Pr. Henrique EBD NA TV 99 99152-0454

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Escrita Lição 3, Hermenêutica Bíblica, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

Lição 3, Central Gospel, Hermenêutica Bíblica, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva

 


 https://youtu.be/1ObPRDRym1E Vídeo

Escrita  https://ebdnatv.blogspot.com/2023/07/escrita-licao-3-hermeneutica-biblica.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/07/slides-licao-3-hermeneutica-biblica.html

PowerPoint  https://pt.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-3-hermenutica-bblica-3tr23-pr-henriquepptx


TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 8.26-35

26 - E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.

27 - E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos Etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,

28 - regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.

29 - E disse o ESPÍRITO a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.

30 - E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que lês?

31 - E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.

32 - E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.

33 - Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.

34 - E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro?

35 - Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a JESUS.

  

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

- entender o significado e a função da hermenêutica bíblica;

- perceber que a interpretação correta da Bíblia depende das ferramentas hermenêuticas;

- dominar os princípios e as regras da hermenêutica.

  

TEXTO ÁUREO

Antes, santificai a CRISTO, como Senhor, em vosso

coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós. 1 Pedro 3.15

  

SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO

2ª feira – 2 Timóteo 3.16,17 A Escritura como um todo é inspirada por DEUS

3ª feira – 2 Pedro 1.20, 21 Nenhuma profecia é de particular interpretação

4ª feira – Atos 1.16 A infalibilidade das Escrituras

5ª feira – 1 Pedro 1.11 Investigando atentamente a ocasião

6ª feira – 1 Pedro 3.15 Como santificar a CRISTO como Senhor

Sábado – Atos 8.34,35 O anúncio de CRISTO

 

 

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. A ABRANGÊNCIA DA HERMENÊUTICA

1.1. A relação entre hermenêutica e exegese bíblicas

1.2. O campo de atuação da hermenêutica bíblica

1.3. A necessidade da hermenêutica bíblica

1.4. O que a Bíblia não faz por si mesma

2. DEFINIÇÃO E FOCO

2.1. Leitores-intérpretes

3. A REVELAÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

3.1. A inspiração das Escrituras

3.2. A atualidade das Escrituras

3.3. A compreensão das Escrituras

3.4. O auxílio eficaz

4. REGRAS E PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA

4.1. A Bíblia interpreta a própria Bíblia

4.2. Não se deve interpretar o texto a partir de

passagens isoladas

4.3. É preciso determinar o estilo do texto

4.4. O texto deve ser analisado de maneira imparcial

4.5. Apenas um sentido deve ser procurado no texto

 

 

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SUBSÍDIOS EXTRAS

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HERMENÊUTICA  F Á C I L  E  D E S C O M P L I C A D A

Esdras Costa Bentho

A Hermenêutica é a ciência tanto bíblica quanto secular, que se ocupa dos métodos e técnicas da interpretação. E, basicamente, o estudo da compreensão de textos. A Hermenêutica tem sido considerada por muitos estudantes sérios da Bíblia uma ciência tanto necessária quanto hermética. Uns conferem às regras uma autonomia, e chegam a separar o texto e o contexto do pensamento do seu autor, como se o texto tivesse vida independente de quem o produziu. Por outro lado, há quem não creia na existência de qualquer regra válida de interpretação, ou que “interpretação boa é aquela que o Espírito revela no púlpito”; “a letra mata, mas o Espírito vivifica”, dizem eles. Acreditamos que o Espírito Santo é o agente funcional de toda interpretação bíblica genuína. Entretanto, não aceitamos o argumento de que se o Espírito revela o que está no texto, não é necessária uma metodologia para a interpretação e compreensão das Escrituras. Esta obra não valoriza qualquer um dos dois segmentos. Ao contrário, critica-os. Devo frisar, entretanto, que esta obra é resultado de minha experiência como professor de Hermenêutica na Faculdade Teológica Refidim, Escola Preparatória de Obreiros Siloé e nos diversos cursos e seminários promovidos pela Missão de Edificação Cristã (MECRI). Consequentemente, pretende ser mais prático do que teórico. Para isto, adotamos o moderno método de ensino integrado. Ao mesmo tempo em que procuramos adaptarmo-nos às condições do moderno conhecimento sobre a hermenêutica, colocamos ao alcance dos alunos blocos organizados de conceitos e afirmativas, capazes de mostrar a unidade do estudo teológico e secular, e a unidade do conhecimento interpretativo na multiplicidade de suas abordagens. Para que essa metodologia cumpra o fim pretendido, o currículo adotado não espera o encerramento de um bloco de assuntos para somente iniciar outro; ao contrário, integra-os na medida em que se faz necessário para a compreensão multifocal do tema tratado. Na prática, usa a linha traçada pela natureza própria do texto considerado. O que define o método empregado não é diretamente a técnica para dentro do texto, mas o texto sugerindo as principais vias interpretativas. C om isto prevalece a visão cosmogônica, centrada na direção que o texto concebe, sobre a visão microscópica centrada na técnica externa do intérprete. O texto conduz a técnica ou método a ser empregado, em vez de o intérprete conduzir o texto por meio de sua perícia. O uso deste método em sala de aula, para o primeiro ano do curso teológico propiciou novo dinamismo e interesse por parte dos estudantes. Ja que em sala de aula há mais versatilidade e muitas outras técnicas didáticas envolvidas no ensino-aprendizagem do que no “autonomismo” que adquire o aluno autodidata através de um livro texto, esperamos que esta obra, se não atingir 12 Introdução os modestos objetivos delineados, ao menos desperte no leitor o interesse e comprometimento pela interpretação séria das Escrituras. Este livro não pretende substituir qualquer outro manual de hermenêutica cristã, senão, remetê-los. Este manual foi elaborado a partir de um contexto específico em nosso seminário. Inicialmente definimos o termo teologia e seus principais conceitos e ramos. Esta forma heterodoxa de iniciar uma obra de hermenêutica prende-se às circunstâncias que geraram a obra — muitos alunos em nossas aulas não conheciam os fundamentos básicos da teologia, sua história, ênfase e divisões. Portanto, caso esta obra seja usada na preparação formal, sem que o contexto acadêmico exija a explicitação introdutória, é só remeter-se para o capítulo seguinte. O assunto de inspiração e revelação não se objetiva a discorrer sobre as teorias a respeito do tema, mas apenas recapitular aquilo que o aluno já conhece. Na hermenêutica material nossa intenção é propiciar ao estudante obras de referência acadêmica, dicionários, enciclopédias e obras de hermenêutica bíblica e filosófica. Consideramos um pouco extensas essas referências bibliográficas, mas em nossa experiência, constatamos que muitos alunos não realizam um sério trabalho exegético por não saber usar fontes apropriadas. O método mostrou-se útil em sala de aula. Ao tratarmos das escolas tendenciosas de interpretação, estamos cônscios de que deveríamos incluir outras correntes; porém, a análise apenas da alegórica e literal justifica-se pelo fato de serem as mais usadas em nossas comunidades. No capítulo de hermenêutica contextual procuramos fornecer ao estudante bases contextuais para uma interpretação séria da Bíblia, tratando dos princi­pais tipos de contextos e de suas regras principais. Os hebraísmos são tratados nesta obra por serem necessários ao conhecimento de todos aqueles que lidam com a exegese do texto bíblico. Na poética hebraica procuramos destacar os aspectos estruturais da poesia e as formas básicas de interpretação dos livros poéticos. Na sequência, ao tratar-se das figuras de linguagem, consideramos apenas as mais comuns. A guisa de epílogo, precisamos ressaltar que não tratamos sobre os aspectos teóricos da hermenêutica. A razão disto é que no currículo de nossa faculdade teológica temos a disciplina Hermenêutica Filosófica, onde consideramos os aspectos teóricos da hermenêutica. A transliteração dos termos hebraicos, sempre que possível, segue a do Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Os léxicos gregos usados foram o de Bauer e de Gingrich; a transliteração das palavras segue o da Gramática Coinê, de Francisco L. Schalkwijk, e a pronúncia é a erasmiana. Que o divino Espírito, em sua santa providência, dirija seu coração e mente no aprendizado da Palavra de Deus. Minha oração é que você seja ricamente abençoado através deste manual.

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Princípios básicos de Interpretação

Partindo do princípio da criação, desde o ministério de Moisés, o qual foi o primeiro grande autor dos livros que vieram a compor a Bíblia como hoje a conhecemos, entendemos que, Deus se deu a conhecer e, a Ele aprouve revelar-se aos homens de forma inteligível.

Em Sua sempiterna sabedoria com o mesmo Espírito com o qual soprou seu conhecimento aos homens por meio dos profetas, também deu ordens para que estas palavras viessem a se perpetuar na forma escrita. Quando o fiel leitor se dirige aos livros de Deus, se vê envolvido na nobre tarefa de interpretá-los para seu próprio crescimento, e, certamente, se a Deus aprouve o ato de se revelar, não foi ou é Sua intenção a de se ocultar por detrás de um conhecimento inalcançável ou elitizado como o queriam os gnósticos no passado e sacerdotes de variadas religiões atuais.

Em sua essência, o homem é um ser culturado, limitado ao tempo e espaço, e, consequentemente se inserido em uma história e pano de fundo que, de certa forma, o influencia continuamente.

Vemos, portanto que quando Deus se revelou aos homens, uniu em uma única dimensão o divino e o humano, o eterno e o passageiro, o inabalável e o destrutível. De Seu lado, os princípios de Deus são eternos, imutáveis e de aplicação plena em todas as eras, terras e culturas, porém, no ato da revelação, Ele utilizou homens inseridos em culturas específicas, e, O fez de forma a ser compreendido, pois do contrário seria um contrassenso ou no mínimo, um despropósito.

No decurso da Bíblia, veremos Deus tratando de situações específicas, com pessoas específicas, mas, refletindo claramente os traços de Seu caráter, propósitos, poder, enfim, características estas que lhe são inatas e imutáveis.

Como veremos, o protagonista de toda a Bíblia é o próprio Deus, sendo ela Sua autobiografia, e os homens Seus coadjuvantes deste grande teatro da vida real. A diferença, porém é que o próprio Deus se expôs ao juízo humano permitindo que este mesmo a escrevesse de forma que a tornasse inegável, pois sua participação foi ativa.  

Aos homens, pois, coube a tarefa de receber os ensinamentos divinos, aplicando-os às suas vidas e ajudando os seus semelhantes a fazerem o mesmo, sendo, com isso, o primeiro beneficiário desta atitude.

Cabe ressaltar que, sendo Deus o “Construtor legítimo da vida”, Ele, mais do que ninguém, sabe o que deve ser feito para o bom desempenho da Sua criação, e, nos fornece através da Bíblia o verdadeiro “Manual do Fabricante” no que diz respeito à “ser” gente como se deve ser na plenitude do Seu propósito inicial desde a formação da humanidade.

Este manual, sendo Palavra de Deus, tem relevância eterna falando para todas as eras e em todas as culturas, mas, como o caminho para isto foram as palavras humanas, esta se encontra condicionada a particularidades históricas de sua revelação como: linguagem, época, eventos, tradições e, em alguns casos a história oral que precedeu a escrita. (Por Júlio C Brasileiro)

 

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LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - JOVENS  - 4º Trimestre de 2018

Título: O vento sopra onde quer — O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja. - Comentarista: Alexandre Coelho

Lição 2: Como os Pentecostais interpretam a Bíblia

Data: 14 de Outubro de 2018

 

EXEGESE X EISEGESE

 1. Etimologia de “exegese”. O vocábulo “exegese” significa “exposição, explicação”. O sentido de exegese é extrair, conduzir para fora como um comentário crítico que analisa o texto no contexto original e o seu significado na atualidade (Ne 8.8); não é simplesmente uma exposição textual. Os princípios da exegese são conhecidos como hermenêutica, a ciência da interpretação. A interpretação correta, por conseguinte, vem de dentro da Bíblia.

 

2. A falsificação chamada eisegese. A interpretação peculiar e tendenciosa de um texto bíblico vem de fora para dentro. As seitas são especialistas nisso. A eisegese, portanto, é o inverso da exegese. A preposição grega eis, “para dentro”, indica movimento de “fora para dentro”. Trata-se de uma maneira de contrabandear para o texto das Escrituras Sagradas as crenças e práticas particulares do intérprete. A serpente, no Éden, argumentou com Eva algo que Deus não havia falado (Gn 2.16,17; 3.1). Satanás citou fora do contexto o salmo 91.11 (Mt 4.5,6). Isso é o que se denomina de eisegese. Da mesma forma, são os artifícios atuais dos triunfalistas.

 

O ESTUDO DA PALAVRA DE DEUS

 1. Interesse pela ignorância. A Igreja Católica proibiu a leitura da Bíblia aos leigos no Concílio de Toulouse, França, em 1222. Isso facilitou ao clero romano a manipulação do rebanho durante séculos. Hoje, essa história parece repetir-se, pois há campanha sistemática de alguns desses triunfalistas contra o estudo da Palavra de Deus, pois querem ensinar algo que não está de acordo com a Bíblia. A vontade de Deus, com relação à Bíblia, é que seus filhos leiam, meditem e examinem as Escrituras Sagradas (Js 1.8; Sl 1.2; At 17.11).

 

2. O cuidado com o formalismo. Nossos pioneiros jamais manifestaram ojeriza pelo estudo da Palavra de Deus. Pelo contrário: eram os maiores incentivadores do conhecimento bíblico. Eles criaram as nossas conhecidas escolas bíblicas de obreiros para oferecer, a todos os interessados, o conhecimento das Escrituras Sagradas (2Tm 2.15). No entanto, preocupavam-se eles com o formalismo e a ordenação de ministros pelos simples fato de estes possuírem um diploma de teologia, pois o ministério quem dá é Deus (Ef 4.11).

 

3. O poder da Palavra de Deus. Muitos estão nesses movimentos com o propósito de servir a Deus. É verdade que se converteram a Cristo mediante o trabalho dos triunfalistas; isso ninguém pode negar. A Palavra é a semente (Mt 13.19), e a mão enferma ou infeccionada que a semeia não compromete a germinação nem o seu nascimento. Mas a verdade é que muitos lá estão por haverem recebido a promessa de ficar ricos e de ter seus problemas resolvidos, e não como resultado do novo nascimento em Cristo Jesus. Quem segue um evangelho errado pode também terminar num céu errado.

 

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 Hermenêutica Bíblica.

“O que é hermenêutica bíblica?”

É uma disciplina da Teologia que nos permite conhecer as regras para interpretar e aplicar as Escrituras corretamente. A hermenêutica tem como objetivo estabelecer regras gerais de interpretação, a fim de que tenhamos uma interpretação correta do texto bíblico. Diga que nós pentecostais também fazemos uso dessa ciência. Não interpretamos e aplicamos os textos bíblicos baseados apenas em emocionalismo e experiências pessoais como alguns fazem questão de afirmar alguns. O Movimento Pentecostal preza pela interpretação e aplicação correta dos textos bíblicos.

 Existem vários métodos de interpretação das Sagradas Escrituras, porém não podemos nos esquecer de que precisamos compreender o texto sagrado corretamente e praticá-lo (Tg 1.22). Muitos veem o livro de Atos, e algumas partes da Bíblia, apenas como uma narrativa histórica com acontecimentos que fizeram parte somente de uma época da história da Igreja, como por exemplo, o batismo com o Espírito Santo. A falta de conhecimento leva as pessoas a rejeitarem e a falarem mal daquilo que não conhecem com profundidade. Que a aula de hoje venha contribuir para que seus alunos tenham uma visão correta a respeito do livro de Atos e da forma como o interpretamos. Pois, o Espírito Santo não é um mito, uma força, um vento. Ele é a Terceira Pessoa da Trindade que foi enviado a este mundo com uma missão específica: convencer o homem do pecado, da justiça, do juízo e edificar os crentes e a Igreja do Senhor mediante a concessão de dons espirituais.

 Um dos maiores desafios dos grupos cristãos evangélicos tem sido a leitura da Bíblia e a sua correta interpretação. A forma como vão expor seus ensinos e principalmente aplicá-los, depende da maneira como leem e interpretam as Sagradas Escrituras. Por isso, há regras que norteiam a interpretação da Bíblia, dirigindo o leitor não apenas ao perfeito entendimento do texto bíblico, mas acima de tudo, motivando-o à aplicação correta. Se lermos o texto sagrado e o interpretamos de maneira imprópria, a aplicação também será imprópria. E de que forma os pentecostais leem a Palavra de Deus? Sua interpretação acerca dos textos de Atos, sobre a vinda do Espírito Santo e o falar em línguas, é correta? Será que os dons espirituais seriam para os nossos dias? As respostas a essas perguntas passam pelo processo de leitura e interpretação corretas da Palavra de Deus.

 

I. POR QUE LER E INTERPRETAR A BÍBLIA CORRETAMENTE

 1. Ler corretamente para entender corretamente. Um dos segredos para uma vida cristã sadia é o correto entendimento do texto sagrado. Se pensarmos que a Bíblia foi produzida em um contexto diferente do nosso, devemos então acatar princípios que nos ajudem a entendê-la. Para isso, a Teologia elaborou um método que direciona de forma acertada como um cristão deve ler a Bíblia. E por qual motivo isso foi feito? Para que todo cristão, em sua leitura, leve em conta os princípios que lhe permitirão aplicar a leitura bíblica às suas vidas. O desafio de ser um praticante da Palavra de Deus passa, portanto, pela interpretação correta. Não temos dúvida de que certos textos têm uma aplicabilidade imediata, pois não necessita de muitas explicações para a sua compreensão, já que a mensagem traz elementos que são conhecidos de praticamente todas as pessoas, como por exemplo, os Dez Mandamentos: “Não adulterarás”; “Não furtarás”; “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.14-16). Outros textos, como o que se refere a Melquisedeque em comparação ao Senhor Jesus, “rei de justiça e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hb 72.3), precisam de uma explicação, pois corremos o risco de entendermos que Melquisedeque surgiu do nada, que não teve pai ou mãe. Na verdade, a genealogia de Melquisedeque não é apresentada no texto sagrado, mas ele, como qualquer ser humano, tinha pai e mãe.

O entendimento correto de um texto passa pela sua leitura correta. Tais princípios não têm por objetivo cercear a leitura da Palavra de Deus, e sim fazer com que essa leitura se enquadre dentro do objetivo que o escritor tinha quando foi inspirado a materializar a revelação de Deus de forma escrita.

 

2. Ler corretamente para ensinar e aplicar. Um dos propósitos da leitura correta das Escrituras é o ensino correto dela. Se uma leitura e interpretação do texto sacro forem dirigidas por premissas equivocadas, tais premissas acarretarão um ensino equivocado da Palavra de Deus. Por sua vez, um ensino equivocado traz práticas equivocadas e danosas para a Igreja de Cristo. Não é à toa que, ao longo do texto sagrado, Deus se encarrega de usar seus servos para que exortem o seu povo a que pratiquem obras corretas e vivam uma existência que, efetivamente, agrada a Deus. Cremos que quando Deus inspirou os escritores a redigirem o texto sagrado, Ele o fez para que a sua vontade fosse praticada (2Tm 3.16,17).

 

3. O respeito para com o texto sagrado. Deus, ao inspirar seus servos a que escrevessem sua Palavra, o fez em um contexto diferente do nosso. A Bíblia não foi escrita em nenhuma versão em português do século XXI, no Brasil. Foi escrita em pelo menos três línguas diferentes: o hebraico, o grego e algumas porções em aramaico. Homens em posições sociais diferentes, lugares diferentes e em tempos diferentes compuseram o texto que temos hoje em mãos, e para que haja uma correta interpretação desses textos é preciso que respeitemos essas observações. O cristão cuidadoso vai ler o texto sagrado estudando o contexto em que a Escritura foi produzida.

  

II. COMO O PENTECOSTAL LÊ A BÍBLIA

 1. Privilegiando o texto primeiramente na sua literalidade. Crentes pentecostais valorizam a literalidade do texto. Se Jesus disse que em seu nome expulsaríamos demônios, pentecostais não discutem se é possível ou não a libertação de pessoas possessas por espíritos imundos em nossos dias. Simplesmente oram e, crendo nas palavras de Jesus, expulsam demônios. Se Jesus disse que em seu nome seus discípulos falariam em novas línguas, pentecostais entendem que tal evento seria cumprido por Deus (Mc 16.14-20).

É evidente que pentecostais não atribuem literalidade a um texto que não deve ser entendido literalmente. Há textos cujo sentido é figurado, como no caso em que Jesus disse que Ele era a porta, o caminho, o pão do céu. Entendemos que o Senhor se valeu de elementos conhecidos do seu tempo para comunicar verdades por meio de comparações, e que esses elementos não são sempre literais.

O que não se pode é acreditar que. no processo de interpretação da Bíblia, podemos mudar as regras conforme a nossa conveniência.

 

2. Respeitando o contexto histórico e os gêneros literários. A Palavra de Deus teve sua escrita encerrada há pouco menos de dois mil anos. Portanto, há um hiato de tempo entre nós e os acontecimentos descritos na Bíblia que deve ser observado na leitura e interpretação do texto, pois não se pode esquecer que o tempo, os costumes, a forma como viviam os homens e mulheres daquela época eram diferentes dos nossos. Na Bíblia há textos históricos que registram acontecimentos dentro e fora de Israel, para que fossem conhecidos pelas gerações seguintes (Dt 6.20,21). Há, na Bíblia, poesia descrita com sensibilidade por pessoas que registraram suas emoções com alegria, tristeza, desapontamento e contentamento, mas também confiança em Deus (Sl 42.10,11). Há textos proféticos nos quais Deus usa seus servos para declarar o que ocorrerá no futuro e advertir seu próprio povo a que viva uma vida justa o honre ao Senhor com uma adoração genuína e respeite seus irmãos (Mq 6.8). A Bíblia traz cartas dos apóstolos a pessoas e a igrejas, tendo em vista que os leitores, que agora professavam uma nova fé, precisavam ser instruídos sobre como poderiam viver neste mundo. Esses detalhes precisam ser respeitados no momento da leitura da Bíblia, ou faremos interpretações equivocadas da revelação divina.

 

3. Entendendo que a Bíblia é a Palavra de Deus. Crentes pentecostais consideram a Bíblia como a Palavra de Deus. Isso implica reconhecer igualmente que a chamada revelação escriturística se completou com o encerramento do Cânon, e que qualquer outra revelação trazida por meio intelectual ou por dons espirituais precisa se curvar à revelação inspirada por Deus em sua Palavra. Cremos que Deus, para a edificação da Igreja, concede dons espirituais que podem trazer, eventualmente, novas diretrizes a grupos ou pessoas, mas nenhuma revelação trazida em nossos dias, seja por profecia, seja pela palavra do conhecimento, pode ser entendida como sendo da parte de Deus se estiver contrária ao que o Senhor já declarou em sua Palavra.

   

III. O LIVRO DE ATOS — DESCRITIVO OU PRESCRITIVO

 1. A ação do Espírito Santo na Igreja. O livro de Atos recebe esse nome por ser o registro dos feitos dos apóstolos após a ascensão de Jesus, mas acima de tudo, é o registro dos atos do Espírito Santo na Igreja e por meio dela. Lucas não apenas se preocupa em registrar o crescimento da Igreja, mas também a forma com que Deus agia para que a mensagem do Evangelho transformasse pessoas e fizesse crescera Igreja (At 2.47b).

 2. A interpretação de Pedro. Por ocasião da descida do Espírito Santo no cenáculo, com o sinal de falar outras línguas que transmitiam as grandezas de Deus, o apóstolo Pedro não hesitou em atribuir o fato à profecia de Joel, de que o Espírito de Deus seria derramado em toda a carne. É curioso o fato de que haja crentes em nossos dias que não veem problema na forma como Pedro aplicou a passagem de Joel ao que havia acontecido no Dia de Pentecostes, mas rejeitam que esse derramamento do Espírito de Deus é para os nossos dias. Se examinarmos bem as Escrituras, veremos que tanto Jesus quanto os discípulos conheciam a Palavra e a interpretavam de forma correta.

 3. Atos é descritivo ou prescritivo? Essa é uma questão que precisa ser entendida, a fim de que olhemos o livro de Atos como mais do que um livro de história. Quando dizemos que o livro de Atos é meramente uma descrição do que se passou nos primeiros 35 anos da Igreja, queremos dizer que a sua narrativa serve somente de registro histórico, e que não tem a intenção de indicar que os eventos iniciados pelo Espírito Santo devem se repetir em nossos dias. De acordo com essa possibilidade de interpretação, as línguas, as curas, as operações de milagres, revelações e outras ocorrências não deveriam ser correntes na Igreja de nossos dias, pois o livro de Atos tem caráter meramente descritivo. Mas se o livro de Atos tiver o caráter descritivo e prescritivo, então podemos crer que as experiências relatadas por Lucas podem se repetir em nossos dias e o Espírito de Deus é o responsável por milagres, curas e manifestação dos dons operados tanto na Igreja quanto no ministério pessoal.

 CONCLUSÃO

 Ler e interpretar corretamente a Palavra de Deus é um requisito necessário para que todo cristão cresça na vida espiritual e pessoal. Pentecostais leem as Sagradas Escrituras com zelo e esclarecimento, de maneira que busquem sempre a interpretação correta do texto sagrado. Esse cuidado se dá pela certeza de que a correta interpretação do texto gerará a correta aplicação, e esta redundará na vivência debaixo da vontade e da bênção de Deus.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016.

 

HORA DA REVISÃO

1. Segundo a lição, qual o segredo para uma vida cristã sadia?

Um dos segredos para uma vida cristã sadia é o correto entendimento do texto sagrado.

2. O que é necessário para um entendimento correto de um texto?

É necessário ler o texto corretamente.

3. Cite um dos propósitos da leitura correta das Escrituras.

Ensinar e aplicar corretamente o texto sagrado.

4. Quais são as línguas originais da Bíblia?

Hebraico e grego.

5. Como o crente pentecostal lê a Bíblia?

Privilegiando o texto primeiramente na sua literalidade; respeitando o contexto histórico e os gêneros literários e entendendo que a Bíblia é a Palavra de Deus.

 

SUBSÍDIO

“Nós, pentecostais, nunca vimos o abismo que separa o nosso mundo do mundo do texto em sentido geral. Combinar nossos horizontes com o do texto ocorre naturalmente, sem muita reflexão, em grande parte porque o nosso mundo e o do texto são bastante semelhantes. Tendo em vista que os teólogos e acadêmicos ocidentais dos últimos dois séculos empregaram grandes esforços para saber como interpretar os textos bíblicos que falam da atividade milagrosa de Deus, os pentecostais não foram afligidos com esse tipo de mal-estar. Enquanto Rudolph Bultmann desenvolveu sua demitologização ao Novo Testamento, os pentecostais silenciosamente oravam pelos enfermos e expulsavam demônios. Enquanto os teólogos evangélicos, seguindo os passos de B. B. Warfield, procuravam explicar por que devemos aceitar a realidade dos milagres registrados no Novo Testamento, mas, ao mesmo tempo, não esperar que ocorram hoje, os pentecostais estavam testemunhando que Jesus operava ‘prodígios e sinais’ contemporâneos quando estabeleceu a igreja.

Não, a hermenêutica da maioria dos crentes pentecostais não é exclusivamente complexa. Não está cheia de questões sobre a confiabilidade histórica ou repleta de cosmovisões ultrapassadas. Não é excessiva mente reflexiva sobre os sistemas teológicos, a distância cultural ou as estratégias literárias” (MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, pp.21,22).

 

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FAZ PARTE DE UMA BOA HERMENÊUTICA OS SEGUINTES ESTUDOS:

 

1 - HERMENÊUTICA – GENERALIDADES

A palavra “Hermenêutica” vem do termo grego “hermeneúo” que significa “interpretar”. A Hermenêutica é a disciplina que ensina as regras para interpretar um livro, um texto, e, nesse caso especial, o texto bíblico. Em uma outra definição, J. Severino Croatto diz que “ Hermenêutica é a ciência da compreensão do sentido que o homem traz para sua vida prática interpretando a mesma através da palavra, de um texto ou de outras práticas... Toda ação humana se converte em sinal que precisa ser decodificado; com maior razão se é o próprio Deus quem confere um sentido aos acontecimentos.” Para Paul Ricoeur “ A hermenêutica é a teoria das operações de compreensão em sua relação com a interpretação dos textos.” A Hermenêutica abarca, de forma especial, as regras de interpretação que procedem do estudo das características da linguagem humana em geral e de toda a classe de escritos humanos, tanto profanos quanto sagrados. Toda linguagem humana tem seu próprio gênio e idiossincrasias que não conseguem ser definidos em uma tradução literal para outra língua. São modismos, provérbios, idiotismos, peculiaridades gramaticais, referências a costumes locais, os quais poderiam causar problemas de interpretação para aqueles que procuram entender o significado original que o autor quis comunicar, lendo agora em outro idioma. O problema aumenta com relação aos textos bíblicos, visto que o tempo que nos separa dos escritos originais é grande e só há algumas décadas é que os judeus recuperaram seu idioma a nível nacional com a instalação do novo Estado de Israel. Assim, por muitos séculos o hebraico foi uma língua morta, embora preservada nos círculos rabínicos graças ao desenvolvimento do texto massorético. Isto torna as ferramentas da hermenêutica ainda mais importantes e necessárias. Ainda sobre essa vertente, Paul Ricoeur identificou três necessidades do estudo hermenêutico, salientando assim a sua importância:

· A palavra que em princípio foi “pregada”, “falada” e, desde então, enquadrada em formas conceptuais, se transformou, por sua vez, em letra, texto, o que limita-se agora ao processo de canonização. Os cristãos possuem então não um testamento, mas dois testamentos para interpretar. O desafio agora é o do retorno à “palavra” que está antes do texto.

· Existe uma distância cultural (já abordada acima) entre a época das escrituras e a nossa época. Uma das funções da hermenêutica consiste em vencer essa distância cultural para permitir a manifestação na cultura presente daquilo que foi dito em outra cultura e que não é mais do nosso tempo

· Depois da influência do Racionalismo e do movimento de crítica bíblica o que ficou do texto bíblico foi um sentido de profano ou de um texto qualquer. Entretanto, para o cristão a Bíblia tem um valor particular e o desafio do pós-modernismo é o de compreender e aplicar aquilo que se constitui em “proclamação” a partir de um texto que teve suas passagens dissecadas através do método crítico. Acrescente-se a isto o fato de que os dias hodiernos apresentam como característica a proliferação de “teologias” de pouca profundidade, nas quais o texto bíblico deixa de ser o ponto de partida e se torna um mero instrumento de confirmação de idéias preestabelecidas, gerando uma distorção da mensagem do texto pelo desprezo ao contexto. As partes básicas da Hermenêutica (No cap. IV, estudaremos mais detidamente cada uma destas partes) são:

· Noemática (do grego noema, “ pensamento”, “sentido”) – constitui-se no estudo dos diversos significados com que o pensamento bíblico é expresso;

· Heurística (do grego heurisko, “achar”, “encontrar”) – é a parte que estuda as ferramentas que serão utilizadas para o encontro dos diversos significados da escritura;

· Proforística (do latim profero, “tirar”, “apresentar”) – é o modo de expor os significados contidos na Bíblia. Filosoficamente, a Hermenêutica se desenvolveu a partir de três momentos: A compreensão (subtilitas intelligendi), a interpretação (subtilitas explicandi) e a aplicação (subtilitas applicandi). A expressão “subtilitas” denota que se trata muito mais de um saber fazer (know how) que de um método propriamente, o que demandaria não apenas um conhecimento teórico, mas também uma habilidade especial. Embora estes três conceitos tenham surgido e se desenvolvido progressivamente, hoje são vistos como complementares, estando claro que os dois primeiros são interativos e interdependentes. De acordo com Gadamer: “A interpretação não é um ato complementar e posterior à compreensão, mas compreender é sempre interpretar e, consequentemente, a interpretação é a forma explícita da compreensão”. Embora distinta destes dois elementos, a aplicação é vista hoje como tão imprescindível à Hermenêutica quanto a interpretação e a compreensão. Isto adquire significado ainda maior quando se refere ao estudo das Escrituras onde, muito mais do que um documento a ser dissecado, encontramos uma mensagem a ser transmitida. É importante também que se faça a distinção entre Hermenêutica e Exegese:

Enquanto a primeira é uma ciência que, conforme já foi visto, inclui todo o processo que vai da leitura à aplicação, a exegese consiste na utilização prática de ferramentas da Hermenêutica para o resgate do mundo original do texto. Segundo Croatto, “

...a exegese ...procura identificar o sentido do texto, perquirindo o que há ‘por trás’ ( autor, tradições, figuras literárias anteriores ), enquanto que a hermenêutica soma a compreensão do sentido que está ‘adiante’ do texto”.5 A partir de então, deve-se examinar a história da interpretação bíblica a partir dos primórdios do rabinismo. Para tanto, deve-se levar em consideração raízes históricas fundamentais encontradas em Platão e em Heráclito. O primeiro, cerca de 428 AC, em Atenas, partiu do conceito de “Mundo das Idéias”, a partir do qual elaborou o conceito de símbolo e mito. Verdades espirituais eram representadas por alegorias, figuras muito utilizadas também no texto sagrado. Heráclito de Éfeso, entre 540 e 480 AC, estabeleceu o conceito de “huponóia” (sentido mais profundo), cujo objetivo inicial era abordar as obras de Homero, fugindo das implicações óbvias de se interpretar literalmente o que ele escreveu acerca dos deuses gregos (A Odisséia; Ilíada). Observa-se então que a preocupação hermenêutica é antiga. Veremos então como essas raízes históricas encontram eco nos caminhos percorridos pelas hermenêuticas judaica e cristã.

 

1.1. SOBRE A LINGUAGEM DA BÍBLIA

 Segundo o testemunho da própria Escritura Sagrada, ela foi divinamente inspirada, "útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda boa obra". Em uma palavra, a Escritura tem por objetivo fazer o homem "sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus" (2 Tim. 3:15, 16). Por isso esperamos, e esperamos com razão, que a Bíblia fale com simplicidade e clareza. Efetivamente, lendo, por exemplo, o Novo Testamento, encontramos a cada passo em suas páginas os grandes princípios e deveres cristãos expressos em linguagem simples e clara, evidente e palpável. Em cada página ressalta a espiritualidade e santidade de Deus, ao mesmo tempo que a espiritualidade e o fervor demandam sua adoração. Em todas as partes nos é pintada a queda e corrupção do homem e a consequente necessidade de arrependimento e conversão. Em todas as partes é proclamada a remissão do pecado em nome de Cristo e a salvação por seus méritos a vida eterna pela fé em Jesus, e, ao mesmo tempo, a morte eterna pela falta de fé no Salvador. A cada passo aparecem os deveres cristãos em todas as circunstâncias da vida e as promessas de ajuda do Espírito de Deus no combate contra a corrupção e o pecado. Estas verdades brilham como a luz do dia, de sorte que nem o leitor mais superficial e indiferente deixará de vê-las. Porém, que sucede? O mesmo que em outros livros. No mais simples livro de escola primária, que se ocupa tão-somente de coisas terrenas, encontram-se, por exemplo

palavras e passagens que o homem não compreende sem estudos. Seria, pois, estranho encontrar palavras e passagens de difícil compreensão nas Escrituras Sagradas, que em linguagem humana tratam de coisas divinas, espirituais e eternas? Se numa província da Espanha se usam figuras ou modos de expressar-se que em outra não se compreendem sem interpretação, seria estranho encontrar tais figuras e expressões nas Escrituras, que foram escritas em países distantes e todos diferentes ao nosso? Se todo o escrito antigo oferece pontos obscuros, acaso seria estranho que os tivesse um livro inspirado por Deus a seus servos em diferentes épocas, faz já centenas e milhares de anos? Nada mais natural que contenham as Escrituras pontos obscuros, palavras e passagens que requerem estudo e cuidadosa interpretação. Recordemos aqui que unicamente em tais casos de dificuldade, e não quanto ao simples e claro, precisamos dos conselhos da hermenêutica para que resulte frutífero nosso estudo e correta nossa interpretação. Pois bem; suponhamos que nos vem um documento, testamento ou legado que nos interessa vivamente e que representa uma grande fortuna, porém em cujos detalhes ocorrem algumas palavras e expressões de difícil compreensão. Como e de que maneira faríamos para conseguir o verdadeiro significado de tal documento? Seguramente pediríamos, em primeiro lugar, explicação a seu autor, se isso fosse possível. Porém se prometesse esclarecer-nos contanto que trabalhássemos, esquadrinhando nós mesmos, o mais natural e acertado seria, sem dúvida, ler e reler o documento, tomando suas palavras e frases no sentido usual e comum. Quanto às palavras obscuras buscaríamos, naturalmente, seu significado e aclaração, em primeiro lugar, pelas palavras próximas ou contíguas às obscuras, isto é, pelo conjunto da frase em que ocorrem. Porém, se ainda ficássemos sem luz, procuraríamos a clareza pelo contexto, quer dizer, pelas frases anteriores e seguintes ao ponto obscuro, ou seja pelo fio ou tecido imediato a narração em que se encontra, Se não bastasse o contexto, consultaríamos todo o parágrafo ou passagem, fixando-nos no objetivo, intento ou fim a que se dirige a passagem. E se ainda não obtivéssemos a clareza desejada, buscaríamos luz em outras partes do documento, para ver se haveria parágrafos ou frases semelhantes, porém mais explícitas, que se ocupassem do mesmo assunto que a expressão obscura que nos causa perplexidade. Em resumo, e de qualquer forma, procederíamos de maneira que o próprio documento fosse seu intérprete, já que, levando-o a este ou àquele advogado, contrariaríamos a vontade do generoso autor e, afinal, correríamos o risco de interessada e pouco escrupulosa interpretação.

Tratando-se da interpretação da Sagrada Escritura, do duplo Testamento de Nosso Senhor, o procedimento indicado, além de ser o mais natural e simples, é o mais acertado o seguro, como a seguir veremos.

 

1.2. A REGRA FUNDAMENTAL DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Pelo dito anteriormente, foi-nos possível ver como é apropriado e mais conveniente, que em qualquer documento de importância em que se encontrem pontos obscuros se procure que ele seja seu próprio intérprete. Quanto à Bíblia, o procedimento sugerido não só é conveniente e muito factível, mas absolutamente necessário e indispensável. O quanto sabemos, o primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo, dando à palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. Mais tarde, o mesmo inimigo, falseia o sentido da Palavra escrita, truncando-a, isto é, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra. Os imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este procedimento enganando à humanidade com falsas interpretações das Escrituras. Vítimas, pois, de tais enganos e de tão estupendos erros, que têm resultado em hecatombes e cataclismos, devemos já conhecer o suficiente dessa interpretação particular. E a ninguém deve parecer estranho que insistamos em que a primeira e fundamental regra da correta interpretação bíblica deve ser a já indicada, a saber: A Escritura explicada pela Escritura, ou seja: a Bíblia, sua própria intérprete. Ignorando ou violando este princípio simples e racional, temos encontrado, como dissemos, aparente apoio nas Escrituras a muitos e funestos erros. Fixando-se em palavras e versículos arrancados de seu conjunto e não permitindo à Escritura explicar-se a si mesma, encontraram os judeus aparente apoio nela para rejeitar a Cristo. Procedendo do mesmo modo, encontram os papistas aparente apoio na Bíblia para o erro do papado e das matanças com ele relacionadas, para não falar da Santa Inquisição e outros erros do mesmo estilo. Atuando assim, acham aparente apoio os espíritas para sua errônea encarnação; os comunistas, para sua repartição dos bens; os incrédulos zombadores, para as contradições; os russelitas para seus erros blasfemos. e, finalmente, os Wilson e Roosevelt, ara seu militarismo. Se tivessem a sensatez de permitir h Bíblia que se explicasse a si mesma, evitariam erros funestos. Graças ao abuso apontado ouvimos dizer que com a Bíblia se prova o que se quer. A má vontade, a incredulidade, a preguiça em seu estudo; o apego a idéias falsas e mundanas, e a ignorância de toda regra de interpretação, provará o que se queira com a Bíblia; porém jamais provará a Bíblia o que os homens tão mal dispostos querem.

Tampouco provará nenhum douto de verdade, nem crentes humildes, qualquer coisa com a Escritura. Ao contrário, porque o discípulo humilde e douto na Palavra sabe que "a lei do Senhor é perfeita" e que não há erro na Palavra, mas no homem, ele sabe que não se tira e se põe, ou se acrescenta e se suprime impunemente à Palavra, segundo o estilo satânico, porquanto Deus, mediante seu servo, fez constar: "Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida." Não, certamente a revelação divina, qual Lei perfeita, "é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra"; tal revelação, dissemos, não se presta impunemente a tal abuso. Em vista de tais afirmativas e destas e outras restrições, é evidente que carece absolutamente de sanção divina a interpretação particular do papismo que concede autoridade superior à Palavra mesma, à interpretação dos "pais" da Igreja docente ou da infalibilidade papal, como carece também de dita sanção a ideia da interpretação individual do protestantismo. "Nenhuma profecia da Escritura provam de particular elucidação", disse Pedro; e Jesus nos exorta a examinar as Escrituras para achar a verdade, e não a interpretar as Escrituras para estabelecer a verdade a nosso arbítrio. Nada de estranho tem, pois, que nos eminentes escritores da antiguidade encontremos afirmações como estas: As Escrituras são seu melhor intérprete. Compreenderás a Palavra de Deus melhor que de outro modo, comparando uma parte com outra, comparando o espiritual com o espiritual (1 Cor. 2:13). O que equivale a usar a Escritura de tal modo que venha a ser ela seu próprio intérprete. Se por uma parte, arrancando versículos de seu conjunto e citando frases soltas em apoio de idéias preconcebidas, é possível construir doutrinas chamadas bíblicas, que não são ensinos das Escrituras, mas antes "doutrinas de demônios"; por outra parte, explicando a Escritura pela Escritura, usando a Bíblia como intérprete de si mesma, não só se adquire o verdadeiro sentido das palavras e textos determinados, mas também a certeza de todas as doutrinas cristãs, quanto à fé e à moral. Tenha-se sempre presente que não se pode considerar de todo bíblica uma doutrina antes de resumir e encerrar tudo quanto a Escritura diz da mesma. Um dever tampouco é de todo bíblico se não abarca e resume todos os ensinos, prescrições e reservas que contam a Palavra de Deus em relação ao mesmo. Aqui cabe bem a lei: "Não se pronuncia sentença antes de haver ouvido as partes." Porém cometem o delito de falhar antes de haver examinado as partes todos aqueles que estabelecem doutrinas sobre palavras ou versículos extraídos do conjunto, sem permitir à Escritura explicar-se a si mesma. Igual falta cometem os que do mesmo modo procedem e falam de contradições e ensinos imorais. Por conseguinte, é de suma necessidade observar a referida regra das regras, a saber: A Bíblia é seu próprio intérprete, se não quisermos incorrer em erros e atrair sobre nós a maldição que a própria Escritura pronuncia contra os falsificadores da Palavra. Dissemos "regra das regras", porque desta, que é fundamental, se desprendem outras várias que, como veremos, dela nascem naturalmente.

 

2 - HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Veja mais em https://institutodeteologialogos.com.br/downloads/hermeneutica.pdf

2.1. HERMENÊUTICA ENTRE OS JUDEUS

2.2. HERMENÊUTICA CRISTÃ

2.3. PERÍODO PATRÍSTICO

2.4. OS PAIS LATINOS

2.5. PERÍODO MEDIEVAL

2.6. PERÍODO RENASCENTISTA

2.7. PERÍODO MODERNO

2.8. A HERMENÊUTICA PÓS-MODERNA

3 - PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

Veja mais em https://institutodeteologialogos.com.br/downloads/hermeneutica.pdf

3.1. PRINCÍPIO DA CRENÇA NA AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

3.2. PRINCÍPIO DO SENTIDO USUAL E ORDINÁRIO DAS PALAVRAS

3.3. PRINCÍPIO DA ANÁLISE À LUZ DO CONTEXTO

3.4. PRINCÍPIO DO DESÍGNIO

3.5. PRINCÍPIO DAS PASSAGENS PARALELAS

3.6. PRINCÍPIO DA ANÁLISE EXPERIENCIAL À LUZ DAS ESCRITURAS

4 - FIGURAS DE RETÓRICA

Veja mais em https://institutodeteologialogos.com.br/downloads/hermeneutica.pdf

4.1. METÁFORA

4.2. SINÉDOQUE

4.3. METONÍMIA

4.4. PROSOPOPÉIA

4.5. IRONIA

4.6. HIPÉRBOLE

4.7. ALEGORIA

4.8. FÁBULA

4.9. ENIGMA

4.10. TIPO

4.11. SÍMBOLO

4.12. PARÁBOLA

4.13. SÍMILE

4.14. INTERROGAÇÃO

4.15. APÓSTROFE

4.16. ANTÍTESE

4.17. CLÍMAX OU GRADAÇÃO

4.18. PROVÉRBIO

4.19. ADVERTÊNCIAS

4.20. ACRÓSTICO

4.21. PARADOXO

5 - HEBRAÍSMOS

Veja mais em https://institutodeteologialogos.com.br/downloads/hermeneutica.pdf

6 - PARTES BÁSICAS DA HERMENÊUTICA BÍBLICA

Veja mais em https://institutodeteologialogos.com.br/downloads/hermeneutica.pdf

6.1. NOEMÁTICA

6.2. HEURÍSTICA

6.3. PROFORÍSTICA

7 - DESAFIOS DA HERMENÊUTICA PARA OS NOSSOS DIAS

Veja mais em https://institutodeteologialogos.com.br/downloads/hermeneutica.pdf

 

 

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Lição na íntegra – Revista 3º Trimestre de 2023

 Lição 3, Central Gospel, Hermenêutica Bíblica, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

  TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Atos 8.26-35

26 - E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.

27 - E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos Etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,

28 - regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.

29 - E disse o ESPÍRITO a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.

30 - E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que lês?

31 - E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.

32 - E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.

33 - Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.

34 - E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro?

35 - Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a JESUS.

 

 

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

- entender o significado e a função da hermenêutica bíblica;

- perceber que a interpretação correta da Bíblia depende das ferramentas hermenêuticas;

- dominar os princípios e as regras da hermenêutica.

  

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Prezado professor, segundo estudiosos, o termo “hermenêutica” surgiu de Hermes, entidade da mitologia grega, o mensageiro dos deuses olímpicos, que, acreditava-se, tinha a função de interpretar os deuses e os homens. Foi somente com o Código Napoleônico, surgido após a revolução francesa, que a hermenêutica se tornou realmente uma ciência e um meio legítimo de fundamentar o trabalho de sistematização da interpretação. O ESPÍRITO SANTO é o divino intérprete das Escrituras; no entanto, há o lado humano na busca do entendimento correto dos textos sagrados. Exceto pela operação do divino Consolador, a compreensão segura dos textos bíblicos não acontece por milagre, nem cai de paraquedas na cabeça das pessoas. Como disciplina, a hermenêutica exige um processo trabalhoso e complexo de interpretação, para que se traga à tona a clareza original da mensagem bíblica. Excelente aula!

  

TEXTO ÁUREO

Antes, santificai a CRISTO, como Senhor, em vosso

coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós. 1 Pedro 3.15

 

 SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO

2ª feira – 2 Timóteo 3.16,17 A Escritura como um todo é inspirada por DEUS

3ª feira – 2 Pedro 1.20, 21 Nenhuma profecia é de particular interpretação

4ª feira – Atos 1.16 A infalibilidade das Escrituras

5ª feira – 1 Pedro 1.11 Investigando atentamente a ocasião

6ª feira – 1 Pedro 3.15 Como santificar a CRISTO como Senhor

Sábado – Atos 8.34,35 O anúncio de CRISTO

  

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. A ABRANGÊNCIA DA HERMENÊUTICA

1.1. A relação entre hermenêutica e exegese bíblicas

1.2. O campo de atuação da hermenêutica bíblica

1.3. A necessidade da hermenêutica bíblica

1.4. O que a Bíblia não faz por si mesma

2. DEFINIÇÃO E FOCO

2.1. Leitores-intérpretes

3. A REVELAÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

3.1. A inspiração das Escrituras

3.2. A atualidade das Escrituras

3.3. A compreensão das Escrituras

3.4. O auxílio eficaz

4. REGRAS E PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA

4.1. A Bíblia interpreta a própria Bíblia

4.2. Não se deve interpretar o texto a partir de

passagens isoladas

4.3. É preciso determinar o estilo do texto

4.4. O texto deve ser analisado de maneira imparcial

4.5. Apenas um sentido deve ser procurado no texto

  

Palavra introdutória

A palavra hermenêutica é oriunda do idioma grego e tem íntima relação com a ciência, a arte e a técnica de interpretar textos. No estudo das Escrituras, é ela quem define os princípios ou métodos para interpretação do significado dado por um autor específico em sua mensagem. A hermenêutica bíblica fornece ao leitor as informações necessárias para a compreensão das Escrituras. Isso inclui situações históricas, geográficas ou culturais específicas, que não se apresentam de forma explícita no texto, mas estão ali de forma implícita. Desse modo, pela pesquisa e pelo estudo, podem ser encontradas.

  

1. A ABRANGÊNCIA DA HERMENÊUTICA

A Bíblia é a Palavra de DEUS para a humanidade em

qualquer momento da história; no entanto, ela foi, em primeiro lugar, a Palavra de DEUS para os seus destinatários originais. A hermenêutica tem como objetivo principal, ajudar na elucidação tanto do que o texto significava à época em que foi escrito, como o que ele pode significar hoje.

 1.1. A relação entre hermenêutica e exegese bíblicas

No estudo da Bíblia, hermenêutica e exegese são conceitos que caminham juntos. Enquanto a exegese dedica-se ao estudo gramatical (ao sentido) das palavras nas línguas originais, a hermenêutica ocupa-se da interpretação dessas palavras (do significado do texto bíblico) para os dias atuais.

 1.2. O campo de atuação da hermenêutica bíblica

Em termos gerais, a hermenêutica trabalha com a contextualização, isto é, com a comunicação do texto bíblico e sua aplicação às realidades da vida atual. Este fato é muito importante porque preserva a Bíblia de tornar-se antiquada e irrelevante e permite que ela continue sendo, infinitamente, o livro de todas as épocas e de todos os povos.

 1.3. A necessidade da hermenêutica bíblica

Apesar de inspirada por DEUS, a Bíblia foi escrita em linguagem humana, dentro dos limites impostos por culturas igualmente temporais. Pela própria natureza da linguagem, as verdades absolutas das Escrituras correm no mesmo leito das linguagens e culturas — humanas — dos antigos hebreus e gregos. Assim,

é absolutamente necessário o conhecimento de tais culturas — em seus usos, costumes e leis —, para que se chegue a uma adequada interpretação dos textos bíblicos.

 1.4. O que a Bíblia não faz por si mesma

A Bíblia não ultrapassa — sozinha — barreiras culturais para comunicar seu significado. Ela necessita do princípio hermenêutico de interpretação — e da ação de pessoas — para fazer com que sua mensagem singre as águas do Cronos e alcance o ser humano em seu espaço-tempo cultural, indistintamente. As verdades do evangelho são simples, mas a tarefa de desvendar o significado original de textos específicos é uma ocupação humana revestida de complexidade e exige trabalho árduo.

  

2. DEFINIÇÃO E FOCO

É necessário focalizar a mensagem de um texto bíblico, à luz da situação histórica na qual foi gerada, para sua perfeita compreensão.

 2.1. Leitores-intérpretes

Ao aproximar-se da Escritura, o leitor deve lembrar-se da máxima de Martinho Lutero, quando afirmou que todo leitor da Bíblia é, também, o seu intérprete. Assim, como um repórter moderno, algumas perguntas — dentre outras — precisam ser feitas (e respondidas):

- Quem escreveu o texto — nome, família, nacionalidade, ocupação, condição social)?

- Era um erudito ou uma pessoa do povo?

- A quem, inicialmente, a mensagem foi endereçada? -  - Em que tempo histórico foi escrito — datas?

- A partir de qual localidade foi escrito — espaço geográfico?

- Em que contexto histórico, social, econômico, religioso foi escrito?

-Com que objetivo foi escrito — finalidade?

- Qual é a mensagem central do livro ou do texto?

- O que o autor queria dizer originalmente — significado?

- Qual é o gênero do livro em estudo — narrativa histórica, leis, poesia, parábolas?

- O sentido do texto é figurado ou literal?

As respostas a essas perguntas levarão o leitor à compreensão do fundo histórico-cultural do texto, o que facilitará, em muito, o seu entendimento, transposição, e aplicação da mensagem para os dias atuais.

 SUBSÍDIO 2.1

De modo geral, a hermenêutica é entendida como a arte de interpretar os livros sagrados e os textos antigos. A regra básica da hermenêutica é quem está falando; para quem está falando; para que tempo está falando; e em que sentido está falando.

  

3. A REVELAÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

Os manuais de Teologia Sistemática afirmam que a

Bíblia é a revelação de DEUS à humanidade. Ela fala do amor do Senhor pelo ser humano em estado de Queda (Jo 3.16; 1 Jo 4.9,10). Em face da limitação humana, a tarefa principal da hermenêutica é interpretar, da forma mais fidedigna possível, esta revelação.

 3.1. A inspiração das Escrituras

A Bíblia é a Palavra de DEUS revelada à humanidade por Ele mesmo. Essa revelação deu-se pelo ato da inspiração. O Altíssimo inspirou homens de contextos de vida muito distintos, em épocas diferentes — abrangendo um período de, aproximadamente, 1.600 anos —, para revelar Sua mensagem aos seres feitos à Sua imagem e semelhança. Os textos produzidos por esses escritores humanos — inspirados por DEUS — expressam de forma fidedigna Sua plena vontade às gentes, independentemente de onde vivem, como

vivem e em que época vivem. Essa é a premissa básica da hermenêutica bíblica (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.21).

 3.2. A atualidade das Escrituras

A Escritura é composta por dois Testamentos: o Antigo e o Novo. O primeiro foi escrito em hebraico; o segundo, no grego popular — koiné — falado à época. Seus textos mais antigos foram redigidos há cerca de

quatro mil anos; no entanto, o valor da Palavra de DEUS está em seu poder de comunicar-se com o ser humano de qualquer cultura, povo ou época.

 SUBSÍDIO 3.2

Apesar de ser uma literatura antiga, não há livro mais atual do que a Bíblia. O célebre pregador norte-americano, Billy Graham, afirmou: “Ela é mais atual do que o jornal que sairá amanhã”.

 3.3. A compreensão das Escrituras

As Escrituras Sagradas — mesmo compondo um livro que pode ser entendido tanto por iletrados, como por pessoas cultas — são compostas por textos de difícil compreensão. Isso é um fato. Nos escritos de Paulo, por exemplo, Pedro reconheceu haver partes de difícil entendimento (2 Pe 3.16). Se um contemporâneo de Paulo não pôde apreender tudo o que o apóstolo escreveu, não causa estranheza o fato de termos

dificuldades para assimilar determinados assuntos, mesmo tendo sempre — e necessariamente — o auxílio de várias fontes de consulta e, sobretudo, a ajuda do ESPÍRITO SANTO.

 3.4. O auxílio eficaz

Em face das dificuldades naturais de compreensão, será preciso lançar mão de ferramentas específicas para uma adequada compreensão do texto bíblico.

A oração, o estudo contínuo e persistente, o contexto e a consulta a bons comentários bíblicos serão de grande ajuda. De igual modo, a hermenêutica e a exegese têm colaboração fundamental no processo de compreender-se aquilo que permanece, em certo sentido, encoberto. A hermenêutica permite-nos sair do nível mais superficial do entendimento para cavar mais fundo o terreno do real sentido do texto bíblico, e, assim, encontrar os mais profundos e verdadeiros tesouros da verdade divina.

 

4. REGRAS E PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA

Como Palavra de DEUS, a Bíblia fala a todas as gerações, cada uma com suas características. A relação entre o significado da mensagem bíblica para os seus primeiros destinatários e para a geração presente resume a tarefa da hermenêutica em três níveis:

- exegético — no sentido geral, o que esta passagem realmente significa?

- devocional — o que este texto realmente significa para mim?

- homilético — como compartilhar com outras pessoas o que esta mensagem significou e significa para mim?

Não basta recriar o significado original pretendido de determinada passagem. Será necessário também elucidar sua significação para os dias atuais. A conexão indispensável entre significado e significação traduz a razão de ser do trabalho hermenêutico. A mensagem das Escrituras Sagradas só terá real valor, se puder ser aplicada, em seu sentido prático, às necessidades e aspirações do ser humano que vive na presente época. O ESPÍRITO SANTO é o divino intérprete das Escrituras. É preciso estar de coração aberto à Sua iluminação e revelação. No entanto, sem extremismos, é necessário estar munido dos princípios e regras para interpretar o texto bíblico e, assim, sanar dúvidas e evitar erros. Nos tópicos subsequentes, constam alguns princípios de hermenêutica bíblica.

4.1. A Bíblia interpreta a própria Bíblia

A Bíblia deve ser interpretada à luz do seu próprio

contexto. Este princípio é chamado de regra áurea da interpretação bíblica. Assim, uma passagem das Escrituras é analisada a partir do conjunto de passagens que a ela estão inseparavelmente ligadas.

 4.2. Não se deve interpretar o texto a partir de

passagens isoladas

O uso de passagens isoladas para compreensão do texto levará a erros de interpretação, falseamento da verdade e desvios doutrinários.

 4.3. É preciso determinar o estilo do texto

Embora seja muito importante considerar, em primeiro lugar, o sentido literal do texto, há um número abundante de figuras de linguagem e simbolismos nas Escrituras. O próprio Senhor JESUS utilizou-se amplamente desses recursos em Seus ensinos: Se o teu olho te escandalizar, lança-o fora (Mc 9.47). Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos (Mt 10.16).

 4.4. O texto deve ser analisado de maneira imparcial

Em outras palavras, significa dizer que é preciso analisar o texto sem subjetivismos ou crenças pré-concebidas. O trabalho de interpretação deve ser feito de coração aberto e disposto a encontrar a verdade. Devem-se evitar as amarras denominacionais, o misticismo e as visões fantasiosas e carentes de solidez.

 4.5. Apenas um sentido deve ser procurado no texto

As passagens bíblicas têm um único sentido; e este deve ser o alvo a ser encontrado. O trabalho de interpretação pode ser simplificado quando o estudante da Bíblia tem acesso a um número maior de versões bíblicas. Uma simples consulta a versões diferentes de uma mesma passagem pode levar à solução de grandes dificuldades.

 

 CONCLUSÃO

Martinho Lutero foi um monge agostiniano, Considerado o profeta e personagem principal da Reforma Protestante. Ele declarou que toda pessoa justificada em CRISTO é também um intérprete das Escrituras. Esta afirmação constitui-se não apenas em uma devolução das Escrituras à igreja e a seus Membros, mas, também, traz sobre os ombros de cada pessoa nascida de novo o compromisso pela busca do real e verdadeiro sentido da mensagem bíblica.

 

 

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

1. A hermenêutica tem relação com quais áreas do saber?

R.: A palavra hermenêutica é oriunda do idioma grego e tem íntima relação com a ciência, a arte e a técnica de interpretar textos.

 

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