Pr. Henrique EBD NA TV 99 99152-0454

Pr. Henrique EBD NA TV 99 99152-0454

Escrita Lição 2, CPAD, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

Lição 2, CPAD, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV

 Para me ajudar PIX 33195781620 (CPF) Luiz Henrique de Almeida Silva
 

Vídeo https://youtu.be/0Fur_5n1WK8

Escrita https://ebdnatv.blogspot.com/2023/06/escrita-licao-2-cpad-deturpacao-da.html

Slides https://ebdnatv.blogspot.com/2023/06/slides-licao-2-cpad-deturpacao-da.html

Power Point https://www.slideshare.net/henriqueebdnatv/slides-lio-2-cpad-a-deturpao-da-doutrina-bblica-do-pecado-pptx

 
TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20)
 

VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode regenerar eficazmente o pecador.
 
 
Resumo da Lição 2, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado
I – O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado.
2. A universalidade do Pecado.
3. Corrupção Total.
II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social.
2. Teologia da libertação.
3. Liberalismo teológico.
III – A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral.
2. Imoralidade sexual.
3. A dessacralização da vida.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.4 Pecado é transgredir a Lei de Deus
Terça - Rm 5.12 O pecado de Adão passou a toda raça humana
Quarta - 2 Co 5.17 Em Cristo, o pecador torna-se uma nova pessoa
Quinta - 1 Pe 1.15 A santidade é um princípio ético e moral da fé cristã
Sexta - Hb 13.4 A prostituição não pode macular a sexualidade do cristão
Sábado - 1 Co 6.19 O corpo do cristão é morada do Espírito Santo

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ROMANOS 3.9-20
9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 - Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 - A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 - cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 - Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 - Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 - e não conheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 - Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
HINOS SUGERIDOS: 75, 422, 568 DA HARPA CRISTÃ

PALAVRA-CHAVE - Pecado
 
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SUBSÍDIOS PARA A LIÇÃO
 
Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos - 4º Trimestre de 2006
Título: As verdades centrais da Fé Cristã - Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
Lição 8: O pecado, a transgressão da Lei Divina - Data: 19 de Novembro de 2006
 
TEXTO ÁUREO
 “Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade” (1 Jo 3.4).
 
VERDADE PRÁTICA
 Só existe um antídoto eficaz contra o pecado: o sangue de Cristo Jesus derramado na cruz do Calvário.
 
LEITURA DIÁRIA
 Segunda - 1 Jo 3.8 O Diabo peca desde o princípio.
 Terça - Tg 1.15 O pecado gera a morte.
 Quarta - 1 Co 15.56 O aguilhão da morte é o pecado.
 Quinta - Rm 6.23 O salário do pecado é a morte.
 Sexta - Rm 6.14 O pecado não terá domínio sobre os que estão sob a graça.
 Sábado - Jo 16.8 Somente o Espírito Santo pode convencer-nos do pecado.
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 João 3.1-7.
1 - Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele.
2 - Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
3 - E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
4 - Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade.
5 - E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.
6 - Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
7 - Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.
 
PONTO DE CONTATO
Professor, a doutrina do pecado encontra-se claramente exposta em toda a Bíblia. O pecado não é apenas um coadjuvante na história da vida humana, mas, uma de suas personagens principais. A Bíblia, em nenhuma hipótese, lhe nega a força, a sutileza tentadora que, no interior do homem é uma inclinação para o mal, e no exterior, uma sedução para a prática das concupiscências da carne. Trata-se de uma luta renhida entre a carne e o Espírito: de um lado, a consciência e o dever de fazer o bem; de outro, a convicção de que o mal está sempre presente (Rm 7.21; Gl 5.17). O apóstolo Paulo foi incisivo ao tentar descrever esta angustiante batalha: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24).
Leia com seus alunos, Romanos 8.1-29, para que eles possam compreender o final glorioso desse drama encenado pelo homem, o pecado, o amor e a graça de Cristo.
 
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conceituar a doutrina do pecado.
Explicar as consequências do pecado.
Descrever a universalidade do pecado.
 
SÍNTESE TEXTUAL
A doutrina do pecado, chamada de Hamartiologia, se ocupa do estudo da origem, natureza e universalidade do pecado, conforme as Escrituras. O termo procede de duas palavras gregas: hamartia , traduzida por “pecado”, em At 3.19 e 1Co 15.17, e logia , que significa em At 7.38 e Rm 3.2, “palavra”, “oráculo” ou “declaração”. Em sua origem, o pecado manifestou-se na criatura moral celeste, conforme Ez 28.1-19; Is 14.12-15; Jo 8.44; 1Jo 3.8,12. Mais tarde, Adão, como representante da raça humana, também sucumbiu diante do pecado, sujeitando todos os seus descendentes aos aguilhões do mal moral; tornando-o, portanto, universal a todas criaturas racionais, e afetando até mesmo a criação (Gn 3; Sl 14; Rm 1.18-32; 3.23; 5.12-21; Rm 8.20-23). A natureza do pecado é descrita mediante diversos vocábulos hebraicos e gregos designados pelas Escrituras: hattā’â — pecado; errar o alvo (Gn 4.7); pesha‘ — revolta contra o padrão; transgredir (Gn 50.17); anomia — pecado; sem lei (Rm 6.19); asebeia — impiedade; falta de reverência (Rm 1.18).
 
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Professor, a Bíblia usa diversas palavras para descrever a natureza do pecado. Tanto no hebraico quanto no grego, os vocábulos são usados em textos que revelam a sutileza e a variedade de atos considerados pecados pela Escritura. O emprego de vários termos para descrever o pecado e a natureza do mesmo, revela não apenas a multiplicidade de pecados existentes, mas também a universalidade deles, pois mesmo àqueles que se consideram moral ou socialmente bons, cometem outros tipos de pecados, às vezes, tolerado pela sociedade, mas condenados pela Escritura. Portanto, usaremos como recurso para esta lição, uma tabela com alguns termos hebraicos e gregos que descrevem a natureza do pecado. Esta tabela pode ser usada no tópico I, subtópico 3: “Definição bíblica”.
 
 
COMENTÁRIO
 
INTRODUÇÃO
“O pecado não é um brinquedo — é um tirano”. A afirmação de J. Blanchard, além de explicitar a natureza do pecado, adverte-nos severamente: embora o pecado seja considerado um mero folguedo pelos que zombam de Deus e de sua Palavra, pode lançar-nos no inferno se não o vencermos pelo sangue de Cristo.
Nesta lição, estudaremos a doutrina do pecado: origem, natureza, conseqüências. Mostraremos ainda que, apesar de seu império, curva-se ele ante o sacrifício do Calvário.
 
 
I. O QUE É O PECADO
1. Definição etimológica. Tanto em hebraico como no grego, a palavra pecado traz esta conotação: errar o alvo. Veio o Todo-Poderoso e ordenou ao homem: “Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is 30.21). Mas o ser humano, ao desprezar a recomendação divina, pôs-se a trilhar a senda da rebelião, errando assim o alvo que lhe propusera o Criador: servi-lo na beleza de sua santidade.
2. Definição teológica. O pecado pode ser definido, teologicamente, como a transgressão deliberada e voluntária das leis estabelecidas por Deus.
3. Definição bíblica. Em 1 João 3.4, temos uma definição, embora pequena, essencial e completa: “O pecado é iniqüidade”.
 
 
II. A POSSIBILIDADE DO PECADO
1. O pecado de Satanás. Em 1 João 3.8, escreve João que o Diabo peca desde o início; ele jamais se firmou na verdade (Jo 8.44). Dotado de livre-arbítrio, o mais excelso e maravilhoso dos anjos, conhecido também como querubim ungido, envaideceu-se até que, em si, foi achada iniqüidade (Ez 28.15). Seu pecado é conhecido também como a “condenação do diabo” (1 Tm 3.6).
2. O livre-arbítrio do homem. Dotado de livre-arbítrio e menosprezando a recomendação divina, o homem apostatou-se contra o seu Criador, pensando que, assim, seria tão sábio e perfeito quando Deus. Todavia, ao invés da onisciência, veio a adquirir uma consciência culpada e envergonhada pelo pecado (Gn 3.9-11).
3. A tentação. Foram nossos primeiros genitores tentados pela concupiscência dos olhos, pela concupiscência da carne e pela soberba da vida (1Jo 2.16). Eva, vendo que o fruto da árvore era bom para se comer (concupiscência da carne), agradável aos olhos (concupiscência dos olhos) e desejável para dar entendimento (soberba da vida), o tomou, o comeu e ainda ofereceu ao seu marido (Gn 3.6). O ciclo da queda estava completo. O que era tentação torna-se, agora, transgressão da Lei de Deus.
4. O agente tentador. Por que Satanás tentou Adão e Eva? Por devotar-lhes intenso e implacável ódio. Assevera o Senhor Jesus que o Diabo é homicida desde o princípio (Jo 8.44). Tivera ele permissão, mataria o homem ali mesmo, no Éden. Como não pôde fazê-lo, induziu Adão a revoltar-se contra o Senhor. Nesta sanha, não mediu esforços para arruinar nossos pais. Usando a serpente para levar Eva ao pecado (2Co 11.3), ato contínuo, induziu a esta a instigar o homem à rebelião contra o Criador (1Tm 2.14). Leia com atenção Gênesis 3.
 
 
III. A UNIVERSALIDADE DO PECADO
1. Os gentios. Paulo enfoca a universalidade do pecado no mundo greco-romano, garantindo que a mais brilhante civilização da história era, na verdade, uma abominação contra o Senhor (Rm 1.23-27).
2. Os judeus. Em seguida, o apóstolo trata da apostasia dos judeus, mostrando estarem eles tão comprometidos com o pecado quanto os gentios (Rm 2.17-23).
3. A universalidade do pecado. No capítulo três, o apóstolo é obrigado a concluir: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Por conseguinte, não há nação, por mais adiantada ou por mais atrasada, que não possua uma clara noção de pecado.
 
 
IV. AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO
Vejamos, pois, as conseqüências do pecado.
1. No homem. Colocado por Deus no Éden para que o lavrasse, o homem não pode considerar o trabalho como se fora uma maldição. Devido ao pecado, porém, tornar-se-lhe-ia o trabalho mui penoso (Gn 3.17-19).
2. Na mulher. Por causa de sua desobediência, a mulher muito sofreria em sua mais sublime missão: dar à luz filhos (Gn 3.16).
3. Na natureza. Não fora o pecado, a natureza seria harmônica e benfazeja em todos os sentidos. Assevera Paulo que a criação geme em conseqüência da transgressão adâmica (Rm 8.20-22).
4. No relacionamento com Deus. Em conseqüência do pecado, foi o homem expulso do Éden e perdeu a comunhão que desfrutava com o Senhor (Is 59.2). Sem Cristo, não passamos de filhos da ira (Ef 2.3).
5. O salário do pecado é a morte. Além de causar a morte espiritual, o pecado leva à morte física (Gn 2.17; Rm 6.23); e caso persista o homem em seus delitos, haverá de experimentar a segunda morte: o lago de fogo (Ap 21.8).
 
 
CONCLUSÃO
Na Bíblia, encontramos não poucos exemplos de homens que conheciam a Deus e com Ele andavam. No entanto, por falta de vigilância, acabaram por pecar contra o Senhor. Haja vista Davi. Tais exemplos nulificam o que João escreveu? De forma alguma. O que o apóstolo procura mostrar é que, na vida de quem ama a Deus, o pecado não é um hábito; é um lamentável e triste acidente. O versículo 6 poderia ser também assim traduzido: “O que nEle permanece, não vive na prática do pecado”.
 
VOCABULÁRIO
Antídoto: Medicamento usado para frustrar a ação de um veneno.
Asseverar: Afirmar com certeza, segurança; assegurar; dar como certo; certificar; atestar.
Benfazejo: Que faz o bem; caritativo.
Hipótese: Suposição, conjetura; Suposição duvidosa, mas não improvável, relativa a fenômenos naturais, pela qual se antecipa um conhecimento, e que poderá ser posteriormente confirmada direta ou indiretamente.
Nulificar: Anular; tornar nulo; invalidar.
Sanha: Ira, ódio, rancor, fúria.
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. RJ: CPAD, 1997.
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 2005.
HORTON, S. M. Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. RJ: CPAD, 1996.
OLIVEIRA, R. As grandes doutrinas da Bíblia. RJ: CPAD, 2003.
 
EXERCÍCIOS
1. O que é o pecado de acordo com 1 Jo 3.4?
R. O pecado é iniqüidade.
2. Quais os três tipos de pecados mencionados em 1 Jo 2.16?
R. Concupiscência da carne, dos olhos e soberba da vida.
3. O que você entende por universalidade do pecado?
R. Que todos os homens são pecadores.
4. Quais as conseqüências do pecado?
R. Morte, trabalho penoso, multiplicação da dor no parto, etc.
5. Quem foi o agente tentador no Éden?
R. Satanás.
 
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio Teológico
“Classes de Pecado
Diante do perdão de Deus, não podemos dizer que os pecados estão divididos em classes. No entanto, para nossa própria compreensão deles, podemos admitir que, assim como todos os edifícios e casas não são do mesmo tamanho, assim também os nossos pecados são de diferentes tipos.
1. Pecados de debilidade e de presunção. Pecados de debilidade são aqueles que têm a atenuante de serem produtos da precipitação no juízo, ou de pouca energia na vontade, apesar de revelarem corrupção e desordem. Os de presunção são os que resultam da premeditação e de uma vontade a serviço da injustiça (Sl 19.12,13; Is 5.18; Ml 7.2,3; Gl 3.1; Ef 4.14).
2. Pecados de comissão e de omissão. É comum a pessoa se preocupar mais em não fazer o mal do que em fazer o bem. No entanto, para Deus os dois pecados têm a mesma implicação. Observemos, no entanto, que, enquanto no Decálogo a maior parte das proibições começa com um não, no Novo Testamento a ênfase é a de fazer o bem: Jo 13.34,35; 15.17. Em Mateus 25.41-46, no grande julgamento, são mencionados cinco pecados de omissão.
3. Pecados sociais. O pecado é a infidelidade no cumprimento de nossas responsabilidades diante de Deus, e uma das que as Escrituras apresentam é a que se refere à prática da justiça e retidão entre os homens: Gn 39.9; Dt 24.15; 2 Rs 18.14; Êx 23.7. Também os profetas denunciavam a falta de justiça e a opressão que havia entre o povo, que significavam rebelião contra Deus.
4. Pecados contra o Espírito Santo. Em Mateus 12.32 e Lucas 12.10, temos referências ao pecado contra o Espírito Santo. É imperdoável porque não significa apenas falar contra o Espírito Santo (Hb 6.4-6; 10.26-29), mas também atribuir maliciosamente a poderes malignos o que é realizado pelo poder do Espírito Santo. É uma obstinada resistência à clara manifestação do Espírito da graça”.
(LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. 3.ed., RJ: CPAD, 1997, p.114-5.)
 
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Capítulo V: O pecado - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Teologia Sistemática - Myer Pearman
Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo era "muito bom". Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que agora existem não são boas — o mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento. E naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo? — pergunta que tem deixado perplexos muitos pensadores. A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.
I. O fato do pecado
Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o próprio conhecimento intimo do homem oferecem abundante testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do pecado.
1. O ateísmo, ao negar a Deus, nega também o pecado, porque, estritamente falando, todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado. O homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus. Enfim, todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação do direito, e o direito é a lei de Deus. "Pequei contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo. Portanto, o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.
2. O determinismo é a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo das circunstâncias. Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma conseqüência prática do determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria. Recentemente, um homicida de dezessete anos recusou-se a alegar loucura. Seu crime era indesculpável, ele declarou, porque sabia que o havia cometido conscientemente, apesar dos ensinos que recebera dos pais e na Escola Dominical. Desse modo, insistiu que fosse cumprida a pena capital. Jovem como era, e diante da morte, recusou enganar-se a si mesmo.
3. O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer") é a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?" Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "auto-expressão". Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra. A admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"
4. Ciência Cristã. Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente moral". O homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de correção. Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece por "pecado"! As Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que merece castigo real num inferno real.
5. A evolução considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem. Desse modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho macaco" ou o "velho tigre"! Como já vimos, a teoria da evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu comportamento. O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta pela existência no reino animal for o método de progresso que trouxe o homem à existência, por que deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta?" É certo que o homem tem uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser foi criação de Deus, e é plano de Deus que esteja sujeita a uma inteligência divinamente iluminada.
II. A origem do pecado
O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a redenção.

1. A tentação: sua possibilidade, origem e sutileza.
(a) A possibilidade da tentação. O segundo capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro matrimônio. Menciona especialmente as duas árvores do destino — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos primeiros pais: "Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida." E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Deut. 30:15.) Notemos a árvore proibida. Por que foi colocada ali? Para prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

(b) A origem da tentação. "Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito." É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15.) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo" (Apoc. 12:9). Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes. Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus; no Éden empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.

(c) A sutileza da tentação. A sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.) Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos. Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17.) E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na aproximação. Ela torce as palavras de Deus (Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de Deus.
1) Dúvida sobre a bondade de Deus. Ela diz, com efeito: "Deus está retendo alguma bênção de ti."
2) Dúvida sobre a retidão de Deus. "Certamente não morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".
3) Dúvida sobre a santidade de Deus. No versículo 5 a serpente diz, com efeito: "Deus vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."

2. A Culpa.
Notemos as evidências de uma consciência culpada:
1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus. Notemos que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.
2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.

3. O juízo.
(a) Sobre a serpente. "Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida." Essas palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada. Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal. Uma vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida? Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal. O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de Deus ferirá todo pecado e maldade; arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em que Deus derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um estimulo para o homem: ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob a maldição. Pela graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)

(b) Sobre a mulher. "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16). Assim disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais. O pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.

(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.) O trabalho para o homem já tinha sido designado (2:15). O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho. A agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários. De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rom. 8:19-23. Em Isaias 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio. Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem. Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas, como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor. 15:51.)

4. A redenção.
Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de Deus, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o Deus do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus por fim a essa aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." Cristo, a Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)

(b) Prefigurada. (Verso 21.) Deus matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.
III. A natureza do pecado
Que é pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar o mal de ordem moral, os quais nos explicam algo de sua natureza.
Um estudo desses termos, nos originais hebraico e grego, proporcionará a definição bíblica do pecado.

1. O ensino do Antigo Testamento.
O pecado considerado — As diferentes palavras hebraicas descrevem o pecado operando nas seguintes esferas: (*)
(a) Na esfera moral. As palavras usadas para expressar o pecado nesta esfera são as seguintes:
1) A palavra mais comumente usada para o pecado significa "errar o alvo". Reúne as seguintes idéias: (1) Errar o alvo, como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. (2) Errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. Em Gên. 4:7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez, o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre quem lhe der ocasião.
2) Outra palavra significa literalmente "tortuosidade", e é muitas vezes traduzida por "perversidade". É, pois, o contrário de retidão, que significa literalmente, o que é reto ou conforme um ideal reto.
3) Outra expressão comum que se traduz por "mal", exprime o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringe ou viola a lei de Deus.

(b) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usada para determinar o pecado nesta esfera, significa violência ou conduta injuriosa. (Gên. 6:11; Ezeq. 7:23; Prov. 16:29.) Ao excluir a restrição da lei, o homem maltrata e oprime seus semelhantes.

(c) Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever o pecado nesta esfera implicam que o ofensor usufruiu da relação com Deus. Toda a nação israelita foi constituída em "um reino de sacerdotes", cada membro considerado como estando em contato com Deus e seu santo tabernáculo. Portanto, cada israelita era santo, isto é, separado para Deus, e toda a atividade e esfera de sua vida estavam reguladas pela Lei da Santidade. As coisas fora dessa lei eram "profanas" (o contrário de santas), e o que participava delas se tornava "imundo" ou contaminado. (Lev. 11:24, 27, 31, 33, 39.) Se persistisse na profanação, era considerada uma pessoa irreligiosa ou profana. (Lev. 21:14; Heb. 12:16.) Se acaso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a jurisdição da lei da santidade, era considerado "transgressor". (Sal. 37:38; 51:13; Isa. 53:12.) Se prosseguia neste último caminho, era julgado como criminoso, e tais eram os publicanos, na opinião dos contemporâneos do nosso Senhor Jesus.

(d) Na esfera da verdade. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sal. 58:3; Isa. 28:15), representam falsamente e dão falso testemunho (Êxo. 20:16; Sal. 119:128; Prov. 19:5, 9). Tal atividade é "vaidade" (Sal. 12:2; 24:4; 41:6), isto é, vazia e sem valor. O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8:44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gên. 3:4); e todo pecado contém o elemento do engano (Heb. 3:13).

(e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.
1) Muitas exortações são dirigidas aos "simples" (Prov. 1:4, 22; 8:5). Essa palavra descreve o homem natural, que não se desenvolveu, quer na direção do bem, quer do mal; sem princípios fixos, mas com uma inclinação natural para o mal, a qual pode ser usada a fim de seduzi-lo. Falta-lhe firmeza e fundamento moral; ele ouve mas esquece; portanto, é facilmente conduzido ao pecado. (Vide Mat. 7:26.)
2) Muitas vezes lemos acerca desses "faltos de entendimento" (Prov. 7:7; 9:4), isto é, aqueles que por falta de entendimento, mais do que por propensão pecaminosa, são vitimas do pecado. Faltos de sabedoria, são conduzidos a expressar precipitados juízos acerca da providência divina e das coisas além da sua compreensão. Desse modo precipitam-se na impiedade. Tanto essa classe, como os "simples", são indesculpáveis porque as Escrituras apresentam o Senhor oferecendo gratuitamente — sim, rogando-lhes que aceitem (Prov. 8:1-10) — aquilo que os fará sábios para a salvação.
3) A palavra freqüentemente traduzida "insensato" (Prov. 15:20), descreve uma pessoa capaz de fazer o bem, contudo está presa às coisas da carne e facilmente é conduzida ao pecado pelas suas inclinações carnais. Não se disciplina a si mesma nem guia as suas tendências de acordo com as leis divinas.
4) O "escarnecedor" (Sal. 1:1; Prov. 14:6) é o homem ímpio que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a existência ou realidade de Deus, e contra as coisas espirituais em geral. Assim, "escarnecedor" é a palavra do Antigo Testamento equivalente à nossa moderna palavra "infiel", e a expressão "roda dos escarnecedores" provavelmente se refere à sociedade local dos infiéis.

2. O ensino do Novo Testamento.
O Novo Testamento descreve o pecado como:
(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo Testamento.

(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve" vem de dívida) a Deus a guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.

(c) Desordem. "O pecado é iniqüidade" (literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de Deus; pior ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira, fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à vontade de Deus. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado Deus. (2 Tess. 2:4-9.) O pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O pecado destronaria a Deus; o pecado assassinaria Deus. Na Cruz do Filho de Deus, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez isto!"

(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc. 8:18.)

(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom. 4:15). Os mandamentos de Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.

(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de um padrão de conduta.

(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em Rom. 11:12. Ao rejeitar a Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de Deus.

(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração, ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e às coisas sagradas. Estas não produzem nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem Deus porque não quer saber de Deus.

(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.
IV. Conseqüências do pecado
O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de Deus, é um ato da vontade do homem; como separação de Deus, vem a ser um estado pecaminoso. Segue-se uma dupla conseqüência: o pecador traz o mal sobre si mesmo por suas más ações, e incorre em culpa aos olhos de Deus. Duas coisas, portanto, devem distinguir-se; as más conseqüências que seguem os atos do pecado, e o castigo que virá no juízo. Isto pode ser ilustrado da seguinte maneira: Um pai proíbe ao filho pequeno o fumar cigarros, e fá-lo ver uma dupla conseqüência: primeira, o fumar fá-lo-á sentir-se doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más conseqüências do seu pecado, e o castigo corporal subseqüente representa o castigo positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por conseqüências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o positivo decreto de condenação.

1. Fraqueza espiritual.
(a) Desfiguração da imagem divina. O homem não perdeu completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é considerado uma criatura à imagem de Deus (Gên. 9:6; Tia. 3:9) — uma verdade expressa no provérbio popular: "Há algo de bom no pior dos homens." Maudesley, o grande psiquiatra inglês, sustenta que a majestade inerente da mente humana evidencia-se até mesmo na ruína causada pela loucura. Apesar de não estar inteiramente perdida, a imagem divina no homem encontra-se muito desfigurada. Jesus Cristo veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação completa da semelhança divina por ser recriado à imagem de Deus. (Gál. 3:10.)

(b) Pecado inerente, ou "pecado original". O efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar. (Sal. 51:5.) Esse impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como "pecado atual". Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de Deus (1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9); a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a mente carnal é inimizade contra Deus (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira (Efés. 2:3).

(c) Discórdia interna. No princípio Deus fez o corpo do homem do pó, dotando-o, desse modo, de uma natureza física ou inferior; depois soprou em seu nariz o fôlego da vida, comunicando-lhe assim uma natureza mais elevada, unindo-o a Deus. Era o propósito de Deus a harmonia do ser humano, ter o corpo subordinado à alma. Mas o pecado interrompeu a relação de tal maneira que o homem se encontrou dividido em si mesmo; o "eu" oposto ao "eu" em uma guerra entre a natureza superior e a inferior. Sua natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as portas de seu ser ao inimigo. Na intensidade do conflito, o homem exclama: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Rom. 7:24.) O "Deus de paz" (1 Tess. 5:23) subjuga os elementos beligerantes da natureza do homem e santifica-o no espírito, alma e corpo. O resultado é a bem-aventurança interna — "justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rom. 14:17).

2. Castigo positivo.
"No dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gên. 2:17) "O salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). O homem foi criado capaz de viver eternamente; isto é, não morreria se obedecesse à lei de Deus. Para que pudesse "lançar mão" da imortalidade e da vida eterna, foi colocado sob um pacto de obras, figurado pelas duas árvores — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Desse modo, a vida estava condicionada à obediência; enquanto Adão observasse a lei da vida teria direito à árvore da vida. Mas desobedeceu; quebrou o pacto de vida, e ficou separado de Deus, a Fonte da vida. Desde esse momento, teve a morte o seu inicio e foi consumada na morte física com a separação da alma e do corpo. Mas notamos que o castigo incluía mais do que uma morte física; a dissolução física era uma indicação do desagrado de Deus, do fato que o homem estava sem contato com a Fonte da vida. Ainda que Adão se tivesse reconciliado mais tarde com o seu Criador, a morte física continuaria de acordo com o decreto divino: "No dia em que dela comeres certamente morrerás." Somente por um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez direito à árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada à alma, a qual, na ressurreição, é reunida a um corpo glorificado.
Vemos, então, que a morte física veio ao mundo como castigo, e, nas Escrituras, sempre que o homem é ameaçado com a morte como castigo pelo pecado, significa primeiramente a perda do favor de Deus. Assim, o pecador já está "morto em ofensas e pecados" e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande Julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve "indignação e ira, tribulação e angústia" (Rom. 2:7-12). De maneira que "a morte", como castigo, não é a extinção da personalidade, e, sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto o homem vive (Efés. 2:1; l Tim. 5:6); morte física (Heb. 9:27); e a segunda ou morte eterna (Apoc. 21:8; João 5:28, 29; 2 Tess. 1:9; Mat. 25:41).
Por outro lado, quando as Escrituras falam da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os ímpios existem no inferno. Vida significa viver em comunhão com Deus e no seu favor — comunhão que a morte não pode interromper ou destruir. (João 11:25, 26.) é uma vida que proporciona união consciente com Deus, a Fonte da vida. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só (em experiência e comunhão) por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e degradada.
Notemos que a palavra "destruição", usada quanto à sorte dos ímpios (Mat. 7:13; João 17:12; 2 Tess. 2:3), não significa extinção. De acordo com o grego, perecer ou ser destruído, não significa extinção e sim ruína. Por exemplo: que os odres "estragam-se" (Mat. 9:17) significa que já não servem como odres, e não que tenham deixado de existir. Da mesma maneira, o pecador que perece, ou que é destruído, não é reduzido ao nada, mas experimenta a ruína no que concerne a desfrutar comunhão com Deus e a vida eterna. O mesmo uso ainda existe hoje; quando dizemos: "sua vida está arrumada", não queremos dizer que o homem está morto, e, sim, que perdeu o verdadeiro alvo ou objetivo da vida.
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HAMARTIOLOGIA - As Grandes Doutrinas da Bíblia - Pr. Raimundo de Oliveira
ÍNDICE
I. A ORIGEM DO PECADO
1. Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
4. A Universalidade do Pecado
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
1. A Idéia Bíblica do Pecado
2. O Pecado Original
3. O Pecado Atual
4. O Pecado Imperdoável
5. O Pecado e o Crente

HAMART IOLOGIA
INTRODUÇÃO
As Escrituras destacam dois grandes princípios morais mediadores do comportamento do homem em relação a Deus: a santidade e o pecado. Na esfera moral, a santidade corresponde ao bem, enquanto que o pecado corresponde ao mal. Todos os mais princípios e qualidades morais podem ser classificados de maneira a se identificarem com a santidade e o bem, ou com o pecado e o mal. Por essa razão a doutrina do pecado recebe especial atenção na Bíblia.
I.A ORIGEM DO PECADO
Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado, procurando compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado? Esta indagação quer a encaremos no contexto da Igreja ou da Teologia, amplia-se numa indagação sobre a origem do mal em todo o mundo. As perturbações da vida e a consciência de algo anormal atuando decisivamente no mundo, conduzem o homem pensante a essa questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história; respostas nem sempre harmônicas entre si.
1.Conceitos Históricos Sobre a Origem do Pecado
São os mais diversos conceitos que ao longo da historias surgiram acerca da origem do pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi, talvez, o primeiro dos países da Igreja Antiga, a assegurar que o pecado no mundo se originou na transgressão voluntária do homem no Éden. O conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja, especialmente como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que o mal é inerente à matéria.
Do Gnosticismo a Orígenes
O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria era que a tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o pecado do seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes (185-254 d.C.) sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria chamada “preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente em existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo numa condição pecaminosa.
Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus dias.
Os pais da Igreja Grega
Em geral os Pais da Igreja grega dos séculos III e IV se mostraram inclinados a negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em contraposição, os Pais da Igreja latina ensinaram com bastante clareza que a presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira transgressão de Adão no Éden.
De Agostinho à Reforma
O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu ponto mais elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos semipelagianos, admitiam que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é que era causada pelo relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade Média, o que se cria a respeito de assunto era uma mistura de agostinismo e pelagianismo. Os Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.
Do Racionalismo a Karl Barth
Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre araçá humana, foi descartando-se gradualmente. Começou a si difundir a idéia de que, se realmente houve o que a Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A idéia do pecado odioso aos olhos santos de Deus foi substituída pelo mal, e este mal se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo, Emmanuel Kant o considerou como parte inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e que não se pode explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das baixas inclinações ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth, teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da predestinação. Em suma: o que muitas correntes da teologia racional erradamente ensinam é que Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua obediência não pode ser considerada como causa do pecado no mundo. O pecado do homem estaria relacionado de alguma forma com a sua condição de criatura. A história do paraíso nada mais proporciona ao homem do que a simples informação de que ele necessariamente não precisa ser pecador.
2. O Que a Bíblia Ensina Sobre a Origem do Pecado
Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, equívoco, deslize, queda para o alto, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniqüidade, transgressão, contravenção, e injustiça. A Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca disso? Para termos respondidas estas indagações, é interessante e indispensável considerar o seguinte:
a) Deus não é o Autor do Pecado
Evidentemente Deus, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para que ao se fazer esta interpretação, não fazer de Deus a causa ou autor do pecado. “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça” (Jó 34.10). Deus é santo (Is 6.3). E não há nele nenhuma injustiça (Dt 32.4; Sl 95.15). “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; por que Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus odeia o pecado e como prova disto enviou a Jesus Cristo como provisão salvadora para o homem. Assim sendo, as Escrituras rechaçam todas aquelas idéias deterministas, segundo as quais Deus é autor e responsável pela a entrada do pecado no mundo. Tais idéias são contrárias às Escrituras, mas também à voz da consciência que dá testemunho da responsabilidade do homem perante o Deus cuja santidade foi ultrajada.
b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico
Se quisermos conhecer a origem do pecado,teremos de ir além da queda do homem, descrita no capitulo 3 de Gêneses, e pôr a nossa atenção em algo que aconteceu no mundo dos anjos. Deus criou os anjos dotados de perfeição, porém, Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia. Jesus fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio (Jo 8.44). O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio (1 Jo 3.8). Pouco se diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos anjos; porém, quando Paulo adverte a Timóteo no sentido de que nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa de Deus, diz o apóstolo porque: “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação do Diabo” (1 Tm 3.6). Daí se conclui que o pecado do Diabo foi a soberba e o desejo de sobrepujar a Deus.
c) A Origem do Pecado na Raça Humana
A origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão voluntária de Adão no Éden. O homem deu ouvidos à insinuação do tentador, de que, se colocasse em oposição a Deus, se tornaria igual a Ele. Tomando do fruto que Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não somente pecou, ele também se tornou servo do pecado. Neste sentido escreve o apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram...Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos” (Rm 5.12,18,19).
3. O Caráter do Primeiro Pecado do Homem
De acordo com o relato sagrado, primeiro pecado do homem, consistiu em haver Adão comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato a ordem de Deus: “... da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
a) Seu Caráter Formal
Ignoramos a razão porque o elemento de prova do homem no Éden é chamado de “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Porém, segundo uma idéia muito comum, ela se chama assim pelo fato de que o homem, comendo dela, adquiriria conhecimento prático do bem e do mal. Berkhof é da opinião de que essa interpretação dificilmente se harmoniza com as Escrituras que afirmam que o homem, ao comer dela se tornaria igual a Deus no que diz respeito à aquisição do conhecimento do bem e do mal e portanto não tem conhecimento prático dele. Parece muito mais aceitável que essa árvore se chamava assim pelo fato de que ele estava destinado a revelar: Se o estado futuro do homem seria bom ou mau; Se o homem permitiria que Deus determinasse em seu lugar o que lhe era bom ou mau, ou se o homem determinaria por si mesmo. Qualquer significado que se dê à árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter sempre em mente que a finalidade da sua designação por Deus foi de simplesmente de provar o homem criado à sua imagem e semelhança. Adão teria de demonstrar interesse e se submeter à sua própria vontade ou à vontade de Deus, com obediência implícita e absoluta.
b) Seu Caráter Essencial e Material
A essência do pecado de Adão consiste em que ele se colocou em oposição a Deus, recusando submeter-se à sua vontade e impedindo que Deus determinasse o curso da sua vida. Adão tomou as rédeas da sua vida das mãos de Deus, determinado o seu futuro por si mesmo. O homem que não tinha nenhum direito sobre Deus, separou-se dele como se nada lhe devesse. Com essa ação, o homem estava como que levantando os punhos em direção a Deus e lhe dizendo: ”Eu não preciso mais de ti”. A idéia de que a ordem de Deus ainda estava na mente do homem no momento do seu pecado é comprovada na resposta de Eva à pergunta de Satanás, “nem tocareis nele” (Gn 3.3). Possivelmente, Eva quis enfatizar que o mandamento de Deus não havia sido razoável, isto é, era muito mais pesado do que se podia imaginar. Foi assim que no desejo de ser igual a Deus, o homem pecou e foi reduzido à categoria de servo do pecado.
4. A Universalidade do Pecado
Ainda que muitos tenham diferentes opiniões quanto à natureza do pecado e o modo como ele se originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. Seja em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas mais esquecidas aldeias no seio da África, o pecado é um flagelo diário.
a) O Testemunho da História
A própria história das religiões pagãs testifica da universalidade do pecado. A pergunta do patriarca Jó: “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher?” (Jó 25.4). É uma pergunta feita tanto por aqueles que conhecem a revelação especial Deus, quanto por aqueles que a ignoram. Quase todas as religiões dão testemunho de um conhecimento universal do pecado e da necessidade de reconciliação com o Supremo. Há um sentimento generalizado de que os deuses estão ofendidos e de que algo deve ser feito para apaziguá-los. A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita dizendo que ele está condenado aos alhos de alguém que possui um poder superior. Os altares banhados de sangue e as freqüentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam livrar-se do mal, apontam conjuntamente pêra o conhecimento do pecado e da gravidade dele. Onde quer que os missionários cristãos se encontrem, apodera-se deles a certeza de que o pecado é um flagelo universal. Os filósofos gregos, na sua luta contra o problema do mal, foram levados a admitir a universalidade do pecado, ainda que incapaz de explicar esse fenômeno.
b) Todos Pecaram
A pecaminosidade do homem está registrada em toda a extensão das Escrituras (Gn 6.5; 1 Rs 8.46; Sl 53.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Is 53.6; 64.6; Rm 3.1-12,19,20,23; Gl 3.22; Tg 3; 1 Jo 1.8,10). De fato, a Bíblia mostra o pecado como uma herança inevitável que o homem tem de administrar desde o seu nascimento, e que está presente na natureza do homem e com ele continuará até a morte (Sl 5.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Ef 2.3). Escrevendo aos Efésios, diz o apóstolo Paulo que nós, os crentes, “éramos por natureza filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). o pecado, pois, é algo original, do qual todos participam, e que os fazem culpados diante de Deus. O pecado e a morte nivelam os homens. A maior prova em favor da universalidade do pecado é que a própria obra realizada por Cristo na cruz, que no seu escopo apresenta-se como uma obra de caráter universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a humanidade.
II. A NATUREZA ESSENCIAL DO PECADO
O caráter santo de Deus é a norma única e final mediante a qual podemos julgar com exatidão os valores morais. Para aqueles que não levam Deus em conta, não existem normas morais fora dos costumes sociais e dos ditames duma consciência pervertida.
1. A Idéia Bíblica do Pecado
Não podemos assimilar a idéia bíblica do pecado, a menos que levemos em consideração as seguintes particularidades na conceituação do pecado.

a) O Pecado é uma Classe Específica de Mal
Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal é muito mais do que aquilo que ouvimos e lemos a respeito do pecado. Isto se dá, talvez, devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é bom lembrar que, apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo que consideramos mal é pecado. O pecado não deve ser confundido com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado. Os termos bíblicos para designar o pecado são variados. Em geral é apresentado como “fracasso”, “erro”, “iniqüidade”, “transgressão”, “contravenção”, “falta de lei” e “injustiça”. Porém, a definição de pecado não pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-lo. A característica principal ele está orientado contra Deus (Sl 51.4; Rm 8.7).
b) O Pecado Tem um Caráter Absoluto
O contraste entre o bem e o mal é absoluto, e não há neutralidade alguma entre ambos; tanto que a transição entre um e outro não é de caráter quantitativo, mas qualitativo. Um ser moral, que não é bom, não se torna mau só por diminuir a sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva a envolver-se com o pecado. Jesus disse: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). o homem tem de estar do lado do bem e da justiça, ou do mal. Em assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma posição de neutralidade.
c) O Pecado é Sempre Dirigido Contra Deus
É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a pessoa e a vontade de Deus. É compreendendo assim que o pecado pode ser interpretado como “falta de conformidade com a lei de Deus”. Esta é a definição formal mais correta de pecado. Os seguintes trechos extraídos das Escrituras abordam o pecado em relação a Deus e a sua Lei: “os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também aprovam aos que as fazem” (Rm 1.32). “... se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redargüidos pela lei como transgressores” (Tg 2.9). “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4).

d) O Pecado Inclui Tanto a Culpa Como a Corrupção
A culpa é um estado em que se sente merecer o castigo pela a violação da lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei. Porém, por ser uma palavra de significado duplo, a culpa tanto denota a qualidade própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do castigo divino. Dabney fala deste último aspecto da culpa como “culpa potencial”. A culpa atual pode ser removida por meio de um substituto, mediante a satisfação das exigências da lei (Mt 6.12; Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3). Corrupção é a contaminação inerente a cada pecador, e é uma realidade na vida de todo individuo. Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19).
e) O Pecado tem Lugar no Coração
O pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no coração, o âmago da alma, de onde flui a vida. Ele é o centro das influencias que põe em operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o coração torna o homem objeto do desagrado de Deus. Sobre o coração como continente do pecado, escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 17.9; Pv 4.23; Mt 15.19,20; Lc 6.45; Hb 3.12).
2. O Pecado Original
A condição pecaminosa em nasce o homem é definida teologicamente como “pecado original”. Ele é chamado assim: - porque se deriva de Adão, o tronco original da raça humana; - porque está presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado como resultado de simples imitação; - porque é a raiz interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem. Deve-se, porém, evitar o erro de se pensar que o termo “pecado original” implica em que este pecado pertence à constituição original da natureza humana, posto que isto implicaria em que Deus criou o homem como pecador.
a) Conceito Histórico
É de opinião geral dos teólogos que os Pais da Igreja primitiva não se deram ao labor de escrever o suficiente sobre o pecado original. Contudo, segundo os Pais da Igreja grega, há uma corrupção física na raça humana proveniente de Adão, porém isto não envolve culpa. A liberdade da vontade em nada foi afetada pela queda. Respeitáveis teólogos são da opinião de que este parecer dos Pais gregos, culminou com o surgimento do pelagianismo, movimento religioso herético fundado por Pelágio, britânico, que viveu entre 360 e 422 da nossa Era. O pelagianismo negava completamente as doutrinas da graça e do pecado original. Na igreja latina, porém apareceu uma tendência diferente através da pessoa de Tertuliano, que segundo alguns teólogos, foi o homem que depois de Paulo, teve maior senso a respeito do pecado. Tertuliano considerou o pecado original uma infecção hereditária. Ambrosio, outro famoso Pai da Igreja latina, foi além de Tertuliano na questão do pecado original e o descreveu como um estado, e fez uma distinção entre corrupção inata e a resultante culpa do homem. Porém, foi através do talento e do espírito de estudo de Agostinho que a doutrina do pecado original alcançou um total desenvolvimento. Segundo ele, a natureza do pecador, tanto física como moralmente, está de toda corrompida por causa do pecado de Adão, de tal maneira que o homem não consegue fazer outra coisa senão pecar. Os reformadores, de modo geral, estiveram de acordo com Agostinho. Somente Calvino diferia dele, principalmente em dois pontos: Primeiro, que o pecado original não é algo completamente negativo, uma vez que esse pecado, segundo ele, dá lugar à eleição de Deus; Segundo, que esse pecado está limitado à natureza sensível do homem.
b) Elementos do Pecado Original
São dois os principais aspectos do pecado original: culpa e corrupção. A palavra culpa, com relação ao pecado original, expressa a relação que a justiça tem com o pecado, e, como expressavam os teólogos mais antigos, a relação que o pecado tem com a pena da Lei. É assim que a culpa do pecado de Adão, como cabeça federal da raça humana, é impossível a todos os seus descendentes (Rm 5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22). A corrupção original do homem inclui a ausência da justiça original e a presença de um mal real. É a tendência da natureza caída, herdada de Adão, que condiciona o homem para pecar. Deve-se, portanto, notar: Primeiro, que essa corrupção não é meramente uma enfermidade; Segundo, ele não é meramente uma privação.
3. O Pecado Atual
O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como representante da raça humana; uma transgressão da lei de Deus e uma corrupção da natureza humana que deixou o homem exposto ao juízo e castigo de Deus.
É esta natureza corrompida a fonte donde flui todos os pecados atuais, diários.
a) Relação Entre Pecado Original e Pecado Atual
“Pecados atuais” são aquelas ações externas que se executam através do corpo. São também todos aqueles maus pensamentos conscientes. São os pecados individuais de fato. O pecado original é um só, enquanto o pecado atual desdobra-se em diferentes classes, tais como: atos ou atitudes. O que o apóstolo João escreveu no capítulo primeiro em sua primeira epístola universal, poderá nos ajudar a compreender melhor a diferença entre pecado original e pecados atuais. “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 8,9). Atente para os termos PECADO e PECADOS. A palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja, à natureza caída do homem; enquanto que a palavra PECADOS, no plural, citada no versículo 9, refere-se ao pecado atual, do dia-a-dia.
b) Classificação dos Pecados Atuais
É impossível classificar todos os pecados atuais, pois variam de classe e de grau e podem diferenciar-se em mais de um ponto. A teologia católico-romana faz uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém tem dificuldades em apontar quando o pecado é venial ou mortal. A mais completa lista das diferentes classes de pecados habituais, registrada na Bíblia, é extraída dos escritos do apóstolo Paulo, mas precisamente da Epístola aos Gálatas. “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.19-21). O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o grau de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu pecado, são culpados aos olhos de Deus; porém, aqueles que gozam do favor do Evangelho e têm revelação de Deus são muito mais culpados quando caem (Mt 10.15; Lc 12.47,48; 23.24; Jo 19.11). o crente, em particular, é advertido no sentido de evitar o pecado que tão de perto o rodeia (Hb 12.1). O pecado tanto pode ser por comissão como por omissão. Isto é: aquele que não faz o bem e deveria fazer, é tão culpado diante de Deus quanto aquele que faz o mal que não deveria fazer.
4. O Pecado Imperdoável
Diferentes passagens das Escrituras falam de um pecado que não pode ser perdoado, sendo impossível a mudança de coração depois de alguém o haver cometido, e pelo qual não se deve orar. Sobre ele, disse Jesus: “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32).
Opinião Sobre Esse Pecado
Durante séculos têm surgido as mais diversas opiniões a respeito da natureza do pecado para o qual não há perdão. Por exemplo, Jerônimo e Crisóstomo pensavam que esse foi o pecado cometido unicamente pelos contemporâneos de Jesus, durante o seu ministério terreno. Agostinho e alguns teólogos luteranos e escoceses ensinaram que esse pecado consistia da penitência que persiste até o fim. Anos depois da Reforma, alguns teólogos luteranos ensinavam que só as pessoas regeneradas estão sujeitas ao pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, pecado para o qual não há perdão.
b) Opinião Correta a Respeito Desse Pecado
O conceito reformado quanto ao pecado imperdoável, é o que melhor se harmoniza com as Escrituras a respeito do assunto. Esse pecado consiste na rejeição consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do testemunho do Espírito Santo, com respeito à graça de Deus manifesta em Jesus Cristo. Esse pecado não consiste em duvidar da verdade manifesta em e por Cristo, nem em simplesmente negá-la, mas sim em contradizê-la. Ao cometer esse pecado, o homem voluntária, maliciosa e tencionalmente atribui à influencia de satanás aquilo que reconhecidamente é obra de Deus. Em suma, esse pecado não é outra coisa senão um deliberado ultraje ao Espírito Santo, uma declaração audaz de que o Espírito Santo é um espírito maligno, que a verdade é mentira e que Cristo é satanás. Esse pecado é imperdoável não porque sua gravidade supere os méritos e eficácia da obra de Cristo levada a afeito na cruz do Calvário, ou porque ele foge aos limites do poder restaurador do Espírito Santo, mas porque nos domínios do pecado, existem leis e ordenanças estabelecidas e mantidas por Deus.
c) O Crente Está Sujeito a Este Pecado
De que o crente pode cometer o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo e cair em declarada apostasia é ensino implícito no seguinte texto das Escrituras: “é impossível, pois, que aqueles que uma vez iluminados e provaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para o arrependimento, visto que de novo estão crucificando para si mesmo o filho de Deus, e expondo-o à ignomínia” (Hb 6.4-6). A respeito do perigo de se cometer este pecado, escreveu o saudoso pastor e escritor João de Oliveira: “pecando o homem contra Deus, veio Jesus para conduzi-lo de volta a Deus; havendo pecado contra Jesus, veio o Espírito Santo para reconciliá-lo com Jesus; mas, pecando o homem contra o Espírito Santo, quem o há de salvar?”. Em atenção ao fato de que esse pecado nunca segue o arrependimento, é possível assegurar que aqueles que julgam tê-lo cometido e se entristecem por isso, e desejam as orações de outros para perdão, na verdade nunca cometeram. É o Espírito Santo quem conduz o homem ao arrependimento; se alguém tivesse pecado contra Ele, é obvio que Ele não levaria esse alguém ao arrependimento, se o perdão completo não fosse atingível.
5. O pecado e o Crente
O significado e a gravidade do pecado são mais bem compreendidos pelo do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente é advertido contra o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1), e a caminhar para o alvo maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de Cristo. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar soando a solene advertência de Cristo: “... vai e não peques mais” (Jo 8.11).
a) É Possível o Crente Pecar?
Para muitos cristãos, a descoberta de que após aceitar a Jesus ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão espantoso quanto ao próprio fato de agora saberem que foram feitos novas criaturas em Cristo. De que é possível o crente pecar, é assunto pacífico em toda a Escritura. Só no NT há capítulos inteiros, como por exemplo, Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a sua natureza divina que nele habita, mostrando a possibilidade de o crente vir a cometer pecado. Sobre esse assunto, escreveu o apóstolo João: “Se dissermos que não temos PECADO, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos PECADOS, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8,9). Já mostramos que a palavra PECADO, no singular, citada no versículo 8, é uma referência à natureza caída do homem, de onde provêm os PECADOS, no plural (versículo 9). É evidente que o cristão possui dupla natureza: a natureza caída, ainda sujeita ao pecado, e a natureza divina. Esta ultima foi implantada no crente mediante a sua ligação com Jesus Cristo, “a videira verdadeira” (Jo 15.1). Enquanto a primeira natureza estiver subjugada o crente estará sendo levado a viver de vitória em vitória.
b) Possíveis Causas de Pecados na Vida do Crente
Dentre as muitas causas pelas quais o crente poderá ser levado à pratica do pecado, destacamos as três principais, dadas a seguir:
- A natureza pecaminosa (Rm 8.21-15).
- Osistema mundial que está sob domínio de satanás (1 Jo 2.15-17).
- Falta de oração e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef 6.10-15).
O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudo das Escrituras, está incorrendo em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil dos laços do adversário.
c) Conseqüências do Pecado na Vida do Crente
Dentre as muitas conseqüências do pecado na vida do crente, vale destacar:
- A perda da comunhão com Deus (1 Jo 5.6; Sl 51.11).
- Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de Deus (2 Sm 12.14).
- Perda do galardão (1 Co 4.5; 3.13-15).
- Possível morte (Act 5.1-11; 1 Co 11.30).
- Mau exemplo (1 Co 8.9,10).
- Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17).
d) Como o Crente Deve tratar Com o Pecado
Quando ao trato que o crente deve dar ao pecado, a Bíblia recomenda que o crente deve:
- Reconhecê-lo (Sl 51.3)
- Evitá-lo (1 Tm 5.22)
- detestá-lo (Jd v.23)
- Resiste a ele com confiança em Deus (Tg 4.7,8).
- Confessá-lo (1 Jo 1.9).
- Abandoná-lo (Pv 28.13).
O apóstolo João escreveu dizendo: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).


QUESTINÁRIO DE HARMATIOLOGIA
1. Quais são os dois grandes princípios morais mediadores do comportamento do homem em relação a Deus?
2. Qual o conceito de Irineu, bispo de Lyon, quanto à origem do pecado?
3. Que ensinava o gnosticismo quanto a origem do pecado?
4. Qual o ensino dos Pais da Igreja dos séculos III e IV quanto a origem do pecado?
5. Quanto a origem do pecado, o que ensinava Agostinho?
6. O que ensinava Karl Barth quanto a origem do pecado na raça humana?
7. O que a Bíblia ensina quanto a origem do pecado?
8. Qual o caráter formal do primeiro pecado do homem?
9. Qual o caráter essencial e material desse mesmo pecado?
10. Dê duas provas históricas e duas bíblicas da universalidade do pecado?
11. Qual a idéia bíblica do pecado?
12. Dê dois conceitos históricos do pecado original.
13. O que se entende por “culpa” e “corrupção” como elementos do pecado original?
14. Que relação há entre pecado original e pecado atual?
15. Segundo a Bíblia, qual o pecado para o qual não há perdão?
16. Qual a opinião de Jerônimo e Crisóstomo acerca do pecado imperdoável?
17. Qual a opinião de Agostinho e de alguns teólogos luteranos quanto ao pecado imperdoável?
18. Qual a correta conceituação do pecado imperdoável?
19. Por que o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo não tem perdão?
20. Falando do perigo de o crente vir a blasfemar contra o Espírito Santo, o que disse o saudoso pastor João de Oliveira?
21. É possível o crente pecar? Explique.
22. Cite três possíveis causas de pecado na vida do crente.
 
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Lição 5, Libertos do Pecado para uma Nova Vida em CRISTO
Revista Adulto, CPAD, 2° trimestre 2020
Tema: A igreja eleita, Redimidos pelo Sangue de CRISTO e Selada com o ESPÍRITO SANTO da Promessa.
Comentarista: Douglas Batista
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454. - henriquelhas@hotmail.com - Americana - SP
 
Preciso de sua ajuda para continuar esse trabalho -
Caixa Econômica e Lotéricas - Agência 3151 operação 013 - conta poupança 56421-6 Luiz Henrique de Almeida Silva
Bradesco – Agência 2365-5 Conta Corrente 7074-2 Luiz Henrique de Almeida Silva
Banco do Brasil – Agência 4322-2 Conta Poupança 27333-3 Edna Maria Cruz Silva
 
 
Lição 5, Libertos do Pecado para uma Nova Vida em CRISTO
  
 
TEXTO ÁUREO
“Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO [...].” (Ef 2.4,5)
 
 
VERDADE PRÁTICA
Por meio da maravilhosa graça divina fomos libertos do pecado, perdoados e salvos da condenação e, ainda, recebemos o direito à vida eterna.
 

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 3.21-23 Todos pecaram e encontravam-se longe de DEUS
Terça - Is 59.1,2 Os pecados nos afastam de DEUS e impedem as nossas orações
Quarta - Tg 1.15 A consequência do pecado é a morte
Quinta - Rm 11.30-32 A compaixão divina alcança toda a humanidade
Sexta - Rm 3.24-26 Fomos alcançados pelo favor imerecido de nosso DEUS
Sábado - Mt 5.13-16 Resgatados por CRISTO, devemos ser sal da terra e luz do mundo
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Efésios 2.1-10
1 - E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, 2 - em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; 3 - entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. 4 - Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5 - estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça sois salvos), 6 - e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em CRISTO JESUS;
7 - para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em CRISTO JESUS. 8 - Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS. 9 - Não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10 - Porque somos feitura sua, criados em CRISTO JESUS para as boas obras, as quais DEUS preparou para que andássemos nelas.
 
 
 
Resumo da Lição 5, Libertos do Pecado para uma Nova Vida em CRISTO
I – A ANTIGA NATUREZA MORTA EM OFENSAS E PECADOS
1. Nossa condição anterior.
2. Nossas ofensas e pecados.
2.1. “Andastes, segundo o curso deste mundo” (2.2b).
2.2. “Andastes, [...] segundo o príncipe da potestade do ar” (2.2c).
2.3. “Andávamos fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (2.3).
II – VIVIFICADOS PELA GRAÇA
1. Alcançados pela misericórdia e pelo amor divino.
2. Vivificados por sua graça.
3. Exaltados por sua graça.
III – A SALVAÇÃO NÃO VEM DAS OBRAS
1. Graça como meio de salvação.
2. Obras como evidência de salvação
  
 
Lição 5, Libertos do Pecado para uma Nova Vida em CRISTO
 
 
EFÉSIOS 2:1 - Como pode alguém crer, se está morto em seus pecados?

PROBLEMA: A Bíblia repetidamente apela ao incrédulo, quando diz, por exemplo: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e serás salvo" (At 16:31). Entretanto, essa passagem declara que os incrédulos estão mortos em seus pecados. Mas os mortos nada podem fazer, muito menos crer.

SOLUÇÃO: A palavra "morte" na Bíblia não deve ser entendida como aniquilação, mas como separação. Isaías disse: "As vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso DEUS" (Is 59:2). Se a morte fosse a aniquilação total, então a segunda morte seria uma aniquilação eterna, mas a Bíblia declara que os perdidos permanecerão continuamente separados de DEUS, tal como aquele rico no inferno (Lc 16), e a besta e o falso profeta, que "serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos"(Ap 20:10). Na verdade eles serão lançados "vivos" no lago de fogo no início do reinado milenar de CRISTO (Ap 19:20), e estarão ainda vivos ao se completarem os mil anos (20:10). Assim, a segunda "morte” é uma separação consciente de CRISTO por toda a eternidade.
Além disso, os crentes morrem fisicamente, mas as suas almas sobrevivem à morte e ficam em plena consciência na presença de DEUS. Paulo plisse: "estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor" (2 Co 5:8) e "tendo o desejo de partir e estar com CRISTO, o que é incomparavelmente melhor" (Fp 1:23).
De igual modo, a morte espiritual é também separação de DEUS, e não aniquilação total. Adão e Eva, por exemplo, morreram espiritualmente no momento em que comeram o fruto proibido (Gn 3:6; cf. Rni 5:12), contudo permaneceram com vida e puderam até mesmo ouvir a voz de DEUS falando-lhes (Gn 3:10).
Assim, mesmo que a imagem de DEUS no homem depois da queda tenha sido afetada, ela não foi apagada. Ela foi danificada, mas não destruída. Dessa forma, pessoas não salvas podem ouvir, entender o Evangelho e crer para serem regeneradas - revivificadas espiritualmente (Ef 2:8-9; Tt 3:5-7).
 
 
Efésios 2.4,5 - Mas DEUS, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,  estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com CRISTO (pela graça sois salvos)..
 
Rico (Strong Português) - πλουσιος plousios - Rico, abundante em recursos materiais, metáf. abundante, abundantemente suprido
Misericórdia (Strong Português) - ελεος eleos - Misericórdia: bondade e boa vontade ao miserável e ao aflito, associada ao desejo de ajudá-los. misericórdia de DEUS para os homens: em geral, providência; a misericórdia e clemência de DEUS em prover e oferecer aos homens salvação em CRISTO.
Amor - (Strong Português) - αγαπη agape - Afeição, boa vontade, amor, benevolência. (amor perfeito de DEUS).
Mortos (Strong Português) - νεκρος nekros - Espiritualmente morto, destituído de vida que reconhece e é devotada a DEUS, porque entreguou-se a transgressões e pecados
Ofensas (Strong Português) - παραπτωμα paraptoma - Deslize ou desvio da verdade e justiça, pecado, delito
Vivificou (Strong Português) - συζωοποιεω suzoopoieo - Tornar alguém vivo, com vida
Juntamente (Strong Português) - συνεγειρω sunegeiro - Levantar, fazer levantar, levantar juntamente da morte para uma nova e abençoada vida dedicada a DEUS
 
Por ato de bondade e misericórdia, estando nós ainda mortos em pecados, DEUS imensamente nos amou e, por isso, nos vivificou por meio de sua graça.
 
SOMOS JUSTIFICADOS PELA FÉ
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. Romanos 3:28 (obras antes de salvo)
Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com DEUS por nosso Senhor JESUS CRISTO; Romanos 5:1
Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos também crido em JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Gálatas 2:16
Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé. Tiago 2:24 (obras depois de salvo)
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? Tiago 2:14 (obras depois de salvo)
 
FÉ NÃO É OBRA. É RECONHECER A OBRA QUE ALGUÉM FEZ. - EM NOSSO CASO, ACREDITAR NA OBRA QUE JESUS FEZ EM NOSSO LUGAR.
 
 
 
Comentários da Lição
 
SALVOS PELA GRAÇA — 2.1-10 l
A forma mais simples de entendermos esse texto é dividi-lo em três tempos: passado, presente futuro.
1. No passado, apresenta o que éramos — vv. 1-3
1.1. Éramos "mortos em delitos e pecados"
Esse tipo de morte é espiritual, isto é, morte em relação a Deus. Há também o tipo de morte espiritual para o pecado. Nesse segundo tipo de morte, a condenação não deixa de existir. A palavra delito indica um estado. A Bíblia afirma que o homem é pecador por natureza pecaminosa adquirida (Rm 5.11). No nascimento físico, o homem vem ao mundo com essa natureza pecaminosa, mas para entrar no reino de Deus ele precisa nascer de novo (Jo 3.3-5). A ideia de vida, na Bíblia em geral, é um estado de comunhão com Deus; e a ideia de morte é um estado de separação de Deus. Então, toda a raça humana, em Adão,
depois da queda, é espiritualmente morta, pois não consegue se salvar por mérito próprio, ou justificar-se a si mesma. Em Cristo, o último Adão, os homens são vivificados espiritualmente para terem comunhão com Deus (1 Co 15.45-48).
1.2. Éramos andantes perdidos — v. 2
"... em que noutro tempo andastes". Esse versículo mostra como andávamos no passado sem Cristo. O verbo andar implica ação e movimento. Todos os nossos passos eram inseguros e tristes.
1.3. Seguíamos o curso deste mundo — v. 2
"... segundo o curso deste mundo". Estávamos condicionados a uma peregrinação sem destino certo. Estávamos sob o domínio do espírito do mundo e andávamos segundo a vida deste mundo, isto é, nos conformávamos com a corrente da vida pecaminosa deste mundo. A expressão "segundo o curso deste mundo" aparece com um sentido mais claro em outras  traduções, como "seguindo o espírito deste mundo". Esta segunda expressão nos dá a ideia do mundo como inimigo de Deus, isto é, não o mundo físico, mas o mundo como sistema espiritual satânico. A palavra "mundo" no grego é kosmos, que significa sistema de coisas, ou governo. Em relação ao mundo influenciado pelos poderes satânicos, caracteriza os homens inconversos sob o seu domínio. A palavra "curso" dá o sentido de sistema no original grego. Por outro lado, quando lemos "segundo o curso deste mundo", o apóstolo quer fazer-nos entender como sendo o conjunto de ideias e de tendências que marcam cada época da história do homem. Também a influência do século sobre a vida dos homens representa "o mundo" em suas manifestações práticas. Outro sentido da palavra "curso" é carreira, ou seja, a manifestação do sistema satânico ("mundo") sobre a vida dos homens que seguem seu próprio caminho. A sequência do verso 2 mostra a força que impele a manifestação do mal, quando afirma que "o curso deste mundo [segue] segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência". Logo, entendemos que existe um causador da manifestação do mal, e esse é o diabo, identificado como "o príncipe das potestades do ar", e como "o espírito da desobediência" operando nos homens inconversos (Cl 3.6). Sua missão é a de subjugar os homens e insurgi-los contra Deus através da desobediência, que é uma forma de rebelião contra o Senhor e Criador do homem. Todas as formas contrárias ao "espírito da desobediência" glorificam a Deus; por isso, Satanás usa seus aliados (espíritos caídos) para impelirem as almas humanas à satisfação da carne, com o fim de impedir que elas comunguem com Deus. A atuação do poder do pecado é detida pelo poder da obra redentora de Cristo.
1.4. Fazíamos a vontade da carne — v. 3
O verso 3 apresenta o relato do homem carnal. As primeiras palavras, "entre os quais", indicam uma olhada retrospectiva do apóstolo, identificando a si mesmo e aos outros judeus, agora crentes em Cristo, como participantes daquela situação. A colocação verbal no tempo passado — "entre os quais todos nós também antes andávamos" — mostra que os crentes, antes de crerem em Cristo, viviam como "filhos da desobediência" e, sendo assim, não havia diferença alguma quanto ao estado do pecado, tanto para os judeus como para os gentios. Todos os filhos de Adão, em seu estado natural, são filhos da desobediência, indicando logo a fonte do pecado no homem, ou seja, a causa pela qual vive no pecado.
1.5. Fazíamos a vontade dos pensamentos — v. 3
"... fazendo a vontade da carne e dos pensamentos" apresenta a razão por que andávamos "segundo o curso deste mundo". A fonte do mal dentro do pecador está em sua natureza pecaminosa. É essa natureza pecaminosa que obriga ou subjuga a vontade do homem a obedecer às "inclinações da carne". O termo "carne" aqui denota o ser moral do homem dominado pelo pecado. Os apetites da nossa carne (corpo) física, sob o domínio das concupiscências, somente são satisfeitas mediante a busca e realização desses desejos. A carne física é inconsciente, e o que a torna pecaminosa e desequilibrada são os desejos da natureza pecaminosa dominante. O homem em seu estado natural vive segundo os desejos da carne. Esses desejos, alimentados no interior, transformam-se em vontade, e essa vontade, sob o domínio da natureza pecaminosa, torna-se "vontade da carne e dos pensamentos". O pecador não consegue dominar esses desejos da carne e dos pensamentos, senão pelo Espírito Santo e depois da obra de regeneração (Gl 5.16-18).
1.6. "Éramos por natureza filhos da ira" —v. 3
Vários outros textos da Bíblia fornecem a mesma ideia que a expressão "filhos da ira" encerra: "filhos da desobediência" (Ef 2.2); "filhos da morte" (2 Sm 12.5; SI 79.11; SI 102); "filhos da perdição", ainda que este indique objetivamente o diabo (Jo 17.12; 2 Ts 2.3); "filhos do inferno" (Mt 23.15) etc. Todas essas expressões mostram a paternidade ou a origem do mal, que é Satanás. Por outro lado, "filhos da ira" são todos aqueles que, por seu pecado, estão sob a ira de Deus. A ira divina é a santa indignação do Todo-Poderoso contra o pecado. Entretanto, deixam de ser "filhos da ira" os que se colocam debaixo do sangue
expiador de Jesus Cristo. Uma pessoa crente que se deixa dominar pelas concupiscências da carne obriga o Espírito de Deus a retirar-se do seu interior e, automaticamente, a ira de Deus se manifesta contra essa pessoa, por ter Deus sofrido um agravo à sua santidade. A santidade de Deus se levanta como uma barreira contra a possibilidade do pecado. Podemos identificar essa barreira como sendo "a sua ira" (Rm 1.18). "Éramos por natureza" assinala um estado natural, inato no pecador, que se expressa com características próprias e ativas. A natureza caída do homem sempre se opõe às características benéficas do seu primeiro estado antes da queda. Os estigmas do pecado aparecem tão logo uma criança venha ao mundo, mesmo não tendo conhecimento do mundo que a rodeia. Enquanto estamos no mundo, haverá sempre uma batalha dentro de nosso ser entre a carne e o espírito. Devemos manter as inclinações da carne subjugadas ao espírito, para que, ao final da vida física, o espírito vença uma vez por todas a carne, e livre-se dela pela transformação do nosso corpo mortal em corpo espiritual (1 Co 15.51-57).
2. No presente, apresenta o que somos agora — vv. 4-6
2.1. Somos filhos da misericórdia de Deus — v. 4
A expressão "Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia" nos dá uma visão maravilhosa do novo estado espiritual daquele que aceitou a obra de Cristo em sua vida. Nesse versículo está em destaque a riqueza da misericórdia de Deus e a grandiosidade do seu amor.
Nos versos 1-3 estudamos a triste condição de pecado da humanidade, mas agora, no verso 4, Deus entra em ação em favor dos que buscam a sua misericórdia: Ele interrompe a história. Com as palavras iniciais do versículo "Mas Deus...", vemos a intervenção divina em favor da humanidade. Ele resolve abrir os mananciais de sua misericórdia para os homens. A palavra "misericórdia" tem um significado bem mais rico do que aquele que comumente conhecemos. E uma palavra composta de duas outras do latim: miseri e cordis, que respectivamente significam miserável e coração. A interpretação que resulta da junção
dessas duas palavras para formar "misericórdia" é: "colocar um miserável no coração". Assim fez Deus através de Jesus Cristo. Deus amou o mundo miserável e o colocou no seu coração. A natureza divina é de amor e justiça. Há um profundo desejo no coração de Deus de que todos os homens sejam salvos e restaurados, a fim de que o seu elevado propósito para a humanidade seja alcançado (Jo 3.16; 1 Jo 4.9). A manifestação da misericórdia divina para com o ser humano prova o seu grande amor e o desejo de que todos sejam recuperados.
2.2. Fomos vivificados em Cristo — v. 5
"... estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo". Primeiro, o texto nos mostra a situação anterior, e depois, o meio pelo qual fomos alcançados. Literalmente traduzida, a expressão "nos vivificou com Cristo", apresenta-se assim: "nos fez viver com Cristo", isto é, nos fez viver segundo o mesmo poder que vivificou a Jesus Cristo (Rm 6.4,7,8,11). Entendemos que, pela morte de Jesus, morremos com Ele para, em sua ressurreição, com Ele ressuscitarmos. Essa nossa ressurreição é espiritual, pois indica a nova vida recebida. Pela cruz morremos para o pecado, e pela ressurreição ganhamos nova vida em Cristo Jesus.
2.3. Temos uma nova cidadania nos lugares celestiais — v.6
"... e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". Que entendemos por "assentar nos lugares celestiais em Cristo"? A designação para "lugares celestiais", antes de tudo, indica a nova cidadania do cristão. Somos cidadãos do Céu (Fp 3.20), por isso mesmo, a vida espiritual em Cristo está num plano elevado, superior.
2.4. Fomos colocados num plano espiritual elevado — v.6
"Lugares celestiais" indica o nível fora deste mundo (sistema satânico) no qual somos colocados na condição de "novas criaturas" (2 Co 5.17). A contínua comunhão do crente com Cristo lhe dá, já nesta vida, uma posição celestial que alcançará sua plenitude na vinda do Senhor Jesus Cristo. Visto que estamos nEle (em Cristo), e sendo o seu corpo místico, como regenerados podemos compreender o sentido dessa importante afirmação. Indica o terceiro estado de Cristo depois da sua morte. Primeiro, Ele morreu, e nós morremos com Ele; segundo, Ele ressuscitou gloriosamente, e nós ressuscitamos com Ele em novidade de vida; terceiro, Ele foi elevado ou exaltado às regiões celestiais, na presença do Pai, e nós também fomos elevados com Ele, participando da sua glória nas "regiões celestiais". Estamos assentados "nEle", isto é, fazemos parte do seu corpo místico e glorioso, que é a Igreja. A grande lição desse novo estado de vida espiritual da Igreja nas "regiões [lugares]
celestiais" é que o crente tem por obrigação estar acima do regime que governa este mundo. O seu sistema é o de Cristo e, por isso mesmo, superior. O crente não deve se submeter ao sistema mundano, sobre o que Paulo aconselha: "E não vos conformeis com este mundo" (Rm 12.2). Não conformar-se com este mundo significa não entrar na fôrma deste mundo, ou no curso deste mundo.
3. O que seremos no futuro — v. 7
3.1. Demonstração eterna da obra redentora As palavras do verso 7 anunciam a razão final da salvação. A expressão "para
mostrar nos séculos vindouros" diz respeito ao futuro da Igreja. Ela será a demonstração eterna da graça de Deus, ou seja, o testemunho da manifestação de Deus e do seu poder sobre a terra. Após o arrebatamento, a destruição do anticristo e prisão do diabo, será instaurado o reino milenar e o mundo verá a grandeza da Igreja.
4. A manifestação da graça de Deus — vv. 8-10
4.1. A fonte da salvação conquistada — v. 8
"... pela graça sois salvos". Esse versículo indica a fonte da salvação — a graça de Deus. A continuação do texto aponta o meio de alcance, que é a fé, quando diz: "sois salvos por meio da fé". Uma das grandes finalidades da redenção é a manifestação da graça de Deus. A fé é o instrumento para se obter a salvação. A graça de Deus foi manifesta na pessoa de Jesus, pois Ele conquistou essa salvação.
4.2. O meio da salvação conquistada — v. 9
O verso 9 diz: "Não por obras" se alcança a graça de Deus, enquanto o versículo anterior afirma que essa graça é "dom de Deus". Não se compra nem se vende, e independe de mérito humano. A salvação se recebe pelo ato da fé, sem as obras da lei (Rm 3.20,28; 4.1-5; Gl 2.16; 2 Tm 1.9; Tt 3.5).
4.3. O resultado da salvação conquistada — v. 10
O verso 10 mostra o resultado da obra salvadora. "... somos feitura sua" significa que fomos feitos novas criaturas em Cristo Jesus (2 Co 5.17). No ato da criação, no Éden, Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Com a queda e o pecado, essa feitura divina foi arruinada e essa imagem do divino no ser interior foi distorcida. Então Deus, num ato de recriação do homem interior arruinado, fez uma nova criatura à imagem do seu Filho Jesus (Gl 6.15; Ef 4.24; Cl 3.10).
Refeitos, podemos agora andar num novo caminho e fazer as boas obras. O fazer boas obras independe da vontade do regenerado, porque é parte de sua vida nova. Isso está em consonância com o objetivo da nossa eleição, conforme está escrito: "... para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele" (Ef 1.4).
 
 
BEP - CPAD Ef 2.1-10
2.2 FILHOS DA DESOBEDIÊNCIA. Efésios 2.1-4 revela uma razão por que o cristão deve ter grande compaixão e misericórdia dos que ainda vivem em ofensas e pecados. (1) Todo aquele que está sem CRISTO é controlado pelo "príncipe das potestades do ar", i.e., Satanás. Sua mente é obscurecida por Satanás, para que não veja a verdade de DEUS (cf. 2 Co 4.3,4). Tais pessoas estão escravizadas pelo pecado e concupiscências da carne (v. 3; Lc 4.18). (2) A pessoa irregenerada, por causa de sua condição espiritual não poderá compreender, nem aceitar a verdade à parte da graça de DEUS (vv. 5,8; 1 Co 1.18; Tt 2.11-14). (3) O cristão deve ver a todos do ponto-de-vista bíblico. Quem vive na imoralidade e no orgulho deve ser alvo da nossa compaixão, por causa da sua escravidão ao pecado e a Satanás (vv. 1-3; cf. Jo 3.16). (4) A pessoa sem CRISTO é responsável pelo seu pecado, pois DEUS dá a cada ser humano uma medida de luz e graça, com a qual possa buscar a DEUS e escapar da escravidão do pecado, mediante a fé em CRISTO (Jo 1.9; Rm 1.18-32; 2.1-6).


2.8 PELA GRAÇA...
FÉ E GRAÇA
Rm 5.21 “Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por JESUS CRISTO,
nosso Senhor.”
A salvação é um dom da graça de DEUS, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender essas duas palavras: Fé e Graça
FÉ SALVÍFICA. A fé em JESUS CRISTO é a única condição prévia que DEUS requer do homem para a salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de CRISTO, mas também uma ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a CRISTO como Senhor e Salvador (cf. Mt 4.19;
16.24; Lc 9.23-25; Jo 10.4, 27; 12.26; Ap 14.4).
O conceito de fé no NT abrange quatro elementos principais: (a) Fé significa crer e confiar firmemente no CRISTO crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador pessoal (ver Rm 1.17 nota). Importa em crer de todo coração (At 8.37; Rm 6.17; Ef 6.6; Hb 10.22), ou seja: entregar a nossa vontade e a totalidade do nosso ser a JESUS CRISTO tal como Ele é revelado no NT.
Fé inclui arrependimento, i.e., desviar-se do pecado com verdadeira tristeza (At 17.30; 2Co 7.10) e voltar-se para DEUS através de CRISTO. Fé salvífica é sempre fé mais arrependimento (At 2.37,38; ver Mt 3.2, nota sobre o arrependimento).
A fé inclui obediência a JESUS CRISTO e à sua Palavra, como maneira de viver inspirada por nossa fé, por nossa gratidão a DEUS e pela obra regeneradora do ESPÍRITO SANTO em nós (Jo 3.3-6; 14.15, 21-24; Hb 5.8,9). É a “obediência que provém da fé” (Rm 1.5). Logo, fé e obediência são inseparáveis (cf. Rm 16.26). A fé salvífica sem uma busca dedicada da santificação é ilegítima e impossível.
A fé inclui sincera dedicação pessoal e fidelidade a JESUS CRISTO, que se expressam na confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no seu sentido mais elevado, não se diferencia muito do amor. É uma atividade pessoal de sacrifício e de abnegação para com CRISTO (cf. Mt 22.37; Jo 21.15-17; At 8.37; Rm 6.17; Gl 2.20; Ef 6.6; 1Pe 1.8).
A fé em JESUS como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um único momento, como uma atitude contínua para a vida inteira, que precisa crescer e se fortalecer (ver Jo 1.12 nota). Porque temos fé numa Pessoa real e única que morreu por nós (Rm 4.25; 8.32; 1Ts 5.9,10), nossa fé deve crescer (Rm 4.20; 2Ts 1.3; 1Pe 1.3-9). A confiança e a obediência transformam-se em fidelidade e devoção (Rm 14.8; 2Co 5.15); nossa fidelidade e devoção transformam-se numa intensa dedicação pessoal e amorosa ao Senhor JESUS CRISTO (Fp 1.21; 3.8-10; ver Jo 15.4 nota; Gl 2.20 nota). GRAÇA. No AT DEUS revelou-se como o DEUS da graça e misericórdia, demonstrando amor para com o seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da fidelidade de DEUS à sua promessa
feita a Abraão, Isaque e Jacó (ver Êx 6.9 nota; ver os estudos A PÁSCOA e O DIA DE EXPIAÇÃO). Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema da graça como sendo a presença e o amor de DEUS em CRISTO JESUS, transmitidos aos crentes pelo ESPÍRITO SANTO, e que lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de DEUS (Jo 3.16; 1Co 15.10; Fp 2.13;
1Tm 1.15,16). Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina.
DEUS concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos (1Co 1.4; 15.10), a fim de poderem crer no Senhor JESUS CRISTO (Ef 2.8,9; Tt 2.11; 3.4).
DEUS concede graça ao crente para que seja “liberto do pecado” (Rm 6.20, 22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13; cf. Tt 2.11,12; ver Mt 7.21, nota sobre a obediência como um dom da graça de DEUS), para orar (Zc 12.10), para crescer em CRISTO (2Pe 3.18) e para testemunhar de CRISTO (At 4.33; 11.23).
Devemos diligentemente desejar e buscar a graça de DEUS (Hb 4.16). Alguns dos meios pelos quais o crente recebe a graça de DEUS são: estudar as Escrituras Sagradas e obedecer aos seus preceitos (Jo 15.1-11; 20.31; 2Tm 3.15), ouvir a proclamação do evangelho (Lc 24.47; At 1.8; Rm
16; 1Co 1.17,18), orar (Hb 4.16; Jd v. 20), jejuar (cf. Mt 4.2; 6.16), adorar a CRISTO (Cl 3.16); estar continuamente cheio do ESPÍRITO SANTO (cf. Ef 5.18) e participar da Ceia do Senhor (cf. At 2.42; ver Ef 2.9, nota sobre como opera a graça).
A graça de DEUS pode ser resistida (Hb 12.15), recebida em vão (2Co 6.1), apagada (1Ts 5.19), anulada (Gl 2.21) e abandonada pelo crente (Gl 5.4).


2.9 NÃO VEM DE OBRAS. Ninguém poderá ser salvo pelas obras e boas ações, ou por tentar guardar os mandamentos de DEUS. Seguem-se as razões: (1) Todos os não-salvos estão espiritualmente mortos (v. 1), sob o domínio de Satanás (v. 2), escravizados pelo pecado (v. 3) e sujeitos à condenação divina (v. 3). (2) Para sermos salvos precisamos receber a provisão divina da salvação (vv. 4,5), ser perdoados do pecado (Rm 4.7,8), ser espiritualmente vivificados (Cl 1.13), ser feitos novas criaturas (v. 10; 2 Co 5.17) e receber o ESPÍRITO SANTO (Jo 7.37-39; 20.22). Nenhum esforço da nossa parte poderá realizar essas coisas. (3) O que opera a salvação é a graça de DEUS mediante a fé (vv. 5,8). O dom salvífico de DEUS inclui os seguintes passos: (a), a chamada ao arrependimento e à fé (At 2.38). Com essa chamada vem a obra do ESPÍRITO SANTO na pessoa, dando-lhe poder e capacidade de voltar-se para DEUS. (b) Aqueles que respondem com fé e arrependimento e aceitam a CRISTO como Senhor e Salvador, recebem graça adicional para sua regeneração, ou novo nascimento, pelo ESPÍRITO (ver o estudo A REGENERAÇÃO) e ser cheios do ESPÍRITO (At 1.8; 2.38; Ef 5.18). (c) Aqueles que se tornam novas criaturas em CRISTO, recebem graça contínua para viver a vida cristã, resistir ao pecado e servir a DEUS (Rm 8.13,14; 2 Co 9.8). O crente se esforça em viver para DEUS, mediante a graça que nele opera (1 Co 15.10). A graça divina opera no crente dedicado, tanto para ele querer, como para cumprir a boa vontade de DEUS (Fp 2.12,13). Do começo ao fim, a salvação é pela graça de DEUS (ver o estudo FÉ E GRAÇA)


A Mensagem de Efésios
Efésios 2.1-10 
2.2 — “O príncipe das potestades do ar” é Satanás. Os leitores de Paulo acreditavam que Satanás e as forças espirituais do mal habitavam uma região que ficava entre o céu e a terra. Dessa forma. Satanás é retratado como rei do domínio espiritual do peca do — dos demônios e dos que estão contra CRISTO. Satanás significa “acusador” e também é chamado de demônio (Ef 4.27). Na ressurreição, CRISTO venceu Satanás e seu poder. Portanto. JESUS CRISTO tornou-se o Imperador permanente de todo o mundo: Satanás é apenas o rei temporário da parte do mundo que prefere obedecer-lhe. 
2.3-0 — fato de todas as pessoas, sem exceção, cometerem pecados prova que sem CRISTO temos uma natureza má. Estamos perdidos no mal e não podemos nos salvar. Será que isso significa que apenas os cristãos são bons? É claro que não — muitas pessoas fazem o bem ao próximo. Em uma escala relativa, muitas são integras, boas e respeitadoras da lei. Comparando essas pessoas a criminosos, poderíamos dizer que são realmente boas. Porém, segundo a escala absoluta de DEUS. nenhuma está pronta para alcançar a salvação (“estando vós mortos em ofensas e pecados”. (Ef 2.1). Somente unidos a uma perfeita vida em CRISTO poderemos nos tornar agradáveis aos olhos de DEUS. A frase “sob a ira de DEUS” ou “filhos da ira” estão se referindo àqueles que deverão receber a ira divina por causa de sua rejeição a CRISTO. 
2.4,5 - Nos versículos anteriores. Paulo escreveu a respeito de nossa antiga natureza pecaminosa (Ef 2.1-3). Aqui ele está insistindo que não precisamos mais viver sob o poder do pecado. A morte de CRISTO na cruz eliminou milagrosamente o castigo, fruto do pecado. Pela fé fomos declarados inocentes, não culpados, perante DEUS (Rm 3.21-22). DEUS não nos afasta do mundo ou nos transforma em “robôs” — ainda sentimos a inclinação para pecar e. às vezes, realmente pecamos. A diferença é que antes de nos tornarmos cristãos estávamos mortos no pecado e éramos escravos de nossa natureza iníqua. Mas agora somos novas criaturas em CRISTO [ver também Gl 2.20). 
2.6 — Por causa de ressurreição de CRISTO, sabemos que nosso corpo também ressuscitará dos mortos (1 Co 15.2-23) e que agora recebemos o poder de viver como cristãos (Ef 1.19). Essas ideias estão de acordo com a imagem de Paulo de nos sentarmos ao lado de CRISTO nos “lugares celestiais” (ver a nota sobre Ef 1.13). Podemos estar certos de nossa vida eterna com CRISTO porque fomos unidos a Ele em sua poderosa vitória. 
2.8.9 — Será que quando alguém nos dá um presente dizemos “Que bonito! Quanto lhe devo?” É claro que não. “Obrigado” é a resposta adequada. No entanto, quantas vezes os cristãos, mesmo depois de receberem a dádiva da salvação, ainda sentem-se obrigados a ter uma vida de comunhão com DEUS. Como a nossa salvação e até mesmo a nossa fé representam dádivas recebidas, devemos servir ao Senhor com gratidão, louvor e alegria. 
2.8-10 — Tornamo-nos cristãos pelo favor não merecido que recebemos de DEUS, e não pelo resultado de qualquer esforço, capacidade, inteligência, ato ou serviço oferecido por nós. Entretanto, como prova de gratidão por essa dádiva tão graciosamente recebida, devemos ajudar nosso próximo com bondade, amor e carinho, sem a intenção de meramente fazer um favor. Embora nenhuma obra ou trabalho possa nos ajudar a alcançar a salvação, o propósito de DEUS é que ela resulte em atos de prestação de serviço. Não somos salvos simplesmente para ter um benefício, mas para servir a CRISTO e edificar a Igreja (Ef 4.12). 
2.10 — A expressão “somos feitura sua” significa que somos uma obra-prima de DEUS. uma obra de arte. a obra de um artesão. Nossa salvação é algo que somente DEUS pode fazer: ela é o resultado de sua obra criativa em nós. Se DEUS nos considera sua obra-prima, não devemos nos atrever a nos tratar, ou aos semelhantes. com desrespeito ou como se fôssemos uma obra de qualidade inferior.
 
 
2:1-10 - Ressurretos com CRISTO
Muitas vezes me indago se as pessoas de bem e de reflexão já se sentiram mais perplexas sobre a situação do homem do que, nos dias atuais. Naturalmente, cada geração forçosamente tem visão ofuscada dos seus próprios problemas, porque está demasiadamente envolvida para fazer uma análise adequada. Mesmo assim, os meios de comunicação nos capacitam a entender a extensão mundial da iniquidade contemporânea, e é esta que faz com que o cenário moderno pareça tão escuro. É em parte a escalada dos problemas econômicos (o crescimento populacional, a má utilização dos recursos naturais, a inflação, as epidemias, o desemprego, a fome); em parte o alastramento dos conflitos sociais (o racismo, o esquerdismo, o nacionalismo extremado, a luta de classes, a desintegração da vida familiar); a religiosidade fora dos parâmetros bíblicos (idolatria, espiritismo, islamismo, judaísmo) e em parte a ausência de orientação moral (o que leva à violência, à desonestidade e à promiscuidade sexual). O homem parece ser incapaz de dirigir os seus próprios negócios ou de criar uma sociedade justa, livre, humanitária e tranquila. O próprio homem está fora dos eixos.
 
Dentro da realidade sombria do mundo atual, Efésios 2:1 -10 destaca-se com marcante relevância.
Primeiramente sonda as profundezas do pessimismo acerca do homem, e depois sobe às alturas do otimismo acerca de DEUS. É esta combinação do pessimismo com o otimismo, do desespero com a fé, que se constitui no realismo revigorante da Bíblia. Porque o que Paulo faz nesta passagem é pintar um contraste vivido entre o que o homem é por natureza e o que pode vir a ser mediante a graça, ou o que era antes de se tornar filho de DEUS e agora como tal..
 
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; dentre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas DEUS, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com CRISTO, — pela graça sois salvos, e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em CRISTO JESUS; para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em CRISTO JESUS. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em CRISTO JESUS para boas obras, as quais DEUS de antemão preparou para que andássemos nelas.
 
É importante colocar este parágrafo no seu contexto. Consideramos anteriormente a oração de Paulo (1:15-23) no sentido de que os olhos interiores dos seus leitores fossem iluminados pelo ESPÍRITO SANTO a fim de conhecerem as consequências do chamamento de DEUS, a riqueza da herança que os aguarda no céu e, acima de tudo, a suprema grandeza do poder de DEUS que já está disponível para eles. DEUS deu uma demonstração histórica suprema deste poder ao ressuscitar CRISTO dentre os mortos e ao exaltá-lo sobre todos os poderes do mal. Mas deu uma demonstração adicional dele ao nos ressuscitar e exaltar juntamente com CRISTO, livrando-nos, assim, da escravidão da morte e do mal. Este parágrafo, portanto, realmente faz parte da oração de Paulo para que eles (e nós também!) soubessem quão poderoso DEUS realmente é. Suas primeiras palavras enfatizam este fato: “estando vós mortos..:’ Na frase em grego não há nenhum verbo que retrate a ação de DEUS até o versículo 5 (“nos deu vida juntamente com CRISTO”); nossas versões o trazem para o versículo 1 simplesmente para aliviar o desajeitado suspense de esperar tanto tempo por ele. De qualquer maneira, a sequência do pensamento está clara: “JESUS CRISTO estava morto, mas DEUS o ressuscitou e o exaltou. E vós também estáveis mortos, mas DEUS vos ressuscitou e exaltou em CRISTO!’
 
 
1. O homem por natureza, ou a condição humana (vs.1-3)
Antes de olharmos detalhadamente esta descrição desalentadora da raça humana distanciada de DEUS, precisamos saber com clareza que é uma descrição de todas as pessoas. Paulo não está retratando uma tribo particularmente decadente ou um segmento degradado da sociedade, e nem mesmo o paganismo extremamente corrupto dos seus próprios dias. Não, este é o diagnóstico do homem caído na sociedade caída em todos os lugares. É verdade que Paulo começa com um vós enfático, indicando em primeiro lugar seus leitores gentios da Ásia Menor, mas passa rapidamente a escrever (v. 3a) que todos nós andamos outrora da mesma maneira (assim acrescenta a si mesmo e aos demais judeus), e conclui com uma referência aos demais seres humanos (v. 3b). Temos aqui, então, o conceito do apóstolo quanto a todos os homens sem DEUS. É um quadro da condição humana universal. É uma condensação, em três versículos, dos três primeiros capítulos de Romanos, em que ele desenvolve uma tese sobre o pecado e a culpa, inicialmente dos pagãos, depois, dos judeus, e então da totalidade da raça humana. Aqui seleciona três verdades terríveis sobre seres humanos não-regenerados, que nos inclui também, até DEUS ter misericórdia de nós.
 
 
a. Estávamos mortos
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora (vs. 1 -2a).
A morte à qual Paulo se refere não é uma figura de linguagem, como na parábola do filho pródigo: “Este meu filho estava morto”. É uma declaração real da condição espiritual de todas as pessoas fora de CRISTO. E sua origem é achada nos seus delitos e pecados.
Estas duas palavras parecem ter sido cuidadosamente escolhidas para relatar de modo compreensivo o mal humano. Um delito (paraptõma) é um passo falso, que envolve ou a travessia de uma fronteira conhecida ou um desvio do caminho certo. Um pecado (hamartia), no entanto, significa mais um erro do alvo, deixando de chegar à altura de um padrão. Juntas, as duas palavras abrangem os aspectos positivo e negativo, ou ativo e passivo, do mau procedimento humano, ou seja, nossos pecados de comissão e de omissão. Diante de DEUS somos tanto rebeldes quanto fracassados. Como resultado, estamos “mortos” ou “alheios à vida de DEUS” (4:18). A vida verdadeira, pois, a vida eterna, é a comunhão com o DEUS vivo, e a morte espiritual é a separação dele que o pecado inevitavelmente traz: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso DEUS; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça:” (Isaías 59.2).
Esta declaração bíblica sobre a condição de estarem mortas as pessoas não-cristãs levanta problemas para muitos, porque não parece de acordo com os fatos da realidade cotidiana. Muitas pessoas que não fazem qualquer profissão de fé cristã, e que até mesmo repudiam JESUS CRISTO declaradamente, parecem estar bem vivas. Uma delas tem o corpo vigoroso de um atleta, outra, a mente lúcida de um intelectual, uma terceira, a personalidade brilhante de uma atriz de cinema. Devemos dizer que tais pessoas, se CRISTO não as salvou, estão mortas? Sim, de fato, devemos dizer exatamente isto, e o dizemos com segurança. Na esfera que é de suprema importância (que não é o corpo, nem a mente, nem a personalidade mas, sim, a alma), elas não têm vida. E podemos perceber o fato. Estão cegas à glória de JESUS CRISTO, e surdas à voz do ESPÍRITO SANTO. Não têm amor por DEUS, nenhuma consciência sensível da sua realidade pessoal, nenhum impulso do seu espírito em direção a ele com exclamação, “Aba, Pai”, nenhum anseio pela comunhão com o povo de DEUS. Estão tão indiferentes a ele quanto um cadáver. Logo, não devemos hesitar em afirmar que uma vida sem DEUS (por mais sadia física e mentalmente que seja) é uma morte em vida, e que as pessoas que assim vivem estão mortas enquanto ainda vivem. Afirmar este paradoxo é tornar-se consciente da tragédia básica da existência humana após a queda. É que pessoas que foram criadas por DEUS e para DEUS agora vivem sem DEUS. De fato, esta foi a nossa condição até que o Bom Pastor nos encontrou. Precisávamos ouvir e crer no evangelho Ef 1.13). Evidente que existem aqueles que buscavam DEUS na religião, principalmente através de obras. Existem também aqueles que, como Nicodemos, Cornélio, Lídia, são tementes a DEUS e só esperam uma chance de ouvir o evangelho para se converterem. Porém, enquanto não o fazem, são sim, mortos para DEUS.
 
 
b. Estávamos escravizados
Paulo não se limita a dizer simplesmente andastes outrora nos vossos delitos e pecados. A expressão é um hebraísmo, e indica o nosso comportamento ou estilo de vida anterior. Mas “andar” sugere (pelo menos às mentes ocidentais) um passeio agradável, com liberdade e tempo para desfrutar das belezas do nosso meio ambiente. Muito diferente, no entanto, era o nosso andar em delitos e pecados. Ali não havia nenhuma verdadeira liberdade mas, sim, uma escravidão pavorosa a forças que nos controlavam por completo. Quais eram elas? Se por trás da morte jaz o pecado, o que jaz por trás do pecado a ponto de nos manter em tal cativeiro? A resposta de Paulo, quando colocada na terminologia eclesiástica posterior, é o mundo, a carne e o diabo. Ele refere-se a estas três influências como sendo as que controlavam e dirigiam a nossa existência anterior pré-cristã.
 
Primeiramente, descreve-nos seguindo o curso deste mundo. A frase grega é “segundo o século deste mundo”. Junta os dois conceitos de “este século” do mal e das trevas (em contraste com “a era do porvir” que JESUS introduziu) e de “este mundo”, a sociedade organizada sem referência a DEUS ou — conforme poderíamos dizer — o “secularismo” (em contraste com o reino de DEUS, que é sua nova sociedade sob o seu domínio).
Assim, as duas palavras, “século” e “mundo” expressam todo um sistema de valores sociais que está alienado de DEUS, permeia, e até mesmo domina, a sociedade não-cristã, e subjuga as pessoas ao cativeiro. Sempre que os seres humanos são desumanizados — pela opressão política ou pela tirania burocrática, por um ponto de vista secular (repudiando a DEUS), ou amoral (repudiando absolutos), ou materialista (glorificando o mercado consumidor), pela pobreza, pela fome ou pelo desemprego, pela discriminação racial, ou por qualquer forma de injustiça — aí podemos detectar os valores sub-humanos do “presente século” e “deste mundo”. A influência deles é persuasiva ao extremo. As pessoas tendem a não ter uma mente própria, mas entregam-se à cultura popular da televisão e das revistas sedutoras. É uma escravidão cultural. Nós todos éramos iguais até que JESUS nos libertasse. “Éreis arrastados ao longo da corrente das ideias deste mundo”.
 
Nosso segundo cativeiro foi ao diabo, que aqui é chamado de o príncipe da potestade do ar ou “o governante do reino do ar”. A palavra ar pode ser traduzida por atmosfera nebulosa, que indica as trevas que o diabo prefere à luz. Mas esta frase significa simplesmente que ele tem o domínio sobre aqueles principados e potestades já mencionados, que operam no mundo invisível.
Uma frase adicional é do espírito que agora atua nos filhos da desobediência. Visto que a palavra espírito está no genitivo, não está em aposição a príncipe (acusativo). Devemos entender, pelo contrário, que “o príncipe da potestade do ar” também é “o príncipe do espírito que atua nas pessoas desobedientes”. “espírito” então passa a ser uma força ou disposição impessoal que está ativamente operando nas pessoas não cristãs, podendo ser atribuído a demônios, sim.
Como as escrituras identificam o diabo não apenas como a fonte das tentações ao pecado, mas também como um leão e um assassino, podemos com segurança fazer remontar a ele, em última análise, todo o mal, todo o engano e toda a violência, Ele comanda os demônios. Quando se diz que ele e a disposição de ânimo que ele inspira agora atuam em seres humanos, o verbo (energeõ) é o mesmo que se emprega para o poder de DEUS (1:20), que ressuscitou JESUS dentre os mortos. Somente aquela energia ou ação divina poderia nos ter salvo do diabo.
 
A terceira influência que nos mantém na escravidão são as inclinações da nossa carne (v. 3a), onde carne não significa os tecidos vivos que cobrem o nosso esqueleto ósseo mas, sim, a nossa natureza humana caída e egocêntrica. As inclinações são definidas, ainda mais, como sendo a vontade da carne e dos pensamentos. Este acréscimo é especialmente importante porque demonstra o erro de equiparar asinclinações da nossa carne com o que popularmente chamamos de “os pecados da carne”.
Dois esclarecimentos são necessários.
 
Primeiro, nada há de errado com os desejos naturais do corpo, seja para a comida, para a bebida, para o sono, para dormir, ou para o sexo, pois DEUS, criou o corpo humano desta maneira.
Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e consumiu a todos. Lucas 17:27 - Comer, beber, casar, nada disso é pecado, desde que realizado dentro dos parâmetros bíblicos.
É somente quando o apetite pela comida se transforma em glutonaria, o gosto pela bebida se torna vício, de preferência alcoólico, o anseio pelo sono em preguiça, e o sexo é pervertido pela concupiscência, levando à prostituição, adultério, sexo anal, etc..., que os desejos naturais se transformam em desejos pecaminosos.
 
Em segundo lugar. As inclinações da carne incluem os desejos errados da mente e não somente do corpo, ou seja: pecados tais como a soberba intelectual, a falsa ambição, a rejeição da verdade conhecida, e pensamentos maliciosos e vingativos. De fato, conforme a exposição de Paulo em Filipenses 3:3-6, a carne abrange todas as formas de autoconfiança, até mesmo o orgulho dos antepassados, dos pais, da raça, da religião e da justiça. Sempre que o “eu” levanta a sua terrível cabeça contra DEUS ou contra o homem, eis aí a carne.
 As inclinações da carne “podem manifestarem-se em formas respeitáveis bem como nas atividades infames do paganismo do século. E, por mais respeitável que seja a aparência externa (ou o disfarce em público) que ele adota, o nosso egocentrismo inveterado é uma escravidão horrível.
Assim, pois, antes de JESUS CRISTO nos libertar, estávamos sujeitos a influências opressoras tanto internas como externas. Por fora estava o mundo a (cultura secular prevalecente); por dentro estava a carne (nossa natureza caída, profundamente ligada ao egocentrismo); e além desses dois, operando ativamente através destas influências, havia aquele espírito maligno, o diabo, o príncipe do reino das trevas, que nos mantinha em cativeiro. Não é que agora possamos convenientemente transferir toda a culpa da nossa escravidão para o mundo, para a carne e para o diabo, sem aceitarmos pessoalmente nenhuma responsabilidade. Pelo contrário, é significativo que, nestes versículos, “vós” e “nós” não são identificados com estas forças mas, sim, distinguidos delas, embora escravizados por elas. Nós mesmos, no entanto, somos chamados de filhos da desobediência (v. 2b), ou seja, “os súditos rebeldes de DEUS”. Tínhamos nos tornado rebeldes, de modo consciente e voluntário, contra a autoridade amorosa de DEUS, e assim caímos sob o domínio de Satanás.
 
1 João 2:16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
Tiago 1:14 Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
 
c. Estávamos condenados
Paulo ainda não terminou de descrever o nosso estado pré-cristão. Ele tem mais uma verdade desagradável para nos contar acerca de nós mesmos.
Não somente estávamos mortos e escravizados, diz ele, mas também estávamos condenados: éramos por natureza filhos da ira, como também os demais (v. 3b). Não creio que haja outra expressão em Efésios que tenha provocado mais reação hostil do que esta. Alguns comentaristas fazem poucas tentativas, ou mesmo nenhuma, para entendê-la, e muito menos para defendê-la. Desconsideram-na, até, como sendo insustentável hoje. As causas dessa reação são três.
Dizem respeito às palavras “ira”, “filhos” e “por natureza”. Agora devemos considerar com cuidado o que Paulo quer dizer com elas, e procurar esclarecer os mal-entendidos.
Primeiro, a ira de DEUS. A ira de DEUS não é como a do homem. Não é mau humor, como se ele pudesse perder as estribeiras a qualquer momento. Não é despeito, nem malícia, nem animosidade, nem vingança.
Nunca é intempestiva, visto ser ela a reação divina a apenas uma situação, a saber: o mal. Logo, é inteiramente previsível e nunca está à disposição de ânimo, à veneta, ou ao capricho. Além disso, não é a operação impessoal de retribuição na sociedade, “um processo inevitável de causa e efeito num universo moral”, seja através da desintegração social, através da administração da justiça nos tribunais, ou de alguma outra forma.
O fato de que “ira” (orgeé) ou “a ira” (heê orgeé) ocorre sem o acréscimo das palavras “de DEUS”, não torna a sua ira impessoal, assim como a sua graça não se torna impessoal quando as palavras “de DEUS” estão omitidas, como ocorre nos versículos 5 e 8 deste capítulo (“pela graça sois salvos”). Não, a ira que julga e a graça que salva são igualmente pessoais. São a ira e a graça de DEUS.
Então, o que é a sua ira, se não é uma reação impulsiva nem um processo impessoal? É a hostilidade pessoal, reta, e constante de DEUS contra o mal, sua recusa firme de ceder o mínimo que seja para o mal, e sua resolução de, pelo contrário, condená-lo. Além disso, a sua ira não é incompatível com o seu amor.
Mateus 21:12 E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas.
 
O contraste entre os versículos 3 e 4 é notável: éramos por natureza filhos da ira... Mas DEUS, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou... Assim Paulo passa da ira de DEUS para a misericórdia e o amor de DEUS, sem sentir qualquer embaraço ou dificuldade. Paulo é capaz de firmá-las juntas na sua mente porque acreditava estarem juntas na personalidade de DEUS. Devemos, penso eu, estar mais gratos a DEUS pela sua ira, e adorá-lo por isso: porque sua justiça é perfeita, sempre reage contra o mal da mesma maneira imutável, previsível e intransigente. Sem sua constância moral, não poderíamos desfrutar de paz alguma.
O segundo problema que as pessoas acham está na frase filhos da ira.
A expressão é outro hebraísmo, como “filhos da desobediência” no versículo 2, e refere-se a pessoas de todas as idades. A BLH ajuda-nos ao traduzir esta expressão assim: “nós também estávamos destinados a sofrer o castigo de DEUS”.
O terceiro problema é o complemento adverbial por natureza. Em que sentido por natureza éramos objeto da ira e do julgamento de DEUS?
Para começar, podemos todos concordar que Paulo faz um contraste intencional entre aquilo que éramos por natureza (phusei, v. 3) e aquilo que viemos a ser pela graça (Chariti, v. 5). É um contraste entre o passado e o presente, entre o que éramos quando fomos deixados a nós mesmos, e o que viemos a ser porque DEUS interveio em nosso favor; e, assim, entre o julgamento e a salvação: “Por natureza estávamos sob a ira de DEUS, pela graça fomos salvos!’ Até aqui, tudo é claro e sem controvérsias.
A palavra Masphusei, por natureza, parece descrever mais do que nossa condição natural, quando somos deixados por conta própria. Também parece indicar a origem da nossa condição “como membros de uma raça caída”, e assim levanta dificuldades sobre a nossa herança genética e, portanto, sobre a nossa responsabilidade moral. Será que a frase de Paulo é uma forma abreviada de algo mais longo como, por exemplo, que temos por nascença uma tendência ao pecado, de modo que realmente pecamos,
e que o nosso pecado nos coloca debaixo do julgamento de DEUS? Ou está dizendo que a nossa própria existência, como seres humanos, está sujeita, desde o nascimento, ao julgamento de DEUS? Não há quem tenha feito um repúdio mais forte a este último pensamento do que R. W. Dale que, sem dúvida, fala em nome de muitos: “Esta frase às vezes é citada como se visasse afirmar a doutrina terrível de que pelo nosso mero nascimento incorremos na ira divina e que, à parte de qualquer iniquidade voluntária, estamos sob a maldição divina. Esta teoria pavorosa não recebe qualquer apoio nem do Antigo nem do Novo Testamento. Mesmo assim, R. W. Dale sabia que a própria doutrina que tão vigorosamente repudiava é ensinada pelas grandes confissões reformadas tais como nos Trinta e Nove Artigos (da Igreja Episcopal) e na Confissão de Fé de Westminster (da Igreja Presbiteriana - calvinista).
 
Assim é o Artigo 9 dos episcopais: “O pecado original não foi o de seguir a Adão (ou seja, imitá-lo)... mas, sim, é a falta ou a corrupção da natureza de todo homem que é naturalmente gerado da descendência de Adão; por isso, o homem afastou-se muito da justiça original, e por sua própria natureza está inclinado para o mal, de modo que a carne tem desejos sempre contrários ao espírito; e, portanto, toda pessoa nascida neste mundo merece a ira e a condenação da parte de DEUS..!’ Noutras palavras, nossa própria natureza humana herdada merece, em si mesma, a ira e o julgamento de DEUS. (ou seja, a semente que herdamos de Adão, o pecado, nos torna desejosos de pecar, mas pecar é exclusivamente decisão nossa e não somos obrigados a pecar).
1 João 2:16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
Tiago 1:14 Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
 
Parece que é isso que Paulo está ensinando aqui; como podemos entendê-lo?
Provavelmente, o melhor comentário seja o dele mesmo, conforme se acha em Romanos. Assim como estes versículos são uma versão condensada de Romanos 1-3, assim também a expressão por natureza filhos da ira é um resumo de Romanos 5:12-14. Ali seu argumento de que “a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” não é que todos herdaram uma natureza pecaminosa que os levou a pecar e, portanto, a morrer mas, sim, que “todos pecaram” em Adão e com ele. Ninguém é condenado sem pecar, mas, por pecar na primeira oportunidade que tem.
É como colocar um ovo de águia no meio de ovos de galinha que vão ser chocados. Quando nascerem, vão todos andar pelo terreiro, mas um dia a águia levantará voo e não voltará mais. A semente que está nela é de águia. Nasceu para voar.
O Antigo Testamento tem um forte sentido de solidariedade da raça humana. Fala da geração seguinte como estando já “nos lombos” da presente geração, verdade esta que, segundo se pode dizer, a genética moderna sublinha. Paulo está dizendo, pois, que não podemos fazer de Adão o nosso bode expiatório e culpá-lo por nosso pecado, por nossa culpa e por nossa condenação.
Nós também estamos em Adão, pois pode ser dito com veracidade que nele e com ele incorremos na culpa e morremos. Não é neste sentido que podemos ser descritos como sendo por natureza pecadores e sujeitos ao justo julgamento de DEUS?
Cremos que as crianças que ainda não possuem idade cognitiva para decidirem  ou discernirem entre o certo e o errado, são salvas se vierem a morrer antes de poderem diferenciar entre o certo e o errado. Não estamos falando de arrebatamento, pois este não é o fim da humanidade e nem significa morte de crianças, mas transformação e ressurreição de salvos que partirão ao encontro de JESUS CRISTO nos ares para uma vida eterna com DEUS. Os que ficarem, incluídas as crianças, terão ainda o período da grande tribulação (sete anos) para se decidirem por CRISTO e o milênio inteiro (mil anos).
A tradição reformada têm dado atenção à evidência de que os filhos com pais cristãos nasceram dentro da aliança. Mas isso seria crer numa salvação por hereditariedade e não pela graça (esta é a crença calvinista).
 
A morte, a escravidão e a condenação: estes são os três conceitos que Paulo junta para retratar nossa condição humana perdida. É por demais pessimista? Bem, devemos concordar (como ele teria feito) que esta não é a verdade total acerca da raça humana. Nada diz aqui acerca da “imagem de DEUS”, em que os seres humanos foram originalmente criados e que — agora lastimavelmente danificada — ainda retêm, embora certamente creia nela e fale da nossa redenção em termos de uma nova criação na imagem de DEUS (v. 10 e 4:24). Nada diz, tampouco, dos diferentes graus da depravação humana, embora também os tivesse aceito. A doutrina bíblica da depravação total não significa então que todos os seres humanos estão igualmente depravados, nem que ninguém é capaz de praticar qualquer bem, mas, sim, que nenhuma parte de qualquer pessoa humana (a mente, as emoções, a consciência, a vontade, etc.) permaneceu sem ser maculada pela queda. Mesmo assim, a despeito desta qualificação, que afirma a continuada dignidade do homem por causa da imagem divina que não foi totalmente perdida, o diagnóstico de Paulo permanece válido. Fora de CRISTO o homem está morto por causa dos delitos e pecados, escravizado pelo mundo, pela carne e pelo diabo, e condenado sob a ira de DEUS.
Mesmo Nicodemos, Cornélio e Lídia, se não tivessem ouvido o evangelho e crido nele, seriam condenados ao lago de fogo e enxofre.
É por não reconhecerem a gravidade da condição humana que tantas pessoas buscam soluções com remédios superficiais, por exemplo, nas obras.
A educação universal é altamente desejável. Assim também são as leis justas administradas com retidão. Ambas agradam a DEUS que é o Criador e o justo Juiz de toda a humanidade. Mas nem a educação nem a legislação podem salvar os seres humanos da morte, do cativeiro ou da condenação espirituais.
Uma doença séria exige um remédio sério. É evidente que isto não quer dizer que nos desinteressaremos de uma educação melhor ou de uma sociedade mais justa. Mas acrescentaremos a estas coisas uma nova dimensão que os não-cristãos não podem compreender,  por isso, não valorizam a evangelização. DEUS, pois, confiou-nos uma mensagem de boas novas que oferece vida aos mortos, libertação aos cativos e perdão aos condenados.
Todos devem ouvir o evangelho para serem salvos. A graça deve atingir a todos, desde que ouçam o evangelho e nele creiam.
Efésios 1:13 em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa;
 
 
1 João 2:2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
 
Romanos 5:18 Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
 
 
2- O homem salvo pela graça, ou a compaixão divina (4-10)
O versículo começa com uma conjunção adversativa. Mas DEUS... E estas duas palavras contrapõem à condição desesperadora da humanidade caída e da iniciativa graciosa e a ação soberana de DEUS. Éramos o objeto da sua ira, mas DEUS... por causa do grande amor com que nos amou teve misericórdia de nós. Nós estávamos mortos, e os mortos não ressuscitam, mas DEUS nos vivificou com CRISTO. Éramos escravos, numa situação de desonra e incapacidade, mas DEUS nos ressuscitou juntamente com CRISTO e nos colocou à sua própria mão direita, em CRISTO, numa posição de honra e poder. DEUS então agiu para inverter a nossa condição no pecado. É essencial manter unidas as duas partes deste contraste, ou seja: o que somos por natureza e o que somos pela graça, a condição humana e a compaixão divina, a ira de DEUS e o amor de DEUS. Os cristãos, por vezes, são criticados por ficarem morbidamente preocupados com o seu pecado e com a sua culpa. A crítica não é justa quando estamos enfrentando fatos acerca de nós mesmos (pois nunca deixa de ser saudável encarar francamente a realidade), mas somente quando deixamos de avançar para a glória que há na misericórdia e na graça de DEUS.
Agora precisamos indagar exatamente o que DEUS fez, e também por que o fez.
Tanto no versículo 5 como no 8 a mesma declaração é feita. Pela graça sois salvos. Alguns comentaristas têm até mesmo sugerido que os versículos 4-10 são um tipo de hino que celebra as glórias da salvação e da sola gratia, que é duas vezes interrompido pela aclamação litúrgica “Pela graça sois salvos”. Salvos é um particípio perfeito (sesbmenoi). Enfatiza as consequências permanentes da ação salvadora de DEUS, desde que o pecador não se desvie da graça salvadora.
 
Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Romanos 8:9 Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis, quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. 2 Coríntios 13:5
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Gálatas 5:4
 
Na realidade, ele usa três verbos, que retomam o que DEUS fez em CRISTO e, depois (pelo acréscimo do prefixo syn, juntamente com”), nos ligam a CRISTO nestes eventos. Primeiro, DEUS nos deu vida juntamente com CRISTO (v. 5), depois juntamente com ele nos ressuscitou (v. 6a) e, em terceiro lugar, nos fez assentar nos lugares celestiais em CRISTO JESUS (v. 6b).
Estes verbos (“deu vida”, “ressuscitou” e “fez assentar”) referem-se aos três eventos históricos sucessivos na carreira salvífica de JESUS, que normalmente são chamados de a ressurreição, a ascensão e a exaltação. Declaramos a nossa crença neles quando recitamos o Credo: “Ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e está sentado a mão direita de DEUS Pai”.
O que nos deixa atônitos, no entanto, é que agora Paulo não está escrevendo a respeito de CRISTO, mas, sim, a respeito de nós. Está afirmando, não que DEUS vivificou, ressuscitou e exaltou a CRISTO, mas, sim, que nos vivificou, nos ressuscitou e nos, exaltou em CRISTO.
Este conceito da união entre o povo de DEUS e CRISTO é fundamental para o cristianismo do Novo Testamento. O que então constitui o aspecto distintivo dos membros da nova sociedade de DEUS? Não apenas que admirem e até mesmo adorem a JESUS, ou que aceitem as doutrinas da igreja, ou até mesmo que vivam dentro de certos padrões morais. Não! O que os torna distintivo é a sua nova solidariedade como um povo que está em CRISTO. Em virtude da sua união com CRISTO, realmente compartilharam da sua ressurreição, ascensão e exaltação. Nos lugares celestiais, o mundo invisível da realidade espiritual, em que os principados e as potestades operam (3:10; 6: 12) e em que CRISTO reina supremo (1:20), é que DEUS abençoou o seu povo em CRISTO (1:3), e é onde ele os fez assentar com CRISTO (2:6). Se, pois, estamos assentados em CRISTO nos lugares celestiais. É o testemunho a uma experiência viva, de que CRISTO nos deu, por um lado, uma vida nova (com uma consciência sensível da realidade de DEUS e um amor por ele e pelo seu povo) e, por outro, uma vida de vitória (com o mal cada vez mais debaixo dos nossos pés). Estávamos mortos, mas fomos tornados espiritualmente vivos e alertas. Estávamos no cativeiro, mas fomos entronizados.
 
Por que DEUS nos fez?
Paulo vai além de uma descrição da ação salvadora de DEUS; faz-nos compreender a sua motivação. Na realidade, a ênfase principal deste parágrafo é que o que levou DEUS a agir em nosso favor não foi algo em nós (algum suposto mérito) mas, sim, algo nele mesmo (seu amor). Paulo reúne quatro palavras para expressar as origens da iniciativa salvadora de DEUS:
Escreve da “misericórdia” de DEUS (DEUS, sendo rico em misericórdia, v. 4a), do “amor” de DEUS “por causa do grande amor com que nos amou, v. 4b), da “graça” de DEUS (pela graça sois salvos, vs. 5 e 8) e da “bondade” de DEUS "(em bondade para conosco, em CRISTO JESUS, v. 7).
Estávamos mortos e, portanto, incapazes de salvar-nos a nós mesmos: somente a misericórdia podia alcançar os incapazes, pois misericórdia é amor para com os totalmente privados de recursos. Estávamos debaixo da ira de DEUS: somente o amor poderia triunfar sobre a ira. Nada merecíamos nas mãos de DEUS a não ser o julgamento, por causa dos nossos delitos e pecados: somente a graça poderia salvar-nos do que merecíamos, pois a graça é o favor imerecido, é JESUS. Por que, pois, DEUS nos salvou?
Movido pela sua pura misericórdia, pelo seu amor, pela sua graça e por sua bondade! Mais ainda: ele salvou-nos para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça. (v. 7). Ao ressuscitar CRISTO demonstrou “a suprema grandeza do seu poder” (1:19-20); mas ao nos ressuscitar e exaltar demonstrou também “a supremacia sua graça’, e continuará a fazer assim por toda a eternidade. Nós, portanto, como testemunhas vivas da sua bondade, exibiremos às pessoas de fora, sem chamar a atenção para nós mesmos, aquele a quem devemos a nossa salvação.
 
Em nosso caso, DEUS demonstrou mais do que habilidade ao nos criar e salvar. Um paciente depois de uma cirurgia delicada é uma testemunha viva da habilidade do seu cirurgião; e um homem condenado, depois de ser perdoado, da misericórdia do seu soberano. Assim somos nós: amostras da competência de DEUS projetando nossa salvação em JESUS CRISTO.
Os versículos 8-10 desenvolvem o tema da graça de DEUS, e explicam por que nas eras vindouras DEUS demonstrará a sua graça e bondade para conosco em CRISTO JESUS. É por causa da nossa salvação. DEUS nos mostrará a sua graça porque foi por ela que nos salvou.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS.
Aqui temos três palavras fundamentais das boas novas cristãs — a salvação, a graça e a fé. A salvação é mais do que o perdão. É a libertação da morte, da escravidão e da ira descritas nos versículos 1-3. Inclui a totalidade da nossa nova vida em CRISTO, juntamente com quem fomos vivificados, exaltados e feitos assentar no âmbito celestial. A graça é JESUS, a misericórdia de DEUS, livre e imerecida, para conosco, e  é a confiança humilde com que nós a recebemos.
Para reforçar esta declaração positiva de que fomos salvos somente pela graça de DEUS por meio da fé em CRISTO, Paulo acrescenta duas negações que se equilibram: a primeira é “isto não vem de vós, é dom de DEUS (v. 8b), a segunda é não de obras, para que ninguém se glorie.
Devemos pensar na salvação como sendo a misericórdia de DEUS sendo oferecida a nós, onde ele contribui com a graça (JESUS e sua obra) e nós entramos a esta graça pela fé, acreditamos no que DEUS planejou, JESUS executou e o ESPÍRITO SANTO nos revelou agora através da pregação do evangelho.
em quem (JESUS) também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; Efésios 1:13
 
Estávamos mortos, pois não tínhamos capacidade de nos salvar a nós mesmos, mas perfeitamente capazes de decidir entre o bem e o mal, entre nos entregar a DEUS ou não. A fé não é obra, é reconhecimento de nossa incapacidade de salvar-nos a nós mesmos, confiando a JESUS esta tarefa.
Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente, Gênesis 3:22
 
Devemos, portanto, entender que “isto” refere-se à “pela graça de DEUS. Não se trata da vossa realização (isto não vem de vós) nem como recompensa por quaisquer dos vossos atos de religião ou de caridade (não  de obras). Não havendo, então, lugar para o mérito humano, também não há lugar para a arrogância humana. A salvação é dom de DEUS, para que ninguém se glorie. Os cristãos não se sentem bem com o orgulho, pois entendem a sua incongruência.
Não podemos empertigar-nos no céu como pavões. O céu estará cheio das façanhas de CRISTO e dos louvores de DEUS. Realmente haverá uma demonstração no céu. Não uma demonstração de nós mesmos, mas, sim, uma demonstração da incomparável riqueza da graça, da misericórdia e da bondade de DEUS por meio de JESUS CRISTO.
 
SOMOS JUSTIFICADOS PELA FÉ
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. Romanos 3:28 (obras antes de salvo)
Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com DEUS por nosso Senhor JESUS CRISTO; Romanos 5:1
Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos também crido em JESUS CRISTO,
 
 
Poderíamos imaginar que Paulo já ensinou sua lição e está pronto para passar para outro tópico. Mas não, está decidido a não deixar o tema até que o tenha exposto além de qualquer possível mal-entendido. Assim, acrescenta mais uma afirmação positiva, decisiva e gloriosa (v. 10): Pois somos feitura dele, criados em CRISTO JESUS para boas obras, as quais DEUS de antemão preparou para que andássemos nelas. Paulo já declarara que a salvação não é nossa realização. Agora, não apenas declara o oposto, ou seja, que é realização de DEUS, mas vai além. Deixa para trás qualquer ideia de salvação como algo isolado, fora e à parte de nós mesmos. Está preocupado conosco, com seres humanos vivos que estávamos mortos. O que somos agora? Somos feitura de DEUS (poieêma. “sua obra de arte, sua obra-prima) (ktisthentes) em CRISTO JESUS. As duas palavras gregas falam de criação. Até esta altura, Paulo já descreveu a salvação em termos de uma ressurreição dentre os mortos, uma libertação da escravidão e um salvamento da condenação. E cada uma destas descrições declara que a obra é de DEUS, porque os mortos não podem ressuscitar a si  mesmos, nem as pessoas presas e condenadas podem libertar a si mesmas.
Mas agora explana a questão sem deixar a mínima sombra de dúvida. A salvação é a criação, a nova criação. E a linguagem da criação é um contrassenso a não ser que haja um Criador; a autocriação é uma contradição patente de termos.
 
Estão inteiramente enganadas as pessoas que pensam que boas obras são indispensáveis para os salvos.
Obras são importantes, não como base para salvação, ou meio, mas, sim, como sua consequência e evidência. Não somos salvos por causa de obras (vs. 8-9) mas, sim, somos criados em CRISTO JESUS para boas obras (v. 10), boas obras estas que DEUS de antemão preparou, segundo o seu desígnio, numa eternidade passada e para as quais nos criou, a fim de que continuadamente andássemos nelas. Assim termina o parágrafo como começou, com o nosso andar humano, uma expressão idiomática hebraica para a nossa maneira de viver.
Antigamente andávamos em delitos e pecados nos quais o diabo nos prendera; agora andamos nas boas obras, conforme DEUS eternamente planejou que fizéssemos. O contraste é completo. É um contraste entre dois estilos de vida (o mau e o bom) e, por trás deles, dois senhores (o diabo e DEUS). O que poderia ter ocasionado semelhante mudança? Somente uma nova criação pela graça e pelo poder de DEUS. As expressões-chaves do parágrafo são, decerto, Mas DEUS (v. 4) e pela graça (vs. 5, 8). Paulo não nutria ilusões a respeito da degradação da raça humana. Recusou-se a passar uma demão de cal na situação, pois isso poderia levar a propostas de soluções superficiais de sua parte. Pelo contrário, começou este parágrafo com um retrato fiel do homem na sua sujeição a três poderes terríveis: o pecado, a morte e a ira. Porém, recusou-se a cair em desespero porque acreditava em DEUS. É verdade que a única esperança para os mortos acha-se numa ressurreição. Mas, afinal, o DEUS vivo é o DEUS da ressurreição. Mais ainda, ele é o DEUS da criação. As duas metáforas indicam a necessidade indispensável da graça divina. A ressurreição, pois, é dentre os mortos, e a criação é da Palavra de DEUS. Este é o verdadeiro significado da salvação.
 
 
 
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 5 - Revista CPAD - 2020
 
OBJETIVO GERAL - Revelar que a graça salvadora de CRISTO nos garante a vida eterna.
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Refletir sobre nossa natureza pecaminosa;
Explicar que fomos vivificados pela graça de DEUS;
Informar que nossa salvação vem de DEUS e não das obras.
 
 
 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
A Palavra de DEUS revela que formos libertos do pecado por meio da maravilhosa graça divina. Por ela, fomos perdoados e salvos da condenação eterna. Assim, em CRISTO JESUS, recebemos o direito à vida eterna. Na presente lição, você deve mostrar os relevantes aspectos doutrinários que estão revelados em Efésios 2.1-10. Nessa seção da epístola, o apóstolo Paulo amplia o conceito de libertação do pecado descrevendo-o como um favor imerecido dado por DEUS aos salvos a fim de que a nova criatura em JESUS desfrute de uma nova vida com o Salvador.
 
 
PONTO CENTRAL - A graça salvadora de CRISTO nos garante a vida eterna.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - A nossa condição diante de DEUS era caótica, éramos escravos e estávamos condenados à perdição e morte eterna.
SÍNTESE DO TÓPICO II - O pecador passou da morte para a vida por meio da graça divina, concedida por obra da misericórdia e do grande amor de DEUS.
SÍNTESE DO TÓPICO III - A salvação é graça divina por meio da fé. As obras não são o meio, mas o resultado de nossa salvação.
 
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO TOP1
Ao expor este tópico, faça uma reflexão a respeito da necessidade do novo nascimento como substituição à velha natureza. Para isso, tome por base o seguinte fragmento textual: “O pecado não consiste apenas de ações isoladas, mas também é uma realidade, ou natureza, dentro da pessoa (ver Ef 2.3). O pecado, como natureza, indica a ‘sede’ ou a sua ‘localização’ no interior da pessoa, como a origem imediata dos pecados. Inversamente, é visto na necessidade do novo nascimento, de uma nova natureza a substituir a velha, pecaminosa (Jo 3.3-7; At 3.19; 1 Pe 1.23). Esse fato é revelado na ideia de que regeneração só pode acontecer de fora para dentro da pessoa (Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26,27; 37.1-14; 1 Pe 1.3)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.286).
 
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP2
“Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Crer no Filho de DEUS leva à vida eterna (Jo 3.16). Sem fé, não poderemos agradar a DEUS (Hb 11.6). A fé, portanto, é a atitude da nossa dependência confiante e obediente em DEUS e na sua fidelidade. Essa fé caracteriza todo filho de DEUS fiel. É o nosso sangue espiritual (Gl 2.20).
Pode-se argumentar que a fé salvífica é um dom de DEUS, até mesmo dizer que a presença de anseios religiosos, inclusive entre os pagãos, nada tem a ver com a presença ou exercício da fé. A maioria dos evangélicos, no entanto, afirma semelhantes anseios, universalmente presentes, constituem-se evidências favoráveis à existência de um DEUS, a quem se dirigem. Seriam tais anseios inválidos em si mesmos, à parte da atividade divina direta?” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.370).
 
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO TOP3
“Nenhuma medida de esforço próprio ou de devoção religiosa pode realizar o que está descrito acima. Pelo contrário, ‘pela graça sois salvos por meio da fé – e isso não vem de vós; é dom de DEUS’ (2.8). A ação da graça de DEUS está centrada em seu Filho – sua morte, ressurreição e entronização no céu como Senhor. Em relação à demonstração de sua graça, primeiramente vem o chamado ao arrependimento e à fé (At 2.38). Através dessa convocação, o ESPÍRITO SANTO torna a pessoa capaz de responder à graça de DEUS através da fé. Aqueles que por meio da fé respondem ao Senhor JESUS CRISTO ‘são vivificados juntamente com CRISTO’ (2.5). São regenerados ou nascidos de novo por obra do ESPÍRITO SANTO (Jo 3.3-8). São ressuscitados e assentados com CRISTO no reino celestial e continuam a receber a graça por sua união com Ele, que é a fonte do poder. Isso os torna capazes de resistir ao pecado e de viver de acordo com o ESPÍRITO SANTO (Rm 8.13,14). Os crentes, então, passam a servir a DEUS e praticar ‘boas obras’ (Ef 2.10; cf. 2 Co 9.8) por causa da graça que opera em cada um (1 Co 15.10)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.413).
 
 
 
PARA REFLETIR - A respeito de “Libertos do Pecado para uma Nova Vida em CRISTO”, responda:
Segundo a lição, qual o conceito de morto em Efésios 2.1? O conceito é de morte moral e espiritual provocada pelo pecado, que inevitavelmente separa o homem de DEUS (Is 59.2; Tg 1.15).
Cite as atitudes erradas adotadas na vida passada antes da regeneração do salvo conforme a lição. “Andastes, segundo o curso deste mundo” (2.2b); “andastes, [...] segundo o príncipe da potestade do ar” (2.2c); “Andávamos fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (2.3).
Após constatar a situação da humanidade “sob a ira de DEUS” (2.3), o que Paulo passa a descrever? Paulo passa a descrever os atos divinos de amor e de misericórdia que alteraram o quadro caótico da raça humana.
Segundo a lição, o que significa a frase “nos vivificou juntamente com CRISTO” (2.5b)? Essa frase quer dizer que nascemos de novo (Jo 3.3). Não estamos mais mortos, pois CRISTO nos deu vida outra vez.
Que transformação ocorreu nos salvos? Agora em CRISTO somos uma nova criatura e as coisas velhas passaram (2 Co 5.17).
 
 
SUGESTÃO DE LEITURA - Amigo de Pecadores, Graça para o Momento - Vol II, Curando as Feridas do Passado (CPAD).
 
 
 
Bibliografia
Biblia de Estudo Aplicação Pessoal 
Manual de Duvidas - Bíblia TheWord
Revista CPAD - Lições Bíblicas 1998
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Dicionário Teológico - Pr. Claudionor Correia de Andrade - CPAD
Dicionário de JESUS e Evangelhos - Bíblia TheWord
FOULKES, Francis. Efésios Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2014, p. 73.
BRAY, G. (Org.) Comentário Bíblico da Reforma: Gálatas e Efésios. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 325.
BRAY, G. (Org.) Comentário Bíblico da Reforma: Gálatas e Efésios. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 325.
VAUX, R. De. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 351.
 STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 2007, p. 72, 74.
STAMPS, Donald C. (Ed). Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 1814.
CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, 3ª ed., p. 87.
ARRINGTON, French (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1.242.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento – Atos a Apocalipse. Rio: CPAD, 2008, p. 592.
WILLIAMS, D. J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996, p. 75.
HARPER, A. F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, vol. 9, p. 161.
RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. Rio: CPAD, 2009, vol. 2, p. 336, 337.
SOARES, Esequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio Janeiro: CPAD, 2017, p. 21, 25.
HAGNER, Donald. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Hebreus. São Paulo: Vida, 1997, p. 155.
 
 
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Terceiro Trimestre de 2006 
LIÇÃO 9 – PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
TEMA –Doutrinas bíblicas pentecostais 
Centenário do Movimento Pentecostal Mundial (1906-2006)
COMENTARISTA : Pr. Antonio Gilberto
   
Lição 9 PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
 
 
 
TEXTO ÁUREO: "E não entristeçais o ESPÍRITO SANTO de DEUS, no qual estais selados para o Dia da redenção" (Ef 4.30).
A tristeza do ESPÍRITO é devido à falta de comunicação, ou pela ofensa, ou pela incredulidade de seus "anfitriões"..
 
 
 
VERDADE PRÁTICA: Sendo o ESPÍRITO SANTO quem intercede por nós com gemidos inexprimíveis, quem por nós intercederá se pecarmos contra Ele?
Nossas orações são levadas, depois de devidamente corrigidas, pelo ESPÍRITO SANTO.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
HEBREUS 3.7-12
7 Portanto, como diz o ESPÍRITO SANTO, se ouvirdes hoje a sua voz, 8 não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, 9 onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. 10 Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. 11 Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso. 12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do DEUS vivo.
LEITURA DIÁRIA
 
Segunda
Is 63.10
Não entristeçais o ESPÍRITO SANTO.
Terça
At 5.3
Não mintais ao ESPÍRITO SANTO.
Quarta
Mt 12.31, 32
Não blasfemeis contra o ESPÍRITO SANTO.
Quinta
Hb 10.29
Não insulteis o ESPÍRITO SANTO.
Sexta
At 7.51
Não resistais ao ESPÍRITO SANTO.
Sábado
1 Ts 5.19
Não extingais o ESPÍRITO SANTO.
 
OBJETIVOS: Após esta lição, seu aluno deverá estar apto a:
Descrever os principais pecados contra o ESPÍRITO SANTO.
Explicar o sentido de "blasfêmia contra o ESPÍRITO".
Buscar uma comunhão mais íntima com o ESPÍRITO.
 
PONTO DE CONTATO Professor, o avivamento da Rua Azusa foi à centelha que espalhou o pentecostes por todas as regiões. A.C. Valdez, participante do movimento pentecostal em Los Angeles, testemunhou que "muitas vezes ondas de glória vinham sobre a sala de espera e o povo bradava em oração de gratidão ou louvores quando recebia o batismo no ESPÍRITO SANTO". Segundo Valdez, era comum o culto passar da meia-noite e entrar nas primeiras horas da manhã. Ali, segundo as testemunhas oculares, dúzias de bengalas, ataduras, muletas e cachimbos eram postos enfileirados juntos às paredes do galpão. Muitas pessoas falavam em línguas, às vezes um santo silêncio vinha sobre o lugar, seguido por um coro de oração em línguas desconhecidas pelos cristãos.
 
SÍNTESE TEXTUAL As principais condições exigidas pelas Sagradas Escrituras para que o crente seja cheio do poder do ESPÍRITO é não entristecer (Ef 4.30, 31), extinguir (1 Ts 5.19), resistir (At 7.51), ultrajar (Hb 10.29) e, mentir ao ESPÍRITO SANTO (At 5.3). Qualquer um desses pecados desabilita o crente como candidato à plenitude do ESPÍRITO de CRISTO. A proibição contra essas transgressões sugere que o crente, por seus atos e natureza pecaminosa, tem possibilidade de ofender o SANTO ESPÍRITO, interferindo assim, na obra do ESPÍRITO no crente. Conseqüentemente, a insistência e teimosia do crente em afrontar o ESPÍRITO da Graça, podem levá-lo, à semelhança dos cristãos hebreus, ao pecado de apostasia e blasfêmia contra o ESPÍRITO (Hb 10.19-39; Mt 12. 22-32).
 
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA Professor, nesta lição usaremos como recurso didático uma técnica chamada de Pensamento Radiante. A proposta desta dinâmica é que os alunos criem idéias relativas a lição. Divida a classe em equipes, não mais do que três pessoas por grupo. Distribua a cada equipe uma folha de papel ofício duplo (ou equivalente) escrito no centro: "Pecados contra o ESPÍRITO". Instrua os alunos a fazerem um círculo no centro do papel onde já consta o título da lição. Do círculo central eles devem desenhar 6 linhas em sentido vertical e, em cada uma delas, escrever uma palavra que se relaciona com o tema proposto. Das 6 palavras (possivelmente: tristeza, extinguir, agravo, blasfemar, mentir, resistir) eles vão escolher uma e fazer o mesmo, isto é, mais 6 linhas com palavras relacionadas. Na conclusão da atividade, tem-se várias idéias, relacionadas ao tema geral. Solicite aos alunos para apresentarem rapidamente. A seguir, ministre a lição. Sabendo que a partir da atividade desenvolvida, os alunos relacionaram diversos conceitos que o auxiliarão na compreensão da lição.
 
COMENTÁRIOS:
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
HEBREUS 3.7-12
7 Portanto, como diz o ESPÍRITO SANTO, se ouvirdes hoje a sua voz, 8 não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, 9 onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. 10 Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. 11 Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso. 12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do DEUS vivo.
 
Nesta carta, os Hebreus são chamados IRMÃOS SANTOS (vv 1).
Hebreus provavelmente foi escrito a um grupo de cristãos judeus que, depois da sua conversão a CRISTO, foram submetidos à perseguição e ao desânimo (10.32-39).
Que os destinatários de Hebreus eram verdadeiros cristãos, nascidos de novo, fica claro pelas referências abaixo:
(1) 2.1-4 fala do perigo de se desviarem da salvação;
(2) em 3.1, os leitores são chamados "irmãos santos, participantes da vocação celestial"; e
(3) em 3.6, onde são chamados a casa de DEUS. Para mais evidências de que os destinatários eram salvos por CRISTO, ver 3.12-19; 4.14-16; 6.9-12,18-20; 10.19-25,32-36; 12.1-29; 13.1-6,10-14,20,21.
 
O versículo 6, que não foi mencionado na leitura traz importante ensino para nossa lição: 6 mas CRISTO, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.
3.6 SE... CONSERVARMOS FIRME... ATÉ AO FIM. As declarações condicionais de Hebreus merecem atenção especial (ver 2.3; 3.6,14; 10.26) porque advertem que a salvação é condicional.
(1) A segurança do crente em CRISTO é mantida somente enquanto ele coopera com a graça de DEUS perseverando na fé e na santidade até o fim da sua existência terrena. Essa verdade foi enfatizada por CRISTO (Jo 8.31; Ap 2.7,11,17,25,26; 3.5,11,12,21) e é uma admoestação repetida em Hebreus (2.1; 3.6,14; 4.16; 7.25; 10.34-38; 12.1-4,14).
(2) A salvação assegurada aos membros da igreja que deliberadamente pecam nas igrejas, hoje tão em voga nalguns círculos, não tem lugar no NT (Ap 3.14-16; ver Lc 12.42-48; Jo 15.6).
3.7 DIZ O ESPÍRITO SANTO. Assim como os demais escritores do NT, o escritor de Hebreus considera as Escrituras, no sentido final e pleno, como as palavras do ESPÍRITO SANTO e não como meras palavras dos homens (cf. 9.8; 10.15; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21.
Ao lermos a Bíblia, não devemos pensar que estamos lendo simplesmente a história de homens que viveram com dificuldade na penosa estrada deste mundo. Ao morrermos no Senhor, entramos no seu repouso perfeito no céu.
Diante do exposto, devemos tomar todo o cuidado para não ofender à única pessoa que pode nos ajudar a viver de acordo com a vontade de DEUS, para podermos herdar essa vida eterna que nos é outorgada no momento de nossa conversão: o ESPÍRITO SANTO.
 
A blasfêmia dos fariseus (também em Lc 11.14-23).
22 Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; me, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via.
23 E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi?
24 Mas nos fariseus, ouvindo isso, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
25 JESUS, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa
dividida contra si mesma não subsistirá.
26 E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?
27 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam, então, os vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos
juízes.
28 Mas, se eu expulso os demônios pelo ESPÍRITO de DEUS, pé conseguintemente chegado a vós o Reino de DEUS.
29 Ou como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então,
a sua casa?
30 Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
31 Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o ESPÍRITO não será perdoada aos
homens.
32 E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o ESPÍRITO SANTO, não
lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.
 
A APOSTASIA PESSOAL
 Hb 3.12 “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do DEUS vivo”.

A apostasia (gr. apostasia) aparece duas vezes no NT como substantivo (At 21.21; 2Ts 2.3) e, aqui em Hb 3.12, como verbo (gr. aphistemi, traduzido “apartar”). O termo grego é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado.

(1) Apostatar significa cortar o relacionamento salvífico com CRISTO, ou apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé nEle. Sendo assim, a apostasia individual é possível somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação pelo ESPÍRITO SANTO (cf. Lc 8.13; Hb 6.4,5); não é simples negação das doutrinas do NT pelos inconversos dentro da igreja visível. A apostasia pode envolver dois aspectos distintos, embora relacionados entre si: (a) a apostasia teológica, i.e., a rejeição de todos os ensinos originais de CRISTO e dos apóstolos ou dalguns deles (1Tm 4.1; 2Tm 4.3); e (b) a apostasia moral, i.e., aquele que era crente deixa de permanecer em CRISTO e volta a ser escravo do pecado e da imoralidade (Is 29.13; Mt 23.25-28; Rm 6.15-23; 8.6-13).

(2) A Bíblia adverte fortemente quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do perigo fatal de abandonar nossa união com CRISTO, como para nos motivar a perseverar na fé e na obediência. O propósito divino desses trechos bíblicos de advertência não deve ser enfraquecido pela idéia que afirma: “as advertências sobre a apostasia são reais, mas a sua possibilidade, não”. Antes, devemos entender que essas advertências são como uma realidade possível durante o nosso viver aqui, e devemos considerá-las um alerta, se quisermos alcançar a salvação final. Alguns dos muitos trechos do NT que contêm advertências são: Mt 24.4,5,11-13; Jo 15.1-6; At 11.21-23; 14.21,22; 1Co 15.1,2; Cl 1.21-23; 1Tm 4.1,16; 6.10-12; 2Tm 4.2-5; Hb 2.1-3; 3.6-8,12-14; 6.4-6; Tg 5.19,20; 2Pe 1.8-11; 1Jo 2.23-25.

(3) Exemplos da apostasia propriamente dita acham-se em Êx 32; 2Rs 17.7-23; Sl 106; Is 1.2-4; Jr 2.1-9; At 1.25; Gl 5.4; 1Tm 1.18-20; 2Pe 2.1,15,20-22; Jd 4,11-13; A apostasia, segundo a Bíblia, ocorrerá dentro da igreja professa nos últimos dias desta era.

(4) Os passos que levam à apostasia são:
(a) O crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Palavra de DEUS (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).
(b) Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial de DEUS, o crente deixa paulatinamente de aproximar-se de DEUS através de CRISTO (4.16; 7.19,25; 11.6).
(c) Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13). Já não ama a retidão nem odeia a iniqüidade (ver 1.9).
(d) Por causa da dureza do seu coração (3.8,13) e da sua rejeição dos caminhos de DEUS (v. 10), não faz caso da repetida voz e repreensão do ESPÍRITO SANTO (Ef 4.30; 1Ts 5.19-22; Hb 3.7-11).
(e) O ESPÍRITO SANTO se entristece (Ef 4.30; cf. Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1Ts 5.19) e seu templo é profanado (1Co 3.16). Finalmente, Ele afasta-se daquele que antes era crente (Jz 16.20; Sl 51.11; Rm 8.13; 1Co 3.16,17; Hb 3.14).

(5) Se a apostasia continua sem refreio, o indivíduo pode, finalmente, chegar ao ponto em que não seja possível um recomeço.
(a) Isto é, a pessoa que no passado teve uma experiência de salvação com CRISTO, mas que deliberada e continuamente endurece seu coração para não atender à voz do ESPÍRITO SANTO (3.7-19), continua a pecar intencionalmente (10.26) e se recusa a arrepender-se e voltar para DEUS, pode chegar a um ponto sem retorno em que não há mais possibilidade de arrependimento e de salvação (6.4-6; Dt 29.18-21; 1 Sm 2.25; Pv 29.1). Há um limite para a paciência de DEUS (ver 1 Sm 3.11-14; Mt 12.31,32; 2 Ts 2.9-11; Hb 10.26-29,31; 1 Jo 5.16).
(b) Esse ponto de onde não há retorno, não se pode definir de antemão. Logo, a única salvaguarda contra o perigo de apostasia extrema está na admoestação do ESPÍRITO: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações ( 3.7,8,15; 4.7).

(6) É próprio salientar que, embora a apostasia seja um perigo para todos os que vão se desviando da fé (2.1-3) e que se apartam de DEUS (6.6), ela não se consuma sem o constante e deliberado pecar contra a voz do ESPÍRITO SANTO (ver Mt 12.31).

(7) Aqueles que, por terem um coração incrédulo, se afastam de DEUS (3.12), podem pensar que ainda são verdadeiros crentes, mas sua indiferença para com as exigências de CRISTO e do ESPÍRITO SANTO e para com as advertências das Escrituras indicam o contrário. Uma vez que alguém pode enganar-se a si mesmo, Paulo exorta todos aqueles que afirmam ser salvos: "Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos" (ver 2 Co 13.5).

(8) Quem, sinceramente, preocupa-se com sua condição espiritual e sente no seu coração o desejo de voltar-se arrependido para DEUS, tem nisso uma clara evidência de que não cometeu a apostasia imperdoável. As Escrituras afirmam com clareza que DEUS não quer que ninguém pereça (2 Pe 3.9; cf. Is 1.18,19; 55.6,7) e declaram que DEUS receberá todos que já desfrutaram da graça salvadora, se arrependidos, voltarem a Ele (cf. Gl 5.4 com 4.19; 1 Co 5.1-5 com 2 Co 2.5-11; Lc 15.11-24; Rm 11.20-23; Tg 5.19,20; Ap 3.14-20; note o exemplo de Pedro, Mt 16.16; 26.74,75; Jo 21.15-22).
Qualquer Resistência Ao ESPÍRITO SANTO Impede A Sua Operação
A- Resistir ao ESPÍRITO SANTO:
Resistir é empregar uma força contra, é reconhecer de onde vem a força, porém negar e se recusar a admitir sua procedência, dando a outrem a sua origem.
É o que fizeram contra Estevão, homem cheio de sabedoria e do ESPÍRITO SANTO que pregava o evangelho, mas foi morto por resistência dos religiosos de sua época. A Intolerância religiosa é a pior arma de Satanás para aqueles que nunca ouviram o evangelho; milhões têem morrido sem ouvir a Palavra de DEUS por causa disso, principalmente nos países onde o Islamismo é a religião oficial.
 
B- Entristecer o ESPÍRITO SANTO:
É tê-LO não como DEUS, como Dono e Senhor, mas como empregado. É dominar o desejo de DEUS se manifestar, tornando a manifestação do ESPÍRITO SANTO impossível de acontecer. É ter amizade com o mundo. É a vida regada no mundanismo. É viver na carne e não no ESPÍRITO.
 
C- Extinguir o ESPÍRITO SANTO:
Apagar, desistir de, retirar de circulação, Sufocar. É deixar de fazer qualquer coisa em que o ESPÍRITO SANTO tenha participação. É se tornar casa sem dono.
 
D- Blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO:
É o que os Fariseus fizeram: Deram a Belzebu, príncipe dos demônios, a honra pelos milagres que JESUS operava, embora soubessem que vinha de DEUS, porém não queriam reconhecer em JESUS o filho de DEUS e nem queriam perder sua posição social e religiosa, eram os representantes legais de DEUS e não aceitariam outro se intrometer em seus negócios. É atribuir a Satanás o que DEUS faz. Há muitos incrédulos dentro da "Igreja" hoje como havia no tempo de JESUS, nunca dão a JESUS a honra e a glória devida pelos seus milagres, são homens réprobos e religiosos, nada sabendo das coisas espirituais, mas com diplomas e mais diplomas que comprovam sua sabedoria humana, porém sem fruto espiritual; se assentam por detrás de suas mesas para tentarem provar que não existe e nem funciona mais o poder de DEUS.
 
Veja que foi por inveja e não por ignorância que atribuíram a Satanás a obra do ESPÍRITO SANTO.
 
Veja que o ESPÍRITO SANTO fala e sua voz deve ser ouvida com um coração (entendimento) sincero e aberto ao ESPÍRITO SANTO.
Os Israelitas, embora sabendo e vendo a operação do ESPÍRITO SANTO (DEUS) entre eles, preferiram voltar ao Egito e servirem a Faraó (antítipo de Satanás). Veja que os que assim agem, erram sempre, pois não possuem o discernimento correto, somente dado pelo ESPÍRITO SANTO. Quando há o pecado de blasfêmia acontece então o deixar de DEUS, o abandono completo por parte de DEUS, a indignação de DEUS. Aconteceu com faraó que viu a operação do ESPÍRITO SANTO e não cedeu à vontade de DEUS, então seu coração foi endurecido para que não mais achasse a porta da salvação, tornou-se "persona nom grata" no céu. DEUS é amor, mas nunca deve ser levado à sua ira. a advertência para todos nós é: "nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do DEUS vivo'.
 
Comentários  Resumo:
Os pecados contra o ESPÍRITO SANTO consistem em palavras, atitudes e atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e as blasfêmias. As atitudes e atos constam da resistência ao ESPÍRITO, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de DEUS. Contudo, a resistência ao ESPÍRITO é o pecado inicial que se comete contra o Consolador. Uma vez cometida esta ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do ofensor, afetado terrivelmente pela iniqüidade, considerará o pecado algo comum e corriqueiro.
Lembremo-nos que o ESPÍRITO SANTO, simbolizado nas Escrituras pela pomba, é muito sensível.
 
 
 
I. RESISTÊNCIA AO ESPÍRITO SANTO
1. O que é resistir ao ESPÍRITO SANTO. É recusar, de forma consciente, a vontade divina transmitida pelo ESPÍRITO SANTO mediante a Palavra de DEUS e por meio de seu trabalho em nossos corações.
IMPEDIR A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO. Ao invés de receber, desejar a ação do ESPÍRITO SANTO em sua vida ou na vida dos outros, a pessoa tenta atrapalhar a ação do ESPÍRITO SANTO, além do mais, fala mal da ação do ESPÍRITO SANTO.
 
2. O sentido do texto bíblico.
Ir contra, colidir contra, atrapalhar o curso normal, frear a ação do ESPÍRITO SANTO por inveja ou qualquer outro sentimento maligno.
 
O verbo resistir usado por Estevão no original, vai além de uma mera resistência.
Aqui a resistência é ao amor de DEUS, à revelação da palavra de DEUS.
 
 
 
II. AGRAVO AO ESPÍRITO SANTO
 Insultar o ESPÍRITO SANTO e rebelar-se contra Ele, o qual comunica a graça de DEUS ao nosso coração, é um agravo terrível, pois sem O mesmo, não há como entendermos a salvação pela graça de DEUS; talvez por isso mesmo, muitos buscam a salvação nas obras da lei.
Gálatas 3:2 Só quisera saber isto de vós: recebestes o ESPÍRITO pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
 Paulo demonstra a superioridade da salvação pela graça mediante a fé em CRISTO sobre a tentativa de se obter a salvação mediante a obediência à lei. Mediante a fé em CRISTO recebemos o ESPÍRITO SANTO e todas as suas bênçãos, inclusive o dom da vida eterna (vv. 2,3,5,14,21; 4.6). Porém, a pessoa que depende da lei para obter a salvação não recebe o ESPÍRITO, nem a vida, porque a lei em si mesma não pode outorgar a vida (v. 21).
Acostumados como estavam ao culto levítico, e sob perseguição por causa do evangelho de CRISTO, os cristãos de origem judaica começaram a deixar a igreja e a retornar ao judaísmo centrado no Templo em Jerusalém.
Um judeu que deixa CRISTO para retornar ao judaísmo do deus do templo, um evangélico que volta ao catolicismo, ou qualquer crente que vai praticar alguma religião maligna, todos estes estão agravando ao ESPÍRITO SANTO, ESPÍRITO DA GRAÇA.
 
 
 
 
III. ENTRISTECER O ESPÍRITO SANTO
 "E não entristeçais o ESPÍRITO SANTO de DEUS, no qual estais selados para o Dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós" (Ef 4.30,31).
 
1. Tristeza do ESPÍRITO SANTO. O vocábulo original tem a ver com agravo, dor, aflição, angústia.
NÃO ENTRISTEÇAIS O ESPÍRITO SANTO. O ESPÍRITO SANTO, que habita no crente (Rm 8.9; 1 Co 6.19), é uma Pessoa que pode sentir intensa mágoa ou tristeza, assim como o próprio JESUS sentia quando chorou por causa de Jerusalém, e em outras ocasiões (Mt 23.37; Mc 3.5; Lc 19.41; Jo 11.35).
 
2. O que pode entristecer o ESPÍRITO SANTO. Toda conversação maligna e corrupta, que estimule os desejos pecaminosos e a luxúria, contrista o ESPÍRITO SANTO".
(1) O crente causa tristeza ou pesar ao ESPÍRITO SANTO, quando não dá importância à sua presença, voz ou direção (Rm 8.5-17; Gl 5.16-25; 6.7-9).
(2) Entristecer o ESPÍRITO SANTO leva a resisti-lo (At 7.51); isto, por sua vez, leva a extingui-lo (1 Ts 5.19) e, finalmente, a fazer agravo ao ESPÍRITO da graça (Hb 10.29). Esta última ação pode ser identificada como a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO, para a qual não há perdão (ver Mt 12.31).
 
 
 
 
IV. MENTIR AO ESPÍRITO SANTO
1 Mas um certo varão chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade
2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
3 Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses
parte do preço da herdade?
4 Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não
mentiste aos homens, mas a DEUS.
5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu de expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6 E, levantando-se os jovens, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7 E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.
9 Então, Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o ESPÍRITO do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que
sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10 E logo caiu aos seus pés e expirou. E, entrando os jovens, acharam-na morta e a sepultaram junto de seu marido.
11 E houve um grande temor em toda a igreja e em todos os que ouviram estas coisas.
12 E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de
Salomão.
13 Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles; mas o povo tinha-os em grande estima.
14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais,
15 de sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de
Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles.
16 E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos
imundos, os quais todos eram curados.
5.3 MENTISSES AO ESPÍRITO SANTO. A fim de obterem prestígio e reconhecimento, Ananias e Safira mentiram diante da igreja a respeito das suas contribuições. DEUS considerou um delito grave essas mentiras contra o ESPÍRITO SANTO. As mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos perpétuos da atitude de DEUS para com qualquer coração enganoso entre aqueles que professam ser cristãos. Note, também, que mentir ao ESPÍRITO SANTO é a mesma coisa que mentir a DEUS, logo, o ESPÍRITO SANTO também é DEUS (vv. 3,4; ver Ap 22.15).
5.4 POR QUE FORMASTE ESTE DESÍGNIO...? A raiz do pecado de Ananias e de Safira era seu amor ao dinheiro e elogio dos outros. Isto os fez tentar o ESPÍRITO SANTO (v. 9). Quando o amor ao dinheiro e o aplauso dos homens tomam posse de uma pessoa, seu espírito fica vulnerável a todos os tipos de males satânicos (1 Tm 6.10). Ninguém pode estar cheio de amor ao dinheiro e, ao mesmo tempo, amar e servir a DEUS (Mt 6.24; Jo 5.41-44).
5.5 ANANIAS... CAIU E EXPIROU. DEUS feriu com severidade a Ananias e Safira (vv. 5,10), para que se manifestasse sua aversão a todo engano, mentira e desonestidade no reino de DEUS. Um dos pecados mais abomináveis na igreja é enganar o povo de DEUS no tocante ao nosso relacionamento com CRISTO, trabalho para Ele, e a dimensão do nosso ministério. Entregar-se a esse tipo de hipocrisia significa usar o sangue derramado de CRISTO para exaltar e glorificar o próprio eu diante dos outros. Esse pecado desconsidera o propósito dos sofrimentos e da morte de CRISTO (Ef 1.4; Hb 13.12), e revela ausência de temor do Senhor (vv. 5,11) e de respeito e honra ao ESPÍRITO SANTO (v. 3), e merece o justo juízo de DEUS.
5.11 HOUVE UM GRANDE TEMOR EM TODA A IGREJA O julgamento divino contra o pecado de Ananias e Safira levou a um aumento de humildade, reverência e temor do povo para com um DEUS santo. Sem o devido temor do DEUS santo e da sua ira contra o pecado, o povo de DEUS voltará, em pouco tempo, aos caminhos ímpios do mundo, cessará de experimentar o derramamento do ESPÍRITO e a presença milagrosa de DEUS e então lhe será cortado o fluxo da graça divina. Este é um elemento essencial da fé neotestamentária e do cristianismo bíblico hoje em dia.
 
1. O sentido da palavra "mentira" em Atos 5.3. Aqui, o termo original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade.
2. As implicações de se mentir ao ESPÍRITO SANTO. Quem mente ao ESPÍRITO SANTO, menospreza a sua deidade; Ele é DEUS (vv.3,4).
 
 
 
 
V. EXTINGUIR O ESPÍRITO SANTO
Paulo escrevendo aos irmãos de Tessalônica, exortou-os: "Não extingais o ESPÍRITO" (1 Ts 5.19).
 
1. O que é extinguir o ESPÍRITO. O termo traduzido por "extinguir" referente ao ESPÍRITO SANTO, tem o sentido colateral de apagar aos poucos uma chama, um fogo que está a arder.
5.19,20 NÃO EXTINGAIS O ESPÍRITO.
(1) Paulo compara o extinguir o fogo do ESPÍRITO com o desprezo e rejeição às manifestações sobrenaturais do ESPÍRITO SANTO, tais como a profecia (vv. 19,20). Reprimir ou rejeitar o uso correto e ordenado da profecia, ou de outros dons espirituais, resultará na perda em geral da manifestação do ESPÍRITO (1 Co 12.7-10,28-30). O ministério do ESPÍRITO SANTO a favor dos crentes é descrito em Jo 14.26; 15.26,27; 16.13,14; At 1.8; 13.2; Rm 8.4,11,16,26; 1 Co 2.9-14; 12.1-11; Gl 5.22-25.
(2) Estes dois versículos mostram com clareza que outras igrejas tinham em seu meio a manifestação de dons espirituais nos cultos de oração. Note-se bem que as mensagens proféticas não desprezadas, mas também aceitas após exame cuidadoso (v. 21; ver 1 Co 14.29).
 
2. O perigo de se extinguir o ESPÍRITO. A extinção das operações do ESPÍRITO SANTO na vida da igreja quando não é letal, a adoece e debilita, sem que ninguém o perceba. 
São pessoas que impedem a ação do ESPÍRITO SANTO em suas congregações, não permitem que os dons do ESPÍRITO SANTO sejam manifestos. Temos muitos resistentes ao ESPÍRITO SANTO hoje na igreja.
 
 
 
VI. BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO
1. O que é blasfemar contra o ESPÍRITO SANTO?
Os adversários de JESUSblasfemavam contra Ele e o ESPÍRITO SANTO, declarando consciente, proposital e seguidamente que JESUSoperava milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (Mt 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15).
BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO. A blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO é a rejeição contínua e deliberada do testemunho que o ESPÍRITO SANTO dá de CRISTO, da sua Palavra e da sua obra de convencer o homem, do pecado (cf. Jo 16.7-11). Aquele que rejeita a voz do ESPÍRITO e se opõe a ela, afasta de si mesmo o único recurso que pode levá-lo ao perdão o ESPÍRITO SANTO. Os passos que levam à blasfêmia contra o ESPÍRITO:
(1) entristecer o ESPÍRITO. Se isto for contínuo, levará à resistência ao ESPÍRITO (Ef 4.30);
(2) resistir ao ESPÍRITO leva ao apagamento do ESPÍRITO dentro da pessoa (1 Ts 5.19);
(3) apagar o ESPÍRITO leva ao endurecimento do coração (Hb 3.8-13);
(4) o endurecimento do coração leva a uma mente réproba e depravada, a ponto de chamar o bem de mal e o mal de bem (Rm 1.28; Is 5.20). Quando o endurecimento do coração atinge certa intensidade que somente DEUS conhece, o ESPÍRITO já não contenderá para levar aquela pessoa ao arrependimento (cf. Gn 6.3; ver Dt 29.18-21; 1 Sm 2.25; Pv 29.1). Quanto àqueles que se preocupam pensando que já cometeram o pecado imperdoável, a sua disposição de se arrependerem e quererem o perdão, é evidência de que não cometeram o tal pecado imperdoável.
 
 
2. A blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO é imperdoável.
O ser humano pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o ESPÍRITO.
 
CONCLUSÃO
O Movimento Pentecostal somente poderá lograr bom êxito em qualidade e quantidade se nos mantivermos nos padrões da sã doutrina e revestidos do poder do alto. Poder de baixo, humano, terreno, não temos falta; mas necessitamos sempre do poder do alto, que põe a igreja em marcha (Lc 24.49). É impensável o pentecostalismo sem o ESPÍRITO SANTO. Portanto, não podemos cometer nenhum pecado contra Ele. Se o fizermos, poderemos comprometer, fatalmente, o nosso destino eterno. Que o Senhor nos ajude a sermos sadios na fé, maduros no entendimento e zelosos na manutenção da chama do autêntico avivamento espiritual.
 
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES: Subsídio Devocional
"O Pecado Imperdoável.
CRISTO falou de um pecado imperdoável, mas o que estava querendo dizer? Que pecado é esse? Os fariseus viam os milagres de CRISTO e os atribuíam a Satanás. CRISTO observou que a conclusão deles era ilógica (Mt 12.31, 32). Satanás jamais pensaria em expulsar seus próprios cúmplices. Satanás não expulsa Satanás. Só uma pessoa mais forte do que ele poderia expulsá-lo. O pecado imperdoável foi cometido quando os líderes espirituais colocaram-se entre CRISTO e o povo comum que estava desejoso de aceitar os milagres de JESUS, considerando-os legítimos. No contexto do Novo Testamento, esse pecado era o de uma nação incrédula que havia perdido a sensibilidade espiritual e resolvido rejeitar o Messias de DEUS. É necessário crer para ser perdoado! Os fariseus que rejeitaram as credenciais de CRISTO estavam se excluindo do reino dos céus por incredulidade. […] Se você está preocupado, pensando que cometeu esse pecado imperdoável, tenha certeza de que não o cometeu. Sua sensibilidade prova que DEUS está trabalhando em seu coração. Aqueles que cometem um pecado imperdoável não têm interesse algum no relacionamento com Ele." (LUTZER, Erwin W. Deixando seu passado para trás. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.45-6.) Revista Ensinador Cristão, CPAD, no 27, pág. 40
 
 
A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
At 5.3,4 “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste
aos homens, mas a DEUS.”

É essencial que os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO SANTO no plano divino da redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste mundo, não haveria a criação, o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30). Sem o ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo 14.26, 1Co 2.10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o ESPÍRITO SANTO, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo. Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a respeito do ESPÍRITO SANTO.

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO. Através da Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com sua própria individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa divina como o Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou poder. Ele tem atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm 15.30), determina (1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na comunhão. Foi enviado pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e comunhão com JESUS(Jo 14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo como pessoa, que é, e considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno da nossa adoração, amor e dedicação (ver Mc 1.11).
 A revelação do ESPÍRITO SANTO no NT.
(a) O ESPÍRITO SANTO é o agente da salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado (Jo 16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de JESUS(Jo 14.16,26), realiza o novo nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de CRISTO (1Co 12.13). Na conversão, nós, crendo em CRISTO, recebemos o ESPÍRITO SANTO (Jo 3.3-6; 20.22) e nos tornamos co-participantes da natureza divina (2Pe 1.4). (b) O ESPÍRITO SANTO é o agente da nossa santificação. Na conversão, o ESPÍRITO passa a habitar no crente, que começa a viver sob sua influência santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19).
Note algumas das coisas que o ESPÍRITO SANTO faz, ao habitar em nós. Ele nos santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a uma vida santa, libertando-nos da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts 2.13). Ele testifica que somos filhos de DEUS (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a DEUS (At 10.45,46; Rm 8.26,27) e na nossa vida de oração, e intercede por nós quando clamamos a DEUS (Rm 8.26,27). Ele produz em nós as qualidades do caráter de CRISTO, que O glorificam (Gl 5.22,23;  1Pe 1.2). Ele é o nosso mestre divino, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13; 14.26; 1Co 2.10-16) e também nos revela JESUS e nos guia em estreita comunhão e união com Ele (Jo 14.16-18; 16.14). Continuamente, Ele nos comunica o amor de DEUS (Rm 5.5) e nos alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c) O ESPÍRITO SANTO é o agente divino para o serviço do Senhor, revestindo os crentes de poder para realizar a obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta obra do ESPÍRITO SANTO relaciona-se com o batismo ou com a plenitude do ESPÍRITO. Quando somos batizados no ESPÍRITO, recebemos poder para testemunhar de CRISTO e trabalhar de modo eficaz na igreja e diante do mundo (1.8). Recebemos a mesma unção divina que desceu sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os discípulos (2.4; ver 1.5), e que nos capacita a proclamar a Palavra de DEUS (1.8; 4.31) e a operar milagres (2.43; 3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de DEUS é que todos os cristãos atuais recebam o batismo no ESPÍRITO SANTO (2.39). Para realizar o trabalho do Senhor, o ESPÍRITO SANTO outorga dons espirituais aos fiéis da igreja para edificação e fortalecimento do corpo de CRISTO (1Co 12—14). Estes dons são uma manifestação do ESPÍRITO através dos santos, visando ao bem de todos (1Co 12.7-11). (d) O ESPÍRITO SANTO é o agente divino que batiza ou implanta os crentes no corpo único de CRISTO, que é sua igreja (1Co 12.13) e que permanece nela (1Co 3.16), edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo a sua missão (13.2,4), escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons (1Co 12.4-11), escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o evangelho contra os erros (2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co 3.16; 1Pe 1.2).
 
 
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LIÇÃO NA ÍNTEGRA 3TR2023
 
 
Lição 2, A Deturpação Da Doutrina Bíblica Do Pecado, 3Tr23, Pr Henrique, EBD NA TV
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TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20)

VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode regenerar eficazmente o pecador.
 

LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Jo 3.4 Pecado é transgredir a Lei de Deus
Terça - Rm 5.12 O pecado de Adão passou a toda raça humana
Quarta - 2 Co 5.17 Em Cristo, o pecador torna-se uma nova pessoa
Quinta - 1 Pe 1.15 A santidade é um princípio ético e moral da fé cristã
Sexta - Hb 13.4 A prostituição não pode macular a sexualidade do cristão
Sábado - 1 Co 6.19 O corpo do cristão é morada do Espírito Santo

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ROMANOS 3.9-20
9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 - Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 - A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 - cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 - Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 - Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 - e não conheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 - Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
HINOS SUGERIDOS: 75, 422, 568 DA HARPA CRISTÃ

PALAVRA-CHAVE - Pecado
 

INTRODUÇÃO
A Queda no Éden transmitiu à humanidade a inclinação do coração humano ao erro. Por isso, a regeneração é o único meio possível de desfazer as consequências do pecado em que a natureza humana só pode ser transformada pela obra de Cristo (Tt 3.5,6). Não obstante, por influência de teologias modernas, a Doutrina do Pecado vem sendo deturpada e enfraquecida. Esse processo abriu as portas para a normalização do pecado em muitos lugares denominados cristãos. Nesta lição, vamos estudar o perigo dessas teologias para a ortodoxia cristã.
I – O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado.
Dentre os termos para “pecado”, destacamos o substantivo hebraico chatá, cuja raiz significa “errar o alvo” (Gn 4.7); e o seu correspondente grego hamartia, que possui conotação de “erro moral” (2 Pe 2.13,14). Assim, a Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4). A palavra abrange não apenas errar o alvo, mas deliberadamente acertar o alvo errado. Trata-se de rebelião e desobediência contra Deus e a sua Palavra (1 Sm 15.22,23). Além disso, o pecado afasta o homem de Deus, fazendo-o pecar contra o próximo (1 Jo 1.6,7) e por se omitir em fazer o bem (Tg 4.17). Portanto, pecado é a condição do homem não regenerado e só pode ser expelido por meio do Novo Nascimento (Jo 3.3-7). Essa reconciliação do homem com Deus só é possível em Cristo Jesus (2 Co 5.19).
2. A universalidade do Pecado.
O ser humano foi criado em estado de inocência, sem pecado, perfeito (Ec 7.29) e dotado de livre-arbítrio (Gn 2.16,17). Porém, o primeiro homem escolheu desobedecer a Deus e a sua Queda corrompeu toda a humanidade (Gn 3.9-19). O pecado de Adão foi transmitido a toda raça humana (Rm 5.12). Assim, a partir da Queda, todos os seres humanos nascem em pecado (Sl 51.5). Portanto, o pecado não é passado adiante meramente pela força do mau exemplo, mas é um mal inerente à natureza humana (Rm 7.14-24). Em consequência disso, todo ser humano está debaixo da escravidão do pecado e da condenação da morte (Rm 3.23; 6.23). Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser eficazmente regenerada pela fé em Cristo (Rm 3.24; 2 Co 5.17).
3. Corrupção Total.
É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza humana (Rm 3.10-18). Nesse aspecto, a inclinação para fazer o errado é resultado do pecado (Gn 6.5; Rm 5.19). Por causa da Queda, todas as áreas de nosso ser foram corrompidas. Essa corrupção impede o homem de tomar a iniciativa no processo de regeneração (Rm 8.7,8). Ele só pode ser liberto do pecado após o convencimento do Espírito (Jo 16.8). Sem essa ajuda divina ninguém pode ser transformado (Tt 3.5), ou seja, o livre-arbítrio precisa ser divinamente restaurado (Rm 2.4). Somente por meio da graça o homem recebe capacidade para crer, arrepender-se e ser salvo (Rm 3.24,25). Dessa forma, a libertação do pecado não provém de nenhum esforço humano, mas é gratuita e divinamente ofertada (Rm 6.23; Ef 2.8,9).
II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social.
A tese do pecado social remonta aos concílios católicos de Medellín (1968, Colômbia) e Puebla (1979, México). Essa tese defende que o pecado é algo que se constrói por meio de estruturas opressoras, tais como, a pobreza, a injustiça e a desigualdade. Dessa maneira, a redenção do pecado não se restringe ao aspecto espiritual, sendo preciso tratar as questões sociais. O pecado deixa de ser tratado no nível da moral e passa a ser considerado no nível econômico e social. A mudança de ênfase do pecado original (natureza humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a responsabilidade moral do pecador. Então, deixa-se de enfatizar a causa para explorar os sintomas (Mt 23.27,28). A partir daí, resolver as questões da ordem social é visto como solução para o problema do pecado. Naturalmente, essa é uma deturpação do ensino bíblico a respeito do pecado.
2. Teologia da libertação.
A teologia da libertação tem afinidade com as ideias socialistas de Karl Marx. Essa teoria busca “libertar” o oprimido das estruturas opressoras da sociedade. Ela nasce na década de 1970 com Gustavo Gutiérrez (Peru) e Leonardo Boff (Brasil). Para eles, o estudo teológico não deve estar centrado em doutrinas bíblicas para libertar o homem do pecado, mas na indignação social para libertar o homem da injustiça social, econômica e cultural. Desse impulso surgem as teologias de cunho emancipatório de gênero (transexualidade), de sexualidade (homossexualidade) e de raça. Uma de suas vertentes é a Teologia da Missão Integral (TMI). O grande impacto dessas influências é que a fé cristã é reduzida a militância política socialista e marxista. As pautas sociais e progressistas são disfarçadas pela roupagem de Evangelho, postas acima dos valores morais do Reino de Deus. Então, transforma-se o Evangelho em inconformismo, criticismo e assistencialismo (1 Co 15.19; Fp 3.18-20).
3. Liberalismo teológico.
Após a Reforma Protestante (1517), floresce o liberalismo teológico, onde a razão é colocada acima da revelação divina. Como resultado disso, a inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras são questionadas; os milagres e o sobrenatural são considerados mitológicos; as doutrinas da fé são reinterpretadas e ressignificadas. Troca-se a mensagem da salvação de arrependimento, confissão de pecados e mudança de caráter por uma visão progressista que enfatiza a transformação social pelo paradigma do marxismo. Assim, o pecado é relativizado, o ecumenismo religioso é propagado e toda experiência espiritual é considerada válida. O ideário da teologia liberal é de oposição às antigas doutrinas bíblicas que se fundamentam na revelação das Escrituras (2 Tm 4.3).
III – A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral.
Em termos gerais, os valores que regulam a conduta de uma pessoa denominam-se ética (1 Pe 1.15) e a prática dessa conduta recebe o nome de moral. Nessa concepção, a obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2). Porém, o conceito deturpado e relativizado do pecado resulta em desvio e falha de caráter (2 Tm 3.5). Desse modo, a sociedade deixa de ser eticamente sólida e se torna moralmente desajustada (Hc 1.4). Dessa crise de integridade irrompe ações incompatíveis com a fé bíblica (Rm 2.21,22). Temas progressistas violam a ética e a moral bíblicas e passam a ser normalizados, tais como: a imoralidade sexual, o aborto e o uso de drogas ilícitas (1 Sm 2.6; Rm 1.27; 1 Co 6.15,19).
2. Imoralidade sexual.
A deturpação da doutrina do pecado favorece o avanço da imoralidade sexual (Rm 1.24). Em defesa da liberdade de decisão sobre o corpo, banaliza-se o sexo pré-conjugal, extraconjugal, normaliza-se a homossexualidade (Rm 1.26,27) e a doutrina da castidade é vista como opressora (Rm 6.12). Nesse aspecto, o afrouxamento da moral, o ensino da ideologia de gênero e a erotização da infância promovem luxúria e licenciosidade. O pecado é tolerado, a família é desconstruída e a doutrina da santidade é negligenciada (Hb 13.4).
3. A dessacralização da vida.
As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem divina (Gn 1.27). Por conseguinte, a vida é inviolável e deve ser valorizada (2 Pe 1.3). O corpo humano deve ser cuidado, alimentado e preservado (Ef 5.29). Não obstante, a vulgarização do pecado fomenta ideologias que desprezam a sacralidade e a dignidade humana. Propala-se a autonomia incondicional sobre o próprio corpo sem as devidas limitações éticas e morais. O slogan “meu corpo, minhas regras” reivindica o pseudodireito de a pessoa usar drogas, prostituir-se, abortar, cometer o suicídio e a eutanásia. Assim, o corpo que é templo do Espírito Santo é profanado (1 Co 6.19). A criatura, de modo proposital, afronta a vontade do Criador (Rm 1.25).
CONCLUSÃO
A relativização do pecado que o restringe à solução de pautas sociais em prejuízo da moral e, por sua vez, o exclusivismo moral em detrimento de causas sociais, igualmente, não retratam a fé cristã. Apesar de a Igreja não ser apolítica e nem insensível às desigualdades sociais, o mal primário a ser combatido é o pecado inerente à natureza humana. Uma vez regenerado pela fé em Cristo, o crente repudia as injustiças contra o seu próximo (Rm 1.18; 1 Co 13.6). A Igreja atuante é aquela que ainda milita na terra contra a carne, o mundo, o Diabo, o pecado e a morte (Ef 6.12).
 
SINÓPSE I - O pecado é a transgressão da Lei de Deus. Por ele, o ser humano foi totalmente corrompido.
SINÓPSE II - A teologia do pecado social, da libertação e o liberalismo teológico derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado.
SINÓPSE III - Quando se normaliza o pecado sobra uma crise ética e moral, bem como a dessacralização da vida.

 
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A doutrina bíblica do pecado, por natureza, faz oposição às principais ideologias modernas que buscam enaltecer o homem, destacando sua suposta bondade intrínseca. Quando a doutrina bíblica do pecado é deturpada, então, tudo o mais no campo moral também o é. Talvez essa seja a raiz de fenômenos éticos tão distantes do cristianismo bíblico, que podem ser encontrados em movimentos que se dizem cristãos, tais como: "igreja gay"; "casamentos abertos"; "prática sexual entre solteiros" etc.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Expor o ensino bíblico da natureza pecaminosa; II) Pontuar teologias modernas que derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado; III) Mostrar as consequências da normalização do pecado.
B) Motivação: Quando assistimos pessoas influentes dizendo que a Bíblia deve ser atualizada diante dos desafios de gênero, saiba que estamos diante de cristãos que deixaram de lado a visão bíblica do pecado. Nesse sentido, não há disposição para sustentar uma verdade bíblica tão intragável para o mundo moderno: o homem é por natureza pecador e, por isso, deve se arrepender de seus pecados. Então, se enfraquecemos a doutrina bíblica do pecado, passamos a aceitar tudo o que a Bíblia diz que é pecado.
C) Sugestão de Método: Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar de pecado social, teologia da libertação e liberalismo teológico. Ouça as respostas e, em seguida, diga que essas três expressões são consequências do processo de deturpação da doutrina bíblica do pecado. Em seguida, inicie a exposição do primeiro tópico.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Esta lição exorta os alunos a não perderem de vista a doutrina bíblica do pecado. Devemos estar cientes de que a sociedade atual tem dificuldades de aceitar essa visão bíblica, mas ao mesmo tempo devemos estar encorajados a demonstrar que essa doutrina bíblica pode ser provada de maneira concreta em cada esquina onde uma pessoa é assaltada, assassinada e violada sexualmente.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto "A Sombra do Pecado", localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da natureza do pecado; 2) O texto "Questões ambientais e sociais como extensão do pecado", ao final do segundo tópico, traz uma ampliação a respeito das ênfases que derivam da deturpação da doutrina bíblica do pecado, adequando um eficaz entendimento do lugar social na doutrina bíblica do pecado.
 
 
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A SOMBRA DO PECADO
“Compreender o pecado nos ajuda no conhecimento de Deus, porém o pecado distorce até mesmo nosso conhecimento do próprio-eu. Mas se a luz da iluminação divina consegue penetrar essas trevas, e não somente as trevas mas também a própria luz, então poderão ser melhor analisadas. Percebe-se a importância prática do estudo do pecado na sua gravidade. O pecado é contra Deus. Afeta a totalidade da criação, inclusive a humanidade. Até mesmo o menor dos pecados pode provocar o juízo eterno. E o remédio para o pecado é nada menos que a morte de Cristo na cruz” (HORTON, Stanley M (ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.263).
 

AUXÍLIO TEOLÓGICO
QUESTÕES AMBIENTAIS E SOCIAIS COMO EXTENSÃO DO PECADO
“A compreensão da natureza do pecado deve renovar a nossa sensibilidade diante das questões do meio ambiente e levar-nos a retomar a comissão original de cuidar do mundo de Deus, o qual não devemos deixar nas mãos daqueles que preferem adorar a criação ao invés de ao Criador. Questões como justiça social e necessidade humana devem ser advogadas pela Igreja como testemunho da veracidade do amor, em contraste à mentira que é o pecado. Mesmo assim, semelhante testemunho deve apontar sempre para o Deus da justiça e do amor, que enviou o seu Filho a morrer por nós. Somente a salvação, e não a legislação ou um evangelho social que desconsidera a cruz [...], pode curar o problema e seus sintomas” (HORTON, Stanley M (ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.298).

REVISANDO O CONTEÚDO
1. Segundo a lição, como a Bíblia define o “pecado”?
A Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4).
2. O que é Corrupção Total?
É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza humana (Rm 3.10-18).
3. O que enfraquece a responsabilidade moral do pecador?
A mudança de ênfase do pecado original (natureza humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a responsabilidade moral do pecador.
4. O que reflete o caráter do cristão?
A obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2).
5. Por que a vida humana é sagrada?
As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem divina (Gn 1.27).


VOCABULÁRIO
Emancipatório de gênero: Libertação e independência do gênero biológico.
Marxista: Relativo a Karl Marx e sua doutrina exposta em suas obras.
Progressista: Relativo à ideia de transformação, revolução e reformas no campo social, ético e moral.
Inconformismo: Tendência e atitude de estar inconformado; recusa de aceitar a condição incômoda ou desfavorável.
Criticismo: Relativo ao ato de criticar de maneira generalizada e mórbida alguma coisa ou objeto.
Assistencialismo: Um sistema de assistência aos carentes e necessitados.
Liberalismo Teológico: Método de abordagem da religião sob uma perspectiva crítica, racionalista e materialista.
Ideário: Conjunto de ideias principais de um autor, doutrina ou movimento.
Propalar: Tornar público; divulgar; dar publicidade.