O Propósito da
Lei
Mostra-nos claramente o verdadeiro
objetivo da lei: veio a propósito para que o pecado se fizesse
excessivamente maligno (Rm 7:13). Era, em certo sentido, como um
espelho perfeito enviado para revelar ao homem o seu desarranjo
moral. Se eu me puser diante de um espelho com o meu vestuário
desarranjado, o espelho mostra-me o desarranjo, mas não o põe em
ordem. Se eu fizer descer sobre um muro tortuoso um prumo, o
prumo mostra a tortuosidade, mas não a altera. Se eu sair numa
noite escura com uma luz, esta revela-me todos os obstáculos e
dificuldades que se acham no caminho, mas não os remove. Além
disso, o espelho, o prumo, e a luz não criam os males que
revelam distintamente: nem os criam nem os afastam, apenas os
revelam. O mesmo acontece com a lei: não cria o mal no coração
do homem nem tampouco o tira; mas revela-o com infalível
exatidão.
"Que diremos
pois? É a lei pecado?- De modo nenhum; mas eu não conheci o
pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência
se a lei não dissesse: Não cobiçarás" (Rm 7:7). O apóstolo não
diz que não teria tido "concupiscência". Não, mas apenas que não
a teria conhecido. A "concupiscência" existia; mas ele estava às
escuras quanto ao fato, até que a lei, como a luz do DEUS
Onipotente, brilhou nos recessos tenebrosos do seu coração e
revelou o mal que nele havia Assim como um homem numa câmara
escura pode estar rodeado de poeira e confusão sem contudo poder
ver nada por causa da escuridão. Mas deixai que os raios de sol
penetrem ali e ele distinguirá imediatamente tudo. São os raios
de sol que formam o pó? A lei julga o
caráter e a condição do homem. Julga o pecador e encerra-o
debaixo da maldição: vem para julgar o que ele é e amaldiçoa-o
se ele não é o que ela lhe diz que deve ser.
A Lei Condena o
Pecador
É, portanto,
claramente impossível que alguém possa obter a vida e a
justificação por meio daquilo que só pode amaldiçoá-lo. A lei não é indulgente com as fraquezas, e não
reconhece a obediência sincera, embora imperfeita. Se fosse este
o caso, não seria aquilo que é, "santa, justa e boa" (Rm7:12). Se o pecador pudesse obter vida pela lei, a lei
não seria perfeita, ou então ele não seria pecador. "Por
isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da
lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm 3:20). "Porque até à lei estava o
pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei"
(Rm 5:13). O pecado existia, e precisava apenas da lei para o
manifestar na forma de "transgressão". É como se eu dissesse a
meu filho: "não deves tocar nessa faca". A minha proibição
revela a tendência do seu coração para fazer a sua própria
vontade.
O apóstolo João
diz que o "pecado é iniquidade" (1 Jo 3:4). Tomemos
por
exemplo algumas das proibições da lei: "Não matarás", "Não
cometerás adultério", "Não furtarás". Aqui tenho, pois, uma
regra ou linha posta diante de mim; porém descubro que tenho em
mim mesmo os próprios princípios contra os quais estas
proibições são expressamente dirigidas. Ainda mais, o próprio
fato de me ser proibido matar mostra que o homicídio está em
minha natureza. Não havia necessidade de me ser proibido fazer
uma coisa que eu não tinha inclinação para fazer; porém, a
revelação da vontade de DEUS, quanto ao que eu deveria ser,
mostra a tendência da minha vontade para ser aquilo que não
devo. Ora, o apóstolo declara que "Todos aqueles...
que são das obras da lei, estão debaixo da maldição" (Gl 3:10).
Se o cristão estiver debaixo da lei, está exposto,
necessariamente, à maldição da lei. Mas, que tem que ver a lei
com a regeneração? A lei tem apenas uma pergunta a fazer ao
homem— uma pergunta curta, solene e direta —, a saber: "És tu o
que deverias ser" Se a resposta é negativa, a lei não pode senão
lançar os seus terríveis anátemas sobre o homem e matá-lo. E
quem reconhecerá mais prontamente e mais profundamente que, em
si mesmo, não é aquilo que deveria ser senão o homem
verdadeiramente regenerado?- Portanto, se está debaixo da lei,
está, inevitavelmente, debaixo da maldição. Não é possível que a
lei diminua as suas exigências ou se misture com a graça.
Dir-se-á: "Nós temos a perfeição em CRISTO". Sem dúvida, mas não
é pela lei, mas, sim, pela graça; e não podemos, de nenhum modo,
confundir as duas dispensações. As Escrituras ensinam-nos
claramente que não somos justificados pela lei; nem a lei é a
nossa regra de vida. Aquilo que só pode amaldiçoar nunca poderá
justificar, e aquilo que só pode matar nunca poderá ser uma
regra de fé. Seria como se um homem tentasse fazer fortuna
valendo-se de uma ação de falência movida contra si.
Um Jugo
Impossível de Levar
O capítulo 15 do
livro de Atos mostra-nos como o ESPÍRITO SANTO respondeu à
tentativa que se pretendera fazer para pôr os crentes sob a lei,
como regra de vida. "Alguns, porém, da seita dos fariseus, que
tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister
circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés"
(versículo 5). Isto não era mais do que o silvo da antiga
serpente fazendo-se ouvir nas sugestões sinistras e
desanimadoras desses primitivos legalistas. Mas vejamos como o
assunto foi resolvido pela poderosa energia do ESPÍRITO SANTO e
a voz unânime dos doze apóstolos e de toda a Igreja. "E, havendo
grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos,
bem sabeis que já há muito tempo DEUS me elegeu, dentre vós,
para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do
evangelho e cressem". — O quê? As exigências e as maldições da
lei de Moisés? Não; bendito seja DEUS, esta não era a mensagem
que DEUS queria fazer chegar aos ouvidos de pecadores perdidos.
Ouvissem, então, o quê"? "OUVISSEM DA MINHA BOCA A PALAVRA DO
EVANGELHO E CRESSEM". Aqui estava a
mensagem
que correspondia ao caráter e natureza de DEUS. Ele nunca teria
perturbado os homens com uma linguagem triste de exigências e
proibições. Esses fariseus não eram Seus mensageiros — muito
pelo contrário. Não eram portadores de boas novas, nem
anunciadores da paz, e portanto os seus pés eram tudo menos
"formosos" aos olhos d'Aquele que Se deleita em misericórdia.
"Agora, pois",
continua o apóstolo, "porque tentais a DEUS, pondo sobre a
cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós
pudemos suportar" Esta linguagem era grave e forte. DEUS não
queria pôr "um jugo sobre a cerviz" daqueles cujos corações
haviam sido libertados pelo evangelho da paz. Antes pelo
contrário, desejava exortá-los a permanecerem na liberdade de
CRISTO e a não se meterem "outra vez debaixo do jugo da
servidão" (Gl. 5:1). Não enviaria aqueles a quem havia recebido
em Seu seio de amor "ao monte palpável" para os aterrorizar com
a "escuridão", "trevas", e "tempestade" (Hb 12:18). Isso seria
impossível. "Mas cremos", diz Pedro, "que seremos salvos PELA
GRAÇA DO SENHOR JESUS CRISTO, como eles também" (At 15:11).
Tanto os judeus, que tinham recebido a lei como os gentios, que
nunca a receberam, deviam agora ser "salvos" pela "graça". E não
somente deviam ser "salvos pela graça", mas estar "firmes" na
graça (Rm 5:2) e crescer na graça (2Pe 3:18). Ensinar outra
coisa era tentar a DEUS. Esses fariseus subvertiam os próprios
fundamentos da fé cristã; e o mesmo fazem todos aqueles que
procuram pôr os crentes debaixo da lei. Não existe mal ou erro
mais abominável aos olhos de DEUS do que o legalismo.
Escutai a
linguagem enérgica — os acentos de justa indignação—de que se
serve o ESPÍRITO SANTO, a respeito desses doutores da lei: "Eu
quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando"
(Gl 5:12).
Mas, deixai-me
perguntar, os pensamentos do ESPÍRITO SANTO mudaram a este
respeito? Estas Escrituras, ainda mesmo que não houvesse outras,
são suficientes para provar que a intenção de DEUS nunca foi que
os Gentios "ouvissem a palavra" da lei. Se fosse essa a Sua
intenção, o Senhor teria, certamente, escolhido alguém para a
proclamar aos seus ouvidos. Mas não; quando proclamou a Sua "lei
terrível", Ele falou numa só língua; porém quando proclamou as
boas novas de salvação, pelo sangue do Cordeiro, falou na língua
"de todas as nações que estão debaixo do céu". Falou de tal modo
que cada um, na sua própria língua em que havia nascido, pudesse
ouvir a doce história da graça (At 2:1 -11).
C. H.
MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação
Religiosa Imprensa da Fé.
II - OS DEZ
MANDAMENTOS (ÊX 20.1-17)
1. O primeiro
mandamento.
Não terás outros
deuses diante de mim. (Êx 20.3)
Os israelitas
certamente tiveram contato com cultos às divindades egípcias no
período em que foram escravos, e caso um deles tivesse abrigado
algum desses tipos de culto em seu coração, isso poderia
contaminar a adoração a DEUS e a relação com Ele. Por isso, DEUS
não apenas diz que a iniciativa de libertá-los do Egito fora
dEle, mas deixa explícito que os israelitas, livres, não
poderiam ter outros deuses. Essa ordem era mais que justa, pois
os israelitas deveriam ter um coração agradecido a DEUS pelo que
Ele lhes fizera, começando por tê-lo como seu único DEUS. Nenhum
outro “deus” deveria ser aceito pelos israelitas.
A exclusividade
de Jeová como DEUS em Israel baseava-se primeiramente em sua
superioridade como DEUS poderoso. Nenhum dos deuses do Egito
pôde livrar aquela nação dos juízos divinos que DEUS enviara.
Sua exclusividade se baseava também no fato de que Ele
demonstrou misericórdia para com os descendentes de Abraão,
tirando-os da escravidão, e prometendo-lhes também uma terra
para que pudessem viver em segurança e sem serem molestados por
seus inimigos.
A lei que Ele
lhes dava orientaria os passos de todo o povo em todos os
aspectos, inclusive no quesito adoração. Nem anjos nem homens
deveriam receber a adoração que estava reservada apenas para
DEUS, pois são igualmente seres criados.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 69-70.
Primeiro
Mandamento:
Não terás outros
deuses. Temos aqui a regra do monoteismo. Neste ponto, o monoteismo substitui todas as outras
possíveis noções de DEUS. Esse DEUS único precisa ser reconhecido e
obedecido como a autoridade moral de todos os atos humanos.
Também só há um DEUS no atinente à questão da adoração e do
serviço espirituais. O DEUS único merece toda honra. Ver também Êxo.
23.13.
A nação de
Israel estava cercada por povos que eram leais a um número
impressionante de divindades. As pragas do Egito tinham mostrado
que só Yahweh é DEUS (ver Êxo. 5.2 e 6.7).
Os vss. 4-6
descrevem e ampliam o primeiro mandamento. Yahweh é um DEUS
zeloso que não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos
nisso uma linguagem antropomórfica. Um deus que não é único não é
o
verdadeiro DEUS. Ver os vss. 22,23. A desobediência ao primeiro
mandamento foi a principal razão dos cativeiros que, finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
O Primeiro
Mandamento: Não Ter Outros Deuses (20.3)
DEUS identifica quem tirou
os filhos de Israel da servidão egípcia: O SENHOR. Visto que ele
os libertara e provara que era supremo, eles tinham de torná-lo
seu DEUS. Não havia lugar para competidores. Todos os outros
deuses eram falsos.
Diante de mim
(3) significa “lado a lado comigo ou além de mim”. DEUS não
esperava que Israel o abandonasse; Ele sabia que o perigo estava
na tendência de prestar submissão igual a outros deuses. Este
mandamento destaca o monoteísmo do judaísmo e do cristianismo.
“O primeiro
mandamento proíbe todo tipo de idolatria mental e todo afeto
imoderado a coisas terrenas e que podem ser percebidas com os
sentidos.” Não existe verdadeira felicidade sem DEUS, porque
Ele é a Fonte de toda a alegria. Quem busca alegria em outros
lugares quebra o primeiro mandamento e acaba na penúria e em
meio a acontecimentos trágicos.
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 189.
Êx 20.3. Não
terás outros deuses. Possivelmente “nenhum outro deus”, se o
plural aqui empregado for o chamado “plural de majestade”, tal
como sempre o é ao descrever YHWH.
Israel vivia em meio de um mundo politeísta: esta proibição
sucinta trata de um dos perigos advindos de se viver em tal
mundo. Estes mandamentos eram destinados, em última análise, ao
israelita médio, não à elite religiosa da época: vêm expressos
em termos simples e fortes, compreensíveis a todos, e tratam das
tentações do homem comum, não as do teólogo.
Diante de mim.
Literalmente “à minha face” . Esta frase vagamente incomum
também parece ser usada em relação ao ato de tomar uma segunda
esposa enquanto a primeira ainda estivesse viva. Tal uso, de uma
quebra de um relacionamento pessoal exclusivo, ajuda a explicar
o seu significado aqui. A frase está relacionada à descrição de
YHWH como um “DEUS zeloso”, no versículo 5. Por causa
da natureza de YHWH e do que YHWH fez por Israel, Ele não
dividirá Seu louvor com quem quer que seja: Ele é único.
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
147-148.
2. O segundo
mandamento.
Não farás para
ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima
nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
(Ex 20.4)
DEUS apresenta o
segundo mandamento: não fazer imagens de escultura. Isso foi
necessário porque DEUS não tinha o objetivo de ser representado
por qualquer forma conhecida pelos israelitas. O DEUS Criador
não pode ser confundido com sua criação. Atribuir uma forma de
qualquer ser a DEUS foi considerado uma quebra de mandamento,
pois reduz a sua glória eterna àquilo que é mortal. Há formas de
criaturas nos céus (anjos), na terra (animais, seres humanos
vivos ou mortos) e
nas águas (peixes e baleias), e nenhuma dessas formas poderia
jamais representar DEUS. Tentar reduzir DEUS a uma figura
conhecida era o mesmo que reduzir sua glória.
Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu
DEUS, sou DEUS zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos
até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e
faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus
mandamentos. (Ex 20.5)
Esse mandamento
traz outra informação importante: os israelitas não poderiam
fazer imagens de esculturas nem se curvar diante delas, muito
menos servi-las. Para os que conhecem a Palavra de DEUS, pode
parecer estranho uma pessoa se curvar diante de uma imagem de
escultura como se elas fossem realmente um deus, mas foi isso
que os israelitas fizeram quando chegaram à Terra Prometida.
O profeta
Isaías, usado por DEUS, descreve o que seus contemporâneos
faziam no tocante à criação de imagens de escultura:
Então, servirão
ao homem para queimar; com isso, se aquenta e coze o pão; também
faz um deus e se prostra diante dele; fabrica uma imagem de
escultura e ajoelha diante dela. Metade queima, com a outra
metade come carne; assa-a e farta-se; também se aquenta e diz:
Ora, já me aquentei, já vi o fogo. Então, do resto faz um deus,
uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, e se inclina, e
lhe dirige a sua oração, e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu
deus. Nada sabem, nem entendem; porque se lhe untaram os olhos,
para que não vejam, e o coração, para que não entendam. (Is
44.15-18)
Oseias, o
profeta, também tratou desse assunto quando mostrou o que o seu
povo fazia: “O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe
responde, porque o espírito de luxúria os engana, e eles se
corrompem, apartando-se da sujeição do seu DEUS” (Os 4.12).
DEUS adverte
neste mandamento que julga a maldade dos pais nos filhos até a
terceira e quarta geração. Essa informação pode significar que
DEUS pode julgar a idolatria de algumas pessoas nos seus
descendentes. Entretanto, aos que amam ao Senhor e guardam seus
mandamentos veem sua misericórdia de forma infinita.
A idolatria é um
problema muito sério para o homem. DEUS condena os ídolos porque
eles desejam ocupar o espaço dEle em nosso coração. Em dias como
os nossos, em que a humanidade faz seus próprios deuses, o
segundo mandamento é atual e necessário para que possamos
conduzir pessoas a DEUS e manter-nos focados no serviço ao
próprio Senhor. Lembremo-nos do que disse o apóstolo João:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 70-71.
Segundo
Mandamento:
Não farás para
ti imagem. O primeiro mandamento
proíbe o politeísmo, e a idolatria e o uso de imagens promoviam
cultos politeístas. Portanto, o primeiro mandamento também
combate o uso de ídolos.
É proibido o
fabrico de qualquer imagem de escultura para adoração. As imagens tendem ou
mesmo promovem formas várias de politeísmo, e isso fora
estritamente proibido no primeiro mandamento. Grandes segmentos da
cristandade têm uma espécie de sub-políteísmo no uso de imagens
e na veneração dos “santos”. Digo aqui “sub-politeísmo” porque,
acima do mesmo, reservam uma adoração especial a DEUS. O que
temos, nesses casos, é uma forma de sincretismo onde o antigo
politeísmo alia-se ao monoteismo, A cristandade, ao entrar em
contato com culturas pagãs, inventou várias formas de
sincretismo, pelo que desobedecem de forma crassa o primeiro e o
segundo mandamentos.
Imagem de
escultura. No hebraico temos uma só palavra, pesei, palavra que
significa “esculpir”. Originalmente, o termo significava um
objeto esculpido, mas acabou significando qualquer tipo de
imagem, representação de qualquer objeto, no céu ou na terra.
Ver Isa. 30.22; 40.19; 44.10; Jer. 10.4. Havia as imagens
fundidas, feitas em moldes, feitas à mão, em lugar de serem
esculpidas. Ver os mandamentos específicos contra as imagens
fundidas, em Êxo. 20.23 e 34.17. O primeiro e o segundo
mandamentos proibiam qualquer forma de representação idólatra, e
a adoração a essas formas.
No tabernáculo
havia a representação de querubins. Mas a figura jamais foi
adorada ou venerada pelos filhos de Israel. Se o tivesse sido,
sem dúvida teria sido destruída. Ver Êxo. 25.18,19. Yahweh, por
sua vez, jamais foi representado entre os israelitas por meio de
qualquer imagem de escultura.
A tripla designação, “em cima
nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra”, para os antigos, apontavam para a criação inteira.
A Idolatria de
Todos Nós. Para todos nós há certas coisas às quais damos grande
atenção, ao ponto de transformá-las em ídolos. Existem ídolos da
mente, e não apenas de madeira, de pedra ou de metal. ídolos
comuns incluem possessões, dinheiro, sexo, fama, posição social
e poder.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
O Segundo
Mandamento: Não Fazer Imagens (20.4-6)
“Como o primeiro
mandamento afirma a unidade de DEUS e é um protesto contra o
politeísmo, assim o segundo afirma sua espiritualidade e é um
protesto contra a idolatria e o materialismo.” Embora certas
formas de idolatria não sejam materiais — por exemplo, a avareza
(Cl 3.5) ou a sensualidade (Fp 3.19) —, o segundo mandamento
condena primariamente a fabricação de imagens (4) na função de
objetos de adoração. Este tipo de idolatria sempre existiu entre
os povos pagãos mais simplórios do mundo. A história de Israel
comprova que esta tentação é traiçoeira.
Estas imagens não deveriam se tornar objetos de
adoração: Não te encurvarás a elas (5). Os versículos 4 e 5
devem ser considerados juntos. Não há condenação para a
confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de
veneração. A idolatria consiste em
transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela
poderes do deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou
imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados,
então elas se tornam ídolos.
DEUS pune a
desobediência (5) e recompensa a obediência (6). Muitos
questionam o julgamento nos filhos de pais ofensores, mas tais
julgamentos são temporários (ver Ez 18.14-17) e aplicam-se às
consequências, como, por exemplo, doenças, que naturalmente
seguem as más ações. O medo de prejudicar os filhos deveria
exercer coibição salutar na conduta dos pais. As perdas que os
filhos sofrem por causa da desobediência parental podem levar os
pais ao arrependimento. Na pior das hipóteses, a pena vai até
à
terceira e quarta geração, ao passo que a misericórdia é
mostrada a mil gerações quando há amor e obediência. (Não
esquecendo que ao se converter o homem morre espiritualmente e
as maldições não mais o atingem pois CRISTO levou sobre ELE
nossas maldições, pecados e doenças - vide Gl 3.13 - Observação
minha - Ev. Henrique)
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 189-190.
Êx 20.4. Imagens
de escultura. O hebraico significa algo talhado ou esculpido à
semelhança de alguma outra coisa. Aqueles eram dias primitivos;
tais ídolos eram feitos normalmente de madeira (embora a palavra
também englobe escultura em pedra), sendo também comum o
revestimento com algum metal precioso. A imagem de “fundição”
também é implicitamente proibida (34:17), mas não é mencionada
aqui por pertencer a um período mais recente (cf. no entanto o
bezerro de ouro, 32:4).
Semelhantemente, no versículo seguinte, o
centro do mandamento parece ter sido “não as adorarás” . Isto
significa que os mandamentos eram frases breves e pungentes,
facilmente escritas em pequenas tábuas de pedra que coubessem na
palma da mão.
Se a fabricação dos querubins fora permitida,
então a proibição de imagens se refere apenas à fabricação
direta de objetos de culto, não à representação de um objeto ou
ser vivo qualquer, conforme se entendeu mais tarde. O judaísmo
mais estrito e o islamismo se limitaram exclusivamente a
desenhos e padrões abstratos em todas as formas de arte.
Além dos
querubins, a lei ordena o bordado de lírios, romãs e outros
objetos naturais nas cortinas do tabernáculo, de modo que não
pode ter havido uma proibição completa da representação de
objetos naturais em dias primitivos.
Este fato
levanta a questão de por que tais imagens-representações do DEUS
verdadeiro (mesmo em forma humana) eram proibidas. A provável
razão talvez seja o fato de que nenhuma semelhança seria
adequada, e que cada tipo de imagem provocaria um novo tipo de
falsa
compreensão de
DEUS. Por exemplo, touro era um símbolo de força, mas também de
virilidade e poder sexual: tal associação seria blasfema para o
israelita. As nações que retratavam seus deuses em forma humana
atribuíam com excessiva rapidez suas próprias fraquezas humanas
aos protótipos divinos. Para o israelita, o homem fora criado à
imagem de DEUS, à Sua semelhança (Gn 1:26), mas isso não
significava enfaticamente que DEUS fosse igual ao homem (Is
55:9). A localização e materialização de DEUS também era outro
perigo inerente à idolatria. Mesmo Israel, em dias futuros,
viria a crer que a presença de DEUS estava localizada e contida
na arca ou no templo; quanto mais o teriam feito se tivesse
existido uma imagem? Finalmente, teria havido o perigo das
tentativas semi-mágicas de aplacar ou controlar DEUS através da
posse de uma certa localização de Sua presença, como podemos ver
em relação à arca em 1 Samuel 4:3. Em Deuteronômio 4:12, a razão
apresentada é o fato de que no Sinai Israel não vira qualquer
forma ou semelhança: o povo havia apenas ouvido a voz de DEUS. A
isso corresponde o papel dominante exercido ao longo de toda a
história da fé israelita pela “palavra de YHWH” falada ou
escrita.
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
148-150.
3. O terceiro
mandamento.
Não tomarás o
nome do Senhor, teu DEUS, em vão; porque o Senhor não terá por
inocente o que tomar o seu nome em vão. (Êx 20.7)
O que identifica
cada pessoa, de forma individual, é o nome que cada um tem.
Podemos ser parecidos com outras pessoas, mas a nossa distinção
começa pelo nome que recebemos. Nossos documentos começam
identificando o nosso nome, e este traz muito de nosso caráter e
reputação.
DEUS não deixou
de observar que o nome dEle deveria ser reverenciado e honrado.
Seu nome não poderia ser utilizado de forma indevida, não
deveria ser usado de forma leviana, como se não representasse o
DEUS que os tirou da escravidão.
O nome de DEUS é
tão santo que quando JESUS ensinou seus discípulos a orar, após
pronunciar a frase “Pai nosso que estás no céu”, Ele seguiu com
o “santificado seja o teu nome”. JESUS mesmo santificou o nome
do Pai, não o tomando de forma irresponsável nem desrespeitosa.
Quando se referia ao pai, fazia-o com respeito e temor.
O nome do Senhor
é desonrado quando o utilizamos para concretizar negócios que
não temos a pretensão de honrar. O nome do Senhor é desonrado
quando nossas vidas não correspondem com a fé que alegamos ter.
O nome do Senhor é desonrado quando o utilizamos em brincadeiras
e piadas, ou juramos falsamente, como se Ele fosse responsável
por nossos atos.
Nem jurareis
falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso DEUS. Eu
sou o Senhor. (Lv 19.12)
O preceito aqui
é que DEUS deseja que seu nome seja respeitado, não sendo alvo
de blasfêmias nem do nosso mau comportamento.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 71-72.
Abusos contra o
nome de DEUS. Vários desses abusos eram e continuam sendo
possíveis:
1. O trivial.
Até mesmo crentes exclamam, descuidadamente: “Ó meu DEUS!” Combato essa
forma ridícula de teísmo de acordo com a qual qualquer
pensamento ou ato trivial é lançado na conta do Senhor. Os israelitas piedosos nem ao
menos pronunciavam o nome divino Yahweh, mas corrompiam-no de
alguma forma, para não se tornarem culpados de estarem tomando o
nome de DEUS em vão.
2. Nas artes
mágicas e nos juramentos. Como nas conjurações e nos ritos
pagãos. Ver Gên. 32.27,29. O nome de Yahweh não podia ser usado
em tais atividades.
3. O nome de
Yahweh não podia ser misturado com os nomes de divindades pagãs,
como se fizesse parte de algum panteão gentílico.
4. A proibição
do uso do nome divino incluía a ideia de empregar o nome de DEUS
para invocar os mortos. O nome de Yahweh não podia ser misturado
à bruxaria.
5. O nome de
Yahweh não podia ser usado nos juramentos falsos, como se a
veracidade de uma pessoa pudesse ser apoiada pelo grande DEUS
(Lev. 19.12).
6. Embora o
texto sagrado não o diga especificamente, temos aqui um
mandamento contra toda espécie de profanação por meio de
palavras, incluindo ou não os nomes divinos.
Ameaças. Nenhuma
punição é imposta aqui aos faltosos, mas fica entendido que o
homem que usasse indevidamente o nome de Yahweh não escaparia do
devido castigo.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 319.
O Terceiro
Mandamento: Não Tomar o Nome de DEUS em Vão (20.7)
Tomar o nome do
SENHOR, teu DEUS, em vão é “recorrer ao irrealismo, ou seja
servir-se do nome de DEUS para apelar ao que não é expressão do
caráter divino”. A
proibição é contra o falso juramento e também inclui juramentos
levianos e a blasfêmia tão comum em nossos dias. “Este
mandamento não obsta o uso do nome de DEUS em juramentos
verdadeiros e solenes.”
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190.
Não tomarás...
em vão. No judaísmo mais recente, esta proibição envolvia
qualquer uso impensado e irreverente do nome YHWH.
Este só era
pronunciado uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, ao abençoar o
povo no grande Dia da Expiação (Lv 23:27). Em sua forma
original, o mandamento parece ter-se referido a jurar falsamente
pelo nome de YHWH (Lv 19:12). A lei permitia abençoar e amaldiçoar
em nome de YHWH (Dt 11:26): isso equivalia virtualmente a
proclamar Sua vontade e Seu propósito para com várias classes de
indivíduos. Jurar pelo Seu nome era, então, permitido, embora
fosse proibido por CRISTO, séculos mais tarde (Mt 5:34). Na
verdade, jurar pelo Seu nome (e não pelo de qualquer outro deus)
era um sinal de que tal pessoa era um adorador de YHWH (Jr 4:2),
e por isso era algo digno de louvor. Por isso
que Seu nome era sempre envolvido nos votos e juramentos,
normalmente na fórmula “tão certo como vive o Senhor” (2 Sm
2:27).
Usar tal frase e
depois deixar de cumprir o voto era questionar a realidade da
própria existência de DEUS.
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
150.
4. O quarto
mandamento.
Lembra-te do dia
do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda
a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu DEUS; não
farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha,
nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias
fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao
sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do
sábado e o santificou. (Ex 20.8-10)
O dia do sábado
é apresentado na Bíblia como um dia reservado à adoração a DEUS
e ao descanso. DEUS mostra nesse mandamento que os israelitas
poderiam trabalhar o quanto quisessem nos seis primeiros dias da
semana, mas no sétimo dia, deveriam descansar. A ordem era para
o chefe de família, mas extensiva a todos que estivessem na
casa, inclusive o estrangeiro. O termo sábado vem de shabbath,
que em hebraico significa “cessar, interromper”. O sábado, para
os judeus, deveria ser um dia santo.
Esse mandamento
nos traz outra lição, desta vez referente ao trabalho. O homem
não pode ser escravo do trabalho, trabalhando sem descansar ou
sem reservar um espaço de sua vida produtiva a servir a DEUS. O
Senhor honra o trabalho, mas honra também o descanso, que por
sinal, é um mandamento dEle também.
A guarda do
sábado, no Novo Testamento, tornou-se um dos mandamentos mais
citados nos Evangelhos, pelo fato de que os judeus mais radicais
acusavam JESUS de não cumpri-lo. No sábado JESUS ensinava,
curava pessoas enfermas, permitia que seus discípulos pegassem
espigas nos campos para comerem. Lucas 13.10-17 traz o relato de
JESUS ensinando numa sinagoga no sábado, dia em que lá havia uma
mulher com um espírito de enfermidade há 18 anos, que andava
encurvada. JESUS a chamou, curou-a, restaurou lhe a posição
correta e a mulher começou a glorificar a DEUS. Nesse momento, o
chefe da sinagoga reclamou com os presentes que não trouxessem
pessoas para serem curadas no sábado. Na mente daquele líder,
havia outros seis dias para que DEUS curasse as pessoas. Aquele
homem deveria estar grato por presenciar uma cura diante de seus
olhos, mas preferiu lembrar aos que o ouviam que havia outros
dias para trazerem enfermos ao local do culto. JESUS não esperou
para dar ao homem e a nós uma grande lição:
Respondeu-lhe,
porém, o Senhor e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da
manjedoura cada um de vós o seu boi ou jumento e não o leva a
beber água? E não convinha soltar desta prisão, no dia de
sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás
mantinha presa? E, dizendo ele isso, todos os seus adversários
ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as
coisas gloriosas que eram feitas por ele. (Lc 13.15-17)
Lembre-se de que
o dia é santificado quando eu o guardo para o Senhor. E aqui
cabe uma palavra.
(Como cristãos,
aproveitamos o dia do domingo que nos é dado como dia de
descanso pelo governo,
e assim adoramos a DEUS neste dia - observação minha - Ev.
Henrique).
Aqui, o princípio do descanso também é
respeitado, pois além de não trabalharmos, temos por hábito nos
reunirmos em nossas igrejas para adorar ao Senhor e passar um
tempo a mais com nossos familiares.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo
e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 72-73.
Lembrando o
sábado, a fim de mantê-lo santo. Se Paulo
admitia que podemos observar dias especiais, ele jamais obrigou
outros cristãos a fazerem o mesmo. É elogiável que a Igreja tenha dedicado um dia da
semana (o domingo) para adoração e culto religiosos especiais,
comemorando a ressurreição de CRISTO. Mas isso não transforma o
domingo em um “sábado cristão”. É bom observarmos pelo menos
um dia por semana para essa finalidade e para descansar do
trabalho secular.
O sábado foi
instituído antes da lei mosaica. Ver Gên. 2.3. O sábado é uma contribuição distinta da religião dos
hebreus. Era o sinal do pacto mosaico. Mas, sob a graça, na qual
estamos, não há qualquer necessidade desse sinal, pelo que não
há nenhum preceito ou exemplo de guarda do sábado por parte da
Igreja cristã. Antes, a guarda do sábado aparece como um sinal
de infantilidade espiritual ou mesmo de erro teológico. Ver Gál.
4.10.
Para o
santificar. Em outras palavras, como um descanso santificado
(Êxo. 16.23), em que os israelitas deveriam aproveitar a
oportunidade para dedicarem-se ao culto e ao serviço religiosos.
A provisão principal era o descanso, e podemos presumir que eles
aproveitavam o ensejo para finalidades religiosas.
Posteriormente, na sinagoga, sem dúvida assim acontecia. Ver
também Êxo. 20.11; 23.12 e Deu. 5.14,15.
Tipo. O descanso
do sábado era tipo do futuro descanso do crente, em JESUS
CRISTO, ou seja, a salvação eterna. Ver Heb. 4.1,3-5,8-11.
(O descanso do sábado, para os judeus, era físico e visiona o
Milênio. Já nosso descanso em CRISTO é espiritual - O cansaço do
corpo se resolve dormindo, mas o cansaço da alma só com
arrependimento e conversão a CRISTO para uma vida eterna, na
Nova Jerusalém - Veja Mateus 11.28-30 - Observação minha - Ev.
Henrique)
Êx 20.9,10 Seis
dias trabalharás. Temos aqui um mandamento positivo: Trabalha! O
sábado era não somente um tempo em que se descansava do trabalho
regular semanal. Depois de um trabalho de uma semana, o homem
imitava a DEUS o qual, segundo se vê em Gên. 2.2,3, após seis
dias de criação, descansou ao sétimo dia. Por isso mesmo, o
sábado é o sétimo dia da semana, pois ninguém pode descansar
depois de nada ter feito. Mas a Igreja primitiva, no primeiro
dia da semana, rememorava a ressurreição de CRISTO. Isso posto,
o domingo, ou primeiro dia da semana, está baseado em uma ideia
inteiramente diversa da do sábado judaico. Ver Êxo. 16.22-30; 31.15; Núm. 15.32- 36 e Deu. 5.15.
Na Babilônia, o
sábado era tido como um dia de mau presságio; mas o judaísmo
reverteu completamente tal noção pagã. No Egito, nos dias da
servidão de Israel, não havia dia de descanso para o povo de
DEUS ao fim de cada semana; e assim, após o livramento, foi
reinstalado o sábado entre os israelitas.
O sábado era
também uma espécie de lembrete semanal da páscoa, tal como o dia
do Senhor, no Novo Testamento, é um memorial da morte e da
ressurreição de CRISTO. No Egito, a Israel só cabia trabalhar,
trabalhar; uma vez liberto, o povo de Israel pôde novamente
gozar de um dia de descanso por semana, em imitação a DEUS, que
descansou no sétimo dia da criação.
Vemos em
Deuteronômio 5.15 que ao sábado foi dada uma razão humanitária.
Homens e animais, depois de seis dias de trabalho, precisavam
descansar. Israel tinha vivido servilmente no Egito, onde não
tinha descanso. Um homem, ao descansar, também deveria conceder
descanso a seus dependentes (incluindo os escravos) e aos seus
animais. Os estrangeiros também tinham o direito de um dia de
descanso semanal em Israel.
Há um certo
número de proibições individuais que envolvem tipos de trabalho,
e que nos servem de instrução:
1. Não se podia recolher o maná
(Êxo. 16.26). 2. Não se podia acender fogo (Êxo. 35.3). 3. Não
se podia ajuntar lenha para acender fogo (Núm. 15.36). Em
consequência, até coisas aparentemente triviais eram incluídas
nessa proibição. Contudo, também havia algumas exceções: Os
sacerdotes não cessavam seu trabalho. Uma vida em perigo podia
ser resgatada (Mat. 12.5,11). Nos dias dos Macabeus, entretanto,
começaram a surgir atitudes extremadas. Tornou-se proibido até
mesmo a autodefesa (I Macabeus 2.32-38; II Macabeus 5.25,26 e
6.11). JESUS não era um guardador extremado e ridículo do
sábado, conforme fica ilustrado no capítulo doze de Mateus.
Êx 20.11
Natureza obrigatória do Sábado. O
trecho de Êxo. 20.11 repete essencialmente o que se lê em
Gênesis 2.2,3. Esse dia
pertencia a DEUS. Ele o havia santificado. Sua grande obra
criativa tinha sido terminada e era “boa”. E o sábado era uma
espécie de comemoração desse fato, tendo-se tornado assim um dia
especial em si mesmo. Ver também Êxo. 31.17. “DEUS separou esse
dia de todos os demais dias da semana, santificando-o para uso e
serviço sagrados, obrigando o Seu
povo a
cessar todo trabalho durante o mesmo, a fim de poder dedicar-se
aos exercícios religiosos, como ouvir e ler as Escrituras, orar,
louvar, etc., e Ele abençoava esse dia com a Sua presença (John
Gill, in loc.).
Terminam aqui os
quatro mandamentos que mostram deveres do homem para com DEUS.
Doravante, veremos seis mandamentos que falam das relações entre
homem e homem.
CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 391.
O Quarto
Mandamento: Santificar o Sábado (20.8-11)
O uso do verbo
lembra-te (8) insinua que é fácil negligenciar o dia santo de
DEUS. Tinha de ser mantido em ininterrupta consciência e
santificado, ou seja, “retirado do emprego comum e dedicado a
DEUS” (ATA). Todo o trabalho comum seria feito em seis dias (9),
ao passo que o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu DEUS (10).
Era um dia dedicado, separado, a ser dado inteiramente a DEUS.
As Escrituras
não fazem uma lista de coisas que se deve fazer no sábado. A
inferência inequívoca é que o dia é de descanso e adoração. As
ocupações seculares e materialistas devem ser substituídas por
atividades espirituais. CRISTO condenou o legalismo que deu ao
dia a forma severa e insensível, embora não tenha anulado a
sacralidade do dia. Foi ordenado para o bem do homem (Mc
2.23-28).
Leo G. Cox.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190-191.
Êx 20.8.
Lembra-te do dia de sábado. Compare 16:23,26. O mandamento sobre
o dia de descanso é o primeiro a ser formulado positivamente,
embora ainda breve e apodíctico. O versículo 12 contém o único
outro mandamento positivo na lista, embora no restante da lei
esta forma não seja incomum (uma forma de mandamento positivo
intimamente relacionada se encontra em Gn 9:6).
R. Alan Cole,
Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
1551-152.