supor que tenha ocorrido algo realmente extraordinário para promover uma
mudança tão radical nele, a ponto de vencer os preconceitos da sua educação e o
levar não somente a professar, mas a pregar, essa doutrina, à qual tinha se
oposto com tanta veemência.
2. Ele descreve a maneira maravilhosa como foi dissuadido do erro
dos seus caminhos, como foi levado ao conhecimento e fé em CRISTO e designado
para o ofício do apostolado (vv. 15,16). Isso não foi feito de uma forma comum,
nem por meios ordinários, mas de uma maneira extraordinária. Porque: (1) DEUS
“...desde o ventre de minha mãe me separou...”. A mudança operada nele foi em
consequência de um propósito divino, em que foi designado para ser cristão e
apóstolo, antes de vir ao mundo ou ter feito bem ou mal. (2) Ele foi chamado
“...pela sua graça”. Todos os convertidos são chamados pela graça de DEUS. A
conversão é o resultado do favor de DEUS em relação aos convertidos, e é
realizado pelo seu poder e graça neles. Mas havia algo peculiar no caso de
Paulo, quanto à rapidez e à grandeza da mudança operada nele, e também da
maneira como foi operada. Essa mudança não ocorreu pela mediação de outros, mas
pela aparição pessoal de CRISTO a ele e a operação imediata nele. Dessa
maneira, ficou evidente a ação extraordinária do poder e favor divinos. (3) Ele
tinha CRISTO revelado nele. Ele não só foi revelado a ele, mas nele. Não nos
beneficiaremos da revelação de CRISTO feita a nós se também Ele não for
revelado em nós. Mas esse não era o caso de Paulo. Agradou a DEUS “...revelar
seu Filho...” nele, levá-lo ao conhecimento de CRISTO e seu evangelho pela
revelação especial e imediata. (4) Foi com esse desígnio que ele deveria
pregá-lo aos gentios. O apóstolo não só deveria recebê-lo, mas pregá-lo a
outros. Dessa forma, ele era tanto um cristão quanto um apóstolo pela
revelação.
3. Ele lhes diz a forma em que procedeu em relação a isso (vv.
16-24). Sendo chamado assim para esse trabalho e ofício, “...não consultei
carne nem sangue...”. Isto pode ser entendido de maneira mais geral, e dessa
forma devemos reconhecer que, quando DEUS nos chama por sua graça, não devemos
consultar carne nem sangue. O significado disso é que ele não consultou homens.
Ele não solicitou o conselho e a direção de ninguém; “...nem tornei a
Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos”, como se precisasse
ser aprovado por eles, ou receber outras instruções ou autoridade deles. Mas,
em vez disso, “...parti para a Arábia...”, talvez como um lugar de isolamento,
apropriado para receber outras revelações divinas, ou para pregar o evangelho
entre os gentios daquela região, sendo designado para ser o apóstolo aos
gentios. E, de lá, “...voltei outra vez a Damasco”, onde havia começado seu
ministério, e de onde tinha escapado com dificuldade da ira dos seus inimigos
(At 9). Somente “...três anos...” após a sua conversão, ele foi “...a Jerusalém
para ver a Pedro”. E quando o fez, ficou pouco tempo com ele, não mais de
“...quinze dias”. Enquanto esteve lá, ele não entrou em muitas conversações,
porque não viu “...a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do
Senhor”. Portanto, fica difícil insistir que Paulo se sentia endividado em
relação aos outros apóstolos quanto ao seu conhecimento do evangelho ou sua
autoridade para pregá-lo. Fica claro que tanto suas qualificações, quanto seu
chamado para o ofício apostólico foram extraordinários e divinos. Esse relato
era importante para estabelecer sua reivindicação em relação a esse ofício,
para eliminar as críticas injustas dos seus adversários e para corrigir os
gálatas das impressões erradas que tinham recebido a respeito dele. Ele
confirma isso por meio de um juramento solene (v. 20), declarando, na presença
de DEUS, que aquilo que tinha dito era totalmente verdade, e que não tinha
fraudado o seu relato. Embora isso não justifique que façamos um voto solene a
DEUS em cada ocasião, mostra que, em questões de peso e importância podemos
fazê-lo, e que às vezes isso não só é legítimo, mas um dever. Depois disso, ele
lhes informa que foi “...para as partes da Síria e da Cilícia”. Após fazer essa
visita breve a Pedro, ele volta novamente ao seu trabalho. Ele não tinha
contato naquela época com as “...igrejas da Judéia, que estavam em CRISTO”. Ele
não era conhecido de vista pelos cristãos da Judéia. Eles “...somente tinham
ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia, agora, a fé que, antes,
destruía. E glorificavam a DEUS a respeito dele”. Por causa disso, muitas ações
de graça foram expressas a DEUS. Esse relato da mudança poderosa ocorrida nele
enchia-os de alegria e estimulava-os a dar glórias a DEUS.
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
A Vida e a Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia -
Ball. Charles Ferguson - BAL - A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali,
Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de
DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
Grande parte da vida e da época de Paulo nos tem sido preservada no
Novo Testamento, principalmente nos escritos pessoais do apóstolo. Numa
narrativa envolvente, Charles Ferguson Ball apresenta, pormenorizadamente, a
vida do grande apóstolo dos gentios. Onde a história se cala, o autor busca
prováveis detalhes em suas pesquisas, mantendo sempre a conformidade com o
registro bíblico.
As Visões de Saulo e Ananias
Nessa mesma ocasião, o Senhor preparava Ananias para que visitasse
Saulo. Ananias fora, certa vez, destacado, em sua sinagoga, como um homem
piedoso e que obedecia à Lei de Moisés com o rigor de um fariseu.
Mas desde que se tornara cristão, os judeus passaram a suspeitar
dele. Alguns diziam que Saulo tinha ido a Damasco especialmente para prender
Ananias, pois os nazarenos haviam-no reconhecido como seu líder. Mas numa
visão, o Senhor ordenou a Ananias: "Levanta-te, e vai à rua chamada
Direita, e pergunta em casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo; pois
eis que ele está orando, e numa visão ele viu que entrava um homem chamado
Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver" (At 9.11,12).
Ananias imediatamente protestou. Afinal, os nazarenos de Damasco
tinham medo de Saulo por causa das notícias que chegavam de Jerusalém. Além
disso, haviam sido informados que ele estava na cidade a fim de que, como
representante do sumo sacerdote, procedesse a prisão dos discípulos de JESUS e
os conduzisse a Jerusalém. Os cristãos não haviam orado para que DEUS os
livrasse? Quando chegaram as notícias de que Saulo ficara cego, agradeceram a
DEUS. Era a resposta à sua oração.
Mas, agora, ordenava o Senhor: "Vai, porque esse é para mim um
vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, dos filhos
de Israel" (At 9.15).
Sem mais duvidar, Ananias dirigiu-se à casa de Judas, e perguntou
por Saulo, o rabino de Jerusalém. Levado a um quarto nos fundos, deparou-se com
o jovem e terrível fariseu sentado, completamente cego e abalado pelo conflito
que se desenrolava em sua alma. Saulo já não sentia qualquer amargura, pois
havia atravessado águas profundas naqueles três dias; passara por uma sondagem
como nunca pensara ser possível.
Ananias atravessou o quarto, aproximou-se de Saulo e, impondo a mão
sobre a sua cabeça, disse-lhe em voz baixa: "Irmão Saulo, o Senhor JESUS
que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e
sejas cheio do ESPÍRITO SANTO" (9.17).
Um nazareno o chamara de "irmão"! E pensar que ele,
Saulo, viera justamente prender um homem como esse que, agora, estendia-lhe a
destra da comunhão! Dissipadas as trevas, Saulo vê o homem que o procurara como
mensageiro de DEUS.
Ele acabara de receber a confirmação do que tinha ouvido na estrada
de Damasco. Como não se render ao CRISTO? Por um momento, Saulo dúvida: como
ser perdoado pela perseguição e pelos problemas que criara à Igreja. Mas a voz
de Ananias lhe dá plena segurança quanto ao amor e benignidade de DEUS.
Saulo sabia que o batismo era o sinal nazareno do arrependimento.
Era uma forma de mostrar publicamente que havia mudado, invocando o nome
daquEle a quem antes odiara, porém agora, além deste batismo nas águas, recebe
o batismo no ESPÍRITO SANTO, fato totalmente desconhecido para ele (cheio do
ESPÍRITO SANTO).
Saulo estava pronto. Encontrava-se nas mãos de DEUS e já não havia
dúvida em seu coração. Ajoelhou-se com Ananias, e orou ao Senhor como se fora
uma criança, confessando-lhe os pecados, pedindo-lhe que o perdoasse em nome de
JESUS e invocando-lhe o nome de seu Filho, fez como o faziam os nazarenos. A
seguir, Ananias o batizou, marcando definitivamente a sua entrada na nova vida.
Vivendo para CRISTO
Saulo saíra das trevas para a luz. Morrera para a velha vida, sob a
Lei, e fora cheio do ESPÍRITO. Desejava, agora, provar o seu arrependimento
através de uma vida de serviço a CRISTO. Essa perspectiva dava-lhe grande
alegria. Depois de ter-se alimentado, levantou-se com um zelo tão intenso por
CRISTO que excedia de muito sua antiga dedicação ao Judaísmo.
Ananias voltou para anunciar aos cristãos de Damasco que o perigo
passara. Saulo não só havia desistido de persegui-los, como também fora
batizado, invocando o nome de CRISTO. Era agora um nazareno. Eles receberam-no,
pois, com grande alegria; acolheram-no como a um irmão.
Os cristãos de Damasco fortaleciam a Saulo diariamente com a
cordialidade de sua comunhão, e doutrinavam-no acerca de JESUS. Ele se mostrava
mais que atento. Os irmãos falaram-lhe do Salvador, de sua vida e de sua obra.
Ficaram surpresos ao ver o conhecimento que ele tinha das Escrituras e como
constatava rapidamente, agora, que todas elas apontavam para JESUS. Sua
erudição deixou-os admirados. Ele parecia encontrar argumentos fortes e
favoráveis a CRISTO que antes lhe haviam escapado. Seus corações encheram-se de
alegria ao compreender que ele também viria a ser um grande mestre das
doutrinas enunciadas pelo Senhor JESUS.
Durante o curto período em que permaneceu em Damasco - somente
alguns dias - Saulo cresceu espiritualmente e já ansiava por testemunhar da
grandiosa experiência que tivera na estrada de Damasco. Junto com Ananias e
outros nazarenos, visitou a sinagoga e pregou a CRISTO. Ele era hábil em
rebater todos os argumentos dos fariseus. Como tivesse o dom da oratória,
causou grande impressão sobre o povo. Embora não pudesse dizer muito a respeito
dos ensinamentos de JESUS, sabia apelar para a Lei, os Profetas e os Salmos.
Ele sentia-se mui à vontade nesses tópicos.
A primeira vez que Saulo visitou a sinagoga, que se achava repleta,
foi um grande dia para os nazarenos. Ali estava um jovem, destemido e forte,
que tivera o privilégio de ser educado na escola de Gamaliel. A maioria dos
judeus sabia de seu ódio a CRISTO, e alguns que suspeitavam dos nazarenos,
achavam que a sua missão em Damasco era necessária.
Inicialmente, Saulo contou-lhes a história de sua ida a Damasco e
do incidente na estrada: como encontrara a JESUS de Nazaré e O contemplara com os próprios olhos, aquEle a
quem vinha perseguindo, e como, desde então, toda a sua vida se transformara.
Ele cria agora que JESUS era o CRISTO. Com sua habilidade de rabino, citou
passagem após passagem do Antigo Testamento para provar a messianidade de
JESUS. Ao terminar o discurso, confessou publicamente o seu pecado em perseguir
os seguidores de JESUS, e descreveu a nova vida que nele havia por meio da
habitação interior do ESPÍRITO SANTO.
Ninguém podia acreditar no que estava ouvindo: "Não é este o
que em Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui,
para os levar presos aos principais sacerdotes?" (At 9.21).
Ao verem-no abjurar as antigas crenças, ficaram indignados. O
primeiro discurso de Saulo como nazareno foi respondido pelos rabinos da
sinagoga, que o tacharam de falso mestre e traidor da nação. Negaram o uso que
o novo discípulo de CRISTO fazia das Escrituras, discutindo acaloradamente com
ele sobre o correto significado destas. Mas não puderam relutar-lhe os
argumentos, nem a sua experiência na estrada de Damasco. Quando a congregação se
retirou, todos estavam comovidos com o que ouviram. Alguns creram, mas a
maioria achava que Saulo merecia ser expulso da sinagoga e açoitado
publicamente. O inimigo declarado e preconceituoso de CRISTO mudara rápida e
drasticamente, transformando-se num cristão inabalável, com a determinação de
entregar sua vida ao serviço do Senhor. Ao cair diante de sua glória,
tornara-se de JESUS um servo para todo o sempre. Saulo vira-o ressurreto, e
tinha plena certeza disso. E, sobre esta certeza, construiu todas as suas esperanças
na eternidade. Foi ainda esta certeza que o levou a pregá-lo com toda a
autoridade (1 Co 9.1).
O EVANGELHO DE SAULO
Quando alguém se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical
quanto Saulo, passa a sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua
experiência com todos. Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar
as emoções. A experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o
coração.
Saído de um ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que
Saulo recebeu foi enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que
ele precisava de tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado,
observar lógica e tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a
que DEUS o chamara. O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO
diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem
antes raciocinar e pesar as consequências. Algumas pessoas a tudo analisam;
outras, não se preocupam com nada. A mente de Saulo era analítica; teve
necessidade de refletir para ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura
existencial.
Ao despedir-se dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim
de concentrar-se nesta nova etapa de sua vida.
Na Epístola aos Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão,
não se dirigiu aos apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de
se inteirar do Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado
diretamente por DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu
recebi do Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto, longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e
areias ardentes durante o dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se
Saulo das amarras de uma vida inteira, libertando-se da Lei e da tradição
judaicas. Na quietude da Arábia, andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo
as grandes verdades que viriam a ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui
também que reestudou as Escrituras, e meditou sobre as grandes doutrinas que
iria em breve ensinar em todas as igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com
DEUS, tornando-se-lhe sensível à vontade.
Foi no deserto que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo
Monte na Arábia onde Paulo agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS
(Monte Horebe). E foi num momento de desespero, que Elias procurou a quietude
do deserto. No deserto, o maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que
lugar seria mais propício para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia
ser alimentado diariamente pelo pão do céu senão aqui?
É impossível saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de
uma coisa não temos dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e
preparado para apresentar as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento
em que abrisse os lábios na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o
de hipócrita, traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar
tanto a sua defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito
claras acerca da salvação oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é
simples, mas debater com os filósofos e defensores de outras religiões exige um
conhecimento bem definido e pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte
de CRISTO conforme predita nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso
foi necessário e por que DEUS o exigiu.
Ao pensar no propósito da vida e na felicidade de que ora
desfrutava, Saulo concluiu: o que aprendera na escola rabínica era de fato uma
poderosa verdade. O supremo propósito do ser humano é receber o favor divino.
Mas a única maneira de se obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS.
Somente Ele pode conceder-nos a paz.
Entendendo o Dom da Justiça de DEUS
A história do homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina
e do deliberado afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem
justos e condenem os outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os
judeus, dependem de sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu
desse modo até encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida
dos judeus: por não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos
gentios.
Os gentios falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja
se ocultado deles, pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem
a ser conduzidos pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram
extingui-la. E já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira.
Quanto aos judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo.
Embora possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa diante de DEUS não é saber o que é certo, mas
praticar o que é justo. Antes, Saulo acreditava que guardar a Lei era a única
maneira de se agradar a DEUS. Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado
satisfação espiritual. Por outro lado, estava ciente de que, como depositário
da Lei de DEUS, tinha mais responsabilidades espirituais do que os gentios.
Agora, contudo, já não podia ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam
falhado na busca da justiça divina; encontravam-se ambos expostos à ira de
DEUS.
Nem os judeus nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a
natureza pecaminosa de Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser
justa. A Lei, por descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia
para conduzir-nos à vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo
que queremos fazer, não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos.
DEUS outorgou a Lei com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua
justiça.
Todos esses pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que
o Senhor lhe transmitia gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as
igrejas. Seu dia mais ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de
salvação que não dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que
jamais alcançaria a justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar dos dias, Saulo começou a entender mais claramente
todo o quadro da salvação oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na
Arábia, foi mencionada repetidamente por ele como "o meu evangelho".
Saulo não a obteve mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum.
Foi diretamente e pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao
conhecimento de tais fatos.
O Verdadeiro Significado da igreja
O retrato completo da Igreja apareceu mais vividamente a Saulo,
durante sua estada no deserto. Ele foi o primeiro apóstolo a compreender que a
Igreja não era uma seita judaica, mas uma irmandade universal que se estendia a
todas as raças e nações. Tempos depois, travaria muitas batalhas com os que não
estavam dispostos a admitir os gentios na Igreja.
Saulo considerava a Igreja um edifício, cujas pedras todas
achavam-se bem ajustadas, tendo a CRISTO como a pedra angular. A seguir, viu-a
como um corpo bem coordenado. E os membros todos desse corpo - braços, pernas,
pés, dedos, olhos e ouvidos - eram os cristãos em particular que, ligados uns
aos outros, constituíam-se num só organismo, tendo a CRISTO por cabeça. A
figura ajudou-o a compreender a unidade da Igreja e a sua dependência em
relação ao Senhor JESUS. Saulo passou a compreender que cada um de nós somos
templo do ESPÍRITO SANTO, morada de DEUS na Terra. Passou a conhecer a pessoa
do ESPÍRITO SANTO, fato vedado ao judeu tradicional sem CRISTO.
Saulo fora chamado por CRISTO para deixar de lado as regras,
tradições e todo o passado do qual tanto se gloriara. Outros já o haviam feito
e tiveram de enfrentar oposição. O futuro não lhe seria fácil. Ele pensa em
Estêvão e como fora este poderoso no Evangelho. Se Saulo tivesse aberto os
olhos antes, quantas centenas de crentes não teriam sido poupadas! Mas ele
tomaria o lugar de Estêvão, e quem sabe, faria para CRISTO uma obra ainda
maior. Uma vez mais Saulo delibera ser fiel à visão celestial, e passar o resto
de sua vida pregando o Evangelho aos judeus e gentios.
O Mundo, um Campo Missionário
Saulo começa a refletir sobre o mundo que o rodeava. Embora só o
conhecesse parcialmente, sabia que o Império Romano se estendia para além dos
Portões da Cilícia, em direção ao ocidente. Em suas fronteiras, havia milhões
de pessoas.
Que mundo de trevas era aquele!
Os ídolos eram adorados por toda a parte. As cidades encontravam-se
repletas de estátuas, altares e templos. Tateando, as pessoas andavam à procura
de algo real. Seus corações estavam vazios; seus olhos, voltados para os
grandes blocos de granito e mármore. Se os gentios pudessem enxergar o vazio de
seus templos! Se soubessem que somente CRISTO podia satisfazê-los!
Saulo compreende que será mais fácil convencer os gentios do que os
judeus. Ele alegra-se por ter sido escolhido pelo Senhor para levar o Evangelho
da graça salvadora de DEUS aos gentios.
Ao fazer um retrospecto de sua vida, Saulo percebe que deveria
estar louco e cego ao imaginar que o seu ódio e crueldade pudessem reconduzir
os convertidos ao Judaísmo. Na Arábia, DEUS forçou-o a abandonar os seus
métodos e a aprender um pouco do grande ESPÍRITO que estava em Estêvão, quando
este orava por seus inimigos.
Não se sabe quanto tempo Paulo permaneceu na Arábia. Sabemos,
porém, que passou três anos em Damasco a sua conversão e a sua volta a
Jerusalém. Paulo tivera tempo de organizar seus pensamentos, e agora estava
pronto a pregar o Evangelho com todas as suas forças, pois sentia- se em débito
para com os judeus e gregos.
De qualquer forma, Saulo achava-se mais bem preparado para,
sinceramente, lutar pela fé. Em cada sinagoga, os fariseus se lhe opunham,
zombando de sua mudança de vida e chamando-o de mentiroso. Ele era obrigado a
todo o instante, a defender o Evangelho a que se habituara a chamar de
"meu evangelho", não por ser diferente do de Pedro, ou de qualquer
outro dos discípulos, mas porque JESUS o entregara diretamente a ele.
Mais tarde, Saulo aprenderia mais de Pedro e dos demais apóstolos o
verdadeiro significado das declarações e ensinamentos do Senhor. Mas, por ora,
já sabia o suficiente para começar a pregar a JESUS como o CRISTO das
Escrituras, por cujo intermédio podia-se alcançar a justiça divina.
Com as palavras do Senhor no coração, avançaria e estabeleceria
igrejas em todas as partes. Se em sua ignorância prendera e até matara, agora
ofereceria a sua vida por CRISTO. Afinal, JESUS não vencera a morte
levantando-se da sepultura? Sua mente já estava apaziguada e cultivada pelos
ministérios de DEUS.
O REGRESSO A DAMASCO
Saulo foi cordialmente recebido pelos irmãos de Damasco. Todos
ansiavam por sua volta, pois somente ele poderia enfrentar os judeus que se
opunham ao Evangelho. Lembravam-se todos de como Saulo silenciara os rabinos
antes de partir para a Arábia. Com um poder muito maior, Saulo retoma o
trabalho nas sinagogas. A oposição judaica contra si já se havia transformado
em ódio. A sua determinação de pregar a JESUS CRISTO, contudo, em nada
diminuíra.
Durante o período em que esteve em Damasco com os nazarenos, homens
e mulheres aceitavam diariamente a CRISTO ao ouvir-lhe a pregação. O conselho
da sinagoga fez o máximo para tapar os ouvidos de seus congregados. Mas como a
mensagem de Saulo tivesse como base as próprias Escrituras, ninguém era capaz
de resistir-lhe as palavras. Até os rabinos temiam proibir o acesso de alguém
com tamanho conhecimento da Torá na sinagoga.
A cada discussão com Saulo os rabinos mais se enfureciam. E já
instigavam o conselho da sinagoga contra Saulo, pois mais de uma vez ele os
sobrepujara. Em seu ódio, queriam fazer dele um exemplo público. E tanto
fizeram, que vieram a conseguir o seu intento. Açoitaram-no diante da porta da
sinagoga com 39 chibatadas. Enquanto o chicote raspava-lhe as costas, Saulo
experimentava uma estranha sensação de alegria por ser considerado digno de
sofrer pela causa de CRISTO. Não fora exatamente isso o que ele havia feito com
os que seguiam a esse mesmo JESUS?
O corpo de Saulo fica marcado para sempre; com orgulho exibiria
essas marcas por haverem-no introduzido numa comunhão mais profunda com o
CRISTO e com os que foram chamados a sofrer pela fé.
Finalmente, ele foi expulso da sinagoga. Todavia, encontrando-se
secretamente com os judeus de Damasco, ganhou a muitos deles para CRISTO. Os
rabinos vieram a compreender, então, que ninguém poderia deter a propagação do
Cristianismo. O que fazer? Ordenaram-lhe, pois, que deixasse a cidade, mas
Saulo não lhes acatou a ordem. Pelo contrário: agora, pregava a CRISTO com mais
vigor e intensidade. O conselho reuniu-se então em segredo, e chegaram a esta
conclusão: "Só há um meio de calar a Saulo - tirar-lhe a vida".
Os judeus favoráveis aos nazarenos, alertaram a Saulo sobre a
decisão do conselho. Ele, pois, escondeu-se de modo a que não pudessem
encontrá-lo. Cada sinagoga era vigiada, mas o acusado não aparecia. Seus
inimigos finalmente descobriram que ele sabia da conspiração. E para que Saulo
não fugisse disfarçado de mercador, ou viajante, resolveram ir ao governador e
fizeram uma acusação formal contra o desafeto, dizendo que este era um
perturbador da ordem pública, pois incitava os judeus a se amotinarem. O
governador prontamente enviou as ordens para a prisão de Saulo. Imediatamente,
os soldados passaram a vigiar os portões da cidade, observando as caravanas que
saíam de Damasco. Como a cidade só possuísse quatro portões, os rabinos
julgavam que, em breve, o prenderiam.
Sempre atentos a qualquer movimento, os judeus pretendiam acabar
com a seita que os perturbava, livrando-se de seu novo líder. Diante disso, os
amigos de Saulo perceberam que só havia um meio de salvar-lhe a vida: tirá-lo
da cidade.
Os velhos muros eram tão largos em determinados lugares que casas
haviam sido construídas sobre eles. Numa dessas casas, com janelas salientes,
morava um nazareno. Quando a noite caiu sobre a cidade, Saulo foi levado a essa
casa. Então, amarraram uma corda a um grande cesto que foram baixando pelo muro
até que pousasse em segurança. Ato contínuo, o passageiro deixou rapidamente o
cesto, embrenhando-se na escuridão.
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
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Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos
Uma pedra bruta lapidada
Depois de convertido, logo Paulo se transforma em pregador do
evangelho. Em vez de perseguir os cristãos, promove a fé evangélica. Em vez de
tapar a boca dos cristãos, abre a boca para testemunhar do nome de JESUS.
Destaco três mudanças radicais que aconteceram na vida de Paulo depois de
sua conversão:
Em primeiro lugar, de agente de morte a pregador do evangelho.
Paulo tornou-se um embaixador de CRISTO, um pregador do evangelho imediatamente
após sua conversão (Atos 9.20). DEUS mesmo o escolheu para levar o
evangelho aos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (Atos 9.15).
Paulo pregou a tempo e fora de tempo. Em prisão e em liberdade. Com
saúde ou doente. Pregou nos lares, nas sinagogas, no templo, nas ruas, nas
praças, na praia, no navio, nos salões governamentais, nas escolas. Paulo
pregou com senso de urgência, com lágrimas e no poder do ESPÍRITO SANTO.
Aonde ele chegava, os corações eram impactados com o evangelho. Ele
pregava não apenas usando palavras de sabedoria, mas com demonstração do
ESPÍRITO e de poder (1Co 2.4; 1Ts 1.5).
Em segundo lugar, de devastador da igreja a plantador de igrejas.
DEUS encorajou Ananias a ir ao encontro de Saulo em Damasco, dando-lhe as
seguintes palavras: “... Vai, porque este é para mim um instrumento
escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante
os filhos de Israel” (Atos 9.15). O Senhor mesmo levantou Paulo como o
maior evangelista, o maior missionário, o maior pastor, o maior pregador,
o maior teólogo e o maior plantador de igrejas da história do
cristianismo. Ele plantou igrejas na região da Galácia, nas províncias da
Macedônia, Acaia e Asia Menor. Não apenas plantou igrejas, mas
pastoreou-as com intenso zelo, com profundo amor e com grave senso de
responsabilidade. Pesava sobre ele a preocupação com todas as igrejas (2Co
11.28).
Em terceiro lugar, de receptor de cartas para prender e matar a
escritor de cartas para abençoar e salvar. Como perseguidor e exterminador dos
cristãos, Paulo pedia cartas para prender, amarrar e matar os crentes
(Atos 9.2,14). Mas, depois de convertido, ele escreve cartas para abençoar.
Paulo foi o maior escritor do Novo Testamento. Ele escreveu treze cartas.
Suas cartas são mais conhecidas do que qualquer obra jamais escrita na
história da humanidade. Suas cartas têm sido alimento diário para milhões
de crentes em todos os tempos. Essas cartas são luzeiros que brilham; são pão
que alimenta; são água que dessedenta; são verdades inspiradas pelo
ESPÍRITO SANTO que ensinam, exortam e levam pessoas a CRISTO todos os
dias!
Vejamos, agora, como DEUS trabalhou na vida de Paulo até
transformá-lo no apóstolo que foi. Mesmo que sua conversão tenha sido genuína e
radical, seu amadurecimento foi progressivo.
Pregando em Damasco
Logo após ser curado da cegueira, ser batizado e ter recebido o
ESPÍRITO, Paulo começou a pregar em Damasco, afirmando que JESUS é o Filho de
DEUS (Atos 9.20). Sua pregação consistia apenas numa declaração de que
aquele a quem ele perseguia era o Filho de DEUS. Essa pregação
causou espanto nos damascenos, em virtude de sua reputação de exterminador
dos que invocavam o nome de JESUS (Atos 9.21).
Seminário intensivo com JESUS na Arábia
Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos
9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que JESUS era o
Filho de DEUS (Atos 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia
e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que JESUS é o
CRISTO (Atos 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar
cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma
investigação precisa, uma análise profunda.
Onde Paulo esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio
da afirmação para o segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos
responde, mas encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua
conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos,
mas rumou para as regiões da Arábia, onde permaneceu três anos, fazendo um
seminário intensivo com o próprio Senhor JESUS. O próprio Paulo registra
esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim
anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de
homem algum, mas mediante revelação de JESUS CRISTO” (Gl 1.11,12).
Depois de passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo
Testamento, ele descobriu que JESUS era, de fato, o Messias prometido. Paulo
narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que
me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar
seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não
consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram
apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei,
outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17).
Pregação mais precisa em Damasco
Ao voltar das regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, agora,
não apenas afirma, mas demonstra que JESUS é o CRISTO, o Messias prometido
(Atos 9.22).
Em vez de sua pregação encontrar guarida em Damasco, encontra, pelo
contrário, severa
resistência. Paulo precisa fugir de maneira humilhante num cesto
muralha abaixo para salvar a vida. Depois de três anos de sua conversão, de
Damasco ele vai a Jerusalém (Gl 1.18).
Rejeição e acolhimento em Jerusalém
Ao chegar a Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada calorosa.
Os discípulos não acreditavam na sinceridade de sua conversão. Pensavam que ele
estava blefando e armando uma cilada para perseguir a igreja. Essa
rejeição, possivelmente, foi mais um golpe que Paulo sofreu ainda
nos albores da sua caminhada. Estava colhendo os frutos de sua semeadura.
Eis o relato de Lucas: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou [Paulo]
juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que
ele fosse discípulo” (Atos 9.26).
Barnabé, o filho da consolação, viu Paulo com outros olhos.
Acreditou nele e investiu em sua vida. Assim Lucas relata: “Mas Barnabé,
tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o
Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco
pregara ousadamente em nome de JESUS” (Atos 9.27). Barnabé foi o
instrumento usado por DEUS para introduzir Paulo na comunidade cristã de
Jerusalém, cidade onde ele outrora devastara a fé que agora pregava (Gl
1.23).
Uma exagerada confiança em si mesmo
Uma vez acolhido na igreja-mãe, onde outrora perseguira com tanta
fúria os cristãos, Paulo tem livre trânsito para sair da cidade e entrar nela,
a fim de pregar aos judeus e discutir com os helenistas. Mas toda essa
desenvoltura não alcança os resultados que Paulo esperava. Talvez até aqui
Paulo ainda estivesse confiando em si mesmo para obter sucesso em seu
ministério. Ainda estava vivendo sob a égide da antiga aliança.
Em vez de frutos do seu trabalho, enfrenta mais perseguição. Eis o
relato de Lucas: “Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando
ousadamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas
eles procuravam tirar-lhe a vida” (Atos 9.28,29).
Ao dar testemunho de sua conversão muitos anos depois, ao ser preso
nessa mesma cidade de Jerusalém, Paulo narra uma experiência dramática. Ele não
foi apenas rejeitado pelo povo da cidade. Foi dispensado também da obra
pelo próprio DEUS. Acompanhemos o relato que o próprio apóstolo faz:
“Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me
um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de
Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito” (Atos
22.17,18).
Em vez de DEUS mudar os oponentes de Paulo, é Paulo que tem de
mudar e sair da cidade. Paulo não quer sair da igreja de Jerusalém. Ele chega a
discutir com DEUS. Pensa que DEUS está cometendo um erro estratégico ao
tirá-lo desse campo. Ele pensa ser o homem certo para essa empreitada. Mas
DEUS não cede; é Paulo que tem de arrumar as malas e ir embora. Vejamos
a argumentação de Paulo com DEUS: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu
encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando
se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava
presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam. Mas
ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios” (Atos
22.19-21). Como Paulo reluta em sair, ele é retirado pelos irmãos: “Tendo,
porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e
dali o enviaram para Tarso” (Atos 9.30).
O jovem Paulo sofre mais um golpe em seu orgulho. Quando ele arruma
as malas e vai embora de Jerusalém, imediatamente os problemas da igreja se
resolvem: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e
Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do
ESPÍRITO SANTO, crescia em número” (Atos 9.31). Talvez nada fira tanto o
orgulho de um pastor do que sair da igreja e ver que após sua saída todos
os problemas dela se resolvem. Volte para casa, jovem!
Paulo saiu de Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali
ficou não pouco tempo no anonimato, num completo ostracismo. Nada sabemos desse
longo período de sua vida. Aquele que estava com a mente povoada de muitos
sonhos, e nutrindo na alma o ideal de pregar a Palavra em Jerusalém, está,
agora, sozinho, esquecido, fora do palco, longe das luzes da ribalta.
É importante perceber que DEUS ainda está tratando com ele. Na
verdade, DEUS está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos.
Vida com DEUS precede trabalho para DEUS. A nossa maior prioridade não é
fazer a obra de DEUS, mas conhecer o DEUS da obra. O DEUS da obra é mais
importante do que a obra de DEUS. Paulo precisava aprender que o sucesso na
obra não vinha dele mesmo, mas de DEUS. Ele precisava passar da antiga
aliança para a nova aliança. Na antiga aliança, tudo depende de nós e
nada, de DEUS; na nova aliança, tudo depende de DEUS e nada, de nós. Se
quisermos fazer a obra de DEUS fiados em nossas próprias forças, fracassaremos.
Se dependermos apenas dos nossos recursos, nos frustraremos. A nossa
suficiência vem de DEUS.
Tarso não foi um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de
treinamento. O deserto é a escola superior do ESPÍRITO SANTO onde DEUS treina
seus líderes mais importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não
é um acidente em nossa vida, mas uma agenda de DEUS. É DEUS quem nos leva
para o deserto. Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do
palco. Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção.
DEUS nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar.
O deserto é o lugar onde DEUS treina seus líderes mais importantes. DEUS
não tem pressa quando se trata de preparar os seus líderes. Vivemos
numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas
os líderes não podem amadurecer no carbureto. Eles não podem pular o
estágio do deserto. DEUS preparou Moisés quarenta anos para usá-lo durante
quarenta anos. DEUS preparou Elias três anos e meio para usá-lo num único
dia, no cume do monte Carmelo. O Senhor JESUS só começou seu ministério com
30 anos de idade. Paulo passou quatorze anos em Tarso antes de ser
poderosamente usado por DEUS na obra missionária.
Aprenda a ser liderado antes de poder liderar
A evangelização do mundo estava a todo vapor, e isso sem a
contribuição de Paulo. Não há pessoas indispensáveis na obra. Somos apenas
cooperadores, e não os agentes da obra. O evangelho chegou a Antioquia, a
terceira maior cidade do mundo daquela época. A igreja de Jerusalém
enviou para lá o mesmo Barnabé que havia acolhido Paulo em Jerusalém. Ao
chegar ali, alegrou-se ao ver a obra de DEUS prosperando e lembrou-se de
Paulo. Foi atrás dele e o buscou para engrossar fileiras no ministério da
evangelização e do ensino naquela cidade metropolitana.
Durante um ano, eles ensinaram a Palavra de DEUS em Antioquia. A
igreja era multicultural e multirracial. Fortalecida na Palavra, a igreja orava
e jejuava. Foi nesse tempo que o ESPÍRITO SANTO separou Barnabé e Paulo
para a grande obra missionária, enviando-os para uma viagem
missionária transcultural. É digno de nota, porém, que o ESPÍRITO SANTO
separou Barnabé e Paulo, e não Paulo e Barnabé. O líder não era Paulo. Ele
precisava aprender a ser liderado antes de poder liderar. Ele precisava
estar sob a autoridade de alguém antes de poder exercer autoridade sobre
alguém. Ele precisava aprender a ser reserva antes de ocupar o lugar de
titular.
Mais uma vez, estamos diante do fato de que DEUS está trabalhando
na vida de Paulo, ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si
mesmo. DEUS estava esvaziando a bola desse homem. Estava lapidando essa
pedra, aparando suas arestas e moldando-o como um oleiro faz com o vaso.
Esta, possivelmente, foi a lição mais importante que DEUS ensinou a
Paulo em sua trajetória missionária: como viver no poder da nova aliança. O
mesmo apóstolo compartilha como isso se deu em sua vida. Escrevendo sua
segunda carta aos Coríntios, ele fala das cinco marcas de uma
vida vitoriosa: otimismo indestrutível, sucesso constante, impacto
inesquecível, integridade irrefutável e realidade inegável (2Co 2.14-17;
3.1-3). Contudo, a grande questão é: “... Quem, porém, é suficiente para
estas cousas?” (2Co 2.16). Ele não dá a resposta imediatamente. Só vai fazê-lo
no capítulo seguinte, quando escreve: “... a nossa suficiência vem de
DEUS” (2Co 3.5). Só depois de aprender esse princípio, Paulo está pronto
para ser o grande líder, o grande missionário, o homem poderosamente usado
nas mãos de DEUS para levar o evangelho aos mais distantes rincões
do mundo.
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Lição 5, JESUS CRISTO, e Este Crucificado, A Mensagem do Apóstolo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Vídeo desta Lição - https://www.youtube.com/watch?v=4CxFoMZm4FQ
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/escrita-licao-5-jesus-cristo-e-este.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/10/slides-licao-5-jesus-cristo-e-este.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-5-jesus-cristo-e-este-crucificado-a-mensagem-do-apstolo-3-partes-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 1.18-25; 2.1-5
1 Coríntios 1
18 - Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas
para nós, que somos salvos, é o poder de DEUS. 19 - Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos
inteligentes. 20 - Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o
inquiridor deste século? Porventura, não tornou DEUS louca a sabedoria deste
mundo? 21 - Visto como, na sabedoria de DEUS, o mundo não conheceu a DEUS pela
sua sabedoria, aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação. 22 -
Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; 23 - mas nós
pregamos a CRISTO crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os
gregos. 24 - Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes
pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS.
25 - Porque a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a
fraqueza de DEUS é mais forte do que os homens.
1 Coríntios 2
1 - E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o
testemunho de DEUS, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. 2 -
Porque nada me propus saber entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado.
3 - E eu estive convosco em fraquezas, e em temor, e em grande tremor. 4 - A
minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração do ESPÍRITO e de poder. 5 - para que a
vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS.
Comentários BEP - CPAD
1.21 PELA LOUCURA DA PREGAÇÃO. Não é o método da pregação que é
tido como loucura pela sabedoria humana, mas a mensagem do supremo senhorio de
CRISTO crucificado e ressurreto.
2.1 NÃO FUI COM... SABEDORIA. O conteúdo da pregação de Paulo não
foi segundo a última expressão da "sabedoria" humana, quer no mundo,
quer na igreja. Antes, concentrava sua atenção, na verdade central do evangelho
(a redenção em CRISTO) e no poder do ESPÍRITO SANTO. Ele tinha plena
consciência das suas limitações humanas, da sua insuficiência pessoal e dos
seus temores e tremores interiores. Daí, ele não depender de si mesmo, mas da
sua mensagem bíblica e do ESPÍRITO SANTO (v. 4). Como resultado, houve uma
maior demonstração da obra e do poder do ESPÍRITO.
2.4 EM DEMONSTRAÇÃO DO ESPÍRITO E DE PODER. (1) Como demonstração
do poder do ESPÍRITO SANTO (1.18,24), a pregação de Paulo incluía (a) a ação do
ESPÍRITO SANTO, que convence as pessoas do pecado, da justiça e do juízo, e o
testemunho que Ele dá do poder salvífico do CRISTO ressurreto (cf. caps. 5-6;
ver Jo 16.8; At 2.36-41); (b) o poder de transformar vidas (1Co 1.26,27; cf. At
4.13); (c) o poder de levar a efeito a santidade no crente (5.3-5); e (d) o
poder de DEUS manifesto por sinais e maravilhas (At 2.29-33; 4.29,30; 5.12;
14.3; 2 Co 12.12). (2) Vários outros trechos do NT acentuam que a pregação do
evangelho nos tempos neotestamentários era acompanhada de poder especial do
ESPÍRITO SANTO: Mc 16.17,18; Lc 10.19; At 28.3-6; Rm 15.19; 1 Co 4.20; 1 Ts 1.5;
Hb 2.4. (3) Todo ministro do evangelho deve orar para que, através do seu
ministério: (a) o povo seja salvo (At 2.41; 11.21,24; 14.1), (b) os novos
crentes sejam cheios do ESPÍRITO SANTO (At 2.4; 4.31; 8.17; 19.6), (c) os
espíritos malignos sejam expulsos (At 5.16; 8.7; 16.18), (d) os enfermos sejam
curados (At 3.6; 4.29,30; 14.10), e (e) os discípulos aprendam a obedecer aos
padrões e ensinos justos de CRISTO (Mt 28.18-20; At 11.23,26).
Resumo da Lição 5, JESUS CRISTO, e Este Crucificado, A Mensagem do
Apóstolo
I – A CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
1. O ministério de pregação e o CRISTO Crucificado.
2. A palavra da Cruz é a loucura da pregação.
3. Para os judeus e gregos.
II – EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
1. “Evangelho de CRISTO”.
2. “CRISTO Crucificado”.
3. “CRISTO Ressurreto”.
III – OS EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
1. Uma vida no poder de DEUS.
2. Uma vida de humildade.
3. Uma vida na dependência do ESPÍRITO.
INTRODUÇÃO
Paulo pregava a respeito do mais eficiente púlpito que já existiu,
o mais atraente - A Cruz.
E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. João
12:32
E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do Homem seja levantado, João 3:14
CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;
Gálatas 3:13
O objetivo desta lição é ressaltar o centro da mensagem cristã:
JESUS, e este crucificado. O apóstolo descobriu essa verdade sobre o CRISTO
Ressurreto e, como consequência, fez de sua missão de vida pregar o Evangelho
por meio do Crucificado aos gentios. Nesse sentido, o Crucificado é o centro da
mensagem apostólica. Logo, a vida e o ministério de Paulo estimulam-nos a ter
esse mesmo propósito e firme compromisso com a mensagem da Cruz.
Resumo da lição
Para desenvolver o propósito da lição, o primeiro tópico destaca a
centralidade da pregação de Paulo. Em Paulo, a pregação tem íntima relação com
o CRISTO Crucificado, por isso ela é considerada loucura da pregação entre
judeus e gentios. É uma mensagem humilde que faz com que o ser humano olhe para
si mesmo e peça misericórdia a DEUS pelas suas misérias.
O segundo tópico elenca as expressões-chave na pregação de Paulo.
Expressões como “Evangelho de CRISTO”, “CRISTO Crucificado” e “CRISTO
Ressurreto” são trabalhadas de modo a resumir o conteúdo da mensagem do
apóstolo dos gentios. Podemos dizer que o Evangelho de CRISTO pode ser
sintetizado no “CRISTO Crucificado” e no “CRISTO Ressurreto”.
O terceiro tópico pontua os efeitos da mensagem do Evangelho. Esses
efeitos se revelam no crente por meio de uma vida no poder de DEUS, na
humildade e na dependência do ESPÍRITO SANTO. Ora, a mensagem da cruz é uma
mensagem de poder. A mensagem da cruz nos constrange a viver de maneira
humilde. E, finalmente, a mensagem da cruz nos ensina a depender exclusivamente
do ESPÍRITO.
Aplicação
A presente lição nos ensina que não podemos deixar de pregar
mensagem da cruz ao pecador. É uma mensagem de poder. Somos instados pelo
ESPÍRITO SANTO a proclamá-la com autoridade. Ao mesmo tempo, somos chamados a
viver de maneira humilde, pois a mensagem da cruz nos constrange a uma atitude
singela e abnegada.
É uma mensagem que nos faz contritos diante de DEUS. E, finalmente,
somos estimulados a viver na dependência do ESPÍRITO SANTO de DEUS na obra da
proclamação do Evangelho. Sem o ESPÍRITO SANTO não podemos ser bem-sucedidos.
A mensagem da cruz nos faz depender menos de nós mesmos e mais do
ESPÍRITO SANTO. Essa mensagem traz a verdadeira sabedoria para a vida. Amemos,
portanto, a mensagem da cruz e a proclamemos até a morte!
Resumo rápido (Pr. Henrique)
I – A CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
1. O ministério de pregação e o CRISTO Crucificado. Paulo, o maior
teólogo. Aprendeu diretamente do próprio JESUS e do ESPÍRITO SANTO. Percebeu
que a pregação legítima abrange a vida, morte e ressurreição de JESUS. Sem a
morte, sem o sacrifício de JESUS na cruz, não há perdão.
2. A palavra da Cruz é a loucura da pregação. A morte de cruz era
sinal de maldição. A cruz não atrai os que amam as trevas. Para quem não se
converte a cruz é sinal de fraqueza, mas para quem é salvo é lugar de vitória
sobre o pecado.
3. Para os judeus e gregos. Para judeus a cruz é escândalo (como um
messias general e dominador morreria na cruz sem conquistar Roma?). Para Gregos
que amavam tantos seus deuses que lhes pareciam tão poderosos e cheios de pompa
e sempre presentes em orgias poderia ser tão santo e tão pobre e tão humilde?
Ele não escreveu nada e nem lhes passou nenhuma filosofia. Morrer numa cruz?
II – EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
1. “Evangelho de CRISTO”. Evangelho é boas novas, boas notícias de
salvação a todo o que crê.
2. “CRISTO Crucificado”. A sabedoria de DEUS coloca uma mensagem
simples, mas poderosa para salvação. A mensagem da cruz. JESUS ali nos
substituiu.
3. “CRISTO Ressurreto”. Se JESUS CRISTO não tivesse ressuscitado
seríamos salvos só para viver na Terra e sem futuro após a morte. Ele
ressuscitou e nos ressuscitará para estarmos para sempre com Ele.
III – OS EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
1. Uma vida no poder de DEUS. O ESPÍRITO SANTO acompanha a mensagem
da cruz e dá poder para transformar o mais vil pecador em uma nova criatura.
Depois de salvo é o mesmo ESPÍRITO SANTO que concede poder ao crente para
evangelizar. Sinais, prodígios e maravilhas são a segunda asa do evangelho,
sendo a primeira a pregação da vida, morte e ressurreição de JESUS.
2. Uma vida de humildade. JESUS nos chama a carregar cada um sua
própria cruz. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver,
intenção, fé, longanimidade, amor, paciência,
perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em
Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou.
E também todos os que piamente querem viver em CRISTO JESUS padecerão
perseguições. 2 Timóteo 3:10-12 -- Sede meus imitadores, como também eu, de
CRISTO. 1 Coríntios 11:1
3. Uma vida na dependência do ESPÍRITO. JESUS era cheio do ESPÍRITO
SANTO e era guiado pelo mesmo ESPÍRITO SANTO. Sejamos seus imitadores. E JESUS,
cheio do ESPÍRITO SANTO, voltou do Jordão e foi levado pelo ESPÍRITO ao
deserto. Lucas 4:1
COMENTÁRIOS DIVERSOS
Predição do Messias Vindouro
Quando analisado, o Judaísmo parecia uma simples religião de
promessas e esperanças. Em seu âmago, a tristeza mesclava-se com o esplendor.
Todo judeu sentia pesadamente o jugo de Roma; ansiava e orava pelo dia em que a
nação seria liberta, e os exércitos de Roma, expulsos. Os mesmos peregrinos que
se gloriavam no Templo também choravam amargamente em suas casas, clamando ao
Senhor por livramento. Todos os sacrifícios e cerimônias perderiam o
significado se os judeus tivessem de continuar sob o jugo de um rei
estrangeiro. Certamente, um dia DEUS haveria de livrar e abençoar o seu povo,
como fizera no passado.
Havia um grupo organizado de judeus patriotas, conhecidos como
zelotes, que realizavam reuniões secretas e planejavam uma revolta contra Roma.
As autoridades romanas mantinham-se ocupadas em procurá-los e castigá-los. Mas
a sociedade trabalhava ocultamente, mantendo viva a esperança de que, um dia,
DEUS enviaria um libertador poderoso como Moisés, que tiraria seu povo do
cativeiro e novamente o exaltaria sobre todas as nações.
Havia uma coisa que Gamaliel ensinava com grande convicção. Não era
um simples raio de esperança. Tratava-se do ensinamento dos antigos profetas
sobre a vinda de um líder enviado por DEUS. Ele reuniria o povo de todas as
partes do mundo para expulsar os romanos, e reinaria em Jerusalém para todo o
sempre. Essa era a promessa que DEUS fizera a Davi: seu trono jamais
desapareceria, por mais negro que o céu se tornasse. Esse grande Redentor, que
traria a salvação a Israel, era o Messias.
Saulo sabia que a vinda do Messias tinha sido mencionada pelos
profetas há mais de mil anos. E Gamaliel falava disso mais que qualquer rabino
de Tarso, pois o esperava a qualquer momento. O sábio professor lia passagem
após passagem sobre o CRISTO nos profetas, e até descobria promessas de sua
vinda na Tora. Contava como seria o Messias e como julgaria todas as nações.
Ele esmagaria o mal e reinaria com justiça.
Todo judeu sabia que o Messias pertenceria a tribo real de Judá, e
nasceria em Belém, pois o profeta Miquéias predissera-o claramente. O professor
de Saulo contou-lhe que, quando Ele viesse, ficaria oculto por algum tempo. A
seguir, reuniria o povo e marcharia sobre Jerusalém, para dispersar os romanos
e reinar para sempre pelo poder de DEUS.
Duas Opiniões
O que Saulo não sabia, até então, é que os rabinos estavam
divididos em suas opiniões sobre o Messias. Alguns liam que Ele seria um
príncipe poderoso, livrando seu povo pela guerra, e que as montanhas seriam
tingidas de vermelho com o sangue dos seus inimigos. Certos rabinos chegavam a
afirmar que chamas sairiam de sua boca para destruir os opositores.
Havia um grupo menor, porém, que estava muito confuso com certas
passagens, como o capítulo 53 de Isaías e o Salmo 22. Esses versículos deixavam
claro que o Messias muito sofreria. Ao mesmo tempo, ninguém podia negar que Ele
viria para reinar com poder. Portanto, cresceu a ideia de que haveria dois
Messias - um sofredor; e o outro, um rei triunfante. Nas sinagogas e nos
alpendres fechados do Templo, essa diferença era discutida e defendida com
grande eloquência pelos eruditos.
Saulo começou a ver muito claramente que as esperanças da nação
dependiam desse Salvador vindouro. Passou então a procurar zelosamente um líder
e guerreiro, que reunisse grandes exércitos para lutar contra Roma. Os rabinos
contavam muitas histórias sobre o Messias que estava para vir. Algumas delas
não passavam de sonhos absurdos e tolos. Outras eram fantásticas e irreais, não
se baseando de modo algum nas promessas de DEUS. As últimas eram produto da
imaginação de um povo oprimido, que não compreendia os caminhos de DEUS. Alguns
dos rabinos odiavam tanto os romanos, que descreviam o Messias fazendo toda
sorte de crueldades contra estes, a fim de vingar os judeus.
Os anos gastos por Saulo nos estudos foram cheios de reverência,
mas, até certo ponto, também de rotina e monotonia. Não havia incentivo para
desenvolver qualquer coisa original; o estudo servia apenas para aumentar a
capacidade de sua memória. Com esse treinamento, não é de surpreender que a
vida de Saulo se tornasse cada vez mais estreita.
Os fariseus eram a sua única companhia e, pouco a pouco, achou-se
ele mergulhado cada vez mais nas regras humanas. Seu gosto pela discussão fez
com que se transformasse no centro de muitas disputas. Sempre que surgia a
oportunidade de defender os sacerdotes ou rabinos, ou o sistema de adoração do
Templo contra os estrangeiros, Saulo entrava na arena com a língua afiada e o
espírito em chamas.
CRUZ
Um pilar vertical com uma viga horizontal fixada perto do topo,
onde os condenados eram executados no mundo romano.
Formas;
(1) Crux simplex, a cruz simples, a saber, um pilar único ou estaca
vertical;
(2) crux commissa ou crux humilus, a de S. Antônio, na forma de um
“T”;
(3) crux clecus- sata, a de S. André, na forma de um “X”;
(4) crux im,missa, a cruz latina;
(5) Cruz de George, formada por dois pedaços de mesmo comprimento;
(6) cruz tripla, 3 cruzes em uma fileira, usada pelos sacerdotes e
dignatários da igreja a partir do século V. Aceita-se de forma geral que CRISTO
foi crucificado na crux immissa, ou cruz latina, visto que as Escrituras
declaram que a inscrição “Este é JESUS, o rei dos judeus”, foi colocada sobre a
sua cabeça (Mt 27.37; cf. Mc 15.26; Lc 23.38; Jo 19,19). Acredita-se que na
cruz de S. André, e na cruz de S. Antônio isso não poderia ter sido feito. As
tradições cristãs primitivas afirmam que JESUS morreu sobre uma cruz latina
(Irineu, Against Heresies, ii.24.4; Justino, Trypho, 91).
A cruz de tau consistia em galhos ou estacas verticais plantadas
permanentemente no campo de execução. Seu topo se afilava até um determinado
ponto. O patíbulo era uma barra de madeira que pesava pouco mais de 56 quilos,
com uma cavidade redonda esculpida no seu centro que se ajustava à ponta da
haste. Algumas autoridades acreditam que esta era a cruz preferida pelos
executores romanos, e que o título da placa podia ser fixado em um pedaço de
madeira e pregado no patibulum, acima da cabeça ao criminoso.
A cruz, como um sinal, pode ter sido usada pelos primeiros cristãos
judeus de Jerusalém, antes da destruição da cidade em 70 d.C. Ossuários (caixas
retangulares de pedra onde se depositavam ossos humanos) foram encontrados em
1945 no subúrbio de Talpio-th, sendo que um deles estava marcado em cada um dos
quatro lados com uma cruz rudimentar, como um sinal de mais. Um ossuário
marcado de forma similar foi encontrado em um cemitério aparentemente cristão
no Monte das Oliveiras (FLAP, pp. 331ss.). Na cidade de Herculano, destruída em
79 d.C. pela erupção do Monte Vesúvio, uma casa escavada mostrava uma cruz
latina gravada na parede de cimento em cima de um pequeno gabinete de madeira,
considerado como um local de oração ou altar (FLAP, pp. 363ss.).
Símbolo o emblema. A cruz é o símbolo de uma morte sob a maior
culpa e a pior maldição (Gl 3.13). Thayer diz que a cruz era “um instrumento
conhecido como a punição mais cruel e vergonhosa, emprestada aos gregos e
romanos pelos fenícios; a ela foram condenados - entre os romanos, desde o
tempo de Constantino O Grande - os criminosos mais execráveis, os piores
escravos, assaltantes, autores e cúmplices de revoltas, e ocasionalmente nas
províncias, para o divertimento arbitrário dos governadores, também os homens
justos e pacíficos, e até mesmo os próprios cidadãos romanos” (J. H. Thayer, A
Greek-English Lexicon of the New Testament, p. 586). Por isso a cruz, para nós
cristãos, se tomou o sinal de que CRISTO tomou sobre si a culpa, e assim pagou
a penalidade pelos nossos pecados (Como previsto em Isaías 53 e declarado por
Paulo em Gl 3.13).
No Antigo Testamento, a morte era por apedrejamento entre os judeus
(Dt 21.20,21), e assim o corpo morto era pendurado sobre uma árvore ou estaca
como uma advertência às pessoas (Dt 21.22,23; Js 10.26). Este ato de pendurar o
corpo em uma árvore era considerado como uma maneira particular de maldição
(seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo
dia, porquanto o pendurado é maldito de DEUS; assim, não contaminarás a tua
terra, que o Senhor, teu DEUS, te dá em herança. Deuteronômio 21:23), isto
explica o texto de Gálatas 3.13. “CRISTO nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós, porque está escrito. Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro”, A cruz (stauros, “estaca”) é também chamada “árvore” ou
“madeiro” (jnylon) no Novo Testamento (At 5.30; 10.39; 1 Pe 2.24) e assim é
relacionada à concepção do Antigo Testamento de profunda humilhação e vergonha
(Hb 12.2). Aqui pode ser vista a continuidade de uma ideia de vergonha e
maldição, expressa em duas culturas diferentes.
Aquele que era condenado à crucificação era primeiro espancado ou
açoitado com um flagrum, um chicote com várias tiras de couro, em cujas pontas
eram colocadas bolas de chumbo ou ossos de carneiro. Após este flagelo, a
vítima nua era forçada a carregar o pesado patibulum, ou a barra transversal da
sua cruz, ao lugar da sua execução. A intensidade dos sofrimentos de CRISTO,
até mesmo antes da sua crucificação, é revelada pelo fato de que, depois de uma
noite de tortura e açoites, Ele estava fraco demais para carregar a sua própria
cruz. Ela foi, então, colocada sobre Simão, de Cirene (Mt 27.32; Mc 15.21; Lc
23.26).
No Gólgota, os soldados devem ter lançado JESUS ao chão e esticado
os seus braços sobre a barra para que fosse pregado. O algoz deve ter usado
pregos fortes e grandes, de forma quadrada, cujos lados deveriam medir
aproximadamente um terço de polegada, e dado um simples golpe entre o osso
carpal ou ossos do pulso na altura da mão da vítima não atravessando a palma).
Geralmente rasgava-se o nervo mediano. Edward R. Bloomquist, M.D., explica que
“o tecido da palma da mão não poderia sustentar o peso do corpo, e a vítima
cairia no chão poucos minutos depois de ter sido levantada” (p.48), embora
JESUS tenha mostrado suas mãos a Tomé (E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e
os pés. Lucas 24:40). Então cremos que as mãos foram furadas e pregadas e seus
braços amarrados.
Ele ainda explica que os pés eram pregados (pelo espaço do segundo
metatarsiano) a fim de dar à vítima um "degrau” cruel para se suportar, de
forma que ainda pudesse respirar. De outra forma, o corpo sucumbido pendurado
pelos braços entraria em um espasmo tetânico que impediria a exalação. A
vítima, então, seria rapidamente sufocada devido à incapacidade de usar seus
músculos respiratórios, À medida que as horas se passavam, o corpo ficava
banhado pelo suor, a sede se tornava intensa, e a dor e o choque eram
tremendos. Ali é dada como exemplo a descoberta, em 1968, de um túmulo nas
proximidades de Jerusalém, onde um prego de ferro atravessou os ossos do
calcanhar de uma pessoa que fora crucificada. Quebrar as pernas significava que
a vítima não poderia mais se sustentar sobre o prego a fim de poder respirar, e
assim ela morreria logo (Jo 19.32). Como JESUS já estava morto, quando os
soldados quebraram as pernas daqueles que haviam sido crucificados à sua
direita e à sua esquerda, simplesmente deram seu golpe de misericórdia ao
apunhalar com uma lança o lado direito do esterno, chegando ao seu coração (“A
Doctor Looks at the Crucifixion”, Christian Herald (Marco de 1964], 35,46-48).
Quando se descobre o que significava ser pendurado em uma árvore,
na revelação do Antigo Testamento, e ser crucificado nos dias de CRISTO,
entende-se uma das razões pelas quais a cruz era uma pedra de tropeço para os
judeus (1 Co 1.23; Gl 5.11). Outra razão era que ela significava a total
impossibilidade de justificação pelas obras, até mesmo ao manter-se a perfeita
lei de DEUS (Rm 9.31- 33). Ao mesmo tempo, para os gregos com suas filosofias,
a pregação da cruz era uma loucura. Contudo, ela libera o poder de DEUS para
salvar o homem e revela a infinita sabedoria do Senhor (1Co 1.24). Quanto mais
o crente entende o pecado, sua origem, natureza e poder, a queda do homem e a
devastação resultante, mais ele enxerga quão maravilhosa e suficiente foi a
morte substitutiva de CRISTO na cruz. JESUS era o cordeiro de DEUS oferecido em
sacrifício, representando o altar de sacrifícios ou de holocaustos do culto
levítico.
Quando JESUS diz que ao ser levantado a todos atrairia a si estava
falando da cruz e a mensagem que nela estava embutida. O sacrifício substituto
ou vicário. Uma vítima inocente morrendo em lugar de pecadores.
Significados figurados da cruz
1. Tomar a própria cruz.
CRISTO diz: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo,
tome sobre si a sua cruz [Lucas acrescenta, cada dia] e siga-me” (Mt 16.24; Mc
8.34; Lc 9.23). Eis aqui uma analogia clara de se carregar o patíbulo, citado
acima. O Senhor JESUS CRISTO conclama os crentes a estar prontos para
sacrificar os seus interesses egoístas e suportar diariamente reprovações,
mal-entendidos e vergonha ao trabalhar para Ele, como Ele fez em sua vida e
morte (Mt 10.38; 16.24-26; Mc 8.34-38; Lc 9.23-26).
2. A pregação da expiação substitutiva.
Este é o significado ligado à cruz em muitas passagens nas
epístolas de Paulo (1 Co 1.18; Gl 6.14; Fp 3.18; Cl 1.20). Ela expressa todo o
conceito da obra de CRISTO, de ter tomado sobre si mesmo todos os nossos
pecados, doenças, enfermidades e maldiçoes, como nosso representante (Is 53.4;
2 Co 5.21; Gl 3.13; 1 Pe 2.24). Através da cruz, CRISTO reconciliou o pecador
com DEUS, e fez a paz entre DEUS e o pecador (Cl 1.20), de maneira que DEUS
agora está propício ou bem-disposto em relação ao pecador, e Paulo poderia,
portanto, escrever. “Rogamos-vos, pois, da parte de CRISTO que vos reconcilieis
com DEUS” (2 Co 5.20; cf Rm 5.10).
3. Um símbolo da união do crente com CRISTO, e o compartilhamento
de uma nova vida Divina.
Na morte de CRISTO, o crente morreu, nele, para o pecado e para o
sistema do mundo (Rm 6.4ss.; Gl 6.14), e agora deve viver como Paulo, que
escreve: “Já estou crucificado com CRISTO; e vivo, não mais eu, mas CRISTO vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual
me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20). Bibliografia. Johannes
Schneider, 'Staurns etc” TDNT, VII, 572-584. R. A. K. e J.R. - Dicionário Bíblico Wycliffe
PAIXÃO DE CRISTO - Sofrimento até a morte.
A expressão “paixão de CRISTO” tem a sua origem na tradução do
infinitivo aorista do verbo pascho em Atos 1.3, onde Lucas diz que CRISTO
“depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas”. O
verbo aqui colocado no particípio significa “sofrer”, e é frequentemente usado
para se referir aos sofrimentos e à morte de CRISTO (Mt 26.21; 17.12), e
especificamente à morte de CRISTO em Lucas 22.15; 24.26. A expressão não deve
ser confundida com as “paixões dos homens”, que se referem às emoções humanas
(At 14.15; Tg 5.17). O seu uso em relação a CRISTO personifica a ideia dos seus
sofrimentos e da morte na cruz.
O cumprimento das profecias
A morte sacrificial de CRISTO foi antecipada no sistema de
sacrifícios do Antigo Testamento, e também foi o assunto frequente das
profecias do Antigo Testamento (Sl 22.69; Is 53; Zc 12.10; 13.7; cf. Ap 1.7).
CRISTO predisse constantemente os seus próprios sofrimentos e a sua morte, ao
longo do ministério da sua vida e especialmente à medida que se aproximava do
seu final (Mt 16.21; 17.22,23; 20.17-19; 26.12,28,31; Mc 9.31; 14.8,24,27; Lc
9.22,44,45; 18.31-34; 22.20; Jo 2.19-21; 10.17,18; 12.7). Também houve uma
antecipação no anúncio de João Batista (Jo 1.29), quando CRISTO foi apresentado
como “o Cordeiro de DEUS, que tira o pecado do mundo”, e especialmente no
Evangelho de João em diversas passagens clássicas (3.14-16; 6.51; 10.11;
11.49-52; 12.24; 15.13).
A crucificação - uma morte atormentadora prescrita pela lei romana
para aqueles que não eram cidadãos romanos - juntamente com o sepultamento de
CRISTO, estão descritos nos quatro Evangelhos (Mt 27.31-56; Mc 15.20-41; Lc
23.26-49; Jo 19.16-37). A ordem dos acontecimentos nos Evangelhos inclui a
tentativa de JESUS de carregar a cruz até o lugar da crucificação. Por Ele não
ter conseguido fazer isso, Simão, de Cirene (uma cidade no norte da África),
foi obrigado a carregar a cruz (Mt 27.32; Mc 15.21; Lc 23.26). Somente João não
menciona Simão. O lugar da crucificação, descrito como Gólgota, é interpretado
como “o lugar da Caveira” (Mt 27.33; Mc 15.22; Jo 19.17). Somente Lucas o chama
de Calvário (Lc 23.33), o que dá no mesmo, já que este nome significa lugar da
caveira e Gólgota significa caveira.
A ordem dos acontecimentos que se seguiram ao ato da crucificação é
a seguinte:
(1) CRISTO recusando o vinagre com fel (Mt 27.34; Mc 15.23);
(2) a crucificação de CRISTO juntamente com dois ladrões (Mt
27.35-38; Mc 15.24-28; Lc 23.33-38; Jo 19.18-24);
(3) a sua primeira frase na cruz “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23.34);
(4) os soldados lançando sortes sobre as suas vestes, como
cumprimento da profecia (Sl 22.18; Mt 27,35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.23,24);
(5) a zombaria dos judeus (Mt 27.39-44; Mc 15.29-32; Lc 23.35-37);
(6) a zombaria dos dois ladrões, embora mais tarde um deles viesse
a crer (Mt 27.44; Mc 15.32; Lc 23.39-43);
(7) a segunda frase de CRISTO “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc
23.43);
(8) a terceira frase de CRISTO “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo
19.26,27);
(9) as três horas de escuridão (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc 23.44);
(10) a quarta frase de CRISTO “DEUS meu, DEUS meu, por que me
desamparaste?” (Mt 27.46,47; Mc 15.34,35);
(11) a quinta frase de CRISTO “Tenho sede” (Jo 19.28);
(12) a sexta frase de CRISTO “Está consumado” (Jo 19.30);
(13) a sétima e última frase de CRISTO “Pai, nas tuas mãos entrego
o meu espírito” (Lc 23.46);
(14) CRISTO entregando o seu espírito (Mt 27.50; Mc 15.37; Lc
23.46; Jo 19.30);
Imediatamente após a sua morte, o véu do templo rasgou-se em dois,
de alto a baixo, e os sepulcros se abriram (lembrando que não havia mais arca
da Aliança e nem tábuas da lei e nem vaso contendo o Maná e nem a Vara de Arão
no santo dos santos). Mais tarde, os soldados quebraram as pernas dos dois
ladrões, mas como encontraram CRISTO morto, eles lhe perfuraram a lateral do
corpo, como cumprimento das Escrituras, atingindo-lhe o coração do qual saiu
sangue e água como testemunho de sua morte como homem já que nasceu com água da
bolsa amniótica e sangue da placenta (Jo 19.31-37; cf. Zc 12.10; Ap 1.7) - Este
é aquele que veio por água e sangue, isto é, JESUS CRISTO; não só por água, mas
por água e por sangue. E o ESPÍRITO é o que testifica, porque o ESPÍRITO é a
verdade. 1 João 5:6 - Contudo, um dos soldados lhe furou o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água. João 19:34
O corpo de CRISTO foi solicitado por José de Arimatéia, que,
juntamente com Nicodemos, preparou-o para o sepultamento e colocou-o num
sepulcro novo, em um horto. Ao sepultamento de CRISTO seguiu-se a sua
ressurreição no primeiro dia da semana. A Importância Teológica da Morte de
CRISTO, o significado central da morte de CRISTO, está contido em três palavras
importantes - redenção, propiciação e reconciliação. De acordo com Romanos
3.24, os que crêem em CRISTO são “justificados gratuitamente por sua graça, pela
redenção que há em CRISTO JESUS”. A ideia da redenção é a do resgate por meio
do pagamento de um preço. A imagem envolve tanto a redenção pelo pagamento,
como a libertação do objeto da redenção. CRISTO, em sua morte, também
constituiu uma propiciação ou uma satisfação da justiça de DEUS (Is 53.11),
como explicado pelo apóstolo Paulo em Romanos 3.25,26. Da mesma forma, em seu
sacrifício, “DEUS estava em CRISTO reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados” (2 Co 5.19). Por meio da morte de CRISTO, o pecador
desfruta uma transformação, tanto em sua situação como em sua natureza, recebe
a vida eterna e consequentemente se reconcilia com DEUS e com os seus santos
padrões.
As Diferentes Teorias Sobre a Expiação
Na história da igreja, foram apresentadas várias teorias sobre a
expiação. A ortodoxia histórica apoiou o conceito de uma expiação substitutiva,
também descrita como vicária ou penal. Isto se refere à morte de CRISTO, como
basicamente dirigida a DEUS e à satisfação do seu caráter santo, e das suas
justas exigências em relação aos pecadores (cf. Jo 1.29; 2 Co 5.21; Gl 3.13; Hb
9.20; 1 Pe 2.24). A expiação substitutiva é indicada por meio do uso das
preposições peri, hyper e anti, usadas em relação ao sacrifício de CRISTO em benefício
do pecador.
A teoria da confissão vicária baseia-se na ideia de que DEUS
poderia perdoar, se o homem pudesse arrepender-se adequadamente, e confessasse
os seus pecados. Como ele não poderia fazê-lo, CRISTO o fez em seu lugar.
As Escrituras apoiam o conceito substitutivo de que CRISTO
realmente morreu no lugar no pecador, e que isso trouxe uma base de justiça
para que DEUS perdoasse e salvasse os pecadores arrependidos (Is 53.11; Rm
3.25,26; 1 Pe 2.24). A morte de CRISTO é, portanto, essencial, não somente para
a fé e para a salvação humana, mas para o programa divino de redenção, e
constitui um fundamento da doutrina cristã. - Dicionário Bíblico Wycliffe
A Crucificação
Não é de admirar que os sacerdotes e rabinos hajam se reunido no
palácio de Caifás, para planejar furtivamente a prisão e morte de JESUS, antes
que o povo se amotinasse. Foi nessa ocasião que Judas fez um trato com eles
para entregar-lhes o Senhor por trinta moedas de prata.
No Getsêmani, o Messias orava ajoelhado, enquanto os discípulos
dormiam. Os inimigos chegaram em meio à oração. Guiados por Judas, entraram no
horto com espadas e porretes. O traidor sabia que JESUS ia sempre orar no
Getsêmani. A multidão estava decidida a levá-lo à força ao sumo sacerdote.
O Sinédrio foi convocado no palácio do sumo sacerdote. Não queriam
deixar a reunião para o dia seguinte, temendo que o povo viesse a sabê-lo e
exigisse a soltura de JESUS. Agora que as autoridades o tinham em seu poder,
cuidariam para que nada os detivesse. O tribunal reuniu-se então à noite, e a
sentença foi lida: "Morte ao Nazareno!"
Porém, segundo a lei romana, nenhum tribunal judaico tinha
competência jurídica para aplicar a pena de morte. Por conseguinte, era
necessário levar JESUS a Pilatos. No entanto, ao saber que JESUS era galileu, o
governador romano, para livrar-se daquela responsabilidade, enviou-o a Herodes,
representante de César em toda a Galileia. O rei Herodes, porém, mandou-o de
volta a Pilatos que, procurando agradar os judeus, entregou-lhes o Senhor para
que fosse crucificado. A execução se deu num monte chamado Calvário (ou
Caveira), não muito longe dos muros da cidade.
Com a morte de JESUS, os sacerdotes e rabinos suspiraram aliviados.
O problema estava finalmente resolvido. O povo não mais seria perturbado pelo
falso CRISTO. Isso seria o fim do pequeno grupo que o seguia. Por sentirem-se
desanimados e derrotados, seus discípulos retornaram à vida antiga mais
mistificados que nunca; o coração pesava-lhes de tristeza pela forma como tudo
terminara.
A RESSURREIÇÃO E A ASCENSÃO
No primeiro dia da semana, findo o sábado, o pequeno e abatido
grupo ganhou vida com o maior milagre já ocorrido: JESUS saíra da sepultura e
aparecera aos discípulos! Eles experimentaram então o sabor da vitória. Esta
certeza jamais os abandonaria; levaria-os a preferir a morte a negar o que
tinham visto com os próprios olhos.
Durante quarenta dias, o Salvador encontrou-se com os discípulos,
provando-lhes a realidade de sua ressurreição, e fortalecendo-lhes a fé. Mas
veio o dia em que Ele os deixou, pois tinha de retomar o seu lugar na glória do
Pai. Diante deles, JESUS subiu aos céus até ser ocultado por uma nuvem.
Antes de deixá-los, porém, prometera-lhes que, em breve, receberiam
o dom do ESPÍRITO SANTO que os habilitaria a pregar o Evangelho a partir de
Jerusalém até alcançar os confins da terra.
O EVANGELHO DE SAULO
Quando alguém se converte a CRISTO de modo tão inesperado e radical
quanto Saulo, passa a sentir de imediato um forte desejo de partilhar sua
experiência com todos. Diante de um testemunho como o seu não há como disfarçar
as emoções. A experiência de um homem que viu a glória divina nos aquece o
coração.
Saído de um ambiente tão rígido como o do farisaísmo, o choque que
Saulo recebeu foi enorme. Seu modo de pensar modificara-se tão rapidamente, que
ele precisava de tempo para descansar e refletir. Queria repensar o passado,
observar lógica e tranquilamente o futuro, e preparar-se para a grande obra a
que DEUS o chamara. O Senhor não dissera que ele devia levar o nome de CRISTO
diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel?
Saulo era um pensador profundo. Não tomava nenhuma atitude sem
antes raciocinar e pesar as consequências. Algumas pessoas a tudo analisam;
outras, não se preocupam com nada. A mente de Saulo era analítica; teve
necessidade de refletir para ajustar-se aos fatos que lhe abalaram a estrutura
existencial.
Ao despedir-se dos cristãos de Damasco, isolou-se na Arábia a fim
de concentrar-se nesta nova etapa de sua vida.
Na Epístola aos Gálatas, Saulo revela que, depois de sua conversão,
não se dirigiu aos apóstolos em Jerusalém, ou para quaisquer outros, a fim de
se inteirar do Evangelho que mais tarde pregaria. O Evangelho foi-lhe revelado
diretamente por DEUS. Em várias ocasiões, apóstolo o enfatizou: "Porque eu
recebi do Senhor o que também vos ensinei" (1 Co 11.23).
Na Arábia
No deserto, longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e
areias ardentes durante o dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se
Saulo das amarras de uma vida inteira, libertando-se da Lei e da tradição
judaicas. Na quietude da Arábia, andou com DEUS. Aqui, o Senhor revelou a Saulo
as grandes verdades que viriam a ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui
também que reestudou as Escrituras, e meditou sobre as grandes doutrinas que
iria em breve ensinar em todas as igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com
DEUS, tornando-se-lhe sensível à vontade.
Foi no deserto que Moisés veio a encontrar DEUS. Naquele mesmo
Monte na Arábia onde Paulo agora estava a ter um encontro pessoal com JESUS
(Monte Horebe). E foi num momento de desespero, que Elias procurou a quietude
do deserto. No deserto, o maná alimentou o povo de DEUS por quarenta anos. Que
lugar seria mais propício para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia
ser alimentado diariamente pelo pão do céu senão aqui?
É impossível saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de
uma coisa não temos dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e
preparado para apresentar as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento
em que abrisse os lábios na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o
de hipócrita, traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar
tanto a sua defesa quanto a de JESUS com toda a sua força e poder.
Na defesa da fé, seria imprescindível que tivesse idéias muito
claras acerca da salvação oferecida por CRISTO. Falar de uma experiência é
simples, mas debater com os filósofos e defensores de outras religiões exige um
conhecimento bem definido e pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte
de CRISTO conforme predita nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso
foi necessário e por que DEUS o exigiu.
Ao pensar no propósito da vida e na felicidade de que ora
desfrutava, Saulo concluiu: o que aprendera na escola rabínica era de fato uma
poderosa verdade. O supremo propósito do ser humano é receber o favor divino.
Mas a única maneira de se obter tal favor é submeter-se à justiça de DEUS.
Somente Ele pode conceder-nos a paz.
Entendendo o Dom da Justiça de DEUS
A história do homem sempre foi o relato do desvio da justiça divina
e do deliberado afastamento de DEUS. Muitos são os que, embora se julguem
justos e condenem os outros, jamais sentiram comunhão com DEUS. Outros, como os
judeus, dependem de sua obediência à Lei para obter o favor divino. Saulo viveu
desse modo até encontrar a JESUS. Mas agora, podia ver quão vazia era a vida
dos judeus: por não haverem recebido a JESUS, achavam-se na mesma condição dos
gentios.
Os gentios falharam em sua busca pela justiça. Não porque DEUS haja
se ocultado deles, pois Ele lhes dera suficiente conhecimento para que viessem
a ser conduzidos pela justiça. Eles, porém, não quiseram seguir a luz; tentaram
extingui-la. E já que não alcançaram o favor de DEUS, fizeram-se filhos da ira.
Quanto aos judeus, gabavam-se de suas muitas vantagens sobre o resto do mundo.
Embora possuíssem a Lei e os Profetas, não tiraram proveito deles.
O que importa diante de DEUS não é saber o que é certo, mas
praticar o que é justo. Antes, Saulo acreditava que guardar a Lei era a única
maneira de se agradar a DEUS. Isso, porém, jamais lhe havia proporcionado
satisfação espiritual. Por outro lado, estava ciente de que, como depositário
da Lei de DEUS, tinha mais responsabilidades espirituais do que os gentios.
Agora, contudo, já não podia ignorar: tanto os judeus como os gentios, haviam
falhado na busca da justiça divina; encontravam-se ambos expostos à ira de
DEUS.
Nem os judeus nem os gentios eram bons, por haver ambos herdado a
natureza pecaminosa de Adão. Tal natureza torna a pessoa fraca demais para ser
justa. A Lei, por descrever claramente o pecado, teria sido um precioso guia
para conduzir-nos à vida santa. Mas como curar uma natureza tão enferma? Aquilo
que queremos fazer, não o fazemos; e aquilo que não queremos, isso o fazemos.
DEUS outorgou a Lei com o propósito de mostrar-nos qual o padrão de sua
justiça.
Todos esses pensamentos formavam-se na mente de Saulo à medida que
o Senhor lhe transmitia gradualmente a mensagem que deveria ensinar em todas as
igrejas. Seu dia mais ditoso foi aquele em que DEUS ofereceu-lhe um plano de
salvação que não dependia de se guardar a Lei. Foi aí que compreendeu que
jamais alcançaria a justiça divina por seu próprio esforço.
Com o passar dos dias, Saulo começou a entender mais claramente
todo o quadro da salvação oferecida por DEUS. E essa revelação, obtida na
Arábia, foi mencionada repetidamente por ele como "o meu evangelho".
Saulo não a obteve mediante estudo ou leitura, nem a recebera de homem algum.
Foi diretamente e pessoalmente por intermédio de JESUS que chegou ao
conhecimento de tais fatos.
1 Coríntios 1
18 - Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas
para nós, que somos salvos, é o poder de DEUS. 19 - Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos
inteligentes. 20 - Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o
inquiridor deste século? Porventura, não tornou DEUS louca a sabedoria deste
mundo? 21 - Visto como, na sabedoria de DEUS, o mundo não conheceu a DEUS pela
sua sabedoria, aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação. 22 -
Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; 23 - mas nós
pregamos a CRISTO crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os
gregos. 24 - Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes
pregamos a CRISTO, poder de DEUS e sabedoria de DEUS. 25 - Porque a loucura de
DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de DEUS é mais forte do que os
homens.
A Eficácia do Evangelho. O Caráter do Evangelho - 1 Coríntios
1:17-31 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Temos aqui:
I
A maneira em que Paulo pregava o evangelho e a cruz de CRISTO: “não
em sabedoria de palavras” (v. 17), “palavras persuasivas de sabedoria humana”
(1Co 2.4), não pela ostentação da oratória ou a exatidão da linguagem
filosófica, das quais os gregos se orgulhavam tanto e que parece terem sido
particularmente recomendadas por alguns chefes de facções dessa igreja que mais
se opunham ao apóstolo. Ele não pregava o evangelho dessa maneira, “para que a
cruz de CRISTO se não faça vã”, pois senão o resultado seria atribuído à força
da arte, e não da verdade; não à simples doutrina de um JESUS crucificado, mas
à oratória poderosa daqueles que a difundiam, e com isso a honra da cruz seria
diminuída ou obscurecida. Paulo tinha sido educado na erudição dos judeus, aos
pés de Gamaliel, mas com a pregação da cruz ele deixou de lado a sua erudição.
Ele pregava um JESUS crucificado numa linguagem clara, e dizia às pessoas que
JESUS, que havia sido crucificado, era o Filho de DEUS e o Salvador dos homens,
e que todos que queriam ser salvos deveriam arrepender-se de seus pecados e
acreditar nele, e submeter-se ao seu governo e às suas leis. Esta verdade não
precisava de nenhuma roupagem artificial; ela brilhava com a maior majestade em
sua própria luz e prevalecia no mundo pela sua autoridade divina e a
demonstração do ESPÍRITO, sem qualquer ajuda humana. A clara pregação de um
JESUS crucificado era mais poderosa que toda a oratória e filosofia do mundo
pagão.
II
Temos os diferentes aspectos dessa pregação: para os que se perdem,
ela é loucura, mas para aqueles que são salvos ela “é o poder de DEUS” (v. 18).
Ela é “escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são
chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a CRISTO, poder de DEUS e
sabedoria de DEUS” (vv. 23,24): 1. O CRISTO crucificado é um escândalo para os
judeus. Eles não podiam suportar isso. Eles tinham a ideia de que seu Messias
esperado seria um grande príncipe e por isso nunca reconheceriam como seu
libertador e rei alguém que assumisse uma aparência tão humilde na vida e
morresse de morte tão execrável. Eles o desprezaram e o olharam como execrável,
porque Ele foi levantado no madeiro, e porque Ele não os satisfez com um sinal
para sua mente, embora seu poder divino se mostrasse em inúmeros milagres. Os
judeus queriam um sinal (v. 22). Ver Mt 12.38. 2. Ele era loucura para os
gregos. Eles riam da história de um Salvador crucificado e desprezavam o modo
como os apóstolos a contavam. Eles procuravam a sabedoria. Eles eram homens de
saber e de leitura, homens que tinham cultivado as artes e as ciências, e
tinham sido, durante algum tempo, por assim dizer, a grande fonte de
conhecimento e erudição. Não havia nada na clara doutrina da cruz que se
adequasse ao gosto deles, nem cedesse à sua ostentação, nem satisfizesse a um
temperamento curioso e questionador: eles o acolhiam, portanto, com escárnio e
desdém. Que esperança havia em ser salvo por alguém que não pôde salvar-se a si
mesmo? E confiar em alguém que foi condenado e crucificado como um malfeitor,
um homem de nascimento desprezível e de condição pobre e que morreu uma morte
tão vil e ignominiosa? Era isso que o orgulho da razão humana e da erudição não
podia apreciar. Os gregos pensavam ser quase uma estupidez receber tal doutrina
e prestar essa alta consideração a tal pessoa: e assim eles foram justamente
deixados para perderem-se em seu orgulho e obstinação. Observe que é justo da
parte de DEUS abandonar a si mesmos aqueles que derramam tal desdém orgulhoso
sobre a sabedoria e a graça divinas. 3. Para aqueles que são chamados e salvos,
Ele é “poder de DEUS e sabedoria de DEUS”. Aqueles que são chamados e
santificados, que receberam o evangelho e são iluminados pelo ESPÍRITO de DEUS,
discernem mais descobertas gloriosas da sabedoria e do poder de DEUS na
doutrina do CRISTO crucificado do que em todos as outras coisas. Observe que
aqueles que são salvos são reconciliados à doutrina da cruz e conduzidos a um
conhecimento experimental dos mistérios do CRISTO crucificado.
III
Nós temos aqui o triunfo da cruz sobre a sabedoria humana, de
acordo com a antiga profecia (Is 29.14): “destruirei a sabedoria dos sábios e
aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o
escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou DEUS louca
a sabedoria deste mundo?” (vv. 19,20). Toda a erudição valiosa deste mundo foi
confundida, frustrada e obscurecida pela revelação cristã e os triunfos
gloriosos da cruz. Os políticos e os filósofos pagãos e os rabinos e doutores
judeus, os curiosos pesquisadores dos segredos da natureza, foram todos
apresentados e expostos ao embaraço. Esse esquema mostra-se fora do alcance do
mais profundo dos estadistas e filósofos e dos maiores pretendentes à erudição
entre os judeus e os gregos. Quando DEUS se propôs a salvar o mundo, Ele
estabeleceu um modo por si mesmo; e com boa razão, pois “o mundo não o conheceu
por sua própria sabedoria” (v. 21). Toda ciência orgulhosa do mundo pagão não
podia efetivamente trazer o mundo para DEUS. Apesar de toda a sua sabedoria,
ainda prevalecia a ignorância e a iniquidade ainda abundava. Os homens estavam
cheios por seu conhecimento imaginário e completamente alienados de DEUS; e por
isso aprouve a DEUS salvar os crentes pela loucura da pregação – nem tanto na
verdade, mas na opinião comum.
1. O conteúdo pregado era loucura aos olhos dos homens sábios
segundo o mundo. Nossa vida através de alguém que morreu, nosso ser abençoado
por alguém que foi feito maldição, nosso ser justificado por alguém que foi
condenado por si mesmo, era tudo tolice e inconsistência aos homens cegados por
sua opinião própria e unidos a seus próprios preconceitos e descobertas
orgulhosas de sua razão e filosofia.
2. O modo de pregar o evangelho também era tolice para eles. Nenhum
dos homens famosos pela sabedoria ou eloquência foram empregados para implantar
a igreja ou propagar o evangelho. Uns poucos pescadores foram chamados e
enviados com esta missão. Esses foram comissionados para discipularem as
nações; esses vasos escolhidos para carregar o tesouro do conhecimento salvador
ao mundo. À primeira vista, neles não havia nada que parecesse grande ou
elevado o suficiente para vir de DEUS, e os orgulhosos pretendentes à erudição
e à sabedoria desprezavam a doutrina por causa daqueles que a dispensavam. E
ainda “a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens” (v. 25). Aqueles
métodos da conduta divina, que homens presunçosos estão dispostos a censurar
como insensata e fraca, têm mais sabedoria bem-sucedida, sólida e verdadeira do
que toda a erudição e sabedoria que estão entre os homens: porque vede, irmãos,
a vossa vocação; que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os
poderosos, nem muitos os nobres que são chamados (v. 26). Vocês vêem a condição
do cristianismo; poucos homens eruditos, ou autoridades, ou de nobre
procedência, são chamados. Há uma grande quantidade de insignificância e
fraqueza na aparência exterior de nossa religião. Pois: (1) Poucos personagens
distintos em qualquer desses casos foram escolhidos para o trabalho do
ministério. DEUS não escolheu filósofos, nem oradores, nem estadistas, nem
homens prósperos, poderosos e de interesse no mundo, para publicar o evangelho
da graça e da paz. Não os homens sábios segundo a carne, embora homens
estivessem dispostos a pensar que uma reputação de sabedoria e erudição poderia
ter contribuído muito para o sucesso do evangelho. Não o poderoso e nobre,
embora homens estivessem dispostos a imaginar que pompa secular e poder seriam
os meios para sua aceitação no mundo. Mas DEUS não vê como o homem vê. Ele tem
escolhido as coisas loucas do mundo, as coisas fracas do mundo, as coisas
comuns e desprezíveis do mundo, homens de vil nascimento, de classe baixa, sem
ampla educação, para serem os pregadores do evangelho e implantadores da
igreja. Seus pensamentos não são como os nossos pensamentos, nem seus caminhos
como os nossos caminhos. Ele é um juiz melhor que nós acerca de quais
instrumentos e medidas servirão aos propósitos de sua glória. (2) Poucos da
classe distinta foram chamados para ser cristãos. Como os pregadores eram
pobres e miseráveis, assim geralmente eram os convertidos. Poucos sábios,
poderosos e nobres abraçaram a doutrina da cruz. Os primeiros cristãos, entre
os judeus e os gregos, eram fracos, simples e humildes, homens de capacitação
desprezível em relação aos seus aperfeiçoamentos mentais, e de grau e condição
muito desprezíveis em relação ao seu estado exterior; e ainda assim, que
descobertas gloriosas não há da sabedoria divina em todo o esquema do evangelho
e, nessas circunstâncias particulares, de seu sucesso!
IV
Temos um relatório de quão admiravelmente tudo está adequado: 1.
Para derrubar todo orgulho e ostentação dos homens. DEUS escolheu “as coisas
loucas deste mundo para confundir as sábias” – homens que não possuem nenhuma
instrução para confundir os maiores eruditos; “as coisas fracas deste mundo
para confundir as fortes” – homens de grau e circunstâncias desprezíveis para
confundir e prevalecer contra todo poder e autoridade dos reis terrenos; “e as
coisas vis deste mundo e as desprezíveis” – coisas que os homens têm em baixa
estima, ou em extremo desdém, para despejar desdém e desgraça sobre tudo que
eles valorizam e veneram; “e que não são, para aniquilar (desprezar) as que
são” – a conversão de gentios (de quem os judeus tinham pensamentos vis e
desprezíveis) estava para abrir um caminho para a abolição daquela constituição
da qual eles estavam tão afeiçoados e a respeito da qual eles se valorizavam
tanto a ponto de, por causa dela, desprezarem o resto do mundo. É comum para os
judeus falarem dos gentios sob essa imagem, como coisas que não são. Assim, no
livro apócrifo de Ester, ela é apresentada louvando a DEUS que não daria o
cetro àqueles que nada são (Et 14.11). Esdras, em um dos livros apócrifos que
estão sob seu nome, fala a DEUS dos pagãos como aqueles que são reputados como
nada (2 Ed 6.56,57). E o apóstolo Paulo parece ter esta linguagem comum aos
judeus em seu ponto de vista quando chama Abraão de “pai de todos nós, perante
aquele no qual creu, a saber, DEUS, que chama as coisas que não são como se já
fossem” (Rm 4.17). O evangelho era adequado para destruir o orgulho de judeus e
gregos, para envergonhar o saber orgulhoso e a erudição dos gregos; e para
derrubar aquela constituição sobre a qual os judeus se valorizavam e
desprezavam todo o mundo, pois “para que nenhuma carne se glorie perante ele”
(v. 29), não pode haver nenhuma pretensão para orgulhar-se. A sabedoria divina
tinha somente o instrumento do método da redenção; a graça divina somente a
revelou, tornando-a conhecida. Ela mostra, em ambos os aspectos, os limites
humanos. E a doutrina e a descoberta prevaleceram a despeito de toda oposição
que encontraram da parte das artes e da autoridade humanas: assim,
efetivamente, DEUS escondeu e envergonhou todo orgulho humano. A dispensação do
evangelho é um instrumento para o homem humilde. Mas: 2. Ela está
admiravelmente adequada para glorificar a DEUS. Há uma grande porção de poder e
de glória na essência e na vida do cristianismo. Embora os ministros fossem
pobres e incultos, e os convertidos geralmente de classes desprezíveis, ainda
assim a mão do Senhor concordava com os pregadores e era poderosa nos corações
dos ouvintes, e JESUS CRISTO era verdadeiramente engrandecido e honrado a
ministros e cristãos. Tudo o que temos, o temos de DEUS como a fonte e em e
através de CRISTO como o canal condutor. DEUS o fez para nós “sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção” (v. 30): tudo de que precisamos ou podemos
desejar. Somos tolos, ignorantes e cegos em relação às coisas de DEUS, com todo
o nosso conhecimento arrogante; e Ele é feito sabedoria para nós. Somos
culpados, detestáveis à justiça, e Ele é feito justiça, nossa grande redenção e
sacrifício. Somos depravados e corruptos, e Ele é feito santificação, a
primavera de nossa vida espiritual. A partir dele, o cabeça, ela é comunicada a
todos os membros de seu corpo místico por meio do seu ESPÍRITO SANTO. Estamos
em algemas, e Ele é feito redenção para nós, nosso Salvador e Libertador.
Observe que onde CRISTO é feito justiça para qualquer alma, Ele também é feito
santificação. Ele nunca manda embora a culpa do pecado sem libertar do seu
poder. Porque Ele é feito justiça e santificação, para que, no fim, Ele possa
ser feito completa redenção, possa libertar a alma do verdadeiro ser do pecado,
e soltar o corpo das algemas da sepultura: e o que é projetado em tudo é “que
toda carne glorie-se no Senhor” (v. 31). Observe que é a vontade de DEUS que
todo o nosso glorificar deva ser no Senhor, e a nossa salvação seja somente
através de CRISTO. Foi efetivamente planejado para ser assim. O homem é
humilhado, e DEUS é glorificado e exaltado por todo esse plano.
1 Coríntios 2
1 - E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o
testemunho de DEUS, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. 2 -
Porque nada me propus saber entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado.
3 - E eu estive convosco em fraquezas, e em temor, e em grande tremor. 4 - A
minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração do ESPÍRITO e de poder. 5 - para que a
vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de DEUS.
O Ministério do Apóstolo - 1 Coríntios 2:1-5 - Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Nessa passagem, o apóstolo prossegue seu intento e recorda os
coríntios como ele agiu quando pregou o evangelho pela primeira vez no meio
deles.
I
Em relação à matéria ou assunto que ele nos narra (v. 2): “porque
nada me propus saber entre vós, senão a JESUS CRISTO e este crucificado” – para
não mostrar nenhum outro conhecimento além deste, para não pregar nada, para
não descobrir o conhecimento de nada, a não ser JESUS CRISTO e este
crucificado. Observe que CRISTO, em sua pessoa e funções, é o resumo e a
essência do evangelho, e deve ser o grande assunto da pregação de um ministro
do evangelho. Sua função é apresentar a bandeira da cruz e convidar as pessoas
para virem a ela. Ninguém que ouviu Paulo pregar o achou tocando tão
continuamente a mesma tecla, que ele diria que não conhecia nada a não ser
CRISTO e este crucificado. Qualquer que fosse outro conhecimento que ele
tivesse, esse era o único conhecimento que ele descobriu e mostrou-se
preocupado em propagar entre seus ouvintes.
II
Também a maneira em que ele pregava o evangelho é aqui observável.
1. Negativamente. Ele não veio “entre eles com sublimidade de palavras ou de
sabedoria” (v. 1). Seu discurso e “pregação não consistiram em palavras
persuasivas de sabedoria humana” (v. 4). Ele não aparentava ser um excelente
orador ou um filósofo profundo, nem se insinuou em suas mentes, pela ostentação
de palavras, ou por uma exibição pomposa de uma razão profunda e de um saber
extraordinário e hábil. Ele não se colocou para cativar o ouvido por excelentes
divagações e expressões eloquentes, nem para agradar ou divertir a imaginação
com elevados voos de idéias sublimes. Nem seu discurso, nem a sabedoria que ele
ensinava, tinham o sabor da habilidade humana. Ele as aprendeu em uma outra
escola. A sabedoria divina não precisava ser atraente com os ornamentos
humanos. 2. Positivamente. Ele veio entre eles anunciando “o testemunho de
DEUS” (v. 1). Ele impulsionou uma revelação divina e deu provas suficientes
pela sua autoridade, tanto pela concordância com as antigas profecias quanto
por operações miraculosas; e lá ele deixou o assunto. Ornamentos de discurso,
habilidade filosófica e argumentos não poderiam acrescentar nenhum peso ao que
veio recomendado por tal autoridade. Ele estava com eles em fraqueza, e em
temor, e grande tremor, e ainda a sua palavra e pregação eram “em demonstração
do ESPÍRITO e de poder” (vv. 3,4). Seus inimigos na igreja de Corinto falavam
muito desdenhosamente dele: mas a sua presença pessoal é fraca, e a palavra,
desprezível (2 Co 10.10). Possivelmente ele tenha tido um corpo de baixa
estatura e uma voz fraca, mas, embora não tivesse tão boa oratória como alguns,
está claro que não era nenhum pregador desprezível. Os homens de Listra viram
nele o deus pagão Mercúrio que descera até eles na forma de homem, porque ele
era o pregador principal (At 14.12). E ele nem queria coragem nem determinação
para levar adiante o seu trabalho; ele não era aterrorizado em nada pelos seus
adversários. E ele também não era ostentador. Ele não se vangloriava
orgulhosamente de si mesmo, como seus opositores. Ele conduziu-se em sua
ocupação com muita modéstia, preocupação e cuidado. Ele se comportou com grande
humildade entre eles, não como alguém vaidoso com a honra e a autoridade
outorgadas a ele, mas alguém preocupado em mostrar-se fiel, e temeroso de si
mesmo, para que não administrasse mal a sua confiança. Observe que ninguém
conhece o medo e o tremor dos ministros fiéis, que são zelosos pelas almas com
um bom zelo; e um profundo sentimento de sua própria fraqueza é a ocasião para
esse temor e tremor. Eles conhecem como são insuficientes e são por essa razão
assustados e trêmulos por si mesmos. Mas, embora Paulo administrasse sua vida
com essa modéstia e preocupação, ele ainda falava com autoridade: “em
demonstração do ESPÍRITO e de poder”. Ele pregava as verdades de CRISTO na
forma nativa deles, com um discurso claro. Ele expunha a doutrina como o
ESPÍRITO a entregava, e deixava que o ESPÍRITO, pela sua operação exterior em
sinais e milagres, e suas influências internas nos corações dos homens,
demonstrasse a sua verdade e obtivesse acolhida.
III
Aqui está o fim mencionado para o qual ele pregava CRISTO
crucificado dessa maneira: “para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria
dos homens, mas no poder de DEUS” (v. 5) – que eles não pudessem ser arrastados
por motivos humanos, nem dominados por meros argumentos humanos, para que não
fosse dito que a retórica ou a lógica os tivessem tornado cristãos. Mas, quando
nada além de CRISTO crucificado era pregado claramente, o sucesso devia ser
totalmente atribuído ao poder divino que acompanhava a palavra. Sua fé devia
ser fundada, não na sabedoria humana, mas na evidência e na operação divinas. O
evangelho era tão bem pregado que DEUS podia aparecer e ser glorificado em
tudo.
A MORTE VICÁRIA DE JESUS - PORQUE PRIMEIRAMENTE VOS ENTREGUEI O QUE
TAMBÉM RECEBI: QUE CRISTO MORREU POR NOSSOS PECADOS, SEGUNDO AS ESCRITURAS
1 CORÍNTIOS 15.3 - CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO -
Esequias Soares
A morte de JESUS deve ser estudada como fato histórico com suas
relevantes implicações teológicas no plano divino da redenção humana. A morte
não foi acidente de percurso, estava previsto nas Escrituras Sagradas, e esse
acontecimento afetou e ainda afeta a vida de todos os humanos. Não se trata
apenas da morte de um justo, mas de um sacrifício como oblação pelos nossos
pecados, que DEUS recebeu e propôs como propiciação pelas nossas ofensas (Rm
3.25). O aspecto histórico está nos evangelhos, o teológico, em Atos, nas
epístolas e em Apocalipse.
A MORTE DE JESUS NO PLANO DIVINO
No capítulo sete, JESUS, Sacerdote Eterno, falou-se sobre o
sacrifício como tema central do Antigo Testamento e que esse sistema
sacrificial implicava expiação, redenção, perdão e castigo vicário. O primeiro
anúncio da vinda do Messias já vinculava a sua morte: “esta te ferirá a cabeça,
e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Isso fala de seu sofrimento e, também,
de sua glória. Os detalhes são revelados progressivamente no transcorrer do
tempo. Depois do dilúvio, DEUS escolheu o patriarca Abraão e prometeu suscitar
dentre os seus descendentes o Redentor, pois a promessa divina feita a Abraão
era: “À tua semente darei esta terra” (Gn 12.7). Segundo o apóstolo Paulo, é
uma profecia messiânica, pois essa Semente diz respeito ao Messias (Gl 3.16).
Dentre os filhos de Jacó, DEUS escolheu Judá, para ser um dos progenitores da
Semente da Mulher (Gn 49.10). Judá é o pai de Perez (Gn 38.26-30), dele
descendeu o rei Davi (Rt 4.18-22). A partir daí, os profetas apresentaram
detalhes da obra e da identidade de JESUS.
A morte física de JESUS aconteceu “segundo as Escrituras” (1 Co
15.3), isso significa que estava prevista no Antigo Testamento por figuras e
tipos, a começar pelo ritual do tabernáculo, e de maneira direta pelos
profetas. A descrição do cordeiro da Páscoa, desde o êxodo do Egito, aponta
para CRISTO e o seu sacrifício: “não levarás daquela carne fora da casa, nem
dela quebrareis osso” (Êx 12.46). Os soldados quebraram as pernas dos dois
malfeitores que foram crucificados ao lado do Senhor JESUS, mas não quebraram
as pernas do Mestre: “Mas, vindo a JESUS e vendo-o já morto, não lhe quebraram
as pernas... para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos
será quebrado” (Jo 19.33, 36).
O altar do sacrifício é outro tipo significativo. É identificado
como altar dos holocaustos, altar de bronze ou de ofertas queimadas. Era uma
caixa de mais ou menos 2,50m de comprimento e a mesma medida a sua largura, sua
altura de aproximadamente 1,75m, de madeira de cetim e revestida de bronze ou
cobre (a palavra hebraica é a mesma para esses metais), com quatro pontas, uma
em cada canto (Êx 29.1, 20). As pontas eram aspergidas com sangue na
consagração de sacerdotes (Êx 29.12), no dia da expiação (Lv 16.18) e na oferta
pelo pecado, quando o pecador apresentava o substituto para o sacrifício (Lv
4.18, 25, 34). As marcas de sangue nas quatro pontas do altar apontam para as
quatro marcas de sangue na cruz: na parte superior proveniente da coroa de
espinhos, os cravos nos braços direito e esquerdo e o dos pés: o altar do
sacrifício, onde o Filho de DEUS morreu em nosso lugar. Não há necessidade de
se apresentar mais exemplos para mostrar os tipos e as figuras do sacrifício do
Calvário.
O salmo 22 começa com as palavras que JESUS pronunciou do alto da
cruz: “DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). A passagem
paralela do evangelho de Marcos, a citação está em aramaico: “Eloí, Eloí, lemá
sabactâni? Isso, traduzido, é: DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?”
(Mc 15.34), mas o Targum de Jonathan usa “Eli”, igual ao hebraico, no salmo
22.1 [22.2]. O salmo é profético e descreve alguém abandonado, mas com uma fé
inabalável em DEUS. O versículo 8 cumpriu-se na crucificação: “Confiou no
SENHOR, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer” (Cf Mt 27.43); da mesma
forma, o 18: “Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha
túnica” (Cf Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.23, 24). Isaías 53 descreve a cena do
Calvário com abundância de detalhes. Segundo Alfred Edersheim, o Targum de
Jonathan e o Targum de Jerusalém “adotam com franqueza a interpretação
messiânica destas profecias” (EDERSHEIM, 1997, p. 90). O profeta Zacarias
anunciou de antemão que o Messias seria traspassado (12.10 Cf Jo 19.34, 37).
JESUS afirmou que a Lei de Moisés e os Profetas se convergem nele,
sendo sua paixão e morte o cumprimento das Escrituras Sagradas (Lc 24.26, 27;
44-46). Os quatro evangelhos apontam essa morte como cumprimento das Escrituras
dos Profetas (Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.24, 36, 37). O sacrifício de
JESUS é a conclusão lógica dos ensinamentos do Antigo Testamento.
A CRUCIFICAÇÃO
O relato da execução de JESUS está registrado nos quatro evangelhos
sinóticos. Eles devem ser entendidos como uma narrativa completa. Há apenas um
evangelho descrito e apresentado em quatro maneiras. Há muita coisa em comum
neles, mas há também muitas coisas peculiares que só aparecem em cada um deles,
havendo muito mais coisas em comum e semelhantes do que diferenças. Quando se
fala da harmonia dos evangelhos isso quer dizer, mediante fatos e provas, que
os evangelhos não se contradizem. Nenhum deles é completo, o que falta em um,
aparece no outro. De modo que as aparentes discrepâncias são, na verdade,
complementos dessas narrativas, formando um só evangelho, narrando a vida de
JESUS CRISTO. Muitas coisas que JESUS fez e ensinou não foram escritas (Jo 21.25).
DEUS permitiu que fosse registrado apenas o suficiente para a salvação da
humanidade. Todos eles tinham como meta apresentar em ordem a narrativa do
nascimento, ministério, paixão e ressurreição de JESUS.
Somente Mateus mencionou a abertura dos sepulcros e a ressurreição
dos mortos quando JESUS morreu (27.50-53), apenas Lucas registrou o
arrependimento de um dos dois malfeitores crucificados ao lado do Senhor JESUS
(23.40-43). João foi o único a escrever que JESUS carregou, ele mesmo, às
costas, a cruz (19.17), que falou com Maria, sua mãe, desde o alto da cruz
(19.26, 27) e que ele foi traspassado (19.34). Das sete palavras da cruz, as
frases proferidas por CRISTO do alto da cruz, uma foi registrada por Mateus e
Marcos: “DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46; Mc 15.34);
três por Lucas: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (23.34), “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (v 43), “Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito” (v. 46) e as outras três por João: “Mulher, eis aí o
teu filho... Eis aí tua mãe” (19.26, 27), “Tenho sede” (v. 28) e “Está
consumado” (v. 30). Esses são alguns exemplos de detalhes de cada narrativa.
JESUS esteve na cruz durante seis horas, depois de uma longa noite
de interrogatório e de uma sessão de tortura. Quando o prenderam no Getsêmani,
ele foi conduzido à casa do sumo sacerdote para o primeiro interrogatório (Lc
22.54), ali mesmo começou a tortura física e a zombaria: “E os homens que
detinham JESUS zombavam dele, ferindo-o. E, vendando-lhe os olhos, feriam-no no
rosto e perguntavam-lhe, dizendo: Profetiza-nos: quem é que te feriu?” (Lc
22.63, 64). Pela manhã cedo, ele foi conduzido ao sinédrio (Lc 22.66), onde a
sessão de interrogatório prosseguiu e de lá para o governador romano da Judéia,
Pôncio Pilatos (Lc 23.1), que logo o remeteu de volta a Herodes, mas antes, em
sua presença, foi zombado e ultrajado, em seguida foi devolvido para Pilatos
(Lc 23.7, 11). Então, foi torturado, recebeu uma coroa de espinhos, um bastão
real e um manto de púrpura (Mt 27.29; Jo 19.2), escarnecendo-se dele, pois
dizia ser o rei dos judeus. Foi crucificado às nove horas da manhã: “E era a
hora terceira, e o crucificaram” (Mc 15.25).20 A injustiça era tanta que até a
natureza se revoltou, o sol negou a sua luz em pleno dia, houve trevas em toda
a terra desde um pouco antes do meio-dia até às três horas das tarde (Lc
23.44-46).
Somente Lucas registrou as ipsis litteris (por suas palavras) de
JESUS, ao entregar o espírito ao Pai: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23.46). Era uma oração registrada no livro dos Salmos: “Nas tuas
mãos, entrego o meu espírito” (31.5 ARA), que as crianças judias recitavam como
oração ao anoitecer. O relato de Lucas mostra de maneira inconfundível que
JESUS se entregou por nós, ele deu sua vida pelos pecadores, como ele mesmo
havia prometido, “a minha vida”, disse “ninguém ma tira de mim, mas eu de mim
mesmo a dou” (Jo 10.18). JESUS entregou o espírito com “grande brado” (Mc
15.37) ou com “grande voz” (v. 46; Mt 27.50). O termo “está consumado” (Jo
19.30), tanto em grego τετέλεσται (τελεω teleo -Tetelestai - "Está
Consumado" ou "Totalmente Pago"), como em aramaico משַׁלַּם (moshallam), tem o mesmo
significado. O brado de JESUS no alto da cruz declara haver concluído a obra da
redenção entregando ao Pai o seu espírito indica triunfo, e não mero “está
acabado” como um derrotado. Ele foi crucificado, mas vitorioso, cumpriu a sua
missão com sucesso, aleluia!
O “véu do templo” era a cortina que separava o lugar santo do lugar
santíssimo, ou santo dos santos, lugar da presença de DEUS onde somente o sumo
sacerdote entrava uma vez por ano, no dia da expiação (Êx 26.33; 30.10; Lv
16.15). O véu rasgado mostra que a morte de JESUS abriu a todos os seres
humanos o caminho para DEUS (Hb 6.19, 20; 10.19, 20).
A morte de JESUS causou o maior impacto de toda a sua vida. O
centurião reconheceu haver crucificado um homem justo, e a multidão “voltava
batendo nos peitos” (Lc 23.48) como gesto de aturdimento. Estava ali
participando de um espetáculo de zombaria, de repente, as palavras de JESUS com
a reação da natureza despertaram a consciência daquelas pessoas que voltavam
para casa batendo dos peitos como gesto de lamentação pelo horrendo crime, sem
precedente na História, era uma sensação coletiva de culpa e vergonha. Essa
estranha reação foi um preparativo para o povo receber a mensagem do evangelho,
pregado pelo apóstolo Pedro, no dia de Pentecostes (At 2.23).
O SACRIFÍCIO VICÁRIO
A Bíblia ensina que “todos pecaram e destituídos estão da glória de
DEUS” (Rm 3.23) e que o homem é completamente incapaz de salvar-se a si mesmo
(Is 64.6), de ir ao céu pela sua própria força, justiça e bondade. Assim, DEUS
proveu a salvação de maneira que a paz e a justiça se encontrassem (Sl 85.10).
O sacrifício de JESUS satisfez toda a justiça da lei e dos profetas. O Antigo
Testamento não somente anuncia a vinda de JESUS com sua paixão e morte como
também apresenta a importância do sangue, no sacrifício, apontando para o
Calvário: “... é o sangue que fará expiação...” (Lv 17.11). Isso é confirmado
no Novo Testamento... sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9.22).
“Expiação”, portanto, significa reconciliação, é a restauração de uma relação quebrada.
Na cruz fomos reconciliados com DEUS (2 Co 5.19; Ef 2.23-26).
O termo “vicário” vem do latim vicarius, que significa “o que faz
as vezes de outro, substituto” (SARAIVA, 2000, p. 1273). Morte vicária
significa morte substitutiva, pois JESUS morreu em nosso lugar (1 Co 15.3; Gl
2.20). Os apóstolos entenderam o significado teológico na morte de JESUS, pois
DEUS propôs o sangue de seu Filho como propiciação pelos nossos pecados (Rm
3.25; 1 Pe 3.18; 1 Jo 2.1,2).
Os muçulmanos negam peremptoriamente a morte de JESUS. O Alcorão
ensina textualmente que JESUS não morreu. Essa é a mais grotesca negação do
cristianismo, pois os céticos sempre têm questionado o significado de eventos
ligados aos ensinos e às obras de CRISTO. Porém, rechaçar a História, afirmando
que JESUS não morreu, é um disparate, pois toda a estrutura bíblica gravita em
torno desse acontecimento: a paixão e a morte de JESUS é contada como parte de
sua vida terrena nos quatro evangelhos, sendo as evidências externas sólidas e
indestrutíveis.
Há inúmeras referências à morte de CRISTO no Antigo Testamento,
alguns exemplos foram citados acima. O próprio JESUS predisse, várias vezes, a
sua morte; dois exemplos são suficientes para confirmar esse fato:
Desde então, começou JESUS a mostrar aos seus discípulos que
convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos
sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia ... E,
subindo JESUS a Jerusalém, chamou à parte os seus doze discípulos e, no
caminho, disse-lhes: Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do Homem será
entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, e condená-lo-ão à morte”
(Mt 16.21; 20.17, 18).
Historiadores judeus e romanos atestaram a morte de JESUS. O fato
foi registrado por Josefo:
Nesse mesmo tempo, apareceu JESUS, que era um homem sábio, se é que
podemos considerá-lo simplesmente um homem, tão admiráveis eram as suas obras.
Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido
não somente por muitos judeus, mas também por muitos gentios. Ele era o CRISTO.
Os mais ilustres dentre os de nossa nação acusaram-no perante Pilatos, e este
ordenou que o crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o
abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro
dia, como os santos profetas haviam predito, dizendo que ele faria muitos
outros milagres. É dele que os cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram o
seu nome (Antiguidades, Livro 18.4.772).
Josefo não era cristão e por isso muitos críticos duvidam da
autenticidade da menção de JESUS em sua obra. Porém, nada há nos manuscritos
que justifiquem tal suspeita, ela é fundamentada apenas nos adjetivos que o
historiador aplicou a JESUS.21 A literatura judaica antiga menciona a morte de
JESUS, o Talmud Babilônico declara a morte de JESUS na véspera da Páscoa (Sanh.
43a). Tácito, o historiador romano, afirma: “CRISTO, foi executado no reinado
de Tibério pelo procurador Pôncio Pilatos” (Anais XV.44.2,3). Luciano de
Samosata, satirista grego e zombador dos cristãos, por volta de 170 escreveu:
“Os cristãos, como todos sabem, adoram um homem até hoje – o distinto
personagem que iniciou seus novos rituais – foi crucificado por causa disso”
(MCDOWELL, 1995, p. 60). A confirmação bíblica e histórica da morte de JESUS é
fato incontestável. A verdade é que a cruz de CRISTO sempre foi escândalo para
os que perecem (1 Co 1.23).
O homem precisava e precisa de JESUS, ele que se tornou o nosso
sacrifício, morreu em nosso lugar para abrir o caminho ao céu. O que é tão
ofensivo na cruz? O orgulho do homem faz com que se rebele contra a sentença de
DEUS. O incrédulo ofende-se porque DEUS não aceita seus esforços pessoais! O
sacrifício de JESUS CRISTO mostra que o homem é completamente incapaz de ir ao
céu, à presença de DEUS, pela própria bondade e força. JESUS deixou isso claro:
“Disse-lhe JESUS: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai
senão por mim” (Jo 14.6); “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5).
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 6, Paulo no Poder do ESPÍRITO
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 6, Paulo no Poder do ESPÍRITO
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-6-paulo-no-poder-do.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-6-paulo-no-poder-do.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-6-paulo-no-poder-do-esprito-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 19.1-7
1 - E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo
passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns
discípulos, 2 - disse-lhes: Recebestes vós já o ESPÍRITO SANTO quando crestes?
E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja ESPÍRITO SANTO. 3 -
Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No
batismo de João. 4 - Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do
arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto
é, em JESUS CRISTO. 5 - E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor
JESUS. 6 - E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e
falavam línguas e profetizavam. 7 - Estes eram, ao todo, uns doze varões.
COMENTÁRIOS BEP - CPAD
19.1 ÉFESO... ALGUNS DISCÍPULOS. Estes discípulos de Éfeso eram
cristãos, ou discípulos de João Batista? Ambas as hipóteses são possíveis. (1)
Alguns acham que eram cristãos. (a) Lucas os chama discípulos (v. 1), palavra
esta que ele comumente aplica aos cristãos. Se Lucas quisesse indicar que eram
apenas discípulos de João Batista, e não de CRISTO, teria dito isto mais
claramente. (b) Paulo se dirige a eles como a crentes (v. 2). O verbo crer é
empregado cerca de vinte vezes em Atos sem nenhum objeto direto. Em todos os
demais casos, o contexto indica que o sentido é crer em CRISTO de modo
salvífico. (2) Outros argumentam que os discípulos de Éfeso eram discípulos de
João Batista que ainda esperavam a chegada do Messias. Depois de terem ouvido a
respeito de JESUS da parte de Paulo, creram nEle como o CRISTO predito nas
Escrituras, e nasceram de novo pelo ESPÍRITO (vv. 4,5). (3) Em qualquer das
hipóteses, fica claro que foi somente depois de crerem, de serem batizados e
receberem a imposição das mãos, é que foram cheios do ESPÍRITO SANTO (vv. 5,6).
OBJETIVO GERAL - Conscientizar de que é preciso viver na plenitude
do ESPÍRITO para fazer a obra de DEUS.
Resumo da Lição 6, Paulo no Poder do ESPÍRITO
I – PREGANDO A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO
1. Paulo, movido pelo poder do ESPÍRITO.
2. O caminho de pregação.
3. Paulo e as duas viagens missionárias.
II – O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
1. Paulo aclara o ensino sobre a plenitude do ESPÍRITO.
2. É preciso crer para receber o ESPÍRITO SANTO.
3. Paulo cuida para esclarecer Apolo (At 18.21-28).
III – A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS
1. As Escrituras como fonte de revelação sobre o ESPÍRITO SANTO.
2. O Pentecostes como fonte de revelação do ESPÍRITO SANTO.
3. Paulo ensina acerca do ESPÍRITO SANTO aos efésios (At 19.1-6).
Comentários do Pr. Henrique
INTRODUÇÃO
Paulo foi o maior imitador de CRISTO de que temos notícia. O
imitava nas pregações, nos ensinos e nos sinais, prodígios e maravilhas. Como
não podia de deixar de acontecer, também O imitava nas aflições, perseguições, tribulações
e até na morte pelo evangelho. Nesta lição veremos a ação do ESPÍRITO SANTO no
apostolado de Paulo. Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós,
com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12.
Metade do evangelho fala de sinais, prodígios e maravilhas. O
ministério de JESUS, Pedro, Estêvão, Filipe e Paulo foram confirmados por DEUS
através de sinais, prodígios e maravilhas (ou milagres).
Varões israelitas, escutai estas palavras: A JESUS Nazareno, varão
aprovado por DEUS entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que DEUS por
ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; Atos 2:22.
de sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em
leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este
passasse, cobrisse alguns deles. Atos 5:15
E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais
entre o povo. Atos 6:8
E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia,
porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos
saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e
coxos eram curados. Atos 8:6,7
A presença e ação do ESPÍRITO SANTO deve ser constante na igreja de
hoje. Nunca houve tanta necessidade de operações do ESPÍRITO SANTO (multiplicação
de ações demoníacas, multiplicação de doenças e enfermidades, multiplicação de
falsos mestres).
ERRO NA LIÇÃO 6.
Temos novamente o mesmo erro na lição 6.
Paulo não passou três anos na Arábia.
O texto é bem simples e dá para até uma criança perceber que Paulo
foi de Damasco para a Arábia, voltou para Damasco e depois de passados três
anos foi a Jerusalém, onde passou 15 dias com Pedro e lá viu, o agora apóstolo
do segundo colegiado, Tiago, irmão de JESUS.
BATISMO NAS ÁGUAS E COM O ESPÍRITO SANTO
Atos 19.3 Perguntou- lhes então: Em que sois batizados então? E
eles disseram: o batismo de João, 4 Mas Paulo disse: Certamente João batizou
com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele
havia de vir, isto é, em JESUS CRISTO.
5 E os que ouviram foram batizados em nome do SENHOR JESUS. 6 E,
impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO; e falavam
línguas, e profetizavam.
O batismo nas águas de Apolo não valia nada para a Igreja. O
batismo nas águas judaico não tem valor para a igreja. O batismo nas águas
cristão é em nome do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. O crente batizado já
está salvo, não se batiza para ser salvo. Não é para arrependimento de pecados,
pois o crente já se arrependeu antes do batismo, no momento da conversão. A
urgência e necessidade do cristão ser batizado com o ESPÍRITO SANTO são
demonstradas várias vezes em Atos. Pena que a igreja hoje não enxergue mais
isto. Paulo batizou os doze nas águas e depois impondo as mãos sobre eles orou
e todos os doze foram batizados com o ESPÍRITO SANTO.
Vemos em Atos que todos os que se convertiam eram batizados com o
ESPÍRITO SANTO.
Eu disse e a Palavra de DEUS diz:
T O D O S.
Foi assim no Pentecostes, foi assim em Samaria, foi assim na casa
Cornélio, foi assim com esses doze.
TODOS FORAM BATIZADOS.
Infelizmente não é o que vemos hoje. Faltam legítimas conversões
porque faltam legítimas pregações e modo de viver digno.
CHEIO DO ESPÍRITO SANTO
Como já dizia o Pastor Antônio Gilberto, não existe ninguém cheio
do ESPÍRITO SANTO que não fale em línguas.
Crente que não fala em línguas todos os dias não é cheio do
ESPÍRITO SANTO.
Lc 4:1 E JESUS, cheio do ESPÍRITO SANTO, voltou do Jordão e foi
levado pelo ESPÍRITO ao deserto;
At 2:4 E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e começaram a falar
noutras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.
At 4:8 Então Pedro, cheio do ESPÍRITO SANTO, lhes disse: Principais
do povo, e vós, anciãos de Israel.
At 4:31 E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e
todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e anunciavam com ousadia a palavra de
DEUS.
At 6:3 Escolhei, pois, irmãos, de entre vós sete varões de boa
reputação, cheios do ESPÍRITO SANTO e de sabedoria, aos quais constituamos
sobre este importante negócio.
At 6:5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram
Estêvão, homem cheio de fé e do ESPÍRITO SANTO, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor,
e Timon, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
At 7:55 Mas ele, estando cheio do ESPÍRITO SANTO, fixando os olhos
no céu, viu a glória de DEUS, e JESUS, que estava à direita de DEUS;
At 9:17 E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos,
disse: Irmão Saulo, o SENHOR JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas,
me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO.
At 11:24 Porque era homem de bem, e cheio do ESPÍRITO SANTO e de
fé. E muita gente se uniu ao SENHOR,
At 13:9 Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do
ESPÍRITO SANTO, e fixando os olhos nele disse:
At 13:52 E os discípulos estavam cheios de alegria e do ESPÍRITO
SANTO.
RESUMO RÁPIDO DO Pr. Henrique
PAULO PREGAVA A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO SANTO. Paulo era movido
pelo poder do ESPÍRITO SANTO. O caminho da pregação e do ensino passa sempre
pela inspiração e demonstração de poder do ESPÍRITO SANTO. Paulo em suas duas
viagens missionárias foi guiado e capacitado pelo ESPÍRITO SANTO.
O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO nos indica
que ninguém é batizado com o ESPÍRITO SANTO sem antes ser salvo. Primeiro se é
mergulhado no corpo de CRISTO, no momento da conversão (o ESPÍRITO SANTO vem
morar dentro do crente), depois se é "dominado" controlado pelo
ESPÍRITO SANTO no batismo com o ESPÍRITO SANTO.
Paulo nos aclara o ensino sobre a plenitude do ESPÍRITO ao ensinar
que ser cheio quer dizer dirigido, guiado, controlado pelo ESPÍRITO SANTO.
É preciso crer para receber o ESPÍRITO SANTO e isso aprendemos de
Paulo em Efésios 1.13 - Primeiro ouvimos o evangelho, depois cremos (fé) e
depois recebemos a promessa do ESPÍRITO (salvação). "em quem também vós
estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO SANTO da
promessa"; Efésios 1:13. Pelo que parece Paulo cuida para esclarecer Apolo
(At 18.21-28), enviando Priscila e Áquila para explicarem a ele sobre o batismo
nas águas e no ESPÍRITO SANTO.
A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS são
as Escrituras do AT, o Pentecostes e seu próprio ensino acerca do ESPÍRITO
SANTO na carta lhes endereçada (At
19.1-6).
Paulo em Éfeso - Atos 19:1-7 - Comentário Bíblico - Matthew Henry
(Exaustivo) AT e NT - Com acréscimos e correções do Pr. Henrique
Éfeso era uma cidade de grande destaque na Ásia, famosa por abrigar
um templo dedicado a deusa Diana que acreditavam ter sua imagem descido de
Júpiter, uma das maravilhas do mundo: Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo
[...] chegou a Éfeso para pregar o evangelho (v. 1). Enquanto Apolo estava
regando Corinto, Paulo estava plantando em Éfeso. O apóstolo não ficou com
ciúmes do ministro Apolo por ele entrar em seu campo e estar edificando sobre
seus fundamentos. Pelo contrário, exultou com essa notícia e prosseguiu com a
maior alegria e satisfação em seu novo campo de trabalho que fora preparado
para ele em Éfeso, porque soube a capacidade ministerial neotestamentária de
Apolo, que agora estava em Corinto e prosseguia com a boa obra naquela cidade.
Embora houvesse aqueles que fizeram de Apolo chefe de um partido contra Paulo
(1 Co 1.12), este não guardava ressentimento contra aquele, nem de qualquer
modo repugnava o afeto que as pessoas tinham por ele. Tendo passado pela
província da Galácia e da Frígia, depois de ter passado por todas as regiões
superiores, Ponto e Bitínia, que se situavam no norte, por fim o apóstolo
chegou a Éfeso, onde havia deixado Aquila e Priscila, e lá se reuniu a eles.
Logo que chegou, ele encontrou alguns discípulos que professavam a fé em CRISTO
como o verdadeiro Messias, mas que ainda estavam como que no primeiro ano da
escola de CRISTO, sob o ensino do seu professor-assistente, João Batista. Estes
eram, ao todo, uns doze varões (v. 7), que tinham quase o mesmo entendimento
espiritual que Apolo possuía quando chegou a Éfeso (pois ele conhecia somente o
batismo de João, Atos 18.25). Pode ser que eles não tiveram a oportunidade de
conhecer pessoalmente Áquila e Priscila, ou não fazia muito tempo que estavam
em Éfeso, ou não tinham a mente aberta para receber os ensinamentos como Apolo
tinha, pois, do contrário, eles saberiam mais pontualmente o caminho de DEUS,
como Apolo soube por meio desses dois servos de DEUS (Atos 18.26). Observe
aqui:
I
Paulo discipulou esses doze discípulos efésios. Ele ficou sabendo,
provavelmente por Aquila e Priscila, que eram crentes, tinham aceitado JESUS e
entregado a Ele os seus nomes. Agora o apóstolo os submete a um exame.
(“Recebestes vós já o ESPÍRITO SANTO quando crestes? - a pergunta se referia ao
Batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em línguas). Paulo, muito
provavelmente, não os ouviu falar em línguas nenhuma vez e por isso notou que
não haviam recebido o Batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em
línguas.
1. Esses discípulos creram no Filho de DEUS, mas Paulo pergunta se
eles haviam recebido o ESPÍRITO SANTO (v. 2). A partir do Pentecostes, os
apóstolos e outros discípulos receberam dons extraordinários do ESPÍRITO SANTO,
e esses recebimentos continuaram. Tinham eles participado desses dons?
“Recebestes vós já o ESPÍRITO SANTO quando crestes? (v. 2). O cânon do Novo Testamento foi encerrado e
ratificado há muito tempo, e dependemos dele como a mais segura palavra de
profecia. Mas há o penhor do ESPÍRITO dado a todos os crentes, que é para eles
o antegozo (2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.13,14). Agora cabe a todos nós que professamos
a fé cristã avaliar seriamente se recebemos ou não o ESPÍRITO SANTO. O ESPÍRITO
SANTO é prometido a todos os crentes e é para todos os que o buscam (Lc 11.13).
Muitos são enganados neste assunto, pensando que receberam o ESPÍRITO SANTO
quando na verdade não foi o que aconteceu. Assim como há pretendentes aos dons
do ESPÍRITO SANTO, assim há às suas graças e consolações. Devemos nos examinar com
rigor: Recebemos o ESPÍRITO SANTO quando cremos? A árvore se conhece pelos
frutos que dá. Estamos produzimos os frutos do ESPÍRITO? Estamos sendo guiados
pelo ESPÍRITO? Estamos andando no ESPÍRITO? Estamos sob o governo do ESPÍRITO?
2. Esses discípulos admitiram sua ignorância nesse assunto: “Nós
nem ainda ouvimos que haja ESPÍRITO SANTO (v. 2). Essa informação não era
conhecida pelas Escrituras do Antigo Testamento, claramente – há a promessa do
derramar do ESPÍRITO SANTO em Joel 2, por exemplo, e que essa promessa se
cumpriria em seu devido tempo. Davi declarou: "Não me lances fora da tua
presença e não retires de mim o teu ESPÍRITO SANTO". Salmos 51:11.
A luz do evangelho, como a luz da aurora, foi brilhando mais
e mais, gradualmente (Pv 4.18). A descoberta de verdades ainda não ouvidas
iluminou mais e desencadeou mais informações a pessoas que nunca haviam ouvido
falar sobre isso. Paulo foi o instrumento de DEUS a trazer luz sobre o assunto,
além dos apóstolos e discípulos vários e sua experiência no Pentecostes, assim
como nos muitos anos subsequentes.
3. VEMOS AQUI DOIS BATISMOS EM Atos 19.1-7 - NAS ÁGUAS E NO (OU COM
O) ESPÍRITO SANTO.
Paulo investigou como esses discípulos foram batizados, se eles nem
tinham ouvido falar sobre o ESPÍRITO SANTO.
O batismo nas águas não teria sido efetuado erradamente se o
ministrante Apolo já conhecesse as doutrinas básicas do cristianismo e a ordem
de JESUS a esse respeito - "Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do ESPÍRITO SANTO"; Mateus
28:19. O batismo de João é para arrependimento e espera do messias (no caso ja
tinha vindo, tinha agora que ser crido pela fé).
Se eles tivessem sido batizados pelos ministros de CRISTO, teriam
sido informados a respeito do ESPÍRITO SANTO e batizados em seu nome. A
Ignorância por parte dos discípulos não justificava a falta do batismo com o
ESPÍRITO SANTO se o ministrante Apolo estivesse cheio do ESPÍRITO SANTO e
ministrasse-lhes o batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em
línguas, pois Pedro ao pregar sobre JESUS a Cornélio e seus parentes e amigos
mais chegados, todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO e falaram em línguas -PEDRO
NÃO LHES FALOU SOBRE BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO, PORÉM O RECEBERAM. (E,
dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que
ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham
vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse
também sobre os gentios. Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS.
Atos 10:44-46).
4. Esses discípulos confessam que foram batizados no batismo
de João – eis to Ioannou baptisma (v. 3), ou seja, como entendo, eles foram
batizados como João Batista batizava, ou seja, para arrependimento de pecado e
espera do Messias. Esse batismo era para os judeus, antes do início do
ministério de JESUS.
Assim, por ignorância, num zelo cego pela doutrina de João,
Apolo os batizou no batismo de João.
5. Paulo explica a esses discípulos a verdadeira intenção e
significado do batismo de João. Ou seja, para arrependimento e não para
conversão a JESUS como único Salvador e Senhor.
(1) O apóstolo reconhece que o batismo de João foi uma coisa
muito boa enquanto vigorou: Certamente João batizou com o batismo do
arrependimento (v. 4). Por meio desse batismo, ele exigiu que as pessoas se
arrependessem dos seus muitos pecados, os confessassem e deles se convertessem.
E levar alguém até esse ponto é alcançar grande vitória. Mas:
(2) O apóstolo mostra para esses discípulos que o batismo de João
tinha referência na espera pelo Messias que agora já tinha vindo e morrera na
cruz e ressuscitara.
Explica Paulo – ele disse ao povo que cresse no que após ele havia
de vir, isto é, em JESUS CRISTO (v. 4), que o batismo de arrependimento tinha o
desígnio único de preparar o caminho do Senhor e dispor as pessoas a receber
alegremente JESUS CRISTO, sobre quem ele pôs grandes expectativas e a quem se
dirigiu: Eis o Cordeiro de DEUS (Jo 1.39). “João foi um grande e bom homem, mas
ele foi apenas o arauto – JESUS CRISTO é o Príncipe, é o Senhor, é o salvador.
O batismo de João foi a varanda para vós passardes, não a casa para vós
repousardes. Portanto, foi totalmente errado vós serdes batizados no batismo de
João.”
6. Quando Paulo mostrou a esses discípulos o erro em que estavam,
eles aceitaram de bom grado a nova revelação e foram batizados em nome do
Senhor JESUS (v. 5). Quanto a Apolo, de quem se disse que conhecia somente o
batismo de João (Atos 18.25), ele entendeu corretamente o significado desse
rito quando batizado, embora conhecesse somente esse batismo. Contudo, quando
compreendeu mais pontualmente o caminho do Senhor (Atos 18.26) cremos que mudou
seu parecer e proceder. Logo, quando vieram a entender melhor as coisas, eles
desejaram e foram batizados em nome do Senhor JESUS, não em nome de Paulo ou de
Apolo, ou de João, pois estes só pregavam a respeito do verdadeiro salvador.
Conclui-se, então, que não havia uma correspondência entre o batismo de João e
o batismo em nome de JESUS, e que, em essência, eles não eram o mesmo. Se
conclui que os que foram batizados no batismo de João devem ser batizados de
novo, agora, em nome de JESUS, ou seja, na autoridade de JESUS, seguindo a
fórmula estipulada pelo próprio JESUS: "em nome do Pai, e do Filho, e do
ESPÍRITO SANTO" (que é a forma designada do batismo dos que se convertem a
JESUS, Mt 28.19).
II
Como Paulo ministrou o batismo com o ESPÍRITO SANTO a esses
discípulos efésios (v. 6).
1. Paulo orou solenemente para que DEUS desse a esses discípulos o
batismo com o ESPÍRITO SANTO. É o que significa a expressão impondo-lhes Paulo
as mãos (v. 6), um gesto que os patriarcas usavam para abençoar e sobretudo
para transmitir a grande custódia da promessa, como em Gênesis 48.14. Sendo o
ESPÍRITO a grande promessa do Novo Testamento, os apóstolos o transmitiam pela
imposição de mãos: “O Senhor te abençoe com aquela bênção, a bênção das
bênçãos” (Is 44.3). (e tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre a sua
cabeça; assim, o ungirás. Êxodo 29:7; Então, lhes impuseram as mãos, e
receberam o ESPÍRITO SANTO. Atos 8:17; e os apresentaram ante os apóstolos, e
estes, orando, lhes impuseram as mãos. Atos 6:6; Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles
as mãos, os despediram. Atos 13:3
2. DEUS concedeu a bênção pela qual Paulo orou: Veio sobre eles o
ESPÍRITO SANTO (v. 6) de maneira inesperada e poderosa, e eles falavam línguas
e profetizavam como falaram os apóstolos e os primeiros convertidos gentios
(Atos 10.44). Este fato servia de introdução do evangelho em Éfeso e incutia na
mente das pessoas a expectativa de grandes coisas que viriam. Alguns estudiosos
pensam que o propósito era qualificar estes doze homens para a obra do
ministério e que esses doze foram os anciãos de Éfeso, a quem Paulo entregou o
cuidado e governo daquela igreja. Eles receberam o ESPÍRITO de profecia para
que pudessem transmitir os mistérios do Reino de DEUS. Que mudança maravilhosa
ocorreu de repente nestes homens! Ainda há pouco eles nem mesmo tinham ouvido que
houvesse o ESPÍRITO SANTO; mas agora estão cheios do ESPÍRITO SANTO.
Através Da Bíblia Livro Por Livro - Myer Pearlman
Observem que Paulo fez milagres especiais em Éfeso. Isto foi
concedido a Paulo por ter sido Éfeso o centro principal de idolatria na Asia.
Era uma fortaleza dos poderes das trevas. Por esta causa, DEUS conferiu ao Seu
servo um poder adicional para triunfar sobre Satanás. Alguns exorcistas
profissionais (os que tinham a profissão de expulsar demônios), procuraram usar
esse nome através do qual Paulo tinha efetuado milagres. Sofreram severamente
pela sua temeridade. O seu castigo ensinou aos efésios que o nome de JESUS era
um nome poderoso e sagrado, que não podia dele se abusar (19:17). Muitos fiéis
ficaram impressionados com este acontecimento e confessaram seus pecados,
especialmente o de ocupar-se de ciências ocultas, magia (vers. 18, 19):
Seguiu-se um grande avivamento (v. 20). Reparem que a visão missionária de Paulo
está se ampliando. Deve pregar em Roma (v. 21). Os versículos 23 a 41 registram
um acontecimento que comprova, duma maneira concreta, o êxito de Paulo em
Éfeso. Deu um golpe tão forte nesta grande fortaleza de Satanás, que a adoração
de Diana estava diminuindo. Isto alarmou aqueles que faziam ídolos, que então
levantaram um tumulto contra Paulo.
Durante a sua estada em Éfeso, Paulo escreveu a primeira epístola
aos Coríntios
Comentário Bíblico - Devocional (NT), Bíblia The Word
“Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça;
a ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os
santificados” (Atos 20.32).
Dizer adeus se torna mais fácil quando sabemos que DEUS estará com
nossos entes queridos.
Contexto
Éfeso. A cidade de Éfeso tinha sido um grande centro comercial,
além do centro asiático do culto religioso a Ártemis (Diana). Ao longo dos
séculos, as áreas arborizadas foram desmatadas, e o porto de Éfeso
gradualmente se encheu de sedimentos. Na época de Paulo, a economia de
Éfeso dependia muito do templo de Ártemis, que era considerado uma
das maravilhas do mundo antigo. O ministério de Paulo foi tão eficaz que os
comerciantes que dependiam da venda de medalhas religiosas e estatuetas
viram seu negócio desmoronar dramaticamente. O resultado foi uma intensa
hostilidade contra Paulo e sua mensagem.
Visão Geral
Em Éfeso, Paulo falou sobre CRISTO e sobre o ESPÍRITO SANTO aos
discípulos recém-convertidos (19.1-7). O seu ministério de dois anos foi
apoiado por milagres (w. 8-16), e rendeu tantos convertidos (w. 17-22) que
ameaçou o comércio que estava sediado no templo, dos artesãos de prata.
Os efésios se revoltaram (w. 23-41). Paulo revisitou as igrejas na
Macedônia (20.1-6). Em Trôade, Êutico morreu, e foi ressuscitado (w.
7-11). Paulo parou perto de Éfeso, e se despediu, pela última
vez, dos anciãos daquela igreja (w. 12-38).
Entendendo o Texto
“O batismo de João” (Atos 19:1-7). Décadas depois da morte de JESUS,
havia judeus no Império Romano que sabiam de João Batista e aceitavam a
sua mensagem, mas não tinham ouvido falar de JESUS. Não havia meios de
comunicação em massa: a informação era transmitida oralmente. Os 12 judeus
que Paulo encontrou quando chegou a Éfeso tinham se convertido
através de Apolo.
O seu comprometimento foi real quando ouviram falar de JESUS e
creram no evangelho.
Esse é o terceiro caso “incomum” no livro de Atos de recebimento do
batismo no ESPÍRITO SANTO. Aqui, como em Samaria, aconteceu pela imposição
de mãos. Aqui como em todas as partes como na casa de Cornélio o batismo no
ESPÍRITO SANTO foi marcado pelo falar em línguas. Por que aqui? Talvez
pela mesma razão por que o ministério de Paulo em Éfeso foi marcado por
inúmeros milagres “incomuns”. Éfeso era um centro de atividade
sobrenatural maligna. DEUS, por intermédio de Paulo, demonstraria a verdadeira
sobrenatural idade. De vez em quando, o incomum marca a nossa experiência
cristã. Devemos esperar sinais sobrenaturais todos os dias de nossa vida.
São sobrenaturais. - Disse-lhe JESUS: Não te hei dito que, se creres, verás a
glória de DEUS? João 11:40 - O ESPÍRITO SANTO é quem dá poder para que
aconteçam sinais, prodígios e maravilhas e ELE mora em nós.
“Na escola de um certo Tirano” (Atos 19:8-10). Muitos comentaristas
acreditam que Tirano alugava a sua sala de conferências para professores
itinerantes, para palestras públicas. As palestras e discussões diárias de
Paulo alcançavam “todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como
gregos” (v. 10).
Paulo sempre encontrava uma maneira de alcançar o povo. Nós também
podemos. Iniciei um culto aos sábados em frente a empresa onde trabalhava que
durou 23 anos, muitas vidas ali foram salvas.
“DEUS, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias” (Atos
19.11-20). A prática de magia era comum no século I, em especial no centro de
cultos de Éfeso, assim como hoje. O objetivo da magia era
manipular supostos poderes sobrenaturais para proteger o indivíduo,
ou obter alguma vantagem sobre outra pessoa. Por todos os lados os
milagres “extraordinários” operaram através de Paulo.
DEUS com frequência decide satisfazer os seres humanos onde eles se
encontram. Na intelectual Atenas, Paulo fez uma defesa filosófica da fé. Em
Éfeso, onde reinavam a prática de magia e a superstição, foram realizados
milagres. Em qualquer terreno onde Satanás decida guerrear, a sua derrota
é certa.
Comentários da Bíblia Diário Vivir (ESP)
19.1 Éfeso era a capital e o centro comercial principal da
província romana da Ásia (parte da Turquia hoje). Centro de transporte marítimo
e terrestre, ao mesmo tempo da Antióquia em Síria e Alexandria no Egito, era
uma das grandes cidades no Mediterrâneo. Paulo permaneceu pouco mais de dois
anos em Éfeso. Dali escreveu sua primeira carta aos Coríntios para enfocar
diferentes problemas que enfrentavam. Mais tarde, durante sua prisão em Roma,
Paulo escreveu uma carta à igreja no Éfeso (a epístola aos Efésios).
AQUILA, PRISCILA
Alguns casais sabem como obter o máximo de sua vida.
complementam-se um ao outro, utilizam as virtudes uns dos outros e formam uma
equipe efetiva. Seus esforços unidos impactam a quem está a seu redor. Aquila e
Priscila eram desse tipo de casal. Nunca lhes menciona separados na Bíblia. No
matrimônio e no ministério, estiveram sempre juntos.
Priscila e Aquila se encontraram com Paulo em Corinto, enquanto o
apóstolo realizava sua segunda viagem missionária. Acabavam de serem expulsos
de Roma pelo decreto do imperador Claudio César contra os judeus. Seu lar era
tão mutável como as tendas que faziam para manter-se. Abriram seu lar a Paulo,
quem colaborou com eles na fabricação de tendas. Paulo lhes abriu seu coração,
lhes ensinando sua riqueza e sabedoria espiritual.
Priscila e Aquila fizeram de sua educação espiritual o melhor.
Escutaram com atenção os sermões e os avaliavam. Quando ouviram Apolo falar,
impressionou-lhes sua habilidade na oratória, mas chegaram à conclusão de que o
conteúdo de sua mensagem não era completa. Em lugar de ter uma confrontação
aberta, o casal convidou privadamente Apolo a seu lar e lhe instruíram o que
precisava saber. Até então, Apolo sabia o que João o Batista disse em sua
mensagem a respeito de CRISTO somente. Priscila e Aquila lhe falaram da vida de
JESUS, sua morte e ressurreição, e a realidade da presença do ESPÍRITO SANTO e
seu poder. Apolo continuou pregando, mas agora com a história completa.
Priscila e Aquila seguiram usando seu lar como um lugar agradável
de pregação e louvor. De retorno a Roma, muitos anos depois, auspiciaram uma
das Igrejas nos lares que se desenvolveram.
Em uma época em que o enfoque está principalmente no que acontece
entre marido e esposa, Aquila e Priscila são um exemplo do que pode ocorrer na
obra realizada pela esposa e o marido. Sua unidade eficaz fala da relação entre
um e outro. Sua hospitalidade abriu a porta de salvação a muitos. O lar cristão
é ainda uma das melhores ferramentas para difundir o evangelho. Acham seus
convidados a CRISTO em seu lar?
Versículos chave :
"Saúdem a Priscila e a Aquila, meus colaboradores em CRISTO
JESUS, que expuseram sua vida por mim; aos quais não só eu sou grato, mas
também todas as Igrejas dos gentios" (Rom 16:3-4).
Sua história se narra em Atos 18.2, 18, 26. Também se mencionam em
Rom 16:3-5; 1Co 16:19; 2Tm 4:19.
19.2-4 O batismo do João foi um sinal de arrependimento de pecados
e preparação para a vinda de CRISTO. Como Apolo (18.24-26), estes crentes efésios
necessitavam de mais informação quanto à mensagem e o ministério do JESUS
CRISTO, além do ministério do ESPÍRITO SANTO. Pela fé acreditavam em JESUS como
o Messias, mas não entendiam o significado da morte e ressurreição de CRISTO
nem a obra do ESPÍRITO SANTO. Ser cristão envolve mudança de atitude
(arrependimento) e voltar-se para CRISTO (fé). Experiência com o ESPÍRITO
SANTO. Estes crentes estavam incompletos.
Segundo o livro de Atos, os crentes receberam o ESPÍRITO SANTO de
diversas formas. O ESPÍRITO SANTO enchia a uma pessoa assim que professava sua
fé em CRISTO, como no caso de Cornélio e sua família e amigos. Neste caso em
Atos 19, entretanto, DEUS permitiu que fora depois porque o conhecimento destes
discípulos era incompleto. A plenitude do ESPÍRITO SANTO lhes confirmou como
crentes sinceros e fiéis.
O Pentecostes foi o derramamento formal do ESPÍRITO SANTO na
Igreja. Outros derramamentos no livro de Atos foram usados para acrescentar
novos membros à igreja. O sinal da verdadeira igreja não é simplesmente a boa
doutrinas e as boas ações, também existe a obra do ESPÍRITO SANTO.
Paulo EMPREENDE UMA TERCEIRA VIAGEM : Assim que Paulo teve a
oportunidade, empreendeu sua terceira viagem, inquietado talvez por algum
mal-entendido entre as Igrejas fundadas. Pressuroso foi ao norte, logo ao
oeste, voltando pelas cidades que antes visitou. Nesta oportunidade,
entretanto, seguiu em forma mais direta a rota oeste para o Éfeso.
19.6 Quando Paulo impôs suas mãos sobre estes discípulos, estes
receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO da mesma forma que os discípulos no
Pentecostes. Isto também aconteceu quando o ESPÍRITO SANTO veio aos gentis (não
judeus, veja-se Atos 10.45-47, na casa de Cornélio).
Os 12 discípulos (19.1-7) - Comentário - NVI (FFBruce)
Paulo nas “regiões altas” (v. 1). V. comentários de 18.23 e 16.6-8.
O termo se harmoniza bem com a suposição de que algumas igrejas haviam sido
organizadas nas montanhas da Galácia. Gostaríamos tanto de saber mais a
respeito desses meses atribulados que Lucas resume em algumas palavras!
O grupo em Éfeso (v. 1-7). Os 12 discípulos não puderam estar em
contato com Áquila e Priscila e os “irmãos” em Éfeso, ou não se teria chegado
às condições descritas. Como no caso de Apolo, esses homens tinham ouvido
de JESUS, tinham sido batizados com o batismo de arrependimento, mas não
haviam sido informados da manifestação do ESPÍRITO SANTO no cenáculo, em
Jerusalém. Uma corrente separada e antiga de testemunho, provavelmente,
provinha da Galileia. A pergunta de Paulo: "Vocês receberam o
ESPÍRITO SANTO quando creram"? mostra que ele esperava que os
discípulos tivessem recebido o batismo no ESPÍRITO SANTO e falado em
línguas. A resposta (v. 2) indica que os discípulos nada sabiam a respeito
do batismo no ESPÍRITO SANTO (com a evidência do falar em línguas), também não
sabiam da promessa de JESUS sobre esta dádiva do ESPÍRITO SANTO. O
significado da “imposição de mãos” corresponde estreitamente ao de 8.17 e,
de acordo com o seu significado fundamental de identificação, denota o
fechamento de uma brecha entre uma posição incompleta e a autoridade
apostólica, assim alinhando-a com ela.
ESTUDOS BEP - CPAD SOBRE O ESPÍRITO SANTO
O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
At 1.5 “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis
batizados com o ESPÍRITO SANTO, não muito depois destes dias.”
Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no ESPÍRITO
SANTO. A respeito do batismo no ESPÍRITO SANTO, a Palavra de DEUS ensina o
seguinte:
O batismo no ESPÍRITO é para todos que professam sua fé em CRISTO;
que nasceram de novo, e, assim, receberam o ESPÍRITO SANTO para neles habitar.
Um dos alvos principais de CRISTO na sua missão terrena foi batizar seu povo no
ESPÍRITO (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não
começarem a testemunhar até que fossem batizados no ESPÍRITO SANTO e revestidos
do poder do alto (Lc 24.49; At 1.4.5.8).
O batismo no ESPÍRITO SANTO é uma obra distinta e à parte da
regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do
ESPÍRITO é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo
ESPÍRITO, assim também o batismo no ESPÍRITO complementa a obra regeneradora e
santificadora do ESPÍRITO. No mesmo dia em que JESUS ressuscitou, Ele assoprou
sobre seus discípulos e disse: “Recebei o ESPÍRITO SANTO” (Jo 20.22), indicando
que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes
disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo ESPÍRITO SANTO (Lc
24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à
regeneração (ver 11.17; 19.6).
Ser batizado no ESPÍRITO significa experimentar a plenitude do
ESPÍRITO, (cf. 15; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de
Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do ESPÍRITO SANTO antes do dia de
Pentecoste (e.g. Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no
ESPÍRITO SANTO”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de CRISTO (1.2-5;
Lc 24.49-51, Jo 16.7-14).
O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal
inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO (2.4; 10.45,46; 19.6).
O batismo no ESPÍRITO SANTO outorgará ao crente ousadia e poder
celestial para este realizar grandes obras em nome de CRISTO e ter eficácia no
seu testemunho e pregação (cf. 18; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4).
Esse poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do
ESPÍRITO SANTO, na qual a presença, a glória e a operação de JESUS estão
presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).
Outros resultados do genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO são: (a)
mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15); (b) maior
sensibilidade contra o pecado que entristece o
ESPÍRITO SANTO, uma maior busca da retidão e uma percepção mais
profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8); (c) uma vida
que glorifica a JESUS CRISTO (Jo 16.13,14; At; (d) visões da parte do ESPÍRITO
(2.17); (e) manifestação dos vários dons do ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10); (f)
maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26);
(g) maior amor à Palavra de DEUS e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42)
e (h) uma convicção cada vez maior de DEUS como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl
4.6).
A Palavra de DEUS cita várias condições prévias para o batismo no
ESPÍRITO SANTO. (a) Devemos aceitar pela fé a JESUS CRISTO como Senhor e
Salvador e apartar-nos do pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17). Isto importa em
submeter a DEUS a nossa vontade (“àqueles que lhe obedecem”. Devemos abandonar
tudo o que ofende a DEUS, para então podermos ser “vaso para honra, santificado
e idôneo para o uso do Senhor” (2Tm 2.21). (b) É preciso querer o batismo. O
crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no ESPÍRITO SANTO (Jo 7.37-39;
cf. Is 44.3; Mt 5.6; 6.33).
Muitos recebem o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc
11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31; 8.15,17). (d) Devemos esperar convictos que DEUS
nos batizará no ESPÍRITO SANTO (Mc 11.24; At
1.4,5).
O batismo no ESPÍRITO SANTO permanece na vida do crente mediante a
oração (4.31), o testemunho (4.31, 33), a adoração no ESPÍRITO (Ef 5.18,19) e
uma vida santificada (ver Ef 5.18). Por mais poderosa que seja a experiência
inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO sobre o crente, se ela não for expressa
numa vida de oração, de testemunho e de santidade, logo se tornará numa glória
desvanecente.
O batismo no ESPÍRITO SANTO ocorre uma só vez na vida do crente e
move-o à consagração à obra de DEUS, para, assim, testemunhar com poder e
retidão. A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do ESPÍRITO
SANTO (ver 4.31; cf. 2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18). O batismo no ESPÍRITO,
portanto, conduz o crente a um relacionamento com o ESPÍRITO, que deve ser
renovado (4.31) e conservado (Ef 5.18).
A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
At 5.3,4 “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o
teu coração, para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço
da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu
poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens,
mas a DEUS.”
É essencial que os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO
SANTO no plano divino da redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste
mundo, não haveria a criação, o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13;
33.4; Sl 104.30). Sem o ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o
NT (Jo 14.26, 1Co 2.10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum
cristão neste mundo. Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a
respeito do ESPÍRITO SANTO.
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO. Através da Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é
revelado como Pessoa, com sua própria individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14;
1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa divina como o Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO
SANTO não é mera influência ou poder. Ele tem atributos pessoais, a saber: Ele
pensa (Rm 8.27), sente (Rm 15.30), determina (1Co 12.11) e tem a faculdade de
amar e de deleitar-se na comunhão. Foi enviado pelo Pai para levar os crentes à
íntima presença e comunhão com JESUS (Jo 14.16-18,26). À luz destas verdades,
devemos tratá-lo como pessoa, que é, e considerá-lo DEUS vivo e infinito em
nosso coração, digno da nossa adoração, amor e dedicação (ver Mc 1.11 a
Trindade).
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO. (1) A revelação do ESPÍRITO SANTO no AT.
(2) A revelação do ESPÍRITO SANTO no NT. (a) O ESPÍRITO SANTO é o agente da
salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado (Jo 16.7,8), revela-nos a verdade a
respeito de JESUS (Jo 14.16,26), realiza o novo nascimento (Jo 3.3-6), e
faz-nos membros do corpo de CRISTO (1Co). Na conversão, nós, crendo em CRISTO,
recebemos o ESPÍRITO SANTO (Jo 3.3-6; 20.22) e nos tornamos coparticipantes da
natureza divina (2Pe 1.4). (b) O ESPÍRITO SANTO é o agente da nossa
santificação. Na conversão, o ESPÍRITO passa a habitar no crente, que começa a
viver sob sua influência santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19). Note algumas das
coisas que o ESPÍRITO SANTO faz, ao habitar em nós. Ele nos santifica, i.e.,
purifica, dirige e leva-nos a uma vida santa, libertando-nos da escravidão ao
pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts 2.13). Ele testifica que somos filhos de DEUS
(Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a DEUS (At 10.45,46; Rm 8.26,27) e na nossa
vida de oração, e intercede por nós quando clamamos a DEUS (Rm 8.26,27). Ele
produz em nós as qualidades do caráter de CRISTO, que O glorificam (Gl 5.22,23;
1Pe). Ele é o nosso mestre divino, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13;
14.26; 1Co 2.10-16) e também nos revela JESUS e nos guia em estreita comunhão e
união com Ele (Jo 14.16-18; 16.14). Continuamente, Ele nos comunica o amor de
DEUS (Rm 5.5) e nos alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c) O ESPÍRITO
SANTO é o agente divino para o serviço do Senhor, revestindo os crentes de
poder para realizar a obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta obra do
ESPÍRITO SANTO relaciona-se com o batismo ou com a plenitude do ESPÍRITO.
Quando somos batizados no ESPÍRITO, recebemos poder para testemunhar de CRISTO
e trabalhar de modo eficaz na igreja e diante do mundo (1.8). Recebemos a mesma
unção divina que desceu sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os discípulos (2.4;
ver 1.5), e que nos capacita a proclamar a Palavra de DEUS (1.8; 4.31) e a
operar milagres (2.43; 3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de DEUS é que todos os
cristãos atuais recebam o batismo no ESPÍRITO SANTO (2.39). Para realizar o
trabalho do Senhor, o ESPÍRITO SANTO outorga dons espirituais aos fiéis da
igreja para edificação e fortalecimento do corpo de CRISTO (1Co 12—14). Estes
dons são uma manifestação do ESPÍRITO através dos santos, visando ao bem de
todos (1Co 12.7-11). (d) O ESPÍRITO SANTO é o agente divino que batiza ou
implanta os crentes no corpo único de CRISTO, que é sua igreja (1Co 12.13) e
que permanece nela (1Co 3.16), edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a
adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo a sua missão (13.2,4), escolhendo seus
obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons (1Co 12.4-11), escolhendo seus pregadores
(2.4; 1Co 2.4), resguardando o evangelho contra os erros (2Tm 1.14) e efetuando
a sua retidão (Jo 16.8; 1Co 3.16; 1Pe 1.2).
As diversas operações do ESPÍRITO são complementares entre si, e
não contraditórias. Ao mesmo tempo, essas atividades do ESPÍRITO SANTO formam
um todo, não havendo plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a nova
vida total em CRISTO, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do
Senhor ou (d) a comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por
exemplo: uma pessoa não pode conservar o batismo no ESPÍRITO SANTO se não vive
uma vida de retidão, produzida pelo mesmo ESPÍRITO, que também quer conduzir
esta mesma pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às
mesmas.
PROVAS DO GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
At 10.44,45 “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO
SANTO sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão,
todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO
SANTO se derramasse também sobre os gentios.”
As Escrituras ensinam que o crente deve examinar e provar tudo o
que se apresenta como sendo da parte de DEUS (1Ts 5.21; cf. 1Co 14.29).
“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de DEUS”
(1Jo 4.1). Seguem-se alguns princípios bíblicos para provar ou testar se é de
DEUS um caso declarado de batismo no ESPÍRITO SANTO.
O autêntico batismo no ESPÍRITO SANTO levará a pessoa a amar,
exaltar e glorificar a DEUS Pai e ao Senhor JESUS CRISTO mais do que antes (ver
Jo 16.13,14; At 2.11,36; 10.44-46).
O verdadeiro batismo no ESPÍRITO SANTO aumentará a convicção da
nossa filiação com o Pai celestial (1.4; Rm 8.15,16), levará a uma maior
percepção da presença de CRISTO em nossa vida diária (Jo 14.16, 23; 15.26) e
aumentará o clamor da alma “Aba, Pai”! (Rm 8.15; Gl 4.6). Por sua vez, um
batismo no ESPÍRITO SANTO que não leva a uma maior comunhão com CRISTO e a uma
mais intensa comunhão com DEUS como nosso Pai não vem dEle.
O real batismo no ESPÍRITO SANTO aumentará nosso amor e apreço
pelas Escrituras. O ESPÍRITO da verdade (Jo 14.17), que inspirou as Escrituras
(2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21), aprofundará nosso amor à verdade da Palavra de DEUS
(Jo 16.13; At 2.42; 3.22; 1Jo 4.6). Por outro lado, qualquer suposto batismo no
ESPÍRITO que diminui nosso interesse em ler a Palavra de DEUS e cumpri-la, não
provém de DEUS.
O real batismo no ESPÍRITO SANTO aprofundará nosso amor pelos
demais seguidores de CRISTO e a nossa preocupação pelo seu bem-estar (2.38,
44-46; 4.32-35). A comunhão e fraternidade cristãs, de que nos fala a Bíblia,
somente podem existir através do ESPÍRITO (2Co 13.13).
O genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO deve ser precedido de abandono
do pecado e de completa obediência a CRISTO (2.38). Ele será conservado quando
continuamos na santificação do ESPÍRITO SANTO (2.40; 2Ts 2.13; Rm 8.13; Gl
5.16,17). Daí, qualquer suposto batismo, em que a pessoa não foi liberta do
pecado, continuando a viver segundo a vontade da carne, não pode ser atribuído
ao ESPÍRITO SANTO (2.40; 8.18-21; Rm 8.2-9). Qualquer poder sobrenatural
manifesto em tal pessoa trata-se de atividade enganadora de Satanás (cf. Sl
5.4,5).
O real batismo no ESPÍRITO SANTO fará aumentar o nosso repúdio às
diversões pecaminosas e prazeres ímpios deste mundo, refreando-nos a busca
egoísta de riquezas e honrarias terrenas (20.33; 1Co 2.12; Rm 12.16; Pv 11.28).
O genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO nos trará mais desejo e poder
para testemunhar da obra redentora do Senhor JESUS CRISTO (ver Lc 4.18; At 1.8;
2.38-41; 4.8-20; Rm 9.1-3; 10.1). Inversamente, qualquer suposto batismo no
ESPÍRITO que não resulte num desejo mais intenso de ver os outros salvos por
CRISTO, não provém de DEUS (ver 4.20).
O genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO deve despertar em nós o desejo
de uma maior operação sua no reino de DEUS, e também uma maior operação de seus
dons em nossa vida. As línguas como evidência inicial do batismo devem motivar
o crente a permanecer na esfera dos dons espirituais (2.4, 43; 430; 5.12-16;
68; 87; Gl 3.5).
O autêntico batismo no ESPÍRITO SANTO tornará mais real a obra, a
direção e a presença do ESPÍRITO SANTO em nossa vida diária. Depois de
batizados no ESPÍRITO SANTO, os crentes de Atos tornaram-se mais cônscios da
presença, poder e direção do ESPÍRITO SANTO (4.31; 6.5; 9.31; 10.19; 13.2, 4,
52; 15.28; 16.6,7; 20.23). Inversamente, qualquer suposto batismo no ESPÍRITO
SANTO que não aumentar a nossa consciência da presença do ESPÍRITO SANTO, nem
aumentar o nosso desejo de obedecer à sua orientação, nem reafirmar o nosso
alvo de viver diante dEle de tal maneira a não o entristecer nem suprimir o seu
fervor, não provém de DEUS.
O FALAR EM LÍNGUAS
At 2.4 “E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO e começaram a falar
em outras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem.”
O falar noutras línguas, ou a glossolália (gr. glossais lalo), era
entre os crentes do NT, um sinal da parte de DEUS para evidenciar o batismo no
ESPÍRITO SANTO (ver 2.4; 10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico para o viver na
plenitude do ESPÍRITO continua o mesmo para os dias de hoje.
O VERDADEIRO FALAR EM LÍNGUAS. (1) As línguas como manifestação do
ESPÍRITO. Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do ESPÍRITO
SANTO, i.e., uma expressão vocal inspirada pelo ESPÍRITO, mediante a qual o
crente fala numa língua (gr. glossa) que nunca aprendeu (2.4; 1Co 14.14,15).
Estas línguas podem ser humanas, i.e., atualmente faladas (2.6), ou
desconhecidas na terra (cf. 1Co 13.1). Não é “fala extática”, como algumas
traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à “expressão vocal extática”
para referir-se ao falar noutras línguas pelo ESPÍRITO.
Línguas como sinal externo inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO.
Falar noutras línguas é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o
espírito do crente e o ESPÍRITO SANTO se unem no louvor e/ou profecia. Desde o
início, DEUS vinculou o falar noutras línguas ao batismo no ESPÍRITO SANTO
(2.4), de modo que os primeiros 120 crentes no dia do Pentecoste, e os demais
batizados a partir de então, tivessem uma confirmação física de que realmente
receberam o batismo no ESPÍRITO SANTO (cf. 10.45,46). Desse modo, essa
experiência podia ser comprovada quanto a tempo e local de recebimento. No
decurso da história da igreja, sempre que as línguas como sinal foram
rejeitadas, ou ignoradas, a verdade e a experiência do Pentecoste foram
distorcidas, ou totalmente suprimidas.
As línguas como dom. Falar noutras línguas também é descrito como
um dos dons concedidos ao crente pelo ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10). Este dom
tem dois propósitos principais: (a) O falar noutras línguas seguido de
interpretação, também pelo ESPÍRITO, em culto público, como mensagem verbal à
congregação para sua edificação espiritual (1Co 14.5,6,13-17). (b) O falar
noutras línguas pelo crente para dirigir-se a DEUS nas suas devoções
particulares e, deste modo, edificar sua vida espiritual (1Co 14.4). Significa
falar ao nível do espírito (14.2,14), com o propósito de orar, dar graças
(14.16,17) ou cantar (14.15; ver 1Co 14).
OUTRAS LÍNGUAS, PORÉM, FALSAS. O simples fato de alguém falar
“noutras línguas”, ou exercitar outra manifestação sobrenatural não é evidência
irrefutável da obra e da presença do ESPÍRITO SANTO. O ser humano pode imitar
as línguas estranhas como o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não
crermos em todo espírito, e averiguarmos se nossas experiências espirituais
procedem realmente de DEUS (ver 1Jo 4.1).
Somente devemos aceitar as línguas se elas procederem do ESPÍRITO
SANTO, como em 2.4. Esse fenômeno, segundo o livro de Atos, deve ser espontâneo
e resultado do derramamento inicial do ESPÍRITO SANTO. Não é algo aprendido,
nem ensinado, como por exemplo instruir crentes a pronunciar sílabas sem nexo.
O ESPÍRITO SANTO nos adverte claramente que nestes últimos dias
surgirá apostasia dentro da igreja (1Tm 4.1,2); sinais e maravilhas operados
por Satanás (Mt 7.22,23; cf. 2Ts 2.9) e obreiros fraudulentos que fingem ser
servos de DEUS (2Pe 2.1,2).
Se alguém afirma que fala noutras línguas, mas não é dedicado a
JESUS CRISTO, nem aceita a autoridade das Escrituras, nem obedece à Palavra de
DEUS, qualquer manifestação sobrenatural que nele ocorra não provém do ESPÍRITO
SANTO (1 Jo 3.6-10; 4.1-3; cf. Gl 1.9; Mt 24.11-24, Jo8.31).
PNEUMATOLOGIA
ÍNDICE
I. A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO
1. A Personalidade do ESPÍRITO SANTO
2. Nomes Divinos São Dados ao ESPÍRITO SANTO
3. Símbolos do ESPÍRITO SANTO
II. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
1. O ESPÍRITO SANTO na Criação
2. O ESPÍRITO SANTO Antes do Dilúvio
3. O ESPÍRITO SANTO nos Líderes do Antigo Testamento
4. O ESPÍRITO SANTO em João Batista
5. O ESPÍRITO SANTO em CRISTO
6. O ESPÍRITO SANTO em Relação ao Crente
III. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
1. O Dia de Pentecoste
2. Para Quem é a Promessa?
3. A Natureza Deste Batismo
4. Evidência do Batismo com o ESPÍRITO SANTO
IV. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
1. Os Dons do ESPÍRITO SANTO em 1 Coríntios
2. Classificação dos Dons Espirituais
3. Dons de Revelação
4. Dons de Poder
5. Dons de Inspiração
INTRODUÇÃO
Por muitos anos, principalmente nos anos anteriores ao
despertamento pentecostal iniciado no começo deste Século, o ESPÍRITO SANTO era
a Pessoa menos conhecida dentre as Pessoas da Santíssima Trindade. Porém, com o
surgimento do Movimento Pentecostal, quando DEUS fez soprar o vento do seu
ESPÍRITO em maior profusão, o ESPÍRITO SANTO veio a conquistar no conceito
cristão a sua verdadeira posição em relação ao Pai e ao Filho.
A despeito de tudo isto, no entanto, reconhecemos haver muito erro
e confusão em nossos dias no tocante à personalidade, operações e
manifestações do ESPÍRITO SANTO. Eruditos, conscientes, mas equivocados, têm
sustentado pontos de vista errôneos e contrários às Escrituras a respeito
desse singular personagem da Trindade Divina. É vital, portanto, para a fé de
todo crente sincero, que o ensino bíblico a respeito do ESPÍRITO SANTO seja
mantido em bases seguras e em suas corretas proporções. Só assim serão evitados
os extremos quanto ao assunto: evitando ou dando ênfase demasiada e até
antibíblica à Pessoa e obra do ESPÍRITO SANTO.
I. A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO
A natureza do ESPÍRITO SANTO se evidencia através da sua
personalidade singular, da sua divindade, dos seus nomes e símbolos conforme
revelam o Antigo e o Novo Testamento.
1. A Personalidade do ESPÍRITO SANTO
A Bíblia apresenta o ESPÍRITO SANTO como um Ser dotado de
personalidade, isto é, que possui ou contém em si mesmo os elementos de
existência pessoal, em contraste com a existência impessoal (Teologia Elementar
– Imprensa Batista –Pág. 163).
Pode-se dizer que a personalidade existe quando se encontram em uma
única combinação, inteligência, emoção e volição, ou ainda autoconsciência e
autodeterminação. Deste modo, ao usarmos o termo "pessoa",
aplicando-o aos membros da Trindade, deve ser entendido em sentido qualitativo
ou limitado, e não em organismos separados, confundindo-o com corporalidade,
conforme usamos o termo em relação ao homem.
A Bíblia mostra a personalidade do ESPÍRITO SANTO quando diz que:
Ele cria e dá vida (Jó 33.4).
Ele nomeia e comissiona ministros (Is 48.16; At 13.2; 20.28).
Ele dirige onde os ministros devem pregar (At 16.6,7).
Ele instrui o que os ministros devem pregar (1 Co 2.14).
Ele falou através dos profetas (At 1.16; 1 Pd 1.11,12; 2 Pd 1.21).
Ele contende com os pecadores (Gn 6.3).
Ele reprova (Jo 16.8).
Ele consola (At 9.31).
Ele nos ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26).
Ele ensina (Jo 14.26; 1 Co 12.3).
Ele guia (Jo 16.13).
Ele santifica (Rm 15.16; 1 Co 6.11).
Ele testifica de CRISTO (JO 15.26).
Ele glorifica a CRISTO (Jo 16.14).
Ele tem poder próprio (Rm 15.13).
Ele sonda tudo (Rm 11.33,34; 1 Co 10,11).
Ele age segundo a sua vontade (1 Co 12.11).
Ele habita com os santos (Jo 14.17).
Ele pode ser entristecido (Ef 4.30).
Ele pode ser envergonhado (Is 63.10).
Ele pode sofrer resistência (At 7.51).
Ele pode ser tentado (At 5.9).
2.Nomes Divinos São Dados ao ESPÍRITO SANTO
O ESPÍRITO SANTO é chamado DEUS: "Então disse Pedro: Ananias,
por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO?...
Não mentiste aos homens, mas a DEUS" (At 5.3,4).
O ESPÍRITO SANTO também é chamado SENHOR: "E todos nós com o
rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
ESPÍRITO" (2 Co 3.18).
Além de nomes, o ESPÍRITO SANTO detém atributos divinos, como:
Eternidade (Hb 9.14).
Onipresença (Sl 139.7-70).
Onipotência (Lc 1.35).
Onisciência (1 Co 2.10).
Outra incontestável prova da divindade do ESPÍRITO SANTO é que Ele
realiza trabalhos exclusivos de DEUS. Por exemplo:
Foi o ESPÍRITO SANTO quem comunicou vida à criação (Gn 1.2).
É o ESPÍRITO SANTO quem transforma o homem pecador em uma nova
criatura, por meio do novo nascimento (Jo 3.3-8).
Foi o ESPÍRITO SANTO quem levantou a CRISTO da morte, mediante a
ressurreição (Rm 8.11).
No decorrer de toda a Escritura, o ESPÍRITO SANTO é chamado:
• ESPÍRITO de DEUS (1 Co 3.16; Gn 1.2).
ESPÍRITO de CRISTO (Rm 8.9).
ESPÍRITO SANTO (At 1.5).
ESPÍRITO de Vida (Rm 8.2).
ESPÍRITO de Adoção (Rm 8.5; Gl 4.5,6).
3.Símbolos do ESPÍRITO SANTO
A Bíblia é um livro de figuras e símbolos. De forma específica, o
ESPÍRITO SANTO é mostrado nas Escrituras também através de símbolos, dentre os
quais se destacam os seguintes:
a) O Fogo
"Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos
com água, mais eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não
sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o ESPÍRITO
SANTO e com fogo” (Lc 3.16).
O fogo, como símbolo do ESPÍRITO SANTO, fala da sua grande força em
relação às diversas maneiras de sua operação, para corrigir os defeitos da
nossa natureza decaída e conduzir-nos à perfeição que deve adornar os filhos de
DEUS. Mais do que isto, o fogo fala da ação purificadora do ESPÍRITO SANTO.
b) O Vento
"E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados" (At 2.2).
JESUS falou do vento como símbolo do ESPÍRITO SANTO. O vento apesar de
invisível, é real. Não podemos tocá-lo nem o compreender, mas o sentimos. A sua
ação independe do querer ou não do homem. Isto fala da ação soberana do
ESPÍRITO SANTO.A mesma palavra "pneuma", que é usada em referência
ao ESPÍRITO, é também traduzida por "vento", “ar” ou “fôlego”.
c) Água, Rio, Chuva
"E no último, o grande dia da festa, JESUS pôs-se em pé, e
clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como
diz a Escritura, rios dágua viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do
ESPÍRITO que haviam de receber os que nele cressem; porque o ESPÍRITO SANTO
ainda não fora dado, por ainda JESUS não ter sido glorificado" (Jo
7.37-39).
d) Óleo, Azeite
"E me disse: Que vês? Eu disse: Olho, e eis um castiçal todo
de ouro, e um vaso de azeite no cimo, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada
posta no cimo tinha sete canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à
direita do vaso de azeite, e outra à esquerda. E falei, e disse ao anjo que
falava comigo, dizendo: Senhor meu, que é isto? Então respondeu o anjo que
falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isto é? E eu disse: Não, senhor
meu. E respondeu, e me falou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel,
dizendo: Não por força nem por violência, mas pelo meu ESPÍRITO, diz o Senhor
dos Exércitos" (Zc 4.2-6).
Simbolizando o ESPÍRITO SANTO, o óleo era usado nas solenidades
consagratórias de profetas, sacerdotes e reis em Israel. É considerado símbolo
do ESPÍRITO SANTO porque era usado nos rituais do Antigo Testamento,
correspondendo à operação real do ESPÍRITO SANTO na vida do crente hoje.
e) Selo
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e tendo nele também crido, fostes
selados com o ESPÍRITO SANTO da promessa" (Ef 1.13). O selo é prova de
propriedade, legitimidade, autoridade, segurança ou preservação. Estas
palavras expressam a situação daqueles que foram selados pelo ESPÍRITO SANTO.
f) A Pomba
"E, sendo JESUS batizado, saiu logo da água, e eis que se
abriram os céus, e viu o ESPÍRITO de DEUS descendo como pomba e vindo sobre
ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo" (Mt 13.16,17). O ESPÍRITO SANTO veio sobre os discípulos no dia
de Pentecoste, em forma de fogo - havia o que queimar. Sobre JESUS, no entanto,
veio em forma corpórea duma pomba-símbolo da pureza e da inocência de CRISTO.
II. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
A dispensação em que vivemos atualmente é um tempo oportuno para
as atividades especiais do ESPÍRITO SANTO entre os homens, como aquele sobre
quem pesa a responsabilidade de alcançar todo este vasto Universo,
encaminhando os homens para DEUS. Entretanto, sabemos que o mesmo ESPÍRITO
também exerceu as suas atividades em tempos mais remotos. Muito antes do
alvorecer dos tempos, Ele já existia como a terceira Pessoa da Trindade
divina.
1.O ESPÍRITO SANTO na Criação
Muito antes de o homem aparecer na terra e mesmo antes da terra
existir, o ESPÍRITO SANTO já existia. A primeira parte de Gênesis 1.2
apresenta uma cena singular: a terra, uma massa informe, vazia e escura. Foi
então que um raio de esperança brilhou, iluminando-a, antes mesmo que DEUS
ordenasse o aparecimento da luz. Lemos: "E o ESPÍRITO de DEUS pairava por
sobre as águas". Foi este aspecto diferente o primeiro prenuncio da
perfeição das obras do Criador.Com singular inspiração, disse o patriarca Jó
que DEUS, "pelo seu ESPÍRITO, ornou os céus" (Jó 26.13). Isto é,
através do seu ESPÍRITO, DEUS não apenas formou o Universo, mas também o
embelezou estabelecendo a ordem de ação de cada astro, do menor ao maior.
2.O ESPÍRITO SANTO Antes do Dilúvio
Os primeiros versículos do capítulo seis de Gênesis pintam um
quadro calamitoso. A terra estava corrompida. A maldade do homem não tinha
limites. Era a depravação total da raça humana. Todos os pensamentos do coração
do homem eram maus continuamente (Gn 6.5). Diante disto, concluímos
logicamente, que os homens resistiam ao ESPÍRITO SANTO apesar da sua
persistência em conduzi-los à consciência de erro e uma consequente volta para
DEUS. Face à impenitência do homem, em estado de profunda tristeza, disse DEUS
a Noé: "O meu ESPÍRITO não agirá para sempre no homem" (Gn 6.3).
Apesar disto, DEUS ainda deu ao homem uma oportunidade que durou
cerca de cento e vinte anos. Mesmo assim, em atitude de rebeldia contra DEUS e
o seu ESPÍRITO SANTO, o homem continuou na escalada do pecado, culminando com
a destruição trazida pelo Dilúvio.
3.O ESPÍRITO SANTO nos Líderes do Antigo Testamento
Dentre os grandes vultos do Antigo Testamento, em cujas vidas o
ESPÍRITO SANTO encontrou lugar para operar, se destacam José do Egito, Moisés,
os setenta anciões de Israel, Bezaleel, Josué, Otoniel, Gideão, Jefté, Sansão,
Saul e Davi. Por esta razão a história narrada no Antigo Testamento os destaca
dos seus contemporâneos.
Foi pela ação do ESPÍRITO SANTO que,
José se evidenciou com capacidade de revelar mistérios e com
sabedoria para administrar (Gn 41. 8,38).
Moisés mostrou autoridade divina para liderar e sabedoria para
legislar sobre o povo de DEUS (Is 63.11).
Os setenta anciãos mostraram habilidade como cooperadores na
condução dos filhos de Israel durante a peregrinação no deserto (Nm 11.16,17,
25).
Bezaleel recebeu capacidade para construir o tabernáculo e para
ensinar a outros o mesmo serviço (Ex 31.1-4; 35.34).
Otniel adquiriu sabedoria para julgar Israel (Jz 3.10,11).
Gideão encontrou coragem para lutar (Jz 6.34).
Jefté lutou e venceu os Amonitas (Jz 11.29).
Sansão encontrou força para libertar o seu povo que gemia sob o
jugo da escravidão dos filisteus (Jz 14.19; 15.14).
Saul foi contado entre os profetas, e assim continuou enquanto
temeu ao Senhor (1 Sm 10.6,10).
Davi encontrou forças para ser rei, poeta, cantor e profeta (1 Sm
16.13).
Os profetas trabalharam e agiram no poder do ESPÍRITO, ministrando
não para si mesmos, mas para nós da atual geração (Ez 2.2; 2 Pd 1.21).
4.O ESPÍRITO SANTO em João Batista
A João Batista estava destinada uma missão de grande interesse dos
céus. Por isso o ESPÍRITO SANTO se manifestou nele (desde o ventre de sua
mãe), de modo especial (Lc 1.15). Foi cheio do ESPÍRITO SANTO, pois nenhuma
missão divina de grande relevância pode ser realizada, a não ser pela unção do
ESPÍRITO SANTO.
A presença do ESPÍRITO SANTO no ministério de João Batista se
evidencia: ela autoridade com que exortava o povo a preparar o caminho do
Senhor (Lc 3.2-4); Pela firmeza com que anunciava a salvação de DEUS, a
manifestar-se em CRISTO (Lc 3.5,6); Pela energia com que denunciava o pecado do
seu povo, conclamando-o ao arrependimento, para escapar do juízo iminente,
qual machado já posto à raiz da árvore (Lc 3.7-9); Pela segurança com que
ensinava o caminho de retorno a DEUS (Lc 3.10-14); Pela convicção com que
predizia o caráter sobrenatural do ministério de JESUS, de quem era precursor
(Lc 3.15-18); Pela imparcialidade com que protestava contra o pecado do rei
Herodes (Lc 3.19).
5.O ESPÍRITO SANTO em CRISTO
Ninguém melhor que JESUS se identificou de forma tão plena com o
ESPÍRITO SANTO. Essa relação salienta a pessoa de JESUS CRISTO como alguém
a) Concebido pelo ESPÍRITO SANTO (Lc 1.35).
b) Ungido com o ESPÍRITO SANTO (At 10.38).
c)Guiado pelo ESPÍRITO SANTO (Mt 4.1).
d) Cheio do ESPÍRITO SANTO (Lc 4.1).
e)Que realizou o seu ministério no poder do ESPÍRITO SANTO (Lc
4.18,19).
f) Que se ofereceu em sacrifício pelo ESPÍRITO (Hb 9.14).
g)Que ressuscitou pelo poder do ESPÍRITO (Rm 8.11).
h)Que deu mandamento aos apóstolos após a ressurreição- por
intermédio do ESPÍRITO SANTO (At 1.1,2).
i) Doador do ESPÍRITO SANTO (At 2.33).
JESUS CRISTO viveu toda a sua vida terrena dependendo inteiramente
do ESPÍRITO SANTO e a Ele se sujeitou.
6. O ESPÍRITO SANTO em Relação ao Crente
Quanto à pessoa do crente, o ESPÍRITO SANTO nele opera:
regenerando-o (Jo 3.3-6).
batizando-o no corpo de CRISTO (Jo 1.32-34).
habitando nele (1 Co 6.15-19).
selando-o (Ef 1.13,14).
proporcionando-lhe segurança (Rm 8.14-16).
fortalecendo-o (Ef 3.16).
enchendo-o da sua virtude (Ef 5.18-20).
libertando-o da lei do pecado e da morte (Rm 8.2).
guiando-o (Rm 8.14).
chamando-o para serviço especial (At 13.2,4).
orientando-o para serviço especial (At 8.27-29).
iluminando-o (1 Co 2.12-14).
instruindo-o (Jo 16.13,14).
capacitando-o (1 Ts 1.5).
III. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
O evento do batismo com o ESPÍRITO SANTO não deveria surpreender,
nem confundir os estudantes das Escrituras, pois é uma bênção já prometida,
relacionada com o plano divino da salvação em CRISTO, predito por Joel, Isaias,
João Batista e JESUS (At 2.16-18; Is 44.3; Mt 3.11; Jo 14.16,17).
1. O Dia de Pentecoste
O dia de Pentecoste foi um dia singular para a Igreja e continua
sendo; é que nesse dia aprouve a DEUS, por intercessão de JESUS CRISTO, enviar
o ESPÍRITO SANTO, a ocupar no mundo e de forma mais precisa, no seio da Igreja,
uma posição sem paralelo em toda a história da humanidade. Nesse dia cerca de
cento e vinte frágeis discípulos de JESUS foram cheios do ESPÍRITO SANTO e
dotados do poder de testemunhar do Evangelho.
Como resultado da experiência do Pentecoste, Pedro pregou com tal
autoridade, que cerca de três mil preciosas almas se renderam aos pés de JESUS.
Com autoridade sobrenatural acusou os seus ouvintes judeus de haver entregado à
morte o Filho de DEUS, e exortou-os a se arrependerem de seus pecados. Isto
disse como prelúdio, para logo informar-lhes de que a conversão a CRISTO
resultaria em receberem a mesma experiência que observavam, com sinais
poderosamente evidentes (At 2.14-41). Atente com interesse para este fato.
Pedro proclamou ter a promessa do batismo com o ESPÍRITO referência a todos os
homens e não somente àqueles que constituíam a assembleia ali reunida.
2. Para Quem é a Promessa?
"E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de JESUS CRISTO, para perdão dos pecados; e recebereis o dom
do ESPÍRITO SANTO; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e
a todos os que estão longe; a tantos quantos DEUS nosso Senhor chamar"
(At 2.38,39). De acordo com estas palavras de Pedro, note a extensão e alcance
da promessa do batismo com o ESPÍRITO SANTO:
1° A promessa é para vós - os judeus ali presentes, representando
os demais compatriotas, isto é, a nação com a qual DEUS fizera a antiga
aliança.
2° Para os vossos filhos -os que existiam então e as gerações
sucessivas.
3° Para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor nosso DEUS chamar - para todos, universalmente, para os gentios e para
qualquer indivíduo que responda à chamada de DEUS, através do Evangelho para a
salvação em .CRISTO.
A promessa de Atos 2.39 indica que a gloriosa experiência do
batismo com o ESPÍRITO SANTO foi designada por DEUS para todos os crentes,
desde o dia de Pentecoste até o fim da presente dispensação. O enchimento do
ESPÍRITO SANTO, assinalado pelo falar noutras línguas, como aconteceu no dia de
Pentecoste, deveria ser o modelo para essa experiência, para qualquer
indivíduo, através da dispensação da Igreja.
3.À Natureza Deste Batismo
Várias palavras e expressões são usadas na Bíblia para simbolizar e
descrever a vinda do ESPÍRITO SANTO aos crentes, e seu ministério através
destes. Algumas dessas expressões, são:
a) Derramamento
Esta expressão das Escrituras é usada frequentemente para designar
a vinda do ESPÍRITO SANTO à vida do crente. O sentido original da palavra se
refere à comunicação de alguma coisa vinda do céu, com grande abundância.(Jl
2.28,29).
b) Batismo
O recebimento do ESPÍRITO SANTO é figurado como batismo: uma
total, gloriosa e sobrenatural imersão do Divino ESPÍRITO, o que revela a
maneira gloriosa como o ESPÍRITO SANTO envolve, enche e penetra a alma do
crente. Assim todo o nosso ser se torna saturado e dominado com a presença
refrigeradora de DEUS, pelo seu ESPÍRITO SANTO.
c) Enchimento
Quando o ESPÍRITO veio sobre os discípulos no cenáculo, foram
cheios do ESPÍRITO. Evidenciaram estar cheios, a ponto de parecerem estar
"embriagados" (At 2.3).
Esse enchimento não se deu em gotas, caídas como que através dum
crivo. Não. No Pentecoste a plenitude do ESPÍRITO os encheu inteiramente, de
tal modo que andavam de um lado para outro, falando em novas línguas.
4. Evidência do Batismo com o ESPÍRITO SANTO
Todos os casos de batismos com o ESPÍRITO SANTO relatados no livro
de Atos, constituem uma sólida base para a afirmação de que o falar em línguas
estranhas é a evidência física inicial de que o crente foi batizado com o
ESPÍRITO SANTO. Detenhamo-nos um pouco em analisar os cinco casos distintos
como são apresentados no referido livro.
a) No Dia de Pentecoste
"E todos foram cheios do ESPÍRITO SANTO, e começaram a falar
noutras línguas, conforme o ESPÍRITO SANTO lhes concedia que falassem" (At
2.4). Esta foi a primeira manifestação do ESPÍRITO SANTO, após JESUS ter dito:
"...e vós sereis batizados com o ESPÍRITO SANTO, não muito depois destes
dias" (At 1.5). A demonstração comum ou evidência física inicial de que
todos os presentes no cenáculo foram cheios do ESPÍRITO SANTO, foi que todos
falaram em línguas estranhas; línguas que não haviam aprendido, faladas, portanto,
pela operação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO.
b) Entre os Crentes Samaritanos
"Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que
Samaria recebera a Palavra de DEUS, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo
descido, oraram por eles para que recebessem o ESPÍRITO SANTO. (Porque sobre
nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do
Senhor JESUS). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o ESPÍRITO SANTO"
(At 8.14-17).
Ainda que o texto bíblico citado não mostre explicitamente que os
samaritanos hajam falado em línguas estranhas como evidência do batismo com o
ESPÍRITO SANTO, estudiosos das Escrituras são da opinião de que eles tenham
falado em línguas; pois, se não houvesse a manifestação das línguas, como os
apóstolos teriam notado a diferença entre eles antes e depois da oração com
imposição de mãos? Lucas diz que "Simão, vendo que pela imposição das mãos
dos apóstolos era dado o ESPÍRITO SANTO, lhes ofereceu dinheiro..."(At
8.18). Simão não seria suficientemente tolo a ponto de propor dinheiro para
adquirir poderes para realizar operações espirituais abstratas. Ele almejava
poderes para operar fenômenos como os que ele via e ouvia naquele momento.
c) Sobre Saul em Damasco
"E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos,
disse: Irmão Saulo, o Senhor JESUS, que te apareceu no caminho por onde vinhas,
me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do ESPÍRITO SANTO, e logo lhe
caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se,
foi batizado" (At 9.17,18). Também no caso de Saulo, o texto bíblico não
diz explicitamente que ele tenha falado em línguas, porém diz que ele foi
cheio do ESPÍRITO. Ora, se é válido admitir que ele foi cheio do ESPÍRITO SANTO
naquele momento, por que, então, duvidar que ele haja falado em línguas? Do
punho do próprio Paulo lemos as seguintes palavras: "Dou graças a DEUS,
Porque falo mais línguas do que vós todos" (1 Co 14.18).
d) Em Casa do Centurião Cornélio
"E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO
sobre todos que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO
se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e
magnificar a DEUS" (At 10.44-46). Foi a ênfase dada por Pedro e seus
companheiros a que os gentios em Cesaréia haviam recebido o dom do ESPÍRITO
SANTO, tal qual eles no dia de Pentecoste, que apaziguou os ânimos dos apóstolos
em Jerusalém, de sorte que disseram: "Na verdade até aos gentios deu DEUS
arrependimento para a vida!"(At 11.18).
e) Sobre os Discípulos em Éfeso
"E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o ESPÍRITO
SANTO; e falavam línguas e profetizavam" (At 19.6). Observe: vinte anos
após o dia de Pentecoste, o batismo com o ESPÍRITO SANTO ainda era acompanhado
com a evidência inicial de falar línguas estranhas. Esta evidência satisfazia
não só a um dos requisitos da doutrina apostólica quanto à manifestação do
ESPÍRITO SANTO, como também cumpria a promessa de JESUS: "Estes sinais
seguirão aos que crêem: ...falarão novas línguas" (Marc 16.17).
Crisóstomo, um dos grandes mestres da Igreja antiga, afirmou, muitos anos após
os dias de Paulo: "Quem quer que fosse batizado nos dias apostólicos, logo
falava línguas: recebiam eles o ESPÍRITO SANTO".
IV. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Dentre as insondáveis riquezas espirituais que DEUS coloca à
disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do
ESPÍRITO SANTO, apresentados pelo apóstolo Paulo" (1 Co 12.11) como
agentes de poder e de vitória desta mesma Igreja.
O professor Antônio Gilberto define dons do ESPÍRITO SANTO como
sendo "uma dotação ou concessão especial e sobrenatural de capacidade
divina para serviço especial da execução do propósito divino para a Igreja e
através dela". Em resumo - "é uma operação especial e sobrenatural do
ESPÍRITO SANTO por meio do crente". Numa definição mais resumida, Stanley
Horton define os dons do ESPÍRITO SANTO como sendo "faculdades da pessoa
divina operando no homem".
1.Os Dons do ESPÍRITO SANTO em 1 Coríntios
Escreve o apóstolo Paulo que “... a um é dada, mediante o
ESPÍRITO, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo ESPÍRITO, a
palavra do conhecimento; a outro, no mesmo ESPÍRITO, fé; e a outro no mesmo
ESPÍRITO, dons de curar; a outro, operação de milagres; a outro, profecia; a
outro, discernimento de espíritos; a um variedade de línguas; e a outro,
capacidade para interpretá-las" (1 Co 12.8-10).
Vale ressaltar que os dons são do ESPÍRITO SANTO e não daqueles
através dos quais eles operam. A torneira não pode dizer de si mesma: "Eu
produzo água", pois seria uma inverdade. Quem produz água é a fonte. A
torneira é apenas o canal através do qual a água flui. Os dons são do ESPÍRITO
SANTO, e, através deles, o ESPÍRITO opera em quem quer, como quer, quando quer
e onde quer, com a finalidade precípua de edificar a Igreja, o corpo vivo de
CRISTO.
2.Classificação dos Dons Espirituais
Para melhor apresentação dos dons do ESPÍRITO SANTO, alguns
estudiosos têm usado classificá-los da seguinte maneira:
a) Dons de Revelação:
• Palavra do conhecimento
Palavra da sabedoria
Discernimento de espíritos
b) Dons de Poder:
Dons de curar
Operação de milagres
Fé
c) Dons de Inspiração:
Variedade de línguas
Interpretação das línguas
Profecia
Frank M. Boyd declarou que "a menos que os dons do ESPÍRITO
sejam claramente definidos e cuidadosamente classificados em primeiro lugar,
seu propósito não será entendido e podem ser mal-usados; a glória do Senhor
pode ser roubada; e a Igreja pode deixar de receber grandes benefícios que
esses dons devem trazer".
3. Dons de Revelação
Os dons de revelação são não somente necessários, mas igualmente
indispensáveis àqueles que cuidam do governo e orientação da Igreja do Senhor
JESUS CRISTO na terra. Desde os mais remotos tempos do Antigo Testamento, esta
categoria de dons esteve em evidência no ministério de juízes, sacerdotes, reis
e profetas condutores do povo de Israel.
a) Palavra do Conhecimento
Este dom tem sido definido como sendo a revelação sobrenatural
dalgum fato que existe na mente de DEUS, mas que o homem, devido às suas
naturais limitações, não pode conhecer, a não ser que o ESPÍRITO SANTO lhe
revele. Exemplos da manifestação deste dom são encontrados nos ministérios de
Samuel, Eliseu, Aías, JESUS, Pedro e Paulo (1 Sm 9.15,20; 10.22; 2 Rs 5.20,26;
6.8; 1 Rs 14.6; Jo 1.48; 4.18; Lc 19.5; Mt 16.23; At 5.3,4). Através deste dom,
segredos do mais profundo do coração são revelados, enquanto obstáculos ao
desenvolvimento da Igreja são manifestos, e desmascarada toda e qualquer
hipocrisia. Este dom é de grande importância para o ministério ordinário da
Igreja, pois pode apontar os maus obreiros, possíveis candidatos ao ministério
cristão.
b) Palavra da Sabedoria
Este dom é uma palavra (uma proclamação, uma declaração) de
sabedoria, dada por DEUS através da revelação do ESPÍRITO SANTO, para
satisfazer a necessidade de solução urgente dum problema particular. Não se
deve confundi-lo, portanto, com a sabedoria num sentido amplo e geral. Não
depende da habilidade cultural humana de solucionar problemas, pois é uma
revelação do conselho divino. Nos domínios do ministério cristão, este dom se
aplica tanto ao ensino da doutrina bíblica, quanto à solução de problemas em
geral.
c) Discernimento de Espíritos
Através deste dom, DEUS revela ao crente a fonte e o propósito de
toda e qualquer forma de poder espiritual. Através dele o ESPÍRITO SANTO
revelou a Paulo que tipo de espírito operava na jovem de Filipos, (At 16.18) e
fez Paulo resistir a Elimas, condenando-o à cegueira (At 13.11). Note que não
se trata do "dom" de julgar ou fazer juízo doutras pessoas. Este é
sem dúvida um dos dons de maior valia para o ministro nos dias hodiernos, pois,
em meio a tanta contrafação e imitação nos domínios da fé e da religião, o
obreiro a quem falte este dom, estará em apuros, pondo em risco a integridade
da doutrina e da segurança do rebanho que DEUS lhe confiou.
4. Dons de Poder
Os dons de poder formam o segundo grupo dos dons do ESPÍRITO SANTO,
e existem em função do sucesso e do cumprimento da grande comissão dada por
JESUS CRISTO. Como o Evangelho é o poder de DEUS, é natural que tenha a sua
pregação confirmada com sinais e maravilhas sobrenaturais, que ratificam esse
Evangelho e lhe dão patente divina.
a) Dons de Curar
No grego o dom (curar), como o seu efeito, está no plural, o que
dá a entender que existe uma variedade de modos na operação deste dom. Assim,
um servo de DEUS pode não ter todos os dons de curar, e, por isso, às vezes,
muitos não são curados por sua intercessão. Por exemplo, Paulo orou pelo pai de
Públio, que se achava com febre e desinteira, na ilha de Malta, e JESUS o curou
(At 28.8), porém foi forçado a deixar o seu amigo Trófimo doente em Mileto (2
Tm 4.20). Como são diferentes os tipos de enfermidades, é evidente que há um
dom de cura para cada tipo de enfermidade: orgânica, psicossomática ou de
patogenia espiritual.
b) Operação de Milagres
Ambas as palavras aparecem no original grego, no plural, o que
sugere que há uma variedade de modos de milagres e de atos de poder. Por
milagres ou maravilhas, entende-se todo e qualquer fenômeno que altera uma lei
preestabelecida. "Milagres" e "Maravilhas" são plurais da
palavra "poder" em Atos 1.8, que significa: atos de poder
grandiosos, sobrenaturais, que vão além do que o homem pode ver. A operação de
milagres só acontece em relação às operações de DEUS (Mt 14.2; Marc 6.14; Gl
4.5; Fp 3.21) ou de Satanás (2 Ts 2.7,9; Ef 2.2). Nesses atos de poder de DEUS
que infligem derrota a Satanás, poderíamos incluir o juízo de cegueira sobre
Elimas, o mágico (At 3.9-11) e a expulsão de demônios.
Também pode ser classificado como milagre o resultado da operação
divina na cura de determinadas enfermidades, para as quais ainda não existe
remédio, como por exemplo: certos tipos de câncer, alguns tipos de cegueira,
surdez, mudez, e determinados tipos de paralisia etc.
c) Fé
O dom da fé envolve uma fé especial, diferente da fé para salvação,
ou da fé que é mostrada por Paulo como um dos aspectos do fruto do ESPÍRITO em
Gaiatas 5.22. O dom da fé traduz uma fé especial e sobrenatural, verdadeiro
apelo a DEUS no sentido de que Ele intervenha, quando todos os recursos humanos
se têm esgotado. Foi este o tipo de fé com o qual foram dotados os grandes
heróis mostrados na galeria de Hebreus 11.
5. Dons de Inspiração
Este é o terceiro e último grupo dos nove dons do ESPÍRITO SANTO
registrados pelo apóstolo Paulo no capítulo 12 da sua primeira epístola aos
Coríntios. Ao contrário dos dois primeiros grupos de dons, em geral exercidos
pelo ministério responsável pela administração da Igreja, este último grupo
tem se feito experiência comum para os crentes em geral.
a) Variedade de Língua
Variedade de línguas é a expressão falada e sobrenatural duma
língua nunca estudada pela pessoa que fala; uma palavra anunciada pelo poder do
ESPÍRITO SANTO, não compreendida por quem fala, e usualmente incompreensível
para a pessoa que a ouve. Nada tem a ver com a facilidade de assimilar línguas
estrangeiras (poliglotismo); tampouco tem a ver com o intelecto. É a
manifestação da mente de DEUS por intermédio dos órgãos da fala do ser humano
(glossolália).
b) Interpretação das Línguas
O dom de interpretação de línguas é o único dos nove dons
espirituais cuja existência ou função, depende de outro dom - a variedade de
línguas. Consequentemente, não havendo o dom de variedade de línguas, não pode
haver a interpretação de línguas. “Interpretação" aqui não é a mesma coisa
que tradução. A interpretação geralmente alonga-se mais que a simples
tradução. O dom de interpretação de línguas revela o poder, a riqueza, a
soberania e a sabedoria de DEUS. Por certo que este dom não implica em que haja
algum tipo de conhecimento do idioma por parte do intérprete. A interpretação
de línguas é em si mesma um dom tão miraculoso quanto o é o próprio dom de
variedade de línguas.
c) Profecia
A profecia é uma manifestação do ESPÍRITO de DEUS e não da mente do
homem, e é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso (1 Co 12.7). Embora
o dom da profecia nada tenha a ver com os poderes normais do raciocínio humano,
pois é algo muito superior, isso não impede que qualquer crente possa
exercitá-lo: "Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos
aprenderem e serem consolados" (1 Co 14.31). Ainda que nalguns casos o dom
da profecia possa ser exercido simultaneamente com a pregação da Palavra, é
evidente que esse dom é dotado de um elemento sobrenatural, não devendo,
portanto, ser confundido com a simples habilidade de pregar o Evangelho.
“Edificação", "exortação" e "consolação" são os três
elementos básicos da profecia, e a razão de ser e de existir desse dom.
Portanto, a profecia não deve ser exercida com propósito governativo da igreja
local.
Eis um resumo dos 9 dons do ESPÍRITO SANTO - Creio que Paulo era
usado em todos estes.
a- Palavra da sabedoria (mensagem do ESPÍRITO SANTO dentro da
Sabedoria de DEUS - Revelação do Futuro).
b- Palavra da ciência (mensagem do ESPÍRITO SANTO dentro da
onipresença de DEUS - revelação de algo no passado ou no presente que está
ocorrendo em outra parte).
c- Dom da fé (Fé sobrenatural para crer no impossível - usada para
ressuscitar mortos).
d- Dons de curar (curas das doenças e das enfermidades - Is 53.4;
Mt 8.17.
e- Operação de maravilhas ou milagres (ação sobrenatural do
ESPÍRITO SANTO na natureza, modificando o estado natural das coisas, quebrando
um alei natural).
f- Profecia (mensagens para edificação, consolação e exortação -
confirmam algo já contido no coração do crente).
g- Dom de discernir os espíritos (revelação da origem de alguma
manifestação demoníaca e poder para expulsar demônios).
h-Variedade de línguas [pelo menos 4 línguas diferentes o crente
batizado no ESPÍRITO SANTO passa a falar - língua do batismo (At 2.4), língua
para falar com estrangeiro (At 2.8), língua para ser interpretado (1 Co 12.10)
e língua de intercessão (Rm 8.26)].
i- Interpretação das línguas (capacitação sobrenatural do ESPÍRITO
SANTO para interpretar uma determinada língua falada por quem tem o dom de
variedade de línguas).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-7-paulo-o-plantador-de.html
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-7-paulo-o-plantador-de.html
Slides
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 3.6-9; Atos 13.1-3;
16.1-5,9,10
1 Coríntios 3
6 - Eu plantei, Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento. 7 - Pelo
que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o
crescimento. 8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o
seu galardão, segundo o seu trabalho. 9 - Porque nós somos cooperadores de
DEUS; vós sois lavoura de DEUS e edifício de DEUS.
Atos 13
1 - Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e
doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e
Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. 2 - E, servindo eles
ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo
para a obra a que os tenho chamado. 3 - Então, jejuando, e orando, e pondo
sobre eles as mãos, os despediram.
Atos 16.1-5,9,10
1 - E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo
discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai
grego, 2 - do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em
Icônio. 3 - Paulo quis que este fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou, por
causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai
era grego. 4 - E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para
serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e
anciãos em Jerusalém 5 - de sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada
dia cresciam em número.
9 - E Paulo teve, de noite, uma visão em que se apresentava um
varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! 10 -
E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que
o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho.
Atos 13.1-3 - BEP - CPAD
13.2 SERVINDO... E JEJUANDO. O cristão cheio do ESPÍRITO é muito
sensível ao que o ESPÍRITO SANTO comunica durante a oração e o jejum (ver Mt
6.16). Aqui, a comunicação da parte do ESPÍRITO SANTO provavelmente foi uma
mensagem dada em profecia (cf. v. 1).
13.2 PARA A OBRA A QUE OS TENHO CHAMADO. Paulo e Barnabé foram
chamados à obra missionária, não temos menção de Paulo quanto a seu sustento
por parte desta igreja, portanto quem o enviou, foi o ESPÍRITO SANTO
pessoalmente (muitas vezes não é a igreja que envia os missionários, vão pela
fé). As características dessa obra estão descritas em At 9.15; 13.5;
22.14,15,21 e At 26.16-18.
(1) Paulo e Barnabé foram chamados para pregar o evangelho e
conduzir homens e mulheres à salvação em CRISTO. As Escrituras não indicam em
lugar nenhum que os missionários do NT foram enviados aos campos para
realizarem trabalhos sociais ou políticos, i.e., propagar o evangelho e fundar
igrejas mediante o exercício de todos os tipos de atividades sociais ou
políticas para o bem da população do Império Romano. O alvo dos missionários
era conduzir pessoas a CRISTO (At 16.31; 20.21), livrá-las do poder de Satanás
(At 26.18), levá-las a receber o ESPÍRITO SANTO (At 19.6) e organizá-las em
igrejas. Nesses novos cristãos, o ESPÍRITO SANTO veio habitar e manifestar-se
através do amor; Ele deu dons espirituais (1 Co 12.1-14.40) e transformou esses
fiéis de tal maneira que suas vidas glorificavam ao seu Salvador. (2) Os
missionários do evangelho de hoje devem ter a mesma atividade prioritária: ser
ministros e testemunhas do evangelho, que levem outros a CRISTO, livrando-os do
domínio de Satanás (At 26.18), fazendo-os discípulos, motivando-os a receber o
ESPÍRITO SANTO e os seus dons (At 2.38; 8.17) e ensinando-os a observar tudo
quanto CRISTO ordenou (Mt 28.19,20). Isto deve ser acompanhado de sinais e
prodígios, cura de enfermos e libertação de oprimidos pelos demônios (At 2.43;
4.30; 8.7; 10.38; Mc 16.17,18). Esta tarefa suprema de pregar o evangelho, no
entanto, deve também incluir atos pessoais de amor, de misericórdia e de
bondade para com os necessitados (cf. Gl 2.10). Deste modo, todos que são
chamados a dar testemunho do evangelho servirão na causa divina segundo o
modelo de JESUS (ver Lc 9.2). A igreja tem o dever de sustentar os missionários
para que não se vejam obrigados a trabalhar num serviço secular para se
sustentarem.
13.3 OS DESPEDIRAM. Com estas palavras começa o grande movimento
missionário da igreja até aos confins da terra (1.8). Os princípios
missionários vistos no capítulo 13 são um modelo para todas as igrejas que
enviam missionários. (1) A atividade missionária é originada pelo ESPÍRITO
SANTO, através de líderes espirituais que estão profundamente dedicados ao
Senhor e ao seu reino, buscando-o com oração e jejum (v. 2). (2) A igreja deve
estar atenta ao ministério e atividade proféticos do ESPÍRITO SANTO e sua orientação
(v. 2). (3) Os missionários que são enviados, devem fazê-lo segundo a chamada e
a vontade específicas do ESPÍRITO SANTO (v. 2b). (4) Mediante a oração e o
jejum, a igreja buscando constantemente estar em harmonia com a vontade do
ESPÍRITO SANTO (vv. 3,4), confirma a chamada divina de determinadas pessoas à
obra missionária. O propósito é que a igreja envie somente aqueles que forem da
vontade do ESPÍRITO SANTO. (5) Pela imposição de mãos e o envio de
missionários, a igreja indica que se compromete a sustentar e assistir os que
saem à obra. A responsabilidade da igreja que envia missionários inclui
demonstrar amor e cuidado para com eles de um modo digno de DEUS (3 Jo 6), orar
por eles (v. 3; Ef 6.18,19) e sustentá-los financeiramente (Lc 10.7; 3 Jo 6-8).
Isso inclui ofertas especiais de amor para necessidades específicas deles (Fp
4.10, 14-18). O missionário é uma projeção do propósito, interesse e missão da
igreja que os envia. Essa igreja fica sendo, portanto, uma cooperadora da
verdade (Fp 1.5; 3 Jo 8). (6) Aqueles que saem como missionários devem estar
dispostos a expor a vida pelo nome de nosso Senhor JESUS CRISTO (At 15.26).
Atos 16.1-5,9,10 - BEP - CPAD
16.5 AS IGREJAS ERAM CONFIRMADAS. Ver At 12.5 sobre a intercessão
em favor daqueles que são perseguidos por pregar o evangelho. Pedro, pois, era
guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a DEUS. Atos
12:5
16.6 IMPEDIDOS PELO ESPÍRITO SANTO. Toda a iniciativa no
evangelismo e na atividade missionária, especialmente no caso das viagens
missionárias registradas em Atos, deve ser orientada pelo ESPÍRITO SANTO, como
vemos em At 1.8; 2.14-41; 4.8-12,31; 8.26-29,39,40; 10.19,20; 13.2; 16.6-10;
20.22. A orientação aqui, pode ter ocorrido em forma de uma revelação
profética, de um impulso interior, de circunstâncias externas, ou visões (vv.
6-9). Pelo impulso do ESPÍRITO, avançavam para levar o evangelho aos não salvos.
Quando o ESPÍRITO os impedia de ir numa direção, iam noutra, confiando nEle
para aprovar ou desaprovar seus planos de viagem. Portanto o missionário e
aqueles que os orientam devem manter estreita comunhão com o ESPÍRITO SANTO.
Resumo da Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas
I – PAULO, O DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO
1. Paulo, o desbravador.
2. Uma gloriosa obrigação.
3. Plantação de igreja, uma parceria.
II – ANTIOQUIA, O PONTO DE PARTIDA PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA
1. Uma igreja missionária.
2. A primeira viagem missionária.
3. A segunda viagem missionária.
III – CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS
1. Motivado pelo chamado.
2. Experimentado no deserto da vida.
3. A igreja segundo as Escrituras.
A melhor tática do predador é afastar a vítima do rebanho.
NÃO DEIXE DE CONGREGAR.
Hb 10:25 Não deixando a nossa congregação, como é costume de
alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se
vai aproximando aquele dia
Resumo Rápido da Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas - Pr.
Henrique
Nosso assunto é Paulo e a plantação de Igrejas em seu trabalho
apostolar. Missões está no coração de DEUS e toda igreja deve primar por isto.
PAULO FOI O DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO. Era desbravador
porque abria igrejas em locais onde não havia nem igrejas e nem pregadores do
evangelho (Rm 15.20). Tinha uma gloriosa obrigação, pois JESUS mesmo o incumbiu
de pregar o evangelho primeiro aos judeus e depois a todos os gentios, até
mesmo a reis. Paulo era o prisioneiro literal de CRISTO em Roma e ao mesmo
tempo estava preso a seu chamado apostólico dado por JESUS em sua conversão
“pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho” (1
Co 9.16). A Plantação de igreja é uma parceria entre a igreja e DEUS. Nós
cooperamos pregando o evangelho e discipulando enquanto DEUS coopera dando
revelação do pecado, da justiça e do juízo, bem como colocando este crente no
corpo de CRISTO e capacitando-o para a obra através do batismo com o ESPÍRITO
SANTO e o usando em dons espirituais. (1 Co 3.6-9 nós somos os seus
cooperadores e, a igreja, a lavoura e o edifício de DEUS)
A CIDADE DE ANTIOQUIA DA SÍRIA FOI O PONTO DE PARTIDA PARA O
CRESCIMENTO DA IGREJA, pois foi ali que se reuniram obreiros cheios do ESPÍRITO
SANTO, em oração e jejum para buscarem orientação de DEUS quanto a sua obra. O
ESPÍRITO SANTO falou através e um de seus servos nesta oração escolhendo Barnabé e Saulo para a obra missionária.
Paulo e Barnabé empreenderam a primeira viagem missionária saindo de Antioquia,
passando por Chipre (At 13.4 aqui o apóstolo desmascarou o feiticeiro Elimas, o
encantador, e ganhou o procônsul para CRISTO), Perge, Listra, Antioquia da
Psídia, Icônio e Derbe, regiões da Licaônia, Galácia e Frígia; onde abriram
várias igrejas (nas casas). Sinais prodígios e maravilhas autenticavam seu
ministério (Atos 14.1-28).
Após o Concílio de Jerusalém (At 15), com as seguintes decisões:
abstenção das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada,
e da fornicação, Paulo e Silas empreenderam a segunda viagem missionária saindo
de Antioquia e passando por Tarso, Derbe, Listra, Icônio, Antioquia da Psídia,
Trôade, Filipos, Anfípolis, Beréia, Atenas, Corinto, Éfeso, onde abriram várias
igrejas e revisitaram algumas já abertas na primeira viagem; regiões de Acaia e
Macedônia agora incluídas. Também passaram por Cesareia, Samaria e Jerusalém.
Sinais prodígios e maravilhas autenticavam seu ministério.
QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS? Precisa ser
motivado pelo chamado de DEUS, em comunhão íntima com o ESPÍRITO SANTO e seu
mestre JESUS. Precisa ser experimentado no deserto da vida, ou seja, ter
experiência na pregação, ensino e ministração de curas (Sinais prodígios e
maravilhas), bem como nas perseguições, afeções e tribulações pelos quais,
certamente todo obreiro de valor passa (At 9.1-22). A igreja local, segundo as
Escrituras, funciona com estratégias de evangelização, muito estudo da Palavra
de DEUS, bom relacionamento espiritual entre seus membros, amor uns pelos
outros e pelos pecadores, conversões, batismos nas águas e com o ESPÍRITO
SANTO, manifestação de dons espirituais em benefício de todos, na cura e libertação,
tudo isso regado com muita oração, tanto na língua comum a todos, quanto em
línguas espirituais (At 6.4). Nessa igreja batizamos em nome do Pai, do Filho e
do ESPÍRITO SANTO, partilhamos da ceia do Senhor e aguardamos a sua volta para
nos encontrar com Ele. Não podemos perder de vista que nós plantamos, mas é
DEUS que dá o crescimento e aprova a obra (1 Co 3.6).
CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo foi forjado por DEUS para que fosse usado, também
sua visão foi aumentada acerca do mundo todo a ser evangelizado. DEUS ainda
chama plantadores de igrejas. Crentes apaixonados pelas almas, com o amor de
DEUS em seus corações e com fé em DEUS e em seu poder.
Testemunho pessoal - Pela graça de DEUS abri 7 igrejas em
Divinópolis, MG, em apenas 1 ano e dois meses. O segredo é manter íntima
comunhão com o ESPÍRITO SANTO, estudar sempre a bíblia e jejuar sempre que
possível. JESUS continua salvando, curando, libertando e batizando com o
ESPÍRITO SANTO.
INTRODUÇÃO
Lição 7 - Paulo, o Plantador de Igrejas
A Igreja de CRISTO tem a sua dimensão visível na igreja local. Para
se estabelecer uma igreja local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que
tiveram uma experiência com CRISTO, para plantar igrejas. Nesse sentido, a
lição desta semana tem como propósito motivar a igreja local, especificamente
pessoas vocacionadas, a plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu
porque houve crentes dispostos que ouviram a voz do ESPÍRITO SANTO para abrir
suas casas como um ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a esse propósito, o tópico primeiro mostra que o
apóstolo Paulo foi um desbravador do Evangelho sob uma gloriosa obrigação de
pregar o Evangelho de CRISTO. Não há dúvidas de que o apóstolo foi o grande
desbravador do Evangelho no mundo gentílico. Ele plantou igrejas em lugares que
pessoas nunca haviam tido contato com o nome de JESUS. Essa disposição era
vista pelo apóstolo como uma gloriosa obrigação a ser cumprida. E ele a cumpriu
com alegria.
O tópico segundo procura sinalizar Antioquia como um lugar
estratégico para o crescimento da Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja
missionária. Dela, muitas outras igrejas foram geradas no Reino de DEUS. Isso
lembra muito o crescimento das igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma
igreja numa determinada localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram
gestadas no país. Uma igreja referência cumpre uma função estratégica para
plantar novas igrejas. Ela desempenha esse papel formando, capacitando e
enviando novos obreiros.
O terceiro tópico procura pontuar as características de um
plantador de igreja. Uma dessas primeiras características está na motivação do
plantador. No ministério de Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de
sua experiência gloriosa com CRISTO. Essa experiência faz com que o plantador
de igrejas tenha um senso de urgência no mundo a respeito da evangelização.
Além, claro, de esse plantador ser experimentado nos obstáculos da caminhada e
perseverar na plantação de igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos ensina que é preciso ter experiência com CRISTO.
Quem tem essa experiência verdadeira tem tudo para buscar a vocação
missionária. É preciso também ser compromissado com a Palavra de DEUS, a
Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e prática da igreja local.
Um plantador de igrejas é um legítimo apóstolo da igreja atual.
O Acordo Mútuo dos Ministros - 1 Coríntios 3:5-10 (Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT)
Aqui o apóstolo os instrui a como tratar essa disposição de
espírito, e corrigir o que estava errado entre eles acerca desse assunto:
1 Coríntios 3.6 - Eu plantei, Apolo regou; mas DEUS deu o
crescimento. 7 - Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas
DEUS, que dá o crescimento. 8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada
um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho. 9 - Porque nós somos
cooperadores de DEUS; vós sois lavoura de DEUS e edifício de DEUS.
I
Lembrando-os que os ministros a respeito de quem eles contendiam
eram apenas ministros: “Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos
quais crestes, e conforme o Senhor deu a cada um” (v. 5). Eles são ministros,
meros instrumentos usados pelo DEUS de toda a graça. Parece que algumas pessoas
que causavam divisão em Corinto haviam feito mais adeptos, como se elas fossem
senhoras de sua fé, autoras de sua religião. Note que devemos tomar cuidado
para não deificar ministros, não os colocar no lugar de DEUS. Os apóstolos não
eram os autores da nossa fé e religião, embora eles fossem autorizados e
qualificados para revelá-la e propagá-la. Eles atuavam neste ofício como DEUS
concedeu a cada homem. Observe que todos os dons e poderes que até os apóstolos
descobriram e exerceram na obra do ministério vinham de DEUS. Eles manifestaram
sua missão e doutrina como divinas. Estava completamente errado transferir por
sua própria conta aquela atenção aos apóstolos, os quais somente deveriam ser
respeitados em relação à autoridade divina pela qual eles atuavam, e a DEUS, de
quem eles tinham a sua autoridade. “Paulo plantou, Apolo regou” (v. 6). Ambos
eram úteis, cada um para uma finalidade. Note que DEUS faz uso de uma variedade
de instrumentos e os prepara para seus diversos usos e intenções. Paulo foi
preparado para o trabalho de plantar, e Apolo para o trabalho de regar, mas
DEUS deu o crescimento. Note que o sucesso do ministro deve derivar da bênção
divina: “pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS,
que dá o crescimento” (v. 7). Até os ministros apostólicos não são nada em si
mesmos, não podem fazer nada com eficácia e sucesso a menos que DEUS conceda.
Note que os ministros mais fiéis e mais bem qualificados têm exatamente uma
compreensão apropriada de sua insuficiência e são muito desejosos de que DEUS
deva ter toda a glória de seu sucesso. Paulo e Apolo não são nada em seu
próprio valor, mas DEUS é tudo em todos.
II
Representando-lhes a unanimidade dos ministros de CRISTO: “ora, o
que planta e o que rega são um” (v. 8), empregados pelo Mestre, encarregados da
mesma revelação, ocupados de um trabalho e engajados em um plano – em harmonia
um com o outro, porém, eles podem ser colocados em oposição um com o outro por
provocadores de partidos facciosos. Eles têm seus diferentes dons que vêm do
único e mesmo ESPÍRITO, para os mesmos propósitos; e eles possuem de coração o
mesmo intento. Os que plantam e os que regam são companheiros de trabalho na
mesma obra. Note que todos os fiéis ministros de CRISTO são unânimes no grande
projeto e intenção de seu ministério. Eles podem ter diferenças de sentimento
em coisas menores; eles podem ter seus debates e controvérsias; mas eles
concordam de coração no grande plano de honrar a DEUS e salvar almas,
promovendo o cristianismo verdadeiro no mundo. Todos esses podem aguardar uma
recompensa gloriosa de sua fidelidade, e em proporção a ela: todo homem
receberá sua própria recompensa, de acordo com suas obras. Seu serviço é um,
mas alguns podem dedicar-se mais que outros; seu fim ou plano é um, mas alguns
podem persegui-lo mais de perto que outros; seu Mestre também é um, e esse
Mestre bom e gracioso pode estabelecer uma diferença nos galardões que Ele
dará, de acordo com o serviço diferente que eles fizeram: cada trabalho de
alguém terá sua própria recompensa. Aqueles que trabalharam mais duramente
receberão o melhor. Aqueles que foram mais fiéis terão o maior galardão; este é
o trabalho glorioso em que todos os ministros fiéis estão ocupados. Eles são
“cooperadores de DEUS”, synergoi – cooperadores, companheiros de trabalho (v.
9), na verdade, não na mesma ordem e grau, mas submissos a Ele, como
instrumentos em suas mãos. Eles estão engajados na mesma ocupação. Eles estão
trabalhando juntos com DEUS, promovendo os propósitos de sua glória e a
salvação de almas preciosas; e aquele que conhece o trabalho deles cuidará para
que eles não trabalhem em vão. Os homens podem negligenciar e difamar um
ministro enquanto eles elogiam-se uns aos outros, e não têm razão para nenhum
dos dois: eles podem condenar quando devem condenar, e aplaudir quando devem
negligenciar e evitar; mas o julgamento de DEUS está de acordo com a verdade.
Ele nunca recompensa a não ser por justa razão e Ele sempre recompensa na
proporção do zelo e da fidelidade de seus servos. Note que ministros fiéis,
quando são maltratados, devem encorajar-se em DEUS. E é para DEUS, o
agente-chefe e diretor da grande obra do Evangelho, com quem trabalham, que
devem se empenhar em aprovar-se a si mesmos. Eles estão sempre sob seus olhos,
ocupados em sua lavoura e edifício; e por essa razão, com certeza, Ele cuidará
deles: “lavoura de DEUS, edifício de DEUS sois vós, e por conseguinte, nada é de
Paulo ou de Apolo; nada pertence a um ou a outro, mas a DEUS: eles somente vos
plantam ou regam, mas é a bênção divina sobre sua própria lavoura que sozinha
pode fazê-la frutificar. Vós não sois nossa lavoura, mas de DEUS. Trabalhamos
submissos a Ele e com Ele e por Ele. Tudo o que temos feito entre vós é para
DEUS. Vós sois lavoura e edifício de DEUS”. Ele havia empregado a primeira
metáfora antes, agora continua com outra, sobre um edifício: “segundo a graça
de DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro
edifica sobre ele”. Aqui Paulo denomina-se um prudente construtor, uma imagem
que reflete dupla honra sobre ele. Era honroso ser um construtor no edifício de
DEUS; mas ele adicionou à sua figura o fato de o construtor ser sábio. As
pessoas podem estar em um ofício para o qual elas não são qualificadas, ou não
completamente qualificadas, como essa expressão sugere que Paulo era. Mas,
embora ele atribua a si mesmo tal figura, não é para agradar seu próprio
orgulho, mas para engrandecer a graça divina. Ele era um prudente construtor,
mas a graça de DEUS o fez tal. Note que não é errado em um cristão, mas para
seu elogio, tomar conhecimento do bem que está nele, para louvar a graça
divina. O orgulho espiritual é abominável: ele está fazendo uso dos maiores
favores de DEUS para alimentar nossa própria vaidade, e fazer ídolos de nós
mesmos. Mas tomar conhecimento dos favores de DEUS para promover nossa gratidão
a Ele, e falar deles para a sua honra (sejam eles de que tipos forem), é uma
expressão apropriada do dever e atenção que nós devemos a Ele. Note que os
ministros não devem ser orgulhosos de seus dons e graças; mas, quanto mais
qualificados eles forem para o seu trabalho, e quanto mais sucesso tiverem
nele, mais agradecidos serão a DEUS por sua distintiva bondade: “pus eu o fundamento,
e outro edifica sobre ele”. Como ele havia dito anteriormente: “Eu plantei,
Apolo regou”. Paulo havia lançado os fundamentos de uma igreja no meio deles.
Ele “os gerou pelo evangelho” (4.15). Quaisquer que fossem os instrutores que
eles tivessem além dele, eles não tinham muitos pais. Ele não se rebaixaria em
relação a ninguém que tivesse servido entre eles, nem seria roubado de sua
própria honra e respeito. Note que os ministros fiéis podem preocupar-se com
sua própria reputação. Sua utilidade depende muito dela. “Mas veja cada um como
edifica sobre ele”. Esta é uma advertência oportuna; pode haver edifícios muito
medíocres sobre um bom fundamento. É fácil enganar-se aqui; e deve haver muito
cuidado, não somente para assentar um fundamento certo e seguro, mas para
erguer um edifício simétrico sobre ele. Nada deve ser colocado sobre ele a não
ser o que o fundamento suportará e o que se encaixa com ele. Ouro e lama não
devem ser misturados. Observe que os ministros de CRISTO devem tomar muito
cuidado para não construir suas próprias fantasias ou falsos raciocínios sobre
o fundamento da revelação divina. O que eles pregarem deve ser a clara doutrina
de seu Mestre, ou o que estiver perfeitamente de acordo com ela.
A Missão de Paulo e Barnabé - Atos 13:1-3
Temos aqui a autorização e comissão divinas dada a Barnabé e Saulo
para irem pregar o evangelho entre os gentios e a sua ordenação a esse
ministério pela imposição de mãos, com jejum e oração. Aqui está:
I
Um relato do estado em que se encontrava a igreja que estava em
Antioquia (v. 1), que foi plantada no capítulo 11.20 (E os que foram dispersos
pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia,
Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos
judeus. E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais,
entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor JESUS. E a mão
do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. Atos
11:19-21).
1. Como a igreja em Antioquia estava bem provida de bons ministros.
Havia alguns profetas e doutores (v. 1), homens notáveis por dons, graça e
utilidade. JESUS, quando subiu ao céu, deu uns [...] para profetas [...] e
doutores (ou “mestres”, versão RA; Ef 4.11). Estes homens tinham ofícios:
profetas e doutores. Ágabo, pelo visto, era profeta e não doutor, e muitos eram
doutores que não eram profetas. Os mencionados aqui eram divinamente inspirados
e recebiam instruções imediatamente do céu em ocasiões especiais, o que lhes
dava o título de profetas. Outros eram doutores declarados da igreja nos
cultos, expunham as Escrituras e esclareciam a doutrina de CRISTO com
aplicações satisfatórias. Estes eram os profetas, sábios e escribas que JESUS
prometera enviar (Mt 23.34), que eram, de todos os modos, qualificados para o
serviço da igreja cristã. Antioquia era uma grande cidade com muitos cristãos,
alguns se reuniam num mesmo lugar para orarem com jejuns buscando a orientação
de DEUS. Fazia-se necessário que tivessem doutores para lhes ensinarem os retos
caminhos do Senhor. Na lista, Barnabé é citado em primeiro lugar, provavelmente
porque era o mais velho, e Saulo, por último, provavelmente porque era o mais
novo. Mas depois o último se tornou o primeiro e Saulo foi mais célebre na
igreja. Mais três nomes são citados. (1) Simeão (v. 1), que, com vistas a
distingui-lo de outros do mesmo nome, era chamado Níger, “o Negro”, por causa
da cor dos cabelos ou da pele, não sabemos. É semelhante àquele que em tempos
mais recentes foi cognominado de o Príncipe Negro**. (2) Lúcio (v. 1), de
Cirene, que certos estudiosos pensam (inclusive o Dr. Lightfoot) que se trata
do mesmo Lucas que escreveu os Atos, era originalmente cireneu e teve sua
formação educacional na faculdade ou sinagoga cirenaica em Jerusalém, onde
ouviu e recebeu o evangelho. (3) Manaém (v. 1), indivíduo de certa dignidade
porque foi criado com Herodes, o tetrarca, o que quer dizer que ou se alimentaram
do mesmo leite, ou frequentaram a mesma escola, ou foram alunos do mesmo tutor,
ou, preferivelmente, eram colegas e companheiros constantes. Em cada parte da
formação educacional de Manaém, Herodes era seu companheiro e amigo íntimo,
dando-lhe a clara perspectiva de cargo honorífico na corte. Não obstante, ele
abandonou todas essas esperanças por amor a CRISTO. Foi como Moisés que, sendo
já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó (Hb 11.24). Tivesse ele
se unido a Herodes, com quem fora criado, ele poderia ter tido o lugar de
Blasto e sido camareiro do rei. Mas é melhor ser companheiro de sofrimentos com
um santo do que ser companheiro de perseguições com um tetrarca.
2. Como os bons ministros da igreja em Antioquia eram bem usados:
Eles serviam ao Senhor e jejuavam (v. 2). Observe: (1) Os doutores (ou mestres)
fiéis e diligentes estão, na verdade, servindo ao Senhor. Os que ensinam os
cristãos estão servindo a CRISTO. Eles realmente o honram e promovem os
interesses do Reino. Note que obreiros e usados por dons servem à igreja
ensinando, pregando, orando e jejuando
por amor a CRISTO. Em seus serviços eles têm de olhar para Ele, e as suas
recompensas, eles as receberão dele. (2) Servir ao Senhor, de um modo ou de
outro, tem de ser o negócio declarado das igrejas e seus profetas e doutores
(ou mestres). Devemos separar tempo para esta obra e passar uma parte do dia
nela. O que mais temos de fazer como cristãos e ministros senão servir a
CRISTO, o Senhor? (Cl 3.24; Rm 14.18). (3) O jejum é de utilidade em nosso
serviço ao Senhor como sinal de nossa humilhação e como meio de nossa
mortificação e consagração a DEUS.
Paulo era praticante do jejum - "nos açoites, nas prisões, nos
tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns", 2 Coríntios 6:5
II
As ordens que o ESPÍRITO SANTO deu para separar Barnabé e Saulo, no
meio de um culto em que alguns ministros das várias congregações na cidade se
uniram em um jejum solene ou dia de oração: Disse o ESPÍRITO SANTO (v. 2) muito
provavelmente através de um dos profetas da igreja ali presentes:
"Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado".
Ele não indica a espécie da obra, mas alude a um chamado já feito
anteriormente, sobre o qual os dois sabiam o significado, enquanto os demais
poderiam ou não saber. Quanto a Saulo, fora-lhe dito especificamente que tinha
de levar o nome de CRISTO diante dos gentios (Atos 9.15), que ele seria enviado
aos gentios (Atos 22.21). A questão fora resolvida entre eles em Jerusalém
antes deste dia. Ficou resolvido que Pedro e demais apóstolos se disporiam
entre os da circuncisão (judeus), para que Saulo e Barnabé fossem para os
gentios (Gl 2.7-9). É provável que Barnabé soubesse que fora escolhido para
fazer o mesmo serviço que Saulo. Contudo, eles não se atirariam a esta
colheita, ainda que copiosa e produtiva, até que recebessem ordens específicas
do Senhor da colheita: Lança a tua foice e sega! [...], porque já a seara da
terra está madura (Ap 14.15). As ordens eram: Apartai-me a Barnabé e a Saulo.
Observe aqui: 1. CRISTO, pelo seu ESPÍRITO, nomeia os seus ministros. É pelo
ESPÍRITO de CRISTO que, em certa medida, eles são qualificados para os
serviços, inclinados para isso e tirados de outros cuidados incompatíveis com
isso. Há aqueles que o ESPÍRITO SANTO separa para o serviço de CRISTO,
distinguindo-os dos outros como indivíduos que são oferecidos e que de boa
vontade se oferecem ao serviço do templo. “Separai-os”. 2. Os ministros de
CRISTO são separados para ele e para o ESPÍRITO SANTO: “Separai-os para mim”
(v. 2, versões NTLH e RA). Eles devem ser empregados na obra de CRISTO e sob a
orientação do ESPÍRITO, para a glória de DEUS Pai. 3. Todos que são separados
para CRISTO como seus ministros são separados para trabalhar. JESUS não tem
servos para ficarem à toa. Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja
(1 Tm 3.1). É para isso que eles são separados: trabalhar na palavra e na
doutrina (1 Tm 5.17). Eles são separados para labutar, não para vadiar. 4. A
obra dos ministros de CRISTO, à qual eles são separados, é obra que já está
determinada, para a qual todos os ministros de CRISTO, até hoje, têm sido
chamados e a que eles foram, por meio de um chamado externo, orientados e
escolheram.
III
A ordenação de Barnabé e Saulo correspondente às ordens que o
ESPÍRITO SANTO deu para separá-los: Não foi para o ministério em geral (há
muito que Barnabé e Saulo já eram ministros), mas para um serviço em particular
no ministério. Era algo peculiar e que exigia novo comissionamento. DEUS
considerou que o momento era oportuno para transmitir essa ordem por meio das
mãos desses profetas e doutores a fim de que a igreja recebesse estas
orientações: os doutores devem ordenar doutores, assim como profetas também
devem preparar outros profetas para a igreja e seu ministério. Os cinco dons
ministeriais devem acontecer na igreja, como alistados em Efésios 4.11 - E ele
mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, Efésios 4:11. Aqueles a quem
foram confiadas as palavras de CRISTO devem, para o benefício da posteridade,
confiá-las a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros (2
Tm 2.2). Assim, aqui, esses obreiros na igreja que estava em Antioquia, tendo
jejuado, orado e posto sobre [Barnabé e Saulo] as mãos, os despediram (v. 3),
de acordo com as orientações recebidas. Observe: 1. Simeão, Lúcio e Manaém
oraram por Barnabé e Saulo (v. 3). Quando bons homens são enviados para fazer a
boa obra devem receber as orações solenes e particulares da igreja,
especialmente dos irmãos que são companheiros de trabalho e companheiros de
armas. 2. Simeão, Lúcio e Manaém uniram o jejum às orações, como fizeram em
suas outras ministrações (v. 3). Foi o que JESUS nos ensinou por sua
abstinência de sono (um “jejum de sono”) na noite anterior em que Ele enviou os
apóstolos para passá-la em oração. 3. Simeão, Lúcio e Manaém puseram as mãos
sobre Barnabé e Saulo (v. 3). Barnabé e Saulo saíram de modo honroso e com boa
fama. (2) Eles rogaram a bênção sobre Barnabé e Saulo no empreendimento que
assumiam, pediram que DEUS estivesse com eles e lhes desse sucesso. E para que
conseguissem isso, oraram para que eles fossem cheios do ESPÍRITO SANTO na obra
a fazer. É a mesma coisa que está explicada no capítulo 14.26, onde fala, em
relação a Paulo e Barnabé, que de Antioquia, eles tinham sido recomendados à
graça de DEUS para a obra que já haviam cumprido. Assim como era a mostra da
humildade de Barnabé e Saulo o fato de se submeterem à imposição das mãos dos
seus colegas, ou mais propriamente, subordinados, assim também era a mostra do
bom temperamento dos outros doutores o fato de eles não invejarem Barnabé e
Saulo pela honra de terem sido escolhidos, mas de alegremente terem lhes
confiado esta honra com orações sinceras e vigorosas por eles. Eles os
despediram com a máxima urgência por pura preocupação pelas regiões em que eles
iam desbravar terras não evangelizadas.
Paulo Adota Timóteo - Atos 16:1-5
Assim como Barnabé cuidou e orientou Paulo no início de seu
ministério, Paulo era um pai espiritual de grande envergadura para Timóteo a
quem chamava de filho. Aqui, ele adota espiritualmente Timóteo e cuida da
educação de muitos outros filhos espirituais que, através do seu ministério,
foram gerados para CRISTO. Em todos estes procedimentos ele mostra que é um pai
sábio e amoroso. Aqui está:
I
Paulo aceita Timóteo em suas relações e o torna seu aluno. Um dos
propósitos do Livro de Atos é ajudar-nos a entender as epístolas de Paulo, duas
das quais são endereçadas a Timóteo. Era necessário que na história de Paulo
houvesse alguns trechos narrativos sobre Timóteo. Este é um desses trechos
narrativos. 1. Timóteo era discípulo (v. 1), um dos que pertenciam a CRISTO, e
foi batizado, provavelmente quando ainda um adolescente, quando sua mãe se
tornou crente, como a casa de Lídia foi batizada quando creu (v. 15). Sendo
discípulo de CRISTO, Paulo o tomou para ser seu discípulo, a fim de ensiná-lo
mais detidamente no conhecimento e na fé de CRISTO; ele o tomou para ser
treinado para CRISTO. 2. A mãe de Timóteo era originalmente judia, mas crente
(v. 1). Ela se chamava Eunice, e o nome da avó do rapaz era Lóide. Paulo fala
dessas duas mulheres com grande respeito, visto que se destacaram em virtude e
devoção religiosa, e as elogia especialmente por não expressarem uma fé fingida
(2 Tm 1.5), tendo aceitado e abraçado sinceramente a doutrina de CRISTO. 3. O
pai de Timóteo era grego (v. 1), um gentio. O casamento de uma judia com um
homem gentio (embora alguns estudiosos afirmem que não faria diferença) era
proibido tanto quanto o casamento de um judeu com uma mulher gentia: Não darás
tuas filhas a seus filhos e não tomarás suas filhas para teus filhos (Dt 7.3).
Não obstante, essa norma estava sendo quebrada embora o perigo de influência e
contaminação fosse maior. Pelo fato de seu pai ser grego, Timóteo não foi
circuncidado, já que o vínculo do concerto e o seu selo, como os outros
vínculos dessa nação, passavam pelo pai e não pela mãe. Não sendo seu pai
judeu, não lhe obrigaram a circuncisão, nem lhe deram o direito ao rito, exceto
quando adulto e se manifestasse desejo disso. Mas, observe que embora sua mãe
não conseguisse que ele fosse circuncidado na infância, porque o pai era de
outra mentalidade e modo de vida, ela o educou no temor do Senhor, para que,
mesmo desejando o sinal do concerto, ele não deixasse de desejar a coisa
significada. 4. Timóteo adquirira um caráter muito bom entre os cristãos: Dele
davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio (v. 2). Além
de sua reputação ser imaculada e livre de escândalos, ele era brilhante. Muitos
elogios lhe eram dados por ser jovem extraordinário e alguém de quem se
esperava grandes coisas. As pessoas do lugar onde ele nasceu e os moradores das
cidades circunvizinhas o admiravam e falavam dele com orgulho. Ele tinha boa
fama por praticar o bem. 5. Paulo queria que Timóteo [...] fosse com ele (v.
3), que o acompanhasse, que estivesse a seu serviço, que recebesse seus
ensinamentos e se unisse a ele no trabalho do evangelho – pregar no lugar dele
quando houvesse ocasião e ser deixado para trás nos lugares onde ele já
houvesse plantado igrejas. Paulo tinha um profundo amor por ele, não só porque
era um jovem inventivo e de grande talento, mas porque era jovem sério e de
sentimentos religiosos: Paulo sempre se lembrava das lágrimas do jovem (2 Tm
1.4). 6. Paulo tomou Timóteo e o circuncidou (v. 3), ou ordenou que o fosse.
Era estranho. Paulo não se opusera ferrenhamente a quem era a favor de impor o
rito da circuncisão nos convertidos gentios? Sim, se opusera. Nessa época ele
já não tinha consigo os decretos do concílio de Jerusalém no qual manifestou
opinião contrária a esse rito? Sim, já tinha. Contudo, ele circuncidou Timóteo
não para obrigá-lo a guardar a lei cerimonial (que era o que pretendiam esses
mestres ao querer impor a circuncisão), mas somente para tornar as relações
sociais e o ministério do rapaz admissível e, quem sabe, aceitável entre os
judeus que enxameavam aqueles rincões. Ele sabia que Timóteo tinha o potencial
de fazer grande obra entre eles, estando admiravelmente qualificado para o
ministério, se não mostrassem preconceitos contra ele. Portanto, para que os
judeus não se afastassem do jovem dizendo que ele estava imundo, porque era incircunciso,
Paulo o tomou e o circuncidou. Assim, ele se fez como judeu para os judeus,
para ganhar os judeus e se fez tudo para todos, para, por todos os meios,
chegar a salvar alguns (1 Co 9.20,22). O apóstolo era contra os que tornavam a
circuncisão obrigatória para a salvação, mas ele a usou quando era conducente
para a edificação; não foi implacável em opor-se ao rito, como eles foram em
impô-lo. Nesse caso, ele não agiu de acordo com a letra do decreto, mas de
acordo com o espírito, que era espírito de ternura e brandura para com os
judeus e de boa vontade para conscientizá-los gradualmente dos seus
preconceitos. Paulo não tinha a mínima dificuldade em tomar Timóteo por seu
companheiro, mesmo sendo ele incircunciso. Mas os judeus não dariam ouvidos ao
rapaz se ele o fosse. Por isso, o apóstolo cede aos judeus. É bem provável que
tenha sido neste momento que Paulo impôs as mãos em Timóteo para lhe conferir o
dom do ESPÍRITO SANTO (2 Tm 1.6) e depois cobra dele a prática neste dom
"Por este motivo, te lembro que despertes o dom de DEUS, que existe em ti
pela imposição das minhas mãos". 2 Timóteo 1:6.
II
Paulo confirma as igrejas que ele plantara (vv. 4,5): Ele ia
passando pelas cidades (v. 4) em que havia anunciado a palavra do Senhor, como
pretendia (Atos 15.36), para examinar o estado em que se encontravam.
1. Paulo e Silas entregavam às igrejas cópias dos decretos do
sínodo de Jerusalém (v. 4) para lhes servirem de orientação no governo
eclesiástico, terem o que responder aos mestres judaizantes e se justificarem
por aderirem à liberdade com que CRISTO as libertou (Gl 5.1). Todas as igrejas
estavam interessadas nesses decretos, sendo, então, necessário que todos os
autenticassem adequadamente. Embora Paulo tivesse circuncidado Timóteo por
certa razão particular, ele não queria que isso abrisse um precedente: Ele
entregava os decretos (v. 4) às igrejas [...] para serem religiosamente
observados, porque tinham de aceitar e executar a regra e não serem
desestimuladas por um exemplo particular.
2. Este serviço que Paulo (mestre e apóstolo) e Silas (profeta -
atos 15:32) faziam era muito bom para as igrejas. (1) As igrejas eram
confirmadas na fé (v. 5). Elas eram particularmente confirmadas em sua opinião
contra a imposição da lei cerimonial aos gentios. A firmeza e veemência com que
os mestres judaizantes insistiam na necessidade da circuncisão, bem como os
argumentos plausíveis que eles davam, abalaram as igrejas, de forma que
começaram a vacilar a esse respeito. Quando elas viram o testemunho não só dos
apóstolos e anciãos (v. 4), mas do ESPÍRITO SANTO que neles estava, contra esse
ensino, foram estabelecidas e não vacilaram mais tempo quanto a isso. Note que
os testemunhos da verdade, mesmo que não consigam convencer os que se opõem a
ela, podem ser utilíssimos para confirmar os que estão em dúvida e firmá-los.
Não somente isso, mas quando esses decretos puseram de lado a lei cerimonial e
as suas ordenanças carnais, as igrejas foram confirmadas em geral na fé cristã
e ficaram mais seguras de que era de DEUS, porque estabelecia um modo
espiritual de servir a DEUS muito mais adequado à natureza de DEUS e do homem.
O espírito de ternura e condescendência que se mostra claramente nestas cartas
indicava que os apóstolos e anciãos estavam sob a orientação daquele que é o
amor em pessoa. (2) As igrejas [...] cada dia cresciam em número (v. 5). A
imposição do jugo da lei cerimonial nos convertidos era suficiente para
afugentar as pessoas das igrejas. Se eles estivessem dispostos a se tornar
judeus, há muito que o teriam sido, antes mesmo da chegada dos apóstolos. Se
não havia meio de ter os privilégios cristãos sem se submeter ao jugo dos
judeus, então eles prefeririam ficar como estavam. Se eles concluíssem que não
havia perigo de serem escravizados dessa forma, então se sentiriam livres para
aceitar o cristianismo e unir-se à igreja. E assim as igrejas [...] cresciam em
número a cada dia. Não falhava um dia sem que uma ou outra pessoa se entregasse
para JESUS. Todos que do fundo coração desejam promover a honra de CRISTO, a
prosperidade da igreja e a felicidade do povo alegram-se com esse
aumento.
Paulo É Convidado a Ir para a Macedônia. A Conversão de Lídia -
Atos 16:6-15
Nestes versículos, temos:
I
As viagens de Paulo indo a todos os lugares para fazer o bem. 1.
Paulo e Silas, seu companheiro, passaram pela Frígia e pela província da
Galácia (v. 6) onde, ao que parece, o evangelho já havia sido plantado. O texto
sacro não menciona se a obra evangelizadora fora de Paulo ou não. É provável
que tivesse sido. Na Epístola aos Gálatas, ele fala de ter-lhes anunciado pela
primeira vez o evangelho, em cuja ocasião ele fora muito bem recebido por eles
(Gl 4.13-15). Essa epístola revela que os mestres judaizantes tinham causado
muitos prejuízos às igrejas da Galácia, induzido os crentes gálatas contra
Paulo e os afastado do evangelho de CRISTO. Por essas razões, o apóstolo usa a
carta para reprová-los com rigor e firmeza. Mas é claro que essa situação se
instalou muito tempo depois da visita citada aqui. 2. Paulo e Silas foram
impedidos neste momento de anunciar a palavra na Ásia (v. 6; província cujo
nome está correto). Talvez fosse desnecessário o anúncio uma vez que havia
outros obreiros trabalhando na região. Ou quem sabe as pessoas ainda não
estavam preparadas para receber a mensagem cristã, como mais tarde a receberam
(Atos 19.10): Quando todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor
JESUS . Ou, como sugere o Dr. Lightfoot, naquele momento JESUS queria usar
Paulo em um novo trabalho: anunciar a palavra a uma colônia romana em Filipos,
visto que até aqui os gentios a quem ele havia pregado eram gregos. Os judeus
odiavam mais particularmente os romanos que os outros gentios. Seus exércitos
eram a abominação da desolação (Mt 24.15). É por isso que, entre outros fatores
extraordinários, ele é impedido de anunciar a palavra na Ásia e em outras
regiões: ficar livre para anunciar em Filipos. Esta ação de impedir e orientar
dá a entender que em tempos vindouros a luz do evangelho seria dirigida mais
para o oeste do que para o leste. Foi o ESPÍRITO SANTO que os impediu. Ele o
fez por sussurros secretos na mente de ambos os pregadores, os quais, quando
trocaram idéias, perceberam que era e vinha do mesmo ESPÍRITO. Ou o ESPÍRITO
SANTO usou profetas para falar com eles. A transferência de ministros e a
distribuição das bênçãos por intermédio deles estão, de maneira particular, sob
a direção e orientação divina. No Antigo Testamento, encontramos um ministro
que foi impedido de anunciar a palavra: Tu ficarás mudo (Ez 3.26). Ezequiel não
podia anunciar nada a ninguém em lugar nenhum. Mas os ministros
neotestamentários são impedidos de anunciar a palavra apenas em um lugar, ao
mesmo tempo em que são orientados a ir para outro onde há mais necessidade. 3.
Paulo e Silas queriam ir para Bitínia, mas não tiveram permissão: O ESPÍRITO de
JESUS não lho permitiu (v. 7). Eles chegaram a Mísia e, pelo visto, anunciaram
o evangelho ali. Era uma província ordinária e infame, ensejando um inclusive,
um provérbio (Mysorum ultimus, em Cícero, significa um homem mais desprezível).
Mesmo assim os apóstolos não fizeram pouco caso em não a visitar. Eles se
reconheciam devedores tanto a sábios como a ignorantes (Rm 1.14). Em Bitínia
ficava a cidade chamada Nicéia, onde ocorreu o primeiro concílio geral contra o
arianismo. Pedro endereçou sua primeira epístola a estas províncias (1 Pe 1.1).
Havia igrejas prósperas naqueles lados. Mesmo que o evangelho não fosse
anunciado a esses povos nesta ocasião, eles o ouviram o mais tardar na viagem
de retorno destes dois pregadores. Observe que o entendimento e a inclinação
desses pregadores lhes diziam que deviam ir para Bitínia. Mas, tendo métodos
extraordinários de conhecer a vontade de DEUS, se deixaram levar por ela,
fazendo o oposto do que a vontade de cada um dizia. Temos de seguir a
providência divina agora e nos submeter à orientação da coluna de nuvem e de
fogo (Êx 13.21). Se não tivermos a permissão para fazer o que queremos fazer,
devemos aquiescer e crer que isto é o melhor para nós. O ESPÍRITO de JESUS
(expressão que está em tantas cópias antigas) não lho permitiu. Os servos do
Senhor JESUS sempre devem estar sob a restrição e direção do ESPÍRITO do Senhor
JESUS, por quem Ele governa a mente dos homens. 4. Paulo e Silas passaram por
Mísia (v. 8), ou atravessaram essa província (segundo certos estudiosos),
semeando a boa semente, podemos supor, enquanto prosseguiam viagem. Eles
desceram a Trôade, a tão falada cidade de Tróia, ou as regiões adjacentes que
receberam esse nome. Aqui havia uma igreja, conforme verificamos (Atos 20.6,7),
provavelmente plantada nessa ocasião e em pouco tempo. Em Trôade, Lucas
encontrou Paulo e se uniu à dupla de pregadores. Daqui em diante, na maior
parte das vezes, quando ele fala das viagens de Paulo, coloca-se entre o número
dos que o acompanhavam: “nós procuramos”, “nos chamava”, “nós lhes anunciarmos”
(v. 10) e assim por diante.
II
O chamado particular que Paulo recebeu para ir à Macedônia, quer
dizer, a Filipos, a principal cidade (v. 12, versão NVI), habitada
principalmente por romanos, segundo deduzimos (v. 21). Temos aqui:
1. A visão que Paulo teve (v. 9). Paulo tinha muitas visões, às
vezes para encorajar, outras vezes, como aqui, para dirigi-lo no trabalho. Um
anjo se apresentou diante dele para dizer-lhe que era da vontade de JESUS que
fosse à Macedônia. Disse-lhe também que não se deixasse abater pelos
impedimentos e proibições que se lhe ocorriam repetidamente pelos quais suas
intenções eram interceptadas. Embora não fosse aonde queria ir, ele iria aonde
DEUS tinha trabalho para ele fazer. Agora observe: (1) A pessoa que Paulo viu.
Eis que se apresentava (v. 9) diante dele um varão que, pelo traje ou dialeto,
dava a entender que era da Macedônia, ou ele mesmo deu essa informação para
Paulo. Segundo certos estudiosos, o anjo assumiu a forma de tal homem. Ou, como
entendem outros, imprimiu na mente de Paulo, quando estava entre adormecido e
desperto, a imagem de tal homem: ele sonhou que viu tal pessoa. JESUS desejava
dirigir Paulo para a Macedônia não como os apóstolos foram dirigidos outras
vezes por um mensageiro enviado do céu, mas por um mensageiro enviado
diretamente do próprio lugar de destino. Desse modo, o apóstolo dirigiria
depois os movimentos dos seus ministros, inclinando o coração daqueles que
precisavam de ser animados. Paulo é chamado para ir à Macedônia por um varão da
Macedônia, que fala em nome dos demais. Certos estudiosos entendem que este
varão era o anjo tutelar da Macedônia, pois supõem que há anjos que têm a
responsabilidade por certas regiões geográficas como há aqueles que cuidam das
pessoas. Baseiam esta interpretação em Daniel 10.20, que fala sobre o príncipe
dos persas e o príncipe da Grécia que parecem anjos. Mas não há certeza disso.
Eis que se apresentou ou aos olhos ou à mente de Paulo um varão da Macedônia. O
anjo não deve anunciar o evangelho aos macedônios, mas tem de levar Paulo a
eles. Nem deve, pela autoridade de um anjo, ordená-lo que vá, mas deve, na
pessoa de um macedônio, solicitá-lo que venha. Um varão da Macedônia, não um
magistrado, muito menos um sacerdote (Paulo não estava acostumado a receber
convites dessas pessoas), mas um habitante comum daquela província, um simples
homem que trouxesse no semblante as marcas da probidade e seriedade, que não
abordasse Paulo com brincadeiras nem o fizesse perder tempo com ninharias, mas
que lhe solicitasse ajuda com sinceridade e toda determinação. (2) O convite
feito a Paulo. Este macedônio honesto lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e
ajuda-nos! (v. 9), quer dizer: “Vem e anuncia-nos o evangelho. Queremos
participar dos benefícios das tuas labutas”. [1] “Tu tens ajudado muitas
pessoas. Temos ouvimos falar de pessoas desta e daquela nacionalidade a quem
tens sido muito útil. Por que não podemos ter participação nisso? Ó vem e
ajuda-nos!” As bênçãos que as pessoas recebem do evangelho devem nos levar a
aprofundar mais nossos conhecimentos do evangelho. [2] “O teu trabalho e o teu
prazer são ajudar os perdidos. Tu és o médico dos doentes que sempre está
pronto a atender o chamado de todo paciente. Vem e ajuda-nos!” [3] “Estamos
precisando da tua ajuda tanto quanto outro povo. Nós, na Macedônia, somos tão
ignorantes e desleixados em termos de religião como qualquer outro povo do
mundo. Somos tão idólatras e depravados quanto qualquer um e tão engenhosos e
diligentes em nos prejudicar como qualquer pessoa. Então, vem, vem até nós sem
demora e ajuda-nos! Se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e
ajuda-nos (Mc 9.22).” [4] “Os poucos entre nós que têm algum senso das coisas
divinas, e a mínima preocupação por suas almas e pelas almas dos outros têm
feito o que podem para ajudar segundo a luz natural que possuem. Eu fiz a minha
parte por alguém. Fizemos o possível para persuadir nossos vizinhos a temer e
adorar a DEUS, mas pouco bem podemos fazer entre eles. Ó vem, vem e ajuda-nos!
O evangelho que anuncias possui argumentos e poder acima do que conhecemos.”
[5] “Não nos ajude apenas com as tuas orações: isso não vai dar certo. Tu tens
de vir e nos ajudar.” Note que as pessoas têm grande necessidade de ajuda para
que sejam salvas. O dever delas é procurar essa ajuda e convidar quem possa
ajudá-las.
2. A interpretação da visão que Paulo teve: Paulo, Silas e Lucas
concluíram que o Senhor os chamava para anunciar o evangelho na Macedônia (v.
10). Eles estavam prontos para ir onde quer que DEUS os dirigisse. Note que
podemos concluir que DEUS nos chama quando uma pessoa nos chama. Se o varão da
Macedônia diz: Vem e ajuda-nos! Paulo então conclui que DEUS diz: “Vá e
ajude-os”. Os ministros trabalham com grande alegria e ânimo quando percebem
que JESUS CRISTO os chama, não só para anunciar o evangelho, mas para
anunciá-lo neste momento, neste lugar e a este povo.
A Vida e a Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia -
Ball. Charles Ferguson - A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles
Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de DEUS,
1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica.
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
Em seu regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por
alguns. Mas os que sabiam de sua mudança logo sentiram que a sua presença
causaria confusão, pois ele, agora, acreditava no impostor segundo eles -
JESUS. A confirmação veio de seus próprios lábios. Todos estavam desapontados e
enfurecidos. Como um fariseu erudito, cuidadosamente criado e educado por
hebreus, educado aos pés de um mestre como Gamaliel, e que logo se tornaria
rabino, pôde tomar semelhante atitude?
Não se sabe de que forma os pais de Saulo receberam o duro golpe.
Como não estivessem preparados, sentiram-se envergonhados por seu filho:
justamente ele havia oferecido fogo estranho no altar.
Quando relatou sua experiência em Damasco - seu encontro com o
CRISTO ressurreto - houve admiração e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra,
mas nenhuma pôde calar-lhe os lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que
não lhe importava se o mundo fosse contrário à sua mensagem; continuaria a
pregá-la fielmente. Em Tarso, Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do
Sinédrio, e sendo um hábil orador, é provável que multidões se reunissem para
ouvir-lhe os sermões. Alguns podem ter-se rejubilado com cada palavra e se
tornado abertamente cristãos.
Os rabinos mais velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o
advertiram a não falar contra as regras. É possível que em Tarso, diante da
porta de sua própria sinagoga, haja sido chicoteado em público, fato que, mais
tarde, haveria de mencionar (2 Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu
intermédio, o Evangelho abriu os olhos aos cegos e levou a esperança a muitos
corações. Nada o deteria. Não lhe dissera o Senhor que se tornaria apóstolo
para os gentios?
Obscuridade e Fabricação de Tendas
Apesar de sua confiança e do chamado divino, Saulo entra num
período de inatividade. Durante sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele.
Mas aqueles foram anos de espera, disciplina e paciência. Saulo talvez
necessitasse desse tempo para fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar
pacientemente no Senhor. Ele tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de DEUS, para quem o tempo não existe, aquele período
haveria de amainar o rancor dos rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em
Tarso, enfrentando a oposição e sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS
completasse mais um grande estágio na história da Igreja. Nesse interregno,
Pedro e os demais apóstolos foram se conscientizando de que a Igreja não era
exclusivamente para os judeus. O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros
e impuros, preparando-o para evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que
foi admitido na Igreja sem ter de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um
passo que revolucionou toda a perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa
ocasião, Saulo haja se irritado e resmungado contra a demora em seu ministério.
Mas acabaria por aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada
sai errado em seu cronograma.
Enquanto isso, Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja
pregado não apenas em Tarso, mas também na zona rural que visitara quando
menino para comprar pelo de cabra. Talvez, sempre que viajava pelas estradas e
trilhas de camelos, através das florestas e vales, procurava seus conterrâneos.
Falava-lhes de JESUS, o Messias, e convidava-os a procurar nEle a justificação
pela fé.
Dispersão da Igreja de Jerusalém
A Igreja de Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a
perseguição aumentou, os cristãos viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até
saíram de Jerusalém, e procuraram refúgio noutras terras. Grande número
dirigiu-se a Damasco. Outros foram até Antioquia, a linda capital romana da
Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte de Jerusalém. Filipe foi para Samaria.
Em Antioquia, muitos judeus estrangeiros haviam se tornado seguidores de JESUS.
Eles eram mais liberais, e o medo do sumo sacerdote não os constrangia. Alguns
haviam nascido na Grécia, outros na costa africana de Cirene, e outros em
Chipre. À medida que o Evangelho lhes era pregado, grande número veio a crer. E
o ESPÍRITO de DEUS atuava na pregação levando também muitos gentios de
Antioquia a se converterem. E isso muito aborreceu aos cristãos hebreus, pois
estavam certos de que JESUS CRISTO pertencia somente a eles, e a única maneira
de tornar-se cristão seria tornar- se, primeiro, um prosélito da sinagoga.
Barnabé em Antioquia
O movimento de Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi
enviado à igreja-mãe. Em Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua
mente aberta e esclarecida, foi enviado a fim de investigar a autenticidade das
proclamadas conversões dos gentios.
Barnabé ouvira os argumentos dos judeus de mente estreita e também
dos judeus oriundos de Chipre. Vira igualmente as multidões de gentios que
haviam abandonado seus ídolos, e agora professavam alegremente a CRISTO.
Barnabé não podia negar a realidade daquelas conversões. Essas pessoas também
haviam sofrido por CRISTO; algumas, apesar de desprezadas por sua própria
gente, regozijavam-se por sua salvação.
Barnabé, impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não
criticou os gentios, nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem
instruídos no Judaísmo. Pelo contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS
estendia-se além das fronteiras de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a
JESUS, mesmo em face das perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas
palavras alegraram os ouvintes; houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor
acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.
O Chamado para Antioquia
Ao perceber a obra esplêndida que se poderia realizar em Antioquia,
Barnabé só pôde pensar num único homem - alguém que encontrara em Jerusalém,
que fora criado numa cidade gentia, e que possuía muitas das qualificações
exigidas para uma grande liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no
coração o ministério para os gentios.
A imagem de Saulo de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos
atrás, vira-o arder com a missão de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo
pudesse ir a Antioquia com seu fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais delongas, Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto
de Selêucia. Encontrou aí um barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio
Cnido, onde as velas foram amadas e os compridos remos o levaram corrente
acima, até o porto de Tarso.
Será que encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou,
ambos se abraçaram. Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e
Saulo prestou atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita
em Antioquia, e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em
partir imediatamente.
Saulo em Antioquia
Com meio milhão de habitantes, Antioquia da Síria era a terceira
maior metrópole do Império Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as
suas ruínas ainda podem ser visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O
monte Silpio levantava-se no centro da cidade, e achava-se coalhado de
barracas, onde aquartelavam-se os soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis haviam despendido grandes somas para tornar Antioquia
ainda mais bela. Ali havia jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes
adornara uma de suas ruas com colunas de mármore, numa extensão de cerca de
três quilômetros. Fora da cidade, encontrava-se um grande anfiteatro onde eram
realizados jogos e corridas.
O povo de Antioquia adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja
honra tinham construído majestosos templos. No lado oposto da cidade, o grande
escultor Licos modelara uma enorme cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a
num grande bloco de pedra que se projetava do solo. A figura tornou-se o
símbolo de Antioquia, assim como a Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo
da América. Até hoje ela pode ser vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o império era intensa a busca pelo prazer e
ociosidade. Antioquia não fugia à regra. Da porta de Dafne, uma estrada
estendia-se por oito quilômetros, até o bosque de Dafne e o templo de Apolo,
pontilhada pelas casas e jardins dos mais abastados. O bosque, um dos lugares
mais aprazíveis de toda a região, era palco de orgias tão desenfreadas que até
os próprios romanos delas se escandalizavam. Visitantes chegavam a Antioquia,
vindos de todas as partes do mundo: africanos, gregos, romanos, persas,
egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num espírito de permanente
feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais interessante e animado do
mundo.
Saulo foi levado à cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em
alguns corações e o poder do ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios
igualmente. Apesar de toda a sua grandeza, Antioquia continuava faminta e
necessitada.
Barnabé levou o amigo a reunião da igreja. Era uma assembleia quase
tão forte quanto a de Jerusalém. Saulo conheceu vários obreiros da igreja,
entre os quais Manaem, um parente de Herodes Antipas. Ele era um homem de alta
posição em Antioquia. Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de Cirene e tantos
estrangeiros de rincões desconhecidos que Saulo foi levado a regozijar-se em
seu meio.
Em Jerusalém e em todos os outros lugares, os seguidores de JESUS
eram chamados de cristãos, mas em Antioquia receberam outro nome. Eram chamados
"cristãos" por serem imitadores e discípulos de CRISTO. O nome
outrora pronunciado em tom de desprezo nos é hoje motivo de orgulho. Como
qualquer rabino em Israel, Saulo estabeleceu-se em seu ofício, pois os
fabricantes de tendas sempre encontravam trabalho. Dessa forma, ganhava seu sustento,
mas a principal razão de sua presença em Antioquia era ajudar a Igreja a
fortalecer-se na fé.
Saulo visitava diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes
ficava à beira da estrada enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele
chamava a todos ao arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS.
Dizia-lhes que JESUS de Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém
e ressuscitara ao terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS
enviado ao mundo para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os do vazio da idolatria para a plenitude da vida
cristã. Os amantes do prazer, mercadores, turistas, e mulheres da sociedade -
ninguém podia ignorar a eloquência de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo.
Não Podiam deixar de admirar-lhes a coragem e o zelo, mesmo em face da multidão
escarnecedora. Pelo menos não havia sumo sacerdote ali para levantar a mão
contra eles. O ministério do Evangelho estava desimpedido e a Igreja crescia
rapidamente; cada cristão era uma incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano, Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante
cidade. Falava com empenho, e o Senhor tornava produtivos o seu ensino e
pregação. Não demorou muito, e Antioquia já era um centro cristão mais forte
que Jerusalém, pois a igreja, aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras Perseguições aos Cristãos
Quando o imperador Calígula foi assassinado, Herodes Agripa
achava-se em Roma. Por ter ajudado o novo imperador, foi ele honrado com o
governo das terras de seu avô, Herodes, o Grande. Houve júbilo em Jerusalém
quando ele passou a reinar, pois sabia-se ter sido ele fariseu; a rigidez da
religião judaica não lhe era estranha.
Seu primeiro ato como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de
sumo sacerdote, e indicar Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso
parecia promissor aos fariseus, que se alegraram ao ver surgir um defensor de
sua causa. Todavia, quando Agripa desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o
manto farisaico, passando a viver abertamente como um romano irrefletido e
profano.
Como Herodes Agripa quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a
perseguir os cristãos. Ordenou que se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de
João. Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito
se agradara disso, e estimulado com o crescimento de sua popularidade, Herodes
ordenou ainda a detenção de Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo
depois da Páscoa. No entanto, um anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere,
soltou o apóstolo.
Presentes para os Cristãos de Jerusalém
No auge da perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava
em Jerusalém, visitou Antioquia. Levantando-se na assembleia, deu a entender,
pelo ESPÍRITO do Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o mundo. Isso
significava que tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente
aconteceu no tempo de Cláudio César (At 11:28). Ato contínuo, os cristãos de
Antioquia levantaram ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de
Barnabé e Saulo.
Despedindo-se da igreja de Antioquia, partiram ambos para
Jerusalém, levando Tito consigo. Nos anos seguintes, viria este a ser um
excelente líder, sendo o encarregado de supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante não deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as
provisões diante dos irmãos de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam
sido enviadas por homens e mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles
eram gentios!
A Grande Controvérsia (Atos 15).
A questão dos gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo
pretendia resolver em sua estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não
foi pregar nas sinagogas. Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de
fazê-los entender que os gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem
ter de se submeter aos ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que Saulo veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os
próprios cristãos, pois alguns achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma
real experiência com o Senhor. Na igreja-mãe (Jerusalém), havia também alguns
fariseus que alegavam ser seguidores de JESUS, mas não passavam de traidores;
sua presença na Igreja prejudicava o crescimento do Evangelho. Eram espiões do
inimigo, e faziam o máximo para levar os cristãos de volta ao Judaísmo.
Saulo os enfrentou, provando-lhes que a graça de DEUS se havia
estendido também aos gentios. Ele animou-se ao ver que Pedro, João e outros
discípulos o aprovavam. Estes concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem
pregar aos gentios, e os admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos
judaicos.
Decisão do primeiro concílio da Igreja - Na verdade, pareceu bem ao
ESPÍRITO SANTO e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas
necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do
sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos
guardardes. Bem vos vá. Atos 15:28,29
Mas a questão ainda não fora resolvida; alguns continuavam a
ensinar que a Lei de Moisés era necessária; outros diziam que não. Preocupados,
Barnabé e Saulo deixaram a igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa
viagem de volta a Antioquia.
A casa de Maria, parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos
líderes cristãos. Saulo e Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade
durante a viagem, e sentiram-se especialmente atraídos por seu filho, Marcos.
Apesar de ser ainda um rapazinho, Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando
criança, conhecera o Senhor e, mediante a pregação de Pedro e João, passara a
ser um fiel cristão. Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem;
Saulo também se impressionou com sua dedicação. Ambos o persuadiram a
acompanhá-los até Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares
distantes. O chamado da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a Antioquia
A igreja de Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos,
alegrando-se com as notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus
presentes serviram para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia estava tornando-se rapidamente o centro das atividades da
Igreja. O braço da perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à
sombra do Templo. A igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da
sinagoga, até que outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a
liderança.
Muitos dos cristãos de Antioquia procediam de lares gentios. Eles
lembravam-se naturalmente de seus parentes dispersos por todo o império, e
achavam que o Evangelho também lhes deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora
chamado pelo Senhor para ministrar aos gentios, esses cristãos se alegraram
pela salvação do países vizinhos. Não temos notícias se a igreja em Antioquia
sustentou Paulo como fizeram os Filipenses. PORÉM ESTA IGREJA PODE ESTAR
INCLUÍDA ENTRE ESTAS QUE PAULO MENCIONOU E QUE O SUSTENTARAM - *Outras igrejas
despojei eu para vos servir, recebendo delas salário*; e, quando estava
presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios 11:8
E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do
evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com
respeito a dar e a receber, senão vós somente. Filipenses 4:15
A Primeira Viagem Missionária
Numa reunião de jejum e oração, os profetas e mestres da igreja em
Antioquia receberam a ordem diretamente do ESPÍRITO SANTO de que era a vontade
de DEUS que enviassem Barnabé e Saulo na missão de abrir igrejas por todo o
mundo, Isso foi decidido e comunicado a eles pelo próprio ESPÍRITO SANTO,
talvez usando um dos profetas ali presentes. Quem seria mais bem qualificado
para ela? Eram homens experimentados, e ambos desejavam pregar a todos os povos
o evangelho de JESUS. Havia ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do
mundo. Estavam capacitados a representar a CRISTO; para isto haviam sido
chamados. Os líderes, levantando-se numa reunião de jejum e oração, impuseram
as mãos sobre Barnabé e Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da
tarefa missionária.
Provavelmente com as mochilas cheias de provisões e presentes
oferecidos pelos membros da igreja em Antioquia, Barnabé e Saulo partiram numa
jornada que os manteria longe de casa por mais de dois anos. Deixaram atrás de
si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles em suas orações.
Os missionários levaram consigo o jovem Marcos, sobrinho de
Barnabé. Quando a primavera chegou aos montes da Síria, os três partiram;
cremos que todos os irmãos estavam lá para se despedirem deles. Os missionários
caminharam pela longa estrada pavimentada que os levaria ao porto de Selêucia,
onde havia grande atividade. Navios mercantes chegavam e partiam para outros
portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de pequeno porte, levando frutas
de Chipre, distante dali cerca de 113 quilômetros, navegavam regularmente pela
estreita faixa de água azulada, num percurso de seis horas, com vento
favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles certamente seriam bem acolhidos na
cidade. Além disso, havia na ilha alguns cristãos que tinham sido expulsos de
Jerusalém quando da perseguição geral. Os agora, apóstolos Barnabé e Saulo, estavam
felizes por terem sido escolhidos para esta tão grande missão.
Veja que a Igreja possui apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres como afirma Paulo na carta aos Efésios 4:11. Os ministérios de CRISTO continuam a existir,
muito embora não sejam reconhecidos pela igreja atual, talvez quem sabe,
preocupada em dividir o salário pastoral com todos esses ministros.
Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas
vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando - Atos 14:14
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do
Senhor. Gálatas 1:19
A Ilha de Chipre
O pequeno navio bordejou a ilha, e navegando junto à costa escura e
rochosa, chegou à principal cidade, Salamina, na foz do rio. A atividade no
porto era enorme. Dois grandes diques de pedra estendiam-se como braços
protetores para o belíssimo azul das águas, convidando os navios de todo o
globo a ancorarem ali. As ruas da cidade comparavam-se às de Tarso. Em toda
parte, avistava-se santuários de ídolos e templos erigidos aos deuses gregos. O
prédio mais popular da cidade era o templo de Afrodite, a deusa que
representava a beleza feminina, e cuja adoração era acompanhada por ritos
vergonhosos e pecaminosos.
Os sacerdotes desse templo costumavam contar como, há muito tempo,
a bela Afrodite surgira dentre a espuma das ondas e, vendo as areias macias da
praia, fizera de Chipre sua residência permanente. Essa, segundo eles, era a
razão de as mulheres de Chipre serem tão altas e belas. O aniversário de
Afrodite era celebrado com um festival.
A vida na ilha era fácil e despreocupada; o povo tinha como
principal objetivo a busca do prazer. Com certeza, Barnabé conhecia muito bem a
essa gente. Depois de visitar os amigos e parentes, passou a frequentar as
sinagogas. Enquanto isso, Saulo anunciava o Evangelho, afirmando que CRISTO
cumprira as promessas feitas a Israel, e viera para ser o seu Messias.
Como houvesse várias sinagogas em Salamina, Barnabé e Saulo
narraram a história de JESUS de modo que todo judeu pudesse ouvi-la. Sem
dúvida, Saulo contou que fora educado para ser rabino e fariseu, e que passara
anos perseguindo os cristãos antes de encontrar o Senhor ressurreto na estrada
de Damasco - o encontro que lhe mudara a vida. Não se sabe se alguém foi levado
a CRISTO em Salamina. Depois de haverem passado algum tempo ali, os três
obreiros viajaram a pé de uma ponta à outra da ilha.
Eles pregavam a CRISTO sempre que tinham oportunidade. É possível
que o fizessem nas minas de cobre, nas salinas, nos pomares, nas fábricas, ou
onde quer que houvesse grupos de pessoas. É certo que visitaram as sinagogas
nas aldeias, e finalmente, depois de várias semanas, entraram no vale que
descia para o mar ocidental e a cidade de Pafos. Aqui, na praia beijada pelo
sol, achava-se o lugar onde, supostamente, Afrodite saíra das ondas. Seu
templo, com grandes pilares de mármore, marcava o local onde chegara à praia, e
que era considerado sagrado. Pafos era a capital de Chipre.
Como na maioria das cidades, havia ali um bairro judeu. E Saulo e
Barnabé, acompanhados por Marcos, conseguiram descobri-lo. De acordo com o seu
costume, Saulo pregou CRISTO à sua gente. Alguns creram; outros sentiram-se
insultados.
Sérgio Paulo, o governador enviado por Roma à ilha, era um homem
culto e que se interessava pela ciência da sua época. Uma ciência, porém,
estranhamente misturada à feitiçaria e à astrologia. Sérgio Paulo, embora
estivesse acostumado aos deuses e deusas de Roma, continuava procurando algo
que lhe satisfizesse a alma.
Quando o governador soube da chegada de Saulo e Barnabé, mandou
chamá-los; queria ouvir a nova doutrina. Essa era a grande oportunidade de
Saulo, e ele a encarou como se fora uma porta aberta para o Evangelho. Com
humildade, mas cheio de entusiasmo, foi encontrar-se com o ilustre romano. Como
Saulo também era romano, começou a falar desenvolta e habilmente. Expôs o amor
romano à verdade e à justiça, e sua aceitação e tolerância com todas as
religiões. A seguir contou, um a um, os grandes fatos do Evangelho - a vinda de
JESUS CRISTO, a rejeição de seu próprio povo, sua crucificação e, finalmente,
sua ressurreição. Recapitulou sua experiência pessoal como opositor do
Cristianismo, e como certo dia o Senhor o cativara e transformara-lhe
completamente a vida.
Sérgio Paulo ficou impressionado. As palavras de Saulo
agradaram-lhe os ouvidos. Seu coração inclinou-se para DEUS e a luta por sua
alma já estava quase ganha. Mas Barjesus, um mágico e feiticeiro da corte,
também chamado de Elimas, negava vigorosamente as palavras de Saulo. Barjesus
era judeu e estava vivendo em oposição à Lei de Moisés, pois esta condenava a
feitiçaria e a magia. Todavia, diante da pregação de Saulo, seu judaísmo veio à
tona; seus argumentos tornaram-se fortes.
Paulo discutiu com ele, e vendo que se vendera a Satanás e estava
agora obstruindo a palavra de DEUS, clamou contra ele: Ó filho do diabo, cheio
de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás
de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão
do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante a
escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o
guiasse pela mão (At 13.8-12).
Enquanto Sérgio Paulo observava, os olhos de Elimas embaçaram e a
escuridão caiu sobre si. O homem estendeu desesperadamente a mão, tateando para
encontrar o caminho, e teve de ser guiado através do aposento.
O governador romano vira a poderosa mão de DEUS sobre uma alma
rebelde, e deixou- se convencer. Levantou-se do divã; não pôde mais resistir ao
Evangelho. Creu e foi contado entre os cristãos. Esse foi um grande avanço.
DEUS honrara o ministério de Saulo, dando-lhe o homem mais importante da ilha.
Glória a DEUS!
Paulo, um NOVO Homem
Movimentando-se entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de
Paulo, pois essa era a forma romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e
mesmo depois de tornar-se cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas
esse nome era israelita, e de certa forma representava tudo o que ele fora como
judeu e fariseu. O nome Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho.
Enquanto permaneceu entre os gentios das províncias, foi se tornando cada vez
mais conhecido como Paulo. Com o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o
nome romano para assinar todas as suas cartas.
Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do ESPÍRITO SANTO
e fixando os olhos nele, disse: Atos 13:9
A Caminho de Perge
Em Chipre, as circunstâncias eram favoráveis a Paulo, Barnabé e
Marcos. Sem que o percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não
haviam planejado passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita
terminara, quando os três despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de
dois dias para a província da Panfília, no continente. Esta ficava somente a
160 quilômetros a oeste da casa de Paulo, em Tarso, sendo, porém, uma porta de
saída para as cidades gentias da Ásia Menor.
O pequeno barco foi navegando pela costa rochosa da Panfília,
procurando encontrar a foz do rio Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram
à cidade de Perge. As velas foram baixadas e os compridos remos levaram o barco
finalmente ao molhe. Ali, na encosta do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de
corridas e o templo de Diana.
As casas eram semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande
beleza. Naquela época do ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas
montanhas, que levavam à cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos,
porém, desanimou. As montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens
infestadas de assaltantes. Plínio fizera um discurso grandioso contra a
pirataria em mar aberto, diante do tribunal de Roma, e o resultado foi uma
campanha para expulsar dos mares os navios piratas. Os meliantes retiraram-se,
então, para as montanhas, tornando-se ladrões de estrada, molestando
frequentemente os viajores. É possível que, pensando nessas coisas e nos
animais selvagens à espera nos desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E,
pensando nas possíveis consequências, decidiu voltar para casa. Mas também
podemos imaginar que Marcos já pensava em escrever seu evangelho e queria
juntar todas as informações de que já dispunha e se aproximar também de Pedro
para aprender mais do evangelho e escrever tudo o que sentisse ser de proveito.
Após a partida de Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas
trilhas montanhosas, seguindo o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram
íngremes e o caminho estreito; outras, viajavam por vastas planícies onde o sol
tostava as pastagens. Levaram uma semana para chegar às terras altas e frias,
onde era mais saudável viver. Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de
Antioquia florescia, com fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em Antioquia da Pisídia
Antioquia da Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia
Menor. Fora antes uma cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana.
Os prédios de mármore branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza
singular. Os judeus sempre eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e
Paulo e Barnabé encontraram um bom local para estabelecer-se. Fabricante de
tendas, Paulo gostava de ganhar seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser
pesado à Igreja. Além disso, seus contatos com mercadores e suas viagens às
lojas para vender as mercadorias, davam-lhe muitas oportunidades de falar de
JESUS.
Aos sábados, Paulo e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram
convidados pelos líderes a tomar parte na adoração e falar aos presentes. Havia
sempre orações seguidas por leituras da Lei e dos Profetas. A reunião terminava
com um discurso ou um debate entre os principais membros da sinagoga sobre
alguma passagem das Escrituras. Quando os líderes perceberam que Paulo e
Barnabé eram homens cultos, e pareciam ser portadores de uma mensagem,
disseram-lhes: "Varões irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para
o povo, falai" (At 13-15).
Um Importante Sermão de Paulo
Havia um bom número de pessoas presentes, tanto judeus como
prosélitos (gentios convertidos ao Judaísmo). Barnabé reconheceu que a
experiência de Paulo o qualificava como mensageiro. Olhou para ele com um
sorriso que dizia: "Essa é a sua oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto.
Como de costume, os judeus estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os
xales de oração sobre os ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou
a falar lentamente: Varões israelitas, e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS
desse povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo sendo eles
estrangeiros na terra do Egito, e com braço poderoso o tirou dela; e suportou
os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos; e destruindo a
sete nações na terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois
disso, por quase quatrocentos e cinquenta anos, lhes deu juizes, até o profeta
Samuel. E depois pediram um rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a Saul,
filho de Quis, varão da tribo de Benjamim. E, quando esse foi retirado, lhes
levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi,
filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha
vontade (At 13.16-22).
Esse retrospecto da história era familiar aos judeus, que o
acompanharam com grande interesse e aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao
recapitular tais fatos era apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS
para Salvador de Israel; Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado
a todo o povo de Israel, o batismo do arrependimento. Mas João, quando
completava carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO;
mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as sandálias
dos pés. Varões irmãos, filhos da geração de Abraão e os que dentre vós temem a
DEUS, a vós vos é enviada a palavra dessa salvação. Por não terem conhecido a
este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no,
cumprindo assim as vozes dos profetas que se leem todos os sábados. E embora
não achassem alguma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E
havendo eles cumprido todas as coisas que deles estavam escritas, tirando-o do
madeiro, puseram-no na sepultura (At 13 23-29).
Paulo preparava-se para a parte principal do sermão. As palavras
saíam-lhe mais rápidas. Sua voz elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual
ao exclamar triunfante: Mas DEUS o ressuscitou dos mortos; E ele por muitos
dias, foi visto pelos que subiram com ele da Galileia a Jerusalém, e são suas
testemunhas para com o povo. E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita
aos pais, DEUS a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a JESUS, como também
está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje eu te gerei. Seja-vos,
pois, notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia remissão dos pecados.
E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é
justificado, todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de Paulo terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era
um pregador corajoso e todos sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre os principais da congregação começaram a murmurar,
mas grande número de judeus e gentios saíram naquele dia indagando-se:
"Será que isso é verdade? Será mesmo verdade?"
Quando Paulo e Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos
seguiam-nos pela rua estreita pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino.
Ansiosos, queriam saber tudo a respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol
se pôs e as velas foram acesas em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o
coração aberto ao Salvador e os olhos voltados ao céu.
No dia seguinte, o discurso de Paulo era o tema das conversas nos
lares judeus. Os gentios também souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que
repetisse o sermão no sábado seguinte.
No dia marcado, pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga
sombria, com uma única lâmpada acesa, estava repleta como nunca. Muita gente
teve de ficar do lado de fora. Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta
que quase a cidade inteira se reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo
repetiu o sermão e o povo escutou. Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO,
vozes elevaram-se contra ele. Alguns judeus, movidos pela inveja,
contradisseram-no publicamente. Era costume interromper o orador na sinagoga.
Paulo acostumara-se a isso, e não esperava outra coisa.
De repente, os líderes judeus puseram-se a gritar. A violência
cresceu. Já agora atacavam selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com
maldições e blasfêmias. Os dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto,
chamando os ouvintes à razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez
mais alto, na tentativa de calar Paulo.
Dirigindo-se aos líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que
a vós se vos pregasse primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e
vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os
gentios" (At 13.46).
O Ministério de Paulo É Abençoado
A multidão bloqueava a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir
falar da vida eterna. Paulo e Barnabé deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e
maldições dos judeus, mas na porta foram saudados por um brado de alegria. Os
gentios, cansados de sua religião vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez
de JESUS, da ressurreição e da vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os
apóstolos. Quando a noite chegou, estavam cansados, mas alegres por tantas
almas salvas naquela cidade gentia.
Durante toda a semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam
foram invadidas por pessoas de todas as classes sociais. Queriam saber mais de
CRISTO, que lhes havia preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a
maior necessidade da vida: a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma
nova igreja. Quando o inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS
era dado diariamente nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de
cuidar de seus negócios, os crentes aproveitavam para contar as boas novas de
como nossos pecados eram perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a
Palavra de DEUS estava sendo pregada em toda a região, e muitos grupos de
cristãos reuniam-se no Dia do Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da
vida eterna.
Com a chegada da primavera, as estradas nas passagens das montanhas
foram abertas e o comércio ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de
estrangeiros vindos de lugares distantes. Os pregadores não descansavam em seus
esforços por ganhar homens e mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam
aborrecidos com o sermão de Paulo, e opunham-se vigorosamente à formação de
igrejas cristãs em sua cidade. Não conseguiriam descansar enquanto não dessem
fim àquele movimento.
A adoração no templo de Baco e nos templos do deus-lua era
exclusivamente para satisfazer aos homens. As mulheres sofriam quando seus
maridos se entregavam às orgias e bebedeiras em honra a Baco. A adoração pagã,
portanto, nunca foi popular entre as mulheres. Em vista disso, muitas delas
começaram a frequentar a sinagoga, tornando-se prosélitas da religião judaica,
pois encontravam ali algo infinitamente melhor que tudo quanto haviam
conhecido. Os líderes das sinagogas instigaram essas mulheres - principalmente
as casadas com cidadãos importantes de Antioquia - a convencer os maridos de
que deviam proibir a pregação dos discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé Forçados a Deixar Antioquia
Paulo e Barnabé foram intimados a comparecer perante os
magistrados, e receberam ordens para deixar a cidade. As autoridades cuidaram
para que as ordens fossem obedecidas. Enviaram um guarda para acompanhar os
apóstolos até bem longe dos portões de Antioquia, advertindo-os a que saíssem
da província e jamais voltassem. Os líderes dos judeus acompanharam os guardas,
contentes por se verem livres daqueles mestres cristãos. Seguindo a
recomendação do Senhor, os viajantes tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó
de Antioquia da Pisídia, como sinal de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante, antes de partirem, haviam reunido os líderes da nova
igreja e insistido a que permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as
torres de Antioquia desapareceram na distância, um sentimento de alegria
inundou o coração dos deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não fora
em vão. DEUS abençoara sua obra ali, e centenas de crentes estavam
testemunhando de CRISTO na cidade, nas aldeias e povoados de toda a região. O
ESPÍRITO de DEUS certamente os guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para o leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada;
era a principal rota comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos em Icônio
Icônio era a capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96
quilômetros. Paulo e Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada
que prosperara com a fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era
tensa, pois passava por um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de Icônio podiam ser vistos a quilômetros de distância,
enquanto a caravana descia as montanhas. A região era rica, e a primavera
mostrava-se em toda a sua plenitude nos vinhedos e jardins.
Os principais ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um
belo jovem, amado pela mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma
caçada. Cibele, filha de Arano, era representada sobre um trono ladeado por
enormes leões. Segundo a lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando passar algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram
um alojamento e voltaram a praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam
em Icônio, por isso foi fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era
fazer o mesmo que haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à
sinagoga e aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao
de Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo
divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente
que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da Igreja em Icônio
A princípio, os líderes da sinagoga não se opuseram a Paulo e a
Barnabé. pois interessava-lhes aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem
quantos da sua congregação creram e quantos gentios estavam aceitando a CRISTO,
aborreceram-se com a pregação. Proibiram então os discípulos de frequentar a
sinagoga, mas não puderam impedir que falassem nas ruas. O Senhor abençoou
tanto o trabalho em Icônio que grande número de pessoas veio a crer. Estava
iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a oposição, tanto mais ousadamente os discípulos
falavam. A opinião do povo dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento;
outros não queriam saber dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se
abertamente, e várias vezes os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja
firmara-se na fé e Paulo sabia que, quando partissem, os irmãos não voltariam
aos ídolos. Adônis perdera. Quem reinava agora nos corações era CRISTO! Ao
serem informados por alguns crentes de que os inimigos planejavam apedrejá-los
até a morte, os apóstolos Barnabé e Paulo despediram-se dos cristãos e deixaram
rapidamente a cidade. Seguiram pela estrada pavimentada até Listra e Derbe,
cidades da grande planície, a cerca de 29 quilômetros ao sul.
O Milagre em Listra
Mal haviam chegado a Listra e arranjado acomodações, surgiram
oportunidades para pregar em cada esquina. Na praça do mercado e em qualquer
lugar onde as pessoas se aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o
Filho de DEUS, e da vida cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as
orgias do templo pagão, a que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande templo dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O
poeta Ovídio conta que há muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra
disfarçados de viajantes. Procuraram alojamento e alimentação de porta em
porta, mas foram repetidamente escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa
humilde, onde vivia um casal idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os
dois e os alimentaram com seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os
estranhos revelaram que eram deuses e concederam ao casal vida longa como
guardiães de um templo sagrado.
Os moradores de Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto
estes pregavam a CRISTO, e muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde, quando Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro,
viu entre a multidão um homem paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão
comoveu o homem, e Paulo sentiu que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo
poderosamente. De repente, Paulo virou-se para o aleijado e ordenou em alta
voz: "Levanta-te direito sobre os teus pés!" (At 14.10).
Todos os olhos fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em
pé e começou a andar e a saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Timóteo e Seu Lar
Um dos novos crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua
avó, Eunice, viviam em Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e
Barnabé passaram bastante tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os
ouvia contar repetidamente a história de CRISTO, descobriu que também queria
ser pregador do Evangelho. Seu coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO
de DEUS usava os discípulos.
E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo
por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, Atos
16:1
Os Apóstolos são Recebidos como Deuses
E estava assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o
seu nascimento, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando
nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta:
Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou. E as multidões, vendo
o que Paulo fizera, levantaram a voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se
os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós. E chamavam Júpiter a
Barnabé, e Mercúrio, a Paulo, porque este era o que falava. E o sacerdote de
Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da
porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes. Ouvindo,
porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes e saltaram
para o meio da multidão, clamando e dizendo: Varões, por que fazeis essas
coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos
anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao DEUS vivo, que fez o céu, e a
terra, e o mar, e tudo quanto há neles; o qual, nos tempos passados, deixou
andar todos os povos em seus próprios caminhos; contudo, não se deixou a si
mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos
frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria o vosso coração. Dizendo isto,
com dificuldade impediram que as multidões lhes sacrificassem. Atos 14:8-18Uma
exclamação de surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir na multidão. O
povo presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua oficial, na
intimidade do lar, todos falavam o licaônico. Vendo o paralítico andar,
maravilharam-se de tal forma que abandonaram por um instante o grego e gritaram
no dialeto nativo: "Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e
desceram até nós" (At 14.11).
A notícia espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os apóstolos
Barnabé e Paulo. A lenda de Júpiter e Mercúrio estava se repetindo diante de
seus olhos, confirmando a sua religião. Enquanto os observava, o povo chamou
Barnabé de Júpiter, por causa da sua altura e porte atlético. A Paulo chamaram
de Mercúrio, por ser o portador da palavra.
Quando os sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à
cidade, ouviram falar disso, trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa
onde os apóstolos estavam hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas
ruas, contando a todos que os deuses tinham descido até eles. Uma grande
multidão, guiada pelos sacerdotes, adentrou os portões para oferecer
sacrifícios aos deuses recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam.
Grinaldas de flores foram colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um grande
dia para Listra!
Quando ficou evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria
adorá-los, ambos se perturbaram imensamente. Só de pensar, sentiam-se
repugnados! De acordo com o costume judaico, eles rasgaram as vestes em sinal
de grande angústia e correram gritando em meio à multidão.
Os gongos e címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os
"deuses" estavam falando!
Não foi sem razão que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos
deuses. A oratória que o povo ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito
superior a qualquer outra que já tivessem ouvido.
O Apedrejamento de Paulo
Certo dia, estando Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo
de judeus de Icônio e Antioquia aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às
verdades pregadas. Agitavam-se enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes
usando a mesma Escritura. Até que, aos berros, aqueles homens correram em meio
aos ouvintes procurando dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito:
"Apedrejem-no! Ele merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei
de Moisés é um traidor. Apedrejem-no!"
As pedras zumbiam no ar, vindas de todas as direções. Paulo
continuou firme onde estava, suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa
altura, já se achava ferido e sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do
povo. Finalmente, um homem atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do
apóstolo. Sangrando e inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e
pôs-se a chutá-lo. Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade,
e abandonaram-no em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de
Paulo!", pensaram satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo de amigos ficara indefeso ante a multidão.
Acompanharam a turba que arrastava o corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de
um grande apóstolo fora silenciada. Já tinham visto muita gente morrer assim,
mas... quem sabe ainda estivesse vivo!
Fora da cidade, é possível que Barnabé, com seus braços fortes,
tenha recolhido e levado o corpo de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém
deve ter ido buscar água a fim de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos
amigos foi aliviada quando viram o apóstolo abrir os olhos, recuperando a
consciência. Alguém glorificou: "Louvado seja DEUS, que poupou o seu
servo, livrando-o dos nossos inimigos".
Os corações dos crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a
levantar-se e o levaram até a casa de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide
trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a se recuperar.
Ao amanhecer, antes que os mercadores enchessem as ruas com suas
mercadorias e gritos, dois vultos saíram pelo portão sul da cidade. O mais
baixo mancava e apoiava-se no braço de seu alto companheiro. Eles seguiram pela
estrada pavimentada e depois por um caminho secundário, que passava por uma
região montanhosa. Esse era o caminho para as Portas da Cilícia, que Paulo
chamava de lar. A cidade aonde estavam indo, porém, era Derbe, distante cerca
de quarenta quilômetros ao sul. Era um posto alfandegário, onde Roma recolhia
os impostos sobre todas as mercadorias embarcadas.
Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio, que, tendo
convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade,
cuidando que estava morto. Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se e entrou
na cidade. E, no dia seguinte, saiu, com Barnabé, para Derbe. Atos 14:19,20
As multidões debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes
voltaram com os touros aos estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o
povo comentou o episódio durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres
foram conhecendo a JESUS CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A
igreja em Listra começava a crescer.
Era inevitável que judeus de Antioquia e Icônio visitassem amigos
em Listra, ou fossem ali vender suas mercadorias. A história de Paulo e Barnabé
continuava viva em suas mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de gentios
em suas cidades ainda machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos porque
ambos continuavam pregando o que, para eles, era uma religião falsa. Decidiram
deliberadamente acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus de Listra
contra os discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas, fizeram brotar
tamanho ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir por conta
própria e matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Inverno em Derbe
Não havia sinagoga em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de
Paulo. Como ele falasse com a autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no
de boa vontade. O inverno chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve.
Nas montanhas, as passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém
viajaria até a volta da primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé permaneceram tranquilamente em Derbe, durante todo
o inverno. Paulo fez e vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa
ou nos lares que se lhe ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma
forte igreja foi fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino,
convertendo-se dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois
discípulos estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a
JESUS, e o Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve derreteu-se nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A
igreja de Derbe já estava forte e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo.
Fazia mais de dois anos que a igreja da Síria enviara os dois missionários;
sementes haviam sido plantadas e cresceriam para a vida eterna. O caminho fora
difícil, mas o Senhor estivera com eles e honrara-lhes o trabalho.
A Volta para Casa
A viagem de regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e
pelas portas da Cilícia até Tarso, passando depois por terreno muito familiar
até chegar à Síria. Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra,
Icônio e Antioquia. Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso;
mas, e as igrejas recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da
perseguição? Teriam crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis?
Estava claro que ele deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos
na fé. Eram seus amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles,
mencionando-os pelo nome. E se essa visita resultasse realmente em perseguição?
O Senhor não os protegera sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar
pelo mesmo caminho.
Em Listra, as cenas eram familiares; já sabiam onde encontrar os
cristãos. Foram até à casa de Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo
de DEUS continuava firme, apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se
confiantes; os cristãos de Listra estavam suficientemente fortes para se
organizarem. Portanto, em cada igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar
espiritualmente a família cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram
para Icônio.
Depois de alguns meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro
progresso e achava-se também pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram
isso e continuaram o caminho de volta para casa.
Ao chegarem aos portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos
alguns meses antes, lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o
Evangelho. Foram recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que
os cristãos de Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo pregou-lhes novamente e, antes de partir com Barnabé,
nomearam homens de confiança, provados durante a perseguição, para dirigir a
igreja.
A primavera já estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar
ao porto de Perge antes que aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias
e noites quentes quando chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das
montanhas em sua viagem a Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão
chegara em toda a sua força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo
pregando em Perge, decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após
dia foram usados por DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto pregavam, esperavam por um navio que os levasse para casa.
Havia barcos de muitos lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia.
Despediram-se dos crentes e continuaram a viagem pela planície até o mar, e
depois ao longo da estrada costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos
de todo o império. Atália era grande e importante, e, como em qualquer outra
cidade dessa região, havia nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam
ansiosos por encontrar um navio que os levasse de volta, e seguiram imediatamente
para o porto. Sua busca teve sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e
pequenos, oriundos de terras estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a passagem e, quando se levantaram os ventos
matutinos, as velas foram desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa
rochosa até Selêucia. Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas
montanhas da Panfília elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam
passado dois invernos naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto
os morros desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de
como o Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas
um ano, viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as noites, enquanto navegavam e oravam sob as estrelas,
Barnabé e Paulo lembravam-se de cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e
entregando-os ao seu cuidado. Até que a viagem chegou ao fim.
A GRANDE CONTROVÉRSIA
Paulo e Barnabé animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto
de Antioquia, protegido pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à
casa paterna; estar naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma
igreja forte; maior que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos
de Antioquia da Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam
aberto o coração aos gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de
Abraão no Reino de DEUS.
Os missionários mal tinham posto os pés no portão da cidade, e a
notícia de sua chegada já se espalhara. Naquela noite, uma grande multidão
reuniu-se à volta deles. Dois anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado
Paulo e Barnabé até o navio que os levaria em sua primeira viagem missionária.
Agora estavam de volta, e todos queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante.
Jovens e velhos sentaram-se no chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos
discorrer sobre a atuação do poder de DEUS em cada cidade.
É provável que tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e
depois Paulo. Ninguém se cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao
saber dos caminhos de DEUS para os gentios. Os missionários falaram da viagem
até Chipre; de Sérgio Paulo em Pafos; do calor de Perge e da deserção de
Marcos, que muito os desapontara. Descreveram seu primeiro inverno passado na
outra Antioquia, e como muitos ali haviam se tornado cristãos. As fugas para
Icônio e Listra, onde Paulo tinha sido apedrejado, foram contadas rapidamente.
Por último veio a história do segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas
sinagogas; mas na praça do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade
e, deixando os ídolos, haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o
coração para JESUS! Em cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja
havia sido estabelecida.
Importância da Primeira Viagem Missionária
Enquanto os cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias,
grande alegria inundava-lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de
pregar o Evangelho até os confins da terra estava se cumprindo com tremendo
sucesso. Em toda parte, apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para
brilhar e dissipar as trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só
em Jerusalém e Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava
crescendo e produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma
reunião de oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e
regozijavam-se por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e
mulheres de suas vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para
a vida eterna.
Paulo ficou vários meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e
comércio de tendas, enquanto expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava
especialmente da justiça de DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei,
mas recebida como um dom da sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a
ver que todas as suas esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS
CRISTO, o Salvador.
Crescentes Dissensões na Igreja
Até essa época, a oposição encontrada por Paulo na pregação do
Evangelho viera de uma única fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido
com o ensino cristão, tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo
fato de Paulo ter sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos
cristãos. Todo judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de
Moisés, e por causa disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia
como se sentiam e simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes
de sua conversão? Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava
um privilégio argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema, porém, surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus
cristãos, de mente estreita, não haviam aberto o coração aos gentios. Queriam
que a Igreja fosse uma seita judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em
Israel. Não concordavam em receber os gentios, a não ser que se submetessem
primeiro às cerimônias da sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam
tornar-se prosélitos, e manter as leis judaicas referentes aos alimentos,
festas, abluções e ofertórios.
Pedro era amigo de Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os
gentios também faziam parte do seu plano e o guiara até o gentio Cornélio,
tornara-se ele favorável ao posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida
congregação de Antioquia, decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de Pedro
Paulo recebeu Pedro com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história
da primeira viagem missionária à Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o
abençoara, juntamente com Barnabé, na pregação aos gentios. O coração do velho
pescador aqueceu-se com cada palavra. Comoveu-se com a fraternidade que
observou em Antioquia. Judeus e gentios reuniam-se ao redor da mesma mesa,
compartilhando as refeições como membros de uma única família. Isso seria algo
inconcebível em Jerusalém; proibido pela Lei Mosaica. E, infelizmente, os
crentes em CRISTO ainda levavam em conta tal proibição.
Encontrar e ouvir Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS
pessoalmente e que podia descrever as histórias ocorridas em seu ministério
terreno, foi uma experiência memorável para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava vendo e experimentando uma liberdade em CRISTO que
nunca antes conhecera. Em Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos.
Um escravo e seu senhor eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e
gentio, desde que ambos tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na
igreja. Estavam unidos por um laço mais forte que qualquer outra coisa neste
mundo.
A Propagação da Discórdia
Pedro alegrou-se com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros
autonomeados chegaram a Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo
sobre Barnabé e Paulo, e a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara.
Resolveram então ir a Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios
à Igreja. Por serem da igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de
autoridade. Com ousadia, advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a
não ser que se submetessem primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos
israelitas.
Pedro ouviu falar deles, e reconheceu tratar-se dos fariseus que
criam em JESUS, mas não conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam
muitos de seus conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os
gentios era suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa.
Pedro não concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em
Jerusalém, decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios.
Isso lhe pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande
influência na igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta os Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem os visitantes da Judéia tinham qualquer ideia da
grande força e convicção de Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles
e sabia exatamente quais eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve
piedade; lutou com todas as forças contra aqueles homens que estavam tentando
destruir a liberdade desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles
afirmavam não haver salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo
formidável, pois até Barnabé ficou impressionado e, por um momento, começou a
duvidar se agira corretamente ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa assembleia da igreja, os visitantes falaram tão convictamente,
que uma sombra de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora
de colocar aqueles perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido
muitos dos gentios cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não
compreendiam a graça de DEUS, ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se
insinuam para espalhar o rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios.
Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS
CRISTO, temos crido em JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO
e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada.
Pois, se nós, que procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos
também somos achados pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De
maneira nenhuma. Porque se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a
mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver
para DEUS. Já estou crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual
me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo continuava argumentando, Barnabé compreendeu que
errara ao dar ouvidos aos visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS
movera o coração dos gentios em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo
tinha razão, e agradeceu ao Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos
falsos mestres.
A resposta era clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão
definitiva sobre a questão dos gentios. A controvérsia não poderia ser
resolvida em Antioquia, mas apenas em Jerusalém, onde muitos queriam que a
Igreja continuasse como mera seita judaica.
O Apelo a Jerusalém
Embora o argumento de Paulo tivesse vencido temporariamente, e
todos tivessem ficado felizes na igreja de Antioquia, eles compreendiam que,
para o futuro da Igreja, alguma norma definitiva tinha de ser estabelecida. O
conselho concordou então que Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde
deliberariam com os apóstolos e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e os barcos costeiros permaneceriam ancorados até a
primavera. Portanto, teriam de viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra.
Isso significava seis longas semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse
novidade para Paulo, ele achou mais seguro viajar em caravana.
Providos de alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja,
Paulo e Barnabé partiram pela estrada do litoral. O céu estava carregado e
cinzento, mas os cristãos de Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do
caminho. Após a despedida, os crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela
segurança dos amigos e para que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia, os três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios
tinham se tornado caudalosos com as chuvas, mas havia pontes de pedra para
atravessá-los. Ao cair da noite, apressavam-se para chegar a algum vilarejo
onde encontrar abrigo. No pátio da estalagem, armavam a tenda e acomodavam-se
para passar a noite.
Os apóstolos pararam em muitas aldeias por toda a província da
Fenícia, e quando chegaram a Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando
vários grupos de crentes e confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para
ouvidos atentos, a história da sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os
cristãos agradeceram a DEUS, e animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o
Senhor protegesse o grupo que se dirigia a Jerusalém com o propósito de
resolver a questão dos gentios.
Em Samaria havia muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos
contaram a história do seu trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos
de Samaria ficaram contentes com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às
regras dos rabinos de Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que
aceitaram a CRISTO, alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua
jornada, com a esperança de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do
Senhor estavam realmente completando outra viagem missionária, pois haviam
fortalecido e confirmado as igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade
Santa. Fazia seis anos que Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos
santos de Antioquia. Mas dessa vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo
e aos cristãos gentios dos ataques dos falsos mestres, que procuravam
destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe de Marcos, encontraram vários líderes da igreja.
Esses homens os receberam cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de
como DEUS operara por meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou
sabendo que os falsos mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia,
não haviam sido enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram
líderes desta.
Diante de uma grande plateia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as
suas viagens e sobre o poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam
ídolos. Mesmo assim, houve quem se levantasse e declarasse que todos esses
estrangeiros não eram cristãos de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés.
Estavam até comendo carne que não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto
esses homens estreitavam as portas do reino, Paulo argumentava que a retidão
jamais seria conferida a qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim
pela fé no Senhor JESUS, que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da Grande Controvérsia
A solução não foi encontrada de imediato. Após muita disputa e
acirradas discussões, os apóstolos e presbíteros convocaram uma reunião para
considerarem as várias opiniões e chegarem a uma decisão. Participaram da
reunião representantes dos dois partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis
que a amargura se insinuou no debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão
do Senhor, e líder reconhecido da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir, Pedro, o discípulo que falara com JESUS exatamente sobre
o assunto, e que conhecera a vontade de DEUS através de uma visão repetida três
vezes, levantou-se e exigiu atenção de todos:
Varões irmãos, bem sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre
vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e
cressem. E DEUS, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o
ESPÍRITO SANTO, assim como também a nós. E não fez diferença alguma entre eles
e nós, purificando o seu coração pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS,
pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos
suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles
também (At 157-11).
Pedro sentou-se e a multidão ficou em silêncio. Todos os olhos
voltaram-se a Barnabé e Paulo, esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo
já dera sua opinião e só lhe restava confirmá-la, descrevendo os sinais e
prodígios operados por DEUS quando ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras
distantes.
Depois disso, ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente
a Paulo não puderam mais defender sua posição. Alguns ainda não se achavam
inteiramente convencidos, mas não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns minutos de silêncio, Tiago, respeitado por todos como
irmão do Senhor, resumiu os pensamentos colhidos na reunião:
"Varões irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com
grande dignidade. Os ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele
era o seu chefe e diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos, ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS
visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isso
concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Pelo que julgo que não
se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a DEUS,
mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da
prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos
antigos, tem em cada cidade quem o pregue e, cada sábado, é lido nas sinagogas
(At 15.1315,19-21).
A Primeira Carta Circular as Igrejas
Para tornar oficial a decisão, Tiago e os outros discípulos
escreveram uma carta para ser lida e explicada na igreja de Antioquia. Judas e
Silas foram escolhidos para a levar o documento até lá. Era tão importante a
decisão do primeiro concilio, que eles enviaram seus principais membros como
portadores das notícias; homens revestidos da maior dignidade aos olhos da
igreja.
Essas foram palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e
presbíteros concordaram. Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de
todo o mundo, de qualquer procedência, poderiam ser cristãos sem prestar
obediência à lei judaica. Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja
estender-se-ia ao mundo todo. Os cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a primeira das cartas circulares às igrejas. O próprio
Paulo, em anos posteriores, usaria esse método de escrever às igrejas, assim
como Pedro e João.
Paulo e Barnabé viajaram para casa com o coração leve. Seu
entusiasmo não conhecia limites! Agora, podiam fazer um relatório alegre a
todas as congregações. A Igreja dera finalmente um grande passo e removera suas
cadeias para sempre. Que imensurável satisfação para os crentes gentios!
Retornando a Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a
fim de comunicar- lhes o resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou
quando Judas e Silas foram apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na
igreja de Jerusalém, e os crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em
recebê-los.
Os dois contaram sobre as reuniões em Jerusalém e do debate
acalorado com respeito aos gentios. A seguir mostraram a carta assinada por
Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os
gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram
com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento),
pareceu- nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com
os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do
nosso Senhor JESUS CRISTO. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca
vos anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a
nós não vos impor maior encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos
abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada,
e da fornicação; dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At
15.23-29).
A congregação louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais
fervorosamente que nunca, propagara mensagem da salvação por JESUS CRISTO a
todo o mundo gentio - até à própria Roma!
Embora para os discípulos a grande disputa houvesse terminado,
muitos em Jerusalém não estavam plenamente convencidos. Com o passar dos anos,
em diversas igrejas por todo o império, Paulo os encontraria pregando seus
padrões farisaicos. Alguns argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco
e que a obra de CRISTO estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos
tinham liberdade para pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na
Igreja.
A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo permaneceu em Antioquia durante todo o inverno. As estradas
das montanhas estavam cobertas de neve e os barcos ancorados no cais, onde
permaneceriam até que as brisas da primavera enchessem o ar. A oficina onde
Paulo fabricava suas tendas era um ponto de comércio e local de encontro para
os cristãos, que gostavam de levar os amigos não convertidos para ouvirem-no
falar de JESUS. Barnabé era o amigo e companheiro constante de Paulo. Com eles,
a igreja tinha uma liderança leal e criara novas forças.
Além de Paulo e Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam
posições de liderança em Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um
deles, chegado recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja
de Antioquia, Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na
Síria, onde poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de Paulo e Barnabé
Quando o clima se tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que
deveria visitar outra vez as igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas;
precisavam ser orientadas. Paulo carregava no coração um peso constante por
esses cristãos novos, e à medida que o plano foi-se-lhe formando na mente,
procurou o amigo Barnabé, na esperança de viajarem juntos outra vez.
Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já
anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão (At 15-36).
Barnabé concordou, e imediatamente tiveram início os preparativos
para a partida. Todavia, Barnabé achou que deveriam levar João Marcos, seu
primo, para ajudar no trabalho. Mas Paulo recusou terminantemente. Marcos
tivera a sua oportunidade e os abandonara nas montanhas da Panfília, justamente
quando mais precisavam dele. Desde que Marcos optara pela segurança da cidade,
Paulo não estava disposto a repetir a experiência. Certamente, a mão de DEUS
não estivera na primeira associação de Marcos com os dois apóstolos. Por que
haveriam de supor que as coisas fossem diferentes agora?
Barnabé, porém, estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso
do empreendimento. Sua determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e
houve discussão entre ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras
trocadas foram tão ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser
cancelados. Um motivo tão insignificante serviu para separar os amigos que
juntos haviam enfrentado tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão,
e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos
foram formados. Barnabé navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo
Marcos, enquanto Paulo convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar
dos anos, Marcos justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo
alegrar-se-ia em recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro.
Prevaleceria o amor de DEUS, e o sentimento provocado pela disputa
dissipar-se-ia ante a necessidade de espalhar o Evangelho.
A Segunda Viagem Missionária
Barnabé e Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram
por terra ao longo da estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias
de Listra. O zelo demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e
dera-lhe a certeza de que DEUS honraria o seu testemunho onde quer que fosse.
Silas, como Paulo, era cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar
grandes coisas para DEUS, enquanto visitavam as cidades gentias.
Com as mochilas às costas, e os jumentos carregados de provisões,
despediram-se dos irmãos e partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo
viajara quando criança para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e
ele tinha a sensação de conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em
grupos, juntando-se aos mercadores e peregrinos.
Provavelmente, Paulo conhecia bem a Síria e a Cilícia. Bem pode ser
que tenha pregado em muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava
o chamado de DEUS em Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto
da estrada, e Paulo pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as
a manter firme lealdade a CRISTO.
As igrejas precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo
Testamento para orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição
eram enormes. Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da
igreja-mãe, e ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de
grande ajuda.
Na Cilícia
Paulo e Silas viajaram por estradas acidentadas e trilhas
pedregosas. Foram de cidade em cidade, algumas vezes seguindo o curso do rio,
outras, subindo as trilhas das montanhas. Mas seguiam conscientes da presença
de DEUS e de que seu povo carecia de encorajamento. Onde chegavam, encontravam
amigos que lhes ofereciam hospitalidade e convidavam outros crentes para
conhecerem os apóstolos. Atravessaram assim a passagem elevada da montanha, que
levava à Cilícia. As estradas eram íngremes nos Montes Amanos, e havia poucas
cidades na parte ocidental da província. Essa era a terra natal de Paulo, e ele
estivera muitas vezes em cada vilarejo, vendendo suas tendas. Mais tarde,
pregara o Evangelho nessa região. Agora, portas amigas abriam-se para eles em
todos os lugares. Os cristãos reuniam-se com os apóstolos e ouviam Silas ler a
carta de Jerusalém. Também se compraziam com a pregação de Paulo.
No Lar em Tarso
Finalmente, deixaram o desfiladeiro e os rochedos escarpados,
descendo à vasta planície no vale do Cnido. Tarso continuava sendo o lar de
Paulo, embora seus pais já houvessem falecido. Havia uma igreja em Tarso, e
muitos amigos que Paulo conhecera na sinagoga faziam agora parte dela. Eles
alegraram-se com a sua volta e o acolheram juntamente com Silas. Era um
privilégio conhecer aqueles homens a quem DEUS escolhera para levar o Evangelho
ao mundo. A igreja havia prosperado e contava com muitos gentios entre seus
membros. Não havia diferenças na comunhão; amavam-se como membros de uma mesma
família.
A carta de Tiago foi lida aos cristãos de Tarso. Paulo advertiu-os
a que se mantivessem firmes na liberdade cristã, sem se contaminarem com a
idolatria.
Na Licaônia
Paulo e Silas pretendiam visitar as igrejas recém-estabelecidas.
Portanto, despedindo-se dos cristãos de Tarso, juntaram-se ao fluxo constante
de mercadores na importante estrada que seguia para a província da Licaônia,
atravessando os Portões da Cilícia, no lado norte do Monte Tauro. Apenas um ano
se passara desde que Paulo e Barnabé haviam deixado Derbe. Quando a cidade
surgiu à sua frente, animaram-se com a expectativa de uma recepção amigável.
Lembranças dos santos de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da
Pisídia inundaram a mente de Paulo. Lembrou-se da disposição com que receberam
o Evangelho e de seu zelo face à perseguição. O coração do apóstolo aqueceu-se
com a ideia de revê-los. Estariam todos lá, ou alguns teriam voltado aos
ídolos?
Os dois homens alegraram-se ao ver a fidelidade desses irmãos em
CRISTO. Como ficaram felizes por rever Paulo! Mas este não pôde demorar muito
em qualquer desses lugares. Sua missão não era fundar igrejas. Isso já fora
feito e ele notou que, desde sua primeira visita, a Igreja crescera em cada
cidade. Isto foi um grande incentivo a Paulo. Depois de falarem sobre a decisão
do concilio de Jerusalém e lerem a carta de Tiago, Paulo e Silas partiram
apressados, desejosos de chegar a novos lugares.
Não enfrentaram perseguição nessa viagem, porque não fazia parte de
seus planos pregar nas praças do mercado. Isto estava sendo feito por outros, e
o Senhor vinha acrescentando diariamente à igreja os que aceitavam a CRISTO.
Em Listra, Paulo visitou a casa de Timóteo, recordando a bondade de
Lóide e Eunice, especialmente quando fora apedrejado e jogado quase morto numa
vala fora da cidade. O testemunho de Timóteo agradou tanto a Paulo e Silas, que
ambos pensaram em convidar o jovem a acompanhá-los na jornada. Ele substituiria
João Marcos, que desertara na primeira viagem.
Listra e Timóteo
No ano em que Paulo e Barnabé ali estiveram, Timóteo trabalhara tão
fielmente na igreja que os membros mais velhos tinham muitos elogios a
fazer-lhe. Timóteo era filho de pai grego e mãe judia. Seu pai, como muitos
gregos cultos da época, talvez não tivesse encontrado qualquer satisfação em
seus deuses pagãos. Ele aparentemente concordara, de boa vontade, que sua
esposa ensinasse ao menino a religião judaica. Timóteo ouvira desde a infância
as histórias do Antigo Testamento, e podia descrever os tratos de DEUS com seu
povo e sua promessa do Messias. No correr do tempo, a mãe de Timóteo, Eunice,
ouvira o Evangelho. Assim como o jovem Timóteo, ela e sua mãe idosa, Lóide,
creram em JESUS como o CRISTO e foram recebidas na igreja.
Agora, de boa vontade, Eunice entregava a DEUS o rapazinho,
deixando que acompanhasse os missionários numa viagem a terras distantes -
talvez ao estrangeiro - levando as Boas Novas. Paulo amava o rapaz, chegando
até a chamá-lo de filho. Orgulhosa por um de seus jovens estar sendo convocado
por DEUS, a igreja de Listra fez uma reunião especial. Os presbíteros, com
Paulo e Silas, impuseram as mãos sobre Timóteo, em oração solene, separando-o
para o ministério.
A Mensagem de Icônio
A cidade de Icônio ficava a apenas quarenta quilômetros de
distância, e os cristãos de lá souberam da chegada de Paulo. Quando o pequeno
grupo de viajantes se aproximou, a notícia correu, e muitos crentes foram
cumprimentar Paulo. Eles lembravam-se de sua primeira visita e dos muitos
milagres que operara naquela ocasião. Aqueles cristãos amavam o apóstolo Paulo;
deviam a salvação ao seu esforço incansável na pregação do Evangelho. Silas leu
a carta de Tiago aos cristãos judeus e gentios, que se rejubilaram ao saber que
eram um só em CRISTO e membros do mesmo corpo. Não era sempre que podiam ouvir
homens como aqueles, por isso ficaram até tarde fazendo perguntas e tirando as
dúvidas que tinham em seu primeiro ano de vida como igreja. Paulo teve prazer
em ajudá-los e fortalecê-los com palavras de exortação, animando-os a
manterem-se firmes na fé em CRISTO JESUS e a pregar acerca dEle, aonde quer que
fossem.
Em Antioquia da Pisídia
A mesma advertência foi repetida em Antioquia, e o coração dos
cristãos animou-se com a visita e as notícias das outras igrejas. Em toda
parte, houve júbilo com o conteúdo da carta de Tiago. Era como se um grande
fardo tivesse sido removido dos ombros dos cristãos gentios. Antes, sentiam-se
infelizes pela incerteza da sua posição. A própria igreja sentia-se inquieta ao
pensar que alguns discípulos de Jerusalém não admitiriam gentios em sua
comunhão. Mas agora, tudo fora resolvido e a igreja desfrutou de grande paz.
Sensibilidade à Liderança divina
Paulo, Silas e o novo companheiro, Timóteo, gostaram das visitas,
mas queriam seguir para um território onde o Evangelho ainda não tivesse
penetrado. Sentindo que já haviam ficado o suficiente em Antioquia da Pisídia,
despediram-se dos amigos. Juntando-se a um grupo de viajantes, seguiram na
direção nordeste, para a província da Galácia. Sua ideia era ir até as colônias
judaicas do mar Negro. A estrada era boa, não muito íngreme nem perigosa. Saía
dos montes Sultão e estendia-se por planícies cobertas de matas, passando por
vales aprazíveis e chegando ao mar distante. Viajar sozinhos, porém, não era
recomendável, pois os lobos, leopardos e leões eram comuns no planalto, para
além das montanhas. As feras não molestavam os grupos grandes; os que viajavam
sozinhos, porém, jamais chegavam ao seu destino.
Depois de percorrerem cerca de 160 quilômetros, chegaram às
exuberantes florestas da Bitínia, onde as encostas desciam suavemente até o mar
Negro. Estavam aproximando-se do seu objetivo, e a viagem parecia convidativa.
Mas, de repente, Paulo compreendeu que DEUS não queria que fossem à Bitínia.
Quer tivesse sonhado ou tido uma visão, ficou cada vez mais claro que deveriam
voltar. Paulo vivia bem perto do Senhor, e era sensível à sua orientação;
jamais começava qualquer viagem sem primeiro colocar seus planos diante de
DEUS. De alguma forma, tornou-se evidente que deveria desistir daquela viagem e
seguir noutra direção.
Paulo Adoece na Galácia
Consultando-se entre si, decidiram ir para a Ásia, pregando ao
longo do caminho. Mas o ESPÍRITO de DEUS falou-lhes claramente que não deveriam
se demorar pregando na Ásia. Ficaram perplexos, imaginando aonde DEUS
finalmente os levaria. Voltando pela estrada em direção ao ocidente, Paulo
adoeceu e o grupo teve de parar em uma das cidades da Galácia. Prosseguir era
impossível; Paulo estava fraco e precisava descansar. Os irmãos daquela igreja
cuidaram bondosamente dele e fizeram o possível para que se restabelecesse.
Trataram-no como a "um anjo de DEUS".
Bem mais tarde, Paulo escrever-lhes-ia, recapitulando toda a
história:
E vós sabeis que primeiro vos anunciei o Evangelho estando em
fraqueza na carne. E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma
tentação na minha carne; antes, me recebestes como a um anjo de DEUS, como
JESUS CRISTO mesmo. Qual é, logo, a vossa bem- aventurança? Porque vos dou
testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daria (Gl
4.13-15).
Podemos supor que Paulo sempre tenha tido problemas com os olhos, e
sua enfermidade talvez tivesse sido uma recidiva que provocou uma inflamação.
Considerando isto um obstáculo ao seu ministério, orou ao Senhor, em três
ocasiões, rogando que lhe removesse a doença. Embora DEUS ouvisse e atendesse
às orações de Paulo, sua resposta foi um não. Em vez de curá-lo, DEUS
concedeu-lhe forças para vencer e provar que o sofrimento e a fraqueza podem
ser suportados com dignidade.
Em Trôade
Com a ajuda de DEUS, Paulo recuperou-se o suficiente para continuar
viagem. Sem saber o que o Senhor lhes reservava, os três viajaram para o Oeste,
e atravessaram a província de Mísia, onde não tiveram oportunidade de pregar.
Certo dia, encontraram-se no porto de Trôade, à beira das águas azuis do mar
Egeu. Trôade era um porto famoso. Era a Tróia* da conhecida poesia de Homero e
palco de muitas batalhas. A história do cavalo de Tróia desperta hoje o mesmo
interesse que despertava nos dias de Homero.
Paulo, porém, não tinha tempo para pensar no passado; ele refletia
sobre o presente e o futuro. Do alto dos montes que circundavam a cidade,
podia-se ver as ilhas gregas estendendo- se como degraus para que um gigante
atravessasse o mar a seco. Os viajantes sabiam que além delas achava-se o
grande continente europeu, que abrangia as extremidades das terras conhecidas,
pelo homem. Ali encontrava-se o abismo da ignorância paga, e também o centro da
cultura grega; para além, a grande cidade de Roma, a terra dos Césares.
Essa era uma civilização rica em estátuas, templos e palácios
senhoriais. O povo adorava nos santuários da lascívia e do prazer, rendendo
homenagens a Júpiter, Saturno e Juno, assim como a um exército de deuses
menores.
Paulo e Silas permaneceram ali, perguntando-se aonde o Senhor
desejaria levá-los. Ansiavam por envolver-se na pregação do Evangelho. Estavam
perplexos por DEUS não lhes ter aberto uma porta em quaisquer cidades ou
metrópoles do norte da Ásia Menor. Agora encontravam-se em Trôade, uma
cidade-fortaleza romana. Seria esse o lugar escolhido por DEUS, ou teriam de
continuar viajando?
Enquanto esperavam dia após dia, travaram conhecimento com um
pequeno grupo de cristãos. Paulo não lhes ministrou, mas encontrou entre eles
aquele que veio a ser seu melhor amigo: Lucas. O médico amado, escritor do
Evangelho que lhe leva o nome e do livro de Atos, juntou-se aos três viajantes
em Trôade. Ele já era cristão e, apesar de muito respeitado como médico, estava
disposto a passar a vida curando almas.
*Há divergências quanto à nomenclatura utilizada. Trôade não deve
ser confundida com a Tróia dos relatos de Homero.
O Chamado para a Macedônia
Certa noite, DEUS falou a Paulo num sonho. Paulo podia ver as ilhas
da Grécia estendendo-se como uma ponte sobre o mar Egeu, até as ilhas
distantes... Um homem da Macedônia, de pé, com os braços estendidos,
suplicava-lhe que cruzasse o mar e fosse ajudá-lo e a seus conterrâneos. O
chamado há tanto esperado chegara afinal. O suspense terminara. Pela manhã,
Paulo contou o sonho a Silas, Timóteo e Lucas, e todos concordaram que o Senhor
queria que fossem à Europa. Não havia tempo a perder. Naquela mesma manhã, com
suas bagagens às costas, saíram à procura de um navio que fosse para o
Ocidente. Quando a fresca da noite desceu sobre a cidade e o vento sul
assoprou, o navio desfraldou as velas iniciando a jornada de 160 quilômetros,
que levaria os apóstolos até Filipos, na Macedônia.
No dia seguinte, alcançaram a ilha de Samotrácia; à noite,
desembarcaram em Neápolis. Após uma noite de descanso, fizeram uma viagem
curta, pegando a estrada pavimentada que seguia o rio para o interior, até a
cidade de Filipos.
A Obra de Paulo em Filipos
"Passa à Macedônia e ajuda-nos!" tinha sido o grito do
macedônio. É claro que a ajuda de que precisavam não se tratava de instrução.
Pois eles tinham escolas muito melhores que as da Judéia. Tão pouco
necessitavam ajuda para se tornarem fortes ou ricos. Filipos tinha riqueza, e
aqueles quatro homens nada poderiam lhes acrescentar. O que nem os romanos nem
os gregos possuíam era a felicidade verdadeira. Os prazeres eram abundantes,
mas sem CRISTO não havia como serem saciados. Filipos tinha sido capturada anos
antes por Roma, e muitos cidadãos romanos vieram morar na cidade. Ela
tornara-se parte do grande Império Romano que se estendia por toda a terra,
desde a Bretanha até a Palestina. Era agora uma colônia livre de impostos, e
tinha entre seus habitantes muitos romanos de alta categoria.
Não havia sinagoga na cidade, porque o número de judeus era
pequeno. Os poucos que havia reuniam-se todos os sábados para orar num lugar
afastado, fora da cidade, às margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em
sua maioria de mulheres. Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a
idolatria, haviam encontrado na religião de Israel algo infinitamente melhor.
Lídia, a Vendedora de Púrpura
Os quatro homens destacavam-se entre as mulheres. E quando Paulo
começou a pregar, o coração de uma determinada gentia comoveu-se grandemente.
Tratava-se de Lídia, comerciante de Tiatira, do outro lado do mar. Lídia era
uma viúva que se vira forçada a manter o próprio negócio, como vendedora de
tecidos feitos de púrpura. Tiatira era conhecida pela sua tinta de púrpura, e
Lídia enriquecera vendendo suas mercadorias às mulheres romanas da cidade.
O coração de Lídia sensibilizou-se com o sermão. Ela cria no DEUS
dos hebreus e, como eles, esperava o Messias. Paulo pregou. O ESPÍRITO de DEUS
abriu o coração dessa mulher especial, e ela recebeu JESUS. As margens do rio,
tendo as outras mulheres por espectadoras, Lídia foi batizada. E toda a sua
casa seguiu-lhe o exemplo!
Grande hospitaleira, Lídia insistiu que Paulo e seus companheiros
ficassem em sua casa. A princípio eles rejeitaram o oferecimento para não a
constranger. O plano de Paulo fora sempre sustentar-se com a fabricação de
tendas, mas Lídia não aceitou qualquer desculpa e obrigou-os a acatar o
convite.
No decorrer das semanas, os quatro homens não perderam qualquer
oportunidade de dar testemunho de CRISTO. Todos os sábados, reuniam-se no lugar
de oração dos judeus, junto ao rio, e falavam aos presentes sobre as riquezas
insondáveis do Evangelho. Só algumas mulheres se tornaram cristãs. Evódia e
Síntique creram, juntamente com dois homens - Epafrodito e Clemente - e alguns
outros cujos nomes constam do Livro da Vida. Ainda que os resultados fossem
pequenos, eram reais. Paulo animou-se a ficar e pregar não só perto do rio, mas
também nos bazares e praças.
A ESCRAVA (Ptonisa)
Tudo parecia ir bem, quando a oposição surgiu de fonte inesperada.
Havia uma jovem escrava possuída por um espírito maligno, que fazia
adivinhações. As pessoas procuravam-na para conhecer o futuro, e seus donos
muito lucravam com o preço das consultas. Ela atraía homens inseguros que não
se aventuravam a fazer negócios, ou resolver casos de amor, sem primeiro
consultar um médium que afirmasse manter contato com o mundo espiritual.
Da mesma forma que o espírito maligno reconhecera JESUS como o
Filho de DEUS, o espírito nessa moça percebeu que os apóstolos eram enviados do
Senhor. Seguindo-os diariamente pelas ruas e na praça do mercado, a escrava
gritava aos passantes: "Esses homens, que nos anunciam o caminho da
salvação, são servos do DEUS Altíssimo" (At 16.17). Seus donos ficaram
aborrecidos, mas ela não se importou porque na verdade os odiava. A mensagem de
Paulo cativara-a de tal forma, que ela esperava todos os dias na rua até que os
apóstolos aparecessem.
Paulo, no entanto, não se agradou do testemunho dos demônios.
Indignado com aquela importunação diária, voltou-se à escrava e ordenou, em
nome do Senhor JESUS, que o espírito a deixasse. A moça ficou parada, atônita;
estava finalmente livre, senhora de suas faculdades.
A Prisão de Paulo e Silas
Vendo seu meio de vida ser tirado por aqueles judeus, os donos da
escrava ficaram furiosos. Enraivecidos, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram
pelas ruas, gritando aos que passavam. Uma grande multidão os acompanhou,
pensando tratar-se de algum ladrão. Paulo e Silas foram levados à praça do
mercado, sob a acusação de haverem perturbado a paz. Foi fácil colocar o povo
contra eles, uma vez que os judeus eram muito odiados. O imperador Cláudio não
mandara banir todos os judeus de Roma?
Numa extremidade da praça, dois magistrados romanos estavam
sentados numa plataforma elevada, sob um dossel que os abrigava do sol. A
tarefa deles era ouvir e julgar as queixas do povo. Esse foi o primeiro
tribunal de justiça. Arrastando os apóstolos pelas vestes e pelos cabelos, os
perseguidores levaram-nos aos magistrados.
"Esses homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade."
Acusaram-nos aos berros. "E nos expõem costumes que nos não é lícito
receber nem praticar, visto que somos romanos" (At 16.20-21). A multidão
gritava: "Fora com eles! Fora com os judeus!"
Os magistrados deixaram-se convencer. Não permitiram aos
prisioneiros qualquer julgamento ou defesa. Se soubessem que Paulo era cidadão
romano, sem dúvida o tratariam com respeito, mas nada lhe perguntaram. Os
juizes deram ordens para que fossem publicamente açoitados. Depois de
descobrirem as costas dos presos, os pretores avançaram e levantaram as varas.
Enquanto os apóstolos encolhiam-se de dor sob os açoites, a plebe gritava:
"Prendam os judeus!"
Machucados e sangrando, Paulo e Silas foram levados à prisão e
entregues ao carcereiro, com instruções para guardá-los com toda a segurança.
Os dois foram então levados para um cárcere interior, onde ficaram com os pés
presos ao tronco. Ao deixá-los naquele lugar úmido e frio, o carcereiro ficou
imaginando o porquê daqueles homens que não pareciam marginais serem julgados
tão perigosos.
Na casa de Lídia, Timóteo e Lucas passaram uma noite angustiosa, e
oraram em companhia da dona da casa e de outros cristãos. Mas não foram os
únicos a orar: Paulo e Silas também não conseguiam dormir. Suas costas
continuavam doendo por causa dos açoites e o tronco tornava o sono impossível.
Entretanto, podiam orar, e foi o que fizeram. A paz caiu sobre eles, e
começaram a cantar alguns dos salmos que conheciam desde a infância - salmos de
louvor a DEUS. "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?
O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?" (SI 27.1).
A Conversão do Carcereiro
Aqueles sons no meio da noite eram sem dúvida estranhos. Os outros
prisioneiros estavam acostumados com gemidos e maldições, mas jamais tinham
ouvido algo assim. O que poderia ser? Estavam escutando os cânticos em silêncio
quando, de repente, um som baixo e ameaçador fez-se ouvir. Aquilo que a
princípio parecia um trovão à distância foi aumentando cada vez mais. O chão
começou a tremer. Um terremoto! O chão balançava, subindo e descendo; as portas
foram arrancadas dos batentes e as cadeias dos prisioneiros abriram-se,
libertando-os.
O carcereiro acordou com o choque. Saltando da cama, seu primeiro
pensamento foi para os prisioneiros sob seus cuidados. Teria algum escapado? Em
caso afirmativo, como se explicaria com Roma? Ao primeiro olhar, viu que as
portas estavam escancaradas. Lá estava a pesada porta de madeira, arrancada dos
gonzos. Com uma tocha na mão, apressou-se pelo corredor.
As celas interiores estavam danificadas; suas portas, completamente
abertas. O homem puxou rapidamente a espada. Era melhor acabar logo com tudo,
escapando ao horror de um julgamento e da execução pública. Paulo viu quando
ele pôs a espada na garganta para suicidar- se. Uma voz alta e clara, saída da
escuridão, assustou o carcereiro: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui
estamos" (At 16.28).
Trêmulo, ele pegou a tocha e entrou na cela, onde caiu prostrado
aos pés de Paulo e Silas. O homem sentia-se tremendamente perplexo. Não
conseguia entender porque não havia escapado. Paulo explicou-lhe que eram
cidadãos romanos e não tinham necessidade de fugir; além disso, eram servos do
Senhor DEUS e levavam a mensagem de salvação aos gentios.
Encontrado o caminho que procurara durante toda a vida, o
carcereiro exclamou: "Senhores, que é necessário que eu faça para me
salvar?" (16.30).
Sem hesitar, Paulo respondeu: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e
serás salvo, tu e a tua casa" (16.31).
No pátio da prisão, com a poeira do terremoto ainda pesando no ar e
o ruído da confusão nas ruas escuras lá fora, Paulo pregou as boas-novas de
grande alegria, e explicou o significado de crer. Imediatamente, o brutal
carcereiro passou das trevas para a luz.
Solícito, levou os apóstolos para sua casa, onde se achavam sua
esposa e filhos. Ali, lavou-lhes as costas doloridas. Depois de limpar o
sangue, esfregou unguento nas feridas abertas pelas varas dos pretores. Naquela
noite Paulo contou-lhes tudo sobre JESUS e, antes do dia amanhecer, uma família
inteira tornou-se cristã e foi batizada.
Quando raiou o dia, mensageiros dos magistrados bateram à porta da
prisão. Traziam uma mensagem amedrontada dos seus senhores: "Soltai
aqueles homens" (v. 35).
Na mente dos magistrados estava claro que a catástrofe fora um
castigo de DEUS por terem colocado dois de seus servos na prisão. Entretanto,
quando o carcereiro levou a Paulo e Silas a notícia da sua liberdade, estes não
a receberam de bom grado.
Diga a seus senhores - declarou Paulo - que somos romanos e eles
não podem encobrir sua injustiça, livrando-se de nós às ocultas.
Paulo conhecia os direitos da cidadania romana; podia apelar à
própria Roma, se quisesse. Sabia que os magistrados estavam agora à sua mercê.
Diga aos seus senhores que venham pessoalmente e nos ponham em
liberdade.
Os orgulhosos magistrados, com medo de perderem o cargo, viram que
não havia outra opção senão atender ao desejo dos prisioneiros. Sem perda de
tempo, apresentaram suas humildes desculpas em pessoa, suplicando aos apóstolos
que nada dissessem sobre o erro cometido, e deixassem a cidade o mais rápido
possível. Eles levaram Paulo e Silas para a rua e, publicamente, os libertaram.
Os apóstolos não deixaram imediatamente a cidade. Procuraram a paz
e tranquilidade da casa de Lídia, até que suas feridas sarassem e pudessem
viajar. Receberam os cuidados de Timóteo e do doutor Lucas, e foram visitados
pelos poucos que haviam levado a CRISTO.
A Primeira Igreja na Europa
Durante aqueles dias de restabelecimento, Paulo e Silas tiveram a
alegria de acolher na nova igreja de Filipos ao homem que lhes prendera os pés
ao tronco, assim como todos os de sua casa. Mediante sofrimento e fidelidade, o
pequeno grupo cresceu até tornar-se uma das mais fortes igrejas.
Quando Paulo e Silas sentiram-se suficientemente curados para
deixar Filipos, despediram-se dos crentes e partiram para Tessalônica, a
capital da Macedônia. Lucas e Timóteo ficaram em Filipos por algum tempo, a fim
de fortalecer a igreja.
A estrada que os dois apóstolos escolheram era a melhor da
província, pavimentada com blocos de mármore. Depois de cerca de 169
quilômetros, chegaram a Anfípolis, uma cidade maior que Filipos. Ansiosos, não
ficaram ali; prosseguiram para o sul e para o oeste, passando por Apolônia e
descendo a grande Via Inácia, até a cidade que Alexandre, o Grande, chamara de
Tessalônica, em homenagem à sua irmã.
Paulo em Tessalônica
Ao sair da região montanhosa, eles contemplaram as águas azuis do
golfo e entraram na cidade passando por um enorme arco de mármore, esculpido
com cinco cabeças de touros enfeitadas de guirlandas. Esse monumento era uma
lembrança perpétua de que Otávio e Antônio haviam ganho a batalha de Filipos.
Tessalônica, por ter apoiado os generais conquistadores, tornara-se uma cidade
livre. Isto significava que podia escolher seus próprios magistrados, livrar-se
das guarnições romanas, e não se sujeitar de forma alguma ao governador romano
da Macedônia.
Os apóstolos hospedaram-se na casa de Jasom, parente de Paulo, e
testemunharam na sinagoga durante três sábados. Paulo começava com as profecias
do Antigo Testamento, explicando aos conterrâneos que elas foram cumpridas em
JESUS de Nazaré. Alguns murmuraram depois de seus apelos veementes, e os
líderes da sinagoga opuseram-se à sua doutrina, proclamando que era falsa.
Todavia, outros creram e tornaram-se amigos de Paulo, seguindo-o por toda parte
e encorajando-o em sua pregação. A maioria dos convertidos era formada por
prosélitos gregos e esposas de oficiais, que haviam abandonado os ritos imorais
da adoração aos ídolos. Elas haviam encontrado no Judaísmo uma religião onde a
mulher era respeitada.
Paulo e Silas não se limitaram a pregar apenas na sinagoga, mas
aproveitavam todas as oportunidades para dar testemunho de JESUS. Em três
semanas, conseguiram reunir um número suficiente de cristãos para formar uma
igreja. Não perderam tempo. Os cristãos reuniam-se todas as noites com Paulo e
Silas, que lhes explicavam as verdades do Evangelho. À medida que outros
enxergavam a luz, também eram recebidos na congregação. Estabelecer uma igreja
em três semanas era uma tarefa colossal, mas foi o que Paulo e Silas fizeram,
não só levando os convertidos a CRISTO como também instruindo-os na fé. Antes
dessas breves semanas terminarem, Paulo falou-lhes sobre a volta do Senhor e os
sinais dos tempo. Advertiu-os sobre o abandono da fé, que precederia a vinda do
anticristo.
Paulo É Obrigado a Deixar Tessalônica
Paulo era um trabalhador incansável, capaz de formar uma comunidade
forte de cristãos quase da noite para o dia. Mas, como de costume, os judeus
incrédulos levantaram-se contra ele. Instigaram um grande grupo de malfeitores,
que rodearam a casa de Jasom atirando pedras no pátio e exigindo que Paulo e
Silas lhes fossem entregues. Enfurecidos, derrubaram a porta e procuraram em
cada aposento, descobrindo que os dois não se encontravam na casa. Jasom
providenciara em tempo a fuga de ambos, mas ele mesmo não escapou. A turba
agarrou-o, como também a outros cristãos, e arrastou-os até a praça do mercado,
onde as autoridades mantinham seu tribunal:
Esses que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui, os quais
Jasom recolheu. Todos esses procedem contra os decretos de César, dizendo que
há outro rei, JESUS (At 17.6,7).
A acusação era grave e não podia ser ignorada. Os magistrados
tomaram nota e ficaram muito perturbados; o assunto poderia acabar em desastre.
Ordenaram que Jasom e seus amigos pagassem fiança e voltassem no dia do
julgamento.
Como Jasom era homem de posses, a fiança foi paga e todos tiveram
permissão de voltar para casa. Naquela mesma noite, depois de conferenciarem,
os irmãos procuraram Paulo e Silas e explicaram como seriam prejudicados se
eles ficassem. Então, enquanto a cidade dormia, os dois saíram disfarçados
pelos portões, e dirigiram-se ao sul, para a cidade de Beréia.
A Acolhida em Bereia
Timóteo juntou-se a Paulo e Silas em Beréia. Ele chegara de
Filipos, onde ficara com Lucas para fortalecer a igreja, e encontrou-os na
sinagoga. Timóteo sabia que era costume de Paulo procurar a casa de adoração
dos judeus, portanto esperou lá por ele. Quando os apóstolos chegaram,
ensinaram na sinagoga que JESUS era o CRISTO e provaram isso pelas Escrituras.
Paulo ficou surpreso e contente ao ver que os judeus o ouviam sem fazer
oposição. De fato, mostraram verdadeiro interesse, devorando cada palavra pregada.
A seguir, foram buscar os grandes rolos guardados numa caixa por trás da
cortina azul, e examinaram diligentemente as palavras de Isaías, de outros
profetas e da Lei de Moisés, traçando a história do Messias até no seu livro de
hinos. Não aceitariam a mensagem até provarem pelas Escrituras a sua
autenticidade. Ao descobrirem que as citações de Paulo não continham qualquer
erro, receberam alegremente a mensagem e creram em JESUS.
Tudo ia bem até que as notícias chegaram a Tessalônica, levadas por
algum judeu ingênuo, que não pretendia fazer mal. Uma onda de oposição rebentou
quase que imediatamente sobre a igreja recém-formada. Um bando de judeus
zelosos precipitou-se de Tessalônica e, com mentiras, incitaram os membros da
sinagoga contra Paulo. Principal alvo do ataque maldoso, Paulo achou melhor
seguir o conselho dos irmãos e deixou a cidade.
Atenas, uma Cidade Idolatra
Um grupo de cristãos conduziu Paulo ao porto de Dio, onde ele
embarcou para Atenas, a maior cidade da Grécia. Seus amigos acompanharam-no até
chegar a Atenas, mas deixaram- no ali e regressaram.
Silas e Timóteo ficaram em Beréia para fortalecer os cristãos.
Quando terminassem o trabalho, iriam encontrar-se com Paulo em Atenas. Ambos
permaneceram com relativa segurança em Beréia, pois os inimigos achavam que,
sendo Paulo o chefe, não precisavam preocupar-se com eles.
Depois da retirada dos amigos, Paulo ficou absolutamente só em uma
das cidades mais belas do mundo: Atenas - a "Mãe da Grécia". A cidade
era dominada pela Acrópole, um monte com a parte superior plana e rochosa, que
servia de base a vários templos. Quinhentos anos antes, Atenas estivera no
apogeu da sua glória, mas desde que fora saqueada pelos romanos, encontrava-se
sob o seu domínio. Paulo estivera em muitas cidades, mas nunca visitara um
lugar tão belo e cheio de esculturas de mármore brilhando ao sol. Os edifícios
em estilo clássico eram elegantes e graciosos. O povo era culto e orgulhava-se
de sua liberdade de pensamento. Arquitetura, pintura, escultura e grandes
bibliotecas podiam ser encontradas em toda parte. Ao longo de cada rua, e em
cada praça, havia estátuas e altares - santuários construídos para a adoração
de muitos deuses. Paulo ficou surpreso ao ler as inscrições. Seu coração
acelerou-se ao admirar o esplendor das estátuas, algumas feitas por Fídias, o
maior de todos os artífices em mármore. Mas também se apiedou ao pensar na
cegueira do povo ateniense.
Naquelas mesmas ruas e naquela mesma praça ao pé da Acrópole,
Sócrates ensinara ao povo; Platão instruíra seus seguidores naquele mesmo
lugar; Demóstenes, o grande orador, era uma lembrança do passado. A marca de
todos eles fora deixada na cultura daquele povo altivo. Abaixo dos templos da
Acrópole, ficava o teatro de Dionísio com seus assentos de mármore
estendendo-se sobre o vale. Todas as noites as multidões aglomeravam-se nele
para assistir às importantes peças teatrais. Não havia dúvida de que aquele povo
era o mais inteligente, refinado e complacente que Paulo já encontrara.
O apóstolo alojou-se perto da sinagoga e decidiu ficar ali até a
chegada de Silas e Timóteo. Porém não estava satisfeito. Aqueles ídolos e seus
templos não lhe suscitaram admiração, mas preocupação e piedade. Gostaria que
todos fossem derrubados e, ao invés da confusão dos deuses, o povo pudesse ver
o DEUS vivo e verdadeiro. Todas aquelas estátuas desonravam ao Senhor, e Paulo
queria ver em Atenas uma igreja que apagasse cada ídolo do coração de seus
habitantes.
No sábado, ele foi pregar o Evangelho aos seus conterrâneos na
sinagoga, mas não conseguiu ganhar nenhum deles. Desanimado, saiu de lá e
começou a pregar nas ruas e praças. Muita gente dispôs-se a ouvi-lo; havia nas
ruas um grande número de pessoas que apreciavam uma discussão. Elas passavam o
dia indo de um filósofo a outro, à procura de alguma doutrina nova que pudesse
tornar-se moda em Atenas.
Em toda parte, havia sinais de idolatria. Queimavam incenso diante
de cada imagem. Num altar próximo, Paulo viu mulheres levantando as crianças
até o ídolo, num oferecimento. O apóstolo sentiu o coração confranger-se ao ver
a cidade completamente entregue à idolatria.
Certo dia, descobriu numa única rua os templos de Atena, Artemis e
Afrodite. Ao lado deles havia altares dedicados à Guerra, Fama, Piedade e
Modéstia. Em toda a cidade havia três mil estátuas e altares onde os atenienses
ofereciam sua adoração vazia. Paulo leu muitas inscrições enquanto caminhava
pelas ruas, e ficou imaginando como um povo tão religioso poderia ser tão cego.
Sondou as faces das pessoas e percebeu que estavam cansadas dos seus deuses.
Alguns filósofos, estóicos e epicureus, encontraram Paulo numa
praça e indagaram: Que quer dizer esse paroleiro?... Parece que é pregador de
deuses estranhos... Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos, pois, saber o que vem a
ser isso (At 17.18-20).
O Sermão da Colina de Marte (Areópago)
Logo depois do mercado barulhento, na metade do caminho que levava
aos templos da Acrópole, ficava um semicírculo rochoso, conhecido como a colina
de Marte. Paulo foi conduzido a esse lugar para contar sua história.
Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que
estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o
conhecendo, é o que eu vos anuncio
(At 17.22,23).
Imediatamente interessada, a plateia inclinou-se à escuta. Com um
olhar para o conjunto de templos no topo do monte, e ao próprio Parthenon -
edifício mais perfeito do mundo - Paulo continuou:
O DEUS que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da
terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido
por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é
quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. E de um só fez toda a
geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os
tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem ao
Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de
cada um de nós. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também
alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.
Sendo nós, pois, geração de DEUS, não havemos de cuidar que a
divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por
artifício e imaginação dos homens" (At 27.24-29).
A audiência agradou-se do discurso e, animada, ficou à espera de
mais. Sem dúvida, ali estava alguém de grande cultura. Era judeu, mas conhecia
os poetas gregos. E Paulo então continuou:
Mas DEUS, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora
a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem
determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão
que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At
1730-31).
Um cascatear de risos ouviu-se entre o povo, quando ele falou em
ressurreição. "Esse homem deve estar louco para pregar tais
asneiras!" E não quiseram mais ouvi-lo.
Alguns mais educados sugeriram que o ouviriam noutra ocasião, mas
Paulo percebeu tratar-se de uma desculpa amável para se livrarem dele.
O apóstolo já encontrara todas as formas de oposição, mas aquela
era a primeira vez que alguém ria de suas palavras. Isso silenciou-o mais que
os insultos e pedradas. Com um sentimento de fracasso, deixou a colina de
Marte; desceu às praças logo abaixo e perdeu-se na multidão. Enquanto lutava
com a crescente sensação de desânimo, ouviu passos às suas costas. Voltando-se,
deparou com um pequeno grupo de homens e mulheres que se apressava para
alcançá-lo. Seus rostos eram amigáveis; queriam fazer mais perguntas sobre a
nova doutrina. Dionísio, um membro do conselho da sinagoga de Atenas, e uma
mulher chamada Damaris, além de outros atenienses não nomeados, creram em suas
palavras e receberam a JESUS CRISTO.
Paulo começou a inquietar-se em Atenas. Pensava nos cristãos de
Beréia, onde Silas e Timóteo se encontravam, e imaginava a razão de não ter
notícias de lá. Sentiu-se tentado a viajar novamente para o norte e até
planejou voltar a Tessalônica, mas as circunstâncias o impediram. Será que o
longo silêncio significava oposição? Teriam os judeus de Tessalônica continuado
a perseguir Silas e Timóteo? Paulo temia pela igreja de Tessalônica. A
perseguição ali fora penosa, e ele ficava a pensar se a fé dos irmãos resistiria
à prova. Ele só estivera com aqueles crentes durante três semanas...
Paulo em Corinto
Não mais suportando a longa espera, Paulo enviou um cristão
ateniense para indagar sobre o bem-estar dos crentes de Tessalônica, e deixou
uma mensagem avisando que ia para Corinto. Se Timóteo e Silas chegassem,
deveriam ir à capital, onde ele os esperaria.
Com uma sensação de liberdade, deixou para trás Atenas e seus
templos de mármore. A lembrança dos risos no dia em que pregou sobre o CRISTO
ressurreto ainda queimava-lhe no peito. Perguntava-se porque o Senhor não lhe
dera mais almas naquela cidade.
Com o espírito abatido, Paulo encontrou um navio que ia para
Corinto, capital da Acaia. Sabendo que seu dinheiro estava acabando, começou a
questionar o significado exato da visão sobre o homem da Macedônia. Até então,
só tivera uma série de decepções; fugira de cada cidade a fim de salvar a vida,
deixando aos companheiros de viagem a tarefa de estabelecer a nova igreja.
Áquila e Priscila
Embora desanimado, Paulo procurou um local onde pudesse usar a arte
que aprendera em Tarso. Encontrou uma rua onde os fabricantes de tendas tinham
suas lojas, e entrou na oficina de Áquila. O Senhor parecia tê-lo encaminhado
justamente àquele lugar, pois Áquila era um refugiado judeu banido de Roma pelo
imperador Cláudio. Ele e sua mulher, Priscila, haviam se estabelecido no
negócio de tendas em Corinto, poucas semanas antes da chegada de Paulo.
Áquila gostou da ajuda extra, e Priscila, ao saber que Paulo era
judeu, acolheu-o de bom grado. Bastaram alguns dias de trabalho para que Áquila
apreciasse ainda mais a habilidade de Paulo na fabricação de tendas. Enquanto
costurava o couro, Paulo contava as maravilhosas experiências que tivera; como
DEUS o protegera das dificuldades e o livrara da prisão. O casal ficou
espantado por aquele artesão ter sido um rabino, e haver perseguido
ardentemente a seita dos cristãos. Pouco a pouco, abriram seus corações a
CRISTO e foram salvos.
A antiga Corinto, mais velha que Atenas, tivera tantas batalhas
travadas em suas ruas que só restaram ruínas. Reconstruída por Júlio César, era
agora uma bela cidade e, durante cem anos, ocupara na Grécia uma posição de
proeminência. Grande centro comercial, atraiu logo os judeus da região. A
adoração à Afrodite, deusa do amor, também se centralizava ali. Famosa por suas
riquezas e inclinação aos prazeres e vida fácil, Corinto tornou-se símbolo do
pecado. Marinheiros e mercadores do mundo inteiro levavam a história de Corinto
às suas terras, aumentando-lhe a fama de pecado e encanto.
Paulo foi apresentado na sinagoga como um judeu que freqüentara o
templo de Jerusalém, e recebeu permissão para falar. Mas discursou com um
sentimento de fraqueza. Embora houvesse argumentado, provado e persuadido tanto
judeus quanto gregos, teve de lutar contra o crescente desânimo que começara a
envolvê-lo.
SILAS, TIMÓTEO E PAULO EM CORINTO
Silas e Timóteo finalmente chegaram. Tinham estado em Atenas e
souberam que Paulo havia partido para Corinto. Que alívio os ver e ouvir as
notícias! Agora Paulo sabia que não estavam presos e que tudo ia bem. E as
igrejas de Beréia e Tessalônica? Tinham notícias de Lucas em Filipos? Os
cristãos estavam firmes?
Sim, as notícias eram boas. As igrejas em toda parte continuavam
firmes na fé. E mais: estavam testemunhando em toda a Macedônia e muitos haviam
se rendido a CRISTO nas últimas semanas. DEUS estava operando nas igrejas e
abençoando o testemunho de seus seguidores. Os irmãos não haviam esquecido
Paulo; lembravam-se diariamente dele em suas orações, do mesmo modo que este se
lembrava deles. Como demonstração do seu amor, tinham enviado uma oferta em
dinheiro para o seu sustento; assim, em vez de trabalhar, Paulo poderia
dedicar-se integralmente ao ministério. O coração do apóstolo alegrou-se
grandemente ao ouvir essas notícias. Seu desânimo desapareceu como a neblina da
manhã ao nascer do sol. O antigo zelo voltou, e com grande vigor, deu início a
uma campanha para a conversão dos coríntios.
Quando, porém, os judeus se lhe opuseram, blasfemando contra o
Senhor, Paulo os abandonou, advertindo-os de que o sangue deles cairia sobre as
suas próprias cabeças.
"Desde agora parto para os gentios" (At 18.6).
E foi o que fez. Como resultado, muitos coríntios creram e foram
batizados. Todavia, antes de partir, teve a grande alegria de ganhar Crispo, o
principal da sinagoga. Seu coração aqueceu-se ao vê-lo ser batizado com a
mulher e os filhos!
Depois da chegada de Timóteo e Silas, a casa de Áquila ficou
pequena para abrigar todos eles. Foram então alojar-se ao lado da sinagoga, na
casa de um cristão chamado Justo. Paulo, porém, continuou trabalhando sempre
que necessário.
Com o passar dos dias, a enorme tarefa de testemunhar àquela cidade
sem CRISTO começou a pesar-lhe nos ombros. Enquanto refletia no assunto, um
temor sorrateiro foi tomando conta de seu coração. Corinto era,
indiscutivelmente, a cidade mais perversa do mundo, e Paulo perguntava a si
mesmo se haveria ali qualquer esperança de sucesso.
Certa noite, deitado em seu leito na casa de Justo, Paulo teve uma
visão. O Senhor disse-lhe palavras semelhantes às que DEUS dissera a Josué,
muitos anos atrás, quando o coração dele se acovardara:
Não temas, mas fala e não te cales. Porque eu sou contigo, e
ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nessa cidade
(At 18.9,10).
Isso era tudo o que Paulo precisava saber. Lembrou-se então do dia
em que estivera face a face com JESUS, na estrada de Damasco, e pôde ouvir
novamente as palavras do Senhor repetidas por Ananias:
Esse é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos
gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve
padecer pelo meu nome (At
9.15,16).
Paulo passou a pregar com zelo renovado. Os missionários
trabalharam durante um ano e meio, procurando converter homens e mulheres,
tanto judeus quanto gentios. Empregavam todos os esforços para trazê-los das
trevas do pecado para a família de DEUS. Muitos vieram a conhecer a verdade e
separaram-se da sua antiga e corrupta religião, ganhando uma nova vida em
CRISTO.
A Primeira Epístola Aos Tessalonicenses
Paulo ficou tão comovido com a oferta de Tessalônica e o relatório
positivo a respeito daquela igreja, que resolveu escrever-lhes uma carta. Esta
pode ter sido a sua primeira carta. Era dirigida a todos os discípulos de
Tessalônica, e elogiava-os por sua firmeza na fé, mesmo em face à perseguição.
Agradecido pela ajuda, Paulo escreveu-lhes uma carta de conselhos paternais,
recordando-lhes os ensinamentos que lhes ministrara, e insistindo para que
crescessem na graça e andassem como verdadeiros filhos de DEUS. Deveriam ser
cada vez mais profícuos no testemunho e no viver diário, atentos à aproximação
da volta do Senhor para buscar os salvos - tanto os mortos como os vivos. Era
uma linda carta, expressando o afeto do apóstolo por seus filhos na fé.
Paulo e seus amigos demoraram-se bastante em Corinto, e seu ensino
teve maior sucesso ali que em qualquer outro lugar. A igreja aumentava a cada
dia, à medida que o povo mais humilde se tornava cristão. Mas nem tudo foi
fácil e bem-sucedido; alguns judeus detestaram a mensagem de Paulo, e ficaram à
espera de uma oportunidade para dar vazão ao seu ódio. Certo dia, conforme
planejado, eles incitaram um grupo de ociosos a agarrarem o apóstolo enquanto
este pregava. Paulo foi levado diante do tribunal de Gálio, o procônsul romano.
Gálio era um homem bondoso; recebera o cargo porque o imperador Cláudio
conhecia a sua sabedoria e capacidade. Diante de Gálio, os judeus não sabiam
como apresentar uma acusação válida contra aquele prisioneiro que não oferecia
resistência. A única acusação que podiam formular era fraca aos seus próprios
ouvidos. Não podiam culpar o apóstolo de perturbar a paz ou instigar uma
revolta, e disseram contrafeitos: "Esse persuade os homens a servir a DEUS
contra a lei" (At 18.13).
Enquanto Paulo preparava-se para responder à acusação, Gálio
levantou-se e declarou:
Se houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos
sofreria. Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós
há, vede-o vós mesmos; porque eu não quero ser juiz dessas coisas (At
18.14,15).
Impaciente e irado, expulsou-os do tribunal. Muitos gregos que
haviam testemunhado a cena ressentiram-se contra os judeus. Ofendidos,
agarraram Sóstenes, o principal da sinagoga, e espancaram-no diante do
tribunal. Gálio ficou sentado calmamente, sem aplaudir nem censurar. Desde que
a raiva deles não fosse dirigida a Roma, tudo o mais lhe era indiferente.
Depois de vários meses, o homem que levara a primeira carta de
Paulo a Tessalônica voltou e contou como a epístola fora recebida. Ela
resolvera algumas das dificuldades dos tessalonicenses, mas aparentemente
suscitara outras, especialmente com respeito à volta de CRISTO. Alguns
entenderam que o tempo era tão curto, que deveriam parar de trabalhar e viver
do que haviam poupado, pois em questão de dias, seriam recebidos nos céus para
estar com o Senhor.
A Segunda Epístola aos Tessalonicenses
Paulo discutiu o problema com Silas e Timóteo e decidiu enviar uma
segunda carta. Elogiou os tessalonicenses por sua paciência na tribulação e
suplicou-lhes que não se deixassem perturbar com palavras de homens ou cartas
falsas, que julgavam ser dele. Alguém lhes forjara uma carta em nome de Paulo,
afirmando que a volta de CRISTO aconteceria naqueles dias, e que talvez até já
houvesse acontecido. Paulo recordou-lhes o grande plano de DEUS; lembrou-os de
que nos últimos dias muitos se desviariam do Senhor, e o homem da iniquidade
viria para se opor a tudo o que era de DEUS. Assegurou-lhes ainda de que as
perseguições que estavam sofrendo não eram, absolutamente, a Grande Tribulação:
Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram
ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E vós, irmãos, não vos
canseis de fazer bem. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por essa
carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe (2 Ts
2.15; 3.13-14).
A Volta de Paulo a Antioquia da Síria
Pouco depois desses acontecimentos, Paulo admitiu que a igreja de
Corinto já estava suficientemente forte; podia deixá-la e dedicar-se a outro
trabalho. De algum modo, sentiu-se impelido a voltar a Antioquia da Síria.
Queria igualmente visitar Jerusalém por ocasião da festa. Áquila e Priscila
estavam indo para Éfeso, e Paulo decidiu ir com eles. Silas e Timóteo não os
acompanharam; permaneceram em Corinto para continuar o trabalho.
A viagem marítima para Cencréia, porto de Corinto, foi agradável e
sem incidentes. O navio permaneceu em Éfeso o tempo suficiente para Paulo
visitar a sinagoga, onde discutiu com os judeus e mostrou-lhes JESUS, o CRISTO
das Escrituras. Os judeus não se opuseram ao apóstolo dos gentios, nem à sua
mensagem. Ao contrário, pediram-lhe que ficasse mais tempo. Não sendo possível,
Paulo prometeu visitá-los em breve. Deixando Áquila e Priscila testemunhando em
Éfeso, voltou ao navio que o levou em segurança para Cesaréia, o porto mais
próximo de Jerusalém.
Não se demorou na cidade santa. Sua principal preocupação ali era
visitar outra vez a igreja-mãe. A época era de festa e as ruas estavam repletas
de peregrinos. Paulo cumprimentou os cristãos e renovou sua amizade com Tiago,
Pedro e os demais discípulos que se reuniam na casa de Maria. Depois voltou a
Antioquia, a igreja que o enviara em todas as suas viagens.
1 Co 3.3 AINDA SOIS CARNAIS - Tres classes de pessoas - BEP CPAD
1Co 2.14,15 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do
ESPÍRITO de DEUS, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e
ele de ninguém é discernido”.
DIVISÃO BÁSICA DA RAÇA HUMANA.
As Escrituras dividem todos os seres humanos em geral, em duas
classes.
(1) O homem/mulher natural (gr. psuchikos, 2.14), denotando a
pessoa irregenerada, i.e., governada por seus próprios instintos naturais (2Pe
2.12). Tal pessoa não tem o ESPÍRITO SANTO (Rm 8.9), está sob o domínio de
Satanás (At 26.18) e é escravo da carne com suas paixões (Ef 2.3). Pertence ao
mundo, está em harmonia com ele (Tg 4.4) e rejeita as coisas do ESPÍRITO
(2.14). A pessoa natural não consegue compreender a DEUS, nem os seus caminhos;
pelo contrário, depende do raciocínio ou emoções humanas.
(2) O homem/mulher espiritual (gr. pneumatikos, 2.15; 3.1) denota a
pessoa regenerada, i.e., que tem o ESPÍRITO SANTO. Essa pessoa tem mentalidade
espiritual, conhece os pensamentos de DEUS (2.11-13) e vive pelo ESPÍRITO de
DEUS (Rm 8.4-17; Gl 5.16-26). Tal pessoa crê em JESUS CRISTO, esforça-se para
seguir a orientação do ESPÍRITO que nela habita e resiste aos desejos sensuais
e ao domínio do pecado (Rm 8.13,14).Como tornar-se um crente espiritual?
Aceitando pela fé a salvação em CRISTO, a pessoa é regenerada; o ESPÍRITO SANTO
lhe confere uma nova natureza mediante a concessão da vida divina (2Pe 1.4; ver
o estudo A REGENERAÇÃO ). Essa pessoa nasce de novo (Jo 3.3,5,7), é renovada
(Rm 12.2), torna-se nova criatura (2Co 5.17) e obtém a justiça de DEUS mediante
a fé em CRISTO (Fp 3.9).
UMA DISTINÇÃO ENTRE OS CRENTES.
Embora o crente nascido de novo receba a nova vida do ESPÍRITO, ele
tem residente em si a natureza pecaminosa, com suas perversas inclinações (Gl
5.16-21). A natureza pecaminosa que no crente existe, não pode ser mudada em
boa; precisa ser mortificada e vencida pelo poder e graça do ESPÍRITO SANTO (Rm
8.13). O crente obtém tal vitória negando-se a si mesmo diariamente (Mt 16.24;
Rm 8.13; Tt 2.11,12), deixando todo impedimento ou pecado (Hb 12.1), e
resistindo a todas as inclinações pecaminosas (Rm 13.14; Gl 5.16; 1Pe 2.11).
Pelo poder do ESPÍRITO SANTO, o próprio crente guerreia contra a natureza
pecaminosa e diariamente a crucifica (Gl 5.16-18,24; Rm 8.13,14) e a mortifica
(Cl 3.5). Pela abnegação e submissão à obra santificadora do ESPÍRITO SANTO em
sua vida, o crente em CRISTO experimenta a libertação do poder da sua natureza
pecaminosa e vive como um crente espiritual (Rm 6.13; Gl 5.16).
Nem todo crente se esforça como devia para vencer plenamente sua
natureza pecaminosa. Ao escrever aos coríntios, Paulo mostra (3.1,3) que alguns
deles viviam como carnais (gr. sarkikos), i.e., ao invés de resistirem com
firmeza às inclinações da sua natureza pecaminosa, entregavam-se a algumas
delas. Embora não vivessem em contínua desobediência, estavam em parceria com o
mundo, a carne e o diabo em certas áreas das suas vidas, e mesmo assim querendo
permanecer como povo de DEUS (10.21; 2Co 6.14-18; 11.3; 13.5).
(1) A figura do crente carnal. Embora os crentes de Corinto não
vivessem em total carnalidade e rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e
iniquidade, que os separaria do reino de DEUS (ver 6.9-11; cf. Gl 5.21; Ef
5.5), estavam vivendo de tal maneira que já não cresciam na graça, e agiam como
recém-convertidos, sem divisar o pleno alcance da salvação em CRISTO (13.1,2).
A carnalidade deles era vista na “inveja e contendas” (3.3). Não se afligiam
com a imoralidade dentro da igreja (5.1-13; 6.13-20). Não levavam a sério a
Palavra de DEUS, nem os ministros do Senhor (4.18,19). Moviam ação judicial,
irmãos contra irmãos, por razões triviais (6.6-8). Observe-se que os crentes
coríntios que estavam vivendo em imoralidade sexual ou pecados semelhantes,
Paulo os têm como excluídos da salvação em CRISTO (5.1,9-11; 6.9,10).
(2) Perigos para os cristãos carnais. Os cristãos carnais de
Corinto corriam o perigo de se desviarem da pura e sincera devoção a CRISTO
(2Co 11.3) e de se conformarem cada vez mais com o mundo (cf. 2Co 6.14-18).
Caso isso continuasse, seriam castigados e julgados pelo Senhor, e se
continuassem a viver segundo o mundo, acabariam sendo excluídos do reino de
DEUS (6.9,10; 11.31,32). Realmente, alguns deles já estavam mortos
espiritualmente, por viverem em pecados que levam a isso (ver 1Jo 3.15; 5.17;
cf. Rm 8.13; 1Co 5.5; 2Co 12.21; 13.5).
(3) Advertências aos cristãos carnais. (a) Se um crente carnal não
tomar a resolução de se purificar de tudo quanto desagrada a DEUS (Rm 6.14-16;
1Co 6.9,10; 2Co 11.3; Gl 6.7-9; Tg 1.12-16), ele corre o risco de abandonar a
fé. (b) Devem tomar como exemplo o fato trágico dos filhos de Israel, que foram
destruídos por DEUS por causa de seus pecados (10.5-12). (c) Devem entender que
é impossível participar das coisas do Senhor e das coisas de Satanás ao mesmo
tempo (Mt 6.24; 1Co 10.21). (d) Devem separar-se completamente do mundo (2Co
6.14-18) e se purificar de tudo quanto contamina o corpo e o espírito,
aperfeiçoando a sua santificação no temor do Senhor (2Co 7.1).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 8, Paulo, o Discipulador de Vidas
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição 8, Paulo, o Discipulador de Vidas
https://www.youtube.com/watch?v=vFR5h6hmub4 subsídio - Lição 12, A
Urgência do Discipulado, 1Trimestre dev 2021, Pr Henrique, EBD NA TV
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-8-paulo-o-discipulador-de.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/sides-licao-8-paulo-o-discipulador-de.html
https://www.youtube.com/watch?v=n7zfAyKPlks Vídeo desta lição
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 2.42-47; 20.1-4
Atos 2.42 - E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43 - Em cada alma havia temor, e
muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. 44 - Todos os que criam
estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 - Vendiam suas propriedades e
fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. 46 - E,
perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam
juntos com alegria e singeleza de coração, 47 - louvando a DEUS e caindo na
graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles
que se haviam de salvar.
Atos 20.1 - Depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou a si os
discípulos e, abraçando-os, saiu para a Macedônia.2 - E, havendo andado por
aquelas terras e exortando-os com muitas palavras, veio à Grécia. 3 - Passando
ali três meses e sendo-lhe pelos judeus postas ciladas, como tivesse de navegar
para a Síria, determinou voltar pela Macedônia. 4 - E acompanhou-o, até à Asia,
Sópatro, de Beréia, e, dos de Tessalônica, Aristarco e Segundo, e Gaio, de e
Timóteo, e, dos da Ásia, Tíquico e Trófimo.
2.42 DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, E NA COMUNHÃO, E NO PARTIR DO PÃO, E
NAS ORAÇÕES.
A IGREJA. Através do livro de Atos, bem como outros trechos do NT,
tomamos conhecimento das normas ou dos padrões estabelecidos para uma igreja
neotestamentária.
(1) Antes de mais nada, a igreja é o agrupamento de pessoas em
congregações locais e unidas pelo ESPÍRITO SANTO, que diligentemente buscam um
relacionamento pessoal, fiel e leal com DEUS e com JESUS CRISTO (At 13.2; 16.5;
20.7; Rm 16.3,4; 1 Co 16.19; 2 Co 11.28; Hb 11.6).
(2) Mediante o poderoso testemunho da igreja, os pecadores são
salvos, nascidos de novo, batizados nas águas e acrescentados à igreja;
participam da Ceia do Senhor e esperam a volta de CRISTO (At 2.41,42; 4.33;
5.14; 11.24; 1 Co 11.26).
(3) O batismo no ESPÍRITO SANTO será pregado e concedido aos novos
crentes (ver At 2.39), e sua presença e poder se manifestarão.
(4) Os dons do ESPÍRITO SANTO estarão em operação (Rm 12.6-8; 1 Co
12.4-11; Ef 4.11,12), inclusive prodígios, sinais e curas (At 2.18,43; 4.30;
5.12; 6.8; 14.10; 19.11; 28.8; Mc 16.18).
(5) Para dirigir a igreja, DEUS lhe provê um ministério quíntuplo,
o qual adestra os santos para o trabalho do Senhor (Ef 4.11,12).
(6) Os crentes expulsarão demônios (At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12; Mc
16.17).
(7) Haverá lealdade absoluta ao evangelho, i.e., aos ensinamentos
originais de CRISTO e dos apóstolos (2.42; ver Ef 2.20). Os membros da igreja
se dedicarão ao estudo da Palavra de DEUS e à obediência a ela (6.4; 18.11; Rm
15.18; Cl 3.16; 2 Tm 2.15).
(8) No primeiro dia da semana (At 20.7; 1 Co 16.2), a congregação
local se reunirá para a adoração e a mútua edificação através da Palavra de
DEUS escrita e das manifestações do ESPÍRITO (1 Co 12.7-11; 14.26; 1 Tm 5.17).
(9) A igreja manterá a humildade, reverência e santo temor diante
da presença de um DEUS santo (5.11). Os membros terão uma preocupação vital com
a pureza da igreja, disciplinarão aqueles que caírem no pecado, bem como os
falsos mestres que são desleais à fé bíblica (20.28; 1 Co 5.1-13; ver Mt
18.15).
(10) Aqueles que perseverarem no caráter piedoso e nos padrões da
justiça ensinados pelos apóstolos, serão ordenados ministros para a direção das
igrejas locais e a manutenção da sua vida espiritual (Mt 18.15; 1 Co 5.1-5; 1
Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
(11) Semelhantemente, a igreja terá diáconos responsáveis para
cuidarem dos negócios temporais e materiais da igreja (ver 1 Tm 3.8).
(12) Haverá amor e comunhão no ESPÍRITO evidente entre os membros
(At 2.42,44-46; ver Jo 13.34), não somente dentro da congregação local como
também entre ela e outras congregações que crêem na Bíblia (15.1-31; 2 Co
8.1-8).
(13) A igreja será uma igreja de oração e jejum (At 1.14; 6.4;
12.5; 13.2; Rm 12.12; Cl 4.2; Ef 6.18).
(14) Os crentes se separarão dos conceitos materialistas
prevalecentes no mundo, bem como de suas práticas (2.40; Rm 12.2; 2 Co 6.17; Gl
1.4; 1 Jo 2.15,16).
(15) Haverá sofrimento e aflição por causa do mundo e dos seus
costumes (At 4.1-3; 5.40; 9.16; 14.22).
(16) A igreja trabalhará ativamente para enviar missionários a
outros países (At 2.39; 13.2-4). Nenhuma igreja local tem o direito de se
chamar de igreja segundo as normas do NT, a não ser que esteja se esforçando
para manter estas 16 características práticas entre seus membros.
CONTÍNUA ORAÇÃO. Os crentes do NT enfrentavam a perseguição em
oração fervorosa. A situação parecia impossível; Tiago fora morto. Herodes
mantinha Pedro na prisão vigiado por dezesseis soldados. Todavia, a igreja
primitiva tinha a convicção de que a oração feita por um justo pode muito em
seus efeitos (Tg 5.16), e oraram de um modo intenso e contínuo a respeito da
situação de Pedro. A oração deles não demorou a ser atendida (vv. 6-17). As
igrejas do NT frequentemente se dedicavam à oração coletiva prolongada (At 1.4;
2.42; 4.24-31; 12.5,12; 13.2). A intenção de DEUS é que seu povo se reúna para
a oração definida e perseverante; note as palavras de JESUS: A minha casa será
chamada casa de oração (Mt 21.13). As igrejas que declaram basear sua teologia,
prática e missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e noutros escritos
do NT, devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua
adoração e não apenas um ou dois minutos por culto. Na igreja primitiva, o
poder e presença de DEUS e as reuniões de oração integravam-se. Nenhum volume
de pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e entusiasmo
manifestará o poder e presença genuínos no ESPÍRITO SANTO, sem a oração
neotestamentária, mediante a qual os crentes perseveravam unanimemente em
oração e súplicas (1.14).
Resumo da Lição 8, Paulo, o Discipulador de Vidas
I – PAULO E O DISCIPULADO BÍBLICO
1. O discipulado bíblico.
2. Paulo, o discipulador.
3. A metodologia de Paulo para o discipulado.
II – O DISCIPULADO E A MISSÃO INTEGRAL DE PREGAR E ENSINAR
1. A pregação: o ponto de partida.
2. O Ensino: “fazer discípulos”.
3. Pregação e ensino.
III – O DISCIPULADO COM PESSOAS DE OUTRAS CULTURAS
1. A pregação para os seus irmãos.
2. A expansão para os gentios.
3. O discipulado numa cultura diferente.
DISCIPULADO - Pr. Henrique
Discipulado é fazer o discípulo parecido com CRISTO.
O discipulado não tem fim, mas tem objetivo: fazer o discípulo
gerar outro discípulo.
DISCIPULADO
O verdadeiro discipulado estimula a leitura da bíblia completa, a
frequência na EBD e a evangelização, enquanto ministra o batismo nas águas e o
batismo com o ESPÍRITO SANTO a todos novos convertidos.
Doutrinas cristãs básicas
Hb 6.
PELO que, deixando os rudimentos da doutrina de CRISTO,
prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do
1- arrependimento das obras mortas e da
2- fé em DEUS,
3- E da doutrina dos baptismos, e da
4- imposição das mãos, e da
5- ressurreição dos mortos, e do
6- juízo eterno.
A Comunidade dos Discípulos - Atos 2:42-47 - Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT - (com correções e acréscimos do
Pr. Henrique).
Falamos frequentemente da igreja primitiva e nos referimos a
ela e sua história. Nestes versículos, temos a história da igreja
verdadeiramente primitiva, dos seus primórdios, da sua legítima infância. É o
estado de sua maior inocência.
I
Os cristãos da igreja primitiva guardavam rigorosamente as
ordenanças santas e eram profusos em todo tipo de devoção e piedade, pois o
cristianismo, reconhecido em seu poder, coloca a alma em posição de ter
comunhão com DEUS em todas as maneiras em que Ele nos fez para conhecê-lo e
prometeu nos conhecer.
1. Os primeiros cristãos eram diligentes e constantes em reunir-se
para ouvir a pregação da palavra. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos
(v. 42), sem jamais repudiá-la ou abandoná-la. Ou, conforme outra leitura:
“Eles se mantinham constantes no ensino ou instrução dos apóstolos”. O batismo
nas águas era imediatamente ministrado aos novos convertidos e eles foram
discipulados a aprender, ficando propensos ao ensino. Veja que aqueles que se
entregam a JESUS devem estar plenamente cônscios da obrigação de ouvir sua
palavra, pois assim lhe prestam honras e se edificam a si mesmos.
2. Os primeiros cristãos persistiam na comunhão dos santos. Eles
continuaram firmes na comunhão (v. 42), perseverando unânimes todos os dias no
templo (v. 46). Essa comunhão consistia no amor uns pelos outros e num rico
relacionamento social entre eles. Tratava-se de um povo muito unido. Quando se
retiraram da geração perversa, não viraram ermitões, mas se achegaram ainda
mais uns aos outros e aproveitavam toda oportunidade para se reunirem. Onde
quer que haja um discípulo, tem de haver mais, uma vez que são gente da mesma
origem e essência. Veja como estes cristãos amam uns aos outros. Eles se
preocupavam uns com os outros, demonstravam simpatia mútua e, de coração
aberto, defendiam as causas uns dos outros. Comungavam juntos na adoração
religiosa. Reuniam-se no templo: esse era o lugar do encontro, pois nossa
comunhão conjunta com DEUS é a melhor comunhão que podemos ter uns com os
outros (1 Jo 1.3). Observe: (1) Os cristãos da igreja primitiva estavam todos
os dias no templo (v. 46), não só nos sábados e nas festas solenes, mas em
outros dias, diariamente. Adorar a DEUS tem de ser nossa atividade diária, e,
sempre que houver oportunidade, quanto mais vezes fizermos publicamente melhor.
O Senhor ama as portas de Sião (Sl 87.2), e devemos imitá-lo. (2) Os cristãos
da igreja primitiva eram unânimes (v. 46). Não havia discórdia ou discussão
entre eles, somente amor santo. Com prazer e entusiasmo, eles se reuniam nos
cultos públicos. Embora se agregassem aos judeus nos pátios do templo, os
cristãos mantinham reuniões exclusivamente suas e eram unânimes em suas orações
separadas.
3. Os primeiros cristãos juntavam-se na ordenança da Ceia do
Senhor. Eles perseveravam [...] no partir do pão (v. 42), celebrando o memorial
da morte do Mestre, como pessoas que não se envergonhavam de relacionar-se e
depender de JESUS CRISTO e este crucificado (2 Co 2.2). Eles não podiam deixar
de lembrar a morte de CRISTO, por isso mantinham este momento comemorativo e o
tornaram prática constante, porque era uma instituição de CRISTO a ser
transmitida às eras sucessivas da igreja. Eles repartiam o pão em casa, kat
oikon – de casa em casa. Não julgavam adequado celebrar a Ceia do Senhor no
templo, visto que isso era peculiar aos estabelecimentos cristãos. Por isso,
ministravam essa ordenação em casas particulares, escolhendo as casas dos
cristãos convertidos conforme a praticidade, às quais os vizinhos se dirigiam.
Eles iam de uma a uma destas pequenas "igrejas" domésticas, casas que
continham igrejas, e lá celebravam a Ceia do Senhor com as pessoas que
normalmente se reuniam ali para adorar a DEUS.
4. Os primeiros cristãos perseveravam [...] nas orações (v. 42).
Depois que o ESPÍRITO foi derramado, como também antes enquanto o esperavam,
eles permaneceram imediatamente em oração. A oração jamais será substituída até
que venha a ser absorvida no louvor perpétuo. O partir do pão se coloca entre a
obra e a oração, pois se liga a ambas, e é uma forma de assistência apara
ambas. A Ceia do Senhor é um sermão para os olhos e uma confirmação da palavra
de DEUS para nós. É um incentivo para as nossas orações e uma expressão solene
da ascensão de nossa alma a DEUS.
5. Os primeiros cristãos abundavam em ação de graças; sempre
estavam louvando a DEUS (v. 47). O louvor deve ser parte de toda oração e não
algo a ser escondido num canto. Aqueles que recebem o ESPÍRITO SANTO devem ser
ricos em louvores a DEUS.
II
Os cristãos da igreja primitiva amavam uns aos outros e eram muito
gentis. Suas obras de caridade eram tão valorosas quanto sua devoção. Suas
reuniões nas santas ordenanças uniam os corações uns aos outros, tornando-os
muito estimados e amados entre eles mesmos.
1. Os primeiros cristãos tinham frequentes reuniões para
convivência cristã: Todos os que criam estavam juntos (v. 44). Não era que
todos esses milhares de pessoas estivessem em um lugar só (isto seria
impraticável), mas, eles se reuniam em diversos grupos ou congregações, segundo
a língua, a nação ou outra forma de associação que os mantivesse unidos. E
assim se unindo, por estarem separados daqueles que não criam e por estarem na
mesma categoria religiosa e prática dos deveres religiosos, o texto diz que eles
estavam juntos, epi to auto. Eles se mantinham juntos e, assim, expressavam e
aumentavam o amor mútuo.
2. Os primeiros cristãos tinham tudo em comum (v. 44). Talvez
tivessem reuniões nas casas para temperança, convivência, troca de
ideias e ausência de formalismo. Eles comiam juntos (v. 46) para que os
que tivessem muito pudessem repartir suas posses e, assim, se livrassem das
tentações da abundância; e os que tivessem pouco recebessem uma porção maior e,
então, se guardassem das tentações da necessidade e pobreza. Ou havia entre
eles tamanha preocupação e prontidão em ajudar uns aos outros sempre que havia oportunidade
que se podia dizer: eles tinham tudo em comum de acordo com a lei da amizade e
benevolência. Um não queria o que o outro tinha, pois poderia tê-lo se o
pedisse.
3. Os primeiros cristãos eram muito alegres e generosos no uso do
que tinham. Além do aspecto religioso que havia nos banquetes sagrados (o
partir do pão de casa em casa), grande parte disso aparecia nas refeições
comuns: eles comiam as refeições juntos com alegria e singeleza de coração (v.
46). Eles levavam para casa o consolo da mesa do Senhor, fato que trazia duas
boas consequências: (1) Esta prática tornava os cristãos da igreja primitiva
muito amáveis e lhes aumentava o gozo santo do coração. Eles comiam o pão com
alegria e bebiam vinho com bom coração, sabedores de que DEUS se agradava das
obras que praticavam (Ec 9.7). Ninguém tem mais motivos para ser alegre do que
cristãos bondosos. É lamentável que não haja tantos corações assim hoje em dia.
(2) Esta prática tornava os crentes da igreja primitiva muito liberais com os
irmãos pobres e lhes aumentava a caridade do coração. Eles comiam juntos com
alegria e singeleza de coração, en apheloteti kardias – com liberalidade de
coração. Assim, segundo alguns. Eles não comiam seus bocados sozinhos, mas
recebiam alegremente os pobres à mesa, não de má vontade, mas com sincera
liberdade. Veja que convém aos cristãos serem francos e generosos, semeando com
abundância em toda boa obra, como pessoas em quem DEUS semeou com abundância e
espera colher outro tanto.
4. Os primeiros cristãos angariaram fundos para obras
assistenciais: Eles vendiam suas propriedades e fazendas (v. 45). Alguns
venderam suas terras e casas, outros, seus animais e a mobília de casa e
repartiram o dinheiro com os irmãos, segundo cada um tinha necessidade. O
propósito não era acabar com as propriedades, mas com o egoísmo. Por essa
atitude, eles tinham provavelmente em vista o mandamento que JESUS deu ao jovem
rico como teste de sinceridade: Vende tudo o que tens [e] dá-o aos pobres (Mt
19.21). A intenção não era para servir de modelo de lei obrigatória e
permanentemente, como se todos os cristãos de todos os lugares do mundo fossem
forçados a vender suas propriedades e dar o dinheiro para as obras
assistenciais. Impressionante é que aqueles que não ajudaram aos mais
pobres, vendendo suas próprias propriedades, perderam tudo no ano 70 d.C.,
poucos anos mais tarde, devido a invasão romana.
As epístolas de Paulo, escritas depois deste fato, falam da
distinção entre ricos e pobres. O próprio JESUS disse: Sempre tendes convosco
os pobres (Mt 26.11), e os ricos sempre têm de fazer o bem com os salários,
rendimentos e lucros de suas propriedades. Eles se tornariam impossibilitados
de cumprir tal determinação, caso tivessem de vender todos os seus bens e dar
tudo de uma vez. Portanto, esta situação consistia num caso à parte. (1) Os
cristãos da igreja primitiva não estavam sob a obrigação de um mandamento
divino para fazer isso, como se deduz das palavras de Pedro a Ananias: Não
estava em teu poder? (Atos 5.4 - isso quer dizer - não estava subordinado a sua
própria vontade?). Mas era exemplo extremamente elogiável de sua superioridade
sobre o mundo, do desprezo que lhe davam, da certeza de existir outro mundo, do
seu amor pelos irmãos, da compaixão pelos pobres e do grande zelo à promoção do
cristianismo e cuidado em seus primórdios. Os apóstolos deixaram tudo para
seguir JESUS e dedicar-se totalmente à palavra e oração. Por conseguinte, algo
tinha de ser feito para seu sustento. Esta liberalidade extraordinária era
semelhante à que Israel teve no deserto para a construção do tabernáculo –
liberalidade que precisou ser contida (Êx 36.5,6). Nossa regra é dar conforme
DEUS nos abençoou. Não obstante, numa situação extraordinária como esta, é
digno de louvor aqueles que dão ainda acima do seu poder (2 Co 8.3). (2) Os
cristãos da igreja primitiva que procederam desse modo eram judeus e criam em
JESUS. Não sabiam ainda, mas a nação judaica logo seria destruída, ocasionando
um fim à posse de propriedades e bens, na invasão romana em 70 d.C. Vender suas
propriedades e doar o dinheiro colocando aos pés dos apóstolos era ajudar a
obra de JESUS CRISTO e sua igreja.
III
DEUS reconhecia os crentes da igreja primitiva como filhos e lhes
dava provas surpreendentes da sua presença entre eles: Muitas maravilhas e
sinais se faziam pelos apóstolos (v. 43). Eram milagres de diversos tipos que
confirmavam a doutrina apostólica e comprovavam incontestavelmente ser ela
proveniente de DEUS (Mc 16.20). Quem era usado em milagres podia ajudar
milagrosamente a si e aos pobres de sua comunidade, como JESUS. Era prova da
graça e amor dos crentes para com os outros o vender suas propriedades.
Além de lhes dar poder para realizar sinais, prodígios e
maravilhas, todos os dias o Senhor salvava mais almas através da pregação e
demonstração de poder de DEUS ao povo (v. 47). A palavra na boca dos
apóstolos era confirmada por sinais, prodígios e maravilhas (Mc 16.20), e o
Senhor abençoava seus esforços em aumentar o número de crentes. Perceba que é
obra de DEUS acrescentar almas à igreja, é um milagre a salvação oferecida a
todos, fato que gera grande alívio e consolo nos ministros e cristãos.
IV
Os não-cristãos (os de fora, os curiosos, os espectadores) eram
influenciados pela união, amor e pelos milagres nos quais os primeiros cristãos
eram usados por DEUS (ex.: Pedro, Estêvão, Filipe, Paulo).
1. Na igreja primitiva, os não-cristãos temiam os cristãos e tinham
profundo respeito por eles: Em cada alma havia temor a DEUS (v. 43), quer
dizer, em quase todos que viam as muitas maravilhas e sinais feitos pelos
apóstolos e discípulos de JESUS. O medo era que a falta do devido respeito
trouxesse desgraça à nação dos não-cristãos. O povo tinha muito medo dos
cristãos, como Herodes teve muito medo de João Batista. Embora não tivessem
pompa exterior que obrigasse respeito exterior, como as vestes compridas dos
escribas lhes ocasionavam as saudações nas praças (Lc 20.46), os cristãos
possuíam abundância de dons espirituais que eram verdadeiramente honrosos,
gerando nos não-cristãos extrema reverência por eles. O medo vinha sobre cada
alma. A alma das pessoas era estranhamente influenciada pela tremenda pregação
e majestosa vida dos apóstolos. 2. Na igreja primitiva, os cristãos caíam na
graça dos não-cristãos (v. 47). Embora tenhamos razão para pensar que havia
aqueles que menosprezavam e odiavam os cristãos (como seguramente faziam os
fariseus e os príncipes dos sacerdotes), os não-cristãos em sua maioria eram
bondosos e amáveis para com eles: os cristãos da igreja primitiva caíam na
graça de todo o povo (E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a
CRISTO. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia,
porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos
saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e
coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade. Atos 8:5-8).
JESUS foi tão violentamente vilipendiado e menosprezado pela
multidão que clamava: Crucifica-o! Crucifica-o! (Lc 21.23), que se pensaria que
sua doutrina e seguidores jamais se interessariam pelo povo comum. Mas aqui o
texto sacro nos informa que os cristãos estavam na graça de todos os
não-cristãos, dando a entender que o povo perseguiu JESUS em virtude de um tipo
de força satânica que lhe sobreveio pela esperteza dos sacerdotes. Mas agora o
povo caiu em si e voltou ao bom juízo. Observe que a devoção sincera e a
caridade aberta inspiram respeito e que a alegria em servir a DEUS torna
atraente a religião para aqueles que não a possuem. Alguns interpretam assim:
Eles tinham caridade para com todo o povo – charin echontes pros holon ton
laon. Os primeiros cristãos não limitavam suas obras assistenciais e milagres
aos integrantes da comunidade cristã, mas eram liberais e extensivos. Este
procedimento os recomendava muitíssimo. 3. Na igreja primitiva, os não-cristãos
afluíam para os crentes. Todos os dias um ou outro não-crente agregava-se à
igreja, embora não tantos como no primeiro dia do Pentecostes e no dia do
milagre do coxo, na porta formosa. Eram aqueles que se haviam de salvar (v.
47). Os que forem lavados a JESUS pela
pregação do evangelho serão acrescentados à igreja em um concerto santo pelo
batismo e em comunhão santa pelas outras ordenanças.
RESUMO SOBRE DOUTRINA - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia -
Teologia Sistemática - Myer Pearman - Editora Vida
Introdução: Um confronto teológico
A teologia, sobre a qual versa este livro, no sentido
etimológico, é: "o assunto acerca de DEUS", assunto o mais
elevado de que é capaz de se ocupar a mente humana. Vários métodos
de teologia têm sido propostos, como sejam: especulativo,
deístico, racionalista, dogmático e místico. Esses têm conduzido os
homens a conclusões contrárias às Escrituras, conclusões que violam
ao mesmo tempo a nossa natureza moral.
O método teológico, que ao mesmo tempo honra as Escrituras
e também satisfaz à alma do homem é o método indutivo, tal qual o
autor deste livro, Myer Pearlman, o emprega. A Bíblia é para o teólogo o
que a natureza é para o homem de ciência. É sua fonte de fatos concretos.
O teólogo reverente adota, para averiguar o que a Bíblia ensina, o mesmo
método que o filósofo adota para averiguar o que a natureza ensina.
Nesse processo, que requer grande diligência, precaução
e exaustivo trabalho, derivam-se os princípios dos fatos, e não
os fatos dos princípios. Os grandes fatos da Bíblia devem ser
aceitos tais quais são, e deles edificar-se o sistema teológico, a
fim de abraçá-lo na sua integridade.
É motivo de grande satisfação notarmos que as Escrituras
contêm todos os fatos da teologia, admitindo verdades intuitivas,
tanto intelectuais como morais, por causa da nossa constituição
como seres racionais e morais. Ao mesmo tempo admitem as Escrituras o poder
controlador sobre as crenças exercido pelo ensino íntimo do ESPÍRITO
SANTO, ou seja, a experiência religiosa. Esta verdade ao bem se ilustra na
palavra do apóstolo Paulo que disse: "A minha palavra, e a minha
pregação não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração de ESPÍRITO e de poder" (1 Cor. 2:4). Esse ensino ou
"demonstração" íntima do ESPÍRITO SANTO limita-se às verdades
objetivamente reveladas nas Escrituras, não como revelação de novas
verdades, mas como iluminação da mente que a torna apta para perceber a
verdade, a excelência e a glória das coisas anteriormente reveladas.
Assim disse o apóstolo Paulo em continuação da passagem: "Mas
DEUS no-las revelou pelo seu ESPÍRITO; porque o ESPÍRITO
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de DEUS. Porque, qual
dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que
nele está ? Assim também ninguém sabe as coisas de DEUS, senão o
ESPÍRITO de DEUS. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas
o ESPÍRITO que provém de DEUS, para que pudéssemos conhecer o que nos
é dado gratuitamente por DEUS. As quais também falamos, não com palavras
de sabedoria humana, mas com as que o ESPÍRITO SANTO ensina, comparando as
coisas espirituais com as espirituais. Ora o homem natural não compreende
as coisas do ESPÍRITO de DEUS, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne
bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu
a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente
de CRISTO" (1 Cor. 2:10-16).
Essa posição doutrinária e bíblica, simples e espiritual, é
a posição tomada pelo autor, o irmão Myer Pearlman, posição do apóstolo
Paulo.
Nessa posição a Bíblia contém todos os fatos e todas as
verdades reveladas pelo ESPÍRITO de DEUS ao homem.
N. Lawrence Olson
I. A natureza da doutrina
A doutrina cristã (a palavra "doutrina" significa
"ensino" ou "instrução") pode definir-se assim: as
verdades fundamentais da Bíblia dispostas em forma sistemática. Este
estudo chama-se comumente: "teologia", ou seja, "um tratado
ou um discurso racional acerca de DEUS". (Os dois termos serão usados
alternadamente nesta seção.) A teologia ou a doutrina assim se descreve: a
ciência que trata do nosso conhecimento de DEUS e das suas relações para
com o homem. Trata de tudo quanto se relaciona com DEUS e com os
propósitos divinos.
Por que descrevemos a teologia ou a doutrina como sendo uma
"ciência"? A ciência é a disposição sistemática e lógica de
fatos comprovados. A teologia é chamada ciência porque consiste
em fatos relacionados com DEUS e com as coisas de ordem
divina, apresentadas de uma maneira lógica e ordenada.
Qual é a conexão entre a teologia e a religião? Religião vem
da palavra latina "ligare" que significa "ligar";
religião representa as atividades que "ligam" o homem a DEUS
numa determinada relação. A teologia é o conhecimento acerca de DEUS. Assim
a religião é a prática, enquanto a teologia é o conhecimento.
A religião e a teologia devem coexistir na verdadeira
experiência cristã; porém, na prática, às vezes, se acham distanciadas,
de tal maneira que é possível ser teólogo sem ser verdadeiramente religioso,
e por outro lado a pessoa pode ser verdadeiramente religiosa sem possuir
um conhecimento sistemático doutrinário.
"Se conheces estas coisas, feliz serás se as observas", é
a mensagem de DEUS ao teólogo. "Procura apresentar-te a
DEUS aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade" (2Tim. 2:15), é a mensagem
de DEUS ao homem espiritual.
Qual é a diferença entre doutrina e dogma? Doutrina é a revelação
da verdade como se encontra nas Escrituras; dogma é a declaração do homem
acerca da verdade quando apresentada em um credo.
Esperamos confiadamente que a teologia ou doutrina encontre
o lugar que merece no pensamento e na educação religiosa.
Para um ser imortal, a verdade acerca de DEUS, do destino humano
e do caminho para a vida eterna, nunca pode ser de pouca importância.
Todos os homens que raciocinam devem tomar em consideração
essas coisas. São perguntas tão antigas quanto a própria raça humana
e só podem ser esquecidas quando a raça houver submergido na
idiotice ou houver perdido a imagem de DEUS.
"Assim como o homem pensa no seu coração, assim ele é. Toda
a existência do homem gira em torno do que pensa, especialmente do
que pensa acerca de DEUS"
— David S. Clarke
II. O valor da doutrina
1. O conhecimento (doutrinário) supre a necessidade de haver
uma declaração autoritária e sistemática sobre a verdade.
Há uma tendência em certos meios de não somente procurar diminuir
o valor de ensinos doutrinários como também de
dispensá-los completamente como sendo desnecessários e inúteis. Porém,
enquanto os homens cogitam sobre os problemas da sua existência,
sentirão a necessidade de uma opinião final e sistemática sobre
esses problemas. A doutrina sempre será necessária enquanto os
homens perguntarem: "De onde vim? quem sou eu? e para onde vou?"
Muitas vezes se ouve esta expressão: "não importa o que a
pessoa crê uma vez que faça o bem." Essa opinião dispensa a doutrina
por julgá-la de nenhuma importância em relação à vida.
Mas todas as pessoas têm uma teologia, queiram ou não o reconhecer;
os atos do homem são fruto de sua crença. Por exemplo, quão grande diferença
haveria no comportamento da tripulação de um navio que estivesse ciente de
que viajava em direção a um destino determinado, e o comportamento da
tripulação dum navio que navegasse à mercê das ondas e sem rumo certo.
A vida humana é uma viagem do "tempo" para a eternidade,
e é de grande importância a pessoa saber que essa viagem não tem
significado ou rumo certo, ou que é uma viagem planejada pelo seu Criador
e dirigida por ele para um destino celestial.
2. O conhecimento doutrinário é essencial para o
pleno desenvolvimento do caráter cristão.
As crenças firmes produzem caráter firme; crenças bem
definidas produzem também convicções bem definidas. Naturalmente, a crença
doutrinária da pessoa não é sua religião, assim como a espinha dorsal do
seu organismo não é a sua personalidade. Mas assim como uma boa espinha
dorsal é parte essencial do corpo, assim um sistema definido de crença é
uma parte essencial da religião.
Alguém disse: "O homem não precisa expor a sua espinha dorsal,
no entanto deve possuí-la para estar bem aprumado. Da mesma forma, o
cristão precisa de uma definição doutrinária para não ser um cristão
volúvel e até corcunda!" Alguém disse: "A pureza de coração e
de vida importa mais do que a opinião correta." A essa
declaração outro pregador respondeu: "A cura também é mais
importante que o remédio; mas sem o remédio não haveria cura!" Sem
dúvida é mais importante viver a vida cristã do que apenas conhecer
as doutrinas cristãs; porém não pode haver experiência
cristã enquanto não houver conhecimentos das doutrinas cristãs.
3. O conhecimento doutrinário é um baluarte contra o erro.
(Mat.22:29; Gál. 1:6-9; 2 Tim. 4:2-4.)
Diz-se com razão, que as estrelas surgiram antes da
astronomia, e que as flores existiram antes da botânica, e que a vida
existia antes da biologia, e que DEUS existia antes da teologia.
Isto é verdade. Mas os homens em sua ignorância
conceberam idéias supersticiosas acerca das estrelas, e o resultado foi
a pseudociência da astrologia. Os homens conceberam falsas
idéias acerca das plantas, atribuindo-lhes virtudes que não possuíam,
e o resultado foi a feitiçaria. O homem na sua cegueira
formou conceitos errôneos acerca de DEUS e o resultado foi o paganismo
com suas superstições e corrupção.
Porém surgiu a astronomia com seus princípios verdadeiros
acerca dos corpos celestes e dessa maneira expôs os erros
da astrologia. Surgiu a botânica com a verdade sobre a vida vegetal
e dessa maneira foram banidos os erros da feitiçaria. Da
mesma maneira, as doutrinas bíblicas expurgam as falsas idéias
acerca de DEUS e de seus caminhos.
"Que ninguém creia que erro doutrinário seja um mal de
pouca importância", declarou D. C. Hodge, teólogo de renome.
"Nenhum caminho para a perdição jamais se encheu de tanta gente como
o da falsa doutrina. O erro é uma capa da consciência, e uma
venda para os olhos."
4. O conhecimento doutrinário é uma parte necessária
do equipamento de quem ensina a Palavra de DEUS.
Quando uma remessa de mercadorias chega a uma casa comercial,
essas mercadorias são desempacotadas, devidamente registradas,
e colocadas em seus devidos lugares nas prateleiras para
serem vendidas. Essa ilustração mostra que deve haver certa ordem.
Da mesma maneira, um dos propósitos do estudo sistemático é pôr
as doutrinas em ordem. A Bíblia obedece a um tema central. Mas
existem muitas verdades relacionadas com o tema principal que se
encontram nos diversos livros da Bíblia. Assim sucede que, para adquirir
um conhecimento satisfatório das doutrinas, e para poder entregá-lo a
outrem, devem-se combinar as referências relacionadas ao assunto
e organizá-las em tópicos e subtópicos.
II. A classificação da doutrina
A teologia inclui muitos departamentos:
1. A teologia exegética (exegética vem da palavra grega
que significa "sacar “ou "extrair" a verdade) procura
descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Um conhecimento
das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras pertence
a este departamento da teologia.
2. A teologia histórica traça a história do desenvolvimento
da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história
da igreja.
3. A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais
da fé como se nos apresentam nos credos da igreja.
4. A teologia bíblica traça o progresso da verdade através
dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de cada
escritor apresentar as doutrinas importantes.
Por exemplo: segundo este método ao estudar a doutrina da expiação
estudar-se-ia a maneira como determinado assunto foi tratado nas diversas
seções da Bíblia — no livro de Atos, nas Epístolas, e no Apocalipse. Ou
verificar-se-ia o que CRISTO, Paulo, Pedro ou João disseram acerca do
assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou seção das Escrituras
ensinou concernente às doutrinas de DEUS, de CRISTO, da expiação, da
salvação e de outras.
5. A teologia sistemática. Neste ramo de estudo os
ensinos bíblicos concernentes a DEUS e ao homem são agrupados em
tópicos, de acordo com um sistema definido; por exemplo, as
Escrituras relacionadas à natureza e à obra de CRISTO são classificadas
sob o título: "Doutrina de CRISTO".
É bíblica no sentido de que as verdades são extraídas das
Escrituras e o estudo acompanha as perguntas: "Que dizem as
Escrituras (exposição) e que significam as Escrituras
(interpretação)"? É sistemática no sentido de que a matéria está
agrupada segundo uma ordem definida.
IV. Um sistema de doutrina
Qual é a ordem a que vai obedecer ao agrupamento desses tópicos?
Não se pode fazer uma regra rígida. Há muitos modos de fazer
esses agrupamentos, cada qual possuindo o seu valor peculiar.
Procuraremos seguir a ordem baseada sobre as relações de DEUS com
o homem, nas quais DEUS visa a redenção da humanidade.
1. A doutrina das Escrituras. De que fonte extrairemos
a verdade inerente acerca de DEUS? A natureza, na verdade, revela a
existência, o poder e sabedoria de DEUS. Mas não expõe o caminho do
perdão, e nenhum meio provê de escapar ao pecado e suas consequências .Ela
não supre incentivo algum para a santidade e nenhuma revelação fornece
acerca do futuro. Deixando de lado o primeiro livro de DEUS — a natureza —
vamos ao outro livro de DEUS — a Bíblia — na qual encontramos a revelação
perfeita de DEUS concernente a esses assuntos.
Qual a razão de se aceitarem as opiniões bíblicas como sendo
a pura verdade? A resposta a tal pergunta leva-nos ao estudo
da natureza das Escrituras, a sua inspiração, precisão e confiança.
2. A doutrina de DEUS. Procuramos verificar o que
as Escrituras ensinam acerca do maior de todos os fatos — o fato
de DEUS, sua natureza e existência.
3. A doutrina dos anjos. Do Criador naturalmente passamos
ao estudo de suas criaturas, e, portanto, vamos considerar as
mais elevadas de suas criaturas: os anjos. Este tópico também inclui
os anjos maus, Satanás e os demônios.
4. A doutrina do homem. não nos demoraremos muito tempo no
tema dos espíritos maus e bons, mas passaremos a considerar a
opinião bíblica acerca do homem, porque todas as verdades bíblicas
se agrupam ao redor de dois pontos focais — DEUS e o homem.
Em segundo lugar em importância, após o estudo de DEUS, está o estudo
acerca do homem.
5. A doutrina do pecado. O fato mais trágico em conexão com
o homem é o pecado e suas consequências. As Escrituras nos falam
de sua origem, natureza, consequências e remédio.
6. A doutrina de CRISTO. Segue-se, depois do pecado do homem,
o estudo da pessoa e da obra de CRISTO, o Salvador do homem.
7. A doutrina da expiação. Sob este título consideramos
os fatos que esclarecem o significado da obra de CRISTO a favor
do homem.
8. A doutrina da salvação. Como se aplica a expiação
às necessidades do homem e como se faz real em sua experiência?
Os fatos que nos dão essa resposta agrupam-se sob a doutrina da salvação.
9. A doutrina do ESPÍRITO SANTO. Como se faz real no homem
a obra de CRISTO? Isto é assunto tratado na doutrina da natureza e da obra
do ESPÍRITO SANTO. Aqui se estuda sobre o batismo no ESPÍRITO SANTO (imersão no
corpo de CRISTO), batismo com o ESPÍRITO SANTO (com evidência do falar em
línguas para edificação própria) e os dons do ESPÍRITO SANTO (capacitações para
equipagem dos crentes na evangelização dos povos).
10. A doutrina da igreja. Os discípulos de CRISTO
obviamente necessitam de alguma organização para se realizarem os
propósitos de adoração, instrução, comunhão e propagação do Evangelho. O
Novo Testamento nos fala acerca da natureza e da obra dessa organização. Aqui
estudamos a Igreja como corpo de CRISTO (invisível) e a Igreja como instituição
(visível e com registro social).
11. A doutrina das últimas coisas. É natural dirigirmos
o nosso olhar para o futuro e pensar: "Qual será o resultado
final de todas as coisas — a vida, a história, o mundo?" — Tudo
o que se relaciona com o futuro então se agrupa sob o título:
"As últimas coisas". Aqui estudamos sobre o arrebatamento
(tribunal de CRISTO e Bodas do Cordeiro), a grande tribulação (3 anos e meio de
paz sob o governo do anticristo e 3 anos e meio de guerras e juízos findando
com a vinda de CRISTO em glória junto com a igreja) e estudamos o milênio, o
juízo final, o destino dos ímpios e de Satanás (o lago de foge enxofre) e a
vida eterna com DEUS (o estado eterno dos slavos).
Atos 20
Neste capítulo, temos: I. As viagens de Paulo pela Macedônia,
Grécia e Ásia, até sua chegada a Trôade (vv. 1-6). II. O relato detalhado do
dia do Senhor que Paulo passou em Trôade e a ressurreição de Êutico (vv. 7-12).
III. A jornada ou percurso de viagens que Paulo fez para visitar as igrejas que
ele plantara a caminho de Jerusalém, aonde planejou chegar na Festa de
Pentecostes (vv. 13-16). IV. O sermão de despedida que Paulo pregou aos
presbitérios em Éfeso, agora que ele estava deixando aquela província (vv.
17-35). V. A despedida muito triste entre Paulo e os efésios (vv. 36-38). E em
todas estas atividades vemos Paulo muito ocupado em servir a JESUS e fazer o
bem aos homens, não só na conversão dos gentios, mas também na edificação dos
cristãos.
A Partida de Paulo de Éfeso. A Mudança de Paulo para Trôade - Atos
20:1-6
Essas viagens de Paulo são narradas com muita brevidade. Existem
apenas algumas indicações gerais das ocorrências que certamente eram as mais
preciosas. Aqui está:
I
A partida de Paulo de Éfeso. Ele permanecera lá por mais tempo que
em qualquer outro lugar depois que foi ordenado pelo ESPÍRITO SANTO ao
apostolado dos gentios. Já estava na hora de ele pensar em se mudar porque
também era necessário que anunciasse a outras cidades o evangelho (Lc 4.43).
Depois disso e até ao fim da história bíblica da sua vida (que é tudo de que
dispomos), ele não iniciou nenhum trabalho novo e nem anunciou o evangelho
[...] onde CRISTO já houvera sido nomeado (Rm 15.20), como até aqui vinha
fazendo, pois no final do próximo capítulo lemos que ele é preso, e assim
permaneceu e foi deixado até o encerramento do Livro de Atos.
1. Paulo deixou Éfeso logo depois que cessou o alvoroço (v. 1), já
que considerou a perturbação da ordem como indicação da Providência divina para
mudar-se de cidade. Sua partida aplacou um pouco a raiva dos adversários e
ganhou mais espaço para os cristãos dali. Currenti cede furori – É bom
descansar em uma tempestade. Certos estudiosos entendem que, imediatamente
antes de sair de Éfeso, ele escreveu a Primeira Epístola aos Coríntios, e que o
combate em Éfeso contra as bestas que ele menciona na carta (1 Co 15.32) era
uma descrição figurativa desse alvoroço. Mas prefiro considerar suas palavras
de modo literal.
2. Paulo não deixou Éfeso às pressas e com medo, mas partiu
solenemente: Ele chamou a si os discípulos (v. 1), as principais pessoas da
congregação, e, abraçando-os, saiu (diz a versão siríaca) “com o beijo de
amor”, de acordo com o costume da Igreja Primitiva. Amigos amorosos não sabem
que se amam até que chegue a hora da despedida, quando então se mostrará como
estava próximo o coração um do outro.
II
A visita de Paulo às igrejas gregas que ele plantara e mais de uma
vez regara, pelas quais ele tinha um carinho todo especial.
1. O apóstolo foi primeiro para a Macedônia (v. 1), de acordo com o
seu propósito antes do desencadeamento do alvoroço (Atos 19.21). Ele visitou as
igrejas que estavam em Filipos e Tessalônica, exortando[-as] os com muitas
palavras (v. 2). As visitas de Paulo aos seus amigos eram visitas para pregar e
suas pregações eram extensas e complexas: Eram exortações com muitas palavras.
Ele tinha muito a lhes dizer e não se limitou ao tempo; ele os exortava ao
cumprimento de muitos deveres, de muitas maneiras e (como interpretam certos
estudiosos) “com muito raciocínio”. Suas exortações eram reforçadas com extensa
variedade de motivos e argumentos.
2. O apóstolo foi à Grécia (v. 2), quer dizer, à Acaia, como acham
certos estudiosos, pois também propusera ir para lá, para Corinto e regiões
(Atos 19.21). E passou ali três meses (v. 3). Certamente ali ele também exortou
os discípulos [...] com muitas palavras para orientá-los, confirmá-los e
engajá-los a serem fiéis ao Senhor.
III
A alteração das resoluções de Paulo, pois nem sempre podemos
cumprir nossos propósitos. Os imprevistos nos obrigam a fazer novos planos; por
isso, ao planejarmos, estipulamos limites.
1. O apóstolo estava a ponto de navegar para a Síria (v. 3), à
cidade de Antioquia, de onde fora enviado a serviço dos gentios e por onde
sempre procurava passar em suas rotas de viagens. Mas ele mudou de planos e
determinou voltar pela Macedônia pelo caminho que antes percorrera.
2. O motivo dessa mudança eram os judeus (v. 3) que, supondo que
ele tomaria esse trajeto como sempre, preparam-lhe ciladas com o objetivo de
tirar-lhe a vida. Visto que não conseguiam (por mais que tentassem) detê-lo
provocando as multidões e os magistrados contra ele, maquinaram assassiná-lo.
Certos intérpretes afirmam que os judeus lhe puseram ciladas para roubar o
dinheiro que estava levando a Jerusalém para o socorro dos santos pobres. Mas,
considerando como eram rancorosos, acredito que tinham mais sede do seu sangue
do que do seu dinheiro.
IV
Os nomes dos companheiros de Paulo na viagem que fez até à Ásia (v.
4). Alguns eram ministros, talvez não todos. É provável que Sópatro, de Beréia,
seja o mesmo Sosípatro citado em Romanos 16.21. Quando partiu de Éfeso (v. 1),
Paulo deixou Timóteo ali e, em seguida, escreveu-lhe a primeira epístola a fim
de orientá-lo como evangelista a organizar a igreja naquela cidade e em quais
mãos deixá-la (veja 1 Tm 1.3; 3.14,15). Essa epístola tinha o propósito de
fornecer orientações a Timóteo sobre como proceder, não só em Éfeso, onde
estava agora, mas também em outras cidades onde ele seria igualmente deixado ou
para onde seria enviado a fim de residir como evangelista (e orientações para
ele e, certamente, para os outros evangelistas que acompanhavam o apóstolo e
eram usados dessa mesma forma). Timóteo é contado entre eles, porque, assim que
cumpriu suas tarefas em Éfeso, seguiu Paulo e o acompanhou com os outros
mencionados aqui. Pode ser que alguém pense consistir num desperdício ter todos
esses homens dignos acompanhando Paulo, pois havia mais necessidade deles onde
Paulo não estava. Mas assim se procedeu:
1. Para que eles o ajudassem a ensinar as pessoas que, pela
pregação do apóstolo, aceitassem JESUS. Aonde quer que Paulo fosse, as águas
eram agitadas; então, havia necessidade de ajudantes para colocar os
incapacitados no tanque (como em Jo 5.2-7). Estava na hora de malhar o ferro
enquanto estava quente.
2. Para que os ensinasse e qualificasse para serviços futuros e
seguissem a sua doutrina e modo de viver (2 Tm 3.10). A presença física de
Paulo era fraca e desprezível. Esses amigos o acompanhavam para dar-lhe certeza
do sucesso, apoiá-lo e chamar a atenção das pessoas, as quais, a olho nu,
julgariam que havia muita coisa nele verdadeiramente valiosa que não se via
pela aparência exterior. DEUS confirmava seu trabalho autenticando seu
apostolado com sinais, prodígios e maravilhas (Os sinais do meu apostolado
foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e
maravilhas. 2 Coríntios 12:12).
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Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 20.17-34
17 - De Mileto, mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja. 18 - E,
logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia
em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós, 19 -
servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que,
pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; 20 - como nada, que útil seja, deixei
de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, 21 - testificando, tanto
aos judeus como aos gregos, a conversão a DEUS e a fé em nosso Senhor JESUS
CRISTO. 22 - E, agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém,
não sabendo o que lá me há de acontecer, 23 - senão o que o ESPÍRITO SANTO, de
cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. 24 -
Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a
minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho
do evangelho da graça de DEUS. 25 - E, agora, na verdade, sei que todos vós,
por quem passei pregando o Reino de DEUS, não vereis mais o meu rosto. 26 -
Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos; 27 -
porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de DEUS. 28 - Olhai, pois,
por vós e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos,
para apascentardes a igreja, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 -
porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos
cruéis, que não perdoarão o rebanho. 30 - E que, dentre vós mesmos, se
levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos
após si. 31 - Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não
cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós. 32 - Agora,
pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à palavra da sua graça; a ele, que é
poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados. 33 - De
ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. 34 - Vós mesmos sabeis que,
para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me
serviram.
Comentários BEP - CPAD
20.19 COM MUITAS LÁGRIMAS. Paulo, em muitas ocasiões, menciona que
servia ao Senhor com lágrimas (v. 31; 2 Co 2.4; Fp 3.18). Nesse discurso diante
dos anciãos de Éfeso (vv. 17-38), Paulo refere-se à admoestação que, com
lágrimas, lhes dirigiu durante três anos (v. 31). As lágrimas não resultaram de
fraqueza; pelo contrário, Paulo via a condição perdida da raça humana, a
maldade do pecado, a distorção do evangelho e o perigo de rejeitar o Senhor,
como coisas tão graves, que sua pregação era frequentemente acompanhada de
lágrimas (cf. Mc 9.24; Lc 19.41).
20.20 NADA... DEIXEI DE VOS ANUNCIAR. Paulo pregava tudo que era
útil ou necessário à salvação de seus ouvintes. O ministro do evangelho deve
ser fiel ao anunciar toda a verdade de DEUS à sua congregação. Não deve
procurar agradar aos desejos dos ouvintes, nem satisfazer o gosto deles, nem
promover sua própria popularidade. Mesmo se tiver que falar palavras de
repreensão e de reprovação, ensinar contrariamente a preconceitos naturais, ou
pregar padrões bíblicos opostos aos desejos da natureza carnal; o pregador fiel
entregará a verdade plena por amor ao rebanho (e.g., Gl 1.6-10; 2 Tm 4.1-5).
20.22 LIGADO EU PELO ESPÍRITO. O espírito de Paulo, sob o controle
do ESPÍRITO SANTO, sentia-se compelido a ir até Jerusalém. Sabia que aflições e
sofrimentos o aguardavam (v. 23), mas confiou em DEUS, não sabendo se isso
redundaria em vida ou em morte para ele (ver At 21.4).
20.23 O ESPÍRITO SANTO... ME REVELA. A revelação do ESPÍRITO SANTO
a Paulo de que prisões e tribulações o esperavam provavelmente veio-lhe através
dos profetas, nas igrejas por onde ele ia passando (cf. 1 Co 12.10).
20.24 EM NADA TENHO A MINHA VIDA POR PRECIOSA. A preocupação
principal de Paulo não era preservar a sua própria vida. O mais importante para
ele era cumprir o ministério para o qual DEUS o chamara. Seja qual fosse o fim
em vista, mesmo em se tratando do sacrifício da sua vida, ele, com alegria,
iria até o fim da sua carreira com esta confiança: CRISTO será, tanto agora
como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte (Fp
1.20). Engrandecermos a CRISTO estando vivos é fácil entender; mas
engrandecê-lo por nossa morte é difícil para todos entender e aceitar. Para
Paulo, a vida e o serviço para CRISTO são representados como uma carreira ou
corrida que se deve correr com absoluta fidelidade ao seu Senhor (cf. At 13.25;
1 Co 9.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1).
20.26 ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS. A palavra sangue é empregada
normalmente no sentido de derramamento de sangue, ou seja: o crime de provocar
a morte dalguma pessoa (cf. 5.28; Mt 23.35; 27.25). (1) Aqui significa que se
alguém ali morresse espiritualmente e se perdesse para sempre, Paulo estaria
isento de culpa. (2) Se os pastores não quiserem ser considerados culpados pela
perdição de pessoas que eles pastoreiam, deverão declarar-lhes toda a vontade
de DEUS (v. 27).
20.28 OLHAI... POR TODO O REBANHO. Visitação e aconselhamento são
importantíssimos aos crentes por parte de seus líderes.
20.29 ENTRARÃO... LOBOS CRUÉIS. Movidos pela ambição de edificar
seus próprios impérios, ou por amor ao dinheiro, ao poder, ou à popularidade
(e.g., 1 Tm 1.6,7; 2 Tm 1.15; 4.3,4; 3Jo 9), impostores na igreja, perverterão
o evangelho original segundo o NT: (1) repudiando ou rejeitando algumas das
suas verdades fundamentais; (2) acrescentando-lhe idéias humanistas,
filosofias, sabedoria ou psicologia; (3) misturando suas doutrinas e práticas
com coisas como os ensinos malignos da Nova Era ou do ocultismo e espiritismo;
(4) e tolerando modos de vida imorais, contrários aos retos padrões de DEUS
(ver 1 Tm 4.1; Ap 2.3). Que tais lobos realmente entraram no meio do rebanho e
perverteram a doutrina e prática apostólicas em Éfeso, fica evidente em 1 Tm
1.3,4,18,19; 4.1-3; 2 Tm 1.15; 2.17,18; 3.1-8. As epístolas pastorais revelam
uma rejeição geral dos ensinos bíblicos apostólicos, que naquele tempo começou
a ganhar ímpeto em toda a província da Ásia
20.31 PORTANTO, VIGIAI. Os dirigentes do povo de DEUS sempre devem
ter sensibilidade para discernir os membros das suas congregações, que não são
sinceramente leais, e dedicados a viver conforme a mensagem original de CRISTO
e dos apóstolos. Devem estar em tão íntima comunhão com o ESPÍRITO SANTO que,
com cuidados e lágrimas, se preocupem com seus membros, sem nunca cessar, noite
e dia, de admoestar o rebanho, a respeito do perigo que o ameaça, sempre
dirigindo os fiéis para o único alicerce seguro CRISTO, sua Palavra e seu
poder.
20.33 DE NINGUÉM COBICEI A PRATA. Paulo dá um exemplo a todos os
ministros de DEUS. Ele nunca visou a riqueza, nem buscou enriquecer através do
seu trabalho no evangelho (cf. 2 Co 12.14). Paulo teve muitas oportunidades de
acumular riquezas. Como apóstolo, tinha influência sobre os crentes, e
realizava milagres e curas; além disso, os cristãos primitivos estavam
dispostos a doar dinheiro e propriedades aos líderes eclesiásticos de destaque,
para serem distribuídos aos necessitados (ver At 4.34,35,37). Se Paulo tivesse
tirado vantagem dos seus dons e da sua posição, e da generosidade dos crentes,
poderia ter tido uma vida abastada. Não fez assim porque o ESPÍRITO SANTO
dentro dele o orientava, e porque amava o evangelho que pregava (cf. 1 Co
9.4-18; 2 Co 11.7-12; 12.14-18; 1 Ts 2.5,6). Muitas vezes foi sustentado por
igrejas, mas nunca para enriquecimento, mas para sua subsistência apenas.
(Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando
estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. 2 Coríntios
11:8)
Paulo mandou chamar todos os novos convertidos, crentes em geral e
obreiros que estavam na igreja em Éfeso para se encontrarem com ele em Mileto,
cidade que ficava próxima a Éfeso, um pouco mais a abaixo (vide mapa). Ele
queria fazer uma grande despedida sua desses irmãos. Paulo diz para eles sobre
sua evangelização ali entre eles. Ele se emociona e chora. Ele se entristece
muito por ter que deixar os irmãos e partir. Ele fala do seu sofrimento para
evangelizá-los. Paulo fala da importância da pregação e ensino de casa em casa.
Quantas perseguições! Quantas lágrimas! Quanta Tribulação! E agora diz que o
ESPÍRITO SANTO tem revelado a ele de cidade em cidade que quando chegar em
Jerusalém vai sofrer muito. Mas ele está decidido a cumprir o seu Ministério.
Ele sabe que JESUS o chamou para arriscar sua própria vida e até mesmo dar sua
vida pelo evangelho. Sabe que vai sofrer por causa do evangelho. Mas ele está
disposto a se gastar e a se deixar gastar pelo evangelho e pelos crentes que o
aceitaram. Pelas revelações dadas pelo ESPÍRITO SANTO aos profetas da igreja
por onde passou que passará por tribulações e por prisões. Mas ele diz bem
claro que não tem a sua vida por preciosa. A sua vida pertence a DEUS. Ele
recebeu o Ministério diretamente de JESUS. Está disposto a cumprir seu
Ministério até o fim. E que tem uma carreira proposta. Ele tem um Ministério
proposto. E ele foi vocacionado para isto mesmo. Seu Ministério é dar
testemunho de JESUS CRISTO. Do evangelho da graça de DEUS a todos, custando o
que custasse. Ele diz agora para eles que sabe que por toda a parte onde ele
passou pregando o Reino de DEUS, eles não verão mais o seu rosto porque ele
está se despedindo para não voltar. Sabe que o espera prisões, açoites,
perseguições e tribulações. Mas novamente diz que está disposto a passar por
tudo isto. Preocupado com os efésios, ele chama a atenção dos líderes. É um
momento de alerta. Diz que está limpo do sangue de todos aqueles que ouviram o
evangelho através dele, tanto os que obedeceram, quanto aos que não obedeceram.
Ele fez a sua parte, pregou o evangelho legítimo na sinceridade de seu coração
e fé. Anunciou o evangelho verdadeiro. O evangelho de JESUS CRISTO que nunca
deixou de anunciar. O verdadeiro conselho de DEUS, a verdadeira palavra de
DEUS. E ele adverte a eles para que olhem para si mesmos. Para o tipo de
Evangelho que eles estão pregando e principalmente pelo tipo de evangelho que
eles estavam vivendo. Exorta-os a que percebessem como estavam tratando o
rebanho de DEUS sobre o qual o ESPÍRITO SANTO os constituiu para que cuidassem
dele e o apascentassem. Este rebanho é a igreja de JESUS CRISTO que foi
comprada com seu próprio sangue, portanto caríssimo preço, valor inestimável.
Paulo diz que sabe que depois de sua partida muitos falsos mestres, falsos
pastores, falsos líderes, falsos irmãos que viviam a espreita do rebanho, esses
que ele chama de lobos Cruéis, entrarão no meio do rebanho, no meio da igreja e
tentarão de toda maneira se levantar dentre eles mesmos e falar com perversas
palavras e vão atrair os discípulos após eles. É claro, com enganos e com
mentiras. Com falsas promessas. Com amor fingido. Ele os alerta para que
vigiem. Durante 3 anos esteve ali entre eles e não cessou, noite e dia, com
lágrimas, de lhes anunciar JESUS e a salvação só através Dele, sempre
advertindo-os dos perigos dos falsos mestres, falsos pastores, falsos líderes,
falsos irmãos. E ele diz agora que encomenda cada um a DEUS e a Palavra da sua
graça. Diz que DEUS é poderoso para os edificar e dar herança entre os santificados.
É claro desde que eles estivessem debaixo da orientação do ESPÍRITO SANTO e em
santificação de vida. Ou seja, em separação completa para DEUS. Em sua defesa
diz: “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. Vós mesmos sabeis
que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me
serviram”. Não era ambicioso não fez
nada por dinheiro, por causa de riqueza. Sabemos que o que era necessário para
ele sobreviver, tanto trabalhou na fabricação de tendas quanto também foi
sustentado por várias igrejas das quais recebia salário, incluindo aí,
principalmente, os filipenses. Este é um resumo da nossa leitura.
Resumo da Lição 9, Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados
I – ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS
1. O ponto de partida.
2. Paulo e o despertamento de novas vocações.
3. Paulo, um mestre inspirado.
II – O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES
1. A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos
gnósticos.
a) Quem eram os judaizantes?
b) Quem eram os gnósticos?
2. O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19).
III - PAULO APELA AOS LÍDERES
1. Sobre o desprendimento do obreiro para realizar a obra de DEUS
(At 20.24).
2. Sobre o cuidado pessoal do obreiro (At 20.28).
3. Sobre a ameaça de “lobos cruéis” no rebanho de DEUS (At
20.29,30).
ESTUDOS A FINS
FALSOS MESTRES - BEP - CPAD
Mc 13.22: “Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e
farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os
escolhidos
DESCRIÇÃO. O crente da atualidade precisa estar informado de que
pode haver, nas igrejas, diversos obreiros corrompidos e distanciados da
verdade, como os mestres da lei de DEUS, nos dias de JESUS (Mt 24.11,24). JESUS
adverte, aqui, que nem toda pessoa que professa a CRISTO é um crente verdadeiro
e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista,
professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser.
Esses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens” (Mt
23.28). Aparecem “vestidos como ovelhas” (Mt 7.15). Podem até ter uma mensagem
firmemente baseada na Palavra de DEUS e expor altos padrões de retidão. Podem
parecer sinceramente empenhados na obra de DEUS e no seu reino, demonstrar
grande interesse pela salvação dos perdidos e professar amor a todas as
pessoas. Parecerão ser grandes ministros de DEUS, líderes espirituais de
renome, ungidos pelo ESPÍRITO SANTO. Poderão realizar milagres, ter grande
sucesso e multidões de seguidores (ver Mt 7.21-23; 24.11,24; 2Co 11.13-15).
Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos
tempos antigos (ver Dt 13.3; 1Rs 18.40; Ne 6.12; Jr 14.14; Os 4.15), e aos
fariseus do NT. Longe das multidões, na sua vida em particular, os fariseus
entregavam-se à “rapina e de iniquidade” (Mt 23.25), “cheios de ossos de mortos
e de toda imundícia” (Mt 23.27), “cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt
23.28). Sua vida na intimidade é marcada por cobiça carnal, imoralidade,
adultério, ganância e satisfação dos seus desejos egoístas.
De duas maneiras, esses impostores conseguem uma posição de
influência na igreja. (a) Alguns falsos mestres e pregadores iniciam seu
ministério com sinceridade, veracidade, pureza e genuína fé em CRISTO. Mais
tarde, por causa do seu orgulho e desejos imorais, sua dedicação pessoal e amor
a CRISTO desaparecem lentamente. Em decorrência disso, apartam-se do reino de
DEUS (1Co 6.9,10; Gl 5.19-21; Ef 5.5,6) e se tornam instrumentos de Satanás,
disfarçados em ministros da justiça (ver 2Co
. (b) Outros falsos mestres e pregadores nunca foram crentes
verdadeiros. A serviço de Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas
atividades (Mt 13.24-28,36-43). Satanás tira partido da sua habilidade e
influência e promove o seu sucesso. A estratégia do inimigo é colocá-los em
posições de influência para minarem a autêntica obra de CRISTO. Se forem
descobertos ou desmascarados, Satanás sabe que grandes danos ao evangelho
advirão disso e que o nome de CRISTO será menosprezado publicamente.
A PROVA. Quatorze vezes nos Evangelhos, JESUS advertiu os
discípulos a se precaverem dos líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4,24;
Mc 4.24; 8.15; 12.38-40; 13.5; Lc 12.1; 17.23;20.46; 21.8). Noutros lugares, o
crente é exortado a pôr à prova mestres, pregadores e dirigentes da igreja (1Ts
5.21; 1 Jo 4.1). Seguem-se os passos para testar falsos mestres ou falsos
profetas:
Discernir o caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração
perseverante e manifesta uma devoção sincera e pura a DEUS? Manifesta o fruto
do ESPÍRITO (Gl 5.22,23), ama os pecadores (Jo 3.16), detesta o mal e ama a
justiça (Hb 1.9) e fala contra o pecado (Mt 23; Lc 3.18-20)?
Discernir os motivos da pessoa. O líder cristão verdadeiro
procurará fazer quatro coisas: (a) honrar a CRISTO (2Co 8.23; Fp 1.20); (b)
conduzir a igreja à santificação (At 26.18; 1Co 6.18; 2Co 6.16-18); (c) salvar
os perdidos (1Co 9.19-22); e (d) proclamar e defender o evangelho de CRISTO e
dos seus apóstolos (ver Fp 1.16; Jd 3).
Observar os frutos da vida e da mensagem da pessoa. Os frutos dos
falsos pregadores comumente consistem em seguidores que não obedecem a toda a
Palavra de DEUS (ver Mt 7.16).
Discernir até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é
um ponto fundamental. Ela crê e ensina que os escritos originais do AT e do NT
são plenamente inspirados por DEUS, e que devemos observar todos os seus
ensinos (ver 2Jo 9-11)? Caso contrário, podemos estar certos de que tal pessoa
e sua mensagem não provêm de DEUS.
Finalmente, verifique a integridade da pessoa quanto ao dinheiro do
Senhor. Ela recusa grandes somas para si mesma, administra todos os assuntos
financeiros com integridade e responsabilidade, e procura realizar a obra de
DEUS conforme os padrões do NT para obreiros cristãos? (1Tm 3.3; _ 6.9,10).
Apesar de tudo que o crente fiel venha a fazer para avaliar a vida
e o trabalho de tais pessoas, não deixará de haver falsos mestres nas igrejas,
os quais, com a ajuda de Satanás, ocultam-se até que DEUS os desmascare e
revele aquilo que realmente são.
OS PASTORES E SEUS DEVERES
At 20.28 “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o
ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de DEUS, que
ele resgatou com seu próprio sangue.”
Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar.
Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do ESPÍRITO, buscando a
direção de DEUS em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de
presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas
pelo ESPÍRITO SANTO em 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9. Na realidade é o ESPÍRITO que
constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de
Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o
exercício do ministério de pastor de uma igreja local.
PROPAGANDO A FÉ. (1) Um dos deveres principais do dirigente é
alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de DEUS. Ele deve ter sempre
em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de DEUS, que Ele
comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20;
1Pe 1.18,19; Ap 5.9). (2) Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu
como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de DEUS,
advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder
exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (20.26). Os pastores de nossos dias
também devem instruir suas igrejas em todo o desígnio de DEUS. Que “pregues a
palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com
toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os
ouvintes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2Tm 4.3).
GUARDANDO A FÉ. Além de alimentar o rebanho de DEUS, o verdadeiro
pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no
futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também,
falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas
antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a
influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de
DEUS. Paulo os chama de “lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de
subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos
desviarão as pessoas dos ensinos de CRISTO e os atrairão a si mesmos e ao seu
evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene
obrigação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opor-se
aos que distorcem a revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.
A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de
DEUS e pela comunhão do ESPÍRITO SANTO, são fiéis ao Senhor JESUS CRISTO e à
Palavra de DEUS. Por isso, é de grande importância na preservação da pureza da
igreja de DEUS que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor
(Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale
coisas perversas contrárias à Palavra de DEUS e ao testemunho apostólico
(20.30).
Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes
administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor JESUS os têm como
responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf.
Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho
de DEUS para a igreja (20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o
rebanho (20.28), não estará “limpo do sangue de todos” (20.26; cf. Ez 34.1-10).
DEUS o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de
proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap
2.2).
É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja
mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma.
A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas
faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais
segmentos administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).
A questão principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras
divinamente inspiradas, que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32).
Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia
através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a
autoridade absoluta da Palavra de DEUS, negam que a Bíblia é verdadeira e
fidedigna em tudo que ela ensina (20.28-31; ver Gl 1.6; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A
bem da igreja de DEUS, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11;
ver Gl 1.9).
A igreja que perde o zelo ardente do ESPÍRITO SANTO pela sua pureza
(20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se
omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de DEUS, logo deixará
de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5).
QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR
1Tm 3.1,2 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado,
excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de
uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto
para ensinar.”
Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que
tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e
importante (3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela
Palavra de DEUS (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque DEUS estabeleceu
para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por DEUS
para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões
bíblicos de 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-). Isso significa que a igreja não deve
aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo,
sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão
ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos
que DEUS estabeleceu mediante o ESPÍRITO SANTO. Eles estão plenamente em vigor
e devem ser observados por amor ao nome de DEUS, ao seu reino e da honra e
credibilidade da elevada posição de ministro.
Os padrões bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente
morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja
é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade
administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministeriais
concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas
decisões acertadas e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam
primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí,
o ESPÍRITO SANTO estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele
precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a JESUS CRISTO e aos
seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de
fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter
deve demonstrar o ensino de CRISTO em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco”
conduz à posição de governar “sobre o muito”.
O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis”
(4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser
mencionadas perante a congregação como dignas de imitação.
Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança
na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a CRISTO e
ao evangelho (4.12,15).
O povo de DEUS deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade,
não somente pela Palavra de DEUS, mas também pelo exemplo dos pastores que
vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a
CRISTO pode ser tomada como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1;
Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).
O ESPÍRITO SANTO acentua grandemente a liderança do crente no lar,
no casamento e na família (32,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um
exemplo para a família de DEUS, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos
filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de DEUS?” (3.5). Ele
deve ser “marido de uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o
candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua
esposa. A tradução literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo
atributivo) é “homem de uma única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua
esposa.
Consequentemente, quem na igreja comete graves pecados morais,
desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança
na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela
graça de DEUS, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança
inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, DEUS
expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados
padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4;
Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm 2.23; Jr 23.14; 29.23).
A Palavra de DEUS declara a respeito do crente que venha a
adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua
vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem DEUS nem a igreja
perdoará tal pessoa. DEUS realmente perdoa qualquer pecado enumerado em 3.1-13,
se houver tristeza segundo DEUS e arrependimento por parte da pessoa que
cometeu tal pecado. O que o ESPÍRITO SANTO está declarando, porém, é que há
certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio)
daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm
12.9-14).
Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a
despeito do seu pecado de adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é
vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à
frente da igreja de DEUS, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Essa
comparação, no entanto, é falha por vários motivos.
O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da
igreja de JESUS CRISTO, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes.
DEUS não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram
extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A
liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de JESUS
CRISTO, requer padrões espirituais muito mais altos.
Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali
exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja
do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou
grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito
sangue (1Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu
pecado, dado lugar a que os inimigos de DEUS blasfemassem, ele sofreu castigo
divino pelo resto da sua vida (2Sm 12.9-14).
As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações
justas exigidas por DEUS para seus pastores e demais obreiros, conforme está
escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores,
assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis,
na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).
O Discurso de Paulo aos Anciãos de Éfeso - Atos 20:17-35 -
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
correções e acréscimos do Pr Henrique)
O navio em que Paulo e seus companheiros embarcaram para Jerusalém
lhe veio bem a calhar, pois atracava ou partia como lhe convinha. Quando chegou
a Mileto, ele desembarcou e permaneceu em terra por tempo suficiente para
mandar chamar os anciãos de Éfeso para uma reunião. Se tivesse subido a Éfeso,
a igreja provavelmente o teria forçado a ficar por mais tempo do que o desejado
e os perseguidores também poderiam lhe impedir a volta. É provável que Timóteo
tivesse ordenado outros anciãos para o serviço daquela igreja e região, além
dos outros obreiros que ali foram chamados por DEUS. Paulo mandou chamar os
presbíteros ou líderes para instruí-los e incentivá-los a continuar a obra que
tinham recebido pela imposição de mãos. é evidente que muitos irmãos também
foram. Quem nao queria estar com Paulo? E as instruções que ele lhes desse,
eles as transmitiriam às pessoas sobre as quais tinham responsabilidade.
Trata-se de um discurso muito emocionante e prático, com o qual Paulo se
despede desses irmãos e no qual há muito da excelente índole deste bom homem.
Nestes versículos, temos:
I
Paulo relembra aos anciãos da igreja a vida e doutrina em vigor o
tempo todo em que ele esteve em Éfeso e regiões: “Vós bem sabeis [...] como em
todo esse tempo me portei no meio de vós (v. 18) e como fiz o trabalho de
apóstolo entre vós”. Ele menciona isto como confirmação da sua missão e, por
conseguinte, da doutrina que pregara entre eles. Todos sabiam que ele era homem
de espírito sério, cortês e sobremodo agradável e que não era egoísta e astuto,
como são os sedutores. Muitas foram as manifestações sobrenaturais do ESPÍRITO
SANTO através de Paulo ali, de modo que até lenços e aventais de Paulo se
levavam aos enfermos e possessos e eles ficavam livres. Grande queima de livros
de artes mágicas foi realizada ali. Ele não poderia ter atuado com tanta lisura
e constância nos serviços e sofrimentos senão pelo poder da graça divina. Sua
disposição mental e o teor de sua pregação e relações sociais eram evidências
concretas de que DEUS estava verdadeiramente com ele e que foi movido e
impulsionado por um espírito melhor que o seu próprio. Ele também faz esta
referência à sua conduta como ensinamento, em cujas mãos o trabalho fora
entregue, a fim de que sigam seu exemplo: “Vós bem sabeis [...] como [...] me
portei no meio de vós, como me comportei como ministro. Da mesma forma,
comportai-vos vós com os que vos são entregues à vossa responsabilidade quando
eu tiver partido: O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes
em mim, isso fazei (Fp 4.9)”.
1. A índole e sensibilidade de Paulo eram excelentes e exemplares.
Os anciãos efésios sabiam como ele se portara entre eles e como mantivera suas
relações sociais com eles: no que tange a eles, procedeu com simplicidade e
sinceridade de DEUS (2 Co 1.12), com brandura e santa, justa e
irrepreensivelmente (1 Ts 2.7,10).
(1) O apóstolo se portara bem desde o princípio, desde o primeiro
dia em que entrou na Ásia (v. 18), em todo esse tempo. O modo como entrou no
meio dos efésios foi tal que ninguém podia achá-lo em falta. Desde o primeiro
dia, ele se comportou de forma que sabiam que objetivava fazer o bem e fazer o
bem aonde quer que chegasse. Ele era um homem coerente consigo mesmo e íntegro.
Encontre-o aonde for: ele é o mesmo em todo o tempo. Não era levado de um lado
para o outro pelo vento nem pela mudança do tempo, mas era invariável como um
dado que, jogado do jeito que for, cai sempre em um dos lados planos. Paulo era
homem cheio do ESPÍRITO SANTO e guiado por Este.
(2) O apóstolo assumira a função de servir ao Senhor (v. 19) para
promover entre os efésios a honra devida somente a DEUS e os interesses de
CRISTO e seu Reino. Ele nunca serviu a si mesmo, nem se fez servo de homens,
das luxúrias e caprichos deles. O seu negócio era servir ao Senhor. No seu
ministério e, em todas as relações sociais, provou o que ele mesmo escreveu:
Paulo, servo de JESUS CRISTO (Rm 1.1).
(3) O apóstolo fizera o seu trabalho entre os efésios com toda a
humildade – em todas as obras de transigência, recato e humilhação própria.
DEUS lhe dera muita honra e por meio dele fizera muitas coisas boas. Paulo,
todavia, nunca assumira uma atitude de pompa, nem manteve as pessoas a
distância, mas se relacionava livre e desembaraçadamente com as mais humildes,
procurando o bem delas, colocando-se no mesmo nível que elas. Ele tinha a boa
vontade de inclinar-se para fazer qualquer serviço e tornar a seu trabalho tão
acessíveis quanto desejáveis. Veja que os que em qualquer atividade servem
aceitavelmente ao Senhor e utilmente aos outros têm de fazê-lo com toda a
humildade (Mt 20.26,27).
(4) O apóstolo sempre fora muito gentil, afetuoso e compassivo
entre os efésios: Ele servira ao Senhor [...] com muitas lágrimas (v. 19).
Nesse ponto, Paulo era igual ao seu Mestre, chorava com facilidade. Em suas
orações, ele chorava e suplicava (Os 12.4). Em suas pregações, o que ele muitas
vezes lhes dissera agora também repetia, chorando (Fp 3.18). Em suas
preocupações, embora os conhecesse em tão pouco tempo, já moravam no seu
coração a ponto de ele chorar com os que choram (Rm 12.15) e misturar suas lágrimas
com as deles em todos os momentos. Isso era extremamente carinhoso da sua
parte.
(5) O apóstolo lutara com muitas dificuldades entre os efésios. Ele
fizera seu trabalho diante de muita oposição, com muitas [...] tentações (v.
19), que lhe provavam a paciência e a coragem. Às vezes, tais desalentos lhe
eram tentações, como foram para Jeremias em situações semelhantes: Não falarei
mais no seu nome, no nome do Senhor (Jr 20.8,9). Essas tentações lhe
sobrevieram [...] pelas ciladas dos judeus, que ainda tramavam cometer algum
dano ou outro contra ele. Note que os servos fiéis do Senhor continuam
servindo-o em meio às adversidades e perigos, não se importando com as ações
dos inimigos, pois almejam ser aprovados pelo Mestre e torná-lo seu amigo. As
lágrimas de Paulo eram por causa das tentações; suas aflições o ajudaram a
evocar bons sentimentos.
2. A pregação de Paulo era autêntica (vv. 20,21). Ele foi a Éfeso
para pregar o evangelho de CRISTO, fora-lhes fiel e àquele que o comissionou.
(1) O apóstolo era um pregador e ensinador claro. Ele entregava as
mensagens de modo bastante compreensivo. Essa interpretação se baseia em duas
palavras: Nunca deixei de vos anunciar e ensinar (v. 20). Ele não divertiu os
efésios com especulações sutis, nem os levou para depois abandoná-los nas
nuvens de altas teorias e sublimes expressões. Ele lhes anunciou as verdades
claras do evangelho, verdades da maior influência e importância, e lhes ensinou
como se ensina a crianças. “Eu vou anunciei o caminho certo para a felicidade,
e vos ensinei a andar nele.”
(2) O apóstolo era um pregador poderoso, cheio do ESPÍRITO SANTO,
sempre usado em dons sobrenaturais, ideia implícita no fato de testemunhar aos
efésios (v. 21, testificando). Ele pregou como se estivesse sob juramento, como
se estivesse inteiramente certo da verdade que defendia. Seu único desejo era
que a mensagem os convencesse, os influenciasse e os orientasse. Ele anunciou o
evangelho, não como um vendedor de jornais que proclama as manchetes na rua
(pouco lhe importando se o que proclama é verdadeiro ou falso), mas como
testemunha conscienciosa que apresenta provas no tribunal, com a maior
seriedade e solicitude. Paulo pregou o evangelho como uma testemunha a favor
deles, caso o recebessem, e como uma testemunha contra eles, caso o
rejeitassem.
(3) O apóstolo era um pregador útil (v. 20). Em todas as suas
pregações, objetivava fazer o bem àqueles para quem pregava. Ele proclamava
tudo que fosse útil aos efésios, que tendesse a torná-los sábios e bons, mais
sábios e melhores, que documentasse seus julgamentos e corrigisse seus corações
e vidas. Ele pregava as coisas que traziam consigo a luz, o calor e o poder
divino para suas almas. Não basta pregar o que é prejudicial, aquilo que leva
ao erro ou endurece no pecado, mas temos de pregar principalmente o que é útil.
Nós fazemos tudo isto, ó amados, para vossa edificação (2 Co 12.19). Paulo não
tencionava pregar o que fosse agradável, mas o que fosse útil. E, quando
agradava, o alvo era ser útil. A Bíblia diz que DEUS ensina ao seu povo o que é
útil (Is 48.17). Os que ensinam ao povo o que é útil estão ensinando no lugar
de DEUS.
(4) O apóstolo era um pregador e ensinador esmerado, muito
diligente e infatigável em seu trabalho: Ele pregava e ensinava publicamente e
pelas casas (v. 20). Ele não se confinava a um lugar quando tinha oportunidade
de pregar na grande congregação, nem se limitava à congregação quando havia a
chance de ensinar particular e pessoalmente. Não tinha medo nem vergonha de
anunciar o evangelho publicamente, nem pregava com má vontade reservadamente,
entre uns poucos, quando havia oportunidade para tal. Ele pregava publicamente
ao rebanho que vinha em busca de pastos verdejantes e ia pelas casas buscar as
ovelhas fracas e as desgarradas, sem nunca pensar que um modo de pregar excluía
o outro. Em suas visitas particulares e enquanto vão de casa em casa, os ministros
devem discorrer sobre os mesmos assuntos que ensinam publicamente. Devem
repeti-los, reprisá-los, explicá-los e, caso necessário, perguntar: Entendestes
todas estas coisas? (Mt 13.51). E, sobretudo, devem ajudar as pessoas a aplicar
a verdade a si mesmas e à sua própria situação.
(5) O apóstolo era um pregador e ensinador fiel: Ele não só pregava
e ensinava o que era útil, mas tudo que julgasse que fosse útil para os
efésios. Não havia nada que ele retivesse (v. 20), mesmo que a pregação lhe
custasse mais sofrimentos ou fosse desagradável para alguns e o expusesse ao
ódio de outros. Ele se recusava a não pregar tudo que, em sua opinião, fosse
útil, mesmo que não fosse nem agradável, nem aceitável para alguns. Ele não
continha as reprimendas, quando necessárias e úteis, por medo de ofender, nem
reprimiu a pregação da cruz, embora soubesse que era escândalo para os judeus e
loucura para os gregos (1 Co 1.23).
(6) O apóstolo era um pregador universal: Ele testemunhou tanto aos
judeus como aos gregos (v. 21). Paulo nasceu judeu, foi criado como judeu,
tinha um afeto profundo pela nação judaica e aprendeu as discriminações
judaicas em relação aos gentios. Todavia, não se limitou aos judeus e nem
evitou os gentios. Ele pregava de bom grado aos gentios tanto quanto aos judeus
e se relacionava tão livremente com um grupo quanto com o outro. Por outro
lado, mesmo tendo sido chamado para ser o apóstolo dos gentios, e os judeus
nutrissem uma inimizade implacável contra ele por conta disso, muitos lhe
causaram danos, e aqui, em Éfeso, ainda que houvesse muitas conspirações contra
sua vida, ele não abandonou a igreja aqui localizada; pelo contrário, continuou
lidando com eles para fazer-lhes o bem. Os ministros têm de pregar o evangelho
com imparcialidade porque são ministros de CRISTO para a igreja universal.
(7) O apóstolo era um pregador verdadeiramente cristão: Ele não
pregava noções filosóficas ou questões de discussão duvidosa, nem pregava
política ou se intrometia em assuntos do estado ou do governo civil. Ele
pregava a fé e o arrependimento – os dois grandes temas do evangelho –, suas
características e exigências. Esses eram temas nos quais insistia em todas as
ocasiões. [1] O arrependimento para com DEUS (v. 21, versão RA; ou a conversão
a DEUS, RC). Aqueles que, pelo pecado, haviam-se afastado de DEUS e estavam
cada vez mais se distanciando dele em um estado de separação completa e
infinita, devem, pelo verdadeiro arrependimento, converter-se e correr para
Ele. Paulo pregava o arrependimento como o grande mandamento de DEUS (Atos
17.30) e dizia aos efésios que deviam obedecer-lhe para que se emendassem e se
convertessem a DEUS, fazendo obras dignas de arrependimento (conforme explica,
Atos 26.20). Ele pregava o arrependimento para a remissão dos pecados (Atos
5.31) e orientava os efésios a buscar esse perdão em JESUS. [2] A fé em nosso
Senhor JESUS CRISTO (v. 21). Pelo arrependimento, temos de olhar para DEUS como
nossa meta, e pela fé, temos de olhar para JESUS CRISTO como nosso caminho para
DEUS. Pelo arrependimento, devemos abandonar e deixar os pecados para que,
então, pela fé, recebamos de JESUS o perdão dos pecados. Não basta nos
arrependermos diante de DEUS. Devemos demonstrar uma verdadeira fé em JESUS
CRISTO como nosso Redentor e Salvador, andando com Ele como nosso Senhor e
nosso DEUS. Pois não há acesso a DEUS, como filhos pródigos arrependidos indo
ao Pai, senão pela autoridade e justiça de JESUS CRISTO como Mediador.
Todos os anciãos efésios sabiam que Paulo fora um pregador desse
tipo. E para prosseguirem com a mesma obra, eles têm de andar no mesmo espírito
e nas mesmas pisadas.
II
Paulo declara que espera prisões e tribulações na viagem que está
fazendo para Jerusalém (vv. 22-24). Não era para os anciãos efésios pensarem
que ele abandonara a Ásia por medo de perseguição, como um covarde que foge do
posto na hora do perigo. Pelo contrário, ele estava correndo como herói para os
lugares altos do campo onde é maior a probabilidade de a batalha ser mais
renhida: Agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém (v. 22),
declaração que pode ser entendida como se referindo, ou:
(1) A certa previsão que Paulo tinha das dificuldades que
enfrentaria. Embora seu corpo ainda não estivesse ligado (ou amarrado), o seu
espírito já estava àquilo que enfrentaria. Tendo plena certeza de que
encontraria adversidades, assumiu a tarefa diária de preparar-se para essa
situação. Ele estava ligado [...] pelo espírito, como todos os bons cristãos
são pobres de espírito (Mt 5.3), empenhando-se em se ajustar à vontade de DEUS
caso passem a ganhar menos ou fiquem desempregados. Eu prossigo guiado pelo
ESPÍRITO e ligado a segui-lo aonde quer que me conduza”. Sabia de seu chamado
dado por JESUS e suas consequências. Foi avisado diversas vezes pelo ESPÍRITO
SANTO, através dos profetas da igreja, do que lhe aconteceria e decidiu
"Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com
alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho
do evangelho da graça de DEUS". Atos 20:24.
1. Paulo não sabe detalhadamente o que há de lhe acontecer em
Jerusalém (v. 22). "senão o que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me
revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações". Atos 20:23. De onde
surgirão os problemas, quais serão as causas, em que circunstâncias e com que
intensidade aparecerão, são detalhes que DEUS não julgou necessário lhe
revelar. É bom permanecermos na escuridão dos acontecimentos futuros para que
esperemos sempre em DEUS e por Ele. Quando viajarmos ao exterior, devemos
partir com este pensamento: Nós não sabemos o que há de nos acontecer, nem o
que nos trará o dia, ou a noite, ou a hora. Temos, portanto, de nos dirigir a
DEUS, permitir que Ele faça conosco o que bem parecer aos seus olhos (1 Sm
3.18) e procurar ser íntegros à sua vontade.
2. Paulo sabe em geral que há uma tempestade diante dele, pois os
profetas, de cidade em cidade por onde ele passava, revelavam-lhe, pelo
ESPÍRITO SANTO, que lhe esperavam prisões e tribulações (v. 23). Além da
notificação comum dada a todos os cristãos e ministros para esperarem e se
prepararem para os sofrimentos, o apóstolo recebeu revelação específica de
dificuldades extraordinárias, maiores e mais longas do que as que já enfrentou,
as quais estavam agora prestes a ocorrer.
3. Paulo toma a corajosa e heroica decisão de prosseguir com a
obra. Era um repique melancólico que, de cidade em cidade, ressoava em seus
ouvidos: Paulo, esperam-te prisões e tribulações (v. 23). Era um caso sério um
pobre homem labutar continuamente para fazer o bem e ser tão maltratado por
seus esforços. Agora vale a pena examinarmos como ele suportou essa situação.
Paulo era um homem como todos nós. Mesmo assim, pela graça de DEUS, foi
capacitado a prosseguir com seu trabalho e a encarar com certo desprezo
indulgente e magnânimo todas as dificuldades e reveses que encontrasse. Citemos
suas próprias palavras, as quais não denotam teimosia nem ostentação, mas
determinação humilde e santa: “Não me importo (v. 24, versão NVI; estas
palavras não constam na RC), pois tudo que quero é prosseguir e perseverar no
caminho do meu dever e terminar bem”. Aqui o exemplo que o apóstolo dá é
triplo.
(1) Paulo é modelo de coragem e determinação santa em nosso
trabalho apesar das dificuldades e oposições que vemos que enfrentou. Ele as
viu à sua frente, mas não fez nada com elas: Eu não me importo (v. 24, versão
NVI; estas palavras não constam na RC), oudenos logon poioumai – eu não faço
conta disso. Ele não punha essas coisas no coração, pois JESUS e o céu estavam
ali. Nada disso o comovia. [1] As dificuldades futuras não o repeliram da obra.
Ele não mudou de rumo e deu meia-volta, quando viu a tempestade se aproximando,
mas prosseguiu com determinação, pregando onde ele sabia o quanto lhe custaria
caro. [2] As dificuldades futuras não o privaram das bênçãos, nem o fizeram
entregar-se de cabeça na obra. Em meio às adversidades, ele agia com
indiferença. Na sua paciência, possuía sua alma (Lc 21.19). Mesmo quando estava
como que contristado, permanecia alegre (2 Co 6.10) e, em todas estas coisas,
ele era mais do que vencedor (Rm 8.37). Os que têm a sua cidade nos céus (Fp
3.2) podem olhar para baixo, ver não apenas as dificuldades comuns nesta terra,
mas também o ódio e a malignidade ameaçadora do próprio inferno, e dizer que
nada disso lhes importa, pois sabem que nada pode atingi-los.
(2) Paulo é exemplo de desapego santo à vida, sua duração e
bem-estar: Mas em nada tenho a minha vida por preciosa (v. 24). A vida é boa e
nos é naturalmente preciosa. Tudo quanto o homem tem dará pela sua vida (Jó
2.4); mas tudo quanto o homem tem e a vida também ele dará, pois possui um
entendimento correto de si mesmo e dos seus interesses e não quer perder o
favor de DEUS e arriscar a vida eterna. Paulo era dessa opinião. Embora aos
olhos naturais a vida seja insuperavelmente preciosa, aos olhos da fé a vida é
comparativamente desprezível. Não é tão preciosa, pois pode ser alegremente
desfeita por amor a CRISTO. Isso explica Lucas 14.26, que exige que desprezemos
a própria vida, não numa atitude precipitada, como fizeram Jó e Jeremias, mas
em santa submissão à vontade de DEUS – a decisão de morrer por CRISTO em vez de
negá-lo.
(3) Paulo é exemplo de interesse santo de levar ao fim a obra da
sua vida. Essa deve ser nossa preocupação maior, e não o bem-estar e a
tranquilidade desta vida. O bendito Paulo em nada tem a sua vida por preciosa
em comparação com essas coisas; por isso, resolve, na força de CRISTO, non
propter vitam vivendi perdere causas – que ele nunca, para salvar a sua vida,
perderá os objetivos da vida. Ele está disposto a gastar a vida em trabalhos
árduos, a arriscar a vida em serviços perigosos, a desperdiçar a vida em
atividades penosas. Não somente isso, mas até entregar a vida ao martírio de
forma a corresponder aos sublimes propósitos do seu nascimento, batismo e
ordenação ao apostolado.
Há duas coisas pelas quais esse grande e bom homem se interessa, de
modo que, se as obtiver, já não lhe importa mais nada na vida:
[1]
Ser achado fiel à confiança depositada nele, para que cumpra [...]
o ministério que recebeu do Senhor JESUS (v. 24), faça a obra para a qual foi
enviado ao mundo – ou, mais preferivelmente, à igreja –, sirva à sua geração,
cumpra cabalmente o seu ministério, leve até ao fim as suas responsabilidades
ministeriais, e outros colham os benefícios ministeriais ao ponto máximo do que
foi designado, acabe – como está escrito a respeito das duas testemunhas – o
seu testemunho e não deixe a obra pela metade (Atos 13.36; 2 Tm 4.5, versão RA;
Ap 11.7).
Observe que, em primeiro lugar, o apostolado era um ministério de
JESUS para a alma dos homens. Os que foram chamados consideraram mais o
ministério do que a dignidade ou domínio do apostolado. E se os apóstolos
agiram assim, muito mais devem os pastores e mestres agir e ser cada um na
igreja como aquele que serve (Lc 22.27).
Em segundo lugar, ele recebeu esse ministério [...] do Senhor JESUS
(v. 24). Encarregou-os desse dever, e eles o receberam de bom grado. O apóstolo
faz a obra no seu nome e na sua força: é a Ele que prestará contas. Foi o
Senhor JESUS que o pôs no ministério (1 Tm 1.12). É Ele que o sustenta e é dele
que recebe forças para realizar a obra e vencer as dificuldades que surgem por
conta disso.
Em terceiro lugar, a obra desse ministério era para dar testemunho
do evangelho da graça de DEUS (v. 24), para proclamá-lo ao mundo, comprová-lo e
recomendá-lo. E por ser o evangelho da graça de DEUS, tem em si muito a
recomendar-se. É a prova da boa vontade de DEUS para conosco e o meio da sua
boa obra em nós. O evangelho mostra DEUS cheio de graça para nós e serve para
nos encher de graça, tal é o evangelho da graça de DEUS. Paulo assumiu como
dever vitalício dar testemunho do evangelho, pois nem por um dia ele queria
deixar de colaborar para espalhar o conhecimento, o cheiro e o poder deste
evangelho.
[2]
Terminar bem. Pouco lhe importava quando acabaria o seu período de
vida neste mundo, nem como seria – se breve ou triste quanto às circunstâncias
exteriores –, contanto que ele cumprisse com alegria a sua carreira (v. 24). Em
primeiro lugar, Paulo encara a vida como uma carreira, uma “corrida”, conforme
a tradução da palavra grega. A vida é uma corrida que nos é proposta (Hb 12.1,
versão NVI). Isso dá a entender que há uma obra separada para nós, pois não
estamos no mundo para não fazer nada – há um limite estipulado para a nossa
existência já que não estamos no mundo para sempre. Nosso dever é passar pelo
mundo; e correndo para passar logo. Em segundo lugar, Paulo conta com o término
de sua corrida (v. 24, carreira), pois fala como algo que é certo e está
próximo, e no qual ele pensava continuamente. Morrer é o fim de nossa corrida,
quando sairemos deste mundo com honra ou com vergonha. Em terceiro lugar, Paulo
está muito preocupado em terminar bem a corrida (v. 24, carreira), o que indica
o desejo santo de cruzar a linha de chegada e o temor santo de não conseguir.
“Que ao menos eu possa completar minha corrida com alegria! Então tudo ficará
bem, tudo ficará perfeita e eternamente bem.” Em quarto lugar, Paulo não acha
que haja algo que seja demais para fazer, ou que seja muito difícil de sofrer,
contanto que termine bem e com alegria (v. 24). O nosso dever ao longo da vida
é providenciar para termos uma morte alegre a fim de que morramos com segurança
e consolo.
III
Tendo como certo que essa era a última vez que os anciãos efésios o
veriam, Paulo apela para o exame da sua consciência a respeito da integridade
deles e exige que a confirmem.
1. Paulo diz aos anciãos efésios que essa seria sua despedida:
Agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o Reino de DEUS
(v. 25), embora tenhais cartas que vos enviei (e ainda enviarei), não vereis
mais o meu rosto. Quando nos despedimos de nossos amigos, podemos e devemos
dizer: “Nós não sabemos se voltaremos a nos ver: nossos amigos ou nós podemos
ser transferidos”. Mas aqui Paulo, com certeza, pelo ESPÍRITO de profecia,
afirma que esses anciãos efésios nunca mais lhe veriam o rosto. Não cremos que
ele, proferindo com tanta dúvida o de que não tinha absoluta certeza (não
sabendo o que lá me há de acontecer, v. 22), faria essa declaração com tamanha
confiança, sobretudo quando previu a dificuldade por que passariam seus amigos,
a menos que tivesse recebido autorização especial do ESPÍRITO. Por isso, penso
que erram os que supõem que, a despeito disso, Paulo depois voltou a Éfeso e os
viu novamente. Ele nunca teria dito com tanta convicção: Agora, na verdade,
sei..., se não soubesse disso com certeza. O apóstolo previu não apenas que
tinha muito tempo e trabalho a fazer, mas que o trabalho também se encontrava
em outros lugares, pois ali sua tarefa havia terminado. Por muito tempo,
permanecera nessa cidade pregando o Reino de DEUS, criticando o reinado do
pecado e de Satanás e louvando a autoridade e o domínio de DEUS em CRISTO,
pregando o reino da glória como o fim e o reino da graça como o meio. Muitas
vezes, eles se alegraram em ver seu rosto no púlpito e o viram, quem sabe, como
o rosto de um anjo (Atos 6.15). Se os pés dos mensageiros da paz eram formosos
sobre os montes (Is 52.7, versão RA), como seriam seus rostos? Mas agora não
lhe veriam mais o rosto. Note que devemos levar em conta que os que hoje nos
estão pregando o Reino de DEUS logo serão transferidos e não lhes veremos mais
o rosto: E os profetas, viverão eles para sempre? (Zc 1.5). A luz ainda está
conosco por um pouco de tempo (Jo 12.35). Cabe a nós aumentá-la enquanto a
temos, para que, quando não virmos mais seus rostos na terra, tenhamos a
esperança de vê-los com consolação no céu de glória, com JESUS.
2. Paulo roga aos anciãos efésios que observem que ele cumpriu
fielmente o seu ministério: “Portanto (v. 26), vendo que meu ministério entre
vós está no fim, compete a vós e a mim refletirmos e rememorarmos”; e:
(1) Ele desafia os anciãos efésios a provar que ele tenha sido
infiel ou tenha dito ou feito qualquer coisa pela qual se tornara cúmplice da
ruína de alguma alma preciosa: Eu estou limpo do sangue de todos (v. 26), o
sangue das almas. Essa é uma referência clara às palavras do profeta (Ez 33.6),
onde se assevera que o sangue de quem perece pela espada do inimigo será
requerido da mão do guarda infiel que não deu aviso: “Vós não podeis dizer que
eu não avisei. Portanto, o sangue de ninguém pode ser posto à minha porta”. Se
o ministro se mostrou fiel, ele pode ter esta alegria em si mesmo: Eu estou
limpo do sangue de todos os homens, os quais me são testemunhas disso.
(2) Ele deixa o sangue dos que perecem nas suas cabeças, porque
foram clara e justamente avisados, mas não levaram em conta a pregação do
evangelho.
(3) Ele encarrega tais ministros de considerarem o que realizou a
fim de que cuidem e se esforcem para fazer o mesmo: “Eu estou limpo do sangue
de todos (v. 26); então, cuidai para vos manterdes assim. Portanto, no dia de
hoje, vos protesto”. Como, às vezes, os céus e a terra são invocados, assim
esse dia será testemunha dessa despedida.
3. Paulo prova sua própria fidelidade com esta declaração: Porque
nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de DEUS (v. 27).
(1) Ele anunciara aos efésios nada mais que o conselho de DEUS (v.
27), sem acrescentar nenhuma invenção própria. “Era o evangelho puro e nada
mais, a vontade de DEUS concernente à vossa salvação.” O evangelho é o conselho
de DEUS. Ele foi admiravelmente projetado por sua sabedoria, inalteravelmente
determinado por sua vontade e amavelmente delineado por sua graça para nossa
glória (1 Co 2.7). Este conselho de DEUS é o assunto que os ministros têm a
declarar conforme foi revelado, e não outro assunto ou algo a mais.
(2) Ele anunciara aos efésios todo o conselho de DEUS (v. 27). Como
lhes anunciara todo o conselho de DEUS, como lhes proclamara o evangelho puro,
assim ele o fizera por inteiro. Revisara o corpo de doutrinas com eles para
que, tendo-lhes exposto as verdades do evangelho sistematicamente, da primeira
à última e cada uma em sua ordem, melhor as entendessem, vendo-as em suas
várias ligações.
(3) Ele não se esquivara de anunciar aos efésios todo o conselho de
DEUS (v. 27), nem deixara de mencionar, por teimosia ou má intenção, qualquer
parte do conselho de DEUS. Para poupar algum sofrimento, não se recusara a
pregar as partes mais difíceis do evangelho, da mesma forma que não se
recusara, para salvar sua reputação, a pregar as partes mais claras e fáceis.
Ele não se furtava de anunciar as doutrinas que sabia provocarem os atentos
inimigos do cristianismo ou que desagradariam os seus indiferentes mestres;
mas, fielmente, fez seu trabalho, quer ouvissem quer deixassem de ouvir. E foi
assim que se manteve limpo do sangue de todos os homens.
IV
Paulo encarrega os anciãos efésios de, como ministros, serem
diligentes e fiéis na obra.
1. Ele entrega o cuidado da igreja em Éfeso, ou seja, os santos, os
cristãos que estavam lá e nas imediações (Ef 1.1), aos anciãos efésios. Não há
dúvida de que os cristãos em Éfeso eram tão numerosos que não cabiam em um
único lugar de reunião, tendo de se dividir para cultuar a DEUS em várias
congregações ou residências, sob a direção de vários ministros. Mesmo assim,
eles são chamados o rebanho (v. 28), porque professavam uma única fé, como
sucedia em todas as igrejas cristãs; e, em muitas situações, mantinham comunhão
uns com os outros. Tendo previsto que tal despedida seria final, o apóstolo
entrega a direção da igreja a estes anciãos ou presbíteros, dizendo-lhes que
não fora ele, mas o ESPÍRITO SANTO que lhes constituiu bispos, episkopous –
bispos do rebanho. “Vós que sois presbíteros sois, por constituição do ESPÍRITO
SANTO, bispos que deveis tomar o episcopado desta parte da igreja de DEUS (1 Pe
5.1,2; Tt 1.5,7).” Enquanto estava em Éfeso, Paulo orientou todos os assuntos
daquela igreja, o que deixou os anciãos pouco inclinados a apartar-se dele. Mas
agora esta águia desperta o seu ninho e se move sobre os seus filhos (Dt
32.11). Tendo eles criado penas estava na hora de aprenderem a voar e a agir
sem esse homem de DEUS, pois o ESPÍRITO SANTO lhes constituiu bispos. Não foram
eles que tomaram para si essa honra, nem foi algum príncipe ou potentado que
lhes deu. Foi o ESPÍRITO SANTO que neles estava que os qualificou e os
enriqueceu para esse grande empreendimento: Veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO (Atos
19.6). O ESPÍRITO SANTO também dirigiu os que Ele escolheu e os chamou e
ordenou para esta obra em resposta à oração.
2. Ele comissionou os anciãos efésios para cuidarem da obra para a
qual eles foram chamados. Ocupar altos cargos requer o cumprimento de deveres.
Se o ESPÍRITO SANTO lhes fizera bispos do rebanho, ou seja, pastores, eles têm
de ser fiéis ao cargo recebido.
(1) Os anciãos efésios têm de, primeiramente, olhar por eles mesmos
(v. 28). Devem cuidar com extremo zelo de tudo relacionado à sua alma, prestar
atenção a tudo que dizem e fazem, andar com prudência e saber portar-se como
convém na casa de DEUS (1 Tm 3.15), na qual eles foram promovidos ao ofício de
mordomo: “Muitas pessoas estão com os olhos postos em vós, algumas para vos
imitar o exemplo, outras para provocar disputas convosco. É por isso que tendes
de olhar por vós mesmos”. Não é verossímil que eles sejam guardas hábeis ou
fiéis das vinhas dos outros se não olham por si mesmos.
(2) “Olhai pelo rebanho, mais olhai [...] por todo o rebanho (v.
28). Alguns de vós devem olhar por uma parte do rebanho, enquanto outros olham
por outra de acordo com o vosso chamado e o surgimento das oportunidades,
cuidando para que nenhuma parte seja negligenciada por vós.” Os ministros devem
não só pastorear sua própria alma, mas ter consideração constante pelas almas
daqueles que estão sob seus cuidados, como os pastores têm de cuidar das
ovelhas para que não se machuquem: “Olhai [...] por todo o rebanho para que
nenhuma ovelha se afaste do aprisco ou seja abocanhada pelas feras; para que
nenhuma ovelha se perca ou se extravie por vossa negligência”.
(3) Os anciãos efésios têm de apascentar a igreja de DEUS (v. 28),
cumprir todas as partes do ofício de pastor, conduzir as ovelhas de JESUS aos
pastos verdejantes, mostrar-lhes o alimento, fazer o que puderem para curar as
que estiverem perturbadas e sem apetite, alimentá-las com a sã doutrina e a
tenra disciplina evangélica e cuidar para que nada falte do que seja necessário
para elas serem criadas para a vida eterna. Há necessidade de pastores para
reunir a igreja de DEUS, trazendo as ovelhas que estão fora, e apascentá-las,
edificando as ovelhas que estão dentro.
(4) Os anciãos efésios têm de vigiar (v. 31), como os pastores
vigiam os rebanhos durante a noite, têm de estar acordados e alertas, sem se
entregar à indolência e cochilo espiritual, têm de se lançar animadamente em
suas atividades pastoris e cuidar de tudo com rigor. Sê sóbrio em tudo (2 Tm
4.5), vigiai (v. 31) contra tudo que seja danoso ao rebanho e vigiai a favor de
tudo que lhe seja vantajoso. Aproveite toda oportunidade de fazer o bem ao
rebanho.
3. Ele dá muitas razões boas para que os anciãos efésios cuidem bem
de suas funções ministeriais.
(1) Os anciãos efésios devem considerar o interesse e preocupação
do Mestre pelo rebanho que foi entregue ao cargo deles: É a igreja de DEUS, que
ele resgatou com seu próprio sangue (v. 28).
[1] “É a igreja de DEUS. Vós sois apenas seus servos para cuidardes
dela para o Senhor. É uma honra para vós serdes usados por DEUS que vos
confirmará no serviço. O vosso descuido e deslealdade serão extremamente piores
se negligenciardes o vosso trabalho, pois estareis pecando contra DEUS e lhe
sendo falsos. Foi dele que vós recebestes o cargo, e é a Ele que vós tereis de
prestar contas. Portanto, olhai [...] por vós mesmos (v. 28). E, sendo a igreja
de DEUS, Ele espera que vós mostreis o vosso amor por Ele, apascentando as suas
ovelhas e cordeiros.”
[2] DEUS comprou a igreja (v. 28, versão RA). O mundo é de DEUS por
direito de criação, mas a igreja é dele por direito de compra ou resgate.
Portanto, ela deve ser considerada preciosa porque assim o foi para Ele, visto
que lhe custou tanto. Não há melhor maneira de demonstrarmos esse mesmo
sentimento senão apascentando as suas ovelhas e cordeiros.
[3] Foi essa igreja de DEUS que DEUS comprou (v. 28, versão RA).
Não foi como o Israel de antigamente, quando Ele o comprou com homens e com
povos (Is 43.3,4), mas foi com seu próprio sangue. Isso prova que JESUS é DEUS,
pois é como Ele é chamado aqui, onde diz também que Ele compra a igreja [...]
com seu próprio sangue. O sangue era seu como homem; contudo, é tão estreita a
união entre a natureza divina e a natureza humana que aqui é chamado o sangue
de DEUS, embora haja sido o sangue daquele que é DEUS. É tamanha a dignidade e
valor que Ele pôs no sangue a ponto de tornar-se um resgate valioso para nós do
mal e uma compra valiosa para nós de todo o bem – uma compra de nós para CRISTO
a fim de lhe sermos um povo peculiar: Eram teus, e tu mos deste (Jo 17.6).
Diante disso, apascentai a igreja de DEUS, porque ela foi comprada por preço
extremamente caro. Se JESUS entregou a própria vida para comprar a igreja, será
que os seus ministros não desejarão ter todo o cuidado e empenho para
apascentá-la? Negligenciar algo que é do seu total interesse mostra um desdém
pelo sangue daquele que comprou a igreja.
(2) Os anciãos efésios devem considerar o perigo que o rebanho
corre de cair presa dos adversários (vv. 29,30). “Se o rebanho é tão precioso
em face da sua relação com DEUS e sua redenção por CRISTO. Assim cabe a vós
olhardes por vós mesmos e pelo rebanho”. Estas são as razões para ambos os
aspectos.
[1] Olhai pelo rebanho (v. 28), porque lá fora há lobos que
procuram devorar as ovelhas: Porque eu sei isto: que, depois da minha partida,
entrarão no meio de vós lobos cruéis (v. 29).
Os lobos são os de fora e os de dentro da Igreja.
1- Os lobos são perseguidores que denunciarão os cristãos e
provocarão os magistrados contra eles, não tendo compaixão do rebanho. Acham
que, enquanto Paulo estava com os efésios, o ódio dos judeus era direcionado,
em sua maior parte, para ele, e que, quando saísse daquela província, eles se
aquietariam: “Nada disso”, diz o apóstolo, “depois da minha partida, vós
percebereis que o espírito de perseguição ainda estará em operação. Então,
olhai pelo rebanho, confirmai as ovelhas na fé, consolai-as e incentivai-as
para que elas não abandonem JESUS por medo de sofrer ou percam a paz e a
consolação nos seus sofrimentos.” Em tempos de perseguição, os ministros têm de
tomar um cuidado mais excepcional do rebanho.
2- Os lobos são os enganadores e os falsos mestres. Paulo tinha em
mente os judeus da circuncisão que pregavam a lei cerimonial e os gnosticidas.
Ele os chama lobos cruéis (v. 29) porque chegam vestidos com peles de ovelha
(não somente assim, mas em trajes de pastor) e causam danos nas congregações
cristãs. Semeiam discórdias entre os cristãos, afastam muitos do puro evangelho
de CRISTO e fazem de tudo para manchar e difamar os que se mantêm fiéis à sã
doutrina. Não poupam os membros mais valiosos do rebanho, instigando os que se deixam
ser influenciados por eles a mordê-los e devorá-los (Gl 5.15). É por isso que
são cães (Fp 3.2) como aqui são lobos. Enquanto Paulo estava em Éfeso, eles se
mantiveram afastados, não ousando enfrentá-lo. Mas, quando foi embora, entraram
no meio das ovelhas e semearam o joio onde ele semeara a boa semente. “Então,
olhai pelo rebanho (v. 28) e fazei de tudo para firmar as ovelhas na verdade e
municiá-las contra as insinuações dos falsos mestres.” [2] Olhai [...] por vós
(v. 28), porque alguns pastores se desviarão: “Até dentre vós mesmos (v. 30),
os membros e, talvez, os ministros da vossa igreja, entre vós com quem estou
falando neste exato momento (embora minha esperança seja que as coisas não
cheguem a esse ponto), se levantarão homens que falarão coisas perversas,
coisas contrárias às regras do evangelho e também destruidoras dos seus grandes
propósitos. Eles perverterão algumas declarações do evangelho, depurando-lhes o
sentido, para fazer com que patrocinem os seus erros (2 Pe 3.16). Até os que
gozam de boa reputação entre vós e em quem vós confiais, se encherão de orgulho
e soberba. Eles darão requintes ao evangelho, e, com especulações
agradabilíssimas e curiosas, fingirão vos promover a uma forma mais elevada e
sublime de evangelho. Mas farão isso para atraírem os discípulos após si (v.
30), para formarem um partido para eles, algo que lhes cause admiração e eles
possam presidir, denotando que são homens da igreja”. Certos estudiosos afirmam
que a expressão para atraírem os discípulos após si se refere aos que já são
discípulos de JESUS, para apartá-los dele e ligá-los a eles. “Portanto, olhai
[...] por vós (v. 28). Homens que negam o poder do ESPÍRITO SANTO e a atualidade
do batismo com o ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em línguas e dos dons.
Quando vos disserem que alguns dentre vós trairão o evangelho, cabe a cada um
de vós perguntar: Porventura, sou eu? (Mt 26.25), e velar bem por si mesmo”.
Essa profecia se cumpriu em Fígelo e Hermógenes, que se apartaram de Paulo e da
doutrina que ele pregava (2 Tm 1.15), e em Himeneu e Fileto, os quais se
desviaram da verdade [...] e perverteram a fé de alguns (2 Tm 2.18), o que
explica a expressão usada aqui. Contudo, mesmo havendo tais enganadores na
igreja em Éfeso, pela epístola de Paulo àquela igreja (na qual não encontramos
tais reclamações e repreensões como em algumas outras das suas epístolas),
vemos que ela não estava tão infestada de falsos mestres, pelo menos não tão
manchada de sua falsa doutrina como estavam algumas outras igrejas. A paz e
pureza dessa comunidade foram preservadas pela bênção de DEUS nos esforços e
vigilância destes presbíteros, a quem o apóstolo, prevendo e tendo em conta o
surgimento de heresias e cismas, como também a sua própria morte, entregou o
governo dessa igreja.
(3) Os anciãos efésios devem considerar os grandes esforços que
Paulo empreendeu para plantar esta igreja: “Lembrando-vos de que, durante três
anos (por todo esse tempo ele estivera pregando em Éfeso e regiões adjacentes,
principalmente na escola de Tirano, em Éfeso) não cessei, noite e dia, de
admoestar, com lágrimas, a cada um de vós (v. 31), não sejais negligentes em
edificar sobre esse fundamento que eu fui tão diligente em pôr”.
[1] Paulo, como guarda fiel, admoestara os efésios (v. 31). Pelas
suas admoestações, ele os avisara do perigo de continuarem no judaísmo e
idolatria, persuadindo-os a aceitar o cristianismo.
[2] Paulo admoestara a cada um dos efésios (v. 31). Além das
admoestações públicas, ele se dedicava a pessoas em particular de acordo com a
necessidade da situação.
[3] Paulo era constante em admoestar os efésios. Ele os exortava
noite e dia (v. 31). O seu tempo era completamente tomado por seu trabalho. À
noite, quando deveria estar repousando, lidava com aqueles com que não
conseguia falar durante o dia sobre a salvação de suas almas.
[4] Paulo era infatigável em admoestar os efésios. Ele não cessava
de admoestar (v. 31, não cessei). Mesmo que se mostrassem extremamente
inflexíveis contra suas admoestações, não deixava de exortá-los, pois não sabia
quando, pela graça de DEUS, eles se convenceriam dos seus erros. Mesmo que se
mostrassem extremamente flexíveis às suas admoestações, jamais pensou que isso
o isentaria de ser insistente. Ele admoestava os que eram justos para não se
desviarem da sua justiça, assim como os aconselhava quando agiam como ímpios
(Ez 3.18-21).
[5] Paulo falou com os efésios sobre as almas deles com muito afeto
e preocupação: Ele os admoestou com lágrimas (v. 19). Como servira ao Senhor,
também os servira com muitas lágrimas. Eram lágrimas de compaixão que mostravam
o quanto se sensibilizava com a miséria espiritual e o perigo emocional em que
viviam. Se Paulo assim começara a boa obra em Éfeso e, com tal espontaneidade,
estendera-se em seus esforços, então por que deveriam poupar energia em
continuar com a boa obra?
V
Paulo encomenda os anciãos efésios à direção e influência divina:
“Agora, pois, irmãos (v. 32), tendo-vos entregado esse cargo solene e feito
essas admoestações sérias, eu encomendo-vos a DEUS. Agora que disse o que
devia: Que o Senhor seja convosco. Eu tenho de partir, mas vos deixo em boas
mãos”. Eles estavam preocupados com o que seria deles, como eles deveriam prosseguir
com a obra, como vencer as dificuldades e que provisão seria feita para eles e
suas famílias. Em resposta a todas estas questões duvidosas, Paulo os orienta a
olhar para DEUS com os olhos da fé, e pedir que DEUS olhe para eles com os
olhos da graça.
1. Veja aqui a quem Paulo encomenda os anciãos efésios? Ele os
chama irmãos (v. 32), não só como cristãos, mas como ministros. Dessa forma,
incentiva-os a esperar em DEUS, como ele esperara, pois eram irmãos.
(1) Paulo os encomenda a DEUS (v. 32), roga que DEUS lhes proveja a
subsistência, cuide deles, satisfaça todas as suas necessidades e os estimula a
lançar todos os seus cuidados nele, com a garantia de que Ele se importa com
eles: “Tudo de que necessitardes, pedi a DEUS. Tende os olhos sempre voltados
para Ele, depositai sempre confiança nele em todas as vossas necessidades e
dificuldades. Seja a vossa consolação o fato de terdes um DEUS para buscar, o
DEUS todo-poderoso”. Eu encomendo-vos a DEUS, quer dizer, à sua providência, à
proteção e cuidado que ela proporciona. Mesmo separados de quem quer que seja,
ainda temos DEUS perto de nós (1 Pe 4.19).
(2) Paulo os encomenda à palavra da sua graça (v. 32). Isso diz
respeito a JESUS: Ele é a Palavra (Jo 1.1, versão NTLH), a Palavra da vida (1
Jo 1.1), porque a vida está entesourada nele para nós e, no mesmo sentido, ela
é chamada aqui a palavra da graça de DEUS, porque nós recebemos também da sua
plenitude, com graça sobre graça (Jo 1.16). Ele os encomenda a JESUS, coloca-os
em suas mãos, por serem seus servos, de quem cuidará de maneira especial. Paulo
os encomenda não só a DEUS e sua providência, mas a JESUS que é a graça, como o
próprio JESUS fizera com os discípulos quando os estava deixando: Vós credes em
DEUS, crede também em mim (Jo 14.1). É praticamente a mesma coisa se, pela
expressão palavra da sua graça, entendermos o evangelho de JESUS, pois é JESUS
na palavra que está perto de nós para nos sustentar e animar, e a sua palavra é
espírito e vida (Jo 6.63): “Vós recebereis tremenda ajuda agindo pela fé na
providência de DEUS, mas muito mais agindo pela fé nas promessas do evangelho”.
O apóstolo os entrega à palavra da graça de JESUS, a qual Ele pregou aos
discípulos quando os enviou com a garantia de que estaria com eles todos os
dias, até à consumação dos séculos (Mt 28.20): “Apoderai-vos desta palavra, e
DEUS vos dará os benefícios e consolações que ela contém, e não necessitareis
de mais nada”. O apóstolo os encomenda à palavra da graça de DEUS, não só como
o fundamento da esperança e a fonte da alegria, mas como a regra de vida: “Eu
encomendo-vos a DEUS, como vosso Mestre a quem deveis servir, pois Ele é um bom
Mestre que deu sua vida como a obra talhada para vós e pela qual vós deveis vos
governar. Observai os preceitos desta palavra e vivei segundo as promessas que
ela oferece”. Crede no evangelho e sereis salvos.
2. Veja aqui para quê Paulo encomenda os anciãos efésios à palavra
da graça de DEUS? Não é tanto para que suas famílias tenham provisão ou para
que sejam protegidos contra os inimigos, mas a fim de que recebam as bênçãos
espirituais que são mais necessárias e as valorizarem ainda mais. Eles haviam
recebido o evangelho da graça de DEUS e a missão de pregá-lo. Agora o apóstolo
os encomenda à palavra:
(1) Para que eles sejam edificados: “A palavra [...] tem poder (v.
32, versão RA; o ESPÍRITO da graça que opera com a palavra e por meio dela)
para vos edificar. Vós podeis confiar nisto, enquanto vós vos mantiverdes perto
dela, e ser guiados por ela diariamente. Ela é poderosa para vos edificar. Há
algo nela que vós precisais conhecer mais e se deixar influenciar”. Note que os
ministros, ao pregarem a palavra da graça, têm de anelar sua edificação e a dos
outros. Os cristãos mais maduros, enquanto estiverem neste mundo, têm poder
para crescer. Assim descobrirão que a palavra da graça tem cada vez mais a
contribuir para esse crescimento. A palavra é poderosa para edificá-los.
(2) Para que eles sejam glorificados: A palavra [...] tem poder (v.
32, versão RA) para vos [...] dar herança entre todos os santificados (v. 32).
É o que a palavra da graça de DEUS opera quando nos dá o conhecimento que ela
tem (pois a vida e a incorrupção vêm à luz pelo evangelho, 2 Tm 1.10) e isso
juntamente com sua promessa – a promessa de um DEUS, que não pode mentir (Tt
1.2), a qual é o sim em CRISTO e o Amém por CRISTO (2 Co 1.20). E, pela
palavra, como o habitual portador, o ESPÍRITO da graça nos é presenteado (Atos
10.44) para ser o selo da promessa e o penhor da vida eterna. É, pois, a
palavra da graça de DEUS que nos dá a herança. Note que:
[1] O céu é uma herança que dá direito irrevogável a todos os
herdeiros. É semelhante à herança dos israelitas em Canaã, que foi pela
promessa e também por sorte, mas que era firme [...] para toda a descendência
(Rm 4.16).
[2] Essa herança é inalienável e garantida a todos os santificados
(v. 32) e unicamente a eles. Assim como os não santificados não podem ser
convidados bem-vindos ao DEUS santo ou à sociedade santa de cima, também o
verdadeiro céu não pode ser céu para eles. Mas para todos os santificados, que
nasceram de novo e em quem a imagem de DEUS foi restaurada, a herança é tão
certa quanto o poder grandioso e a verdade eterna podem torná-la. Os que creram
na pregação do evangelho possuem direito de posse a essa herança devem ter a
certeza de que estão entre [...] os santificados, por terem se unido a eles,
formando um grupo com eles, e participam da mesma imagem e natureza. Não há
como esperar estar no céu entre os glorificados a menos que estejamos na terra
entre [...] os santificados.
VI
Paulo encomenda a si mesmo aos anciãos efésios como exemplo de
indiferença a este mundo e a tudo que nele há. Caso se conduzam no mesmo
espírito e nos mesmos passos que ele, estarão contribuindo para que a passagem
deles por este mundo seja fácil e confortável e por fim alcançarão a vida
eterna. Ele os encomendara a DEUS e à palavra da sua graça (JESUS), a bênçãos
espirituais que, certamente, são as melhores. Mas o que eles farão para
sustentar a família, ter um meio de vida apropriado para si mesmos e porções
para os filhos? “Quanto a estas coisas”, diz Paulo, “fazei como eu fiz”. Mas o
que ele fez? Ele aqui lhes diz:
1. Que ele nunca objetivou possuir riquezas mundanas: “De ninguém
cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste (v. 33); nem vós deveis e então tereis
sossego”. Havia muitos em Éfeso, e muitos entre os que haviam aceitado a fé
cristã, que eram ricos, possuíam muito dinheiro, prataria e mobília cara,
usavam roupas muito boas e tinham uma aparência muito boa.
(1) Paulo não possuía a ambição de viver como eles. Podemos
entender isso de tal forma: “Eu nunca desejei ter à disposição prata e ouro
como vejo que os outros têm, nem usar roupas caras como vejo que os outros
usam. Não os condeno nem os invejo. Sei viver com conforto e utilidade sem
necessitar de grandes coisas”. Os falsos apóstolos queriam mostrar boa
aparência na carne (Gl 6.12), sobressair-se neste mundo pela riqueza. Mas Paulo
não era assim. Ele sabia tanto ter abundância quanto padecer necessidade (Fp
4.12).
(2) Paulo não tinha a ganância de receber deles prata, ou ouro, ou
veste. O apóstolo jamais desejou que lhe dessem tais coisas pelos esforços
despendidos entre eles. Ele se contentava com o que tinha (Hb 13.5) e nunca se
aproveitou deles (2 Co 12.17). Unindo-se a Moisés (Nm 16.15) e a Samuel (1 Sm
12.3,5), podia dizer: A quem tomei o jumento? A quem defraudei? “De quem eu
desejei ou pedi algum favorecimento? Ou a quem fui pesado?” Ele nega
veementemente haver desejado sequer receber uma doação (Fp 4.17, versão RA).
2. Que ele sempre trabalhou para ganhar a vida e lutou muito por
seu sustento: “Vós mesmos sabeis (v. 34) e sois testemunhas oculares de que,
para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me
serviram. Vós me vistes trabalhando cedo e dormindo tarde, recortando tendas e
montando-as”. Confeccionadas comumente de couro, fabricar tendas era uma
atividade muito trabalhosa. Observe:
(1) Paulo, às vezes, passava necessidades e carecia de sustento,
embora gozasse de excepcional predileção do céu e fosse grande bênção para esta
terra. Que mundo inadmissível, cruel e ingrato, que permitiu que semelhante
homem como Paulo fosse pobre!
(2) Paulo desejou nada mais que ter suas necessidades básicas
satisfeitas. Ele não exerceu sua profissão com o objetivo de ficar rico, mas
ter o sustento de comida e roupa.
(3) Quando tinha de labutar para ganhar o pão, Paulo se entregava a
uma atividade braçal. Ele tinha uma cabeça e uma língua com as quais poderia
ganhar dinheiro, mas preferiu usar as mãos para, conforme disse, servi-lo para
o que lhe era necessário (v. 34). Que pena que fossem essas mãos, por cuja
imposição o batismo com o ESPÍRITO SANTO era dado tão amiúde e pelas quais DEUS
fazia maravilhas (duas obras realizadas em Éfeso também, 19.6,11), que fossem
obrigadas a entregar-se à agulha, tesouras, sovela e alinhavo para fazer tendas
com o objetivo único de ganhar pão! Paulo ressalta esse detalhe para que os
presbíteros (e outros crentes entre eles) não estranhem serem igualmente
desprezados, mas que prossigam na obra e façam os devidos ajustes para terem o
sustento cotidiano. Quanto menos incentivos eles tiverem dos homens, mais eles
receberão de DEUS.
(4) Paulo trabalhou não apenas para o sustento próprio, mas também
para o sustento daqueles que estavam com ele. E isso era realmente difícil.
Teria sido melhor haverem trabalhado para ele (mantê-lo como professor
particular) do que o inverso. Mas a vida é assim. Os que querem tomar o remo do
trabalho terão o apoio irrestrito das pessoas da sua relação. Se Paulo quer
trabalhar para o sustento dos seus companheiros, ninguém se oporá.
3. Que mesmo então, quando ele trabalhou pelo suprimento de suas
próprias necessidades, ainda assim ele dispensou algumas coisas do que ele
ganhou para o amparo de outros; pois isto ele aqui os obriga a fazer:
“Tenho-vos mostrado em tudo, isto é, em todas as partes de vosso dever eu vos
tenho posto vosso modelo e vos tenho dado um bom exemplo, e particularmente
nisto, que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos” (v. 35; ou “o
fraco”, versão inglesa KJV). Alguns entendem isto como seu apoio à fé dos
crentes fracos, removendo os preconceitos que alguns conceberam contra o
cristianismo, como se seus pregadores fizessem um negócio lucrativo de sua
pregação, e o evangelho fosse somente uma fraude por meio da qual obter
dinheiro e roubar a bolsa das pessoas. “Agora, para que vós possais cortar
ocasião aos que buscam ocasião (2 Co 11.12) para nos censurar, e assim possais
suportar os fracos entre nós, vós fareis bem, por ora, em ganhardes vosso
sustento pelo labor de vossas mãos, e não dependerdes de vosso ministério.” Mas
eu, antes, entendo isto como sua ajuda para o sustento dos enfermos, e dos
pobres, e daqueles que não podiam trabalhar, porque isto concorda com a
exortação de Paulo: Que trabalhe, fazendo com as mãos [...], para que tenha o
que repartir com o que tiver necessidade (Ef 4.28). Nós devemos trabalhar em
uma ocupação honesta, não somente para que possamos ser capazes de viver, mas
para que possamos ser capazes de dar. Isto podia parecer uma declaração dura, e
por essa razão Paulo a endossa com uma declaração de nosso Mestre, da qual ele
queria que eles sempre se lembrassem. Estas palavras foram ditas por nosso
Senhor JESUS; parecia que elas eram palavras que Ele frequentemente aplicava
aos seus discípulos. Quando Ele mesmo fazia tanto bem de graça, e lhes ordenava
fazer assim também (Mt 10.8,9), Ele acrescentou esta declaração, a qual, embora
em nenhuma parte esteja registrada pelos evangelistas, contudo Paulo a tinha
recebido oralmente de Pedro, ou algum outro dos discípulos; e ela é uma excelente
declaração, e há um tanto de paradoxo nela: "Tenho-vos mostrado em tudo
que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos e recordar as
palavras do Senhor JESUS, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que
receber" (Atos 20:35). Isto é um apreço particular desta declaração
admirável de nosso Salvador a nós, que, sendo omitida pelos evangelistas, e em
perigo de ser perdida e esquecida, foi desta forma felizmente recobrada pelo
apóstolo Paulo, e registrada por Lucas em Atos.” Mais bem-aventurada coisa é
dar aos outros do que receber dos outros; não somente é mais bem-aventurado ser
rico, e por conseguinte o dar a mão, do que ser pobre, e por conseguinte o
receber a mão (cada um reconhecerá isto); porém, é mais bem-aventurado fazer o
bem com o que temos, seja isto muito ou pouco, do que aumentá-lo e fazê-lo
mais. O sentimento dos filhos deste mundo é contrário a isso; eles são receosos
de dar. “Este dar”, eles dizem, “nos arruína tudo”; mas eles vivem em esperança
de ganhar. Cada um para a sua ganância, cada um por sua parte (Is 56.11). O
lucro líquido é para eles a mais bem-aventurada coisa que pode existir; mas
CRISTO nos diz: Mais bem-aventurada coisa (mais excelente em si mesma, uma
evidência de uma disposição de mente mais excelente, e o caminho para uma
bem-aventurança melhor, por fim) é dar do que receber. Isso nos faz mais
semelhantes a DEUS, que dá a todos, e não recebe de ninguém; e ao Senhor JESUS,
o qual andou fazendo o bem (At 10.38). Mais bem-aventurada coisa é dar nossos
esforços do que receber pagamento por isto, e o que deveríamos nos deleitar em
fazer, se as nossas próprias necessidades e de nossas famílias o admitirem.
Mais agradável coisa é fazer o bem ao agradecido, porém mais honrosa coisa é
fazer o bem ao ingrato, pois então nós temos DEUS como nosso pagador, que
recompensará na ressurreição dos justos o que não foi, de outra maneira,
recompensado.
Paulo, aqui, não está querendo dizer que é errado ser sustentado,
pois ele mesmo foi sustentado por igrejas, delas recebeu salário e ajuda.
Porém, para dar bom exemplo, decidiu não aceitar ajuda dos Efésios, talvez
porque davam extremo valor ao dinheiro e às riquezas. "Outras igrejas
despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente
convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado". (2 Coríntios 11:8). E
bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando
parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a
receber, senão vós somente. (Filipenses 4:15).
A VIDA E OS TEMPOS DO APÓSTOLO PAULO - Charles Ferguson Ball.
Organização da Igreja de Éfeso
Paulo chegou a Éfeso e ouviu falar de Apolo, poucos dias depois
desse ter ido para Corinto. A primeira providência de Paulo foi procurar seu
velho amigo Aquila, o fabricante de tendas, e inteirar-se de tudo o que
acontecera desde que deixara a cidade. Conheceu alguns crentes convertidos pela
pregação de Apolo e, ao descobrir que esse os batizara no batismo de João,
perguntou a 12 deles:
Vocês receberam o batismo do ESPÍRITO SANTO quando creram? Os 12
cristãos fitaram-no surpresos e responderam:
Nem mesmo ouvimos que existe o ESPÍRITO SANTO.
Havia, evidentemente, muita coisa a ser corrigida, e Paulo
ofereceu-se bondosamente para realizar a tarefa.
Depois de tê-los ensinado, batizou-os novamente, tanto homens como
mulheres, em nome do Senhor JESUS, e impôs as mãos sobre eles. Uma nova igreja
foi fundada naquele dia, composta de cristãos que, como os do Pentecostes,
foram batizados no ESPÍRITO SANTO.
Durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga de Éfeso e pregou
ousadamente que JESUS era o Filho de DEUS. Mas surgiram disputas tão acirradas
quanto à sua mensagem, que o pequeno grupo de cristãos perdeu a esperança de
obter quaisquer novos frutos na sinagoga. Semana após semana, os judeus tinham
ouvido o Evangelho de CRISTO dos lábios de Áquila e Apolo, e agora de Paulo.
Mas não só se recusaram a crer, como também endureceram os corações contra
JESUS e depreciaram a Paulo, advertindo o povo de que o Cristianismo era
antagônico aos judeus.
Saulo afastou-se triste da sinagoga, para jamais pisar nela. A fim
de continuar seus ensinamentos, ele alugou o salão de palestras da escola
pertencente a Tirano. Esse homem era professor de retórica e filosofia, e dava
aulas todas as manhãs. Paulo reunia seus seguidores à tarde, argumentando com
eles diariamente. Não só discutia as reivindicações de JESUS, como também
respondia às muitas perguntas relativas ao Cristianismo e à vida paga.
Provavelmente tratou de assuntos como casamento, divórcio, escravidão e
alimento oferecido aos ídolos - temas que voltaria a abordar mais tarde em suas
cartas. No espaço de dois anos, a igreja de Éfeso cresceu e floresceu, e o
Evangelho de JESUS CRISTO foi pregado em toda a Ásia romana.
Combatendo a Adoração aos Ídolos
Éfeso era o centro de uma grande província. O templo de Diana, ou
Artemis, fora levantado ali havia mil anos. Quando nasceu Alexandre, o Grande,
o templo queimara completamente e os asiáticos reuniram ouro e prata para
reconstruí-lo. Cada família da província deu a sua contribuição, e o novo
templo ficou tão magnífico que veio a ser considerado uma das sete maravilhas
do mundo. No dia da sua inauguração, um príncipe persa atirou uma flecha de sua
torre mais alta e declarou: "Aquele que ultrapassar essa distância, ao
aproximar-se desse edifício, encontrará aqui um santuário e ficará livre da
perseguição".
O imenso prédio era de mármore, com fileiras duplas de colunas
entalhadas. Em toda a volta havia 14 degraus de mármore, subindo em camadas
como as de um bolo de noiva, e na base de cada coluna, profundamente esculpidas
na rocha, havia figuras de homens e mulheres em tamanho natural. No centro do
grande templo havia uma câmara formada por pilares de jaspe verde. Das paredes
pendiam caros presentes, enviados por todas as províncias vizinhas, e perto da
entrada, encontrava-se um altar esculpido por Praxíteles. Uma grande cortina
púrpura descia do teto e, detrás dela, havia uma estátua de madeira em forma de
mulher, escurecida pelo tempo. Era Diana, a deusa dos efésios, que, segundo
diziam, caíra do céu. O ídolo era hediondo; mas, oculto pela cortina mística, tornara-se
objeto de adoração para milhões de pessoas.
Pequenas cópias da imagem tinham sido feitas de bronze ou prata, e
algumas vezes de ouro, mostrando Diana como uma linda mulher, usando na cabeça
uma coroa. Em cada casa havia uma dessas estatuetas, pois segundo acreditavam,
a deusa era poderosa para afastar o mal.
O templo de Diana tornara-se o centro da vida de Éfeso. Peregrinos
do mundo inteiro iam visitá-lo. Mercadores deixavam seu dinheiro com os
sacerdotes, acreditando ser o tesouro do templo o lugar mais seguro do mundo.
Grande número de artesãos ganhava a vida explorando a superstição do povo e
fabricando imagens para serem usadas como talismãs.
O Poder de DEUS
Nessa cidade de mágicos e idolatras, Paulo e seus companheiros
anunciaram a CRISTO, levando centenas de pessoas a abandonarem a idolatria.
Através do apóstolo, DEUS realizou muitos milagres em Éfeso. Aquele povo, que
tanto gostava de prodígios, viu que o poder do Altíssimo era maior que a magia
de Diana ou de quaisquer dos seus seguidores. Assim como Moisés superara os
mágicos de Faraó no Egito, pelo poder de DEUS, Paulo, o servo do Senhor,
recebeu autoridade para curar. Sem necessidade de talismãs, contas, ou
pergaminhos contendo fórmulas mágicas, Paulo demonstrou que o imenso poder de
DEUS fluía dele para as pessoas. Os milagres não aconteciam só pela sua
pregação, mas em alguns casos, por meio de artigos pessoais, como o avental que
ele usava na fábrica de tendas, ou o lenço com que enxugava a testa.
Em um lugar assim, existiam sempre impostores que ganhavam a vida
com as superstições do povo. Numa família judaica, sete irmãos, filhos do
sacerdote Ceva, rebaixaram- se a ponto de ganhar dinheiro, afirmando curar por
meio de talismãs e fórmulas mágicas. Certo dia, eles viram Paulo expulsar o
espírito maligno de um homem e aprenderam rapidamente as palavras usadas pelo
apóstolo. Na primeira oportunidade, tentaram imitá-lo.
"Esconjuro-vos por JESUS, a quem Paulo prega" (At 19.13).
Mas o poder de DEUS não estava nas palavras deles e, em vez de ser liberto da
possessão demoníaca, o endemoninhado revidou: "Conheço a JESUS e bem sei
quem é Paulo, mas vós, quem sois?" (At 19.15). E com força sobrenatural,
atirou-se sobre os sete mágicos, rasgando-lhes as roupas, batendo e ferindo- os
furiosamente.
As notícias espalharam-se depressa. Muita gente presenciara o
incidente e não mais acreditava no poder dos mágicos. Muitos dos que haviam
praticado artes mágicas levaram seus livros de magia, amuletos e talismãs, e os
queimaram em praça pública. Aquela foi uma tremenda demonstração, pois os
objetos queimados valiam uma grande soma.
Agora que se haviam tornado cristãos, DEUS enchera-lhes os corações
com um novo poder. E diante do poder divino, os truques de Satanás perderam o
valor.
Os Ajudantes de Paulo em Éfeso
A obra do Senhor prosperou, e o testemunho da igreja de Éfeso
tornou-se conhecido em toda a Ásia. Timóteo chegou da Europa e juntou-se
novamente a Paulo. Erasto, outro crente, seguiu os passos de Timóteo e
tornou-se um dos ajudantes de Paulo em Éfeso. De fato, essa igreja veio a ser o
centro da divulgação do Evangelho.
Existia uma via direta de comércio entre Éfeso e Corinto, e os
mercadores iam e vinham; os crentes em JESUS também faziam freqüentes visitas
às outras igrejas. Através de um desses viajantes, ou talvez de Apolo, Paulo
recebeu notícias perturbadoras de Corinto. Muitos cristãos tinham voltado ao
mundanismo da vida paga, e a impureza penetrara na igreja, sendo aceita
passivamente.
A Vida e a Época do Apóstolo Paulo -
220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - BAL - A Vida e a Época do
Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembleias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186 - 1.Biografia. 2.
História Bíblica.
Pregando aos Amados Efésios
Em Mileto, a cerca de quarenta quilômetros ao sul de Éfeso, o navio
ficou mais tempo ancorado. Descarregaram ali diversas mercadorias e receberam
novas cargas para o restante da viagem. Paulo enviou uma mensagem aos seus
amigos de Éfeso, contando que estava em Mileto e queria vê-los. A sensação de
que esse seria seu último encontro com eles cresceu-lhe no íntimo. Não tinha
sido avisado de que algemas o esperavam em Jerusalém? Pois então era melhor
aproveitar cada oportunidade.
Os cristãos foram-lhe imediatamente ao encontro, especialmente os
presbíteros da igreja, pois lembravam-se dos três anos que Paulo passara com
eles, e amavam-no mais que a todos os outros. O encontro foi alegre, mas tenso;
todos sentiam que era uma despedida final. As últimas palavras são sempre
cheias de solenidade e importância, e Paulo conversou como alguém que
amadurecera na fé. Insistiu para que se mantivessem firmes e se fortalecessem,
não importando o que lhes sobreviesse no futuro.
Com grande eloquência, recapitulou seus três anos com eles,
lembrando os dias de sol e de sombras:
E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o
reino de DEUS, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos
protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos
anunciar todo o conselho de DEUS. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho
sobre que o ESPÍRITO SANTO vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja
de DEUS, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que,
depois de minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não
perdoarão o rebanho. E que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão
coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai,
lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar
com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a DEUS e à
palavra da sua graça; a Ele que é poderoso para vos edificar e dar herança
entre todos os santificados (At 20.25-32).
Sua voz interrompeu-se e sua cabeça grisalha pendeu. O silêncio era
total. Ninguém sentiu vontade de abrir a boca e parecia que a única coisa a
fazer era orar. Paulo mencionou cada presbítero pelo nome, pedindo que o
Salvador o mantivesse leal, sincero e forte no dia da tentação. Quando se
levantaram, todos tinham lágrimas nos olhos. Eles estavam vendo, pela última
vez, o grande guerreiro que os guiara bravamente na batalha. Como a mãe-pássaro
desfaz o ninho, Paulo estava agora entregando-lhes toda a responsabilidade,
deixando-os por conta própria. Com os corações entristecidos, eles o
acompanharam até o navio e observaram até que o barco desaparecesse de vista.
A Epístola aos Efésios
Enquanto Tíquico e Onésimo preparavam-se para a viagem, Paulo dava
as últimas pinceladas na carta que vinha escrevendo cuidadosamente havia
semanas. Era uma carta geral; não se destinava a corrigir quaisquer erros em
particular. Devia ser passada entre as várias igrejas, a fim de fortalecer-lhes
a fé, encorajá-las na vida cristã e conscientizá-las de sua posição e
privilégios em CRISTO JESUS.
Ele começou com um hino de louvor às três pessoas da Santíssima
Trindade - o Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO. A seguir, com mão de mestre,
pintou um quadro da igreja como o templo de DEUS, construído sobre o fundamento
de CRISTO. Todas as grandes doutrinas da fé foram mencionadas nessa belíssima
carta. A maturidade cristã do apóstolo é evidente em cada linha. Não foram
feitas referências pessoais, nem saudações às famílias locais ou colaboradores.
Se a carta fosse destinada apenas aos efésios, Paulo teria enviado cumprimentos
a muitos, segundo o seu costume, pois trabalhara três anos entre eles - mais
tempo que em qualquer outra cidade. Em vez disso, pretendia que ela fosse uma
admoestação final a várias igrejas. Ele era agora Paulo, o velho, e seus dias de
missivista logo terminariam. O apóstolo ansiava por incluir em uma carta
circular a plenitude do Evangelho e o encorajamento que enriqueceria e firmaria
cada membro do corpo de CRISTO. Tal carta aplicar-se-ia a todas as igrejas que
fundara. Escreveu então:
E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que,
noutro tempo, andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das
potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência...
Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com
CRISTO (pela graça sois salvos)... Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isto não vem de vós; é dom de DEUS. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie. Falou-lhes da necessidade de fé na pregação do evangelho, antes: em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o ESPÍRITO
SANTO da promessa; Efésios 1:13
Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na
carne... que, naquele tempo, estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de
Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem DEUS
no mundo (Ef 2.1,2,4,5,8,9,11,12).
Numa transição rápida e precisa, desceu dos altos picos para os
vales profundos da vida comum: "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que
andeis como é digno da vocação com que fostes chamados" (Ef 4.1).
Enquanto ditava o último capítulo de sua obra-prima, Paulo
procurava algum exemplo que fixasse para sempre suas palavras à mente dos
leitores. À sua frente estava sentado o jovem a quem amava como a um filho.
Timóteo, com a pena na mão, ouvia e anotava atentamente cada palavra saída dos
lábios de seu mentor. Ao seu lado, encontrava-se o sempre presente guarda
romano, magnífico na armadura do império, e orgulhoso por estar entre os
escolhidos de Nero. Os olhos de Paulo fitaram o soldado e um sorriso surgiu-lhe
nos lábios. Voltando-se a Timóteo, ditou:
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu
poder. Revesti-vos de toda a armadura de DEUS, para que possais estar firmes
contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e
o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de DEUS, para que possais
resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes,
tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça.
E calçados os pés na preparação do Evangelho da paz (Ef 6.10-15).
Com mais uma olhadela ao equipamento do guarda, acrescentou:
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos
os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada
do ESPÍRITO, que é a palavra de DEUS. Orando em todo o tempo com toda a oração
e súplica no ESPÍRITO e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por
todos os santos... Paz seja com os irmãos, e caridade com fé da parte de DEUS
Pai e da do Senhor JESUS CRISTO. A graça seja com todos os que amam a nosso
Senhor JESUS CRISTO em sinceridade. Amém (Ef 6.1618,23,24).
JESUS ensinava, pregava e curava a todos.
Mt 9:35 E percorria JESUS todas as cidades e aldeias, ensinando nas
sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as
enfermidades e moléstias entre o povo.
Mt 4:23 E percorria JESUS toda a Galileia, ensinando nas suas
sinagogas e pregando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e
moléstias entre o povo.
Lucas 4.18 O ESPÍRITO SANTO é sobre mim, pois que me ungiu para
evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 A
apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os
oprimidos; a anunciar o ano aceitável do SENHOR.
SOMOS IMITADORES DE CRISTO?
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 10, Paulo e seu Amor pela Igreja
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
Lição escrita no Blog
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela.html
Slides da Lição
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/slides-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela.html
TEXTO ÁUREO
“Porque o amor de CRISTO nos constrange.” (2 Co 5.14a)
VERDADE PRÁTICA
O amor cristão não é um sentimento egoísta, mas o sacrifício dos
próprios desejos para o bem dos outros.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em
DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai,
e do Senhor JESUS CRISTO. 2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo
menção de vós em nossas orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da
vossa fé, do trabalho do amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS
CRISTO, diante de nosso DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa
eleição é de DEUS; 5 - Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em
palavras, mas também em poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como
bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos
nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com
gozo do ESPÍRITO SANTO, 7 - De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis
na Macedônia e Acaia. 8 - Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente
na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS
se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa
alguma; 9 - Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para
convosco, e como dos ídolos vos convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e
verdadeiro. 10 - E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos,
a saber, JESUS, que nos livra da ira futura.
Comentários BEP - CPAD
1.4 A VOSSA ELEIÇÃO. A descrição que Paulo faz dos eleitos de DEUS
acha-se nos versículos 6-10. São os que seguem a CRISTO, sofrem as tribulações
com gozo do ESPÍRITO SANTO e se tornam exemplos de fé e retidão para o próximo.
Deixaram o pecado, servem a DEUS e esperam a segunda vinda do Filho de DEUS. A
doutrina que alguns defendem, de que se alguém professar CRISTO como Salvador
será salvo, independente do seu modo de viver (i.e., de se arrepender, aceitar
CRISTO como Senhor, perseverar na fé ou possuir o fruto do ESPÍRITO SANTO), não
se acha em parte alguma da Palavra de DEUS, e é uma flagrante corrupção da
doutrina original da salvação pregada por CRISTO e pelos apóstolos.
1.5 EM PODER... NO ESPÍRITO SANTO. A pregação apostólica do
evangelho consistia em quatro elementos essenciais. (1) Os apóstolos pregavam
aos outros a Palavra de DEUS (2.8) e de CRISTO (3.2). (2) Pregavam a Palavra de
DEUS no poder do ESPÍRITO SANTO (Mt 3.11; At 1.5-8; 2.4). Esse poder resultava
na convicção do pecado, na libertação da escravidão de Satanás e na operação de
milagres e curas (ver At 4.30; 1 Co 2.4). (3) A mensagem era proclamada com
profunda convicção. Porque tinham fé em CRISTO e o ESPÍRITO SANTO operando
nele; possuíam em seus corações a plena certeza da veracidade e do poder da
mensagem (cf. Rm 1.16). (4) Aqueles que criam na mensagem obedeciam à Palavra e
a praticavam; eram santos e justos diante de todos. Sem esses quatro elementos
para acompanhar a proclamação do evangelho, a plena redenção em CRISTO não será
experimentada nas igrejas.
1.10 ESPERAR DOS CÉUS A SEU FILHO. A grande esperança dos crentes
tessalonicenses era a vinda de CRISTO, que os livraria "da ira
futura". (1) A genuína conversão a CRISTO, segundo o NT, abrange (a)
desviar-se do pecado, e (b) voltar-se para DEUS a fim de aguardar a volta do
seu Filho (v. 9). Esperar a volta de CRISTO envolve uma expectativa contínua e
estado de prontidão. (2) "A ira futura" refere-se à ira e juízo
divinos que serão derramados sobre o mundo durante o período da tribulação. Os
crentes, porém, não precisam temê-la, porque DEUS enviará JESUS para nos livrar
daquele tempo de ira. É fato claro que a volta de CRISTO antecede essa ira (ver
Ap 3.10). (3) Essa é a primeira referência em 1 Tessalonicenses à volta de
CRISTO, quando, então, para arrebatar os seus santos e levá-los à casa do Pai
(ver Jo 14.3; outros trechos são 1Ts 2.19; 3.13; 4.17; 5.1-11,23)
OBJETIVO GERAL - Compreender o amor pela Igreja.
Resumo da Lição 10, Paulo e seu Amor pela Igreja
I – O AMOR DE PAULO PELA IGREJA
1. O Amor como o de um pai para um filho.
2. O amor motivado pelo modo de viver o Evangelho.
3. O amor deve nortear a nossa vida na igreja local.
II - AMOR E FÉ NA IGREJA
1. Amor, uma palavra proeminente nas cartas de Paulo.
2. A fé e o amor no ensino de Paulo.
3. A dimensão prática do amor na igreja.
III – AS TRÊS VIRTUDES NA IGREJA DE TESSALÔNICA: FÉ, AMOR E
ESPERANÇA
1. As três virtudes teologais (1 Ts 1.3).
2. A virtude da fé.
3. A virtude do amor.
4. A virtude da esperança.
AMOR
Marcas da Igreja de Tessalônica: seu amor ao Senhor JESUS e o amor
recíproco entre os irmãos. Amor vertical e horizontal.
Amor - É a revelação da natureza e do poder de DEUS em nossas
vidas.
Oração
Meu DEUS, meu PAI, me ensina a amar como o Senhor ama (Mesmo
sabendo que não conseguirei, lhe peço assim mesmo).
Meu DEUS, meu PAI, ajuda-me a amar meu semelhante como a mim mesmo
(Mesmo sabendo que não conseguirei, lhe peço assim mesmo).
Meu DEUS, meu PAI, me ensina e me ajude a pelo menos me esforçar
por amar como o Senhor ama.
Como nunca atingiremos o
perfeito amor, como é o desejo de DEUS para nós, então o que é perfeito só será
visto, sentido e vivido no céu após o arrebatamento. Isso não quer dizer que
não vamos continuar tentando crescer no amor de DEUS tanto para com ELE mesmo,
como para com nossos irmãos e outras pessoas também, enquanto por aqui
estivermos.
Aqui os dons são importantes demonstrações do poder e cuidado de
DEUS para com a humanidade e não devem ser desprezados, são armas de conversão
e de edificação, portanto, indispensáveis enquanto aqui vivermos, mas, no céu
não teremos mais necessidade dos dons, lá só o amor prevalecerá.
O único ser humano que conseguiu amar como DEUS foi JESUS, que
nasceu sem a semente do pecado, venceu o pecado em todas as suas formas e ELE
mesmo É DEUS.
Amar é sentir empatia por outrem.
O que é a empatia? https://www.significados.com.br/empatia/
Empatia é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria
outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar
compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar o que sente outro
indivíduo.
A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está
intimamente ligada ao altruísmo - amor e interesse pelo próximo - e à
capacidade de ajudar.
A empatia também ajuda a compreender melhor o comportamento alheio
em determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.
Como conhecemos o amor verdadeiro?
"Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e
nós devemos dar a vida pelos irmãos". 1 João 3:16
O bom Samaritano ajuda-nos a ver o amor na prática.
BOM SAMARITANO
Lucas 10. 29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a
JESUS: E quem é o meu próximo? 30 E, respondendo JESUS, disse: Descia um homem
de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o
despojaram, e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. 31 E
ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de
largo. 32 E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e vendo-o,
passou de largo. 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele, e,
vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; 34 E, aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura,
levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; 35 E, partindo ao outro dia, tirou
dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que
de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Na parábola do Bom Samaritano TEMOS:
Nós somos o assaltado, o maltratado o espancado. O pecado nos
desfigurou da imagem de DEUS.
JESUS é o bom samaritano.
Vinho se aplica para lavar a ferida, purificar - sangue de JESUS no
lavou, nos purificou de todo pecado.
Azeite para curar a ferida. Azeite é símbolo do ESPÍRITO SANTO Que
JESUS nos dá na conversão. Passamos a ser templo do ESPÍRITO SANTO.
Fomos restaurados a imagem de DEUS pelo sangue e pelo ESPÍRITO
SANTO.
A estalagem é a igreja que funciona como um hospital.
O dono da estalagem é o pastor que cuida do ferido.
Os funcionários são os obreiros.
Os outros hóspedes são os irmãos.
O animal carregava o bom Samaritano que é JESUS. O animal é o
evangelho. O animal carregou o ferido. É o evangelho que nos conduz, primeiro
ao bom Samaritano, depois a estalagem que é a igreja.
No tribunal de CRISTO, logo após o Arrebatamento, cada um receberá
seu galardão, conforme sua obra.
AMOR
PARTE I - Os Três Tipos De Amor: (incluindo o quarto, O
Storge)
Amor:- A palavra 'amor' neste trecho das Escrituras é a tradução da
palavra grega 'agape'. Este é amor que flui diretamente de DEUS. 'O amor de
DEUS está derramado em nossos corações pelo ESPÍRITO SANTO que nos foi dado'(Rm
5.5). É um amor de tamanha profundidade que levou DEUS a dar seu único Filho
como sacrifício pelos nossos pecados (Jo 3.16). É o amor de JESUS por nós:
'conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a
nossa pelos irmãos (leia Jo 3.16; 15.2-13). É muito fácil amar os seus entes
queridos, como os pais, filhos esposos, parentes, amigos, esposas etc. Mas,
somente pelo ESPÍRITO SANTO, você é capaz de dedicar o amor aos seus inimigos,
de tal forma que lhes deseje o bem e perdoe as suas ofensas, de todo o coração,
para jamais se lembrar delas.
Quatro termos que estruturam os quatro tipos de Amor:
GREGO
|
DESCRIÇÃO
|
CONTEXTO
|
FONTE
|
Ágape
|
Amor abnegado
|
Divino
|
DEUS
|
Philia
|
Amor Fraterno
|
Amizade
|
Homem
|
Eros
|
Amor Físico
|
Erótico
|
Sentidos
|
Storge
|
Amor Familiar
|
Familiar
|
Família
|
O Fruto Do ESPÍRITO - 9 aspectos - Primeiro o Amor: o Fruto
Excelente, o início para que as outras 8 virtudes floresçam.
"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de
DEUS; e qualquer que ama é nascido de DEUS e conhece a DEUS." (1Jo 4.7)
O amor é a essência de todas as virtudes morais de CRISTO
originadas pelo ESPÍRITO SANTO, e implantadas no crente
Cl 3.14 O Amor é o vínculo da perfeição
1 Pedro 4.8, Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os
outros, porque a caridade cobrirá a multidão de pecados,
João 13.34 Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.
Romanos 13.8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com
que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
1Jo 4.7 O Amor confirma a filiação divina
4.7 AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do
fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23) e uma evidência do novo nascimento (2.29;
3.9,10; 5.1), é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Por
essa razão, João nos exorta a amar uns aos outros, a termos solicitude por eles
e procurar o bem-estar deles. João não está falando apenas em sentimento de
boa-vontade, mas em disposição decisiva e prática, de ajudar as pessoas nas
suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31). João nos admoesta a demonstrar amor,
por três razões: (1) O amor é a própria natureza de DEUS (vv. 7-9), e Ele o
demonstrou ao dar seu próprio Filho por nós (vv. 9,10). Compartilhamos da sua
natureza porque nascemos dEle (v. 7). (2) Porque DEUS nos amou, nós, que temos
experimentado o seu amor, perdão e ajuda, temos a obrigação de ajudar o
próximo, mesmo com grande custo pessoal. (3) Se amamos uns aos outros, DEUS
continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado (v. 12).
1Co 13.13 O Amor é a essência das virtudes cristãs
13.13 A MAIOR... É A CARIDADE. Este capítulo deixa claro que um
caráter semelhante ao de CRISTO, DEUS o enaltece acima do ministério, da fé ou
da posse dos dons espirituais. (1) DEUS valoriza e destaca o caráter que age
com amor, paciência (v. 4), benignidade (v. 4), altruísmo (v. 5), aversão ao
mal e amor à verdade (v.6), honestidade (v.6), e perseverança na retidão (v.
7), muito mais do que a fé que move montanhas ou realiza grandes feitos na
igreja (vv. 1,2,8,13). (2) Os maiores no reino de DEUS serão aqueles que aqui
se distinguem em piedade interior e no amor a DEUS, e não aqueles que se
notabilizam pelas realizações exteriores (ver Lc 22.24-30). O amor de DEUS
derramado dentro do coração do crente pelo ESPÍRITO SANTO, é sempre maior do
que a fé, a esperança, ou qualquer outra coisa (Rm 5.5).
Rm 12.9 O Amor combate a hipocrisia
Hb 1.9 AMASTE A JUSTIÇA E ABORRECESTE A INIQÜIDADE. Não basta o
crente amar a justiça; ele deve, também, aborrecer o mal. Vemos esse fato
claramente na devoção de CRISTO à justiça (Is 11.5) e, na sua aversão à
iniquidade; na sua vida, no seu ministério e na sua morte (ver Jo 3.19; 11.33).
(1) A fidelidade de CRISTO ao seu Pai, enquanto Ele estava na terra, conforme
Ele demonstrou pelo seu amor à justiça e sua aversão à iniquidade, é a base
para DEUS ungir o seu Filho (v. 9). Da mesma maneira, a unção do cristão virá
somente à medida que ele se identificar com a atitude do seu Mestre para com a
justiça e a iniquidade (Sl 45.7). (2) O amor do crente à justiça e seu ódio ao
mal crescerá por dois meios: (a) crescimento em sincero amor e compaixão por
aqueles, cujas vidas estão sendo
destruídas pelo pecado, e (b) por uma sempre crescente união com o nosso DEUS e
Salvador, do qual está dito: "O temor do SENHOR é aborrecer o mal?? (ver
Pv 8.13; Sl 94.16; 97.10; Am 5.15; Rm 12.9; 1 Jo 2.15; Ap 2.6).
Rm 5.5 O Amor é resultado da ação do ESPÍRITO SANTO no crente
5.5 O AMOR DE DEUS... EM NOSSO CORAÇÃO. Os cristãos experimentam o
amor de DEUS nos seus corações, pelo ESPÍRITO SANTO; especialmente em tempos de
aflição. O verbo "derramar" está no tempo pretérito perfeito
contínuo, significando que o ESPÍRITO continua a fazer o amor transbordar em
nossos corações. É essa experiência sempre presente do amor de DEUS, que nos
sustenta na tribulação (v. 3) e nos assegura que nossa esperança da glória
futura não é ilusória (vv. 4,5). A volta de CRISTO para nos buscar é certa (cf.
8.17; Jo 14.3)
1Jo 4.16 DEUS é a fonte e a causa do Amor
1 João 4.8 Aquele que não ama não conhece a DEUS, porque DEUS é
caridade.
12 Ninguém jamais viu a DEUS; se nós amamos uns aos outros, DEUS
está em nós, e em nós é perfeita a sua caridade.
1 João 3.24 E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e
ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo ESPÍRITO que nos tem
dado.
PARTE II - Amor a DEUS - A Dimensão Vertical
1- Amar a DEUS acima de tudo
EU AMO A DEUS, devo toda a minha vida a Ele, e a Ele entrego-me com
alegria para o seu serviço. Dedicar-me-ei a este curso, participando com
empenho e com prazer, esforçando-me para aprender, de maneira que eu possa
crescer espiritualmente, fortalecendo-me na graça e no conhecimento do meu
Senhor, JESUS CRISTO.
2- O Exemplo de JESUS
À esta altura percebemos que o “amor ao próximo”, conforme
apresentado na primeira epístola de João, embora não negue um peculiar caráter
“opcional”, ultrapassa a dimensão da escolha racional para tornar-se,
principalmente, um resultado da graça divina. Sua fonte transfere-se da alma
(antropologia hebraica) para o ser de DEUS. A adesão (sent. próprio do hebraico
'ahabh), segundo esta teologia joanina, não é uma mera filiação partidária ou
paixão por uma causa (coisa que os “do mundo” também pode ter); ela é, antes,
uma aliança ou pacto com o próprio DEUS. É aderir não a algo, mas a alguém. A
partir deste ponto, podemos interpretar João com os olhos de Agostinho que entendia o Ágape joanino como
sendo uma pessoa. Aliás, note-se que, desde o evangelho e o Apocalipse, é comum
para João personificar em DEUS, os títulos que lhe atribuímos. E assim como o
Logos e a Luz procederam do Pai, encarnando-se na figura histórica de JESUS
CRISTO, do mesmo modo o Amor manifestado entre os homens (4:9) é outra “figuração
personificada” para falar do mistério da encarnação. Portanto, o dizer que o
Amor procede de DEUS (h agaph ek tou qeou estin[ 4:7]) é uma explícita
referência à procedência de CRISTO do Pai (para tou Patera [João 6:46;
7:29; 8:14; 8:42; 11:27, 16:28]) e quando se diz “DEUS é amor”(o
Qeos agaph estin) paralelamente se deve lembrar do dito “e o Verbo era
DEUS” (kai Qeos hn o logos).
O amor/ágape é, enfim, o Filho de DEUS vindo ao mundo e o
“permanecer” neste amor equivale a “andar como ele andou” (amando ao próximo,
cumprindo a justiça, obedecendo à lei) e confessar o que ele é de fato (1:6 e
4:2). Fazendo isto, trazemos para o presente uma encarnação salvadora fazendo
com que ela deixe de ser mero evento de um longínquo passado com o qual não
temos relação.
3- O Teste do Amor ágape
Como sabermos se amamos com o amor de DEUS?
Se somos capazes de amar como DEUS ama, então sentimos este amor
fluir de cada um de nós.
Jo 3.16 "Porque DEUS tanto amou o mundo que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Somos capazes de amar a ponto de darmos tudo o que temos de mais
precioso, por amor aos outros?
Rm 5.8, Mas DEUS demonstra seu amor por nós: CRISTO morreu em nosso
favor quando ainda éramos pecadores.
Veja que DEUS não nos amou porque éramos bons; somos capazes de
amar aos pecadores e por eles darmos nossas vidas?
Mt 5.44, Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles
que os perseguem,
Somos capazes de amar nossos inimigos e orar por eles?
Jo 13.35 A marca distintiva do crente
35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros.
CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS. O amor (gr. agape) deve ser a
marca distintiva dos seguidores de CRISTO (1 Jo 3.23; 4.7-21). Este amor
é, em suma, um amor abnegado e sacrificial, que visa ao bem do próximo (1
Jo 4.9,10). Por isso, o relacionamento entre os crentes deve ser caracterizado
por uma solicitude dedicada e firme, que vise altruisticamente a promover
o sumo bem uns dos outros. Os cristãos devem ajudar uns aos outros nas
provações, evitar ferir os sentimentos e a reputação uns dos outros e negar-se
a si mesmos para promover o mútuo bem-estar (cf 1 Jo 3.23; 1 Co 13; 1 Ts 4.9; 1
Pe 1.22; 2 Ts 1.3; Gl 6.2; 2 Pe 1.7).
PARTE III - Amor Ao Próximo - A Dimensão Horizontal
A questão do relacionamento humano, se torna ajustada, encaminhada
e equilibrada quando há o diferencial DEUS, que nos tornou, pela salvação em
CRISTO JESUS, seus filhos, e criou a família de fé na qual somos irmãos que
devem aprender a se amar. Afinal, "Aquele que odeia a seu irmão está nas
trevas, e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram
os olhos" e, "Nisto são manifestos os filhos de DEUS, e os filhos do
diabo: quem não pratica a justiça não é de DEUS, nem aquele que não ama a seu
irmão" (1Jo 2.11; 3.10).Entendamos: para o Antigo Testamento, para a
cultura hebreia, o próximo, o semelhante era o igual. Os termos de Levítico
19.18 deixam claro esse fato: "Não te vingarás, nem guardarás ira contra
os filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o
Senhor" (cf. Pv 3.28; Jr 22.13). Amar o próximo tinha como contrapartida
odiar o inimigo. Assim o refletem Êxodo 15.6 e Levítico 26.8: "A tua
destra, ó Senhor, é gloriosa em poder; a tua destra, ó Senhor, despedaça o
inimigo"; "Cinco de vós perseguirão a cem, e cem de vós perseguirão a
dez mil, e os vossos inimigos cairão à espada diante de vós". JESUS e os
apóstolos, porém, estendem o significado: "Amar ao próximo como a si mesmo
excede a todos os holocaustos e sacrifícios", disse um escriba ao Mestre,
que aprovou a sua exclamação (cf. Mc 12.33). "Cada um de nós agrade ao seu
próximo no que é bom para edificação", enunciou Paulo (Rm 15.2),
precisamente na linha de João que deixou a exortação, "Aquele que não ama
a seu irmão a quem viu, como pode amar a DEUS a quem não viu?" (1Jo
4.20b).
4.7 AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do
fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22,23) e uma evidência do novo nascimento (2.29;
3.9,10; 5.1), é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Por
essa razão, João nos exorta a amar uns aos outros, a termos solicitude por eles
e procurar o bem-estar deles. João não está falando apenas em sentimento de
boa-vontade, mas em disposição decisiva e prática, de ajudar as pessoas nas
suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31). João nos admoesta a demonstrar amor,
por três razões: (1) O amor é a própria natureza de DEUS (vv. 7-9), e Ele o
demonstrou ao dar seu próprio Filho por nós (vv. 9,10). Compartilhamos da
sua natureza porque nascemos dEle (v. 7). (2) Porque DEUS nos amou, nós, que
temos experimentado o seu amor, perdão e ajuda, temos a obrigação de ajudar o
próximo, mesmo com grande custo pessoal. (3) Se amamos uns aos outros, DEUS
continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado (v. 12).
PARTE IV - Amor A Si Mesmo - A Dimensão Interior
1- O Amor a si mesmo reflete o amor de DEUS por nós
É importante ser ensinável, se submeter à sã doutrina. Mas há
algumas coisas que nenhum ser humano pode ensinar. Há algumas crises que só o
ESPÍRITO SANTO pode levar à uma saída. Às vezes inexistem respostas em lugar
algum da mente humana, e então o ESPÍRITO SANTO precisa nos ensinar como sair
da crise! Necessitamos voltar-nos para o nosso interior, e bloquear todas as
vozes e as falas exteriores. Eis a prova:
“...a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine...” (I João 2:27).
“...a loucura de DEUS é mais sábia do que os homens; e a fraqueza
de DEUS é mais forte do que os homens” (1 Coríntios 1:25).
As coisas que DEUS deseja fazer por nós ainda nem sequer chegaram à
mente dos conselheiros sábios do mundo.
“...nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que DEUS tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios
2:9).
Elas são reveladas pelo ESPÍRITO em nós!
“DEUS no-lo revelou pelo ESPÍRITO...”
Se aquilo que DEUS preparou para nós ainda “nem penetrou na mente
humana”, como alguém poderá me dizer algo que não sabe?
“Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu
próprio espírito, que nele está? Assim, também as cousas de DEUS, ninguém as
conhece, senão o ESPÍRITO de DEUS” (1 Coríntios 2:11).
Não estou contra o cristão buscar bom aconselhamento. Não estou
contra a psicologia cristã. Mas nenhuma delas vale sequer mencionar, a menos
que leve a pessoa à esta verdade absoluta: nenhum outro ser humano pode ser a
sua fonte de felicidade e paz!
Os que se apoiam nos braços da carne cavam poços que não aguentam
um teste. Estão sempre precisando de alguém para lhes derramar um conselho, mas
não o retém. São cisternas rotas.
”Não sabeis que sois santuário de DEUS e que o ESPÍRITO de DEUS
habita em vós?” (1 Coríntios 3:16).
”Mas o fruto do ESPÍRITO é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio...” (Gal. 5:22).
”é necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele
existe (em nós) e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
”em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o
SANTO ESPÍRITO da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até o resgate
da sua propriedade...” (Efésios 1:13,14).
Você está pronto para receber essa verdade e agir baseado nela? O
que foi que acabamos de ler? Ele está em você: para consolar, para guiar à toda
a verdade; para lhe mostrar as coisas que virão; para lhe vivificar; para lhe
ajudar em suas enfermidades; para lhe ajudar a entender todas as coisas que
DEUS graciosamente lhe concedeu; para lhe trazer alegria, amor, paz, paciência,
bondade, domínio próprio; para lhe dar tudo que foi prometido a um filho de
DEUS; para lhe recompensar por sua diligência; para lhe assegurar liberdade;
para lhe prover acesso ao Pai; para lhe levar a um lugar de repouso suave e de
verdade.
2- O Pecado impede que a pessoa ame a si mesma
O pecado faz divisão entre nós e DEUS, causa o efeito "Falta
de confiança para falar com DEUS ou ouvir DEUS falando conosco". A fé
fraqueja no momento mais difícil e de precisão da alma que anseia pela
comunhão, mas sucumbe na dúvida.
3- Relação entre as três dimensões do amor ágape
Há uma distinção entre ágape e as outras qualidades do amor, sempre
integradas uma à outra e presentes em toda experiência do amor. Pelo seu
caráter transcendente, ágape não pode ser experimentada como força vital, senão
através das outras e especialmente do eros. Contudo, em todas as decisões
morais, ágape deve ser o elemento determinante, pois é ligado à justiça e
transcende a finitude do amor humano. Sozinha, ágape se tornaria moralista e
legalista. Mas sem ágape, o amor perderia a sua seriedade. Contudo, não vimos
uma ordem hierárquica entre as qualidades do amor, a não ser em relação à
ágape.
O fruto do ESPÍRITO é como uma linda flor que se abre com uma chave
chamada AMOR; é só a partir do Amor que conhecemos as outras qualidades do
fruto do ESPÍRITO em nós implantado, no instante em que aceitamos a CRISTO como
nosso Senhor e Salvador.
PARTE V - CARACTERÍSTICAS DO AMOR DE DEUS NO CRENTE
1. É sofredor.
2. É benigno.
3. Não é invejoso.
4. Não é leviano.
5. Não é soberbo.
6. Não é indecente.
7. Não é interesseiro.
8. Não se irrita.
9. Não suspeita mal.
10. Não se regozija com a injustiça.
11. Regozija-se com a verdade.
12. Tudo sofre, crê, espera, suporta.
Para conhecer o amor de DEUS, primeiramente necessitamos saber como
é o amor do homem.
Segundo a Bíblia o amor do homem é frio (Mt 24:12), carnal (Gn
6:1-2), dobre, ou seja, passageiro (Os 6:4), deturpado pelos mundanos e
adúlteros (Pv 7:18) e busca seus interesses (Sl 116:1).
O amor de DEUS é muito diferente do amor do homem, veja:
Como é o amor de DEUS?
Incondicional: Jo 13:1;
Inseparável: nada pode nos separar dele. Rm 8:35-39;
Inexprimível: palavras não podem expressá-lo. Ef 3:19;
Extremamente grandioso: Jo 3:16;
Cobre a multidão de pecados: I Pe 4:8;
Renova o amor dos cristãos: Sf 3:17;
Faz com que o cristão obedeça a DEUS através do
constrangimento: I1 Co 5:14;
Traz consolo a vida do crente: II Ts 2:16;
Disciplinador: nos corrige como um pai ao filho. Hb 12:6;
Repleto de bênçãos: II Tm 4:8;
Manifestação do amor de DEUS
O ESPÍRITO SANTO: Rm 5:5;
Através de sua misericórdia: Ef 2:4-7;
A nossa obediência traz a manifestação do amor de DEUS: I Jo
2:5; Jo 14:21.
Provas do amor de DEUS
A morte de JESUS CRISTO pela humanidade pecadora: Rm 5:8; Jo
3:16; I JO 3:16; Jo 15:13-14;
Libertação do jugo deste mundo: Dt 7:8;
Vida no ESPÍRITO SANTO: Ef 2:4-5.
Características do verdadeiro amor
Não pratica o mal, é santo: Rm 13:10;
Edifica uma vida: 1 Co 8:1b;
Suporta tudo: I1 Co 2:4; Ef 4:2b;
É o fim da fé - a fé opera por ele: Gl 5:6;
É perfeito, resplandece a glória de DEUS: Cl 3:14;
Não tem medo: I Jo 4:18;
Se gasta pelo próximo: I1 Co 12:15;
Traz obras: I Jo 3:18;
Imparcial: Dt 10:19;
É sincero e verdadeiro: Rm 12:9;
Forte como a morte: Ct 8:6-7.
DEUS, pelo seu grande amor que nos amou espera que venhamos a
correspondê-lo. O amor só pode ser correspondido por obras, veja o que DEUS
espera que você faça para manifestar o seu amor a ele.
Atitudes que DEUS espera do que o ama
Permaneça no seu amor: Jo 15:9;
Obedeça a DEUS: Dt 10:12; Jo 14:15;
Guarde o amor: Os 12:6;
Andar no exemplo do amor abnegado (desvinculado) de CRISTO: Ef
5:1-2;
Que o cristão siga o amor e ande nele: 1 Co 14:1; Ef 5:2;
Seja constante no amor: Hb 13:1;
Sirva o próximo por amor: Gl 5:13;
Que todas suas obras sejam feitas com amor: 1 Co 16:14;
Deteste o mal: Sl 97:10;
Rejeite a Satanás e seus caminhos: Mt 6:24;
Estimule os outros a amar: Hb 10:24;
Que manifeste seu amor: Pv 27:5,
Que declare seu amor a ele: Sl 18:1
Perca sua vida por amor de CRISTO: Mt 12:24-26; Gl 2:20;
Ordens de DEUS sobre o amor
Amar o próximo ardentemente de coração: I Pe 1:22; Jo 15:17;
Amá-lo com tudo que possuímos: Dt 6:5;
Amar os ímpios: Dt 10:19; Mt 5:44.
DEUS, como bom galardoador que é, não deixará nem um de seus filhos
sem a devida correspondência, assim como ao pecador é dada uma punição, ao
obediente é dado um galardão. Veja o que a Bíblia Sagrada promete para aqueles
que amam o seu próximo.
Bênçãos prometidas para quem ama
CRISTO, através do ESPÍRITO SANTO, habita ricamente nesta
vida: Ef 3:17; Jo 14:26; Jo 16:27;
Traz crescimento espiritual em CRISTO JESUS: Ef 4:15; Ef 6:24;
Permanece ligado a CRISTO: I Jo 4:16;
Traz a guarda do Senhor sobre nós: Sl 145:20;
Repreensão por amor: Pv 3:12;
Perdão de pecados: Is 38:17;
Traz o amor de DEUS sobre nós: Jo 16:27;
Todas as coisas que acontecerem na vida do crente serão usadas para
o seu bem: Rm 8:28;
Sua vida é conhecida por DEUS: 1 Co 8:3;
A pessoa que ama está na luz do Senhor: I Jo 2:10;
Todo que ama é filho de DEUS: I Jo 4:7;
Libertação: Sl 91:14;
Traz capacidade para perdoar o próximo: Pv 10:12;
Bênçãos inefáveis: que não se podem expressar. 1 Co 2:9.
Fontes do verdadeiro amor
De DEUS - o ESPÍRITO SANTO: Gl 5:22; II Tm 1:7; I Ts 3:12; I
Jo 4:7;
De um coração puro: I Tm 1:5;
De uma consciência boa: I Tm 1:5;
De uma fé cristã santa e verdadeira: I Tm 1:5;
Da misericórdia de DEUS: Tt 3:4-5;
Palavras de CRISTO sobre o amor
Ele é o princípio e a base de toda a lei de DEUS: Mt 22:37-40;
Lc 11:42.
O verdadeiro amor consiste em conhecer o poderoso nome do
Senhor: Jo 17:26;
Homens religiosos, carnais e que não crêem em DEUS não podem ter o
seu amor: Jo 5:37-47
Findaremos este estudo com alguns textos bíblicos que falam sobre o
amor.
"O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao
bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em
honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de
espírito, servindo ao Senhor;" Romanos 12:9-11
Leituras complementares: Pv 15:17; Ct 1:2; Mt 5:43-48; Lc
10:25-37; Jo 21:15-23; Ap 12:11
Conclusão sobre o amor
Como vimos, o amor não pode por um lado ser um tema abandonado, nem
por outro, um discurso isolado. Se somos cristãos de fato, a mais autêntica
cristologia bíblica deverá acompanhar este amor e a importância dada aos demais
mandamentos da lei de DEUS deverá testemunhar de nossa fidelidade (ou adesão)
ao Bem Maior, que é CRISTO JESUS. Não amamos porque somos naturalmente bons,
mas porque nascemos da graça. Não cumpriremos a lei para fazer-nos “justos”,
mas porque ele nos justificou com sua justiça. Não brilharemos porque temos luz
própria, mas porque refletimos o sol da justiça.
FÉ - Hebreus 11.1-8,22-26,30-34
1 - Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a
prova das coisas que se não veem. 2 - Porque, por ela, os antigos ?alcançaram
testemunho. 3 - Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de DEUS, foram
criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. 4 -
Pela fé, Abel ofereceu a DEUS maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando DEUS testemunho dos seus dons, e, por ela,
depois de morto, ainda fala. 5 - Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a
morte e não foi achado, porque DEUS o trasladara, visto como, antes da sua
trasladação, alcançou testemunho de que agradara a DEUS. 6 - Ora, sem fé é impossível agradar-lhe,
porque é necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe e
que é galardoador dos que o buscam. 7 - Pela fé, Noé, divinamente avisado das
coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou
a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo
a fé. 8 - Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que
havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
22 - Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos
filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos. 23 - Pela fé, Moisés, já
nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino
formoso; e não temeram o mandamento do rei. 24 - Pela fé, Moisés, sendo já
grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, 25 - escolhendo, antes,
ser maltratado com o povo de DEUS do que por um pouco de tempo, ter o gozo do
pecado; 26 - tendo, por maiores riquezas, o vitupério de CRISTO do que os
tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
30 - Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante
sete dias. 31 - Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos,
acolhendo em paz os espias. 32 - E que mais direi? Faltar-me- a o tempo
contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de
Samuel, e dos profetas, 33 - os quais, pela fé, venceram ?reinos, praticaram a
justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, 34 - apagaram a
força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na
batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos.
Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua
fé, viverá. (ARC) Habacuque 2:4
Porque no evangelho é revelada a justiça de DEUS, uma justiça que
do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela
fé". Romanos 1:17
É evidente que diante de DEUS ninguém é justificado pela Lei, pois
"o justo viverá pela fé". Gálatas 3:11
Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei
dele". Hebreus 10:38
Sem Fé É Impossível Agradar A DEUS.
Fé Para Sermos Salvos, Fé Para Crer Nas Promessas De DEUS, Fé Para
Crermos E Recebermos Os Milagres De DEUS.
Não É Fé Natural. É Preciso Fé Para Ouvir E Crer No Evangelho. É
Preciso Fé Para Ser Batizado Com O ESPÍRITO SANTO. É Preciso Fé Para Ser Usado
Em Dons Do ESPÍRITO SANTO. É Preciso Fé Para Orar E Crer Que Está Sendo Ouvido
Por DEUS.
Impor As Mãos Com Fé Sobre Alguém Implica Em Certeza De Transmissão
De Uma Bênção De DEUS A Esse Alguém. Significa Separar Essa Pessoa Para DEUS
É Uma Exigência De DEUS Para A Salvação O Crer Na Ressurreição De JESUS
(Rm 10:9,10, 1 Co 15).
Não É Ressurreição Como De Lázaro, Mas Como A De JESUS.
Ressurreição Para Não Morrer Mais.
A FÉ QUE GERA CONFIANÇA EM DEUS
O sacrifício de Abel e sua fé prefigurava o sacrifício de JESUS.
Adoração perfeita. Uma vida sendo oferecida em lugar de outra. O testemunho de
Enoque e sua fé sendo trasladado antes do dilúvio representa a igreja que será
arrebatada antes da Grande Tribulação, igreja que mantém íntima comunhão com
DEUS. A confiança de Noé e sua fé em DEUS salvou sua família e condenou a todos
os outros que não entraram na arca, assim como nossa fé ajuda para que nossa
família não perca a salvação.
A FÉ QUE FAZ VER O INVISÍVEL
A obediência e a fé de Abraão o fez amigo de DEUS e pai da fé
daqueles que possuem o mesmo tipo de fé. Creu e obedeceu, vendo o futuro e
desejando uma cidade celeste.
A fidelidade e a fé a DEUS de José em meio às tribulações de sua
vida o tornaram governador da maior nação de sua época. A determinação de
Moisés e sua fé em DEUS e sua promessa de uma Terra para seu povo o tornaram o
homem mais manso da Terra e companheiro de um só homem que voltou à Terra
depois de morrer, Elias., no Monte da Transfiguração.
A FÉ QUE DÁ PODER PARA AVANÇAR
A ousadia e a fé de Josué o fez líder de uma grande nação, em
substituição a um grande herói da fé – Moisés. Teve fé para, sem armas humanas,
derrotar a cidade mais fortificada de Canaã – Jericó. A coragem e a fé de Raabe
a salvaram da destruição de Jericó e a tornaram a mãe de todos os reis de
Israel e ascendente de JESUS. O heroísmo e a fé de Gideão o tornaram líder de
Israel e reconhecido por toda sua nação como enviado por DEUS.
Fé - Esta palavra tão pequena encerra em si
grande conteúdo para os que de DEUS se aproximam. Sem ela não existiria a
Igreja, não haveria salvos, esperança de vida futura, não poderíamos
esperar um mundo melhor nem creríamos na Segunda Vinda de CRISTO. É por
meio da fé que recebemos as bênçãos de DEUS. Esta preciosa e santíssima fé
vem-nos através de CRISTO, para que ninguém tenha de que se gloriar (Hb
12.2).
I. CONCEITO DE FÉ
O escritor sacro não pretendeu simplesmente definir a fé, mas sim
descrevê-la como elemento fundamental da vida cristã.
1. O firme fundamento.
Fundamento aqui significa muito mais que a mera certeza humana,
fruto da lógica, ou do exercício de futurologia. Na visão cristã, tem o
sentido de certeza inabalável, ou seja, temos convicção de que servimos a
um DEUS onipotente, onisciente e onipresente, que vela por sua Palavra para a
cumprir (cf. Jr 1.12; Is 43.13). Significa também certeza absoluta a
respeito da nossa salvação. Ver 1 Jo 3.2. Assim, a certeza é o primeiro
elemento essencial da verdadeira fé, isto é, “a fé que é por Ele” (At 3.16).
2. Das coisas que se esperam.
“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam...”. O segundo
elemento essencial da fé é a esperança. Esta é consubstanciada na forte
convicção de que aquilo que se espera da parte de DEUS há de acontecer
sempre, independente das circunstâncias. Abraão creu que teria um
filho segundo a promessa divina, fruto de sua união com Sara, mesmo quando
a lógica humana dissesse o contrário.
3. A prova das coisas que não se vêem.
A “prova” tem o significado de “convicção”, que é o terceiro
elemento da fé. Aqui temos um ponto muito importante a considerar. Pessoas
há que manipulam este texto para justificar a prática mística do que eles
chamam de visualização mental para obtenção do que se deseja. Nesse
meio estão certas ramificações da Confissão Positiva. Tal prática não tem
apoio nas Escrituras Sagradas. No contexto do capítulo 11 de Hebreus, “as
coisas que não se vêem” são as coisas de DEUS, “os bens futuros”
(Hb 9.11), “as melhores promessas” (Hb 8.6). Isso porque tais “coisas”
foram prometidas por DEUS em sua Palavra, e esta não pode falhar em
nenhuma hipótese. Há “crentes” que, iludidos pelo seu próprio coração,
asseveram que podem aplicar esse texto (v.1) a qualquer coisa. Por
exemplo: “eu creio que DEUS vai me dar um carro novo, e uma bela casa”.
Ora, isso é um desejo, mas não uma promessa de DEUS. Pode tornar-se real ou
não. É algo condicional e circunstancial.
II. EXEMPLOS MARCANTES DE FÉ
1. Abel.
Foi exemplo de fé sacrificial. A Bíblia não diz em Gênesis 4 por
que DEUS aceitou seu sacrifício e não o de seu irmão, o homicida Caim. Mas
em Hebreus 11.4 podemos constatar o final da história: enquanto a
oferta de Abel foi movida pela fé em DEUS (ver Jd v.11), Caim trilhou seu
“caminho” sem fé. A ideia de que a oferta de Abel foi aceita por tratar-se
de oferta com sangue (apontava para o sacrifício de
CRISTO) apesar de correta, é parcial, uma vez que a oblação de
Caim, mesmo sendo de vegetais, também seria aceita por ser produto do seu
trabalho como lavrador (Gn 4.3; ver v.7). Caim tinha má índole; era
iracundo e “suas obras eram más” (1 Jo 3.12), por essas razões suas ofertas
não foram aceitas pelo Senhor.
2. Enoque.
Exemplo de fé agradável. O pouco que a Bíblia fala sobre esse homem
de DEUS encerra a grandeza de seu caráter e de sua fé: “E andou Enoque com
DEUS; e não se viu mais, porquanto DEUS para si o tomou” (Gn 5.24). Se ele
“andou com DEUS”, ou seja, viveu em íntima comunhão com o Eterno e no centro da
sua vontade, diante da extrema incredulidade de seu tempo, foi porque
tinha uma fé viva, que via o mundo melhor. Por isso, ainda na terra, antes
da sua trasladação, “alcançou testemunho de que agradara a DEUS”. Sem fé
não agradamos a DEUS (Hb 11.6).
3. Noé.
Exemplo de fé obediente e justa. Nunca ouvira falar de dilúvio,
todavia, “divinamente avisado das coisas que não se viam, temeu” e
obedeceu, preparando uma arca “para salvação da sua família”. Noé foi o
primeiro homem na Bíblia a ser chamado justo. Isso nos traz uma lição de
extremo valor: o homem de fé precisa ser justo diante de DEUS e dos
homens.
4. Abraão.
É considerado o pai da fé provada. Quando foi chamado por DEUS,
sequer imaginava para onde iria (v.8). Passou anos habitando em tendas,
peregrinando “como em terra alheia” (v.9) e recebeu a promessa de que
seria “uma grande nação” (Gn 12.2). O Todo-Poderoso mandou que ele olhasse para
os céus e contasse as estrelas, se pudesse, dizendo que assim seria sua
semente: “e creu ele no Senhor e foi-lhe imputado isto por justiça”. Mais
tarde DEUS pediu-lhe em sacrifício seu único filho, Isaque. Sem relutar, o
grande patriarca obedeceu piamente a voz do Altíssimo, crendo “que DEUS
era poderoso para até dos mortos o ressuscitar” (v.17,18). O DEUS de
Abraão é o nosso DEUS. Ele é fiel em cumprir sua palavra (cf.Jr 1.12).
III. VIRAM AS PROMESSAS DE LONGE
1. Todos estes morreram na fé.
Após destacar os quatro primeiros heróis da fé, o escritor declara
que eles morreram na fé, “sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as
de longe...”. Como Paulo, combateram o bom combate, acabaram a carreira e
guardaram a fé (2 Tm 4.7).
2. Viram as promessas de longe.
Era a fé fazendo-os olhar para o horizonte ao longe, sem chegar lá,
porém contemplando o cumprimento das promessas. Certamente eles usufruíam
a salvação em CRISTO porque criam na vida eterna, na entrada nos céus, na
vitória sobre o mal e, sobretudo, no reinado eterno de DEUS.
3. Crendo nas promessas, abraçando-as e confessando-as (v.13).
A fé daqueles homens era tão forte e poderosa que, mesmo sem
verem o cumprimento das promessas de DEUS, nelas creram e as abraçaram
(cf. v.1). Eles consideravam-se “estrangeiros e peregrinos na terra”,
porque esperavam uma pátria melhor, definitiva, no futuro, sendo aclamados
por DEUS, “porque já lhes preparou uma cidade” (vv.13-16).
IV. HOMENS DOS QUAIS O MUNDO NÃO ERA DIGNO
Na última parte do texto em estudo, a Palavra de DEUS fala de forma
comovente sobre dois tipos de heróis da fé. São eles:
1. Os lutadores. As Escrituras apresentam vários exemplos de
lutadores. Eles “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram
promessas, fecharam as bocas dos leões, neutralizaram a força do fogo,
escaparam do fio da espada”, tudo isso pela fé no Todo-Poderoso.
2. Os martirizados. Foram os que, na luta pela fé, foram açoitados,
apedrejados, presos, aflitos, torturados e mortos: “não aceitando o seu
livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição” (vv.35-37). A história
da Igreja registra outros grandiosos exemplos de fé e coragem entre os
mártires do cristianismo.
3. Foram homens “dos quais o mundo não era digno”. O “mundo” que
não é digno dos homens de DEUS é aquele que se opõe ao bem, e que
dificulta a inquirição espiritual. Foi para esse mundo que JESUS apontou ao
falar sobre a inevitabilidade das perseguições: “Se o mundo vos aborrece,
sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim” (Jo 15.18).
Os homens dos quais o mundo não era digno viram de longe as
promessas, mas não as alcançaram, “provendo DEUS alguma coisa melhor a
nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”
(vv.39,40).
CONCLUSÃO
Hoje para muitos, principalmente crianças e adolescentes que não
conhecem a DEUS, os heróis são os ídolos humanos ou virtuais da TV e do
cinema. Esses não passam de falsos ídolos e heróis que desencaminham
seus admiradores para o mal. Contudo, a Bíblia nos inspira fé e
perseverança, necessárias para que confiemos nas promessas de DEUS. Ela
nos mostra em suas páginas a vida de homens e mulheres, crianças e
adolescentes, jovens e adultos, que nos legaram exemplos extraordinários
da verdadeira fé em DEUS.
ESPERANÇA
Voltados os Olhos para a Bendita Esperança
INTRODUÇÃO
aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do
nosso grande DEUS e Salvador CRISTO JESUS, (Tt 2.13).
Nossa esperança está na vinda de JESUS para nos levar para estarmos
com Ele para sempre. Para nós, a Igreja, isso acontecerá no dia do Arrebatamento
(1Ts 4.17).
Nossa expectativa por esse gloriosos momento vai aumentando a cada
dia, pois amamos a sua vinda (2tm 4.8).
I - BREVE O SENHOR VIRÁ
Assim como as muitas promessas de DEUS já se cumpriram, a promessa
de sua vinda para nos buscar não falhará. Já vemos claramente os sinais a nos
guiar como a estrela que guiou os astrólogos para JESUS.
1. A vinda de CRISTO.
Nos evangelhos, nas epístolas e em Apocalipse vemos a promessa da
vinda de JESUS para nos buscar brevemente. Em geral, todos os que se declaram
Cristãos, acreditam na volta de JESUS para nos buscar, porém, existem muitas interpretações
a este respeito. Existem os pré-tribulacionistas (nós), os medo-tribulacionista
e os pós-tribulacionistas.
A segunda vinda acontece em duas fases distintas: o arrebatamento
da igreja (1 Ts 4.15) e a vinda de JESUS em glória (2 Ts 2.8).
Quando o Senhor JESUS ascendeu ao céu, os varões de branco disseram
que Ele virá da mesma maneira que subiu (v.11); esse cenário é de sua vinda em
glória e não do arrebatamento da Igreja.
Os Discípulos queriam saber a situação dos judeus, portanto os
varões de branco falaram da vinda em glória e não do arrebatamento. Para os
judeus o remanescente é que será salvo, no final da Grande Tribulação, quando
JESUS vem glória para vencer satanás e seus exércitos, realizar o juízo de
bodes e ovelhas e dar início ao milênio.
Também Isaías clamava acerca de Israel: Ainda que o número dos
filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
Romanos 9:27
JESUS virá nesta segunda fase de sua segunda vinda para livrar os
judeus que estarão já em pequeno número, cercados por exércitos do anticristo.
JESUS descerá sobre o Monte das Oliveiras e destruirá os exércitos do
anticristo, lançará o falso profeta e o anticristo no lago de fogo e enxofre,
amarrará Satanás por mil anos e dará início ao milênio, onde os judeus terão a
primazia do reinado de CRISTO e terão a posse da terra prometida a eles por
DEUS.
2. Uma promessa de JESUS.
Não se turbe o vosso coração; credes em DEUS, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito,
pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez
e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também.
João 14:1-3. Esta é a promessa maravilhosa de JESUS para nós.
Os discípulos não compreendiam os fatos escatológicos. Perguntaram:
“Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (Atos 1.6). A resposta
de JESUS indica que só DEUS sabia o tempo certo de tudo ser restaurado. Também
o reino que os judeus esperavam com o Messias sendo seu rei só se daria no
milênio e sobre nações e povos do mundo todo.
3. O dia se aproxima.
Estamos sempre na expectativa da volta de JESUS. Por isso mesmo nos
congregamos e ouvimos mensagens sobre a volta de JESUS, cantamos hinos que nos
falam desta volta.
não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes,
admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai
aproximando aquele Dia. Hebreus 10:25
Os sinais são como faróis a nos guiar para o Senhor JESUS. Mas,
daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho,
senão o Pai. Marcos 13:32. Ninguém. Qualquer tentativa de prever não passará de
soberba e heresia, loucura e engano. Todos os que tentaram predizer a data da
vinda do Senhor ou do fim do mundo caíram em vergonha e descrédito porque a
afirmação de JESUS é inconfundível.
Os principais sinais de sua volta são:
A efusão do ESPÍRITO SANTO, uma promessa para os últimos dias (Jl
2.28-32; At 2.16-21), que a partir do Pentecostes tem se espalhado pelo mundo
inteiro. Os Pentecostais são o maior movimento protestante do mundo.
“Nos últimos dias, diz DEUS, derramarei do meu ESPÍRITO sobre toda
carne…” (Jl 2.28).
No início do século teve origem um movimento que trouxe nova vida à
Igreja e que estava destinado a influenciar todo o mundo – o Movimento
Pentecostal. Começou nos EUA e espalhou-se no mundo inteiro. A Igreja de CRISTO
passou a viver em uma nova dimensão de poder, vivenciando experiências
sobrenaturais, como o falar em línguas, as curas e a expulsão de demônios. Não
se pode negar que em sentido de autoridade espiritual e milagres a Igreja de
CRISTO tem vivido um tempo como nunca antes.
O outro sinal evidente é a fundação do Estado de Israel (Lc
21.29-31), que desde 1948 ostenta a sua bandeira tremulando na sede das Nações
Unidas, como Estado Soberano.
“Nasceria um povo num só dia, uma nação de uma só vez? Mas Sião
esteve de parto e já deu luz aos seus filhos” (Is 66.8).
O século 20 também presenciou um dos mais reais cumprimentos das
profecias milenares – o renascimento da nação de Israel. No dia 27 de novembro
de 1947, a ONU votava a favor da criação do Estado judeu. E em 14 de maio de
1948, contra todas as probabilidades, os judeus voltaram a ser uma nação
efetiva outra vez. Este povo, que estivera por quase 2000 anos espalhado no
mundo inteiro, ganhou existência como nação independente. Este foi um sinal
inequívoco da mão de DEUS sobre a História.
Um sinal que vejo ser bem claro nesses últimos dias é o
aparecimento de JESUS a vários árabes muçulmanos em sonhos e visões.
Cresce o número de muçulmanos que relatam sonhos com JESUS e se
convertem após
experiência. http://www.cpadnews.com.br/universo-cristao/25223/cresce-o-numero-de-muculmanos-que-relatam-sonhos-com-jesus-e-se-convertem-apos-experiencia.html
II - A NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA
A Igreja, para estar em avivamento, deve estar orando e vigiando.
Deve estar todo o tempo esperando JESUS voltar hoje.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor,
justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda. 2 Timóteo 4:8
O legítimo avivamento implica em se estar lendo e estudando a
bíblia, orando, jejuando, evangelizando e se santificando.
O TEMPO SE ABREVIA - Isto, porém, vos digo, irmãos: que o tempo se
abrevia 1 Coríntios 7:29 - Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de
vir virá e não tardará. Hebreus 10:37
como não sabemos o dia e nem a hora que JESUS virá; também não
sabemos o dia de nossa morte, então devemos estar atentos o tempo todo.
1. Exortação à vigilância.
A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem
permanece alerta, de quem procede com precaução para não correr risco. E isso
nos mais diversos aspectos da vida humana. O verbo “vigiar” aparece na Bíblia
no sentido de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã.
Vigiar, estar alerta.
A palavra que mais aparece no Novo Testamento grego para “vigiar” é
o verbo gregoréo, “vigiar, estar alerta, ser vigilante”, que aparece 22 vezes.
A ideia principal dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13), e isso
se mostra nas passagens paralelas de Marcos e Lucas. Mas, quando JESUS disse a
Pedro, Tiago e João: “ficai aqui e vigiai comigo” (v.38), isso significa que
Ele queria que seus discípulos ficassem acordados e continuassem a orar ou,
talvez, se protegessem de alguma intromissão enquanto oravam. Mas gregoréo é
usado para denotar uma vigilância mais geral (1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Pe 5.8).
Vigiar, guardar, cuidar.
É o verbo grego agrypnéo, “manter-se acordado, vigiar, guardar,
cuidar”, e só aparece quatro vezes no Novo Testamento, duas delas no sentido
escatológico no sermão profético (Mc 13.33; Lc 21.36). O vocábulo é usado para
indicar a vigilância nas orações e súplicas (Ef 6.18) e apresenta ainda a ideia
de cuidar ou velar: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque
velam por vossa alma” (Hb 13.17).
Vigiar, ser sóbrio.
É o verbo nepho, literalmente “ser sóbrio”, mas que aparece no
sentido figurado de vigilância combinado com gregoréo (1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Seu
uso no sentido próprio pode ser visto em outras partes do Novo Testamento (1 Ts
5.8; 2 Tm 4.5; 1 Pe 1.13). Existe ainda o verbo eknepho, que só aparece uma vez
no Novo Testamento (1 Co 15.34), traduzido por “vigiar”, na ARC; por “tornar à
sobriedade”, na ARA e na Nova Almeida Atualizada; e por “despertar” na TB.
No contexto escatológico.
A exortação à vigilância é um dos pontos centrais do sermão
profético porque não se sabe o dia e a hora da vinda de JESUS (Mt 24.36; Mc
13.32). O ensino do Senhor nas diversas parábolas desse discurso escatológico
dá muita ênfase à necessidade de os crentes estarem atentos. Apesar de ser
vedada aos humanos a data da segunda vinda de JESUS, a Bíblia indica os sinais
que precederão a vinda de CRISTO em Mateus 24 e Lucas 21. Os acontecimentos de
hoje nos mostram o cumprimento das profecias bíblicas, sinalizando que essa
vinda está próxima. Se os cristãos da primeira hora deviam estar vigilantes
quanto ao grande evento, o que não diremos nós, que somos a Igreja da última
hora? Por isso devemos estar ainda mais firmes e atentos, continuamente.
Na vida cristã.
É o estado de alerta para não cairmos em pecado, para nos abstermos
de tudo aquilo que desagrada a DEUS (1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Mas essa
vigilância não deixa de ser um exercício contínuo da fé até que JESUS venha.
Ele pode voltar a qualquer momento; os sinais de sua vinda estão aí, como o
avanço da imoralidade e da corrupção (Ap 9.21), a evangelização mundial por
meio de recursos das redes sociais (Mt 24.14) e a posição de Israel no Oriente
Médio (Lc 21.29-31).
“Vigiai e orai” (v.41a).
O sentido da vigilância aqui difere daquele mencionado no v.38, em
que “vigiar” indica ficar despertado, acordado. Mas aqui significa estar
vigilante para manter a fidelidade ao Senhor JESUS e nunca se apartar dEle.
Isso fica claro pelas palavras seguintes: “para que não entreis em tentação”. É
uma advertência solene a todos os crentes em todos lugares e em todas as épocas
para viverem atentos em todos os momentos da vida (Ef 6.18). O Comentário
Bíblico Beacon diz: “A eterna vigilância é o preço da liberdade”.
2. Os alarmes falsos.
Para atrair incautos, as várias religiões falsas tentaram marcar a
data da volta de JESUS.
As heresias são a substituição voluntária de doutrinas
bíblicas por doutrinas que vão apoiar a opinião de alguns dentro da igreja para
que criem outro grupo, como por exemplo, os Nicolaítas e os seguidores de
Balaão e os de Jezabel, como em Apocalipse.
Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu
também odeio. Apocalipse 2:6
Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu
odeio. Apocalipse 2:15
Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que
seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante
dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e
fornicassem. Apocalipse 2:14
Mas algumas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel,
mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que
forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria. Apocalipse 2:20
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos
trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos,
soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto
natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para
com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que
amigos de DEUS, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes
afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam
cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias
concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes
resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à
fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como
também o foi o daqueles. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de
viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, Perseguições e aflições
tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas
perseguições sofri, e o Senhor de todas
me livrou; E também todos os que piamente querem viver em CRISTO JESUS
padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior,
enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de
que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua
meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a
salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça; Para que o homem de DEUS seja perfeito, e perfeitamente
instruído para toda a boa obra. 2 Timóteo 3:1-17
Previsões clássicas da volta de CRISTO:
Igreja Adventista
Adventismo e, logo, todas as confissões ou denominações cristãs que
seguem a mesma base doutrinária em essência, tem suas raízes nos ensinamentos
de William Miller, um então pregador Batista. Ele previu que o Segundo Advento
(donde Adventismo) de JESUS CRISTO ocorreria antes de 21 de Março de 1844.
Sobrevinda a data, nova previsão foi 18 de abril de 1844. Chegada a data, outro
Milerita (assim ficaram conhecidos os seguidores das novas ideias de William
Miller), Samuel S. Snow, derivou a data de 22 de outubro de 1844. O
não-cumprimento dessas previsões tem sido classicamente chamado de Grande
Decepção Milerita.
Igrejas Anabatistas
Certos anabatistas do século 16 acreditavam que o Milênio ocorreria
no ano de 1533. Outra fonte relata: "Quando a profecia falhou, os
anabatistas tornaram-se mais zelosos e alegaram que as duas testemunhas (Enoque
e Elias) tinham efetivamente vindo na forma de Jan Matthys e Jan Bockelson,
respectivamente; eles teriam de configurar a Nova Jerusalém em Münster
(Alemanha). Münster tornou-se uma assustadora ditadura sob o controle de
Bockelson. Apesar de todos os católicos e luteranos terem sido expulsos da cidade,
o millennium nunca veio."
Igreja Capela do Calvário
O fundador da Capela do Calvário, Chuck Smith, publicou o livro Fim
dos Tempos , em 1979. Na capa do seu livro, Smith é chamado de um "bem
conhecido estudioso da Bíblia e professor de profecia." Nesse livro, ele
escreveu:
Quando olhamos para a cena mundial hoje, parece que a vinda do
Senhor está muito, muito próxima. No entanto, não sabemos quando será. Pode ser
que o Senhor espere mais tempo. Se eu entendi as Escrituras corretamente, JESUS
nos ensinou que a geração que vê o 'brotar da figueira', o nascimento da nação
de Israel, será a geração que vê a volta do Senhor; Eu acredito que a geração
de 1948 é a última geração. Como uma geração de juízo é de quarenta anos e a
tribulação dura sete anos, creio que o Senhor poderia voltar para sua igreja a
qualquer momento antes do início da tribulação, o que significaria qualquer
momento antes de 1981. (1948 + 40 - 7 = 1981) é possível que JESUS esteja
namorando o começo da geração de 1967, quando Jerusalém foi novamente ao
controle israelense pela primeira vez desde 587 aC. Não sabemos ao certo qual
ano realmente marca o começo da última geração.
Esse mesmo ponto de vista foi publicado pelo pastor Hal Lindsey, em
seu amplamente publicado livro No Final do Grande Planeta Terra.
Igreja Católica Romana
Quando, em 1525 Martinho Lutero, ex-monge, casou-se com Catarina de
Bora, ex-freira, seus inimigos disseram que sua descendência seria cumprir a
antiga tradição de que o Anticristo seria o filho dessa união. O Católico,
estudioso e teólogo Erasmus observou que a tradição poderia aplicar-se a
milhares dessas crianças.
Em 1771, o Bispo Charles Walmesley publicou, sob o nom de plume de
"Signor Pastorini", sua "História Geral da Igreja Cristã desde o
Seu Nascimento até a Sua Final Triunfante de Estado no Céu e Principalmente,
Deduzido o Apocalipse de São João, o Apóstolo e Evangelista". Nela, ele
atribuiu o que ele chamou de a quinta era da Igreja, com uma duração de 300
anos, começando com a Reforma Protestante , em 1520 ou 1525. Este foi
amplamente interpretado como prever a queda do Protestantismo pelo 1825. Na
verdade, apenas quatro anos mais tarde, a Roman Catholic Relief At 1829 trouxe
para culminar o processo de Emancipação Católica em todo o Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda.
Igreja Irvingista
O conhecido clérigo escocês Edward Irving foi o precursor da Igreja
Católica Apostólica. Em 1828 ele escreveu uma obra intitulada Os Últimos Dias:
Um Discurso sobre o Caráter Malvado de Nossos Tempos, Provando-os para serem os
'Perigosos Tempos' e os Últimos Dias. Nas páginas 10–22, encontramos algumas
informações que incluem o seguinte:
Eu concluo, portanto, que os últimos dias ... começarão a se
estender desde o tempo da aparição de DEUS para o seu povo antigo, e
reunindo-os para o trabalho de destruir todas as nações anticristãs, de
evangelizar o mundo e de governá-lo durante o Milênio ... Os tempos e a
plenitude dos tempos, tantas vezes mencionados no Novo Testamento, considero
como referindo-se ao grande período numerado por vezes ... Agora, se este
raciocínio estiver correto, como pode haver pouca dúvida de que o mil duzentos
e sessenta dias concluídos no ano de 1792, e os trinta dias adicionais no ano
de 1823, já estamos inscritos nos últimos dias, e a vida ordinária de um homem
levará muitos de nós até o fim deles. Se isto é assim, isso dá ao assunto com o
qual nós introduzimos o ministério deste ano uma grande importância, de fato.
Igreja Luterana
O fundador da Igreja Luterana foi o reformador Martinho Lutero
(1483-1546 A. D.). De acordo com uma autoridade, Lutero aventurou-se a prever:
"Pela minha parte, estou certo de que o Dia do Juízo está próximo. Não
importa que nós não saibamos o dia exato... talvez alguém possa descobrir. Mas
é certo que o tempo agora está no fim." Outro autor diz: "Em todas
[Lutero] havia um senso de urgência em que o tempo era curto... o mundo estava
indo para o Armagedom, a guerra com os Turcos."
Mesmo após a morte de Lutero em 1546, os líderes luteranos
mantiveram a reivindicação da proximidade do fim. Por volta do ano 1584, um
zeloso luterano chamado Adam Nachenmoser escreveu o grande volume Prognosticum
Theologicum, no qual ele previu: "Em 1590 o Evangelho seria pregado a
todas as nações e uma maravilhosa união seria alcançada. Os últimos dias
deveriam então estar por perto." Nachenmoser ofereceu numerosas
conjecturas sobre a data; 1635 parecia mais provável.
O Sínodo da Igreja Luterana-Missouri publicou um estudo em 1989
refutando qualquer fim dos tempos, declarando que "repetidamente ensinado
por JESUS e os apóstolos é a verdade que a hora exata da vinda de CRISTO
permanece escondida nos conselhos secretos de DEUS (Mt 24: 36)."[21].
Igreja Menonita
O ministro menonita russo, Claas Epp Jr., previu que CRISTO
retornaria em 8 de março de 1889 e, todavia, a data sobreveio e transcorreu sem
intercorrências, em 1891.
Igreja Montanista
Montanus, que fundou o movimento Montanista em 156 d.C., previu que
JESUS retornaria durante a vida dos membros fundadores do grupo.
Igreja Mórmon
Joseph Smith, fundador da Fé Mórmon, fez várias dezenas de
profecias durante sua vida, muitas das quais estão registradas nos textos
sagrados daquela confissão. As profecias incluíram previsões da Guerra Civil ,
a vinda de JESUS e várias previsões menos significativas. Os apologistas da
Igreja citam profecias que afirmam terem-se tornado verdade, enquanto os
críticos da igreja citam profecias que afirmam não se terem realizado.
Igreja Presbiteriana
Thomas Brightman, que viveu de 1562 a 1607, foi chamado de "um
dos pais do Presbiterianismo na Inglaterra". Ele previu que "entre
1650 e 1695 [nós] veríamos a conversão dos muitos judeus e um renascimento de
sua nação na Palestina... a destruição do papado... as Bodas do Cordeiro e sua
esposa".
Christopher Love, que viveu de 1618 a 1651, era um graduado
brilhante de Oxford e um convicto presbiteriano. Ele previu que: (1) Babilônia
cairia em 1758 (2) A ira de DEUS contra os iníquos seria demonstrada em 1759 e
(3) em 1763 ocorreria um grande terremoto em todo o mundo.
Igreja Torre de Vigia
Charles Taze Russell, o primeiro presidente da Sociedade Torre de
Vigia, calculou 1874 como o ano da Segunda Vinda de CRISTO e ensinou que CRISTO
estava "invisivelmente presente" e governando desde os céus desde
aquele ano. Russell proclamou "o retorno invisível de CRISTO" em
1874, a ressurreição dos santos em 1875 e previu o fim da "colheita"
e o Arrebatamento dos santos para o céu 1878, e o fim final do "dia da
ira" em 1914. O ano de 1874 foi considerado o fim de 6.000 anos da
história humana e o começo do julgamento por CRISTO. Uma publicação de 1917 da
Sociedade Torre de Vigia previu que, em 1918, DEUS iria começar a destruir
igrejas e milhões de seus membros.
Joseph Franklin Rutherford, presidente sucessor da Sociedade Torre
de Vigia, previu o início do Milênio em 1925, e que figuras bíblicas como
Abraão, Isaque, Jacó e David ressuscitados como "príncipes". A
Sociedade Torre de Vigia comprou uma propriedade e construiu uma casa, Beth
Sarim, na Califórnia, para seu retorno.
A partir de 1966, declarações em publicações das Testemunhas de
Jeová geraram fortes expectativas de que o Armagedom chegasse em 1975. Em 1974,
Testemunhas foram elogiadas por vender suas casas e propriedades para
"terminar o resto de seus dias neste sistema antigo", pregando em
tempo integral. Em 1976, A Sentinela aconselhou aqueles que se tinham
"desapontado" pelas expectativas não cumpridas de 1975 em ajustar seu
ponto de vista, por ter sido entendimento "baseado em premissas
erradas". Quatro anos depois, a Sociedade Torre de Vigia admitiu sua
responsabilidade em construir a esperança em relação a 1975.
É um erro tentar adivinhar os tempos e as estações (At 1.7), pois
só DEUS sabe o dia e hora (Mt 24.36; Mc 13.32).
III - VIVENDO COM FIDELIDADE
DEUS é fiel e exige fidelidade dos que o buscam. Não há espaço para
dois senhores em nosso coração. Devemos crer em DEUS e em sua Palavra.
1. Definição.
(Gr. pistis, “fidelidade״, “confiabilidade*). O adjetivo pistos é
geralmente traduzido como “fiel”. A palavra pistis é traduzida como
*fidelidade” ou “lealdade” apenas uma vez no NT (Tt 2.10), embora seja possível
que em Gálatas 5.22 ela devesse ser traduzida dessa forma. Em Romanos 3.3, “a
fidelidade de DEUS” expressa a justiça de DEUS.
Há uma possibilidade de que em Lucas 18.8: “Quando, porém, vier o
Filho do Homem, porventura, achará fé na terra”, o significado deva ser
“fidelidade”. Mais duas passagens que trazem a palavra fé – 1Timóteo 6.11: “a
piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão”, e 2 Timóteo 2.22: “Segue a
justiça, a fé, a caridade” - fariam melhor sentido se fossem traduzidas como
“fidelidade”. Em todos os outros usos de pistis no NT o significado parece ser
*fé” ou “a fé” (q.v.). Quando a palavra “fidelidade” é usada em relação a DEUS,
como em Romanos 3.3, o significado é que podemos confiar que DEUS jamais mudará
o seu caráter ou a sua disposição. Ele possui o atributo da “fidelidade”. Em
Tito 2.10; “Mostrando toda a boa lealdade”, os escravos (ou os servos) são exortados
a demonstrar a qualidade da fidelidade. Como cristãos, devemos todos permanecer
fiéis a CRISTO, isto é, termos fidelidade em nossa vida e em nossa fé cristã, e
manifestar “a perseverança dos santos”. Desta maneira também nos tornamos
“dignos de confiança”. (Dicionário Bíblico Wycliffe).
Fidelidade, segundo o Dicionário Houaiss é a "característica
do que é fiel, do que demonstra zelo, respeito por alguém ou algo,
lealdade". Logo podemos afirmar que a fidelidade é a característica de
quem tem fé.
Dentro da perspectiva bíblica, podemos dizer que a fé "é o
firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não
veem" (Hb 11.1).
Nossa fidelidade a DEUS nos ajuda e nos livra da idolatria.
2. A fidelidade de DEUS.
DEUS, como revelado na Bíblia, é vivo e pessoal, e, dessa forma,
possuidor de um caráter determinado. Um ponto central neste caráter é a
fidelidade ou a possibilidade de se ter total dependência dele. A passagem em
Tiago 1.17 apresenta a constância de DEUS, que é a antítese de tudo que é
instável e variável. Um texto muito semelhante é 2 Timóteo 2.13, onde se
declara que a fidelidade de DEUS é corolário da sua auto coerência. Estas
passagens do NT destacam a mesma característica que é metaforicamente
expressada nos textos do AT que chamam o Senhor de Rocha (Dt 32.4, 15,18). Em
outras palavras, o caráter de DEUS é o fundamento sólido e inabalável da
realidade. Desse modo, a sua aliança é inviolável (Dt 7,9), a sua palavra é
mais firme que a estrutura da natureza obediente à lei (Mt 7.24-27; 24.35; Lc
21.33). Pelo fato de DEUS ser fiel, suas promessas são infalivelmente
confiáveis (Hb 10.23). DEUS permanece firme para com os seus compromissos autoimpostos
e leva a cabo os seus acordos autoiniciados. O perdão, portanto, está enraizado
na fidelidade divina (1 Jo 1.9), assim como a vitória de seu povo sobre as mais
duras provações da vida (1 Co 10.13; 1 Pe 4.19), como também a sua perseverança
(1 Ts 5.24).
Como a autorrevelação do caráter divino, JESUS CRISTO é
adequadamente designado como Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), aquele que com
absoluta fidelidade cumpre todas as responsabilidades de Sumo Sacerdote (Hb
2.17), Apóstolo (Hb 3.1,2) e Testemunha (Ap 1.5; 3.14). (Dicionário Bíblico
Wycliffe)
Sendo assim, a segunda vinda de CRISTO é um fato incontestável.
3. A fidelidade como virtude cristã.
Esta qualidade do caráter divino encontra o seu reflexo humano em
homens de fé (Hc 2.4). Como o seu Divino Exemplar, eles manifestam uma firme
confiabilidade em todas as suas obrigações (Mt 25.21; 1 Co 4.2); eles são
tenazmente leais, a ponto de enfrentar o martírio (Ap 2.10). Em resposta à fé,
o ESPÍRITO SANTO produz nos homens este traço de fidelidade (Gl 5.22).
(Dicionário Bíblico Wycliffe)
4. Tempos e estações.
Atos 1.6 - Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe,
dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? 7 - E disse-lhes:
Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu
próprio poder.
A pergunta que os discípulos fizeram a JESUS neste encontro.
Eles se haviam reunido com Ele, como se tivessem consultado uns aos
outros sobre a questão e concordado com a pergunta nemine contradicente – por
unanimidade. Foram em conjunto e lhe apresentaram como a opinião geral de
todos: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? (v. 6).
Há dois modos de entendermos a pergunta:
1. “Com certeza tu não o restaurarás aos atuais governantes de
Israel, aos principais dos sacerdotes e aos anciãos, que te mataram e, para
cumprir esse desígnio, mansamente entregaram o reino a César e se confessaram
seus súditos. O quê? Aqueles que perseguiram a ti e a nós receberão tamanho
poder? Longe de ti seja.”
2. “Com certeza tu o restaurarás agora à nação judaica, contanto
que ela se submeta a ti como seu rei.” Há dois erros nesta pergunta.
(1) A expectativa dos discípulos do reino em si.
Eles pensavam que JESUS restauraria o reino a Israel, quer dizer,
que Ele faria a nação dos judeus tão grandiosa e notável entre as nações como
fora nos dias de Davi e Salomão, de Asa e Josafá. Supunham que, como Siló, Ele
restauraria o cetro a Judá e o legislador (Gn 49.10).
Não estavam de todo errados. JESUS veio também estabelecer seu
Reino no Milênio em cumprimento à Aliança com Davi. JESUS mesmo reinará no
Milênio sobre todos os povos e Israel será totalmente restaurado e as terras
dadas a eles será totalmente deles. terão a preeminência no reinado de CRISTO
na Terra.
É evidente que Não só o reinado de JESUS dali para frente seria só
na Terra, mas também no céu. Por isso mesmo os dois varões de branco se
referiram a vinda em glória, no final da grande tribulação, na qual todo olho o
verá descer sobre o Monte das Oliveiras. Derrotará os exércitos inimigos,
separará bodes para o inferno e ovelhas para fazerem parte de seu reino
milenial.
A tratativa é exclusiva para com os judeus.
Esse conhecimento está reservado ao conhecimento de DEUS como sua
prerrogativa. É o que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (v. 7); está
escondido com Ele. Ninguém mais pode revelar os tempos e as estações futuras.
Estas coisas são conhecidas ao Senhor e não a nós (Atos 15.17,18). Está em seu
poder, em seu exclusivo poder, anunciar o fim desde o princípio, e nisso Ele
prova que é DEUS (Is 46.10). “E ainda que, às vezes, achasse adequado deixar os
profetas do Antigo Testamento conhecer os tempos e as estações (como os
quatrocentos anos da escravidão dos israelitas no Egito e os setenta anos na
Babilônia), não julgou conveniente saberdes os tempos e as estações, nem mesmo
quanto ao tempo que resta para a destruição de Jerusalém, embora estejais
convictos da realização do evento. Ele não disse que não vos informará algo
mais do que vós já sabeis acerca dos tempos e das estações.” Ele fez isso mais
tarde a João, seu servo (Ap 1.1). “Mas Ele estabeleceu pelo seu próprio poder
informar-vos ou não, como julgar adequado”. E o que está revelado naquela
profecia neotestamentária relativa aos tempos e às estações é tão complicado e
difícil de entender, que, quando chega a ocasião de aplicá-la, importa que
lembremos que não nos cabe estar confiantes em determinar os tempos e as
estações.
JESUS determina aos discípulos o trabalho a realizar e, com
autoridade, lhes garante que terão a capacidade de prosseguirem e serem
bem-sucedidos. “Não vos pertence saber os tempos ou as estações. Não vos faria
bem saberdes. Mas isso sabei: Vós recebereis uma virtude espiritual quando o
ESPÍRITO SANTO vier sobre vós, e vós não o recebereis em vão, pois sereis
testemunhas de mim e da minha glória. O testemunho que vós prestareis não será
em vão, pois será recebido aqui em Jerusalém, nos países circunvizinhos e em
todo o mundo” (v. 8). Se JESUS nos torna úteis para sua honra em nossos dias e
geração, que isso nos baste, e não fiquemos desconcertados acerca dos tempos e
das estações vindouras.
1 Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em
DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai,
e do Senhor JESUS CRISTO. 2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo
menção de vós em nossas orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da
vossa fé, do trabalho do amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS
CRISTO, diante de nosso DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa
eleição é de DEUS; 5 - Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em
palavras, mas também em poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como
bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos
nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com
gozo do ESPÍRITO SANTO, 7 - De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis
na Macedônia e Acaia. 8 - Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente
na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS
se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa
alguma; 9 - Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para
convosco, e como dos ídolos vos convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e
verdadeiro. 10 - E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos,
a saber, JESUS, que nos livra da ira futura.
TRÊS VIRTUDE TEOLOGAIS - FÉ, AMOR E PACIÊNCIA DA ESPERANÇA
(Strong Português)
FÉ - πιστις pistis -
1) convicção da verdade de algo, fé; no NT, de uma convicção ou
crença que diz respeito ao relacionamento do homem com DEUS e com as coisas
divinas, geralmente com a ideia inclusa de confiança e fervor santo nascido da
fé e unido com ela.
1a) relativo a DEUS
1a1) a convicção de que DEUS existe e é o criador e governador de
todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em CRISTO
1b) relativo a CRISTO
1b1) convicção ou fé forte e benvinda de que JESUS é o Messias,
através do qual nós obtemos a salvação eterna no reino de DEUS
1c) a fé religiosa dos cristãos
1d) fé com a ideia predominante de confiança (ou confidência) seja
em DEUS ou em CRISTO, surgindo da fé no mesmo
2) fidelidade, lealdade
2a) o caráter de alguém em quem se pode confiar
AMOR - αγαπη agape
1) amor fraterno, de irmão, afeição, boa vontade, amor,
benevolência
2) banquetes de amor
ESPERANÇA - ελπις elpis
1) expectativa do mal, medo
2) expectativa do bem, esperança
2a) no sentido cristão
2a1) regozijo e expectativa confiante da eterna salvação
3) sob a esperança, em esperança, tendo esperança
3a) o autor da esperança, ou aquele que é o seu fundamento
3b) o que se espera
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas
o maior destes é o amor. 1 Coríntios 13:13 - POR QUE?
Porque após sermos arrebatados estaremos com JESUS, então não
precisaremos mais da fé, pois a fé é ver antes de acontecer, mas lá já
estaremos com JESUS e já não precisaremos mais da fé para crer nele, pois se
vemos não precisamos de fé. A fé nos impulsiona para realizarmos obras para
DEUS. A fé nos impulsiona a buscar e ministrar os dons do ESPÍRITO SANTO com o
objetivo de ganharmos almas e ajudarmos aos irmãos. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
SÓ OPERAM SE O INSTRUMENTO USADO (O CRENTE) AMAR AOS QUE VÃO RECEBER A AÇÃO DOS
DONS. POR ISSO MESMO A FALTA DO DONS DO ESPÍRITO SANTO EM NOSSOS DIAS.
"Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais", 1 Coríntios
14:1a
Após o arrebatamento seremos perfeitos e não precisaremos mais dos
dons, pois ninguém mais precisará de ser curado ou de ouvir uma mensagem de
DEUS, estaremos para sempre com Ele. "E DEUS limpará de seus olhos toda
lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as
primeiras coisas são passadas". Apocalipse 21:4
A esperança não será mais necessária, pois o que esperávamos já
aconteceu, neste tempo, já fomos arrebatados e nos encontramos com JESUS,
portanto a esperança não será mais necessária. pois Já teremos alcançado o que
esperávamos. "Porque, em esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se
vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará?" Romanos 8:24
JÁ O AMOR É ETERNO, POIS SEMPRE AMAREMOS A JESUS, PORTANTO O AMOR
NUNCA ACABA E NUNCA DEVE DEIXAR DE EXISTIR EM NÓS.
"conservai a vós mesmos no amor de DEUS, esperando a
misericórdia de nosso Senhor JESUS CRISTO, para a vida eterna". Judas 1:21
Dedicatória e Saudação Apostólica - 1 Tessalonicenses 1:1 -
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (falta correção e
acréscimos do Pr Henrique)
Nessa introdução, temos:
I
A dedicatória, em que temos:
1. As pessoas que escreveram essa epístola. Paulo era o apóstolo
inspirado e escritor da epístola, embora não tenha mencionado o seu apostolado,
que não foi questionado pelos Tessalonicenses, nem contrariado por qualquer
falso apóstolo no meio deles. Ele incorpora Silvano (ou Silas) e Timóteo com
ele (que tinha voltado a ele com um relato da prosperidade das igrejas na
Macedônia). Isso mostra a humildade deste grande apóstolo e o desejo de honrar
os ministros de CRISTO que tinham uma posição ou reputação inferior. Esse é um
bom exemplo para ministros que estão numa posição superior e têm maior
prestígio na igreja do que alguns outros.
2. As pessoas a quem essa epístola foi escrita, a saber, a igreja
dos Tessalonicenses, os judeus e gentios convertidos em Tessalônica. Lemos que
essa igreja estava em DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO: eles tinham
comunhão com o Pai, e seu Filho JESUS CRISTO (1 Jo 1.3). Eles eram uma igreja
cristã, porque criam em DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO. Eles criam nos
princípios da religião natural e revelada. Os gentios se voltaram dos ídolos
para DEUS, e os judeus criam que JESUS era o Messias prometido. Todos eles eram
devotados e dedicados a DEUS, o Pai, e ao Senhor JESUS CRISTO. DEUS era o bem
maior deles, e JESUS CRISTO, o Senhor e Mediador entre DEUS e o homem. DEUS, o
Pai, é a origem e centro de toda religião natural, e JESUS CRISTO é o autor e centro
de toda religião revelada. Credes em DEUS, diz nosso Salvador, crede também em
mim (Jo 14.1).
II
A saudação ou bênção apostólica: graça e paz tenhais de DEUS, nosso
Pai, e do Senhor JESUS CRISTO. Esse é o mesmo conteúdo das outras epístolas.
Graça e paz se completam muito bem; porque a livre graça ou o favor de DEUS é a
origem ou fonte de toda paz e prosperidade que podemos desfrutar; e onde há
disposição graciosa em nós, também podemos esperar ter pensamentos pacíficos em
nosso coração; graça e paz, e todas as bênçãos espirituais, vêm a nós de DEUS,
o Pai, e do Senhor JESUS CRISTO; de DEUS, a fonte de todo bem, e do Senhor
JESUS, aquele que adquiriu todo o bem para nós; de DEUS em CRISTO, e, assim,
nosso Pai em aliança, porque Ele é o DEUS e Pai do nosso Senhor JESUS CRISTO.
Observe: Como todo bem vem de DEUS, mas de DEUS em CRISTO. E o melhor bem pode
ser esperado de DEUS como nosso Pai, por causa de CRISTO.
Ações de Graças a DEUS. O Sucesso do Ministério do Apóstolo - 1
Tessalonicenses 1:2-5
I
O apóstolo inicia com ações de graças a DEUS. Estando prestes a
mencionar as coisas que lhe davam alegria, e que eram altamente louváveis, além
de conferirem grande benefício para eles, o apóstolo escolhe fazê-lo por meio
de ações de graças a DEUS, que é o autor de todo bem que vem a nós, ou é feito
por nós, a qualquer hora. DEUS é o objeto de toda adoração religiosa, de oração
e de louvor. E ações de graças a DEUS são um grande dever que deve ocorrer
sempre ou constantemente; mesmo quando, na verdade, não damos graças a DEUS por
meio das nossas palavras, deveríamos ter um agradecido senso da bondade de DEUS
em nosso coração. Ações de graças deveriam ser repetidas com frequência; e não
somente deveríamos ser gratos pelos favores que recebemos, mas pelos benefícios
também conferidos aos outros, a nosso próximo e nossos irmãos e irmãs em
CRISTO. O apóstolo agradece não somente por aqueles que eram seus amigos mais
íntimos, ou por aqueles que eram mais favorecidos por DEUS, mas por todos eles.
Talvez, a oração mesos feita na terra seja a de agradecimento.
II
Ele uniu louvor ou ações de graças à sua oração. Quando nós em cada
situação, por oração e súplica, fazemos nossos pedidos a DEUS, devemos
acrescentar ações de graças a elas (Fp 4.6). Assim, quando agradecemos por
qualquer benefício que recebemos, deveríamos juntar a oração. Deveríamos orar
sempre e sem cessar, e deveríamos não só orar por nós mesmos, mas pelos outros
também (intercessão), como os nossos amigos, mencionando-os em nossas orações.
Podemos, às vezes, mencionar seus nomes, e deveríamos mencionar suas
necessidades e condições; ao menos deveríamos ter suas fisionomias e
circunstâncias em nossa mente, lembrando-os sem cessar. Observe: Como há muitas
coisas pelas quais deveríamos ser gratos em nossa vida e na vida de nossos
amigos, assim há muitas oportunidades para a oração constante em relação a
inúmeras necessidades. Quando oramos devemos sentir a dor dos outros.
Interceder é se colocar no lugar de outrem (Empatia).
III
Ele menciona os particulares pelos quais ele estava grato a DEUS; a
saber:
1. Os benefícios redentores conferidos a eles. Esses eram os
fundamentos e motivos da sua gratidão. (1) Sua fé e sua obra de fé. Ele lhes
conta que a fé deles (v. 8) era muito famosa e propagada. Essa é a graça
radical; e a fé deles era uma fé verdadeira e viva, porque era uma fé
operadora. Observe: Onde quer que haja uma fé verdadeira, ela funcionará: ela
terá uma influência no coração e na vida; ela nos fará operar para DEUS e para
nossa própria salvação. Temos consolo em nossa própria fé e na fé dos outros
quando percebemos a obra da fé. Mostra-me a tua fé pelas tuas obras (Tg 2.18).
(2) O amor deles e o trabalho da caridade. A caridade (ou amor) é uma das
graças principais; ela é muito útil nesta vida e permanecerá e será
aperfeiçoada na vida futura. A fé opera pelo amor; ela se mostra no exercício
do amor a DEUS e ao próximo; assim como o amor irá mostrar-se no trabalho, ela
fará com que nos esforcemos na religião. (3) A esperança e a paciência da
esperança. Em esperança somos salvos. Essa graça é comparada com o capacete de
um soldado e a âncora de um marinheiro, e é muito útil em épocas de perigo.
Onde quer que haja uma esperança de vida eterna bem fundada, ela aparecerá pelo
exercício da paciência; em uma conduta paciente das calamidades do tempo presente
e uma espera paciente para a glória a ser revelada. Mas, se esperamos o que não
vemos, com paciência o esperamos (Rm 13.25).
2. O apóstolo não somente menciona essas três graças principais –
fé, esperança e amor –, mas também ressalta: (1) O objeto e a causa eficiente
dessas graças, a saber, nosso Senhor JESUS CRISTO. (2) A sinceridade delas:
estando diante de nosso DEUS e Pai. O grande motivo da sinceridade é a
percepção do olhar de DEUS constante sobre nós. É um sinal de sinceridade
quando em tudo que fazemos nos esforçamos para sermos aprovados por DEUS e
fazermos o que é justo aos olhos de DEUS. A obra da fé, ou o trabalho da
caridade, ou a paciência da esperança são sinceras quando são realizadas
debaixo dos olhos de DEUS. (3) Ele menciona a fonte de onde essas graças fluem,
a saber, o amor eletivo de DEUS: sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é
de DEUS (v. 4). Desse modo, ele sobe essas correntes até a fonte, que era a
eleição eterna de DEUS. Alguns, pela sua eleição de DEUS, entendiam apenas a
separação temporária dos Tessalonicenses dos judeus e gentios descrentes na sua
conversão; mas isso era conforme o propósito eterno daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.11). Ao falar a respeito da
eleição deles, ele os chama de amados irmãos; porque a fonte da irmandade entre
os cristãos e a relação na qual se encontram mutuamente é a eleição. Esse é um
bom motivo para amarmos uns aos outros, porque somos todos amados de DEUS. A
eleição desses Tessalonicenses era conhecida pelos apóstolos, e, portanto,
podia ser conhecida por eles mesmos, por causa dos frutos e efeitos dela – sua
sincera fé, esperança e amor, pela pregação bem-sucedida do evangelho no meio
deles. Observe: [1] Todos aqueles que na plenitude do tempo são chamados e
santificados foram eleitos e escolhidos para a salvação. [2] A eleição de DEUS
é de acordo com a sua boa vontade e mera graça, não por causa de qualquer
mérito daqueles que são escolhidos. [3] A eleição de DEUS pode ser conhecida
pelos frutos dela. [4] Sempre que agradecemos a DEUS por sua graça em nós ou em
outros, deveríamos subir as correntes até a fonte, e agradecer a DEUS por seu
amor eletivo, por meio do qual somos feitos diferentes. DEUS, em sua
presciência, viu no futuro nossa conversão (para DEUS é tudo presente), então
nos elegeu nele.
3. Outro motivo da gratidão do apóstolo é o sucesso do seu
ministério no meio deles. Ele estava pessoalmente grato, assim como por eles,
pelo fato de não ter trabalhado em vão. Ele tinha o selo e a evidência do seu
apostolado por meio disso e um grande alento em seus esforços e sofrimentos. A
pronta aceitação deles e o recebimento do evangelho que pregava a eles era uma
clara evidência de que realmente se converteram. Ele nota isso com gratidão:
(1) Pelo fato de o evangelho ter vindo a eles não somente em palavra, mas em
poder; eles não somente ouviram o som dele, mas se submeteram ao poder dele. Os
dons do ESPÍRITO SANTO operaram entre eles. O evangelho não somente fez cócegas
nos ouvidos ou satisfez os seus caprichos, não meramente encheu a cabeça deles com
idéias e distraiu sua mente por um tempo, mas afetou o coração deles também.
Sempre que o evangelho vem em poder, ele deve ser atribuído à
operação do ESPÍRITO SANTO; e, a não ser que o ESPÍRITO de DEUS acompanhe a
palavra de DEUS, para torná-la eficaz pelo seu poder, ela não passará de letra
morta; e a letra mata, é o ESPÍRITO que dá vida. O evangelho veio a eles em
muita certeza. Assim, eles o receberam pelo poder do ESPÍRITO SANTO. Eles
estavam plenamente convencidos da verdade dele, de forma que não seriam
facilmente abalados na mente pelas objeções e dúvidas; eles estavam dispostos a
deixar tudo por CRISTO e arriscar sua alma e sua condição perpétua pela
veracidade da revelação do evangelho. Eles ouviam sobre JESUS, mas também viam
JESUS em ação. A palavra não era para eles semelhante aos sentimentos de alguns
filósofos acerca de questões de opinião e especulação duvidosa, mas o objeto da
sua fé e certeza. Os Tessalonicenses conheciam o tipo de homens que os
apóstolos e seus cooperadores eram no meio deles, e o que fizeram a favor
deles, e o sucesso que tiveram. O ESPÍRITO SANTO confirmava isso com sinais,
prodígios e maravilhas. "Os sinais do meu apostolado foram manifestados
entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas". 2
Coríntios 12:12
A Evidência do Sucesso do Apóstolo - 1 Tessalonicenses 1:6-10
Nessas palavras, temos a evidência do sucesso do apóstolo entre os
Tessalonicenses, que era notório e conhecido em diversos lugares. Porque:
I
Eles eram cuidadosos nas suas relações santas para imitar os bons
exemplos dos apóstolos e dos ministros de CRISTO (v. 6). O apóstolo buscou
humilhar-se, não somente para o seu próprio bem, mas para o benefício de
outros, por meio de uma conduta digna da sua doutrina, para que não destruísse
com uma mão o que tinha edificado com a outra. Os Tessalonicenses, que
observaram o tipo de homens que estavam no meio deles e como a pregação e o
viver deles estavam em conformidade, mostraram um cuidado consciente em serem
seguidores deles ou imitarem o bom exemplo deles. Com isto, eles também se
tornaram seguidores do Senhor, que é o exemplo perfeito que devemos buscar
imitar; e deveríamos ser seguidores daqueles que são seguidores de CRISTO (1 Co
11.1). Os Tessalonicenses agiram assim, apesar da tribulação a que os apóstolos
e eles próprios eram expostos. Eles estavam dispostos a participar dos
sofrimentos pelo fato de seguirem e confessarem o cristianismo. Eles receberam
o evangelho, apesar das dificuldades e privações que acompanhavam os pregadores
e seus seguidores. Talvez isso tenha tornado a palavra mais preciosa e o
exemplo dos apóstolos brilhava intensamente debaixo das suas tribulações. Por
isso, os Tessalonicenses receberam a palavra com alegria e seguiram o exemplo
dos apóstolos sofredores com júbilo, com gozo do ESPÍRITO SANTO – uma alegria
verdadeiramente sólida, espiritual e duradoura, visto que o ESPÍRITO SANTO é o
inspirador dela. Quando nossas tribulações se tornam abundantes, Ele torna
nossas consolações ainda mais abundantes.
II
O zelo deles prevaleceu de tal modo que se tornaram exemplos para
todos que estavam ao redor deles (vv. 7,8). Observe aqui:
1. O exemplo deles era muito eficaz para deixar uma boa impressão
em muitas pessoas. Eles eram tupoi – selos, ou instrumentos para imprimir. Eles
tinham recebido boas impressões da pregação e da conduta dos apóstolos e eles
deixaram uma boa impressão, e a conduta deles influenciou os outros. Observe:
Os cristãos devem ter o mesmo tipo de conduta para influenciar outras pessoas.
2. O exemplo deles foi muito amplo, ultrapassando os limites de
Tessalônica, a ponto de alcançar os crentes de toda Macedônia, chegando até a
Acaia. Os Filipenses e outros que receberam o evangelho antes dos
Tessalonicenses foram edificados pelo exemplo deles. Observe: Alguns que foram
contratados por último na vinha podem às vezes superar aqueles que vêm antes
deles e tornar-se exemplos para eles.
3. O exemplo deles ficou muito conhecido. A palavra do Senhor, ou
seus efeitos sobre os Tessalonicenses, ressoava, ou era bem conhecida, nas
regiões em volta dessa cidade e em todos os lugares; não estritamente em cada
lugar, mas aqui e ali, para cima e para baixo no mundo: assim que, do bom
sucesso do evangelho entre eles, muitos foram encorajados a aceitá-lo, e
estavam dispostos, quando chamados, a sofrer por ele. A sua fé foi difundida em
todo lugar. (1) A prontidão da sua fé se tornou notória. Esses Tessalonicenses
abraçaram o evangelho tão logo que foi pregado a eles; assim que todos notaram
o tipo de entrada que o apóstolo teve no meio deles, não ocorrendo demora como
em Filipos, onde levou um bom tempo antes que algo bom pudesse ser feito. (2)
Os efeitos da sua fé eram conhecidos. [1] Eles abandonaram sua idolatria. Eles
se afastaram dos seus ídolos e abandonaram toda adoração falsa ensinada a eles.
[2] Eles se entregaram a DEUS, ao DEUS vivo e verdadeiro, e devotaram-se ao seu
serviço. [3] Eles decidiram esperar pelo Filho de DEUS dos céus (v. 10). Uma
das peculiaridades da nossa santa religião é esperar pela segunda vinda de
CRISTO. Aqueles que crêem que Ele virá esperam que virá para a nossa alegria.
Os crentes debaixo do Antigo Testamento esperavam pela vinda do Messias, e os
crentes agora esperam pela sua segunda vinda. Ele está para chegar. E há um bom
motivo para crer que Ele virá, porque DEUS o ressuscitou dos mortos. Essa é uma
garantia para todas as pessoas de que Ele virá para nos levar com Ele. E há um
bom motivo para esperar por essa vinda, porque Ele nos libertou da ira
vindoura. Nos espera uma libertação plena e final do pecado, e da morte, e do
inferno, dessa ira vindoura que virá sobre os incrédulos.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus. Mateus 5:16
E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e
às boas obras, Hebreus 10:24
tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em
que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a DEUS no Dia da
visitação, pelas boas obras que em vós observem. 1 Pedro 2:12
Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra
incorrupção, gravidade, sinceridade, Tito 2:7
FÉ E GRAÇA - (Fé nossa para salvação – Ef 1.13)
Graça é JESUS e sua obra salvífica (Ef 2.8).
Rm 5.21 “Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a
graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por JESUS CRISTO,
nosso Senhor.”
A salvação é um dom da graça de DEUS, mas somente podemos recebê-la
em resposta à fé, do lado humano. Para entender corretamente o processo da
salvação, precisamos entender essas duas palavras: Fé e Graça
FÉ SALVÍFICA. A fé em JESUS CRISTO é a única condição prévia que
DEUS requer do homem para a salvação. A fé não é somente uma confissão a
respeito de CRISTO, mas também uma ação dinâmica, que brota do coração do
crente que quer seguir a CRISTO como Senhor e Salvador (cf. Mt 4.19;
16.24; Lc 9.23-25; Jo 10.4, 27; 12.26; Ap 14.4).
O conceito de fé no NT abrange quatro elementos principais: (a) Fé
significa crer e confiar firmemente no CRISTO crucificado e ressurreto como
nosso Senhor e Salvador pessoal (ver Rm 1.17). Importa em crer de todo coração
(At 8.37; Rm 6.17; Ef 6.6; Hb 10.22), ou seja: entregar a nossa vontade e a
totalidade do nosso ser a JESUS CRISTO tal como Ele é revelado no NT.
Fé inclui arrependimento, i.e., desviar-se do pecado com verdadeira
tristeza (At 17.30; 2Co 7.10) e voltar-se para DEUS através de CRISTO. Fé
salvífica é sempre fé mais arrependimento (At 2.37,38; ver Mt 3.2).
A fé inclui obediência a JESUS CRISTO e à sua Palavra, como maneira
de viver inspirada por nossa fé, por nossa gratidão a DEUS e pela obra
regeneradora do ESPÍRITO SANTO em nós (Jo 3.3-6; 14.15, 21-24; Hb 5.8,9). É a
“obediência que provém da fé” (Rm 1.5). Logo, fé e obediência são inseparáveis
(cf. Rm 16.26). A fé salvífica sem uma busca dedicada da santificação é
ilegítima e impossível.
A fé inclui sincera dedicação pessoal e fidelidade a JESUS CRISTO,
que se expressam na confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no
seu sentido mais elevado, não se diferencia muito do amor. É uma atividade
pessoal de sacrifício e de abnegação para com CRISTO (cf. Mt 22.37; Jo
21.15-17; At 8.37; Rm 6.17; Gl 2.20; Ef 6.6; 1Pe 1.8).
A fé em JESUS como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um
único momento, como uma atitude contínua para a vida inteira, que precisa
crescer e se fortalecer (ver Jo 1.12). Porque temos fé numa Pessoa real e única
que morreu por nós (Rm 4.25; 8.32; 1Ts 5.9,10), nossa fé deve crescer (Rm 4.20;
2Ts 1.3; 1Pe 1.3-9). A confiança e a obediência transformam-se em fidelidade e
devoção (Rm 14.8; 2Co 5.15); nossa fidelidade e devoção transformam-se numa
intensa dedicação pessoal e amorosa ao Senhor JESUS CRISTO (Fp 1.21; 3.8-10;
ver Jo 15.4; Gl 2.20).
GRAÇA. No AT DEUS revelou-se como o DEUS da graça e misericórdia,
demonstrando amor para com o seu povo, não porque este merecesse, mas por causa
da fidelidade de DEUS à sua promessa
feita a Abraão, Isaque e Jacó (ver Êx 6.9). Os escritores bíblicos
dão prosseguimento ao tema da graça como sendo a presença e o amor de DEUS em
CRISTO JESUS, transmitidos aos crentes pelo ESPÍRITO SANTO, e que lhes outorga
misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de DEUS (Jo 3.16; 1Co
15.10; Fp 2.13;
1Tm 1.15,16). Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até
o fim, depende desta graça divina.
DEUS concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos
(1Co 1.4; 15.10), a fim de poderem crer no Senhor JESUS CRISTO (Ef 2.8,9; Tt
2.11; 3.4).
DEUS concede graça ao crente para que seja “liberto do pecado” (Rm
6.20, 22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua
boa vontade” (Fp 2.13; cf. Tt 2.11,12; ver Mt 7.21), para orar (Zc 12.10), para
crescer em CRISTO (2Pe 3.18) e para testemunhar de CRISTO (At 4.33; 11.23).
Devemos diligentemente desejar e buscar a graça de DEUS (Hb 4.16).
Alguns dos meios pelos quais o crente recebe a graça de DEUS são: estudar as
Escrituras Sagradas e obedecer aos seus preceitos (Jo 15.1-11; 20.31; 2Tm
3.15), ouvir a proclamação do evangelho (Lc 24.47; At 1.8; Rm
16; 1Co 1.17,18), orar (Hb 4.16; Jd v. 20), jejuar (cf. Mt 4.2;
6.16), adorar a CRISTO (Cl 3.16); estar continuamente cheio do ESPÍRITO SANTO
(cf. Ef 5.18) e participar da Ceia do Senhor (cf. At 2.42; ver Ef 2.9).
A graça de DEUS pode ser resistida (Hb 12.15), recebida em vão (2Co
6.1), apagada (1Ts 5.19), anulada (Gl 2.21) e abandonada pelo crente (Gl 5.4).
1 Tessalonicenses 1.1-10
1 - Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em
DEUS, o Pai, e no Senhor JESUS CRISTO; graça e paz tenhais de DEUS, nosso Pai,
e do Senhor JESUS CRISTO. 2 - Sempre damos graças a DEUS por vós todos, fazendo
menção de vós em nossas orações, 3 - Lembrando-nos, sem cessar, da obra da
vossa fé, do trabalho do amor e da paciência da esperança em nosso Senhor JESUS
CRISTO, diante de nosso DEUS e Pai, 4 - Sabendo, amados irmãos, que a vossa
eleição é de DEUS; 5 - Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em
palavras, mas também em poder, e no ESPÍRITO SANTO, e em muita certeza, como
bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. 6 - E vós fostes feitos
nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com
gozo do ESPÍRITO SANTO, 7 - De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis
na Macedônia e Acaia. 8 - Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente
na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com DEUS
se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa
alguma; 9 - Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para
convosco, e como dos ídolos vos convertestes a DEUS, para servir ao DEUS vivo e
verdadeiro. 10 - E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos,
a saber, JESUS, que nos livra da ira futura.
I. SAUDAÇÃO (1.1) - Comentário - NVI (FFBruce)
Acerca de Paulo, Silvano e Timóteo, v. antes. (Silvano era o nome
em latim equivalente a Silas.). A descrição da igreja como dos tessalonicenses
e em DEUS Pai e no Senhor JESUS CRISTO é singular, talvez um sinal de
que o apóstolo ainda não tinha formado o seu estilo. Hogg e Vine comentam:
“A primeira parte distingue a assembleia de Tessalônica como não pagã, a
segunda como não-judaica”. Enquanto “em CRISTO” é comumente usado
para mostrar a completa união do crente com seu Salvador, em DEUS
é usado raramente (Cl 3.3). Seu uso aqui é um forte testemunho
incidental da fé que a igreja primitiva tinha na plena divindade do Filho.
II. GRATIDÃO PELA IGREJA DE TESSALÔNICA (1.2-10)
v. 2. As dificuldades que estava experimentando em Corinto serviram
para aumentar a alegria de Paulo na fé inabalável dos convertidos em
Tessalônica. continuamente (v. 3): Pode qualificar mencionando-os ou
Lembramos. Provavelmente se refere a ambos. v. 3. fé [...] amor [...]
esperança. Com frequência associados na igreja apostólica (5.8; Rm
5.2-5; 1Co 13.13; G1 5.5,6; Cl 1.4,5; Hb 6.10-12; 10.22-24; IPe 1.21,22).
esforço: A palavra sugere labor penoso; o amor é custoso,
perseverança. Ativa, enquanto a “paciência” (ARC) é passiva. Ela resulta
da esperança dos cristãos em CRISTO (Cl 1.26). diante de [...] Par.
Seria mais natural colocar essa expressão (em concordância com o
gr.) no final desse versículo.
v. 4-10. A reação inicial dos tessalonicenses ao evangelho, v. 4,5.
A livre pregação do evangelho revela aqueles que DEUS escolheu. Aqui, como em
outros textos, a eleição é resultante do amor de DEUS. A eleição para a
condenação (a “dupla predestinação”) não é encontrada no NT, por lógica
que possa parecer. Romanos 9.2 lsso é hipotético; é significativo que
Paulo não mencione a doutrina. o nosso evangelho, “o evangelho que pregamos”. O
poder experimentado não resultou da eloquência (1Co 1.17), nem da personalidade
(2Co 10.10), nem de espíritos maus, mas do ESPÍRITO SANTO, plena
convicção. A mesma palavra (plêroforia) ocorre em Cl 2.2; Hb 6.11; 10.22.
Aqui se refere à liberdade sentida pelos pregadores, v. 5b. Aponta para
2.3-12. v. 6. vocês se tomaram nossos imitadores. Cf. 1Co 4.16; 11.1.
O aoristo indica um momento decisivo, enquanto o vocês enfático
ressalta que a eleição dos tessalonicenses foi mostrada na experiência
deles como na dos pregadores.
A palavra. Aqui, como na maioria das vezes no NT, o evangelho,
sofrimento. Cf. At 17.1-10; 14.22. alegria. Parte da colheita do
ESPÍRITO (G1 5.22), que capacita os crentes a se alegrar apesar das
provações, ou até por causa delas (Jo 16.22; Rm 5.3-5; IPe 4.13). v.
7. modelo. Typos originariamente significa uma marca (Jo 20.25), depois
uma imagem (At 7.43), e assim um padrão (Hb 8.5).
Macedônia e Acaia. Essas duas províncias compunham o todo da
Grécia, v. 8-10.
Propagou-se a mensagem do Senhor. O verbo está no perfeito,
indicando que o processo continua. A mensagem propagou-se a partir deles,
por toda a Grécia, amparada, sem dúvida, pela posição estratégica de
Tessalônica. Paulo nunca precisou falar da fé heroica deles
(2.14), pois a história da missão em Tessalônica está na boca dos
cristãos em todos os lugares.
Priscila e Áquila tinham chegado a Corinto vindos de Roma
recentemente; cf. At 18.2.
Morris sugere que a ausência de vocabulário paulino nos v. 9,10
mostra que Paulo está usando a terminologia comum da igreja apostólica.
...se voltaram. “A conversão sempre é o ato voluntário do indivíduo como
resposta à apresentação da verdade” (Hogg e Vine).
deixando os ídolos. O tessalonicenses eram na maioria gentios.
Cf. a pregação de Paulo em Listra (At 14.15ss). a fim de servir. Como
escravos, com total devoção, ao DEUS vivo-. Um termo do AT contrastando
Javé com os ídolos que não podem fazer nada (Is 41.23,24). verdadeiro.
Não alêthês (verídico), mas alêthinos (genuíno), como em 1Jo
1.9 etc.
Novamente Paulo se refere à esperança cristã, que
está arraigada na ressurreição de JESUS CRISTO,
livra. Um particípio sem definição de tempo, equivalente a
“aquele que liberta”, “o libertador” (cf. Rm 11.26).
há de vir. Um particípio presente que destaca a
inevitabilidade da ira. A luz da referência geral do NT à ira como
sendo o antagonismo total de DEUS ao pecado, parece inadequado limitá-la
aqui somente ao juízo final.
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO - CPAD
O apóstolo mostra que a expressão suprema desse amor é a
crucificação de JESUS no Calvário, seu doloroso sacrifício.
O exemplo da igreja de Tessalônica nos ensina que a esperança
cristã traz alegria ao coração de quem está suportando grandes tribulações e
adversidades por amor a CRISTO.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 11, O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-11-o-zelo-do-apostolo.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-11-o-zelo-do-apostolo.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-11-o-zelo-do-apstolo-paulo-pela-s-doutrina-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv-americana-sp
https://www.youtube.com/watch?v=R2pD1-qvdto - Vídeo desta Lição
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Timóteo 6.3-6,11; 2 Timóteo 3.14-17
1 Timóteo 6
3 - Se alguém ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma com as
sãs palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO e com a DOUTRINA que é segundo a
piedade, 4 - é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas
de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,5 -
contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando
que a piedade seja causa de ganho. Aparta-te dos tais. 6 - Mas é grande ganho a
piedade com contentamento. 11 - Mas tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas e
segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.
2 Timóteo 3
14 - Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste
inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. 15 - E que, desde a tua meninice,
sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que
há em CRISTO JESUS. 16 - Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça. 17 - para que
o homem de DEUS seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.
Comentários da BEP - CPAD
6.3 DOUTRINA QUE É SEGUNDO A PIEDADE. Qualquer mensagem que não
provém do Senhor JESUS CRISTO e que não contém em si um veemente apelo à
piedade e à santidade, é um evangelho diferente daquele que é apresentado no
NT.
6.5 HOMENS CORRUPTOS DE ENTENDIMENTO. Paulo volta ao assunto dos
falsos mestres (cf. 1Tm 1.3 ss), e informa a Timóteo qual deve ser seu conceito
de tais homens. A indiferença atual ante as doutrinas antibíblicas é um
flagrante desvio da atitude apostólica e desprezo às admoestações claras dadas
nesta epístola e nas demais do NT (cf. Gl 1.9).
6.6 É GRANDE GANHO A PIEDADE. Os falsos mestres em Éfeso praticavam
exteriormente a "piedade" a fim de obterem grandes lucros. Eram
impulsionados por uma motivação oculta de cobiça, e ensinavam que suas riquezas
eram um sinal de que DEUS aprovava seus ensinos.
Resumo da Lição 11, O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina
I – ORTODOXIA VERSUS HETERODOXIA
1. Dois termos técnicos importantes.
2. Conceito de ortodoxia.
3. Conceito de heterodoxia.
II – A AMEAÇA DE CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA
1. A advertência do apóstolo.
2. Quais eram os problemas de ordem doutrinária?
3. Fábulas e genealogias intermináveis (1 Tm 1.4).
III – A IGREJA COMO GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA
1. A Igreja é “coluna e firmeza da verdade”.
2. O objetivo do zelo pela sã DOUTRINA.
3. A primazia do amor.
Referências a DOUTRINA
Deuteronômio 32.1-4 - 1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e
ouça a terra as palavras da minha boca. 2 Goteje a minha DOUTRINA como a chuva,
destile o meu dito como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de
água sobre a relva. 3 Porque apregoarei o nome do SENHOR; dai grandeza a nosso
DEUS. 4 Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo
são; DEUS é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.
Provérbios 4.1 Ouvi, filhos, a correção do pai e estai atentos para
conhecerdes a prudência. 2 Pois dou-vos boa DOUTRINA; não deixeis a minha lei.
3 Porque eu era filho de meu pai, tenro e único em estima diante de minha mãe.
4 E ele ensinava-me e dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu coração;
guarda os meus mandamentos e vive. 5 Adquire a sabedoria, adquire a
inteligência e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca.
Provérbios 13.14 A DOUTRINA do sábio é uma fonte de vida para
desviar dos laços da morte.
Isaías 29.24 E os errados de espírito virão a ter entendimento, e
os murmuradores aprenderão DOUTRINA.
Mateus 7.28 E aconteceu que, concluindo JESUS este discurso, a
multidão se admirou da sua DOUTRINA, 29 porquanto os ensinava com autoridade e
não como os escribas.
Mateus 15.8 Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu
coração está longe de mim. 9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos dos homens (DOUTRINA ruim).
Mateus 16.12 Então, compreenderam que não dissera que se guardassem
do fermento do pão, mas da DOUTRINA dos fariseus (DOUTRINA ruim).
Mateus 22.29 JESUS, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de DEUS. 30 Porque, na ressurreição, nem
casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu. 31 E, acerca
da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que DEUS vos declarou, dizendo:
32 Eu sou o DEUS de Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó? Ora, DEUS não é
DEUS dos mortos, mas dos vivos. 33 E, as turbas, ouvindo isso, ficaram
maravilhadas da sua DOUTRINA.
Marcos 1.27 E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si,
dizendo: Que é isto? Que nova DOUTRINA é esta? Pois com autoridade ordena aos
espíritos imundos, e eles lhe obedecem! 28 E logo correu a sua fama por toda a
província da Galileia.
Marcos 4.2 E ensinava-lhes muitas coisas por parábolas e lhes dizia
na sua DOUTRINA:
Lucas 4.31 E desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava
nos sábados. 32 E admiravam-se da sua DOUTRINA, porque a sua palavra era com
autoridade.
João 7.16 JESUS respondeu e disse-lhes: A minha DOUTRINA não é
minha, mas daquele que me enviou. 17 Se alguém quiser fazer a vontade dele,
pela mesma DOUTRINA, conhecerá se ela é de DEUS ou se eu falo de mim mesmo.
João 18.19 E o sumo sacerdote interrogou JESUS acerca dos seus
discípulos e da sua DOUTRINA. 20 JESUS lhe respondeu: Eu falei abertamente ao
mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se
ajuntam, e nada disse em oculto.
Atos 2.42 E perseveravam na DOUTRINA dos apóstolos, e na comunhão,
e no partir do pão, e nas orações. 43 Em cada alma havia temor, e muitas
maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
Atos 5.28 Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis
nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa DOUTRINA e quereis lançar
sobre nós o sangue desse homem.
Atos 13.12 Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu,
maravilhado da DOUTRINA do Senhor.
Atos 17.19 E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos
nós saber que nova DOUTRINA é essa de que falas?
Romanos 6.17 Mas graças a DEUS que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de DOUTRINA a que fostes entregues.
Romanos 16.17 E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem
dissensões e escândalos contra a DOUTRINA que aprendestes; desviai-vos deles.
18 Porque os tais não servem a nosso Senhor JESUS CRISTO, mas ao seu ventre; e,
com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos símplices.
1 Coríntios 14.6 E, agora, irmãos, se eu for ter convosco falando
línguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da
revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da DOUTRINA?
1 Coríntios 14.26 Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais,
cada um de vós tem salmo, tem DOUTRINA, tem revelação, tem língua, tem
interpretação. Faça-se tudo para edificação.
Efésios 4.14 para que não sejamos mais meninos inconstantes,
levados em roda por todo vento de DOUTRINA, pelo engano dos homens que, com
astúcia, enganam fraudulosamente. 15 Antes, seguindo a verdade em caridade,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, CRISTO, (DOUTRINA ruim)
Efésios 6.4 E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas
criai-os na DOUTRINA e admoestação do Senhor.
Colossenses 2. 20 Se, pois, estais mortos com CRISTO quanto aos
rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se
vivêsseis no mundo, 21 tais como: não toques, não proves, não manuseies? 22 As
quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos
homens; 23 as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção
voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum,
senão para a satisfação da carne. (DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 1.3 Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que
ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra DOUTRINA, 4
nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem
questões do que edificação de DEUS, que consiste na fé; assim o faço agora.
(DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 1.8 Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa
legitimamente, 9 sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os
injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e
irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, 10 para os
fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os
mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã DOUTRINA,
1 Timóteo 4.1 Mas o ESPÍRITO expressamente diz que, nos últimos
tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a
doutrinas de demônios, 2 pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo
cauterizada a sua própria consciência, 3 proibindo o casamento e ordenando a
abstinência dos manjares que DEUS criou para os fiéis e para os que conhecem a
verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; 4 porque toda criatura de
DEUS é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, 5
porque, pela palavra de DEUS e pela oração, é santificada. (DOUTRINA ruim)
1 Timóteo 4.6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom
ministro de JESUS CRISTO, criado com as palavras da fé e da boa DOUTRINA que
tens seguido. 7 Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti
mesmo em piedade. 8 Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a
piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há
de vir.
1 Timóteo 4.15 Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu
aproveitamento seja manifesto a todos. 16 Tem cuidado de ti mesmo e da
DOUTRINA; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a
ti mesmo como aos que te ouvem.
1 Timóteo 5.17 Os presbíteros que governam bem sejam estimados por
dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na
DOUTRINA. 18 Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E:
Digno é o obreiro do seu salário.
1 Timóteo 6.1 Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a
seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de DEUS e a DOUTRINA
não sejam blasfemados. 2 E os que têm senhores crentes não os desprezem, por
serem irmãos; antes, os sirvam melhor, porque eles, que participam do
benefício, são crentes e amados. Isto ensina e exorta.
1 Timóteo 6.3 Se alguém ensina alguma outra DOUTRINA e se não
conforma com as sãs palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO e com a DOUTRINA que
é segundo a piedade, 4 é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e
contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins
suspeitas, 5 contendas de homens corruptos de entendimento e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho. Aparta-te dos tais.
2 Timóteo 3.10 Tu, porém, tens seguido a minha DOUTRINA, modo de
viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência, 11 perseguições e
aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas
perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou.
2 Timóteo 4.2 que pregues a palavra, instes a tempo e fora de
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e DOUTRINA. 3
Porque virá tempo em que não sofrerão a sã DOUTRINA; mas, tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
4 e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. 5 Mas tu sê sóbrio em
tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério.
Tito 1.7 Porque convém que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro da casa de DEUS, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; 8 mas dado à hospitalidade, amigo
do bem, moderado, justo, santo, temperante, 9 retendo firme a fiel palavra, que
é conforme a DOUTRINA, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã
DOUTRINA como para convencer os contradizentes.
Tito 2.1 Tu, porém, fala o que convém à sã DOUTRINA.
Tito 2.6 Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados. 7
Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na DOUTRINA, mostra incorrupção,
gravidade, sinceridade, 8 linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário
se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. 9 Exorta os servos a que
se sujeitem a seu senhor e em tudo agradem, não contradizendo, 10 não
defraudando; antes, mostrando toda a boa lealdade, para que, em tudo, sejam
ornamento da DOUTRINA de DEUS, nosso Salvador.
Hebreus 6.1 Pelo que, deixando os rudimentos da DOUTRINA de CRISTO,
prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do
arrependimento de obras mortas e de fé em DEUS, 2 e da DOUTRINA dos batismos, e
da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. 3 E
isso faremos, se DEUS o permitir.
Hebreus 13.9 Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e
estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça e não com
manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram. (DOUTRINA
ruim)
2 João 1.9 Todo aquele que prevarica e não persevera na DOUTRINA de
CRISTO não tem a DEUS; quem persevera na DOUTRINA de CRISTO, esse tem tanto o
Pai como o Filho. 10 Se alguém vem ter convosco e não traz esta DOUTRINA, não o
recebais em casa, nem tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda tem parte nas
suas más obras.
Apocalipse 2.14, Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque
tens lá os que seguem a DOUTRINA de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar
tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios da
idolatria e se prostituíssem. 15 Assim, tens também os que seguem a DOUTRINA
dos nicolaítas, o que eu aborreço. 16 Arrepende-te, pois; quando não, em breve
virei a ti e contra eles batalharei com a espada da minha boca. (DOUTRINA ruim)
Apocalipse 2.24, Mas eu vos digo a vós e aos restantes que estão em
Tiatira, a todos quantos não têm esta DOUTRINA e não conheceram, como dizem, as
profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei. 25 Mas o que tendes,
retende-o até que eu venha.
CAPÍTULO 1 - DOUTRINA - TEOLOGIA SISTEMÁTICA -
Govaski (com algumas modificações do Pr. Henrique)
CONCEITO DE DOUTRINA:
Doutrinar é ensinar as verdades fundamentais da Bíblia,
organizadamente.
É o conjunto de princípios que servem de base ao cristianismo,
compreendendo desde o ensinamento, pregação, opinião das lideranças religiosas,
desde que embasadas em Textos de obras Bíblicas escritas, como Regra de fé,
preceito de comportamento e norma de conduta social, referente a DEUS, a JESUS,
ao ESPÍRITO SANTO e Salvação.
CONCEITO DE DOUTRINA NO ANTIGO TESTAMENTO:
Doutrina (hebraico ”xql Ieqach”) - (Dt. 32:2; Pv.4:2; Pv.9:9; Pv.
13:14) - ensinamento, ensino, percepção, capacidade de persuasão. Palavra
proveniente de laqach, que significa tomar, pegar, buscar, segurar, apanhar,
receber, adquirir, comprar, trazer, casar, tomar esposa, arrebatar, tirar,
carregar embora, tomar em casamento.
A DOUTRINA escorrerá suavemente em todos os lugares. Além disso, é
uma boa lei que dá instrução ao sábio e ensina aos justos uma fonte de vida e
como se desviar dos laços da morte.
Doutrina (hebraico ”hrwt towrah ou hrt torah”) - (Is. 28:9;
Is.29:24) - lei, orientação, instrução, orientação (humana ou divina), conjunto
de ensino profético na era messiânica de orientações ou instruções sacerdotais
legais, referente aos costumes e hábitos.
Palavra oriunda de yarah que significa lançar, atirar, jogar,
derramar, como lançar flechas, jogar água, atirar, apontar, mostrar, dirigir,
ensinar, instruir.(Ter uma direção definida).
Ela dá entendimento aos errados de espírito e é um aprendizado aos
murmuradores.
CONCEITO DE DOUTRINA NO NOVO TESTAMENTO:
Doutrina (grego “didach didache”) - (Mc. 1:22; Lc. 4:32; At.2:42;
Rm. 6:17) ensino, DOUTRINA, instrução nas assembleias religiosas dos cristãos,
fazer uso do discurso como meio de ensinar, em distinção de outros modos de
falar em público.
Palavra oriunda de didasko, significando conversar com outros a fim
de instruí-los, pronunciar discursos didáticos; desempenhar o ofício de
professor conduzir-se a dar instrução, explicar ou expor algo a alguém.
Doutrina (grego “didaskalia didaskalia”) - (1 Tm.4:6; 1 Tm.4:16; 1
Tm.6:1; Tt.2:1;Tt.2:10) - ensino, instrução, preceitos; palavra oriunda de
didaskalos - No NT, alguém que ensina a respeito das coisas de DEUS, e dos
deveres do homem; como os mestres da religião judaica, que pelo seu imenso
poder como mestres atraem multidões, como João Batista.
JESUS, pela sua autoridade, refere-se a si mesmo como aquele que
mostrou aos homens o caminho da salvação e como os apóstolos Barnabé e Paulo,
que, nas assembleias religiosas dos cristãos, encarregavam-se de ensinar,
assistidos pelo SANTO ESPÍRITO contra os falsos mestres entre os cristãos.
Doutrina (grego “logov logos ”) - (Hb. 6:1) - Ato da palavra,
proferida a viva voz, que expressa uma concepção ou ideia dos ditos de DEUS,
envolvendo seus decretos, mandatos ou ordens dos preceitos morais dados por
DEUS, como as profecias do Antigo Testamento dadas pelos profetas, bem como
narrativas de assuntos em discussão, com respeito à mente em si, razão, a
faculdade mental do pensamento, meditação e raciocínio.
Em João, denota a essencial Palavra de DEUS, JESUS CRISTO, a
sabedoria e poder pessoais em união com DEUS. Denota seu ministro na criação e
governo do universo, a causa de toda a vida do mundo, tanto física quanto
ética, que para a obtenção da salvação do ser humano, revestiu-se da natureza
humana na pessoa de JESUS, o Messias, a segunda pessoa na Trindade, anunciado
visivelmente através suas palavras e obras.
Este termo era familiar para os judeus e na sua literatura muito
antes que um filósofo grego chamado Heráclito fizesse uso do termo Logos, por
volta de 600 a.C., para designar a razão ou plano divino que coordena um
universo em constante mudança.
Era palavra apropriada para o objetivo de João 1:1 - No princípio,
era o Verbo, e o Verbo estava com DEUS, e o Verbo era DEUS. João 1:1 - Quem
prega outro JESUS, irá sofrer (2 Co. 11:4)
CARACTERÍSTICAS DA DOUTRINA DE CRISTO:
O bom Ministro é o criado na fé e na Doutrina (1Tm.4:6)
É vinda de DEUS (Jo.7:16);
Pode ser provada como verdadeira (Jo.7:17);
Deve ser perseverada (At.2:42);
Deve ser obedecida de coração (Rm.6: 17);
Temos que cuidar dela para nossa salvação (1Tm.4:16);
Indica modo de vida na fé (2Tm.3:10);
Convence contradizentes (Tt.1:9);
Deve ter incorrupção, seriedade e sinceridade (Tt.2:7), levando à
perfeição em CRISTO (Hb.6:1).
QUANTO ÀS FALSAS DOUTRINAS DA ÉPOCA DE JESUS CRISTO E O ALERTA À
IGREJA CRISTÃ:
Os judeus se maravilhavam da DOUTRINA de JESUS pois Ele ensinava
com autoridade, mas eram advertidos contra a DOUTRINA dos Fariseus e dos
Saduceus: Mas quem ultrapassa a DOUTRINA, não tem DEUS (2 Jo.1:9-10).
DOUTRINA DOS FARISEUS - grego “farisaiov Pharisaios ”
Chamados Separados - Reconheciam na tradição oral um padrão de fé e
vida.
Procuravam reconhecimento e mérito pela observância externa de
ritos e formas de piedade, como lavagens cerimoniais jejuns, orações e esmolas.
Mas negligenciavam a genuína piedade, orgulhavam-se em suas boas obras.
Mantinham de forma persistente a fé na existência de anjos bons e
maus, e na vinda do Messias; e tinham esperança de que os mortos, após uma
experiência preliminar de recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente
chamados à vida por ele, e seriam recompensados, cada um de acordo com suas
obras individuais.
Em oposição à dominação de Herodes e do governo romano, eles de
forma decisiva sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham grande
influência entre o povo comum.
De acordo com Josefo, eram mais de 6000.
Eram inimigos de JESUS e sua causa; foram, por outro lado,
duramente repreendidos por ele por causa da sua avareza, ambição, confiança
vazia nas obras externas, e aparência de piedade a fim de ganhar popularidade.
DOUTRINA DOS SADUCEUS - grego “saddoukaiov
Saddoukaios ”) = Chamados Justos - Partido religioso judeu da época
de CRISTO, que negava que a lei oral fosse revelação de DEUS aos israelitas, e
que cria que somente a lei escrita era obrigatória para a nação como autoridade
divina. Negavam a ressurreição do corpo, a imortalidade da alma, a existência
de espíritos e anjos, mas afirmavam o livre arbítrio.
OBS: Outro Evangelho, mesmo dito por um anjo, seja maldito (Gl.
1:6-9).
Doutrina(qrego “eterodidaskalew heterodidaskaleo”) - 1Tm.1:3 -
Ensino de outra ou diferente DOUTRINA, desviando-se da verdade.
Há os que provocam divisões e escândalos em desacordo com a
DOUTRINA (Rm.16:17), inventando ventos de doutrinas errôneas (Ef.4:14), sendo
impuros mentirosos (1Tm.1:10). Se alguém ensina outra DOUTRINA diferente da
Palavra, seja maldito (1Tm.6:3-4). Temos que repreender, usando a DOUTRINA pois
não a suportarão (2 Tm.4:2-3).
NECESSIDADE DA DOUTRINA:
Verdade precisa (opinião final): Todas as pessoas têm uma teologia
e os seus atos demonstram suas crenças, pois a vida humana é uma viagem e as
pessoas precisam estar certas do que DEUS lhes planejou. Pode-se ser teólogo
sem ser religioso e ser religioso sem o conhecimento teológico da DOUTRINA.
Essencial para desenvolver o caráter cristão: Sem uma crença firme
e bem definida, que é parte da religião, não haverá crescimento correto, pois
podemos viver a vida dita cristã, sem conhecer a DOUTRINA; mas não haverá
experiências cristãs.
Abrigo contra mentira e erros de interpretação: DEUS é eterno;
homens ignorantes criaram conceitos errôneos, originando males na consciência e
as Doutrinas bíblicas expulsam falsas idéias que conduzem os homens para a
cegueira e perdição.
Necessária para ensinar a Palavra Divina: A Bíblia fala de muitas
verdades espalhadas nos seus diversos livros, obedecendo o tema JESUS. É
necessário relacionar os diversos temas e organizá-los de maneira a facilitar o
seu estudo.
A DOUTRINA estuda a fé Cristã, sobre a verdade da realidade
espiritual, única, envolvendo a existência de DEUS, a possibilidade dos
milagres, a confiabilidade das escrituras, a divindade de CRISTO, a encarnação
de DEUS em CRISTO e a verdade da Bíblia como a Palavra de DEUS genuína.
DOUTRINA E TEOLOGIA:
TEOLOGIA - Estudo das questões referentes ao conhecimento da
divindade, de seus atributos e relações com o mundo e com os homens, e à
verdade religiosa, expressa na DOUTRINA de CRISTO, que como já dissemos, ensina
as verdades fundamentais da Bíblia, organizadamente.
Teologia é o estudo racional dos textos sagrados, dos dogmas e das
tradições do cristianismo, geralmente ministrados em cursos ou faculdades,
formando os teólogos. É a ciência que trata do nosso conhecimento de DEUS e das
relações com o homem; ciência, pois organiza em sequência lógica fatos
comprovados, podendo aplicar na religião.
Visa entender a revelação, fé e tradição na atual diversidade,
milagres e curas.
ÁREAS DE ESTUDO DA TEOLOGIA:
Teologia Fundamental - Analisa a realidade cristã da auto
manifestação de DEUS, sua plenitude e o plano da Salvação por JESUS CRISTO.
Explica a razão do mistério, a liberdade e a necessidade que temos de conhecer
esse plano, pois querendo ou não termos compromisso com DEUS.
Fala sobre o que é teologia e sobre as condições básicas que
possibilitam a fé num contexto sócio-histórico e cultural.
Teologia Bíblica - Estuda a introdução geral da Bíblia, com estudo
dos livros do Antigo e do Novo testamento, falando sobre a história do povo de
DEUS e reflete temas gerais, familiarizando os alunos com termos bíblicos e as
línguas bíblicas, como aramaico, hebraico e grego.
Usa a “exegese”- que analisa criticamente o texto, desde a seleção
do texto, sua estrutura gramatical, sua mensagem e tema central para hoje
“hermenêutica”, aplicando a mensagem para hoje.
Teologia Moral - Visa refletir sobre a resposta concreta que o
cristão dá a DEUS nos diversos âmbitos de sua existência seja pessoal,
interpessoal, comunitária, social, familiar e política, analisando as bases e
os critérios de como o cristão deve agir e sobre temas globais como
sexualidade, ética e ecologia, política, globalização etc.
Teologia Sistemática ou Dogmática - Compreende uma série de
disciplinas estudadas pela igreja, como cristologia (JESUS), eclesiologia
(igreja), trindade, antropologia teológica (vendo o homem quanto à criação,
pecado, graça e salvação), escatologia (últimas coisas) e Heresiologias (Seitas
e Heresias).
Ademais, não se ocupa em repetir dogmas, que são declarações de fé
do que as pessoas crêem, tenta entender a vida, e refletir a real e pura fé
cristã.
História da Igreja - Visa conhecer uma visão panorâmica das grandes
fases da história universal, as relações da igreja cristã com o mundo, os
conflitos de mentalidades, idéias e movimentos sociais e as idéias e eventos do
passado que repercutem hoje em dia. Compreende desde a história antiga,
medieval, moderna, contemporânea e atual.
Espiritualidade - Envolve não apenas disciplinas teológicas, mas
dimensões da vida cristã como fé, louvor, reino de DEUS, o seguimento a JESUS e
outros temas, como cruz, esperança, caridade, piedade, liberdade cristã.
Outros - (Patrologia: Estudo dos pensadores cristãos até o século
V; Teologia Pastoral, Teologia das Religiões, Homilética (Arte de pregar).
Religiosidade Popular (tradições culturais), Aconselhamento Pessoal, Pastoral e
Missões.
DOUTRINA E RELIGIÃO:
Religião (qrego “deisidaimonia”) - (At.25:19) - Em um bom sentido,
reverência a DEUS ou aos deuses, dependendo do culto, num sentido piedoso,
religioso; e num mau sentido, a superstição.
Religião (qrego “yrhskeia threskeia”) - (At.26:5; Tg.1:26-27) -
Adoração religiosa externa; aquilo que consiste em cerimônias com disciplina
religiosa. A religião deveria significar adoração a DEUS, mas adorava também a
falsos deuses, como cumprimento da obrigação de alguém.
O problema era haver o cumprimento de obrigações de todos os tipos,
tanto para com DEUS como para com as pessoas, não significando qualquer tipo de
adoração correta a DEUS.
Havia também, o adorador ansioso e escrupuloso, que cuidava para
não mudar nada que deveria ser observado na adoração, e temeroso de ofender.
Significa devoto, e pode ser aplicado a um aderente de qualquer
religião, sendo especialmente apropriado para descrever o melhor dos adoradores
judaicos, adorando pelo elemento de medo.
Enfatiza fortemente as idéias de dependência e de ansiedade pelo
favor divino. Pode originar um medo sem fundamento, no sentido de
supersticioso.
Existem pessoas religiosas de todos os lugares (At.2:5), mas
precisam estar na graça de DEUS (At.13:43) para não serem incitadas por falsos
líderes contra a obra de DEUS (At.13:50), numa religião de vãos falatórios, sem
santidade e sem obras sociais (Tg.1:26-27).
O sagrado é uma experiência da presença de DEUS, sobrenatural, na
medida em que se realiza o impossível às forças e capacidades humanas.
Religião(Latim “religio=re+ligare”) - A religião tenta ser um vínculo
entre o mundo profano e o mundo sagrado, operando em várias culturas, criando
templos que se erguem aos céus como que querendo unir o espaço novo do sagrado
(ar) com o consagrado (no solo).
A religião cria a ideia de um espaço sagrado, como que querendo
unir a mitologia dos falsos deuses gregos do Olimpo com as montanhas do deserto
do Sinai onde DEUS se manifestou.
Enquanto a religião pode ser apenas uma narrativa, um mito, uma
fábula ilusória, a espiritualidade requer algo mais, a fé, que se expressa na
confiança e plena adesão às verdades ouvidas.
OBSERVAÇÃO:
Enquanto a religião externa uma forma de crer, a DOUTRINA é uma
crença racional, baseada na Palavra de DEUS, onde fé e razão andam juntas.
A fé usa a razão e a razão não pode ser bem-sucedida sem a fé, na
descoberta da verdade.
A razão não pode produzir fé , mas a acompanha, pois, a fé não vem
de um questionamento, mas de DEUS.
Contudo, a pessoa pode tentar compreender aquilo em que acredita,
envolvendo a vontade de descobrir, por exemplo, a lógica de que DEUS existe, se
relaciona com as pessoas e que através da teologia, poderemos defender
racionalmente, a verdade das coisas de DEUS pela investigação escriturística da
DOUTRINA.
Defendamos nossa fé (1 Pe.3:15; 2 Co.10:4-5), combatendo as
heresias (Fp.1:7; Jd.3; Jd.22; Tt.1:9; 2Tm.2:24-25).
A PALAVRA DE DEUS - BEP - CPAD
Is 55.10,11 “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e
para lá não tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar
semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha
boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará
naquilo para que a enviei.”
A NATUREZA DA PALAVRA DE DEUS. A expressão “a palavra de DEUS”
(também “a palavra do Senhor”, ou simplesmente “a palavra”) possui várias
aplicações na Bíblia. (1) Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo
quanto DEUS tem falado diretamente. Quando DEUS falou a Adão e Eva (e.g., Gn
2.16.17; Gn 3.9-19). o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de DEUS. De
modo semelhante. Ele se dirigiu a Abraão (e.g. Gn 12.1-3). a Isaque (e.g. Gn
26.1-5). a Jacó (e.g. Gn 28.13-15) e a Moisés (e.g. Êx 3-4). DEUS também falou
à totalidade da nação de Israel. no monte Sinai. ao proclamar-lhe os dez
mandamentos (ver Êx 20.1-19). As palavras que os israelitas ouviram eram
palavras de DEUS. (2) Além da fala direta. DEUS ainda falou através dos
profetas. Quando eles se dirigiam ao povo de DEUS. assim introduziam as suas
declarações: “Assim diz o Senhor”. ou “Veio a mim a palavra do Senhor”. Quando.
portanto. os israelitas ouviam as palavras do profeta. ouviam. na verdade. a
palavra de DEUS. (3) A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apóstolos
falaram no NT. Embora não introduzissem suas palavras com a expressão “assim
diz o Senhor”. o que falavam e proclamavam era. verdadeiramente. a palavra de
DEUS. O sermão de Paulo ao povo de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41). por
exemplo. criou tamanha comoção que. “no sábado seguinte. ajuntou-se quase toda
a cidade a ouvir a palavra de DEUS” (At 13.44). O próprio Paulo assegurou aos
tessalonicenses que. “havendo recebido de nós a palavra da pregação de DEUS. a
recebestes. não como palavra de homens. mas (segundo é. na verdade) como
palavra de DEUS” (1Ts 2.13; cf. At 8.25). (4) Além disso. tudo quanto JESUS
falava era palavra de DEUS. pois Ele. antes de tudo, é DEUS (Jo 1.1.18; 10.30;
1Jo 5.20). Lucas. escritor do terceiro evangelho. declara explicitamente que.
quando as pessoas ouviam a JESUS. ouviam na verdade a palavra de DEUS (Lc 5.1).
Note como. em contraste com os profetas do AT. JESUS introduzia seus ditos: Eu
“vos digo...” (e.g. Mt 5.18.20.22.23.32.39; 11.22.24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12;
12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras. Ele tinha dentro de si mesmo a
autoridade divina para falar a palavra de DEUS. É tão importante ouvir as
palavras de JESUS. pois “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou
tem a vida eterna e não entrará em condenação” (Jo 5.24). JESUS, na realidade,
está tão estreitamente identificado com a palavra de DEUS que é chamado “o
Verbo” [“a Palavra”] (Jo 1.1.14; 1Jo 1.1; Ap 19.13 16; ver Jo 1.1). (5) A
palavra de DEUS é o registro do que os profetas. apóstolos e JESUS falaram. i.e.,
a própria Bíblia. No NT. quer um escritor usasse a expressão “Moisés disse”.
“Davi disse”, “o ESPÍRITO SANTO diz”. ou “DEUS diz”. nenhuma diferença fazia
(ver At 3.22; Rm 10.5.19; Hb 3.7; 4.7); pois o que estava escrito na Bíblia
era. sem dúvida alguma. a palavra de DEUS. (6) Mesmo não estando no mesmo nível
das Escrituras. a proclamação feita pelos autênticos pregadores ou profetas. na
igreja de hoje. pode ser chamada a palavra de DEUS. (a) Pedro indicou que. a
palavra que seus leitores recebiam mediante a pregação. era palavra de DEUS
(1Pe 1.25). e Paulo mandou Timóteo “pregar a Palavra” (2Tm 4.2). A pregação.
porém. não pode existir independentemente da Palavra de DEUS.
Na realidade. o teste para se determinar se a palavra de DEUS está
sendo proclamada num sermão. ou mensagem. é se ela corresponde exatamente à
Palavra de DEUS escrita. (b) O que se diz de uma pessoa que recebe uma
profecia. ou revelação. no âmbito do culto de adoração (1Co 14.26-32)? Ela está
recebendo. ou não. a palavra de DEUS? A resposta é um “sim”. Paulo assevera que
semelhantes mensagens estão sujeitas à avaliação por outros profetas. Todavia.
há a possibilidade de tais profecias não serem palavra de DEUS (ver 1Co 14.29).
É somente em sentido secundário que os profetas. hoje. falam sob a inspiração
do ESPÍRITO SANTO; sua revelação jamais deve ser elevada à categoria da
inerrância (ver 1Co 14.31).
O PODER DA PALAVRA DE DEUS. A palavra de DEUS permanece firme nos
céus (Sl 119.89; Is 40.8; 1Pe 1.24.25). Não é, porém. estática; é dinâmica e
poderosa (cf. Hb 4.12). pois realiza grandes coisas (55.11). (1) A palavra de
DEUS é criadora. Segundo a narrativa da
criação. as coisas vieram a existir à medida que DEUS falava a sua
palavra (e.g. Gn 1.3.4.6.7.9). Tal fato é resumido pelo salmista: “Pela palavra
do SENHOR foram feitos os céus” (Sl 33.6. 9); e pelo escritor aos Hebreus:
“Pela fé. entendemos que os mundos. pela palavra de DEUS. foram criados”
(Hb 11.3; cf. 2Pe 3.5). De conformidade com João. a Palavra que
DEUS usou para criar todas as coisas foi JESUS CRISTO (Jo 1.1-3). (2) A palavra
de DEUS sustenta a criação. Nas palavras do escritor aos Hebreus. DEUS sustenta
“todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3; ver também Sl 147.15-18).
Assim como a palavra criadora. essa palavra relaciona-se com JESUS CRISTO
segundo Paulo insiste: “todas as coisas subsistem por ele [JESUS]” (Cl 1.17).
(3) A palavra de DEUS tem o poder de outorgar vida nova. Pedro testifica que
nascemos de novo “pela palavra de DEUS. viva e que permanece para sempre” (1Pe
1.23; cf. 2 Tm 3.15; Tg 1.18). É por essa razão que o próprio JESUS é chamado o
Verbo da vida (1Jo 1.1). (4) A palavra de DEUS também libera graça. poder e
revelação. por meio dos quais os crentes crescem na fé e na sua dedicação a
JESUS CRISTO. Isaías emprega um expressivo quadro verbal: assim como a água
proveniente do céu faz as coisas crescerem. assim a palavra que sai da boca de
DEUS nos leva a crescer espiritualmente (55.10.11). Pedro ecoa o mesmo
pensamento ao escrever que. ao bebermos do leite puro da palavra de DEUS.
crescemos em nossa salvação (1Pe 2.2). (5) A palavra de DEUS é a arma que o
Senhor nos proveu para lutarmos contra Satanás (Ef 6.17; cf.Ap 19.13-15). JESUS
derrotou Satanás. pois fazia uso da Palavra de DEUS: “Está escrito” (i.e.,
“consta como a Palavra infalível de DEUS”; cf. Lc 4.1-11; ver Mt 4.1-11). (6)
Finalmente. a palavra de DEUS tem o poder de nos julgar. Os profetas do AT e os
apóstolos do NT frequentemente pronunciavam palavras de juízo recebidas do
Senhor. O próprio JESUS assegurou que a sua palavra condenará os
que o rejeitarem (Jo 12.48). E o autor aos Hebreus escreve que a
poderosa palavra de DEUS julga “os pensamentos e intenções do coração” (ver Hb
4.12). Noutras palavras: os que optam por desconsiderar a palavra de DEUS.
acabarão por experimentá-la como palavra de condenação.
NOSSA ATITUDE ANTE A PALAVRA DE DEUS.
A Bíblia descreve. em linguagem clara e inconfundível. como devemos
proceder quanto a palavra de DEUS em suas diferentes expressões. Devemos ansiar
por ouvi-la (1.10; Jr 7.1.2; At 17.11) e procurar compreendê-la (Mt 13.23).
Devemos louvar. no Senhor. a palavra de DEUS (Sl 56.4.10). amá-la (Sl
119.47.113). e dela fazer a nossa alegria e deleite (Sl 119.16.47). Devemos
aceitar o que a palavra de DEUS diz (Mc 4.20; At 2.41; 1Ts 2.13). ocultá-la nas
profundezas de nosso coração (Sl 119.11). confiar nela (Sl 119.42). e colocar a
nossa esperança em suas promessas (Sl 119.74.81.114; 130.5). Acima de tudo.
devemos obedecer ao que ela ordena (Sl 119.17.67; Tg 1.22-24) e viver de acordo
com seus ditames (Sl. DEUS conclama os que ministram a palavra (cf. 1Tm 5.17) a
manejá-la corretamente (2Tm 2.15 e a pregá-la fielmente (2Tm 4.2). Todos os
crentes são convocados a proclamarem a palavra de DEUS por onde quer que forem
(At 8.4).
A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS - BEP - CPAD
2Tm 3.16,17 “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o
homem de DEUS seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.”
O termo “Escritura”, conforme se encontra em 2Tm 3.16, refere-se
principalmente aos escritos do AT (3.15). Há evidências, porém, de que escritos
do NT já eram considerados Escritura divinamente inspirada por volta do período
em que Paulo escreveu 2Tm (1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós,
hoje, a Escritura refere-se aos escritos divinamente inspirados tanto do AT
quanto do NT, i.e., a Bíblia. São (os escritos) a mensagem original de DEUS
para a humanidade, e o único testemunho infalível da graça salvífica de DEUS
para todas as pessoas.
Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por DEUS. A palavra
“inspirada” (gr. theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que
significa “DEUS”, e pneuo, que significa “respirar”. Sendo assim, “inspirado”
significa “respirado por DEUS”. Toda a Escritura, portanto, é respirada por
DEUS; é a própria vida e Palavra de DEUS. A Bíblia, nas palavras dos seus
manuscritos originais, não contém erro; sendo absolutamente verdadeira,
fidedigna e infalível. Esta verdade permanece inabalável, não somente quando a
Bíblia trata da salvação, dos valores éticos e da moral, como também está
isenta de erro em tudo aquilo que ela trata, inclusive a história e o cosmos
(cf. 2Pe 1.20,21; note também a atitude do salmista para com as Escrituras no
Sl 119).
Os escritores do AT estavam conscientes de que o que disseram ao
povo e o que escreveram é a Palavra de DEUS (ver Dt 18.18; 2Sm 23.2).
Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão: “Assim diz
o Senhor”.
JESUS também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de DEUS
até em seus mínimos detalhes (Mt 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele
disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26).
Ele falou da revelação divina ainda futura (i.e., a verdade revelada do
restante do NT), da parte do ESPÍRITO SANTO através dos apóstolos (Jo 16.13;
cf. 14.16,17; 15.26,27).
Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é
desprezar o testemunho fundamental de JESUS CRISTO (Mt 5.18; 15.3-6; Lc 16.17;
24.25-27, 44,45; Jo 10.35), do ESPÍRITO SANTO (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13;
1Tm 4.1) e dos apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar
a sua inerrância é depreciar sua autoridade divina.
Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu ESPÍRITO, DEUS, sem
violar a personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro
(3.16; 2Pe 1.20,21; ver 1Co 2.12,13).
A inspirada Palavra de DEUS é a expressão da sabedoria e do caráter
de DEUS e pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé
em CRISTO (Mt 4.4; Jo 6.63; 2Tm 3.15; 1Pe 2.2).
As Sagradas Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de
DEUS, na sua atividade salvífica a favor da humanidade, em CRISTO JESUS. Por
isso, as Escrituras são incomparáveis, eternamente completas e
incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de
instituições religiosas igualam-se à autoridade delas.
Qualquer DOUTRINA, comentário, interpretação, explicação e tradição
deve ser julgado e validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras
(ver Dt 13.3).
As Sagradas Escrituras como a Palavra de DEUS devem ser recebidas,
cridas e obedecidas como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à
vida e à piedade (Mt 5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2Tm 3.15,16; ver Êx 20.3). Na
igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de
repreensão, de correção, de DOUTRINA e de instrução na justiça (2Tm 3.16,17).
Ninguém pode submeter-se ao senhorio de CRISTO sem estar submisso a DEUS e à
sua Palavra como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).
Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia
com o ESPÍRITO SANTO. É Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o
seu sentido, e quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co
2.12).
Devemos nos firmar na inspirada Palavra de DEUS para vencer o poder
do pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mt 4.4; Ef 6.12,17; Tg 1.21).
Todos na igreja devem amar, estimar e proteger as Escrituras como
um tesouro, tendo-as como a única verdade de DEUS para um mundo perdido e
moribundo. Devemos manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus
ensinos, proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e
defendendo-as contra todos que procuram destruir ou distorcer suas verdades
eternas (ver Fp 1.16; 2Tm 1.13,14; 2.2; Jd 3). Ninguém tem autoridade de
acrescentar ou subtrair qualquer coisa da Escritura (ver Dt 4.2; Ap 22.19).
Um fato final a ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua
inspiração somente no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo,
sempre que acharmos nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de
pressupor que o escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter
em mente três possibilidades no tocante a um tal suposto problema: (a) as
cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão; (b)
as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem
conter falhas; ou (c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser
incompleta ou incorreta.
A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO - BEP - CPAD
At 5.3,4 “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o
teu coração, para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço
da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu
poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens,
mas a DEUS.”
É essencial que os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO
SANTO no plano divino da redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste
mundo, não haveria a criação, o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13;
33.4; Sl 104.30). Sem o ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o
NT (Jo 14.26, 1Co 2.10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum
cristão neste mundo. Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a
respeito do ESPÍRITO SANTO.
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO.
Através da Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com sua
própria individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa
divina como o Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou
poder. Ele tem atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm
15.30), determina (1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na
comunhão. Foi enviado pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e
comunhão com JESUS (Jo 14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo
como pessoa, que é, e considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno
da nossa adoração, amor e dedicação (ver Mc 1.11).
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO.
(1) A revelação do ESPÍRITO SANTO no AT. (2) A revelação do ESPÍRITO SANTO no NT. (a)
O ESPÍRITO SANTO é o agente da salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado (Jo
16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de JESUS (Jo 14.16,26), realiza o novo
nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de CRISTO (1Co
. Na conversão, nós, crendo em CRISTO, recebemos o ESPÍRITO SANTO
(Jo 3.3-6; 20.22) e nos tornamos coparticipantes da natureza divina (2Pe 1.4).
(b) O ESPÍRITO SANTO é o agente da nossa santificação. Na conversão, o ESPÍRITO
passa a habitar no crente, que começa a viver sob sua influência santificadora
(Rm 8.9; 1Co 6.19). Note algumas das coisas que o ESPÍRITO SANTO faz, ao
habitar em nós. Ele nos santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a uma vida
santa, libertando-nos da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts 2.13).
Ele testifica que somos filhos de DEUS (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a DEUS
(At 10.45,46; Rm 8.26,27) e na nossa vida de oração, e intercede por nós quando
clamamos a DEUS (Rm
8.26,27). Ele produz em nós as qualidades do caráter de CRISTO, que
O glorificam (Gl 5.22,23; 1Pe
. Ele é o nosso mestre divino, que nos guia em toda a verdade (Jo
16.13; 14.26; 1Co 2.10-16) e também nos revela JESUS e nos guia em estreita
comunhão e união com Ele (Jo 14.16-18; 16.14). Continuamente, Ele nos comunica
o amor de DEUS (Rm 5.5) e nos alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c)
O ESPÍRITO SANTO é o agente divino para o serviço do Senhor, revestindo os
crentes de poder para realizar a obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta
obra do ESPÍRITO SANTO relaciona-se com o batismo ou com a plenitude do
ESPÍRITO. Quando somos batizados no ESPÍRITO, recebemos poder para testemunhar
de CRISTO e trabalhar de modo eficaz na igreja e diante do mundo (1.8).
Recebemos a mesma unção divina que desceu sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os
discípulos (2.4; ver 1.5), e que nos capacita a proclamar a Palavra de DEUS
(1.8; 4.31) e a operar milagres (2.43; 3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de
DEUS é que todos os cristãos atuais recebam o batismo no ESPÍRITO SANTO (2.39).
Para realizar o trabalho do Senhor, o ESPÍRITO SANTO outorga dons espirituais
aos fiéis da igreja para edificação e fortalecimento do corpo de CRISTO (1Co
12—14). Estes dons são uma manifestação do ESPÍRITO através dos santos, visando
ao bem de todos (1Co 12.7-11). (d) O ESPÍRITO SANTO é o agente divino que
batiza ou implanta os crentes no corpo único de CRISTO, que é sua igreja (1Co
12.13) e que permanece nela (1Co 3.16), edificando-a (Ef 2.22), e nela
inspirando a adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo a sua missão (13.2,4),
escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons (1Co 12.4-11),
escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o evangelho contra os
erros (2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co 3.16; 1Pe 1.2).
As diversas operações do ESPÍRITO são complementares entre si, e
não contraditórias. Ao mesmo tempo, essas atividades do ESPÍRITO SANTO formam
um todo, não havendo plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a nova
vida total em CRISTO, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do
Senhor ou (d) a comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por
exemplo: uma pessoa não pode conservar o batismo no ESPÍRITO SANTO se não vive
uma vida de retidão, produzida pelo mesmo ESPÍRITO, que também quer conduzir
esta mesma pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às
mesmas.
O Dever dos Servos - 1 Timóteo 6:3-5 Comentário
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com algumas modificações do Pr.
Henrique)
Paulo aqui adverte Timóteo a apartar-se daqueles que corromperam a
DOUTRINA de CRISTO, e a tornaram um objeto de luta, debate e controvérsia (vv.
3-5): Se alguém ensina alguma outra DOUTRINA, não prega de maneira prática, não
ensina e exorta aquilo que é para a promoção de uma piedade séria; se não
concorda com palavras sãs, palavras que têm uma disposição direta de curar a
alma; se não conforma com essas coisas, mesmo as palavras de nosso Senhor JESUS
CRISTO.
Observe: Não somos requeridos a concordar com as palavras em geral
como sendo palavras sãs exceto as palavras do nosso Senhor JESUS CRISTO; e a
elas devemos dar nossa aprovação e concordância sincera, e para com a DOUTRINA
que é segundo a piedade. Observe: A DOUTRINA de nosso Senhor JESUS é uma
DOUTRINA segundo a piedade. Ela tem uma inclinação direta de tornar as pessoas
piedosas. Mas esse que não concorda com as palavras de CRISTO é soberbo (v. 4)
e contencioso, ignorante, e causa muito prejuízo à igreja, não sabendo coisa
alguma.
Observe: Normalmente as pessoas mais soberbas são as que menos
conhecem; porque com todo o seu conhecimento elas não conhecem a si mesmas. Mas
delira acerca de questões. Aqueles que se afastam das doutrinas claras e
práticas do cristianismo acabam caindo em controvérsias, que destroem a vida e
o poder da religião. Eles deliram acerca de questões e contendas de palavras,
que causam um grande dano à igreja, e causam invejas, porfias, blasfêmias e
ruins suspeitas. Quando as pessoas não estão contentes com as palavras do
Senhor JESUS CRISTO e a DOUTRINA que é segundo a piedade, mas inventam palavras
próprias, que a sabedoria humana ensina, e que não estão de acordo com as
palavras que o ESPÍRITO SANTO ensina (1 Co 2.13), acabam semeando as sementes
muito danosas na igreja. Daí surgem contendas de homens corruptos de
entendimento (v. 5), contendas que são sutilezas e onde não há solidez alguma.
Observe: Pessoas de entendimento corrupto são privados da verdade.
O entendimento das pessoas é corrupto porque não se apega à verdade como está
em JESUS: cuidando que a piedade seja causa de ganho, fazendo com que a
religião se submeta aos seus interesses seculares. Timóteo é advertido para
afastar-se desse tipo de gente.
Observamos:
1. As palavras do nosso Senhor JESUS CRISTO são palavras sãs; elas
são as mais adequadas para impedir ou curar as feridas da igreja, bem como para
curar uma consciência machucada; porque CRISTO tem a língua erudita, uma boa
palavra ao que está cansado (Is 50.4). As palavras de CRISTO são as melhores
para impedir rupturas na igreja; porque ninguém que professe fé nele discutirá
a competência ou autoridade das palavras daquele que é seu Senhor e mestre, e a
igreja não tem sido bem-sucedida desde que as palavras de homens têm
reivindicado uma atenção igual às palavras dele, e, em alguns casos, uma
atenção muito maior.
2. Todo aquele que ensina alguma outra DOUTRINA e se não conforma
com as sãs palavras é soberbo e nada sabe; porque a soberba e a ignorância
normalmente andam juntas.
3. Paulo marca somente aqueles que não concordam com as sãs
palavras do nosso Senhor JESUS CRISTO e a DOUTRINA que é segundo a piedade.
Eles são soberbos e nada sabem: ele não conhecia outras palavras mais sãs do
que essas.
4. Aprendemos os efeitos tristes de delirar acerca de questões e
contendas de palavras. Sobre esses que deliram acerca de questões vêm invejas,
porfias, blasfêmias e ruins suspeitas. Quando as pessoas abandonam as palavras
sãs do nosso Senhor JESUS CRISTO, elas nunca concordarão nas suas palavras,
quer sejam palavras próprias ou a invenção de outras pessoas, mas perpetuamente
discutirão e brigarão por elas. E isso produzirá inveja, quando perceberem que
as palavras dos outros recebem a preferência em relação àquelas que adotaram
para si; e isso será acompanhado de desconfiança e dúvidas uns dos outros,
chamadas aqui de ruins suspeitas; então eles continuarão com discussões
obstinadas.
5. Essas pessoas dadas a discussões obstinadas parecem ser pessoas
corruptas de entendimento e destituídas da verdade; especialmente essas que
agem dessa maneira por causa do ganho, que é toda sua piedade, cuidando que a
piedade seja causa de ganho, contrário ao julgamento do apóstolo, que
considerava a piedade um grande ganho.
6. Ministros e cristãos genuínos se afastarão desse tipo de
pessoas. “Saí do meio deles, meu povo, e apartai-vos”, diz o Senhor: Aparta-te
dos tais.
A Excelência do Contentamento. O
Perigo da Avareza - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com
algumas modificações do Pr. Henrique)
1 Timóteo 6:6; 11
Com base na menção do abuso que alguns atribuem à religião, para
que sirva às suas necessidades seculares, o apóstolo:
I
Aproveita a oportunidade para mostrar a excelência do contentamento
e o mal da avareza.
1. A excelência do contentamento (vv. 6-8). Alguns consideram o
cristianismo uma ocupação vantajosa para este mundo. Da forma como entendem
isso é falso; no entanto, é indubitavelmente verdade que, embora o cristianismo
seja o pior negócio, é o melhor chamado no mundo. Aqueles que fazem um negócio
dele, meramente para servir seus interesses neste mundo, serão desapontados, e
o considerarão um negócio triste; mas esses que o consideram seu chamado, e aí
fazem dele o seu negócio, descobrirão que é um negócio rentável, porque tem a
promessa da vida agora, bem como da vida futura.
(1) A verdade que ele apresenta é que é grande ganho a piedade com
contentamento. Alguns traduzem essa expressão: piedade com competência; isto é,
se uma pessoa tem muito pouco neste mundo, mas se tem o suficiente para viver,
ele não precisa desejar mais; sua piedade com aquilo que tem será seu grande
ganho. Vale mais o pouco que tem o justo do que as riquezas de muitos ímpios
(Sl 37.16). Nós lemos: piedade com contentamento; a piedade em si é um grande
ganho, ela é rentável em todas as coisas, e, onde quer que haja a verdadeira
piedade, haverá contentamento; mas esses que alcançaram o clímax do
contentamento com a piedade correspondente são certamente as pessoas mais
felizes e tranquilas neste mundo. Piedade com contentamento, isto é, o
contentamento cristão (a satisfação deve vir dos princípios da piedade) é um
grande ganho; ele é toda riqueza do mundo. A pessoa piedosa está certa do
contentamento em outro mundo; e se apesar de tudo se acomoda com contentamento
a essa condição neste mundo, ela tem suficiente. Temos aqui: [1] O lucro do
cristão: piedade com contentamento. Esse é o verdadeiro modo de lucro, sim,
esse é o próprio ganho. [2] O lucro do cristão é ótimo: ele não é semelhante ao
lucro insignificante das pessoas deste mundo, que são tão aficionadas por um
pouco de vantagem mundana. [3] A piedade sempre está acompanhada de
contentamento em maior ou menor escala; todas as pessoas verdadeiramente
piedosas aprenderam com Paulo, que independentemente do estado em que estão,
devem contentar-se com o que tem (Fp 4.11). Elas estão contentes com o que DEUS
reparte para elas, sabendo que isso é o melhor para elas. Vamos, portanto,
esforçar-nos para obter a piedade com contentamento.
II
Mas tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas e segue a justiça, a
piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. 1 Timóteo 6:11
Por essa razão, ele aproveita a oportunidade para acautelar Timóteo
e aconselhá-lo a manter-se no caminho de DEUS e no seu dever, e mais
especificamente para ser digno da confiança depositada nele como ministro. O
apóstolo chama Timóteo de homem de DEUS. Ministros são homens de DEUS e devem
se conduzir de acordo em todas as coisas. Eles são homens para DEUS, devotados
à sua honra mais imediatamente. Os profetas do Antigo Testamento eram chamados
de homens de DEUS.
1. Ele ordena Timóteo a acautelar-se do amor ao dinheiro, que tinha
sido tão pernicioso para tantos: foge destas coisas. Faz mal para qualquer
pessoa, mas especialmente para homens de DEUS, colocar seu coração em coisas
deste mundo. Homens de DEUS deveriam dedicar-se às coisas de DEUS.
2. Ele fala a Timóteo para armá-lo contra o amor ao mundo, o
apóstolo o orienta a seguir aquilo que é bom: segue a justiça, a piedade, a fé,
a caridade, a paciência, a mansidão: justiça em sua conduta com os homens,
piedade em relação a DEUS, fé e amor como princípios de vida, para apoiá-lo e
levá-lo adiante na prática da justiça e da piedade. Esses que seguem a justiça
e a piedade, como princípio de fé e amor, precisam usar a paciência e a
mansidão – paciência para suportar as repreensões da Providência e dos homens,
e mansidão para instruir os contraditores e para não tomar conhecimento das
afrontas e insultos. Observe: Não é suficiente para um homem de DEUS fugir
destas coisas, mas ele deve seguir aquilo que é diretamente contrário a elas.
Além disso, aqueles que seguem a justiça são excelentes homens de DEUS. Eles
são os excelentes da terra, e, sendo aceitáveis por DEUS, deveriam ser
aprovados pelos homens.
3. Ele exorta Timóteo a exercer a função de um soldado: Milita a
boa milícia da fé. Observe: Esses que irão para o céu devem militar seu caminho
até lá. Deve haver um combate contra a corrupção e as tentações, e a oposição
dos poderes das trevas. Observe: Essa é uma boa milícia, é uma boa causa, e ela
levará a um bom termo. É um combate de fé. Não militamos segundo a carne,
porque as armas da nossa milícia não são carnais (2 Co 10.3,4). 4. Ele o exorta
a tomar posse da vida eterna. Observe: (1) A vida eterna é a coroa proposta
para nós, para o nosso encorajamento na guerra, e para militar a boa milícia da
fé, a boa batalha espiritual. (2) Devemos tomar posse dela, como aqueles que
estão com medo de não a alcançar e perdê-la. Guarda o que tens, para que ninguém
tome a tua coroa (Ap 3.11). (3) Somos chamados a batalhar e a tomar posse da
vida eterna. (4) A profissão de fé que Timóteo e todos os ministros fiéis fazem
diante de muitas testemunhas é uma boa profissão; porque eles professam e se
comprometem a militar a boa milícia da fé e a tomar posse da vida eterna. O
chamado deles e a própria profissão de fé os obriga a isso.
Comentário Bíblico Wesleyana - (com algumas modificações do Pr.
Henrique)
Orientações relativamente à vida piedosa (1 Tim. 6:3-21 )
A. FALSOS MESTRES descreve e denuncia (6:3-10 )
1. Seu Orgulho Perigoso e avareza (6:3-5 )
3 Se alguém ensina alguma DOUTRINA diversa desta ensinada, e
torce o ensino e até mesmo as palavras de nosso Senhor JESUS CRISTO,
está em desacordo com a DOUTRINA que é segundo a piedade, 4 ele se
ensoberbece, não sabendo nada, mas delira acerca de questões e disputas de
palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins
suspeitas, 5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados
da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro.
Paulo começa a divisão final desta epístola descrevendo o
personagem do mal e da influência de alguém que se opõe à verdade, cuja pureza Timoteo
deveria corrigir para preservar a verdadeira doutrina. Os falsos mestres
ensinavam uma DOUTRINA diferente do que toda a Palavra de DEUS ensinava e
tinha por objetivo produzir santidade prática, como a que era ensinada pelo
Apóstolo Paulo, visando a obediência a sãs palavras que dão saúde moral
para o indivíduo e para a sociedade. Esses falsos mestres não mostravam nenhum
respeito pela autoridade apostólica, ou pelas palavras do Senhor JESUS
CRISTO , ou pela DOUTRINA que é segundo a piedade. Apesar de
qualquer reivindicação desses falsos mestres que suas doutrinas são apenas
novos aspectos da verdade, o resultado de aceitá-los seria a alienação de
CRISTO, cujo objetivo era apenas fazer pessoas alegres e felizes com suas
próprias ações. Esses falsos professores não recebem as suas doutrinas de
DEUS; eles são auto originadas e visavam a promoção de seus interesses
pessoais.
Esses hereges hipócritas são descritos por palavras
simples. Tal pessoa está "inchado", é um "ignorante
pomposo" (NEB), auto vaidoso; não sabendo nada, como deveria, pois,
ele inteiramente desconhece os
princípios do evangelho. Ele é "um homem de cérebro doente"
(Macknight), delira acerca de questões e contendas de palavras. A
palavra traduzida delira sugere alguém que é louco, ou que
delira. Ele tem um apetite doentio que se recusa a verdade moral e
espiritual, mas morbidamente aprecia brigas verbais e disputas
acadêmicas. Fora deste combate a palavra inveja vem, com porfias, com
blasfêmias [e] com mal suspeitas . Hiebert fala dessas
coisas como sendo elas características ou "consequências sociais"
decorrentes de uma condição tão mentalmente doente. Inveja ou ciúmes de
presentes e sucessos de outros; contenda, que procura
preeminência; linguagem dura e veemente usada pelos falsos pontos de vista
e motivos impuros daqueles que recorrem à sua utilização; e más
suspeitas, ou suspeitas injustas ou insinuações maliciosas contra a honestidade
dos motivos de quem discorda deles.
Tais disputas, brigas prolongadas e irritantes, criam atrito
na Igreja e revelam que os agitadores são homens corruptos de
entendimento, e privados da verdade. Suas "mentes", o órgão do
pensamento moral e compreensão, está em um estado de corrupção e desintegração,
não mais funcionando normalmente." Eles estão se aproximando, se não
tiverem alcançado, a condição chocante descrita por Paulo em 2
Tessalonicenses. 2: 9-12 . "Pervertida no seu íntimo na
maior parte da vida, não tinham nem a susceptibilidade da verdade espiritual,
nem poder para apreendê-la. "Eles deixam seus poderes de raciocínio se
tornarem atrofiados" (NEB). Portanto, não é surpresa encontrá-los,
considerando que a piedade é fonte de lucro. Eles não estavam
preocupados com a demonstração da verdadeira piedade, mas com o avanço de seus
próprios interesses mundanos. "Eles valorizavam o evangelho apenas
como para assegurarem vantagens mundanas em riqueza e posição social."
Assim como Simão, o mágico (cf. Atos 8: 14-24 ), eles iriam usar o
poder do nome divino, e professar a abraçar o cristianismo, a fim de promover
seus negócios e posição social. Tal equívoco do cristianismo prova como
imoral o caráter desses pretensos líderes e demonstra a necessidade de cuidado
na seleção de oficiais da igreja.
2. A relação entre a piedade e Riqueza (6:6)
6 Mas a piedade com contentamento é grande ganho.
Embora Paulo "repudia o conceito pervertido que a piedade é um
meio de fazer avançar um de interesses materiais, ... ele sabe que há um
sentido", em que a piedade com contentamento é grande
ganho nesta vida. É interessante observar a interpretação de
Macknight da palavra grega eusebeia (piedade), que "nesta
passagem significa, a fé na providência de DEUS, renúncia a sua vontade,
esperança de recompensa na vida futura, e um esforço consistente para agradar a
DEUS; porque destas coisas piedade ou religião verdadeira consistem.
"William Barclay oferece um excelente estudo da palavra
de piedade , descrevendo-o como "o produto de uma vida que é
vivida à luz da eternidade." Contentamento adicionado à piedade
é grande ganho.
B. OS DEVERES DO HOMEM DE DEUS (6:11)
11 Mas tu, ó homem de DEUS, foge destas coisas; e
segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.
Paulo divaga novamente para fazer um apelo pessoal a Timóteo,
um homem de DEUS , em contraste com os impostores que fizeram um deus
de ganho. Ele é um crente maduro, mas esta designação especial, parece
pessoal, em vez de um título eclesiástico (cf.1 Sam. 9: 6 ; 1 Reis
17:18 ). Significa um a quem DEUS colocou a mão para o serviço e que
tem respondido por viver tão completamente no reino espiritual santo.
1. "Foge" (6:11a )
Como um homem de DEUS , em vez de um homem do mundo, este
ministro representante do evangelho de valores espirituais
deve fugir da cobiça e todas aquelas coisas que o mundo ama. A
palavra sugere "Fuga para a vida!", Como se estivesse fugindo de uma
serpente ou uma peste. "O amor do dinheiro em ministros da igreja só
serve para desacreditar a religião aos olhos das pessoas comuns, que os conduzem a entregarem-se a muitos vícios
grosseiros." Homens de DEUS devem evitar este mal.
2. "Segue" (6:11b )
Há uma fase positiva para os deveres do homem de
DEUS . Embora ele deva fugir da cobiça e sua armadilha do
mal, há certas virtudes que devem seguir. Uma das maneiras de escapar
de que DEUS odeia é buscar sinceramente o que Ele ama. Essas virtudes que
o homem espiritual deve perseguir estão dispostas em três pares, que (como
grupo) são contrastados com os vícios dos vv. 4-5 .
Justiça e piedade descrevem a atitude correta para
com DEUS como um das armas práticas em oposição ao pecado. O crente que pratica
a Justiça e a piedade é conduzido à devoção e à adoração.
Fé e amor são os princípios fundamentais do cristianismo e são
qualidades cruciais da nova vida. "A justiça é a prole de fé e piedade é a
prole de amor."
A paciência e a mansidão expressam os princípios que
são necessários para resistir com êxito os antagonismos do mundo. As
provocações serão grandes, mas a graciosa provisão de DEUS é suficiência do
crente (cf. 2 Cor. 12: 9-10 ).
Comentário - NVI - F. F. Bruce (com algumas modificações do Pr.
Henrique)
Falsos mestres (6.3-10)
Tendo recebido a ordem, Ensine e recomende essas coisas, Timóteo
agora recebe advertências acerca dos que vão contradizê-lo.
Dois testes vão revelar se eles são ortodoxos (ou seja, professam a
sã doutrina, conforme a Palavra de DEUS).
(a) a sã DOUTRINA de nosso Senhor JESUS: É improvável que isso
signifique palavras exatas do Salvador, mas, antes, as palavras saudáveis que
se originam, e estão centradas, em CRISTO através dos do AT e dos evangelhos e
das cartas e dos livros do NT.
(b) o ensino que é segundo a piedade. Uma referência à instrução
que promove a piedade.
Em seguida, é exposto o caráter desses mestres. Eles devem ser
identificados por três coisas: orgulho, contendas e avareza.
Embora ele seja orgulhoso, esse homem é rejeitado com uma
frase curta: nada entende. Poderia ser chamado de “ignorante pomposo”
(cf. NEB). Contencioso, ele briga acerca de palavras. Isso surge de um
interesse doentio por controvérsias. O termo doentio (noseõ) está em forte
contraste com a sã ou “saudável” DOUTRINA do v. 3. Esse espírito de contenda
produz uma hoste de coisas más (v. 4b). Esses indivíduos são “corrompidos”
no juízo moral e privados da verdade. Eles têm somente um interesse
comercial na fé e, assim, acrescentam a ganância aos seus pecados.
Isso conduz a uma homilia acerca da atitude cristã em relação às
riquezas. Engatando na expressão que a piedade é fonte de lucro como se fosse o
slogan deles, Paulo faz concessões sobre sua veracidade, mas somente nos
casos em que está livre de cobiça. contentamento (autarkeia) para o
filósofo estoico continha o sentido de “independência de” e “indiferença
às circunstâncias”. Para o cristão, tem um significado mais
profundo, uma satisfação com a situação ordenada por DEUS. A única
outra ocorrência dessa palavra no NT está em 2 Co 9.8, em que a ARA
traz “ampla suficiência” (cf. Fp 4.10-13). Seguem as razões do
contentamento. A primeira, em forma de provérbio (v. 7), lembra Jó
1.21; Ec 5.15 e a parábola de Lc 12.16-21. Destaca a futilidade de se
concentrar naquilo que é de natureza temporal somente. Em
segundo lugar, o contentamento requer o mínimo para a sua
sustentação, somente o que comer e com que vestir-nos. Ambos são tópicos
das promessas do Salvador (Mt 6.25-33). Em terceiro lugar, a cobiça tem
resultados trágicos. A. S. Way traduz os v. 9,10 assim: “Mas os
que suspiram por ficar ricos caem no laço da tentação e em muitos desejos
tolos e nocivos que soterram os homens em buracos de ruína e
destruição; pois o amor ao dinheiro é uma raiz de onde nascem todos os
males. Alguns se apegaram a isso, desviaram-se da fé e se empalaram
em muitas angústias”. Ele então acrescenta a interessante nota de rodapé:
“A metáfora [...] pode ser tomada dos animais selvagens, que saltam
após a isca pendurada sobre um fosso, caem nele e são empalados nas
estacas abaixo”. A determinação de ficar rico, independentemente das
desculpas oferecidas à alma, só pode resultar em desastre espiritual, e
Paulo pensa com tristeza em algumas pessoas que, por causa do amor ao dinheiro
[...] desviaram-se da fé.
6) O “homem de DEUS” (6.11-16)
A escolha dessa expressão homem de DEUS, com seu lembrete do
profeta como homem de DEUS para o momento, iria transmitir a Timóteo
tanto encorajamento quanto desafio. Ele não deve se contentar
simplesmente em fugir dos males que Paulo tem explanado, mas também buscar
as virtudes em que consiste a verdadeira riqueza cristã. Timóteo possuía
riqueza espiritual superior a todas as riquezas materiais: Por este motivo, te
lembro que despertes o dom de DEUS, que existe em ti pela imposição das minhas
mãos. 2 Timóteo 1:6
A Igreja de CRISTO pertence a um novo tempo e deve obedecer ao
ensino do Novo Testamento.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 12, A Coragem do Apóstolo Paulo diante da Morte
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Pr. Henrique
https://youtu.be/KsB81-v5Dxs Vídeo desta Lição
Escrita
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/escrita-licao-12-coragem-do-apostolo.html
Slides
https://ebdnatv.blogspot.com/2021/12/slides-licao-12-coragem-do-apostolo.html
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-12-a-coragem-do-apstolo-paulo-diante-da-morte-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 21.7-15
7 - E nós, concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida; e,
havendo saudado os irmãos, ficamos com eles um dia. 8 - No dia seguinte,
partindo dali Paulo e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesareia; e,
entrando em casa de Filipe, o evangelista, que um dos sete, ficamos com ele. 9
- Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam. 10 - E, demorando-nos
ali por muitos dias, chegou da Judeia um profeta, por nome Ágabo; 11 - e, vindo
ter conosco, tomou a cinta de Paulo e, lingando-se os seus próprios pés e mãos,
disse: Isto diz o ESPÍRITO SANTO; Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o
varão de quem é esta cinta e o entregarão nas mãos dos gentios. 12 - E, ouvindo
nós isto, rogamos-lhe, tanto nós como os que eram daquele lugar, que não
subisse a Jerusalém. 13 - Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e
magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a
morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS. 14 - E, como não podíamos
convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor! 15 - Depois
daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém.
Comentários da BEP - CPAD (com algumas modificações do Pr.
Henrique)
21.9 FILHAS...QUE PROFETIZAVAM. A igreja pode receber o dom
espiritual de profetizar (i.e., um dos dons de manifestação do ESPÍRITO) cf. 1
Co 11.5; 12.10,11. Entretanto, nos escritos do NT não consta que uma mulher
exercesse o ministério de profeta. O versículo em apreço diz que as quatro
filhas de Filipe profetizavam (gr. propheteusai - 1 Co 12.4), mas não são
chamadas profetizas. Por outro lado, somente homens, como é o caso de Ágabo, em
At 21.10, são chamados profetas; isto quanto ao dom ministerial de profeta (ver
Ef 4.11).
21.10 UM PROFETA, POR NOME ÁGABO. Ágabo, um dos profetas da igreja
que predisseram a fome de 46 d.C. (At 11.27,28), agora prediz que Paulo será
preso e encarcerado. Quanto mais perto de Jerusalém Paulo se aproximava, tanto
mais claras e específicas ficaram as revelações sobre a sua ida (v. 11). A
profecia de Ágabo não dizia que Paulo não fosse a Jerusalém, mas somente o que
lhe aguardava se fosse. Note que, em nenhum incidente registrado no NT, o dom
de profecia foi usado para dirigir pessoas em casos que pudessem ser resolvidos
pelos princípios bíblicos. As decisões no tocante à moralidade, compra e venda,
ao casamento, ao lar e à família devem ser tomadas mediante a aplicação e
obediência aos princípios da Palavra de DEUS e não meramente à base de uma profecia
. No NT, expressões vocais proféticas visavam, em primeiro lugar, à edificação,
exortação e consolação da igreja (1 Co 14.3), e frequentemente à orientação no
cumprimento de missão (ver 16.16). Fica evidente que um profeta pode ser usado
por DEUS para trazer uma mensagem diretamente de DEUS sobre o futuro (dom
Palavra de Sabedoria) ou uma revelação sobrenatural do passado ou do presente
(dom Palavra de Conhecimento).
21.13 MAS PAULO RESPONDEU. Este trecho demonstra que a vontade da
maioria, ou até mesmo o desejo unânime de crentes genuínos e sinceros, nem
sempre significa a vontade de DEUS. Paulo não estava indiferente à imploração e
às lágrimas dos seus amigos; mesmo assim, não podia alterar seu propósito
resoluto em sofrer encarceramento e até mesmo morrer por amor ao nome do Senhor
JESUS, pois para isto mesmo foi chamado.
21.14 FAÇA-SE A VONTADE DO SENHOR. Muitos discípulos (v. 4), bem
como o profeta Ágabo (v. 11), profetizaram dos sofrimentos que Paulo passaria
se fosse a Jerusalém. Estes cristãos interpretaram a palavra profética como uma
orientação pessoal a Paulo para que ele não fosse a Jerusalém (vv. 4,12).
Paulo, embora reconhecesse a veracidade da revelação (v. 11), não aceitou a
sincera interpretação que os discípulos deram à profecia (v. 13). Confiava na
orientação pessoal do ESPÍRITO SANTO e na Palavra de DEUS aplicada pessoalmente
a si para tomar uma decisão tão importante (At 23.11; ver At 21.4). No tocante
ao nosso ministério futuro, devemos esperar numa palavra pessoal de DEUS, e não
meramente depender da palavra dos outros. Os irmãos agiram sentimentalmente,
enquanto Paulo agiu espiritualmente.
Na casa de Filipe, o evangelista, em Cesareia, estavam agora três
ministros de CRISTO - três ministérios da igreja reunidos. Apóstolo (Paulo),
Profeta(Ágabo) e Evangelista (Filipe). E ele mesmo deu uns para apóstolos, e
outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores, Efésios 4:11.
Resumo da Lição 12, A Coragem do Apóstolo
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
1. A insistência de Paulo em ir a Jerusalém.
2. De Mileto para Tiro.
3. Passando por Cesareia.
II – A CORAGEM PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
1. A coragem do apóstolo pela voz do ESPÍRITO.
2. A chegada em Jerusalém.
3. Paulo se depara com seus oponentes judeus.
III – ACUSAÇÕES E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
1. As acusações mentirosas contra Paulo.
2. A prisão do apóstolo e o enfrentamento contra seus algozes.
3. Paulo dialoga com Lísias (At 21.37-40).
Resumo geral da Lição
INTRODUÇÃO
Muitas vezes nosso chamado requer de nós até mesmo a morte, por
isso precisamos de coragem para enfrentar tudo o que viver a nos confrontar,
mesmo que seja um confronto do bem, ou seja, de parentes e amigos.
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS
JESUS já havia revelado a Ananias que Paulo haveria de padecer pelo
seu nome.
Através das várias revelações de DEUS a seus profetas da Igreja,
Paulo discerniu que era a vontade de DEUS que ele enfrentasse prisões e açoites
pelo nome de JESUS, em Jerusalém.
O apóstolo decidiu, em seu coração, que deveria ouvir a voz do
ESPÍRITO SANTO e partir para seu destino de um gloriosos fim de ministério. Nem
mesmo os filhos da fé que ele fizera para CRISTO e seus mais íntimos amigos o
poderiam deter.
Os discípulos em Tiro aconselharam Paulo a não ir a Jerusalém, pois
enfrentaria muitas ameaças, mas Paulo estava decidido a dar até mesmo sua vida
para que JESUS fosse conhecido e reconhecido como filho de DEUS.
Passando por Cesareia Paulo encontrou Filipe, um dos diáconos
eleitos em Jerusalém, que se tornara um evangelista inflamado pelo ESPÍRITO
SANTO.
Filipe era homem espiritual, cheio do ESPÍRITO SANTO e muito usado
em dons do Mesmo e suas quatro filhas donzelas eram usadas em dom de profecia
(At 21.8,9).
Paulo passou oito dias em Cesareia desfrutando da companhia de
irmãos como Filipe e quem sabe, até de Cornélio e sua família que haviam se
convertido quando Pedro os visitou. Cesareia seria a morada de Paulo por pouco
mais de dois anos mais tarde, quando de sua prisão e testemunho diante de
governadores e rei.
II – A CORAGEM PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE
Depois de insistirem para Paulo não ir a Jerusalém e diante de sua
recusa em ouvi-los, os irmãos lhe disseram: “Faça-se a vontade do Senhor” (At
21.14).
A recepção de Paulo em Jerusalém foi feita de muito boa vontade
pelos irmãos da igreja (At 21.17).
Acontecia ali a festa tradicional de Pentecostes que comemorava as
colheitas e a promulgação da lei.
Paulo encontrou-se com os anciãos e Tiago, o irmão do Senhor, um
dos principais líderes da igreja em Jerusalém (At 21.18; Gl 2.9), agora
apóstolo da igreja do segundo colegiado (Gl 1.19), assim como Paulo e Barnabé
(At 14.14).
Quando os líderes ouviram do apóstolo o que DEUS estava fazendo na
vida dos gentios e os milagres em seu ministério (At 21.19) glorificaram a DEUS
pelas maravilhas que Ele havia feito por intermédio do seu servo (At 21.20).
Os judaizantes queriam um cristianismo judaizante, com costumes e
ritos, tais como a circuncisão, a guarda do sábado, entre outros. Porém nem a
liderança da igreja em Jerusalém e nem Paulo concordavam com isto.
III – ACUSAÇÕES E A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO
As principais acusações dos judaizantes contra o apóstolo Paulo
eram de que ensinava que os judeus entre os gentios deviam se apartar da lei de
Moisés; ensinava que eles não deveriam circuncidar os filhos; e ensinava que
não deviam andar segundo a lei de Moisés (At 21.21).
Tiago e os anciãos da igreja, procurando promover a paz na Igreja
formada por judeus e gentios apresentaram sugestões para o apóstolo Paulo:
dentre elas: Levar quatro homens que fizeram voto de nazireu; pagar as despesas
deles; raspar a própria cabeça como demonstração de que praticava a lei (At
21.23,24).
A maioria dos judeus da Ásia, que veio para a Festa de Pentecoste
ao ver Paulo no Templo começou a alvoroçar todo o povo, lançando mão ao
apóstolo, acusando-o de inimigo de Moisés e profanador do Templo (At 21.27,28).
Os judeus que ouviram esses incitadores agarraram o apóstolo e o
arrastaram para fora do Templo, fechando suas portas (At 21.30). Essa gente
começou a pedir o linchamento (ou apedrejamento) de Paulo e essa notícia chegou
ao comandante chamado Claudio Lísias.
O comandante Claudio Lísias investigou o problema, prendeu e
algemou o apóstolo, levando-o ao quartel–general que ficava na Torre Antônia,
onde eram colocados seus presos (At 21.33).
Paulo se declarou cidadão romano ao comandante Claudio Lísias.
O apóstolo padecia pelo nome de JESUS porque desejava proclamar o
Evangelho para as pessoas que o odiassem.
CONCLUSÃO
A visão que Paulo tinha da missão evangelizadora o fazia enfrentar
toda e qualquer oposição e sofrimento.
Atos 21:7 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
(com algumas modificações do Pr. Henrique)
A chegada deles a Ptolemaida, que não era distante de Tiro (v. 7):
E nós (...) viemos a Ptolemaida, que alguns pensam que é o mesmo local de Aco,
que nós encontramos na tribo de Aser (Jz 1.31). Paulo rogou que o deixassem
desembarcar ali, para saudar os irmãos, para saber da situação deles, e
testemunhar sua boa vontade para com eles; embora não pudesse ficar muito
tempo, mesmo assim ele não passaria por ali sem fazer uma visita de cortesia, e
ficou com eles um dia, talvez fosse o dia do Senhor; melhor uma breve estadia
do que nenhuma visita.
A Profecia de Ágabo em Cesareia. A Fidelidade de Paulo à sua
Resolução de Visitar Jerusalém
Atos 21:8-14
Nós temos aqui Paulo e seus companheiros por fim chegados a
Cesaréia, onde ele pretendia se demorar, sendo este o local onde o evangelho
foi primeiramente pregado aos gentios, e onde caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos
os que ouviam a palavra (Atos 10.1,44 - E havia em Cesareia um varão por nome
Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a DEUS, com
toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a
DEUS. Atos 10:1,2).
Agora aqui nos é dito:
I
Quem acolheu Paulo e seus companheiros em Cesaréia. Ele raramente
tinha a oportunidade de ficar em uma hospedaria, mas, sempre que chegava, um
amigo ou outro o recebia e dava-lhe as boas-vindas. Note: Aqueles que navegaram
juntos se separaram quando a viagem foi concluída, conforme suas ocupações.
“Aqueles que eram responsáveis pela carga permaneceram onde estava o navio a
fim de este ser descarregado (v. 3); outros, quando chegaram a Ptolemaida,
seguiram seu caminho de acordo com suas tarefas; mas nós que éramos da
companhia de Paulo íamos aonde ele ia, e chegamos a Cesaréia.” Aqueles que
viajam juntos por este mundo se separarão na morte, e então aparecerá quem
pertence ao grupo de Paulo e quem não pertence. Agora, em Cesaréia:
1. Eles foram acolhidos por Filipe, antes diácono em Jerusalém,
agora, o evangelista, a quem DEUS enviou a Cesaréia muitos anos atrás, depois
que ele tinha batizado o eunuco (Atos 8.40), e ali nós agora o encontramos.
(1) Originariamente, ele era diácono, um dos sete que foram
escolhidos para servir às mesas (Atos 6.5).
(2) Ele agora, e já por muito tempo, era evangelista, alguém que
trata de plantar e cuidar de igrejas, como os apóstolos fizeram e se dedicaram
à palavra e oração; desse modo, ao servir bem como diácono adquiriu para si uma
boa posição; e tendo sido fiel sobre o pouco, foi colocado sobre muito.
Filipe esteve fazendo uma grande obra para DEUS em Samaria, onde
foi tremendamente usado por DEUS em sinais, prodígios e maravilhas. Depois
enviado a pregar etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o
qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para
adoração (Atos 8:27) e depois foi transportado milagrosamente para Azoto e
depois chegou a Cesaréia (E Filipe se achou em Azoto e, indo passando,
anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesareia. Atos
8:40).
(3) Ele tinha uma casa em Cesaréia, capaz de abrigar a Paulo e a
toda sua companhia, e recebeu a ele e aos outros muito bem. E entrando em casa
de Filipe, o evangelista, ficamos com ele. Assim convém aos que se tornaram
cristãos e ministros, de acordo com suas capacidades, ser hospitaleiros uns
para os outros, sem murmurações (1 Pe 4.9).
2. Este Filipe tinha quatro filhas donzelas, que profetizavam (v.
9). Isso dá a entender que elas eram usadas em dom de profecia (para
edificação, consolação e exortação - portanto, não com capacidade de prever o
futuro sobre os problemas que Paulo teria em Jerusalém).
Por onde Paulo passou, com em Tiro, outros profetas da igreja
haviam avisado a Paulo sobre seu futuro, mas nenhum deles o dissuadiram de
partir. Paulo sabia das dificuldades que ele teria pela frente.
II
Uma predição clara e completa dos sofrimentos de Paulo, por um
profeta conhecido. Ágabo já havia sido usado pelo ESPÍRITO SANTO para
profetizar sobre acontecimento futuro e sua predição se cumpriu (E,
levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo ESPÍRITO, que
haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio
César. Atos 11:28).
1. Paulo e sua companhia demoraram-se muitos dias em Cesaréia,
talvez Cornélio ainda vivesse ali, e (embora Filipe lhes desse alojamento)
ainda podia ser de muitos modos agradável a eles, e induzi-los a ficar mais
tempo. Que motivo Paulo viu para demorar-se tanto tempo ali, e se apressar tão
pouco na parte final de sua viagem a Jerusalém, quando parecia ter tanta pressa
no início dela, nós não sabemos dizer; mas estamos certos de que ele não ficou
ali ou em qualquer outro lugar por preguiça; ele media seu tempo em dias, e os
contava.
2. Chegou da Judéia um profeta por nome Ágabo; este era aquele de
quem nós lemos anteriormente, que foi de Jerusalém a Antioquia, para predizer
uma fome geral (Atos 11.27,28). Veja como DEUS dispensa seus dons de maneira
variada. A Paulo foram dados pelo ESPÍRITO SANTO vários dons, como dons de
curar, de milagre, discernimentos de espíritos etc. Paulo tinha o ministério de
apóstolo (Ef 4.11).
Ágabo era ministro de CRISTO como profeta (Ef 4.11), e as
filhas de Filipe tinham dom de profecia pelo ESPÍRITO (1 Co 12.10) – a predição
de coisas futuras não é dada ao dom de profecia, mas, sim ao profeta.
Temos a impressão de que Ágabo foi enviado pelo ESPÍRITO
SANTO a Cesaréia, para encontrar Paulo com essa mensagem profética. Creio que o
ESPÍRITO SANTO queria a confirmação de Paulo de que ele estaria disposto a
perder sua vida pelo evangelho.
3. Ágabo predisse as prisões de Paulo em Jerusalém:
(1) Por um sinal, como os profetas antigos faziam, Isaías (Atos
20.3), Jeremias (Atos 13.1; 27.2), Ezequiel (Atos 4.1; 12.3), e muitos outros.
Ágabo tomou a cinta de Paulo, quando ele a tirou, ou talvez a tenha tomado da
cintura dele, e com ela ligando-se os seus próprios pés e mãos amarrando suas
mãos e pés juntos, proclamou sua profecia; isso foi planejado tanto para
confirmar a profecia (era tão certo ocorrer como se já tivesse ocorrido) quanto
para afetar, com isso, aqueles ao seu redor, porque aquilo que nós vemos
normalmente nos causa uma maior impressão do que aquilo que nós apenas ouvimos.
(2) Por uma explicação do sinal: Isso diz o ESPÍRITO SANTO - Assim
ligarão os judeus em Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e, como eles
trataram o seu Mestre (Mt 20.18,19), o entregarão nas mãos dos gentios, como os
judeus em outros lugares tinham sempre se esforçado em fazer, acusando-o diante
dos governadores romanos. Paulo recebeu esta advertência expressa acerca das
suas dificuldades, para que pudesse se preparar para elas, e para que quando
elas viessem, não fossem nenhuma surpresa nem terror para ele; o aviso geral de
que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de DEUS deve ter a mesma
função para nós (Atos 14.22).
III
A grande importunação que os seus amigos usaram para com ele para
dissuadi-lo de ir adiante a Jerusalém (v. 12).
“Não só os daquele lugar, mas nós que éramos da companhia de Paulo,
e entre os demais o próprio Lucas, que tinha ouvido isso muitas vezes antes, e,
todavia, visto a resolução de Paulo, rogamos com lágrimas que ele não subisse a
Jerusalém, mas continuasse seu curso por algum outro caminho.” Sendo assim:
1. Aqui apareceu uma afeição louvável para com Paulo, e um apreço
por ele, por conta de sua grande utilidade na igreja. Homens bons que às vezes
são muito ativos precisam ser dissuadidos de se sobrecarregarem e homens bons
que são muito corajosos às vezes precisam ser dissuadidos de se exporem muito.
O Senhor é para o corpo, e assim nós devemos ser.
2. Porém, havia uma certa fraqueza, especialmente naqueles da
companhia de Paulo que sabiam que ele empreendia esta viagem por orientação
divina, e tinham visto com que resolução ele havia antes vencido semelhante
oposição. Mas nós vemos neles a fraqueza comum a todos nós; quando vemos
dificuldade a uma certa distância, e temos apenas uma visão geral dela, não
damos importância; mas quando se aproxima de nós, começamos a encolher e a
recuar. E tocando-te a ti, te perturbas (Jó 4.5). Paulo era mais forte espiritualmente
do que sentimentalmente.
IV
A santa coragem e intrepidez com que Paulo persistiu em sua
resolução (v. 13).
1. Ele os reprova por tentar dissuadi-lo. Aqui há uma disputa de
amor de ambos os lados, e afeições muito sinceras e fortes que colidem entre
si. Eles o amam afetuosamente, e por isso se opõem à sua resolução; ele os ama
do mesmo modo, e por isso os repreende por se oporem a ela: Que fazeis vós,
chorando e magoando-me o coração? Eles foram um tropeço para ele, como Pedro
foi para CRISTO, quando, em um caso semelhante, ele disse: Mestre, poupa-te a
ti mesmo. O lamento deles partiu seu coração. (1) Era uma tentação para ele,
mas não o abalou. “Eu sei que estou designado a sofrer, e vocês deveriam me
animar e encorajar, e dizer algo que fortaleça meu coração; mas vocês, com suas
lágrimas, partem meu coração, e tentam me desencorajar. O que vocês pretendem
com isso? Nosso Mestre não nos disse que levemos nossa cruz? E vocês querem
evitar que eu tome a minha?” (2) Era uma dificuldade para ele que eles o
pressionassem tão seriamente naquilo que ele não os podia satisfazer sem
prejudicar sua consciência. Paulo era de um espírito muito terno. Como ele
mesmo estava em muitas lágrimas, assim ele teve uma consideração compassiva
para com as lágrimas dos seus amigos. Mas agora isso parte seu coração, quando
ele tem de negar o pedido dos seus amigos em lágrimas. Era uma bondade
indelicada, uma piedade cruel, de modo a atormentá-lo com suas dissuasões, e a
acrescentar aflição à aflição dele. Quando nossos amigos são convocados para
sofrimentos, nós devemos mostrar nosso amor confortando-os e não chorando por
eles. Mas observe: Esses cristãos em Cesaréia, se eles pudessem ter previsto os
particulares daquele evento, o aviso geral do qual eles receberam com tanto
pesar, teriam aceitado melhor a ele por causa de si mesmos; porque, quando
Paulo foi feito prisioneiro em Jerusalém, ele foi logo enviado a Cesaréia, o
mesmo lugar onde ele estava agora (Atos 23.33), e lá ele continuou por pelo
menos dois anos (Atos 24.27) como um prisioneiro em regime aberto, como parece
(Atos 24.23), sendo dadas ordens de que ele deveria ter liberdade para ir até
seus amigos, e seus amigos de vir a ele; de forma que a igreja em Cesaréia teve
muito mais da companhia e ajuda de Paulo quando ele estava preso do que eles
poderiam ter se ele estivesse em liberdade. Aquilo a que nós nos opomos,
pensando operar muito contra nós, pode ser reordenado pela providência de DEUS
para trabalhar a favor de nós, que é uma razão por que deveríamos seguir a
providência, e não a temer.
2. Todavia, ele repete sua resolução de ir adiante: “Que fazeis
vós, chorando desse modo? Eu estou pronto para sofrer tudo que está designado
para mim. Eu estou completamente determinado a ir, não importa o que aconteça,
e, portanto, é em vão que vós vos oponhais a isso. Eu estou disposto a sofrer,
e então por que vós não quereis que eu sofra? Não estou eu mais próximo de mim
mesmo, e mais capaz de julgar por mim mesmo? Se a dificuldade me pegasse
desprevenido, isso realmente seria uma dificuldade, e vós poderíeis lamentar
muito ao pensardes nela. Mas, louvado seja DEUS, esse não é o caso. Ela é muito
bem-vinda a mim, e, portanto, não deveria ser um terror para vós. De minha
parte, eu estou pronto”, etoimos echo – eu me mantenho em prontidão, como um
soldado para o combate. “Eu espero dificuldades, eu conto com elas, não serão
nenhuma surpresa para mim. Foi-me dito uma vez quanto eu devo padecer” (Atos
9.16). “Eu estou preparado para isso, por uma clara consciência, uma confiança
firme em DEUS, um desprezo santo pelo mundo e o corpo, uma fé viva em CRISTO, e
uma alegre esperança de vida eterna. Eu posso dar-lhe boas-vindas, como nós
fazemos a um amigo por quem esperamos, e fazer os preparativos. Eu posso, pela
graça, não só suportá-la, mas alegrar-me com ela.” Sendo assim: (1) Veja até
onde vai sua resolução: O ESPÍRITO SANTO disse que eu vou ser preso em
Jerusalém, e vocês querem me manter longe por medo disso. Eu digo a vocês: “Eu
não só estou pronto para ser preso, mas, se a vontade de DEUS for essa, estou
pronto para morrer em Jerusalém; não só perder minha liberdade, mas perder
minha vida.” É nossa prudência pensar no pior que pode nos acontecer, e nos
preparar de acordo, para que possamos nos manter perfeitos e consumados em toda
a vontade de DEUS. (2) Veja o que é que o domina assim, que o faz querer sofrer
e morrer: é pelo nome do Senhor JESUS. Tudo aquilo que um homem tem ele dará
por sua vida; mas a própria vida Paulo dará pelo serviço e honra do nome de
CRISTO.
V
A aquiescência paciente dos seus amigos sobre sua resolução (v.
14). 1. Eles se entregaram à sabedoria de um bom homem. Eles tinham levado o
assunto até onde puderam com decência; mas: “E como não podíamos convencê-lo,
nos aquietamos. Paulo conhece melhor sua própria mente, e o que ele tem de
fazer, e é melhor deixar que ele resolva isso, e não o censurar pelo que ele
faz, nem dizer que ele é precipitado, obstinado e petulante, e tem um espírito
de contradição, como algumas pessoas gostam de julgar aqueles que não agem da
maneira que elas gostariam. Sem dúvida, Paulo tem uma boa razão para ficar
firme em sua resolução, embora ele tenha motivos para manter isso para si, e
DEUS tem finalidades graciosas a atingir ao confirmá-lo nela.” É falta de
educação pressionar aqueles que em suas próprias tarefas não serão persuadidos.
2. Eles se submeteram à vontade de um bom DEUS: Nos aquietamos, dizendo:
Faça-se a vontade do Senhor! Eles não aprovaram sua resolução por sua teimosia,
mas por sua voluntariedade em sofrer, e é a vontade de DEUS que ele sofra. Pai
nosso que estás nos céus, seja feita a tua vontade, não só é uma regra para
nossas orações e para nossa prática, como é para nossa paciência. Isso pode se
referir: (1) À firmeza presente de Paulo; ele é inflexível, e não pode ser
persuadido, e nisso eles veem a vontade do Senhor. “Foi Ele quem forjou essa
firme resolução nele, e então nós consentimos com ela.” Note: Na mudança dos
corações de nossos amigos ou ministros, deste ou daquele modo (e pode ser um
modo bem diferente do que nós poderíamos desejar), nós devemos ver a mão de
DEUS, e nos submeter a ela. (2) Aos sofrimentos que se aproximam: “Se não há
como evitar que Paulo enfrenta a prisão, a vontade do Senhor JESUS seja feita.
Nós fizemos tudo aquilo que nós poderíamos fazer de nossa parte para impedi-lo,
e agora nós o deixamos com DEUS, nós o deixamos com CRISTO, a quem o Pai
confiou todo julgamento, e então nós fazemos, não como queremos, mas como Ele
quer. Note: Quando nós vemos a dificuldade se aproximando e de maneira
particular a de nossos ministros ao serem silenciados ou afastados de nós, nos
convém dizer: Faça-se a vontade do Senhor! DEUS é sábio, e sabe como fazer tudo
contribuir para o bem, e, portanto, “bem-vinda seja sua santa vontade”. Não
apenas: “A vontade do Senhor deve ser feita, e não há como evitar”; mas: “Que a
vontade do Senhor seja feita, porque a sua vontade é a sua sabedoria, e Ele faz
tudo de acordo com o conselho dela; que Ele, portanto, faça conosco e com os
nossos como parecer bem aos seus olhos”. Quando surge uma dificuldade, isso
deve acalmar nossas aflições, para que a vontade do Senhor seja feita; quando
nós a virmos se aproximando, isso deve silenciar nossos medos para que se faça
a vontade do Senhor, à qual nós devemos dizer: Amém, assim seja.
A Visita de Paulo a Jerusalém. A Conformidade de Paulo com a Lei
Judaica - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (com algumas
modificações do Pr. Henrique)
Atos 21:15-26
Nesses versículos, nós temos:
I
A viagem de Paulo a Jerusalém desde Cesaréia, e a comitiva que foi
junto com ele.
1. Eles levaram suas carruagens, suas bolsas e bagagens, e como
parece, semelhantes a viajantes pobres ou soldados, eram seus próprios
carregadores; eles tinham poucas mudas de roupa. Omnia mea mecum porto – Tudo
que tenho levo comigo. Alguns pensam que eles tinham consigo o dinheiro que foi
coletado nas igrejas da Macedônia e Acaia para os santos pobres em Jerusalém.
Se eles tivessem persuadido Paulo a ir a algum outro lugar, eles teriam ido
alegremente junto com ele; mas se, não obstante sua dissuasão, ele vai para
Jerusalém, eles não dizem: “Então que ele vá sozinho!”; mas, como Tomé em um
caso semelhante, quando CRISTO poderia correr perigo em Jerusalém: Vamos nós
também, para morrermos com ele (Jo 11.16). A sua intenção de acompanhar Paulo
era semelhante à de Itai de acompanhar Davi (2 Sm 15.21): que no lugar em que
estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, aí certamente estará
também o teu servidor. Assim a coragem de Paulo os incentivou.
2. Alguns dos discípulos de Cesaréia foram com eles. Se eles já
haviam planejado ir de qualquer forma, e aproveitaram esta oportunidade de ir
com essa boa comitiva, ou se eles foram com o propósito de ver se poderiam
prestar a Paulo qualquer serviço e se possível evitar a sua dificuldade, ou
pelo menos apoiá-lo na ocasião, não fica claro. Quanto menos tempo é provável
que Paulo desfrute de sua liberdade tanto mais eles se esforçam em aproveitar
toda oportunidade de conversação com ele. Eliseu manteve-se perto de Elias
quando soube que o tempo se aproximava, e que Elias deveria ser levado. 3. Eles
trouxeram consigo um velho e honesto cavalheiro que tinha uma casa própria em
Jerusalém na qual ele alegremente acolheria Paulo e sua comitiva: Mnasom,
natural de Chipre (v. 16), com quem havíamos de hospedar-nos. Havia tamanha
multidão de pessoas para a festa que era difícil conseguir alojamentos; as
hospedarias seriam tomadas por aqueles de classe mais alta, e era visto como
uma coisa escandalosa para os que tinham casas particulares alugar seus quartos
vazios nessas ocasiões, mas eles deviam acomodar de bom grado os estrangeiros.
Cada um então escolhia seus amigos para serem seus convidados, e Mnasom levou
Paulo e sua comitiva para serem seus hóspedes; ainda que ele tenha ouvido dos
problemas que Paulo provavelmente enfrentará, e dos problemas que poderão ter
os que o acolherem também, ele o receberá, não importa o resultado. Este Mnasom
é chamado um discípulo antigo – um discípulo desde o princípio; alguns pensam ser
um dos setenta discípulos de CRISTO, ou um dos primeiros convertidos depois do
derramar do ESPÍRITO, ou um dos primeiros que foram convertidos através da
pregação do evangelho em Chipre (Atos 13.4). De qualquer modo, parece que ele
era cristão havia muito tempo, e estava agora em idade avançada. Note: É uma
coisa honrosa ser um discípulo antigo de JESUS CRISTO, ter sido capacitado pela
graça de DEUS a continuar por muito tempo no curso do dever, firme na fé, e se
tornando cada vez mais prudente e experimentado até uma boa velhice. E com
esses discípulos antigos é que se deve hospedar; pois a multidão dos seus anos
ensina sabedoria.
II
O acolhimento de Paulo em Jerusalém.
1. Muitos dos irmãos ali o receberam de muito boa vontade (v. 17).
Assim que eles tiveram notícia de que ele tinha vindo à cidade, foram para o
seu alojamento na casa de Mnasom, e o cumprimentaram por sua chegada segura, e
disseram que estavam felizes em vê-lo, e convidaram-no a ir a suas casas,
considerando uma honra serem conhecidos de tão eminente servo de CRISTO. Streso
observa que a palavra aqui usada com relação ao acolhimento que eles deram aos
apóstolos, menos apodechein, é usada com relação ao acolhimento da doutrina dos
apóstolos (Atos 2.41). Eles de bom grado receberam a sua palavra. Nós pensamos
que se tivéssemos Paulo entre nós, nós deveríamos recebê-lo alegremente; mas é
uma questão saber se nós o faríamos ou não, tendo sua doutrina, se nós não
recebemos a esta alegremente.
2. Eles fizeram uma visita a Tiago e aos anciãos da igreja, em uma
reunião da igreja (v. 18): “No dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de
Tiago (irmão de JESUS), nos levou com ele, pois éramos seus companheiros, para
nos apresentar e nos tornar conhecidos da igreja em Jerusalém”. Tiago estava
agora no cargo de líder da Igreja como apóstolo da igreja do segundo colegiado
como Paulo e Barnabé eram fora de Jerusalém, e todos os anciãos ou presbíteros
que eram os pastores ordinários da igreja, tanto para pregar como para
governar, estavam presentes. Paulo saudou a todos, mostrou sua consideração por
eles, perguntou sobre seu bem-estar e lhes deu a mão direita da comunhão. E
havendo-os saudado, isto é, desejou-lhes toda a saúde e felicidade, e orou a
DEUS para abençoá-los. O próprio significado de saudação é “querer a salvação
para você”: salve, ou salus tibi sit; como “a paz esteja contigo”. E essas
saudações mútuas, ou votos de felicidade, são muito adequadas aos cristãos,
como símbolo do amor de uns para com os outros e união diante de DEUS.
III
O relato que eles tiveram dele sobre o seu ministério entre os
gentios, e a satisfação deles nisso.
1. Ele lhes fez um relato do sucesso do evangelho nos países onde
ele tinha atuado, sabendo que seria muito aceitável a eles ouvir falar do
crescimento do reino de CRISTO: Ele contou-lhes minuciosamente o que por seu
ministério DEUS fizera entre os gentios, sinais, prodígios e maravilhas (v.
19). Observe como ele fala modestamente, não que coisas ele tinha feito (ele
era apenas o instrumento), mas o que DEUS tinha feito pelo seu ministério. Não
eu, mas a graça de DEUS que estava comigo. Ele plantou e regou, mas DEUS deu o
crescimento. Ele declarou isso de maneira enfática, para que a graça de DEUS
pudesse aparecer o mais distinta possível nas circunstâncias do seu sucesso.
Assim Davi conta a outros o que DEUS fez por sua alma (Sl 66.16), como Paulo
conta o que DEUS fez por sua mão, e ambos para que seus amigos possam ajudá-los
a serem gratos.
2. Então eles aproveitaram a ocasião para louvar a DEUS (v. 20): E
ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor. Paulo atribuiu tudo a DEUS, e a DEUS
eles louvaram. Eles não irromperam em grandes encômios a Paulo, mas deixaram
que seu Mestre lhe dissesse: Muito bem! Servo bom e fiel; mas eles deram glória
à graça de DEUS que foi estendida aos gentios. Note: A conversão de pecadores
deve ser motivo de nossa alegria e louvor como é dos anjos. DEUS honrou a Paulo
mais do que a qualquer um deles, fazendo sua utilidade mais extensa, contudo
eles não o invejaram, nem ficaram ciumentos de sua crescente reputação, mas,
pelo contrário, glorificaram ao Senhor. E eles não poderiam fazer mais para
encorajar Paulo a continuar alegremente em seu trabalho do que glorificar a DEUS
por seu sucesso; pois, se DEUS é louvado, Paulo está contente.
IV
O pedido de Tiago e dos anciãos da igreja em Jerusalém a Paulo, ou
antes o seu conselho, para que ele satisfizesse os convertidos judeus mostrando
alguma condescendência para com a lei cerimonial, e aparecesse publicamente no
templo para oferecer sacrifício, o que não era em si uma coisa pecaminosa; pois
a lei cerimonial, embora não devesse de forma alguma ser imposta aos pagãos
convertidos (como os falsos mestres queriam, e por isso se esforçaram em
subverter o evangelho), ainda não havia se tornado ilegítima para aqueles que
tinham sido criados na sua observância, mas estavam longe de esperar
justificação por ela. Estava morta, mas não enterrada; morta, mas ainda não era
mortífera. E, não sendo pecaminosa, eles pensaram que seria prudente da parte
de Paulo conformar-se até esse ponto. Observe o conselho que eles dão sobre
isso a Paulo, não como tendo autoridade sobre ele, mas como afeto para com ele.
1. Eles queriam que ele tivesse conhecimento do grande número de
judeus convertidos: Vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem. Eles o
chamaram de irmão, porque o consideravam um colaborador na obra do evangelho.
Embora eles fossem da circuncisão, e ele o apóstolo dos gentios, embora eles
fossem conformistas, e ele um não-conformista, contudo, eles eram irmãos, e
reconheciam essa ligação. Tu tens estado em algumas de nossas assembleias, e
viste quão numerosos eles são: quantos milhares de judeus há que crêem. A
palavra na verdade significa mais do que milhares, dez milhares. Até mesmo
entre os judeus, que eram os maiores adversários do evangelho, havia grandes
multidões que o receberam; pois a graça de DEUS pode desfazer os laços mais
fortes de Satanás. O número dos nomes era no princípio apenas cento e vinte,
contudo, agora muitos milhares. Portanto, que ninguém menospreze o dia das
coisas pequenas; pois, embora o começo seja pequeno, DEUS pode fazer o fim
aumentar grandemente. Por isso parecia que DEUS não havia abandonado totalmente
o seu povo, os judeus, pois entre eles havia um remanescente, uma eleição, que
ainda vigorava (veja Rm 11.1,5,7): muitos milhares que crêem. E este relato que
eles puderam dar a Paulo do sucesso do evangelho entre os judeus era, sem
dúvida, tão agradável a Paulo como o relato que ele lhes fez da conversão dos
gentios era para eles; pois o desejo de seu coração e oração a DEUS pelos
judeus era que eles pudessem ser salvos.
2. Eles o informaram de uma fraqueza que prevalecia entre esses
judeus crentes da qual eles ainda não tinham sido curados: Eles todos são
zelosos da lei. Eles acreditam em CRISTO como o verdadeiro Messias, eles
descansam em sua justiça e se submetem ao seu governo; mas eles sabem que a lei
de Moisés era de DEUS, eles acharam benefício espiritual em sua observância e
em suas instituições, e, portanto, eles não podem de jeito nenhum pensar em
abandoná-la, não, nem ficar indiferentes a ela. E talvez eles argumentem que o
fato de CRISTO ter nascido sob a lei, e tê-la observado (o que devia significar
nossa libertação da lei), seja uma razão para continuarem debaixo dela. Isso
era uma grande fraqueza e equívoco, ser assim apaixonado pelas sombras quando a
substância tinha aparecido, manter o pescoço debaixo de um jugo de escravidão
quando CRISTO tinha vindo fazê-los livres. Mas veja: (1) O poder da educação e
do uso continuado, e especialmente de uma lei cerimonial. (2) A permissão
caridosa que deve ser feita em atenção a isso. Esses judeus convertidos não
foram, portanto, renegados e rejeitados como não-cristãos porque eles eram
apegados à lei, na verdade, eram zelosos por ela, enquanto isso se limitava a
sua prática pessoal, e eles não a impunham a outros. O fato de serem zelosos
pela lei capacitava a lei a uma boa construção, que a caridade poria sobre ela;
e daria uma boa desculpa, considerando as coisas a que eles foram expostos, e
as pessoas entre quem eles viviam.
3. Eles lhe deram a entender que esses judeus, que eram tão zelosos
da lei, tinham sido indispostos contra ele (v. 21). O próprio Paulo, embora tão
fiel como nenhum outro servo que CRISTO jamais teve, ainda não conseguia ser
bem falado por todos que pertenciam à família de CRISTO: “Já acerca de ti foram
informados (e formaram uma opinião a seu respeito de acordo com isso) que tu
não só não ensinas os gentios a observar a lei, como gostariam que fizesse (nós
os convencemos a abandonar isso), mas ensinas todos os judeus que estão entre
os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus
filhos nem andar segundo o costume de nossa nação, que eram de ordenança
divina, até onde podem ser observados mesmo entre os gentios, longe do templo,
nem observar os jejuns e festividades da congregação, nem usar seus
filactérios, nem se abster de carne impura.” Ora:
(1) Era verdade que Paulo pregava a anulação da lei de Moisés, ele
ensinava que era impossível ser justificado por ela, e que, portanto, nós não
estamos mais obrigados à sua observância. Mas:
(2) Era falso que ele lhes ensinava a abandonar Moisés; porque a
religião que ele pregava não tendia a destruir a lei, mas cumpri-la. Ele
proclamava a CRISTO (o fim da lei para a justiça), e arrependimento e fé, no
exercício dos quais nós devemos fazer grande uso da lei. Os judeus entre os
gentios a quem Paulo ensinou estavam tão distantes de abandonar Moisés que eles
nunca o entenderam tão bem, nem mesmo o abraçaram tão sinceramente como agora
quando eles foram ensinados a fazer uso dele como um aio, para os conduzir a
CRISTO. Mas até mesmo os judeus convertidos, tendo recebido essa noção de Paulo
de que ele era um inimigo de Moisés, e talvez dando valor exagerado aos judeus
descrentes também, ficaram muito exasperados contra ele. Seus ministros, os
anciãos aqui presentes, o amaram e honraram, e aprovaram o que ele fez, e o
chamaram de irmão, contudo, o povo dificilmente poderia ser induzido a ter um
pensamento favorável sobre ele; pois é certo que os menos judiciosos são os
maiores censuradores, os cabeças-ocas são os cabeças-quentes. Eles não puderam
identificar a doutrina de Paulo como deveriam ter feito, e então condenaram-na
como um todo, por ignorância.
4. Portanto, eles desejavam de Paulo que, agora que ele tinha vindo
a Jerusalém, pudesse por algum ato público fazer parecer que a acusação contra
ele era falsa, e que ele não ensinava o povo a abandonar Moisés e a romper com
os costumes da igreja judaica, porque ele mesmo mantinha a prática deles.
(1) Eles concluem que algo desse tipo deve ser feito: “Que faremos
pois? O que deve ser feito? Porque terão ouvido que já és vindo”. Essa é uma
inconveniência que atinge pessoas famosas, que suas idas e vindas são
conhecidas mais que de outras pessoas, e são comentadas, por alguns com boa
vontade e por outros com má vontade. “Quando eles ouvirem que tu vieste, é
necessário que a multidão se ajunte, eles esperarão que nós os chamemos, para
tomar conselho com eles se nós devemos admitir-te para pregar entre nós como um
irmão ou não; ou, eles se reunirão por si mesmos esperando ouvir a ti.” Sendo
assim, algo deve ser feito para os convencer de que Paulo não ensina o povo a
abandonar Moisés, e eles pensam que isso é necessário: [1] Por causa de Paulo,
para que sua reputação seja limpa, e para que um homem tão bom não fique sob
qualquer suspeita, nem um homem tão útil trabalhe sob qualquer desvantagem que
possa obstruir sua utilidade. [2] Por causa do povo, para que eles não
continuem preconceituosos contra um homem tão bom, nem percam o benefício de
seu ministério por causa desses preconceitos. [3] Por causa de si mesmos, pois
desde que sabiam que era seu dever reconhecer a Paulo, esse ato não devia se
tornar motivo de repreensão entre aqueles que estavam sob sua responsabilidade.
(2) Eles deram uma boa oportunidade para que Paulo pudesse se
esclarecer: “Faze, pois, isso que te dizemos, segue nosso conselho neste caso.
Nós temos quatro varões, judeus, de nossas próprias igrejas, que crêem, e eles
fizeram voto, um voto de nazireado durante um certo tempo; o tempo deles agora
expirou (v. 23), e eles devem fazer suas ofertas de acordo com a lei, quando
eles raspam a cabeça em sinal de separação, apresentam um cordeiro como oferta
queimada, uma ovelha como oferta pelo pecado, e um carneiro como oferta
pacífica, com outras ofertas pertinentes a eles (Nm 6.13-20)”. Muitos costumavam
fazer isso juntos, quando seus votos expiravam ao mesmo tempo, ou para maior
presteza ou para maior solenidade. Agora que Paulo tinha até aqui agido de
acordo com a lei a ponto de fazer um voto de nazireado e demonstrar a expiração
do voto raspando a cabeça em Cencréia (Atos 18.18), de acordo com o costume
daqueles que viviam longe do templo, eles queriam que ele fosse um pouco mais
longe, e se unisse com esses quatro oferecendo os sacrifícios de um nazireu:
“Santifica-te com eles de acordo com a lei; e dispõe-te não somente a sofrer
essa dificuldade, mas a ser responsável por eles, comprando sacrifícios para
essa ocasião solene, e te unindo com eles no sacrifício.” Isso, eles pensam,
fechará efetivamente a boca de calúnia, e todo mundo ficará convencido de que o
relatório era falso, que Paulo não era o homem que diziam ser, não ensinava os
judeus a abandonar Moisés, mas que ele mesmo, sendo originariamente um judeu,
caminhava ordenadamente, e guardava a lei; e então tudo ficaria bem.
5. Eles declaram solenemente que isso não será nenhuma infração do
decreto há pouco anunciado a favor dos convertidos pagãos, nem eles pretendem
com isso de forma alguma diminuir a liberdade permitida a eles (v. 25): “Quanto
aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito e achado por bem, e
resolvemos cumprir isso, que nada disso observem; nós não vamos fazer que sejam
amarrados pela lei cerimonial de forma alguma, mas somente que eles se guardem
do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado, e da prostituição;
mas que não sejam amarrados aos sacrifícios e purificações judaicos, nem a
nenhum dos seus ritos e cerimônias.” Eles sabiam quão zeloso era Paulo pela
preservação da liberdade dos gentios convertidos, e por isso expressamente se
comprometem com ela. Até aqui essa é a proposta deles.
V
Aqui está a condescendência de Paulo com isso. Ele estava disposto
a agradá-los nessa questão. Embora ele não tivesse sido persuadido a não ir a
Jerusalém, contudo, quando ele estava lá, foi persuadido a fazer como faziam
ali (v. 26). Então, Paulo, tomando consigo aqueles varões, como aconselharam, e
logo no dia seguinte [...], já santificado com eles, e não em ajuntamentos, nem
com alvoroços, como ele mesmo alega (Atos 24.18), ele entrou [...] no templo,
como outros judeus devotos que vinham com tais incumbências faziam, para
demonstrar o cumprimento dos dias de purificação aos sacerdotes; desejando que
o sacerdote designasse uma ocasião em que a oferta fosse feita para cada um
deles, uma para cada um. Ainsworth, comentando Números 6.18, cita de Maimônides
uma passagem que lança alguma luz sobre isso: Se um homem diz: Em mim esteja
metade das oblações de um nazireu, ou: Em mim esteja metade da raspagem de um
nazireu, então ele traz metade das ofertas pelas quais ele será nazireu, e
aquele nazireu paga suas ofertas daquela que é sua. Assim Paulo fez aqui; ele
contribuiu com o que ele prometeu com voto para as ofertas desses nazireus, e
alguns pensam que se ligou à lei de nazireado, e ao comparecimento no templo
com jejuns e orações durante sete dias, não pretendendo que a oferta fosse
apresentada até então, que foi o que ele demonstrou ao sacerdote. Agora, muitos
perguntam se Tiago e os anciãos fizeram bem em dar a Paulo esse conselho, e se
ele fez bem em recebê-lo.
1. Alguns acusaram essa conformidade ocasional de Paulo de ser
condescendente demais com os judeus em sua adesão à lei cerimonial, e um
desencorajamento para aqueles que estavam firmes na liberdade com a qual CRISTO
os tinha feito livres. Não era bastante para Tiago e os anciãos de Jerusalém
serem condescendentes com esse engano nos próprios judeus convertidos, mas
deviam ainda persuadir com lisonjas a Paulo para apoiá-los nisso? Não teria
sido melhor, quando eles tinham falado para Paulo quão zelosos os convertidos
judeus eram pela lei, se eles tivessem desejado que ele, a quem DEUS tinha
dotado com tais excelentes dons, se esforçasse com seu povo para os convencer
do seu erro, e mostrar-lhes que eles estavam livres da lei pelo seu matrimônio
com CRISTO? (Rm 7.4). Insistir com ele para que os encoraje nisso por seu
exemplo parece ter em si mais de sabedoria carnal que da graça de DEUS.
Seguramente Paulo sabia o que ele tinha que fazer melhor do que eles poderiam
ensiná-lo. Mas:
2. Outros pensam que o conselho foi prudente e bom, e que o ato de
Paulo de segui-lo foi bastante justificável, dada a situação. Esse era o
princípio declarado de Paulo: E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar
os judeus (1 Co 9.20). Ele tinha circuncidado a Timóteo, para agradar os
judeus; embora ele não observasse constantemente a lei cerimonial, contudo,
para ter uma oportunidade de fazer o bem, e mostrar até que ponto ele poderia
condescender, ele iria ocasionalmente ao templo e participaria ali dos
sacrifícios. Aqueles que são fracos na fé devem ser tolerados, ao passo que
aqueles que arruínam a fé devem ser confrontados. É verdade que essa
condescendência de Paulo acelerou o mal contra ele, porque essa mesma coisa com
a qual ele esperava pacificar os judeus apenas os provocou, e lhe trouxe
problemas; contudo, isso não é uma base suficiente para condená-lo: Paulo pode
fazer o bem, e ainda sofrer por isso. Mas talvez o DEUS sábio tenha governado
tanto o conselho deles quanto a complacência de Paulo para servir a um
propósito melhor do que o que era pretendido; porque nós temos razão de pensar
que quando os judeus crentes, que tinham se empenhado em seu zelo pela lei para
se recomendar à boa opinião daqueles que não acreditavam, viram quão barbaramente
eles usaram Paulo (que se esforçou para agradá-los), eles ficaram por isso mais
alienados da lei cerimonial do que eles poderiam ter estado pelos discursos
mais argumentativos ou apaixonados. Eles viram que era inútil pensar em agradar
a homens que não seriam agradados com nada menos que a extirpação do
cristianismo. É provável que a integridade e retidão nos preservem mais do que
a condescendência servil. E quando nós consideramos que grande problema deve
necessariamente ter sido para Tiago e os presbíteros, ao refletirem sobre isso,
descobrir que por seu conselho colocaram Paulo em dificuldade, isso deve ser
uma advertência para nós não pressionarmos os homens a nos agradar fazendo
qualquer coisa contrária à sua própria vontade.
A saga de Paulo em Jerusalém - (Atos 21) - Comen. Expo. H. D. Lopes
(com algumas modificações do Pr. Henrique)
Paulo está de malas prontas para viajar rumo a Jerusalém. Será a
última vez que o velho apóstolo colocará os pés na cidade de Davi. Embora um
dos propósitos da sua viagem seja levar uma oferta colhida entre os crentes
gentios para os crentes judeus, ele sabe que as curvas do futuro lhe reservam
cadeias e tribulações. Paulo não nutre esperanças falsas; sabe que será preso.
Não caminha na direção dos holofotes, mas rumo à prisão e à morte. Paulo chega
a pedir oração à igreja de Roma para não ser morto pelos rebeldes judeus nessa
arriscada viagem a Jerusalém (Rm 15.30,31).
De Mileto, depois Tiro e Cesareia o apóstolo viajou para Jerusalém,
onde seria preso, encarcerado, sujeitado a vários processos e finalmente
despachado a Roma para comparecer diante do Imperador. Werner de Boor, por sua
vez, não considera o caminho do sofrimento de Paulo sinônimo de perturbação e
interrupção, mas o auge de sua atuação.
Os capítulos 21 e 22 relatam a saga do apóstolo Paulo nessa viagem,
bem como sua prisão em Jerusalém. Destacamos seis pontos para reflexão.
A viagem de Paulo de Mileto a Tiro (21.1-6)
As estações da viagem paulina são fáceis de identificar no mapa.
Não havia ligações marítimas diretas para o fluxo de passageiros. As pessoas
viajavam em navios mercantes cujo roteiro era estabelecido pelo destino da
carga.
Logo que Paulo zarpou de Mileto, porto nas proximidades de Éfeso,
viajou até Cós, pequena ilha ao sul de Mileto; no dia seguinte, partiu para
Rodes, ilha maior a sudeste, e, dali seguiu para Pátara, a leste de Rodes
(21.1). Prosseguiu viagem de Pátara para a Fenícia, numa longa viagem de 650 km
(21.2), bordejando a ilha de Chipre e navegando direto para Tiro, onde o navio
deveria ser descarregado
. Em Tiro, a principal cidade da Fenícia, Paulo se encontrou com os
discípulos e permaneceu ali sete dias. Nessa cidade, Paulo recebeu uma
profecia, alertando-o a não ir a Jerusalém (21.4). Após uma semana entre os
crentes de Tiro, Paulo se despediu em clima de profunda emoção e cordialidade,
prosseguindo sua viagem rumo a Jerusalém (21.5,6).
A viagem de Paulo de Tiro a Cesareia (Atos 21)
Após deixar a cidade de Tiro rumo a Cesareia, Paulo chegou a
Ptolemaida, onde saudou os irmãos, permanecendo com eles por um dia (21.7). De
Ptolemaida, o apóstolo viajou direto para a cidade de Cesareia, cerca de 64 km
ao sul. Ali se hospedou na casa de Filipe, o evangelista, um dos sete diáconos
da igreja de Jerusalém, cujas filhas eram virgens e que profetizavam (21.8,9 -
dom de profecia). Filipe se estabelecera na cidade havia cerca de vinte anos
(8.40). Desde então, sua família crescera (21.9).
A magnífica cidade de Cesareia fora construída por Herodes, o
Grande, para servir como porto para Jerusalém. Paulo se hospedou na casa de
Filipe, que fugira de Jerusalém por causa da perseguição, quando Estêvão, seu
companheiro, foi morto com a participação de Saulo. No passado Filipe teve de
fugir do perseguidor Saulo. Agora os dois estão juntos como irmãos, o
perseguidor como hóspede na casa do perseguido. Um apóstolo e outro evangelista
conforme Efésios 4.11.
Enquanto Paulo estava em Cesareia, Agabo, conhecido profeta da
igreja em Jerusalém, desceu da Judeia e profetizou a prisão de Paulo em
Jerusalém, acrescentando que os judeus o entregariam nas mãos dos gentios (Atos
21.10,11). Cerca de quinze anos antes, Paulo e Ágabo haviam trabalhado juntos
levantando uma oferta para as vítimas da grande fome que assolou a Judeia (Atos
11.27-30). Agora estavam reunidos um Apóstolo (Paulo), um Profeta (Ágabo) e um
Evangelista (Filipe) - Ministérios dados por CRISTO a Igreja conforme Efésios
4.11.
A mensagem do Profeta Ágabo. Ele tomou o cinto de Paulo, ligando
com ele seus próprios pés e mãos. Esta é mais uma das profecias que o ESPÍRITO
SANTO dissera a Paulo (Atos 21.23,24). Paulo rejeitou abertamente o pedido dos
discípulos de não ir a Jerusalém e seguiu resoluto para lá, mesmo sabendo que
acabaria sendo preso.
Assim como os cristãos de Tiro, os cristãos de Cesareia imploraram
a Paulo que não fosse a Jerusalém. Tanto a equipe que acompanhava Paulo como os
discípulos de Cesareia tentaram demover o apóstolo de ir a Jerusalém, mas este
os calou e respondeu com firmeza: Que fazeis chorando e quebrantando-me o
coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em
Jerusalém pelo nome do Senhor JESUS (21.13). Não conseguindo dissuadir o
apóstolo de sua firme resolução de ir a Jerusalém, os irmãos se curvaram à
vontade do Senhor (Atos 21.14). Depois dos preparativos, então, Paulo e sua
comitiva subiram para Jerusalém (Atos 21.15,16). Devemos admirá-lo por sua
decisão inabalável.
Vale ressaltar que, em Mileto, Paulo disse aos presbíteros de Éfeso
que estava indo a Jerusalém obedecendo ao ESPÍRITO SANTO (20.22, BLH), apesar
das cadeias e tribulações. Lucas narra o acontecimento assim: E, agora,
constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me
acontecerá senão que o ESPÍRITO SANTO, de cidade em cidade, me assegura que me
esperam cadeias e tribulações (Atos 20.22,23). A grande questão é como
conciliar essa convicção de Paulo com as profecias recebidas em Tiro (21.4) e
Cesareia, pois em ambas o ESPÍRITO SANTO é evocado. Em Tiro, as pessoas que
falaram foram movidas pelo ESPÍRITO e em Cesareia Agabo afirma: Isto diz o
ESPÍRITO SANTO. Paulo prosseguiu rumo a Jerusalém (21.14) sabendo que o
ESPÍRITO SANTO apenas o estava preparando para tudo o que haveria de acontecer
em breve.
Com certeza, Agabo apenas predisse que Paulo seria amarrado e
entregue aos gentios (21.11); os apelos subsequentes a Paulo não são atribuídos
ao ESPÍRITO e podem ter sido deduções falíveis feitas por homens, por causa da
profecia do ESPÍRITO. Pois se Paulo tivesse ouvido os apelos de seus amigos, a
profecia de Agabo não seria cumprida. Para Warren Wiersbe, os pronunciamentos
proféticos podem ser entendidos como avisos (Prepare-se”), não como proibições
(“Você não deve ir”).
O propósito de Lucas é mostrar que, à semelhança de JESUS, Paulo
manifestou no seu rosto a intrépida resolução de ir a Jerusalém, mesmo sabendo
o que lhe esperava nessa cidade. Em vez de considerarmos que Paulo se recusou a
obedecer a uma profecia, devemos admirá-lo por sua coragem e perseverança, pois
não recuou nem mesmo diante da profecia de seu sofrimento. Paulo agiu como
alguns soldados da Guerra Civil Espanhola: “Prefiro morrer de pé a viver de
joelhos”.
Nessa mesma linha de raciocínio, Warren Wiersbe aconselha que, em
vez de acusarmos Paulo de ter transigido, devemos louvá-lo por sua coragem,
pois, ao ir a Jerusalém, ele tomou a vida nas próprias mãos, a fim de resolver
o problema mais premente da igreja: a fenda cada vez mais larga entre os judeus
legalistas da “extrema-direita” e os cristãos gentios. Os problemas começaram a
se formar na assembleia de Jerusalém (Atos 15), e os legalistas passaram a
seguir Paulo e a tentar tomar seus convertidos. A situação era séria, e Paulo
sabia que fazia parte não apenas do problema, mas também da solução. No
entanto, não podia resolver nada à distância, por meio de representantes; teria
de ir a Jerusalém pessoalmente. Hoje sabemos quem prevaleceu - A igreja dos
gentios se multiplicou e a dos judeus definhou.
A viagem de Paulo de Cesareia a Jerusalém (Atos 21.17-26)
Paulo chega a Jerusalém depois de uma longa viagem. Destacamos
quatro fatos importantes de sua estada.
Em primeiro lugar, uma acolhida calorosa (Atos 21.17). Quando Paulo
chegou a Jerusalém com sua comitiva, foi acolhido pelos irmãos com alegria. Sua
recepção foi efusiva. Não havia tensão entre Paulo e os líderes da igreja de
Jerusalém. Tanto Gálatas 2 quanto Atos 15 revelam essa unidade da igreja
judaica e gentílica. A tensão estava na mente dos judaizantes que rejeitavam a
ideia de gentios se tornarem cristãos antes de se fazerem judeus.
Em segundo lugar, um encontro com a liderança
No dia seguinte à chegada a Jerusalém, Paulo foi encontrar-se com
Tiago, o líder da igreja, ocasião em que os presbíteros se reuniram para
ouvirem o apóstolo. Nesse tempo era provável que Pedro e João não estivessem
mais em Jerusalém. Uma vez que a igreja de Jerusalém havia crescido e agora
tinha em seu rol dezenas de milhares de membros, seria necessário grande número
de presbíteros para pastoreá-la.
Em terceiro lugar, um testemunho minucioso (Atos 21.19,20). Paulo
relata minuciosamente, aos líderes da igreja de Jerusalém o que DEUS fizera
entre os gentios por seu ministério (1 Co 15.10). Ao ouvirem o relatório
missionário, todos deram glória a DEUS e também contaram sobre as dezenas de
milhares de judeus convertidos que se mantinham ainda zelosos da lei. John
Stott diz que não se ouviu na igreja de Jerusalém nenhum murmúrio de
desaprovação. Assim como na conversão de Cornélio (Atos 11.18), na evangelização
dos gregos em Antioquia (Atos 11.22,23) e na primeira viagem missionária (Atos
14.27; 15.12), a evidência da graça de DEUS para com os gentios era
indiscutível, e a única resposta adequada era a adoração. O louvor de Tiago e
dos presbíteros não era forçado, mas espontâneo e genuíno.
Em quarto lugar, uma ação preventiva (Atos 21.21-26). Tiago estava
preocupado com a chegada de Paulo a Jerusalém. Sabia que os boatos a seu
respeito ainda não haviam sido dissipados. Circulava em Jerusalém uma falsa
notícia de que Paulo ensinava os crentes judeus a apostatarem de Moisés,
deixando de circuncidar seus filhos e de observar a lei de Moisés. Para
prevenir o apóstolo de qualquer dissabor e também calar a boca dos críticos,
Paulo foi aconselhado a purificar-se, segundo a tradição dos judeus, fazendo o
voto de nazireu e raspando a cabeça
ajuntamento com 4 judeus. Tiago relembra aos gentios que acompanhavam
Paulo a necessidade de manterem decisões estabelecidas no Concilio de
Jerusalém, abstendo-se de coisas sacrificadas aos ídolos, sangue, carne de
animais sufocados e relações sexuais ilícitas.
Concordo com William Barclay quando ele escreve: “Há um momento em
que fazer concessões não denota fraqueza, mas força”. Warren Wiersbe tem razão
em dizer que a mesma graça que dava aos gentios a liberdade de se abster,
também dava aos judeus a liberdade de observar seus costumes. Tudo o que DEUS
pedia deles era que aceitassem uns aos outros sem criar problemas nem divisões.
Marshall acrescenta que não havia nenhuma transigência em Paulo ao fazer essas
concessões, especialmente porque a respectiva oferta não lhe parecia
irreconciliável com a oferta que JESUS fez de si mesmo como sacrifício pelo
pecado. Citando F. F. Bruce, Marshall observa: “Um espírito verdadeiramente
emancipado, tal qual aquele de Paulo, não é escravizado à sua própria
emancipação.
Mais uma vez John Stott nos ajuda a entender esse problema da
convivência harmoniosa entre os convertidos judeus (Atos 21.20) e gentios (Atos
21.25). Qual era a preocupação de Tiago?
a) Não era o caminho da salvação (Tiago e Paulo concordavam que
este era através de CRISTO, e não da lei); não era o que Paulo ensinava aos
gentios convertidos (ele ensinava que a circuncisão era desnecessária, e Tiago
e o Concilio de Jerusalém haviam dito a mesma coisa); e não era a lei moral
(Paulo e Tiago concordavam que o povo de DEUS deve levar uma vida santa de
acordo com os mandamentos de DEUS), mas eram os costumes dos judeus (21.21).
Tiago e Paulo estavam de acordo em termos doutrinários e éticos. A
tensão entre eles era de natureza exclusivamente cultural. A solução a que
chegaram, portanto, não sacrificava nenhum princípio doutrinário ou moral,
apenas fazia uma concessão prática. Desta forma, Paulo cede em favor da
evangelização e também da solidariedade judaico-gentia. Por outro lado, Tiago
manifesta atitude similar ao louvar a DEUS pela missão entre os gentios e ao
aceitar a oferta das igrejas gentias.
A prisão de Paulo em Jerusalém (Atos 21.27-40)
Era a Festa de Pentecostes, e havia milhares de judeus em Jerusalém
de todas as partes do mundo. Os judeus incrédulos vindos da Ásia, ao verem
Paulo no templo, o acusaram de introduzir Trófimo, de Éfeso no templo (Atos
21:29) e movidos pelo preconceito inflexível e pela violência fanática, numa
atitude completamente diferente dos líderes da igreja de Jerusalém, alvoroçaram
o povo e espancaram Paulo com violência.
John Stott explica que, após as três épicas viagens missionárias,
Lucas descreve os cinco julgamentos enfrentados por Paulo. O primeiro foi
diante de uma multidão de judeus na área do templo (capítulo 22); o segundo,
diante do supremo conselho dos judeus em Jerusalém (capítulo 23); o terceiro e
o quarto em Cesareia, diante dos governadores Félix e Festo (capítulos 24 e
25); e o quinto, também em Cesareia, diante do rei Herodes Agripa II (capítulo
26).
Cinco fatos devem ser aqui destacados.
Em primeiro lugar, um alvoroço medonho (Atos 21.27). Os judeus
foram os grandes adversários de Paulo e os grandes opositores do evangelho.
Essa foi a principal tese de Lucas no livro de Atos (Atos 4.1—5.42; 7.54-60;
8.1-4; 9.23-25; 21.2736; 23.12-21). Foram os judeus que por todos os cantos
provocaram tumultos e agora mais uma vez alvoroçam a multidão. Nesse clima de
motim, os judeus agarraram e prenderam Paulo.
Em segundo lugar, uma acusação falsa (Atos 21.28-30). Esses judeus
asiáticos espalharam boatos sobre Paulo. Os boatos normalmente não se baseiam
em fatos; antes, alimentam-se de meias-verdades, preconceitos e mentiras. Esses
críticos de plantão levantaram três acusações contra Paulo: acusaram-no de
ensinar a todos a serem contra o povo, contra a lei e contra o templo.
Com respeito à lei, ainda que Paulo pregasse que CRISTO era o fim
da lei, ou seja, o objetivo da lei era mostrar o pecado para que buscassem por
JESUS para a salvação (Rm 10.4), não há evidência de que a atividade
persuadisse os cristãos judeus a abandonar a circuncisão dos filhos ou os
costumes judaicos. Romanos 14—15; 2 Coríntios 8—10 mostram que Paulo estava
considerando a existência de judeus (os irmãos fracos) que tinham diferenças
com os gentios quanto ao que podiam comer, e Paulo defendia o direito de cada
grupo ter seus próprios pontos de vista, e a necessidade de cada um demonstrar
tolerância para com o outro. Em Corinto, parece que Paulo defendeu os hábitos
judaicos a respeito das mulheres que deviam ter a cabeça coberta no culto (1 Co
11.2-16). Já vimos que Paulo mandou circuncidar Timóteo (Atos 16.3), e,
conforme Atos 18.18, ele mesmo fez um voto judaico. A acusação, portanto, não
tinha substância.
Os judeus radicais pensaram que Paulo havia profanado o templo,
introduzindo Trófimo, o efésio, no recinto sagrado. As acusações foram tidas
por verdadeiras e a multidão se arremeteu contra Paulo com ensandecida
violência. Na verdade, Paulo não estava profanando o templo, mas passando pela
cerimônia de purificação, exatamente para não cometer profanação. Marshall diz
que é irônico que esta fosse a acusação num período em que o próprio Paulo
estava passando pela purificação a fim de não profanar o templo.
Havia no templo um muro que separava o pátio dos gentios das demais
áreas, e os gentios não tinham permissão de ir além do muro (Ef 2.14). Uma
inscrição solene no muro dizia: “Nenhum forasteiro pode ultrapassar esta
barreira que cerca o santuário e seus recintos. Qualquer intruso pego em
flagrante será o único culpado pela sua morte”. William Barclay afirma que essa
lei era tão respeitada que os romanos davam aos judeus autorização para matar
sumariamente quem a desobedecesse. Os judeus da diáspora gritavam por socorro,
como se o pior sacrilégio estivesse sendo perpetrado diante de seus olhos. “O
templo foi profanado!”. Esse foi o grito que alvoroçou a multidão: a crença
profundamente enraizada no coração dos judeus de que não se podia derramar
sangue no recinto do templo. Por isso arrastaram Paulo para fora. Imediatamente
foram fechadas as portas. E, no pátio externo do templo, a multidão tentou
linchar Paulo.
Em terceiro lugar, uma decisão fatídica (21.31a). Antes de
investigar a veracidade das acusações e antes de oferecer ao acusado chance de
defesa, os judeus deliberaram matá-lo. Embora não haja como comparar os
sofrimentos de CRISTO (que foram vicários) com os sofrimentos de Paulo, Lucas
coteja o que CRISTO enfrentou em Jerusalém com os sofrimentos de Paulo. Ambos
foram rejeitados pelo povo e presos sem motivo; ambos foram acusados
injustamente e prejudicados por testemunhas falsas; ambos apanharam no rosto
diante do tribunal; ambos foram vítimas de planos secretos dos judeus; ambos
ouviram o barulho aterrorizante de uma multidão que gritava: Mata-o, ambos
foram sujeitados a uma série de cinco julgamentos — por Anás, pelo Sinédrio,
pelo rei Herodes Antipas e duas vezes por Pilatos, no caso de JESUS; pela
multidão, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes Agripa II e por dois procuradores,
Félix e Festo, no caso de Paulo. Em tudo Paulo imitava JESUS.
Em quarto lugar, uma intervenção providencial (Atos 21.31 b-36). O
comandante Cláudio Lísias foi informado do motim e imediatamente se dirigiu à
praça do templo com sua soldadesca, abortando a intenção dos judeus. Marshall
diz que não levaria muito tempo para a notícia do distúrbio chegar à guarnição
romana na cidade. Localizada na fortaleza Antônia, quartel-general da força de
ocupação romana, ao noroeste do templo, era suficientemente alta para manter
vigilância constante sobre os distúrbios embaixo, e dois lances de escadas a
ligavam com o átrio dos gentios. A guarnição em Jerusalém era uma coorte, que
tinha nominalmente 760 soldados da infantaria e 240 da cavalaria, todos
comandados por um oficial romano.
Os judeus cessaram de espancar Paulo quando o comandante mandou
acorrentá-lo, para saber quem era e o que havia feito o prisioneiro. Nesse
ínterim a multidão ensandecida gritava de forma desordenada sem saber por que
vociferava contra o apóstolo. Por essa razão o comandante mandou recolher Paulo
à fortaleza para não ser despedaçado pela multidão tresloucada, que clamava
pela sua morte. A multidão gritava mata-o, da mesma forma que, quase trinta
anos antes, outra multidão gritara contra outro prisioneiro (Lc 23.18).
Lucas apresenta as autoridades romanas como amigos do evangelho,
não como inimigos. O primeiro gentio a se converter foi Cornélio, um centurião
romano (Atos 10.1-48). O primeiro convertido das viagens missionárias de Paulo
foi Sérgio Paulo, o procônsul romano de Chipre (Atos 13.12). Em Filipos os
magistrados romanos até pediram desculpas a Paulo e Silas pelo espancamento e
pela prisão (Atos 16.35-40). Em Corinto, Gálio, o procônsul da Acaia,
recusou-se a ouvir as acusações dos judeus contra Paulo (18.12-17). Em Éfeso, o
escrivão da cidade declarou inocentes os líderes cristãos (Atos 19.35-41).
Agora, em Jerusalém e Cesareia, Cláudio Lísias, o comandante militar, coloca
Paulo sob sua proteção.
Voltando ao paralelo entre JESUS e Paulo, tanto Pilatos no
julgamento de JESUS como Cláudio Lísias no julgamento de Paulo consideraram-nos
inocentes. Assim como Lucas dedicou grande parte de seu evangelho para tratar
da prisão e morte de JESUS, também dedicou boa parte de Atos para narrar a
prisão e a defesa de Paulo. O livro de Atos termina mostrando Paulo preso em
Roma. Dessa primeira prisão Paulo foi solto e declarado inocente. De acordo com
John Stott, Lucas faz questão de demonstrar que, aos olhos da lei romana, JESUS
e Paulo eram inocentes, dirigindo a atenção para o antecedente que estabeleceu
a legalidade da fé cristã, como resultado de seus julgamentos.
Em quinto lugar, um esclarecimento necessário (21.37-40). Com esta
seção, começa a narrativa longa da prisão e dos julgamentos de Paulo, tanto em
Jerusalém como em Cesareia, e da sua viagem para Roma, a fim de enfrentar o
tribunal supremo. Ao ser levado para a fortaleza, Paulo pede permissão para
falar à multidão amotinada. O comandante imaginava que Paulo fosse o egípcio
que havia aliciado quatro mil sicários. Paulo responde declarando ser um judeu
natural de Tarso, importante província do Império romano. A multidão silencia,
e Paulo dirige-se a seu povo em língua hebraica.
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos
Tema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Pr. Henrique
Vídeo
https://youtu.be/Ob6EL76x2qE
https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slideshare-lio-13-a-gloriosa-esperana-do-apstolo-4tr21-pr-henrique-ebd-na-tv
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Timóteo 4.6-8; 1 Tessalonicenses
5.1-11
2 Timóteo 4. 6 - Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de
sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. 7 - Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé. 8 - Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
1 Tessalonicenses 5. 1 - Mas, irmãos, acerca dos tempos e das
estações, não necessitais de que se vos escreva; 2 - porque vós mesmos sabeis
muito bem que o Dia do Senhor virá como ladrão de noite. 3 - Pois que, quando
disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como
as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão. 4 - Mas
vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como
um ladrão; 5 - porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não
somos da noite nem das trevas. 6 - Não durmamos, pois, como os demais, mas
vigiemos e sejamos sóbrios. 7 - Porque os que dormem, dormem de noite, e os que
se embebedam, embebedam-se de noite. 8 - Mas nós, que somos do dia, sejamos
sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a
esperança da salvação. 9 - Porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a
aquisição da salvação, por nosso Senhor JESUS CRISTO, 10 - que morreu por nós,
para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. 11 - Pelo
que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o
fazeis.
COMENTÁRIOS BEP - CPAD
2 Timóteo 4.
4.7 COMBATI O BOM COMBATE. Ao passar em revista a sua vida dedicada
a DEUS, Paulo reconhece agora que a sua morte é iminente (v. 6), e descreve sua
vida cristã nos seguintes termos. (1) Considera a vida cristã como um "bom
combate"; ela é a única luta que vale a pena. Lutou contra Satanás (Ef
6.12); contra os erros religiosos dos judeus e dos pagãos (3.1-5; Rm 1.21-32;
Gl 5.19-21); contra o judaísmo (At 14.19; 20.19; Gl 5.1-6); contra o
antinomismo e a imoralidade na igreja (2Tm 3.5; 4.3; Rm 6; 1 Co 5.1; 6.9,10; 2
Co 12.20,21); contra os falsos mestres (vv.3-5; At 20.28-31; Rm 16.17,18);
contra a deturpação do evangelho (Gl 1.6-12); contra o mundanismo (Rm 12.2); e
contra o pecado (Rm 6; 8.13; 1 Co 9.24-27). (2) Completou a sua carreira em
meio a provações, dificuldades e tentações, e permaneceu fiel ao seu Senhor e
Salvador durante toda a sua vida (cf. 2.12; Hb 12.1,2; 10.23; 11). (3)
Conservou lealmente a fé, em tempos de severas provações, de grande desalento e
de muitas aflições, não somente quando era abandonado pelos amigos, mas também
quando teve de enfrentar a oposição dos falsos mestres. Nunca cedeu terreno no
tocante à verdade original do evangelho (2Tm 1.13,14; 2.2; 3.14-16; 1 Tm 6.12).
4.8 A COROA DA JUSTIÇA. Por ter Paulo permanecido fiel ao seu
Senhor e ao evangelho que lhe foi confiado, o ESPÍRITO lhe testificou que a
aprovação amorosa de DEUS e a "coroa da justiça" o aguardavam no céu.
DEUS tem reservado no céu galardões para todos que conservam a fé com justiça
(cf. Mt 19.27-29; 2 Co 5.10). A recompensa será no Tribunal de CRISTO (Rm
14:10; 2 Co 5:10).
4.8 OS QUE AMAREM A SUA VINDA. Os cristãos do NT anelavam
grandemente a volta do Senhor para levá-los daqui, para ficarem com Ele para
sempre (ver 1 Ts 4.13-18; cf. Fp 3.20,21; Tt 2.13). Uma marca distintiva dos
fiéis de DEUS é que eles se sentem fora do seu lugar, neste mundo, e já daqui
eles aguardam o seu lar celestial (cf. Hb 11.13-16).
1 Tessalonicenses 5.
5.1 DOS TEMPOS E DAS ESTAÇÕES. Tendo falado a respeito da volta de
CRISTO a fim de arrebatar os seus seguidores (v.v. 13-18), Paulo agora passa ao
assunto do derradeiro juízo divino contra os que rejeitaram a salvação em
CRISTO, nesse tempo terrível chamado "o Dia do Senhor" (5. 2). O
arrebatamento dos crentes (v. 17) deve ser simultâneo com o início do "Dia
do Senhor", para que a volta de CRISTO seja iminente e inesperada, como
Ele ensinou (ver Mt 24.42,44).
5.2 O DIA DO SENHOR. O "Dia do Senhor" refere-se,
normalmente, não a um dia de 24 horas, mas a um extenso período de tempo
durante o qual os inimigos de DEUS são derrotados (Is 2.12-21; 13.9-16; 34.1-4;
Jr 46.10; Jl 1.15-2.11,28; 3.9,12-17; Am 5.18-20; Zc 14.1-3), vindo a seguir o
reino terrestre de CRISTO (Sf 3.14-17; Ap 20.4-7).
(1) Esse "Dia" começa quando o juízo e tribulação divinos
e diretos, caírem sobre o mundo, no fim desta era (v. 3). O período da grande
tribulação está incluso no "Dia do Senhor" (Ap 6.19; ver 6.1). Essa
ira de DEUS culmina com a vinda de CRISTO para destruir todos os ímpios (Jl
3.14; ver Ap 16.16; Ap 19.11-2.1).
(2) Segundo parece, o Dia do Senhor começa num momento em que as
pessoas estão confiantes na paz e na segurança (v. 3).
(3) O "Dia" não surpreenderá os crentes como um ladrão de
noite, porque eles foram destinados à salvação, e não à ira, e estão alertas,
espiritualmente vigilantes e vivendo na fé, no amor e na justiça (vv. 4-9).
(4) Os crentes serão livres da "ira futura" (1Ts 1.10)
pelo Senhor JESUS CRISTO (v. 9), quando Ele vier nas nuvens para arrebatar sua
igreja e levá-la ao céu (cf. 4.17; ver Jo 14.3; Ap 3.10).
(5) O Dia do Senhor terminará depois do reino milenar de CRISTO (Ap
20.4-10), na ocasião da criação do novo céu e da nova terra (cf. 2 Pe 3.13; Ap
21.1).
5.2 COMO O LADRÃO DE NOITE. A metáfora sobre o ladrão de noite
significa que o tempo do início do Dia do Senhor é incerto e imprevisto. Não há
maneira de prever a sua data (ver Mt 24.42-44).
5.3 PAZ E SEGURANÇA. São os incrédulos que estarão dizendo:
"Há paz e segurança". Isso talvez signifique que o mundo estará numa
expectativa e esperança de paz. O "Dia do Senhor", trazendo
tribulação mundial, lhes sobrevirá repentinamente, destruindo qualquer
esperança de paz e segurança.
5.4 VÓS, IRMÃOS, JÁ NÃO ESTAIS EM TREVAS. Os crentes não vivem em
pecado e rebelião contra DEUS. Pertencem ao dia, e não experimentarão a noite
da ira determinada por DEUS (vv. 8,9)
5.6 VIGIEMOS. "Vigiar" (gr. gregoreo) significa
"manter-se acordado e alerta". O contexto (vv. 4-9) indica que Paulo
não está exortando seus leitores a ficarem à espera do "Dia do
Senhor" (v. 2), mas a estarem espiritualmente preparados para escapar da
ira do Dia do Senhor (cf. 2.11,12; Lc 21.34-36).
(1) Se quisermos escapar da ira de DEUS (v. 3), devemos
permanecer espiritualmente acordados e moralmente alertas, e devemos continuar
na fé, no amor e na esperança da salvação (vv. 8,9; ver Lc 21.36; Ef 6.11).
(2) Visto que os fiéis serão protegidos da ira de DEUS, por meio do
arrebatamento (ver v. 2), não devem temer o "Dia do Senhor", mas
"esperar dos céus a seu Filho... JESUS, que nos livra da ira futura"
(1.10)
5.6 SEJAMOS SÓBRIOS. A palavra "sóbrio" (gr. nepho) tinha
dois significados nos tempos do NT.
(1) O significado primário e literal, conforme explicam vários
léxicos do grego, é "um estado de abstinência de vinho", "não
beber vinho", "abster-se de vinho", "estar totalmente livre
dos efeitos do vinho" ou "estar sóbrio, abstinente de vinho". A
palavra tem um segundo sentido, metafórico, de alerta, vigilância ou domínio
próprio, i.e., estar espiritualmente alerta e controlado, exatamente como
alguém que não toma bebida alcoólica.
(2) O contexto deste versículo deixa ver que Paulo tinha em mente o
significado literal. As palavras "vigiemos e sejamos sóbrios" são
contrastadas com as palavras do versículo seguinte: "os que se embebedam
embebedam-se de noite" (v. 7). Sendo assim, o contraste que Paulo fez
entre nepho e a embriaguez física indica que ele tinha em mente o sentido
literal: "abstinência do vinho". Compare com a declaração de JESUS a
respeito dos que comem e bebem com os ébrios, e assim são apanhados
desprevenidos na sua volta (Mt 24.48-51). O que não deixa de alertar para a
sobriedade espiritual (sem envolvimento com seitas e heresias).
5.9 DEUS NÃO NOS DESTINOU PARA A IRA. Uma razão por que a esperança
da volta de CRISTO é tão grande consolo para os crentes (1Ts 4.17,18) é que Ele
nos livra da terrível ira de DEUS, i.e., os juízos do Dia do Senhor (vv. 2,3;
cf. Ap 6.16,17; 11.18; 14.10,19; 15.1,7; 16.1,19; 19.15).
5.10 VIVAMOS JUNTAMENTE COM ELE. Paulo identifica nosso livramento
do dia da ira de DEUS, bem como nossa esperança da salvação, com a morte
sacrificial de CRISTO e seu retorno para nos levar à vida eterna juntamente com
Ele.
Resumo da Lição 13, A Gloriosa Esperança do Apóstolo
I – A CONSCIÊNCIA DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Uma morte como oferta de sacrifício (2 Tm 4.6).
2. “Combati o bom combate” (2 Tm 4.7).
3. Gratidão e esperança (2 Tm 4.7,8).
II – A DOUTRINA BÍBLICA DE PAULO SOBRE A VOLTA DO SENHOR
1. A volta do Senhor em 1 Tessalonicenses.
2. As duas fases dessa vinda.
3. Sobre a Grande Tribulação.
III – DOS TEMPOS E DAS ESTAÇÕES ATÉ A VOLTA DO SENHOR
1. Uma atenção à expressão “dos tempos e das estações”.
2. Uma dimensão do ESPÍRITO; uma dimensão do porvir.
3. ESPÍRITO e Porvir: temas da nossa pregação.
Os Deveres Ministeriais. A Expectativa Alegre do Apóstolo - Com.
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas modificações do Pr.
Henrique)
2 Timóteo 4:1-8
Observe:
I
Quão solenemente essa ordem é introduzida (v. 1): Conjuro-te, pois,
diante de DEUS e do Senhor JESUS CRISTO, que há de julgar os vivos e os mortos,
na sua vinda e no seu Reino. Observe: Os melhores homens precisam ter um grande
temor na execução do seu dever. O trabalho de ministro não é uma coisa
indiferente, mas absolutamente necessária. Ai daquele que não anunciar o
evangelho (1 Co 9.16). Para levá-lo à fidelidade, ele deve considerar: 1. Que o
olho de DEUS PAI e de JESUS CRISTO estava sobre ele: Conjuro-te diante de DEUS
e do Senhor JESUS CRISTO; isto é, “como tu guardas o favor de DEUS e JESUS
CRISTO; como tu buscas ser aprovado por DEUS e por JESUS CRISTO, tanto pelas
obrigações da religião natural quanto da religião revelada; como tu darás
retorno ao DEUS que te criou e ao Senhor JESUS CRISTO te redimiu”. 2. Ele o
conjura já que terá de responder a isso no grande dia, lembrando-o do
julgamento vindouro, que é confiado ao Senhor JESUS, no Tribunal de CRISTO.
Isso interessa a todos, tanto aos ministros quanto às pessoas. Ele aparecerá;
Ele virá a segunda vez, na primeira fase, no arrebatamento; será uma aparição
misteriosa, como a palavra epifaneia indica. (3) E nós estaremos para sempre
com o Senhor (1 Ts 4.17) na Nova Jerusalém (Jo 14.3).
O assunto da conjuração (vv. 2-5).
1. Ele é conjurado a pregar a palavra. Essa é a função dos
ministros: uma revelação é confiada a eles. Não são as suas próprias idéias e
concepções que devem pregar, mas a pura e clara Palavra de DEUS; e eles não a
devem corromper, mas com sinceridade falam de CRISTO, como de DEUS na presença
de DEUS (2 Co 2.17) e CRISTO crucificado e ressurreto.
2. Ele é conjurado a instar o que pregava e a instilar a Palavra
com toda seriedade nos seus ouvintes: “Insta a tempo e fora de tempo, redargua,
repreende, exorta; faz esse trabalho com todo fervor de espírito. Insiste com
aqueles que estão debaixo da tua responsabilidade a tomarem cuidado com o
pecado e a cumprirem o seu dever: insiste para que se arrependam, creiam e
vivam uma vida santa, a tempo e fora de tempo. A tempo, quando estiverem livres
para ouvir a ti, quando alguma oportunidade especial se apresentar de falar a
eles. Não somente isso, mas faze-o fora de tempo, mesmo quando não há a
aparente probabilidade para despertá-los para o evangelho, porque tu não sabes,
mas o ESPÍRITO de DEUS pode fazer isso neles; porque o vento sopra onde quer; e
pela manhã, semeamos a nossa semente e, à tarde, não retiramos a nossa mão” (Ec
11.6). Devemos fazê-lo a tempo, isto é, não deixar escapar a oportunidade; e
fazê-lo fora de tempo, isto é, não nos esquivar do dever, com o pretexto de que
é fora de tempo.
3. Ele deve falar às pessoas a respeito das suas faltas: “Redargua,
repreende. Convence as pessoas perversas do mal e do perigo dos seus caminhos
perversos. Procura esforçar-te, lidando claramente com elas, para levá-las ao
arrependimento. Repreende-as com seriedade e autoridade, em nome de CRISTO,
para que tomem o seu desagrado como uma indicação do desagrado de DEUS”.
4. Ele deve orientar, encorajar e estimular aqueles que começaram
bem. “Exorta (persuada a permanecer firme e perseverar até o fim) com toda a
longanimidade e doutrina”. (1) Ele deve fazê-lo com muita paciência: com toda a
longanimidade. “Se você não vir o resultado dos seus esforços no presente, não
entregue os pontos; não se dê o luxo de ficar cansado e desanimado em falar com
eles”. Enquanto DEUS mostra a eles toda longanimidade, os ministros devem
exortar com toda longanimidade. (2) Ele deve fazê-lo racionalmente, não com
paixão, mas com doutrina, ou seja: “Para submetê-los às boas práticas, instile
neles bons princípios. Ensine-os a verdade em JESUS, submeta-os a uma fé firme.
Isso será um meio de tirá-los do mal e trazê-los para o bem”. Observe: [1] O
trabalho do ministro tem várias partes: ele deve pregar a palavra, redarguir,
repreender e exortar. [2] Ele deve ser muito diligente e cuidadoso. Ele deve
instar a tempo e fora de tempo. Ele não deve poupar esforços, mas deve ser
insistente com eles para cuidar da alma e dos interesses eternos deles.
5. Ele deve ser sóbrio em tudo. “Procure uma oportunidade para
fazer-lhes o bem; não deixe escapar a oportunidade, por meio da sua
negligência. Esteja atento ao seu trabalho. Esteja atento contra as tentações
de Satanás, para não ser distraído. Zele pelas almas daqueles que foram
confiados a você”.
6. Ele deve contar com as aflições, suportá-las e tirar o máximo
proveito delas. Kakopatheson, suporta com paciência. “Não desanime diante das
dificuldades, mas suporte-as com uma serenidade de espírito. Habitue-se às
privações”.
7. Ele deve conservar na memória o seu ofício e realizar as suas
tarefas: Faze a obra de um evangelista. O ofício dos evangelistas era, como
ministros de CRISTO (Ef 4.11), pregar o evangelho com poder a todos os povos.
Eles não eram pastores estabelecidos, mas evangelizavam de casa em casa e
instruíam aos crentes quanto às coisas espirituais. Esse era o trabalho de
Timóteo.
8. Ele deve cumprir o seu ministério: Cumpre o teu ministério
(Efésios 4.11 - Havia uma grande confiança depositada nele, e, portanto, ele
deve corresponder a essa confiança e realizar todas as partes do seu ofício com
diligência e cuidado. Desperte o Dom que há em ti (2 Tm 1.6). Observe: (1) Um
ministro deve contar com aflições no cumprimento fiel do seu dever. (2) Ele
deve suportá-las com paciência, como um herói cristão. (3) Essas aflições não
devem desanimá-lo em seu trabalho, porque ele deve fazer o seu trabalho, e
cumprir o seu ministério. (4) A melhor maneira de cumprir o nosso ministério é
realizá-lo integralmente, em todas as suas partes com o trabalho apropriado.
III
Os motivos para reforçar a ordem.
1. Porque erros e heresias estavam sendo introduzidos na igreja,
por meio dos quais a mente de muitos cristãos professos seria corrompida (vv.
3,4): “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina. Portanto, aproveita
o tempo presente, quando suportarão a sã doutrina. A igreja em seu início é
mais propícia a ouvir a sã doutrina e praticá-la; com o tempo aparecem os
falsos mestres e falsos pastores e falsos obreiros e falsos irmãos. Procura
esforçar-se agora, porque é época de plantio; quando os campos estão brancos
para a colheita, lança a foice, porque o vento presente da oportunidade logo
acabará. Não sofrerão (suportarão) a sã doutrina. Haverá aqueles que amontoarão
para si doutores e desviarão os ouvidos da verdade; portanto, segura tantos
quantos puderes, para que, quando essas tempestades e tumultos surgirem, eles
estejam bem firmados e a apostasia deles seja impedida”. As pessoas devem
ouvir, e ministros devem pregar, para o tempo futuro, e guardá-los das injúrias
que provavelmente surgirão no futuro, embora ainda não tenham surgido. Eles
desviarão os ouvidos da verdade. Eles se cansarão do verdadeiro evangelho de
CRISTO, e, então, se voltarão às fábulas e terão prazer nelas, e DEUS os
entregará à operação do erro, porque não receberam a verdade em amor (2 Ts
2.11,12). Observe: (1) Esses doutores foram amontoados por eles e não foram
enviados por DEUS, mas eles os escolheram para satisfazer as suas
concupiscências e as cócegas dos seus ouvidos. (2) As pessoas agem assim quando
não suportam a sã doutrina, a pregação perscrutadora, clara e com propósito e
aí escolhem seus próprios doutores. (3) Há uma grande diferença entre a Palavra
de DEUS e a palavra desses doutores; uma é a sã doutrina, a palavra da verdade,
a outra é formada apenas de fábulas. (4) Esses que se voltam às fábulas,
primeiro afastam seus ouvidos da verdade, porque não conseguem ouvir e prestar
atenção nas duas coisas, da mesma forma que não podem servir a dois senhores.
Por isso, lemos: voltando às fábulas. DEUS, de maneira justa, permite que
aqueles que se cansaram da verdade se voltem às fábulas e os entrega para que
sejam desviados da verdade pelas fábulas.
2. Porque Paulo, da sua parte, quase tinha concluído o seu
trabalho: cumpre o teu ministério [...], porque eu já estou sendo oferecido
etc. (v. 6).
(1) “Portanto, haverá tantas oportunidades a mais para você”.
Quando os trabalhadores são tirados da vinha, não é hora de perderem tempo
aqueles que ficam no trabalho, mas de dobrar a sua diligência. Quanto menos
mãos houver para trabalhar tanto mais laboriosas devem ser as mãos daqueles que
estão no trabalho.
(2) “Cumpri o trabalho dos meus dias e da minha geração. Faça o
mesmo nos seus dias e na sua geração”.
(3) O conforto e alegria de Paulo, na medida em que a sua partida
se aproximava, deveriam encorajar Timóteo a esforçar-se ao máximo em ser
diligente e sério no seu trabalho. Paulo era um velho soldado de JESUS CRISTO,
Timóteo tinha sido recentemente alistado. “Venha”, diz Paulo, “tenho visto que
o nosso Senhor é amável e a sua obra é boa. Posso olhar para trás para a minha
batalha com uma boa parte de prazer e satisfação; e, portanto, não tema as
dificuldades que precisa enfrentar. A coroa da vida é tão certa como se já
estivesse na sua cabeça; e, portanto, suporte as aflições, e cumpra plenamente
o seu ministério”. A coragem e conforto de santos e ministros que estão
morrendo são uma grande confirmação da verdade da religião cristã e um grande
encorajamento para os santos e ministros vivos em relação ao seu trabalho. Aqui
o apóstolo volta seu olhar para sua morte iminente: já estou sendo oferecido. O
ESPÍRITO SANTO revelava de cidade em cidade que prisões e tribulações o
esperavam (At. 20.23). Ele estava agora em Roma e é provável que tenha recebido
um claro toque do ESPÍRITO de que ali ele deveria selar a verdade com o seu
sangue, e ele entende que esse momento estava se aproximando: já estou sendo
derramado; assim está no original: e de spendomai, isto é, já sou um mártir nos
meus sentimentos. Isso alude à oferta de libação; porque o sangue dos mártires,
embora não fosse um sacrifício de expiação ou propiciação, era um sacrifício de
gratidão para a honra da graça de DEUS e de suas verdades. Paulo era um imitador
de CRISTO em tudo, até mesmo na morte por perseguição e inveja de seus
opositores. Observe:
[1] O prazer que ele tem em falar da morte. Ele a chama de sua
partida; embora seja provável que tenha antevisto que teria uma morte violenta
e sangrenta, mesmo assim a chama de sua partida ou sua libertação. A morte para
um homem justo é a sua libertação da prisão deste mundo e sua partida para o
gozo do outro mundo: ele não deixa de existir, mas é apenas removido de um
mundo para outro.
[2] O prazer com que ele olha para a vida que tinha vivido (v. 7):
Combati o bom combate, acabei a carreira etc. Ele não temia a morte, porque
tinha o testemunho da sua consciência de que pela graça de DEUS ele tinha, em
alguma medida, correspondido às expectativas do propósito da vida. Como
cristão, como ministro, ele tinha combatido o bom combate. Ele tinha realizado
o serviço, passado pelas dificuldades da sua batalha e tinha sido um
instrumento ao levar avante as gloriosas vitórias do Redentor exaltado sobre os
poderes das trevas. Sua vida foi uma carreira, e ele a tinha concluído. Como
sua batalha tinha sido cumprida, assim sua corrida tinha acabado. “Guardei a
fé. Guardei as doutrinas do evangelho e nunca neguei nenhuma delas”. Note que,
em primeiro lugar, a vida de um cristão, mas especialmente de um ministro, é um
combate e uma corrida, às vezes comparada a um ou ao outro nas Escrituras. Em
segundo lugar, esse é um bom combate, uma boa milícia. A causa é boa, e a
vitória é certa, se continuarmos fiéis e corajosos. Em terceiro lugar, devemos
combater esse bom combate, devemos concluí-lo e terminar nossa carreira. Não
devemos parar até que sejamos mais do que vencedores por aquele que nos amou
(Rm 8.37). Em quarto lugar, é um grande consolo para um santo moribundo quando
ele pode olhar para trás e dizer com o nosso apóstolo: “Combati etc. Guardei a
fé, a doutrina da fé e a graça da fé”. Se pudermos falar da mesma maneira, ao
nos aproximar do final dos nossos dias, sentiremos um consolo inexprimível. Portanto,
precisamos continuar nos esforçando, contando com a graça de DEUS, para que
possamos terminar nossa carreira com alegria (At 20.24).
[3] O prazer com que ele olha para a vida futura (v. 8): Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada etc. Ele havia sofrido perda por
CRISTO, mas estava certo de que ganharia a CRISTO (Fp 3.8). Que isso possa
servir de ânimo para Timóteo para suportar as dificuldades como um bom soldado
de JESUS CRISTO, que há uma coroa da vida para ele, a glória e a alegria que
abundantemente compensarão todas as dificuldades e privações do combate
presente. Observe: Ela é chamada de coroa da justiça, porque será a recompensa
dos nossos serviços, que o Senhor não esquecerá, porque não é injusto para
esquecer, e porque a nossa santidade e justiça serão aperfeiçoadas e serão a
nossa coroa. DEUS a dará como justo juiz e não permitirá que alguém se desvie.
Essa coroa da justiça não era somente para Paulo, como se pertencesse somente
aos apóstolos, aos ministros famosos e aos mártires, mas par a todos os que
amarem a sua vinda. Observe: A natureza de todos os santos é amar a vinda de
JESUS CRISTO: eles amaram a sua primeira vinda, quando Ele apareceu para tirar
o pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb 9.26). Eles têm prazer em refletir a
respeito dela. Eles aguardam ansiosos pela segunda vinda de CRISTO naquele
grande Dia. Eles a amam e a aguardam com ansiedade. Em relação àqueles que amam
a vinda de JESUS CRISTO, Ele virá para a alegria deles. Existe uma coroa de
justiça reservada para eles, que na segunda vinda de JESUS CRISTO será dada a
eles (Hb 9.28). Disso, podemos aprender que, em primeiro lugar, o Senhor é o
Juiz justo, porque seu julgamento é de acordo com a verdade. Em segundo lugar,
a coroa dos crentes é uma coroa de justiça, comprada pela justiça de CRISTO e
guardada como recompensa pela justiça dos santos. Em terceiro lugar, essa
coroa, que os crentes deverão usar, é depositada para eles. Eles não a têm na
era presente, porque aqui eles são somente herdeiros. Ela não é deles como uma
posse, e, mesmo assim, ela é certa, porque foi depositada para eles. Em quarto
lugar, o justo Juiz a dará a todos que amam a sua vinda, se preparam para ela e
anelam por ela. Certamente, cedo venho. Amém! Ora, vem, Senhor JESUS! (veja Ap
22.20).
TRIBUNAL DE CRISTO
E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se
manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e
o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa
parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. 1 Coríntios
3:12-15
Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas
teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de CRISTO. Porque
está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de
mim, e toda língua confessará a DEUS. De maneira que cada um de nós dará conta
de si mesmo a DEUS. Romanos 14:10-12.
Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de CRISTO, para que
cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal. 2
Coríntios 5:10
A Vinda de CRISTO - Com.
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas modificações do Pr.
Henrique)
Primeira fase da segunda vinda - arrebatamento
Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já
dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança.
Porque, se cremos que JESUS morreu e ressuscitou, assim também aos que em JESUS
dormem DEUS os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos
os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de DEUS; e os que morreram em CRISTO ressuscitarão
primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente
com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre
com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. 1
Tessalonicenses 4:13-18
1 Tessalonicenses 5:1-5
Nestas palavras, observe:
I
O apóstolo deixa claro aos Tessalonicenses que era desnecessário
perguntar acerca do tempo específico da vinda de CRISTO: acerca dos tempos e
das estações, não necessitais de que se vos escreva (v. 1). CRISTO certamente
virá, e há um tempo específico decretado para a sua vinda; mas não havia a
necessidade de o apóstolo escrever a este respeito, e, portanto, não há dia
marcado e revelado para qualquer ser humano. Nem eles nem nós deveríamos
perguntar acerca desse segredo, que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder
(veja At 1.7). Daquele Dia e hora ninguém sabe (veja Mt 24.36). O próprio
CRISTO não revelou a hora quando esteve na terra; não fazia parte da sua
comissão como o grande profeta da Igreja: Ele também não o revelou aos seus
apóstolos; não havia necessidade disso. Há tempos e estações para fazermos
nosso trabalho: o nosso dever e interesse é conhecer e observar; mas não
sabemos os tempos e estações quando devemos prestar contas, nem é necessário
que o saibamos. Observe: Existem muitas coisas que a nossa vã curiosidade
deseja saber em que não há necessidade para tal, e o nosso conhecimento a
respeito delas não nos faria bem algum. Estejamos todos prontos todos os dias,
esperando a volta de JESUS para nos buscar. Isso é o correto.
II
Ele relata que a vinda de CRISTO será súbita e uma grande surpresa
para a maioria das pessoas (v. 2). E isso eles sabiam perfeitamente, ou
deveriam saber, porque nosso Senhor assim havia dito: o Filho do Homem há de
vir à hora em que não penseis (Mt 24.44). Lemos também em Marcos 13.35,36:
Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; para que, vindo
de improviso, não vos ache dormindo. E, sem dúvida, o apóstolo tinha anunciado
a eles acerca da vinda de CRISTO, bem como da sua vinda súbita, que é o
significado da sua vinda como o ladrão de noite (veja Ap 15.15). Como o ladrão
geralmente vem no tempo tranquilo da noite, quando ele é menos esperado, assim
será o Dia do Senhor; tão súbita e surpreendente será a sua aparição. A
compreensão disso será mais útil do que saber o tempo exato, porque isso
deveria nos despertar para levantar e vigiar, para estarmos prontos quando Ele
chegar.
Na segunda fase da segunda vinda de JESUS, quando Ele virá em
glória e com a Igreja, juízos acontecerão. O dia do Senhor. Após a Grande
Tribulação.
III
Ele deixa claro quão terrível a vinda de CRISTO será para os
incrédulos (v. 3). O Dia do Senhor significará a destruição deles. O DEUS justo
trará ruína para os seus inimigos e os inimigos do seu povo. E essa destruição
será total e final, de modo que: 1. Ela será súbita. Ela os surpreenderá, e
cairá sobre eles, no meio da sua segurança e animação carnal, quando dizem em
seu coração: Há paz e segurança, quando sonham de felicidade e se deleitam com
diversões vãs das suas fantasias e paixões, e não pensam nisso – como as dores
de parto sobrevirão àquela que está grávida, no tempo devido, mas talvez a
vinda não seja esperada naquele momento, muito menos temida. 2. Ela também será
uma destruição inevitável: de modo nenhum escaparão; eles de modo nenhum escaparão.
Não haverá meios possíveis para evitar o terror nem o castigo daquele dia. Não
haverá lugar onde se escondam os que praticam a iniquidade (veja Jó 34.22), nem
abrigo da tempestade, nem sombra do calor abrasador que consumirá os ímpios.
IV
Ele descreve quão confortador esse dia será para os justos (vv.
4,5). Observe aqui: 1. A posição e o privilégio deles. Eles não estão em
trevas; eles são filhos da luz etc. Essa era a condição bem-aventurada dos
Tessalonicenses, como é o caso de todos os cristãos verdadeiros. Eles não
estavam em um estado de pecado e ignorância como o mundo pagão. Eles, noutro
tempo, eram trevas, mas, agora, foram feitos luz no Senhor (veja Ef 5.8). Eles
foram favorecidos com a divina revelação das coisas que são invisíveis e
eternas, especialmente em relação à vinda de CRISTO, e às consequências disso.
Eles eram filhos do dia, porque a estrela d’alva tinha aparecido sobre eles;
sim, o Sol da justiça tinha aparecido sobre eles com cura sob suas asas. Eles
não estavam mais debaixo das trevas do paganismo, nem debaixo das sombras da
lei, mas debaixo do evangelho, que traz vida e incorrupção à luz (2 Tm 1.10).
2. O grande benefício deles: que aquele Dia não os surpreenda como um ladrão
(v. 4). Pelo menos seria culpa deles próprios se fossem surpreendidos por
aquele Dia. Eles receberam um aviso claro e ajuda suficiente para precaver-se
contra aquele Dia e podem aguardar com conforto e confiança diante do Filho do
homem. Isso seria um tempo de refrigério pela presença do Senhor, que aparecerá
sem pecado, aos que o esperam para a salvação, e virá a eles como amigo durante
o dia, não como ladrão à noite.
Vigilância e Sobriedade - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo)
AT e NT (Com algumas modificações do Pr. Henrique)
1 Tessalonicenses 5:6-10
De acordo com o que tinha sido dito, o apóstolo apresenta
exortações adequadas a diversas obrigações necessárias.
I
Vigilância e sobriedade (v. 6). Essas obrigações são distintas, mas
se complementam mutuamente. Porque, enquanto somos rodeados por tantas
tentações à intemperança e excesso, não permaneceremos sóbrios, se não
estivermos atentos, e, se não permanecermos sóbrios, não vigiaremos por muito
tempo.
1. Então, não durmamos... como os demais, mas vigiemos e sejamos
sóbrios; não devemos estar despreocupados e descuidados, nem tolerar indolência
espiritual e preguiça. Não devemos estar de guarda baixa, mas continuamente
vigiar contra o pecado e as tentações. A maioria das pessoas é descuidada
demais em relação às suas obrigações e desatenta em relação aos seus inimigos
espirituais. Elas dizem: Há paz e segurança, quando estão em grande perigo,
desperdiçam os preciosos momentos dos quais depende a eternidade, alimentando
sonhos inúteis, e não se preocupam mais com o outro mundo do que as pessoas que
estão dormindo. Ou eles não se preocupam nem um pouco com as coisas do outro
mundo, porque estão dormindo, ou não pensam nelas da forma correta, porque
estão sonhando. Mas nós precisamos agir como pessoas que estão acordadas e que
estão vigiando. 2. Que também sejamos sóbrios, ou controlados e moderados. Que
mantenhamos nossos desejos e apetites naturais em relação às coisas deste mundo
dentro dos devidos limites. A sobriedade geralmente se opõe ao excesso de
alimento e bebida, e, nesse caso, ela se opõe à embriaguez. Mas ela também se
estende a todas as outras coisas temporais. Assim, nosso Salvador advertiu seus
discípulos a olhar por eles, para que não aconteça que o seu coração se
carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre
eles de improviso aquele dia (Lc 21.34). Nossa equidade então, como para todas
as coisas temporais, deve ser notória a todos os homens, porque perto está o Senhor
(veja Fp 4.5). Além disso, vigilância e sobriedade são bastante convenientes ao
caráter e privilégio cristãos, pelo fato de serem filhos do dia; porque os que
dormem, dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de noite (v. 7). É
uma coisa bastante vergonhosa dormir durante o dia, que foi feito para
trabalhar e não para dormir, estar embriagado durante o dia, quando tantos
olhos estão voltados para eles, para observar sua vergonha. Não seria tão
estranho se esses que não tinham o benefício da revelação divina se deixassem
embalar no sono da segurança carnal pelo Diabo, e se eles colocassem as rédeas
ao redor do pescoço dos seus apetites e se deixassem levar por toda forma de
confusão e excessos; porque para eles era noite. Eles não estavam conscientes
do perigo, portanto dormiam; eles não estavam cientes das suas obrigações,
portanto estavam embriagados: mas para os cristãos isso seria tremendamente
prejudicial. E como! Acaso os cristãos, que têm a luz do evangelho bendito
brilhando em seus rostos, seriam negligentes acerca de sua alma e descuidados
em relação ao outro mundo? Esses que têm tantos olhos voltados para si próprios
deveriam conduzir-se com uma decência peculiar.
II
Estar bem armado e vigilante: colocar toda a armadura de DEUS. Isso
é necessário para que essa sobriedade seja uma preparação para o Dia do Senhor,
porque nossos inimigos espirituais são muitos, poderosos e malignos. Eles
seduzem muitos para os seus interesses, e os mantêm neles, ao torná-los
descuidados, seguros e presunçosos, ao torná-los ébrios – ébrios de orgulho,
ébrios de paixão, ébrios e tontos de presunção, ébrios com as gratificações dos
sentidos. Por isso precisamos nos preparar contra essas investidas, ao vestir a
couraça espiritual para proteger o coração, e o capacete espiritual para
guardar a cabeça; e essa armadura espiritual consiste em três grandes graças
dos cristãos: fé, amor e esperança (v. 8). 1. Devemos viver pela fé, e isso nos
manterá vigilantes e sóbrios. Se cremos que os olhos de DEUS (ESPÍRITO) estão
sempre sobre nós, que temos inimigos espirituais com os quais devemos lutar,
que existe um mundo de espíritos que devemos enfrentar, veremos motivos para
vigiar e estar sóbrios. A fé será nossa melhor defesa contra os assaltos dos
nossos inimigos. 2. Devemos ter um coração inflamado de amor; e essa também
será a nossa defesa. Um amor verdadeiro e fervoroso por DEUS e pelas coisas de
DEUS nos manterá vigilantes e sóbrios e impedirá a nossa apostasia em tempos de
dificuldades e tentações. 3. Devemos tornar a salvação a nossa esperança.
Devemos ter uma esperança viva a esse respeito. Essa boa esperança, por meio da
graça, de vida eterna, será como um capacete para defender nossa cabeça e
impedir que sejamos intoxicados com os prazeres do pecado, que são por pouco
tempo. Se temos uma esperança viva em relação à salvação, tomemos cuidado para
não fazermos coisas que ponham em risco a nossa esperança, ou nos tornem
indignos ou desqualificados para a grande salvação pela qual esperamos. Tendo
mencionado a salvação e a esperança dela, o apóstolo mostra quais fundamentos e
motivos os cristãos têm para esperar por essa salvação; no entanto, ele não diz
nada que os façam merecê-la. Não, a doutrina do nosso merecimento está em
completo desacordo com as Escrituras; não há fundamento para esse tipo de
doutrina. Mas nossas esperanças devem estar fundamentadas: (1) No destino de
DEUS: porque DEUS não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação
(v. 9). Se remontássemos a nossa salvação à primeira causa, seria o desígnio de
DEUS. Aqueles que vivem e morrem na escuridão e ignorância, que dormem e estão
embriagados como na noite, são claramente destinados para a ira; mas quanto aos
que são do dia, se vigiarem e permanecerem sóbrios, é evidente que são
destinados para a aquisição da salvação. E a certeza e a firmeza do destino
divino são o grande apoio e encorajamento da nossa esperança. Se obtivéssemos a
salvação por mérito ou poder próprios, teríamos pouca ou nenhuma esperança
dela; mas quando reconhecemos que a obtemos pela virtude do desígnio de DEUS,
que certamente não pode ser abalado (para que o propósito de DEUS, segundo a
eleição, ficasse firme), nisso edificamos uma esperança inabalável,
especialmente quando consideramos que: (2) O mérito e a graça vêm de CRISTO, e
que a salvação é pelo nosso Senhor JESUS CRISTO, que morreu por nós. Portanto,
nossa salvação e nossas esperanças estão fundamentadas na redenção de CRISTO,
e, como devemos pensar no desígnio e propósito graciosos de DEUS, também
devemos pensar na morte e sofrimento de CRISTO, para esse fim, para que, quer
vigiemos, quer durmamos (quer vivamos ou morramos, porque a morte não passa de
um sono para os crentes, como o apóstolo tinha anunciado anteriormente),
vivamos juntamente com CRISTO, vivamos em união e em glória com Ele para
sempre. E, como é a salvação que os cristãos esperam para estarem para sempre
com o Senhor, assim o fundamento da esperança deles é a sua união com Ele. E se
eles estão unidos com CRISTO, e vivem nele, e vivem para Ele, aqui, a morte não
será nenhum prejuízo para a vida espiritual, muito menos para a vida de glória
no futuro. Pelo contrário, CRISTO morreu por nós para que, em vida ou na morte,
sejamos dele; para que possamos viver para Ele enquanto estivermos aqui, e
viver com Ele quando sairmos daqui.
Várias Exortações. O Dever em relação aos Companheiros Cristãos -
Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT (Com algumas modificações do
Pr. Henrique)
1 Tessalonicenses 5:11-15
Nestas palavras, o apóstolo exorta os Tessalonicenses a realizarem
diversos deveres.
I
Em relação àqueles que estavam intimamente ligados uns aos outros.
Isso deveria consolá-los, ou exortar um ao outro e edificar um ao outro (v.
11). 1. Eles devem confortar ou exortar a si mesmos e uns aos outros; porque a
palavra original pode ser traduzida das duas maneiras. E podemos observar: As
pessoas que sabem confortar-se são capazes e aptas a confortar os outros;
assim, o modo de confortar-nos a nós mesmos, ou prover conforto aos outros, é
sujeitar-nos à exortação da palavra. Observe: Não deveríamos apenas ser
cuidadosos acerca do nosso conforto e bem-estar, mas também promover o conforto
e bem-estar aos outros. Foi Caim que disse: Sou eu guardador do meu irmão?
Devemos levar as cargas uns dos outros e assim cumprir a lei de CRISTO. 2. Eles
devem edificar uns aos outros, ao seguir as coisas que servem... para a
edificação de uns para com os outros (Rm 14.19). Uma vez que os cristãos são
pedras vivas que se unem e formam uma casa espiritual, eles devem se empenhar
em fomentar o bem de toda a igreja ao promover a obra da graça uns nos outros.
É nosso dever estudar aquilo que serve para a edificação daqueles com quem nos
conectamos, para agradar a todos para o verdadeiro proveito deles. Devemos
transmitir nosso conhecimento e experiência uns aos outros. Devemos nos unir em
oração e louvor uns com os outros. Devemos ser um bom exemplo uns para com os
outros. E é o dever, especialmente daqueles que moram na mesma vizinhança e
família, confortar e edificar uns aos outros; essa é a melhor vizinhança, o melhor
meio de cumprir a finalidade da sociedade. Como as pessoas que estão
intimamente ligadas têm as maiores oportunidades, assim elas estão debaixo de
maior obrigação, de fazer o bem umas às outras. Foi isso que os Tessalonicenses
fizeram (como também o fazeis), e é isso que eles são exortados a continuar
fazendo cada vez mais. Observe: Aqueles que fazem o que é bom precisam de mais
exortação para estimulá-los a fazer o bem, e a fazer ainda mais, além de
continuar fazendo o que já estão fazendo.
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO NA ÍNTEGRA -
Escrita Lição 12, Central Gospel, Paulo, um Líder Eficaz, 2Tr23,
Pr Henrique, EBD NA TV
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- UMA BREVE BIOGRAFIA DE PAULO, O
APÓSTOLO
1-1- Saulo, perseguidor da Igreja
1-2- Saulo, pregador do evangelho
1-3- Paulo, missionário às nações
1-4- Paulo, arquiteto da Igreja
2- CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
2-1- Paulo é julgado e mandado para Roma
2-1-1- Paulo é apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa.
2-1-2- Paulo enfrenta os primeiros percalços
2-2- O grande líder vislumbra o futuro
2-3- O grande líder é encorajador
2-4- O grande líder preocupa-se com as necessidades alheias
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 27.1,4,7,9-11,21,22
1 - Como se determinou que havíamos de navegar para a Itália,
entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião por nome Júlio, da
Coorte Augusta.
4 - E, partindo dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os
ventos eram contrários.
7 - E, como por muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo
chegado apenas defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante,
navegamos abaixo de Creta, junto de Salmona.
9 - Passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois
também o jejum já tinha passado, Paulo os admoestava,
10 - dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação há de ser incômoda
e com muito dano, não só para o navio e a carga, mas também para a nossa vida.
11 - Mas o centurião cria mais no piloto e no mestre do que no que
dizia Paulo.
21 - Havendo já muito que se não comia, então, Paulo, pondo-se em
pé no meio deles, disse: Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a
mim e não partir de Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perdição.
22 - Mas, agora, vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não
se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio.
TEXTO ÁUREO
(...) Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos
gentios. 2 Timóteo 1.11
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, o apóstolo Paulo é um dos personagens mais
emblemáticos e mais explorados de todo o Novo Testamento. De certa forma, as
citações diretas e indiretas feitas a seu nome só não superam, em número, às
feitas ao Senhor JESUS. Portanto, devido à frequência com que o personagem é
abordado em estudos e sermões, é possível que seus alunos não se sintam, em um
primeiro momento, genuinamente interessados por este estudo. O desafio, nesta
oportunidade, não consiste em apresentar-lhes um novo e desconhecido
Paulo, mas destacar as características de sua liderança. Assim, nesta lição,
procure focá-las, reforçando a ideia de que tais características podem ser
aplicadas à vida de todos, indistintamente: o grande líder vislumbra o futuro;
é encorajador; e preocupa-se com as necessidades alheias. Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
A biografia do apóstolo Paulo abre um leque imenso de
possibilidades de estudos, visto ter sido ele o nome de maior expressão no
cristianismo, depois do nome de JESUS. Nela, deparamo-nos com um grande
repertório, que vai da sua conversão à sua capacidade de compreensão e de
revelação do mistério de CRISTO; da sua experiência de vida como pregador do
evangelho aos seus escritos; da sua obediência aos líderes da Igreja primitiva
à sua liderança expressiva; da sua autoridade apostólica à sua humildade para
servir. O apóstolo Paulo tinha plena convicção do seu chamado. Ele
apresentava-se como apóstolo, mas também como servo de JESUS CRISTO (Rm 1.1; Fp
1.1). O título de apóstolo não inflava o seu ego; Paulo era um homem humilde,
que não esperava que outros fizessem trabalho algum, quando ele próprio era
capaz de realizá-lo.
1- UMA BREVE BIOGRAFIA DE PAULO, O APÓSTOLO
Filho de pais judeus, nascido em Tarso, cidade célebre da Cilícia
(At 21.39), Paulo foi criado em Jerusalém e provavelmente herdou a cidadania
romana de seu pai. Ao nascer, recebeu o nome de Saulo, que significa pequeno.
Mais tarde, adotou a forma grega do mesmo nome, vindo a chamar-se Paulo. Nada
se sabe acerca do ano em que ele nasceu, mas, provavelmente, foi na primeira
Década do calendário cristão, pois quando Estêvão morreu (32 d.C.), Paulo era
um jovem (At 7.58).
Sua compleição física não impressionava pessoa alguma (2 Co 10.10).
Uma descrição de sua aparência no livro apócrifo de Atos de Paulo e Tecla, diz:
“E ele viu Paulo que se aproximava, um homem de baixa estatura, quase calvo,
pernas tortas, corpo volumoso, sobrancelhas unidas, um nariz um tanto adunco,
cheio de graça: pois algumas vezes parecia um homem, e outras vezes tinha
fisionomia de um anjo.”. A família de Paulo pertencia à tribo de Benjamim, era
altamente religiosa e fazia parte da seita dos fariseus (Rm 11.1; Fp 3.5; At
23.6). Sabe-se também que Paulo fora ensinado aos pés do respeitado rabino
Gamaliel (At 22.3; 26.4); tinha uma irmã que vivia em Jerusalém (At 23.16); e
tinha a profissão de fabricante de tendas (At 18.3), provavelmente herdada do
pai.
SUBSÍDIO 1
Alguns estudiosos acreditam que Paulo também tivesse formação em
Estética, Filosofia, Matemática e Esportes — fato que se evidencia em suas
menções sobre coroa (1 Co 9.24-27), combate (2 Tm 4.7), exercício corporal (1
Tm 4.8) etc. Sua habilidade com o grego, o hebraico e o latim, revelam, ainda,
um grande repertório cultural.
1-1- Saulo, perseguidor da Igreja
Paulo gabava-se da sua origem e do seu conhecimento religioso (Gl
1.14; Fp 3.4-6). Em seu zelo pela religião judaica, foi um ferrenho perseguidor
da Igreja de CRISTO e ele mesmo reconhece isso (1 Tm 1.13). No dia em que
viajava para Damasco, em busca de cristãos, na intenção de prendê-los, Paulo
foi surpreendido por uma luz e uma voz que dizia: Saulo, Saulo, por que me
persegues? (...) Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões (At 9.4,5).
Naquele instante, ele rendeu-se humildemente ao Salvador, reconhecendo-o como o
Messias tão aguardado pelos judeus (At 9.3-9; 22.6-11; 26.12-18).
1-2- Saulo, pregador do evangelho
O próprio Paulo aponta os locais que percorreu em seus primeiros
anos de fé: ele passou pela Arábia, Damasco e Jerusalém — onde esteve por
quinze dias em companhia de Pedro (Gl 1.17,18) —; seguiu para a Síria e a
Cilícia (Gl 1.21). Quatorze anos depois, voltou a Jerusalém com Barnabé, visto
que ainda não era muito bem aceito por aquela igreja (Gl 2.1). Não demorou para
que Saulo se tornasse um pregador do evangelho (At 9.22).
1-3- Paulo, missionário às nações
A igreja em Antioquia estava crescendo. Barnabé foi a Tarso em
busca de Saulo, para levá-lo consigo a Antioquia (At 11.25). Dali, obedecendo a
uma ordem do ESPÍRITO SANTO, Saulo e Barnabé, um dos doutores da Igreja,
partiram para o campo missionário (At 13.1).
Foram, ao todo, três viagens missionárias. Por onde passavam,
anunciavam a CRISTO como o Messias Salvador — tanto a judeus quanto a gentios —
e plantavam igrejas. Paulo reconheceu que DEUS lhe dera a missão de alcançar os
gentios, enquanto a Pedro, a missão de alcançar os judeus (Gl 2.8).
1-4- Paulo, arquiteto da Igreja
O apóstolo Paulo autointitula-se sábio arquiteto da Igreja.
Observe: Segundo a graça de DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto,
o fundamento, e outro edifica sobre ele (...) (1 Co 3.10). Além de hábil
evangelista e plantador de igrejas, o apóstolo Paulo deixou um grande legado
para o cristianismo: foram treze cartas doutrinárias, por meio das quais a
Igreja de CRISTO norteia-se para compreender e exercer a sua fé. O ESPÍRITO
SANTO, que o inspirou, deixou registrada, nessas cartas, a porção necessária
para o desenvolvimento do caráter cristão. É verdade que contamos com
outras cartas, as quais fornecem ao Corpo de CRISTO importantes instruções —
como a de Hebreus, cujo autor é desconhecido, e as escritas por Pedro, Tiago,
João e Judas. Mas, estas não Cobrem assuntos de maior profundidade teológica,
como os encontrados nos escritos paulinos.
2- CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA PAULINA
Há muitos eventos bíblicos que sublinham a liderança de Paulo —
além dos seus próprios escritos, principalmente suas cartas pastorais a Timóteo
e a Tito —; mas, nesta lição, será feito o recorte da chegada do grande arauto
da fé cristã à capital do Império Romano.
SUBSÍDIO2
O grande sonho de Paulo era de, um dia, chegar a Roma (Rm 1.15), e
isso realmente aconteceu, só que em uma condição um tanto atípica: Paulo foi
para a capital do Império como prisioneiro.
2-1- Paulo é julgado e mandado para Roma
Os judeus, incomodados com a pessoa de Paulo, faziam de tudo para
interromper sua trajetória. Um grupo de judeus, vindos da Ásia, vendo Paulo e
alguns irmãos adentrarem ao templo em Jerusalém, lançaram mão dele, acusando-o
de pregar contra a Lei e de profanar o Templo. Em seguida, arrastaram-no para
fora dali, fecharam as portas e tentaram matá-lo (At 21.27-31). Com a chegada
do tribuno, prenderam o apóstolo, e, assim, os soldados protegeram-no de ser
morto (At 21.32,33). Sendo-lhe permitido falar, Paulo falou ao seu povo, em sua
autodefesa, em língua hebraica, do alto de uma escada (At 21.37—22.21). Mesmo
preso, os judeus tramaram um plano de entrar com um recurso judicial, sob o
pretexto de ouvi-lo novamente e, então, matá-lo. O sobrinho de Paulo, ao saber
disso, informou-o sobre a trama elaborada contra ele, e a notícia foi levada ao
tribuno, que, imediatamente, montou uma escolta e transferiu Paulo para
Cesareia, onde estava o procônsul Félix (At 23.12—25.12).
2-1-1- Paulo é apresentado ao governador Festo e ao rei Agripa
O rei Agripa ofereceu a Paulo a oportunidade de falar em sua
defesa. O apóstolo, de maneira brilhante, fez a sua exposição, ressaltando que
a razão de ele estar preso devia-se a uma contenda religiosa dos judeus contra
ele (At 25.13-27). Depois de ser interrogado pelo governador Festo e pelo rei
Agripa, Paulo poderia ficar livre, mas, como apelou para César, tinha agora de
ser mandado para a capital do Império (At 26.32). Nas mãos de Júlio, centurião
da Coorte Augusta, Paulo e outros presos embarcaram para Roma (At 27.1).
2-1-2- Paulo enfrenta os primeiros percalços
Os dois últimos capítulos de Atos dos Apóstolos narram a conturbada
viagem de Paulo, de Cesareia para Roma, onde permaneceu cativo por dois anos,
em prisão domiciliar, uma vez que dispunha desse direito por ser cidadão romano
(At 28.30). O apóstolo e os demais presos embarcaram em um navio adramitino.
Quando passaram pela ilha de Chipre, começaram a enfrentar sérios problemas com
os ventos contrários. Em Mirra, na Lícia, trocaram de embarcação e seguiram
viagem em um navio de Alexandria, porém essa troca não amenizou o problema (At
27).
2-2- O grande líder vislumbra o futuro
Paulo recomendou que permanecessem ali por algum tempo, dizendo: A
navegação há de ser incômoda e com muito dano, não só para o navio e a carga,
mas também para a nossa vida (At 27.10). Com Paulo aprendemos que o grande
líder não precisa ocupar uma posição de proeminência para dar o seu parecer
sobre uma situação emergente e potencialmente calamitosa. Paulo não estava no
comando do navio; antes, era um prisioneiro que estava sendo levado para ser
julgado em Roma. No entanto, sua percepção era aguçada; ele enxergava adiante.
As condições do tempo não lhe permitiram ficar calado: o apóstolo pensava na
segurança de todos.
2-3- O grande líder é encorajador
Como grande líder, Paulo trouxe a todos uma palavra de
encorajamento e de esperança (At 27.22). Ele esperava receber algum crédito,
depois de haver anunciado algo que ocorreu exatamente conforme previra. Além
disso, o apóstolo levou a todos uma palavra de revelação divina, recebida de um
anjo, que lhe comunicara acerca dos próximos acontecimentos (At 27.23). As 276
pessoas daquele navio deviam ser gratas pela presença de Paulo naquela
embarcação. Elas poderiam ter naufragado ao longo da viagem tempestuosa, mas a
presença do apóstolo protegeu a todos.
2-4- O grande líder preocupa-se com as necessidades alheias
Passados 14 dias desde a última refeição, Paulo recomendou a todos
que comessem: Portanto, exorto-vos a que comais alguma coisa, pois é para a
vossa saúde (At 27.33-38). O apóstolo preocupava-se com a saúde física dos seus
companheiros mais próximos.
Todos teriam ainda de enfrentar outro desafio: pular ao mar para
chegar à ilha de Malta. Assim, encalharam o navio e saltaram dele. Diz o texto
bíblico que a ideia dos soldados foi que matassem os presos para que nenhum
fugisse, escapando a nado. Mas o centurião, querendo salvar a Paulo, lhes
estorvou este intento; e mandou que os que pudessem nadar se lançassem primeiro
ao mar e se salvassem em terra; e os demais, uns em tábuas e outros em coisas
do navio. Deste modo, todos foram salvos (At 27.39-44).
CONCLUSÃO
Essa história específica apresenta outros desdobramentos, no último
capítulo do livro de Atos (cap. 28), mas nossa análise se encerrará neste
ponto.
Temos de admitir que a vida do apóstolo Paulo tem muito a nos
ensinar. O pouco que vimos sobre a força da sua liderança, neste episódio, abre
os nossos olhos para entender que um líder levantado por DEUS é apto para
contribuir com a sua experiência de vida, sua sabedoria e tenacidade até mesmo
fora do seu ambiente. A história de Paulo se encerra em Roma, onde ele esteve
por dois anos em uma casa que alugara, pregando o reino de DEUS e ensinando com
toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor JESUS CRISTO, sem impedimento
algum (At 28.31). Paulo ensina-nos, acima de tudo, que o grande líder combate o
bom combate, acaba a carreira e guarda a sua fé (2 Tm 4.7).
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
LIÇÃO 7, CG, NA ÍNTEGRA COMO NA REVISTA, 2Tr2025
Escrita Lição 7, CG, Paulo, um Legado de Fé, Dedicação e Graça,
2Tr25, Com. Extra Pr Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. UM CIDADÃO DO MUNDO
1.1. Tarso: berço de um ministério global
1.2. Hebreu de origem, zeloso por sua herança
1.3. Cidadania romana: um privilégio estratégico
2. UM FARISEU SALVO PELA GRAÇA
2.1. O fariseu zeloso: perseguidor e defensor da Lei
2.2. O encontro com a Luz: transformação
e chamado
3. UM APÓSTOLO SINGULAR
3.1. A mensagem de Paulo: proclamando
CRISTO com ousadia
3.2. As cartas de Paulo: fundamentos para a fé cristã
4.1. Zelo e dedicação: lições de comprometimento
4.2. Coragem e honestidade: exemplos de integridade cristã
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 9.1-6
1 - E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos
do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote
2- e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de
que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse
presos a Jerusalém.
3- E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente
o cercou um resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por
que me persegues?
5- E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou JESUS, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça?
E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém
fazer.
TEXTO ÁUREO
Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com
alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor JESUS, para dar testemunho
do evangelho da graça de DEUS. Atos 20.24
OBJETIVOS - Ao término do estudo bíblico, o aluno
deverá:
- reconhecer que Paulo priorizou o chamado divino
acima de quaisquer aspirações pessoais;
- explorar os principais feitos ministeriais e a
essência dos ensinamentos paulinos;
- identificar as características da personalidade de
Paulo, que servem como exemplo para a vida cristã.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Professor, o apóstolo Paulo é um dos personagens mais destacados do
Novo Testamento, mencionado amplamente nas Escrituras, sendo superado apenas por
JESUS. No entanto, por ser frequentemente abordado em estudos e sermões, seus alunos
podem não demonstrar grande interesse inicial pela lição. O de- safio é mostrar
que Paulo foi o instrumento divino para revelar a plenitude da graça, que salva
tanto judeus quanto gentios (Ef 2.8,9; Rm 1.16). Para isso, explore aspectos menos
conhecidos de sua vida e ministério, avaliando o que os alunos já sabem. Utilize
mapas das viagens missionárias para ilustrar sua trajetória descrita em Atos 13-28.
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Paulo é, sem dúvida, um dos personagens do Novo Testamento que mais
impactou a história do cristianismo. Suas cartas, escritas há séculos, continuam
moldando a fé e o pensamento de cristãos e até de não cristãos ao redor do mundo.
Em uma época em que muitos se juntam a comunidades evangélicas sem entender
plenamente o significado de pertencer a JESUS, a vida de Paulo permanece como um
exemplo inspirador de fé, obediência e total dedicação a DEUS.
Nas Escrituras, Paulo frequentemente apresenta-se de for- ma pessoal
e transparente a seus leitores. Ao reunir trechos de sua autobiografia, temos um
retrato do apóstolo abortivo (1 Co 15.8), cuja vida transformou profundamente os
padrões religiosos e teológicos de sua época, afirmando a supremacia da graça divina
e o poder da cruz de CRISTO (Ef 2.8,9; Gl 6.14).
1. UM CIDADÃO DO MUNDO
Paulo foi um dos personagens mais versáteis e influentes do Novo Testamento.
Ele conciliava diversas identidades: discípulo de Gamaliel (At 22.3); fariseu zeloso;
fabricante de tendas (At 18.3); apóstolo dos gentios (Rm 11.13); plantador de igrejas
e defensor da fé (At 14.21-23). Sua habilidade de adaptar-se a diferentes contextos
para proclamar o evangelho (1 Co 9.19-23) e seu testemunho impactaram líderes religiosos
e autoridades políticas (At 22.30-23.6; 26.1-29). Ao longo de sua vida, ele sempre
colocou o ministério acima de suas aspirações e via CRISTO como a razão de sua existência
(Fp 1.21).
1.1. Tarso: berço de um ministério global
Nascido em Tarso, uma cidade da Cilícia, Paulo cresceu em um ambiente
marcado pela diversidade social e intelectual (At 21.39; 22.3). Tarso, localizada
entre o mundo helenístico e o judaico, era famosa pelo comércio de feltro usado
em roupas e tendas. Essa origem deu a Paulo uma perspectiva única para evangelizar
gentios (Ef 3.6,7).
Os judeus de sua época dividiam-se entre hebreus, que preservavam suas
tradições ancestrais e falavam aramaico, e helenistas, mais abertos à influência
grega. Embora Paulo fosse fluente em grego e conhecesse a filosofia helenística,
ele se identificava como um hebreu de origem pura, nascido de hebreus.
1.2. Hebreu de origem, zeloso por sua herança
Paulo frequentemente destacava sua herança judaica, apresentando-se
como descendente direto de Abraão e membro da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.5).
Essa identidade era relevante em suas discussões com judaizantes, que de- fendiam
que os gentios deveriam seguir rituais judaicos para serem cristãos (At 15.5-21).
Paulo, no entanto, defendia a salvação pela graça e não pelas obras da Lei.
Observação:
A origem de Paulo como benjamita tinha forte valor simbólico. Seu nome
hebraico, Saulo, provavelmente homenageava o primeiro rei de Israel, também da tribo
de Benjamim (1 Sm 9.1,2 - Saul). No entanto, ele adotou o nome grego, Paulo,
refletindo sua missão entre os gentios.
1.3. Cidadania romana: um privilégio estratégico
Paulo possuía cidadania romana por nascimento (At 22.28), um privilégio
que lhe garantia proteção legal e status especial no Império. Isso incluía direitos
como julgamento justo e imunidade contra punições severas (At 16.37,38; 22.25-29).
Embora não se saiba exatamente como sua família adquiriu esse privilégio, é provável
que tenha sido por serviço militar ou concessão especial do governo romano. Essa
cidadania foi um recurso valioso para Paulo, permitindo-lhe de- fender-se de acusações
e avançar seu ministério, mesmo em contextos adversos (At 25.11).
Paulo era, portanto, um homem singularmente qualificado para seu papel
como apóstolo dos gentios, unindo herança judaica, educação helenística e direitos
romanos em prol da missão de CRISTO.
2. UM FARISEU SALVO PELA GRAÇA
A experiência marcante que Saulo teve no caminho de Damasco transformou
completamente sua visão sobre JESUS, o Messias. De perseguidor feroz da Igreja,
ele tornou-se um apóstolo dedicado, influenciando decisivamente a história do cristianismo
(At 9.1-5; 22.4,5).
Observação:
Os fariseus frequentemente divergiam de outros segmentos do
judaísmo. Os saduceus, por exemplo, negavam a ressurreição e a existência de anjos
ou espíritos (At 23.6-8). Já os essênios criticavam o zelo farisaico, considerando-o
insuficiente para alcançar a santidade exigida por DEUS, adotando
um ascetismo mais extremo.
2.1. O fariseu zeloso: perseguidor e defensor da Lei
Paulo identificava-se como fariseu, membro de um grupo rigoroso na observância
da Lei e defensor da pureza religiosa. Tendo sido treinado aos pés de Gamaliel (At
22.3), um dos mais respeitados mestres da época, ele destacava-se por sua estrita
obediência às tradições judaicas (Fp 3.5,6).
Além de profundo conhecedor das Escrituras Hebraicas, Paulo dominava
a Septuaginta e possuía grande habilidade na retórica greco-romana, o que o tornava
apto a dialogar tanto com judeus quanto com gentios, como exemplificado em
seu discurso no Areópago (At 17.22-34).
Antes de sua conversão, Saulo perseguia a Igreja com fervor, considerando-se
irrepreensível sob os padrões da Lei. Esse zelo se manifestava em ações concretas:
munido de cartas de autorização do Sinédrio, ele prendia cristãos e os levava a
Jerusalém para julgamento, muitas vezes culminando em penas de morte (At 9.1,2;
26.9-11). Contudo, ao encontrar JESUS no caminho para Damasco, ele compreendeu que
sua antiga vida era perda diante da excelência de conhecer a CRISTO (Fp 3.8).
2.2. O encontro com a Luz: transformação
e chamado
JESUS revelou-se a Saulo como a verdadeira Luz (Jo 1.4; 8.12), resplandecendo
em glória. Nesse momento, Ele confrontou o perseguidor com uma pergunta incisiva:
Saulo, Saulo, por que me persegues? Surpreso, Saulo respondeu: Quem és, Senhor?
Então, ouviu a resposta que transformaria sua vida para sempre: Eu sou JESUS, a
quem tu persegues (At 9.3-5).
Nesse breve diálogo, Saulo descobriu três verdades essenciais: JESUS
está vivo; Ele é o grande Eu Sou e identifica-se com Seus seguidores. Esse encontro
redefiniu sua vida e mis- são, transformando-o de um perseguidor implacável em um
dos mais ardorosos proclamadores da fé cristã (1 Tm 1.12-15).
3. UM APÓSTOLO SINGULAR
Paulo demonstrou uma dedicação inigualável ao evangelho, esforçando-se
para anunciá-lo em regiões onde ainda não havia sido proclamado. Entre seus muitos
feitos, destaca- -se a missão divina de levar a mensagem de salvação à Europa (At
16.6-10). Seu compromisso o levou a realizar extensas viagens missionárias - três
grandes jornadas foram registra- das no Livro de Atos, as quais foram
realizadas ao longo de aproximadamente uma década (At 13-20).
3.1. A mensagem de Paulo: proclamando
CRISTO com ousadia
Os sete sermões registrados no Livro de Atos refletem o conteúdo central
de sua mensagem. Paulo enfatizava sua conversão, a fidelidade ao judaísmo, a ressurreição
de JESUS, os argumentos das Escrituras sobre o Messias e os sofrimentos que enfrentou
em Jerusalém (At 13.16-41; 17.22-34; 20.18- 36; 22.1-29; 23.1-11; 24.10-21; 26.1-29).
Cada sermão revela um apóstolo profundamente convicto da mensagem que
pregava, com foco em temas essenciais como a centralidade da Ressurreição,
o cumprimento das profecias em CRISTO e a esperança eterna que Ele oferece. Sua
ousadia em pregar diante de multidões, sacerdotes e líderes políticos demonstrava
um compromisso inabalável com sua missão.
3.2. As cartas de Paulo: fundamentos para a fé cristã
Paulo é autor de 13 cartas no Novo Testamento, muitas delas dirigidas
a igrejas que ele mesmo havia fundado. Entre elas estão: Romanos; 1 e 2 Coríntios;
Gálatas; Efésios; Filipenses; Colossenses; 1 e 2 Tessalonicenses; 1 e 2 Timóteo;
Tito e Filemom. Esses escritos abordam questões fundamentais, como: pecado (Rm 3.23;
6.23); salvação pela graça (Ef 2.8,9; Tt 3.5); escatologia (1 Ts 4.13-18; 1 Co 15.51,52);
ética cristã (Rm 12.1,2; Ef 4.25-32) e missão da Igreja (2 Co 5.18-20).
As cartas de Paulo não apenas instruem os cristãos sobre doutrinas essenciais,
mas também fornecem um vislumbre do contexto social e cultural do primeiro século.
Suas reflexões, marcadas por profundidade teológica e clareza pastoral, moldaram
o pensamento cristão, apresentando a Igreja como o Corpo de CRISTO e destacando
a centralidade de JESUS em to- das as coisas (Rm 12.4,5; Ef 1.22,23).
Paulo não foi apenas um pregador ousado, mas também um teólogo cuja
influência atravessou os séculos, oferecendo fundamentos sólidos para a fé cristã
e um modelo de dedicação incondicional ao evangelho.
4. LIÇÕES DA VIDA DE PAULO PARA A JORNADA DE FÉ
O apóstolo Paulo nos deixou um legado extraordinário de fé, dedicação
e caráter. Suas cartas e sermões continuam a ser fontes de aprendizado e inspiração.
Ele assumia plena responsabilidade por seus atos (1 Tm 1.15; Rm 3.23; 7.19,20,24)
e incentivava outros a seguirem seu exemplo (1 Co 11.1; Fp 3.17).
Com zelo, dedicação, coragem e honestidade, o apóstolo apresentou um
modelo de conduta que ainda desafia e inspira os seguidores de CRISTO em todo o
mundo (Fp 4.8; Rm 12.17; 13.7; Ef 6.9; CI 3.25; Tt 2.7).
4.1. Zelo e dedicação: lições de comprometimento
Antes de sua conversão, Paulo era rigoroso na aplicação da Lei (At 22.3;
Gl 1.14). Após conhecer a CRISTO, esse mesmo zelo foi direcionado à causa do evangelho,
tornando-o um servo fervoroso do Reino (2 Co 11.2; 1 Co 15.10).
A dedicação a boas obras, característica desejada pelo Senhor (Tt 2.14),
também foi refletida em figuras como Fineias (Nm 25.11-13) e Elias (1 Rs 19.10),
sendo Paulo um modelo equivalente no Novo Testamento.
Além disso, Paulo combinava erudição com pragmatismo. Seguindo a tradição
rabínica, aprendeu um ofício manual, tornando-se fabricante de tendas (At 18.1-3).
Ele sustentava a si mesmo durante suas jornadas missionárias, dividindo seu tempo
entre pregar, ensinar e trabalhar (1 Co 9.12; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8). Somente mais
tarde, passou a receber ofertas de igrejas parceiras, como a de Filipos (Fp 4.16-18).
4.2. Coragem e honestidade: exemplos de integridade cristã
A coragem de Paulo destacou-se em meio às adversidades. Mesmo enfrentando
perseguições e desafios, ele permanecia firme na fé e encorajava outros, como Timóteo,
a não temer as dificuldades (2 Tm 1.7-9; 4.7). Em sua Carta aos Romanos, ele reafirmou
que nenhuma tribulação pode nos separar do amor de DEUS (Rm 8.35-39), demonstrando
sua confiança inabalável.
Paulo também foi um exemplo de honestidade, tanto em suas palavras quanto
em suas ações. Ele reconhecia suas fragilidades pessoais (Rm 7.19,24; 2 Co 12.7),
mas nunca usava de artimanhas ou enganos em seu ministério (2 Co 2.17; 8.21); pelo
contrário, exortava os crentes a serem íntegros em todos os aspectos da vida
(Fp 4.8; Rm 12.17; 13.7; Ef 6.9; CI 3.25).
CONCLUSÃO
Na primeira Carta aos Coríntios, Paulo refere-se a si mes- mo como um
abortivo (1 Co 15.8), reconhecendo que, ao contrário dos outros apóstolos,
não teve o privilégio de ser treinado diretamente por JESUS durante Seu ministério
terreno. Contudo, apesar dessa ausência de contato físico com o Mestre, Paulo
destacou-se como um dos homens mais eruditos e produtivos da história do cristianismo.
Sua contribuição à teologia cristã é incomparável, consolidando-o como um dos maiores
pensadores e líderes que a Igreja já conheceu.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Quem foi o principal responsável pela educação religiosa
de Saulo de Tarso?
R.: O rabino Gamaliel (At 22.3).