Pr. Henrique EBD NA TV 99 99152-0454

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Escrita Lição 4, Betel O Puritanismo, Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a DEUS, 1Tr25, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV

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Escrita Lição 4, Betel O Puritanismo, Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a DEUS, 1Tr25, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV
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ESBOÇO DA LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
1- O MOVIMENTO PURITANO
1.1. O início do movimento 
1.2. O descontentamento com a igreja 
1.3. O cuidado com o indivíduo 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
2.1. A evangelização 
2.2. A pregação expositiva 
2.3. A paixão por CRISTO
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
3.2. A missão do povo de DEUS 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
 
TEXTO ÁUREO
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
 
VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
 
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Compreender o surgimento do movimento puritano.
Ressaltar a visão dos puritanos
Identificar as raízes do puritanismo
 
TEXTOS DE REFERÊNCIA - Hebreus 12.1-2, 12-13
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para JESUS, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DEUS.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
 
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | SI 73.1 DEUS é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com DEUS.
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de JESUS nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9 JESUS nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
 
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja de CRISTO permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.
 
PONTO DE PARTIDA – JESUS nos purifica de todo pecado.
 
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SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
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RESUMO RÁPIDO DO Pr. Henrique
1- O MOVIMENTO PURITANO
Foi um movimento de  doutrina calvinista que buscava reformar a Igreja Anglicana e a sociedade. 
 
1.1. O início do movimento 
O puritanismo foi um movimento protestante que surgiu na Inglaterra no final do século XVI. Em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I.
 
1.2. O descontentamento com a igreja 
Havia um total descontentamento com as práticas dos líderes da Igreja Anglicana
Os puritanos acreditavam que a Igreja Anglicana havia perdido a sua pureza original e que ainda havia resquícios do papado católico romano. Eles condenavam a pompa das vestes litúrgicas e a ornamentação das igrejas
No início do século XVII, os puritanos foram expulsos da Igreja Anglicana e muitos deles emigraram para a América do Norte. 
 
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1.3. O cuidado com o indivíduo 
O puritanismo se caracterizava por: 
Uma fé cristã baseada no Calvinismo
Uma disciplina moral rigorosa
Uma forma simples de adoração
Uma defesa de reformas democráticas
Uma crença na salvação pessoal por Cristo
Uma crença na predestinação
Integração do indivíduo na família e na sociedade
(1) a salvação pessoal pela graça de DEUS (Ef 2.8,9);
(2) a doutrina da suficiência das Escrituras (2Tm 3.15-17);
(3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras (Jo 17.17);
(4) a sociedade é um todo gregado(1Co 10.31).
 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
O Puritanismo foi um movimento resultante da Reforma Protestante que se espalhou pela Inglaterra e marcou profundamente a história do país.
A repressão ao Puritanismo resultou na eclosão de uma Guerra Civil.
O movimento puritano trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.
 
2.1. A evangelização 
Influenciado pelo Calvinismo, o Puritanismo foi um movimento religioso de muita influência na Inglaterra. Em suma, essa doutrina surgiu como reflexo da implantação do Protestantismo na Europa. Ela pregava a necessidade de pureza e integridade do indivíduo, igreja e sociedade.
Criaram as igrejas batistas (Primeira Igreja Batista), congregacionais e presbiterianas.
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de DEUS. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de DEUS (Cl 2.2,3). O puritanismo não conhecia os conceitos de missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21 até hoje.
 
2.2. A pregação expositiva 
Pastores enfatizavam verdades centrais do cristianismo: fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade pessoal e piedade prática associada a cada área da vida.
Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação.(Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos.
 
2.3. A paixão por CRISTO
Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 35, 2021): “Por ser um teólogo sempre cuidadoso, Goodwin procurou deixar claro que CRISTO não continua sofrendo no céu. A sua humilhação foi concluída na cruz e no túmulo. Na Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (…) Ele é capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo glorificado e, assim, senti-las como se tivesse sofrido conosco”.
 
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
O movimento puritano foi uma revolução na cultura e  sociedade Ingleza barrando o prosperar de doutrinas católicas romanas e posteriormente influenciaram os EUA, assim também o  movimento pentecostal do início do século 20 com seus avivamentos trouxe uma revolução ao cristianismo e às missões em todo o mundo.
Os pentecostais tiveram seu início no dia de Pentecostes como registrado em Atos 2. De lá para cá sempre influenciaram a sociedade, cultura e religião. Nunca cessaram de adorara a DEUS, de evangelizar, de serem batizados e usados em dons pelo ESPÍRITO SANTO.
 
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
Os puritanos nunca tiveram um real conhecimento a respeito do ESPÍRITO SANTO por serem cessacionistas como Calvino o era, copiando Agostinho. Foram usados pelo ESPÍRITO SANTO para libertarem os anglicanos da falta de conhecimento bíblico, mas nunca receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO e nem receberam seus dons.
 
3.2. A missão do povo de DEUS 
É missão da Igreja levar o Evangelho de JESUS CRISTO até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
As treze colônias americanas se recusaram a estabelecer uma Igreja oficial. O pentecostalismo influenciou mais os americanos do que qualquer outra religião.
 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
Devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (Sl 119.105). É necessário enxergarmos na Bíblia o que realmente ela diz. A metade dos evangelhos fala de sinais, prodígios e maravilhas. Atos nos narra a história do início da igreja onde os sinais, prodígios e maravilhas eram constantes e atraiam multidões para ouvirem e se entregarem ao legítimo evangelho de JESUS CRISTO  (Ef 1-13 - 2-8 - 1Co 1-21).
JESUS foi confirmado por DEUS com sinais, prodígios e maravilhas (At 2.22). O Apostolado de Paulo e dos apóstolos foi confirmado por DEUS com sinais, prodígios e maravilhas. A atração do evangelho é apresentada em Atos com demonstrações de poder de DEUS através dos sinais, prodígios e maravilhas (At 16.15-20).
Devemos atentar para o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de DEUS (2Tm 3.16,17).
 
CONCLUSÂO
Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como “o príncipe dos puritanos’; um dos teólogos puritanos mais influentes: “Era um homem de grande devoção e piedade, que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no intelecto. Sua pregação era avivadora e visava apelar ao coração dos ouvintes, a fim de levá-los ao despertar religioso” Um exemplo de que é possível ser um profundo estudioso das Sagradas Escrituras, porém tendo o intelecto usado como instrumento pelo ESPÍRITO SANTO para alcançar vidas e também para a glória de DEUS.
A fé vem pelo ouvir o evangelho e a salvação pela loucura da pregação deste evangelho. A graça de DEUS é JESUS e sua obra salvífica e só se entra a esta graça pela fé no evangelho pregado.
 
Hebreus 2.1 Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;
Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?
 
 
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Puritanismo, o que é, história, conflitos e influência
Embora na Inglaterra, a mentalidade de “purificação” tenha existido desde o século XIV, foi apenas no século XVI, com a eclosão da Reforma Protestante que o movimento puritano tomou forma. Além de propor uma reforma completa na igreja, o Puritanismo restringia diversas manifestações cerimoniais.
Para o Puritanismo, a Bíblia estava acima de toda e qualquer tradição e autoridade. Logo, quando tentaram reformar a Igreja Anglicana, os puritanos perderam força, foram expulsos da mesma e migraram para a América do Norte. Apesar de ter alcançado seu fim no século XVII, o movimento deixou sua marca na história inglesa.
 
O Puritanismo nos reinados ingleses
Com o enfraquecimento da Igreja Católica, os cidadãos ingleses acabaram aderindo ao Protestantismo. Porém, o Puritanismo não agradou os monarcas do país.
As discordâncias presentes no governo de Elizabeth I criaram uma base para a futura Guerra Civil Inglesa
Como resultado disso, toda uma linhagem de governantes combateu o movimento em seu governo. Mesmo assim, o mesmo exerceu grande influência na história e sociedade britânica.
 
·        Henrique VIII (1509-1547) – criou a Igreja Anglicana e preservou muito da tradição católica;
·        Eduardo VI (1547-1553) – foi influenciado pelos reformadores puritanos contrários aos anglicanos;
·        Maria I (1553-1558) – perseguição aos líderes “purificadores” marcada pelo derramamento de sangue;
·        Elizabeth I (1558-1603) – intensificação disciplinar clerical e estatal contra puritanos;
·        James I (1603-1625) – sua formação calvinista deu esperança aos puritanos, mas nada além disso;
·        Carlos I (1625-1649) – seguiu reprimindo os puritanos ingleses e presbiterianos escoceses, o que resultou na Guerra Civil Inglesa, também chamada Revolução Puritana.
·         
A Revolução Puritana
Após anos de repressão pela monarquia inglesa, o Puritanismo explodiu, alterando o governo e a sociedade. Assim como mencionado acima, esse movimento foi um efeito direto da Reforma Protestante e o mesmo vale para a Revolução Puritana, principalmente ao que tange a burguesia e aristocracia rural.
Visto que o Puritanismo questionava o direito divino dos reis e rainhas que se diziam escolhidos por DEUS, o mesmo representou um grande desafio à monarquia absolutista. Sendo assim, a Revolução Puritana se tratou de uma insurreição religiosa, política, social e econômica. Afinal, os interesses de diversos grupos estavam em guerra. De um lado, os nobres estavam perdendo espaço no governo, enquanto a burguesia ganhava mais força e simpatizava com os puritanos.
Do outro, a Igreja Católica perdia influência e isso afetava a Igreja Anglicana, considerada muito próxima do catolicismo romano o que alimentava exigências de uma reformulação.
Até o fim do governo de Elizabeth I, a situação, apesar de tensa, ficou contida. Porém, as exigências e discordâncias do monarca já formavam base para uma guerra civil. Assim, quando James I ascendeu ao trono inglês e colocou o rei como representante de DEUS na Terra e se posicionou acima de qualquer lei, o caos foi instaurado.
Em 1604, o Parlamento questionou a linha de pensamento do monarca e, mais uma vez, os puritanos aproveitaram a brecha para requerer a reforma da Igreja Anglicana. Mais tarde, no governo de Carlos I, em meio a toda essa discordância, Oliver Cromwell entrou em cena.
 
Oliver Cromwell
Oliver Cromwell pertencia à pequena nobreza e seguia os princípios de um cavalheiro. Em 1640 ele passou a integrar o Parlamento Inglês. Visto que era originário de uma família influente, Cromwell defendia a distinção de classes e era contrário ao nivelamento de cidadãos, uma condição pregada pelos puritanos.
Cromwell liderou a Revolução Puritana e mais tarde se tornou o Lorde Protetor da República
Todavia, apesar de não concordar amplamente com a doutrina do Puritanismo, Cromwell se opunha ao rei Carlos I por conta da tributação do cidadão, insegurança do direito de propriedade e falta de liberdade religiosa. Ademais, mesmo questionando o direito divino do monarca, Cromwell dizia ser escolhido por DEUS para destituí-lo.
Dito e feito. No dia 1 de janeiro de 1649, Carlos I foi acusado de “tirano, traidor, assassino, inimigo público e implacável para a comunidade da Inglaterra”. Assim, após ser julgado de forma claramente injusta e parcial, o rei foi condenado à morte por decapitação em uma decisão liderada por Cromwell.
 
O fim do Puritanismo
Após a morte de Carlos I, aboliram a monarquia na Inglaterra e instauraram uma república. A dissolução do Parlamento fez com que, em 1653 Oliver Cromwell assumisse o poder e o título de Lorde Protetor da República. Esse período ficou conhecido como Commonwealth.
Após migrar para os Estados Unidos a doutrina puritana atingiu seu fim no Grande Despertamento.
Todavia, após o falecimento de Cromwell, seu filho e herdeiro não conseguiram sustentar o governo e desavenças internas resultaram na restauração da monarquia. Assim, em 1660, Carlos II assumiu o trono e o período da Restauração teve início.
Quanto ao Puritanismo, os dissidentes do mesmo que sobreviveram às perseguições da igreja criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas. Apesar do reinado de Guilherme de Orange e Maria ter sido tolerante com os puritanos, muitos deles migraram para os Estados Unidos e ali permaneceram até o Grande Despertamento.
E então, o que achou dessa matéria?.
Fontes: InfoEscolaToda Matéria, Infopédia.
 
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puritanismo designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes depois da Reforma. Segundo o pensador francês Alexis de Tocqueville, em seu livro A Democracia na América, trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.[1]
adjetivo "puritano" pode designar tanto o membro deste grupo de calvinistas rigoristas como aquele que é rígido nos costumes, especialmente quanto ao comportamento sexual (pessoa austera, rígida e moralista).[2]
 
História
Uma perfeita puritana, por E. Percy Moran (litografia de 1897).
A Revolução Puritana foi um movimento surgido na Inglaterra no século XVII, de confissão calvinista, que rejeitava tanto a Igreja Romana como o ritualismo e organização episcopal na Igreja Anglicana.
As críticas à política da rainha Isabel I partiram de grupos calvinistas ingleses, que foram denominados puritanos porque pretendiam purificar a Igreja Anglicana, retirando-lhe os resíduos do catolicismo, de modo a tornar sua liturgia mais próxima do calvinismo.
Desde o início, os puritanos já aceitavam a doutrina da predestinação. O movimento foi perseguido na Inglaterra, razão pela qual muitos fugiram, em busca de outros lugares com maior liberdade religiosa. Um grupo, liderado por John Winthrop, chegou às colinas da Nova Inglaterra na América do Norte em abril de 1630.
 
As origens calvinistas do puritanismo
Quando Calvino ainda vivia em Genebra iniciou-se um conflito entre os católicos, partidários da casa de Sabóia - da qual a cidade era vassala desde 1285 - e os confederados protestantes, que deram mais tarde origens aos grupos huguenotes, na França. Calvino se opôs à Igreja Católica e aos anabatistas.
A variante calvinista do protestantismo seria bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), França, Escócia, Países BaixosÁfrica do Sul (entre os Afrikaners), InglaterraEscócia e EUA, dando origem a diversas vertentes. [3]
Os calvinistas ingleses estavam descontentes com a Reforma na Inglaterra, que não teria sido suficientemente drástico - já que muitos elementos do Catolicismo haviam sido preservados no Igreja da Inglaterra - e, assim, romperam com a Igreja Anglicana.
 
Os puritanos não se desenvolviam na Inglaterra
O surgimento do puritanismo está ligado às confusões amorosas do rei Henrique VIII (1509-1547) e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-1564), que a partir de 1548 passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em 1534 foi promulgado o Ato de Supremacia, tornando o rei “cabeça supremo da Igreja da Inglaterra.” Com a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, tia de Carlos V, o rei Henrique VIII e o parlamento inglês separam a Igreja da Inglaterra de Roma, em 1536, adotando a doutrina calvinista apenas por comodismo. A Reforma, então, teve início na Inglaterra pela autoridade do rei e do parlamento. No ano de 1547, Eduardo VI, um menino muito enfermo, tornou-se rei.
A Reforma protestante avançou rapidamente na Inglaterra, pois o Duque de Somerset, o regente do trono, simpatizava-se com a fé reformada. Thomas Cranmer, o grande líder da Reforma na Inglaterra, publicou o Livro de Oração Comum, dando ao povo a sua primeira liturgia em inglês. Maria Tudor, católica romana, tornou-se rainha em 1553. Assessorada pelo cardeal Reginald Pole, em 1554 ela restaurou a sua religião.
Em 1555, intensificou a perseguição aos protestantes. Trezentos deles foram martirizados, entre eles, o arcebispo de CantuáriaThomas Cranmer (canonizado pela Igreja Anglicana), e os bispos Latimer e Ridley. Oitocentos protestantes fugiram para o continente, para cidades como Genebra e Frankfurt, onde absorveram os princípios doutrinários dos reformadores continentais. Isabel I ascendeu ao trono aos 25 anos em 1558, estabeleceu o “Acordo Elisabetano,” que era insuficientemente reformado para satisfazer àqueles que logo seriam conhecidos como “puritanos.”
Em seguida, promulgou o Ato de Uniformidade (1559), que autorizou o Livro de Oração Comum e restaurou o Ato de Supremacia. Em 1562, foram redigidos os Trinta e Nove Artigos da Religião, que são o padrão histórico da Igreja da Inglaterra, e a partir de janeiro de 1563, foram estabelecidos pelo parlamento como a posição doutrinária da Igreja Anglicana. Em torno de 1567-1568, uma antiga controvérsia sobre vestimentas atingiu seu auge na Igreja da Inglaterra. A questão imediata era se os pregadores tinham de usar os trajes clericais prescritos. A controvérsia marcou uma crescente impaciência entre os puritanos com relação à situação de uma igreja “reformada pela metade.”
Thomas Cartwright, professor da Universidade de Cambridge, perdeu sua posição por causa de suas pregações sobre os primeiros capítulos do Livro dos Atos dos Apóstolos, nas quais argumentou a favor de um cristianismo simplificado e uma forma presbiteriana de governo eclesiástico.[4]
A primeira igreja presbiteriana foi a de Wandsworth, fundada em 1572. Um pouco antes disso, em 1570, Elisabete fora excomungada pelo Papa Pio V. A morte de Elisabete ocorreu em 1603, e ela não deixou herdeiro. Apenas indicou como seu sucessor James I, filho de Maria Stuart, que já governava a Escócia. Quando o rei foi coroado, os puritanos, por causa da suposta formação presbiteriana do rei, inicialmente tiveram esperança de que sua situação melhorasse. Para manifestar essa esperança, eles lhe apresentaram, quando de sua chegada em 1603, a Petição Milenar, assinada por cerca de mil ministros puritanos, na qual pediam que a igreja anglicana fosse completamente “puritana” na liturgia e administração.
Em 1604, encontram-se com o novo rei na conferência de Hampton Court para apresentar seus pedidos. O rei ameaçou “expulsá-los da terra, ou fazer pior,” tendo dito que o presbiterianismo “se harmonizava tanto com a monarquia como DEUS com o diabo”. Carlos I, opositor dos puritanos, foi coroado rei da Inglaterra em 1625. Já em 1628William Laud tornou-se bispo de Londres (em 1633 foi nomeado Arcebispo de Cantuária) e empreendeu medidas severas para eliminar a dissidência da Igreja Anglicana. Ele buscou instituir práticas cerimoniais consideradas “papistas,” além de ignorar a justificação pela fé, por causa de suas ênfases pelagianas, oprimindo violentamente os puritanos e forçando-os a emigrarem para a América.
Em 1630John Winthrop liderou o primeiro grande grupo de puritanos até a baía de Massachusetts e, em 1636, foi fundado o Harvard College. Laud tentou impor o anglicanismo na Escócia, só que isto degenerou num motim que serviu para aliar puritanos e escoceses calvinistas. Em 1638, os líderes escoceses reuniram-se numa “Solene Liga e Aliança” e seus exércitos marcharam contra as tropas do rei, que fugiram.
No ano de 1640,o parlamento restringiu o poder do rei Carlos I. As emigrações para a Nova Inglaterra estacionaram consideravelmente. A Assembleia de Westminster, assim chamada por reunir-se na Abadia de Westminster, templo anglicano de Londres, foi convocada pelo parlamento da Inglaterra em 1643 para deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja e “para defender a pureza da doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e difamações”.
É considerada a mais notável assembleia protestante de todos os tempos, tanto pela distinção dos elementos que a constituíram, como pela obra que realizou e ainda pelas corporações eclesiásticas que receberam dela os padrões de fé e as influências salutares durante esses trezentos anos.
A Assembleia de Westminster
Assembleia de Westminster caracterizou-se não somente pela erudição teológica, mas por uma profunda espiritualidade. Gastava-se muito tempo em oração e tudo era feito em um espírito de reverência. Cada documento produzido era encaminhado ao parlamento para aprovação, o que só acontecia após muita discussão e estudo. Os chamados "Padrões Presbiterianos" elaborados pela assembleia foram os seguintes:
1. Diretório do Culto Público: concluído em dezembro de 1644 e aprovado pelo parlamento no mês seguinte. Tomou o lugar do Livro de Oração Comum. Também foi preparado o Saltério: uma versão métrica dos Salmos para uso no culto (novembro de 1645).
2. Forma de Governo Eclesiástico: concluída em 1644 e aprovada pelo parlamento em 1648. Instituiu a forma de governo presbiteriana em lugar da episcopal, com seus bispos e arcebispos.
3. Confissão de Fé: concluída em dezembro de 1646 e sancionada pelo parlamento em março de 1648.
4. Catecismo Maior e Breve Catecismo: concluídos no final de 1647 e aprovados pelo parlamento em março de 1648.
Como consequência do auxílio dos escoceses, as forças parlamentares derrotaram o rei Carlos I, que foi decapitado em 1649.
O comandante vitorioso, Oliver Cromwell, assumiu o governo. Porém, em 1660Carlos II subiu ao trono e restaurou o episcopado na Igreja da Inglaterra. Teve início nova era de perseguições contra os presbiterianos.
Na Escócia, a assembleia geral da Igreja da Escócia adotou os Padrões de Westminster logo que foram aprovados, deixando de lado os seus próprios documentos de doutrina, liturgia e governo que vinham da época de John Knox. A justificativa era o desejo de maior unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Da Escócia, esses padrões foram levados para outras partes do mundo.
 
Consequências
O puritanismo não conseguiu substituir as estruturas de plausibilidade que o anglicanismo ofereceu à nação inglesa. As estruturas sociais anglicanas permaneceram. Apenas para uma pequena e influente minoria esta situação não era satisfatória, e esse grupo era o dos puritanos, que travaram vigorosas e infrutíferas batalhas com o governo político-religioso da Inglaterra. Em todos esses eventos, o apoio de Calvino foi influente na tentativa de levar sua doutrina a uma nação cujos laços com Roma haviam sido cortados apenas pela vaidade de um rei.
doutrina calvinista é hoje largamente professada entre os fiéis anglicanos, e nela sobraram apenas traços da liturgia do catolicismo.
Muitos dos puritanos fugiram para países como os EUA, onde introduziram o presbiterianismo oriundo da reforma calvinista da Igreja da Escócia.
 
Referências
Sheldon Wolin, Tocqueville Between Two Worlds (2001), p. 234.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa
The Spread of Calvinism, studysmarter.co.uk
Thomas Cartwright And English Presbyterianism. Por William P. Farley. Enrichment Journal. The General Council of the Assemblies of God.
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Puritanismo#:~:text=O%20puritanismo%20designa%20uma%20concep%C3%A7%C3%A3o,austera%2C%20r%C3%ADgida%20e%20moralista).
 
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Contra o Calvinismo- Dr. Roger Olson.
 
UM PROBLEMA PARA O CARÁTER E A REPUTAÇÃO DE DEUS
Independente das contradições, à primeira vista, da dupla predestinação que foram mencionadas acima, os calvinistas realmente defendem esta teologia de várias formas. Penso que as entendi corretamente, mas ainda não vejo como estas defesas possam se manter.
Alguns calvinistas simplesmente colocam de lado as objeções á dupla predestinação ao dizer: “Não está dentro da jurisdição das criaturas questionar a DEUS” 1. Isto dificilmente é, claro, uma defesa, mas uma resposta. Estranhamente, quase todos os calvinistas, entretanto, realmente tentam defender a bondade de DEUS, então alguém se pergunta o quão sério devemos responder a esta crítica. Além do mais, não é a DEUS quem os críticos do calvinismo estão questionando. As crenças calvinistas acerca de DEUS é que estão sendo questionadas! Há uma diferença. A frequência com a qual alguém se depara com esta rejeição de crítica leva a conclusão de que pelo menos alguns calvinistas enfrentam problemas em distinguir entre sua própria doutrina de DEUS e o próprio DEUS. Como todos os demais, os calvinistas deveríam estar dispostos a, ao menos, considerar a possibilidade de que há deficiências e falhas graves nas crenças doutrinárias calvinistas.
Muitos teólogos calvinistas vão além da tentativa de colocar de lado as críticas com afirmações acerca de “não questionar a DEUS”. Muitos oferecem estratégias para defender o caráter bom de DEUS, a reputação de DEUS, em face de perguntas críticas de não calvinistas. A principal questão que tratam é simplesmente essa: Como pode ser dito que DEUS é bom, amável e justo em face destas doutrinas do calvinismo rígido? Como DEUS é bom, amável e justo com os réprobos? Como DEUS não é arbitrário em sua escolha de alguns para a salvação incondicional enquanto abandona outros para a perdição? E uma pergunta crítica relacionada é: Como o evangelho pode ser oferecido como uma oferta sincera para todos se alguns já foram escolhidos por DEUS para a condenação e, desta forma, não possuem nenhuma chance, de modo algum, de serem aceitos por DEUS? (Esta última pergunta geralmente alcança uma força maior em relação ao próximo ponto da TULIP - expiação limitada).
Outra forma de fazer o mesmo conjunto de perguntas é apresentar passagens bíblicas para calvinistas e perguntar como eles reconciliam suas crenças na reprovação - predestinação com as mesmas? Por exemplo, João 3.16: “Porque DEUS tanto amou o mundo que deu seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Observe também os versículos citados anteriormente: 1 Timóteo 2.42 Pedro 3.9 e 1 João 4.8. Como DEUS é amor se ele preordena muitas pessoas para o inferno para a eternidade quando ele poderia salvá-las, uma vez que a eleição para a salvação é sempre completamente incondicional e não qualquer relação com o caráter ou escolhas? Como é que DEUS quer que todas as pessoas sejam salvas se ele determina algumas pessoas em específico para que sejam condenadas? Como é que DEUS não tem prazer na morte dos ímpios (Ez. 18.32) se ele preordena tudo, incluindo sua reprovação e punição eterna, para seu beneplácito? Como DEUS é bom se ele intencionalmente reteve de Adão a graça que ele precisava para não cair - sabendo que a queda de Adão resultaria nos horrores do pecado e mal e no sofrimento inocente da história?
Primeiro, algumas respostas de João Calvino. Calvino tinha pouco interesse em defender o caráter de DEUS; para ele, tudo o que DEUS faz é certo, e é errado questionar a DEUS independente de quão injusto suas ações pareçam ser. Ele frequentemente admoestava aqueles que perscrutavam por demais os mistérios de DEUS (ex. ao buscar uma causa ou razão além de simplesmenteque DEUS desejou algo) ou que acusam DEUS de agir injustamente (pela qual ele parece também querer que se aplique àqueles que acusam sua doutrina de DEUS de arruinar a reputação de DEUS)2.
Todavia, Calvino, de fato, tentou explicar algumas passagens bíblicas que possa parecer contraditórias com seus argumentos acerca da dupla predestinação de DEUS. Em relação à reprovação de DEUS de alguns à luz das passagens bíblicas que utilizam a palavra “todos”, ele escreveu:
diz-se que DEUS ordenou desde a eternidade a quem quer abraçar em amor, exerce sua ira contra quem quer, e que proclama a salvação a todos indiscriminadamente. Deveras digo que elas se harmonizam perfeitamente, pois, assim prometendo, outra coisa não pretende senão que sua misericórdia seja oferecida somente a todos os que a buscam e imploram, o que outros não fazem, a não seraqueles a quem ilumina.
Entretanto, DEUS ilumina aqueles a quem predestinou para a salvação. A estes, afirmo, patenteia-se a veracidade certa e inconcussa das promessas, de modo que não se pode dizer que houve alguma discrepância entre a eterna eleição de DEUS e o testemunho que oferece aos fiéis de sua graça 3.
Isso só parece aprofundar o mistério. Se esta citação tinha por objetivo responder a pergunta de como estas afirmações concordam perfeitamente uma com as outras, eu não vejo como isso alcança seu objetivo. Como um grande pensador e comunicador que Calvino foi, eu, às vezes, considero suas explicações obscuras, se não evasivas.
Calvino diz mais acerca do problema. Primeiro, ele defende que “ninguém perece sem que o mereça”4. É por isso que DEUS é justo em punir os réprobos; eles merecem a punição. Por que eles merecem a punição? Por causa de sua “malícia e perversidade” 5. Por que eles continuam em sua malícia e perversidade e não se arrependem e creem como os eleitos o fazem? “Para que atinjam a seu fim, ora os priva da faculdade de ouvir sua palavra, ora mais os cega e os endurece por meio de sua pregação”6. Por que DEUS age assim para com os réprobos? "Em vão se atormenta aquele que aqui procure causa mais alta que o conselho secreto e inescrutável de DEUS”7.
Calvino está chegando em algum lugar no sentido de resolver o problema? Não vejo como esse possa ser o caso; ele parece simplesmente estar aprofundando o dilema da bondade de DEUS.
Como Calvino interpreta 1 Timóteo 2.3-4, a revelação mais clara de que DEUS deseja a salvação de todos os homens? “Com isto Paulo certamente quer dizer que DEUS não fechou o caminho da salvação para qualquer ordem de homens; antes, ele derramou tanto de sua misericórdia que ele não quer ninguém fora dela”. Em outras palavras, todos em 1 Timóteo 2. 3-4 (e sem dúvida em 2 Pe. 3.9) significa que DEUS quer pessoas de toda tribo e nação sejam salvos, mas não todas as pessoas. Isso dificilmente se encaixa na linguagem de 1 Timóteo 2.4, todavia, que especificamente diz “todos os homens”, significando “todas as pessoas” - não todos os tipos de pessoas.
Então, porque DEUS reprova alguns e não elege todos para a salvação? Em alguns lugares Calvino deixa esta questão na esfera do mistério, mas em pelo menos em uma ocasião ele especula: “foram suscitados para ilustrar sua glória através de sua própria condenação”8. Os que acusam DEUS de ser injusto (ou só acusam esta doutrina de fazer de DEUS um ser injusto!) são rejeitados por Calvino como “discípulofs] de Porfírio [que] corroem impunemente ajustiça de DEUS”9. Ele impacientemente declara que tudo o que DEUS faz é certo e justo simplesmente porque é DEUS quem faz, e não há explicação nenhuma para o que DEUS faz além de “porque assim lhe apraz”10. Em lugar algum ele sequer tenta justificar a DEUS ou reconciliar sua doutrina com o amor de DEUS. O único amor de DEUS que ele menciona é o amor de DEUS pelos eleitos.
Felizmente, muitos calvinistas não se satisfizeram em deixar a questão como está. Ao passo que alguém adentra a era moderna e para o mundo pós-moderno do início do século XXI, encontramos muitos calvinistas, cada vez mais, interessados em justificar os caminhos de DEUS.
Jonathan Edwards escreveu um ensaio completo sobre “Ajustiça de DEUS na Condenação de Pecadores”. No ensaio ele ficou bem perto da abordagem de Calvino, embora de certa forma mais enfática e mais defensiva (talvez em virtude da crescente tendência do Iluminismo à questão da justiça de DEUS). Mais uma vez, assim como foi com Cal-vino, a ênfase de Edwards repousa sobre a justiça de DEUS em vez de seu amor, que ele dificilmente menciona. Veja o que Edwards diz aos que questionam a justiça de DEUS na condenação eterna no inferno dos que ele preordenou e ainda tornou certa a queda em pecado e a permanência no pecado:
Quando os homens caem e tornam-se pecaminosos, DEUS, por sua soberania, tem o direito de determinar acerca dos homens conforme lhe apraz. Ele tem o direto de determinar se irá ou não redimir o homem. Ele poderia, caso isto lhe tivesse agradado, ter deixado todos para perecer ou poderia ter redimido a todos. Ou, ele poderia redimir a alguns e abandonar outros; e se ele assim o desejar, ele pode salvar a quem lhe apraz e abandonar a quem lhe apraz 11
Isto dificilmente resolve o problema da justiça de DEUS, entretanto, quanto aos “homens” que estão caídos, a quem DEUS tem o direito de tratar como ele desejar, caíram pela preordenação e o poder predestinador de DEUS. Mais uma vez, a questão que surge naturalmente e que Edwards não responde é esta: “Qual significado “bondade”, “justiça” e “amor” têm em tal contexto? Assim como Calvino, Edwards parece mais interessado em colocar de lado todas e quaisquer perguntas acerca da justiça de DEUS na reprovação e punição das pessoas. A única resposta que ele oferece é que tudo o que DEUS faz é certo e está acima da crítica. Ele simplesmente pressupõe que sua interpretação do que DEUS faz é a única interpretação razoável à luz de passagens bíblicas como a de Romanos 9.
O que Boettner diz acerca da bondade de DEUS à luz de sua reprovação das pessoas? Ele primeiramente deixa claro, indubitavelmente, que o único propósito de DEUS na reprovação é a sua glória; sem ela a justiça de DEUS não poderia ser exibida de maneira suficiente - e que é um dos propósitos da criação e redenção 12. Claro, isto levanta a pergunta de por que é justo para DEUS punir os réprobos, e Boettner simplesmente assegura que eles pecaram “voluntariamente”13. A luz destas explicações, citadas e discutidas no capítulo anterior, parece um uso estranho de “voluntariamente”, uma vez que é DEUS quem determinou. Para ele, obviamente, “voluntariamente” não significa que eles poderíam fazer o contrário do que fazem. Isso é um significado natural de “voluntário” e isto responde ou suscita mais perguntas acerca da justiça de DEUS? Boettner não parece reconhecer este problema, ou ele prefere fazer vistas grossas. E ele não parece, de fato, lidar com o amor de DEUS, exceto em dizer (estranhamente) que “DEUS em seu amor salva tantos homens da raça pecadora quanto Ele pode obter o consentimento de Sua toda natureza para salvar”14. Alguém pode apenas responder de maneira perplexa: “O quê?”
Pelo menos Boettner, contrastado com Calvino, Edwards e alguns outros calvinistas, tenta responder a pergunta. Mas a resposta não suscita mais perguntas? DEUS é, de alguma forma, limitado? Por que ele não pode ter o consentimento de “toda sua natureza” para salvar a todos? A implicação óbvia, considerando tudo mais o que Boettner diz, é que DEUS deve condenar alguns a fim de exibir seu atributo de justiça e, desta forma, glorificar a si mesmo. Então a necessidade de DEUS de glorificar a si mesmo (e “necessidade” é a palavra correta, considerando a linguagem utilizada por Boettner acerca da limitação divina em relação à extensão da salvação) sobrepuja e controla seu amor.
Isto é exatamente o que os não calvinistas se preocupam concernente ao calvinismo: que sua lógica interna e profunda leva inflexivelmente a exaltar a glória de DEUS em detrimento de e até mesmo contra o seu amor. Aparentemente, DEUS pode (ou deve) limitar seu amor, mas ele não pode limitar sua autoglorificação. Eu invertería a ordem das coisas e diria que, à luz do autoesvaziamento de Cristo (Fp 2), DEUS pode limitar sua glória (poder, majestade, soberania), mas não seu amor (porque DEUS éamor; ver 1 João 41).
Boettner argumenta que DEUS não é arbitrário em seus julgamentos, significando que sua escolha de quem salvar não é uma questão de cara ou coroa 15. Ele diz que DEUS “tem seus motivos” ainda que não possamos sequer adivinhar quais eles sejam 16. Aqui temos outro problema. Como todos os calvinistas, Boettner afirma que a escolha de DEUS das pessoas eleitas é absolutamente incondicional; que a esolha não possui nenhuma relação com qualquer coisa que DEUS veja nas pessoas que ele elege 17. Assim como a reprovação ê o outro lado necessário da moeda da eleição, então escolher ignorar alguns para escolher eleger outros deve, necessariamente, não ter relação nenhuma com qualquer coisa, principalmente má, que DEUS veja nestas pessoas reprovadas. Todos são igualmente dignos de castigo eterno. Uma vez que a escolha, tendo por base algo em particular acerca dos que escolheu, tanto para a eleição quanto a reprovação, é cancelada, o que sobra? Eu defendo que tudo o que sobra é, e isto é uma questão de pura lógica, a escolha arbitrária -uni, duni, tê”. Não existe uma terceira alternativa concebível.
Imagine que você confronte seu filho ou filha porque percebe que o nome dele (a) está escrito, de giz de cera, na parede do quarto da criança. Ele ou ela nega que escreveu aquilo. Você pergunta: “Então quem escreveu?” e a criança responde: “Outra pessoa”. Então você responde: “Mas espera um pouco, este é o seu quarto e o seu nome está escrito na parede e ninguém além de você esteve no seu quarto desde a última vez que vi a parede limpa” Seu filho (a) responde: “Tudo bem, eu não escrevi, mas também não foi ninguém que escreveu”. Qual será a sua resposta? Você acreditaria nesta explicação dada pela criança? Por que não? Não poderia haver uma terceira possibilidade? A menos que você acredite que a casa seja assombrada ou algo do tipo, você provavelmente não levará a sério a explicação de seu hlho (a). A pessoa que escreveu na parede precisa ser o seu hlho (a) ou outra pessoa; não há uma terceira opção plausível. O mesmo se aplica com a “explicação” de Boettner (a mesma explicação utilizada pela maioria dos calvinistas) de que DEUS não escolhe arbitrariamente, mas que também não escolhe embasado em nada especial acerca das pessoas que ele escolhe. Não existe uma terceira alternativa. A escolha precisa ser arbitrária para que seja absolutamente incondicional.
Diferente de Boettner e outros calvinistas, Edwards parece ter aceitado, ao menos, que a escolha de DEUS entre os eleitos e os não eleitos é arbitrária. Isto pode ser um choque para muitos calvinistas posteriores que contestam veementemente esta acusação acerca do DEUS calvinista. Em seu famoso (ou infame) sermão “Pecadores nas Mãos de um DEUS Irado”, Edwards apelou para a “vontade arbitrária de DEUS” para explicar o tratamento de DEUS com os não eleitos 18. Tal admissão é, ao menos, honesta, corajosa e consistente, mas ela suscita sérios problemas para o caráter e os caminhos de DEUS.
Como Boettner lida com as passagens bíblicas que trazem a palavra “todos”? Em relação a João 3.16 e versículos semelhantes, ele diz que este “mundo” não signihca todas as pessoas. Signihca todos os tipos de pessoas 19. Uma vez que muitos calvinistas dão esta explicação, eu deixarei a maioria da minha crítica contra ela para mais tarde neste capítulo quando resumo os problemas com as explicações calvinistas da reprovação de DEUS. Por agora, basta dizer que esta interpretação de “mundo” dificilmente funciona, pois isso exigiría que inúmeras referências à todo o mundo como caído significasse apenas todos os tipos de pessoas que são caídos.
Por exemplo, em João 1.10 está escrito que o “mundo" (mesma palavra grega utilizada em João 3.16) não reconheceu a Palavra quando a Palavra veio. Se “mundo” em João 3.16 significa “todos os tipos de pessoas”, então João 1.11 possivelmente significa que apenas algumas pessoas - de todos os tipos de pessoas, mas não todo mundo - não reconheceu JESUS como o Filho de DEUS. Nenhum calvinista interpreta João 1.11 desta forma! A interpretação de Boettner de João 3.16 parece forçada. Embora ele não tenha coragem de dizer: “DEUS odeia os não eleitos e este é o motivo pelo qual ele os reprova”, ele mais do que deixa isso implícito. Portanto, julgo justo e seguro dizer que Boettner, como muitos calvinistas, não pensa que DEUS é amor conforme 1 João 4.8 diz, ou ele é, no mínimo, inconsistente ao lidar com a questão. Se a própria natureza de DEUS é amor, então ele ama a todos e não apenas algumas pessoas de “todos os tipos” (Claro, isso pressupõe mais uma vez que “amor” em DEUS é análogo e não totalmente diferente do melhor amor conforme o conhecemos. Juntamente com Helm eu suponho isso, caso contrário a palavra amor não significa nada.
E em relação a 1 Timóteo 2.4 que diz, que DEUS quer que “todos os homens” se salvem? Boettner explica: “Versículos tais como 1 Timóteo 2.4, ao que parece, são melhores entendidos não como se referindo a homens individualmente, mas como ensinando a verdade geral de que DEUS é benevolente que Ele não se deleita nos sofrimentos e morte de Suas criaturas” 48. Alguém só pode se perguntar: como é possível extrair essa interpretação desse versículo? E mais. como DEUS não se deleita naquilo que ele mesmo preordenou e tornou certo para a sua glória? Ele não se deleita em ser glorificado? Este é, certamente, um enigma calvi-nista. Mas Boettner acrescenta isso: “É verdade que alguns versículos, interpretados por eles mesmos, realmente parecem sugerir a posição arminiana [a saber, que DEUS realmente deseja a salvação de todos e a torna possível] Isto, entretanto, reduziría a Bíblia a uma massa de contradições’’20. Alguém poderia simplesmente inverter a afirmação acima e substituir a “posição calvinista” pela “posição arminiana” e isso seria mais verdadeiro.
Sproul se esforça admiravelmente, mas, no fim das contas, não tem sucesso com o problema da bondade, amor e justiça de DEUS em face de sua reprovação de muitas pessoas a quem ele poderia salvar. Primeiro, ele admite que DEUS preordenou o pecado, e estou certo de que o citei o bastante para deixar claro que ele também acredita que DEUS tornou o pecado certo 21 Entretanto, ele defende, DEUS não é responsável pelo pecado; nós somos 22. DEUS é justo em condenar os réprobos porque eles o odeiam e são maus: “Há alguma razão pela qual um DEUS justo precise ser amoroso para com uma criatura que o odeia e que se rebela constantemente contra sua divina autoridade e santidade?”23. Alguém só pode responder... sim. Porque a sua natureza é amar! (1 João 4.8) Além do mais, Romanos 5.8-10 diz que DEUS amou os pecadores quando eles ainda eram pecadores e entregou Cristo por Eles! Sproul tende a descrever a DEUS não como tendo uma natureza amável; ele mais do que sugere que DEUS ama alguns e odeia outros quando todos o odiaram e rebelaram contra sua autoridade e santidade 24. Isso nos traz de volta à questão da arbitrariedade.
Sproul enfrenta o problema da aparente arbitrariedade e falta de imparcialidade de DEUS (e eu acrescentaria a aparente ausência de amor) na dupla predestinação: “o desagradável problema para o calvinista [é]... se DEUS pode e realmente escolhe assegurar a salvação de alguns, por que então ele não assegura a salvação de todos?” 25 De fato, por que não? Eis aqui a resposta de Sproul:
A única resposta que eu posso dar a esta pergunta é que eu não sei. Não tenho ideia por que DEUS salva alguns e não todos. Não duvido por um momento que DEUS tenha o poder de salvar todos, mas eu sei que Ele não escolhe salvar todos. Realmente não sei por quê... Uma coisa sei. Se agrada a DEUS salvar alguns e não todos, não há nada de errado com isso. DEUS não está obrigado a salvar ninguém. Se Ele escolhe salvar alguns, isso de modo algum O obriga a salvar o restante.26
Sproul então se opõe aos não calvinistas que levantam essa questão como uma questão de tratamento igualitário e diz que DEUS não precisa atender a nossos padrões de justiça 27. Tudo bem. Mas a justiça não é o cerne do problema. O cerne, que Sproul evita, é oamor. Se DEUS pode(ria) salvar a todos pelo fato de a eleição para a salvação ser incondicional e se DEUS, por natureza, é amor, por que ele não salva? As únicas respostas que o Sproul pode oferecer são: (1) ele não ama a todos e, (2) DEUS pode fazer o que quiser fazer, pois ele não tem obrigação de fazer nada para ninguém. Estas respostas degradam a DEUS e impugna sua bondade e causam dano a sua reputação, que é embasada em seu caráter moralmente perfeito.
O que Sproul diz acerca de 1 Timóteo 2.4? Nada, não fui capaz de encontrar nenhuma explicação da importante passagem bíblica nos escritos de Sproul, mas ele escreveu tanta coisa que é possível que eu não tenha encontrado seu comentário sobre a passagem em questão. Todavia, em Eleitos de DEUS, ele, de fato, lida com 2 Pedro 3.9, que diz praticamente a mesma coisa, mas talvez não de maneira tão vigorosa. À medida em que DEUS não quer que “ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”, Sproul diz que “ninguém” significa “os eleitos”28. Contudo, tal explicação não funciona à luz de 1 Timóteo 2.4, que claramente se refere a todas as pessoas, sem exceções. (É por isso que Sproul ignora esse versículo bíblico, deixando-o sem comentário algum?).
Sproul também pega outra rota. Ele sugere que a Bíblia fala “mais de uma maneira” acerca da vontade de DEUS” 29. Primeiro, ele diz, há a vontade soberana eficaz” de DEUS. Esta vontade é a que os calvinistas chamam de “vontade decretiva” de DEUS. Então há a “vontade precep-tiva” de DEUS (suas ordenanças). Por fim, há a disposição de DEUS — o que lhe agrada”30. Assim, de acordo com esta interpretação de 2 Pedro 3.9 (e por extensão 1 Tm. 2.4), ela está dizendo que DEUS deseja que todos sejam salvos ainda que ele não tenha por intenção salvar a todos.
Sproul diz que DEUS se entristece em punir os ímpios 60. Ele faz uso de uma analogia de um juiz que deve sentenciar seu amado filho a prisão. Ele precisa sentenciar, mas aquilo o machuca. A analogia, claro, se quebra inteiramente. O juiz na ilustração não preordenou e nem tornou certo o crime de seu filho. Caso ele assim tivesse feito, ele estaria errado em sentenciá-lo à prisão! E mais, o juiz na analogia é obrigado a sentenciar seu filho à prisão; de acordo com Sproul, DEUS não é obrigado a salvar ninguém e poderia salvar a todos. Por fim, e se o juiz de Sproul que sentenciou seu próprio filho à prisão tivesse libertado outro homem que cometeu o mesmo crime? Todos não questionariam o amor do juiz por seu filho?
Vamos mudar a analogia um pouquinho. Suponha que um juiz tenha sentado em seu assento e chorado enquanto sentenciava seu próprio filho à prisão por roubo a mão armada. Então fosse descoberto que o juiz fazia uso de condicionamento comportamental para fazer seu filho acreditar que roubo a mão armada é bom e correto e que levou seu filho, de carro, até o banco para que seu filho o roubasse. E que fosse descoberto também que o juiz havia concedido clemência a outro jovem que também havia roubado o banco da mesma maneira que seu filho o fez. Quem pensaria que o juiz era bom? E esta analogia da dupla predestinação é melhor do que a que foi utilizada pelo Sproul!
E concernente ao problema da aparente arbitrariedade de DEUS a eleição e reprovação? Sproul diz: “DEUS não faz nada sem uma razão. Ele não é caprichoso nem frívolo 31. Mas qual razão ele pode ter para escolher o João para a salvação e o Roberto para a condenação? Ele deixa claro por demais que a eleição e a reprovação são absolutamente incondicionais. Então, sua palavra final sobre o assunto é que DEUS escolhe “segundo o beneplácito de sua vontade... DEUS nos predestina de acordo com o que lhe agrada... O que agrada DEUS é bondade... Embora a razão para nos escolher não esteja em nós, mas no divino prazer soberano, devemos ficar certos de que o divino prazer soberano é um beneplácito”32 Mais uma vez, eu só posso responder de maneira chocada ou perplexa com um “hã”?
De volta à analogia que oferecí acima em resposta a reivindicação de Boettner de que a escolha de DEUS não é arbitrária, mas que também não tem por base nada acerca das pessoas a quem ele escolhe. O apelo de Sproul para a “boa vontade” de DEUS não diz nada acerca de como ele escolhe (ex. uma resposta livre ao evangelho capacitada por sua graça) e também elimina a escolha arbitrária, o que sobra? Nada concebível. Dizer “a boa vontade de DEUS” é, então, dizer (conforme Edwards ao menos uma vez disse) “escolha arbitrária”.
John Piper aborda com grande vigor e imaginação o problema do amor de DEUS em relação à sua escolha de alguns para que sofram nas chamas do inferno pela eternidade para a sua glória. Primeiro, como ele lida com as passagens bíblicas neotestamentárias que apresentam a palavra “todos” e com Ezequiel 18.23 - que ele chama de “textos basilares do arminianismo”? 33. Ele apela para as duas vontades de DEUS: “DEUS decreta uma situação enquanto também deseja e ensina que uma situação diferente aconteça” 34. Em outras palavras, DEUS deseja que alguns pereçam e, ao mesmo tempo, deseja que ninguém pereça. “Como um convicto crente na eleição individual incondicional, eu me regozijo em afirmar que DEUS não se deleita na morte do impenitente e que ele tem compaixão de todas as pessoas. Meu objetivo aqui é mostrar que isso não é uma fala sem sentido”35.
Então, como ele mostra que a fala não é sem sentido? Piper escreve acerca dos “sentimentos e motivos complexos de DEUS” 36. Por um lado, DEUS ama sua glória acima de todas as demais coisas: “DEUS elege, predestina e garante por um propósito grande e final - que a glória de sua graça possa ser louvada para sempre e com afeição zelosa”37. Mas, apesar do fato de que DEUS recebe a glória da eleição e reprovação (ele concorda com os que argumentam que elas são inseparáveis como dois lados de uma moeda), ele também ama os não eleitos e possui genuína compaixão deles. Ele alega que DEUS tem um “amor universal por todas as criaturas” que não é o amor que ele tem pelos eleitos. Então essa é a sua explicação para João 3.16 e 1 João 4.8. “Existe um amor geral de DEUS que ele concede para todas as suas criaturas” 38. Mas apesar de amar todas as pessoas de alguma maneira, DEUS apenas ama algumas pessoas da melhor maneira. Seu amor pelos não eleitos aparece nas bênçãos temporais que ele lhes concede. (Não consigo resistir e aqui digo que a visão do Piper equivale a dizer que DEUS fornece aos não eleitos um pouquinho do céu para que depois sejam lançados no inferno!)
E concernente ao amor e a compaixão de DEUS pelos eleitos? Piper assegura que DEUS tem uma “compaixão verdadeira, que ainda está reprimida, no caso dos não eleitos, por razões consistentes e santas, de assumir a forma de uma volição para regenerar” 39. Além do mais, “afirmo que DEUS ama o mundo com uma profunda compaixão que deseja a salvação do mundo; todavia, também afirmo que ele escolheu desde antes da fundação do mundo os que ele salvará do pecado. A eleição é a boa nova que a salvação não apenas é uma oferta sincera para todos, mas um efeito certo na vida dos eleitos” 40.
Para ilustrar e defender esta ideia das duas vontades em DEUS, Piper conta a história de George Washington e certo Major Andre, que havia cometido alguns atos de traição durante a Guerra Revolucionária41. Conforme a história se desenvolve, Washington sentenciou o Major Andre à morte ainda que ele tivesse o poder de perdoá-lo. O futuro presidente e comandante supremo do Exército Continental teve grande compaixão do Major Andre enquanto assinava seu mandado de morte, que foi julgado necessária para sustentar a responsabilidade de seu cargo e as regras.
Piper compara esta situação às emoções e sentimentos complexos de DEUS ao passo que ele condena os réprobos.
Mas esta analogia funciona melhor do que a analogia do Sproul em que o juiz sentencia seu filho? A resposta é não, ela não funciona. Primeiro, se o Piper estiver certo, se Washington fosse verdadeiramente comparável a DEUS, ele teria projetado e governado o crime do Major Andre e garantido que ele cometesse o crime. Quem consideraria Washington bom por sentenciar o Major Andre à morte, se este fosse o caso - independente de quão “necessário” isso fosse para sustentar a responsabilidade de seu cargo e as regras?
Segundo, se o Major Andre fosse verdadeiramente comparável aos réprobos na teologia de Piper, ele não teria sido capaz de fazer o contrário do que cometer o crime. Piper nega o livre-arbítrio libertário. Quem consideraria o Major Andre merecedor de morte caso ele fosse controlado por outra pessoa? (Lembre-se que, ainda que Piper acredite que as pessoas sempre ajam de acordo com seus motivos mais fortes - a visão de Edwards de “livre-arbítrio” - seu DEUS também é a realidade totalmente determinante e, desta forma,deve ser a causa final dos motivos controladores das criaturas)
Terceiro, a analogia sugere uma limitação de DEUS - algo que certamente Piper não quer admitir considerando seu poderoso engrandecimento da supremacia de DEUS em todas as coisas. Washington foi obrigado a sentenciar o Major Andre a morte: ele sentiu que a responsabilidade de sua posição lhe obrigava a fazer isso ao passo que ele devia satisfações ao Congresso Continental, seus companheiros oficiais e soldados e os cidadãos das colônias. A quem DEUS deve satisfações? Se ele sente tamanha compaixão pelos réprobos, por que ele não simplesmente os perdoa? Ele poderia, a menos que ele seja limitado e controlado por algo sobre o qual ele não tenha nenhum poder. Afinal de contas, a eleição de DEUS para a salvação, no calvinismo, é absolutamente incondicional. Voltamos ao problema de Edwards da dependência implícita de DEUS do mundo!
Por fim, a analogia se desmonta, pois para ser uma analogia válida, Washington já teria de ter perdoado, pelo menos, outra pessoa que tenha cometido exatamente o mesmo crime que o Major Andre. Afinal de contas, de acordo com Piper, é isso o que DEUS faz - perdoa (elege para a salvação incondicionalmente) muitas pessoas que não são em nada melhores que as pessoas que ele reprova. Quem consideraria Washington “compassivo” neste caso? Ele não seria considerado arbitrário e caprichoso e suspeito de só querer mostrar sua severidade? "2
E concernente ao problema da chamada e convite do evangelho se DEUS já tem escolhido alguns para a condenação? Muitos dos autores calvinistas aqui pesquisados não lidam diretamente com o problema. Como a chamada do evangelho poder ser oferecida de maneira sincera a todos (o que a maioria dos calvinistas afirma) se alguns já foram escolhidos por DEUS para a condenação e não têm nenhuma chance de serem aceitos por DEUS? Piper responde a questão, de forma breve, em “Are There Two Wills in God? (Existe Duas Vontades em DEUS?)” Ele diz: “A eleição incondicional [e por extensão, claro, a reprovação]... não anula as ofertas sinceras da salvação para todos que estão perdidos entre todos os povos do mundo”42 43 Claro, tal é apenas uma declaração; ela carece de uma explicação.
Este é um problema enorme para qualquer um que acredite que seja apropriado para o pregador do evangelho fazer uma oferta de salvação a todos que estiverem ao alcance de sua voz. Todavia, a maioria dos calvinistas evangélicos, de fato, acredita que seja legítimo, ainda que o pregador saiba que há muitas pessoas entre os presentes que não podem responder ao convite e para os quais o convite é impossível de ser aceito em razão de DEUS ter fechado a porta da possibilidade de sua chegada à fé e pelo fato de JESUS não ter morrido por eles! (Este é o assunto do capítulo seguinte).
1    Steele and Thomas, The Five Points of Calvinism, 31.
2 Às vezes Calvino soa como um nominalista — alguém que nega que DEUS tenha uma natureza que oriente ou controle o que ele faz. Isto se dá toda vez que ele diz que DEUS pode fazer o que Ele quiser, de maneira que suas ações não precisam ser consistentes com virtudes tais como bondade, amor ou justiça. Em outras vezes, todavia, Calvino parece ser um realista - alguém que acredita que DEUS tenha uma natureza - e, neste caso, suas objeções de que DEUS não pode ser acusado de ser injusto (ou odioso), pois tudo o que Ele faz é automaticamente justo (ou amável) perdem o totalmente peso.
3    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 444. 4    Ibid., p. 438.
5 33 CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 440. 6    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 438. 7    Ibid. 8    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 440. 9    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 438. 10    CALVINO, João. As Institutas: edição clássica, vol. 3, p. 408. 11 Jonathan Edwards, “The Justice of God in the Damnation of Sinners/' 2.3, in Jonathan Edwards: Representative Selections, with Introduction, Bibliography, and Notes, rev. ed., Clarence H. Faust and Thomas H. Johnson, eds. (New York: Hill and Wang, 1962), 119. 12    Boettner, The Reformed Doctrine of Predestination, 79, 117. 13    Ibid., 125 14    Ibid., 306. 15    Ibid., 97. 16    Ibid. 17    Ibid., 83. 18    Jonath Zn Edwards, "Sinners in the Hands of an Angry God,” in    Edwards: Representative Selections, 156. 19    Boettner, The Reformed Doctrine of Predestination, 293. 20    Ibid. 21    SPROUL, R.C. Eleitos de DEUS, Editora Cultura Cristã, 2002, p. 20-21.
22    Ibid. 23    Ibid., 23. 24    Na verdade, em O que é teologia reformada? 158, Sproul diz que DEUS odeia o réprobo. 25    SPROUL, R.C. Eleitos de DEUS, Editora Cultura Cristã, 2002, p. 26. 26    Ibid. 27    Ibid., 26-27. 28    Ibid., 146. 29    Ibid.. 144-145 30 59 Ibid., 145.  31    Ibíd., 115. 32    Ibid., 116. 33    John Piper, “Are There Two Wills in God?” 108. 34    Ibid., 109. 35 65 Ibid., 108. 36    Piper, The Pleasures of God, 146.
37    Ibid., 137.38    Ibid., 148. 39    Ibid., 145. 40    Ibid., 146. 41    Piper, “Are There Two Wills in God?” 128. 42    Alguns calvinistas, e suspeito que Piper seja um deles, sem dúvida responderíam às minhas reivindicações de que sua doutrina torna DEUS em um ser arbitrário ao dizer que DEUS tem “motivos consistentes e santos” para suas decisões, motivos estes que não podemos compreender. Todavia, isto é apenas uma frase, ela não nos informa de nada. Uma vez que Piper e outros calvinistas desqualificam tudo que DEUS possa ver em nós ou acerca de nós como base para a sua escolha, a única alternativa que nos resta é a escolha arbitrária. Eu desafio os calvinistas a dizer quais “motivos consistentes e santos” de DEUS para escolher uma pessoa em detrimento de outra uma vez que tudo acerca da pessoa escolhida é eliminado como uma causa da escolha de DEUS.
43    John Piper, “Are There Two Wills in God?” 107.
 
Contra o Calvinismo- Dr. Roger Olson.
EDITORA: Reflexão DESCRIÇÃO DO LIVRO: A salvação depende das boas obras? Deus preordenou tudo para sua Glória?
 
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JOHN KNOX O FUNDADOR DO PURITANISMO
 
Muita gente pensa em John Knox unicamente em termos da Escócia e, portanto, essa gente acha que só aos escoceses cabe celebrá-lo e comemorar a sua obra. A resposta para isso pode ser dada desta maneira: todos os que visitaram Genebra e viram a Placa ou Memorial em homenagem aos grandes reformadores, terão notado que John Knox está incluído entre eles. Ele está naquela augusta com­panhia, com Calvino e Farei; e isso deveria ser suficiente para fazer-nos compreender, não so­mente que John Knox fez grandes e maravilhosas coisas na Escócia, e sim também o caráter interna­cional da sua obra.
Proponho-me a considerar com vocês este ho­mem em termos de uma declaração feita por Thomas Carlyle - um cidadão escocês, é certo, mas, não obstante, um historiador de fama, e que não diz as coisas levianamente. Em seu livro, Os Heróis e o Culto aos Heróis ("Heroes and Hero Worshippers") diz ele: "Ele foi o sumo sacerdote e o fundador da fé que veio a ser a fé característica da Escócia, da Nova Inglaterra e de Oliver Cromwell - isto é, do puritanismo". Carlyle de fato não inclui a Inglaterra - devia tê-lo feito - porém inclui a Nova Inglaterra e Oliver Cromwell. Ele reivindica em favor de John Knox que ele foi o pai e fundador de um movimento que levou a eventos extraordinários, não somente nas Ilhas Britânicas, mas bem mais distante, a eventos que influenciaram todo o curso da história. Essa declaração da Carlyle é justificável? Podemos consubstanciar a sua alegação? Proponho-me a demonstrar que em nenhum sentido se pode acusar Carlyle de exagero.
 
A influência de Knox continuou ainda no século seguinte. John Milton, ao escrever um tratado jus­tificando a condenação à morte de Carlos I, criticou duramente John Knox. É por isso que eu dou tanta ênfase à sua perspicácia e à sua compreensão das Escrituras nesta questão de, não somente opor-se aos governantes às vezes, porém até mesmo, se necessário, de condená-los à morte. O fato de que John Milton reconheceu isso, certamente é uma poderosa prova de que Knox é o fundador do puritanismo. Em 1683, quando Carlos II estava começando a mostrar abertamente que era um católico romano, à ordem das autoridades as obras de John Knox foram queimadas em público em Oxford, e foi promulgada uma proibição de que as suas obras fossem lidas. Observem: em 1683, e Knox morreu em 1572! A sua influência continu­ava e era temida. Ele é de fato o fundador do puritanismo inglês, bem como do puritanismo da Escócia.
Consideremos o caso dos Pais Peregrinos. Knox está por trás de toda a atitude deles para com o Estado e para com os governantes; e assim ele é, como Thomas Carlyle afirma, o fundador do puri­tanismo americano, exatamente da mesma maneira. Na verdade, eu argumentaria que, de muitas manei­ras, ele é o pai da Guerra da Independência Americana, que chegou a uma triunfal conclusão, do ponto de vista dos colonizadores, em 1776. Foi ele que abriu a porta para tudo isso.
Que faremos com esse homem? Ele foi um homem para a sua era; um homem para os seus tempos. Para épocas especiais são necessários ho­mens especiais; e DEUS sempre produz tais homens. Um homem brando teria sido inútil na Escócia do século 16, e em muitas partes deste país. Era necessário um homem forte, um homem austero, um homem corajoso; e esse homem era John Knox. Martinho Lutero era do mesmo molde. DEUS usa diferentes tipos de homens, e lhes dá personalida­des diferentes. Homens diferentes são necessários em tempos diferentes. Naqueles tempos era neces­sário um caráter heróico e rude; e DEUS produziu o homem.
Para que ninguém continue pensando que ele era um homem duro, encerro fazendo referência à sua extraordinária humildade. "Humildade em John Knox?", dirá alguém. Ele era um homem suma­mente humilde. O fato de que um homem luta ousadamente pela verdade e não se rende, não significa que ele não é humilde. Ele não está lutan­do em seu próprio favor; está lutando pela verdade. Posso provar que John Knox era um homem muito mais humilde do que muitos que pertencem ao ministério hoje. Depois da sua conversão, ele esta­va em St. Andrews, e foi convidado para pregar; todavia ele se recusou a fazê-lo. Ele não quis pregar, alegando, e estas são as suas palavras, "que ele não queria agir onde DEUS não o chamara", querendo dizer que não queria fazer nada sem um senso de legítima vocação. Knox não queria pregar sem estar absolutamente certo da sua vocação. Um capelão chamado John Rough dirigiu-se a Knox certo dia, e lhe pediu que pregasse e não recusasse o fardo. Pediu aos presentes que mostrassem que eles lhe tinham solicitado que convidasse Knox, e os presentes disseram que fora assim. Ali estava toda uma igreja local convocando Knox para pre­gar. Qual foi a sua resposta? "Diante disso Knox caiu em lágrimas e se retirou para o seu quarto." Ficou num estado de profunda depressão e ansieda­de, até que chegou o dia do seu primeiro sermão. "Todos podiam ver como ele estava abalado, pois ele nunca sorria, evitava companhia quanto podia, e passou o tempo todo ensimesmado."
Que contraste com aqueles que estão sempre prontos a subir correndo ao púlpito para pregar! Isso é verdadeira humildade, e também o espírito puritano. É "o temor do Senhor", o receio de ficar entre DEUS e o homem, e de proclamar "as insondáveis riquezas de Cristo". Nunca o puritano acredita que todo aquele que foi convertido é, por isso, chamado para pregar, nem que ele pode fazê-lo sempre que quiser, atendendo ao seu próprio cha­mado. Ele quer ter certeza de que é chamado, porque tem profunda consciência do caráter sagra­do da tarefa. À semelhança de Paulo, o apóstolo, ele o faz "em fraqueza, e em temor, e em grande tremor" (I Coríntios 2:3).
Knox geralmente é tido como arrogante, e como alguém que era rude na presença de Maria, rainha dos escoceses. Mas isso tudo se baseia na falácia daquilo que faz do homem um elegante afetado. Baseia-se também num errôneo entendimento da verdadeira feminilidade, e do que uma verdadeira mulher aprecia. A idéia geral de um homem mulhe­rengo é próprio de uma sociedade amiga da afetação. Contudo esse não é o homem que as mulheres apreciam, pois uma mulher digna desse nome não dá a mínima para uma delicadeza afetada. A verda­deira mulher gosta do homem forte; e quando lemos a vida de Knox, vemos que muitos dos seus correspondentes eram mulheres. Esse reformador austero, esse homem que combatia lordes e prínci­pes, e que costumava opor-se às autoridades, passava muito tempo examinando os pormenores daquilo que uma vez Charles Lamb descreveu como os "sarampos e papeiras da alma". Aquelas mulheres tinham os seus problemas e dificuldades pessoais, os seus "casos de consciência"; e ele sempre tinha tempo para escrever-lhes. E muitas vezes escrevia extensamente, com muita amabilidade. Quando ele estava em Genebra, duas mulheres fizeram uma perigosa viagem por terra e mar com o fim de aproximar-se dele e de participar do seu ministério. A sua correspondência com a sua sogra, a Sra. Bowes, e também com a Sra. Ann Locke, durante muitos anos, é prova positiva de que esse homem tinha um espírito afetuoso, quando era necessário conhecê-lo de perto e quando ele sabia que estava lidando com uma alma veraz, sincera e genuína. Esse é outro sinal da sua humildade. Eis outro sinal: quando voltou para a Escócia, ele nomeou superin­tendentes na Igreja - não bispos. Fez isso porque era essencial na época. Foi só um expediente temporá­rio, eliminado mais tarde; mas o interessante é que ele próprio nunca foi superintendente. Ele foi tão-somente um pregador, até o fim. Nunca se designou a si próprio como superintendente, e muito menos como arqui-superintendente. Todas essas coisas são sinais, não somente da sua humildade, como também do seu essencial espírito puritano.
Assim, digamos adeus a este nobre, rude, e contudo terno e até amável espírito, ao deixar ele este mundo e receber a sua recompensa eterna. Eis um relato feito pela filha dele: "Perto do meio-dia, ele pediu à esposa que lesse em voz alta o capítulo 15 da Primeira Epístola aos Coríntios, e disse que encomendava a sua alma, o seu espírito e o seu corpo a DEUS, assinalando com três dedos a alma, o espírito e o corpo. Por volta das 5 da tarde ele disse: "Leia a parte onde eu lanço a minha primeira âncora", e sua esposa leu para ele o capítulo 17 do Evangelho Segundo João. Quando foram lidas as orações vespertinas, perto das 10 da noite, o seu médico perguntou-lhe se ele tinha ouvido as ora­ções. Knox respondeu: "Quisera DEUS que vocês e todos os homens as ouvissem como eu as ouvi; e a DEUS louvo por este som celestial". "Agora che­gou", acrescentou logo depois. Essas foram as suas últimas palavras, e não pode haver nenhuma dúvi­da de que, quando ele ia atravessando, as trombetas celestiais ressoaram no outro lado, quando este grande guerreiro de DEUS entrou, e recebeu a sua eterna "coroa de glória".
 
 
John Knox O Fundador do Puritanismo
 
Este opúsculo reproduz a palestra profe­rida pelo Dr. Lloyd-Jones na Conferência Westminster em 1972. A mesma constitui o décimo terceiro capítulo do livro Os Purita­nos: suas origens e seus sucessores.
Nestes dias de tanta confusão teológica o Dr. Lloyd-Jones nos lembra dos princípios que nortearam a vida e ensinos dos purita­nos, os quais o influenciaram tanto. Diz ele: "O meu real interesse (nele) surgiu em 1925... Desde aquele tempo um verdadeiro e vivo interesse pelos puritanos e suas obras me prendeu, e sou franco em confessar que todo o meu ministério tem sido governado por isso... Não há nada que tanto estimule o verdadeiro ministério da Palavra, pois aque­les homens foram grandes modelos nesse aspecto".
 
 
PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS
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História do movimento pentecostal

 por Artigo compilado -  6 de maio de 2016

 em DestaquesHistória da IgrejaHistória Geral

Com algumas adaptações e acréscimos do Pr Henrique

 

https://www.cacp.app.br/historia-do-movimento-pentecostal/

 

I – ORIGENS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL

Há muitas controvérsias com respeito ao início do Movimento Pentecostal, que é assim chamado porque resgatou a plenitude da experiência de Atos 2, ocorrida durante a festa judaica de Pentecostes. Os dons do ESPÍRITO, os chamados “sinais”, foram prometidos por JESUS (Marcos 16.17-20). Além do episódio de Atos 2, vemos o derramamento do ESPÍRITO SANTO em várias partes do livro de Atos. Em alguns casos, os dons do ESPÍRITO SANTO são frisados: línguas e profecias, principalmente (Atos 10.45-46).

O batismo no ESPÍRITO SANTO, com evidência de falar em outras línguas, conhecidas ou desconhecidas para quem ouve, mas sempre desconhecida para quem fala, foi extremamente comum no início da Igreja. Os dons espirituais eram exercidos constantemente.

O apóstolo Paulo dedicou parte de sua Primeira Epístola aos Coríntios para falar do uso correto dos dons espirituais (1Coríntios 12-14). Após o período apostólico, os sinais continuaram a todo vapor, principalmente no primeiro século.

 

Registros Após o Período Apostólico

O jornalista Emilio Conde, considerado “O apóstolo da imprensa pentecostal”, que militou na Redação da CPAD desde os anos 20 (quando ainda não existia a Casa oficialmente) até seu falecimento em 1971, é, sem dúvida, um dos mais notáveis historiadores do Movimento Pentecostal. Ele registrou os primeiros passos do pentecostalismo no Brasil em sua obra História das Assembleias de DEUS (CPAD) e relatou as origens e o avanço do pentecostalismo no mundo em seu livro O Testemunho dos Séculos (CPAD).

Segundo Conde, O testemunho dos séculos foi escrito com o auxílio da biblioteca pessoal do missionário sueco Samuel Nyström e das informações de seus colegas ingleses Howard Carter e Donald Gee, e de seu amigo norte-americano Stanley Frodsham, redator da revista Pentecostal Evangel e autor do clássico With Signs Following.

No brilhante prefácio de O Testemunho dos Séculos, o missionário sueco Samuel Nyström ressalta que um dos motivos pelos quais há poucos registros históricos da manifestação dos dons espirituais antes do século 19 é que os historiadores, cessacionistas em sua totalidade, omitiram de suas obras manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente citadas eram apresentadas, nas palavras de Nyström, como “excentricidades passageiras, coisas inconvenientes até para serem descritas”.

Outro fator é que os casos de glossolalia (como o fenômeno das línguas estranhas é descrito tecnicamente) foram realmente muito raros depois do terceiro século até o período da Reforma Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com seus dogmas heréticos que afetaram até o conceito de salvação, acabou jogando a cristandade em uma profunda era de trevas espirituais. Some-se a isso a má vontade dos historiadores e temos esta escassez de registros. A glossolalia só voltou a ganhar registros significativos quando retornou com força total nos séculos 19 e 20.

Até o terceiro século, além do registro bíblico, temos somente seis registros. Um deles é citado por Emílio Conde em O Testemunho dos Séculos. Conde menciona uma história narrada pelo reverendo Frederic William Farrar (1831-1903), historiador e deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra. Em suas pesquisas sobre a Igreja Primitiva, Farrar registra a visita às escondidas de um príncipe britânico da Corte Romana a uma reunião cristã. Segundo a narrativa, em dado momento da reunião, “línguas estranhas foram ouvidas

As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não falavam a sua própria língua, mas parecia que falavam toda qualidade de idiomas, embora não se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso que operava na ocasião”, transcreve Farrar, que em seguida declara: “O príncipe os ouvira falar em línguas. Ele fora testemunha ocular do fenômeno pentecostal que o paganismo não conhecia”.

Esse era um culto na Igreja Primitiva do primeiro século. É só a partir do terceiro século d.C. que a frequência dos dons espirituais não é mais a mesma, pois não era mais divulgada pela imprensa dominada por reformadores cessacionistas.

 

Tertuliano e o Montanismo

O segundo registro diz respeito a um movimento espiritual do segundo século, liderado por um homem chamado Montano. O movimento surgiu na Frígia, Ásia Menor Romana (Turquia), em meados do segundo século, e visava ao despertamento espiritual da igreja. É que algumas comunidades cristãs estavam esfriando espiritualmente, inclusive olvidando os dons espirituais, tão comuns no primeiro século. O adepto mais famoso do montanismo, como ficou conhecido o movimento, foi Tertuliano, um dos Pais da Igreja.

Montano não tinha cargos eclesiásticos. Ele e três mulheres ricas, Priscila, Quintila e Maximila, percorriam as cidades pregando a necessidade de viver uma vida de santidade para estar pronto para a Vinda de CRISTO. Havia línguas estranhas, interpretação de línguas, revelação e profecias. As três mulheres profetizavam. Nas profecias, DEUS falava por meio delas na primeira pessoa: “Eu, o Senhor…”

Os bispos da Ásia Menor se reuniram e condenaram o movimento por volta do ano 160 dC. O que chamava a atenção dos bispos não era tanto as línguas estranhas, mas as profecias e o poder de mobilização do movimento, que combatia a frieza espiritual da igreja e o formalismo da liderança.

Tertuliano defendeu os montanistas. Porém, após a morte de Tertuliano, como faltou orientação bíblica para os fervorosos avivalistas, o movimento acabou descambando em exageros e heresias. Alguns chegaram a afirmar que a Nova Jerusalém seria estabelecida na Frigia, para onde se dirigiam os fiéis. Em sua ânsia por santidade, os montanistas passaram a pregar um asceticismo rigoroso, com celibato, jejuns e abstinência de carne.

Isolado, sem apoio e cheio de excessos, o montanismo foi combatido veementemente como heresia no terceiro e quarto séculos, devido, principalmente, à sua total rejeição da eclesiologia tradicional. Finalmente, com o advento do catolicismo romano, o montanismo desapareceu. Mesmo assim, muitos teólogos afirmam que, ao excluir o montanismo, a igreja do segundo século perdeu, pois o movimento era uma contraposição ao crescente formalismo e ao mundanismo entre alguns cristãos reformados. A igreja verdadeira se afastou dos cristãos nominais para se dedicarem ao trabalho evangelístico e aos cultos de adoração a DEUS, sempre avivados pela presença de DEUS confirmada pelos batismos e dons do ESPÍRITO SANTO.

Outro mal foi a redução da expectativa da Volta de CRISTO e da operação dos dons espirituais na comunidade cristã. “Ao invés de condenar a prática dos dons espirituais, a igreja teria lucrado se a regulasse à luz das Escrituras”, ressalta o teólogo Paulo Romeiro. Em outras palavras, como diziam os antigos romanos, “o abuso não é justificativa para impedir o uso”.

 

Orígenes, Irineu e Agostinho

O terceiro registro veio de um anticristão que é citado por um dos Pais da Igreja. Celso, um filósofo pagão que odiava os cristãos, menciona em um de seus discursos do segundo século (176 dC) que os seguidores de CRISTO falavam em línguas estranhas. O discurso de Celso é citado literalmente nas obras Contra Heresias e Comentário de João, de Orígenes (254 dC).

Orígenes cita-o para comprovar que no segundo século os cristãos falavam em línguas estranhas. Ou seja, já na época de Orígenes, línguas estranhas não eram tão comuns. Em seu discurso, Celso afirma que os cristãos são “estranhos” e “fanáticos”, e que em suas reuniões “falam palavras ininteligíveis para as quais uma pessoa racional não consegue encontrar significado”. Ele diz que são línguas “muito obscuras”. A Igreja Verdadeira Nesta Época Já Se Afastava Completamente Das Reformadas.

Além de Tertuliano e Orígenes, apenas mais dois Pais da Igreja citam o falar em línguas estranhas: Irineu e Agostinho.

Irineu era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo do apóstolo João. Ele foi bispo em Lyon, na França. A igreja de Irineu era uma das poucas comunidades cristãs da época em que os dons espirituais ainda estavam em plena atividade. Em seus escritos do início do terceiro século, Irineu afirma: “Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, pelo ESPÍRITO SANTO, falam toda classe de idiomas”.

Veio, então, o quarto século, o advento do catolicismo romano, seus dogmas espúrios e o consequente engessamento da igreja. Mesmo assim, há registros de que, no quarto século, Pacômio, o fundador do primeiro mosteiro, falava em grego e latim sem nunca ter estudado essas línguas. Pacômio nunca explicou o caso e todos começaram a atribuir essas suas habilidades ao ESPÍRITO SANTO.

Aostinho quando escreve Cidade de DEUS, anos depois já no quinto século, no ocaso de seu ministério, ele transparece não acreditar mais na contemporaneidade de todos os dons espirituais. É evidente que entre idólatras e comprometidos com o sistema político já não se manifestava nem o batismo com O ESPÍRITO SANTO E Nem Os Dons, Mas A Igreja Verdadeira Marchava Fora Dos Arraiais Católicos Apostólicos Romanos E Igrejas Reformadas, Cheia Do ESPÍRITO SANTO.

Elas só voltam à tona da Reforma Protestante em diante Que Ensinava Que Aquilo Era Para A Época De Atos Somente. Existiram casos entre os séculos 5 e 15, pois o ESPÍRITO SANTO nunca deixou de atuar plenamente na História, mas foram poucos os que ficaram registrados para a posteridade.

 

II – MANIFESTAÇÕES NOS SÉCULOS 12 A 19

Depois dos casos de línguas estranhas nos primeiros séculos, só a partir do século 12 surgem novamente referências concretas a línguas estranhas nos registros históricos. No século 12, Pedro Valdo, rico comerciante francês do Delfinado (Leste da França), resolve dar todos os seus bens aos pobres e reúne os fiéis dispostos a lutar com ele contra o luxo e a opulência do clero romanista. Nascem, assim, os valdenses, caracterizados pelo desejo por um “evangelismo puro”.

Por só reconhecerem “a autoridade dos Evangelhos”, os valdenses foram excomungados em 1182. Perseguidos por Roma, espalharam-se na região de Lyon, depois na Provença e até ao Norte da Itália e à região da Catalunha.

Segundo registros históricos, “os primeiros valdenses falavam em línguas desconhecidas”. Esses registros são ressaltados pelo jornalista norte-americano John Sherrill, em uma pesquisa que fez sobre o Movimento Pentecostal antes de aceitar ao pentecostalismo, e que foi publicada posteriormente sob o título They Speak in Other Tangues.

Nos séculos seguintes, há referências a manifestações espirituais entre albigenses e outros grupos, mas nada muito direto no que concerne a línguas estranhas. O pré-reformador Girolamo Savonarola, do século 15, por exemplo, era usado em profecia e tinha visões, mas não há referência à glossolalia em seu ministério. De qualquer forma, isso mostra que os dons espirituais ainda estavam sendo usados, mesmo que não em sua plenitude, como nos primeiros séculos da Igreja. Afinal, se a principal doutrina, a da Salvação, ainda precisava ser resgatada, o que dizer das demais?

Por isso, só após a Reforma Protestante os registros aumentam. Há casos entre os Anabatistas.

No século 17, entre os Quacres, há registros de línguas estranhas. W. C. Braithwait, no seu relato sobre as primeiras reuniões dos Quacres, escreveu: “Esperando no Senhor, recebemos com frequência o derramamento do ESPÍRITO sobre nós e falamos em novas línguas”.

No mesmo período, há glossolalia entre os pietistas. O Movimento Pietista nasceu na Alemanha, em 1666. Em seu livro The Pilgrim Church, na página 468, o historiador Edmund Hamer Broadbent (1861-1945) cita registros de línguas em cultos pietistas nos séculos 17 e 18: “Um estranho êxtase espiritual vinha sobre alguns ou sobre todos, e começavam a falar em línguas. De quando em quando essas manifestações se repetiam. A muitos deles, estas coisas pareciam mostrar que, agora, eram um só coração e uma só alma no Senhor”.

No século 19, há um boom de registros de glossolalia. Em 1830, na Escócia, uma jovem de Fernicarry, chamada Mary Campbell, planejava tomar-se missionária. Ela começou a orar por isso e, em uma certa noite daquele ano, quando orava junto com outros amigos, Campbell sentiu poderosamente a presença divina e começou a falar em um idioma que não conhecia. No começo, pensou que se tratava de uma língua que a ajudaria na obra missionária, mas nunca pôde identificar que idioma era aquele.

Na mesma época, na Inglaterra, um destacado ministro londrino, o reverendo Edward Irving (1792-1834), pastor presbiteriano, recebeu o batismo no ESPÍRITO SANTO. Ele e sua congregação foram excluídos da denominação. Havia línguas e profecias nos cultos.

Foi em julho de 1822 que Irving, então com 30 anos, foi convidado a pastorear uma pequena congregação da Igreja da Escócia em Londres, a Caledonian Chapel. No início do ano seguinte, as multidões que se reuniam para ouvi-lo eram tão grandes que um novo templo precisou ser construído: a majestosa catedral de Regent Square. Em 1827, quando o novo templo foi inaugurado, cerca de mil pessoas frequentavam os cultos regularmente, fazendo dela a maior igreja da capital inglesa.

A fama de Irving se devia ao fato de ser um pregador eloquente. Um historiador diz que “nenhum ídolo e nenhum pecado escapavam do açoite profético de suas denúncias abrasadoras. Mesmo assim, a alta sociedade londrina acorria para ouvi-lo, inclusive distintas personalidades do mundo político e intelectual, como Canning, Lord Liverpool, Bentham e Coleridge. Embora os seus sermões se estendessem em média por duas horas, era preciso reservar lugares com dias de antecedência”.

A partir de 1825, Irving começou a se reunir com amigos na casa do banqueiro Henry Drummond, em Albury Park, para estudar escatologia e “buscar o Senhor, pedindo um derramamento do ESPÍRITO SANTO”. Então, em 1830, surgiram ocorrências de glossolalia e profecias na Escócia. Um ano depois, no final de 1831, surgiram também línguas e profecias nos cultos de Regent Square, a igreja pastoreada por Irving, que recusou-se a proibi-las. Sema línas depois, Irving foi afastado do pastorado de Regent Square. Mais de 600 pessoas o acompanharam. Após a morte de Irving aos 42 anos, devido à tuberculose, esse grupo fundou a Igreja Apostólica de Londres, que aos poucos se diluiu.

Em 1854, falando de um avivamento em uma igreja evangélica da Nova Inglaterra, um crente chamado V. P. Simmons escreveu impressionado: “Em 1854, o ancião F. G. Mathewson falou em línguas, enquanto o ancião Edward Burnham interpretou as mesmas.

Em 1855, jornais publicam que, dentro da Rússia czarista, um pequeno grupo dissidente da Igreja Ortodoxa Grega falava línguas e profetiza. Em 1873, Robert Boyd escreve sobre uma campanha que o célebre evangelista Dwight Lyman Moody fez em Sunderland, Inglaterra: “Quando cheguei às salas da Associação Cristã de Moços, encontrei a reunião em fogo. Os jovens estavam falando em línguas e profetizando. Que significaria isso? Somente que Moody pregara para eles naquela tarde”.

Nada se sabe sobre Moody ter falado em línguas alguma vez. Se o fez, foi de forma particular. Sabe-se, porém, que muitos dos que o seguiam falavam em línguas e ele não os criticava por isso. Moody cria em uma “segunda bênção” subsequente à salvação, que consistia em um “revestimento de poder do Alto”, que ele e R. A. Torrey chamaram de “batismo no ESPÍRITO SANTO”.

Em meio ao avivamento do século 19 nos Estados Unidos (que começou em 1857 e se estendeu até perto do final do século), e que teve como protagonistas principalmente Charles Finney e Moody, as ocorrências de glossolalia aumentaram. Eventualmente, pessoas falavam em línguas nas campanhas de Moody e Finney. Finney cria também em uma “segunda bênção”, mas, como Moody, não a vinculava às línguas. Nesse período surgiu, também, o Movimento de Santidade ou Holiness, como é conhecido em inglês, de onde surgiria o que foi chamado Movimento Pentecostal no início do século 20.

Nessa época, R. B. Swan, pastor em Providence, Rhode Island (EUA), escreveu: “Em 1875, nosso Senhor começou a derramar sobre nós de seu ESPÍRITO. Minha esposa, eu e alguns irmãos começamos a proferir algumas poucas a palavras em uma língua desconhecida”. Em 1879, mais outro caso: um crente chamado Jethro Walthall, do Estado de Arkansas, falou em línguas. Quando o denominado Movimento Pentecostal se inicia, o caso de Walthall é relembrado e ele escreve: “Quando tive essa experiência, nada sabia do ensino bíblico acerca do batismo no ESPÍRITO SANTO ou do falar em línguas”. Como Walthall, muitas pessoas passaram pela mesma experiência nos séculos anteriores, em sua devoção pessoal com DEUS, mas por essa doutrina estar relegada naquele período, guardaram essas experiências para si. A verdadeira Igreja não parou nunca de existir e o ESPÍRITO SANTO sempre concedia batismos e dons aos que buscavam e criam.

Outro caso ocorreu na viagem do teólogo F. B. Meyer (1847-1929) à Estônia no final do século 19. Meyer conta que visitou congregações batistas e viu ”uma poderosa ação do ESPÍRITO SANTO”. Escrevendo a crentes em Londres, ele diz: “O dom de línguas é ouvido abertamente nas reuniões, especialmente nas vilas, mas também nas cidades(…). O pastor da Igreja Batista disse-me que muitas vezes as línguas irrompem em suas reuniões e, quando elas são interpretadas, têm como significado: ‘JESUS está vindo. JESUS está perto. Esteja pronto. Não seja negligente’. Quando as línguas são escutadas, incrédulos que porventura estejam na audiência ficam grandemente impressionados”.

Em 1880, na Suíça, uma crente chamada Mary Gerber declara que em momentos especiais de alegria, que descreve como “entregar meu duro coração ao ESPÍRITO SANTO”, entoa cânticos espirituais em um idioma que lhe é desconhecido. Anos depois, em visita aos Estados Unidos, Mary estava orando por uma amiga enferma quando começou a cantar e a profetizar fluentemente em inglês, para espanto dela e de sua amiga.

Um outro caso em especial ocorreu na Armênia, em 1880. Membros da Igreja Presbiteriana da vila de Kara Kala pediram a DEUS um derramamento do ESPÍRITO SANTO e vivenciaram um vivenciaram um avivamento com línguas estranhas, revelações e profecias. Nesse avivamento, é profetizado um grande mover de DEUS para o final do século, atingindo todo o mundo. Essa profecia se cumpre com o advento do chamado pelos escritores da época como Movimento Pentecostal (não entendiam que desde o pentecostes nunca cessou o enchimento do ESPÍRITO SANTO).

Todos esses casos foram apenas um prelúdio do que aconteceria em dezembro de 1900 e que deu início ao chamado pelos escritores da época como Movimento Pentecostal.

 

III – O AVIVAMENTO DA MANSÃO DE STONE

Já vimos que surgiram no século 19 os pregadores da “segunda bênção”. Homens de DEUS como Dwight Lyman Moody, R. A. Torrey, A. B. Simpson, Andrew Murray, A. J. Gordon, F. B. Meyer e Charles Grandison Finney passaram a ensinar, à luz da Bíblia, que a nomenclatura bíblica “batismo no ESPÍRITO SANTO” não era sinônimo de conversão, mas uma experiência subsequente à conversão e que se caracterizava por ser um revestimento de poder do Alto para dinamizar o serviço cristão.

Moody, Simpson e principalmente Torrey enfatizavam que todo cristão deveria buscar esse revestimento de poder. Os pregadores da segunda bênção criam na contemporaneidade dos dons espirituais. Era comum ouvir registros de que em algumas reuniões havia línguas estranhas, profecia, cura divina etc.

 

Dowie, Lake e Woodworth

Nesse período, grandes servos de DEUS começaram a se destacar, principalmente manifestando dons de cura. Alguns deles foram os norte-americanos John Alexander Dowie, John Graham Lake e Maria Woodworth Etter. Lake foi curado em 1886, aos 16 anos, após oração de Dowie em seu Divine Healing Home (Lar de Cura Divina), em Chicago. Ele se convertera em uma reunião do Exército da Salvação, mas passou a congregar na Igreja Metodista ainda adolescente.

Em 1891, John Lake casou com Jennie Stevens, e dias depois descobriu que sua esposa estava com tuberculose e uma incurável doença do coração. Durante anos ele orou por ela, até que, depois de ler Atos 10.38, orou pela cura de sua esposa com fé na Palavra de DEUS e viu o milagre acontecer. Era 28 de abril de 1898. A partir dessa data Lake não seria mais o mesmo.

Em 1907, sabendo do Avivamento da Rua Azusa (que abordaremos mais adiante), Lake jejuou pedindo a DEUS o batismo no ESPÍRITO com a evidência da glossolalia. Ao final do jejum, recebeu a bênção e iniciou seu ministério evangelístico com manifestação da cura divina. Direcionado pelo ESPÍRITO, foi para a África do Sul. Antes de morrer, voltou aos Estados Unidos, onde continuou pregando até partir para a eternidade em 1935. Quando isso ocorreu, as igrejas sul africanas Missão de Fé Apostólica e Cristã Sião, ambas fundadas por ele naquele país, já contavam, juntas, com mais 100 mil membros e 600 congregações na África do Sul.

Maria Woodworth Etter converteu-se a CRISTO em 1857, na Igreja dos Discípulos. Passou um tempo com os Quakers e depois voltou à Igreja dos Discípulos. Quando pregava em uma congregação da sua igreja, foi batizada no ESPÍRITO SANTO com Evidência de línguas estranhas. Etter entendera que o revestimento de poder do Alto que recebera viera acompanhado de línguas. Sua pregação era acompanhada por visões, profecias, milagres, línguas e libertações. Quando o Avivamento de Azusa começou, Etter se juntou a ele.

 

Charles Parham e a Mansão de Stone

Foi só com Charles Fox Parham que a Doutrina do Batismo do ESPÍRITO SANTO passou a ser entendida como é hoje. Foi ele quem resgatou a compreensão, bastante clara nos tempos apostólicos, de que as línguas estranhas eram evidência externa do batismo no ESPÍRITO.

Tudo ocorreu quando Parham, um professor de Teologia pertencente à Igreja Metodista, resolveu abrir um seminário em Topeka, Kansas. Ele abriu a Escola Bíblica Betel, como passou a ser conhecida, em uma casa que pertencera a um tal de Stone, que fizera um trabalho malfeito ao construir o lugar. Por isso, o casarão passou a ser chamado a “tolice de Stone”. Era outubro de 1900 quando ele começou as aulas para cerca de 40 estudantes. Alguns deles já haviam estudado em outros institutos bíblicos.

O que atraiu esses alunos foi o fato de a proposta de Parham consistir em promover um ano de estudos onde ele e os demais alunos estudariam sobre “como descobrir o poder que capacitará a Igreja a enfrentar o desafio do novo século”. Seria um ano de treinamento com estudo da Palavra, oração e evangelismo. Cada aluno teria um período de três horas do dia dedicadas exclusivamente à oração. Conta-se que alguns passavam a noite orando. Era também uma “escola de fé”, como se chamava, já que nenhuma taxa seria cobrada para moradia e alimentação. O objetivo da escola era, em síntese, preparar-se para a obra do Senhor e clamar a DEUS por um novo avivamento para as igrejas.

 

O Avivamento Começa

Em 25 de dezembro de 1900, depois de estudarem sobre Arrependimento, Conversão, Consagração, Santificação, Cura Divina e Segunda Vinda de JESUS, Parham precisou viajar, mas deixou uma tarefa para seus alunos. Disse ele: “Em nossos estudos, nos deparamos com um problema: E o segundo capítulo de Atos? (…)Tendo ouvido tantas entidades religiosas reivindicarem diferentes provas para a evidência do recebimento do batismo recebido no Dia de Pentecostes, quero que vocês estudem diligentemente qual é a evidência bíblica do batismo no ESPÍRITO, para que possamos apresentar ao mundo alguma coisa incontestável, que corresponda de forma absoluta com a Palavra”. Três dias depois, Parham retorna e seus alunos apresentam a seguinte resposta: a prova irrefutável em cada ocasião era que eles falavam em línguas, e mesmo nas passagens bíblicas onde as línguas não são citadas na experiência do batismo no ESPÍRITO, elas estão claramente implícitas. Parham concordou com a resposta e passou a sistematizar a doutrina.

Porém, em 1 de janeiro de 1901, a Escola Bíblica Betel saiu da teoria para a prática. Em um período de oração, a aluna Agnes Ozman, de 18 anos, pediu para que Parham e os demais alunos impusessem as mãos sobre ela pedindo o batismo no ESPÍRITO SANTO. Eram 11 horas daquele dia quando Ozman se tornou a primeira pessoa ali a receber o batismo no ESPÍRITO consciente de que as línguas eram sua evidência externa. O poder sobre ela foi tamanho que passou três dias sem conseguir falar em inglês. Ozman transbordava no ESPÍRITO toda hora, louvando a DEUS em línguas em todos os momentos. Nos demais dias, todos os outros receberam o batismo, inclusive o próprio Parham, que foi um dos últimos.

 

O Significado das Línguas

Conta Parham que as línguas de Ozman pareciam com chinês, língua que ela não conhecia. No dia seguinte, um tcheco presente confirmou que Ozman falou em boêmio. Por isso, inicialmente Parham pensou que as línguas estranhas tinham um propósito missionário. Ele cria que, assim como as línguas de Atos 2, a glossolalia consistia sempre em línguas existentes que eram desconhecidas para quem as recebia pelo ESPÍRITO, mas que tinham um propósito evangelístico.

Essa precipitação de Parham teve um efeito positivo e outro negativo. Primeiro, porque o Movimento Pentecostal começou enfatizando muito o trabalho missionário, que tinha tudo a ver com o revestimento de poder do Alto (Atos 1.8). Porém, nem sempre as línguas correspondiam a uma língua existente, o que frustraria Parham e seus companheiros mais à frente, até que compreenderam que as línguas estranhas não são necessariamente alguma língua existente.

Um pastor negro leigo, chamado William Joseph Seymour, compreendeu isso logo. Ele foi aluno de Parham, quando este começou a viajar pelo país ensinado a descoberta que fizera.

 

IV – SEYMOUR E O AVIVAMENTO DA RUA AZUSA

Com o derramamento do ESPÍRITO SANTO na Escola Bíblica Betel, em Topeka, Kansas, a doutrina bíblica do batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência externa de falar em outras línguas como está na bíblia foi redescoberta e sistematizada. Porém, apesar de Charles Fox Parham e seus alunos se dedicarem à divulgação desse ensinamento nos Estados Unidos, não foi com eles que o Movimento Pentecostal ganhou notoriedade. O mundo só foi dar conta desse movimento espiritual em 1906, por meio da instrumentalidade de um homem negro e simples, amante da Palavra de DEUS: William Joseph Seymour. Foi ele o homem que DEUS usou para dar início ao célebre Avivamento da Rua Azusa.

 

Avivamento da Rua Azusa.

Tudo começou quando Neely Terry, uma moradora de Los Angeles que frequentava uma pequena Igreja da Santidade, fez uma viagem a Houston, Texas, em 1905. Ela frequentou a igreja que William Seymour estava pastoreando. Embora Seymour não tivesse recebido ainda o batismo no ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em outras línguas, estava convencido que era bíblico e pregava esta mensagem com grande fervor.

Seymour aprendeu a doutrina do batismo no ESPÍRITO SANTO assistindo às aulas que Parham ministrava no país sobre o assunto. Quando Parham chegou em sua região, ele foi até lá ouvi-lo. Porém, como as leis de segregação nos Estados Unidos ainda eram fortes nessa época, Seymour não pôde assistir às aulas dentro da sala. Nessa época, as leis determinavam que os negros não podiam assistir a uma aula na mesma sala dos alunos brancos. Por isso, ele teve que colocar uma cadeira no corredor, diante da porta da sala e, dali, assistiu atentamente a todas as aulas de Parham. Após o curso, inflamado pelo que aprendera, William Seymour passou a pregar a mensagem pentecostal no Texas.

Impressionada com o caráter e a mensagem de Seymour, ao retornar à Califórnia, Neely Terry relatou à sua igreja sobre as mensagens avivadas de Seymour e convidaram-no para visitá-los. Ele concordou em ir. Só que o empreendimento evangelístico, que havia sido inicialmente previsto para durar um mês, acabou durando anos. Os planos de DEUS eram diferentes.

Seymour chegou a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906, e dentro de dois dias estava pregando na Igreja da Santidade de Los Angeles. Ele pregou sobre regeneração, santificação, cura divina e o batismo no ESPÍRITO SANTO com a evidência do falar em outras línguas. Julia Hutchins, líder da igreja, rejeitou o ensino de Seymour e, dentro de poucos dias, fechou as portas da igreja para ele. O presbitério da igreja rejeitou o ensino de Seymour. No entanto, em meio à perseguição, Seymour continuou firme e inabalável em seu trabalho para o Senhor. Os membros daquela igreja que creram na pregação de Seymour começaram a realizar reuniões com ele em suas casas. Alguns sentiram-se compelidos a passar horas em oração e outros tiveram visões confirmando que DEUS iria abençoá-los em Los Angeles com um derramamento espiritual.

O grupo continuou a se reunir para oração e adoração, realizando cultos na casa de Richard e Ruth Asbery na 214 Bonnie Brae Street. Outros tiveram informações a respeito dos cultos e começaram a frequentá-los, incluindo algumas famílias brancas que moravam próximas de Igrejas da Santidade.

Assim, em 9 de abril de 1906, o derramamento teve início quando Edward Lee foi batizado no ESPÍRITO SANTO e começou a falar em línguas, após Seymour ter orado com ele. Os dois então se dirigiram à casa dos Asbery. Lá cantaram um hino, oraram e testemunharam, seguindo-se uma pregação de Seymour usando Atos 2.4 como texto-chave. Após a mensagem, Lee levantou suas mãos e começou a falar em línguas. O ESPÍRITO de DEUS se moveu sobre aqueles crentes reunidos e seis outras pessoas começaram a falar em línguas naquela mesma noite. Jennie Moore, que mais tarde se casaria com William Seymour, estava entre elas. Foi a primeira mulher em Los Angeles a receber o batismo no ESPÍRITO SANTO. Ela começou a cantar em línguas e a tocar piano sob o poder de DEUS, sem nunca antes ter aprendido a tocar esse instrumento.

Poucos dias mais tarde, em 12 de abril, William Seymour finalmente recebeu o batismo no ESPÍRITO SANTO, aproximadamente às quatro horas da manhã, depois de ter orado a noite toda.

Uma testemunha ocular, Emma Cotton, mais tarde relembrou aquelas experiências: eles clamaram durante três dias e três noites. As pessoas vinham de todas as partes. Perto da manhã seguinte, não havia como entrar na casa. Conta-se que algumas pessoas que conseguiam entrar na casa caíam sob o poder de DEUS sem que houvesse alguém que as sugestionasse a isso, e toda a cidade ficou agitada. Clamaram ali até o chão da casa ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante aqueles três dias, muitas pessoas que tinham vindo só para ver o que estava acontecendo receberam o batismo no ESPÍRITO SANTO. Os doentes ficaram curados e muitos aceitavam JESUS ao entrarem na casa.

Após o derramamento inicial do ESPÍRITO SANTO em Los Angeles, cresceu o interesse pelos cultos de oração. As multidões tornaram-se tão grandes para a casa dos Asbury em Bonnie Brae Street, que foram levadas para o quintal da casa. Logo este espaço também se tornou pequeno. O grupo descobriu então um prédio disponível na Azusa Street, número 312, que tinha sido construído originalmente como uma Igreja Metodista Africana. Tendo sido abandonado, o galpão foi usado como um estábulo para abrigar feno e animais. No entanto, foi consertado e limpo em preparação para os cultos.

Dentro poucos dias, a imprensa de Los Angeles tomou conhecimento sobre os cultos de avivamento realizado na Azusa Street Mission e por reportagens em jornais publicadas por todo os Estados Unidos e no mundo. Milhares tomavam conhecimento do avivamento e eram atraídos para os cultos em Azusa. Todos se reuniam em adoração: homens, mulheres, crianças, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, ricos, pobres, analfabetos e graduados. Foram arrebanhados para Los Angeles tanto céticos como famintos espirituais.

Em setembro 1906, um repórter de um jornal local desaprovou os eventos ocorridos e escreveu que a Azusa Street Mission era uma “vergonhosa mistura de raças (…) eles clamavam e faziam grande barulho o dia inteiro e noite adentro. Essas pessoas parecem ser loucas, com problemas mentais ou enfeitiçadas. Elas afirmam estar cheias do ESPÍRITO. Elas têm um caolho, analfabeto e negro como seu pregador que fica de joelhos a maior parte do tempo com a sua cabeça escondida entre engradados de leite feitos de madeira. Não fala muito, mas às vezes pode ser ouvido gritando ‘Arrependei-vos'(…) Eles cantam repetidamente a mesma canção, ‘O Consolador Chegou’”.

Em poucos meses, a Azusa Street Mission, que passou a se chamar Apostolic Faith Mission (Missão de Fé Apostólica), mesmo nome que Gunnar Vingren e Daniel Berg deram à igreja fundada por eles no Brasil, e que só passou a se chamar Assembleia de DEUS oficialmente em 1918), tornou-se a maior igreja da cidade, com cerca de 1,3 mil pessoas frequentando os cultos diariamente, e o fervor do avivamento continuou por três anos.

Os cultos eram realizados de domingo a domingo, três vezes por dia: pela manhã, à tarde e à noite, com o prédio sempre lotado. A mensagem era o amor de DEUS, e a unidade e a igualdade eram prioridades. O historiador Frank Bartleman observou sobre Azusa: “A ‘linha da cor’ foi removida pelo sangue de JESUS”. Também às mulheres eram dadas posições de liderança na Missão. O jornal The Apostolic Faith, publicado pela missão, alcançou a distribuição mundial, com tiragem de mais de 50 mil exemplares por edição.

 

V – O MOVIMENTO PENTECOSTAL SE ESPALHA

Vimos que foi em Topeka que o Movimento Pentecostal foi encetado, mas foi no Avivamento da Rua Azusa que ele ganhou notoriedade. Jornalistas, crentes e líderes cristãos de todo o mundo vinham a Azusa para ver o que estava acontecendo. Ali, os não-crentes se convertiam a CRISTO e os cristãos eram incendiados, voltando às suas cidades trazendo a boa nova. Dessa forma, o movimento espalhou-se para todo o mundo.

Falaremos resumidamente sobre alguns dos principais pioneiros do Movimento Pentecostal no mundo.

 

Pentecostes na Europa

Um dos pioneiros do Movimento Pentecostal na Europa foi Thomas Barratt, um pastor norueguês metodista que teve contato com Azusa e trabalhou no florescimento de igrejas pentecostais na Noruega, Suécia e Inglaterra. Barratt influenciou o pastor batista sueco Lewi Pethrus, que foi o pioneiro do Movimento Pentecostal naquele país.

Pethrus atentou para a realidade do batismo no ESPÍRITO SANTO como uma segunda bênção, subsequente à aalvação, lendo os escritos de A. J. Gordon, um dos pregadores da segunda bênção no século 19. Porém, foi Barratt quem convenceu Pethrus a buscar o batismo no ESPÍRITO SANTO. A Igreja Filadélfia, pastoreada por Pethrus, enviaria missionários para a nascente Assembleia de DEUS no Brasil. Ele esteve presente nas convenções gerais da AD brasileira em 1930 (quando foi criada a CGADB), em Natal, e em 1951, em Porto Alegre.

Na Inglaterra, um dos maiores nomes do pentecostalismo nascente foi o pastor Donald Gee. Gee e o teólogo judeu pentecostal Myer Pearlman, da AD nos EUA, foram os dois nomes que sistematizaram as doutrinas pentecostais. Charles Parham foi quem sistematizou a Doutrina do Batismo no ESPÍRITO SANTO, mas foram Gee e Pearlman que sistematizaram toda a Teologia pentecostal. Gee, por exemplo, foi o primeiro a sistematizar a doutrina acerca do uso correto dos dons espirituais.

Na Alemanha, um dos líderes do Movimento da Santidade naquele país, Jonathan Paul, semeou a mensagem pentecostal. Na Itália, um forte pentecostalismo brotou por meio dos parentes de imigrantes italianos nos Estados Unidos. Muitos desses imigrantes tiveram contato direto com o Avivamento de Azusa e retornaram à sua terra para pregar a mensagem pentecostal aos seus parentes.

O pioneiro do Movimento Pentecostal na Rússia foi Ivan Voronaev, um imigrante russo nos Estados Unidos. Em 1919, ele fundou a primeira Igreja Pentecostal Russa em Manhattan, Nova Iorque. Em 1920, Voronaev, de volta à Rússia, começou um ministério em Odessa. Após nove anos, depois de incrivelmente fundar nesse curtíssimo período de tempo 350 congregações na Rússia, Polônia e Bulgária, Voronaev foi preso pela polícia soviética. Acabou morrendo na prisão.

Na Holanda, após lerem exemplares do jornal Apostolic Faith (da Missão de Azusa) falando sobre o Avivamento em Azusa e notícias nos jornais seculares de 1906 sobre o assunto, alguns cristãos holandeses resolveram clamar pela mesma bênção. Assim, em 1907, DEUS batizou a esposa do pastor G. R. Polman. No ano seguinte, foi a vez do próprio Polman. Em 1912, foi inaugurado o primeiro templo pentecostal em Amsterdã. Depois foi a vez de Roterdã, Hilversum, Utrecht, Ilha Terschelling e Haarlem.

O pastor Smith Wigglesworth, um dos grandes nomes da história do Movimento Pentecostal, foi um dos instrumentos de DEUS para levar a mensagem pentecostal à Suíça. Ele trabalhou principalmente na cidade de Berne. Wigglesworth foi batizado no ESPÍRITO SANTO em um trabalho dirigido pelo pastor Thomas Barratt, de quem já falamos. Também trabalhou na África do Sul.

No País de Gales, o pastor Alexander A. Boddy foi um poderoso arauto divino, fazendo conferências pentecostais naquele país e depois pela Europa. Boddy tomou conhecimento do avivamento lendo os primeiros exemplares do jornal Apostolic Faith.

 

Pentecostes na Ásia

O Movimento Pentecostal na China começou em 1907, com a chegada dos irmãos A. G. Garr, vindos da Califórnia, Estados Unidos, e acesos pelo fogo de Azusa. Suas conferências evangelísticas alcançaram centenas de pessoas em Macau, Hong Kong e Cantão, com dezenas de conversões e batismos no ESPÍRITO SANTO.

Mas, um dos grandes nomes do pentecostalismo na China em seu início é, sem duvida, Nettie Noorman. Ela já era missionária naquele país quando soube do Avivamento da Rua Azusa. Resolveu, então, em vez de só ouvir falar, conferir o que estava acontecendo. Assim, em outubro de 1906, Noorman deixou a China rumo a Los Angeles. Ali, certifícou-se de que Azusa tratava-se mesmo de obra divina. Então, clamou pelo batismo no ESPÍRITO SANTO, recebendo-o. De volta à China, os sinais se seguiram: curas divinas, milagres, batismos no ESPÍRITO SANTO e muitas conversões a CRISTO. Depois de Noorman, muitos outros missionários na China receberam o batismo no ESPÍRITO SANTO, sendo igualmente usados por DEUS para a expansão do Evangelho de CRISTO.

O Movimento Pentecostal chegou à Índia também devido ao Avivamento da Rua Azusa. Alguns evangélicos ali receberam notícias do que DEUS estava fazendo em Los Angeles. Um deles, chamado Max Wood Morehead, afirmou na época: “Se esta notícia do que DEUS está fazendo em Los Angeles é verdadeira, o dom de línguas será visto na Igreja em todo o mundo, assim como hoje, em todos os lugares, os crentes já creem em cura divina”.

O estopim do avivamento foi uma conferência realizada em Calcutá, Índia, reunindo missionários e obreiros. Lá a doutrina concernente ao batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência externa de línguas estranhas foi exposta pela primeira vez. Não houve batismos no ESPÍRITO SANTO, mas alguns dos presentes abriram seu coração para a importância dessa mensagem para a Igreja.

No mesmo ano, a missionária S. C. Easton abriu as portas para os irmãos Garr, testemunhas oculares de Azusa e batizados no ESPÍRITO SANTO. Pessoas que foram até lá para corrigir os pentecostais acabaram saindo tocados pelo ESPÍRITO SANTO. Um deles conta: “Comecei a crer que eu era a pessoa que necessitava de endireitar-se, e não o evangelista” (Testemunho dos Séculos, Emílio Conde, CPAD). Nos anos seguintes a mensagem pentecostal espalhou-se entre os cristãos na Índia.

Na Coreia do Sul, depois da guerra entre as duas Coreias, um jovem pastor assembleiano chamado Paul Yonggi Cho, formado em Teologia em um curso do Instituto Bíblico das Assembleias de DEUS na Coreia, foi usado por DEUS para um grande avivamento naquele país, com muitos sinais, principalmente curas divinas. Hoje, sua igreja, a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, é uma das maiores do mundo.

 

Pentecostes na África

O pentecostes chegou ao Egito em 1907. Um jovem chamado Alexander Paul, natural do Egito, foi batizado no ESPÍRITO SANTO nos Estados Unidos. Quando seus amigos cristãos no Egito receberam a notícia do que havia acontecido, pediram que alguém fosse até eles instruí-los acerca dessa bênção. O evangelista G. S. Breslford foi enviado e, com o apoio de missionários em Jerusalém que já haviam recebido o batismo no ESPÍRITO SANTO, fundou o primeiro trabalho pentecostal em Assiout, no Egito.

Em 1911, foi fundado um orfanato mantido pelos irmãos pentecostais em Assiout, que atendia cerca de 700 órfãos. Em poucos anos, havia congregações também em Alexandria e Cairo, algumas com centenas de crentes.

O Movimento Pentecostal chegou no Congo em 1915, por meio dos missionários pentecostais William Burton e James Salter. O trabalho começou na vila de Mwanza. Em dez anos, a obra se desenvolveu tanto que, nesse período já havia alcançado três tribos, sete estações centrais, estava com 17 missionários como auxiliares e cem evangelistas nativos, todos batizados no ESPÍRITO SANTO.

A África do Sul também recebeu a chama do Movimento Pentecostal, por meio do trabalho incansável e fervoroso de homens como o norte-americano Johh Lake. Direcionado pelo ESPÍRITO, ele foi para a África do Sul. Antes de morrer, voltou aos Estados Unidos, onde continuou pregando até partir para a Eternidade em 1935. Quando isso ocorreu, as igrejas sul africanas Missão de Fé Apostólica e Cristã Sião, ambas fundadas por ele naquele país, já contavam, juntas, com mais 100 mil membros e 600 congregações na África do Sul. Nos anos 60, esse número já havia subido para mais de 120 mil.

 

VI – BRASIL: O MAIOR MOVIMENTO PENTECOSTAL DO MUNDO

No início do século 20, apesar da presença marcante de imigrantes europeus de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais dos Estados Unidos, nosso país era ainda quase que totalmente católico romano. Foi só com o advento do Movimento Pentecostal que aconteceu uma explosão de crescimento do Evangelho no Brasil. O avanço da evangelização do nosso país se deve, sem dúvida, ao pentecostalismo, e especialmente a sua vertente mais tradicional, a Assembleia de DEUS.

A origem das Assembleias de DEUS no Brasil está intimamente ligada ao reavivamento espiritual que varreu o mundo no início do século 20, encetado na América do Norte, e que teve como seu maior expoente o Avivamento da Rua Azusa.

 

Azusa e o Evangelho no Brasil

Quando os missionários Gunnar Adolf Vingren e Daniel Hõgberg fundaram a primeira igreja pentecostal no Brasil em 18 de junho de 1911, denominaram-na Missão da Fé Apostólica. A escolha do nome foi inspirada no Avivamento de Azusa, sob a liderança do pastor afro-americano William J. Seymour.

O nome do jornal de Azusa era Apostolic Faith (Fé Apostólica), que acabou dando nome àquela abençoada igreja de Los Angeles, que passou a se chamar Missão da Fé Apostólica. A igreja, bem como seu periódico, muito conhecidos por Vingren e Berg, eram tão populares por pregar a restauração para os nossos dias da manifestação do ESPÍRITO conforme os tempos apostólicos, que quando Bennet Freeman Lawrence escreveu a primeira história do Movimento Pentecostal em 1916, não pensou duas vezes em dar à sua obra o nome de The Apostolic Faith Restored.

O avivamento na Rua Azusa era famoso em todo o mundo. Não era à toa que os jornais seculares da época chamavam aquele lugar de “O endereço mundial do Movimento Pentecostal”. Apesar de terem sido incendiados pela chama pentecostal em Chicago, foi em Azusa que Berg e Vingren naturalmente se inspiraram ao escolherem o nome da igreja que fundavam no Brasil.

Entretanto, sete anos depois, Gunnar Vingren e Daniel Berg, agora acompanhados dos missionários Otto Nelson e Samuel Nyström, acharam por bem mudar o nome da igreja de Missão da Fé Apostólica para Assembleia de DEUS. Por que essa mudança? A inspiração também veio dos Estados Unidos

Quando o Movimento Pentecostal se espalhou pelos Estados Unidos, a primeira reação das igrejas evangélicas tradicionais, assustadas com aquilo que lhes era novo, foi excluir os crentes que abraçavam a mensagem pentecostal. Foi assim que, de 1901 a 1914, surgiram em profusão, em todos os cantos dos EUA, denominações pentecostais com os nomes mais variados. Porém, em 1914, os líderes dessas jovens e fervorosas igrejas resolveram unir-se. Foi assim que, em 2 de abril daquele ano, em um ato histórico, a maioria esmagadora das denominações pentecostais norte-americanas se fundiu fundando uma única igreja, denominada Assembleia de DEUS. Esse encontro, realizado de 2 a 12 de abril, reuniu cerca de 300 ministros pentecostais e delegados de todos os EUA, e foi conhecido como o primeiro Concílio Geral das Assembleias de DEUS.

A primeira resolução do Concílio Geral, proferida pelo seu líder, o ex-pastor batista do Texas, E. N. Bell (que foi presidente do Concílio até 1925, quando faleceu), objetivava deixar clara a posição dos pentecostais em relação à ortodoxia bíblica: “Essas Assembleias opõem-se a toda Alta Crítica radical da Bíblia, a todo o modernismo, a toda incredulidade na igreja e à filiação a ela de pessoas não-salvas, cheias de pecado e de mundanismo; e acreditam em todas as verdades bíblicas genuínas sustentadas por todas as igrejas verdadeiramente evangélicas”.

Quando os missionários suecos no Brasil souberam do ocorrido, acharam por bem admitir o mesmo nome para a igreja pentecostal brasileira, como uma demonstração de sintonia com os irmãos pentecostais norte-americanos, já que, oficialmente, o Movimento Pentecostal nascera nos Estados Unidos, espalhando-se rapidamente por todo o mundo.

Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910, e ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de JESUS CRISTO como o único e suficiente Salvador da Humanidade, do Batismo no ESPÍRITO SANTO como uma bênção subsequente à Salvação e da atualidade dos dons espirituais.

Em poucas décadas, a Assembleia de DEUS, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.

Hoje, estima-se que os evangélicos no Brasil sejam quase 20% da população brasileira, mais de 30 milhões de pessoas, sendo praticamente metade deles assembleianos. Isso faz da Assembleia de DEUS no Brasil o maior Movimento Pentecostal do mundo.

 

Principais Ondas do Pentecostalismo

Desde a chegada do Movimento Pentecostal no Brasil, três ondas já se passaram. A Primeira Onda foi de 1910 a 1950, quando a Assembleia de DEUS e a Congregação Crista do Brasil (CCB) eram as únicas igrejas de caráter pentecostal no país. Esta última, porém, anos depois de sua fundação, passou a manifestar crenças que fazem com que hoje muitos evangélicos não a considerem evangélica, mas, sim, uma seita.

Antes de apresentar essas peculiaridades, Gunnar Vingren foi amigo de Luigi Francescon, fundador da CCB. Antes de vir ao Brasil, Francescon pertencia à comunidade italiana em Los Angeles, tendo recebido o batismo no ESPÍRITO SANTO em um trabalho fruto do Avivamento de Azusa.

A segunda onda foi de 1950 a 1975 e foi marcada pelas cruzadas de evangelismo e cura divina. A inspiração veio dos EUA. Ali, nesse período, grandes nomes surgiram com ministérios de cura divina, tais como William Branham, que começou bem-sucedido ministério em 1946, mas terminou mal, pois começou a ensinar heresias em meados dos anos 50. Faleceu em 1965. Hoje existe uma seita em torno de seu nome – Tabernáculo da Fé. Outros nomes foram os então pastores assembleianos T. L. Osborn e Oral Roberts. Ambos começaram seus ministérios em 1947. Kathleen Kulman foi outro grande nome. Em 1949, o pastor batista Billy Graham começa suas famosas cruzadas, mas nelas não há orações por cura divina, nem batismos com o ESPÍRITO SANTO ou manifestação de dons, pois era Batista Tradicional.

No Brasil, influenciados por esses movimentos, nasceram movimentos evangelísticos itinerantes, que se tornaram igrejas. O primeiro foi a Cruzada Nacional de Evangelização (1950), que se tornou a Igreja do Evangelho Quadrangular, denominação que já existia nos EUA. Depois surgiram O Brasil para CRISTO, fundado em 1955 pelo ex-diácono assembleiano Manoel de Melo; a Igreja de Nova Vida, fundada no Rio de Janeiro por um descendente de pioneiros do Avivamento de Azusa; a Igreja DEUS é Amor, fundada pelo ex-assembleiano Davi Miranda; e Casa da Bênção (1964) e Sinais e Prodígios (1970). Todos esses movimentos começaram como cruzadas de cura divina e exorcismo.

Nessa época, também surgem as primeiras grandes cruzadas evangelísticas nas Assembleias de DEUS e o movimento de renovação nas igrejas tradicionais: Convenção Batista Nacional (1965), com Enéas Tognini, e Igreja Presbiteriana Renovada (1975). Até o Movimento Católico Carismático surge nessa época (1967).

A Terceira Onda, que também é chamada de neopentecostalismo, começou no final dos anos 70 e perdura até hoje, influenciando muitas igrejas. Seus grandes expoentes são as comunidades evangélicas e as igrejas Universal do Reino de DEUS (1977), saída da Igreja de Nova Vida; Igreja Internacional da Graça (1980), dissidente da Universal; igreja Renascer em CRISTO (1986). Além destas, há dezenas de outras, surgidas nos anos 90 e início deste século.

Publicado pelo Jornal Mensageiro da Paz – 1º Semestre de 2006

 
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REVISTA NA ÍNTEGRA
 
Escrita Lição 4, Betel O Puritanismo, Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a DEUS, 1Tr25, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
 
EBD, Revista Editora Betel1° Trimestre De 2025, Tema, MOVIMENTO PENTECOSTAL,  A Chama do ESPÍRITO que Continua a incendiar o mundo, Escola Bíblica Dominical
 
ESBOÇO DA LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
1- O MOVIMENTO PURITANO
1.1. O início do movimento 
1.2. O descontentamento com a igreja 
1.3. O cuidado com o indivíduo 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
2.1. A evangelização 
2.2. A pregação expositiva 
2.3. A paixão por CRISTO
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
3.2. A missão do povo de DEUS 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
 
TEXTO ÁUREO
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
 
VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
 
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Compreender o surgimento do movimento puritano.
Ressaltar a visão dos puritanos
Identificar as raízes do puritanismo
 
TEXTOS DE REFERÊNCIA - Hebreus 12.1-2, 12-13
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para JESUS, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DEUS.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
 
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | SI 73.1 DEUS é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com DEUS.
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de JESUS nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9 JESUS nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
 
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja de CRISTO permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.
 
PONTO DE PARTIDA – JESUS nos purifica de todo pecado.
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o movimento puritano e suas heranças teológicas, extraindo lições relevantes para o necessário e contínuo aperfeiçoamento do povo de DEUS.
 
1- O MOVIMENTO PURITANO
O puritanismo foi um movimento religioso muito importante na Inglaterra. Posteriormente, tornou-se a principal tradição religiosa nos Estados Unidos. Seus ensinamentos sedimentam a necessidade da pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
 
1.1. O início do movimento 
O puritanismo nasceu na Inglaterra, em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I. Os puritanos achavam que a Igreja tinha adotado práticas não bíblicas, daí a necessidade de lutar pela purificação da Igreja (Tg 4.8). Para isso, era necessário renunciar a elementos arquitetônicos e litúrgicos e a formalidades contraditórias com a singeleza e pureza da Bíblia (Pv 30.5). Era preciso reparar os alicerces éticos, espirituais, litúrgicos e cerimoniais da Igreja Anglicana, para aproximá-la dos ensinos da Reforma Protestante e, assim, livrá-la das impurezas, da mistura de cultos e de outras doutrinas religiosas, num claro retorno à Palavra de DEUS.
 
Erroll Hulse (2004, P. 35): “Foi durante o período elisabetano (1558- 1603) que os puritanos cresceram intensamente como fraternidade distinta de pastores que enfatizavam as grandes verdades centrais do cristianismo: fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade pessoal e piedade prática associada a cada área da vida. A palavra puritano’ começou a ser utilizada para referir-se àquelas pessoas que eram escrupulosas em relação ao seu modo de vida. Os piedosos; ou aqueles que não eram somente crentes nominais, foram apelidados `puritanos”.
 
1.2. O descontentamento com a igreja 
O movimento puritano foi uma reação à Igreja institucionalizada da Inglaterra. Podemos dizer que se tratava de um movimento em busca da defesa da reforma da Igreja, para que houvesse uma renovação pura. Isso incluía rejeitar os vestígios de práticas católicas romanas ainda existentes na Igreja da Inglaterra. Somente assim a Igreja seria genuinamente reformada, tendo como única regra de fé a doutrina das Sagradas Escrituras (Tg 1.22).
 
Leland Ryken (2017, P. 36): “O puritanismo começou como um movimento especificamente eclesiástico. Na sua perspectiva, a Igreja da Inglaterra permanecia reformada apenas pela metade: Eles desejavam purificar’ a igreja dos vestígios restantes de cerimônia, ritual e hierarquia católicos. Essa luta, de início com a igreja do Estado, rapidamente se ampliou para incluir outras áreas da vida pessoal e nacional. O puritanismo foi, então, em parte, um fenômeno distintamente inglês, consistindo no descontentamento com a Igreja da Inglaterra’.
 
1.3. O cuidado com o indivíduo 
Os puritanos, além de se preocupar com a reforma da Igreja, também se preocupavam com a integração do indivíduo na família e na sociedade. Em busca de uma reforma consistente, a teologia puritana era composta por quatro visões fundamentais: (1) a salvação pessoal pela graça de DEUS (Ef 2.8,9); (2) a doutrina da suficiência das Escrituras deve repousar no centro do que significa ser protestante (2Tm 3.15-17); (3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras, amortizando o conceito da tradição (Jo 17.17); (4) a sociedade é um todo agregado para que o Senhor seja glorificado em todas as áreas da vida humana (1Co 10.31).
 
Leland Ryken (2017, p. 41): “O puritanismo também se caracterizava por uma forte consciência moral. Para os puritanos, a questão do certo ou errado era mais importante do que qualquer outra. Eles viam a vida como um contínuo conflito entre o bem e o mal. O mundo foi reivindicado por DEUS e requerido por Satanás. Não havia campo neutro. Os crentes poderiam, com a ajuda de DEUS, alcançar a vitória por meios como vigilância, vida correta e mortificação. (…) No coração do puritanismo estava a convicção de que as coisas precisavam mudar e que as `atividades normais’ não eram opção. (…) de todos os termos-chaves usados pelos puritanos, os principais eram reforma, reformação e o adjetivo reformado’.
 
EU ENSINEI QUE:
Os ensinamentos do puritanismo sedimentaram a necessidade de pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
 
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que servisse à vontade divina; sendo, posteriormente, empregada para transformar toda a sociedade.
 
2.1. A evangelização 
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de DEUS. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de DEUS (Cl 2.2,3). Para isso, foi um movimento de pessoas aplicadas à educação, que não se furtavam a estudar todos os escritos a que tivessem acesso, porque entendiam que a pessoa que deseja ser salva deve conhecer a DEUS (Jr 29.13). Essa fervorosa dedicação às Escrituras e a firme convicção de que todas as áreas da sociedade devem focar a glória de DEUS impulsionaram as ações evangelísticas do movimento.
 
Glauco Pereira (2017): “O puritanismo não conhecia os conceitos de missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21. Para os puritanos, a supremacia da soberania de DEUS e a obediência ao mandamento eram os elementos que impulsionaram a evangelização. E…] O Senhor tem o propósito de propagar o evangelho e faz isso por meio da igreja. Por essa razão, o puritanismo se concentra na pregação para um verdadeiro conhecimento de DEUS’.
 
2.2. A pregação expositiva 
Os puritanos priorizavam a aplicação da Palavra de DEUS (Sl 119.11). Eles tinham como meta principal concluir a Reforma, e a melhor maneira de fazer isso era por meio da pregação expositiva. Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação que atinja, de forma direta, o coração dos indivíduos (Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos. Eles consideravam os sessenta e seis livros da Bíblia a biblioteca do ESPÍRITO SANTO, graciosamente deixada por DEUS para os crentes.
 
Packer, J. I. (1996, p. 25): “O alvo dos puritanos era completar aquilo que fora iniciado pela Reforma Inglesa: terminar de reformar a adoração anglicana, introduzir uma disciplina eclesiástica eficaz nas paróquias anglicanas, estabelecer a retidão nos campos político, doméstico e socioeconômico, e converter todos os cidadãos ingleses a uma vigorosa fé evangélica. Por meio da pregação e do ensino do evangelho, bem como da santificação de todas as artes, ciências e habilidades, a Inglaterra teria de tornar-se uma terra de santos, um modelo e protótipo de piedade coletiva, e, como tal, um meio para toda a humanidade ser abençoada”
 
2.3. A paixão por CRISTO
Os puritanos tinham uma ardente paixão por CRISTO. O inglês Thomas Goodwin, teólogo e pregador puritano (1600- 1680), disse sobre o Céu: “Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que CRISTO não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno sem CRISTO”. Goodwin era cristocêntrico, um traço que moldou seu coração pastoral.
 
Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 35, 2021): “Por ser um teólogo sempre cuidadoso, Goodwin procurou deixar claro que CRISTO não continua sofrendo no céu. A sua humilhação foi concluída na cruz e no túmulo. Na Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (…) Ele é capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo glorificado e, assim, senti-las como se tivesse sofrido conosco”.
 
EU ENSINEI QUE:
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que pudesse servir à vontade divina para, posteriormente, transformar a sociedade.
 
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
Conhecer o movimento puritano nos leva a uma oportuna conexão entre alguns aspectos deste movimento e as raízes do movimento pentecostal do início do século 20. Certamente, isso contribui para o exame contínuo de aspectos que, como os pentecostais, precisamos conservar e/ou resgatar. Por não conhecer a História, muitos que se dizem pentecostais têm enfatizado, equivocadamente, a busca por novidades para vivenciar um renovo espiritual.
 
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO 
O pentecostalismo é resultante de uma série de movimentos religiosos que surgiram ao longo da história da Igreja, entre eles o puritanismo. Embora os puritanos não sejam vistos como pregadores do avivamento, eles buscaram e experimentaram o avivamento. Para Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 218, 2021), embora escrevessem pouco sobre avivamento, os puritanos conheciam a graça reavivadora de DEUS em sua experiência pessoal e em seus ministérios, pois suas igrejas conheciam as “notáveis efusões” do ESPÍRITO SANTO.
 
Donald Dayton (2021, p. 70-71): “Outros intérpretes têm buscado as raízes do pentecostalismo no puritanismo, considerando que uma linha de influência pode ser traçada a partir do ensino puritano sobre o ESPÍRITO SANTO: Garth Wilson tem elaborado esta proposta no estudo-Doutrina Puritana do ESPÍRITO SANTO: Ele afirma que insinuações de doutrinas pentecostais podem ser encontradas, por exemplo, nos textos de Richard Sibbes, John Owen, Thomas Goodwin, Richard Baxter e outros autores puritanos, cujos ensinos indicam uma `obra do ESPÍRITO’ posterior à regeneração e à santificação’.
 
3.2. A missão do povo de DEUS 
O estudo da visão integral que os puritanos tinham da vida cristã e da missão do povo de DEUS aponta para a relevância da ação do ESPÍRITO SANTO na capacitação da Igreja para anunciar o Evangelho de JESUS CRISTO até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
 
Ducan Alexander Reily (2003), ao escrever sobre a história das características da Igreja protestante nos Estados Unidos, menciona a grande influência dos puritanos na formação da sociedade americana; mesmo que, após a Revolução, as treze colônias tenham se recusado a estabelecer uma Igreja oficial. Isso porque os puritanos, ao atravessar o Atlântico para escapar da opressão religiosa dos soberanos ingleses, “antes de pôr os pés em terra seca na América, firmaram o Mayflower Compact. Explicitaram que haviam encetado sua viagem de colonização “para a glória de DEUS, o avanço da fé cristã e a honra do nosso rei e país… solene e mutuamente, na presença de DEUS, e cada um na presença dos demais, compactuamos e nos combinamos em um corpo político civil”.
 
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática 
A história dos puritanos nos ensina que devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (Sl 119.105). Em tempos de tantos desvios doutrinários, é preciso reforçar sempre nosso amor pelas Escrituras, analisando o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de DEUS (2Tm 3.16,17). Os puritanos foram inspirados pelo ministério de William Tyndale, cujo objetivo principal era completar o que a Reforma Protestante não havia conseguido. O exemplo e o amor de Tyndale pela Bíblia Sagrada nos guiam a amar e apregoar as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.
 
Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como “o príncipe dos puritanos’; um dos teólogos puritanos mais influentes: “Era um homem de grande devoção e piedade, que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no intelecto. Sua pregação era avivadora e visava apelar ao coração dos ouvintes, a fim de levá-los ao despertar religioso” Um exemplo de que é possível ser um profundo estudioso das Sagradas Escrituras, porém tendo o intelecto usado como instrumento pelo ESPÍRITO SANTO para alcançar vidas e também para a glória de DEUS.
 
EU ENSINEI QUE:
A história dos puritanos nos ensina a amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta.
 
CONCLUSÃO
O movimento puritano nos mostra que somente a dependência do ESPÍRITO SANTO nos faz voltar aos princípios bíblicos porventura esquecidos; reforça os aspectos cristãos que vivenciamos; nos dá discernimento espiritual para não sermos confundidos; e preserva em nós o fervor no serviço ao Senhor.