2 Tm 1.3-8 - A SEGUNDA EPÍSTOLA A TIMÓTEO - J. N. D. Kelly - Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã. 3. Como em 1 Tm 1:12, Paulo emprega a construção charin echô para Dou graças, ou invés de eucharistõ, que normalmente emprega. Estudiosos têm notado outros desvios do seu uso normal: (a) não há nenhuma frase-objeto “por vós (todos)” depois de Dou graças; (b) sem cessar é representado pelo adjetivo adialeiptos ao invés do advérbio (Rm 1:9; 1 Ts 1:2; 2:13); (c) mneian echó é usado para me lembro (“menciono”) ao invés de mneian poioumm, e en tais deèsesin mou para nas minhas orações ao invés de epi tõn proseuchõn mau. Estas diferenças podem ser devidas ao desenvolvimento do vocabulário do Apóstolo, ou (mais provavelmente) a uma mudança de amanuense. Deve ser notado que a estrutura da passagem asssemelha-se de modo notável às ações de graças paulinas normais, incluindo no v. 4 uma cláusula participial seguida por uma cláusula final. O Apóstolo ressalta que o culto que presta a DEUS não somente brota de uma consciência pura (1 Tm 1:5), como também tem sido tradicional na sua família. Ao frisar o primeiro fato, tem em mente mais do que a pureza de intenção indispensável em toda a adoração que vale a pena. Como na totalidade desta carta, está dolorosamente consciente da sua posição como preso acusado de delitos criminosos, e, por implicação, está protestando sua inocência (cf. At 23:1). A referência aos seus antepassados deliberadamente prepara o caminho para v. 5, onde deliberadamente sublinha a excelente situação familiar que o próprio Timóteo teve. Nada há de incongruente no orgulho que Paulo aqui revela na criação religiosa judaica que recebeu. O mesmo orgulho aparece em Rm 9:3-5 e Fp 3:4-6, e fica claro que, embora, em certo sentido, sua aceitação de CRISTO como seu Salvador representasse um rompimento total com sua piedade ancestral, noutro sentido era seu desenvolvimento e florescimento apropriado. Até mesmo a lei, que, conforme sua convicção firme tinha sido substituída, servira seu propósito em trazê-lo a CRISTO. Paulo menciona Timóteo sem cessar. . . noite e dia, nas suas orações, assim como intercede constantemente pelos romanos (Rm 1:9), pelos filipenses (Fp 1:3), pelos Colossenses (Cl 1:3), e, sem dúvida, por todas as comunidades que tinha evangelizado. 4. A afeição represada de Paulo irrompe no parêntese estou ansioso por ver-te, etc. Expressões semelhantes ocorrem em 1 Ts 3:6; Fp 1: 8; Rm 1:11, mas a intensidade do sentimento é mais urgente e pessoal aqui. Em lembrado das tuas lágrimas Paulo está se referindo à sua separação final do jovem, que parece ter dado vazão à emoção desinibida no Oriente. Alguns autores pensam que a referência, no caso de ser histórica, deve ser à cena de despedida em Mileto, quando se relata que todos os presentes (At 20:37) se dissolveram em lágrimas, mas aquilo aconteceu vários anos antes, e Paulo deve ter visto Timóteo no intervalo. Supondo-se que a teoria de uma segunda prisão é correta, é natural inferir que Paulo está pensando na ocasião, decerto ainda recente na sua memória, quando, tendo sido preso mais uma vez, despediu-se pela última vez de Timóteo, presumivelmente em Éfeso, antes de ser levado para Roma. O Apóstolo quer ver Timóteo a fim de que transborde de alegria, e o mesmo desejo ansioso percorre a carta inteira. “Procura vir ter comigo depressa,” roga em 4:9, e em 4:21 repete com renovada urgência: “Apressa-te a vir antes do inverno.” A hora da sua execução está se aproximando, e sua ansiedade em ver seu jovem assistente, dedicado como nenhum outro, é compreensível. A justaposição da tristeza e da alegria é eficaz, e também é um toque caracteristicamente paulino (cf. 2 Co 7:8-9; Fp 2:17). 5. Paulo agora chega ao objeto das suas ações de graças: a fé sem fingimento de Timóteo, cuja recordação se repete sempre que pensa no jovem. Porque o particípio traduzido à recordação que tenho está no aoristo (“tendo recebido uma lembrança de”), alguns têm conjeturado que deve ser uma referência dalguma lembrança mais específica, tal qual o recebimento de uma carta ou dalguma notícia acerca de Timóteo. Para a expressão fé sem fingimento, cf. 1 Tm 1:5. Tem sido argumentado que, como naquela passagem, fé aqui deve ter o significado enfraquecido de sentimento religioso, pois “a questão da sinceridade não pode surgir naquele relacionamento último entre a alma e DEUS que Paulo usualmente define como sendo fé” (E. F. Scott). Na teoria, isto pode ser a verdade, mas não pode haver dúvida alguma de que Paulo esteja pensando aqui especificamente da atitude de Timóteo para com CRISTO. Pode ser sugerido que a fé no sentido rigorosamente paulino tem um aspecto externo bem como interno, e que a profissão dela pode ser irreal. Ao ressaltar a sinceridade, Paulo está enfatizando que não pode haver questão disto no caso de Timóteo. A passagem talvez possa ser ilustrada por 1 Ts 3:5 ss., onde achamos o Apóstolo perguntando acerca da qualidade da fé dos seus correspondentes. Agora somos informados que esta fé primeiramente habitou na avó de Timóteo, Lóide e na sua mãe Eunice. O que Paulo quer dizer é que assim como sua própria vida religiosa tinha poderosas raízes familiares, assim também a de Timóteo estava fundamentada na da sua mãe e da sua avó. Tem sido argumentado que deve estar fazendo referência à criação devota judaica que as duas mulheres deram ao jovem na sua meninice, mas o contexto deixa claro que fé significa fé em CRISTO. Se for assim, a frase sugere ou que Lóide foi convertida ao cristianismo primeiro, sendo seguida por Eunice, ou simplesmente (e mais provavelmente) que as duas mulheres eram as primeiras cristãs na família de Timóteo. Conforme At 16:1, sua mãe era “uma judia crente,” expressão esta que somente pode significar uma convertida ao cristianismo, ao passo que seu pai era um pagão — fato este que explica a ausência de qualquer menção dele aqui. Uma passagem tal como esta, tão fiel à vida real e com sua nota delicadamente pessoal, cria dificuldades especiais para os que apoiam a teoria da pseudonimidade. Alguns deles estão dispostos a reconhecer que o escritor decerto estava fazendo uso de matéria genuinamente paulina. Do outro lado, a sugestão de que, ao descrever com pormenores os antecedentes religiosos de Timóteo, seu objetivo real era impressionar sobre seus leitores sua “grande confiança e alegria nos ministros cristãos da terceira geração, e a segurança que sente no caso daqueles que, no lar, têm sido arraigados e fundamentados na forma recebida (paulina) do cristianismo” (F. D. Gealy) é um exemplo das interpretações artificiais às quais às vezes são forçados. O DESAFIO AO TESTEMUNHO CORAJOSO 1:6-8 Depois das ações de graças breves, Paulo passa a procurar estimular a resolução do seu jovem discípulo, e, em particular, o encoraja a estar disposto a suportar o sofrimento por amor ao evangelho. A nota de ansiedade que permeia a passagem advém parcialmente do reconhecimento da parte do Apóstolo de que a inexperiência e a timidez natural de Timóteo precisam de reforços, e ainda mais porque está consciente das responsabilidades pesadas que logo deva recair sobre este. Mesmo assim, pode indicar a comissão divina dada na ordenação, ao exemplo da sua própria perseverança, e à vida nova outorgada aos homens mediante CRISTO, como motivos que impulsionam a um esforço corajoso. 6. A transição da seção anterior é fácil e natural. Por esta razão, i.é, porque sabe que Timóteo é um homem de fé solidamente estabelecida, que Paulo não hesita em exortá-lo a reavivar o dom de DEUS, que há nele e que recebeu na sua ordenação. Há uma referência à ordenação de Timóteo em 1 Tm 4:14, onde Paulo também diz que ela transmitiu um “dom especial” (a mesma palavra que aqui: Gr. charisma) a ele. Aqui o dom é comparado a um fogo (cf. 1 Ts 5:19: “Não apagueis o ESPÍRITO”), a sugestão reavivar (“reacender”) não é para significar que se apagou, mas, sim, que as brasas sempre precisam de ser remexidas constantemente (o verbo está no presente do infinitivo). Notamos que, se a ordenação já é considerada como transmitindo uma graça positiva, a ideia de que esta graça opera automaticamente é excluída. O ministro cristão deve estar continuamente alerta para revitalizá-la. Paulo relembra que o dom fora transmitido pela imposição das minhas mãos. Em 1 Tm 4:14 a questão importante da ordenação foi realizada pelo próprio Paulo com uma mesa de presbíteros presidida por ele. 7. A graça que Timóteo então recebeu, Paulo passa a indicar, tem uma relevância direta com sua presente situação, pois “o espírito que DEUS nos deu” forneceu exatamente o equipamento que Timóteo precisa para ela. Não está fazendo referência, como alguns deduziram do plural “nos”, ao dom divino do ESPÍRITO SANTO para os cristãos em geral, seja no Pentecoste, seja no batismo. O aoristo “deu” (que reflete o sentido do original melhor do que “tem dado”) relembra o culto de ordenação que mencionou, e com "nos" quer dizer Timóteo e ele mesmo. Poderia igualmente bem, e, com efeito, mais deliberado, ter escrito “a ti”, mas um tato bondoso o impediu de fazer assim. De modo oblíquo, está repreendendo Timóteo por sua timidez, mas amacia o golpe por meio de classificar-se juntamente com ele. O espírito que ambos receberam no seu comissionamento não era espírito de covardia (para a expressão, cf. Rm 8:15), que poderia deixá-los hesitar ao serem confrontados com responsabilidades desafiantes, perigos, etc. Pelo contrário, era de poder (cf. 1 Co 2:4), capacitando-os a dominar qualquer situação com autoridade moral; de amor, i.é, de serviço afetuoso e com abnegação, prestado aos irmãos; e de moderação (“autodisciplina”) que se requer de cada líder cristão. A última destas três qualidades (Gr. sõphronismos) é mencionada somente aqui no N. T., mas cf. 1 Tm 2:9, 15 para o subs. relacionado sõphrosunè; 1 Tm 3:2; Tt 1:8; 2:2, 5 para o adjetivo sõphrõn; Tt 2:12 para o advérbio sòphronôs; Tt 2:4 para o verbo sõphronizõ; e Tt 2:6 para o verbo sophronein. Todas estas palavras expressam a ideia de “temperança,” “autocontrole.” Nas suas cartas reconhecidas, Paulo emprega sophronein duas vezes (Rm 12:3; 2 Co 5:13), mas a predileção das Pastorais pelo grupo inteiro é outro sinal da sua linguagem idiomática helenizada. Mesmo assim, deve ser notado que a moderação não é considerada aqui, como também o poder e o amor, como ou uma dotação natural, ou o fruto de esforços diligentes. Todos os três são aspectos de um charisma divinamente outorgado, pois embora espírito neste contexto não denota diretamente o ESPÍRITO SANTO, define graças específicas das quais Ele é o mediador. 8. Paulo desenvolve seu rogo. Fortalecido desta maneira, Timóteo não precisa envergonhar-se, portanto, do testemunho de nosso SENHOR. Para a ideia de ter vergonha do evangelho, cf. Rm 1:16. O Grego (lit. testemunho de nosso SenhorSENHOR) pode significar ou “testemunho dado por CRISTO,” ou “testemunho acerca de CRISTO.” Se for aceito o primeiro, o sentido será o de 1 Tm 6:13, sendo que a referência diz respeito ao testemunho que CRISTO selou pela Sua morte sacrificial. O último, no entanto, é preferível de modo geral, pois concorda com a frase paralela (Gr. to marturion tou Christou) em 1 Co 1:6. Também é mais apropriado para o contexto, cuja razão de ser é estimular Timóteo a ser um evangelista destemido. Sabemos com base em 1 Co 1:23, que o evangelho de um Salvador crucificado impressionava os judeus como sendo blasfemo, e os pagãos como sendo puro contrassenso, e é compreensível que uma pessoa tímida como Timóteo (para este traço do seu caráter, cf. 1 Co 16: 10) se recuasse a incorrer no inevitável desprezo e ódio. Igualmente, não deve envergonhar-se, conforme muito bem poderia ser tentado a fazer, de associar-se com o próprio Paulo, a despeito deste estar acorrentado (a palavra traduzida encarcerado, Gr. desmios, subentende isto) como um criminoso comum. Como noutros lugares (Ef 3:1; Fm 1), o Apóstolo trata o que os de fora poderiam julgar uma situação vergonhosa como uma fonte de humilde satisfação. Embora talvez pareça ser o encarcerado do imperador, realmente é o Seu, i.é, de CRISTO. O pensamento subjacente é, não apenas que os homens o prenderam por ser seguidor de CRISTO, mas, sim, que CRISTO o fez prisioneiro para Seus propósitos. Longe de ter vergonha das humilhações e dos sofrimentos de Paulo, Timóteo deve criar coragem e participar deles, Se assim fizer, redundará em lucro para o evangelho — a favor do evangelho (um dativo de interesse). O verbo traduzido “participa dos sofrimentos” (Gr. sunkakopathein) foi cunhado por Paulo, que tem uma predileção por compostos com sun (“com”). Se significado é, aqui, participa comigo dos sofrimentos a favor do evangelho, ao invés de “sofre com o evangelho” (Vulgata) ou “participa das aflições do evangelho” (AV, ARC). Paulo reforça seu apelo ao assegurar-lhe que, se se robustecer para sofrer, será segundo o poder de DEUS, i.é, o poder de DEUS (cf. “espírito de poder” no v. 7) o sustentará. Os dois versículos demonstram, em termos comoventes, as razões porque Timóteo, e, na realidade, qualquer cristão em qualquer era, pode depender do poder de DEUS para o avanço triunfante através do sofrimento e da desgraça. Vem dAquele cujo propósito salvífico, baseado totalmente na graça e não nas realizações dos homens, tem estado operante desde antes da fundação do mundo e fez aquilo que eles nunca poderiam ter realizado por si mesmos, redimindo-os e, na missão histórica de CRISTO, rompendo os laços da morte e outorgando a vida eterna. No conceito de muitos estudiosos, estes versículos, que parecem ter o ar de um parêntese, são um extrato dalgum hino ou trecho litúrgico primitivo, e indicam suas antíteses cuidadosas, sua redação compacta, e seu tom elevado. É possível que tenham razão, mas contra a sugestão deles devemos notar: (a) a passagem não subsiste, como as demais citações nas Pastorais, por si mesma, mas, sim, é sintaticamente subordinada à cláusula anterior; (b) as idéias e a linguagem são paulinas, e também são características das Pastorais. Uma explicação mais provável seria, provavelmente, que Paulo, embora esteja fazendo uso de matéria catequética semi-estereotipada, molda-a livremente para seus propósitos e imprime sobre ela seu próprio selo. NOVOS ENCORAJAMENTOS AO SERVIÇO E AO SOFRIMENTO - 2 Tm 2:1-4 1. Paulo agora aplica a moral da exortação anterior a Timóteo. Tu, pois. . . traduz literalmente o Grego, com seu tom enfático. O jovem discípulo foi lembrado da sua ordenação, da devoção do próprio Apóstolo ao evangelho, e do brilhante exemplo de Onesíforo. Agora é a vez de Timóteo demonstrar seu valor e fortificar-se na graça que está em CRISTO JESUS. O verbo é tipicamente paulino: cf. Rm 4:20; Ef 6:10; Fp 4:13. A força de na com graça é provavelmente instrumental: “por meio da,” ou “no poder da”. O acréscimo de que está em CRISTO JESUS sugere que, embora Paulo sem dúvida tenha em mente o dom especial outorgado na ocasião da ordenação (cf. 1:6-7), seu pensamento real diz respeito à graça no sentido cristão mais amplo. A expressão inteira (1:1, 13) pode ser parafraseada como “a graça da qual somos recebedores mediante a comunhão com JESUS CRISTO.” Timóteo deve demonstrar hombridade na sua resolução, mas a força verdadeira dos seus esforços virá da graça que CRISTO dá livremente. 2. Além disto, deve tomar medidas para transmitir o que ouviu da parte de Paulo a outros mestres fidedignos. O verbo (Gr. paratithes- thai) tem relacionamento com o substantivo (Gr. parathèké) usado em 1:12 e 14 (também 1 Tm 6:20) para a mensagem cristã ortodoxa que é entregue a Paulo e Timóteo como um depósito sagrado. Logo, o que de minha parte ouviste não denota instrução geral na fé cristã, mas, sim, o próprio evangelho apostólico. Se o sentido geral daquilo que Paulo está dizendo fica claro, não fica tão fácil determinar exatamente o que quer dizer com através de (Gr. dia) muitas testemunhas. A maioria dos autores entende que através de é o equivalente de “na presença de.” Paulo está ressaltando, portanto, que quando pregou a Timóteo ou (o que parece mais provável) entregou a ele a mensagem do evangelho, estava na presença de muitos circunstantes. Desta forma, a solenidade da incumbência foi destacada ou, alternativamente, as pessoas presentes serviam para corroborar que sua doutrina era sã. Se tal ideia for aceita, seria natural interpretar o versículo como uma referência a alguma ocasião específica, tal como o batismo de Timóteo ou (melhor ainda) sua ordenação, quando se pode supor que o Apóstolo publicamente impressionou sobre ele um esboço da fé. Esta é provavelmente a melhor explicação do texto; também concorda bem, se a referência diz respeito ao comissionamento formal de Timóteo, com a ênfase sobre sua ordenação em 1:6 e 14. Outros autores, no entanto, argumentam que assim o papel das testemunhas não está tratado à altura, e preferem dar a através de o significado de “com a atestação de.” Segundo esta exegese, duas alternativas estão abertas. (a) Paulo está lembrando Timóteo do seu hábito de citar autoridades para seu ensino (e.g. os profetas, os discípulos do Senhor: cf. 1 Co 15: 3-11), especialmente quando se tratava de assuntos dos quais não tivera experiência direta. Mas se este fosse o significado dele, o que de minha parte ouviste não seria a maneira natural de expressá-lo; teríamos esperado algo como “O que transmiti a ti.” A lição de Paulo, portanto, deve ser, pelo contrário (bj que Timóteo teve a oportunidade de averiguar a versão do evangelho que recebeu do seu mestre, mediante testemunho independente, e, portanto, pode ter dupla certeza da sua autenticidade). As muitas testemunhas devem incluir Barnabé, sua própria avó e mãe, e numerosas outras pessoas de peso e autoridade. Todas estas dificuldades tem sido alegado (B. S. Easton), desaparecem se reconhecermos que se trata realmente de um Pastor no século II que, a guisa de Paulo, está dirigindo-se a um neófito no ministério que nunca viu nem conheceu o Apóstolo pessoalmente. Podemos, então, dar a dia seu significado original; é “através de” muitos intermediários, inclusive o próprio Pastor, que o neófito recebe a tradição paulina. Embora seja altamente engenhosa, dúvida-se se esta proposta é admissível mesmo se a teoria geral da qual faz parte pudesse ser aceita. Se este tivesse sido seu significado, podemos ter a certeza que o escritor não teria dito de minha parte ouviste, que, mesmo admitindo a ficção, somente pode dar a entender que o endereçado tinha sido pessoalmente um aluno de Paulo; nem testemunhas é uma descrição natural, na linguagem idiomática do século II, de uma sucessão de ensinadores acreditados. É possível notar que em 1 Tm 6:12 tem seu significado original de circunstantes que, dalguma maneira, testemunham ou atestam. Nenhum crédito especial pode ser conseguido “pelo significado original” de dia, pois o uso técnico “na presença da” é bem apoiado. Finalmente, parece incrível que, depois de construir com tanta perícia sua fachada de verossimilhança, o autor pseudonímico tivesse repentinamente resolvido esmiuçá-la. O conselho de Paulo a Timóteo no sentido de passar o evangelho apostólico a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros é de interesse imenso por conter, em forma embriônica, as idéias germinadas, estreitamente relacionadas entre si, da tradição da revelação original e de uma sucessão de pessoas autorizadas, encarregadas com a responsabilidade de transmiti-la intata: ver a nota sobre 1:14. Essencialmente as mesmas idéias, embora expostas de modo menos explícito, aparecem nas cartas anteriores de Paulo, e.g., 1 Co 11:23; 15:1 ss. Desde o começo, o conceito da tradição, ou da transmissão da revelação original, era integrante do cristianismo. Nesta passagem, onde se ressalta o evangelho transmitido, estamos claramente numa etapa primitiva; em contraste, por exemplo, com 1 Qem. xlii. 2-4; xliv.2 (freqüentemente citado como paralelo), não se expõe nenhuma teoria de sucessão apostólica. Não há qualquer sugestão de apóstolos como tais transmitindo a fé para bispos e diáconos, mas simplesmente temos o próprio Paulo dando instruções a Timóteo, e seu interesse é mais na fidelidade do que na posição dos homens que Timóteo selecionará. 3. Paulo agora conclama Timóteo: Participa dos meus sofrimentos. O destino de um evangelista e líder cristão é estar cheio de dificuldades, sendo que uma boa amostra está sendo providenciada pela presente situação difícil de Paulo. O mesmo verbo é usado como em 1:8. Como ilustrações, o Apóstolo passa a apontar a experiência do soldado, do esportista, e do lavrador. Todos os três — o primeiro com seu desvinculamento doutras coisas, o segundo com seu treinamento rigoroso, o terceiro com sua labuta infatigável — refletem aspectos diferentes na vida de qualquer pessoa que se dedica ao serviço de CRISTO. Estes eram exemplos clássicos na diátribe popular daqueles tempos; o próprio Paulo anteriormente empregara todos os três no espaço de um único capítulo (1 Co 9:7,24). 4. Destarte, Timóteo é exortado a portar-se, a despeito do seu acanhamento e timidez naturais, como bom soldado de CRISTO JESUS. Além de ser resistente sob as condições das piores provações, há duas características especialmente relevantes que pertencem a um homem em serviço ativo. Primeiramente, não se envolve em negócios desta vida (de civil); e, em segundo lugar, é dominado pelo desejo único de satisfazer àquele que o arregimentou. Não somente o soldado é aliviado, por sua profissão, da necessidade, e até mesmo da possibilidade de ganhar sua vida da maneira normal, como também as exigências do serviço militar necessitam sua atenção total dada à realização dos planos do seu oficial comandante. A segunda cláusula, o seu objetivo é satisfazer. . ., faz uma conexão um pouco desajeitada com a cláusula principal, mas o significado está claro. Às vezes tem sido tirada a conclusão que os ministros ordenados não devem ocupar-se em negócios ou no comércio, ou até mesmo no matrimônio, e que no ponto de vista do escritor há alguma coisa errada, ou de qualquer maneira de segunda categoria, nas atividades da vida comum. Esta é, no entanto, uma maneira pedante de aplicar erroneamente sua intenção, que é simplesmente insistir que Timóteo, e, presumivelmente, líderes cristãos numa posição análoga, devam cortar fora da sua vida qualquer coisa, por melhor que seja em si mesma, que tende a desviá-lo do serviço total a JESUS CRISTO. Indica em 1 Tm 3:2, 12; Tt 1: 6 sua aceitação do fato de que os superintendentes e diáconos seriam casados. A SEGUNDA EPÍSTOLA A TIMÓTEO - J. N. D. Kelly - Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã. 3-5. Quando Paulo acrescenta as palavras introdutórias uma expressão de sincera e humilde gratidão a DEUS, ele esta seguindo um costume (ver C.N.T. sobre 1 e 2 Tessalonicenses), Com respeito às cartas escritas por Paulo, a estatística é a seguinte:
“Dou [damos] graças a DEUS” Rm 1.8; ICo 1.4; Fp 1.3; Cl 1.3; ITs 1.2 2Ts 1.3 (“devemos sempre dar graças a DEUS”) Fm 4 | “Reconheço [minha] gratidão” 1 Tm 1.12 (“a CRISTO JESUS”) 2 Tm 1.3 (“a DEUS”) | “Bendito seja”... ’ 2 Co 1.3 Ef 1.3 | Ausência de ações de graças ou Doxologia introdutórias Gálatas Tito |
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Complete os espaços vazios e marque com"V" as respostas Verdadeiras e com"F" as Falsas, conforme a revista da CPAD.
TEXTO ÁUREO1- Complete: "[...] porque eu sei em quem tenho ______________________ e estou certo de que é ___________________________ para guardar o meu _________________________ até àquele Dia." (2 Tm 1.12) VERDADE PRÁTICA
2- Complete: O crente, assim como o ________________________, precisa ter convicção de sua _________________________ e de sua condição de ________________________ em Jesus Cristo. I - ORAÇÕES E AÇÃO DE GRAÇAS (1.3-5)
3- Por que Paulo chamava Timóteo de "amado filho" e a que nos remonta tal atitude? ( ) Paulo dá início a Segunda Carta a Timóteo chamando o jovem pastor de "amado filho". ( ) A palavra no original é misi̱tós e significa "muito amado". ( ) A palavra no original é agapatos (agapi̱tós) e significa "muito amado". ( ) Paulo sabia que logo morreria, talvez por isso, tenha demonstrado, de uma forma tão intensa, sua afeição e amor por Timóteo. ( ) Isso nos mostra que o líder precisa ter afeição, amor e saber demonstrá-los por aqueles que estão ao seu lado, cooperando na obra do Senhor.
( ) Paulo sabia das necessidades e lutas que Timóteo enfrentava como líder, por isso, orava constantemente em favor de seu amigo. ( ) Será que atualmente oramos em favor daqueles que fazem a obra de Deus? Precisamos orar sempre por todos os que estão empenhados na obra do Senhor.
4- O que nos revela a sensibilidade de Paulo para com seu amigo Timóteo? ( ) Paulo diz para Timóteo, que estava cumprindo sua missão em Éfeso, que desejava muito vê-lo de perto, pessoalmente. ( ) A saudade era grande! Paulo se lembrava das gargalhadas de Timóteo quando da despedida deles. ( ) A saudade era grande! Paulo se lembrava das lágrimas de Timóteo quando da despedida deles. ( ) As lágrimas nos mostram quão profundo era o relacionamento entre eles. Hoje em dia, infelizmente, os relacionamentos parecem cada vez mais superficiais.
5- Como foi a criação espiritual de Timóteo (v. 5)? ( ) Timóteo era um jovem obreiro de caráter exemplar. ( ) Seu discipulado começou no lar, com o exemplo de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, ambas judias, mas convertidas ao evangelho. ( ) Seu pai era Judeu. Não se sabe se ele se converteu ao evangelho. Mas sua formação foi motivo de referência para Paulo. ( ) Seu pai era grego. Não se sabe se ele se converteu ao evangelho. Mas sua formação foi motivo de referência para Paulo. ( ) Na Segunda Carta, o apóstolo diz: "[...] trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti". ( ) A educação familiar de Timóteo serve de exemplo para as famílias cristãs atuais. II - A CONVICÇÃO EM DEUS (v.v. 6-14) 6- De que maneira Paulo chama a atenção de Timóteo quanto aos dons espirituais (v. 6)? ( ) Paulo lembra a Timóteo o momento em que ele foi ordenado ao santo ministério. ( ) Ele relata que nesta ocasião o jovem pastor recebeu dons espirituais que o capacitariam no serviço de Deus. ( ) O que Paulo desejava afirmar a Timóteo quando disse: "despertes o dom de Deus, que existe em ti"? ( ) Certamente Paulo estava encorajando Timóteo a perseverar em seu ministério. ( ) Certamente Paulo estava lembrando Timóteo de sua chamada ao ministério e dom de pastor. ( ) Este texto nos mostra também que a imposição de mãos sempre foi um gesto de grande valor na vida ministerial da igreja cristã. Jesus usou as mãos para efetuar várias curas. É uma prática solene que é seguida, e ainda hoje utilizada em todas as igrejas evangélicas. 7- O que Paulo queria transmitir a Timóteo quando escreveu sobre: "Espírito de fortaleza, e de amor, e de moderação" (v. 7). ( ) Ao que parece Timóteo estava enfrentando uma grande oposição a sua liderança. ( ) Paulo então exorta a Timóteo para que ele tenha coragem. ( ) Um líder precisa ser corajoso. ( ) O medo paralisa e acaba por neutralizar as nossas ações em favor da obra de Deus. ( ) O Espírito Santo nos ajuda a controlar o medo e nos encoraja a suportá-lo. ( ) O Espírito Santo nos ajuda a superar o medo e nos encoraja a prosseguir. ( ) Por isso, o líder precisa ser alguém cheio do Espírito Santo. ( ) Ele é o nosso ajudador. Sem sua presença é impossível ser bem-sucedido na liderança. ( ) Conte com a ajuda do Espírito Santo e tenha coragem para seguir em sua caminhada, realizando a obra para a qual você foi vocacionado e chamado pelo Senhor. 8- Como Paulo exorta Timóteo quanto ao seu chamado? ( ) Paulo tinha consciência de que recebeu, da parte de Deus, a vocação e o chamado para pregar aos judeus. ( ) Paulo tinha consciência de que recebeu, da parte de Deus, a vocação e o chamado para pregar aos gentios. ( ) Paulo exorta Timóteo a manter-se firme na fé, conservando "o modelo das sãs palavras" que o jovem discípulo recebeu, da parte de Paulo, "na fé e na caridade que há em Cristo Jesus". III - UM CONVITE AO SOFRIMENTO POR CRISTO (2.1-13) 9- Como deve ser nosso fortalecimento na graça? ( ) Diante das lutas, tribulações e tentações, o crente só vence se tiver a confiança em si mesmo. ( ) Todo cristão precisa ser forte, principalmente no aspecto espiritual. ( ) Timóteo certamente enfrentava desafios além de suas forças. ( ) Diante dessa realidade, estando tão distante, Paulo diz que ele devia fortificar-se "na graça que há em Cristo Jesus", ou seja, confiar inteiramente em Cristo e em seu poder. ( ) Diante das lutas, tribulações e tentações, o crente só vence se tiver a força que vem do alto. ( ) Escrevendo aos efésios, Paulo disse: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder". 10- Por que a vida de um cristão é comparada por Paulo ao Soldado de Cristo? ( ) A vida cristã é um feita de alegrias e vitórias, nada acontece de mal ao crente. ( ) A vida cristã é um misto de alegrias e tristezas; de lutas e vitórias. ( ) Jesus advertiu seus discípulos sobre as aflições da vida cristã. ( ) Para os que aceitam tomar a cruz, renunciando a si mesmos, a vida cristã é uma luta sem tréguas. ( ) Sua vida pode ser comparada a de um soldado que está na frente da batalha. ( ) É na luta, nos combates espirituais, "pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3), que o servo de Deus se fortalece e acumula experiências que lhe capacitam a ser mais que vencedor. 11- Por que a vida de um cristão é comparada por Paulo ao lavrador? ( ) O agricultor precisa trabalhar com afinco a fim de preparar a terra para receber as sementes. ( ) Depois, precisa regar, adubar a semente para que surjam os frutos. ( ) Muitos querem colher sem esforço ou onde não plantaram. Esses não merecem a recompensa do Dono da "lavoura" espiritual que é a Igreja do Senhor Jesus. ( ) É preciso labutar na "garimpo de Deus" até que os frutos apareçam. ( ) É preciso labutar na "lavoura de Deus" até que os frutos apareçam. ( ) Há uma recompensa para aqueles que labutam com afinco. ( ) Paulo diz para Timóteo que quem primeiro deve gozar dos frutos da plantação é o "lavrador que trabalha". CONCLUSÃO
12- Complete: Mesmo sabendo que em breve iria _________________________ Paulo não perdeu sua esperança e fé. Até em seus últimos momentos procurou incentivar e orientar seu _______________________ amado e companheiro de ministério, Timóteo. Seja você também um __________________________ e incentivador daqueles que estão labutando na obra do Mestre. RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm Referências Bibliográficas (outras estão acima) Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006. Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida. Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999. BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD. CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal. VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm www.ebdweb.com.br www.escoladominical.net www.gospelbook.net www.portalebd.org.br/ http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm A PRIMEIRA EPÍSTOLA A TIMÓTEO - J. N. D. Kelly - Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã. William Hendriksen, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito, São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 191-6 (Comentário do Novo Testamento)