III. PROCEDIMENTO JURÍDICO 1. SIGNIFICADO DO HOMICÍDIO. Punição capital é, obviamente, uma forma de homicídio, e o Antigo Testamento não meramente permite este ato, mas o exige como vingança contra certos crimes. Crimes que exigiram punição capital incluíram homicídio premeditado (Êxo. 20.13; Gên. 9.6); violência contra os pais (Êxo. 21.15); sequestro (Êxo. 21.16; Deu. 24.7); abuso verbal contra os pais (Êxo. 21.17), O quinto mandamento foi justamente contra este ato (Êxo. 20.12). Tal desrespeito era considerado uma forma de homicídio dos pais, embora não matasse literalmente. Em alguns casos, a punição capital podia ser evitada mediante negociação com os parentes da vítima. Eram eles quem decidiam que multa seria exigida. Provavelmente tais multas eram pesadas. Ver. Êxo. 21.30 para um exemplo deste tipo de negociação. O primeiro assassino, Caim, que matou seu irmão Abel, foi exilado por Yahweh, mas esta forma de punição não achou lugar na legislação mosaica. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 393. Esse vocábulo vem do latim homo; «homem», e caedere, «matar" ou «cortar". Em latim, um assassino é um homicida, tal como em português. Apesar de que, estritamente falando, a morte de um homem, provocada por um animal, poderia ser chamada de um homicídio, o termo refere-se sempre à morte de um ser humano provocada por outro ser humano. Universalmente, os homicídios são divididos em justificáveis e criminosos (ou não justificáveis). O homicídio justificado, por sua vez, é classificado sob diferentes titulos. Algumas autoridades categorizam o suicídio com base nas definições acima, embora, como é óbvio, o suicídio seja uma categoria (do ponto de vista moral) do homicídio. O sexto mandamento da lei mosaica condena todo homicídio ilegal (ver Êxo. 20:13). A lei do amor, ensinada por Cristo, engloba a condenação do homicídio (ver Mat. 22:29). O assassino é tratado como um dos crimes humanos mais horrendos, nas Escrituras Sagradas, devendo ser punido com a morte do culpado (Núm. 35:31). Caim foi o primeiro homicida do mundo (Gên. 4:8). No entanto, recebeu o equivalente a uma sentença perpétua. Casos de homicídio justificável, como nas execuções de criminosos, são ilustrados em trechos bíblicos como Gên. 9:6 e Núm. 31:7,8. Jesus defendeu a mulher apanhada em flagrante adultério, e impediu a sua execução, ainda que, de acordo com as normas veterotestamentárias, ela devesse ser, sumariamente, executada. Ver João 8:7. Porém, o N. T. concorda com o A. T., em defesa da lei (ver I Ped. 2:13,14); e se as leis requerem punição capital para os casos de homicídio não justificável, podemos encontrar textos de prova neotestamentârios que aprovam isso. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 153-154. IMAGEM, SEMELHANÇA No hebraico, tIeIem, «imagem». Essa palavra, que tem a mesma forma no aramaico, é usada por trinta e duas vezes: Gên, 1:26,27; 5:3; 9:6; Núm. 33:52; I Sam. 6:5,11; II Reis 11:18; 11 c-e, 23:17; Sal. 39:6; 73:20; Eze. 7:20; 16:17; 23:14; Amós5:26; Dan. 2:31,32,34,35; 3:1-3,5,7,10,12,14,15,18,19. No grego, eikôn, palavra que aparece por vinte e três vezes no Novo Testamento: Mat. 22:20; Mat. 12:16; Luc. 20:24; Rom. 1:23; 8:29; I Cor. 11:7; 15:49; II Cor. 3:18; 4:4; Col. 1:15; ,3:10; Heb. 10:1; Apo. 13:14,15; 14:9,11; 15:2; 16:2; 19:20; 20:4. Imagem. O homem foi criado à imagem de Deus; e também haverá de receber a imagem de Cristo (Gên. 1:26,27 e Rorn, 8:29). As palavras são plásticas, e seria legitimo pressionar a ideia de que a participação na natureza essencial está em pauta. Por outra parte, as palavras podem envolver a ideia de semelhança, sem a participação na natureza básica. Os teólogos usualmente explicam que o homem participa da natureza moral e espiritual de Deus, embora não de sua divindade essencial. Porém, a mensagem do evangelho é que o homem poderá vir a participar da natureza essencial do Pai e do Filho (II Cor. 3:18; Col. 2:10; II Ped. 1:4). Jesus Cristo aparece como o eikon do Pai (II Cor. 4:4); e, uma vez mais, coisa alguma pode ser provada somente pelo apelo ao significado da palavra. Semelhança. Sob esse titulo devemos estudar três palavras gregas diferentes, cada qual com seu sentido especializado, a saber: morphê (forma), homoloma (semelhança) e schema (formato). 1. Morphê, Esse vocábulo pode significar mera aparência externa, embora também possa indicar a participação na essência. O fato de que o trecho de Fil. 2:6 salienta que o Filho é igual ao Pai, força-nos a aceitar aqui a interpretação que pensa em identidade de natureza essencial. 2. Homoloma, Quando Cristo tomou a forma (morphê) de servo, também assumiu a semelhança (homotoma) de ser humano (Fil, 2:7). Novamente, a palavra bomoloma poderia apontar simplesmente para a ideia de aparência, mas não de substância idêntica com a humanidade, em cujo caso a palavra apoiaria as ideias docéticas. No entanto, por si mesma, a palavra também pode indicar a participação na essência, que produz a forma ou semelhança, o que, por sua vez, indicaria a real e essencial participação na natureza humana, por parte de Jesus Cristo. Podemos supor que Cristo não poderia ter tido a semelhança da natureza humana, sem ter também a substância dessa natureza; no entanto, nada podemos prover através do mero apelo ao sentido das palavras empregadas. O exame de um léxico mostrará ao leitor a ambiguidade de que venho falando. 3. Schema, Lemos em Filipenses 2:7 que Cristo adquiriu a «figura humana». Isso indica a aparência externa, o formato. O formato externo deste mundo, conforme se aprende em I Cor. 7:31, está passando. Esse termo grego refere-se à aparência externa e não à essência. De fato, se Paulo tivesse empregado somente essa palavra, teríamos de aceitar o docetismo. Uma vez mais, podemos supor que Cristo assumiu a figura humana, mas isso porque participava da verdadeira natureza humana, e não que fosse humano somente na aparência. A descrição paulina sobre a humilhação de Cristo não é teologicamente precisa, e os vocábulos por ele usados não devem ser pressionados. Antes, o ensino geral deve ser extraído de vários textos correlatos. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 244. Observação do Ev. Henrique - CRISTO em tudo se tornou semelhante ao homem, sem deixar de ser DEUS. 100% Homem e 100% DEUS. Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; Filipenses 2:7 IMAGEM DE DEUS - O homem, criado à imagem de Deus, é distinto de todas as outras criaturas. Ele é único por ter sido feito para viver em comunhão com seu Criador, e ser responsável diante dele. Deus fez o homem com algumas características que Ele mesmo possui, como um ser pessoal, e para si mesmo, em um relacionamento "Eu-você" (Gn 1.26,27; 5.1,2; 9.6; 1 Co 11.7; Ef 4.24; Cl 3.10; Tg 3.9). Somente através de uma resposta obediente a Deus, é que o homem pode verdadeiramente cumprir o propósito para o qual foi criado. É somente em Jesus Cristo que a imagem de Deus pode ser vista perfeitamente; ele é o homem verdadeiro e perfeito (Cl 1.15; 2 Co 4.4). Três aspectos dessa doutrina podem ser distinguidos: 1. A imagem como foi criada por Deus. A imagem de Deus tem uma semelhança natural ou formal com Deus, que consiste em personalidade, pois isto é essencialmente o que Deus é, um Espírito pessoal. Kenosis. 2. A imagem depois da queda. A desobediência trouxe consequências desastrosas para a imagem original de Deus no primeiro homem. O pecado deteriorou toda a semelhança natural (personalidade), de forma que a mente, as emoções e vontades do homem tornaram-se corruptas (depravação total). 3. A imagem restaurada por Cristo. Por meio da redenção que está em Cristo, o crente é regenerado. Ele é renovado em conhecimento, seus sentimentos são reorientados, sua vontade é transformada, seu corpo torna-se o templo do Espírito Santo. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 953-955. Gn 9.5,6 - Deus aqui explica por que o assassinato é tão errado: matar uma pessoa significa matar alguém feito á imagem e semelhança de Deus. Porque todos os seres humanos são feitos à imagem de Deus, todas as pessoas possuem as qualidades que as distinguem dos animais: moralidade, raciocínio, criatividade e auto-estima. Quando interagimos com as outras pessoas, estamos interagindo com seres humanos feitos por Deus, aos quais Ele oferece a vida eterna. Deus deseja que reconheçamos a sua imagem em todas as pessoas. BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 18. Gn 9.6 segundo a sua imagem. A razão por que o ser humano podia matar animais, mas nem animais e nem o ser humano podia matar um ser humano, está no fato de que somente o ser humano foi criado à imagem de Deus. MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 29. 2. HOMICÍDIO DOLOSO (NM 35.16-21). Homicídio Não Justificado A expressão «homicídios premeditados» é usada para distinguir tais casos dos homicídios justificáveis. Além disso, esses homicídios premeditados são divididos em homicídios de primeiro grau e homicídios de segundo grau. Os homicídios de primeiro grau incluem casos não somente em que houve malícia, mas também premeditação, com o propósito voluntário e planejamento deliberado de destruir a vida alheia. A condição mental que leva a essa classe de homicídios, geralmente, chama-se «premeditação maliciosa». E, se alguém termina por matar a uma pessoa a quem não queria matar, por causa de alguma vicissitude das circunstâncias, embora o tenha feito com aquela atitude mental, isso é considerado como um homicídio premeditado com «transferência de intenção». Exemplifiquemos a situação com a ilustração de um homem que ataca a outro, o qual é defendido por uma terceira pessoa. Essa terceira pessoa é morta, mas não a vitima tencionada. Isso ainda envolveum homicídio premeditado de primeiro grau. Esses homicídios de primeiro grau também incluem casos como a morte provocada durante um assalto ou outro crime semelhante. Todos os indivíduos envolvidos em casos de incêndio culposo, furto, estupro e roubo que resultem em mortes, embora estas não tenham sido planejadas, são culpados de homicídio de primeiro grau. Além disso, em alguns países, matar um policial ou outro oficial do governo é considerado, automaticamente, um homicídio de primeiro grau. Homicídio de segundo grau. Esse caso também não é justificável, embora considerado menos culpado que os homicídios de primeiro grau. Por exemplo, os crimes que envolvem paixão, quando um homem mata a um amante ou sedutor de sua esposa. Ou então, os crimes cometidos durante discussões ou brigas, embora não houvesse malicia e premeditação anteriores. Os homicídios não justificáveis podem assumir a forma de um acidente, provocado pelo descuido com que alguém agia, sendo um acidente que poderia ter sido evitado. Um homem que se alcoolize e mate a outrem em um acidente, em resultado de estar embriagado, não pode justificar o seu crime. Porém, casos assim não envolvem homicídio de primeiro ou de segundo grau. Esses casos são rotulados como homicídio culposo. Mas, se uma morte foi causada por puro acidente, então trata-se de homicídio involuntário. Dentro dessa categoria cabem aqueles casos em que, por exemplo, os pais não cuidam apropriadamente de seus filhos, no tocante à saúde e à alimentação, e eles chegam a morrer por causa disso. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 154. Como orientação a todos, são dados exemplos para mostrar a diferença entre homicídio culposo e homicídio doloso (assassinato premeditado). O homicídio culposo estava sujeito à cláusula das cidades de refúgio, ao passo que o homicídio doloso estava sujeito a outras leis e era punível com a morte. A morte causada por instrumentos especificados era, à primeira vista, prova de que o assassinato fora planejado. Eram instrumento de ferro (16), pedra na mão (17) ou instrumento de madeira (18; “instrumento de pau”, ARA) na mão. Quando a premeditação era patente, o vingador poderia matar o homicida (19) imediatamente. A mesma regra se aplicava se a vítima fosse ferida por inimizade (21), ou seja, por qualquer instrumento usado com a intenção de prejudicar outrem e com o propósito de matar. Lauriston J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon. Números. Editora CPAD. pag. 395. Num 35.16-21. São dados vários exemplos definindo o assassinato. Se havia evidências claras de premeditação, o criminoso devia ser condenado por assassinato, e, portanto, exigia-se a sua morte. O tipo de arma usada era prova do intento assassino, como ferramenta de ferro ou ferramenta de pedra ou de madeira com cabo (16-18). Contudo, a arma usada era irrelevante se sabia-se que o assassino odiava antecipadamente a sua vítima; um simples soco que levasse à morte era assassinato, se houvesse evidência de inimizade anterior (21). Gordon J. Wenham. Números Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 247-248. 3. HOMICÍDIO CULPOSO (NM 35.22-25). Homicídio Justificado. Poderíamos estar justificados por tirar a vida a outrem? A Bíblia e as leis civis, de modo geral, respondem com um «sim». Abaixo damos as formas justificáveis de homicídio: 1. Segundo se vê no Antigo Testamento, a execução religiosa, por causa de crimes morais ou religiosos. E não meramente por causa de crimes civis, ocorreu com frequência. Nos países árabes. por seguirem o Alcorão (vide), até hoje há execuções religiosas ocasionais; mas, nos países ocidentais, esse tipo de execução não é mais considerado justificável. 2. Por motivo de defesa própria. 3. O ato de matar que resulta da tomada da defesa de alguém que esteja correndo perigo ou esteja sendo ameaçado ou assaltado de alguma maneira grave. A pessoa defendida não precisa pertencer à família do defensor. 4. Uma pessoa pode matar a outrem, de modo justificável, a fim de impedir um crime de qualquer tipo, mesmo que tal crime não ameace a vida daquele contra quem isso é feito. Por exemplo, um guarda, em um banco, pode tirar a vida a um assaltante do banco. Ou um homem pode matar a um estuprador em potencial, que ameace executar a sua ação. 5. Execuções determinadas pelo Estado. Os criminosos que tiverem cometido crimes graves, usualmente, quando tiraram a vida de alguém, em muitos países do mundo são, por sua vez, executados com a pena capital. 6. Em tempos de guerra, os soldados não somente são solicitados a matar, mas também são tidos por heróis quando matam a muitos. Audey Murphy, um famoso soldado do exército norte-americano, de certa feita, estando sozinho, matou mais de duzentos soldados alemães, destruiu vários tanques e equipamento pesado, e as pessoas nunca deixaram de admirar-se de seus feitos, não só nessa, mas também em outras ocasiões. Ele era uma máquina de matar, e tornou-se um herói nacional por causa de sua incrível habilidade. Na Bíblia, os trinta heróis guerreiros de Davi ficaram com seus nomes gloriosamente registrados, por haverem morto a muitos homens. 7. Homicídios Acidentais. Temos ai um caso de homicídio desculpável, e não tanto de homicídio justificável, porquanto esses homicídios acidentais resultam da falta de cuidado, de estados de alcoolismo. etc. A lei é que decide quais punições devem ser aplicadas, como breves períodos de encarceramento ou de detenção doméstica. etc. Acidentes puros e inevitáveis, quando alguém mata, por exemplo, uma criança que passa correndo, atravessando o trajeto de um veiculo, não são castigados segundo a lei. Os homicídios desculpáveis, com frequência, são denominados «homicídios não premeditados», uma classe de matança sem culpa, diante dos quais a justiça não se manifesta senão a fim de inocentar. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 153-154. Entretanto, mesmo naqueles dias se admitia que podia haver homicídio não intencional. Se empurrar (apunhalar) uma pessoa de improviso, sem inimizade, ou contra ela lançar algum instrumento sem desígnio (22), ou sobre ela fizer cair alguma pedra sem o ver e nem procurava o seu mal (23), o assassino estaria sujeito à lei de refúgio. A congregação (24) o julgaria e, se fosse inocente de assassinato premeditado, o livraria da mão do vingador do sangue. Mas o assassino tinha de ficar na cidade de refúgio, para a qual fugiu, até à morte do sumo sacerdote (25). Esta lei destacava a importância da intenção como ingrediente básico para determinar a natureza do crime. Este princípio é reconhecido na maioria dos países civilizados como fator importante na determinação da culpa ou inocência do suspeito. E também fator principal no conceito bíblico de pecado. E a “transgressão voluntariosa” e não o “deslize involuntário” que Deus julga como pecado. Lauriston J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon. Números. Editora CPAD. pag. 395. Mas se descobrisse que tinha sido um acidente ou engano, e que o golpe tinha sido desferido sem qualquer desígnio contra a vida da pessoa assassinada, ou qualquer outra, então o homicida continuaria a salvo na cidade de refúgio, e o vingador de sangue não poderia agir contra ele, v. 25. Ali ele deveria permanecer, banido da sua própria casa e privado do seu patrimônio, até a morte do sumo sacerdote. E, se em alguma ocasião ele saísse daquela cidade ou dos seus arrabaldes, ele sairia da proteção da lei, e o vingador de sangue, se o encontrasse, poderia matá-lo, w. 26-28. Agora: [1] Com a preservação da vida do assassino, Deus deseja nos ensinar que os homens não devem sofrer por aquilo que é sua desgraça e não seu crime, por algo que é um ato da Providência e não o seu próprio ato, pois “Deus o fez encontrar nas suas mãos”, Êxodo 21.13. [2] Com a expulsão do assassino da sua própria cidade, e o seu confinamento na cidade de refúgio, onde seria, de certa maneira, um prisioneiro, Deus desejava nos ensinar a alimentar um terror e um horror à culpa do sangue, e a sermos muito cuidadosos com a vida. O Senhor quer que sempre temamos que, por engano ou negligência, a morte de alguém seja ocasionada. [3] Com a limitação do período de confinamento do criminoso à morte do sumo sacerdote, era atribuída uma honra a este sagrado ofício. O sumo sacerdote devia ser considerado como uma bênção tão grande para o seu país, que por ocasião da sua morte a tristeza do povo deveria sufocar todos os outros ressentimentos. Sendo as cidades de refúgio, todas elas, cidades dos levitas, e o sumo sacerdote sendo o líder daquela tribo e, consequentemente, tendo um domínio peculiar sobre estas cidades, aqueles que nelas estivessem confinados poderiam ser adequadamente considerados seus prisioneiros, e por isto a morte do sumo sacerdote deveria ser a sua libertação. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 557. CIDADES DE REFÚGIO LEITURA BÍBLICA - Josué 20.2, 3. 2 - Fala aos filhos de Israel, dizendo: Apartai para vós as cidades de refúgio, de que vos falei pelo ministério de Moisés; 3 - para que fuja para ali o homicida que matar alguma pessoa por erro e não com intento; para que vos sejam refúgio do vingador do sangue. O comentário a seguir foi feito pelo pastor Antônio Neves de Mesquita: "O principio visado por estas cidades de refúgio era evitar que um criminoso involuntário sofresse as consequências do seu ato. Poderia acontecer que um homem matasse outro, ou mesmo o ferisse involuntariamente. Muito naturalmente, a família do morto ou ferido se vingaria imediatamente, sem haver tempo de se fazer luz sobre os motivos do crime. Era o crime punido pelo populacho, crime sempre agravado por outros crimes. Não era esta a melhor maneira de sanear a sociedade de um possível elemento mau. As multidões são cegas e cometem atos apenas motivados pelo contágio psicológico gerado em tais tumultos. Os linchamentos são atos desvairados de uma multidão inconsciente que nem tempo teve para refletir sobre se o criminoso teria cometido o crime em legitima defesa ou devido a circunstâncias que só em processo regular pode ser apurado. "Para evitar crimes sobre crime, DEUS proveu no pais seis cidades de refúgio, três do lado oriental e três do lado ocidental do Jordão. Todo criminoso involuntário se refugiaria ali até ser julgado, e, no caso de ser inocente, lá ficaria até que morresse o sumo sacerdote, quando então podia sair sem ser molestado. Além das seis cidades de refúgio, havia ainda o santuário, no qual um criminoso poderia se refugiar agarrando-se aos chifres do altar. Quando Adonias soube que Salomão havia sido escolhido para rei em lugar de seu pai Davi, temendo a Salomão, foi agarrar-se com os chifres do altar e lá ficou até que Salomão prometeu poupar-lhe a vida (1Reis 1.5053). Eram modos de poupar a vida de possíveis inocentes. Alguns juristas têm visto nessa instituição uma espécie de "Habeas-corpus", medida jurídica que visa a garantir a vida de quem esteja inocentemente ameaçado, e, como o instituído é de origem inglesa, é bem possível que os ingleses se hajam baseado na Bíblia, para instituir esta medida salvadora dos inocentes. Numa palavra, DEUS é DEUS de Justiça, e não pode compadecer-se com qualquer forma de injustiça. "As condições eram: (1) Não aborrecer a pessoa ferida. Deveria ser averiguado se o ferido ou morto não era inimigo do criminoso, de modo a dar-se o crime. (2) O crime podia ocorrer mesmo no meio do trabalho, como o cortar de uma árvore, em que o machado se soltasse do cabo e ferisse o companheiro. (3) Evitar que o parente do criminoso, com o "o sangue esquentado", tentasse vingar a morte do parente morto ou ferido. (4) Evitar os crimes de irresponsabilidade, como os cometido por multidões açuladas. (5) No caso de ficar provado que houve intenção dolosa, o criminoso seria retirado da cidade e julgado de acordo com a Lei, que era a de Talião, "dente por dente e olho por olho", lei esta que JESUS modificou, aplicando-lhe a lei do amor, naquilo em que o mesmo amor coubesse. Israel deveria ser uma nação justa, porque justo é seu DEUS; não deveria ser nação sanguinária, violenta e eivada de paixões. Deveria ser povo modelo. Nada mais, nada menos, o que CRISTO, séculos depois, veio ensinar, quando estabeleceu os fundamentos de uma sociedade modelar baseada no respeito e no amor. CIDADE DE REFÚGIO A instituição legal que assegura um lugar de refúgio a um criminoso, especialmente um assassino perseguido pela justiça e pelos vingadores da vítima, encontra-se em todas as partes e em todos os tempos. Entre os hititas havia cidades de asilo, administradas por sacerdotes. Perto de Antioquia havia o santuário de Dafne, consagrado a ApoIo, no qual Onias se refugiou, e de onde a autoridade pública somente o pôde arrancar, valendo-se da traição (fato ocorrido no período dos Macabeus). Em Números 35.9-34, está registrada a ordem de DEUS a Moisés para estabelecer cidades de refúgio na Palestina. A partir de então, essa ordem foi várias vezes repetida, e essas repetições estão registradas na Bíblia. A organização que DEUS traçou para o povo de Israel, através das ordens dadas a Moisés, era modelar, perfeita e completa até nos mínimos detalhes. Nem mesmo a organização judicial foi esquecida. DEUS ordenou a Moisés que estabelecesse seis cidades de refúgio, logo que tomasse posse da terra de Canaã. Como se vê, as cidades eram em número de seis. Serviam para acolher e guardar em segurança aqueles que, por erro ou por engano, matassem alguém, até que eles comparecessem perante o tribunal, para que fossem julgados. Essa medida acauteladora era sábia e necessária, pois, naqueles dias, qualquer que derramasse sangue, com sangue pagaria o seu ato. Chamamos a atenção dos leitores para este detalhe: os parentes do ferido ou do morto tinham o direito de vingar a morte do ente querido, matando o homicida onde quer que o encontrassem. Foi para evitar enganos ou injustiças na aplicação da lei que dava ao parente o direito de tirar a vida ao que a vida sacrificou do seu próximo, que se estabeleceram as cidades de refúgio. O homicida somente estava garantido dentro da cidade de refúgio. Se por quaisquer circunstâncias ele se afastasse dela, o vingador de sangue podia feri-Io de morte onde o encontrasse. Agora mencionaremos os seus nomes: Cades, Siquém e Hebrom. Essas três primeiras estavam situadas do lado ocidental do Jordão. Bezer, Ramote e Golam. As três estavam situadas do lado oriental do Jordão. Cada morte verificada numa tribo ou família exigia a morte de dois membros da família ou tribo agressora. Quase sempre a vingança recaía sobre a pessoa mais importante da família ou da tribo, isto é, sobre o chefe. Ora, é claro que quanto mais elevada a posição da vítima, tanto maior seria o ódio e o desejo de vingança de seus parentes. Em certos casos, tribos e famílias odiavam-se e guerreavam entre si durante gerações sucessivas. As cidades de refúgio, portanto, segregando o culpado e entregando-o ao tribunal para ser julgado, contribuíam para abrandar o ódio entre os inimigos e fazia arrefecer o desejo de vingança, de modo que as contendas entre as famílias e tribos diminuíam e até se extinguiam. Segundo uma cláusula, provavelmente mais recente, por ocasião da morte do sumo sacerdote havia uma espécie de anistia a todos os foragidos, e eles podiam regressar às suas propriedades. Para finalizar, conheçamos o significado da palavra refúgio e a aplicação que o salmista lhe dava: "Pois [DEUS] tens sido o meu refúgio e uma torre forte contra inimigo" (Sl 61.3). A palavra refúgio, para o povo cristão, tem um sentido mais objetivo do que as cidades que protegiam aquele que as procuravam. Para os cristãos, o verdadeiro refúgio, o perfeito abrigo, é JESUS CRISTO, o filho de DEUS, no qual todas as almas, além de refúgio e segurança, encontram também, orientação para a vida e remédio para a morte. Tesouro de conhecimentos bíblicos - Conde, Emílio, 1901-1971, CPAD, Rio de Janeiro - RJ

Complete os espaços vazios e marque com "V" as respostas Verdadeiras e com "F" as Falsas TEXTO ÁUREO
1- Complete: "De palavras de _____________________ te afastarás e não ______________________ o inocente e o justo; porque não justificarei o _____________________." (Êx 23.7)
VERDADE PRÁTICA 2- Complete: O direito à _____________________ é um bem pessoal e inalienável; sua ______________________ e proteção devem ser parte da ______________________ do homem cristão.
I. O SEXTO MANDAMENTO
3- Qual a abrangência do sexto mandamento? ( ) Este é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples com duas palavras: "Não matarás". ( ) A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado e o não premeditado. ( ) Temas como nascimento pré-maturo, guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento. ( ) Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento. 4- Qual o objetivo do sexto mandamento? ( ) O Antigo Testamento considera homicida só quem atenta contra a vida de seu irmão com a intenção de o matar. ( ) O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o respeito à santidade da vida. ( ) O Senhor JESUS incluiu aqui o ensino sobre o amor. ( ) No novo concerto Ele inclui "pensamentos e palavras, ira e insultos". ( ) O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão. ( ) O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos.
5- Em qual contexto social DEUS deu o sexto mandamento ao seu povo? ( ) "Não matarás" já era um mandamento antigo, mas agora é introduzido de uma forma nova. ( ) O respeito à vida era conhecido na Antiguidade pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. ( ) O Código de Hamurabi (1750 a. C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. ( ) O Código de Hamurabi (1850 a. C.), rei da Pérsia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. ( ) Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a revelação do Sinai. ( ) A outra é que DEUS pôs sua lei no coração e na consciência dos demais povos.
II. IMPORTÂNCIA
6- Qual a importância da vida para DEUS? ( ) A vida é um dom de DEUS e ninguém tem o direito de tirá-la. ( ) Somente DEUS, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana. ( ) Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Davi. ( ) Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas. ( ) Tudo isso nos mostra que a vida pertence a DEUS, e não a nós mesmos. ( ) DEUS sabe a hora em que a vida humana deve cessar, Ele é o soberano de toda a existência.
7- O que significa “Não matar”? Complete: A proibição do sexto mandamento é não _____________________. O verbo hebraico ratsach, "matar, assassinar, destruir", aparece _____________________ vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira ______________________ é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das palavras lo e tirtsach seria: "não ______________________", ou "não cometerás assassinato", pois "não matarás" é uma expressão ______________________. O dispositivo mosaico proíbe o ______________________ premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio __culposo__, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3). 8- Qual a etimologia da palavra ratsach "matar, assassinar, destruir"? ( ) São raros os termos correspondentes ao verbo ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo radaha, "quebrar em pedaços, estilhaçar". ( ) O termo ratsach é também usado na guerra, na administração da justiça e aparece tanto no contexto judicial como no militar. ( ) O termo ratsach não é usado na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e militar. ( ) Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de vingança de sangue.
III. PROCEDIMENTO JURÍDICO
9- Qual o significado do homicídio? ( ) O homicídio está incluído entre os maiores crimes que um ser humano pode cometer, ficando atrás somente da idolatria. ( ) O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. ( ) A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque DEUS fez o homem conforme a sua imagem". ( ) É contra DEUS que o homicida está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou coisa.
10- O que é homicídio doloso (Nm 35.16-21)? Complete: Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento _______________________ sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, "com instrumento de _____________________" (v. 16), "com pedra à mão" (v. 17) ou ainda "com instrumento de madeira" (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada _______________________, o autor da ação é considerado _______________________. O substantivo "homicida", rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes aqui. Trata-se de homicídio _____________________.
11- O que é homicídio culposo (Nm 35.22-25), como escapar das mãos do vingador de sangue e a que equivale as cidades de refúgio, hoje? ( ) Era o crime voluntário e premeditado, razão pela qual o autor devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento da pena de morte. ( ) Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. ( ) Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental. ( ) A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar. ( ) Esses dois recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente.
IV. PUNIÇÃO
12- Quanto ao sangue de Abel, complete: O termo "sangue" de Abel em "A voz do sangue do teu irmão ______________________ a mim desde a terra" (Gn 4.10), está no plural, no hebraico, que segundo o _______________________, antiga literatura religiosa dos judeus, significa "sangue de sua ______________________" ou seja: "todo aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse destruído o mundo (descendência) inteiro" (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da _______________________, de CRISTO, fala melhor do que o sangue de _____________________ (Hb 12.24). Isso porque o sangue de JESUS clama por misericórdia, mas o de Abel por _____________________ (Gn 4.10,11).
13- O que era o vingador de sangue? O que JESUS ensina sobre isso? ( ) A lei dava o direito ao "vingador do sangue", goel, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. ( ) A lei dava o direito ao "vingador do sangue", ani lo mevin, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. ( ) Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família. ( ) Era uma grande desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é mantido ainda hoje nessa parte do mundo. ( ) O Senhor JESUS mandou substituir a vingança pelo perdão.
14- Como era feita a expiação pela vida? ( ) O crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. ( ) A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra, o assassino deve correr para uma cidade de refúgio e pedir asilo". ( ) A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra, o assassino deve ser morto, ou seja, era "vida por vida". ( ) A segunda diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade. CONCLUSÃO
15- Complete: O Senhor JESUS _____________________ o sexto mandamento à doutrina do _____________________ ao próximo. Devemos manter nossa posição em favor da paz e da _______________________ dizendo "não" à violência em suas diversas ______________________, para a glória de DEUS. RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO EM http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm Referências Bibliográficas (outras estão acima) Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006. Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida. Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999. BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD. CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal. VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm www.ebdweb.com.br www.escoladominical.net www.gospelbook.net www.portalebd.org.br/ http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb Alessandro Silva
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm