Escrita Lição 4, Betel O Puritanismo, Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a DEUS, 1Tr25, Comentários Extras Pr Henrique, EBD NA TV
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1- O MOVIMENTO PURITANO
1.1. O início do movimento
1.2. O descontentamento com a igreja
1.3. O cuidado com o indivíduo
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
2.1. A evangelização
2.2. A pregação expositiva
2.3. A paixão por CRISTO
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO
3.2. A missão do povo de DEUS
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
Compreender o surgimento do movimento puritano.
Ressaltar a visão dos puritanos
Identificar as raízes do puritanismo
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para JESUS, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DEUS.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
SEGUNDA | SI 73.1 DEUS é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com DEUS.
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de JESUS nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9 JESUS nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
Ore para que a Igreja de CRISTO permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.
SUBSÍDIOS EXTRAS PARA A LIÇÃO 4, BETEL, 1TR25
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1- O MOVIMENTO PURITANO
Foi um movimento de doutrina calvinista que buscava reformar a Igreja Anglicana e a sociedade.
O puritanismo foi um movimento protestante que surgiu na Inglaterra no final do século XVI. Em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I.
Havia um total descontentamento com as práticas dos líderes da Igreja Anglicana
Os puritanos acreditavam que a Igreja Anglicana havia perdido a sua pureza original e que ainda havia resquícios do papado católico romano. Eles condenavam a pompa das vestes litúrgicas e a ornamentação das igrejas
No início do século XVII, os puritanos foram expulsos da Igreja Anglicana e muitos deles emigraram para a América do Norte.
O puritanismo se caracterizava por:
Uma fé cristã baseada no Calvinismo
Uma disciplina moral rigorosa
Uma forma simples de adoração
Uma defesa de reformas democráticas
Uma crença na salvação pessoal por Cristo
Uma crença na predestinação
Integração do indivíduo na família e na sociedade
(1) a salvação pessoal pela graça de DEUS (Ef 2.8,9);
(2) a doutrina da suficiência das Escrituras (2Tm 3.15-17);
(3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras (Jo 17.17);
(4) a sociedade é um todo gregado(1Co 10.31).
O Puritanismo foi um movimento resultante da Reforma Protestante que se espalhou pela Inglaterra e marcou profundamente a história do país.
A repressão ao Puritanismo resultou na eclosão de uma Guerra Civil.
O movimento puritano trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.
Influenciado pelo Calvinismo, o Puritanismo foi um movimento religioso de muita influência na Inglaterra. Em suma, essa doutrina surgiu como reflexo da implantação do Protestantismo na Europa. Ela pregava a necessidade de pureza e integridade do indivíduo, igreja e sociedade.
Criaram as igrejas batistas (Primeira Igreja Batista), congregacionais e presbiterianas.
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de DEUS. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de DEUS (Cl 2.2,3). O puritanismo não conhecia os conceitos de missão como desenvolvidos no protestantismo do século 20 e 21 até hoje.
Pastores enfatizavam verdades centrais do cristianismo: fidelidade às Escrituras, pregação expositiva, cuidado pastoral, santidade pessoal e piedade prática associada a cada área da vida.
Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação.(Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos.
Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 35, 2021): “Por ser um teólogo sempre cuidadoso, Goodwin procurou deixar claro que CRISTO não continua sofrendo no céu. A sua humilhação foi concluída na cruz e no túmulo. Na Sua ascensão, Sua natureza humana é glorificada e livre de toda dor. (…) Ele é capaz e poderoso para carregar nossas misérias em Seu coração, mesmo glorificado e, assim, senti-las como se tivesse sofrido conosco”.
O movimento puritano foi uma revolução na cultura e sociedade Ingleza barrando o prosperar de doutrinas católicas romanas e posteriormente influenciaram os EUA, assim também o movimento pentecostal do início do século 20 com seus avivamentos trouxe uma revolução ao cristianismo e às missões em todo o mundo.
Os pentecostais tiveram seu início no dia de Pentecostes como registrado em Atos 2. De lá para cá sempre influenciaram a sociedade, cultura e religião. Nunca cessaram de adorara a DEUS, de evangelizar, de serem batizados e usados em dons pelo ESPÍRITO SANTO.
Os puritanos nunca tiveram um real conhecimento a respeito do ESPÍRITO SANTO por serem cessacionistas como Calvino o era, copiando Agostinho. Foram usados pelo ESPÍRITO SANTO para libertarem os anglicanos da falta de conhecimento bíblico, mas nunca receberam o batismo com o ESPÍRITO SANTO e nem receberam seus dons.
É missão da Igreja levar o Evangelho de JESUS CRISTO até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
As treze colônias americanas se recusaram a estabelecer uma Igreja oficial. O pentecostalismo influenciou mais os americanos do que qualquer outra religião.
Devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (Sl 119.105). É necessário enxergarmos na Bíblia o que realmente ela diz. A metade dos evangelhos fala de sinais, prodígios e maravilhas. Atos nos narra a história do início da igreja onde os sinais, prodígios e maravilhas eram constantes e atraiam multidões para ouvirem e se entregarem ao legítimo evangelho de JESUS CRISTO (Ef 1-13 - 2-8 - 1Co 1-21).
Devemos atentar para o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de DEUS (2Tm 3.16,17).
Roger Olson (2001) considera Jonathan Edwards, identificado como “o príncipe dos puritanos’; um dos teólogos puritanos mais influentes: “Era um homem de grande devoção e piedade, que concordava com os pietistas alemães (quer os tenha lido ou não) ao acreditar que o cristianismo verdadeiro está mais no coração do que no intelecto. Sua pregação era avivadora e visava apelar ao coração dos ouvintes, a fim de levá-los ao despertar religioso” Um exemplo de que é possível ser um profundo estudioso das Sagradas Escrituras, porém tendo o intelecto usado como instrumento pelo ESPÍRITO SANTO para alcançar vidas e também para a glória de DEUS.
A fé vem pelo ouvir o evangelho e a salvação pela loucura da pregação deste evangelho. A graça de DEUS é JESUS e sua obra salvífica e só se entra a esta graça pela fé no evangelho pregado.
Embora na Inglaterra, a mentalidade de “purificação” tenha existido desde o século XIV, foi apenas no século XVI, com a eclosão da Reforma Protestante que o movimento puritano tomou forma. Além de propor uma reforma completa na igreja, o Puritanismo restringia diversas manifestações cerimoniais.
Para o Puritanismo, a Bíblia estava acima de toda e qualquer tradição e autoridade. Logo, quando tentaram reformar a Igreja Anglicana, os puritanos perderam força, foram expulsos da mesma e migraram para a América do Norte. Apesar de ter alcançado seu fim no século XVII, o movimento deixou sua marca na história inglesa.
Com o enfraquecimento da Igreja Católica, os cidadãos ingleses acabaram aderindo ao Protestantismo. Porém, o Puritanismo não agradou os monarcas do país.
As discordâncias presentes no governo de Elizabeth I criaram uma base para a futura Guerra Civil Inglesa
Como resultado disso, toda uma linhagem de governantes combateu o movimento em seu governo. Mesmo assim, o mesmo exerceu grande influência na história e sociedade britânica.
Após anos de repressão pela monarquia inglesa, o Puritanismo explodiu, alterando o governo e a sociedade. Assim como mencionado acima, esse movimento foi um efeito direto da Reforma Protestante e o mesmo vale para a Revolução Puritana, principalmente ao que tange a burguesia e aristocracia rural.
Visto que o Puritanismo questionava o direito divino dos reis e rainhas que se diziam escolhidos por DEUS, o mesmo representou um grande desafio à monarquia absolutista. Sendo assim, a Revolução Puritana se tratou de uma insurreição religiosa, política, social e econômica. Afinal, os interesses de diversos grupos estavam em guerra. De um lado, os nobres estavam perdendo espaço no governo, enquanto a burguesia ganhava mais força e simpatizava com os puritanos.
Até o fim do governo de Elizabeth I, a situação, apesar de tensa, ficou contida. Porém, as exigências e discordâncias do monarca já formavam base para uma guerra civil. Assim, quando James I ascendeu ao trono inglês e colocou o rei como representante de DEUS na Terra e se posicionou acima de qualquer lei, o caos foi instaurado.
Em 1604, o Parlamento questionou a linha de pensamento do monarca e, mais uma vez, os puritanos aproveitaram a brecha para requerer a reforma da Igreja Anglicana. Mais tarde, no governo de Carlos I, em meio a toda essa discordância, Oliver Cromwell entrou em cena.
Oliver Cromwell pertencia à pequena nobreza e seguia os princípios de um cavalheiro. Em 1640 ele passou a integrar o Parlamento Inglês. Visto que era originário de uma família influente, Cromwell defendia a distinção de classes e era contrário ao nivelamento de cidadãos, uma condição pregada pelos puritanos.
Cromwell liderou a Revolução Puritana e mais tarde se tornou o Lorde Protetor da República
Todavia, apesar de não concordar amplamente com a doutrina do Puritanismo, Cromwell se opunha ao rei Carlos I por conta da tributação do cidadão, insegurança do direito de propriedade e falta de liberdade religiosa. Ademais, mesmo questionando o direito divino do monarca, Cromwell dizia ser escolhido por DEUS para destituí-lo.
Dito e feito. No dia 1 de janeiro de 1649, Carlos I foi acusado de “tirano, traidor, assassino, inimigo público e implacável para a comunidade da Inglaterra”. Assim, após ser julgado de forma claramente injusta e parcial, o rei foi condenado à morte por decapitação em uma decisão liderada por Cromwell.
Após a morte de Carlos I, aboliram a monarquia na Inglaterra e instauraram uma república. A dissolução do Parlamento fez com que, em 1653 Oliver Cromwell assumisse o poder e o título de Lorde Protetor da República. Esse período ficou conhecido como Commonwealth.
Após migrar para os Estados Unidos a doutrina puritana atingiu seu fim no Grande Despertamento.
Todavia, após o falecimento de Cromwell, seu filho e herdeiro não conseguiram sustentar o governo e desavenças internas resultaram na restauração da monarquia. Assim, em 1660, Carlos II assumiu o trono e o período da Restauração teve início.
Quanto ao Puritanismo, os dissidentes do mesmo que sobreviveram às perseguições da igreja criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas. Apesar do reinado de Guilherme de Orange e Maria ter sido tolerante com os puritanos, muitos deles migraram para os Estados Unidos e ali permaneceram até o Grande Despertamento.
E então, o que achou dessa matéria?.
Fontes: InfoEscola, Toda Matéria, Infopédia.
O adjetivo "puritano" pode designar tanto o membro deste grupo de calvinistas rigoristas como aquele que é rígido nos costumes, especialmente quanto ao comportamento sexual (pessoa austera, rígida e moralista).[2]
Uma perfeita puritana, por E. Percy Moran (litografia de 1897).
Quando Calvino ainda vivia em Genebra iniciou-se um conflito entre os católicos, partidários da casa de Sabóia - da qual a cidade era vassala desde 1285 - e os confederados protestantes, que deram mais tarde origens aos grupos huguenotes, na França. Calvino se opôs à Igreja Católica e aos anabatistas.
Os calvinistas ingleses estavam descontentes com a Reforma na Inglaterra, que não teria sido suficientemente drástico - já que muitos elementos do Catolicismo haviam sido preservados no Igreja da Inglaterra - e, assim, romperam com a Igreja Anglicana.
O surgimento do puritanismo está ligado às confusões amorosas do rei Henrique VIII (1509-1547) e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-1564), que a partir de 1548 passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em 1534 foi promulgado o Ato de Supremacia, tornando o rei “cabeça supremo da Igreja da Inglaterra.” Com a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, tia de Carlos V, o rei Henrique VIII e o parlamento inglês separam a Igreja da Inglaterra de Roma, em 1536, adotando a doutrina calvinista apenas por comodismo. A Reforma, então, teve início na Inglaterra pela autoridade do rei e do parlamento. No ano de 1547, Eduardo VI, um menino muito enfermo, tornou-se rei.
A primeira igreja presbiteriana foi a de Wandsworth, fundada em 1572. Um pouco antes disso, em 1570, Elisabete fora excomungada pelo Papa Pio V. A morte de Elisabete ocorreu em 1603, e ela não deixou herdeiro. Apenas indicou como seu sucessor James I, filho de Maria Stuart, que já governava a Escócia. Quando o rei foi coroado, os puritanos, por causa da suposta formação presbiteriana do rei, inicialmente tiveram esperança de que sua situação melhorasse. Para manifestar essa esperança, eles lhe apresentaram, quando de sua chegada em 1603, a Petição Milenar, assinada por cerca de mil ministros puritanos, na qual pediam que a igreja anglicana fosse completamente “puritana” na liturgia e administração.
A Assembleia de Westminster
A Assembleia de Westminster caracterizou-se não somente pela erudição teológica, mas por uma profunda espiritualidade. Gastava-se muito tempo em oração e tudo era feito em um espírito de reverência. Cada documento produzido era encaminhado ao parlamento para aprovação, o que só acontecia após muita discussão e estudo. Os chamados "Padrões Presbiterianos" elaborados pela assembleia foram os seguintes:
O puritanismo não conseguiu substituir as estruturas de plausibilidade que o anglicanismo ofereceu à nação inglesa. As estruturas sociais anglicanas permaneceram. Apenas para uma pequena e influente minoria esta situação não era satisfatória, e esse grupo era o dos puritanos, que travaram vigorosas e infrutíferas batalhas com o governo político-religioso da Inglaterra. Em todos esses eventos, o apoio de Calvino foi influente na tentativa de levar sua doutrina a uma nação cujos laços com Roma haviam sido cortados apenas pela vaidade de um rei.
Sheldon Wolin, Tocqueville Between Two Worlds (2001), p. 234.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa
The Spread of Calvinism, studysmarter.co.uk
Independente das contradições, à primeira vista, da dupla predestinação que foram mencionadas acima, os calvinistas realmente defendem esta teologia de várias formas. Penso que as entendi corretamente, mas ainda não vejo como estas defesas possam se manter.
Alguns calvinistas simplesmente colocam de lado as objeções á dupla predestinação ao dizer: “Não está dentro da jurisdição das criaturas questionar a DEUS” 1. Isto dificilmente é, claro, uma defesa, mas uma resposta. Estranhamente, quase todos os calvinistas, entretanto, realmente tentam defender a bondade de DEUS, então alguém se pergunta o quão sério devemos responder a esta crítica. Além do mais, não é a DEUS quem os críticos do calvinismo estão questionando. As crenças calvinistas acerca de DEUS é que estão sendo questionadas! Há uma diferença. A frequência com a qual alguém se depara com esta rejeição de crítica leva a conclusão de que pelo menos alguns calvinistas enfrentam problemas em distinguir entre sua própria doutrina de DEUS e o próprio DEUS. Como todos os demais, os calvinistas deveríam estar dispostos a, ao menos, considerar a possibilidade de que há deficiências e falhas graves nas crenças doutrinárias calvinistas.
Outra forma de fazer o mesmo conjunto de perguntas é apresentar passagens bíblicas para calvinistas e perguntar como eles reconciliam suas crenças na reprovação - predestinação com as mesmas? Por exemplo, João 3.16: “Porque DEUS tanto amou o mundo que deu seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Observe também os versículos citados anteriormente: 1 Timóteo 2.4; 2 Pedro 3.9 e 1 João 4.8. Como DEUS é amor se ele preordena muitas pessoas para o inferno para a eternidade quando ele poderia salvá-las, uma vez que a eleição para a salvação é sempre completamente incondicional e não qualquer relação com o caráter ou escolhas? Como é que DEUS quer que todas as pessoas sejam salvas se ele determina algumas pessoas em específico para que sejam condenadas? Como é que DEUS não tem prazer na morte dos ímpios (Ez. 18.32) se ele preordena tudo, incluindo sua reprovação e punição eterna, para seu beneplácito? Como DEUS é bom se ele intencionalmente reteve de Adão a graça que ele precisava para não cair - sabendo que a queda de Adão resultaria nos horrores do pecado e mal e no sofrimento inocente da história?
diz-se que DEUS ordenou desde a eternidade a quem quer abraçar em amor, exerce sua ira contra quem quer, e que proclama a salvação a todos indiscriminadamente. Deveras digo que elas se harmonizam perfeitamente, pois, assim prometendo, outra coisa não pretende senão que sua misericórdia seja oferecida somente a todos os que a buscam e imploram, o que outros não fazem, a não seraqueles a quem ilumina.
Entretanto, DEUS ilumina aqueles a quem predestinou para a salvação. A estes, afirmo, patenteia-se a veracidade certa e inconcussa das promessas, de modo que não se pode dizer que houve alguma discrepância entre a eterna eleição de DEUS e o testemunho que oferece aos fiéis de sua graça 3.
Calvino diz mais acerca do problema. Primeiro, ele defende que “ninguém perece sem que o mereça”4. É por isso que DEUS é justo em punir os réprobos; eles merecem a punição. Por que eles merecem a punição? Por causa de sua “malícia e perversidade” 5. Por que eles continuam em sua malícia e perversidade e não se arrependem e creem como os eleitos o fazem? “Para que atinjam a seu fim, ora os priva da faculdade de ouvir sua palavra, ora mais os cega e os endurece por meio de sua pregação”6. Por que DEUS age assim para com os réprobos? "Em vão se atormenta aquele que aqui procure causa mais alta que o conselho secreto e inescrutável de DEUS”7.
Como Calvino interpreta 1 Timóteo 2.3-4, a revelação mais clara de que DEUS deseja a salvação de todos os homens? “Com isto Paulo certamente quer dizer que DEUS não fechou o caminho da salvação para qualquer ordem de homens; antes, ele derramou tanto de sua misericórdia que ele não quer ninguém fora dela”. Em outras palavras, todos em 1 Timóteo 2. 3-4 (e sem dúvida em 2 Pe. 3.9) significa que DEUS quer pessoas de toda tribo e nação sejam salvos, mas não todas as pessoas. Isso dificilmente se encaixa na linguagem de 1 Timóteo 2.4, todavia, que especificamente diz “todos os homens”, significando “todas as pessoas” - não todos os tipos de pessoas.
Jonathan Edwards escreveu um ensaio completo sobre “Ajustiça de DEUS na Condenação de Pecadores”. No ensaio ele ficou bem perto da abordagem de Calvino, embora de certa forma mais enfática e mais defensiva (talvez em virtude da crescente tendência do Iluminismo à questão da justiça de DEUS). Mais uma vez, assim como foi com Cal-vino, a ênfase de Edwards repousa sobre a justiça de DEUS em vez de seu amor, que ele dificilmente menciona. Veja o que Edwards diz aos que questionam a justiça de DEUS na condenação eterna no inferno dos que ele preordenou e ainda tornou certa a queda em pecado e a permanência no pecado:
Quando os homens caem e tornam-se pecaminosos, DEUS, por sua soberania, tem o direito de determinar acerca dos homens conforme lhe apraz. Ele tem o direto de determinar se irá ou não redimir o homem. Ele poderia, caso isto lhe tivesse agradado, ter deixado todos para perecer ou poderia ter redimido a todos. Ou, ele poderia redimir a alguns e abandonar outros; e se ele assim o desejar, ele pode salvar a quem lhe apraz e abandonar a quem lhe apraz 11
Isto dificilmente resolve o problema da justiça de DEUS, entretanto, quanto aos “homens” que estão caídos, a quem DEUS tem o direito de tratar como ele desejar, caíram pela preordenação e o poder predestinador de DEUS. Mais uma vez, a questão que surge naturalmente e que Edwards não responde é esta: “Qual significado “bondade”, “justiça” e “amor” têm em tal contexto? Assim como Calvino, Edwards parece mais interessado em colocar de lado todas e quaisquer perguntas acerca da justiça de DEUS na reprovação e punição das pessoas. A única resposta que ele oferece é que tudo o que DEUS faz é certo e está acima da crítica. Ele simplesmente pressupõe que sua interpretação do que DEUS faz é a única interpretação razoável à luz de passagens bíblicas como a de Romanos 9.
Isto é exatamente o que os não calvinistas se preocupam concernente ao calvinismo: que sua lógica interna e profunda leva inflexivelmente a exaltar a glória de DEUS em detrimento de e até mesmo contra o seu amor. Aparentemente, DEUS pode (ou deve) limitar seu amor, mas ele não pode limitar sua autoglorificação. Eu invertería a ordem das coisas e diria que, à luz do autoesvaziamento de Cristo (Fp 2), DEUS pode limitar sua glória (poder, majestade, soberania), mas não seu amor (porque DEUS éamor; ver 1 João 41).
Diferente de Boettner e outros calvinistas, Edwards parece ter aceitado, ao menos, que a escolha de DEUS entre os eleitos e os não eleitos é arbitrária. Isto pode ser um choque para muitos calvinistas posteriores que contestam veementemente esta acusação acerca do DEUS calvinista. Em seu famoso (ou infame) sermão “Pecadores nas Mãos de um DEUS Irado”, Edwards apelou para a “vontade arbitrária de DEUS” para explicar o tratamento de DEUS com os não eleitos 18. Tal admissão é, ao menos, honesta, corajosa e consistente, mas ela suscita sérios problemas para o caráter e os caminhos de DEUS.
Sproul então se opõe aos não calvinistas que levantam essa questão como uma questão de tratamento igualitário e diz que DEUS não precisa atender a nossos padrões de justiça 27. Tudo bem. Mas a justiça não é o cerne do problema. O cerne, que Sproul evita, é oamor. Se DEUS pode(ria) salvar a todos pelo fato de a eleição para a salvação ser incondicional e se DEUS, por natureza, é amor, por que ele não salva? As únicas respostas que o Sproul pode oferecer são: (1) ele não ama a todos e, (2) DEUS pode fazer o que quiser fazer, pois ele não tem obrigação de fazer nada para ninguém. Estas respostas degradam a DEUS e impugna sua bondade e causam dano a sua reputação, que é embasada em seu caráter moralmente perfeito.
Vamos mudar a analogia um pouquinho. Suponha que um juiz tenha sentado em seu assento e chorado enquanto sentenciava seu próprio filho à prisão por roubo a mão armada. Então fosse descoberto que o juiz fazia uso de condicionamento comportamental para fazer seu filho acreditar que roubo a mão armada é bom e correto e que levou seu filho, de carro, até o banco para que seu filho o roubasse. E que fosse descoberto também que o juiz havia concedido clemência a outro jovem que também havia roubado o banco da mesma maneira que seu filho o fez. Quem pensaria que o juiz era bom? E esta analogia da dupla predestinação é melhor do que a que foi utilizada pelo Sproul!
E concernente ao problema da aparente arbitrariedade de DEUS a eleição e reprovação? Sproul diz: “DEUS não faz nada sem uma razão. Ele não é caprichoso nem frívolo 31. Mas qual razão ele pode ter para escolher o João para a salvação e o Roberto para a condenação? Ele deixa claro por demais que a eleição e a reprovação são absolutamente incondicionais. Então, sua palavra final sobre o assunto é que DEUS escolhe “segundo o beneplácito de sua vontade... DEUS nos predestina de acordo com o que lhe agrada... O que agrada DEUS é bondade... Embora a razão para nos escolher não esteja em nós, mas no divino prazer soberano, devemos ficar certos de que o divino prazer soberano é um beneplácito”32 Mais uma vez, eu só posso responder de maneira chocada ou perplexa com um “hã”?
John Piper aborda com grande vigor e imaginação o problema do amor de DEUS em relação à sua escolha de alguns para que sofram nas chamas do inferno pela eternidade para a sua glória. Primeiro, como ele lida com as passagens bíblicas neotestamentárias que apresentam a palavra “todos” e com Ezequiel 18.23 - que ele chama de “textos basilares do arminianismo”? 33. Ele apela para as duas vontades de DEUS: “DEUS decreta uma situação enquanto também deseja e ensina que uma situação diferente aconteça” 34. Em outras palavras, DEUS deseja que alguns pereçam e, ao mesmo tempo, deseja que ninguém pereça. “Como um convicto crente na eleição individual incondicional, eu me regozijo em afirmar que DEUS não se deleita na morte do impenitente e que ele tem compaixão de todas as pessoas. Meu objetivo aqui é mostrar que isso não é uma fala sem sentido”35.
Mas esta analogia funciona melhor do que a analogia do Sproul em que o juiz sentencia seu filho? A resposta é não, ela não funciona. Primeiro, se o Piper estiver certo, se Washington fosse verdadeiramente comparável a DEUS, ele teria projetado e governado o crime do Major Andre e garantido que ele cometesse o crime. Quem consideraria Washington bom por sentenciar o Major Andre à morte, se este fosse o caso - independente de quão “necessário” isso fosse para sustentar a responsabilidade de seu cargo e as regras?
Segundo, se o Major Andre fosse verdadeiramente comparável aos réprobos na teologia de Piper, ele não teria sido capaz de fazer o contrário do que cometer o crime. Piper nega o livre-arbítrio libertário. Quem consideraria o Major Andre merecedor de morte caso ele fosse controlado por outra pessoa? (Lembre-se que, ainda que Piper acredite que as pessoas sempre ajam de acordo com seus motivos mais fortes - a visão de Edwards de “livre-arbítrio” - seu DEUS também é a realidade totalmente determinante e, desta forma,deve ser a causa final dos motivos controladores das criaturas)
Terceiro, a analogia sugere uma limitação de DEUS - algo que certamente Piper não quer admitir considerando seu poderoso engrandecimento da supremacia de DEUS em todas as coisas. Washington foi obrigado a sentenciar o Major Andre a morte: ele sentiu que a responsabilidade de sua posição lhe obrigava a fazer isso ao passo que ele devia satisfações ao Congresso Continental, seus companheiros oficiais e soldados e os cidadãos das colônias. A quem DEUS deve satisfações? Se ele sente tamanha compaixão pelos réprobos, por que ele não simplesmente os perdoa? Ele poderia, a menos que ele seja limitado e controlado por algo sobre o qual ele não tenha nenhum poder. Afinal de contas, a eleição de DEUS para a salvação, no calvinismo, é absolutamente incondicional. Voltamos ao problema de Edwards da dependência implícita de DEUS do mundo!
Por fim, a analogia se desmonta, pois para ser uma analogia válida, Washington já teria de ter perdoado, pelo menos, outra pessoa que tenha cometido exatamente o mesmo crime que o Major Andre. Afinal de contas, de acordo com Piper, é isso o que DEUS faz - perdoa (elege para a salvação incondicionalmente) muitas pessoas que não são em nada melhores que as pessoas que ele reprova. Quem consideraria Washington “compassivo” neste caso? Ele não seria considerado arbitrário e caprichoso e suspeito de só querer mostrar sua severidade? "2
EDITORA: Reflexão DESCRIÇÃO DO LIVRO: A salvação depende das boas obras? Deus preordenou tudo para sua Glória?
Proponho-me a considerar com vocês este homem em termos de uma declaração feita por Thomas Carlyle - um cidadão escocês, é certo, mas, não obstante, um historiador de fama, e que não diz as coisas levianamente. Em seu livro, Os Heróis e o Culto aos Heróis ("Heroes and Hero Worshippers") diz ele: "Ele foi o sumo sacerdote e o fundador da fé que veio a ser a fé característica da Escócia, da Nova Inglaterra e de Oliver Cromwell - isto é, do puritanismo". Carlyle de fato não inclui a Inglaterra - devia tê-lo feito - porém inclui a Nova Inglaterra e Oliver Cromwell. Ele reivindica em favor de John Knox que ele foi o pai e fundador de um movimento que levou a eventos extraordinários, não somente nas Ilhas Britânicas, mas bem mais distante, a eventos que influenciaram todo o curso da história. Essa declaração da Carlyle é justificável? Podemos consubstanciar a sua alegação? Proponho-me a demonstrar que em nenhum sentido se pode acusar Carlyle de exagero.
Consideremos o caso dos Pais Peregrinos. Knox está por trás de toda a atitude deles para com o Estado e para com os governantes; e assim ele é, como Thomas Carlyle afirma, o fundador do puritanismo americano, exatamente da mesma maneira. Na verdade, eu argumentaria que, de muitas maneiras, ele é o pai da Guerra da Independência Americana, que chegou a uma triunfal conclusão, do ponto de vista dos colonizadores, em 1776. Foi ele que abriu a porta para tudo isso.
Que faremos com esse homem? Ele foi um homem para a sua era; um homem para os seus tempos. Para épocas especiais são necessários homens especiais; e DEUS sempre produz tais homens. Um homem brando teria sido inútil na Escócia do século 16, e em muitas partes deste país. Era necessário um homem forte, um homem austero, um homem corajoso; e esse homem era John Knox. Martinho Lutero era do mesmo molde. DEUS usa diferentes tipos de homens, e lhes dá personalidades diferentes. Homens diferentes são necessários em tempos diferentes. Naqueles tempos era necessário um caráter heróico e rude; e DEUS produziu o homem.
Para que ninguém continue pensando que ele era um homem duro, encerro fazendo referência à sua extraordinária humildade. "Humildade em John Knox?", dirá alguém. Ele era um homem sumamente humilde. O fato de que um homem luta ousadamente pela verdade e não se rende, não significa que ele não é humilde. Ele não está lutando em seu próprio favor; está lutando pela verdade. Posso provar que John Knox era um homem muito mais humilde do que muitos que pertencem ao ministério hoje. Depois da sua conversão, ele estava em St. Andrews, e foi convidado para pregar; todavia ele se recusou a fazê-lo. Ele não quis pregar, alegando, e estas são as suas palavras, "que ele não queria agir onde DEUS não o chamara", querendo dizer que não queria fazer nada sem um senso de legítima vocação. Knox não queria pregar sem estar absolutamente certo da sua vocação. Um capelão chamado John Rough dirigiu-se a Knox certo dia, e lhe pediu que pregasse e não recusasse o fardo. Pediu aos presentes que mostrassem que eles lhe tinham solicitado que convidasse Knox, e os presentes disseram que fora assim. Ali estava toda uma igreja local convocando Knox para pregar. Qual foi a sua resposta? "Diante disso Knox caiu em lágrimas e se retirou para o seu quarto." Ficou num estado de profunda depressão e ansiedade, até que chegou o dia do seu primeiro sermão. "Todos podiam ver como ele estava abalado, pois ele nunca sorria, evitava companhia quanto podia, e passou o tempo todo ensimesmado."
Que contraste com aqueles que estão sempre prontos a subir correndo ao púlpito para pregar! Isso é verdadeira humildade, e também o espírito puritano. É "o temor do Senhor", o receio de ficar entre DEUS e o homem, e de proclamar "as insondáveis riquezas de Cristo". Nunca o puritano acredita que todo aquele que foi convertido é, por isso, chamado para pregar, nem que ele pode fazê-lo sempre que quiser, atendendo ao seu próprio chamado. Ele quer ter certeza de que é chamado, porque tem profunda consciência do caráter sagrado da tarefa. À semelhança de Paulo, o apóstolo, ele o faz "em fraqueza, e em temor, e em grande tremor" (I Coríntios 2:3).
Knox geralmente é tido como arrogante, e como alguém que era rude na presença de Maria, rainha dos escoceses. Mas isso tudo se baseia na falácia daquilo que faz do homem um elegante afetado. Baseia-se também num errôneo entendimento da verdadeira feminilidade, e do que uma verdadeira mulher aprecia. A idéia geral de um homem mulherengo é próprio de uma sociedade amiga da afetação. Contudo esse não é o homem que as mulheres apreciam, pois uma mulher digna desse nome não dá a mínima para uma delicadeza afetada. A verdadeira mulher gosta do homem forte; e quando lemos a vida de Knox, vemos que muitos dos seus correspondentes eram mulheres. Esse reformador austero, esse homem que combatia lordes e príncipes, e que costumava opor-se às autoridades, passava muito tempo examinando os pormenores daquilo que uma vez Charles Lamb descreveu como os "sarampos e papeiras da alma". Aquelas mulheres tinham os seus problemas e dificuldades pessoais, os seus "casos de consciência"; e ele sempre tinha tempo para escrever-lhes. E muitas vezes escrevia extensamente, com muita amabilidade. Quando ele estava em Genebra, duas mulheres fizeram uma perigosa viagem por terra e mar com o fim de aproximar-se dele e de participar do seu ministério. A sua correspondência com a sua sogra, a Sra. Bowes, e também com a Sra. Ann Locke, durante muitos anos, é prova positiva de que esse homem tinha um espírito afetuoso, quando era necessário conhecê-lo de perto e quando ele sabia que estava lidando com uma alma veraz, sincera e genuína. Esse é outro sinal da sua humildade. Eis outro sinal: quando voltou para a Escócia, ele nomeou superintendentes na Igreja - não bispos. Fez isso porque era essencial na época. Foi só um expediente temporário, eliminado mais tarde; mas o interessante é que ele próprio nunca foi superintendente. Ele foi tão-somente um pregador, até o fim. Nunca se designou a si próprio como superintendente, e muito menos como arqui-superintendente. Todas essas coisas são sinais, não somente da sua humildade, como também do seu essencial espírito puritano.
Assim, digamos adeus a este nobre, rude, e contudo terno e até amável espírito, ao deixar ele este mundo e receber a sua recompensa eterna. Eis um relato feito pela filha dele: "Perto do meio-dia, ele pediu à esposa que lesse em voz alta o capítulo 15 da Primeira Epístola aos Coríntios, e disse que encomendava a sua alma, o seu espírito e o seu corpo a DEUS, assinalando com três dedos a alma, o espírito e o corpo. Por volta das 5 da tarde ele disse: "Leia a parte onde eu lanço a minha primeira âncora", e sua esposa leu para ele o capítulo 17 do Evangelho Segundo João. Quando foram lidas as orações vespertinas, perto das 10 da noite, o seu médico perguntou-lhe se ele tinha ouvido as orações. Knox respondeu: "Quisera DEUS que vocês e todos os homens as ouvissem como eu as ouvi; e a DEUS louvo por este som celestial". "Agora chegou", acrescentou logo depois. Essas foram as suas últimas palavras, e não pode haver nenhuma dúvida de que, quando ele ia atravessando, as trombetas celestiais ressoaram no outro lado, quando este grande guerreiro de DEUS entrou, e recebeu a sua eterna "coroa de glória".
Nestes dias de tanta confusão teológica o Dr. Lloyd-Jones nos lembra dos princípios que nortearam a vida e ensinos dos puritanos, os quais o influenciaram tanto. Diz ele: "O meu real interesse (nele) surgiu em 1925... Desde aquele tempo um verdadeiro e vivo interesse pelos puritanos e suas obras me prendeu, e sou franco em confessar que todo o meu ministério tem sido governado por isso... Não há nada que tanto estimule o verdadeiro ministério da Palavra, pois aqueles homens foram grandes modelos nesse aspecto".
Caixa Postal 1287 — 01059-970 São Paulo — SP
História do movimento pentecostal
por Artigo compilado - 6 de maio de 2016
em Destaques, História da
Igreja, História Geral
Com algumas adaptações e acréscimos do Pr Henrique
https://www.cacp.app.br/historia-do-movimento-pentecostal/
I – ORIGENS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
Há muitas controvérsias com respeito ao início do Movimento
Pentecostal, que é assim chamado porque resgatou a plenitude da experiência de
Atos 2, ocorrida durante a festa judaica de Pentecostes. Os dons do ESPÍRITO,
os chamados “sinais”, foram prometidos por JESUS (Marcos 16.17-20). Além do
episódio de Atos 2, vemos o derramamento do ESPÍRITO SANTO em várias partes do
livro de Atos. Em alguns casos, os dons do ESPÍRITO SANTO são frisados: línguas
e profecias, principalmente (Atos 10.45-46).
O batismo no ESPÍRITO SANTO, com evidência de falar em outras
línguas, conhecidas ou desconhecidas para quem ouve, mas sempre desconhecida
para quem fala, foi extremamente comum no início da Igreja. Os dons espirituais
eram exercidos constantemente.
O apóstolo Paulo dedicou parte de sua Primeira Epístola aos
Coríntios para falar do uso correto dos dons espirituais (1Coríntios 12-14).
Após o período apostólico, os sinais continuaram a todo vapor, principalmente
no primeiro século.
Registros Após o Período Apostólico
O jornalista Emilio Conde, considerado “O apóstolo da imprensa
pentecostal”, que militou na Redação da CPAD desde os anos 20 (quando ainda não
existia a Casa oficialmente) até seu falecimento em 1971, é, sem dúvida, um dos
mais notáveis historiadores do Movimento Pentecostal. Ele registrou os
primeiros passos do pentecostalismo no Brasil em sua obra História das
Assembleias de DEUS (CPAD) e relatou as origens e o avanço do pentecostalismo
no mundo em seu livro O Testemunho dos Séculos (CPAD).
Segundo Conde, O testemunho dos séculos foi escrito com o auxílio
da biblioteca pessoal do missionário sueco Samuel Nyström e das informações de
seus colegas ingleses Howard Carter e Donald Gee, e de seu amigo
norte-americano Stanley Frodsham, redator da revista Pentecostal Evangel e
autor do clássico With Signs Following.
No brilhante prefácio de O Testemunho dos Séculos, o missionário
sueco Samuel Nyström ressalta que um dos motivos pelos quais há poucos
registros históricos da manifestação dos dons espirituais antes do século 19 é
que os historiadores, cessacionistas em sua totalidade, omitiram de suas obras
manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente
citadas eram apresentadas, nas palavras de Nyström, como “excentricidades
passageiras, coisas inconvenientes até para serem descritas”.
Outro fator é que os casos de glossolalia (como o fenômeno das
línguas estranhas é descrito tecnicamente) foram realmente muito raros depois
do terceiro século até o período da Reforma Protestante, já que o advento da
Igreja Católica Romana, com seus dogmas heréticos que afetaram até o conceito
de salvação, acabou jogando a cristandade em uma profunda era de trevas
espirituais. Some-se a isso a má vontade dos historiadores e temos esta
escassez de registros. A glossolalia só voltou a ganhar registros significativos
quando retornou com força total nos séculos 19 e 20.
Até o terceiro século, além do registro bíblico, temos somente seis
registros. Um deles é citado por Emílio Conde em O Testemunho dos Séculos.
Conde menciona uma história narrada pelo reverendo Frederic William Farrar
(1831-1903), historiador e deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra. Em
suas pesquisas sobre a Igreja Primitiva, Farrar registra a visita às escondidas
de um príncipe britânico da Corte Romana a uma reunião cristã. Segundo a
narrativa, em dado momento da reunião, “línguas estranhas foram ouvidas
As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de
significação misteriosa. Não falavam a sua própria língua, mas parecia que
falavam toda qualidade de idiomas, embora não se pudesse dizer se hebraico,
grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso
que operava na ocasião”, transcreve Farrar, que em seguida declara: “O príncipe
os ouvira falar em línguas. Ele fora testemunha ocular do fenômeno pentecostal
que o paganismo não conhecia”.
Esse era um culto na Igreja Primitiva do primeiro século. É só a
partir do terceiro século d.C. que a frequência dos dons espirituais não é mais
a mesma, pois não era mais divulgada pela imprensa dominada por reformadores
cessacionistas.
Tertuliano e o Montanismo
O segundo registro diz respeito a um movimento espiritual do
segundo século, liderado por um homem chamado Montano. O movimento surgiu na
Frígia, Ásia Menor Romana (Turquia), em meados do segundo século, e visava ao
despertamento espiritual da igreja. É que algumas comunidades cristãs estavam
esfriando espiritualmente, inclusive olvidando os dons espirituais, tão comuns
no primeiro século. O adepto mais famoso do montanismo, como ficou conhecido o
movimento, foi Tertuliano, um dos Pais da Igreja.
Montano não tinha cargos eclesiásticos. Ele e três mulheres ricas,
Priscila, Quintila e Maximila, percorriam as cidades pregando a necessidade de
viver uma vida de santidade para estar pronto para a Vinda de CRISTO. Havia
línguas estranhas, interpretação de línguas, revelação e profecias. As três
mulheres profetizavam. Nas profecias, DEUS falava por meio delas na primeira
pessoa: “Eu, o Senhor…”
Os bispos da Ásia Menor se reuniram e condenaram o movimento por
volta do ano 160 dC. O que chamava a atenção dos bispos não era tanto as
línguas estranhas, mas as profecias e o poder de mobilização do movimento, que
combatia a frieza espiritual da igreja e o formalismo da liderança.
Tertuliano defendeu os montanistas. Porém, após a morte de
Tertuliano, como faltou orientação bíblica para os fervorosos avivalistas, o
movimento acabou descambando em exageros e heresias. Alguns chegaram a afirmar
que a Nova Jerusalém seria estabelecida na Frigia, para onde se dirigiam os
fiéis. Em sua ânsia por santidade, os montanistas passaram a pregar um
asceticismo rigoroso, com celibato, jejuns e abstinência de carne.
Isolado, sem apoio e cheio de excessos, o montanismo foi combatido
veementemente como heresia no terceiro e quarto séculos, devido,
principalmente, à sua total rejeição da eclesiologia tradicional. Finalmente,
com o advento do catolicismo romano, o montanismo desapareceu. Mesmo assim,
muitos teólogos afirmam que, ao excluir o montanismo, a igreja do segundo
século perdeu, pois o movimento era uma contraposição ao crescente formalismo e
ao mundanismo entre alguns cristãos reformados. A igreja verdadeira se afastou
dos cristãos nominais para se dedicarem ao trabalho evangelístico e aos cultos
de adoração a DEUS, sempre avivados pela presença de DEUS confirmada pelos
batismos e dons do ESPÍRITO SANTO.
Outro mal foi a redução da expectativa da Volta de CRISTO e da
operação dos dons espirituais na comunidade cristã. “Ao invés de condenar
a prática dos dons espirituais, a igreja teria lucrado se a regulasse à luz das
Escrituras”, ressalta o teólogo Paulo Romeiro. Em outras palavras, como diziam
os antigos romanos, “o abuso não é justificativa para impedir o uso”.
Orígenes, Irineu e Agostinho
O terceiro registro veio de um anticristão que é citado por um dos
Pais da Igreja. Celso, um filósofo pagão que odiava os cristãos, menciona em um
de seus discursos do segundo século (176 dC) que os seguidores de CRISTO
falavam em línguas estranhas. O discurso de Celso é citado literalmente nas
obras Contra Heresias e Comentário de João, de Orígenes (254 dC).
Orígenes cita-o para comprovar que no segundo século os cristãos
falavam em línguas estranhas. Ou seja, já na época de Orígenes, línguas
estranhas não eram tão comuns. Em seu discurso, Celso afirma que os cristãos
são “estranhos” e “fanáticos”, e que em suas reuniões “falam palavras
ininteligíveis para as quais uma pessoa racional não consegue encontrar
significado”. Ele diz que são línguas “muito obscuras”. A Igreja Verdadeira
Nesta Época Já Se Afastava Completamente Das Reformadas.
Além de Tertuliano e Orígenes, apenas mais dois Pais da Igreja
citam o falar em línguas estranhas: Irineu e Agostinho.
Irineu era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo do
apóstolo João. Ele foi bispo em Lyon, na França. A igreja de Irineu era uma das
poucas comunidades cristãs da época em que os dons espirituais ainda estavam em
plena atividade. Em seus escritos do início do terceiro século, Irineu
afirma: “Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e,
pelo ESPÍRITO SANTO, falam toda classe de idiomas”.
Veio, então, o quarto século, o advento do catolicismo romano, seus
dogmas espúrios e o consequente engessamento da igreja. Mesmo assim, há
registros de que, no quarto século, Pacômio, o fundador do primeiro mosteiro,
falava em grego e latim sem nunca ter estudado essas línguas. Pacômio nunca
explicou o caso e todos começaram a atribuir essas suas habilidades ao ESPÍRITO
SANTO.
Aostinho quando escreve Cidade de DEUS, anos depois já no quinto
século, no ocaso de seu ministério, ele transparece não acreditar mais na
contemporaneidade de todos os dons espirituais. É evidente que entre idólatras
e comprometidos com o sistema político já não se manifestava nem o batismo com
O ESPÍRITO SANTO E Nem Os Dons, Mas A Igreja Verdadeira Marchava Fora Dos
Arraiais Católicos Apostólicos Romanos E Igrejas Reformadas, Cheia Do ESPÍRITO
SANTO.
Elas só voltam à tona da Reforma Protestante em diante Que Ensinava
Que Aquilo Era Para A Época De Atos Somente. Existiram casos entre os séculos 5
e 15, pois o ESPÍRITO SANTO nunca deixou de atuar plenamente na História, mas
foram poucos os que ficaram registrados para a posteridade.
II – MANIFESTAÇÕES NOS SÉCULOS 12 A 19
Depois dos casos de línguas estranhas nos primeiros séculos, só a
partir do século 12 surgem novamente referências concretas a línguas estranhas
nos registros históricos. No século 12, Pedro Valdo, rico comerciante francês
do Delfinado (Leste da França), resolve dar todos os seus bens aos pobres e
reúne os fiéis dispostos a lutar com ele contra o luxo e a opulência do clero
romanista. Nascem, assim, os valdenses, caracterizados pelo desejo por um
“evangelismo puro”.
Por só reconhecerem “a autoridade dos Evangelhos”, os valdenses
foram excomungados em 1182. Perseguidos por Roma, espalharam-se na região de
Lyon, depois na Provença e até ao Norte da Itália e à região da Catalunha.
Segundo registros históricos, “os primeiros valdenses falavam em
línguas desconhecidas”. Esses registros são ressaltados pelo jornalista
norte-americano John Sherrill, em uma pesquisa que fez sobre o Movimento
Pentecostal antes de aceitar ao pentecostalismo, e que foi publicada
posteriormente sob o título They Speak in Other Tangues.
Nos séculos seguintes, há referências a manifestações espirituais
entre albigenses e outros grupos, mas nada muito direto no que concerne a
línguas estranhas. O pré-reformador Girolamo Savonarola, do século 15, por
exemplo, era usado em profecia e tinha visões, mas não há referência à
glossolalia em seu ministério. De qualquer forma, isso mostra que os dons
espirituais ainda estavam sendo usados, mesmo que não em sua plenitude, como
nos primeiros séculos da Igreja. Afinal, se a principal doutrina, a da Salvação,
ainda precisava ser resgatada, o que dizer das demais?
Por isso, só após a Reforma Protestante os registros aumentam. Há
casos entre os Anabatistas.
No século 17, entre os Quacres, há registros de línguas estranhas.
W. C. Braithwait, no seu relato sobre as primeiras reuniões dos Quacres,
escreveu: “Esperando no Senhor, recebemos com frequência o derramamento do ESPÍRITO
sobre nós e falamos em novas línguas”.
No mesmo período, há glossolalia entre os pietistas. O Movimento
Pietista nasceu na Alemanha, em 1666. Em seu livro The Pilgrim Church, na
página 468, o historiador Edmund Hamer Broadbent (1861-1945) cita registros de
línguas em cultos pietistas nos séculos 17 e 18: “Um estranho êxtase espiritual
vinha sobre alguns ou sobre todos, e começavam a falar em línguas. De quando em
quando essas manifestações se repetiam. A muitos deles, estas coisas pareciam
mostrar que, agora, eram um só coração e uma só alma no Senhor”.
No século 19, há um boom de registros de glossolalia. Em 1830, na
Escócia, uma jovem de Fernicarry, chamada Mary Campbell, planejava tomar-se
missionária. Ela começou a orar por isso e, em uma certa noite daquele ano,
quando orava junto com outros amigos, Campbell sentiu poderosamente a presença
divina e começou a falar em um idioma que não conhecia. No começo, pensou que
se tratava de uma língua que a ajudaria na obra missionária, mas nunca pôde
identificar que idioma era aquele.
Na mesma época, na Inglaterra, um destacado ministro londrino, o
reverendo Edward Irving (1792-1834), pastor presbiteriano, recebeu o batismo no
ESPÍRITO SANTO. Ele e sua congregação foram excluídos da denominação. Havia
línguas e profecias nos cultos.
Foi em julho de 1822 que Irving, então com 30 anos, foi convidado a
pastorear uma pequena congregação da Igreja da Escócia em Londres, a Caledonian
Chapel. No início do ano seguinte, as multidões que se reuniam para ouvi-lo
eram tão grandes que um novo templo precisou ser construído: a majestosa
catedral de Regent Square. Em 1827, quando o novo templo foi inaugurado, cerca
de mil pessoas frequentavam os cultos regularmente, fazendo dela a maior igreja
da capital inglesa.
A fama de Irving se devia ao fato de ser um pregador eloquente. Um
historiador diz que “nenhum ídolo e nenhum pecado escapavam do açoite profético
de suas denúncias abrasadoras. Mesmo assim, a alta sociedade londrina acorria
para ouvi-lo, inclusive distintas personalidades do mundo político e
intelectual, como Canning, Lord Liverpool, Bentham e Coleridge. Embora os seus
sermões se estendessem em média por duas horas, era preciso reservar lugares
com dias de antecedência”.
A partir de 1825, Irving começou a se reunir com amigos na casa do
banqueiro Henry Drummond, em Albury Park, para estudar escatologia e “buscar o
Senhor, pedindo um derramamento do ESPÍRITO SANTO”. Então, em 1830, surgiram
ocorrências de glossolalia e profecias na Escócia. Um ano depois, no final de
1831, surgiram também línguas e profecias nos cultos de Regent Square, a igreja
pastoreada por Irving, que recusou-se a proibi-las. Sema línas depois, Irving
foi afastado do pastorado de Regent Square. Mais de 600 pessoas o acompanharam.
Após a morte de Irving aos 42 anos, devido à tuberculose, esse grupo fundou a
Igreja Apostólica de Londres, que aos poucos se diluiu.
Em 1854, falando de um avivamento em uma igreja evangélica da Nova
Inglaterra, um crente chamado V. P. Simmons escreveu impressionado: “Em 1854, o
ancião F. G. Mathewson falou em línguas, enquanto o ancião Edward Burnham
interpretou as mesmas.
Em 1855, jornais publicam que, dentro da Rússia czarista, um
pequeno grupo dissidente da Igreja Ortodoxa Grega falava línguas e profetiza.
Em 1873, Robert Boyd escreve sobre uma campanha que o célebre evangelista
Dwight Lyman Moody fez em Sunderland, Inglaterra: “Quando cheguei às salas da
Associação Cristã de Moços, encontrei a reunião em fogo. Os jovens estavam
falando em línguas e profetizando. Que significaria isso? Somente que Moody
pregara para eles naquela tarde”.
Nada se sabe sobre Moody ter falado em línguas alguma vez. Se o
fez, foi de forma particular. Sabe-se, porém, que muitos dos que o seguiam
falavam em línguas e ele não os criticava por isso. Moody cria em uma “segunda
bênção” subsequente à salvação, que consistia em um “revestimento de poder do
Alto”, que ele e R. A. Torrey chamaram de “batismo no ESPÍRITO SANTO”.
Em meio ao avivamento do século 19 nos Estados Unidos (que começou
em 1857 e se estendeu até perto do final do século), e que teve como
protagonistas principalmente Charles Finney e Moody, as ocorrências de
glossolalia aumentaram. Eventualmente, pessoas falavam em línguas nas campanhas
de Moody e Finney. Finney cria também em uma “segunda bênção”, mas, como Moody,
não a vinculava às línguas. Nesse período surgiu, também, o Movimento de
Santidade ou Holiness, como é conhecido em inglês, de onde surgiria o que foi
chamado Movimento Pentecostal no início do século 20.
Nessa época, R. B. Swan, pastor em Providence, Rhode Island (EUA),
escreveu: “Em 1875, nosso Senhor começou a derramar sobre nós de seu ESPÍRITO.
Minha esposa, eu e alguns irmãos começamos a proferir algumas poucas a palavras
em uma língua desconhecida”. Em 1879, mais outro caso: um crente chamado Jethro
Walthall, do Estado de Arkansas, falou em línguas. Quando o denominado Movimento
Pentecostal se inicia, o caso de Walthall é relembrado e ele escreve: “Quando
tive essa experiência, nada sabia do ensino bíblico acerca do batismo no ESPÍRITO
SANTO ou do falar em línguas”. Como Walthall, muitas pessoas passaram pela
mesma experiência nos séculos anteriores, em sua devoção pessoal com DEUS, mas
por essa doutrina estar relegada naquele período, guardaram essas experiências
para si. A verdadeira Igreja não parou nunca de existir e o ESPÍRITO SANTO
sempre concedia batismos e dons aos que buscavam e criam.
Outro caso ocorreu na viagem do teólogo F. B. Meyer (1847-1929) à
Estônia no final do século 19. Meyer conta que visitou congregações batistas e
viu ”uma poderosa ação do ESPÍRITO SANTO”. Escrevendo a crentes em Londres, ele
diz: “O dom de línguas é ouvido abertamente nas reuniões, especialmente nas
vilas, mas também nas cidades(…). O pastor da Igreja Batista disse-me que
muitas vezes as línguas irrompem em suas reuniões e, quando elas são
interpretadas, têm como significado: ‘JESUS está vindo. JESUS está perto.
Esteja pronto. Não seja negligente’. Quando as línguas são escutadas,
incrédulos que porventura estejam na audiência ficam grandemente
impressionados”.
Em 1880, na Suíça, uma crente chamada Mary Gerber declara que em
momentos especiais de alegria, que descreve como “entregar meu duro coração ao ESPÍRITO
SANTO”, entoa cânticos espirituais em um idioma que lhe é desconhecido. Anos
depois, em visita aos Estados Unidos, Mary estava orando por uma amiga enferma
quando começou a cantar e a profetizar fluentemente em inglês, para espanto
dela e de sua amiga.
Um outro caso em especial ocorreu na Armênia, em 1880. Membros da
Igreja Presbiteriana da vila de Kara Kala pediram a DEUS um derramamento do ESPÍRITO
SANTO e vivenciaram um vivenciaram um avivamento com línguas estranhas,
revelações e profecias. Nesse avivamento, é profetizado um grande mover de DEUS
para o final do século, atingindo todo o mundo. Essa profecia se cumpre com o
advento do chamado pelos escritores da época como Movimento Pentecostal (não
entendiam que desde o pentecostes nunca cessou o enchimento do ESPÍRITO SANTO).
Todos esses casos foram apenas um prelúdio do que aconteceria em
dezembro de 1900 e que deu início ao chamado pelos escritores da época como Movimento
Pentecostal.
III – O AVIVAMENTO DA MANSÃO DE STONE
Já vimos que surgiram no século 19 os pregadores da “segunda
bênção”. Homens de DEUS como Dwight Lyman Moody, R. A. Torrey, A. B. Simpson,
Andrew Murray, A. J. Gordon, F. B. Meyer e Charles Grandison Finney passaram a
ensinar, à luz da Bíblia, que a nomenclatura bíblica “batismo no ESPÍRITO SANTO”
não era sinônimo de conversão, mas uma experiência subsequente à conversão e
que se caracterizava por ser um revestimento de poder do Alto para dinamizar o
serviço cristão.
Moody, Simpson e principalmente Torrey enfatizavam que todo cristão
deveria buscar esse revestimento de poder. Os pregadores da segunda bênção
criam na contemporaneidade dos dons espirituais. Era comum ouvir registros de
que em algumas reuniões havia línguas estranhas, profecia, cura divina etc.
Dowie, Lake e Woodworth
Nesse período, grandes servos de DEUS começaram a se destacar,
principalmente manifestando dons de cura. Alguns deles foram os
norte-americanos John Alexander Dowie, John Graham Lake e Maria Woodworth
Etter. Lake foi curado em 1886, aos 16 anos, após oração de Dowie em seu Divine
Healing Home (Lar de Cura Divina), em Chicago. Ele se convertera em uma reunião
do Exército da Salvação, mas passou a congregar na Igreja Metodista ainda
adolescente.
Em 1891, John Lake casou com Jennie Stevens, e dias depois
descobriu que sua esposa estava com tuberculose e uma incurável doença do
coração. Durante anos ele orou por ela, até que, depois de ler Atos 10.38, orou
pela cura de sua esposa com fé na Palavra de DEUS e viu o milagre acontecer.
Era 28 de abril de 1898. A partir dessa data Lake não seria mais o mesmo.
Em 1907, sabendo do Avivamento da Rua Azusa (que abordaremos mais
adiante), Lake jejuou pedindo a DEUS o batismo no ESPÍRITO com a evidência da
glossolalia. Ao final do jejum, recebeu a bênção e iniciou seu ministério
evangelístico com manifestação da cura divina. Direcionado pelo ESPÍRITO, foi
para a África do Sul. Antes de morrer, voltou aos Estados Unidos, onde
continuou pregando até partir para a eternidade em 1935. Quando isso ocorreu,
as igrejas sul africanas Missão de Fé Apostólica e Cristã Sião, ambas fundadas
por ele naquele país, já contavam, juntas, com mais 100 mil membros e 600
congregações na África do Sul.
Maria Woodworth Etter converteu-se a CRISTO em 1857, na Igreja dos
Discípulos. Passou um tempo com os Quakers e depois voltou à Igreja dos
Discípulos. Quando pregava em uma congregação da sua igreja, foi batizada no ESPÍRITO
SANTO com Evidência de línguas estranhas. Etter entendera que o revestimento de
poder do Alto que recebera viera acompanhado de línguas. Sua pregação era
acompanhada por visões, profecias, milagres, línguas e libertações. Quando o
Avivamento de Azusa começou, Etter se juntou a ele.
Charles Parham e a Mansão de Stone
Foi só com Charles Fox Parham que a Doutrina do Batismo do ESPÍRITO
SANTO passou a ser entendida como é hoje. Foi ele quem resgatou a compreensão,
bastante clara nos tempos apostólicos, de que as línguas estranhas eram
evidência externa do batismo no ESPÍRITO.
Tudo ocorreu quando Parham, um professor de Teologia pertencente à
Igreja Metodista, resolveu abrir um seminário em Topeka, Kansas. Ele abriu a
Escola Bíblica Betel, como passou a ser conhecida, em uma casa que pertencera a
um tal de Stone, que fizera um trabalho malfeito ao construir o lugar. Por
isso, o casarão passou a ser chamado a “tolice de Stone”. Era outubro de 1900
quando ele começou as aulas para cerca de 40 estudantes. Alguns deles já haviam
estudado em outros institutos bíblicos.
O que atraiu esses alunos foi o fato de a proposta de Parham
consistir em promover um ano de estudos onde ele e os demais alunos estudariam
sobre “como descobrir o poder que capacitará a Igreja a enfrentar o desafio do
novo século”. Seria um ano de treinamento com estudo da Palavra, oração e
evangelismo. Cada aluno teria um período de três horas do dia dedicadas
exclusivamente à oração. Conta-se que alguns passavam a noite orando. Era
também uma “escola de fé”, como se chamava, já que nenhuma taxa seria cobrada
para moradia e alimentação. O objetivo da escola era, em síntese, preparar-se
para a obra do Senhor e clamar a DEUS por um novo avivamento para as igrejas.
O Avivamento Começa
Em 25 de dezembro de 1900, depois de estudarem sobre
Arrependimento, Conversão, Consagração, Santificação, Cura Divina e Segunda
Vinda de JESUS, Parham precisou viajar, mas deixou uma tarefa para seus alunos.
Disse ele: “Em nossos estudos, nos deparamos com um problema: E o segundo
capítulo de Atos? (…)Tendo ouvido tantas entidades religiosas reivindicarem
diferentes provas para a evidência do recebimento do batismo recebido no Dia de
Pentecostes, quero que vocês estudem diligentemente qual é a evidência bíblica
do batismo no ESPÍRITO, para que possamos apresentar ao mundo alguma coisa
incontestável, que corresponda de forma absoluta com a Palavra”. Três dias
depois, Parham retorna e seus alunos apresentam a seguinte resposta: a prova
irrefutável em cada ocasião era que eles falavam em línguas, e mesmo nas
passagens bíblicas onde as línguas não são citadas na experiência do batismo no
ESPÍRITO, elas estão claramente implícitas. Parham concordou com a resposta e
passou a sistematizar a doutrina.
Porém, em 1 de janeiro de 1901, a Escola Bíblica Betel saiu da
teoria para a prática. Em um período de oração, a aluna Agnes Ozman, de 18
anos, pediu para que Parham e os demais alunos impusessem as mãos sobre ela
pedindo o batismo no ESPÍRITO SANTO. Eram 11 horas daquele dia quando Ozman se
tornou a primeira pessoa ali a receber o batismo no ESPÍRITO consciente de que
as línguas eram sua evidência externa. O poder sobre ela foi tamanho que passou
três dias sem conseguir falar em inglês. Ozman transbordava no ESPÍRITO toda
hora, louvando a DEUS em línguas em todos os momentos. Nos demais dias, todos
os outros receberam o batismo, inclusive o próprio Parham, que foi um dos
últimos.
O Significado das Línguas
Conta Parham que as línguas de Ozman pareciam com chinês, língua
que ela não conhecia. No dia seguinte, um tcheco presente confirmou que Ozman
falou em boêmio. Por isso, inicialmente Parham pensou que as línguas estranhas
tinham um propósito missionário. Ele cria que, assim como as línguas de Atos 2,
a glossolalia consistia sempre em línguas existentes que eram desconhecidas
para quem as recebia pelo ESPÍRITO, mas que tinham um propósito evangelístico.
Essa precipitação de Parham teve um efeito positivo e outro
negativo. Primeiro, porque o Movimento Pentecostal começou enfatizando muito o
trabalho missionário, que tinha tudo a ver com o revestimento de poder do Alto
(Atos 1.8). Porém, nem sempre as línguas correspondiam a uma língua existente,
o que frustraria Parham e seus companheiros mais à frente, até que
compreenderam que as línguas estranhas não são necessariamente alguma língua
existente.
Um pastor negro leigo, chamado William Joseph Seymour, compreendeu
isso logo. Ele foi aluno de Parham, quando este começou a viajar pelo país
ensinado a descoberta que fizera.
IV – SEYMOUR E O AVIVAMENTO DA RUA AZUSA
Com o derramamento do ESPÍRITO SANTO na Escola Bíblica Betel, em
Topeka, Kansas, a doutrina bíblica do batismo no ESPÍRITO SANTO com evidência
externa de falar em outras línguas como está na bíblia foi redescoberta e
sistematizada. Porém, apesar de Charles Fox Parham e seus alunos se dedicarem à
divulgação desse ensinamento nos Estados Unidos, não foi com eles que o
Movimento Pentecostal ganhou notoriedade. O mundo só foi dar conta desse
movimento espiritual em 1906, por meio da instrumentalidade de um homem negro e
simples, amante da Palavra de DEUS: William Joseph Seymour. Foi ele o homem que
DEUS usou para dar início ao célebre Avivamento da Rua Azusa.
Avivamento da Rua Azusa.
Tudo começou quando Neely Terry, uma moradora de Los Angeles que
frequentava uma pequena Igreja da Santidade, fez uma viagem a Houston, Texas,
em 1905. Ela frequentou a igreja que William Seymour estava pastoreando. Embora
Seymour não tivesse recebido ainda o batismo no ESPÍRITO SANTO com a evidência
do falar em outras línguas, estava convencido que era bíblico e pregava esta
mensagem com grande fervor.
Seymour aprendeu a doutrina do batismo no ESPÍRITO SANTO assistindo
às aulas que Parham ministrava no país sobre o assunto. Quando Parham chegou em
sua região, ele foi até lá ouvi-lo. Porém, como as leis de segregação nos
Estados Unidos ainda eram fortes nessa época, Seymour não pôde assistir às
aulas dentro da sala. Nessa época, as leis determinavam que os negros não
podiam assistir a uma aula na mesma sala dos alunos brancos. Por isso, ele teve
que colocar uma cadeira no corredor, diante da porta da sala e, dali, assistiu
atentamente a todas as aulas de Parham. Após o curso, inflamado pelo que
aprendera, William Seymour passou a pregar a mensagem pentecostal no Texas.
Impressionada com o caráter e a mensagem de Seymour, ao retornar à
Califórnia, Neely Terry relatou à sua igreja sobre as mensagens avivadas de
Seymour e convidaram-no para visitá-los. Ele concordou em ir. Só que o
empreendimento evangelístico, que havia sido inicialmente previsto para durar
um mês, acabou durando anos. Os planos de DEUS eram diferentes.
Seymour chegou a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906, e dentro
de dois dias estava pregando na Igreja da Santidade de Los Angeles. Ele pregou
sobre regeneração, santificação, cura divina e o batismo no ESPÍRITO SANTO com
a evidência do falar em outras línguas. Julia Hutchins, líder da igreja,
rejeitou o ensino de Seymour e, dentro de poucos dias, fechou as portas da
igreja para ele. O presbitério da igreja rejeitou o ensino de Seymour. No
entanto, em meio à perseguição, Seymour continuou firme e inabalável em seu
trabalho para o Senhor. Os membros daquela igreja que creram na pregação de Seymour
começaram a realizar reuniões com ele em suas casas. Alguns sentiram-se
compelidos a passar horas em oração e outros tiveram visões confirmando que DEUS
iria abençoá-los em Los Angeles com um derramamento espiritual.
O grupo continuou a se reunir para oração e adoração, realizando
cultos na casa de Richard e Ruth Asbery na 214 Bonnie Brae Street. Outros
tiveram informações a respeito dos cultos e começaram a frequentá-los,
incluindo algumas famílias brancas que moravam próximas de Igrejas da
Santidade.
Assim, em 9 de abril de 1906, o derramamento teve início quando
Edward Lee foi batizado no ESPÍRITO SANTO e começou a falar em línguas, após
Seymour ter orado com ele. Os dois então se dirigiram à casa dos Asbery. Lá
cantaram um hino, oraram e testemunharam, seguindo-se uma pregação de Seymour
usando Atos 2.4 como texto-chave. Após a mensagem, Lee levantou suas mãos e
começou a falar em línguas. O ESPÍRITO de DEUS se moveu sobre aqueles crentes
reunidos e seis outras pessoas começaram a falar em línguas naquela mesma
noite. Jennie Moore, que mais tarde se casaria com William Seymour, estava
entre elas. Foi a primeira mulher em Los Angeles a receber o batismo no ESPÍRITO
SANTO. Ela começou a cantar em línguas e a tocar piano sob o poder de DEUS, sem
nunca antes ter aprendido a tocar esse instrumento.
Poucos dias mais tarde, em 12 de abril, William Seymour finalmente
recebeu o batismo no ESPÍRITO SANTO, aproximadamente às quatro horas da manhã,
depois de ter orado a noite toda.
Uma testemunha ocular, Emma Cotton, mais tarde relembrou aquelas
experiências: eles clamaram durante três dias e três noites. As pessoas vinham
de todas as partes. Perto da manhã seguinte, não havia como entrar na casa.
Conta-se que algumas pessoas que conseguiam entrar na casa caíam sob o poder de
DEUS sem que houvesse alguém que as sugestionasse a isso, e toda a cidade ficou
agitada. Clamaram ali até o chão da casa ceder, mas ninguém ficou ferido.
Durante aqueles três dias, muitas pessoas que tinham vindo só para ver o que
estava acontecendo receberam o batismo no ESPÍRITO SANTO. Os doentes ficaram
curados e muitos aceitavam JESUS ao entrarem na casa.
Após o derramamento inicial do ESPÍRITO SANTO em Los Angeles,
cresceu o interesse pelos cultos de oração. As multidões tornaram-se tão
grandes para a casa dos Asbury em Bonnie Brae Street, que foram levadas para o
quintal da casa. Logo este espaço também se tornou pequeno. O grupo descobriu
então um prédio disponível na Azusa Street, número 312, que tinha sido
construído originalmente como uma Igreja Metodista Africana. Tendo sido
abandonado, o galpão foi usado como um estábulo para abrigar feno e animais. No
entanto, foi consertado e limpo em preparação para os cultos.
Dentro poucos dias, a imprensa de Los Angeles tomou conhecimento
sobre os cultos de avivamento realizado na Azusa Street Mission e por
reportagens em jornais publicadas por todo os Estados Unidos e no mundo.
Milhares tomavam conhecimento do avivamento e eram atraídos para os cultos em
Azusa. Todos se reuniam em adoração: homens, mulheres, crianças, negros,
brancos, hispânicos, asiáticos, ricos, pobres, analfabetos e graduados. Foram
arrebanhados para Los Angeles tanto céticos como famintos espirituais.
Em setembro 1906, um repórter de um jornal local desaprovou os
eventos ocorridos e escreveu que a Azusa Street Mission era
uma “vergonhosa mistura de raças (…) eles clamavam e faziam grande barulho
o dia inteiro e noite adentro. Essas pessoas parecem ser loucas, com problemas
mentais ou enfeitiçadas. Elas afirmam estar cheias do ESPÍRITO. Elas têm um
caolho, analfabeto e negro como seu pregador que fica de joelhos a maior parte
do tempo com a sua cabeça escondida entre engradados de leite feitos de
madeira. Não fala muito, mas às vezes pode ser ouvido gritando
‘Arrependei-vos'(…) Eles cantam repetidamente a mesma canção, ‘O Consolador
Chegou’”.
Em poucos meses, a Azusa Street Mission, que passou a se chamar
Apostolic Faith Mission (Missão de Fé Apostólica), mesmo nome que Gunnar
Vingren e Daniel Berg deram à igreja fundada por eles no Brasil, e que só
passou a se chamar Assembleia de DEUS oficialmente em 1918), tornou-se a maior
igreja da cidade, com cerca de 1,3 mil pessoas frequentando os cultos
diariamente, e o fervor do avivamento continuou por três anos.
Os cultos eram realizados de domingo a domingo, três vezes por dia:
pela manhã, à tarde e à noite, com o prédio sempre lotado. A mensagem era o
amor de DEUS, e a unidade e a igualdade eram prioridades. O historiador Frank
Bartleman observou sobre Azusa: “A ‘linha da cor’ foi removida pelo sangue
de JESUS”. Também às mulheres eram dadas posições de liderança na Missão. O
jornal The Apostolic Faith, publicado pela missão, alcançou a distribuição
mundial, com tiragem de mais de 50 mil exemplares por edição.
V – O MOVIMENTO PENTECOSTAL SE ESPALHA
Vimos que foi em Topeka que o Movimento Pentecostal foi encetado,
mas foi no Avivamento da Rua Azusa que ele ganhou notoriedade. Jornalistas,
crentes e líderes cristãos de todo o mundo vinham a Azusa para ver o que estava
acontecendo. Ali, os não-crentes se convertiam a CRISTO e os cristãos eram
incendiados, voltando às suas cidades trazendo a boa nova. Dessa forma, o
movimento espalhou-se para todo o mundo.
Falaremos resumidamente sobre alguns dos principais pioneiros do
Movimento Pentecostal no mundo.
Pentecostes na Europa
Um dos pioneiros do Movimento Pentecostal na Europa foi Thomas
Barratt, um pastor norueguês metodista que teve contato com Azusa e trabalhou
no florescimento de igrejas pentecostais na Noruega, Suécia e Inglaterra.
Barratt influenciou o pastor batista sueco Lewi Pethrus, que foi o pioneiro do
Movimento Pentecostal naquele país.
Pethrus atentou para a realidade do batismo no ESPÍRITO SANTO como
uma segunda bênção, subsequente à aalvação, lendo os escritos de A. J. Gordon,
um dos pregadores da segunda bênção no século 19. Porém, foi Barratt quem
convenceu Pethrus a buscar o batismo no ESPÍRITO SANTO. A Igreja Filadélfia,
pastoreada por Pethrus, enviaria missionários para a nascente Assembleia de DEUS
no Brasil. Ele esteve presente nas convenções gerais da AD brasileira em 1930
(quando foi criada a CGADB), em Natal, e em 1951, em Porto Alegre.
Na Inglaterra, um dos maiores nomes do pentecostalismo nascente foi
o pastor Donald Gee. Gee e o teólogo judeu pentecostal Myer Pearlman, da AD nos
EUA, foram os dois nomes que sistematizaram as doutrinas pentecostais. Charles
Parham foi quem sistematizou a Doutrina do Batismo no ESPÍRITO SANTO, mas foram
Gee e Pearlman que sistematizaram toda a Teologia pentecostal. Gee, por
exemplo, foi o primeiro a sistematizar a doutrina acerca do uso correto dos
dons espirituais.
Na Alemanha, um dos líderes do Movimento da Santidade naquele país,
Jonathan Paul, semeou a mensagem pentecostal. Na Itália, um forte
pentecostalismo brotou por meio dos parentes de imigrantes italianos nos
Estados Unidos. Muitos desses imigrantes tiveram contato direto com o
Avivamento de Azusa e retornaram à sua terra para pregar a mensagem pentecostal
aos seus parentes.
O pioneiro do Movimento Pentecostal na Rússia foi Ivan Voronaev, um
imigrante russo nos Estados Unidos. Em 1919, ele fundou a primeira Igreja
Pentecostal Russa em Manhattan, Nova Iorque. Em 1920, Voronaev, de volta à
Rússia, começou um ministério em Odessa. Após nove anos, depois de
incrivelmente fundar nesse curtíssimo período de tempo 350 congregações na
Rússia, Polônia e Bulgária, Voronaev foi preso pela polícia soviética. Acabou
morrendo na prisão.
Na Holanda, após lerem exemplares do jornal Apostolic Faith (da
Missão de Azusa) falando sobre o Avivamento em Azusa e notícias nos jornais
seculares de 1906 sobre o assunto, alguns cristãos holandeses resolveram clamar
pela mesma bênção. Assim, em 1907, DEUS batizou a esposa do pastor G. R.
Polman. No ano seguinte, foi a vez do próprio Polman. Em 1912, foi inaugurado o
primeiro templo pentecostal em Amsterdã. Depois foi a vez de Roterdã,
Hilversum, Utrecht, Ilha Terschelling e Haarlem.
O pastor Smith Wigglesworth, um dos grandes nomes da história do
Movimento Pentecostal, foi um dos instrumentos de DEUS para levar a mensagem
pentecostal à Suíça. Ele trabalhou principalmente na cidade de Berne.
Wigglesworth foi batizado no ESPÍRITO SANTO em um trabalho dirigido pelo pastor
Thomas Barratt, de quem já falamos. Também trabalhou na África do Sul.
No País de Gales, o pastor Alexander A. Boddy foi um poderoso
arauto divino, fazendo conferências pentecostais naquele país e depois pela
Europa. Boddy tomou conhecimento do avivamento lendo os primeiros exemplares do
jornal Apostolic Faith.
Pentecostes na Ásia
O Movimento Pentecostal na China começou em 1907, com a chegada dos
irmãos A. G. Garr, vindos da Califórnia, Estados Unidos, e acesos pelo fogo de
Azusa. Suas conferências evangelísticas alcançaram centenas de pessoas em
Macau, Hong Kong e Cantão, com dezenas de conversões e batismos no ESPÍRITO SANTO.
Mas, um dos grandes nomes do pentecostalismo na China em seu início
é, sem duvida, Nettie Noorman. Ela já era missionária naquele país quando soube
do Avivamento da Rua Azusa. Resolveu, então, em vez de só ouvir falar, conferir
o que estava acontecendo. Assim, em outubro de 1906, Noorman deixou a China
rumo a Los Angeles. Ali, certifícou-se de que Azusa tratava-se mesmo de obra
divina. Então, clamou pelo batismo no ESPÍRITO SANTO, recebendo-o. De volta à
China, os sinais se seguiram: curas divinas, milagres, batismos no ESPÍRITO SANTO
e muitas conversões a CRISTO. Depois de Noorman, muitos outros missionários na
China receberam o batismo no ESPÍRITO SANTO, sendo igualmente usados por DEUS
para a expansão do Evangelho de CRISTO.
O Movimento Pentecostal chegou à Índia também devido ao Avivamento
da Rua Azusa. Alguns evangélicos ali receberam notícias do que DEUS estava
fazendo em Los Angeles. Um deles, chamado Max Wood Morehead, afirmou na
época: “Se esta notícia do que DEUS está fazendo em Los Angeles é
verdadeira, o dom de línguas será visto na Igreja em todo o mundo, assim como
hoje, em todos os lugares, os crentes já creem em cura divina”.
O estopim do avivamento foi uma conferência realizada em Calcutá,
Índia, reunindo missionários e obreiros. Lá a doutrina concernente ao batismo
no ESPÍRITO SANTO com evidência externa de línguas estranhas foi exposta pela
primeira vez. Não houve batismos no ESPÍRITO SANTO, mas alguns dos presentes
abriram seu coração para a importância dessa mensagem para a Igreja.
No mesmo ano, a missionária S. C. Easton abriu as portas para os
irmãos Garr, testemunhas oculares de Azusa e batizados no ESPÍRITO SANTO.
Pessoas que foram até lá para corrigir os pentecostais acabaram saindo tocados
pelo ESPÍRITO SANTO. Um deles conta: “Comecei a crer que eu era a pessoa
que necessitava de endireitar-se, e não o evangelista” (Testemunho dos
Séculos, Emílio Conde, CPAD). Nos anos seguintes a mensagem pentecostal
espalhou-se entre os cristãos na Índia.
Na Coreia do Sul, depois da guerra entre as duas Coreias, um jovem
pastor assembleiano chamado Paul Yonggi Cho, formado em Teologia em um curso do
Instituto Bíblico das Assembleias de DEUS na Coreia, foi usado por DEUS para um
grande avivamento naquele país, com muitos sinais, principalmente curas
divinas. Hoje, sua igreja, a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, é uma das
maiores do mundo.
Pentecostes na África
O pentecostes chegou ao Egito em 1907. Um jovem chamado Alexander
Paul, natural do Egito, foi batizado no ESPÍRITO SANTO nos Estados Unidos.
Quando seus amigos cristãos no Egito receberam a notícia do que havia
acontecido, pediram que alguém fosse até eles instruí-los acerca dessa bênção.
O evangelista G. S. Breslford foi enviado e, com o apoio de missionários em
Jerusalém que já haviam recebido o batismo no ESPÍRITO SANTO, fundou o primeiro
trabalho pentecostal em Assiout, no Egito.
Em 1911, foi fundado um orfanato mantido pelos irmãos pentecostais
em Assiout, que atendia cerca de 700 órfãos. Em poucos anos, havia congregações
também em Alexandria e Cairo, algumas com centenas de crentes.
O Movimento Pentecostal chegou no Congo em 1915, por meio dos
missionários pentecostais William Burton e James Salter. O trabalho começou na
vila de Mwanza. Em dez anos, a obra se desenvolveu tanto que, nesse período já
havia alcançado três tribos, sete estações centrais, estava com 17 missionários
como auxiliares e cem evangelistas nativos, todos batizados no ESPÍRITO SANTO.
A África do Sul também recebeu a chama do Movimento Pentecostal,
por meio do trabalho incansável e fervoroso de homens como o norte-americano
Johh Lake. Direcionado pelo ESPÍRITO, ele foi para a África do Sul. Antes de
morrer, voltou aos Estados Unidos, onde continuou pregando até partir para a
Eternidade em 1935. Quando isso ocorreu, as igrejas sul africanas Missão de Fé
Apostólica e Cristã Sião, ambas fundadas por ele naquele país, já contavam,
juntas, com mais 100 mil membros e 600 congregações na África do Sul. Nos anos
60, esse número já havia subido para mais de 120 mil.
VI – BRASIL: O MAIOR MOVIMENTO PENTECOSTAL DO MUNDO
No início do século 20, apesar da presença marcante de imigrantes
europeus de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de
igrejas evangélicas tradicionais dos Estados Unidos, nosso país era ainda quase
que totalmente católico romano. Foi só com o advento do Movimento Pentecostal
que aconteceu uma explosão de crescimento do Evangelho no Brasil. O avanço da
evangelização do nosso país se deve, sem dúvida, ao pentecostalismo, e
especialmente a sua vertente mais tradicional, a Assembleia de DEUS.
A origem das Assembleias de DEUS no Brasil está intimamente ligada
ao reavivamento espiritual que varreu o mundo no início do século 20, encetado
na América do Norte, e que teve como seu maior expoente o Avivamento da Rua
Azusa.
Azusa e o Evangelho no Brasil
Quando os missionários Gunnar Adolf Vingren e Daniel Hõgberg
fundaram a primeira igreja pentecostal no Brasil em 18 de junho de 1911,
denominaram-na Missão da Fé Apostólica. A escolha do nome foi inspirada no
Avivamento de Azusa, sob a liderança do pastor afro-americano William J.
Seymour.
O nome do jornal de Azusa era Apostolic Faith (Fé Apostólica), que
acabou dando nome àquela abençoada igreja de Los Angeles, que passou a se
chamar Missão da Fé Apostólica. A igreja, bem como seu periódico, muito
conhecidos por Vingren e Berg, eram tão populares por pregar a restauração para
os nossos dias da manifestação do ESPÍRITO conforme os tempos apostólicos, que
quando Bennet Freeman Lawrence escreveu a primeira história do Movimento
Pentecostal em 1916, não pensou duas vezes em dar à sua obra o nome de The
Apostolic Faith Restored.
O avivamento na Rua Azusa era famoso em todo o mundo. Não era à toa
que os jornais seculares da época chamavam aquele lugar de “O endereço mundial
do Movimento Pentecostal”. Apesar de terem sido incendiados pela chama
pentecostal em Chicago, foi em Azusa que Berg e Vingren naturalmente se
inspiraram ao escolherem o nome da igreja que fundavam no Brasil.
Entretanto, sete anos depois, Gunnar Vingren e Daniel Berg, agora
acompanhados dos missionários Otto Nelson e Samuel Nyström, acharam por bem
mudar o nome da igreja de Missão da Fé Apostólica para Assembleia de DEUS. Por
que essa mudança? A inspiração também veio dos Estados Unidos
Quando o Movimento Pentecostal se espalhou pelos Estados Unidos, a
primeira reação das igrejas evangélicas tradicionais, assustadas com aquilo que
lhes era novo, foi excluir os crentes que abraçavam a mensagem pentecostal. Foi
assim que, de 1901 a 1914, surgiram em profusão, em todos os cantos dos EUA,
denominações pentecostais com os nomes mais variados. Porém, em 1914, os
líderes dessas jovens e fervorosas igrejas resolveram unir-se. Foi assim que,
em 2 de abril daquele ano, em um ato histórico, a maioria esmagadora das
denominações pentecostais norte-americanas se fundiu fundando uma única igreja,
denominada Assembleia de DEUS. Esse encontro, realizado de 2 a 12 de abril,
reuniu cerca de 300 ministros pentecostais e delegados de todos os EUA, e foi
conhecido como o primeiro Concílio Geral das Assembleias de DEUS.
A primeira resolução do Concílio Geral, proferida pelo seu líder, o
ex-pastor batista do Texas, E. N. Bell (que foi presidente do Concílio até
1925, quando faleceu), objetivava deixar clara a posição dos pentecostais em
relação à ortodoxia bíblica: “Essas Assembleias opõem-se a toda Alta Crítica
radical da Bíblia, a todo o modernismo, a toda incredulidade na igreja e à
filiação a ela de pessoas não-salvas, cheias de pecado e de mundanismo; e
acreditam em todas as verdades bíblicas genuínas sustentadas por todas as
igrejas verdadeiramente evangélicas”.
Quando os missionários suecos no Brasil souberam do ocorrido,
acharam por bem admitir o mesmo nome para a igreja pentecostal brasileira, como
uma demonstração de sintonia com os irmãos pentecostais norte-americanos, já
que, oficialmente, o Movimento Pentecostal nascera nos Estados Unidos,
espalhando-se rapidamente por todo o mundo.
Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará em 19 de
novembro de 1910, e ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos
estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil
religioso e até social do Brasil por meio da pregação de JESUS CRISTO como o
único e suficiente Salvador da Humanidade, do Batismo no ESPÍRITO SANTO como
uma bênção subsequente à Salvação e da atualidade dos dons espirituais.
Em poucas décadas, a Assembleia de DEUS, a partir de Belém do Pará,
onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os
grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto
Alegre. Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a
fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico
despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a
tornar-se, no futuro, uma nação protestante.
Hoje, estima-se que os evangélicos no Brasil sejam quase 20% da
população brasileira, mais de 30 milhões de pessoas, sendo praticamente metade
deles assembleianos. Isso faz da Assembleia de DEUS no Brasil o maior Movimento
Pentecostal do mundo.
Principais Ondas do Pentecostalismo
Desde a chegada do Movimento Pentecostal no Brasil, três ondas já
se passaram. A Primeira Onda foi de 1910 a 1950, quando a Assembleia de DEUS e
a Congregação Crista do Brasil (CCB) eram as únicas igrejas de caráter
pentecostal no país. Esta última, porém, anos depois de sua fundação, passou a
manifestar crenças que fazem com que hoje muitos evangélicos não a considerem
evangélica, mas, sim, uma seita.
Antes de apresentar essas peculiaridades, Gunnar Vingren foi amigo
de Luigi Francescon, fundador da CCB. Antes de vir ao Brasil, Francescon
pertencia à comunidade italiana em Los Angeles, tendo recebido o batismo no ESPÍRITO
SANTO em um trabalho fruto do Avivamento de Azusa.
A segunda onda foi de 1950 a 1975 e foi marcada pelas cruzadas de
evangelismo e cura divina. A inspiração veio dos EUA. Ali, nesse período,
grandes nomes surgiram com ministérios de cura divina, tais como William
Branham, que começou bem-sucedido ministério em 1946, mas terminou mal, pois
começou a ensinar heresias em meados dos anos 50. Faleceu em 1965. Hoje existe
uma seita em torno de seu nome – Tabernáculo da Fé. Outros nomes foram os então
pastores assembleianos T. L. Osborn e Oral Roberts. Ambos começaram seus
ministérios em 1947. Kathleen Kulman foi outro grande nome. Em 1949, o pastor
batista Billy Graham começa suas famosas cruzadas, mas nelas não há orações por
cura divina, nem batismos com o ESPÍRITO SANTO ou manifestação de dons, pois
era Batista Tradicional.
No Brasil, influenciados por esses movimentos, nasceram movimentos
evangelísticos itinerantes, que se tornaram igrejas. O primeiro foi a Cruzada
Nacional de Evangelização (1950), que se tornou a Igreja do Evangelho
Quadrangular, denominação que já existia nos EUA. Depois surgiram O Brasil para
CRISTO, fundado em 1955 pelo ex-diácono assembleiano Manoel de Melo; a Igreja
de Nova Vida, fundada no Rio de Janeiro por um descendente de pioneiros do
Avivamento de Azusa; a Igreja DEUS é Amor, fundada pelo ex-assembleiano Davi
Miranda; e Casa da Bênção (1964) e Sinais e Prodígios (1970). Todos esses
movimentos começaram como cruzadas de cura divina e exorcismo.
Nessa época, também surgem as primeiras grandes cruzadas
evangelísticas nas Assembleias de DEUS e o movimento de renovação nas igrejas
tradicionais: Convenção Batista Nacional (1965), com Enéas Tognini, e Igreja
Presbiteriana Renovada (1975). Até o Movimento Católico Carismático surge nessa
época (1967).
A Terceira Onda, que também é chamada de neopentecostalismo,
começou no final dos anos 70 e perdura até hoje, influenciando muitas igrejas.
Seus grandes expoentes são as comunidades evangélicas e as igrejas Universal do
Reino de DEUS (1977), saída da Igreja de Nova Vida; Igreja Internacional da
Graça (1980), dissidente da Universal; igreja Renascer em CRISTO (1986). Além
destas, há dezenas de outras, surgidas nos anos 90 e início deste século.
Publicado pelo Jornal Mensageiro da Paz – 1º Semestre de 2006
Para nos ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
1- O MOVIMENTO PURITANO
1.1. O início do movimento
1.2. O descontentamento com a igreja
1.3. O cuidado com o indivíduo
2- UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
2.1. A evangelização
2.2. A pregação expositiva
2.3. A paixão por CRISTO
3- ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
3.1. A doutrina puritana do ESPÍRITO SANTO
3.2. A missão do povo de DEUS
3.3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
Compreender o surgimento do movimento puritano.
Ressaltar a visão dos puritanos
Identificar as raízes do puritanismo
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para JESUS, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de DEUS.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
SEGUNDA | SI 73.1 DEUS é bom para os limpos de coração.
TERÇA | Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração.
QUARTA | Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com DEUS.
QUINTA | 2Pe 3.14 Imaculados e irrepreensíveis.
SEXTA | 1Jo 1.7 O sangue de JESUS nos purifica de todo pecado.
SÁBADO | 1Jo 1.9 JESUS nos purifica de toda injustiça.
HINOS SUGERIDOS: 90, 91, 93
Ore para que a Igreja de CRISTO permaneça firmada nas Sagradas Escrituras.
Nesta lição, estudaremos o movimento puritano e suas heranças teológicas, extraindo lições relevantes para o necessário e contínuo aperfeiçoamento do povo de DEUS.
O puritanismo foi um movimento religioso muito importante na Inglaterra. Posteriormente, tornou-se a principal tradição religiosa nos Estados Unidos. Seus ensinamentos sedimentam a necessidade da pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
O puritanismo nasceu na Inglaterra, em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I. Os puritanos achavam que a Igreja tinha adotado práticas não bíblicas, daí a necessidade de lutar pela purificação da Igreja (Tg 4.8). Para isso, era necessário renunciar a elementos arquitetônicos e litúrgicos e a formalidades contraditórias com a singeleza e pureza da Bíblia (Pv 30.5). Era preciso reparar os alicerces éticos, espirituais, litúrgicos e cerimoniais da Igreja Anglicana, para aproximá-la dos ensinos da Reforma Protestante e, assim, livrá-la das impurezas, da mistura de cultos e de outras doutrinas religiosas, num claro retorno à Palavra de DEUS.
O movimento puritano foi uma reação à Igreja institucionalizada da Inglaterra. Podemos dizer que se tratava de um movimento em busca da defesa da reforma da Igreja, para que houvesse uma renovação pura. Isso incluía rejeitar os vestígios de práticas católicas romanas ainda existentes na Igreja da Inglaterra. Somente assim a Igreja seria genuinamente reformada, tendo como única regra de fé a doutrina das Sagradas Escrituras (Tg 1.22).
Os puritanos, além de se preocupar com a reforma da Igreja, também se preocupavam com a integração do indivíduo na família e na sociedade. Em busca de uma reforma consistente, a teologia puritana era composta por quatro visões fundamentais: (1) a salvação pessoal pela graça de DEUS (Ef 2.8,9); (2) a doutrina da suficiência das Escrituras deve repousar no centro do que significa ser protestante (2Tm 3.15-17); (3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras, amortizando o conceito da tradição (Jo 17.17); (4) a sociedade é um todo agregado para que o Senhor seja glorificado em todas as áreas da vida humana (1Co 10.31).
Os ensinamentos do puritanismo sedimentaram a necessidade de pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que servisse à vontade divina; sendo, posteriormente, empregada para transformar toda a sociedade.
Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de DEUS. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de DEUS (Cl 2.2,3). Para isso, foi um movimento de pessoas aplicadas à educação, que não se furtavam a estudar todos os escritos a que tivessem acesso, porque entendiam que a pessoa que deseja ser salva deve conhecer a DEUS (Jr 29.13). Essa fervorosa dedicação às Escrituras e a firme convicção de que todas as áreas da sociedade devem focar a glória de DEUS impulsionaram as ações evangelísticas do movimento.
Os puritanos priorizavam a aplicação da Palavra de DEUS (Sl 119.11). Eles tinham como meta principal concluir a Reforma, e a melhor maneira de fazer isso era por meio da pregação expositiva. Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação que atinja, de forma direta, o coração dos indivíduos (Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos. Eles consideravam os sessenta e seis livros da Bíblia a biblioteca do ESPÍRITO SANTO, graciosamente deixada por DEUS para os crentes.
Os puritanos tinham uma ardente paixão por CRISTO. O inglês Thomas Goodwin, teólogo e pregador puritano (1600- 1680), disse sobre o Céu: “Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que CRISTO não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno sem CRISTO”. Goodwin era cristocêntrico, um traço que moldou seu coração pastoral.
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que pudesse servir à vontade divina para, posteriormente, transformar a sociedade.
Conhecer o movimento puritano nos leva a uma oportuna conexão entre alguns aspectos deste movimento e as raízes do movimento pentecostal do início do século 20. Certamente, isso contribui para o exame contínuo de aspectos que, como os pentecostais, precisamos conservar e/ou resgatar. Por não conhecer a História, muitos que se dizem pentecostais têm enfatizado, equivocadamente, a busca por novidades para vivenciar um renovo espiritual.
O pentecostalismo é resultante de uma série de movimentos religiosos que surgiram ao longo da história da Igreja, entre eles o puritanismo. Embora os puritanos não sejam vistos como pregadores do avivamento, eles buscaram e experimentaram o avivamento. Para Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 218, 2021), embora escrevessem pouco sobre avivamento, os puritanos conheciam a graça reavivadora de DEUS em sua experiência pessoal e em seus ministérios, pois suas igrejas conheciam as “notáveis efusões” do ESPÍRITO SANTO.
O estudo da visão integral que os puritanos tinham da vida cristã e da missão do povo de DEUS aponta para a relevância da ação do ESPÍRITO SANTO na capacitação da Igreja para anunciar o Evangelho de JESUS CRISTO até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; 1Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
A história dos puritanos nos ensina que devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (Sl 119.105). Em tempos de tantos desvios doutrinários, é preciso reforçar sempre nosso amor pelas Escrituras, analisando o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de DEUS (2Tm 3.16,17). Os puritanos foram inspirados pelo ministério de William Tyndale, cujo objetivo principal era completar o que a Reforma Protestante não havia conseguido. O exemplo e o amor de Tyndale pela Bíblia Sagrada nos guiam a amar e apregoar as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.
A história dos puritanos nos ensina a amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta.
O movimento puritano nos mostra que somente a dependência do ESPÍRITO SANTO nos faz voltar aos princípios bíblicos porventura esquecidos; reforça os aspectos cristãos que vivenciamos; nos dá discernimento espiritual para não sermos confundidos; e preserva em nós o fervor no serviço ao Senhor.